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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 2| Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Nyx seguiu o pai até o seu escritório. Suas têmporas começaram a latejar indicando o início de uma dor de cabeça infernal, a rapidez com que ele se movia só aumentava a dor em sua cabeça.
O pai apenas a olhava com cara de paisagem. Totalmente desprovido de qualquer emoção. Na verdade, ela pensou ter visto o resquício de emoção que havia nele desaparecer no instante em que os olhares se cruzaram. Como se a mera chegada dela tivesse acabado com todas as suas emoções.
Ou eu estou muito ferrada ou aquela lagartixa roxa ridícula fez algo realmente ruim.
Ela abriu a boca para dizer isso, mas o pai já havia cruzado o escritório e parou em frente às grandes portas de madeira que davam para a varanda e as abriu, indicando que ela passasse à sua frente. Puxando seus cabelos longos em uma rabo de cavalo improvisado, Nyx deu um passo à frente, encostando-se ao parapeito da porta, sentindo o frio da manhã na pele.
O sol nunca aparecia na Ilha dos Perdidos. Grandes nuvens acinzentadas cobriam todo o espaço aéreo do local e impediam que qualquer raio solar chegassem até os moradores. Devido a isso, cultivar qualquer alimento era praticamente impossível, e os moradores da ilha dependiam quase que exclusivamente da bondade e compaixão do povo de Auradon. Além disso, as baixas temperaturas e a escuridão quase que completa influenciavam para dar um toque sombrio e ameaçador à Ilha dos Perdidos.
– Você está perdendo a vista – disse o pai, com uma voz baixa e rouca que fez sua cabeça formigar, como o tamborilar da chuva do telhado.
– Eu sei como é a Ilha dos Perdidos – respondeu ela em tom seco, e então cruzou os braços na altura dos seios. Nyx estava certa, não importava onde ela estava, as imagens das ruas lotadas de lixo e vilões sujos eram nítidas em sua mente. Ela havia crescido ali, em meio aos ladrões e bandidos, correndo por todas aquelas ruas imundas e fétidas. Prédios com aparência de abandonados cobriam a área que rodeava a mansão, uma névoa gélida era encontrada espalhando-se pela região.
Ao longe, quase no centro da ilha, era possível ver o castelo horroroso onde a Lagartixa mãe e a Lagartixa filha moravam junto aos seus amiguinhos ridículos. Se olhasse para leste, poderia ver as docas onde o Capitão Gancho, Úrsula e Morgana, sua irmã, dominavam, se apertasse bem os olhos poderia ver até as velas do navio comandado por sua melhor amiga, Uma, a filha da Bruxa do Mar.
– Eu queria te afastar de ouvidos indiscretos. É um assunto muito sério.
Algo na postura dele, com o vento fazendo sua capa preta esvoaçar, fez Nyx ter um forte pressentimento.
– Tá, antes que você venha com todo esse papo de Lorde das Trevas para cima de mim, eu não matei ninguém e eu não explodi nada nas últimas vinte e quatro horas. Estive com Uma, Harry e Gil desde ontem de manhã.
Dava para sentir aquela terrível avalanche de palavras que lhe escapava toda vez que ela estava nervosa ou havia um silêncio indesejável. Normalmente, Nyx conseguia controlar esse impulso após anos de treino, mas seu pai conseguia tirar o pior dela, então ela continuou:
– Talvez eu tenha quebrado alguns ossos de alguns misóginos e abusadores de crianças. Mas eles mereceram – Agora, ela gesticulava descontroladamente, como se estivesse tentando voar.
O que tornou a situação pior foi perceber que seu pai estava se esforçando muito mal, diga-se de passagem, para não ria dela.
Uma pessoa controlada pararia de falar ao ver aquela expressão no rosto do Lobo Mau, mas Nyx não era tão controlada assim. Quer dizer, Nyx era controlada, mas parecia que o cérebro e a boca não estavam conectados. E isso sempre acontecia na presença do pai.
– E talvez, sem o meu envolvimento, é claro, as sobrancelhas da bruxa, verruguenta e obcecada por maçãs, tenham sido queimadas novamente.
Os olhos do pai brilharam e a Nyx viu algo ardendo ali, só por um momento, antes de se fecharem de novo. Ele limpou a garganta e coçou a nunca, parecendo meio irritado meio orgulhoso.
Vê-lo perder qualquer resquício de sua impecável compostura dava a Nyx uma satisfação imensa. Não era sempre que o Grande Lobo Mau saia do seu personagem impecável e superior.
– Não me importo com as suas travessuras junto aos seus amigos piratas, filhote. – O pai revirou os olhos e apoiou as mãos em cada lado dos pilares de pedra. Nyx sabia que daria para ver seus ombros e costas tensos, não fosse pela capa.
A Morada da Lua, como era chamada pelos outros cidadãos da Ilha o lugar onde morava, era uma verdadeira fortaleza. Os homens de seu pai eram vistos circulando pelo perímetro. Todos eram fieis a sua família, de uma forma ou outra.
Seu pai tinha mantido a maioria das alianças de antes do seu confinamento na Ilha. Capitão Gancho, Sr. Smee, Yzma, Hades, Úrsula, Madame Mim, Dr. Facilier. Todos eles eram aliados de seu pai. Alguns mais que outros, é claro. Isso resultou nas amizades mais próximas de Nyx: Uma Hydraviper, Harry Hook, Gil LeGume. Nyx também tinha outros amigos como: Hadie Underworlder, Yzla Cat, Anthony, Dizzy e Annabelle Tremaine.
Quando não estava treinando todos os métodos de matar com seu pai, Nyx sempre poderia ser encontrada com Uma, Harry e Gil, seja ajudando no Ursula's Fish and Chips ou no navio que Uma comanda.
– Filhote?
Ah, ele estava falando, não estava? Nyx estava muito ocupada envolta em seus próprios pensamentos para ouvir ele.
– Ah, sim, eu... concordo. – Nyx balançou cabeça enfaticamente, tentando ao máximo não demostrar que estava prestando atenção.
– É mesmo? – Ele assobiou baixinho e levantou a mão para esfregar a barba por fazer mantida à perfeição. – Pois bem, tendo sua aprovação, irei começar os preparativos para casa você com um dos goblins, para garantir mais acesso às docas onde os produtos e alimentos chegam de Auradon.
– O quê? – Nyx arfou. – Papai, eu... O senhor perdeu completamente a cabeça? Isso não pode ser sério! É loucura!
Sem se dar conta, Nyx se aproximou do pai e agarrou as lapelas de sua capa e começou a balançar o corpo dele, tentando procurar qualquer traço de loucura em seus olhos.
Mas, em vez de humanidade, ela viu os olhos se estreitarem e formarem pequenas rugas nos cantos. Nyx deu um grande passo para trás para observar melhor a expressão do pai. Os lábios estavam curvados para cima e, quando Nyx percebeu, soltou um gritinho.
– ERA UMA PIADA?
O pai abriu o maior sorriso que Nyx tinha visto nele desde seu último aniversário.
– PAI!
Ele revirou os olhos e balançou a cabeça, como se não conseguisse acreditar na conversa que estava tendo.
– Agora que tenho toda a sua atenção...
– Foi a sua primeira? – Nyx interrompeu, incapaz de processar tanta informação nova em poucos segundos.
O licano alfa inclinou a cabeça para trás, surpreso, enquanto soltava as mãos de Nyx de sua capa.
– Minha primeira o quê, filhote?
– Sua primeira piada desse mês.
Ele grunhiu e abriu a bocas para falar, parecendo bem indignado, na opinião de Nyx.
– Mas não é poss... – Ele se interrompeu para beliscar a ponta do nariz. – Nyaxia, você realmente acha que sou incapaz de ter senso de humor?
– Claro que não – disse ela seriamente – Você me teve.
O pai soltou um suspiro resignado e ajeitou meticulosamente a capa escura.
– Falo com você por menos de três minutos e já fico mais confuso do que os estagiários durante meu dia favorito da semana.
– Metaforicamente falando, claro, já que não estou atirando flechas em você. – Nyx lançou-lhe um olhar penetrante para reiterar o quanto “reprovava”  o treinamento de autodefesa do pai com as pobres almas que vinham para “estágios”. Filhos de vilões menores e pouco relevantes, pessoas com dívidas de jogo e outros malfeitores se candidatavam ao cargo o tempo todo.
O Dia da Caça é o melhor espetáculo que ocorre na Ilha dos Perdidos. O evento acontece no final de cada semana de trabalho dos estagiários do Grande Lobo Mau, a menos, é claro, que o pai estivesse tendo um dia ruim. Aí, poderia ser no início da semana, no meio da semana, de manhã, durante o almoço, ou... Bom, a lista continua. Pelo menos era consistente, já que todo Dia da Caça consistia no pai mandando os estagiários para fora para que fugissem de algo.
Desde que nascerá, ela os vira tentar escapar de uma besta, de um arco com flechas em chamas e de inúmera criaturas mágicas e não mágicas, até dela mesma quando o pai achou que Nyx já tinha idade o suficiente... Detalhe: Nyx tinha apenas 11 anos quando começou a participar ativamente do Dia da Caça. Mas, sem dúvidas, os dias preferidos de Nyx são aqueles em que o pai estava tão farto das palhaçadas de seus funcionários que começa a perseguir pessoalmente eles pelo pátio dos fundos... às vezes, se ela tivesse sorte, alguns dos funcionários de seu pai conseguiam fugir, e ela e os amigos continuavam a caçar eles por toda a ilha.
Foi o mais rápido que ela já viu os estagiários correrem. Nyx sempre morri de rir nesses dias.
E daí que eu me divirto com o desesperos deles? Quem não se divertiria com um bando de machos, correndo e gritando por suas mamães, mais perdidos do que cego em tiroteio?
– Vale lembrar que não mato um estagiário há muitos meses.
Nyx revirou os olhos tão forte que quase conseguiu ver o seu crânio por dentro.
– Papai lindo do meu coração, odeio diminuir seus sucessos, mas existem pessoas que passam a vida inteira sem matar ninguém.
Ele permaneceu sério.
– Que chato.
– Me poupe, né? Não foram “meses”. Você arrancou a cabeça de um dos trolls da Lagartixa Sênior semana passada.
– Bom, ele mereceu.
Nyx deu de ombros, concordando.
Todos sabiam que aliados da Fada das Trevas não eram bem-vindos daquele lado da ilha. E aqueles que tentavam... bem, eles rapidamente sumiam e nunca mais eram vistos novamente.
– Se eu tivesse esse privilégio, a Mal já teria ido parar em uma cova rasa há muitos meses. – Nyx fez uma pausa contemplativa. – Na verdade, pai...
– Não.
– Mas e se eu fizer uma lista oficial e bem-organizada de prós e contras? – suplicou.
De repente, o pai fechou a cara, tão do nada que Nyx ouviu a própria respiração acelerar.
– Sempre mantenha os inimigos por perto, filhote. A vida é mais interessante assim.
O sorriso que ele lhe deva naquele momento não tinha alegria, apenas promessas cruéis.
Nyx suspirou, cansada. Seu pai nunca lhe explicara o motivo de não acabar logo com essa guerra fria entre ele e Malévola. Até onde ela sabia, esse conflito já durava quase um século. E mesmo tendo todas as oportunidades agora, o alfa do clã Badwolf ainda não tinha decepado a cabeça da fada lagartixa ou arrancado seu coração.
– Falando em inimigos... Podemos discutir o assunto que me fez trazer você aqui para conversar antes que os outros comecem a acreditar que vou jogar você por cima do parapeito? – perguntou ele.
Nyx revirou os olhos e gesticulou para que ele continuasse.
– Pode falar.
O lupino fez cara feia e virou de costas para ela, voltando o olhar para a vista da Ilha.
– Uma carta chegou hoje para você.
Nyx tentou não demonstrar, mas a alegria era palpável. Fazia meses desde que a última carta da sua mãe tinha chegado, quase um ano. Essas cartas vinham de tempos em tempos, nunca de forma constante ou rotineira. Seus pais eram muito cuidadosos quanto a correspondência... todo cuidado era pouco, nunca se sabe quando uma de suas cartas poderia ser interceptada.
– Mamãe está bem? Cadê a carta? Ela mandou mais alguma coisa...
– É do palácio de Auradon. De Vossa Alteza Real, Príncipe Benjamin, para ser especifico.
💫🐺⚔️❄️🖤
Palácio Real de Auradon
À Ilustre Senhorita Nyaxia Badwolf,
É com grande distinção que, nesta primeira proclamação como Rei dos Estados Unidos de Auradon, tenho a honra de dirigir-me a vossa pessoa.
Como parte de meus votos solenes de estabelecer um reino de inclusão e progresso, venho por meio desta carta oferecer-lhe uma oportunidade singular: juntar-se ao corpo docente da Escola Preparatória de Auradon.
Esta proposta não apenas reflete os valores fundamentais de minha monarquia, mas também inaugura um novo capítulo de promessas e esperanças em Auradon. Sua presença na Escola de Auradon será de inestimável valor, contribuindo para a construção de um futuro mais brilhante para nosso reino.
Em reconhecimento à sua grande e histórica família, é com grande esperança e antecipação que aguardamos sua resposta afirmativa.
Os meus guardas estarão lhe aguardando amanhã pela manhã nos portões da Morada da Lua caso aceite a minha proposta.
Com distinta estima,
Príncipe Benjamin
Em nome da Família Real de Auradon
– Você só pode estar brincando com a minha cara. Por que, em nome de Ártemis, eu iria querer fazer isso? – Nyx zombou secamente, erguendo uma sobrancelha para o pai.
– Isso não é uma brincadeira, Nyaxia. Mas sim uma oportunidade. Você ira para Auradon, filhote. – De repente, a voz dele ficou mais baixa. Um tom letal que ela já tinha visto fazer os homens mais corajosos se tremerem de medo. Por algum motivo, Nyx achava reconfortante... talvez seja porque ele era o seu pai. – E isso não está em discursão.
– Oi? O senhor está ficando louco? Você sempre disse que Auradon é horrível e uma perda de tempo terrível.
– Mas com a minha filha lá, pode deixar de ser.
– Pai! Auradon não dá a mínima para nós há duas décadas! – rosnou Nyx enquanto se aproximava de seu pai, com as presas afiadas a mostra. – Eles jogaram você e todos os outros vilões em uma pilha de lixo flutuante sem dar a ninguém uma chance de redenção. Claro que a maioria não teria se redimido de qualquer maneira... mas mesmo assim, eles não se importaram com ninguém.
O pai olhou para ela com uma emoção indecifrável.
– E então, quando nascemos, eles decidiram que seríamos tão ruins quanto nossos pais. E nunca, nunca, pensaram em nós novamente. Então me perdoe se estou tendo dificuldades de em acreditar que, depois de vinte anos, a família real decidiu milagrosamente que talvez vale a pena pensar em nós.
Elijah Badwolf a fitou por longos minutos em completo silêncio, sem nunca desviar o olhar. Seus olhos lentamente começaram a se tornar de uma cor dourada, quase tão reluzente quanto ouro derretido.
– Nyaxia, você irá para Auradon. Não existe outra opção para você. Eu e sua mãe já decidimos, você irá para Auradon – disse o Lobo Mau em voz baixa.
Nyx respirou fundo, porque ele se erguia imponente e sombrio, prometendo destruição. Ela sabia que nunca teve chance contra seu pai, mas saber que sua mãe também o apoiava... bem, isso mudava as coisas, e ela só conseguia pensar...
– Quem mais vai para Auradon?
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 2| Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Nyx seguiu o pai até o seu escritório. Suas têmporas começaram a latejar indicando o início de uma dor de cabeça infernal, a rapidez com que ele se movia só aumentava a dor em sua cabeça.
O pai apenas a olhava com cara de paisagem. Totalmente desprovido de qualquer emoção. Na verdade, ela pensou ter visto o resquício de emoção que havia nele desaparecer no instante em que os olhares se cruzaram. Como se a mera chegada dela tivesse acabado com todas as suas emoções.
Ou eu estou muito ferrada ou aquela lagartixa roxa ridícula fez algo realmente ruim.
Ela abriu a boca para dizer isso, mas o pai já havia cruzado o escritório e parou em frente às grandes portas de madeira que davam para a varanda e as abriu, indicando que ela passasse à sua frente. Puxando seus cabelos longos em uma rabo de cavalo improvisado, Nyx deu um passo à frente, encostando-se ao parapeito da porta, sentindo o frio da manhã na pele.
O sol nunca aparecia na Ilha dos Perdidos. Grandes nuvens acinzentadas cobriam todo o espaço aéreo do local e impediam que qualquer raio solar chegassem até os moradores. Devido a isso, cultivar qualquer alimento era praticamente impossível, e os moradores da ilha dependiam quase que exclusivamente da bondade e compaixão do povo de Auradon. Além disso, as baixas temperaturas e a escuridão quase que completa influenciavam para dar um toque sombrio e ameaçador à Ilha dos Perdidos.
– Você está perdendo a vista – disse o pai, com uma voz baixa e rouca que fez sua cabeça formigar, como o tamborilar da chuva do telhado.
– Eu sei como é a Ilha dos Perdidos – respondeu ela em tom seco, e então cruzou os braços na altura dos seios. Nyx estava certa, não importava onde ela estava, as imagens das ruas lotadas de lixo e vilões sujos eram nítidas em sua mente. Ela havia crescido ali, em meio aos ladrões e bandidos, correndo por todas aquelas ruas imundas e fétidas. Prédios com aparência de abandonados cobriam a área que rodeava a mansão, uma névoa gélida era encontrada espalhando-se pela região.
Ao longe, quase no centro da ilha, era possível ver o castelo horroroso onde a Lagartixa mãe e a Lagartixa filha moravam junto aos seus amiguinhos ridículos. Se olhasse para leste, poderia ver as docas onde o Capitão Gancho, Úrsula e Morgana, sua irmã, dominavam, se apertasse bem os olhos poderia ver até as velas do navio comandado por sua melhor amiga, Uma, a filha da Bruxa do Mar.
– Eu queria te afastar de ouvidos indiscretos. É um assunto muito sério.
Algo na postura dele, com o vento fazendo sua capa preta esvoaçar, fez Nyx ter um forte pressentimento.
– Tá, antes que você venha com todo esse papo de Lorde das Trevas para cima de mim, eu não matei ninguém e eu não explodi nada nas últimas vinte e quatro horas. Estive com Uma, Harry e Gil desde ontem de manhã.
Dava para sentir aquela terrível avalanche de palavras que lhe escapava toda vez que ela estava nervosa ou havia um silêncio indesejável. Normalmente, Nyx conseguia controlar esse impulso após anos de treino, mas seu pai conseguia tirar o pior dela, então ela continuou:
– Talvez eu tenha quebrado alguns ossos de alguns misóginos e abusadores de crianças. Mas eles mereceram – Agora, ela gesticulava descontroladamente, como se estivesse tentando voar.
O que tornou a situação pior foi perceber que seu pai estava se esforçando muito mal, diga-se de passagem, para não ria dela.
Uma pessoa controlada pararia de falar ao ver aquela expressão no rosto do Lobo Mau, mas Nyx não era tão controlada assim. Quer dizer, Nyx era controlada, mas parecia que o cérebro e a boca não estavam conectados. E isso sempre acontecia na presença do pai.
– E talvez, sem o meu envolvimento, é claro, as sobrancelhas da bruxa, verruguenta e obcecada por maçãs, tenham sido queimadas novamente.
Os olhos do pai brilharam e a Nyx viu algo ardendo ali, só por um momento, antes de se fecharem de novo. Ele limpou a garganta e coçou a nunca, parecendo meio irritado meio orgulhoso.
Vê-lo perder qualquer resquício de sua impecável compostura dava a Nyx uma satisfação imensa. Não era sempre que o Grande Lobo Mau saia do seu personagem impecável e superior.
– Não me importo com as suas travessuras junto aos seus amigos piratas, filhote. – O pai revirou os olhos e apoiou as mãos em cada lado dos pilares de pedra. Nyx sabia que daria para ver seus ombros e costas tensos, não fosse pela capa.
A Morada da Lua, como era chamada pelos outros cidadãos da Ilha o lugar onde morava, era uma verdadeira fortaleza. Os homens de seu pai eram vistos circulando pelo perímetro. Todos eram fieis a sua família, de uma forma ou outra.
Seu pai tinha mantido a maioria das alianças de antes do seu confinamento na Ilha. Capitão Gancho, Sr. Smee, Yzma, Hades, Úrsula, Madame Mim, Dr. Facilier. Todos eles eram aliados de seu pai. Alguns mais que outros, é claro. Isso resultou nas amizades mais próximas de Nyx: Uma Hydraviper, Harry Hook, Gil LeGume. Nyx também tinha outros amigos como: Hadie Underworlder, Yzla Cat, Anthony, Dizzy e Annabelle Tremaine.
Quando não estava treinando todos os métodos de matar com seu pai, Nyx sempre poderia ser encontrada com Uma, Harry e Gil, seja ajudando no Ursula's Fish and Chips ou no navio que Uma comanda.
– Filhote?
Ah, ele estava falando, não estava? Nyx estava muito ocupada envolta em seus próprios pensamentos para ouvir ele.
– Ah, sim, eu... concordo. – Nyx balançou cabeça enfaticamente, tentando ao máximo não demostrar que estava prestando atenção.
– É mesmo? – Ele assobiou baixinho e levantou a mão para esfregar a barba por fazer mantida à perfeição. – Pois bem, tendo sua aprovação, irei começar os preparativos para casa você com um dos goblins, para garantir mais acesso às docas onde os produtos e alimentos chegam de Auradon.
– O quê? – Nyx arfou. – Papai, eu... O senhor perdeu completamente a cabeça? Isso não pode ser sério! É loucura!
Sem se dar conta, Nyx se aproximou do pai e agarrou as lapelas de sua capa e começou a balançar o corpo dele, tentando procurar qualquer traço de loucura em seus olhos.
Mas, em vez de humanidade, ela viu os olhos se estreitarem e formarem pequenas rugas nos cantos. Nyx deu um grande passo para trás para observar melhor a expressão do pai. Os lábios estavam curvados para cima e, quando Nyx percebeu, soltou um gritinho.
– ERA UMA PIADA?
O pai abriu o maior sorriso que Nyx tinha visto nele desde seu último aniversário.
– PAI!
Ele revirou os olhos e balançou a cabeça, como se não conseguisse acreditar na conversa que estava tendo.
– Agora que tenho toda a sua atenção...
– Foi a sua primeira? – Nyx interrompeu, incapaz de processar tanta informação nova em poucos segundos.
O licano alfa inclinou a cabeça para trás, surpreso, enquanto soltava as mãos de Nyx de sua capa.
– Minha primeira o quê, filhote?
– Sua primeira piada desse mês.
Ele grunhiu e abriu a bocas para falar, parecendo bem indignado, na opinião de Nyx.
– Mas não é poss... – Ele se interrompeu para beliscar a ponta do nariz. – Nyaxia, você realmente acha que sou incapaz de ter senso de humor?
– Claro que não – disse ela seriamente – Você me teve.
O pai soltou um suspiro resignado e ajeitou meticulosamente a capa escura.
– Falo com você por menos de três minutos e já fico mais confuso do que os estagiários durante meu dia favorito da semana.
– Metaforicamente falando, claro, já que não estou atirando flechas em você. – Nyx lançou-lhe um olhar penetrante para reiterar o quanto “reprovava”  o treinamento de autodefesa do pai com as pobres almas que vinham para “estágios”. Filhos de vilões menores e pouco relevantes, pessoas com dívidas de jogo e outros malfeitores se candidatavam ao cargo o tempo todo.
O Dia da Caça é o melhor espetáculo que ocorre na Ilha dos Perdidos. O evento acontece no final de cada semana de trabalho dos estagiários do Grande Lobo Mau, a menos, é claro, que o pai estivesse tendo um dia ruim. Aí, poderia ser no início da semana, no meio da semana, de manhã, durante o almoço, ou... Bom, a lista continua. Pelo menos era consistente, já que todo Dia da Caça consistia no pai mandando os estagiários para fora para que fugissem de algo.
Desde que nascerá, ela os vira tentar escapar de uma besta, de um arco com flechas em chamas e de inúmera criaturas mágicas e não mágicas, até dela mesma quando o pai achou que Nyx já tinha idade o suficiente... Detalhe: Nyx tinha apenas 11 anos quando começou a participar ativamente do Dia da Caça. Mas, sem dúvidas, os dias preferidos de Nyx são aqueles em que o pai estava tão farto das palhaçadas de seus funcionários que começa a perseguir pessoalmente eles pelo pátio dos fundos... às vezes, se ela tivesse sorte, alguns dos funcionários de seu pai conseguiam fugir, e ela e os amigos continuavam a caçar eles por toda a ilha.
Foi o mais rápido que ela já viu os estagiários correrem. Nyx sempre morri de rir nesses dias.
E daí que eu me divirto com o desesperos deles? Quem não se divertiria com um bando de machos, correndo e gritando por suas mamães, mais perdidos do que cego em tiroteio?
– Vale lembrar que não mato um estagiário há muitos meses.
Nyx revirou os olhos tão forte que quase conseguiu ver o seu crânio por dentro.
– Papai lindo do meu coração, odeio diminuir seus sucessos, mas existem pessoas que passam a vida inteira sem matar ninguém.
Ele permaneceu sério.
– Que chato.
– Me poupe, né? Não foram “meses”. Você arrancou a cabeça de um dos trolls da Lagartixa Sênior semana passada.
– Bom, ele mereceu.
Nyx deu de ombros, concordando.
Todos sabiam que aliados da Fada das Trevas não eram bem-vindos daquele lado da ilha. E aqueles que tentavam... bem, eles rapidamente sumiam e nunca mais eram vistos novamente.
– Se eu tivesse esse privilégio, a Mal já teria ido parar em uma cova rasa há muitos meses. – Nyx fez uma pausa contemplativa. – Na verdade, pai...
– Não.
– Mas e se eu fizer uma lista oficial e bem-organizada de prós e contras? – suplicou.
De repente, o pai fechou a cara, tão do nada que Nyx ouviu a própria respiração acelerar.
– Sempre mantenha os inimigos por perto, filhote. A vida é mais interessante assim.
O sorriso que ele lhe deva naquele momento não tinha alegria, apenas promessas cruéis.
Nyx suspirou, cansada. Seu pai nunca lhe explicara o motivo de não acabar logo com essa guerra fria entre ele e Malévola. Até onde ela sabia, esse conflito já durava quase um século. E mesmo tendo todas as oportunidades agora, o alfa do clã Badwolf ainda não tinha decepado a cabeça da fada lagartixa ou arrancado seu coração.
– Falando em inimigos... Podemos discutir o assunto que me fez trazer você aqui para conversar antes que os outros comecem a acreditar que vou jogar você por cima do parapeito? – perguntou ele.
Nyx revirou os olhos e gesticulou para que ele continuasse.
– Pode falar.
O lupino fez cara feia e virou de costas para ela, voltando o olhar para a vista da Ilha.
– Uma carta chegou hoje para você.
Nyx tentou não demonstrar, mas a alegria era palpável. Fazia meses desde que a última carta da sua mãe tinha chegado, quase um ano. Essas cartas vinham de tempos em tempos, nunca de forma constante ou rotineira. Seus pais eram muito cuidadosos quanto a correspondência... todo cuidado era pouco, nunca se sabe quando uma de suas cartas poderia ser interceptada.
– Mamãe está bem? Cadê a carta? Ela mandou mais alguma coisa...
– É do palácio de Auradon. De Vossa Alteza Real, Príncipe Benjamin, para ser especifico.
💫🐺⚔️❄️🖤
Palácio Real de Auradon
À Ilustre Senhorita Nyaxia Badwolf,
É com grande distinção que, nesta primeira proclamação como Rei dos Estados Unidos de Auradon, tenho a honra de dirigir-me a vossa pessoa.
Como parte de meus votos solenes de estabelecer um reino de inclusão e progresso, venho por meio desta carta oferecer-lhe uma oportunidade singular: juntar-se ao corpo docente da Escola Preparatória de Auradon.
Esta proposta não apenas reflete os valores fundamentais de minha monarquia, mas também inaugura um novo capítulo de promessas e esperanças em Auradon. Sua presença na Escola de Auradon será de inestimável valor, contribuindo para a construção de um futuro mais brilhante para nosso reino.
Em reconhecimento à sua grande e histórica família, é com grande esperança e antecipação que aguardamos sua resposta afirmativa.
Os meus guardas estarão lhe aguardando amanhã pela manhã nos portões da Morada da Lua caso aceite a minha proposta.
Com distinta estima,
Príncipe Benjamin
Em nome da Família Real de Auradon
– Você só pode estar brincando com a minha cara. Por que, em nome de Ártemis, eu iria querer fazer isso? – Nyx zombou secamente, erguendo uma sobrancelha para o pai.
– Isso não é uma brincadeira, Nyaxia. Mas sim uma oportunidade. Você ira para Auradon, filhote. – De repente, a voz dele ficou mais baixa. Um tom letal que ela já tinha visto fazer os homens mais corajosos se tremerem de medo. Por algum motivo, Nyx achava reconfortante... talvez seja porque ele era o seu pai. – E isso não está em discursão.
– Oi? O senhor está ficando louco? Você sempre disse que Auradon é horrível e uma perda de tempo terrível.
– Mas com a minha filha lá, pode deixar de ser.
– Pai! Auradon não dá a mínima para nós há duas décadas! – rosnou Nyx enquanto se aproximava de seu pai, com as presas afiadas a mostra. – Eles jogaram você e todos os outros vilões em uma pilha de lixo flutuante sem dar a ninguém uma chance de redenção. Claro que a maioria não teria se redimido de qualquer maneira... mas mesmo assim, eles não se importaram com ninguém.
O pai olhou para ela com uma emoção indecifrável.
– E então, quando nascemos, eles decidiram que seríamos tão ruins quanto nossos pais. E nunca, nunca, pensaram em nós novamente. Então me perdoe se estou tendo dificuldades de em acreditar que, depois de vinte anos, a família real decidiu milagrosamente que talvez vale a pena pensar em nós.
Elijah Badwolf a fitou por longos minutos em completo silêncio, sem nunca desviar o olhar. Seus olhos lentamente começaram a se tornar de uma cor dourada, quase tão reluzente quanto ouro derretido.
– Nyaxia, você irá para Auradon. Não existe outra opção para você. Eu e sua mãe já decidimos, você irá para Auradon – disse o Lobo Mau em voz baixa.
Nyx respirou fundo, porque ele se erguia imponente e sombrio, prometendo destruição. Ela sabia que nunca teve chance contra seu pai, mas saber que sua mãe também o apoiava... bem, isso mudava as coisas, e ela só conseguia pensar...
– Quem mais vai para Auradon?
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
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Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 16 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
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Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW - PRÓLOGO | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Todo mundo da minha família já matou alguém. Algumas, as de grandes conquistas, mais de uma pessoa.
Juro que não estou falando apenas para aparecer, é só a verdade.
Quando me vi diante da tarefa de contar nossa história, uma mistura de orgulho e relutância se apoderou de mim. Era como se cada palavra escrita fosse uma porta para o passado, uma jornada que me levaria de volta às profundezas dos segredos familiares que tanto nos atormentam.
Meu nome é Nyaxia Badwolf, embora muitos me chamem apenas de "Nyx". Sou uma filha dos Badwolf, herdeira de um legado complicado que muitos não conseguem entender. Mas, apesar das expectativas e preconceitos que pairavam sobre mim, estou determinado a contar nossa história da maneira mais honesta possível.
Só não garanto que você vai gostar.
Olha, não é como se fôssemos uma família de psicopatas. Alguns de nós são gente boa (mais ou menos), outros são maus e alguns só deram azar. Qual é o meu caso? Ainda não sei direito.
Se eu já matei alguém? Sim. Matei.
Quem? Vamos começar.
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THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
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Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 16 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
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Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
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Vamos para mais uma aventura?
THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
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Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 16 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
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Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
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THE WOLF OF SNOW - CAPÍTULO 1 | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Havia cabeças decepadas penduradas no teto de novo.
Nyx suspirou e acenou para Marvin, um dos “funcionários” de seu pai, enquanto fechava a porta pesada do casarão e cruzava o salão principal. Os saltos ecoavam no chão de pedra, acompanhando o ritmo calmo do seu coração.
O seu pai estava de mau humor.
Uma cabeça decepada era de se esperar, é claro. Era uma regularidade à qual Nyx, por mais bizarro que pudesse parecer, já tinha se acostumado no tempo em que vivera ali... ou seja, desde que nascera. Mas naquele momento três cabeças pendiam do teto, bocas abertas em um grito silencioso, como se tivessem deixado essa vida em puro terror. E, se ela olhasse bem...
Argh, uma delas estava sem um dos olhos.
Nyx examinou o chão antes de dar outro passo, esperando desesperadamente evitar pisar no olho, como tinha acontecido algumas semanas antes, ao entrar na câmara de tortura do pai para passar uma mensagem. O grito que ela dera naquela ocasião foi quase inaudível, mas, caso acontecesse novamente, não dava para saber se manteria a compostura. Ela podia lidar com ossos saindo para fora dos membros ou quem sabe até um braço decepado, mas os olhos explodiam quando pisados, e esse parecia ser o limite que a mente de Nyx tinha traçado.
Ela deu de ombros e seguiu em frente. Um limite justo, se querem saber a minha opinião.
Mas isso era irrelevante. O tipo de horror que ela encontrava todo dia já não a perturbava como deveria. Talvez nunca a tenha perturbado, se pensasse bem. A necessidade de normalidade, ou o que ela achava que as outras pessoas do mundo acreditavam ser o normal, tinha perdido a força ou nunca existira, mas ela não ligava. O conceito de “normal” era para aqueles que não tinham a capacidade de expandir a própria mente para além do inimaginável. Era algo que sua mãe dizia em suas cartas durante a infância e, por algum motivo, era o único conselho que Nyx não conseguia ignorar.
Não havia como evitar, de qualquer maneira. Afinal, ela era a filha do Grande Lobo Mau. Nyx riu do próprio título, imaginando como o anúncio do cargo seria ridículo se fosse um emprego:
Deve ser organizado.
Deve gostar de ficar acordado até tarde.
Deve se sentir confortável e até apoiar incêndios criminosos, tortura, assassinato.
E não deve gritar quando houver, ocasionalmente, um cadáver em cima da mesa de jantar.
Em defesa do pai, ele só tinha feito essa última uma única vez desde que Nyx completara 12 anos. Ao chegar para o café da manhã com a pontualidade de sempre, ela cruzara a sala e imediatamente avistara o cadáver de um homem robusto esparramado em cima da mesa. Vários cortes pelo corpo, pedaços de carne faltando.
Ele tinha sido torturado antes de ser morto, isso estava claro, e o pai decidira despejar o homem na mesa de madeira impecavelmente organizada, que ficava bem ao lado do enorme e desorganizado escritório do Lobo Mau. Nyx nunca se esqueceria o olhar dele quando ela entrou, viu o corpo e então o encontrou na entrada do escritório. Ele simplesmente ficou ali, de braços cruzados, observando-a com atenção.
Ah, sim, pensara Nyx. Ele está me testando.
Nyx olhar de relance para o pai, sentindo um nó no peito pela maneira intensa como ele a encarava. Era quase como se ele desejasse que ela não falhasse, o que não fazia sentido algum... todos diziam que ela era a versão feminina de seu progenitor em todos os aspectos. Logo, ela com certeza não se incomodaria com um corpo quase em estado de decomposição na mesa de jantar logo pela manhã. Talvez estivesse com má digestão – devido às torturas daquela manhã e tudo mais.
– Bom dia, pai. Você gostaria que eu comesse com esse cavalheiro aqui, na mesa de jantar? Ou essa é sua maneira sutil de me dizer que deseja que eu leve o corpo para um lugar mais adequado? – perguntara ela com um sorriso amistoso no rosto.
Ele simplesmente arqueara a sobrancelha e, em seguida, afastara-se do batente da porta, caminhando até mesa – e o corpo.
Nyx contivera um suspiro enquanto ele se inclinava sobre a mesa e jogava o corpo por cima do ombro como se fosse um saco de batatas. Os olhos dele permaneceram fixos no dela enquanto se dirigia à janela mais próxima... e prontamente atirava o homem lá fora.
– Muito criativo o método de descarte, papai... Que tal se eu trouxesse uma xícara de elixir de caldeirão do Edwin? – O ogro que trabalhava na cozinha preparava todo dia aquela mistura marrom feita de feijões supostamente mágicos, acompanhada de doces feitos na hora. Ela nuca tinha ouvido falar da bebida fora do circulo familiar, mas melhorava a produtividade e parecia deixar todo mundo mais bem-humorado, cadáveres à parte.
Os lábios do alfa esboçaram um meio sorriso, e seus olhos escuros brilhavam com uma espécie de divertimento contido. Não estava exatamente sorrindo, mas era o suficiente para ela saber que ele tinha se saído bem.
– Sim, filhote, você sabe como eu gosto.
Desde então, ela não encontrara mais nenhum corpo na mesa ao chegar em casa, mas isso não significava que os últimos anos não tivessem sido desafiadores. Na maioria das vezes, o Lobo Mau costumava estar fora, provavelmente tocando o terror entre os morados da Ilha dos Perdidos de maneiras que ela às vezes preferia não pensar. Mas, algo lhe dizia que até um corpo na sua mesa seria mais divertido do que o humor dele naquele dia.
Porque sinais de decapitações excessivas só poderiam significar uma coisa: um dos seus planos contra a bruxa lagartixa chifruda tinha falhado pela terceira vez em dois meses.
Nyx suspirou mais uma vez ao se aproximar da interminável escadaria sinuosa. Ela parou e a observou por um instante, perguntando-se por que havia uma escada tão grande em um casarão quase caindo aos pedaços no extremo norte da Ilha.
Ao começar a subida diária, Nyx evitou a porta que surgia à sua esquerda após o primeiro lance. A porta que levava aos aposentos particulares do pai.
Só os deuses sabiam o que o alfa do clã Badwolf fazia na parte pessoal daquela vasta e decididamente sombria construção de pedra.
Sua respiração se manteve estável – embora nem sempre tivesse sido assim – enquanto ela subia para o segundo andar e seguia pelo corrimão à luz de velas em direção ao próximo lance, sentindo todos os cheiros que circulavam no ar.
O eco de um grito vindo das câmeras de tortura nos calabouços lá embaixo a fez parar. Ela arregalou os olhos por um momento, balançou a cabeça e logo voltou a subir as escadas.
Apesar de suas outras atividades claramente nefastas, o pai tinha um conjunto estranho e confuso de princípios que ele seguia à risca: o primeiro deles era nunca machucar inocentes – ou pelo menos, as pessoas inocentes na visão dele. Sua maldade era mais do tipo vingativa. Nyx também gostava de saber que sua lista de princípios incluía tratar as mulheres com o mesmo nível de respeito e consideração que os homens. O que, olhando em retrospecto, colocava o pai em um patamar acima de todos os vilões que conhecia.
O pai começara a lhe ensinar sobre o empoderamento feminino muito antes de Nyx começar a engatinhar.
“Mulheres fortes, não se fazem de vítimas, não fazem parecer lamentáveis, e não apontam os dedos, elas se levantam e lidam com a porra toda. Agora, levante-se, engula o choro, e tente novamente.”. Era o que seu pai sempre repetia quando ela tentava desistir de algo.
Soltando uma risadinha em meio a respiração controlada (Você não é uma cadela em trabalho de parto, filhote! Pare de ofegar, isso é humano demais),Nyx começou a subir o último lance de escadas – um covil do tamanho de um castelo e ele a fazia morar no andar mais alto? Maldade, teu nome é Lobo Mau.
Ao chegar ao fim do corredor, ela puxou a arandela dourada mais próxima ao vitral e deu um passo para trás enquanto a parede de tijolos se abria lentamente, revelando o salão de baile oculto que também servia como local de trabalho/covil secreto. Em seguida, entrou apressada na sala ampla enquanto a parede se fechada atrás dela e respirou fundo. O aroma fresco de pergaminho e tinta impregnava o ar de um jeito confortável e familiar que nunca deixava de fazê-la sorrir.
– Bom dia, filhote.
Seu pai estava encostado na mesa de jantar, bebendo o que ela tinha certeza de ser elixir do caldeirão.
Os anos preso na Ilha dos Perdidos foram generosos com Elijah Badwolf. Nyx observou seu corpo alto, o rosto forte e os olhos castanhos escuros que contrastam com sua pele branca pérola e Nyx lembrou-se do quanto puxara a ele. Os cabelos são de um castanho escuro, sempre cortados curtos. Ela nunca o vira de outra forma... Sempre o vira usando apenas roupas escuras. Seu pai sempre possuiu uma pose dominante e intimidante, nunca deixando que nada nem ninguém o colocasse de joelhos.
– Bom dia, pai. – Em seguida, ouviu-se um gemido abafado de dentro do escritório do pai. Arqueando as sobrancelhas e inclinando a cabeça para olhar atrás dele, acrescentou: – Manhã agitada, é?
O pai também arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bastante.
Balançando a cabeça como se estivesse incomodado com a própria resposta, ele começou andar em direção ao seu escrito fazendo um gesto para ela o seguir.
Merda. O que aconteceu agora nessa desgraça de Ilha?
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THE WOLF OF SNOW - PRÓLOGO | Ben Florian x OC
Casal: King Benjamin Florian x Nyaxia Badwolf (OC)
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Todo mundo da minha família já matou alguém. Algumas, as de grandes conquistas, mais de uma pessoa.
Juro que não estou falando apenas para aparecer, é só a verdade.
Quando me vi diante da tarefa de contar nossa história, uma mistura de orgulho e relutância se apoderou de mim. Era como se cada palavra escrita fosse uma porta para o passado, uma jornada que me levaria de volta às profundezas dos segredos familiares que tanto nos atormentam.
Meu nome é Nyaxia Badwolf, embora muitos me chamem apenas de "Nyx". Sou uma filha dos Badwolf, herdeira de um legado complicado que muitos não conseguem entender. Mas, apesar das expectativas e preconceitos que pairavam sobre mim, estou determinado a contar nossa história da maneira mais honesta possível.
Só não garanto que você vai gostar.
Olha, não é como se fôssemos uma família de psicopatas. Alguns de nós são gente boa (mais ou menos), outros são maus e alguns só deram azar. Qual é o meu caso? Ainda não sei direito.
Se eu já matei alguém? Sim. Matei.
Quem? Vamos começar.
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THE WOLF OF SNOW | Ben Florian x OC
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Em uma ilha onde a escuridão reina e o caos é uma constante, Nyaxia Badwolf, uma jovem de 20 anos, estava destinada a ser nada mais do que a filha do notório, cruel e imprevisível Grande Lobo Mau, levando uma vida relativamente tranquila em meio a roubos, caos e terror aleatórios e outras coisas sombrias em geral.
Determinada, corajosa e com um toque peculiar de humor, Nyx embarca em uma viagem imprevisível e um tanto indesejada para Auradon, ao lado de Mal, Evie, Carlos e Jay, filhos de alguns dos maiores vilões que o reino já viu… não que Nyx concorde com essa descrição.
Quando ela finalmente se acostuma com os frufrus, as palavras delicadas e um quarto extremamente rosa, Nyx começa a ver que algo estranho está acontecendo no reino: alguém, também conhecido como Mal, vulgo, Lagartixa Júnior, quer acabar com Auradon e todo o seu próspero império.
Agora, além de tentar não cortar a cabeça da lagartixa júnior, ela também precisa descobrir como executar seu próprio plano enquanto tenta não babar no futuro rei de Auradon.
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Capítulos:
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
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Starlight Court | Masterlist
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For love, she cheated death. For freedom, she will become a weapon.
Aelin endured hunger, cold, hopelessness, loneliness. For years in the clutches of Tamlin and Amarantha, the feeric young woman, daughter of the former Grand Lord of the Night Court, who longed for love and protection, ceased to exist. From the ashes of her old i, Aelin — Lady of the Night Court, guardian fairy of Velaris and guardian of the Ring of the Daytime Court — was reborn… with powers never seen by the seven Grand-Feerics and a will as railway as the metal feared by them.
His heart, however, remains unchanged, vulnerable. Unable to forget what he ever desired with all his heart and soul to the stars.
Key piece in a game you don’t know, Aelin must quickly learn what he’s capable of. And heal your broken soul. For an ancient evil, much worse than Amarantha, stirs on the horizon… one that threatens not only the feeric, but the human world and the wall as well.
As he navigates a web of political intrigue, passions and power, Aelin needs to decide what he wants: love or freedom?
Note: English is not my native language, so please excuse any grammatical errors.
Chapters
Ch. 0.5:  Aelin
Ch. 1:  Aelin
Ch. 2:  Aelin
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Starlight Court | Masterlist
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For love, she cheated death. For freedom, she will become a weapon.
Aelin endured hunger, cold, hopelessness, loneliness. For years in the clutches of Tamlin and Amarantha, the feeric young woman, daughter of the former Grand Lord of the Night Court, who longed for love and protection, ceased to exist. From the ashes of her old i, Aelin — Lady of the Night Court, guardian fairy of Velaris and guardian of the Ring of the Daytime Court — was reborn… with powers never seen by the seven Grand-Feerics and a will as railway as the metal feared by them.
His heart, however, remains unchanged, vulnerable. Unable to forget what he ever desired with all his heart and soul to the stars.
Key piece in a game you don’t know, Aelin must quickly learn what he’s capable of. And heal your broken soul. For an ancient evil, much worse than Amarantha, stirs on the horizon… one that threatens not only the feeric, but the human world and the wall as well.
As he navigates a web of political intrigue, passions and power, Aelin needs to decide what he wants: love or freedom?
Note: English is not my native language, so please excuse any grammatical errors.
Chapters
Ch. 0.5:  Aelin
Ch. 1:  Aelin
Ch. 2:  Aelin
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Starlight Court | Ch. 2: Aelin
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Darkness had never been so lonely and painful for me. I, who had always been used to the dark, found myself hating it day after day.
And for nearly fifty years, the darkness has been my greatest enemy as well as my best friend. The darkness reminded me of home, it reminded me of my brother and my mother and father... it reminded me of where I came from and where I will go. The darkness had become my friend, it brought me comfort while I suffered.
But there were moments… moments when the darkness was too much. Too thick. Too cold. Too lonely. And found myself longing for the embrace of death. It was preferable. There were times when he wondered if she wasn't already dead, and this was the punishment for some sin she had committed.
For nearly fifty years, the darkness has been my constant companion. But she wasn't my only company.
For the past forty-nine, nearly fifty years, I had been drawing the night sky as I remembered it. I drew the stars of my childhood and the stars of the Spring Court sky. And sometimes I would wake up and draw the stars and constellations that I had never seen clearly before in my life. It was strange to see stars in my dreams that weren't really visible to me, even in the Night Court. But they were my favorite constellations.
Even in the depths of the mountain, I sang to my constellations. I sang, wished and hoped. He hoped and wanted to escape. He wanted freedom and the ability to fly freely. I wanted Amarantha dead so her wards would break with her and I could finally be free.
Besides, there was still her.
Amarantha.
The self-proclaimed High Queen of Prythian.
She had copied and perfected Tamlin's method of imprisonment. She placed me in the deepest cell within the palace she built Under The Mountain, where no light could reach. The sun, moon, and stars, once my constant companions and saviors during my imprisonment in the Spring Court, were unreachable.
Amarantha does not physically torture me or allow me to be physically harmed by the monsters under her command. Privately, I believed it reminded her of her little sister and she needed to talk to someone... someone who would always listen to her even against her will.
Every month Amarantha would come to me on the same day and tell me about what she was doing or what was going on in her “kingdom”, and I knew she only did that because she was so sure I wouldn't escape.
I learned that over the fifty years she had been in Prythian as an emissary, she had decided that she wanted Prythian for herself, to begin gathering power and using our lands as a base to someday destroy the human world once and for all, with or without without the blessing of the King of Hybern. Then, 49 years ago, she attacked. A few days after negotiating my imprisonment with Tamlin.
Amarantha told me that she knew, she knew that even with her personal army, she could never conquer the seven High Lords with the volume of her troops, or with her power alone. But she was cunning and cruel, and claimed that she waited until they trusted her completely, until they had a ball in her honor, and that night, she slipped a potion stolen from the King of Hybern's spellbook into everyone's wine. After they drank it, the High Lords were prostrate, their magic exposed, and she stole their powers from where they originated, from within their bodies, plucked the powers as if she were plucking an apple from the branch, leaving the High Lords with only the most basic elements of magic itself. And with the power of the High Lords so reduced, Amarantha took control of Prythian in a matter of days. For 49 years, they were enslaved by it.
She said that after gouging out one of the eyes of an emissary of Tamlin, Lucien Vanserra, the youngest son of the High Lord of the Autumn Court and a close friend of Tamlin, held a masked ball Under the Mountain for herself. And he caused all the courts to be present. A party, Amarantha had told them all, to make up for what she had done to Lucien; a masquerade ball so he wouldn't have to reveal the hideous scar on his face. The entire Spring Court attended, even the servants, and they wore masks, to honor Tamlin's powers of transformation, Amarantha had said.
On the night that everyone will gather, Amarantha tells that she claimed that peace could be achieved if Tamlin joined her as lover and consort. But when she tried to touch him, Tamlin refused to let her near, Amarantha told me. Tamlin apparently wouldn't let her touch him after what she'd done to Lucien. He said, before everyone in that court, that he would rather bed a human, marry a human, than touch Amarantha. And he said even more, he said that Amarantha's own sister preferred the company of a human to hers, that her own sister had chosen Jurian over Amarantha's.
When Amarantha told me this, I couldn't believe she let him live. But according to Amarantha, she was in a generous mood. She gave Tamlin the chance to break the spell she had cast in order to steal her power.
Not too surprisingly, Tamlin spat in his face.
And that made me hate him even more. Dismembering and killing my mother for no reason other than fear of my family's power, fine. Imprisoning myself for over a century without ever being allowed out of my cage, fine.
But was becoming Amarantha's consort, after she had plucked out his friend's eye, was his limit?
My blood always boiled when I thought of Tamlin and his hypocrisies. I would make him pay for everything my mother and I have suffered. He would torture, dismember and kill every one of his friends. I would make him watch them all suffer, perhaps for centuries, before I killed him with my own hands.
At least, I would if there were any of your friends left.
Amarantha told me about her plan. Tamin was seven times seven before Amarantha claimed him, before he had to join her Under the Mountain. If he wanted to break the curse, he would need to find a human willing to marry him. But not just any girl, a human with ice in her heart, with hatred for our people. A human girl willing to kill a fae. But not just any fae, the fae she killed had to be one of Tamlin's men, sent over the wall by him like lambs to the slaughter. The girl could only be brought to Prythian to be courted by Tamlin if she killed one of his men in an unprovoked attack, if she killed only out of hatred, just as Jurian had done to Clythia.
And for that plan, I mentally thanked Amarantha. It was highly unlikely that Tamlin could make anyone fall in love with him, let alone a human who hated faeries. Only an extremely dumb and naive human would fall for that trap. But even knowing the great possibility that this would never happen, he did not tell Amarantha the mistake he had made in formulating that plan.
Tamlin didn't need to fall in love with the human. He could very well fake her feelings and how charming he could be. I knew he could, I had seen him fool my brother year after year. After all, that power to charm others and make them trust him was what had taken me prisoner.
So even if the chance of Tamlin making anyone true love him was slim, the chance still existed. And for nearly fifty years, Tamlin's attempts have seemingly failed. Amarantha amused herself by telling me about these attempts.
But that wasn't the only things she told me. And not the worst.
Do not. This was a small and insignificant thing. Nothing else. Nothing important.
This was not part of my torture. She didn't physically torture me and these visits weren't torturous, boring but not torturous. They weren't horrible. They weren't hopeless.
My torture was different. And it involved my only remaining direct family.
My brother.
Rhysand.
Rhysand was Under the Mountain. He was also being held prisoner by Amarantha. For nearly fifty years I felt it. I felt his presence, felt his power, even weakened.
And for almost fifty years, night after night, Amarantha would come and tell me how she raped him. How she forced him to please her. How she made him her slave and sex toy.
And night after night, I cried in despair and pain for my brother. For my best friend, my protector. For the one who was always with me.
For even though I felt anger and hatred that he hadn't rescued me, that he'd never found me... I still loved him with all of me. He was my other half. My opposite. My oldest brother.
Amarantha knew that, and had tortured me through it. She didn't need to physically torture me, she just needed to tell him what she did to him. She just needed to do that and remind me that no matter what I did, how hard I tried, how much I screamed or hit or rebelled… I couldn't help her. I couldn't save you. And that's why I prayed to the stars and the moon, which I remembered seeing in the night sky of my house, every night to free me and save you. He prayed that the stars would release him, comfort him and give him hope for a better future. I prayed that the stars would hear me and grant my wishes.
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Tamlin's forty-nine years were over and nothing had happened. At least that's what it looked like. Days after the deadline ended something happened that shocked everyone Under the Mountain.
A human appeared and claimed Tamlin in front of Amarantha and her court, claiming to truly and undeniably love him.
Feyre.
That was the human's name. I never got to see or hear from her. But I knew what Amarantha had done to her on her first night here and the deal she'd made with the human.
Feyre must complete three tasks chosen by Amarantha, three tasks to prove the depth of her sense of loyalty and love for Tamlin, or answer a riddle dictated by Amarantha, and the curse on the Spring Court is broken and the entire court of Tamlin, including the human and Tamlin, could leave here and they would be free forever.
Other than that I didn't know anything else. Amarantha hasn't come to see me since Feyre got here.
The only people I saw were the guards who brought me food and those who stayed outside my cell. And it went on like this for several days, until one quiet night something happened.
The guards Amarantha had assigned to look after and supervise me had just left after dropping off my dinner and were waiting outside to collect the utensils I used.
The air seemed to vibrate with anticipation. Something big was happening Under the Mountain.
I began to feel the powers surrounding my cell vibrate and begin to shatter. As if in answer to that, my powers came back to me all at once.
I bowed to that thunderous power within my bones, my blood and my breath. I became my power, ancient and profound. I became the darkness and starlight, the darkness at the end of it all, and at the same time the hope of all living things. And I bent that power to my will.
I raised my hands. Willing the darkness to condense more, molding it, forging it.
And with a slight movement of my fingers, my prison door shattered into a thousand pieces. Those Amarantha soldiers who were outside immediately stopped breathing when I walked towards them.
And the wolves of darkness darted from behind me.
The soldiers turned, fleeing.
But my wolves were faster. I was faster as I ran with them, into the heart of the woods.
Wolf after wolf roared out of the darkness, as colossal as those I watched in the Night Court, darting through the tunnels, guiding me to my prison's exit.
I took five steps until the pack reached the soldiers guarding my cell.
I took seven steps until the pack killed them, darkness and shadows descending through their throats, tearing them apart...
With each step I took, I felt more of my power returning. With each beat of my heart, I felt my connection to darkness and starlight grow stronger.
With every turn I took, more soldiers appeared—they all looked desperate and out of control. After all, his mistress was dead.
Amarantha had finally died.
And I took out my wrath on your servants.
My wolves crashed into the soldiers, the armor, destroying them. Those who could fly laughed... mockingly.
I lifted my hand up and curled my fingers into a fist.
The darkness surrounded them, the wings, the armor, the faces... And it turned to ice.
Ice so dark and cold it existed before light, before the sun warmed the earth. Ice from a land shrouded in winter, ice from parts of me that felt no pity, no sympathy for what those creatures had done.
Frozen, the winged soldiers fell to the rock in one fell swoop. And they crashed to the ground.
My wolves surged around me, tearing and destroying and hunting. And those who ran away from them, those who flew - they froze and shattered; they froze and shattered.
Until the halls were filled with ice and blood and broken pieces of wing and stone.
Until the soldiers' screams became a song in my blood.
I continued walking through the dark and empty corridors. I was really trapped in the deepest cell, and that's why it took me so long to reach the level of the exits from that damned place.
I was about to enter one of the tunnels that I knew, thanks to my power, to lead out of that place when I felt 3 faeries hiding in one of the curves close to where I was... And I knew them.
Falkan, Chaos and Chaol, his younger brother. Three of Tamlin's men who helped you imprison me. With half a thought and a feline smile, I entered their minds and took them for myself.
It wasn't in my plans. Plans I've hatched for over a century. But surely, these useless males would make some things easier. Or at least, I hoped they did.
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I managed to cross us into an older forest, more alert than anywhere I'd been.
The gnarled beeches intertwined closely together, stained and covered so thoroughly with moss and lichen that it was almost impossible to see the bark beneath.
I knew I had made it.
In the heart of Prythian lies a large, empty territory that divides north and south. At its center is our sacred mountain, where Amarantha built her palace and where I was imprisoned for nearly fifty years.
The forest he was in is on the eastern edge of this neutral territory. There is no Grand Lord here. Here, the law is made by those who are stronger, more cruel, but cunning. And it was where one of the oldest and cruelest beings in this world resided.
The Weaver of the Forest.
She was at the top of the food chair at this place, even though she was blind.
The trees creaked, though there was no breeze to move them. No, the air here was stuffy and stale.
My parents long ago warned me never to go near this place. If they could see me now, I'm sure they'd be yelling at me. Mom would no doubt start to feel sick by now and Dad would have her cold, unfeeling expression on as she yelled at me, ready to punish me for my disobedience.
And my brother… well, it didn't matter what he would do. That was a dangerous line: one my own mind was forcing me to walk to keep me from thinking about what I was about to face, how devastated I was inside. I wouldn't think about him anymore, I couldn't think.
Anger, pain, loneliness, irritation, hate... longing, hope, love. I knew it was my crutches. But I wouldn't allow myself to use them. Not now anyway.
I took a deep breath and started walking towards the trees ahead, dragging the 3 males behind me still unconscious, as silently as possible and I only stopped when I was in front of a clearing.
A small white cottage with a thatched roof and a crumbling chimney stood in the center. Ordinary... almost deadly. There was even a well, the bucket was resting on the stone ledge, and firewood was piled under one of the cottage windows. No noise or light from inside; not even smoke rose from the chimney.
The few birds in the forest fell silent. Not entirely, but to keep the singing to a minimum. It's there.
Low, coming from the inside of the cottage, there was a constant, beautiful murmur.
Maybe it was the kind of place I would have stopped in a long time ago if I was thirsty or hungry or in need of shelter for the night.
Maybe that was the trap.
The trees around the clearing, so close that their branches almost scraped the thatched roof, might as well have been the bars of a cage.
Moss-covered earth marked the path to the front door, already ajar. A piece of cheese. And I was about to walk into the trap.
Eyes shining, and slowly, silently, I made my way to the entrance, silently dropping the faeries unconscious at the edge of the clearing.
The forest seemed to monitor my every step. I avoided leaves and rocks, falling into a rhythm of movement that some part of my body — some part that had been born to the High Lords —remembered.
It was like waking up. That was the feeling.
I went through the well. There was not a grain of earth, not a stone out of place. A perfect, beautiful trap, that lethal part warned. A trap designed from a time when humans were trapped, and now set for a smarter, immortal kind of game.
I was no longer prey, I decided as I cautiously approached that door.
And it wasn't a mouse.
I was a wolf.
I heard under the doorway whose rock was worn, as if many, many boots had passed that way — and perhaps never had passed back. The words of the song became clear now, the voice was sweet and beautiful like sunlight in a stream:
“Once upon a time there were two sisters who went out to play,
They went to see their father's ships leave to sail...
And when they reached the seashore
The eldest ran to the youngest to push.”
A mellifluous voice to an ancient and terrible song. I'd heard it before... a little different.
I listened a moment longer, trying to hear someone else. But there was only the clang and bang of some sort of device, and the Weaver's music.
“Sometimes sinking, sometimes swimming,
At last, at the miller's dam, the corpse ended up.”
My breath was trapped in my chest, but I kept breathing evenly — directing air to my mouth with silent breaths. I opened the door slowly, just a few inches.
No squeaks; No complaints about rusty hinges. It was another piece of the pretty trap: it practically invited intruders. I looked inside when the door opened wide enough.
A large main room, with a small closed door at the end. Floor-to-ceiling shelves lined the walls, filled with bric-a-brac: books, shells, dolls, herbs, pottery, shoes, crystal, more books, jewelry... From the ceiling and wooden beams hung all manner of chains, dead birds, dresses, bows, twisted pieces of wood, strings of pearls...
A bric-a-brac shop — from some immortal hoarder.
And that accumulator...
In the shadow of the cottage there was a large distaff, cracked and weathered.
And before that ancient distaff, with her back to me, stood the Weaver.
Thick hair was the most lush shade of onyx, cascading down to her slim waist as she worked at the distaff, and snow-white hands fed the device and pulled the thread around a thorn-sharp spindle.
She looked young; her gray dress was simple but elegant, shimmering faintly in the dim forest light that filtered through the windows as the woman sang in a voice like gleaming gold:
“And to her sternum, what end has he made?
He made a viola, his own instrument.
What did he do with such small fingers?
He made pegs for the viola, no less.”
The fiber the Weaver fed the wheels was white—soft. Like wool, but... I knew it wasn't wool. I knew I didn't want to know what creature it came from, who it wove.
Because, on the shelf directly across from the Weaver, there were cones and cones of yarn: of every color and texture. And on the shelf adjacent to it were rows and yards of that woven yarn—woven, I saw, on the huge loom almost hidden in the darkness near the fireplace. The Weaver's Loom.
I had come on a day of spinning; would she be singing if I had come on a weaving day? From the strange, fear-soaked smell coming from those rolls of fabric, I already knew the answer.
A wolf. I was a wolf.
I entered the cottage, attentive to the objects scattered on the dirt floor. She went on working, the wheel turning so merrily, so out of tune with her awful song:
“And the bone in her nose, what happened to it?
For the viola, an easel he carved.
And with veins so blue, what did he do?
Strings for the viola this time.”
I scanned the room, trying not to hear the lyrics. The Weaver crouched there, working without even noticing me.
The Weaver sang:
“What has become of her eyes, so sparkling?
The viola adorn, bright.
And that tongue so rough, where did it go?
He turned the new plow and started talking.
Then spoke the high string,
Oh, far away is my father the king.”
I watched the Weaver for a second longer, trying to understand how she hadn't noticed me yet. She should have by now, I'm sure of it.
“Then the second spoke of ropes,
Oh, far away is my mother, the queen.
Then of the three strings the ensemble spoke,
Far away is the sister who drowned me.”
The Weaver stopped singing.
I froze, she had finished the last song; maybe start another one.
Perhaps.
The rock slowed down. Slower and slower, each rotation of the ancient distaff was longer than the last.
The wheel spun one last time, so slowly that I could see every spoke on the rim.
— I've been waiting for you, child. — said the Weaver softly.
The Weaver turned her face toward me.
Over her slim young body, beneath her gorgeous black hair, the Weaver's skin was gray — wrinkled and flabby and dry. And where eyes should shine there were putrid black holes. Her lips had shriveled to nothing but deep, dark lines around a hole filled with the sharp stumps of teeth... as if the Weaver had chewed too many bones.
The Weaver's nose — perhaps once it had been pretty, now it was sinking into her face — flared as she sniffed in my direction.
— I've been waiting for you a long time — said the Weaver, in a very young and sweet voice.
The Weaver rose from her stool.
I took a deep breath and tried to calm my heart. I couldn't let myself panic. If I did, it would be the end of me.
— Sorry I took so long, Weaver — I apologize softly. — I didn't know you were waiting for me. But I brought some gifts.
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Starlight Court | Masterlist
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For love, she cheated death. For freedom, she will become a weapon.
Aelin endured hunger, cold, hopelessness, loneliness. For years in the clutches of Tamlin and Amarantha, the feeric young woman, daughter of the former Grand Lord of the Night Court, who longed for love and protection, ceased to exist. From the ashes of her old i, Aelin — Lady of the Night Court, guardian fairy of Velaris and guardian of the Ring of the Daytime Court — was reborn… with powers never seen by the seven Grand-Feerics and a will as railway as the metal feared by them.
His heart, however, remains unchanged, vulnerable. Unable to forget what he ever desired with all his heart and soul to the stars.
Key piece in a game you don’t know, Aelin must quickly learn what he’s capable of. And heal your broken soul. For an ancient evil, much worse than Amarantha, stirs on the horizon… one that threatens not only the feeric, but the human world and the wall as well.
As he navigates a web of political intrigue, passions and power, Aelin needs to decide what he wants: love or freedom?
Note: English is not my native language, so please excuse any grammatical errors.
Chapters
Ch. 0.5:  Aelin
Ch. 1:  Aelin
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