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you are wow in a world of blah.
Godrigues Teixeira
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autor.
Tenho-te num abraço. Culpo-te das cores que se escapam das linhas que desenhei ao mesmo tempo que me ensinas a ajeitar o papel. Não são de lápis, mas mostras-me que a caneta sobreposta não invalida o desenho ou a arte. São como as cicatrizes na pele. Cada traço rabiscado acrescenta um ponto à história que sem darmos conta já estava começada. Não nos apercebemos do prólogo porque nos distraíamos com a comida e a sopa passada. E as batatas. E porque eu não estava pronto para ler. Folheei o livro sem ver as letras. Aceitei o olhar desfocado sobre as formas que as palavras desenhavam, mas evitava pedir-lhes significado. Ainda sangrava do último livro que tinha lido. Mas a história existe mesmo que fujamos com olhar e agora sinto que já o consigo ler apesar do medo dos próximos capítulos. E ao reparar no sorriso que persiste enquanto aprimoramos o encaixe das peças percebo que não estamos nas mãos de nenhum autor com intenções secundárias de valor de choque. Não há pena mágica a derrubar a tinta. Figura divina do destino a comandar as tropas da pontuação.
Quem escreve somos nós.
14 | 02 | 2025 | espinho
#godrigues#godriguesteixeira#escritores#portugal#amor#namorados#relação#bagagem#passado#presente#história#livros#livro#autor#escrever#desenhar#construir#cura#healing
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sobre palas sem cavalos.
A cada mês pareço descobrir um novo canto do mundo que não fazia ideia existir. Mesmo com a abrangência da internet, sofremos vítimas de um algoritmo que nos ajusta as palas ao lado dos olhos e nos dá do mesmo, numa luta difícil de contrariar, mesmo apagando as bolachas. E eu não sou bom a fazer doces. Então encaro estes furos de otimismo e estranheza de braços abertos e convidativos, tentando manipular a artificialidade a servir-me mais variedade na mesma, mas ela escolhe apenas um novo prato, e repete as doses. Há tempos descobri que havia competições oficiais federadas de salto à corda, imagine-se. Outros não acharão estranho, mas para mim que venho de um mundo de voleibol e outros desportos mais tradicionais, saber que um dos motivos com que se criava gargalhadas à minha volta quando era mais novo por eu gostar e até ter jeito de o fazer, se transformou numa modalidade respeitada, traz-me não só alegria pelo progresso da sociedade em entreter-se, que de tantas coisas negativas costumamos ter a bola de cristal cheia, como o fascínio que tantos outros desportos ou hobbies ou grupos de atividades e lazer existam e que desconheço. Admirável a variedade e complexidade que todas as combinações que formamos geram mesmo que em clusters focais e mais recônditos. E ainda me perguntam porque é que gosto de ouvir música menos conhecida. Não é pelo valor de fuga ao mundano que acham que procuro, mas antes por todos os outros cantos que se descobrem com um menor peso da seleção refinada do menu do dia. Não é uma questão de qualidade que padecem, mas de mil fatores abraçados num embrulho de sorte, que nem todos os artistas conseguem manifestar verdade, em qualquer tipo de arte.
Hoje descobri que existe uma competição de ciclismo sincronizado. Foi isso que despoletou este pensamento que tanto cozinhava em temperaturas baixas, mas nunca consegui por ser dar por formado. Terminado. Aqui tento, com tanto ou menos jeito na minha própria arte.
No meio de tantas possibilidades, é reconfortante a ideia de que haverá sempre um lugar para o qual consigamos fazer parte.
06 | 12 | 2024 | sótão
#godrigues#godriguesteixeira#escritores#portugal#godrigues teixeira#mundo#complexo#saltar a corda#ciclismo sincronizado#desporto#modalidades#futuro
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o google não traduz overthinking
Aguardo que a espuma acalme as ramificações que me prendem aos passos que não dei. Prometo aprender com o descrédito de perder as horas sobre sinapses que não se cansam pelo potencial neurológico. Desligo as vozes, não são mais que não os diferentes tons das minhas cordas, cada canto com a sua nota, mesmo eu não percebendo de dominós, nem réguas de medir. Poderei satisfazer-me com a triagem de um caminho que pareço sempre tropeçar? Não quero voltar, mas revejo as marcas do ouro que preenchi nas rachas de tudo o que me partiu. E tudo o que deixei partir. Sou egoísta. Sou avarento. Sou todos os pecados e mais um, governados pela inveja de todos os passos que não tomei. De todas as vidas que eu poderia ter e que não são minhas agora. Não neste momento. É de momentos que sobrevivo, e aceito a tranquilidade de avançar. Vou sempre a tempo de mudar, mas até que ponto fará sentido? Até que ponto tenho as ferramentas que preciso para restaurar a mobília que já cede ao tempo como rugas? Controlo o que gasto no consumo da dopamina fugaz e que não alimenta, mas a balança desequilibra-se com todas as mudanças que me vi atravessar. E agora mais uma. Será essa a minha sina? Procurar a diferença e exigindo de mim todas as cores de um camaleão? Até quando? Até onde? Até já.
Treino-me para tentar não me afogar em todos as braçadas que não dei. Mais, neste momento, não sei.
15 | 11 | 2024 | sótão
#godrigues#godriguesteixeira#crescer#overthinking#escrever#escritores#portugal#português#pensar demasiado#camaleão#escolhas
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silenzio bruno.
Quando era mais novo planeei um conceito para o meu livro (uma pequeníssima parte dele) que se constituía numa casa do silêncio. Uma casa de tal forma silenciosa que se tornava ensurdecedora. Talvez inspirado pelo murmúrio basal dos eletrodomésticos que se fazem ouvir quando nos calamos, talvez inspirado por um episódio do Muzzy, que por alguma razão pareço associar causa-efeito sem ao certo conseguir delinear mais pormenores do acoplamento. Mas era uma casa do silêncio. Um espaço de meditação e purgatório, se era não apenas um castigo mas uma limpeza para o visitante. O conceito perdeu-se, mas em mim evoluiu-se. Quando ganhei eu medo ao silêncio? Desde que entrei na faculdade que preencho o ar com o rádio ou a televisão, ou a televisão a dar rádio (omitamos que agora já nem é rádio, mas o spotify). Antes mesmo, no secundário, já recorria à companhia da música em variados momentos, mas como batalha em terreno aberto contra o vazio do som apenas veio mais tarde. Fugia do silêncio, ou fugia daquilo que ganhava voz quando me calava? Como os eletrodomésticos a murmurar, também os meus pensamentos cresciam. Ideias. Preocupações. Em grande parte foi combustível para as criações e os hobbies que exploro, noutra as incertezas de cada passo que dou fora do plano. Noutro, as incessantes preocupações de tudo o que devia ser diferente, e de toda a máscara que se apresenta e que pesa com cada camada que lhe pinto. Descobrirão algum dia a pele que se mostra por baixo, ou é já irrelevante o que se esconde na crosta? Onde está a linha do que termina de ser eu, como o barco a que se vai trocando as tábuas de madeira?
Não tenho conclusão para a reflexão senão o medo. Crescer trouxe-me este medo pelo silêncio. Seja o vento nas folhas, as gaivotas no telhado ou as ondas do mar, a minha mente precisa de alguma coisa para não se afogar.
28 | 03 | 2025 | espinho desliguei a música para escrever este
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“Os melhores tempos da tua vida são agora”.
É assustador o número de vezes que já vi ou ouvi alguma versão desta ideia. Desde a falta de responsabilidades no ensino básico à liberdade da juventude na faculdade, lembro-me do meu pensamento cair sempre no “espero que não”. E não era ingratidão. Claro que havia sempre um certo grau de insatisfação pelo lugar que ocupava ou o caminho que tinha escolhido para os meus pés, mas sobrepor a nostalgia como um sentimento irrepetível? Objetivamente consigo compreender o conceito e trago memórias saudosas de todos esses tempos. O tempo livre. A adrenalina da competição desportiva. Os amigos que me moldaram. A vizinhança universitária como uma vila e as rendas baratas. Consigo não lhes tirar valor ao afirmar que esperava, e continuo a esperar que não sejam o auge da minha existência. Quero sempre acreditar que o futuro que me espera e que construo me fará sentir ainda melhor, ou vivem todos no rescaldo da montanha-russa mesmo antes dela terminar?
Consigo prever coisas melhores no passo adiante, mas também vejo grande parte das pedras que tenho de partir pelo caminho e a lama para atravessar. E estou cansado, ao ponto de ponderar a balança de ficar nesta estância a aproveitar a mudança de estação com a bebida fresca e a botija nos pés. E nesses momentos o pensamento leva a melhor. Já terão passado nestes últimos meses os melhores momentos em que os únicos números que me preocupavam eram os das páginas que tanto vinguei?
Mas se calhar é só o medo a falar.
14 | 03 | 2025 | espinho
#godrigues#godriguesteixeira#escritores#portugal#crescer#montanha-russa#saudade#nostalgia#futuro#passado#caminho#o melhor está para vir
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the flower - part I
There’s a flower on the top of the hill And she just smiles. No rain nor storm will make her perish No wind can take her for a thousand miles.
She’s red as an orange A piece of sunny delight Freckles all around her eyes Everything is where everything should be She makes no sound; she tells no lies.
She was green that day The sun brightening her body, Her soul. Her arms waving through fresh air Dancing as if she was whole.
She told me she didn’t know what’s the meaning? What was life for? She couldn’t make her mind If it was the music bringing the happiness If it was me, or something more.
I just stood there, staring as she smiled back in silence. Her arms still above. There was something in that flower that moved me, And as I stared, I thought about love.
It made me happy to watch her dance Without actually moving out of place. I took a step forward followed by a deep breath And my heart started to race.
I asked if I could go any closer She had never seen one like me before “You need to wait” she said, worried, “I’m not ready to leave the floor”.
“Why so scared”, I tried. She was still dancing, still smiling, still looking at me. “Nobody waits long enough” she sighed, “I am alone, as you see”.
So I sat there Under the warm and welcoming sun At first, both shy and quiet But then we talked. I thought we were having fun.
Several weeks have passed, Give it or take it a day. Two years for the best of my count. It doesn’t quite matter anyway.
She doesn’t dance anymore Just stares and tries to look away. “How much more time do I have to wait?” “Just a bit more, just one more day”.
I regret the question. Our story was supposed to be different, wasn’t it? Two years are gone Two years watching you dance And for that I don’t regret any bit.
“I love you” I whispered, and then again but out loud. I fell in love with a flower. A red orange freckled dancing lone soul with a smiling power.
She resumed her dancing, pretending no words came out of my mouth. I went back to stack my hopes in piles. There’s a flower on the top of the hill And she just smiles. And she just smiles.
28 | 02 | 2025 | espinho [original de 03.11.2013, caderno verde]
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relva.
É um comboio que nos persegue na buzina de sabermos todas as estações em que perdemos oportunidade de sair, ou entrar. É lutar contra a instituição monocromática que nos chocalha os pés como a areia a gritar na invasão da onda que tentar abraçar-nos os pés. Não posso pensar em todos os passos que não dei, com o risco de desvalorizar os poucos bastantes que retomo. Que recupero. São enormes, senão pelo peso do atraso de tudo o que não cheguei a criar. De tudo o que não cheguei a trabalhar. E é difícil visualizar a torre de legos para a tentar desmontar sem arriscar o jenga. Uma torre de macacos acrobatas que culpamos na sorte dos dados, seguindo as linhas, e evitando a vergonha da visibilidade alheia. O coração aberto. A carne exposta, viva, crua, feia antes de se tornar carvão. Antes de o poder usar para pintar e desenhar e delinear o caminho com as mãos. O pontilhado a indicar onde cortar. Onde abrir para veres a cor que me compõe por dentro. E a buzina mantém-se, repetida. Os horários trocam e parece que andamos sempre na berma do que queríamos atingir, mas venderam-nos como um sonho de trazer pela gaveta e não como as calças que trago nas pernas. E é esta a minha roupa. É esta a minha verdade. As cores, os traços, as sílabas e as promessas de uma estima que se recupera para que me possam ver nu sobre elas. É essa a diferença dos outros? Fizeram por acreditar, e fizeram por fazer. Aconteceram sem pedir a permissão da promessa. Apresentam-se como aquilo que são, ora se não somos aquilo que exigimos ser, e durante tanto tempo me ensinaram a não fazer grandes exigências. Que seria mais fácil, mais certo, mais seguro. É exigir, viver? É exigir, aceitar que o feio percurso que vemos em pedaços lentamente e tão perto é tão válido como a história pregressa dos outros que lá chegaram?
Se a relva será mais verde do outro lado da vedação não importa ao certo o que farei com a minha, senão torná-la precisamente nisso. Um reflexo desavergonhado de mim.
04 | 01 | 2025 | silvalde, primeiro do ano
#godrigues#godriguesteixeira#escritores#portugal#crescer#mudança#recuperar#infância#trauma#arte#criatividade#futuro#emprego#pressão#pressa
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radicis.
Poder olhar para trás é saborear o privilégio de nos sabermos continuar numa permanente metamorfose. Mutando. Mudando. As luzes que não levantei este ano ao vermelho festivo sinalizam o caminho como o medo que sentimos nos novos passos. Novos sapatos. Só assim avançamos, com as questões que crescem daninhas e procriam com os passos de dança dos outros que pouco sabem dançar, na verdade. Talvez com outro instrumento, mas não ao som das melodias que ouvimos e somos obrigados a decorar a letra. Nunca percebi de tons, apesar de namorar um piano que não tenho. E tento saltar mais um passo em branco. Só assim sabemos ser nossa a linha que traçamos e não o molde da fábrica de origem. Não rejeito a etiqueta, mas apelo a reclassificação de uma função que não me foi premeditada, como detergente da loiça para tirar nódoas da roupa. Descasco-me daquilo que já não reconheço e aceito os pilares e os mal-estares que me permitiram aqui chegar. Aqui mudar. Aqui arriscar na instabilidade do fruto que semeei.
Enquanto sonho ser árvore, talvez chegue a brotar um arbusto, sabendo-me feliz por não me ter impedido de aspirar ser mais do que uma folha.
Despeço-me para uma nova raíz.
20 | 12 | 2024 | do sótão, até já
#godrigues#godriguesteixeira#escritores#portugal#crescer#mudar#metamorfose#árvore#raíz#folha#flor#mudança#constante
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Será entusiasmo o comprimento Do cumprimento De amanhã?
Trago-te no vento um bolso de palavras Promessas Avessas Travessas.
Leva-me o calor à bússola do Norte Evita-me a morte Dá-me sorte.
És a minha sorte.
13 | 12 | 2024 | arrumando o sótão
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“Se tiver que morrer, morro, olha.”
Devia ter treze anos quando fiz esse comentário. Uma mistura de desabafo com a bêbada vontade de querer ser mais e melhor e determinado. Destemido. Mas talvez eu não mentisse, de facto. Talvez, e aposto, eu não tivesse sequer pensando no assunto até então e, na primeira reflexão e avaliação, tenha concluído que, se súbito, morrer não me traria fastio ou preocupação.
Curioso como o tempo nos torna nesta plasticina ressequida de dúvidas e planos e aspiração e covardia. Ou talvez seja coragem. Talvez viver independentemente disso seja o verdadeiro significado de o ser. Destemido.
22 | 11 | 2024 | sótão [texto integral de 11.01.2018, caderno azul]
#godrigues#godriguesteixeira#crescer#coragem#escritores#portugal#morte#adolescente#planos#escritornacional#diário#sobrepassado#cadernoazul
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bolha.
Luto para me consciencializar que é tudo temporário. Que nada se define senão com um fim, e a incerteza da sua proximidade pode ser ocasionalmente assoberbante. Assustadora. Incapacitante. E retorno à procrastinação de um motor parado que corre neuronalmente a uma velocidade que me recuso a arriscar na autoestrada. Sou cuidadoso. Penso o passo. E com o medo voltamos às origens. Voltamos à essência que nos compõe. Os hábitos entranhados que tanto treinamos para suavizar e que na cova do lobo nos salta como uma mola a aliviar por fim a pressão de todos os anos que não a deixamos existir. Se dizem que em cova de lobo não há ateus, nas que entro há de tudo. E é fascinante compreender o quanto os traumas de cada criatura (e a sua ausência) se transformam na visão personalizada e complexa que projetam no que ouvem e no que veem. Nas prioridades que tomam. Em qual a verdadeira necessidade que está na base da pirâmide da existência. Acreditando não haver discussão sobre estima quando não se garante as necessidades fisiológicas, perdemo-nos logo no segundo degrau. Qual se sobrepõe? A segurança pessoal e familiar ou a segurança económica e laboral? Estão entrelaçadas? Podemos proteger uma ameaçando a outra, e se sim, qual deve ser priorizada? Acho que a distância adubada pelos algoritmos da chuva de conteúdos e informações aumentam apenas a divisão de Moisés sobre o mar vermelho. Seria de todo o sangue daqueles que ficaram pelo meio? Assusta-me a desumanização da vida como um número, um negócio populista onde tudo vale para chamar a cruz, mas aguento a pressão esperando que a própria democracia não se permita à exaustão. Assusta-me a vocalização de violência como sintoma de uma liberdade vingada, como uma criança que se acha triunfante com uma frase decomposta e sem sentido. Não há bússolas que aguentem a profanação proclamada que validam na defesa daquilo que está nas entrelinhas. Ignora-se as linhas? Ou estamos a querer testar a teoria da cova dos lobos? Tolerabilidade não é liberdade total inconsequente, senão a quebra de tudo o que a ameaça. E sinto-me ameaçado. E não tenho solução. Apenas medo. Que se espalhe como a pandemia e se torne o novo normal. E aos poucos não saibamos quantos passos já demos atrás. A calibração da balança não é universal, mal não fosse pela singularidade de tudo o que nos compõe como sociedade, e espero que seja pelo melhor. Pelo progresso. Pela aceitação do outro na sua existência humana basal.
Estou assustado, entre todas as outras decisões de vida que me obrigo a estudar, e tento não me esquecer que é tudo temporário. Até o próprio medo. Até chegar o fim. E, portanto, continuo a negá-lo, um dia mais. Um dia a menos.
08 | 11 | 2024 | sótão
#godrigues#godriguesteixeira#esquerda#direita#política#liberdade#medo#portugal#escritores#lgbt+#crença#ateu#tolerância#necessidades
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a quem de direito,
[sobre “Something breaking and I don't know what to do, am I breaking down, or am I breaking through?”, de Cinders]
A diferenciação será sempre o grande dilema da catarse de existir em caos. É como duvidar se “está a funcionar” ou se “estou a fazer funcionar”, com as respetivas e pesadas implicações de cada uma das conclusões. De uma forma dir-se-ia que o importante de ambas é que o outcome é atingido de qualquer forma. Mas a que custo? O que sobra no final do passo? Um de cada vez. Dito e repito. Um lema que me é tão presente e que regressa num novo momento de tamanha necessidade. Continuo sem saber o que amanhã trará, mas revejo ainda mais agora a importância de o enfrentar com calma, pois a vida mantém-se irrepreensivelmente rápida para os meus pés. E eu até tenho voltado a fazer exercício. O ponto é chegar ao fim da corrida, ou importa mais o estado em que chegamos? Então adio. Protelo coisas na tentativa de abrandar o tempo para que algo não chegue. Mesmo que eu o queira. Tenho medo da expectativa que criei, pelas cicatrizes que colecionei do passado e, no entanto, perco tempo nessa procrastinação viciada para chegar ao mesmo lugar. Com menos feito. Com menos efeito.
Quando era pequeno fazia isso com os autocolantes para os cadernos. Nunca achei a oportunidade ideal para os usar sem desperdiçar. Então anos mais tarde dei-lhes por fim uma casa: o lixo. Este ano quase fiz o mesmo com os chocolates da páscoa, mas os que ainda sobram foi mesmo por me esquecer daquele canto do sótão. Daquela prateleira de coisas a fazer que pousei e não retornei. Já me indaguei se é patológico, mas não sei se quero saber. Não sei se mudaria alguma coisa. Então foco-me noutras, como a páscoa ser um excelente esquema de marketing, entre outras razões senão pela principal de vender os chocolates que sobraram do natal e do dia dos namorados antes que se estraguem com o calor do verão. Calor que se tem esticado no seu espreguiço a cada ano, ou tenho memória curta? Sei que ainda é outono, mas estamos quase no fim de outubro e ainda durmo de cuecas. Boxers. Importa? Está a funcionar?
Se estás a fazer funcionar, continua, mas não negues o presente. Um dia deixarás de ser ambos, e as coisas não deixam de ser verdade só por não serem para sempre.
01 | 11 | 2024 | sótão
#godrigues#godriguesteixeira#escritores#portugal#godrigues teixeira#sobrefrases#atenção#phda#cinders#sleepwalking#breaking#funcionar#chocolates#lema
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Deixaremos de procurar sempre a validade de existir?
[sobre “E então? Já sabes o que é? Já sabes a etiqueta? Talvez agora não te queiras definir. Talvez ainda não o saibas. Mas deixa estar. Eu também não.” em 01|2016]
Se o que me define está sempre a mudar, devia deixar-lhe esse poder? Devia defender o que se mantém constante? Será apenas isso a definição? O aguçamento das linhas que se sobrepõe pelos anos dos ponteiros. É o que quero atingir? O que quero fazer? E porque é que o quero fazer? Terminarei as frases e as fases da lua por teimosia como algumas séries que já não me respondem, ou aceitarei mudar-me com a definição das marés por já não caber a peça? Somos plasticina. Volto a essa ideia. Mas mantenho a cor. Os tons. As paletes. Mantenho a consistência de um caos estável na minha busca pela definição. Por um propósito que recuso divino e aceito imperfeito. Humano. Cru. Defino-me como carne. Defino-me com pensamentos e ideias e histórias que semeei e continuam a brotar novas folhas mesmo que nem sempre as regue. Sou isso. A resiliência de uma teimosia que sobrevive ao deserto. Uma suculenta macia que perde parte de si para ganhar outras. Morro e volto. Caio e regresso. Faço o luto pelas partes de mim que fui perdendo e tremo pela novidade de todas as novas que aí vêm. Todas as que desconheço. Todas as que são e serão, ainda, definidas em mim.
Há oito anos debati-me pelas palavras do que isso significava para mim. O que me define. Como quero que se lembrem de mim, e o medo paralisante de desaparecer na memória de quem nunca me conheceu. E se o meu valor intrínseco dependia disso. Quase uma década depois ainda não tenho as respostas, mas acho que arranjei forma de não serem essenciais ao meu passo. De não me pesarem tanto a mochila que carrego agora. Neste momento. E não a perspetiva do que terei. Do que me definirá. Da verdade inquestionável que por muito que eu tente, não controlarei os pedaços de mim que sobrarão nos outros quanto partir.
Sem hábito, tento-me acomodar à aparente maturidade. Se lá não chegar, hoje sei que vou menos chateado.
11 | 10 | 2024 | sótão
#godrigues#godriguesteixeira#escritores#portugal#sobrefrases#crescer#o que te define#definição#identidade#conflito#personalidade#memória#morrer#valor
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dos rascunhos, depois de um não
É um murro na barriga. Fria estima em queda sem engate. Trajo o orgulho racional, sem o gancho Da força que defendo pelo sangue que espalho, e mancho Enquanto refugo-me no queijo, e no chocolate.
Dizem que faz crescer. O não num tabuleiro que nunca sei jogar. Se mexo a torre, ataca-me a bisca sem trunfo, Tenho o naipe certo, mas fora de jogo o triunfo De um manual que tenho guardado, mas não sei onde o encontrar.
Pondero os horizontes, O sono repara o coração. É mais do que um ego ferido, magoado, Mais do que um prestígio, um capricho elaborado. É amizade, amor, compromisso e exasperação.
Perco dinheiro, por não o verem na carteira? Estou atrasado, se não me querem em tempo que fadiga? Volto às letras. Revejo os objetivos. Se a meta vale a pena, vem. Vá. Eu aguento mais um murro na barriga.
27 | 09 | 24 | sótão
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