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multiplasidentidades · 3 years ago

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Em defesa da orientação poli.

Todas as discussões em redes centralizadas sobre a orientação poli ou qualquer outra orientação multi que não é muito conhecida sempre envolve reducionismo de gênero, ou uma batalha inexistente com outras orientações, ou a necessidade de aceitação de organizações, academias etc. que oficialize a autenticidade.

Os argumentos usados contra a orientação poli, por exemplo, se resumem a ideia de leitura social e fetichização, na maior parte das vezes. Essas pessoas insinuam que identidades não-binárias não são reais o suficiente para serem alvos de atração, reduzindo as experiências dessas pessoas a sua própria "leitura" social de gênero, assimilando todes ao binário de gênero usando arquétipos de homem e mulher, e que é nisso que se resume a atração de todo mundo.

Por mais problemático que isso possa parecer, pessoas assim simplesmente não sentem atração por não-bináries. Não conseguir se atrair pela não-binariedade continua sendo uma falta de atração. E tudo bem! Nenhuma atração é errada ou certa, todas são apenas o que são, parte da subjetividade e liberdade de cada ume.

Mas ainda é questionável isso de apenas "ler" as pessoas dessa forma, reduzindo suas identidades e desconsiderando sua subjetividade. Entretanto, isso prova que o que atrai essas pessoas é um arquétipo de homem e mulher, ou ao menos expressões sociais masculinas e femininas. E o que não falta são rótulos pra expressar tudo isso de uma maneira válida, como é o caso das orientações gine e andro, por exemplo.

Tudo isso poderia ser facilmente resolvido se essas pessoas admitissem pra si que só sentem atração binária. Com isso não precisariam tentar redefinir a orientação bi de forma estrita e excludente, nem atacar outras orientações multi, e muito menos promover esse imenso desserviço a pessoas não-binárias e outres fora do binário tentando enfiar todo mundo numa binariedade colonial apenas pra suas próprias conveniências.

Nesse ínterim, lembremos que acusam a fetichização por parte de pessoas poli por pessoas trans e/ou não-binárias com os mesmo argumentos simplistas e ilógicos, o que desconsidera também atrações independentes de gênero, ausência de atração, e as dinâmicas de atrações em culturas não-ocidentais com, principalmente, o argumento de que sempre seremos lides apenas como homem e/ou mulher, e que é nisso que se resume a atração de todes, como dito anteriormente.

Com base nisso tudo, eu quero recomendar um dos textos de Oltiel, chamado Atração por pessoas não-binárias: perspectivas e possibilidades para além do binário:

"Atração por pessoas não-binárias existe? Ela é possível? As pessoas se atraem por uma identidade de gênero não-binária? As pessoas não se atraem apenas por “leituras sociais”? Toda orientação inclui pessoas não-binárias? Essa atração é totalmente diferente de atração por pessoas binárias? Todas essas questões e outros tópicos relacionados serão abordades aqui."

Oltiel é uma pessoa não-binária polissexual que defende sua orientação da melhor forma que pode, com seus textos argumentativos em suas redes sociais, principalmente em Colorid.es, uma instância do Mastodon. Abaixo estão linkados algumas de suas postagens que pude encontrar sobre sua orientação, e outras postagens relacionadas que podem ajudar.

Links: https://colorid.es/@vitorrubiao/105884881534378213 | Aviso de conteúdo: polimisia.

https://www.health.com/mind-body/health-diversity-inclusion/polysexual | Matéria em inglês sobre polissexualidade.

http://umegarotealternative.blogspot.com/2017/06/bi-poli-pan.html?m=1 | Bi - Poli - Pan.

https://amplifi.casa/~/Asterismos/sim-eu-sou-pli-agora/ | Sim, eu sou pli agora. Aviso de conteúdo: Apagamento/ódio exorsexista e contra identidades multi.

https://orientando.org/2020/05/as-diferencas-ou-nao-diferencas-entre-orientacoes-multi/ | As diferenças (ou não diferenças) entre orientações multi.

https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/poli | Poli.

https://ajudanhincq.wordpress.com/2021/12/08/quais-as-diferencas-entre-bi-e-pan-algum-dos-termos-e-problematico/ | Quais as diferenças entre bi e pan? Algum dos termos é problemático?

Além do que já foi recomendado por mim, há também o site Orientando, um espaço voltado para pessoas de orientações marginalizadas, pessoas intersexo e pessoas cisdissidentes de qualquer natureza, com uma postagem sobre a orientação poli e com uma série de postagens que vão direto ao ponto sobre opiniões preconceituosas ou errôneas de alguma outra forma, chamada mitos e verdades sobre pessoas não-binárias.

#poli #pli #polissexual #polirromântique #poliromantic #múltiplasidentidades #lgbt #multi #queer #oltiel #lgbtqiapn

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ciinformatica · 5 years ago

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Após quase quatro meses de atividades suspensas, os comércios não essenciais começam a reabrir, assim como os restaurantes voltam a poder atender clientes em seus salões, de acordo com as fases de flexibilização determinadas pelo Governo do Estado de São Paulo.

O longo período de quarentena exige cuidados específicos com os documentos fiscais eletrônicos emitidos pelos comércios varejistas, como o CF-e SAT e a NFC-e. Ambos têm controles dependentes da data de emissão da venda, e pendências no envio à SEFAZ para validação podem trazer problemas nessa reabertura.

Confira as orientações de reabertura para o SAT Fiscal no blog da Ci Informática, e como seu comércio deve proceder!

#satfiscal #reabertura #flexibilização #quarentena #pandemia #covid19

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arq-on · 4 years ago

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As Habitações por Outros Olhos

Já não é novidade que estamos vivenciando uma realidade completamente diferente da habitual. Com a chegada do novo Coronavírus, vocês devem ter notado a importância de ter uma casa com um bom projeto, considerando que, devido à pandemia, o Ministério da Saúde recomenda a adoção de home office (trabalho de casa) e que passemos a maior parte do tempo em nossos lares, em isolamento social.

Segundo o último relatório disponibilizado pelo Google (2021) quanto a mobilidade na terceira semana de março de 2021, a circulação de pessoas em áreas comerciais chega a -43% e, em locais de trabalho, a -15%, quando comparado com o início de 2020, portanto é perceptível uma redução na circulação e um consequente aumento do isolamento social. Altos índices de isolamento representam melhor controle da pandemia, porém traz consigo também preocupações acerca da saúde física e mental, bem estar e conforto dos indivíduos em isolamento.

A falta de contato com outros indivíduos e a reclusão a áreas pequenas, normalmente limitadas à residência, e sensação de desconforto e privação de liberdade durante o cotidiano estão relacionados a uma maior incidência de estresse e sintomas de depressão (Pereira, M. D., et al.), portanto é necessário que seja dada atenção a nosso ambiente de habitação, que se tornou extremamente essencial nos últimos meses.

Durante este período, as preocupações e buscas por projetos de escritórios em residências aumentaram, evidenciando algumas outras importâncias nas habitações não só brasileiras, mas também em várias construções ao redor do mundo. Segundo a arquiteta Daniela Larghi (2020), na empresa onde trabalha, oito a cada dez projetos solicitados são para home office. O fato nos levou à reflexão sobre o valor de um bom projeto arquitetônico e profissionais devidamente qualificados (arquitetos e urbanistas), pensando em questões como conforto acústico, iluminação, ventilação, disposição de cômodos, móveis, espaços, cores.

Em uma pesquisa feita no Brasil sobre as condições de habitabilidade da população (Bezerra, et al. 2020), a evidência é que 82% das pessoas consideram sua residência boa ou ótima em relação aos fatores: tamanho, abastecimento de água e ventilação, enquanto apenas 18% a consideram como regular, ruim ou péssima. Também responderam que 63% da população possui alguma área aberta (terraço, quintal, área verde), contra 37% que não possuem. Das respostas positivas, 68% acreditam que é um fator importante na convivência do período de isolamento social. Dentre os grupos de pessoas que estão em isolamento total e parcial, a imensa maioria acredita que o isolamento social somado ao fato de suas casas estarem em condições favoráveis contribui para a redução no número de vítimas da COVID-19, assim como garante bem estar e qualidade de vida. Portanto vemos como o conforto é essencial para uma vida boa e saudável, e como um bom planejamento residencial pode garantir benefícios até em situações extremas, tal qual uma pandemia.

Referências bibliográficas:

Bezerra, Anselmo César Vasconcelos et al. Fatores associados ao comportamento da população durante o isolamento social na pandemia de COVID-19. Ciênc. saúde coletiva vol.25, supl.1, Rio de Janeiro, Junho de 2020. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020256.1.10792020>. Acesso em 20 de março de 2021.

Com home office aprovado por empresas e funcionários, especialistas analisam e dão dicas para garantir conforto e bom trabalho. Prefeitura do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 15 de Junho de 2020. Disponível em: <https://capitalmundialdaarquitetura.rio/rio-capital-mundial-da-arquitetura/com-home-office-aprovado-por-empresas-e-funcionarios-especialistas-analisam-e-dao-dicas-para-garantir-conforto-e-bom-trabalho/> Acesso em 22 de março de 2021.

Saúde anuncia orientações para evitar a disseminação do coronavírus. Ministério da Saúde, Brasília, 21 de março de 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/saude-anuncia-orientacoes-para-evitar-a-disseminacao-do-coronavirus> Acesso em 22 de março de 2021.

COVID-19: Relatório de mobilidade da comunidade. Google, 19 de março de 2021. Disponível em: <https://www.gstatic.com/covid19/mobility/2021-03-19_BR_Mobility_Report_pt-BR.pdf>. Acesso em 22 de março de 2021.

PEREIRA, Mara Dantas; et al. A pandemia de COVID-19, o isolamento social, consequências na saúde mental e estratégias de enfrentamento: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, Vol.9, No.7. 5 de junho de 2020. Disponível em: <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4548/4043>. Acesso em 22 de março de 2021.

#ArqUrb arquitetura pandemia conforto Integrado

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umlegadodeesperanca · 4 years ago

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pesquise acoes tomadas pelo governo do seu municipio por politicas publicas ali apresente duas acoes que foram duas acoes de duas politicas educacao saude educacao

qual o problema social que foi indentificado e qual foi o problema e demanda que o poder publico fez a descricao da acao como o poder publico fez qual a necessidade oque o estado fez agiu

Seminario tematico de habitacao

eixo de educacao

porque o assistente social na escola

mais ao longo da aula eu queria que voces respondessem

Assistente social na educacao e importante para dar as orientacoes necessarias para o desenvolvimento da crianca e muitas eram vitimas de maus tratos ,e tambem na questao da aprendizagem o trabalho desenvolvido pelo servico social escolar era um trabalho multidisciplinar junto com psicologo e professor objetivo atender os alunos com problemas na aprendizagem a tendencia do servico social e atender de carater individual e familiar conf

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walkingsolos · 4 years ago

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11.09.20 - vipassana

Uf. Nao sei nem por onde comecar. Tem muita coisa pra escrever. Vamos la.

Acho que a um pouco mais de um ano atras quando eu fiz o caminho de santiago, eu ouvi falar sobre um retiro do silencio. E meio que fiquei com isso na cabeca. Me inscrevi algumas vezes, tive que cancelar uma vez por causa de um trabalho, me inscrevi algumas vezes e nao consegui a vaga. Ate que eu me inscrevi, consegui a vaga, mas nao tinha certeza se ia por causa do trabalho. Ate minha roommate winnie, na vigem pra grecia, meio que me deu o ultimo incentivo e eu decidir ir.

Eu nao sabia exatamente oq um retiro do silencio significava. Eu nunca tinha ido em um. E nao quis presquisar muito pra nao ter expectativas e deixar acontecer. Mas eu me sentia que deveria fazer. E eu gosto pouco de um desafio, so fui.

Minha relacao com meditacao era... inexistente. Eu realmente tentava meditar e aprender com aplicativo ou sozinha, mas nunca consegui levar muito a serio. Eu realmente queria aprender, nao nunca botei energia nisso.

Antes de eu comecar, eu preciso falar sobre a schedule do programa. Eu sabia que pra mim nao ia ser facil. Que acordar cedo e as limitacoes do meu corpo, ia ser o mais dificil.

Antes de eu sair eu recebi muitas msgs queriadas dos meus amigos. Uma delas dizia: Have a great time. My brother told me that the third and fourth day are the hardest and that many people left at that time. But at the same time it’s the tipping point, after this it will be super cool and joyful. So stay strong!!! ❤️

Parte do programa eram 4 meditacoes obrigatorias, 3 refeicoes, uma pause depois do almoco, 2 meditacoes que tu podia "fazer" no quarto (ou no meu caso dormir, as vezes) e 2 meditacoes que os professores diziam se tu precisava fica ou nao (era dividido em alunos novos ou velhos, homens e mulheres).

Ah outra coisas, mulheres ficavam em lugar diferente dos homens. E silencio inclui se comunicar com gestos ou fazer contato visual.

Na mesa de refeições ficava eu e mais duas meninas do meu lado, e na minha frente a francesa, indiana e a refugiada. Na sala de meditação ficava na ultima fileira a americana, eu, a francesa, a refugia, a indiana. A indiana e a refugiada eram roommates.

Vou relatar um pouco sobre meus dias e depois algumas coisas aleatorias.

30.09.20 - dia 0: eu tava tranquila e sem expectativas, acordei cedo, arrumei minhas coisas e fui pegar o trem. Um trem antes de chegar na cidade do retiro eu comecei a perceber que as pessoa que tava no trem tbm tavam indo pro retiro e elas comecaram a se falar. Eu preferi ficar mais quieta, sou dessas. Mas eu tbm sempre observo e escolho mentalmente que eu gostaria de ser amiga. E eu vi essa menina francesa que tinha a mala na mesma estampa que a minha mochila. Quando a gente chegou na estacao final, duas meninas meio que falaram de pegar taxi juntas e eu disse que tbm tinha interesse (a francesa era uma delas). Mas acabamos pegando o onibus com o resto do pessoal, e ela sentou na mesma poltrona que eu, mas do outro lado do corredor. A gente tava de costas pro onibus, eu comecei a me sentir meio car sick, e ela tbm. E ela falou que tava enjoando e mudou de lugar. Eu so fiquei ali mesmo mesmo. Mas pensei, she gets me. Chegamos no lugar do retiro, fui pro quarto, arrumei minhas coisas e muito tempo depois, a francesa, que chegou comigo entrou no quarto. Ela ia ser a minha roommate pelos 10 proximos dias. Mal sabia ela que eu ja tinha a escolhido. Converasamos, eu falei que eu falava quando dormia, falei do meu alarme meio bad vibes, ela nao tava pronta pra abrir mao do caderno dela (que a gente nao pode ter durante o retiro) e eu falei que por mim tudo bem, nao ia entregar ela. Ela disse que tinha uma folha com oq fazer em caso tivesse "panico". Achei que seria melhor mesmo ea ficar com o caderno. Depois ela disse que tinha duas barras de cerais e nao sabia oq fazer, eu disse que nao me importava se ela quisesse ficar, ela disse que nao ia resistir, eu falei pra ela entregar, ela disse que ja tinha entregado coisas 3x, eu sugeri que ela jogasse no lixo, ela disse que eram caras, dai eu falei entao deixa cmg e eu guardo. Ela deixou cmg e disse que jamais mexeria nas minhas coisas. Dai o retiro comecou. A gente foi dado lugar pra sentar na sala de meditacao. Ficou uma americana, eu, francesa, refugiada, indiana. Na mesa de comida eu fiquei de um lado e na minha frente a francesa, a indiana e a refugiada. Essa informacao vai ser importante nas minhas historias. Primeio dia quando a gente entrou na sala de meditacao eles deixaram a disposicao cushons de meditacao, como eu nunca tinha utilizado, decidi pegar so um, nem sabia oq fazer com aquilo. Comemos, tivemos umas orientacoes e fomos pro quarto. As 4:30am tinha primeira meditacao.

01.10.20 - dia 1: eu nao tinha nocao doq estava fazendo. A cada oportunidade, eu ia pro quarto dormi. O corpo doia e eu tava super perdida. Eu comi infinito em todas as refeições pq eu nao queria passar fome e porque eu queria provar de tudo. Me sentia pesada e mal conseguia terminar oq tinha no prato.

02.10.20 - dia 2: dia dois nao foi muito diferente, mas eu comecei a entender melhor a schedule, entao nao participava de tudo. A francesa teve um dia difícil meditando, ela nao parava quieta, meio que um sinal de dor. E pediu uma cadeira. De noite a francesa nao se deitou, e eu comecei a ter pensamentos ruins, tava preocupada com ela. Ela tava meio que no banheiro/hall/closet do quarto. Eu arrumei uma desculpa e fui ate o banheiro pegar uma coisa e ver se ela estava bem. Ela tava no chão se alongando, achei normal.

03.10.20 - dia 3: esse dia foi difícil. No começo tava tudo normal, ate a francesa meio que “sumir” por um tempo. Eu dormi depois do almoço e nada dela. Ela nao fazia nada sem a garrafa de agua dela e naquele dia a garrafa tava no quarto e nada dela. Quando eu desci pra medicão em grupo, eu a vi. Ela fez contato visual e nao pode, entao eu logo desviei o olhar. Mas fiquei feliz de ver ela e tudo estar certo. Ate o momento que eu fui la pra sala de meditação e a manager tava levando as coisas de meditação da francesa embora. Eu nao acreditei. A indiana olhou pra mim como se perguntasse oq estava acontecendo e eu nao tinha idea. Claro que eu nao ia conseguir meditar, minha cabeça tava a um milhão. Eu fiquei com os óculos e fique olhando e esperando a gerente voltar pra falar com ela e saber se a francesa tava bem. Ate que a gerente alemã veio falar cmg e pediu pra eu tirar os óculos. Eu perguntei: a francesa ta ok?. Ela repodeu: Isso nao eh problema teu. OI? eu comecei a chora e nao parei por uma hora. Chorar em uma sala com 120 pessoas em silencio sem querer chamar atenção, nao eh fácil. Tive que sair da sala e a gerente alemã veio atras de mim. Eu falei: isso eh problema meu. Ela pediu desculpa e disse que o ingles dela eh ruim. Mas eu continuei chorando pelo resto da meditação. Uma coisa me passou pela cabeça, isso nao era questão de problema de comunicação ou lingua, isso era jeito alemao meio direto/grosso de ser. E eu me perguntava se era isso que eu queria pro resto da minha vida. De noite foi triste e estranho nao ter a francesa la.

04.10.20 - dia 4: foi um dia de mudanças. Nao foi fácil, a refugiada tava sofrendo muito. Chorou por uma hora. Deram uma cadeira pra ela e eu pensei, a cadeira eh o começo do fim. Ela nao usou a cadeira, entao deram pra ela um apoio pras costas. A gente começou a aprender mais sobre a técnica e eu achei que tinha achado a minha “posição” (coitada de mim, a posição mudou 400x.). Eu demorei pra dormir, muitas ideias e pensamentos na cabeça. A partir desse dia eu (quem me conhece sabe, durmo em qualquer lugar a qualquer hora) dormir de noite ou naps ficaram mais difícil.

05.10.20 - dia 5: a refugiada foi embora. Eu sabia que ia ser um dia difícil pra indiana, pq eu ja tinha passado por aquilo. Na mesa de refeição a indiana ficou sozinha no lado dela, foi triste. Mas eu ver a refugiada tava sofrendo muito, eu acho que ela “lutou” tanto pra ficar, pq o namorado dela tbm tava fazendo o retiro, entao a pressão eh maior. Na questão da pratica, foi o melhor dia pra mim. Sem dores, e conseguindo colocar em pratica tudo que tava aprendendo. A partir do quinto dia começou a meditação com “forte determinação”. Durante as meditações em grupo (3x de uma hora) a gente nao deveria de mexer. Nao foi tao difícil. Nesse dia eu percebi como eu estava numb, eu nao tava feliz, nao tava triste, nao tinha sentimentos nenhum, nao tinha pensamentos, nao tinha sono. So existia. E eu tive uma realização de que a gente precisa se conectar com outros humanos, e interagir. Que eu entendi melhor como era triste pras pessoas se isolarem na quarentena e nao ter interação. So faziam 5 dias e eu tava daquele jeito. Entao eu tomei um banho longo e fiz uma lista de todas pessoas que eu amo muito e sao importantes de algum jeito na minha vida, mande mentalmente uma mensagem pra todo mundo.

06.10.20 - dia 6: foi difícil nao se mexer nas meditações. A partir do sexto dia eu tinha muita ansiedade que a indiana ia ir embora tbm. Quando ela nao aparecia pra alguma refeição, ou eu nao via a garrafa de agua dela, ou toda vez que tinha meditação em grupo eu olhava pra ver se ela estava la. E foi assim ate o final. Eu nao era tao próxima com a americana que meditava no meu lado direito, mas ela tbm pediu uma cadeira, e eu tbm tinha medo que ela saísse. Eu acho que ela sempre tava com dor e se mexendo. Acho que esse dia a manager pediu pra eu parar de me alongar no hall, e eu nao gostei.

07.10.20 - dia 7: nada de muito especial. Foi difícil, mas também achei que finalmente achei um posição melhor. Acho que esse dia teve sobremesa, e isso nao tinha acontecido antes, foi especial.

08.10.20 - dia 8: nesse dia mas algumas pessoas pediram cadeiras e ela foram colocadas perto de mim, pq eu tava na ultima fileira. Entao mas gente sofrendo e se mexendo perto de mim. Uma menina chorou por uma hora. E a outra meio que saiu da sala na meditação que nao podia e nao voltou. A meditação tinha recém começado e ela tava se mexendo e tirando o casaco e eu pensei: WTF a gente mal começou. Um segundo depois ela saiu andando. E eu pensei: sera que ela le pensamentos? isso nao fui muito legal da minha parte. Depois e no dia seguinte eu pedi mil desculpas mentalmente e eu fiz uns testes pra ver se ela lia pensamentos.

09.10.20 - dia 9: ansiedade de terminar. E eu sabia que no dia seguinte as coisas iam mudar. Ia ser liberado falar e os horários iam mudar. As meditações continuavam. Nada de muito especial aconteceu. Eu marquei um horário pra tirar algumas duvidas com a professora. Ela sempre dava respostas vagas como: so aceita. Entao fazer uma pergunta, tinha que ser algo que realmente precisasse de resposta. E também nao ajudou muito. Mas durante o curso todo eu achei que deveria aproveitar essa oportunidade de perguntar coisas so pra ela. Antes eu tinha perguntado algumas coisas, mas foi no final do dia e tinha outras pessoas olhando, entao foi meio estranho. Outra vez eu perguntei nao em um momento muito certo e ela pediu pras outras meninas se retirar, acho que ela pensou essa pergunta vai complicar mais ainda a cabeça dessas outras meninas (a pergunta foi: quando a gente atinge o inlighatment se a gente pode escolher ter outra vida. ela disse que nunca tinha chegado la, que nao conhecia ngm que tinha, e que se alguém chega nao sai contando. MAS Buda contou, entao nao sei mais de nada).

10.10.20 - dia 10: que dia especial. A maioria dos dias o tempo tava frio e feio e chovia, mas naquele dia o seu tava azul e o sol tinha saído. todo o sofrimento e dor dos 9 dias anterios foram de igual tamanho de felicidade pra esse dia. A gente pode falar. Depois da meditação em grupo da manha a gente pode falar. Primeiro todo mundo come��ou a falar e eu ainda nao tava pronta. Aquilo era muito barulho pra mim. E ter que socializar. E ter que falar com estranhos. Eu fui pro meu quarto, respirei, fui no banheiro. Desci aonde tava todo mundo e nao consegui. Nao falei com ngm, peguei minha garrafa, voltei pro meu quarto. So tinha uma pessoa que eu tinha muito interesse de falar: a indiana. Fiquei na minha sacada, peguei um sol, respirei e decidi que ia dar uma caminhada. Assim que eu saio pra caminhar eu encontro a indiana. A gente conversou sem parar por horas. Ela disse que tbm tava preocupada de eu sair, e me contou oq aconteceu com a refugiada. A gente clicou. Conversamos muito. A gente ainda vai se ver e tem mil planos e quer manter a outra motivada a continuar a praticar. Eu tenho um lugar especial pra ela no meu coração. Eu também falei com um menino que no dia zero a gente conheceu no ônibus e ele tinha pego o numero da francesa. Eu queria deixar com ele o meu numero e queria que ele passasse pra ela em caso dela querer as barras de cereais dela de volta ou quiser manter contato. Nao sei se ela tem interesse e nao queria invadir o espaço dela. Ate o momento ela ainda nao entrou em contato.

11.10.20 - dia 11: Outro dia, outra ansiedade. Eu tava agoniada em ligar meu celular. Tinha planejado tudo, como ia fazer, como ia acontecer. Eu ia ligar, liberar a notificação de msg, tirar um screen shot das mil coisas, ia desligar todas as notificacoes pra sempre, mandar msg pros meus pais, na viagem ia usar o cel so pra escrever e depois ia responder no meu tempo as mensagens. Claro que nao aconteceu desse jeito. Acordamos e ainda teve uns videos e meditação. Depois teve cafe e limpamos os quartos. Carreguei meu celular, tava angustiada pq eu esqueci de levar o plug pra carregar, e so tinha o cabo. Precisava do cel pq meu bilhete de trem tava no celular e a minha viagem ia ser longa. No final deu tudo certo. Na primeira parte da viagem eu fui com pessoas do retiro. Depois eu fiquei umas 3 horas em colônia e depois uma longa viagem. Tudo era novo, muita gente, muito barulho, comi mc e nao foi uma boa ideia, sei la. Eu comecei a escrever esse post e perdi uma boa parte. Dai achei melhor relaxar. Cheguei em casa, jantei com a minha roommate, foi bom. Mas pra dormir o roommate do lado tava com um date e musica, foi difícil. Voltar vai ter que ser devagar.

Nao vou mentir, eu falei umas 8 vezes. Umas 5 com a professora e 3 com as managers do curso.

Comida. A comida era simples mas bem boa. Na mesa geralmente tinha açúcar, mel, manteiga, margarina, geleia e pasta de amendoim. De cafe tinha oats, uma calda com frutas, Paes diferentes, maca, laranja, pera, banana, leites, chat, cafe, granola, iogurte. De janta tinha um caldo de frutas, frutas, leite e chás (as alunas antigas nao podem jantar, so o caldo e um suco de limão). De almoço mudava (teve de pratos principais: macarrão e molho vermelho, um chill e arroz, grão de bico/tofu/curry/arroz, cuscus/tofu/molho, um negocio indiano de espinafre/tofu/arroz, abóbora/tofu, batata e alguma coisa) e tinhas saladas, Paes, chas.

Carro. Eu so tive dois carros na minha vida. Um picanto e um versa. O retiro inteiro, so tinha um carro estacionado na frente do lugar. E era exatamente o meu último carro, igual. Cor, tudo, dentro. E três vezes apareceu um segundo carro, temporariamente. E era um picanto. Outro modelo e cor. Mas muita coincidência, nao?

Boca fechada. Random stuff. Um dia os meus lábios grudaram, de tanto ficar de boca fechada na meditação. E eu achei super engraçado e uma sensação estranha/legal. Sei la pq eu escrevi isso. Mas eu nao queria esquecer desse acontecimento.

Arvore. Na sala de meditação, atras de mim tinha uma arvora que as folhas estavam caindo. E a cada meditação, escutar aquelas folhas caindo foi muito especial. O barulho dela quando desconecta da arvore e depois quando ela cai no chão. Inexplicável.

Alarme. Que novela. Na lista de coisas pra levar pro retiro tinha alarme. E eu nao tinha um. Fui dar uma olhada pra comprar mas achei meio caro e desnecessário comprar um alarme so pra 10 dias. O único alarme que tinha aqui em casa era um do stars wars, suuuuuper bad vibes. Mas era oq tinha. Nossa como esse alarme me deu “dor de cabeça”. Primeiro que tive que dizer pra minha roommate a historia do alarme. Depois toda vez que ele tocava ela mudava a hora pra 1:00, do nada. Entao eu vivia arrumando a hora. Eu recomendo levar um alarme digital (pq o outro faz muito barrulho) e que funcione. Depois do primeiro dia, o som do gongo nao te acorda mais.

A atrasada. Tinha uma menina que sempre andava com um relógio/alarm. Sempre. E pra toadas meditações em grupo ou curso, ela tava atrasada. Todas. Ela era a ultima a chegar. Como diz minha irma, gordo so faz gordice :x

MC Donalds. Eu sou oposto, sou saudável mas se deixar gosto de um fast food. E road trip peeeeeede comer besteira. Entao no caminho pro retiro eu decidi que queria comer mc. Mas chegando na estar eu vi um mc cafe e tava fechado, entao acabei comendo pizza. Quando eu fui pegar o proximo trem e vi varias pessoas comendo mc, fiquei 🙄 O retiro inteiro em pensei em mc. E uma das coisas que a gente aprende eh nao ter desejos, nao eh bom, so causa sofrimento. E eu aprendendo e botando em pratica na meditação, mas quando ia pro quarto so pensava em mc. Eu sabia o meu pedido do mc. E em uma das minhas conversas com a professora ela disse, humanos sao assim, cheios de desejos, so aceite, caso acontecer. Entao eu decidi aceitar meu desejo. Quando foi liberado falar. Eu falei disso pra indiana. E ela também tava com desejo de mc e tbm tinha o pedido dela na cabeça, foi muito engraçado. Dai quando eu cheguei no ponto de ônibus, tinha dois estudantes e eu falei ah ja que vocês tao aqui significa que eu to no lugar certo. E eles falaram: depende, pra onde vocês vão? a gente ta indo pro mc. Mas eles falaram ironicamente. Eu ri, falei do meu desejo do mc meio que uma piada, mas eles nao acharam graça. E eles nao iam entender meu desejo.

Barulho. Acho que no quinto dia, a gente tava meditando e o barulho do estomago de alguem tava muito alto. Por uma hora dava pra ouvir muito barulho. Eu me pergunto se ele tava com do de barriga. Ctz ele foi direto pro banheiro dps de meditar.

Bicicleta. Varias vezes eu me perguntei se o jeito de aprender a meditar, super intesivo, era o melhor jeito. Eu pensava na minha cabeca, quando alguem nao sabe andar de bicicleta, tu nao coloca ela pra andar 12 horas por dia por dez dia. Ela vai cair, se machucar, precisa de tempo, de pausa, de descanco. Mas eu acho que funcionou. Eu nao meditava as 12 horas que tavam no programa. Alguns dias mais, alguns dias menos. Acho que se eu tivesse feito diariamente 12 horas, eu ia me sentir frustada, por estar caindo toda hora e me machucando mais ainda. Entao eu fui no meu ritimo, me sentia mal de nao estar meditando como deveria, mas eu sei que eu tava dando o melhor de mim.

Oq levar:

Alarme digital

Garrafa da agua

Garrafa termica

Tiger balm (eu sou muitooooooo fã, é vida) IMPORTANTE

Carregador externo extra

Carregador

Bolsa de agua quente

Bola de tenis

Roller

Cachecol/chale grande

Uma manta

Dicas:

Tentar ir quando nao for período que vai menstruar.

Nao comprar passagem de volta (deixar acontecer, uma carona pode aparecer, ou tu pode querer ir embora mais cedo). Ansiedade desnecessaria. Eu nao ia comprar meu ticket mas fiquei com medo do preço subir, e dai tive que esperar muito tempo na estação.

Acho que eu levaria umas barras de chocolates pra dar pras meninas que estão te servindo voluntariamente, sei la.

Eu amei a experiencia. Eu super recomendo. Nao eh fácil, mas valeu muito a pena. Eu quero continuar praticando vipassana. Eu super faria outra vez, mas primeiro preciso processar tudo e tentar absorver o máximo possível. Acho que na primeira vez, nao tem como aprender tudo. Tem muita coisa que eu vou levar pra minha vida. Eu super gostaria de ir como voluntária pra trabalhar, acho que eh uma experiencia única também. Eu ouvi dizer que aqui em Hamburgo o pessoal se encontra pra meditar junto, tenho super interesse.

Acho que eh isso. Esse post eh mais pra mim mesma, mas eu compartilhei com algumas pessoas. Se vocês tiverem alguma pergunta, eu to aqui. Pretendo botar em privado logo pq tem muita coisa que nao precisa ser falada.

Achei esse post legal pra quem tem interesse de fazer e saber mais.

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