Text
Diagnóstico de Diabetes Mellitus e Insulinoterapia em Cães e Gatos segundo o Consenso AAHA (2022) e Update de FLEEMAN, L.; GILOR, C.; (2023) e MOTT et al (2023)
O Diabetes Mellitus clínico é diagnosticado com base na glicosúria persistente, hiperglicemia persistente e presença de sinais clínicos característicos (BEHREND et al, 2018). Documentação de uma concentração sérica elevada de frutosamina pode ser necessário para confirmar o diagnóstico em gatos. Os níveis de frutosamina podem estar apenas ligeiramente elevados com níveis mais baixos de hiperglicemia persistente e devem ser interpretados como parte de uma avaliação completa (BEHREND et al, 2018).
As proteínas glicosiladas incluem frutosamina e glicosilados Hemoglobina a1c). Frutosamina, a proteína glicosilada usada em medicina veterinária, é formada pela ligação não enzimática e irreversível da glicose às proteínas séricas, principalmente à albumina. A taxa de formação é proporcional ao nível médio de BG, portanto, quanto maior for a concentração média de glicose no sangue ao longo do tempo, maior deverá ser a concentração de frutosamina. Como a concentração de frutosamina também é afetada pela meia-vida da albumina, ela reflete o controle glicêmico durante as 1–2 semanas anteriores. Infelizmente, diabéticos bem controlados podem ter concentrações elevadas de frutosamina. Por outro lado, animais de estimação diabéticos não controlados podem ter níveis normais. A frutosamina pode estar elevada em gatos doentes, hiperglicêmicos, mas não diabéticos. Por essas razões, as tendências de frutosamina são mais úteis do que valores isolados. Como a frutosamina normalmente não é afetada pelo estresse, ela pode ajudar a diferenciar a hiperglicemia por estresse do diabetes" (BEHREND et al, 2018).
O exame de hemoglobina glicada, também conhecido como HbA1C ou A1C, é o principal exame indicado na hora de investigar a diabetes mellitus, por não necessitar de jejum em humanos (LABORATÓRIO EXAME, s. d.), tanto para monitoramento, como para diagnóstico, mas raramente é usada em clínicas veterinárias (KIM et al, 2019). No entanto, o sistema de teste de HbA1c pode ser um sistema de teste valioso para avaliar o diabetes mellitus canino em sua forma comercial de teste para humanos (teste HbA1c analisador SD A1cCare (Bionote, Gyeoggi-do, Coreia do Sul), fornecendo uma opção alternativa para uso por médicos veterinários em estabelecimento veterinário conforme avaliado por KIM et al, 2019. No Brasil, você pode encontrar testes rápidos de Hemoglobina Glicada, por exemplo, A1CNOW - NL Diagnóstica -(nldiagnostica.com.br) no Estado de São Paulo. Entretanto, de acordo com o Consenso do American Animal Hospital Association - AAHA (2022) testes comerciais de A1C canino e felino estão disponíveis, porém mais estudos são necessários para avaliar o uso clínico em animais de estimação (BEHREND et al, 2018).
Deve-se, no entanto, ter em mente que: "A hemoglobina glicada A1c (HbA1c) reflete o controle glicêmico de longo prazo (meses) e foi previamente investigada como ferramenta de monitoramento e diagnóstico em gatos diabéticos. No entanto, um teste e intervalos de referência (IRs) padronizados, confiáveis e disponíveis globalmente não foram estabelecidos. Um novo sistema de cartão de sangue seco (A1Care, Baycom Diagnostics) permite fácil coleta e avaliação dos níveis de HbA1c em pacientes felinos" (MOTT et al, 2023).
Às vezes, a glicemia elevada pode ser identificada em exames de sangue na ausência de sinais clínicos consistentes. Nesses casos, se a hiperglicemia de estresse puder ser descartada, o paciente poderá ser classificado como de risco para desenvolver DM. Os sinais clínicos de PoliUria/PoliDipsia não se desenvolvem até que a concentração de glicose no sangue exceda o limiar tubular renal para derramamento de glicose na urina. A glicosúria normalmente se desenvolve quando a concentração de glicose no sangue excede aproximadamente 200 mg/dL em cães e 250–300 mg/dL em gatos (BEHREND et al, 2018).
Cães e gatos nos estágios iniciais do DM não clínico aparecem saudáveis, têm peso estável e geralmente são identificados como resultado de avaliação laboratorial de rotina. Não apresentam sinais clínicos de Diabetes Mellitus. Nesses pacientes, a hiperglicemia de estresse precisa ser descartada, bem como a correção de quaisquer distúrbios de resistência à insulina e a descontinuação de medicamentos associados à liberação ou sensibilidade prejudicada à insulina. A reavaliação da glicemia ou o monitoramento dos níveis de glicose na urina (UG) quando o paciente não estiver mais estressado em casa ou a medição das concentrações séricas de frutosamina podem ajudar a diferenciar entre hiperglicemia de estresse e DM e determinar se medidas adicionais devem ser tomadas (BEHREND et al, 2018).
Como a doença persiste sem tratamento, o exame físico em estágios um pouco mais acançados pode revelar perda de peso, desidratação, pelagem deficiente, dor abdominal se houver pancreatite concomitante ou catarata. Alguns gatos com hiperglicemia de longa data podem desenvolver neuropatia periférica (BEHREND et al, 2018).
Animais com DM clínico apresentarão PoliUria, PoliDipsia, PoliFagia e perda de peso. Alguns podem apresentar letargia, fraqueza e má condição corporal. Os cães podem ter catarata e os gatos podem apresentar queixa de dificuldade de salto e marcha anormal. Alguns pacientes apresentarão sinais sistêmicos de doença devido à cetose/cetoacidose diabética, como anorexia, vômito, desidratação e depressão. Se houver cetose, um odor adocicado pode ser notado no respiração do animal de estimação. A avaliação laboratorial inclui um banco de dados básico mínimo (hemograma completo, bioquímica com eletrólitos, análise de urina com cultura, triglicerídeos, UPC [relação proteína/creatinina], Pressão Arterial e nível de T4 em gatos) (BEHREND et al, 2018).
A insulinoterapia que mais atende ao padrão de ação da insulina basal em cães é a insulina glargina U300 e a insulina degludeca, enquanto em gatos a insulina glargina U300 é a opção mais próxima, formulações de insulina cuja ação é aproximadamente a mesma a cada hora de por dia, embora nenhuma formulação de insulina deva ser considerada por padrão como “melhor”. Suspensões de insulina (NPH, NPH/misturada com regulares, lenta e PZI), bem como insulina glargina U100 e detemir são formulações de ação intermediária administradas duas vezes ao dia (FLEEMAN, L.; GILOR, C.; 2023).
O uso de detemir é indicado no tratamento de cães diabéticos com comorbidades mal controlados com insulinas de ação intermediária (HARRIS-SAMSON, A.R.; RAND, J.; 2023), assim como a administração basal em bolus de insulina glargina parece ser uma alternativa eficaz e segura ao atual protocolo padrão de infusão contínua para o tratamento da cetoacidose diabética em gatos devido aos resultados positivos e a simplicidade tornarem este protocolo uma opção viável para o tratamento da CetoAcidose Diabética (CAD) Felina (ZEUGSWETTER et al., 2021). No entanto, segundo HARRIS-SAMSON; RAND (2023), mais estudos são necessários para desenvolver protocolos de dosagem de insulina detemir que alcancem excelente controle glicêmico em cães diabéticos saudáveis e cães com controle glicêmico deficiente com outras insulinas, outras comorbidades e resistência à insulina; além disso, recomenda-se que dietas com baixo teor de carboidratos sejam desenvolvidas para cães diabéticos, assim como para gatos, para uso em conjunto com insulinas de ação prolongada.
Em pacientes com alguma função residual das células beta, como muitos gatos diabéticos, a administração apenas de uma insulina basal pode levar à normalização completa das concentrações de glicose no sangue se a secreção de insulina endógena pós-prandial for suficiente para compensar a necessidade de bolus e/ou se a necessidade de bolus é sustentado e prolongado (FLEEMAN, L; GILOR, 2023).
Atualmente, encontram-se no mercado, obtidos por tecnologia ADN recombinante, os analógicos de curta ação (a Lispro, a Aspart e a Glulisine) e, mais recentes, os analógicos de longa ação (a Glargina e a Detemir) (Andrade & Marco, 2006; Azevédo, 2006; Werner & Chantelau, 2011 apud SANTOS, F. A., 2012).
Em comparação com as suspensões de insulina (NPH, lenta e PZI), as soluções de insulina (glargina, detemir e degludec) estão associadas a menos variabilidade diária e, se for feita também a comparação na aplicação da combinação tradicional de frasco/seringa, as canetas de insulina melhoram a qualidade de vida do cuidador, melhoram a adesão e permitem melhor exatidão e precisão da dosagem (FLEEMAN, L.; GILOR, C.; 2023).
Embora a insulina manipulada (mistura de diferentes análogos de insulina) esteja disponível, seu uso não é recomendado devido a preocupações com métodos de produção, diluentes, esterilidade e consistência da concentração de insulina entre lotes (BEHREND et al, 2018).
No que tange à disponibilização de insulinas análogas pelo SUS para humanos, as insulinas humanas NPH e Regular, de ação intermediária, na apresentação frascos 10 ml, são disponibilizadas pelo SUS há mais de 10 anos. A Portaria SCTIE/MS nº 11, de 13 de março de 2017, tornou pública a decisão de incorporar caneta para injeção de insulina humana NPH e insulina humana Regular no âmbito do SUS. O análogo de Insulina de ação longa [grupo da insulina pleiteada Degludeca] foi incorporado ao SUS para o tratamento da Diabetes mellitus tipo 1, conforme disposto na Portaria SCTIE nº 19 de 27 de março de 2019.
Está disponível uma forma combinada de NPH mais insulina regular (70 NPH/30 Regular) que pode ser adequada se o cão tiver uma duração de ação completa (8–12 horas) com um nadir precoce ou pico de glicemia pós-prandial. Alguns médicos usam este produto em cães que desenvolvem hiperglicemia pós-prandial quando tratados com NPH (BEHREND et al., 2018).
O tratamento da CAD em cães com insulina lispro intravenosa em infusão contínua é seguro e tão eficaz quanto o tratamento com insulina regular (SEARS; DROBRATZ; HESS, 2012).
"A insulina análoga Aspart tem seu início de ação de 10 a 20 minutos, atinge a concentração máxima (pico) em 1 hora e tem uma duração média de 3 a 5 horas. As suas características clínicas são muito semelhantes às da Lispro, sendo também utilizadas em regimes de terapia intensiva (injeções múltiplas), em bombas de infusão ou misturadas a insulinas bases de ação interativa, como a NPH (Lindholm & Jacobsen, 2001; Owens & Vora , 2006). Desenvolveu-se, ainda, uma variante da Aspart, a Aspart B10. Este derivado da troca da histidina na posição B10 por um ácido aspártico. Esta alteração aumenta a atividade mitogenética, estimula a autofosforilação dos receptores IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina-1), aumenta a visão do ADN e leva à visão das células do endotélio da aorta, bem como, contribui para a mitose das células -β do pâncreas (Hirsh, 2005)" (SANTOS, 2012).
"O mais recente análogo da insulina, ainda não disponível no mercado, é a Glulisina (Apidra®). Este é elaborado através da substituição da lisina por asparagina, perto do terminal-N da cadeia B, e pela substituição do ácido glutâmico pela lisina, próximo do terminal-C. Os ensaios experimentais realizados, demonstram propriedades semelhantes à Lispro e ao Aspart, no entanto, com benefícios ao nível celular, associados a uma maior sobrevida das células-β (Becker & Frick, 2008)" (SANTOS, 2012).
Já a insulina Lente (suspensão de insulina de zinco suína U-40; Vetsulin, Merck Animal Health) é uma insulina de ação intermediária comumente usada pela Força-Tarefa em cães. É aprovado pela FDA para uso em cães e gatos. Tem uma duração de ação de quase 12 horas na maioria dos cães e é útil para minimizar a hiperglicemia pós-prandial. Lente (suspensão de insulina de zinco suína U-40; Vetsulin, Merck Animal Health) é uma insulina de ação intermediária comumente usada pela Força-Tarefa em cães. É aprovado pela FDA para uso em cães e gatos. Tem duração de ação de cerca de 12 horas na maioria dos cães e é útil para minimizar a hiperglicemia pós-prandial (BEHREND et al., 2018).
Agentes terapêuticos não insulínicos usados para tratar diabetes mellitus em pequenos animais incluem sulfonilureias (glipizida: que pode ser usada como coterapia com insulina e é recomendada apenas para proprietários que se recusam a usar insulina em gatos. Não deve ser usada em cães), alfa-glicosidase inibidores (acarbose: pode ser usado em cães e gatos. Útil quando o pico de atividade da insulina ocorre 2 horas após a administração) e incretinas (resultados promissores com exenatida ER [Bydureon] em gatos e liraglutida em cães. O modo de ação é visto mais comumente em animais saudáveis e possivelmente em gatos diabéticos, mas não em cães com diabetes clássico) (BEHREND et al., 2018).
Referências:
BRASIL, SCTIE nº 19 de 27 de março de 2019. Torna pública a decisão de incorporar insulina análoga de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo I, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sctie/2019/prt0019_29_03_2019.html. Acesso em: 04/03/2024.
Fleeman L, Gilor C. Insulin Therapy in Small Animals, Part 1: General Principles. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. Volume 53, Issue 3, 2023. doi: 10.1016/j.cvsm.2023.02.002. Epub 2023 Mar 9. PMID: 36906469. ISSN 0195-5616, ISBN 9780323940238.Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0195561623000219>. Acesso em: 04 de mar. 2024.
Harris-Samson, A. R., Rand, J., and Ford, S. L. (2023). Detemir improves diabetic regulation in poorly controlled diabetic dogs with concurrent diseases. Journal of the American Veterinary Medical Association 261, 3, 327-335, available from: < https://doi.org/10.2460/javma.22.09.0402> [Accessed 04 March 2024]
Kim NY, An J, Jeong JK, Ji S, Hwang SH, Lee HS, Kim MC, Kim HW, Won S, Kim Y. Evaluation of a human glycated hemoglobin test in canine diabetes mellitus. J Vet Diagn Invest. 2019 May;31(3):408-414. doi: 10.1177/1040638719832071. Epub 2019 Feb 18. PMID: 30776981; PMCID: PMC6838714. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30776981/> . Acesso em: 04 de mar. 2024.
LABORATÓRIO EXAME, s. d. Exame de Hemoglobina Glicada. Disponível em: <https://laboratorioexame.com.br/saude/exame-de-hemoglobina-glicada#:~:text=O%20exame%20de%20hemoglobina%20glicada>. Acesso em: 04 de mar. 2024.
MOTT, J. et al. Establishment of a feline glycated hemoglobin reference interval for a novel dried‐blood‐spot assay and the effects of anemia on assay results. Veterinary Clinical Pathology, v. 52, n. 3, p. 531–539, 5 jul. 2023.
Sears KW, Drobatz KJ, Hess RS. Use of lispro insulin for treatment of diabetic ketoacidosis in dogs. J Vet Emerg Crit Care (San Antonio). 2012 Apr;22(2):211-8. doi: 10.1111/j.1476-4431.2012.00719.x. Epub 2012 Mar 5. PMID: 22390184.
Zeugswetter FK, Luckschander-Zeller N, Karlovits S, Rand JS. Glargine versus regular insulin protocol in feline diabetic ketoacidosis. J Vet Emerg Crit Care (San Antonio). 2021 Jul;31(4):459-468. doi: 10.1111/vec.13062. Epub 2021 May 4. PMID: 33945208; PMCID: PMC8360016.
SANTOS, Filipa Alves. Diabetes Mellitus em cães e gatos: estudo retrospectivo de 35 casos clínicos. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Medicina Veterinária) - Universidade Técnica de Lisboa - Faculdade de Medicina Veterinária, 2012. Disponível em: <https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/4050/1/Diabetes%20Mellitus%20em%20caes%20e%20gatos.pdf>. Acesso em: 04 de mar. 2024.
#insulina degludeca#degludec insulin#NPH#insulina#diabetes mellitus em cães#diabetes mellitus em gatos#endocrinologia veterinária#endocrinologia em medicina felina#glargina#insulina lenta#PZI
0 notes
Text
Efeitos terapêuticos do uso de transplante de microbiota fecal ("transplante de fezes") no manejo de Enteropatias Crônicas segundo Update do estudo de TORRENSSON et al (2023)
O estudo de TORESSON et al (2023) descreve os efeitos dos transplantes de microbiota fecal em 41 cães com enteropatia crônica, com tempo de acompanhamento de 3 a 41 meses.
Doze dos 41 cães puderam diminuir a dose de corticosteroides ou interromper os antibióticos após o Transplante de Microbiota Fecal ou Faecal Microbiota Transplantation (FMT). Em dez de doze cães, as doses de manutenção de corticosteroides puderam ser reduzidas gradualmente para doses que não eram possíveis antes do FMT. Os restantes dois cães tiveram crises frequentes, durante as quais apenas o metronidazol ou a tilosina conseguiram parar a diarreia. Ambos os cães conseguiram interromper o uso frequente de antibióticos após o FMT por 3 a 20 meses. Por último, nove dos quarenta e um cães tiveram crises menos frequentes ou crises mais leves após o FMT, oito cães anteriormente abaixo do peso ganharam peso após o FMT e seis cães com hiporexia no início do estudo apresentaram aumento do apetite após o FMT. Dez cães, dos quais sete responderam e três não responderam, apresentaram efeitos colaterais após o FMT. Sete cães tiveram diarreia ou agravamento da diarreia dentro de 48 horas após o FMT, que normalizou dentro de 2-3 dias sem intervenção em todos, exceto um não respondedor. Quatro desses cães reagiram apenas a um dos três FMTs. Dos três dos dez cães restantes, todos respondedores ao FMT, um teve um surto de diarreia e vômitos ocasionais 1 semana após três dos três FMTs, que duraram até 48 horas. O cão com HUC apresentou 2–3 dias de flatulência acentuada, fezes malcheirosas e vômitos leves após os TMF um e dois, mas não após o TMF três. Um cão apresentou intenso esforço e desconforto retal começando 2 horas após o primeiro FMT e durando 4 horas. Este cão foi pré-medicado com uma dose mais elevada de acepromazina e um supositório retal (Xyloproct, Aspen Nordic, Ballerup, Dinamarca) contendo hidrocortisona e lidocaína 10 minutos antes dos FMTs dois e três. Além disso, o transplante fecal foi misturado com uma quantidade menor de solução salina para diminuir o volume. Nenhum efeito adverso foi observado após o FMT dois e três neste cão. A melhoria da qualidade fecal foi um dos resultados esperados, com base em trabalhos anteriores em cães e humanos com diarreia crónica e inflamação gastrointestinal [6,8,9,14,15,16,17]. O aumento do nível de atividade em 24/41 cães foi um pouco mais surpreendente, especialmente em 8/24 cães que não foram descritos pelos donos dos cães como letárgicos ou menos ativos antes do FMT. As possíveis explicações para esse achado poderiam ser a redução da inflamação, associada à diminuição da fadiga e da dor crônica, doses reduzidas de corticosteróides ou outros medicamentos, uma modulação do metaboloma intestinal, alterações do eixo intestino-cérebro ou mesmo um efeito placebo impulsionado pelo cão. forte desejo do proprietário por um resultado positivo. Curiosamente, em estudos sobre os efeitos do TMF em pessoas com SII e DII, a qualidade de vida autoavaliada melhorou após o TMF durante 3 a 6 meses. Um efeito semelhante foi observado na fadiga pós-TMF, com melhora durando até 6 meses [29,30,31]. O efeito poupador de antibióticos do FMT em três dos quatro cães onde o FMT foi usado principalmente ou parcialmente para evitar o uso repetido ou redução do uso de antibióticos é encorajador. Os antibióticos, especialmente os antibióticos de amplo espectro, como a tilosina e o metronidazol, causam disbiose que pode durar várias semanas ou até meses em cães [36,37,38]. Embora não seja usada em pessoas, a tilosina induz resistência aos macrolídeos, e os macrolídeos são antimicrobianos extremamente importantes na saúde humana [43,44]. A boa resposta ao FMT no cão com HUC recidivante é ainda mais promissora. Cães com colite ulcerativa histiocítica recidivante (HUC) têm um prognóstico reservado e são frequentemente tratados com antibióticos cujo uso é proibido em animais na União Europeia [45,46]. Dois anos após o FMT, este cão ainda não teve nenhuma recaída de diarreia persistente.
Referência: Toresson, L.; Spillmann, T.; Pilla, R.; Ludvigsson, U.; Hellgren, J.; Olmedal, G.; Suchodolski, J.S. Clinical Effects of Faecal Microbiota Transplantation as Adjunctive Therapy in Dogs with Chronic Enteropathies — A Retrospective Case Series of 41 Dogs. Vet. Sci. 2023, 10, 271. https://doi.org/10.3390/vetsci10040271.
#veterinary medicine#small animal veterinary medicine#veterinary clinical medicine#dogs#small animal#veterinary gastroenterology#2023#IBD#Chronic Enteropathies in Dogs
0 notes
Text
"Transplante fecal" (FMT - Faecal microbial transplantation ou, na verdade, Transplante de Microbiota Fecal) em cães com Enteropatia Crônica - Atualização/Update TORESSON et al (2023) - Resumo da Importância do Transplante de Microbiota Fecal
O estudo de TORESSON et al (2023) descreve os efeitos dos transplantes de microbiota fecal em 41 cães com enteropatia crônica, com tempo de acompanhamento de 3 a 41 meses. Nenhum dos cães havia respondido anteriormente de forma satisfatória ao tratamento padrão. A maioria dos cães recebeu três tratamentos de FMT com intervalo de 10 a 20 dias entre eles. O tratamento foi administrado paralelamente ao tratamento médico de manutenção e dieta com que o cão já estava sendo tratado. Após o tratamento, 31/41 cães apresentaram diminuição dos sinais clínicos, com a maioria dos cães apresentando menos diarreia e/ou tornando-se mais ativos. De 16 cães, foram colhidas amostras fecais antes do primeiro FMT. Cães com disbiose mais grave, conforme indicado por um índice de disbiose fecal gravemente aumentado, responderam menos ao FMT em comparação com cães com forma mais leve de disbiose. Este estudo apoia relatos de casos anteriores de que o transplante de microbiota fecal pode ser útil como complemento ao tratamento padrão de cães com enteropatia crônica. O procedimento utilizado para FMT no presente estudo pode ser facilmente utilizado em ambientes de cuidados primários. Usar fezes frescas congeladas é conveniente em comparação com fezes frescas, que podem não estar prontamente disponíveis. As fezes congeladas foram consideradas tão eficazes quanto as frescas no tratamento da Infecção recorrente por Clostridioides difficile (Clostridioides difficile infection - CDI) em uma meta-análise recente [70]. O congelamento também pode ter um efeito protetor contra potenciais ovos de endoparasitas fecais ou oocistos de parasitas protozoários que o cão doador poderia ter contraído após a última triagem [71,72,73]. Os efeitos colaterais foram leves e autolimitados e foram observados tanto em respondedores quanto em não respondedores. Consequentemente, diarreia leve de curta duração ou outros sinais gastrointestinais após FMT não excluem um efeito benéfico, e os efeitos colaterais leves não parecem diferir entre os respondedores e os não respondedores neste estudo. Este estudo retrospectivo tem várias limitações. A maioria dos cães foi tratada com um transplante processado dentro de 6 horas, mas alguns cães foram tratados com um transplante processado até 72 horas antes. Isto pode ter afetado a resposta ao FMT. As informações sobre o intervalo de tempo entre o processamento do transplante e o FMT não estavam disponíveis para cães individuais. Muitas questões ainda precisam ser respondidas sobre o uso do FMT em cães com Enteropatia Crônica (Chronic Enteropathy - CE). São necessários mais dados sobre quanto tempo normalmente dura a melhoria clínica, embora a experiência clínica deste estudo sugira que a resposta ao tratamento é muito individual. Outras questões de pesquisa para estudos futuros incluem quantos tratamentos sequenciais devem ser administrados, se as ferramentas de diagnóstico podem diferenciar os respondedores fracos dos respondedores bons no início do estudo e como o microbioma e o metaboloma são afetados ao longo do tempo.
Dois de quatro cães com inflamação grave do intestino delgado ou grosso tiveram uma boa resposta, um em cada quatro teve uma resposta de curta duração e um em cada quatro teve uma resposta fraca. O índice de disbiose foi significativamente menor no início do estudo em bons respondedores em comparação com maus respondedores. O procedimento utilizado para FMT no presente estudo pode ser facilmente utilizado em ambientes de cuidados primários. Usar fezes frescas congeladas é conveniente em comparação com fezes frescas, que podem não estar prontamente disponíveis. As fezes congeladas foram consideradas tão eficazes quanto as frescas no tratamento de ICD recorrente em uma meta-análise recente [70]. O congelamento também pode ter um efeito protetor contra potenciais ovos de endoparasitas fecais ou oocistos de parasitas protozoários que o cão doador poderia ter contraído após a última triagem [71,72,73]. Os efeitos colaterais foram leves e autolimitados e foram observados tanto em respondedores quanto em não respondedores. Consequentemente, diarreia leve de curta duração ou outros sinais gastrointestinais após TMF não excluem um efeito benéfico, e os efeitos colaterais leves não parecem diferir entre os respondedores e os não respondedores neste estudo. Este estudo retrospectivo tem várias limitações. A maioria dos cães foi tratada com um transplante processado dentro de 6 horas, mas alguns cães foram tratados com um transplante processado até 72 horas antes. Isto pode ter afetado a resposta ao FMT. As informações sobre o intervalo de tempo entre o processamento do transplante e o FMT não estavam disponíveis para cães individuais. Muitas questões ainda precisam ser respondidas sobre o uso do FMT em cães com CE. São necessários mais dados sobre quanto tempo normalmente dura a melhoria clínica, embora a experiência clínica deste estudo sugira que a resposta ao tratamento é muito individual. Outras questões de pesquisa para estudos futuros incluem quantos tratamentos sequenciais devem ser administrados, se as ferramentas de diagnóstico podem diferenciar os respondedores fracos dos respondedores bons no início do estudo e como o microbioma e o metaboloma são afetados ao longo do tempo.
Referência: Veterinary Sciences | Free Full-Text | Clinical Effects of Faecal Microbiota Transplantation as Adjunctive Therapy in Dogs with Chronic Enteropathies���A Retrospective Case Series of 41 Dogs (mdpi.com)
#veterinary medicine#veterinary clinical medicine#dogs#Faecal Microbiota Transplantation#IBD#veterinary gastroenterology#small animal veterinary medicine#canine internal medicine#chronic enteropathy in dogs
0 notes
Text
Recomendações de Tratamento Anticonvulsivante em Gatos segundo o Consenso do ACVIM (2023)
Considerando que o manejo de complicações e causas subjacentes relacionadas a emergências convulsivas idealmente deve ser acompanhado de medicamentos anticonvulsivantes e que o manejo bem-sucedido de emergências convulsivas deve incluir uma abordagem de tratamento precoce, rápida e baseada em estágios, consistindo em intervenções farmacológicas anticonvulsivantes com recomendações Classe A ou B, isto é, de eficácia preferencialmente moderada a alta segundo a ACVIM (2023), deve-se diferenciar se o paciente está em status epilepticus, isto é, apresenta crise epiléptica de duração >5 minutos ou em cluster, quando o paciente apresenta >2 crises autolimitadas durante um período de 24 horas.
Se o paciente estiver em status epilepticus, para definir a terapia ideal define-se qual dos 4 estágios do status epilepticus previstos consenso mais com base na duração da atividade epiléptica, da seguinte forma: estágio 1 (5-10 minutos); estágio 2 (10-30 minutos); estágio 3 (>30 minutos); e estágio 4 (> 24 horas).
Para tratamento do paciente em status epilepticus tem-se, na figura abaixo, a pirâmide das recomendações terapêuticas de tratamento anticonvulsivante para gatos em status epilepticus classificadas segundo o possível grau de eficácia baseado em evidências conforme o Consenso.
Desta forma, tem-se que as terapias anticonvulsivantes classe A para gatos em status epilepticus atualmente não existem (2023), no entanto, como terapias classe B temos:
Midazolam (em bólus intravenoso e Infusão Contínua);
Diazepam (em bólus intravenoso);
Levetiracetam (intravenoso);
Fenobarbital (intravenoso); e
Anestésicos inalatórios.
Na figura abaixo tem-se a pirâmide das classes de recomendações terapêuticas de tratamento anticonvulsivante para gatos em cluster segundo o Consenso ACVIM de 2023.
Assim, como as terapias anticonvulsivantes classe A para gatos em cluster atualmente também não existem (2023), como terapias classe B temos:
Midazolam (em bólus intravenoso e Infusão Contínua);
Diazepam (em bólus intravenoso);
Levetiracetam (intravenoso; oral).
Referência:
Marios Charalambous, Karen Muñana, Edward E. Patterson, Simon R. Platt, e Holger A. Volk. ACVIM Consensus Statement on the management of status epilepticus and cluster seizures in dogs and cats (Consenso do ACVIM sobre o manejo do status epilepticus e cluster em cães e gatos). J Vet Intern Med. 2024 Jan-Feb; 38(1): 19–40.
#veterinary medicine#feline internal medicine#small animal veterinary medicine#cat#felinos#veterinary clinical medicine#veterinary pharmacology#ACVIM Consensus 2023#seizure management in cats
0 notes
Text
Classificação do Status Epilepticus em Cães e Gatos segundo o Consenso ACVIM (2023)
O status epilepticus (SE) pode ser dividido em 4 estágios que diferem em termos de opções de tratamento, sensibilidade aos medicamentos utilizados e processos fisiopatológicos subjacentes. Os detalhes são fornecidos na Figura abaixo segundo as recomendações do Consenso ACVIM - CHARALAMBOUS et al (2023).
Desta forma, conforme o tempo de duração do SE, o estadiamento e possibilidade de resposta às modalidades de terapia anticonvulsivante segue como:
Estágio 1 - Duração de 5-10 minutos, onde o paciente costuma responder à primeira linha de tratamento.
Estágio 2 - Duração de 10-30 minutos, onde o paciente é progressivamente menos responsivo à primeira linha de tratamento e é fica mais responsivo à segunda linha de tratamento
Estágio 3 - Duração > 30 minutos, onde o paciente é minimamente ou não responsivo à primeira e segunda linha de tratamento, porém tem maior probabilidade de responder à terceira linha de tratamento.
Estágio 4 - Duração > 24 horas, onde o paciente é minimamente ou não responsivo à primeira, segunda e terceira linha de tratamento.
Referência:
Marios Charalambous, Karen Muñana, Edward E. Patterson, Simon R. Platt, e Holger A. Volk. ACVIM Consensus Statement on the management of status epilepticus and cluster seizures in dogs and cats (Consenso do ACVIM sobre o manejo do status epilepticus e cluster em cães e gatos). J Vet Intern Med. 2024 Jan-Feb; 38(1): 19–40.
#cat#dogs#veterinary clinical medicine#ACVIM#2023#ACVIM 2023 Consensus#Status epilepticus#seizures management#feline internal medicine#cats#estágios de atividade epiléptica
0 notes
Text
Manejo Terapêutico do Status Epilepticus em Cães e Gatos segundo o Consenso ACVIM (2023)
As medicações anticonvulsivantes segundo as linhas de tratamento são para manejo do Status Epilepticus são:
Primeira linha de tratamento - Administração de benzodiazepínicos (BZDs) em contexto hospitalar ou extra-hospitalar são potentes e seguros para o manejo de primeira linha do Status Epilepticus em cães e gatos, sendo que o Midazolam pode ser considerado um BZD mais potente ou mais seguro que o Diazepam. A administração pode ser feita em cães e gatos via intravenosa em ambiente hospitalar (recomendação Classe A) ou, em cães, via intranasal em qualquer ambiente (extra-hospitalar ou intra-hospitalar - recomendação classe A). Em gatos, não é tão indicado fazer midazolam intranasal, considerando os aspectos da classe de recomendação (Classe E), que engloba evidência e/ou experiência clínica limitada para uso clínico. O indicado em gatos seria fazer o midazolam ou diazepam via intravenosa em ambiente hospitalar (recomendação Classe B).
A atividade convulsiva que é controlada com BZDs, mas que recidiva dentro de 10-60 minutos, pode ser considerada como Status Epilepticus Recorrente. No caso de SE recorrente ou SE que não cessa após o primeiro bolus, um segundo bolus de BZD deve ser administrado após intervalo mínimo de 2 minutos. Se as convulsões persistirem após 2 bolus de BZD, então (i) em caso de SE recorrente, a administração de outro bolus de BZD seguido imediatamente por um BZD IV em Infusão Contínua deve ser instituída, e (ii) se SE não persistir cessar, um bolus final de BZD deve ser administrado seguido de intervenções de segunda linha.
Em gatos, o Midazolam é o BZD de escolha para uso IV em Infusão Contínua (recomendação classe B), devendo o diazepam ser evitado devido a não ser um fármaco seguro para a espécie.
Segunda linha de tratamento - as opções incluem levetiracetam, fenobarbital e fosfenitoína. Normalmente são iniciados como medicamentos de segunda linha quando o tratamento de primeira linha não conseguiu interromper as convulsões; no entanto, esses medicamentos também podem ser administrados mais cedo, independentemente da resposta ao tratamento de primeira linha, com o objetivo de manter o controle adequado das convulsões no curto e longo prazo (particularmente em casos diagnosticados com epilepsia).
O tratamento com levetiracetam IV deve ser iniciado em cães e gatos (recomendação B do ACVIM); se a via IV não for uma opção, então a administração IM ou R em cães (recomendação C do ACVIM). O tratamento com fenobarbital IV também deve ser iniciado em cães (recomendação ACVIM A) e gatos (recomendação ACVIM B); esquemas de dosagem de carga podem ser usados, se necessário, em animais virgens de fenobarbital com função hepática normal; para animais em tratamento prolongado com fenobarbital, o aumento da dose idealmente deve ser realizado após avaliação das concentrações séricas de fenobarbital. Um bolus IV de fosfenitoína pode ser administrado como ASM adjuvante em cães (recomendação B do ACVIM) quando não há resposta ou resposta inadequada ao levetiracetam ou fenobarbital.
Terceira linha de tratamento -
Refere-se a medicamentos anestésicos usados para controlar a atividade convulsiva. Quando este estágio for alcançado, uma abordagem de 4 etapas poderá ser seguida. Primeira Etapa: O bolus IV de cetamina, possivelmente seguido de Infusão Contínua, deve ser iniciado em cães (recomendação A do ACVIM) e gatos (recomendação E do ACVIM). Bolus IV de dexmedetomidina e Infusão Contínua devem ser iniciados em cães (recomendação B do ACVIM) e gatos (recomendação E do ACVIM), se a SE persistir após a administração de cetamina (ou vice-versa). Segunda Etapa: O bolus IV de propofol, possivelmente seguido de Infusão Contínua, deve ser iniciado em cães (recomendação A do ACVIM) se a SE persistir após Infusão Contínua IV com cetamina e dexmedetomidina. Em gatos, deve-se ter cautela com bolus repetidos de propofol e particularmente com Infusão Contínua (recomendação C da ACVIM) devido a questões de segurança; o propofol deve ser administrado sob monitoramento rigoroso das variáveis clínicas e hematológicas e, preferencialmente, somente após outros anestésicos não conseguirem interromper o SE; devem ser feitos esforços para limitar a duração da Infusão Contínua de propofol IV em gatos ao mínimo necessário para alcançar o controlo sustentado das convulsões. Terceira Etapa: Anestésicos barbitúricos (pentobarbital ou tiopental sódico), bolus IV e Infusão Contínua podem ser iniciados em cães (recomendação B do ACVIM) e gatos (recomendação C do ACVIM) se o SE persistir após Infusão Contínua com propofol IV. Quarta Etapa: A anestesia inalatória deve ser iniciada em cães e gatos (recomendação B do ACVIM) caso a SE persista após as intervenções anteriores.
Referência:
Marios Charalambous, Karen Muñana, Edward E. Patterson, Simon R. Platt, e Holger A. Volk. ACVIM Consensus Statement on the management of status epilepticus and cluster seizures in dogs and cats (Consenso do ACVIM sobre o manejo do status epilepticus e cluster em cães e gatos). J Vet Intern Med. 2024 Jan-Feb; 38(1): 19–40.
0 notes
Text
Recomendações de Tratamento Anticonvulsivante em cães segundo o Consenso do ACVIM (2023)
O Consenso ACVIM de 2023 classifica as terapias anticonvulsivantes em classes de A a E conforme o possível grau de eficácia baseado em evidências, sendo:
• A — Alta recomendação: a intervenção é provavelmente um tratamento eficaz e seguro. • B — Recomendação moderada: a intervenção é possivelmente um tratamento eficaz e seguro. • C – Recomendação baixa: a intervenção é possivelmente um tratamento inadequadamente eficaz e seguro. • D — A intervenção não tem respaldo para uso: tratamento ineficaz ou inseguro ou ambos. • E — Recomendação retida: a intervenção pode ser um tratamento potencialmente eficaz e seguro, mas atualmente há evidência limitada, experiência clínica ou ambas em relação à sua aplicabilidade, viabilidade e eficácia.
O manejo bem-sucedido de emergências convulsivas deve incluir uma abordagem de tratamento precoce, rápida e baseada em estágios, consistindo em intervenções farmacológicas anticonvulsivantes com recomendações Classe A ou B, isto é, de eficácia preferencialmente moderada a alta segundo a ACVIM (2023).
As convulsões são consideradas uma emergência quando a sua duração é prolongada e não são autolimitadas, ou quando ocorrem em séries estreitamente agrupadas. Tradicionalmente, as crises podem ser definidas como “breves” ou “prolongadas” quando a sua duração é <5 ou entre 5 e 30 minutos, respetivamente. O status epilepticus tem sido referido como atividade convulsiva contínua ou > 1 crise sequencial sem recuperação total da consciência entre elas, com duração de> 30 minutos. No entanto, como a maioria das crises são breves e, quando uma crise dura >5 minutos, é mais provável que seja prolongada e potencialmente não autolimitada, investigadores e médicos adotaram e aceitaram amplamente o período de 5 minutos como o elemento definidor do Status Epilepticus.
O manejo de complicações e causas subjacentes relacionadas a emergências convulsivas idealmente deve ser acompanhado de medicamentos anticonvulsivantes.
O tratamento anticonvulsivante difere se o paciente está em status epilepticus ou cluster.
As crises epilépticas em cluster são amplamente definidas em humanos e animais como >2 crises autolimitadas durante um período de 24 horas.
As crises em cluster, especialmente as de alta frequência:
Podem representar um risco semelhante ao Status Epilepticus para danos neuronais e complicações relacionadas com as crises;
Podem progredir para Status Epilepticus; e
Tem pouca probabilidade de cessar ou de serem adequadamente controladas sem medicação de resgate.
Na figura abaixo tem-se a pirâmide das classes de recomendações terapêuticas de tratamento anticonvulsivante para cães em status epilepticus segundo o Consenso ACVIM de 2023.
Desta forma, as terapias anticonvulsivantes classe A para cães em status epilepticus na pirâmide ACVIM (2023) incluem:
Midazolam (em bólus intravenoso e Infusão Contínua; intranasal);
Diazepam (em bólus intravenoso);
Propofol (em bólus intravenoso e Infusão Contínua);
Cetamina (em bólus intravenoso e Infusão Contínua);
Fenobarbital (intravenoso).
Enquanto que as terapias classe B incluem:
Midazolam (intramuscular);
Diazepam (intravenoso em Infusão Contínua; intranasal);
Lorazepam (intravenoso);
Levetiracetam (intravenoso);
Pentobarbital (em bólus intravenoso e Infusão Contínua);
(Dex)medetomidina (em bólus intravenoso e Infusão Contínua);
Fosfenitoína (intavenosa);
Anestésicos inalatórios.
Na figura abaixo tem-se a pirâmide das classes de recomendações terapêuticas de tratamento anticonvulsivante para cães em cluster segundo o Consenso ACVIM de 2023.
Desta forma, as terapias anticonvulsivantes classe A para cães em status epilepticus na pirâmide ACVIM (2023) incluem:
Midazolam (em bólus intravenoso e Infusão Contínua;
Levetiracetam (intravenoso).
Enquanto que as terapias classe B incluem:
Midazolam (intranasal; intramuscular);
Diazepam (em bólus intravenoso e Infusão Contínua; intranasal);
Lorazepam (intravenoso);
Levetiracetam (retal; oral).
Referência:
Marios Charalambous, Karen Muñana, Edward E. Patterson, Simon R. Platt, e Holger A. Volk. ACVIM Consensus Statement on the management of status epilepticus and cluster seizures in dogs and cats (Consenso do ACVIM sobre o manejo do status epilepticus e cluster em cães e gatos). J Vet Intern Med. 2024 Jan-Feb; 38(1): 19–40.
#ACVIM#ACVIM Consensus#2023#ACVIM Consensus 2023#status epilepticus#dogs#veterinary pharmacology#small animal veterinary medicine#veterinary medicine#veterinary clinical medicine#Consenso ACVIM 2023#tratamento emergencial de status epilepticus em cães#farmacologia veterinária#cães#medicina interna veterinária#pequenos animais
0 notes
Text
Estudo sugere novos rumos para uso de vacinas contra leptospirose canina – Jornal da USP
Uma revisão de estudos sobre ocorrência da leptospirose canina revelou que a vacina mais abrangente, que protege contra quatro cepas, pode não ser a mais indicada para os cães brasileiros. Embora os imunizantes para leptospirose canina disponíveis estejam adequados às variantes encontradas, a versão importada pode não ser necessária para casos encontrados no País. O artigo foi publicado na revista Preventive Veterinary Medicine, detalhando os métodos estatísticos empregados pelos pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP e da Universidade Santo Amaro (Unisa) no estudo.
#small animal veterinary medicine#veterinary medicine#small animal#vaccination#vaccines#protocolo vacinal de cães#cães#dogs#vacinas#Medicina Veterinária Preventiva
0 notes
Text
Efeitos terapêuticos do interferon ômega felino (rFeIFN-ω) na evolução clínica de gatos naturalmente infectados com imunodeficiência felina (FIV) e vírus da leucemia felina (FeLV)
O rFeIFN-ω mostrou-se útil na melhora da sintomatologia clínica e no controle de infecções virais secundárias em gatos FIV+, FeLV+ e FIV/FeLV+.
Referência:
Cravo, J.A.P. (2011). Efeito do tratamento por interferão ómega de origem felina (rFeIFN-Ω) na evolução clínica de gatos naturalmente infectados com os vírus da imunodeficiência (FIV) e leucemia felinas (FeLV) e na excreção de vírus respiratórios concomitantes. Dissertação de Mestrado. Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa.
#interferon ômega#FeLV#feline internal medicine#small animal veterinary medicine#veterinary medicine#veterinary pharmacology#veterinary clinical medicine#felinos#cat#small animal#FIV#feline immunodeficiency virus#feline leukemia virus#leucemia viral felina#imunodeficiência viral felina
0 notes
Text
Uso de Raltegravir como antiviral para FeLV
O raltegravir, quando administrado na dose de 40 mg/gato, VO, duas vezes por dia, teve sucesso na redução da carga viral para níveis indetectáveis em dois gatos com infecção natural por FeLV. Estes resultados sugerem a necessidade de estudos mais controlados para avaliar a eficácia deste medicamento numa população maior de gatos positivos para FeLV e para avaliar a terapia antirretroviral para melhorar o prognóstico dos pacientes.
Referência:
Santos, C. R. G. R., Ferreira, I. T., Beranger, R., Santi, J. P., Jardim, M. P. B., & Souza, H. J. M. (2022). Undetectable proviral DNA and viral RNA levels after raltegravir administration in two cats with natural feline leukemia virus infection. Brazilian Journal of Veterinary Medicine, 44, e003522. https://doi.org/10.29374/2527-2179.bjvm003522
#feline internal medicine#veterinary medicine#raltegravir#antiviral#FeLV#small animal veterinary medicine
0 notes
Text
Uso de Inibidores da Bomba de Prótons em cães com Doença Renal Crônica segundo diretrizes e estudos atuais: O uso profilático pode ser considerado indiscriminado na ausência de sinais de distúrbio gastrointestinal
No estudo de Grady et al. (2023) demonstrou-se que o uso de Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) de maneira profilática em cães com Doença Renal Crônica (DRC) para prevenção de ulceração gástrica não é recomendado, exceto se houver presença de condições clínicas que justifiquem a prescrição, assim como preconizado nas diretrizes atuais do American College of Veterinary Internal Medicine - ACVIM (Colégio Americano de Medicina Interna Veterinária), que recomenda que os IBPs são indicados quando há sinais de sangramento em trato gastrointestinal (MARKS et al, 2018).
Esta contraindicação do uso profilático de IBPs no estudo é embasada no fato de que os dados estatísticos dos cães idosos (10 anos de idade) com DRC (n= 13) demonstraram que os pacientes doentes em estágio I a II da classificação da International Renal Interest Society - IRIS (Sociedade Internacional de Interesse Renal) não tinham pH gástrico mais baixo ou concentrações séricas mais altas de gastrina em comparação com cães saudáveis, corroborando com as orientações das atuais diretrizes do ACVIM.
Em cães com DRC e sinais gastrointestinais, como vômito ou disorexia, medicamentos antieméticos devem ser considerados primeiro, pois outros fatores, como toxinas urêmicas aumentadas ou substâncias emetogênicas de ação central são as causas mais prováveis desses sinais clínicos. Por fim, são necessárias mais pesquisas para determinar a prevalência e a patogênese da ulceração gastrointestinal em cães com DRC. Com base no estudo de Grady et al. (2023), a hiperacidez gástrica provavelmente não é a causa da ulceração, outras anormalidades observadas em cães com DRC, como superfície da mucosa gástrica alterada e mudanças microvasculares gástricas, devem ser consideradas (Peter et al, 2005; CHEVILLE et al, 1979; Stanton ME, Bright RM, 1989). Enquanto isso, a supressão ácida deve ser restrita a cães com DRC que têm fatores de risco adicionais para ulceração ou têm evidências de sangramento gastrointestinal, como hematêmese, melena ou anemia de deficiência (MARKS et al, 2018).
Uma limitação deste estudo foi que um pequeno grupo de cães foi avaliado e apenas a metade dos cães apresentava doenças avançadas (ou seja, estágios IRIS III a IV). Pesquisas futuras devem explorar o valor da supressão de ácido em cães com doenças mais avançadas (estágio IV), bem como em cães com lesão aguda grave em oposição a doenças crônicas.
Referências:
Cheville NF. Uremic gastropathy in the dog. Vet Pathol. 1979;16: 292-309
Grady K, Ernst E, Secoura PL, et al. Gastric pH and serum gastrin concentration in age-matchedhealthy dogs and dogs with chronic kidney disease.J VetIntern Med. 2023;37(6):2119‐2124. doi:10.1111/jvim.169072124GRADYET AL.
Marks SL, Kook PH, Papich MG, Tolbert MK, Willard MD. ACVIM consensus statement: support for rational administration of gastroin-testinal protectants to dogs and cats.J Vet Intern Med. 2018;32(6):1823-184
Peters RM, Goldstein RE, Erb HN, Njaa BL. Histopathologic features of canine uremic gastropathy: a retrospective study. J Vet Intern Med. 2005;19(3):315-320
Stanton ME, Bright RM. Gastroduodenal ulceration in dogs: retrospective study of 43 cases and literature review. J Vet Intern Med. 1989;3(4):238-244.
#veterinary medicine#small animal veterinary medicine#veterinary pharmacology#veterinary gastroenterology#small animal gastroenterology#chronic kidney disease in dogs#CKD#dogs#ACVIM consensus#rational administration of gastrointestinal protectants#veterinary internal medicine
0 notes
Text
Medicações para tratamento domiciliar de emergência em cães com crises epilépticas ("convulsões"): midazolam intranasal versus diazepam intrarretal.
Um estudo de 2023 (KAHN et al) indica que, por evidências de observações em domicílio dos tutores, o uso precoce de midazolam intranasal pelos tutores em emergências pode ser mais efetivo para o controle de crises epilépticas, diminuindo com maior eficácia o tempo necessário para cessação das crises e, consequentemente, o tempo de duração das crises, assim como os danos relacionados com o prolongamento da atividade epiléptica (lesões cerebrais e disfunções sistêmicas), prevenindo estágios refratários e danos cerebrais permanentes, que ocorrem em crises epilépticas de pelo menos 30 minutos seguidos de duração.
Diazepam e Midazolam são as drogas mais comuns para uso domiciliar em crises epilépticas que não necessitam de administração intravenosa, enfatizando que estudos comprovam a alta eficácia em humanos do Midazolam intrasal, seguido do midazolam oral e diazepam intrarretal; sendo que em relação à administração do midazolam oral, na espécie humana, o midazolam intranasal atinge alta concentração plasmática em tempo 2 vezes menor (portanto é mais rápido) e a concentração plasmática atingida 2,9 vezes maior do que quando administrado via oral . Em cães ainda não foi feito esse estudo de tempo para pico plasmático e concentração plasmática, porém sabe-se que o midazolam é possivelmente 5-6 vezes mais potente do que o diazepam (CHARALAMBOUS et al, 2021; BUHRER et al, 1990 apud KAHN et al, 2023).
O estudo conclui que o uso de midazolam intranasal é um método mais satisfatório de manejo de crises epilépticas em casa em comparação com diazepam intrarretal ou outras intervenções, na perspectiva do proprietário. Também infere-se que o midazolam intranasal pode prevenir internações e diminuir mortalidade em pacientes que sofrem de crises epilépticas, requerendo menores repetições de doses de diazepam intrarretal para controle das crises.
No entanto, a aplicação e preparação de midazolam intranasal foi classificada como mais difícil do que a de diazepam intrarretal. Isto poderia ser resolvido através do desenvolvimento de dispositivos prontos para uso adaptados para pacientes veterinários ou de treinamento adequado dos proprietários por veterinários. Na medicina veterinária, existem dois estudos clínicos que investigam a eficácia clínica dos benzodiazepínicos em cães, em particular o midazolam intranasal, como medicação de resgate para convulsões em ambientes hospitalares (Charalambous et al., 2017; Charalambous et al., 2019), no entanto, não existem dados sobre a avaliação de opções de tratamento domiciliar de emergência pelos proprietários para crises epilépticas.
Referências:
Charalambous M, Volk HA, Van Ham L, Bhatti SFM. First-line management of canine status epilepticus at home and in hospital-opportunities and limitations of the various administration routes of benzodiazepines. BMC Vet Res. (2021) 17:103. doi: 10.1186/s12917-021-02805-0.
Bührer M, Maitre PO, Crevoisier C, Stanski DR. Electroencephalographic effects of benzodiazepines. II. Pharmacodynamic modeling of the electroencephalographic effects of midazolam and diazepam. Clin Pharmacol Ther. (1990) 48:555–67. doi: 10.1038/clpt.1990.192
Charalambous M, Bhatti SFM, Van Ham L, Platt S, Jeffery ND, Tipold A, et al. Intranasal midazolam versus rectal diazepam for the Management of Canine Status Epilepticus: a multicenter randomized parallel-group clinical trial. J Vet Intern Med. (2017) 31:1149–58. doi: 10.1111/jvim.14734
Charalambous M, Volk HA, Tipold A, Erath J, Huenerfauth E, Gallucci A, et al. Comparison of intranasal versus intravenous midazolam for management of status epilepticus in dogs: a multi-center randomized parallel group clinical study. J Vet Intern Med. (2019) 33:2709–17. doi: 10.1111/jvim.15627
#crises epilépticas em cães#neurologia veterinária#pequenos animais#farmacologia veterinária#tratamento domiciliar#midazolam intranasal#diazepam intrarretal
0 notes
Text
Sobre a publicação de imagens de pacientes em procedimentos diagnósticos ou terapêuticos: proibida!
Conforme a RESOLUÇÃO CFMV Nº 780, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2004, artigo 3, é vedado ao médico veterinário: "d) expor a imagem de paciente seu como meio de difundir um procedimento médico-veterinário ou o resultado de um tratamento, excetuando os casos previstos no artigo 10 desta Resolução [trabalho científico]".
#deontologia veterinária#legislação na medicina veterinária#direito de imagem#divulgação científica#veterinary medicine
0 notes
Text
A instilação intravesical de fator ativador de plasminogênio pode ser uma terapia segura e eficaz em gatos, semelhante aos sucessos relatados anteriormente em cães e humanos.
fonte:
Successful Management of Urinary Bladder Clot with Intravesical Tissue Plasminogen Activator Infusion in a Cat
Chiahsin Sandy Young, DVM, DACVECC; Molly Racette, DVM, MS, DACVECC; Jeffrey M. Todd, DVM, DACVECC. J Am Anim Hosp Assoc (2021) 57 (3): 128–132.
#intravesical plasminogen activator#cat#veterinary clinical medicine#feline medicine#feline internal medicine#veterinary medicine#small animal veterinary medicine
0 notes
Text
CISTITE HEMORRÁGICA DE ORIGEM NEOPLÁSICA
A cistite hemorrágica é a inflamação do revestimento da bexiga urinária que pode ser uma complicação grave do câncer ou seu tratamento. Agentes alquilantes à base de oxazofosforina, como ciclofosfamida e ifosfamida, são os agentes citotóxicos mais comuns associados a esse distúrbio.
Referência:
Chapter 70 - Supportive Medical Care and Pain Management in Feline Cancer Patients, Editor(s): John R. August. Consultations in Feline Internal Medicine (Fifth Edition), W.B. Saunders, 2006, Pages 665-672, ISBN 9780721604237, https://doi.org/10.1016/B0-72-160423-4/50073-1. (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B0721604234500731).
#veterinary clinical medicine#veterinary pathology#feline internal medicine#urinary disease#small animal veterinary medicine#veterinary medicine#cat
0 notes
Text
Sobre o uso da budesonida em cães e gatos com Doença Inflamatória Intestinal...
Em geral a budesonida tem sido relatada na literatura como um corticoide de ação mais local, com pouca absorção sistêmica e raros sinais clínicos de hipercortisolismo (Síndrome de Cushing), quando comparada à prednisona, fármaco mais usado rotineiramente no controle da Doença Inflamatória Intestinal (DII).
Um relato de caso publicado na Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP mostra o uso da budesonida para controle da DII em um cão como alternativa à prednisona, porém aparentemente sem expressar tantos efeitos locais quanto previsto na literatura.
Vale a pena ressaltar que nesse caso o paciente já estava em estado muito avançado de DII e sofrendo com efeitos colaterais da prednisona, o que possivelmente fez com que a corticoterapia com a budesonida não fosse tão efetiva assim.
Entretanto, podemos ver uma conclusão interessante sobre o uso dessa droga na DII:
De acordo com o que foi visto no caso relatado, é mais provável que a budesonida deva ser utilizada quando há controle prévio da DII em cães, não como opção única no tratamento da doença e, sim, com cautela quanto aos seus reduzidos efeitos adversos em comparação aos corticosteroides comumente utilizados na rotina (ex.: prednisolona).
Leia o seguinte relato descrito na íntegra: https://www.revistamvezcrmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/302
Já em relação aos gatos com DII, a budesonida é indicada como corticoide de ação local quando a doença tem se manifestado de maneira mais leve e inicial na dose de 3,0 mg por gato, SID, PO, manipulado em cápsulas resistentes ao suco gástrico (ALLEN, 2010 apud DEUS, 2022). Caso não haja a resposta de melhora (diminuição das paredes das alças) pode-se trocar a budesonida pela prednisolona, sendo ambos os fármacos associados com uma nova dieta a base de rações hipoalergênicas que não induzem tanto a resposta antigênica (DEUS, 2022).
Referências:
Insucesso no controle da doença inflamatória intestinal com uso da budesonida – Relato de caso. Palacios Jr, R. J. G.; Aoki, G. G.; Tristão, A. P. P. A.; Adams, F. K.; Rondelli, M. C. H.; Tinucci-Costa, M. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 10, n. 1, p. 63-63, 11.
ALLEN, H. S. Therapeutic approach to cats with chronic diarrhea. Consultations in feline internal medicine. 6th ed. St Louis: Saunders Elsevier, p. 240-247, 2010.
DEUS, Caroline de. RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE FELINOS. 20 dez. 2022.
#budesonida#veterinary pharmacology#dog health#inflammatory bowel disease#dogs#canine medicine#small animal#veterinary medicine#gastrointestinal disease
0 notes
Text
Porque até agora não devemos fazer nebulização com acetilcisteína em gatos!
seguem resumo de artigo e esclarecimentos logo abaixo...
Não é indicado fazer N-acetilcisteína (NAC) nem via inalatória nem endotraqueal em gatos.
Lê-se: A N-acetilcisteína é uma droga que tem efeito mucolítico e antioxidante que é de interesse para utilização em pacientes com enfermidades respiratórias (ex.: complexo respiratório felino), principalmente via intravenosa ou oral. O artigo acima faz alusão à especulação de que a acetilcisteína causa broncoconstricção em felinos quando administrada via aerossol (nebulização) e que em casos de asma felina experimental não se mostrou vantajoso, com manifestação de efeitos adversos respiratórios e evolução de um dos pacientes ao óbito. Mais estudos são necessários para determinar se um pré-tratamento com broncodilatadores (ex.: terbutalina) antes da nebulização com acetilcisteína inibiria a broncoconstricção induzida pela N-Acetilcisteína.
Até o momento, então, não nebulizar gatos(as) com acetilcisteína!
Solução fisiológica sempre é uma ótima escolha para nebulização em gatos.
Cuidado com a budesonida, um corticoide inalatório, que pode gerar reação alérgica em alguns casos (já presenciei uma vez, inclusive), mas que já foi relatada como benéfica em gatos com asma ou bronquite crônica na dose de 400 μg de budesonida inalatória q 12h levando à melhora tanto nos sinais clínicos quanto nas métricas dos testes de função pulmonar não invasivos. Ainda assim, a budesonida inalatória pode causar supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal em alguns gatos (Barchilon M, Reinero CR, 2023; apud Galler A, Shibly S, Bilek A, et al., 2013).
#Dica: Sempre Prefira Nebulizar Felinos Com Soro Fisiológico!
Referências:
Barchilon M, Reinero CR. Breathe easy: inhalational therapy for feline inflammatory airway disease. Journal of Feline Medicine and Surgery. 2023;25(9). doi:10.1177/1098612X231193054
Galler A, Shibly S, Bilek A, et al. Inhaled budesonide therapy in cats with naturally occurring chronic bronchial disease (feline asthma and chronic bronchitis). J Small Anim Pract 2013; 54; 531-536.
Reinero CR, Lee-Fowler TM, Dodam JR, Cohn LA, DeClue AE, Guntur VP. Endotracheal nebulization of N-acetylcysteine increases airway resistance in cats with experimental asthma. J Feline Med Surg. 2011 Feb;13(2):69-73. doi: 10.1016/j.jfms.2010.09.010. Epub 2010 Dec 9. PMID: 21145769.
#acetilcisteína#gatos#felinos#feline internal medicine#veterinary medicine#small animal#veterinary pharmacology#veterinary care#cat health#inhaled veterinary medications
0 notes