#Queima da própria imagem
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Malandro
Malandro Constrangedora é tua bajulaçãoJogo de conversa foraQueima da própria imagem Proporcional ao tamanho do teu fim. O que te falta é uma imagem transparente Até a alma, é desonesto e chantagista Príncipe das maracutaias Dono das mil caras. Passaram-se os anos Tua conduta em nada melhorouContinua o mesmo pontífice da malandragem. De um pensamento peculiarmente injusto Cheio de contradições…
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Se você for chorar, chore por si mesmo
Uma vez alguém muito especial me disse;
Se você for chorar, chore por si mesmo. Relembre todas as expectativas que, exclusivamente, você criou na sua própria cabeça. Tome um copo de água gelada depois de sofrer em silêncio. Deite a sua cabeça no seu travesseiro, e veja o quão forte você fez tudo isso ficar, infelizmente, é responsabilidade sua. Ele assoprou as velas, fez um pedido, você desapareceu. Lide com isso, aperte os dedos, siga em frente!
Se você for chorar, chore por si mesmo. Pegue o seu coração nas palmas das suas mãos, agarre a sua alma enquanto tudo lá fora queima como o inferno. O Rio de Janeiro realmente é um lugar divertido, mas, não o suficiente para te encontrar de novo. Beije as boas recordações do passado, deixe as ruins para atrás, namore as suas próprias feridas, construa belas pinturas, caso algumas resolvam sangrar, novamente.
Se você for chorar, chore por si mesmo. Não desconte o seu sofrimento e frustração naqueles que não fizeram nada. Ser adulto é aprender a lidar com isso. O mundo, às vezes, te sufoca, é o espaço parece pequeno demais para conseguir respirar. Mas, lembre, que você ainda está no jogo, que você ainda continua aqui. Chegou o momento de colocar para fora tudo o que te aprisiona: deixe as lágrimas falar por você.
Se você for chorar, chore por si mesmo. Chore pelas vezes que você mesmo se odiou, pela maneira que vem se tratando, pela forma que esperava que fossem te salvar de si mesmo.
“Garoto,
Se for chorar, chore de verdade, sem pigarros, sem olhos escondendo a dor, se liberte do sofrimento, faça disso um evento.”
-Disse a minha própria imagem do outro lado do espelho
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O karma no Jainismo
Tal como outras tradições religiosas do sul da Ásia, o jainismo ensina que o eu ou a alma está enredado em ciclos repetitivos de morte e renascimento. Libertação é escapar desse ciclo. Os jainistas acreditam que o ciclo não tem começo nem fim; nem o cosmos nem as almas que o habitam foram criados, nem deixarão de existir. Cada alma, portanto, já está vagando do nascimento à morte e ao nascimento novamente desde o tempo sem começo, e a menos que a libertação seja alcançada, a alma continuará a vagar por todo o tempo infinito que virá. Portanto, os riscos são realmente elevados. Como um amigo jainista me disse uma vez, "A escravidão é anadi (sem começo), mas não necessariamente anant (sem fim)". Mas se alguém sai do ciclo ou não depende inteiramente dos próprios esforços, e o que é necessário não é fácil.
Central para a visão jainista da situação da alma é a distinta teoria jainista do karma. O conceito de karma é básico para todos os sistemas religiosos do sul da Ásia, mas os jainistas deram a ele um toque único. Em geral, o termo se refere a ações e seus resultados. Agimos e experimentamos os resultados de nossos atos; isto é, consumimos (e devemos consumir) o fruto (phal) de nossas ações (karmas). Como as ações inevitavelmente têm consequências, nossas ações e seus resultados constituem uma concatenação auto-replicante que puxa a alma através do ciclo infinito de nascimento, morte e renascimento. Os jainistas compartilham essa visão geral com outros sistemas do sul da Ásia, mas eles também — como outros não — sustentam que o karma é uma questão física real que é atraída para a alma pelas ações de um indivíduo e adere à alma por causa dos desejos e aversões do indivíduo (rag e dves). Essa visão é uma das características mais distintas do sistema de crenças jainistas.
Os acúmulos de karma na alma são responsáveis pela escravidão da alma. Isso ocorre porque eles cobrem a alma e ocultam sua verdadeira natureza, que é a bem-aventurança onisciente. As chaves para a libertação, portanto, são duas. Primeiro, deve-se evitar o acúmulo de mais karma. Ações violentas são fontes particularmente potentes de acumulação kármica, e esta é a base da ênfase extraordinária da tradição na não violência. Segundo, deve-se eliminar o karma que já está aderindo à alma. O fato de o karma ser visto como uma substância física real significa que a medida mais radical será necessária para sua remoção. Esta medida radical é uma prática ascética de grande severidade. A imagem recorrente da tradição é a do ascetismo como uma espécie de fogo que queima a prisão kármica da alma; portanto, os valores ascéticos são centrais para as aspirações mais elevadas da tradição.
Os jainistas visualizam a obtenção da libertação (moks, nirvan) como um processo que ocorre em estágios (chamados gunasthans), embora possa ocorrer muito rapidamente no caso de certos indivíduos extraordinários. A libertação é precedida pela obtenção da onisciência (kevaljnan), que é uma qualidade inata da alma que se manifesta quando certos karmas oclusivos são removidos. Após um período de tempo (que pode ser bastante longo) durante o qual certa matéria kármica restante é removida, o corpo deixa de funcionar; então, após os últimos vestígios kármicos serem eliminados, a alma sobe para a morada dos liberados (siddh sila) no topo do cosmos. Lá, ela permanece em bem-aventurança onisciente por todo o tempo infinito. Os seres liberados são conhecidos como siddhs e são infinitos em número. Entre eles estão as almas libertadas dos Tirthankars e também as almas libertadas de outros que, como os Tirthankars, não encontraram o caminho para a libertação por conta própria e o ensinaram aos outros.
Absent Lord: Ascetics and Kings in a Jain Ritual Culture - Lawrence A. Babb
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🔥 O fogo do inferno não é uma localidade, mas um estado de existência. 🔥 Não é um abismo de tormento eterno infligido por uma divindade vingativa, mas uma metáfora para a experiência corretiva de autoconsciência que "pode tornar um ego endurecido novamente sensível à brisa viva da graça divina". 🔥 O próprio Alcorão chama suas "descrições do céu e do inferno" de "parábolas". No entanto, parábolas não significam irreal. Elas descrevem coisas reais de natureza complexa ou realidades de dimensão desconhecida por meio de metáforas. 🔥 Aqui é importante entender que do ponto de vista do Alcorão, o fogo do inferno não pertence necessariamente à vida futura, mas também pertence à realidade presente, quando o fogo do inferno é uma metáfora do inferno da guerra, violência e falta de paz, ou seja, todo o sofrimento pessoal e social que resulta da ignorância espiritual. 🔥 O fogo do inferno não queima com fogo físico, mas com “a dolorosa compreensão de sua incapacidade de usar seu potencial como humano” — é o fogo do arrependimento e de pesar. 🔥 Aqui, pode-se dizer que quando o Inferno ou o Céu se referem ao Além, eles são elementos reais de um mundo futuro real. 🔥 Aqui, novamente, a realidade do além e suas dimensões só podem pertencer a um domínio muito diferente do mundo físico em que vivemos. 🔥 Deve ser absolutamente impossível para uma mente humana compreender este reino desconhecido, que está além de todas as percepções e definições de nossa existência presente. 🔥 É por esta razão que embora o Alcorão descreva "espaço", "tempo" e "eventos" da "vida após a morte" como reais, as descrições em si são completamente alegóricas por natureza. 🔥 Em questões como esta, o Alcorão parece ter usado alegorias para representar "coisas" figurativamente expressas que, devido à sua própria complexidade, não podem ser expressas corretamente em termos diretos ou em proposições e, portanto, também podem ser apreendidas apenas intuitivamente, como uma imagem mental geral, e não como uma série de "declarações" detalhadas. É como descrever as diferentes cores de um lindo arco-íris para uma pessoa cega de nascença que não sabe, nem o que é ver. 🔥 Em outro lugar, o mito literalista da punição infinita, por uma divindade irracional cruel, é categoricamente rejeitado com um único verso com a afirmação de que a recompensa por um trabalho justo deve ser multiplicado por dez quando a punição por uma má ação é apenas com elementos semelhantes. 🔥 Visto que o juiz final é um Deus justo e misericordioso, não pode haver condenação eterna. Acreditar de outra forma é um insulto ao nosso intelecto dado por Deus.
📜☝🏼 Marie Maria
#zensufi#zensufismo#zensufism#zensuffiyya#sufi#sufismo#sufism#buddallah#buddislam#fremen#religião dos fremen#fremen faith#duna
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Cristo e a Autoconferência
Por que está tão triste, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus, pois eu ainda o louvarei. Ele é o meu Salvador e o meu Deus! (Salmo 43:5)
Deus criou o homem à sua própria imagem. A característica mais básica desta imagem da divindade é a inteligência. Através dela o homem possui uma consciência de si mesmo. E através dela o homem tem a capacidade de pensar e falar. A consequência notável é que o homem é capaz de pensar sobre si mesmo e de falar consigo mesmo. Ele não é apenas capaz de autocontemplação e autoexame, mas também de autoconferência — ele pode consultar a si mesmo.
Tal como acontece com todos os outros aspectos do homem, este reflexo da divindade foi corrompido quando o homem transgrediu a lei de Deus e tornou-se escravizado por uma natureza maligna. Agora, quando um pecador fala consigo mesmo, ele mente para si mesmo. A Bíblia diz que, embora Deus tenha tornado evidente a sua natureza e o seu poder aos homens, para que eles o conhecessem, na sua maldade eles suprimiram esta verdade (Romanos 1:18-20).
Alguns não cristãos acham que precisam gritar cada vez mais alto para permanecerem convencidos, de modo que até mesmo façam da sua incredulidade uma profissão. Talvez as mentiras que contam a si mesmos possam permanecer intactas por mais algum tempo, se conseguirem obter a aprovação de outras pessoas, ou se conseguirem até mesmo confundir alguns daqueles que afirmam a realidade de Deus, a própria realidade que ameaça irromper de suas próprias mentes e obliterar sua sanidade. A Bíblia diz que eles conhecem o padrão justo de Deus e a punição ordenada para os transgressores (Romanos 1:32, 2:15), mas porque são maus e porque são fracos e desonestos em seu intelecto, eles persistem em sua rebelião e maldade (Romanos 1:21-22).
Então, alguns incrédulos não conseguem sequer mentir para si mesmos sobre Deus, o pecado e o julgamento. Eles preferem não falar sozinhos. Assim, tanto quanto possível, eles passam a vida com outras pessoas, cercados de barulho e conversa. Eles poderiam falar durante horas sobre esportes, música, política e às vezes até sobre religião, desde que seja para zombar e desde que não haja aplicação pessoal ou confronto direto sobre seu próprio estado espiritual. Pode ser que sejam extrovertidos, mas alguns são tão extrovertidos que a explicação mais fácil é que têm medo de encarar a verdade sobre Deus. Eles se detestam e procuram distração de si mesmos. A alternativa é o suicídio.
Se eles falassem consigo mesmos com honestidade, não haveria nada de bom para dizer. A Bíblia diz que os não cristãos estão sem Deus e sem esperança neste mundo. Eles são patéticos e desprezíveis agora, e diante deles está apenas a garantia de arrependimento, dor e fogo do inferno sem fim. O manual de autoajuda sugere que digam a si mesmos: “Todos os dias, em todos os sentidos, estou ficando cada vez melhor”. Mas se a conversa interna dos não cristãos tiver alguma chance de realmente ajudar, eles deveriam se olhar no espelho todas as manhãs e dizer: “Todos os dias, de todas as maneiras, estou mais perto do inferno, mais perto da dor sem fim, da miséria sem fim, fogo sem fim que queima minha alma e meu corpo, nunca diminuindo, nunca cedendo. A cada dia, em todos os sentidos, estou mais perto de enfrentar o Deus que me condenará sem chance de perdão. Eu... estou com medo. Eu não consigo evitar. Preciso de alguém para me salvar”.
Por outro lado, se tivermos fé no Senhor Jesus, significa que ele nos resgatou desta condição deprimente. Agora há uma base para a esperança! Agora a verdade capacita e rejuvenesce! Agora Deus é lindo para nós! Percebemos muitas imperfeições em nós, mas agora podemos enfrentá-las. Não tememos que Deus nos rejeite pelos nossos erros, porque a nossa fé é uma manifestação, uma indicação da nossa associação inquebrável com Cristo, e Deus já o aceitou. Agora, nas câmaras secretas de nossas mentes, falamos conosco mesmos sobre Deus, nossos pecados e a salvação que ele enviou em Jesus Cristo. E quanto mais falamos consigo mesmos com base nesta verdade e nesta esperança, mais aumentamos em conhecimento, caráter e força. Nem temos medo de enfrentar nossos pecados remanescentes e chamá-los pelo que são. Podemos ser honestos conosco e repreender-nos, e implorar a Deus que nos torne mais sábios, mais fortes, mais puros, através do seu Espírito Santo. Em Cristo, mesmo quando nos repreendemos, pode haver harmonia interior. Nosso conhecimento interno e conferência interna concordam.
No cristão, a inteligência tornou-se novamente uma bênção e a autoconferência tornou-se novamente lucrativa. Se recebemos treinamento da palavra de Deus, muitas vezes sabemos o que dizer a outra pessoa para ensiná-la, lembrá-la, encorajá-la ou repreendê-la. No entanto, às vezes não seguimos os nossos próprios conselhos, porque não nos damos o mesmo conselho. Não fique calado quando se trata de seus próprios assuntos e de sua condição espiritual. Pregue para si mesmo. Encoraje-se. Repreenda-se. Fale consigo mesmo com base na palavra de Deus e estimule-se a alcançar alturas maiores na fé em Jesus Cristo.
Vincent Cheung. Christ and Self-Conference. Disponível em Sermonettes - Volume 1 (2010), p. 33-34.
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A força da destruição ainda se contém um instante em mim. Não posso destruir ninguém ou nada pois a piedade me é tão forte como a ira. Então quero destruir a mim - que sou a fonte da paixão. Não quero pedir a Deus que me aplaque, mas amo tanto a Deus que tenho medo de tocar nele com o meu pedido. Meu pedido queima. Minha própria prece é perigosa de tão ardente e poderia destruir em mim a imagem de Deus, que ainda quero salvar em mim. No entanto só a Ele eu poderia pedir que pusesse a mão sobre mim e arriscasse queimar a dele. Não me atendas porque meu pedido é tão violento que me atemoriza. Mas a quem pedir - nesse rápido instante de trégua - se já afastei os homens? Afastei os homens.
‒ Clarice na crônica "Dies Irae"
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Bom dia!!!
Por: Fred Borges
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Do incenso ao caminho de Santiago, a Catedral de Santiago de Compostela caminhei em sonho, em onipresença.
Incenso sem sensatez é pura espiritualidade.
"2-Eu vi os sete Anjos que assistem diante de Deus. Foram-lhes dadas sete trombetas.
3-Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão.
4-Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono.
5-A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus.
Depois disso, o anjo tomou o turíbulo, encheu-o de brasas do altar e lançou-o por terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos.
Apocalipse 8:2-5
O uso do incenso se originou no Antigo Egito, onde as resinas de goma e resinas oleosas de árvores aromáticas foram importadas das costas da Arábia e Somália para serem usadas em cerimônias religiosas.
Incenso foi usado por culturas chinesas desde os tempos neolíticos e seu uso tornou-se mais difundido durante as dinastias Xia, Shang e Zhou.
O primeiro exemplo documentado formal de utilização de incensos vem de quando usaram incenso composto de ervas e produtos vegetais (como cássia, canela, styrax, sândalo, entre outros) como um componente de ritos cerimoniais.
Eventualmente, os hindus adotam o uso do incenso, adaptando a formulação para abranger raízes aromáticas e outros componentes da flora indiana.
Esta é a principal razão pela qual os incensos indianos sejam considerados mais perfumados que os chineses .
No Catolicismo está presente desde o início do início dos tempos da era cristã, de Pedro e Pedra fundamental:
“Ao entrar na casa viram o Menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam.
Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra.”
(Mt 2,11)
O incenso é um sacramental utilizado para santificar, abençoar e venerar.
A fumaça é um símbolo do mistério de Deus.
À medida em que se ela se eleva, sua imagem e seu cheiro expressam a doçura da presença de Nosso Senhor e reforçam como a Missa está vinculada com o Céu e a Terra.
Mesmo com diferentes finalidades, é possível achar um ponto comum na trajetória do incenso: uma forma de ligar o homem à divindade.
Talvez não procuremos usar para esses fins, porém, o incenso ainda simboliza um encontro consigo mesmo.
Em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, mostrou que a queima da resina do olíbano (árvore usada em alguns tipos de incensos) ajudam a diminuir a ansiedade e a depressão.
Existe um turíbulo muito peculiar na catedral de Santiago de Compostela, na Espanha: ele tem 1m50 de altura e pesa nada menos que 53 quilos.
É elevado a 20 metros de altura e, quando manejado mediante cordas para espargir o incenso pela catedral, pode chegar à impressionante velocidade de 70km/h!
Na idade média chegar a Catedral de Santiago de Compostela era uma verdadeira aventura, que só a fé em Jesus Cristo justificava colocar a própria vida em jogo.
Era comum os peregrinos antes de sair de seus lares fazerem testamentos, caso viessem a falecer durante esta caminho, hoje chamado: Caminho de Santiago.
O ritual é feito com o botafumeiro.Um ritual hipnotizador, algumas pessoas choram, outras desmaiam, algumas entram em transe, como se tivessem ido para outras dimensões, falam línguas utilizadas há milênios atrás, como um portal de conhecimento e espiritualização tivessem se aberto e elas caminham, como se flutuassem, muitos sentem uma espécie de Delirium Tremens espiritual, como se tivessem há muito necessitando de Deus nas suas vidas, e estavam com abstinência D'Ele e da Fé, e quando os encontram, se tremem e se contorcem, num espetáculo de louvor, oração, adoração, insensato coração,assim de fé me adorastes, não eras adornado, eras sentimento mais profundo, e de tanta emoção, aspirei-o, e de inspiração composta da paixão de Cristo, pela fumaça e cheiro senti-vos a onipresença de ti Jesus!
Hoje somente em doze datas este ritual é realizado e toca a todos o coração, independente da religião, algo inexplicável, ou talvez hajam hipóteses e justificativas; como a carência que se faz e afeta a afeição e emoção das pessoas, num mundo com ausência de espanto,precarização das relações e relacionamentos, consternação, misericórdia,intropatia, empatia, num contexto pós pandemico estas carências nos fez aproximar mais de Deus e nos distanciarmos mais dos nossos semelhantes.
Isolados, separados, "guetificados" ou em guetos, em apartamentos, condomínios, tudo proibido; de comportamentos sensíveis, solidários de "tocar" o outro, mascarados ficamos e ainda estamos, mas eis que o incenso nos vem nos libertar da sensatez e nos prover novamente do incenso de muitos sentidos, sensibilidade tamanha que nos espiritualiza e nos " contamina" com o cheiro do Mestre, do Pai amado Jesus!
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Mesmo quando a boca de Arkyn colidia com a sua, em um beijo desesperado, concretizando o que ambos já sabiam o que aconteceria. Suspirou em meio ao beijo, aproveitando os poucos minutos ou segundos que restavam deles. A partir daquele momento, não teria mais nenhum relacionamento para ser reatado ou salvo. Tinham tentado de tantas formas diferentes ao longo do tempo, mas nenhuma tinha dado certo. Mesmo que amasse o homem, mesmo que parecesse correto estar em seus braços, não conseguia ignorar os problemas daquela vez. Eram muito maiores do que podia falar. As lágrimas dela escorriam pelo rosto, porque não estava pronta para dizer adues para alguém que fez parte de sua vida por tanto tempo. Era difícil virar as costas para uma pessoa que costumava enxergar como muito mais que um namorado, mas um lar. Agarrou-se a ele, vivendo naquela mentira o quanto tempo conseguiria. Sabia que, se ele sentisse o mármore do abdômen dela, teriam preocupações inevitáveis. Assim, fez o possível para que os dedos não infiltrassem pelo tecido branco, mesmo que os lábios continuassem procurando ele, viciados em algo que não desejavam abandonar tão cedo. Quando afastou os lábios, procurando por ar, apoiando a testa contra o dele. Sentia a própria respiração irregular, mas não permitiria que fosse mais longe. As palavras dele pareciam ecoar dentro dela, lembrando o porquê estava fazendo aquilo em primeiro lugar. Haviam partes dela que desejavam perdoá-lo por aquele deslize, mas não era a primeira vez que tinham se desentendido e tinha certeza que não seria a última. Talvez fosse o momento correto em enxergar o relacionamento mais claramente, dando uma chance para si mesma para remendar o coração que parecia constantemente quebrado. Os dedos afundaram no ombro alheio, permitindo que as lágrimas escorressem daquela vez. Não faria como da última vez, fechando a porta sem permitir que os sentimentos fossem visíveis no rosto. Nemaya estava cansada demais para colocar mais uma máscara. "Inconscientemente ou não, aconteceu. Não é algo que eu possa ignorar, Arkyn." Dentre todas as pessoas que teve contato, acreditou que o Haddock entenderia o porquê dela não poder perdoá-lo em primeiro lugar. Mesmo que tivesse em negação, sabia que o homem entenderia também os motivos que envolveriam esquecer o que ele tinha feito.
Não desejava mais negar a si mesma em razão de um sentimento que, mesmo queimando dentro do peito, parecia fazê-la esquecer do porquê estava onde estava. Ainda sim, queria gritar com o homem, perguntar porque tinha feito aquilo. Queria esbravejar, socar alguma coisa, quebrar algo, mas, ao mesmo tempo, nunca havia se sentido tão cansada. Pela primeira vez, ignorou como Arkyn fazia com que ela se sentisse. Ignorou os arrepios, o coração acelerado, os lábios inchados que pareciam pedir por mais um beijo. Fechou os olhos, ficando com os próprios pensamentos. Quando abriu os olhos novamente, sabia que tinha tomado a decisão. Esperava que, daquela vez, mantivesse a promessa que fazia consigo mesma. "Eu te amo, Arkyn, mas ficar com você depois do que aconteceu é ignorar o que aconteceu comigo em favor desse amor." Ainda lembrava-se com clareza dos dias que acreditava que não caminharia novamente, tudo por conta de Donna e da queda que tinha sofrido. Não sabia se a intenção da mulher era tão profunda, mas tinha causado vários traumas em Nemaya. Era impossível para ela desfazer a imagem de Arkyn beijando-a sem nenhum pudor, achando quase enjoativa. Não tentava secar as lágrimas que escorriam pelo próprio rosto, mesmo que os olhos permanecessem decididos. "O perdão não parece certo por enquanto." Balançou a cabeça, descolando a testa do outro. Levantou-se do lugar que estava, desprendendo-se dos braços que já foram tão confortáveis, tão quentes. O ato pareceu doer ainda mais nela, que já estava acostumada no aconchego que os braços de Haddock proporcionavam. Os olhos, movendo-se inconscientemente, foram para a pilha já queimada. Mais um suspiro escapou dela, contemplando o destino que parecia tão incorreto, mas que era somente de Nemaya daquela vez. "Adeus, Arkyn." Voltou os olhos ao homem mais uma vez, dando um breve sorriso. Seria doloroso vê-lo novamente. Quando saiu caminhando e fechou a porta atrás de si, não olhou para trás daquela vez.
Arkyn sabia que estava acabado no instante em que Nemaya fechou seus olhos. Estava perdido, era isso no final, não por um capricho que ele poderia ter ficado sem, mas simplesmente foi fraco demais em não ceder, mas um deslize que ele sentia e que queria repetir. Era imperdoável, e ele poderia implorar, rastejar, fazer o que fosse, ainda sim não conseguiria seu perdão, pois não tinha como dá-lo. Como poderia justamente Arkyn esquecer de tudo que viveram naqueles infelizes dias? Todas as vezes que Nemaya pareceu triste, mas segurava o choro em sua presença, todo o descontentamento e insegurança com o próprio corpo por conta da cicatriz, todas as noites que acordou com ela se debatendo na cama, revivendo noite após noite, seu terrível acidente. Ele estava lá quando aconteceu, estava enquanto se recuperava e esteve até um pouco depois disso, e deixou tudo de lado por alguns minutos daquela noite, e deixaria por mais outros se pudesse. Sua postura era passível de pena, o desespero em seu choro, os braços agarrados a ela, sua última esperança, tudo demonstrava um homem sofrendo, desolado e desesperado. Em partes isso era real, mas não anula o fato de que estava consciente em todo o momento, não anula o que sentiu durante o ato e que ainda sentia depois dele, aquela vontade, impulsionando-o a aproveitar melhor qualquer outra oportunidade que surgisse com a outra, ou que até mesmo criasse elas. Arkyn estava arrependido, pois foi pego, do contrário não expressaria nada, esconderia o ocorrido de Nemaya e seguiria o planejado, um passo de cada vez ao lado dela. Ele sentiu o corpo se afastar mais e tentou segurá-la com tudo que tinha, seu resto de força fora interrompido pelo chamar de seu nome, que o fez olhar na direção dela, agora abaixada a sua frente. Queria erguer as mãos ao rosto alheio, queria lhe envolver pela cintura, queria uma forma de fazê-la ficar, mas nada adiantaria e ele sabia disso, bem no fundo ele sabia. Os olhos ainda marejados, encontraram alguma dificuldade em firmasse na figura dela, em vê-la com clareza, precisando piscar algumas vezes para que isso acontecesse. Os instantes de silêncio que se alastraram após o seu nome foram torturantes, carregando uma tensão que subia pelos braços de Haddock e dominava seu peito. Nem percebeu que prendia o ar, até que o soltasse no instante em que Nemaya voltou a falar. Não foi alivio o que ele sentiu, pois suas palavras, apesar de carregadas por um tom ameno, traziam a verdade que ele custava em encarar, que ele não queria encarar.
"Maya, eu não quis que fosse assim, eu juro que não. Jamais iria machucar você conscientemente, preciso que acredite nisso.", e ele sabia que ela não iria, pois nem ele mesmo acreditava, como dito, Arkyn poderia não estar em plena consciência no desenrolar dos acontecimentos daquela noite, mas estaria nos próximos e isso já respondia tudo. "por favor, meu amor, não me coloque para outra vez. Como vou continuar sem você? Sem teu cheiro, sem essas mãos, ou esses braços, sem seu bom coração?", tocava as mãos dela, subia por seus braços e descia a destra pelo meio do seu peito, tocando cada ponto que listava ali, trazendo para superfície as sensações que tinha com ela e que sabia ainda despertar nela. O coração pareceu querer rasgar o peito quando a ouviu outra vez, apesar das palavras bonitas e esperadas por tanto tempo, seu tom era de despedida e isso foi o que fez seu coração acelerar. Não queria encarar que suas tentativas falharam e que absolutamente nada faria Nemaya ficar. "eu sei que sempre amarei você. Eu amo você.", as palavras ganhavam mais ênfase em sua voz, deixando claro que era um sentimento fixo, Nemaya foi sua primeira namorada, o relacionamento mais sério de sua vida, aquela que levou para conhecer e fazer parte da sua família. Arkyn não conseguia imaginar ninguém no seu lugar, ninguém que o deixasse tão apavorado com a possibilidade de perdê-la. Então a despedida se concretizou, os lábios se encontrando outra vez, ele sentia a urgência de estender o momento, de fazer com que durasse para sempre. Diferente de todos os outros términos, ele sabia que aquele poderia ser o último, consequentemente era seu último beijo.
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Amar não deveria doer, deveria ser bom. Por que algo é bom e ruim ao mesmo tempo?
As lembranças se avolumam em minha mente, e eu quero encontrar uma forma de esquecê-las.
— Ora ora — diz Serinte — parece que você está passando por maus bocados, ein?
— Sim. Meu coração sangra e eu não consigo fazer estancar esse sangramento.
— Por quê? O que te faz sangrar?
— Memórias de tempos que provavelmente nunca voltarão...
— Você está se referindo àquela noite? Não se preocupe, haverão outras como...
— Não é isso, seu ridículo! E como raios você sabe daquilo? Enfim, aquela noite foi realmente mirífica, mas não se compara às memórias que latejam em mim. Acho que a felicidade não se resume em sensações fugidias.
— Existe uma forma de nulificar as memórias, mas é... perigoso. — diz Serinte.
— Como?
— Tomando a poção do esquecimento amnésico.
— E existe algo assim? Pensei que...
— Ah, não subestime as divindades, humana — replica Serinte — porém, ao invés de viajar pelos confins do Universo para coletar os ingredientes das poções, você precisa relatar as memórias que deseja serem apagadas: eis o preço de Mnemosyne.
— Seria mais fácil pegar a ambrosia que só floresce da cerejeira artificial cromática, no topo do arranha-céu mais alto do planeta mais hostil à vida no Universo.
— É claro que isso seria mais fácil. A recompensa é proporcional ao esforço. E aí, do que quer esquecer?
— De ser somente um fardo, uma inconveniente lembrança, um vergonhoso e desdito desvario febril de uma adolescência desvairada; uma história que não era para ser e acabou sendo, que contraria a lógica das divindades, mas não necessariamente por uma razão nobre. Intensidade, para todos os extremos, apenas para que, quando essa termine, seja descartada e trocada por uma cálida, previsível e controlável rotina.
E assim, como que deixada de lado para outro alguém, alguém que ecoa as mesmas coisas de volta, que sempre e eternamente satisfaz todas as expectativas, como uma imagem num espelho, cujo julgamento limita-se à imitação; cuja afeição limita-se pelas fronteiras entre sensações e emoções.
Desprezada, no naufrágio de minha vida, do meu viver. Abandonada à própria sorte; silenciada; impedida sequer de fazer-me ser como realmente sou.
Trocada como muda moldura que desagrada a decoração do ambiente por ser obsoleta e somente fonte de desgosto.
Embora de mim: o elo dos nós dos dedos entre uma mão quente e outra fria.
Contato, que outrora foi dito ser supostamente tão mágico e íntimo: cortado e arrancado fora como uma unha que incomoda pelo seu comprimento, que arranha e marca a carne, e por isso desagrada.
Julgada como irrecuperável radiação, considerada intragável presença, insuportável âncora ao desespero.
As promessas e juras de eternidade, embora legítimas: mutiladas por sucessivos desencontros e péssimos e deliberados desentendimentos. E assim, como seringa descartável: introduzida, tirada de seu líquido e jogada fora por não ter mais serventia.
Alvo de ódio, raiva, desprezo e evasão, por ter nascido e crescido onde nasci e cresci. Sem ter tido escolha a não ser obedecer e sobreviver e resistir ao extermínio. Na primeira chance de um fôlego, de trazer luz para fora de mim: virada as costas a; e deixada.
Sem ter eu para onde voltar, continuando quase que irracionalmente vivendo dia após dia culpada por crimes cometidos por aqueles que vieram antes de mim; condenada por transgredir uma regra que eu sequer conhecia. E quando instruí-me, por desdém e vingança das divindades, não fez diferença.
Mesmo transformada, ainda vista como a larva de outrora. Mesmo diferente, tratada igual antes. Mesmo tratando diferente, recebendo apenas menos que o igual como resposta.
Desprezada por não ser inatingível, pois aí haveria espaço para o shakesperianismo. Escarnecida por querer Amar, num mundo infestado pela dominação e subjugação e pela falsa maquiagem da perfeição.
Preterida por uma fácil inconsequência pueril, que não questiona, aquiesce, obediente, ironicamente.
Mesmo tendo eu sido sendo responsável por ter salvado a vida desse alguém, bem como ter lido e visto e ouvido a declaração em agradecimento por meu salvamento: fui encaixotada e rotulada com e como desamor.
Superada como se supera um fio de cabelo que cai ao chão que em seguida é espezinhado e esquecido; indiferenciada em meio a tantos outros fios mais viçosos e que adornam mais corretamente.
Ignorada como um fiapo de pó que, embora possa flutuar bem na frente e tentar fazer-se perceber, preterido é por objetos mais atraentes.
Excluída até mesmo do direito de voz, da legítima manifestação de mim mesma. Afastada, como quem se afugenta de doença mortal.
Largada, como bicho de pelúcia ou camiseta velha que já não prestam, que envergonham por ser motivo de embaraço.
— Isso parece ser bem sofrível — diz Serinte, demonstrando consternação.
— E mesmo assim, eu guardo memórias diferentes de toda essa experiência. — continuo a dizer — Chego a duvidar se vivemos a mesma coisa; ou se só eu valorizo as memórias que tivemos.
“A primeira vez nunca se esquece”, não é...? Às vezes eu gostaria de esquecer, para não ter que lembrar que algo tão íntimo e sagrado para mim como minha primeira vez ser aparentemente vulgarizado e tratado como evento corriqueiro, como cigarro que se esquece que acendeu e queima só, na boca.
Como que alguém pode prometer a eternidade e dividir a companhia somente na conveniência? Por que dar as mãos e jurar amar como nunca antes e como mais ninguém, somente para virar a página desse tempo como se isso não tivesse relevância nenhuma?
Por que beijar a testa, abraçar pela frente ou por trás, pedalar irresponsavelmente, aconchegar-se uma na outra, dividir a história, a vida, o drama, as dificuldades, os medos, os sonhos, os projetos, a vontade de casar-se, para depois ser enxotada como cadela velha que dá problema demais e não tem a fofura de quando filhote?
Para que me convencer a sair para correr antes do sol raiar, a assistir coisas juntas, a se emocionar, rir e chorar conhecendo histórias incríveis juntas, se em seguida, como livro já lido, deixa-se de lado, num canto qualquer, para morrer sob a ação do tempo?
Para que dividir desde um Toblerone a nossos próprios corpos; ou estudarmos depois do ir e vim das missões por aí afora; ou compartilharmos banhos de cachoeiras gélidas e escaldantes; ou aprendermos juntas uma sobre a outra — se logo em seguida tudo isso seria enterrado como se nunca tivesse existido?
Por que cruzar as estradas repetidas vezes, a fim de encurtar a distância entre nós, se depois tudo o que há é o distanciar-se de propósito? Por que eu aparentemente vivi os meus momentos mais atesouráveis, enquanto que para esse alguém eu me resumo apenas a um odor desagradável e efêmero, como flatulência impregnada de enxofre, apenas para ser dissipada da existência, sendo ainda motivo de constrangimento?
Por que eu fui tão incomparavelmente feliz – somente para ter essa felicidade amassada e jogada numa lixeira como papel de rascunho que serve apenas para outro papel, esse sim, projeto acabado, tomar o lugar?
Por que, embora eu tenha em outros lábios e línguas falado, em outras histórias protagonizado, em outras curvas sorrido, nenhum dia foi tão bom quanto os que eu vivi; ao passo que eu sou apenas lembrada como alguém quase remoque, quase interessante, quase bela, mas não tanto quanto as prodigiosas novas experiências portentosas e opulentas, repletas de conforto, emoção e luxúria?
Por que que em dias passados eu era considerada por esse alguém digna para ser motivo de trânsito através de relevos geologicamente acidentados, somente para depois ser cancelada como despertador inconveniente que corta um sonho bom?
Por que fui tratada como sequer a um animal se trata, apenas por não a-prazer?
Por que combinarmos sinais secretos nossos como vestir uma blusa azul ao contrário, trocar olhares e comunicarmo-nos telepaticamente, se depois, nem mesmo sequer um esclarecimento; apenas a fuga?
Será que só eu amei como nunca amei na vida? Será que só eu fui feliz, e só fui motivo de desgosto para esse alguém? Por que essas perguntas continuam sem resposta há anos até agora?
Por que amargurei as torturas, as amarras e os calabouços injustos, nutrindo em vão a esperança de que ao menos um dia, quando a liberdade sorrisse para mim, eu teria alguém para voltar?
Será que isso é tudo? Será que no fim não existem rosas?
De que adianta o seu melhor esforço, o seu maior sacrifício, se tudo isso não passa de uma opção dispensável e substituível num piscar de olhos por outra opção mais apropriada? Se, independentemente do que você faça, nunca é o bastante para saciar a vontade da outra parte?
De que adianta amar, sacrificar-se, doar sua vida pela vida da outra pessoa, apenas para ser considerada motivo de total aniquilamento?
Onde foram parar as juras de eternidade, sendo que agora sequer há um resquício de empatia?
Como pode ser possível alguém ser considerada tão especial, apenas para em seguida ser considerada tão execrável?
Como pode ser possível, se eu vi verdade naquele par de olhos, e felicidade genuína, e entrega, e devoção, sobretudo naquele abraço?
— E, a despeito de tudo isso, não sei se realmente quero esquecer — digo, entristecida e inconformada.
Líria
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dad, we’re on tv again
Aquele quarto cheirava a mofo. Foi a primeira coisa que Felice notou.
Fechando a porta atrás de si, lembrou-se de quando visitou tia Margherita, no verão do ano passado. A casa também tinha cheiro de coisa velha, embora a “coisa velha” em questão talvez fosse a própria senhora. Talvez, se somasse aquele cheiro característico a perfume amadeirado forte e uma pitada expressiva de charutos cubanos, ela até pudesse se sentir em um lugar familiar.
Por enquanto, era só mofo.
Ela não estava reclamando — bem, talvez um pouco. Mas era melhor do que passar a noite nas ruas, certamente. Felice teve sorte de encontrar algumas cédulas e moedas perdidas por entre calçadas e vielas que passou, que lhe permitiram alugar um quarto naquele motel de estrada em Oklahoma. Com todos os bens congelados e um cartão de crédito bloqueado, qualquer trocado era ouro.
Tomou um momento para analisar o resto do quarto, ignorando o incômodo nas narinas. Era mal iluminado, constando com uma única lâmpada amarela no centro do cômodo, que claramente tinha a potência já reduzida. Também não precisava ser um especialista no assunto para perceber que as paredes brancas, cuja pintura velha descascava, tinham sinais de infiltração. O ar condicionado antigo deixava gotas d’água caírem contra o piso de madeira, em um intervalo curto de tecs irritantes. Felice sentou-se na cama de casal, fazendo as molas do colchão rangerem imediatamente. Deslizou as palmas sobre os lençóis amarelados: ásperos e de material duro, mas ainda melhores do que a brisa fria cortante. A sua frente, uma escrivaninha amarronzada, larga o suficiente para acomodar a televisão de plasma quadrada. Feliche achou o controle à direita e ligou o aparelho na tentativa de se sentir menos só.
Um suspiro escapou de seus lábios rachados e a garota se deitou, fechando os olhos. Como as coisas haviam mudado tanto em uma única semana? Felice tinha certeza que gargalharia caso alguém lhe dissesse que era assim que estaria em um futuro breve. Apesar do colchão rijo, sentiu os músculos relaxarem. Céus, estava cansada; uma boa noite de sono seria mais do que bem-vinda agora. Deixou sua consciência viajar por alguns segundos: se quisesse o suficiente, conseguia se imaginar em casa outra vez.
Sob o corpo branco que afundava na cama macia, os lençóis branco-perolados de seda. O cheiro do ambienta era da queima de incenso de morango, daqueles que ela havia comprado na lojinha esotérica da avenida Sahara. O cansaço provavelmente seria explicado por essa ter sido mais uma das longas noites fora de casa — regada à música, inebriantes luzes neon e algumas apostas de sucesso. Esse era o momento ritualístico em que esperava o corpo e a mente se recuperarem do frenesi anterior, para finalmente ir ao banheiro, tirar a maquiagem e tomar um banho rápido, antes de escorregar para baixo da colcha e dormir pelas próximas dez horas.
Felice poderia ter pegado no sono daquela forma se não fosse pela voz estrepitosa que saía da caixa metálica, ancorando-a de volta à realidade. Seus olhos se abriram de supetão e ela ergueu o tronco, sentando-se, enquanto encarava a própria imagem na televisão.
“... foi vista pela última vez em Tucson, no último sábado...”
Felice sentiu o coração martelar contra o peito, subitamente muito consciente do que realmente acontecia e longe de qualquer estado onírico que estivesse há segundos. A foto realmente era de alguns dias atrás, mostrando a garota em uma estação rodoviária, nas mesmas roupas que hoje vestia.
Uma nova tomou lugar: essa, retirada de seu antigo Instagram, desativado desde que a confusão começara. Felice segurava o celular em frente ao espelho, e os cabelos haviam sido estirados, diferentemente dos cachos naturais. As sobrancelhas perfeitamente arqueadas se combinavam com o delineado cuidadosamente angulado, e mesmo pela televisão, via-se o contraste do gloss rosado em seus lábios. Os brincos e colar dourados enquadravam seu rosto como a moldura de um quadro e uma das unhas bem cuidadas tocava o lábio inferior, conferindo à garota da foto um semblante que oscilava entre a provocação e o divertimento. Seu nome era estampado em letras chamativas, de imprensa, embaixo da palavra “desaparecida” em fonte ainda maior e junto de um telefone para contato.
Deu uma risada irônica, carregada de amargura. Felice lembrava daquele dia como se ele tivesse acontecido há poucas horas: estava no quarto de Amelie, uma amiga, porque era aniversário da mesma e era óbvio que as duas tinham uma programação para comemorar. Acontece que quanto mais encarava a foto, menos se reconhecia ali. A tela mudou outra vez.
“O empresário Pierpaolo Cannavò segue preso e até então sem possibilidade de fian...”
A garota apressou-se em desligar a TV e virar o rosto para o lado, fechando os olhos com força quando um rosto familiar tentou prender sua atenção. Não queria ver — não ainda, não estava pronta. Talvez nunca estivesse. Desejou que ignorar por tempo bastante fizesse o problema desaparecer, e permitisse que acordasse daquele sono soturno.
Teve vontade de rir outra vez — pela própria mediocridade em que se encontrava. Reconhecia aquele como o primeiro estágio do luto que sentia por algo que não conseguia identificar bem: a negação. “Estão todos falando de você de novo, pai”, pensou, com sarcasmo. “Assim como você sempre gostou”.
Inspirou bem o ar, deixando que invadisse bem a caixa torácica expandida — a preocupação do cheiro de mofo agora ocupando um espaço mínimo em sua mente. Felice avaliou seus próximos planos: precisava chegar a Nova Iorque — lê-se “atravessar o país” — o quanto antes. Precisava descansar para que pudesser partir pela manhã. Sentiu as pálpebras pesarem e o corpo reclamar de exaustão, como se aquela fosse sua deixa.
Nem mesmo os pensamentos incessantes ganharam a corrida contra o sono.
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✤ 𝒲𝒽𝑜 𝒾𝓈 𝒾𝓃 𝒸𝑜𝓃𝓉𝓇𝑜𝓁? ⇀⇀⇀𝒯𝒶𝓈𝓀 𝟢𝟤
The house was awake With shadows and monsters The hallways, they echoed and growned
And I sat alone in bed till the morning I'm crying: They're coming for me And I tried to hold these secrets inside me My mind's like a deadly disease
I paced around for hours, I'm empty I jumped at the slightest of sounds And I couldn't stand the person inside me I turned all the mirrors around
I'm bigger than my body I'm colder than this home I'm meaner than my demons I'm bigger than these bones
Tw: estupro e violência contra mulher
Quem vê de fora acredita que a turca tem pleno controle de si mesma; que tudo nela é organizado, frio e racional, como a própria embaixadora - impassível, sem medo, sem conflitos. Ledo engano. Essa é a imagem que ela quer passar, essa é a máscara que precisa que os outros acreditem, porque entendam, a realidade é que existe uma chama em seu interior que a consome, que queima suas feridas mas não as cicatrizam. Quando pensa que está bem ou que superou, algo que vê ou ouve serve como estopim para que as lembranças voltem a aterroriza-la; dias antes tinha sido um nobre com que esbarrara nos corredores. Sabia que não o conhecia, mas eles se pareciam tanto, tanto... Ayla passara dias em estado de alerta. Nervosa, atenta a cada movimentação que passava perto de si, com medo; em um passeio até recuara instintivamente ao toque de Kostya, que não apenas havia pedido permissão, mas só a tratara bem todo o tempo. Ela estava no limite.
E ainda assim, as noites eram sempre piores.
Isso é, aquelas em que conseguia dormir. As que conseguia fechar os olhos e não enxergar seus agressores. As vezes conseguia adormecer apenas para ser pega em pesadelos horríveis em que revivia o momento. Como agora. Suas memórias eram ao mesmo tempo vívidas e difusas, mas Ayla se recordava que havia passado a semana inteira negando os avanços incovenientes dele, um homem que estava acostumado a conseguir qualquer coisa que quisesse, sob qualquer meio necessário. Não importava muito que Ayla não fosse uma simples criada na corte - é claro que as pobres moças eram um alvo muito mais fácil e desprotegido - ele ainda assim estava certo que não teria consequências. E por que teria, afinal? Mulheres eram objetos para serem possuídos, e ele era um homem que conseguia o que quisesse. Ela lembrava de ter sentido um impulso negativo a seu respeito; sentia um asco e uma podridão por baixo das investidas que mesclavam lisonja com atrevimento - além de importúnio. Mal sabia na época que deveria ter levado a intuição mais a sério.
Ele não tinha mais paciência para os seus “nãos”, de modo que da próxima vez que a encontrou, estava acompanhado, e ela sozinha. Tinha evitado aquele momento, é claro; Ayla era tudo menos burra. Ainda assim, foi uma questão de tempo, não conseguira fugir para sempre. Ela lutara, é claro - fora treinada para isso -, antes que eles a agarrassem, tapassem sua boca e a jogassem no armário de vassouras, ela tinha gritado, tinha socado, chutado e esperneado. Achava que tinha quebrado o nariz de um deles com uma cabeçada, pois escutara ele xingando, apertando-a ainda mais por trás. O aperto a deixou respirando com dificuldade, o que piorou sua situação visto que também taparam-lhe a boca. Tiraram-lhe a voz, o fôlego, o controle, a liberdade e enfim, sua inocência.
Ayla lembrava de ser segurada por trás, uma mão em sua boca e outra apalpando-lhe os seios. Lembrava que o homem a quem negara agora forçava suas pernas a abrirem e ela lutava, lutava e lutava enquanto ele xingava e então sorria, e se colocava no meio de suas pernas. Perdeu as esperanças quando ele enfim abaixou as calças e se aproximou dela, falando em seu ouvido que ela iria gostar, ia ser divertido, ia ser gostoso. Ayla debateu-se com ainda mais vigor, mas os dois a mantinham presa com força. Já sabia que a primeira relação costumava ser dolorosa para as mulheres, mas nem em pensamentos mais remotos poderia ter esperado se sentir tão indefesa, angustiada, suja... podre. Ela não chorara; ao menos, não a reação completa de chorar. Ela não soluçara, tremera o lábio ou frazira o cenho - mas as lágrimas escorriam e escorriam. E à medida em que o tempo se passava, mesmo parecendo infinito, Ayla foi endurecendo e ao fim as lágrimas eram mais de raiva do que de medo ou tristeza. Ela dissera que o mataria, lembrava disso. Também se recordava do riso de escárnio que recebera em resposta.
Em seu pesadelo, a cena não acabava assim.
Em seu pesadelo, os olhos mudavam de cor, os cabelos se tornavam mais grossos, e então mais ralos, e então mais grisalhos e escuros, loiros, ruivos. O homem se tornava mais magro, atlético, gordo, alto, baixo, largo - mas o sorrisinho em seus lábios era sempre igual. As figuras trocavam e trocavam até que Ayla havia sido estuprada diversas vezes, de novo e de novo e de novo. A sensação era sempre igual, o peso em sua frente e o aperto atrás de si, as mãos indesejadas, indesejadas, indesejadas. Elas a tocavam, apertavam, apalpavam e ela só se sentia suja e suja e suja. Acordou em desespero, levantando-se de vez e imediatamente vendo seu ventre. Ele não estava sangrando dessa vez; via apenas os cobertores da cama. Levou a mão ao peito como fazia todas as vezes em que sonhava com aquela lembrança - como se o toque pudesse acalmar o coração disparado. Respirava fundo e sabia que havia gritado, sua garganta doía. As lágrimas saíam copiosamente, no entanto, assim como no dia, ela mantinha a expressão impassível. Não iria ceder, não iria. Levantou-se e andou pelo quarto, passando as mãos nos braços como se pudesse limpar a sensação do toque grotesco. Como se pudesse esquecer. Estava apenas com sua familiar camisola de seda, já que gostava de dormir com cobertas muito quentes, mas sabia que sua roupa pouco importava - ainda se sentiria vulnerável com qualquer coisa que vestisse. A sensação não provinha da pele exposta, mas parecia rastejar como um verme por dentro da derme. Encostou-se na beirada da cama e foi se arrastando pela base até estar sentada no chão, puxando as pernas contra si e encostando a testa nos joelhos.
Eu estou bem. Eu vou ficar bem. Eu estou bem. Eu vou ficar bem, vai ficar tudo bem. - Ayla repetia para si mesma como uma prece, alternando os tempos verbais. No presente, ela tentava se convencer, e no futuro, tentava acreditar. Não cederia, não cederia, não cederia.
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Quando eu grito seu nome, eu fico surdo, não ouço nada mais que minha voz ecoando na minha própria mente, dando voltas nos caminhos de dor que eu construí, eles sempre me levam até você, até nós. Quando eu grito seu nome, eu percebo a necessidade de ouvir sua voz, de sentir nem que seja uma só palavra deixando seus lábios para me encontrar nesse triste e escuro devaneio que eu resolvo me colocar quando você não está mais por perto. Quando eu grito seu nome, talvez seja porquê o simples fato de invocar você me aproxima mais da sua imagem, do seu cheiro, das suas mãos que me acariciavam, de quem você é, de quem você foi, dos seus grandes olhos castanhos que num só instante me fazem sentir tudo e quando fecham-se me fazem sentir nada, só não sinto, então preciso gritar. Quando eu grito seu nome, é porque eu estou com medo, tanto medo, que até meus demônios choram no meu peito, em respeito à mim, em respeito à nós. Quando eu grito seu nome, é porquê eu preciso me esvaziar, me esvaziar das conversas que durante a semana tentaram me preencher, das amizades que não vão durar mesmo, das tristes noites sozinhos e até dá dor que domina minha garganta em lugares impróprios. Quando eu grito seu nome é porque eu suplico que você me perdoe e que um dia eu consiga te perdoar também, que eu não acorde mas de madrugada com o coração no peito acelerado, com o suor no rosto que me queima, e com medo de eu não ter conseguido contar tudo como eu queria, tudo foi tão cruel, tudo é tão cruel, eu sinto a dor, eu respeito ela, mas sei que não mereço, que não merecemos. Quando eu grito seu nome é porque eu espero que você me responda, mesmo sabendo que isso é praticamente impossível de acontecer, mesmo sabendo que talvez isso nunca aconteça, mas eu nunca perco minha fé, nunca paro de gritar, mesmo quando não tenho voz.
Quando eu grito seu nome é para lembrar que eu te amo e para lembrar que um dia estarei em silêncio: do seu lado.
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Em Vida Somos Brevemente Grandiosos (We Are Who We Are)
Por Lucas Andrade
Ao propor uma teoria da nostalgia, a professora e pesquisadora Svetlana Boym a definia como um desejo por um lugar e/ou tempo diferente, um sentimento de perda e inadequação, mas ao mesmo tempo é como se apaixonar por suas próprias fantasias pessoais. Boym argumenta que a nostalgia pode ser retrospectiva e prospectiva (aprisionada ao passado ou reorganizada a ponto de dar sentido ao nosso futuro) , pode ser uma orientação dupla (pode ser direcionada para ambos os lados) e se sobrepor com o ambiente atual, seja ele físico ou mental. Obcecado com repetição e uma busca por identidade, a nostalgia cria limites distintos, apenas para em seguida os borrar, e “uma linguagem cinematográfica da nostalgia é uma da dupla exposição, ou uma superimposição de duas imagens: o local e o estrangeiro, passado e presente, sonho e cotidiano. O momento em que tentamos forçar essas dicotomias numa única imagem, quebra os limites do enquadramento e queima a superfície...num senso mais amplo, nostalgia é a rebelião contra a ideia moderna de tempo, o tempo da história e do progresso.” Nostalgia também é uma das forças que move a obra do diretor Luca Guadagnino. Em sua carreira existe um interesse tanto em construir estudos de personagens afetados por um profundo sentimento de nostalgia melancólica como também em uma linguagem visual própria que transforme esses sentimentos em matéria visual, nos colocando na pele dos seus protagonistas e indo longe o bastante pra incutir em nós um estranho senso nostálgico, com suas visões idílicas de uma Itália estacionada no tempo que são ao mesmo tempo sedutoras e fora do nosso alcance. É um cinema de desejos, e de como nos articulamos a fim de manifestá-los, uma característica que também se encontra firmemente codificado no DNA de We Are Who We Are, seu primeiro projeto para televisão.
Nos meses antecipando o lançamento da minissérie manifestei alguma descrença pelas possíveis qualidades que esse novo trabalho do diretor poderia ter. Levando em consideração sua obra pregressa, especialmente Me Chame Pelo Seu Nome, talvez o ponto de conexão mais imediato a se fazer pelas similaridades compartilhadas por ambos, era compreensível minha desconfiança de que a televisão iria provocar alguma mudança no olhar que Guadagnino vinha desenvolvendo nos últimos anos, especialmente quando direcionado para personagens adolescentes. Como um homem de mais de 40 anos olhando para adolescentes é natural que haja alguma desconfiança de como esse olhar irá florescer em tela, e a desconfiança de que o diretor não consiga representar essa juventude de forma empática, complexa e acima de tudo franca sem que uma desconexão de olhares se torne visível. Por isso não deixa de ser ainda mais surpreendente quando ele não apenas consiga ser bem sucedido nessa empreitada como também tenha criado uma das melhores coisas a sair da televisão em 2020 e o que talvez seja o seu melhor trabalho até o momento. Foi necessário Guadagnino migrar para a HBO para ele finalmente expor sua força do seu olhar enquanto criador, algo que nos seus outros projetos parecia mais como uma alusão do que uma realidade.
É uma série sobre tentar encontrar seu lugar no mundo e como nossos desejos acabam realizando um papel determinante nesse processo, o corpo enquanto um ambiente onde constantemente lutamos em via de expressar essas subjetividades. Guadagnino desenvolve e refina uma linguagem erótica que tenta representar não apenas como o desejo se parece, mas mais importante, como ele é. O jogo entre objetos no espaço, também como uma ênfase no espaço entre os corpos dos atores, captura a urgência da experiência erótica, algo que ele vinha refinando desde a década passada, com resultados que iam desde o interessante até o fracasso enquanto proposta estética e que apenas aqui parece ter alcançado o seu potencial. A série revela o poder transformador do desejo - suas consequências tanto na esfera individual quanto social, e Guadagnino explora suas possibilidades até o limite, criando uma obra de 8 horas em que ele basicamente abandona as convenções mais tradicionais de narrativa seriada em busca de uma dramaturgia mais rarefeita, pontuada através de reverentes silêncios e uma crença na fisicalidade enquanto poderoso condutor narrativo. Desde seu cenário, algo ins��lito para uma série adolescente - uma base militar americana situada na Itália - até as inquietantes relações que atravessam parentes e círculos de amizade é como se a série constantemente estivesse nos lembrando que estamos num ambiente fora da realidade, um espaço bucólico saído de um dos livros de poesia que Fraser (Jack Dylan Grazer) lê durante os episódios: produtos irreais frutos de uma imaginação fértil, mas que em emanam algo de muito honesto e revelatório sobre a realidade. Não me parece tão distante por exemplo de séries como Euforia ou Heathers, dois outros produtos que ofereceram visões radicais sobre como concatenar uma representação justa dessa nova juventude e que encontraram nesse elogio ao artifício uma ferramenta poderosa em conseguir pôr em tela dramas demasiado humanos sob embalagens exuberantemente plásticas. Os métodos utilizados aqui obviamente são diferentes, mas é certo que ele também compreende que a realidade (e o realismo) por si só não é o suficiente para compreender a mente desses jovens.
Ainda me pergunto porque, dentre todas as épocas possíveis para situar uma história de coming of age, Guadagnino escolheu justamente as semanas precedendo a vitória de Trump em 2016. Mas ao mesmo tempo, isso também significaria tentar arrumar sentido nas decisões de porque A Bigger Splash se passar em meio a uma crise de refugiados que assola uma pequena ilha no extremo sul da Itália ou porque sua nova visão de Suspiria se passa em meio aos atentados do grupo Baader Meinhof numa Berlim dividida. Talvez simplesmente não tenha uma explicação, e ótimo assim, não precisamos de uma. Mas não deixa de ser curioso pensar que em todos esses casos existe algo de quase ameaçador nesses choques entre o que espreita pelas bordas da cena e o que constitui o drama central, um elemento alienígena que constantemente ronda os universos particulares desses personagens que até então se encontravam como se alienados da realidade. Mas ao mesmo tempo, Guadagnino parece igualmente disposto em se fazer notar que o mundo lá fora se encontra num constante estado de ebulição, e que é apenas uma questão de tempo para esse choque entre o privado e o público inevitavelmente acontecer. Em We Are Who We Are, somos constantemente lembrados do que está acontecendo do outro lado do oceano, com a eleição presidencial de 2016 aparecendo por todos os lados. À primeira vista é como um lembrete: que apesar das paisagens paradisíacas e a atmosfera intoxicante de primeiro amor, descobertas e diversão que ocorre naquele pequeno cosmos, ainda estamos de certa forma em território americano. O final do sexto episódio, onde Chloe Sevigny observa da sua casa em silêncio a vitória de Donald Trump, é a materialização definitiva de uma realidade que vinha cercando a ela e a todos nós por semanas, mas que permanecemos completamente alheios até nos atingir com uma força inesperada.
Dá pra contar nos dedos a quantidade de séries recentes que realmente se importaram em oferecer um olhar nuançado do que constitui a matéria dessa geração Z, uma juventude que ainda parece assustar e intimidar aqueles que criam televisão e cinema pelo simples fato de ainda serem criaturas quase que inclassificáveis em sua volatilidade, ou cuja única característica constante é justamente a mutabilidade. Para uma série que do primeiro ao último episódio sempre se manteve fiel a sua proposta de ser uma entidade tão incompreensível quanto os jovens que existem nela, não deixa de ser interessante ao seu final ela se revelar acima de tudo isso como uma simples história de amor. Ao terminar num gesto que não deixa de ser uma reverência a certa tradição dos romances adolescentes, We Are Who We Are aponta não para uma conclusão definitiva ao se conformar com o clichê mas ao invés disso afirma que mesmo o mais simples dos gestos pode conter em si algo de profundamente imprevisível.
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Mercúrio em Cazimi com Sol
Mercúrio retrógrado em Escorpião encontra o Sol, também, no Scorpio, e faz um Cazimi, hoje, às 15:15h (MCZ). Mercúrio já está em Combustão com o Sol há alguns dias e vai continuar por mais alguns. Na Combustão, o Sol queima o Mercúrio, toma conta, e é como se o Sol queimasse uma ideia, um padrão, mas como estão no Escorpião, agora, pode uns venenos quererem sair pela boca. Deixa sair, apenas acha o lugar certo pra derramar isso. Raivas.
No Cazimi, que é quando o Mercúrio fica até 17min de distância do Sol, a coisa intensifica e reverte para o positivo, o Mercúrio se fusiona com o Sol e eles ficam uns breves 34min assim: um estalo enorme pode rolar, pois ele juntam forças num "entendimento profundo de algo na própria identidade". Limpezas e curas, pois é Escorpião. Ótimo dia pra constelação familiar ou qualquer terapia que facilite limpar uma antiga ideia da mente. Domingão bem emocional. Cuidem que é o Escorpião na área com sua descida direta e sem anestesia. E ainda por cima, Mercúrio está retrógrado. Revisão na certa.
Imagem: "Passiflora", a flor do maracujá, desidratada e amassadinha na pg. 45 do Herbarium da Emily Dickinson. (fica a dica do calmante).
#astrologia#astrology#emily dickinson#passiflora#pressed flower#flor seca#flor do maracuja#passion fruit flower#cazimi#mercury#sun#sol#mercurio#combustao mercurio sol
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