"Às pessoas que olham para as estrelas e desejam... Às estrelas que ouvem e aos sonhos que são atendidos."
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 4 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
O dia da minha partida tinha chegado. Talvez seja por isso que o nascer do sol esteja especialmente bonito nesta manhã: porque sei que pode ser meu último com minha família.
Quem sabe se um dia vou conseguir voltar a vê-los?
Nas três horas que estive ausente vendo o nascer do sol e dando minha corrida diária ao redor da ilha, todos os meus itens pessoais foram empacotados em caixas e agora estão empilhados no canto. Meu estômago se revira. Papai tinha mandado encaixotar toda a minha vida.
– Seu pai é eficiente pra caralho, isso eu preciso admitir – murmura Uma antes de se virar para mim, me avaliando. Uma e os outros haviam dormido na Morada da Lua, para evitar qualquer atraso no dia de hoje e me ajudar a empacotar tudo, mas aparentemente nem seria necessário. – Estava esperando que pudesse esconder algumas armas nas suas coisas antes que seu pai guardasse tudo. Você precisa de várias armas se vai para aquele ninho de cobras rosas.
– Você já mencionou isso. – Ergo a sobrancelha. – Diversas vezes.
– Foi mal. – Ela estremece, abaixando no chão e começando a esvaziar a própria mochila.
– O que está fazendo?
– Armando você – ela fala baixinho, e sinto a emoção entalar na garganta. – Consegue esconder uma espada?
Balanço a cabeça.
– É muito difícil de esconder uma espada em uma jaqueta de couro. Mas é possível esconder adagas e eu sou bem rápida com elas.
Bem rápida mesmo. Rápida como um relâmpago.
– Imaginei. Que bom. Agora larga a mochila aí e tira essas botas horrorosas. – Ela separa os itens que trouxe, entregando botas novas e um conjunto preto. – Veste isso.
– O que tem de errado com a minha mochila? – Pergunto, mesmo assim a solto. Uma imediatamente a abre, tirando tudo que guardei ali com tanto cuidado. – Uma! Passei a noite toda arrumando isso!
– Você está levando coisas demais, e essas botas são uma armadilha. Se precisar correr, vai cair com essa sola lisa. Mandei fazer botas novas com sola de borracha para você como presente de aniversário, mas acho melhor lhe dar antes. E, querida Nyaxia, tenho certeza que você vai precisar, e muito.
Os livros começaram a voar da minha mochila, caindo perto das caixas.
– Ei, eu posso levar tudo o que quiser e quero levar esses! – Tento pegar o próximo livro antes que ela o jogue longe e mal consigo salvar minha coleção favorita de fábulas sombrias.
– Você acha que eles não vão revistar sua mochila? – pergunta Uma, seu olhar endurecendo. – Você vai ser presa antes do por do sol! Metade desses livros são sobre tortura ou venenos ou feitiços sombrios.
Eu reviro os olhos e concordo com a cabeça.
– Embora você possa levar essa mochila com seu dedo mindinho, mesmo essa mochila tendo quase a metade do seu peso, os cidadãos de Auradon vão tentar de tudo para lhe mandar de volta. Não vou deixar você estragar tudo tentando levar livros que você já leu quinhentas vezes, maninha. Agora, quer fazer o favor de me escutar? Eu bolei um plano enquanto você corria esta manhã. – Não há nenhum traço da minha melhor amiga/irmã. A mulher que está à minha frente é fria, calculista, e um pouco cruel. É a mulher que é a capitã de um bando de piratas rebeldes e atrevidos. – Esquece os livros.
– Meu padrinho deu este aqui pra mim – murmuro, pressionando o livro contra o peito. Talvez seja infantil, só uma coleção de histórias para nos alertar dos perigos da magia, mas foi um dos primeiros livros de magia negra que ganhei.
Ela suspira.
– É aquele livro de folclore de vermes que controlam a escuridão e alguns bichos voadores? Já não leu isso umas mil vezes?
– Provavelmente mais – confesso. – E os nomes certos são Erínias e Basiliscos, e não vermes e bichos voadores.
– Tio Hades e todas as suas alegorias – diz ela. – Ok. Pode ficar com esse aí. Agora se troque enquanto eu arrumo essa bagunça e vou acordar os outros.
O relógio toca ao nosso lado. Temos quarenta e cinco minutos antes do carro de Auradon chegar.
Eu me visto rapidamente, mas tudo parece pertencer a outra pessoa, apesar de obviamente ser do meu tamanho. Se eu tivesse que adivinhar, diria que eram obra de Belle e Dizzy. Após um breve banho, minha regata de corrida é substituída por uma camisa preta justa que cobre meus braços, e os shorts são trocados por um par de couro que abraça minhas curvas. Então, Uma me passa uma jaqueta de couro claramente nova que eu tinha certeza de ser um presente de Harry.
Passo os dedos pelas bainhas escondidas que foram costuradas na diagonal, acompanhando minhas costelas.
– Para as adagas.
– Só tenho cinco. – Eu as agarro da pilha no chão.
– Não tem problemas. Suas unhas/garras causam estragos piores do que essas adagas.
Enfio as armas nas bainhas, e é como se minhas costelas agora fossem armas. O desing é bem engenhoso. Entre as costelas e as bainhas e minhas coxas, o acesso às lâminas fica fácil.
Teria que agradecer a Dizzy e a Belle antes de partir. Elas são gênios da moda.
Minutos depois, metade do que havia colocado na mochila foi parar nas caixas. Ela arrumou minha mochila de novo, descartando tudo que achava desnecessário e quase tudo que não gostasse, enquanto disparava conselhos sobre como acessar os esconderijos antigos da sua mãe e tia. Então, ela me surpreende ao fazer a coisa mais sentimental do mundo: manda que eu me sente entre seus joelhos para trançar meu cabelo como minha mãe fazia quando eu era pequena.
É como se eu voltasse a ser criança, mas faço o que ela me pede mesmo assim.
Enquanto ela terminava de trançar algumas mechas do meu cabelo, escuto as irmãs mais novas Tremaine chegar e começar a discutir com meus outros amigos antes de começarem a subir as escadas em direção meus aposentos.
Uma e eu assistimos divertidas enquanto Dizzy entrava correndo no quarto ofegante com Belle logo atrás com algumas roupas nos braços.
– Eu ... fiz ... isso ... baseado ... no que... você costuma ... vestir – Dizzy diz colocando a pilha de acessórios que carregava em cima da cama antes de desabar no colchão.
Eu sorri suavemente em direção a pequena artesã antes de pegar cuidadosamente meus novos acessórios e colocar na minha bolsa principal.
– Obrigada, Dizzy querida. São todos perfeitos. E Belle, tenho certeza que todas vão ficar fabulosas.
Dizzy fez um breve sinal de positivo, ainda tentando recuperar o fôlego. Enquanto isso, Belle sorriu brilhantemente ao mesmo tempo que terminava de guardar as roupas que trouxe em uma segunda mala perto de mim.
Uma batida na porta chamou nossa atenção mais uma vez revelando Anthony, Harry, Yzla, Gil e Hadie. Como sempre, os rapazes deixaram Yzla passar primeiro antes de todos eles tentarem passar de uma só vez.
– Viemos trazendo mais presentes de aniversário adiantados. – Yzla diz, ajudando-me a levantar. – Bem, um único presente, mas que tem um pedaço de todos nós.
Hadie estendeu uma pequena caixa preta na minha direção. Cautelosamente, peguei a caixa e abri, revelando uma pulseira de prata com vários pingentes diferentes pendurados nela.
O meu coração derreteu ali mesmo enquanto eu pegava a pulseira com o maior carinho possível. Ninguém precisava me explicar o significado dos pingentes, pois era muito óbvio.
Um gancho para Harry; uma concha para Uma; um par de chifres para Gil, uma tiara para Dizzy, um sapatinho de cristal para Anthony, um vestido para Belle, um frasco roxo com orelhas de gato para Yzla e uma caveira para Hadie.
– É só para o caso de você sentir saudades nossas – Harry explicou vindo me abraçar. – E para se lembrar que sempre estaremos com você aonde quer que for.
Olhei para cada um deles e meus olhos começaram a se encher de lágrimas.
– Oh Deuses, por favor, não comece a chorar! – Uma gemeu enquanto cruzava os braços. Aparentemente seu nível de meiguice tinha acabado.
– Não estou – Menti, fungando. – Definitivamente não estou chorando feito um bebezinho. Só caiu um cisco em meus olhos.
Anthony sorriu e com cuidado retirou a pulseira da caixa e a colocou em meu pulso direito antes de colocar um leve beijo na minha palma. Ele sempre tinha sido o mais carinhoso comigo entre todos os meus amigos e talvez o mais próximo a mim, fora Hadie. Anthony sempre sabia quando eu precisava dele, essa foi um dos motivos por termos namorado por quase quatro anos antes de terminarmos ano passado.
Ao contrario do que todos os outros esperavam, após o termino, eu e Anthony ficamos ainda mais próximos. O amor entre nós não desapareceu, apenas de transformou em algo novo e talvez até melhor.
Após alguns segundos, Anthony me solta quando nota que eu já estou melhor e me entrega a minha mochila, agora bem mais leve.
Yzla vem ao meu lado e checa toda a minha roupa e adagas, antes de colocar as mãos em meus ombros.
– Lembre-se de que se precisar de qualquer coisa é só mandar uma mensagem para a gente. Podemos dar um jeito de quebrar essa barreira estupida e iremos direto até você. – O relógio toca mais uma vez. Só mais meia hora. Yzla engole em seco. – Está quase na hora. Pronta?
– Não.
– Eu também não estaria. – Ela dá um sorriso torto. – E olha que sempre estou pronta para tudo.
– Ela não vai morrer hoje – Hadie diz vindo abraçar a namorada. – Vamos descer tudo isso.
Passo as alças da mochila pelos ombros e respiro um pouco mais leve do que de manhã.
Os corredores centrais e administrativos da Morada da Lua estão silenciosos de uma forma sinistra enquanto passamos por diversas escadas, mas o barulho do lado de fora fica mais alto enquanto descemos mais. Através das janelas, vejo alguns dos vilões com quem convivi desde pequena do lado de fora do portão principal.
Antes de virarmos no último corredor que dá para a escadaria que leva ao pátio, Uma para junto com os demais.
– O que... ai. – Uma me espreme em seu peito, abraçando meu corpo com força na privacidade relativa do corredor.
– Eu te amo, Nyaxia. Não esqueça nada do que eu falei. Não seja só mais um nome na lista dos vilões que eles expulsaram para cá – A voz dela tremula, e passo os braços ao seu redor, apertando com força.
– Vou ficar bem – prometo.
Ela assente, o queixo encostado no topo da minha cabeça. Ela era apenas alguns centímetros mais alta do que eu.
– Eu sei. Vamos logo.
Antes que ela pudesse recuar, cada um dos nossos amigos se juntou ao abraço e ficamos ali juntos por alguns momentos desfrutando do que seria o nosso último momento em um longo tempo se tudo ocorresse com o planejado.
– Já chega! Vamos antes que ela se atrase.
É tudo que Uma diz antes de se mexer para soltar-se do apertado abraço e seguir para o pátio lotado de vilões logo na entrada principal da fortaleza.
Meu pai estava conversando com meu padrinho, Hades, e com o Dr. Facilier enquanto o Capitão Ganho mostrava algo para Yzma e o Sr. Smee. Madame Mim estava parada sozinha e olhava para o céu enquanto acariciava um de seus passarinhos.
Todos pararam o que estavam fazendo quando nos juntamos a eles no pátio. Eu não sabia se estava pronta para isso, mas sabia que cada um deles tinha algo a me dizer antes da minha carona chegar.
E o primeiro a se aproximar de mim foi o Sr. Smee.
💫🐺⚔️❄️🖤
Quando a minha carona chegou, uma limusine preta brilhante, dois seguranças desceram dela e começaram a guardar meus pertences na mala sem cumprimentar ninguém.
Dizzy e Belle não conseguiram se conter e me abraçaram novamente com força.
– Divirta-se com as princesas!
– Experimente muito sorvete por nós!
– Vá a bailes!
– Arrume um namorado bem mais bonito que o Anthony!
Anthony que estava observando suas irmãs com um sorriso, bufou de indignação fingida antes de puxa-las para perto dele, enquanto eu apenas revirava meus olhos para as palhaçadas das meninas.
Eu não tinha ideia do que faria em Auradon sem elas duas.
– Irei tentar me divertir, mas não sei ainda sobre um namorado. – Disse indo abraçar cada um deles individualmente. – Cuidem um dos outros e qualquer coisa venham até a Morada da Lua. Este lugar sempre vai abrigar vocês.
– Sim, sim, mamãe. – Uma pegou minha mochila e jogou no porta-malas da limusine. – Entre nesse carro, vá para Auradon e viva uma vida luxuosa!
– Não se esqueça de assustar alguns príncipes! – Hadie acrescentou.
– E não se esqueça das poções que mamãe lhe ensinou – Yzla lembrou-me indo ficar ao lado do namorado.
– Ah, e diga ao Rei Fera que papai mandou lembranças e eu ele gostaria que o Rei Fera fosse empalado em uma das vigas do seu castelo – Gil disse enquanto gesticulava com as mãos como sempre fazia. – Do jeito que papai planejou fazer com ele há vinte anos.
– Fale bem de mim para algumas princesas – Acrescentou Anthony, olhando melancolicamente para o reino do outro lado do mar.
Eu ri, dando um sorriso triste para minha família.
– Eu vou voltar. Eu juro – Tentei tranquilizar todos eles. – E-eu não sei quanto tempo vai levar, mas eu vou voltar. Vou tirar todos vocês daqui.
– Nós sabemos.
Todos eles deram espaço para o meu pai se aproximar depois de um último abraço.
– Bem... então tudo o que resta é dizer adeus. – Meu pai afirma olhando no fundo dos meus olhos. – Sabe, eu e sua mãe sempre imaginamos como seria esse momento e mesmo assim... eu não sei bem o que dizer. Sempre nos perguntamos: Em que mundo você estaria segura sem nós? Quem poderia proteger você melhor do que nós? E com o passar dos anos, percebemos que só existe uma resposta para essas perguntas e a resposta é... você, Nyaxia. Você é mais forte do que imagina, filhote. Por favor, lembre-se que você é o legado que nossa família sempre desejou, a promessa que lutamos para proteger. Sua mãe e eu sempre estaremos junto a você, seja através dos traços do diabo em seu olhar, isso é meu, ou nas suas risadas que são tão parecidas com as de sua mãe.
Mesmo que sua voz não vacilasse ou que seus olhos não tivessem lacrimejando, eu sabia que meu pai estava com dor. Em vinte anos, nunca tínhamos ficado longe um do outro. Sempre fomos eu e ele.
As lagrimas que eu tanto tentará segurar me escaparam e com delicadeza papai as limpou antes de depositar um beijo demorado em minha testa.
– Esse reino uma vez quis ver você morta, mas um dia você, eu e sua mãe faremos dele o seu lar. E cada alma que deseja o seu mal, será aniquilada. Tão certo quanto o meu sangue que corre em suas veias, você voltará para mim. Você é e sempre será... a nossa esperança. Seja feliz, filhote.
– Eu serei feliz, papai. Eu prometo.
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 3 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
No decorrer da sua longa vida, Elijah Badwolf, ou mais carinhosamente conhecido pelo público como Grande Lobo Mau, passou a acreditar que todos são ligados para sempre aqueles com quem compartilhamos sangue. E mesmo que não escolhamos a família... esse laço pode ser a nossa maior força... ou o nosso maior arrependimento.
Essa triste verdade sempre lhe assombrou.
Essa verdade é o motivo de seu aprisionamento nessa ilha deplorável. Essa verdade é o motivo de sua maior alegria e orgulho.
Esse laço nos dá a responsabilidade de amar incondicionalmente.
Sem desculpas.
Não se pode fugir do poder desse laço, mesmo quando ele é testado.
Ele nos sustenta, nos dá força.
Sem esse poder, não temos nada.
💫🐺⚔️❄️🖤
Ela estava cantarolando.
O alfa do clã dos Badwolf tamborilava os dedos longos em sua mesa preta e lustrosa. O som deveria tê-lo irritado. Deveria ter reverberado em seu crânio. Ele já estava com dor de cabeça depois de ouvir sua esposa discutindo os prós e contras da ida de sua filha para Auradon por mais de quatro horas seguidas. Ser marido de alguém não deveria ser visto como algo alegre, e sua enxaqueca era a prova disso. Ninguém tinha lhe avisado que após o casamento suas opiniões, estando certas ou não, não teriam qualquer peso em uma discursão com sua esposa... a regra era clara: ela mandava e ele obedecia, sem mais nem menos. E pensar que ele próprio era considerado o pior vilões da atualidade...
Mas ele manteve a raiva sob controle. De qualquer forma, já tinha descarregado boa parte da fúria nos “guardas” de Malévola que havia, com muito prazer, abatido e pendurado nas vigas para que todos vissem.
E daí que sua esposa achasse a nova decoração de um tremendo de mau gosto? Ele tinha construído aquele lugar, no mínimo poderia decidir as decorações. Pelo menos, até sua esposa começar a fazer greve sexual em seu quarto.
Mais uma vez, a suavidade da voz dela vazava pela frestinha da porta do seu escritório. Se fosse qualquer outra pessoa, ele certamente abriria a porta de suspensão e exigiria que o som irritante parasse no mesmo instante. Faria ameaças e intimidações até que todos tremessem de medo e sua reputação se consolidasse mais uma vez na mente dos funcionários. Era mais seguro para ele – e para eles.
Mas não era qualquer um; era a sua filhote, Nyx – ele só conseguia pensar nela dessa forma, mesmo que sua esposa dissesse que o nome completo de sua filha era belíssimo. Nyx é tão parecida com a mãe que, de certa forma, era desconcertante. Feito um trouxa, ele se aproximou da porta e encostou o ouvido ali (não que fosse necessário... ele era um lobo, pelos deuses). Precisava saber que música era aquela. Tinha que ser algo que ela gostava o suficiente a ponto de decorar a melodia.
Ou talvez fosse...
Paft!
Cambaleando para trás, ele levou a mão ao nariz e um grito de dor escapuliu de seus lábios. Estava tão distraído com a escolha de canção de Nyx que não tinha percebido o som se aproximando.
Naquele momento, não havia mais cantoria, apenas o silêncio do choque e sua filha atordoada do outro lado da porta aberta que tinha acabado de acertar seu rosto.
Ela franziu o elegante nariz enquanto dava um passo cauteloso para trás e agitava as mãos à sua frente.
– Opa.
Então, os lábios dela se curvaram num sorriso de orelha a orelha, e de repente a dor no rosto não era nada se comparada à sensação de contentamento no peito do lupino.
– Sinto muito, papai. Eu deveria ter batido antes.
Ela deu de ombros, como se quisesse dizer: O que vamos fazer comigo?
Ele tinha algumas ideias. A primeira era mandá-la para ficar mais alguns dias com a louca da Yzma. Etiquetar poções, pela centésima vez, talvez lhe ensinasse boas maneiras.
Então, balançou a cabeça e olhou feio para ela.
– Existe algum motivo para você ter entrado no meu escritório como se fosse uma bola de canhão, filhote? Ou você só queria me agredir com minha própria porta?
Ela arregalou os olhos claros, iguais aos de sua mãe, enquanto passava por ele e invadia ainda mais o seu espaço pessoal.
Como se já não tivesse invadido todas as outras áreas da sua vida.
Elijah não se lembrava, na idade de sua filha, de ter causado tanta confusão na vida de sua própria mãe.
– “Agredir” é meio forte, né? Tenho certeza de que você já apanhou de coisas piores, em lugares bem mais vulneráveis.
Ela parou por um instante, aparentemente considerando as palavras que acabara de dizer. O funcionamento da mente dela era diferente de tudo que ele já tinha visto. Era quase como se cada pensamento e palavra dita fizessem as engrenagens imprevisíveis da sua cabeça girarem até que ela conseguisse entendê-las à sua maneira específica. Sua esposa sempre afirmava que Nyx se parecia com a tia materna, a irmã mais nova de sua esposa. Era surpreendentemente intrigante. Era...
Uma distração irritante, e ele detestava aquilo.
E então ela dizia algo que o deixaria sem palavras, como:
– Não que eu esteja pensando nas suas partes vulneráveis! Quer dizer, agora estou, pois levantei o assunto, mas eu quis dizer... – Ela fez uma pausa e, por alguma razão incompreensível, ele precisava saber como aquela frase seria concluída. Então, esperou. – Só me lembrei da história que mamãe contou sobre a titia lhe acertar nas... suas partes vulneráveis com uma frigideira.
Uma emoção familiar e irritante o atravessou, fazendo-o sentir coisas repugnantes, como alegria e uma vontade incontrolável de rir, mesmo que essa memória em particular fosse bastante dolorosa.
Eu ainda vou retribuir o golpe de frigideira que aquela maluca me deu.
Ele a encarou intensamente. O brilho de diversão daqueles olhos, o relevo das bochechas, o movimento quase imperceptível dos lábios, como se ela tivesse sempre pronta para sorrir a qualquer momento. Soltando um suspiro e passando a mão pelo cabelo, ele se virou para a mesa. Precisava recuperar o equilíbrio.
– Estou com pouca paciência hoje, Nyaxia.
Não era nem meio dia e ele já tinha lidado com guardas de Auradon, espiões de Malévola, sua esposa e, agora, sua filha.
Que manhã gloriosa.
– Em comparação com todas as outras manhãs, papai?
Era um fato aceito por Elijah que sua esposa não tinha um útero e sim uma copiadora dentro do corpo, embora sua esposa sempre tenha lhe dito que Nyaxia havia puxado completamente a ele.
Talvez fisicamente.
Elijah rodeou a mesa e sentou-se na cadeira, ignorando sua filha enquanto ela sentava-se nas cadeiras em frente a mesa. Nyaxia o visitava todos os dias nesse mesmo horário fazia quase quinze anos, dando ao pai conselhos barulhentos e irritantes sempre com um sorriso no rosto e um brilho no olhar. Era incrível como a lupina só precisava de uma palavra para tirar o pouco juízo que o pai tinha. Era um talento.
Nyx arqueou a sobrancelha e se acomodou na cadeira vaga e cruzava as pernas do jeito que sua mãe tinha lhe ensinado quando criança. Os cabelos escuros estavam presos na trança de costume, com um único cacho sempre escapando para repousar na bochecha. Seu sorriso se iluminou ao ver os chocolates no pote em cima da mesa e já foi logo pegando alguns.
– Nyaxia, não coma doces demais antes do almoço.
– Então para de colocar doces ao meu alcance na hora do almoço – Ela comeu um dos chocolates antes de devolver a metade dos chocolates que tinha pego ao pote.
– Entendido – concedeu ele, levantando ambas as mãos em sinal de rendição. Depois, suspirou e tentou voltar a quem era antes que aquele desastre natural em forma de gente entrasse no mundo dele.
Você é a encarnação do mal. O mundo teme a simples menção ao seu nome. Você é um assassino impiedoso. Você não é um principezinho chato e pai de família irritante. Sua mulher com certeza não lhe chama de lobinho lindo. E você, com certeza, não é massinha de modelar nas mãos da sua filha.
Um sonzinho repentino escapuliu dela, suspeitosamente parecido com um espirro. Nyx olhou para ele com uma expressão constrangida.
Elijah estava derretido, e cada grão de poeira naquela sala era seu inimigo.
– Prossiga – disse com o maxilar travado.
Nyx pôs as mãos pálidas sobre a mesa e deslizou uma folha de papel na direção dele.
– Montei uma lista de coisas que você precisava verificar enquanto eu estiver no reino frufru e cor de rosa. Tenho certeza que a Uma ou a Yzla vão ter mais algumas informações, caso precise de mais detalhes. A Yzla ama os segredos dela e a Uma mantém registros impecáveis sobre todos os moradores da ilha.
Ele olhou para o papel. A caligrafia elegante de Nyaxia estava espalhada por toda a página, com os nomes de vários locais espalhado pela Ilha dos Perdidos e várias anedotas escritas ao lado de cada um. Era uma quantidade enorme de detalhes e deveria ter lhe custado alguns bons minutos.
– Mais alguma coisa? Talvez queira que eu ajude Harry a limpar o convés daquele navio pirata grudento? Ou talvez eu deva ir ajudar Hadie com suas aulas de como governar o submundo?
Nyx estreitou os olhos e sorriu de lado, assim como ele próprio fazia.
– Não será necessário, papai. Mas obrigada por perguntar!
💫🐺⚔️❄️🖤
– MAL? – Uma exclamou, quase gritando. Nyx conseguia ver a veia em seu pescoço saltando, mas um pouco e Uma teria uma veia rompida. – A lagartixa júnior de Malévola e seus patinhos estúpidos vão para Auradon?
Uma Hydraviper era a filha da bruxa do mar mais velha, Úrsula, e neta do próprio Deus Poseidon. Alta, atlética e com uma pose de líder destemida, com a pele negra, lindos olhos castanhos escuros, quase negros, e os cabelos cheios de tranças azuis esverdeadas. Uma trabalhava todos os dias no restaurante de sua mãe por algumas horas e depois passava o tempo em seu navio pirata junto com seus melhores amigos.
Nyx sentou-se no balcão do Ursula's Fish & Chips, de pernas cruzadas enquanto soltava um suspiro de frustação. Ao seu redor, Harry e Gil varriam o chão do salão enquanto Hadie, Anthony e Yzla bebiam e comiam ao seu lado.
Mal Dracona era um ser com quem Nyaxia e seus amigos nunca se deram bem. A lagartixa júnior era a filha única de Malévola, conhecida carinhosamente de Fada do Mal, e uma das pessoas mais “temidas” na Ilha, mas apenas por causa da reputação de sua querida mamãe.
Nyx e Uma a detestavam mais do que qualquer um naquele lixão flutuante. Talvez Hadie chegasse perto, mas por motivos completamente diferentes.
Mal tinha feito a vida de Uma um inferno na terra depois de tê-la apelidado de “Camarão” e constantemente humilhá-la na frente de todos os filhos de vilões quando crianças. Já o ódio de Nyx pela fadinha vinha de família. Seu pai e Malévola tinha uma rixa que já durava mais de um século, e tal rixa passou para suas filhas. E Hadie bem... ele não diria seus motivos para quase ninguém. Nyx sabia é claro, sendo sua melhor amiga, mas ela nunca disse esse segredo para mais ninguém.
A filha da Fada do Mal não era nem de longe assustadora ou ameaçadora. Na opinião de Nyaxia, um porco poderia causar mais estragos do que Mal.
Os patinhos dela, como Uma os chamava, não eram muito melhores.
Jay Najar, filho do feiticeiro Jafar, seguia Mal com uma lealdade e adoração cega que ele poderia se passar, sem problemas, como a sombra dela.
Evie Grimhilde, filha da Rainha Má, era outro ser sem pensamento crítico e outra seguidora de Mal. Embora fosse uma estilista descente, tivesse uma beleza moderada e fosse muito boa quando o assunto era atividades domésticas, sua aliança com a fadinha do mal tirava qualquer chance de redenção na perspectiva de Nyx, que só a tolerava por causa de Dizzy e Belle Tremaine.
E por último, mas não menos pior, havia Carlos De Vil, filho da maluca Cruella De Vil. Alguém que conseguia perder de uma minhoca quando o assunto era coragem. Nyx não poderia lembrar-se da quantidade de vezes que ele se urinou nas calças ao se deparar com ela quando ambos eram crianças.
Só de lembrar-se que teria que ir com eles para Auradon fazia Nyx querer berrar.
– Eu perguntei a papai se não poderia levar vocês... se não havia qualquer possibilidade de retirarem/roubar os convites deles e darem para vocês – Nyx explicou, apoiando-se em Hadie, seu melhor amigo, que prontamente lhe envolveu em seus braços. – Mas papai disse que já havia tentado de tudo e os guardas apenas respondiam que esse experimento, por ordem do príncipe Ben, deveria começar pequeno e que não deveria haver acompanhantes e blábláblá. – Ela escondeu o rosto no pescoço do semi-deus do submundo e gritou de frustação, enquanto ele ria e beijava seus cabelos carinhosamente. – Eu quase não desmembro e corto a garganta deles nos dias normais e agora irei provavelmente ter que dividir um quarto com eles?
Harry e Gil começaram a gargalhar de seu sofrimento e em solidariedade Yzla pegou sua adaga e jogou na direção deles errando por muito pouco.
Ysla Cat era a neta da cientista/bruxa Yzla, entregue à avó aos 2 anos, durante uma tempestade. Alta e atlética, com a pele negra, lindos olhos castanhos e os cabelos brancos e cacheados de seu pai, ela era absolutamente invejável. Como Yzma não tinha absolutamente nenhuma experiência na criação de um bebê, a vilã inca pediu que sua neta fosse criada a maioria dos dias junto a Nyx, a quem ajudou a dar à luz.
Yzla era uma das poucas pessoas que faziam a lupina rir das coisas mais bobas. Na verdade, ela era uma das poucas pessoas que sabiam alguma coisa de verdade sobre a história de Nyaxia. Era o mais próximo de que Nyx poderia chamar de irmandade, além da sua relação com Uma, e ela se importava demais com Yzla.
Yzla limpou sua boca com um pedaço de papel e se virou na direção da lupina e de seu amante.
– Posso ser sincera com você?
Nyx arqueou as sobrancelhas.
– E você não é sempre sincera?
– Bem, sim, mas isso... é diferente.
Mais do que curiosa para saber o que Yzla estava pensando, Nyx assentiu para que ela seguisse em frente.
Ela respirou fundo.
– Sei que nossas vidas são diferentes, assim como o nosso passado e o nosso futuro, mas você trata essa ida a Auradon como se ela pudesse muito bem significar a sua morte, quando é exatamente o contrário. É a vida. Um novo começo. Você vai conseguir se livrar da Mal e seus patinhos sem seu pai conseguir se intrometer.
Yzla sorriu radiante e deu um pequeno risinho que foi acompanhado pelo próprio riso de Hadie. Era quase cômico o quanto os dois eram profundamente apaixonados. Eles vivam grudados, até parecida que havia cola entre os dois.
Gil franziu a testa e levantou a mão.
– Livrar no sentido de matar, não é?
Yzla parou de rir no mesmo instante e voltou seus olhos escuros na direção do loiro fortão.
– É claro que estou me referindo a matar!
– Não vê? É fácil! Sem ela aqui, nem herdeiros ao trono de Malévola, vamos assumir toda essa ilha e governar! BRILHANTE!
Nyx não sabia como tinha conseguido segurar a gargalhada até aquele ponto, mas depois do grito alegre de Yzla ela não conseguiu mais aguentar. E não foi só ela, Uma, Harry, Anthony e Hadie também começaram a rir sem parar.
Ninguém poderia associar Yzla à Yzma de forma física, mas em momentos como esse, era impossível não ver a personalidade da vilã em sua neta.
– Você está falando como sua avó – Nyx provocou Yzla.
– Mas é verdade. – Ela estendeu a mão e apertou a mão de Nyx. – Só temos que encontrar um jeito de matar Mal sem ninguém perceber e com a sua morte, Malévola ficaria arrasada e bem mais suscetível a erros. E com você livre em Auradon, será bem mais fácil quebrar essa maldita barreira e sair daqui. Pense só nas travessuras que vamos aprontar!
– Vamos poder conquistar todos os sete mares, Uma! – Harry exclamou, e Nyx podia ver seus olhos brilhando de esperança. – Nyx poderia finalmente correr pela neve como sempre sonhou. Hadie pode ir para o submundo e governar lá sobre todas as coisas mortas. Yzla poderá realizar quantos experimentos malucos quiser. E Anthony... bem, ele poderá ter suas noitadas sempre que quiser. Todas as crianças nessa ilha poderão ser livres!
Uma revirou os olhos, mas concordou com a cabeça. Harry estava certo... todos poderiam ser livres.
– Mas primeiro nossa amada lupina vai ter que quebrar essa barreira magica irritante.
– E o que estamos esperando? Vamos arrumar as malas da Nyx agora mesmo! – Yzla exclamou feliz, pulando do banco e me arrancando dos braços de seu namorado. – Para o laboratório!
Todos olhamos para ela sorrindo e esperamos ela se tocar do que havia dito. Demorou apenas alguns segundos, mas Yzla logo entendeu e gritou novamente: – Para o quarto da Nyx!
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 2| Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Nyx seguiu o pai até o seu escritório. Suas têmporas começaram a latejar indicando o início de uma dor de cabeça infernal, a rapidez com que ele se movia só aumentava a dor em sua cabeça.
O pai apenas a olhava com cara de paisagem. Totalmente desprovido de qualquer emoção. Na verdade, ela pensou ter visto o resquício de emoção que havia nele desaparecer no instante em que os olhares se cruzaram. Como se a mera chegada dela tivesse acabado com todas as suas emoções.
Ou eu estou muito ferrada ou aquela lagartixa roxa ridícula fez algo realmente ruim.
Ela abriu a boca para dizer isso, mas o pai já havia cruzado o escritório e parou em frente às grandes portas de madeira que davam para a varanda e as abriu, indicando que ela passasse à sua frente. Puxando seus cabelos longos em uma rabo de cavalo improvisado, Nyx deu um passo à frente, encostando-se ao parapeito da porta, sentindo o frio da manhã na pele.
O sol nunca aparecia na Ilha dos Perdidos. Grandes nuvens acinzentadas cobriam todo o espaço aéreo do local e impediam que qualquer raio solar chegassem até os moradores. Devido a isso, cultivar qualquer alimento era praticamente impossível, e os moradores da ilha dependiam quase que exclusivamente da bondade e compaixão do povo de Auradon. Além disso, as baixas temperaturas e a escuridão quase que completa influenciavam para dar um toque sombrio e ameaçador à Ilha dos Perdidos.
– Você está perdendo a vista – disse o pai, com uma voz baixa e rouca que fez sua cabeça formigar, como o tamborilar da chuva do telhado.
– Eu sei como é a Ilha dos Perdidos – respondeu ela em tom seco, e então cruzou os braços na altura dos seios. Nyx estava certa, não importava onde ela estava, as imagens das ruas lotadas de lixo e vilões sujos eram nítidas em sua mente. Ela havia crescido ali, em meio aos ladrões e bandidos, correndo por todas aquelas ruas imundas e fétidas. Prédios com aparência de abandonados cobriam a área que rodeava a mansão, uma névoa gélida era encontrada espalhando-se pela região.
Ao longe, quase no centro da ilha, era possível ver o castelo horroroso onde a Lagartixa mãe e a Lagartixa filha moravam junto aos seus amiguinhos ridículos. Se olhasse para leste, poderia ver as docas onde o Capit��o Gancho, Úrsula e Morgana, sua irmã, dominavam, se apertasse bem os olhos poderia ver até as velas do navio comandado por sua melhor amiga, Uma, a filha da Bruxa do Mar.
– Eu queria te afastar de ouvidos indiscretos. É um assunto muito sério.
Algo na postura dele, com o vento fazendo sua capa preta esvoaçar, fez Nyx ter um forte pressentimento.
– Tá, antes que você venha com todo esse papo de Lorde das Trevas para cima de mim, eu não matei ninguém e eu não explodi nada nas últimas vinte e quatro horas. Estive com Uma, Harry e Gil desde ontem de manhã.
Dava para sentir aquela terrível avalanche de palavras que lhe escapava toda vez que ela estava nervosa ou havia um silêncio indesejável. Normalmente, Nyx conseguia controlar esse impulso após anos de treino, mas seu pai conseguia tirar o pior dela, então ela continuou:
– Talvez eu tenha quebrado alguns ossos de alguns misóginos e abusadores de crianças. Mas eles mereceram – Agora, ela gesticulava descontroladamente, como se estivesse tentando voar.
O que tornou a situação pior foi perceber que seu pai estava se esforçando muito mal, diga-se de passagem, para não ria dela.
Uma pessoa controlada pararia de falar ao ver aquela expressão no rosto do Lobo Mau, mas Nyx não era tão controlada assim. Quer dizer, Nyx era controlada, mas parecia que o cérebro e a boca não estavam conectados. E isso sempre acontecia na presença do pai.
– E talvez, sem o meu envolvimento, é claro, as sobrancelhas da bruxa, verruguenta e obcecada por maçãs, tenham sido queimadas novamente.
Os olhos do pai brilharam e a Nyx viu algo ardendo ali, só por um momento, antes de se fecharem de novo. Ele limpou a garganta e coçou a nunca, parecendo meio irritado meio orgulhoso.
Vê-lo perder qualquer resquício de sua impecável compostura dava a Nyx uma satisfação imensa. Não era sempre que o Grande Lobo Mau saia do seu personagem impecável e superior.
– Não me importo com as suas travessuras junto aos seus amigos piratas, filhote. – O pai revirou os olhos e apoiou as mãos em cada lado dos pilares de pedra. Nyx sabia que daria para ver seus ombros e costas tensos, não fosse pela capa.
A Morada da Lua, como era chamada pelos outros cidadãos da Ilha o lugar onde morava, era uma verdadeira fortaleza. Os homens de seu pai eram vistos circulando pelo perímetro. Todos eram fieis a sua família, de uma forma ou outra.
Seu pai tinha mantido a maioria das alianças de antes do seu confinamento na Ilha. Capitão Gancho, Sr. Smee, Yzma, Hades, Úrsula, Madame Mim, Dr. Facilier. Todos eles eram aliados de seu pai. Alguns mais que outros, é claro. Isso resultou nas amizades mais próximas de Nyx: Uma Hydraviper, Harry Hook, Gil LeGume. Nyx também tinha outros amigos como: Hadie Underworlder, Yzla Cat, Anthony, Dizzy e Annabelle Tremaine.
Quando não estava treinando todos os métodos de matar com seu pai, Nyx sempre poderia ser encontrada com Uma, Harry e Gil, seja ajudando no Ursula's Fish and Chips ou no navio que Uma comanda.
– Filhote?
Ah, ele estava falando, não estava? Nyx estava muito ocupada envolta em seus próprios pensamentos para ouvir ele.
– Ah, sim, eu... concordo. – Nyx balançou cabeça enfaticamente, tentando ao máximo não demostrar que estava prestando atenção.
– É mesmo? – Ele assobiou baixinho e levantou a mão para esfregar a barba por fazer mantida à perfeição. – Pois bem, tendo sua aprovação, irei começar os preparativos para casa você com um dos goblins, para garantir mais acesso às docas onde os produtos e alimentos chegam de Auradon.
– O quê? – Nyx arfou. – Papai, eu... O senhor perdeu completamente a cabeça? Isso não pode ser sério! É loucura!
Sem se dar conta, Nyx se aproximou do pai e agarrou as lapelas de sua capa e começou a balançar o corpo dele, tentando procurar qualquer traço de loucura em seus olhos.
Mas, em vez de humanidade, ela viu os olhos se estreitarem e formarem pequenas rugas nos cantos. Nyx deu um grande passo para trás para observar melhor a expressão do pai. Os lábios estavam curvados para cima e, quando Nyx percebeu, soltou um gritinho.
– ERA UMA PIADA?
O pai abriu o maior sorriso que Nyx tinha visto nele desde seu último aniversário.
– PAI!
Ele revirou os olhos e balançou a cabeça, como se não conseguisse acreditar na conversa que estava tendo.
– Agora que tenho toda a sua atenção...
– Foi a sua primeira? – Nyx interrompeu, incapaz de processar tanta informação nova em poucos segundos.
O licano alfa inclinou a cabeça para trás, surpreso, enquanto soltava as mãos de Nyx de sua capa.
– Minha primeira o quê, filhote?
– Sua primeira piada desse mês.
Ele grunhiu e abriu a bocas para falar, parecendo bem indignado, na opinião de Nyx.
– Mas não é poss... – Ele se interrompeu para beliscar a ponta do nariz. – Nyaxia, você realmente acha que sou incapaz de ter senso de humor?
– Claro que não – disse ela seriamente – Você me teve.
O pai soltou um suspiro resignado e ajeitou meticulosamente a capa escura.
– Falo com você por menos de três minutos e já fico mais confuso do que os estagiários durante meu dia favorito da semana.
– Metaforicamente falando, claro, já que não estou atirando flechas em você. – Nyx lançou-lhe um olhar penetrante para reiterar o quanto “reprovava” o treinamento de autodefesa do pai com as pobres almas que vinham para “estágios”. Filhos de vilões menores e pouco relevantes, pessoas com dívidas de jogo e outros malfeitores se candidatavam ao cargo o tempo todo.
O Dia da Caça é o melhor espetáculo que ocorre na Ilha dos Perdidos. O evento acontece no final de cada semana de trabalho dos estagiários do Grande Lobo Mau, a menos, é claro, que o pai estivesse tendo um dia ruim. Aí, poderia ser no início da semana, no meio da semana, de manhã, durante o almoço, ou... Bom, a lista continua. Pelo menos era consistente, já que todo Dia da Caça consistia no pai mandando os estagiários para fora para que fugissem de algo.
Desde que nascerá, ela os vira tentar escapar de uma besta, de um arco com flechas em chamas e de inúmera criaturas mágicas e não mágicas, até dela mesma quando o pai achou que Nyx já tinha idade o suficiente... Detalhe: Nyx tinha apenas 11 anos quando começou a participar ativamente do Dia da Caça. Mas, sem dúvidas, os dias preferidos de Nyx são aqueles em que o pai estava tão farto das palhaçadas de seus funcionários que começa a perseguir pessoalmente eles pelo pátio dos fundos... às vezes, se ela tivesse sorte, alguns dos funcionários de seu pai conseguiam fugir, e ela e os amigos continuavam a caçar eles por toda a ilha.
Foi o mais rápido que ela já viu os estagiários correrem. Nyx sempre morri de rir nesses dias.
E daí que eu me divirto com o desesperos deles? Quem não se divertiria com um bando de machos, correndo e gritando por suas mamães, mais perdidos do que cego em tiroteio?
– Vale lembrar que não mato um estagiário há muitos meses.
Nyx revirou os olhos tão forte que quase conseguiu ver o seu crânio por dentro.
– Papai lindo do meu coração, odeio diminuir seus sucessos, mas existem pessoas que passam a vida inteira sem matar ninguém.
Ele permaneceu sério.
– Que chato.
– Me poupe, né? Não foram “meses”. Você arrancou a cabeça de um dos trolls da Lagartixa Sênior semana passada.
– Bom, ele mereceu.
Nyx deu de ombros, concordando.
Todos sabiam que aliados da Fada das Trevas não eram bem-vindos daquele lado da ilha. E aqueles que tentavam... bem, eles rapidamente sumiam e nunca mais eram vistos novamente.
– Se eu tivesse esse privilégio, a Mal já teria ido parar em uma cova rasa há muitos meses. – Nyx fez uma pausa contemplativa. – Na verdade, pai...
– Não.
– Mas e se eu fizer uma lista oficial e bem-organizada de prós e contras? – suplicou.
De repente, o pai fechou a cara, tão do nada que Nyx ouviu a própria respiração acelerar.
– Sempre mantenha os inimigos por perto, filhote. A vida é mais interessante assim.
O sorriso que ele lhe deva naquele momento não tinha alegria, apenas promessas cruéis.
Nyx suspirou, cansada. Seu pai nunca lhe explicara o motivo de não acabar logo com essa guerra fria entre ele e Malévola. Até onde ela sabia, esse conflito já durava quase um século. E mesmo tendo todas as oportunidades agora, o alfa do clã Badwolf ainda não tinha decepado a cabeça da fada lagartixa ou arrancado seu coração.
– Falando em inimigos... Podemos discutir o assunto que me fez trazer você aqui para conversar antes que os outros comecem a acreditar que vou jogar você por cima do parapeito? – perguntou ele.
Nyx revirou os olhos e gesticulou para que ele continuasse.
– Pode falar.
O lupino fez cara feia e virou de costas para ela, voltando o olhar para a vista da Ilha.
– Uma carta chegou hoje para você.
Nyx tentou não demonstrar, mas a alegria era palpável. Fazia meses desde que a última carta da sua mãe tinha chegado, quase um ano. Essas cartas vinham de tempos em tempos, nunca de forma constante ou rotineira. Seus pais eram muito cuidadosos quanto a correspondência... todo cuidado era pouco, nunca se sabe quando uma de suas cartas poderia ser interceptada.
– Mamãe está bem? Cadê a carta? Ela mandou mais alguma coisa...
– É do palácio de Auradon. De Vossa Alteza Real, Príncipe Benjamin, para ser especifico.
💫🐺⚔️❄️🖤
Palácio Real de Auradon
À Ilustre Senhorita Nyaxia Badwolf,
É com grande distinção que, nesta primeira proclamação como Rei dos Estados Unidos de Auradon, tenho a honra de dirigir-me a vossa pessoa.
Como parte de meus votos solenes de estabelecer um reino de inclusão e progresso, venho por meio desta carta oferecer-lhe uma oportunidade singular: juntar-se ao corpo docente da Escola Preparatória de Auradon.
Esta proposta não apenas reflete os valores fundamentais de minha monarquia, mas também inaugura um novo capítulo de promessas e esperanças em Auradon. Sua presença na Escola de Auradon será de inestimável valor, contribuindo para a construção de um futuro mais brilhante para nosso reino.
Em reconhecimento à sua grande e histórica família, é com grande esperança e antecipação que aguardamos sua resposta afirmativa.
Os meus guardas estarão lhe aguardando amanhã pela manhã nos portões da Morada da Lua caso aceite a minha proposta.
Com distinta estima,
Príncipe Benjamin
Em nome da Família Real de Auradon
– Você só pode estar brincando com a minha cara. Por que, em nome de Ártemis, eu iria querer fazer isso? – Nyx zombou secamente, erguendo uma sobrancelha para o pai.
– Isso não é uma brincadeira, Nyaxia. Mas sim uma oportunidade. Você ira para Auradon, filhote. – De repente, a voz dele ficou mais baixa. Um tom letal que ela já tinha visto fazer os homens mais corajosos se tremerem de medo. Por algum motivo, Nyx achava reconfortante... talvez seja porque ele era o seu pai. – E isso não está em discursão.
– Oi? O senhor está ficando louco? Você sempre disse que Auradon é horrível e uma perda de tempo terrível.
– Mas com a minha filha lá, pode deixar de ser.
– Pai! Auradon não dá a mínima para nós há duas décadas! – rosnou Nyx enquanto se aproximava de seu pai, com as presas afiadas a mostra. – Eles jogaram você e todos os outros vilões em uma pilha de lixo flutuante sem dar a ninguém uma chance de redenção. Claro que a maioria não teria se redimido de qualquer maneira... mas mesmo assim, eles não se importaram com ninguém.
O pai olhou para ela com uma emoção indecifrável.
– E então, quando nascemos, eles decidiram que seríamos tão ruins quanto nossos pais. E nunca, nunca, pensaram em nós novamente. Então me perdoe se estou tendo dificuldades de em acreditar que, depois de vinte anos, a família real decidiu milagrosamente que talvez vale a pena pensar em nós.
Elijah Badwolf a fitou por longos minutos em completo silêncio, sem nunca desviar o olhar. Seus olhos lentamente começaram a se tornar de uma cor dourada, quase tão reluzente quanto ouro derretido.
– Nyaxia, você irá para Auradon. Não existe outra opção para você. Eu e sua mãe já decidimos, você irá para Auradon – disse o Lobo Mau em voz baixa.
Nyx respirou fundo, porque ele se erguia imponente e sombrio, prometendo destruição. Ela sabia que nunca teve chance contra seu pai, mas saber que sua mãe também o apoiava... bem, isso mudava as coisas, e ela só conseguia pensar...
– Quem mais vai para Auradon?
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 2| Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Nyx seguiu o pai até o seu escritório. Suas têmporas começaram a latejar indicando o início de uma dor de cabeça infernal, a rapidez com que ele se movia só aumentava a dor em sua cabeça.
O pai apenas a olhava com cara de paisagem. Totalmente desprovido de qualquer emoção. Na verdade, ela pensou ter visto o resquício de emoção que havia nele desaparecer no instante em que os olhares se cruzaram. Como se a mera chegada dela tivesse acabado com todas as suas emoções.
Ou eu estou muito ferrada ou aquela lagartixa roxa ridícula fez algo realmente ruim.
Ela abriu a boca para dizer isso, mas o pai já havia cruzado o escritório e parou em frente às grandes portas de madeira que davam para a varanda e as abriu, indicando que ela passasse à sua frente. Puxando seus cabelos longos em uma rabo de cavalo improvisado, Nyx deu um passo à frente, encostando-se ao parapeito da porta, sentindo o frio da manhã na pele.
O sol nunca aparecia na Ilha dos Perdidos. Grandes nuvens acinzentadas cobriam todo o espaço aéreo do local e impediam que qualquer raio solar chegassem até os moradores. Devido a isso, cultivar qualquer alimento era praticamente impossível, e os moradores da ilha dependiam quase que exclusivamente da bondade e compaixão do povo de Auradon. Além disso, as baixas temperaturas e a escuridão quase que completa influenciavam para dar um toque sombrio e ameaçador à Ilha dos Perdidos.
– Você está perdendo a vista – disse o pai, com uma voz baixa e rouca que fez sua cabeça formigar, como o tamborilar da chuva do telhado.
– Eu sei como é a Ilha dos Perdidos – respondeu ela em tom seco, e então cruzou os braços na altura dos seios. Nyx estava certa, não importava onde ela estava, as imagens das ruas lotadas de lixo e vilões sujos eram nítidas em sua mente. Ela havia crescido ali, em meio aos ladrões e bandidos, correndo por todas aquelas ruas imundas e fétidas. Prédios com aparência de abandonados cobriam a área que rodeava a mansão, uma névoa gélida era encontrada espalhando-se pela região.
Ao longe, quase no centro da ilha, era possível ver o castelo horroroso onde a Lagartixa mãe e a Lagartixa filha moravam junto aos seus amiguinhos ridículos. Se olhasse para leste, poderia ver as docas onde o Capitão Gancho, Úrsula e Morgana, sua irmã, dominavam, se apertasse bem os olhos poderia ver até as velas do navio comandado por sua melhor amiga, Uma, a filha da Bruxa do Mar.
– Eu queria te afastar de ouvidos indiscretos. É um assunto muito sério.
Algo na postura dele, com o vento fazendo sua capa preta esvoaçar, fez Nyx ter um forte pressentimento.
– Tá, antes que você venha com todo esse papo de Lorde das Trevas para cima de mim, eu não matei ninguém e eu não explodi nada nas últimas vinte e quatro horas. Estive com Uma, Harry e Gil desde ontem de manhã.
Dava para sentir aquela terrível avalanche de palavras que lhe escapava toda vez que ela estava nervosa ou havia um silêncio indesejável. Normalmente, Nyx conseguia controlar esse impulso após anos de treino, mas seu pai conseguia tirar o pior dela, então ela continuou:
– Talvez eu tenha quebrado alguns ossos de alguns misóginos e abusadores de crianças. Mas eles mereceram – Agora, ela gesticulava descontroladamente, como se estivesse tentando voar.
O que tornou a situação pior foi perceber que seu pai estava se esforçando muito mal, diga-se de passagem, para não ria dela.
Uma pessoa controlada pararia de falar ao ver aquela expressão no rosto do Lobo Mau, mas Nyx não era tão controlada assim. Quer dizer, Nyx era controlada, mas parecia que o cérebro e a boca não estavam conectados. E isso sempre acontecia na presença do pai.
– E talvez, sem o meu envolvimento, é claro, as sobrancelhas da bruxa, verruguenta e obcecada por maçãs, tenham sido queimadas novamente.
Os olhos do pai brilharam e a Nyx viu algo ardendo ali, só por um momento, antes de se fecharem de novo. Ele limpou a garganta e coçou a nunca, parecendo meio irritado meio orgulhoso.
Vê-lo perder qualquer resquício de sua impecável compostura dava a Nyx uma satisfação imensa. Não era sempre que o Grande Lobo Mau saia do seu personagem impecável e superior.
– Não me importo com as suas travessuras junto aos seus amigos piratas, filhote. – O pai revirou os olhos e apoiou as mãos em cada lado dos pilares de pedra. Nyx sabia que daria para ver seus ombros e costas tensos, não fosse pela capa.
A Morada da Lua, como era chamada pelos outros cidadãos da Ilha o lugar onde morava, era uma verdadeira fortaleza. Os homens de seu pai eram vistos circulando pelo perímetro. Todos eram fieis a sua família, de uma forma ou outra.
Seu pai tinha mantido a maioria das alianças de antes do seu confinamento na Ilha. Capitão Gancho, Sr. Smee, Yzma, Hades, Úrsula, Madame Mim, Dr. Facilier. Todos eles eram aliados de seu pai. Alguns mais que outros, é claro. Isso resultou nas amizades mais próximas de Nyx: Uma Hydraviper, Harry Hook, Gil LeGume. Nyx também tinha outros amigos como: Hadie Underworlder, Yzla Cat, Anthony, Dizzy e Annabelle Tremaine.
Quando não estava treinando todos os métodos de matar com seu pai, Nyx sempre poderia ser encontrada com Uma, Harry e Gil, seja ajudando no Ursula's Fish and Chips ou no navio que Uma comanda.
– Filhote?
Ah, ele estava falando, não estava? Nyx estava muito ocupada envolta em seus próprios pensamentos para ouvir ele.
– Ah, sim, eu... concordo. – Nyx balançou cabeça enfaticamente, tentando ao máximo não demostrar que estava prestando atenção.
– É mesmo? – Ele assobiou baixinho e levantou a mão para esfregar a barba por fazer mantida à perfeição. – Pois bem, tendo sua aprovação, irei começar os preparativos para casa você com um dos goblins, para garantir mais acesso às docas onde os produtos e alimentos chegam de Auradon.
– O quê? – Nyx arfou. – Papai, eu... O senhor perdeu completamente a cabeça? Isso não pode ser sério! É loucura!
Sem se dar conta, Nyx se aproximou do pai e agarrou as lapelas de sua capa e começou a balançar o corpo dele, tentando procurar qualquer traço de loucura em seus olhos.
Mas, em vez de humanidade, ela viu os olhos se estreitarem e formarem pequenas rugas nos cantos. Nyx deu um grande passo para trás para observar melhor a expressão do pai. Os lábios estavam curvados para cima e, quando Nyx percebeu, soltou um gritinho.
– ERA UMA PIADA?
O pai abriu o maior sorriso que Nyx tinha visto nele desde seu último aniversário.
– PAI!
Ele revirou os olhos e balançou a cabeça, como se não conseguisse acreditar na conversa que estava tendo.
– Agora que tenho toda a sua atenção...
– Foi a sua primeira? – Nyx interrompeu, incapaz de processar tanta informação nova em poucos segundos.
O licano alfa inclinou a cabeça para trás, surpreso, enquanto soltava as mãos de Nyx de sua capa.
– Minha primeira o quê, filhote?
– Sua primeira piada desse mês.
Ele grunhiu e abriu a bocas para falar, parecendo bem indignado, na opinião de Nyx.
– Mas não é poss... – Ele se interrompeu para beliscar a ponta do nariz. – Nyaxia, você realmente acha que sou incapaz de ter senso de humor?
– Claro que não – disse ela seriamente – Você me teve.
O pai soltou um suspiro resignado e ajeitou meticulosamente a capa escura.
– Falo com você por menos de três minutos e já fico mais confuso do que os estagiários durante meu dia favorito da semana.
– Metaforicamente falando, claro, já que não estou atirando flechas em você. – Nyx lançou-lhe um olhar penetrante para reiterar o quanto “reprovava” o treinamento de autodefesa do pai com as pobres almas que vinham para “estágios”. Filhos de vilões menores e pouco relevantes, pessoas com dívidas de jogo e outros malfeitores se candidatavam ao cargo o tempo todo.
O Dia da Caça é o melhor espetáculo que ocorre na Ilha dos Perdidos. O evento acontece no final de cada semana de trabalho dos estagiários do Grande Lobo Mau, a menos, é claro, que o pai estivesse tendo um dia ruim. Aí, poderia ser no início da semana, no meio da semana, de manhã, durante o almoço, ou... Bom, a lista continua. Pelo menos era consistente, já que todo Dia da Caça consistia no pai mandando os estagiários para fora para que fugissem de algo.
Desde que nascerá, ela os vira tentar escapar de uma besta, de um arco com flechas em chamas e de inúmera criaturas mágicas e não mágicas, até dela mesma quando o pai achou que Nyx já tinha idade o suficiente... Detalhe: Nyx tinha apenas 11 anos quando começou a participar ativamente do Dia da Caça. Mas, sem dúvidas, os dias preferidos de Nyx são aqueles em que o pai estava tão farto das palhaçadas de seus funcionários que começa a perseguir pessoalmente eles pelo pátio dos fundos... às vezes, se ela tivesse sorte, alguns dos funcionários de seu pai conseguiam fugir, e ela e os amigos continuavam a caçar eles por toda a ilha.
Foi o mais rápido que ela já viu os estagiários correrem. Nyx sempre morri de rir nesses dias.
E daí que eu me divirto com o desesperos deles? Quem não se divertiria com um bando de machos, correndo e gritando por suas mamães, mais perdidos do que cego em tiroteio?
– Vale lembrar que não mato um estagiário há muitos meses.
Nyx revirou os olhos tão forte que quase conseguiu ver o seu crânio por dentro.
– Papai lindo do meu coração, odeio diminuir seus sucessos, mas existem pessoas que passam a vida inteira sem matar ninguém.
Ele permaneceu sério.
– Que chato.
– Me poupe, né? Não foram “meses”. Você arrancou a cabeça de um dos trolls da Lagartixa Sênior semana passada.
– Bom, ele mereceu.
Nyx deu de ombros, concordando.
Todos sabiam que aliados da Fada das Trevas não eram bem-vindos daquele lado da ilha. E aqueles que tentavam... bem, eles rapidamente sumiam e nunca mais eram vistos novamente.
– Se eu tivesse esse privilégio, a Mal já teria ido parar em uma cova rasa há muitos meses. – Nyx fez uma pausa contemplativa. – Na verdade, pai...
– Não.
– Mas e se eu fizer uma lista oficial e bem-organizada de prós e contras? – suplicou.
De repente, o pai fechou a cara, tão do nada que Nyx ouviu a própria respiração acelerar.
– Sempre mantenha os inimigos por perto, filhote. A vida é mais interessante assim.
O sorriso que ele lhe deva naquele momento não tinha alegria, apenas promessas cruéis.
Nyx suspirou, cansada. Seu pai nunca lhe explicara o motivo de não acabar logo com essa guerra fria entre ele e Malévola. Até onde ela sabia, esse conflito já durava quase um século. E mesmo tendo todas as oportunidades agora, o alfa do clã Badwolf ainda não tinha decepado a cabeça da fada lagartixa ou arrancado seu coração.
– Falando em inimigos... Podemos discutir o assunto que me fez trazer você aqui para conversar antes que os outros comecem a acreditar que vou jogar você por cima do parapeito? – perguntou ele.
Nyx revirou os olhos e gesticulou para que ele continuasse.
– Pode falar.
O lupino fez cara feia e virou de costas para ela, voltando o olhar para a vista da Ilha.
– Uma carta chegou hoje para você.
Nyx tentou não demonstrar, mas a alegria era palpável. Fazia meses desde que a última carta da sua mãe tinha chegado, quase um ano. Essas cartas vinham de tempos em tempos, nunca de forma constante ou rotineira. Seus pais eram muito cuidadosos quanto a correspondência... todo cuidado era pouco, nunca se sabe quando uma de suas cartas poderia ser interceptada.
– Mamãe está bem? Cadê a carta? Ela mandou mais alguma coisa...
– É do palácio de Auradon. De Vossa Alteza Real, Príncipe Benjamin, para ser especifico.
💫🐺⚔️❄️🖤
Palácio Real de Auradon
À Ilustre Senhorita Nyaxia Badwolf,
É com grande distinção que, nesta primeira proclamação como Rei dos Estados Unidos de Auradon, tenho a honra de dirigir-me a vossa pessoa.
Como parte de meus votos solenes de estabelecer um reino de inclusão e progresso, venho por meio desta carta oferecer-lhe uma oportunidade singular: juntar-se ao corpo docente da Escola Preparatória de Auradon.
Esta proposta não apenas reflete os valores fundamentais de minha monarquia, mas também inaugura um novo capítulo de promessas e esperanças em Auradon. Sua presença na Escola de Auradon será de inestimável valor, contribuindo para a construção de um futuro mais brilhante para nosso reino.
Em reconhecimento à sua grande e histórica família, é com grande esperança e antecipação que aguardamos sua resposta afirmativa.
Os meus guardas estarão lhe aguardando amanhã pela manhã nos portões da Morada da Lua caso aceite a minha proposta.
Com distinta estima,
Príncipe Benjamin
Em nome da Família Real de Auradon
– Você só pode estar brincando com a minha cara. Por que, em nome de Ártemis, eu iria querer fazer isso? – Nyx zombou secamente, erguendo uma sobrancelha para o pai.
– Isso não é uma brincadeira, Nyaxia. Mas sim uma oportunidade. Você ira para Auradon, filhote. – De repente, a voz dele ficou mais baixa. Um tom letal que ela já tinha visto fazer os homens mais corajosos se tremerem de medo. Por algum motivo, Nyx achava reconfortante... talvez seja porque ele era o seu pai. – E isso não está em discursão.
– Oi? O senhor está ficando louco? Você sempre disse que Auradon é horrível e uma perda de tempo terrível.
– Mas com a minha filha lá, pode deixar de ser.
– Pai! Auradon não dá a mínima para nós há duas décadas! – rosnou Nyx enquanto se aproximava de seu pai, com as presas afiadas a mostra. – Eles jogaram você e todos os outros vilões em uma pilha de lixo flutuante sem dar a ninguém uma chance de redenção. Claro que a maioria não teria se redimido de qualquer maneira... mas mesmo assim, eles não se importaram com ninguém.
O pai olhou para ela com uma emoção indecifrável.
– E então, quando nascemos, eles decidiram que seríamos tão ruins quanto nossos pais. E nunca, nunca, pensaram em nós novamente. Então me perdoe se estou tendo dificuldades de em acreditar que, depois de vinte anos, a família real decidiu milagrosamente que talvez vale a pena pensar em nós.
Elijah Badwolf a fitou por longos minutos em completo silêncio, sem nunca desviar o olhar. Seus olhos lentamente começaram a se tornar de uma cor dourada, quase tão reluzente quanto ouro derretido.
– Nyaxia, você irá para Auradon. Não existe outra opção para você. Eu e sua mãe já decidimos, você irá para Auradon – disse o Lobo Mau em voz baixa.
Nyx respirou fundo, porque ele se erguia imponente e sombrio, prometendo destruição. Ela sabia que nunca teve chance contra seu pai, mas saber que sua mãe também o apoiava... bem, isso mudava as coisas, e ela só conseguia pensar...
– Quem mais vai para Auradon?
#ben florian x reader#ben x reader#king ben x reader#auradon#isle of the lost#disney#descendants x reader#romance#big bad wolf#wolf#wolfman#original female character#audrey rose#chad charming#mal descendants#evie grimhilde#evie descendants#carlos de vil#jay descendants#fairy godmother#Bella#best#frozen#queen elsa#princess anne
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 16 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW - PRÓLOGO | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Todo mundo da minha família já matou alguém. Algumas, as de grandes conquistas, mais de uma pessoa.
Juro que não estou falando apenas para aparecer, é só a verdade.
Quando me vi diante da tarefa de contar nossa história, uma mistura de orgulho e relutância se apoderou de mim. Era como se cada palavra escrita fosse uma porta para o passado, uma jornada que me levaria de volta às profundezas dos segredos familiares que tanto nos atormentam.
Meu nome é Nyaxia Badwolf, embora muitos me chamem apenas de "Nyx". Sou uma filha dos Badwolf, herdeira de um legado complicado que muitos não conseguem entender. Mas, apesar das expectativas e preconceitos que pairavam sobre mim, estou determinado a contar nossa história da maneira mais honesta possível.
Só não garanto que você vai gostar.
Olha, não é como se fôssemos uma família de psicopatas. Alguns de nós são gente boa (mais ou menos), outros são maus e alguns só deram azar. Qual é o meu caso? Ainda não sei direito.
Se eu já matei alguém? Sim. Matei.
Quem? Vamos começar.
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THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 16 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
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Vamos para mais uma aventura?
THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 16 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
#ben florian x reader#ben x reader#king ben x reader#auradon#isle of the lost#disney#descendants x reader#romance#big bad wolf#wolf#wolfman#original female character#audrey rose#chad charming#mal descendants#evie grimhilde#evie descendants#carlos de vil#jay descendants#fairy godmother#Bella#best#frozen#queen elsa#princess anne
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THE WOLF OF SNOW - PRÓLOGO | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
Todo mundo da minha família já matou alguém. Algumas, as de grandes conquistas, mais de uma pessoa.
Juro que não estou falando apenas para aparecer, é só a verdade.
Quando me vi diante da tarefa de contar nossa história, uma mistura de orgulho e relutância se apoderou de mim. Era como se cada palavra escrita fosse uma porta para o passado, uma jornada que me levaria de volta às profundezas dos segredos familiares que tanto nos atormentam.
Meu nome é Nyaxia Badwolf, embora muitos me chamem apenas de "Nyx". Sou uma filha dos Badwolf, herdeira de um legado complicado que muitos não conseguem entender. Mas, apesar das expectativas e preconceitos que pairavam sobre mim, estou determinado a contar nossa história da maneira mais honesta possível.
Só não garanto que você vai gostar.
Olha, não é como se fôssemos uma família de psicopatas. Alguns de nós são gente boa (mais ou menos), outros são maus e alguns só deram azar. Qual é o meu caso? Ainda não sei direito.
Se eu já matei alguém? Sim. Matei.
Quem? Vamos começar.
#ben florian x reader#ben x reader#king ben x reader#auradon#isle of the lost#disney#descendants x reader#romance#big bad wolf#wolf#wolfman#original female character#audrey rose#chad charming#mal descendants#evie grimhilde#evie descendants#carlos de vil#jay descendants#fairy godmother#Bella#best#frozen#queen elsa#princess anne
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THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 20 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
#ben florian x reader#ben x reader#king ben x reader#auradon#isle of the lost#disney#descendants x reader#romance#big bad wolf#wolf#wolfman#original female character#audrey rose#chad charming#mal descendants#evie grimhilde#evie descendants#carlos de vil#jay descendants#fairy godmother#Bella#best#frozen#queen elsa#princess anne
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Starlight Court | Masterlist
For love, she cheated death. For freedom, she will become a weapon.
Aelin endured hunger, cold, hopelessness, loneliness. For years in the clutches of Tamlin and Amarantha, the feeric young woman, daughter of the former Grand Lord of the Night Court, who longed for love and protection, ceased to exist. From the ashes of her old i, Aelin — Lady of the Night Court, guardian fairy of Velaris and guardian of the Ring of the Daytime Court — was reborn… with powers never seen by the seven Grand-Feerics and a will as railway as the metal feared by them.
His heart, however, remains unchanged, vulnerable. Unable to forget what he ever desired with all his heart and soul to the stars.
Key piece in a game you don’t know, Aelin must quickly learn what he’s capable of. And heal your broken soul. For an ancient evil, much worse than Amarantha, stirs on the horizon… one that threatens not only the feeric, but the human world and the wall as well.
As he navigates a web of political intrigue, passions and power, Aelin needs to decide what he wants: love or freedom?
Note: English is not my native language, so please excuse any grammatical errors.
Chapters
Ch. 0.5: Aelin
Ch. 1: Aelin
Ch. 2: Aelin
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Starlight Court | Masterlist
For love, she cheated death. For freedom, she will become a weapon.
Aelin endured hunger, cold, hopelessness, loneliness. For years in the clutches of Tamlin and Amarantha, the feeric young woman, daughter of the former Grand Lord of the Night Court, who longed for love and protection, ceased to exist. From the ashes of her old i, Aelin — Lady of the Night Court, guardian fairy of Velaris and guardian of the Ring of the Daytime Court — was reborn… with powers never seen by the seven Grand-Feerics and a will as railway as the metal feared by them.
His heart, however, remains unchanged, vulnerable. Unable to forget what he ever desired with all his heart and soul to the stars.
Key piece in a game you don’t know, Aelin must quickly learn what he’s capable of. And heal your broken soul. For an ancient evil, much worse than Amarantha, stirs on the horizon… one that threatens not only the feeric, but the human world and the wall as well.
As he navigates a web of political intrigue, passions and power, Aelin needs to decide what he wants: love or freedom?
Note: English is not my native language, so please excuse any grammatical errors.
Chapters
Ch. 0.5: Aelin
Ch. 1: Aelin
Ch. 2: Aelin
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