MASTERLIST • FANFICS
Don't wanna be here? Send us removal request.
harrrystyles-writing · 7 hours ago
Text
It's a casual ?
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Inspirado na música: Casual — Doja cat
O silêncio entre nós era tão familiar quanto o peso do corpo dele ao meu lado, minha pele ainda carregava os vestígios do que havia acontecido há pouco tempo, o toque dele, o calor, os sons, como tudo parecera tão certo, nossas roupas ainda estavam espalhadas pelo chão, meu vestido caro repousava sobre a poltrona, enquanto a camiseta dele largada perto da mala de viagem, exatamente onde ele a jogou assim que chegou
Sempre a mesma cena.
Sempre o mesmo final.
Harry respirava profundamente que, por um instante, pensei que ele havia dormido, então, seu braço deslizou preguiçosamente pela minha cintura, puxando-me para perto.
— Você está acordada? — Seu peito quente encontrou minhas costas, sua voz estava rouca pelo sono.
— Sim.
— Sabe, fiquei com saudades de verdade de você. — Seu rosto encaixou no vão do meu pescoço, um arrepio veio instantaneamente.
Engoli em seco, porque não queria que ele percebesse como meu coração acelerava toda vez que fazia isso, toda vez que falava desse jeito, como se fosse meu.
— Na próxima, então não demora tanto para vir me ver. — Me esforcei para soar indiferente.
— Tá bom, eu prometo. — Ele riu e deixou um beijo suave em minha orelha. — Boa noite, amor.
Ele me chamava assim todas às vezes.
E todas às vezes, dizia a mim mesma que não significava nada.
— Boa noite.
Harry se aninhou contra mim e relaxou, como se dormir ao meu lado fosse seu lugar favorito no mundo.
Já fazia três anos que isso acontecia, três anos desse nosso lance casual e secreto, podíamos passar meses sem nos falar, sem trocar uma única mensagem, mas sempre que nos encontrávamos, era como se nunca tínhamos ficado longe.
E era isso que me destruía.
...
Quando acordei, a luz do sol incomodava meus olhos através das cortinas, a primeira coisa que senti foi o calor do corpo dele colado ao meu, o cheiro dele ainda impregnado na minha pele, meu coração se apertou quando percebi que estávamos abraçados, seu braço ainda estava firme ao redor da minha cintura, sua respiração lenta contra meu pescoço, me deixei levar por alguns minutos, só sentindo ele ali comigo.
Eu odiava que isso parecesse amor.
— Bom dia. — Ele abriu os olhos, me encarando por um momento. — Que horas são?
— Não sei. — Minha garganta apertou, porque eu sabia que aquela era a pior parte.
Harry me soltou e se sentou na cama, eu sabia que ele sairia dali em poucos minutos, como sempre fazia.
— Você quer que eu fique um pouco mais?
Essa era a primeira vez que ele perguntou isso e eu não sabia o que responder. Eu poderia dizer para ele ficar, poderia dizer que queria mais do que aquilo, mas em vez disso, só sorri porque, por um segundo, eu quase me iludi com a ideia de que ele se importava.
— Não — menti.
— Tá bom. — Harry apertou os lábios, hesitando por mais um segundo. — Eu vou indo.
Meus olhos o seguiram enquanto ele vestia sua camisa, pegava seus sapatos, arrumava seus cabelos. Ele me encarou uma última vez antes de ir embora.
E eu fiquei, mais uma vez.
Três meses.
Esse foi o tempo que levou para eu ver Harry de novo, mas, dessa vez, tudo estava diferente.
Dias depois de termos ficado juntos no quarto de hotel, surgiram novos rumores, algumas fotos dele em restaurantes, passeando em Londres com uma nova mulher. Depois vieram os vídeos, as postagens, as matérias e mais rumores de que aquilo estava ficando sério.
Harry Styles estava namorando?
Eu deveria estar acostumada, afinal ele sempre esteve com outras, assim como eu sempre estive com outros, mas dessa vez era diferente porque ele não estava apenas ficando com essa mulher, era mais do que isso, ele nem ao menos se deu o trabalho de me avisar que estava realmente sério com alguém e ao contrário de como era comigo, com ela não havia fugas apressadas pelas portas dos fundo, não havia óculos escuros e bonés para esconder o rosto, ele a deixou à vista de todos, como se não houvesse nada a esconder.
Agora, nesta noite de Brit Awards, eu fui obrigada a encarar a realidade.
O evento estava deslumbrante, como sempre, flashes de câmeras quase nos cegando e os maiores nomes da indústria reunidos em um mesmo espaço. O salão estava lotado de celebridades e os convidados conversavam e riam, enquanto prêmios eram entregues no palco sob aplausos e gritos da plateia.
E então, ele apareceu.
Harry entrou com ela ao seu lado, a modelo mais falada do momento, alta, pele dourada como se tivesse passado semanas no verão europeu, olhos cor de mel, ela era linda, isso eu não podia negar, mas o que realmente me atingiu foi o jeito que ele parecia ao lado dela, rindo, relaxado, confortável, como se gostasse de exibi-la.
Não procurei por ele, não chamei, não fiz nada que pudesse atraí-lo, eu estava com raiva, com ciúmes, eu não queria vê-lo, mas eu sabia que, no final da noite, ele me encontraria, eu podia até evitar cruzar seu caminho durante o evento, mas depois?
Ele me encontraria.
Como sempre.
Era apenas uma questão de tempo.
E obviamente, na after party que estava acontecendo em luxuoso salão de um hotel cinco estrelas, Harry só esperou a oportunidade que queria para me encurralar. Assim que saí do banheiro, no corredor estreito, lá estava ele, encostado na parede, com um copo de uísque em uma mão e um sorriso torto nos lábios.
— Você sabe como me irrita quando finge que não me conhece.
— Não estou fingindo nada. — Murmurei, tentando seguir em frente, mas senti sua mão firme me segurando.
— Ah, não? Então, olha para mim.— Mantive o olhar fixo no chão, recusando-me a lhe dar esse gostinho. — Vai mesmo continuar jogando esse jogo? — Sua voz deslizou pelo meu pescoço como um sussurro quente enquanto ele se aproximava.
— Você não está acompanhado, Styles?
— Isso nunca te impediu antes. — Com um movimento rápido, ele me virou para encará-lo.
— Agora é diferente.
— Diferente como? — Ele arqueou a sobrancelha, me prensando levemente contra a parede.
O cheiro dele me atingiu, e meu coração falhou uma batida. Ele parecia ainda mais bonito do que eu lembrava. Harry sempre teve esse maldito charme quando estava um pouco bêbado, eu odiava o quanto isso mexia comigo.
Fazia tanto tempo desde a última vez.
Tempo demais.
Eu senti falta dele.
— Quando fazíamos isso, nós nunca estávamos traindo ninguém, agora você tem namorada.
— Namorada? — Ele riu, como se fosse uma piada.
— A mulher com quem você está.
— Você sabe que eu não namoro. — Ele inclinou a cabeça, como se fosse óbvio.
— Então por que ela está aqui com você? Por que viria com ela se vocês não estão sérios?
— S/n...
— Você nem fez o favor de no mínimo me avisar sobre isso, sabe como fiquei quando você posou com ela?— O interrompi, sentindo a raiva crescer dentro de mim. — Então é melhor voltar para sua namoradinha. — Tentei me soltar, mas ele segurou firme.
— Eu não quero falar disso, agora.— Sua voz rouca ecoou em meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer minha pele. — Eu quero você, só você.
Fechei os olhos por um segundo, sentindo a pressão da sua mão em minha cintura.
Tudo em mim gritava para ceder.
— Eu não consigo fazer isso, não assim. — Ergui o rosto, encontrando seus olhos.
Me virei para sair, mas antes que andasse dois passos, senti sua mão em meu pulso, me impedindo.
— Você vai mesmo fazer isso?
— Não finja que sua noite está arruinada quando, no final, terá uma mulher na sua cama de qualquer jeito.
— S/n.
Soltei minha mão da dele e me afastei, sentindo seu olhar queimando minhas costas enquanto saía daquele corredor.
...
O caminho de volta para o hotel foi sufocante, eu não conseguia apagar o que aconteceu da minha mente. Assim que entrei no quarto, me joguei na cama, queria chorar, mas estava cansada demais até para isso, foi quando o som de batidas na porta interrompeu meus pensamentos.
Eu não precisava abrir para saber quem era, sabia que ele viria, mas isso não significava que eu queria vê-lo. Fiquei parada esperando que ele desistisse, mas as batidas continuaram até que, com um suspiro pesado, fui até a porta e a abri.
— O que você está fazendo aqui?
— Posso entrar?
— Não. — Mas ele já havia passado por mim, fechando a porta atrás de si e trancando-a, como se tivesse esse direito. — O que você quer, Harry? Se veio para tentar me levar para cama, me poupe do trabalho.
— Eu precisava te ver, não queria que as coisas tivessem ficado daquele jeito.
— E como você queria que terminassem? Comigo sorrindo e dizendo que está tudo bem?
— Não faça isso...
— Não faça o quê? — Eu cruzei os braços o fitando.
— Isso, eu não quero brigar.
— Me fala, o que a gente tem, Harry? Além de eu ser seu segredo?
— S/n...
— Fala a verdade! Isso é casual? Ou somos algo mais?
— Vamos deixar isso para lá. — Ele avançou, puxando-me pela cintura. — Eu quero tanto te beijar.
— Eu já disse que não quero. — Me afastei dele.
— Por que não pode simplesmente aceitar o que temos?
— Aceitar o quê, Harry? O que exatamente nós temos?— Eu já sabia a resposta.
— Você sabe que eu me importo com você, eu gosto de você por perto... — Seus olhos pareciam dizer a verdade, ou eu tentava acreditar que sim. — Eu sinto sua falta e você sabe que é especial para mim.
— Especial? Mas não o suficiente para me assumir.
— Não é isso... — Ele esfregou o rosto. — Eu não quero estragar o que a gente tem, não quero que as pessoas se metam, não quero te fazer sofrer.
— Mas você fez. — Minha voz tremeu e eu odiei isso. — Me magoou hoje quando ficou ao lado de outra mulher enquanto fingia que eu não existia e agora está aqui, me dizendo que eu sou especial, como se isso fosse o bastante, se gosta tanto dela, por que você apenas não fica com ela?
— Eu não me importo com ela. — Ele se aproximou de novo e meu corpo quase traiu minha mente. — Ela é como todas as outras e eu não me importo com nenhuma outra, só com você, é por isso que estou aqui. — Sua mão acariciou meu rosto, me fazendo estremecer.
— Não diga isso se não é verdade, você não precisa me compensar com mentiras bonitas.
— Mas eu nunca menti para você, nunca prometi nada, você sempre soube que seria assim, então não me faça ser o vilão da história quando você sabia que eu nunca quis um rótulo.
— Você diz que não quer uma namorada, mas age como se quisesse. — Me afastei, tirando sua mão de mim. — Você é carinhoso, me chama de amor, faz tudo parecer perfeito, você me abraça quando acordamos, diz que gosta de mim... — Senti as lágrimas descerem. — Estou tentando ser paciente, mas como é que eu vou aguentar isso?
Harry me encarou por um longo momento, como se procurasse um jeito de consertar aquilo, mas não havia saída, eu precisava da verdade.
— O que você quer de mim?
— Eu quero um homem que lute por mim, que me queira de verdade, que não tenha medo de assumir o que sente.— Estava despejando todos os sentimentos dos últimos três anos naquele momento.— Eu quero que você seja meu, mas se você não pode me dar isso então me deixe ir, me deixa encontrar alguém que possa.
— S/N... — Harry me puxou contra seu peito, seus dedos pressionaram minha cintura, como se quisessem me manter ali a qualquer custo. — Eu odeio isso... — O aperto dele se intensificou. — Me perdoa. — As lágrimas quentes dele escorreram por minha nuca. — Não me odeie...
— Para... — Fechei os olhos com força, eu já sabia o que viria a seguir.
Sabia e ainda assim parte de mim rezava para que ele não dissesse, para que ficasse em silêncio, para que apenas me segurasse, mas ele continuou.
— Eu não posso prometer o que você quer de mim... — A confissão saiu como um sussurro. — Eu não sei como ser o cara que você espera que eu seja.
E ali estava.
A verdade nua e crua, perfurando meu peito como uma lâmina, forcei meus pés a se moverem, eu precisava sair daquele abraço antes que ele me destruísse por completo, porque ironicamente, aquele era o único lugar onde eu queria estar.
Com o pouco de força que me restava, me afastei, caminhei até a porta, destranquei-a sem olhar para trás.
— Vai embora.
23 notes · View notes
harrrystyles-writing · 1 day ago
Note
pqp! esse spoiler me deixo mais ansiosa ainda para esse imagine! já sei que vou amar!!!! ❤️❤️❤️
Acabei de postar ele meu amor❤️
0 notes
harrrystyles-writing · 1 day ago
Text
It's a casual ?
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Inspirado na música: Casual — Doja cat
O silêncio entre nós era tão familiar quanto o peso do corpo dele ao meu lado, minha pele ainda carregava os vestígios do que havia acontecido há pouco tempo, o toque dele, o calor, os sons, como tudo parecera tão certo, nossas roupas ainda estavam espalhadas pelo chão, meu vestido caro repousava sobre a poltrona, enquanto a camiseta dele largada perto da mala de viagem, exatamente onde ele a jogou assim que chegou
Sempre a mesma cena.
Sempre o mesmo final.
Harry respirava profundamente que, por um instante, pensei que ele havia dormido, então, seu braço deslizou preguiçosamente pela minha cintura, puxando-me para perto.
— Você está acordada? — Seu peito quente encontrou minhas costas, sua voz estava rouca pelo sono.
— Sim.
— Sabe, fiquei com saudades de verdade de você. — Seu rosto encaixou no vão do meu pescoço, um arrepio veio instantaneamente.
Engoli em seco, porque não queria que ele percebesse como meu coração acelerava toda vez que fazia isso, toda vez que falava desse jeito, como se fosse meu.
— Na próxima, então não demora tanto para vir me ver. — Me esforcei para soar indiferente.
— Tá bom, eu prometo. — Ele riu e deixou um beijo suave em minha orelha. — Boa noite, amor.
Ele me chamava assim todas às vezes.
E todas às vezes, dizia a mim mesma que não significava nada.
— Boa noite.
Harry se aninhou contra mim e relaxou, como se dormir ao meu lado fosse seu lugar favorito no mundo.
Já fazia três anos que isso acontecia, três anos desse nosso lance casual e secreto, podíamos passar meses sem nos falar, sem trocar uma única mensagem, mas sempre que nos encontrávamos, era como se nunca tínhamos ficado longe.
E era isso que me destruía.
...
Quando acordei, a luz do sol incomodava meus olhos através das cortinas, a primeira coisa que senti foi o calor do corpo dele colado ao meu, o cheiro dele ainda impregnado na minha pele, meu coração se apertou quando percebi que estávamos abraçados, seu braço ainda estava firme ao redor da minha cintura, sua respiração lenta contra meu pescoço, me deixei levar por alguns minutos, só sentindo ele ali comigo.
Eu odiava que isso parecesse amor.
— Bom dia. — Ele abriu os olhos, me encarando por um momento. — Que horas são?
— Não sei. — Minha garganta apertou, porque eu sabia que aquela era a pior parte.
Harry me soltou e se sentou na cama, eu sabia que ele sairia dali em poucos minutos, como sempre fazia.
— Você quer que eu fique um pouco mais?
Essa era a primeira vez que ele perguntou isso e eu não sabia o que responder. Eu poderia dizer para ele ficar, poderia dizer que queria mais do que aquilo, mas em vez disso, só sorri porque, por um segundo, eu quase me iludi com a ideia de que ele se importava.
— Não — menti.
— Tá bom. — Harry apertou os lábios, hesitando por mais um segundo. — Eu vou indo.
Meus olhos o seguiram enquanto ele vestia sua camisa, pegava seus sapatos, arrumava seus cabelos. Ele me encarou uma última vez antes de ir embora.
E eu fiquei, mais uma vez.
Três meses.
Esse foi o tempo que levou para eu ver Harry de novo, mas, dessa vez, tudo estava diferente.
Dias depois de termos ficado juntos no quarto de hotel, surgiram novos rumores, algumas fotos dele em restaurantes, passeando em Londres com uma nova mulher. Depois vieram os vídeos, as postagens, as matérias e mais rumores de que aquilo estava ficando sério.
Harry Styles estava namorando?
Eu deveria estar acostumada, afinal ele sempre esteve com outras, assim como eu sempre estive com outros, mas dessa vez era diferente porque ele não estava apenas ficando com essa mulher, era mais do que isso, ele nem ao menos se deu o trabalho de me avisar que estava realmente sério com alguém e ao contrário de como era comigo, com ela não havia fugas apressadas pelas portas dos fundo, não havia óculos escuros e bonés para esconder o rosto, ele a deixou à vista de todos, como se não houvesse nada a esconder.
Agora, nesta noite de Brit Awards, eu fui obrigada a encarar a realidade.
O evento estava deslumbrante, como sempre, flashes de câmeras quase nos cegando e os maiores nomes da indústria reunidos em um mesmo espaço. O salão estava lotado de celebridades e os convidados conversavam e riam, enquanto prêmios eram entregues no palco sob aplausos e gritos da plateia.
E então, ele apareceu.
Harry entrou com ela ao seu lado, a modelo mais falada do momento, alta, pele dourada como se tivesse passado semanas no verão europeu, olhos cor de mel, ela era linda, isso eu não podia negar, mas o que realmente me atingiu foi o jeito que ele parecia ao lado dela, rindo, relaxado, confortável, como se gostasse de exibi-la.
Não procurei por ele, não chamei, não fiz nada que pudesse atraí-lo, eu estava com raiva, com ciúmes, eu não queria vê-lo, mas eu sabia que, no final da noite, ele me encontraria, eu podia até evitar cruzar seu caminho durante o evento, mas depois?
Ele me encontraria.
Como sempre.
Era apenas uma questão de tempo.
E obviamente, na after party que estava acontecendo em luxuoso salão de um hotel cinco estrelas, Harry só esperou a oportunidade que queria para me encurralar. Assim que saí do banheiro, no corredor estreito, lá estava ele, encostado na parede, com um copo de uísque em uma mão e um sorriso torto nos lábios.
— Você sabe como me irrita quando finge que não me conhece.
— Não estou fingindo nada. — Murmurei, tentando seguir em frente, mas senti sua mão firme me segurando.
— Ah, não? Então, olha para mim.— Mantive o olhar fixo no chão, recusando-me a lhe dar esse gostinho. — Vai mesmo continuar jogando esse jogo? — Sua voz deslizou pelo meu pescoço como um sussurro quente enquanto ele se aproximava.
— Você não está acompanhado, Styles?
— Isso nunca te impediu antes. — Com um movimento rápido, ele me virou para encará-lo.
— Agora é diferente.
— Diferente como? — Ele arqueou a sobrancelha, me prensando levemente contra a parede.
O cheiro dele me atingiu, e meu coração falhou uma batida. Ele parecia ainda mais bonito do que eu lembrava. Harry sempre teve esse maldito charme quando estava um pouco bêbado, eu odiava o quanto isso mexia comigo.
Fazia tanto tempo desde a última vez.
Tempo demais.
Eu senti falta dele.
— Quando fazíamos isso, nós nunca estávamos traindo ninguém, agora você tem namorada.
— Namorada? — Ele riu, como se fosse uma piada.
— A mulher com quem você está.
— Você sabe que eu não namoro. — Ele inclinou a cabeça, como se fosse óbvio.
— Então por que ela está aqui com você? Por que viria com ela se vocês não estão sérios?
— S/n...
— Você nem fez o favor de no mínimo me avisar sobre isso, sabe como fiquei quando você posou com ela?— O interrompi, sentindo a raiva crescer dentro de mim. — Então é melhor voltar para sua namoradinha. — Tentei me soltar, mas ele segurou firme.
— Eu não quero falar disso, agora.— Sua voz rouca ecoou em meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer minha pele. — Eu quero você, só você.
Fechei os olhos por um segundo, sentindo a pressão da sua mão em minha cintura.
Tudo em mim gritava para ceder.
— Eu não consigo fazer isso, não assim. — Ergui o rosto, encontrando seus olhos.
Me virei para sair, mas antes que andasse dois passos, senti sua mão em meu pulso, me impedindo.
— Você vai mesmo fazer isso?
— Não finja que sua noite está arruinada quando, no final, terá uma mulher na sua cama de qualquer jeito.
— S/n.
Soltei minha mão da dele e me afastei, sentindo seu olhar queimando minhas costas enquanto saía daquele corredor.
...
O caminho de volta para o hotel foi sufocante, eu não conseguia apagar o que aconteceu da minha mente. Assim que entrei no quarto, me joguei na cama, queria chorar, mas estava cansada demais até para isso, foi quando o som de batidas na porta interrompeu meus pensamentos.
Eu não precisava abrir para saber quem era, sabia que ele viria, mas isso não significava que eu queria vê-lo. Fiquei parada esperando que ele desistisse, mas as batidas continuaram até que, com um suspiro pesado, fui até a porta e a abri.
— O que você está fazendo aqui?
— Posso entrar?
— Não. — Mas ele já havia passado por mim, fechando a porta atrás de si e trancando-a, como se tivesse esse direito. — O que você quer, Harry? Se veio para tentar me levar para cama, me poupe do trabalho.
— Eu precisava te ver, não queria que as coisas tivessem ficado daquele jeito.
— E como você queria que terminassem? Comigo sorrindo e dizendo que está tudo bem?
— Não faça isso...
— Não faça o quê? — Eu cruzei os braços o fitando.
— Isso, eu não quero brigar.
— Me fala, o que a gente tem, Harry? Além de eu ser seu segredo?
— S/n...
— Fala a verdade! Isso é casual? Ou somos algo mais?
— Vamos deixar isso para lá. — Ele avançou, puxando-me pela cintura. — Eu quero tanto te beijar.
— Eu já disse que não quero. — Me afastei dele.
— Por que não pode simplesmente aceitar o que temos?
— Aceitar o quê, Harry? O que exatamente nós temos?— Eu já sabia a resposta.
— Você sabe que eu me importo com você, eu gosto de você por perto... — Seus olhos pareciam dizer a verdade, ou eu tentava acreditar que sim. — Eu sinto sua falta e você sabe que é especial para mim.
— Especial? Mas não o suficiente para me assumir.
— Não é isso... — Ele esfregou o rosto. — Eu não quero estragar o que a gente tem, não quero que as pessoas se metam, não quero te fazer sofrer.
— Mas você fez. — Minha voz tremeu e eu odiei isso. — Me magoou hoje quando ficou ao lado de outra mulher enquanto fingia que eu não existia e agora está aqui, me dizendo que eu sou especial, como se isso fosse o bastante, se gosta tanto dela, por que você apenas não fica com ela?
— Eu não me importo com ela. — Ele se aproximou de novo e meu corpo quase traiu minha mente. — Ela é como todas as outras e eu não me importo com nenhuma outra, só com você, é por isso que estou aqui. — Sua mão acariciou meu rosto, me fazendo estremecer.
— Não diga isso se não é verdade, você não precisa me compensar com mentiras bonitas.
— Mas eu nunca menti para você, nunca prometi nada, você sempre soube que seria assim, então não me faça ser o vilão da história quando você sabia que eu nunca quis um rótulo.
— Você diz que não quer uma namorada, mas age como se quisesse. — Me afastei, tirando sua mão de mim. — Você é carinhoso, me chama de amor, faz tudo parecer perfeito, você me abraça quando acordamos, diz que gosta de mim... — Senti as lágrimas descerem. — Estou tentando ser paciente, mas como é que eu vou aguentar isso?
Harry me encarou por um longo momento, como se procurasse um jeito de consertar aquilo, mas não havia saída, eu precisava da verdade.
— O que você quer de mim?
— Eu quero um homem que lute por mim, que me queira de verdade, que não tenha medo de assumir o que sente.— Estava despejando todos os sentimentos dos últimos três anos naquele momento.— Eu quero que você seja meu, mas se você não pode me dar isso então me deixe ir, me deixa encontrar alguém que possa.
— S/N... — Harry me puxou contra seu peito, seus dedos pressionaram minha cintura, como se quisessem me manter ali a qualquer custo. — Eu odeio isso... — O aperto dele se intensificou. — Me perdoa. — As lágrimas quentes dele escorreram por minha nuca. — Não me odeie...
— Para... — Fechei os olhos com força, eu já sabia o que viria a seguir.
Sabia e ainda assim parte de mim rezava para que ele não dissesse, para que ficasse em silêncio, para que apenas me segurasse, mas ele continuou.
— Eu não posso prometer o que você quer de mim... — A confissão saiu como um sussurro. — Eu não sei como ser o cara que você espera que eu seja.
E ali estava.
A verdade nua e crua, perfurando meu peito como uma lâmina, forcei meus pés a se moverem, eu precisava sair daquele abraço antes que ele me destruísse por completo, porque ironicamente, aquele era o único lugar onde eu queria estar.
Com o pouco de força que me restava, me afastei, caminhei até a porta, destranquei-a sem olhar para trás.
— Vai embora.
23 notes · View notes
harrrystyles-writing · 1 day ago
Note
oiii cah! achei que ia postar hoje 🥺
Aí amiga ontem trabalhei até tarde! Por isso não postei, mas hj vou chega cedo ai eu posto!
Ele tá pronto já
1 note · View note
harrrystyles-writing · 3 days ago
Text
😍😍😍
Darling, I Know You're Here To Stay
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Par: Harry Potter x S/n
Pedido: não
N/A: Era pra esse imagine ter saído no dia 01/02 porém tive alguns problemas e não consegui terminar, Enfim espero que gostem.
Nome usado para melhor amiga é o nome de uma das minhas melhores amigas.
Divisor feito por @/strangergraphics
Tumblr media
S/n observava a interação da sua melhor amiga com seu filho de um ano no balanço que tinha em seu jardim, S/n sorriu ao lembrar da conversa que teve com Glória no dia que contou para a amiga sobre o seu relacionamento com Harry e na promessa que as duas fizeram anos atrás de que uma seria madrinha do filho da outra.
– No que está pensando – Harry perguntou parando ao lado da esposa.
– No dia em que Glória descobriu que estávamos namorando, ela falou que seria nossa madrinha de casamento.
– E ela é nossa madrinha de casamento e madrinha do Noah. – Harry falou sorrindo.
– Não poderia imaginar de outra maneira, sabe.
*Flashback começo do namoro*
– Como estão as coisas com o Harry – Glória perguntou para a amiga
– Não sei do que você está – S/n falou tentando esconder o sorriso.
– S/n para né, você está usando a camiseta dele, e sabemos muito bem que ele odeia emprestar as roupas dele, ele não deixa mais ninguém usar as roupas dele. Além do mais, eu sou sua melhor amiga e você é uma péssima mentirosa. Você sabe que pode me falar qualquer coisa né?
– Eu sei disso, é que é tudo tão recente ainda, só quem sabe quem sabe é meu irmão e bom agora você, e sabe como ele é sobre a privacidade. Mas estamos juntos faz algumas semanas, o único motivo que meu irmão sabe antes de você é porque ele é intrometido e apareceu aqui em casa sem avisar e sabe como meu irmão é.
– Você sabe que pode confiar em mim que não vou contar nada pra ninguém.
– Eu sei disso, só queria conversar com ele primeiro, bom agora que você já sabe fico um pouco mais aliviada e podemos conversar melhor.
– Agora você vai me contar todos os detalhes sem exceções – Glória falou puxando S/n para sala para que pudessem conversar melhor. – Só pra te lembrar eu quero ser a madrinha do casamento de vocês.
S/n e Glória ficaram tão entretidas na conversa que nem perceberam o tempo passar e nem perceberam quando Harry abriu a porta da casa de S/n, fazendo com que as duas amigas se assustarem ao notar a presença do rapaz na sala e fazendo com que o mesmo risse da reação da namorada e da melhor amiga dela.
Tumblr media
Taglist: @cachinhos-de-harry
15 notes · View notes
harrrystyles-writing · 3 days ago
Note
casual - doja cat
não sei bem como detalhar, mas acho a música bem auto explicativa
Oi meu amor, amei o pedido. ❤️
Será o primeiro a ser postado !!!
1 note · View note
harrrystyles-writing · 5 days ago
Note
CAHHHHH! dá spoiler do imagine 🥹🙏🏻
Harry Styles estava namorando?
Eu deveria estar acostumada, afinal ele sempre esteve com outras, assim como eu sempre estive com outros, mas dessa vez era diferente porque ele não estava apenas ficando com essa mulher, era mais do que isso, ele nem ao menos se deu o trabalho de me avisar que estava realmente sério com alguém e ao contrário de como era comigo, com ela não havia fugas apressadas pelas portas dos fundo, não havia óculos escuros e bonés para esconder o rosto, ele a deixou à vista de todos, como se não houvesse nada a esconder.
3 notes · View notes
harrrystyles-writing · 5 days ago
Note
postaaaaa cah! ansiosaaaaa 🥺🥺🥺
Até quarta feira eu posto ele aqui amore!!! ❤️
0 notes
harrrystyles-writing · 5 days ago
Text
Yes Sir! Capítulo 41
Tumblr media
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de visita somente de Harry.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Harry
Meus olhos seguiram Bryan quase por instinto enquanto ele atravessava o quarto, no instante em que puxou a cortina, meu coração parou.
E então eu vi.
Nunca, nem nos meus piores pesadelos, imaginei encontrar quem estava do outro lado.
Não.
Não podia ser.
Aurora.
Ela estava ali.
Aurora estava bem ali esse tempo todo.
E estava… machucada?
Meu olhar percorreu cada detalhe dela, cada pequena evidência do que quer que tivesse acontecido, o rosto pálido, os olhos inchados por lágrimas recentes, o soro espetado no braço, os hematomas espalhados pela pele frágil.
E então…
Meu olhar desceu.
E foi ali que tudo desmoronou.
A camisola fina do hospital marcava seu corpo de uma forma que não deixava dúvidas.
Minha mente se recusou a acreditar no que meus olhos estavam vendo.
Aurora estava grávida.
Isso não podia ser real.
Isso não podia estar acontecendo.
Minha Aurora.
Lutei contra a ânsia súbita que subiu pela minha garganta, contra a necessidade absurda de fechar os olhos e fazer tudo desaparecer, mas não havia escapatória, ela estava ali.
Vulnerável.
Machucada.
E grávida.
Ela me escondeu isso.
Aurora estava grávida e eu nunca soube.
Um milhão de perguntas se atropelaram dentro da minha cabeça.
Quem machucou ela?
Como ela foi parar ali?
Quem era o pai?
E então ela me olhou.
Foi um segundo, um segundo que me destruiu, pude ver o pânico nos olhos dela, a vergonha e o medo.
Meu estômago revirou ao lembrar das palavras que haviam saído da minha boca minutos antes, o jeito que falei com Violeta, o carinho na minha voz, o amor que, apesar de tudo, ainda existia na forma como eu agia com minha esposa.
Aurora ouviu tudo.
Ela ouviu.
Eu queria dizer alguma coisa, fazer alguma coisa, mas fiquei paralisado, congelado ali, encarando-a como um idiota, até que Bryan se inclinou, os dedos roçando o rosto dela com um carinho que me encheu de ódio.
— Tudo bem com você, raposinha?
Raposinha?
Por que ele chamou ela assim?
Por que parecia tão confortável ao lado dela?
— Você pode… você pode fechar a cortina?
Não.
Não feche.
Não esconde isso de mim.
Mas a cortina se fechou e me vi sem entender o que acabou de de acontecer.
E então eu ouvi.
Aurora começou a chorar.
Por quê?
Era por mim?
Eu queria arrancar aquela cortina.
Queria vê-la.
Queria tocá-la.
Mas o que eu poderia fazer?
Nada.
Eu só podia ouvir.
Só podia me afogar na culpa esmagadora de saber que, de todas as pessoas no mundo, eu com certeza era o último que ela queria que estivesse ali.
— Harry… — Violeta apertou minha mão com força.
O som do seu gemido me trouxe de volta à realidade.
Outra contração chegou.
Eu precisava me concentrar.
Eu estava tentando.
Eu juro que estava tentando.
Mas minha mente não conseguia se afastar do que eu tinha acabado de ver.
— Vou só… ver com a recepção se o Dr. Payne já está vindo, ok? — murmurei assim que a contração passou.
— Tudo bem, não demora.
— Não vou. — Passei os dedos pelo seu cabelo.
Ela precisava acreditar que eu estava bem.
Mas eu não estava.
Assim que saí do quarto, apoiei as mãos no balcão do corredor e fechei os olhos, tentando me acalmar, as perguntas voltaram a martelar na minha cabeça como um pesadelo.
Aurora estava mesmo grávida?
De quanto tempo?
Seis meses? Sete?
Não, não, não…
Quem era o pai?
Aurora e Gabriel estavam juntos há um tempo…
Gabriel era o pai?
Não faz tanto tempo assim.
Então…
Porra, não!
Era do Bryan?
Aquele filho da puta engravidou ela?
Meu corpo ficou tenso, o ódio explodindo dentro de mim como um incêndio descontrolado.
Não.
Não pode ser.
Mas e se for?
E se aquele desgraçado destruiu minha vida duas vezes?
Me afastei da parede, passando as mãos pelo rosto, tentando conter a avalanche de emoções que ameaçava me engolir.
Mas…
E se for meu?
Era possível?
Era meu bebê crescendo ali?
Nosso bebê?
Então, uma voz me fez congelar.
— O que você está fazendo aqui? — Virei a cabeça lentamente. — Gabriel estava ali, parado no corredor me encarando.
O que isso significava?
— Você sabia o tempo todo?
— Não é óbvio? Nós estamos juntos.
— Você é o pai? — Gabriel não respondeu. — Quem é o pai? — Silêncio.— De quantos meses ela está? — Nada.— Como ela está? O que aconteceu com ela? — Os olhos dele me analisavam, avaliando se eu merecia respostas. — Fala alguma coisa, porra!
Outro grito de Violeta ecoou do quarto, Gabriel desviou o olhar por um segundo, virando-se para a janela.
Então, sua expressão mudou.
— Espera… Você tá aqui porque sua esposa está tendo o bebê? — Por um momento, ele pareceu aliviado.
— Nem uma hora atrás, você estava com outra mulher e agora tá aqui? Já te disseram o quão desprezível você é? Ah, é, eu já disse! Mas eu não me canso de repetir. — Gabriel riu, balançando a cabeça. — Eu poderia perder meu tempo listando todos os motivos pelos quais você é um merda, mas Aurora precisa de mim. — Ele se virou para sair, mas eu segurei seu braço.
— Gabriel…
Ele parou e encarou, como se estivesse se divertindo com tudo àquilo.
— Não se preocupa, não vou contar nada pra sua esposa… — Um sorriso lento se formou em seus lábios.— Pelo menos não agora.
E então ele entrou.
                           ...
Entrei assim que soube que o Dr. Payne já estava no hospital, eu queria saber o que Bryan e Gabriel estavam dizendo, mas Violeta se contorcia de dor e fui forçado a dar toda minha atenção a ela. A cortina continuava fechada, me privando da visão de Aurora, me impedindo de ver o que Bryan e Gabriel estavam fazendo ali, eu só podia imagina, Aurora deitada, Bryan ao lado dela, segurando sua mão, Gabriel cochichando algo para confortá-la.
Eles estavam lá com ela.
E eu, não.
Mas eu não podia me dar ao luxo de pensar nisso agora, minha esposa precisava de mim, minutos depois uma enfermeira entrou e anunciou que a levariam para outro quarto, por um lado eu estava aliviado por ir, o novo quarto era silencioso preparado para partos humanizados, ajudei Violeta a se acomodar da melhor forma possível, as contrações estavam ficando mais intensas, seu rosto se contorcia em puro esforço, ela segurava minha mão com tanta força que seus dedos tremiam, assim que Dr. Payne apareceu  eu sabia que já estava na hora, meu foco permaneceu em Violeta, ela estava exausta, o rosto úmido de suor, os cabelos grudados na testa.
— Você está indo tão bem, meu amor — enxuguei um lágrima que escorregava pelo canto do seu olho.
O médico avaliou rapidamente sua dilatação e confirmou o que já era esperado.
— Na próxima contração, quero que respire fundo e faça força.
A enfermeira ajustou os travesseiros atrás dela, garantindo que estivesse na melhor posição possível.
Foi quando Violeta virou o rosto para mim, seus olhos estavam marejados, ela apertou mais minha mão, como se eu fosse a única coisa sólida naquele momento.
— Eu…Eu estou com medo.
— Ei, amor… — inclinei-me para mais perto. — Eu estou aqui.
— Eu não sei se consigo.
— Você consegue. — sussurrei, encostando minha testa na dela por um breve segundo. — Você sempre consegue.
— Certo, Violeta! Está na hora. —  O médico assumiu a posição diante dela.
A contração veio forte,  Violeta soltou um grito alto o bastante para quase me deixar surdo, ela jogou a cabeça para trás, os olhos apertados, minhas mãos foram para suas costas oferecendo apoio, enquanto a enfermeira segurava uma de suas pernas.
— Isso, Vi! Está quase! — A incentivei.
Com um último grito, de repente, o quarto foi preenchido por um novo som, um choro estridente, minha menininha chegou,
o médico ergueu o pequeno corpo escorregadio, sujo de sangue.
— Quer cortar o cordão, pai?
— Sim. — Minha voz tremia, meus olhos estavam molhados.
Mesmo pela terceira vez, esse momento ainda era mágico, assim que cortei, as enfermeiras se apressaram para limpá-la.
— Ela está bem, nossa pequena guerreira é forte. — Dr brincou, sorrindo.
Amélia foi colocada nos braços de Violeta, eu só fiquei observando o jeito como nossa filha se encaixou contra o peito dela, os olhinhos piscando lentamente, os dedos minúsculos se fechando no tecido da camisola da mãe.
Meu mundo, até então que estava um caos, pareceu insignificante diante daquele momento.
— Nossa… ela é tão… linda.  — Toquei os cabelinhos macios dela com dedos trêmulos.— Você conseguiu!
Violeta me olhou e o amor tão repetino  surgiu em seus olhos que quase me derrubou, por um segundo, apenas um segundo não havia ressentimento, era somente nós três.
— Vem aqui.
Seus dedos se agarraram �� minha camisa, me puxando para perto, sua boca encontrou a minha, eu senti o gosto salgado das lágrimas que se misturavam às minhas, entre nós, Amélia respirava suavemente, se aconchegando mais contra a mãe, era uma garotinha pequena, enrugada, tão frágil e perfeita.
— Quer segurar?
— Posso?
— Claro que sim.
Quando a senti em meus braços, meu peito se apertou de um jeito indescritível.
Naquele instante, nada mais existia.
Aurora.
Bryan.
Gabriel.
O bebê.
As perguntas.
O medo.
O ódio.
Nada importava.
Só minha pequena Amélia.
                    ...
Eu nunca me senti tão exausto, a madrugada já tinha ficado para trás, o dia começava a aparecer pela janela do hospital, mas meu corpo ainda pesava como se eu não tivesse dormido nem por um segundo, Amélia estava no meu peito, eu não queria ficar longe dela, o som baixo dos monitores e do movimento ocasional dos enfermeiros do lado de fora era a única coisa além do silêncio daquele quarto.
Eu deveria estar descansando, mas não conseguia, eu só queria ficar aconchegado naquele sentimento, a sensação de segurar minha filha era ao mesmo tempo familiar e completamente nova, eu já tinha feito isso antes duas vezes, eu já era pai, bem deveria saber, mas agora  tudo parecia diferente, talvez porque pela primeira vez eu sentia que estava segurando algo que ainda não destruí.
Violeta deitada na cama, bem diferente de algumas horas atrás, não havia mais vestígios da euforia, do alívio imediato depois do parto, a cor tinha sido drenada de seu rosto, seus  olhos agora fundos denunciavam que a dor não tinha ido embora, só estava sendo silenciada, deixei minha filha no bercinho do lado com cuidado para não acorda- lá, me aproximei um pouco mais de minha esposa, observando como seus dedos seguravam o lençol ao invés de buscarem os meus.
— Você precisa de alguma coisa? Água, um travesseiro extra?
Eu queria fazer alguma coisa por ela.
Qualquer coisa.
— Não. —  Por um segundo, pareceu surpresa, como se tivesse esquecido de que eu ainda estava ali.
Nenhum sorriso.
Nenhum gesto.
Nenhum resquício da mulher que horas atrás apertava meus dedos com força, me chamava de amor e implorava para eu não soltá-la.
Eu queria aquela Violeta.
A Violeta que olhava para mim como se eu fosse o centro de tudo, mas no momento em que Amélia veio ao mundo, ela se fechou de novo e voltou a ser a Violeta cheia de mágoas, a Violeta, que me olhava e via um estranho.
E eu odiei isso.
Odiei que, por um instante, eu me permiti acreditar que ainda havia alguma esperança, mas eu não deixei transparecer, apenas assenti e fingi que estava tudo bem, fingi que não estava me agarrando ao pouco que restava do meu casamento.
                  ...
A tarde Rose trouxe Isadora e Aurora para o horário de visitas, Aurora, como esperado foi a primeira a reagir, assim que viu a pequena neném nos meus braços, seus olhos brilharam e ela disparou para perto.
— Bebê! — Correu para cima de mim.
— Com calma, amor. — Me abaixei ao lado dela, guiando seus movimentos com delicadeza. — A Amélia é muito pequena.
— Pequena. —  Tocou de leve a mãozinha da irmã.
— Sim, muito pequena.
— Mamãe, dodói? — Eu a segurei antes que escalasse os lençóis sozinha e a ajudei a se aproximar.
Ela não entendia tudo, mas percebia mais do que eu imaginava.
— Mamãe, está bem, meu amor, só cansada. — Ajeitou-se na cama, claramente exausta.
Enquanto isso, Isadora permanecia imóvel perto da porta, ela observava tudo em silêncio.
— Você quer segurar sua irmã? — perguntei, tentando não soar ansioso.
— Tá bom. — Ela se aproximou e me ajeitei para passar Amélia para seus braços.  — Ela se parece com a Aurora quando nasceu. — Assenti, sem querer quebrar aquele momento. — Você tá acabado.
— Também é bom te ver filha — murmurei, sem muita energia para retrucar.
— Agora me dá ela, ela precisa mamar. — Violeta estendeu os braços.
Com cuidado, Isadora entregou Amélia para ela, Aurora, ainda estava no lado da mãe na pequena cama, observando sua irmãzinha sendo amamentada.
— Neném, papai.
— Sim, amor, nossa neném.
Era como se o tempo tivesse parado ali, entre minhas meninas, meu bebê e o olhar cansado da mulher que um dia me amou.
                    ...
Eu fui o marido perfeito, nos dois dias seguintes, acordei na madrugada todas às vezes que a bebê chorava e antes que Violeta sequer se mexesse eu já estava de pé embalando nossa filha nos braços, murmurando palavras baixas para acalmá-la.
Eu fiz tudo o que um bom marido faria, perguntei à Violeta como ela estava, se precisava de algo, ajeitei os travesseiros atrás dela, fiquei atento a cada pequena necessidade, era compreensível, mas ela nem sequer olhou para mim.
Eu continuei ignorando.
Tudo se acumulava dentro de mim, prestes a transbordar, o cansaço físico, o desgaste emocional, a sensação de que, não importava o que eu fizesse, nunca seria suficiente, respirei fundo e me levantei devagar, era a última noite ali, meus ombros doíam, minha cabeça latejava, a primeira coisa que fiz foi procurar um café.
Pensei em Aurora.
No fato de que, mesmo depois de tudo, eu ainda pensava nela, peguei o celular, hesitei por um segundo, mas  digitei uma mensagem curta.
"Podemos conversar?"
Enviei.
Mas a resposta não veio.
Quando tentei ligar, a tela acendeu com um aviso
"Esse número está indisponível."
Fechei os olhos e soltei o ar devagar.
Ela me bloqueou.
Eu merecia aquilo.
Merecia o desprezo dela.
                   ...
A volta para casa foi silenciosa, enquanto eu dirigia com as mãos firmes no volante, lutando contra o cansaço que se acumulava no meu corpo, quando estacionei na garagem, deixei a cabeça cair contra o encosto e soltei um longo suspiro.
Estava finalmente em casa.
— Eu levo a bebê. — Abri a porta e saí, Violeta nem discutiu, apenas abriu a porta devagar, como se até isso a cansasse.
Abri a porta com cuidado para não acordar Amélia, a casa estava praticamente como a deixamos, havia brinquedos de aurora espalhados, a cozinha ainda com os pratos sujos do café da manhã que ninguém teve tempo de arrumar, enquanto estávamos no hospital eu havia pedido para Rose somente focar no bem-estar das minhas filhas.
— Pode subir para descansar, eu cuido de tudo. — Mal terminei a frase, Violeta já subia as escadas com passos arrastados.
— Você vai dormir no quarto de hóspedes, né? — Ela parou no meio da escada virando para me encarar.
— Sim. — Confirmei, forçando um sorriso.
— Traga Amélia, se ela começar a chorar.
— Ok. — Murmurei, vendo-a desaparecer escada acima.
Por que ela não conseguia ser mais amigável comigo?
Eu estava tentando.
Estava tentando dar o máximo de mim para ela, apesar de tudo.
Ela me traiu, a Aurora não era minha filha, ainda assim, lá estava eu lutando por nossa família, tentando manter tudo em pé enquanto os meus próprios sentimentos eram esmagados por uma dor que parecia só aumentar, mas ela não parecia estar mais disposta a se esforçar, não parecia entender o quanto aquilo me feria, ela estava magoada, claro, mas eu também estava, então por que só eu tinha que fazer todo o esforço?
— Isa? — Ela ergueu os olhos do celular.  — Pode preparar alguma coisa para sua irmã comer? E, se não for muito incômodo, cuidar das duas só um pouquinho para eu tomar um banho?
— Tá. — Ela suspirou, revirando os olhos, mas no fim se levantou e foi até a cozinha sem reclamar.
Coloquei Amélia no berço portátil ao lado do sofá e fui direto para um banho rápido ciente de que não poderia me dar ao luxo de demorar, antes de descer passei pelo quarto, Violeta estava dormindo como se por um instante o mundo tivesse dado uma trégua, então apenas saí descendo as escadas sem fazer barulho.
A mesa estava posta quando entrei na cozinha, Aurora estava na cadeirinha, os pezinhos balançando no ar enquanto comia pedacinhos de frutas e muffin, Isadora estava ao lado com Amélia em seus braços e um prato extra estava na mesa.
— Para você. — Falou sem nenhum entusiasmo.
— Obrigado por isso. — Puxei a cadeira e me sentei.
— De nada.
Comemos em silêncio, apenas o barulho dos talheres e de Aurora brincando com a comida.
— Estava pensando... — Tentei iniciar uma conversa amigável. — Nessas férias, o que acha de irmos para a Disney? — Ela ergueu finalmente os olhos para mim.
— Sei lá.
— Sei que você já foi quando era mais nova, mas achei que poderíamos fazer uma viagem juntos, você, eu, Aurora, sua mãe...
— Não tenho escolha mesmo, então não sei porque perguntou.— Ela me interrompeu voltando para o celular.
— Tudo bem, falamos disso mais tarde. — Ao invés de insistir apenas assenti, estava cansado demais para uma discussão.
Após comermos, ficamos na sala, Aurora brincava com os blocos coloridos no tapete, enquanto eu segurava Amélia no colo embalando-a suavemente, Isadora ainda estava no sofá, o brilho da TV refletindo em seu rosto, ela poderia estar no quarto, mas estava ali, talvez não fosse muito, mas era alguma coisa.
Amélia começou a resmungar baixinho nos meus braços que em segundos se  transformaram em um choro fininho e insistente.
— Isa, segura ela um pouquinho?  — Ela sentou-se melhor no sofá e estendeu os braços.
Coloquei Amélia com cuidado no colo dela, ela ajeitou a irmã  apoiando a cabecinha pequena contra o peito, fui até a cozinha preparar algo, Violeta não comia desde que voltamos do hospital ela precisava comer, peguei pão, ovos e queijo, algo rápido, mas que ela aceitaria sem muito esforço, em poucos minutos estava pronto peguei também um copo de suco de laranja, nada muito elaborado, mas era o suficiente, quando voltei para a sala Isadora ainda segurava Amélia.
— Obrigado, Isa. — Murmurei ao pegar a bebê de volta.
Subi as escadas devagar, equilibrando Amélia em um braço e o prato na outra mão, Violeta dormia profundamente, coloquei a comida na mesinha de cabeceira antes de me sentar ao lado dela.
— Vi… — Me inclinei um pouco, passando os dedos suavemente pelos cabelos dela. — Trouxe algo para você comer.— Apontei para o prato ao lado dela. — E Amélia deve estar com fome. — Ela se mexeu, antes de abrir os olhos devagar.
Sem dizer nada, estendeu os braços coloquei Amélia contra seu peito, observando enquanto ela a ajeitava para amamentar.
— Vou sair um pouco. — Ela não perguntou para onde eu ia, não perguntou se eu voltaria logo. — Não demoro. — Nenhuma resposta, então me afastei, saindo do quarto.
— Vou dar uma volta — Informei Isadora, mesmo sabendo que ela também não ligava. — Já falei com sua mãe, você pode brincar um pouco com a Aurora?
— Tá. — Ela deu de ombros.
Peguei as chaves e saí, o ar frio da tarde de inverno bateu no meu rosto, eu precisava pensar, precisava me afastar por um instante dessa realidade sufocante, acima de tudo...
Eu precisava ver Aurora, ela não atendia minhas ligações, eu estava bloqueado em todos os lugares possíveis e se algo grave tivesse realmente acontecido?
Não hesitei ao entrar no saguão do prédio dela, o porteiro ergueu os olhos, parecendo levemente surpreso ao me ver ali.
— Olá!
— Senhor Stone?
— Styles.
— Veio ver a senhorita O'Connor?
— Sim vim ver a Aurora do 201.
— Ela não aparece faz algum tempo.
— O quê? Quanto tempo?
— Não sei, três, quarto dias? Talvez tenha viajado.
— Tem certeza?
— Tenho, senhor.
— Pode ligar para ela? Só pra confirmar se ela está bem?
— Não posso fazer isso, sinto muito.
— Tudo bem, eu volto amanhã.
— Você que sabe. — Deu os ombros.
Saí do prédio sentindo a frustração me consumir, mas eu não ia desistir.
E se o bebê fosse meu?
Eu precisava saber.
Eu voltaria ali todos os dias, eu não ia parar até descobrir toda a verdade.
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de um comentário é muito apreciado!
Esta ansiosa (o) para o próximo?
6 notes · View notes
harrrystyles-writing · 8 days ago
Note
amiga, os pedidos de imagines de música vão ser postado no seu aniversário em julho?
Não amiga ! Vamos ser postados normal !
Inclusive já tenho um pronto é só eu editar pra postar. Então logo logo tem POST novo aqui.☺️
Sobre meu aniversário gostaria de repetir a maratona de imagens que eu fiz!
3 notes · View notes
harrrystyles-writing · 11 days ago
Text
Yes Sir ! Capítulo 40
Tumblr media
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Tumblr media
Aurora
Ele se foi.
E eu o deixei ir.
Ele me disse que me ama e eu não disse de volta.
Agora essas palavras ecoavam na minha cabeça como uma maldição, se repetindo em um ciclo infinito, me torturando.
Eu não sabia o que fazer com elas.
Ele me amava…
E eu não conseguia...
Porque meu coração era um traidor miserável, um órgão teimoso e estúpido que, apesar de tudo, ainda pertencia a Harry e eu odiava isso, odiava que, depois de tudo que aconteceu, ele ainda fosse a primeira pessoa em quem eu pensava ao acordar.
Odiava que meu peito ainda se apertasse ao lembrar do jeito que ele me olhava, odiava que, por mais que eu tentasse, não conseguia arrancá-lo de dentro de mim.
Deixei meu corpo afundar no sofá e escondi o rosto entre as mãos, parte de mim queria desesperadamente amar Gabriel, me agarrar a esse sentimento como se fosse a única coisa capaz de me manter viva, ele era tudo que qualquer pessoa poderia querer.
Então por quê?
Por que eu não conseguia amá-lo?
Por que o homem que estava ao meu lado, que fazia tudo por mim, que se importava de verdade, não era o homem pelo qual meu coração batia?
Era injusto.
Gabriel merecia mais.
Merecia alguém que o amasse do jeito que ele me amava e eu queria ser essa pessoa.
Eu não queria perdê-lo.
Eu queria amá-lo.
Queria que meu coração batesse por ele da mesma forma que o dele batia por mim, queria sentir aquele amor avassalador, intenso, do jeito que parecia ser tão fácil para ele.
Eu podia aprender a amá-lo.
Podia?
Apertei os olhos com força, queria acreditar que sim, queria acreditar que um dia isso aconteceria, que em algum momento meu coração deixaria de ser idiota e finalmente conseguiria amar alguém que valesse a pena.
Talvez não fosse hoje.
Talvez não fosse amanhã.
Mas um dia.
Peguei o celular sem pensar muito e disquei o número dele, colocando no viva-voz porque minhas mãos tremiam demais para segurar o aparelho direito.
Chamou uma vez.
Duas.
Três.
Caixa postal.
Engoli em seco e tentei de novo.
Nada.
O pânico começou a se espalhar no meu peito, quente e sufocante, eu não podia deixar que ele me odiasse.
Digitei uma mensagem.
"Gabriel, me responde, por favor."
Mais uma.
"Eu preciso falar com você."
E outra.
"Gabriel, fala comigo."
Nenhuma resposta.
Joguei o celular no sofá e me levantei, sentindo a adrenalina correr pelo meu corpo.
Eu precisava ir até ele.
Peguei minha bolsa e saí, as pernas se movendo antes que minha mente pudesse me impedir.
Não sabia exatamente o que diria quando chegasse lá, talvez mentisse, talvez dissesse algo que ainda não sentia, mas não importava.
Eu precisava consertar isso.
A chuva castigava o para-brisa, transformando as luzes da cidade em borrões, o limpador tentava, sem sucesso, acompanhar o ritmo frenético das gotas, meus dedos estavam cravados no volante, tão apertados que doíam.
Tudo que eu conseguia pensar era nele.
O medo estava ali, corroendo meus pensamentos, sufocando meu peito.
Ele já devia estar na formatura, se eu me apressasse, ainda dava tempo.
Apertei o acelerador.
As luzes dos postes refletiam nas poças no asfalto molhado, minhas mãos tremiam, meus olhos ardiam.
E então eu vi.
Foi rápido demais.
Um farol veio do nada.
A luz forte me cegou por um segundo.
Meu reflexo automático foi girar o volante.
O carro deslizou no asfalto encharcado.
Rodopiou.
O impacto me jogou para frente, mas o cinto travou no último segundo, esmagando meu peito e arrancando o ar dos meus pulmões, então veio a dor, atravessando minha barriga como uma lâmina fria.
Minha barriga.
O bebê.
Minha respiração ficou irregular quando levei uma mão trêmula ao meu ventre.
— Não, não, não… Por favor…
Eu precisava sair dali, precisava pedir ajuda, tentei me mexer, mas minhas pernas estavam presas, algo quente escorria pelo meu rosto.
Sangue?
Chuva?
Eu não sabia.
Minha visão começou a embaçar, minha cabeça latejava, ouvi vozes distantes, passos.
Até ouvir alguém gritar:
— Ela está grávida!
Queria falar algo, pedir ajuda, mas tudo estava ficando tão escuro.
Harry
Eu não deveria estar aqui.
Essa foi a primeira coisa que pensei ao entrar no salão luxuoso, iluminado por lustres cintilantes e repleto de gente bem vestida e se divertindo, o som da música ao fundo se mistura às vozes e risadas dos convidados.
Os olhares se voltaram para mim no momento em que atravessei a entrada. O smoking preto de corte slim encaixa-se perfeitamente no meu corpo, a camisa branca impecável realçava os ombros largos e o peito firme com a gravata bem ajustada no pescoço, o cabelo para trás, preso no lugar com um pouco de gel. Eu percebia os olhares femininos me avaliando, algumas pessoas murmurando algo umas para as outras.
Não era novidade.
Mas não fui aqui para isso.
A verdade era que minha cabeça estava bem longe, dessa festa, eu não queria estar aqui, a próxima audiência pela guarda de Aurora não estava tão longe e que precisava encontrar uma maneira de parar o Bryan e cada minuto que passava naquele lugar parecia um desvio de tudo o que realmente importava.
Além disso, antes de sair, Violeta mencionou que estava sentindo dor. Eu não sabia se foi algo para me fazer sentir culpado ou se era realmente real, mas a voz dela ainda ressoa na minha mente no fim, ela conseguiu o que queria.
Talvez eu devesse ter ficado em casa.
Eu estava prestes a me convencer de que essa noite não poderia piorar.
Até Claire aparecer.
Linda pra caralho.
Merda!
O vestido vermelho se moldava ao corpo dela, como se tivesse sido desenhado sobre sua pele. O decote, as suas curvas, a fenda lateral que revelava mais do que escondia, ela sabia exatamente o impacto que causava, seu cabelo loiro solto e os lábios, seus malditos lábios com um batom vermelho intenso, se curvaram em um sorriso satisfeito quando perceberam meu olhar.
Eu não queria sentir nada.
Não queria notar.
Mas meu corpo sentiu.
Meu corpo notou.
O maldito calor se espalhando de um jeito irritante.
Claire caminhou devagar até mim, cada passo calculado para me provocar.
— Bem, bem… Acho que alguém decidiu se esforçar hoje, você está um gato. — Ela parou ao meu lado, seus dedos deslizaram de leve pelo meu braço.
Eu me forcei a ignorar o arrepio que correu pela minha pele.
— Você está linda. — A frase escapou antes que eu pudesse evitar, Claire riu, satisfeita.
Eu me odeio.
— Ah, eu sei, mas obrigada. — Ela inclinou a cabeça, os olhos brilhando de malícia. — Tudo isso é especialmente para você. — Sussurrou em meu ouvido.
Me afastei antes que ela pudesse avançar mais, mas o olhar dela dizia que estava se divertindo.
Que gostava desse jogo.
O problema era que eu não podia jogar.
Eu precisava sair dali.
Eu precisava de ar.
Entrei no banheiro, fechei os olhos e respirei fundo. Joguei água no rosto, deixando o choque frio acalmar o que Claire tinha despertado sem esforço algum.
Então, a porta se abriu.
Claire entrou sem hesitação fechando a porta atrás de si e se encostando nela, os braços cruzados sob o peito, realçando ainda mais a curva dos seios.
É claro que ela viria atrás de mim.
— Ainda insiste em fugir de mim, professor?
— O que você está fazendo aqui?
— Ah, Harry… — Ela sorriu e veio em minha direção. — Você sabe exatamente o que eu estou fazendo. — Seu dedo deslizou pelo meu colarinho, descendo devagar pela gravata.
— Claire, para com isso.
— Para com o quê? — Os dedos brincaram com o nó da gravata. — Eu só vim conversar. — Eu segurei seu pulso, afastando-a, mas ela riu. — Você pode segurar minha mão, Harry, mas não pode segurar o que está sentindo agora.
Claire então pegou minha mão e a guiou até sua coxa, deslizando-a para o meio de suas pernas.
Filha da puta.
Ela estava realmente sem calcinha.
O calor da pele dela sob os meus dedos queimava, o pior era que meu corpo reagiu antes que eu pudesse me afastar, eu queria sentir ela, meus dedos formigavam para avançar um pouco mais.
Foi nesse exato momento que a porta do banheiro se abriu de novo e eu vi aquela cara estúpida.
Gabriel.
Não sei se ficava com raiva ou sentia um alívio por ser impedido de fazer algo tão estúpido.
Ele congelou na entrada, os olhos arregalados assim que nos viu.
— Nossa. — Ele riu, incrédulo, cruzando os braços. — Não pode nem mais usar ao banheiro! Que belo exemplo vocês estão dando aos seus alunos.
Minha mão saiu do corpo de Claire no mesmo instante.
Merda.
Eu estava fodido.
Gabriel com certeza não deixaria isso passar.
— Gabriel, não é o que você está pensando. — Tentei me defender.
— Sério? Porque parece exatamente o que eu estou pensando, mas vindo de um homem tão nojento como você, eu não espero nada menos.
Meu sangue ferveu.
Aquele idiota realmente só podia estar louco para me chamar assim.
— Cuidado com o que você fala.
— Ou o quê? Vai negar que não tem caráter nenhum? Primeiro uma aluna, agora uma professora? — O olhar dele foi puro nojo. — Realmente Aurora se livrou de ficar com um homem como você.
E então ele saiu, batendo a porta com força.
Merda!
Merda!
— Bem… Isso foi inesperado, eu não gostei nenhum pouco de ser atrapalhada... — Claire mordeu o lábio, avaliando minha reação. — Mas agora eu sei que você tem mais a perder do que eu pensava.
Aquele idiota acabou com minha vida.
Minha paciência acabou.
— Me deixa em paz, Claire.
— Ah, Harry… Mas por que eu faria isso agora? Logo agora que descobri seu segredinho sujo?
— Porque eu não quero mais isso.
— Acho que agora você não tem muita escolha, não acha? Você está nas minhas mãos.
— Vá se ferrar.
Eu não iria mais ficar ouvindo suas provocações, então sai do banheiro sem olhar para trás.
Ajeitei o smoking e passei a mão pelos cabelos, ainda sentindo a textura do gel que os mantinha alinhados para trás, eu precisava voltar, passei a mão pelo bolso pegando meu celular, quando olhei a tela, meu peito travou.
Cinco chamadas não atendidas.
Quatro mensagens de Violeta.
Meu coração acelerou enquanto desbloqueava o celular e abria as mensagens.
Amor: Harry, me liga.
Amor: Por favor.
Amor: A bolsa estourou.
Amor: Será que você pode me responder.
O telefone chamou uma, duas vezes, até que ela atendeu.
— Harry... — A voz dela estava tensa, trêmula.
— Eu tô indo agora! Onde você está? Já foi para o hospital? Está com dor?
— Eu estou casa, mas... — Um gemido cortou a ligação por um instante. — As contrações estão ficando fortes.
— Fica calma, eu vou chegar logo.
Desliguei e abri imediatamente a caixa de mensagens.
Harry: Rose, preciso que fique com as meninas. Violeta entrou em trabalho de parto.
Rose: Já estou indo para sua casa! Chefinho.
Avistei o responsável pela festa e avisei rapidamente que precisava sair, não esperei resposta, corri pelo salão, ignorando olhares curiosos, fui direto para o carro.
Minha filha prestes a nascer.
E eu estava no pior lugar possível quando isso aconteceu.
Aurora
Acordei com o som distante de vozes, uma sirene ecoava, meu corpo doía, cada respiração parecia um esforço grande demais, tentei me mexer, mas um peso pressionava meu peito.
— Tenha calma, você está segura — uma voz desconhecida disse.
Onde eu estava?
Eu estava em ambulância?
O bebê.
Minhas mãos voaram para minha barriga.
— Meu bebê...
— Ei, ei, respire — a voz do paramédico era firme. — Vamos chegar ao hospital logo, não se preocupe, vai ficar tudo bem.
Nada estava bem.
E se algo tivesse acontecido?
E se eu tivesse causado isso?
Fechei os olhos, o cansaço e o medo me puxaram de volta para a inconsciência.
Quando acordei, a luz branca do hospital me cegou por um momento. O cheiro característico de antisséptico era inconfundível, a sensação dos lençóis rígidos contra minha pele me firmava à realidade.
Eu não estava sozinha.
Senti o olhar antes mesmo de vê-lo.
Pisquei algumas vezes até ficar claro a imagem em minha frente.
Bryan.
Ele estava sentado ao lado da cama, o uniforme levemente desalinhado, como se estivesse ali há tempo demais.
— Você finalmente acordou. — Soltou um suspiro de alívio. — Você tem noção do susto que deu em todo mundo? — Tentei me sentar, mas a mão dele me impediu com um toque firme e cuidadoso. — Você precisa ficar quietinha, você deu trabalho para a gente. — Era impossível ignorar a forma como ele me olhava.
— O bebê...?
— Não aconteceu nada com ele e você teve ferimentos, mas nada grave.— A resposta veio com o toque quente da mão dele apertando a minha.
Meus olhos se fecharam, um alívio esmagador tomou conta de mim.
— Que bom.
— Mas você precisa descansar. — Ele soltou minha mão apenas para afastar uma mecha de cabelo do meu rosto. — O susto foi bem grande. — Meu coração vacilou.— O que você estava fazendo dirigindo naquela chuva?
— Eu... Eu precisava ver o Gabriel.
— Quer que eu chame ele?
A lembrança da nossa última conversa, das palavras cuspidas no calor do momento, na forma como ele saiu.
— Não sei se ele quer me ver, nós brigamos.
— Quer me contar o que aconteceu?
— Não. — Balancei a cabeça devagar.
— Tudo bem. — Ele tocou meu rosto de novo, dessa vez com mais delicadeza.
E, sem querer, fechei os olhos.
Não deveria.
Mas fiz.
Porque, por um instante, aquilo me fez sentir segura.
— Obrigado.
— Agora descanse raposinha.— O tom baixo e gentil me envolveu, então o bipe de seu pager tocou.— Eu preciso ir agora.
— Tá bom.  — Tentei ignorar a decepção que se infiltrou no meu peito.
Bryan se levantou, hesitando por um instante antes de se inclinar para mais perto de mim.
— Não se preocupa, raposinha, eu volto logo para você. — Proferiu, deixando um beijo no topo da minha cabeça antes de sair.
E, por algum motivo, isso foi o suficiente para me fazer fechar os olhos novamente.
Harry
Quando cheguei em casa, encontrei Violeta no sofá, pálida, suando, o rosto marcado pela dor.
— Harry.
— Vai ficar tudo bem. — Agachei ao lado dela, segurando suas mãos trêmulas. — Espere aqui enquanto eu preparo tudo.
Ela assentiu, mordendo o lábio com força ao sentir outra contração.
Fui até o quarto, peguei a bolsa da maternidade e o bebê conforto e os coloquei no carro. Quando voltei, ajudei Violeta a se levantar. Ela se apoiou em mim, soltando um gemido abafado ao ser atingida por uma nova onda de dor.
— Foque em mim, amor.— Segurei seu rosto entre as mãos, forçando-a a me encarar. — Tudo vai ficar bem. 
Os olhos dela brilharam com lágrimas contidas. Ela assentiu, respirando fundo.
Rose chegou logo depois para pegar as meninas. Antes de sair, lançou um olhar preocupado e acenou rapidamente. Eu murmurei um agradecimento, deixei um beijo nas meninas e então ajudei Violeta a entrar no carro.
A viagem até o hospital foi um inferno. Cada vez que ela gemia de dor, meu peito apertava, como se alguém estivesse me sufocando.
Meu único reflexo era repetir:
— Quase lá, amor, só mais um pouco.
Quando finalmente estacionei em frente à emergência, pulei do carro, rodei até o lado do passageiro e abri a porta.
— Consegue se levantar? — Soltei o cinto de segurança dela.
— Eu… acho que sim. — Ela resmungou, mas mal tentou se mexer antes de soltar um gemido alto, segurando minha camisa com força.
— Tudo bem, vem cá.
Sem hesitar, passei um braço sob suas pernas e o outro em suas costas, erguendo-a com cuidado. Ela se encolheu contra meu peito, o rosto contorcido de dor. Assim que atravessei as portas de vidro, uma enfermeira ergueu os olhos, surpresa, e veio em nossa direção.
— Minha esposa está em trabalho de parto! Precisamos de atendimento imediato!
— Nome completo da paciente? — A mulher pegou uma prancheta e começou a anotar rapidamente.
— Violeta Evans Styles.
— Quantas semanas de gestação?
— Trinta e oito.
— Certo, Sr. Styles, vamos levá-la para a ala de obstetrícia.
Uma segunda enfermeira trouxe uma cadeira de rodas, coloquei Violeta nela com cuidado e caminhei ao lado dela, enquanto empurravam a cadeira pelos corredores.
O hospital parecia mais movimentado do que o normal naquela noite, assim que chegamos à recepção da maternidade, entreguei os documentos e o plano de saúde.
Foi aí que algo deu errado.
— Senhor Styles… houve um problema com a disponibilidade dos quartos particulares. — A mulher olhou para mim com uma expressão rígida. — No momento, só temos um quarto duplo disponível. Sua esposa precisará dividir o espaço por algumas horas até resolvermos a situação.
— O quê?! Isso é inaceitável! — Minha voz se elevou. — Pagamos um plano para um quarto particular! Minha esposa não pode dividir um espaço com outra pessoa nesse estado! — Violeta gemeu ao meu lado, apertando minha mão, me deixando ainda mais nervoso. — Eu quero um quarto agora!
— Me desculpe, senhor, mas o hospital está lotado hoje. — A recepcionista suspirou, parecendo nervosa.
— Eu não quero saber! Você vai dar um jeito, minha esposa precisa de conforto e privacidade! Isso é um absurdo!
— Amor… por favor… — Violeta sussurrou, sua voz fraca.
— Tudo bem. — Inspirei fundo. — Mas isso precisa ser resolvido logo. No máximo uma hora, ou eu vou processar esse hospital. — A mulher assentiu, engolindo seco.
Uma enfermeira guiou Violeta até o quarto, um espaço simples, separado por uma cortina branca entre os dois leitos, nada comparado ao quarto particular, mas por uma hora daria para aguentar.
Ajeitei os travesseiros para ela, segurei sua mão e deixei um beijo demorado em sua testa.
— Respira, amor.
— Está doendo…
— Você quer que eu chame alguém?
— Não… só fica aqui, comigo.
Ela fechou os olhos e soltou outro gemido agudo, instintivamente, me abaixei ao lado dela, segurando seu rosto entre as mãos.
— Olha para mim… Respira, tá bom? Eu estou aqui.
— Eu só… eu só quero que isso acabe logo… — Ela tentou conter as lágrimas.
— Eu sei, mas você está indo tão bem, amor, logo, nossa bebê vai estar aqui.
Foi quando a porta do quarto se abriu.
Levantei o olhar.
E meu corpo imediatamente se retraiu.
Bryan.
Ele usava um jaleco branco e segurava uma prancheta, seu olhar passou direto por mim, focado apenas em Violeta.
— Vi. — Ele abriu um sorriso. — Então, está na hora? — Se aproximou da maca, ignorando completamente minha presença. — Como estão as contrações?
Meu maxilar travou e as minhas mãos fecharam.
— O que você está fazendo aqui?
Bryan nem se deu ao trabalho de me encarar.
— Vi, tá tudo bem? Você precisa de alguma coisa?
— Não fale com ela, seu imbecil. — Me levantei num impulso, pronto para jogá-lo para fora dali.
Ele finalmente olhou para mim, um sorriso levemente irritante apareceu em seu rosto.
— Relaxa, Styles, não estou aqui por ela. — Então, virou-se para a prancheta e completou, com a maior calma do mundo.— Vim ver outra pessoa.
Aurora
O colchão áspero arranhava minha pele, o travesseiro era duro, desconfortável, o soro fincado no meu braço latejava, mas nada disso importava.
Eu estava bem.
O bebê estava bem.
Era nisso que eu deveria focar.
Me encolhi na cama, os joelhos contra o peito, tentando ignorar tudo.
A porta se abriu novamente.
Meu coração deu um pulo.
Bryan.
Por favor, que fosse o Bryan.
Prendi a respiração, meus olhos se fixaram na cortina pálida à minha frente, esperando, desejando, implorando, mas então, ouvi vozes que não eram dele.
As enfermeiras.
Uma mulher gemia de dor na outra maca. Meu peito apertou por ela, ela devia estar passando por algo sério, logo outra voz preencheu o ambiente.
— Respira, amor.
Meu corpo gelou.
Não.
Não.
Isso não pode estar acontecendo.
Meu estômago revirou, meu coração disparou.
Eu conhecia aquela voz.
Meu Deus, eu conhecia aquela voz bem demais.
Harry?!
Isso era impossível.
Minhas mãos começaram a tremer, meu peito subia e descia rápido, como se eu estivesse sufocando.
Ele estava realmente ali?
— Está doendo.
A voz dela soou frágil, cansada e ele respondeu no mesmo instante, com aquela ternura que eu conhecia tão bem.
— Você quer que eu chame alguém?
A voz dele era tão...
Gentil.
Preocupada.
Apaixonada.
Fechei os olhos com força, como se isso pudesse me proteger, como se eu pudesse escapar.
— Não, só fica aqui comigo.
Só fica aqui comigo?
Essas palavras foram um soco no estômago.
— Amor, olha para mim... Respira, tá bom? Eu estou aqui.
Amor.
Ele a chamou de amor.
Apertei os dentes, tentando conter o soluço que ameaçava escapar.
Já desejei que ele se importasse comigo assim.
— Eu só... eu só quero que isso acabe logo...
— Você está indo tão bem, amor, logo, nossa bebê vai estar aqui.
Nossa?
Nossa, bebê?
A palavra rasgava minha pele, cortando minha carne, arrancando pedaços de mim.
Ele estava ali.
Ele estava com ela.
Ele estava sendo o homem que desejei que fosse para mim.
Afundei a cabeça no travesseiro, tentando me proteger do que acontecia do outro lado da cortina.
Como se isso pudesse impedir a dor de me consumir inteira.
Mas eu estava presa naquela cama, sendo forçada a ouvir tudo.
Então, eu apenas senti.
Senti o tom de carinho na voz dele.
Senti o jeito com que ele falava com Violeta, como se ela fosse a única coisa que importava no mundo.
Senti a ternura.
A devoção.
O amor.
Deus.
O amor.
Minhas entranhas se torciam de dor.
E então, a porta do quarto se abriu novamente.
Meus olhos se arregalaram.
Não.
Ouvi os passos dele.
Bryan.
Ele não pode se aproximar.
Ele não pode abrir essa cortina.
— O que você está fazendo aqui?
A voz de Harry.
Raiva.
Por quê?
Por que ele estava bravo?
Ele conhecia Bryan?
Por que parecia tão furioso?
Mas nada disso importava.
Porque, no instante seguinte, meu mundo implodiu.
A cortina se moveu.
Meu coração parou.
Bryan, não.
Não, não, não, não.
Mas era tarde demais.
Fechei os olhos.
Mas eu sabia.
Sabia antes mesmo de abrir.
Que o hospital inteiro desmoronou ao meu redor.
Que meu coração explodiu dentro do peito, me rasgando por dentro.
Eu soube.
E então, abri os olhos.
E o vi.
Harry.
Ele estava ali.
Nossos olhares se encontraram.
Os olhos de Harry se arregalaram.
O impacto me rasgou por dentro.
Ele viu tudo.
O rosto inchado de tanto chorar.
O soro preso no meu braço.
Os hematomas.
A vergonha estampada em cada traço meu.
Minha barriga.
Minha barriga.
Meu bebê.
Ele viu.
E agora ele sabia.
Meu mundo acabou.
O que escondi por tanto tempo agora estava exposto para ele ver.
Vi quando a respiração dele falhou.
E pior.
Vi quando ele percebeu que ouvi tudo.
Que ouvi o jeito que ele falou com Violeta.
Que ouvi ele chamar o bebê deles de nosso.
Que ouvi ele amar outra pessoa.
E isso me destruiu.
Me humilhou.
Meu corpo se encolheu por instinto.
Eu queria desaparecer.
Implorei a Deus para desaparecer.
Para sumir daquela cama.
Para nunca ter existido.
Mas eu ainda estava ali.
Vulnerável.
Exposta.
E Harry ainda estava me olhando.
— Tudo bem com você, raposinha? — Bryan se reclinou, tocando meu rosto.
Sei que Harry ainda estava olhando.
E eu não suportava.
Eu não suportava aquele olhar.
Eu precisava fugir.
Precisava me esconder.
— Você pode... — Minha garganta apertou. — Você pode fechar a cortina?
A vergonha me corroía de dentro para fora.
Ele hesitou por um segundo, mas atendeu, então a cortina se moveu de novo.
E a barreira de tecido voltou a nos separar.
Mas não era o suficiente.
E assim que ela se fechou...
Eu quebrei.
Um soluço rasgou minha garganta.
— Ei, o que foi, raposinha?
Segurei o lençol entre os dedos, tentando me agarrar a alguma coisa, mas não havia nada.
Enterrei o rosto no travesseiro e chorei.
Não me importei de que Bryan estava ali.
Eu só chorei.
Chorei até meus ossos doerem.
Chorei até minha alma parecer pequena demais para suportar a dor.
Chorei até desejar nunca ter nascido.
Chorei até me tornar nada.
Simplesmente... nada.
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de um comentário é muito apreciado!
Esta ansiosa (o) para o próximo?
12 notes · View notes
harrrystyles-writing · 11 days ago
Text
Yes Sir! Capítulo 39
Tumblr media
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry. Lembrando que teve um avanço de tempo na história.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Um mês depois...
Aurora
O barulho do motor era a única coisa que preenchia o silêncio sufocante dentro do carro, eu segurava o volante com tanta força que, por um momento, pensei que poderia quebrá-lo.
As últimas quatro semanas tinham praticamente me engolido, eu estava presa entre a faculdade e a tentativa de manter minha vida sob algum tipo de controle, mal tive tempo de pensar em qualquer coisa. Assim que entreguei todos os trabalhos finais, pedi um atestado médico para justificar minha ausência na última semana de aula, fiz questão de que não mencionassem a gravidez no documento, minha barriga já estava difícil de esconder e eu não estava pronta para enfrentar os olhares ou os fofocas e muito menos ficar ouvindo e presenciando todo o alvoroço em torno de uma formatura que eu não iria comparecer.
Minha mãe e minha irmã vieram me visitar enquanto eu estava em casa e isso só serviu para me lembrar de por que escolhi a doação. Minha mãe parecia incapaz de falar comigo sobre qualquer outra coisa que não fosse esse bebê, ela sempre encontrava uma maneira de apontar o quanto eu estava sendo irresponsável, o quanto não seria boa o suficiente para criar meu próprio filho, talvez ela estivesse certa.
Eu não era suficiente.
Quando vi que tinha chegado ao meu destino, estacionei o carro, desliguei o motor e fiquei ali, meus pés pareciam colados ao tapete.
— Você consegue, é só uma conversa. — Repeti a mim mesma, olhando no espelho.
Puxei o envelope do banco do passageiro amassado, dentro dele  estava a resposta para uma pergunta que eu tinha medo demais de fazer.
Era um menino ou uma menina?
Minha mão hesitou sobre o lacre, a curiosidade tomando conta de mim, antes que pudesse ceder, forcei-me a abrir a porta e sair do carro.
O prédio à minha frente era pequeno, discreto, como se fosse intencionalmente projetado para não chamar atenção. A placa na entrada dizia apenas “Serviços de Adoção e Apoio Familiar”.
Empurrei a porta e fui recebida pelo som de um sino. Uma recepcionista olhou para mim de maneira breve antes de sorrir, mas eu só consegui retribuir com um aceno tenso.
— Aurora? — Uma voz suave me chamou antes que eu pudesse sentar.
Levantei os olhos para encontrar a assistente social, ela era alta, de cabelos castanhos presos em um coque simples, seus olhos tinham uma gentileza que combinava com os óculos grandes.
— Sou Evelyn, é um prazer conhecê-la. — Estendeu sua mão e eu retribui. — Pode me acompanhar?
Eu a segui por um corredor estreito até a sala, era pequena e organizada, com paredes decoradas com quadros de paisagens suaves.
Alguém achou que isso seria reconfortante?
Não era.
Sentei-me na cadeira indicada, tentando não demonstrar como minhas pernas tremiam. Evelyn se acomodou à minha frente, cruzando as mãos sobre uma prancheta que parecia intimidante demais.
— Você parece nervosa, quer uma água?
— Eu estou bem.
— Não se preocupe, aqui é um lugar seguro e sem julgamentos. — Deu um pequeno sorriso que pareceu me acalmar por alguns segundos. — Antes de começarmos, quero que saiba que você pode desistir a qualquer momento, não importa em que estágio do processo estejamos, isso é uma escolha sua e você tem o direito de mudar de ideia. — Eu só assenti, incapaz de responder. — Você está grávida de seis meses, correto?
— Sim... E como isso funciona exatamente? — Minha voz insistia em tremer juntamente com minhas pernas.
— A adoção é feita legalmente, você pode optar pelo nível de envolvimento que deseja, como escolher a família se quiser ou também optar por algo mais reservado, sem contato com a criança, tudo isso será uma escolha sua.
— E... quando o bebê nasce? O que acontece?
— Você ficará com ele no hospital, dois dias após a alta assinamos os documentos, até lá, a decisão não é definitiva.
— Então eu posso escolher a família, isso?
Acho que essa era a opção mais viável, eu precisava saber se ele teria bons pais.
— Sim, você pode. — Evelyn sorriu. — Quando estiver pronta, podemos revisar perfis juntas.
Pronta?
Como alguém poderia estar pronto para algo assim?
Será que eu seria capaz de decidir isso?
— Certo.
— Há algo importante que você gostaria de compartilhar sobre o pai da criança? Ele já foi informado sobre a sua decisão? — Evelyn me lançou um olhar que parecia atravessar minha alma, eu neguei com a cabeça. — Entendi, quero que saiba que não é obrigatório o consentimento dele, mas é preferível que ambos estejam cientes. Se possível, de acordo, algumas famílias gostam de saber mais sobre os pais biológicos, seja por questões médicas ou por curiosidade natural. — Eu apenas assenti novamente, eram tantas perguntas que estavam me deixando a beira de um colapso. — E quanto ao sexo do bebê? Você já sabe? — Evelyn perguntou com o olhar em sua prancheta antes de voltar para mim. — Algumas famílias têm preferências específicas, então precisamos incluir isso no formulário.
— O sexo do bebê está aqui. — Puxei o envelope do bolso da minha bolsa e o entreguei. — Eu... eu não quero saber.
Evelyn pegou o envelope, mas não abriu, apenas o colocou sobre a mesa, como se quisesse me mostrar que respeitaria meu desejo.
— Tudo bem, a partir de agora, farei visitas regulares a vocês se você estiver de acordo.
— Ok.
— Fique tranquila, estamos aqui para te ajudar, você não está sozinha, nós faremos isso juntas.
Juntas?
Isso nunca soou tão vazio como agora.
Ninguém iria viver com as consequências da minha escolha a não ser eu, se eu errasse, a culpa seria minha e levaria pelo resto da minha vida.
A verdade era que estava sozinha nessa decisão e eu não sabia se essa era realmente a escolha certa.
Harry
Último mês tinha me empurrado ainda mais para o fundo do poço, minha mente sempre estava dividida entre as pilhas de provas para corrigir e a batalha legal que eu e Violeta estávamos enfrentando, eu me forçava em não pensar em Aurora e toda a dor que causei a ela, era melhor assim, ela estava melhor sem o “caos” que eu causava toda vez que tentava consertar alguma coisa.
E como se não pudesse piorar, tinha a Claire.
Eu não conseguia mais escapar, desde que aquilo aconteceu, eu tentei, tentei me esconder, me afastar, fazer qualquer coisa para que ela não tivesse a chance de se aproximar novamente, mas aqui estávamos nós, eu sentado em uma sala cheia de professores e Claire sentada ao meu lado.
Porra! Que mulher mais insuportavelmente insistente!
Quando ela se acomodou, o cheiro do seu perfume invadiu meus sentidos, meu estômago embrulhou, eu não queria olhar para ela, muito menos falar, mas obviamente isso seria impossível.
— Você realmente vai continuar me evitando assim?
Dei uma olhada rápida ao redor, garantindo que ninguém estava prestando atenção em nós, mas a sensação de estar ali com ela sem poder fugir desta vez era sufocante.
— Eu não estou te evitando. — Respirei fundo, tentando manter a calma.
Eu estava me escondendo esse tempo todo.
Eu sabia disso.
Ela sabia disso.
— Sério, senhor Styles? — Ela provocou, cruzando as pernas e meus olhos instintivamente foram ao encontro de suas pernas. — Você vem fugindo de mim há um mês e ainda se faz de desentendido? Finge que não me vê nos corredores, se esquiva de mim a cada oportunidade! — Deixou um sorriso de lado escapar. — Você pode tentar, Harry, mas isso não vai durar para sempre e francamente, a sua resistência só me faz te querer mais.
Eu só queria que as coisas voltassem ao normal, que eu pudesse simplesmente esquecer aquele erro e principalmente aquela noite.
— Aquilo foi um erro.
— Um erro? Você pareceu bem confortável para alguém cometendo um erro.
A provocação dela me irritava.
— Eu sou casado, Claire, você sabe disso.  — Isso só a fez rir.
— Isso não importou muito quando você estava me fodendo naquela noite no bar, não é?
Eu quase engasguei com o café que tomava, meu corpo inteiro estava tenso, ela não tinha falado isso em voz alta, mas alguém poderia ter ouvido.
— Eu não sei o que você quer, mas pare com isso.
— Ah! Você sabe exatamente o que eu quero. — Ela inclinou ligeiramente na minha direção, seus cabelos caindo suavemente sobre meu ombro. — Você.
Ela se recostou na cadeira com a tranquilidade assim que a reunião começou, isso foi o suficiente para me deixar desconcertado o tempo inteiro que o organizador do baile, Sr. Moretti falava, eu não conseguia desviar os pensamentos de Claire, da maneira como parecia que ela queria me arrastar de volta para aquela noite, para aquela culpa. Foi quando Sr. Moretti falou sobre as duplas de supervisão da noite do baile de formatura que minha atenção voltou com força total, afinal ele havia acabado de citar meu nome, mas eu não sei para qual propósito.
— Me desculpe, Moretti, fiquei meio perdido, você pode repetir, por favor? — Ergui minha mão, interrompendo.
— Claro, estava falando das duplas para a supervisão da festa, como discutido, sabemos que alguns alunos podem ser um pouco ousados demais trazendo algumas drogas e não queremos que incidente das bebidas batizadas do ano passado se repita, você não estava, mas foi o caos, então vamos redobrar a supervisão esse ano, o primeiro turno ficou com senhor Brown e a senhora Scott, o segundo turno ficou você, senhor Styles e a senhorita Donnelly, afinal vocês são os novatos desse ano, então nada mais justo que os deixar juntos.
Meu estômago afundou instantaneamente.
O pânico quase me paralisou.
Não!
Não podia ser!
Donnelly?
Claire Donnelly?
Isso só podia ser brincadeira.
Olhei para ela e ela sorriu, claro que estaria sorrindo.Eu queria protestar, mas as palavras não saíram e logo o maldito homem encerrou o assunto. Já era tarde demais, a decisão estava tomada.Claire parecia se divertir com a minha agonia silenciosa, depois da reunião, eu estava determinado a evitar mais uma conversa com ela, porém sabia que ela não desistiria tão fácil. Em passos apressados, ia em direção ao meu escritório, ouvindo os saltos dela, logo atrás.
— Senhor Styles?!  — Ela me seguia. — Precisamos conversar. — Não parei, mas ela apressou os passos até me alcançar.
— Não posso agora, senhorita Donnelly, estou muito ocupado. — Nem olhei para trás antes de falar.
— Harry! — Sua voz estridente ecoou.
Merda!
— Tudo bem, mas seja breve.
Girei a maçaneta do meu escritório entrando, mas deixei a porta aberta assim que ela passou, talvez assim fosse mais fácil evitar alguma conversa constrangedora.
— O que você quer, Claire?
— Eu já disse.
— Por favor, Claire, o fato de eu ter te evitado esse tempo todo já não foi suficiente para você entender que eu não quero você?  — Soltei um suspiro pesado, cruzando os braços.
Ao invés de me responder, ela caminhou até a porta, trancando-a com um sorriso malicioso, tirando a chave da maçaneta, segurando em sua mão.O pânico se espalhou sobre mim novamente, eu sabia que não tinha mais como escapar agora, Claire não estava brincando, ela sabia que me tinha onde queria e aquela chave que ela segurava só fazia aumentar o peso da pressão sobre meus ombros. Eu a observei, se aproximar novamente, o perfume que ela usava me invadiu de novo, por um momento, meu corpo parecia relembrar a memória daquela noite.
Malditas lembranças.
— Você realmente acha que isso vai me fazer desistir de você?— Ela tentou me provocar, mas tudo o que eu conseguia focar era na chave.  — Você quer isso? — Fez um biquinho e, com um movimento casual, colocou a chave entre seus seios que estavam estampados em um belo decote. — Vem pegar.
Eu teria que tocá-la para pegar de volta e era o que ela mais queria, eu não iria dar esse prazer a ela, então simplesmente ignorei-a, me virei para a mesa, sentando tentando me concentrar nos papéis à minha frente.
— Sabe, Harry, eu não consigo parar de pensar em você naquela noite... Você não sente falta disso? Não acha que deveríamos repetir?
— Não, Claire, por favor, vá embora.
— Você pode negar, mas eu sei que você gostou.
Eu não sabia mais o que fazer, não sabia mais o que dizer, então, apenas voltei a olhar para os papéis na mesa, continuando a ignorá-la, o que claramente a irritou, sem qualquer aviso, ela empurrou minha cadeira para trás, fazendo com que eu quase perdesse o equilíbrio, a sensação de estar completamente vulnerável me atingiu com uma força inesperada.
— Claire, pare com isso, eu não vou cair no seu jogo.
— Jogo? Ah, Harry, isso não é um jogo. — Ele sorriu em vitória por finalmente dar atenção a ela. — Isso é você tentando se convencer de que não me quer, mas sabe o que é engraçado? Quanto mais você tenta resistir, mais eu vejo o que você realmente quer.
E antes que eu pudesse processar, ela estava na minha frente, os olhos fixos nos meus, com aquele sorriso provocante, ela se sentou na mesa como da última vez que esteve em meu escritório, a saia preta dela subiu, revelando mais suas coxas, o calor no meu corpo aumentou, mas tentei resistir.
Meu corpo não podia me trair agora.
— Eu realmente não quero, mas está muito difícil de você entender. — Disse, me aproximando com intuito de tirá-la da minha mesa, mas assim que cheguei mais perto, suas mãos foram ágeis para me prender ali.
— Eu entendi muito bem, mas eu não acredito em você.— Ela ficou a centímetros de mim, tão perto que quase pude sentir seu hálito quente. — Eu só penso em você desistindo de lutar contra seu desejo... Minhas mãos correndo por você agora...
Eu fechei os olhos por um instante, tentando recuperar minha compostura.
Isso não estava acontecendo.
Eu não iria ceder.
— Você está passando dos limites. — Eu tentei me afastar, mas ela não me deixava. — Para!
— Limites? Que limites, Harry? Você fala como se não quisesse me pegar agora mesmo e acabar com todo esse tesão acumulado que está sentindo. — Engoli seco, tentando respirar fundo e não deixar as palavras dela me afetarem. — Você não quer que eu pare, admita, está imaginando o que eu faria se você simplesmente me deixasse continuar... — Ela subiu devagar sobre mim, eu queria afastá-la, mas, em vez disso, senti meu corpo reagir, a necessidade, tudo me consumindo. — Eu vou ser bem clara com você, se você me deixasse, Harry, eu ficaria de joelhos bem aqui, só para te agradar, eu faria tudo o que você quisesse. — Ela começou lentamente a rebolar em cima de mim, segurei os quadris dela para parar, mas minhas mãos tremiam e Claire percebeu o quão perto estava de romper minhas barreiras. — Me deixa, Harry vai. — Gemeu em meu ouvido.
Eu estava ali, paralisado, tentando resistir, ela estava cavalgando devagar, provocando-me com cada movimento, quanto mais eu tentava resistir, mais o desejo crescia, como se minha mente estivesse dividida entre o que era certo e o que eu mais queria.
— Para, Claire! — Eu quase gritei, mas ela não parou.
Ela colocou a mão no meu peito, seus dedos deslizando lentamente para baixo, como se estivesse marcando o território dela em mim, a sensação de seus dedos sobre minha pele me fez tremer, eu estava perdendo o controle e ela sabia disso.
Eu não queria isso.
Não queria.
Mas o desejo estava lá, forte, impossível de ignorar, eu estava duro, isso apenas tornava tudo ainda mais difícil porque ela sentiu e roçou em mim com mais vontade.
— Viu? Você não pode me negar, Harry.
Seus lábios tocaram os meus, eu tentei me afastar, mas ela prendeu meu rosto entre as mãos, forçando-me a beijá-la, eu tentei, mais uma vez, lutar contra isso, eu não ia deixar a porra do meu tesão foder com minha vida de novo, com um movimento rápido, eu segurei os quadris dela mais firme dessa vez tirando-a de cima de mim.
— Para, porra! Eu já disse que não quero você.  — Ela apenas riu.
— Harry, você pode tentar se convencer, pode até tentar se afastar, mas eu estou vendo exatamente o que eu quero. — Olhava para minha protuberância em minhas calças.
— Isso não quer dizer nada, faça o favor de não me procurar mais.— Limpei seu beijo de meus lábios. — Saia, Claire! Agora.
— Não quero ser injusta, mas eu sou paciente até certo ponto, pense bem no que está fazendo.
— O que você está insinuando?
— Não estou insinuando nada, você sabe, Harry, eu só queria ser boa para você, mas se é assim que vai ser, talvez outras pessoas, como o reitor, devam saber como você lida com mulheres... — Ela sorriu ao ver minha expressão de espanto. — Soube que você já está na lista negra dele por ser um dos suspeitos de terem traçado uma aluna, não seria uma pena se ele soubesse que você também andou me assediando?
— Eu nunca fiz isso.
— Será sua palavra contra a minha, mas não se preocupe, eu vou te dar um tempo para pensar, até o baile. — Ela tentou se aproximar de novo mas eu recusei. — Tudo bem, eu vou garantir que você não consiga olhar para mais nada além de mim e quando você estiver olhando para mim, tentando resistir, talvez se pergunte... Será que estou usando algo por baixo? Ou será que eu quis facilitar as coisas só para você? Eu vou fazer de tudo para que você me queira tanto quanto eu quero você.
— Claire, isso acabou, o que aconteceu, aconteceu, mas não vai se repetir, pare de insistir.
— Ah, Harry... Eu sempre consigo o que quero e você não será exceção. — Ela pegou a chave de onde estava, com um sorriso provocante, saiu pela porta, deixando-me sozinho.
Aurora.
Era o dia da formatura, o dia em que deveria estar vibrando e comemorando, afinal, foram longos anos de muita dedicação para chegar até aqui, eu finalmente era uma advogada!
Mesmo em casa fingindo estar doente eu recebi mensagens de alguns amigos e parentes me parabenizando pela grande conquista, todos ao meu redor estavam felizes, minha galeria estava cheia de fotos de vestidos de festa da Lily, aparentemente estava difícil demais escolher qual vestido a deixava mais sexy, eu, por outro lado, só conseguia sentir uma apatia esmagadora com tudo isso.
Aquele deveria ser o meu momento, eu deveria estar lá com ela me arrumando em seu dormitório, tomando margaritas e aproveitando nossa última noite, mas ao invés disso eu estava enorme, com os pés inchados que já não cabiam mais em meus sapatos, sentada em frente a TV vendo a reprise de Ellen DeGeneres e mesmo eu pedindo para Gabriel não aparecer, lá estava ele sentado no meu sofá, ao invés de se arrumar para sua incrível noite do baile.
— Não é querendo te expulsar, mas você não deveria estar colocando seu smoking e fazendo um esquenta com seus amigos? — Perguntei, sem tirar os olhos da TV.
— Não é querendo me expulsar? Já me expulsando! — Gabriel riu, franzindo o nariz. — E para sua informação, eu não sou o tipo de cara que faz "esquenta".
— Claro que não, você é o tipo que invade a casa de alguém que claramente pediu para ficar sozinha.
— Invadir é uma palavra forte, não acha? — Ele sorriu, apoiando os cotovelos nos joelhos, me observando de perto.
— Gabriel, você sabe que não precisa estar aqui, né? Esse é o seu grande momento, deveria estar aproveitando.
— E te deixar aqui? — Ele apontou para a TV com uma expressão teatral. — Assistindo Ellen DeGeneres pela terceira vez na semana?
— É a segunda vez, obrigada. — Revirei os olhos.
— Ainda assim, você merece mais do que isso.
— E o que eu "mereço", na sua opinião? Ir ao baile me sentindo ridícula, com todo mundo me olhando como se eu fosse uma aberração?
— Você não é uma aberração, Aurora. — Ele balançou a cabeça, como se não acreditasse no que estava ouvindo. — Longe disso, você é a grávida mais linda que já vi. — Fiquei em silêncio por um momento, eu odiava como, de alguma maneira, ele me fazia odiar menos essa gravidez. — Você tem certeza de que não quer ir? Ainda dá tempo!
— Já disse que não, Gabriel.
— Você deveria estar lá, comemorando com todo mundo e não ligar para o que vão dizer.
— Nós já conversamos sobre isso, não estou pronta para contar sobre a gravidez.
— Tudo bem, mas você sabe que isso não vai ficar escondido por muito mais tempo, precisa enfrentar esse medo.
— Eu sei. — Suspirei, tentando conter a onda de frustração. — Seus pais estão vindo do Canadá, você devia estar focado nisso, não em mim.— Mordisquei mais uma pipoca. — Aliás, você não deveria buscar eles ou algo assim?
— Meu tio foi pegá-los. — Aproximou-se mais de mim, seus dedos começando a brincar com uma mecha solta do meu cabelo. — Você não quer mesmo conhecê-los? — Ele perguntou, como se estivesse tentando me convencer com sua insistência.
— Gabriel, nós nem estamos juntos há tempo o suficiente para dar esse passo. — Respondi, afastando suavemente sua mão. — Não faz sentido eu conhecer sua família agora, ainda mais assim, nessa situação.
— E que situação é essa? — Ele arqueou uma sobrancelha, como se quisesse me provocar.
— Preciso mesmo explicar? — Apontei para mim mesma, com a barriga enorme saindo da blusa de pijama. — Eu não estou exatamente no meu melhor momento.
— Eles nunca se importariam com isso. — Ele riu baixo, balançando a cabeça. — Confie em mim, eles iam gostar de você.
— Não se importariam? — Senti a irritação crescer dentro de mim. — Sério, Gabriel? Eles vão olhar para mim e pensar “Que ótimo, meu filho está namorando uma grávida de outro cara qualquer por aí!” — Joguei as mãos para o ar, frustrada.
Hoje definitivamente não era um bom dia para mim.
— Meus pais não são assim. — Ele franziu a testa, visivelmente irritado. — Mas, se isso te faz sentir melhor, eu posso dizer que é meu, assim evitaria as perguntas.
— Não! — A palavra escapou antes que eu pudesse me conter. — Isso não é sua responsabilidade, Gabriel, você não tem que ser meu salvador todas às vezes, resolvendo tudo como se fosse simples assim!
— Eu sei que não é simples. — Ele passou a mão pelos cabelos, exalando um suspiro pesado. — Mas você também complica as coisas, não deixa ser ajudada, eu estou fazendo tudo o que posso por você e por esse bebê, mas você continua achando maneiras de me afastar.
— É porque eu não pedi isso! — Minha voz subiu, fazendo-o recuar. — Você não é o pai! Então para!
O arrependimento veio no mesmo instante, eu não deveria ter dito aquilo, mesmo que fosse verdade.
Gabriel não merecia.
— Eu sei que não sou o pai! Ok! Você sempre deixou isso bem claro. — Ele levantou a voz, algo que ele nunca fazia, aquilo me fez sentir um calafrio. — Mas onde está ele? Hein? Onde está Harry? Você nem ao menos teve coragem de contar a ele!
— Uau! Realmente era a última coisa que gostaria de ouvir hoje. — As palavras dele ainda ecoavam na minha mente, difíceis de engolir.
— Me desculpe. — Gabriel tentou se aproximar, mas assim que seus dedos me tocaram, recuei. — Eu não queria falar desse jeito, mas poxa, Aurora, eu não sei mais o que fazer, estou aqui tentando, pesquisando, planejando, sonhando com um futuro para nós e tudo que eu recebo em troca é você me dizendo que isso não é problema meu. — Eu podia ver seu maxilar travado, a insatisfação em seu olhar. — Eu tenho feito o meu melhor, Aurora, reprimi minhas dúvidas, minhas inseguranças, porque sei que você precisa de apoio e não de mais problemas, mas você está sendo cruel jogando isso na minha cara o tempo todo.
— Talvez você devesse parar de se esforçar tanto e planejar um futuro para nós! — Gritei, sentindo o desespero me sufocar.
Eu não aguentava mais o ver planejar um futuro para esse bebê que nem estaria aqui no final de tudo.
— O que você quer dizer com isso?
— Eu... Eu não vou ficar com o bebê...
Pareceu que um peso saiu de meus ombros, mas o silêncio e o olhar que ele me deu foi quase esmagador, era como se eu tivesse acabado de dizer a coisa mais absurda do mundo.
— O quê? 
— Gabriel, eu queria ter te contado antes...
— Você já decidiu isso? Realmente, já está certa de que não vai ficar com ele? Me diz que não, por favor.
— Sim... — Eu estava lutando contra as lágrimas. — Já dei entrada no processo de adoção.
— Quando?
— Foi essa semana...
— Essa semana? — Cerrou os dentes. — Desde quando você vem pensando sobre isso?
— Desde o início.
— E você pretendia mentir para mim até quando? Até o bebê nascer e levarem ele?
Meu corpo inteiro tremia, eu sabia que isso era minha culpa, eu não deveria ter dado esperanças a ele.
— Gabriel... Me desculpe... Eu nunca...
— Você nunca o quê? — Me interrompeu, levantando-se, começando a caminhar de um lado para o outro. — Me magoar? Bem, parabéns, você conseguiu. — A dor em seus olhos parecia queimar, eu tinha medo do que viria a seguir — O que a gente está fazendo aqui, Aurora? Porque, honestamente, eu não sei mais! — Ele parou de repente me encarando, mas eu não conseguia olhá-lo, eu abaixei a cabeça, mordendo meus lábios até sentir o gosto amargo do sangue. — Eu comprei o berço mais caro da loja onde trabalho, Aurora, era uma surpresa para você! Eu fiz estoque de fraldas na casa do meu tio para você nunca precisar se preocupar, eu importo com você e com esse bebê, mesmo que não seja meu, eu leio livros de maternidade todas as noites, TODAS AS NOITES, Aurora! Eu me preparei de todas as formas possíveis, tudo isso, enquanto você... — Sua voz sumiu por um instante. — Nem ao menos quis me dizer a verdade.
— Gabriel... — Tentei me aproximar, mas ele ergueu a mão no ar, me impedindo.
— E antes que você diga, pela milésima vez, que isso não é minha responsabilidade ou que nunca pediu nada disso... — Seus olhos se encheram de lágrimas. — EU FAÇO TUDO ISSO PORQUE TE AMO, AURORA! EU TE AMO!
Aquelas palavras me acertaram como um soco.
Ele...
Ele realmente me ama?
Fiquei imóvel, sem conseguir reagir, meu coração batia tão alto que parecia ecoar no silêncio que se formou entre nós naquele instante.
— Mas talvez isso não seja suficiente para você.— Suspirou cabisbaixo.
Antes que eu conseguisse reagir, ele virou as costas e caminhou até a porta.
— Espera... — minha voz falhou. — Gabriel.
Eu queria dizer o mesmo, mas...
Eu ainda não...
Ele parou por um instante, mas não olhou para trás, abriu a porta e simplesmente foi embora depois de dizer que me amava.
Harry
Hoje finalmente era o dia da audiência, minhas mãos tremiam enquanto estava sentado em uma das cadeiras de madeira na sala de espera do tribunal, ao meu lado Violeta estava silenciosa, seus dedos brincavam nervosamente com a aliança na mão esquerda, era estranho vê-la aqui, sentada ao meu lado, considerando tudo que havíamos passado.
Eu deveria estar focado no baile de formatura, me preparando para o discurso que daria aos meus alunos, mas em vez disso, estava plantado quase uma manhã inteira naquela cadeira desconfortável. A lembrança do que Claire me disse no meu escritório ainda martelava minha cabeça, mas não podia deixar isso dominar meus pensamentos agora.
Eu precisava focar aqui, na minha família, na minha filha.
Era isso que importava no momento.
— Obrigado por... — Comecei, hesitante, sem saber exatamente como continuar. — Por, ao menos, me ouvir e voltar a falar comigo.
— Não fiz por você. — Ela suspirou, os olhos cansados virando-se brevemente para mim antes de voltarem para o chão.
— Eu sei, mesmo assim, obrigado.
Ela não respondeu.
O som de um relógio na parede parecia mais alto na falta de palavras.
— Violeta, eu estava pensando... — Arrisquei, com minha voz mais baixa.
— No quê? — Indagou sem olhar diretamente para mim, como se já esperasse algo que iria a frustrar.
— Eu vou entrar de férias depois que isso acabar e nossa bebê nascer... — Comecei devagar, esperando pela reação dela, seus olhos finalmente encontraram os meus, com curiosidade e cautela. — O que acha de fazermos uma viagem? Como família.
— Uma viagem? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Harry, se mal conseguimos dividir um teto sem brigar, você realmente acha que uma viagem vai resolver alguma coisa?
— Não é para resolver nada. — Suspirei, endireitando-me na cadeira. — Só acho que precisamos de uma pausa de tudo isso. Mesmo que não resolva nossos problemas, pelo menos as meninas teriam algo bom. Algo que não fosse só silêncio ou mágoa.
— Você tem ideia de como vai ser minha vida depois que essa bebê nascer? — Ela desviou o olhar, os dedos ainda brincando com a aliança. — Noites sem dormir, fraldas, amamentação... Você acha mesmo que isso é uma boa ideia? Harry, eu vou estar esgotada.
— Sei que não vai ser fácil — Admiti, tentando não soar defensivo. — Mas você pode levar alguém para ajudar, se quiser. Eu também vou ajudar, sou o pai dela! Sempre ajudei, mesmo quando as coisas estavam ruins entre nós, não vai ser agora que vou parar... Só pensei em algo como a Disney, sei que elas amam, acho que faria bem para elas.
Ela mordeu o lábio, um sinal de que eu sabia muito bem que era sua forma de dizer que estava considerando, mesmo que de forma relutante.
— Não sei... — Resmungou, desviando o olhar novamente.
— Não estou pedindo para decidir agora. Só... pense nisso, por favor.
Antes que ela contestasse, a porta da sala se abriu, Anderson, nosso advogado, apareceu com seu terno azul-marinho impecável e uma maleta, carregando a confiança que eu desejava ter.
— Estamos prontos para começar.
Levantei-me e ofereci minha mão para ajudá-la, Violeta aceitou, mas evitou me encarar enquanto ela ajeitava a bolsa no ombro, num gesto quase automático, inclinei-me e depositei um beijo rápido em seus lábios.
Ela congelou por um segundo, surpresa, mas não disse nada.
Eu também não sabia explicar por que fiz isso.
Talvez fosse um reflexo, talvez fosse culpa.
— Vai dar tudo certo.
Ela não respondeu, apenas seguiu em direção à sala de audiência, enquanto eu ficava parado por um momento, tentando sufocar o peso que parecia se acumular no meu peito.
Eu me sentei no fundo, entre os espectadores, com uma visão clara de Violeta e Bryan à frente, meu coração batia pesado, cada pulsação era um lembrete do quanto eu estava impotente ali.
Bryan parecia absurdamente confiante, sentado ao lado de Eric Hall, eu me perguntei quantas vezes ele já havia ensaiado aquele sorriso pretensioso que me dava vontade de atravessar a sala e socá-lo.
O juiz entrou e todos ficamos de pé, após as formalidades iniciais, Eric Hall foi o primeiro a falar, abrindo o discurso com sua voz impecavelmente treinada.
— Excelência, este caso é sobre o bem-estar da criança, Aurora Styles. — Ele falava como se estivesse discursando para uma plateia. — Meu cliente é o pai biológico e deseja estabelecer um relacionamento saudável, também o desejo sincero de ser parte ativa de sua vida! Algo que ele foi privado por circunstâncias infelizes. 
Privado?
O homem teve muito tempo para ser presente, mas a ignorou por esses dois anos, agora queria bancar o pai perfeito.
— Ele é um homem estável, financeiramente responsável e emocionalmente comprometido em prover um ambiente seguro e positivo para sua filha. — O jeito com que ele falava até fazia qualquer palavra parecer verdadeira.
Anderson obviamente rebateu com calma, destacando o papel de Violeta como mãe dedicada e a estabilidade que nossa casa sempre proporcionou, também a desinteresse da parte dele por todo esse tempo, por um momento, tudo parecia estar indo bem, então, Bryan olhou para mim e depois chamou Hall para uma breve conversa antes do advogado se levantar novamente, ajeitando seus papéis com aquela arrogância irritante.
— Excelência. — Fez uma pausa dramática que me fez ranger os dentes. — Meu cliente gostaria de ajustar sua proposta inicial, dadas as novas evidências que recebi agora, acreditamos que a guarda total de Aurora Styles seria mais adequada para o seu bem-estar.
O quê?!
O ar pareceu sumir dos meus pulmões, eu me sentia sufocando.
Aquilo não podia estar acontecendo.
Violeta se virou para mim, os olhos arregalados de puro choque.
— Objeção, Excelência! — Anderson reagiu imediatamente. — Isso é completamente inaceitável, o pedido inicial não incluía guarda total e agora no meio do processo, querem alterar os termos?
— Senhor Hall, o senhor sabe que mudanças desse nível não podem ser feitas assim, sem aviso prévio. — O juiz ergueu uma sobrancelha, apoiando os cotovelos na mesa.
— Excelência — Hall sorriu, aquele maldito sorriso arrogante. — Entendo sua preocupação, mas estamos falando do bem-estar da menor, nós temos provas que justificam essa solicitação tão repentina.
Meu estômago revirou.
Provas?
Que provas?
— Excelência. — Anderson bufou, indignado. — Se há novas provas, elas deveriam ter sido apresentadas com antecedência, não jogadas no tribunal de última hora para tentar desestabilizar minha cliente!
Eu queria me levantar, gritar e socar aquela cara do Bryan que parecia estar se divertindo às nossas custas.
— Normalmente, eu rejeitaria a inclusão de provas de última hora, mas, como estamos lidando com a guarda de uma criança e houve alegações sobre o bem-estar dela preciso considerar todos os elementos que possam afetar essa decisão. — O juiz suspirou, ajeitando os óculos.
Porra! Ele iria considerar?!
Não!
Bryan não poderia ter a guarda total da minha filha.
Ele não podia simplesmente aparecer e arrancá-la de nós.
Meu mundo estava desmoronando bem ali.
— Sendo assim, concederei um recesso para revisar esse material antes de decidir se ele será aceito como evidência formal no processo, mas que isso não se repita, senhor Hall.  — O juiz bateu o martelo. — Voltaremos a essa audiência daqui a duas semanas.
Tudo dentro de mim estava anestesiado pelo medo, os advogados começaram a se mover, as pessoas iam saindo ao meu redor, mas eu só conseguia encarar Bryan, ele estava sorrindo, como se soubesse que já tinha vencido.
Pela primeira vez desde que entramos naquele tribunal, eu me perguntei.
Estávamos prestes a perder?
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de um comentário é muito apreciado!
Esta ansiosa (o) para o próximo?
9 notes · View notes
harrrystyles-writing · 12 days ago
Text
ATUALIZADAAAA!!!!
Masterlist
Tumblr media
Aurora é uma jovem estudiosa, considerada uma das melhores alunas de sua faculdade, o orgulho de sua família, porém se sente constantemente presa em sua vida perfeita. Harry Styles tem tudo o que um homem de sua idade deseja, uma esposa e dois filhos, uma enorme casa no subúrbio e um emprego estável, entretanto não é o suficiente para sentir-se satisfeito.Mas o que eles nunca poderiam imaginar era que suas vidas se cruzariam e em apenas uma noite fugindo de seus problemas mudaria todo o rumo de suas histórias.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo13
Capítulo14
Capítulo15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capitulo18
Capitulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
60 notes · View notes
harrrystyles-writing · 12 days ago
Note
Amiga, acho que pulou o capítulo 39 de Yes Sir
https://www.tumblr.com/harrrystyles-writing/774974452002848768/yes-sir-cap%C3%ADtulo-40?source=share
Amiga então eu jurava que tinha postado!!!! 😢😢😢😢😢
Aiii me perdoem
5 notes · View notes
harrrystyles-writing · 12 days ago
Text
Yes Sir! Capítulo 39
Tumblr media
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry. Lembrando que teve um avanço de tempo na história.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Um mês depois...
Aurora
O barulho do motor era a única coisa que preenchia o silêncio sufocante dentro do carro, eu segurava o volante com tanta força que, por um momento, pensei que poderia quebrá-lo.
As últimas quatro semanas tinham praticamente me engolido, eu estava presa entre a faculdade e a tentativa de manter minha vida sob algum tipo de controle, mal tive tempo de pensar em qualquer coisa. Assim que entreguei todos os trabalhos finais, pedi um atestado médico para justificar minha ausência na última semana de aula, fiz questão de que não mencionassem a gravidez no documento, minha barriga já estava difícil de esconder e eu não estava pronta para enfrentar os olhares ou os fofocas e muito menos ficar ouvindo e presenciando todo o alvoroço em torno de uma formatura que eu não iria comparecer.
Minha mãe e minha irmã vieram me visitar enquanto eu estava em casa e isso só serviu para me lembrar de por que escolhi a doação. Minha mãe parecia incapaz de falar comigo sobre qualquer outra coisa que não fosse esse bebê, ela sempre encontrava uma maneira de apontar o quanto eu estava sendo irresponsável, o quanto não seria boa o suficiente para criar meu próprio filho, talvez ela estivesse certa.
Eu não era suficiente.
Quando vi que tinha chegado ao meu destino, estacionei o carro, desliguei o motor e fiquei ali, meus pés pareciam colados ao tapete.
— Você consegue, é só uma conversa. — Repeti a mim mesma, olhando no espelho.
Puxei o envelope do banco do passageiro amassado, dentro dele  estava a resposta para uma pergunta que eu tinha medo demais de fazer.
Era um menino ou uma menina?
Minha mão hesitou sobre o lacre, a curiosidade tomando conta de mim, antes que pudesse ceder, forcei-me a abrir a porta e sair do carro.
O prédio à minha frente era pequeno, discreto, como se fosse intencionalmente projetado para não chamar atenção. A placa na entrada dizia apenas “Serviços de Adoção e Apoio Familiar”.
Empurrei a porta e fui recebida pelo som de um sino. Uma recepcionista olhou para mim de maneira breve antes de sorrir, mas eu só consegui retribuir com um aceno tenso.
— Aurora? — Uma voz suave me chamou antes que eu pudesse sentar.
Levantei os olhos para encontrar a assistente social, ela era alta, de cabelos castanhos presos em um coque simples, seus olhos tinham uma gentileza que combinava com os óculos grandes.
— Sou Evelyn, é um prazer conhecê-la. — Estendeu sua mão e eu retribui. — Pode me acompanhar?
Eu a segui por um corredor estreito até a sala, era pequena e organizada, com paredes decoradas com quadros de paisagens suaves.
Alguém achou que isso seria reconfortante?
Não era.
Sentei-me na cadeira indicada, tentando não demonstrar como minhas pernas tremiam. Evelyn se acomodou à minha frente, cruzando as mãos sobre uma prancheta que parecia intimidante demais.
— Você parece nervosa, quer uma água?
— Eu estou bem.
— Não se preocupe, aqui é um lugar seguro e sem julgamentos. — Deu um pequeno sorriso que pareceu me acalmar por alguns segundos. — Antes de começarmos, quero que saiba que você pode desistir a qualquer momento, não importa em que estágio do processo estejamos, isso é uma escolha sua e você tem o direito de mudar de ideia. — Eu só assenti, incapaz de responder. — Você está grávida de seis meses, correto?
— Sim... E como isso funciona exatamente? — Minha voz insistia em tremer juntamente com minhas pernas.
— A adoção é feita legalmente, você pode optar pelo nível de envolvimento que deseja, como escolher a família se quiser ou também optar por algo mais reservado, sem contato com a criança, tudo isso será uma escolha sua.
— E... quando o bebê nasce? O que acontece?
— Você ficará com ele no hospital, dois dias após a alta assinamos os documentos, até lá, a decisão não é definitiva.
— Então eu posso escolher a família, isso?
Acho que essa era a opção mais viável, eu precisava saber se ele teria bons pais.
— Sim, você pode. — Evelyn sorriu. — Quando estiver pronta, podemos revisar perfis juntas.
Pronta?
Como alguém poderia estar pronto para algo assim?
Será que eu seria capaz de decidir isso?
— Certo.
— Há algo importante que você gostaria de compartilhar sobre o pai da criança? Ele já foi informado sobre a sua decisão? — Evelyn me lançou um olhar que parecia atravessar minha alma, eu neguei com a cabeça. — Entendi, quero que saiba que não é obrigatório o consentimento dele, mas é preferível que ambos estejam cientes. Se possível, de acordo, algumas famílias gostam de saber mais sobre os pais biológicos, seja por questões médicas ou por curiosidade natural. — Eu apenas assenti novamente, eram tantas perguntas que estavam me deixando a beira de um colapso. — E quanto ao sexo do bebê? Você já sabe? — Evelyn perguntou com o olhar em sua prancheta antes de voltar para mim. — Algumas famílias têm preferências específicas, então precisamos incluir isso no formulário.
— O sexo do bebê está aqui. — Puxei o envelope do bolso da minha bolsa e o entreguei. — Eu... eu não quero saber.
Evelyn pegou o envelope, mas não abriu, apenas o colocou sobre a mesa, como se quisesse me mostrar que respeitaria meu desejo.
— Tudo bem, a partir de agora, farei visitas regulares a vocês se você estiver de acordo.
— Ok.
— Fique tranquila, estamos aqui para te ajudar, você não está sozinha, nós faremos isso juntas.
Juntas?
Isso nunca soou tão vazio como agora.
Ninguém iria viver com as consequências da minha escolha a não ser eu, se eu errasse, a culpa seria minha e levaria pelo resto da minha vida.
A verdade era que estava sozinha nessa decisão e eu não sabia se essa era realmente a escolha certa.
Harry
Último mês tinha me empurrado ainda mais para o fundo do poço, minha mente sempre estava dividida entre as pilhas de provas para corrigir e a batalha legal que eu e Violeta estávamos enfrentando, eu me forçava em não pensar em Aurora e toda a dor que causei a ela, era melhor assim, ela estava melhor sem o “caos” que eu causava toda vez que tentava consertar alguma coisa.
E como se não pudesse piorar, tinha a Claire.
Eu não conseguia mais escapar, desde que aquilo aconteceu, eu tentei, tentei me esconder, me afastar, fazer qualquer coisa para que ela não tivesse a chance de se aproximar novamente, mas aqui estávamos nós, eu sentado em uma sala cheia de professores e Claire sentada ao meu lado.
Porra! Que mulher mais insuportavelmente insistente!
Quando ela se acomodou, o cheiro do seu perfume invadiu meus sentidos, meu estômago embrulhou, eu não queria olhar para ela, muito menos falar, mas obviamente isso seria impossível.
— Você realmente vai continuar me evitando assim?
Dei uma olhada rápida ao redor, garantindo que ninguém estava prestando atenção em nós, mas a sensação de estar ali com ela sem poder fugir desta vez era sufocante.
— Eu não estou te evitando. — Respirei fundo, tentando manter a calma.
Eu estava me escondendo esse tempo todo.
Eu sabia disso.
Ela sabia disso.
— Sério, senhor Styles? — Ela provocou, cruzando as pernas e meus olhos instintivamente foram ao encontro de suas pernas. — Você vem fugindo de mim há um mês e ainda se faz de desentendido? Finge que não me vê nos corredores, se esquiva de mim a cada oportunidade! — Deixou um sorriso de lado escapar. — Você pode tentar, Harry, mas isso não vai durar para sempre e francamente, a sua resistência só me faz te querer mais.
Eu só queria que as coisas voltassem ao normal, que eu pudesse simplesmente esquecer aquele erro e principalmente aquela noite.
— Aquilo foi um erro.
— Um erro? Você pareceu bem confortável para alguém cometendo um erro.
A provocação dela me irritava.
— Eu sou casado, Claire, você sabe disso.  — Isso só a fez rir.
— Isso não importou muito quando você estava me fodendo naquela noite no bar, não é?
Eu quase engasguei com o café que tomava, meu corpo inteiro estava tenso, ela não tinha falado isso em voz alta, mas alguém poderia ter ouvido.
— Eu não sei o que você quer, mas pare com isso.
— Ah! Você sabe exatamente o que eu quero. — Ela inclinou ligeiramente na minha direção, seus cabelos caindo suavemente sobre meu ombro. — Você.
Ela se recostou na cadeira com a tranquilidade assim que a reunião começou, isso foi o suficiente para me deixar desconcertado o tempo inteiro que o organizador do baile, Sr. Moretti falava, eu não conseguia desviar os pensamentos de Claire, da maneira como parecia que ela queria me arrastar de volta para aquela noite, para aquela culpa. Foi quando Sr. Moretti falou sobre as duplas de supervisão da noite do baile de formatura que minha atenção voltou com força total, afinal ele havia acabado de citar meu nome, mas eu não sei para qual propósito.
— Me desculpe, Moretti, fiquei meio perdido, você pode repetir, por favor? — Ergui minha mão, interrompendo.
— Claro, estava falando das duplas para a supervisão da festa, como discutido, sabemos que alguns alunos podem ser um pouco ousados demais trazendo algumas drogas e não queremos que incidente das bebidas batizadas do ano passado se repita, você não estava, mas foi o caos, então vamos redobrar a supervisão esse ano, o primeiro turno ficou com senhor Brown e a senhora Scott, o segundo turno ficou você, senhor Styles e a senhorita Donnelly, afinal vocês são os novatos desse ano, então nada mais justo que os deixar juntos.
Meu estômago afundou instantaneamente.
O pânico quase me paralisou.
Não!
Não podia ser!
Donnelly?
Claire Donnelly?
Isso só podia ser brincadeira.
Olhei para ela e ela sorriu, claro que estaria sorrindo.Eu queria protestar, mas as palavras não saíram e logo o maldito homem encerrou o assunto. Já era tarde demais, a decisão estava tomada.Claire parecia se divertir com a minha agonia silenciosa, depois da reunião, eu estava determinado a evitar mais uma conversa com ela, porém sabia que ela não desistiria tão fácil. Em passos apressados, ia em direção ao meu escritório, ouvindo os saltos dela, logo atrás.
— Senhor Styles?!  — Ela me seguia. — Precisamos conversar. — Não parei, mas ela apressou os passos até me alcançar.
— Não posso agora, senhorita Donnelly, estou muito ocupado. — Nem olhei para trás antes de falar.
— Harry! — Sua voz estridente ecoou.
Merda!
— Tudo bem, mas seja breve.
Girei a maçaneta do meu escritório entrando, mas deixei a porta aberta assim que ela passou, talvez assim fosse mais fácil evitar alguma conversa constrangedora.
— O que você quer, Claire?
— Eu já disse.
— Por favor, Claire, o fato de eu ter te evitado esse tempo todo já não foi suficiente para você entender que eu não quero você?  — Soltei um suspiro pesado, cruzando os braços.
Ao invés de me responder, ela caminhou até a porta, trancando-a com um sorriso malicioso, tirando a chave da maçaneta, segurando em sua mão.O pânico se espalhou sobre mim novamente, eu sabia que não tinha mais como escapar agora, Claire não estava brincando, ela sabia que me tinha onde queria e aquela chave que ela segurava só fazia aumentar o peso da pressão sobre meus ombros. Eu a observei, se aproximar novamente, o perfume que ela usava me invadiu de novo, por um momento, meu corpo parecia relembrar a memória daquela noite.
Malditas lembranças.
— Você realmente acha que isso vai me fazer desistir de você?— Ela tentou me provocar, mas tudo o que eu conseguia focar era na chave.  — Você quer isso? — Fez um biquinho e, com um movimento casual, colocou a chave entre seus seios que estavam estampados em um belo decote. — Vem pegar.
Eu teria que tocá-la para pegar de volta e era o que ela mais queria, eu não iria dar esse prazer a ela, então simplesmente ignorei-a, me virei para a mesa, sentando tentando me concentrar nos papéis à minha frente.
— Sabe, Harry, eu não consigo parar de pensar em você naquela noite... Você não sente falta disso? Não acha que deveríamos repetir?
— Não, Claire, por favor, vá embora.
— Você pode negar, mas eu sei que você gostou.
Eu não sabia mais o que fazer, não sabia mais o que dizer, então, apenas voltei a olhar para os papéis na mesa, continuando a ignorá-la, o que claramente a irritou, sem qualquer aviso, ela empurrou minha cadeira para trás, fazendo com que eu quase perdesse o equilíbrio, a sensação de estar completamente vulnerável me atingiu com uma força inesperada.
— Claire, pare com isso, eu não vou cair no seu jogo.
— Jogo? Ah, Harry, isso não é um jogo. — Ele sorriu em vitória por finalmente dar atenção a ela. — Isso é você tentando se convencer de que não me quer, mas sabe o que é engraçado? Quanto mais você tenta resistir, mais eu vejo o que você realmente quer.
E antes que eu pudesse processar, ela estava na minha frente, os olhos fixos nos meus, com aquele sorriso provocante, ela se sentou na mesa como da última vez que esteve em meu escritório, a saia preta dela subiu, revelando mais suas coxas, o calor no meu corpo aumentou, mas tentei resistir.
Meu corpo não podia me trair agora.
— Eu realmente não quero, mas está muito difícil de você entender. — Disse, me aproximando com intuito de tirá-la da minha mesa, mas assim que cheguei mais perto, suas mãos foram ágeis para me prender ali.
— Eu entendi muito bem, mas eu não acredito em você.— Ela ficou a centímetros de mim, tão perto que quase pude sentir seu hálito quente. — Eu só penso em você desistindo de lutar contra seu desejo... Minhas mãos correndo por você agora...
Eu fechei os olhos por um instante, tentando recuperar minha compostura.
Isso não estava acontecendo.
Eu não iria ceder.
— Você está passando dos limites. — Eu tentei me afastar, mas ela não me deixava. — Para!
— Limites? Que limites, Harry? Você fala como se não quisesse me pegar agora mesmo e acabar com todo esse tesão acumulado que está sentindo. — Engoli seco, tentando respirar fundo e não deixar as palavras dela me afetarem. — Você não quer que eu pare, admita, está imaginando o que eu faria se você simplesmente me deixasse continuar... — Ela subiu devagar sobre mim, eu queria afastá-la, mas, em vez disso, senti meu corpo reagir, a necessidade, tudo me consumindo. — Eu vou ser bem clara com você, se você me deixasse, Harry, eu ficaria de joelhos bem aqui, só para te agradar, eu faria tudo o que você quisesse. — Ela começou lentamente a rebolar em cima de mim, segurei os quadris dela para parar, mas minhas mãos tremiam e Claire percebeu o quão perto estava de romper minhas barreiras. — Me deixa, Harry vai. — Gemeu em meu ouvido.
Eu estava ali, paralisado, tentando resistir, ela estava cavalgando devagar, provocando-me com cada movimento, quanto mais eu tentava resistir, mais o desejo crescia, como se minha mente estivesse dividida entre o que era certo e o que eu mais queria.
— Para, Claire! — Eu quase gritei, mas ela não parou.
Ela colocou a mão no meu peito, seus dedos deslizando lentamente para baixo, como se estivesse marcando o território dela em mim, a sensação de seus dedos sobre minha pele me fez tremer, eu estava perdendo o controle e ela sabia disso.
Eu não queria isso.
Não queria.
Mas o desejo estava lá, forte, impossível de ignorar, eu estava duro, isso apenas tornava tudo ainda mais difícil porque ela sentiu e roçou em mim com mais vontade.
— Viu? Você não pode me negar, Harry.
Seus lábios tocaram os meus, eu tentei me afastar, mas ela prendeu meu rosto entre as mãos, forçando-me a beijá-la, eu tentei, mais uma vez, lutar contra isso, eu não ia deixar a porra do meu tesão foder com minha vida de novo, com um movimento rápido, eu segurei os quadris dela mais firme dessa vez tirando-a de cima de mim.
— Para, porra! Eu já disse que não quero você.  — Ela apenas riu.
— Harry, você pode tentar se convencer, pode até tentar se afastar, mas eu estou vendo exatamente o que eu quero. — Olhava para minha protuberância em minhas calças.
— Isso não quer dizer nada, faça o favor de não me procurar mais.— Limpei seu beijo de meus lábios. — Saia, Claire! Agora.
— Não quero ser injusta, mas eu sou paciente até certo ponto, pense bem no que está fazendo.
— O que você está insinuando?
— Não estou insinuando nada, você sabe, Harry, eu só queria ser boa para você, mas se é assim que vai ser, talvez outras pessoas, como o reitor, devam saber como você lida com mulheres... — Ela sorriu ao ver minha expressão de espanto. — Soube que você já está na lista negra dele por ser um dos suspeitos de terem traçado uma aluna, não seria uma pena se ele soubesse que você também andou me assediando?
— Eu nunca fiz isso.
— Será sua palavra contra a minha, mas não se preocupe, eu vou te dar um tempo para pensar, até o baile. — Ela tentou se aproximar de novo mas eu recusei. — Tudo bem, eu vou garantir que você não consiga olhar para mais nada além de mim e quando você estiver olhando para mim, tentando resistir, talvez se pergunte... Será que estou usando algo por baixo? Ou será que eu quis facilitar as coisas só para você? Eu vou fazer de tudo para que você me queira tanto quanto eu quero você.
— Claire, isso acabou, o que aconteceu, aconteceu, mas não vai se repetir, pare de insistir.
— Ah, Harry... Eu sempre consigo o que quero e você não será exceção. — Ela pegou a chave de onde estava, com um sorriso provocante, saiu pela porta, deixando-me sozinho.
Aurora.
Era o dia da formatura, o dia em que deveria estar vibrando e comemorando, afinal, foram longos anos de muita dedicação para chegar até aqui, eu finalmente era uma advogada!
Mesmo em casa fingindo estar doente eu recebi mensagens de alguns amigos e parentes me parabenizando pela grande conquista, todos ao meu redor estavam felizes, minha galeria estava cheia de fotos de vestidos de festa da Lily, aparentemente estava difícil demais escolher qual vestido a deixava mais sexy, eu, por outro lado, só conseguia sentir uma apatia esmagadora com tudo isso.
Aquele deveria ser o meu momento, eu deveria estar lá com ela me arrumando em seu dormitório, tomando margaritas e aproveitando nossa última noite, mas ao invés disso eu estava enorme, com os pés inchados que já não cabiam mais em meus sapatos, sentada em frente a TV vendo a reprise de Ellen DeGeneres e mesmo eu pedindo para Gabriel não aparecer, lá estava ele sentado no meu sofá, ao invés de se arrumar para sua incrível noite do baile.
— Não é querendo te expulsar, mas você não deveria estar colocando seu smoking e fazendo um esquenta com seus amigos? — Perguntei, sem tirar os olhos da TV.
— Não é querendo me expulsar? Já me expulsando! — Gabriel riu, franzindo o nariz. — E para sua informação, eu não sou o tipo de cara que faz "esquenta".
— Claro que não, você é o tipo que invade a casa de alguém que claramente pediu para ficar sozinha.
— Invadir é uma palavra forte, não acha? — Ele sorriu, apoiando os cotovelos nos joelhos, me observando de perto.
— Gabriel, você sabe que não precisa estar aqui, né? Esse é o seu grande momento, deveria estar aproveitando.
— E te deixar aqui? — Ele apontou para a TV com uma expressão teatral. — Assistindo Ellen DeGeneres pela terceira vez na semana?
— É a segunda vez, obrigada. — Revirei os olhos.
— Ainda assim, você merece mais do que isso.
— E o que eu "mereço", na sua opinião? Ir ao baile me sentindo ridícula, com todo mundo me olhando como se eu fosse uma aberração?
— Você não é uma aberração, Aurora. — Ele balançou a cabeça, como se não acreditasse no que estava ouvindo. — Longe disso, você é a grávida mais linda que já vi. — Fiquei em silêncio por um momento, eu odiava como, de alguma maneira, ele me fazia odiar menos essa gravidez. — Você tem certeza de que não quer ir? Ainda dá tempo!
— Já disse que não, Gabriel.
— Você deveria estar lá, comemorando com todo mundo e não ligar para o que vão dizer.
— Nós já conversamos sobre isso, não estou pronta para contar sobre a gravidez.
— Tudo bem, mas você sabe que isso não vai ficar escondido por muito mais tempo, precisa enfrentar esse medo.
— Eu sei. — Suspirei, tentando conter a onda de frustração. — Seus pais estão vindo do Canadá, você devia estar focado nisso, não em mim.— Mordisquei mais uma pipoca. — Aliás, você não deveria buscar eles ou algo assim?
— Meu tio foi pegá-los. — Aproximou-se mais de mim, seus dedos começando a brincar com uma mecha solta do meu cabelo. — Você não quer mesmo conhecê-los? — Ele perguntou, como se estivesse tentando me convencer com sua insistência.
— Gabriel, nós nem estamos juntos há tempo o suficiente para dar esse passo. — Respondi, afastando suavemente sua mão. — Não faz sentido eu conhecer sua família agora, ainda mais assim, nessa situação.
— E que situação é essa? — Ele arqueou uma sobrancelha, como se quisesse me provocar.
— Preciso mesmo explicar? — Apontei para mim mesma, com a barriga enorme saindo da blusa de pijama. — Eu não estou exatamente no meu melhor momento.
— Eles nunca se importariam com isso. — Ele riu baixo, balançando a cabeça. — Confie em mim, eles iam gostar de você.
— Não se importariam? — Senti a irritação crescer dentro de mim. — Sério, Gabriel? Eles vão olhar para mim e pensar “Que ótimo, meu filho está namorando uma grávida de outro cara qualquer por aí!” — Joguei as mãos para o ar, frustrada.
Hoje definitivamente não era um bom dia para mim.
— Meus pais não são assim. — Ele franziu a testa, visivelmente irritado. — Mas, se isso te faz sentir melhor, eu posso dizer que é meu, assim evitaria as perguntas.
— Não! — A palavra escapou antes que eu pudesse me conter. — Isso não é sua responsabilidade, Gabriel, você não tem que ser meu salvador todas às vezes, resolvendo tudo como se fosse simples assim!
— Eu sei que não é simples. — Ele passou a mão pelos cabelos, exalando um suspiro pesado. — Mas você também complica as coisas, não deixa ser ajudada, eu estou fazendo tudo o que posso por você e por esse bebê, mas você continua achando maneiras de me afastar.
— É porque eu não pedi isso! — Minha voz subiu, fazendo-o recuar. — Você não é o pai! Então para!
O arrependimento veio no mesmo instante, eu não deveria ter dito aquilo, mesmo que fosse verdade.
Gabriel não merecia.
— Eu sei que não sou o pai! Ok! Você sempre deixou isso bem claro. — Ele levantou a voz, algo que ele nunca fazia, aquilo me fez sentir um calafrio. — Mas onde está ele? Hein? Onde está Harry? Você nem ao menos teve coragem de contar a ele!
— Uau! Realmente era a última coisa que gostaria de ouvir hoje. — As palavras dele ainda ecoavam na minha mente, difíceis de engolir.
— Me desculpe. — Gabriel tentou se aproximar, mas assim que seus dedos me tocaram, recuei. — Eu não queria falar desse jeito, mas poxa, Aurora, eu não sei mais o que fazer, estou aqui tentando, pesquisando, planejando, sonhando com um futuro para nós e tudo que eu recebo em troca é você me dizendo que isso não é problema meu. — Eu podia ver seu maxilar travado, a insatisfação em seu olhar. — Eu tenho feito o meu melhor, Aurora, reprimi minhas dúvidas, minhas inseguranças, porque sei que você precisa de apoio e não de mais problemas, mas você está sendo cruel jogando isso na minha cara o tempo todo.
— Talvez você devesse parar de se esforçar tanto e planejar um futuro para nós! — Gritei, sentindo o desespero me sufocar.
Eu não aguentava mais o ver planejar um futuro para esse bebê que nem estaria aqui no final de tudo.
— O que você quer dizer com isso?
— Eu... Eu não vou ficar com o bebê...
Pareceu que um peso saiu de meus ombros, mas o silêncio e o olhar que ele me deu foi quase esmagador, era como se eu tivesse acabado de dizer a coisa mais absurda do mundo.
— O quê? 
— Gabriel, eu queria ter te contado antes...
— Você já decidiu isso? Realmente, já está certa de que não vai ficar com ele? Me diz que não, por favor.
— Sim... — Eu estava lutando contra as lágrimas. — Já dei entrada no processo de adoção.
— Quando?
— Foi essa semana...
— Essa semana? — Cerrou os dentes. — Desde quando você vem pensando sobre isso?
— Desde o início.
— E você pretendia mentir para mim até quando? Até o bebê nascer e levarem ele?
Meu corpo inteiro tremia, eu sabia que isso era minha culpa, eu não deveria ter dado esperanças a ele.
— Gabriel... Me desculpe... Eu nunca...
— Você nunca o quê? — Me interrompeu, levantando-se, começando a caminhar de um lado para o outro. — Me magoar? Bem, parabéns, você conseguiu. — A dor em seus olhos parecia queimar, eu tinha medo do que viria a seguir — O que a gente está fazendo aqui, Aurora? Porque, honestamente, eu não sei mais! — Ele parou de repente me encarando, mas eu não conseguia olhá-lo, eu abaixei a cabeça, mordendo meus lábios até sentir o gosto amargo do sangue. — Eu comprei o berço mais caro da loja onde trabalho, Aurora, era uma surpresa para você! Eu fiz estoque de fraldas na casa do meu tio para você nunca precisar se preocupar, eu importo com você e com esse bebê, mesmo que não seja meu, eu leio livros de maternidade todas as noites, TODAS AS NOITES, Aurora! Eu me preparei de todas as formas possíveis, tudo isso, enquanto você... — Sua voz sumiu por um instante. — Nem ao menos quis me dizer a verdade.
— Gabriel... — Tentei me aproximar, mas ele ergueu a mão no ar, me impedindo.
— E antes que você diga, pela milésima vez, que isso não é minha responsabilidade ou que nunca pediu nada disso... — Seus olhos se encheram de lágrimas. — EU FAÇO TUDO ISSO PORQUE TE AMO, AURORA! EU TE AMO!
Aquelas palavras me acertaram como um soco.
Ele...
Ele realmente me ama?
Fiquei imóvel, sem conseguir reagir, meu coração batia tão alto que parecia ecoar no silêncio que se formou entre nós naquele instante.
— Mas talvez isso não seja suficiente para você.— Suspirou cabisbaixo.
Antes que eu conseguisse reagir, ele virou as costas e caminhou até a porta.
— Espera... — minha voz falhou. — Gabriel.
Eu queria dizer o mesmo, mas...
Eu ainda não...
Ele parou por um instante, mas não olhou para trás, abriu a porta e simplesmente foi embora depois de dizer que me amava.
Harry
Hoje finalmente era o dia da audiência, minhas mãos tremiam enquanto estava sentado em uma das cadeiras de madeira na sala de espera do tribunal, ao meu lado Violeta estava silenciosa, seus dedos brincavam nervosamente com a aliança na mão esquerda, era estranho vê-la aqui, sentada ao meu lado, considerando tudo que havíamos passado.
Eu deveria estar focado no baile de formatura, me preparando para o discurso que daria aos meus alunos, mas em vez disso, estava plantado quase uma manhã inteira naquela cadeira desconfortável. A lembrança do que Claire me disse no meu escritório ainda martelava minha cabeça, mas não podia deixar isso dominar meus pensamentos agora.
Eu precisava focar aqui, na minha família, na minha filha.
Era isso que importava no momento.
— Obrigado por... — Comecei, hesitante, sem saber exatamente como continuar. — Por, ao menos, me ouvir e voltar a falar comigo.
— Não fiz por você. — Ela suspirou, os olhos cansados virando-se brevemente para mim antes de voltarem para o chão.
— Eu sei, mesmo assim, obrigado.
Ela não respondeu.
O som de um relógio na parede parecia mais alto na falta de palavras.
— Violeta, eu estava pensando... — Arrisquei, com minha voz mais baixa.
— No quê? — Indagou sem olhar diretamente para mim, como se já esperasse algo que iria a frustrar.
— Eu vou entrar de férias depois que isso acabar e nossa bebê nascer... — Comecei devagar, esperando pela reação dela, seus olhos finalmente encontraram os meus, com curiosidade e cautela. — O que acha de fazermos uma viagem? Como família.
— Uma viagem? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Harry, se mal conseguimos dividir um teto sem brigar, você realmente acha que uma viagem vai resolver alguma coisa?
— Não é para resolver nada. — Suspirei, endireitando-me na cadeira. — Só acho que precisamos de uma pausa de tudo isso. Mesmo que não resolva nossos problemas, pelo menos as meninas teriam algo bom. Algo que não fosse só silêncio ou mágoa.
— Você tem ideia de como vai ser minha vida depois que essa bebê nascer? — Ela desviou o olhar, os dedos ainda brincando com a aliança. — Noites sem dormir, fraldas, amamentação... Você acha mesmo que isso é uma boa ideia? Harry, eu vou estar esgotada.
— Sei que não vai ser fácil — Admiti, tentando não soar defensivo. — Mas você pode levar alguém para ajudar, se quiser. Eu também vou ajudar, sou o pai dela! Sempre ajudei, mesmo quando as coisas estavam ruins entre nós, não vai ser agora que vou parar... Só pensei em algo como a Disney, sei que elas amam, acho que faria bem para elas.
Ela mordeu o lábio, um sinal de que eu sabia muito bem que era sua forma de dizer que estava considerando, mesmo que de forma relutante.
— Não sei... — Resmungou, desviando o olhar novamente.
— Não estou pedindo para decidir agora. Só... pense nisso, por favor.
Antes que ela contestasse, a porta da sala se abriu, Anderson, nosso advogado, apareceu com seu terno azul-marinho impecável e uma maleta, carregando a confiança que eu desejava ter.
— Estamos prontos para começar.
Levantei-me e ofereci minha mão para ajudá-la, Violeta aceitou, mas evitou me encarar enquanto ela ajeitava a bolsa no ombro, num gesto quase automático, inclinei-me e depositei um beijo rápido em seus lábios.
Ela congelou por um segundo, surpresa, mas não disse nada.
Eu também não sabia explicar por que fiz isso.
Talvez fosse um reflexo, talvez fosse culpa.
— Vai dar tudo certo.
Ela não respondeu, apenas seguiu em direção à sala de audiência, enquanto eu ficava parado por um momento, tentando sufocar o peso que parecia se acumular no meu peito.
Eu me sentei no fundo, entre os espectadores, com uma visão clara de Violeta e Bryan à frente, meu coração batia pesado, cada pulsação era um lembrete do quanto eu estava impotente ali.
Bryan parecia absurdamente confiante, sentado ao lado de Eric Hall, eu me perguntei quantas vezes ele já havia ensaiado aquele sorriso pretensioso que me dava vontade de atravessar a sala e socá-lo.
O juiz entrou e todos ficamos de pé, após as formalidades iniciais, Eric Hall foi o primeiro a falar, abrindo o discurso com sua voz impecavelmente treinada.
— Excelência, este caso é sobre o bem-estar da criança, Aurora Styles. — Ele falava como se estivesse discursando para uma plateia. — Meu cliente é o pai biológico e deseja estabelecer um relacionamento saudável, também o desejo sincero de ser parte ativa de sua vida! Algo que ele foi privado por circunstâncias infelizes. 
Privado?
O homem teve muito tempo para ser presente, mas a ignorou por esses dois anos, agora queria bancar o pai perfeito.
— Ele é um homem estável, financeiramente responsável e emocionalmente comprometido em prover um ambiente seguro e positivo para sua filha. — O jeito com que ele falava até fazia qualquer palavra parecer verdadeira.
Anderson obviamente rebateu com calma, destacando o papel de Violeta como mãe dedicada e a estabilidade que nossa casa sempre proporcionou, também a desinteresse da parte dele por todo esse tempo, por um momento, tudo parecia estar indo bem, então, Bryan olhou para mim e depois chamou Hall para uma breve conversa antes do advogado se levantar novamente, ajeitando seus papéis com aquela arrogância irritante.
— Excelência. — Fez uma pausa dramática que me fez ranger os dentes. — Meu cliente gostaria de ajustar sua proposta inicial, dadas as novas evidências que recebi agora, acreditamos que a guarda total de Aurora Styles seria mais adequada para o seu bem-estar.
O quê?!
O ar pareceu sumir dos meus pulmões, eu me sentia sufocando.
Aquilo não podia estar acontecendo.
Violeta se virou para mim, os olhos arregalados de puro choque.
— Objeção, Excelência! — Anderson reagiu imediatamente. — Isso é completamente inaceitável, o pedido inicial não incluía guarda total e agora no meio do processo, querem alterar os termos?
— Senhor Hall, o senhor sabe que mudanças desse nível não podem ser feitas assim, sem aviso prévio. — O juiz ergueu uma sobrancelha, apoiando os cotovelos na mesa.
— Excelência — Hall sorriu, aquele maldito sorriso arrogante. — Entendo sua preocupação, mas estamos falando do bem-estar da menor, nós temos provas que justificam essa solicitação tão repentina.
Meu estômago revirou.
Provas?
Que provas?
— Excelência. — Anderson bufou, indignado. — Se há novas provas, elas deveriam ter sido apresentadas com antecedência, não jogadas no tribunal de última hora para tentar desestabilizar minha cliente!
Eu queria me levantar, gritar e socar aquela cara do Bryan que parecia estar se divertindo às nossas custas.
— Normalmente, eu rejeitaria a inclusão de provas de última hora, mas, como estamos lidando com a guarda de uma criança e houve alegações sobre o bem-estar dela preciso considerar todos os elementos que possam afetar essa decisão. — O juiz suspirou, ajeitando os óculos.
Porra! Ele iria considerar?!
Não!
Bryan não poderia ter a guarda total da minha filha.
Ele não podia simplesmente aparecer e arrancá-la de nós.
Meu mundo estava desmoronando bem ali.
— Sendo assim, concederei um recesso para revisar esse material antes de decidir se ele será aceito como evidência formal no processo, mas que isso não se repita, senhor Hall.  — O juiz bateu o martelo. — Voltaremos a essa audiência daqui a duas semanas.
Tudo dentro de mim estava anestesiado pelo medo, os advogados começaram a se mover, as pessoas iam saindo ao meu redor, mas eu só conseguia encarar Bryan, ele estava sorrindo, como se soubesse que já tinha vencido.
Pela primeira vez desde que entramos naquele tribunal, eu me perguntei.
Estávamos prestes a perder?
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de um comentário é muito apreciado!
Esta ansiosa (o) para o próximo?
9 notes · View notes
harrrystyles-writing · 12 days ago
Text
AMOREEES ME PERDOEMMM!
Pensei que tivesse postado o Capítulo 39!
Ele tava nos rascunhos 😓😓😓😓
Vou postar agora!!!
4 notes · View notes
harrrystyles-writing · 13 days ago
Text
Yes Sir ! Capítulo 40
Tumblr media
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Tumblr media
Aurora
Ele se foi.
E eu o deixei ir.
Ele me disse que me ama e eu não disse de volta.
Agora essas palavras ecoavam na minha cabeça como uma maldição, se repetindo em um ciclo infinito, me torturando.
Eu não sabia o que fazer com elas.
Ele me amava…
E eu não conseguia...
Porque meu coração era um traidor miserável, um órgão teimoso e estúpido que, apesar de tudo, ainda pertencia a Harry e eu odiava isso, odiava que, depois de tudo que aconteceu, ele ainda fosse a primeira pessoa em quem eu pensava ao acordar.
Odiava que meu peito ainda se apertasse ao lembrar do jeito que ele me olhava, odiava que, por mais que eu tentasse, não conseguia arrancá-lo de dentro de mim.
Deixei meu corpo afundar no sofá e escondi o rosto entre as mãos, parte de mim queria desesperadamente amar Gabriel, me agarrar a esse sentimento como se fosse a única coisa capaz de me manter viva, ele era tudo que qualquer pessoa poderia querer.
Então por quê?
Por que eu não conseguia amá-lo?
Por que o homem que estava ao meu lado, que fazia tudo por mim, que se importava de verdade, não era o homem pelo qual meu coração batia?
Era injusto.
Gabriel merecia mais.
Merecia alguém que o amasse do jeito que ele me amava e eu queria ser essa pessoa.
Eu não queria perdê-lo.
Eu queria amá-lo.
Queria que meu coração batesse por ele da mesma forma que o dele batia por mim, queria sentir aquele amor avassalador, intenso, do jeito que parecia ser tão fácil para ele.
Eu podia aprender a amá-lo.
Podia?
Apertei os olhos com força, queria acreditar que sim, queria acreditar que um dia isso aconteceria, que em algum momento meu coração deixaria de ser idiota e finalmente conseguiria amar alguém que valesse a pena.
Talvez não fosse hoje.
Talvez não fosse amanhã.
Mas um dia.
Peguei o celular sem pensar muito e disquei o número dele, colocando no viva-voz porque minhas mãos tremiam demais para segurar o aparelho direito.
Chamou uma vez.
Duas.
Três.
Caixa postal.
Engoli em seco e tentei de novo.
Nada.
O pânico começou a se espalhar no meu peito, quente e sufocante, eu não podia deixar que ele me odiasse.
Digitei uma mensagem.
"Gabriel, me responde, por favor."
Mais uma.
"Eu preciso falar com você."
E outra.
"Gabriel, fala comigo."
Nenhuma resposta.
Joguei o celular no sofá e me levantei, sentindo a adrenalina correr pelo meu corpo.
Eu precisava ir até ele.
Peguei minha bolsa e saí, as pernas se movendo antes que minha mente pudesse me impedir.
Não sabia exatamente o que diria quando chegasse lá, talvez mentisse, talvez dissesse algo que ainda não sentia, mas não importava.
Eu precisava consertar isso.
A chuva castigava o para-brisa, transformando as luzes da cidade em borrões, o limpador tentava, sem sucesso, acompanhar o ritmo frenético das gotas, meus dedos estavam cravados no volante, tão apertados que doíam.
Tudo que eu conseguia pensar era nele.
O medo estava ali, corroendo meus pensamentos, sufocando meu peito.
Ele já devia estar na formatura, se eu me apressasse, ainda dava tempo.
Apertei o acelerador.
As luzes dos postes refletiam nas poças no asfalto molhado, minhas mãos tremiam, meus olhos ardiam.
E então eu vi.
Foi rápido demais.
Um farol veio do nada.
A luz forte me cegou por um segundo.
Meu reflexo automático foi girar o volante.
O carro deslizou no asfalto encharcado.
Rodopiou.
O impacto me jogou para frente, mas o cinto travou no último segundo, esmagando meu peito e arrancando o ar dos meus pulmões, então veio a dor, atravessando minha barriga como uma lâmina fria.
Minha barriga.
O bebê.
Minha respiração ficou irregular quando levei uma mão trêmula ao meu ventre.
— Não, não, não… Por favor…
Eu precisava sair dali, precisava pedir ajuda, tentei me mexer, mas minhas pernas estavam presas, algo quente escorria pelo meu rosto.
Sangue?
Chuva?
Eu não sabia.
Minha visão começou a embaçar, minha cabeça latejava, ouvi vozes distantes, passos.
Até ouvir alguém gritar:
— Ela está grávida!
Queria falar algo, pedir ajuda, mas tudo estava ficando tão escuro.
Harry
Eu não deveria estar aqui.
Essa foi a primeira coisa que pensei ao entrar no salão luxuoso, iluminado por lustres cintilantes e repleto de gente bem vestida e se divertindo, o som da música ao fundo se mistura às vozes e risadas dos convidados.
Os olhares se voltaram para mim no momento em que atravessei a entrada. O smoking preto de corte slim encaixa-se perfeitamente no meu corpo, a camisa branca impecável realçava os ombros largos e o peito firme com a gravata bem ajustada no pescoço, o cabelo para trás, preso no lugar com um pouco de gel. Eu percebia os olhares femininos me avaliando, algumas pessoas murmurando algo umas para as outras.
Não era novidade.
Mas não fui aqui para isso.
A verdade era que minha cabeça estava bem longe, dessa festa, eu não queria estar aqui, a próxima audiência pela guarda de Aurora não estava tão longe e que precisava encontrar uma maneira de parar o Bryan e cada minuto que passava naquele lugar parecia um desvio de tudo o que realmente importava.
Além disso, antes de sair, Violeta mencionou que estava sentindo dor. Eu não sabia se foi algo para me fazer sentir culpado ou se era realmente real, mas a voz dela ainda ressoa na minha mente no fim, ela conseguiu o que queria.
Talvez eu devesse ter ficado em casa.
Eu estava prestes a me convencer de que essa noite não poderia piorar.
Até Claire aparecer.
Linda pra caralho.
Merda!
O vestido vermelho se moldava ao corpo dela, como se tivesse sido desenhado sobre sua pele. O decote, as suas curvas, a fenda lateral que revelava mais do que escondia, ela sabia exatamente o impacto que causava, seu cabelo loiro solto e os lábios, seus malditos lábios com um batom vermelho intenso, se curvaram em um sorriso satisfeito quando perceberam meu olhar.
Eu não queria sentir nada.
Não queria notar.
Mas meu corpo sentiu.
Meu corpo notou.
O maldito calor se espalhando de um jeito irritante.
Claire caminhou devagar até mim, cada passo calculado para me provocar.
— Bem, bem… Acho que alguém decidiu se esforçar hoje, você está um gato. — Ela parou ao meu lado, seus dedos deslizaram de leve pelo meu braço.
Eu me forcei a ignorar o arrepio que correu pela minha pele.
— Você está linda. — A frase escapou antes que eu pudesse evitar, Claire riu, satisfeita.
Eu me odeio.
— Ah, eu sei, mas obrigada. — Ela inclinou a cabeça, os olhos brilhando de malícia. — Tudo isso é especialmente para você. — Sussurrou em meu ouvido.
Me afastei antes que ela pudesse avançar mais, mas o olhar dela dizia que estava se divertindo.
Que gostava desse jogo.
O problema era que eu não podia jogar.
Eu precisava sair dali.
Eu precisava de ar.
Entrei no banheiro, fechei os olhos e respirei fundo. Joguei água no rosto, deixando o choque frio acalmar o que Claire tinha despertado sem esforço algum.
Então, a porta se abriu.
Claire entrou sem hesitação fechando a porta atrás de si e se encostando nela, os braços cruzados sob o peito, realçando ainda mais a curva dos seios.
É claro que ela viria atrás de mim.
— Ainda insiste em fugir de mim, professor?
— O que você está fazendo aqui?
— Ah, Harry… — Ela sorriu e veio em minha direção. — Você sabe exatamente o que eu estou fazendo. — Seu dedo deslizou pelo meu colarinho, descendo devagar pela gravata.
— Claire, para com isso.
— Para com o quê? — Os dedos brincaram com o nó da gravata. — Eu só vim conversar. — Eu segurei seu pulso, afastando-a, mas ela riu. — Você pode segurar minha mão, Harry, mas não pode segurar o que está sentindo agora.
Claire então pegou minha mão e a guiou até sua coxa, deslizando-a para o meio de suas pernas.
Filha da puta.
Ela estava realmente sem calcinha.
O calor da pele dela sob os meus dedos queimava, o pior era que meu corpo reagiu antes que eu pudesse me afastar, eu queria sentir ela, meus dedos formigavam para avançar um pouco mais.
Foi nesse exato momento que a porta do banheiro se abriu de novo e eu vi aquela cara estúpida.
Gabriel.
Não sei se ficava com raiva ou sentia um alívio por ser impedido de fazer algo tão estúpido.
Ele congelou na entrada, os olhos arregalados assim que nos viu.
— Nossa. — Ele riu, incrédulo, cruzando os braços. — Não pode nem mais usar ao banheiro! Que belo exemplo vocês estão dando aos seus alunos.
Minha mão saiu do corpo de Claire no mesmo instante.
Merda.
Eu estava fodido.
Gabriel com certeza não deixaria isso passar.
— Gabriel, não é o que você está pensando. — Tentei me defender.
— Sério? Porque parece exatamente o que eu estou pensando, mas vindo de um homem tão nojento como você, eu não espero nada menos.
Meu sangue ferveu.
Aquele idiota realmente só podia estar louco para me chamar assim.
— Cuidado com o que você fala.
— Ou o quê? Vai negar que não tem caráter nenhum? Primeiro uma aluna, agora uma professora? — O olhar dele foi puro nojo. — Realmente Aurora se livrou de ficar com um homem como você.
E então ele saiu, batendo a porta com força.
Merda!
Merda!
— Bem… Isso foi inesperado, eu não gostei nenhum pouco de ser atrapalhada... — Claire mordeu o lábio, avaliando minha reação. — Mas agora eu sei que você tem mais a perder do que eu pensava.
Aquele idiota acabou com minha vida.
Minha paciência acabou.
— Me deixa em paz, Claire.
— Ah, Harry… Mas por que eu faria isso agora? Logo agora que descobri seu segredinho sujo?
— Porque eu não quero mais isso.
— Acho que agora você não tem muita escolha, não acha? Você está nas minhas mãos.
— Vá se ferrar.
Eu não iria mais ficar ouvindo suas provocações, então sai do banheiro sem olhar para trás.
Ajeitei o smoking e passei a mão pelos cabelos, ainda sentindo a textura do gel que os mantinha alinhados para trás, eu precisava voltar, passei a mão pelo bolso pegando meu celular, quando olhei a tela, meu peito travou.
Cinco chamadas não atendidas.
Quatro mensagens de Violeta.
Meu coração acelerou enquanto desbloqueava o celular e abria as mensagens.
Amor: Harry, me liga.
Amor: Por favor.
Amor: A bolsa estourou.
Amor: Será que você pode me responder.
O telefone chamou uma, duas vezes, até que ela atendeu.
— Harry... — A voz dela estava tensa, trêmula.
— Eu tô indo agora! Onde você está? Já foi para o hospital? Está com dor?
— Eu estou casa, mas... — Um gemido cortou a ligação por um instante. — As contrações estão ficando fortes.
— Fica calma, eu vou chegar logo.
Desliguei e abri imediatamente a caixa de mensagens.
Harry: Rose, preciso que fique com as meninas. Violeta entrou em trabalho de parto.
Rose: Já estou indo para sua casa! Chefinho.
Avistei o responsável pela festa e avisei rapidamente que precisava sair, não esperei resposta, corri pelo salão, ignorando olhares curiosos, fui direto para o carro.
Minha filha prestes a nascer.
E eu estava no pior lugar possível quando isso aconteceu.
Aurora
Acordei com o som distante de vozes, uma sirene ecoava, meu corpo doía, cada respiração parecia um esforço grande demais, tentei me mexer, mas um peso pressionava meu peito.
— Tenha calma, você está segura — uma voz desconhecida disse.
Onde eu estava?
Eu estava em ambulância?
O bebê.
Minhas mãos voaram para minha barriga.
— Meu bebê...
— Ei, ei, respire — a voz do paramédico era firme. — Vamos chegar ao hospital logo, não se preocupe, vai ficar tudo bem.
Nada estava bem.
E se algo tivesse acontecido?
E se eu tivesse causado isso?
Fechei os olhos, o cansaço e o medo me puxaram de volta para a inconsciência.
Quando acordei, a luz branca do hospital me cegou por um momento. O cheiro característico de antisséptico era inconfundível, a sensação dos lençóis rígidos contra minha pele me firmava à realidade.
Eu não estava sozinha.
Senti o olhar antes mesmo de vê-lo.
Pisquei algumas vezes até ficar claro a imagem em minha frente.
Bryan.
Ele estava sentado ao lado da cama, o uniforme levemente desalinhado, como se estivesse ali há tempo demais.
— Você finalmente acordou. — Soltou um suspiro de alívio. — Você tem noção do susto que deu em todo mundo? — Tentei me sentar, mas a mão dele me impediu com um toque firme e cuidadoso. — Você precisa ficar quietinha, você deu trabalho para a gente. — Era impossível ignorar a forma como ele me olhava.
— O bebê...?
— Não aconteceu nada com ele e você teve ferimentos, mas nada grave.— A resposta veio com o toque quente da mão dele apertando a minha.
Meus olhos se fecharam, um alívio esmagador tomou conta de mim.
— Que bom.
— Mas você precisa descansar. — Ele soltou minha mão apenas para afastar uma mecha de cabelo do meu rosto. — O susto foi bem grande. — Meu coração vacilou.— O que você estava fazendo dirigindo naquela chuva?
— Eu... Eu precisava ver o Gabriel.
— Quer que eu chame ele?
A lembrança da nossa última conversa, das palavras cuspidas no calor do momento, na forma como ele saiu.
— Não sei se ele quer me ver, nós brigamos.
— Quer me contar o que aconteceu?
— Não. — Balancei a cabeça devagar.
— Tudo bem. — Ele tocou meu rosto de novo, dessa vez com mais delicadeza.
E, sem querer, fechei os olhos.
Não deveria.
Mas fiz.
Porque, por um instante, aquilo me fez sentir segura.
— Obrigado.
— Agora descanse raposinha.— O tom baixo e gentil me envolveu, então o bipe de seu pager tocou.— Eu preciso ir agora.
— Tá bom.  — Tentei ignorar a decepção que se infiltrou no meu peito.
Bryan se levantou, hesitando por um instante antes de se inclinar para mais perto de mim.
— Não se preocupa, raposinha, eu volto logo para você. — Proferiu, deixando um beijo no topo da minha cabeça antes de sair.
E, por algum motivo, isso foi o suficiente para me fazer fechar os olhos novamente.
Harry
Quando cheguei em casa, encontrei Violeta no sofá, pálida, suando, o rosto marcado pela dor.
— Harry.
— Vai ficar tudo bem. — Agachei ao lado dela, segurando suas mãos trêmulas. — Espere aqui enquanto eu preparo tudo.
Ela assentiu, mordendo o lábio com força ao sentir outra contração.
Fui até o quarto, peguei a bolsa da maternidade e o bebê conforto e os coloquei no carro. Quando voltei, ajudei Violeta a se levantar. Ela se apoiou em mim, soltando um gemido abafado ao ser atingida por uma nova onda de dor.
— Foque em mim, amor.— Segurei seu rosto entre as mãos, forçando-a a me encarar. — Tudo vai ficar bem. 
Os olhos dela brilharam com lágrimas contidas. Ela assentiu, respirando fundo.
Rose chegou logo depois para pegar as meninas. Antes de sair, lançou um olhar preocupado e acenou rapidamente. Eu murmurei um agradecimento, deixei um beijo nas meninas e então ajudei Violeta a entrar no carro.
A viagem até o hospital foi um inferno. Cada vez que ela gemia de dor, meu peito apertava, como se alguém estivesse me sufocando.
Meu único reflexo era repetir:
— Quase lá, amor, só mais um pouco.
Quando finalmente estacionei em frente à emergência, pulei do carro, rodei até o lado do passageiro e abri a porta.
— Consegue se levantar? — Soltei o cinto de segurança dela.
— Eu… acho que sim. — Ela resmungou, mas mal tentou se mexer antes de soltar um gemido alto, segurando minha camisa com força.
— Tudo bem, vem cá.
Sem hesitar, passei um braço sob suas pernas e o outro em suas costas, erguendo-a com cuidado. Ela se encolheu contra meu peito, o rosto contorcido de dor. Assim que atravessei as portas de vidro, uma enfermeira ergueu os olhos, surpresa, e veio em nossa direção.
— Minha esposa está em trabalho de parto! Precisamos de atendimento imediato!
— Nome completo da paciente? — A mulher pegou uma prancheta e começou a anotar rapidamente.
— Violeta Evans Styles.
— Quantas semanas de gestação?
— Trinta e oito.
— Certo, Sr. Styles, vamos levá-la para a ala de obstetrícia.
Uma segunda enfermeira trouxe uma cadeira de rodas, coloquei Violeta nela com cuidado e caminhei ao lado dela, enquanto empurravam a cadeira pelos corredores.
O hospital parecia mais movimentado do que o normal naquela noite, assim que chegamos à recepção da maternidade, entreguei os documentos e o plano de saúde.
Foi aí que algo deu errado.
— Senhor Styles… houve um problema com a disponibilidade dos quartos particulares. — A mulher olhou para mim com uma expressão rígida. — No momento, só temos um quarto duplo disponível. Sua esposa precisará dividir o espaço por algumas horas até resolvermos a situação.
— O quê?! Isso é inaceitável! — Minha voz se elevou. — Pagamos um plano para um quarto particular! Minha esposa não pode dividir um espaço com outra pessoa nesse estado! — Violeta gemeu ao meu lado, apertando minha mão, me deixando ainda mais nervoso. — Eu quero um quarto agora!
— Me desculpe, senhor, mas o hospital está lotado hoje. — A recepcionista suspirou, parecendo nervosa.
— Eu não quero saber! Você vai dar um jeito, minha esposa precisa de conforto e privacidade! Isso é um absurdo!
— Amor… por favor… — Violeta sussurrou, sua voz fraca.
— Tudo bem. — Inspirei fundo. — Mas isso precisa ser resolvido logo. No máximo uma hora, ou eu vou processar esse hospital. — A mulher assentiu, engolindo seco.
Uma enfermeira guiou Violeta até o quarto, um espaço simples, separado por uma cortina branca entre os dois leitos, nada comparado ao quarto particular, mas por uma hora daria para aguentar.
Ajeitei os travesseiros para ela, segurei sua mão e deixei um beijo demorado em sua testa.
— Respira, amor.
— Está doendo…
— Você quer que eu chame alguém?
— Não… só fica aqui, comigo.
Ela fechou os olhos e soltou outro gemido agudo, instintivamente, me abaixei ao lado dela, segurando seu rosto entre as mãos.
— Olha para mim… Respira, tá bom? Eu estou aqui.
— Eu só… eu só quero que isso acabe logo… — Ela tentou conter as lágrimas.
— Eu sei, mas você está indo tão bem, amor, logo, nossa bebê vai estar aqui.
Foi quando a porta do quarto se abriu.
Levantei o olhar.
E meu corpo imediatamente se retraiu.
Bryan.
Ele usava um jaleco branco e segurava uma prancheta, seu olhar passou direto por mim, focado apenas em Violeta.
— Vi. — Ele abriu um sorriso. — Então, está na hora? — Se aproximou da maca, ignorando completamente minha presença. — Como estão as contrações?
Meu maxilar travou e as minhas mãos fecharam.
— O que você está fazendo aqui?
Bryan nem se deu ao trabalho de me encarar.
— Vi, tá tudo bem? Você precisa de alguma coisa?
— Não fale com ela, seu imbecil. — Me levantei num impulso, pronto para jogá-lo para fora dali.
Ele finalmente olhou para mim, um sorriso levemente irritante apareceu em seu rosto.
— Relaxa, Styles, não estou aqui por ela. — Então, virou-se para a prancheta e completou, com a maior calma do mundo.— Vim ver outra pessoa.
Aurora
O colchão áspero arranhava minha pele, o travesseiro era duro, desconfortável, o soro fincado no meu braço latejava, mas nada disso importava.
Eu estava bem.
O bebê estava bem.
Era nisso que eu deveria focar.
Me encolhi na cama, os joelhos contra o peito, tentando ignorar tudo.
A porta se abriu novamente.
Meu coração deu um pulo.
Bryan.
Por favor, que fosse o Bryan.
Prendi a respiração, meus olhos se fixaram na cortina pálida à minha frente, esperando, desejando, implorando, mas então, ouvi vozes que não eram dele.
As enfermeiras.
Uma mulher gemia de dor na outra maca. Meu peito apertou por ela, ela devia estar passando por algo sério, logo outra voz preencheu o ambiente.
— Respira, amor.
Meu corpo gelou.
Não.
Não.
Isso não pode estar acontecendo.
Meu estômago revirou, meu coração disparou.
Eu conhecia aquela voz.
Meu Deus, eu conhecia aquela voz bem demais.
Harry?!
Isso era impossível.
Minhas mãos começaram a tremer, meu peito subia e descia rápido, como se eu estivesse sufocando.
Ele estava realmente ali?
— Está doendo.
A voz dela soou frágil, cansada e ele respondeu no mesmo instante, com aquela ternura que eu conhecia tão bem.
— Você quer que eu chame alguém?
A voz dele era tão...
Gentil.
Preocupada.
Apaixonada.
Fechei os olhos com força, como se isso pudesse me proteger, como se eu pudesse escapar.
— Não, só fica aqui comigo.
Só fica aqui comigo?
Essas palavras foram um soco no estômago.
— Amor, olha para mim... Respira, tá bom? Eu estou aqui.
Amor.
Ele a chamou de amor.
Apertei os dentes, tentando conter o soluço que ameaçava escapar.
Já desejei que ele se importasse comigo assim.
— Eu só... eu só quero que isso acabe logo...
— Você está indo tão bem, amor, logo, nossa bebê vai estar aqui.
Nossa?
Nossa, bebê?
A palavra rasgava minha pele, cortando minha carne, arrancando pedaços de mim.
Ele estava ali.
Ele estava com ela.
Ele estava sendo o homem que desejei que fosse para mim.
Afundei a cabeça no travesseiro, tentando me proteger do que acontecia do outro lado da cortina.
Como se isso pudesse impedir a dor de me consumir inteira.
Mas eu estava presa naquela cama, sendo forçada a ouvir tudo.
Então, eu apenas senti.
Senti o tom de carinho na voz dele.
Senti o jeito com que ele falava com Violeta, como se ela fosse a única coisa que importava no mundo.
Senti a ternura.
A devoção.
O amor.
Deus.
O amor.
Minhas entranhas se torciam de dor.
E então, a porta do quarto se abriu novamente.
Meus olhos se arregalaram.
Não.
Ouvi os passos dele.
Bryan.
Ele não pode se aproximar.
Ele não pode abrir essa cortina.
— O que você está fazendo aqui?
A voz de Harry.
Raiva.
Por quê?
Por que ele estava bravo?
Ele conhecia Bryan?
Por que parecia tão furioso?
Mas nada disso importava.
Porque, no instante seguinte, meu mundo implodiu.
A cortina se moveu.
Meu coração parou.
Bryan, não.
Não, não, não, não.
Mas era tarde demais.
Fechei os olhos.
Mas eu sabia.
Sabia antes mesmo de abrir.
Que o hospital inteiro desmoronou ao meu redor.
Que meu coração explodiu dentro do peito, me rasgando por dentro.
Eu soube.
E então, abri os olhos.
E o vi.
Harry.
Ele estava ali.
Nossos olhares se encontraram.
Os olhos de Harry se arregalaram.
O impacto me rasgou por dentro.
Ele viu tudo.
O rosto inchado de tanto chorar.
O soro preso no meu braço.
Os hematomas.
A vergonha estampada em cada traço meu.
Minha barriga.
Minha barriga.
Meu bebê.
Ele viu.
E agora ele sabia.
Meu mundo acabou.
O que escondi por tanto tempo agora estava exposto para ele ver.
Vi quando a respiração dele falhou.
E pior.
Vi quando ele percebeu que ouvi tudo.
Que ouvi o jeito que ele falou com Violeta.
Que ouvi ele chamar o bebê deles de nosso.
Que ouvi ele amar outra pessoa.
E isso me destruiu.
Me humilhou.
Meu corpo se encolheu por instinto.
Eu queria desaparecer.
Implorei a Deus para desaparecer.
Para sumir daquela cama.
Para nunca ter existido.
Mas eu ainda estava ali.
Vulnerável.
Exposta.
E Harry ainda estava me olhando.
— Tudo bem com você, raposinha? — Bryan se reclinou, tocando meu rosto.
Sei que Harry ainda estava olhando.
E eu não suportava.
Eu não suportava aquele olhar.
Eu precisava fugir.
Precisava me esconder.
— Você pode... — Minha garganta apertou. — Você pode fechar a cortina?
A vergonha me corroía de dentro para fora.
Ele hesitou por um segundo, mas atendeu, então a cortina se moveu de novo.
E a barreira de tecido voltou a nos separar.
Mas não era o suficiente.
E assim que ela se fechou...
Eu quebrei.
Um soluço rasgou minha garganta.
— Ei, o que foi, raposinha?
Segurei o lençol entre os dedos, tentando me agarrar a alguma coisa, mas não havia nada.
Enterrei o rosto no travesseiro e chorei.
Não me importei de que Bryan estava ali.
Eu só chorei.
Chorei até meus ossos doerem.
Chorei até minha alma parecer pequena demais para suportar a dor.
Chorei até desejar nunca ter nascido.
Chorei até me tornar nada.
Simplesmente... nada.
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de um comentário é muito apreciado!
Esta ansiosa (o) para o próximo?
12 notes · View notes