falta
Um barco sobre a corda
A boia a navegar
Laranja, de branco salpicado
Diamantes pelas ondas a contrastar.
O vento entre as folhas
Areia, terra e lama no chão.
Raízes castanhas agarram-me
Perco a força, entrego o coração.
Um mergulho sobre as linhas
O cloro desencanta a gaveta
Apneia azul do corpo esticado
Costas, livre, borboleta.
Uma montanha sobre a noite
Atenta sem adormecer
O amarelo do grilo fugido
E a cigarra a cantar, como se a sofrer.
Tenho as teclas e a luz no ecrã,
Anseio a floresta, o monte, praia, piscina e mar.
Consegues juntá-los num novelo?
Na minha mão, pode ir até ao cotovelo.
Mas não deixes nenhum faltar.
Pois qual deles me quer mais não consigo decifrar.
06 | 09 | 2024 | sótão
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“Mujer, sabes muy bien que es en mí en quien debes confiar, que yo de todo me encargaré. ¡Tus impurezas haré arder y un paso doble te bailaré!”
Fragmento de Tres furias romanas contra un germano.
-Melanie Flores Bernholz
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Se tens um coração de ferro, Bom proveito,. O meu, Fizeram-no de carne, E sangra todo dia. (José Saramago) . . . #josésaramago #coraçãodeferro #coraçãosangrando #sobreosentir #eusinto #sintomuitomeperdoeteamosougrata #poesias #sobrepoesia #literaturaportuguesa #mesaquânticaestelar #mesaquanticaestelarportoalegre #roseliterapeuta (em Roséli Terapeuta) https://www.instagram.com/p/B_-J5Finrmw/?igshid=man1cwbf0atn
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[Micropoema da poesia]
A poesia não tem um fim
Ela é o início da nossa libertação.
- 4lex, 02/05/17.
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Eu não estou feliz
Não entendo essa necessidade moderna das pessoas se auto-afirmarem felizes. Terminou com a namorada? Posta na rede que tá feliz. Saiu do trampo? Posta na rede que tá gudvaibe. Brigou com a amiga. Grita aos quatro ventos que não precisa de ninguém pra ser feliz.
Eu não estou feliz. Não sinto a necessidade de estar feliz. Estamos vivendo um tempo de merda, com informações e relações líquidas de merda. E as pessoas se iludem com a quantidade de amigos na rede ou com o número de seguidores. "Ganhei likes? Tô bombando, tô feliz".
Não, eu me recuso a parecer feliz. Eu tô bem, tenho saúde, mas não estou feliz. Falta-me tanto para me sentir feliz! Estou extremamente sensível e ansiosa. Dormindo mal (ar-condicionado ajudaria 😄), me decepcionando com os outros e comigo mesma, e decepcionando os outros. Quando paro pra contar quantas pessoas me fazem verdadeiramente falta, (tlvz) não fecharia a mão. Então não, eu não estou feliz.
Eu tô mal! Eu sei que é difícil pra vc leitor(a) aceitar isso, mas eu não tô escrevendo textão de superação. Não vim te dar o exemplo de como as coisas podem terminar bem, mesmo começando mal. Minha vida é uma série de tropeços e desencontros. Já me senti usada por pessoas que passaram pela minha vida. Por outras, já me senti abandonada. Algumas vezes, desejei morrer. E falo tudo isso pra te dizer que, meu bem, a realidade é que as pessoas não são felizes!
Então não... Eu não sou foda. Eu não sou auto-suficiente. Eu não estou feliz. Difícil ler assim sem preparo né? Ah a verdade... essa coisa dolorosa e cruel. Fria como um balde d’água, ou como um bom mergulho no mar... pra acordar.
joi❤
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promessa
Esqueço-me das contas que se faz
E de outras coisas que me apraz
Enquanto aprendo a existir,
Não fosse o sonho da lua cheia
Refletida ao mar na hora e meia
Amaldiçoar-me com a nostalgia de querer fugir.
Não sei se as nuvens flutuam com o frio,
Ou se a estrada de alcatrão estraga o rio
Que desagua na água salgada do mar da palha.
São duas as vezes que o refiro,
Serão saudades ou só suspiro,
De um futuro que o meu rumo atrapalha?
Escolhi sem saber a cor das toupeiras,
Castanhas em manchas ou de outras maneiras.
Influências dos desenhos animados,
Como os arbustos que aparam quedas,
Ou os prados em que me deito e as moedas
Que nunca faltariam nas carteiras dos necessitados.
Esqueço-me também da resiliência
Será astúcia, talento ou persistência
Ou simplesmente a ânsia da fuga,
Ou a falta de areia entre os dedos,
O sal na língua e o esquecimento dos medos
Daquela paixão que me cabe tão tuga?
O futuro vejo-o de perto nalguns dias,
Noutro esconde-se, difuso, nas enguias
De um oceanário que me faz sentir de novo com seis.
Esperanças de uma ingenuidade singela
Que me deixa mais tranquilo a espreitar a janela
Mesmo que apenas veja prédios e torres sem reis.
Não percebo o que não sei, e peço.
Perco-me no que não quero, e endereço
As minhas vontades ao que importa, ao objetivo.
E tento um passo de cada vez
Tão depressa anda o chão debaixo dos meus pés
As léguas, os quilómetros, de lés-a-lés
Tentando não perder a linha de vez
E no desespero me sinta pronto, talvez,
Focado em força, inspirado nas marés
Nem que seja ao murro e pontapés
Não esquecer o prometido,
De não aceitar uma vida sem sentido.
12 | 07 | 2024 | sótão
[original de 07.10.2020, word, sacavém]
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aporia
Anda cá
Não me consigo mexer.
Não sei se pelas ondas que nunca me assustaram,
Se pelas linhas que nunca se pintaram,
Ou pela constante ignorada consciencialização de que posso morrer.
Anda cá,
Dá-me a mão.
Inspira comigo a maresia atropelada pelas buzinas,
Uma troca de luzes apressada sem colinas,
Evoluindo para a fotossíntese de transformar calor pela existência da multidão.
Anda,
Quero o teu cheiro.
Não me prendas, mas preenche-me os pulmões com o teu odor
Respira-me o suor, crueza, o aperto das lágrimas e da tua dor,
Que carrego sem saber como te chamar, companheiro.
Vem,
Aguenta comigo o vento.
Se o tenho casa, ensino-te as linhas dos seus esquemas,
Para nos mantermos hirtos, não por medo ou pelos problemas
Que evitamos ao culpar os outros do nosso tempo.
Existimos no contratempo.
Fica aqui,
Só mais uma ronda.
Também sentes o tremor do carrocel que viaja em frente?
O desábito do toque, a força, a pele, a energia incoerente
Que nos atravessa sem frio, num arrepio como uma onda?
Enfrento a corrente?
Não vás embora já.
Só mais um copo.
Jola, fino, príncipe ou qualquer outro nome imperial.
Não deixemos que a gramática, sintaxe nos deixe mal.
Já nos chega as linhas cruzadas da base ao topo.
Voltarás amanhã? De novo o compasso?
Adeus, então.
Sem saber ao certo o que devo fazer,
Proíbo o ar que te leve o aroma,
Absorvo o álcool do teu idioma,
E espero aqui amanhã, outra vez, pela tua mão.
Por quantos mais anos conseguirei enganar a solidão?
Não saio do sítio. Já não sei correr.
Anda cá. Não me consigo mexer.
14 | 06 | 2024 | sótão
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para ser feliz
Notei, primeiro, o desconforto,
E só então as questões do meu abraço.
As linhas do desenho torto,
As palavras de um demónio morto,
E a acusação dos pontos que faço.
Aos poucos, transformada intenção,
Abre-se a cortina aos espetáculos.
Desculpam a preocupação
Mas tristeza é que não.
Em adultos, apenas obstáculos.
Segue-se a valsa do coração apertado
Feliz, sobrevivente posto à mesa.
Mas se discuto arte, atribulado,
Vêem-se as rachas do exilado
Entre as grades douradas da gaiola portuguesa.
Não se pode permitir o vulnerável
Mas a crueza amadurece com a idade.
Porque a cada passo implacável
A imagem perfeita, intocável,
Não sobrevive à tempestade.
Obedeço com o sorriso reconstruído.
Faço as contas de sete em sete.
Uma edição irreal do instituído
Esclarecendo a mestria sobre o ruído
Que se empurra para debaixo do tapete.
Despeço-me, portanto, do cansaço,
E agradeço a música que me dá alento.
De máscara enfeito o meu próprio espaço,
Prego, cuspe, madeira e aço.
Aperto o fígado, estômago e baço
Do privilégio do meu terraço,
Para que cure o ressentimento.
E esperando que ainda vá a tempo.
10 | 05 | 2024 | sótão
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repri-se
Se te pareço cansado,
desculpa o desabafo,
afoguei os meus demónios pelas três.
Se um dia as nuvens
sabiam a doce,
hoje acho que morri outra vez.
Se te pareço triste,
precisei das palavras
e elas parecem já não gostar de mim.
Se um dia o tempo
perguntava ao tempo,
quanto tempo mais achas que aguento assim?
Se te pareço longe,
é só a capa
que abranda os pesados pensamentos.
Se um dia a escada
mostrava o plano,
agora sinto-o apenas em breves momentos.
Se te pareço áspero,
é só o frio
de um calor que já não sei tolerar.
Se um dia a estima
do que sou capaz,
hoje existo no medo incapacitante de falhar.
E volto a tentar.
19 | 04 | 2024 | cama do sótão
[original de 28.01.2024, caderno azul]
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Como um pequeno pássaro que vence a calmaria do ninho. Amar é o primeiro vôo - Um risco necessário - . . Reposted from @bruno_rpi . . #sobreoamor #sobreamar #sobrevoar #voar #voaralto #pequenopassaro #amarevoar #euamo #euamoamar #amaré #amarelindo #primeirovoo #poesia #poemadeamor #sobrepoesia #amoomundo #amemais #amor #amoavida #roseliterapeuta (em Roséli Terapeuta) https://www.instagram.com/p/B9tk6T5nehY/?igshid=2rzav9pksb9g
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metaspalavras
a história conta o que foi
a ciência atesta o que é certo
poesia? poesia não...
poesia inventa, atrapalha, ilumina
é tudo que pode ser ou poderia ter sido
é sincera e mentirosa ao mesmo tempo
é um véu do qual não se pode ver atrás
não dá pra ser explicada
tem que ser sentida
um sentimento que bate tão forte
que acaba em palavras, papel e tinta
que se espalham, se envolvem e se brincam
a poesia é a armadura do sonhador
é fantasia
é o cavalo que puxa o sonho da vida
é o dizer sem medo
e sem atestamento
basta que tenha acontecido
basta não ter acontecido
basta que o sentimento pulse
basta que se respire a falta
ela não julga, não justifica, não derruba
poesia constrói edifícios
onde eu habito por um tempo
e depois voo embora...
- joi ❥
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