Tumgik
#tem umas três semanas que eu sinto que não consigo respirar
interlagostrack · 29 days
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Morar em São Paulo e ter saúde são duas coisas totalmente incompatíveis
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amor-barato · 9 months
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NOTAS SOBRE O LUTO (Chimamanda Ngozi Adichie)
1. Era meu irmão quem organizava da Inglaterra as chamadas dominicais de Zoom, nosso turbulento ritual de lockdown: dois de nós entravam de Lagos, outros três dos Estados Unidos, e meus pais, às vezes com muitos ecos e chiados, de Abba, a cidade de nossos antepassados no Sudoeste da Nigéria. No dia 7 de junho lá estava meu pai, como de costume só com a testa aparecendo na tela, porque ele nunca sabia muito bem como segurar o telefone durante as chamadas de vídeo. “Mude um pouco a posição do telefone, pai”, dizia um de nós. Meu pai estava provocando meu irmão Okey por causa de um novo apelido, depois disse que não jantou porque tinha almoçado tarde, depois falou sobre o bilionário da cidade vizinha que queria confiscar as terras ancestrais da nossa aldeia. Não estava se sentindo muito bem e andava dormindo mal, mas não precisávamos nos preocupar. No dia 8 de junho, Okey foi visitá-lo em Abba e disse que ele parecia cansado. No dia 9, não me alonguei muito em nossa conversa para ele poder descansar. Ele riu baixinho quando fiz minha imitação brincalhona de um parente. “Ka chi fo”, disse. Boa-noite. Suas últimas palavras para mim. No dia 10 de junho, ele se foi. Meu irmão Chuks me ligou para avisar, e eu desmoronei. 2. Minha filha de quatro anos diz que eu a assustei. Ela se ajoelha no chão para demonstrar e sobe e desce no ar o punho cerrado, e por sua imitação posso ver como eu estava: inteiramente fora de mim, aos gritos, dando murros no chão. A notícia é como um desenraizamento cruel. Ela me arranca do mundo que conheço desde a infância. E eu resisto: meu pai leu o jornal naquela tarde, brincou com Okey sobre fazer a barba antes da sua consulta com o nefrologista em Onitsha no dia seguinte, debateu o resultado dos exames feitos no hospital com minha irmã Ijeoma, que é médica… então como isso pode estar acontecendo? Mas lá está ele. Okey segura o celular acima do rosto de meu pai, e ele parece estar dormindo, o semblante em repouso belo e relaxado. Nossa chamada de Zoom é surreal, e nós só conseguimos chorar, chorar e chorar em diferentes partes do mundo, olhando incrédulos para um pai adorado que agora deita imóvel numa cama de hospital. Aconteceu poucos minutos antes da meia-noite, horário da Nigéria, com Okey ao seu lado e Chuks no viva-voz. Não paro de encarar meu pai. Não consigo respirar direito. Será isso o choque, quando o ar se transforma em cola? Minha irmã Uche diz que acaba de avisar por mensagem um amigo da família, e eu quase grito: “Não! Não conte para ninguém, porque se a gente contar vira verdade”. Meu marido diz: “Respire devagar, tome, beba um pouco d’água”. O casaco que sempre uso em casa, meu uniforme de lockdown, está jogado no chão todo embolado. Mais tarde meu irmão Kene dirá, de brincadeira: “Tomara que você nunca receba nenhuma notícia devastadora em público, já que a sua reação ao choque é arrancar as próprias roupas”. 3. O luto é uma forma cruel de aprendizado. Você aprende como ele pode ser pouco suave, raivoso. Aprende como os pêsames podem soar rasos. Aprende quanto do luto tem a ver com palavras, com a derrota das palavras e com a busca das palavras. Por que sinto tanta dor e tanto desconforto nas laterais do corpo? É de tanto chorar, dizem. Não sabia que a gente chorava com os músculos. A dor não me causa espanto, mas seu aspecto físico sim: minha língua insuportavelmente amarga, como se eu tivesse comido algo nojento e esquecido de escovar os dentes; no peito um peso enorme, horroroso; e dentro do corpo uma sensação de eterna dissolução. Meu coração me escapa — meu coração de verdade, físico, nada de figurativo aqui — e vira algo separado de mim, batendo depressa demais num ritmo incompatível com o meu. É um tormento não apenas do espírito, mas também do corpo, feito de dores e perda de força. Carne, músculos, órgãos, tudo fica comprometido. Nenhuma posição é confortável. Passo semanas com o estômago embrulhado, tenso e contraído de apreensão, com a certeza sempre presente de que alguém mais irá morrer, de que mais coisas irão se perder.
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murmurios · 5 years
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TW: ANSIEDADE / DEPRESSÃO
Essa carta é destinada à todos que um dia prometi que ficaria bem.
Talvez em uma tarde ensolarada de domingo vocês olhem pro parque onde as crianças brincam e os idosos caminham e não vejam saída ou expectativa e então lembrem-se de mim. Talvez mais tarde no mesmo dia vocês sintam seu peito queimar, um desejo imenso de desaparecer, por milhares de motivos e ao mesmo tempo, sem conseguir justificar sua angústia. Foi assim que começou pra mim também, eu também debochei da depressão um dia e tive a coragem de dizer pra minha amiga que ela estava sendo ridícula por chorar por um macho, até o dia que ela se cortou na tentativa de se matar e eu entendi que aquele sangue todo no chão não era sobre um ex, era sobre se sentir insuficiente, dispensável. É como se ninguém pudesse te ver ou ouvir, mesmo que você grite no meio de uma multidão, entendem? Provavelmente não. Não até se sentirem assim ou pelo menos farejarem a morte como eu farejo tantas vezes durante todos os dias dos últimos dois anos da minha vida. 
Meu começo foi como o de quase todo mundo, primeiro, insegurança. Meu namorado me dizia que eu era a melhor e mais linda mulher do mundo e aquilo parecia uma ironia dele, como se quisesse brincar com meus sentimentos confusos. Depois, a ansiedade, a parte em que as coisas começam a ficar sérias de verdade. Um tremor aqui, um suador ali, tristeza injustificada num dia aleatório em que tudo está bem, enjoo e vômitos que os médicos não conseguem explicar e seus amigos dizem que é tudo da sua cabeça, até seu primeiro desmaio. “A primeira vez a gente nunca esquece”, realmente. Lembro de estar no banheiro do trabalho, com dores fortes na cabeça e suor incontrolável, no momento seguinte, me vi sendo furada no hospital, no fundo a enfermeira dizia “ela está reagindo!” “tenha calma, menina!” como se fosse algo que eu pudesse controlar. Por fim, veio a depressão. Ela começa com um gosto doce, discreta, tira seu sono ou te deixa muito cansado, você quer sair de casa mas não tem força pra levantar da cama, as pessoas, por mais próximas que estejam, sempre parece que não é suficiente. Porque na verdade, nada é. Você se sente abandonado, deprimido, inútil. Seus sorrisos passam a ser mais raros ou forçados, conforme o tempo passa, sua esperança de ficar melhor vai indo embora. 
Eu nunca havia cogitado desaparecer, nunca desejei morrer até um ano atrás. Ouvia essas histórias de suicidas e pensava no absurdo que era, na tristeza que deviam sentir por chegarem ao ponto de cogitar deixar de existir, mas querem saber? Um dia você entende. E se esse dia chegou pra você, amigo, te aconselho a procurar ajuda e principalmente, começar a se ajudar, porque você está quase tão fundo quanto eu. Pra mim, começou com um questionamento: “qual a minha utilidade?” “o que seria do mundo sem mim?” “qual diferença eu faço aqui, se ninguém se importa de verdade?” e o problema é que se você não compartilha essas perguntas com outras pessoas, ninguém vem do nada te dizer que você é especial e importante, então você começa a acreditar mais ainda que não é, que não vai fazer falta. 
No trabalho eu até conseguia me sentir bem, de certa forma, fingir que eu era outra pessoa por lá e ver as pessoas acreditando nisso me fazia bem. Era bom ter pessoas por perto que não sabiam do meu desejo de morrer, que não me olhavam com piedade, que não tentavam o tempo todo me fazer lembrar o quanto viver é bom ou me empurrar uma religião goela abaixo. 
Fato é que em uma quarta fria, depois do serviço, entrei em crise e não conseguia sair. Escureceu, chegou a madrugada e eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser sumir. Sabe quando parece que a alma grita querendo sair? Quando você se vê sem outra saída? Quando parece que nada mais pode melhorar ou sequer sair do lugar? Só queria por fim nisso. Só pensava em deixar minha família em paz, não preocupá-los mais. Meu namorado bateu na porta do banheiro, questionou como eu estava, tentei mentir mas minha voz não o enganava. Ele quase quebrou a porta, porque não queria deixá-lo entrar e me ver daquela forma, não de novo. Pensei em pegar aquela lâmina que tinha escondido no bolso e acabar com tudo aquilo, mas seria tanto sangue, ele não merecia ter que limpar os restos de mim, não poderia ir embora dando ainda mais trabalho pro amor da minha vida, a única pessoa que realmente permaneceu durante todo o caos sem medo, sem se assustar. Eu sei o quanto ele queria me ajudar, mas como? Não haviam forças pra tentar, não havia desejo de vencer da minha parte. Eu só queria desistir. Abri a porta e deixei ele ver meu estado, quem sabe aquilo fizesse ele parar de gritar ou entender finalmente a seriedade da coisa, que não era questão de “me acalmar”. 
Para a minha surpresa, ele não gritou dessa vez, na verdade, não disse nada. Ele apenas me encarou, seus olhos pareciam decepcionados, como se tivesse perdido a esperança em mim e entendo essa sensação perfeitamente. Lentamente, ele se aproximou de mim e segurou minha mão, fixou seus olhos dentro dos meus. No meio daquele caos todo, vi seu desespero, não haviam palavras que descrevessem o que sentíamos naquele momento. Seus olhos encheram-se de lágrimas, ainda em silêncio, ele me abraçou forte e antes de me soltar, disse baixinho: “Não vou desistir e nem te deixar desistir. Se você escolher ir embora, também vou”. Sei que isso não é exatamente o que uma pessoa com depressão e sérios problemas de ansiedade precisa ouvir, na verdade, em qualquer outra situação, esse seria meu melhor gatilho pra fazer merda e me afundar mais ainda, ter alguém dependendo de mim. Logo eu! Mas não. Dessa vez foi diferente. Consegui respirar devagar e fazer meu coração desacelerar, sequei as lágrimas e tomei um banho, eu poderia estar na pior situação, no buraco mais fundo da face da terra, mas eu faria qualquer coisa pra não deixá-lo afundar comigo. 
Na semana seguinte, ele me encorajou a ir na psiquiatra, que me receitou remédios fortíssimos que me deixavam mais drogada que qualquer outra coisa. Isso não me protegia, apenas me “anestesiava”. Eu meio que não entendia o que estava acontecendo ao meu redor, parecia que estava o tempo todo dormindo e sonhando com problemas reais aos quais eu podia interagir, quem me dera se fosse. Depois de três meses tomando o remédio e ter minhas crises diminuídas consideravelmente, começamos a cogitar cortá-los, pois aquelas drogas pareciam me adoecer mais que a própria depressão. Por incrível que pareça, ficar drogado 24h por dia, durante todos os dias pode não ser tão divertido assim. 
Assim que parei com os remédios, dei inicio ao tratamento com a psicóloga, que em questão de meses me ensinou a lidar com a ansiedade e “não dar espaço” pra depressão. Às vezes ela ainda vem e me abraça com força, não me dando muitas opções a não ser me entregar. Noutras, apesar da vida caminhando e do relacionamento finalmente se estabilizando, desejava ser atropelada ou que alguma coisa simplesmente me levasse embora daqui. A sensação que tenho no fundo do meu peito quando falo sobre isso até hoje é que nunca vou estar totalmente liberta dessa agonia, mas entendi que não preciso me entregar com tanta facilidade. A luta é difícil, diária, pesada, às vezes cansativa, às vezes eu perco contra mim mesma, meus próprios pensamentos que são tão destrutivos. 
O que me tirou das profundezas do inferno e me fez voltar foi quando a pessoa que mais amei em toda a minha vida se ajoelhou em minha frente e me pediu pra passar o resto dos meus dias ao seu lado. Eu não tive outra escolha, não cogitaria jamais algo diferente, disse sim de primeira ao seu pedido de casamento, mas com isso, vinha um compromisso muito maior: não desistir da nossa vida, da fase que estava se iniciando, era como uma vida nova, onde eu poderia ser o que quisesse e teria alguém de verdade do meu lado, apesar de qualquer erro ou deslize que eu cometesse. Joe então me fez uma proposta irrecusável: ir morar fora daqui, bem longe, em outro país. Ambos recomeçaríamos, vida nova e apesar da insegurança, do medo do novo, teríamos sempre um ao outro. E o que eu poderia fazer além de me jogar? A única esperança que tive desde o começo daquele sofrimento foi o Joe. Desde o começo, ele foi a única pessoa que realmente batalhou junto comigo, acreditou na minha força quando achei que ela nem existia mais. Ele merecia aquilo e eu também. 
Hoje, pouco tempo depois de ter me instalado na nossa segunda casa alugada aqui, vejo que há esperança. Até para mim. Têm dias que parece que ela morreu. É como uma vela acesa, vocês conseguem entender? Às vezes venta demais e ela quase que se apaga, mas basta uma faísca para que se reacenda. O Joe é essa faísca. Ele não deixa que essa vela que tem dentro de mim, quase que no final, se apague. Às vezes ele me faz acreditar que a minha fé nunca morreu, ele sempre diz que ela apenas se esconde quando sinto medo e que preciso encontrá-la. Mesmo achando isso tudo ridículo, acreditam que nos momentos de dificuldade eu me pego procurando por algo aqui dentro? 
Essa carta é destinada à todos vocês que um dia prometi que ficaria bem, mãe, pai, vovó, primos, amigos, essa carta é pra dizer à vocês que apesar da ausência, dos sustos, eu finalmente posso dizer que estou conseguindo. Estou vivendo, sabe? Ou pelo menos, tentando. Não posso dizer que vai durar pra sempre, talvez dure uma semana, um ano, mas nesse momento, o momento em que lhes escrevo, posso lhes garantir que estou viva. Sinto meu sangue correr pelas minhas veias, vontade de me levantar pra ir trabalhar, ir ao mercado, fazer amor. Hoje eu me olho no espelho e consigo enxergar um pouco do que vocês diziam sobre mim, acho que consegui me reencontrar no meio de tantos pensamentos ruins, porque realmente estava completamente perdida ali no meio. Sou grata por cada vez que tentaram, por todas as vezes que me pediram, imploraram para não desistir. Agradeço a cada um de vocês por terem mantido sua fé em mim mesmo quando não mereci, apesar dos pesares, por todas as vezes que sorriram enquanto eu era grossa e reclamava das suas tentativas de me alegrar. Hoje entendo seu esforço, sua agonia, não teria conseguido me reerguer sem sua ajuda. Tudo tem seu tempo, sua forma, seu motivo e agora entendo isso. Respeito muito a forma que mesmo sem entender, vocês tentaram de verdade me ajudar, por mais que muitas das vezes isso me machucasse mais do que ajudava. No começo desta carta eu disse que talvez alguns de vocês só entendessem isso se um dia passassem por algo parecido, como foi meu caso, mas nunca desejaria à vocês um castigo tão ruim como o que tive. Eu apenas lhes desejo empatia, em primeiro lugar, para que saibam lidar com uma situação delicada como a que vivi, para que saibam conviver e entender seus filhos, namoradas, amigos, para que possam protegê-los e ver que ninguém está imune à isso, nem mesmo a pessoa mais religiosa ou feliz do mundo. O dinheiro também nunca conseguiu fazer com que meu desejo de morrer sumisse, então definitivamente, só o amor pode curar e em alguns casos, nem mesmo ele.
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Take A Break - w/ Niall Horan
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Mais uma vez o humor turbulento de S/N, após chegar exausta em casa, foi suficiente para fazer seu namorado ir embora do apartamento no centro da cidade batendo a porta com força. O stress diário sentido pelos dois jovens sedentos por oportunidades e vontade de viver acabava interferindo fortemente no relacionamento, e no final tudo se resumia a discussão e dias separados por conta do orgulho e muitas vezes da paz que almejavam diante da correria do dia a dia.
Nesta noite, a garota não queria, de jeito nenhum, ter gritado com Niall como fizera minutos depois que chegou do trabalho, mas ela odiava quando o namorado insistia tanto em fazer amor quando ela definitivamente não estava nem um pouco disposta ou afim de usar a cama se não fosse para dormir. Especialmente depois de um dia exaustivo, como tinha sido o de hoje. O rapaz, por sua vez, não conseguiu controlar sua indignação ao ouvir o tom de voz de S/N elevando-se quando ele insistiu uma terceira vez para que rolasse algo quente naquele noite. Horan apenas queria um pouco de carinho e atenção dela, e ser recebido com cinco pedras nas mãos pela namorada por um simples pedido, nada muito fora do comum, foi realmente difícil de engolir.
Se essa situação fosse inédita parao casal seria muito mais fácil resolvê-la, sem perda tempo. Mas infelizmente o cenário caótico repetia-se com frequência depois que resolveram engatar de vez nos projetos pessoais de vida.
S/N sempre quis se tornar uma estilista de grande sucesso, e a oportunidade estava batendo em sua porta, já que desfiles importantes se aproximavam e ela conseguiu ser encarregada de ser a anfitriã de três eventos conhecidos mundo a fora, deixando-a maluca já que precisava deixar tudo perfeito e dar tudo de si para conquistar devidamente seu espaço no mundo da moda. E isso acarretava em sua falta de paciência com o namorado.
Com Niall a história não era muito diferente, visto que o moreno iniciara sua carreira musical há pouco tempo, mas ainda sim já era reconhecido pelas pessoas na rua por conta das participações nas mídias, crédito da ótima produtora que o contratou, enxergando grande potencial no rapaz talentoso que viralizou na internet meses atrás cantando a capela em sua conta do Instagram. Cantar sempre foi sua paixão efervescente, e fazer isso sem ser um hobby deixava o garoto contente demais, estando cada vez mais perto de alcançar o sonho de ser um super star, mesmo que lhe causasse dores de cabeça ao final do mês, uma vez que seu cachê não era tão alto. Por isso, era necessário batalhar muito para que um dia conseguisse ser o artista que tanto desejava. E para isso acontecer, o rapaz ausentava-se de alguns compromissos criados por S/N, deixando-a chateada milhares de vezes.
Não havia dúvidas de que o amor que sentiamum pelo outro era enorme, mas as responsabilidades de cada um impedia-os de viver em completa harmonia, fator que contribuiu muito para o resfriamento da relação de pouquinho em pouquinho.
Ligação
- Oi, Claire - a voz triste de S/N do outro lado da linha logo fez a amiga entender, em questão de segundos, o que havia acontecido. De novo.
- Ele foi embora? - perguntou mesmo já sabendo a resposta, e o silêncio da menina apenas confirmou sua teoria. - S/A, vocês estão sofrendo há bastante tempo. Conversa logo com o Niall e acaba esse namoro de uma vez.
- Nunca! Eu o amo muito! Não consigo fazer isso.
- Mas brigar com ele todos os dias você consegue? - S/N não tinha ideia do que dizer. A amiga tinha lhe dado um argumento sem qualquer tipo de refutação. Por mais que ela odiasse admitir que o relacionamento dela com seu primeiro e único amor estava desgastado, a garota sabia que era preciso dar o passo inicial para um novo começo.
- Por que você sempre está certa? - soltou uma risada fraca assim que concluiu sua frase, seguida de Claire. - Acha que eu devo falar com ele ainda hoje?
- Se eu fosse você, esperava um pouco. Assim vocês esfriam a cabeça e conversam tranquilamente, sem discussão e gritaria.
- Tudo bem. - o suspiro feito por ela fez a amiga ficar com o coração na mão. Claire e S/N eram como irmãs. A ligação entre elas era muito intensa e o que afetava uma, acabava afetando a outra inconscientemente.
- S/A, pensa no seu bem estar antes de qualquer decisão, OK? Faça apenas o que seu coração mandar. - as palavras ditas pela moça deixavam o espírito de S/N mais calmo e relaxado e dessa forma conseguia distinguir com facilidade o que faria em determinada situação. Mas hoje, essa sensação não apareceu de imediato. A dúvida e preocupação ainda a preenchia por dentro.
- Obrigada pela ajuda, amiga. Verei o que faço por aqui. E desculpa te atrapalhar esse horário..
- Imagina, minha querida. Estarei sempre aqui para você. E se quiser vir para casa, a porta está aberta.
- Pode deixar. Obrigada mais uma vez , Claire. Por tudo.
- Vai dar tudo certo, S/A. Fique tranquila. - S/N sorriu fraco antes de encerrar a chamada e logo pegou no sono, já na cama vazia.
Dias depois..
A frase “A gente precisa conversar” nunca foi tão temida para Niall quanto estava sendo agora. Sua mãos chegavam a suar só de pensar no que incomodava tanto S/N naquele momento para necessitar de uma conversa pessoalmente. E assim que chegou na casa dela, percebeu que todo o nervosismo era cem por cento válido.
- Você quer terminar?!
- Não foi isso que eu disse. - tentou amenizar a situação.
- Mas queria. - rebateu, levemente indignado e o silêncio se sobressaiu. - Você não me ama mais, S/A?
- É claro que eu amo! - respondeu sem pensar duas vezes. - Mas você e eu sabemos que não estamos conseguindo reconciliar a vida amorosa com o trabalho.
- E por isso você vai desistir de nós? - perguntou incrédulo. - Ótima saída para resolver o problema!
- Niall, eu não quero brigar. - S/N pediu com calma e viu o rapaz respirar fundo com os olhos fechados. Para ele, o motivo dito pela garota não passava de uma desculpa esfarrapada, tendo algo por trás que ela não queria confessar. Horan não compreendia a mudança brusca que estava prestes a acontecer, fato que fez sua cabeça imaginar diversas suposições que explicassem, sem questionamentos, o porquê disso tudo.
- Você me traiu? - questionou baixinho e então olhou para a namorada com os olhos cheios d’água. Em seus pensamentos, essa possibilidade era a que mais doía em seu coração.
- O quê? Não! Eu nunca faria isso. Você me conhece.
- Então me diz, porque você quer acabar com tudo! - ele praticamente gritou desesperado, com um nó gigante na garganta.
- Exatamente por isso! - exclamou ela. - Pelos gritos que saem de nossas bocas todas as vezes que nos encontramos! Você se sente bem quando ficamos separados por tantos dias por causa de uma discussão boba? Porque eu me sinto horrível. E não é assim que eu imaginei o nosso namoro.
- São brigas de casal, S/N. Não é para tanto.
- Niall, não se engane. Você sabe que não são. Essa semana nós praticamente não nos falamos, e o motivo foi porque eu não quis transar com você na sexta. Acha que casais ficam dias sem contato por causa disso? Por conta de um motivo ridículo desses? - o moreno ficou em total silêncio e seu olhar foi direcionado para baixo, demonstrando vergonha, talvez. - Não ache que eu estou bem em relação a essa conversa. - admitiu. - Minha vontade era chorar a cada frase que eu digo, mas estou me segurando ao máximo porque sei que não gosta quando choro na sua frente. - dessa vez a voz de S/N saiu falha, seus olhos estavam marejados e ele finalmente entendeu a dor sentida por ela.
- Você sabe que essa história de ‘dar um tempo’ é puro eufemismo, não sabe? - perguntou após alguns segundos quieto.
- Pode ser que para quem não ame mais seja sim. Mas no nosso caso, não é. - respondeu diretamente. - Meu amor por você não acabou. E só estou fazendo isso para mantê-lo guardado dentro de mim. Tenho certeza de que, quando estivermos prontos, esse sentimento profundo vai florecer mais forte em nossos corações. - o rapaz sorriu fraco ao escutar a confiança de S/N em suas palavras. Contudo ele sabia que a vida à dois que levavam se encerrou assim que saiu da casa da mulher. E os anos seguintes apenas comprovaram o que Horan pensara naquele dia.
Finalmente S/N era considerada uma estilista renomada, de grande sucesso em toda a escala internacional. Seus looks eram tendência mundial e sua marca estava estampada em todos os lugares, sem exceção.
Niall, por sua vez, tornou-se o cantor mais aclamado e desejado de todos os tempos, já que seu talento sempre fora algo invejável, assim como a beleza do rapaz. E agora ele encantava milhões de pessoas com a sua música maravilhosa e voz esplêndida ao redor do mundo, exercendo a profissão sonhada e amada durante anos.
O casal seguiu a vida separados e nunca mais entraram em contato desde aquela noite. Mas em hipótese alguma esqueceram-se um do outro.
...
- Com licença, S/A.. - Jordan bateu de leva na porta do escritório de S/N e entrou assim que ela o encarou despreocupada. - Está ocupada?
- Não. Estava apenas conferindo se a coleção já está no lugar certo. - respondeu com um sorriso simples.
- De novo? - a pergunta veio junto de uma risada fraca, fazendo a mulher sorrir envergonhada.
- É a New York Fashion Week, honey! Meu desespero é totalmente compreensível.
- Nós todos estamos orgulhosos de você!
- Eu não teria conseguido sem essa equipe fantástica. - comentou de forma gentil e sincera. - Tem noção do que alcançamos? Meu sonho era estar nesse desfile, Jordan! E saber que semana que vem meus looks estarão na passarela mais famosa do mundo me deixa tão, mais tão feliz que eu podia pular a cada segundo. - o sorriso aberto no rosto da estilista expressava toda a euforia e felicidade que sentia após anos de esforço e dedicação. Os olhos brilhavam toda vez que a garota se dava conta de sua conquista, e Jordan, seu braço direito desde o início da caminhada, percebera que nunca viu a chefe tão animada e alegre em anos de serviço. Nem quando fundou a empresa há seis anos e meio, local em que trabalhavam hoje. - Mas e aí? O que te traz à minha sala?
- Bom, o pessoal que está comandando o desfile decidiu quem cantará enquanto os modelos estarão na passarela.
- Ótimo! E quem vai ser? - ela sorriu contente, esperando a resposta.
- Niall Horan.. - disse sem jeito e com uma leve careta.
Jordan, além de assistente de S/N, era seu melhor amigo desde a faculdade. O rapaz sempre acompanhou o dilema amoroso da amiga e sabia que Niall ainda era seu ponto fraco. Mesmo após um longo período sem vê-lo pessoalmente ou ao menos trocar algum tipo de diálogo.
- Oh.. Niall? - perguntou atônita. - Não o vejo desde aquela noite.
- Vai conversar com ele no evento?
- Sei lá. - deu de ombros. - Ele provavelmente deve estar namorando, já que todas as mulheres do mundo são apaixonadas nele.
- Inclusive você. - o moreno sorriu convencido pelo o que havia dito e sua chefe colocou as mãos no rosto, sem saber o que fazer.
S/N lembrava claramente quando disse para Horan que o amor dela estaria guardado em seu coração, independente da época. E isso era verdade. Ela ainda o amava muito e queria reencontrá-lo para iniciarem uma nova fase de amor, que seria possível agora que tudo encaminhava-se como um dia havia planejado.
- O que acha que devo fazer?
- Ir atrás dele, obviamente!
- Ele nem deve me amar mais, Jordan..
- Como você sabe? - a pergunta soou retórica. - Nunca mais se viram depois daquilo.
- Por isso mesmo que ele não deve sentir mais nada por mim. Isso foi há quase sete anos. Niall é um dos cantores mais famosos do mundo inteiro, pode ter a mulher que quiser. Acha que ele vai lembrar de mim?
- Acho não. Tenho certeza! - respondeu com convicção. - Eu sentia que o amor de vocês era maior que qualquer coisa, S/A. Não é possível que algo tão grande tenha se perdido depois de alguns anos.
- Pois eu acho que se perdeu há muito tempo.
- Veremos sexta que vem então.
Uma semana depois..
A correria e as várias vozes rolando no interior do backstage do desfile era assustador visto de longe. Araras de roupas estavam por todos os lugares. Pó de maquiagem era espalhado pelo ar de cinco em cinco segundos. E milhares de pessoas indo de um lado para outro em um espaço apertado só aumentava a confusão instaurada naquele lugar.
S/N não parou um minuto sequer desde que havia chegado ao desfile, cerca de uma hora atrás. Seu nervosismo poderia ser sentido a quilômetros de distância, e o sentimento dobrou quando viu Niall Horan chegar pela porta dos fundos do backstage.
Os olhos da moça simplesmente chocaram-se com aquele homem diferente daquele que um dia foi seu namorado. Ele estava completamente lindo com um conjunto azul claro e uma camiseta branca básica por baixo do blazer. Seu cabelo mudara desde a última vez que o vira pessoalmente, deixando mais bonito sem dúvida. Além da aparência, S/N conseguia perceber nitidamente a maturidade no olhar do rapaz mesmo de longe, observando apenas seu comportamento diante das pessoas que ali estavam. A moça estava hipnotizada no novo homem em que ele havia se tornado.
- S/A, cinco minutos! - Jordan a avisou quando passou rapidamente pela mulher, que voltou a atenção ao que realmente importava naquele momento.
A estilista deu uma última olhada em cada modelo que estava prestes à entrar na passarela e por fim pediu que todos a ouvissem por alguns segundos.
- Pessoal! Queria compartilhar com vocês a minha felicidade por estarmos todos aqui, realizando um sonho enorme, que sei que não é só meu. Hoje é um dia inesquecível para todos nós, e seria impossível demonstrar o meu agradecimento a cada um de vocês. Demos o nosso melhor e agora é o último passo para entrarmos para a história da moda. Por isso, façam valer a pena cada instante aqui dentro. Garantam que tudo seja perfeito e por fim, se orgulhem desse trabalho lindo que fizemos juntos e unidos como nunca! Vamos com tudo!- todos os funcionários a aplaudiram calorosamente e soltavam alguns gritinhos após o discurso, imensamente felizes. Cada um ali presente era uma peça fundamental para que o evento acontecesse e S/N não poderia iniciar algo tão importante para sua carreira sem dizer algumas palavras motivacionais para seus colaboradores.
Na área interna, a banda do cantor já estava posicionada no palco e em poucos segundos começou a tocar as notad iniciais ds música, determinando a deixa para a primeira modelo entrar na passarela.
S/N assistia tudo pela televisão encontrada no backstage, roendo as pontas das unhas a cada movimento feito pelos modelos. Sua ansiedade era nítida, mas a alegria ganhou um lugar maior em seus sentimentos quando ouviu os aplausos da plateia.
Niall entrou assim que a primeira top model saiu e o show se iniciou. A medida que ele cantava, os modelos entravam e saiam da passarela, de modo super natural, já que todos estavam curtindo o momento, deixando o desfile extremamente único.
Pela tela, a garota observava cada detalhe de seu ex namorado captado pelas câmeras. Existindo certos momentos em que ela até parava de prestar atenção nos looks, dando prioridade ao lindo moreno que um dia foi seu amor.
Por mais que eles não tivessem se encontrado após a última conversa, era visível o orgulho de S/N ao vê-lo realizando seu sonho de ser um artista de grande sucesso, que tanto ouvira quando ainda estavam juntos. E com Niall não era diferente. Mesmo dedicando-se ao máximo para não errar a letra da canção, conseguia apreciar as roupas criadas pela sua ex, deixando-o contente em saber que ela havia conseguido conquistar o espaço que tanto desejava.
Ao final do desfile, S/N apareceu na passarela, sendo recebida de pé pela plateia, ao som de gritos e aplausos devido ao grande trabalho que apresentou naquela noite.
Assim que Niall a viu sua respiração acelerou e sentiu um frio na barriga como se estivesse voltado ao ensino médio. De fato ela ainda mexia muito com o rapaz e os companheiros de palco perceberam o olhar apaixonado do cantor quando a estrela da noite desfilou a poucos metros deles.
- Muito obrigada por estarem aqui nesta noite tão especial para a Fanciest, em um dos maiores eventos da moda mundial, a New York Fashion Week! - gritos e aplausos aumentaram quando S/N deu uma breve pausa com um sorriso alegre no rosto. - Além disso, quero agradecer mais uma vez aos meus colegas de trabalho incríveis, que foram essenciais para estarmos aqui hoje! Meu sonho era um dia pisar nesta passarela e dividir com vocês todo o esforço e dedicação do meu trabalho. E isso só foi possível graças ao meus companheiros. Quero também agradecer ao Niall pela performance sensacional, que deu um brilho a mais em nossa apresentação. - o sorriso lançado pela mulher ao cantor o deixou completamente maluco. Ela havia mencionado-o, e isso já era motivo suficiente para que o homem voltasse feliz para casa. - Obrigada novamente por terem vindo prestigiar a nossa mais nova coletânea. Espero que tenham gostado do que foi apresentado e que os looks tenham despertado a “Criatividade” dentro de cada umnde vocês, fazendo jus ao nome da nossa coleção! Muito obrigada! - o discurso da renomada estilista fez todos comemorem ainda mais o avanço da moda moderna e com certeza o desfile havia causado uma boa impressão aos presentes no evento, além da mídia que acompanhava tudo, sem deixar um único detalhe escapar.
Sem pressa, S/N caminhou de volta até o backstage ao som das batidas finais da música de Niall e ali, ao vê-la sair, o moreno decidiu dar os parabéns pessoalmente para a “amiga” assim que ficasse sozinha no local.
...
- Ei, S/N. - Horan a chamou rapidamente, antes que a moça deixasse o lugar. - Meus parabéns pelo desfile. Foi lindo! - o sorriso dele a desmontou por inteiro e sentiu seu coração acelerar quando o homem a abraçou apertado. - Você conseguiu ser a estilista que tanto queria! Isso é demais!
- Obrigada, Niall! Fico feliz que tenha gostado. E repito o que falei no palco, sua música é incrível e te ver cantando daquela forma me deixou arrepiada. Você vai longe!
- Que isso, a estrela de hoje é você! - S/N sorriu sem graça e olhou para baixo rapidamente. - Você não mudou nada. - soltou um riso fraco, trazendo o olhar dela novamente para seu rosto. - Toda vez que fica envergonhada, você olha para baixo.
- Ah sim.. Algumas coisas nunca mudam, não é?
- Igual o meu amor por você .- a mulher não acreditou que ele havia dito aquilo sem filtro algum, razão pela qual seu coração, que já estava batendo rápido, quase saiu pela boca. - Eu nunca te esqueci, sabia? - Niall aproximou-se dela lentamente, deixando-a nervosa, mas de um jeito bom.
- Jordan disse isso para mim quando soube que você tocaria hoje.
- Ele me falou que você ficou surpresa ao saber que estaria aqui.
- Sim. Afinal, nós não nos vemos há..
- Seis anos e oito meses. - ele a interrompeu e S/N sorriu fraco, perplexa por ele ter a data exata na cabeça. “Ele ainda lembra do que vivemos” pensou ela. - Agora você acredita que ‘dar um tempo’ é sim uma forma de terminar? - questionou, deixando uma risada leve escapar. - Te disse isso aquela noite.
- Mas eu te falei que meu amor estaria guardado quando estivéssemos prontos. - rebate tímida. - E ele ainda está aqui. - suas mãos foram em direção ao coração, provocando um sorriso enorme no rosto do moreno.
- Bom, nós dois conseguimos alcançar nossos objetivos e acho que agora estamos mais do que prontos para recomeçarmos. Você não acha?
- Não tenho dúvida! - e depois de anos, os lábios dos jovens adultos encontraram-se, iniciando um beijo calmo, repleto de saudade e principalmente amor, sendo um sentimento que nunca desapareceu, mesmo com o passar do tempo.
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xoxo
Ju
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Acompanhante de Aluguel (Longfic 16/16)
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Jeon Jungkook Autora: Agness Saints Gênero: Comédia, Romance Sinopse: Parecia piada, quatro anos de um relacionamento frustrante havia chegado ao fim, mas Haneul ainda te atrapalhava a vida. Se ele não tivesse arranjado um namoro relâmpago, você não precisaria demonstrar que está bem também, que não ficou para trás. Você não precisaria, principalmente, contratar aquele maldito acompanhante de aluguel.
Moreno. 1,80 de altura. Porte atlético. Bonito. Inteligente. Educado. Agradável. Sabe estabelecer uma conversa. Sem compromisso emocional, apenas financeiro. Valor sob consulta. Interessados: [51] 5782-4158
Esquece o “parecia”, a vida é mesmo uma piada pronta. Contagem de palavras: 11.576 Avisos: +16.  A história faz parte da série puerlistae au. Parte: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 Playlist. | Playlist 2. | Playlist 3.  
Há um amontoado de pessoas perto da porta automática de vidro; o sensor de movimento não para de apitar, mas ninguém se atreve a sair de cima do tapete largo e sintético. É um pequeno caos instalado na loja de conveniência e o atendente tem certa dificuldade em lidar com tanta gente em frente ao caixa. Daqui dos fundos, sentada sozinha em uma das mesas vazias do estabelecimento, consigo enxergar a cena num todo. 
A tempestade de verão nos pegou de surpresa no meio da tarde desta quinta-feira, ela veio de repente chacoalhando plantas, árvores, placas e até pessoas. Causou um rebuliço pelo campus inteiro e fez todo mundo correr para se abrigar debaixo de marquises, de toldos sobre os bancos, nas bibliotecas e então em lojas de conveniência. 
Sinto meus pés encharcados pela corrida que fiz há pouco tempo, meus tênis estão mais pesados que o de costume e minhas meias começam a esfriar perto dos calcanhares. Sinto também o tecido de minha camiseta colado ao meu tronco e alguns pingos escorrerem pelas minhas costas. O calor lá fora continua o mesmo, mas dessa vez abafado e grudento.
Olho ao meu redor, pensando se adianto o jantar ou se invisto em algum café gelado. Tento calcular o tempo que tenho até a reunião do meu curso — que descobri ter ontem —  e o que gastaria em cada uma das opções. Mas antes mesmo que qualquer decisão pareça crescer, um trovão estoura lá fora, fazendo meu corpo e o pequeno tumulto na porta se contraírem de susto. 
Suspiro alto, o ar saindo por minha boca quando remexo-me sobre o banco redondo. Sucumbo. Enfio minhas mãos nos bolsos da calça jeans e os esvazio sobre a mesa. Algumas moedas dançam, meus fones quicam e as notas de dinheiro amassadas ameaçam voar pelo vento do ar condicionado. A superfície vermelha é tomada pelos meus pertences, alguns deles levando pingos aleatórios de chuva, outros secos iguais ao meu celular.
O aparelho agora está em minha frente, em meio à moedas e aos fios do meu fone. Olho-o por algum tempo, é como um peso que preciso me livrar; e gostaria de estar falando do físico. O avião no topo da tela me lembra que bloqueei qualquer sinal telefônico há dois dias quando minha mãe ligou três vezes em uma mesma tarde e enviou mais de quatro pretendentes para encontros às cegas por sms. Não que isso me cause algum tipo de pressão matrimonial como causava antigamente, como também não é como se isso me deixasse ansiosa ou angustiada, só é chato e cansativo. Mesmo eu lhe dizendo que não tenho interesse em nada disso, ela continua insistindo incansavelmente. Pelo menos, tentando olhar por um lado positivo, ela não envia mais suas antigas e rotineiras mensagens listando todas as qualidades de Haneul...
Haneul. 
É um tanto engraçado pensar sobre ele agora. Parece ter existido em uma vida distante, passada, mesmo que tenha sido a razão por tantas coisas que fiz e me enfiei. Ele não me afeta mais como me afetava há um tempo, é como se a cotovelada em seu nariz tivesse me libertado de vez.
Algumas coisas mudaram, outras continuaram as mesmas; mas ele parece se encaixar nas duas opções.
Haneul continua sendo Haneul. Os mesmos pensamentos, as mesmas atitudes e seu temperamento difícil de lidar. Mas não mais me procura, não mais me manda mensagens. E isso ainda me parece um mistério. Até porque não acho que as palavras que falei ou as mensagens que não respondi tenham tido tanto poder a ponto de fazê-lo se afastar. Por um instante, entre minhas pelúcias antigas em meu quarto em Naju, acabei pensando que talvez minha mãe tenha tomado a frente da situação. Num pensamento utópico e contraditório, ela teria me defendido, teria o feito se afastar de mim. Mas a ideia parece fantasiosa demais e não me permiti pensar muito sobre, nem sequer alimentá-la mais do que já alimentei. Gosto de pensar então que talvez a vida tenha agido finalmente ao meu favor e o feito se afastar assim, como mágica.
O amontoado de pessoas continua intacto perto da porta, igual à tempestade lá fora. Ela parece varrer cada parte da cidade como uma limpeza física e emocional. E gostaria que ela varresse meu celular também. A chuva é tão forte que a música que costuma preencher o ambiente é só um ruído sonso. 
O aparelho agora parece me encarar de volta, parece me cobrar um retorno à vida social. Ainda com ele repousado sobre a mesa, penso que de fato eu precisava me organizar, como também precisava respirar em paz. Mas agora que todos os meus pertences estão no lugar, meu bullet journal está atualizado e consigo ver uma vida universitária mais organizada, sei que não existe mais desculpa alguma para continuar com ele em modo avião. Como também sei que não faz muito sentido continuar dessa forma, até porque não posso mais me privar de coisas por causa dos meus pais, muito menos por causa da minha mãe. 
Respiro fundo, finalmente habilitando meu celular a receber todos os sinais telefônicos antes bloqueados. Tento me concentrar no céu cinza do lado de fora, tento não me prender às inúmeras vibrações vindas dele. Por fim, giro meus ombros para trás como um aquecimento. Não consigo desviar a atenção auditiva, eu acompanho cada vibração que chega. Respiro fundo mais uma vez quando percebo que elas se encerraram. Antes de encará-lo tento então focar no que realmente importa. É como um mantra: qualquer coisa que aparecer ali não pode me afetar.
Assim que o encaro, as cores parecem criar vida em frente aos meus olhos, elas moldam toneladas de notificações de uma antiga conta do Twitter que nunca nem sequer usei, outras tantas do Instagram e o restante notificações de mensagens da operadora, de Sorn, do grupo do curso, de minha mãe e de… Espera.
O quê? 
Jungkook?
Sinto minha garganta falhar e meu corpo todo se transformar em geleia. Olho para seu nome em minha tela; tão diferente e ao mesmo tempo tão habitual. As cores aparecem agora em um tom mais intenso e vivo, exclusivamente para ele; elas dançam como um sonho distante e nada real. 
J-u-n-g-k-o-o-k.
É realmente seu nome; com todas as letras, cores e sentimentos. Está ali, exatamente ali, não está? Seu nome identificando o número novo que recebi de Sorn no início da semana; que salvei com tanto apreço e ansiedade. Está ali; em uma explosão de cores, brilhando muito mais do que qualquer outra notificação. 
Pisco algumas vezes. Uma, duas, três… Talvez dez. 
 [13:17] jungkook: os encontros com a minju acabaram
 [13:31] jungkook: é o jungkook
 As mensagens continuam ali; a data de ontem encabeçando-as como um lembrete.
Meus dedos apertam meu celular com certo receio de que o momento me escape, quase achando graça de Jungkook sentir a necessidade de se identificar. Quase. Porque não tenho espaço para um riso frouxo ou leveza por agora. Meu corpo parece perder completamente a noção de tempo e espaço, é um trem desgovernado que acaba de passar por cima de toda a minha calmaria.
Todas as outras notificações continuam ali, mas pouco me importo. Meu mantra parece nem sequer existir mais, porque de fato estou afetada. Estou muito afetada.
Por todo o período de férias e por todos os dias em que sucederam minha chegada até aqui, eu planejei tudo o que gostaria de dizer à Jungkook. Com sinceridade e genuinamente. Precisei me policiar para não entrar em contato antes do tempo ­­— do meu tempo —, antes de eu entender o que acontecia na minha vida, dentro de mim. Porque, caso eu fizesse, as atitudes seriam impensadas e os sentimentos verdadeiros sufocados por frases ansiosas e confusas.
Desde que Sorn me entregou o anúncio de designer gráfico, eu pensei em dezenas de formas de aparecer nas notificações de Jungkook. Não vou mentir, pensei mais do que me lembro. Pensei em dezenas de desculpas para conversar com ele, abri e fechei nossa conversa, digitei e apaguei mensagens. Mesmo com o celular em modo avião, não houve um dia desde que botei meus pés aqui que não ensaiei uma aproximação. 
Pensando agora, chega até ser um tanto patético perceber que, nas últimas 24 horas, enquanto eu listava modos de chegar em Jungkook e me remoía com poucas ideias, a mensagem dele já estava ali: pronta para ser respondida.
Olhando para suas mensagens agora, penso que parece que todos os assuntos que eu gostaria de dizer simplesmente desapareceram no ar. Meus dedos dançam ansiosos sobre a tela, mas só dançam e não digitam nada por um longo tempo.
Por fim, envio a única coisa que consigo pensar por agora.
 [15:40] eu: e eu quebrei o nariz do haneul
 Não faço ideia do que eu quis dizer com isso, muito menos o que ele quis dizer com suas mensagens. Os encontros com Minju acabaram. É uma informação nova ou é uma antiga? Ou Jungkook só não sabia o que me mandar também? 
Fecho os olhos e respiro fundo, dessa vez não como um mantra, mas como um momento para eu tentar me organizar. A informação que Sorn me trouxe de que Jungkook perguntou sobre mim nem sequer pareceu existir. Ela retoma meu cérebro agora como um tornado, uma tarefa de casa do ensino fundamental que esqueci por completo. Penso então que me afundei tanto no nervosismo de me aproximar dele que nem sequer lembrei que, talvez, ele quisesse falar comigo também.
A cada minuto que passa, sinto-me apreensiva. Meus olhos não deixam um instante sequer a conversa com Jungkook. Eu poderia ter falado sobre várias coisas. Poderia ter resgatado o dia das catracas, poderia lhe dizer que estou melhorando e mudando comigo. Poderia lhe contar que não o procurei, porque precisei me encontrar antes; que não achei justo tentar resolver algo no meio de todo meu conflito interno. Não achei justo comigo e nem com ele. Eu poderia lhe dizer que estou pronta agora, que estou pronta para qualquer coisa, porque estou sendo verdadeira comigo mesma e que eu estou finalmente livre.
Mas não, dentre todas as coisas que poderia lhe dizer, eu escolhi a que citava meu ex-namorado.
Inacreditável.
— Dumb dumb dumb dumb dumb...
Meu corpo sofre um solavanco surpreso ao som de Red Velvet, meus olhos crescendo em pavor quando eu finalmente entendo o que está acontecendo. 
É uma ligação.
Uma ligação de Jungkook. 
Sinto vontade de gritar, sair correndo em direção ao amontoado de pessoas e os chacoalhar enquanto solto frases sem cabimento algum. Sinto-me eufórica, a flor da pele. O nome estampado na tela grande e brilhosa em minha frente parece um alerta. 
Quase caio na tentação de pensar em algo para lhe dizer ao atender, de tentar consertar a frase sem cabimento que lhe enviei, mas acabo pensando que a dele também não foi lá a mais incrível do mundo. Foi? Estamos quites nessa, afinal.
— Oi! Oi!
Minha voz sai alta e urgente, a loja de conveniência parecendo ter sido preenchida por ela como um alto falante. Ela não se parece em nada com as formas que planejei falar. Séria, madura e determinada.
— Oi, é o Jungkook.
— É, eu sei.
E, por um instante, ficamos assim; dividindo uma expectativa sem cabimento, porque eu espero com que ele fale e ele espera com que eu fale. Nossas respirações batendo no bocal e a certeza de que somos péssimos em lidar com esse tipo de situação pairando no ar.
— É... Hm. — Ouço seu pigarrear desconcertado do outro lado da linha. Aonde quer que ele esteja, parece silencioso e calmo. — Você quebrou o nariz do Haneul?
— É. — Respondo, nervosa. É pela lembrança e por ele. — Foi uma confusão tremenda.
— Como assim? O que aconteceu? 
A voz de Jungkook é como eu sempre me lembrei e fico feliz por não tê-la esquecido.
Chacoalho-me sobre o banco, pensando em lhe narrar todo o episódio com Haneul em um dos portões do campus. Penso em lhe dizer com precisão, ato por ato, mas percebo que não vale a pena. Não agora. Não quando meu coração bate tão forte no peito que o sinto em meus ouvidos.
— Foi só uma vingança genuína, — falo sem pensar muito — quebrei sem querer.
Ouço um riso descrente e abafado vindo dele e imagino seu nariz se enrugando com o ato. Por alguma razão, meu peito se espreme pela lembrança de seu rosto e todos os seus detalhes.
— Sem querer?
— É, — chio, porque sei que parece suspeito. — Sem querer. 
Seu riso se estende por mais um tempo, ele é baixo e leve. E me pergunto se toda essa angústia nostálgica que sinto, Jungkook também consegue sentir.
— Você tá na universidade? 
Sua voz me faz sair do transe e, por um instante, não entendo sua pergunta.
— É, sim... — Venho aérea de início, mas tentando me recompor ao repetir: — Sim, eu to. E você? 
— Também. — Solta ligeiro, como se já esperasse pela pergunta. — Voltei mais cedo pra fazer a mudança.
Lembro então de seus planos de sair dos dormitórios e se instalar em uma república. Balanço a cabeça em uma afirmação fervorosa, esquecendo que Jungkook não pode ver. 
— Deu tudo certo? — Pergunto, meus dedos apertando o celular com tanta força contra meu ouvido que machuca.
— Deu. 
O silêncio que vem a seguir parece errado, porque sinto que as coisas estão bagunçadas, fora de ordem. É um silêncio e vários pensamentos brigando entre si em meu cérebro. Giro os ombros para trás mais uma vez, apesar do ar condicionado, me sinto quente.
— E deu tudo certo na sua vinda pra cá?
Dessa vez é ele quem pergunta. 
— Deu. 
E mais silêncio. 
É um jogo de perguntas e respostas. Um programa de auditório no fim da tarde de domingo.
Começo a me sentir aflita, agitada. Não entendo a ligação de Jungkook, não entendo o porquê de eu precisar encontrar uma razão para ela e não entendo o porquê de eu ficar nessa luta interna entre justificador e não justificar.
Remexo-me na cadeira, a chuva parece ter diminuído e, com isso, o pequeno tumulto na porta começa a se dispersar. Olho para as prateleiras de produtos ao meu lado, mas não presto atenção nelas. 
— Vai ter uma festa amanhã à noite. — Jungkook anuncia de repente, por trás de sua voz eu ouço uma porta bater. — Não sei… É… Você quer vir? É a despedida do Taehyung.
Meu peito parece trepidar. Flutuo sobre as palavras por pouco tempo, tentando encontrar coesão a todo o meu caos repentino, até sua voz tomar a ligação outra vez:
— É porque eu preciso te entregar uma coisa! — Seu tom é urgente, como se precisasse se justificar pelo seu convite inusitado. — Eu vendi o notebook que você me deu. 
Franzo o cenho, perdida em toda a mudança brusca de cenário. Tento ir e vir, tento entender aonde meus pensamentos estavam me levando e aonde de fato eles me trouxeram. Talvez essa não tenha sido a justificativa que eu esperava pelo convite.
— Quer dizer, — ele volta a falar — o notebook que o Haneul pagou.
— Erm... Vendeu? — Minha voz é incerta, surpresa. Ainda me sinto perdida, mas não me deixo chatear pela notícia. Pelo menos, não da forma que me faz acreditar que Jungkook se desfez de um presente meu. Porque, de fato, não era meu; era de Haneul. — O que aconteceu? 
Do outro lado da linha, Jungkook parece ponderar por um instante. Ouço sua voz soltar murmúrios sem sentido e sua respiração se intensificar. Enquanto o espero, penso em como as coisas parecem de fato fora dos eixos. Essa não é a conversa que gostaria de estar tendo com ele, esse não é o clima que eu esperava achar.
— Eu contei para os meus pais sobre eu ter sido acompanhante de aluguel. — Solta depois de um tempo e sinto meus olhos se arregalarem pela nova informação. — Meu castigo foi trabalhar com eles na panificadora o verão inteiro, mas não foi bem um castigo, porque eu acabei recebendo por isso.
— Você contou aos seus pais? 
Minha voz vem sem eu ao menos perceber, ainda estou absorta por toda a sua coragem. Um tanto surpresa e, completamente, embasbacada. Como também ainda me sinto perdida com o ritmo da conversa em si. Jungkook parece frenético, à mil por hora, enquanto eu sou uma formiga minúscula dando passos pequeninos.
— É! Foi meio doido, a reação deles não foi muito boa, mas foi bem melhor do que eu pensava. — Ri, como se a situação em si tivesse alguma graça. — Pelo menos minha mãe não quis me tirar da universidade.
Minha respiração parece trancar na garganta. É esquisito perceber que nos últimos meses eu e Jungkook passávamos quase pela mesma coisa. Libertação de mentiras e um novo relacionamento com os pais. A única diferença aqui é que ele parece ter tirado proveito financeiro disso, enquanto eu estou tendo que me virar com o que restou da última mesada de dois meses atrás.
— Depois de todo esse tempo, eu decidi vender o notebook, juntar com o que eu ganhei na panificadora e devolver o dinheiro de todo mundo. — Jungkook conclui, mas então retoma: — Quer dizer, não de todo mundo. Eu não quis devolver o dinheiro do Taehyung, porque ele me contratou pra jogar vídeo game com ele e ele é muito ruim mesmo... Isso me irritava um pouco, fiquei com o dinheiro pela paciência que gastei.
Solto um riso nervoso, me lembrando de como eu fui introduzida na vida de Jungkook pela primeira vez. É bom perceber que agora ele mesmo a apresenta, mas é ruim perceber agora também que não soube sobre ela por quase dois meses inteiros. 
— E é isso... — Diz, parecendo ficar sem graça quando meu riso desaparece. — Eu comprei um notebook mais em conta. Não é tão bom quanto aquele, mas tem tudo o que eu preciso. Eu comprei um celular também...
— Eu vi. — Apresso em dizer, ainda sou agito, não tenho controle algum sobre o que o nervosismo causa em meu corpo. — Mudou de número, não é?
— Mudei. — Algo do seu lado da ligação cai no chão e o ouço xingar baixo. — Eu perdi o meu a caminho de Busan, no início das férias.
Início das férias. 
Foi o último dia em que nos vimos, não foi? Era início das férias...
Sinto uma necessidade esquisita de querer falar sobre nós, de tentar entender o que aconteceu e o que pode acontecer. De tentar entender o que está acontecendo. Esse seria o momento certo, não seria? O momento certo para tirar esse sufoco repentino da garganta, esse incômodo ruim do peito.
— Eu te liguei por isso! — Revela de repente e não o entendo. Tenho dificuldade em lhe acompanhar. — Eu queria te entregar a sua parte amanhã, na festa do Taehyung.
Sinto minha testa vincar e meus neurônios trabalharem em dobro. Uma dúvida antiga e secreta surgindo dentre tanto nervosismo. Será que nós podemos ser alguma coisa ainda? Será que Jungkook quer que sejamos? 
— Claro! Claro. — Quase gaguejo. — Certo… Eu vou, então. 
Eu fiquei tanto tempo tentando arranjar um jeito de conversar com ele, fiquei tanto tempo tentando organizar meus sentimentos e pensamentos, que acabei esquecendo que existia uma chance grande de nosso tempo ter passado. Apesar de cogitar isso, apesar de saber que essa era uma possibilidade, eu ainda nutria uma certa esperança de que nós ainda pudéssemos existir e que existiríamos então de forma real e sincera. 
— Eu não vou negar, to precisando da grana. — Digo, tentando fugir do que posso sentir com o rumo que nós dois pegamos. — Vai ser de grande ajuda.
Mas em meio ao meu riso falso, há o silêncio de Jungkook.
Eu só quero desligar a ligação.
— Ajuda? — Sua voz vem depois de um tempo, mais baixa que o normal, como se soubesse que o terreno a se pisar é delicado demais.  — Por quê?
— É, bem... — Começo, meus planos não eram trazer a conversa até aqui, na verdade, a conversa em si seria completamente diferente do que estamos tendo agora. Mas a vontade é válida e real, ela veio de súbito e não quero me frear. Até porque eu ainda sinto uma necessidade bizarra de querer contar as coisas para Jungkook. — Meus pais ficaram sabendo das mentiras por Haneul, foi um completo caos e, no fim, um dos meus castigos foi o corte da mesada.
— Isso… Porra. Espera. — Jungkook não sabe o que dizer e não o culpo por isso. Nas últimas semanas, nem eu sequer consegui entender a situação como um todo. — Um dos?
— Eu fiquei sem celular por um tempo, mas em dois dias eles me devolveram. — Ajeito-me na cadeira, meus olhos fixos sobre o tampo vermelho da mesa. — Acho que o castigo maior foi o clima que ficou na casa dos meus avós.
Suspiro.
Eu sinto saudade do cheiro de verão dele.
— Seus avós não falaram nada?
— Nada. — Dou de ombros, desanimada. — Minha família é muito boa em fingir que nada aconteceu, é tipo como um dom que vem com o gene.
Não é engraçado e por isso nenhum riso vem. Mas mesmo assim sinto vontade de rir, uma risada exagerada e sem cabimento algum, porque ainda estou pensando em como a vida pode ser cretina com a gente.
O nosso tempo realmente passou?
— Pelo menos, você não vai mais precisar gastar grana com um acompanhante de aluguel.
Sua voz vem séria, ainda baixa. É como um pensamento intenso, mas engraçado. Ele não se atreve a rir, mas eu me atrevo a achar graça. Ainda. Acho graça até certo ponto, porque essa é mais uma oportunidade de falar sobre nós dois, não é? Mas a cada minuto que passa, o assunto parece cada vez mais ultrapassado.
— Eu vi seu novo anúncio! — Exclamo, uma animação falsa na voz. — Designer gráfico, gostei. Os anúncios estão cada vez melhores, de post-it verde pra papel couchê com laminação fosca? Wow, uma evolução!
O tempo que Jungkook leva para responder me faz pensar. Talvez ele esteja questionando minha tagarelice incomum ou só esteja tentando entender aonde o assunto nos levou. Ele sente que todo esse papo abrupto também parece esquisito demais? Ao fim, sua voz surge com certo humor:
— Acho que meu anúncio de designer não teria lá muita credibilidade se fosse feito em um post-it com uma letra feia...
— Agora você admite que era ruim?
Essa é mais uma oportunidade de falar sobre nós dois. E sinto fundo no peito.
Ouço a risada controlada de Jungkook ecoar junto a alguns objetos caindo no chão de madeira. Tento acompanhar seu ritmo, mas acabo me prendendo em toda uma amargura nova que se instala em mim.
Isso não parece certo.
Uma aflição estranha, um vazio imenso. Talvez as coisas com Jungkook não façam mais sentido... Sinto angústia e preocupação. Uma angústia por não ter falado tudo o que queria ter falado e uma preocupação por perceber que talvez não haja mais espaço para isso.
Eu e Jungkook acontecemos, mas agora não mais. Tudo o que nós tínhamos pra ser vivido, foi e pronto.
— Eu preciso desligar. — Ele reaparece, a voz calma e regulada. É um tom sincero. — Tenho que terminar de arrumar meu quarto.
— Tudo bem. — Digo, automaticamente olhando para meu relógio de pulso. — Eu também preciso, logo eu tenho um reunião do curso e...
Não termino, porque não vejo necessidade alguma. Empoleiro minhas pernas no banco da loja de conveniência e pressiono meu corpo contra a mesa. O clima é esquisito, tanto lá fora quanto aqui.
— Você vai amanhã, certo?
Pondero por um instante. 
Sim… 
Não...
— Sim, vou.
— Até amanhã, então. — Fala apressado e logo ouço vozes do seu lado da linha. — Preciso ir agora. Tchau.  
Minha despedida é um muxoxo esquisito e sem nexo; o som da ligação muda é um tormento extravagante no meio de toda a minha aflição.
Nesse meio tempo em que levo para bloquear a tela do celular, eu me perco na nuvem fantasiosa que toda essa conversa emergiu. Como também me perco nos fantasmas de todas as palavras que morreram em minha garganta. Todas as palavras que ensaiei e organizei para lhe dizer, todas as palavras não ditas.
A recente conversa parece vaga, esquisita. Não parece verdadeira, não parece se encaixar em todas as outras que já tivemos. É como se existisse algo que sufoca, que me sufoca. Não sei explicar se a pendência que sinto é de todos os assuntos não resolvidos ou do recente questionamento sobre nós dois.
Deito minha cabeça sobre a mesa, pressionando minha testa contra a madeira enquanto tento buscar respostas, explicações. Talvez não haja nenhuma, ao fim de tudo. Talvez as coisas sejam só isso, sem teorias ou roteiros mirabolantes. Luto também com a ideia de que talvez essa não seja a hora, que talvez eu precise de mais um tempo para entender; a situação, eu. Talvez eu precise de mais tempo para me decidir, de mais tempo para que eu entenda o que eu realmente quero.
Há uma infinidade de possibilidades ou até mesmo de incertezas. 
Talvez. Talvez. Talvez.
Talvez essa seja a nossa história.
Talvez esse seja nosso fim, sem términos ou inícios.
[...]
Estou absorta em um mundo paralelo, enquanto a voz de Sorn é como uma trilha sonora abafada igual a um filme de suspense. Não consigo prestar atenção no que fala, mas acredito que o assunto tratado seja o novo menu do refeitório. Não sei bem. Ela comenta sobre lasanhas, mas também sobre cadeiras e persianas.
A grande verdade é que não prestei atenção em nada do que fiz até aqui e agora. Desde o fim da ligação com Jungkook, me sinto assim: aérea, esquisita, ultrapassada. Para ser sincera, não me concentrei na reunião do meu curso de verão de ontem à tarde. Como também não prestei atenção quando organizei minha primeira semana de aulas no bullet journal, nem quando caminhava pelo campus com Sorn para visitarmos os animais resgatados hoje pela manhã. E muito menos quando derrubava boa parte do lámen sobre a mesa do refeitório e minha mochila.
Franzo o cenho, incomodada com toda a situação. Minha colega de quarto está estirada sobre a cama, enquanto eu estou apoiada no parapeito da janela, olhando como a luz do fim do dia toca as árvores do bosque e percebendo como ainda não consegui encontrar um meio de lidar com o que sinto dentro de mim. 
Desde ontem, tentei ocupar minha mente com jogos no computador, filmes adolescentes, Bukowski e Sherlock Holmes. Também tentei a ocupar com uma nova organização para minha estante de livros, mas nada. A única coisa que tenho em mente é o rumo da conversa com Jungkook e do que um dia pareceu ter existido entre nós dois.
Tentei arranjar uma explicação, um sentido, um motivo. Não sei exatamente pelo quê; se pela situação em si ou se para o que sinto. Não achei nada, mesmo que eu tenha desistido assim que pensei em procurar. Estou parada no meio do caminho e sinto que essa sensação não é nova. As palavras não ditas ainda estão presas na garganta, a sensação de assuntos pendentes ainda me agarra os braços. Sinto-me aflita, chateada.
Demorei a dormir na noite passada e, quando consegui, acordei por vários momentos do meu sono leve e superficial. Acabei me colocando em dúvida sobre dezenas de coisas que antes eu parecia ter certeza. Resgatei o questionamento sobre o meu tempo. Será que esse seria o momento certo para nós dois acontecermos? Talvez seja um aviso do universo, não é? Talvez seja ele dizendo que as coisas devam se encerrar dessa forma antes mesmo que elas sequer comecem. 
— Que horas você vai?
A voz de Sorn parece receber uma injeção de energia, minha atenção sendo pega de prontidão quando o assunto envolve ele. E é um tanto vergonhoso perceber que ela não precisa explicar sobre o que se refere, porque eu simplesmente sei. Abandono a paisagem, cambaleando pelo quarto e sentando na beirada de minha cama.
— Acho que lá pelas oito. Não sei. — Dou de ombros, indecisa. — Ele não falou o horário. 
— Você vai mesmo só buscar o dinheiro? 
Ela gira sobre a cama, o livro que lia antes de iniciar seu quase monólogo sobre o refeitório está fechado sobre a barriga. Olho para o relógio por um instante, assim como venho fazendo nas últimas duas horas. É 19h17. Quando percebo faltar pouco para o horário estipulado, remexo-me no lugar, agitada. 
— Não sei bem, talvez eu fique mais um pouco… Beba algo. 
Mas sei que é mentira, falo apenas por dizer — minha ansiedade parecendo aflorar brutalmente em mim —, porque não pretendo ficar mais do que o necessário, não pretendo passar da porta de entrada. Quero pegar o que Jungkook tem a me dar, gravar todos os seus detalhes como reza e desaparecer, enfiar-me em algum restaurante barato no caminho e gastar o pouco do dinheiro que ainda me resta. Talvez dessa forma eu consiga entender toda a bagunça que ele causou dentro de mim. 
Ainda parece complicado me entender, mesmo depois de dois meses lutando e aprendendo. Sei que as coisas mudam gradativamente, aos poucos, mas eu gostaria que fosse mais fácil. Pelo menos, dentro da minha cabeça. Eu sou caos de sentimentos, incertezas e memórias vívidas de um passado que não quero relembrar. Mas parece que sempre retorno, parece que sempre estou lutando para não cometer os mesmos erros outra vez. É um conflito longo e duradouro. Um passo errado e estou confundindo meus sentimentos e os de outrem. Certas vezes não consigo distinguir, certas vezes sou só um emaranhado de soluções inacabadas, conclusões pela metade. Certas vezes não chego a lugar algum. Como agora.
E, pensando bem, talvez o meu karma seja me enfiar nessa luta incessante, porque só desse jeito eu consigo me achar em meio a tantas segundas intenções, pensamentos paralelos e desejos que não são meus.
— É só que... — Começo, meu peito inflando pelo ar sugado com violência. É como se estivesse segurando o fôlego para mergulhar em um oceano imenso e sem terras ao redor. — É tão confuso, tão confuso. Você entende? Não sei se Jungkook tá na mesma página que eu, não sei se devo insistir, não sei se essa é a coisa certa a se fazer. É tudo tão... Urgh.
Sinto-me sugada emocionalmente. Ainda é esquisito falar sobre meus sentimentos por ele em voz alta depois de tanto tempo os guardando para mim. Mas caso eu não fale para Sorn, sinto que a qualquer instante posso explodi-los para todos os lados sem escrúpulo algum e para qualquer um.
— Você já... Sabe? — Seus olhos atentos estão sobre mim, seus ombros erguendo-se antes de completar: — Perguntou pra ele?
Fico em silêncio. Meus sentimentos são tão caóticos que sinceramente não consigo entender aonde ela quer chegar. Parece simples e prático, mas em minha cabeça é um código binário longo e complexo.
— Perguntou se ele quer tentar. — Sorn se ajeita na cama, explicando como se eu fosse uma criança. Ela agora tem o livro sobre a manta bagunçada e seu corpo sentado sobre a beirada do colchão, como eu. — Você disse que não sabe se ele tá na mesma página que você. Bem, você já perguntou isso pra ele?
Abro minha boca para responder, mas a fecho logo em seguida. Porque parece fácil, objetivo. E talvez realmente seja, não é? Então porque eu continuo achando que o assunto nós dois parece ultrapassado demais para ser relembrado? Foram quase dois meses, afinal.
Muita coisa muda em dois meses.
— Não, não perguntei, mas é que... Argh. — Caio de costas na cama, tampando o rosto com os braços. — Não sei se to pronta. Quer dizer, eu nem sequer consigo definir as coisas dentro de mim. Acho que pode ser medo? Ou só ansiedade? Não sei, não consigo definir.
Por algum tempo, não ouço nenhum barulho vindo da outra cama. Só consigo ouvir ao fundo vozes nos corredores e portas batendo. Pareço incompleta, é como se nada do que eu diga faz jus ao que eu realmente sinto.
— Quando eu me sinto irritada com a faculdade e me pergunto se o curso foi a decisão certa... — A voz de Sorn vem de repente, como se ela estivesse pensando no que dizer por todo esse tempo. — Eu fecho os olhos e me faço a pergunta: aonde você gostaria de estar exatamente agora, Sorn?
Tiro meus braços de cima do meu rosto e a olho, um pedido silencioso para que continue.
— A maioria das vezes eu me vejo em alguma praia paradisíaca. — Ri e a acompanho, mesmo não entendendo exatamente seu raciocínio. Sorn me olha, o riso sumindo quando continua: — Mas então eu me concentro na parte profissional... Logo eu desejo estar nos bastidores de um filme ou em um café escrevendo roteiros. São nesses instantes que eu percebo que o curso foi a decisão certa. — Dá de ombros, um tanto tímida por revelar algo tão pessoal. — Você deveria tentar. 
Viro-me sobre a cama, apoiando meu corpo nos cotovelos. Penso seriamente no que me disse e, então, penso mais uma vez. Existe um pensamento rondando minha cabeça há um bom tempo, um pensamento que tento sufocar, porque me angustia de certa forma.
Se estou com tanta dúvida assim, então quer dizer que ir até Jungkook não é a coisa certa a se fazer.
Esse pensamento me amedronta, porque não quero que seja verdade. Ele é linkado aos tantos filmes que já assisti na vida, sobre amor próprio e relacionamentos abusivos. Acabo sempre me lembrando dos finais sem casais e pessoas solteiras felizes. É isso que se espera, não é? É dessa forma que deveria ser?
Mas ele também se linka a todo um universo novo, aonde eu tomo minhas decisões. Ele passa a não fazer sentido quando penso sobre tudo o que já vivi até agora. Talvez seja mais um conflito interno, não é? Talvez ele seja o limite que separa o ponto aonde me permito viver e o ponto que me impeço de seguir em frente por vontades e crenças que não são minhas.
— Foi esquisito conversar com ele depois de tanto tempo. — Digo, sabendo da mudança brusca de assunto. Fico na esperança de Sorn acompanhar minha lógica quebrada, mas caso não acompanhe, não vai ser tão ruim assim. — Eu queria dizer tanta coisa e queria ouvir tanta coisa... Mas nada aconteceu. Eu tenho a impressão de que a gente tá em cima de um muro que separa nós dois de sermos conhecidos ou íntimos.
Minha voz sai alta e clara, mas não busco explicar nada para minha colega de quarto, eu busco me entender. Eu preciso falar sobre a situação em si, preciso falar sobre Jungkook também.
Preciso falar.
Porque eu parecia estar indo tão bem, não parecia? Por todo esse tempo me encontrando e me organizando sentimentalmente... Foi só uma conversa esquisita de telefone acontecer que me baguncei por inteira.
Preciso falar, porque parece que somente dessa forma eu vou conseguir organizar meus medos dentro de mim de novo. Minhas inseguranças. E, então assim, resolvê-las.
— A minha vontade é de sentar com ele, frente a frente, entende? E dizer tudo, contar tudo, falar tudo o que tenho pra dizer. Quero tirar esse incômodo de mim! — Acabo soando irritada. — Mesmo que eu seja muito ruim nisso e que fale mil coisas antes de chegar ao ponto.
Meus olhos correm até o rosto de Sorn, ela me olha atentamente, mas não parece que dirá algo tão cedo. Talvez ela realmente não tenha acompanhado minha lógica falha, meu raciocínio de linkar seu conselho com meus medos profundos.
Quer dizer, existe lógica no que falo?
— Eu acho que a gente merece mais uma chance, — volto a falar, sem nem sequer pensar direito. É como se eu tentasse justificar a próxima ação que pretendo tomar. — Porque nós dois somos ruins demais nisso. Somos ruins demais!
É uma luta incessante de fato. Uma luta agora entre meu passado cheio de inseguranças, futuros que não sonhei e argumentos para me impedir de viver da forma que quero viver contra meu presente comandado por mim, ainda com inseguranças, mas com a certeza de que são somente minhas e de mais ninguém.
A linha tênue entre o medo e a ânsia pela liberdade.
Vou viver me enfiando nela, nessa guerra de erros do passado e acertos do presente, mas é importante que eu a lute.
— E, sabe? — Aumento a voz. — Sendo duas pessoas ruins demais em lidar com esse tipo de situação, o que eu esperava que a nossa conversa no telefone fosse ser? Por Deus! Eu não posso me dar por vencida.
Aonde eu gostaria de estar exatamente agora? 
Com Jungkook.
Eu gostaria de estar com Jungkook lhe dizendo tudo o que planejei dizer por todo esse tempo. Perguntando se sua página é a mesma que a minha, me arriscando e vendo aonde tudo isso pode me levar.
Porque, inferno, é o tempo certo. É o tempo certo porque eu quero que seja.
Sei disso, sei disso há boas semanas agora. Sei disso porque finalmente sinto que posso construir algo verdadeiro, algo sincero. Profissionalmente, pessoalmente e romanticamente. Posso construir algo com sentimentos, com vontades reais. Porque eu finalmente me encontrei e estou me libertando.
Ergo-me da cama sorrateiramente. Tenho ciência dos olhos de Sorn sobre cada movimento meu, mas não me importo muito com isso. Como também tenho completo conhecimento agora de que terei que lidar melhor com esses momentos em que o medo toma a minha frente.
É um processo gradual, não é?
Mas não posso me deixar vencer.
Enfio no bolso de minha calça a carteira e o novo anúncio de Jungkook por motivo algum, colocando os sapatos antes de seguir pelo corredor vazio. O prédio dos dormitórios femininos não está deserto, mas não prendo a atenção em ninguém. Existe um nervosismo instalado na boca de meu estômago, exatamente como da primeira vez que fui atrás dele. Ainda me lembro do barulho dos sapatos no piso frio, como ainda me lembro da sua figura abrindo a porta de repente.
Será que gostar de alguém de forma sincera é assim mesmo? Esse caos de sentimentos à flor da pele, essa ânsia, esse desejo? Penso quando entro no elevador e espero pacientemente até que ele chegue ao primeiro andar. Os números no painel eletrônico parecem se arrastar, mas eu não me encolho no canto da caixa de metal. Todos os contras e prós que levantei durante o dia ainda existem, mas me permito ouvir a minha única certeza.
Mesmo que Jungkook não esteja na mesma página que eu, quero que ele saiba tudo o que guardo dentro de mim.
Desço do elevador sentindo as pernas andarem depressa, urgente, meu corpo todo parece reagir para que eu siga em frente. E, assim que passo pelas catracas do dormitório feminino, eu sinto toda a minha adrenalina balançar cada canto meu. É uma sensação nova, libertina e avassaladora. Porque enquanto caminho em direção à saída do prédio entendo que por mais que tenha vindo no horário estipulado desde o início, vim agora com um objetivo traçado, vim com uma intenção explícita e clara.
Sinto-me diferente.
O vento atinge minha face com astúcia, quando passo pelas portas de vidro. Meus passos ainda são rápidos e longos, apressados. O crepúsculo que pinta o céu cobre agora o campus inteiro em um laranja-rosado nostálgico. Mas antes mesmo que eu consiga alcançar as escadas, vejo-me parada sobre o caminho de cimento e plantas novas; não porque eu simplesmente desisti do plano, mas sim pelo simples fato de encontrar Jungkook logo ali também.
Sua imagem como uma miragem oblíqua, extravagante.
E ele ainda é caos; um caos de cheiros, gostos, sensações e sentimentos.
Me desperta e me chacoalha.
Sou sensível em cada centímetro de pele, sou incandescente.
Quando nossos olhares se encontram por debaixo das luzes naturais do céu e das artificiais vindas dos postes, é como dois planetas se colidindo no espaço. É gigantesco, mas silencioso. Meu corpo todo é torpor e no meu peito tenho somente uma batida dissimulada. Parece irreal vê-lo ali depois de tanto tempo, como um sonho confuso, como um devaneio esperançoso.
Sua presença logo ali me faz pensar em milhões de hipóteses, em milhões de incertezas. Todas elas se mesclando em fios de cores similares e não me deixando chegar à conclusão alguma.
E eu logo entendo que, muito provavelmente, gostar de alguém com sinceridade seja realmente isso. Coração a mil, sentimentos vasculhados no peito e reações patéticas.
Jungkook está parado no último degrau da escada de concreto, seu cabelo ganhou um novo corte e em suas orelhas há argolas mais grossas. Sua boca está entreaberta para recuperar o fôlego, enquanto o topo de suas bochechas recebe um tom leve de rosa. A imensidão escura de seus olhos caem sobre mim em surpresa e confusão. E logo sou rendida pela óbvia constatação repentina de que senti sua falta.
— Jungkook. — Sou eu quem chamo, a voz falha pelo tanto que sinto, pelo tanto de sentimentos que saltam dentro de mim. — Oi.
Não ouso sair do lugar, não ouso sequer me mover. Tenho medo que o momento me escape, que o sentimento voe para longe e eu volte a me enfiar em um buraco de angústia e incertezas, que eu volte a ter que lutar contra meu passado. Mesmo que eu ainda me sinta angustiada, mesmo que eu ainda seja dúvida.
Jungkook nem sequer me responde, e me faz pensar por um instante se não estou o imaginando ali de fato. Ao contrário do que espero, sua reação é franzir o cenho consideravelmente enquanto ainda me olha. Ele parece lutar contra seus pensamentos, da mesma forma que luto contra os meus. Tento entender o que acontece ou o que pode acontecer, mas quando ele decide por diminuir a distância entre nós dois, percebo que não faço ideia do que ele pode estar pensando.
Ainda estou desnorteada pela sua presença quando ele para em minha frente.
Somos agora separados por poucos passos de distância. Meus olhos fincados em seu rosto, decorando cada detalhe como prometi que faria. A boca, os olhos, as sobrancelhas, as pintinhas como estrelas no céu. A brisa do fim de tarde se aninhando ao meu capricho e me entregando seu perfume tropical em cócegas na ponta de meu nariz.
Eu precisei ficar pensando em ti, Jungkook, te lembrando e te traçando a todo instante. E não pude me descuidar um segundo sequer. Porque tive medo de esquecer teu rosto, teu gosto, teu cheiro. Tive medo de perder tudo o que ainda tinha e tudo o que ainda restava de ti.
— Erm... Eu... — Sua voz vem depois de certo tempo. Ela é como um megafone em meio ao silêncio que nos cerca. Seu corpo se remexe de um lado a outro e, num instante, Jungkook me estica um envelope que nem sequer reparei que segurava. — Eu quero te entregar isso. É o dinheiro que te devo.
Meus olhos passam de sua mão esticada até seu rosto consternado, ainda me tenho perdida em vê-lo depois de tanto tempo. Ainda me tenho perdida pelo encontro antecipado, pelo tanto que preciso dizer.
Ajeito a mecha que teima em voar com o vento, prendendo-a atrás da orelha antes de pegar o que Jungkook me estende.
— Obrigada, — ergo os ombros, um riso sem graça escapando pelo canto da boca — mas você não me deve nada.
Seus olhos desviam dos meus com rapidez, o cenho sempre franzido em aflição. Parece ainda lutar com o que pensa, parece ainda lutar com o que quer dizer. E acabo pensando se Jungkook precisa também lutar guerras internas com o seu passado e com o seu presente, como eu.
— Eu to indo pros dormitórios, — ele se afasta um passo, as mãos agora se afundando nos bolsos dianteiros da calça jeans escura. A camiseta amarela balança com o vento, uma dança em conjunto com a minha blusa. — Decidi te entregar isso logo... Já q-que eu to indo pros dormitórios.
Seus olhos acabam procurando meu rosto abruptamente quando percebe que tudo o que sente transparece em falas repetidas e nem nexo. Eles ficam por pouco tempo em mim, no entanto, logo procurando outro lugar para prestarem atenção.
— Eu tentei te ligar! — Ele fala de repente. — Várias vezes. Tentei te ligar.
Hesito em responder, buscando na memória alguma notificação de chamada não atendida, mas nada.
— Desculpa, — peço duvidosa. — Meu celular ficou em modo avião nesses dois últimos dias, talve-
— Não. — Ele me interrompe abruptamente, percebendo em seguida sua explosão repentina. Jungkook completa então em um quase sussurro: — Foi antes, nas... Nas férias, mas eu não tinha seu número e só fiquei digitando números aleatórios pensando que poderia me lembrar.
Há um silêncio por aqui, enquanto Jungkook se remexe de um lado a outro, desconcertado pelo assunto recente. Penso em lhe dizer algo, mas não sei o que dizer. Ele joga os cabelos para trás, mira os coturnos escuros e depois as plantas ao lado do caminho de cimento.  
— Onde você estava indo?
Ele vem outra vez, parecendo tentar trazer coesão a tudo o que sente, a tudo o que acontece aqui. Sua mão sobe até sua nuca, os dedos bagunçando os cabelos da região em um sinal claro de desconforto.
Abro a boca algumas vezes para lhe responder, mas sou confusão intensa e nova. Quero tentar entender o que acontece com Jungkook, mas nem sequer sei por onde começar. Nem sequer sei me entender.
Somos dois caos ambulantes em colisão.
— Eu... Eu tava indo para... — Começo, pensando em arranjar alguma desculpa, pensando em dizer qualquer coisa que não a verdade. Mas isso não faria o menor sentido; com o que sinto, com o que vim fazer e com o que quero. — Eu estava indo atrás de você... Na festa do seu amigo.
A expressão de Jungkook parece noticiar sua completa negligência à festa de despedida de Taehyung e, por um instante, me pergunto se existe alguma festa para ir. Ele assente, entendido, apesar de seu rosto não demonstrar nenhum entendimento.
— Você tava indo pegar o dinheiro?
Encolho-me entre os ombros, respondendo:
— E talvez beber alguma coisa...
Ele assente de novo, embora não exista nada a se concordar por aqui. Jungkook se afasta mais uma vez, girando os ombros para trás e respirando fundo. Enquanto permaneço parada, o envelope em uma das mãos e seu novo anúncio no bolso dianteiro da calça, penso que somos mesmo ruins em lidar com isso.
Jungkook vai agora de um lado para outro, lentamente, conflituoso. Faz com que eu me pergunte se devo esperar ele decidir o que fazer ou falar. Ou se devo segurar-lhe pelos ombros e tentar entender o que se passa. Sua figura não é agitada, mas eu sou. Ao fim, seus olhos tão escuros e bonitos se voltam para mim com mais atenção. Ele mira cada canto da minha face com cuidado, como se procurasse alguma resposta, algum sinal.
— Junkook, — começo, subitamente lembrando-me de algo — por que você tava indo para os dormitórios se você agora mora na república?
E dessa forma todo o seu rosto se transforma em incredulidade. Seus olhos miram os meus por poucos segundos antes da sua postura se ajeitar e mais uma vez seu perfume dançar por entre nós. Ele aparenta estar desconcertado de certa forma, mas não vira as costas ou se afasta, parece apenas ter dificuldades em explicar.
— É porque eu... Eu... Porra. — Jungkook ergue os braços para cima, contrariado. E enquanto suas mãos cobrem seu rosto em frustração, ele completa com a voz abafada no que parece um lampejo repentino de coragem: — Eu menti, eu tava vindo atrás de você.
Franzo o cenho, sem entender.
— Mas por quê?
Vejo-o afastar seus dedos até que eu consiga enxergar seus olhos, parece agora analisar minha pergunta através da minha expressão facial. O que eu não entendo até ele surgir com um questionamento esquisito:
— Por que eu menti ou por que eu tava indo atrás de você?
Minha cabeça titubeia e dou de ombros.
— Faz diferença?
Jungkook infla o peito, ofendido com o que acabei de dizer. As mãos já não cobrem mais seu rosto e ele agora me olha de forma crua, sem desvios ou cenhos franzidos.
— Bem... Não sei.  
Meus ombros caem por não entender sua resposta ambígua.
— Não sabe o porquê mentiu ou não sabe o porquê de ter ido atrás de mim?
Sua cabeça também titubeia e sei que esse assunto já não faz mais sentido algum. Ele ergue os ombros também, mas logo sucumbe. Endireita a postura e suspira, rendido.
— Eu menti porque não quis soar patético, mas agora me sinto por ter dito isso em voz alta. — Gira os olhos, impaciente. — E eu vim atrás de você porque... Porque...
Será que agora mesmo Jungkook esteja se questionando da mesma forma que me questionei mais cedo? Talvez ele esteja pensando se vale a pena contar a verdade ou insistir em mais uma mentira. E aqui, olhando-o ir e vir emocionalmente, só peço para que ele escolha a resposta com o maior nível de sinceridade, a resposta que condiz com o que sente.
Porque talvez Jungkook funcione como uma sequência de drinks alcoólicos na minha corrente sanguínea. Sou entorpecida pela sua presença, pelo seu cheiro e pelas lembranças. Mas não quero ser entorpecida por palavras que não gostaria de me dizer.
— Era pra eu ter dito tudo isso na ligação de ontem, mas eu simplesmente não consegui. Ela foi tão esquisita. Você não achou? — Revela em uma pergunta retórica, a voz mais séria e baixa. A menção sobre a ligação me faz alerta. Então ele sentiu o que eu senti também. — Sinto que posso ficar maluco. Eu sou muito ruim com sentimentos e em falar deles em voz alta e eu… Eu fiz uma lista.
Demoro um tempo para associar a nova informação passada, porque ainda estou perdida em Jungkook e nos sentimentos compartilhados, nas palavras não ditas e na urgência em livrar a garganta de frases mortas. Fico entretida por certo tempo na sensação de não estar sozinha, fico entretida em seu semblante ao me olhar, fico entretida então com a novidade recém dita.
— Uma lista? 
Ele balança a cabeça positivamente, como se não tivesse mais o que esconder.
— É, meu amigo cursa psicologia e ele disse que pra gente não esquecer o que quer falar, podemos fazer listas. — Explica, um tanto envergonhado pela confissão. — E então eu fiz uma. Eu sempre pensei que tivesse sendo claro, mas eu sou tão reservado que qualquer demonstração mínima já me parece extravagância demais. Eu esqueço que pras outras pessoas um gesto grande pra mim pode ser só um gesto simples e nada mais.
Vejo-o observar com cautela a palma da mão esquerda, sua lista contendo três itens com números ao lado e palavras chaves. De repente, toda a sua agitação incomum, sua tagarelice pelo telefone e sua pressa fazem todo o sentido.
Jungkook está nervoso, tanto quanto eu.
Deixo que tome seu tempo, então, sem perguntas ou movimentos bruscos. Porque sei o quanto isso é importante, sei o quanto quero ouvir tudo o que ele tem para me dizer. Enquanto ainda tento processar a nova descoberta e lidar com tudo o que acontece dentro de mim, deixo que gire os ombros mais uma vez para trás para então assim dizer:
— To feliz que voltou. — Ele ergue a mão para cima, indicando o número um. Dessa vez ele parece agitado. — Esse é o primeiro tópico da lista.
Assinto como se quisesse lhe dizer que a mensagem foi recebida, que a entendi por completo, mas meus pensamentos ainda estão sobre a notícia de como suas demonstrações de afeto são cautelosas e quase secretas. De como está nervoso por precisar me contar coisas. De como está nervoso por minha causa.
Seu cenho se franze ainda mais do que antes e ele não parece contente com a resposta que dou.
— Eu to feliz de verdade, entende? — Repete e me concentro em prestar atenção no que me diz agora, porque começo a perceber que a mensagem também é mais uma demonstração de afeto. Uma confissão pequena para mim, mas grande para Jungkook. — Eu fiquei essas últimas semanas tentando entender se eu queria que você voltasse porque eu me senti culpado por te deixar pra trás ou se… — Pausa por um momento, a língua passeando pelo lábio em apreensão. — Ou se eu só não queria que você… Não queria que você desaparecesse da minha vida. 
Sinto meu coração vacilar traiçoeiramente, sem aviso ou preparo. Penso em pedir para que ele repita da mesma forma que me disse, com as pausas, com os medos, com os gestos. Porque é desse jeito que percebo que das duas opções listadas por ele, a última era a certa.
Agora percebo que não me movo não porque não quero, mas porque não consigo. Jungkook está aqui em minha frente agora com uma lista de coisas para me dizer, dizendo que não quer que eu desapareça de sua vida.
E, pela primeira vez, eu finalmente reparo em novos detalhes de Jungkook. Eles são detalhes minuciosos e sutis, mas que carregam uma importância maior do que qualquer outro. A sutileza de demonstrar se importar, de demonstrar sentimento. Em cada ato e palavra. Na forma como fala, na forma como se porta. Na forma como tentou se organizar para me dizer o que gostaria de me dizer, na forma como digitou números aleatórios atrás do meu e na forma como me abraçou no banheiro daquela última festa.
Detalhes pegos no ar, detalhes preciosos que merecem tanto destaque quanto o nariz enrugado quando sorri, quanto a pintinha debaixo da boca.
E tudo parece fazer sentido agora.
Jungkook me olha e entende que eu entendo.
Quando seus olhos baixam para que ele leia o segundo tópico, sinto meus dedos formigarem de vontade de lhe puxar a camiseta e buscar conforto no seu abraço mais uma vez.
— A segunda coisa que quero falar é sobre o que aconteceu na última vez que a gente se viu. Eu queria me desculpar. — Ele não tira os olhos da palma da mão. Todas as informações que recebo agora ganham uma nova tonalidade de detalhes. Agora mesmo percebo que o assunto atual é crítico tanto para mim, quanto para ele. Jungkook se demora ali, como se demora a encontrar palavras para continuar. — Eu não deveria ter ido embora, eu deveria ter ficado e te ajudado. Na época eu fiquei com raiva, mas depois eu entendi que acabei sendo egoísta. Eu poderia ter te dado ideias, poderia ter te dado mais opções.
Seus olhos ainda se concentram na única palavra escrita no tópico dois, e penso se eu deveria lhe responder agora, mesmo que a ideia seja com que eu o responda ao fim de todos os assuntos listados.
Quero lhe dizer coisas e preciso lhe dizer coisas.
Mas respeito seu tempo, seu momento.
Os seus cabelos escuros agora chacoalham com a leve brisa da noite recém-chegada, o crepúsculo é como uma memória antiga e quase inexistente. Por um instante, Jungkook é uma galáxia inteira. As pintinhas e seus olhos. Todos os seus detalhes logo ali, a poucos passos de mim. Seus detalhes antigos e novos. O conjunto lhe transformando em uma canção, um filme completo. Por debaixo da luz dos postes, Jungkook é a minha lembrança favorita de uma noite de verão.
Seus dedos se fecham contra a palma da mão depois de um tempo, os instantes em silêncio, enquanto mirava o que havia escrito, parecendo terem sido usados para repassar tudo o que precisava dizer.
Não preciso me forçar a prestar atenção nele, porque não a desviei a partir do momento que o encontrei no topo da escadaria.
— Na verdade, eu... Para o tópico três, eu... — Ele então suspira, as mãos em punhos ao lado do corpo. — Eu vendi o notebook porque não acho certo você ter perdido tanto. Você gastou dinheiro demais com ele. Você me contratou, mas você sabe que foi por causa dele e... — Nega avidamente. — Não quero mais que você conviva com isso, também não quero mais ser conectado a isso.
Meu cérebro tenta trabalhar da forma mais rápida que consegue, coletando informações e tentando as organizar em meio ao caos que acontece bem em meu peito. Tento associar cada palavra dita, cada frase lançada ao ar, cada sentimento exposto. É demais. Penso em lhe responder dessa vez, começar em ordem crescente ou decrescente. Mas Jungkook ainda tem coisas a dizer, porque talvez o que tenha dito não tenha feito jus ao que realmente sente.
— Não quero correr o risco de a lembrança que deixei em você se mesclar com a dele de alguma forma. — Ele umedece os lábios com a ponta da língua, seu olhar é determinado. É quase como se eu pudesse ver sua garganta se livrar de todos os fantasmas de palavras não ditas. — Não quero te trazer angústia, não quero remeter a isso nem mesmo por lembrança. Você perdeu muita coisa até aqui, espero que você perceba que não precisa mais perder nada por causa dele ou de ninguém. 
Fico em silêncio por um tempo. Sentindo meu coração bater contra o peito de forma desgovernada. Penso por um instante que todos os sentimentos por Jungkook estão sendo maximizados. Estão sendo intensos demais e não existe outra causa que não ele.
E eu finalmente posso sentir tudo. De forma verdadeira, genuína, sincera. Posso me doar sem medo, sem mentiras, sem namoros falsos. Posso escolher ir, posso escolher ficar. Posso escolher entre viver e não viver. É a minha escolha. O sentimento que tenho dentro de mim agora é grande, intenso e interminável. Ele toma conta de cada canto meu, cada pensamento solto, cada lembrança vivida; ele é a própria liberdade de poder sentir o que quero sentir sem culpa, sem ressentimento, sem cobrança.
Acabo umedecendo os lábios também, enquanto Jungkook tem sua expectativa em cima de mim. Seus ombros não estão tão tensos como antes, mas seus olhos agora parecem cansados de toda a descarga emocional.
Sinto-me entorpecida, de fato. Tento selecionar palavras, tendo buscá-las na organização mental de todas as coisas que gostaria de lhe dizer quando tivesse a chance de lhe dizer.
— Eu deveria ter feito uma lista também. — Rio, sem graça, encolhida entre os ombros. — Eu tentei organizar o que te dizer durante as férias inteiras, teria sido mais fácil se eu tivesse separado em tópicos.
O silêncio que nos ronda é de expectativa também. Em meio as árvores do caminho de concreto, estamos eu e Jungkook, frente a frente. Caos ambulante. Entre nós dois há uma infinidade de sentimentos expostos e momentos que quero lembrar. Momentos futuros que quero ter nas memórias.
— Você pode responder em tópicos também. — Jungkook sugere, apreensivo, a voz mansa e cuidadosa. — Só, por favor, não me deixa sem resposta.
Seu pedido faz com que eu perceba. Eu também achava que fosse explícita com tudo o que sentia por ele. Sempre pensando ser extravagante nas demonstrações, nos olhares, nos sorrisos. Pelo visto, somos ruins nisso juntos também.
Involuntariamente, dou um passo em sua direção. Seu cheiro ficando ainda mais acentuado pela aproximação e tudo ao meu redor sendo coberto pela bolha tropical que emana de Jungkook.
— No dia das catracas, eu te responsabilizei por algo que não era a sua responsabilidade. ­— Digo sinceramente, meus olhos fixados no logo de sua camiseta. Concentrados no ponto como se ele pudesse me trazer respostas que não entendo o porquê procuro. — Desculpa por fazer você acreditar que aquele problema era seu, quando ele sempre foi só meu.
Mordo as laterais de minhas bochechas, pensativa. Dando mais um passo à frente, a ponta dos meus tênis encontrando a de suas botas. É um momento reservado para que Jungkook entenda o que disse e para que eu entenda o que acabei de dizer.
­­— Acho que estamos quites nessa. — Dou de ombros, olhando para seu rosto por um instante, somente para que o veja com os olhos cravados em mim. Quando volto a atenção para o logo de sua camiseta, continuo: — Eu precisei que as coisas acontecessem daquele jeito pra conseguir me livrar do que tanto me prendia. Não tenho mais nada que me prenda ou me impeça de viver da forma como quero viver. Eu posso fazer as coisas do meu jeito agora, no meu tempo, independente dos meus pais, de namoros falsos e Haneul. Se foi ruim ter que passar por tudo aquilo? Foi, mas eu não mudaria nada.
E, embora eu já soubesse sobre toda essa realização de atos e sentimentos, sinto que ouvir minha voz dizer em alto e bom tom me faz feliz.
Suspiro alto, atrevendo-me a erguer a mão e tocar o logo da camisa em seu peito. Sinto seu corpo tencionar com meu toque, mas não me afasto. Contorno o desenho com paciência, buscando tempo para organizar o que pretendo dizer a seguir. Mas, principalmente, tomando tempo para saciar um pouco da vontade que tenho de tocar em Jungkook.
— Eu não me arrependo de ter contratado você e eu não... — Minha voz é como um sussurro, porque não é preciso que eu fale mais alto do que já falo. Somos separados por centímetros de distância e um fiapo de vento que transborda seu perfume tropical. — Você não me remete a nada de ruim, Jungkook. A verdade é que você foi a única coisa boa de toda essa bagunça.
Meus dedos agora tilintam sobre o tecido de algodão de sua camiseta, minhas duas mãos agarrando-lhe a gola para que eu me aproxime mais dele. Meu corpo erguendo-se gradativamente a medida que meus calcanhares deixam o chão. Passo meu nariz por sua bochecha, sentindo seus braços agora me tomarem a cintura. Não sei de onde arranjo coragem, como também não sei para onde foi toda a minha insegurança. Mas penso que talvez seja pela recente descoberta de que somos confusão juntos.
Demoro-me um tempo, sentindo seu cheiro e seu peito contra o meu. É talvez o toque mais íntimo que já tivemos, mesmo que nossas mãos já tenham explorado cada parte do corpo um do outro. Inspiro com vontade seu perfume como se pudesse gravá-lo em mim, como se a qualquer instante, longe dele, eu pudesse senti-lo pela memória.
Deixo um beijo demorado em sua têmpora, soltando um suspiro suave antes de dizer o que esperei todo esse tempo para falar:  
— Eu gosto de você e eu finalmente consigo dizer isso de forma verdadeira e sincera, sem mentiras ou namoros falsos. — Minha voz é baixa, um segredo contato no pé de seu ouvido. A reação imediata que recebo é seus braços me apertando contra seu corpo, seu rosto aproximando-se mais do meu. — Eu gosto de você e, se você quiser, a gente pode tentar tudo de novo.
Tudo o que sinto dentro de mim é uma sensação que não consigo muito bem explicar. Sempre pensei que ela fosse ser como a de se livrar das mentiras contadas aos meus pais, sempre acreditei que me sentiria leve, porque, em um pensamento prematuro, as palavras que tenho para dizer a ele me pesavam. Mas agora percebo que não sinto que fui abandonada por elas, sinto que elas ainda divagam dentro de mim. Porque meus sentimentos por ele nunca foram peso sobre meus ombros, nunca foram culpa ou arrependimento. Eles sempre me transbordaram para todos os lados.
Meus lábios tocam mais uma vez sua pele em um beijo, a brisa no início da noite nos acolhendo com zelo.
— Dessa vez no nosso tempo, do nosso jeito. Sem almoço em famílias, notebooks quebrados, ex-namorados histéricos ou cobranças matrimoniais. — Continuo suave, sentindo que de fato transbordo pelo que sinto, pelo seu toque, pelo seu coração batendo acelerado junto ao meu. — Só nós dois. A gente pode ir devagar, entende?
Consigo sentir sua respiração densa, enquanto seu peito sobe e desce lentamente.
É um mundo só nosso.
Seus dedos agora dançam pelo final de minha coluna, moldados em um carinho terno e delicado na pele exposta de minhas costas.
— Eu sou bom em ir devagar. — Ele finalmente vem, o tom de voz baixo assim como o meu. E eu percebo que não senti medo algum à espera de sua resposta. Somos segredos compartilhados, sentimentos que transbordam. — E eu também gosto de você, se isso ainda não ficou claro o suficiente.
Seu nariz acaricia meu rosto, um toque sutil que logo faz com que eu me afaste de forma lenta para finalmente olhar em seus olhos. Daqui, com poucos milímetros nos separando, consigo enxergar tudo o que preciso enxergar. A cicatriz na bochecha, a pintinha debaixo do lábio e os olhos tão negros como o céu sem estrelas. Também enxergo sua sinceridade e todos os sentimentos bons que nos cercam.
Todos os seus detalhes.
E quando nossos lábios se encontram em um beijo só saudade e sentimentos recíprocos, percebo que agora é no nosso tempo; temos a chance de vivermos tudo isso da forma como deve ser. Da nossa forma. Não precisamos nos forçar a ideais que não são nossos. Não precisamos mais de contratos e mentiras, podemos ser nós mesmos, no nosso tempo com os nossos sentimentos.
A vida não é perfeita e, provavelmente, nunca vai ser. Não entendo qual é o seu real sentido ou se existe um. Também sei que descobrir sobre isso é mais uma coisa que não vai acontecer. Mas o que me resta, ao fim de tudo, é compreender que apesar das coisas não estarem nos lugares que deveriam estar, eu ainda posso me sentir bem. Ainda posso acreditar que ela vale a pena, porque vale.
O mundo é muito vasto, cheio de possibilidades e vidas distintas.
Sei que ainda vou enfrentar batalhas internas, dúvidas severas e retornos cruéis ao passado. Mas tenho liberdade agora. Para tudo. Tenho liberdade para acelerar e para frear; tenho meu próprio tempo. Minha vida não precisa caminhar na mesma intensidade que a de outro alguém, porque ela não é de outra pessoa, ela é minha.
Não busco felicidade duradoura, não busco felicidade que viva em mim a todo instante. O que eu busco é só aquele sentimento de querer estar na minha própria pele, de querer estar onde eu estou, aqui e agora. Busco não me sentir mais ansiando por outras vidas que não a minha. Busco tomar minhas próprias decisões, assumir as rédeas de toda a minha existência.
Não sei se vou querer continuar no mesmo lugar que estou agora, como também não sei o que vai acontecer no futuro. Não tenho planos concretos, reais. Não tenho planos para casamentos, vida a dois ou qualquer coisa antes programada pelos meus pais.
Só sei que aqui, beijando alguém que gosto e que escolhi por inteiro, é exatamente aonde eu gostaria de estar.
E, por agora, isso é o suficiente para mim.
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armyhome · 4 years
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Jamais Vu
seokjin x reader
sinopse:  Jamais vu é a sensação de que algo familiar soa totalmente desconhecido, como sentir saudade de alguém sem lembrar de ter conhecido essa pessoa, como se faltasse uma parte sua, um vazio no coração por sentimentos alheios que vivem ali.
Tumblr media
Moonchild 
Nunca tinha a visto tão triste, seus olhos estavam fundos sem vida, sorria mas, era forçado, como Seokjin não fazia nada em relação aquilo? Como ele pode ter viajado sem me contar nada? Por que tinha abandonado todas as coisas que dizia amar?  
-O que está te deixando bravo? – Ela coloca uma colher cheia de sorvete na boca e novamente me lança aquele sorriso falso. 
-Seokjin... Por mais que eu tente não consigo encontrar uma explicação plausível é só muito surreal para mim! – Ela observa o mar através da gigantesca janela da sorveteria, tentando esconder as lágrimas provável – Realmente não tem ideia de quando ele vai voltar?  
Ela faz que não com a cabeça rapidamente, meu coração se parte, eu deveria ter dito antes de Seokjin, talvez as coisas fossem diferentes agora, talvez fossemos felizes mas, tudo tornou-se um grande talvez por causa da minha falta de coragem. Seus olhos encontram os meus como se esperasse alguma resposta ou milagre... 
-Vamos passear pela orla? – Pede e segura minha mão, talvez esse fosse o momento Namjoon, talvez não. Sorrio para ela largo o suficiente para fazer as covinhas aparecerem.  
Tiramos os tênis para sentir a areia entre os dedos do pé, corro até a beira da água e jogo um pouquinho nela, que corre rindo, começamos a brincar de pega-pega, corremos até ficarmos sem ar e nos jogarmos na areia, observo a de olhos fechados, sorrindo, sentindo o sol contra a sua pele, acho que isso é o que mais lhe faz sentir saudades de sua casa, o sol.  
-Ai Seok... – Ela para no meio do nome dele, não posso falar que isso não me machucou mas, entendo a falta que era sentida porque, além de estar apaixonado por ela, ele era meu hyung, a pessoa que cuidou de mim, que me alimentou, secou minhas lágrimas transformando as em risadas das suas piadas de tio... Também gostaria que ele estivesse aqui, mesmo que isso significasse vê-los juntos, me sento sacudindo a areia dos cabelos, seria bom cortar um pouquinho ele. 
-Ele vai voltar... – Sussurro, mordo o lábio inferior – Ele não pode deixá-la, te ama demais, eu sei, vi isso com meus próprios olhos!  
Ela senta mas nem se importa em tirar a areia dos cabelos, estava linda daquele jeito, bagunça meu cabelo e faz carinho na minha bochecha. 
-Eu sei, também vi e senti isso... – Mordo a parte interna da minha bochecha, será que devo... 
-Se fosse nós dois... – Ela me encara sem entender nada – Se tivéssemos nos apaixonado, você acha que teria dado certo?  
-Hum, você colocaria minhas poesias ruins no photoshoot do seu álbum? – Faço que sim com a cabeça, a poesia dela não era ruim – Seríamos um casal muito conceitual né? 
-Sim...  - Ela encara o oceano a nossa frente, ao redor tudo fica desfocado para mim, só consigo enxergá-la, tinha perdido peso demais, seguro sua mão, massageando as juntas dos dedos – Seu coração sempre pertenceu a ele certo? Nunca tive chance... - Posso ouvir seu respirar fundo entrelaço nossos dedos - Não se sinta culpada, está tudo bem! Espero um dia achar alguém que me ame tanto quanto você o ama e quero ama-la tanto quanto eu te amo agora! 
  SUGA 
Desço os degraus da escada que dava para o estúdio fotográfico montado no porão, não era possível que não tivesse acontecido alguma coisa, nem eu passo tanto tempo trancado dentro do meu, okay talvez passasse, mas provavelmente ela estava precisando sei lá deste sanduiche que fiz, bato três vezes, ninguém responde, será que tinha acontecido alguma coisa? Abro a porta 
-NÃÃÃO - Grita, congelo por alguns segundos e depois fecho a porta por instinto – Agora que já estragou a foto pode entrar né?    
Coloco o sanduíche para dentro da sala primeiro, depois entro, dou meu melhor sorriso, sou péssimo com isso de ser fofo, mesmo todos dizendo que isso era quase natural da minha parte, sempre me senti um idiota.  
-Achei que talvez estivesse com fome... - Estendo o lanche para ela – Fiz para você! 
-Você? - Ela me olha com brilho nos olhos, como se eu tivesse feito um prato gourmet cheio de frescura e não um sanduíche de salame e queijo - Você cozinhou para mim? 
-Sim, não é nada perto do que Seokjin cozinharia, mas, entretanto, todavia, modéstia à parte... Tá muito bom! - Ergo um joinha para ela, que sorri, alguma coisa no seu olhar parece mais triste. 
-Obrigada – Ela come devagar, fico observando até o último pedaço, meu coração aquece quando ela termina, quanto tempo tinha passado sem comer?  Ela estava desaparecendo dentro das próprias roupas que usava. 
-Eu sinto muito por ele não poder estar aqui agora... - Ela morde o lábio inferior e olha para o teto – Ele vai voltar – Digo sem convicção nenhuma, ninguém fazia a merda da ideia de onde Seokjin tinha se enfiado. 
-Namjoon me disse a mesma coisa semana passada, torço para que vocês estejam certos, nem que seja para brigarmos mais uma vez, eu quero tanto ele de volta que meu coração dói cada vez que bate, parece dramático sei disso... - Por impulso a abraço, e a deixo chorar até cansar, depois de alguns minutos ela se afasta e seca as lagrimas – Melhor voltar ao trabalho, obrigada pelo sanduiche Yoon, estava tão bom quanto os dele!  
-Posso ajudar? O que você quer fazer com essas luzes? - Aponto para as lanternas jogadas no chão. 
-Estou tentando fazer desenhos usando longa exposição, mas é complicado com o temporizador... Acho que você pode ajudar sim, segura isso aqui e isso e mais isso... - Deixo-a me usar a vontade, era divertido vê-la concentrada e se divertindo com o que estava fazendo, consegui até alguns risos, foi como se o tempo perdesse a velocidade para podermos aproveitar aquela alegria que parecia sempre distante, quando terminamos, ela não me deixa ver as fotos – Depois que eu tratar e editar, quando elas estiverem prontas para os olhos comuns... 
Seokjin tinha realmente encontrado sua alma gêmea naquela mulher!  
   HOPE 
Naquele dia pela primeira vez desde o sequestro sinto como se o mundo estivesse voltando ao eixo, sou do tipo de cara que sempre se mantém estável, não importa o quão ruim esteja a situação sempre dou o melhor de mim para que asa coisas saiam da melhor forma possível para todas as pessoas envolvidas mas, não é humanamente concebível controlar tudo e foi isso que aconteceu naquele dia de certa forma me sinto culpado mesmo que seja completamente insano da minha parte, acho que todos nos sentimos, inclusive ela, que estava do outro lado do mundo e não tinha como fazer qualquer coisa e talvez seja por isso que se sinta culpada, por não ter poder de fazer alguma coisa, pela decisão de Seokjin partir..., mas pelo menos hoje, ela tinha voltado a ler! 
Meu coração ficou tão feliz com aquela imagem dela sentada em seu bangalô na sala, a parede de vidro atrás mostrando o pôr-do-sol, a hyung como você deixou isso para trás? Não vou culpa-la se achar outra pessoa, se tem alguém aqui que merece ser feliz é ela! Quando percebe minha presença sorri e aponta par o sofá a sua frente! 
-O que está lendo? - Pergunto, ela me mostra a capa “Diário de uma paixão” por Nicolas Sparks - É bom? 
-Sim, é sobre um amor tão profundo que nem tempo ou até mesmo a falta da lembrança da história vivida pode apagar... 
-Mas se um deles não tem lembranças, como ainda pode amar o outro? - Ela sorri daquela forma fofa que só ela conseguia toca a própria têmpora. 
-Quando as pessoas dizem que não se ama com a cabeça e sim com o coração elas estão parcialmente corretas, mesmo que sua memória falhe seu corpo é viciado nas coisas que te trazem prazer e felicidade, então o fato de você ouvir e ver a pessoa que ama te trás essas sensações mesmo que você não saiba o porquê, seu coração dispara ao ouvir a voz da pessoa, suas mãos começam a suar, você quer abraçar, sair para dançar, seu cérebro não lembra mas seu corpo sim... - Respiro porque ela estava roubando todo meu ar com aquela explicação, controlo meu cérebro e meu corpo para não agirem de forma idiota, mas então uma mecha do seu cabelo cai na frente dos seus olhos e meus dedos correm para coloca-la atrás da sua orelha, me bato mentalmente por isso, ela morde o lábio claramente desconfortável, e olha para baixo – Obrigada! 
-Desculpa! - Digo ao mesmo tempo – Sabe, você merece alguém assim, que te lembre todo dia o que é ser amada, querida, você merece mais do que está recebendo... Merece algo melhor que esperar eternamente algo que nem tem certeza se vai voltar! Ninguém vai te julgar se decidir seguir em frente e quem o fizer, vai ter que se ver comigo!  
-É isso que você acha que devo fazer? Seguir em frente? - Faço que sim com a cabeça, ela então segura meu rosto entre as mãos e meu coração dispara – Eu acho que nessa história sou quem espera a outra parte lembrar, ainda tenho esperança e na minha terra ela é a última que morre!  
-Será que é por isso que me amam tanto lá? - Brinco e acabo fazendo a rir – Tudo faz sentido agora, meu stage name mudou toda nossa relação, sou j-hope a última coisa que morrer!  
 SERENDIPITY  
Estamos sentados assistindo dorama, quero distrai-la ao máximo, gosto de pensar que por alguns instantes posso faze-la esquecer o que aconteceu e o que estava acontecendo, queria arrancar a dor dela, só que não era possível então me aconchego ao lado dela, chega nossa cena favorita daquele drama. 
-Abaixe seu dedo...se você desejou que a robô...fosse humana – Imito o movimento do ator, então virando-se para ficarmos frente a frente ela copia o gesto da atriz. 
-Eu não sou...um robô... -  Ela derruba algumas lagrimas, se não fosse fotografa daria uma ótima atriz com toda certeza!  
-Aish, deve ser horrível não poder contar para pessoa que ama quem você é de verdade – Sinto um arrepio na nuca só de pensar, passo a mão pelos fios do cabelo – Imagina estar cara a cara com a pessoa e não poder abraçar, beijar, sentir ciúmes abertamente, a deve ser horrível demais, acho que a pessoa pode morrer soterrada nos próprios sentimentos! 
Ela apoia a cabeça no encosto traseiro do sofá me observando atentamente, copio seu movimento, percebo que seu cabelo está maior uma parte minha quer acreditar que isso é o que dá impressão do seu rosto estar mais fino, toda vez que lembro o que o hyung está fazendo com ela, sinto que posso bater nele.  
-Acho que é mais difícil quando não se lembrar quem você é, imagina não conseguir lembrar da pessoa a sua frente, ver os sentimentos dela feridos e não poder fazer nada, porque isso vai além do que pode ter controle, seu coração lembra do sentimento mas, seu cérebro não tem as memorias ou o motivo para aqueles sentimentos, aquela descarga de hormônios, tudo entra em conflito, você quer chamar o nome do seu amado, fazer as piadas internas porém, não consegue.... - Ela suspira – No final, as duas situações são igualmente tristes, não é?  
-Você deveria escrever roteiro de doramas e depois atuar neles! - Me sento cruzando as pernas no sofá - Deveríamos falar com o PDnim, certeza que ele consegue encontrar uma audição para você, posso falar com alguns amigos também ou o Tae, deveríamos definitivamente falar com o Tae!  
-Obrigado pela empolgação com a minha carreira imaginária - Diz ajeitando a minha franja para o lado, os dedos dela, tão macios deslizando pela minha testa – Que tipo de atriz eu seria? Fofa como Park Min Young? Recatadas como Park Shin Hye? Forte Doona Bae? Determinada como Kim Taeri? Incrível com Lee Sung Kyung? Ou Transcendental como Shin Hye Sun? Realmente quero ser uma mistura das três ultimas!  
-Você tem aspirações realmente altas – Rimos como dois bobos – Devemos começar os ensaios agora!  
-Ótimo, quero começar com aquela cena de Angels Last Mission Love, quando a Yeon Seo está fazendo a audição para Giselle! Você vai ser meu anjo –Ela pula do sofá - Vamos lá Jimin! 
Fico em pé parado assim como pede a cena, enquanto ela faz a coreografia, tão sofrida quanto Hye Sun havia feito, ela estava colando para fora sua dor, não me mexo um centímetro quando ela se aproxima do meu rosto e me olha com a expressão de dor, antes que consiga fazer o próximo movimento se desequilibra e a seguro por instinto, estamos muito perto e seu choro interrompe a cena, abraço forte seu corpo, essa maldição de sofrimento, quando passaria? 
 SINGULARITY 
Mostro o quadro mais empolgado do que nunca, uma borboleta em tons violeta na tela branca como se tivesse voando e seus movimentos estivesse sobre postos, ou seja ela estava voando sem sair do lugar, cada segundo que passa percebo que tinha pitado seu espirito atual, ela ainda era linda, sabia voar, mas não como sair do lugar.  
Seu olhar na tela acorda as borboletas no meu estomago, hoje tinha se arrumado, acho que era um bom sinal, ela segura o queixo entre o indicador e o polegar, observa mais um pouco, daqui a pouco meu coração sairia pela boca de tanta ansiedade! 
-Fala alguma coisa pelo amor, antes que eu tenha um troço aqui! - Imploro, com as minhas mãos unidas na frente do meu rosto, fazendo a sorrir para mim, okay ganhei o dia, é isso.  
-Está lindo Tae – Ela corre os dedos sobre a tela sem toca-la – Simplesmente lindo! Que nome vai dar? 
-Vou chamar essa obra de “VOCÊ” o que acha? - Sem tirar os olhos da tela por um segundo que seja observando cada traço que eu havia feito, uma lagrima corre por sua bochecha, por reflexo passo o dedão para secar, sem querer deixando um rastro de tinta roxa na sua bochecha. 
-Essa tulipa vermelha, vai ser sua assinatura? - Diz olhando para mim, seus olhos estavam em frenesi, como se aquilo significasse alguma coisa profunda, faço que sim com a cabeça - É você mesmo Kim Taehyung, V integrante do Bangtan certo? - Faço que sim novamente, que conversa mais doida – Okay – Ela suspira e coloca a mão sobre seu coração - É lindo Tae, de verdade, eu amei!  
-Que bom porque é seu! - Digo sentando no meu banquinho, começo a guardar meu material de pintura - Coloque em um lugar de destaque aqui na sua casa por favor, de preferência na sala de estar adoro aquela parede de vidro que oferece a visão panorâmica do pôr-do-sol, minha arte é bonita de ser vista e merece ver coisas bonitas!  
-Pode deixar vou colocar onde todos possam apreciar VANTE em toda sua glória! - Ela se aproxima e segura uma mecha do meu cabelo entre os dedos – Pelo amor, tem tinta até no seu cabelo, vem vamos lavar tem um banheiro ao lado desse quarto. 
Ela me faz usar a privada como banco e apoia meu pescoço em suas pernas, e a cabeça na borda da banheira, consigo sentir seu perfume, fecho os olhos, aproveitando a massagem capilar, ela era tão boa naquilo, até cochilo, quando acaba meu cabelo parece uma juba o que a fazer ter uma crise de risos.  
-Gosto tanto de você leãozinho, caminhando sob o sol...  
Cantarola acompanho o ritmo da música, minha voz parece um pouco diferente do que lembro, novamente aquela sensação de que alguma coisa não está certa, mas quando a vejo dançando e cantarolando, realmente não importa, só preciso estar ali, tendo meu cabelo sendo seco por ela, recebendo seu carinho, não pode ser de todo errado, querer vê-la feliz e me sentir feliz por isso, talvez seja errado querer mais disso, mas não e minha culpa ele ter partido por tanto tempo, afinal por que ele havia partido?  
 EUPHORIA 
-Definitivamente não dá mais para você ficar trancafiada nessa casa e ponto final, vamos sair nem que seja para tomar um sorvete, fazem quase dois pelo menos que sua pele não sabe o que é vitamina D! - Seu olhar atônito com a minha atitude, tirar ela daquele lugar era mais difícil que o Batman sair da caverna – Precisa concordar comigo, que precisa ver outro ser humano além de mim e dos meninos!  
-Você pelo menos lembra que sou mais velha que você? - Reviro os olhos, ela nunca foi apegada as formalidades, na verdade sempre odiou – Como vamos sair? Se esqueceu que você é famoso em nível mundial? - Tiro uma marcara do bolso do meu moletom e coloco no rosto, ajeito meu boné, seguro sua mão e a puxo para fora, o cheiro de mar invade minhas narinas, e me faz ficar zonzo, me apoio no corrimão da escada na varanda – Kookie, vamos voltar para casa, você ainda está com febre, precisa descansar... 
-Não noona, você precisa sair de casa, não pode ficar aqui esperando ele para sempre! Não é justo, não consigo mais assistir definhando aqui – Respiro fundo, lembranças que não são minhas estão fazendo o que na minha cabeça? - Isso não é viver! Você prece ir ao cinema, correr feliz pela praia, conhecer alguém que vai te fazer feliz – Me sento no primeiro degrau, respiro fundo, estava tudo tão confuso, ela senta ao meu lado – Precisa de alguém que te leve para dançar... Desculpa, está um pouco difícil de respirar... 
-Vamos entrar Kookie, provavelmente vai começar a chover, a maré está bem alta, podemos sair outro dia, quando sua gripe tiver passado okay? Prometo! - Faço que não com a cabeça - Aish, como um homem pode ser tão teimoso? 
-Você percebe que sou um homem noona? - Ela respira fundo e levanta. 
-Vou te levar arrastado até a cama se você não para de agir como uma criança mimada Jeon Jungkook! - Ela bate o pé então me levanto, seu rosto se torna três na minha cabeça, cambaleio até ela que me ampara, mesmo eu tendo o dobro de sua altura, descanso minha testa em seu ombro – Kookie, você está fervendo, você precisa tomar o remédio, te falei isso o dia inteiro!  
-E você precisa ser levada para dançar... - Sussurro, pego sua mão e coloco no meu ombro e seguro a direita e coloco a mão esquerda na sua cintura com delicadeza, dois para lá, dois para cá, cantarolo coisas sem sentindo – O mundo precisa te ver sorrir, mais uma vez querida mas, essa estrada te deixou tão ferida, suas poesias não são mais de amor tamanha sua dor, suas fotografias não carregam mais sua alegria, até a dança tornou-se dolorida oh, querida você sempre será minha borboleta favorita, oh você precisa voar, de volta para seu lar, infelizmente para ser feliz, você precisa me deixar! 
Abraço seu corpo tremulo, um curta passa na minha cabeça, minhas não lembranças correm livres, respiro fundo o ar frio acalma meu estomago, odeio essa fraqueza. 
-Vamos entrar, você precisa comer e tomar seu remédio, já dançamos, como não dá para ir ao cinema, posso colocar um filme na televisão é para isso que serve a internet! - Não consigo segurar a risada, ela me carrega para dentro, ela realmente tinha uma força descomunal – Tem alguma preferência de filme?  
-O Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças! - Minha voz sai falhando, segundos depois ela enfia o comprimido na minha boca e me faz beber chá de gengibre, como odeio aquilo.  
 Por favor, me dê um remédio 
Um remédio que vai fazer meu coração voltar a bater 
O que eu deveria fazer agora? 
Por favor, me salve 
Me dê mais uma chance 
Eu não vou desistir 
 Estamos na cozinha, tomando sorvete enquanto observamos a casa que pretendo comprar, as paredes de vidro sempre me impressionaram, com aquela vista, mais ainda! Seokjin observa tudo emburrado como uma criança mimada. 
-Já falei que não adianta fazer bico, está casa é perfeita! - Abro os braços mostrando a sala - É linda essa vista para o mar, além de ter espaço para o meu estúdio de fotografia, quarto para visitas, uma cozinha grande o suficiente para caber pelo menos dez pessoas dentro e também... 
-Fica a mais de três horas de voo de Seul. - Completa, minha fala. 
Suspiro, preciso mesmo fazer ele entender que meu trabalho, minhas criações e aspirações são tão importantes quanto as dele? Seguro sua mão e o levo para fora da casa, o oceano iria me passar tranquilidade e sabedoria para conversar e não brigar. 
-Preciso ficar, aqui tenho espaço para respirar - Olho dentro dos seus olhos, eu amava tanto ele, estávamos juntos a quatro anos e meu coração ainda disparava como um louco – Sei que você escolheu a vida que tem e que eu escolhi você - Coloco a mão sobre a sua bochecha e faço carinho com o polegar – Mas, você também me escolheu... Em Seul não temos tempo para ficar juntos, quando vier me visitar, sei que vai estar inteiro aqui – Ele fecha os olhos - Não estamos terminando ou dando um tempo Seokjin e sim nos tornando adultos! Nós temos nossas jornadas individuais e nosso caminho juntos, eles precisam coexistir para que não matemos um ao outro... - Digo usando um tom exageradamente doce o que acaba fazendo ele rir – Eu te amo tanto que não é um voo de três horas que vai me impedir de estar com você, se precisar vou andando até Seul!  
-Eu te amo – Ele passa os braços em volta da minha cintura e beija a minha testa – Desculpa estar sendo egoísta... Sou um idiota 
-Só as vezes – Ele faz a careta mais fofa do mundo – Mas também sou idiota as vezes, vai precisar me prometer que vai me perdoar sempre que necessário - Me escondo em seu peito, seu cheiro, tão bom. 
-Vou pensar no seu caso... 
 Respiro fundo, preciso parar de sonhar com essas lembranças, vai acabar me deixando doida no final, o médico disse que são tão baixas as esperanças dele se curar que nem vale apena ter... Mas, ainda acredito naquele ditado que diz “A esperança é a última que morre”. 
Olho pro celular são sete e meia da manhã, quase hora dele tomar o remédio, abro a gaveta da cômoda ao lado da minha cama, pego dois comprimidos e me levanto, cada dia fica mais difícil de fazer isso porém, não consigo desistir... Bato na porta mas, não recebo respostas, abro e me deparo com a cama vazia. 
-SEOKJIN? – Corro ao banheiro, nada, desço as escadas – CADÊ VOCÊ? – Nada na cozinha também, no quintal dos fundos ou na sala, coloco o sobre tudo que estava jogado no sofá, pronta para virar aquela cidade de cabeça para baixo mas, quando chego na varanda vejo os sete garotos sentadinhos na areia da praia, meu coração volta a bater. 
Eles estavam rindo, conversando animadamente, sento na escada e me permito observar, pego o celular e tiro algumas fotos daquele momento, então eles percebem minha presença e começam acenar para mim, sorrio, eles eram tão lindos juntos, os olhos de Seokjin encontram os meus e existe mais do que reconhecimento neles, não crie esperanças, não crie esperanças, ele caminha devagar até mim e senta no degrau inferior ao meu para ficarmos da mesma altura. 
-Trouxe seu remédio- Ofereço os comprimidos que estava segurando, ele não pega eles mas, usa a minha mão para toma-los depois deixa um beijinho na palma dela – Você está bem? – Ele faz que sim, tenho medo disso ser um sonho, seguro seu resto entre as mãos e analiso cada detalhe. 
-Estou bem de verdade amor – Escutar sua voz dizendo era surreal – Não vou mentir, dizer que estou sem porcento, ainda sinto dor de cabeça e um pouco de tontura, já faz alguns dias que nada estava fazendo sentido em não ser Seokjin, acho que você percebeu né? Sorvete, sanduíche, livros, dorama, pintura, dança aos poucos estava me lembrando dos seus detalhes e isso me lembrava o quanto Seokjin amava tanto isso em você e que eu estava amando da forma mas quando os meninos apareceram hoje de manhã, tudo na minha cabeça pareceu a voltar para o lugar... 
-Desculpa ter vindo sem avisar... – Diz Namjoon sentando ao lado de Seokjin. 
-Não achamos ele viria abrir a porta noona – Completa Jungkook. 
-Estávamos com saudades de vocês – Diz Yoongi olhando para o céu. 
-Passamos dois anos no exército sem poder fazer contato direito...- Taehyung lamenta com um bico de uma criança de seis anos, eles realmente não mudam! 
-Por isso decidimos fazer essa surpresa – Diz Jimin levantando os braços e Hoseok o imita. 
-SUPRISE! – Hoseok tinha o maior sorriso do mundo no seu rosto – Trouxemos comida tá tudo no carro, aconselho fazer churrasco de comemoração!  
-Churrasco, churrasco, churrasco – Os sete começam a cantar junto. 
-Okay, arrumem as coisas que eu preciso me arrumar! – Digo levantando, uma parte minha ainda acha que aquilo é com toda certeza um sonho! 
Entro no banheiro observo meu rosto no espelho, só poderia ser um sonho, não existe outra explicação, melhor tomar banho, assim se depois quando eu estiver bem acordada esse ainda for a realidade, vou aceita-la de coração e com toda felicidade do mundo. 
Sentada penteando meus cabelos molhados meia hora depois ainda não consigo acreditar, era surreal que esse pesadelo dos últimos dois anos e meio tenha chegado ao fim, que o meu Seokjin está a de volta, que ele me ama novamente... só é surreal! 
-Posso entrar? – Sua voz do outro lado da porta faz meu coração dar cambalhota, corro até a porta e abro, fico encarando para saber se aquele é realmente meu Seokjin, ele sorri docemente, segura meu rosto e beija o topo da minha cabeça – Não consegue acreditar né? Eu também não, parece que trancafiaram em um porão escuro por muito tempo e agora ver a luz do sol machuca os olhos. 
-O que você acha que te trouxe de volta? – Ele entra no nosso quarto e senta na cama, observa cada detalhe, não mudei nada de lugar na casa em geral desde de o acidente, fico de frente para ele, Seokjin pega minhas mãos e beija de vagar as costas de cada uma. 
-Nosso amor e o amor que tenho pelos meninos. Nessas últimas semanas já estava ficando muito confuso entre as personalidades, eu sentia amor demais de por você e saudade demais dos meninos, parecia que sempre tinha alguma coisa faltando – As lágrimas correm por seu rosto, acredito que pelo meu também – Ontem quando dançamos e você me deu chá de gengibre fui dormir pensando, por que odeio chá de gengibre se o gosto é tão bom? Uma parte de mim se deu conta que Jungkook odeia chá de gengibre, Seokjin ama... Então quando eles apareceram hoje de manhã percebi que o que faltava era eu, não existe Bangtan sem os sete membros! 
Abraço ele bem forte e choramos juntos, tínhamos passado por tantas coisas desde o meu sequestro, achei que quebraríamos a qualquer momento a partir dali, fiquei semanas sem conseguir falar ao mesmo tempo que ele só reconhecia meu rosto e dos meninos eles foram convocados pelo exército, como sobreviver a tudo aquilo de uma vez só?  
-NOOONAAAA, HYUUUUUNG JÁ TEM BIFE ASSADO! – Grita Jeon Jungkook nos fazendo rir, seco as minhas lágrimas. 
-Mais tarde precisamos ligar para nossos pais e dar a boa notícia! – Ele concorda. 
-Prefiro contar amanhã, não vai fazer muita diferença, mais tarde quero  só ficar com você, como Kim Seokjin! – Ele levanta da cama, ainda me abraçando, se inclina deixando o rosto a poucos centímetros do meu. 
-HYUUUNG, NOOOONAAA A CARNE VAI ESFRIAR – É a vez de Jimin gritar, Seokjin xinga baixinho na direção da janela.  
-Já não sinto mais falta deles, podem ir embora – Dou risada e ao mesmo tempo um tapa de leve em seu braço. 
-Não fale assim dos meus meninos! - Seus olhos arregalam – O que foi eles não podem ser meus meninos? 
-Eles são meus meninos antes de serem seus meninos! - Aponta para o próprio peito.  
-Só gostaria de deixar claro que não pertenço a ninguém - Declara Yoongi na porta, depois da um sorrisinho – Mas se fosse para pertencer é claro que não seria a você hyung!  
Ele sai correndo rindo, vou atrás dele, Seokjin nos persegue até o quintal, todos eles entram na brincadeira de me pertencer ou pertencer a ele, corremos o quintal inteiro durante um bom tempo, até cansarmos, bem até eu cansar, a energia deles não tem fim! Tiro tantas fotos quanto possível, gravo um pouco também, pego bem quando Taehyung e Hoseok se embolam e acabam caindo no chão de bunda.  
Rimos, eles contam como foi ir todos juntos ao exército, sobre as piadas internas, machucados, dor, sono, frio e tudo em detalhes. Contam também sobre os planos de voltar aos palcos, o medo de não serem recebidos de volta. 
-Acho que vocês vão se espantar em como o army se organizou para manter sempre o nome e as músicas em alta, é quase como se vocês nunca tivessem ido, digo quase porque elas sentem muito a falta de vocês - Encosto minha cabeça no peito de Seokjin ele me dá um beijinho na bochecha – Acho que vocês devem voltar o mais rápido possível... - Coloco a mão sobre o joelho de Seokjin, olho no fundo de seus olhos – Todos vocês!  
Ele sorri para mim da forma mais linda, as luzes do quintal nos iluminavam, quero parar o tempo naquele momento, parecemos uma pintura de tão bonitos. Quero chorar, o inverno finalmente tinha acabado e se tornado primavera.  
Depois de ajeitar os meninos em seus respectivos quartos, volto para o meu onde meu incrível namorado está me esperando, sentado na janela com uma cara não tão boa quanto eu imaginava que ele iria estar por finalmente termos um tempo para nós... 
-Quer me contar o que se passa por essa sua cabecinha linda? - Beijo sua têmpora, ele descansa a cabeça no meu peito, passa o braço na minha cintura. 
-Será que consigo subir em um palco novamente? Compor? Cantar e performar? - Abraço ele com força. 
-Você só vai saber se tentar e é como disse de manhã, não existe Bangtan sem sete membros em cima do placo – Beijo seus cabelos recém lavados, cheirando a camomila, tão bom.  
-Isso significa que não vou poder ficar tanto tempo aqui, perto de você... - Seguro seu rosto entre minhas mãos. 
-Tive você só para mim durante dois anos e meio, mesmo que perdido, sempre encontrou uma forma de dizer que estava ai dentro, que estava lutando para voltar para mim – Beijo sua testa - Você não me deixou esquecer que me amava um dia sequer e não deixei de te amar nenhum segundo – Beijo a ponta do seu nariz – E pensei em um jeito, um projeto, vou enviar para o PDnim, ver o que ele acha, talvez possamos caminhar juntos nessas nossas jornadas individuais, talvez eu tenha finalmente achado o caminho do meio! 
Junto nossos lábios, como tenho desejado fazer a muito tempo, eles estavam quentes, estamos tão ansiosos um pelo outro que sinto as batidas dos nossos corações pulsando por eles, Seokjin me abraça e me levanta junto consigo, abraço seu dorso com as pernas, ele me segura pelas coxas, a proximidade me faz contorcer levemente.  
-Querida, não podemos fazer muito barulho hoje, as crianças estão em casa – Faço que sim, nem ao mesmo percebi que tinha feito alguma coisa - Não se preocupe, amanhã vou expulsar todos daqui!  - Quero rir mas, não consigo, ele beija meu pescoço e minha sanidade se esvai aos poucos, ele segura meu rosto com uma das mãos e olha no fundo dos meus olhos - Eu te amo – Confessa. 
-Posso conviver com esse fato, desde que você lide bem com o fato de quem também te amo - Dou um selinho nele. 
-Acho que não existe nada com que eu possa melhor conviver, do que este fato!  
De todos os caminhos que podemos escolher nessa vida, o amor é o mais bonito de todos. Ele não precisa ser romântico, pode ser seu amigo, um sonho, uma profissão, familiar ou um objetivo. Sei que parece loucura dizer algo assim no mundo louco em que vivemos hoje, mas talvez seja por isso que chegamos a esse ponto, pelo fato de termos nos esquecido de ter esperança, sonhos e de escolher o amor.      
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desenhogestual-blog · 5 years
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Estou criando um novo espaço para registros. Na linha do exercício de escrever pra ser lido, quero contar a respeito dos projetos em andamento e evoluções na prática do desenho, além de outras questões paralelas ao trabalho/atuação.
Agosto, setembro e outubro foram meses intensos. Nesse tempo tenho tirado cartas de tarô regularmente, fazendo uma leitura por mês. Em geral, tem me ajudado a pensar em histórias a partir de imagens também. Atualmente estou apegada a três delas; o 5 de copas, a carta do louco e o 3 de espadas - estão na minha prateleira, andei me relacionando com as três cartas, que provavelmente vão dar lugar a outra assim que o mês virar.
Estive escrevendo um roteiro para histórias em quadrinhos, devo terminar a estrutura desse projeto o quanto antes, pra começar com os storyboards e personagens. Essa é a primeira vez que faço um projeto autoral de HQ e vou participar de uma coletânea ao lado de artistas muito prestigiadas. Quero entregar um bom roteiro, que facilite as próximas etapas de produção e que também proporcione uma experiência legal pra mim e pra quem vai ler. 
Preciso cuidar da minha saúde. Tenho consultas marcadas para o próximo mês. Os projetos que estão por vir vão demandar organização e uma série de habilidades emocionais. Enquanto isso eu devo continuar praticando a comunicação e reaprendendo a manter o foco. Eu tenho jogado um jogo no celular que às vezes me acalma em momentos de crise, é um jogo de organizar cores chamado I love hue. 
Meus cabelos estão mais curtos do que nunca, e tenho cultivado mullets. Me sinto mais representada pelo penteado atual, embora sinta falta da sensação de prender e soltar cabelos volumosos. Uma peruca seria ótimo.
Me sinto isolada dos meus amigos mas vejo a possibilidade de novos encontros em breve, estou me planejando para uma viagem em dezembro pra descansar a corpa e esvaziar os pulmões. Não tenho ido muito a São Paulo, mas tenho um final de semana prolongado pra aproveitar - sem aulas na sexta (hoje) e na segunda. A missão é respirar e seguir movimentando mudanças até encontrar um meio de ficar bem consigo mesmo. 
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historiasdocoracao · 5 years
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Verônica e o passado...
Ainda com as mãos trêmulas, Olivia tocou na maçaneta da porta. Era a terceira vez que tentava entrar ali, mas nunca conseguia. Não entendia porque a mãe fazia de tudo para mantê-la longe daquele cômodo da casa e isso instigava sua curiosidade ainda mais. A mãe era enfermeira e passaria a noite no hospital em uma emergência. Na ligação telefônica, ao avisar a filha sobre a emergência, ela alertou Olivia sobre o cômodo.
- Olivia, por favor, não se aproxime daquele lugar. Ali não há nada além de coisas velhas e lembranças desnecessárias. Assista um filme e não vá dormir tarde. Chegarei ao amanhecer.
Mesmo assim, Olivia teimava em desobedecer a mãe. Estranhamente, quando ela girou a maçaneta, a porta se abriu revelando um cômodo escuro e fedido. A garota olhou para trás, observando as escadas que a levaria para a parte de cima da casa, engoliu a saliva com dificuldade e tateou a parede em busca do interruptor para acender a luz. Tentou algumas vezes, mas a luz estava queimada. Tirou o celular do bolso para utilizar a lanterna. Por enquanto, não via nada além do chão de madeira e muita poeira o cobrindo. Mesmo sem enxergar muito bem, ela continuou andando até que tropeçou em alguma coisa. Lentamente, ela se abaixou o celular para enxergar o que era quando um grito ficou sufocado na sua garganta. Era um osso humano, em estado avançado de decomposição, que estava no porão de sua casa. Ela tentou se acalmar ainda observando o osso, lutando contra a vontade de sair correndo dali. Andou mais um pouco e sentiu que o chão havia mudado. Sua lanterna não funcionava muito bem, parecia estar mais fraca do que o normal, mas Olivia não tinha tempo de pensar sobre isso. O chão estava muito fofo e Olivia gritou ainda mais alto quando viu o chão de terra e algumas lápides dentro do próprio porão. Os nomes que outrora estavam gravados ali, sumiram com o decorrer do tempo.
Olivia tremia da cabeça aos pés. Ela tentava respirar calmamente, mas o cheiro de mofo misturado com o medo que estava sentindo tornava sua respiração difícil. Reunindo toda sua coragem, levantou a lanterna do celular e olhou ao redor. Viu um quadro, provavelmente pintado à mão, de uma moça muito bonita e parecida com sua mãe. Ela estava com um vestido vermelho que deixava os ombros a mostra, sentada provavelmente em um banco e seu olhar era triste, mesmo que estivesse sorrindo sem mostrar os dentes. Seu cabelo estava preso em um coque alto com uma trança fazendo uma tiara, sua pele era clara e seus olhos e cabelos eram bem pretos. O coração de Olivia se encheu de tristeza ao ver aquela moça, trazendo lágrimas aos seus olhos.
Decidiu que seu tour acabava ali e que nunca mais desobedeceria a sua mãe com relação aquele cômodo. Mas, ao se virar, a garota derrubou uma mesa, que não havia percebido que estava ali, caindo no chão um caderno vermelho, cheio de poeira, mas parecia intacto comparado aos outros objetos ali. Ela pegou o caderno do chão, apertou contra seu peito e saiu do cômodo.
Apesar de tentar ver filmes, ela só conseguia pensar no quadro da mulher de vestido vermelho e no caderno que havia trazido consigo de lá. Colocara ele no quarto, com a esperança de esquecer que havia túmulos ali embaixo, mas não conseguia. Provavelmente, não conseguiria dormir aquela noite.
Buscou o caderno e sentou-se na sala para ler. Já na primeira página, descobriu que a dona do caderno, que na verdade era um diário, chamava-se Verônica.
“Abril, 19.
 Querido Diário,
Preciso lhe contar, já que não posso fazê-lo para ninguém, que fui à loja de fitas nesta manhã e esbarrei com o amor de minha vida. Não sei o seu nome ou de onde vem, mas sinto uma ligação muito forte entre nós dois. Estou sorrindo ao escrever isso aqui, pois sei que o encontrarei no baile desta noite. Me deseje sorte, querido Diário. Preciso declarar-me para o amor de minha vida.
Volto para lhe contar mais tarde,
V.”
 Olivia continuou a leitura do diário por mais algumas páginas, até descobrir que Verônica vivera um amor proibido.
 “Junho, 15.
 Querido Diário,
Papai não está feliz com meus encontros às escondidas com meu amado. Não posso lhe revelar seu nome, pois colocarei em risco nossa relação. Mas lhe adianto que ele é um cavalheiro e hoje beijou minha mão com tanta paixão, que quase me escapuliu um “eu te amo”. Preciso ir, mamãe me chama para jantar. (Pretendo fugir com ele em breve. Não conte a ninguém!)
V.”
Olivia não entendia porque ela havia rabiscado aquela frase. Talvez alguém tivesse a surpreendido, mas não tinha certeza. Porém, o que Verônica lhe passava, era que sentia muito medo de sua família. Que provavelmente era a família de Olivia, pela incrível semelhança entre ela e sua mãe. Avançou algumas páginas descobrindo que o inevitável acontecera. O pai de Verônica lhe forçou a casar com outra pessoa, que não era seu misterioso amado.
 “Novembro, 12.
 Querido Diário,
Papai me obrigou a casar com um homem velho e fedido. Não me agrada estar em sua companhia. Meu amado não foi esquecido. Estivemos juntos outrora e estaremos juntos para sempre, ligados pelo fio do destino. Ligados, principalmente, pela agitação presente em meu ventre. Lhe escrevo isto segurando meu filho que foi concebido pelo amor. Mamãe descobriu. Chorou comigo e me disse para esconder esse segredo para sempre. Pediu que eu esquecesse meu amado, coisa que não poderei fazer. Seguirei amando-o até o fim de meus dias. Preciso ir, Diário. Preciso dar atenção ao meu marido do qual não me agrada a companhia. Lhe contarei novidades em breve.
V.”
 Olivia era capaz de visualizar as cenas enquanto lia o diário de Verônica. Estava se sentindo realmente triste pela moça que nem conhecia. Ela parecia muito infeliz, forçada a estar em um casamento e grávida de outra pessoa.
 “Dezembro, 25.
 Querido Diário,
Conversei com meu amado esta manhã. Contei-lhe sobre nosso filho e ele me revelou o plano que está criando há meses para fugir comigo. Ele ainda me ama. Com todas as forças, foram as suas palavras. Fugiremos em duas semanas, no próximo baile em que o meu marido estará embriagado demais para notar minha ausência. Ele tem bebido cada vez mais e me deixou uma marca vermelha no rosto, após uma de suas bebedeiras. Minha mãe chorou ao ver meu rosto, meu amado se enfureceu e meu pai disse-me que eu mereci isto. Não entendo porquê. Mas também não me importo. Serei feliz novamente em duas semanas, como há muito não sou. Terei a minha verdadeira família. Meu coração está ficando em paz.
V.”
 O resto do diário estava em branco. Olivia não sabia se Verônica havia conseguido fugir ou não com seu amado. Não soube se ela teve o bebê ou o que aconteceu após o baile. Colocou o diário embaixo do travesseiro e deitou-se, imaginando o porquê o seu pai não aceitara seu relacionamento com o amado misterioso.
Quando acordou no dia seguinte, a mãe já estava em casa, mas dormindo em um sono pesado. Depois do café da manhã, Olivia seguiu novamente para o porão, pois haveria um pouco de claridade vindo de fora. Realmente, o porão estava um pouco mais claro e ela pode perceber três lápides unidas. Os nomes já não estavam mais escritos ali e deu um grito ao ouvir seu nome sendo falado.
A mãe estava em pé na porta, muito brava com ela, já que as recomendações sobre aquele cômodo eram muito claras.
- Mãe – disse Olivia, suspirando – quem é essa mulher parecida com você? Ela morreu do que? Por que está enterrada no porão de nossa casa? Quem são as outras duas pessoas enterradas? Por que há um cemitério no nosso porão?
- Olivia, saia já daí. Você me desobedeceu e terá consequências graves. Eu te falei para não vir aqui desenterrar um passado que eu não sei se poderemos enterrar de novo...
A voz da mãe foi se alterando, como se não fosse mais ela quem falasse naquele corpo. Olivia correu ao seu encontro e a tirou dali. A mãe ainda estava aturdida enquanto se sentava no sofá da sala.
- Olivia, minha filha, essa família escondeu o segredo de Verônica durante anos. Eu mesma não sei o que ela cometeu de tão grave e minha avó me rejeitou enquanto eu ia crescendo e me tornando cada vez mais parecida com Verônica. A história dela foi escondida de todos e só contaram uma terrível versão de que ela odiava todos da família e deixou seu bebê nas mãos de sua mãe já que ela pretendia ser livre para viver o seu amor. Eu sempre duvidei disso, principalmente quando encontrei aquele retrato que está no porão em que ela está com um olhar tão triste, que doeu meu coração. Minha mãe trancou aquele cômodo e nunca mais me deixou entrar. Após um tempo, eu acabei desistindo de saber a verdade, mas sempre tive medo de você se assustar ao ver o cemitério improvisado ali, por isso sempre a mantive longe daquele cômodo. Minha avó está nos seus últimos dias de vida e ainda me rejeita. Ela fala coisas sem sentido sobre Verônica e ninguém é capaz de contraria-la. Eu sinto que Verônica era boa, mas jamais toquei no assunto, com medo da reação de minha avó.
Enquanto a mãe de Olivia divagava suas teorias sobre a avó, Olivia entendia que precisava agir rápido. Nunca fora próxima da bisavó já que ela sempre odiou sua mãe e a velhinha morreria achando que Verônica não a queria. Mas era mentira. Olivia havia escrito que ela estava feliz com o bebê e que fugiria com o amado quando pudesse. Ela precisava desenterrar o resto da história e dar paz a sua bisavó antes de sua partida.
Passado alguns dias após aquela conversa com a mãe, Olivia foi visitar a bisavó no hospital. Ela confundiu Olivia com Verônica, já que passara anos olhando o retrato de Verônica, tentando entender porque fora rejeitada.
Olivia sentou-se ao lado da bisavó, mesmo com seus protestos e beijou-lhe a mão. Contou para ela a verdadeira história de Verônica. Lágrimas brotaram aos olhos de sua bisa e pediu perdão à neta, mãe de Olivia, por intermédio de Olivia, já que ela havia rejeitado a neta muito tempo. Agradeceu imensamente a bisneta já que poderia descansar em paz. Fechou os olhos e adormeceu para sempre.
Após o enterro da bisavó, Olivia mostrou à mãe como conseguiu descobrir a verdadeira história.
- Encontrei o diário dela, mas percebi que haviam folhas arrancadas dali. Procurei por todo o porão e encontrei as páginas que Verônica teve o bebê que lhe foi arrancado de seus braços para que sua mãe criasse. Era o jeito que seu pai lhe puniria por amar outro homem e não o seu marido. O pai do bebê, o marido de Verônica, nem olhava para a criança, sabendo que era fruto do verdadeiro amor entre ela e seu amado. A mãe de Verônica cuidou do bebê do melhor jeito que pode e foi impedida de lhe contar a verdadeira história de sua mãe, o quanto ela sofreu ao ser separada de sua filha. Verônica ficou trancada no porão, definhando aos poucos, tudo porque seu pai achava que ela merecia pagar por amar demais. O amado de Verônica enlouqueceu quando soube o que havia lhe sucedido e deu um jeito de entrar no porão, planejando uma fuga que foi malsucedida, já que ela estava fraca demais. Com ajuda de um amigo, eles fugiriam com a bebê para longe aquela noite, mas Verônica foi pega em flagrante pelo pai que desconfiou da movimentação perto da casa. Ele matou os três sem dó e Verônica morreu nos braços da mãe, que clamava pela sua vida. O que a manteve viva foi a bebê de Verônica, que ela tomou como filha e dedicou-se todos os seus dias para ela, ignorando completamente a presença do marido, que morreu de desgosto por ter matado a filha e perdido a esposa.
Quem completou o diário de Verônica foi a mãe, mas alguém arrancou essas páginas importantes, com o intuito de que a filha de Verônica a odiasse para sempre. – Olivia cessou o relato, observando atentamente as reações de sua mãe.
Com todas aquelas informações, a mãe de Olivia decidiu o que iria fazer. Pouco tempo depois, elas mudaram para uma casa menor e sem tristes lembranças do passado, transformando a outra casa, em um grande museu, onde contava-se a história de Verônica, a filha do primeiro prefeito da cidade.
Em uma de suas visitas à antiga casa, Olivia e sua mãe, observaram o quadro de Verônica. Seu semblante parecia em paz. Aquele olhar de tristeza havia suavizado. Olivia indagou um dos trabalhadores se haviam reformado o quadro e ele alegou veemente que não. O pegaram no porão da casa daquele jeito e estava em exposição, sem ser mexido. A mãe de Olivia sentia-se em paz após olhar o quadro. De alguma maneira, Verônica estava lhe agradecendo.
Ela sussurrou para o quadro, olhando-o atentamente:
- Agradeça a minha maravilhosa filha, Olivia.
Sorriu para Verônica, abraçou Olivia e deixou a antiga casa para trás.
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Recomeço
27 de janeiro de 2019.
Desejo que esteja tudo bem com tod@s!
Já assistiram em algum filme que a pessoa chega num profissional de Psicologia, é perguntada: "Olá, você, por que veio? O que precisa?". E ali, sentado naquele lugar, pode ser um sofá confortável ou uma cadeira simples, percebe que pela primeira vez, porque nunca antes tinham te feito essa perguntado um modo tão acertivo, percebe que também nunca havia feito dessa forma a si mesmo? Parece sempre mais fácil seguir passos marcados, ensinados por alguém, ou mesmo fechar os olhos e andar fingindo ter o seu próprio caminho. Fiz dos dois. Quando me fizeram essa pergunta, percebi que já havia pensado uma ou duas vezes nela. Uma ou duas, só. Eu, no final dos meus 28 anos. E olha, estava ali com a melhor profissional que poderia ter cruzado meu caminho apenas porque estava muito gordo e sedentário. Isso me fazia muito mal, precisava de mudança. Uma baixa autoestima horrorosa, mas, criada por mais ninguém além de mim. MAS, sabia exatamente o que repetir para parecer normal, já havia assistido em filmes, - depois de dizer que queria emagrecer e ela me perguntou porque eu comia tanto - putz. Olhei como sempre fazia quando não sabia de alguma coisa, corri o mais rápido que pude, e me joguei ao alto para me sentir à altura da pessoa, até superior, tentei. Fiz cara de paisagem - não deixa ninguém perceber, porque quando eles percebem, as perguntas são sempre erradas. Vou desatar a falar, como sempre, não queria. Calma, aqui posso ser calmo. - Lugar lindo. Ela, linda, toda linda. E eu? Bonito? Feio? Gordo? Preguiçoso? Inteligente? Sem base? Falei que não sabia por onde começar. Ela pediu do começo. "Começo? Começo... Que começo? Onde começa mesmo? Tem que voltar assim é? Nera só sentar aqui e falar do meu dia pra você e você me diria como fazer? Se for assim, faço sozinho a anos, e todo mundo briga comigo sempre. Por que faria aqui?". Mas eu sabia o quanto era investido de amor para eu estar ali sentado naquela sala bonita. Tinha que aproveitar o tempo. O tempo. Sempre ele. CORRE DIEGO, O TEMPO! Com muita consciência de mim, apenas, que já me parecia muito perto dos que me cercavam, observado pelo tempo, comecei do começo que me lembrava pelo que tinham me contado juntando o de todo mundo que quis me contar. Minha história, a partir do nascimento. Terminou o primeiro dia... Só? E agora? "Agora pensa.". MAIS? Vou desfalecer, não aguento mais pensar... esperar uma semana até parecia excitante, mas mais sofrimento que excitação. Quero não e quero sim. Volto quinta que vem então. Beijo. CORRE, DIEGO. Tempo. Tic tac tic tac... sem fim nos meus ouvidos depois dali. Ui. Tava parado demais, quanta dor. Era bem inconsciente internamente, e pouco externamente. Queria pensar sobre mim, gosto de ouvir dos outros para agregar, mas não ouvir falarem de mim para mim. Como que fala isso? Como que pergunta pra ela amanhã? Tudum tudum tudum. "Controla essa voz baixa amigo, o que está acontecendo? que ansioso!". Rs, eu sei amiga, quero novidade, sinto essas coisas aqui ó ... ! "Então diz lá pra Psicóloga, não pra mim, gostou dela?" Não sei... Só tinha medo dela já, e respeito por quanto sentia que pesava no tempo que deixou de correr e passou a voar, eu estar sentado uma hora ali, e ela podia fazer isso o dia todo ganhando fácil do meu tempo. Ela sentada, eu correndo, o tempo voando, mas só para mim, entre nós. Voltei. Tic tac. Vomita a continuação da história familiar que lembrava mais do que tinham me dito a essa altura. "Lembrava como era? ou como viam?" Hein? Eu hein, que pergunta. Beijos. Que semana! E a seguinte! E a próxima. E o tempo, me fez quase querer voar sem asas. Não sou flor enterrada, ela que é bela. Não sou cavalo que corre, tenho dois pés frágeis, mal descalço no asfalto consigo. Nem pássaro que bate assas com força e voa, sou homem frouxo que mal chega na beira de parapeito de terceiro andar. Mas, dentro os que eu conhecia, sentir que eles só falavam dos outros, não deles mesmos e ainda me chamavam de antipático quando eu preferia falar de mim. Depois, se irritaram com alguma coisa que ainda nem sei e nem nunca vou querer saber, porque não é meu. Essa irritação era só deles. Eu, tomei rótulo de chato, mas tanto gostei desse rótulo que tomei a postura também. Eu via dedos apontados na minha direção. O pior é que sentia que nenhum deles nem me via de verdade, sentia como se eu me movesse mais rápido que eles podiam me acompanhar. Se venço o tempo deles, tô conseguindo. 
Um peixe - conforme a espécie - que desce a correnteza pra depositar seus óvulos, deixa pra descer na ultima hora, que delícia curtir! Respirar esse oxigênio embaixo da água, conhecer, namorar e convidar para descer junto! Calmaria nas guelras. A água, que pode ser turva ou límpida, só depende do peixe, ou da água que ele acha que merece. Mas peixe que tem que subir a correnteza pra depositar seus óvulos, antes mesmo de encontrar o parceiro já tem que começar a subir desde o quanto antes. Encontra no caminho, dependendo o ou os companheir@s. Torce pra que cheguem juntos e aproveitem seus esforços juntos, lá em cima quando terminar de nadar contra a correnteza. E quando chega na ultima cachoeira, a maior de todas, precisa reunir a maior quantidade de energias possíveis, de si, dos que estão tentando subir e até mesmo a dos que começaram agora descer e estão começando a jornada certa deles, oposta à minha, que senti que me amam e me chamavam desde sempre pra eu subir porque lá em cima é tão bom! Eu sinto que é! Uns ainda estão lá, me esperam pra descer quando eu subir, nos olharmos, e eles descerem. Uns, fizeram jornada comigo e só por querer, desistiram, eu ajudo a subir também! Aprendemos juntos aqui, no mais difícil. Aos que tentaram chegar sozinhos antes - peixes mais velhos começam antes, né - perdão, nadei o mais rápido que pude, mas preguiça e cansaço, todos temos... e aos que acham que podem vir a nadadas leves contra a correnteza pesada, só posso chamardes vez em quando. Minha voz tá cansada! Eu chamei muito pelos de cima quando eles queriam que subisse mais cedo e eu nem sabia onde estavam... Tantas cachoeiras... Uma mais linda que a outra! Tem como subir pra ser todas não? Não. Tentei, não consegui. Desculpem. No caminho para todas, vi deslumbre de uma nova, linda, não mais nem menos, só linda também como todas. Olhei pros que pareciam subir pra um caminho parecido e pedi para segurar nas nadadeiras deles... o primeiro, tinha nadadeira machucada e preguiça. Largo desses, sem peso pra mim que não seja meu! Vai no seu tempo, seu ritmo. Tenho que correr no meu. Encontrei na frente um de cor linda e o convidei, ele veio, pude segurar e ajudar como podia, hora procurou outras cachoeiras e voltou, que bom. Outra, conheci braba, resistente, mas persistente e forte. Quando vejo assim, pego na nadadeira, se deixar, ajudo a subir. Se achar que querem soltar e for verdadeiro, solto. Se quero e sei que é verdadeiro, solto também. Mas se eu sei que eles tanto não sabem quanto eu que sei de nada, só nado, aperto com carinho as nadadeiras deles. Com amor, juro. Sinto que ele tem vontade maior de me deixar quando aperto na nadadeira direita, sente que talvez uma cachoeira mais próxima deve ser uma boa opção... e que a da nadadeira esquerda tem vontade de me socar porque sabe vir, já fez esse percurso, não sei o que aconteceu antes... mas sinto que a encontrei descendo. Voltando. Voltar não, a não ser que queira verdadeiramente, então vá. Pra mim não dá. Te dou metade do meu pulmão de guelra. Usa ele que chega! E o da direita, não acha que porque te dou minha outra metade do meu pulmão de guelra, pode mais sair para ver se pode sozinho. Vocês podem. Mas sinto que se vocês forem, morro afogado, não tenho mais como respirar, já viram peixe viver debaixo d'água sem guelra? Mas, se preciso, aprendo a respirar fora da água sem elas. Eu só desejo que vocês quisessem pelo menos me levar até lá em cima, depois podem ir onde vocês quiserem, mas só se sentirem que podem. Se não, usem bem meu presente pra vocês e se salvem. Eu aprendi coisas lindas até aqui com vocês, estou satisfeito. O da direita que chegou primeiro, me ensinou: cozinhar, arrumar, cuidar melhor de mim, até me vestiu e me deu uns adereços que, pra peixe, deveriam ser inúteis, mas eu era um peixe mais tolo que sou hoje. Ainda tolo que sou. A da esquerda, ensinou que: amor incondicional é sim possível mesmo com o constante trabalho árduo por alguém que temos medo que a qualquer momento, forte como é, pode nos deixar e sair nadando mais rápido que a gente. Segurar, jamais! Se tiverem certeza, meus amores, vão. Sigam suas correntezas - favor ou contra. Os verei até onde meus olhos de peixe, um voltado pra cada lado alcançar os dois. E esse peixinho pequenino aí do amor incondicional que aprendi, nada mais rápido que os três juntos. O plano ali parece outro... Pra além de mim e dele da direita e dela da esquerda. Vai tão na frente, que meus olhos de peixe, como disse antes, não consegue ver. Mas sei que vai.
Antes, não me senti nunca pior, agora me apontam com raiva. Sinto raiva também... perdões a todos. Mas, sinto que sou diferente. 
Encontrei mais uma peixinha linda nadando deboísta no caminho, o tempo dela parecia outro. Queria tanto conhecer, mas não tinha mais nadadeiras... ela nem precisava tanto, faria seu caminho fácil, num tempo tão dela que nunca vi. A convidei para segurar na minha calda. Ela fez e acho lindo quando consigo olhar pra trás, vez em quando, como ela curte a viagem! Vem também até onde quiser. Até pra sempre ou onde eu conseguir. Já amo incondicionalmente.
Quando fui chamado em tantas direções, peixinho ainda, queria tanto seguir todas que passei tempo suficiente nadando em círculos. Me cansei. Mas ainda tenho força, ô! Cada voz que me chama, ainda, saberei ouvir, mas para poder vislumbrar sempre um lugar melhor pra mim. E para os meus. Entendam, eles são eu. Eu, sendo eles. Agora entendo um pouco mais, mas quase nada ainda. 
Quem ainda quer continuar a berrar comigo mandando eu nadar pra qualquer lugar que queira sem pensar, só porque acha que pode. Tapamos nossos ouvido. Não repondo por ninguém. Nem por vocês que chamam ou gritam. Em lagoas, rios, mares, ou oceanos. Os que me berram, mandando pra me jogar de uma tal cachoeira com pedras no final, ou mesmo me proíbem lagos que preciso atravessar porque se acham donos, nem você por mim, nem eu por você.
Obrigado a todos. Hoje, sou um pouco mais forte e mais fraco. Obrigado.
Eu percebi que sou diferente de quem consegui ver esse tempo nas nadadeiras e na calda. Os vi de perto. E somos todos diferentes mesmo. Mas tem muitos que são iguais entre si e sentimos eles mais fortes. Chegamos a temer. Somos mais fortes assim, sentem? Eu sinto, estou aqui. Vocês sabem. Conseguiremos.
Bom, taí um bom começo do meu recomeço pra quem tiver um tempo pra si. Depois se quiserem, pra mim. Isso aqui está sob minha autoria. Minhas experiências. Minha e minhas vidas. Leiam sozinhos para vocês mesmos, se conseguirem. Mas tentem. Se preciso, segure na mão de outros peixes, não há mal em ser ajudado. Mas se somos, por que não ajudar também? Eles devem precisar tanto quanto nós! Não peçam pulmão para chegar onde sabe que não quer levar a quem está pedindo, ou mesmo acompanhar a jornada deste.
E os peixinhos, ah os peixinhos... são todos nossos! Meus, seus, nossos! E olha que eu escolhi viver de forma que nem peixinhos posso ter. Por isso, tenho vários, pretendo ter mais! E peixinhos, em algumas coisas, não todas, comedidamente, mas ainda respeitando que ele já é uma evolução sua. E não o peixe pequeno que você era. Ele já é um peixe adulto em corpo de peixinho. Conhece sobre evolução? Darwin? Então. Respeite-os. Mesmo. Porque depois eles farão o que foram ensinados, só que melhor. Cuidado. Primeiro com vocês, depois com os que te ajudam e a TODOS os peixinhos que nos rodeiam. Os meus. Os seus. Os nossos.
Paz no coração, gente. Na alma. Desejo tranquilidade para conseguirem se ver e saber, todos a sua maneira, como pensar. Corram. Tem peixinho morrendo. Tem peixinho aprendendo coisas erradas. Tem peixinhos vendo coisas horríveis em horário nobre... e homossexualidade não está entre uma das coisas que eles não devem ver, assim como respeito às etnias, religiões, etc. Não direi o que. 
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Pensem. Idéia. Não ordem ou pedido, não meus, não mais. Achei minha forma.
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DC3. Em casa, em família.
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fxfhq · 6 years
Note
esse rp ta ficando seletivo. respondi todo mundo e só três me responderam de volta, fora que vejo todo dia os @s interagindo com o resto. tá chato já, e no blog ooc seletividade pra plot também
Eu entendo seu incômodo, assim como espero que você entenda que não há muita coisa que nós, adms, possamos fazer sobre isso. Nós conversamos sempre com o pessoal pra ter cuidado com isso, fazemos plot drops e tentamos o máximo possível pra todo mundo gostar. A partir do momento que você vem falar isso na nossa inbox, como adm, eu me sinto pessoalmente atacada, como se eu tivesse falhando como administradora, e isso me deixa muito mal. Como player, por exemplo, eu só posso entrar durante os fins de semana, e deixo de lado boa parte das coisas da faculdade pra responder coisas do rp. Eu me prejudico na faculdade pra tentar dar conta do rp, vc tem noção desse compromisso? E eu tenho certeza que outros players estão na mesma situação.
Então, sim, eu estou pessoalmente ofendida com isso.
Na maior parte das vezes, a galera dá conta melhor de plots combinados e interações combinadas, porque ninguém tem muito tempo. É mais fácil interagir nos plots combinados, do que ir na tag de starter sempre respondendo. Eu não tenho dado conta disso. Eu começo interações com quem vem falar comigo, e com quem eu ploto. Se você mandou aquela mensagem coletiva pra todo mundo, eu acho bem provável que a galera te responda.
Mano, na boa, não é por mal, não é má fé, não é de propósito. Essas coisas acontecem, a dash tá ativa todo dia, mas as replies às vezes demoram pra sair. Eu fico feliz por você ter tempo pra responder tudo sempre, mas eu não tenho OSIJSOIJSOID, inclusive gostaria de ter tempo pra dar conta das minhas replies. Mas eu não dou, e inclusive, minha lista de turnos que eu preciso começar está publicada no blog do meu personagem @everybodyhatesbenji pra todo mundo ver. E inclui que se alguém quisesse, era pra avisar.
Enfim, é isso, eu nem sei mais o que te dizer POKPOSDK.
EDIT: Pra ter um plot interessante e que anime seu partner, tem que ser uma VIA DE MÃO DUPLA. Ou seja, não adianta ficar olhando a dash e esperar alguém falar com você, você precisa TOMAR INICIATIVA. Ir no chat, sugerir plot, pensar em coisas legais. Lembre que NÓS SOMOS HUMANOS, assim como você.
Olha anony, eu to bem ofendida agora porque eu mandei mensagem para todo mundo do blogroll (eu perdi minutos preciosos de vida nisso mas vale a pena) e 2% das pessoas me responderam. Inclusive, estou sempre querendo e pedindo plots no ooc. Ai como eu sou infelizmente uma dessas pessoas que não tem tempo nem para respirar e tem que virar o mundo para entrar no rp, isso machuca muito sabe? Porque eu to aqui realmente me esforçando para essa birosca funcionar (como player, nem vou entrar no mérito de adm) e ainda tenho que ouvir essas coisas?
Não tiro seu direito, de verdade. É uma merda não ser respondido, mas acontece que 90% das pessoas aqui tem que dar seus jeitos para poder entrar e interagir, por isso que as vezes é difícil mesmo plotar sem, efetivamente, ir falar com a pessoa. Mas o que custa ir conversar com o player? Mostre que tem interesse, que as pessoas podem chegar no seu chat gritando que nem loucas (eu faço isso, não me julguem). Ou espere um tempo. A tag de starter é meio parada as vezes porque, sim, os players em geral não tem tempo para estar na dash o dia inteiro, mas eventualmente eles entrar e respondem os starters da tag.
Depois de tudo isso, ainda deixo uma mensagem: VEM PLOTAR COMIGO QUE EU QUERO PLOTS SEMPRE.
Câmbio, desligo.
Olha anon, vamo sentar e ter uma conversa? Não adianta acusar o rp disso, se você quer plots, peça plots, vá falar com as pessoas, é assim que você consegue plots, te garanto que boa parte das pessoas aqui não ignora as mensagens do IM. Se seu problema é ser ignorado no IM quando busca plots, honestamente eu só posso acreditar que você não mandou para todo mundo pois eu recebi uma mensagens dessas só uns dias atrás.
Enfim, vou usar meu próprio exemplo para falar de postagem de interações eu estudo de manhã e a tarde eu tenho que fazer tudo (de tarefas domésticas a todos meus trabalhos e tentar voltar a escrever meu livro) as vezes eu tiro o dia para ignorar isso e trabalhar na central. Eu tenho um colapso de exaustão mental toda noite então eu só consigo responder pouca coisa por dia. Literalmente só respondi QUATRO das minhas interações pendentes três do draco uma do Neil
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betelgeusepixie · 2 years
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é catorze de setembro
é catorze de setembro de 2022 e hoje é aniversário da minha mãe. ontem foi aniversário da minha tia, que morreu há poucos dias e cujo acontecimento de morte me deixa triste por eu não ter ficado tão triste quanto deveria estar. é catorze de setembro e às vezes olhar nos olhos de amigos que eu devia confiar ainda me causa dor e medo, o medo amargo da desconfiança e do trauma, dos quais acho que nunca vou conseguir me livrar. porém, ao mesmo tempo, só agora sinto paz depois de meses de perturbação incessante, em quase todos os momentos em que estive acordada. é catorze de setembro e ainda choro regularmente por um quase algo que agora nem sei mais o que foi, questionando minhas próprias percepções, perdendo o mínimo chão que eu tinha sob meus pés nesse sentido, sem conseguir ainda sequer vê-la sem disparar o coração e o fôlego e sentir uma profunda tristeza. é catorze de setembro e ainda lembro vividamente da paisagem do rio vista do meio do seu leito, o azul-esverdeado das ondas indicando o caminho para o qual marchei aceleradamente por um quarto da minha vida. é catorze de setembro e as paredes já estão descascadas, já me acostumei com a vizinhança e já consigo andar pela casa no escuro total, mesmo bêbada, e lembrar exatamente de cada detalhe. preciso de roupas novas, não faço a sobrancelha há meses e meus olhos doem do choro reprimido. é catorze de setembro e nunca chorei tão regularmente em toda a minha vida. minha mesa está cheia de livros e papéis que provavelmente nunca lerei inteiros, transei há uma semana e meia, meu celular precisa de uma limpeza, me preocupo com minhas responsabilidades com minha família e tento adivinhar qual vai ser minha especialidade médica. em catorze de setembro, tento acreditar que muito do que vem acontecendo foi aprendizado e nada mais, e que vou continuar tendo aprendizados doloridos até superar meus defeitos que os tornam doloridos em primeiro lugar, mas ainda não faço ideia de como fazer isso. catorze de setembro de 2022 e estou me cercando no meu mundinho de música e fantasia, mesmo após mais de uma década dessa mesma prática. vejo manchas de sol em meu rosto, sinto o auge da maturidade física e sexual em meu corpo, me preocupo com meu sedentarismo quando fico ofegante e vivo meus 21 anos. é catorze de setembro de 2022 e tenho 21 anos, e agora aqueles dias em que eu não conseguia respirar no meu quarto, cortando os pulsos e me agarrando a imaginações semi-formadas do que seria minha vida aos 21 parecem tão distantes e tão próximos ao mesmo tempo, como se eu tivesse sido polida até reluzir, mas ao mesmo tempo como se tivesse só uma fina membrana transparente entre eu e aquela menina de catorze anos. catorze de setembro e estou viva e aprendi a diferenciar jacarandá de ipê, e continuo andando na rua sempre balbuciando músicas e com o rosto voltado aos céus, em busca de beber ocularmente qualquer visão de céu e árvores e pássaros e flores. continuo pecaminosamente magra, mas sinto alívio por odiar meu rosto com menos frequência; minha veia aparente perto do olho esquerdo continua aqui e ainda tenho mania de comer amendoins em número par e odiar a visão de roupas para fora da gaveta. agora uso três anéis nos dedos em vez de um e o meu cabelo partido no meio, coisa que não fazia desde os oito anos de idade. paro de escrever e me pergunto se é verdade que sou autocentrada demais, porque todos os meus textos são sempre sobre mim mesma. mas como não ser? qual tema me dá tanta propriedade pra falar quanto eu mesma? quem mais tem acesso ao bater do meu coração contra minhas costelas e à lembrança de olhar os urubus voando distante enquanto brincava no corredor daquela casa aos quatro anos? catorze de setembro de 2022 e ainda questiono o quão legítima é minha auto-proximidade e auto-cumplicidade. mas sei que existem e estão melhores que nunca. e aqui, agora e nessa data, isso é um alívio.
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Em pequenas doses de paranóia/ In small doses of paranoia
PT-Br→ O sorriso surge em minha mente e nunca consigo descrever a sensação que é, eu sinto suas mãos nas minhas, vejo seu reflexo quando olho no espelho, escuto o som da sua risada mas nunca consigo te ver, "tá tudo bem", repito essa frase para eu mesma tantas vezes, e choro de ver você longe, de não ter tu por perto e não pode te sentir aqui, faz duas semanas que isso começou, e três dias que eu tento ignorar sua voz, seu sorriso, seus olhos, suas mãos…. Tudo o que envolve você.
Tento não olhar suas fotos e evitar nossos amigos, eles sabem que não estou bem, mas fingem acreditar em minhas mentiras, e eu finjo que não sei que eles sabem.
Essa é aquela famosa parte da negação?
Eu pretendo que acabe logo….
Faz dois meses e nada mudou, vejo você nos lugares, grito para ti não me abandonar, sonho contigo todas noites, acho que irei passar com psicólogo para não sofrer mais do já estou….
Por que parece que não funciona?
Por que nada funciona?
Eu estou a dias, meses tentando e eu não consigo nenhum resultado….
Acho que posso chamar isso de fim? Certo?! Quando você desistiu de tudo na sua vida e não quer tentar mais nada, me fala anjo, foi isso que você sentiu naquele dia?
Então esse é meu fim, vou no nosso famoso ponto de encontro amanhã, me despedir de você, por um último segundo te imaginar ao meu lado e rezar para que não me abandone como sempre faz….
É hoje, já fui lá, naquele lugar lindo onde nos encontramos pela primeira vez, a vista do penhasco é bonita, onde dá em direção a um rio e tem um lugar secreto que te leva a um pequeno riacho, fui lá, chorei, gritei e te pedi de volta, você não apareceu….
É de noite, todos estão dormindo, vou fazer o mesmo que você meu amor, vou pegar as mesma pílulas que tu tomou e tomar todas que tem lá, acho que é isso que eu posso chamar de fim, não marcamos a história como queríamos, fomos apenas dois seres que se amaram até não poder mais, antes de mais nada me vem a pior memória, quando eu te encontrei no banheiro e implorei para você olhar para mim, e respirar, onde eu gritava no hospital implorando para você aguentar….. E você não aguentou…. E aí me vem uma bela memória, nosso primeiro beijo, naquele dia, perto do parque, a gente tinha saído junto pela terceira vez, você chegou como quem não queria nada e me roubou um beijo e depois fez a surpresa das flores, tu lembra disso?? Espero que sim…
Pego as pílulas, sento no lugar onde eu te achei e tomo todas, vou finalmente vou te reencontrar meu amor, vamos finalmente estar juntos, em meio a essa dor que me consome eu sorrio e digo as últimas palavras que deveria ter dito para você "Eu te amo, Gabriel", e finalmente fecho os olhos, esperando para te reencontrar
E esse é meu fim…. Com amor, Lilly
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English→ The smile comes to my mind and I can never describe the feeling it is, I feel your hands in mine, I see your reflection when I look in the mirror, I hear the sound of your laughter but I can never see you, "it's okay", I repeat this phrase to myself so many times, and I cry from seeing you far away, from not having you around and can't feel you here, it's been two weeks since this started, and three days I try to ignore your voice, your smile, your eyes, your hands…. Everything that surrounds you.
I try not to look at your pictures and avoid our friends, they know I'm not okay, but they pretend to believe my lies, and I pretend I don't know they know.
Is that that famous part of denial?
I hope it ends soon….
It's been two months and nothing has changed, I see you in places, I scream for you not to abandon me, I dream of you every night, I think I'll go to a psychologist so I don't suffer more than I already am….
Why doesn't it seem to work?
Why does nothing work?
I've been trying for days, months and I can't get any results….
Think I can call this the end? Right?! When you gave up everything in your life and you don't want to try anything else, tell me angel, is that what you felt that day?
So that's my end, I'll go to our famous meeting point tomorrow, say goodbye to you, for a last second imagine you by my side and pray that you don't abandon me like you always do….
It's today, I've been there, in that beautiful place where we met for the first time, the view from the cliff is beautiful, where it leads to a river and there's a secret place that takes you to a small stream, I went there, I cried, I screamed and I asked you back, you didn't show up….
It's at night, everyone's sleeping, I'm going to do the same as you my love, I'm going to take the same pills you took and take all the ones there, I think that's what I can call the end, we didn't mark history as we wanted, We were just two beings who loved each other until we couldn't anymore, first of all the worst memory comes to me, when I found you in the bathroom and begged you to look at me, and breathe, where I screamed in the hospital begging you to hold on.. … And you couldn't take it…. And then a beautiful memory comes to me, our first kiss, that day, near the park, we had gone out together for the third time, you arrived as someone who didn't want anything and stole a kiss from me and then you surprised me with the flowers, you remember from that?? I hope so…
I take the pills, I sit in the place where I found you and I take them all, I will finally find you again my love, we will finally be together, in the midst of this pain that consumes me I smile and say the last words I should have said to you " I love you, Gabriel", and I finally close my eyes, waiting to see you again.
And this is my end…. With love, Lilly
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tribunadomaranhao · 4 years
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Vida pós-Covid no Maranhão: recuperados sofrem com sequelas deixadas pelo coronavírus após vencerem fase aguda da doença
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Chamada de ‘Covid-longa’ ou ‘Covid-prolongada’ pode deixar sequelas como ansiedade, depressão, dificuldade para respirar e dores musculares. Ao G1, pacientes que se recuperaram da doença no estado, relataram as dificuldades que têm enfrentado nos últimos meses e a busca pela recuperação. Amanda Couto, Kalil Mendes e Nataly Nogueira tiveram sequelas da Covid-19, chamada pelos especialistas de ‘Covid-longa’ ou ‘Covid-prolongada’. Arquivo pessoal Há um ano, em 20 de março de 2020, o Maranhão confirmou o primeiro caso de Covid-19. Desde então, a vida de aproximadamente 7 milhões de maranhenses, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mudou drasticamente. A máscara virou um acessório essencial, o álcool em gel um item de luxo e o convívio social se tornou raro. 1 ano da Covid-19 no Maranhão: Os erros e acertos, segundo especialistas Entretanto, as mudanças mais drásticas aconteceram para uma parcela da população infectada pela Covid-19 no Maranhão, que apresentou sequelas deixadas pela doença, chamadas pelos especialistas de ‘Covid-longa’ ou ‘Covid-prolongada’. Um dos estudos mais recentes sobre o tema foi feito por um grupo de universidades dos Estados Unidos, México e Suécia. O resultado das pesquisas, apontou que os sintomas da ‘Covid longa’ atingem até 80% dos infectados. Com mais de 232 mil infectados pela doença desde o início da pandemia, segundo o último balanço divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulgado na sexta-feira (19), milhares maranhenses também sofrem com as sequelas deixadas pelo novo coronavírus. Pessoas com histórias de vida diferentes, que passaram por períodos de tratamento distintos, mas que compartilharam entre si, sequelas físicas e psicológicas deixadas pela Covid-19. O G1 reuniu alguns desses relatos abaixo, confira. Covid-19: 8 lições aprendidas em um ano de pandemia Covid persistente: quem está mais propenso a sofrer com o problema ‘Até hoje sinto sequelas’ Desde que testou positivo para a Covid-19, há quase três meses, a vida da jornalista Amanda Couto, de 37 anos, que vive em São Luís, tem sido uma batalha diária contra as sequelas deixadas pela doença. Sem comorbidades, adepta de uma alimentação saudável e praticante assídua de atividades físicas, a jornalista teve uma surpresa ao ser diagnosticada no fim do tratamento da Covid-19, com a Paralisia de Bell – conhecida como paralisia facial. O problema só foi percebido pela afilhada de Amanda, que estava com ela durante o período de isolamento social. Após o diagnóstico, Amanda começou a apresentar outros sintomas como calafrios, dormência nos membros, desânimo, queda de cabelo, confusão mental e pressão baixa. Ao G1, ela relata que a paralisia atrelada aos demais sintomas, foi um gatilho para o desenvolvimento de outros problemas de saúde, como ansiedade e depressão. “Foi um gatilho para outros sintomas como ansiedade e até depressão. Comecei a ficar muito insegura, com medo de tudo, com crises de ansiedade e tive uma certa síndrome do pânico. Mexe muito com seu emocional você de repente se olhar e não se reconhecer mais. Você se olhar no espelho e ver que não consegue sorrir ou dormir”, conta. Quase no fim do tratamento contra a Covid-19, a jornalista Amanda Couto foi diagnosticada com a Paralisia de Bell, conhecida como paralisia facial. Arquivo pessoal Ao mesmo tempo que sofria com as sequelas físicas e psicológicas, Amanda Couto também precisou lidar com o estado de saúde da mãe, que estava internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com Covid-19, em um hospital da capital maranhense. Após 24 dias longos dias no hospital, a mãe da jornalista está curada. “Os médicos dizem que todo o estresse que passei pode ter contribuído para que eu tivesse paralisia. Era para eu estar em casa me recuperando, mas minha mãe estava internada na UTI do hospital. No momento que eu deveria estar focada na minha recuperação, eu estava pensando o tempo todo na cura da minha mãe”, diz. A jornalista conta que durante o tratamento também ficou muito preocupada com o filho, Guilherme, de 1 ano e sete meses, que não havia testado positivo para a Covid-19. Por conta do diagnóstico dela e do marido – que também estava com o novo coronavírus -, ela precisou redobrar os cuidados em casa e usar máscara por 24 horas. Síndrome rara que já atingiu 197 crianças e jovens pós-Covid no Brasil poder causar febre e mais 8 sintomas Amanda Couto e mãe que se recuperou da Covid-19 após passar 24 dias internada em São Luís (MA). Arquivo pessoal “Eu digo que quebrei a cara, porque achei que fosse passar por tudo de forma branda, assintomática, mas não. Sempre tive muito cuidado, evitava festas, aglomerações e qualquer coisa que pudesse me colocar nessa situação. Porém, eu acreditava que se eu pegasse, não seria algo grave. Porque as pessoas sempre espalharam por aí que as pessoas sem comorbidades agem de uma forma melhor em relação à doença, mas não é bem assim”, explica. Segundo Amanda, ela está 90% curada da paralisia facial e há duas semanas, tem sentido uma melhora nas sequelas físicas deixadas pela Covid-19. Há pouco mais de um mês, ela começou a fazer sessões de terapia holísticas e psicológicas. Entretanto, a jornalista afirma que ainda há outras sequelas que precisam ser tratadas. Até hoje eu sinto sequelas. E para mim, uma das mais complicadas, depois da paralisia, é a saúde emocional. Porque é um gatilho para liberar questões como depressão, ansiedade, que você não consegue melhorar de uma hora para a outra. As minhas atividades físicas eu estou retornando muito lentamente, mas ainda não consigo fazer um exercício físico sem sentir fraqueza, às vezes não sinto ânimo. Eu digo que a paralisa foi a cereja do bolo. Foi o que faltava para meu equilíbrio emocional desandar. Os dias difíceis vividos por Amanda durante a recuperação se tornaram fonte de aprendizado. Hoje, ela afirma que suas prioridades mudaram e a partir de agora, pretende desacelerar com o trabalho e aproveitar mais os momentos em família. “Quando a gente passa por situações assim, a gente dá muito mais valor a vida, dá muito mais valor a nossa família e aos momentos em família. Você deixa de lado algumas coisas que você considerava prioridade e elas mudam. O trabalho fica em segundo plano e a sua vida e, quem você ama, em primeiro”, diz. A jornalista reforça, também, que a experiência acendeu um alerta sobre a importância de manter os cuidados contra a Covid-19 nas pessoas mais jovens. “Eu vejo que essa pandemia, além do coronavírus, a gente tem uma pandemia oculta, que a saúde mental. Então a gente precisa falar sobre isso e alertar as pessoas que a gente não está imune sobre isso. Você é jovem, pode ter uma saúde ok, achar que está com uma saúde ok, e de uma hora pra outra, ser tirado tudo de você”, concluiu. ‘Não sentia vontade de fazer nada’ Nataly Nogueira, de 28 anos, ainda sente dificuldades para respirar e têm queda de cabelo, devido a Covid-19. Arquivo pessoal Trabalhando na linha de frente como recepcionista na emergência de um hospital particular de São Luís, a maranhense Nataly Nogueira, de 28 anos, ficou surpresa ao receber o diagnóstico positivo para Covid-19. O motivo: ela acreditava que já havia sido contaminada anteriormente, por ter apresentado sintomas gripais e ter contato diário com pacientes com casos suspeitos. Após ter outros sintomas, como calafrios e falta de ar, Nataly resolveu fazer um teste para o novo coronavírus e o resultado foi positivo. O que até então, não era motivo de preocupação, se tornou um pesadelo para a jovem, ao descobrir por meio de uma tomografia, que seu pulmão estava com 35% de comprometimento. Nataly Nogueira optou por fazer o tratamento médico em casa. Durante o período, ela explica que a falta de ar e a fraqueza eram os sintomas mais comuns. “Eu perdi muito peso no tratamento. Cheguei a ficar cinco dias ingerindo apenas líquidos, não sentia vontade de fazer nada”, relata. Praticamente um ano após a cura da doença, a recepcionista ainda sofre com as sequelas deixadas pela Covid-19. Dentre elas, dificuldade para respirar, queda de cabelo, manchas na pele e a perda de memória. Eu ainda me canso facilmente, tive muita queda de cabelo, precisei fazer um tratamento e tomar umas vitaminas para melhorar. Tive problemas de esquecimento, algumas coisas pequenas eu ainda esqueço. Se eu subir a rampa me cansa, se eu andar muito rápido e se eu falar me cansa também. Tive algumas manchas na pele, que segundo meus médicos, podem ser devido ao Covid-19. A recepcionista conta que os danos psicológicos causados pelo isolamento social, tornaram sua recuperação mais complicada. Com medo de não conseguir vencer a batalha contra a doença, Nataly diz que deixou uma prima sob aviso, caso algo acontecesse com ela. “Fora as dores que a doença te dá, o medo que seus familiares têm em te perder e o abalo psicológico que você tem em saber que pode morrer, é grande. Então, eu deixei uma prima minha avisada, caso alguma coisa acontecesse comigo. A gente se prepara para isso”, relembra. ‘Tive crises de ansiedade’ No auge da juventude, o funcionário público Kalil Mendes, de 23 anos, enfrentou dias difíceis ao ser diagnosticado com Covid-19. Além das dores físicas ocasionadas pela doença, ele precisou enfrentar alguns problemas psicológicos, até então nunca vividos antes, devido ao novo coronavírus. Em isolamento social, Kalil Mendes conta que precisou lidar com crises de ansiedade diárias e palpitações. Ao G1, ele relembra que durante o período em que esteve isolado, teve muito medo de ter transmitido o vírus para outras pessoas nas quais ele havia tido contato. Tive outros sintomas como tontura, dor na região dos olhos e a perda total do olfato e paladar vieram gradativamente. Mas, o que me chamou mais atenção, foi o abalo psicológico que eu tive durante o tratamento. Tive sensação muito forte de angústia, crises de ansiedade e o meu coração acelerava bastante. Às vezes eu me sentia como se estivesse sozinho no mundo”, disse. Aos 23 anos, o funcionário público Kalil Mendes sofre com crises de ansiedade, após ter sido diagnosticado com o novo coronavírus. Arquivo pessoal Os problemas foram se agravando durante o período de tratamento, principalmente quando o jovem tinha acesso às notícias da situação do sistema de saúde do Maranhão e em outros estados do país. “O combo de estar com Covid e ver o que acontecia no mundo, ler as notícias, acompanhar esse caos, também comprometeu minha saúde mental”, disse. Hoje, Kalil já está curado da doença. Entretanto, por conta dos problemas psicológicos desenvolvidos durante o tratamento, ele precisou ser afastado do trabalho. Para o jovem, o foco agora é na recuperação da sua saúde mental e na retomada da sua rotina de estudos e trabalho. “A doença afeta diretamente na nossa produtividade, na nossa concentração e motivação. Querendo ou não, a nossa rotina dá uma balançada por conta do isolamento. Acredito que a terapia precisa estar alinhada com o nosso cotidiano, a gente já passou dessa fase de menosprezar doenças mentais, elas precisam sim ser levadas a sério”, disse. ‘Covid longa’ ou ‘Covid prolongada’ Ao todo, 55 sintomas já foram listados por especialistas como os mais conhecidos de uma doença que vem sendo chamada de “Síndrome Pós-Covid”, “Covid longa”, “Covid persistente” ou “Covid prolongada”. O nome oficial e as classificações destas complicações causadas pela Covid-19 devem ser definidos em breve por especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade reúne dados de pesquisas pelo mundo que já apontam, por exemplo, que as mulheres são as que mais relatam as complicações oriundas da infecção pelo Sars-Cov-2. Mesmo que ocorra com mais frequência em pacientes que sobreviveram à versão grave da doença, a Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada, sem precisar de hospitalização. Médica cria grupo de apoio a pessoas com sequelas da Covid; ‘sintomas que persistem não são caso de ansiedade’ Sintomas da Covid longa Elcio Horiuchi/G1
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umromeusemjulieta · 4 years
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Eu sempre estive por aqui, tentando te salvar, eu sempre quis fazê-lo antes mesmo que você pudesse tropeçar por todo este longo caminho que você tem andado. Eu quero te salvar, todos os dias, quando a sua mente desperta e o teu olhar castanho percebe o mundo cinza a sua volta, bem cedinho, antes que qualquer algoz note que você acordou e insista em lhe assustar, eu quero te salvar pra ver você respirar fundo por dois minutos sem ter nada com que se preocupar. Eu definitivamente quero salvá-la daqueles  que te cercam e que não importa quanto tempo passem ao seu lado, jamais seriam capazes de entender a imensidão que mora no seu pequeno coração, é quase que como uma singularidade universal, tipo CABOOOOOOM! O Big Bang! Um universo em expansão dentro da sua razão. Eu quero te salvar daqueles que não compreendem o teus “nãos”, que não conseguem te dar o seu espaço, porque os que lhe conhecem de verdade, sabem tão bem quanto eu, que você é meio desastrada, mas não é sua culpa, isso é apenas o seu ser sendo demais para este pequeno mundo. E agora referindo-me ao supracitado mundo, eu quero te salvar de toda e qualquer cobrança que seja demasiadamente exagerada que este mundo tenha para lhe dar, salvar daqueles que te pedem respostas que você ainda não tem, essa vida corre demais e você quase sempre tende a caminhar com passos cheios de graça, o seu ritmo é outro, você ainda não deu de cara consigo mesma. Eu quero te salvar, quando você chora deitada e eu não posso estar do seu lado pra te abraçar, fazer um cafuné e fantasiar a minha penumbre personalidade de palhaço e te fazer rir até o cansaço passar, as lagrimas secarem, até que você mal possa sentir a sua barriga de tanto gargalhar, outras vezes quem sabe com um silêncio de qualquer maneira, te confortar, nem sempre você está mais para cá do que para lá. Eu quero salvar-te quando tua insônia a despertar na escuridão noturna, motivada por um pesadelo horrível que já à quase três semanas não te deixa dormir, e eu sei que sonhos ruins te deixam ansiosa. Eu quero te salvar até de você mesma,  quando você fica sentada no banheiro olhando a parede, tão fixamente a um ponto, a ponto de poetizar sobre isso, porque a ansiedade te devora por dentro e você  não poderia se ancorar em qualquer outra coisa que não fosses aquele ponto no porcelanato da sua casa. Eu quero te salvar, daqueles muitos que caminham por sua vida, dos que fazem com que você sinta que todos estão contra você e que o mundo todo pesa nas suas costas. Eu quero te salvar do trânsito que te deixa agoniada, te faz chorar, se estressar e xingar uns dois de lá pra cá, ainda que seu coração seja muito bom para guardar aquela raiva que te tira o ar. Eu quero te salvar das obrigações diárias que impedem que você dê todo o seu potencial nas infinitas coisas que te fazem ser extraordinária, dos seus livros inacabados e  dos artigos que te deixam sempre acabada. Eu quero te salvar dos filmes que não tem qualquer graça, eles quase sempre estão por ali a te entediar, salvar da maldade que existe em inúmeros lugares, do calor do verão que te faz agonizar com os mormaços de novembro. Eu quero salvar todos que habitam o mundo  e acabar com qualquer manifestação de sofrimento existente, porque eu sei que você se importa tão completamente com os outros que te afundaria em tristeza se eu não o fizesse. Eu quero te salvar de mim, de toda a insegurança que eu tive por muito tempo e que em muitas vezes nos atingiu como um soco nocauteador, eu quero te salvar! Do quanto a minha inconstância esteve por tanto a te machucar. Eu fecho os meus olhos e os abro, dia após dia, esperando  te salvar de tudo que ofusque o brilho que reside no seu olhar, aquele brilho em que vi o reflexo da minha alma e fez com que aquele segundo nunca acabasse, eu o faço, esperando que o sorriso tímido dos seus lábios, em cada momento se torne uma gargalhada e você não precise se importar com a aparência dos seus dentes porque a sua risada é de estremecer o ar. Eu tento te salvar de qualquer coisa que por minimamente à avilte  de si mesma. Qualquer coisa, mesmo que por muito tempo eu tenha acreditado que essa coisa fosses eu. Eu espero humildemente  te salvar de toda a tristeza, mesmo tendo ciência que as vezes ficar triste é normal e esperado. Me desculpe por tanto ter falhado, nem sempre eu tenho alcançado o resultado esperado, mas eu sou incansável e eu jamais pensaria em não te salvar por um segundo que fosse, porque neste momento eu teria me esgotado, e aquilo que sinto é inexaurível deveras imutável, inenarrável.
-Gabriel B. 
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miltsextos · 4 years
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Capturado, Transformado e Livre,VIII
Capítulo 8 - Para tudo isso
Agendo um exame pré-cirúrgico para a terça seguinte. Com a ajuda de um amigo próximo que sabe tudo sobre Suzy, encontro um médico que me atenderá imediatamente, sem toda a burocracia. Normalmente, eu levaria pelo menos um ano e todos os tipos de exames psicológicos, mas ele agiu rapidamente de alguma forma e tenho uma cirurgia marcada para a próxima semana. Estou um pouco assustado. Estou fazendo a coisa certa? Não há como voltar depois disso.
O médico não parece nem um pouco perturbado por eu ser todo um cara sob essas roupas sensuais. Ele disse que já fez muitas dessas cirurgias e que eu adoraria tudo quando estivesse curado. Ele ficou impressionado com o crescimento do meu peito. Eu também. Faz duas semanas que não colo formas de seios ou quadris e me sinto muito livre. O médico me mede, apalpa meu saco e me faz um exame de próstata enquanto estou na mesa com os pés apoiados nos estribos, como uma menina faz quando faz exames pélvicos. Ele massageia meu seio para avaliar o tamanho do implante a ser inserido. Ele tira fotos de mim e até do meu rosto. Estou ficando animado agora. Só espero que Antonio ame o meu novo eu depois que tudo isso terminar. Ainda estou um pouco apreensiva, mas o médico garante que vou ficar bem e vou ficar bem. Isso ajuda a me garantir que estou fazendo a coisa certa.
O grande dia está aqui. Eu arrumo uma pequena bolsa. Não vou precisar de muito, só uma camisola, um sutiã e uma calcinha. Quando eu chegar em casa terei meus próprios seios e não terei mais que lidar com as formas de seio. Minha buceta é outra coisa. Terei que fazer dilatações diárias para abrir meu canal vaginal. Disseram-me que dói no início, depois se torna natural. É como ser fodida, uma garota me disse.
A enfermeira me prepara e injeta remédios para me relaxar. Uau, isso é sempre bom.
A enfermeira acaricia meu cabelo. "Você vai dormir, querida, e acordar uma nova garota. Não é emocionante? Agora apenas relaxe."
Quase em um instante, eu me perdi totalmente.
"Vamos, querida, abra os olhos. Acabou tudo e você foi perfeito."
Eu lentamente abro meus olhos e tento me concentrar. Eu sei que é uma enfermeira, mas isso é tudo que posso entender. Ela está medindo minha pressão arterial. Estou começando a ver melhor. A enfermeira termina e sai da sala.
Eu vejo o médico entrar no meu quarto.
"Uau. Fico feliz em ver que você está acordado. Garoto, você gosta de dormir, querido."
Abro a boca e tento falar, mas dói muito e só consigo guinchar.
"Não tente falar, querida. Você terá uma nova voz mais aguda e aquele seu septo desviado, bem, isso também foi consertado. Você vai ter o nariz arrebitado mais fofo agora. Não vai ser maravilhoso? Tente deixe suas cordas vocais curarem e não fale por pelo menos três dias. Vai soar grave por alguns dias, mas eu garanto a você, você estará cantando em breve. "
Quero falar, mas não consigo. Acho que tudo que posso fazer é deitar e me curar. Meu peito está muito dolorido. Espero que o médico não tenha ficado muito grande.
Eu entro e saio pelo resto do dia. O médico veio mais tarde naquele dia para me verificar. Ele foi muito legal e me disse que vou ficar linda quando me curar. Isso me faz sentir muito melhor. Eu me sinto uma merda agora.
O dia passa e começo a me sentir melhor. A dor ainda está lá, mas parece que tenho mais energia. Meus seios estão um pouco doloridos, mas controláveis. Meus seios estão muito bem embrulhados e há dois sacos plásticos recolhendo o dreno da cirurgia. A enfermeira esvazia as bolsas e as recoloca dizendo que isso é perfeitamente normal.
Durmo como um bebê naquela noite e acordo me sentindo um pouco melhor. A enfermeira tira meus sinais vitais e esvazia os sacos de drenagem novamente. "Você está fazendo uma magnífica Suzy. Quase sem drenagem. O médico ficará satisfeito."
A enfermeira me ajuda a sair da cama e eu caminho lentamente pelo corredor e volto sozinha. A enfermeira sorri e diz que vai avisar o médico. Estarei fora daqui ao meio-dia.
O médico chega para uma última verificação. Ele abre as bandagens e acena com a cabeça. Ainda não consigo vê-los. Ele diz que ainda preciso ficar no esgoto por alguns dias e voltar ao escritório na próxima segunda-feira. Disseram-me para ficar longe de meus pés também. Apenas me levante e caminhe por alguns minutos a cada poucas horas até que minha força volte ao normal. Ele verifica o resto do meu corpo e sorri e acena com a cabeça novamente.
"Todo o resto está indo muito bem, Suzy. Você se recupera muito rápido."
A enfermeira me ajuda a me vestir. Estou usando um sutiã pós-cirúrgico fortemente acolchoado. Meus tops normais não cabem por um tempo. Pensei no futuro e embalei uma das minhas velhas camisetas do Tom e um suéter grande. Isso deve funcionar bem. Eu também trouxe algumas calças de ioga, sabendo que vou ficar dolorido lá por um tempo também.
Eu me sinto como uma velha apenas arrastando os pés em um suéter enorme. O médico disse que vou ter uma recuperação rápida. Eu certamente espero que sim.
Depois de alguns dias, estou de pé e pronto. A dor realmente diminuiu e estou pronta para tirar esse sutiã apertado para que eu possa ver o meu novo eu. Eu vejo o médico amanhã. Espero que tudo tenha corrido bem. Tenho esvaziado os sacos de esgoto diariamente e quase não há mais escoamento.
Eu saio para ver o médico. Espero no saguão até que meu nome seja chamado. "Suzy Thomas." Eu me levanto e sigo a enfermeira até a sala dos fundos.
Por favor, tire a roupa, querida. Coloque isso e pule na mesa. O médico estará bem com você.
Claro que vejo os estribos de metal presos ao final da mesa. Agora eu sei como é quando uma garota abre as pernas para um médico. Você apenas tem que superar isso, eu acho.
O médico entra e começa seu exame. Primeiro, como está sua voz, querida? Limpo a garganta e digo: "Acho que está curado muito bem, doutor. Você não acha?" Pareço um pássaro cantando alto. É muito mais fácil do que trabalhar nisso. É totalmente natural agora e eu amo como pareço feminina. Ele está sorrindo.
"Muito Deus, querido. Agora que tal o seu nariz?" Não olhei para o meu nariz. O hematoma parece ter desaparecido. Ele tira a gaze e enxuga o anti-séptico vermelho. Ele me entrega um espelho e Oh meu Deus , meu nariz é perfeito. Sempre odiei o desvio de septo e o pequeno vigarista e a pequena queda no final. Está tudo certo agora, eu posso respirar melhor, é mais fino e é tão fofo e um pouco arrebitado também. Eu estou ótima. A transformação é realmente incrível.
O médico também está satisfeito. "Que tal você levantar as pernas para que possamos verificar lá embaixo. OK?"
Eu deslizei e deitei colocando meus pés nos estribos. Eu instintivamente puxo para baixo o vestido minúsculo para me cobrir. Isso é inútil, ele vai ver o Full Monty de qualquer maneira.
O médico puxa a bata e prossegue com o exame. Ele remove cuidadosamente a gaze. Ele já retirou a compressa no dia seguinte à cirurgia e eu só tinha uma compressa de gaze colada em mim para pegar qualquer drenagem. Ele me fez começar a dilatar dois dias após a cirurgia. Doeu como o inferno nos primeiros dias e a dor diminuiu. Ainda sinto pontadas de vez em quando, mas acredite ou não, na verdade é bom. Todo lubrificado, ele desliza e eu pressiono profundamente para abrir a cavidade vaginal. Ele me disse que quanto maior, melhor e quanto mais exercito meu novo encanamento, maior o pênis posso aguentar. Corei quando ele disse isso, mas ele estava falando sério.
"Bom, muito bom. Alguma dor quando pressiono aqui, querida?"
Posso sentir pressão, mas não sinto dor.
"Que tal aqui?"
Sinto uma pontada de dor, mas nada ruim.
"Bem, eu acho que você está bem, querida. Mais uma semana e você estará curado."
Essas são ótimas notícias.
"Ok e agora ver sua cintura. Por favor, levante-se para mim."
Eu saio da mesa e ele levanta meu vestido olhando para seu trabalho. Eu posso sentir suas mãos esfregando meus lados.
"Muito bem, querida. Isso é perfeito. Acho que você ficará satisfeito com uma cintura mais estreita e curvas mais bonitas. Agora, por favor, deite-se para que eu possa fazer uma comparação antes e depois."
Não me olhei no espelho a semana toda. Eu estava realmente assustado com o que veria. Eu realmente não consigo lidar com sangue ou cicatrizes.
Ele me mostra as fotos. OH MEU DEUS! Eu tenho curvas, curvas reais. Eu não posso acreditar. Eu me sinto fenomenal. Até a parte inferior da minha caixa torácica parece mais elegante. Na verdade, tenho minhas próprias curvas sem almofadas falsas. Isto é incrível. Tenho cintura feminina e torso mais fino. Estou impressionado.
Ele me fez sentar na mesa enquanto lentamente desabotoava o sutiã apertado. Oh meu Deus, é bom ter essa coisa restritiva indo embora. Ele desembrulha a gaze me dizendo para continuar olhando para frente. "Agora, isso pode doer um pouco."
Ele puxa o único tubo de drenagem e sinto essa cobra correr pelo meu corpo até virar para fora. Foi desagradável, mas não ruim. A enfermeira imediatamente coloca um absorvente com anti-séptico em mim e o coloca com fita adesiva. Ele então faz a outra mama e eu sinto o mesmo desconforto, mas não sinto dor. Eu odeio dor. Estou toda presa agora e mostrando meus novos seios a todos. O médico recua e esfrega o queixo. Algo está errado. Estou estragado?
Eu tenho sorrisos. "Minha querida, eu acho que você tem os seios mais perfeitos que se possa imaginar. Eles estão fantásticos. Levante-se e olhe no espelho."
Eu me levanto e me viro para o espelho. Puta merda. Eles são lindos e tão sexy. Eles são lindos. Eu não posso acreditar que agora tenho um par de seios sensuais no meu corpo. Isso é incrível. Passei de um copo pequeno A para fabuloso em apenas alguns dias. Estou tão feliz agora que estendo a mão e abraço o médico pressionando meus novos seios contra seu peito. Eu não sei o que acabou de acontecer, mas estou oprimido neste momento. Estou pronto para chorar.
Eu me viro de lado, olhando para o novo eu. Eu pareço fenomenal de qualquer ângulo. Eles são perfeitos. Nem muito grande nem muito pequeno. Simplesmente perfeito. Ele me diz que sempre posso aumentar de tamanho, se quiser. Maior? Como eu poderia ser maior? Eu simplesmente não posso esperar para chegar em casa para experimentá-los com minha amante sexy um dia desses. Eles não serão mais falsos.
Eu andei no hospital na semana passada um pequeno copo A. Agora sou uma xícara C ou mesmo D. Tudo parece como deveria agora. Eu tenho um corpo que combina com minha mente.
Eu vou para casa. Mal posso esperar para experimentar alguns dos meus sutiãs sensuais agora. Eles devem ficar lindos com meus novos seios. Eu não os toquei em uma semana também. Eu me pergunto o quão sensíveis eles são. O médico não disse.
Não tomo um bom banho há mais de uma semana. Decido tomar um bom banho de espuma quente em vez disso. Eu ligo a água enquanto tiro minhas roupas olhando para a garota sexy no espelho. Eu não posso acreditar na transformação. Eu pareço uma garota de verdade agora. Uma garota sexy está olhando para mim com seios lindos, cintura estreita e um arbusto pequeno e bonito destacando uma buceta nova e sexy. Não tenho mais testículos ou pênis pendurado. Eu sou toda garota agora. Uma garota de verdade com uma buceta de verdade.
Escorregando na água quente e imergindo nas bolhas perfumadas de lavanda, estou de volta ao meu elemento. Isso poderia ter explodido se eu não confessasse tudo com Barb e ela comigo. Foi uma espécie de kismet, na verdade. Ainda estou com frio na barriga só de imaginar como minha vida mudou em tão pouco tempo.
Depois do que pareceu uma década, eu me levanto e me enxugo. A banheira escoa enquanto eu saio. Eu deixo cair a toalha quente no chão e Oh meu Deus , eu estou linda. Muito bonito. Eu não posso acreditar. Agora estou satisfeito com minha decisão de aprimorar meu corpo. Eu me sinto totalmente diferente agora, enquanto aplico a loção doce na minha pele sedosa. Por algum motivo, minha pele parece ainda mais sedosa. Isso é estranho. No rosto meu cabelo está mais macio também e meu rosto, meu rosto parece mais fino e tem um aspecto mais feminino. Bem, só devo ser eu aceitando quem sou agora. Claro que também podem ser os hormônios. Eu tola.
Esta noite é só um lindo ursinho, um robe, uns chinelos quentes e deixar meu cabelo secar sozinho. Chega de calças de ioga, sutiã apertado ou pijama áspero. Estou de volta ao modo Suzy e ela é uma mulher sexy. Com este novo corpo, uma música vem à mente. Agradeço a Deus por Shania Twain por gravar meu novo mantra… Cara , eu me sinto como uma mulher. Estou ficando cansado e vou para o meu quarto.
Eu me vejo no espelho. Esqueça o visual desalinhado. Esta noite me sinto alegre. Claro. Uma camisola super sexy para esta noite. Eu mereço.
Essa coisa linda e sexy é perfeita. Ela abraça meus seios maravilhosos e novas curvas sensuais e me dá cócegas por dentro. Eu até sinto arrepios na minha nova boceta. Oh meu. Isso é tão fenomenal. Uau. Eu amo o novo eu.
Eu deslizo sob a capa com Antonio. Eu me graduei para dilatadores maiores e é hora de testar Antonio. Depois de lubrificar bem, apaguei todas as luzes e deitei no travesseiro com meu monte quente gritando de prazer. Esfrego meus seios novos e sinto como são maravilhosos e cheios. Eles não são mais seios falsos e eu sinto sensações completamente diferentes enquanto bato meus mamilos e acaricio meus maravilhosos globos de beleza. Oh meu Deus, eles são tão bons. Estou perdida em uma sensação maravilhosa enquanto me apalpo. Eu não quero gozar ainda. Eu tenho que me controlar. Ainda não tive um orgasmo. O médico disse que tudo funciona, então é hora de experimentar meu novo encanamento.
Eu posso sentir minha boceta quente já ficando excitada. O médico diz que posso sentir um pouco de lubrificação quando fico excitado. Sinta isso, Puta merda, estou ficando muito molhado. Meu Deus. Não posso acreditar que estou quente e molhada só de pensar em encher este vibrador duro na minha nova boceta.
Bem, aqui vai. Eu pressiono a cabeça de Antonio contra minha nova fenda. O médico realmente se superou e criou lábios perfeitos com um clitóris super sensível. Ele diz que é seu melhor trabalho de todos os tempos. Apenas um médico treinado em mudança de sexo seria capaz de dizer que não é geneticamente feminino. Bem, veremos.
Antonio desliza facilmente. Pratiquei com dilatadores maiores, mas não na forma de um pau que vibra. Já estou começando a sentir zumbido no meu canal quente. Antonio desliza ainda mais e eu suspiro. Oh merda, isso é tão bom. Eu fecho meus olhos apreciando as sensações e ondas de prazer que me envolvem.
Antonio desliza tão profundamente quanto pode e eu sinto as vibrações contra meu clitóris sensível me enviando para a órbita. Não acredito que já estou tendo um orgasmo. É totalmente diferente de ser um cara. Onda após onda me aquece enquanto grito em êxtase. Eu também não estou parando e meu corpo convulsiona a cada espasmo. Eu aperto Antonio e o deslizo para dentro e para fora. Tudo o que consigo pensar é no verdadeiro Antonio me fodendo, não neste dildo.
Eu não aguento mais. Estou totalmente exausto. Antonio desliza para fora de mim e eu desabo na cama. Puta merda. Se é assim que fico quente e sexualmente excitado com apenas um pau falso, me pergunto como será a sensação da coisa real. Ele é maior do que esse pau falso. Tenho certeza que ele vai balançar meu mundo.
Eu volto para a terra e minha respiração está de volta ao normal. Estou totalmente encharcado lá também. O médico disse que posso ficar lubrificado, mas, puta merda, a cama está ensopada e não é xixi. Minha linda camisola também está encharcada. Vou ter que colocar outra coisa.
Durmo como um bebê ontem à noite. Sou realmente uma mulher, por dentro e por fora. Achei que me vestir de menina era divertido, mas, nossa, morar nesse corpo sexy e ter todo o encanamento certo, estou pronta para tudo.
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hemerson · 7 years
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Batida
Nesses momentos em que não se avista ajuda humana e mesmo alguma intervenção humana não poderia surtir efeito nenhum, é nesses momentos que a maioria de nós busca socorro em alguma entidade divina. Isso varia tanto de lugar para lugar como, principalmente, de pessoa para pessoa. Eu, cujo TCC há 5 anos tratava sobre as divindades ao redor do mundo e dos tempos e de seus substitutos atuais por mitos modernos, nunca parei para definir bem a minha crença em algum Deus, nunca pensei sobre o meu credo. Sigo como a maioria das pessoas, que acreditam em um Deus, mas não fazem ideia de quem ele seja. Agora, nesse momento realmente difícil da minha vida, sem ajuda humana ao meu redor, eu penso nos infindáveis panteões de divindades e decido invocar a mais improvável, a que qualquer pessoa jamais pensaria em chamar. Eu clamo por Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar. 
Eu não sinto minhas pernas. Provavelmente estão destroçadas e não consigo ver porque o cinto de alguma forma ficou preso, o que me impede de levar o corpo para a frente e também porque sinto que alguma costela está quebrada. Ou algumas. Por isso não me mexo para abrir a porta, que está totalmente amassada. Até a respiração está difícil. E eu tento lembrar o que foi que aconteceu. Meu relógio marca 3:30 e o silêncio ao redor é o de um cemitério. Horas mortas. Busco na mente o que aconteceu até eu chegar nesse estado. O que lembro primeiro é que menos de três semanas atrás eu fiz sexo com minha mulher contra a parede. Contra o meu ciúme. Contra a moralidade. Contra tudo aquilo em que eu acreditava. E que depois ia se virar contra mim. 
Lembro de ter comido um omelete com café bem preto depois de ter pego a correspondência. Tinha algumas coisas para minha mulher e uns envelopes para mim. Chegou a nova edição de A Queda de Artur, para saciar um pouco meu vício tolkieniano. Algumas coisas ainda estão desfocadas, envoltas em brumas, então daí minha memória vai para um bar, onde passei desde a tarde até o anoitecer, já que algo preocupava minha cabeça. Alguma coisa relacionada aos correios e a mensagens no celular. Perdi a conta de quantas garrafas de cerveja bebi, mas mesmo entorpecido como estava eu tenho noção de que esse acidente não foi causado pelo álcool. Ou foi e quero negar a mim mesmo essa conclusão. Em alguma hora durante à noite eu adormeci. A partir daí eu não consigo ainda lembrar. 
Estou sentado coberto por uma solução de sangue, suor e álcool. Existem papéis encharcados de sangue no banco ao lado, meu celular parece ter sido lançado para fora do carro, e o único som que eu consigo ouvir é de alguma cigarra ao longe. Tento respirar fundo e sinto uma dor excruciante no peito. Nesse momento olho para o lado e lá longe está o outro carro, capotado de cabeça para baixo, e me parece ter quatro pessoas desacordada e essa imagem eu só vejo por causa da luminosidade da lua. Um flash de memória surge e vejo os faróis cortando a escuridão vindo de frente a mim, talvez buzinando, mas seu som abafado pelo silêncio sólido que invadiu meus ouvidos.
É domingo e a rotina muda. Inclusive porque minha mulher está fora de casa há duas semanas. Tivemos uma briga e ela foi para a casa da irmã. O motivo da briga? Ciúmes, de minha parte. E confesso que exagerei um pouco, mas como ela pediu pra a gente dar um tempo, eu não fiz nenhuma objeção em ela ir. Já aconteceu uma vez. É como tomar um grande fôlego e depois tudo volta ao normal. Não marquei nada para hoje. Eu deixo o domingo sair completamente da rotina, diferente até do sábado, que eu também não trabalho. Gosto de deixar ele acontecer livremente. De toda maneira, não planejei estar num acidente, até porque ninguém sai de casa pensando em ficar à beira da morte horas mais tarde. Na minha agenda não estava marcado "3 da manhã: quebrar as pernas". Acordei nessa manhã tão despreocupado quanto os hobbits e não fazia ideia da Sombra que se assomava no horizonte. 
Uma dor no nariz anterior ao acidente me diz que eu não adormeci durante a noite, mas fui obrigado a desacordar. Os fragmentos de memória começam a se unir como um quebra-cabeça. Os papéis ensanguentados do meu lado, eles foram os que eu peguei pela manhã com o carteiro. Como minha mulher sai mais cedo que eu para o trabalho, quem sempre pega a correspondência sou eu. Isso me ajudou a esconder algo. Esses papéis molhados com o líquido viscoso são cobranças. Três dívidas que deixei acumular sem ela saber. Dívidas que saíram do meu controle mais rápido do que eu esperava e se tornaram uma bola de neve. E começo a acreditar que isso tem uma parcela de causa nesse acidente. Eu tento olhar para todos os lados que meu corpo me permite sem despertar uma dor insuportável e não consigo encontrar meu celular. Alguma coisa me diz que ele ajudaria a entender o que aconteceu. 
Antes de ir para o bar eu almocei. Sim, eu pedi yakissoba pelo telefone e quando chegou abri a correspondência. As ameaças das dívidas estavam ali e um sentimento melancólico se apoderou de mim com tanta força que eu levei uns 40 minutos para comer e nesse tempo só levei à boca três garfadas. Eu fecho os olhos lembrando daquele sentimento, prenúncio de algo pior que ocorreria uma hora depois. Um cheiro de ferrugem sobe ao meu nariz, que dói, e me faz lembrar que levei um soco na cara. Alguma coisa em meu estômago se retorce e eu vomito, fazendo uma careta por causa do espasmo causado em meu corpo que distribui uma dor insuportável pelo tronco. Da minha boca jorra um líquido fétido e amarelado, misturado a sangue, que deixa um gosto azedo e amargo entalado e arranhando minha garganta. 
É isso mesmo. O celular. As mensagens. Isso me lembra o Rei Mais Antigo, cujo pensamento pesou como uma nuvem de destruição sobre mim, me levando ao desespero e às trevas. Uma hora após o meu almoço, se é que se pode usar esse termo, recebo uma mensagem da minha mulher. Ela quer o divórcio. Ela diz que não aguenta mais, e sinto que é uma mentira para justificar alguma coisa. Ela diz que vai morar com o cara do trabalho dela. Aí já confirmo a mentira. Bem, esse cara, foi ele o motivo dos meus ciúmes e consequentemente da briga e ida dela para a casa da irmã. Um misto de vitória por estar certo sobre minhas suspeitas e de derrota por agora ser trocado se unem ao sentimento melancólico proveniente das cartas de cobranças e minha cabeça gira e meus pensamentos se nublam. O que faço é pegar a chave do carro e dirigir até o primeiro bar, ainda pensando sobre as palavras do mais poderoso Valar, me condenando a morrer sem esperança, amaldiçoando tanto a vida quanto a morte. 
Quando acordei na primeira vez o meu nariz ainda doía e o entorpecimento do álcool fez que os pensamentos demorassem a fazer sentido. Eu estava em meu carro, mas na frente da minha casa. Meu relógio marcava 2:40, então devo ter dormido umas quatro horas. Resolvi dirigir sem destino. Quando finalmente peguei uma BR eu pisei fundo. O fluxo de carros diminuía a cada minuto, mas meus pensamentos se acumulavam de maneira tão desorganizada que eu tentava manter o controle da direção não pelo efeito do álcool, que a essa altura já tinha quase que passado, mas pela dor causada pelas imagens e informações que se formavam na minha mente. Em dada hora os carros pararam de passar perto de mim e à frente e atrás só havia escuridão, então acelerei. 
No bar eu bebi muitas garrafas de cerveja, mas o que me deixava realmente dormente cada vez mais era a junção do problema das dívidas com a decisão da minha mulher. Eu fiquei ali por horas relendo a mensagem e ligando para ela, sem ser atendido. Mandei mensagens, uma atrás da outra, pedindo para que me respondesse, pedindo para que me atendesse, pedindo por favor, vamos conversar, por favor, você não pode resolver as coisas dessa maneira. Por ser domingo o bar fecha cedo, então o cara vem me trazer mais uma garrafa e fala com um sorriso que é a última, pois já vamos fechar o bar. Eu aquiesço, afinal ele não tem nada a ver com meus problemas. Eu agradeço, mas digo não quando ele oferece chamar um táxi. E continuo mandando mensagens, continuo ligando, sem resposta alguma. Quando a garrafa seca e quase seca também a bateria do meu celular, eu pago a conta, entro no carro e dirijo até a casa da irmã dela. 
O ponteiro marca mais de 150 por hora. Não existe luz no fim do túnel, sou eu que levo a luz pela escuridão. Estou pensando em todas as coisas que aconteceram nesse domingo, todas as minhas derrotas e tudo acabar de alguma maneira não me parece uma coisa tão ruim. Eu penso nas palavras de Tolkien, quando falou que Ilúvatar nos deu um dom de liberdade, que os filhos dos homens permaneçam vivos por um curto intervalo no mundo, não sendo presos a ele. Isso me alegra e me faz acelerar ainda mais. Um único carro vem adiante na outra faixa, então eu mudo de faixa, em direção a esse carro, provável profeta da minha destruição. Não havendo mais nada nesse mundo a que eu possa me apegar, melhor acabar com tudo. Eu sou chamado de Hóspede. Sou chamado de Forasteiro. Os faróis do outro carro estão tão altos que eu não consigo ver quem está lá dentro. Seja quem for, empurra o carro bruscamente para a outra faixa, mas eu faço o mesmo. Faço isso na esperança de receber o grande dom de Eru. Quando decidi isso, me chocar com o outro veículo, é porque eu estava ciente do meu estado, o que os Eldar chamavam de "a exaustão", o desejo de partir desse mundo. Dessa maneira a luz dos faróis se chocaram contra mim e depois disso só existiu a escuridão do esquecimento. 
Quando eu cheguei na casa da irmã dela, bem, eu estava embriagado e creio ter extrapolado. Bati com força na porta, vi minha mulher do outro lado da janela com uma mão na boca, mas não sei se em seus olhos brilhavam a luz normal que eles sempre tiveram ou eram lágrimas. O que sei é que o cara, o mesmo cara que agora ela escolhera ficar, saiu pela porta como um tanque de guerra, foi me empurrando para longe da casa e quando eu ameacei partir para cima dele ele me desacordou com um murro no nariz e depois só o negrume, esse blackout do esquecimento que eu reconheceria horas depois. Aparentemente ele me colocou em meu carro, me levou até minha casa e me deixou ali, até que eu acordasse. 
Essa é a minha história. Me joguei na frente de um carro esperando que a morte, dom de Ilúvatar, que até os Poderes haveriam de invejar, chegasse até mim. Falhei. Ouço a sirene de uma ambulância se aproximando. Em alguns minutos saberei que uma família morreu por minha causa, pai mãe e três filhos entre 9 e 12 anos. Eles receberam o dom do Único, não eu. Enquanto eu ficarei paraplégico pelo resto da vida, sem receber visitas da minha mulher e, depois de algum tempo, saber que ela agora é mãe de dois filhos, não do cara por quem fui trocado, mas por outro que nunca chegarei a conhecer. Para mim esse momento foi a primeira chegada do "tédio do mundo", chegara o final de meu período de vigor. Então em minha mente, assim como no centro de Mittalmar, ergui um monte semelhante a Meneltarma, a Coluna dos Céus, consagrando meus pensamentos a Eru Ilúvatar, e nesse lugar o silêncio é tão grande que nem eu mesmo ouso falar.
Hemerson Miranda
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