#Chá para memória
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⌗ㆍノSTORMY NIGHT ❛𖹭⛈❛
(PT-BR)
𖹭 nota: eu sou defensora da tese "se ex fosse bom, não era ex", mas como se trata do enzo, eu estou aberta a diálogos e debates.
𖹭 sinopse: ter fobia de trovões pode soar bobo quando estamos falando de uma mulher adulta, mas seu ex namorado nunca invalidou sua fobia, e a prova disso foi aparecer na porta do seu apartamento numa noite de tempestade para te colocar para dormir.
𖹭 avisos: palavras de baixo calão, dirty talk, sexo explícito, sexo bruto, sexo sem camisinha (usem plmds), oral (fem!receiving), creampie, enzo x fem!reader.
𝐇𝐀𝐕𝐈𝐀 𝐂𝐇𝐄𝐆𝐀𝐃𝐎 ao apartamento exausta, cada músculo do corpo implorando por descanso após um plantão de quase 30 horas no hospital — ser enfermeira às vezes era mais difícil do que parecia. Ao abrir a porta, foi recebida pelo silêncio reconfortante de seu lar. Mas a previsão do tempo ainda estava bem clara em seus pensamentos: a noite seria tempestuosa.
Largou a bolsa no chão, sentindo as pernas trêmulas de cansaço e ansiedade. Suas mãos suavam, e o coração começou a bater mais rápido ao pensar nos trovões que estavam por vir. A fobia que tentava manter sob controle agora ameaçava dominá-la.
Você respirou fundo, tentando se acalmar. A ideia de enfrentar uma tempestade sozinha, no escuro da noite, parecia insuportável. A sensação de vulnerabilidade crescia, e você se dirigiu automaticamente para o pequeno armário onde guardava os remédios para ansiedade. Pegou um comprimido e engoliu com água, esperando que ajudasse a acalmar seus nervos.
Sentou-se no sofá, abraçando uma almofada como se fosse um escudo contra o medo lascívo. O primeiro som distante de um trovão fez seus ombros se encolherem, e apertou os olhos, tentando afastar a imagem dos relâmpagos iluminando o céu, mesmo que fosse completamente visível pela grande janela do apartamento, que estava sem persianas.
O cansaço e o medo se misturavam, deixando-a à beira das lágrimas. Sabia que precisava descansar, mas a ansiedade não a deixava relaxar. Pegou seu telefone, pensando em ligar para alguém, mas desistiu.
Não queria incomodar ninguém com seus medos.
Decidiu então tomar um banho quente, na esperança de que a água ajudasse a aliviar. Enquanto a água escorria sobre seu corpo, o som dos trovões ficava mais alto, reverberando pelo apartamento. Cada estrondo fazia seu coração pular, e se segurava nos azulejos, tentando manter o controle.
A chuva ainda não caía, mas sabia que seria potente quando viesse. O problema não eram as lágrimas da natureza que molhavam a Terra, e sim as lamúrias que vinham acompanhadas de suas lágrimas — os terríveis trovões.
Saiu do banho e vestiu um pijama confortável, um babydoll de seda rosa claro, além de passar seu hidratante corporal, tentando se distrair com o aroma.
Pensava em como poderia se distrair para pegar no sono naquela noite tempestuosa. Talvez um chá quente, um livro ou um filme reconfortante. No entanto, antes que pudesse decidir, seu celular tocou, o som penetrando o silêncio tenso do ambiente. Pegou o celular e seu coração deu um salto quando viu o nome na tela: Enzo. Fazia seis meses desde que haviam terminado, seis meses de silêncio doloroso.
Atendeu hesitante.
— Alô…? — a voz estava meio trêmula.
— Você está bem? — veio a voz dele, um tanto fria, mas carregada de uma preocupação disfarçada.
Ficou em choque. As emoções que pensava ter enterrado vieram à tona com uma intensidade esmagadora. A voz de Enzo trouxe de volta memórias de tempos melhores, e a preocupação dele por você, mesmo após tanto tempo, a comoveu profundamente.
— Enzo... eu estou... está difícil — respondeu, a vulnerabilidade escorrendo por suas palavras. — A tempestade... você sabe como eu fico.
Ele suspirou do outro lado da linha, e pôde imaginar a expressão séria em seu rosto.
— Eu sei. Foi por isso que liguei. Queria saber se você estava bem.
O som dos trovões parecia mais distante com a voz dele preenchendo o vazio em seu peito. Mas então, de repente, a ligação foi interrompida, e o silêncio no telefone era ensurdecedor.
— Enzo? Você está aí? — chamou, mas não houve resposta.
O pânico começou a subir novamente, misturado com a frustração da interrupção repentina. Você olhou para o telefone, tentando decidir se deveria ligar de volta ou esperar.
Minutos se passaram, e se sentia ainda mais perdida. A chuva continuava a cair, e os trovões ecoavam ao longe. O som do interfone quebrou seus pensamentos. Confusa, você atendeu.
— Senhora S/N, o senhor Enzo está aqui embaixo. Ele pediu para subir. Posso deixá-lo ir? — a voz do porteiro soou clara e inesperada.
Você ficou paralisada por um momento, tentando processar o que acabara de ouvir. Enzo? Aqui? Como isso era possível? Por qual razão?
— S-Sim! C-Claro! Pode deixar ele subir! — respondeu, ainda atordoada.
Colocou o interfone no gancho e esperou, sentindo a ansiedade aumentar a cada segundo. Você morava no sétimo andar, então ele demoraria um pouco no elevador.
A campainha do seu apartamento tocou, e você rapidamente foi atender a porta. Lá estava seu ex — e que belíssimo ex —, usando uma jaqueta de tonalidade caramelo, com algumas gotas de chuva e os cabelos escuros e sedosos na mesma situação; um pouco molhados.
— Enzo… — sussurrou, com a voz embargada de emoção.
— Eu não podia simplesmente ouvir sua voz e não fazer nada… — ele avançou, com alguns passos para dentro do apartamento.
Fazia tanto tempo que não tinha uma tempestade no Uruguai? Provavelmente, sim.
Você sentiu as lágrimas escorrerem por sua face suavemente, mas não era só o medo ou a tristeza, também a alegria de vê-lo. Sem pensar, correu para ele, abraçando-o forte. O toque dele era quente e reconfortante, dissipando um pouco do frio que a tempestade havia trazido.
— Eu não sabia se você viria — disse, com a voz abafada contra o peito dele.
— Eu sempre virei, nena. Sempre que você precisar — ele respondeu, segurando-a firme.
Enzo fechou a porta suavemente atrás de si. A presença dele transformou o ambiente, trazendo um conforto e uma segurança que você não sentia há meses. O uruguaio tirou a jaqueta molhada da chuva e a colocou cuidadosamente sobre uma cadeira na cozinha.
— Eu vim aqui para ajudar você a dormir — ele disse suavemente, com seus olhos encontrando os dele com uma firmeza carinhosa. — Sei que você sempre pega os plantões de segunda, e deve estar exausta. Mas a tempestade não vai deixar você descansar, por mais cansada que esteja.
Sentiu um nó na garganta, emocionada pela consideração dele, então apenas assentiu, sentindo um alívio e uma gratidão profundos. Enzo estendeu a mão, pegando a sua gentilmente.
— Vamos para o quarto — ele sugeriu.
No quarto, a luz suave da luminária de cabeceira lançava um brilho acolhedor sobre os lençóis. O mais velho se deitou na cama, fazendo um gesto para que você se juntasse a ele. Com um suspiro aliviado, se acomodou ao lado dele, deixando-se ser puxada para o peito dele. Ele a abraçou firmemente, mas com uma gentileza infinita.
Com uma das mãos, começou a fazer cafuné em seus cabelos, seus dedos deslizando pelos fios macios. O toque era reconfortante, e você nunca iria negar que sentiu uma saudade absurda disso, pois ele era uma das poucas pessoas que você se sentia extremamente confortável para se entregar em diversas ocasiões. Você fechou os olhos, sentindo o perfume amadeirado de Enzo envolvê-la, um aroma familiar que a fez se sentir segura e amada.
Puta merda, como tinha sentido saudade disso.
— Você precisa descansar. Eu vou estar aqui quando acordar.
A voz dele nunca soou tão tranquilizadora como havia soado agora.
O som da chuva continuava a cair lá fora, mas ao lado de Enzo, o medo que antes a consumia começou a desaparecer. Cada batida do coração dele, forte e constante contra seus ouvidos, era como uma melodia calmante que a deixava extremamente tranquila.
A tensão em seus músculos começou a se dissipar, e o cansaço finalmente a dominou. Sentindo o calor do corpo dele e a suavidade de suas carícias, conseguiu se render ao sono. Pela primeira vez em muito tempo, adormeceu com um sorriso suave nos lábios — sabendo que estava segura nos braços de alguém que provavelmente ainda a amava profundamente.
Naquela noite você finalmente encontrou a paz que tanto almejava.
[...]
Acordou na manhã seguinte, os primeiros raios de luz cinzenta entrando pelas frestas das cortinas. A chuva ainda caía suavemente lá fora, com o som rítmico criando uma sensação de paz. O dia estava frio e melancólico, mas nada comparado à tempestade da noite anterior. Então você se espreguiçou, sentindo os músculos relaxados, e percebeu que a cama estava vazia ao seu lado.
Por um momento, pensou que tudo não passara de um sonho. A presença reconfortante de Enzo, o cafuné em seus cabelos, tudo parecia tão distante e irreal. Mas foi aí que o cheiro de café fresco chegou até suas narinas, nítido e tentador. Curiosa e com uma pontada de esperança, se levantou, seguindo o aroma.
Ao entrar na cozinha, encontrou Enzo de costas em frente ao balcão, servindo café em duas xícaras de porcelana azuis que você tanto amava. Os cabelos castanhos ainda estavam meio bagunçados, entretanto continuavam sendo uma graça.
— Bom dia — ele disse ao ouvir seus passos, e te ouvir bocejar, virando-se para olhar para seu rosto com um sorriso caloroso. — Você dormiu bem?
Sorriu de volta, sentindo um calor confortável se espalhar pelo peito.
— Muito bem, graças a você — respondeu, aproximando-se e pegando uma das xícaras que ele oferecia.
O mais velho inclinou-se e acariciou suavemente seus cabelos, no topo de sua cabeça. Aquilo sempre foi um gesto fofo vindo do uruguaio.
— Eu sabia que precisava de um descanso. Achei que um bom café ajudaria a começar o dia melhor.
Se sentaram à mesa da cozinha, e o vapor do café subiu entre eles. Olhou para Vogrincic, ainda surpresa por ele estar ali, mas sentindo-se cada vez mais à vontade, afinal de contas podia ser seu ex namorado, mas ele não era qualquer homem.
Estavam lado a lado.
— Obrigada por vir ontem — confessou, sinceramente. — Não sei o que teria feito sem você.
Ele deu de ombros, um sorriso brincando em seus lábios.
— Eu sabia que precisava estar aqui. E, honestamente, eu também precisava ver você.
Foi então que percebeu um detalhe enquanto observava ele à mesa: a camisa que ele usava não era a mesma da noite anterior. Era uma camisa antiga, que ele havia deixado para trás após o término, e que você guardava com carinho entre suas coisas.
A visão dele com aquela peça de roupa específica fez seu coração bater mais rápido.
— Essa camisa... — deu o seu melhor para comentar isso no tom mais casual possível.
O moreno olhou para baixo, como se só então percebesse o que estava vestindo.
— Ah, eu... espero que não seja um incômodo. Eu a vi estendida no banheiro e pensei que poderia usar, já que a minha estava encharcada.
Sorriu, sentindo uma ternura inesperada.
— Não é incômodo nenhum, fica bem em você. Afinal de contas, é sua.
Deu um gole do café.
— Você estava usando, não estava?
— Como sabe? — riu baixinho.
— Seu perfume é inconfundível, e ela está extremamente cheirosa.
Ele sorriu de volta, e por um momento, o silêncio foi preenchido apenas pelo som suave da chuva.
— É incrível como você se lembra de coisas tão específicas, sabia? — você mencionou. — Desde o meu perfume, até a forma como eu gosto do meu café.
— Hm — ele deu um gole do conteúdo quente da xícara de porcelana — Por falar em café, você acredita que depois de seis meses, eu ainda não consegui encontrar uma cafeteria que faça um café tão bom quanto o seu? — ele disse, com um tom de exagero cômico.
Você riu, sentindo qualquer mínimo resquício de tensão se desfazer completamente.
— Sério? Eu achava que você só dizia isso para me fazer sentir especial.
— Não, é sério! — ele insistiu, com os olhos castanhos brilhando com diversão. — Um dia, fui a uma cafeteria tão chique que até o cardápio tinha descrições poéticas. Mas o café era tão amargo que eu quase devolvi.
Vogrincic não era lá um grande entusiasta de café, ele nunca foi muito chegado a essa bebida. Mas ele poderia tomar litros e mais litros do seu café sem se enjoar.
Isso te fez rir alto, balançando a cabeça.
— Ah, Enzo, você sempre sabe como me fazer rir.
Um sorriso indiscreto surgiu nos lábios de seu ex namorado.
— É um dos meus talentos secretos. Além disso, alguém precisa manter seu humor em dia.
Concordou com a cabeça, dando razão à essa fala dele, e deu um gole de café, sentindo a bebida quente aquecer seu corpo e sua alma. A chuva que caía lá fora e deslizava pelos vidros era uma mera adição à esse cenário tão casual — cenário esse que jamais imaginou que fosse se encontrar novamente, principalmente com ele — agora só faltavam blues sensuais tocando ao fundo para relembrar os velhos tempos.
— Eu senti falta disso — confessou, olhando para a xícara em suas mãos. — Dessas manhãs tranquilas, só nós dois.
Enzo assentiu, com o olhar compreensivo.
— Eu também senti falta disso, sabia? Talvez a gente possa ter mais manhãs assim.
Seu coração bateu mais forte com essa possibilidade, mas você apenas sorriu, aproveitando o momento presente.
— Por que a gente terminou mesmo? — você tentou se lembrar.
— Sabe que nem eu sei? — ele rebateu com outra resposta. — Não sei onde eu tava com a cabeça quando aceitei terminar com você.
— E por que aceitou?
Ele desviou o olhar por alguns instantes e a cabeça pendeu para trás enquanto ele suspirava pesadamente e processava uma boa resposta para isso.
— Talvez insegurança — devia ser dolorido para ele admitir algo assim. — Eu não conseguia aceitar muito bem a ideia de que eu consegui conquistar você. Uma mulher tão foda assim, com um cara como eu?
— Por favor, não fala assim — segurou a mão dele em cima da mesa de madeira envernizada. — Eu sempre odiei quando você se rebaixava para me elogiar.
— Prometo fazer o meu melhor para não fazer mais isso, corázon — ele pegou sua mão e levou até o próprio rosto, mais especificamente até os próprios lábios, onde ele depositou um beijo demorado e terno em sua pele. — Eu senti tanto a sua falta…
Os beijos do latino iam seguindo uma trilha sutil por sua pele, indo desde o ponto que ele havia beijado inicialmente até chegar em seu antebraço. Um calor estranho percorreu seu corpo, seguindo por sua espinha até parar no meio de suas pernas. Não reprimiu um som abafado que saiu de seus lábios com essas carícias.
Os lábios dele ardiam em sua pele — do melhor jeito possível, como se cada selar fizesse que flores desabrochassem no exato centímetro que ele havia depositado essa carícia tão íntima.
— Amorcito… — chamou-o timidamente.
Sabia o efeito que esse apelido causaria nele, e fez de propósito. Um som baixo como um rosnado entre os dentes foi ouvido.
— Ah, mi amor… — ele disse, com os dentes mordiscando levemente. — Não consigo manter a compostura quando você me chama assim.
— Achei que estávamos conversando para podermos nos entender e chegarmos num consenso sobre a nossa relação a partir de hoje.
Você citou, deixando uma risadinha escapar. Uma risada que era um misto de tesão e ansiedade.
— Depois que eu te fizer gozar pra mim… — ele tinha um tom cafajeste extremamente envolvente entranhado em seu espanhol. — Te garantizo que tus pensamientos serán muy claros…
Sem perder mais tempo, aceitou aquele convite inesperado naquela manhã chuvosa e beijou-o como não beijava há meses. Sentia saudade daqueles lábios sensuais, daquele hálito quente com sabor de hortelã — que agora estava com o sabor chamativo da cafeína. A língua dele deslizava sobre a sua do jeito mais erótico possível, causando estalos baixos que reverberavam pela cozinha e os lábios dele tinham o encaixe perfeito com o seu.
Apesar de estarem num desejo constante de se devorarem na sua cama, o beijo era lento, como se o uruguaio quisesse aproveitar cada mínimo segundo desse deleite esplêndido. As mãos de Enzo foram até suas coxas nuas devido ao tamanho do short do babydoll, e ele aproveitou para segurá-las com força, irradiando o calor de suas palmas. Você por sua vez, decidiu levar suas mãos até a nuca dele, agarrando os cabelos macios e sedosos e apertando um pouco enquanto aprofundava o beijo.
Um beijo repleto de saudade e luxúria.
Ele entendeu isso como um sinal de que podia prosseguir, e imediatamente se levantou, deslizando as mãos para suas nádegas e segurando com uma certa força, para que pudesse te segurar no colo e te carregar até seu quarto. Ele não esbarrava em nada, não precisava sair tateando os arredores — ele conhecia seu apartamento como conhecia seu corpo.
E conhecia bem, muito bem.
O latino a deitou na cama, fazendo você sentir o colchão confortável contra suas costas e ele continuou a beijando, praticamente tomando seu ar enquanto as mãos ágeis deslizavam por seu corpo, fazendo seu interior arder em brasa, como uma fogueira numa floresta fria. Haviam gemidos reprimidos pelos lábios uns dois outros e estalos baixos de um momento altamente erótico. Vogrincic não se conteve e sorriu daquele jeito cafajeste, fazendo você sentir muito bem.
Você já estava ofegante devido ao beijo — por mais que não fosse afoito, era necessitado. E sentiu seu rosto esquentar enquanto os lábios e a língua de Enzo desciam para seu pescoço, saboreando e provocando a pele sensível, causando aquele belo resultado que ele gostava de ver. O corpo dele estava perfeitamente entre suas pernas e o peso dele estava bem disposto nos cotovelos para que ele não te machucasse.
Enquanto beijava seu pescoço, uma mão do mais velho deslizou perigosamente para dentro do short curto de seu babydoll — ele mantinha os dedos em cima do tecido fino de sua calcinha, sentindo sua excitação molhar os dedos dele. Seu corpo teve um espasmo, fazendo-a fechar as pernas contra ele, e ele sorriu em uma satisfação imensa.
— No no. Nada de eso, mi corazón… — ele foi descendo os beijos, até chegar em sua clavícula. — Eu conheço seus pontos fracos. Não adianta se esconder…
Abriu suas pernas novamente, deixando que a mão dele continuasse te estimulando por cima do tecido fino, quase que completamente encharcado.
— Muy bien…
Enquanto uma mão de Enzo estava ocupada no meio de suas pernas, a outra foi subindo rapidamente o tecido macio da camisa de seu babydoll, deixando-a mais exposta e exibindo seus mamilos enrijecidos. Ele juntou os lábios sutilmente e soprou levemente, vendo como você se arrepiava. Ah, sim, óbvio que ele sorriu.
Sem perder mais tempo com aquela tortura, ele decidiu finalmente levar a boca até um de seus seios e matar aquela vontade que o consumia por um bom tempo. Quando sentiu a boca quente dele em sua pele, sentiu-se em um puro êxtase, não controlando um gemido alto de surpresa que escapou por seus lábios. Finalmente ele podia novamente rodear seus mamilos com a língua e sentir como seu corpo quente se arrepiava debaixo dele.
— Amorcito… — gemeu, necessitada.
Enzo praticamente rosnou contra sua pele quente, enquanto permanecia de olhos fechados, saboreando cada mínimo centímetro de você. A mão que estava dentro de seu short continuava em cima de sua calcinha, estimulando seu clitóris com movimentos circulares num ritmo que simplesmente a tirava do sério. Meu Deus, que homem é esse?
Seu coração estava martelando seu peito violentamente com tantos estímulos que estavam sendo recebidos. Ele era um homem habilidoso, Enzo Vogrincic não brincava em serviço, ele sabia muito bem onde tocar você e o que fazer para que você visse estrelas.
Ele já estava com uma ereção nada modesta por baixo daquelas calças desde que estava te beijando, mas seus gemidos estavam deixando a situação dele cada vez mais complicada. Aquelas calças estavam se tornando extremamente apertadas para o uruguaio.
A mão dele parou de te estimular e subiu por sua barriga para poder agarrar a barra de seu short e deslizar para baixo, junto com a calcinha. Agora estava ainda mais exposta do que antes, completamente nua — só faltava tirar aquela camisa fina, que já estava levantada e expunha seus seios.
O moreno foi descendo os lábios por sua pele sensível, deixando beijos em sua barriga, até chegar em seu ventre. Você sentia a respiração quente dele contra sua pele, fazendo com que aquele ardor em seu íntimo se alastrasse a cada segundo; a cada toque. Agora ele finalmente estava de joelhos no chão do seu quarto, puxando suas coxas para que você se aproximasse mais da borda da cama.
Viu ele retirar a camisa que usava e jogar para algum canto do quarto, deixando a pele exposta. Ele tinha belíssimos bíceps, um belo peitoral, pele macia: era um espetáculo de homem. As mãos dele voltaram para suas coxas, e você jurou que o viu salivar.
Os lábios ardentes dele distribuíram beijos pelo interior de sua coxa, como se estivesse somente tendo a entrada antes do prato principal.
— Mi amor… você está pingando… — ele sorriu contra sua pele sensível. Não era um sorriso qualquer, era um sorriso de vitória, de malandragem.
O sorriso que um cafajeste dá quando sabe que aprendeu a burlar as regras de um jogo de azar.
— Não imagina como eu senti saudades de te ver assim… — os beijos foram chegando perigosamente perto de sua intimidade exposta. — Escorrendo de tanto desejo por mim…
— Você continua com a mesma conversinha suja, não é, Enzo? — provocou.
Os beijos dele finalmente chegaram onde você mais estava necessitada, e ele beijou seus lábios, melando os dele com sua excitação e lambendo-os em seguida.
— Não posso perder meu charme, posso?
— N-Não te perdoaria se perdesse… — você disse, com certa dificuldade, levando suas mãos até os cabelos dele.
— E eu não me perdoaria se te desapontasse.
Foi a última coisa que ele disse antes de pressionar as pontas dos dedos contra suas coxas e finalmente poder deslizar a língua para seu interior, te fazendo fechar os olhos com força e um gemido de surpresa e satisfação deixou seus lábios no mesmo instante em que sentiu essa “carícia” extremamente íntima. Você apertou um pouco os cabelos dele com isso, e ele gostou bastante, como nunca havia parado de gostar.
Os lábios macios de Enzo pareciam massagear aquela parte tão sensível de seu corpo enquanto o nariz dele estava em seu clitóris, depositando alguns estímulos quando ele mexia um pouco a cabeça. Ele amava tudo aquilo, e não poderia nem mesmo esconder o fato que sentia saudades imensas desse toque tão íntimo e tão satisfatório.
A língua dele movia-se em seu interior com precisão, a procura de um ponto mais sensível para que pudesse te fazer atingir seu ápice. Apesar de que sim, ele gostava de saborear você toda maldita vez que iam foder, mas oh, céus… como ele gostava de sentir você gozar na língua dele. Gostava de sentir o sabor de seu deleite melando seus lábios e o intoxicando como se fosse uma droga.
A essa altura do campeonato, ele já considerava sua buceta mais viciante do que álcool, por exemplo.
— Puta merda, Enzo… — gemeu, revirando os olhos enquanto ele continuava empenhado em te fazer ficar delirando, apertando suas coxas e trazendo sua buceta para mais próximo do rosto dele.
O tom promíscuo e manhoso que você usava para falar com ele quando estava imersa nesses momentos de luxúria o fazia alucinar completamente. Se você continuasse falando isso ele poderia acabar gozando nas próprias calças de tanto tesão que estava sentindo naquela hora, e seus gemidos eram como um neurotransmissor para o cérebro dele, que já se encontrava inundado pela fome crescente de poder possuir você novamente.
— Goza pra mim, mi amor.
Nada era tão excitante quanto Enzo Vogrincic dizendo aquilo num sussurro, que soava como uma súplica. Seu ápice estava perigosamente perto, e ele estava te chupando de um jeito mais intenso agora. O nariz dele era esfregado em seu clitóris e ele te puxava para mais perto, como se quisesse ter certeza de que você não iria sair das mãos dele em momento algum.
Agora ele esfregava completamente o rosto contra sua buceta, e o som erótico da sucção ecoava pelo cômodo, junto com seus gemidos e gritos que anunciavam seu clímax. Seus quadris tremeram, assim como suas pernas, e você apertou aqueles cabelos sedosos com força enquanto fechava os olhos e sentia que ele não parava até você terminar de desfrutar daquela sensação tão maravilhosa, que mais parecia mágica.
Ele grunhiu ao sentir você se desfazer na boca dele.
Seu peito subia e descia, seu coração estava acelerado e você ainda estava tentando se situar sobre como tudo isso havia acontecido. A sensação do ápice ainda percorria seu corpo, e ele estava se deliciando com sua satisfação que escorria pela língua dele.
— Ah, mi amor, que delícia… que delícia, puta que pariu… — ele também estava ofegante.
Na verdade, ele não estava ofegante por ter feito esforço — do contrário, aquilo não era nada para ele — mas era pelo desejo selvagem e massivo que percorria por cada veia do corpo dele agora. Se antes ele já estava sedento, agora que havia sentido seu gosto após tantos meses sem, ele estava o dobro.
Você retirou a blusa fina do babydoll que trajava, ficando completamente nua agora.
Ele se levantou do chão e foi possível notar o volume extremamente chamativo dentro das calças dele, marcando o tecido. O uruguaio já foi levando a mão até o botão e o zíper.
— Qual posição você quer? — ele questionou, de um jeito bem direto, mas o tom dele era muito necessitado.
— Eu posso escolher? Sério? — brincou, rindo levemente.
— Tem razão, eu não deveria te deixar escolher. Eu só deveria fazer o que eu quiser com você, né… — ele abaixou a calça, junto com a cueca e a ereção dele estava completamente exposta agora. Glande rosada e melada de pré-gozo, extensão com algumas veias aparentes e ele claramente estava pulsando.
Deveria ser dolorido para ele estar com as calças nessa situação.
— Eu gostava de deixar você no comando na maioria das vezes… era divertido, você me surpreendia.
Quis provocar de volta, sentindo Enzo segurar uma de suas pernas e te puxar para mais perto, vendo você se sentar levemente na cama. Agora ele estava perfeitamente entre suas pernas, e segurava seu quadril. Você já conseguia sentir o calor que estava entre vocês dois.
— Puedo sorprenderte mucho más…
Ele segurou o próprio pau e levou até sua buceta, dando alguns “tapinhas” e sentindo como você o molhava ainda mais. Tinha vontade de se contorcer quando ele fazia aquilo. Por Deus, por que tinha que ser tão bom?
— Enzo, por favor… — suplicou.
— Por favor o que? — esse uruguaio era um perfeito canalha.
— Me fode.
— Isso aí… — ele ainda segurava a própria ereção e começou a penetrar lentamente. Apesar de você já ter gozado e estar bem confortável com ele, ele não iria fazer isso com tanta brutalidade no início, morreria se te machucasse. — Boa garota, boa garota…
Você mordeu o lábio inferior e inclinou a cabeça para trás levemente, sentindo cada centímetro em seu interior. Ele era grande, e como havia sentido saudade disso… vocês dois eram o encaixe perfeito, como duas peças de um só quebra-cabeça que haviam sido feitas uma para a outra. Uma mão dele permanecia em sua cintura para te manter naquela posição, enquanto a outra foi deslizando para sua nuca e segurou firme, apertando um pouco seus cabelos.
Mantinha seus cotovelos no colchão para ficar confortável e ele fez com que você erguesse a cabeça novamente para poder olhar para ele. O uruguaio havia gemido de satisfação ao poder sentir sua buceta deslizando no pau dele após meses sem esse contato, sem essa sensação maravilhosa que ele tanto amava.
— Às vezes eu me esqueço do quão gostosa você é, mi amor… — ele começou a mover os quadris num ritmo relativamente lento. — Mas essa bucetinha sempre vai poder me fazer lembrar.
Sentia que ele movia os quadris até o final, apesar de estar lento, e alguns dos poucos pelos pubianos que ele tinha estavam encostando em sua pele sensível, levando-a para um delírio que parecia ser de outro nível. Mas, não demorou muito para que isso ritmo lento fosse para algo mais intenso, e ele começava a mover os quadris com mais intensidade, num ritmo mais feroz, indo para frente e para trás.
Seus gemidos estavam sintonizados, e você podia observar perfeitamente o quão lindo ele ficava quando estava exposto a tanto prazer assim. O pomo de Adão subia e descia enquanto ele respirava pesadamente e os cabelos estavam um pouco bagunçados. Os lábios de Enzo ficavam tão lindos entreabertos, principalmente quando estavam produzindo os gemidos mais profanos possíveis, são pecaminosos e altamente desejáveis, do tipo viciante.
— Você fica ainda mais linda assim, sabia?
O uruguaio levou uma mão até sua boca, deslizando o polegar pelo seu lábio inferior e deslizando-o para sua língua, fazendo você chupar o dedo dele do jeito mais erótico que conseguiu.
— La puta madre… tu me vuelves loco, mi amor.
Você sorriu, maliciosa e contente por saber que estava o deixando tão maluca quanto você. Queria que ficassem alucinados de tanto prazer juntos, fazia meses que sentia falta disso e precisava matar essa saudade.
— Podemos trocar, amorcito?
— Claro que podemos — uma risada maliciosa escapou pelos lábios dele, saindo entre os dentes.
Você se afastou um pouco dele e deslizou o corpo pela cama, apoiando-se nos joelhos e nas palmas das mãos para que pudesse ficar de quatro. Abaixou o rosto o máximo que pôde, ficando mais próxima de uma almofada que estava na cama e manteve sua bunda bem empinada, dando à ele aquela visão que o faria surtar.
É, deu certo.
Imediatamente Enzo agarrou seus quadris e se posicionou perfeitamente atrás de você para que pudesse te penetrar. Dessa vez ele não foi minucioso como havia sido há alguns minutos atrás. Agora parecia que a fome que o uruguaio tinha havia vindo ainda mais a tona, aquela fome de você que era implacável e o atingia com força. Um gemido de satisfação e surpresa saiu dos seus lábios ao ouvir o gemido rouco dele enquanto ele começava a mover os quadris sem pena alguma.
O som de sua bunda indo de encontro ao corpo dele estava ecoando pelo quarto, junto ao som molhado de sua buceta. Os gemidos se misturavam com o cheiro de sexo que tomava conta daquele cômodo naquela manhã chuvosa.
Ah, sentiu saudade disso, não ia negar.
— Eu não sei dizer de qual ângulo você fica mais linda, mi amor — ele grunhiu. — Caralho…
Daquele jeito, ele estava atingindo um ponto sensível em seu interior. Maldito homem que conhecia seu corpo como a palma da própria mão. Você já estava apertando os lençóis, e sentia que aquela sensação estava crescente em seu interior, chegando perigosamente perto de seu ventre e ameaçando atingir suas pernas junto ao ápice.
— E-Enzo, eu…
Quando ia abaixar a cabeça ainda mais, ele levou uma mão até sua nuca, buscando seus cabelos e os puxando levemente, fazendo-a olhar para frente enquanto permanecia com a cabeça levantada e ele segurava firme.
— Porra, mi amor… se você continuar gemendo desse jeito eu não vou conseguir me segurar…
— Não quero que se segure, amorcito — estava se sentindo a mulher mais promíscua do mundo quando falava desse jeito, mas esse tom aveludado era capaz de fazê-lo perder o juízo. — Goza comigo, hm? Goza…
Seus gemidos manhosos na mente de Enzo tinham o mesmo efeito de gasolina sendo jogada no fogo.
— Eu vou gozar- ugh! Caralho, eu vou gozar… — dizia, num tom que poderia ser até mesmo desesperado.
— Isso, isso mesmo. Assim… hmm, porra! — era tão bom ouvir ele falando desse jeito feroz.
E foi desse jeito que você atingiu o segundo ápice naquela manhã. Pensava que o uruguaio fosse capaz de te fazer ver estrelas, mas dessa vez você teve certeza que pôde enxergar galáxias. Um gemido — que mais soou como um grito manhoso — deixou seus lábios enquanto suas pernas bambeavam e você perdia qualquer força que restasse, sentindo-se desmanchado no pau dele como tanto gostava quando estavam namorando. Ele segurou seu cabelo com força e puxou levemente, enquanto você apertava os lençóis.
Já ele, havia gozado em seu interior, te fazendo sentir cada mínima gota daquilo que ele tanto almejava desde quando estava te chupando mais cedo. A voz de Enzo chegou até mesmo a falhar de tanto prazer que corria pelas veias dele enquanto ele desfrutava dessa sensação de satisfação imensurável.
Permaneceram daquele jeito por alguns segundos, com suas respirações pesadas e se recuperando, antes dele sair de seu interior e cair no colchão, bem ao seu lado. Ele te puxou para o peito dele, e você o olhou, sorrindo maliciosa. Era bom senti-lo assim, poder fazer o peito dele de travesseiro e estar confortável na cama bagunçada depois de atos tão intensos.
— Tá muito cedo pra pedir pra você voltar pra mim? — ele disse, num tom brincalhão, mas você sabia que falava sério.
Você riu genuinamente.
— Acho que já até passou da hora.
[...]
𝐍𝐎𝐓𝐀 𝐃𝐀 𝐇𝐀𝐃𝐄𝐒: oi morceguinhos 🦇💖🌈 eu tinha comentado sobre esse imagine do Enzo antes e de como eu tava com vontade de escrever sobre isso, muita gente me apoiou então tamo aqui hihihi
inclusive plmds eu não aguento mais fantasiar sobre esse homem, eu preciso de ajuda profissional, me indiquem os psicólogos de vocês por favoooorr
#enzo vogrincic#enzo vogrincic fanfic#enzo vogrincic moodboard#lsdln cast#enzo vogrincic x you#enzo vogrincic x reader#enzo vogrincic one shot#enzo vogrincic gif#enzo vogrincic smut#lsdln imagine#lsdln smut#lsdln x reader#enzo vogrincic x fem!reader
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Melancolia
Hoje sentou-se à mesa uma convidada ilustre para tomar o chá das cinco comigo. Com sua presença inesperada, a melancolia pegou uma chávena de porcelana e serviu-se sem delongas. A cada golada a melancolia recordava-me das minhas memórias mais profundas, meus amigos de infância, de minha melhor amiga a qual não me despedi quando foi morar em outra cidade, dos meus entes queridos, daquela casa de azulejos portugueses de número 170, de barcos de papel, de bem-te-vis, de samambaias, de como minha mãe passou com tanto esmero aquela roupa lilás, de ex amores… Nunca fui boa em chegadas, tampouco em partidas. Nunca fui boa em dizer “olá”, tampouco em dizer “adeus”. Ambos são silenciosos, como se me encontrasse em estado de inércia. Inércia é uma forma de me sentir confiante o bastante mesmo estando submetida a um conjunto de forças que sei que será de resultante nula. Se tens de partir, tens de partir, não há nada a fazer, a próxima escala sempre espera por alguém. Mas, os entes queridos, esses sim, serão as partidas mais dolorosas. Se pudesse, os impediria, imploraria por mais tempo. Se calhar, a lágrima que escorreu por minha face tenha sido por eles, principalmente por um. Me perdoe por não conseguir usar lilás. E como chegou, a melancolia fora embora, só me pergunto quando será a próxima visita.
— Jessy em Relicário dos poetas.
#projetovelhopoema#lardepoetas#carteldapoesia#projetoalmaflorida#mentesexpostas#eglogas#poecitas#humverso#projetocores#chovendopalavras#projetoflorejo#ecospoeticos#fumantedealmas#espalhepoesias#pvpmembros#relicariodospoetas
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Previous / Next Beginning (Gen 8)
Image transcripts (PT):
Touma: Vou indo agora. Muito obrigado por tudo. Nem sei como retribuir.
Yuna: Não precisa disso. Só fiz o que qualquer um faria...
Touma: Não, Yuna, ninguém faria isso. Você sempre faz mais do que qualquer outra pessoa faria. Você está sempre lá para mim, seja fazendo chá para minhas enxaquecas ou preparando uma refeição você mesma, e eu nunca agradeço o suficiente. Acho que não sei como dizer o quão importante você é.
Yuna: Tenente... eu... obrigada.
Touma: Por favor, você me viu no meu pior... Só me chame de Touma, ok?
Yuna: O-Ok, Tenente-- Touma!
Touma: É isso. Vejo você mais tarde. E... sério, você é incrível.
[O que eu digo?! - Yuna está se esforçando MUITO para não entrar em pânico, mas a pessoa de quem ela gosta está BEM ALI!]
Touma foi embora, e Yuna tomou um longo banho frio para clarear a mente.
Yuna: Bom, pelo menos ele não se lembra de nada que aconteceu, isso evitou um constrangimento maior entre nós...
"Você é incrível" de repente começou a ecoar na cabeça de Yuna, fazendo-a mudar rapidamente de posição, pois não apenas aquelas memórias, mas também as da noite anterior, voltaram rapidamente.
Yuna: Do que ele está falando, ele é louco?? Como ele pode dizer algo assim tão casualmente depois do que ele fez… Não seja ridícula, Yuna, ele nem se lembra, e isso não era para você de qualquer maneira.
#família vilela#Gen 8#nsb peach#not so berry challenge#active simblr#simblr#the sims 4#ts4#ts4 gameplay#ts4 legacy#ts4 screenshots#sims 4 simblr#sims 4
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surreal
Dois atores entregando suas linhas uma após outra, pois sabíamos o que devia ser dito e o que não, mas também sabíamos não mentir. As colheres de afeto eram medidas precisamente para não prometer muito, porém também não entregar pouco. O contrato claro dizia que enquanto dentro das mesmas quatro paredes eu estaria refém das suas canções e você do meu olhar semi atento, semi distante. A letra lentamente se tornando sobre nós dois juntos, com seu corpo sob o meu. Meio sexy, meio romântica, assim como seu abraço tão hábil. Nada em nós transmitia permanência, ainda que a repetição fosse um deleite. Decorando teu endereço, a ordem das músicas e quantas delas demoramos antes de atingir o êxtase. A brevidade não me salva a memória, sua marca se instala tão clara quanto quaisquer outras. Nasci para ser marcada, nem sua personalidade ressabiada poderia evitar. Tentando fazer chá com água morna. Panela vigiada era nosso encontro mais carnal que de almas, sem ferver. Algo em meu peito até tinha vontade de ver a loucura se apossar do sangue nas veias, mas algo em nós jamais poderia produzir tal efeito, pois nos encontramos para ser apenas o que fomos. Vidro embaçado, voz grave na caixa de som, poesia barata na mente. Seu aperto forte na minha cintura, meus lábios passeando pelo teu pescoço, nosso abraço ensaiado. [É surreal, eu deixo por escrito.] Marcada pelo nosso enlace raso, como todos os outros que não viraram nada além de marcas na manhã seguinte.
#liberdadeliteraria#espalhepoesias#pequenosescritores#eglogas#poecitas#projetocores#meuprojetoautoral#lardepoetas#lardospoetas#mentesexpostas#arquivopoetico#pescmembros#rvb#reverberando#poetaslivres#musicais
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Como Romantizar a Vida
. ݁˖ . para quem busca viver com mais significado e beleza no cotidiano...
Romantizar a vida é transformar os pequenos momentos do dia a dia em algo especial, apreciando a simplicidade e a beleza que eles oferecem. É viver como se sua vida fosse um filme ou um livro, onde cada detalhe tem seu próprio encanto.
1. Encontre Beleza nas Pequenas Coisas ꣑ৎ
A romantização da vida começa ao valorizar os detalhes que normalmente passam despercebidos. Observe o pôr do sol, o cheiro de café pela manhã, o som da chuva, ou o toque suave de uma brisa. Esses momentos são oportunidades para desacelerar e apreciar a vida.
Dica: Tire um tempo para observar a natureza, os objetos ao seu redor e até seus próprios gestos. Tudo pode ter um toque de beleza se for visto com outros olhos.
2. Crie Rituais Diários ꣑ৎ
Transforme suas tarefas diárias em pequenos rituais de autocuidado. Faça seu café com calma, arrume seu espaço com capricho, e escolha uma roupa que te faça sentir bem. Tratar essas atividades como momentos especiais torna a rotina mais leve e significativa.
Dica: Adicione um pouco de música suave ou acenda uma vela enquanto faz algo simples, como cozinhar ou organizar o quarto.
3. Escreva a Sua Própria História ꣑ৎ
Veja sua vida como uma história que você está escrevendo. Cada decisão é uma página nova, e cada momento é parte do enredo. Qual é o tipo de protagonista que você quer ser? Que aventuras você quer viver? Reflita sobre como você pode tornar seus dias mais alinhados com a vida que deseja.
Dica: Mantenha um diário onde você anote suas reflexões e pequenos momentos especiais do dia, como uma memória viva da sua história.
4. Vista-se para Sentir-se Bem ꣑ৎ
Romantizar a vida inclui sentir-se bem consigo mesmo. Vista-se de uma forma que reflita quem você é e como você quer se sentir, mesmo em casa. A roupa pode ser uma forma de expressão e ajuda a elevar o seu estado de espírito.
Dica: Use roupas confortáveis, mas que façam você se sentir bonita ou confiante, mesmo sem ocasião especial.
5. Incorpore Pequenos Prazeres ꣑ৎ
Permita-se pequenas indulgências ao longo do dia, seja uma xícara de chá no meio da tarde, um banho relaxante, ou alguns minutos para ouvir sua música favorita. Esses momentos de prazer podem transformar um dia comum em algo mais doce.
Dica: Experimente reservar um momento do dia para algo que você ama, como saborear lentamente um doce ou ler um capítulo de um livro inspirador.
6. Desacelere ꣑ৎ
Na correria do dia a dia, é fácil viver no automático. Para romantizar a vida, é preciso desacelerar e viver o momento presente. Dê atenção plena a cada ação que realiza, aproveitando cada segundo sem pressa.
Dica: Pratique mindfulness em atividades simples, como lavar louça ou caminhar. Concentre-se nas sensações e nos detalhes ao seu redor.
7. Seja Grato pelos Pequenos Momentos ꣑ৎ
A gratidão transforma a maneira como vemos a vida. Ao apreciar os pequenos momentos, como uma conversa agradável ou uma refeição saborosa, você começa a perceber que há mais beleza ao seu redor do que imagina.
Dica: No final do dia, faça uma lista mental ou escrita de três coisas pelas quais você é grato. Isso te ajudará a valorizar mais cada instante.
8. Crie um Espaço Aconchegante ꣑ৎ
O ambiente ao seu redor tem um grande impacto no seu bem-estar. Transforme seu espaço em um refúgio aconchegante e agradável, decorando-o com objetos que te tragam alegria, como plantas, quadros, livros, ou qualquer outro item que tenha um significado especial.
Dica: Mantenha seu espaço limpo e organizado, e adicione elementos que te façam sentir confortável, como uma manta macia ou luzes suaves.
9. Viva Sua Própria Aventura ꣑ৎ
Viver de forma romântica também significa sair da zona de conforto e explorar novas experiências. Faça algo diferente, como visitar um lugar novo na sua cidade, tentar um hobby ou simplesmente caminhar por uma rota diferente.
Dica: Trate os pequenos imprevistos e surpresas da vida como parte da sua aventura pessoal. Isso ajuda a encarar a vida com mais leveza.
☆ Romantizar a vida é sobre viver de forma consciente, com mais presença e carinho por cada momento, por mais simples que ele seja. Ao fazer isso, você transforma sua própria existência em uma história bela e significativa, onde cada detalhe importa. . ݁˖ .⋆𐙚
#glow up#it girl#wongyoungism#tumblr girls#self care#advice#jobs#study blog#beauttiful girls#routines#good habits#self love#beauty#that girl#it girl energy#self concept#dream girl#hyper femininity#girl blogger
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P.O.V Part II - The Death Reversed
I don't know what to do without you | I don't know where to put my hands | On sunny days I go out walking | I end up on a tree-lined street | I look up at the gaps of sunlight | I miss you more than anything | I don't need the world to see | That I've been the best I can be
Já fazia mais de um ano que Verônica havia se casado com Francis, e tudo parecia simplesmente perfeito. Seus dias eram repletos de alegria e tranquilidade, como se cada peça estivesse em seu devido lugar. Não havia incertezas; ela se sentia segura e amada. Sua felicidade aumentou ainda mais ao descobrir que estava grávida, e agora, ansiava por todas as possibilidades de um futuro promissor. Ter filhos fruto do amor que compartilhava com Francis era uma bênção aos seus olhos, e ela sabia que amaria aquela criança mais do que a si mesma, protegendo-a de tudo que pudesse lhe fazer mal, como uma boa mãe deve fazer. Claro, sentia um certo nervosismo, especialmente por ter perdido a própria mãe aos treze anos, uma fase crucial para qualquer jovem dama. Contudo, contava com o apoio de sua velha amiga Prudence, com quem havia estreitado os laços desde que Sophie partira sem deixar notícias.
—Você acha que vai ser um garoto ou uma garota? Sabe, por mais que fosse adorar um novo amigo para o meu Richard, se fosse uma garota poderia significar uma união de nossas famílias no futuro, não seria perfeito?! — Prudence parecia animada com aquela perspectiva acabando por deixar seu chá completamente de lado, Verônica por outro lado sorria de maneira gentil ainda que não parecesse tão certa assim das intenções da melhor amiga.
—Acho que é muito cedo para dizer, querida Prudence, mas se for uma garota, certamente poderá acontecer no futuro caso os dois venham a se apaixonar… — Concluiu esperando que Prudence aceitasse, já que Verônica não tinha quaisquer pretensões de forçar qualquer um de seus filhos em um casamento sem amor ou indesejado, apenas os guiaria para fazerem as melhores escolhas, é claro. E por mais que jamais fosse o dizer em voz alta, considerava o pequeno garotinho de Prudence que agora tinha cerca de dezoito meses um tanto feio e malcriado, mas tinha certeza de que poderia crescer para se tornar um belo e respeitoso rapaz com a boa criação da amiga.
—Você segue ingênua como nunca, minha amiga, nem todos têm a sorte que você teve ao se casar por amor e bem… E por mais que aspire tais coisas para suas crianças, aprenderá com o tempo que a praticidade é o mais indicado… Mas tenho certeza de que nossos filhos crescendo juntos certamente poderão encontrar o amor um no outro ou amizade verdadeira ao menos! — Mesmo com aquelas palavras, a Tremaine sabia que Prudence não aceitaria a ideia de uma simples amizade tão facilmente. Ainda que fizesse sentido, considerando que as duas haviam crescido juntas e criado uma amizade através disso, curiosamente o mesmo havia acontecido com Francis e o marido de Prudence, que possuíam uma amizade de muitos anos. Talvez fosse destinado que as famílias fossem amigas. —Mas não deixe de pensar no quão perfeito seria um casamento entre nossas famílias! Nos tornaria ainda mais próximas, não seria magnífico?
E lá estava de novo a persistente Prudence, Lady Tremaine se resignou a sorrir e acenar com a cabeça e beber um gole do chá de camomila. Se tornando mais uma ouvinte do que qualquer outra coisa na conversa que se sucedeu, ainda que quando a melhor amiga casualmente mencionou que se o futuro as abençoasse de unir as famílias significaria que estariam unidas para sempre, amigas para sempre. A frase sendo o suficiente para que despertasse memórias que havia tentado ao máximo esquecer, mas como ela poderia esquecer a pessoa mais encantadora que já havia conhecido? Por vezes a loira ainda aparecia nos sonhos da Tremaine quase como um lembrete constante de algo que havia perdido, algo que viu escapar por entre seus dedos e com isso vinha o pensamento de que talvez para sempre não durasse tanto assim.
Mesmo com Francis insistindo que viajaria com ela até a casa de Reginald Sinclair, ela garantiu que não havia necessidade, estava grávida de seis meses, mas na companhia de uma criada já seria o suficiente. Até por que se fosse considerar os enjoos de Francis sempre entrava em uma carruagem, tinha certeza de que ela mesma passaria mal e era melhor evitar isso, mesmo que significasse ter de ficar longe de seu amado por pelo menos três ou quatro dias. Desde que havia se casado, o pai havia vendido a propriedade na cidade e optado por uma vida mais pacata no interior do reino, sempre havia amado a natureza e os animais bem mais do que a vida na alta sociedade. Agora que era mais velha, reconhecia que o pai havia sacrificado seus próprios interesses e preferências apenas para a felicidade dela e sua mãe, algo do qual ela seria eternamente grata. Sentia que já não estava apta a correr com o peso da barriga, mas ainda assim se permitiu uma pequena corrida quando desceu da carruagem e viu o pai à sua espera, quase pulando nele em um abraço. Sabia que a Mary, sua criada, ficaria surpresa com sua súbita falta de modos, mas não se importava com nenhuma daquelas bobagens no momento atual.
—Papai! Eu estava morrendo de saudades do senhor! Tenho tantas coisas para lhe contar!
Exclamou animada enquanto soltava o pai do abraço e era guiada para dentro da propriedade, instruiu os criados que vieram consigo de onde deveriam deixar a bagagem e depois os dispensou pelo resto do dia para que descansasse ou explorassem a propriedade como bem quisessem, detestaria os fazer trabalhar quando não havia a necessidade e acreditava que um passeio no campo ou no pequeno vilarejo poderia os alegrar. E claro, acreditava que seria bom ter certa privacidade para com suas conversas com o pai. Não possuía nada para esconder, mas também não desejava que os criados interpretassem errado e levassem informações errôneas para o marido. E por mais que ainda não tivesse falado nada, era transparente demais para que o pai não demorasse a perceber que havia algo a mais na súbita visita.
—Sabe que pode me contar o que lhe aflige, criança, nunca fui de julgar ninguém, essa tarefa era muito mais bem executada por sua mãe. — Apesar do comentário Reginald sorria com certo apreço, os olhos brilhando com certa nostalgia e saudade. Algo que surpreendeu um pouco a Tremaine, já que sempre esteve certa de que os pais não casaram por amor.
—Mamãe sempre um pouco difícil… Mas acho que ela ficaria contente de saber que me casei com Francis já que ele é um barão.
—Entendo de onde esse pensamento vem já que sua mãe sempre foi uma mulher prática… Mas lhe garanto que ela ficaria feliz de saber que você está feliz, que se casou com seu tão sonhado amor verdadeiro. — O sorriso gentil no rosto do Sinclair transparecia honestidade, mesmo que fosse difícil para que Verônica imaginasse a mãe ficando feliz com sentimentos e não com a ideia de estabilidade financeira.
—Não sei dizer se consigo imaginar a mamãe feliz com algo assim, mas sobre isso, existe algo que eu gostaria de lhe perguntar… — Viu o pai assentiu com a cabeça, mas ainda assim demorou alguns segundos até continuar, ponderando como colocaria seus questionamentos em palavras. —O senhor acha que existe um único amor verdadeiro por toda a vida? Nas histórias que me contava parecia ser sempre assim…
—Não considero que nada seja tão extremo ou definitivo dessa forma, diga-me, você amava apenas a mim ou apenas a sua mãe? Deixou de amar quando ela morreu?
—Claro que não! Mas não é a mesma coisa. Estou falando de amor verdadeiro. — Explicou um pouco melhor, pode ver um brilho no olhar do Sinclair de quem ponderava a melhor resposta para aquela questão, mesmo que não tivesse todas as informações necessárias para tal.
—Me diga, minha filha, você me ama verdadeiramente com todo seu coração? — Verônica não pensou por um segundo sequer antes de assentir com a cabeça, mas antes que pudesse o interromper, Reginald seguiu. —Isso é amor verdadeiro, por mais que as histórias que eu tenha lhe contado fizessem sempre parecer algo romântico, o amor verdadeiro vem em diversas formas ao longo da nossa vida… E um jamais anula o outro, quando se ama alguém tão profundamente nem mesmo a morte pode destruir esse sentimento e resta a nós viver contentes pelos bons momentos que tivemos com essas pessoas. Mesmo que a criança ainda não tenha nascido, você a ama, não ama?
—Claro que amo, com todo meu coração, acho que só não esperava que amor verdadeiro fosse ser algo tão complexo… Mas você acha que é possível amar romanticamente e verdadeiramente mais de uma pessoa? — No momento que a pergunta saiu de seus lábios o arrependimento foi imediato, mesmo que o pai não parecesse exatamente surpreso. —Esqueça, é uma pergunta tola e nada decente para uma lady.
—Não há problemas em sentir, Verônica, ainda que sempre iremos ter de fazer escolhas… E quando se trata de amor não existem escolhas certas ou erradas, cada escolha leva a um caminho diferente, falo por experiência… Muitos anos atrás, eu escolhi sua mãe e mesmo que ela nunca tenha sido capaz de retribuir da mesma forma não me arrependo de minha escolha, por que me trouxe você. — Reginald sorriu com simplicidade, aquela era a primeira vez que ouvia o pai admitir de certa forma que havia amado a esposa e foi o suficiente para Verônica fosse até ele e o abraçasse. Ele riu. —Mais carinhosa? Talvez o barão realmente esteja sendo uma boa influência para você.
—Papai! Eu sempre fui carinhosa com o senhor… Certo, talvez não tanto, mas você sabe como a mamãe era. — Foi tudo que disse enquanto se afastava do abraço, agora um pouco mais serena, sentia que entendia tudo que precisava naquele momento. Arregalou os olhos ao sentir um chute e prontamente levou a mão do pai até a barriga, um sorriso bobo nos lábios de ambos. —Parece que ela ou ele ou vai gostar muito de carinho ou ser bem avessa à ideia!
—Seja como for, eu farei questão de encher essa criança de carinhos e mimos. Já tem alguma ideia de possíveis nomes?
—Tenho sim… Se for um menino terá seu nome e se for uma menina terá o nome da mamãe, as pessoas que mais amo na vida, achei que seria justo.
O resto de sua estadia com o Sr.Sinclair foi alegre e calorosa, até mesmo os criados pareciam se divertir com as histórias contadas por Reginald e eram contagiados por sua alegria e vivacidade. Contudo, mesmo que amasse o tempo passado com o pai, tudo que conseguia pensar era o quanto sentia a falta do marido e como ansiava por estar em sua presença outra vez. E mesmo tão distante, ela tinha plena certeza de que era da mesma forma para Francis, mesmo que ele não soubesse colocar em palavras, ela sentia através de suas demonstrações de carinho.
Duas semanas após o nascimento de Drizella, a euforia e o cansaço dos primeiros dias de maternidade se misturavam ao sentimento agridoce que assombrava Verônica. A alegria da chegada de sua filha era intensa, mas cada sorriso parecia incompleto, marcado pela ausência de Reginald, que partira antes mesmo de conhecer a neta. Ela não conseguia ignorar a dor que apertava seu peito, um misto de saudade e arrependimento por não ter passado mais tempo com ele durante a última visita.
Francis, sempre atento, notava o vazio nos olhos de Verônica e decidiu levá-la para um passeio no parque próximo de casa. O dia estava ensolarado, o céu azul claro e sem nuvens, e uma leve brisa passava entre as árvores, balançando as folhas como se fosse uma saudação sutil da natureza. Eles caminhavam em silêncio, Drizella aconchegada nos braços de Verônica, com as pequenas mãos fechadas e o rosto sereno em meio aos lençóis. Francis, sempre ao lado, mantinha-se atento a cada expressão dela, como se quisesse aliviar o fardo que sabia que estava ali.
—Ele ficaria tão orgulhoso de você, Verônica. Sabe disso, não sabe? — Disse ele, parando sob a sombra de uma grande árvore e olhando nos olhos dela, esperando que pudesse alcançar algo além da tristeza. Verônica respirou fundo, sentindo as lágrimas ameaçarem cair. Sabia que Francis estava certo, mas a ausência do pai era ainda muito recente, muito dolorosa.
—Gostaria tanto que ele a tivesse conhecido... — Sua voz saiu em um sussurro, quase inaudível. —Tanta coisa mudou desde a última vez que estive com ele. Parecia que ele ainda tinha tanto a viver.
Francis a envolveu com o braço livre, apertando-a de leve e olhando para Drizella. Havia algo de reconfortante em vê-la tão pacífica, alheia ao que os adultos ao seu redor estavam enfrentando. Depois de um longo momento, ele falou, com aquele tom tranquilo e resoluto que sempre trazia um pouco de paz a Verônica.
—Mesmo que ele não esteja aqui para conhecê-la, podemos homenageá-lo. Manter viva sua memória, sua presença... Eu pensei em plantar algumas flores em seu nome. Quem sabe lírios-aranha vermelhos, lá no jardim? — Sugeriu ele, lançando um leve sorriso, como se quisesse compartilhar com ela um propósito. Verônica ergueu o rosto para ele, seus olhos ainda marejados, mas com uma pequena centelha de esperança. Os lírios-aranha -vermelhos, que sempre foram uma das flores favoritas do pai e Francis, simbolizavam tanto a saudade quanto a beleza de algo que se foi, e Verônica sabia que essa seria uma maneira perfeita de mantê-lo próximo. Ela assentiu levemente, um novo calor preenchendo seu peito.
—Acho que ele gostaria disso… — Murmurou, suavemente. —E talvez, um dia, eu possa contar a ela sobre o avô que teria feito qualquer coisa por nós.
Francis apertou sua mão, e, juntos, eles ficaram ali, sob a sombra, como uma promessa silenciosa de que manteriam a memória de Reginald viva. Enquanto o sol brilhava através das folhas, criando pequenos pontos de luz no chão, Verônica sentiu que, apesar da dor, ainda havia uma nova esperança de felicidade, como Francis prometera. Com ele e Drizella ao seu lado, ela sabia que, de alguma forma, eles sempre encontrariam o caminho de volta à alegria.
Anos se passaram e aos poucos ela conseguiu se reerguer com o auxílio de Francis e sua amiga, Prudence. O nascimento de Anastasia, o nome sendo em homenagem à falecida mãe de Francis, foi uma grande alegria para todos na casa. Talvez fosse pela escolha de nomes ou apenas uma coincidência que ambas tivessem nascido ruivas como as avós, ainda que nenhum dos pais compartilhasse daquela tonalidade de cabelo. Contudo, em busca de manter a memória da mãe viva e de sentir mais próximas com as filhas, Verônica passou a pintar os cabelos de forma que sempre as reconhecessem como uma família onde quer que fossem. Novamente tudo parecia simplesmente perfeito, mesmo que ainda sentisse a falta de seu pai todos os dias, havia aprendido a viver com aquela dor sabendo que possuía apoio. A agora ruiva, sentia que o futuro seria promissor e recheado de felicidade e alegria! Exceto de que não foi bem assim que as coisas aconteceram…
O tempo parecia ter congelado desde a partida de Francis. Verônica sentia-se mergulhada em um luto tão profundo que, por mais que tentasse, não conseguia encontrar o chão. A doença fora rápida e cruel, deixando-a desamparada, sem que ela tivesse tempo de absorver cada instante ao lado dele. Ela lembrava-se de como ele tentara confortá-la, mesmo nos dias em que a dor o consumia, e agora o silêncio que restara parecia gritante. Prudence, fiel e solícita, buscava apoiá-la sempre que possível, mas Verônica mal conseguia encontrar palavras. Era como se qualquer tentativa de consolo fosse engolida por um abismo, algo que ninguém poderia preencher.
Ela queria ser forte pelas filhas, sabia que era o que Francis teria desejado, mas a força lhe escapava a cada manhã em que acordava e ele não estava ali. O peso de ser tudo para as meninas parecia esmagador, e, ainda assim, o vazio permanecia, imutável. Em um dia claro, Prudence sugeriu que saíssem com as crianças para um passeio no parque, pensando que a brisa fresca e o brilho do sol pudessem trazer algum conforto. Verônica aceitou, ainda que hesitante, desejando, ao menos, oferecer às meninas um pouco de normalidade em meio à escuridão que sentia.
As árvores ao redor balançavam ao ritmo do vento suave, e Verônica observava as folhas dançarem, como se fossem fragmentos de dias passados. Drizella e Anastasia corriam pelo gramado, rindo sob os cuidados da babá, enquanto Verônica as observava à distância. Mas em vez de consolo, cada riso das meninas trazia à tona lembranças de Francis — a maneira como ele as embalava nos braços, seus olhos brilhando ao vê-las sorrir. Sua ausência se tornava mais vívida, quase insuportável, como se ele estivesse ali, mas longe o suficiente para nunca mais alcançá-lo.
Em meio ao som distante de risadas, Verônica sentiu uma onda de memórias, nítidas e dolorosas, ressurgir. Ela se recordava de suas caminhadas com ele, dos planos que fizeram, dos sonhos que tinham para o futuro. Seu coração parecia quebrar novamente, pedaço por pedaço, e ela teve que se segurar para não desmoronar ali, no parque. Cada detalhe ao seu redor — as árvores, o céu claro, o riso inocente das meninas — tornava a ausência de Francis ainda mais devastadora, um lembrete de tudo o que ele significara para ela e que jamais poderia ser substituído.
Ela tentou forçar um sorriso para as meninas quando elas se aproximaram, pequenas mãos estendidas, cheias de folhas e flores. Mas o vazio dentro de si não permitia. Tudo o que pôde fazer foi segurar as mãos delas, apertando com mais força do que pretendia, como se esse simples contato pudesse sustentá-la, pelo menos por mais um dia. E talvez com a expressão não tão amigável já que não demoraram muito a começar a chorar e pedir desculpas, mesmo que não entendessem pelo que… Verônica sentiu o coração afundar no peito outra vez, tentou dizer que não era necessário desculpas e que tudo estava bem, mas sua voz soava ríspida demais para as crianças.
E assim os anos se passaram, todos os dias ela lutava pra ficar de pé e seguir em frente, mas simplesmente não conseguia e se perguntava como seu pai havia conseguido, se perguntava por que ela era tão fraca. Não queria perder os importantes momentos da vida das filhas, mas sempre que tentava se aproximar parecia apenas as assustar ou machucar, sentia que a única forma era as manter em certa distância de si para que sofressem menos. Claro, não queria que pensassem que ela não se importava e por isso compensava com diversos presentes, comprava tudo que as filhas pudessem desejar, ao menos isso parecia as alegrar um pouco. E conforme o tempo passava, as garotas iam aos poucos esquecendo de Francis, especialmente Anastasia por ser a mais jovem e quando ela tentava perguntar qualquer coisa a Verônica… Simplesmente não conseguia a responder, apenas a mandava de volta para o quarto como se tivesse feito algo errado, tudo para que a Tremaine mais jovem não a visse chorar e ela sabia que acabaria chorando no momento que falasse do falecido marido.
Até mesmo Prudence foi deixada de lado, porque Verônica sentia que seria um fardo para qualquer amizade, ainda que sua melhor amiga era insistente demais para que deixasse de a visitar ou a abandonasse por uma simples grosseria ou palavra torta. Não era como se Verônica não desejasse ser feliz outra vez ou simplesmente seguir em frente, apenas não encontrava forças para o fazer. Em toda sua vida sempre esteve mais do que ciente de que não era uma princesa como a das histórias que o pai contava, que jamais encontraria um príncipe encantado com o qual teria um felizes para sempre. Mas havia encontrado o amor verdadeiro em Francis, não entendia por que logo ela tinha de perder uma das únicas pessoas que ainda lhe restava, porque teve de ver o marido partir tão precocemente. Simplesmente não conseguia entender ou deixar tudo aquilo para trás, não quando doía tanto, mesmo depois de anos era como se o luto ainda fosse uma parte intrínseca na vida da Tremaine. As vezes, pra sempre não é tão longo quanto esperávamos.
#se não tinha ficado na cara antes agora é nítido#que os títulos são cartas de tarot referentes ao texto#o diabo está nos detalhes#𝑳𝑨𝑫𝒀 𝑻𝑹𝑬𝑴𝑨𝑰𝑵𝑬 : povs .#lostoneshalloween
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Um envelope preto deixado sobre a cômoda, um selo cinza como uma nuvem carregada. O escrito na parte frontal era claro: "Leia quando precisar." Ao abrir o envelope, o título daquele conteúdo causaria arrepios a qualquer um, exceto no escritor, o filho da morte, que já havia deixado tudo perfeitamente organizado para seu grande evento.
"Este é o testamento de Flynn Ramsey."
"Você deve estar surpreso, caro leitor. Eu não. Vivi a vida pensando sobre a morte e sobre quais seriam as sensações. Pensei principalmente em como ficaria o que sobrou de mim, meus pequenos pertences. Uma vida inteira resumida em uma mala, isso é uma dádiva.
Primeiro, encontre a caixa debaixo na cama e retire com muito cuidado. Nada de bisbilhotar. Agora, vamos para a divisão dos meus poucos bens.
Para @kittybt , a instrutora mais amável com quem já trabalhei, deixo o meu livro de necromancia. Fará bom proveito, tenho certeza. Assim cumpro com a minha promessa.
Para @pavlcva deixo o a minha caneca de chá. Uma vez você me disse que gostava de estudar seus feitiços enquanto bebia algo quente para aquecer seu coração. Pois faça isso usando a minha caneca.
Para @alekseii deixo o meu cinzeiro. Espero que pare de fumar, Peter Pan. Mas até lá, que se lembre dos cigarros que dividimos juntos e das noites que não vivemos.
Para @likethemo0n deixo minha última provocação. O broche de urso que comprei na noite em que você decidiu me odiar. Não fui transformado em urso, mas agora você carregará a memória do amante mais corajoso deste século, minha exímia caçadora.
Para @deathpoiscn deixo um uma fotografia de quando éramos mais novos e uma decoração de cabeceira. Lembro da primeira vez que vi você passando pela porta do chalé, confuso e um tanto assustado. Naquele dia eu ganhei um dos meus maiores irmãos e, por mais que eu tenha perdido você no meio do caminho, a porta sempre esteve aberta. Eu nunca deixei de acordar de madrugada para verificar se sua janela estava fechada nas noites frias.
Para @tachlys deixo o meu boné favorito. Nós sabemos de tudo que aconteceu, você não precisou me dizer nada. Eu te conheço a tanto tempo que eu sinto o cheiro da sua culpa, assim como sinto o cheiro do seu arrependimento. Você foi o meu cúmplice e será o próximo a entender sobre as responsabilidades do amadurecimento. Para você, Achlys, o meu amor permanece o mesmo, meu primeiro irmão.
Para @kitdeferramentas deixo meu colar de contas do acampamento e Miz, meu chicote de ouro imperial. Sei que não fará uso, talvez até use como molde para seus projetos, talvez o esqueça nas suas coisas e, numa tarde de faxina, encontre ele como eu sempre usei: uma pulseira dourada. Você provavelmente vai esquecer do significado, mas eu não vou me esquecer de você. Agradeço pelos vinte e poucos anos de amizade e agradeço ainda mais pelos vinte e poucos anos de amor. Cumpri com a minha promessa. Estamos juntos até o final.
Espero que minha morte tenha sido em prol do que sempre acreditei. Espero que o pós vida seja interessante.
Aos meus alunos de necromancia informo: não quero ser invocado. Não me procurem para corrigir métodos ou pronúncias de invocação. Quero sossego.
Ademais, estarei melhor. Agora estou em casa."
@silencehq
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Na casa coração
Sigo arrumando cada canto, cada cômodo com paciência e atenção,
Organizando objetos, baús de memórias,
são tantas coisas bonitas, mas também tantas dores.
Faço com calma para o coração não estranhar,
sento um pouco com ele e sirvo um chá,
Ajudo a acolher as vulnerabilidades e os medos, ouço atenta cada sentimento,
Lembro dos sonhos que temos juntos,
Da força e coragem que só ele tem,
E como isso nos impulsionou a ir tão longe,
Memórias incríveis que criamos,
O amor sempre ofertado de forma sincera,
Digo: você é tão bobo, que nem sabe a dimensão que tem né?!
A calmaria chega de forma sutil,
Sorrimos mais uma vez juntos,
É bom sentar-se um pouco para dialogar com o coração.
#benevolência#espalhepoesias#carteldapoesia#pequenosescritores#projetoalmaflorida#poetasvermelhos#procaligraficou#projetosonhantes#mardeescritos#conhecencia#escrituras
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Atenção, atenção, quem vem lá? Ah, é SNOW WHITE / KARDELEN, da história BRANCA DE NEVE! Todo mundo te conhece… Como não conhecer?! Se gostam, aí é outra coisa! Vamos meter um papo reto aqui: as coisas ficaram complicadas para você, né? Você estava vivendo tranquilamente (eu acho…) depois do seu felizes para sempre, você tinha até começado a ADOTAR ALGUNS ANIMAIZINHOS… E aí, do nada, um monte de gente estranha caiu do céu para atrapalhar a sua vida! Olha, eu espero que nada de ruim aconteça, porque por mais que você seja GENTIL, você é INGÊNUA, e é o que Merlin diz por aí: precisamos manter a integridade da SUA história! Pelo menos, você pode aproveitar a sua estadia no Reino dos Perdidos fazendo o que você gosta: SER UMA RAINHA (AGORA EM HOME OFFICE).
Depois da história que todos conhecem, Snow White se tornou rainha de Red Rose, reinando com determinação e amor pelo seu povo. Por trás de seus sorrisos, no entanto, Snow ainda carregava uma grande dor interna, com as memórias do que passou nas mãos de sua madrasta ainda lhe assombrando em seus sonhos e nas pequenas tarefas do dia a dia. Snow mal conseguia se olhar no espelho sem sentir que aquela era mesmo ela, vestindo a coroa que muitos queriam colocar as mãos, os belos vestidos que diziam causar inveja. Snow adorava ser rainha por estar ao lado do povo de Red Rose, trazendo uma vida próspera para eles, mas ela não conseguia aguentar os olhares sempre voltados pra ela. Não aguentava ser reconhecida, observada como se aguardassem que cometesse um erro.
tw: automutilação // Foi em uma noite que Snow teve mais um ataque de pânico com os sonhos sobre a madrasta, a floresta e os espelhos pelo corredor, sufocando-a até que Snow pegasse a espada do marido e rasgasse o próprio rosto. Por conta disso, Snow terminou com uma cicatriz da testa até o queixo do lado esquerdo do rosto, ficando cega do olho daquele lado. // fim do tw.
Ela ficou comovida quando todo o reino a apoiou, e logo passou a ter sessões de terapia com o Coelho Branco. Com a chegada dos perdidos, agora Snow pode tirar um pouco de férias das obrigações de monarca, reinando de longe enquanto vive em uma casinha pacata próxima à floresta no Reino dos Perdidos.
Snow apreciou a chegada dos perdidos, já que está muito curiosa para entender mais do mundo deles. Não estava tão preocupada com as mudanças de seu conto num primeiro momento... até agora. Assistindo todo o reino começar a sucumbir às novas memórias, Snow começa a ficar um pouco ansiosa por sua família e por seus amigos. Mas nada que ela não possa se distrair fazendo uma boa faxina ou cozinhando uma torta!
Vive com seu marido, David Charming, e ainda considera os sete anões como se fossem seus tios que a visitam todos os fins de semana para beber chá e experimentar suas tortas. Também tem um pouco de mania por limpeza.
Também pode ser chamada de Kardelen. Costumava ser um apelido que seu pai deu a ela, que é o nome de uma flor (em turco). Também é o nome que ela usou quando estava fugindo de sua madrasta e morava com os anões.
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tudo sempre ocorre da mesma maneira.
fico buscando uma exceção para a regra, algo que me faça crer que eu não estarei sozinha. me eremito em busca de encontrar respostas para o medo que me acompanha. penso que se eu mexer uma peça desse baralho, fazer um reajuste na máquina, finalmente estarei em paz. silencio os meus pensamentos me dizendo que sempre será assim. dessa maneira. eu. sozinha. eu e os meus atos de pequeneza. tento me acolher para poder seguir. arrasto essa pedra para poder seguir. me malabariso para poder seguir. me escudo para poder seguir. choro para poder seguir. então tudo começa a pegar um novo ritmo com cor de sol. começo a ter mais agilidade na caminhada e em breve estou respirando mais uma vez. aos poucos abro as janelas da casa em busca do que está do lado de fora, em busca do que pode me fazer se sentir viva de novo. tiro a poeira dos sapatos para poder usá-los mais uma vez. vou reorganizando os móveis de dentro para que se tenha espaço para mais um. observo o lado de fora esperando o dia em que serei escolhida pelos deuses mundanos para provar do que quero.
em um desses dias, ele chega. eu abro a janela, o convido para entrar, tomar um café, um chá, um vinho. tudo isso para que eu me sinta viva. para que eu sinta uma dose de existência transpassando pelo o meu corpo. para que eu sinta o toque percorrer como sinapse. para que eu sinta carne e alma. logo mais, entrego as chaves para que ele abra as portas da casa, num ato de rebeldia contra os meus medos me dizendo que tudo sempre ocorre da mesma maneira. meu coração diz que eu estou pronta para perder, mas só depois que todos os cômodos tenham sido devidamente explorados. se minha alma se sentiu vista e ouvida, então eu posso seguir caso acabe, quem sabe. posso me virar do avesso mais uma vez e me reencontrar no luto do que foi vivido. só não sei o que fazer quando os lençóis não foram usados, quando as garrafas não foram abertas, quando a poeira do seu sapato não mistura com a minha, quando não sei o que fazer com o espaço vazio entre as minhas mãos. quando o vejo e não o enxergo, e ele ali continua, distante de mim, tentando limpar sua própria poeira sem que eu perceba, aos poucos envenenando a minha bebida, tomando de mim as certezas que construí. nunca sei o que fazer com as expectativas das memórias não vividas, quando tudo o que quero é que se demola em mim a certeza de que sempre será assim. que eu volte a acreditar, mais uma vez, que existe algo por aí para mim que também me busca. que reorganizar a casa não foi em vão, e que a gente vai se encontrar e tudo fará sentido. e que tudo que veio antes foi o instinto de sobrevivência me levando com a correnteza para o lugar certo, mesmo que nesse meio tempo eu tenha perdido algumas partes de mim, para que nasçam outras que ainda não conheço. para que as minhas mãos finalmente encontrem o caminho para casa.
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Então, é Natal
O Natal aqui foi muito bom! Vieram a minha mãe, meu irmão, o namorado da minha mãe e o amigo do meu noivo. Foi bem caseiro; ficamos conversando bastante. Eu já tinha adiantado boa parte das comidas antes da minha mãe chegar, então, quando ela veio, só fiz uma salada. A sobremesa foi brownie com sorvete. Tivemos também arroz e feijão, como bons brasileiros que somos (eu amo um feijãozinho com arroz, é indispensável!). Além disso, teve algumas carnes. Eu, como vegetariana, não comi, mas meu noivo comprou fraldinha e frango com batatas. Não teve pernil porque acharam muito seco, mas, no geral, o buffet da noite agradou a todos.
Foi uma noite muito agradável, cheia de conversa. O amigo do meu noivo, que é médico, contou várias histórias de casos clínicos e situações da UTI, o que eu amo, porque gosto de ouvir histórias de quase morte e coisas do tipo. Quando se aproximou da meia-noite, subimos para ver os fogos.
Teve também um momento engraçado: esse amigo do meu noivo ia dormir aqui, mas chegou praticamente sem nada. Havíamos dito para ele trazer uma muda de roupa, uma escova de dente e afins, mas ele apareceu só com chinelos, uma bermuda, uma camiseta (a roupa do corpo), o celular e o carregador do iPhone. Achamos graça e até perguntamos se ele realmente ia ficar, mas ele tinha apenas esquecido das coisas porque estava há muito tempo de plantão e acabou meio aéreo. No final, deu tudo certo!
Depois disso, fui dormir bem tarde, quase duas da manhã. Estava sem sono, então assisti mais um episódio de Gilmore Girls, minha série conforto. Amo ver essa série, seja com sono ou sem sono!
Hoje pela manhã, tivemos um café da manhã farto: iogurte com frutas, pão francês, café, chá, suco, frios em geral, brownie, bolo de cenoura com cobertura de chocolate, chocotone trufado e, claro, pão de queijo (porque, como bons mineiros, isso não pode faltar). Ficamos à mesa conversando bastante. Meu irmão, que é mais na dele, também participou e contou um pouco sobre os trabalhos dele com ilustração.
Depois disso, decidimos jogar Banco Imobiliário sem nenhum preparo prévio. Pegamos o jogo e começamos. Eu até brinquei que, para jogar Banco Imobiliário, precisa ser algo programado, com lanchinhos, colchonetes para cochilar e uma preparação mental, porque é quase uma prova de resistência, como o Enem! Começamos a jogar como se fosse algo rápido, mas, no fim, foi bem longo.
Eu fui a primeira a desistir porque fiquei frustrada. Tinha todas as ações do Itaú, Vivo e Ipiranga, que dão muito dinheiro, mas ninguém caía nelas. Enquanto isso, o pessoal só comprava propriedades como Morumbi, Higienópolis, Mackenzie e Paulista. Fiquei cansada, com cólica, e decidi sair do jogo para tomar banho.
Os meninos continuaram jogando por horas. Começamos às 10h da manhã e só terminaram quase às 15h! Foi uma verdadeira maratona. Depois disso, almoçamos, ficamos proseando e assistindo TV. O amigo do meu noivo foi embora — acho que estava cansado de ficar sem escovar os dentes (tadinho). Mais tarde, minha mãe, meu irmão e o namorado da minha mãe também foram embora.
Ah, antes deles saírem, peguei minhas cartas de tarô das bruxas e fiz uma leitura para minha mãe e meu irmão. Minha mãe ficou super feliz com a carta dela, enquanto meu irmão, mais cético, ficou criticando e tirando sarro. Típico de irmão mais novo.
E assim foi nosso feriadinho de Natal: super família, acolhedor e cheio de memórias. Um pequeno relatório para eu lembrar no futuro como comemorávamos o Natal.
Valeu, Natalina!
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POV 03; betrayal @silencehq
Quando era mais nova, sempre tinha que se perguntar quantas perguntas conseguia fazer sem se meter em problemas.
Sua alma curiosa sempre ansiava em saber mais e mais sobre o mundo de fora da ilha e era sempre encontrada com a expressão impassível de sua mãe e sua mão gélida segurando o rosto da pequena em um carinho treinado para a dizer que não precisava saber daquilo já que não iria sair dali, e assim acreditou e quis que fosse por muito tempo. Os dias se tornavam noites e a pequena Daphne seguia a mãe como sua sombra, como foi criada para ser: uma extensão de seu poder, um pequeno gênio da especialidade da mãe em poções. Com o tempo conseguiu decorar cada parte da deusa: a expressão corporal da outra cravada tão fundo em seu cérebro que nem mesmo os anos distantes dela deixaram que esquecesse.
E mais uma vez após tanto tempo se questionava quantas perguntas poderia fazer sem se meter em problemas, não se lembrava de uma grande parte da noite passada e se não fosse pelas cinzas e sangue nas roupas diria que não esteve ali. Em suas memórias desconexas tentava procurar qualquer coisa após ter partido mais cedo da festa de acordo com os amigos mas até mesmo os momentos antes disso eram um borrão indecifrável as vezes.
Ao sair da enfermaria, um sentimento de pura derrota lavou qualquer pensamento que pudesse ter no momento; o luto pelo único lugar seguro que tinha, a falta de controle do próprio corpo, a perda de uma chance de lutar ao lado dos outros e um cansaço mental tão extremo que queria apenas cavar sua cova e deitar ali segurando algumas flores murchas até que seu fim chegasse.
E, repentinamente, como se seu cérebro tivesse apenas desligado aquela parte de seu cérebro, um vazio tomou conta dos sentimentos e o corpo seguiu em piloto automático; só se deu conta do que fazia ao estar limpa e com roupas novas saindo de seu chalé em direção a estufa, preparando um chá que sempre tomava na sua época na ilha enquanto ouvia um pouco sobre o ponto de vista de alguns poucos filhos da magia corajosos o suficiente para mostrar as caras hoje.
Os olhos sem brilho, expressão cansada e a dificuldade de usar a magia por exaustão dessa era unânime até entre os aprendizes, sabia muito bem que as pessoas ali eram incapazes de matar alguém a sangue frio e se irritava com a culpa que alguns exalavam mesmo assim; em meio a conversa se viu distante novamente, os sentimentos intensos que havia sentido nos últimos dias sumindo completamente e seu corpo seguindo inconscientemente até a praia.
Foi com o som das ondas ferozes quebrando que fez o mesmo, cada pedaço restante de sua determinação e a máscara de um sorriso que mantinha sendo lavados com a água do mar e as lágrimas que soltou ali sozinha; algumas ervas que tinha em mãos sendo jogadas no mar em uma forma de oferenda a mãe, procurando por seus aconselhamentos pela primeira vez desde que saiu de Eeia.
A percepção de que até mesmo as pessoas que tinha ajudado dias atrás nunca a olharia da mesma forma despedaçou uma grande parte do progresso na confiança em outras pessoas, uma muralha sendo construída rapidamente entre ela e as pessoas em volta com o mesmo sentimento como base: a traição.
No caminho de volta para o acampamento começou finalmente a ter um pouco de consciência dos arredores, os olhares acusadores fez com que uma fúria gélida subisse em seu corpo e qualquer chance que tinha de redenção foi eliminada ao encarar da mesma forma. Sempre prosperou em meio a violência e acusações e não seria dessa vez que quebraria em meio aquele tipo de ambiente, os músculos apertando em uma postura ereta e uma expressão neutra enfeitando o rosto ainda pálido.
Que o fogo em seu olhar queimasse qualquer vestígio da pessoa que lembravam que ela fosse nos últimos anos, estava pronta para morder de volta sem nem se importar o que a mordia.
Ela lembraria daquele dia como o dia que teve que espelhar a linguagem corporal de sua mãe, o temperamento incontrolável escondido em uma fúria silenciosa era tudo o que tinha herdado e que usaria para seguir em frente a partir de agora; mesmo que sua mente soubesse claramente que não importava o quanto de ódio deixasse a consumir, nada traria de volta a glória de sua inocência.
#pov 03; betrayal#filho de peixe peixinho é#estou devendo horrores não nego#porém estou ocupadíssima#juro que respondo todos assim que puder
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O enigma do coração partido, uma história tão antiga quanto o tecido da existência humana.
No ambiente tranquilo daquela cafeteria, a chuva batia contra os painéis de vidro. Ele estava sobre seu laptop, seus dedos dançando sobre o teclado onde cada tecla era um sussurro de memórias, uma saudosa sinfonia.
Talvez seja um amor perdido, uma conexão fugaz que brilhou intensamente e desapareceu em uma noite. Ou talvez uma traição, uma confiança quebrada como um objeto de vidro que cai ao chão, espalhando cacos por toda parte, machucando profundamente. Ou talvez um adeus sussurrado, uma carta cheia de suspiros e lágrimas ou o eco assustador dos passos se distanciando... Ninguém sabe.
A chuva do lado de fora se equiparava a tempestade em seu peito, cada gota carregava um fragmento de sua dor, uma reflexão de perguntas ainda sem respostas. Ainda assim, ele digitava, colocando sua alma na tela. O cursor piscava, esperando por respostas que lhe escapavam.
Tranquilo em seu canto, enquanto o seu chá esfriava e o tempo corria, ele lutava contra os fantasmas do seu passado. Seu coração, um mosaico de fissuras, ansiando pela cura. Ou talvez as palavras que ele acrescenta a cada minuto em seu laptop sejam sua salvação, um atalho para consertar o que foi quebrado, ou uma ponte para atravessar o abismo abaixo de seus pés.
No entanto, para todas as perguntas, somente a chuva sabia as respostas e as guardava em segredo, com o propósito de nunca revelá-los. Mas ali, naquela cafeteria, ele sabia de uma verdade. Corações se partem, mas também se curam. E o ato de digitar, de dar voz a sua dor, é o primeiro passo em direção a sua cura.
Que a chuva leve embora consigo a sua dor, deixando para trás histórias gravadas em tinta, sorrisos e lágrimas.
— Gustavo em Relicário dos poetas.
#pvpmembrosantigos#relicariodospoetasantigos#projetovelhopoema#lardepoetas#carteldapoesia#projetoalmaflorida#mentesexpostas#eglogas#poecitas#humverso#projetocores#chovendopalavras#projetoflorejo#ecospoeticos#fumantedealmas#espalhepoesias
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flashback com @wantsallfab na Tenda da Bruxa
Os cheiros da Tenda da Bruxa sempre traziam memórias afetivas extremamente aconchegantes para a Marisol. Foram muitas viagens para a loja ao longo dos anos, procurando ervas para os chás de sua mãe, tirando folgas de suas patrulhas para trazer um lanche para Evelyn ou abusar da boa da vontade da amiga implorando por charmes que a ajudassem com as encrencas aleatórias que se metera na sua juventude. Os seus motivos eram um pouco mais justos agora, tentando trazer um ar mais familiar para o apartamento novo, então ela esperava que ela não se incomodasse dessa vez. "Evee~" Cantarolava enquanto passava por maços de ervas penduradas para secar e sorria para a amiga quando finalmente encontrou ela pela loja. "Cheguei em má hora? Eu estava precisando de algumas ervas e talvez uns feitiços se você não estiver ocupada."
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Tamborilando os dedos no próprio braço enquanto observava uma pintura no corredor, Christine tentou fazer mais um dos exercícios de respiração que o Dr. Coelho tinha ensinado. Não adiantava nada estar ansiosa pela chegada dele. Se viesse, poderiam conversar. E se não, aquilo poderia significar várias coisas diferentes. Sabia que estava correndo um risco ao chamá-lo até lá. Nem mesmo sabia dizer se ele tinha colocado os pés em outro teatro, quem dirá em um que fosse tão parecido com o deles - ou somente dela agora. Ainda sim, se eles fossem fazer parte da vida um do outro daqui em diante - não por conta das histórias reescritas, mas porque ela desejava isso - esperava que ele pudesse pelo menos conhecer seu local de trabalho. Quem sabe conseguiria ressignificar aquele tipo de lugar em sua memória? Também não fazia ideia de como estaria seu humor. Se estava tão afetado pelas mudanças quanto ela ou se os efeitos não tinham sido tão ruins. Quando convidou @erikxphantom, acabou optando pelo caminho mais complicado, mesmo que a intenção fosse só demonstrar seu carinho: ao invés de mandar uma mensagem pelo Scroll, optara por enviar Orfeu até sua livraria. Já tinha feito aquilo algumas vezes antes para mandar recados aos amigos e depois de certo treinamento o pássaro conseguia fazer qualquer rota pelo meio da cidade sem dificuldades. Junto do bilhete escrito a mão convidando-o até a Casa da Ópera tinha mandado também o desenho de uma rosa muito pequena, já que Orfeu era pequeno e não aguentaria carregar uma rosa de verdade. Quando cansou de observar a pintura a sua frente decidiu que o esperaria mais perto da entrada. No final da semana o lugar quase não tinha movimento, e as apresentações do dia já tinham chegado ao fim. Chegando mais perto do final do corredor Christine sentiu o alívio percorrendo seu corpo quando viu a silhueta familiar. Esperou que ele olhasse em sua direção para sorrir, aliviada, e apressou os passos até diminuir os metros que os separavam. "Erik! Você veio." Não sabia exatamente o que fazer com as próprias mãos, se deveria se aproximar mais e cumprimentá-lo melhor ou se respeitava seu espaço. Tanto tempo tinha se passado e as vezes ainda se sentia como a garota encantada pelo anjo que aparecera em sua vida. "Orfeu não te assustou, não é? Mandei meu passarinho até você. Queria que ele te conhecesse antes de te convidar para me visitar. Ele costuma piar muito quando vê estranhos." Mesmo que não soubesse qual seria o resultado daquele encontro Christine estava torcendo para que fosse bom. Estava até planejando outra visita dele, agora em sua casa. "Eu fiz chá e café para nós dois no meu escritório. Como você não demorou ainda deve estar quente." Começou a andar em direção ao lugar indicado, esperando que ele alcançasse seu ritmo para enfim se aproximar e pegar sua mão.
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Pro pessoal BR:
Então eu decidi colocar meu livro de contos disponível de graça na amazon de hoje 25/11 até dia 29/11 Aproveitem :D
Abaixo um dos contos dos livro :
A Boneca e sua Menina
Isto é uma história de amor.
Alguns podem dizer o contrário mas não preste atenção neles, preste atenção em mim, como minha Júlia fez.
Amor não tinha sido gentil comigo até esse ponto, eu tive algumas donas antes da minha Júlia, meninas que pareciam doces no começo, que escovavam meu cabelo e admiravam a beleza da porcelana que formava meu corpo e a delicadeza das minhas roupas e chapéu. Mas que no fim se provaram ser o contrário e acabaram por partir o meu coração. E me colocaram em uma posição que me forçou a partir os corações delas também.
Para a minha Júlia me encontrar foi uma descoberta, mas para mim foi um resgate. Uma velha intrometida tinha arranjado uma maneira de me prender, de me deixar na escuridão com nada além das minhas memórias como companhia. Eu não tinha certeza de quanto tempo tinha passado, só o suficiente para saber que a velha intrometida estava morta e seus feitiços malignos há muito tempo esquecidos. Minha menina abriu a caixa quebrando o selo do lado de fora, e daquele momento em diante eu era dela. E apenas dela para sempre.
Ela me pegou nos seus braços, e como se eu fosse um bebê ela me mostrou a casa que eu já conhecia, me contava como ela e a mãe tinham acabado de se mudar para lá para ficarem mais perto da avó que estava doente. Ela me chamou Olivia, esse não era o nome que eu tinha antes, mas eu não me importei. Um novo nome parecia algo que poderia ser bom, significava um novo começo, uma nova vida e eu definitivamente precisava de uma dessas. Ela me levou para o quarto dela, me serviu água fingindo que era chá em uma pequena xícara. Penteou meu cabelo desembaraçando os fios com uma gentileza que tão raramente tinha sido me mostrada. Tirando a poeira, ela me disse que nunca tinha visto uma boneca de porcelana com olhos e cabelos castanhos como os dela, que elas quase sempre eram loiras e de olhos claros. EJúlia pegou um dos vestidos de uma outra boneca e colocou em mim dizendo que como eu era a mais bonita das bonecas eu merecia o vestido mais bonito.
Das outras vezes eu tinha sido mais cautelosa, esperado um pouco mais, mas algo me fez confiar nela já naquele primeiro dia, então gentilmente eu fiz os meus pensamentos irem na direção dela, deixando saber que havia alguém lá, alguém ouvindo. Ela poderia ter gritado, como outros já tinham feito no passado, mas ao invés disso ela sorriu.
Teria sido um momento perfeito se a mãe dela não tivesse entrado naquele instante e dito :
“Onde você achou esse troço?”
O troço que ela se referia sendo bem obviamente eu. Você pode me culpar por não simpatizar com a mulher?
“No sótão.”
“Você não deveria ter ido lá sozinha, eu ainda não tive tempo de limpar lá, poderia ter ratos .”
“Eu não vi nenhum rato.”
E devia ter terminado assim, mas ela continuou falando e falando e falando, e cada palavra fazia minha menina se sentir pior e aquela mulher horrível não parecia se importar. E mesmo após ela partir minha Júlia continuou se sentindo triste.
Naquela noite ela me colocou na cama de cabeceira dela antes de adormecer, e eu a observei até que despertasse novamente. Por uma semana meus dias foram um céu na terra, com ela passando cada hora desperta e dormindo comigo, ela me levava para a mesa de jantar e para assistir filmes na frente da televisão na sala, nós brincávamos e as vezes eu deixava meus pensamentos irem até ela, e eu contava a ela coisas do meu passado, as crueldades e indignidades que essa vida me fez sofrer, e eu contava para ela o quão grata eu me sentia por ela, por aquela primavera da minha alma após um inverno tão longo.
Mas a época de aulas começou e a mãe de Júlia não permitiu que ela me levasse para a escola. Nosso tempo de distância era de algumas horas, mas eu me desacostumei a ficar sozinha. E já nas primeiras semanas ficou claro que a vida era tão chata nas horas em que ela estava na escola e a casa tão vazia e tão diferente do que era do meu período antes de ser presa na caixa.
A mãe de Júlia também estava fora naquele horário então eu comecei a explorar, era difícil se mover, levava muita concentração, eu tinha que usar demais de quem eu era antes desse corpo de porcelana, antes de outra velha intrometida, a primeira, me colocar aqui, mas eu fiz. As vezes eu ia nos outros quartos, mas na maioria das vezes eu ia para as janelas para ver minha menina chegando, e ela me via e vinha correndo me encontrar não importando em qual janela eu estava. Foi tolo de mim, porque eu deveria ter percebido que se minha menina notou minhas pequenas caminhadas pela casa também sua mãe notaria também.
Um dia ela chegou antes da Júlia e me encontrou em uma das janelas, ela me levou até o latão de lixo da esquina e sem qualquer cerimônia me jogou fora. Eu tentei mover a tampa para voltar para era pesada demais, se mover em geral já é tão difícil. E minha menina estava longe demais para meus pensamentos alcançarem o dela e pedir para que ela viesse me resgatar. Mas ela veio de qualquer maneira, como um anjo, como a heroína de coração puro de um conto de fadas pronta para salvar sua donzela em perigo, e ela me escondeu na sua mochila e me disse que eu tinha que ficar lá para que a mãe dela não me jogasse no lixo novamente. Na escola ela me tirava da mochila e mostrava para suas amigas, algumas delas pareciam belas, outras inteligentes, outras gentis, mas nenhuma tanto quanto a minha menina. E talvez nós poderíamos ter continuado assim para sempre, mas mais uma velha intrometida apareceu.
Eu não sei como essas mulheres horríveis continuam me encontrando, elas são a praga da minha existência, elas são aquelas que me prendem em pedaços de pano e em caixas para apodrecer enquanto o tempo continua passando e passando.
Eu estava na mochila, escondida e esperando pelas horas em que eu poderia novamente estar junto com a minha menina. Quando eu ouvi uma voz que eu não conhecia. Inicialmente longe demais para eu conseguir ter certeza do que estava sendo dito, mas logo esta se aproximou.
“Está mais perto agora, tem algo muito muito muito errado aqui.” disse a voz que até então eu nunca tinha ouvido.
E em volta havia sons de portas e gavetas sendo abertas e vasculhadas, eu não estava com tanto medo assim até eu ouvir o som alarmante do zíper da mochila sendo aberto.
A mãe de Júlia gritou quando ela me viu, a velha intrometida ao seu lado olhou friamente para mim.
“Porque você gritou?” a velha disse.
E a mãe de Júlia seguiu a contar uma história horrível cheia de palavras como arrepios e possessão, fazendo os belos meses que eu passei na companhia da minha menina parecer algo saído de uma história de horror.
A velha disse para a mãe de Júlia não se preocupar, que ela ia se livrar de mim. E aí minha menina que estava ouvindo tudo atrás da porta começou a chorar e protestar que não era justo, que eu era a amiga dela. Mesmo na esquina eu podia ouvir minha menina ainda chorando enquanto a velha me levava embora.
Nós chegamos na casa da velha, ela me levou até o quintal, derramou álcool em mim, acendeu um fósforo e aí tacou fogo. As chamas me fizeram lembrar de coisas antigas, coisas perdidas, coisas que eu desesperadamente não queria lembrar. Mas com este também veio o conhecimento de como das cinzas renascer.
Eu esperei muito tempo até eu começar a me refazer. Eu poderia ter refeito meu corpo de muitas maneiras, mas eu escolhi a mesma forma em que eu estivera antes, afinal foi com aquela aparência que minha Júlia me conheceu e me amou.
E aí eu me movi, bem mais facilmente do que antes, com um corpo que verdadeiramente era meu agora. Uma parte minha quis ir direto para a minha menina, mas eu não o fiz, afinal não foi apenas por ela que eu voltei, mas também pela velha. Eu sempre volto, especialmente quando eu tenho algo pra que voltar. Seja amor ou o seu oposto. E tal crueldade não poderia ser ignorada.
Foi muito mais fácil do que eu achei que seria. Eu não precisei fazer nada além de aparecer na porta da cozinha, e deixar meus pensamentos invadirem o corpo da velha para fazer seu coração parar. Não é minha culpa ela ter sido a dona de um coração tão fraco.
A velha foi encontrada por um de seus vizinhos pela manhã dura e fria no chão, e eles me encontraram também ao lado dela.
Vieram homens tirar o corpo dela de lá logo. E pouco antes do anoitecer a mãe de Júlia veio, ela me pegou pelo braço e me levou para a rua, para fazer novamente o que ela tinha feito antes, me jogar no lixo.
Mas dessa vez eu não deixei. Eu mandei meus pensamentos para ela, não gentilmente como uma carícia como eu fazia com minha Júlia mas como uma faca, para que só a minha voz pudesse ser ouvida na sua mente.
E a partir daí ela finalmente entendeu qual seria o preço de ser alguém que se mete em coisas que não são da sua conta.
Agora minha menina me coloca na mesa de cabeceira, beija minha testa e me deseja boa noite.
A mãe de Júlia observa nosso pequeno ritual da porta, é claro que ela ainda me odeia, mas ela aprendeu nesse ponto que ela não deveria se colocar no caminho de amor verdadeiro.
As luzes se apagam e eu olho para a minha menina até o dia clarear e ela despertar.
Isto é um final feliz.
Não deixe ninguém te dizer o contrário.
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