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Portrait of Prince Luís Filipe of Portugal by José Malhoa.
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Lucifer Morningstar x Male Reader
"Afago ao rei deprimido"
•Série: Hazbin Hotel
•Gênero: romance/sad
•Sinopse: Uma vez por semana você comparece à morada do orgulhoso chefão do inferno para exercer sua função de alma acorrentada. Você é o servo das sextas-feiras e o único com acesso aos aposentos pessoais dos Morningstars. Em um desses dias de faxina, você acaba sendo vítima da fragilidade de Lucifer.
•Palavras: 1.6k
3° pessoa - presente
Falar pra vocês que fiquei mais de 1h tentando decidir se escrevia Lúcifer com ou sem assento (pelo nome original do personagem ser sem, deixei o "u" carequinha mesmo, mas é bem capaz de eu surtar depois de postar e editar tudo 🤐)
Diante do último cômodo a ser limpo, você contrai as pálpebras e suspira audivelmente, hesitando antes de bater com os nós dos dedos na madeira. Longos segundos depois, a voz de Lucifer ecoa através da porta.
Você tem que decifrar as palavras do rei, que se embolam e soam abafadas. Você presume que ele está com o rosto afundado no travesseiro, daí os grunhidos sem sentido.
Por garantia, você se apresenta — Sou eu, senhor… M/n. Posso entrar? – já é noite, você passou o dia todo tirando poeira dos móveis intocados, concretizando mais um dia sendo refém de um acordo que você sequer fez. Todo o seu autocontrole é usado naquele instante para manter a voz pacífica. — Só falta o seu quarto para que eu finalmente possa ir embora.
Mas as palavras… essas você não controla.
Você não sabe, mas sua sinceridade é a principal razão pela qual Lucifer te mantém por perto e te dá acesso ao ninho onde ele se afoga em melancolia.
Assim como ele também não sabe que o seu motivo para ser tão sincero é a falta de necessidade que você tem de acariciar o ego dele e o prazer que você sente em não fazer isso.
A tranca gira e lá está ele, abatido, sorrindo fraco para você. — Porra… já se passou uma semana? Eu nem percebi. Pra mim você tinha vindo aqui ontem. – um riso soprado escapa de Lucifer.
O riso mais infeliz que você já ouviu.
— Não vou demorar. – sua resposta é simples e sua face neutra. Quando o dono da porra toda te dá espaço, você entra arrastando um aspirador à esquerda e carregando um espanador à direita, dentro de um cesto embaixo do braço, que você usará para levar a roupa suja até a lavanderia.
— Sem pressa. – Lucifer volta para a cama e se senta na beira do colchão, com os joelhos separados e os cotovelos repousando nas coxas, encarando o chão enquanto apoia o queixo nas mãos. Ele aparenta estar aguardando sua deixa, mas na verdade, está desfrutando da sua companhia.
— Eu tô com pressa.
— Eu ordeno que não esteja.
Você bufa, odiando como sua frieza não surte efeito nele.
A melhor opção para você, dadas as circunstâncias e seus objetivos, é investir no silêncio, anormalmente fácil de manter.
Seu foco principal é a enorme estante de livros, que se estende por toda a parede extensa daquele quarto exageradamente grande.
Entretanto, sua concentração ao retirar os livros das prateleiras é completamente desviada por um olhar penetrante. Lucifer encara fixamente as suas costas, implorando por uma brecha, clamando por sua atenção. — O que foi? – você gira os calcanhares para encará-lo, incapaz de executar suas funções com o diabo te fitando com tanto afinco.
— Eu sou um bom pai? – Lucifer, que costuma ser tão barulhento, sussurra com embargo na voz. A dúvida, que o consumia mais a cada amanhecer infernal, nunca foi expressa em voz alta, e quando finalmente falada, fez subir toda a amargura pela garganta. — Você sabe de boa parte das coisas que rolaram por aqui. Eu sou um puta boca aberta e… de acordo com as coisas que eu te contei e as que você presenciou… – Lucifer impede as lágrimas de rolarem ao esfregar o antebraço nos olhos marejados. Ele desvia o olhar, tentando disfarçar o próprio estado. — Você diria que fui um bom pai para a Charlie?
Talvez você devesse ser mau.
Ter nascido no inferno não é um castigo, é uma péssima circunstância. Você não está pagando por pecado algum, apenas teve o azar de conhecer esse mundo após uma decadente dona de terras se apaixonar por um fracassado e dar sem proteção. O tão almejado demônio dos sonhos não era angelical o suficiente e não assumiu a prole. Sua mãe, carregando você dentro de si, dormia nas ruas, às vezes tão fora de si que ocupava espaço nas calçadas. Lucifer tropeçou nela em um dia qualquer, ele literalmente tropeçou no corpo faminto da sua mãe no chão e, como quem não quer nada, ofereceu moradia e trabalho.
Mas o diabo faz acordos, não caridade. Ele queria, além da alma dela, a sua.
Quando sua mãe morresse, você seria dele, e quando aconteceu, tudo mudou. Você naturalmente se sentiu revoltado, pois não pediu nada daquilo, e fazia questão de deixar claro o quanto estava cagando para o título do ser que tinha posse sobre você, mas ainda assim, o obedecia, afinal, você é dele… Ao atingir a maioridade, a liberdade nunca esteve tão distante.
Sua acidez e palavras afiadas, no fim, só fizeram Lucifer expressar mais domínio sobre você, exigindo sua companhia com mais frequência, tanto que após Lilith sumir e Charlie seguir os próprios sonhos, momento em que a maioria dos funcionários foram mandados embora e a presença dos empregados passou a ser semanal, inclusive a sua, ainda lhe é dada exclusividade.
Você é o único que quase viu Lucifer chorar.
— Quando Lilith estava aqui, diria que você era o melhor pai do mundo. – um mínimo sorriso nostálgico estica os lábios de Lucifer. Suas palavras despertam um calor doloroso no peito do governante. — Mas agora, você está tão ausente. Me arrisco a dizer, senhor, que você não conhece a sua filha além da versão dela de sete anos.
Você esperava vê-lo emputecido, com chifres e olhos vermelhos. No entanto, a figura poderosa deita no macio da cama, encolhendo-se nas cobertas.
Você não tem dever afetivo algum com ele e quer se sentir feliz com seu desamparo.
Mas apenas sente pena.
— Eu não culparia você, pelo menos não totalmente, assim como também não julgaria a sua filha caso ela cortasse laços. – por fim, você se volta às prateleiras novamente. — De qualquer forma, foda-se o que eu penso. Eu não sou ninguém, minhas palavras não devem ter valor pra você.
Você não sente mais os mirantes de Lucifer queimando sua forma e segue com a que veio. Ainda assim, com a mente avoada, distante do que está fazendo, presa na interação recente, remoendo, principalmente, sua reação a tudo isso.
Por que você não está contente com a desgraça de quem faz da sua vida um mero adereço?
E por que isso tem que ser uma questão? Por que é tão difícil de ignorar?
— Deita comigo. – a voz de Lucifer, rouca e mansa, chicoteia seus ouvidos.
Confuso, você franze as sobrancelhas. — o quê? – sua surpresa é tão acentuada que quase te leva a rir. Um sorriso incrédulo enfeita seu rosto no tempo em que você encara o nada, sem coragem para se virar e enfrentar o diabo.
De costas, você é mais valente.
— Falei pra vir deitar comigo. – Lucifer repete com a mesma calmaria e firmeza. — Juro que não vou fazer nada, só quero alguém aqui comigo… quero você aqui. – ele aperta o edredom no espaço vazio ao lado, como se o fato de estar vazio e ter apenas a roupa de cama para segurar fosse o problema.
Ouvindo pela primeira vez, você sentiu raiva, mas na segunda, suas bochechas esquentaram. — Não! – na sua cabeça, soou decidido, mas veio frágil e incerto.
Sua alma é dele e você ousa nergar-lhe?
— Perdão… eu dei a entender que estou pedindo? – o tom de Lucifer, apesar de gentil, gela a espinha. — Estou mandando, M/n.
Você não quer vê-lo estressado. Ele nunca perdeu a linha contigo ao ponto de gritar com fogo nas ventas ou avermelhar o olhar, mas você já presenciou essa versão do supremo orgulhoso e estremece ao se imaginar sendo alvo do fogo de Lucifer.
— Tá. – seu bufar não é discreto, denuncia a sua frustração com êxito.
Ao se redirecionar, você quase desmonta com a visão e se pergunta por que o teme.
Lucifer, aninhado entre os lençóis de seda vermelha, olha para você com as esferas brilhantes, mordendo o lábio inferior em anseio, quase explodindo ao ver você se aproximar dele na enorme cama. O majestoso bate freneticamente com a palma da mão no lugar vazio, te convidando a se apressar para ocupar o espaço ao seu lado.
— Você é tão bobo. – é o que você diz enquanto deita, tentando impedir uma risada de escapar, e até consegue, mas o preço é um sorriso largo, tão sincero que você não segura.
— E ainda mando e desmando nessa birosca todinha! – Lucifer aponta para si mesmo, exibindo os dentes com um sorriso orgulhoso.
— Continua sendo bobo. – você quase ronrona enquanto se aconchega no colchão bizarramente confortável, mas fica imóvel e cora quando seu olhar cruza com o de Lucifer. Você poderia só presumir que ele é um poderoso excêntrico e ficar na sua, mas as sobrancelhas caídas dele, que transformam o sorriso vibrante em um sorriso abatido, te induzem a perguntar. — Por que cê tá me encarando assim?
— Nada demais… só tô acostumado a deitar aqui, olhar para o lado e não ver ninguém… – Lucifer entrelaça os dedos com os seus, unindo suas palmas e as repousando no travesseiro. — Mas agora tem você.
Quando você entende o que está acontecendo, o coração bate pesado. — Eu… eu não sou ela.
— Eu sei. Lilith não está mais aqui… – uma lágrima, única e solitária, trilha caminho na bochecha pálida de Lucifer, encerrando sua jornada na maçã vermelha. — Eu tô cansado de ser forte… – a mão trêmula dele sobe pelo seu corpo e para na sua cintura, fazendo pressão na curvatura.
Ele teme que você suma.
Você retribui o sorriso que Lucifer insiste em manter, e quando ele te abraça com força e entrelaça as pernas nas suas, você aceita e o conforta, estando ali, pela primeira vez, como alguém, e não como algo.
— Por favor… – Lucifer soluça, encharcando sua camiseta. — Me permita ser fraco… só hoje! Me deixe ser vulnerável…
Você não sabe para quem ele implora.
Mas você está lá.
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Yes, Sir! —Capítulo 21
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 23 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry.
NotaAutora: Gente tô orgulhosa porque não está demorando tanto pra sair os capítulos kkkk espero que ainda estejam animados com a história 💗.
Harry
Boston me recebeu com um céu cinzento, as nuvens pesadas parecendo refletir o peso que eu carregava no peito. Enquanto me obrigava a pensar nas tarefas do dia, a imagem de Violeta surgiu em minha mente. Eu me perguntava, mais uma vez, se o que eu sentia por ela ainda era amor ou apenas uma tentativa desesperada de agarrar algo, então, havia Aurora. A intensidade dos sentimentos que ela despertava em mim era algo que eu não conseguia ignorar, por mais que tentasse. Ela me fazia sentir vivo, mas a culpa vinha logo em seguida, como um lembrete cruel de que esse amor, por mais verdadeiro que fosse, era construído sobre mentiras e traições.
A confusão e o medo se entrelaçavam, me deixando à beira do abismo, sem saber ao certo em qual direção dar o próximo passo.
A primeira parada que precisava fazer era a faculdade. O semente ia começar e eu precisava estar pronto para enfrentar tudo novamente. Entrei pelo portão principal, cumprimentando os colegas de trabalho com um aceno de cabeça, mantendo o semblante tranquilo, quase indiferente. Caminhei pelos corredores da instituição, tentando me concentrar nas tarefas que tinha pela frente.
Meu escritório estava uma bagunça, os materiais para o novo semestre espalhados de forma desordenada. Eu precisava organizar tudo, criar um ambiente que me permitisse focar, pelo menos no trabalho.
Assim que comecei a arrumar meus papéis, ouvi uma batida leve na porta.
— Professor Harry, posso falar com você por um momento? — A voz do reitor interrompeu meus pensamentos.
— Claro, entre.
Ele entrou, a expressão séria. Isso não era incomum; Afinal o início do semestre era uma época de muitas mudanças e cobranças.
— Eu só queria informá-lo sobre uma alteração na sua turma. — Ele começou, observando-me atentamente. — Uma das suas alunas pediu transferência para outra turma. É incomum, já que o segundo semestre está prestes a começar, mas respeitamos a decisão.
Não, não poderia ser...
Eu senti o chão tremer sob meus pés, mas mantive meu rosto neutro, escondendo qualquer sinal de perturbação.
— Quem foi? — Perguntei, minha voz controlada.
— Aurora O’Connor. — O reitor respondeu, sem perceber a onda de choque que seu anúncio provocou dentro de mim.
O nome dela atravessou o ar como uma lâmina afiada, me forcei a não transparecer nenhuma reação. Um leve aceno de cabeça foi minha única resposta.
— Entendo. — Murmurei, mantendo meu tom profissional. — É uma pena, ela é uma aluna promissora, mas respeito sua decisão.
O reitor assentiu, aparentemente satisfeito com minha resposta, antes de me desejar um bom início de semestre e sair da sala.
Assim que a porta se fechou atrás dele, senti o ar escapar dos meus pulmões, como se estivesse segurando a respiração por tempo demais.
Aurora tinha saído da minha turma. Ela estava se afastando de mim... ou tentando. Só ideia de perdê-la me atingia com uma força que eu não estava preparado para lidar, não agora.
Terminei de organizar meu escritório quase no automático. Quando finalmente saí da faculdade, todo sentimento que guardei nessas últimas horas começou a desmoronar.
Dirigi pelas ruas de Boston, sem rumo, tentando escapar da tempestade de emoções que começava a se formar dentro de mim.
Cheguei em casa onde, por um breve momento, Aurora e eu construímos um mundo só nosso. Entrei, e ar estava impregnado com o cheiro dela, o perfume doce que pairava no ambiente. Quando cheguei ao quarto, parei na porta, a visão do espaço que dividimos me acertando como um soco no estômago. As lembranças de Aurora estavam em cada canto: o jeito como ela deixava seus livros espalhados, as roupas que ela usava, sobre a cama uma camisa minha que ela amava usar.
Me aproximei, pegando-a trazendo ao meu rosto, cheirando. O cheiro dela, aquela mistura inconfundível de perfume e algo que era puramente Aurora, me fez fechar os olhos, tentando absorver cada pedaço daquela sensação. Mas, ao invés de conforto, tudo o que senti foi uma dor profunda, uma saudade que me rasgava por dentro.
Como eu poderia estar aqui, sentindo falta dela, quando minha família, minha esposa, estava em pedaços por minha causa? Como eu podia desejar tanto uma mulher que não deveria estar na minha vida?
As lágrimas que eu tentei segurar começaram a cair, logo se transformaram em soluços que eu não conseguia mais controlar. Sentei-me na beira da cama, segurando a camisa como se fosse a única coisa que me mantinha conectado a ela.
O que eu estava fazendo?
O que eu me tornei?
O peso da culpa me esmagava com uma força implacável, e eu chorei por tudo que perdi, por tudo que estava destruindo e por tudo que eu ainda iria perder.
Eu queria fugir, desaparecer, mas sabia que não importava onde eu fosse, esses sentimentos me seguiriam.As escolhas que fiz me trouxeram até aqui, e agora e eu chorei até não restar mais nada.
Uma semana depois.
Eu havia passado as últimas horas limpando a casa, depois saí para as compras, precisava ocupar a mente e a geladeira estava vazia. Quando voltei, comecei a guardar os mantimentos na cozinha. Foi então que ouvi o som familiar da chave girando na fechadura. Meu coração disparou.
Só tinha duas pessoas que tinham a chave além de mim. Violeta e Aurora.
Quando vi aqueles cabelos ruivos passando pela porta meu mundo parou por um milésimo de segundo.
Aurora estava aqui.
Eu sabia que aquele momento chegaria, mas nada podia me preparar para a realidade de vê-la ali.
Lily estava logo atrás dela entrando pela porta, Aurora não olhou diretamente para mim, enquanto Lily me lançava um olhar que se pudesse me perfuraria.
— Só viemos buscar as coisas dela — lily disse, sua voz carregada com desprezo. — Não se preocupe, Harry. Ela não vai demorar.
Eu tentei manter a compostura, mas a presença de Aurora fazia tudo em mim tremer.
— Aurora, podemos conversar?
Lily olhou para Aurora, que hesitou por um momento.
— Pode me esperar no carro? — Pediu Aurora.
— Tem certeza?
— Sim, eu vou ficar bem.
— Ok se precisar estou aqui.
— Obrigada. — Disse aurora antes de lily virar-se e sair pela porta, nos deixando sozinhos.
Aurora ainda não tinha me encarado. Eu a observei e segui até meu quarto onde ela começou a recolher suas coisas.
— Docinho, por favor, olhe para mim — pedi, minha voz tremendo de uma maneira que eu não conseguia controlar.
Ela parou, finalmente levantando os olhos para encontrar os meus.
— Não me chame assim.
— Aurora, por favor, vamos conversar. — Dei um passo em sua direção, mas ela se afastou, pegando outra blusa do armário. — Eu quero saber por que você trocou de sala? Eu quero poder explicar tudo.
— Conversar? Não tem o que conversar! — Revirou os olhos. — E você sabe muito bem o porquê sai da sua sala, eu quero ficar longe de você.
—Eu… eu sinto muito por tudo, Aurora. Eu sei que estraguei tudo.— Disse com os olhos brilhando com lágrimas. — Eu não queria...
— Você não queria o que? Fazerisso comigo? — ela interrompeu. — É isso que ia dizer?— Questionou, irritada. — Mas você fez! Você escolheu isso! Escolheu me machucar, mentir pra mim e me usar como alguém para recorrer quando as coisas ficassem difíceis com a sua esposa! — Cada palavra era uma faca cravada no meu peito. — Eu me entreguei a você, Harry, eu fui sua, mas você nunca foi meu. Você me fez te querer, me fez te amar, e agora... Agora, eu estou aqui, recolhendo os pedaços do que sobrou.
Eu queria dizer algo, qualquer coisa para aliviar a dor que via nos olhos dela, mas tudo parecia insuficiente.
Aurora
O simples ato de olhar para ele era insuportável. Tudo nele, desde a maneira como seus olhos verdes me observavam com aquela intensidade que eu já conhecia tão bem, até o jeito como suas mãos tremiam ligeiramente ao lado do corpo, me provocava um misto de raiva e dor que parecia rasgar minha alma de dentro para fora.
— Por que você me deu falsas esperanças, Harry?
— Me desculpe por ter te machucado, Aurora. — Seu olhar desviou do meu. — Eu fui egoísta, eu estava machucado em um casamento fracassado quando encontrei você e só pensei em mim não vendo as consequências que isso causaria em você.
— Covarde! — explodi, minha voz vacilando. — Você é um covarde, Harry! Eu nunca teria feito isso com você. — eu vi a dor no rosto dele, mas não me importei. Ele precisava sentir o que eu estava sentindo. — Então não desperdice mais meu tempo, saia da minha frente! Você estragou tudo que era bom, Harry. Apenas me deixe em paz, porra.
— Aurora...— Ele deu um passo à frente, como se quisesse me tocar, mas eu recuei, sacudindo a cabeça.
Harry
Cada palavra que Aurora dizia era como se abrisse uma nova ferida em mim. Eu queria gritar, queria lhe dizer que eu sentia, que eu me odiava por causar tanta dor.
— Eu... Eu só quero que você saiba que eu não... eu não queria fazer isso com você, mas eu me apaixonei por você, Aurora.
— Se para você se apaixonar é machucar a pessoa que gosta desse jeito e a fazer se sentir usada, então pode ir se foder e levar seu amor junto com você!
— Eu me odeio por estragar o que tínhamos.
— E o que nós tínhamos Harry? Além de mentiras? — Ela sussurrou, a voz quebrada. — Você nunca foi meu, Harry. — Ela me olhou, seus olhos inundados de lágrimas. — Eu só consigo imaginar os lábios dela nos seus. — Ela continuou, sua voz tremendo. — Eu não consigo, Harry. Eu continuo imaginando vocês dois, juntos, rindo, sendo uma família feliz, com suas filhas, o casal perfeito...e eu te odeio por isso. — A voz dela falhou, e por um momento, pensei que ela fosse desmoronar. — Odeio você! Por me fazer amar você e pra que? Só por seu ego ferido? Olha para o desastre que você me transformou.
Ela estava certa. Eu queria dizer que não era verdade, que eu no começo de tudo foi por meu ego ferido, mas era a verdade. Se Violeta não tivesse me traído eu nunca conheceria Aurora, eu nunca me apaixonaria por ela, porque eu era loucamente apaixonado por minha esposa a ponto que nenhuma outra mulher me interessava.
Aurora
Eu precisava sair dali, precisava escapar da dor sufocante que estava me me matando por dentro.
Eu virei para sair, mas ele agarrou meu braço, me puxando de volta para ele. E então, antes que eu pudesse reagir, ele me beijou.
Harry me beijou.
O beijo foi intenso, ele estava desesperado, como se estivesse tentando segurar os pedaços do que éramos juntos. Eu lutei contra isso no começo, mas então algo em mim cedeu, talvez fosse seus lábios macios ou o cheiro do seu perfume que senti saudades, mas eu o beijei de volta com a mesma intensidade, com a mesma necessidade.
E me arrependeria amargamente por isso.
Harry
Os lábios dela era tudo o que eu precisava, eu podia sentir a raiva dela, a dor, a tristeza, tudo misturado naquele beijo. E eu sabia que estava errado, que isso não iria resolver nada, mas eu não conseguia parar, não queria parar. O gosto das lágrimas dela misturado ao sal das minhas me deixou ainda mais desesperado, minhas mãos percorriam seu corpo tentando me agarrar a cada segundo restante com ela.
Aurora
Eu não podia negar o quão bom era seus lábios, mas em meio àquela confusão de sentimentos, de repente, o peso de tudo que havia acontecido caiu sobre mim , eu não podia fazer isso, não desse jeito, não quando eu esperava um filho dele.
Eu o empurrei para longe e senti a raiva crescendo dentro de mim incontrolável. Sem pensar, minha mão se ergueu e o estapeei com toda a força que eu tinha.
Eu o vi cambalear, a surpresa nos olhos dele.
— Isso não muda nada, Harry. Você acha que isso vai consertar tudo?— Eu cuspi as palavras. — Você acha que um beijo pode apagar tudo o que você fez? Eu não sou uma coisa que você pode simplesmente usar e pegar de volta quando quiser!
Harry
Eu senti o tapa antes mesmo de entender o que estava acontecendo. O estalo foi alto, ressoando pelo quarto, minha bochecha ardia, minha cabeça virou para o lado, e o choque tomou conta de mim.
Eu merecia aquilo, merecia muito mais do que aquilo.
Eu a vi, ofegante, os olhos dela cheios de lágrimas e raiva.
— Só o fato de você achar que o beijaria mesmo sabendo que tem esposa e filhos, prova que você não me conhece. — Ela apontou o dedo indicador para mim. — Eu nunca ficaria com você se soubesse que era casado! Nunca!
— Eu... — Respirei fundo, como se estivesse reunindo toda a coragem que tinha. — Eu... Eu pedi o divórcio.
— O que?!
Aurora
O choque me atingiu com força, uma onda inesperada de dor que parecia apertar meu peito.
Ele iria se divorciar?
Uma parte de mim, por um instante, vacilou.
E se... E se, de alguma forma, isso significasse que poderíamos ter uma chance? Eu estava grávida, e por mais que eu odiasse admitir, a ideia de nós três juntos, como uma família, piscou na minha mente, como um sonho distante e inalcançável, talvez fosse os hormônios da gravidez agora, mas não consegui tirar isso da cabeça.
— Aurora, por favor... — Ele continuou, mas meu pensamentos pareciam estar mais altos. — Eu nunca quis que fosse assim. Eu sei que errei, mas eu... eu te amo.
Eu pisquei como se tentasse processar as palavras.
Ele disse "eu te amo"
As palavras que eu tanto esperei ouvir, que eu sonhei ouvir…
E ele escolheu esse momento, agora, depois de tudo, para finalmente dizer isso?
— Você... Você está brincando comigo, Harry? Agora você diz que me ama? Agora?! Depois de todo esse tempo, depois de tudo o que aconteceu? — Eu podia sentir minhas mãos tremendo enquanto as palavras saíam de mim como um grito.— Você nunca disse que me amava antes, nem quando eu estava deitada ao seu lado, nem quando eu disse para você! — Minha voz se elevou, cheia de rancor. — E agora, você escolhe dizer isso só porque seu casamento acabou? Porque você está perdendo tudo — Ele abriu a boca para responder, mas eu não dei a chance.— Não! — eu gritei, interrompendo. — Você não vai usar essas palavras, assim! Você não vai me dizer que me ama agora, só porque você quer se sentir menos culpado, menos miserável!
— Aurora, eu... — Ele tentou dizer algo, mas novamente não deixei.
Eu não queria ouvir nada.
— Você acha que me dizer que pediu o divórcio e que agora me ama vai consertar alguma coisa? — Apontava meu indicador em sua direção. — O que você acha que vai mudar, Harry? Eu não sou seu prêmio de consolação. Eu mereço mais do que mentiras e promessas vazias e pra que? Pra me fazer sentir culpada por estragar seu casamento? — disse ríspida, quase cuspindo as palavras. — Era pra eu estar feliz agora?
— Não... Meu casamento já tinha acabado muito antes de eu conhecer você. — sua voz saiu mais baixa, quase um lamento. — Me desculpe, eu só queria que as coisas fossem diferentes.
Eu queria gritar que ele estava certo, que as coisas deveriam ser diferentes, que nada daquilo era justo, que eu não merecia aquilo. E, por um momento, a ideia de jogar na cara dele o quanto ele tinha me ferido tomou conta de mim.
Eu queria que ele soubesse…
Eu pensei em dizer que estava grávida, só para fazê-lo sentir o peso da culpa.
Mas, antes que eu pudesse abrir a boca, ouvi uma voz familiar vinda do corredor.
— Aurora, você está bem? — A voz de Lily ecoou pelo quarto, preocupada. — Eu ouvi gritos.
Eu fechei os olhos por um segundo, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair.
— Eu não consigo, Lily — respondi, tentando controlar minha respiração, mas sem conseguir. — Eu não consigo fazer isso se ele estiver aqui.
Eu sabia que Harry ainda estava me olhando, mas eu não tinha mais forças para continuar essa briga.
Não agora.
— Tudo bem, eu faço isso.
Harry
— Harry, você precisa sair e dar um tempo para a Aurora tirar as coisas dela. — Lily tirou me de meu pensamentos. — Ou você acha que ela quer ficar te vendo enquanto arruma as malas? Saí daqui! Isso é o mínimo que você pode fazer depois de estragar a vida dela. — As palavras dela eram afiadas, mas eu não tinha forças para retrucar, eu estava devastado. — Ah! por favor, Harry. Não faz essa cara, você perdeu o direito de se fazer de vítima faz tempo. Agora, dá o fora.
Eu sabia que não tinha escolha.
Com o coração pesado, me virei e caminhei em direção à porta, eu olhei para fora e vi Aurora encostada no carro, suas mãos tremendo enquanto tentava abrir a porta. Ela parecia tão pequena, tão quebrada...Eu queria correr até ela, abraçá-la e implorar por perdão, mais uma vez, dizer que eu não iria desistir dela,que não iria desistir de tentar ter o seu perdão, mas minhas pernas estavam paralisadas. Era insuportável vê-la assim sabendo que eu era o motivo de sua dor.
Aurora
Senti minhas pernas começarem a fraquejar a cada passo que dava para fora daquela casa, minha mãos tremiam para abrir a porta do carro, me apoiei na lataria buscando algo para me manter em pé, assim que fechei a porta, as palavras de Harry ecoaram na minha mente: ele ia se divorciar. Ele havia dito que me amava.
Ele realmente ia se divorciar?
Poderíamos... ser uma família?
Eu me vi imaginando uma vida diferente, onde ele estivesse ao meu lado, segurando nosso filho com um sorriso genuíno. A ideia, por mais que eu tentasse afastá-la, parecia tão real.
Mas logo a realidade voltou a me atingir, eu só podia estar ficando louca! Ele disse que me amava agora, mas e tudo que aconteceu antes? Ele mentiu, escondeu a verdade, ele me colocou nessa posição. Como eu poderia confiar em alguém que traiu a própria esposa, que a fez passar pelo mesmo inferno que estou passando?
Senti meu coração se apertar, por mais que eu quisesse acreditar nessa pequena chama de esperança, ela estava constantemente ameaçada pelo peso do que ele fez.
E se ele teve coragem de trair a mulher com quem se casou, quem me garantia que ele não faria o mesmo comigo?
Ainda assim, havia um desejo persistente e desesperado, de acreditar que as coisas poderiam ser diferentes. Talvez, ele realmente me amasse e estivesse disposto a mudar. Talvez, poderíamos começar de novo. Mas confiar nele agora, depois de tudo? Isso seria como pular de um precipício mesmo sabendo a queda que me espera.
Eu queria tanto acreditar que havia uma chance para nós. Especialmente agora, com o bebê, a ideia de criar esse filho sozinha me apavorava. Mas ao mesmo tempo, permitir que ele voltasse para a minha vida, depois de tudo o que aconteceu, parecia insuportável.
Respirei fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções.
Eu estava grávida e essa era a única certeza que eu tinha.
Dias Depois...
Eu não conseguia afastar Harry dos meus pensamentos, por mais que tentasse. As lembranças das coisas que retirei da sua casa ainda me atormentavam, cada objeto que eu embalei foi como um punhal cravado em meu peito. O perfume dele estava impregnado nas roupas, como se ele estivesse ali, me abraçando uma última vez. Cada vez que eu fechei uma caixa, foi como enterrar uma parte de mim que jamais recuperaria.
Mesmo após retirar minhas coisas da casa dele e passar alguns dias em um hotel em Boston, a dor e a confusão não me deixavam em paz. E foi no meio desse turbilhão que recebi a ligação do meu pai.
— Aurora, achei um apartamento perfeito para você! Fica em um bairro tranquilo. Vou te levar para vê-lo, o que acha?
Sua voz não tinha tanto entusiasmo, mas sei que meu pai estava tentando.
A ideia de um lugar só meu, onde eu pudesse recomeçar, deveria parecer promissora, mas era coml se fosse a vida de outra pessoa, e não a minha.
— Ok, pai.
Algumas horas depois, estávamos no novo apartamento. O lugar era realmente bonito, com paredes brancas e grandes janelas que deixavam a luz do sol inundar o ambiente. O prédio era simples, bem conservado, e o porteiro me cumprimentou com um sorriso caloroso, mas tudo o que eu conseguia pensar era no vazio que se espelhava dentro de mim. Aquele apartamento vazio era um reflexo perfeito do que eu sentia por dentro.
— Você vai ver, Aurora, esse lugar vai ser ótimo para você e para o bebê. — Disse minha mãe, enquanto caminhava pelo espaço, já imaginando onde colocar os móveis.— Eu e seu pai adoramos o lugar. — Ela sorriu, mas seu sorriso parecia tão fora de lugar quanto minha presença ali. — Tudo vai ficar bem, querida. Você é forte. Este é o lugar perfeito para você recomeçar. E, olha, marquei uma consulta com o Dr. Payne, ele é um obstetra excelente. Uma amiga minha recomendou. Ele vai cuidar muito bem de você e do bebê.
As palavras dela soavam distantes, tudo parecia irreal, como se eu fosse uma mera espectadora de uma vida que não era mais minha.
— Obrigada, mãe. — Murmurei, a voz falha, incapaz de expressar qualquer emoção.
— Fiz um contrato de um ano e paguei três meses de aluguel adiantado. Você não precisa se preocupar com nada, aqui também não é tão longe da faculdade, só 10 minutos de carro.
— Mas eu não tenho carro.
— Filha eu vou deixar você com meu carro antigo.— Minha mãe interrompeu. — Considere como um presente. Acho que é um bom começo, não é?
— Obrigada, mãe e pai. — As palavras saíam automáticas, sem vida.
Quando saímos do prédio, minha mente ainda estava longe, perdida nas memórias do que eu queria esquecer, mas algo capturou minha atenção, trazendo-me de volta à realidade de forma brutal. Do outro lado da rua, uma família estava se mudando para a casa em frente. Eles pareciam felizes, rindo e conversando, uma imagem de tudo o que eu jamais poderia ter.
Não! Isso não podia estar acontecendo.
O universo não seria tão cruel...
Mas ele era, porque era Harry. Ali, com a esposa e as filhas, como se nada tivesse mudado. O mesmo homem que havia dito que me amava, agora estava com a família, como se eu nunca tivesse existido.
Minha mãe percebeu minha mudança de expressão e olhou na mesma direção.
— Aurora, está tudo bem?
Eu não consegui responder. Meu coração parecia prestes a explodir de tanta dor, enquanto meus olhos se fixavam nele.
— Aurora?! — Ela gritou, surpresa, correndo em minha direção.
A filha de Harry, Isadora, me viu primeiro.
Merda!!!
— Você a conhece? — Minha mãe perguntou, confusa.
— Vi uma vez — murmurei, tentando manter a calma.
— Hey! Aurora, faz tempo que não te vejo. Eu ia te mandar uma mensagem dizendo que cheguei em Boston.
Por que eu tinha que ter dado meu número a ela?
Harry virou-se para mim naquele instante, e a cor desapareceu do seu rosto. Ele ficou pálido, quase como se fosse desmaiar. A tensão no ar era palpável, quase sufocante. A dor que senti naquele momento foi avassaladora, rasgando o pouco de sanidade que eu ainda tinha. Todo o sonho que eu tentava manter vivo foi destruído com um único olhar. Ele disse que me amava, mas ali estava, com a esposa, fingindo que nada tinha acontecido.
Por que ele continua mentindo desse jeito?
Por que ele continua a me machucar?
Eu mal conseguia respirar. Era como se o ar tivesse sido sugado do meu corpo, deixando apenas um vazio doloroso. Era uma piada cruel do destino. Como ele podia estar ali, depois de tudo que disse, depois de me fazer acreditar que eu era importante para ele?
— Seria legal se saíssemos! — Isadora sugeriu, ainda sem perceber o peso da situação.
— Claro. — Minha voz mal saiu, quase um sussurro. Eu só conseguia olhar para Harry, tentando entender como ele podia ser tão frio, tão distante, depois de tudo o que passamos. — Eu preciso ir, bom te ver, Isa. — Murmurei, virando-me rapidamente para ir embora.
Eu precisava sair dali.
A dor era insuportável.
Tudo o que eu queria era desaparecer, esquecer aquela cena.
Não podia morar ali, não depois de vê-lo.
Eu simplesmente não conseguiria.
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de uma ask é muito apreciado! Também como um reblog para compartilhar minha escrita com outras pessoas!
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O Banquete da Agonia
Por Cleyton França
Em meu peito, a podridão floresce,
Não há sol que aqueça a vida que me resta.
A carne, lenta, se desfaz e apodrece,
Sou o banquete, e a morte a minha festa.
A alma, infectada pela sina vil,
Vaga por este corpo em ruínas,
Onde o sopro de existir é febril,
E a doença, astuta, caminha em minhas sinas.
Oh, verme! Que de mim te alimentas,
Não sou mais do que a tua ração!
Cada dor que em minha carne inventas
É a prova viva da minha condição.
No silêncio denso que me invade,
Há um grito sepulcral sem voz,
O eco do que um dia foi vontade
Perdido no abismo entre nós.
Sim, a doença me devora sem clemência,
E eu, mísero, aceito a sua fome.
Ela corrói minha última essência,
Enquanto apaga, lentamente, meu nome.
Sou o espectro de um corpo decadente,
Um fardo que o mundo rejeitou.
A doença que em mim se faz presente
É o reflexo de tudo o que sou.
A carne arde em febre indizível,
Os ossos rangem ao peso da dor,
A mente, outrora invencível,
Rende-se ao império do torpor.
Cada célula é um cântico sombrio,
Um hino à morte que me habita,
O corpo é o altar do sacrifício frio,
Onde a vida, impassível, hesita.
Oh, que inferno íntimo e sagrado,
Onde a alma se curva ao mal irremediável!
O tempo, esse carrasco desalmado,
Faz de minha existência um fardo insustentável.
No âmago, há um vazio que tudo consome,
Um eco oco, pulsante e corrosivo,
A doença não tem mais nome,
Mas é em cada célula que eu ainda vivo.
Eu sou o cadáver antes da cova,
O suor fétido da própria desgraça.
Cada suspiro é uma morte nova,
Cada olhar no espelho é quem me ultrapassa.
Vejo em meu rosto a marca da decomposição,
A vida se esvai sem pressa ou sentido.
Aceito o destino, sem súplica ou oração,
Pois até o sofrimento me deixa esquecido.
Sou o banquete dos vermes que nunca dormem,
A lenta dança de quem já morreu.
Nos olhos, há sombras que se contorcem,
E no peito, o inferno de quem sou eu.
Oh, tu que me olhas com desprezo ou pena,
Não vês que a doença sou eu mesmo,
Que cada fibra de mim, vil, envenena,
Até que reste somente um abismo a esmo.
A carne apodrece, e a alma, corrompida,
Abraça o fim que já se faz destino,
Pois viver é estar à beira da partida,
E morrer é libertar-se do divino.
Aceito, enfim, a doença e o seu beijo,
O abraço mortal que há muito me chama.
O fim não é dor, é puro desejo,
E no silêncio eterno, a alma se inflama.
Sou eu a própria enfermidade,
O corpo que a vida abandonou.
Na morte, encontro minha liberdade,
No abismo, o repouso que me buscou.
Agora, sou nada, sou pó, sou vento,
A existência dissolvida em sua última dor,
E no banquete do sofrimento,
Aceito ser o prato principal do horror.
#horror#poesia poema#autorias#autorais#poetas#morte#augusto dos anjos#homenagem#poder#autores brasileiros#poema original
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resenha #3 ︱o caçador de pipas
"Por você, faria isso mil vezes!"
avaliação: ★★★★★
Khaled Hosseini, autor afegão formado em medicina e premiado diversas vezes, teve a obra "O Caçador de Pipas" levada à 29 países após tornar-se popular. Tendo estreado no mercado editorial em 2003 com o livro, Hosseini rapidamente se tornou um fenômeno literário ao redor do mundo, podendo citar "A Cidade do Sol" como outra de suas obras aclamadas.
Em "O Caçador de Pipas" acompanhamos dois irmãos de coração, Amir e Hassan que, inicialmente, levam uma vida calma no Afeganistão. Hassan e seu pai trabalham para a família rica de Amir, vivendo desde que se entendem por gente no pequeno casebre atrás da casa principal. Cresceram como dois irmãos, beberam leite do mesmo peito, dividiram seus pais e empinaram pipas juntos.
Ao decorrer da história, somos expostos a situações delicadas que mudam o percurso de todos os detalhes antes vistos; a invasão do regime Talibã, golpes comunistas e uma mentira que apodrecerá dentro de Amir e colocará a relação com todos que mais ama em jogo.
"Quem mente também rouba. Rouba o direito do outro de saber a verdade."
A fama de Khaled se deu principalmente pelo poder que sua escrita e habilidades de narração tem de levar o leitor diretamente ao Afeganistão. Na maior parte do livro, me senti tão imersa que para onde ia, sentia a necessidade de levar o livro comigo. Sendo metade Argelina, sempre gostei muito de livros que englobam a cultura árabe e ver pequenos detalhes, termos e acontecimentos que me são familiares foi como um golpe de nostalgia.
A relação de Amir com seu pai foi muito bem construída. O ciúmes que sente de Hassan, a insegurança e culpa que sente pela morte da mãe e a luta constante para fazê-lo enxergar o filho e como isso acabou afetando, também, sua relação com o meio irmão Hassan.
O livro é absurdamente doloroso, um tapa na cara sem aviso prévio. Antes de começar a leitura, já tinha visto muito sobre principalmente nas redes gringas dizendo que era uma leitura obrigatória na lista dos leitores que amam ler livros para chorar feio. Eu não pensei que fosse ser tão pesado assim.
Recomendo para todos que se interessam pela história do Afeganistão, ou que simplesmente buscam por um livro que possa deixá-los a beira de lágrimas. Mas também vou dizer que este não é um livro para qualquer um, visto que trata de temas pesados como estupro, morte e violência explícitos. Trabalha com o luto parental, morte em trabalho de parto, e menção constante a estupro. Então caso queira ler, não deixe de checar todos os gatilhos ao fim dessa resenha.
Pretendo reler no futuro, quando tiver coragem de ler certas cenas outra vez. Foi uma experiência maravilhosa; tendo lido 4 meses atrás, ainda consigo pensar em todas as cenas e em como a história me comoveu e comove até hoje.
Meu único pedido é que leiam essa obra prima e façam ela viralizar outra vez entre os brasileiros, esse livro merece todo o reconhecimento que recebe há mais de 20 anos, contando até com uma adaptação para televisão e uma versão em quadrinhos!
"Descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar."
informações do livro:
Editora: Nova Fronteira.
Páginas: 365.
Gênero literário: romance.
Autor(a): Khaled Hosseini.
Tradução: Maria Helena Rouanet.
Classificação indicativa: +16
Data de publicação no Brasil: 1 de outubro de 2013.
Data de publicação original: 29 de maio de 2003.
Gatilhos: estupro, abuso sexual (infantil incluso), terrorismo, guerra, suicídio, parto de natimorto, bullying, ansiedade, depressão, doença terminal, morte, pedofilia e molestamento.
sinopse adicional:
'Amir é inseguro e está sempre em busca da aprovação do pai; Hassan é valente, leal e generoso. Apesar de diferentes, os dois cresceram juntos, com as mesmas brincadeiras e assistindo aos mesmos filmes. Até que um dia, durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan ― e esse episódio marca a vida dos dois amigos para sempre.'Amir é inseguro e está sempre em busca da aprovação do pai; Hassan é valente, leal e generoso. Apesar de diferentes, os dois cresceram juntos, com as mesmas brincadeiras e assistindo aos mesmos filmes. Até que um dia, durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan ― e esse episódio marca a vida dos dois amigos para sempre.
Vinte anos mais tarde, após Amir ter abandonado um Afeganistão tomado pelos soviéticos e ter se estabelecido nos Estados Unidos, ele retorna ao seu país de origem, agora dominado pelo regime Talibã, e tem a oportunidade de acertar as contas com o passado.'
links uteis:
compre o livro em:
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Oie Lucca 😄👋🏻
A muito tempo vi um post seu falando que você foi na padaria/lanchonete algo assim, você disse que estava bravo por ter que pegar só um limoneto sendo que poderia comer QUALQUER coisa
Como você faz para ter tanto autocontrole? O que passa na sua cabeça?
Você ja teve algum descontrole?
Você já pensou tipo "vou comer tudo hoje e nn como amanhã"
Desculpe o tanto de pergunta 😅
Na minha visão eu te vejo como uma pessoa controlado, focado e com muita disciplina em questão a alimentos dietas e tals e sempre tive essas curiosidades de como vc fazia para ser tao focado
Oioi, Wony!
Eu tava realmente bravo, queria tanto ter comido um bolinho kkkkkkkkkkkk coisas da vida!
Meu autocontrole foi um processo, antes eu tinha muitos descontroles e pensava "vou comer até os reboco da parede e foda-se" KKKKKK acontece, é normal, ninguém é de ferro!
Acontece que eu seguia uma dieta muito restrita pra mim e isso me dava muitos descontroles e vocês podem não gostar do que eu vou falar, mas se sua dieta te dá muitos descontroles e até compulsão, então tá na hora de mudar a dieta!
Tipo, do que adianta ficar 3 dias sem comer e depois comer pelos 3 dias? Não vale mais a pena comer umas 500 kcal que vai te encher e continuar perdendo peso do que fazer os 3 dias de NF e depois comer 6k de kcal?
Se você está numa dieta e não consegue se ver seguindo ela por um longo período, pique 1 ano, então essa não é a dieta pra você!
Sabe quando você quer muito comer uma coisa, aí você tem um descontrole, come a casa toda e a merda do descontrole só acaba quando você come o que queria?
É exatamente disso que tô falando! O que custa comer o que você tava desejando tanto? Não seria mais fácil ao invés de comer a casa toda?
Eu comecei a pensar nisso e assim hoje em dia eu não lembro realmente quando tive meu último descontrole 😽
É difícil não comer chocolate? Adiciona um na dieta!
Coma um docinho ou chocolate sempre após a sua refeição principal, pois você estará saciada e o docinho será o último sabor na sua boca, vai saciar sua vontade!
Quando tiver a beira de um descontrole, não fica segurando mais a fome porque depois dá ruim! É melhor você se permitir um dia comer as 800 kcal uma vez só na semana, que NÃO IRÃO TE ENGORDAR já que está abaixo da TMB, do que segurar e depois comer 1500 kcal+, sabe?
Então é isso, recomendo uma reeducação alimentar!
Não trate uma alimentação saudável como algo que você vai seguir por uma semana ou um mês como uma dieta. Trate como um estilo de vida!
Exemplo: Mesmo em refeição livre eu não tomo refrigerante, porque eu tirei não da dieta, mas dá minha vida mesmo!
Mesmo em refeição livre, eu não como frituras, não como uma barra de chocolate, não como salgadinhos, porque eu tirei da minha vida!
Pode ser difícil, não precisa tirar se não conseguir nem quiser, mas você pode reduzir. Eu como se eu quiser, mas não tenho desejo nem vontade como antes.
Realmente não lembro quando foi a última vês que comi um bolo, sabe?
Não tô pagando de the best, a gente realmente acostuma, reeducação alimentar é a melhor opção!
Optar por uma vida mais saudável vai te ajudar a emagrecer, não será mais um sacrifício, sabe? Comer saudável não é ruim, nem se resume a salada. Há várias receitas incríveis e eu só posto receitas limpas (saudáveis), realmente acho que como bem!
Não precisa se culpar por não comer 100 kcal por dia, nem todo mundo tem anorexia klkkk. Gente a maior parte do ed é composto de ednos, compulsivos e bulímicos, então temos que parar de nos obrigar tanto a comer 100 kcal se isso depois vai nos dar uma compulsão, sabe?
Antes comer 700 kcal por dia e manter isso por meses perdendo peso regularmente, do que comer 100 kcal hoje, 100 kcal amanhã e 6k de kcal no dia seguinte!
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Em resumo: reeducação alimentar!
Pode ser difícil, mas quando você ver que emagrece mais comendo do que evitando a comida, tudo fica mais fácil, eu te garanto!
Espero ter ajudado e perdão pela resposta longa, mas é algo delicado!
Obrigado pelo carinho, beijinhos ❣️
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“ i was too young. i didn’t know. i tried. i did try. i am sorry. “ ( sofina ft. river )
o perdão é quente, como uma lágrima na bochecha, ouviu falar.
para river, a maior parte das coisas eram fáceis. acordar de manhã lhe custava um minuto, se vestir era um trabalho de no máximo cinco. caminhar até a biblioteca levava no uns dez. não havia cliente irritado, barulho alto ou serviço ruim que não resolvesse de maneira espirituosa, gentil e descomplicada. afinal, por que se deixaria levar pelas pequenas desavenças se, ao fim do dia, podia agradecer pela dádiva da vida? não importava quantas goteiras tivesse que tampar em madrugadas chuvosas, quantas contas atrasava minimamente ou se a fechadura da porta emperrava demais.
contudo, se tivesse que nomear algo que realmente pesava seu coração, era o silêncio. literal e figurativo. existindo sem propósito, vagando pela cidade como um morto-vivo e distribuindo sorrisos para pessoas que, em sua maioria, tinham alguém as esperando em casa, river sentia que sua existência era tão relevante quanto palavras não ditas e ações que morriam no plano das ideias. não era como se estivesse realmente solitário, tampouco acordava sozinho todos os dias, contudo, nunca foi a responsabilidade de ninguém e, agora, era apenas a luz que insistia em perseguir seus amigos, mesmo que, dentro do quarto frio, pensasse em como só queria ter alguém para encontrar quando chegava em casa, como todos os outros.
ainda assim, se dissesse que não era culpa de ninguém, e só seguisse em frente livre daquele ressentimento, seria o mesmo que pecar contra tudo que havia construído para si. "a vida não precisa de um propósito, apenas viva" repetia sempre que perguntavam o porquê da satisfação com tão pouco. mas, quando tinha que apontar dedos, não pensava duas vezes, porque ser feliz com o pouco que tinha não quer dizer que se achava merecedor de apenas um pouco, apenas que, diante das circunstâncias, era o melhor que poderia conseguir, e fazia funcionar. olhando por essa lente, sofina poderia até não ser a principal vilã em sua história, contudo, representava aquilo que mais repudiava na natureza angélica: o conformismo. seus olhos divinos não desviavam jamais das tragédias que aconteciam bem na sua frente, mas o que ela fazia para mudar? sofina poderia dizer o quanto quisesse - se quisesse - que era diferente, ou que havia algo a mais além do que via através de sua opinião lateral, que de nada adiantaria, porque river jamais mudaria de ideia. azrael não havia o abandonado para morrer mas, ainda assim, onde estava quando um bebê chorava à beira de um rio esperando a morte? virou a cabeça para o outro lado? e, durante toda a infância, quando foi chamado de aberração? ela tampou os ouvidos?
entretanto, o que ela dizia ainda conseguiu atingi-lo e, por meros segundos, se sentiu mal. porque a angústia e o arrependimento eram emoções extremamente humanas e, se ela era capaz de cruzar essa linha, talvez pudesse ser diferente. "você está buscando o perdão de quem?" perguntou, seus olhos escuros procurando fragilidade nos castanhos dela. "não acho que é o meu." balançou a cabeça, negando, e, como um ato de gentileza, tentou entregá-la a caneca com o líquido quente saindo fumaça, que estava segurando desde que começaram a conversar. "e, mesmo se for, eu não posso te perdoar." a voz soou calma, sem irritação ou amargura, apenas uma verdade, por mais cruel que fosse. "não seria justo comigo mesmo." confessou. com um suspiro pesado, se preparou para partir, contudo, algo gritava para que dissesse o que estava sentindo de verdade. "espero que você consiga encontrar o que tanto procura."
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08/03 - Aprendendo sobre ser mulher.
O destino de uma mulher é ser mulher. Clarice Lispector
Hoje é Dia da Mulher e, pela primeira vez, reconheci a mulher que sou de forma genuína.
Chorei. Chorei algumas vezes. Na real, eu chorei diversas vezes até agora. Sinto que ainda tenho coisas para chorar.
O peso de ser mulher eu já conhecia: ter que ser forte, ter que aguentar, ter que dar um jeito, ter que batalhar em todas as áreas da vida, ter que trabalhar, estudar, cuidar da saúde física e mental, fazer as 24h do dia virarem 48h. O peso de ser mulher, eu também já conhecia: diversas inseguranças, não saber se estou sendo compreendida de forma clara, medo de parecer agressiva, preocupação em não ser entendida, falta de rede de apoio, falta de recursos financeiros, medo de não conseguir me posicionar ou recolocar...
E hoje, pela primeira vez nessa vida, eu chorei porque me senti grata por ser mulher. Me reconheci como digna. Me senti - porque eu sempre fui - sagrada.
Nossa vida, enquanto mulheres, é cheia das contradições. Falando de mim: dou atenção integral para o meu trabalho, muitas vezes falando por dias e dias do mesmo assunto, mas não consigo ouvir a mesma história de uma amiga mais de uma vez; faço e refaço a mesma análise para garantir um resultado impecável, mas não dou atenção �� me dedicar em aprender sobre cultivo de plantas na minha varanda; nunca quis uma vida mansa, mas hoje o meu objetivo principal é ter uma rotina bem estruturada e seguir nela todos os dias; sou rata de roda de samba raiz e capaz de cantar todas as músicas de um evento, mas eu duvido alguém conseguir me tirar de casa em cima da hora num sábado a noite, porque eu tenho hora de tomar banho e deitar; todos os dias tirar um tempo para refletir sobre minhas atitudes e pensamentos e, ao invés de perceber minha vitórias, focar em quem eu quero ser porque, aquela lá do futuro não vai combinar com essa aqui de agora; querer um par de braços enormes e um peito confortável para deitar em cima no final do dia, mas Deus me livre de chegar em casa depois de um dia exaustivo e ainda ter que ser sociável, amável e escuta ativa para alguém.
Contradições. E isso tudo é ser mulher: querer e deixar de querer. Ter uma visão clara do que quero ser, mas estar 100% pronta para querer outra coisa a qualquer momento. E de repente, querer de novo, mas com um ajuste aqui. E outro ali. Mas a verdade é que talvez eu não queira tanto. Aliás, não vou dizer que não quero nunca, mas nem pensar em querer agora! Ou eu quero? É isso.
Ser mulher é ter a certeza que eu dou conta de tudo. E se não dou conta agora, me dá 5 minutos, ou 2 dias, que eu vou dar conta, sim. Porque eu sou conta! Ser mulher é ter a convicção de que eu não preciso dar conta de tudo porque, de fato, eu não preciso. Ser mulher é precisar controlar absolutamente tudo, porque tudo parece sempre estar à beira de desmoronar e se eu não lutar por mim, por me manter (independente da área da vida que for), quem vai fazer isso? Mas é tenso porque ser mulher é estar sempre cansada, é precisar de 5 minutinhos para respirar (entenda como gritar, berrar mesmo, uns 3 gritos dentro de casa, berrar com a parede) o tempo todo.
Tem também os lugares de arrependimento... Aliás, segue o fio.
Obcecada em viver a vida que sonho e ser quem desejo, esses dias resolvi "dar uns gritos" e ir num barzinho com umas amigas. Tomei uns drinks, ouvi música, interagi com pessoas e vim embora para casa. No dia seguinte qual foi o sentimento? Culpa. Pelo o quê? Eu também não sei. E eu estou falando com toda a sinceridade do mundo: eu me senti culpada sem ter a menor noção do motivo. A vontade que eu tinha era de entrar num buraco e não sair de lá nunca mais. E eu sigo procurando um motivo para tal sentimento de arrependimento...
E sobre arrependimentos, eles seguem aparecendo no decorrer da vida. O problema é que eles trazem os sentimento de culpa. E acusação. E fixação no erro. E questionamentos. E mais arrependimento. E chegam os "e ses"... E, sem me dar conta, estou naquele ciclo vicioso de me machucar, me invalidar, me julgar. Agindo da mesma forma que o mundo externo já age naturalmente.
A diferença é que eu sou mulher. O mais importante é que eu sou mulher. Independente de como eu ajo, me comporto e o que faço, faço com presença. Com consciência. Porque eu sou mulher.
Eu sou uma mulher firme no falar, confusa no pensar e sensível no sentir. Zero por cento a favor de contato físico, mas que amo um chamego, um abraço e um carinho aleatório. Eu sou uma mulher que facilmente me levanto e me retiro de qualquer lugar que não me sinta confortável, mas também sou a mulher que às vezes sente falta de estar com companhias. Eu sou uma mulher que não suporto lugar cheio e barulhento, mas deixa eu passar na frente de um lugar estranho com gente duvidosa que estiver tocando funk para ver se logo não dou uma mexida no ombrim. Eu sou uma mulher que tenho a fisionomia fechada e escuto com frequência que tenho cara de brava, mas eu fico mole, fraquinha mesmo, quando ouço uma gracinha ou outra sobre o que quer que seja. E caio na gargalhada. E caio em mim.
Sou mulher quando sou o que quero e me acolho nas minhas escolhas, com consciência e sem me punir. Sem achar que deveria ser outra coisa. Sem escolher baseada no meio, sem escolher baseada nas expectativas dos outros. Sou mulher quando me lembro que além de filha, funcionária, empresária, dona de casa, amiga, tia, líder, gerente, e muitas outras classificações, eu sou eu. Eu sou minha.
Sou mulher quando defino o que quero baseada no que eu quero: se quero ser musculosa, seca, gorda, magra é uma escolha minha. Slim, gradona, definida mas não muito. Se quero usar roupas curtas, longas, rasgadas, passadas de forma impecável, cavadas, decotadas, estilo Bonequinha de Luxo ou Katniss, Hermione ou Barbie, tantos outros, ou melhor: o meu estilo. Que é tudo um pouco.
Sou mulher quando faço as unhas toda semana, pinto de rosinha, deixo num tamanho médio. Também sou mulher quando pinto de vermelho e deixo super longa. E sou tão mulher quanto, quando fico dois meses sem encontrar com a minha manicure. Sou muito mulher quando tomo banho com o sabonete mais barato que vi no mercado, assim como sou a Mulher Maravilha quando tomo banho com aquele sabonete raríssimo de pétalas de rosas e essência de baunilha que deixa a pele brilhosa após o banho.
Sou mulher demais para duvidar de mim mesma, eu me motivo, me incentivo e me basto, me reconheço. Mas também sou a mulher que escuta as inseguranças que nascem no profundo, que me ausento por me sentir incapaz, que esqueço quem sou e da minha capacidade de vencer batalhas e derrubar montanhas. Sou mulher que não preciso de aprovação externa, nem de ninguém, mas que sente falta de ouvir de fora que eu sou capaz, única, necessária e linda.
Sou mais mulher ainda quando ninguém me vê.
Sou mulher no meu íntimo, no meu oculto, no meu útero, no meu colo, nas minhas emoções. Sou mulher demais quando analiso minha vida sem chicote nas mãos, sem me machucar e reconhecendo que fiz o que pude com o que tinha. Sou mulher quando minhas emoções se contradizem e quando entendo que não precisa fazer sentido. Sou mulher quando paro de procurar um motivo ou algo para ser arrumado dentro de mim porque, afinal, eu sou assim. E isso me possibilita ser tudo.
Eu quero bater na mesa quando for desrespeitada, me levantar sem pensar duas vezes quando colocada "em cheque" sobre algo, virar as costas sem olhar para trás quando minha capacidade for questionada e dizer que acabou, e acabar mesmo, quando ver que não sou valorizada em algo. Porque isso é ser mulher.
Todos os dias eu preciso aprender a ser mulher, porque todos os dias eu preciso aprender a ser eu.
Não tenho mais expectativa de que o mundo me respeite, me ouça ou me dê espaço. Eu quero me colocar lá, eu quero me escutar e me respeitar. Porque quando eu assim fizer comigo, o mundo não vai ter outra escolha que não seja assim agir.
Que fique bem claro que não estou dizendo para que nos acomodemos e que aceitemos o machismo e o patriarcado. Muito pelo contrário: eu estou dizendo que só vamos conseguir combater isso quando pararmos de duvidar de nós mesmas, quando nos reconhecermos como invencíveis e assim nos posicionarmos.
Porque, como falei mais acima: eu não quero esperar pelo reconhecimento que vem do outro. Eu me olho, me vejo e me reconheço.
Espero que nos lembremos que somos mulheres de valor quando somos fiéis aos nossos. E para isso, precisamos nos aceitar.
Obrigada por ser mulher, meu Deus.
Feliz Nós! 💖
#mulheresqueescrevem#pensamentossoltos#quotes#autoconhecimento#mulhereslivres#mulherqueluta#diainternacionaldamulher#diadamulher#empoderamento feminino
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SAS - SERVIÇO AÉREO ESPECIAL - NORTE ÁFRICA 1942 - BREVE HISTÓRICO
SERVIÇO AÉREO ESPECIAL
SAS
“Era noite de 26 de julho de 1942. A pista era iluminada pela lua. O aeroporto do campo alemão de Sidi Ennich estava em atividade como de costume. A lua desapareceu sem atrapalhar as nuvens. A luz de um bombardeiro que ia pousar ali procurava a pista. A noite transcorreu silenciosamente como se não tivesse sido em tempo de guerra. Era inacreditável que a base alemã localizada longe da frente estivesse à beira de um grave desastre. Não havia sentimento de inquietação. Levantando uma poeira seca, as rodas do bombardeiro tocaram o solo, quando metralhadoras pesadas de repente produziram ruídos ensurdecedores e os motores dos carros começaram a rugir. A pista foi tomada por uma violenta rajada negra e jogada em desordem. O SAS sob o comando de David Stirling iniciou um ataque surpresa. Eles tinham vindo aqui de além do mar de deserto a dezenas de quilômetros de distância. Sidi Ennich foi um dos aeródromos mais importantes para Rommel. Havia ali um grande número de Stukas, Junkers JLJ52s, Heinkels quase metade dos aviões de Rommel.
Disparando suas metralhadoras, 18 jeeps em formação próxima cortaram o caminho pela pista. Aviões alemães pegaram fogo um após o outro e seus tanques de combustível explodiram. As chamas avermelharam o céu sobre Sidi Ennich e dezenas de aviões alemães impiedosamente destruídos foram deixados no chão. O SAS é a abreviação de Special Air Service. Esta foi uma unidade de serviço especial organizada em 1941 pelo jovem oficial britânico David Stirling e esteve em atividade no deserto do norte da África. A única missão do SAS era enfraquecer o inimigo, infiltrando-se profundamente através das linhas inimigas e assediando a retaguarda. O SAS fez movimentos evasivos. Eles se moveram além do deserto que se estendia por centenas de quilômetros e atacaram o inimigo em momentos inesperados de maneiras inesperadas. Chegaram a saltar de paraquedas à noite. Foi relatado que alguns estabelecimentos militares e aeródromos dos alemães localizados na retaguarda estavam em constante medo e tinham que forçar todos os nervos a todo momento.
Nunca foi fácil para o SAS atravessar o deserto que se estende por centenas de quilômetros. A natureza severa do deserto rejeitava positivamente os homens e estava cheio de perigos para a vida. Durante o dia, o sol escaldante queimava as areias e a temperatura muitas vezes eram altas demais. Não havia árvores para proteger os homens do sol. À noite, o solo rapidamente se tornava tão frio quanto o gelo e a temperatura muitas vezes caiam abaixo de O° C. Uma vez que uma tempestade de areia caiu, os homens tiveram que se deitar no chão e esperar na areia até que ela findasse. Epidemias e insetos venenosos eram outra ameaça para os homens. Muitas vezes infligiam um golpe de morte àqueles que estavam enfraquecidos pela natureza severa. Era quase impossível encontrar água no deserto e só podia ser obtida em locais limitados. Mesmo quando uma fonte era encontrada, sua água às vezes não era boa para beber porque estava muito contaminada pelos corpos podres de soldados e animais que vagavam em busca de água e morriam ali. Além disso, o inimigo, ou seja, o alemão do Afrika Korps e as forças italianas, estavam em alerta para o SAS.
Naturalmente, o SAS era composto apenas por membros bem escolhidos, tinham um corpo forte endurecido por treinamento em luta real, bem como um espírito indomável, cada um deles era um verdadeiro profissional de guerra no deserto. Dizia-se que o SAS se comparava favoravelmente com uma brigada blindada em habilidade.
JEEP
O jeep que a SAS utilizava como principal meio de transporte era o Chevrolet 30 CWT 3.ton Truck, ele foi usado na fase inicial da guerra antes de aparecer no demais campos de batalha e mais tarde na fase posterior, principalmente para transporte. Apesar de inferior ao Chevrolet Truck em capacidade de carga, o Jeep com capacidade cross-country superior era o mais adequado para a missão do SAS. Para suportar e sobreviver sob a natureza severa do deserto, eles tributavam sua engenhosidade em com adaptações de várias maneiras. A água não tinha preço no deserto. Se seu motor refrigerado a água superaquecesse, o Jeep pararia nas areias e a água inestimável no radiador evaporaria em ar seco à toa. Era muito difícil obter a água para o radiador. Assim, eles cortavam todos as partes da grade dianteira, exceto duas, para facilitar a entrada de ar e obter maior eficiência de resfriamento. Na frente da grade eles fixavam uma pequena lata cilíndrica, que era conectada ao radiador por uma mangueira. Isso foi para evitar o desperdício de água. A lata sempre continha um pouco de água, e a água do radiador fervida e evaporada passava pela mangueira, entrava na lata, era resfriada ali e depois retornava ao radiador novamente. Esse dispositivo foi chamado de condensador.
Um protetor de areia foi fixado no carburador para evitar que a areia entrasse no motor. O para-brisa foi removido para evitar o reflexo da luz solar. O jipe que atravessava o deserto sem caminho era como um pequeno barco navegando pelo oceano. Um movimento na direção errada significava a morte. Para encontrar seus rumos, eles fixaram um dispositivo chamado Sun Compass no quadro de instrumentos. Indicava a direção pela posição da sombra de um fio de piano no centro projetada pelo sol na face de um mostrador marcado em rolamentos. O dispositivo simples foi muito útil enquanto o sol brilhava no céu. Eles também usaram um teodolito para encontrar seus rolamentos com mais precisão. Canais de areia também eram indispensáveis para o jeep no deserto. Eram placas de ferro em forma de U de cerca de 1,5m de comprimento. Quando o Jeep era pego pelas areias, eles as colocavam sob as rodas para que ele pudesse se mover facilmente. Vários tanques e bolsas de couro contendo água para beber e tanques de combustível sobressalentes eram montados no capô, na traseira, nas laterais e em outras possíveis partes da carroceria. Uma rede de camuflagem para esconder o veículo do inimigo e um mapa também eram itens necessários. O pequeno veículo também transportava todos os itens de primeira necessidade, como sacos de dormir, cobertores e alimentos. Cada veículo do SAS estava equipado com todos os itens necessários, mas em nenhum caso agiu de forma independente. Para evitar perigos e contingências, eles sempre atuavam em um grupo de pelo menos dois ou três veículos.
Uma metralhadora Browning e uma única ou duas armas Vickers 'K' eram montadas geralmente no escudo e na parte traseira da carroceria, sendo qualquer uma delas montada adicionalmente na lateral de alguns veículos como uma terceira arma. Schmeissers, Lugers, etc. e carregadores de metralhadora foram colocados à mão. Naturalmente, o SAS usou plenamente tais armas capturadas dos alemães. Os membros do SAS usavam uma camisa com mangas de meia distância, calças de joelho, casaco de babado, roupa de aviação, turbante, etc., de acordo com sua preferência. O armamento e os equipamentos dos jeeps também variavam de acordo com a finalidade das operações e a preferência dos integrantes. Não havia veículos que transportassem o mesmo armamento e equipamentos da mesma forma. Eles pareciam ter sido colocados no veículo de maneira desordenada, mas na verdade estavam dispostos da maneira mais razoável, com facilidade de uso. Esta era a sabedoria combinada daqueles que tiveram que lutar sob as condições desfavoráveis do deserto.
No próximo post o início de um novo trabalho!
Forte Abraço
Osmarjun
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Mitologia - Irlanda e Escócia
Áine: Áine (Ania) é a deusa do amor, da fertilidade, da agricultura, da riqueza e da soberania. Ela é associada ao sol.
Airmed: Airmed (Armed) é a deusa da cura e do herbalismo.
Cailleach: Cailleach (Caili) é uma idosa divina, associada à criação das paisagens e ao inverno. Ela está ligada ao festival Samhain e na Escócia é conhecida como Beira (Bira).
Clíodhna: Clíodhna (Clina) é a deusa do amor, da beleza e da vida após a morte. Ela também é a Rainha das Banshees.
Dagda: Dagda é a figura paterna, rei e druida. Ele é associado à fertilidade, agricultura, masculinidade, força, druidismo e sabedoria. Ele pode controlar a vida e a morte, o clima e as colheitas, bem como o tempo e as estações do ano.
Danu: Danu é a mãe dos deuses irlandeses, ligada à deusa Dôn do País de Gales. Sua tribo é a Tuatha Dé Danann ("o povo de Danu"). Alguns acreditam que o rio Danúbio tem esse nome em sua homenagem.
Lugh: Lugh (Lú) é o deus do sol e deus militar, que protege comerciantes e viajantes. Ele está associado à habilidade em múltiplas atividades. Lugh está ligado ao festival Lúnasa.
Macha: Macha (Marra) é a deusa da soberania. Ela é associada à terra, realeza, guerra e cavalos. Várias figuras chamadas Macha aparecem na mitologia e no folclore irlandês e acredita-se que todas derivam da mesma deusa.
Manannán Mac Lir: Manannán mac Lir é o deus do mar e rei do Outro Mundo. A Ilha de Man foi nomeada em sua homenagem.
Brigid: Brigid é a deusa da cura, da sabedoria e da criatividade. Alguns acreditam que ela seja uma Deusa Tríplice, três irmãs chamadas Brigid: a ferreira, a poetisa e a curandeira. Historiadores sugerem que a deusa foi sincretizada com a cristã Santa Brígida. Brigid está ligada ao festival Imbolc.
Ériu / Banba / Fódla: Ériu (Eiru) é a deusa matrona da Irlanda. Com suas irmãs, Banba e Fódla (Fôla), ela fazia parte de um trio de deusas. Quando os milesianos chegaram na Irlanda, as três irmãs pediram que seu nome fosse dado ao país. O pedido foi concedido a elas, embora Ériu tenha se tornado o principal nome em uso (Banba e Fódla ainda são às vezes usados como nomes poéticos para a Irlanda).
Morrígan / Badb / Nemain: Morrígan (Morigan) é a deusa da guerra, do destino e da soberania. Ela é frequentemente retratada como um trio de deusas, todas irmãs, Morrígan, Badb (Bá) e Nemain (Nemen).
Tuatha Dé Danann: Tuatha De Danann (Tuá De Dana) são as principais divindades da mitologia irlandesa. Todas as figuras citadas acima fazem parte dessa tribo. Eles são retratados como reis, rainhas, druidas, bardos, guerreiros, heróis, curandeiros e artesãos que têm poderes sobrenaturais. Eles habitam o Outro Mundo, mas interagem com os humanos e o mundo humano com frequência.
Hy-Brasil: Hy-Brasil (Rai- Brásil) é uma ilha fantasma que fica no oceano Atlântico a oeste da Irlanda. Diz-se que é envolta em névoa, exceto por um dia a cada sete anos, quando se torna visível, mas ainda não pode ser alcançada. A etimologia do nome Hy-Brasil é desconhecida, mas acredita-se que venha do irlandês antigo: Í: ilha e Bres: beleza, valor.
Tír na nÓg: Tír na nÓg é uma ilha paradisíaca e sobrenatural de juventude eterna, beleza, saúde, abundância e alegria. Seus habitantes são os Tuatha Dé Danann e outros seres sobrenaturais. Tír na nÓg é descrita como um lugar belo, mas geralmente perigoso ou hostil para os visitantes humanos que permanecem na ilha por um período de tempo que normalmente é de três dias ou três anos.
#celtas#mitologia#mitologia irlandesa#mitologia celta#aine#airmed#cailleach#cliodhna#dagda#danu#lugh#macha#manannan mac lir#brigid#eriu#morrigan#Tuatha De Danann#hy-brasil#tir na nog
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Um pouco sobre a nossa história!
Haena Village foi fundada há séculos por um grupo de pescadores que fugiram de guerras no continente coreano. Com o tempo, a vila desenvolveu uma cultura única, misturando tradições antigas com influências modernas. A comunidade é conhecida por suas lendas misteriosas, principalmente sobre criaturas míticas que protegem a ilha.
A estrutura dela se baseia em ter um Templo de Haena, um antigo templo dedicado aos deuses do mar e da montanha! Também teremos o mercado central, o coração comercial da vila, onde os moradores vendem seus peixes fresco, artesanatos e remédios!
Abaixo, alguns distritos pertencentes a ilha de Haena:
Distrito Haneul: O Distrito Haneul, que significa "céu" em coreano, está localizado no ponto mais alto da vila, perto do Monte Hallasan. As casas aqui são construídas em terraços nas encostas das montanhas, oferecendo vistas deslumbrantes do oceano e do restante da ilha. As ruas são estreitas e sinuosas, pavimentadas com pedras antigas. Vila dos Pescadores: Localizado à beira-mar, este distrito é o lar da comunidade pesqueira de Haena. As casas aqui são próximas umas das outras, formando um labirinto de ruelas estreitas que levam até o porto. O ar é sempre carregado com o cheiro do mar e o som das ondas.
Distrito dos Comerciantes: Este é o coração comercial da vila, onde as principais atividades econômicas acontecem. As ruas são movimentadas, cheias de barracas e lojas que vendem de tudo, desde alimentos frescos até artefatos mágicos. O mercado central é o ponto de encontro principal.
Também teremos a praia dos espíritos, uma praia isolada e conhecida por ser assombrada, dizem que as almas dos pescadores perdidos no mar, vagam por ali durante a noite! Teremos a academia Seonbi, uma escola de artes marciais, onde os jovens aprendem defesa pessoal!
Também vamos trazer alguns mitos e lendas, como a lenda da própria Haena, que diz que ela é uma vila protegida por um dragão marinho que vive nas profundezes dos oceanos, teremos também os guardiões das flores e uma maldição... A maldição de Gorae. Uma maldição antiga lançada por um xamã vingativo, que transforma pescadores gananciosos em baleias, condenando-os a vagar pelos mares eternamente.
Também vamos trabalhar alguns conflitos de expansão turística, desaparecimentos misteriosos e a volta do xamã!
(Importante falar que mesmo que se passe numa ilha e que tudo parece antigo, os conflitos de expansão turística estão trazendo alguns estabelecimentos modernizados para a mesma, como o famoso CU, pequenas lojas da Lotte Mart e entre outras coisas, gerando briga entre os moradores locais e aqueles que estão buscando modernizar a ilha. )
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Avatar o caminho da água [MALE READER]
Parte 04.
[Nome] observava Tuk e Kiri com atenção enquanto eles tentavam fazer o colar que ele havia ensinado. Ele não conseguia evitar um sorriso leve ao ver a expressão de concentração em seus rostos.
Após o eclipse, ele estava junto da família Sully, o Alpha tinha uma boa relação com a família e se sentia confortável entre eles.
Durante o pouco tempo que havia passado com os Sully, ele havia desenvolvido um carinho pela família, e se sentia confortável em sua presença.
Observando-os com carinho, [Nome] se permitiu relaxar um pouco e aproveitar o momento. Ele sabia que não podia ficar para sempre com os Sully, mas por enquanto, ele estava feliz em fazer parte da família e poder compartilhar suas habilidades com eles.
— É assim, faz o nó na corda e coloca as conchas. — O Alpha deu uma risadinha, vendo a pequena Omaticaya resmungar baixinho.
— Não é justo [Nome]! Você fazendo parece fácil. — Ela entregou o colar pra o Metkayina, pedindo para terminar de colocar as conchas.
— Não é isso Tuk, você só tem que pegar a manha. — Falou, arrumando rapidamente o colar da maneira que ela queria.
Neytiri sorriu para vocês, feliz que suas crianças tinham feito uma amizade tão boa quanto [Nome].
O Alpha estava prestes a entregar o colar que tinha feito para Neytiri, mas sentiu dois cheiros conhecidos, mas estavam amargos, [Nome] tomou uma expressão séria e olhou para a entrada do Marui.
Foi quando Neteyam apareceu, pisando forte e segurando Aonung pela sua fila parecendo incrivelmente furioso.
— Eywa o que ele fez agora. — De modo inconsciente seu cheiro mudou.
— Diga a ele o que você me disse. — Ele aponta para Jake e olha para Ao'nung com expectativa.
O Metkayina se levantou olhando para o parceiro, Aonung olhou para o Alpha com uma expressão culpada substituindo sua habitual arrogante.
— Eu levei Lo'ak para fora do recife e o deixei lá algumas horas atrás. — Ele diz esfregando o braço. O rosto de [Nome] mostrava que estava em choque.
Ao'nung POV
Eu olho para o pai deles e depois para o rosto chocado do meu alpha, não consigo explicar o arrependimento que sinto agora.
— O que? — O pai deles fala.
— Seu idiota de merda! — [Nome] repreende saindo do local. Eu suspiro, Neteyam me solta e me deixa com Toruk Makto, o pai deles.
— É melhor você consertar isso e pedir desculpas a Lo'ak me entende. — Ele diz enfiando o dedo na minha cara.
— Sim senhor. — Eu murmuro, provavelmente meu cheiro está insuportável agora,estava me sentindo decepcionado comigo mesmo, novamente…
Corri até a beira do mar e chamei meu ilu enquanto mergulhava na água.
Pego meu ilu e começo a cavalgar até a doca principal, onde meu marui fica perto.
De repente, escutou Lo'ak gritando que está bem, eu vejo nadar até alguém em um ilu. Dou uma olhada mais de perto e vejo que é [Nome]. Eles cavalgam de volta e ele me encara por um segundo, sua expressão desgostosa não passou despercebido pelos outros.
Sinto meu coração doer, posso ter estragado tudo com ele. Eu pulo no cais e vou ficar ao lado do meu pai, ele me olha desapontado. Apenas fico ao lado dele olhando para baixo.
「• • •」
[Nome] correu pela praia vazia, o som das ondas quebrando suavemente ao fundo. Ele deslizou a mão na superfície da água e sentiu um leve arrepio percorrer todo o seu corpo.
O Alpha começou a entrar gradualmente na água, sentindo a temperatura começar a esfriar conforme ele se movia em direção ao mar. Ele mergulhou a cabeça na água e sentiu arrepios ainda mais fortes, que agora percorriam todo o seu corpo.
Apesar do frio, [Nome] sentia-se completamente envolvido pela beleza do mar e da noite. Ele nadou até um certo ponto e chamou o ilu, subindo nas costas dele e fazendo o Tsaheylu.
— LO'AK! — Gritou enquanto tentava achar o ômega, as orelhas levantadas tentando captar qualquer som.
— [NOME]? ESTOU AQUI! ESTOU BEM! —
O alpha se aproximou, vendo o outro na água, com um movimento rápido [Nome] o puxou para cima, ajeitando o Omaticaya no ilu.
E juntos voltaram a praia.
[Nome] POV.
Fiquei ao lado de Lo'ak durante toda a situação e fiquei chocado quando ele assumiu a culpa por isso,com o rosto fechado eu neguei para Tonowari a fala dele.
Fiz questão de acompanhar os Sully até em casa, mas antes que Jake começasse a brigar com ele, apenas guiei o na'vi para meu marui.
A mãe de Lo'ak concordou suavemente, aparentemente pensando a mesma coisa que eu.
Eu guiei o omaticaya cansado até meu marui e o deitei no local onde dormia, depois de vários minutos deixei um selar na testa de Lo'ak ao ter certeza que ele dormiu, depois de um tempinho.
Caminhei para fora do Mariu e andei na beira da praia, meus pés se molhando com a água do mar, estava pensando em por que Aonung achou que estava tudo bem e me perguntando se ele vai se desculpar.
— Filho, você sabe que ele é apenas um garotinho…
Eu senti aquela sensação de conforto e algo quentinho mexendo em meus cabelos, eu entrei pra dentro do mar e me senti abraçado.
— Grande mãe, por que ele é assim? Estou tão cansado ultimamente. — Falo sentindo a sensação das mãos mexendo em meus fios e o deixando soltos.
— Filho, ele é apenas um pequeno peixe nadando no grande mar turbulento que é a vida, ele é um ômega que está preocupado e inseguro… Entenda ele. — A voz calma me fazia relaxar, o carinho dela acalmava uma aflição inexplicável.
Apenas senti os braços me rodeando em um abraço e eu retribui, sentindo o calor confortável e o movimento leve das águas.
Escuto barulho de passos, as águas antes calmas se agitam e em um segundo eu não estou mais nos braços de minha mãe.
Olho para trás, procurando o ser que atrapalhou meu momento de conexão, eu vejo Tsireya correr até mim e eu olho para ela.
— Por favor, diga que ele não a mandou para se desculpar por ele.
— [Nome], estou tão feliz por ter encontrado você. — Ela disse com uma voz em pânico, seu cheiro denunciando.
— Por que algo está errado? - Pergunto, ficando preocupado com Ao'nung, minha cauda se mexia levemente formando pequenas ondinhas.
— Não conseguimos encontrar Ao'nung, procuramos em todos os lugares, mas simplesmente não conseguimos encontrá-lo, é como se ele tivesse desaparecido. — Ela disse preocupada, seus olhos sendo inundados por lágrimas enquanto olha para mim.
— Você tem alguma ideia de onde ele foi? — Ela perguntou, eu suspirei por ter uma ideia de onde ele estava, na verdade saber exatamente onde o na'vi estava.
— Sim, sim, eu vou buscá-lo e não chore, ele provavelmente está bem. — Eu a tranquilizei.
— Posso ir com você?
— Desculpe, ele não gostaria que você trouxesse lá. — Falo olhando para sua figura chorando. — Mas não se preocupe, vou trazê-lo de volta no minuto em que o encontrar bem. — Tentou tranquilizá-la para que ela não chorasse mais.
— O-ok, estarei em casa então. — Ela diz sorrindo para mim. — Obrigada, [Nome]. — Ela diz antes de se virar e caminhar de volta para a aldeia.
#leitor masculino#male reader#imagine#fanfic#dom reader#alpha reader#omega x#omegaverse#avatar ao'nung#avatar neteyam#avatar loak#avatar the way of water#avatar 2009#avatar#avatar neytiri
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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ spend some time away, getting ready for the day you're born again. spend some time alone, understand that soon you'll run with better men. alone again, alone. no use looking out, it's within that brings that lonely feeling. understand that when you leave here, you'll be clear among the better men. alone again, alone.
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤpar gaeul. gael, nascido há 27 anos. escritor, tradutor e tutor. bissexual, comprometido. residente do haneul há sete anos.
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ( + ) inteligente ;ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ( - ) recluso ;
brief introduction ;
gaeul é o caçula de casa, o mais novo entre os dois meninos. cresceu tão mimado quanto podia ser, pelos pais que tinham um restaurante beira de estrada mais ao interior do país. e foi dentro desse restaurante que gaeul cresceu, ajudando em tudo o que podia, as funções aumentando conforme o tamanho aumentava também. autodidata em inglês e japonês, ainda na adolescenência começou a trabalhar com tradução de mangás, o que acabou se tornando sua principal fonte de renda e motivo pelo qual decidiu cursar letras na faculdade. gaeul mudou-se para seul para estudar, foi morar com o irmão mais velho, mas este acabou arrumando uma noiva e, não querendo ser um empecilho para a vida do casal, foi assim que mudou-se para o haneul complex pela primeira vez. isso porque saiu do complexo um tempo depois, foi morar em um apartamento com as despesas pagas por seu namorado - um homem casado, pai de uma de suas alunas. não era certo, ele sabia e tinha muita vergonha. todavia, estava perdidamente cego por seus sentimentos pelo mais velho. quando deu por si, gaeul voltou para o antigo apartamento, para seus empregos e para seus hobbies. gaeul é do tipo esotérico, gosta dos mistérios, plantas, cristais e cartas de tarô. e tem um gato preto. e um namorado francês.
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A percepção de um aviso
Era um ser pacato. Tão antiga era a lembrança de seu último momento de euforia que estranhava a quem percebesse sua juventude.
Perdia-se na multidão dentre tanta monotonia que sincroniza em seu dia a dia.
Certa vez, teve um grande sonho, um desejo ardente, porém que não realizou. Enterrado dentro de si próprio, seria necessário um especialista com instrumentos para aferir que possuía, de fato, vida.
Embora duvidasse em diversas ocasiões, em outras tinha certeza quanto ao palpitar de seu coração. Em sua rotina, no momento que seria mais um dentre uma centena de gélidos dias de amanhecer, desavisado, começou a ver a imagem de si próprio, à sua frente, morto.
Gritaria de espanto se qualquer energia relevante circulante dentro de si. Passou horas aproximando-se milímetro a milímetro da figura morta para identificar quem realmente era. Não acreditava que o corpo e o rosto fossem exatamente iguais aos seus.
Chegou a tocar no cadáver, e como era esperado, ele nem sequer se moveu. Chegou a questioná-lo, e como era esperado, ele não respondeu.
Sua aparência era praticamente a mesma. A idade que tinha quando a morte o alcançou não parecia distante da idade que o homem possuía agora em vida.
Um dia e uma tarde transcorreram até que o homem conseguisse sair de casa. Ao chegar até a rua, buscando ar fresco após o temor inspirado em sua casa, não poderia acreditar, seu cadáver também apareceu lá.
Jogado ao chão, surgindo aonde quer que fosse, a cada esquina, a cada rua, a cada paisagem para qual olhasse. A figura lhe causava mistério estando sempre em sua companhia, mas permanecendo em silêncio, como os mortos deveriam fazer.
Ninguém mais via a figura. Por muito tempo, duvidou se era real. Até que em um certo momento, retornou a vagar em sua monotonia, e parou de se preocupar.
Acompanhando-o a cada dia, sua figura desfalecida surgia como alguém comum naquele mundo, corno parte dos colegas de sua vida. Durante as semanas de trabalho, no meio do supermercado, em meio à multidão do transporte público, seu eu morto estava sempre lá, em silêncio, estirado, tornando-se mais uma banalidade de sua rotina.
Passadas semanas com aquela imagem à sua frente, durante a noite, um raro momento de sonho lhe fez despertar perplexo, saltando cerca de 2 metros da beira da cama.
"E se significar alguma coisa terrível?" perguntou-se o homem, transpirando estarrecido com a dúvida vital que brotou em sua mente.
Havia embutido em sua rotina mecânica e incrédula algo que apavoraria a qualquer um que visse valor na vida. Passou a pensar se não seria tarde demais para compreender o significado de tal aparição.
Seria um aviso? Seria o futuro lhe dizendo que sua hora estava para chegar? Seria a precocidade da morte vindo o acometer?
Seu eu morto não lhe respondia. Não tinha vida o suficiente para fazê-lo, mas após todo esse tempo lá, ao homem aquela situação só exibia uma probabilidade. Não lhe restava muito mais tempo para viver.
O homem ponderou em sua mente pensamentos que nem acreditava mais possuir. Será que ainda tinha tempo para os sonhos que havia deixado murchar? Deveria enfim fazer o que não havia feito?
Para alguém que havia vivido tanto tempo morto, foi a figura de seu próprio cadáver que reascendeu um lampejo de desejo à vida.
O homem semimorto passou a lutar contra a morte de uma forma que poucos imaginariam. Passou a apreciar a vida como nunca havia feito antes.
Os sonhos que tinha, passou a realizar. As falas que nunca dizia, começou a proferir. À conclusão de cada dia, sua figura falecida passara a ficar mais distante. Conforme o homem vivia, a figura tornava-se menos nítida.
Não desaparecia por completo. Após meses de tentativa, percebeu que da morte não havia como se livrar. Contudo, com cada atitude desprendida que antes ficava a setes palmos dentre de seu coração, o homem concluiu que podia manter a figura sombria afastada, ainda que o seu objetivo principal agora não fosse mais se preocupar com morte, e sim, com a beleza da própria vida.
- Gabriel Tessarini
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Brilhos de luz,a natureza tem essa magia,faz tudo brilhar,mesmo sem precisar de energia,a elétrica para deixar registrado,o sol com seu brilho amarelo,a lua e sua candura,e as estrelas em noites muito escuras,tem as aguas vivas no oceano,uma das mais lindas criaturas,e quem não correu feito louco atrás de piscantes vagalumes no mato,nem ligando de pisar em montes de estrumes,essa é a vida principalmente de gente no campo,onde se trocam os nomes e agora piscando são pirilampos,um lugar afastado distante de tudo,parecemos viver em outro mundo,um mundo esquecido, perdido talvez, onde a luz do dia mostra as belezas do lugar,mas a magia acontece depois das seis, perto da noite apontar,onde uma outra luz,invade os portões das casas,as beiras de lagoas e cercas de todo lugar,e só se vê os vultos dos casais a namorar,pais procurando filhas e mães avisando os filhos,sabe aquele medo de alguém engravidar, aí só casamento,para o mal reparar,quem sabe não seja isso que todos esses pares mesmo querem,dizer o sim alí no altar,esse é o brilho das luzes,que num mundo esquecido,nunca deixa o amor esfriar,onde tudo está para trás em relação a cidade,mas a principal intenção mesmo e nunca deixar de amar.
Micro crônica de Jonas R Cezar
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Capítulo 02 - Recuperação.
Avisos da Fic : angústia, relembrando o passado, fugindo da morte/perda, leitor não tem descrições físicas, linguagem vulgar/imprópria, violência, temas perturbadores/angustiantes, flashbacks, trauma, esta é uma fic que se passa após -surto, então lembre-se de que haverá temas sombrios/desencadeadores, mas lembre-se também de que esse não é o enredo principal da história. Por favor, leia com cautela.
Capítulo anterior: Capítulo 01 - A encontrada.
Resumo: Um grupo de pessoas te encontraram e te resgataram enquanto você estava a beira da morte.
Sinopse: Você esta se recuperando, o que acontecerá depois? Você não consegue reconhecer a bondade mais nas pessoas.
Você abriu os olhos, piscou algumas vezes, a vista embaçada, lentamente voltando ao normal a cada vez que você piscava os olhos.
Levantou o braço e sentiu uma fisgada no braço direito, fazendo você arfar. Esticou o braço na sua frente e viu alguns curativos, um acesso, você seguiu os fios e viu uma bolsa de, soro?
Você franziu a testa. Trouxe o braço esquerdo pra cima, muitos pontos, hematomas, curativos, a marca no pulso queimado pelo atrito da corda. Tateou o rosto, sentiu um fio no nariz, que você deduziu ser alguma coisa relacionada com oxigênio.
Você tentou se levantar, mas sentiu uma pontada na barriga, a dor fez a vista embaçar, você tentou respirar, mas aquele fio parecia estar te atrapalhando, uma sensação de pânico foi tomando conta de você, o que é isso tudo?
Você passou a mão pelo tecido da cama que você estava deitada. Uma cama? Limpa? Macia? Um quarto, limpo, e branco demais. Você queria era levantar e sair correndo, olhou em volta, as janelas no topo das paredes. Se você conseguisse chegar até lá, talvez pudesse tentar pular.
Girou a cabeça procurando por algo que pudesse usar como uma arma, algo que pudesse ferir alguém, mas não havia nada.
Você tentou se sentar novamente, agora mais de vagar, sabendo exatamente onde podia doer, se apoiando em seu cotovelo.
Quando se assustou com o barulho da porta do quarto abrindo, você viu uma menina de uns 15 anos, o olho dela estralou. Vocês duas se encararam pelo que pareceu alguns minutos. E então ela fechou a porta de novo muito rápido.
Sua respiração estava completamente irregular, você tinha que arrumar algo para se defender. A única coisa que você tinha ao seu alcance era o tripé do porta soro, que estava ao seu lado.
Você se esticou, fazendo seu corpo todo arder, e formigar, alcançou o tripé, e enquanto você se apoiava com o braço esquerdo, ficando meio sentada, a mão direita segurou o tripé, em cima das suas pernas, pronto para ser arremessado caso a porta se abrisse novamente.
Você escutou o barulho do trinco da porta. E assim que a porta se abriu, você tentou gritar.
"Fique longe…" sua voz não saiu. Sua garganta estava seca, ardendo.
O homem foi se movimentando lentamente, erguendo as mãos para cima dos ombros. Mantendo as mãos aonde você conseguia ver. E deu uma passo em sua direção.
Você empurrou o tripé na direção dele, tentando forçar a distância entre vocês.
"Está tudo bem." Ele começou a falar calmamente. "Eu sou médico. Você está segura."
Você empurrou o tripé na direção dele novamente.
"Tudo bem, eu vou ficar aqui." As mãos do homem ainda estavam erguidas. "Não vou me aproximar, mas preciso que você erga o tripé ao seu lado, para que a medicação continue." Ele apontou para o seu acesso, e você viu o sangue voltando.
Você engoliu em seco. Olhando para o homem.
"Está tudo bem. Não vou me aproximar."
Você cerrou os olhos. Lentamente você colocou o tripé ao lado da cama novamente, mas sem soltá-lo.
"Muito bem. Obrigado." Ele abaixou as mãos. "Meu nome é Joseph, sou médico. Qual é seu nome?"
Seu corpo estava rígido. Seus dentes aterrados. Você podia sentir o corpo formigando. Sentir o oxigênio não sendo o suficiente.
"Eu preciso verificar seus sinais vitais." Ele deu um passo pequeno na sua direção.
Você começou a se movimentar na cama tentando manter a distância entre vocês. Mas seu desespero te fez esquecer do quer que tenha sido ferido no seu abdômen, e mais uma vez a pontada de dor te fez ver estrelas, você emitiu um grunhido.
"Calma, calma…" o homem ergueu as mãos novamente pra cima. "Por favor, preciso que você fique parada. Eu não vou te machucar. Eu prometo. Nós estamos cuidados de você."
A dor irradiada no seu abdômen fazia você se esquecer de respirar. Você começou a ver pontos pretos na sua visão. Sabia que ia desmaiar. Não podia ficar desacordada agora. Você começou a inspirar pelo nariz e expirar pela boca.
"Sei que está dor. Preciso checar você, e assim posso te medicar, e ajudar com a dor. Por favor." O médico deu mais um passo em sua direção. E você cedeu.
Ele foi caminhando lentamente até a cama.
"Preciso que você fique deitada, posso regular a cama se quiser, para que você fique mais inclinada, mas preciso que você deite." Ele foi colocar a mão em seus ombros te forçando a ficar deitada.
Você segurou os pulsos dele, tentando empurra-lo de você, mais uma vez esquecendo que estava com o acesso no braço direito, você gemeu com dor.
Ele puxou as mãos, erguendo novamente para você em sinal de rendição. Você respirava pesado pela boca. Quase rosnando para ele.
Ele pegou o estetoscópio, e mostrou para você.
"Vou tocar em você com isso ok?"
Sua respiração era completamente irregular. Mas você assentiu para ele. Ele tocou em você, ouvindo. E se afastou. Pegando um aparelho pequeno.
"Este vou colocar na ponta do seu dedo ok? Você vai sentir uma pequena pressão."
Você assentiu, e ele colocou o aparelho no seu dedo.
"Preciso que você siga essa luz pra mim ok?" Ele ascendeu uma luz na frente dos seus olhos, e você seguiu.
Ele retirou o aparelho do seu dedo. Caminhou até uma mesa no canto do quarto, e anotou algumas coisas em uma caderneta.
Ele se virou para você, encostado na mesa. Mantendo a distância. E você agradeceu secretamente.
"Você chegou aqui há 5 dias atrás. Este negócio no seu nariz, é uma sonda, você estava desnutrida e desidratada, então tivemos que cuidar da sua nutrição." Ele fez uma pausa. E aterrou os lábios. Enquanto olhava para baixo. "Você teve muitas escoriações pelo corpo. Muitos hematomas. Muitos cortes."
Seu corpo estremeceu. E você engoliu em seco. Ele apontou pra você, e continuou.
"Você tem uma fratura nas costelas, e outras três costelas trincadas. Precisa ficar de repouso. Os pontos podemos retirar em breve. Você está bem. Está viva. Precisa de um tempo para se recuperar. Mas você está segura aqui."
"Por que?" Você conseguiu falar, muito rouca, era mais ar saindo pela sua boca, do que propriamente a voz.
Você passou às mãos pelo pescoço.
O homem franziu a testa para você sem entender.
Você engoliu novamente. Agora aparentemente relaxando um pouco, a adrenalina caindo do seu corpo, você percebeu que sentia dor em todos os órgãos do seu corpo, a garganta ardia, o corpo ardia, era muita dor. Você começou a piscar pesado. Estava ficando difícil.
"Você precisa descansar. Vou administrar uma dose maior de remédio para a dor." Ele se virou e anotou novamente algo na prancheta. "Vou dar uma olhada na sua medicação." Ele avisou antes de caminhar lentamente até o tripé que a minutos antes você estava tentando agredi-lo.
Você acompanhou a movimentação dele. E ele ergueu os braços para cima, deixando suas mãos a mostra.
Quando ele se aproximou, você instintivamente grudou no colarinho do jaleco dele, fazendo com ele perdesse o equilíbrio.
"O que vocês querem comigo?" Você não sabia se ele tinha entendido, a voz ainda não saia de você como deveria.
O médico tentou se endireitar, mas você segurou firme a mão no jaleco dele. Fazendo com que ele instintivamente segurasse seu pulso.
"Não queremos nada com você. Estamos apenas cuidando de você…"
Vocês dois foram interrompidos quando a porta abriu atrás de vocês, e ambos dirigiram o olhar para a porta. A menina que anteriormente havia aberto a porta antes desse homem entrar, estava parada na porta olhando para você, e para o médico.
"Que porra…?" Ela falou.
E instintivamente você soltou o jaleco do médico e o empurrou para longe de você.
O homem se endireitou, arrumando sua roupa. E andando em direção a porta. Claramente descontente.
Ele parou atrás da garota antes de falar
"Volto em breve com sua medicação." E desapareceu no corredor.
Joseph chegou na enfermaria, perplexo.
"Peça para que Maria venha até aqui, assim que ela puder." Ele falou antes de se certificar de quem de fato estava lá presente.
"Já estou aqui." Ele ouviu a voz de Maria e se virou para ela. "Ellie foi me chamar assim que teve oportunidade."
Joseph assentiu. "Ela é uma selvagem!"
"O que você quer dizer?" Maria perguntou, enquanto cruzava os braços na frente do corpo.
"Ela me atacou, quase jogou o tripé de soro em mim, e por pouco não me retalhou com as mãos, porque Ellie chegou bem na hora e ela se conteve. Simplesmente não tem como se aproximar dela."
Maria ficou séria. "Precisamos dar um tempo a ela."
"Eu entendo que ela deva ter passado por muita coisa, mas como não consegue perceber que estamos ajudando?"
"Vou conversar com ela assim que possível. Mas acho que seria interessante mantê-la com companhia de outras mulheres, talvez ela se sinta mais segura." Maria caminhou em direção a saída.
A garota fechou a porta atrás dela. E você ficou paralisada apenas acompanhado ela com o seu olhar. Ela também se encostou no canto do quarto, em frente a mesa. E ficou te olhando. Alguns minutos se passaram enquanto vocês se encaravam em silêncio.
"Meu nome é Ellie." Ela falou.
E você continuou apenas a encarando. Ela não parecia uma ameaça eminente, mas de qualquer forma, não dava para ter certeza, mesmo assim, você conseguiu se sentir um pouco mais confortável com ela, do que com o homem.
Ela ergueu as sobrancelhas, e colocou as mãos nos bolsos de trás. O que te fez estralar os olhos e esticar o braço pra alcançar a única coisa que você poderia usar - por mais ridículo que fosse - como uma arma, o tripé do soro. Mas Ellie sorriu. Você não entendeu. Seus olhos se acirraram para ela.
"Você não se lembra não é?" Ela perguntou, e você franziu a testa. "Ok…" Ellie se desencostou da mesa, e você segurou mais firme o tripé, mas apenas em caso de necessidade. "Eu te encontrei em uma cabana, a alguns quilômetros daqui."
Você franziu mas a testa, forçando a mente. E então, por um momento, você lembrou. "Me mate por favor" ela deveria ser a figura que você viu quando ainda estava presa. Você aos poucos relaxou a mão que segurava firme o tripé do soro.
Sua cabeça abaixou um pouco, olhando novamente para as marcas nos seus pulsos. E consequentemente, todos os machucados nos seus braços.
Ellie estava parada no pé da sua cama, quando continuou. "Te trouxemos para cá…"
"Estou em um QZ?" Sua voz saiu rouca, suas mãos passaram pela sua garganta novamente, massageando.
"Não, aqui não é um QZ. Nós somos uma comunidade…"
"O que vocês querem de mim?" Você interrompeu novamente, se forçando muito, e seus sussurros roucos começaram a melhorar um pouco.
Ellie franziu a testa e inclinou a cabeça, confusa. "Não queremos nada de você…" direcionando o olhar para as marcas em seus pulsos.
Você sorriu sarcasticamente para ela. Até parece que alguém te tiraria daquele lugar, com vida, te trataria, alimentaria, de graça, sem querer algo em troca. Isso não existe. O que essa garota pensa que você é? Idiota? Você precisava sair desse lugar. Essa bondade não iria te enganar.
"Olha, eu sei que deve ser difícil"
"Você não sabe de nada, criança." Você a encarou.
"Vai se foder. Você está bem, e está sendo cuidada, está protegida. Se você quiser agir como uma idiota, fique a vontade, mas eu te salvei de apodrecer naquele lugar, e…"
"Eu não pedi para você salvar"
"É, você pediu para que eu te matasse, certo? Pois bem, advinha? A loucura é que, eu não sou como quem te deixou la, então, eu te salvei. Lide com isso. Vai ter que viver agora."
Você riu sarcasticamente de novo, balançou a cabeça.
"Um "obrigada" seria o suficiente…" Ellie falou, enquanto se afastava da cama.
Você a encarou com os olhos escuros.
"Bem que Joel me avisou. Aquele filha da puta sempre está certo, inacreditável!" Ellie falou, enquanto passava os dedos por cima dos olhos.
"Quem é Joel?"
Ela te olhou, e foi andando em direção a porta.
"Você deveria descansar, e ver se coloca essa cabeça neurótica pra funcionar, antes que você faça alguma bobagem sem sentido. Não sei pelo que você passou, de fato. Mas você está em um lugar bom agora, seria prudente se você aproveitasse isso."
Ellie saiu do quarto.
Quem era essa gente? Onde você estava? Será que você estava em coma, e aquilo tudo era fruto da sua imaginação?
Você colocou a mão no rosto. A dor latente da sua cabeça fazia seu ouvido zunir. A voz do médico e de Ellie ecoavam na sua cabeça. Repassando tudo que eles disseram. "Você está segura.", "Você está bem.", "Não queremos nada de você." Como poderia existir um lugar como esse? Limpo. Um hospital? Essas pessoas. Quem eram essas pessoas?
Nada fazia sentido para você. Você passou 20 anos da sua vida apenas lidando com o pior do ser humano. Lutando para sobreviver, se submetendo a situações horríveis para poder ficar viva, fazendo coisas que com certeza te condenariam em 10 países diferentes, mesmo que não importasse mais, mesmo que agora não existisse leis…, mas agora isso?
Era difícil de acreditar. Era impossível de acreditar. Você lembrou dos últimos anos e o pânico tomou conta de você, seus olhos encheram de lágrimas, não era para você nem estar aqui mais.
Você ficou parada imóvel, sentindo todos os seus músculos latejarem, em sinal de que você estava viva, mesmo depois de tudo. Mesmo depois daqueles anos de terror e tensão absoluta. Respirar doía, e isso fez você pensar que se Deus existisse ainda, provavelmente era uma punição para cada expirada e inspirada, te fazerem lembrar de tudo que você fez.
Depois de algum tempo, a porta se abriu de novo. Dessa vez você deduziu ser uma enfermeira. Ótimo, o médico ficou com medo. Ela foi até o prontuário, trouxe com ela alguns remédios. Ela não disse nada, apenas entregou a você, e quando você ficou olhando sem perspectiva de tomar o comprimido. Ela disse "são para dor".
Você olhou para ela e para os comprimidos. Mordeu os lábios. Não adiantava exitar agora, se fosse algo que te mataria, seria até melhor. Então você pega os compridos e toma. E em reflexo abre a boca para a mulher ver que os compridos foram ingeridos.
A mulher franzi a testa, a expressão dela muda, você pode ler um pouco dela, um pouco de pena passa por ela, e você fecha a cara novamente para ela. Fazendo com que ela se afaste e saia do quarto.
Você passa a mão por cima da sua costela, a dor aguda direcionada naquela região. Um flashback passa por você.
10 dias antes.
"Não vai fazer o que eu mando?" A voz em cima de você, enquanto um chute na sua costela tira o seu fôlego, fazendo você perder totalmente o ar.
"O que foi? O gato comeu sua língua?" Outro chute, e você se enrola nas suas pernas tentando se proteger.
"Vamos lá querida, eu sei que você pode falar comigo".
Dois homens seguram seus braços, e te esticam no chão. Fazendo você gritar de dor. Enquanto ele passa por cima de você, e segura suas bochechas obrigando você a olhar para ele, enquanto ele fala.
"É triste que você escolha o jeito mais difícil raposa." Ele libera seu rosto. E faz um sinal para os homens te levarem. "Amarrem esse pequeno monstrinho, e divirtam-se rapazes."
Você dormiu e acordou várias vezes. Era estranho pensar que você podia dormir sem ter medo de alguém vir te fazer mal, ou de algum infectado aparecer. Era estranho estar sob uma cama, macia, quente e limpa.
Dava pra pensar que você estava num mundo normal. Por mais que você estivesse cansada, o sentimento de se manter em alerta, era tão enraizado, que era impossível realmente dormir.
Cada vez que seus olhos fechavam, muitas imagens eram revividas na sua cabeça. Era difícil estar ali, você esfregou suas mãos no seu rosto várias vezes, na esperança de afastar tudo para o fundo do seu cérebro. Mas não tinha como.
Você tentou várias vezes pensar que nada mais importava, você era só um pedaço de carne, sobrevivendo em meio a urubus.
Tentou desligar sua humanidade, para que tudo aquilo de alguma forma não te afetasse tanto. Mas nada funcionou. Agora levantando seus braços vendo todos aqueles roxos na sua pele, os cortes com pontos na perna, os ralados, os pulsos com as marcas das amarrações, era inevitável.
A dor estava tatuada na sua pele. Pra sempre.
Seu corpo inteiro era a prova de crimes. Seu corpo inteiro era uma amostra do que o ser humano é capaz.
Você julgou ter passado uma noite. Pensou que provavelmente era um novo dia.
Os seus pensamentos foram interrompidos quando bateram na porta do quarto, e abriram. Não dando tempo de você se preparar ou algo assim. Quando a porta abriu, era uma mulher.
"Oi, espero não ter te acordado." Ela falou, enquanto caminhava para ficar na reta dos seus pés, em sua frente. "Meu nome é Maria. Eu ajudo a organizar as coisas aqui dentro da comuna."
Você franziu a testa. Comunistas então? Você ergueu as sobrancelhas, mas não falou uma palavra.
Maria sorriu meio sem graça pela sua falta de simpatia
"Estão cuidando bem você?", o silencio ficou inconveniente. "Certo. Foi bom saber que você acordou, e está se recuperando. Eu passei para dizer que temos uma psicóloga, e ela vai estar a sua disposição."
Mulheres, você pensou, sempre tão mais inteligentes que homens, ela certamente já tinha passado te ver, e ela certamente tinha ideia do menor dos abusos que você sofreu sem você nem ter dito uma só palavra. E já sabia que você deveria estar fodida da cabeça.
Ela ficou estudando seu rosto enquanto você pensava, e certeza de que ela conseguia ouvir seus pensamentos.
Ela balançou a cabeça, assentindo para você e abriu os braços numa rendição
"Se você precisar de algo, pode me chamar, e quando você se recuperar tiver alta, vamos nos encontrar para conversar, vou te mostrar nosso lugar, e também explicar como funciona. Você é livre aqui."
Você ouviu sem conseguir pensar em absolutamente nada.
"Mas temos algumas condições, e você decide se pode se encaixar nelas ou não."
Lógico que teria um, porém. E esse, porém era definitivamente algo que não iria te encaixar. Maria estreitou os lábios. Assentiu com a cabeça, juntou as mãos, em uma palma silenciosa, deu alguns passos para trás, e saiu.
Se você era livre, então você poderia ir embora. Se você pudesse ir embora, então você não tinha sido vendida, não era escrava.
Você não conseguia ficar tranquila nesse lugar.
Quando você fechou os olhos nessa noite para dormir. Você lembrou do cheiro amadeirado, do conforto de um braço forte segurando seu corpo mole e frio, o timbre de uma voz masculina.
De onde era essa lembrança?
Três semanas depois.
A sua recuperação era lenta. Você estava muito arruinada, em todos os sentidos. Eram fraturas, cortes, problemas com a alimentação, problemas com a desidratação, problemas intestinais, problemas, problemas, problemas.
Todos os dias Ellie passava para te ver. Você não tinha relógio, mas jurava sempre ser no mesmo horário.
Por mais que você não falasse quase uma palavra. A garota tinha seu mérito, ela conseguia ser tão irritante que era quase impossível não responder as vezes. E ela parecia satisfeita com o trabalho irritante que desempenhava com você.
"E aí… olha, tiraram a sonda!" Ela aparentemente ficou mais feliz que você. A maioria das vezes ela chegava e tagarelava muitas coisas, algumas faziam até você rir.
Você sabia que tinha sido ela que tinha te "salvado", você tinha sua porcentagem de gratidão, mas não queria ter nenhum vínculo com ela, não queria que ela pensasse que vocês eram amigas. Ou que ela tinha essa opção. Ou que ela tinha obrigações com você. A garota tinha energia, e é muito inteligente para a idade dela.
Mas você sabe o que acontece com quem você gosta. Então era um favor para ela, que você a mantivesse longe o suficiente de você.
"Seus pais deixam você passar seu dia atormentando uma completa estranha moribunda?"
"HA HA HA. Eles não deixariam, provavelmente. Se eu tivesse pais. Mas como eu não tenho, eu posso atormentar você o tempo que quiser."
Você revirou os olhos.
Estava explicado porque ela estava empoleirada em você. Duas pessoas sem perspectivas nenhuma de vida. A união da solidão de vocês, deve ter parecido algo justo para Ellie. Algo em comum.
Por mais que você não correspondesse a 90% do que a garota investia em voce, ela não desistia. Ela passava, te via, ficava alguns minutos em um monólogo, citando várias pessoas que você não tinha idéia de quem fossem, e depois ela percebia que você estava sem alma na frente dela, dizia que te deixaria descansar e ia embora.
Essa ânsia juvenil te lembrava muito duas pessoas que fazem seu coração esmagar dentro do seu peito, e que você se esforça todos os dias para empurrar essa memória pra dentro de você o mais fundo que você pudesse. Mas Ellie trás a superfície tudo a tona, todos os dias. Você pode odiá-la por isso. Mas apenas se reserva a fomentar sua dor, seu fracasso e sua inutilidade.
As dores na costela estavam melhores. Você podia se sentar um pouco. E pelos seus cálculos, você já estava pra receber alta. Fazia no mínimo umas duas semanas que você ficou ali naquele quarto.
Joseph chegou enquanto Ellie ainda estava com você no quarto e veio acompanhado de Maria, e você já conseguiu imaginar do que se tratava.
Todos eles no seu quarto ao mesmo tempo, te fez ficar nervosa. Seu corpo respondendo a uma ameaça invisível.
"Como se sente hoje?" Joseph perguntou enquanto fechava a porta atrás de Maria.
"Bem" Você cumprimentou Maria com a cabeça, ela retribuiu. E enquanto isso, você analisava as movimentações de Joseph pelo quarto.
Ele foi até a mesa, e segurou seu prontuário, enquanto se virava para você.
"Bom, acho que terminamos por aqui, você pode se recuperar em casa, e vir pra uma consulta daqui 15 dias. Mas se você se sentir mal, ou com dor, pode me procurar antes." Joseph sorriu quando terminou de falar.
Voltar daqui 15 dias? O que é isso? Uma colônia de férias? Alguém avisou pra esse pessoal que mundo acabou em monstros fúngicos que transformam outras pessoas em fungos, e que basicamente tudo foi para os ares?!
"Certo." Você se sentou devagar na cama, e fez esforço para conseguir descer, Ellie se antecipou ao seu lado, fazendo com que você congelasse.
"Só ajudando" ela falou enquanto estendia o braço pra você. Você a encarou, e ela levantou as sobrancelhas para você, te fazendo ceder. Você se apoiou no braço dela, pra te ajudar a descer, você gemeu enquanto se movia pra sair da cama. Ellie te segurou, enquanto você tentava ficar de pé.
Vocês duas eram quase do mesmo tamanho. O pensamento te estremeceu. Era difícil pra você não pensar nas coisas que poderiam fazer com ela.
Instantaneamente você puxou seus braços dela. Fazendo com que ela levantasse as mãos na sua frente.
"Só ajuda." Ela murmurou para você novamente, erguendo as sobrancelhas. E se virou para Joseph "Tem certeza que ela está boa pra ir pra casa?" Ellie perguntou, os olhos preocupados.
"Sim, absoluta, ela vai ficar bem. A rotina, sua privacidade vai ser um ótimo aliado também para a recuperação." Josefh falou enquanto colocava a mão nos ombros de Ellie para tranquilizá-la.
Você se apoiava na cama, e quanto Joseph retirava o acesso de seu braço. Ele tentava o mínimo possível tocar em você, e você agradeceu silenciosamente.
"Prontinho" Joseph falou, após retirar o acesso e fazer um curativo. "Segure apertado para mim por um tempo." Ele indicou o algodão em cima da onde o acesso perfurava sua pele. Você segurou.
Maria começou a falar atrás de você, do outro lado da cama.
"Eu trouxe algumas roupas pra você, e também alguns sapatos, mas o que ficar grande nós podemos dar uma olhada e tentar achar algo melhor pra você. Depois que se trocar quero te mostrar Jacksonville, e conversar com você sobre nosso lugar." Maria falou enquanto deixava uma mala com as roupas e sapatos, sobre a cama entre vocês duas.
Ellie ainda ao seu lado, indicou com a cabeça a bolsa, te incentivando a pegar a mala. Você olhou pra mala, olhou para Maria, depois a enfermeira, o médico Joseph, e então de volta para Ellie.
Você iria sair daqui. Era o momento que você saberia se estaria realmente livre. Você precisaria de roupas se quisesse dar o fora dali, então … você pegou a mala.
Maria abriu a porta, esperando que você passasse por ela.
Sair daquele quarto. Desde que você acordou, você está naquele quarto. Aquele quarto tornou-se aos poucos seu ambiente seguro. Seu lugar. A sua bolha. Sair dele significava que você estaria fora da bolha. Em contato com pessoas. Em contato com o lado de fora. Algo que você nem sabia. Algo que você não tinha ideia do que esperar.
Maria balançou a cabeça, indicando o lado de fora para você, ela estava animada, gentil. E você estava apavorada e em pânico. Sentia um bolo gelado formando na boca do seu estômago, uma ansiedade correndo pela extremidades do seu corpo.
"Deixa, eu levo pra você." Ellie passou às mãos na alça da bolsa, e foi andando para fora do quarto. "Vem, vou te mostrar o banheiro aqui do lado de fora, você pode tomar um banho sem toda aquela merda de fio, e se trocar."
Você estava congelada com o pânico. Aquilo significava um passo muito grande.
"Vem" Ellie estava sendo gentil. "Eu fico na porta se isso te fizer se sentir melhor."
Você não queria que eles pensassem que você estava a mercê deles. Que você era frágil. Que você tinha medo. Que você era fraca. Ou algo que precisava ser defendido. Você não era isso. Não precisava disso.
A impulsividade te fez caminhar, pegar a bolsa da mão de Ellie.
"Eu sei me cuidar sozinha, criança" você falou enquanto passava por ela.
"Certo. Tão meiga e adorável" Ellie disse revirando os olhos.
Maria sorriu. E apontou para uma porta no corredor. Enquanto você passava por ela. De fato. Era um hospital. A porra de um hospital. No meio de um apocalipse. Um hospital com médicos, e enfermeiras. E medicamentos. Não era grande coisa comprado com o que você e a humanidade tinha antes do surto. Mas era muito coisa comparado ao que, o que sobrou da humanidade poderia ter depois do surto.
Era uma mina de ouro da saúde. E você achou aquilo estranho. Duvidoso. Como aquilo poderia estar funcionando? Quantas pessoas morreram para que aquilo estivesse funcionando? Como ninguém ainda tinha invadido aquele lugar?
Joseph apareceu do seu lado, te fazendo pular.
"Desculpa, não queria te assustar" ele sorriu. Enquanto você depositava toda sua força segurando a alça da bolsa como se sua vida dependesse daquilo. Se concentrando em algo para não surtar. "Legal, né? Conseguimos um bom material, e nos viramos bem aqui com cirurgias e atendimentos." Ele falou enquanto apontava pelo corredor.
Você assentiu.
Maria chegou do seu outro lado, indicando a porta do banheiro. Você assentiu novamente. Olhando para as pessoas que te seguiam curiosas. Provavelmente pensando que você iria ter um acesso de raiva e sairia correndo, gritando e atacando alguém. Todos fazendo movimentos lentos, e com olhos cuidadosos sobre você.
Você abriu a porta do banheiro, meio irritada.
Ellie parou do lado de Maria.
"Acha que ela vai conseguir?" Ela sussurrou.
"Precisamos tentar." Maria também sussurrou.
"Não sei, todo esse tempo, quase um mês, e se ela falou 10 palavras, é quase um milagre."
"Ellie, não sabemos pelo o que ela passou. Podemos ter uma imaginar. Mas jamais teremos ideia do que realmente ela passou. Se ela não se sentir confortável em contar, também não saberemos. Jackson é um lugar bom. Fora dos muros coisas horríveis acontecem. Dê um tempo a ela."
Ellie assentiu, com as mãos no bolso, preocupada.
"Ela parece que vai sair correndo a qualquer momento. Queria que ela se sentisse segura. Que ela entendesse que esta tudo bem aqui."
Maria sorriu.
"É muito gentil da sua parte Ellie. Mas, isso depende só dela. Vai dar tudo certo. Você pode se sentir feliz, ela gosta de você, da pra ver, ela age como um animal arisco, mas ela gosta de você, você é a pessoa com quem ela mais tem contato, e em quem ela aparentemente confia. Mesmo que ela lute para demonstrar ao contrário."
Ellie sorriu, pensativa. Um pouco reconfortada. Ela queria que você se sentisse bem. Ver todo o seu corpo machucado, fazia Ellie sentir raiva. Raiva de saber que existe pessoas que tem coragem de tratar as outras como animais.
Em uma noite, depois do jantar, Joel estava sentado na varanda, dedilhando algumas notas no violão, enquanto Ellie lia algum livro, ou pelo menos tentava. Joel via pelo canto do olho, ela abaixando e levantando a cabeça incontáveis as vezes, sem nenhuma concentração na história que ela se esforçava para ler.
"Ellie?"
"Hmm?" Ela olhou para ele.
"O que está acontecendo?" Ele descansou a mão nas cordas do violão.
Ela demorou um tempo. Joel quase via as engrenagens da cabecinha dela entrarem em parafuso.
"Garota?"
"É só que…" ela fechou o livro, e jogou na frente dela. "Não consigo entender."
"O que você não consegue entender?"
"Como alguém fica naquele estado?" Ela perguntou olhando para a parede.
Joel entendeu do que ela estava falando. A mulher. Ele suspirou. E colocou o violão encostado na parede, e se inclinou pra frente na cadeira, apoiando seus braços em seus joelhos.
"As pessoas la fora, não são boas Ellie. Você sabe."
"Sim, eu sei. Mas como podem ter coragem? Você não viu as marcas nela. Você não viu as marcas no pulso dela. Ela nem tinha como revidar, como se defender. Devia estar presa sempre."
Joel sentiu o coração apertar, ver Ellie pensando sobre essas coisas, o deixava enjoado.
"Deve ser horrível. As coisas que ela deve ter passado. Joseph a chama de animal arisco." Ellie estava triste. Joel franziu a testa. "Mas imagine? Com todos aqueles machucados, como ela deveria se sentir? Depois que limparam ela… Joel… você não faz ideia de como ela estava machucada."
Joel aterrou os dentes, a mandíbula dele ficou tensa. Seus dedos dele se entrelaçaram com força. Ele fazia ideia sim.
Joel se levantou, e caminhou até onde ela estava sentada no chão, e se agachou perto dela, suas mãos alcançaram o queixo de Ellie, levantando seu rosto para que ela pudesse olhar para ele. Joel encontrou os olhos de Ellie marejados.
"Garota, você fez um bom trabalho. Ela está a salvo agora. Sendo cuidada. Você fez muito bem. Ela vai ficar bem. Vamos proteja-la. Prometo."
Ellie assentiu, e Joel limpou uma lágrima que escorria pela bochecha dela.
Ellie consegue se lembrar dessas palavras de Joel. Ele iria proteja-la. E ela sabia que ficaria tudo bem.
Assim que você entrou no banheiro, a primeira coisa que saltou em sua direção, foi sua imagem no espelho, que você rapidamente desviou o olhar. Quase se agachou na tentativa apavorada de se esconder do seu reflexo. De evitar aquele objeto. Como se a imagem que fosse refletida te causasse choque. Te causasse dor.
Você colocou a mala em cima de uma mesa pequena que ficava ao lado da pia. Examinou algumas roupas. Escolheu uma calça, que possivelmente ficaria bem certa em você. E uma camisa de manga longa, numa tentativa de esconder a maior parte do seu corpo.
Tinha um tênis, all star preto, e você verificou, que o número era um a mais que o seu, mas foda-se iria servir. Meias grossas iriam ajudar.
Você tirou sua camisola de hospital. Pegou sabonete, shampoo e condicionador. Você sorriu ironicamente olhando para aqueles itens, era irreal. Apesar de já ter tomado banho, e achado surpreendente o fato de ter água quente, agora era definitivamente a primeira vez que você iria tomar um banho, sem todos os fios de medicamento limitando sua movimentação.
Você ligou o chuveiro, entrou de baixo. E se apoiou na parede em sua frente, sentindo a água correndo pelo seu corpo. Esfregou os cabelos. Olhou para o seu corpo, completamente escoriado, e começou a passar o sabonete em você.
Cada cicatriz, uma lembrança. Seu coração começou a acelerar, cada centímetro do seu corpo, significava algo de ruim. Você começou a esfregar o sabonete mais forte em você. Cada vez mais forte. Sua respiração começou a falhar, você sentiu sua visão embaçar.
Você estava tentando limpar de você todas aquelas memórias. Sua cabeça ficou no mudo. Você sentiu dor. Seu estômago revirou. Você deixou o sabonete cair. Se abaixou encostada na parede, abraçando forte seus joelhos, pressionando-os em seu peito. Tudo parecia um borrão.
Você foi puxada pra realidade de novo. A voz da Maria atrás da porta fechada.
"Tudo bem aí?"
Você encarou a porta.
Não sabe quanto tempo ficou ali. Sua respiração irregular. O aperto forte de seus joelhos contra seu peito, te fez perceber a dor aguda que causava nas suas costelas. Você foi se soltando aos poucos, percebendo que seu próprio aperto dificultava a sua respiração.
"Sim" você falou ofegante. Se levantando de vagar por causa das dores. "Saio em 1 minuto" suas mãos escoradas na parede novamente. Você fechou os olhos e respirou fundo. Sentindo a pontada no peito.
Desligou o chuveiro.
Vestiu suas roupas. Ficava um pouco grande pra você. Mas ninguém iria para um desfile de moda, então, nada disso importava. Calçou seus tênis. Se segurou na pia. Sem olhar para o espelho.
Piscou algumas vezes. Repetiu na sua cabeça "você consegue", "você pode fazer isso". Era difícil se preparar mentalmente pra algo que você não fazia ideia do que era. Não sabia o que esperar. Era correto confiar nessa gente? Embora esse um mês, eles não tenham feito nada além de cuidar de você. Não tinha nada em você, que lembrasse de algo bom. Algo bom no mundo.
E você teve que aprender que se algo era bom para você, e esse "algo" era uma pessoa, e se essa pessoa estivesse perto de você, ela sofreria. Você teve que aprender a afastar tudo que era bom pra você.
Você sentia que se aqui era bom pra você. Você precisava se afastar o mais rápido possível. Porque em algum momento você iria destruir isso. Você sabia que você destruiria.
Maria bateu na porta novamente.
Você pegou sua bolsa. Abriu a porta.
Ellie e Maria ficaram olhando para você.
"Um banho é tudo que você precisava" Ellie piscou para você.
Você franziu a testa. Como assim?
Maria sorriu, e fez um gesto com a mão te chamando para sair do banheiro, "vamos?"
Você deu um passo pra frente, Ellie pegou a bolsa de você, com um pouco de relutância da sua parte, quando você percebeu que ela estava puxando a bolsa de você, você segurou mais firme, mas ela te olhou tipo "qual é o seu problema?" e acabou soltando, cedendo a gentileza da garota.
Maria estava andando na sua frente, a cada três passos olhando para trás para estudar você. Você a seguiu por um corredor longo. Tinha algumas pessoas dentro de algumas salas, você conseguia ver por sua visão periférica.
Ela difícil se concentrar. Você percebeu que a luz tinha som. A energia zunia em cima de você. Pessoas conversando. Várias pessoas conversando. Vozes e mais vozes. Seus passos. A bagunça sonora no seu cérebro te deixava atordoada.
Fazia muito tempo que você não estava assim. Livre.
Vocês se aproximaram a uma porta, e você escutava o som da vida do outro lado. Maria parou, te olhou. E olhou para Ellie também.
Você olhou para as duas. As pernas trêmulas. Chegou o momento. Era isso. Você começou a respirar mais rápido.
Maria percebeu seu peito se movendo de forma irregular.
"Está tudo bem. Você pode se sentar se quiser.."
"Estou bem. Podemos ir."
Maria olhou para Ellie, que deu de ombros. E então Maria empurrou a porta na sua frente.
A luz do dia, o sol na sua pele. Seu olho se irritou com a claridade. Você sentiu Ellie colocar a mão nas suas costas, e chegar ao seu lado, indicando com o queixo o lado de fora, para você seguir.
Você não sabia se ia conseguir andar. Suas pernas pareciam estar pregadas ao chão. A mão de Ellie na sua costa, te fez ficar mais rígida.
Você se esquivou do toque dela, e se forçou a andar. Passar pela porta. Maria segurou a porta aberta até vocês passarem, e agora sim, você podia dizer que estava em pânico.
Era a porra de uma cidade inteira. Muitas pessoas andando. Luzes. Enfeites. Pessoas. Casas. Comércio? Pessoas. Crianças. Pessoas. Barulho. Conversas. Risadas. Pessoas.
Você começou a respirar mais rápido. Seus olhos corriam de um lugar para o outro. Pessoas. Muitas pessoas. Seu coração parecia que ia parar. Seu peito sentiu uma pontada.
Perfeito. Cheguei até aqui, para infartar. Você pensou.
Maria chegou ao seu lado.
"Ei" ela falou.
Seus olhos arregalados como se estivesse em um filme de terror.
"Ei. Respira. Está tudo bem. São só pessoas." Ela falou em um tom preocupado.
"Exatamente. Pessoas." Você falou pausadamente, puxando o ar. Sentindo suas mãos tremerem.
"Ellie, me ajuda, vamos movê-la para a esquina" Maria passou o braço pelo seu ombro, sentiu seu corpo enrijecer. Ellie passou o outro braço pela sua cintura.
Você estremeceu. Se esquivou delas. A visão estava embaçada.
"Não toque em mim" você falou um pouco alto. "Não toque em mim!" Você foi dando passos para trás.
"Está tudo bem" Ellie foi andando em sua direção, deixando a bolsa cair no chão.
Você foi dando passos para trás, olhando de um lado para o outro. As coisas pareciam se mover rápido demais, tudo fazia muito barulho. Era difícil se concentrar.
"Fica longe de mim" você gritou para ela. As mãos esticadas na sua frente.
Maria tentou se mover.
"Não!" Você gritou. Levantando um dedo para ela.
Seus olhos saltaram pra um homem se aproximando de Maria. Você estava completamente ofegante. Não conseguia mandar ar o suficiente para seus pulmões que queimavam em seu peito. Sua vista começou a escurecer, pontinhos pretos piscando.
Ellie e Maria estavam te olhando assustadas. Maria fez um sinal para o homem que se aproximava dela ficar onde estava. Era como se você fosse uma bomba pronta pra explodir.
Suas costas trombaram em algo. Você engasgou. Se virou rapidamente. Era um homem alto, costas largas, braços longos e fortes, de cabelo levemente grisalho, forte, olhos castanhos profundos. Barba por fazer. Rosto bem delineado. Sua testa estrava franzida.
Ele segurou ao redor de seus braços, e você começou a se debater, tentando se livrar dele.
"Calma, calma" ele falou, a voz soou familiar para você. Mas não te impediu de continuar se debatendo no aperto dele.
"Me solta" você o empurrava. "Não…"
"Ok, ok. Olhe para mim" ele segurou mais firme em você, aguentando todos os socos e empurrões que você desferia no peito dele, se inclinando para ficar na sua altura.
Você lutou o quanto pode. Mas a falta de ar, foi te fazendo perdendo a força, as pernas amolecendo, cansaço, a vista escurecendo mais e mais.
Ele sentiu seu corpo sucumbindo, foi te segurando até vocês dois estarem de joelhos no chão.
"Olhe para mim, respire." Uma das mãos dele seguravam seu rosto. A mão tão quente, que instintivamente você descansou a cabeça na palma da mão dele. "Fique comigo. Olhe para mim, me diga que cor são meus olhos"
Você tentava respirar. Mas não evitou olhar para ele.
"Castanhos"
"Ótimo. Agora como está o céu?"
Você franziu a testa para ele. Tentando respirar, e ele segurando você para não desabar.
Você olhou para cima. Os olhos irritados da claridade.
"Limpo"
"O que você vê atrás de mim?"
Você demorou para olhar atrás dele. Ele ergueu as sobrancelhas.
"Você está indo bem. Fala para mim o que tem atrás de mim…"
"Um sobrado."
"Bom. Do que ele é feito?"
Você mordeu os lábios. A respiração estava mais fácil. Você estava respirando.
"Madeira"
"Bom trabalho"
Sua respiração ficando cada vez mais estável. Você estava de joelhos, abaixou a cabeça, respirando melhor.
Ele se levantou, ajudou você a se levantar. As mãos ainda ao seu redor.
"Melhor?" Ele perguntou baixinho. Buscando seus olhos. E se afastando calmamente de você com calma.
Você assentiu. Passou os braços na frente do seu estômago se segurando.
Joel podia ver os nós das suas mãos brancos, com a força que você fazia se segurando.
Você não olhava para ele.
"Você tem um bom direto cruzado" ele falou por cima de você, fazendo um sinal para Maria e Ellie.
Você franziu a testa, e olhou para ele a tempo de vê-lo chamando as duas. Você se virou, sua cabeça se movendo pra trás. Elas estavam a uns 7 passos atrás de você.
Você também viu que as pessoas estavam todas paradas olhando para você. A cidade tinha feito silêncio enquanto assistia seu ataque de pânico.
Maria e Ellie caminharam até você com calma. O homem que se aproximou de Maria enquanto você gritava com elas, pegou sua bolsa no chão que Ellie tinha soltado.
Quando você viu ele se aproximando você estava preparada para sair dali, mas Joel colocou a mão no seu ombro gentilmente, e você se esquivou.
Ele ergueu as mãos em rendição para você.
"Está tudo bem" Maria falou, e quanto você olhava em direção ao homem atrás dela, segurando sua bolsa. "Este é Tommy, meu marido."
Você serrou os olhos. "E este é Joel, meu cunhado." Ela apontou para o homem ao seu lado.
"Talvez não tenha sido uma boa ideia, podíamos ter saído a noite, era menos movimento." Ellie falou ao lado de Maria.
Maria fez um gesto, para cima e se virou para as pessoas que estavam todas paradas observando vocês "Certo pessoal, circulando…" ela bateu palmas.
Você pulou com o barulho.
"Está tudo bem, vamos te tirar da rua" Maria apontou para a rua atrás de vocês.
Seus braços ainda estavam presos em você. Você olhou para eles. Você não ia para lugar nenhum com todos eles. Os números não eram justos caso você precisasse se defender.
Você balançou a cabeça.
"Ok, podemos ficar aqui então."
Ellie fez um sinal para Joel e depois olhou para Tommy.
Joel assentiu para ela, e ela alcançou a bolsa que Tommy segurava, Joel se afastou de você com calma. E passou pelo irmão, que o acompanhou para longe de vocês.
Joel estava com Tommy, consertando o degrau de uma das lojas próximo ao hospital.
Os dois escutaram alguém gritando, e ambos levantaram a cabeça olhando em direção ao grito.
Tommy e Joel se entreolharam, e em um movimento ensaiado, os dois se levantaram e se direcionaram para a rua.
Tommy viu Maria e quanto tentava segurar você. Joel viu Ellie tentando te carregar.
Os dois viram você se esquivando como se fosse sabonete, da tentativa de ajuda das duas, se empurrando delas.
Joel te viu, e ele entendeu na hora. Você estava em pânico. Seu rosto estava todo estralado. Seus olhos arregalados, suas mãos tremiam, e você puxava o ar com tanto esforço que parecia que tinha uma mão invisível ao redor do seu pescoço te enforcando.
Tommy e Joel saíram em direção a vocês. Mais cedo, no café, Maria tinha comentado que você receberia alta, e que iria sair finalmente do hospital.
Tommy pediu para que Maria tomasse cuidado. Não sabia o que esperar de você. Uma vez que você estivesse fora de quatro paredes.
Mas quando Joel viu você apavorada no meio da rua. Quando ele viu Ellie apavorada vendo você apavorada e sem saber o que fazer para ajudar.
Foi instintivo nele. Ele sabia o que era ficar tanto tempo sozinho, e depois estar no meio de tantas pessoas. Ele sabia o que era ter uma perspectiva horrível do mundo, e então chegar em um lugar que funcionava normalmente como se o apocalipse nunca tivesse existido.
Ele sabia também qual era a queimação que o pulmão reproduzia quando o medo tomava conta do corpo de tal forma, que impedia o ar de chegar aos pulmões.
Ele foi se aproximando de você lentamente, até que ele conseguisse te segurar.
Assim que ele encostou em você, ele sentiu seu corpo enrijecer, você tremia inteira. O pânico nos seus olhos era algo que ele só havia visto, nos olhos de homens que ele estava prestes a matar. A dor que você irradiava era a de homens que ele torturou.
O peito dele rachou.
Mas ele ficou satisfeito quando você lutou. Embora você fosse pequena, era possível que você quebrasse a mão se continuasse batendo nele assim.
Ele sabia exatamente o que precisava fazer para que você se acalmasse. Um exercício que a psicóloga ensinou, quando ele chegou em Jackson e estava mentalmente fraturado ao ponto de entrar em pânico também.
A agitação em você, estava fazendo seu corpo ceder. Ele não podia deixar você desmaiar. Seria pior. Você não se lembraria. Acordaria em um ambiente que você não conhecia, e nem estava acostumada. Só aumentaria sua insegurança.
Por sorte, ele conseguiu. Por algum motivo você se focou nele. Você respondeu às perguntas dele. Sua respiração foi voltando ao normal. Você estava se recompondo.
Ele queria ficar ali. Pensou em dizer que estava tudo bem. Mas ele também sabia que isso não iria ajudar em nada.
Você estava apavorada. De algum modo, ele gostaria de ajudar. De algum modo, ele quis ajudar.
Ver você se assustar com a Maria batendo palma. Fez com que Joel, ficasse ainda mais ressentido, a vida não tinha sido fácil para você.
Quando Ellie acenou para ele, ele entendeu que era sua deixa, você não ficaria confortável com Tommy e ele por perto.
Tommy estava com o rosto dilacerado.
"Ela vai demorar para se adaptar. Maria disse que ela tem o corpo todo coberto de cicatrizes" Tommy fez uma pausa, e parou a caminhada para olhar para Joel. "Ela tem um dono. Precisamos estar preparados. Caso ele venha atrás dela."
As palavras de Tommy, reviraram o estômago de Joel. Ele prometeu a Ellie que nada aconteceria com você. E ele viu a sua vulnerabilidade e medo exalando do seu corpo.
O que quer que tenham feito com você, tinha que ter acabado ali. Joel nem saberia dizer se você conseguiria voltar a viver normalmente um dia.
Mas ele ajudaria Ellie no que precisasse com você.
Joel assentiu para Tommy.
Maria colocou as mãos no bolso de trás, e se aproximou de você, mas mantendo uma distância. Ela olhava para você com cuidado.
"Me desculpe…" você falou, balançando a cabeça, "Eu…"
"Está tudo bem. Fique tranquila, está tudo bem"
Você se apertou mais ainda. Olhando para baixo.
"Bom, não sei se é o melhor momento, mas isso" Maria girou em torno do seu próprio eixo, e indicou com as mãos ao redor dela, "É Jackson. Na época do surto, havia esse condomínio fechado, e nós conseguimos organiza-lo de forma que, pudéssemos estar seguros."
Você ainda olhava pra o chão.
"Aqui temos casas. Produzimos nosso alimento. Conseguimos ativar a energia. Tem escolas. Hospital. Cinema. Restaurante. E tudo que precisamos para conseguir sobreviver."
Você assentiu.
"Todos nós ajudamos de alguma maneira. Fazemos as patrulhas ao redor da cidade, inclusive você foi encontrada por Ellie, em uma dessas patrulhas."
Você olhou pra Ellie. Que sorria gentilmente para você. Você assentiu.
"Temos serviços administrativos, de campo… todos temos uma atividade. Assim todos nós usufruímos de Jacksonville."
"Como você mantém a segurança e a paz aqui dentro?" Você perguntou quase como um sussurro.
Maria até se surpreendeu.
"Bom, todos aqui tem interesse em usufruir de uma boa casa, energia, comida e proteção. Cada um se esforça de um jeito pra que isso funcione."
Você assentiu.
"Quero te mostrar a casa que separei para você se acomodar." Maria indicou com a cabeça um caminho atrás de você.
Você se virou, e ela passou por você, e você a seguiu. Nesse momento, a casa pareceu o mais seguro a se fazer. Ellie estava ao seu lado. Vocês passaram pela rua, que aparentemente era a principal, e depois chegaram na rua lateral, caminharam até a entrada de um jardim, e havia um sobrado, na frente de vocês.
"Eu moro a umas cinco casas daqui." Ellie falou. E você olhou na direção que ela olhava, atrás de você.
Maria estendeu a mão para você, com uma chave.
Você ficou olhando.
"Pode pegar, você vai precisar dela pra entrar" ela sorriu.
"Porque você vai me dar a chave de uma casa?"
"Dã, pra você morar né" Ellie cortou Maria.
"Ellie!" Maria a repreendeu, e ela deu de ombros. "Eu pensei que talvez você quisesse ficar um tempo por aqui. Até estar 100% recuperada. E depois se quiser ficar, pode ajudar em alguma atividade se quiser"
Você bufou e sorriu ironicamente "Então eu preciso pagar?" Você interrompeu Maria "Estou em dívida com vocês? É isso?"
"De jeito nenhum. Mas se você quiser ficar aqui, eventualmente precisaremos da sua ajuda. É assim que funciona para todos"
Seus olhos investigaram o rosto de Maria. Ela não parecia mentir. Mas também, você não tinha confiança nenhuma em ninguém.
Você pegou as chaves.
Ellie esticou a mala pra você.
Você assentiu para as duas. E caminhou em direção a porta. Abriu. Entrou. E trancou todas as trancas. Jogou a bolsa no chão. Arrastou um móvel que ficava próximo da porta, na frente dela.
Ellie e Maria se entreolharam.
Elas escutaram o móvel sendo arrastado dentro da casa.
"É isso." Maria falou.
"Não foi tão difícil." Ellie completou.
Maria sorriu. Passou o braço nos ombros de Ellie, caminhando para a rua.
"Quando você vai falar com ela?" Ellie perguntou.
"Vou esperar um momento. Para que ela se acomode."
"Acha que ela vai ficar?" Ellie perguntou.
"Vamos torcer para que sim."
Capítulo 03 - A história.
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