#Castelo do Mar
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O Forte de São Francisco da Barra, também conhecido como Castelo do Mar, Forte da Barra, Forte do Picão e Forte da Laje, localizava-se no extremo norte da cidade do Recife, sobre os recifes de pedra que protegiam o seu porto, no litoral do estado - Recife Em 1904.
#Forte do Picão#Forte de São Francisco da Barra#Castelo do Mar#Forte da Barra#Arrecifes do Porto do Recife#Cidade do Recife#Recife#pernambuco#recife pe#Recife City#Efeméride#Fortalezas do Nordeste#Recife Antigamente#Old Photography#Old Photo#Fotografia Antiga
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Praia do Forte Bahia: paraíso do nordeste
#viagem#turismo#Praia do Forte#Bahia#Brasil#guia completo#localização#história#Projeto Tamar#tartarugas marinhas#passeio de barco#golfinhos#Castelo Garcia D'Ávila#Praia do Lord#trilha ecológica#animais#plantas#gastronomia#frutos do mar#comidas típicas#hospedagem#resorts de luxo#pousadas#albergues.
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Sugestões de livros
Fica aqui para que parem de me mandar ask. Notem que isto não é só coisas que eu li, são também sugestões de colegas e amigos que confio muito.
Reis e rainhas:
Toda a coleção da Temas e Debates de biografias de reis e rainhas
Rainhas Medievais de Portugal de Ana Rodrigues de Oliveira
As Avis, Joana Bouza Serrano
História de Portugal Geral
História de Portugal tanto do Rui Ramos como do José Mattoso, sendo o segundo da Círculo de Leitores portanto só se consulta em biblioteca e sao livros de cabeceira
Grandes Mistérios da História de Portugal, Fátima Mariano
História, Arte e Literatura, Diogo Ramada Curto
História Global de Portugal (autores Vários)
Portugal na Idade Média, Sérgio Luís de Carvalho
História da Vida Privada em Portugal, José Mattoso (vários volumes por épocas, só estou familiarizada com a Idade Medieval)
Breve História de Portugal / Brevíssima História de Portugal (são 2 livros distintos) A. H. de Oliveira Marques
Al-Andalus
Fath Al-Andalus, Marcos Santos
Lisboa Árabe, Sérgio Luís de Carvalho
Portugal na Espanha Árabe, António Borges Coelho
Cristãos Contra Muçulmanos na Idade Média Peninsular, Carlos de Ayala e Isabel Cristina F. Fernandes (Coord.)
História Judaica e Inquisição
História dos Judeus Portugueses, Carsten L. Wilke
Judeus Portugueses, Esther Mucznik
A Perseguição Aos Judeus e Muçulmanos de Portugal - D. Manuel e o Fim da Tolerância Religiosa (1496-1497), François Soyer
Lisboa Judaica, Sérgio Luís de Carvalho
Inquisição e Cristãos Novos, António José Saraiva
História da Inquisição Portuguesa, Giuseppe Marcocci e José Pedro Paiva
História de Lisboa
Rainha dos Mares (Queen of the Sea em inglês), Barry Hatton
Lisboa Desconhecida e Insólita, Anísio Franco
História Gastronómica de Lisboa, Manuel Paquete
Lisboa em 10 Histórias, Joke Langens
Lisboa Revolucionária, Fernando Rosas
Lisboa no Liberalismo, Victor de Sá
Lisboa Manuelina, Helder Carita
Caminhar por Lisboa, Anísio Franco
Segredos de Lisboa, Inês Ribeiro e Raquel Plicarpo
Diário de um Viajante a Lisboa, Henry Fielding
Era das Luzes
O Marquês de Pombal e a sua Época, J. Lúcio de Azevedo
Século XIX
1808, Laurentino Gomes
A Republicanização da Monarquia, Maria de Fátima Bonifácio
Século XX
O Século XX Português (Vários autores)
Portugal Entre a Paz e a Guerra, 1939 - 1945, Fernando Rosas
Curiosidades, assuntos específicos e tópicos nicho:
Portugal Insólito, Joaquim Fernandes
História Global da Alimentação (Vários autores)
Quinas e Castelos, Miguel Metelo de Seixas
They Went to Portugal, Rose Macaulay
Heroinas Portuguesas, Fina d'Armada
O Pequeno Livro do Grande Terramoto, Rui Tavares
(Des)colonização e raça:
Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana, Isabel Castro Henriques
Portugal e o Século XX: Estado-Império e a Descolonização, Fernando Tavares Pimenta
Lisboa Africana, Sérgio Luís de Carvalho
Um Mar da Cor na Terra, Miguel Vale de Almeida
Ecos Coloniais: Histórias, Patrimónios e Memórias, de Ana Guardião, Miguel Bandeira Jerónimo e Paulo Peixoto
Caderno de Memórias Coloniais, Isabel Figueiredo
Escravidão, Laurentino Gomes
"Modo Português de Estar no Mundo": O luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961), Cláudia Castelo
Outras cidades:
Porto Insólito e Desconhecido, Germano da Silva
Cascais, Raquel Henriques da Silva
Qualquer livro da Scala sobre qualquer palácio público, inclusive os da Parques Sintra (Mosteiro dos Jerónimos, Palácio da Pena, Palácio da Vila, Mosteiro de Alcobaça que eu tenha)
vou atualizando à medida que vou descobrindo livros por aí
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FILMES PARA ASSISTIR NO CAFÉ DA MANHÃ 🥞☕️
café da manhã é para filmes que dão sono de uma forma matinal, silencioso e às vezes aconchegante, mas também podem ser fresco como quando você sai de casa e está frio lá fora e faz você acordar.
observação: se algum link não estiver funcionando, por favor, avise na ask, que iremos mudar o link.
Bonequinha de Luxo
Clube dos Cinco
Curtindo a Vida Adoidado
De Volta para o Futuro
Dirty Dancing
Doze é Demais
Ela é o Cara
Esqueceram de Mim
Matilda
O Castelo no Céu
O Diário da Princesa
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
O Serviço de Entregas da Kiki
Operação Cupido
Os Batutinhas
Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar
Procurando Nemo
Red: Crescer é uma Fera
Shrek
Sob o Sol da Toscana
Toy Story
Um Lugar Chamado Notting Hill
Uma Linda Mulher
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Não coloco minha energia e nem perco o meu tempo com quem não sabe contemplar as estrelas. Sou uma sobrevivente do Inferno de Dante, sei bem suas passagens e seus caminhos, entre vales e montanhas, porém sem atalhos. Sei bem como sentar à mesa com meus demônios encarando-os com franqueza expondo as fraquezas que minha alma carregava há tanto tempo. Sei que nas noites de Lua Cheia, esse lobo interno uiva e mostra os caminhos. Sirva-me de amor, não o convencional, busco algo que transcenda explicações. O banquete principal é recheado de amor-próprio. Sou o incompreensível que buscam entender, o paradoxo que rejeitam, a nova vida-flor que nasce em meios às rochas que tentam asfixiar. O tempo já me tirou coisas o suficiente, inclusive levou-me com ele. Precisei ser paciente com as minhas imperfeições e aceitar que diante do Senhor do Tempo nada posso, mas tudo possuo. Tenho todo o tempo do mundo, pois encontrei tempo para mim mediante a falta de tempo do mundo. Priorizei-me quando ninguém mais o fez. Acolhi-me quando ninguém ofereceu-me sequer um abraço. Fui meu pai, mãe, amiga e irmã diante das diversas circunstâncias da vida e, quanto mais ela me exigia, mais eu lhe oferecia. Renasci, reaprendi, mudei, transmutei, borboleta à fênix, Eu sou. Portanto, não será de migalhas que viverei e de quem só as oferece, por favor, retirem-se. Não há mais espaço nesse castelo interno para conto de fadas com personagens e roteiros desinteressantes. Não busco o príncipe encantado ou herói, mas também não aceito o vilão. Eu fui todos os personagens em uma só diante do palco da vida. Aprendi a atuar e flutuar por entre suas poses, contextos e dissabores. Cansa ser todos e não ser eu mesma. Busquei em um olhar encontrar a plenitude de mim e encontrei naquele olhar ferino o selvagem que me alimentaria. Sinto muito, sinto mesmo, sou intensidade em todas as medidas. Busco a regeneração, após doses de auto destruição. Busco força, após anos de fraqueza. Busco solitude, após anos de solidão. Busco paz, após anos de tormenta. Busco a luz, após noites escuras da alma constantes e aparentemente infindáveis. Busco amor, após tamanha indiferença. Busco a mim, acima de tudo. Sou mulher, sou deusa, sou loba. Sou amor, sou ternura, sou compaixão. Sou tempestade, maremoto e furacão. Sou tudo e nada. Sou terra, fogo, água e ar. Sigo pelo vento, esse é o elementar. Sigo no fluxo do rio da existência rumo ao mar. Sou feita de magia e minhas verdades, pouco me importa se não segui às suas vontades. Uma mulher decidida possui a força da Natureza, dos anjos, dos demônios, das estrelas e do Todo. Um ser completo em sua incompletude que aprendeu a localizar a saída de seu próprio submundo, não há nada que me impeça de ser livre. Já fui prisioneira e hoje sou quem liberta. Já fui medrosa e hoje transmito força. Já quis desistir de tudo e hoje transmito esperança. Já tentaram falar por mim e hoje sou voz ativa para quem precisa. Já fui cega e hoje vejo além dos véus da ilusão. Já fui caos e hoje sou paz. Já morri em vida para renascer na morte e mostrar para quem a teme que ela é uma aliada, diariamente nos visitando para ceifar aquilo que já não agrega. Deixo ir, abro espaço para o novo, corto na lua minguante para que a Lua Cheia renove as minhas forças. O lobo acompanhará os meus passos, como estrela guia, rumo ao meu destino.
@cartasparaviolet
#espalhepoesias#lardepoetas#pequenosescritores#projetoalmaflorida#autorais#mentesexpostas#carteldapoesia#poecitas#damadolago#eglogas#mesigamnoinstagram @cartasparaviolet_#liberdadeliteraria#projetovelhopoema
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Poseidon omega - male alpha reader.
[Nome] sempre foi um criado fiel, servindo diligentemente no vasto e imponente castelo de Poseidon. Diferente da maioria dos outros, que eram em sua maioria ômegas, ele era um dos poucos alfas presentes, e isso, desde o início, fez com que sua presença se destacasse - até mesmo entre os criados.
No entanto, não foi apenas seu status que chamou a atenção do deus dos mares.
Poseidon não pôde deixar de notar o albinismo de [Nome], algo que o tornava ainda mais distinto entre os demais. Sua pele pálida e cabelos quase translúcidos pareciam brilhar à luz do castelo, como se tivessem sido moldados diretamente pelas espumas do oceano. Mas o que mais prendeu os olhos da divindade foi a dedicação impecável de [Nome] ao seu trabalho. Discreto, meticuloso e eficiente, ele havia se tornado indispensável, uma presença silenciosa, mas essencial, no castelo do deus.
E assim, aos poucos, Poseidon começou a direcionar sua atenção para ele e o criado começou a ser levado com o loiro para todo lado.
No início, para ele você era apenas um criado qualquer. Porém o Deus dos mares finalmente se deu conta de que [Nome] era um alfa em uma manhã inesperada, quando o albino não apareceu para cumprir suas tarefas habituais. Algo não parecia certo, e a ausência dele, que sempre fora tão pontual e diligente, despertou a inquietação do deus dos mares. Poseidon, curioso e um tanto intrigado, decidiu verificar pessoalmente a ala dos criados.
Ao entrar na área reservada aos servos, ele imediatamente encontrou a resposta para sua preocupação. Lá estava seu favorito, o albino que sempre destacava-se entre os demais, sendo banhado por dois ômegas. A visão o surpreendeu: [Nome], com a pele avermelhada sob a luz suave, recebia os cuidados meticulosos dos dois servos e aquele cheiro fortíssimo de vinho, ele percebeu que era seu cio.
Poseidon sentiu uma onda de possessividade passar por ele, uma nova compreensão surgindo conforme observava o criado que, até aquele instante, ele só havia admirado por sua lealdade.
Quando a reunião dos deuses chegou, você estava ao seu lado, Poseidon ao ver [Nome] conversando com Thor, ele explodiu o que levou onde vocês estavam agora.
Poseidon, com um gesto impaciente e decidido, rasgou os trapos que cobriam o corpo de seu criado, [Nome]. O som do tecido sendo dilacerado ecoou pelo ambiente, e um suspiro surpreso escapou dos lábios do alfa albino, que se viu subitamente com o tronco desnudo. Instintivamente, ele tentou cobrir-se, as mãos movendo-se rápido em um reflexo de proteção.
No entanto, antes que pudesse completar o gesto, seus pulsos foram firmemente capturados pelas mãos da divindade. Os olhos de [Nome] se ergueram para encontrar o olhar intenso do ômega, cuja expressão era inabalável, como o próprio mar em calmaria antes de uma tempestade.
— Você é meu. — Poseidon declarou duramente, lambendo sua clavícula enquanto você gemia suavemente, rosto quente e corado. [Nome] tentou se contorcer um pouco para tentar tirá-lo de cima, mas é claro que ele simplesmente é mais forte e maior, afinal, é um Deus.
— P-Poseidon, por favor...
Isso não o impediu. Apenas o encorajou enquanto ele continuava a atacar seu pescoço com beijos e lambidas rudes, certificando-se de que ficaria por um longo tempo. Ele quer que todos saibam que você pertence a ele.
Especialmente quer que você entenda que é dele.
O alfa geme um pouco envergonhado, não querendo ceder aos seus modos depravados, mas seu corpo estava o traindo. Assim como ele. Poseidon riu, segurando o albino no lugar com o aperto forte que ele tem em seus pulsos.
— Vamos, [Nome].
O ômega rosnou, cravando os dentes no ombro do maior, fazendo-o gemer de surpresa com a dor e o prazer. Ele esfregou as coxas, tentando aliviar um pouco o pênis duro em meio a suas pernas.
— Você fica tão fofa quando choraminga.
A mão dele viajou para baixo, parando quando alcançou sua calça. O deus segurou um sorriso no rosto enquanto rasgou a peça, quando os trapos caíram no chão, a atenção dele foi para seu pênis, acariciando com uma delicadeza sem igual.
Poseidon observava o alfa albino à sua frente com uma mistura de fascínio e cautela. Ele sabia, com a clareza de quem já testemunhara a fragilidade mortal inúmeras vezes, que [Nome] era delicado, como um vidro fino prestes a se estilhaçar. Se o deus dos mares não controlasse sua força divina, poderia facilmente quebrá-lo ao meio, como se fosse um mero fragmento diante de seu poder imenso.
A consciência dessa fragilidade trazia uma tensão palpável ao ar. Poseidon, com todo o seu domínio, precisava conter o ímpeto que lhe era natural, tratando o corpo frágil à sua frente com um cuidado quase reverente.
Um grunido alto, seguido pelas pernas de [Nome] tremendo, arrancou o loiro de seus pensamentos, trazendo-o de volta à realidade. O deus voltou o olhar imediatamente para o rosto do alfa, sendo recebido pela visão de seus olhos vermelhos e brilhantes tão chorosos, tão profundos quanto o oceano em sua fúria. A pele leitosa do albino agora estava corada, tingida por uma mistura de emoção e vulnerabilidade.
— M-meu deus — Ele gaguejou tentando se segurar em algo, porém, pressionando contra a parede, não conseguia segurar em nada além dos braços do deus — E-eu... Ah!!
Os olhos azuis do loiro voltaram para seu pau, acelerando a punheta e apertando propositalmente a veia proeminente ao lado da glande. De maneira imediata um gemido alto veio do alfa, as pernas brancas tremeram e jatos quentes e grossos de gozo foram liberados.
Ao ver que você estava pronto, em um piscar de olhos o alfa estava sentado na cama tendo o Deus do mares em cima de si.
— Você fica lindo quando sente prazer. — O loiro sussurrou, sentando no pau de [nome].
— Eu esperei tanto pra foder... Mas... Oh merda~ — Poseidon rosnou começando a cavalgar em seu pau se dó, gemidos altos eram soltos pelo albino que tremia de prazer.
[Nome] foi reivindicado como alfa de Poseidon. O albino - sendo um ser com gotas minúsculas de poder - só conseguiu sair do quarto seis meses depois. Quando Hades foi visitar o irmão e teve que o afastar do pobre coitado que estava vivendo de pau e água.
Extras:
Hades: Poseidon, repete comigo.
O deus dos mares estava emburrado, olhando para [Nome] que comia um grande prato de comida como se fosse sua última refeição. Na opinião do loiro, você ainda precisava de mais, não deveriam ter saído do quarto ainda.
Hades: O seu alfa não é um Deus.
Poseidon: O meu alfa não é um deus - a contragosto ele repetiu.
Hades: então ele precisa descansar.
Poseidon: então ele precisa descansar.
Hades: eu não posso transar com ele durante seis meses seguidas, ele precisa comer, dormir e tomar banho.
*Poseidon se recusou a repetir a parte do transar.*
#leitor masculino#fanfic#male reader#imagine#dom reader#alpha reader#poseidon#shumatsu no valkyrie#record of ragnarok x male reader#gay boys
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 2| Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Nyx seguiu o pai até o seu escrit��rio. Suas têmporas começaram a latejar indicando o início de uma dor de cabeça infernal, a rapidez com que ele se movia só aumentava a dor em sua cabeça.
O pai apenas a olhava com cara de paisagem. Totalmente desprovido de qualquer emoção. Na verdade, ela pensou ter visto o resquício de emoção que havia nele desaparecer no instante em que os olhares se cruzaram. Como se a mera chegada dela tivesse acabado com todas as suas emoções.
Ou eu estou muito ferrada ou aquela lagartixa roxa ridícula fez algo realmente ruim.
Ela abriu a boca para dizer isso, mas o pai já havia cruzado o escritório e parou em frente às grandes portas de madeira que davam para a varanda e as abriu, indicando que ela passasse à sua frente. Puxando seus cabelos longos em uma rabo de cavalo improvisado, Nyx deu um passo à frente, encostando-se ao parapeito da porta, sentindo o frio da manhã na pele.
O sol nunca aparecia na Ilha dos Perdidos. Grandes nuvens acinzentadas cobriam todo o espaço aéreo do local e impediam que qualquer raio solar chegassem até os moradores. Devido a isso, cultivar qualquer alimento era praticamente impossível, e os moradores da ilha dependiam quase que exclusivamente da bondade e compaixão do povo de Auradon. Além disso, as baixas temperaturas e a escuridão quase que completa influenciavam para dar um toque sombrio e ameaçador à Ilha dos Perdidos.
– Você está perdendo a vista – disse o pai, com uma voz baixa e rouca que fez sua cabeça formigar, como o tamborilar da chuva do telhado.
– Eu sei como é a Ilha dos Perdidos – respondeu ela em tom seco, e então cruzou os braços na altura dos seios. Nyx estava certa, não importava onde ela estava, as imagens das ruas lotadas de lixo e vilões sujos eram nítidas em sua mente. Ela havia crescido ali, em meio aos ladrões e bandidos, correndo por todas aquelas ruas imundas e fétidas. Prédios com aparência de abandonados cobriam a área que rodeava a mansão, uma névoa gélida era encontrada espalhando-se pela região.
Ao longe, quase no centro da ilha, era possível ver o castelo horroroso onde a Lagartixa mãe e a Lagartixa filha moravam junto aos seus amiguinhos ridículos. Se olhasse para leste, poderia ver as docas onde o Capitão Gancho, Úrsula e Morgana, sua irmã, dominavam, se apertasse bem os olhos poderia ver até as velas do navio comandado por sua melhor amiga, Uma, a filha da Bruxa do Mar.
– Eu queria te afastar de ouvidos indiscretos. É um assunto muito sério.
Algo na postura dele, com o vento fazendo sua capa preta esvoaçar, fez Nyx ter um forte pressentimento.
– Tá, antes que você venha com todo esse papo de Lorde das Trevas para cima de mim, eu não matei ninguém e eu não explodi nada nas últimas vinte e quatro horas. Estive com Uma, Harry e Gil desde ontem de manhã.
Dava para sentir aquela terrível avalanche de palavras que lhe escapava toda vez que ela estava nervosa ou havia um silêncio indesejável. Normalmente, Nyx conseguia controlar esse impulso após anos de treino, mas seu pai conseguia tirar o pior dela, então ela continuou:
– Talvez eu tenha quebrado alguns ossos de alguns misóginos e abusadores de crianças. Mas eles mereceram – Agora, ela gesticulava descontroladamente, como se estivesse tentando voar.
O que tornou a situação pior foi perceber que seu pai estava se esforçando muito mal, diga-se de passagem, para não ria dela.
Uma pessoa controlada pararia de falar ao ver aquela expressão no rosto do Lobo Mau, mas Nyx não era tão controlada assim. Quer dizer, Nyx era controlada, mas parecia que o cérebro e a boca não estavam conectados. E isso sempre acontecia na presença do pai.
– E talvez, sem o meu envolvimento, é claro, as sobrancelhas da bruxa, verruguenta e obcecada por maçãs, tenham sido queimadas novamente.
Os olhos do pai brilharam e a Nyx viu algo ardendo ali, só por um momento, antes de se fecharem de novo. Ele limpou a garganta e coçou a nunca, parecendo meio irritado meio orgulhoso.
Vê-lo perder qualquer resquício de sua impecável compostura dava a Nyx uma satisfação imensa. Não era sempre que o Grande Lobo Mau saia do seu personagem impecável e superior.
– Não me importo com as suas travessuras junto aos seus amigos piratas, filhote. – O pai revirou os olhos e apoiou as mãos em cada lado dos pilares de pedra. Nyx sabia que daria para ver seus ombros e costas tensos, não fosse pela capa.
A Morada da Lua, como era chamada pelos outros cidadãos da Ilha o lugar onde morava, era uma verdadeira fortaleza. Os homens de seu pai eram vistos circulando pelo perímetro. Todos eram fieis a sua família, de uma forma ou outra.
Seu pai tinha mantido a maioria das alianças de antes do seu confinamento na Ilha. Capitão Gancho, Sr. Smee, Yzma, Hades, Úrsula, Madame Mim, Dr. Facilier. Todos eles eram aliados de seu pai. Alguns mais que outros, é claro. Isso resultou nas amizades mais próximas de Nyx: Uma Hydraviper, Harry Hook, Gil LeGume. Nyx também tinha outros amigos como: Hadie Underworlder, Yzla Cat, Anthony, Dizzy e Annabelle Tremaine.
Quando não estava treinando todos os métodos de matar com seu pai, Nyx sempre poderia ser encontrada com Uma, Harry e Gil, seja ajudando no Ursula's Fish and Chips ou no navio que Uma comanda.
– Filhote?
Ah, ele estava falando, não estava? Nyx estava muito ocupada envolta em seus próprios pensamentos para ouvir ele.
– Ah, sim, eu... concordo. – Nyx balançou cabeça enfaticamente, tentando ao máximo não demostrar que estava prestando atenção.
– É mesmo? – Ele assobiou baixinho e levantou a mão para esfregar a barba por fazer mantida à perfeição. – Pois bem, tendo sua aprovação, irei começar os preparativos para casa você com um dos goblins, para garantir mais acesso às docas onde os produtos e alimentos chegam de Auradon.
– O quê? – Nyx arfou. – Papai, eu... O senhor perdeu completamente a cabeça? Isso não pode ser sério! É loucura!
Sem se dar conta, Nyx se aproximou do pai e agarrou as lapelas de sua capa e começou a balançar o corpo dele, tentando procurar qualquer traço de loucura em seus olhos.
Mas, em vez de humanidade, ela viu os olhos se estreitarem e formarem pequenas rugas nos cantos. Nyx deu um grande passo para trás para observar melhor a expressão do pai. Os lábios estavam curvados para cima e, quando Nyx percebeu, soltou um gritinho.
– ERA UMA PIADA?
O pai abriu o maior sorriso que Nyx tinha visto nele desde seu último aniversário.
– PAI!
Ele revirou os olhos e balançou a cabeça, como se não conseguisse acreditar na conversa que estava tendo.
– Agora que tenho toda a sua atenção...
– Foi a sua primeira? – Nyx interrompeu, incapaz de processar tanta informação nova em poucos segundos.
O licano alfa inclinou a cabeça para trás, surpreso, enquanto soltava as mãos de Nyx de sua capa.
– Minha primeira o quê, filhote?
– Sua primeira piada desse mês.
Ele grunhiu e abriu a bocas para falar, parecendo bem indignado, na opinião de Nyx.
– Mas não é poss... – Ele se interrompeu para beliscar a ponta do nariz. – Nyaxia, você realmente acha que sou incapaz de ter senso de humor?
– Claro que não – disse ela seriamente – Você me teve.
O pai soltou um suspiro resignado e ajeitou meticulosamente a capa escura.
– Falo com você por menos de três minutos e já fico mais confuso do que os estagiários durante meu dia favorito da semana.
– Metaforicamente falando, claro, já que não estou atirando flechas em você. – Nyx lançou-lhe um olhar penetrante para reiterar o quanto “reprovava” o treinamento de autodefesa do pai com as pobres almas que vinham para “estágios”. Filhos de vilões menores e pouco relevantes, pessoas com dívidas de jogo e outros malfeitores se candidatavam ao cargo o tempo todo.
O Dia da Caça é o melhor espetáculo que ocorre na Ilha dos Perdidos. O evento acontece no final de cada semana de trabalho dos estagiários do Grande Lobo Mau, a menos, é claro, que o pai estivesse tendo um dia ruim. Aí, poderia ser no início da semana, no meio da semana, de manhã, durante o almoço, ou... Bom, a lista continua. Pelo menos era consistente, já que todo Dia da Caça consistia no pai mandando os estagiários para fora para que fugissem de algo.
Desde que nascerá, ela os vira tentar escapar de uma besta, de um arco com flechas em chamas e de inúmera criaturas mágicas e não mágicas, até dela mesma quando o pai achou que Nyx já tinha idade o suficiente... Detalhe: Nyx tinha apenas 11 anos quando começou a participar ativamente do Dia da Caça. Mas, sem dúvidas, os dias preferidos de Nyx são aqueles em que o pai estava tão farto das palhaçadas de seus funcionários que começa a perseguir pessoalmente eles pelo pátio dos fundos... às vezes, se ela tivesse sorte, alguns dos funcionários de seu pai conseguiam fugir, e ela e os amigos continuavam a caçar eles por toda a ilha.
Foi o mais rápido que ela já viu os estagiários correrem. Nyx sempre morri de rir nesses dias.
E daí que eu me divirto com o desesperos deles? Quem não se divertiria com um bando de machos, correndo e gritando por suas mamães, mais perdidos do que cego em tiroteio?
– Vale lembrar que não mato um estagiário há muitos meses.
Nyx revirou os olhos tão forte que quase conseguiu ver o seu crânio por dentro.
– Papai lindo do meu coração, odeio diminuir seus sucessos, mas existem pessoas que passam a vida inteira sem matar ninguém.
Ele permaneceu sério.
– Que chato.
– Me poupe, né? Não foram “meses”. Você arrancou a cabeça de um dos trolls da Lagartixa Sênior semana passada.
– Bom, ele mereceu.
Nyx deu de ombros, concordando.
Todos sabiam que aliados da Fada das Trevas não eram bem-vindos daquele lado da ilha. E aqueles que tentavam... bem, eles rapidamente sumiam e nunca mais eram vistos novamente.
– Se eu tivesse esse privilégio, a Mal já teria ido parar em uma cova rasa há muitos meses. – Nyx fez uma pausa contemplativa. – Na verdade, pai...
– Não.
– Mas e se eu fizer uma lista oficial e bem-organizada de prós e contras? – suplicou.
De repente, o pai fechou a cara, tão do nada que Nyx ouviu a própria respiração acelerar.
– Sempre mantenha os inimigos por perto, filhote. A vida é mais interessante assim.
O sorriso que ele lhe deva naquele momento não tinha alegria, apenas promessas cruéis.
Nyx suspirou, cansada. Seu pai nunca lhe explicara o motivo de não acabar logo com essa guerra fria entre ele e Malévola. Até onde ela sabia, esse conflito já durava quase um século. E mesmo tendo todas as oportunidades agora, o alfa do clã Badwolf ainda não tinha decepado a cabeça da fada lagartixa ou arrancado seu coração.
– Falando em inimigos... Podemos discutir o assunto que me fez trazer você aqui para conversar antes que os outros comecem a acreditar que vou jogar você por cima do parapeito? – perguntou ele.
Nyx revirou os olhos e gesticulou para que ele continuasse.
– Pode falar.
O lupino fez cara feia e virou de costas para ela, voltando o olhar para a vista da Ilha.
– Uma carta chegou hoje para você.
Nyx tentou não demonstrar, mas a alegria era palpável. Fazia meses desde que a última carta da sua mãe tinha chegado, quase um ano. Essas cartas vinham de tempos em tempos, nunca de forma constante ou rotineira. Seus pais eram muito cuidadosos quanto a correspondência... todo cuidado era pouco, nunca se sabe quando uma de suas cartas poderia ser interceptada.
– Mamãe está bem? Cadê a carta? Ela mandou mais alguma coisa...
– É do palácio de Auradon. De Vossa Alteza Real, Príncipe Benjamin, para ser especifico.
💫🐺⚔️❄️🖤
Palácio Real de Auradon
À Ilustre Senhorita Nyaxia Badwolf,
É com grande distinção que, nesta primeira proclamação como Rei dos Estados Unidos de Auradon, tenho a honra de dirigir-me a vossa pessoa.
Como parte de meus votos solenes de estabelecer um reino de inclusão e progresso, venho por meio desta carta oferecer-lhe uma oportunidade singular: juntar-se ao corpo docente da Escola Preparatória de Auradon.
Esta proposta não apenas reflete os valores fundamentais de minha monarquia, mas também inaugura um novo capítulo de promessas e esperanças em Auradon. Sua presença na Escola de Auradon será de inestimável valor, contribuindo para a construção de um futuro mais brilhante para nosso reino.
Em reconhecimento à sua grande e histórica família, é com grande esperança e antecipação que aguardamos sua resposta afirmativa.
Os meus guardas estarão lhe aguardando amanhã pela manhã nos portões da Morada da Lua caso aceite a minha proposta.
Com distinta estima,
Príncipe Benjamin
Em nome da Família Real de Auradon
– Você só pode estar brincando com a minha cara. Por que, em nome de Ártemis, eu iria querer fazer isso? – Nyx zombou secamente, erguendo uma sobrancelha para o pai.
– Isso não é uma brincadeira, Nyaxia. Mas sim uma oportunidade. Você ira para Auradon, filhote. – De repente, a voz dele ficou mais baixa. Um tom letal que ela já tinha visto fazer os homens mais corajosos se tremerem de medo. Por algum motivo, Nyx achava reconfortante... talvez seja porque ele era o seu pai. – E isso não está em discursão.
– Oi? O senhor está ficando louco? Você sempre disse que Auradon é horrível e uma perda de tempo terrível.
– Mas com a minha filha lá, pode deixar de ser.
– Pai! Auradon não dá a mínima para nós há duas décadas! – rosnou Nyx enquanto se aproximava de seu pai, com as presas afiadas a mostra. – Eles jogaram você e todos os outros vilões em uma pilha de lixo flutuante sem dar a ninguém uma chance de redenção. Claro que a maioria não teria se redimido de qualquer maneira... mas mesmo assim, eles não se importaram com ninguém.
O pai olhou para ela com uma emoção indecifrável.
– E então, quando nascemos, eles decidiram que seríamos tão ruins quanto nossos pais. E nunca, nunca, pensaram em nós novamente. Então me perdoe se estou tendo dificuldades de em acreditar que, depois de vinte anos, a família real decidiu milagrosamente que talvez vale a pena pensar em nós.
Elijah Badwolf a fitou por longos minutos em completo silêncio, sem nunca desviar o olhar. Seus olhos lentamente começaram a se tornar de uma cor dourada, quase tão reluzente quanto ouro derretido.
– Nyaxia, você irá para Auradon. Não existe outra opção para você. Eu e sua mãe já decidimos, você irá para Auradon – disse o Lobo Mau em voz baixa.
Nyx respirou fundo, porque ele se erguia imponente e sombrio, prometendo destruição. Ela sabia que nunca teve chance contra seu pai, mas saber que sua mãe também o apoiava... bem, isso mudava as coisas, e ela só conseguia pensar...
– Quem mais vai para Auradon?
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República Faustiana
Vamos exumar um Dutra qualquer A flor que você depõe é íntima do Mercúrio Um desfile mergulhado em pólvora O povo em transe com imagens no meio do abismo
Vamos sambar sob a cova de um Castelo Branco Por quem foi decapitado, por quem não pôde antes Por quem jamais esquecerá, contra o perdão das instituições O rei está deposto e morto, entretanto, sempre no cio
Você se contenta com os discursos de um novo Costa e Silva Você se contenta com ameaças veladas de um elefante branco Você come dos restos de um banquete enferrujado Você funda um ritual de mutualismo com fardas sujas de sangue seco
Beijaram o asfalto, os tragaram em porões O amor conhecendo a coerção O trágico Fausto cantando um carnaval Entre as sombras de um viaduto
Houveram poucos Hermes Batucando seu regresso Ensaiando seu monólogo Para despistar a ordem
Surge um corpo remendado Médici ressuscitava carcaças de Bacantes Para insinua-las a sua nova Lady Lazarus Para que pudesse moldar o encanto
Outro Geisel com obsessão sacra por coturnos Os muitos carnavais ainda com gosto de maçã crepuscular O papel de uma distensão, vagorosamente um trópico se estende Para reluzir sob as convenções ridículas de uma vingança protestante
Por fim aqueles que entoam um Ustra Inflamam um escarcéu, inventam seus rivais Frustram-se em um mar de arrogância Tão incompetentes em performar seus papéis
#inutilidadeaflorada#poema#poesia#pierrot ruivo#carteldapoesia#projetoflorejo#mentesexpostas#autoral#espalhepoesias#lardepoetas#projetoalmaflorida#pequenosautores#pequenoescritores#semeadoresdealmas#poetaslivres#projetomardeescritos#poesiabrasileira#literaturabrasileira
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O pássaro e a fonte - Parte II - (Fábula, Oniriko, 2024)
A parte I está aqui.
Nosso pequeno pássaro, com sua missão cumprida, vivendo sua segunda vida, foi surpreendido: a vida, ou melhor, suas ações, vieram cobrar seu preço.
Voava pacificamente acima do mar, quando ao voltar para a costa, na transição entre o tecido azul com o verde do chão, vinhas de metal que zuniam se assemelhando a música que toca em pesadelos se entrelaçaram em suas asas e violentamente o puxaram para a terra.
Descendo em alta velocidade numa espiral matemáticamente perfeita, sem entender nada, foi supreendido por uma voz que nunca ouviu em sua pequena vida quando se chocou contra o chão, ainda aprisionado pelo gélido, vil e brilhante metal das vinhas que saíam de uma máquina no chão. Elas apertavam suas pequenas asas como se fossem uma criança curiosa ignorante do impacto que sua força causava. Ou talvez fosse apenas pura maldade, a punição aplicada em pequenas doses.
Mas punição pelo quê?
A voz respondeu sua pergunta:
"Pequeno, arrogante, criminoso pássaro: lerei sua pena agora, e todos lhe sentirão pena. Perderá suas penas e ganhará uma pena, vedes como o universo é justo? Pois usaste o voo para realizar os crimes, portanto abusaste do direito que havias ganho ao nascer."
A voz vinha de um cavaleiro, ou pelo menos a armadura de um. Não se sabia se havia carne ou outra coisa dentro de todo aquele metal, e sua voz era fantasmagórica.
"O universo inteiro é júri agora, como todos podem ver."
Somente as vinhas, o pássaro e a armadura estavam presentes, mas cada átomo observava.
"Sabeis quem sois, pequeno pássaro?"
O pássaro pensou um pouco e então lembrou. Ele havia visto uma armadura semelhante no castelo onde encontrou o lírio arco-íris.
"Sabeis a quem eu sirvo, pequena ave?"
Na mente do pássaro, a consagração do cavaleiro ainda em vida, antes da queda do reino, suas juras de proteger o reino a todo custo. Mesmo depois da morte, a vontade animou a armadura que agora lhe acusa.
"Mesmo com o reino destruído, ainda havia esperança, mas ela foi roubada. E para quê? Para acionar uma memória que você nem lembra mais."
O pássaro não entende do que está sendo acusado, mas a palavra memória dá um relampejo em sua pequena mente. O brilho dura apenas uma fração de segundo, mas ele não consegue ver o que o raio iluminara.
"PORTANTO..." a armadura levanta a voz - "como protetor do reino, irei aplicar a sentença."
O pássaro tenta em vão se livrar de seus grilhões. Várias penas caídas ao chão, sensação de pelo menos um osso quebrado ou rachado.
A dor trouxe a memória. A dias ele estava procurando algo. O sofrimento o fez lembrar da fonte. Era a fonte que ele buscava. Mas ele não a encontrara mais.
"A sentença foi aplicada. Não mais perturbará os céus, ladra criatura!"
Nisso, as vinhas metálicas se moldaram aos seus braços. O pássaro não podia mais voar. Como âncoras prendendo seu corpo ao chão, o pássaro cai desajeitadamente no chão depois da queda inicial que ainda causava dor e desconforto.
Quando finalmente consegue recobrar suas forças e ensaia se levantar, a armadura já não está mais ali. Só o peso de seus novos grilhões e a memória de sua querida fonte.
Suas pequenas pernas não foram feitas pra caminhar grandes distâncias. Suas asas imponentes (em relação ao resto de seu pequeno corpo), eram as principais responsáveis por seus movimentos.
Agora que não podia mais usá-las, pensou como eram graciosas antes. Lembrou dos movimentos ágeis, da travessia rápida, dos pousos certeiros nos locais mais improváveis, das vistas fenomenais que seus pequenos olhos viram, quando era preciso parar para observar a beleza.
Mas agora tudo isso havia sido negado, e o pássaro perguntou se a morte que buscava ao encontrar a fonte não era melhor que tal castigo.
Ele se perguntou se esse era um preço justo pelas experiências que teve. E o que a armadura quis dizer quando disse "Mesmo com o reino destruído, ainda havia esperança..."
Cabisbaixo, o pássaro olhava para o chão, tão próximo agora. Normalmente ele não prestava atenção para a maior parte do chão. Apenas quando buscava por ameaças ou algum eventual lanchinho. Preso a essa perspectiva microscópica, o pássaro verteu uma lágrima.
E a lágrima não era uma simples lágrima. Era uma versão miniatura do que ele agora sabia o que deveria procurar.
A fonte!
Mas como? A fonte não estava mais no mesmo lugar. E agora ele não poderia perscrutar os céus e buscar pistas. Estava preso a essa existência medíocre como a maioria dos bípedes, dando pequenos passinhos num espaço ínfimo de território.
Ele pensou "Eu sou ou não sou um pássaro? O que faz um pássaro além de voar?" Preso ao chão, ele não poderia se desvencilhar de outros predadores que antes ele podia desprezar simplesmente com o bater de suas pequeninas mas belas asas.
"Eu era um satélite, agora não passo de uma rocha." - o pássaro se perdia em pensamentos depressivos, quando alguém respondeu.
"Qual... Qual o problema em ser uma rocha, pequeno ex-pássaro?" disse uma voz que apesar de transparecer lentidão, tinha uma presença pesada e importante.
Custando para olhar ao redor e ver quem pronunciara tal pergunta, uma pedra no chão parecia indignada.
O pássaro se virou, arrastando suas asas de ferro, para fitar melhor a pedra, e disse:
"Uma pedra nunca entenderia o que é ser um pássaro. Você esteve todo o tempo aqui nesse chão. No máximo rolou quando alguém lhe chutou, ou foi levado por um carrinho de mão daqui até ali. Aposto que nem faz ideia de como o mundo é grande!"
"Meu caro pássaro." a voz disse com a paciência de uma galáxia inteira. "Acreditas mesmo que sou apenas uma rocha, uma pedra?"
O pássaro ficou em dúvida. Do que ele estaria falando? Uma pedra é uma pedra, e pedras no máximo rolam ou são arremessadas. Um garoto uma vez arremessou uma pedra e por pouco o pássaro não foi abatido.
"Sou paciente, e serei ainda mais por causa da sua situação. Eu ouvi o julgamento e acredito que foram injustos com você."
O pássaro resolveu se sentar, se apoiando na asa esquerda, que não parecia quebrada.
"Já que vejo ter aceitado minha mensagem, me sinto convidado a explicar a você, pequeno pássaro das asas de ferro."
Depois do julgamento cruel e apressado, era reconfortante ter alguém paciente, que lhe explicaria algo. Sair desse estado agora também não seria algo fácil.
"Tudo bem, pedra, ou melhor, como devo chamá-lo?"
"Meu nome não importa agora, mas você saberá no final da minha história."
A ave assentiu e aguardou o que a pedra iria lhe contar.
"Você disse que alguém como eu nunca entenderia o que é ser um pássaro. Mas eu posso dizer o mesmo. Assim como você não é mais o que era, eu também não sou mais o que eu fui."
O pássaro se tornava cada vez mais curioso com o que a pedra lhe revelava.
"Você disse que eu não teria a.. concepção do tamanho do mundo, é isso?"
"O que mais você poderia enxergar além da grama?" disse o pássaro, sem maldade em sua voz, com genuína curiosidade.
"Pois bem..."
O pássaro não aguentava mais o mistério. Percebendo isso a pedra o provocou.
"Algumas coisas não podem ser solucionadas com pressa. Por acaso tem algum lugar para ir? "
Ter ele até tinha, mas como iria arrastando essas duas âncoras em seus pequenos braços, com um que parecia quebrado? Pelo menos as asas serviam como tala...
"Pelo visto não, não é? Pois vou finalmente contar o mistério."
A ave sossegou e aguardou.
"Olhe para o alto. Está vendo aquele disco lá no alto?"
"O pássaro olhou a lua e se perguntou o que a pedra queria dizer."
"Certa vez" - continou a pedra - "...um cometa passeava pelo espaço. Mas ele se distraiu, e acabou se chocando com a lua. Foi aí que eu nasci. Tive muitos irmãos. Vi eles caindo, fumegando, cada um indo pra uma direção. Nunca vi nenhum deles na minha vida."
O pássaro ficou surpreso. Ele nunca saiu da atmosfera, estava falando agora com alguém que era de fora do planeta, da Lua! Então ele baixou a cabeça ainda mais, como que envergonhado, pelas coisas que disse.
A pedra pareceu perceber o desconforto do pássaro e pediu para que ficasse relaxado, ele não tinha mágoa, a maior parte das criaturas também desprezava sem conhecer, é assim que o mundo funciona. As pessoas presumem, de acordo com a aparência, o que são as coisas e as pessoas.
Com isso o pássaro, sentindo-se perdoado por sua transgressão, continou a ouvir atentamente.
"Eu observei esse pequeno e azul planeta girar muitas vezes. Uma infinidade de locais e pessoas. Mesmo de longe, eu observava, tenho a visão muito boa! Inclusive esse vale aqui eu já conhecia. Não sei porque esse lugarzinho me chamou a atenção, mesmo quando eu flutuava lá no espaço."
Com isso, o pássaro percebeu que as histórias dele e da pedra não eram tão diferentes. Ambos viviam nas alturas, obviamente levando em consideração as respectivas dimensões de cada um, ambos agora estavam presos ao chão.
"Mas você não está preso ao chão como eu estou pequeno pássaro. Por isso quero ajudar você."
"Venha até mim, porque não tenho pernas."
"Isso. Agora quero que faça algo. Acredito que ambos podemos nos ajudar."
O pássaro agora estava de frente com a pedra, curioso com qual seria o pedido que ela teria a fazer para ele.
"Bem, eu... Eu sempre tive curiosidade em saber como é ser uma pedra polida. Agora que você tem esse metal, será que você poderia polir pelo menos a parte de cima da minha cabeça?"
Então se esforçando, ele ergue a asa que não está quebrada acima da pedra, e começa a fazer um movimento de vai e vem, usando a pedra como suporte, com suas perninhas. O som de metal se esfregando com a rocha causa uma fricção que gera faíscas.
"Isso mesmo! Que sensação fantástica!" diz a pedra - "É como se estivesse penteando meu cabelo. Embora eu não tenha cabelo e seja uma pedra..."
O movimento é interrompido pois o pássaro está cansado.
"Tudo bem meu caro amigo, assim está bom. Obrigado." diz a pedra, satisfeita.
"Agora dê uns passos para trás e me diga. O que acha?"
O pássaro com custo se afasta, sua asa caindo no chão, mas sem o impacto que o pássaro imaginou que iria fazer. Ele olha e gosta do resultado. Em algum lugar de algum mundo, deveria ser o penteado de uma certa era, ele imagina. A reação da expressão do pássaro faz com que a pedra fique contente.
"Imagino que gostaria de algo em troca agora não é?" falou a pedra animada - "Pois bem, eu lhe darei informações, que são a ferramenta mais importante que alguém pode ter."
Como sempre, a pedra era ótima em contar histórias, deixando o pássaro cada vez mais curioso.
"A primeira informação. Você estava buscando uma fonte certo? Eu ouvi falar de uma fonte, pois meus ouvidos são muito bons. Outros dois pássaros estavam contando de uma fonte mágica que poderia curar qualquer ferimento."
O pássaro ergueu a cabeça surpreso e agradecido.
"A fonte fica naquela direção, vire de costas, vai ver uma montanha com uma nuvem em seu pico."
Com custo, ele se vira e olha para a montanha. Está realmente longe, e então ele suspira.
"Calma meu amigo ex-alado. Você não precisa ir até a montanha, basta chegar na metade do percurso até ela."
"Obrigado", disse o pássaro, fazendo uma pequena reverência, tomando cuidado para não cair.
"A próxima informação, e acredito que vá gostar, é que agora sua asa de metal deve estar mais leve. Graças ao polimento, um pouco do metal caiu, olhe aqui ao meu redor."
E então o pássaro viu que apesar do peso, parte de suas algemas tinham caído em forma de lascas de metal.
"Além disso, talvez você precise cortar coisas pelo caminho, ou se defender, então o polimento também transformou sua asa numa ferramenta parecida com uma espada."
O pássaro conseguiu agora levantar o braço e o movimentou. O ar zunia com o metal afiado. Ele se sentiu como um cavalheiro ou guerreiro empunhando uma espada. Mas ele precisaria praticar, especialmente pra não atingir ele mesmo. Decidiu fazer isso mais tarde com algumas das plantas pequenas que encontraria pelo caminho.
"Meu caro pássaro, imagino que nosso encontro termina aqui. Apreciei muito a sua companhia, mas sei que tem uma jornada pela frente. Sei que olha pro seu destino agora e o interpreta como um castigo, mas talvez daqui algum tempo essa provação se mostre como algo positivo, como tudo que acontece em nossas vidas."
"Obrigado Senhor pedra. Se possível, que gostaria de lhe chamar de amigo."
"Ora, e porque não amiga?" - disse a pedra de forma provocante, brincando, por causa da formalidade do pássaro - "amigos nunca são formais uns com os outros, a não ser que estejam zombando!
"Ah, claro, muito obrigado por sua companhia, por suas histórias e por sua ajuda."
"Não precisa ser tão formal, meu querido. Já somos amigos."
Com isso, o pássaro virou as costas, apontando para a montanha, e começou a longa caminhada, um passo por vez, carregando os novos e pesados braços.
"Boa sorte! Estarei aqui, caso precisar. Por favor volte depois e me conte a sua história, estarei esperando!"
Fim da parte II
Que perigos e aventuras o pássaro com asas de ferro passará? Fará novos amigos, ou talvez inimigos? Ele encontrará a fonte no caminho para a montanha? Será que ele conseguirá realizar sua missão? E afinal que missão seria essa!?
#delirantesko#espalhepoesias#pequenosescritores#lardepoetas#carteldapoesia#poetaslivres#projetoalmaflorida#projetovelhopoema#semeadoresdealmas#fabula
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﹒ ✴︎ ﹒ 𝑯 𝐎 𝐔 𝐒 𝐄 𝐒 𝐔 𝐑 𝐘 𝐀 𝐕 𝐀 𝐍 𝐒 𝐇 𝐈 : encurvável é o sol, diziam os antigos, e nós somos seus filhos.
𝐀 Casa Suryanvashi é uma antiga linhagem nobre situada no limite sul do Império, nas cercanias de desertos de areia vermelha e branca, em Powys, no território da Costa do Sal. Erguendo-se imponente junto ao oceano, sob o calor de um clima ensolarado que define a região, está sua sede, o castelo de Arcosol, refletido em construções com cúpulas majestosas, pátios internos repletos de mosaicos e jardins perfumados. A arquitetura é ornamentada, porém prática, utilizando cores terrosas e formas geométricas, resplandecendo sob o brilho constante do pôr do sol. Os seus senhores são comumente alcunhados como as "Víboras das Dunas Rubras", e seus filhos ou filhas, como “descendentes de beira-mar” e "serpentes de areia".
É prestigiosa na produção de perfumes delicados e tecidos leves e finos, de maciez tão acentuada que rivaliza com os de Luguya, ideais para o clima quente e agradáveis ao toque. Tingem a maior parte de suas sedas com matizes vibrantes, e em vez de adorná-las com brasões tradicionais, costumam pintá-las a mão.
Apesar de leais aos Essaex, no começo da fundação de Aldanrae demoraram a curvar suas cabeças, e a aliança somente veio após o crescimento de khajols e posteriormente de dragões em suas posses. Ainda assim, cultivam uma postura de dignidade distante e mais fechada em seus próprios vínculos familiares, evitando embalar-se em intrigas e conflitos políticos de terceiros, pois se há de haver perdas aos seus, que mantenham-se nas tocas arenosas; se houver vislumbre de ganhos no horizonte, que seja com cuidado devido antes de erguer as presas nos pescoços de seus inimigos.
Em relação aos changelings, com exceção da esposa do Marquês e alguns de seus filhos, adotam quase sempre uma postura pragmática e indiferente, não havendo hostilidade fervorosa, mas tampouco simpatia. Enxergam-nos como peças na estrutura social, úteis, diria que possível clientela e aparato no jogo político do Império, porém indignas de vínculo mais profundo com um de seus membros. Essa convicção reflete o valor que atribuem à pureza de sua linhagem com nada além do que lhes acrescenta.
𝑻 𝑯 𝑬 𝑳 𝑰 𝑵 𝑬 𝑨 𝑮 𝑬
𝐎 marquês, homem de temperamento reservado e palavras cuidadosamente calculadas, vela pelo nome da família com rigor e é notoriamente mais afeiçoado às filhas que aos filhos, delegando boa parte das responsabilidades destes para Yunet, que é uma khajol oriunda de Luguya. Trouxe consigo costumes estrangeiros, sutilmente fundidos aos hábitos locais, conferindo à linhagem familiar um traço de distinção frente às gerações passadas.
O primogênito, Tariq, o Benfeitor, é tido como a mente lúcida destinada a guiar a família, tão calmo quanto a superfície serena da água de um oásis. O segundo filho, Sete, o Infame, é conhecido pela inclinação para crueldade, com rumores de que, em ocasiões obscuras, usou de sua posição para forçar criados a se autoflagelarem enquanto escandalosamente ria. Fora a avó, falecida há alguns anos e única a repreendê-lo, nem o pai nem a mãe demonstram interesse em conter suas ações. Kanope, a Calamidade, possui um temperamento volúvel e é intenso como o sol a pino, sendo a força vital da casa. Guerreiro letal e devotado às irmãs, nutre especial afeto pela quarta filha, Aishwarya. Esta, chamada pelo povo de sua região de Coração Solar de Powys, é reverenciada por sua bondade e beleza, admirada em suas raras aparições públicas na juventude. Mais tarde, seus dons no canto e na dança lhe valeram o título de Rouxinol do Império. A última filha, Ankita, carrega o espírito da matriarca em sua determinação e uma autossuficiência que flerta com a ambição, embora compartilhe dos valores familiares em proteger e honrar seu sangue.
À exceção das filhas que frequentam Hexwood, os demais encontram-se casados ou noivos.
Todos ao atingirem a idade de maturidade foram agraciados com uma joia singular, adornada com serpentes. Tariq ostenta um anel de prata antiga, onde duas cobras se entrelaçam, formando um nó que circunda o dedo; seus olhos incrustados de ônix parecem observá-lo atentamente. Sete carrega um colar em ouro envelhecido, cujo pingente de serpente exibe escamas minuciosamente esculpidas, realçadas por pequenas safiras que cintilam sob a luz. Kanope possui uma pulseira de bronze polido, com duas cobras que se encontram em um aperto firme, as cabeças voltadas para fora, adornadas com pedras de jade verde, simbolizando o olhar vigilante sobre o caminho. Ankita, a mais jovem, usa um bracelete de prata com entalhes de serpentes espiraladas, cujas caudas se entrelaçam até formar o fecho, e suas escamas foram finamente cravejadas com minúsculos rubis. Aishwarya, por sua vez, traz uma tornozeleira de ouro brilhante, onde uma serpente única envolve a corrente, cada escama finamente detalhada e polida; ao pisar com força, a joia emite um som seco e delicado, como o sibilo discreto de uma serpente à espreita.
𝑻 𝑯 𝑬 𝑪 𝑼 𝑹 𝑺 𝑬, 𝑻 𝑯 𝑬 𝑷 𝑹 𝑶 𝑷 𝑯 𝑬 𝑪 𝒀
𝐍as terras de areia há uma regra instaurada pela Lady Suryavanshi e punível com pagamento de sangue: nunca comentar a respeito dos acontecimentos que cercaram o nascimento de Aishwarya. Contudo, embora a boca se torça e feche, as lembranças nítidas que os guardas, a parteira e algumas servas guardam daquela noite abundante de tormenta não explicitada nunca se apaga;
A ardência da primeira respiração queimou por dentro, logo avisando: a vida não é fácil; e todo o castelo vibrou e reverberou com o eco do choro da vida. Uma bênção, exprime uma criada emocionada. A graça dos deuses finalmente tocou seu ventre, diz a parteira, é uma menina saudável e perfeita como a Senhora.
Louvados sejam, louvados sejam.
A mãe, contudo, não sorriu. Talvez o árduo parto a tivesse exaurido, mas seus braços e pernas, ainda débeis, pareciam hesitantes, como se temessem envolver o bebê embrulhado no manto dourado que lhe fora entregue. Ainda assim, tomou-o nos braços e pediu à criada que trouxesse a caixa que, durante anos, repousara inerte sobre seu altar sagrado. O objeto, de uma leveza curiosa, trazia inscrições indecifráveis para os olhos atentos ao redor, e de seu interior a mãe retirou uma ampulheta, cujos grãos de areia bastavam para não mais que uma ou duas horas.
Em seguida, recostou-se no leito, oferecendo o seio à criança recém-nascida, sem, porém, afastar o olhar da areia que lentamente escapava, uma partícula de cada vez.
Quando o último grão repousou no fundo, a criada foi mais uma vez convocada aos aposentos. Yunet, que habitualmente mantinha uma postura imperturbável, agora exibia uma inquietude incomum, com dedos trêmulos roçando os lábios, enquanto observava a criança como se ela representasse algo que escapava à sua compreensão. Seria culpa sua? Por que nada se concretizara até então? Deveria ela mesma intervir? Não — acolhera de peito aberto aquele destino no exato momento em que encontrou o olhar da menina. Não fora assim? Não tinha sido exatamente assim?
“Leve-a daqui, entregue à ama de leite”, murmurou finalmente. Assim que a criança deixou o quarto, Yunet ajoelhou-se sob o brilho intransigente das velas e a claridade fria de seu próprio seon, buscando respostas em um silêncio que pesava mais que qualquer palavra.
Como se escapa do próprio destino? Como se esquiva do que está cravado na alma?
Como?
⠀⠀⠀⠀⠀⠀Como?
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀Como?
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀Pagando o preço. . .
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝖠 𝗀𝗋𝖾𝖺𝗍𝖾𝗋 𝗐𝗈𝗆𝖺𝗇 𝗐𝗈𝗎𝗅𝖽𝗇'𝗍 𝖻𝖾𝗀,
⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝖻𝗎𝗍 𝖨 𝗅𝗈𝗈𝗄𝖾𝖽 𝗍𝗈 𝗍𝗁𝖾 𝗌𝗄𝗒 𝖺𝗇𝖽 𝗌𝖺𝗂𝖽
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝗉𝗅𝖾𝖺𝗌𝖾, 𝖨'𝗏𝖾 𝖻𝖾𝖾𝗇 𝗈𝗇 𝗆𝗒 𝗄𝗇𝖾𝖾𝗌
⠀⠀⠀𝖼 𝗁 𝖺 𝗇 𝗀 𝖾 𝗍 𝗁 𝖾 𝗉 𝗋 𝗈 𝗉 𝗁 𝖾 𝖼 𝗒
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Nos ecos da minha mente, carrego uma dor que não consigo expressar em palavras. É uma tristeza que me envolve de maneira tão profunda que parece fazer parte de quem sou. Cada dia que passa, sinto um peso que me puxa para baixo, uma sensação de que estou preso em um ciclo interminável de desespero. A vida parece uma sequência de dias cinzentos, onde as cores e as alegrias são meras lembranças de um passado distante.
O futuro, para mim, é uma névoa espessa, impenetrável, cheia de incertezas e medos. Não consigo enxergar um caminho claro, uma luz no fim do túnel que possa guiar meus passos. Tudo parece vazio, sem propósito. Acordo todas as manhãs com uma sensação de vazio no peito, uma dor surda que me acompanha em cada momento do dia. Tento encontrar pequenas alegrias, mas elas são efêmeras, desaparecendo tão rapidamente quanto surgem.
Os momentos felizes parecem ilusões, rapidamente ofuscados por uma realidade sombria e implacável. Olho ao redor e vejo pessoas vivendo suas vidas, encontrando sentido e propósito, mas para mim, tudo isso parece distante, inalcançável. A sensação de não pertencer a lugar algum, de não encontrar meu espaço no mundo, é avassaladora. É como se eu estivesse observando a vida passar através de um vidro embaçado, incapaz de realmente participar dela.
Os sonhos que um dia tive parecem desmoronar, como castelos de areia levados pela maré. A esperança, que antes me sustentava, agora é apenas uma lembrança vaga. Sinto-me perdido em um mar de incertezas, sem rumo, sem direção. Tento imaginar um futuro melhor, mas ele se desfaz diante dos meus olhos, deixando apenas um vazio ainda maior. A tristeza é minha companheira constante, um fardo que carrego silenciosamente.
Não há respostas fáceis, nem soluções rápidas. Apenas um dia após o outro, uma luta incessante para encontrar algum sentido em meio a tanta dor. E, no fundo, uma pergunta que não cala: será que um dia conseguirei encontrar a paz e a felicidade que tanto busco?
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Ruínas da Antiga Fortaleza do Castelo do Mar ao Fundo a Barra de Suape, Cabo de Santo Agostinho Pernambuco Em 1953.
Acervo Fundação Joaquim Nabuco.
#Antigas Fortalezas do Nordeste#cabo de santo agostinho#SUAPE Pernambuco#Castelo do Mar Pernambuco#pernambuco#nordeste#photography#photo#vintage#vintage photography#foto#old photography#Cabo de Santo Agostinho City#efemérides#fotografia antiga#Antigamente
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pov: stealth is a lie and a trap.
God loved the birds and invented trees. Man loved the birds and invented cages. ⸻ JACQUES DEVAL
⚲ Circe's Island, Sea of Monsters. 2024.
Por muito que quisesse mandar Circe à merda, sabia ser melhor mantê-lo em pensamentos enquanto estava em seu território, e sua lista mental de ofensas só fazia aumentar. O semblante e postura sérios que assumiu ao cumprir o lado da barganha que lhe cabia parecia fora de lugar para qualquer um que o conhecesse–pelo menos até ter se embrenhado na mata o suficiente para sentir um falso senso de privacidade.
Salvo seu pai e tio, seu lema no que dizia respeito aos deuses do Olimpo era a canção do filme Mogli. Antonia era a sua dupla para aquela tarde em particular, e juntos haviam decidido focar apenas nas armadilhas não-mágicas, já que a tarefa era complicada o suficiente sem que a precisassem piorar. As engenhocas usadas para capturar ursos teriam que bastar.
Exploraram trilhas com as mochilas pesadas nas costas, fazendo pausas frequentes para admirar a natureza que os cercava. Poucos eram os homens que haviam desbravado floresta e praia com passos humanos. Na companhia de sua melhor amiga, a tarefa compulsória quase se tornava prazerosa–quase, porque o peso do metal atrelado às suas costas parecia o ancorar.
Começaram pela costa, onde o oceano beijava a praia. Tony, o cérebro da operação, o instruiu em como armar cada armadilha, e juntos as enterraram apenas o suficiente para as ocultar. A intenção era impedir que invasores chegassem até o lugar de barco e nadassem até a orla mas, como efeito colateral, qualquer um que tentasse tomar um banho de mar naquela praia teria um péssimo dia.
Talvez tenham se distraído construindo um castelo de areia por alguns minutos, mas desta parte Circe não precisa saber.
Uma vez satisfeitos com o trabalho ali, partiram para o interior da ilha, onde a densa vegetação cobria quase todo resquício do céu. Com o processo de montar as armadilhas dominado pela repetição, a real tarefa era camuflá-las: naquele ambiente em questão, usaram folhas, galhos e cipós para encobrir o metal das armadilhas. Foi Antonia quem teve a ideia de criar caminhos falsos por entre as trilhas traçadas das praias ao resort, e Santi usou de seus poderes para soprar uma rajada de vento que agitou o solo e o fez parecer viajado: qualquer um que seguisse um dos becos sem saída terminaria confuso e exausto em lugar nenhum.
Deixaria para os demais semideuses o trabalho com feitiços e poções: sabia que alguém tinha tido a ideia de criar uma barreira de ervas encantadas para distorcer a percepção do espaço de quem cruzasse a mata fechada, e as armadilhas mecânicas que haviam disposto funcionariam como um complemento para a magia com que planejavam cercar o lugar.
Com o trabalho concluído, Santiago e Tony se arrastaram de volta para o resort onde planejavam comer quantidades obscenas de comida e brindar pelo fim da escravidão. Satisfeito consigo mesmo, havia feito apenas o mínimo necessário para não virar porquinho da índia e, de acordo com os termos negociados pela própria Circe, não havia do que a deusa pudesse reclamar.
↳ para @silencehq. citada: @arktoib.
#༄ . ° a safe spot wıthın every tornado. › povs | santıago aguıllar.#eu uso o necessárioooo somente o necessáriooooo#o extraordinário é demais!!!!#farmo e não nego o capitalismo fictício me obriga#tô botando todos os desenvolvimentos em dia pra poder interzar tranquila#num desistam de mim
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i thought i was doing the right thing. @sereiaadella
FLASHBACK - em atlantis
rei tritão odiava surpresas. não era como se ele não soubesse reconhecer os esforços envolvidos ou a intenção positiva de outras pessoas; era só que ele simplesmente não gostava de ser pego desprevenido. além disso, para alguém tão acostumado a estar sempre no controle, era um terror. lembrava-se da primeira vez em que a esposa tentara lhe surpreender, perto do primeiro aniversário de casamento. suficiente dizer que não havia dado certo. no fim das contas, ele sempre se considerara sortudo por ter alguém tão paciente, disposta a aceitar algumas de suas particularidades - ou, nas palavras de adella, chatices. mas se havia um traço seu que as filhas haviam herdado, aquele era a teimosia, pois a jovem parecia decidida a provar ao pai que na verdade uma festa de aniversário surpresa era absolutamente divertida e ele com certeza amaria. claro que para alguém alérgico ao inesperado, rei tritão se tornava particularmente cauteloso na semana de seu aniversário. mas estava completamente tranquilo, afinal, faltavam dois meses para a data comemorativa. uma sacada genial de sua filha, pois o rei dos mares jamais poderia prever aquela ideia aleatória - por falta de melhores palavras.
adella até havia sucedido em organizar tudo por baixo dos panos, e o rei não ficou sabendo de nada. notou, porém, uma mudança estranha na maneira com que alguns de seus súditos lhe dirigiam a palavra. pareciam todos muito tensos e de poucas palavras. as filhas vinham lhe tratando com certa frieza nos últimos dois dias e até sebastião parecia menos bocudo do que o normal. chegou a refazer seus últimos passos e dizeres, preocupado em ter ofendido seu povo de alguma forma, e então presumiu que algo poderia ter acontecido. certamente aquele tratamento não era comum, e ele previa que algo estava por vir. com receio de que úrsula pudesse estar de algum modo por trás de tudo aquilo, o rei cuidadosamente passou a observar e até tentar seguir alguns dos residentes do palácio. não havia conseguido nada. isso até ouvir uma conversa de linguado e ariel. enquanto ariel pedia que o peixe abaixasse o tom de voz, ele soltou algumas palavras que deixaram o homem em alerta. 'se o rei descobrir...' e 'como vou esconder isso?' foram as principais. será que a bruxa do mar os havia de algum modo transformado em seus seguidores, através de alguma magia? conseguiu seguir o animal logo após aquela conversa, que chegou à superfície para buscar com sabichão um item que o próprio tritão não reconhecia. parecia perigoso. quando linguado retornou ao castelo, direto para o salão de bailes, tritão arrancou dele o instrumento desconhecido. o susto fez com que o peixe gritasse, e a luz do ambiente se acendeu de repente. tritão apertou o dispositivo em mãos, soltando uma espécie de fogos de artifício subaquático que atingiu as cortinas brilhantes que compunham a decoração da festa. as diversas fitas da cortina emaranharam-se em torno do rei, fazendo com que ele ficasse preso por sólidos segundos e acabasse por tentar utilizar o tridente para auxílio. a magia de seu tridente atingiu, por sua vez, o bolo que vinha em sua direção, explodindo-o em inúmeros pedacinhos e atingindo todos os convidados que se aproximavam em meio ao caos. tritão observou os arredores, o coração se recuperando do susto enquanto pedaços de bolo e fitas coloridas estavam presos em seus cabelos e barba.
"foi ideia da adella!" linguado explicou imediatamente, enquanto o rei retirava de sua testa um pedaço particularmente irritante da fita que havia grudado na pele. o homem finalmente compreendeu o intuito da garota, agora que havia no chão do palácio restos de bolo jogados em meio a chapéus de festa. o olhar irritado poderia tê-la deixado careca, se tivesse durado um segundo a mais. ela começou a se justificar, e ele apenas ergueu a mão para que ela parasse de falar. tritão abriu e fechou a boca diversas vezes, procurando palavras. as primeiras dezessete que ele pensou certamente seriam injustas quando se levava em conta a boa intenção da jovem. "se me dão licença, eu vou limpar o bolo da minha barba." disse somente, deixando o local e rezando para que poseidon lhe desse paciência.
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Escrevo sempre sobre tremendos e vastíssimos espaços que estão em minha alma, sempre intocáveis, sempre inabitáveis. Uma floresta encantada, um imenso e florido jardim, um mar revolto, um deserto cheio de demônios do ar, um castelo de fantasia, uma biblioteca empoeirada, ruínas de igrejas antigas infestada de anjos abandonados, calabouços assombrosos e masmorras com tesouros mágicos.
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Sempre gostei de ter para onde voltar no final do dia, lugar que fosse mais do que um simples endereço, um lar. Lugar que me fosse aconchego, onde eu pudesse abrigar a minha alma e ancorar meu coração.
Encontrei casas, grande parte vazias, sem charme, onde os passos formavam ecos para lembrar da solidão, casas pequenas, daquelas que não nos cabem, daquelas que temos que encher de espelhos para dar a impressão de espaço, espelhos esses que fazem questão de refletir cada rachadura na parede. Geralmente são alugadas.
E é claro que vejo beleza no ato de pertencer, mas cada tentativa de me estabelecer em espaços vazios é como tentar construir castelos de areia à beira-mar: por mais que se edifique, o oceano sempre se encarrega de levar embora. E é por isso que lugares fracos não me fixam os pés.
-J
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