#mortalhas
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Só olhar aqui em volta, pra qualquer lado que quiser. Todos esses túmulos, empinados de orgulho, chegam a estar tortos com o peso das mentiras escritas neles! É um tal de ‘aqui jaz o corpo de fulano’ pra cá e ‘em memória do estimado beltrano’, pra lá, quando, a bem da verdade, metade não tem ninguém dentro e a outra metade tem uma gente que não era lembrada nem em vida, quem dirá ser estimada! Tudo mentira, só mentira, de um jeito ou de outro! Deus do céu, que balbúrdia vai ser no dia do Juízo Final quando esse povo todo surgir se tropeçando nas mortalhas, tentando arrastar as lápides pra mostrar que são bonzinhos.
Drácula (Bram Stoker)
#Túmulos#Orgulho#Mentiras#Aqui jaz#Em memória de#Estimado#Balbúrdia#Juízo Final#Mortalhas#Lápides#Bonzinhos#Povo#Céu#Verdade#Estimada#Vida#Memória#Estar tortos#Peso#Empinados#Gente#Deus#Chegam#Aqui#Ser#Lado#Jeito#Direção#Ninguém#Final
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sketch aleatório de novo, dessa vez da Mortalha: minha oc militar
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TAGS GERAIS
#o império onde o sol nunca se põe [universo]#a joia do mundo [cidade]#nem o céu admite dois sóis; nem a terra dois senhores [monarcas]#que os deuses me destruam se eu te abandonar [sentinelas]#um amor como o nosso poderia queimar uma cidade [relacionamentos românticos]#em meu ventre eu carreguei meu vingador [pais e filhos]#do púrpura se faz a mais fina mortalha [vestuário]#mariposas ao redor do fogo [aparência]
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Mortalha
Mortalha Morte!Gritou a própria morte Cada um tem sua própria sorte Ninguém tem direito a habeas corpus. MorteDestino final de todos os seres humanosImpulso em direção ao silêncio Das dores, a anestesia. Destino que para muitos é cruel Certeza do fim de um projetoUma vida que simplesmente passou. Olhe, existe uma única oportunidade Que anuncia que a vida deve ser respeitada Respeito este que…

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#autoconhecimento#Brasil#caravana editorial#destino#enquanto a solidão me abraça#livro#mensagem#mensagem com poesia#mortalha#Morte#Mundo#poema#poesia#Poesia Geral#vida
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# ────── Antes mesmo que as fronteiras daquela amizade começassem a se desfocar, por muitas vezes pendendo para algo que indicava algo além do platônico, a presença de Kerim sempre representou um refúgio de conforto e acolhimento. Sua companhia parecia suavizar todas as angústias que a vida lançava em seu caminho. Com o tempo, Aurora começou a entender que aquele era, talvez, o único caminho direto para seu coração, um percurso que não lhe concedia a chance de se proteger, de se recluir. E agradecia por isso. Era devido ao porto seguro que lhe oferecia que agora conseguia estar tão próxima dele, sem se sentir sobrecarregada pelos sentimentos e sensações que despertava, sem mais sucumbir ao ímpeto de se fugir e se esconder. Ao ver que seu convite estava sendo considerado, ela sorriu e assentiu. Respeitava o compromisso com as exigências de Circe e sabia que era prudente honrá-las, pois desapontar a deusa poderia trazer riscos consideráveis a ele. ── Farei o mesmo. ── Também se dedicaria ao estudo do perímetro e do mapeamento estratégico para implementar as armadilhas criadas pelos filhos de Hefesto, com o objetivo principal de concluir a tarefa o mais rápido possível. Como levantado, merecia aproveitar um pouco das distrações que a ilha oferecia. ── Mas reservarei minha noite, de qualquer forma. ── Deu de ombros, expressando o desejo de passá-la na companhia alheia. Se deleitava ao ver o semideus sorrir, observando-o com um olhar admirado. Sentia uma satisfação especial em perceber como também tinha o poder de movê-lo quando desejava. A mão que acariciava as costas deslizou suavemente para a coxa dele, onde deixava uma carícia delicada antes de desferir alguns tapinhas leves. ── Você me conhece tão bem. ── Brincou, confirmando que seu autocontrole se tornava frágil diante dele, soltando uma risada baixa.
Sentindo a tensão palpável que permeava a atmosfera que os envolvia, quase prendeu a respiração com o toque suave na nuca, que provocava arrepios ao longo de sua pele. A inquietação que crescia em seu interior se intensificava ainda mais com o aviso incisivo de Kerim, descompassando sua respiração e quase fazendo-a suspirar. Irresistível, essa era a palavra que perfeitamente capturava a essência dele. Lhe arrancaria as roupas naquele instante, se fosse permitido. ── Não precisa se preocupar comigo, eu sei bem o que eu quero. ── O olhar que dirigia a ele expressava mais do que suas palavras poderiam dizer, reafirmando seu desejo absoluto, sem o menor receio em explorar os mistérios que ainda mantinha ocultos, pois estava ávida para descobrir todas as suas facetas e o que era capaz de oferecer. Refletindo os movimentos alheios, também recorreu ao vinho para umedecer a garganta. Isso era arriscado, pois os efeitos da bebida poderiam estimular ainda mais a tentação daquela tortura irresistível. Contrariada por ter seu lapso de maturidade e coerência ressaltado, revirou os olhos com um gesto sutil de frustração. ── E você acha que eu estava agindo de maneira racional? Me sentia estúpida a cada mentira. ── Mas o medo de se magoar provava-se mais forte do que o próprio julgamento. ── Me dá um tempo! ── Por trás da repreensão, havia um toque de bom humor. Era impossível se ressentir de alguém que havia mostrado tanta consideração desde o início daquele relacionamento. Suspirou, revivendo com um vestígio de pesar o episódio que os unira, mesmo que conferisse a esse momento o mérito por estarem onde estavam agora. ── Estava tentando te privar de ver a minha maldição, sei que não é nada agradável de se olhar. ── Também tentava evitar ser testemunhada durante seu ápice de fragilidade, um esforço que logo se mostrou-se inútil em relação a Kerim, que a cada dia tinha mais acessos livre às suas verdades. A jogada que ele fez em seguida teve o efeito de arrancar violentamente o tapete debaixo de seus pés, deixando-a em um estado de puro desequilíbrio. A oscilação em sua postura na presença dele era surpreendente, um claro indicativo do poder que exercia sobre ela.
A fortuna sorriu para Aurora, assegurando que estivesse sentada quando a revelação inesperada viesse à tona. De outra forma, teria lutado para sustentar seu peso sobre pernas trêmulas, pois todo seu corpo reagiu com um choque intenso diante do significado profundo daquelas palavras para ela. Não tentava ocultar sua comoção diante do rapaz, porém, como sempre estivera condicionada a fazer. Pelo contrário, permitia-se navegar por cada camada daquela jornada interna de forma explícita. Os olhos, extasiados, piscavam repetidas vezes, mas permaneciam fixos nos dele, como se procurassem algum indício de inverdade na revelação que havia feito. Não era o que desejava encontrar no par, mas sua insegurança ainda tentava prevalecer. Era natural que a desconfiança emergisse à superfície quando se deparava com uma situação inexplorada, uma circunstância na qual nunca procurou estar, mas que se revelava incrivelmente arrebatadora. Precisou de alguns instantes o para digerir o peso daquele momento, para realmente compreender a coragem que ele revelava ao expor como se sentia e o privilégio que representava ter em suas mãos algo tão precioso. Esse receio de se entregar vinha do profundo reconhecimento do valor de sentimentos tão inestimáveis. Sem desviar o olhar, lentamente abaixou sua taça, procurando repousá-la no chão. Com o mesmo cuidado, ajustou-se na espreguiçadeira, virando todo o corpo na direção dele. ── Eu nunca havia me apaixonado por ninguém antes de conhecer você. ── Se perguntava se esse era o motivo por trás da intensidade de seus sentimentos, a ponto de fazê-la agir de maneira tão diferente de seu comportamento habitual. Sentia-se frágil, uma vulnerabilidade que não experienciava há muito tempo. A confissão não era exatamente parte da brincadeira, mas um gesto de reciprocidade. Kerim também merecia saber que era o objeto, único e sublime, de sua paixão.
Repentinamente tomada por uma onda de emoção, envolveu o rosto dele com as mãos, segurando-o com uma delicadeza quase reverente. Um sorriso se desenhava em seus lábios ao esquadrinhar as feições de outrem. Enquanto o polegar traçava um caminho suave entre o canto dos lábios, a bochecha e o queixo dele, sentia seu próprio rosto aquecer e os olhos lacrimejarem. Embora temesse que o semideus pudesse considerar sua reação exagerada, não podia evitar. Nunca havia se apaixonado por ninguém antes de conhecê-lo. E o ferreiro sabia perfeitamente como tocar seu coração, conquistando-a com cada gesto de gentileza e demonstração de carinho. Seus atos gentis a desviavam do seu caminho habitual, mas sempre a orientavam de volta para o caminho em direção à felicidade. ── Say that again... ── O apelo remetia à inocência, sua voz tocando o ar com a mesma delicadeza que o olhar transparecia. Ao pedir que repetisse a declaração, não reconhecia se desejava gravar aquele momento em sua memória com todas suas minúcias, se ansiava reviver a felicidade de ouvi-lo declarar seus sentimentos mais uma vez, ou se apenas necessitava de uma confirmação de que tudo aquilo era real. Suas mãos escorregaram suavemente, uma delas agarrando o tecido do quimono dele na região da cintura com firmeza, como se buscasse estabilidade em um gesto que revelava sua tensão e expectativa.
"Verdade.", concordou com a replica dela. Kerim tinha olhos afinal, por mais que estes estivessem voltados para ela nos últimos meses, ainda os tinha e conseguia reconhecer a beleza de outras pessoas, sem que isso o desviasse do que sentia por ela. "Não pretendo despertar a atenção delas. Apenas a sua.". Preferiu deixar transparente então, visto que julgava já ter sido claro sobre suas intenções. Instantes mais cedo daquele mesmo dia, compartilhou de uma conversa similar com Pietra, a mais nova dando indícios que uma outra campista o observava, mas, por não ser a fonte de seu desejo, o semideus apenas ignorou, como estava inclinado a ignorar qualquer outro avanço em sentidos amorosos que não partissem da mulher ao seu lado. "Obrigado.", não precisava agradecê-la pelo esforço, mas queria que soubesse que o valoriza, principalmente considerando tudo que sentiam a respeito dos deuses, aquele ódio e revolta compartilhados, que foi o que os aproximou num primeiro momento. "Vamos deixar o que acontece em casa de lado por uma noite. Se voltarmos e tudo estiver inteiro, ótimo. Se voltarmos para nos depararmos com uma guerra, quero saber que pelo menos tivemos bons momentos enquanto podíamos.", concluiu, inclinando-se para deixar-lhe um beijo suave na têmpora. Não precisava lhe dizer o quanto estava cansado daquele cenário caótico em que foram lançados, pois ela sabia disso melhor do que ninguém. Ouviu todos os seus desabafos, com a disponibilidade e paciência que poucos ofertaram ao longo dos anos naquele lugar. Tantas tragédias seguidas assim, era impossível não se abalar, mas tentaria enquanto estivessem na ilha, buscaria ver as coisas numa ótica comum, como se eles fossem pessoas comuns. Se Circe tinha ofertado descanso, ele a pegaria pela palavra e firmaria o descanso que merecia ter. Mesmo que isso viesse com o custo de mapear a ilha e produzir armadilhas, nada fora do normal para o filho de Hefesto, apenas uma terça-feira comum.
Era uma dança perigosa a que faziam, e ele nem se referia as provocações ditas ou toques trocados no território de Circe, pois estava bem consciente de seus limites. Referia-se ao que não era dito durante a conversa, mas fica implícito a cada vez que respirava. Seus olhos não conseguiam desviar dela, ao menos não por muito tempo. Suas mãos tinham a urgência de estabelecer contato com sua pele, sentindo-as tremulas algumas vezes. A garganta fechava a cada olhar recebido de volta, como um nó firme envolta do pescoço, fazendo-o questionar se teria algo errado, estava bagunçado? Ou ela buscava algo além, assim como ele? Ver através de seus olhos. Era assustadora a sensação de estar apaixonando-se cada vez mais por alguém, e esse alguém pertencer ao seu mundo, suscetível aos riscos dele, tanto quanto Kerim. Por outro lado, era tão bom finalmente significar algo para alguém naquele lugar, ter um motivo para continuar a lutar, principalmente quando Hefesto não tinha mais esse poder sobre ele. Acompanhou o movimento alheio ao se aproximar, sentindo o ar falhar ao sair dos pulmões. A proximidade era reconfortante, silenciava as vozes em sua cabeça, apaziguando-o. "Posso tentar fazer tudo o quanto antes.", referia-se ao restante das armadilhas que tinha para produzir. Um riso soprado saiu entre os lábios enquanto meneava a cabeça para os lados. Não conseguia acreditar em como ela conseguia apresentar-se de forma tão angelical ao mesmo tempo que falava coisas tão provocantes. "Eu sei que pode.", também sabia que queria, a provocação atingindo ao objetivo de resgatar as memórias de um passado não tão distante assim, fazendo-o arrepiar diante o toque suave em suas costas. De todos os deuses, tinham de estar justamente no território de Circe. Era torturante. "Baseado no nosso último encontro, não muito tempo.", ousou a brincadeira, os lábios curvando-se num pequeno sorriso sacana.
A mão que ainda cariciava o ombro da mulher, enfiou-se por entre os fios dourados, a ponta dos dedos arrastando-se na nuca numa caricia perigosa, sabia que era seu ponto fraco, mas não conseguia evitar. Estudava as feições de Aurora ao ouvir sua resposta, achando divertida a reação da mais nova. Era incrível como tudo parecia ficar leve ao lado dela. "Cuidado com seus desejos, Aurora. Fui bastante polido, não vou ser de novo.", replicava ao fixar as íris escuras nas azuis dela, a voz embargava a intensidade de suas palavras. Não as dizia como um alerta, ou para assustá-la. Dizia, pare ter certeza que estariam de acordo, pois jamais faria algo que ela também não quisesse. A sensação seca na garganta parecia ser um resultado de tantas provocações, Kerim via-se recorrendo a bebida entre uma e outra, mesmo que estivesse prestes a atender o desafio do jogo. Talvez o nível de álcool apenas deixasse as coisas mais interessantes. "Claro. E eu iria acreditar nisso até quando? Você nunca foi ocupada para mim, Aurora.", e era uma verdade que o deixava convencido. Sempre tiveram tempo, mesmo que fosse para reclamar da vida, ou reconstruir os danos deixados por mais um atentado ao lugar que chamavam de casa. "Viu só? Eu sabia que tinha sido uma desculpa. Muito ruim inclusive.", a expressão era puro convencimento, chegava a parecer até abusado em alguns instantes. No entanto, a jogada seguinte da mulher o deixou surpreso. "Eu estava preocupado com você. Tinha se machucado e quase não me deixou levá-la para a enfermaria.", era uma jogada baixa, ainda assim, ele bebeu. "Bom, já que vamos por esse lado. Eu nunca me apaixonei assim antes.".
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I'll crawl home to her - Rhaenyra Targaryen x reader



disclaimer these gifs are not mine, they belong to @clixsmxdernxs and divider @dingusfreakhxrrington
Resumo: Rhaenyra Targaryen x fem reader; hozier; angst, fluff; não revisado ainda
I'm not sure if I liked how it turned out, maybe I'll redo it
Do alto da parca torre em um longo planalto, uma mulher observa o horizonte. Seu rosto é cansado e suas vestes causam estranhamento em seus companheiros de batalha, não era filha de uma casa digna de lembrança, muito menos esposa de um alto cargo, mas mesmo assim sua mortalha de guerra lembrava aquelas dos velhos reis e rainhas.
Sob o olhar de muitos era um ato de desrespeito, mas lhe fazendo justiça, a própria rainha dragão colocara a malha sobre seus ombros, gostava de pensar que o toque de Rhaenyra ainda pesava lá. Olhando para suas mãos sujas de sangue ainda fresco ansiava por sua presença
"Boys workin on empty Is that the kinda way to face the burning heat? I just think about my baby I'm so full of love, I could barely eat"
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Após ter certeza que ninguém as observava tomava em suas mãos a de sua amada e a puxou para um quarto ainda mais reservado. O dia havia amanhecido silencioso enquanto todos iniciavam seus caminhos para guerra, havia chegado a hora, era possível sentir no ar o pesar, principalmente naquela sala. A rainha Negra já havia se despedido de seu primogênito, ato que ainda a sufocava, todos que amava estavam partindo e mesmo que o destino fosse de certa forma o mesmo, alguns jamais se veriam novamente.
Por um breve momento apenas se olharam em um silencio confortável, até que a rainha com um soluço o quebrou.
“já me desfiz em lagrimas com a partida de jace, mas parece que ainda restam muitas lagrimas em mim” o tom emulava a alegria, era seu papel manter todos os seus solados dispostos para a guerra, mesmo para os mais íntimos
Levando a mão cálida da targaryen aos lábios, a mulher de um beijo casto também tentando sorrir
“não sofra por mim alteza, não a primeira vez que encaro espadas inimigas, e em seu nome? O faço com honra”
Seu olhar se tornou régio
“agradeço sua intenção, mas não é o momento para me poupar, nossas baixas já são significativas, Daemon também era bravo e caiu em batalha e nós sabemos que muitos outros homens honrados também vão. Não há uma vitória garantida no futuro, só os deuses sabem o que pode vir acontecer” a fitando enquanto inspirava “eu mesma sou uma variável e- exasperada a lady de armas soltou as mãos de rhaenyra
“Não fale assim! Não vê que agoura nosso caminho? Nem eu nem ninguém permitiria que a rainha legitima seja morta, possuímos mais dragões com montadores, exércitos aliados!”
Mas assim como já havia acalmado criaturas maiores, a rainha segurou seu rosto em ambos os lados, buscando a atenção dos olhos da mulher que agora eram arregalados e nervosos com a nova perspectiva
“então apenas me diga que entende, hm? Que entende o perigo que todos nós corremos, que a coroa e a sucessão correm, não aceito discutir na despedida do que talvez seja a nossa mais longa separação. Apenas me diga isso, meu amor” pediu tão docemente com aqueles belos olhos expressivos que mais uma selvagem criatura se viu domada e sem ressalvas um “sim, entendo” saiu sério dos lábios da outra.
Satisfeita e com pressa a rainha se virou e caminhou em direção a uma das camas do aposento, próxima a ela se inclinou e revelou o que um pano de veludo preto cobria, uma rica e nobre armadura da casa da Targaryen.
“posso saber o que significa isso, vossa graça” seu tom era quase divertido, também não desejava brigar
Virando-se segurando as peças nos braços se pôs diante da lady, colocou as vestes em um descanso próximo e delicadamente começou a tirar a armadura comum de soldado que a cavaleira usava, essa apenas observava os movimentos da rainha.
“quando eu era criança minha mãe me contava como preparava meu pai para suas pequenas batalhas”
“achei que o reinado do falecido rei fora pacífico a sua maneira”
“é verdade, mas há momentos onde uma armadura pode passar uma mensagem mais efetiva que palavras de conciliação. Ela dizia que ato era para dar sorte, uma forma de faze-lo se lembrar dela, mesmo que em campo, uma forma de acompanha-lo a distância” agora já fazia os ajustes na nova armadura.
“acha que eu poderia esquecê-la? Jamais”
“eu acredito” disse sorrindo após fazer o ajuste final, realmente lhe caia bem “gosto de pensar que de alguma forma uma extensão de mim protege seu peito do fogo da batalha” agora tocava o local, se sentia cansada e seus olhos voltaram a marejar, eram tempos cruéis.
Tocando seu rosto de forma melancólica quase nostálgica, sentia que a hora da partida havia chegado de vez, doía “deuses, sentirei falta de olhar para esse rosto”
Pegando para si a mão de nyra a cavalheira aproveitou sua deixa “não importa o que aconteça, eu voltarei para casa” nyra inclinou a cabeça, com um olhar conhecedor “e mesmo que eu tombe isso não ira me impedir”
Agora havia confusão no rosto da rainha
“você me deu honras que não sei se mereço, o comando de uma tropa, as vestes de uma nobre, então lhe confidencio o único pedido que farei aos meus homens que já marcham conhecendo seus possíveis destinos, pois já não faço questão de esconder meu amor e apreço por você Rhaenyra. Peço que quando minha hora chegar deitem-me suavemente na terra fria e escura, pois nenhum túmulo pode segurar meu corpo, eu vou rastejar para casa, para você”
A rainha respondeu a agarrando em um beijo febril, se pudesse a manteria em seu lado longe de todo o perigo. Queria ter a conhecido antes, queria demonstrar melhor como a amava, queria não temer tanto por sua vida, queria não sentir que a ela caminhava para a morte.
Encerrando o beijo para respirar ambas continuaram abraçadas, forte, uma podia sentir o coração da outra bater em sua pele, era como se o mundo tivesse parado e apenas o calor do momento existisse. Antes de se separarem, a Targaryen deu mais um aperto na mulher e sussurrou em seu ouvido em tom de promessa “eu a amo mais do que um dia sonhei ser possível amar”
................................................................
Após cortar com sua lamina o pescoço de tantos homens a mesma mulher se encontrava caída sem forças no chão, respirar doía e podia sentir o gosto de cobre na boca, pensava na sua promessa, parecia próxima agora
"When my time comes around Lay me gently in the cold dark earth No grave can hold my body down I'll crawl home to her"
Porém com o resto de força que sobrava em seus braços se virou e se pôs de quatro enquanto segurava firme o punho de sua espada, pronta para se levantar, pois mesmo a memoria do toque quente e amoroso dos lábios de vossa graça afastava o abraço frio da morte
"When I was kissing on my baby And she put her love down soft and sweet In the low lamp light I was free Heaven and hell were words to me"
#hotd imagine#hotd x reader#rhaenyra targaryen#rhaenyra targaryen fanfiction#rhaenyra targaryen x reader#house of the dragon#rhaenyra targaryen x you#rhaenyra targaryen x fem!reader#hozier#deamon targaryen#portuguese#work song#the hoziest
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ㅤ━╋ POINT OF VIEW : a profecia dos escolhidos.
a white blank page and a swelling rage : you did not think when you sent me to the brink .
⚠ TRIGGER WARNING: crise de ansiedade.
⚲ Casa Grande, Acampamento Meio-Sangue.
Não sabia o porquê de esperar algo diferente daquela vez, mas havia caído em uma armadilha tão antiga quanto o tempo: entre a queda de suas amigas e o impulso quase animal de as resgatar, havia se permitido acreditar que o escolheriam para a missão de resgate, porque a alternativa seria aceitar ficar de braços cruzados. Ainda não o sabia, mas toda e qualquer esperança estava prestes a ser esmagada pela voz do oráculo, falando através de Rachel Elizabeth Dare.
Cruzava a distância entre o lago e o escritório de Dionísio quando foi interrompido pelo som familiar e distante, a humana que adereçava cada um dos campistas presentes frente à Casa Grande tendo o poder de decidir a vida e a morte de todos ali na fração de segundo entre o romper do silêncio e a compreensão do que ela tinha a dizer. Santiago pausou imediatamente, atento a cada uma das palavras ofertadas como profecia, sabendo que o diabo estava nos detalhes quando o assunto era prever o futuro.
Nas sombras do reino, dois descerão, Para salvar os cinco Caídos na escuridão.
Dos cinco caídos, dois nomes lhe importavam mais, duas amigas que não poderiam ser mais opostas: Katrina e seu jeito niilista de encarar a vida, Melis e os sorrisos fáceis que sempre tinha a ofertar. Um terceiro nome lhe ocorreu: Aurora, não por preocupação com a própria, mas por saber o que a perda faria com Kerim. Queria salvar a todos, mesmo os a quem pouco conhecia. Aquele era seu dever, o Acampamento era seu lar, e os semideuses o mais próximo de uma família disfuncional que havia conhecido desde que sua própria o havia decidido abandonar.
Amuleto. Lete. O que de Hermes é sangue.
Seu coração pareceu se contrair no peito: não pela maldição de Afrodite, mas pela preocupação com o que o sangue de Hermes poderia significar. Melis. Sentia, na boca de seu estômago, que seria ela a ter um papel decisivo, e era impossível não ter medo do peso e da responsabilidade que a ela caberia carregar.
O véu entre a vida e a morte será rasgado, e o preço do roubo nunca será pago.
Pensou então nas tantas mortalhas que haviam queimado recentemente, rostos familiares que já não pontuavam as fileiras de guerreiros com quem aprendera e a quem ensinara a lutar. De maneira egoísta, ergueu os olhos para o céu–pensou no pai e no tio, no Deus com D maiúsculo de quem se ressentia, e enviou uma prece pelo ar: pediu que mais ninguém fosse levado, pois já não sabia o quanto mais poderia aguentar.
Em silêncio, Rachel ergueu o indicador em riste e, em meio à pequena multidão que ali se havia reunido para a escutar, a profeta apontou para Maya e então para Remzi. De dentro para fora, sentiu como se estivesse congelando, com o abraço familiar do frio de bater os dentes o vindo cumprimentar. As instruções dadas a seguir nada mais foram do que ruído de fundo, pois Santiago já não as estava ouvindo–havia um zumbido ensurdecedor em seu ouvido, como se tivesse pego desprevenido no raio de explosão de uma bomba. Uma vez baixada a poeira e assentados os escombros, só restava o ataque aos seus tímpanos para lhe assombrar.
O fato de que apenas dois semideuses tinham sido escolhidos foi como um tapa na cara, o rompimento com a tradição deixando claro que havia, sim, espaço para ele na equipe–o destino só não o considerava necessário.
Fechou ambas as mãos em punhos com força suficiente para que as unhas marcassem suas palmas, e mesmo a tentativa de respirar profundamente pouco fez para o acalmar. Do seu lado esquerdo, sentiu a aproximação de uma figura familiar. Antonia parecia estar tentando lhe dizer algo, mas Santiago sequer ergueu o olhar para seu rosto, absorto em tentar conter as próprias emoções antes que essas saíssem do controle. O esforço de conter sua raiva o fazia tremer, e na tentativa de o consolar, Tony pousou a mão em seu ombro, somente para ser afastada por uma rajada de vento que a fez se desequilibrar.
Mas que porra..?, ele a ouviu exclamar. Antes que a melhor amiga tivesse a chance de fazer algo estúpido como tentar o tomar em seus braços, Santi desatou a correr para longe dali, sem rumo traçado, para qualquer outro lugar. As passadas apressadas seguiram o caminho mais familiar, e acabou por encontrar refúgio em seu quarto, onde o diário o encarava aberto sobre a escrivaninha. Ao tentar tomar uma caneta em suas mãos para despejar as emoções na escrita, se surpreendeu ao sentir mais do que ver o objeto estilhaçar sob o seu toque. No caderno aberto diante de si, a página em branco o encarava, mas as palavras lhe falharam.
Todo o treinamento e a política que havia tentado fazer para se colocar como o candidato ideal para o resgate não haviam valido de nada, e teria que colocar a vida de quem amava nas mãos de duas pessoas em quem não sabia se podia confiar. Seu ranking como um dos melhores combatentes de monstros do Acampamento, sua experiência como líder em missões, o potencial defensivo e ofensivo de seus poderes–nada daquilo pareceu importar na escolha. Fora preterido–pelos deuses, pelas parcas, por Rachel, por Dionísio e Quíron. Com a mente anuviada pela ansiedade, não lhe faltavam opções para culpar.
Fraco. Descartado. Impotente. O zumbido em seus ouvidos foi substituído por uma voz familiar, convocada direto do submundo para onde não iria, conjurada pela mente sádica e masoquista para o castigar. Seus pensamentos foram tomados pelas ofensas que há muito havia ouvido de sua avó, e sentiu o ar escapar de seus pulmões–estava hiperventilando, percebeu, sem ideia alguma do que fazer para se acalmar. Cada uma de suas respirações erguia uma nuvem de vapor, como se a temperatura ao seu redor houvesse caído em resposta ao seu desespero.
Sete dias. Em sete dias saberia se as amigas voltariam sãs e salvas, ou se teria sete novas mortalhas para queimar.
↳ para @silencehq. personagens citados: @arktoib, @kretina, @melisezgin, @stcnecoldd, @kerimboz.
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Trinity Blood - Reborn on the Mars Volume I - A Estrela do Lamento ----------------- ⚠️ ESSA OBRA EM HIPÓTESE ALGUMA É DE MINHA AUTORIA. TRADUÇÃO REALIZADA DE FÃ PARA FÃS. NÃO REPUBLIQUE OU POSTE EM OUTRAS PLATAFORMAS SEM AUTORIZAÇÃO. SE CASO POSSÍVEL, DÊ SUPORTE AOS AUTORES E ARTISTAS COMPRANDO AS OBRAS ORIGINAIS. ⚠️ -----------------
Não sabe por onde começar? Confira o Roteiro de Leitura (。•̀ᴗ-)✧!!!
Capítulo 2: O Banquete da Escuridão
── Alguém virá para matar-te. À noite, alguém virá para matar-te. (Neemias, capítulo 6, versículo 10 – Versão Japonesa)
Ⅰ
O ar cinzento noturno pairava sobre a cidade como sedimentos.
Ainda assim, a paisagem urbana que passava pela janela do trem não era inferior à de outras grandes cidades. As fileiras de árvores nas ruas, cobertas pela neve do dia, como pequenos chapéus de algodão, eram agradáveis aos olhos, e, na avenida pavimentada com paralelepípedos, postes de luz que descreviam graciosas curvas competiam em beleza. Essa delicada paisagem, embora talvez não alcançasse o esplendor da Cidade Santa de Roma, certamente não era inferior às grandes metrópoles de classe mundial, como Londinium ou Viena.
No entanto, ao se olhar mais atentamente na escuridão da noite, não era difícil perceber o ar de desolação que envolvia intensamente os arredores. Não, na verdade, era mais difícil não perceber.
Metade das luminárias de rua estava quebrada e abandonada, e os tijolos que pavimentavam as calçadas estavam marcados por feias rachaduras. Apesar de ainda ser início da noite, não havia nenhuma sombra de pessoas pelas ruas, e as janelas das casas estavam firmemente fechadas, como se estivessem contendo a respiração. Em contrapartida, os postos avançados da Guarda Militar, instalados a cada cem metros, estavam intensamente iluminados, e as sombras dos soldados pesadamente armados se moviam incessantemente pelas ruas.
Pobreza e decadência — aqui, já não se viam mais vestígios da outrora "Pérola do Danúbio", a deslumbrante cidade que nunca dormia.
— Minha nossa! Está incrivelmente devastada... é como se a cidade inteira fosse uma favela.
— Isso é obra daquele grupo terrorista antigovernamental... os Partisans.
Encostado com o rosto à janela do banco traseiro e repetidamente se lamentando, o padre foi alvo de um sutil deboche por parte do gigante sentado ao lado, com as pernas cruzadas. Torcendo o grosso lábio superior, ele esboçou um sorriso irônico, como se zombasse da ignorância do outro ou talvez estivesse a sentir pena dele.
— Esses caras estão causando destruição por toda a cidade. Roubam alimentos destinados à distribuição, destroem o fornecimento de gás e água... Graças a isso, a cidade está se tornando cada vez mais desolada. E já não se sabe mais quantos cidadãos foram mortos.
— Ah, então eles são pessoas más, não é mesmo?
Olhando mais uma vez para fora da janela do carro, Abel soltou um pequeno suspiro. As únicas coisas que lançavam uma luz pálida como uma mortalha azulada sobre a cidade sombria eram as duas luas que espiavam por entre as nuvens de neve. Os postes de luz permaneciam imóveis como lápides, sem nenhum sinal de terem sido acesos.
— Hum, sendo o exército policial, isso significa que o senhor Coronel e seus homens também desempenham o papel de policiais, certo? Não seria possível prender essas pessoas que fazem essas coisas ruins?
— Claro que fazemos isso. Mas, os simpatizantes deles estão escondidos entre os cidadãos. Não importa quantos matemos, continuam surgindo como baratas, infestando o lugar.
— Ah, isso deve ser trabalhoso... Opa! O-o que é aquilo?
A grande avenida chegou ao fim, e ao sair na margem do rio Danúbio, que corta a cidade de norte a sul, Abel soltou um grande suspiro. Um enorme aglomerado de luzes que surgiu sobre a superfície do rio iluminou com clareza a sombra do carro.
— Lánchíd, Ponte das Correntes — a única ponte nesta cidade que conecta o distrito ocidental, Buda, ao distrito oriental, Peste.
O grande aglomerado de luzes era a iluminação de uma ponte colossal iluminada com esplendor. Os pilares da ponte, tão altos quanto pequenos edifícios, eram adornados com várias esculturas, e cada luz que os iluminava parecia uma sequência de correntes que sustentavam a estrutura. O reflexo dessas luzes no rio, cintilando, fazia com que quem a observasse se esquecesse do frio do inverno.
— Pare!
Na entrada da ponte, o carro freou. De uma torre de vigilância, ostentando metralhadoras e holofotes imponentes, surgiu um suboficial das forças policiais da cidade, fortemente armado.
— Sou Radco’n. Trouxe um convidado para ‘Verhegyen’.
— Fomos informados. Obrigado pelo trabalho, Coronel!
Com uma reverente saudação, o sargento sinalizou para a torre de vigilância, e a cancela hidráulica subiu com o rangido do mecanismo. Depois disso, como se nada tivesse acontecido, o carro começou a atravessar a ponte novamente.
— Mais uma vez, que segurança incrivelmente impressionante, não é?
Olhando para trás, para a torre de vigilância que haviam acabado de passar, Abel balançou a cabeça, parecendo meio incrédulo. Aquilo era praticamente uma fortaleza. E aquela massa de aço visível à sombra da torre — não era um veículo blindado? O dinheiro gasto para comprar tudo aquilo não devia ser pouca coisa.
— Aquilo, se não me engano, é o novo modelo de veículo blindado da Germanix, certo? Esses tipos de coisas assim não são caras?
— Não, não foi tão caro assim. Se bem me lembro, disseram que foi vendido por quinhentos mil dinares.
— Qui-quinhentos mil!?
A voz do padre deu uma guinada.
Com quinhentos mil, seria mais que suficiente para reconstruir completamente a Igreja Matthias e ainda sobraria troco.
— Várias dezenas de milhares de vezes o valor de todo o meu patrimônio... Ah, não, mais importante do que isso...
Instintivamente, Abel começou a contar nos dedos, tentando fazer algum cálculo, mas balançou a cabeça, voltando a si.
— Bem, eu estava pensando, sabe, basicamente, é porque a cidade é pobre que os terroristas surgem, certo? Então, em vez de gastar dinheiro com aquelas coisas, não seria muito mais eficiente devolver esse dinheiro para a cidade como uma forma de lidar com os partisans?
— .........
A proposta do padre foi recebida apenas com um riso debochado.
Durante a conversa, o carro já estava se aproximando da encosta de uma pequena colina. Por toda a extensão desse morro, que era quase do tamanho de uma montanha, holofotes mais brilhantes que lampiões a gás cortavam a escuridão da noite, iluminando o local como se fosse pleno dia.
— Ah, então esta é ‘Vérhegyen’? E onde exatamente fica a mansão de Gyula-san?
— O que você está dizendo, hein?
Radco’n lançou um olhar de desprezo ao padre, que desde antes estava com o rosto grudado contra a janela, como se fosse um macaco de zoológico.
— Da Ponte das Correntes, Lánchíd, para cá, tudo isso é propriedade privada de Gyula-sama... Você está correndo dentro da propriedade dele o tempo todo.
— Hã!? Então, então, esta colina também!?
— Não é só a colina. Todo o distrito oeste de Buda também é assim... Oh, chegamos.
— Ah, chegamos... i-isso é!?
Da boca de Abel, escapou uma voz como um gemido, ao olhar para a enorme construção branca como o alabastro erguida no topo da colina.
O edifício, coroado por um domo em estilo barroco, era verdadeiramente um 'palácio'.
As alas simétricas elegantemente projetadas envolviam um vasto terreno além da imaginação. O jardim frontal, decorado com inúmeras fontes e quiosques, parecia mais um castelo de contos de fadas do que algo real. Comparado ao sombrio e lúgubre distrito leste de Peste por onde passaram, essa opulência fazia parecer que nem se tratava da mesma cidade.
— Ah, realmente há dinheiro onde já há dinheiro, não é mesmo...
Descendo do carro que havia estacionado em um ponto de parada logo em frente, Abel suspirou.
— Trouxemos o padre Abel Nightroad. Por favor, informe a Gyula-sama.
— Estávamos esperando por você. Por aqui, padre Nightroad.
A voz e expressão mecânica que respondeu a Radco’n foi de uma criada que aguardava próxima à entrada. Seu rosto sob seus cabelos azuis era belo, mas não transmitia qualquer traço de vitalidade. Um servo com um sistema de pseudo-autonomia, sem o uso de IA, criado com o uso numeroso de tecnologias perdidas anteriores ao Armagedon.
É um autômato. Algo que dificilmente se vê, a menos que seja em uma mansão de um alto clérigo de Roma ou de um aristocrata extremamente rico. Tanto este palácio magnífico quanto o fato de tratar a polícia local como se fossem guardas pessoais mostram que a família Kádár é, sem dúvida, uma força influente. Comparado com a cidade do outro lado do rio, a diferença é gritante.
— Então é isso. Eu fico por aqui, padre.
Quando Abel estava prestes a entrar no palácio, guiado conforme indicado, a voz de Radco’n chamou pelas suas costas. Ao se virar, encontrou aquele rosto com uma expressão que parecia misturar compaixão e escárnio, enquanto observava o padre partir, com um leve tremor em uma das bochechas.
— Bem, sei que você deve estar com muitas preocupações, mas não se preocupe com o que vem depois. Especialmente com aquela irmã... Ela finge ser durona, mas é uma beleza rara. Vou conquistá-la direitinho e cuidar dela por você também.
— Agradeço pela consideração, mas eu voltarei logo.
Abel riu despreocupado, como sempre.
— Já está tarde, afinal. Assim que terminar a refeição, eu voltarei logo.
— ‘Voltarei logo’? Ouviram isso? ‘Voltarei logo’, é o que ele disse!
O que ele achou engraçado? O gigante ria alto enquanto batia no teto do carro. O soldado no papel de motorista também ria, mas, por alguma razão, seu sorriso parecia levemente tenso.
— Que pena, padre, mas o Gyula-sama é alguém que trata seus convidados com extremo cuidado... Duvido muito que vá deixá-lo ir embora tão facilmente. Bem, faça o seu melhor.
Depois de pegar novamente o gigante que ria descontroladamente de maneira rude, o carro fez um retorno em U na ladeira de onde tinha vindo, como se estivesse fugindo. Enquanto as luzes traseiras vermelhas iam gradualmente se afastando, Abel, com a gola da capa levantada, observava, parecendo um tanto desconfortável com o frio.
— Por aqui, Padre Nightroad.
Em resposta à voz da autômata que parecia insistir, ele se virou. Pisando com firmeza no tapete que parecia afundar sob seus pés, foi conduzido para dentro do palácio, enquanto atrás dele as portas se fechavam com um som audível.
O lustre de vidro lapidado não estava aceso. Portanto, além da luz da lua que se infiltrava do pátio, não havia outra fonte de iluminação. Ainda assim, era fácil perceber que o salão tinha uma amplitude equivalente a uma pequena casa. Comparado aos aposentos de Abel na igreja, o espaço devia ser pelo menos cinquenta vezes maior. No fundo, havia portas de vidro de abrir ao meio, que davam para um terraço projetado em direção ao pátio. À direita, uma grande escadaria se dividia em dois lances no topo, conectando-se à biblioteca e à sala de xadrez. E à esquerda...
— Ah, é uma bela dama, não é mesmo?
Olhando para o retrato pendurado na parede à esquerda, Abel suspirou, encantado.
O que estava retratado ali era a imagem de uma dama nobre com cabelos negros ondulantes flutuando. Vestindo um vestido decotado com o colarinho descendo abaixo dos ombros, era uma jovem mulher. Seus olhos azuis, com um sorriso leve, olhavam gentilmente de volta para Abel.
— É uma pintura bem antiga. Mas, hum, quem será esta pessoa?
— É minha esposa... Embora ela tenha falecido há muito tempo.
Quando foi que ele chegou?
Abel, que se virou apressadamente, era observado de cima da escada por um jovem nobre. O terno combinando com a calça de um mesmo tom de um negro profundo pareciam refletir a escuridão ao seu redor. O colete azul-escuro e a gravata de seda azul formavam um contraste intenso que afirmava fortemente a sua presença de senhor.
A presença imponente característica de um nobre nato parecia até mesmo fazer a escuridão ceder seu lugar. Com passos decadentes, arrogantes e, ao mesmo tempo, inegavelmente nobres, Gyula desceu a escada e fez uma reverência elegante.
— Peço desculpas pelo que aconteceu anteriormente, Padre Nightroad. Não ficou surpreso com o convite repentino?
— Oh, n-não! É uma honra receber o convite, sim.
— Muito bem... Por favor, sente-se primeiro. Pode ser cedo demais para chamarmos isso de reencontro, mas que tal um brinde?
Sem deixar de sorrir, Gyula estalou os dedos. Na frente, um mordomo carregando um grande candelabro de ferro forjado entrou no salão, seguido por criados empurrando carrinhos de serviço. Assim como a criada que havia recebido o padre na entrada, todos exibiam expressões assustadoramente impassíveis em completo silêncio.
— É uma quantidade impressionante de autômatos, não é?
— É o que chamam de aversão a humanos. Cuido de todas as minhas necessidades pessoais com eles. Acima de tudo, gosto do silêncio.
Gyula respondeu enquanto recebia das mãos de uma das empregadas que estava ao lado um cálice de porcelana branca. Depois de provar o líquido vermelho de tom sombrio que enchia o cálice, ele estreitou os olhos, satisfeito.
— Ah, é um sabor notável... Sirvam ao nosso convidado.
O vinho tinto era rico e encorpado. Tanto o teor de açúcar quanto a acidez eram impecáveis.
— Uau, está delicioso! Qual é a marca?
— Egri Bikavér. Eu produzo este vinho na vinícola que administro. A reputação também é bastante razoável. Talvez tenha sido o fertilizante que dei às uvas que tenha feito a diferença.
— Você disse fertilizante?
Olhos cinzentos observavam fixamente do outro lado da escuridão, enquanto o padre, com uma avidez voraz, já levava a segunda taça aos lábios. De repente, com um sorriso malicioso...
— É sangue... Eu as alimentei generosamente com sangue humano.
— ..........!?
Abel quase cuspiu o vinho que estava na boca, mas conseguiu se segurar por pouco. No entanto, ele também não conseguiu engolir, e ficou mexendo-o na boca, embaraçado.
— É uma piada, Padre. Pode ficar tranquilo, quando falo de sangue, não é sangue humano. É de boi. Só derramamos um pouco do sangue de bois abatidos.
— Aaah! Que susto!
Finalmente engolindo o álcool, Abel gemeu. Seus olhos estavam marejados de lágrimas.
— Não me assuste assim, Gyula-san. Por pouco eu não vomitei.
— Ah, me desculpe. Não pensei que você fosse se assustar tanto assim.
O comportamento vergonhoso do convidado havia sido tão engraçado, que o senhor da casa soltou uma risada abafada na escuridão. Enquanto isso, também levando a taça à boca...
— Mas é algo estranho, não?
— O que há de estranho?
— Não, foi a sua atitude de antes. Molho de sangue de pato, salsichas recheadas com sangue... Há muitos pratos que utilizam sangue, não há? Algo como só fertilizante não deve ser grande coisa, certo?
— Isso porque é sangue de gado... É completamente diferente quando se trata de sangue humano.
— Entendo. Agora que mencionou, isso também está na Bíblia: 'Se alguém consumir sangue, Eu o destruirei'. Mas, se for sangue de gado, então não há resistência, certo?
Rindo em um tom baixo, discretamente, Gyula levou sua taça aos lábios. A íris cinzenta que contornava suas pupilas parecia viva e em constante movimento. Ela relembrava à névoa que flutuava sobre a superfície de um rio à noite. Sob aquele olhar, que era ao mesmo tempo inteligente e carregado de algo semelhante a uma fria malícia, Abel ficou inquieto, movendo-se de maneira desconfortável. No entanto, logo depois, como se tivesse reunido coragem, ele abriu a boca para falar.
— A propósito, Gyula-san, posso perguntar uma coisa?
— Fique à vontade.
— No caminho, dei uma olhada no distrito leste, do outro lado do rio, em Peste. Fiquei surpreso ao ver que a situação lá é ainda pior do que diziam. No entanto, apenas você vive de forma tão luxuosa... Não sente vontade de fazer algo pelo povo da cidade?
— Pelo povo da cidade?
Como se tivesse ouvido alguma piada sem graça, Gyula riu com uma voz seca. Em seus olhos cinzentos, desta vez havia uma evidente malícia.
— Por que haveria necessidade de fazer algo por gente como eles? Eles são apenas gado — só o fato de os deixarmos viver já deveria ser motivo de gratidão.
— Gado? Isso... falar assim de outros seres humanos não é um pouco demais...?
— ‘Outros seres humanos’? Você disse ‘outros seres humanos’?
A voz que vinha do outro lado da penumbra era imensamente sombria. Os olhos do padre que se ergueram em sobressalto, se deparando rapidamente com pupilas que brilhavam profundamente como as de um lobo.
— Não me coloque no mesmo nível que aquela gente, padre.
Os lábios finamente entreabertos exalaram um ódio insondável.
— Não me coloque junto com aquele tipo de gente inferior!
— De-desculpe...
Com a súbita mudança de comportamento do jovem nobre, Abel moveu a cabeça para frente e para trás com uma expressão tensa. Até mesmo o ar do salão parecia ter se alinhado à fúria de seu mestre, transformando-se em uma corrente gelada que parecia agarrar-lhe o coração.
— ...Desculpe-me. Parece que me exaltei um pouco.
Será que percebeu o medo do convidado? Após uma breve tosse, Gyula recuperou a expressão de antes em seu rosto. Com um sorriso forçado, ele ergueu os olhos para o retrato pendurado na parede atrás de si.
— Minha esposa também dizia o mesmo que você: 'Eles também são humanos.' Minha esposa tinha carinho pelo pessoal da cidade. Em noites de luar como esta, ela saía para a cidade e distribuía doces e remédios para eles...embora eu tenha dito para ela parar.
Os olhos de Gyula, ao olhar para a figura de sua esposa, eram os de alguém que falava sobre lembranças infinitamente preciosas. No entanto, quando voltaram a se dirigir a Abel, estavam cobertos por uma geada de malícia cruel.
— Em um verão, houve uma epidemia de peste nesta região. Os habitantes da cidade caíam um após o outro. Minha esposa, preocupada com eles, desceu para distribuir remédios. E então, nunca mais voltou... ela foi assassinada.
— Assassinada?
— Sim, foi assassinada... pelas mãos dos habitantes da cidade!
Virando o conteúdo da taça de uma vez só, o jovem nobre soltou uma respiração ofegante. Ao redor de seus lábios, uma mancha de um vermelho vivo se espalhava. Será que Abel havia percebido? O decantador de vinho ao lado dele não era o mesmo de antes, e o líquido que o preenchia apresentava um estranho tom de vermelho turvo.
— Esses indivíduos são bestas... bestas perigosas. E além disso, eu preciso proteger a nós mesmos. Não importa quais métodos eu tenha que usar.
Tlin.
Uma sineta foi sacudida, e as empregadas entraram carregando bandejas. Pratos tradicionais luxuosamente preparados foram dispostos sobre a mesa, exalando um aroma delicioso. Diante de Abel, também foi colocado um grande prato com a tampa voltada para baixo.
— Bem, Gyula-san, eu penso que...
Enquanto, inconscientemente colocava a mão sobre a tampa, Abel falou com o jovem nobre à sua frente. Embora de forma hesitante, ele tecia suas palavras com total seriedade.
— Certamente, lamento muito pela sua esposa. Mas, odiar todas as pessoas da cidade... o que é isso?
A voz de Abel se embargou ao levantar a tampa. Seus olhos piscavam, fixos na coisa redonda sobre o prato. Era uma esfera de forma distorcida, com pelos ásperos crescendo sobre ela...
Era uma cabeça humana ensanguentada.
— Uuh... uuuaaaaaaaaaaaaaaaaaah!
O som do padre tombando para trás e caindo no chão foi seguido pelo som agudo e repetido de pratos se quebrando.
— Uaah! Uah! Uaaaaaaaaaah!
— Ora, não é do seu agrado?
Talvez com as pernas sem forças, Abel tentava desesperadamente recuar rastejando pelo carpete, enquanto era observado por olhos que brilhavam com crueldade.
— Um dos partisans que me atacou na estação... tolos que, sendo meros terrans, ousam se opor a nós, os Methuselahs.
O rosto de Abel enrijeceu.
— ‘Terran’!? ‘Methuselah’!?
Isso, se bem se lembrava, não eram a palavras que 'eles' usavam para se referir tanto aos humanos quanto a si mesmos?
E o nobre diante dele havia chamado os moradores da cidade de 'gado'. Se isso não fosse uma metáfora, mas sim algo que indicasse exatamente o que ele quis dizer...
— Gyu-Gyula-san, vo-você, não me diga que...
Abel gemeu, sem conseguir esconder o som dos dentes batendo.
— Nã-não me diga que é um... um vampiro!
— Esse nome não me agrada.
A voz veio de bem atrás do padre. Quando ele se virou apressadamente, o nobre, que com certeza deveria estar sentado à sua frente até pouco antes, agora estava em pé bem atrás dele.
— Com certeza, nós bebemos o sangue de vocês. No entanto, ser chamado de monstro por causa disso é um pouco decepcionante... mas, vamos deixar para lá.
Abel, cuja mão foi agarrada, deixou escapar um grito de desespero. Um hálito com cheiro de sangue foi soprado em seu pescoço.
— Eu odeio padres... Eles falam de amor, mas nos caçam sem hesitar. Só porque somos de uma raça diferente, tentam exterminar até as mulheres e crianças. Foi também um fanático enviado pela Vaticano, assim como você, que queimou minha esposa viva, Padre Nightroad.
De seus lábios entreabertos, dentes afiados em forma de meia-lua se revelaram. Com um brilho de malícia e fome insondáveis em seus olhos, Gyula apertou os braços com força.
— A-aah!
Não houve tempo para resistir. Com um gesto que poderia até ser considerado gracioso, Gyula puxou o padre e aproximou seus lábios do pescoço dele. Os dentes que espreitavam por entre os lábios partidos se afundaram elegantemente na pele branca.
Foi nesse momento que o salão tremeu com um estrondo tão forte capaz de fazer os tímpanos quase serem esmagados.
— O que foi isso!?
O vidro da janela, que se despedaçou em todas as direções, se espalhou pelo chão como uma camada de neve recém-caída, após um breve intervalo. Um dos autômatos que estava em pé próximo à janela foi perfurado por uma lança transparente, sendo lançado para longe.
Rapidamente, ele afastou seu rosto do pescoço de Abel e virou-se para o terraço, gemendo. Nos seus olhos afilados, uma coluna de fogo vermelha se erguia. Em um canto do palácio, uma enorme explosão de chamas se levantava.
— Isso é um paiol de pólvora...!?
Seria um acidente? Mas, perto da explosão, faíscas finas começaram a se espalhar. O que era aquilo?
Com o som inesperado de tiros e gritos furiosos trocados, Gyula, que havia instintivamente afastado a boca do pescoço de Abel, se aproximou da janela quando...
A porta para o corredor foi aberta com uma brutalidade distante de qualquer elegância. Atrás da porta que se abriu, estavam muitos homens com os rostos cobertos por balaclavas e máscaras. Enquanto olhava para os canos das armas apontados em sua direção, Gyula gritou:
— Partisans!
— Fogo!
Em sincronia com o grito estridente, chamas irromperam das mãos dos intrusos. O autômato que estava mais próximo de Gyula teve seu corpo completamente perfurado como um favo de mel em uma colmeia e foi arremessado pelos ares. No centro do grupo de homens, um guerrilheiro partisan particularmente pequeno, armado com uma besta, gritou com uma voz aguda.
— O Gyula! Não se preocupem com os lacaios, derrubem o Gyula!
— Tu és 'Csillag'?!
Apontado para o nobre que exibia suas presas, ouviu-se o som da corda de um arco. O pequeno partisan puxou o gatilho de sua besta. Com um som semelhante ao ranger de dentes, o pesado virote disparado voou em direção ao coração de sua presa.
— Não me subestime, terran!
A figura de Gyula ficou indistinta como uma miragem.
Aceleração "Haste" ── uma habilidade especial da raça noturna que temporariamente excita anormalmente todo o sistema nervoso, permitindo uma velocidade de reação dezenas de vezes superior à normal. As mais de dez balas disparadas passaram inutilmente pela sombra do nobre, transformando a escultura atrás dele em uma pilha de escombros. Enquanto isso, o grande dardo que foi atirado foi agarrado no ar entre os dedos rapidamente estendidos.
— Olhe, vou devolver!
Com a voz zombeteira de Gyula, sobreveio um grito bestial. No peito de um dos partisans, a flecha havia se cravado. Com o cheiro pútrido da carne derretendo, a fumaça subiu, uma reação do nitrato de prata que estava embutido na haste da flecha. Quando ele caiu no chão, convulsões intensas começaram.
— La-Lajos-san!
‘Csillag’ rapidamente tentou correr para o lado dos seus companheiros. Quem a impediu foi um jovem de olhos castanho escuro que segurava uma submetralhadora. Enquanto espalhava balas por toda a sala em modo automático, ele gritou:
— Não! ‘Csillag’! Ele já não pode ser salvo. Deixe-o! Em vez disso, rápido, o padre!
— Ma-mas, Dietrich...
— Rápido!
Diante das palavras do companheiro que pareciam ser impiedosas, a pequena figura mordeu os lábios e ficou paralisada. No entanto, provavelmente não levou mais do que o tempo de um único batimento do coração para tomar uma decisão. Retirando a máscara de gás acima da cabeça, como um cavaleiro se preparando para um duelo de lanças, ela a abaixou diante de si e gritou:
— Todos, deem cobertura!
Como um vendaval, 'Csillag' já havia começado a correr. Avançando para o salão onde o vampiro a aguardava, ela manipulava rapidamente a alavanca sob a besta. A corda, tensionada pela força da mola e da alavanca, disparou uma seta pesada em direção ao coração de Gyula.
— ‘Csillag’! Veio aqui para morrer tão facilmente?
Enquanto esmagava o grossa flecha que havia interceptado no ar entre os dedos, Gyula rugiu. Apenas vinte ou trinta terrans não chegavam nem perto do poder de combate de um único Methuselah. Isso era algo óbvio — e exatamente por ser óbvio, o nobre não prestou muita atenção à arma letal que havia agarrado com as próprias mãos. Nem mesmo ao fato de que a ponta estranhamente protuberante daquela flecha estava soltando faíscas.
Houve uma explosão.
— ... O quê!?
O impacto sofrido por Gyula em si não foi significativo. Foi uma explosão de pequena escala, suficiente apenas para estourar alguns dedos. Para um Methuselah, que possui uma capacidade de recuperação comparável à de protozoários e de um sistema imunológico de ordem superior, o dano não passava de algo que estaria completamente regenerado até o final da noite. No entanto, em contraste com a pequena escala da explosão, a quantidade de fumaça branca que encheu o salão foi algo descomunal.
— Droga, é uma cortina de fumaça...!
Por mais rápidos que fossem os reflexos dos Methuselah, isso era impossível de evitar. Tudo à sua frente se tornou branco como a neve, e uma dor lancinante percorreu o fundo de suas narinas. Ao que parecia, não era apenas uma cortina de fumaça, mas continha também gás lacrimogêneo. O olfato de um Methuselah, mais aguçado que o de um tubarão-branco, desta vez, acabou se tornando uma desvantagem, voltando-se contra ele mesmo.
— Droga! Essa insolência... Eu não vou te perdoar, 'Csillag’!
Enquanto liberava a 'Aceleração Haste’, movendo os olhos instintivamente, Gyula viu uma sombra alta sendo alcançada por uma outra sombra pequena. Ela corria em direção ao terraço, quase arrastando a mão do padre.
— Padre Nightroad, por aqui! Depressa, para fora!
— Co... cof, cof! O que está...?! Uwaaah!
Sem entender o que estava acontecendo consigo, o padre foi chutado para fora da janela, seguido por "Csillag" que também saltou. Com a explosão do depósito de pólvora, o pátio foi levemente iluminado.
— Por aqui, 'Csillag'!
Em um canto do pátio, próximo ao poço seco, alguém estava balançando uma lanterna como sinal. Enquanto levantava Abel, que havia desabado sobre a grama, 'Csillag' sussurrou rapidamente:
— Consegue correr até lá, Padre Nightroad?
— Ah, de alguma forma... Mas, mais importante, Esther-san, por que está fazendo coisas assim?
— .............
Após um breve silêncio, 'Csillag' arrancou a sua máscara de gás bruscamente. Seus cabelos dos tons da cor do chá preto marrom-avermelhados, cuidadosamente arrumados, se espalharam com o ar da noite.
Com os olhos azuis brilhando, a jovem perguntou a Abel em um tom penetrante.
— ...Desde quando percebeu, Padre?
— Quando falamos sobre o tiroteio na estação, você disse imediatamente: ' Foi uma sorte em meio ao azar, ainda bem que não se machucou.' Como você sabia que eu não estava ferido lá?
— Será que acabei falando demais?
Enquanto afastava os fios de cabelo ruivo que caíam sobre a testa, Esther estalou a língua. Durante esse tempo, parecia que as forças de segurança da Guarda Militar estavam começando a se reorganizar, pois vozes de gritos e comandos podiam ser ouvidas de vários lugares.
— Ei! Se apressem! As outras unidades já começaram a recuar!
Um homem grande, inclinado sobre o poço seco, gritou em tom de desespero. No salão ao fundo, a cortina de fumaça estava gradualmente se dissipando. De fato, parecia melhor apressar-se.
— De qualquer forma, por esta noite vamos voltar ao esconderijo... Padre, por favor, nos acompanhe com cuidado para que não se perca!
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Roteiro de Leitura (。•̀ᴗ-)✧!
Créditos da tradução:
Lutie (◕‿◕✿) ,
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O LAÇO DO PASSARINHEIRO (𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐈)
“Through me you go into a city of weeping; through me you go into eternal pain; through me you go amongst the lost people” ― Dante Alighieri, Inferno
Dionísio e Quíron pareciam mais tensos que o normal. Aliás, nos últimos dias, esta parecia ser uma constante entre os diretores do Acampamento – a completa paralisia. Eles mandariam alguém ao Submundo, afinal de contas? Eles queriam mandar alguém? A impressão que Remzi tinha era de que estavam deixando os Caídos à própria sorte, apenas esperando pelo momento em que Hades ou Hefesto, de maneira espetaculosa, anunciasse que podiam preparar suas mortalhas. Por outro lado, com os recentes ataques ao acampamento, todos reconhecidamente por parte de Hades, chegava a ser burrice a mera cogitação de confiar no rei do Submundo. Cinco vidas estavam em jogo – agora que já haviam perdido uma – e mais duas estariam se os dois campistas exigidos fossem enviados.
E o que haveria de tão especial no amuleto que ele queria? Seria mais uma forma de espalhar destruição e caos junto de Hécate? Se era valioso o bastante para que trocasse por cinco semideuses, como podia ser a coisa certa a fazer?
Poderiam ter permanecido naquele eterno impasse, não fosse a intervenção, mais uma vez, de Rache Elizabeth Dare.
Dessa vez, parecia mais maluca do que de costume – Remzi nunca se acostumava com aquela fumaça verde deixando seus olhos e boca, a transformando num ser de outro mundo. Pode ser que as vestes também estivessem deixando sua imagem ainda mais perturbadora, fazendo com que o semideus se mexesse de maneira inquieta, interrompendo o movimento de levar o garfo à boca, sabendo que estava prestes a perder a fome.
No momento em que o Oráculo se aproximou de onde estavam, seria possível ouvir um fio de cabelo atingindo o chão, tamanho era o silêncio no recinto, mesmo que antes o mesmo espaço estivesse tomado por semideuses barulhentos, ruídos de mastigação e talheres colidindo com pratos.
O filho de Nyx detestava profecias. Por causa de uma, estava na posição em que estava. Por causa do deus das profecias, sua existência era mais miserável. Não desconhecia da predisposição de alguns de seus irmãos para poderes do tipo, no entanto, se mantinha distante e cético sempre que possível.
Por seu anúncio inicial, mesmo em meio a palavras desconexas que, a princípio, não faziam muito sentido para a mente lógica do semideus, era nítido que o Oráculo estava ali para entregar uma missão. Na realidade, o suspense era mais matador que a revelação em si. Se todos os gestos de Dare não viessem acompanhados de toda aquela carga dramática típico daqueles que se diziam iluminados, as coisas andariam muito mais rápido e a missão poderia ser executada por quem quer que fossem os desgraçados que acabassem escolhidos.
Tentou esconder o sorriso debochado quando ela apontou, inicialmente, para Maya Martínez, do Chalé 39 – ele não se importaria nem um pouco se a filha de Anteros acabasse se perdendo no trajeto e ficasse presa no Tártaro com toda aquela arrogância. Quer dizer, se isso não comprometesse a volta dos demais ele até que-
Interrompeu os próprios pensamentos quando percebeu que, depois de apontar para Maya, era para ele que o Oráculo estava apontando. Ele, dentre todas as pessoas saudáveis e inteiras daquele lugar. Ele, que tinha acabado de perder a perna direita e agora era incapaz de se locomover sem a ajuda de uma prótese.
Parecia, na melhor das hipóteses, com uma piada de mau gosto. Na pior, com um complô.
Pode ser que em condições normais de temperatura e pressão até se oferecesse para a missão em questão. Melis e Katrina estava presas nos domínios de Hades, afinal de contas, e ele havia feito uma promessa a Nastya. Não tinha se recriminado ao longo daquelas semanas após o fechamento da fenda precisamente por conta disso? O que os deuses estavam fazendo era apenas adiantar o processo (se de salvamento ou de sua morte iminente, ele não sabia), mesmo quando ele não se sentia nem um pouco capaz. Quando havia chances muito reais de falhar.
' Espera ' ele quis protestar; perguntar a Rachel sobre a possibilidade de ela ter se equivocado, mas sua voz foi abafada pelo burburinho que se seguiu, seu egoísmo e autopiedade engolidos pelas instruções do Oráculo de Delfos.
Sete dias. Para ir até o Submundo e voltar. Com vida.
A vontade que tinha era de rir da própria desgraça. Havia uma chance - nada pequena, diga-se de passagem - de que sua alma e a dos outros ficassem presas para sempre no mundo dos mortos.
@silencehq , @hefestotv
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“Precisamos de uma mortalha. Uma mortalha para um filho de Thanatos.”
disclaimer: POV de Kit Culpepper dos acontecimentos do plot drop #04: o traidor da magia. Tumblr me tombou antes de fazer qualquer edit (e manterei assim). tw: morte.
Ele falou Tânatos?
Repetiu Kit para quem estava mais perto de si, as mãos sendo recolhidas com cuidado do autônomo que estava modificando. Por todo lado, ele ouvia o crepitar do fogo e os grunhidos de esforço da equipe que cuidava dos ursinhos. Os estalados dos autônomos defeituosos ferindo seus ouvidos naquele desgosto inerente dos filhos de Hefesto: preciso consertar. Mais uma série delicada de ajustes e pronto, as mãos voltaram à forma humana apesar de metálica.
"Sim", confirmou o semideus.
Seu rosto, que até então estava concentrado, começou a entender a mensagem. A seriedade dando espaço para a solenidade de um que deixava o mundo dos vivos. Não era para ser assim. O acampamento deveria ser um lugar seguro para todos. Era para ser a casa fora de casa. Onde podia deitar a cabeça e descansar sem medo. Naturalmente, apenas um olho ficava brilhante de lágrimas. O acúmulo espremendo uma única e gorda lágrima.
Mas...
O rosto de Kit encontrou o de Quíron...
Não.
A facilidade que o nome tinha florescido em seus pensamentos foi tão absurda que o cérebro esqueceu. Descartando o absurdo daquilo tudo. Flynn? Morrer? Era mais fácil acreditar que conseguiria levar o autônomo que trabalhava para o chalé, dissecar sua estrutura e reproduzir em grande escala. Roubar um deus debaixo do seu nariz, fichinha. Mas Flynn? Flynn não era possível.
Então por que Quíron o olhava daquele jeito?
E por que o peito apertava com a percepção de que era verdade?
Os passos começaram hesitantes. Kit balançando a cabeça em negativa. Se não visse, não seria real. Se não colocasse em voz alta, não passava de um pesadelo. Alguém podia tê-lo acertado, não podia? Uma bela cacetada na cabeça o deixando desacordado. Sim, era isso. Uma realidade alternativa provinha daquela conversa de tragédia com Flynn no parque. Totalmente sem pé nem cabeça. Ele e a sua capacidade única de fazer nascer novos fios de cabelo branco em sua cabeça.
"Eu só... sinto que algo pode acontecer. Uma ansiedade boba."
E outra facilidade se desenrolava... O crucificando tão imediato quanto a reconheceu. Estavam juntos, nada podia abalar. Nada podia entrar no meio. De novo, sem conselhos, só a confiança estúpida de quem vinha ganhando apesar do esforço. Os passos se transformaram em corrida. O metal dos pés destruindo qualquer coisa no caminho porque aquele paletó era o de Flynn. Aquele brilho dourado, em forma de coluna vertebral como ele gostava de brincar, era Miz. Seus olhos se enxergam de água, os dentes batendo uma contra os os outros.
Nem tinha chegado perto e ele chorava.
Chorava tanto que a cabeça doía e a respiração falhava, sufocando-o no ato mais simples de respirar. Poderia acabar com aquela intromissão toda virando metal, mas merecia? Merecia ficar frio e sem vida para o mundo quando o melhor amigo estava ali? Deitado, coberto de poeira e... E...
A esperança é um bicho traiçoeiro mesmo, porque ela tinha crescido nesses pouquíssimos milésimos de segundo até chegar perto. Tinha pintado um cenário tão bonito, mas tão quebravel... Tão frágil quando os joelhos ao cederem com o peso do filho de Hefesto.
Flynn?
Chamou numa voz miúda, aquosa. A boca aberta para o ar que entrava e saía com a revolta de uma tempestade. E, mesmo com aquela abertura, ele ofegava. A mão sobre a barriga esfregando a sujeira na blusa branca, sem saber o que fazer. Sem saber o que falar.
Flynn?
Ele chamou de novo, mais doce. Uma versão de si tão nova, meio incerta daquela amizade com o novo filho de Tânatos. A cabeça aparecendo no batente da porta, olhos enormes procurando-o na escuridão do chalé. Aquela voz hesitante, chamando-o para fazer alguma coisa juntos, mas sem saber se ele estava ali. Kit chamava o início da amizade, criando intimidade para entrar e puxa-lo pela camisa.
Flynn?
Os lábios trêmulos ficaram mais firmes, a expressão tentando ficar séria. Agora era mais velho, os braços cruzados na frente do corpo e o pé batendo no chão. Aquele era um Flynn que sabia que estava atrasado e batia em tudo para trocar de roupa. Kit gritaria seu nome de novo e começaria uma contagem regressiva. Tempo nada suficiente antes de entrar como um jogador de futebol americano e carregá-lo para fora como um saco de batatas.
Flynn, por favor.
As mãos passavam pelo rosto do melhor amigo. Afastando os cabelos de seus olhos, firmando atrás da nuca e do pescoço. Levantando-o para se encaixar por baixo e aninhar em seu peito. Flynn estava tão mole, tão... Poderia fingir que estava dormindo e ele, impaciente e carente, tentando forçar que acordasse do jeito mais mirabolante possível. Ora, porque ele tinha toda a pinta de príncipe encantado. Rindo enquanto soprava beijos, espalhando pela testa.
Mas ela estava esfriando.
A falta de reação.
O desespero do choro baixou para uma contemplação muda. Uma criança que não sabia o que tinha acontecido, não sabia o que estava acontecendo. Tocando, sentindo, puxando e agarrando. E dos lábios, o mantra do nome dele continuava sem pausas. Flynn e coisas mais, frases estúpidas que trocavam quando eram mais novos. Você está tão desarrumado, murmurava ao ajeitar a lapela e espanar a poeira das calças. Você nunca foi tão desleixado, com a mão esfregando as dobras amassadas das roupas e colocando os fios escuros num penteado discreto.
Mesmo assim, enfiado naquele estupor de desespero, cada movimento ficava mais difícil. Seus dedos ficavam mais pesados, insistentes, segurando a roupa alheia como se a própria vida escapasse sem dificuldades. Flynn. O nome sofrido saindo sem fôlego, o peito constrito fechando em si mesmo na angústia silenciosa. Os dedos tornaram-se brancos de esforço ao se agarrar e puxar. E trazer pra si. E insistir numa fusão impossível de ser realizada.
Isso só acontece com os vivos!
Quando as almas ainda estavam no mesmo plano e ele tivesse voz para implorar aos deuses. ME LEVE NO LUGAR DELE! Gritaria para os do inferno e da morte. SALVE-O SALVE-O SALVE-O. Choraria para os da saúde e da medicina. TROQUE, ME LEVE. FAÇA O QUE QUISER. Para os do destino e da alma, de trocas impossíveis e preços grandes demais para serem colocados em palavras. POR FAVOR. Para quem ouvisse e sentisse pena, ou que o usasse como fosse para um futuro que ele não ligava.
Porque não era importante o que aconteceria dali pra frente. O que o destino tinha para si quando não tinha quem o acompanhasse? O que podia esperar para ele no dia seguinte- Deuses, para o minuto seguinte se o peito gritava numa dor pior que a morte? Ecoando uma dor difusa e seca, vazia, perdida em si mesma porque... Porque era para ter algo ali e não tinha... Porque ele não tinha porque continuar vivendo uma vida pela metade. Ou sequer uma vazia.
Kit o embalava nos braços. As lágrimas descendo em cascata pelo rosto e caindo no do melhor amigo. Banhando-os do salgado que em nada... Nada... Não podia... Não era possível que o choro expressar a dor... A perda... A tristeza... A angústia... A falta... A ausência... O fim... A morte... Era tanta coisa, tanta coisa. TANTA COISA. E ele se resumia àquele momento, o abraçando com força enquanto esfriava. Chorando e gritando e soluçando e condenado sem perceber. Acabado. Destruído.
Kit Culpepper perdia as palavras lentamente...
Eu te disse que podia contar comigo a vida toda. Eu te prometi.
E não era assim quentinha pensando. Não era uma promessa para doze horas. Para uma parte do dia. Sim, falava no tom mais leve da brincadeira, mas era para toda a vida. TODA A VIDA. Kit o viu no altar, correndo com seus filhos, chamando-o para comprar pão na padaria da esquina. O via no aeroporto antes da viagem, grudado nas costas numa emboscada durante uma trilha. E depois daquele dia... Daquela possibilidade aberta e, pelos deuses, tão óbvia... O futuro prometi era tão mais amplo...
Mas eu devia ter feito você prometer pra mim! Flynn, era pra você ficar comigo até o fim da minha vida também!
Egoísta, tão egoísta. Ou seria covarde? O de querer ser o último para não sentir? Ou esse seria o karma por ter pensado assim? Não quer, pois tome. Sinta. Sofra. Pense em tudo o que podia ter feito, o que poderia ter falado, e veja. VEJA. O desperdício de parar pra pensar, refletir. Pegar todos aqueles vinte anos e enxergar mais, tentar encontrar o momento em que tudo mudou e ficou mais. Mais.
Flynn.
Talvez seja a última vez do último Kit. Daquele encantado, mais uma vez, com o melhor amigo. Segurando seu rosto, amenizando suas preocupações, sorrindo sem parar. De um Kit que sentia o mundo mudar com uma confissão simples, de uma frase. De um amor antigo e descoberto. E... O soluço irrompeu, sacudindo o corpo inteiro, perdendo a força para cair ainda mais sobre o amado em seus braços. E... De um Kit que o amava de volta.
Você me fez amá-lo na hora de ir embora?
Ou era parte do plano de levar alguma coisa consigo?
Porque se fosse assim... Se era isso que queria...
Pode levar. Pode levar. É seu, Flynn. É seu.
O tempo ficou estranho, confuso. Distante. Os sons baixando para nada além de si e do vazio. Da dor que reverbera, da garganta arranhada e seca e sangrando. Suplicando, falando, gritando. Os braços tremendo de esforço em travados, não deixando que o levassem. Quem? Quando? Onde? O esqueçam. Os esqueçam. Desapareçam.
Deixe-o ali.
Apenas... Deixe-o ali, com ele.
Com o seu Flynn.
@silencehq @fantasfly
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PAST THE POINT OF RESCUING, WHY'D I KEEP PUSHING MY SOUL? { POV }
Um homem silencioso não deveria ter a alma perturbada até o desvairo, pois é a ira do indivíduo tranquilo um reflexo de todas as desordens naturais; e é o choque de um nascido da morte em relação a ela que anuncia a chegada do fim dos tempos como a efemeridade de um instante sobre as asas abertas de um corvo.
Menções ao escritório das autoridades máximas do acampamento (com @silencehq)
Outras menções: @fantasfly
Não era porque era filiado a Tânatos que Tommaso era insensível nas questões que envolviam a morte, muito pelo contrário. Enxergava-a com mais sensibilidade e delicadeza, mas quando ocorria de maneira justa ou natural, não quando era promovida por tanta violência e por tanto choque como o que acontecera com Flynn, com o adicional de envolver seu irmão mais velho, o que doía por tabela, ainda que não fossem tão próximos; o laço sanguíneo divino e a convivência no dia a dia, dentro daquele chalé majestoso, bastava para que a dor de Tommaso soassse como triplicada, senão quadruplicada quando pensava que poderia ter sido qualquer um de seus amigos também sob aquela mortalha.
Sendo assim, havia levado cerca de três dias até que Tommaso, de fato, processasse melhor seus sentimentos. Quando isso aconteceu, entretanto, eles vieram como uma avalanche: como tudo poderia continuar fluindo tão normalmente quando estavam literalmente diante do caos instaurado? Vivenciando uma extensão daquele período de horror que procedeu a chegada de Petrus e já arrancara a vida de outro semideus?
Sua revolta pós cerimônia, algumas horas depois dela, acabou por guiá-lo Acampamento a fora, perambulando, a passos firmes, com os três corvos caminhando junto de si. Tótis, o mais normal dos três, tentava negociar toda a fúria e a chateação que consumiam o Beneviento, tentando frear o avanço do caminho que ele traçava até o escritório de Quíron, trocando a conexão e o instinto que os interligava pelos poderes do italiano, para tentar contê-lo. Tíras, por outro lado, tempestivo como era, grasnava alto com os semideuses que haviam pelo caminho, arreganhando os dentes pontiagudos e abrindo as asas igualmente perigosas, junto de Trítis, no intento de abrir caminho ainda mais facilmente enquanto Tommaso terminava de dirigir seus passos até seu destino final.
Lá, bastou um rompante para abrir a porta dos aposentos da Casa Grande e adentrar o espaço, contemplando as figuras de Quíron e Dionísio. O primeiro usualmente aparentando estar mais tenso do que o segundo, mas ainda assim, não faziam jus à concepção de chateação e dor do luto sob a perspectiva do filho da morte.
"PRECISAM DE MAIS QUANTAS MORTES PARA COMEÇAREM A ENXERGAR QUE NÃO ESTAMOS MAIS SEGUROS EM LUGAR NENHUM?" Foram suas primeiras palavras, instáveis, levemente esganiçadas já que não era do feitio de Tommaso alterar tanto a voz, tampouco gritar daquela forma. Seu rosto estava avermelhado, tanto porque estava segurando o choro que não deixara escapar em meio aos outros irmãos, quanto porque sentia o sangue ferver em suas veias devido à raiva que o consumia. Sentimento particularmente atípico, levando em conta como era difícil que algo realmente perturbasse ou tirasse o Beneviento do sério, sendo este mais um indicativo de como estava aos pedaços e sendo consumido pelo desespero, pela chateação, pela revolta e principalmente pelo medo. "Meu irmão está morto, outro semideus foi assassinado aqui dentro, quantos mais precisarão ter o mesmo fim?" Rosnou, aproximando-se em mais alguns passos, pouco afetado, desta vez, pelo respeito que nutria um pouco mais por Dionísio do que por Quíron. "Precisarão atingir um filho seu para que comece a se importar de verdade, Dionísio? Porque se for preciso, você sabe que isso vai acontecer!" Meneou levemente a cabeça, sentindo o coração bater ainda mais ensandecidamente dentro do peito. As lágrimas que haviam sido seguradas, agora escapavam, teimosas, mas quase solitárias. Ainda estava tentando ser firme, mas aquela dor toda precisava transbordar, certo? Mesmo que isso significasse fazer uma ameaça implícita aos filhos do deus do vinho, ainda que não tivesse sido sua principal intenção.
Quíron, então, fez menção de se aproximar ou dizer algo, mas Tommaso voltou-se em alguns passos para atrás apenas para se aproximar das estantes dispostas. De lá, empurrou como podia os objetos expostos; troféus, mapas, o que quer que estivesse no caminho. Os três corvos grasnando e voando pela sala, rapidamente, atingindo o que mais estivesse à vista, como os abajures ou outros itens delicados como algumas das garrafas sem utilidade alcoólica de Dionísio; os cacos de vidro espatifando-se no chão, os cristais dispostos encontrando o mesmo fim.
"Essas coisas parecem ter mais valor pra vocês do que as nossas vidas. Como vamos continuar sobrevivendo nesse inferno?! Ninguém sabe como os deuses estão falhando tanto em nos proteger se são tão poderosos?!" Por mais que pudesse soar repetitivo, seu questionamento era válido. Como seguiriam adiante sabendo que mesmo dentro do espaço que deveria contê-los e assegurá-los, não estavam mais em paz? Talvez no Acampamento Júpiter, mas ali... E mesmo assim, como poderia deixar o espaço que fora seu lar por mais de dez anos? Realmente chateava Tommaso pensar em como aquele poderia ser o fim do espaço dos semideuses do panteão grego. "EU NÃO--"
Até que a voz de Dionísio finalmente irrompeu, chamando sua atenção. Não que Tommaso fosse muito capaz de focar nela, mas interrompeu sua série de puxar e empurrar qualquer coisa em seu caminho, tendo cortado consideravelmente a mão em uma das lanças dispostas, apenas para voltar a olhá-lo. Agora sim haviam mais lágrimas no rosto do filho de Tânatos, incomodado com a própria frustração e agora com a dor na palma da mão, que teria começado a sangrar e gotejar se ele não tivesse a empurrado contra as vestes sociais e pretas que usara durante a despedida à memória de Flynn.
Escutou a pseudo-orientação e pensou em mais mil tipos de respostas, mas não era capaz de raciocinar muito mais. Estava tomado por aquela dor lancinante e pelo mais puro e absoluto desespero, intrigado com o fim que teriam se seguissem por aquele caminho, assombrado com a possibilidade de amanhecer com a notícia de mais um de seus irmãos ou amigos mais próximos igualmente mortos única e exclusivamente porque os deuses, aparentemente, eram incapazes de zelar por suas próprias crias.
Seu próprio pai incluso, talvez ( @swfolimpo ), por mais que gostasse de acreditar que assim que o procurasse no submundo, com a ajuda de seu tio Hipnos, poderia ter mais algumas das respostas que buscava.
"Que fique claro..." Só então respirou fundo, usando do braço da mão boa para poder enxugar as lágrimas de qualquer jeito, engolindo o restante da sensação de choro. Com um aceno da destra também os corvos pararam e retomaram as laterais do corpo de Tommaso. "Eu vou atrás de todos os filhos da magia. Um por um, enquanto eu não conseguir saber o que aconteceu ou ter a justiça que meu irmão merece." Garantiu. A voz ainda era trêmula, mas bem mais firme. Séria. Como uma promessa, um pacto de sangue. "E isso pode me custar quantas punições vocês queiram me dar. Minha expulsão. Mas isso não vai ficar assim." Rosnou novamente, os dentes cerrando-se, o maxilar travando. Agora sua voz estava carregada do mais puro e absoluto ódio. "Isso já foi longe demais."
E poderia ter ficado para ver até onde aquele contato iria, mas estava começando a sentir o estômago revirando e a gana por vingança e por retaliação, aumentando também. Gostaria de continuar quebrando e atacando todas as estruturas possíveis do acampamento, mas sabia que se dependesse de Lacerador e de Triturador, seus corvos de combate, a situação poderia se agravar e muito. E isso, querendo ou não, não orgulharia seu pai.
Ainda assim, o chalé 22 não se esqueceria.
E era só isso que Tommaso tinha em mente quando finalmente recuou, saindo pela porta, pouco incomodado com a ideia de uma detenção ou algo do tipo, ou uma nova orientação quando estivesse, supostamente, mais calmo. Tudo o que precisava agora, por ora, era encontrar pelo menos @deathpoiscn e buscar pelo suporte de quem realmente entendia sobre vingança e acerto de contas.
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𖹭 starter with @ you
¸ local de oferendas.
⭒ ๋࣭ 𖹭 ๋࣭ ⭑ já fazia um certo tempo que não acontecia uma cerimônia de glória e honra no acampamento, tinha até esquecido quanta burocracia para honrar os semideuses que voltavam de missão. a última que o filho de Afrodite participou, não teve uma daquelas de boas vindas, mas sim uma cerimônia de queima de mortalha. parecia impossível então não lembrar-se de como sentiu-se na época, de quão impotente parecia ficar; o fogo da fogueira em sua mente agora era substituído pela mortalha da filha de hipnos queimando no meio do lago... e então estava de volta ao presente. piscou para afastar aquela confusão mental, focando em muse para ver se conseguia se distrair. “ ━━━ parece até estranho os deuses nos agradecerem por algo, não acha? será que esses presentes são... seguros?"
#elói quase virou camiseta da saudade#foi por um tantinho 🤏#estarei finalizando tudo o que dá pra finalizar#então resolvi aparecer com um aberto
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໒ྀིㅤ⠀˛ㅤ⠀⋆ㅤ⠀୨⠀ 𝐁𝐎𝐌𝐁𝑺𝑯𝑬𝑳𝑳 ˒ ( pinar deniz , 36 , ela / dela ) atenção , atenção , quem vem lá ? ah , é a hazal grimhilde , da história de branca de neve ! todo mundo te conhece … como não conhecer ?! se gostam , aí é outra coisa ! vamos meter um papo reto aqui : as coisas ficaram complicadas para você , né ? você estava vivendo tranquilamente ( eu acho … ) depois do seu felizes para sempre , você tinha até começado a fabricar velas aromáticas … e aí , do nada , um monte de gente estranha caiu do céu para atrapalhar a sua vida ! olha , eu espero que nada de ruim aconteça , porque por mais que você seja confiante , você é egocêntrica , e é o que merlin diz por aí : precisamos manter a integridade da sua história ! pelo menos , você pode aproveitar a sua estadia no reino dos perdidos fazendo o que você gosta : administrando um spa .
* 𝐭𝐚𝐠𝐬. * 𝐩𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐞𝐬𝐭. * 𝐜𝐨𝐧𝐧𝐞𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧𝐬. * 𝐞𝐱𝐭𝐫𝐚𝐬.
𓏲ㅤㅤ𝒐𝒏𝒄𝒆 𝒖𝒑𝒐𝒏 𝒂 𝒕𝒊𝒎𝒆 ⠀ 𖥦 hazal não nasceu em berço de ouro nem cercada pelo luxo que mais tarde se tornaria sua marca registrada . ah , não ! sua infância foi um desfile deprimente de violência e pobreza , um espetáculo onde a brutalidade do cotidiano era a norma e a sobrevivência dependia de uma boa dose de astúcia e , claro , um pouco de sorte . ela cresceu em um vilarejo tão miserável que até os ratos tinham padrão de vida mais alto .
desde cedo , hazal percebeu que sua beleza era sua arma mais poderosa – porque , sejamos francos , era isso ou a mortalha . sua mãe , uma feiticeira de grande poder e péssima reputação , estava bem ciente disso . com uma crueldade que só uma mãe muito amarga poderia possuir , ela estimulou na jovem grimhilde a crença de que a beleza era a chave para o poder e a proteção . " lembre-se, minha filha , " dizia sua mãe com a doçura de uma cobra , " neste mundo sujo e corrompido , um rosto bonito pode abrir mais portas do que uma espada afiada . e é mais fácil de carregar . "
assim , hazal aprendeu a usar sua aparência a seu favor . os homens do vilarejo , brutamontes e idiotas , tornaram-se marionetes em suas mãos . um sorriso calculado aqui , um olhar insinuante ali , e voilà ! ela conseguia o que precisava – seja comida , segurança ou informações valiosas . a beleza era sua máscara , sua armadura , e , francamente , a única coisa que fazia aquele buraco de vida valer a pena .
mas a mãe de hazal não parou por aí . ela a treinou nas artes ocultas , transformando-a em uma aprendiz competente da magia negra . feitiços de sedução , encantamentos de proteção e maldições de vingança tornaram-se parte do arsenal de hazal , complementando sua beleza letal .
quando o rei a notou , não foi por acaso . hazal havia orquestrado cada encontro , cada olhar furtivo e sorriso enigmático . o romance estava bem longe da sua lista de prioridades . mas , como a vida tem um jeito irônico de pregar peças , ela acabou caindo de amores por ele . talvez fosse a forma como ele a olhava , com um misto de admiração e medo , ou a maneira como ele ria de suas piadas – sim , até as mais cruéis . contra todas as expectativas , hazal se apaixonou . e não só pelo poder , mas pelo homem por trás da coroa .
no entanto , a tragédia bateu à porta . o falecimento do rei , o grande amor de hazal – sim , ela admitia , amor – deixou um vazio imenso em seu coração . a dor da perda era avassaladora , e , em meio a essa vulnerabilidade , a rainha recebeu um presente peculiar : um espelho mágico , contendo a alma de sua mãe . a figura materna que outrora havia ensinado a filha a usar sua beleza como uma arma , agora estava lá para alimentar suas inseguranças e invejas , como um parasita sugando qualquer resquício de sanidade . cada vez que hazal se olhava no espelho , sua mãe estava lá , sussurrando venenosamente . " veja como ela floresce … enquanto você murcha na sombra do luto e da idade . a garota está roubando tudo o que você lutou para conquistar . "
e assim , o espelho mágico tornou-se não apenas um símbolo de poder , mas um reflexo das inseguranças e da amargura de hazal . a rainha má não era apenas vítima de sua própria crueldade , mas também dos sussurros insidiosos de sua mãe , que a transformaram de uma mulher poderosa e apaixonada em uma figura trágica e vingativa .
o resto . . . bom , o resto é história .
𓏲ㅤㅤ𝐦𝐲𝐬𝐭𝐢𝐜 𝐦𝐢𝐫𝐫𝐨𝐫 𝐬𝐩𝐚 ⠀ 𖥦 ah , malvatopia . era um lugar charmoso , pelo menos enquanto hazal ainda estava por lá . lá , sua genialidade brilhou com o empreendimento das velas aromáticas . que bela invenção ! aromas de mandrágora , essência de lágrimas de fada e um toque de poeira de estrela . até que hazal foi chutada para o reino dos perdidos — ultrajante , segundo ela . foi então que a ideia lhe ocorreu . se ela podia transformar um simples pedaço de cera em algo sublime , por que não fazer o mesmo com um spa ? claro , não seria qualquer spa . seria um refúgio de luxo e indulgência . merlin , aquele mago intrometido , tinha uma dívida com ela por toda dor de cabeça . hazal exigiu um espaço grandioso , à altura de sua magnificência . assim nasceu o mystic mirror spa ! imagine um local onde cada detalhe exala poder e sofisticação . paredes revestidas com pedras encantadas brilham em tons de ametista e esmeralda , refletindo a luz suave das velas aromáticas , uma criação magistral de hazal desde seus dias em malvatopia . cada vela é uma obra-prima , exalando aromas hipnóticos que induzem um estado de serenidade profunda – e talvez um leve traço de manipulação mágica , mas quem se importa com detalhes triviais ? cada sala é um santuário , projetado para induzir um estado de relaxamento tão profundo que até o mais teimoso dos anões adormeceria . aqui , os hóspedes são tratados com poções de banho criadas a partir de essências raras e mágicas , cuidadosamente formuladas para rejuvenescer até a alma mais exaurida . os tratamentos faciais e corporais oferecidos são igualmente extravagantes . feitiços antigos e secretos , que hazal aperfeiçoou ao longo dos séculos , garantem uma pele impecável , livre de qualquer imperfeição . máscaras faciais feitas de néctar de flores lunares são aplicadas com precisão , proporcionando resultados que fariam até a mais vaidosa das princesas morder de inveja . mas hazal não se contenta apenas com o que acontece dentro das paredes de seu império de bem-estar . o spa também oferece uma linha exclusiva de produtos para cuidados em casa , todos infundidos com o ingrediente principal que se tornou sua assinatura : a maçã . cremes , loções e elixires , todos carregando a essência da fruta , prometem resultados deslumbrantes . e , claro , a ironia é deliciosa – a mesma maçã que trouxe ruína agora oferece beleza incomparável . no entanto , um aviso acompanha cada compra : ousar dar calote na rainha má é um erro que ninguém quer cometer . há rumores de que hazal possui a habilidade de reverter os benefícios de seus produtos em danos irreversíveis . uma pele radiante pode rapidamente se transformar em uma visão de pesadelo , deixando claro que com hazal , a vingança é tão elegante quanto cruel . então , se algum dia alguém se encontrar perdido – literalmente ou metaforicamente – saiba que o mystic mirror spa está lá para transformar sua desgraça em um instante de pura indulgência .
𓏲ㅤㅤ𝒍𝒐𝒔𝒕 𝒐𝒏𝒆𝒔 ⠀ 𖥦 a posição de hazal em relação aos perdidos é clara : ela simplesmente odiou a ideia . estava perfeitamente bem em malvatopia ! ter que reviver toda a história novamente , com alterações insalubres , até mesmo para ela , era um pesadelo . a atmosfera impregnada de insinuações pretensiosas sobre sua pessoa , o constante zumbido de invasores que ameaçavam sua paz recém encontrada – tudo isso era mais do que sua beleza suportava . aquela experiência maldita a daria rugas ! e quanto à branca de neve ? aquela garota insignificante já não despertava mais a inveja de hazal . a cicatriz no rosto da enteada não era apenas uma marca física ; era um símbolo de sua própria ascensão ao poder . e enquanto ela observava a garota , agora marcada e vulnerável , não podia deixar de sentir uma pontada de satisfação . no entanto , mesmo em meio ao desgosto e à amargura , hazal mantinha sua compostura e sua determinação inabalável . logo os perdidos aprenderiam que , apesar de sua queda , a rainha má jamais seria subjugada .
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! perto dos chalés com @ SASHA.
@littlfreck
brook estava vivo. não havia normalidade alguma em afirmar tal fato, não tinha como. katrina tinha a lembrança de carregar o corpo dele, de chorar por sua morte. como era possível? e ainda precisava lidar com a naturalidade de outrem em lhe surgir, como se nada tivesse acontecido. em que mundo estava vivendo? nenhum boato sobre a chegada dele a tocou, nada passou perto de seus ouvidos, como se o destino estivesse desejando a jogar naquele momento de desespero. o coração batia rápido no peito, sentia uma crise de pânico acumulando-se. as noites que não dormia, que outrora não tinha peso algum, pareciam acumular-se aos montes em seu ombro, a deixando com a respiração agitada. pulava de uma sombra a outra, escondendo-se. havia um alerta por todo o corpo, como se monstros estivessem a perseguindo, como se esperassem por um momento maior de fragilidade. o chão do acampamento parecia o do submundo, tinha sangue escorrendo...brook. vivo. tinha a adaga em uma das mãos quando não encontrou uma outra sombra e precisou correr na claridade, era noite, quase não havia luz que a tocasse mas katrina sentia-se exposta demais. as pernas falharam no que parecia ser uma corrida, fazendo com que o joelho fosse ao chão. a respiração falhou. brook. não tinha nada no mundo que a preparasse, que a deixasse menos impactada. deveria sim está feliz por ele, por ter o amigo de volta, mas havia o enterrado, soubera que haviam queimado a sua mortalha em uma linda cerimonia, como poderia ignorar tais fatos e apenas abraçá-lo em alegria? um novo alerta a percorreu, os olhos foram semicerrados encarando o que estava a sua frente, esperando um ataque, mas a visão estava borrada, o coração batia mais alto que seus outros sentidos. apertou a base da adaga na mão, pronta para se defender enquanto buscava respirar, enquanto tentava impedir que a mente nublasse, que caísse na armadilha. vivo.
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TW: luto, gore, descrições de ferimentos e queimaduras.
Quando Mavis Delgado recobrou a consciência, era manhã. Ela estava em uma cama da enfermaria, olhares preocupados de seus irmãos à sua volta e uma ardência insuportável tomando-lhe metade das costas, que sequer tocavam o colchão, tendo sido posicionada de lado para que a queimadura exposta não encostasse no lençol.
Ela acordou tossindo, implorando por ar, o cheiro da fumaça e da carne pegando fogo ainda pungente e perturbador como na noite anterior. Sentou-se de supetão e, no momento em que o fez, as costas arderam ainda mais, despreparadas para o movimento súbito. Os Curandeiros foram ágeis em ampará-la, mas havia mais do que somente dor física na urgência de Mavis.
“Cadê o Andrea? Cadê o Lucian?!” Os olhos esquadrinharam desesperadamente o cômodo, em busca dos rostos dos irmãos que estavam com ela quando desmaiara.
Depois de uns minutos tentando acalmá-la, uma xícara de chá e algumas explicações, os Curandeiros finalmente convenceram-na a se deitar novamente. Informaram-lhe sobre o que havia acontecido depois que apagara: o traidor atacara o baile, o pavilhão fora tomado por fogo e Dionísio, junto a alguns semideuses, guiaram os outros campistas para fora antes do caos cessar. Andrea também havia parado na enfermaria, com uma cicatriz no peito para combinar com a da irmã, e Lucian passara mais cedo para visitá-los, mas deveria voltar em breve. As elegidas à Realeza do Baile — “e Yasemin?”, ela perguntara, “por favor, me digam que ela tá bem” — foram socorridas, os Filhos e Aprendizes da Magia haviam despertado e os feridos restantes estavam em outros leitos da enfermaria ou já tinham sido dispensados para seus chalés.
Só havia um detalhe que ninguém sabia como contá-la. O motivo para os semideuses estarem se reunindo em frente à Casa Grande, e para Quíron estar agora ocupado em providenciar uma mortalha com o emblema de Tânatos.
Na despedida de Aidan Moore, o choro de Mavis pôde ser ouvido por toda a extensão da Colina Meio-Sangue. Soluçava nos braços dos irmãos, negando-se a deixar que o cremassem, mesmo que soubesse que o estrago feito pelo Cão Infernal fora tão devastador que o que havia debaixo da mortalha parecia mais destroços do que um corpo. Soluçava até depois da cerimônia se encerrar, quando Quíron e os outros campistas foram, aos poucos, se retirando, deixando apenas a prole de Apolo a lamentar pelo irmão perdido. E soluçou pelos próximos dias, encolhida debaixo da coberta da cama, condenada a ser a única pessoa no mundo em quem seu dom acalentador não funcionava — afinal, havia limites para o quanto podia consolar a si mesma.
“Mas… Mas Flynn, ele… Eu vi ele hoje cedo.” Um riso soprado — triste, incrédulo — escapou de seus lábios ao entoarem aquelas palavras. “Nós… nós fomos no carrossel juntos, no parque. Eu vi ele hoje. Ele não…” O castanho nos olhos cintilava com as lágrimas começando a acumular-se neles. Nenhum de seus irmãos queria olhar para eles diretamente.
Diferente do velório de Aidan, Mavis não soluçou. Em vez disso, as lágrimas deslizaram silenciosamente pelas bochechas e pingaram da ponta do nariz para o travesseiro, desfazendo-se com elas os resquícios da maquiagem brilhosa da noite anterior.
“É tão cruel.” Disse ela, em voz baixa. “O deus da morte precisa levar o próprio filho.”
Após isso, seus irmãos foram, um a um, desejando-lhe melhoras e espalhando-se pela enfermaria. O movimento certamente levaria alguns dias para diminuir, como sempre acontecia após um ataque. O último a ir, também o Curandeiro responsável por ela, checou a queimadura em suas costas mais uma vez antes de alertá-la para que elas não tocassem em nada.
Mavis descobrira, ao pedir-lhe um espelho, que a maior parte do ferimento fora curada com magia, mas nem os esforços dos Curandeiros, nem a quantidade limitada de néctar que conseguiam administrá-la pôde fazer o trabalho completo. A cicatriz, que ia da metade de suas costas até o fim delas, já se formava nas beiradas da carne exposta, e Mavis não deixara de reparar no formato similar ao de uma estrela.
Havia sido tola em acreditar que, por pelo menos um dia, poderiam não se preocupar com o mau que os espreitava? Já não haviam aprendido, nos últimos meses, que nada no Acampamento Meio-Sangue ficava em paz por muito tempo? Mas como poderia aceitar que dor e perda era tudo que os aguardava? Mais que isso — como aceitar que era um deles, outro semideus, o responsável?
Como ele podia assistir um irmão queimar outro e não sentir nada?
“Que tipo de pessoa faz isso?” Deixou escapar em voz alta. O Curandeiro a encarou pesarosamente. Decerto, pensara que ela se referia à queimadura.
Quando suas lágrimas enfim secaram e os soluços cansaram-lhe a garganta, Mavis saiu pela porta da frente do chalé de Apolo com algo novo alojado em seu coração. O luto por Aidan permanecia intacto, porém, envolto a ele crescia um sentimento diferente. Determinação, como nunca havia sentido. Não deixaria nenhuma outra pessoa amada morrer daquela forma. Não choraria aquelas lágrimas de novo.
Um sentimento similar se alojava agora, enquanto encarava a pele disforme no próprio reflexo. A determinação, porém, não era para que não chorasse: era para que aquele traidor nunca a fizesse sentir tola de novo. Na próxima vez — porque sabia que haveria uma —, estaria pronta. E, quando estivesse, não precisaria ver ninguém lutando para encontrar as palavras certas para dar-lhe uma má notícia, nem precisaria dos olhares de pena de seus irmãos quando fechassem suas feridas. Na próxima vez, quando estivesse pronta, mergulharia no fogo em vez de deixá-lo a consumir.
#❪ ☀ 𝗋𝖾𝖺𝖽 𝗒𝗈𝗎𝗋 𝗆𝗂𝗇𝖽 ❫ ——— point of view.#❪ ☀ 𝗌𝗎𝗆𝗆𝖾𝗋 𝖼𝗁𝗂𝗅𝖽 ❫ ——— development.#plot drop: o traidor da magia.#tô zarolha de tanto editar esse pov#mas finalmente nasceu !
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𝐓𝐑𝐘 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐊𝐘: ──── LOVE-KINN's point of view ;
A ausência do filho de Dionísio, cuja mortalha já havia sido queimada, ainda pesava no peito de Love. Seu maior temor era que os caídos e os escolhidos tivessem o mesmo destino. Oh deuses, que as parcas tivessem piedade deles. Essa perda era difícil de ignorar. Love conhecia bem o sentimento de perder alguém e não ter a chance de dizer adeus, e até pior. Naquele dia, a filha de Tique se pegava olhando em direção à caverna dos deuses, esperando algum sinal de retorno, mas nada acontecia.
Quando o portal finalmente se materializou no centro do acampamento, a tailandesa sentiu o coração pular no peito. Ela correu até lá junto aos outros campistas, o corpo tremendo de nervoso para saber se estava tudo bem, e quando os sete semideuses emergiram ela sentiu um alívio tão grande que quase a fez chorar. Mas não havia tempo para lágrimas; seu instinto como nova aprendiz de curandeira falou mais alto.
Love se posicionou imediatamente, correndo até os semideuses que precisavam de ajuda. Ela já tinha se preparado mentalmente para esse momento, imaginando que os ferimentos deles estavam ruins. Se lembrava bem de alguns graves que havia visto pela transmissão que a TV Hefesto fez. A semideusa ajudou a carregar os companheiros para a enfermaria, onde outros curandeiros e aprendizes estavam à espera. O tempo todo manteve-se ao lado deles, distribuindo unguentos, limpando feridas e até mesmo os incentivando com algumas palavras. Sabia que perguntar sobre a situação no inferno não faria bem algum. Ela mesma esteve naquele submundo e preferia não falar sobre o que viveu lá.
A mulher trabalhou e ficou na enfermaria até ter certeza de que todos estavam fora de perigo e que estivessem bem. Somente quando os semideuses estavam estabilizados e depois de receber todo o cuidado que precisavam, ela permitiu que o alívio tomasse conta, feliz que todos tinham retornado. Love se permitiu um breve momento de descanso, saindo da enfermaria e indo direto para seu quarto. Ali, cochilou por um tempo para descansar. Ela sabia que o luau de comemoração iria acontecer, e mesmo que seu corpo estivesse cansado, ela decidiu que merecia participar. Portanto, o descanso foi breve e logo partiu para a praia.
Naquela noite, ela dançou, riu e celebrou com o resto do acampamento, sabendo que havia cumprido sua missão como curandeira e amiga. Tinha plena noção que o caminho ainda era longo, difícil, que havia muito a superar e possivelmente enfrentar, mas, por um momento, tudo parecia estar no lugar certo. Sentindo uma leveza que não sentia há muito tempo, ela buscou aproveitar um pouco daquela sensação como se estivesse em outra era antiga e pacifica do acampamento. Não tinha percebido até estar ali. Love sentia falta daqueles momentos na colina meio-sangue.
@silencehq.
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