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#ativismo europeu
adriano-ferreira · 4 months
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Ativismo Digital
A. Conceito de Ativismo Digital O ativismo digital, também conhecido como ciberativismo, engloba uma ampla gama de atividades que utilizam ferramentas digitais para promover causas sociais e políticas. É uma forma de ativismo que transcende as limitações geográficas e temporais, permitindo que indivíduos e grupos se organizem, mobilizem e expressem suas opiniões de forma rápida e eficiente,…
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projeto-potiguara · 27 days
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O ativismo da Eliane Potiguara :
As demandas indígenas têm se arrastado de maneira diversificada através dos séculos, desde o primeiro contato com os povos europeus. Muito do que se sabe sobre as formas de resistência à herança colonial passa diretamente pelas mãos das mulheres indígenas, que potencializaram a voz originária ao contribuir para a organização política de seu movimento. 
Neste sentido, Eliane Potiguara, desde muito cedo, desenvolveu habilidade para escrita e leitura, que, no processo de ensino-aprendizado, teve grande participação da escola e do conhecimento ancestral de seu povo garantido por sua avó, com quem morava.
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Eliane Potiguara é fundadora do GRUMIN – Grupo Mulher-Educação Indígena, de 1988, visto por muitas pessoas como a primeira articulação brasileira de mulheres indígenas. Ela também coleciona diversos prêmios e honrarias pelos feitos realizados ao longo da sua vida – sendo o último o de doutora honoris causa pela UFRJ, que obteve no fim de 2021 –, além de indicações importantes como ao Nobel da Paz, no ano de 2005. 
Na busca por melhorias para seu povo, passou por diferentes formas de violência física, moral e psicológica, muitas das vezes com a conivência do estado. Mesmo assim, sempre se mostrou engajada para com as problemáticas indígenas, sobretudo por enfatizar as consequências dos processos de aculturação causados pela influência europeia. Também se dedica a discutir temas que envolvem a invisibilidade da mulher indígena na atual sociedade, que inclusive são debatidos na obra testemunhal Metade Cara, Metade Máscara (2004), o que a coloca como uma das pessoas mais envolvidas com a temática. 
fonte : brasil de fato paraíba
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01298283 · 11 months
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Justiça? A burguesia é seletiva e odeia pobres
Quem acompanha noticiários,ativismo e pautas feministas e sociais ficou sabendo que a modelo e empresária Ana Hickmann foi agredida pelo marido na frente do filho e sofreu várias lesões e pelo que observei nas matérias ela já sofria abusos desde antes por parte dele mas omitia,principalmente por questões de mídia,o marido dela é o famoso "Deus,pátria e família" faz o 22,não me surpreende sendo assim.
O tratamento e apoio que ela teve é bem diferente de uma mulher pobre,negra ou periférica recebe quando sofre algum abuso por parte de algozes,tanto que os processos judiciais dela teve uma atenção maior por parte do judiciário e a promotora de justiça publicou que iria investigar o marido dela por supostas agressões a criança,quando uma mulher comum e pobre e de pele mais escura longe dos estereótipos europeus denúncia o que ela irá ouvir além do descaso do judiciário e sociedade será às seguintes afirmações:
Vagabunda,puta,interesseira,mentirosa, alienadadora,manipuladora,não superou o ex,ela quer o ex de volta,barraqueira,sem classe,usurpadora,imprestável,safada,doente mental,piranha,vitimista.
Além do fato de que todo o judiciário abusará da vítima e tratará a vítima e os fatos e sequelas ocasionados a vítima com total irrelevância,eles tentarão de todas às maneiras reprimir a situação e inverter os papéis onde a vítima passará a ser a vilã e o algoz a Virgem Maria,pobre coitado e injustiçado pela "Ex louca e interesseira que deseja roubar tudo dele" a ex que ele abusou por anos e destruiu a sanidade mental dela e usa o filho(a) como ponte para torturar a vítima,assim perpétua um ciclo de abuso infindável e muita das vezes ou a mãe falece ou a criança ou como em alguns casos ambos.
A sorte da modelo citada mediante a tudo isso é a influência,dinheiro e o padrão do qual ela está inserida que é bem aceito pela sociedade e dentro do estereótipo que a burguesia e a classe média apoia,nesse sentido ela merece um bom tratamento e justiça mas o que está abaixo dela não,pelo contrário,pessoas comuns e dentro do que citei são massacradas pelo sistema e assassinadas,seja internamente ou literalmente principalmente quando não estão dentro do padrão conservador, moralista ou religioso,nestes casos a sociedade e o judiciário irão fechar os olhos e fingir que nada está acontecendo você será apenas a "louca" e o abusador será o "santo."
90% dos casos o pai deseja a guarda da criança não pelo afeto e porque irá de fato cuidar da criança porquê em muitos casos que estudei e presenciei os cuidados são negligenciados e às crianças sofrem algum tipo de abuso,é principalmente por aspectos financeiros me refiro a pensão alimentícia que é o direito da criança,é inadmissível para a maioria deles "perder dinheiro" então em 96% dos casos você irá ouvir que a ex é usurpadora,viaja para Dubai com os "milhões" que eles depositam,coloca silicone com os "milhões" que é vagabunda e não trabalha,embora trabalhos domésticos sejam um trabalho e sem remuneração alguma e reconhecimento continua sendo um árduo trabalho,inclusive li um caso onde a ex esposa ganhou uma quantia alta em indenização no divórcio porque abdicou da sua vida apenas para serviços domésticos em casa e o ex marido foi obrigado a pagar pelos serviços,nada mais justo.
Todos eles fazem o mesmo discurso,todos eles prejudicam a vida dos filhos propositalmente para atingir a mãe da criança e levá-la a exaustão e esgotamento na esperança da mãe abrir mão da guarda,então fica nítido o "amor" que eles sentem pelos filhos,aliás,algo que muitos não sabem é que todos eles são instruídos pelos advogados a torturar psicologicamente a criança e a mãe,pois quanto mais "surtos" e dificuldades eles ocasionarem melhor para eles,pois são provas que podem ser usadas contra pela defesa e assim eles fecham com chave de ouro.
Então não se deixe levar em audiências pelas falácias deles,o intuito deles realmente é abusar de todas às formas possíveis e ver você explodir na frente do juiz,é o sonho deles. Eles vão abusar com classe não com "barracos" é algo bem sútil,inteligente e quase imperceptível,é como um porco vomitando mas vomitando com classe e elegância,violentando com fineza.
Seria muito plausível se vítimas comuns e anônimas recebessem esse apoio,mas sabemos que isso nunca irá acontecer,nem por parte da sociedade menos ainda por parte do judiciário,o judiciário odeia mulheres principalmente mulheres pobres,são misógenos e abusivos em todos os sentidos e abrem excessões apenas para a burguesia,quem estudou a fundo essas questões e teve envolvimento com tais sabe o quanto é quase tudo deplorável dentro daquele sistema,eu sempre estou estudando sobre essas coisas e tenho acessos a algumas coisas que a sociedade não enxerga e mesmo se enxergasse creio que não daria a mínima,inclusive pelo fato de que essas pessoas possuem todo o poder em suas mãos ir contra elas será em vão na maioria dos casos,por exemplo,já vi casos de juízes e afins desse sistema abusando de pessoas através do poder e às vítimas recorreram na "justiça" mas não tiveram êxito e não irão ter mesmo em quase 100% dos casos,o que eu posso dizer a vocês é que dentro desse sistema tudo funciona na base do $$$ e quase todos que estão lá não estão nenhum pouco interessados em ajudar quem realmente precisa e luta por justiça,eles vivem em outro mundo e em outra realidade e tudo o que há de pior você verá lá.
O caso da modelo não é um caso isolado,mas ganha repercussão porque ela é rica e tem influência,ela foi atrás dos direitos dela e dos direitos do filho e foi aplaudida e teve grande apoio uma mulher pobre e comum é vaiada,ignorada e será chamada de "puta, vagabunda e interesseira,racismo estrutural. O preconceito e machismo não vem apenas da elite ou burguesia,vem também das mulheres pobres que defendem o patriarcado e atacam mulheres anônimas,pobres e comuns quando vão em busca dos seus direitos e atravessam situações semelhantes,o racismo também está presente nelas,elas apoiam a burguesia e ateiam fogo nas vítimas comuns que são silenciadas e sofrem grande opressão e tem seus direitos violados e roubados diariamente.
Mediante a essa situação fica nítido a desigualdade,o preconceito e o racismo estrutural. Para nós,mulheres comuns que atravessamos diversos tipos de opressão,guerras,preconceitos,abusos, violações,incompreensões e direitos roubados tudo sempre será 10x mais difícil e na maioria dos casos seremos apedrejadas, principalmente quando fugimos do fundamentalismo religioso e modelo conservador com raízes judaico-cristãs camuflado com sinônimo de "bons costumes" quando na verdade não passa de opressão,machismo e abuso.
Não é novidade para quem estuda essas coisas ou vive ou viveu situações similares,que o abusador sempre irá tentar desencadear o caos e agir de forma sorrateira sobre a vida da vítima,tudo o que estiver ao alcance dele pra prejudicar a vítima ele irá fazer seja em qualquer aspecto da vida da vítima,a única coisa que ele não irá aceitar é que a vítima devolva tudo na mesma moeda o que de fato ele e quem compactuou com ele ocasionou a tal,nesse sentido ele sentirá que está sendo "injustiçado",isso é,ele pode matar,roubar,destruir,abusar,estuprar mas não pode colher os frutos de suas ações,na perperctiva deles merecem tudo de bom e tratamento de rei,a maioria possui a síndrome de Deus,ou seja,acreditam que são invencíveis é bem comum terem o ego inflado mas quem estudou psicologia sabem o quanto são inseguros internamente a a baixo autoestima que possuem e maioria são narcisistas e psicopatas.
Digamos que o sistema judiciário também obriga a vítima a perdoar o imperdoável e defender o indefensável nestes casos,eles praticamente obrigam você a conviver com o abusador como se nada tivesse acontecido e sabendo que são pessoas perigosas e abusivas,é como se tudo o que ele tivesse feito realmente fosse "nada demais" e toda a culpa é sua,pesquisem sobre constelações familiares até hoje embora seja proibido muitos deles usam essa técnica abusiva e pseudociência sobre às vítimas,então quando o algoz possui condições favoráveis e influência ele tem passe livre para ser um carrasco e escapar impune na maioria dos casos e se você vítima não aceitar ser saco de pancadas e tapete de canalhas e reagir da forma que eles realmente merecem o juiz irá condenar você de alguma maneira,porquê como eu disse aos olhos da "justiça" eles podem ser e fazer o que quiser,para nós meros mortais o buraco é mais embaixo.
A sorte que a modelo teve não é a mesma de milhares de vítimas que estão clamando por justiça agora,somos silenciadas e muita das vezes mortas,humilhadas e perseguidas e ignoradas por juízes que visam apenas o dinheiro e o poder,logo em seguida dormem com suas consciências tranquilas e vão a igreja rezar mesmo sabendo que destroem a vida de milhares de inocentes diariamente,mas eles "podem" fazer isso,aliás,eles possuem o poder em mãos e abusam desse poder todos os dias.
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projetopotiguara · 25 days
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O ativismo da Eliane Potiguara :
As demandas indígenas têm se arrastado de maneira diversificada através dos séculos, desde o primeiro contato com os povos europeus. Muito do que se sabe sobre as formas de resistência à herança colonial passa diretamente pelas mãos das mulheres indígenas, que potencializaram a voz originária ao contribuir para a organização política de seu movimento. 
Neste sentido, Eliane Potiguara, desde muito cedo, desenvolveu habilidade para escrita e leitura, que, no processo de ensino-aprendizado, teve grande participação da escola e do conhecimento ancestral de seu povo garantido por sua avó, com quem morava.
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Eliane Potiguara é fundadora do GRUMIN – Grupo Mulher-Educação Indígena, de 1988, visto por muitas pessoas como a primeira articulação brasileira de mulheres indígenas. Ela também coleciona diversos prêmios e honrarias pelos feitos realizados ao longo da sua vida – sendo o último o de doutora honoris causa pela UFRJ, que obteve no fim de 2021 –, além de indicações importantes como ao Nobel da Paz, no ano de 2005. 
Na busca por melhorias para seu povo, passou por diferentes formas de violência física, moral e psicológica, muitas das vezes com a conivência do estado. Mesmo assim, sempre se mostrou engajada para com as problemáticas indígenas, sobretudo por enfatizar as consequências dos processos de aculturação causados pela influência europeia. Também se dedica a discutir temas que envolvem a invisibilidade da mulher indígena na atual sociedade, que inclusive são debatidos na obra testemunhal Metade Cara, Metade Máscara (2004), o que a coloca como uma das pessoas mais envolvidas com a temática. 
fonte : brasil de fato paraíba
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angelanatel · 1 year
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Os Tupinambás foram uma das muitas culturas indígenas que habitavam o território brasileiro antes da chegada dos colonizadores europeus. Com uma rica história e uma sociedade complexa, os Tupinambás deixaram um legado que é crucial para entender a diversidade cultural do Brasil pré-colonial. Neste texto, exploraremos a cultura, a sociedade e a interação dos Tupinambás com os colonizadores europeus, embasando-nos em fontes históricas e antropológicas.
Os Tupinambás eram um grupo indígena que habitava principalmente a região costeira do Brasil, ao longo do litoral do atual estado do Maranhão até o sul do estado da Bahia. Eles eram parte do grupo linguístico Tupi e viviam em aldeias dispersas, muitas vezes próximas às praias. A subsistência dos Tupinambás baseava-se na agricultura, caça, pesca e coleta.
Fontes antropológicas, como os escritos de Claude Lévi-Strauss em "Tristes Trópicos", destacam a organização social dos Tupinambás. Eles tinham uma estrutura de parentesco matrilinear, onde o vínculo de parentesco era traçado pela linha materna. Além disso, eram conhecidos por sua habilidade na construção de canoas e na cerâmica, que eram parte integrante de sua vida cotidiana.
A chegada dos europeus no século XVI trouxe profundas mudanças para a vida dos Tupinambás. As fontes históricas, como os relatos de viajantes e exploradores, incluindo André Thevet e Jean de Léry, oferecem insights sobre os primeiros encontros entre os indígenas e os colonizadores. Os Tupinambás, assim como outros grupos indígenas, tiveram experiências variadas com os europeus, que incluíram tanto alianças temporárias como conflitos.
Os colonizadores europeus estabeleceram postos de comércio e relações diplomáticas com alguns grupos indígenas, incluindo os Tupinambás, como parte de seus esforços para explorar e colonizar o território. No entanto, as relações muitas vezes eram marcadas por desentendimentos culturais, disputas de território e choques de interesses econômicos. O próprio termo "Tupinambá" foi usado pelos colonizadores para descrever grupos indígenas canibais, uma caracterização contestada por estudiosos modernos.
Os Tupinambás, como muitos outros grupos indígenas, enfrentaram doenças introduzidas pelos europeus para as quais não tinham imunidade, resultando em populações dizimadas. As fontes históricas, incluindo relatórios missionários e registros coloniais, documentam o impacto devastador dessas epidemias. Consequentemente, muitos grupos foram deslocados de suas terras originais e enfrentaram um declínio populacional significativo.
Apesar desses desafios, os Tupinambás e outros grupos indígenas continuaram a lutar pela preservação de suas culturas e territórios. No século XX e XXI, houve um ressurgimento do ativismo indígena no Brasil, com esforços para reafirmar a identidade cultural, recuperar terras ancestrais e proteger os direitos indígenas.
Em conclusão, os Tupinambás desempenharam um papel importante na história e na cultura do Brasil pré-colonial. Por meio de fontes históricas e antropológicas, é possível obter insights valiosos sobre sua sociedade, cultura e interações com os colonizadores europeus. Reconhecer e estudar a história dos Tupinambás é essencial para uma compreensão mais profunda da diversidade cultural e histórica do Brasil.
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A Ascensão da Geração Beta: Moldada pela Inteligência Artificial
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A Geração Beta, composta por indivíduos nascidos entre 2020 e 2040, está destinada a viver em um mundo onde a Inteligência Artificial (IA) não é apenas uma ferramenta, mas um arquiteto fundamental da realidade online. Segundo um relatório do grupo europeu Europol, estima-se que até 2026, 90% do conteúdo disponível online será gerado sinteticamente pela IA, alterando profundamente conceitos de verdade e realidade. Prole Digital Os Betas, descendentes diretos dos Zennials e da Geração Z, são os primeiros a nascer em um cenário de total consolidação da IA. Eles representam uma transição significativa, sendo a ponte entre o mundo analógico de seus antecessores e um futuro digitalmente intrínseco. Esta geração tem o potencial de ser o menor grupo populacional, mas com uma influência imensurável na forma como interagimos com a tecnologia. Aceleração Tecnológica e Demografia A consultoria global WGSN aponta que o ritmo acelerado da inovação tecnológica está redefinindo a forma como categorizamos as gerações. Tradicionalmente, um grupo demográfico abrange pessoas nascidas em um intervalo de 15 anos com hábitos semelhantes. Contudo, a aceleração tecnológica sugere que esse período pode ser excessivamente longo para caracterizar as nuances entre as gerações emergentes. Relações Intergeracionais com a Tecnologia Cada geração anterior à Beta teve sua relação única com a tecnologia. Os Xennials e os Millenials transitaram entre os mundos analógico e digital, tornando-se fluentes em ambos. A Geração Z, por sua vez, é composta por nativos digitais, muitos dos quais acessaram o mundo online antes mesmo dos Millenials. Eles são conhecidos por seus valores e ativismo, características que os tornam empreendedores natos. Os Zalfas e Alfas, gerações phygital, vivenciam a fusão entre os mundos físico e digital desde o nascimento. Eles são os precursores da Geração Beta no metaverso, um universo digital paralelo que promete ser o playground da nova geração. A Influência da IA na Geração Beta A IA não é apenas uma ferramenta para a Geração Beta; ela é uma influência formativa. Esta tecnologia está destinada a moldar suas vidas, carreiras e até mesmo suas identidades. A Geração Beta viverá em um mundo onde profissões ainda desconhecidas serão a norma, e estilos de vida tecnologicamente fluidos serão o padrão. Conclusão A Geração Beta está emergindo como um grupo demográfico único, moldado desde o nascimento pela omnipresença da Inteligência Artificial. Eles são o reflexo de um mundo em constante evolução tecnológica, onde a realidade é cada vez mais sintetizada e personalizada. À medida que crescem e prosperam, as expectativas e demandas dos Betas oferecem um vislumbre do futuro, um mundo onde a tecnologia e a humanidade estão intrinsecamente entrelaçadas. Leia: Ação Afirmativa: Benefícios e Limitações das Políticas de Cotas nas Universidades de Elite Read the full article
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blog-fitness4all · 2 years
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O boxe em Portugal
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O boxe em Portugal tem uma história relativamente recente, mas tem ganhado popularidade nos últimos anos. A Federação Portuguesa de Boxe (FPB) foi fundada em 1927, mas o desporto só começou a se popularizar na década de 1970, quando foram organizados alguns eventos de boxe em Portugal. O primeiro campeonato português de boxe amador foi realizado em 1979, e a partir daí o desporto começou a crescer em popularidade. O boxe profissional também começou a se desenvolver em Portugal na década de 1980, com alguns boxeadores portugueses se destacando internacionalmente. Nos últimos anos, o boxe em Portugal tem ganho ainda mais popularidade, com a realização de vários eventos importantes, como o Campeonato Europeu de Boxe Juvenil em 2019, que foi realizado em Odivelas. Além disso, alguns boxeadores portugueses têm se destacado no cenário internacional, como Jorge Fonseca, que conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Boxe de 2019. Atualmente, a FPB é responsável pela organização de competições de boxe amador em Portugal, enquanto a Comissão de Boxe Profissional (CBP) é responsável pelo boxe profissional. O desporto também recebe o apoio de algumas empresas e organizações, ajudando a promover o boxe em Portugal e a melhorar as condições para os boxeadores locais.
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Talentos portugueses
Portugal tem produzido alguns boxeadores talentosos ao longo dos anos, com destaque para: Jorge Fonseca - Além de ser um campeão mundial de judo, Fonseca é um boxeador talentoso que conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Boxe de 2019 na categoria dos 81 kg. Rui Pavanito - Pavanito é um dos maiores nomes do boxe português. Ele competiu na categoria dos pesos pesados e venceu vários títulos (inter)nacionais. Ele também representou Portugal nos Jogos Olímpicos de 1992. Fernando Sequeira - Sequeira foi o primeiro boxeador português a vencer um título europeu. Ele competiu na categoria dos pesos leves e venceu o título europeu em 1989. Nuno Conceição - Conceição competiu na categoria dos pesos pesados e venceu vários títulos (inter)nacionais. Ele também representou Portugal nos Jogos Olímpicos de 1996. João Pina - Pina é um ex-lutador de kickboxing que também competiu no boxe. Ele é o atual campeão nacional dos pesos leves em Portugal. Esses são apenas alguns dos melhores boxeadores de Portugal. Há muitos outros atletas talentosos que têm representado Portugal em competições internacionais.
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Talentos mundiais
O boxe é um desporto com uma rica história, e ao longo dos anos muitos boxeadores talentosos têm surgido, dificultando escolher apenas alguns como os melhores. No entanto, aqui estão alguns dos boxeadores mais reconhecidos e respeitados de todos os tempos: Muhammad Ali - Considerado por muitos como o maior boxeador de todos os tempos. Ali ganhou três títulos mundiais dos pesos pesados e ficou famoso por seu estilo de luta único e o seu ativismo social. Sugar Ray Robinson - Robinson foi um dos boxeadores mais habilidosos e técnicos da história, e ganhou vários títulos mundiais em várias categorias de peso. Mike Tyson - Tyson foi um dos boxeadores mais intimidadores da história, com uma força bruta e velocidade incrível. Ele ganhou vários títulos mundiais conhecido por suas lutas épicas. Floyd Mayweather Jr. - Undefeated (invicto) na sua carreira profissional, Mayweather é considerado um dos boxeadores mais habilidosos de todos os tempos, com defesa impecável e excelente contra-ataque. Manny Pacquiao - O filipino é um dos boxeadores mais populares e respeitados da história, com uma carreira de sucesso em várias categorias de peso. Ele é conhecido por sua velocidade, habilidade e coragem no ringue. Joe Louis - Também conhecido como "O Bombardeiro Marrom", Louis é considerado um dos maiores lutadores de pesos pesados da história, tendo defendido o seu título por um recorde de 25 vezes consecutivas. Julio César Chávez - O mexicano ganhou vários títulos mundiais em várias categorias de peso, conhecido por sua força e agressividade no ringue. Esses são apenas alguns dos melhores boxeadores do mundo, mas há muitos outros que também fizeram história no desporto. Read the full article
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adelantecomunicacao · 3 years
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Delicadeza e Resistência. Sobre Rubens Ianelli. Por Daniela Bousso. Set2021
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[Rubens Ianelli (São Paulo, Brasil. 1953). Ibeji. 2021. Têmpera sobre tela. 100 x 80 cm. Foto Sergio Guerini]
Texto: Daniela Bousso A sensibilidade estética da obra de Rubens Ianelli nos convida a pensar sobre as situações históricas e culturais que demarcaram os seus caminhos. Falar deste artista e de suas andanças significa compreender que o seu trabalho é feito a partir de experiências cultivadas em um espaço de tempo intersticial, que mescla o ambiente paulistano da arte entre os anos 60 e 80 aos processos dialéticos instaurados pelo seu caráter. Rubens iniciou a sua formação artística na infância ao lado de artistas como Volpi e Lothar Charoux, amigos próximos de seu pai Arcangelo Ianelli e do pintor Thomaz Ianelli, seu tio[i]. Mais tarde cursou a faculdade de arquitetura. De outro lado, a sua vida desdobrou-se nas artes e em ativismos políticos em viagens pelo Brasil e exterior.
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[Rubens Ianelli (São Paulo, Brasil. 1953). Hélice. 2021. Têmpera sobre tela. 180 x 140 cm. Foto Sergio Guerini]
O resultado destes deslocamentos é uma visualidade que remete ao geometrismo indígena, aos símbolos de civilizações arqueológicas e à figuração pré-colombiana. Seu imaginário também é fruto de observações nos anos 70, quando entra em contato com a Geometria Sensível[ii].
A militância política começa a partir de 1973, quando ingressa na arquitetura. Rubens desperta para a saúde a partir de uma viagem ao sertão e ao sul da Bahia, em 1978, quando um amigo lecionava a partir do método Paulo Freire.  O artista ficou um tempo por lá: viu a miséria e a penúria das gestantes para parirem crianças que morriam de disenteria. Inquieto, ingressou na faculdade de medicina. Enquanto cursava medicina também desenhava, fazia colagens e ganhou alguns prêmios em salões de arte. Convidado para a Bienal do México em 1990[iii], tomou um trem na Estação da Luz em São Paulo e foi para lá recém-casado. Típico jovem dos anos 1970, viajou com a mulher de todos os modos imagináveis e atendeu aos apelos políticos de sua geração. Chegando à Nicarágua, trabalhou na frente sandinista e depois seguiu a pé para a Guatemala até alcançar o México, onde o casal ganhou a vida fabricando doces para hotéis. A Bienal do México ficou para trás. Volta ao Brasil descendo o rio Solimões até chegar em São Paulo. A partir de 1993 participa de uma pesquisa antropológica com profissionais da USP, conhece a medicina tradicional indígena Xavante e atua por sete anos junto às populações indígenas amazônicas. Após um mestrado em saúde pública na Fiocruz, entre 1995 e 1997, é convidado a coordenar uma equipe no centro do Acre[iv], em Tarauacá. Esse foi o ano mais difícil de sua vida. Condições climáticas erráticas, naufrágio, acidentes na floresta, infecções e riscos de vida o deixaram sem tempo para a arte. O médico nestas regiões desamparadas trabalha 24 horas por dia. Quase não dorme, as demandas são intensas. Em contrapartida, conheceu 40 aldeias e teve sob seu cuidado mais de 2.000 índios de 5 etnias diferentes. Rubens voltou para São Paulo em 2001 e a partir daí só se dedica às artes visuais. A potência de suas criações reside na multiplicidade de linguagens como a pintura, a escultura e o desenho. São muitas as suas referências: artistas como Picasso, Miró, Klee, Volpi, Ianelli e a geometria dos desenhos indígenas, povoam o seu universo que abrange arquiteturas, cidades encantadas, tudo perpassado pela poesia do traço e pela intensidade das cores, assinaladas em cada obra. Na sucessão de idas e vindas em sua trajetória evidencia-se o hibridismo. Se por um lado o trabalho dialoga com as abstrações orgânicas e com a geometria do modernismo, por outro, a contemporaneidade de sua produção alude à memória de um apagamento que não se fez apenas pela ação do tempo, mas pela ação dos homens sobre o eixo sul do planeta. O artista criou um vasto repertório simbólico que nos remete a tradições ancestrais. Ao operar no resgate da memória latino-americana ele reafirma o seu universo dialético, forjado já na infância: “Um dia meu pai voltou do Peru com aquelas cestas de feira cheias de cerâmicas e tecidos pré-colombianos e eu fiquei siderado”[v], diz o Rubens. Segundo o teórico Andreas Huyssen, nos anos 80 emergiu uma série de pesquisas culturais que colocaram em perspectiva transnacional os discursos da memória, retomando questões pós-coloniais e periféricas. Além de debates sobre o Holocausto, o mérito dessas pesquisas foi avançar para além de uma história hegemônica, focada apenas nos continentes europeu e americano. O binômio história/memória voltou-se aos africanos, à América Latina e a outros povos, cujas linguagens e histórias estavam relegadas ao esquecimento e à aniquilação. Este foi o início de uma historiografia que contemplava questões de memória coletiva. É deste lugar que proponho atualizar a análise e o estudo da obra de Rubens Ianelli, que tem como foco central a memória latino-americana desde os seus primeiros esboços[vi], ainda adolescente. Na evolução visionária ao redor do imaginário geométrico, o artista se antecede ao tempo atual via uma atitude decolonial em sua obra já no final dos anos 60, quase vinte anos antes dos estudos pós-coloniais se voltarem a uma nova historiografia. Neste ponto podemos perceber como ele coloca em xeque a temporalidade em relação ao espaço global. Para Didi-Huberman, estar diante de uma imagem é estar diante do tempo. Interrogar estas pinturas de Rubens Ianelli realizadas em 2021 é indagar sobre o tempo atual, feito e desfeito em palimpsestos, camadas quase arqueológicas de tradições que se sobrepõem. Nesta exposição o artista constela os ecos dos tempos modernos no presente. É a história do modernismo latino-americano que perpassa suas telas, tratadas com a máxima delicadeza.
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[Rubens Ianelli (São Paulo, Brasil. 1953). O Labirinto. 2021. Têmpera sobre tela. 100 x 130 cm. Foto Sergio Guerini] Tempo sem fim, tempo estendido na paleta elegante de cromatismos básicos do mural italiano. Ocres, brancos, terra índia, verde, negro fumo, em camadas e pinceladas onde óleos e têmperas repousam sobre a estrutura das grandes ortogonais, traçadas antes dos pigmentos pousarem sobre as telas. As figuras evocam civilizações Incas, Maias, Astecas, Pré-Colombianas e outros povos indígenas sul-americanos. Mergulho imersivo nas horas, aperfeiçoamento e superação das lições de um passado recente da nossa História da Arte. Destreza ao aplicar a têmpera, delicadeza gestual da pincelada e domínio do desenho - menos visível agora - sempre presente em sua obra. Rubens Ianelli reconta a história de um continente à margem, em três conjuntos de obras nesta mostra de desenhos e pinturas.
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[Rubens Ianelli (São Paulo, Brasil. 1953). Sem título. 2020. Pastel seco sobre papel. 49 x 64 cm. Foto Sergio Guerini] Dos quadrados e triângulos vem as cidades, acesas por uma luminosidade ora velada, ora animada por laranjas e amarelos. Dos povos indígenas vem as setas, a compor ficções que aludem a civilizações de outrora. E dos mares vem as ondas, que se esvaem nas brumas dos movimentos fluidos. Tudo sob o trato sensível de mini pinceladas. Afinal sensibilidade é política de resistência, pois refaz em pequenas narrativas uma história fora do eixo.
___________________
Texto escrito por ocasião da abertura da exposição “Delicadeza e Resistência”, com curadoria de Daniela Bousso. Galeria Contempo, São Paulo. Setembro de 2021
Referências
DIDI-HUBERMAN, Georges. Devant les temps. Paris: Les Editions de minuit, 2000.
Geometria Sensível. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3788/geometria-sensivel. Acesso em: 1 agosto 2021. Verbete da Enciclopédia.
HUYSSEN, Andreas. Culturas do Passado-presente: modernismos, artes visuais, políticas de memória. Rio de Janeiro: Contraponto, Museu de Arte do Rio, 2014.
MUSEU AFRO BRASIL. (Org.) Rubens Ianelli. São Paulo: Imprensa Oficial, 2008.
Notas
[i] Desde cedo Rubens aprendeu a dominar os aparatos do desenho e da pintura em sua casa, num vaivém de pessoas como Fiaminghi, Volpi, Emanuel Araújo, Odeto Guersoni, Lothar Charoux, o crítico Paulo Mendes de Almeida, amigos próximos de seu pai Arcangelo Ianelli, e o pintor Thomaz Ianelli, seu tio, que conversavam sobre arte: a cor, a linha, o desenho, a representação, a cozinha e a matéria prima da pintura, tal como o óleo e a têmpera, da qual Volpi ensinava a receita para quem quisesse saber.
[ii] No final dos anos 1970, a Geometria Sensível começa a ganhar força entre nós com a realização da mostra “Arte Agora III, América Latina: Geometria Sensível”, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ em 1978. Sob curadoria de Roberto Pontual, expuseram artistas latino-americanos em busca de uma expressão especificamente latino-americana, segundo o crítico Juan Acha. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL) Mais tarde, em 2001, o artista conhece a obra do pintor uruguaio Joaquim Torres Garcia, conhecido internacionalmente pela sua prática com a Geometria Sensível.
[iii] Em 1990 é convidado a participar da Bienal do México pelo curador da mesma, Marc Berkowitz.
[iv] Rubens vai para o Acre em 2000, durante a gestão Ministerial de José Serra no governo de Fernando Henrique Cardoso, como chefe de equipe técnica.
[v] Depoimento do artista à autora em 20/05/2021.
[vi] Ao voltar de uma viagem à Europa em 1967 - ainda menino quando foi morar em Paris e Roma com a família - traz uma série de desenhos, com características presentes até hoje em sua obra e já em São Paulo inicia a série de totens entalhados em madeira, pintados com uma figuração geométrica.
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[Rubens Ianelli (São Paulo, Brasil. 1953). Mar azul. 2021. Têmpera sobre tela. 110 x 140 cm. Foto Sergio Guerini]
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desassosegos · 2 years
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24/08/2022, De marxistas, paulinho da viola e bolaño
Manhã. De carro pela orla da Barra, o sol brilha sobre o mar e o corpo das mulheres. Na faculdade dou boas aula sobre Hobbes e Maquiavel. Estou à vontade e creio que me saí bem. Meu melhor método didático é a improvisação previamente organizada. Uma preparação que não segue, na apresentação, um roteiro estabelecido.
Pela tarde, represento o Programa de Pós em um evento sobre conjuntura e eleições promovido pelo X. Vejo as palestras de meus colegas marxistas. J. A. fala da transição da ordem mundial de um sistema unipolar para um sistema bipolar composto pelos imperialismos de EUA e China. Apesar do mofado conceito de imperialismo leninista, achei interessante o insight de que a disputa entre as potências poderia abrir uma janela de oportunidade para o Brasil. Z faz uma crítica velada a outro colega que interpreta as causas do golpe de 64 em uma radicalização e ativismo das esquerdas. Essa seria, segundo ele, uma manobra ideológica conservadora para culpabilizar as vítimas. E, entre muitas coisas triviais sobre a formação do PT, a democracia liberal-burguesa – “porque democracia sempre tem adjetivos” e blá, blá, blá – gostei do ponto que o professor levantou sobre a relação entre a crise da esquerda e a frustração. Lembrou-nos ele de uma frase de Saint Just, “infelizes os revolucionários que não levam a revolução até o fim, pois serão tragados pelas próprias forças que criaram”, substituindo o termo “revolução” por “democracia”. A esquerda atua como ampliadora de expectativas, mas no governo opera no modo “realista”, isto é, preso as contingências. A frustração é o resultado líquido dessa equação. O paradoxo é mais geral e deriva da própria distinção entre a dinâmica das eleições e a dinâmica do governo. A frustração – muitos analistas dizem isso – está no núcleo da democracia. Lembrei-me de Tocqueville e sua análise da Revolução Francesa. De acordo com o aristocrata francês, a revolta do campesinato e das classes médias na França em 1789 se deu não por sua miséria, mas pela sua relativa ascensão social, se comparada a outros países europeus. A democracia – e a revolução – são movimentos e qualquer um que deseje pará-los está fadado ao fracasso. L. F.  despreza o risco de golpe, faz troça da terceira via e endossa a interpretação do bolsonarismo como um neofascismo, já que, diferente do autoritarismo tecnocrata do regime militar, o bolsonarismo tem um forte componente de mobilização de massas. Não por meio de um partido, mas das redes sociais. Correto, mas apenas parcialmente, pois tal análise leva a considerar todos os eleitores de Bolsonaro com fascistas, o que é um equívoco. Manda às favas o conceito de populismo por lhe faltar “conteúdo”, ser um conceito vazio que opõe povo e elites. Senti quase o tempo todo um incômodo com as falas. Na verdade, um incômodo que deriva de meu afastamento do marxismo acadêmico e sua interpretação dos processos econômicos e políticos contemporâneos. Gosto de Marx, mas talvez seja outro. Marx. Tenho impressão de que a complexidade da realidade não cabe nos modelos pré-fabricados da “crise estrutural do capital”, da “luta de classes”, do “imperialismo”. Mas talvez seja um incômodo derivado de uma crise mais profunda, de uma dificuldade com as filosofias do progresso e da ação. Talvez eu tenha me cansado da melancolia revolucionária, da espera deste a amanhã radioso que jamais chega, dessa repetição do mesmo sentimento de impotência e frustação gerado pela própria ampliação de expectativas irrealizáveis. É claro que há divergências de análise política mais próximas, que tem a ver com a formação disciplinar. Por exemplo, a análise da Constituição de 1988 e da democracia brasileira. Não posso concordar com Z e sua avaliação da transição brasileira como um mero “pacto conservador” em favor da antigo regime autoritário. Ora, a Constituição de 1988 foi o ponto culminante de um forte onda progressista que não apenas derrotou a ditadura como estabeleceu um novo pacto político com acentos social-democratas. O desprezo pela Constituição de 1988 – aproxima essa esquerda, da extrema direita. O chamado à militância, que deriva das falas, a análise comprometida com a transformação, contrasta com o necessário apoio a Lula e sua política do compromisso. As contradições e paradoxos pululam.
Não tenho saco para esperar as questões e saio ao final das falas. Fumo um cigarro, entro no carro. Coloco no som o álbum de Paulinho da Viola, “Eu Canto Samba”, de 1988.
“Há muito tempo eu escuto esse papo furado
Dizendo que o samba acabou
Só se foi quando o dia clareou”
Coincidência, ou não, o álbum foi lançado em 1988, mesmo ano da Constituição que acabara de ser vilipendiada pelos meus colegas revolucionários. Coincidência, ou não, a voz desse homem negro, sua música popular, sua alegria e esperança, sua leveza quase divina, me animam mais que as utopias do juízo final. Paulinho da Viola é biscoito fino, penso, equanto meu carro atravessa o portão e deixa a universidade.
Dirijo pela rua José Mirabeau Sampaio e decio parar num café na Sabino Silva. A avenida passa por obras. Tudo está em permanente transformação nessa cidade. Peço um café e um pudim de leite. Dou uma olhada no zap. Amigos comemoram a operação da PF ordenada por Alexandre de Morais contra empresários bolsonaristas. Penso em responder, em falar sobre botar a receita na cola desses sonegadores canalhas, afinal todo empresário brasileiro é sonegador... mas fico com preguiça de inicar uma conversa que não terei forças para continuar. A decoração do café-confeitaria é cafona, feita para deleite de tiazonas solitárias de classe média alta que vão com suas amigas tomar café da tarde. Chega um grupo delas e pedem doce sem gluten e sem açúcar. Como pode um doce sem gultem e sem açúcar? Ora, estamos em uma confeitaria. Penso nos cafés frequentados por Garcia Madero no DF, personagem de Bolanõ em Dectetives Selvajes. Penso na agitação democrática daqueles cafés. Penso na liberdade de Garcia Madero, que não obstante sua pobreza material, caminha livre pela metrópole, escreve poemas e transa alucinadamente com Rosário. Toma café com leite, cervejas  e passa horas na rua ou visitando sebos e roubando livros. Já fui um Garcia Madero. Talvez hoje esteja mais para o desvairado Quim, pai de Angélica e Maria. 
Cinco dias sem pó.
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recantodaeducacao · 3 years
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Barroso diz que consultou colegas do STF antes de mandar Senado instalar CPI da Covid-19
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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) disse que consultou todos os ministros da Corte antes de determinar a instalação da CPI da Covid-19 no Senado. A investigação irá apurar se o governo federal foi omisso no enfrentamento da pandemia no país e foi ordenada pelo magistrado na última quinta-feira, 8. A decisão de Barroso desagradou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que  afirmou que a CPI visava “desgastar o governo”. O ministro, por sua vez, afirmou que cumpre seu papel com “seriedade” e que apenas aplicou “o que está previsto na Constituição”, além de esclarecer que todos os membros da Corte foram consultados. “Na minha decisão, limitei-me a aplicar o que está previsto na Constituição, na linha de pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e após consultar todos os Ministros. Cumpro a Constituição e desempenho o meu papel com seriedade, educação e serenidade. Não penso em mudar”, declarou o ministro após encerrar suas atividades na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde leciona.
O próprio STF também se manifestou sobre as falas de Bolsonaro acerca da instalação da CPI. Através de nota emitida na manhã desta sexta-feira, 9, a Corte afirmou que os ministros tomam suas decisões com base na Constituição e que eventuais discordâncias deveriam ser feitas através de “vias recursais próprias, contribuindo para que o espírito republicano prevaleça em nosso país”. Um vídeo em que Bolsonaro critica a decisão foi publicado pelo próprio presidente em suas redes sociais. Nele, o presidente também questiona se Barroso teria “coragem moral” de determinar abertura de processos de impeachment contra ministros da Corte. “Pelo que me parece, falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial. Não é disso que o Brasil precisa”, afirmou o presidente.
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Scab hair: o que é + dicas para cuidar dos fios nesse momento
Mais do que apenas uma tendência, o cabelo black power carrega uma simbologia de aceitação e uma representação histórica incrível e poderosa! Para as mulheres empoderadas que assumem suas curvas da cabeça aos pés, ter dicas de como cuidar da saúde e beleza dos fios é superimportante.
Além disso, diante de uma variedade de estilos arrasadores, escolher o que te deixa mais radiante e feliz pode ser uma tarefa difícil. Por isso, preparamos um conteúdo especial recheado de dicas práticas e fotos de cortes e cores lindas para se inspirar, confira!
Índice do conteúdo:
O que é
Como cuidar
Fotos
Dicas
O que é cabelo black power
O cabelo black power é caracterizado pela liberdade dos cachos e crespos em suas mais variadas estruturas. Em geral, o estilo valoriza e potencializa o volume dos fios, que podem estar definidos ou não, dependendo do gosto de cada pessoa e da curvatura do cabelo.
Apesar de ser usado há muito tempo, o marco da história desse tipo de cabelo teve início nos anos 20, através de Marcus Garvey. Ele, que foi o pioneiro no ativismo negro na Jamaica, reforçava a quebra dos padrões da época, onde o estilo europeu era dominante.
Já por volta dos anos 60, o black power e demais características do estilo afro se tornou popular nos Estados Unidos, ajudando e reforçando a luta pelos direitos civis. No entanto, sem dúvidas, a maior representatividade de empoderamento foi através das mulheres daquela época.
Elas, que eram obrigadas a alisar os cabelos desde a época da escravidão, assumiram suas curvas e seus volumes pelas ruas. Desse modo, o black power se tornou símbolo de resistência, aceitação e poder!
Como cuidar de cabelo black power
Se engana quem pensa que assumir os fios naturais dispensa os cuidados especiais. Pelo contrário, a estrutura e curvatura dos cabelos cacheados e crespos aumenta a necessidade de hidratação e nutrição em relação aos outros tipos.
Além disso, características como o corte podem influenciar em questões como volume e definição. Confira a seguir algumas dicas incríveis para cuidar bem do seu black cheio de poder:
Lavagem: Os cacheados e crespos tendem a ressecar mais fácil, principalmente na área das pontas. Por isso, o ideal é intercalar o uso do shampoo com a técnica do co-wash.
Corte: O cabelo black power apresenta o famoso fator encolhimento, onde a aparência fica maior com fios molhados e menor ao secar. Por isso, o ideal é fazer os cortes com o cabelo seco, tendo uma visualização melhor do resultado final.
Produtos: Os produtos ideais para os fios cacheados e crespos são os que apresentam óleos naturais na composição. Além disso, o uso do condicionador para selar as cutículas e dos finalizadores para potencializar as curvaturas e o volume também são sempre bem-vindos.
Tratamentos: Para manter a saúde do cabelo, o ideal é fazer ao menos uma hidratação por semana. Além disso, para a nutrição, uma ótima dica é fazer semanalmente umectações noturnas ou até mesmo durante o dia, sempre com óleos vegetais.
Finalização: A finalização é uma das etapas mais importantes para o visual final. Afinal, nessa etapa você conseguirá deixar o cabelo com o volume e definição que você preferir. Por isso, vale a pena investir no uso de cremes ou gelatinas específicas.
Essas são dicas valiosas para manter a beleza do seu cabelo de dentro para fora. No entanto, se você usa técnicas diferentes ou segue algum cronograma capilar, fique a vontade para adaptá-las ao seus cuidados como preferir!
20 fotos de cabelo black power arrasadores para todos os gostos
Quer mudar o visual, mas está em dúvida quanto ao corte, cor ou estilo? Então, confira agora mesmo algumas fotos inspiradoras de mulheres maravilhosas e seus black powers!
1. O black curtinho é moderno e lindo, ideal para quem adora praticidade!
Raisa Martins
2. As luzes dão um charme e uma luz toda especial aos fios
Amanda Borges
3. Tranças frontais funcionam como tiaras naturais lindas e charmosas
Cíntia Coutinho
4. O corte arredondado é ideal para quem quer um volumão incrível
Karla Luz
5. Afinal, o volume destaca acessórios e dá um up ao visual marcante
Vitória Belieni
6. As pontas repicadas dão leveza ao cabelo black power
Ms. Mendez
7. Para quem passou pelo big chop ou gosta de praticidade, os curtinhos são sempre um arraso
Emília Silva
8. O fio saudável facilita ainda mais na hora de modelar e dar volume
Leia também: Day after: o que é, como fazer e dicas para manter os cachos perfeitos 301507
Jamily Santos
9. As cores dão alegria e modernidade ao cabelo black power
Pam Nascimento
10. Para quem prefere volume a definição, desfiar com pente garfo pode ser uma ótima opção
Sheila
11. Esta produção poderosa é o suficiente para arrasar em qualquer festa
Brenda Tavares
12. A praticidade e o charme do black power curtinho
Sah Oliveira
13. Os coloridos também são tendência para mulheres cheias de atitude
Maria Flavia
14. Reforçando o estilo despojado e fashion em qualquer estação
Luciana Almeida
15. Os penteados destacam ainda mais o glamour do cabelo black power
Luciana Almeida
16. Um estilo que representa força, sem perder o charme e a elegância
Leia também: Cabelo 3A: saiba se esse é o seu tipo e entenda como cuidar desse fio 301507
Tayane
17. O corte arredondado com franja é tendência nesse estilo
Jasmine Brown
18. As cores claras iluminam a pele e chamam a atenção para os fios
Jasmine Brown
19. As cores quentes, como o ruivo, também são excelentes opções
Dhenifer
20. Assumir o cabelo black power é assumir toda a história e representatividade por trás dele
Carine Arcanjo
Para escolher o estilo ideal para seu black power, é preciso considerar a curvatura do seu fio. Por isso, analise os tipos de cachos ou crespos mais semelhantes ao seu! Dessa forma, você garante que o resultado final será aquilo que você deseja. Além disso, respeitar os seus fios facilitará muito os cuidados diários para mantê-los sempre lindos!
Mais dicas sobre cabelo black power
Dicas e fotos inspiradoras são sempre úteis. No entanto, nada melhor do que ver e ouvir na prática a opinião de quem entende sobre o assunto. Sendo assim, separamos alguns vídeos incríveis que te ajudarão a oferecer todo o cuidado que seu cabelo precisa. Confira:
Como lavar e desembaraçar o cabelo black power
youtube
Nesse vídeo você poderá conferir dicas de cuidados e truques para lavar e desembaraçar os fios. Dessa forma, você garante que seu cabelo estará sempre lindo e saudável em qualquer ocasião.
Finalização para cabelo black power
youtube
Se você prefere que o seu cabelo fique mais definido e controlado, as dicas de finalização serão suas melhores amigas. Além disso, finalizar bem o cabelo fazendo com que seu black fique arrumado por mais tempo facilita também o day after!
Como fazer volumão no cabelo black power
youtube
Você é team volumão? Então, prepare-se para deixar seus fios poderosos, volumosos e lindos, através de dicas e técnicas especiais para seus fios.
Esperamos que essas dicas sejam úteis na hora de deixar o seu relacionamento com o seu cabelo muito melhor. Para isso, basta colocar os cuidados em prática e você poderá arrasar por onde for com liberdade e atitude!
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NINGUÉM GOSTA DOS ATIVISTAS
NÓS FAZEMOS LAMA, POEIRA,BARULHO,FAXINA, TIRAMOS O LIXO DEBAIXO DO TAPETE, E JOGAMOS PARA QUE SEJA EXPOSTO PARA A SOCIEDADE, FAZEMOS O MESMO TRABALHO DA TERRAPLANAGEM, CONTRARIAMOS MUITAS VEZES OS INTERESSES DE GRUPOS PODEROSOS E INFLUÊNTES, NÃO IMPORTA O QUE E PORQUÊ , SE HOUVE OU HOUVER INJUSTIÇA E SE HOUVER JUSTIÇA HOUVER ILEGALIDADE, E SE HOUVER BASE LEGAL (LEGALIDADE) HOUVER DESUMANIDADE COMO NA ESCRAVIZAÇÃO, NO CRIMES DA ALEMANHA NAZISTA OU NO APARTEID ETC.LÁ ESTÁ O ATIVISTA, EM DEFESA DE SERES HUMANOS, ANIMAIS,VEGETAIS,RIOS, CONTRA A POLUIÇÃO, ETC.
SE NÃO HOUVESSE O ATIVISMO, TALVÊS A INGLATERRA AINDA ESTIVESSE GOVERNANDO A ÍNDIA, FOI UM ATIVISTA, UM ADVOGADO ,VESTIDO DE LENÇOL QUE JOGOU A SEMENTE DA LIBERDADE MARATMA GHANDY, SE NÃO FOSSE UM ATIVISTA O REGIME DO APARTAID, TALVÊS AINDA ESTIVESSE EM VIGOR NA ÁFRICA DO SUL, SÃO MILHARES DE AÇÕES DOS ATIVISTAS EM TODO O MUNDO, NINGUÉM GOSTA DO ATIVISTA, MAS QUANDO ELE TEM SUCESSO, TEM ATÉ FERIADO PARA GLORIFICAR OS SEUS FEITOS.
A ESCRAVIDÃO TEVE FIM EM 13 DE MAIO DE 1888, A 130 ANOS , TAMBÉM POR AÇÃO DOS ATIVISTAS, CHAMADOS DE ABOLICIONISTAS, COM CERTEZA , SEM A AÇÃO DOS ABOLICIONISTAS SABE-SE LÁ QUANDO A ESCRAVIDÃO NO BRASIL SERIA EXTINTA, É GRAÇAS A AÇÃO DO ATIVISMO E DOS ATIVISTAS, QUE CONSEGUIMOS ALGUMAS VITÓRIAS , COMO AS POLÊMICAS COTAS, QUE NÃO SÃO NEM FAVORES , NEM PRESENTES, NEM ESMOLAS, SÃO DIVIDAS DO BRASIL PARA COM O NOSSO POVO PRETO OU NEGRO QUE FOI TRAZIDO Á FORÇA DA ÁFRICA CERCA DE 5 A 7 MILHÕES PARA SER TRATADO E CHAMADO DE PEÇA, BICHO, MACHOS,FÊMEAS E SUAS CRIAS, E AQUI FOI ESCRAVIZADO POR LONGOS 351 ANOS, TENDO SIDO "LIBERTO', "LIBERTO" A 130 ANOS SEM TER RECEBIDO NEM UM CONTO DE RÉIS, E CUJA MÃO DE OBRA FOI TROCADA PELOS EUROPEUS POBRES QUE AQUI CHEGARAM À PARTIR DE 1850, DEPOIS ,ASIÁTICOS, LIBANESES E OUTROS.
A LONGA ESCRAVIDÃO DO POVO NEGRO NO BRASIL É UM DOS CAPITULOS MAIS TENEBROSOS DA HISTÓRIA , O NOSSO POVO FOI VITIMAS DE TODAS AS ATROCIDADES POSSÍVEIS E INIMAGINÁVEIS, TORTURAS, FISICAS E PSICOLÓGICAS, ETC,ETC,ETC. POR LONGOS 351 ANOS, DE 1537 À 13 DE MAIO DE 1888, LIBERTAÇÃO OFICIAL, LEI ÁUREA ,ASSINADA PELA PRINCESA IZABEL NA SEDE DO IMPERIO NO RIO DE JANEIRO, ATUALMENTE SEGUNDO O IBGE SOMOS 54% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, CERCA DE 114 MILHÕES DE BRASILEIROS E CUJA MAIORIA VIVE COMO SE ESTIVESSE NO DIA DIA 14 DE MAIO DE 1888, UM DIA APÓS A LEI ÁUREA, SEM DINHEIRO, SEM OPORTUNIDADES E SEM ESPERANÇA, E UM SER UM HUMANO SEM SONHO NÃO VIVE VEGETA.
TEMOS QUE RESGATAR ESSES MILHÕES DE BRASILEIROS ESQUECIDOS PELO BRASIL, VITIMAS DO ABANDONO PRODUZIDO POR UMA ABOLIÇÃO CAPENGA, PELA METADE, QUE LIBERTOU O ESCRAVO, PORÉM NÃO LHES DEU MEIOS DE SOBREVIVÊNCIA, SEM INDENIZAÇÃO,ETC,ETC,ETC,ETC.
MNUM - MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO MENTAL
CARLOS AGANJU AZEVICHE
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grupo-demode · 7 years
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A democracia autolimitada de Giovanni Sartori
Luis Felipe Miguel 
Vou começar com uma nota pessoal: acho que Giovanni Sartori foi, ao lado de Robert Dahl, o primeiro cientista político “de verdade” que li. Tendo concluído uma graduação em Comunicação Social, decidi fazer mestrado em Ciência Política. Gosto de dizer que a decisão foi motivada pelo meu reconhecimento das insuficiências dos discursos sobre a política que eu praticava, no jornalismo e na militância partidária, mas isso é evidentemente o que Bourdieu chamava de “ilusão biográfica”, uma tentativa de atribuir sentido a posteriori para trajetórias que são, muitas vezes, circunstanciais e fortuitas. O fato é que me deparei com uma longa bibliografia para a prova do mestrado, quase toda desconhecida para mim. Lá estavam um ou dois livros de Dahl e também A teoria da democracia revisitada, de Sartori, publicada em português, em dois volumes, pela hoje falecida editora Ática.
Sem menosprezar a importância de Dahl, um cientista político de primeira linha, a cuja obra sempre volto, foi Sartori que me fascinou. Mas não pelo lado positivo. Eu não sabia quase nada de teoria democrática, mas ainda assim seu livro me pareceu, naquela primeira leitura, um primor de má fé intelectual. Investindo contra caricaturas das posições contrárias às suas, ele advoga a ideia de que jamais devemos tentar aproximar as democracias “reais” do ideal democrático, o que é o exato oposto do que penso. Voltando à ilusão biográfica, eu poderia dizer que todo o investimento que depois fiz no estudo da teoria da democracia foi para ser capaz de embasar adequadamente a repulsa espontânea que senti pelo livro de Sartori.
Acredito que, para entendermos a teoria democrática de Sartori e sua peculiaridades, precisamos situá-la no contexto das respostas que a ciência política burguesa dá ao desafio representado pela obra de Joseph Schumpeter. Como é sabido, Schumpeter virou do avesso o conceito de democracia em Capitalismo, socialismo e democracia, removendo qualquer vinculação com a noção de soberania popular e reduzindo-o à competição eleitoral. Por um lado, essa manobra cumpriu um papel importante, legitimando regimes que tinham saído vitoriosos da guerra contra o nazi-fascismo empunhando exatamente a bandeira da democracia, mas nos quais o povo não governava, nem de longe. A ressignificação da democracia promovida a partir de Schumpeter permitia o discurso do “mundo livre”, que desempenhou papel tão importante na Guerra Fria. Mas, por outro lado, a visão do economista austríaco era desencantada e cínica demais. A democracia, no relato dele, não passa de um artifício para garantir a estabilidade da dominação. Não era um regime capaz de despertar entusiasmo ou lealdade. Se o “mundo livre” lutava pela democracia, mas democracia se resumia àquilo que Schumpeter dizia, era um fraco estandarte.
Geram-se, então, diversas construções teóricas que mantêm os insights centrais de Schumpeter, mas concedem uma positividade maior à democracia. A versão pluralista, de que o próprio Dahl é o maior nome, relativiza a irracionalidade política dos cidadãos, sublinhada por Schumpeter, aceitando que eles são capazes de se mobilizar em defesa de interesses pontuais. Em vez do simples ritual eleitoral, o que caracteriza a democracia é a presença de uma multiplicidade de grupos capazes de influenciar as decisões de Estado, cada um no seu âmbito específico. Dahl, que teve uma trajetória invulgar, tornou-se na sua idade madura um crítico radical do sistema politico estadunidense, chegando a apontar as desfuncionalidades do casamento entre democracia e capitalismo. O pluralismo liberal, no entanto, na sua versão mais acrítica, permaneceu sendo a ideologia oficial do “mundo livre”.
Já Anthony Downs, que apresenta as declarações mais altissonantes de lealdade ao legado schumpeteriano, subverte o modelo ao introduzir um grau limitado, mas eficaz, de racionalidade nos eleitores, com o que as eleições acabam servindo para bem mais do que apenas gerar uma dominação social legitimada. Se os eleitores votam avaliando a capacidade que os governos têm de melhorar suas vidas, uma avaliação subjetiva, nascida da experiência, que precisa de pouca informação ou capacidade cognitiva, e se os candidatos precisam dos votos da maioria dos eleitores, o resultado é que os políticos competem incessantemente para fazer o maior bem ao maior número de pessoas, sem que elas sequer precisem formular suas demandas. A democracia concorrencial seria, assim, o regime político perfeito, no sentido que Kant atribuía ao termo: aquele no qual mesmo uma raça de demônios, caso chegasse ao poder, seria constrangida a buscar o bem da maioria. A teoria de Downs é muito engenhosa – seu único problema é que não encontra nenhum tipo de sustentação no mundo real. Fora esse detalhe, ela é imbatível.
Seria possível citar outros nomes, mas paro por aqui. Nesse quadro, a versão de Giovanni Sartori se destaca por seu caráter normativamente elitista. O objetivo da democracia é promover o governo dos melhores. Não há de ser o governo do povo, certamente, porque os melhores não se confundem com a massa. Essa percepção, que nós podemos chamar de demofóbica, atravessa toda a obra de Sartori. É perceptível, por exemplo, em seus estudos sobre os meios de comunicação de massa. E estrutura toda a sua compreensão da democracia, na qual influência do povo e influência dos melhores concorrem entre si, sendo necessário minimizar a segunda para maximizar a primeira. Para que isso faça sentido, Sartori se vê obrigado a recuar em relação a um ponto central de Schumpeter, que é a impugnação da noção de “bem comum”. Para o economista austríaco, a sociedade é inteiramente atravessada pelo conflito entre grupos e facções, não sendo possível decantar uma vontade geral, um interesse coletivo, um bem comum, uma vez que cada parte o interpretará a partir de sua própria posição particular. Já Sartori precisa justificar o governo de sua elite pela presunção de que ela, tendo maior discernimento e uma visão mais alargada, é mais capaz de compreender qual é o interesse geral da sociedade e de agir para realizá-lo.
A grande obra de Sartori sobre democracia, que é mesmo A teoria da democracia revisitada, é de 1987. É “revisitada” porque revê um livro anterior (Democracia e definizioni), de 1957. A época em que foi escrita fica evidente quando o autor se dedica a enfrentar adversários hoje batidos. Não seria mais necessário, por exemplo, gastar o latim para demonstrar longamente, como Sartori faz no volume 2, porque as “democracias populares” do Leste europeu não eram verdadeiras democracias.
O argumento central do livro, reiterado praticamente a cada página, é que a democracia está ameaçada pelos democratas. Incapazes de diferenciar entre ideal e realidade, eles pressionam por mais participação e mais igualdade, com isso minando a única democracia possível: a democracia representativa baseada na delegação do poder por meio da competição eleitoral e apoiada nas instituições do liberalismo político. O ideal é necessário para motivar a oposição a regimes autoritários e orientar as energias políticas para a busca pela democracia. Chegando lá, no entanto, temos que nos conformar com o fato de que os prometidos rios de leite e mel simplesmente não existem e não vão existir. A democracia que podemos ter é um governo de minoria, como todos os outros, no qual o papel dos cidadãos comuns é, na quase totalidade do tempo, apenas obedecer.
Até aí, estamos em terreno perfeitamente schumpeteriano. Trata-se de marcar a distância entre a realidade empírica (a “democracia realmente existente”) e o ideal inatingível. Sartori deblatera contra o “perfeccionismo intelectual”, que insistiria em aproximar a realidade de suas fantasias, sobretudo no momento em que – com Marx – ele se torna “ativismo perfeccionista”. Seria possível questionar se é ético levar as pessoas à adesão a um ideal que se sabe que não será atingido, mas essa ressalva cai numa petição de princípio – ela presume que as pessoas comuns têm a capacidade de fazer suas escolhas de forma autônoma, esclarecida e igualitária, o que a teoria sartoriana põe sob suspeita. Seria possível questionar também qual a razão de mantermos a mesma palavra, “democracia”, para designar dois fenômenos tão diferentes entre si quanto o ideal e os regimes democráticos reais. Mas esse passo é imprescindível para que nossas “oligarquias competitivas”, como dizia Pierre Vidal-Naquet, ambicionem o apoio popular. E também poderíamos discutir se manter a tensão entre ideal e realidade não colaboraria para orientar aprimoramentos nesta última. Porém, tais aprimoramentos seriam desnecessários, irrealizáveis e, sobretudo, perigosos, desestabilizando aquilo que se tem. Em suma: por enquanto, estamos ainda com Schumpeter.
Mas Sartori se propõe mostrar também que o elitismo competitivo é superior a seus rivais enquanto ideal. A democracia direta, a ampliação da participação popular ou qualquer outro mecanismo voltado a ampliar a igualdade política gerariam efeitos colaterais adversos, fracassariam em alcançar seus objetivos e, por fim, destruiriam a democracia que podemos ter. Sartori combina sem moderação os três modos da retórica conservadora identificados por Albert Hirschman: perversidade, futilidade e ameaça.
Não há muita novidade no paralelo que Sartori faz entre as democracias antiga e moderna. Ele mostra como as condições da polis grega estão distantes de nossos extensos e populosos Estados-nações. Mas também rebaixa a imagem idealizada da democracia ateniense, em que, segundo sua interpretação, o excesso de participação política prejudicava as atividades econômicas e a exaltação da igualdade impedia o desenvolvimento dos talentos individuais. Para Sartori, como para Aristóteles, a democracia à grega parece ser uma forma de governo degenerada.
Desqualificado o ideal ateniense, é necessário demarcar suas diferenças com as democracias modernas. Estas são governadas, segundo Sartori, pela regra da maioria limitada pelos direitos das minorias. Essa limitação é crucial: impede a degeneração da democracia em tirania do maior número, tal como teria ocorrido na Antiguidade (o que é um veredito bastante controverso). Aqui, vemos a démarche, comum a boa parte da teoria democrática dominante, que consiste em rebaixar o componente democrático da democracia para exaltar seu componente liberal. No entanto, por mais valiosas que sejam as liberdades e os direitos liberais, eles não esgotam o problema do exercício do poder e não resolvem a questão da democracia.
A segunda diferença seria o caráter necessariamente delegado da democracia moderna, dada a inviabilidade física de reprodução da ágora numa metrópole e, mais ainda, na escala de um Estado nacional. (Mas a questão que me parece central, a incorporação da classe trabalhadora e das mulheres à cidadania política, ampliando o conflito potencial no demos, recebe pouca atenção do teórico italiano.) Sartori reconhece que existe um problema importante na democracia delegada, que é a manutenção do vínculo entre a atribuição nominal do poder ao povo e seu exercício real. A resposta que dá a essa questão, no entanto, não ultrapassa as teorias tradicionais da representação política e do elitismo competitivo. Mais importante que o problema, porém, são as características positivas associadas à delegação do poder a uma classe política.
Em primeiro lugar, a delegação é uma forma de divisão do trabalho que libera a maior parte da população do fardo de fazer política. Imersos na vida privada, os não-políticos gerariam a prosperidade social. Sartori ecoa a velha percepção de Benjamin Constant, de que nossa liberdade moderna não exige participação da condução da vida coletiva, mas lazer para nos dedicarmos à vida privada. Seus argumentos lembram também a defesa que Stuart Mill faz da superioridade do governo representativo, mas sem endossar a aposta que o inglês fazia, de que o direito de voto geraria cidadãos capazes e qualificados.
Além da liberação do tempo social para outras atividades, que a representação promove, a elite especializada na política faria melhor a política. Mesmo que a tecnologia permita a participação em grande escala, com plebiscitos eletrônicos sobre cada tema da agenda pública, diz Sartori, essa opção seria nociva, pois a massa é incapaz de decidir racionalmente. A incapacidade da massa é, tipicamente, apresentada como um dado da realidade, quase como um fato associado à sua carga genética, não um efeito da estrutura de oportunidades gerada pelo campo político, que desestimula a difusão das competências políticas entre a população.
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[Obra de Tishk Barzanji.]
Da mesma forma, Sartori privilegia a “política invisível” (feita nos gabinetes, longe dos olhos do grande público) em relação à política voltada às massas, emocionalizada e – no fundo – irresponsável. Percebe-se que o problema da democracia é que a elite política é permanentemente tentada a descer ao nível da massa, já que dela depende para permanecer no poder. É importante, portanto, manter barreiras que garantam a distância entre os simples eleitores e os tomadores efetivos de decisão.
Assim, para Sartori, a democracia possível e, ao mesmo tempo, desejável é aquela em que elites disputam, em pleitos livres, a preferência de uma massa desinteressada e incapaz, para depois, a portas fechadas, concertarem o comando do Estado sem grandes preocupações com os discursos públicos. A teoria prescritiva da democracia de Sartori não se afasta desta descrição exceto pelo fato de que, por mecanismos não identificados, os eleitos seriam realmente integrantes de uma elite no sentido positivo do termo, isto é: os melhores. Hoje, ele admite, os mecanismos de seleção estão degradados.
É claro que nem todos se contentam com ideal tão pouco elevado. Para enfrentar os participacionistas, que desejam algo mais do que uma democracia de elites concorrentes, Sartori não apenas reafirma – à la Huntington – os perigos da hiperpolitização (um obstáculo à prosperidade e à racionalidade) como enfatiza as impossibilidades da participação. Participação, diz ele, é tomar parte em alguma coisa. O grau de participação, portanto, é medido pela parte de cada um. Num grupo de dez, cada um participa com um décimo. Num grupo de um milhão, com um milionésimo. Num Estado contemporâneo, conclui-se, a participação necessariamente seria insignificante.
A argumentação esconde um pecado de origem. Sartori reconhece que grande parte da teoria participacionista esteve voltada para grupos menores – comunidades locais, empresas – mas remete a discussão sempre para o sistema político global, que afirma ser preeminente. Ora, um ponto essencial da teoria participacionista mais consequente é a defesa da ampliação da autonomia das pequenas unidades, nas quais a participação é viável, frente ao Estado. Ao ignorá-lo sistematicamente, Sartori falseia a posição de seus interlocutores.
Em busca de um ideal inalcançável, os participacionistas acabariam gerando efeitos perversos no mundo das democracias realmente existentes. Mais do que poder de decisão, o povo estaria conquistando poder de veto sobre as políticas públicas – causando a crise de governabilidade que, segundo Sartori, aqui também acompanhando Huntington, afeta as democracias contemporâneas. Além disso, os beneficiários dos regimes democráticos se mostrariam cada vez mais “ingratos”, isto é, incapazes de valorizar as instituições da democracia liberal, numa discussão que é tributária dos ensaios reacionários que Ortega y Gasset escreveu nos anos 1920 e 1930.
Imagino que esta breve exposição tenha deixado claro que Giovanni Sartori nos oferece um verdadeiro pot-pourri das teorias antidemocráticas da democracia, combinando-as à sua maneira para ressaltar a necessidade double-face de conter a participação popular e garantir o caráter seletivo do processo político. Embora seu livro seja anterior ao boom da democracia deliberativa e o próprio autor, diga-se em seu favor, tenha depois resistido à tentação, à qual muitos outros sucumbiram, de enfeitar de deliberação um modelo liberal conservador, creio estar claro também que não seria difícil promover esta combinação.
Temos hoje um revival disfarçado do elitismo Sartori ano nas teorias da representação política, como aquelas apresentadas por sua conterrânea Nadia Urbinati, que enfatizam a expertise superior do representante sobre os representados. Sua visão ampla, racionalidade, capacidade de negociação e distância em relação aos interesses em jogo garantiriam a qualidade do processo decisório e, portanto, não deveriam ser demasiado perturbadas por exigências igualitárias. Mais grave ainda, no meu modo de ver, é que leituras que se querem contra hegemônicas embarcam na mesma canoa, desprezando os mecanismos de autorização e controle sobre representantes que passam a ser “auto-instituídos” e cujas credenciais se limitam à boa vontade e ao acesso privilegiado aos espaços de debate e decisão.
Há a tentação de ler Sartori como dizendo, simplesmente: mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Melhor uma democracia limitada possível do que uma democracia ideal inatingível. Eu me esforcei para demonstrar que o sentido geral de sua teoria não é esse, que ele deseja prevenir ativamente qualquer ampliação da democracia para além da delegação do poder por via eleitoral. Além disso, nós nos contentarmos com pouco não significa que esse pouco estará garantido. Nas últimas décadas, há um claro fechamento do espaço de funcionamento do Estado democrático liberal, processo que se agravou a partir da mais recente crise do capitalismo global, desencadeada em 2008 e ainda em curso. Talvez – como o triste Brasil em que vivemos nos leva a pensar – precisemos exatamente de uma democracia mais exigente, mais inclusiva, mais igualitária. Talvez seja ela, e não a democracia minimalista e autolimitada de Sartori, a mais capaz de resistir às intempéries.
(Intervenção na mesa “Homenagem a Giovanni Sartori”, coordenada por Silvana Krause e ocorrida, na última terça-feira, no 41º Encontro Anual da Anpocs, em Caxambu.)
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alvaromatias1000 · 5 years
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Federalismo da Cidadania contra Neoliberalismo Neofacista
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Há muitos anos, li em um jornal e anotei: “o ato de viver é dispersivo, a experiência humana é diluída, as mais diferentes emoções e os mais diferentes sentimentos se acumulam. Mas, em bons livros, é possível ler uma interpretação do mundo e captar uma parcela da realidade refletida em si. Quando isso acontece, é uma revelação”.
Se alguém descobre a possibilidade de estar se dizendo em um texto lido e trocar esse conhecimento revelador de seu pensamento com outras pessoas, vai entender o livro ser também um modo como alguém se apresenta ou compartilha sua visão de mundo. Por isso, nos surpreendemos e nos identificamos com certos autores capazes de escrever organizadamente sobre o que estamos pensando de maneira muitas vezes inconscientemente desalinhavada.
A leitura é uma grande re-evolução para uma pessoa testar suas ideias, descartar as falseadas e evoluir criativamente. A mistura de ideias ou a aplicação de métodos de análise de uma área de conhecimento em outra estimula a criatividade.
Uma vida com significado exige nos contarmos histórias sobre nós mesmos a nós mesmos. É necessária a permanente criação-destruição-recriação de uma narrativa pessoal a partir dos eventos da nossa vida para trazer luz e entender como nos tornamos quem somos, compartilhar as experiências vivenciadas… e controlar nosso ego.
A análise contínua da nossa evolução deve contemplar tanto o plano pessoal quanto o plano social. Quem sou eu? Se sou… quantos sou? Quantas pessoas pensam como eu a respeito de nossa Sociedade? Poderemos fazer ações coletivas, isto é, Política, para a redirecionar? A Comunidade não deve submeter O Estado e O Mercado aos direitos da cidadania – e não o contrário: permitir ambos se desincrustarem da Sociedade?
Reginaldo Moraes, professor recém-falecido do IFCH-UNICAMP, teve uma vida com sentido exemplar. Deixou-nos um legado intelectual capaz de propiciar uma releitura esclarecedora ou, se quiser, iluminista. Foi capaz de iluminar um aspecto essencial da realidade brasileira contemporânea antes obscurecida, pelo menos na minha modesta mente: a importância dos governos locais como barreiras ao obscurantismo populista de direita em alternâncias pendulares de poder. Eles podem (e devem) colocar obstáculos à destruição cultural, social e econômica de governo central em certas fases.
Em coautoria com Maitá de Paula e Silva, mestre em Ciência Política pela UNICAMP, Regis publicou O peso do Estado na Pátria do Mercado (Editora Unesp; 2013: 83 páginas). Demonstraram ter havido duas fases no ativismo estatal norte-americano, abrindo caminho para o desenvolvimento do país no século XIX. Na primeira dessas fases, o protagonismo coube ao governo estadual, na segunda, ao governo municipal.
Falar de “Estado” e de “ação estatal” nos Estados Unidos envolve uma compreensão do caráter bastante específico da organização do federalismo naquele país. Houve muita relevância dos Estados federados e dos governos municipais em especial na regulação dos atos econômicos referentes às manufaturas, aos bancos e ao comércio, entre outras atividades. Sem eles não haveria como explicar o imenso mercado interno e a máquina produtiva capaz de superar, já no fim do século XIX, os rivais europeus (Inglaterra, Alemanha, França, etc.) somados.
A tese de doutoramento O Departamento de Guerra e o Desenvolvimento Econômico Americano: 1776-1860, defendida por Nicholas Miller Trebat, no IE-UFRJ, analisa o papel das forças armadas no desenvolvimento econômico dos Estados Unidos da Guerra de Independência norte-americana (1776 – 1783) ao início da Guerra de Secessão (1861-1865). A atuação do Departamento de Guerra no processo expansivo nos EUA intensificou especialmente após a Guerra Anglo-Americana de 1812-1815.
O federalismo estadunidense deixava para a União se responsabilizar pela missão militar, cuidando os governos locais (estaduais e municipais) da infraestrutura e da educação. A participação dos gastos militares nos gastos primários totais do governo federal ficou em torno da média de 70%, entre 1792 a 1860, alcançando níveis excepcionalmente elevados acima de 90% em períodos de guerra.
O exército dos Estados Unidos exerceu três funções principais para expansão das fronteiras de colonização: proteção aos povoados de brancos, intimidação e genocídio de tribos de nativos “rebeldes”, e coordenação de atividades de guerra e conquista. É um mito-fundador a descrição liberal e individualista da colonização das regiões a oeste dos Apalaches como um processo liderado apenas por colonos euro-americanos.
Essa mitificação ignora o esforço do Departamento de Guerra para domar o “oeste selvagem”. Foi o exército, fundamentalmente, e não os acordos diplomáticos com as potências europeias, realizados a posteriori, o que viabilizou a expansão territorial no Meio-Oeste e nas regiões interioranas de Geórgia, Alabama e Mississippi.
O Estado bélico norte-americano expropriou e reservou para a União a maior parte dos territórios indígenas do Oeste. Nasceu assim o “domínio público”, colocando milhões de acres de terras em posse do governo federal, à medida que as aquisições e anexações aumentavam o território do país da costa Leste à costa Oeste.
No Brasil, pela Lei de Terras (1850) da Monarquia Absolutista, só poderia ter terra quem as comprasse e legalizasse as áreas nos cartórios mediante o pagamento de taxa à Coroa. Nos Estados Unidos, a Lei da Colonização (1862) garantia somente ter direito à propriedade da terra quem nela morasse e trabalhasse.
A política fundiária com o reconhecimento de direitos de usucapião e crédito facilitou a compra de terra por pequenos proprietários. O Homestead Act, promovido pelo presidente Lincoln, durante a Guerra de Secessão (1861-1865), cedeu terra pública a milhões de famílias dispostas a lavrar a terra. Além de privatizar e/ou doar terra, o governo federal alocou outras partes do domínio público aos estados e a empresas privadas para fins específicos como educação, mineração, e a construção de ferrovias.
Essa política de terras e a política e imigração foi responsável por levar aos EUA cerca de 60% dos imigrantes europeus entre 1800 e 1914, pela distribuição de pequenos lotes de terras e pela formação de grande mercado interno com a riqueza mais bem distribuída. O Brasil recebeu aproximadamente dez vezes menos imigrantes, se comparado aos EUA no mesmo período, porque manteve a concentração latifundiária. Resultado: seu mercado interno é menor de ¼ do norte-americano.
Nos EUA, o governo federal cedia as terras às ferrovias ou as vendiam a baixo custo, para americanos e imigrantes alargarem as fronteiras econômicas do país. As estradas de ferro uniam as zonas de agropecuária do Oeste aos mercados consumidores do Leste. A operação das empresas ferroviárias – algumas das maiores empresas do mundo até então – requeria financiamentos maciços. Deu margem ao surgimento dos bancos de investimento, bem como à centralização e institucionalização do mercado de capitais, com lançamento de ações na Bolsa de Nova York. Pequenos burgueses, proprietários de terras e negócios próprios, se associavam aos grandes “barões-ladrões” dos trustes e carteis por meio de compra-e-venda das ações no mercado secundário.
Tratou-se de um movimento histórico tão específico a ponto de o tornar um caso único, dificilmente repetível. É, portanto, inapropriado o tomar como modelo a ser copiado sem adaptação como é o desejo do atual tzar do ministério da Economia no Brasil.
Outra lição aprendida com leitura: de acordo com o liberalismo da esquerda norte-americana, o governo da comunidade local age como um escudo contra as políticas do governo federal, durante uma alternância de poder, quando o pêndulo vai mais para o lado de uma pauta retrógada.  Ele protege as minorias contra uma possível tirania da maioria dos eleitores, dotados de costumes conservadores, com desejo de os impor aos outros. Serve de anteparo contra o poder federal a ameaçar os cidadãos não aliados.
Por exemplo, no Brasil atual, há o pool (ou consórcio) progressista formado por governadores do Nordeste. No entanto, falta-lhes instrumentos de intervenção econômica significativa. Boa parte deles foram extraídos na primeira onda de “privataria”: a tucana dos anos 90s. Foi quando os bancos estaduais lhes foram expropriados em nome da negociação da dívida pública. Hoje, fazem falta para maior autonomia dos Estados federativos frente ao centralismo do orçamento da União.
Finalmente, outra “luz” recebida recentemente através de leitura: o neoliberalismo tem uma atitude dupla em relação ao Estado. No nível exotérico, quanto a uma doutrina passível de ser ensinada ao grande público e não somente a um grupo seleto de pessoas, a propagação da ideologia populista de direita afirma o Estado necessita ser desprezado. Porém, no nível esotérico, isto é, quando a doutrina é destinada a discípulos particularmente nomeados, para aprofundamento da estratégia real, o Estado deve ser ocupado (“aparelhado”) e instrumentalizado para abrir espaço aos negócios particulares da rede de relacionamentos dos nomeados.
Daí o aparente paradoxo: o neoliberalismo enfraqueceu o federalismo brasileiro ao centralizar poder na União. Uma frente ampla progressista necessita se aliar para conquistar governos locais (municipais e estaduais) e barrar o neofascismo miliciano aliado ao neoliberalismo econômico atualmente ocupante do governo central.
Publicado originalmente em:
Federalismo da Cidadania contra Neoliberalismo Neofascista, por Fernando Nogueira da Costa
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  Federalismo da Cidadania contra Neoliberalismo Neofacista publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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convergentes-blog · 5 years
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SoFrida, mas não me Khalo
Calma, kiridos! Nada de se fazer de vítima com esse título! A ideia hoje é falar de arte e vida. E como não citar essa artista incrível que viveu e morreu inspirando pessoas? O trocadilho com o nome da pintora mexicana é usado amplamente hoje e é com ele que vamos começar a falar sobre arte, tecnologias de comunicação e ativismo. 
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Lá na década de 1930, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón não poderia imaginar que o poder dos seus auto-retratos, dos seus posicionamentos sociais e políticos e de sua luta pela vida - boêmia e breve, é verdade - iriam influenciar pessoas em Sergipe, Brasil, distante quase sete mil quilômetros da pátria amada do Chaves e sua turma. A arte da mexicana ecoou em mim através da música. Ao ouvir Adriana Calcanhoto dizer “Cores de Frida Khalo” fui em busca dessa paleta que trouxe para uma adolescente um despertar. Ai que poético! Mas vamos ao que interessa…
O conhecimento dessa expressão artística chegou primeiro para mim, pela música. Mas hoje, um adolescente pode ter acesso à Frida Kahlo muito mais rapidamente: 
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Ao ver a figura excêntrica a pessoa pode ter a curiosidade de saber quem é e     ver que a pintura original não é bem aquela….
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E aí chegamos ao nosso tema de fato: A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica.  Walter Benjamin falou sobre isso de forma detalhada: da reprodução como exercício, para reprodução em massa, que modifica a relação do indivíduo com a arte. Isso fazendo um recorte apenas na pintura, que foi com que iniciamos essa conversa.
A evolução dos meios permitiu que a arte passasse a ser reproduzida em larga escala. E isso, para Benjamin destrói a aura do objeto artístico. Lá vem o golpe…o que seria aura, minha gente? Tempo na telaaaaaa
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A aura seria “uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja.” Ou seja…a nossa mania atua de nos aproximarmos da arte, querer ter uma imitação, ter aquela coisa tão diferente, disponível aos nossos sentidos quando e quanto desejarmos, faz a obra perder as características que a faz especial. Exemplo: o último quadro da Frida, ‘Viva la vida’ exposto na casa-museu dela e a réplica dele em canecas. Uma das peças mais vendidas do lugar.
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Passeando sobre temas como fotografia, valor de eternidade, cinema, cinegrafistas e pintores, Benjamin parece prever onde a sociedade chegaria. O culto da reprodução como forma de reafirmação social desenfreada. E mais: o cinema, a necessidade de ser filmado, é na verdade a tomada de consciência de que todos nós vivemos histórias dignas de serem contatas. O cinema é a casualidade da vida, é o fato com pinceladas de glamour. Veja só: a história de uma família contado sob a ótica da babá é um exemplo disso e também exemplificado pela mente de outro mexicano brilhante. Sugiro que vocês assistam Roma, do Alfonso Cuarón. 
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Tô gostando desse debate…agora vamos fazer um embate pra ficar mais divertido. 
Filme x Pintura
Porque vocês acham que entender/ler/apreciar um quadro ainda é tão mais complexo que ver um filme?  O texto de Walter Benjamin responde: quando vemos um filme, nos sentimos íntimos daquele tipo de arte, porque vemos reproduzidas na tela ações que realizamos ou vemos alguém realizar. É a tal proximidade. Já um quadro…Santa mãe de Deus! Se me dão tela e pincel é capaz de sair um grande nada!
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Esse é o pulo do gato. Por mais que a reprodução e adaptação exista freneticamente, ainda temos uma certa relação especial com os quadros e peças artísticas. Por mais que existam mil e uma versões da Gioconda, a fila para ver um quadro minúsculo é bem maiúscula.
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 Com esse conhecimento em nosso arquivo mental, vamos a uma segunda discussão: a arte como ferramenta de ativismo nas práticas políticas contemporâneas. Grafite, reproduções de figuras já conhecidas, memes. Muitos memes. Esses instrumentos visuais usados no ativismo no Brasil são fortes nas ruas - em protestos silenciosos ou coordenados - e mais fortes ainda no ciberespaço.
Dentro dessa observação, a pesquisa que lemos no artigo do professor Fernando do Nascimento Gonçalves mostra realidades diferentes de como funciona o ativismo aqui e na França. Nessa comparação - no país europeu percebe-se a arte em todas as esferas comunicativas como mobilização em bloco - o Brasil tem a arte no ativismo social vinculada ao artista. Posicionamento de figuras publicas tendem a ser mais impactantes que o produto dele em si. 
A repercussão disso em salas de aula de ensinos médio e superior é inevitável. A formação de caráter de adolescentes está nos exemplos. E muitos deles seguem artistas e sua arte como forma de expressão e reflexão do mundo em que estão inseridos ou que desejam estar. A vida imitando a arte e a arte imitando a vida. 
Eita nós! Que complexo emaranhado nos envolvemos essa semana! A cabeça fervilha, mas o fim é necessário. O que vocês pensam sobre tudo isso? Muito caos para pouca explicação? Se quiser conversar, a gente tá pronto pra te ouvir ler. Manda um email para o [email protected]. E como uma musiquinha sempre cai bem…vamos finalizar com Adriana Calcanhoto lendo a vida. Até logo!!!!
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Socialismo ‘millennial’ nos EUA
 Uma das maiores fraturas políticas atuais, junto com a urbana/rural, é a de gerações. E, mais do que em outros lugares, isto se torna visível no mundo anglo-saxão. Se fossem apurados unicamente os votos dos menores de 25 anos nas últimas eleições legislativas britânicas, o Partido Conservador não teria obtido nem um só assento na Câmara dos Comuns. O voto dos jovens, que já tinha sido majoritariamente contrário ao Brexit, foi em massa para o Partido Trabalhista, que vinha se reaproximando das suas bases pelas mãos do imprevisível líder Jeremy Corbyn. Nas eleições de 2017, soube cortejar com acerto as ânsias de ascensão social frustradas pela crise econômica.
Apesar de suas muitas diferenças, nos Estados Unidos encontramos uma tendência parecida. E aqui o mais relevante é observar como os millennials, a geração nascida entre 1981 e 1996, conseguiram romper o tabu do qualificativo de “socialista” nesse país. Uma pesquisa do Gallup mostra que 51% dos jovens têm uma visão positiva do socialismo.
Esse último dado aparece em um amplo artigo da The Economist – destacado já na sua capa – em que se aprecia certa perplexidade quanto ao fenômeno. O semanário britânico chama a atenção para a “ingenuidade” de muitas dessas posições no que se refere ao seu conhecimento sobre a realidade da economia e a política fiscal, mas é compreensivo com tais atitudes, dada a desigualdade galopante, a assimetria na oferta de oportunidades e os problemas ambientais. No meu entender, entretanto, a condescendência crítica da publicação em relação às possíveis soluções políticas que o novo socialismo norte-americano oferece erra o alvo. Ainda estamos longe de saber se ele tem algum tipo de “programa”, ou se responde mais a elementos expressivos que a outra coisa. A grande pergunta a fazer não é se existe uma nova sensibilidade esquerdista entre os jovens – algo que parece confirmado –, e sim em que se concretizará.
Deixemos agora de lado o que possa ocorrer em outros países democráticos, sujeitos também em parte à mesma dinâmica, e nos concentremos no fenômeno tal como se apresenta nos Estados Unidos, porque é justamente aí que encontramos seus traços mais interessantes. É preciso pensar que se trata do único país desenvolvido onde nunca existiu uma tradição socialista propriamente dita, e onde o esquerdismo se aglutinava em torno do difuso qualificativo de “liberal”, mais ou menos equivalente ao nosso “progressista”. Quem ia além e defendia uma maior ruptura com o status quo era tachado de “radical”, sem maior especificação. O fato de atualmente se recorrer a outro epíteto, “socialista” ou “democrata-socialista”, como gostam de se descrever personagens como a jovem congressista Alexandria Ocasio-Cortez, é, portanto, algo mais que uma curiosidade. Expressa uma tentativa de explorar novos territórios de ação política, não se filiar pura e simplesmente ao socialismo histórico de estirpe marxista.
Aqui é onde se deve buscar sua originalidade, isso de dar as costas ao esquerdismo norte-americano tradicional – ou ao europeu – e tentar abrir outros caminhos. Quais são eles é a grande questão. E não há uma resposta simples. Entre outras coisas, porque tampouco está construindo um relato propriamente dito ao qual possa atrelar uma práxis política. Constrói das ruínas do frustrado projeto de Obama ou o do próprio Bernie Sanders, que voltará a tentar a sorte nas primárias do Partido Democrata. Mas tampouco se ergue do nada. O movimento Occupy Wall Street deixou atrás de si uma pletora de novas publicações, sites e comunidades de ativistas na rede que continuam em funcionamento, fazendo barulho e ocupando boa parte do espaço público.
A única certeza é que o socialismo norte-americano compartilha as três premissas fundamentais da esquerda do Partido Democrata: a) uma crítica sem paliativos à desigualdade social criada pela economia neoliberal e pelas medidas fiscais dos últimos anos em favor dos que mais têm; b) a acusação aos hiper-ricos e às grandes empresas de ter descuidado das suas obrigações comunitárias e transformado seu enorme poder econômico em contínuos privilégios políticos; e c) a exigência de subverter este estado de coisas com programas sociais expansivos que vão muito além do direito a uma saúde universal. Se parassem por aqui, entretanto, os socialistas millennials seriam identificados apenas como uma ala social-democrata desse partido. Mas seus objetivos parecem mais amplos.
•        O fato diferencial
Para a maioria dos que se sentem identificados com esse rótulo, a semântica do que é “socialismo” não se deixa reduzir exclusivamente à dimensão convencional. David Graeber, um anarquista convicto, autor do livro Bullshit Jobs, ao ser perguntado pelo que significa para ele este socialismo millennial, deixou bem claro: “Eu o compararia ao que ocorreu com o feminismo e o abolicionismo na sua época. Trata-se de alterar as percepções morais das pessoas”. Por isso, não pode deixar de lado as questões identitárias: “Socialismo é feminismo, socialismo é antirracismo, socialismo é LGTBI”. Recordemos que foi nesta necessidade de teimar no identitário e na diversidade – as questões divisoras por antonomásia – que intelectuais como Mark Lilla viram a explicação para o triunfo de Trump. A outra identidade, a branca, sentiu-se também interpelada e, no final, deu no que deu.
O socialismo millennial, seguindo o caminho esboçado por políticos como Sanders e movimentos como o Occupy, voltou para politizar a desigualdade, que já não é mais vista como uma externalidade inevitável. Além disso, os jovens norte-americanos vivem cotidianamente o endividamento decorrente das caras tarifas universitárias e o pagamento dos planos de saúde. Para atingir o objetivo é preciso mirar nas grandes fortunas, às quais Ocasio, por exemplo, gostaria de impor uma alíquota fiscal de 70%. Aqui a classe média, cujos salários mal se moveram em termos relativos nas últimas quatro décadas, também deveria ser parte da coalizão. A opressão não se articula só a partir de critérios econômicos: abandonar em seu nome a luta pelo reconhecimento de determinadas minorias fica totalmente excluído.
Hoje haveria, além disso, novos desafios que hipotecam nosso futuro e exigem uma ação política imediata. O mais urgente é, certamente, a mudança climática. O Green New Deal seria o instrumento para isso. Não resta alternativa senão reestruturar a economia para alcançar dois fins ao mesmo tempo: eliminar as emissões de gases do efeito estufa e aproveitar esse impulso de reorganização das políticas econômicas para criar uma maior prosperidade para todos, uma nova redistribuição dos recursos. E há também os novos desafios sobre o emprego derivados da robotização e da aplicação maciça da inteligência artificial. Em contraste indubitável com a sensibilidade norte-americana majoritária, falar de algo como uma renda básica de reinserção deixou de ser tabu. Se muitos jovens caem rendidos perante esta nova forma de “socialismo”, isto se deve em grande parte a que as questões e os desafios do futuro encontraram finalmente um espaço na agenda da política cotidiana.
•        Teoria e prática
A experiência acumulada de todo o esquerdismo mostra que o mundo real não se deixa impressionar por quem trata de questioná-lo. Devem passar para o primeiro plano as disputas relativas ao “que fazer?”, e a estratégia necessária para traduzir os objetivos em políticas efetivas. E é aqui que o socialismo millennial se encontra com os maiores problemas. Porque, de um lado, não pode prescindir – carrega-o em seu DNA geracional – da criatividade e da espontaneidade que as redes permitem. Mas, por outro, como se viu com o próprio Occupy, sem uma conexão efetiva com as instituições da democracia formal tudo pode ficar afinal reduzido a meros fogos de artifício. Sem se incorporar às instituições não há mudança, mas ficar encaixado em suas dinâmicas, Obama que nos desculpe, nos condena à frustração.
Mas por enquanto não se veem como caminhos excludentes, e jogam em ambas as dimensões. E com bastante êxito. Ocasio volta a ser um exemplo interessante porque conseguiu que sua presença no Congresso monopolizasse todos os olhares. Não por acaso, transmite os detalhes do que ali ocorre através de suas contas do Twitter e Instagram, aproximando do grande público os detalhes da vida parlamentar, até agora opacos. Ao mesmo tempo, isso não a impede de mostrar um profissionalismo irrepreensível, como se viu no seu rigoroso interrogatório do ex-advogado de Trump Michael Cohen.
O desafio para este novo autoproclamado socialismo está em transferir a essas mesmas instituições as energias democráticas que se encontram no seu ativismo de base. O projeto tem e terá sentido na medida em que puder se articular em torno de uma matriz de organizações locais, debate on-line, diferentes fórmulas de ativismo ou experimentos que conectem a auto-organização de grupos com os fins públicos, algo assim como a criação de companhias tipo Uber ou Airbnb de propriedade social, dos quais nos fala Graeber. Resta muito por fazer, mas que a The Economist ande preocupada mostra claramente que se trata de algo além de um mero impulso utópico.
 Ø  Revolução de Bernie Sanders continua viva quatro anos depois nos EUA
 Quando fez sua primeira tentativa de chegar à Casa Branca, em abril de 2015, Bernie Sanders era uma extravagância. Um senador independente, autodeclarado socialista em um país que associava o termo ao comunismo, desafiava a perfeita candidata de manual, Hillary Clinton. Com o passar dos meses, o veterano esquerdista começou a reunir multidões nos comícios. Aos gritos de uma “revolução política”, estava se transformando em um imã aos jovens e seu sucesso ganhou tamanha envergadura que obrigou a campanha democrata a virar à esquerda.
Perdeu as primárias para Clinton, mas mudou o cenário. Ou, melhor, demonstrou que o cenário havia mudado. Quatro anos depois, Sanders volta a se candidatar para derrotar Donald Trump em 2020. Agora tem 77 anos, sua mensagem já não é tão heterodoxa e enfrenta uma dúzia de pretendentes, alguns tão progressistas quanto ele. O velho político de Vermont, entretanto, mantém sua auréola.
Entre os eleitores de 18 a 34 anos, independentemente de seu gênero e inclinações políticas, Sanders tinha 57% de popularidade em dezembro, de acordo com a pesquisa da Quinnipiac University. Sua porcentagem de apoio fica a anos luz dos 30% nessa mesma pesquisa da senadora por Massachusetts Elizabeth Warren, que também se lançou à corrida e representou durante anos a grande referência da ala esquerda do Partido Democrata. Sanders é, graças também ao fato de ser mais conhecido, o segundo concorrente melhor avaliado pelos millenials, superado somente pelo ex-vice-presidente Joe Biden, moderado.
“Muitos eleitores norte-americanos, mas os jovens especialmente, estão descontentes com a política no país e querem um candidato que lhes pareça autêntico”, diz Craig Varoga, estrategista democrata. “Bernie Sanders, ame-o ou o odeie, é autêntico, não esconde no que acreditou ao longo de toda a sua vida adulta. Além disso, muitas de suas ideias, como a saúde garantida e ajudar os jovens a pagar sua formação, têm o apoio de muitos democratas, independentemente do rótulo político que se queira dar a essas posturas”.
O senador por Vermont anunciou que iria se candidatar em 19 de fevereiro e nesse dia já arrecadou 5,9 milhões de dólares (22 milhões de reais), de acordo com sua equipe de campanha, quase 20 vezes mais do que Warren em seu primeiro dia e quatro vezes mais do que a senadora californiana Kamala Harris.
Em seis dias, de acordo com os dados publicados pelo The New York Times, ele já possuía 10 milhões de dólares (38 milhões de reais) recebidos de 359.914 doadores cuja idade ronda os 30 anos. O dinheiro, entretanto, nem sempre é a questão principal, como bem mostra o caso de Hillary Clinton e sua derrota nas eleições presidenciais de 2016.
As primárias democratas decidirão se a batalha para derrotar Donald Trump será realizada com uma mensagem mais ou menos inclinada à esquerda. Mas o fato de que os dois pretendentes mais queridos pelos millenials tenham 77 e 76 anos —Sanders, com uma derrota importante às costas, e Biden, com uma vice-presidência— evidencia que para seduzi-los não é preciso necessariamente ser jovem, nem mesmo novo.
 Ø  Trump prepara outra batalha no Congresso pelo muro na fronteira
 A luta de Donald Trump para construir um muro na fronteira com o México entra em um novo round nesta semana. O presidente dos Estados Unidos deve solicitar ao Congresso uma verba de 8,6 bilhões de dólares no Orçamento federal de 2020 para financiar o polêmico projeto, conforme anteciparam vários meios de comunicação norte-americanos neste domingo e confirmou o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, numa entrevista ao canal Fox.
O muro no México contrapõe Trump não só aos democratas como também aos legisladores do seu próprio partido, o Republicano, e levou em dezembro passado à paralisação administrativa mais longa da história dos EUA, devido à falta de acordo sobre o Orçamento. O mandatário republicano solicitava 7,5 bilhões de dólares (29 bilhões de reais) para construir uma parte do muro e, em 14 de fevereiro, o Congresso aprovou, com o apoio de uma ampla maioria bipartidária, um acordo orçamentário que reservava apenas 1,38 bilhão para “cercas” e “barreiras”. Trump se absteve de vetar a emenda, o que teria levado a uma nova paralisação do Governo, mas no dia seguinte declarou estado de emergência nacional, mecanismo com o qual pode prescindir do aval parlamentar para redirecionar recursos previamente aprovados para outros fins —a declaração, entretanto, pode ser derrubada pelo Congresso.
A nova solicitação de Trump ao Congresso pode ser formalizada já nesta segunda-feira. Segundo o The Washington Post, o presidente quer destinar cinco bilhões de dólares (19,3 bilhões de reais) do Orçamento do Departamento de Segurança Interna e 3,6 bilhões da Defesa. Mas, como a Câmara de Representantes está controlada desde janeiro pelos democratas, vencedores da eleição legislativa de novembro, os projetos orçamentários concebidos pelo republicano têm poucas perspectivas de avançar. Inclusive sua declaração de emergência nacional, que já foi derrubada pelos deputados, também poderia ser anulada pelo Senado, porque uma resolução para isso conta também com o apoio de vários legisladores republicanos, majoritários na Câmara Alta.
Questionado pela Fox News sobre a nova solicitação ao Congresso, Larry Kudlow respondeu: "Suponho que haverá". "Trump seguirá em frente com seu muro. Ele vai insistir com a segurança fronteiriça. Acredito que seja essencial", acrescentou.
Os líderes democratas em Washington emitiram um comunicado conjunto para antecipar seu rechaço. "O presidente Trump prejudicou oito milhões de norte-americanos [os funcionários federais afetados] quando decidiu fechar o Governo de forma imprudente, a fim de obter seu custoso e ineficaz muro, que, conforme tinha prometido, seria pago pelo México", recordaram a presidenta da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.
 Fonte: El País
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