#dynamics: river & sofina.
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Note
“ i was too young. i didn’t know. i tried. i did try. i am sorry. “ ( sofina ft. river )
o perdão é quente, como uma lágrima na bochecha, ouviu falar.
para river, a maior parte das coisas eram fáceis. acordar de manhã lhe custava um minuto, se vestir era um trabalho de no máximo cinco. caminhar até a biblioteca levava no uns dez. não havia cliente irritado, barulho alto ou serviço ruim que não resolvesse de maneira espirituosa, gentil e descomplicada. afinal, por que se deixaria levar pelas pequenas desavenças se, ao fim do dia, podia agradecer pela dádiva da vida? não importava quantas goteiras tivesse que tampar em madrugadas chuvosas, quantas contas atrasava minimamente ou se a fechadura da porta emperrava demais.
contudo, se tivesse que nomear algo que realmente pesava seu coração, era o silêncio. literal e figurativo. existindo sem propósito, vagando pela cidade como um morto-vivo e distribuindo sorrisos para pessoas que, em sua maioria, tinham alguém as esperando em casa, river sentia que sua existência era tão relevante quanto palavras não ditas e ações que morriam no plano das ideias. não era como se estivesse realmente solitário, tampouco acordava sozinho todos os dias, contudo, nunca foi a responsabilidade de ninguém e, agora, era apenas a luz que insistia em perseguir seus amigos, mesmo que, dentro do quarto frio, pensasse em como só queria ter alguém para encontrar quando chegava em casa, como todos os outros.
ainda assim, se dissesse que não era culpa de ninguém, e só seguisse em frente livre daquele ressentimento, seria o mesmo que pecar contra tudo que havia construído para si. "a vida não precisa de um propósito, apenas viva" repetia sempre que perguntavam o porquê da satisfação com tão pouco. mas, quando tinha que apontar dedos, não pensava duas vezes, porque ser feliz com o pouco que tinha não quer dizer que se achava merecedor de apenas um pouco, apenas que, diante das circunstâncias, era o melhor que poderia conseguir, e fazia funcionar. olhando por essa lente, sofina poderia até não ser a principal vilã em sua história, contudo, representava aquilo que mais repudiava na natureza angélica: o conformismo. seus olhos divinos não desviavam jamais das tragédias que aconteciam bem na sua frente, mas o que ela fazia para mudar? sofina poderia dizer o quanto quisesse - se quisesse - que era diferente, ou que havia algo a mais além do que via através de sua opinião lateral, que de nada adiantaria, porque river jamais mudaria de ideia. azrael não havia o abandonado para morrer mas, ainda assim, onde estava quando um bebê chorava à beira de um rio esperando a morte? virou a cabeça para o outro lado? e, durante toda a infância, quando foi chamado de aberração? ela tampou os ouvidos?
entretanto, o que ela dizia ainda conseguiu atingi-lo e, por meros segundos, se sentiu mal. porque a angústia e o arrependimento eram emoções extremamente humanas e, se ela era capaz de cruzar essa linha, talvez pudesse ser diferente. "você está buscando o perdão de quem?" perguntou, seus olhos escuros procurando fragilidade nos castanhos dela. "não acho que é o meu." balançou a cabeça, negando, e, como um ato de gentileza, tentou entregá-la a caneca com o líquido quente saindo fumaça, que estava segurando desde que começaram a conversar. "e, mesmo se for, eu não posso te perdoar." a voz soou calma, sem irritação ou amargura, apenas uma verdade, por mais cruel que fosse. "não seria justo comigo mesmo." confessou. com um suspiro pesado, se preparou para partir, contudo, algo gritava para que dissesse o que estava sentindo de verdade. "espero que você consiga encontrar o que tanto procura."
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