#literatura da angústia
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As batatas [conto]
No começo era só um sonho de José. “Se um dia eu ganhar na mega sena…….”. Foram anos sonhando em viajar para Amsterdam, viver na praia, em um casão e um carrão, levar os amigos, as amigas, sexo comendo solto, e ajudar alguma instituição de caridade. Seis número o separavam de ser um jogador de futebol de nível internacional, mas sem precisar entrar em campo. Depois de muito investir num sonho,…
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03/02/2025
Primeira vez que escrevo esse ano. Muito tempo de atraso (risos). Sei que deveria ter voltados mais cedo para escrever, tem tempo que estou pensando nisso e acho q vou colocar tudo "no papel" essa semana. Hj não vou ser muito profunda no que estou sentido por motivos de horário.
Queria só escrever um pouco, antes que fique muito distante, sobre as minhas leituras desse ano e meu desafio literário de 2025. Quero registrar isso só para, no final do ano, eu ter uma ideia geral de tudo que eu li.
Primeiro sobre o desafio literário. É a primeira vez que faço isso e o objetivo é apenas ter o compromisso de ler um livro por mês no mínimo. Posso ler outros livros a mais, porém a cada mês vou me dedicar na leitura de um livro dentro de uma categoria definida (por mim) no último dia do ano passado. Está organizado assim:
Janeiro: um livro que não deu para ler em 2024
Fevereiro: um livro curto (mais ou menos 150 páginas)
Março: um livro escrito por uma mulher negra
Abril: um livro que comece com a primeira letra do seu nome
Maio: um livro indicado pela minha mãe
Junho: um livro clássico da literatura brasileira
Julho: um livro com número na capa
Agosto: um livro que comecei e não terminei
Setembro: um livro de fantasia
Outubro:um livro clássico mundial
Novembro:um livro escrito por um autor indígena
Dezembro: um livro que ganhei de presente
Em janeiro já li A paciente silenciosa. Achei uma leitura interessante e acho q vou usá-lo em um trabalho. Também estou lendo, com muito esforço, não sei porque estou demorando tanto nesse livro. A natureza da mordida, de Carla Madeira. Só vou conseguir terminá-lo ago4a no início de fevereiro, mas vou cortá-lo como uma leitura de janeiro.
Para minha leitura desafiante de fevereiro escolhi A metamorfose, de Franz Kafka. Eu tbm pensei em colocá-lo no mês de agosto, pq já o comecei uma fez mas não consegui (fui tomada pela angústia nas últimas páginas do livro e não suportei), mas vou aproveitar o momento e a indicação da minha mãe (esse é o livro preferido dela). Vou procurá-lo no sebo, acho q já vi um exemplar lá. Esse mês tbm vou tentar ler O conto da Aia e Tudo é rio. O primeiro porque estou aflita com a onda de extremismo político no mundo, ascensão da extrema direita e do nacionalismo e muitos e diferentes países do mundo e acredito que O conto da Aia seja um livro (distópico) que trabalhe bem essa realidade. Tudo é rio tbm me chamou atenção pelos comentários, embora eu não tenha ideia de o que se trate a história. Aproveitei que minha prima emprestou para minha mãe e estendi o empréstimo.
Acho interessante informar q o último livro lido por mim ano passado foi Torto arado, tbm emprestado por essa prima. Além disso tbm, tbm estou no processo de uma IC, com a leitura de alguns livros, faltam 3 ainda.
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NOTAS PESSOAIS
Abandonei o hábito de ler. Não leio mais nada exceto um ou outro jornal, literatura leve e ocasionalmente livros técnicos referentes a algum assunto que possa estar estudando e no qual o simples raciocínio possa ser suficiente. Quase que abandonei o tipo definido de literatura. Poderia lê-la para aprender ou por prazer. Mas nada tenho que aprender e o prazer que se pode colher de livros é de um tipo que se pode substituir com vantagem por aquele que o contacto com a natureza e a observação da vida podem diretamente proporcionar-me. Encontro-me agora de plena posse das leis fundamentais da arte literária. Shakespeare não pode mais ensinar-me a ser sutil, nem Milton a ser completo. Meu intelecto atingiu uma flexibilidade e um alcance que me possibilitam assumir qualquer emoção que desejo e penetrar à vontade dentro de qualquer estado de espírito. Quanto àquilo por que lutar é sempre um esforço e uma angústia, a plenitude, nenhum livro pode servir absolutamente de ajuda. Não significa isto que me tenha livrado da tirania da arte literária. Aceito-a, apenas sujeita a mim mesmo. Há um livro que sempre tenho a meu lado, Aventuras de Pickwick. Li e reli várias vezes livros de W.W. Jacobs. A decadência do romance policial fechou para sempre uma porta por onde penetrava eu na literatura moderna. Deixei de interessar-me por gente simplesmente inteligente -- Wells, Chesterton, Shaw. As ideias que essa gente tem são iguais às que ocorrem a muitos não-escritores; a construção de suas obras é uma quantidade inteiramente negativa. Houve um tempo em que eu lia apenas pela utilidade da leitura. Compreendi agora que há muito poucos livros úteis, mesmo em matérias técnicas pelas quais possa estar interessado. A sociologia é por atacado...; quem pode suportar esse escolasticismo na Bizâncio de hoje? Todos os meus livros são livros de consulta. Leio Shakespeare apenas com relação ao "problema shakespeariano"; o resto já conheço. Descobri que a leitura é uma espécie de sonho escravizador. Se devo sonhar, por que não sonhar os meus próprios sonhos?
Fernando Pessoa, em "O Eu Profundo".
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Eu quero explodir nesse sol da vida
Toda a energia me domina. Amarelo em meus olhos como o sol da tarde, que sensação boa é estar vivo. Eu caminho até aquela escola e respiro Literatura como se fosse o meu último dia na terra. Descanso no peito de Deus, a grama é verde e tudo o que há nesse curto espaço de tempo, é amor. Não há sofrimento, lágrimas, tristezas. Angústia: nada! Só eu comigo mesmo, vivendo o melhor que a minha vida tem a oferecer.
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Neste ponto, eu preciso criar uma verdade, mesmo que acredite parcialmente. Mas preciso acreditar o suficiente para não esquecer. Eu preciso fabricar essa verdade. Preciso inventar um deus que dê razão e paz, que explique os sinais melhor que a angústia. Preciso de um sonho que me faça refeito.
Preciso que os sinais não sejam o que acho que sejam. Que tomem forma de outra coisa qualquer que não me fira, que não chacoalhe meus ossos e faça um barulho tão alto. Preciso de qualquer coisa mais silenciosa que o badalar deste sino de igreja. Ou talvez, se houver de ser tal som, que seja, como o sino da igreja, um chamado para alguma coisa melhor que insônia do barulho.
Antes fosse fácil beber o tutano desse osso. Preciso renascer, não como Jesus, que retornou o mesmo, mas preciso nascer como coisa nova, nunca antes vista. Preciso ser de outro tempo, de outra vida. Fundar uma cidade com o nome de quem amo. Nomear a rua com o nome dos meus filhos. Receber um novo nome, como quem recebe uma nova vida.
Uma vez bêbado de vinho, deixo de ser eu, mas não me torno o vinho. Por que permaneço nessa incompreensão? No rio que divide dois países, mas que não é disputado. Um filho de pais separados, mas esquecido por ambos. Um meio quase invisível, por não poder ser nenhum dos inteiros.
Sou hoje o que nunca fui, mas não sou o que sempre quis ser. Sou talvez uma peça montada e remontada, na expectativa de que dessa vez vai dar certo. Uma tentativa de talvez muitas futuras, ou talvez de nenhuma mais — esquecido no abandono ou triunfando na conquista.
A vida é sempre assim. Ciclicamente. Uma dor puxando a outra, por causa ou por consequência. A vida é sempre assim. Um caminho descalço numa praia de pedras amorfas. Num jardim cujos formigueiros não sei onde estão, mas piso assim mesmo.
A vida é ela mesma e nada a explica, senão a literatura — que não apresenta avanços à lógica, gerando sim mais perguntas e desentendimento. Mas tem algo na literatura que entende a vida e só ela. Só ela a descreve tão precisamente, em todas suas variantes. Talvez ela dê sentido à vida, dê forma à substância, fazendo da incompreensão um pouco mais única.
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"Coragem é quando você sabe que está derrotado antes mesmo de começar, mas começa assim mesmo, e vai até o fim, apesar de tudo."
Título: O Sol é Para Todos Autora: Harper Lee Classificação: +12 Avaliação: ★★★★★
Lançado em 1960 e escrito por Harper Lee, O Sol é Para Todos já se tornou um clássico da literatura sendo o ganhador do Prêmio Pulitzer no ano de 1961 e apesar da idade, temos aqui um livro que se mostra atemporal em vários sentidos sendo até hoje objeto de estudo da área do Direito. Pouco tempo após seu lançamento, a obra foi adaptada para o cinema e recebeu oito indicações ao Oscar, das quais ganhou três e recebeu cinco indicações para o Globo de Ouro, das quais também ganhou três. O sucesso da obra é inegável, foi traduzida para mais de 40 línguas e suas vendas já somam mais de 40 milhões de cópias vendidas no mundo todo. O livro também foi escolhido pelo Library Journal como o melhor romance do século XX e eleito pelos leitores da Modern Library um dos 100 melhores romances em língua inglesa desde 1900.
O Sol é Para Todos se passa em 1930 no município de Maycomb, Alabama. Uma região cercada pela violência e preconceito racial, toda a desigualdade e injustiça é narrada através da visão inocente da jovem Scout, que descreve sua rotina nessa cidade calma e pacata onde ela divide seu tempo entre a escola e a família e nos conta sobre os verões que passa com seu irmão Jem e com seu amigo Dill. Toda a narrativa é construída dentro de um lugar de tranquilidade que logo se transforma em caos quando vemos como a população de Maycomb reage quando o pai de Scout, Atticus Finch, um advogado honesto e justo, arrisca tudo para defender um homem negro que foi injustamente acusado pelo crime de estuprar uma mulher branca, sentimentos controversos passam a cercar a família Finch assim que Atticus se dispõe a aceitar o caso, vemos como o preconceito racial e social está enraizado nas pessoas daquela pequena cidade e como muitos se conformam diante das injustiças e nesse cenário vemos a jovem Scout aos poucos ir perdendo sua inocência infantil quando ela passa a perceber a hostilidade da sociedade em que está inserida.
Desde a primeira página somos encantados pelos pensamentos astutos e curiosos de Scout, uma criança que não entende a complexidade do cenário social em que ela e sua família estão inseridos. A princípio vemos como a vida para Scout e seu irmão é reduzida a escola e a rua em que moram, até que as atitudes de seu pai os levam para fora do conforto daquilo que eles conheciam, ou melhor, daquilo que eles desconheciam. Logo no começo já conseguimos ver para onde a história vai se desenrolar quando o pai de Scout e Jem assume o caso e toda a família passa a ter que lidar com a desaprovação dos amigos e parentes, mas para ela é confuso entender como as pessoas estão os tratando mal quando seu pai está se esforçando para fazer o que é certo ao tentar provar que um homem inocente está sendo acusado injustamente e chegar a triste conclusão de que independente dos esforços de Atticus, seu cliente não será julgado com base em provas ou testemunhas, mas que ele será julgado única e exclusivamente pela cor de sua pele. É possível ver claramente como Scout e seu irmão passam a mudar e amadurecer conforme as circunstâncias se colocam diante deles, como mesmo sendo crianças eles conseguem analisar e reagir às situações apesar de muitas vezes sequer entenderem plenamente o que está de fato acontecendo.
Aqui temos várias tramas que se desenrolam ao mesmo tempo, temos a angústia e sofrimento da comunidade negra que tenta ajudar de todas as formas a esposa do homem que foi acusado pois acreditam na inocência dele, vemos a relação das crianças com os vizinhos e com a comunidade, a pureza de Scout, Jem e Dill que passam seus verões juntos e atazanando o pobre vizinho, Senhor Radley, o drama das crianças filhas de pais negros e brancos que não tem um lugar no mundo pois não são negros, mas também não são brancos, nos espantamos ao ver como a sociedade pode ser tão conivente com situações de injustiça, pobreza e maus tratos quando se dizem pessoas cristãs e de boa índole que devem ajudar os demais... tudo isso é claro, sem deixar de lado o foco principal que é a relação da família Finch.
O livro não se apoia em reviravoltas mirabolantes, mas ainda assim consegue causar impacto apenas ao expor o óbvio, um dos momentos mais impressionantes e chocantes é o discurso de Atticus Finch no tribunal em defesa de seu cliente, as falas de Finch e as percepções que as crianças começam a ter da sociedade e das injustiças se mostram tão atuais para um livro escrito cerca de 60 anos atrás. Chega a ser incômodo, pois lemos sabendo que o período da segregação racial ficou para trás, mas o racismo ainda se faz presente de muitas formas. Um dos questionamentos que mais nos faz refletir é quando Scoult em toda sua inocência passa a se perguntar como as pessoas odeiam Hitler pelo que faz com os Judeus, quando fazem o mesmo para com os negros, os perseguindo, os matando e os desprezando.
A autora tem uma escrita leve e consegue descrever bem todos os cenários e situações sem se prolongar muito, a leitura foi rápida e fluida, após dar início não foi possível parar até chegar à última página. Mesmo personagens e cenários que não parecem ter tanta importância acabam sendo bem aproveitados pela autora e acrescentam em muito para a percepção que o leitor vai ter do espaço e das situações. O grande ápice da história que é o momento do tão aguardado julgamento se mostra uma cena arrebatadora e a autora talvez por ter estudado Direito na universidade do Alabama soube descrever com maestria o julgamento de Tom Robinson que gera uma comoção sem igual no leitor.
Sua fama o precede, com diversos prêmios e marcando presença em várias listas de mais vendidos O Sol é Para Todos faz jus a sua reputação, afinal, um clássico é um clássico por um motivo e lendo a obra é possível ver como ela consegue se manter única e inovadora superando o desgaste causado pelo tempo com um estilo de narrativa que não encontramos facilmente em outras obras, com temas que geram debates infinitos e reflexões que nos tocam e nos constrangem. Em uma sociedade estruturalmente racista como a nossa, esse livro se torna uma leitura obrigatória para todos aqueles que acreditam na igualdade e lutam contra o preconceito social e racial.
Resenha por: Martha Cristina IG: @eu.e.meus.livros
#livro#resenha#dica de livro#dicadeleitura#leitura#literatura#drama#o sol é para todos#harper lee#atticus#scout#atticus finch#to kill a mockingbird
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Se fosse possível descrever em eixos coordenados o quanto estamos longe das linhas pontilhadas, Teria o mesmo medo do barranco. Chamaria tudo que deu errado de ponto primordial. Marcando na memória início e fim de tudo. Mas está cansado para se manter de pé. Mesmo depois de tantos ganhos em batalha. Estranhamente continuamos prosseguindo. Não foi sonho mágico. Ninguém soube. Ninguém sabe. A loja está fechada. Foi sentir das pernas tremendo, Que mesmo no limite, o corpo fazia questão de estar ali. Como se houvessem desejos distintos. Na sensação de sentir liberdade. A mesma de atravessar a Aberlado acompanhado do mestre na semana D.
Sentiu a vida pulsar por dentro. Um desejo tão maquiavélico que brotou ali. Que o fez comportar como máquina. Ainda que o corpo precise de mais calma. Decide tomar um ato de mudança em meio ao caos desordenado. Aceitando então o rio e toda sua imensidão e cordialidade. A única constante então é a existência do pulso. Esse sim poderia ser descrito como verdade matemática ou pulso das minhas batidas em relação ao meu acaso.
Troquemos então a função afim para exponencial. Dessa vez sem preocupar com o tempo. Ou com o que poderia ter sido. Troquemos também todas as raízes. Deixando o limite de lado. Deixando o que aprendemos antes para trás. Deixando intacto tudo o que foi aprendido. Começando como crianças em pré-cálculo. Em busca de recuperar a falta de matemática básica. O senhor da guerra começou com a caneta. Mas agora não há mais guerra. Não há guerra quando não há mais lados. Nem guerras quando todos já morreram. Todos unidos para que o caminho seja reatado. Não há onde repousar as armas retumbantes. Ungidas de todas as forças que tomei comigo por todo esse tempo. Que sozinho aprendi a usar. Agora muitas dessas nem funcionam mais. Não o suficientes para conter o tanto que sou. Que aprendi que não adianta tentar conter. Não sei o que desejo. Nem o que quero desejar. Pois parece que cheguei ao ápice. Pelo menos ao ápice desse capítulo. Onde tudo o que queria já está aqui. Ainda que não seja como eu desejava quando criança. Fizemos de maneira tão surpreendente. Que o que pensava jamais fazer, fiz. Que nenhum outro se atreveu a fazer. Sinto como se todas as minhas existências fossem então sincronizadas. Se o multiverso não for apenas uma loucura da Marvel, todas as minhas existências concordariam. Trajamos então o vestido vendado de infinito. Com as bordas recheadas de tumulto. Sem mistificar tanto em literatura. Aqui tudo é falso. Como eu que escrevi tanto e nada vivi de fato. Eu deveria me precipitar de vez nas águas. Recorrer a fórmula mágica de resolver todos os problemas possíveis. De adiantar todos planos e delegar todos os encontros. Entretanto, agora não posso. Seria cedo. Acusaria de desperdício de tempo. Meu tempo agora vale o mundo. Tão cedo que não sei ao certo se chegaria no horário. Pois o mundo �� grande. De fato a vida é pequena. E os versos ainda não se libertaram. Não o suficiente. Mesmo com toda minha angústia. Ainda preciso escrever aquele maldito livro. Mas completamente fora da literatura. E levarei o comigo até que ele esteja completamente preenchido. Cada movimento, Me trouxe até esse momento meu. Que fará sentido apenas quando fizer sentido. Ou se precisar fazer sentido. Pois nada nem tudo precisa ser tão vetorial. Quando eu ousar querer que faça sentido, Então vista em mim o chapéu de bobo do Rei. Um dia, Chegaremos ao abismo de verdade. Desse que ao tropeçar na pedra, cairei com tudo. Eu não saberia dar a mão a mim. Pois não conseguiria tocar no desconhecido. Mas um dia, Chegarei. Sem mistificar tanto.
@robertocpaes
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Alfredo Monte escreveu sobre meu livro de poesia "A solidão é deus bêbado dando ré num trator" no jornal A TRIBUNA de Santos, de 30 de abril de 2013:
GRAFITES NOS MUROS DA CONDIÇÃO HUMANA
A princípio fiquei no pé atrás com A solidão é um deus bêbado dando ré num trator, coletânea de um jovem autor de Manaus, lançada pela pequena editora Bartlebee, de Juiz de Fora: boa parte dos 139 poemas contém às vezes uma frase, com a mesma toada aforismático-epigramática do título. Tirando alguns mestres, essa forma é um convite à facilidade (e esta ao esquecível). Para piorar, uma apresentação insistindo na “visceralidade” do poeta; ora, caracterizar um artista como visceral se tornou um clichê tão vazio, propício para retóricas ocas, quanto falar em “transparência” ou em “sustentabilidade”.
Visceralidades à parte (o que não poderia deixar de acontecer com um admirador de Bukowski), não há facilidade, frouxidão, nada para ser esquecido em A solidão é um deus bêbado. Diego Moraes tem uma linguagem carismática, uma incrível capacidade de criar uma dicção poética que, escorregadia, flerta com o epigrama, a micronarrativa e o mais arrebatado lirismo, os quais compensam uma presença opressiva da entidade “Literatura”. Ele mesmo diagnostica que há literatura (às vezes mais como pose do que como inquietação autêntica) demais na vida de muito escritor desmamando por aí, e experiência da “vida” de menos. Se “Deus é uma caneta bic azul e a vida um monte de rabiscos literários numa folha de papel almaço”, “... não fosse a literatura, eu seria mais um playboy idiota/mexendo os quadris numa festa à fantasia”, e então “Uma geração inteira fazendo literatura como se estivesse/comendo coxinha na hora do recreio”. Não é o caso, aqui, onde o lirismo é a contrapelo: uma angústia palpável e desmoralizante convive com percepções e imagens que roçam o haicai, se o pensarmos a partir de uma modulação radicalmente nova: “Ela só de calcinha abrindo desastrosamente a latinha de atum/Chupando sangue do dedinho lascado/Fazendo carinho no bicho em cima do 2666 do Bolaño”; “Bússolas quebradas/Cartas anônimas nunca me disseram nada/Isso não é literatura. É só minha dívida no Bradesco”.
Por caminhos tortuosos, roídos e varridos pelo rancor ou pelo câncer (“Próxima estação: Consolação./Hoje é rock in roll. Amanhã é solidão num hospital com câncer”), pela esquizofrenia ou pela overdose, pela ressaca ou pelas referências à cultura pop (do tipo mais desesperado), o eu lírico predominante em A solidão é um deus bêbado é aquele mesmo (só que bem século 21) “gauche” na vida, quase um piadista de si mesmo, que forneceu as senhas para a lírica superior de um Drummond ou de um Bandeira: ”Você mora longe/Não tenho binóculo/Você num castelo/Não sei tocar violoncelo/Você pinta os cabelos/Não me olho no espelho/Você tem olhos verdes/Roubaram minha bicicleta”. Um Drummond que tivesse como irmão gêmeo Plínio Marcos: “Sensação escrota de não entender as coisas/Às vezes penso que sou adereços de um carnaval de 1977”; “A polícia não liga/ Solidão não preenche ficha de condicional”. Há um toque de Adélia Prado em: “Deus manda tsunamis como minha mãe joga farelos de pão no Rio Amazonas/Faz pequenos redemoinhos azuis no meio da confusão/ Se eu fosse cineasta, pediria para ela lagrimar e falar bobagens de mansinho/A gente pensa que não, mas os peixes entendem.”. Portanto, mais do que falar sobre uma “Literatura” que ninguém sabe direito onde está, ele dialoga com a melhor poesia feita em nosso país após o modernismo: “Ligo o Arno/As folhas viram garças desembestadas/Correm pelo chão gélido/Transam com as paredes e não dão poesias.” Dão sim, Diego.
Às vezes todos os elementos se entrelaçam com fôlego maior: “Um índio bêbado escrevendo peças de teatro que nunca serão montadas//Seu vizinho desmanchando automóveis e revendendo tudo a preço de banana//Sou tão carente que entro de cadarços desamarrados na padaria/só pra ver se ela se importa e diz alguma coisa// Anteontem andei de roda gigante e o cara disse que não era preciso/pagar o ingresso porque eu parecia o avô dele//O mais foda é que só tenho 29 anos”. Outro belo momento de respiração mais longa: “Você disse que sonhos é como fazer musculação//Você disse que Vou à Bahia leva crase//Você disse que queria adotar um cachorrinho e fazer Teatro/ de Rua em São Paulo//Você disse que Roberto Piva era o poeta mais lindo do mundo//Você disse tantas coisas bacanas quando eu tava fudido// Você disse que eu sairia dessa e levou livros e cigarros quando/eu tava internado naquela clínica para drogados//Você foi minha garota e foi foda ver seu sorriso de mãos dadas/com outro cara// Sempre fico sem jeito com o meu passado...”
Não sei se A solidão é um deus bêbado foi apenas um momento feliz, que não se repetirá, ou se a forma, aqui tão concentrada e eficaz, poderá virar maneirismo e banalizar-se. Só posso dizer que é uma das revelações dos últimos anos, esse grafiteiro dos muros da condição humana: “Você cai uma vez/Quebra o braço/Você cai duas vezes/Quebra a perna/Você leva paulada na rua/Escreve um poema/Você leva facada/Escreve uma crônica/Você leva tiros/Escreve um Romance/Você morre/Deus acha que é peça de teatro e aplaude”.
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Nelson Rodrigues, o profeta do inesperado no asfalto do cotidiano
Nelson Rodrigues, o nome evoca a imagem de um dos maiores dramaturgos e cronistas da literatura brasileira do século XX. Sua obra é conhecida por escavar as profundezas da alma humana, expondo o que geralmente preferimos manter escondido. No entanto, há uma faceta surpreendente que se esconde por trás das cortinas de suas tramas carregadas de paixões e angústias: seu extraordinário talento em…
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Che carregava consigo, ao ser aprisionado na Bolívia, três cadernos: um diário de guerra; um caderno de reflexões e um caderno verde em que tinha anotado, ao longo de anos, 69 poemas preferidos. Sua fama de grande leitor de literatura e poesia era muito bem conhecida por todos os companheiros combatentes. Quando Che assumia o grupo de vanguarda, todos já ficavam tensos porque alguém teria que carregar suas pesadas mochilas cheias de livros. À noite, ao redor da fogueira, enquanto outros dormiam, durante os poucos descansos, era comum encontrar Che perdido entre páginas, lendo incansavelmente. Chana, amiga campesina, dizia que Che, nesses momentos, “ficava caladinho, meio ido, com a cara muito suavizinha e como se estivesse em outro mundo”. Em vários outros momentos, Che falava nas rodas aos soldados e campesinos de Victor Hugo, Rubén Dario, Tagore, Neruda. Um jovem de catorze anos, chamado Acevedo, se surpreendeu ao fuçar os livros na mochila de Che: “Não havia Mao, nem Stalin, e sim o que eu menos esperava, ‘Um ianque na corte do Rei Arthur’”, livro do escritor norte-americano Mark Twain. Che não leu só os escritores sociais ou mais politizados, mas também se apropriou da leitura dos clássicos.
PRA QUÊ?
Mas qual seria o papel da poesia para as revolucionárias e para os revolucionários? Há, claro, uma função mais direta e mais reconhecida: instrumento de propaganda da luta e de denúncia da miséria capitalista. Mas há outra função, muito esquecida, e ainda mais importante: ser um instrumento para compreensão das contradições específicas que um militante revolucionário enfrenta, um instrumento para compreensão de si e do mundo, da luta que trava externa e internamente (pois, sim, o inimigo também é íntimo e pode colonizar nosso peito e coração).
O militante que luta para superar o capitalismo e construir uma nova sociedade enfrenta situações extraordinárias, desafios únicos em seu momento histórico. Por isso mesmo, sofre de alegrias, tristezas e angústias igualmente únicas na busca por se fazer um novo homem e uma nova mulher. Vivenciamos, ainda que de forma embrionária, novos valores, novos sentimentos, novos dilemas que demandam novas palavras, novos canais de expressão! Todo esse movimento subjetivo e singular precisa vir à tona, tornar-se palavra comum, imagem compartilhada, símbolo e questionamento coletivo, permitindo a construção da identidade do ser revolucionário.
Jeff Vasques
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LISBON REVISITED (1926)
Nada me prende a nada. Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo. Anseio com uma angústia de fome de carne O que não sei que seja — Definidamente pelo indefinido… Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias. Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua. Não há na travessa achada o número da porta que me deram,
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido. Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota. Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados. Até a vida só desejada me farta — até essa vida…
Compreendo a intervalos desconexos; Escrevo por lapsos de cansaço; E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme; Não sei que ilhas do Sul impossível aguardam-me náufrago; Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma… E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei, Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa (E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas), Nas estradas e atalhos das florestas longínquas Onde supus o meu ser, Fogem desmantelados, últimos restos Da ilusão final, Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido, As minhas coortes por existir, esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo, Cidade da minha infância pavorosamente perdida… Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui… Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei, E aqui tornei a voltar, e a voltar, E aqui de novo tornei a voltar? Ou somos, todos os Eu que estive aqui ou estiveram, Uma série de contas-entes ligadas por um fio-memória, Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo, Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo —, Transeunte inútil de ti e de mim, Estrangeiro aqui como em toda a parte, Casual na vida como na alma, Fantasma a errar em salas de recordações, Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem No castelo maldito de ter que viver…
Outra vez te revejo, Sombra que passa através de sombras, e brilha Um momento a uma luz fúnebre desconhecida, E entra na noite como um rastro de barco se perde Na água que deixa de se ouvir…
Outra vez te revejo, Mas, ai, a mim não me revejo! Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim ― Um bocado de ti e de mim!…
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Fundo do poço.
Cá estou novamente, na tentativa de me manter viva, acabo sucumbindo à insanidade. Não há quem entenda a tamanha tristeza dentro do meu peito. Meu coração pulsa e sinto a dor de uma facada. Nada se compara à isso, nada se compara ao meu abismo. Poucos sabem sobre minhas dores, pois em poucos eu confio. Não se deve falar de suas feridas para um ser qualquer, jamais saberás se és confiável, se és fiel. Na vida venho aprendendo que quanto mais eu luto, mais guerra me aparece, e mais espadas tenho que erguer contra as ameaças. Mas isso cansa, absurdamente, não tenho forças pra isso. Não tenho forças pra lutar por uma vida inteira. Tão jovem e tão caótica, ninguém consegue me compreender. As lágrimas que escorrem e meus olhos inchados refletem a angústia que pulsa em meu peito a cada segundo, a todo instante.
Quando digo que sucumbi à insanidade, não é exagero, não é metafora. De fato eu me perdi no abismo da deliração. Me sinto jogada em um poço, que tem fundo, mas não tem saída. Que há escuridão, mas não há a luz. Há medo, e não há esperança. Outros tentam me resgatar, lançam a corda para que eu possa me agarrar, mas não à alcanço, e as vezes não à quero.
Me acostumei com esse báratro. É doloroso, árduo, tenebroso. Entretanto, conhecido. Eu o conheço bem, não é a primeira vez que me encontro aqui. Fiz morada na dor, e cá estou, sofrendo-a. As vezes, muitas vezes, me pego sonhando com outra realidade, onde o abismo não faz parte. Mas o que eu poderia fazer pra sair daqui? Se os portões estão trancados, as janelas pequenas demais para fugir, e ninguém consegue me alcançar daqui.
Talvez em outra vida eu encontre paz. Talvez, em outra realidade eu veja a luz, pois agora não à vejo, não à sinto, não à percebo.
Em alguns momentos saio pra fumar nos fundos do hospital. O trago alivia a abstinência, mas reacende memorias. Sinto falta do meu amor do meu lado fumando um carlton, desabafando sobre a vida comigo. Sinto falta das madrugadas com minha irmã d’alma, onde torravamos um maço em segundos, de momentos na praia com minha sestra onde eu soprava a fumaça na cara dela e ela reclamava. Tudo me trás saudade, tudo me dói na alma. E tudo por culpa do vício, tudo isso acontecendo pois não sei viver sóbria. E como me dói estar aqui, como me dói estar sofrendo tanto novamente. Meu coração aperta quando toca uma melodia de uma memória vívida. Meu corpo treme ao sentir a dor da perda. Nada supera esse momento, nada nunca me perfurou mais fundo. A adaga fincada em meu peito quase se perde na profundidade da ferida. Se eu a tirar sangro até a morte, caso não, em algum momento ela irá me matar ali. É uma via de mão dupla, um beco sem saída. To exausta e desesperançosa. Nada é capaz de reacender meu desejo pela vida, apenas sinto o vazio e o vejo como uma enorme escuridão que me cega de quaisquer propósitos. Se eu pudesse escolher e voltar atrás eu pensaria mais sabiamente, falaria o que há de ser falado, sentiria o que há de ser sentido. Hoje tudo que me resta é a culpa de, caso eu partir, os corações feridos que ficariam para trás me matariam novamente: mas não o corpo, a alma.
Então cá estou, perdida no abismo como sempre. Minhas escrituras sempre carregam o peso do vazio e abismo, o que seria cômico se não fosse trágico.
#textos #desabafo #escrituras #literatura
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e-book grátis: Angústia, Graciliano Ramos
"Angústia" de Graciliano Ramos! Uma obra-prima da literatura brasileira que mergulha na mente perturbada de Luís da Silva. A narrativa inovadora: Graciliano usa o fluxo de consciência para nos colocar dentro da cabeça de Luís, um homem atormentado por memórias, ciúmes e frustrações. É uma viagem pela mente humana, com suas nuances e complexidades. O livro retrata a sociedade alagoana dos anos 30, com suas desigualdades e injustiças. Luís, um funcionário público de origem humilde, se sente marginalizado e inferiorizado. O amor obsessivo de Luís por Marina é um dos fios condutores da narrativa. Acompanhamos a paixão, o ciúme doentio e a tragédia que se desenrola. Graciliano é mestre na arte da concisão. Cada palavra tem peso e impacto na construção da atmosfera de angústia e opressão. Apesar de ambientada em um tempo e lugar específicos, "Angústia" aborda temas atemporais como a solidão, a alienação, a busca por identidade e o desespero existencial. Leia, gratuitamente, "Angústia" de Graciliano Ramos, publicado pela VirtualBooks Editora.
Ler: https://tinyurl.com/92kkajeu
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Trégua desses dias de contratempo.
Hoje adiantamos a conversa que teríamos na próxima semana. Mas, sempre que está perto do meu aniversário de terapia, falamos sobre o futuro e a morte. "O irremediável e o que está por vir", devo ter lido em algum Saramago. Também realizamos o balanço de tudo que aconteceu até agora. Que eu já tive 1,75 de altura pesando 34kg; que cheguei aqui com 43kg e hoje comemoro 56 (nunca mais cresci desde a primeira menstruação, aos 16 anos). Ele diz "de nada" para o meu agradecimento silencioso. Perguntei se já teve alguma paciente para quem, ao ler, faria cessar a crise de pânico. "Não falo de outras pacientes", ele respondeu e eu ri. Mas também admitiu que não esperava por isso. Há uma coisa sobrenatural nessa terapia: todo trecho que ele lê para mim fala sobre nós. E há muitas opções literárias naquela estante: de best-sellers à literatura médica. Eu escolho o livro, ele abre em uma página aleatória e lê um trecho. E esse trecho sempre será sobre qualquer coisa que tenhamos conversado recentemente. Da última vez, em uma de minhas crises mais severas, a personagem do parágrafo seguinte tinha o meu nome de batismo e o livro era uma ficção científica. Hoje, escolhi um Milan Kundera.
Tenho quase 33, "a idade de Cristo". "A idade que Cristo tinha, quando morreu", ele corrigiu. E lembrou da angústia que sentiu quando esteve internado: tinha 33 anos e as enfermeiras lhe diziam que tudo ficaria bem, porque ele tinha a idade de Cristo, como se isso significasse alguma coisa. Então, quando fez 34, assumiu para si o que considerou "a idade do diabo". Respondi que, quando fiz 28, sobrevivi aos 27: consegui sobreviver a overdose que nunca provoquei, diferente dos artistas de verdade, aquelas pessoas que nasceram com um dom muito maior que o tempo delas nesse plano.
"A conversa estava tão boa, F., como foi parar nisso?", questionei. "É que você começou falando do seu pai", e sorriu. "Do que ele morreu mesmo?"
De uma doença degenerativa, expliquei o melhor que pude. Depois que ele se foi, fiz exame e descobri que não tenho o que ele teve. E penso que, na verdade, se eu não acabar comigo antes, vou viver por muito tempo. Ele vai ter que me aguentar por muito tempo. E é isso: "sempre quero morrer, mas às vezes penso que, por isso aqui, vale à pena continuar. E isso é bonito e triste ao mesmo tempo. Eu quero continuar a viver só para fazer terapia?"
"Só por isso, não". Acho que ele espera que eu descubra outras razões para não desistir de, entre outras coisas, ser sua paciente mais longeva.
"Até os 99" é nossa piada interna.
Acertei a medicação e penso que vou chorar muitas vezes na terapia esse ano. Voltei a ter sentimentos.
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estou escrevendo porque de repente imagino que escrever vai me curar. ou pelo menos aliviar um pouco dessa angústia que tanto tem me afligido nos últimos dias. como me afeta saber que não há um que se salve. nenhum se salva. nenhum. são todos iguais. planeja com entusiasmo o seu casamento mas é igual. é igual e não vai mudar. só pensa em si mesmo. é asqueroso e me dá nojo. é asqueroso e me dá raiva. é asqueroso e me irrita profundamente saber que os outros não enxergam. e, se eu ousar fazê-los ver, a louca serei eu. são todas cegas e tolas. conforta-me saber que algumas são inteligentes. mais sábias que eu, até. eu sinto muita raiva e minha raiva me impede de ser mais sábia do que sou. mas até que eu sei algo que a maioria não sabe. se não sentisse tanta raiva, saberia melhor o que fazer com isso. quero me aproximar das artes e da literatura, mas até isso me causa angústia porque reflete a realidade. e, se não reflete, me causa angústia porque sei que essa não é a realidade. é duro ter uma cabeça tão atormentada. nada está bom. nada. sempre arrumo um motivo para me angustiar. tento incessantemente ler, mas minha cabeça insiste em voltar praquela cena daquele dia que tanto me angustiou e me angustia um pouco todos os dias. agora percebo que escrevo como todas as personagens de livros que estão sozinhas e desiludidas com a vida. até hoje o livro que mais gostei em toda minha vida se chama "a mulher desiludida" de simone de beavouir, que conta a história de três mulheres angustiadas com a vida e com suas posições na sociedade enquanto mulheres. às vezes penso se não seria melhor ser sonsa. no final de tudo, acho que é isso que importa. ter sido sonsa. talvez eu deva mesmo me casar com um homem que faça as aparências. não precisa ser muito bom, apenas o minimamente bom que é socialmente suficiente. até porque, o que é mínimo para mim, é grandioso para os outros. mas não. eu seria corroída pelo meu próprio ódio. creio ser uma incapacidade da minha natureza. estava escrevendo para melhorar a angústia, mas me parece que só piora. talvez precise sangrar para cicatrizar. mas essa ferida vai virar gangrena. que coisa brega. não quero acabar assim.
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Os primeiros registros da Literatura Portuguesa
A literatura portuguesa se desenvolveu em um contexto de formação nacional, com a independência de Portugal em relação ao Reino de Leão no século XII. Com os primeiros registros surgindo em um contexto de integração cultural entre Portugal e Galícia. A obra inaugural é a "Cantiga da Ribeirinha", atribuída a Paio Soares de Taveirós, que representa o início do trovadorismo, um estilo literário caracterizado por cantigas que expressavam amor e amizade, além de sátiras.
Trovadorismo (Séculos XII a XV)
O Trovadorismo foi o movimento literário mais significativo do início da literatura portuguesa, que se estendeu do século XII ao século XV. As cantigas, que são canções poéticas, foram as principais produções desse período, e são divididas em três categorias:
Cantigas de Amor:
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Expressam o amor idealizado e platônico de um trovador por uma dama, geralmente de posição social mais elevada. O trovador, que se coloca em uma posição submissa e de devoção, canta sobre suas angústias e sofrimentos amorosos, frequentemente exaltando a beleza e as virtudes da amada.
Cantigas de Amigo:
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As cantigas de amigo a perspectiva é a da mulher, geralmente uma jovem que canta sobre seus sentimentos e experiências amorosas. Outro aspecto relevante é o contexto social refletido nestas cantigas é que retratam a vida e as tradições de comunidades rurais, com referências a ritos, festas e costumes populares. Por tanto, essa ambientação confere um caráter mais autêntico e próximo da realidade vivida pelas mulheres na Idade Média ibérica.
Cantigas de Escárnio e Maldizer:
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As cantigas de Escárnio e Maldizer se destacam pelo uso do humor, da sátira e da crítica social, refletindo questões políticas, sociais e comportamentais da época. Elas revelam como a arte pode ser utilizada como ferramenta de reflexão e contestação em diferentes contextos históricos.
Em suma, os primeiros registros da literatura portuguesa são um testemunho rico da história cultural do país, e refletem não apenas as tradições literárias da época, mas também os desafios sociais e políticos enfrentados pelo povo português.
Referências:
Diana, D. (2020, September 22). Literatura Portuguesa: origem, história e escolas literárias. Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/origens-da-literatura-portuguesa/
Literatura portuguesa: características, autores. (n.d.). [Video]. Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/primeira-segunda-epoca-medieval.htm
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