#literatura da angústia
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As batatas [conto]
No começo era só um sonho de José. “Se um dia eu ganhar na mega sena…….”. Foram anos sonhando em viajar para Amsterdam, viver na praia, em um casão e um carrão, levar os amigos, as amigas, sexo comendo solto, e ajudar alguma instituição de caridade. Seis número o separavam de ser um jogador de futebol de nível internacional, mas sem precisar entrar em campo. Depois de muito investir num sonho,…
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Eu quero explodir nesse sol da vida
Toda a energia me domina. Amarelo em meus olhos como o sol da tarde, que sensação boa é estar vivo. Eu caminho até aquela escola e respiro Literatura como se fosse o meu último dia na terra. Descanso no peito de Deus, a grama é verde e tudo o que há nesse curto espaço de tempo, é amor. Não há sofrimento, lágrimas, tristezas. Angústia: nada! Só eu comigo mesmo, vivendo o melhor que a minha vida tem a oferecer.
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Neste ponto, eu preciso criar uma verdade, mesmo que acredite parcialmente. Mas preciso acreditar o suficiente para não esquecer. Eu preciso fabricar essa verdade. Preciso inventar um deus que dê razão e paz, que explique os sinais melhor que a angústia. Preciso de um sonho que me faça refeito.
Preciso que os sinais não sejam o que acho que sejam. Que tomem forma de outra coisa qualquer que não me fira, que não chacoalhe meus ossos e faça um barulho tão alto. Preciso de qualquer coisa mais silenciosa que o badalar deste sino de igreja. Ou talvez, se houver de ser tal som, que seja, como o sino da igreja, um chamado para alguma coisa melhor que insônia do barulho.
Antes fosse fácil beber o tutano desse osso. Preciso renascer, não como Jesus, que retornou o mesmo, mas preciso nascer como coisa nova, nunca antes vista. Preciso ser de outro tempo, de outra vida. Fundar uma cidade com o nome de quem amo. Nomear a rua com o nome dos meus filhos. Receber um novo nome, como quem recebe uma nova vida.
Uma vez bêbado de vinho, deixo de ser eu, mas não me torno o vinho. Por que permaneço nessa incompreensão? No rio que divide dois países, mas que não é disputado. Um filho de pais separados, mas esquecido por ambos. Um meio quase invisível, por não poder ser nenhum dos inteiros.
Sou hoje o que nunca fui, mas não sou o que sempre quis ser. Sou talvez uma peça montada e remontada, na expectativa de que dessa vez vai dar certo. Uma tentativa de talvez muitas futuras, ou talvez de nenhuma mais — esquecido no abandono ou triunfando na conquista.
A vida é sempre assim. Ciclicamente. Uma dor puxando a outra, por causa ou por consequência. A vida é sempre assim. Um caminho descalço numa praia de pedras amorfas. Num jardim cujos formigueiros não sei onde estão, mas piso assim mesmo.
A vida é ela mesma e nada a explica, senão a literatura — que não apresenta avanços à lógica, gerando sim mais perguntas e desentendimento. Mas tem algo na literatura que entende a vida e só ela. Só ela a descreve tão precisamente, em todas suas variantes. Talvez ela dê sentido à vida, dê forma à substância, fazendo da incompreensão um pouco mais única.
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NOTAS PESSOAIS
Abandonei o hábito de ler. Não leio mais nada exceto um ou outro jornal, literatura leve e ocasionalmente livros técnicos referentes a algum assunto que possa estar estudando e no qual o simples raciocínio possa ser suficiente. Quase que abandonei o tipo definido de literatura. Poderia lê-la para aprender ou por prazer. Mas nada tenho que aprender e o prazer que se pode colher de livros é de um tipo que se pode substituir com vantagem por aquele que o contacto com a natureza e a observação da vida podem diretamente proporcionar-me. Encontro-me agora de plena posse das leis fundamentais da arte literária. Shakespeare não pode mais ensinar-me a ser sutil, nem Milton a ser completo. Meu intelecto atingiu uma flexibilidade e um alcance que me possibilitam assumir qualquer emoção que desejo e penetrar à vontade dentro de qualquer estado de espírito. Quanto àquilo por que lutar é sempre um esforço e uma angústia, a plenitude, nenhum livro pode servir absolutamente de ajuda. Não significa isto que me tenha livrado da tirania da arte literária. Aceito-a, apenas sujeita a mim mesmo. Há um livro que sempre tenho a meu lado, Aventuras de Pickwick. Li e reli várias vezes livros de W.W. Jacobs. A decadência do romance policial fechou para sempre uma porta por onde penetrava eu na literatura moderna. Deixei de interessar-me por gente simplesmente inteligente -- Wells, Chesterton, Shaw. As ideias que essa gente tem são iguais às que ocorrem a muitos não-escritores; a construção de suas obras é uma quantidade inteiramente negativa. Houve um tempo em que eu lia apenas pela utilidade da leitura. Compreendi agora que há muito poucos livros úteis, mesmo em matérias técnicas pelas quais possa estar interessado. A sociologia é por atacado...; quem pode suportar esse escolasticismo na Bizâncio de hoje? Todos os meus livros são livros de consulta. Leio Shakespeare apenas com relação ao "problema shakespeariano"; o resto já conheço. Descobri que a leitura é uma espécie de sonho escravizador. Se devo sonhar, por que não sonhar os meus próprios sonhos?
Fernando Pessoa, em "O Eu Profundo".
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"Coragem é quando você sabe que está derrotado antes mesmo de começar, mas começa assim mesmo, e vai até o fim, apesar de tudo."
Título: O Sol é Para Todos Autora: Harper Lee Classificação: +12 Avaliação: ★★★★★
Lançado em 1960 e escrito por Harper Lee, O Sol é Para Todos já se tornou um clássico da literatura sendo o ganhador do Prêmio Pulitzer no ano de 1961 e apesar da idade, temos aqui um livro que se mostra atemporal em vários sentidos sendo até hoje objeto de estudo da área do Direito. Pouco tempo após seu lançamento, a obra foi adaptada para o cinema e recebeu oito indicaç��es ao Oscar, das quais ganhou três e recebeu cinco indicações para o Globo de Ouro, das quais também ganhou três. O sucesso da obra é inegável, foi traduzida para mais de 40 línguas e suas vendas já somam mais de 40 milhões de cópias vendidas no mundo todo. O livro também foi escolhido pelo Library Journal como o melhor romance do século XX e eleito pelos leitores da Modern Library um dos 100 melhores romances em língua inglesa desde 1900.
O Sol é Para Todos se passa em 1930 no município de Maycomb, Alabama. Uma região cercada pela violência e preconceito racial, toda a desigualdade e injustiça é narrada através da visão inocente da jovem Scout, que descreve sua rotina nessa cidade calma e pacata onde ela divide seu tempo entre a escola e a família e nos conta sobre os verões que passa com seu irmão Jem e com seu amigo Dill. Toda a narrativa é construída dentro de um lugar de tranquilidade que logo se transforma em caos quando vemos como a população de Maycomb reage quando o pai de Scout, Atticus Finch, um advogado honesto e justo, arrisca tudo para defender um homem negro que foi injustamente acusado pelo crime de estuprar uma mulher branca, sentimentos controversos passam a cercar a família Finch assim que Atticus se dispõe a aceitar o caso, vemos como o preconceito racial e social está enraizado nas pessoas daquela pequena cidade e como muitos se conformam diante das injustiças e nesse cenário vemos a jovem Scout aos poucos ir perdendo sua inocência infantil quando ela passa a perceber a hostilidade da sociedade em que está inserida.
Desde a primeira página somos encantados pelos pensamentos astutos e curiosos de Scout, uma criança que não entende a complexidade do cenário social em que ela e sua família estão inseridos. A princípio vemos como a vida para Scout e seu irmão é reduzida a escola e a rua em que moram, até que as atitudes de seu pai os levam para fora do conforto daquilo que eles conheciam, ou melhor, daquilo que eles desconheciam. Logo no começo já conseguimos ver para onde a história vai se desenrolar quando o pai de Scout e Jem assume o caso e toda a família passa a ter que lidar com a desaprovação dos amigos e parentes, mas para ela é confuso entender como as pessoas estão os tratando mal quando seu pai está se esforçando para fazer o que é certo ao tentar provar que um homem inocente está sendo acusado injustamente e chegar a triste conclusão de que independente dos esforços de Atticus, seu cliente não será julgado com base em provas ou testemunhas, mas que ele será julgado única e exclusivamente pela cor de sua pele. É possível ver claramente como Scout e seu irmão passam a mudar e amadurecer conforme as circunstâncias se colocam diante deles, como mesmo sendo crianças eles conseguem analisar e reagir às situações apesar de muitas vezes sequer entenderem plenamente o que está de fato acontecendo.
Aqui temos várias tramas que se desenrolam ao mesmo tempo, temos a angústia e sofrimento da comunidade negra que tenta ajudar de todas as formas a esposa do homem que foi acusado pois acreditam na inocência dele, vemos a relação das crianças com os vizinhos e com a comunidade, a pureza de Scout, Jem e Dill que passam seus verões juntos e atazanando o pobre vizinho, Senhor Radley, o drama das crianças filhas de pais negros e brancos que não tem um lugar no mundo pois não são negros, mas também não são brancos, nos espantamos ao ver como a sociedade pode ser tão conivente com situações de injustiça, pobreza e maus tratos quando se dizem pessoas cristãs e de boa índole que devem ajudar os demais... tudo isso é claro, sem deixar de lado o foco principal que é a relação da família Finch.
O livro não se apoia em reviravoltas mirabolantes, mas ainda assim consegue causar impacto apenas ao expor o óbvio, um dos momentos mais impressionantes e chocantes é o discurso de Atticus Finch no tribunal em defesa de seu cliente, as falas de Finch e as percepções que as crianças começam a ter da sociedade e das injustiças se mostram tão atuais para um livro escrito cerca de 60 anos atrás. Chega a ser incômodo, pois lemos sabendo que o período da segregação racial ficou para trás, mas o racismo ainda se faz presente de muitas formas. Um dos questionamentos que mais nos faz refletir é quando Scoult em toda sua inocência passa a se perguntar como as pessoas odeiam Hitler pelo que faz com os Judeus, quando fazem o mesmo para com os negros, os perseguindo, os matando e os desprezando.
A autora tem uma escrita leve e consegue descrever bem todos os cenários e situações sem se prolongar muito, a leitura foi rápida e fluida, após dar início não foi possível parar até chegar à última página. Mesmo personagens e cenários que não parecem ter tanta importância acabam sendo bem aproveitados pela autora e acrescentam em muito para a percepção que o leitor vai ter do espaço e das situações. O grande ápice da história que é o momento do tão aguardado julgamento se mostra uma cena arrebatadora e a autora talvez por ter estudado Direito na universidade do Alabama soube descrever com maestria o julgamento de Tom Robinson que gera uma comoção sem igual no leitor.
Sua fama o precede, com diversos prêmios e marcando presença em várias listas de mais vendidos O Sol é Para Todos faz jus a sua reputação, afinal, um clássico é um clássico por um motivo e lendo a obra é possível ver como ela consegue se manter única e inovadora superando o desgaste causado pelo tempo com um estilo de narrativa que não encontramos facilmente em outras obras, com temas que geram debates infinitos e reflexões que nos tocam e nos constrangem. Em uma sociedade estruturalmente racista como a nossa, esse livro se torna uma leitura obrigatória para todos aqueles que acreditam na igualdade e lutam contra o preconceito social e racial.
Resenha por: Martha Cristina IG: @eu.e.meus.livros
#livro#resenha#dica de livro#dicadeleitura#leitura#literatura#drama#o sol é para todos#harper lee#atticus#scout#atticus finch#to kill a mockingbird
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For a lifetime parte I - Pt-br
Parte II aqui
avisos: +18. Amigos de infância para amantes, angústia, smut, palavrão, fluff, personagem original.
Palavras: 8.677
Sinopse: Lewis e Angie se conheceram na adolescência e depois de pouco tempo já eram inseparáveis, essa relação foi escalando e logo eles se tornaram mais do que amigos. Mas a vida aconteceu para os dois e eles acabaram tendo que se separar. 9 anos depois eles se reencontram. Será que todo aquele amor foi mesmo embora?
Notas: Alguns acontecimentos estão fora de ordem cronológica.
Junho 2002
-Mãe por favor, eu posso estudar em casa. Prometo que vou me sair melhor nas próximas provas. -Tento por uma última vez convencê-la de que eu não preciso dessa aula. Mas percebo que será em vão assim que olho para sua carranca impassível de sempre.
-Não, nada disso. Eu prometi ao seu pai que você iria a pelo menos uma aula, ele pagou caro por isso Angie, não menospreze seu pai. -Minha mãe olhava para frente, atenta ao redor da estrada, mesmo quando não havia carro algum além de seu velho Bentley. Eu ainda a olhava com o mínimo de esperança.
-Por favor, ele nunca vai saber que eu não vim.
Ela me olhou incrédula.
-Não, mas eu vou saber. Agora anda, eu não tenho o dia todo, já estou atrasada.
-Tudo isso por causa de um C. -Disse para mim mesmo enquanto finalmente saia do carro.
-Se quiser pode reclamar com seu pai hoje à noite, mas a minha parte eu fiz. -Assisti enquanto ela acelerava e deixava o estacionamento, pensei em sair daquele lugar, ir até o parque que vi do banco do passageiro a algumas quadras de distância e passar as próximas três horas e meia sem fazer nada, mas eu já estava ali, e o calor era quase insuportável, então decidi entrar e assistir a aula de reforço que eu não preciso.
Mal haviam passado 30 minutos de aula e eu já não aguentava mais, fazia anotações mínimas e olhava incansavelmente o relógio em busca de redenção.
Estava prestando atenção na parte de fora do prédio quando escutei a porta sendo escancarada.
-Me desculpa professor, eu perdi a noção do tempo, estava correndo e quando vi já eram duas horas, me perdoa por favor. -O garoto estava esbaforido, colocando palavras em cima de palavras e implorando pelo perdão do professor, foi quase impossível não achar graça da situação.
O professor por sua vez não deu a mínima, solicitou calma ao garoto e pediu para que ele se sentasse e prestasse atenção na aula.
O garoto veio em minha direção e por um momento eu pensei que ele fosse falar comigo, mas apenas acenou e se sentou no banco do meu lado, que era o único vago na sala.
O resto da aula passou em silencio absoluto, com a ressalva da voz do professor e o som dos pássaros do lado de fora. De tempos em tempos eu sentia o garoto inquieto, anotando coisas desnecessárias e tentando olhar para as minhas anotações. O nervosismo dele começou a me deixar nervosa também.
-Pelo amor, se acalma. Depois da aula eu posso te ajudar com as anotações, mas para quieto por favor. Você está me deixando nervosa.
O garoto sorriu tímido para mim, pude perceber o pequeno espaço entre seus dentes da frente e achei adorável, ele parecia ser uma pessoa legal.
A aula terminou e como prometido, expliquei o conteúdo que ele havia perdido e o ajudei com as anotações.
-Você não parece ter dificuldade nenhuma com essa matéria. -Ele disse enquanto terminava de escrever. Não havia mais ninguém na sala, a aula já havia acabado a pelo menos 15 minutos. Sabia que minha mãe me esperava no estacionamento mas não me importei nem um pouco em deixá-la esperando enquanto eu conversava com ele.
-Eu não tenho. Meu pai é bem rígido com a minha educação. Tirei um C em literatura e ele decidiu que eu precisava de aulas de reforço.
-Entendi. Não é um bom jeito de passar um sábado à tarde mas pelo menos você é inteligente.
-Tá brincando? Eu amo esse lugar. Implorei para ele me colocar nessa aula, não poderia pensar em uma forma melhor de passar meu sábado. -Disse brincando. Nossas risadas ecoaram pela sala. -E você? Também gosta de passar seus sábados em uma aula de reforço?
-Eu vim porque fui obrigado, não posso repetir de ano por falta então me fizeram vir. Mas não vou precisar disso. -Ele gesticula para seu caderno. -Eu e meu pai estamos trabalhando bastante para um dia eu me tornar um piloto de fórmula 1.
-E como isso está indo? -Não havia nenhum ar de superioridade em sua fala, apenas esperança e animação.
-Muito bem. -Seu sorriso era gigante. -Muito bem mesmo. Não vejo a hora de terminar o ensino médio e correr por todo o mundo.
-Que bom. Espero que você consiga...-Gesticulei para ele me dizer seu nome, que só então percebi que ainda não sabia.
-Lewis Hamilton.
-Lewis Hamilton. -Repeti para mim mesma. -Prazer em te conhecer. Meu nome é Angie Woods.
Novembro 2002
Mal conseguia me manter parada, estava muito animada, finalmente eu o veria correr pessoalmente. Estava em frente à minha casa, esperando pelo carro que viria me buscar.
Lewis me disse que seu pai passaria as 10 da manhã para me pegar em casa e depois nós iriamos para o circuito onde aconteceria a última corrida da temporada de karting, onde Lewis estava indo excepcionalmente bem.
Desde que nos conhecemos, meses atrás, não nos largamos, Lewis acabou se tornando um grande amigo para mim, nos vemos quase todos os dias e ele já tinha me prometido que me levaria a uma corrida há muito tempo.
Durante esses meses de amizade Lewis fez questão de me ensinar tudo sobre Fórmula 1 e automobilismo. Eu me apaixonei pelo esporte, não perdemos uma corrida desde então.
Não demorei para ver o carro vindo até a entrada de minha casa, corri para dentro e torci para meus pais não verem, eles já tinham deixado claro o descontentamento pela minha nova amizade. Então decidi não contar onde eu estava indo naquela manhã.
Conheci seus pais, sua madrasta e seu irmão, Nicholas. Todos me recepcionaram mais do que bem, em pouco tempo já me sentia quase que como parte de sua família.
❀
Já estava quase sem voz de tanto torcer por Lewis. Sua família e eu estávamos na primeira fila da audiência prestando atenção em todos os movimentos de Lewis. Era surreal, ele era excepcional como piloto, mesmo com pilotos mais velhos no grid e com um carro não tão bom, ele se destacava por muito. Pude então entender que não havia eufemismo algum na fala de seu pai quando dizia que Lewis iria se tornar um grande campeão de Fórmula 1. Era apenas uma questão de tempo.
Fiquei atrás de sua família quando ele saiu do carro, Lewis correu até seus pais e madrasta e os abraçou, ele havia ganho mais uma corrida, assim se concretizando como o melhor piloto de sua categoria, e o mais novo a conseguir tal feito.
Depois de abraçar sua família, Lewis correu até mim, eu estava perto de estar emocionada, estava muito feliz por ele. O abracei de volta e ficamos assim por bons segundos, seus braços faziam eu me sentir como nunca me senti na vida.
Depois da corrida fomos até sua casa, já estava anoitecendo mas nenhum de nós queríamos que esse dia acabasse. O pai de Lewis pediu pizza e comemos todos juntos. Anthony, seu pai, me contou tudo sobre a paixão de Lewis por automobilismo e sobre toda a dificuldade que eles enfrentaram até então. Prestei atenção em cada palavra e apenas podia imaginar as adversidades que tiveram.
Anthony fez questão de me deixar em casa, como já estava escuro e a noite estava bem mais fria do que o normal, não fiz nenhuma objeção, agradeci a ele pelo dia e me despedi de sua família.
Antes de sair, Lewis desceu as escadas correndo até mim, que estava pronta para ir de encontro com seu pai, que já me esperava na parte de fora da casa.
-Espera aí. Eu comprei algo para você.
Lewis me entregou uma caixinha, eu abri e dei de cara com um delicado colar dourado, nele tinha um pingente de um pequeno "A". Era muito lindo, eu quase não tive reação pois não esperava tal gesto.
-Eu vi em uma loja e não consegui sair sem comprar para você. Tinha prata também mas eu gosto mais da sua pele com dourado.
Lewis me olhava tímido assim como na primeira conversa que nós tivemos, meses atrás.
-É muito lindo, Lew. Muito obrigada, eu amei. -Tirei o colar da caixa e o entreguei para colocar em mim. Puxei meu cabelo para cima e esperei ele colocar o colar em mim, sua mão passando levemente pelo meu pescoço conseguiu arrepiar minha pele, torci para que isso tivesse passado despercebido por ele. Assim que ele fechou o colar eu me virei para frente e o abracei.
-Eu nunca mais vou tirar. -Disse baixo, no meio do abraço, só para ele escutar, como se não estivéssemos sozinhos na sala.
-Fico feliz que tenha gostado.
Me afastei do abraço e dei um beijo em seu rosto, perto o suficiente da boca para me fazer corar de vergonha, me despedi com um "até mais" baixo e sai da casa indo de encontro com seu pai, que já me esperava dentro do carro.
Me afastei de sua casa vendo Lewis na porta observando enquanto o carro tomava distância.
Fevereiro 2003
-Lewis isso não vai dar certo. É melhor eu desistir. De qualquer forma você pode ser meu motorista particular. -Disse puxando o freio de mão e desligando o carro.
-Nada disso, vamos, eu disse que ia te ensinar a dirigir e é isso que nós vamos fazer hoje.
-Eu mudei de ideia, vou desmarcar a prova. Olha, eu estou tremendo e não andei nem 20 metros. -Eu realmente estava tremendo, ver as pessoas dirigindo faz parecer fácil mas na realidade está longe disso.
-Angie. -Lewis tirou a mão de seu colo e a colocou em cima da minha, que estava descansando no câmbio do chevrolet de seu pai. Contato físico para nós já não é mais novidade, e eu não consigo mais imaginar a minha vida sem a sua amizade. -Se acalma, você vai conseguir, eu vou te ensinar a dirigir e você vai passar nessa prova.
Suspirei e me dei como derrotada, eu queria muito aquilo, e tinha que aproveitar o tempo livre de Lewis e sua boa vontade para me ensinar.
Liguei o carro e soltei o freio de mão.
-Você sabe o que fazer. Pisa na embreagem e engata a primeira. -Agradeci ao universo por Lewis ser a pessoa mais calma que conheço, se fosse qualquer um dos meus pais aqui eu já estaria chorando.
Fiz o que ele mandou. -Agora vai soltando a embreagem e acelerando devagar.
-Esse é o problema, Lew.
-Vamos, depois de um tempo isso vai ser automático para você.
Sai com o carro e dessa vez foi melhor do que da última, aos poucos fui tomando confiança e vendo que aquilo não era um bicho de sete cabeças. No final do dia já conseguia me manter calma e andar alguns quilômetros sem surtar.
❀
Agradeci pela carona e sai do carro de minha mãe em um pulo, mal conseguia conter meu sorriso. Corri até a porta da frente da casa que se tornou meu segundo lar, toquei a campainha e esperei pacientemente até a porta ser aberta. Por sorte era Lewis quem estava do outro lado da porta de entrada.
-Eai? Como foi? Você passou? -Seus olhos estavam maiores do que o normal e ele me olhava com muita curiosidade.
Tentei manter minha cara fechada para um suspense mas não aguentei nem um segundo.
-Sim! Oficialmente habilitada. -Mostrei minha mais nova carteira de motorista para ele. Lewis me puxou para um longo abraço. -Obrigada Lew, não teria conseguido sem você.
-Teria sim. Eu sabia que você ia se sair bem. -Ele se afastou do abraço e me olhou com afeto. -Agora já tenho quem me leve para a próxima corrida.
Outubro 2003
-Você tem certeza que eu posso ir nessa festa?
Nossas mãos estavam entrelaçadas, o que é uma novidade, mas não tenho nada a reclamar sobre isso.
-Claro que sim Ang, é uma festa de um amigo da escola mas não é exclusiva para quem estuda lá, relaxa.
Já conseguia ouvir a música alta vindo da casa no final da rua, não sabia se estava tremendo de frio ou de nervoso. Talvez não devesse ter escolhido um vestido tão curto para uma festa a noite. É a minha primeira vez em uma festa tão grande como essa, já Lewis parece relaxado como nunca.
-Angie, eu consigo escutar seus pensamentos daqui. -Lewis riu e apertou sua mão na minha. -É só uma festa, e se você não gostar, nós podemos ir embora quando quiser, você não precisa fazer nada que não quer. E eu vou estar sempre por perto.
-Tudo bem. -Lewis é a única pessoa que consegue me acalmar com tão pouco.
Entramos na casa que já estava cheia e Lewis não demorou a encontrar seus amigos da escola. Ele me apresentou a todos e em pouco tempo já havia feito amizades, o que foi bom, não queria ficar no pé de Lewis a noite toda sem deixar ele se divertir com seus amigos.
Tinha muita bebida e eu tomei uma ou outra, já faz certo tempo que bebo álcool então não fiquei nem perto de bêbada.
Lewis vinha me checar de tempo em tempo para ver se estava tudo bem.
Depois de algum tempo conversando e bebendo subi para o segundo andar para poder usar o banheiro. O segundo andar da casa estava vazio, com todas as portas fechadas a não ser uma no final do corredor. Pensei ter ouvido a voz de Lewis vindo de lá então fui até a porta e a abri totalmente para poder entrar.
Ele realmente estava lá, era um quarto sem mobília alguma, Lewis estava encostado de frente para a sacada, com o seu celular na orelha.
-Tudo bem. Não se preocupe eu tomo conta de tudo lá em casa. Tudo bem, até domingo então pai. Tchau.
Lewis desligou o celular e se virou para dentro do quarto, ele não se assustou quando me viu parada perto da porta.
-Está tudo bem?
Perguntei enquanto entrava de vez no quarto, empurrei a porta mas ela não chegou a fechar completamente. Lewis me chamou para perto dele e eu fui sem contestar. Ele passou um dos braços envolta do meu pescoço e me trouxe para mais perto.
-Sim. Meu pai, Linda e Nicholas estão indo passar o final de semana na casa dos pais de Linda então eu tenho a casa toda para mim esse final de semana.
-Que bom. -Minha cabeça estava encostada em seu peito e eu tinha os olhos fechados.
A mão de Lewis veio até meu queixo e levantou meu rosto, o colocando a poucos centímetros do dele. Lewis selou nossos lábios com calma, e não demorou até aprofundar o beijo.
Não é a primeira vez que isso acontece, já nos beijamos antes, mas nunca dessa forma. Dessa vez é como se houvesse algo por trás, é como se fosse realmente pra valer. E é muito bom.
Logo eu envolvi meus braços em seu pescoço e Lewis pousou suas mãos em minha cintura, dando leve apertos na região.
Nos beijamos tempo o suficiente para que quando eu abri meu olhos, tive que me acostumar novamente com a claridade que vinha da rua.
Lewis me abraçou novamente e eu senti que poderia ficar ali para sempre.
-Você vai dormir em casa hoje?
Eu gelei em seus braços e torci para ele não ter percebido. Já dormi na casa de Lewis várias vezes antes, mas eu sabia o que essa pergunta justo agora queria dizer. Sei que Lewis já teve alguma experiência antes, e sei também que eu quero ter minha primeira vez com ele. Mas mesmo assim é impossível não se sentir nervosa.
-Você sabe que não vai acontecer nada que você não esteja 100% preparada, Angie.
-Eu sei.
-E nós não precisamos fazer nada, só acho melhor você dormir lá porque você disse ao seus pais que dormiria na Annie hoje e se você chegar a uma da manhã em casa eles não vão gostar nem um pouco.
Sorri com sua preocupação e assenti ainda abraçada a ele.
-Tudo bem. De qualquer forma eu quero dormir lá.
Depois dessa conversa estávamos absorvidos em outra coisa, então não demorou para irmos embora.
A casa de Lewis era a apenas algumas quadras de distância, então voltamos andando juntos e sem pressa alguma, trocávamos algumas palavras vez ou outra mas eu estava muito ansiosa para ter uma conversa.
❀
Lewis estava deitado ao meu lado. Eu estava claramente nervosa. Não sou ingênua, sei o que está prestes a acontecer, nós conversamos sobre isso antes e eu me sinto pronta. Mas ao mesmo tempo que estou nervosa eu também estou muito certa disso. Me sinto segura e desejada ao seu lado. Sinto que agora é hora e não quero que seja em outro momento.
Mas mesmo assim acho que o nervosismo é normal.
-Você está bem? -Lewis estava apoiado em seu braço, virado para mim. Já eu estava deitada olhando para cima.
Assenti e movi minha cabeça para enxergar Lewis, ele estava muito perto. O quarto estava escuro mas a luz do luar lá fora era mais do que suficiente para eu conseguir enxergá-lo com perfeição. Ele estava lindo, vestígios da noite agitada na festa estavam em sua pele que brilhava mesmo com o mínimo de luz, ele parecia feliz, parecia não querer estar em outro lugar.
Lewis se aproximou e selou nossos lábios com muita calma. Não demorou para eu pedir passagem com a língua que foi cedida de imediato com um pequeno riso dele. Beijar se tornou minha coisa favorita de fazer com ele, não que eu tenha muita experiência mas o beijo do Lewis é maravilhoso.
O beijo ia se aprofundando cada vez mais, eu estava inquieta, buscava por mais, já Lewis estava totalmente tranquilo, sem pressa alguma.
Eventualmente e finalmente sua mão que não estava apoiando sua cabeça saiu de seu colo e veio de encontro a minha cintura, apertando o lugar e me trazendo para mais perto dele, logo depois descendo e indo até minha bunda, onde se manteve por alguns instantes.
Eu estava com calor, e conseguia sentir meu coração batendo na garganta, estava nervosa, mas mais do que certa para essa noite. Sentia minha intimidade quente e molhada, queria que ele me tocasse mas não sabia como poderia pedir isso. Ele me beijava como nunca antes, havia algo a mais ali que nunca fora explorado dentro de mim.
-Angie. -Lewis cortou o beijo e deixou seus lábios a milímetros dos meus, ele estava um pouco ofegante e acho que tão nervoso quanto eu. Eu o olhei e esperei pela continuação, queria que ele falasse logo porque queria voltar a beijá-lo. -Posso te tocar?
Meu coração pulou, o que eu queria finalmente ia acontecer, e com a pessoa certa, a pessoa que me mostrou o que é amor quando eu nem sabia que era possível sentir esse tipo de coisa. Eu estava certa então assenti para ele.
-Meu bem, eu preciso te ouvir falando.
-Sim Lewis. Por favor me toca.
Ele não demorou para colocar suas mãos entre as minhas pernas, sempre com muita calma e cuidado. Meu vestido era curto então já havia subido e o tecido da Barra descansava na minha barriga. Lewis colocou minha calcinha de lado e eu estava exposta para ele.
-Me avisa se quiser que eu pare ok?
-Tudo bem.
Lewis me tocou, foi como se uma corrente elétrica passasse por todo o meu corpo, não sabia que queria tanto aquele contato até o ter. Tanto eu quanto Lewis suspiramos. Me inclinei e juntei nossos lábios novamente. Agora o beijo era sem jeito e quase desconexo, já que nossas atenções estavam em outra coisa.
Eu queria poder tocá-lo também, mas mal conseguia pensar naquela situação. Tive que me segurar para não gemer e pedir para ele ir mais rápido.
Lewis dedilhava meu clítoris pacientemente, mesmo comigo rebolando em sua mão ele se manteve no mesmo ritmo. Podia sentir ele sorrindo durante o beijo.
Lewis desceu seus beijos para meu pescoço, e depois para minha clavícula, ainda com sua mão em mim.
-Eu quero te ver. -Ele disse bem perto de meu ouvido, o que me causou mais arrepios do que imaginava ser possível.
-Por favor. -Eu queria dar a ele o que ele quisesse, queria que me visse, que me beijasse e me falasse como eu sou bonita para ele.
Lewis então tirou sua mão de mim, gemi reclamando e ele riu.
-Calma linda. Eu já vou voltar a te dar o que você quer.
Lewis puxou meu vestido para cima e eu o ajudei a tirar, ele me observou por alguns segundos, eu estava sem sutiã então acabei totalmente exposta ao seu olhar. Não me sentia com vergonha, eu queria que ele me olhasse, então apenas voltei a deitar enquanto olhava para ele.
Lewis por sua vez voltou a beijar minha clavícula, indo em direção meus seios, onde ficou por um tempo.
-Você é perfeita. -Seus lábios desceram para minha barriga, e logo Lewis já estava posicionado no meio de minhas pernas. Ele puxou minha calcinha e se livrou dela, a jogando em algum canto do quarto. Se deitou entre mim e me olhou, esperando por mais um consentimento da minha parte.
Eu o olhei e assenti, como se dissesse para ele ir e fazer aquilo.
E ele fez.
O gemido que estava tentando manter em mim foi solto assim que senti sua língua me tocando. Aquilo era a melhor sensação do mundo, eu queria que nunca acabasse, Lewis começou lento mas logo foi se intensificando, eu me movia embaixo dele tentando tirar ao máximo daquilo que ele me dava. Uma de suas mãos foram de segurar minha cintura para o meio de minhas pernas, onde ele aos poucos foi colocando um dedo dentro de mim.
Aquilo não doeu, pelo contrário, eu quase gritava de prazer. Agradeci por estarmos sozinhos, não sei se conseguiria segurar meu barulho.
Com um dedo dentro de mim, Lewis começou a fazer um movimento de “venha aqui” e aquilo me levou ao ápice, minhas pernas tremiam e eu não conseguia pensar direito, só queria ele comigo.
Ele subiu até mim e me beijou como nunca antes, havia força e era quase que instintivo. Levei minha mão até a barra de sua camiseta e o ajudei a tirar. Logo depois desci minha mão e o toquei por cima da calça, eu podia sentir a protuberância exagerada, não fazia ideia de como fazer aquilo mas queria poder tocá-lo.
Lewis se livrou da calça e roupa íntima e se posicionou em cima de mim. Vi o seu tamanho e pela primeira vez na noite senti certo receio. O que ele pareceu perceber.
-Eu vou com calma, você me fala se quiser que eu tire. Mas provavelmente vai incomodar um pouco tá. Prometo que vou com cuidado.
-Tudo bem.
Lewis me beijou antes de se acomodar entre minhas pernas e se afundar aos poucos em mim.
Puxei seu rosto para meu pescoço, não queria que ele visse desconforto em minha feição. No começo doeu, mas eu sabia que seria assim, e não quis parar, queria muito ele em mim.
Agradeci mentalmente quando percebi que ele já estava todo dentro de mim, Lewis ficou ali por um minuto até eu me acostumar com seu tamanho. Aos poucos ele foi começando a dar estocadas, que começaram bem lentas e depois foram tomando mais velocidade.
A dor que era quase insuportável no começo foi dando lugar a um prazer imenso.
-Está tudo bem? -Ele voltou a me olhar. Assenti e selei nossos lábios com força.
Eu pouco tempo já estávamos em um ritmo que era bom para nós dois, eu gemia baixo eu seu ouvido e podia sentir sua respiração no meu, foi muito melhor do que eu imaginava que seria.
Em certo ponto Lewis acelerou e começou a gemer mais, eu sabia que ele estava quase lá. Só então percebi que fizemos tudo sem proteção alguma.
-Lew, tira antes, a gente está sem camisinha.
Ele não pareceu ouvir na hora mas atendeu meu pedido e gozou fora de mim. Lewis me beijou e ficou entre minhas pernas por um tempo. Depois ele se levantou e me puxou com ele até o banheiro, nos limpamos e voltamos para a cama.
Puxei o cobertor para cima de nós e me aconcheguei em seu colo, nossas roupa estavam jogadas no chão de seu quarto sem nenhuma intenção de serem recolhidas.
-Como você se sente? -Ele perguntou depois de um bom tempo em que estávamos deitados.
-Impura. -Senti Lewis gargalhando em baixo de mim e eu ri com ele. Não era verdade, eu me sentia bem, feliz por ter feito isso com o garoto que eu amo. -Não. Eu me sinto ótima, foi muito melhor do que eu imaginava que seria. Estou feliz que tenha sido com você.
Levantei minha cabeça de seu peito e o olhei, Lewis estava lindo naquela luz, juntei nossos lábios novamente em um selinho rápido e voltei a me deitar, por mais que eu quisesse estender essa noite o sono já me consumia e não aguentei muito mais acordada.
-Eu te amo. -Foi a última coisa que escutei aquela noite antes de pegar no sono.
Dezembro 2005
-Você está linda de beca e capelo.
Estávamos sentados no chão da sala da minha casa, cercados de pizza e cervejas. Viemos para cá depois da cerimônia da minha formatura, onde sabíamos que estaríamos sozinhos, já que meus pais viajaram. Usei o dinheiro que deixaram como pedido de desculpa de não participarem da minha formatura para comprar a pizza e as bebidas.
-Eu não quero nunca tirar. Me sinto bem com essa roupa. Me sinto importante.
Lewis sorriu e me puxou para perto dele.
-Já sabe o que vai fazer agora? -Relaxei em seu colo e demorei alguns segundos para respondê-lo.
-Sei o que quero fazer. Vou tentar entrar naquela faculdade que te falei, vou começar a mandar as cartas no ano que vem. Eu amo moda, e quero fazer isso na cidade dos meus sonhos, seria perfeito se eu fosse aceita. Mas não se preocupa, até lá eu ainda vou viver grudada em você.
Lewis ficou em silêncio por um bom tempo antes de me responder.
-Isso é na França, não é?
-Sim. Em Paris. Pelo menos levei minhas aulas de francês a sério. -Ri e levantei meu rosto para olhar para ele. Mas Lewis não estava sorrindo, pelo contrário, sua cara era fechada. -Algum problema?
-Existem ótimas faculdades de moda em Londres, onde você estaria mais perto. -Lewis tirou sua mão da minha cintura, onde estava pousada já havia tempo. Me afastei dele, me sentando em sua frente.
-Sim. Mas você sabe que Paris sempre foi um sonho, e saber que é possível só me deixou ainda mais animada.
Lewis não parecia nada feliz, e isso me deixou irritada.
-Eu não acho uma boa ideia. Ir para o outro lado do continente sozinha e se aventurar assim não soa bem.
-Você está falando como meu pai. -Me segurava para não revirar os olhos para aquela conversa.
-Talvez seu pai esteja certo, Angie. Já pensou nisso?
-Não Lewis. Ele não está, ele nunca esteve certo sobre nada.
Me levantei e fui até a cozinha, queria fugir daquela conversa, nunca pensei que Lewis fosse ter essa reação comigo, nunca pensei que ele fosse ficar chateado por eu querer seguir meu sonho. Tirei meu Capelo e servi um copo de água, minha boca estava seca.
-Angie, por favor. Eu só estou dizendo que as coisas são mais complicadas do que parecem. O mundo não é da forma que você pensa que é.
-E porque você não me deixa descobrir isso por minha conta?
Ele estava parado na porta da cozinha enquanto eu estava encostada na pia, virada para ele.
-Porque eu me importo com você. Não quero que você se arrependa de fazer uma loucura dessa.
Ri sem humor.
-Olha para você. Você está correndo na fórmula 3. Quantas vezes escutou que era loucura e que você deveria desistir? Agora vem falar isso para mim?! O que está acontecendo?
-Angie olha….
-Não Lewis! Olha você. O que você quer é que eu fique aqui te esperando enquanto você viaja o mundo todo com a sua vida perfeita de piloto.
Percebi que meu tom era mais alto do que o normal e tentei voltar a calma.
-Não tem nada nesse mundo que eu queira mais do que isso, Lew.
-Nem a mim?
Não pude acreditar no que estava ouvindo, o olhei incrédula.
-Você não vai fazer isso comigo Lewis. -Sentia meus olhos queimando. -Você nunca deixaria de correr por mim, não me faça abandonar o meu sonho para viver o seu.
Lewis ficou quieto, sua feição de frustação foi substituída por um rosto pensativo. Ele não me olhava, acho que sequer prestava atenção no ambiente.
-Tem razão. Não posso criar expectativas quanto a você me esperando aqui. Você tem todo o direito de viver a sua vida e ir atrás dos seus sonhos. -Lewis passou a olhar para mim mas não deu sequer um passo em minha direção, ele estava nervoso e eu podia deduzir isso só de olhar para ele. Não tem nada pior para mim do que brigar com Lewis. -Mas você acha que vai dar certo? Nós dois, quando formos embora daqui?
-Eu não sei.
Fevereiro 2006
-Eu ainda não estou acreditando nisso. -Não conseguia tirar o sorriso do meu rosto.
-Pois acredite, isso aqui vai virar rotina agora que você se formou e tenho você livre para mim por um tempo.
Andávamos pelo aeroporto de Monza, viemos para a primeira etapa do campeonato de formula 3. A corrida só será em 5 dias, mas Lewis conseguiu convencer a todos que precisava vir antes para se "preparar", mesmo que essa preparação seja comer muito e tomar vinho todas as noites na conta da equipe dele.
Não pude evitar de tirar fotos do momento em que saímos do aeroporto até a chagada do hotel, onde nós dois estávamos tentando não parecer chocados com o tamanho de tudo aquilo.
-Não acredito! -Eu estava desacreditada naquele lugar. E Lewis não parecia diferente. O quarto de hotel era mais como um apartamento do que com um quarto. -Lewis, tem uma sala de estar, dentro do nosso quarto de hotel.
A esse ponto eu já tinha explorado cada cantinho daquele lugar.
-Eu nunca vou me acostumar com isso. -Lewis sorria de orelha a orelha.
Foi então que parei de prestar atenção na imensidão daquele quarto, e olhei para ele. Seu sorriso conseguia me deixar tocada, a forma como Lewis estava sinceramente feliz em como sua vida estava se desenrolando me deixava mais do que orgulhosa de ter visto tudo isso acontecendo de perto. Por mais que ele ainda tenha muitas coisas a conquistar, tudo isso já parece gigante perto de onde ele começou. A realização do meu privilégio de estar ao seu lado em um momento como esse bateu em mim e não pude evitar a emoção em meus olhos, que logo foi notada por ele.
-Amor, está tudo bem? -Seu sorriso vacilou um pouco com sua preocupação.
-Sim, tudo perfeito. -Fui até ele e me aconcheguei em seu abraço. -Só estou feliz. -Não falei para ele mas parte do motivo das lágrimas em meus olhos era o medo, medo de nos separarmos, medo dele me esquecer se eu for para a faculdade, e medo de deixá-lo e depois me arrepender. Minhas angústias relacionadas com o nosso futuro vem me deixando acordada a um bom tempo, e por mais que eu não fale sobre isso com ele, sei que ele não está muito diferente de mim.
-Tive uma ideia. -Lewis disse depois de alguns minutos que estávamos abraçados no meio daquele quarto gigante. Ele desvencilhou nosso abraço e foi até o telefone do quarto.
-O que você vai fa...
-Oi, eu e minha esposa queríamos pedir um serviço de quarto. Certo. Pode trazer uma garrafa de champanhe. Isso, qualquer um tá bom. Ou melhor, o melhor que vocês tiverem. Isso. E também queremos uma porção de batata frita. Só isso. Isso é cobrado de quem reservou o quarto certo? Ah sim, então pode ser duas garrafas. Certo, obrigado.
Quando Lewis colocou o telefone de volta no gancho eu mal me aguentava em pé de tanto que ria. Ele se levantou e veio até mim, me estendendo a mão.
-Então quer dizer que eu sou sua esposa? -Disse pegando sua mão.
-Um dia. E vai ser gigante do jeito que você merece. Mas enquanto isso a gente finge por uma semana que somos casados e estamos passando uns dias na Itália, como sempre. -Selei nossos lábios com um sorriso no rosto e um nó na garganta.
Outubro 2006
Olhávamos para o telefone com uma alta expectativa de que o mesmo iria tocar a qualquer segundo com a notícia que esperávamos a algum tempo. A ansiedade era tanta que nem conseguíamos conversar por mais de alguns minutos sem parar para prestar atenção no telefone amarelo de sua casa. Eu, Linda e Nicholas estávamos na sala de estar esperando e torcendo por Lewis e Anthony, que estavam em uma reunião com a McLaren, reunião essa que determinaria se o lugar como segundo piloto da equipe realmente seria dele.
De Stevenage para Woking era uma viagem com pouco mais de uma hora de duração, mas Lewis prometeu que ligaria com a resposta antes de chegar em casa, sendo ela boa ou ruim.
Por mais que estivéssemos esperando, quando o telefone finalmente tocou levamos um susto, mas Linda não demorou nem um segundo para atender. Vi seu rosto indo de preocupação para pura felicidade e então nós explodimos de alegria, é claro que ele tinha conseguido. Nem conseguimos nos manter parados, começamos a comemorar antes mesmo deles chegarem em casa.
Passamos horas comemorando, pela primeira vez vi Lewis e Anthony realmente emocionados e tive vontade de chorar com eles. Depois de todo o sacrifício finalmente ele teve o resultado que merecia. Lewis seria um piloto de fórmula 1. O melhor de todos.
Dezembro 2006
Já perdi a conta das horas que estamos nesse quarto, vi noite virar dia e ainda assim me negava a adormecer e deixar de perceber sua presença e nosso contato, contei as batidas de seu coração e sua leve respiração pelo o que pareceram horas. Não temos mais assunto e ignoramos seu pai nos chamando para jantar porque a sensação é de que se alguém se mexer, tudo vai acabar mais rápido.
Eu não quero sair daqui, mas eu tenho que ir. E ele também.
Os últimos meses foram mais do que perfeitos, estar ao seu lado e acompanha-lo em suas corridas foi melhor do que eu imaginava que seria, conheci vários países e vi Lewis conquistando e se destacando cada vez mais em seu esporte e isso não poderia ter me deixado mais orgulhosa e feliz pelo meu amor. Mas veio ao fim como nós sabíamos que viria um dia. Desde a briga não conversamos sobre isso, deixamos para falar sobre como seria depois, mas esse depois nunca veio.
A carta da tão sonhada faculdade estava lá em um dia que retornei de uma viagem com ele e nós abrimos juntos. Lewis ficou feliz por mim, ou ao menos tentou ficar, mas aquele abraço parecia mais um abraço de perda do que de orgulho e felicidade.
Então deixei minhas malas prontas, esperando por mim em casa, enquanto eu corria quarteirões até sua casa no final da rua e pedia por alguns minutos com ele, já que teria que voltar logo para casa porque meu voo sairia na manhã do dia seguinte. Mas os minutos viraram horas, horas de conversa, mas não sobre nosso futuro, horas de amor, e agora horas de silêncio absoluto enquanto ficamos deitados juntos.
-Eu tenho que ir. -Não senti as palavras saindo da minha boca, era como se outra pessoa estivesse falando por mim. Como ousa abrir a boca e atrapalhar um momento como esse?!
-Eu sei. -Lewis não se moveu, seus braços continuavam em volta do meu corpo.
-Lew...
Lewis finalmente se desvencilhou de mim, agora ele me olhava, ainda estávamos deitados, tão grudados que parecíamos um só ser. Conseguia ver o brilho de seus olhos pelas lágrimas que ameaçavam cair, abri minha boca para dizer para ele que tudo ia ficar bem, mas eu sabia que era mentira. Lewis selou nossos lábios de forma dolorosa, nosso beijo logo foi aprofundado e houve um momento em que não sabia se as lágrimas que sentia em meu rosto eram minhas ou dele.
Já estávamos sem veste alguma de todo amor que fizemos momentos antes, mas não parecia o suficiente, nunca iria parecer o suficiente enquanto tínhamos em mente o que viria a seguir.
Lewis se colocou dentro de mim e não separamos nosso beijo nem por um segundo, poucos pássaros cantavam do lado de fora, já que não passavam de cinco da manhã, e o único som do quarto era o de nossa respiração desregulada.
Quase não havia ritmo em nossos movimentos, mas aquilo não se tratava de prazer, aquilo era a nossa conexão inexplicável na forma mais pura que havia, eu queria poder me fundir a ele e não ir para lugar nenhum, mas sei que nunca me perdoaria se não deixasse esse lugar para viver um sonho. Mesmo que esse lugar tenha se tornado meu paraíso particular.
Não acredito que por um momento achei Stevenage um lugar chato, nada é chato com ele ao meu lado, e dói muito imaginar o que será desse “nós”.
Não sei em que momento acabou, mas logo estávamos apenas abraçados, com nossos peitos nus grudados um no outro, ofegantes e tentando segurar as lágrimas.
-Eu te amo. -O sussurro foi tão baixo que quase não escutei mesmo com o quarto completamente silencioso. -Eu não vou te deixar. Nunca.
-Eu também te amo. Mas você sabe que isso não é verdade. -Lewis cerrou as sobrancelhas e abriu a boca para contestar mas eu logo o cortei. -Por favor não deixa isso mais difícil do que já está. Nós dois sabemos o que vai acontecer, e eu nunca poderia te culpar por isso Lew.
-A gente pode se ver, posso ir até Paris quando não estiver correndo, e depois você vem até mim quando estiver de férias…
-Lewis. Por favor. -Me sentei em seu colchão e o olhei séria, Lewis parecia uma criança me implorando com o olhar para eu não ferir seus sentimentos. -Você vai ser um grande piloto na McLaren, você sabe disso, eu sei disso, todo mundo sabe. E quando isso acontecer sua vida vai mudar completamente e eu vou ser só uma pequena parte do seu passado. E tá tudo bem. Mas por favor, não me promete algo que você sabe que não vai cumprir.
-Me deixa ter a chance de tentar.
Eu queria ter forçar para contestar, e falar que não teria como, mas eu não podia, não podia porque no fundo eu queria que fosse verdade, queria que ele arrumasse alguma forma de fazer nosso relacionamento dar certo mesmo estando tão longe de mim na maior parte do tempo. Então eu assenti. Concordei com a ideia mesmo sabendo que no fim seria ainda mais difícil e doloroso para nós, como foi.
Lewis me deixou em casa, perdi as contas de quantas vezes tentei de afastar de seu abraço e não consegui, só nos separamos porque realmente precisava ir até o aeroporto. Mas não antes de confirmar meu novo número de telefone com ele pelo menos 20x.
Prometi que ligaria assim que chegasse lá, e que nós conversaríamos direito sobre o futuro do nosso relacionamento.
❀
Nos falamos todos os dias desde a minha chegada a terra parisiense, nos primeiros dias passávamos horas no telefone, mas com o passar do tempo tivemos que diminuir nossas conversas diárias, por conta de todos os compromissos que nos cercavam. Lewis treinava todos os dias e eu estava me preparando para o começo das aulas, tudo era muito novo e diferente e tive medo do que seria se eu não soubesse me acostumar com tudo. Mas ao mesmo tempo estava muito animada para descobrir.
Março 2007
Por um momento no começo daqueles dias eu acreditei que talvez desse certo, essa coisa de relacionamento a distância.
Lewis se mostrava disposto a cumprir com a promessa dele e a cada dia eu acreditava mais que daria certo, afinal era "só mais um tempinho para a gente se ver de novo.". Mas nem sempre é o que a gente imagina, fomos ingênuos em acreditar que daria certo por tanto tempo assim. Não tínhamos sequer uma data de retorno, não havia voltar atrás, essa é nossa vida agora, uma vida onde o outro não se encaixa mais. Tive que fingir para mim mesma que não me importava e entendia quando ele não me atendia, ou quando falava diferente comigo porque estava claramente muito ocupado para conversar. Não poderia ser essa megera que acha ruim ele não ter tempo para mim quando ele estava literalmente vivendo seu maior sonho. Tudo isso é muito maior do que nós.
Eventualmente eu acabava descobrindo seus feitos na fórmula 1 pela internet, ou por sua madrasta que ainda me ligava toda semana para saber como eu estava indo. Já que na maioria das vezes ele se esquecia de me falar, de mandar uma mensagem ou qualquer outra coisa.
Lewis já não falava comigo a algum tempo, eu tentava ligar para ele mas sempre acabava na caixa postal com uma mensagem dele logo depois pedindo desculpas e dizendo que me ligaria assim que pudesse. Mas essas ligações não vinham com a rapidez que eu gostaria.
Mas toda vez que o número dele me ligava meu coração ainda pulava e se enchia de alegria em poder ouvir sua voz, mesmo que no final acabasse me magoando ainda mais.
Eu sabia que o que veio viria eventualmente, sabia que o meu tombo seria grande, mas não esperava que doesse tanto, dizem que se você espera pelo pior você não se decepciona, mas isso é uma grande bobagem.
Entrei nas redes sociais aquele dia e dei de cara com a notícia que eu sabia que viria cedo ou tarde. Ele estava com outra pessoa. Confortável do lado dela como se não tivesse dúvida nenhuma de seus sentimentos, como se não tivesse me prometido ao menos tentar. Eu tentei me segurar, pensei comigo mesma que eu já sabia que isso iria acontecer, mas mesmo assim eu me sentia muito mal. Ainda estava tentando assimilar o que estava lendo quando seu nome pulou na tela do meu celular, a ligação que eu estava esperando a dias, mas dessa vez minha reação não foi de felicidade, eu sentia como se fosse vomitar.
Ignorei sua ligação e fui até meu dormitório, a tal conversa sobre nós que nunca aconteceu aconteceria agora, e da pior forma possível. Queria me acalmar para falar com ele mas Lewis insistia em falar comigo naquele exato momento. Meu celular não parava de vibrar enquanto eu o assistia sentada no pequeno sofá do meu quarto, tentando controlar minha respiração para não acabar tendo um ataque de pânico ou algo parecido. Ele sabia que eu sabia, por isso estava me ligando, para se explicar, ou para acabar com qualquer tipo de relacionamento que nós temos, a esse ponto eu já não sei mais.
Respirei fundo antes de atender a quinta chamada dele.
Aceitei a chamada mas não disse nada, tentando ao máximo adiar aquela conversa.
"Angie?"
"Oi." Minha voz saiu quase que em um sussurro.
"Tudo bem?" Conseguia ouvir ao fundo que ele estava em um lugar agitado.
"Tudo."
"Que bom."
"Que bom."
Por um momento achei que ele não fosse falar mais nada, talvez estivesse esperando eu iniciar a conversa, mas eu nem saberia por onde começar.
"Escuta, eu não sei se você viu."
"Ah, eu vi. Eu vi sim."
"Eu só queria te dizer que.."
"Não precisa me dizer nada. Eu te disse que isso iria acontecer, não disse?"
Eu mal conseguia sentir meu corpo, o sangue corria por minhas veias rápido o suficiente para me fazer sentir formigamento.
"Angie."
"A gente poderia ter poupado isso, se você tivesse me escutado. Mas você insistiu, e pediu para eu confiar em você. E eu confiei em você, Lewis."
"Eu te disse que nós iríamos tentar, e estamos tentando."
"Eu não acho que isso que você está fazendo pode ser visto como tentar."
Ele demorou alguns segundo para responder, eu conseguia escutar sua respiração mesmo com o barulho de fundo.
"Nós nunca conversamos sobre exclusividade."
"A gente nunca conversou sobre nada, Lewis. Você sempre fugiu desse tipo de conversa comigo desde o momento em que descobriu que nós iríamos nos separar."
"Isso não é verdade."
"Você sabe que é sim. Nós fomos ingênuos e você sabe disso. E sabe o que é o pior de tudo? Eu não posso te culpar Lewis. Eu não posso por mais que eu queira e esteja morrendo de raiva agora." Tive que respirar fundo antes de continuar por conta das lágrimas que já queimavam meus olhos. "Eu vou te falar o que deveria ter falado desde o começo, mas eu fui muito burra e achei por um momento que isso fosse dar certo. Vai, se entrega e vai viver sua vida. Você sabe que eu não me encaixo mais nisso, eu sei que não me encaixo mais nisso. A gente não tem mais nada haver. Você tomou um rumo e eu tomei outro, as coisas acontecem, afinal nós somos o que? Apenas namoradinhos de infância, todo mundo sabe que esse tipo de coisa não vai para frente."
"Apenas? Você vai resumir tudo o que nós tivemos a isso?"
"É o que é. Eu te disse que tudo aquilo ia acabar sendo uma pequena parte do seu passado. Nós éramos crianças, ainda somos. E tudo tende a ser muito mais emocionante quando não há nenhuma vivência anterior."
"Então é isso?"
"É isso, é tudo o que foi e tudo o que poderia ter sido. Faz o que você queria fazer desde o começo, foca na sua carreira -Ri sem humor. -E nas suas modelos perfeitas, enquanto eu vou focar na minha vida. Mas por favor, por favor, não me procura mais. Por que eu não vou conseguir seguir em frente com você na minha vida como um fantasma."
"Angie..." Eu quase conseguia ouvir seus pensamentos. Teve muita coisa dita naquele silêncio que eu nunca escutaria de fato. Mas não precisava, eu também estava sentindo a mesma coisa que ele, como sempre. "Me desculpa."
"Tá tudo bem Lew."
Ficamos na linha por um tempo sem dizer nada, apenas escutando nossas respirações, tentando ficar juntos mesmo que separados por um pouquinho mais de tempo, se apegando a o que já tinha partido. Não sei quem teve a iniciativa de desligar primeiro, mas eventualmente acabou, acabou o que eu tive quase que minha vida toda, acabou o que eu nunca pensei que fosse acabar.
E então foi assim, o menino por quem eu me apaixonei e prometi que teria para sempre se foi, sem contestar, depois de apenas uma ligação de poucos minutos.
Eu sei que posso superar isso, tenho esperança de que em pouco tempo ele realmente vire apenas uma lembrança boa do meu passado, mas por agora não. Por agora eu estou destruída e não faço ideia de como sair desse quarto e seguir com a minha vida. Sei que isso vai ter que acontecer um dia, mas não hoje.
Trecho parte II:
Agosto 2015
Ajeito o colar com a minha inicial em meu peito e dou uma última olhada no espelho. O batom vermelho destaca meus lábios de uma forma que eu não tenho certeza se é agradável ou vulgar. Mas tento afastar esse pensamento já que já troquei de batom 3 vezes nos últimos minutos.
-Se acalma. -Sussurro para mim mesma enquanto encaro meu reflexo.
Ainda estava desacreditada em tudo o que aconteceu em minha vida, tudo caminhou tão bem nos últimos anos, mas não pensei que chegaria a esse ponto. Fazer parte da direção criativa de uma marca do tamanho da Valentino é muito mais do que sonhei. Mas aqui estou, em Londres, minha nova casa desde o último ano, trabalhando com meu maior sonho. O trabalho é maravilhoso, e por mais que eu não use meus próprios desenhos, ajudo a gerenciar tudo que envolve a marca e suas coleções.
Quando tudo aquilo aconteceu entre eu e Lewis, por um momento eu pensei que meu plano não fosse dar certo, tive medo de ter aberto mão da melhor coisa da minha vida por um sonho longe de se tornar realidade. Foi difícil no começo e até hoje penso muito em como poderia ter sido, mas não me arrependo por um segundo da decisão que tomei, por mais que tenha doído por anos.
Precisei da maturidade que o tempo trás para conseguir lembrar de Lewis com um sorriso no rosto, e admito que não deixei de torcer por ele em nenhum momento em todo esse tempo. Ver ele ganhando 2 títulos mundiais e indo a caminho do 3º me fez a pessoa mais feliz e orgulhosa do mundo. Mas sei que a nossa história teve seu fim, demorei para aceitar isso, mas eventualmente aconteceu, eu consegui fazer as pazes com a minha decisão e com o fim da nossa relação.
Pego meu celular e checo por uma última vez o endereço do salão onde acontecerá o coquetel de apresentação da nova coleção da Valentino. Por mais que eu esteja nesse trabalho há algum tempo, eu ainda não me acostumei com todo o luxo em volta disso, coquetéis exclusivos como esse é algo que não sei se vou me acostumar um dia.
❀
Desci do banco de trás e agradeci ao motorista antes de bater a porta, olho para a grande construção e me sinto intimidada por seu tamanho. As escadas e colunas de mármore do salão só mostram um pouco de toda a magnificência que contém dentro do local.
Toda a decoração do salão está no lindo tom de rosa Valentino e eu não poderia imaginar algo a mais do que tamanho bom gosto.
Não demoro a achar minhas colegas de trabalho perto do bar, o lugar está cheio e eu não conheço a maioria dessas pessoas, há muitos convidados, funcionários, e outros estilistas de todas as partes do mundo. Valentino não economizou nem um pouco nesse coquetel.
-Angie! -Tinha deixado meus colegas e ido explorar o salão quando escutei sua voz me chamando.
-Paolo, querido! Como está?
Paolo é o diretor chefe da Valentino, fora ele quem me descobriu em Paris e me chamou para trabalhar em sua marca, com o passar do tempo acabamos virando grandes amigos.
-Tudo ótimo. -Paolo me entregou seu braço, que aceitei e passamos a andar juntos pelo salão. -Que vestido maravilhoso, eu me pergunto que mão talentosa o assinou.
Ri com seu comentário e bati de leve minha mão na dele. Meu vestido grita Valentino.
-O melhor de todos, é claro.
Paolo me guiava pelo salão e parecia em busca de alguém.
-Venha bela, quero te apresentar ao nosso modelo principal dessa nova coleção.
-Pensei que continuaríamos com o Miles, não?!
-Ah não, acho que essa nova coleção merece alguém com mais…Personalidade, sabe? E felizmente conseguimos achar alguém perfeito.
Eu andava olhando para Paolo, então quando chegamos até a tal pessoa, eu mal reparei em quem era, até escutar seu nome.
-Lewis, deixa eu te apresentar nossa diretora criativa. -Ele se virou para nós e pude ver o pânico em seu olhar assim que pousou em mim. Já eu não estava diferente. Não. Não pode ser. -Angie, esse é Lewis Hamilton. Você deve conhecer ele, grande piloto de fórmula 1, e agora nosso mais novo modelo da nova campanha.
Oh não.
Não.
Por favor não.
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Se fosse possível descrever em eixos coordenados o quanto estamos longe das linhas pontilhadas, Teria o mesmo medo do barranco. Chamaria tudo que deu errado de ponto primordial. Marcando na memória início e fim de tudo. Mas está cansado para se manter de pé. Mesmo depois de tantos ganhos em batalha. Estranhamente continuamos prosseguindo. Não foi sonho mágico. Ninguém soube. Ninguém sabe. A loja está fechada. Foi sentir das pernas tremendo, Que mesmo no limite, o corpo fazia questão de estar ali. Como se houvessem desejos distintos. Na sensação de sentir liberdade. A mesma de atravessar a Aberlado acompanhado do mestre na semana D.
Sentiu a vida pulsar por dentro. Um desejo tão maquiavélico que brotou ali. Que o fez comportar como máquina. Ainda que o corpo precise de mais calma. Decide tomar um ato de mudança em meio ao caos desordenado. Aceitando então o rio e toda sua imensidão e cordialidade. A única constante então é a existência do pulso. Esse sim poderia ser descrito como verdade matemática ou pulso das minhas batidas em relação ao meu acaso.
Troquemos então a função afim para exponencial. Dessa vez sem preocupar com o tempo. Ou com o que poderia ter sido. Troquemos também todas as raízes. Deixando o limite de lado. Deixando o que aprendemos antes para trás. Deixando intacto tudo o que foi aprendido. Começando como crianças em pré-cálculo. Em busca de recuperar a falta de matemática básica. O senhor da guerra começou com a caneta. Mas agora não há mais guerra. Não há guerra quando não há mais lados. Nem guerras quando todos já morreram. Todos unidos para que o caminho seja reatado. Não há onde repousar as armas retumbantes. Ungidas de todas as forças que tomei comigo por todo esse tempo. Que sozinho aprendi a usar. Agora muitas dessas nem funcionam mais. Não o suficientes para conter o tanto que sou. Que aprendi que não adianta tentar conter. Não sei o que desejo. Nem o que quero desejar. Pois parece que cheguei ao ápice. Pelo menos ao ápice desse capítulo. Onde tudo o que queria já está aqui. Ainda que não seja como eu desejava quando criança. Fizemos de maneira tão surpreendente. Que o que pensava jamais fazer, fiz. Que nenhum outro se atreveu a fazer. Sinto como se todas as minhas existências fossem então sincronizadas. Se o multiverso não for apenas uma loucura da Marvel, todas as minhas existências concordariam. Trajamos então o vestido vendado de infinito. Com as bordas recheadas de tumulto. Sem mistificar tanto em literatura. Aqui tudo é falso. Como eu que escrevi tanto e nada vivi de fato. Eu deveria me precipitar de vez nas águas. Recorrer a fórmula mágica de resolver todos os problemas possíveis. De adiantar todos planos e delegar todos os encontros. Entretanto, agora não posso. Seria cedo. Acusaria de desperdício de tempo. Meu tempo agora vale o mundo. Tão cedo que não sei ao certo se chegaria no horário. Pois o mundo é grande. De fato a vida é pequena. E os versos ainda não se libertaram. Não o suficiente. Mesmo com toda minha angústia. Ainda preciso escrever aquele maldito livro. Mas completamente fora da literatura. E levarei o comigo até que ele esteja completamente preenchido. Cada movimento, Me trouxe até esse momento meu. Que fará sentido apenas quando fizer sentido. Ou se precisar fazer sentido. Pois nada nem tudo precisa ser tão vetorial. Quando eu ousar querer que faça sentido, Então vista em mim o chapéu de bobo do Rei. Um dia, Chegaremos ao abismo de verdade. Desse que ao tropeçar na pedra, cairei com tudo. Eu não saberia dar a mão a mim. Pois não conseguiria tocar no desconhecido. Mas um dia, Chegarei. Sem mistificar tanto.
@robertocpaes
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Alfredo Monte escreveu sobre meu livro de poesia "A solidão é deus bêbado dando ré num trator" no jornal A TRIBUNA de Santos, de 30 de abril de 2013:
GRAFITES NOS MUROS DA CONDIÇÃO HUMANA
A princípio fiquei no pé atrás com A solidão é um deus bêbado dando ré num trator, coletânea de um jovem autor de Manaus, lançada pela pequena editora Bartlebee, de Juiz de Fora: boa parte dos 139 poemas contém às vezes uma frase, com a mesma toada aforismático-epigramática do título. Tirando alguns mestres, essa forma é um convite à facilidade (e esta ao esquecível). Para piorar, uma apresentação insistindo na “visceralidade” do poeta; ora, caracterizar um artista como visceral se tornou um clichê tão vazio, propício para retóricas ocas, quanto falar em “transparência” ou em “sustentabilidade”.
Visceralidades à parte (o que não poderia deixar de acontecer com um admirador de Bukowski), não há facilidade, frouxidão, nada para ser esquecido em A solidão é um deus bêbado. Diego Moraes tem uma linguagem carismática, uma incrível capacidade de criar uma dicção poética que, escorregadia, flerta com o epigrama, a micronarrativa e o mais arrebatado lirismo, os quais compensam uma presença opressiva da entidade “Literatura”. Ele mesmo diagnostica que há literatura (às vezes mais como pose do que como inquietação autêntica) demais na vida de muito escritor desmamando por aí, e experiência da “vida” de menos. Se “Deus é uma caneta bic azul e a vida um monte de rabiscos literários numa folha de papel almaço”, “... não fosse a literatura, eu seria mais um playboy idiota/mexendo os quadris numa festa à fantasia”, e então “Uma geração inteira fazendo literatura como se estivesse/comendo coxinha na hora do recreio”. Não é o caso, aqui, onde o lirismo é a contrapelo: uma angústia palpável e desmoralizante convive com percepções e imagens que roçam o haicai, se o pensarmos a partir de uma modulação radicalmente nova: “Ela só de calcinha abrindo desastrosamente a latinha de atum/Chupando sangue do dedinho lascado/Fazendo carinho no bicho em cima do 2666 do Bolaño”; “Bússolas quebradas/Cartas anônimas nunca me disseram nada/Isso não é literatura. É só minha dívida no Bradesco”.
Por caminhos tortuosos, roídos e varridos pelo rancor ou pelo câncer (“Próxima estação: Consolação./Hoje é rock in roll. Amanhã é solidão num hospital com câncer”), pela esquizofrenia ou pela overdose, pela ressaca ou pelas referências à cultura pop (do tipo mais desesperado), o eu lírico predominante em A solidão é um deus bêbado é aquele mesmo (só que bem século 21) “gauche” na vida, quase um piadista de si mesmo, que forneceu as senhas para a lírica superior de um Drummond ou de um Bandeira: ”Você mora longe/Não tenho binóculo/Você num castelo/Não sei tocar violoncelo/Você pinta os cabelos/Não me olho no espelho/Você tem olhos verdes/Roubaram minha bicicleta”. Um Drummond que tivesse como irmão gêmeo Plínio Marcos: “Sensação escrota de não entender as coisas/Às vezes penso que sou adereços de um carnaval de 1977”; “A polícia não liga/ Solidão não preenche ficha de condicional”. Há um toque de Adélia Prado em: “Deus manda tsunamis como minha mãe joga farelos de pão no Rio Amazonas/Faz pequenos redemoinhos azuis no meio da confusão/ Se eu fosse cineasta, pediria para ela lagrimar e falar bobagens de mansinho/A gente pensa que não, mas os peixes entendem.”. Portanto, mais do que falar sobre uma “Literatura” que ninguém sabe direito onde está, ele dialoga com a melhor poesia feita em nosso país após o modernismo: “Ligo o Arno/As folhas viram garças desembestadas/Correm pelo chão gélido/Transam com as paredes e não dão poesias.” Dão sim, Diego.
Às vezes todos os elementos se entrelaçam com fôlego maior: “Um índio bêbado escrevendo peças de teatro que nunca serão montadas//Seu vizinho desmanchando automóveis e revendendo tudo a preço de banana//Sou tão carente que entro de cadarços desamarrados na padaria/só pra ver se ela se importa e diz alguma coisa// Anteontem andei de roda gigante e o cara disse que não era preciso/pagar o ingresso porque eu parecia o avô dele//O mais foda é que só tenho 29 anos”. Outro belo momento de respiração mais longa: “Você disse que sonhos é como fazer musculação//Você disse que Vou à Bahia leva crase//Você disse que queria adotar um cachorrinho e fazer Teatro/ de Rua em São Paulo//Você disse que Roberto Piva era o poeta mais lindo do mundo//Você disse tantas coisas bacanas quando eu tava fudido// Você disse que eu sairia dessa e levou livros e cigarros quando/eu tava internado naquela clínica para drogados//Você foi minha garota e foi foda ver seu sorriso de mãos dadas/com outro cara// Sempre fico sem jeito com o meu passado...”
Não sei se A solidão é um deus bêbado foi apenas um momento feliz, que não se repetirá, ou se a forma, aqui tão concentrada e eficaz, poderá virar maneirismo e banalizar-se. Só posso dizer que é uma das revelações dos últimos anos, esse grafiteiro dos muros da condição humana: “Você cai uma vez/Quebra o braço/Você cai duas vezes/Quebra a perna/Você leva paulada na rua/Escreve um poema/Você leva facada/Escreve uma crônica/Você leva tiros/Escreve um Romance/Você morre/Deus acha que é peça de teatro e aplaude”.
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Nelson Rodrigues, o profeta do inesperado no asfalto do cotidiano
Nelson Rodrigues, o nome evoca a imagem de um dos maiores dramaturgos e cronistas da literatura brasileira do século XX. Sua obra é conhecida por escavar as profundezas da alma humana, expondo o que geralmente preferimos manter escondido. No entanto, há uma faceta surpreendente que se esconde por trás das cortinas de suas tramas carregadas de paixões e angústias: seu extraordinário talento em…
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Che carregava consigo, ao ser aprisionado na Bolívia, três cadernos: um diário de guerra; um caderno de reflexões e um caderno verde em que tinha anotado, ao longo de anos, 69 poemas preferidos. Sua fama de grande leitor de literatura e poesia era muito bem conhecida por todos os companheiros combatentes. Quando Che assumia o grupo de vanguarda, todos já ficavam tensos porque alguém teria que carregar suas pesadas mochilas cheias de livros. À noite, ao redor da fogueira, enquanto outros dormiam, durante os poucos descansos, era comum encontrar Che perdido entre páginas, lendo incansavelmente. Chana, amiga campesina, dizia que Che, nesses momentos, “ficava caladinho, meio ido, com a cara muito suavizinha e como se estivesse em outro mundo”. Em vários outros momentos, Che falava nas rodas aos soldados e campesinos de Victor Hugo, Rubén Dario, Tagore, Neruda. Um jovem de catorze anos, chamado Acevedo, se surpreendeu ao fuçar os livros na mochila de Che: “Não havia Mao, nem Stalin, e sim o que eu menos esperava, ‘Um ianque na corte do Rei Arthur’”, livro do escritor norte-americano Mark Twain. Che não leu só os escritores sociais ou mais politizados, mas também se apropriou da leitura dos clássicos.
PRA QUÊ?
Mas qual seria o papel da poesia para as revolucionárias e para os revolucionários? Há, claro, uma função mais direta e mais reconhecida: instrumento de propaganda da luta e de denúncia da miséria capitalista. Mas há outra função, muito esquecida, e ainda mais importante: ser um instrumento para compreensão das contradições específicas que um militante revolucionário enfrenta, um instrumento para compreensão de si e do mundo, da luta que trava externa e internamente (pois, sim, o inimigo também é íntimo e pode colonizar nosso peito e coração).
O militante que luta para superar o capitalismo e construir uma nova sociedade enfrenta situações extraordinárias, desafios únicos em seu momento histórico. Por isso mesmo, sofre de alegrias, tristezas e angústias igualmente únicas na busca por se fazer um novo homem e uma nova mulher. Vivenciamos, ainda que de forma embrionária, novos valores, novos sentimentos, novos dilemas que demandam novas palavras, novos canais de expressão! Todo esse movimento subjetivo e singular precisa vir à tona, tornar-se palavra comum, imagem compartilhada, símbolo e questionamento coletivo, permitindo a construção da identidade do ser revolucionário.
Jeff Vasques
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NOVO LIVRO MAR VERMELHO NA VILA TODA BRANCA, de José António Almeida /// do livro: Mar Vermelho na Vila Toda Branca é o volume I do ciclo METAMORFOSES [obra em curso] e o primeiro livro de poesia inédita publicado por José António Almeida desde 2013. A capa foi composta a partir de colagem do autor. # 21 da Colecção Mutatis-mutandis. «O Alentejo não foi uma opção. Foram as circunstâncias, como diria Kavafis, que me impuseram uma certa “vila da província”. Talvez os meus poemas agradem mais ao homossexual dos velhos tempos do que ao jovem gay livre e emancipado dos dias de hoje. Para o meu labor, prefiro — acima de tudo — o leitor comum e entusiasta da poesia. Não saí do “armário” — há muitos e muitos anos, e a poesia foi a chave da porta — para ser engavetado, por quem não ama a poesia nem a vida e ainda menos a raiz erótica de ambas, no cacifo da literatura gay com um rótulo na testa ou uma etiqueta na nuca.» J.A.A. https://livrosnaoedicoes.tumblr.com/post/702873813217591296/colecção-mutatis-mutandis-21-mar-vermelho-na
/// do autor: José António Almeida nasceu em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1960. Livros publicados: António Nogueira (Lisboa, edição de autor, 1984) O Rei de Sodoma e Algumas Palavras em Sua Homenagem (Lisboa, Presença, 1993) A Mãe de Todas as Histórias (Lisboa, Averno, 2008) A Vida de Horácio (Lisboa, &etc, 2008) O Casamento Sempre Foi Gay e Nunca Triste (Lisboa, &etc, 2009) Obsessão (Lisboa, &etc, 2010) Arco da Porta do Mar (Lisboa, &etc, 2013) Memória de Lápis de Cor (Lisboa, &etc, 2014) Obra reunida: A Angústia da Azeitona Antes de se Transformar em Luz (Lisboa, não edições, 2019) Pouca Tinta (Lisboa, não edições, 2020) A Vida de Horácio e Outras Ficções (Lisboa, não edições, 2021) /// O livro está disponível através de pedidos via [email protected] e chegará nos próximos dias às habituais livrarias: https://naoedicoes.tumblr.com/livrarias
#Novo Livro#novidade#poesia#ineditos#Colecção mutatis/mutandis#José António Almeida#Mar Vermelho na Vila Toda Branca
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LISBON REVISITED (1926)
Nada me prende a nada. Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo. Anseio com uma angústia de fome de carne O que não sei que seja — Definidamente pelo indefinido… Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias. Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua. Não há na travessa achada o número da porta que me deram,
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido. Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota. Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados. Até a vida só desejada me farta — até essa vida…
Compreendo a intervalos desconexos; Escrevo por lapsos de cansaço; E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme; Não sei que ilhas do Sul impossível aguardam-me náufrago; Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma… E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei, Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa (E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas), Nas estradas e atalhos das florestas longínquas Onde supus o meu ser, Fogem desmantelados, últimos restos Da ilusão final, Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido, As minhas coortes por existir, esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo, Cidade da minha infância pavorosamente perdida… Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui… Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei, E aqui tornei a voltar, e a voltar, E aqui de novo tornei a voltar? Ou somos, todos os Eu que estive aqui ou estiveram, Uma série de contas-entes ligadas por um fio-memória, Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo, Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo —, Transeunte inútil de ti e de mim, Estrangeiro aqui como em toda a parte, Casual na vida como na alma, Fantasma a errar em salas de recordações, Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem No castelo maldito de ter que viver…
Outra vez te revejo, Sombra que passa através de sombras, e brilha Um momento a uma luz fúnebre desconhecida, E entra na noite como um rastro de barco se perde Na água que deixa de se ouvir…
Outra vez te revejo, Mas, ai, a mim não me revejo! Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim ― Um bocado de ti e de mim!…
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Fundo do poço.
Cá estou novamente, na tentativa de me manter viva, acabo sucumbindo à insanidade. Não há quem entenda a tamanha tristeza dentro do meu peito. Meu coração pulsa e sinto a dor de uma facada. Nada se compara à isso, nada se compara ao meu abismo. Poucos sabem sobre minhas dores, pois em poucos eu confio. Não se deve falar de suas feridas para um ser qualquer, jamais saberás se és confiável, se és fiel. Na vida venho aprendendo que quanto mais eu luto, mais guerra me aparece, e mais espadas tenho que erguer contra as ameaças. Mas isso cansa, absurdamente, não tenho forças pra isso. Não tenho forças pra lutar por uma vida inteira. Tão jovem e tão caótica, ninguém consegue me compreender. As lágrimas que escorrem e meus olhos inchados refletem a angústia que pulsa em meu peito a cada segundo, a todo instante.
Quando digo que sucumbi à insanidade, não é exagero, não é metafora. De fato eu me perdi no abismo da deliração. Me sinto jogada em um poço, que tem fundo, mas não tem saída. Que há escuridão, mas não há a luz. Há medo, e não há esperança. Outros tentam me resgatar, lançam a corda para que eu possa me agarrar, mas não à alcanço, e as vezes não à quero.
Me acostumei com esse báratro. É doloroso, árduo, tenebroso. Entretanto, conhecido. Eu o conheço bem, não é a primeira vez que me encontro aqui. Fiz morada na dor, e cá estou, sofrendo-a. As vezes, muitas vezes, me pego sonhando com outra realidade, onde o abismo não faz parte. Mas o que eu poderia fazer pra sair daqui? Se os portões estão trancados, as janelas pequenas demais para fugir, e ninguém consegue me alcançar daqui.
Talvez em outra vida eu encontre paz. Talvez, em outra realidade eu veja a luz, pois agora não à vejo, não à sinto, não à percebo.
Em alguns momentos saio pra fumar nos fundos do hospital. O trago alivia a abstinência, mas reacende memorias. Sinto falta do meu amor do meu lado fumando um carlton, desabafando sobre a vida comigo. Sinto falta das madrugadas com minha irmã d’alma, onde torravamos um maço em segundos, de momentos na praia com minha sestra onde eu soprava a fumaça na cara dela e ela reclamava. Tudo me trás saudade, tudo me dói na alma. E tudo por culpa do vício, tudo isso acontecendo pois não sei viver sóbria. E como me dói estar aqui, como me dói estar sofrendo tanto novamente. Meu coração aperta quando toca uma melodia de uma memória vívida. Meu corpo treme ao sentir a dor da perda. Nada supera esse momento, nada nunca me perfurou mais fundo. A adaga fincada em meu peito quase se perde na profundidade da ferida. Se eu a tirar sangro até a morte, caso não, em algum momento ela irá me matar ali. É uma via de mão dupla, um beco sem saída. To exausta e desesperançosa. Nada é capaz de reacender meu desejo pela vida, apenas sinto o vazio e o vejo como uma enorme escuridão que me cega de quaisquer propósitos. Se eu pudesse escolher e voltar atrás eu pensaria mais sabiamente, falaria o que há de ser falado, sentiria o que há de ser sentido. Hoje tudo que me resta é a culpa de, caso eu partir, os corações feridos que ficariam para trás me matariam novamente: mas não o corpo, a alma.
Então cá estou, perdida no abismo como sempre. Minhas escrituras sempre carregam o peso do vazio e abismo, o que seria cômico se não fosse trágico.
#textos #desabafo #escrituras #literatura
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Romances escritos com a carne
Existe certa categoria de romance autobiográfico que ultrapassa um pouco o que entendemos do termo. Ao abrir um romance do tipo esperamos peripécias de um autor (geralmente, homens) que exploram certas dificuldades da vida e rompem fronteiras entre ações e pensamentos. Mas alguns acrescentam uma dimensão extra, um acoplamento que definitivamente funde as outras duas em um vetor que atravessa a fronteira do livro e fura o leitor. É mais ou menos o que o filósofo maldito Nick Land chamou de materialismo libidinal, uma definição das próprias teorias dele.
O que se experencia aqui como literatura são autores descrevendo certos desejos, fronteiras e delírios cotidianos. Certos atos escapam da noção causa-efeito às vezes presente até mesmo na literatura experimental. Dessa forma, o futuro passa a influenciar o passado, paredes gritam, o cérebro se cala para ouvir outros pedaços do corpo.
Não é uma mera literatura surreal, mas a construção de um mundo — o mundo do autor. Não por acaso, as descrições temporais e geográficas não são importantes, tais livros poderiam ocorrer em qualquer canto do mundo ocidental em diversas épocas diferentes.
Como estamos em um texto autobiográfico (ou quase isso, em um dos casos), as letras ganham ares de verdade. Obviamente, tudo isso soa muito sexual na maior parte do tempo.
O principal deles é A História do Olho, um tipo de depravação magnética da qual é impossível escapar. A ponto de Georges Bataille, que o escreveu sob pseudônimo, jamais ter assumido oficialmente a autoria.
Como sinopses aqui não servem para praticamente nada, trechos parecem mais adequados para demonstrar que tipo de livro é esse.
A devassidão que eu conheço não suja apenas o meu corpo e os meus pensamentos, mas tudo o que imagino em sua presença e, sobretudo, o universo estrelado
A transgressão prossegue:
Simone esbofeteou a carcaça sacerdotal. Com o golpe, a carcaça enrijeceu novamente. Ele foi despido; Simone, de cócoras sobre as roupas jogadas no chão, mijou feito uma cadela. Em seguida, Simone masturbou o padre e o chupou. Eu enrabei Simone.
Confissões de uma Máscara, onde Yukio Mishima descreve a descoberta da homossexualidade no Japão conservador, guarda tons similares, embora pintado com menos fluidos.
Sem que ele próprio se desse conta disso, uma força vital invadia a carne de Omi, dominava-o, penetrando e dilacerando, transbordava dele e tramava suplantá-lo. Nisso assemelhava-se a uma doença. Sua carne, infectada por tamanho poder, fora posta neste mundo apenas para entregar-se ao sacrifício desvairado.
E no meio de tudo isso, claro, o autor ainda encontra tempo para certas reflexões.
Numa época em que todos os dias aconteciam, sem mais nem menos, situações que desafiavam a imaginação, nossa capacidade de devanear empobrecera.
Em Acontecimentos na Irrealidade Imediata, o centro de horror e loucura é muito mais uma doença misteriosa, um mal-estar do autor, o romeno Max Blecher. Isso o torna tão curioso quanto inquieto: ele parece sempre a segundos de desmaiar.
E agora, então? Entre Edda e mim impunha-se, atordoante, o mesmo ar esverdeado, impalpável e aparentemente inconsistente em que pairavam todas as minhas forças que, todavia, de nada serviam. Hesitações de dezenas de quilos, silêncios de horas inteiras, angústias e vertigens de carne e sangue, tudo isso podia fazer parte daquele espaço miserável sem que sua aparência exibisse sequer o colorido negro e a matéria embaciada que continha.
Livro esse que termina assim.
Debato-me, grito, atormento-me. Quem me despertará? Ao meu redor, a realidade exata me arrasta cada vez mais para baixo, fazendo o possível para me puxar para o fundo. Quem me despertará? Sempre foi assim, sempre, sempre
E não são assim todos os mundos?
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oi, lua! vim aqui bem tímida confessar que além das suas capas, eu sou apaixonada pela sua escrita, juro! pra mim você é a melhor do site só pelo fato de você pular a caixinha das mesmice e sempre entregar o melhor do diferente! você é uma grande inspiração em tudo e é uma escritora fenomenal (confissão número 02: tempo estranho é a melhor coisa que já li!!). dito isso, eu sempre quis te perguntar: qual seu top 3 escritores de terror e como você faz pra escrever com esse gênero tão difícil com tanta maestria e calma? juro, só de pensar nisso eu já fico toda !!??!!! #! #?!! porque acho bem complicado transmitir tanta tensão pro leitor e você faz isso com tanta calma e sutileza que eu fico abismada. é isso, um beijo de uma fã anônima!!!
oi xuxu!!!! JSJXJEIXKWIXI A SUA ASK QUASE FEZ MEU CORAÇÃO EXPLODIR, CUSPI ATÉ MINHA ÁGUA DE EMOÇÃO E NÃO É MEME!!!!! eu nem como começar a responder isso porque são tantos tópicos e ainda sigo tchola pelos seus elogios!!! MAS VAMO LÁ:::: TÓPICO 1:: OBRIGADO IMENSAMENTE PELAS SUAS PALAVRAS!!! eu fico tão. tão. tAO. feliz em ler tudo isso, em saber que sou uma inspiração e que minha escrita toca em alguma parte sua! escrever com o diferente é comigo mesmo porque sou a do contra! se alguém diz romance, eu digo: romance com pitadas de terror porque sou assim 😈!! (topic 2: eu fico feliz demais!!!!!! que tempo estranho seja sua favorita porque essa história é meu xodó e eu dou tudo por ela!)
agora vamo lá! meu top 3 escritores do gênero são: clive barker, stephen king (LOOOOLLL NOVIDADES??) e o raphael montes.
sobre como escrever terror, na verdade eu nem sei KSJDIWNZOWNXIEJDI eu sou apaixonada pelo gênero e é o meu conforto de escrita desde sempre. me amarro em criminologia, demonologia, mitologia e tudo que me der na telha sobre o assunto eu to escrevendo e adorando. acho que se for pra dar dicas, acho que em primeiro lugar você precisa gostar do gênero. você precisa sentir ele e saber decifrar os sentimentos de medo, angústia, inquietação e em quais cenas (seja na dramartugia, na literatura) você mais se pega sentindo-os. você transforma essas cenas com a sua própria cabeça no word e vai escrevendo. acho que é meio difícil explicando assim, mas acho que foi como eu comecei a escrever. eu não sei responder direito porque sai tudo muito naturalmente mesmo, eu só imagino que Puts, eu não queria ser essa minha personagem não! e vou fazendo e imaginando as sensações e as ambientações e digo que: um bom ambiente faz uma boa diferença no terror. imagine do seu jeitinho! como você acha que seria isso num filme? como acha que seu personagem se comportaria, como aquela criatura apareceria na tela, como você se sentiria diante de cada situação vivenciada pelos seus personagens? sejam eles protagonistas, antagonistas, vilões e etc. o que você sente e o que seu personagem sente? e como esse ambiente, essa cena, esses diálogos vão te impactar, impactar seu personagem e como você imagina que seu público ficará lendo?
AAAIIII EU JURO QUE TENTO MAS NÃO SEI EXPLICAR! acho que o principal é ter amor pelo que você faz e pelo gênero em questão e transformar esse sentimento nos livros. por isso, outra dica, leia muito do gênero, veja muito sobre o gênero e vai escrevendo, praticando caso não seja adepta a ele. escreva cenas curtas, crie personagens originais e vai colocando sua paixão, seus medos e mergulhe dentro do seu mundo, como se você estivesse dirigindo um elenco de um filme ou série. ou se você apenas estivesse assistindo. veja sua história na telona da sua mente e vai fundo! tenho certeza que você consegue!! OBRIGADO PELA ASK VIU????? ANIMOU MINHA NOITE E MUITO!!!!!!!! 💗💗💗🌷🌷🌷🌷💗💗✨🌸🌸💫💫!!!
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As Trevas de Lord Byron.
Autor de diversos poemas extensos e únicos, Lord Byron é figura central na literatura inglesa e mundial devido a sua grande influência em dois movimentos estéticos basilares na construção de sua obra literária: o romantismo e o movimento gótico.
Em um de seus poemas principais, As Trevas de 1816, o escritor explora um cenário hipotético em que o sol se extingue e a humanidade é invadida pelo desespero e pela escuridão. Byron explora as amarguras e angústias humanas a partir desse cenário apocalíptico colocando em prova crenças e princípios diante de uma situação assustadora.
Devido a semana assombrada graças a comemoração do Halloween na quinta-feira, decidi fazer as honras da semana selecionando para vocês esse poema soturno desse poeta fascinante. Espero que curtam bastante!
Tradução pelo poeta brasileiro Castro Alves.
As Trevas
Eu tive um sonho que não era em todo um sonho
O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas
Vagueavam escuras pelo espaço eterno,
Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra
Pendia cega e negra no ar sem lua.
A manhã não voltava mais; cada noite era
Uma noite sem fim; os homens se esqueciam
De seus passados claros; não havia outra aurora
Senão a da esperança vã; o alimento era
O pão amargo do desespero.
E os homens se reuniam em grupos à cidade,
Para falar duma esperança já perdida;
E sorriam com amargura uns para os outros,
E tremiam com frio inútil junto ao fogo;
E as donzelas olhavam para os seus amantes,
Como quem diz adeus; e os olhos dos rapazes
Brilhavam como loucos; e as mães apertavam
Os filhos ao peito – mas nada disto os salva.
Nem eles nem seus filhos – de coisa alguma.
E os animais morriam; – até mesmo o cão fiel
Deixava o seu dono (que lhe dera o último pão)
Para rastejar ao canto escuro e ali morrer.
Os pássaros caíam dos ramos semimortos,
E ficavam calados em sua agonia.
Os vivos eram poucos – muito poucos na terra:
Uma mulher velha trêmula e um servil escravo
Eram talvez os últimos – então eles também morreram.
E as trevas foram densas sobre a face do abismo.
E os homens diziam uns aos outros:
“Vamos acender
Uma luz com a madeira verde”.
E eles acenderam.
Mas era uma luz triste; e o coração dos homens
Encheu-se de fantasmas enquanto ela ardia.
E quando ela se apagou eles pensaram ouvir
Uma voz alta clamar:
“A Terra está morta!”
E eles gemeram:
“Não temos mais irmãos!”
E eles erravam pela floresta onde outrora
Brilhara a beleza das flores; mas não achavam
Senão a cinza das folhas mortas que pisavam.
E eles paravam junto aos rios, mas bebiam
Apenas um licor amargo – não era água.
E o tumulto dos mares furiosos subia
Até o céu sem lua, e as vagas se quebravam
Umas nas outras, e sacudiam a espuma
Sobre a terra sem vida, como se quisessem
Lavá-la de sua culpa.
E os homens olhavam para o céu, e alguns enlouqueciam;
E outros sorriam com um sorriso convulso;
E outros maldiziam
Deus e morriam;
E os que ainda viviam não se amavam mais.
Mas dois deles morreram abraçados, pois tinham
Um amor tão sublime que os tornava imortais:
E em seu túmulo nasceu uma flor, que foi a última
De todas as que existiram na terra.
E os outros dois que restaram eram dois inimigos,
Que tinham sido amigos no tempo da abundância,
E lutado até a morte; mas agora queriam
Morrer abraçados, como os amantes ditosos;
Mas a inimizade era mais forte do que o amor,
E eles morreram de ódio sem se perdoarem.
E as trevas foram densas sobre a face do abismo.
Texto original.
Darkness
I had a dream, which was not all a dream.
The bright sun was extinguish'd, and the stars
Did wander darkling in the eternal space,
Rayless, and pathless, and the icy earth
Swung blind and blackening in the moonless air;
Morn came and went—and came, and brought no day,
And men forgot their passions in the dread
Of this their desolation; and all hearts
Were chill'd into a selfish prayer for light:
And they did live by watchfires—and the thrones,
The palaces of crowned kings—the huts,
The habitations of all things which dwell,
Were burnt for beacons; cities were consum'd,
And men were gather'd round their blazing homes
To look once more into each other's face;
Happy were those who dwelt within the eye
Of the volcanos, and their mountain-torch:
A fearful hope was all the world contain'd;
Forests were set on fire—but hour by hour
They fell and faded—and the crackling trunks
Extinguish'd with a crash—and all was black.
The brows of men by the despairing light
Wore an unearthly aspect, as by fits
The flashes fell upon them; some lay down
And hid their eyes and wept; and some did rest
Their chins upon their clenched hands, and smil'd;
And others hurried to and fro, and fed
Their funeral piles with fuel, and look'd up
With mad disquietude on the dull sky,
The pall of a past world; and then again
With curses cast them down upon the dust,
And gnash'd their teeth and howl'd: the wild birds shriek'd
And, terrified, did flutter on the ground,
And flap their useless wings; the wildest brutes
Came tame and tremulous; and vipers crawl'd
And twin'd themselves among the multitude,
Hissing, but stingless—they were slain for food.
And War, which for a moment was no more,
Did glut himself again: a meal was bought
With blood, and each sate sullenly apart
Gorging himself in gloom: no love was left;
All earth was but one thought—and that was death
Immediate and inglorious; and the pang
Of famine fed upon all entrails—men
Died, and their bones were tombless as their flesh;
The meagre by the meagre were devour'd,
Even dogs assail'd their masters, all save one,
And he was faithful to a corse, and kept
The birds and beasts and famish'd men at bay,
Till hunger clung them, or the dropping dead
Lur'd their lank jaws; himself sought out no food,
But with a piteous and perpetual moan,
And a quick desolate cry, licking the hand
Which answer'd not with a caress—he died.
The crowd was famish'd by degrees; but two
Of an enormous city did survive,
And they were enemies: they met beside
The dying embers of an altar-place
Where had been heap'd a mass of holy things
For an unholy usage; they rak'd up,
And shivering scrap'd with their cold skeleton hands
The feeble ashes, and their feeble breath
Blew for a little life, and made a flame
Which was a mockery; then they lifted up
Their eyes as it grew lighter, and beheld
Each other's aspects—saw, and shriek'd, and died—
Even of their mutual hideousness they died,
Unknowing who he was upon whose brow
Famine had written Fiend. The world was void,
The populous and the powerful was a lump,
Seasonless, herbless, treeless, manless, lifeless—
A lump of death—a chaos of hard clay.
The rivers, lakes and ocean all stood still,
And nothing stirr'd within their silent depths;
Ships sailorless lay rotting on the sea,
And their masts fell down piecemeal: as they dropp'd
They slept on the abyss without a surge—
The waves were dead; the tides were in their grave,
The moon, their mistress, had expir'd before;
The winds were wither'd in the stagnant air,
And the clouds perish'd; Darkness had no need
Of aid from them—She was the Universe.
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