CAMINHO INVERSO
Estava na estrada do que poderia considerar a casa de sua mãe, tinha saído dela a mais ou menos 25 anos, com uma ordem dela, não olhe para trás, esqueça tudo que viste ou ouviste ao longo de tua curta vida, construa uma nova identidade, uma nova vida para ti. Todos os meses mandaria dinheiro para ele, nunca tinha tocado no mesmo até a pouco tempo, quando deixou de receber, entendeu que ela tinha morrido.
Tudo tem um momento exato para acontecer pensava ele com o cotovelo apoiado na porta, ao mesmo tempo que devorava a paisagem que parecia não ter mudado muito.
Tinha saído de San Francisco, no mesmo diz que recebeu uma chamada de um advogado de Las Vegas, lhe explicou que tinha um juízo em Los Angeles, defendia um ator de um acosso via internet, uma coisa moderna hoje em dia, em seguida iria para lá.
Antes, como estava no caminho, iria parar no que tinha sido a casa de sua mãe a vida inteira, um prostibulo no meio do nada, cercado de montanhas, do deserto, algumas terras cultivadas, quase ao lado de Mojave Reservation, ele mesmo sempre tinha imaginado que era filho de algum índio.
Sua mãe era loira de olhos azuis, com um corpo fantástico, ele ao contrário tinha nascido com os cabelos muito negros, escorridos, olhos negros, um nariz afilado, com uma pele mais escura.
Não se podia dizer que tinha sido trocado na maternidade, porque tinha nascido ali em sua casa.
Sua mãe, nunca mencionava de aonde tinha saído, porque tinha o prostibulo ali, não em Las Vegas, aonde corria mais dinheiro.
Se lembrava das mulheres que tinham povoado sua infância, havia para todos os gostos, loiras, morenas, negras, índias, tudo que se podia imaginar para a época. Como apareciam ali, ele só descobriu anos depois. Sua mãe tinha duas pessoas de confiança, Margot e Cesar.
Ela descendente de índios, ele negro com a noite, brincando dizia que se estivesse nu no escuro com os olhos fechados ninguém o via.
Tinha sido seu mentor até sair de lá, ensinou a se defender quando foi a escola, era o único que nunca lhe mentia. Foi o melhor pai que podia ter.
Margot levava junto com sua mãe as mulheres, as controlava, as obrigava a abrir uma conta num banco, assim se um dia saíssem de lá, teriam dinheiro, esse era o mantra. Nada de gastar em besteiras, havia que pensar no futuro.
Ficou pensando o que teria acontecido com Margot, com o Cesar.
Dias antes tinha se separado do homem que pensou que estaria em sua vida para sempre, tinha imaginado, que estariam juntos na velhice, não esperava o que tinha escutado.
Dan ou Daniel, lhe disse na cara, que estava farto do relacionamento deles, que na idade que estava se dava conta que não tinha aproveitado merda nenhuma, que queria fazer tudo que ainda não tinha feito. Tu só pensas em teu trabalho, eres uma pessoa reta, só gostas de sair para jantar, ir ao teatro ou cinema, a praia de vez em quando. Eu quero viver, meu escritório me ofereceu um cargo em NYC, aceitei. Levarei minhas coisas para a casa de meus pais, depois decidirei o que levarei para NYC.
A diferença dos dois era que Dan, vinha de uma família rica, tinham uma mansão na parte mais rica da cidade, trabalhava no escritório de seu pai.
Ele ao contrário, depois de ter trabalhado em vários lugares, inclusive trabalhado com fiscais no fórum, tinha decidido usar o dinheiro que tinha economizado ao longo de sua vida, para abrir um pequeno escritório, aonde atendia pessoalmente seus clientes. Mas tinha uma coisa, ele escolhia a quem representar. Nunca defendia nenhum bandido, ou pessoa que achava que escondia algo. Era conhecido também, por ser o advogado de várias ONG dirigida por Gays, transexuais, lesbianas. Eles o adoravam, pois não tinha nenhum prejuízo.
Como explicar que tinha sido criado no meio de putas, que para ele, todos eram uma única coisa, pessoas.
Já o Dan, seu escritório, representava os ricos da cidade, bem como corruptos. Dizia que odiava ir a juízo contra ele, pois sempre perdia.
Era conhecido por estudar os casos como ninguém, devastava a vida da pessoa que ia representar, para que os fiscais, advogados contra, ou mesmo juízes, não tivessem aonde se pegar.
Quando depois de um choque com um fiscal, que recebia suborno, foi reclamar com o juiz que conhecia, resultava que o fiscal era filho deste, não lhe fez caso.
Não teve conversa, foi ao departamento pessoal, pediu demissão, ao mesmo tempo, contou o caso para uma jornalista que conhecia. Resultado, ficou marcado por isso.
Ao lado de sua casa, tinha um velho escritório de contabilidade que se fechava, o alugou como estava, com os moveis, tudo que se podia aproveitar para economizar.
Colocou um anuncio num jornal, diferente, riram dele, procurava uma secretária, não importava a cor, o credo, nada da pessoa.
Mas foi como se nada, apareceram mulheres que sabiam que queriam se casar, ter filhos, nenhuma era como ele queria. Ia sempre almoçar num mesmo restaurante, quem lhe servia era uma negra de quase dois metros de altura, magra, com uma cara muito séria, nesse dia o chefe lhe dava uma bronca imensa, pois tinha chegado atrasada. Ela lhe explicou que tinha feito o último exame de um curso de secretária.
O homem olhou para ela de cima a baixo, riu, dizendo tu secretária, bah. Depois de acabar o turno, passe pela gerência, estás despedida.
O atendeu como sempre, educadamente.
Ele lhe perguntou seu nome, nunca tinha feito isso.
Sarah, senhor, alguma reclamação?
Não pude deixar de escutar o que dizia o seu chefe, você lhe disse que tinha feito a última prova para secretária, verdade?
Sim, senhor.
Estou procurando uma, o bom que estas começando, assim podemos encaixar na minha maneira de trabalhar, quanto ganhas aqui.
Ele sabia quanto pediam as secretárias, o que ela ganhava era metade do que pediam.
Lhe deu seu novo cartão, disse que ela era a primeira pessoa em ter um. Depois de terminar o teu trabalho, passe por meu escritório, está logo a volta da esquina.
Foi a melhor coisa que tinha feito na vida. Sarah era um cavalo de batalha, tinha vindo fim do mundo como ela dizia, arrastando seu irmão menor. Viviam de favor na casa de uma tia.
Logo conseguiu um apartamento para os dois, o irmão acabou se transformando num experto em informática, através dele conseguia mil informações.
Os dois acabaram sendo suas melhores aquisições. Ela de uma certa maneira, selecionava os clientes, quando aparecia algum traficante, ou pessoa que ao tirar a informação, não era flor que se cheirasse, ela cortava logo pelo início, dizia que infelizmente no momento ele não estava podendo pegar mais nenhum cliente, que estava abarrotado de trabalho, que não gostava de atender mal.
O fazia com a cara mais seria do mundo, assim os clientes acreditavam. Ele insistiu, ela fez a universidade, agora era advogada também. Seu braço direito em tudo.
Iam os dois ou os três ao restaurante aonde ela tinha trabalhado antes, inclusive ajudou o dono do mesmo num caso complicado, justamente contra o homem que a tinha despedido.
Tinham sempre a melhor mesa, justo ao lado da saída da cozinha, assim podiam vigiar o restaurante inteiro.
Sabia que tinha deixado o escritório em boas mãos, tinha ido com ele até Los Angeles, aonde iam sempre que algum cliente de lá tivesse algum problema.
Ela era agora uma experta em analisar contrato de atores, com suas famosas letras pequenas, conversava com o mesmo, orientando com devia proceder.
No caso que foram atender era sobre isso, o ator tinha assinado um contrato, seu agente outro, queria fazer valer a do agente.
Foi pão comido como ele diria, mais fácil impossível, tinham provas da má fé do agente, que sempre fazia isso com seus representados.
O ator ainda comentou num intervalo, que o via um pouco triste.
Nada que o dia a dia, nos faça esquecer, este conhecia o Dan, lhe comentou num momento a sos, o que tinha acontecido.
Isso sempre acontece, comigo já aconteceu, sabia que ele tinha tido um longo relacionamento que tinha acabado mal. Foi como o teu, queria viver, estava farto de fazer segundo papeis, que eu nunca lhe incentivava ou lhe ajudava a conseguir um bom papel.
Não tive dó, nem piedade, pois era um canastrão, lhe disse isso em plena cara. Que eu mesmo sendo conhecido, ia aos castings, com humildade, procurando saber o texto na ponta da língua, me preocupando como era o personagem. Não se preocupe, sempre terás uma via de escape.
Dali foi com seu 4X4, que basicamente estava novo, pois pouco o usava, tomou caminho de Las Vegas.
De novo em sua cabeça surgiu a história do Dan, tinham se conhecido justamente ali no prostibulo de sua mãe. Ele quando vinha de férias, pois estudava interno, ficava na parte alta da imensa casa, de sua janela podia ver os que chegavam.
Dan tinha chegado com um grupo de jovens de sua idade, a ideia era que perdessem a virgindade. Vinham de San Francisco, quando souberam desse prostibulo. Sua mãe, sempre tinha as mãos os trabalhadores de hotéis e casino, para indicarem o caminho, os famosos subornos que davam lucro.
Tinha achado Dan interessante, ao mesmo tempo viu que estava nervoso. Esse deve ser um dos virgens pensou.
Ficou ali, sentado com a luz apagada, para ficar olhando pela janela, o tempo que estava ali, lhe parecia ser um prisioneiro. Viu quando Dan, saiu, correu a esquina da casa para vomitar.
De aonde estava, no sótão da casa, tinha uma escada, que subia por detrás, saiu por ali, socorreu o mesmo. O levou para trás da casa, o fez sentar-se, subiu buscando uma garrafa d’água. Quando este ficou calmo, disse, cai numa cilada, agora saberão que sou gay.
Eles pagaram para dormir aqui, não tenho como ir embora.
Deixa comigo, chamou o Cesar, lhe explicou a situação, pediu as chaves de seu carro, ele o tinha ensinado a dirigir, era um velho jeep do exército, ainda lhe disse que iria depois dormir no deserto, subiu, pegou seu saco de dormir, manta.
Perguntou ao Cesar quem tinha sido a garota que tinham colocado o Dan, que ela falasse bem no dia seguinte dele, na frente dos amigos.
Arrastou Dan com ele. No jeep, lhe perguntou que história era essa de dormir no deserto.
Faço isso desde garoto, quando estou de saco cheio, vou dormir no meio do caminho, num lugar que é deserto, ali faço uma fogueira, me meto no meu saco de dormir, fico olhando as estrelas, pensando na vida.
Posso ir contigo?
Dormiram juntos, foi a primeira vez para os dois, romântica, com cuidados, muitos beijos, de manhã o levou até o hotel que estava, depois voltou para casa.
Cruzou na estrada com os amigos dele que voltavam.
Sabia que ele estudava direito, tinha conversado sobre isso, era o que ele ia estudar no ano seguinte.
Dan estudava em Los Angeles, ele o faria em San Francisco, levariam mais de dez anos para se reencontrarem, além de que ao principio não aconteceu nada, pois Dan estava num relacionamento de anos.
Quando chegou o momento de ir para San Francisco, teve a famosa conversa com sua mãe, ela foi claro com ele, se queres seguir essa carreira, deves esquecer de tudo que tens aqui, eu depositarei dinheiro todos os meses para ti, mas esqueça de tudo daqui.
Ele tentou argumentar com ela, que a amava, que não tinha nenhum prejuízo a respeito do que fazia, ela sabia desde garoto.
Quando Cesar o ensinou a se defender, o primeiro que o chamou de filho da puta, ele disse que sim, que era, mas a vida era dele, deu um soco no nariz do garoto, que nunca mais se aproximou dele.
Sua mãe o deixava livre o dia inteiro, desde garoto, estava acostumado a escutar as conversas das meninas que trabalhavam lá. Algumas se casavam com algum cliente de longe dali, só uma voltou para contar, que o sujeito tinha pensado que teria um empregada de cama e mesa.
O filho da puta tinha dinheiro, mas era um mão fechada, a tinha como prisioneira de sua casa, esta chamou minha mãe, lá foi o Cesar busca-la. Como era muito bonita, todos queriam depois se casar com ela. Dizia, essa experiência já tive, não caio de novo nessa esparrela.
Ficou rindo, pois esta gostava imenso dele, quando ia a cidade, sempre lhe trazia um livro de presente, leia depois me passas, aproveitamos para trocar ideias.
Era a única com uma certa cultura lá. As outras ali sem querer encontravam um lugar seguro, pois tinham o Cesar para as defender. O tinha visto brigando com cinco homens ao mesmo tempo, depois quando já grande descia correndo para o ajudar.
Sua mãe dizia que estavam criando um galo de terreiro.
O primeiro que quis fazer sexo com ele, era o médico que vinha todas as semanas examinar e fazer exames nas garotas, isso era as segunda-feira, o dia que não trabalhavam, ele estava de férias da escola interna, sentado com sempre na janela, o médico desceu do carro, ficou olhando para ele. Antes de ir embora, fez um sinal para ele se encontrarem, depois da curva.
Curioso foi, o mesmo em seguida lhe meteu a mão, quase o viola, se não fosse o Cesar, que deu uma surra no mesmo, nunca mais apareceu, na semana seguinte, vinha uma médica.
Por isso, com o Dan tinha sido diferente.
Estava justamente nesse momento fazendo a curva para chegar a casa, parou o carro, ficou olhando, a mesma estava se vindo abaixo.
Lhe deu vontade de chorar, toda sua infância e juventude ali, passou pelos seus olhos como se fosse um trailer de cinema.
Sempre tinha sonhado em voltar, ver sua mãe, se falavam todos os meses por telefone, mas cada vez que ele dizia que queria ir, ela dizia que de maneira nenhuma.
Ele inclusive usava outro sobrenome, segundo ela, o de sua avó, assim não o ligavam a sua mãe.
Ele aceitou a contra gosto, mas quem na verdade argumentou com ele, foi o Cesar, dizendo que ela fazia isso para o proteger.
A cinco anos atrás, Cesar o avisou que eles estavam os três numa residência de maiores de idade, disse que ia até lá, este lhe disse que não, que ela o mataria se pudesse, se ele consentisse nisso. Tem uma doença degenerativa, diz que prefere que tenhas em tua cabeça, como ela era.
Ele que era um homem decidido, não sabia bem por que acabava aceitando os argumentos, não tinha vergonha de sua mãe, ao contrário, sempre a tinha amado.
Na universidade, para ele foi fácil, aprendia rápido, como lhe sobrava tempo livre, trabalhava num restaurante perto, não tinha vergonha disso, queria aprender a ganhar e administrar o dinheiro que ele ganhava. A partir desse momento, o dinheiro que ela mandava, foi ficando no Banco, só o usou quando comprou o local do escritório, bem como o apartamento que tinha em cima.
Sarah, bem como seu irmão riam dele, pois tinham seu apartamento, muito melhor decorado que o seu. Dan era outro que o criticava, aliás nunca deixou por isso de viver na casa dos pais.
Só nos últimos cinco anos, vivia literalmente com ele. Tudo era muito simples, paredes brancas, nada de quadros, coisas que lhe distraíssem, ali tinha sim uma biblioteca, pois essa era sua maneira de relaxar, nada de televisão, tinham uma no escritório, quando precisavam de alguma informação. Ele dizia que quando estava em casa, queria relaxar.
Por isso, no verão alugava uma casa numa pequena praia em direção a Los Angeles, aonde de noite ele podia olhar as estrelas. As vezes alugava um barco de algum pescador, para ficar deitado olhando cada uma, descobrindo qual era.
Dan achava isso uma coisa idiota, deixar de dormir na cama, para fazer isso.
Um dia lhe soltou, mas bem que gostaste de nossa primeira vez, quando fizemos isso no deserto. Nunca lhe respondeu, a não ser no dia que foi embora.
Sempre me falas da nossa primeira noite no deserto. Foi uma coisa infantil, dois rapazes, procurando saber como fazer sexo entre eles, hoje em dia a garotada toda iriam rir-se de nós dois.
Para ele tinha sido uma experiência mágica, que nunca tinha se esquecido, foi quando entendeu que no fundo tudo tinha sido uma balela, pior foi descobrir que quando ele dizia que ia para a casa dos pais, ira se encontrar com alguma pessoa, ou ia a sauna.
Isso tinha sido um golpe baixo, como um soco no estomago, tinha estado todos esses anos com uma pessoa que no fundo não conhecia.
Tinha tido poucas pessoas em sua vida, a história de romances de uma noite, as comparava como estar de putas, não era o que ele queria, nem tinha sonhado. As escutava cada dia, falarem nisso, que sonhavam com uma família, com uma casa, com jardim, cachorro, etc.
No fundo era o que ele aprendeu a sonhar, claro em San Francisco isso era quase uma utopia.
Ele quando saia, com Dan, iam a algum bar ou restaurantes com conhecidos, reclamavam dizendo que ele chamava mais atenção que os que estavam na mesa. Era um tipo másculo, todos os dias de manhã, saia para correr num parque perto de casa. Dan dizia que não ia, pois só olhavam para ele. No dia que foi embora, disse que ele era cego, que os outros homens o devoravam.
Vê, foi tudo que pode responder, fui um idiota, pois só tinha meus olhos para ti. Aprendi a lição, mas mesmo nos dias seguintes que ele tinha ido embora, foi incapaz de prestar atenção nas outras pessoas.
Um dos melhores amigos do Dan, foi franco, apesar de meu amigo, Dan sempre foi um bom filho da puta, dizia que igual a ti na cama, nunca haveria outro igual, mas ele queria diversidade, por isso ia a saunas. Me negava a ir com ele, ameaçava te contar, me cobrava que eu era seu amigo, que tinha que guardar segredo, por isso fui me afastando da convivência com vocês.
Este tinha um relacionamento de muitos anos, com um homem mais velho do que ele, dizia que o mesmo ia acontecer com ele, pois este começava a insinuar porque não experimentavam um sexo com outras pessoas mais jovens. Esta naquela idade, que se arrepende de não ser livre, inclusive tinham se casado. Agora se divorciarem seria problemático, pois tinham tudo em nome dos dois.
Voltou a realidade, desceu do carro, deu uma volta por ali, viu um coyote, escapando das ruinas da casa, lhe gritou, pode ficar, mas cuidado isso vai cair.
Foi embora com um sabor amargo na boca, com se tivesse sido derrotado pela realidade.
Tomou direção a Las Vegas, falou com o advogado, este tinha feito reserva para ele, num dos melhores hotéis da cidade, com muito luxo. O atenderia na parte da tarde.
Tomou um bom banho de piscina, o sol estava estupendo, viu que jovens bonitas o olhavam, tinha o corpo enxuto, nada exagerado, o mesmo sentiu, que alguns homens o olhavam.
Sem querer fez um gesto com os braços, como dizendo me deixem em paz. Subiu, tomou um bom banho, com tudo que tinha de luxo ali, se vestiu, desceu, perguntou se ainda existiam um restaurante mexicano que ia muito quando vinha com o Cesar.
Não, esse já se fechou a séculos disso o rapaz da recepção, o mais parecido a este, está na entrada de cidade, mas aviso a comida não é tão boa, como ao que o senhor pergunta.
Não disse nada, comeu ali mesmo no restaurante, como sempre, procurou se sentar ao fundo aonde pudesse observar as pessoas, tinha aprendido isso com um amigo investigador da polícia, na época que se conheceram Jerry se divorciava, ele foi seu advogado, tinha segundo ele feito uma coisa errada, se casar. Nunca a amei, apenas era minha maneira de esconder que era gay. Tentaram se relacionar, ele não tinha reencontrado o Dan ainda, mas não tinha dado certo. Jerry apesar de ser um bom policial, era uma pessoa cheia de medos.
Se tinham reencontrado anos depois, quando ele veio trabalhar numa delegacia de Castro, já assumidamente gay, vivia com um advogado. Tinha adotado duas crianças, sonho dos dois, se divertiu muito quando o convidaram para irem a sua casa. Dan que odiava crianças, passou a volta toda reclamando, dois gays com crianças, quando deviam estar fudendo como loucos.
Realmente Jerry e o marido, eram duas estampas, quem os visse diria, dois machos alfa.
Ele ao contrário tinha ficado com inveja. Quando voltasse, o chamaria, queria reatar a amizade, pois foi se afastando, porque o Dan sempre reclamava que não queria ir a casa deles.
Se lembrou de um detalhe, que tinha o Dan ficar depois histérico, foi o Jerry brincando com o garoto, dizendo que ele cagava fedido, o menino dizia que não, o pai, dizia que tinha trocado uma quantidade de fraldas fedidas, que eram pior que a bomba atômica.
Ele tinha se matado de rir disso, já o Dan, tinha fechado a cara, mal falou com ele dois dias.
Como pude estar tão equivocado todo esse tempo.
Olhou o relógio, estava na hora que tinha marcado com o advogado, lhe deram a indicação não era muito longe, lhe indicaram um edifício, moderno desses todos de vidro.
Achou estranho, isso não era o perfil de sua mãe, depois entenderia.
O advogado estava vestido com um traje que devia ter custado muito dinheiro, sapatos de marca, ou seja tudo nele era de marca.
Quando se sentou, o outro lhe pediu desculpas, foi um grave erro nosso, quem nos alertou foi o senhor Cesar, pois não tínhamos lhe chamado.
O escritório era de meu pai, quase na entrada da cidade, quando herdei o mesmo, nos mudamos para cá, por causa de outro tipo de cliente, ia começar a ler o testamento de sua mãe, mas isso não lhe importava tanto.
Cesar ainda é vivo?
Sim, vive na mesma residência que vivia tua mãe, está beirando os noventa, mas completamente lucido.
Me dê por favor o endereço.
O homem lhe entregou, dois grossos envelopes, isso tudo são propriedades que pertenciam a sua mãe, temos que ir ao banco, porque tem muito dinheiro lá, está parado desde que morreu a cinco anos.
Agora ele entendia o que tinha acontecido.
Tem também uma caixa forte nesse mesmo banco, não sei o que contém.
Foram até lá. Levou um susto, não ia precisar trabalhar mais nem um dia de sua vida.
Na tal caixa forte, não era muito grande, tinham joias, bem como dois diários, com um bilhete em cima, coisas da minha juventude que deverias saber.
Além de uma certidão de nascimento, com o nome de seu pai, na hora levou um susto, pois a que usava, só aparecia ela. Já tinha escutado falar nesse homem, agora no momento não conseguia encaixar na sua cabeça.
O Banco era o mesmo que ele tinha conta em San Francisco, mandou transferir todo o dinheiro para lá, antes de ir embora, retiraria as joias, bem como os diários.
Foi para o hotel, pediu o código da caixa de segurança de seu quarto, guardou os documentos lá. Pediu como podia chegar a esta residência de pessoas maiores, o homem lhe disse que estava do outro lado da cidade, já na saída para deus sabe donde.
Pegou seu carro, chegou quase no final do dia, pediu para ver o Cesar.
Este estava em boa forma, lhe perguntou por que seguia vivendo ali, isso depois de um abraço apertado no seu melhor amigo de infância e juventude.
Depois os dois se sentaram, enxugando as lagrimas.
Eu fiquei cuidando das duas, tua mãe era o mais complicado, para uma pessoa enérgica como ela, essa doença foi uma estocada em seu coração. Depois a Margot, teve um ictus, justo quando morreu tua mãe, aí fiquei cuidando dela. Agora, me distraio jogando cartas, limpando o dinheiro dos velhos.
Porque não vens comigo para San Francisco, podes viver comigo.
Nem pensar, tens tua vida.
Eu ia era adorar, ter alguém da minha família comigo.
O convenceu de ir com ele para o hotel, assim, iriam jantar, colocar o papo em dia, bem como poderiam ir ao casino depois. Isso animou o Cesar.
No hotel, se espantaram de o ver entrando com ele, pediu um quarto ao lado do seu, disse que esse senhor era seu pai.
No jantar, falou com o Cesar se ele sabia da tal certidão de nascimento?
Sim, eu sempre soube quem era teu pai, mas ela não queria de maneira nenhuma que soubesses, pois é grande filho da puta. Vendeu praticamente as terras todas da família, dirigi o casino que tem na reserva, não é flor que se cheire.
Depois foram ao cassino, deu dinheiro para o Cesar comprar fichas, jogaram na roleta, ele ganhou duas vezes, isso lhe bastou, na verdade não gostava disso. Cesar ao contrário se divertia.
Depois subiram o levou para seu quarto, abriu o cofre, tirou os envelopes.
Isso tudo são propriedades que ela tinha, além de todo terreno aonde estava a casa, outros que foi comprando de clientes que se arruinavam. Aqui mesmo na cidade, tem uma casa belíssima numa urbanização, que está alugada, o dinheiro vai diretamente para a conta do banco.
Além de dois apartamentos, desses de luxo, tudo alugado.
Cesar, não penso em viver aqui, me acostumei a San Francisco, prefiro vender tudo, comprar uma casa na praia, daqui algum tempo penso em me retirar, deixar o meu escritório para minha ajudante, mostrou uma foto dos três, no final do ano, esse é irmão dela, um gênio na informática, os dois trabalham comigo desde que tenho o escritório. Contou para ele como a tinha contratado, nunca me arrependi, foi uma das grandes coisas que fiz na vida.
E teu companheiro?
Como sabes disso?
Sempre soubemos tudo de tua vida, cada passo dela, sempre tínhamos alguém te vigiando, tua mãe tinha medo de que teu pai, se aproximasse de ti, para alguma coisa errada.
Não tinha segredos para o Cesar, lhe contou tudo.
O da noite do deserto ele sabia, pois a cara que voltaste te delatava.
Pois é levei anos para reencontra-lo, acabo de descobrir, que todos os anos que estivemos juntos foi uma coisa falsa.
Talvez por ser o Cesar, contou sem mediar palavras tudo.
Tens que refazer tua vida, mas sinto muito em não te acompanhar, quero ser claro contigo, tenho um problema de coração, aonde vivo tenho sempre cuidados, gosto de estar ali, fiz amigos que nunca pude ter por meu tipo de vida.
Ele entendia, não podia recuperar um tempo de sua vida, esse já tinha passado, quando o levou no dia seguinte, falou com a senhora que cuidava do lugar, que qualquer coisa que ele precisasse ele queria ajudar, lhe deixou um cartão de visita.
Sem saber muito por que, contratou outro advogado, este tirou uma cópia dos documentos, teria que atualizar para que os alugueis fossem para sua conta, ao mesmo tempo, colocou tudo a venda.
Os apartamentos, os próprios inquilinos o compraram, bem como a casa, o mais difícil foram as terras, mas com o tempo isso seria vendido.
Fez uma coisa que sabia que Cesar não aprovaria, passou pela reserva, foi ao casino, queria ver quem era seu pai. Embora o fizesse de longe sem se aproximar, viu como ele tratava as pessoas que trabalhavam para ele, minha mãe tinha razão em me manter afastado.
Foi embora em seguida, deu na saída para um homem, as fichas que tinha comprado ao entrar.
Quando chegou a sua casa em San Francisco, viu que no telefone tinha várias chamadas, escutou o recado, eram do Jerry que estava com problemas.
Correu para o hospital que ele mencionava, seu marido estava com problemas, tinha levado um tiro, na saída do fórum, pois um traficante queria se vingar, ele tinha sido seu advogado, mas não o tinha livrado da prisão.
Estava entre a vida e morte, em coma, Jerry lhe pediu que cuidasse das crianças, elas confiam em ti.
Foi com ele, estavam com a baba, ele ficou lá com elas, sempre tinha querido ter filhos, não se importava, avisou Sarah, que ainda estaria uns dias de férias, se havia qualquer coisa importante, ela passou de noite, o ajudou com as crianças, depois ficaram conversando sobre os clientes.
Contou a ela, como tinha sido seu reencontro com o passado, ela sabia da mãe dele, não gostei como o advogado levou as coisas, mas não importa, agora darei um novo rumo a minha vida.
Até o companheiro do Jerry falecer, ele ficou ali, depois o ajudou com o enterro.
Jerry estava arrasado, sempre tinha pensado que seria mais fácil, que o matassem a ele, não ao marido. Arrumou para cuidar das crianças, uma amiga da Sarah, essa tomaria conta das crianças enquanto ele trabalhasse.
Ele voltou ao seu dia a dia, estava almoçando com um cliente, uns meses depois quando recebeu uma chamada de celular do Dan, queria falar com ele, estava na cidade.
No momento estou almoçando com um cliente, depois te chamo.
Nesse momento, entendeu que o que tinha sentido ao dizer isso, se fosse antigamente, sairia do restaurante para saber do que se tratava. Já era como uma coisa sem sentido para ele.
O tornou a chamar dias depois, então lhe disse que passasse por sua casa.
O atendeu, no momento se deu conta disso, como se fosse um cliente, em que ele prestava atenção para saber se não tinha nada por detrás do que dizia.
Reconhecia que tinha errado, o trabalho de NYC não tinha dado certo, porque lá era mais duro que em San Francisco. Tampouco me dei bem na via noturna de lá, os poucos que eu conheço tem sua vida, nem pareciam me conhecer.
Bom a que vem tudo isso?
Queria saber se podemos reatar nosso relacionamento?
Ficou olhando para ele, como pensando, esse idiota está querendo o que.
Sinto muito, nesse meio tempo muita água passou embaixo da ponte, era como se visse uma pessoa diferente, sempre tinha visto o Dan como o rapaz que ele tinha ajudado, o medroso, agora via um homem sem saber o que fazer da sua vida, que tinha dado um passo em falso, agora queria remendar. Ele jamais tornaria a confiar nele.
Sinto muito Dan, mas minha vida agora é outra, muita coisa aconteceu nesse tempo, me reencontrei com meu passado, não quero reincidir no mesmo erro, sinto muito.
Meus pais ficaram furiosos quando abandonei o emprego daqui, afinal era de conhecidos seus o escritório, ficaram chateados comigo.
Tente reconhecer teu erro com eles, quiça te perdoem.
Tentou se aproximar dele, mas sentia uma repulsa imensa por ele, nem te atrevas a tentar algo comigo.
Depois o passou a ver em alguns lugares, com amigos de sempre, os mesmos que eram superficiais como ele, mas isso não lhe afetava.
Quando chegou o verão alugou uma casa na praia que ia sempre, convidou o Jerry para ir com os garotos, foi para ele uma experiencia única, se divertiram muito, ensinou os meninos a nadar, faziam passeios de barco, de noite se sentava com eles, falando das estrelas.
Jerry agradeceu muito, eles sentem a falta do pai, ele tinha ajudado o Jerry a obter a custodia das crianças, pois quem tinha em adoção era seu companheiro.
Uma noite depois de colocarem as crianças na cama, este lhe contou como os tinha adotado, os pais tinham morrido, nas drogas, se fosse adotados seriam separados.
Conheço muito a senhora que cuida disso, ela nos facilitou tudo.
Lhe deu um contato, ele quando voltou a San Francisco a chamou, Jerry tinha voltado antes, pois os meninos tinham escola, o vazio que sentiu sem os garotos foi imenso.
A casa passou a incomodar, pois sentia falta das risadas das mesmas, nem quando Dan tinha ido embora ele tinha sentido esse vazio.
Agora entendia que no fundo sabia que alguma coisa não ia bem.
Tinha marcado um almoço com ela, depois foram caminhando ao seu escritório, quando apresentou a Sarah, bem como o irmão.
Sarah a conhecia, tinha atendido um caso que envolvia essa senhora.
Então foi o senhor que a ajudou a ir em frente?
Ele na hora não entendeu.
Sarah me contou um dia, que o senhor a contratou primeiro como secretária, depois insistiu que ela estudasse Direito, ajudou seu irmão a estudar informática.
Ora, ela faria a mesma coisa por mim, foi sua resposta.
Ele contou para a mulher sobre sua vida, se vais buscar algo no meu passado, quero que saiba tudo que primeira mão.
Sabia que seu pai, dirigia um casino, na reserva dos índios.
Quando falou isso, ela parou o que ia dizer.
Espere, passou a mão no celular, a pouco tempo, conheci numa convenção, uma senhora que ocupa o mesmo posto em que trabalho, me falou de duas crianças, ainda pequenas, desta reserva, que a mãe tinha morrido, que nenhum parente quiseram a mesmas.
Tem a diferença de um ano, agora estão um com três anos, a menina com dois.
Se quiseres vamos até Los Angeles, aonde estão.
Ele conhecia um juiz de lá, fizeram uma viagem, a mulher contando sua vida, ela também tinha sido órfã, criada num orfanato. Quando chegam duas crianças assim juntas, para conseguir uma adoção é difícil que estejam juntas, ainda mais se trata de filhos de índios, ninguém quer.
As crianças, quando o viram, foi como se encontrassem um igual a eles, tinham apesar da idade, ideia de que eram diferentes dos demais ali, a maioria eram negros, ou descendentes de mexicanos.
Se apaixonou no mesmo momento que as viu, as duas assistentes sociais, o ajudaram na adoção, ele provou que podia sustenta-las lhes dar uma vida melhor.
Quando tudo foi aprovado as fui buscar, mandou pelo celular uma foto das duas para o Cesar, perguntando se o queria ajudar a cuidar dessas crianças.
Ele lhe chamou, rindo, chantagista, não tens vergonha de perturbar a vida tranquila de um velho, sinto não poder, se parecem contigo, venha me visitar com elas.
Seu apartamento tinha dois quartos, preparou com a Sarah um quarto para eles, mais tarde se mudaria para outro maior, estava procurando por ali.
Agora trabalhava os processos mais em casa, afinal era perto, apesar que as crianças tinham uma senhora cuidando deles, queria estar presente. De noite quem cuidava deles, era ele.
Jerry veio visita-lo, lhe contou o que tinha acontecido quando ele tinha ido embora.
Que sem vergonha, ia dizer que sentia minha falta, mas não, sim dos meus filhos.
Na verdade senti falta das nossas conversas noturnas, fazia tempo que não tinha esses momentos de paz, conversando com alguém.
Jerry lhe contou que um companheiro tinha se insinuado para ele, mas quando falou nos filhos o outro se mandou como uma lebre assustada, ficaram rindo os dois, os seus que eram mais velhos quiseram saber o que era uma lebre assustada.
Ele imitava, até os pequenos riram, tinha resolvido através de um processo, pois eles estavam acostumados a serem chamados por outro nome, pois os que levavam eram complicados.
Ele passou a se chamar Cesar, a menina como sua mãe, Doris, foram as duas pessoas que mais amou na vida.
A estas alturas da vida, estava com 48 anos, apesar de jovem, queria uma vida tranquila, quando finalmente se venderam as terras, ele foi com eles, para assinar os documentos todos, passaram aonde vivia o Cesar, ele ficou louco com as crianças, nesse dia, foram a alegria daquelas pessoas de idade.
Cesar dizia a todos que eram seus netos.
Contou a ele, o que pensava fazer, ir viver numa cidade menor, em que ele pudesse criar os meninos.
Levou tempo nisso, iam pelas cidades da costa olhando, para ver se gostava do lugar, acabou parando em Cayucos, se encantou com uma casa, no alto, em que se podia admirar o mar bem como a enseada da cidade. A alugou com direito a compra, iam primeiro passar dois ou quatro dias, levava trabalho para lá, aos poucos ia passando o escritório para a Sarah, que contratou uma mulher para levar a parte de secretária.
O que seria quase seu último caso, lhe fez entrar outra pessoa em sua vida. Era de uma mulher transexual, tinha se transformado em homem. Como nesse dia Cesar tinha levantado com dor de ouvido, tinha ido com ele ao médico, chegou ao escritório com os dois, atendeu o rapaz, com cada um sentado numa perna, a primeira coisa, se encantou com aquele homem, alto, loiro, se parecia com sua mãe, se fosse de outra maneira, poderiam ser irmãos, tinham a mesma idade.
Lhe contou sua história, o duro era que trabalhava numa empresa, que não aceitou sua mudança de sexo, quando voltou o colocaram diretamente na rua, sem direito a nada.
Nessas alturas, quando acabou de contar sua história, Doris, estava sentada no colo dele.
Ao mesmo tempo, estava em processo para trocar seu nome, não posso simplesmente me chamar Mario, pois esse tempo todo fui Marie, preciso de ajuda nesse campo também, isso Sarah pode levar para ti.
Estudaram o caso, agora se viam sempre, as vezes o atendia em sua casa, o que não fazia com outros clientes. Morria de vontade de lhe beijar, mas com os seus botões, dizia como ia fazer isso, se ele tinha deixado de ser mulher, o logico era que fizesse sexo com outras.
Num final de semana, ele veio com Sarah, iam comemorar, que tinham ganho o processo, bem como o fato de ter trocado de nome.
Ele estava procurando ali, um escritório, pensava em abrir um pequeno, para atender a cidade, sem estar muito longe dos garotos.
Mario ria, demorei muito tempo para me decidir em transformar, porque queria ter filhos, sempre amei as crianças, era uma verdade, os meninos corriam para ele, quando o viam.
A casa tinha uma varanda no último andar, os meninos se sentavam com ele, para ficarem olhando o céu.
Mario adorou fazer isso, Doris adorava estar com ele, como se a entendesse, que fosse menina.
No final da noite foram colocar os dois na cama.
Quando viram estavam era os dois fazendo sexo, no final lhe disse que era o melhor que tinha feito a muito tempo.
Ficaram abraçados na cama conversando, Mario lhe contou que tinha conversado isso com seu psicólogo, como agora que era um homem, se interessava por outro.
Na verdade nunca me interessei em fazer sexo com outra mulher, nunca fui sequer uma lesbiana. Apenas me sentia no corpo errado.
Agora se viam sempre, até que o relacionamento ficou completo, quando resolveu deixar o escritório para a Sarah, o convidou para vir trabalhar e viver com ele.
Mario aceitou, nesse meio tempo, lhe chamaram dizendo que Cesar estava mal, foi com os garotos, com Mario, foi contando sua vida para ele, agora tinha suficiente confiança, lhe contou tudo, inclusive que sentia o Cesar como seu pai.
Uma lastima que não quis viver comigo, com seus netos, como ele diz.
Ficou feliz de ver os meninos, ao ser apresentado ao Mario, lhe disse muito sério, cuide do meu menino, ele merece ser feliz.
Depois do seu enterro, foi difícil explicar isso aos meninos, eles queriam seu avô, para eles, não importava que fosse negro.
Conseguiram uma senhora para cuidar dos garotos e da casa, enquanto os dois trabalhavam, algumas vezes ele nem cobrava do cliente, se não tinha dinheiro para pagar.
Com o tempo tinham se casado, nas férias vinha o Jerry com as crianças, se davam bem, iam a praia, se sentia feliz.
O tempo passou, na escola ao primeiro sinal de bullying, ensinou os meninos a se defenderem, a contarem o que realmente tinha passado.
Um dia Cesar disse que mexiam com ele, porque tinha dois pais.
Ele lhe explicou, que eram dois pais, que o amavam muito, bem como se amavam, se fazem isso, porque são idiotas.
Descobriu depois que eram as crianças, filhos de um homem que ele tinha ajudado, a mulher era dessas mulheres que vivem na igreja, deixando os filhos para trás.
Foi falar com ele, encontrou o mesmo cuidando dos filhos como podia, pois saia num barco de madrugada, para pescar, ela esta sempre nessa maldita igreja.
Foi falar com o sacerdote, que ele viu imediatamente que era um gay desses dentro do armário.
Esse cobrou porque não vinha a igreja com seus filhos.
Primeiro porque não sou católico, depois não acredito num padre como o senhor, falou da senhora.
Ele disse que essa passava pouco tempo na verdade ali, foram descobrir que a mesma tinha um amante. Foi um passo para o divórcio, ela usava a igreja como uma maneira de tapar o que fazia.
Ele ajudou o homem a ir em frente.
Os pequenos problemas, eles passavam juntos, conversavam a respeito, mas uma coisa era importante, o amor que tinham entre eles e as crianças.
Como o tempo voa, se viram na festa de graduação do Cesar, um menino super inteligente, teria que ir à universidade o ano seguinte, iria usar seu apartamento de San Francisco.
Dizia rindo que era uma arapuca do pai, para o ter controlado, afinal tia Sarah, trabalhava no escritório embaixo.
No ano seguinte seria a vez da Doris ir. Eles vão voar, dizia o Mario, vamos ficar os dois velhos sozinhos, o Jerry reclamava do mesmo, os meninos tinham voado, um estudava em NYC, o outro no MIT, tudo com bolsa de estudos.
Cesar resolveu estudar medicina, coisa que sempre tinha lhe atraído. Já Doris queria ser simplesmente professora.
Acabou que Cesar mudou de ideia no meio do caminho, de repente descobriu a pintura, voltou para casa, montou um studio, começou a pintar, dizia que não gostava de ver sangue.
Doris que ia ser uma simples professora, acabou sendo uma professora universitária, especializada em literatura, dizia que a culpa era do pai, com tantos livros dentro de casa.
Ela se casou primeiro, Cesar depois de várias exposições, foi para Paris, voltou anos depois consagrado, casado com uma francesa loira.
A casa agora, que eram avôs, estava sempre cheia de crianças, que se jogavam no colo deles, para verem a lua, as estrelas.
0 notes