#rigoroso
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viviween · 24 days ago
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Nel 2024, a fronte di miglia di anni di rigoroso silenzio totale da parte di qualsiasi divinità e di rigorosa assenza di qualsiasi tipo di "miracolo" (intervento divino), chi professi una religione o creda in dio, non può sentirsi a suo agio con se stesso, perché la questione è del tutto anomala e va trattata nel modo corretto: come una malattia mentale, da curare presso un "professionista della mente", affinché rieduchi ognuno a rimettere i piedi per terra.
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uniorkadigital · 7 months ago
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robertosolbiati · 2 years ago
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#libroletto #sra #curioso #consigliato #daleggere #rigoroso #appassionante. Percorso di preparazione al #Giornodellamemoria. Confronto tra il sentimento comune e il rigore scientifico nella definizione di #genicidio. La difficoltà nel condannare i genocidari, l'impotenza nel prevenirli. Ma anche evitare la banalizzazione comunicativa. (presso Libreria "il gabbiano" Trezzo sull'Adda) https://www.instagram.com/p/CnEF_lHIBMO/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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veroves · 9 months ago
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Non ho mai amato particolarmente Clooney, ma è stato protagonista di tre film che amo:
O Brother, Where Art Thou?
Up in the Air
The Descendants
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linyarguilera · 2 years ago
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Bom dia Povo iluminado ☀️
       *A Vida é Mais*
Uma pequena planta, após *rigoroso inverno*, pode *parecer* que morreu. 🍂
Ao chegar a *Primavera* surgem novos brotos e o *Ciclo da Vida* continua. 🌱
A Vida *SEMPRE* esteve em suas Raízes, na Terra, na Água, no Ar.
As folhas e galhos, na verdade eram a *parte visível* da Vida que cumpriram sua missão, mas deixaram o seu *legado* sobre a Terra.
Ao *Valorizarmos* a Vida, *SEMPRE*, novas folhas e galhos *surgirão*.🌿
Pois a *Vida é Eterna* 🌾
Simples Assim 🌹🥰🌻🌱
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prettyandcaos · 6 months ago
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Por que alguma pessoas desenvolvem a Ana e outras a Mia?
trend informativa ~ ✧⁠*⁠。
A Ana e Mia são transtornos alimentares complexos com causas multifatoriais. Embora ambos envolvam uma preocupação extrema com o peso e a forma corporal, eles se manifestam de maneiras diferentes e podem ser influenciados por diversos fatores.
Diferenças Psicológicas e de Personalidade
- Ana: Frequentemente associada a traços como perfeccionismo, necessidade de controle e autoexigência extrema. Pessoas com anorexia podem buscar um controle rigoroso sobre sua alimentação e peso como uma forma de lidar com a ansiedade e o estresse.
- Mia: Pode estar associada a impulsividade e dificuldade em controlar emoções. Pessoas com bulimia muitas vezes passam por ciclos de restrição alimentar seguidos por episódios de compulsão alimentar e comportamentos compensatórios (vômitos, uso de laxantes, etc.).
Influências Biológicas e Genéticas
- Fatores genéticos podem predispor indivíduos a desenvolver um tipo específico de transtorno alimentar. Estudos mostram que há uma hereditariedade significativa para ambos os transtornos, mas os genes específicos e como eles interagem com o ambiente ainda estão sendo investigados.
História Familiar e Ambiente
- Ana: Pode ser mais comum em famílias onde há uma ênfase maior na ordem, disciplina e aparência física. Ambientes que valorizam a magreza extrema podem influenciar o desenvolvimento da anorexia.
- Mia: Pode estar associada a ambientes familiares onde há maior incidência de conflitos emocionais e menor estabilidade emocional. A bulimia pode ser uma resposta a uma necessidade de lidar com emoções intensas e imprevisíveis.
Eventos de Vida e Traumas
- Experiências traumáticas, como abuso físico, emocional ou sexual, podem contribuir para o desenvolvimento de ambos os transtornos, mas a forma como o trauma é internalizado e manifestado pode variar.
- Pessoas com bulimia podem usar a comida como uma forma de conforto ou como uma forma de punir a si mesmas, enquanto pessoas com anorexia podem usar a restrição alimentar como uma forma de controle e autopurificação.
Influências Socioculturais
- A pressão para se conformar a ideais de beleza irrealistas pode levar ao desenvolvimento de ambos os transtornos. No entanto, a forma como a pressão é internalizada e as estratégias adotadas para lidar com essa pressão podem diferir.
- A exposição a imagens de corpos magros e a valorização da magreza extrema podem ser particularmente influentes no desenvolvimento da anorexia. Por outro lado, a bulimia pode ser mais comum em culturas onde há uma abundância de alimentos e uma pressão para manter um determinado peso.
fiquem magras e lindas, garotas gordas não merecem a felicidade. xoxo 💋
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dramaticadora · 10 months ago
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As vezes a gente se coloca em um modo automático tão rigoroso, que esquecemos como voltar ao controle. é ai que mora o perigo, onde vamos parar, finalmente? quantos arrependimentos vamos colecionar?
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anditwentlikethis · 3 months ago
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E parem de gastar episódios de 10 minutos no Felix eu NUNCA vou gostar dele nem sentir-me mal por ele nem ter qualquer tipo de empatia para com ele por favor foquem em storylines mais interessantes e em personagens que não sejam uns fdp
Erik por favor eu estou a ficar sem armas para te defender por amor de deus STAND UP
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amethvysts · 5 months ago
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DEAREST READER — F1 GRID.
#sumário: headcanons sobre os pilotos inspiradas no universo bridgerton, e também nessas fotos aqui. #pilotos: carlos sainz, charles leclerc, george russell, lewis hamilton, max verstappen. #avisos: 7k de palavras então tá longo! algumas tropes são inspiradas em bridgerton (duh), e, muito provavelmente, existem algumas inconsistências históricas. só papo de casamento. não tive criatividade pra criar um título bonitinho pros divos, então é tudo na base do nome. não tá revisado.
💭 nota da autora poderia ter escrito um drabble pra cada um? SIM! but i didn't want to *laser eyes*. então, fiz uns headcanons que tão bem grandinhos porque simplesmente não consegui parar de digitar. tem uns que eu tinha desenvolvido muito mais, mas ficou simplesmente gigantesco, então cortei pela metade. gostei bastante de escrever esses, então espero que vocês gostem também! todos os créditos para a parte do russell e do sir lewis vão para a musa @imninahchan ♡ espero que gostem!
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1 – O FAMILIAR CONDE VERSTAPPEN.
♡ㆍA família Verstappen havia se mudado para a propriedade ao lado há pouco mais de dez anos. E desde então, é impossível pensar em uma vida onde Max Verstappen não faça parte. 
♡ㆍVocê, a mais jovem entre seus irmãos, e ele, o herdeiro ao título do pai, tornaram-se amigos rapidamente. Pela idade similar e o interesse mútuo em cavalos rápidos de corrida, a ligação havia sido instantânea, mesmo que reclamasse da competitividade do garoto sempre que assistiam a uma corrida juntos. 
♡ㆍCom o passar dos anos, estabeleceram que eram melhores amigos. Não que não fosse óbvio aos olhos alheios, mas foi como firmar um contrato verbal. Um arranjo para a vida.
"Você é a garota mais legal que já conheci," ele declarou, na tenra idade de onze anos. Estavam escondidos embaixo da mesa do escritório do seu pai, dividindo uma travessa de doces que haviam surrupiado da cozinha. Mesmo tão jovem, já era uma pessoa difícil de jogar elogios por aí, e talvez por isso, seus elogios fossem tão ruins. Mas você o conhecia bem o suficiente para saber que o que dizia era sincero.
"Que bom," responde, distraída enquanto retira o recheio de cereja do bombom. "Porque você é o garoto mais legal que já conheci". 
♡ㆍA propriedade dos seus pais rapidamente se torna o refúgio de Max, uma maneira de fugir das expectativas e implicância do pai e viver como um jovem comum. Descobre a felicidade de fazer nada com você, após passar a manhã se esforçando para completar as lições de seus tutores. Leem livros e discutem sobre os enredos e seus personagens favoritos, conversam sobre os eventos da alta sociedade e também sobre suas expectativas para a corrida de cavalos daquele fim de semana.
♡ㆍPassam os momentos mais relaxantes juntos, mesmo com as discussões que surgem quando escolhem equipes opostas para torcer. Longe dos teatros da corte, podem ser genuínos um com o outro. Você não precisa fingir ser alguém que não é quando está com ele. Não precisa monitorar a altura das suas gargalhadas, a quantidade de biscoitos que come, ou a maneira que está sentada. 
♡ㆍE percebe que ele também não se importa em ser aquilo que o pai o obriga a ser durante todos aqueles eventos rigorosos. Em sua companhia, ele deixa o futuro título de lado e pode ser apenas o Max. O seu melhor amigo que já quase se afogou quando caiu no lago de patos da sua propriedade, salvo por você, e que em troca, te salvou de quase cair do seu cavalo quando saíram para passear pelo bosque. 
♡ㆍMas o tempo, às vezes, também pode ser traiçoeiro. Antes, aquele que os tornou inseparáveis também tornou-se motivo de distância. Ao atingir a idade adequada para começar a lidar com os negócios da família, o seu Max foi tirado da sua vida de forma abrupta e dolorosa. 
♡ㆍVocê nunca ignorou a maneira a qual o pai de Max, o Conde Verstappen, tratava o filho como se fosse nada mais do que seu herdeiro, uma pedra preciosa que necessitava ser polida para os seus próprios jogos políticos. Era difícil não perceber o peso da responsabilidade nos ombros de seu amigo, que assim que atingiu a idade considerada apropriada pelo pai, se fechou totalmente. 
♡ㆍAo visitá-lo em sua residência, quando sabia que Conde Verstappen não estava por perto, você era sempre recebida da mesma forma: a preceptora de Max, com aquela cara azeda, tinha o prazer de atendê-la apenas para te dizer que "o herdeiro Verstappen está muito ocupado no momento, senhorita". E mesmo com sua insistência, o máximo que conseguia era apenas deixar uma mensagem que nunca era repassada. 
♡ㆍEntão, com sua estreia, passaram a se encontrar apenas nos eventos da alta sociedade. Por um tempo, sentia tanta raiva do rapaz que mal conseguia encará-lo por muito tempo, e procurava sempre escapar de qualquer possibilidade de interação.
♡ㆍEssa necessidade de evitá-lo fazia com que você se tornasse alheia a atenção, sempre tão dedicada e repleta de anseio, do rapaz. Os olhos azuis te acompanhavam pelo salão, morosos e ardentes, carregados da saudade que só você seria capaz de identificar.
♡ㆍE, apesar de ser um dos homens mais cobiçados do recinto, Max havia ganhado uma reputação que nada lembrava aquele que você conhecia. Dava a impressão de ser um recluso, sempre afastado e desagradável. Passava a noite conversando com os amigos de seu pai, todos relacionados a política, e recusava ser apresentado a qualquer moça, raramente participando das danças. 
♡ㆍNão surpreendia que, mesmo com toda a popularidade que ganhou sendo um Verstappen, ele ainda não tivesse garantido uma esposa, já em sua segunda vez participando ativamente dos eventos da temporada. Claro, sendo um homem, as suas tentativas não seriam contabilizadas. 
♡ㆍVocê, ao contrário de seu velho amigo, teria fazer valer a pena cada dança, conversa e trocas de olhares nos salões que frequentava. Tinha sempre seu cartão de danças preenchido, dando o seu melhor em qualquer coreografia e tornando até os piores pares em uma companhia agradável. Havia se tornado uma das estreantes mais populares, e por isso, o seu valor aumentava cada vez mais. O que te leva a crer que foi justamente por isso que Max Verstappen decidiu se aproximar de você mais uma vez. 
♡ㆍPreenchia um copo de ponche para acalmar os nervos após ter dançado uma fervorosa quadrilha junto de um jovem lorde, e respirou fundo quando notou que os pés doíam depois de tanto esforço (e pisoteadas). Mal havia levantado o braço para bebericar quando percebe a chegada de alguém a mesa que estava. 
♡ㆍ"Ainda tem espaço para uma dança?" Max, é claro. A voz parecia mais madura, mas ainda reconhecível. Não sabia se seu coração havia acelerado por nervosismo de, finalmente, conseguir conversar com ele novamente, ou se por pura raiva. Talvez um pouco dos dois.
"Felizmente não," responde com uma mentira, mais seca do que intendia. Geralmente, ao lado de homens da alta sociedade bonitos e solteiros, você era simpática, tão doce que doía os dentes. Mas esse não era um rapaz qualquer. Era Max, seu antigo melhor amigo, que foi covarde o suficiente para quebrar seu coração sem justificativa.
Sua resposta pareceu desestabilizá-lo por alguns segundos, e você pôde acompanhar o brilho nos olhos azuis desaparecer após sua rejeição. A possibilidade de cutucá-lo com a mesma adaga que te machucou parecia interessante em seus secretos planos de vingança, mas realizá-los, de fato, não surtiu nenhum prazer.
Bebeu um pouco do ponche, e distraída, perdeu o momento em que os olhos do rapaz conseguiram avistar um bloco em branco do seu cartão. Sem mesmo pedir licença, Max segurou o pequeno objeto em sua mão, capturando a pequena caneta e deixando sua assinatura ali. "Podemos dançar a valsa," anuncia, deixando claro que não teria outra opção. E então, te faz uma curta cortesia, se despedindo, "Lady". 
♡ㆍFoi assim que, contra a sua vontade, por uma mudança ridícula do destino, você finalmente teve Max Verstappen de volta em sua vida. Passara anos desejando a presença do rapaz, e quando finalmente conseguiu… tudo estava diferente.
♡ㆍApesar de sua latente desconfiança, que sempre se erguia como uma barreira em sua reaproximação, estar perto de Max era como voltar a sua infância, e por mais que odiasse a afeição que borbulhava em seu peito, não podia evitá-la. Encontrava conforto em saber que o seu Max ainda existia por baixo daquela máscara estoica que usava em todos os bailes, e que surgia sempre quando entravam em uma discussão sobre a corrida da semana, agora ainda mais sarcásticos e maduros. Tudo ainda estava ali, adormecido, parecendo apenas esperar que o causador de tais sentimentos voltasse para revirar tudo novamente. ♡ㆍO cortejo público poderia não ser mais do que uma estratégia, mas quando estavam juntos, dividindo uma conversa ou uma dança, você sentia que talvez estivesse enganada acerca de suas suspeitas.
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16 – O MUSICAL PRÍNCIPE CHARLES.
♡ㆍVocê não morava embaixo de uma pedra. Todos comentavam sobre o príncipe estrangeiro que havia chegado para cortejar a escolhida da rainha naquela temporada, e você, contra sua própria vontade, sabia tudo sobre vossa alteza real. 
♡ㆍEra fato conhecido de que a cor favorita de Príncipe Charles era o vermelho, que faz parte do emblema de sua dinastia. Por isso, todas as debutantes (e solteironas, no geral) aderiram a detalhes vermelhos em seus vestidos para o primeiro baile da temporada. Dizem, também, que vossa alteza é um amante de animais, e você pode jurar que até a mais frígida das moças da sociedade adotou um cachorrinho. 
♡ㆍNão que você estivesse fazendo diferente, já que a noção de ter alguém diferente frequentando os mesmos espaços te despertava mais curiosidade do que deveria. Mas também estava ciente da dura realidade que enfrentava: agora, iniciando a sua terceira temporada consecutiva, não poderia esperar mais do que um lorde com poucas posses como marido. E mesmo assim, esse cenário ainda é muito otimista para sua situação. O mercado casamenteiro é impiedoso. 
♡ㆍPor isso, tentava não criar expectativas como as outras garotas da sociedade. Enquanto elas sonhavam em agarrar a atenção do príncipe para longe de sua prometida, você se contentava com o destino que sabia que não poder fugir. Pelo menos, tinha mais chance em ganhar os olhos dos outros aristocratas e, quem sabe, conseguir laçar um marido logo.
♡ㆍNão que tivesse pressa, mas saber que poderia se tornar um peso a mais para os seus pais era algo que não saia de sua cabeça ultimamente. Ainda mais sabendo que estavam realizando um grande esforço ao patrocinar o primeiro baile da temporada na propriedade da família, fazendo de tudo para que conseguissem se destacar no meio de tanto furor. 
♡ㆍE então, na noite que daria o pontapé para o início da nova temporada, todos são surpreendidos com a reviravolta: o príncipe não estaria presente naquela noite. Os membros da alta sociedade, tão arrumados e reunidos no salão de bailes do casarão de seus pais, são pegos de surpresa com a notícia. As mulheres escondem o suspiro de surpresa com seus leques, enquanto os homens conversam entre si, acordando que, certamente, teriam menos competição pelo resto da festividade. 
♡ㆍA notícia, no entanto, chega para você como um soco no estômago. Não tão decepcionada pela ausência, mas pelo grande ato de babaquice real. O grande baile que seus pais haviam planejado foi minado pela notícia de última hora, que fez com que os presentes se sentissem desanimados. A atração principal havia cancelado, e o que seria da noite?
♡ㆍTalvez pela abrupta mudança de planos e a confusão generalizada causada por ela, onde todos os convidados pareciam meio perdidos – o que apenas mostrava a rigidez desses eventos, onde todo tipo de interação é previamente ensaiada –, você conseguiu escapar da multidão de vestidos e paletós que cobria o salão para a sala de música, cômodo vizinho.
♡ㆍDecerto, não esperava nada ao entrar na sala e encostar-se contra a porta, soltando uma respiração aliviada. Mas ouvir a melodia das teclas de marfim do piano te alcançou desprevenida. Alguém daquele salão teve a mesma ideia que você, e ainda não sabia se isso era bom ou ruim. Pelo menos, não tocava como um ogro. 
♡ㆍA sala era pouco iluminada, apenas com alguns candelabros acesos, mas que faziam pouco para clarear o espaço amplo. Era capaz de observar uma figura elegante sentada à frente de seu piano – todas as moças devem ter, pelo menos, algum tipo de talento, foi o que sua mãe disse ao te ensinar as escalas do instrumento, quando ainda tinha nove anos. O cavalheiro parecia ter cabelos castanhos, iluminados pelas velas amarelas em seu entorno. O nariz pontiagudo e a covinha em sua bochecha eram sombreados, mas os olhos estavam escondidos pelos cílios grossos. Até o momento em que levantou a cabeça para te encarar. Sem perceber, você acabou prendendo a respiração mais uma vez.
♡ㆍSentiu o coração dar um solavanco contra o peito. Pensou ser porque estava na companhia de um completo estranho, em uma sala, sozinhos. E então, adicionou isso ao fato de estar diante do completo estranho mais bonito que já viu em toda sua vida. Aí, o coração errou uma batida. 
♡ㆍ"É um bom piano, não?" é a pergunta que sai dos lábios do estranho, uma maneira de quebrar a atmosfera que pesava a sua volta. Os olhos dele pareciam esverdeados à distância. Talvez castanho, também? Impossível de dizer de onde estava parada. 
♡ㆍA pergunta ecoa em sua mente por alguns segundos. Ele também não fazia ideia de quem você era, se não, já estaria se levantando e pedindo desculpas por tocar em algo que te pertencia. Mas essa ideia não te incomodava tanto, pelo menos não quando o escutou dedilhar um trecho de uma de suas sonatas favoritas. O toque a fazia soar mais suave do que realmente era. 
♡ㆍ"Sim," concorda e, antes que pudesse perceber o que fazia, já dava passos na direção do seu instrumento. Ou melhor, para o estranho que o tocava.
♡ㆍ"A senhorita se interessa pelo piano? Toca?" a voz dele era suave, como se não quisesse atrapalhar o som que os próprios dedos produziam. As mãos se moviam com destreza sob as teclas, e a agilidade dos movimentos a encantavam. No entanto, os olhos do rapaz não saiam de seu rosto, que estava queimando embaixo de tão devota atenção. Você consegue apenas assentir, o que ele responde com um sorriso animado. E então, outra pergunta, "Me acompanha?"
♡ㆍEnquanto toca, chega um pouco para o lado, te dando espaço suficiente para sentar-se a frente da região grave. Retirando sua mão esquerda, o som fica incompleto até você, de fato, ajudá-lo a completar a melodia. Uma maneira um tanto inortodoxa de conhecer alguém, mas completamente divertida.
♡ㆍDurante alguns minutos, permanecem dividindo as teclas e misturando os sons. Quando a canção que ele iniciou termina, você traz uma nova para que ele te acompanhe. É um desafio acertar as composições com apenas algumas notas inacabadas, mas é um joguinho que deixa os dois entretidos por um bom tempo. E, depois de algumas vezes, percebe que têm um gosto extremamente parecido. Seguem sempre o caminho das melodias mais delicadas, um tanto etéreas. 
♡ㆍDão risada quando as canções intercaladas passam a ficar mais complexas, e suas bochechas queimam quando suas mãos se tocam ao alcançar a região central das teclas. Consegue sentir o calor da mão do rapaz na sua, mesmo que esteja coberta por sua luva. Em um momento, chegam até a quase entrelaçar os braços, trocando as escalas. Isso é o que mais rende risos, porque a posição apenas torna tudo mais difícil. Mesmo que em silêncio, parecem trocar ideias bem ali, nas teclas de seu sagrado piano.
♡ㆍFoi um daqueles momentos em que o coração guarda com carinho, mas que você entende ter que acabar. A última canção se encerra naturalmente ao compartilharem a nota final. Você levanta os olhos, animada, e percebe que, enquanto estava encarando as teclas de marfim, o olhar do rapaz já estava em seu rosto há tempos. Isso faz um calor subir de seu peito até as bochechas.
♡ㆍ"Preciso me retirar, milady," ele se desculpa, mesmo que não faça nenhum movimento para se levantar do banco que dividem. Com os olhos dele sob os seus, você pensa: azuis com castanho. Combinação estranha… e mais encantadora que já vi. No entanto, responde com um murmúrio positivo, algo entre 'tudo bem' e 'eu entendo'. 
♡ㆍE apenas após escutar sua aceitação, mesmo que nem um pouco animada, o rapaz se prepara para partir. As duas mãos abotoam seu paletó, e você observa uma pequena insígnia no anel que leva no dedo indicador. Cavalo rampante. 
♡ㆍAlgo em seu peito incomoda ao vê-lo andar pela sala, para longe de você. Sem conseguir se segurar por muito tempo, decide dar um fim ao mistério que os rondou durante o tempo que compartilharam. Depressa, se introduz, revelando que era a filha dos donos da propriedade em que estavam, a filha do Conde.
♡ㆍSeu coração reage com mais um solavanco mal-comportado ao vê-lo sorrir, esperto. "Oh, eu sei," ele responde, como se você não tivesse que se preocupar com isso. "E eu sou o Charles". Céus.
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44 – O SURPREENDENTE DUQUE HAMILTON.
♡ㆍTodos da alta sociedade conheciam Duque Hamilton. Não apenas por sua elegância natural, que faz com que pareça Adônis reencarnado em qualquer roupa que vista, e nem só por sua riqueza e propriedades, mas, principalmente, por seu estilo de vida hedonista. 
♡ㆍDesde quando estreou na sociedade, no ano passado, percebeu que as aparições do duque eram raríssimas. Poucas foram as vezes que chegou a vê-lo nos salões de baile que frequentava, e menores ainda foram as oportunidades que teve para sequer interagir com ele – surpreendeu-se apenas por imaginar que ele sabia de sua existência. 
♡ㆍMas, quando conversavam, sempre mantendo a distância de desconhecidos, mas a educação daqueles que querem se conhecer, você imaginou que todas aquelas histórias mirabolantes sobre o duque e seus pernoites eram apenas rumores sórdidos. Certamente, seria impossível que um homem tão cortês causasse tanto estrago. Mal conseguia imaginá-lo em uma das festas ensandecidas que as más línguas descreviam.
♡ㆍNo entanto, sua opinião mudou radicalmente logo no final da temporada passada, durante uma belíssima ópera patrocinada pela Rainha. Ao se ausentar para ir ao banheiro, foi surpreendida pela visão do Duque Hamilton com uma das cantoras, que interpretava um dos papéis menores no espetáculo.
♡ㆍCom os olhos esbugalhados e o sentimento de desespero que crescia por flagrar um casal em um momento íntimo, acabou se escondendo atrás de uma das grandes pilastras. Uma decisão a qual se arrependeu amargamente.
♡ㆍAinda era capaz de escutar tudo, e sentia o nojo se espalhar por suas entranhas ao escutar o som molhado dos beijos que compartilhavam, bem no meio do hall do teatro. Com as portas principais fechadas, ninguém podia vê-los e estavam distantes o suficiente para que o som do espetáculo fosse abafado. 
♡ㆍAté que escutou a voz melódica do duque dizer uma sequência de palavras sedutoras, sem dúvidas as mais apetitosas que já ouviu um homem falar em sua vida. Caíram como explosivos em seus ouvidos inocentes, e despertaram muito mais do que sua curiosidade. Sentiu seu peito arfar, como se tudo o que Duque Hamilton estivesse falando fosse direcionado para você.
♡ㆍDeixou-se devanear por alguns segundos, se perdendo na própria imaginação ao escutar o barulho que o casal fazia, apenas alguns passos atrás da pilastra, até serem interrompidos. Sua acompanhante para a ópera, a sua dama de companhia, abriu as portas que separavam o hall da plateia e o barulho acabou por sobressaltar tanto você quanto o duque. 
♡ㆍ"Como a senhorita demorou!" ela anuncia ao te encontrar, escondida como um ratinho (e sentindo-se tão suja quanto) atrás da pilastra. Ao fundo, conseguia escutar o barulho apressado dos passos do casal, provavelmente procurando um local mais reservado para que pudessem continuar suas atividades. 
♡ㆍDesde esse dia, não duvidou dos rumores que passavam por seus ouvidos, e também não conseguiu mais parar de prestar atenção em tudo o que o duque fazia. Alguns argumentariam que estava apaixonada por ele, como todas as jovens mulheres da sociedade, mas você gostava de acreditar que seu interesse era um resultado puro de sua própria curiosidade. 
♡ㆍMas em momento nenhum ousou sonhar que seria, um dia, quem sabe, cortejada pelo belo duque. Essa era uma ilusão que não queria alimentar de forma alguma. Mesmo assim, você não conseguia parar de pensar nele.
♡ㆍE isso se seguiu até o início da nova temporada. No começo, foi difícil para de procurar pelo duque em todos os lugares que ia. Sentia-se frustrada por ele não estar presente para vê-la tão arrumada, tão linda. Decepcionava-se ao ter que gastar mais um belo vestido para conhecer outros pretendentes que não eram ele. E seguiu dessa forma pelos primeiros bailes, até, finalmente, conseguir direcionar sua atenção para outro homem.
♡ㆍLorde Burton era um visconde de posses pequenas, mas valiosas. Era simpático o suficiente para manter uma conversa interessante e tinha boa aparência. Te elogiava constantemente, ao ponto de se tornar um tanto inconveniente, e parecia gostar realmente de você. Um pouco demais. 
♡ㆍNo início, falhou em se atentar na emboscada que havia caído. Era uma boa combinação, o suficiente para que você não fosse considerada mais uma na fila das solteironas da sociedade, e também para te tirar daquele fascínio pelo duque, um homem que você sabia estar fora de cogitação. 
♡ㆍMas esqueceu de pensar que Lorde Burton, por mais benquisto que fosse, jamais manteve um cortejo por tempo o suficiente, apesar de seu histórico dizer que já havia tentado muitos. A essa ponto, deveria imaginar que o homem estava tão desesperado para se casar a ponto de se agarrar a você como sua última esperança. 
♡ㆍO que foi, outrora, ameno, agora estava se tornando uma amolação. Não conseguia escapar de seus braços durante os bailes e tinha que suportar suas intermináveis conversas sobre o seu casamento – que não havia sido acordado por sua parte. Lorde Burton era extremamente carente por sua atenção, e sua paciência era curta. 
♡ㆍEm um dos eventos realizados na casa de uma das amigas da Rainha, um baile luxuoso e muito bem frequentado, você se sentia sufocada ao lado de seu… galanteador. Mesmo após três taças de champanhe e o uso de seu leque, sentiu que não conseguiria passar mais um minuto sequer ao lado de Burton. 
♡ㆍFazendo charme, tocou o braço do homem para alertá-lo que não estava se sentindo nada bem, e que precisava se retirar do salão para recuperar-se por alguns instantes. Enquanto Lorde Burton ainda pensava em se oferecer para te acompanhar, você imediatamente o calou, alegando que passava por problemas femininos – a desculpa perfeita para manter qualquer homem afastado. 
♡ㆍAssim que recebeu um olhar de preocupação, mas compreensivo, do seu par, não esperou nem um segundo para sair do salão. Apenas não correu porque ainda precisava manter a pose debilitada. 
♡ㆍAproveitou os momentos que tinha antes de, inevitavelmente, Lorde Burton vir ao seu encontro, para passear pelos corredores próximos. Não fazia a menor ideia de por onde ir, já que a residência era imensa. Decidiu que seria melhor manter a exploração aos ambientes próximos à festa, assim, poderia caminhar de volta sem muito esforço.
♡ㆍEntrou em um extenso corredor, repleto de retratos e pinturas paisagísticas. Foi o que te distraiu o suficiente para que não visse que uma nova pessoa havia entrado no mesmo lugar que você, e estava tão aéreo quanto. Sem perceberem, acabam por se esbarrar bem no meio do corredor, enquanto hipnotizados por um dos quadros pendurados na parede.
♡ㆍ"Me desculpe," você nem havia encarado o rosto da pessoa a qual falava e já pedia desculpas. Quando seus olhos finalmente se encontraram, suas bochechas queimam ao completar, "Duque Hamilton". E oferece uma curta cortesia com a cabeça, a que ele retribui rapidamente.
"Senhorita," te dá um sorriso encantador, e você sente o coração disparar dentro de seu peito. Parecia até uma garotinha, admirada por tudo o que esse homem fazia. "Acredito que esteja tão perdida quanto eu". 
"Um pouco," admite, ainda um tanto desnorteada. Estão mais próximos do que deveriam, devido ao esbarrão. Sente a saia de seu vestido roçar contra os joelhos do duque. "Não quis me afastar muito do salão".
"Decisão sábia," oferece uma risada, então, em um tom confessional, diz, "Estava à procura do toalete, mas acabei aqui". 
♡ㆍÉ um momento simples, mas que te deslumbra. Enquanto ri, aproveita para apreciar a maneira com que os olhos do duque se fecham ao sorrir, e como ele parece tão à vontade criando uma conversa fiada – depois de tantos anos na sociedade, deve ser um mestre. 
♡ㆍNo entanto, antes que pudesse responder a sua revelação, vocês são pegos de surpresa com a chegada de um novo integrante à conversa: Lorde Burton. Como era de se esperar, após ter demorado tanto para retornar à festa, o seu pretendente havia iniciado a sua busca – mais cedo do que o imaginado, contudo. 
♡ㆍVocê deixa escapar um suspiro de consternação, alto o suficiente para que o duque te encare com um olhar confuso. Ele imediatamente nota como o seu corpo pareceu tensionar com a chegada do cavalheiro. E parece não gostar da maneira com que Lorde Burton o ignora, dirigindo-se diretamente a você, como quem procura tirar satisfação. 
♡ㆍ"Aí está você!" exclama, em um tom falsamente bem-humorado. Um sorriso contido, mas sabichão, aparece nos lábios do lorde, fazendo seu estômago revirar de irritação. Era melhor que tivesse se perdido naquele casarão. Então, com um olhar de soslaio para Duque Hamilton, completa: "Pensei que estivesse lidando com problemas femininos, mas vejo que já está bem melhor, não?"
♡ㆍEstava claro que falava aquilo em voz alta para te constranger na frente do duque, uma maneira de te dar o troco por fazê-lo esperar, sozinho, no salão. Você se retrai e olha para baixo, evitando contato visual com ambos.
"Já es-," antes que pudesse completar a sua frase, complacente, é interrompida pela voz do duque. Ele ajeita a própria postura, e parece crescer diante de seus olhos. Os olhos castanhos se estreitam enquanto encaram Lorde Burton, intensos. 
"A senhorita sente-se muito bem, meu lorde. Apenas precisava de um momento longe do tumulto," é como se roubasse todas as desculpas da sua mente. "E não é necessário se preocupar, todos os problemas femininos já foram resolvidos". Ou talvez não todas. 
♡ㆍSeus olhos se alargam ao escutar a réplica do duque, e é preciso morder o próprio lábio para não deixar que uma risada incrédula te escape. Curiosa, sua atenção cai imediatamente sob Lorde Burton, que parece mais atribulado que o normal, chocado tal insolência. Ao voltar seu olhar para Hamilton, percebe que ele encara o lorde como se perguntasse, silencioso, 'o que vai fazer?'.
♡ㆍFoi respondido em apenas um segundo. Lorde Burton olha para os dois, e ainda nervoso, bate o pé em retirada do corredor. Seu rosto parecia vermelho como um tomate, e bufava.
♡ㆍAssim que o homem se distancia o suficiente, você e o duque se encaram e, sem se comunicar, desatam de rir ali mesmo. Sente a sua barriga doer e lágrimas escorrerem por seus olhos, que seca com os dedos assim que se acalma.
♡ㆍ"Obrigada," agradece ao duque, mesmo que, no fundo, soubesse que havia arranjado um grande problema para resolver. Em troca, ele faz uma pequena cortesia com a cabeça, ainda rindo. Passam alguns segundos em quietos, o silêncio sendo interrompido apenas pelas respirações pesadas após a crise de risos. 
"Não é preciso me agradecer," responde, mas logo se contradiz, ao sugerir, "Ou talvez… a senhorita queira me agradecer me concedendo uma dança?"
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55 – O ENCANTADOR MARQUÊS SAINZ.
♡ㆍSer de uma família do campo, de renda modesta, nunca pareceu um impedimento para qualquer coisa em sua vida. Você foi criada e educada sem a ajuda de criados, fazendo as tarefas para ajudar seus pais, e em conjunto com seus irmãos. Aprendeu a ler e foi bem-educada na arte da conversação com a ajuda de sua mãe, mas também aprendeu a lidar com os animais da fazenda com seu pai. 
♡ㆍNunca aspirou casar-se com ninguém fora de seu círculo, e já sabia que teria que se contentar com algum rapaz de boa aparência, tolerável e com escassas terras em seu nome. Uma garota do campo como você raramente teria grandes chances em subir socialmente.
♡ㆍNo entanto, sua madrinha, que morava na cidade e pareceu nunca ligar muito para sua existência, tinha outros planos. Lady Federline havia acabado de perder o marido e também perdia as esperanças de conseguir um casamento próspero para as duas filhas solteironas, que embarcavam em sua quarta temporada na sociedade. Pediu para que seus pais concedessem a sua guarda para que, finalmente, obtivesse sucesso no mercado casamenteiro. 
♡ㆍ"É meu dever como madrinha," foi o que a mulher disse, mesmo que tivesse muitas outras obrigações que jamais cumpriu. Mal se lembra da última vez em que a viu, mas decidiu aceitar o ato de boa vontade – não que tivesse muita escolha, já que seus pais ficaram deslumbrados pela oportunidade de sua filha se casar com um homem de boa fortuna, que pudesse melhorar o estilo de vida da família. No fundo, você sabia que era apenas mais uma tentativa da mulher não se afundar ainda mais perante àquela sociedade tão crítica. Com dois fracassos em uma mão, talvez um casamento bem-sucedido pudesse salvar um pouco de sua reputação. 
♡ㆍEm sua chegada na cidade, rapidamente fora escoltada para a modista, que se tornou um de seus lugares favoritos. Não pelas roupas, que apesar de lindas e glamourosas, não enchiam seus olhos. Foi ali, enquanto tirava suas medidas e ajustava alguns vestidos disponíveis, em que pôde saber mais das histórias da alta sociedade. Fofocar era um hábito que não morreria tão cedo em você.
♡ㆍDescobriu que sua teoria estava mais certa do que gostaria. Uma das filhas de sua madrinha havia se envolvido com um rico político, já casado, e trouxe escândalo para o nome da família. Enquanto a outra era tão antipática que poucos conseguiam manter uma conversa por mais que alguns minutos. Você já era considerada um achado diante de seus pares. 
♡ㆍE como era de se esperar, a sua popularidade também trouxe a inveja das filhas de sua madrinha, já cientes dos destinos muito diferentes que teriam. Mesmo com a preferência óbvia de Lady Federline, isso não as impedia de te tratar como nada mais do que uma intrusa dentro da residência da família. Não chegavam nem a vê-la como uma igual, e constantemente te rebaixavam a uma posição inferior. 
♡ㆍPor mais que fosse fácil de sempre vencer uma discussão, visto se importavam com pouco além da própria mesquinhez e com a fortuna herdada de seu pai, você não poderia se indispor completamente com as duas. E por saber disso, iniciaram uma campanha de pequenas sabotagens para te prejudicar. 
♡ㆍTinha imaginado que as irmãs do mal tentariam te envergonhar logo na cerimônia de apresentação à rainha, mas o que te aguardava era definitivamente muito pior. A rivalidade, unilateral, chegou em seu ápice pouco tempo depois, no primeiro grande baile da temporada. 
♡ㆍSua diversão, alimentada pelas consecutivas danças e conversas que tinha com os lordes e grupos de moças que pareciam interessados o suficiente em conhecer a garota do campo, teve um fim sórdido no meio do salão. E, para piorar, foi no momento mais feliz de sua noite.
♡ㆍDisputada por boa parte dos solteiros naquela noite, você foi surpreendida quando, enquanto tentava se livrar de um rapaz um tanto inoportuno, sua conversa foi interrompida pelo ilustre Marquês Sainz. Um tipo que você jamais imaginou sequer te notar, devido ao grande prestígio e popularidade que havia acumulado na alta sociedade. O conhecia apenas por nome e reputação, já que sua madrinha e as más-línguas na modista haviam sussurrado sobre o espanhol. Ele havia viajado para a cidade para resolver os negócios do pai, e acabou por se mudar para uma residência não muito distante do centro, e tornou-se um dos solteiros mais cobiçados pelas moças.
♡ㆍAo saber de sua existência, pensava que o marquês havia conquistado tal fama por sua fortuna, mas, estando cara a cara com o homem, entendeu que era muito mais que isso. Era tão bonito que te fazia sentir o peito queimar. E aquele sotaque! Fazia a sua interrupção ainda mais bem-vinda.
♡ㆍ"A senhorita já tem um par para a próxima dança," ele anuncia para o cavalheiro que lhe importunava. Não foi uma mentira bem contada, porque Sainz imediatamente te encarou como se pedisse a sua permissão para tal, mas fez com que o rapaz que tentava chamar sua atenção se afastasse. Você apenas assentiu, com um sorriso grato nos lábios. 
♡ㆍAo iniciarem a dança, com sua mão enluvada sobre a dele, você sente que não conseguiria manter-se séria embaixo do peso dos olhos do marquês. Pareceu não notar seu óbvio encantamento – talvez já estivesse muito acostumado com as pessoas se derretendo sob seu olhar –, e apenas disse, "Peço desculpas pela interrupção, senhorita. Mas não acho que uma mulher bonita como você deveria suportar as chatices do Lorde Calder". É o suficiente para render uma risada, e a partir daí, a conversa se desenrola durante o resto da música. 
♡ㆍDistraída demais conversando com o marquês – que logo mostra que, por baixo de toda a pompa, é extremamente gentil e um tanto adorável –, mal percebe que uma das irmãs aproveitou a oportunidade de te ter vulnerável na pista de dança para pisar na barra de seu vestido com o salto. E, envolvida em sua dança, você se move para frente e o tecido, frágil, fica para trás. O barulho de sua saia rasgando parece ecoar três vezes mais, interrompendo sua conversa e trazendo a atenção de todos do salão para você. O ofego surpreso das pessoas ainda ressoa na sua mente. 
♡ㆍDe imediato, seus olhos se enchem de lágrimas. Não por sentir-se triste, mas humilhada. Estava com metade das pernas expostas para a nata da sociedade e envergonhando-se na frente do marquês, até então a pessoa que mais gostou de conhecer durante sua estadia na cidade. Mal conseguiu encará-lo, mantendo a cabeça baixa e tirando suas mãos das dele, agarrando a barra do vestido antes de correr para fora do salão. 
♡ㆍSentiu-se cega e surda por alguns segundos, com a cabeça girando e as lágrimas pesando. O mundo parecia ruir à sua volta e seus pulmões doíam de tanto segurar o choro. Permaneceu de cabeça baixa até se distanciar o suficiente da festa, terminando sua corrida da vergonha na entrada do jardim. Apenas ali, se deixou chorar.
♡ㆍEra terrível sentir-se tão imponente e a mercê. Estava distante de tudo o que conhecia, por uma decisão de terceiros e ainda havia sido humilhada na frente dos maiores predadores da cadeia alimentar. Um pesadelo total.
♡ㆍEnquanto sentia o lábio inferior tremer, não querendo deixar os soluços rasgarem sua garganta, foi surpreendida por aquele mesmo sotaque que te fez rir há alguns minutos, "Ei," o tom é suave, quase como se quisesse te confortar. No entanto, o marquês mantém a distância, mesmo que seus olhos castanhos mostrem límpida preocupação. Suas mãos estão estendidas, como se quisessem te tocar. Pareceu não saber o que falar agora que tinha a sua atenção, vendo o seu rostinho tão infeliz. "Quer… Precisa que eu chame a sua carruagem, senhorita?"
♡ㆍA expressão que tinha em seu rosto era fascinante. Ao mesmo tempo que parecia amargo por te ver daquela maneira, também procurava te encorajar a aceitar sua sugestão. O marquês Sainz não parecia ter muita experiência em lidar com mulheres com vestidos rasgados, mas certamente fazia um esforço para tentar te consolar naquele momento. Não suportava vê-la assim. 
♡ㆍTe ofereceu um sorriso caloroso ao te ver acenar com a cabeça, aceitando o alento. Então, estendeu a sua mão para que segurar a barra do vestido para você e, em seguida, o braço para que segurasse para acompanhá-lo até a entrada da residência.
♡ㆍ"Uma pena o vestido ter sido arruinado dessa forma," ele comenta enquanto caminham. Você não podia evitar, em meio de suas fungadas, de exprimir um murmúrio positivo, concordando. Sainz te encarou de rabo de olho, percebendo que continuava tão abalada quanto antes. "Você não deveria se preocupar. Minhas irmãs viram o que a senhorita Federline fez. Ela será sortuda se conseguir sair do salão com o vestido intacto até o final da noite", e suas palavras foram seguidas de uma piscadela. Isso a fez rir, e ele sorriu, satisfeito com a realização. 
♡ㆍConversaram sobre algumas peculiaridades da festa até chegarem em seu destino, e ele pareceu querer te distrair mais do que tudo. Procurava dizer alguns gracejos para te manter sorrindo, ou te incitando a dizer coisas piores. Ao chegarem ao local em que os cocheiros estavam reunidos, a mão do homem pareceu segurar a barra de seu vestido com ainda mais força, e se manteve um pouco à sua frente, te escondendo dos olhares curiosos e furtivos daqueles homens.
♡ㆍTe surpreendeu ao chamar a carruagem de sua família ao invés da Federline. Uma ação um tanto chocante, se não imprópria, mas, parada ali com seu vestido rasgado, não se importava com polidez – de qualquer forma, tudo no marquês te dizia que ainda se veriam muitas vezes… ou você queria acreditar que sim. 
♡ㆍTão tarde da noite, a chegada à residência Federline foi mais rápida do que ambos esperavam, e tiveram que interromper mais uma conversa. Não era possível expressar em palavras o quão grata se sentia pelo ato de gentileza de Sainz, e a tristeza de ter que deixá-lo seguir sua viagem sem você. 
♡��De qualquer forma, ficou com a lembrança do sorriso e do som da risada do marquês, que repetia a cada momento como uma forma de suportar os dias seguintes, sem nenhum evento em que pudesse revê-lo. No antro de seu ser, já estava convencida de que o homem havia se arrependido, e nem mesmo falaria com você caso se esbarrassem nas ruas da cidade, ou mesmo em outro baile, na frente de todos. 
♡ㆍTalvez por estar tão cega por seu pessimismo que se surpreendeu ao receber uma encomenda endereçada a você. Ao abrir, se deparou com um vestido da mesma cor daquele que usou no baile, no entanto, mais leve e ainda mais bonito e rico. Preso à caixa, um bilhete que dizia: "Espero que chegue aos pés do arruinado. Por que não usá-lo em um passeio no parque? Talvez na próxima quarta-feira, digamos que às três. Cordialmente, Mr. Sainz". 
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63 – O MESQUINHO CONDE RUSSELL.
♡ㆍVocê nunca imaginou que a vida de casada seria tão detestável. Tinha o exemplo de seus pais que, mesmo tendo se casado por uma estratégia de negócios, haviam achado o amor em sua união e permanecido juntos e felizes durante todos esses anos.
♡ㆍEssas são palavras que você jamais se atreveria a dizer sobre a sua própria união com o jovem Conde George Russell. Nutriam um desprezo tão grande um pelo outro que, por vezes, imaginava que a palavra ódio seria incapaz de descrever sua relação. 
♡ㆍDesde que suas famílias acertaram sua união – por sua parte, para benefício financeiro para os negócios de seu pai, e para a parte de George, para assegurar sua herança –, vocês dois haviam se jurado de morte, recusando até mesmo a passarem tempo junto durante o noivado. Seria torturada diariamente, então por que se submeter a tal flagelo antes de ser estritamente necessário? 
♡ㆍA aversão do rapaz não te afeta mais, porque não é como se seu marido alimentasse afetos por toda a sociedade. Muito pelo contrário, o seu jeito um tanto mesquinho o faz criar apatias latentes, quase sempre unilaterais. Diz não gostar de Lorde Brooke porque vive a se gabar por seus resultados no críquete, mas mal sabe segurar o taco corretamente. Evita engajar em conversas com Lady Evans porque não sabe pronunciar seus 'r' e, quando eram solteiros, parecia se jogar nos braços de George em qualquer oportunidade.
♡ㆍNão que duvidasse da popularidade de seu marido, pois a testemunhou de perto. Todas as mulheres solteiras da região sonhavam em conquistar o rapaz por rumores de sua recheada herança, então, a família Russell esteve alerta para evitar possíveis oportunistas. 
♡ㆍComo seus pais, Lady e Lorde Russell puseram o coração à frente da razão, dando a oportunidade que o filho escolhesse uma mulher a qual pudesse se apaixonar e viver uma vida feliz. E George pareceu levar tal preocupação a sério até demais; passadas três temporadas, o rapaz ainda não havia escolhido uma esposa e parecia colocar defeitos até na mais perfeita e doce das debutantes.
♡ㆍA demora trouxe uma nova consternação à tona: o herdeiro Russell assumiria seu título sem uma esposa? Tal possibilidade não agradava o lorde nem um pouco, que logo estabeleceu que o filho apenas teria acesso a sua herança e a sua posição caso se casasse… e com a lady que eles escolhessem.
♡ㆍSe a união foi um castigo para George, você não faz ideia. Mas sabe que certamente pode ser considerado um para você. Afinal, como ser feliz em uma residência em que mal encontra outras pessoas? E que sempre quando esbarra em seu marido, ele faz de tudo para te evitar? De todos os empregados, apenas as suas damas de companhia tinham coragem de conversar com você, e rapidamente tornaram-se suas únicas confidentes. 
♡ㆍQuando estava perto de George, mal conseguia passar cinco minutos sem discutir sobre alguma coisa completamente irrelevante. Mas já era um avanço, porque nos primeiros meses do casamento, não eram capazes nem de dividir a mesma mesa no café da manhã – o que terminou em uma acalorada troca de comida… que acabaram esfregando um na cara do outro. 
♡ㆍEnvergonhada, pediu desculpas apenas aos empregados que acabaram limpando a bagunça que deixaram na mesa da sala de jantar, enquanto ainda estava coberta de suco de laranja. Pelo menos, saiu tranquila por saber que tinha deixado seu marido muito pior após esfregar uma bandeja de ovos poche em seu precioso cabelo. 
♡ㆍAgora, pelo menos, conseguiam brigar com menos impulsividade – também ajudava que, durante as refeições, permaneciam quietos. Terminavam as discussões com um "humpf" ou deixando o outro falando sozinho, saindo batendo o pé por não suportar dividir o mesmo ambiente. 
♡ㆍRaramente tinham momentos em que se sentiam em paz com a presença do outro, mas estes geralmente aconteciam quando faziam visitações em conjunto às casas do condado. No início, sabiam que era necessário manter as aparências e fingir que estava tudo sempre florido no relacionamento de vocês. Por isso, mantinham sorrisos e disfarçavam a vontade de se esganar. Pensavam no bem-estar e na segurança da administração.
♡ㆍMas era difícil não deixar se encantar pelo charme natural que George emanava sempre que conversava com algum dos habitantes. Por mais irritante e mesquinho que fosse a portas fechadas, ele sabia exatamente o que fazer para conquistar as pessoas ao seu redor. Doía admitir, mas sempre o achava mais atraente quando se fazia de bom moço, tão educado e simpático com todos que o buscavam.
♡ㆍTornava-se ainda mais complicado quando o via interagir com alguma criança do vilarejo. Elas sempre eram privilegiadas por George, e pareciam nutrir uma admiração pelo conde que você jamais pensou existir. 
♡ㆍConforme o tempo passou e as visitas se tornaram mais frequentes, você passou a perceber que tudo aquilo não era apenas charme, ou uma máscara que seu marido colocava para encantar os súditos. Era ele. Apenas ele. E a verdadeira fachada era aquela que ele apresentava para a sociedade. Uma reviravolta surpreendente… mas extremamente agradável. 
♡ㆍ"Eles parecem gostar de você," George te disse, um dia. Era a primeira vez em que falava diretamente com você há dias, depois de mais uma briga. O peso de seus olhos azuis pesava contra sua face enquanto ele parecia te analisar, tentar discernir se você era boa o suficiente para receber aquela atenção. Um acesso de ciúmes, foi o que você pensou. "Isso é bom". 
♡ㆍFoi a primeira vez em que mostrou algum tipo de reação positiva a algo que você fazia. Seu peito se encheu de um novo senso de vaidade, sentiu-se feliz por receber um elogio do rapaz, geralmente tão crítico. Mas, tão rápido quanto se instalou, também foi embora. Você não precisava da aprovação de George para nada, tentou se convencer. Mas era tão bom…
"Eles gostam de você, também," observa, porque não sabia o que responder. 
"Eu tento," responde, e por mais que suas palavras tenham soado um tanto ríspidas, você se surpreende ao notar um certo tom de humildade nelas, algo parecido com uma vulnerabilidade que era nova entre vocês. 
♡ㆍSe encararam, um tanto desconfiados. Essa situação era nova e vocês não tinham ideia de como navegar por ela. Deveriam continuar conversando? Fingir que isso não havia acontecido e levantar um motivo para uma nova intriga? As perguntas rondaram sua mente até o momento em que George assente levemente para você, mas os orbes azuis brilhavam com reconhecimento. Você não pode evitar e retribui o gesto.
♡ㆍ"Deveríamos jantar juntos," ele diz, de repente. "Uma das senhoras foi gentil o suficiente em fazer um guisado. Acredito que não o comeria inteiro". E com isso, te fez uma curta cortesia com a cabeça e voltou a andar pelo vilarejo, te deixando para trás, atônita.
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cartasparaviolet · 2 months ago
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Trinta. Três décadas infinitas não tão bem vividas. Aos olhos da primavera, parecia uma flor bela a esconder-se do restante do jardim, mantinha seu brilho apagado para chamar o mínimo de atenção. Sobressaltava as veias pensar em comparação. Por favor, deixe-me quieta em meu canto, para meu espanto pareciam consentir. Até certo ponto. Toda aquela nostalgia da infância foi arrastada pelo vento. Sinto o fardo do tempo sobre meus ombros. As cobranças, as responsabilidades. Sinto saudade de casa, essa sempre foi a minha real necessidade. A verdade é que desejava pegar a primeira condução e partir. Bem longe daqui, na esquina do universo. Lá existirá algum bar para aterrar e brindar a liberdade da alma. Os seres celestiais são mais felizes, pois estão livres dos grilhões carnais. Há um aspecto de Sísifo na raça humana de quem eternamente carrega seus pecados e vive de modo automático sem compreender suas motivações, ou seria um complexo de Atlas por querer carregar o mundo nas costas? Só sei que estava pesado, asfixiante, torturante. Estive acostumada com o ar rarefeito, causa-me estranheza respirar o ar puro da natureza e contemplar toda a sua beleza. Por quanto tempo adormeci? Trinta anos. Trinta invernos rigorosos onde a alma gélida permanecia estática sem estética em sua forma de massa de gelo. Havia algo maior, sem dúvidas. Haveria um fogo para me derreter. Onde encontrar esse calor, esse fulgor? Nas estrelas persigo as tão aguardadas respostas. “Olhe para dentro”, é tudo que eles me dizem. Quando retorno ao meu núcleo deparo-me com o vazio. Em outros tempos, já foi deveras assustador confrontar esse abismo. Luz e sombra a duelar em meu coração. Atinge novos picos de entusiasmo e satisfação. Sinto-me uma estrangeira em minha própria pele, confundem-me constantemente com o fracasso. Apenas não aceito viver de modo raso. Necessito de uma quantidade diária de fantasia mascarada com pingos de realidade para sobreviver a esse caos. Essa selva de concreto e insensatez já não consegue me acorrentar. Sinto saudade de casa, desde a tenra infância, essa é a minha única verdade. E desejo. Retornar aos braços do além de onde essa alma não-pertencente provém. Trinta anos e ainda não encontrei meu lugar no mundo. Escuto dizer que é uma bênção disfarçada, já que o apocalipse encontra-se logo adiante. Talvez seja realmente uma proteção divina não encontrar todas as respostas para as diversas indagações que possuo. “Na hora certa, tudo será esclarecido”, é o que alegam. Aceito com certa insatisfação tal explicação, pois me confortava saber que tinha o controle em minhas mãos. Trinta anos e ainda escrevo sobre solidão, incompreensão, outra dimensão. Esse é o cerne da questão. A minha alma volita pelos ares em busca de uma nova direção. A máscara do escapista fez-me escapar da realidade, enquanto a alma transitava bailando pelas ruas com os pensamentos na lua. Como ser humano se me sinto do Todo? Reside em mim uma saudade de casa e, aos trinta, vislumbro pequenas luzes a me guiar. Sei que um dia hei de retornar.
Ps: texto escrito ano passado, postado as vésperas do meu aniversário de 31 anos.
@cartasparaviolet
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hotmomrry · 2 years ago
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— Milk Farm
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É 1890, Harry Styles é filha do dono de uma das maiores fazendas da Inglaterra. Louis Tomlinson é o leiteiro da cidade. Harry não deveria sentir tanto desejo estar em estar perto de Louis, muito menos deveria odiar tanto a proximidade de sua irmã gêmea com ele.
Hpussy
Diferença de idade (17 e 19)
Porn with plot
Perda de virgindade
11 mil palavras
Na lenda de Ragnarök, o evento cataclísmico que marca o fim do mundo na mitologia nórdica, é dito que os sinos tocarão para alertar os deuses sobre a chegada iminente da batalha final. Os sinos são mencionados como parte dos sinais que anunciam o início do conflito entre os deuses e as forças do caos.
Vinculado à percepção dos sons e as vibrações sonoras, sinos também representam o critério da harmonia universal, simbolizando também o chamamento divino, e a comunicação entre o céu e a terra, além de seu contato com a vida subterrânea.
Para os moradores de Colchester, o sino representava um novo dia. Cinco batidas no som de uma música caseira vinham diretamente da igreja da cidade. O sol já apresentava-se tão bem nas ruas serenas, livrando-se do frio escomunal do outono rigoroso. Era possível ouvir as galinhas cacarejando, os bois sendo alimentados e os cavalos já correndo tão livremente fora de seus celeiros.
Entretanto, Harry não deveria ouvir isso. Ela não deveria estar ciente dos ventos das manhãs, dos empregados andando pela casa e, muito menos, da água gélida que caía das torneiras antes das 7 horas da manhã. Aliás, a regra era clara: os empregados usam a água gelada em seus banhos, enquanto seus patrões usam a água quente para um banho confortável. Era comum, na verdade, já que apenas as grandes fazendas, a alta sociedade e os donos de grandes dotes possuíam água quente em suas residências.
A ponta dos dedos não conseguiam evitar o ranger da madeira a cada passo da garota. Saía de seu banho em silêncio, mesmo que seus dentes se chocassem um contra os outros por conta do frio. Enrolada em um robe grosso vindo do Oriente, ela buscava não molhar o chão que escorregava por baixo de seus pés molhados, falhando ao que os cachos pingavam gotículas grossas. Tudo o que a cacheada precisava era de, no mínimo, uma frecha de luz. Todavia, nem sua lâmpada poderia ser acesa, muito menos as cortinas serem abertas.
Uma moça como Harry deveria estar dormindo a essa hora, era simples. Ela estara entrando na vida adulta com seus 17 anos, logo casaria-se e cuidaria de seus filhos, sendo assim, necessário que dormisse por, pelo menos, 8 horas diárias. Sua mãe a mataria se visse que, durante o último mês, ela acordara duas horas antes do que o esperado para ver de sua janela um ordinário empregado.
De fato, aquilo estava acabando com sua vida. O pó-de-arroz era seu melhor amigo indispensável para cobrir as marcas escuras e as bolsas inchadas abaixo de seus olhos. O chá estava sendo substituído por doses escondidas de café, e seu professor já não suportava mais a falta de atenção nas aulas.
Mas a parte crucial, ninguém jamais entenderia.
Louis William Tomlinson era conhecido na cidade. E, apesar dos desejos de Harry para que fosse conhecido como seu namorado, ele era apenas um galã entre as meninas de todas as classes, mas um sonho possível somente para as moças pobres.
Apesar dos olhos azuis encantadores, de suas roupas bem lavadas, do sorriso sempre grande e albescente, sua linhagem não era tão agradável para os pais das moças que o queriam.
Ser vista com o leiteiro da cidade seria uma elevação com os adolescentes e uma queda de reputação social ao mesmo tempo. Além do mais, com uma família de seis irmãos, morando no cortiço de cidade, misturando-se com o gueto e trabalhando para os grandes senhores de fazendas, sua reputação não poderia nem ao menos ser comprada, já que o faltava dinheiro até para sobreviver.
Harry não planejava ser vista com ele, mas isso não a impedia de ficar em sua janela vendo o dia amanhecer, enquanto de longe conseguia seguir os movimentos de Louis com os olhos verdes curiosos.
O trabalho do homem era apenas esperar que os leites estivessem engarrafados, sair para fazer suas entregas e voltar até que todas estivessem concluídas. Mas absolutamente tudo ficava melhor quando ele decidia ajudar os fazendeiros.
Mesmo com a temperatura baixa, Louis retirava sua camisa branca para não sujar, sentava-se no banco de madeira e retirava o leite das vacas que caiam diretamente no grande balde. Os músculos de seus braços contraíam, enquanto suspiros eram arrancados de Harry. Ela sentia-se esquentar sempre que a mão grossa e as veias saltadas se arrastavam pela testa com rastros do suor quente.
Quando chegava na escola contando para as meninas sua visão tão privilegiada, elas a odiavam mais, enquanto outras se juntavam para o chá da tarde apenas para ouvir mais detalhes, na esperança de que Louis aparecesse sempre.
Uma vez, quando Louis estara trabalhando nos celeiros e entrou completamente acabado do dia de trabalhado dentro da casa, uma das amigas de Harry pediu pateticamente para lamber seu suor.
Tomlinson apenas sorriu de lado enquanto soltava uma risada constrangida. Querendo ou não, ele sabia bem que todas as meninas queriam um pedaço de si. Todas elas tinham um boato para inventar, mas todas sabiam que Louis nunca havia ficado com alguém da cidade. Aquilo intrigava Harry, mais do que deveria.
Apesar do poder das histórias de Harry sob as outras garotas de sua idade, havia alguém que a fazia querer gritar por horas sem parar.
Harriet Styles era o empecilho de sua vida.
Nascida apenas dois minutos antes da cacheada, sua gêmea era tudo o que ela não era. Com os mesmos traços, o corpo igualmente esculpido, o cabelo um pouco mais do que o de Harry, ela era encantadora. E, para piorar, vivia na cola de Louis.
Louis a adorava, Harry a odiava.
Há cerca de um ano, Louis e Harriet começaram a se ver na fazenda. Então, tentando se vingar de sua irmã, Harry perdeu sua virgindade com o noivo dela, na cama dela.
Aquilo gerou brigas infinitas, dedos em seus rostos, gritos escandalosos, lágrimas raivosas. Mas tudo o que Harriet disse no final fora:
"Ainda bem que eu me livrei dele. Obrigada por todo o trabalho, irmãzinha."
Desse dia em diante, os encontros aumentaram. O pior de tudo era: Harry não fazia ideia do que tanto eles faziam juntos. E caso descobrisse, prometeu que deixaria sua irmã careca. Então, ela jamais seria uma dama boa o suficiente para casar com alguém.
Quando os olhos dispersos perderam Louis de vista e o sino anunciou 6 da manhã, Harry saiu da janela, voltando a fechar a cortina pesada.
Jogou-se em sua cama macia, abrindo o robe e respirando fundo. As mãos subiram por seus seios gordinhos, massagendo os mamilos. Com calma, tocou sua barriga, acariciou o começo de sua virilha e se frustrou. Suas mãos jamais seriam as mãos de Louis. Elas eram, aparentemente, tão boas, tão firmes, tão grossas. As suas eram sem graças, sem fundamento.
Quando estara prestes a tentar outra vez, acariciando o clitóris macio, sua porta fora aberta com prontidão, fazendo-a pular e se cobrir com o pano ainda pendente em seu corpo.
— Deus, Harry. Eu não acredito no que quase vi. — Era Harriet. Ela acendeu a luz do quarto, vendo a irmã tão corada e encolhida na cama.
— Você quer me matar? Eu pensei que era a mamãe. — Quase gritou, amarrando o robe novamente em seu corpo. Não falaria em voz alta, mas a sensação de ser pega a fez se molhar no mesmo instante.
— Papai e mamãe saíram de madrugada, farão uma viagens de longos dias até a França. Eles avisaram. — A mais velha disse, aproximado-se da irmã e deixando um beijo em sua bochecha.
Os olhos de Harry brilharam. Seus pais não estariam no país. Estariam tão distantes como não ficavam há tanto tempo. Sentia-se nas nuvens, com o coração acelerado e seu sorriso grande nos lábios. Afastou-se instantaneamente de Harriet.
— Eu preciso me arrumar para ir à escola. — Correu até o guarda-roupa. — Saia do meu quarto, Harriet.
— Isso não significa que você vai dar para o Louis, irmã. — Andou até a cama da irmã, sentando-se na mesma enquanto a observava, Harry se livrando do robe e procurando peças de roupa.
— Cala a boca. — Bufou.
— É óbvio que todos os homens da cidade já tiveram você. — Riu, analisando o corpo da outra. — Louis não vai querer uma prostituta. Por isso, se alguma de nós duas têm a oportunidade, sou eu.
Harry estava se vestindo, não dando ouvidos a outra. No final, Louis jamais resistiria a ela — pelo menos era o que esperava.
A camisola já estara vestida por baixo, sendo posto os espartilhos em sua cintura. Enquanto a maioria das mulheres reclamavam da peça de roupa, tudo o que Harry podia fazer era agradecer. Sentia-se uma verdadeira prostituta quando o usava sem a camisola por baixo, tendo os seios ainda mais fartos e seu corpo perfeitamente modelado.
— Vamos, Harriet, puxe pra mim. Aperte o quanto conseguir. — Virou-se de costas para a irmã, sentindo quando começou a entrelaçar o espartilho e puxar. Sua respiração se prendeu nos pulmões por breves segundos, antes que seu corpo se acostumasse com a ideia apertada.
Seu corpo parecia tão bonito, tão desejado por si mesma. Olhava-se no espelho encantada ao que sentiu um beijinho da irmã em seu ombro, terminando de amarrar a roupa. Ela estara prestes a deixar mais um selar quando, sem paciência, Harry a empurrou.
O vestido azul deslizou-se por seu corpo. Ele apertava seu torso, descia apertada até sua cintura e caia mais naturalmente sobre os quadris, ganhando volume. As mangas eram longas, mas não bufantes, dando a vez para que o pequeno casaco azul e dourado que alcançava o meio de sua silhueta fosse vestido. E, apesar de comportado, o decote expunha o volume de seus seios que o espartilho proporcionava.
— O que você ainda está fazendo aqui? Vá se arrumar. — A irmã se deu por vencido, saindo do quarto sem dizer mais nada.
A roupa fora finalizada com suas botas com saltinho, seu chapéu com fitas que cobriram o coque e suas luvas de renda branca. 
No entanto, quando desceu as escadas para tomar seu café, descobriu por Harriet que Louis não estava mais lá. Nem mesmo acordando mais cedo ela conseguia o encontrar.
🥛
O humor ruim de Harry era tão evidente.
Na pequena escola de tijolos, concentrada no topo de uma pequena montanha, ocorria tudo consideravelmente bem. Apesar da expressão emburrada, dos lábios em um biquinho chateado e seus xingamentos à Rose, que buscava balançar o leque na velocidade perfeita, seu dia não estava sendo tão entendiante.
É claro, Sr. Frederic ensinando matemática em um dia de sexta-feira não era agradável a ninguém. Todos ansiavam para o término da aula, ansiavam por suas casas antes das uma da tarde. As barrigas revirando de fome, seus olhos revirando em tédio, seus lábios tremendo a cada bufar. Nem mesmo o professor parecia raciocinar.
Mas o almejo de Harry sob aquelas circunstâncias eram bem diferentes. Charles Lowell havia a chamado antes do sino da primeira aula tocar. O diálogo entre os dois foi breve, diferente do apertar em seu seio esquerdo que a fez gemer baixinho, com os olhos inocentes na direção das pupilas negras, enquanto seus dedos pressionavam a roupa perfeitamente passada do garoto, segurando-se em seu bíceps.
Ele a questionou de forma ofensiva, em busca do preço que cobraria para ter sua boca chupando a bucetinha da cacheada.
No entanto, ao invés de sentir-se ofendida, ela esfregou-se mais na mão alheia, sentindo o biquinho enrijecido de seu seio contra os dedos macios, mesmo com a roupa grossa. Um sorriso escroto, misturado com libidinosidade, surgiu nos lábios vermelhos, fazendo Charles ficar ainda mais encantado.
"Nos acertamos no final da aula, querido. Não se deve falar com uma dama dessa forma. Seus pais não o ensinaram algo extremamente básico?"
E, deixando-o para trás, ela saiu. Seus quadris largos balançavam em sua direção, soltando uma risadinha ao chegar perto das amigas, disfarçando todo o acontecimento anterior. Sendo, seu maior problema, sua apreciação por ser vista como uma prostituta de bordéis baratos.
A sensação de sentar-se a mesa com seus pais para o jantar, vestindo vestidos comportados, luvas novas, penteados com laços grandes, tendo sido, anteriormente, fodida em algum beco, era incrível.
Seus pais permaneciam pensando que Harry era a filha pura, enquanto ela permanecia com seu sorriso inocente sem contestar nenhum dos elogios.
Quando, naquele dia, o sino de lata fora balançado pelo professor, ecoando um alto som dentro da sala, todos saíram com rapidez, mas elegância. Sumiam na paisagem esverdeada, marcando chás da tarde para o sábado, passeios até a igreja no domingo e festas do pijama.
Harriet não havia aparecido, muito menos se arrumado para ir à escola. O que deixara Harry incomodada. Se a irmã não estivesse na escola, poderia estar com o que era seu.
Sentiu-se tola ao recusar o convite de Victoria para irem até a fazenda de Harry em sua carruagem. Queria chegar rápido, mas ao mesmo tempo queria aliviar aquilo que Louis fizera com seu corpo.
— Charles, precisamos ser rápidos. O Senhor Frederic fica por mais uma hora dentro da sala revisando os materiais. — O puxava para a lateral da pequena escola, dividida em apenas duas salas de aula.
— Você não tem com o que se preocupar, princesa. — Aproximou-se para beija-la, sendo afastado.
— Não. Sem beijos. Você disse que queria me chupar. Isso vai custar um espartilho de couro. Já que visita a cidade todos os fins de semana, não será problema para você. — Sorriu, encostando-se na parece. Não era o lugar ideal, mas servia.
Seus sapatos brancos sujavam na grama úmida, assim como a ponta do vestido longo. A cada mínimo movimento a expressão apavorante de Harry ficava pior. Pelo menos não teria que fazer muito esforço, diferente de Charles.
Apesar da falta de beijos em sua boca, os lábios carnudos de Lowell umideciam seu pescoço frio, beijando-o adoradamente, como uma peça de porcela. As mãos grandes massageavam seus seios, fazendo sua cabeça pensar apenas em Louis.
Se fosse Tomlinson ali, deixaria-o engravida-la apenas para o alimentar dos leites de seus peitos. Permitiria que a boca chupasse cada gota, que ele se satifazesse apenas com o gosto doce dos mamilos vermelhos e do leitinho quente.
— Ajoelha, Charles. — Bateu em seus ombros. A xotinha pulsava de tesão só com o pensamento, molhando entre suas pernas, já que a calcinha era ausente naquele dia.
Harry poderia ser bem agressiva durante o sexo, apesar da intimidade delicada e do corpo esbelto que parecia jamais ter sido tocado. Ela amava ser controlada, apanhar em seu rosto ao que se contraia em um pau grosso, ou ser proibida de gozar, mas amava também ter o domínio de cavalgar forte, cuspir de forma humilhante no rosto do seu parceiro se não estiver saindo da forma que deseja e o ensinar como uma vagabunda merece ser tratada.
Afinal, aproveitava de um pouco dos dois mundos, tirando a inocência de virgens dentro de banheiros e sendo arrombada atrás de paredes de tijolos.
— Deus, Harry. Que bucetinha linda. — Ela sabia. Elogios como esse eram comuns.
O garoto estara ajoelhado na grama, enquanto Harry levantava seu vestido. Apreciando a intimidade molhadinha, ele sentia a ponta do salto da mulher por seu corpo, até que a coxa estivesse se apoiando no ombro alheio. Ela se abriu mais, sentindo-se tão exposta. Um sorriso cafajeste estara presente nos lábios molhados, as covinhas afundando nas bochechas, e Charles passando a se afundar entre suas pernas.
Soava meio inexperiente a atacar com tanta fome, tentando penetrar sua língua e apanhando no rosto sempre que se afastava. Ela rebolava em seu rosto, esfregando-se naquele rosto bonito, querendo seu gosto por ele todo.
— Isso, isso! — Gemia baixo. Seu chapéu já estara desvencilhando de sua cabeça, o penteado sendo desfeito sempre que não resistia a tombar-se para trás. Sua mão era bruta nos fios castanhos, forçando-o a pronto de o deixar sem ar.
O relinchar de um cavalo podia ser ouvido. Alguém, provavelmente, havia parado ao pé do morro.
— H, temos que ir. — Lowell parecia acabado. As bochechas coradas, os lábios e queixo sujos, o cabelo cacheado bagunçado.
— Temos, Charles? — Apesar da dificuldade para agarrar seu vestido com apenas um braço, ela o fez. Desatou a luva de sua outra mão e brincou com seu grelinho, passando a pontinha da unha para arranhar e seu dígito para massagear a dor.
Olhava tão profundamente naqueles olhos, sendo perseguida por um turbilhão de sentimentos. Um deles era a frustração de confiar em homens virgens. Eles tinham tanta confiança em si, mas tão pouca nela. Harry já havia se livrado que inúmeras situações apenas com o rostinho bonito e os cílios grandes fazendo sua parte de piscadela chorosas.
— Se você não voltar com essa boca agora, eu vou entrar dentro daquela sala, dar tão gostoso para o professor Frederic, e fazer todos os dias você ter a consciência de que jamais me tocará outra vez. — Estalou um tapa em sua bucetinha, gemendo alto. O melzinho em seus dedos foi saboreado por sua própria boca, enlouquecida no próprio gosto.
E, como sabia, a ameaça disfarçada de chantagem, funcionou.
Submersa nas emoções, atraia Louis com seu pensamento. Até que pensou estar delirando. Ele era um êxtase extremo para seu cérebro, e uma adrenalina para seu corpo. E de todas as vezes que se tocou pensando nos olhos azuis, jamais tivera algo tão realista em sua frente. Jamais se tocou para ele.
Louis estava ali, de costas para os dois. Recolhia as garrafas de vidro que seriam repostas na segunda-feira. Tão disperso, distraído e concentrado em suas atividades. Parecia tão diferente do que estara pela manhã. Seus cabelos desgrenhados, mas molhados — denunciando que havia saído do banho recentemente —, vestia calças desgastadas, uma blusa de botões, com os mesmos abertos, e suspensórios soltos nas laterais de seu corpo.
A pele macia de sua barriga era tão atrativa, coberta em um caminho de pelos ralos até que sumisse dentro da calça de alfaiataria, tão bonito e pecaminoso, como a tatuagem desenhada em sua clavícula. Inconsequentemente, Harry gemeu mais alto, gozando na boca de Charles, enquanto suas mãos apertavam fortemente seu vestido e o homem investia mais a língua dentro de si. Seus olhos estavam conectados aos azuis agora, seus dentinhos de coelho afundados em seu lábio inferior e a expressão melosa de Harry, olhando em sua direção como se implorasse por ele.
Louis a observou por alguns segundos, dando seu costumeiro sorriso de lado e o negar leve com sua cabeça. Desceu os olhos para Charles e depois para o vestido bagunçado, dando as costas.
Harry sentia-se tão rejeitada. Jamais fora tão humilhada apenas com um olhar. Seus olhos marejaram, o coração apertou, afastando Lowell no mesmo segundo.
— Eu preciso ir. — Arrumou o vestido, vendo o homem jogado no chão.
— Mas-
— Nos falamos depois. — Saiu andando, voltando apenas para sussurrar. — E se você ousar contar isso pra alguém, eu digo que seu pinto é tão pequeno que se parece com um clitóris. — Saiu marchando, ouvindo a risada atrás de si se tornando distante.
Correr nunca fora uma missão fácil para Harry, ainda mais quando os empecilhos contavam com seu salto afundando no solo macio, seu vestido embolando ao que dava as passadas apressadas e a insistência dos cachos volumosos caírem por seus ombros, fazendo-a segurar o chapéu azul bebê em sua cabeça.
Ela precisava de uma desculpa para encontrar Louis. Apesar de saber, lá no fundo, que Louis jamais se importaria realmente com os detalhes de sua vida. Talvez se importasse mais em saber qual era o café da manhã de Harriet, do que saber quantos prêmios a Styles mais nova pretendia ganhar.
Louis Tomlinson era terrível. Mesmo não fugindo de Harry, seus passos eram maiores, mais largos. Ela não entendia. Os dois compartilhavam do mesmo tamanho, mas as pernas femininas eram ainda mais longas que as dele. Elas deveriam ser mais ágeis, contando com o fato de que Styles dispunha de uma professora particular de ioga, vinda diretamente da Índia.
— Louis! Espere! — O homem já descia o morro, parecendo suspirar profundamente ao ouvir a voz. Aquilo fez com que Harry se encolhesse.
— Diga, senhorita. — Ainda que estivesse no meio na descida de barro, Louis voltou, subindo com a cesta de garrafas, carregada em um de seus braços. — Me parece com dificuldades para descer. — Ofereceu seu braço, tal que fora agarrado no meu segundo.
Harry jamais esteve tão perto de Louis, assim como jamais ouviu tanto de sua voz.
Ela soava tão calma, mesmo com o sotaque carregado do interior da Inglaterra. Era suave, rouca em certas palavras, mas macia. Se fosse tocavel, Harry imaginava que seria como deleitar-se em um campo de flores suaves e tenras.
Seu cheiro era tão bom, deixando notório o uso do sabão caseiro, tal como em suas roupas limpas. E mesmo com a imagem obviamente cansada e gasta, Louis ainda era o homem mais bonito que já conheceu. Desde a barba rala recentemente crescida, ao seus bíceps que a deixavam tão segura de que estara em boas mãos.
— Você está indo até a fazenda? — Louis concordou, concentrado em ajudá-la, até que finalmente estivesse em chão plano. — Pode me levar? Eu não tenho com quem ir. — Engoliu a seco. — E... Eu vim atrás de você também para pedir uma coisa.
— Eu não vou contar ao seu pai, senhorita. Não é da minha conta. — Ela sorriu pequeno. — Vamos, suba. Vou a levar em casa. — Estendeu sua mão, ajudando-a subir na parte de trás do carrinho conduzido pelo cavalo, sendo uma versão de entrega das carroças, só que mais fácil de ser pilotada.
Styles não se propiciava a tal humilhação de ser vista andando de forma tão miserável. Mas Louis estava ali, fazendo um lindo barulho com seus lábios em forma de um biquinho, permitindo que o cavalo começasse a andar. Era encantador, mesmo que trágico.
Permitiu-se tirar o chapéu que enfeitava sua cabeça, sentindo a aragem fresca em sua face. O caminho emanava paz, tornando o cintilar dos vidros e o cavalgar do cavalo os únicos sons possíveis de serem ouvidos durante toda a estrada.
Louis parecia ignorar sua presença, concentrado nas rédeas e em assobiar alguma canção. Harry o olhava desolado, os fios cacheados contra sua face a tornando ainda mais dramática. Era como se suplicasse por um oxigênio que se recusava a entrar em seus pulmões, deixando-a para morrer em uma constante injúria.
— O que tem feito, Louis? — Perguntou sorridente, o receio da rejeição atingindo suas linhas de expressão.
— O que eu faço quando você não está me observando?
As bochechas avermelhadas por conta do frio ganharam uma sensação tão quente de vergonha em sua derme. Louis sabia. Ele era um maldito homem com o ego inflado, não muito diferente de todos os outros que Harry já conheceu..
— Eu não o observo. — Falou rudemente.
— Então por que está sempre em sua janela ao amanhecer? — Ergueu a sobrancelha. Mas seu olhar era tão distante. Ele observava a tudo, menos ao que estara plantada ao seu lado.
— Ora, vendo o sol nascer. Não sou exibida com você, que fica tirando a camisa para moças inocentes. — O acusou, tocando com a pontinha do dedo o ombro alheio. Louis olhou para sua mão, rindo.
Ele amava rir, aquilo irritava Harry. Não pelo simples fato de ser feliz, mas pela risada que acompanhava o tom sarcástico.
— Não se preocupe com isso, quando tiro minha camisa, não há nenhuma moça que eu queira impressionar. — Seus lábios se ergueram em um sorriso. — Aliás, seu pai me vê como um filho. Então... Seríamos como irmãos, não acha? — Questionou retoricamente de forma tão calma.
Aquilo era muito para Harry.
— Ah, acho que uma de suas luvas se perdeu.
Era muito até para Harry. O seu carma tinha nome e sobrenome. O seu carma era o maldito Louis Tomlinson. Ele nem havia a tocado, mas já a oprimia como uma onça poderia fazer com um gatinho.
Os braços da cacheada se cruzaram em uma total birra, enquanto tentava inutilmente esconder sua mão sem a luva. Assim como Louis a ignorava, ela também o fazia. A diferença era que, ao invés de deixá-lo vencer, ela apertava os braços abaixo de seus seios, deixando-os ainda mais expostos para o outro. Sabendo bem que, uma hora ou outra, ele não se contentaria em apenas sentir a provocação.
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O amor tem sido um tema essencial nas narrativas humanas ao longo da história. Embora os contos eróticos possam se deleitar na expressão da sexualidade e eroticismo, eles não são desprovidos de amor.
São deixados em livros, contos, cartas e em várias tradições literárias, incluindo a mitologia grega e romana, que o amor é retratado de diferentes formas, desde relacionamentos românticos, casos de desejo e paixão.
Afinal, como citava Platão em uma de suas obras mais famosas, todos estão destinados a essa busca constante e incansável por sua outra metade a fim de se restabelecer o original e primitivo “todo”. Não apenas sobre o sexual, mas incluindo-o em sua busca.
A manhã de sábado se estabelecia. O galo já havia cantado, os empregados já haviam posto e retirado a mesa de café, entrando na preparação do almoço. Entretanto, Harry permanecia em seu quarto.
Durante toda a madrugada, observando o céu de sua janela, pensando na imensidão do universo e questionando o vácuo que surgia em sua cabeça sempre que estara perto de Louis, tomou-se a conclusão de que, de alguma forma, talvez o desejo incansável pelo rapaz estivesse aflorando.
Harry e Louis não eram Piramo e Tisbe do século XIX, mas Harry ansiava por um final de história melhor.
Contanto que não acabasse mortos para inspirarem um novo conto de Romeu e Julieta, ela sentia-se em vantagem. De qualquer forma, Romeu amava Julieta, assim como Píramo amava Tisbe, diferente de Louis, que ao menos gostava de Harry.
A não ser como sua irmãzinha postiça, é claro. Soava sempre mais patético sempre que pensava sobre isso.
Fora perto do amanhecer que Harry se sentou em sua escrivaninha. A cadeira de madeira não era confortável, mas nem mesmo sua cama parecia aconchegante naquele instante. Tudo parecia tão confuso ao que se misturava com o calor de seu corpo e a corrente fria de ar adentrando a janela aberta.
Se pudesse listar um novo dicionário, adicionaria uma nova sensação: a sensação de Louis Tomlinson. Apelidaria de Louie para simplificar a palavra, sendo descrita como a sensação que parte do aconchego de olhos ternos, misturado com a confusão de um amor e envolvido em um tesão absurdo.
Daquele dia em diante, Harry decidiu que só se relacionaria com outros homens ou até mesmo mulheres, após descobrir o que sentia verdadeiramente por Louis. Caso fizesse com outra pessoa, uma parte de si estaria traindo-o — mesmo que ele não fosse seu.
Seus dedos estavam cansados, escrevia sem parar em diversos papéis, o tinteiro já chegando ao fim quando decidiu que seria aquela carta.
Escrevia uma carta à Louis. Não declarando seu amor, mas declarando seus desejos. Era vesgonhoso citar a forma que desejava suas mãos, ou confessar seus sonhos mais molhados. Apesar das palavras eróticas e da forma poética que as usava, torcia para que, depois de sua morte, ninguém a publicasse como uma lembrança.
Dobrou a carta, deixou um beijinho marcado de batom vermelho e usou o sinete para lacrar o papel, a marcação vermelha contendo um H em sua formação.
Quando terminou, levantando-se, o sino bateu nove vezes. Suas costas doíam, mas seu coração acelerado e ansioso fazia o suficiente para que a dor fosse esquecida e substituída.
Ela permitiu-se tomar um banho longo, escovar os dentes com um sorriso em seus lábios, pentear os fios até que estivessem repartidos no meio e enrolando em pequenos cachos conforme secavam.
Era sábado, sem seus pais e com poucos empregados na casa. Um dia preguiçoso que pedia por uma camisola de cetim. Havia sido presenteada em troca de um boquete no banheiro da igreja. Vestia-a muito bem, com a cor rosinha constatando tão bem em sua pele.
Calçou suas sandálias brancas, passou o batom vermelho e borrifou seu perfume francês. A carta estara em sua mão, tal como seu coração. Vivia em um impasse, mas decidindo rapidamente que seguiria em frente com a decisão.
O sol resplandecia ao lado de fora. A fazenda aparentava estar vazia, mas não em total silêncio. Era perceptível os cavalos correndo e uma risada ecoando, fazendo-a correr para perto do grande campo livre onde os cavalos costumavam treinar para as competições de equitação.
Eles valiam milhares de libras, vivendo até mesmo melhores que Harry. O que significava que apenas pessoas permitidas podiam cuidar ou cavalgar neles. Harriet não era uma, Harry tinha certeza, apesar da risada soar tão parecida com a dela.
Suas dúvidas foram sanadas ao que, de longe, um Louis sem camisa e uma Harriet de roupas íntimas, foram vistos. Harry ferveu de ódio, porque deveria ser ela ali. Ela deveria ter Louis atrás de seu corpo, rindo enquanto guiava o cavalo. Ela deveria estar encostada em seu peito úmido. Ela deveria rir de suas piadas e beija-lo escondido.
Uma lágrima raivosa escapou, secando-a tão rápido como a velocidade que os dois se aproximavam. Até que estavam bem em sua frente.
— O que você acha que está fazendo, Harriet? — Gritou com a irmã, vendo-a descer do cavalo com suas roupas molhadas.
— Bom dia para você! — Sorriu cínica. — Eu e Louis fomos nadar no lago. Aquele que íamos quando nossos primos estavam aqui.
Louis havia ido até o celeiro guardar o cavalo. Voltava bagunçando seus fios castanhos, sem se preocupar muito com o que acontecia entre as irmãs. Os pés descalços e a calça de algodão preta estavam molhados e, mesmo que tentasse não olhar, o peitoral escorria gotículas grossas.
— Bom dia, Harry. — A voz aveludada o cumprimentou com um sorriso grande.
— Vá para o inferno você também. — Falou irritada, voltando a olhar para Harriet. — Entra para dentro de casa e vai colocar uma roupa. Agora.
— Você normalmente é menos careta, sabia? — Pediu a ajuda de Louis para pular a cerca, com ele vindo logo atrás. — Se tivesse saído com os caras que costuma sair, não estaria de tanto mau humor hoje.
Harry respirou fundo, prestes a estapear aquele rosto e fazê-la entrar a força dentro de casa. Todavia, não perderia o controle.
Após ser convencida por Harriet, os três seguiam até o coreto da fazenda. Quando eram menores, costumavam fazer piquiniques ali. Ela parecia não ter perdido o costume, já que havia uma cesta e um pano estendido no chão de pedra. Era como uma traição de ambas as partes.
— O que trouxe, Lou? — A mais velha perguntou, se sentando. Suas pernas estavam abertas como um banquete para Louis, com seu corpo levemente jogado para trás, apoiada em suas mãos.
— Peguei sanduíches na cozinha... — Revirava a cesta. — Frutas, garrafas de leite e o que você mais gosta. — Sorriu para ela, deixando Harry em pé como uma vela ambulante. — Tequila!
— Deus, você me conhece mesmo.
Ele sorriu convencido. Harry chutaria sua irmã se Louis não estivesse ali. Depois, o entregaria a carta que, agora, está presa em sua calcinha.
— Senta aí, H. — A outra falou, fazendo-a apenas assentir e se sentar entre os dois. Era algo tão desconfortável.
— Tequila, Harry? — Era Louis perguntando, fazendo-a apenas assentir e ajeitar a camisola em seu corpo. Sentia-se virando uma velha conservadora.
Tomlinson derramou um pouco da bebida dentro da garrafa de leite, sacudindo para que misturasse. Deu um longo gole, passando para Harriet, que fez o mesmo. Harry pegou ao ser oferecido, cheirando a mistura e levando até os lábios, sentindo aqueles olhos em si.
Com goladas hesitantes, o leite branquinho escorria pelo canto de seus lábios de forma imperceptível para ela. Sentindo apenas quando as gotículas caminhavam por sua clavícula, até seus seios. Quando afastou a garrafa e deu ao homem, notou seus olhos vidrados, e Harriet mais perto de seu corpo.
A mais velha tocou a barra da camisola, levantando-a de seu corpo e retirando quando Harry permitiu. A boca rosada correu em sua clavícula, chupando o leite derramado até seu queixo, fazendo-a se arrepiar.
Harry olhou para Louis, sorrindo ladino. Ele parecia ver o paraíso com aquelas seios grandes expostos, os biquinhos duros e a pele se arrepiando. Os olhos verdes se fecharam com o beijo em seu pescoço, abrindo apenas para ter a visão maravilhosa do pau grosso delineado na calça do homem.
— Você não acha que ela está suja de leite, Lou? — Harriet questionou, se afastando para derramar mais um pouco pelos seios da irmã. No entanto, a única coisa que fez, fora beijar seus ombros e acariciar sua bochecha, deixando lambidinhas no canto de seus lábios.
— Vem me limpar, gatinho. — Harry falou extasiada, observando como era fofo a forma envergonhada que Louis se aproximava, lambendo as gotas na barriga branquinha e subindo até seu seio. A garota praticamente o esfregou em seu rosto, segurando nos fios lisos e passando o biquinho por seus lábios, até que ele estivesse mamando.
— Se ele mama tão bem assim no seu peito, imagina o que fará quando você o ensinar a mamar sua bucetinha, irmã. — Harriet sussurrou como diabo em seu ouvido, descendo os olhos pelo corpo da mais nova e puxando a carta que encontrou presa em sua calcinha.
Harry estava prestes a contestar, mas o leite sendo lambido em seu torso a fez se calar. Sua calcinha estara encharcada, aproveitando a excitação do momento com aquela boca chupando seu peitinho, enquanto apertava o outro, brincando com o biquinho.
Louis não era o mais experiente nisso, ficou óbvio para as duas. Mas só o fato de ser ele, e o detalhe que ela ensinaria do jeito que gosta, era maravilhoso. Praticamente um sonho.
— "Em meus devaneios mais desvairados, vejo-nos envoltos em lençóis de seda, unidos num abraço apaixonado, onde nossos corpos se fundem em um frenesi de desejo. Imagino suas mãos firmes explorando os lugares mais íntimos, despertando sensações indizíveis em meu ser. Ah, como anseio sentir seu pau pulsante, profanando a fronteira entre o prazer e a loucura." — Harriet recitava um trecho da carta, apoiada em suas panturrilhas, sentada ao lado dos dois. — Deus, Louis. Ela diz que quer sentar em seu rosto enquanto se fode em sua língua e se esfrega em seu nariz.
— P-para, Harriet! — Mandava, inebriada pelos estímulos em seus seios. Louis mamava faminto, segurando em sua cintura enquanto trazia o corpo mais para si. — A minha xotinha tá pulsando... Eu vou, merda... — Gemia desesperada, a cabeça tombada para trás ao que recebia as mordidas superficiais nos mamilos.
— Ele não vai tocar você, H. — Acariciou a barriga da irmã, deixando leves carícias. — Louis nunca tocou em uma, por que você seria especial? — Riu, negando com a cabeça. Louis parecia ter sentido raiva daquilo, já que maltratou mais os peitos, beliscando forte com seus dedos e deixando o outro bem molhado de sua saliva. — Você queria ser a primeira dele, não é? — Murmurou, fingindo tristeza.
— Harriet! Porra! — Gritou, seu braço enlaçando o pescoço de Louis enquanto sua outra mão descia até sua intimidade, tocando o clitóris por cima do pano fino da calcinha.
Ela se masturbava na mesma intensidade que seus peitos eram chupados. Seus olhos estavam fechados em total concentração, ouvindo o barulho molhado ao seu lado da irmã se tocando. Mas toda sua concentração estava na boca deliciosa não saindo de seus peitos gostosos e doloridos.
— Vem, H. — Louis surrussou contra seu pescoço, puxando Harry para cima de si, deixando-a sentar em sua coxa. Com seu indicador, afastou o pano encharcado da calcinha, concedendo o grelinho a se roçar em sua calça.
— Aperta meus peitinhos. — Mandou, pegando as mãos e as colocando em seus peitos, vendo o sorriso nos lábios finos ao que ela ia para frente e para trás com seu quadril, gemendo alto.
Ele brincava com os peitinhos, notando a ausência de Harriet ali. Todavia, sabia para onde ela deveria ter ido. Por isso, não se importou em continuar, beijando a bochecha de Harry enquanto os movimentos diminuíam, tornando-se mais lentos, mas mais intensos.
— Sabe, Louis. — Ela dizia baixo, sujando sua calça. — Eu já dei pra tantos caras pensando em você. — Louis riu baixinho. — E se caso um dia eu tiver a oportunidade... — Ela sorriu, olhando em seus olhos e selando seus lábios. — eu vou deixar você chupar todo o meu gozo. Você vai cuspir ele no meu cuzinho e vai me foder tão forte com a porra desse pau delicioso.
— Continua, princesa... — Pediu, sentindo o corpo tremer em sua perna.
— Eu não sei, Louis! Eu quero fazer tantas coisas com você. Deixar você foder meus peitos, mas também quero que encha minha buceta de porra. — Sua boca se abriu em um gemido mudo. O corpo se contorceu em excitação enquanto ela liberava seu gozo na calça alheia, agarrando-se ao corpo.
— Seu linguajar se assemelha ao de uma puta, sabia?
Harry riu, sentando direito em seu colo enquanto o abraçava, contando algumas pintinhas em suas costas. Pela proximidade, conseguia sentir o caralho grosso abaixo de si, dando uma leve rebolada, mas sendo impedida de continuar.
— Talvez eu seja uma. Você gosta de gozar em putinhas? — Sussurrou no pé de seu ouvido, beijando seu pescoço e deixando a marca vermelha de batom.
— O que você quer que eu admita, Harry? — Perguntou, brincando com seus cachinhos.
— Que eu fui a primeira que gozou em você, pra você e com você. — Bufou. Era óbvio. — E que você não vai comer a Harriet.
Ela colocaria um limite de "Você não vai comer ninguém", mas soaria tão possessiva. Deixaria para mostrar esse seu lado em algum outro momento. Por ora, era apenas aquilo.
— Você foi a primeira pessoa com quem eu já tive toda essa proximidade, Harry. — Riu, envergonhado. Harry tentou sair do abraço para olhar em seu rosto, mas ele não permitiu. — E eu não farei nada com a sua irmã. Jamais fiz, na verdade. — Garantiu.
Harry sorriu com aquela vitória. Era uma competição onde apenas ela jogava, mas já era seu prêmio no final.
Os dois ficaram por mais algum tempo ali, naquele abraço, naquele aconchego molhado. Harry beijava sua pele, Louis acariciava suas costas, tocando sua espinha dorsal com calma. Vez ou outra, Harry se esfregava como um gatinho, recebendo risadinhas de Louis.
— Me leve para o quarto. Eu estou cansada. — Bocejou fraquinho, enlaçando as pernas na cintura alheia e sentindo-o levantar.
Era ainda melhor do que nos seus sonhos. Porque Louis cuidava tão bem de seu corpo. Acariciava sua derme, beija-a molhado por seu corpo, sussurrava como seu cheiro era incrível.
Ela não poderia estar se sentindo melhor aquele dia, temendo que fosse um sonho, e que logo cairia de sua cama.
Presa naqueles pensamentos, não notou quando já situava-se em seu quarto. Louis encostou a porta, deixando-a deitada em sua cama. Era convidativo chama-lo pata deitar ao seu lado, dormir agarrada ao corpo, acordar em algumas horas e continuar naqueles braços. Mas Louis parecia apressado para ir embora.
Deixou um beijo terno em sua testa, puxando a coberta para que ela se cobrisse. No entanto, fora impedido. Ela sorriu, tirando a calcinha de seu corpo e o oferecendo.
— Leva pra você. Eu ainda tenho muitas. — Mordiscou o lábio inferior, contendo um sorrisinho. Ele beijou o pano e guardou em seu bolso, finalmente a cobrindo.
E, infelizmente, ele se foi naquela manhã.
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Domingos chuvosos se tornam uma perdição, acompanhados do vento frio perfeito para deitar em cobertas quentes e limpas.
O cheiro de chocolate quente apoderava-se dos cômodos da casa, um aroma adocicado e caseiro de uma cozinha quente. Biscoitos no forno e o creme sendo batido para acompanhar.
Harry e Harriet chegavam da igreja naquele domingo. Após uma missa longa, bençãos do padre da cidade, a falta de Louis e uma forte chuva que as encharcou, a Styles mais nova se recuperava. Sua recuperação não se fazia apenas por esses fatos, mas pela obstinada dor em seus seios, também.
Como uma dama, herdeira de riquezas e fazendas pelo país, deveria trocar de roupa três vezes ao dia, sem contar com a camisola do fim de noite. Todavia, era impossível nessas circunstâncias. Todos seus vestidos eram muito apertados, e quaisquer panos eram muito incomodos ao que encostavam nos mamilos sensíveis.
Ela odiava Louis por fazê-la sentir dor. E odiava-o ainda mais por não dar as caras naquele domingo. Talvez, em sua presença, eles poderiam tomar chocolate quente enquanto ela o desenhava, trocando beijos quentes e toques secretos.
Mas seu final, durante todo aquele dia, fora trágico.
Em seu quarto, parada em frente ao espelho, ela desenhou-se. Dividia sua atenção em olhar o corpo parcialmente nu, coberto apenas por um roupão, em desenhar seus detalhes e beber da bebida quente acompanhada de biscoitos enquanto ouvia Harriet falar.
— Sabe, irmã... — Ela iniciava outro assunto, indo até o prato de biscoitos e pegando mais um. Vestia apenas sua camisola e meias rosas, tentando executar uma trança em seus cabelos.
— Sim? Diga. — A olhou sorridente, vendo o corpo descansar no chão, ao lado do seu, de bruços.
— Você se lembra de ontem, não é? — Harry assentiu, traçando suas pernas na folha. — Eu a deixei com Louis para ir atrás de alguém. — A cacheada franziu seu cenho.
— Pensei que o seu "alguém" fosse Louis.
— Não, por Deus! — Riu. — Ele é gostoso, mas eu sou fã de quem sabe pelo menos beijar. — Harry conteu uma gargalhada, não querendo soar maldosa.
— Louis sabe chupar peitos. Não descarte esse dom! — Rolou os olhos.
E então, a irmã contou sua história com a Senhorita Cross. Ela era um ou dois anos mais velha, cuidava da horta pessoal da fazenda. Havia sido contratada alguns meses atrás, em busca de qualquer emprego que a tirasse de casa. Senhor Styles, como um bom homem, a arranjou em minutos algum trabalho que não fosse pesado, mas que pagasse bem.
Emily Cross ocupava a casa de visitas atrás da fazenda, dividindo com mais duas das empregadas que trabalhavam na casa. Os sumiços de Harriet foram explicados, apesar delas não possuírem nada sério.
De fato, sua irmã não era mais uma preocupação.
Agora, o único impasse nisso tudo era Louis.
Elas terminaram o dia deitadas na cama de Harry, escutando Harriet cantar e permitindo que o vento casto e frio adentrasse o quarto enquanto dividiam um cigarro de palha. As vantagens de seus pais em outro país cresciam cada vez mais.
🥛
Segunda-feira destruía Harry. Não todas, mas aquela estava o tirando do sério.
As garotas contaram sobre o final de semana, em um papo infinito. Os garotos se gabaram da aposta de equitação. Harry apenas se gabou de seu estresse com tanto falatório. E claro, ganhou seu espartilho de couro.
Durante o intervalo, conseguia pensar apenas em Louis enquanto tomava sua garrafa de leite. Victoria também parecia pensar nele, já que comentou sobre a aparição do mesmo no pequeno comércio de sua mãe, naquela manhã.
Seus olhos quase reviraram ao ouvir sobre os olhos dele, sobre suas roupas e sobre o quão gentil ele era. Harry sabia disso tudo, não precisava de comentários obscenos disfarçados de elogios.
Para piorar, Charles o chamou no final da aula, dizendo que precisava de uma vagabunda para chupar seu pau. Harry apenas o chutou nas bolas e saiu de sua frente impacientemente. Sua falta de vergonha na cara tinha um limite.
Ou não, já que, no momento em que descia a colina, seus olhos brilharam em contentamento, correndo tão rapidamente até Louis.
Ele estava parado no pé da colina, um sorriso no rosto e encostado em seu carrinho. Parecia tão belo, tão fodidamente seu — por mais que ele ainda não soubesse disso.
— O que está fazendo aqui? — O beijou em sua bochecha, dando pulinhos de alegria.
— Vim entregar uma carta que chegou para você. Seus pais a mandaram. Tem até um cartão postal! — Disse tão surpreso, como se fosse algo de outro mundo.
— Hey! Eu posso te dar um cartão postal. Você gostaria de um? — E foi como se Harry tivesse o oferecido milhares de libras. Era algo tão genuíno aquele brilho feliz nos olhos azuis.
— Eu adoraria um. Obrigado, Harry. — Agradeceu gentilmente, ao menos aparentando ser o cara que o ignorava tão facilmente.
É possível que os acontecimentos de dias atrás fora essencial para aquela abertura entre os dois. A timidez de Louis poderia soar rude algumas vezes, mas era notável que não se passava de um medo. Medo de como agir, medo de falar errado, medo de estrapolar em suas conversas ou errar com quem tanto queria acertar.
Diferentemente de outros dias, Louis não parava de tagalerar. Eles conversaram durante todo o caminho. Harry o ajudou gentilmente a coletar as garrafas, mesmo sendo zombada por tropeçar algumas vezes em seu longo vestido lilás. O lado bom dos tropeços é que ganhava um selinho de recompensa.
Sua perspectiva estava no ponto de vista de Louis. Como ele era gentil com seus "clientes", como ganhava suas gorjetas que era colocadas em um saquinho de pano e como sempre segurava a ponta de sua boina cinza para cumprimentar as pessoas na rua.
Ao que pararam em uma fonte de água minada no meio da estrada, Louis prendeu o cavalo para que ele pudesse se hidratar. Ajudou Harry a saltar do carrinho e a levou para baixo de uma árvore, na intenção de se refrescarem um pouco.
— Você deve estar fervendo com esse vestido. — Ele riu, se encostando no tronco e estocando o braço nos galhos.
— Já estou acostumada, falando a verdade. — Aproximou-se do corpo. — Mas posso ficar sem, é só me pedir. — Abraçou o corpo de Louis, olhando em seus olhos. — Ou mandar. Eu gosto quando mandam.
— Acho melhor irmos embora, Harry. — Sorriu torto. Styles só desejava saber o que passava naquela mente.
— Desculpa. Eu não queria falar nada de mais. — Respirou fundo. — Eu só...
— Está tudo bem. Não quero que se sinta mal, princesa. — Agarrou seu rosto com as mãos, selando fracamente seus lábios.
Mas Harry mal conseguia sentir o gosto de seus lábios. Por isso, persistiu no selar, afundando seus lábios aos dele. Louis parecia inseguro, com seus dedos trêmulos segurando o rostinho macio, trazendo-a mais para si de forma hesitante.
Ali, com o sol esquentando seus corpos, com o sol da pequena mina vazando e do respirar ansioso de Louis, eles se beijaram intensamente pela primeira vez.
Todos os detalhes estavam gravados na cabeça cacheada. Cada mínimo som, cada mínimo toque. A textura e o gosto da língua de Louis contra a sua, os sorrisos bobos que escapavam dos dois, os sons molhados e um pouco desajeitados. Até mesmo a leve batida em seus dentes se tornou especial. Não fora dolorida, não fora vergonhosa. Eram apenas os dois, aproveitando de suas bocas, provando uma parte tão íntima, tão pessoal. Beijos eram significativos, ainda mais quando a oportunidade vinha com alguém tão especial.
No decurso da semana, Harry e Louis continuaram com aquela rotina.
Ele se beijavam encostados em árvores, andavam de cavalo por todo o pasto, deitavam no coreto e compartilhavam histórias.
Harry descobriu muitas coisas sobre Louis. Sobre seu aniversário de 20 anos que seria em dois meses, que ele amava ganhar os auto-desenhos de Harry, sua cor favorita era vermelho e seu pai havia morrido durante uma embarcação, onde limpava o fundo dos navios.
Foi por essa época que começou a trabalhar na fazenda para sustentar sua família junto com sua mãe. O que achou injusto por um tempo, já que sua vontade era trabalhar nas grandes embarcações, como seu pai. Todavia, com a maturidade, entendeu que deveria ficar por perto.
Harry também compartilhou com ele segredos, assim como compartilhou cartões postais, com e sem o seu rosto.
— Essa foi uma viagem que fizemos até a Espanha. Eu lembro de comer tantos pães que minha mãe tinha feito... — Sorriu boba, mostrando ao outro. Sentada em seu colo, usurfruia das lembranças do passado.
— Eu gostaria de ter uma fazenda na Espanha. Seria grande, com muitos cavalos e muitos filhos. — Acariciou o rosto bonito de Harry.
— E quem seria sua esposa? — Questionou, deixando os cartões postais de lado para enrolar os braços em seu pescoço e o beijar nos lábios.
— Tenho muitas opções. Deixe-me pensar. — Harry olhou ofendido para ele, deixando um tapinha em seu rosto. — Eu estou brincando, princesa! Por Deus, não seja tão agressiva.
— Não gosto de brincadeiras! — Emburrou o rosto. — Mas gosto da ideia de ser uma esposa. — Sorriu, puxando o lábio inferior de Louis, gemendo baixinho ao sentir as mãos em sua bunda.
Louis costumava a deixar louca, mesmo que inconsequentemente. Suas mãos apertavam sua bunda, seu pau raspava em sua intimidade e seus lábios costumavam beijar os lugares certos de seu pescoço. Mas ele nunca sabia quando começava, assim como nunca sabia como parar, antes que Harry estivesse prestes a tirar suas roupas.
— Eu cozinharia para você, lavaria suas roupas, cuidaria dos nossos filhos, serviria você sempre que estivesse ocupado... — Selou seu maxilar, até o pé de seu ouvido. — No fim da noite, quando eu estivesse bem cansada, você me comeria bem lento até que eu estivesse dormindo. — Gemeu com a ideia. — E eu deixaria você usar meu corpo da forma que quisesse. Você me comeria, foderia minha boca, dormiria latejando dentro de mim. — Levou a mão de Louis até sua intimidade, por cima da calcinha. — Quando eu acordasse pela manhã, estaria com seu leitinho quentinho guardado.
Tomlinson parecia tenso, sua mão cobria toda a bucetinha, onde Harry rebolava.
Era insana a forma que Louis a viu se contorcer durante toda a semana, e mesmo assim não a tocou de outras formas. Ela queria morrer, mas de tanto dar para ele.
— É muito cedo para nos casarmos, então? — Ele perguntou rindo, podendo sentir a umidade em seus dedos.
— Eu posso considerar o pedido com o seu pau dentro de mim. — Murmurou excitada, gemendo com o aperto dos dedos em seu clitóris.
Louis tossiu de forma forçada, tirando sua mão da intimidade quente. Ela estava fervendo, literalmente. Harry afastou-se frustrada, mas não querendo demonstrar. Ela se sentou ao seu lado e se recompos, mesmo com a merda de uma ereção que marcava a calça de Louis.
— Eu não entendo. — Ela falou após um silêncio doloroso.
— Eu gosto dos seus peitos.
— Eu sei, Louis. Mas não fala assim, é brochante. — Passou a mão por se próprio rosto. — Eu quero que você tenha prazer.
— Sim, sei disso.
— E eu quero ter também. Mas você precisa se soltar mais. — Olhou para ele. — Não quero forçar você a nada. — Louis a olhou ternamente.
Sem pensar muito, tirou a blusa que usava. Ela sabia que ele amava seus peitos. Mas ela queria conseguir amar aquele pau, o que não era difícil, mas jamais esteve tão perto de um Louis sem suas calças.
Se deitou na cama, observando Louis. Apertou seus seios, juntando um ao outro, cruzando as pernas quando começou a estimular eles.
— Tira sua calça. Você vai aproveitar dos meus peitos. Eu quero que se aproveite de mim. — Falou seriamente. — Quero que você aprenda a me usar até que eu esteja implorando pra você não me machucar mais. Entendeu?
Incerto, Tomlinson se livrava sua calça, assentindo para Harry sobre tudo. Não tinha muito o que fazer, apenas concordar. Ela o guiou até que estivesse com ele por cima de seu corpo, as duas pernas ao lado de sua barriga e sua mão apoiada na cabeceira.
— Eu nunca estive tão perto dessa pica, Deus...
— Harry! — Chamou sua atenção.
— Eu quero beijar essa divindade, Louis. Não fique com vergonha. Mas eu tô tão molhada. — Beijou a cabecinha rosada. — Você vai foder meus peitos, eu vou deixar eles bem apertadinhos e você vai comer, entendeu?
— Entendi, princesa.
— E você pode gozar onde quiser. Só, por favor, mete esse pau em mim de alguma forma que eu vou adorar. — Sorriu, espremendo os peitinhos quando ele encaixou o membro no meio deles, começando um vai e vem gostoso.
Louis ia fraco, com medo de machucar, mas aumentando a intensidade quando os lábios avermelhados contornavam a glande molhada.
Ele segurava na cabeceira, ofegante conforme Harry apertava mais e gemia, com as bolas pesadas batendo em sua pele e as veias grossas se arrastando em seus peitos. Harry se sentia suja por fazer aquilo com ele, mas estava amando ser apenas um brinquedinho para que ele pudesse se aliviar.
— Você é imunda, Harry. — Rosnou, fodendo tão forte que ficava cada vez mais avermelhada.
Em um impulso, uma de suas mãos apertou as bochechas gordinhas, fazendo-a parar para que pudesse cuspir em seu rosto. O que sabia que a excitaria mais, a fez tremer conforme gozava forte em sua calcinha. Sua boquinha estava mais aberta, pedindo por mais daquele pau que comia seus peitos como se fodesse uma xotinha.
Quando Louis gozou, ela engoliu, até mesmo os rastros brancos deixados em seu peito.
Naquela noite, Harry jamais esteve tão satisfeita.
🥛
Harry pensou que tudo mudaria desde a noite em que sentiu o gosto de Louis.
Mas nada mudou.
Na verdade, a única coisa que mudou fora a forma como Harry não gozava há 1 mês.
Ela não podia reclamar de como Louis era um bom quase-namorado. Ele a levava flores, entrava por sua janela de madrugada, escrevia bilhetes, beijava sua testa, a buscava na escola.
Ele a tratava como uma princesa. Até mesmo se ajoelhava para tirar seus sapatos ou corria até sua casa quando via algo que o lembrava ela. Realmente, sem reclamações. Seus passeios eram incríveis, seus beijos eram incríveis, sua pegada estava incrível. Só que tudo isso junto deixava Harry pegando fogo, mas Louis nunca apagava.
Era frustante quando ao menos queria a dizer o porquê. Sempre fugindo do assunto e dizendo que tem algo importante a fazer.
Todavia, Harry jamais se perdoaria se perdesse Louis. Porque, pela primeira vez, estava realmente gostando de alguém. Então suas vontades se tornaram passageiras e acumuladas.
Ela ainda desenhava sua intimidade, escrevia cartas quentes, andava rebolando para ele quando estavam pertos de alguém. E ele não parecia odiar, muito pelo contrário.
Tomlinson a chamava de gostosa, dizia como seu corpo era perfeito, como ela o excitava, contava de seus sonhos com Harry, e sussurrava em seu ouvido como sua bunda estava linda. Isso não ajudava em nada, na verdade, só piorava.
Foi então que, deitados na praia vazia, acariciando o peitoral de Louis, ela sentiu que precisava colocar algo para fora.
Haviam planejado aquele piquenique na praia algum tempo atrás. Harry levou algumas coisas, Louis também. Forraram um lençol nas pedras e passaram a tarde ali. A saudade era tanta, ao menos fazendo questão de se desagarrarem.
Senhor Styles havia o chamado atenção ao quase atirar em seu corpo ao ver a sombra subindo na janela de sua filha. Ele o ameaçou, disse que aquilo não iria para frente e que, apesar de ser um bom garoto, Harry já tinha outros pretendentes.
Proibidos de se encontrarem, mesmo com Louis trabalhando na fazenda, Harry fez um protesto contra seu pai. E como ele conseguiria resistir a sua mais nova chorando todas as noites de forma dramática em seu quarto?
Sentindo pena e remorso, Desmond chamou Louis aquela manhã, dizendo que se violasse sua filha, ele estaria morto. Deveriam estar juntos com algumas regras como: sem encontros todos os dias, sem beijos longos, sem pular a janela de madrugada e que toques ou qualquer coisa a mais só aconteceria depois do casamento. Aliás, aquele namoro só era garantido até que um pretendente melhor comprasse sua mão por libras, terras ou até mesmo uma caixa de suco.
Com seu rosto encostado no peitoral nu, sua coxa por cima da perna de Louis e a mão grossa do homem acariciando sua cintura, Harry não aguentava mais.
As primeiras lágrimas vieram de forma calma, apenas escorrendo sem que Harry percebesse. Tornou-se claro que era um choro quando soluções o acompanharam, fazendo Louis se assustar. Mas sua garota não o deixou ver seu rosto, chorando ainda mais intensamente.
— Princesa, o que aconteceu? — Penteou seus fios para trás com os dedos. — Você está bem?
— Eu só estou pensando. — Disse calma, mesmo que o choro tornasse tudo desesperador.
— Em algo triste?
— Não. Deveria ser feliz. — Se desfez do abraço, olhando no rosto de Louis.
— Então por que você me parece tão triste? — Acariciou seu rosto, vendo-a deitar em sua mão.
— Você não entende, Lou. Definitivamente não entende. — Louis se sentou, beijando a pele com as lágrimas salgadas. — Por favor... — Fechou os olhos ao sentir mais lágrimas caindo, junto aos seus narizes encostados.
— Você precisa me explicar, princesa.
— E eu preciso que você me coma, Louis. — Fora seu ápice para cair em soluços profundos e uma cachoeira de lágrimas.
Nem mesmo as ondas quebrando nas pedras abafavavam o choro. Nem mesmo Louis a colocando contra seu corpo abafava suas lágrimas. Eram incessantes, tal como a dor que sentia em seu peito.
O cenário era ideal para que pudesse desabafar, perfeito para que, daqui alguns minutos quando escuresse, Louis não visse mais seu rosto bobo e corado.
Normalmente, no mundo espiritual, o pôr do sol significa autoconhecimento, e uma internalização de energias irradias. No entanto, Harry jamais esteve tão perdido em seu autoconhecimento, jamais esteve tão perdido em outro alguém, com o desejo de sentir apenas suas energias.
Louis a beijou, trazendo seus lábios para perto, chupando seu inferior com destreza. Ele havia ficado tão bom em guiar o beijo, em devorar sua boca e chupar sua língua. Suas mãos puxavam Harry para si, agarrando-o grosseiramente.
— Eu tenho medo de fazer tudo errado, H. De machucar você e não ser bom o suficiente. — Confessou, deixando um leve carinho em sua cintura, olhando nos olhos verdes molhados.
— Tudo o que você fizer é certo, Lou. — Deixou um selinho em seus lábios, fungando. — Deixa eu te ensinar como me tocar. — Arrastou sua bochecha na barba rala de Louis. — Você foi tão perfeito nas vezes que brincou com os meus peitinhos. Eu nunca gozei tão bem. — Beijou seu pescoço, tirando a calcinha por baixo do vestido.
Louis entendeu, abrindo o zíper do vestido e o tirando de seu corpo. Harry deixou uma risadinha sapeca escapar.
— Então faça o que você quiser. — Ele se rendeu com um sorriso. — Mas me prometa que não vai mais chorar por isso. — Ela empurrava seu corpo para que ele se deitasse.
— Agora que eu tenho você pra brincar? Nunca mais. — Se sentou abertinha na barriga de Louis, virada de costas para seu rosto.
Ela abriu a calça alheia, se livrando enquanto esfregava todo seu melzinho pela barriga bronzeada. Louis tinha a porra da melhor visão de sua vida. A bunda empinada estava de frente para si, deixando a vista o cuzinho sempre que se empinava para trás. Louis a tocou, sabendo da permissão que tinha.
Quando as mãos grandes apertaram as carnes fartas, ela gemeu, terminando de tirar sua cueca.
— Língua pra fora, Lou. Você vai aprender a chupar a bucetinha que pertence a você. — Olhou para ele por cima do ombro. — E se pensar em usar essa língua com qualquer outra, eu corto ela no mesmo instante. — Bateu em sua barriga quando ele riu, fazendo-o engasgar.
Tomlinson estava com a língua para fora, quando, de repente, Harry estara sentando em seu rosto. Ela se esfregava no músculo quente, apoiada em sua barriga e encontrando seu prazer. Pensando que Louis ficaria esperando seus comandos, ficou surpresa quando a língua se arrastou por toda a intimidade, chupando seu grelinho.
Ele não teve pena, chupando-a de forma gostosa, não tendo receio em afundar seu rosto na xota gostosa. O nariz empinado estimulava a entrada molhada, enquanto seus lábios devoravam seu pontinho.
O corpo mole tombou para frente, caindo com a bochecha na coxa de Louis, aproveitando a cada momento que ele empinava sua bunda para chupa-la. As mãos grandes agarravam suas coxas, deixando-a sem ar a cara aperto e a cada chupada. Mamava como se tivesse fome, fazendo-a gemer tão alto que ela mal tinha tempo de abocanhar o pau pertinho de sua boca.
— Enfia seus dedos! — Gritou, tentando se recompor e masturbando Louis com prazer, chupando só sua glande e cuspindo na base para conseguir o tocar rápido e escorregadio.
Ao invés de cessar sua vontade fodendo sua buceta, Louis arrastou seus dedos pela entrada, levando para seu períneo e começando a estocar em seu cuzinho. A mistura de dor com prazer fora tão grande que o corpo caiu mais, fazendo-a engasgar no pau alheio.
Rebolava seu rabinho com gosto para Louis, sentindo as vibrações da boca dele quando começou a mamar seu pau tão obscenamente. Levava-o até o fim, encostando a pontinha de seu nariz na pélvis dele. Em um desses momentos, o sentiu estocar mais forte em sua boca, retribuindo com a sentada na língua molinha, o sufocando com o nariz dentro de sua intimidade.
— Chega, Louis! — Gritou desesperadamente quando três dedos estavam dentro de si, fodendo-a praticamente a seco. — Chega, porra! — Ele não parava, e por mais gostoso que fosse, ele precisava entender que não mandava ali. — Eu disse pra parar. — Apertou suas bolas fortemente, sentindo os dedos torcerem dentro de si.
Louis parou, saindo de dentro dela. Ambos estavam cansados, suando e ofegantes. Harry olhava para o mar sentada no peito de Tomlinson. Ponderava por que a ideia e a forma de foder com ele era boa demais.
— Você vai continuar aí depois de implorar pra ser comida ou vai parar de latejar no meu peito e cavalgar no meu pau como me prometeu diversas vezes? — Ele era tão abusado que a fez revirar os olhos, virando seu corpo para ele e se sentando em suas coxas.
— Vai ser do jeito que eu quiser que seja. — Se apoiou em apenas um joelho, encaixando a glande na grutinha e dobrando sua outra perna. Queria estar exposta para ele. — Quando você aprender a me bater como um homem, você pode escolher o que fazer. — Sentou-se de uma vez, fazendo ele gritar pela dor apertada.
Harry poderia fingir que não sentia dor, mas ela realmente não estava sentindo naquele dia. O pau de Louis era grande, grosso e a machucaria em qualquer ocasião, menos nessa, que ela pingava como tivesse gozando, apesar de ser apenas a lubrificação natural que escorria.
Começou a subir, tirar o pau de dentro dela e sentar de novo, em um ritmo gostoso e tão prazeroso. Queria que ele visse a forma que era engolido e descartado, se abrindo cada vez mais para que Louis a visse se contraindo no nada e gemendo, enquanto suas mãos se apoiavam nos joelhos alheios.
Tomlinson marcava seu quadril com os apertos, gemendo roucamente sempre que sentia o interior dela. Era quente, macio, apertado e molhado. Era melhor do que ele imaginou tantas vezes.
— Era bem assim que você imaginava sempre que me via? — Apertou um de seus peitos, fazendo-a rebolar com a outra mão. Ela descia em seu pai rebolando como uma maldita tentadora. — Amor, sempre que você está no meu colo eu sinto o quão encharcada você fica. Tudo isso pela ideia de me ter dentro de você?
— Sim, sim, sim. — Suas pernas estavam cansando, fazendo-a cair com os dois joelhos, deixando com que ele fosse fundo dentro de si. — Eu gozaria até mesmo pela bunda se fosse possível, sempre que você está perto de mim. — Rebolou gostoso na glande, se aproximando do rosto de Louis para o beijar. — Quando formos para casa, você irá me levar até o quarto e me comer no banho. — Beijou seus lábios. — Depois na minha cama. — Arrastou os peitos por ele. — Depois durante a madrugada e de manhã.
Ela sentiu os cabelos serem puxados, gemendo. Suas unhas arranharam o maxilar de Louis, machucando sua pele.
Um sorriso safado abriu-se em ambos os lábios, fazendo com que Harry se afastasse apenas para quicar rapidamente em Louis. Seu cabelo sendo jogado para o lado e suas mãos apoiadas no peitoral, seus peitos pulando a cada cavalgada que dava, sendo mais aberta ao que Louis a ajudou.
Ele estocou dentro dela, forte e grosseiramente, sentindo-a se contrair e sua expressão se contorcer em mais prazer, até que os dois estivessem gozando juntos, com Harry melando complemente seu pau enquanto preenchia ela de porra.
O corpinho esbelto caiu em cima do de Louis. Ele a agarrou com carinho, beijando sua bochecha.
— Você se lembra de quando eu mamei nos seus peitos? — Ela assentiu, quase dormindo. — Você disse algo que eu nunca vou esquecer.
Com cuidado, Louis virou o corpo no pano, saindo de dentro dela. O gozo escorreu por sua pele, descendo por seu períneo e bunda. Harry estava completamente melada, assim como Louis.
— O que eu disse? — Perguntou mais atenta.
— Que eu lamberia seu gozo, cuspiria no seu cuzinho e o comeria com meu "pau delicioso". — Mordeu seu lábio inferior, descendo o rosto até estar com a boca na intimidade quente, chupando todo o gozo e abrindo suas nádegas.
— Faz isso. Faz agora. — Se abriu mais pra ele. Louis riu, cuspindo dentro do buraquinho maltratado. — Não para, tá bom? — Pediu, olhando para os olhos azuis e para o horizonte alaranjado, sorrindo grande.
Louis enfiou todo o comprimento de uma vez. Harry agarrou as unhas em suas costas, machucando sua pele. Tomlinson estocou forte, fodendo com pressão, mesmo que estivesse sendo esmagado pelas paredes. A garota se livrava do pano abaixo de si, sentindo as pedras geladas em suas costas, constatando com o calor de sua pele.
— Você vai se machucar, princesa. — Agarrou em sua coxa, forçando mais para dentro.
— Eu quero. — Brincou com seus mamilos, apertando-os. — Bate em mim, Louis. — Se contraiu contra ele, sabendo que doeria.
Tomlinson passou a arrombar o buraquinho contraído, sendo doloroso para os dois, mas extremamente prazeroso quando ele conseguiu se mover rápido. Sua mão puxou Harry para si, deixando um beijo em seus lábios, e se afastando para surrar sua bochecha com as costas da mão. Ela gemeu querendo mais.
Então, ele a proporcionou uma marca de seus dedos na pele branca. Dois de seus dedos começaram a estimular o clitóris inchadinho, sem parar seus movimentos, sem hesitar em a comer forte.
Quando Harry juntou suas mãos, apertando os dedos de Louis tão forte, ela gozou. Saía como água de si, um orgasmo forte que sujou ambos, vindo de seus olhos se fechando calmante, gemendo apenas quando sentiu seu homem gozando forte.
— Obrigada por isso. — Sussurrou cansada, encolhendo o corpo.
— Você é a melhor namorada do mundo, princesa. — Se deitou atrás dela, beijando seus ombros e pescoço.
— Namorada?
— Minha namorada. — Riu, se aconchegando no corpo e sentindo seu cheirinho.
🥛
Voltei com mais uma one! Apesar de não estar dentro das minhas expectativas, eu gostei dela. Espero que tenham gostado também, e perdão por qualquer erro. Minha caixinha para ask está aberta 🩷🌷
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projetovelhopoema · 5 months ago
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Frieza /ê/
1. Figurado: atitude de reserva em relação a pessoas, acontecimentos, ausência de envolvimento diante do que se passa em torno, distanciamento. 2. Estado daquilo que é desprovido de calor, frialdade, friúme, friúra.
Frieza. Essa palavra ecoa como uma canção em minha mente definindo cada fibra do meu ser. Sou fria, calculista, esculpida por traumas profundos e situações que me marcaram de maneira indelével. Desde que me conheço por gente minha vida tem sido uma sucessão de invernos, cada um mais rigoroso que o anterior, moldando uma armadura de gelo em torno do meu coração. Se é que posso dizer que possuo um.
Um dia, ousei amar, abri meu coração, acreditando na promessa de calor e conforto, mas esse amor se revelou uma miragem cruel. Fui tocada pela traição mais fria, onde as minhas vulnerabilidades foram exploradas, onde a minha confiança foi usada como uma lâmina afiada. A quem amei um dia, transformou minha fraqueza em uma arma, deixando cicatrizes que o tempo não consegue apagar.
Então, não me julgue por cada movimento que é calculado, cada emoção cuidadosamente contida. Sou uma estrategista das emoções, planejando cada passo em um campo de batalha invisível. A dor do passado forjou uma muralha inquebrável, um escudo gelado que me protege do caos e das incertezas do mundo.
Minha frieza é uma dança meticulosa entre a autoproteção e a sobrevivência. É minha resposta à vulnerabilidade, minha defesa contra um mundo que tantas vezes me deixou à mercê de tempestades emocionais. Nesse estado de eterna vigília, encontrei uma espécie de paz. A frieza não é apenas uma característica, é a poesia sombria dos traumas que me definem, a melodia silenciosa da minha resiliência.
— Caroline Missio em Relicário dos poetas.
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casos ilícitos
Matías Recaltx f!Reader
Cap 18
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Fique parado lá como um fantasma, tremendo por causa da chuva. Ela abrirá a porta, e dirá: Você está louco? Diga que foram longos seis meses, e você estava com muito medo de falar a ela o que você queria.
Avisos: violência, lesões, linguagem imprópria
Palavras: 7,6 k (menos do que eu esperava rsrs)
— —
O dia de Matias hoje não poderia ter sido pior nem se ele tentasse. Na verdade, as últimas semanas não poderiam ter sido piores ou mais medíocres. Entre os trabalhos atrasados da faculdade, palestras irritantes e professores intrometidos, a sua ausência e a falta de interesse nele era o que mais o incomodava. Não saber como você estava, o que estava fazendo, ou com quem estava gastando todo o seu tempo estava acabando com ele. E como se não bastasse, para bem ou para mal, o time da faculdade havia sido qualificado para o torneio de rugby. Ele nem ao menos teve ânimo, ou tempo para comemorar essa conquista, pois sabia que isso significaria que os treinos de agora em diante seriam dez vezes mais intensos e rigorosos para todos.
Porém, junto com essa nova carga horária indesejada, veio junto o alívio na consciência de que pelo menos por algumas poucas horas em campo ou em quadra, ele conseguiria se distrair do mundo ao seu redor, e se deparar com os problemas de sua vida amorosa frustrada somente quando voltasse para casa sozinho, e se encontrasse novamente com o vazio em sua cama e em seu coração.
Uma voz irritante no fundo da cabeça dele sempre o repreendia e o lembrava de como ele já deveria ter se acostumado com isso agora, e que as coisas não iriam mudar para melhores a partir daí. Ele tinha que se conformar de que as suas fitas de cabelo não iriam aparecer magicamente perdidas em um canto do quarto, ou um par de meias suas esquecidas na gaveta de cuecas dele, e muito menos ter esperanças de que você em pessoa aparecesse no apartamento dele querendo reatar com o mesmo. Em meio a esses pensamentos, ele sempre tentava convencer a si mesmo de que não estava tudo acabado, e encontrar um significado em qualquer coisa para não deixar as memórias e marcações suas no lugar esfriassem e desaparecessem. Ele continuaria a comprar os seus doces e guardá-los nos armários, assim como ainda manteria o seu lado da cama vazio, não convidando ou trazendo uma substituta para aquecer os lençois nas noites solitárias e frias.
Para ser sincero, Matías não sabia que era capaz de aguentar tanto tempo sem sexo até agora. Já faziam meses desde que ele teve um orgasmo propriamente satisfatório, e o mesmo sentia como se pudesse começar a subir pelas paredes com a abstinência e falta de contato sexual. Por Deus! Ele nunca havia ficado tanto tempo sem transar desde que perdera a virgindade anos atrás, e a necessidade se tornava maior a cada dia, desde as ereções matinais quando acordava, até a punheta no box do banheiro toda noite antes de dormir. Ele admitia a si mesmo que sentia falta do calor da pele, a fricção e o aperto macio que só seria possível encontrar se enterrando no fundo da buceta de uma mulher. Mas o simples pensamento de trepar com outra pessoa o causava náuseas, parecendo errado e sujo, isso tirando o fato de que ele sabia que nem de longe seria tão satisfatório quanto ter você novamente. Mas ele conseguia se virar e se entreter, fosse com fotos antigas de você salvas no telefone, ou uma imaginação muito forte e criativa que ele tinha que usar a seu favor, se lembrando das várias fodas que tiveram ao longo do relacionamento.
Mas mesmos os orgasmos rápidos e bagunçeiros que ele tinha usando a própria mão, não eram o suficiente para aliviar o estresse pelo qual ele estava enfrentando, pois não era só a falta de sexo que estava o sufocando e o esmagando dia após dia. Ele queria você de volta, e tudo o que vinha junto com você. Ele queria as reclamações sem sentido de quando ele te irritava de propósito por birra, ou de como ele era engraçadinho em horas inoportunas te constrangendo ao extremo, ou até uma coisa estúpida e insignificante como deixar uma toalha molhada em cima da cama. Ele daria de tudo pra simplesmente te ter aqui ao lado dele reclamando de qualquer coisa, pois ao menos assim ele teria uma palavra sua, e a sua presença e companhia, não o silêncio junto de um fantasma de saudades o assombrando dia após dia.
Com isso, é correto afirmar que as últimas semanas se seguiram em um ritmo caótico e frustrante dividido entre sala de aula, noites mal dormidas em sua cama grande demais, e um campo desorganizado com jogadores teimosos, cujo os quais já estavam deixando o rapaz louco e estressado com tudo e todos. Dessa vez ele não tinha você para o assistir e torcer por ele das arquibancadas mesmo sem entender nenhuma regra do jogo, ou fazer um sexo sujo quando voltassem para casa para relaxar.
Ele estava sozinho e odiava isso.
Mas hoje em particular tinha sido o ápice. O treino em si foi uma merda, com o time não entrando em acordo sobre nada, e reclamando sobre tudo, e depois disso, ainda recebeu a notícia de que iria precisar ver mais algumas aulas ou palestras para cumprir o tanto de horas necessárias para concluir o semestre. Ele achou que estava na lama e não poderia ficar pior, mas nada o preparou para o momento em que Fran o contou a novidade indesejada a seu respeito.
Matias tinha acabado de sair do banho, deixando para trás um espelho embaçado por conta do vapor da água quente, e adornando uma toalha clara enrolada na cintura enquanto se dirigia para o quarto indo se trocar com roupas limpas, e deixar o uniforme do time esquecido no cesto de roupas sujas. Os poucos minutos debaixo do jato d’água quente reduziram ao menos um pouco do estresse por conta do treino, e ele sentiu o corpo relaxado, levando a frustração e nervoso pelo ralo junto com os problemas que o assolavam.
Depois que ele sai do quarto já com roupas leves, ele se dirige até a cozinha, preparando a refeição mais rápida e preguiçosa possível, como um macarrão instantâneo, e se dirige até a sala, se acomodando no sofá, e ligando a televisão para se distrair com qualquer porcaria que estivesse passando no momento.
Enquanto os olhos dele estão focados no desenho animado passando na tela grande, ele mau nota quando seu colega de apartamento chega em casa e se aproxima dele do outro lado do sofá:
-E aí? Como foi o treino? - Fran questiona, enquanto joga as chaves na mesa de centro, e tira os sapatos, se sentando na outra extremidade do estofado para esticar as pernas e ficar melhor acomodado.
-Uma bosta, mas vamos melhorar - Matias diz simplesmente, enquanto vê o amigo tirar o celular do bolso e começar a descer pela tela.
Fran tira os olhos do aparelho segundos depois, e eles divagam um pouco a respeito do esporte. Matías era o mais rápido do time, e isso não era segredo, mas ainda assim ele não poderia fazer tudo sozinho, e esperava que o time melhorasse, pois era incomum eles não estarem em sintonia assim.
Mas ele não queria pensar nisso agora, ele já estava com muitas preocupações, e só queria uma pausa de tudo isso, pelo menos por enquanto. Ele sabia que no dia seguinte ele teria que levantar e encarar tudo isso de novo, mas pelo menos por agora, ele queria ter um momento calmo e tranquilo.
Na próxima meia hora, o único som que preenchia o lugar era o volume da televisão enquanto os dois rapazes estavam esparramados na sala descansando. Enquanto a trama se desenrolava na tela, Matías mal sabia o drama que estava prestes a cair sobre os ombros dele:
-Meu Deus! - Fran exclama surpreso, atraindo a atenção do garoto.
-O que foi? - Ele pergunta curioso, com o semblante confuso.
Fran se levanta do sofá, e se senta ereto com rapidez, endireitando a postura e com o corpo tenso enquanto os olhos continuam vidrados no aparelho em sua mão.
Matías está começando a ficar nervoso com o suspense. Era algo muito ruim? Ou seu colega estava exagerando sobre o tal assunto misterioso? Mas antes que ele possa retrucar, ou exigir uma resposta, Fran finalmente se pronuncia:
-Cara, vou te mostrar algo, mas não surta! -Ele avisa, se levantando ainda hesitante e se aproximando do mesmo. Assim que o estofado afunda ao seu lado com a presença do garoto de olhos claros, ele nota o aparelho eletrônico sendo empurrado em sua direção.
No mesmo instante em que os olhos de Matías encontram o visor do telefone, o seu coração dispara assim que ele vê do que se trata. Nada mais é do que o seu perfil em uma rede social (o qual ele não via há tempos por ter sido bloqueado por você quando terminaram), e você tinha postado uma foto ( o que já era um milagre por si só, já que você nunca publicava nada), mas quando finalmente o fez, foi para postar uma foto ao lado do mesmo garoto do parque.
O estômago do rapaz se embrulha conforme ele começa a analisar a foto. Vocês estavam juntos, um ao lado do outro em uma proximidade esmagadoramente íntima, e com as feições alegres. Os braços do rapaz estavam rodeando a sua cintura com uma possessividade que trazia o pior de Matías a tona, e o pior era que você deixava. Você permitia que aquele idiota botasse as mãos em você, e parecia até mesmo contente por isso, considerando o seu sorriso sincero na imagem. Ele não percebe em qual momento ele começou a ranger os dentes, ou seu rosto a ficar vermelho ardente enquanto ele quase esmaga o telefone com o aperto forte que está tendo no mesmo.
-Quando ela postou isso? - Ele questiona, devolvendo o celular ao rapaz, e com raiva não querendo ver mais detalhes da fotografia odiosa que tinha acabado de avistar.
-Hoje. - O mesmo responde de imediato.
Após isso, um silêncio pesado se instaura no ambiente. Matías sem querer soltar mais nenhuma palavra a respeito, enquanto tentava lidar com a mistura de emoções que estava sentindo, e Fran não sabendo como prosseguir com a conversa sem que tudo piorasse ainda mais.
Mas é claro, sempre tem como piorar:
-Você leu a legenda? - Fran pergunta ainda incerto.
-Não. - Recalt responde curto e frio.
-Era um coração e um anel - Fran diz, e suspira tomando coragem para falar a próxima parte - E por falar nisso, ela também mudou o status de relacionamento para namorando. - Ele termina, dando ênfase na última palavra para mostrar o que isso significava.
O mundo de Matías se despedaça com essa frase. Era isso então, você tinha seguido em frente e tinha encontrado um substituto para pegar o lugar dele. E agora que estavam namorando ele sabia mais do que nunca de que esse vínculo que possuía com o outro rapaz era algo sério. Você não namoraria com qualquer pessoa, o que significava que você realmente gostava e admirava o loiro mais do que tudo.
Ele odiava pensar que você estava com outra pessoa. Dormindo, transando, e se entregando a outro homem. Mas o pior de tudo, ele também odiava pensar que talvez esse rapaz pudesse te dar o que ele nunca te deu: estabilidade. Matías apostava que ele não tinha sido indeciso sobre os seus sentimentos desde o começo, ao contrário dele. Ele viu a forma como interagiram no parque, e ele queria poder voltar no tempo e fazer igual por você. Sejamos sinceros, ele nunca foi o cara que você precisou que ele fosse, e os meses de relacionamento escondido, ou as dúvidas em relação a Malena só provaram isso ainda mais.
Ele tentou se redimir depois, dando o melhor de si no namoro tardio, mas ainda assim emocionante. Mas já era tarde demais, e ele já tinha fodido tudo como sempre, transformando tudo em cinzas, e partindo o coração dos dois no processo. Ele não podia te culpar por seguir em frente e encontrar alguém que te valorize como você merece. Alguém que cuide de você e te ame da mesma intensidade que ele faz.
Mas e você?
Você ama ele? Ou os seus sentimentos em relação a Matías foram apagados pelo loiro perfeito que agora você tinha em seus braços.
Essa dúvida sempre queimaria no fundo da mente dele, mas ele duvidava que um dia teria uma resposta sua. Mesmo que um resquício de sentimento ainda estivesse escondido lá no fundo do seu peito, você não o daria uma brecha. Você tinha seguido em frente, e ele teria que aceitar.
Sem dizer mais nada, Matías simplesmente se levanta com o corpo tenso, e deixa o prato e a televisão ainda ligada para trás, enquanto vai para o quarto se trancar e se excluir do mundo. Fran vê enquanto tudo isso acontece, se sentindo impotente em como ajudar o amigo, pois a única pessoa que poderia acabar com esse sofrimento, estava a quilômetros de distância, e com outro cara.
No final, a ideia de Matías de relaxar e descansar, acabou não dando muito certo.
— —
Uma semana após a notícia catastrófica (sim, ele era dramático), ainda assim não era tempo o bastante para o garoto se recuperar. Na verdade, ele parecia ainda pior. De alguma forma, ele conseguiu chegar mais perto de se tornar um fantasma do que achavam possível. Ele estava sempre quieto, deprimido, e pensativo. E para piorar, se tornou obcecado com o treino e o campeonato de Rugby que estava chegando. Fran suspeitava que era porque pelo menos em quadra, Matías poderia ter um pouco do controle da situação, já que sua vida amorosa não andava muito bem.
Mas essa obstinação com o esporte só piorou tudo. Matías não comia nada ultimamente, e quando comia eram só refeições pequenas e nada nutritivas. Tudo isso, somado ao esporte excessivo, só fez com que ele parecesse ainda mais magro e afundado em miséria e auto-piedade.
Seus amigos estavam preocupados com o bem estar dele, e depois de um treino particularmente exaustivo que quase levou o rapaz a um desmaio, eles acharam que já estava na hora de intervirem e fazerem algo a respeito.
Foi Enzo quem deu a ideia de jantarem juntos (com comida de verdade, é claro), e depois irem ao cinema do shopping, para assistirem ao novo filme em cartaz de um super-heroi que continha tudo o que os caras normalmente gostam de ver em tela grande: ação, briga, sangue, e claro, um homem salvando a protagonista gostosa no final do dia. Desse modo, todos concordaram, e Matías mesmo que arrastado, ainda teve que ir ao compromisso a contragosto.
Ele tinha que admitir, mesmo hesitante quando chegou à sala de cinema, e o longa começou a rodar, depois de alguns minutos ele finalmente conseguiu se distrair e focar no filme o bastante para aproveitar ao menos um pouco a trama. É claro que às vezes o olhar dele se desviava para algum casal que estivesse entrando atrasado na sessão, e se pegando na sala escura, ou até mesmo um gesto terno como só ficar de mãos dadas. E toda vez que ele pegava algum casal fazendo isso, ele sentia o coração afundando no peito com uma lembrança dolorosa chegando a caminho.
Por ironia do destino, a sala escura em que ele e os caras estavam agora, era a mesma sala de número quatro em que vocês tiveram no passado em seu primeiro encontro oficial há alguns meses atrás. Os lugares marcados nos acentos não eram os mesmos, mas se ele se esforçasse muito, ele conseguiria visualizar perfeitamente a visão dos dois sentados um ao lado do outro como um casal idiota e apaixonado.
“Casais idiotas e apaixonados que parecem não acabar mais”, ele pensa amargamente quando escuta alguns sussurros vindos de algumas fileiras atrás, pertencendo provavelmente a alguma dupla de adolescentes inquietos. Ele ignora no começo, não se importando muito com a interrupção de um filme que ele não queria tanto ver, mas tudo mudo quando os sussurros baixos mudam para sons legíveis. Uma pequena risada é solta em um tom querendo ser contido, mas falhando.
Neste momento tudo muda, e um arrepio percorre a espinha dele com a expectativa. Ele olha para os amigos para ver se mais alguém notou alguma coisa, ou algo estranho, mas aparentemente com o modo que eles ainda estão inertes no filme, indica que não. Ele acha que pode estar começando a ficar louco, mas ele jura que o som soou exatamente como a sua risada. Matías decide se virar discretamente para trás para conferir se as suspeitas dele estavam certas, mas infelizmente como o ambiente está muito escuro, ele não consegue identificar nada demais.
Quinze minutos depois, o som atinge de novo os ouvidos dele, e o mesmo sente que vai ficar maluco se não descobrir de onde é a origem do tal. Talvez não fosse nada demais, e era apenas a saudade falando mais alto, o deixando mais obcecado com você do que o normal. Tentando verificar por uma última vez, Matías se vira novamente com olhos alertos, e por sorte no exato momento em que faz isso uma cena de explosão se passa no telão grande, assim iluminando a sala inteira, o deixando ver o rosto já tão familiar.
De repente, ele não presta mais atenção no filme estupido de super-heroi de uma franquia que ele não fazia questão de acompanhar, mas que aparentemente era o bastante para lotar várias salas de cinema. E talvez seja por causa de tantas pessoas que ele não te notou primeiro. Mas porra, agora ele tinha certeza de que era você ali.
A primeira coisa que ele nota com rancor e ódio, era o rapaz loiro ao seu lado, e sua cabeça escorada no ombro dele, enquanto o mesmo tem o braço em volta de seus ombros. Ele consegue perceber como você parece leve, tranquila, e totalmente bem com a presença do seu namorado ao lado. O seu sorriso é aberto e espontâneo, assim como os seus olhos em completa adoração direcionados ao garoto que te traz para mais perto, e deposita um beijo no topo de sua testa.
A visão o magoa mais do que ele gostaria de admitir. Saber que você estava namorando alguém era uma coisa, mas ver toda essa demonstração de afeto ao vivo, o enche de um gosto azedo na boca, e um coração partido em mil pedaços. Você parecia tão bem. Parecia ótima, na verdade. Como se estivesse no melhor momento de sua vida com o príncipe encantado com o qual sempre sonhou, e que estava destinada a encontrar. Muito diferente dele, que se sentia mais na merda, dia após dia.
Ele desvia o olhar rapidamente quando vê que você estava erguendo o queixo para juntar os seus lábios aos do rapaz, e volta o olhar para a tela grande tentando não se deixar afetar mais ainda.
Ele não comenta com os amigos que você estava ali. Tão perto, e ao mesmo tempo tão longe. E mesmo sabendo que está apenas se torturando, ele não consegue evitar de a cada cinco minutos virar para trás para te admirar por alguns meros segundos, mesmo que seja nos braços de outro.
Você não o nota ou olha na direção dele nenhuma vez. Muito ocupada com seu modelo loiro, sonho de revista adolescente.
— —
Assim que o filme acaba ele é urgente em sair da sala, não querendo esperar pelas cenas pós-créditos que podem vir ou não, e irritando um pouco os amigos com isso, que o seguem reclamando. Os próximos minutos são gastos fazendo o de sempre, como indo descartar o balde de pipoca agora vazio, ou indo uma última vez no banheiro antes de irem embora.
Enquanto ele aguarda Simon e Esteban voltarem do banheiro, e os outros caras decidiram ir comprar algumas guloseimas na área de alimentação, ele está impacientemente batendo o pé no chão, querendo ir embora antes que acabe encontrando com você acidentalmente do lado de fora, e com medo de qual seria a sua reação ao ver a presença dele.
Mas ele não tem muito tempo para pensar nisso, pois assim que ele decide ir esperar no carro, com o semblante irritado com a demora, uma voz mais afastada o chama:
-Matías? É você? - Questiona a voz feminina.
E quando ele se vira para responder, ele não tem tempo para fazer isso, pois é interrompido com os braços finos envolvendo ele em um abraço saudoso e firme.
É a sua irmã, ele reconhece.
Assim que ela se afasta, e ele pode ver melhor o rosto dela, ele nota como a mesma parece tão linda quanto no dia em que ele a conheceu, e o melhor de tudo, parece feliz em vê-lo. Vocês provavelmente vieram juntas ver o filme, ele pensa. O que ele não sabia, era se o assunto “ex-namorado” já havia surgido entre as duas agora que você estava com outro.
Você tinha contado a ela o que aconteceu entre os dois? Contou o motivo do término? E se sim, porque ela não parecia odiá-lo como ele esperava?
-Oi - Ele diz, ainda um pouco tenso depois de retribuir o abraço ainda sem jeito.
Os garotos ainda estão ocupados fazendo suas próprias coisas, o que ele agradece, para não verem a forma como ele está engessado sem saber o que dizer, e pela privacidade que deram aos dois:
-Eu não vi você lá dentro da sala, só notei quando você estava saindo - Ela explica, começando a avaliar o rapaz de cima a baixo.
-Também não vi você - Ele mente, mas tecnicamente é verdade já que ele só viu a cópia mais nova da mulher. A cópia cujo fazia o coração dele disparar desenfreadamente - Tá aqui sozinha? - Ele pergunta, querendo disfarçar o nervosismo e não entregar de bandeja que ficou encarando a ex o filme inteiro.
-Não - Sua irmã nega - Meu marido e minha irmã também vieram - Ela diz, mas então morde o lábio inferior se lembrando de algo - E o novo namorado dela também. - A mesma termina, com a voz levemente incerta, se deveria ou não tocar no assunto com Recalt.
Ele não sabe o que dizer sobre isso, então só fica quieto e abaixa o olhar olhando para os próprios pés em desânimo.
-Minha irmã me contou o que houve - Ela começa a dizer calmamente - Eu sei que você gostava dela, de verdade. Então não entendo como você pode fazer isso. - Ela fala, mas não soa como uma acusação agressiva, do modo como ele esperava.
Ela só parecia confusa com o que aconteceu, e queria entender o que houve. Cada história tem dois lados, mas o lado dele certamente é o errado, e ele sabe disso. Ele não vai contar a trama toda para ela agora, sabendo que você poderia aparecer a qualquer instante e surtar, mas ele decide resumir um pouco os fatos mesmo assim:
- Eu fui um idiota inseguro - Ele admite - Quebrei a confiança dela e a magoei, então entendo o porque dela não me perdoar e seguir em frente.
É o máximo que ele pode colocar em palavras agora. O erro dele foi grande, mas ele não iria mentir e dizer que estava feliz em te ver com outro cara. Ele mal conseguia conter o olhar de nojo quando via as mãos dele em você durante o filme. A careta que ele faz com a lembrança não passa despercebido por sua irmã:
-Ela pode estar com ele, Matías, mas é você quem ela ama. Eu sei disso, e lá no fundo, acho que ela também sabe. - Diz a mulher mais velha com um olhar conhecedor.
-Eu também amo ela - O garoto admite em voz alta pela primeira vez - Eu nunca contei pra ela antes, e duvido que ela queira escutar isso agora, mas é a verdade. - Ele afirma convicto.
Recalt espera que ela duvide e o xingue com isso. Afinal, você não engana quem ama, mesmo não estando tecnicamente juntos na época. Mas o mesmo fica surpreso com o pequeno riso que escapa dos lábios da mulher:
-Eu sei Matías que você a ama - Ela responde - Eu soube disso no momento em que você passou pela porta de casa.
Ele tem uma vontade estranha de chorar com isso. Uma necessidade urgente de agradecê-la por confiar nos sentimentos dele quando você mesma não o faz, não que ele possa te culpar por isso, é claro. Mas ter alguém que não seja os rapazes, finalmente reconhecendo a afeição que ele tem por sua pessoa, realmente transforma algo dentro do peito dele depois de todo esse tempo.
-E caia entre nós - Ela sussurra de maneira cúmplice - Ele é legal, mas eu ainda prefiro você - Diz e solta uma piscadinha na direção do mais novo.
E ele sorri sinceramente com a confissão, se sentindo mais leve pela primeira vez em meses com as simples palavras.
-Obrigado - Ele responde.
E antes que possam continuar com a conversa fluindo solta, são interrompidos por uma voz mais ao fundo do lugar. Um som que ele sempre reconheceria, e afetaria o seu estado de espírito:
-Ai meu Deus! Que saudades - Ele escuta a voz, que agora definitivamente se comprova ser sua, saudosa enquanto se aproxima para abraçar Enzo.
Vocês estão na área de alimentação, e aparentemente a ideia de você e os garotos não se encontrarem havia se destruído por completo. Mas por incrível que pareça, você não parece nervosa ou chateada. Se ele ainda consegue te ler bem, ele pensa que você está até mesmo feliz com o encontro inesperado.
Antes que Matias possa raciocinar, só sente sua irmã o agarrando pela mão, e o arrastando para onde o grupo se encontra.
-Também estávamos sentindo sua falta - Enzo fala enquanto se separam, deixando a passagem livre para o próximo rapaz te dar um oi.
Todos os rapazes concordam, e assim que você se desvencilha dos braços de Enzo, começa a distribuir abraços entre todos eles, com risadas e um sorriso animado no rosto. Seu namorado está ao lado quieto, mas dando um aceno de cabeça sendo educado e reservado, enquanto Wagner troca apertos de mãos fortes com os caras, e tapinhas nas costas.
Assim que todos os garotos te cumprimentam em abraços apertados, calorosos e confortantes, Matias chega à roda de conversa, e pela primeira vez na noite, ele tem a oportunidade de poder te ver melhor e deixar a presença dele ser conhecida por você.
A sua expressão com um sorriso enorme, vacila ao vê-lo ali. Mas rapidamente se recompõe e o cumprimenta também. Não com um abraço igual aos outros, apenas um aceno de cabeça em reconhecimento, e um sorriso contido, que o mata por dentro. Todos ao redor notam a sua mudança de atitude com o rapaz, e um clima constrangedor se instaura ali. Exatamente como ele imaginava.
“Que bosta”, ele pensa.
Matías até pensa em dizer algo, mas é interrompido quando o rapaz loiro se aproxima novamente, colocando a mão possessiva em sua cintura.
E você aceita tão bem. O toque da mão dele já parece algo natural para a sua pele e seu corpo, e Matias não consegue deixar de fitar o toque com chama nos olhos até ser interrompido pelo homem mais velho no canto:
-Vem cá rapaz - Wagner diz, e o puxa para um abraço, o que traz um sorriso a esposa dele ao lado observando tudo.
Depois que todos os cumprimentos são feitos, e palavras rápidas, educadas e não muito profundas são trocadas, todos parecem prontos para se despedir. Você às vezes olha furtivamente pra ele de canto de olho, mas todas vez que o olhar dele encontra o seu, você é rápida em desviar e fingir que nada aconteceu.
E ele não aguenta mais essa farsa e esse teatro que ambos estão jogando. Ou melhor, todos aqui estão participando. Há alguns meses atrás, era ele quem estava ao seu lado e de mãos dadas, e agora, todos estavam aqui com o seu novo cara, fingindo que o clima não estava no mínimo desconfortável ou estranho.
Pra ele já chega:
-A gente pode conversar rapidinho? A sós? -Matias te pergunta tomando coragem, antes que você vá embora, e escape mais uma vez sem que ele possa te falar como se sente. Ele não se importa com os olhares questionadores ao redor, ainda mais o nada contente do seu namorado o fuzilando.
-Hmmm…é - Você engole em seco, obviamente pega desprevenida - Claro. - Finalmente responde, com um suspiro resignado.
Matías solta uma respiração que nem sabia que estava prendendo esperando sua resposta.
-Vai ser rápido - Você fala ao seu namorado, começando a se afastar e trocando um olhar cúmplice e tranquilizador ao loiro, deixando um aperto firme na mão dele.
Com isso, você finalmente se vira para Matias e sinaliza para irem a uma área mais afastada para conversarem. Os outros olham a cena levemente tensos com o que pode resultar dessa conversa, então fazem o que qualquer um faria nessa situação.
Mudam de assunto, e fingem que nada está acontecendo.
E enquanto os dois saem dali, Matias consegue ouvir levemente os caras começando a falar de futebol com Wagner, e Fran falando com sua irmã que tinha visto as fotos do casamento que você havia postado nas redes sociais há algum tempo, elogiando como tudo tinha sido lindo.
Neste meio tempo, Matías só está te seguindo, sem saber muito bem onde vão parar, só estando satisfeito por você ter concordado em falar com ele, e preservar a privacidade dos dois.
Por fim, ambos acabam parando em um dos diversos banquinhos espalhados pelo shopping, em frente de uma loja de brinquedos, que nesse horário já estava vazia, e fechada. Realmente, tudo deserto.
-Oi - Ele diz te cumprimentando de novo, já que da primeira vez nem sequer trocaram palavras, e parecia tudo muito falso. Somente sons vazios, ou gestos educados na frente dos outros, mas nada sincero e verdadeiro.
-Oi Matías - Você devolve o comprimento em um tom formal, e sem sentimento algum.
Obviamente, não é porque vocês estão sentados no mesmo banco, que isso significaria que você ficaria mais perto dele do que o necessário. E isso só fica mais claro quando você fica tão na ponta do assento, que parece que pode cair a qualquer instante. E mesmo quando ele se afasta para te dar mais espaço, você não se move. Ele engole em seco com isso, e limpa a palma da mão que já estava ficando suada devido ao nervosismo, no joelho da calça, e aperta as mãos em punhos fechados.
-Não sabia que você tinha começado a gostar de filme de super-heroi - Ele fala brincando para quebrar o gelo, e esperando que assim você se torne mais receptiva. Afinal, se você concordou em falar com ele, então deveria falar propriamente com ele.
-Eu não gosto - Você diz, relaxando os ombros e revirando os olhos - Mas por algum motivo o Wagner e o Santi acharam legal escolher esse filme em um encontro.
-Encontro é? - Ele questiona, querendo arrancar quaisquer informações que puder de você.
-Isso, um encontro duplo - Você confirma - Eles escolheram o filme, e eu e minha irmã escolhemos o restaurante - Você explica a ele - Inclusive, nossa reserva é daqui a pouco, então vamos acabar isso logo. -Termina, o alfinetando.
“Uau. Direto ao ponto”, ele pensa.
Ele também não consegue parar de imaginar que deveria ser ele ali. Ao seu lado, com sua família, o fazendo deixar o ciúmes falar mais alto:
-Não sabia que já estavam tão próximos assim. - Ele acusa amargamente, deixando implícito como você pode ter seguido em frente muito rápido.
-Pois é. - Você concorda, sem dar corda, ou se comover com o descontentamento dele.
-Mas você…- Ele continua, ficando irritado, mas sendo cortado já no começo da frase.
-Matías, eu tenho que ir embora logo. - Você o interrompe - Você queria falar comigo, então se tem algo que queira me dizer, diga logo. - Você cobra impaciente.
-Eu ainda tenho chances com você? - Ele faz a pergunta que estava o matando por dentro. Se sentindo um idiota assim que elas saem dos lábios deles, e chegam a você, te fazendo soltar uma cara de indignação.
- Matías, eu tô com um cara legal. Que me trata bem, quer um relacionamento sério, e me faz feliz. Ele me dá segurança, então porque drogas eu iria querer voltar com você? - Devolve a pergunta a ele, o diminuindo, e dizendo como o seu atual parecia ser tudo o que ele não era.
-Você ama ele? - Matías pergunta em um tom de voz baixo, parecendo quase um sussurro quando chega aos seus ouvidos.
Talvez isso se devesse ao fato de que era uma pergunta muito íntima e pessoal, ou talvez fosse simplesmente porque ele tinha medo da sua resposta e estava incerto se deveria mesmo te questionar isso sem estar pronto para qualquer coisa que você fosse falar.
Os seus olhos se arregalaram, certamente pega de surpresa com a pergunta dele, e um engolir em seco passa pela sua garganta enquanto pensa e toma coragem para abrir a boca e o responder. Mas você a fecha novamente e não diz nada, ficando quieta por alguns segundos, desviando o olhar para qualquer canto do lugar que não fosse ele, parecendo tremendamente desconfortável, e passando os braços por sua cintura, abraçando a si mesma e se encolhendo, como se quisesse sumir dali, o que ele não duvidava nenhum pouco de que fosse o caso.
Ele quase fica aliviado com a sua falta de resposta, se sentindo mais leve e em paz. Mas assim que ele pensa em te dizer algo, que nem ele sabe ainda, você abre os lábios e solta as palavras que ele estava temeroso em ouvir:
- Eu… amo. - Você responde, com a voz firme e segura. - Eu amo muito ele. -Repete com certeza.
O mundo dele para por um instante, e depois volta em um ritmo preocupantemente veloz. Pelo jeito, sua irmã estava errada, e você não o ama mais. Ele perdeu uma das únicas coisas boas que já aconteceram com ele, e com as palavras cortantes que saíram de sua boca, só reafirmam que agora tudo está acabado e que ele tem que te esquecer.
“Você ama outra pessoa. Você ama outra pessoa. Você ama outra pessoa. Você ama alguém, e essa pessoa não é ele”, o cérebro dele ecoa em um labirinto sem saída.
- Acho que é isso então Matias, você já pode ter a sua conclusão e cada um seguir pro seu canto. - Você continua, o despertando de seus pensamentos.
-Mas, nós temos uma história juntos, e…- Ele tenta argumentar, e falhando miseravelmente.
-Matias nada disso importa mais - Você o interrompe ríspida - Não importa mais o que tivemos, ou o que compartilhamos. Isso tudo acabou, e você já não me importa mais. - Você diz, já perdendo a paciência e não medindo suas palavras.
-Não fala isso. -Ele pede, atordoado e magoado com o seu tom.
- É a verdade - Você diz brutalmente - Eu não me importo mais com você, com o que você faz ou deixa de fazer, então você não deveria mais se importar comigo e me deixar em paz. - Diz raivosa e irritada.
Ele vê que você está falando sério, pelo seu olhar, que é frio, e sua fala que não vacila em nenhum momento.
Ele não pode fazer mais nada, pois você já tomou sua decisão, e ele não pode simplesmente se pôr de joelhos e declarar seu amor por você. Está mais do que óbvio que você está melhor com esse novo cara, que foi capaz de fazer você se apaixonar de novo. Lá no fundo, Matias fica grato por saber que você estava sendo bem cuidada e tratada como merece.
- Ok. Eu não vou mais te incomodar, eu só espero que você seja feliz. - Ele diz, murchando no lugar e querendo desaparecer.
- Eu vou. - Você diz firme.
E mesmo que doa no coração dele em saber que ele não será a pessoa que te trará essa felicidade, ele ainda assim espera que você possa desfrutar de toda a felicidade que você merece com o seu novo parceiro.
E com esse pensamento, é com o qual ele te assiste se levantar e ir embora, o deixando sozinho sem se despedir.
— —
O campeonato finalmente chega, e para ser sincero, Matías estava pouco se fudendo para isso. Entre perder o amor da vida dele, e ter que assistir essa pessoa dizer que basicamente o despreza, não foi exatamente o que ele precisava para melhorar. E não era um torneio idiota de esporte que mudaria isso.
É claro que ainda assim ele daria o seu melhor em prol do time. Eles eram uma equipe, e ninguém tinha culpa do estado emocional frágil do rapaz. Mas mesmo esse senso de responsabilidade não era o bastante para fazer ele se sentir entusiasmado, ou ao menos com um pouco de energia positiva.
Alguns de seus amigos já estavam prontos para entrar em campo. Mas ele ainda estava no vestiário sentado e encarando os próprios pés pensativos. Vocês não se falaram desde o dia no cinema, e era como se ele estivesse mais vazio desde então.
Ele acorda de seus pensamentos melancólicos, quando escuta a porta do lugar se abrindo, e alguém entrando:
-Você tá bem? Logo o treinador toca o apito e você ainda está aqui perdido - Diz Fran, se aproximando dele, com a cara questionadora.
Matías não o responde imediatamente, só solta uma longa respiração e se levanta, começando a se aquecer para o jogo.
-Foi mal, eu já to indo - Ele responde, tentando transmitir normalidade.
-Mas você tá bem? - Fran questiona pela segunda vez - Quer falar sobre isso? É sobre ela, não é? Eu conheço a cara de idiota que você faz quando está pensando nela - Seu colega diz, o pressionando. - Pode desabafar comigo, é melhor você botar isso pra fora agora, do que ficar avoado o jogo inteiro. - Ele aponta sabiamente.
- Ok, tá bom! É sobre ela - Matías admite, revirando os olhos - Ainda não acredito que ela tá com outro, e eles estão namorando, e ela parece tão feliz e superada - Ele dá uma pausa para um suspiro. - Eu realmente achei que uma hora a gente ia voltar, como sempre fazíamos e tudo daria certo. - Ele afasta o cabelo da testa, passando os dedos pelos fios compridos - Eu sempre estragava as coisas e ela me perdoava.- Ele termina de reclamar, com um tom zangado, esperando para ver o que o amigo iria dizer.
Fran parece pensar bem no que falar, e prossegue:
- Matías, eu acho que ela já deixou claro que qualquer chance de reconciliação é nula. Isso já faz meses, e por mais que eu goste dela, acho que já está na hora de seguir em frente. Você ferrou as coisas, mas pelo menos se arrependeu, e encarou as consequências dos seus atos - Ele bota a mão no ombro do amigo, o encorajando - O melhor que você tem a fazer, é pensar que pelo menos agora ela está feliz, e é isso o que importa, certo? - Fran termina, o fitando duramente.
Matías sabe a resposta para isso, pois foi a única coisa na qual ele pensou nos últimos dias:
-Sim. - Ele responde. - Pelo menos ela está feliz agora.-Ele diz, engolindo a amargura, e sendo mais altruísta.
Ele sabe do fundo do coração, que prefere mil vezes que se um dos dois é para ficar com o coração perdido, e doendo em angústia e saudades, que seja ele. Você só merece o melhor que o mundo tem a oferecer.
-Mas enfim, você tem certeza que está bem pra jogar hoje? - Pergunta o garoto dos olhos claros, ainda o checando com o cenho preocupado.- Posso falar pro seu treinador que você passou mal e que é melhor ir embora - Ele oferece.
-Tenho - Afirma Recalt - É bom pra me distrair um pouco, e o time tá contando comigo, assim como eu conto com eles. - Ele justifica.
-Ok. - Fran aceita, o dando um último chacoalhão no ombro de ânimo e se retirando.
E com isso, o apito finalmente soa e os jogadores são convocados a campo. E que vença o melhor.
— — — —
Matías deveria saber que ele não estava apto para participar daquele jogo. Não por causa de seu treinamento ou habilidade física, pois ele tinha se empenhado muito nisso, mas sua cabeça estava em outro lugar. E pelo jeito, a do time também estava.
Dizer que eles acertaram uma sequência de jogadas, ou que estavam cooperando um com os outros era uma total mentira. E não demorou muito para que o outro time percebesse isso, e decidisse tirar vantagem.
O time adversário contava com um conjunto de rapazes mais violentos, e difíceis de se lidar. Todo o esporte tinha suas regras, e a decisão de quebrar todas elas, fez Matías ranger os dentes de raiva com a visão de tudo aquilo.
E claro que nada de bom poderia resultar disso.
Um jogador em específico estava o marcando desde o começo, o perseguindo e esperando pelo primeiro passo em falso para agir. Matías estava o ignorando no início, mas depois do primeiro tempo, ele jogou tudo para o alto, e os dois começaram a se entranhar mais ainda em campo.
Matías estava decidido a deixar isso de lado até o final desse jogo. Por um milagre, seu time conseguiu virar o placar no segundo tempo, e conseguiram uma vantagem considerável, o que deixou seus adversários mais raivosos e agressivos. Mesmo tentando ficar calmo, obviamente uma hora o pavio do rapaz iria queimar, e ele começaria a rebater o outro time:
-Tá louco filho da puta! - Ela berra, quando o rapaz esbarra nele pela milésima vez, o fazendo cair de propósito - Aprende a jogar direito, seu bosta! - Ele continua na direção do garoto, se levantando e voltando ao jogo.
-Recalt! concentração, não liga para provocações - Diz o treinador o advertindo, e o juíz só ignorando tudo.
Matías só revira os olhos e fita com raiva o outro rapaz, que o lança um sorriso debochado.
E isso continua pelos próximos minutos. Diversas provocações, zombarias, e esbarrões que obviamente não eram acidentais. Até que faltando questão de segundos para o jogo chegar ao final, o pior acontece.
A bola está com o outro time, na tentativa inútil de tentar marcar um ponto, o qual Matías consegue interceptar com sucesso. Mas no meio disso, entre agarrar a bola no ar, e fazer o próximo passe, ele só tem poucos segundos para raciocinar o que está acontecendo.
Ele sente o corpo sendo atingido pelo rapaz do time adversário, o arremessando no chão enquanto eles ainda estão correndo em movimento. Ele vai de encontro ao gramado, caindo violentamente, junto com o outro rapaz, em uma bagunça de membros e poeira. Neste momento, ele sente uma dor excruciante atravessando sua perna direita, desde o pé até o começo do joelho, causando uma vertigem e pontada esmagadora.
Os gritos assustados, e os suspiros horrorizados, só o deixam mais alerta de que algo realmente está errado. Ainda no solo, ele consegue sentir um líquido quente escorrendo por sua testa, e na parte de trás de sua nuca, e quando leva as pontas dos dedos para ver do que se tratava, não se surpreende muito ao ver que era sangue. O que o surpreendia era que se tratava de muito sangue. Muito, muito mesmo.
Mas nada poderia o preparar para o que viria a seguir.
Quando o outro jogador, o qual causou o acidente, se levanta para se recompor, Matías sente a dor aguda e extrema retumbando ainda mais forte em sua perna. Definitivamente, algo pior tinha acontecido na queda.
-Puta merda! - Diz um dos rapazes, junto do time inteiro se aproximando - ALGUÉM CHAMA UMA AMBULÂNCIA! AGORA!!! - Ele grita desesperado.
Ainda atordoado Matías tenta se mexer para ver a cena:
-Para, é melhor você ficar parado e esperar o socorro - Ele escuta, o que ele pensa ser Enzo e os outros colegas ao lado.
Mas isso não o impede, e ele se apoia nos cotovelos para ver do que se tratava. E com certeza, era melhor se ele não tivesse feito isso, pois a visão o assusta pra caralho:
A perna dele está toda fodida, com o osso para fora da carne, em um show de horrores sangrento. A perna se contorceu de uma maneira que tornou impossível os músculos aguentarem a pressão, e fez com que a pele se rompesse, e o osso ficasse de fora. A pressão dele só cai com isso, o fazendo quase desfalecer em espanto e dor.
-ELE TÁ DESMAIANDO, CADE A BOSTA DOS MÉDICOS!- Ele escuta ao fundo, enquanto a visão só vai escurecendo, e seus membros ficando moles.
A única coisa boa, que ele consegue pensar de tudo isso, é que ao menos você não está nas arquibancadas para ver o estado deplorável dele. Que ironia, e pensar que quando estavam juntos, o seu maior medo era de que ele se machucasse em campo, e assim que terminam, é exatamente isso que acontece de maneira tão brutal.
Enquanto ele escuta o som das pessoas gritando assustadas, e irritados cobrando a ajuda, às suas palavras retornam a mente dele, em um lembrete sufocante e maldoso:
“Não importa mais o que tivemos, ou o que compartilhamos. Isso tudo acabou, e você já não me importa mais. Eu não me importo mais com você, com o que você faz ou deixa de fazer, então você não deveria mais se importar comigo e me deixar em paz”
No final, ele pensa com desgosto, talvez você nem ligasse tanto para o estado dele. Como você mesmo disse, tudo era passado, e o que acontecia de agora em diante com ele, não te interessava mais.
O barulho das ambulâncias chegando, é a última coisa que ele escuta antes de entrar no mundo inconsciente de vazio e escuridão.
— —
Obs: Capítulo não revisado 100%, então se tiver algum errinho, por favor desconsiderar rsrsrs, e eu não entendo nada de esportes, então relevem se tiver algo errado tmbm 🫣🙂‍↔️
Pois é, depois de mais de um mês, eu volteiii 🙃. Espero que gostem e estejam animados para os próximos. Vou tentar atualizar com mais frequência, eu jurooo, bjs 😘 💖
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geniousbh · 7 months ago
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IMPLORANDO pra vc continuar aquela ask com o Enzo lendo pra filinha/o dele e da lobinha!!!!
o seu pedido é uma ordem, meu xuxu🤝🏻💪🏻
sobre o enzo... acho que ele levaria a criação da filha muito a sério, não de ser um pai rigoroso, mas se esforçar muito pra que ela tenha uma infância com experiências de fato infantis, brincando com bonecas, casinhas, lendo livros, colorindo, se sujando, tentando, errando, continuando, etc etc. e por isso decidiram que tirariam a tv da sala e colocariam no quarto de vocês - o que não muda muito porque não são tão ligados à programas televisivos e desde namoradinhos preferem ir ao cinema pra ver filmes 🤭🤭 (algumas tradições ele faz questão de manter).
sfw esse livro dos coelhinhos é um presente que o vogrincic recebeu de um colega de trabalho, e ele achou uma graça quando folheou e viu os desenhos e a história. chegou em casa te mostrando e combinando de que colocariam a pequena pra dormir e que leriam juntinhos dela. quando chega o horário, os três tomados banho e cheirosos, dividem a cama estreita com as pelúcias dos mais variados tipos e tamanhos. você faz um carinho nos fios castanhos da menininha que chega a ronronar e repara em como o marido lê o conto - mãozinha no peito e as sobrancelhas assim / \ se encantando com cada trecho. não consegue evitar sentir o coração derreter de amores por ambos!! a filha de vocês pediria a história outras vezes, e em algumas, vocês até inventariam um pouco mais além pra entretê-la (enzo tem uma mente de titânio pr isso, já tendo escrito alguns roteiros, ele improvisa bem dms e vc agradece mentalmente por ter escolhido o homem certo pr ter uma família)
nfsw acompanhar enzo se dedicando pra pequena, sendo um pai presente, ensinando as coisas, fazendo vozes e trejeitos quando brincavam de restaurante, mexe com o seu psicológico e o seu físico. pra quem não tinha interesse em ser mãe até alguns anos atrás, querer ter um segundo era praticamente um milagre... mas você não sabe como o vogrincic vai reagir... encara ele pelo reflexo do banheiro, já encostado na cabeceira da cama e esperando vc para apagar as luzes. "amor... você não acha que o apartamento é muito grande só pra nós três?", começa, melindrosa, testando. "como assim? você acha que devíamos nos mudar, nena?", ele questiona e volta a atenção pra você. "não... mudar não, mas... - e nisso você se escora no batente da porta do banheiro e abre o robezinho, deixando exposto um conjuntinho rendado que usa por baixo - talvez... não sei... encher mais ele?", sugere. e o uruguaio sorri de canto, se arrastando pra beira da cama, te olhando e erguendo a sobrancelha "quieres otra, mami?" e você confirma com a cabeça. apesar de ser um puto a maioria das vezes, que te faz implorar, naquela noite não tinha nada disso, ele te chamava com o dedo e batia numa das coxas indicando pra você sentar, vai ficar todo eriçado quando nota que sua bct tá pingando já e te fode lento e fundo, gozando dentro duas vezes seguidas e te convencendo a dormir com ele guardadinho em ti "é pra vingar, meu amor", ele ri rouquinho na sua orelha
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maodedefunto · 1 month ago
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A Lavanderia
Nota da autora: Esta é a minha primeira vez escrevendo uma fanfic. E, escolhi o ator Hugh Grant, simplesmente, por ser apaixonada por ele desde sempre! Espero que vocês gostem!💜
Não se pode entender completamente a conversação entre dois tímidos no amor, uma mulher e um homem. Ele tinha trinta anos; ela, vinte e oito. Encontravam-se todas as quintas-feiras na lavanderia abaixo do prédio dele, a apenas dez minutos da casa dela, que parecia pertencer a um outro mundo. O ambiente era marcado por luzes fluorescentes, derramando uma claridade sem vida sobre máquinas impessoais, que murmuravam seu constante vaivém.
Hugh, o homem de trinta anos, chegava primeiro, obedecendo ao relógio invisível que sincronizava seus encontros silenciosos. Vestia um uniforme descompromissado: shorts desbotados, uma camisa havaiana laranja e óculos redondos que emolduravam seus olhos azuis profundos, que flutuavam entre o riso e a melancolia — como quem sabe demais, mas não diz. Hugh levava uma vida tranquila em um apartamento assombrado por livros, poucas relações e alguns passeios. Seus hábitos, típicos de um adulto de trinta anos, traziam consigo a sombra de um dia nublado. Sua rabugice era mais do que um hábito; era quase uma forma de resistência ao mundo. Estranhamente, ele sorria, debochando da vida com um sarcasmo afiado que, contraditoriamente, abria portas. Seu riso, tirado à força, não era oferecido, mas tomado. Sua acidez, muitas vezes fora de lugar, carregava uma lucidez desconcertante, capaz de revelar verdades que as palavras suaves evitavam. Mesmo os mais rigorosos defensores do equilíbrio e do politicamente correto não conseguiam resistir; quando suas piadas cortavam o ar, riam. Talvez porque ele possuía o dom cruel de expor, com zombaria, o absurdo de uma moralidade que muitas vezes é máscara, não essência.
A mulher de vinte e oito anos chegou depois, e seus passos já eram acompanhados pelos azuis profundos de Hugh desde que ela saiu de seu Fiat Uno lilás, estacionado do outro lado da rua. Naquele dia, ela carregava uma quantidade maior de roupas, indicando uma faxina recente em seu armário. Vestia uma camisa pink desproporcional, com “Britney Come to Brazil” estampado em letras exageradas, que parecia prestes a engoli-la. A calça legging preta e verde era a única peça realmente funcional no visual, mas havia algo de performático em sua postura. Seus gestos eram deliberadamente lentos, como se cada movimento fosse parte de uma sutil apresentação que só Hugh apreciava. Contudo, ela era uma diva acorrentada. Tantas emoções mal vividas, tantos desejos que ela apenas roçava de leve, com medo de que o caos a consumisse. Vivia à beira do desespero, o coração sempre acelerado, mas sem nunca se entregar por completo. Porque tinha medo. Medo de que, ao se permitir sentir tudo, seria puxada para um abismo do qual não saberia voltar.
Mas também, Hugh queria viver intensamente. Queria tanto que quase doía. Mas o medo era uma segunda pele. Entre essa pele e o desejo, ele criava sua própria performance sarcástica, composta de gestos perfeitos e olhares aparentemente desinteressados, como se dissesse ao mundo que, um dia, talvez, se permitiria sentir tudo o que não ousava tocar.
A porta da lavanderia tilintou com a entrada da mulher, mas o som foi rapidamente absorvido pelo ambiente. Hugh, ao ver a grande cesta de roupas da mulher que admirava em segredo, começou a enrolar nos movimentos, estendendo o processo para poder ficar mais tempo. Lavar roupas era apenas o pretexto para estar ali. Eles se cumprimentavam com um "boa tarde" educado, palavras quase automáticas que sempre paravam ali. Nada mais além disso.
Porém, naquela quinta-feira, às 16h50, ele decidiu agir. Hugh ajeitou os óculos com um leve toque no aro, como fazia sempre quando tentava disfarçar a curiosidade. Mais à frente, ela dobrava meticulosamente uma blusa, como se a precisão de seus movimentos pudesse conter os pensamentos dispersos, claramente distantes das roupas.
— Senhorita... o que você faz quando não está lavando roupa? — perguntou Hugh, quebrando o silêncio.
— Leio... — respondeu ela, surpresa com a pergunta.
Ela tinha no carro um romance de Leopold von Sacher-Masoch, em uma velha tradução, mas às vezes se esquecia daquela leitura. Quando estava sozinha, despia-se de todas as convenções sociais. Talvez dançasse pela casa, sem plateia, deixando seu corpo se mover livremente, como se, no silêncio do lar, pudesse ser a mulher que sempre quis ser. A música alta a embalava por um breve momento de fuga, mas logo o medo voltava, segurando-a pela mão e sussurrando que sentir demais era perigoso. Então, sentava-se no sofá, perdida em pensamentos e sonhos não realizados. Somente nos últimos minutos antes de dormir relia trechos de outros livros ou olhava para o teto, desejando viver mais. Mas havia sempre aquela barreira invisível que a mantinha no mesmo lugar. Um dia, quem sabe, ela prometia a si mesma que deixaria as emoções dominarem, que viveria tudo de uma vez.
Ela olhou por cima do ombro, e as luzes fluorescentes destacaram o cabelo castanho acinzentado que caía com descuido sobre a testa de Hugh, dando-lhe um ar de constante despreocupação. Ele pegou suas roupas recém-secas e as transferiu para o lado dela.
— Ainda não foi embora? — perguntou ela.
— Não, parece que minhas roupas estão demorando mais do que o normal — respondeu Hugh, lançando-lhe um olhar de relance.
— Que paciência... — disse ela, fitando-o, duvidando da justificativa.
Ambos já sentiam o peso dos olhares há algum tempo, mas, naquele dia, o peso parecia maior, quase palpável. Hugh, sem advertir, deixava escapar o vulcão de emoções que mantinha adormecido. Talvez não estivessem adormecidas, apenas mentiam, para não afligir.
— Eu nunca vejo você ir embora. Normalmente, você diz "boa tarde" e desaparece — mentiu ela, pois sempre esperava, apaixonada pelo mistério que ele representava.
— Sério? Sempre vou depois de você, senhorita. Estranho é você entrar no carro quando o crepúsculo já foi embora. Não tem medo de almas do outro mundo?
— Acho que não... o céu é bonito nesse horário.
Isso os confundia. Uma paixão silenciosa que não era tranquila e que não o deixava em paz. A presença dela, mesmo quando serena, despertava nele um desejo de mais. Ele a queria por inteiro, cada emoção reprimida, cada gesto que ela sufocava, cada riso que ela não permitia soltar. Havia nela uma intensidade contida que o fazia desejar não apenas a mulher que via, mas também a mulher que ela ainda não tinha coragem de ser. O que atraía Hugh era justamente o que ela tentava esconder.
E isso os confundia ainda mais. Como se apaixonar por algo que ainda não existia por completo? Ela não era apenas quem estava à sua frente, mas todas as versões possíveis de si mesma que ela ainda não tinha vivido.
— Vamos voltar ao assunto que você começou, Senhor...?
— Hugh... pode me chamar de Hugh.
— Ah, Hugh... gosta de ler? Se sim, o quê?
— Gosto muito. Principalmente romances, mas do tipo James Joyce, Gabriel García Márquez. Mas leio pouco, por falta de tempo. E você, que romances tem lido?
A mulher o respondeu a citar alguns nomes. Hugh a ouvia com a cabeça inclinada perto dos lábios dela, seus olhos focados. De vez em quando, ele passava a língua pelos os próprios lábios, para umedecê-los. Quando ela terminou de falar, ele não disse nada; ficaram em silêncio por alguns segundos. Então, ele a viu endireitar a cabeça, enquanto ele inclinava-se um pouco mais para perto do rosto dela.
As máquinas de lavar continuavam seu ciclo incessante, mas entre eles havia algo diferente naquele dia, algo que parecia exigir mais do que olhares furtivos. Havia algo nela que o deixava desconcertado. Ele não sabia exatamente o que o atraía, mas era como se sentisse a presença de uma chama oculta, uma intensidade que ela guardava para si, como um segredo que ele queria desesperadamente descobrir.
— Hugh... acho que já está na hora, e eu...
— Não, ainda é cedo. O Sol ainda está aqui... temos tempo.
— E... talvez eu não precise ter pressa... meus vestidos ainda estão na secadora.
— Pois é, e como seus vestidos voltarão para casa? Coitados, seria perigoso para eles! — disse ele, brincando.
O último calor do Sol competia com as luzes fluorescentes, e isso a fez rir da piada. Normalmente, Hugh tinha gestos lentos e atitudes tranquilas; mas agora, ele se levantou rapidamente, seu desalinho honesto dando-lhe um ar singular. Apesar de suas pernas longas, havia um balanço confiante em seu andar, como quem sabia exatamente onde estava pisando. Ele sabia o que queria. Queria aquela mulher em seu apartamento todos os dias, ao crepúsculo, lhe dando chá…na varanda.
— Acho que essa secadora está competindo com você — disse ele, num tom casual, mas carregado de algo mais.
Ela levantou os olhos devagar, sem entender de imediato.
— Como assim? — perguntou, com a voz tranquila, quase desinteressada, mas ele notou o leve arquear de suas sobrancelhas, como se tivesse capturado uma fração de sua atenção.
Ele deu de ombros, com um sorriso no canto dos lábios.
— As duas são eficientes, mas levam o tempo delas, sabe? Sem pressa. Parece que estão sempre esperando o momento perfeito para mostrar que, no fundo, o resultado vai valer a pena. — Ele fez uma pausa, deixando a provocação pairar. — Só fico me perguntando se, quando estiver pronta, vou me surpreender mais com a roupa ou com você.
Ela soltou um pequeno riso, quase sem querer, mas logo desviou o olhar, disfarçando. Hugh percebeu algo diferente naquele brilho, uma reação que ela tentava esconder.
Pouco a pouco, eles se inclinaram; a mulher fincou os cotovelos no mármore da mesa e apoiou o rosto entre as mãos. Seus cabelos caíram naturalmente, e ele viu o delicado contorno de seu pescoço. Naquele momento, a presença de Hugh despertou nela mais curiosidade do que qualquer livro de Leopold von Sacher-Masoch. Ele continuou a falar sobre suas opiniões sobre Sacher-Masoch e outros pensamentos que lhe vinham à mente. As palavras fluíam uma após a outra, sem que ele soubesse exatamente o porquê, saltando de um assunto a outro ou voltando ao primeiro, rindo aqui e ali na tentativa de fazê-la sorrir. Queria ver-lhe os dentes. Quanto aos olhos dela, não eram exatamente negros, mas escuros, como se guardassem segredos nas profundezas de seu olhar.
— Mais baixo! Alguém pode nos ouvir — disse a mulher entre risos.
— Só estava pensando sobre sua leitura atual... um cara obcecado por dor e prazer, sabe? Não é curioso como as pessoas têm essas fixações? — ele riu de si mesmo.
— Você é bem... aleatório.
Hugh deu de ombros, divertido:
— Aleatório. Igual essas coisas que a gente fala sem pensar muito, vai juntando uma coisa na outra... Mas tudo bem, tô aqui tentando te fazer rir, na verdade.
— Está funcionando?
— Claro que está. Já vi seus dentes. Perfeitos, por sinal... eu gosto de sorrisos com diastema. — Ela sorriu um pouco mais, como se quisesse disfarçar o gesto, mas agora seus dentes ficaram visíveis por um segundo.
— Tá vendo? Isso, exatamente isso. É o meu ponto. — Os olhos dela se mantiveram atentos, mas havia algo guardado, uma escuridão que ainda parecia protegê-la. Hugh pausou, observando-a por um instante. Os dois se entreolharam em silêncio, enquanto ele buscava mais palavras e ela, talvez, mais respostas.
Eles não saíram daquela posição, tão perto que estavam, os rostos quase se tocando. Não precisavam falar alto para serem ouvidos; cochichavam, ele mais que ela, porque falava mais; ela, às vezes, ficava séria, muito séria, com a testa levemente franzida. Em um momento, ela olhou de relance para os crocs dele, mas logo desviou o olhar, voltando à conversa.
— Você usa crocs, blusa havaiana e óculos... mas suas expressões são tão sérias...
— Eu sou assim. Sério.
— O quê? — perguntou ela, inclinando o corpo para ouvir melhor.
Ele sorriu, um sorriso discreto, quase enigmático, como se estivesse prestes a soltar uma piada, mas optasse por manter o suspense. Seus olhos brilharam, e ele inclinou a cabeça um pouco mais, aproximando-se, até que os rostos ficassem quase se tocando.
— Sério — repetiu ele, baixinho, dessa vez deixando o riso escapar. — Só quando não importa. Ou quando estou pensando em algo que nem eu entendo. Tipo agora.
Ela manteve a testa levemente franzida, mas seus lábios esboçaram um sorriso contido, algo entre provocação e desconcerto. Seus olhos, que ainda guardavam aquela escuridão misteriosa, se estreitaram, como se tentasse decifrá-lo.
— Eu sempre te achei meio… excêntrico — sussurrou ela, como se estivesse pensando alto, sem intenção de ofender, mas com uma sinceridade que o atingiu de leve.
Ele riu baixo, o riso que usava para esconder sua própria vulnerabilidade, como se ela tivesse tocado num ponto sensível que ele preferia evitar.
— Excêntrico? — perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Você diz isso como se fosse uma coisa ruim.
Ela balançou a cabeça devagar, os olhos caindo por um momento para os crocs, depois voltando para o rosto dele.
— Não... claro que não. — Sua voz era suave, mas com uma hesitação perceptível.
Ficaram em silêncio por alguns segundos, e ela, sem perceber, inclinou o corpo um pouco mais, como se estivesse prestes a entrar num espaço que ele mal sabia que estava deixando aberto.
— E você? — Ele quebrou o silêncio. — Tão quieta, mas sempre parece que tá prestes a explodir de alguma forma. Qual é o seu segredo?
Ela piscou lentamente, sem responder de imediato, e seu rosto se fechou por um segundo, como se algo dentro dela recuasse, se escondesse.
— Talvez eu seja... — ela começou, mas interrompeu-se, mordendo o lábio inferior por um instante, desviando os olhos para a secadora, agora parada, antes de voltar a encará-lo. — Talvez eu seja séria também. Quando importa. Ou quando... tenho medo.
A última palavra saiu quase como um sussurro, como se ela não quisesse admiti-la nem para si mesma. Ele notou o leve tremor na voz dela e, por um momento, o humor desapareceu, substituído por algo mais denso, mais atento.
— Medo? — Ele perguntou suavemente, como quem pisa em território proibido, mas desejando explorá-lo.
Ela não respondeu de imediato, mas o olhar profundo e escuro que lançou a ele parecia carregar tudo o que ela queria dizer.
— Olha pra minha blusa... — ela disse de repente.
Ele piscou, surpreso com a reviravolta, e então olhou para a própria blusa. "Britney, come to Brazil" estava estampado em letras brancas e chamativas, uma piada kitsch que ele escolhera sem pensar muito. Ele ergueu uma sobrancelha, o sorriso voltando ao rosto, mas agora com algo mais intrigado em sua expressão.
— Britney Spears? — reagiu, sem entender onde ela queria chegar.
Ela desviou o olhar por um instante, como se procurasse as palavras certas para explicar.
— Às vezes, me sinto como a Britney Spears — disse ela, em voz baixa, mas firme. — No palco, performando, sendo a estrela... mas, ao mesmo tempo, completamente perdida. Fingindo que está tudo sob controle, quando, na verdade... — Ela respirou fundo. — Quando, na verdade, estou cheia de medo de desmoronar.
Ele ficou quieto, absorvendo o que ela acabara de dizer. Não era só sobre Britney. Ela estava falando de si mesma, da contradição entre a imagem que projetava e a realidade que escondia.
Quando a última peça foi seca, dobrada e colocada no cesto, a mulher se preparava para sair. Mas hesitou, segurando a alça do cesto como se considerasse algo que nunca fizera antes. Hugh notou a indecisão, uma pequena brecha na rotina.
— Senhorita, posso te ajudar com isso? — perguntou, sua voz soando estranhamente como um convite para fazer parte de sua vida.
— Ah, claro, obrigada.
Hugh pegou o cesto com um gesto casual, mas sentiu o peso simbólico daquela interação. Caminharam lado a lado até o Fiat Uno dela, estacionado sob o céu tingido em tons de roxo e azul claro. O ar estava fresco, carregado pela expectativa que se acumulava há semanas. O carro, com suas linhas nostálgicas e desgastadas, parecia um reflexo de tudo o que haviam dito, e não dito, um ao outro.
Ao colocar o cesto no porta-malas, ele a olhou por um momento mais longo, como se estivesse considerando algo mais.
— Sabe... — começou, hesitando como quem raramente vai além do óbvio — Você gostaria de tomar um café amanhã, às 8:30?
Ela, ainda processando o momento, encontrou os olhos dele numa conexão que ia além do reflexo das máquinas. O sorriso que se formou em seus lábios foi diferente, mais aberto, mais... decidido.
— Eu adoraria.
E naquele momento, enquanto o céu se dissolvia em sombras mais profundas, eles romperam o ciclo de silêncio. O carro, parado na rua deserta, já não era apenas um veículo, mas o símbolo de um novo caminho. Não só a quinta-feira havia mudado, mas toda a história de ambos.
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jaemskitty · 9 months ago
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maridos e esposas — Na Jaemin
gênero: angst
wc: jaemin!dilf (pasmem) | cotidiano de um casamento falido | tristeza e mais tristeza | dependência emocional (?) | infidelidade | age gap | nudez | sem final feliz | menção a bebida alcoólica | jaemin loiro, porque ele é o momento | isso é uma base, pode haver mais coisas.
n/a: estou devastada, boa leitura! perdão aos possíveis erros.
Sexta à noite nunca foi tão fria, nem mesmo as de invernos rigorosos. Já era inverno? Não sabia, pois perdera a noção de tempo e espaço.
Entretanto achava que já era inverno no coração daquele homem. Aquele homem cujo há três anos portava o sobrenome, aquele cujo a aliança brilhava no anelar, mas de nada parecia servir. Era ouro puro, mas já não tinha valor nenhum. É, o inverno havia chegado no coração de Na Jaemin, seu esposo.
Mordeu o lábio tremulo de frio e fixou os olhos nos profundos do homem a sua frente e tentou ser a garota mais forte desse mundo, mas não conseguia com aquele cheiro sob seu nariz; um perfume feminino que não era o seu.
Talvez não deveria ter deixado chegar naquele ponto, mas você o amava demais. Demais. Tanto. Incondicionalmente. Sempre amou, é por isso que enfrentava aquele inverno mais do que lhe era saudável.
Dentro daquela banheira enorme seu corpo nu perdia-se no vazio e frieza da agua esbranquiçada. Sozinha. Jaemin estava do lado de fora da banheira, sentado ao lado, centímetros de distância um do outro.
— Se sente bem? — indagou com um nó dolorido na garganta, tombando a cabeça devagarzinho e dramaticamente na borda da banheira, levando o dedo indicador molhado até a aliança reluzente de Jaemin, brincando infantilmente.
O loiro mais velho engoliu e franziu as sobrancelhas em questionamento, pois nao entendia sua linguagem, seu silencio feminino. E isso era um dos agravantes, talvez ele não saber ler nenhum de seus sinais tenha os levado até esse frio desconcertante.
Que se dane, de qualquer forma. Seu peito doía colossalmente, mas estava sendo tão forte.
— Do quê tá falando, minha menina? — O cheiro do álcool era nítido, e por mais que fosse cansativamente recorrente sempre te incomodava como das primeiras vezes. Jaemin não chegava caindo de bebado, mas dificilmente estava sóbrio.
Fungou ainda encolhida, com a bochechinha descansando ali naquela louça cara. A casa que Jaemin lhe prometeu por anos e ao casarem-se ele cumpriu cada uma de suas promessas.
— Quero saber se o que você tem feito te deixa bem, Jaemin. — Por enquanto estava firme, mas não sabia até quando, até qual momento. Olhar para Jaemin naquela altura do campeonato parecia cortar seu pobre coraçãozinho, mas o fez, o fez pois queria saber se terminava assim. Se era real que seu maior sonho, ser esposa daquele homem, iria descolorir assim.
Os olhos encheram-se d'agua e, para sua surpresa, vira dor nos olhos do Na, arrependimento talvez. Sorriu dolorida deixando uma lágrima quente, grossa e ácida escorrer de seus lindos olhos, molhando toda sua bochecha vermelha do frio. A mesma delicada mão que tocava a aliança do Na ergueu-se até o rosto do mesmo, e tocar nele agora parecia como da primeira vez de tanto tempo que fazia.
— Onde errei, meu querido? — Sussurrou acariciando a bochecha do loiro, o vendo cada vez mais expressivo. Jaemin negava lentamente, os olhos os quais você perdidamente apaixonou-se agora avermelhados devido ao leve teor alcoólico e lágrimas. Lágrimas? Parecia uma piada. — Valeu a pena? — Cada palavra sua sequenciava uma lágrima e sua cabeça doía tanto.
— Minha m-menina...e-eu sinto muito. — Foi tudo o que ele conseguiu dizer, sentindo seu toque adocicado, sentindo o perfume doce do mesmo sabonete de baunilha que você usou na noite nupcial.
A noite que Jaemin te fez dele, quando ele arrancou de ti qualquer resquício de inocência. Sempre seria especial, sempre lembraria de como se sentiu amada por aquele homem que te roubava os batimentos cardíacos mais acelerados. Apesar dos pesares sempre seria louca por ele, e era isso que mais te machucava muito provavelmente.
Não conseguia odiá-lo.
Riu-se em meio às lágrimas e impulsionou o corpo um pouquinho a frente, o suficiente para ficar rente ao maior, deixando um suave beijo no nariz bonito do Na.
— Você não sente nada, querido...Tá' tudo bem, hm? — Sempre amena, aquela delicada voz que conquistou Jaemin, mas não foi o suficiente para mantê-lo por perto.
Jaemin chorou. Um soluço masculino foi bem capitado por seus ouvidos quando caiu na água outra vez, exausta e exposta. De que importava? Eram dois estranhos, mas dois estranhos conhecidos.
— Eu...e-eu...— Nada saía dele, somente barulhos e lágrimas.
Sorriu ao ver que um homem de quase quarenta anos ainda parecia um garoto quando exposto a situações de fraqueza. Ele era tudo o que vocês tinham.
Vocês.
A mãozinha desceu até seu ventre, um tanto quanto inchado, mas só você notou aquilo, até porque somente você via seu corpo ultimamente. E então foi tomada por soluços fortes, abrasivos e dolorosos.
Como chegaram nesse estado?
Jaemin parecia paralisado em meio as lágrimas te vendo tocar ali. Incógnito agarrou a beirada da banheira com força e ansiedade, olhando e buscando respostas, mas desesperado com o seu pranto.
— E-eu estou grávida, querido...— fungou — esse era o nosso sonho há um ano atrás, lembra? — O desespero era nítido, pois cansou de ser forte. Talvez ainda fosse uma garotinha. — S-sinto que vai ser Luna...— Tocava ali como uma verdadeira mãe. Nua e totalmente reduzida aquele homem, como vem sendo. — Minha Luna. — Sussurrou.
Jaemin limpou o rosto nervoso e buscou contato, mas você encolheu-se inteira na banheira, o mirando, tirando os cabelos longos molhados de frente ao rosto vermelho. Aquilo disse tudo a Jaemin.
Era muito, muito tarde.
Sua respiração ofegante normalizou aos poucos, a medida que rastejou até a borda outra vez, olhando o Na de perto outra vez. Sem tocar no homem em sua frente, segurando-se na beirada, tomou impulso para outra vez estar rente aquele rosto bonito.
— Ia te dar hoje essa notícia, e...E-eu estava tão nervosa...— Sorriu amarga contra os lábios de Jaemin e o beijou, sugando o inferior dentro da propria boquinha. — Obrigada por t-tornar isso mais fácil, querido.
Ele então pela primeira vez soube que estava perdido.
— _____...
— Shhhhh....— Repousou a mão enfeitada com a aliança delicada contra a boca do mesmo. — É m-muito tarde...Nós v-vamos ficar bem...Você vai ficar bem. — Ainda sussurrando fechou os olhinhos, cheia de dores e amarguras, beijou a testa de Jaemin.
E essa foi a deixa. Foi a ultima vez que estiveram tão próximos do que um dia fora intimidade.
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