# Black Mirror: Um espelho da realidade
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Black Mirror and Michel Foucault 1.2
“Pode conter spoilers” A.I. Carr – 2024 jul 11 Na interseção entre a filosofia de Michel Foucault e a provocativa série de televisão “Black Mirror”, emerge uma reflexão sobre poder, controlo, vigilância e as implicações que estes elementos têm na sociedade contemporânea. “Black Mirror” apresenta um conjunto de narrativas distópicas que exploram os dilemas éticos e sociais derivados ao avanço…
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Isso é tão Black Mirror
Nos meus sonhos, a tecnologia já avançou a ponto de uma série de streaming oferecer interação direta entre a trama e a audiência. “De que jeito?”, você me pergunta. Existem os personagens — eu respondo —, e existe você, o telespectador. Dentro da trama, em meio aos personagens, você, o telespectador, munido de ferramentas de altíssima capacidade de manipulação de realidade virtual, tem espaço na ficção. A primeira série a ser lançada — de novo, nos meus sonhos — tinha o enredo voltado ao público masculino-cisgênero-homossexual. Fantasiei uma produção audiovisual semelhante à Looking, em que o protagonista, vivido pelo ator Gabriel Macht, não passava de uma versão romantizada de Christian Grey — aquele personagem do controverso Cinquenta Tons de Cinza. Numa série de encontros desastrosos, a saga de Gabriel-Christian-Macht-Grey era encontrar no telespectador o seu par ideal. Sonhando, assim como quando estou acordada, a ansiedade é um bicho que me corrói. Não tenho muita paciência para esperar. E mesmo sabendo que o enredo da série, ainda que elaborado pelo meu próprio subconsciente, não havia sido pensado para mim, a curiosidade de viver uma experiência tão revolucionária era maior que o respeito à integridade de qualquer obra. Um amigo — homem-cis-gay-imaginário —, que já havia terminado a série, me emprestou os dados de acesso à sua conta no serviço de streaming responsável por disponibilizar os episódios da produção. Entrei em seu perfil e cadastrei minhas características físicas de mulher cis no banco de dados da atração, para que fosse possível reproduzir em cena minha imagem 3D, e comecei a maratona. Logo nos primeiros episódios, notei algumas incoerências no comportamento de Gabriel-Christian-Macht-Grey em comparação aos relatos do meu amigo homem-cis-gay-imaginário. Ele não parecia tão entusiasmado com minhas aparições casuais, tampouco com sua própria existência, mas, por estar adorando a oportunidade de sair com um ator famoso, eu negligenciei seus primeiros sinais de rejeição. Lá pelo quarto episódio, estávamos sentados num restaurante quando percebi que Gabriel Christian ia terminar comigo. Só então deixei a ficha cair: eu não era um homem cis gay, nem real nem imaginário. Pedi licença para ir ao banheiro daquele ambiente projetado pela minha imaginação. O que aconteceria comigo se a série não caminhasse para o fim natural e terminasse ali, na metade? Em frente ao espelho, subi o vestido e, diante do meu reflexo, comecei a alterar a posição de pinos fixados acima do meu seio esquerdo, como se estivesse tentando alterar a frequência de um rádio dos anos 50. Conforme eu mexia nos pinos, meus cabelos encurtavam, bem como ambos os meus seios; minha estatura aumentava e meus músculos inflavam e enrijeciam. No meio do processo, fui surpreendida pela entrada de Gabriel Christian. Igualmente surpreso, e visivelmente confuso por isso, o galã desperdiçou bons segundos analisando minha aparência desconfigurada antes de arriscar uma pergunta: — Você está bem? — ele finalmente questionou com a voz carregada de cautela. — Estou ótimo — respondi sustentando uma falsa segurança — Conversaremos em casa. Atravessei o banheiro, passando por meu par romântico com passos duros e a cabeça erguida. Perplexo, ele seguiu meu rastro. Ganhei mais alguns episódios. Sonho de 24 de abril de 2017.
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Black Mirror
Você conhece a frase – a realidade imita a arte. Mas no caso de Black Mirror, talvez seja o contrário. Essa série-arte apresenta a vida quase como um conjunto de sentimentos e atitudes codificados feito um programa de computador.
Nessa série hiper realista, as situações acontecem como um espelho da realidade de hoje. Parecem até um preview do que está para rolar com a humanidade na semana que vem. Ou talvez nos próximos cinco minutos.
Altas doses de realismo, roteiros com situações muito verossímeis, atuações de alto nível com atores menos conhecidos que parecem mesmo as pessoas com quem convivemos. Tudo isso é Black Mirror, a série que fala sobre os horrores e a perversidade da tecnologia que envolve insanamente o mundo hoje.
Cada capítulo é uma estória independente em si mesma. E isso também faz a série se destacar. Vibramos do início ao fim das estórias. E temos a impressão de que se o mundo não acabar antes do fim do ano, existe algum bug na matéria que forma o Universo.
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Prisão
Ela olhava para o espelho esperando que o reflexo a reconfortasse. Os olhos pesados e com círculos roxos em volta eram resultados das noites que têm sido mais longas que o usual, chegando a ser engraçado, já que agora ela tinha tempo de sobra para aproveitar.
Suas lagrimas já não são mais produzidas pois o estoque tinha sido usado na primeira semana em que esteve em cativeiro. A janela virou um portal para um mundo nunca mais alcançável, inexistente. O espaço do quarto que antes era grande, se tornou minúsculo ao ponto que ela virou claustrofóbica.
A luz do dia foi trocada pela luz da lâmpada. Os abraços se tornaram emojis. O passeio se desfez e deu lugar a diversas maratonas na Netflix. O mundo já não era o mesmo e ela sabia, apesar de desejar que tudo fosse um pesadelo.
O relógio estava autorizado a comandar a hora como bem entendesse. Já não havia distinção do que era dia ou noite, semana ou fim de semana e muito menos sua duração. Tudo se reduziu a um poço de solidão, medo e arrependimentos, por tudo aquilo que poderia ter vivido, mas não viveu.
As palavras dão lugar aos pensamentos, já que a boca não precisa ser utilizada da mesma maneira que antes. O único exercício executado era pelos dedos ágeis nas telas dos celulares ou no computador. Inacreditavelmente, este não foi um episódio de Black Mirror.
O mundo que antes parecia tão aberto, se fechou o mais rápido que pôde. O toque virou toque de recolher, criando a maior parede de separação desde o muro de Berlim. Não era permitido qualquer tipo de interação social. A sua individualidade deu lugar ao coletivo, mesmo que todos se sintam mais solitários do que nunca.
Não havia lugar para se abrigar e muito menos para criar a ilusão de que tudo isso era uma brincadeira. Estava estampado em todos os lugares, como se as pessoas não estivessem vivendo a quarentena durante 24 horas. Em menos de uma hora, diversos canais, revistas, jornais e tabloides jogavam em sua cara a dura realidade.
Sua casa tinha se tornado sua maior prisão, e não havia escapatória. Todos os dias eram resumidos em ir da cozinha para o quarto e vice-versa. Respirar o ar puro se tornou um produto de alta classe, enquanto o ar abafado e pesado era o que restava aos menos encarecidos.
A incerteza de quando essa rotina mundial iria acabar acomodava-se na cabeça de muitos, comendo todos os pensamentos que poderiam ser criados. A cada batida do coração, era uma vítima a mais para a conta, que infelizmente só crescia. O noticiário virou velório, enterrando diversos entes queridos sem distinção, sem exclusividade. Todos andavam com a mira vermelha na roupa, prontos para o pior.
Não sabia se era sorte ou azar de estar viva. Sentia-se presa em uma roleta russa, onde decidiriam seu destino. Ela se recusava a acreditar que sua única posse valesse tão pouco, a ponto de qualquer um poder determinar como sua vida deveria seguir. Talvez o medo de morrer fosse menor do que não saber o que vai acontecer no próximo dia.
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Crítica - Black Mirror
Nome: Black Mirror Data de lançamento no Brasil: 2011. Duração: 3 temporadas. Direção: Charlie Brooker. Elenco: Bryce Dallas Howard, Kelly Macdonald e Jon Hamm e mais. Gênero: Suspense, drama, terror, ficção científica. Nota: 5/5.
O seriado Black Mirror é produzido pela Netflix, tem três temporadas que não possuem uma cronologia, e é composto de variados acontecimentos voltados para a era tecnológica e como ela afeta o individuo e a sua relação com a sociedade.
No período em que eu estava assistindo, eu fui percebendo que muitos dos acontecimentos que são retratados têm tamanha nitidez da realidade, e por diversas vezes eu me enxergava nas situações. Dificilmente alguém que se disponha a assisti-lo não venha a se identificar com pelo menos uma história. É tão nítido que chega a assustar, daí dá-se o nome de “Black Mirror”, que para quem não sabe significa “Espelho Negro”. A realidade é tão obscura que o telespectador se pergunta a todo o momento como o homem pode se autodestruir.
Eu me perguntei várias vezes como o ser humano tem o poder de criar uma máquina, programá-la e a mesma tomar uma proporção tamanha que chega a enlouquecer todo um aglomerado de pessoas. A tecnologia é tão poderosa que nem o ser humano pode controlar. Eu convido quem não assistiu ainda este seriado, desde os jovens até os mais maduros a vê-lo, pois hoje a possibilidade de você viver sem a tecnologia se resume a zero e ao mesmo tempo refletir, pois é educativo e mostra uma realidade aumentada do que acontece e o que virá a acontecer em um futuro muito próximo.
Escrito por: Bia Teixeira.
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Isso é muito Black Mirror 👾
Provavelmente você já deve ter escutado essa frase em algum lugar da internet. Foi justamente porque nosso querido amiguinho Netflix comprou os direitos de exibição de Black Mirror, e ainda produziu uma terceira temporada para a serie. Que por sinal é a minha favorita, todos os episódios são extremamente maravilhosos.
Black Mirror é uma série de televisão britânica antológica criada por Charlie Brooker, que apresenta ficção especulativa com temas sombrios e às vezes satíricos que examinam a sociedade contemporânea, especialmente no que diz respeito às consequências imprevistas das novas tecnologias. É produzida pela Zeppotron para a Endemol. Em relação ao conteúdo e a estrutura da série, Brooker destacou que "cada episódio tem um elenco diferente, um set diferente e até uma realidade diferente, mas todos eles são sobre a forma como vivemos agora - e a forma como nós poderemos viver em 10 minutos se formos desastrados.". Justamente o que torna a serie muito mais interessante e menos cansativa de se ver, por não precisamos morrer e ansiedade para saber o que vai acontecer no próximo episodio com nosso personagem favorito.
E porque o nome da serie é esse? Segundo palavras do criador Charlie Brooker, "se a tecnologia é uma droga - e parece mesmo ser uma - então quais são precisamente os efeitos colaterais? Este espaço - entre apreciação e desconforto - é onde Black Mirror, minha nova série de televisão, está localizada. O 'espelho negro' do título é um que você encontrará em todas as paredes, em todas as mesas, na palma de toda mão: a fria e brilhante tela de uma TV, um monitor ou um Smartphone."
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A netflix entrou no mundo da serie, e quis deixar a gente maluco. Se forem assistir pelo aplicativo, a serie vai começar pela terceira temporada, e vai ate a primeira. Não se assustem, você vai entender tudo. Não precisa assistir necessariamente na ordem.
Espero que tenha curtido a dica e que assista e fique chocado como eu, e todo mundo que já viu, ficou. 👾😉
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CYBERNIILISMO
o negócio é o seguinte eu sentei pra cagar ontem e olhei pro celular (bem black mirror) o poema salvou a unidade eu tava vendo tudo em 4k minha vida em blu-ray, aquele atraso fruto do over movimento das super detalhadas e pixelizadas continuações os nuances frutíferos - o instagram parecia mais real minhas mãos pareciam mais reais pós-materiais & confortáveis em 4k enxergando tudo como quem vê um filme e a partir disso percebi que o digital superou minha vista (bem black mirror) a realidade subitamente com profundidade lentes 3d azul e vermelhas obsoletas suplantaram derreti minhas capsulas inanimadas de sub-visão como uma post-observação fui capaz de subsequenciar os detalhes uma rua movimentada, uma foto bonita com filtro, os nuances práticos da super-visão foi como o primeiro dvd de inception como a primeira vez no imax como vislumbrar deus nos cantíneos da realidade trans-humano for the first time (bem black mirror) eu chapei na observação terminei tudo e limpei direitinho lavei as mãos super-detalhadas e de cara no espelho o borrão minha capacidade de processamento ficou obsoleta o meu incapaz over-reconhecimento o cérebro sem a última versão do Java, péssima placa de vídeo conexões neurais de baixa velocidade pacote de autovisualização não encontrado me enxerguei no máximo em 480p como no século passado narciso irreconhecível;
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Pensam que a realidade é só uma, mas são várias, entrelaçadas como raízes. E o que fazemos num caminho afeta os outros. O tempo é fabricado. Pensam que não podemos voltar e mudar tudo, mas podemos. São os flashbacks. São convites para voltarmos e fazermos outras escolhas. Quando toma uma decisão, você acha que ela é sua, mas não é. É o espírito lá fora, ligado ao nosso mundo, que decide o que fazemos, e a gente só tem que acompanhar. Os espelhos nos permitem viajar no tempo. O governo te monitora, contrata parentes falsos, droga a sua comida e filma você. Todo jogo tem mensagens. Sabe o que quer dizer Pac-Man? P-A-C: Program and Control. Programa e Controle. É uma metáfora. Ele pensa que é livre mas está preso num labirinto, num sistema onde só consome, perseguido pelos demônios da própria mente. E mesmo que ele escape por um lado do labirinto, o que acontece? Ele volta pelo outro lado. Pensam que é um jogo alegre, mas não é, é um mundo de pesadelo. E o pior é que ele existe, e nós vivemos nele. É tudo um código. Se prestar atenção, pode ouvir os números. Um fluxograma cósmico determina aonde você pode e aonde não pode ir. Eu te dei o conhecimento. Eu te libertei. Você entendeu?
Black Mirror: Bandersnatch
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“Metalhead” - quinto episódio da quarta temporada de Black Mirror (com sinopse & spoiler):
Mais um episódio com título que parece banda de heavy metal, “Metalhead” é o que há de mais intrigante na quarta temporada de Black Mirror.
Num ambiente pós-apocalíptico e devastado, Bella (Maxine Peake, brilhante no papel), acompanhada por dois homens - todos sobreviventes -, buscam suprimentos para uma criança doente. A missão deles consiste em pegar uma caixa depositada em um velho armazém, sem chamar a atenção de cães-robôs-assassinos difíceis de serem vencidos, já que são capazes de dirigir carros, abrir portas, recarregar em qualquer aparelho eletrônico ou mesmo através da energia solar e manusear artigos domésticos como se fossem armas.
Mas os companheiros de Bella logo são atingidos nos primeiros minutos, de modo que ela passa o resto do episódio sozinha, fugindo do robô que a persegue avidamente. Ela está ferida, precisando de cuidados médicos e, vez ou outra, comunica-se através do rádio com a sua base, mas interrompe esse diálogo sempre que necessário, para não ser rastreada pelos robôs que tudo enxergam, tudo escutam e tudo alcançam.
Há várias referências belíssimas aqui.
Assim como “U.S.S. Callister”, eu não levava fé em “Metalhead”, a ideia de máquinas se voltando contra humanos não me atraía. Mas esse episódio me emocionou mais que o da abertura da temporada.
Começa pelo clima noir, expressionismo alemão, terror antigo. Foi ideia do diretor, David Slade, filmar “Metalhead” em preto-e-branco, deixando um ar de “natureza morta” pelas florestas e rios que são caminhos para Bella. Aliado a isso, está uma trilha sonora de orquestra, porém tensa, acordada ao ritmo do episódio.
Voltando a temática central, recordo que um dos meus contos favoritos em toda a literatura se firma na guerra que robôs travam contra a humanidade. Trata-se de “A Segunda Variedade”, de Philip K. Dick. Nessa história, publicada pela primeira vez em 1953, a Terra foi devastada numa outra guerra, de norte-americanos contra soviéticos. Os humanos sobreviventes se deslocaram a uma base lunar, mas alguns soldados ficaram. Para tentar vencer, os Estados Unidos criaram robôs assassinos conhecidos como “garras”, que percorrem rapidamente o chão até atingirem o inimigo. No entanto, a fabricação desses robôs foge do controle da humanidade e a criatura se torna mais inteligente e independente que o seu criador. No subsolo, as garras se recriam sozinhas, inventando variedades de si mesmas. Já não se trata mais de uma guerra entre nações, mas da luta pela sobrevivência dos poucos humanos que restam. O conto termina numa das metáforas mais significativas, quando o protagonista, major Hendricks, olha para um robô e constata que ele é o espelho de seu criador, quando toda a cadeia de fatos reflete na ambição da máquina: já não basta matar quem é diferente, passam a matar uns aos outros, as máquinas se tornam iguais aos humanos.
(Aliás, é a terceira vez que menciono esse conto enquanto assisto Black Mirror, sendo a segunda vez que ele me vem na cabeça com relação a algum episódio. Na temporada anterior, “Men Against Fire” me causou esse efeito.)
O cão-robô não é uma ideia tão original assim - ele já existe. Se você digitar, sei lá, “dog robot” no Google, o primeiro resultado será a criação da Boston Dynamics, empresa de engenharia robótica que se destaca por seus robôs avançados em mobilidade, agilidade, destreza e velocidade. Vários vídeos dos robôs da Boston Dynamics deixam claro e cristalino que a inspiração para “Metalhead” partiu dali. A semelhança é assustadora e me pergunto se a empresa tá ciente disso e se consideram positiva a associação de suas criações com robôs-assassinos, embora não seja necessária uma ficção para nos refletirmos sobre. O primeiro comentário que aparece no vídeo abaixo, publicado há um mês, é: “quando os robôs ganharem consciência, esse tipo de vídeo justificará nossas mortes em massa”.
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Para terminar, o ápice de “Metalhead” está em sua última cena. Após atirar no que lhe perseguia, Bella percebe que não sobreviverá, apesar de todo o esforço. Enquanto mais robôs se aproximam de sua localização, a câmera volta todo o trajeto da protagonista, para o armazém onde os problemas começaram, para a caixa caída no chão, que ela não conseguiu alcançar. E cujo conteúdo eram... ursinhos brancos, de pelúcia.
Na realidade, os ursos eram amarelos. Com o filtro preto-e-branco, o easter-egg tornou-se intencional. O objetivo de Charlie Brooker, roteirista dos episódios e criador da série, era apresentar uma única cena de conforto, que justificasse os sofrimentos pelos quais Bella passou.
Charlie Brooker havia anunciado, meses atrás, que a quarta temporada de Black Mirror contaria com um episódio que seria a continuação de “White Bear” - disparado o maior sucesso da série, por seu final em aberto, deixando mais perguntas do que respostas sobre o que teria acontecido com a protagonista dele. Provavelmente taí o que tanto pediram.
Na minha interpretação, muito mais que isso: “Metalhead” contém uma sinopse não muito diferente de um Resident Evil ou The Last Of Us da vida. Ter assistido a gameplay desses dois jogos me fez concluir que Bella é a personagem de um jogo. Afinal, ela entra em vários ambientes, abre gavetas, pega ferramentas, guarda na mochila, passa por outros cômodos, precisa fugir e sobreviver, atira de vez em quando, utiliza de estratégias. O que o público assiste sequer chega a ser a fase do “chefão”. Quem jogou como avatar da Bella, na verdade, não é um bom jogador. A visão que os cachorros têm quando buscam por ela também reforça a interação de jogo, de uma maneira ainda mais assustadora, pois parece que nós jogamos sendo um cão-robô-assassino cujo objetivo é matar uma mulher.
Por incrível que pareça, “Metalhead” foi o que vi de melhor nessa temporada, exatamente por não entregar o que queremos, por ser aparentemente frustrante, difícil de entender e, num primeiro momento, cheio de lacunas. A oportunidade das diferentes interpretações é sintomática demais para classificá-o como ruim.
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NOSEDIVE
Que é verdade que todos os episódios de Black Mirror chamam atenção para comportamentos humanos que repudiamos, porém reproduzimos no dia a dia, nós sabemos. “Queda Livre”, primeiro episódio da terceira temporada da série, entretanto, chama atenção por trazer a sátira a cenas muito mais próximas a nós do que imaginávamos.
Nele, a fútil Lacie, cuja nota pública é 4,2 (sim, todos têm uma nota estampada em cada rosto e visível a partir do escaneamento com o aparelho), está desesperada para ser notada nas mídias e aumentar seu número para 5. Só assim ela conseguiria comprar a casa com que sonha. Vê a oportunidade de ouro em um casamento luxuoso de uma antiga amiga, em que é convidada para ser madrinha. Como toda interação aqui é digna de nota e ranking (num sistema que lembra a avaliação de Ubers), Lacie busca ser a madrinha perfeita e alcançar o 5 através da nota dos convidados.
Não é preciso dizer que nada sai como planejado, não é? Frustrante como a realidade, “Queda Livre” é quase um espelho do pós-modernismo tecnológico. É nesse episódio que Black Mirror prova não ser apenas uma série, pois, atentando aos perigos da avaliação via Instagram (likes e seguidores), Facebook (curtidas, compartilhamentos e… amigos?), Tinder (matches) etc, revela como a sociedade está sucumbindo em nome da tecnologia, alienando-se num mundo em que apenas a aparência importa.
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