#mortalhas
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Só olhar aqui em volta, pra qualquer lado que quiser. Todos esses túmulos, empinados de orgulho, chegam a estar tortos com o peso das mentiras escritas neles! É um tal de ‘aqui jaz o corpo de fulano’ pra cá e ‘em memória do estimado beltrano’, pra lá, quando, a bem da verdade, metade não tem ninguém dentro e a outra metade tem uma gente que não era lembrada nem em vida, quem dirá ser estimada! Tudo mentira, só mentira, de um jeito ou de outro! Deus do céu, que balbúrdia vai ser no dia do Juízo Final quando esse povo todo surgir se tropeçando nas mortalhas, tentando arrastar as lápides pra mostrar que são bonzinhos.
Drácula (Bram Stoker)
#Túmulos#Orgulho#Mentiras#Aqui jaz#Em memória de#Estimado#Balbúrdia#Juízo Final#Mortalhas#Lápides#Bonzinhos#Povo#Céu#Verdade#Estimada#Vida#Memória#Estar tortos#Peso#Empinados#Gente#Deus#Chegam#Aqui#Ser#Lado#Jeito#Direção#Ninguém#Final
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sketch aleatório de novo, dessa vez da Mortalha: minha oc militar
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Mortalha
Mortalha Morte!Gritou a própria morte Cada um tem sua própria sorte Ninguém tem direito a habeas corpus. MorteDestino final de todos os seres humanosImpulso em direção ao silêncio Das dores, a anestesia. Destino que para muitos é cruel Certeza do fim de um projetoUma vida que simplesmente passou. Olhe, existe uma única oportunidade Que anuncia que a vida deve ser respeitada Respeito este que…
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#autoconhecimento#Brasil#caravana editorial#destino#enquanto a solidão me abraça#livro#mensagem#mensagem com poesia#mortalha#Morte#Mundo#poema#poesia#Poesia Geral#vida
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# ────── Antes mesmo que as fronteiras daquela amizade começassem a se desfocar, por muitas vezes pendendo para algo que indicava algo além do platônico, a presença de Kerim sempre representou um refúgio de conforto e acolhimento. Sua companhia parecia suavizar todas as angústias que a vida lançava em seu caminho. Com o tempo, Aurora começou a entender que aquele era, talvez, o único caminho direto para seu coração, um percurso que não lhe concedia a chance de se proteger, de se recluir. E agradecia por isso. Era devido ao porto seguro que lhe oferecia que agora conseguia estar tão próxima dele, sem se sentir sobrecarregada pelos sentimentos e sensações que despertava, sem mais sucumbir ao ímpeto de se fugir e se esconder. Ao ver que seu convite estava sendo considerado, ela sorriu e assentiu. Respeitava o compromisso com as exigências de Circe e sabia que era prudente honrá-las, pois desapontar a deusa poderia trazer riscos consideráveis a ele. ── Farei o mesmo. ── Também se dedicaria ao estudo do perímetro e do mapeamento estratégico para implementar as armadilhas criadas pelos filhos de Hefesto, com o objetivo principal de concluir a tarefa o mais rápido possível. Como levantado, merecia aproveitar um pouco das distrações que a ilha oferecia. ── Mas reservarei minha noite, de qualquer forma. ── Deu de ombros, expressando o desejo de passá-la na companhia alheia. Se deleitava ao ver o semideus sorrir, observando-o com um olhar admirado. Sentia uma satisfação especial em perceber como também tinha o poder de movê-lo quando desejava. A mão que acariciava as costas deslizou suavemente para a coxa dele, onde deixava uma carícia delicada antes de desferir alguns tapinhas leves. ── Você me conhece tão bem. ── Brincou, confirmando que seu autocontrole se tornava frágil diante dele, soltando uma risada baixa.
Sentindo a tensão palpável que permeava a atmosfera que os envolvia, quase prendeu a respiração com o toque suave na nuca, que provocava arrepios ao longo de sua pele. A inquietação que crescia em seu interior se intensificava ainda mais com o aviso incisivo de Kerim, descompassando sua respiração e quase fazendo-a suspirar. Irresistível, essa era a palavra que perfeitamente capturava a essência dele. Lhe arrancaria as roupas naquele instante, se fosse permitido. ── Não precisa se preocupar comigo, eu sei bem o que eu quero. ── O olhar que dirigia a ele expressava mais do que suas palavras poderiam dizer, reafirmando seu desejo absoluto, sem o menor receio em explorar os mistérios que ainda mantinha ocultos, pois estava ávida para descobrir todas as suas facetas e o que era capaz de oferecer. Refletindo os movimentos alheios, também recorreu ao vinho para umedecer a garganta. Isso era arriscado, pois os efeitos da bebida poderiam estimular ainda mais a tentação daquela tortura irresistível. Contrariada por ter seu lapso de maturidade e coerência ressaltado, revirou os olhos com um gesto sutil de frustração. ── E você acha que eu estava agindo de maneira racional? Me sentia estúpida a cada mentira. ── Mas o medo de se magoar provava-se mais forte do que o próprio julgamento. ── Me dá um tempo! ── Por trás da repreensão, havia um toque de bom humor. Era impossível se ressentir de alguém que havia mostrado tanta consideração desde o início daquele relacionamento. Suspirou, revivendo com um vestígio de pesar o episódio que os unira, mesmo que conferisse a esse momento o mérito por estarem onde estavam agora. ── Estava tentando te privar de ver a minha maldição, sei que não é nada agradável de se olhar. ── Também tentava evitar ser testemunhada durante seu ápice de fragilidade, um esforço que logo se mostrou-se inútil em relação a Kerim, que a cada dia tinha mais acessos livre às suas verdades. A jogada que ele fez em seguida teve o efeito de arrancar violentamente o tapete debaixo de seus pés, deixando-a em um estado de puro desequilíbrio. A oscilação em sua postura na presença dele era surpreendente, um claro indicativo do poder que exercia sobre ela.
A fortuna sorriu para Aurora, assegurando que estivesse sentada quando a revelação inesperada viesse à tona. De outra forma, teria lutado para sustentar seu peso sobre pernas trêmulas, pois todo seu corpo reagiu com um choque intenso diante do significado profundo daquelas palavras para ela. Não tentava ocultar sua comoção diante do rapaz, porém, como sempre estivera condicionada a fazer. Pelo contrário, permitia-se navegar por cada camada daquela jornada interna de forma explícita. Os olhos, extasiados, piscavam repetidas vezes, mas permaneciam fixos nos dele, como se procurassem algum indício de inverdade na revelação que havia feito. Não era o que desejava encontrar no par, mas sua insegurança ainda tentava prevalecer. Era natural que a desconfiança emergisse à superfície quando se deparava com uma situação inexplorada, uma circunstância na qual nunca procurou estar, mas que se revelava incrivelmente arrebatadora. Precisou de alguns instantes o para digerir o peso daquele momento, para realmente compreender a coragem que ele revelava ao expor como se sentia e o privilégio que representava ter em suas mãos algo tão precioso. Esse receio de se entregar vinha do profundo reconhecimento do valor de sentimentos tão inestimáveis. Sem desviar o olhar, lentamente abaixou sua taça, procurando repousá-la no chão. Com o mesmo cuidado, ajustou-se na espreguiçadeira, virando todo o corpo na direção dele. ── Eu nunca havia me apaixonado por ninguém antes de conhecer você. ── Se perguntava se esse era o motivo por trás da intensidade de seus sentimentos, a ponto de fazê-la agir de maneira tão diferente de seu comportamento habitual. Sentia-se frágil, uma vulnerabilidade que não experienciava há muito tempo. A confissão não era exatamente parte da brincadeira, mas um gesto de reciprocidade. Kerim também merecia saber que era o objeto, único e sublime, de sua paixão.
Repentinamente tomada por uma onda de emoção, envolveu o rosto dele com as mãos, segurando-o com uma delicadeza quase reverente. Um sorriso se desenhava em seus lábios ao esquadrinhar as feições de outrem. Enquanto o polegar traçava um caminho suave entre o canto dos lábios, a bochecha e o queixo dele, sentia seu próprio rosto aquecer e os olhos lacrimejarem. Embora temesse que o semideus pudesse considerar sua reação exagerada, não podia evitar. Nunca havia se apaixonado por ninguém antes de conhecê-lo. E o ferreiro sabia perfeitamente como tocar seu coração, conquistando-a com cada gesto de gentileza e demonstração de carinho. Seus atos gentis a desviavam do seu caminho habitual, mas sempre a orientavam de volta para o caminho em direção à felicidade. ── Say that again... ── O apelo remetia à inocência, sua voz tocando o ar com a mesma delicadeza que o olhar transparecia. Ao pedir que repetisse a declaração, não reconhecia se desejava gravar aquele momento em sua memória com todas suas minúcias, se ansiava reviver a felicidade de ouvi-lo declarar seus sentimentos mais uma vez, ou se apenas necessitava de uma confirmação de que tudo aquilo era real. Suas mãos escorregaram suavemente, uma delas agarrando o tecido do quimono dele na região da cintura com firmeza, como se buscasse estabilidade em um gesto que revelava sua tensão e expectativa.
"Verdade.", concordou com a replica dela. Kerim tinha olhos afinal, por mais que estes estivessem voltados para ela nos últimos meses, ainda os tinha e conseguia reconhecer a beleza de outras pessoas, sem que isso o desviasse do que sentia por ela. "Não pretendo despertar a atenção delas. Apenas a sua.". Preferiu deixar transparente então, visto que julgava já ter sido claro sobre suas intenções. Instantes mais cedo daquele mesmo dia, compartilhou de uma conversa similar com Pietra, a mais nova dando indícios que uma outra campista o observava, mas, por não ser a fonte de seu desejo, o semideus apenas ignorou, como estava inclinado a ignorar qualquer outro avanço em sentidos amorosos que não partissem da mulher ao seu lado. "Obrigado.", não precisava agradecê-la pelo esforço, mas queria que soubesse que o valoriza, principalmente considerando tudo que sentiam a respeito dos deuses, aquele ódio e revolta compartilhados, que foi o que os aproximou num primeiro momento. "Vamos deixar o que acontece em casa de lado por uma noite. Se voltarmos e tudo estiver inteiro, ótimo. Se voltarmos para nos depararmos com uma guerra, quero saber que pelo menos tivemos bons momentos enquanto podíamos.", concluiu, inclinando-se para deixar-lhe um beijo suave na têmpora. Não precisava lhe dizer o quanto estava cansado daquele cenário caótico em que foram lançados, pois ela sabia disso melhor do que ninguém. Ouviu todos os seus desabafos, com a disponibilidade e paciência que poucos ofertaram ao longo dos anos naquele lugar. Tantas tragédias seguidas assim, era impossível não se abalar, mas tentaria enquanto estivessem na ilha, buscaria ver as coisas numa ótica comum, como se eles fossem pessoas comuns. Se Circe tinha ofertado descanso, ele a pegaria pela palavra e firmaria o descanso que merecia ter. Mesmo que isso viesse com o custo de mapear a ilha e produzir armadilhas, nada fora do normal para o filho de Hefesto, apenas uma terça-feira comum.
Era uma dança perigosa a que faziam, e ele nem se referia as provocações ditas ou toques trocados no território de Circe, pois estava bem consciente de seus limites. Referia-se ao que não era dito durante a conversa, mas fica implícito a cada vez que respirava. Seus olhos não conseguiam desviar dela, ao menos não por muito tempo. Suas mãos tinham a urgência de estabelecer contato com sua pele, sentindo-as tremulas algumas vezes. A garganta fechava a cada olhar recebido de volta, como um nó firme envolta do pescoço, fazendo-o questionar se teria algo errado, estava bagunçado? Ou ela buscava algo além, assim como ele? Ver através de seus olhos. Era assustadora a sensação de estar apaixonando-se cada vez mais por alguém, e esse alguém pertencer ao seu mundo, suscetível aos riscos dele, tanto quanto Kerim. Por outro lado, era tão bom finalmente significar algo para alguém naquele lugar, ter um motivo para continuar a lutar, principalmente quando Hefesto não tinha mais esse poder sobre ele. Acompanhou o movimento alheio ao se aproximar, sentindo o ar falhar ao sair dos pulmões. A proximidade era reconfortante, silenciava as vozes em sua cabeça, apaziguando-o. "Posso tentar fazer tudo o quanto antes.", referia-se ao restante das armadilhas que tinha para produzir. Um riso soprado saiu entre os lábios enquanto meneava a cabeça para os lados. Não conseguia acreditar em como ela conseguia apresentar-se de forma tão angelical ao mesmo tempo que falava coisas tão provocantes. "Eu sei que pode.", também sabia que queria, a provocação atingindo ao objetivo de resgatar as memórias de um passado não tão distante assim, fazendo-o arrepiar diante o toque suave em suas costas. De todos os deuses, tinham de estar justamente no território de Circe. Era torturante. "Baseado no nosso último encontro, não muito tempo.", ousou a brincadeira, os lábios curvando-se num pequeno sorriso sacana.
A mão que ainda cariciava o ombro da mulher, enfiou-se por entre os fios dourados, a ponta dos dedos arrastando-se na nuca numa caricia perigosa, sabia que era seu ponto fraco, mas não conseguia evitar. Estudava as feições de Aurora ao ouvir sua resposta, achando divertida a reação da mais nova. Era incrível como tudo parecia ficar leve ao lado dela. "Cuidado com seus desejos, Aurora. Fui bastante polido, não vou ser de novo.", replicava ao fixar as íris escuras nas azuis dela, a voz embargava a intensidade de suas palavras. Não as dizia como um alerta, ou para assustá-la. Dizia, pare ter certeza que estariam de acordo, pois jamais faria algo que ela também não quisesse. A sensação seca na garganta parecia ser um resultado de tantas provocações, Kerim via-se recorrendo a bebida entre uma e outra, mesmo que estivesse prestes a atender o desafio do jogo. Talvez o nível de álcool apenas deixasse as coisas mais interessantes. "Claro. E eu iria acreditar nisso até quando? Você nunca foi ocupada para mim, Aurora.", e era uma verdade que o deixava convencido. Sempre tiveram tempo, mesmo que fosse para reclamar da vida, ou reconstruir os danos deixados por mais um atentado ao lugar que chamavam de casa. "Viu só? Eu sabia que tinha sido uma desculpa. Muito ruim inclusive.", a expressão era puro convencimento, chegava a parecer até abusado em alguns instantes. No entanto, a jogada seguinte da mulher o deixou surpreso. "Eu estava preocupado com você. Tinha se machucado e quase não me deixou levá-la para a enfermaria.", era uma jogada baixa, ainda assim, ele bebeu. "Bom, já que vamos por esse lado. Eu nunca me apaixonei assim antes.".
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I'll crawl home to her - Rhaenyra Targaryen x reader
disclaimer these gifs are not mine, they belong to @clixsmxdernxs and divider @dingusfreakhxrrington
Resumo: Rhaenyra Targaryen x fem reader; hozier; angst, fluff; não revisado ainda
I'm not sure if I liked how it turned out, maybe I'll redo it
Do alto da parca torre em um longo planalto, uma mulher observa o horizonte. Seu rosto é cansado e suas vestes causam estranhamento em seus companheiros de batalha, não era filha de uma casa digna de lembrança, muito menos esposa de um alto cargo, mas mesmo assim sua mortalha de guerra lembrava aquelas dos velhos reis e rainhas.
Sob o olhar de muitos era um ato de desrespeito, mas lhe fazendo justiça, a própria rainha dragão colocara a malha sobre seus ombros, gostava de pensar que o toque de Rhaenyra ainda pesava lá. Olhando para suas mãos sujas de sangue ainda fresco ansiava por sua presença
"Boys workin on empty Is that the kinda way to face the burning heat? I just think about my baby I'm so full of love, I could barely eat"
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Após ter certeza que ninguém as observava tomava em suas mãos a de sua amada e a puxou para um quarto ainda mais reservado. O dia havia amanhecido silencioso enquanto todos iniciavam seus caminhos para guerra, havia chegado a hora, era possível sentir no ar o pesar, principalmente naquela sala. A rainha Negra já havia se despedido de seu primogênito, ato que ainda a sufocava, todos que amava estavam partindo e mesmo que o destino fosse de certa forma o mesmo, alguns jamais se veriam novamente.
Por um breve momento apenas se olharam em um silencio confortável, até que a rainha com um soluço o quebrou.
“já me desfiz em lagrimas com a partida de jace, mas parece que ainda restam muitas lagrimas em mim” o tom emulava a alegria, era seu papel manter todos os seus solados dispostos para a guerra, mesmo para os mais íntimos
Levando a mão cálida da targaryen aos lábios, a mulher de um beijo casto também tentando sorrir
“não sofra por mim alteza, não a primeira vez que encaro espadas inimigas, e em seu nome? O faço com honra”
Seu olhar se tornou régio
“agradeço sua intenção, mas não é o momento para me poupar, nossas baixas já são significativas, Daemon também era bravo e caiu em batalha e nós sabemos que muitos outros homens honrados também vão. Não há uma vitória garantida no futuro, só os deuses sabem o que pode vir acontecer” a fitando enquanto inspirava “eu mesma sou uma variável e- exasperada a lady de armas soltou as mãos de rhaenyra
“Não fale assim! Não vê que agoura nosso caminho? Nem eu nem ninguém permitiria que a rainha legitima seja morta, possuímos mais dragões com montadores, exércitos aliados!”
Mas assim como já havia acalmado criaturas maiores, a rainha segurou seu rosto em ambos os lados, buscando a atenção dos olhos da mulher que agora eram arregalados e nervosos com a nova perspectiva
“então apenas me diga que entende, hm? Que entende o perigo que todos nós corremos, que a coroa e a sucessão correm, não aceito discutir na despedida do que talvez seja a nossa mais longa separação. Apenas me diga isso, meu amor” pediu tão docemente com aqueles belos olhos expressivos que mais uma selvagem criatura se viu domada e sem ressalvas um “sim, entendo” saiu sério dos lábios da outra.
Satisfeita e com pressa a rainha se virou e caminhou em direção a uma das camas do aposento, próxima a ela se inclinou e revelou o que um pano de veludo preto cobria, uma rica e nobre armadura da casa da Targaryen.
“posso saber o que significa isso, vossa graça” seu tom era quase divertido, também não desejava brigar
Virando-se segurando as peças nos braços se pôs diante da lady, colocou as vestes em um descanso próximo e delicadamente começou a tirar a armadura comum de soldado que a cavaleira usava, essa apenas observava os movimentos da rainha.
“quando eu era criança minha mãe me contava como preparava meu pai para suas pequenas batalhas”
“achei que o reinado do falecido rei fora pacífico a sua maneira”
“é verdade, mas há momentos onde uma armadura pode passar uma mensagem mais efetiva que palavras de conciliação. Ela dizia que ato era para dar sorte, uma forma de faze-lo se lembrar dela, mesmo que em campo, uma forma de acompanha-lo a distância” agora já fazia os ajustes na nova armadura.
“acha que eu poderia esquecê-la? Jamais”
“eu acredito” disse sorrindo após fazer o ajuste final, realmente lhe caia bem “gosto de pensar que de alguma forma uma extensão de mim protege seu peito do fogo da batalha” agora tocava o local, se sentia cansada e seus olhos voltaram a marejar, eram tempos cruéis.
Tocando seu rosto de forma melancólica quase nostálgica, sentia que a hora da partida havia chegado de vez, doía “deuses, sentirei falta de olhar para esse rosto”
Pegando para si a mão de nyra a cavalheira aproveitou sua deixa “não importa o que aconteça, eu voltarei para casa” nyra inclinou a cabeça, com um olhar conhecedor “e mesmo que eu tombe isso não ira me impedir”
Agora havia confusão no rosto da rainha
“você me deu honras que não sei se mereço, o comando de uma tropa, as vestes de uma nobre, então lhe confidencio o único pedido que farei aos meus homens que já marcham conhecendo seus possíveis destinos, pois já não faço questão de esconder meu amor e apreço por você Rhaenyra. Peço que quando minha hora chegar deitem-me suavemente na terra fria e escura, pois nenhum túmulo pode segurar meu corpo, eu vou rastejar para casa, para você”
A rainha respondeu a agarrando em um beijo febril, se pudesse a manteria em seu lado longe de todo o perigo. Queria ter a conhecido antes, queria demonstrar melhor como a amava, queria não temer tanto por sua vida, queria não sentir que a ela caminhava para a morte.
Encerrando o beijo para respirar ambas continuaram abraçadas, forte, uma podia sentir o coração da outra bater em sua pele, era como se o mundo tivesse parado e apenas o calor do momento existisse. Antes de se separarem, a Targaryen deu mais um aperto na mulher e sussurrou em seu ouvido em tom de promessa “eu a amo mais do que um dia sonhei ser possível amar”
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Após cortar com sua lamina o pescoço de tantos homens a mesma mulher se encontrava caída sem forças no chão, respirar doía e podia sentir o gosto de cobre na boca, pensava na sua promessa, parecia próxima agora
"When my time comes around Lay me gently in the cold dark earth No grave can hold my body down I'll crawl home to her"
Porém com o resto de força que sobrava em seus braços se virou e se pôs de quatro enquanto segurava firme o punho de sua espada, pronta para se levantar, pois mesmo a memoria do toque quente e amoroso dos lábios de vossa graça afastava o abraço frio da morte
"When I was kissing on my baby And she put her love down soft and sweet In the low lamp light I was free Heaven and hell were words to me"
#hotd imagine#hotd x reader#rhaenyra targaryen#rhaenyra targaryen fanfiction#rhaenyra targaryen x reader#house of the dragon#rhaenyra targaryen x you#rhaenyra targaryen x fem!reader#hozier#deamon targaryen#portuguese#work song#the hoziest
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De tanto voo sem alento.
Por este corpo de cansaço.
Rasguei as asas e o vento.
Fui pousar no teu regaço.
E em teu colo de entardecer
Ameno destino, te imploro.
Pois que sinto o anoitecer.
Deste sentir em que moro,
Como retrato-mortalha.
No poema em que me falha
Cada verso em que me traço...
...Todo o silêncio me ralha.
E não há céu que me valha,
Senão, o do teu regaço...
jorge du val
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ㅤ━╋ POINT OF VIEW : a profecia dos escolhidos.
a white blank page and a swelling rage : you did not think when you sent me to the brink .
⚠ TRIGGER WARNING: crise de ansiedade.
⚲ Casa Grande, Acampamento Meio-Sangue.
Não sabia o porquê de esperar algo diferente daquela vez, mas havia caído em uma armadilha tão antiga quanto o tempo: entre a queda de suas amigas e o impulso quase animal de as resgatar, havia se permitido acreditar que o escolheriam para a missão de resgate, porque a alternativa seria aceitar ficar de braços cruzados. Ainda não o sabia, mas toda e qualquer esperança estava prestes a ser esmagada pela voz do oráculo, falando através de Rachel Elizabeth Dare.
Cruzava a distância entre o lago e o escritório de Dionísio quando foi interrompido pelo som familiar e distante, a humana que adereçava cada um dos campistas presentes frente à Casa Grande tendo o poder de decidir a vida e a morte de todos ali na fração de segundo entre o romper do silêncio e a compreensão do que ela tinha a dizer. Santiago pausou imediatamente, atento a cada uma das palavras ofertadas como profecia, sabendo que o diabo estava nos detalhes quando o assunto era prever o futuro.
Nas sombras do reino, dois descerão, Para salvar os cinco Caídos na escuridão.
Dos cinco caídos, dois nomes lhe importavam mais, duas amigas que não poderiam ser mais opostas: Katrina e seu jeito niilista de encarar a vida, Melis e os sorrisos fáceis que sempre tinha a ofertar. Um terceiro nome lhe ocorreu: Aurora, não por preocupação com a própria, mas por saber o que a perda faria com Kerim. Queria salvar a todos, mesmo os a quem pouco conhecia. Aquele era seu dever, o Acampamento era seu lar, e os semideuses o mais próximo de uma família disfuncional que havia conhecido desde que sua própria o havia decidido abandonar.
Amuleto. Lete. O que de Hermes é sangue.
Seu coração pareceu se contrair no peito: não pela maldição de Afrodite, mas pela preocupação com o que o sangue de Hermes poderia significar. Melis. Sentia, na boca de seu estômago, que seria ela a ter um papel decisivo, e era impossível não ter medo do peso e da responsabilidade que a ela caberia carregar.
O véu entre a vida e a morte será rasgado, e o preço do roubo nunca será pago.
Pensou então nas tantas mortalhas que haviam queimado recentemente, rostos familiares que já não pontuavam as fileiras de guerreiros com quem aprendera e a quem ensinara a lutar. De maneira egoísta, ergueu os olhos para o céu–pensou no pai e no tio, no Deus com D maiúsculo de quem se ressentia, e enviou uma prece pelo ar: pediu que mais ninguém fosse levado, pois já não sabia o quanto mais poderia aguentar.
Em silêncio, Rachel ergueu o indicador em riste e, em meio à pequena multidão que ali se havia reunido para a escutar, a profeta apontou para Maya e então para Remzi. De dentro para fora, sentiu como se estivesse congelando, com o abraço familiar do frio de bater os dentes o vindo cumprimentar. As instruções dadas a seguir nada mais foram do que ruído de fundo, pois Santiago já não as estava ouvindo–havia um zumbido ensurdecedor em seu ouvido, como se tivesse pego desprevenido no raio de explosão de uma bomba. Uma vez baixada a poeira e assentados os escombros, só restava o ataque aos seus tímpanos para lhe assombrar.
O fato de que apenas dois semideuses tinham sido escolhidos foi como um tapa na cara, o rompimento com a tradição deixando claro que havia, sim, espaço para ele na equipe–o destino só não o considerava necessário.
Fechou ambas as mãos em punhos com força suficiente para que as unhas marcassem suas palmas, e mesmo a tentativa de respirar profundamente pouco fez para o acalmar. Do seu lado esquerdo, sentiu a aproximação de uma figura familiar. Antonia parecia estar tentando lhe dizer algo, mas Santiago sequer ergueu o olhar para seu rosto, absorto em tentar conter as próprias emoções antes que essas saíssem do controle. O esforço de conter sua raiva o fazia tremer, e na tentativa de o consolar, Tony pousou a mão em seu ombro, somente para ser afastada por uma rajada de vento que a fez se desequilibrar.
Mas que porra..?, ele a ouviu exclamar. Antes que a melhor amiga tivesse a chance de fazer algo estúpido como tentar o tomar em seus braços, Santi desatou a correr para longe dali, sem rumo traçado, para qualquer outro lugar. As passadas apressadas seguiram o caminho mais familiar, e acabou por encontrar refúgio em seu quarto, onde o diário o encarava aberto sobre a escrivaninha. Ao tentar tomar uma caneta em suas mãos para despejar as emoções na escrita, se surpreendeu ao sentir mais do que ver o objeto estilhaçar sob o seu toque. No caderno aberto diante de si, a página em branco o encarava, mas as palavras lhe falharam.
Todo o treinamento e a política que havia tentado fazer para se colocar como o candidato ideal para o resgate não haviam valido de nada, e teria que colocar a vida de quem amava nas mãos de duas pessoas em quem não sabia se podia confiar. Seu ranking como um dos melhores combatentes de monstros do Acampamento, sua experiência como líder em missões, o potencial defensivo e ofensivo de seus poderes–nada daquilo pareceu importar na escolha. Fora preterido–pelos deuses, pelas parcas, por Rachel, por Dionísio e Quíron. Com a mente anuviada pela ansiedade, não lhe faltavam opções para culpar.
Fraco. Descartado. Impotente. O zumbido em seus ouvidos foi substituído por uma voz familiar, convocada direto do submundo para onde não iria, conjurada pela mente sádica e masoquista para o castigar. Seus pensamentos foram tomados pelas ofensas que há muito havia ouvido de sua avó, e sentiu o ar escapar de seus pulmões–estava hiperventilando, percebeu, sem ideia alguma do que fazer para se acalmar. Cada uma de suas respirações erguia uma nuvem de vapor, como se a temperatura ao seu redor houvesse caído em resposta ao seu desespero.
Sete dias. Em sete dias saberia se as amigas voltariam sãs e salvas, ou se teria sete novas mortalhas para queimar.
↳ para @silencehq. personagens citados: @arktoib, @kretina, @melisezgin, @stcnecoldd, @kerimboz.
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O LAÇO DO PASSARINHEIRO (𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐈)
“Through me you go into a city of weeping; through me you go into eternal pain; through me you go amongst the lost people” ― Dante Alighieri, Inferno
Dionísio e Quíron pareciam mais tensos que o normal. Aliás, nos últimos dias, esta parecia ser uma constante entre os diretores do Acampamento – a completa paralisia. Eles mandariam alguém ao Submundo, afinal de contas? Eles queriam mandar alguém? A impressão que Remzi tinha era de que estavam deixando os Caídos à própria sorte, apenas esperando pelo momento em que Hades ou Hefesto, de maneira espetaculosa, anunciasse que podiam preparar suas mortalhas. Por outro lado, com os recentes ataques ao acampamento, todos reconhecidamente por parte de Hades, chegava a ser burrice a mera cogitação de confiar no rei do Submundo. Cinco vidas estavam em jogo – agora que já haviam perdido uma – e mais duas estariam se os dois campistas exigidos fossem enviados.
E o que haveria de tão especial no amuleto que ele queria? Seria mais uma forma de espalhar destruição e caos junto de Hécate? Se era valioso o bastante para que trocasse por cinco semideuses, como podia ser a coisa certa a fazer?
Poderiam ter permanecido naquele eterno impasse, não fosse a intervenção, mais uma vez, de Rache Elizabeth Dare.
Dessa vez, parecia mais maluca do que de costume – Remzi nunca se acostumava com aquela fumaça verde deixando seus olhos e boca, a transformando num ser de outro mundo. Pode ser que as vestes também estivessem deixando sua imagem ainda mais perturbadora, fazendo com que o semideus se mexesse de maneira inquieta, interrompendo o movimento de levar o garfo à boca, sabendo que estava prestes a perder a fome.
No momento em que o Oráculo se aproximou de onde estavam, seria possível ouvir um fio de cabelo atingindo o chão, tamanho era o silêncio no recinto, mesmo que antes o mesmo espaço estivesse tomado por semideuses barulhentos, ruídos de mastigação e talheres colidindo com pratos.
O filho de Nyx detestava profecias. Por causa de uma, estava na posição em que estava. Por causa do deus das profecias, sua existência era mais miserável. Não desconhecia da predisposição de alguns de seus irmãos para poderes do tipo, no entanto, se mantinha distante e cético sempre que possível.
Por seu anúncio inicial, mesmo em meio a palavras desconexas que, a princípio, não faziam muito sentido para a mente lógica do semideus, era nítido que o Oráculo estava ali para entregar uma missão. Na realidade, o suspense era mais matador que a revelação em si. Se todos os gestos de Dare não viessem acompanhados de toda aquela carga dramática típico daqueles que se diziam iluminados, as coisas andariam muito mais rápido e a missão poderia ser executada por quem quer que fossem os desgraçados que acabassem escolhidos.
Tentou esconder o sorriso debochado quando ela apontou, inicialmente, para Maya Martínez, do Chalé 39 – ele não se importaria nem um pouco se a filha de Anteros acabasse se perdendo no trajeto e ficasse presa no Tártaro com toda aquela arrogância. Quer dizer, se isso não comprometesse a volta dos demais ele até que-
Interrompeu os próprios pensamentos quando percebeu que, depois de apontar para Maya, era para ele que o Oráculo estava apontando. Ele, dentre todas as pessoas saudáveis e inteiras daquele lugar. Ele, que tinha acabado de perder a perna direita e agora era incapaz de se locomover sem a ajuda de uma prótese.
Parecia, na melhor das hipóteses, com uma piada de mau gosto. Na pior, com um complô.
Pode ser que em condições normais de temperatura e pressão até se oferecesse para a missão em questão. Melis e Katrina estava presas nos domínios de Hades, afinal de contas, e ele havia feito uma promessa a Nastya. Não tinha se recriminado ao longo daquelas semanas após o fechamento da fenda precisamente por conta disso? O que os deuses estavam fazendo era apenas adiantar o processo (se de salvamento ou de sua morte iminente, ele não sabia), mesmo quando ele não se sentia nem um pouco capaz. Quando havia chances muito reais de falhar.
' Espera ' ele quis protestar; perguntar a Rachel sobre a possibilidade de ela ter se equivocado, mas sua voz foi abafada pelo burburinho que se seguiu, seu egoísmo e autopiedade engolidos pelas instruções do Oráculo de Delfos.
Sete dias. Para ir até o Submundo e voltar. Com vida.
A vontade que tinha era de rir da própria desgraça. Havia uma chance - nada pequena, diga-se de passagem - de que sua alma e a dos outros ficassem presas para sempre no mundo dos mortos.
@silencehq , @hefestotv
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“Precisamos de uma mortalha. Uma mortalha para um filho de Thanatos.”
disclaimer: POV de Kit Culpepper dos acontecimentos do plot drop #04: o traidor da magia. Tumblr me tombou antes de fazer qualquer edit (e manterei assim). tw: morte.
Ele falou Tânatos?
Repetiu Kit para quem estava mais perto de si, as mãos sendo recolhidas com cuidado do autônomo que estava modificando. Por todo lado, ele ouvia o crepitar do fogo e os grunhidos de esforço da equipe que cuidava dos ursinhos. Os estalados dos autônomos defeituosos ferindo seus ouvidos naquele desgosto inerente dos filhos de Hefesto: preciso consertar. Mais uma série delicada de ajustes e pronto, as mãos voltaram à forma humana apesar de metálica.
"Sim", confirmou o semideus.
Seu rosto, que até então estava concentrado, começou a entender a mensagem. A seriedade dando espaço para a solenidade de um que deixava o mundo dos vivos. Não era para ser assim. O acampamento deveria ser um lugar seguro para todos. Era para ser a casa fora de casa. Onde podia deitar a cabeça e descansar sem medo. Naturalmente, apenas um olho ficava brilhante de lágrimas. O acúmulo espremendo uma única e gorda lágrima.
Mas...
O rosto de Kit encontrou o de Quíron...
Não.
A facilidade que o nome tinha florescido em seus pensamentos foi tão absurda que o cérebro esqueceu. Descartando o absurdo daquilo tudo. Flynn? Morrer? Era mais fácil acreditar que conseguiria levar o autônomo que trabalhava para o chalé, dissecar sua estrutura e reproduzir em grande escala. Roubar um deus debaixo do seu nariz, fichinha. Mas Flynn? Flynn não era possível.
Então por que Quíron o olhava daquele jeito?
E por que o peito apertava com a percepção de que era verdade?
Os passos começaram hesitantes. Kit balançando a cabeça em negativa. Se não visse, não seria real. Se não colocasse em voz alta, não passava de um pesadelo. Alguém podia tê-lo acertado, não podia? Uma bela cacetada na cabeça o deixando desacordado. Sim, era isso. Uma realidade alternativa provinha daquela conversa de tragédia com Flynn no parque. Totalmente sem pé nem cabeça. Ele e a sua capacidade única de fazer nascer novos fios de cabelo branco em sua cabeça.
"Eu só... sinto que algo pode acontecer. Uma ansiedade boba."
E outra facilidade se desenrolava... O crucificando tão imediato quanto a reconheceu. Estavam juntos, nada podia abalar. Nada podia entrar no meio. De novo, sem conselhos, só a confiança estúpida de quem vinha ganhando apesar do esforço. Os passos se transformaram em corrida. O metal dos pés destruindo qualquer coisa no caminho porque aquele paletó era o de Flynn. Aquele brilho dourado, em forma de coluna vertebral como ele gostava de brincar, era Miz. Seus olhos se enxergam de água, os dentes batendo uma contra os os outros.
Nem tinha chegado perto e ele chorava.
Chorava tanto que a cabeça doía e a respiração falhava, sufocando-o no ato mais simples de respirar. Poderia acabar com aquela intromissão toda virando metal, mas merecia? Merecia ficar frio e sem vida para o mundo quando o melhor amigo estava ali? Deitado, coberto de poeira e... E...
A esperança é um bicho traiçoeiro mesmo, porque ela tinha crescido nesses pouquíssimos milésimos de segundo até chegar perto. Tinha pintado um cenário tão bonito, mas tão quebravel... Tão frágil quando os joelhos ao cederem com o peso do filho de Hefesto.
Flynn?
Chamou numa voz miúda, aquosa. A boca aberta para o ar que entrava e saía com a revolta de uma tempestade. E, mesmo com aquela abertura, ele ofegava. A mão sobre a barriga esfregando a sujeira na blusa branca, sem saber o que fazer. Sem saber o que falar.
Flynn?
Ele chamou de novo, mais doce. Uma versão de si tão nova, meio incerta daquela amizade com o novo filho de Tânatos. A cabeça aparecendo no batente da porta, olhos enormes procurando-o na escuridão do chalé. Aquela voz hesitante, chamando-o para fazer alguma coisa juntos, mas sem saber se ele estava ali. Kit chamava o início da amizade, criando intimidade para entrar e puxa-lo pela camisa.
Flynn?
Os lábios trêmulos ficaram mais firmes, a expressão tentando ficar séria. Agora era mais velho, os braços cruzados na frente do corpo e o pé batendo no chão. Aquele era um Flynn que sabia que estava atrasado e batia em tudo para trocar de roupa. Kit gritaria seu nome de novo e começaria uma contagem regressiva. Tempo nada suficiente antes de entrar como um jogador de futebol americano e carregá-lo para fora como um saco de batatas.
Flynn, por favor.
As mãos passavam pelo rosto do melhor amigo. Afastando os cabelos de seus olhos, firmando atrás da nuca e do pescoço. Levantando-o para se encaixar por baixo e aninhar em seu peito. Flynn estava tão mole, tão... Poderia fingir que estava dormindo e ele, impaciente e carente, tentando forçar que acordasse do jeito mais mirabolante possível. Ora, porque ele tinha toda a pinta de príncipe encantado. Rindo enquanto soprava beijos, espalhando pela testa.
Mas ela estava esfriando.
A falta de reação.
O desespero do choro baixou para uma contemplação muda. Uma criança que não sabia o que tinha acontecido, não sabia o que estava acontecendo. Tocando, sentindo, puxando e agarrando. E dos lábios, o mantra do nome dele continuava sem pausas. Flynn e coisas mais, frases estúpidas que trocavam quando eram mais novos. Você está tão desarrumado, murmurava ao ajeitar a lapela e espanar a poeira das calças. Você nunca foi tão desleixado, com a mão esfregando as dobras amassadas das roupas e colocando os fios escuros num penteado discreto.
Mesmo assim, enfiado naquele estupor de desespero, cada movimento ficava mais difícil. Seus dedos ficavam mais pesados, insistentes, segurando a roupa alheia como se a própria vida escapasse sem dificuldades. Flynn. O nome sofrido saindo sem fôlego, o peito constrito fechando em si mesmo na angústia silenciosa. Os dedos tornaram-se brancos de esforço ao se agarrar e puxar. E trazer pra si. E insistir numa fusão impossível de ser realizada.
Isso só acontece com os vivos!
Quando as almas ainda estavam no mesmo plano e ele tivesse voz para implorar aos deuses. ME LEVE NO LUGAR DELE! Gritaria para os do inferno e da morte. SALVE-O SALVE-O SALVE-O. Choraria para os da saúde e da medicina. TROQUE, ME LEVE. FAÇA O QUE QUISER. Para os do destino e da alma, de trocas impossíveis e preços grandes demais para serem colocados em palavras. POR FAVOR. Para quem ouvisse e sentisse pena, ou que o usasse como fosse para um futuro que ele não ligava.
Porque não era importante o que aconteceria dali pra frente. O que o destino tinha para si quando não tinha quem o acompanhasse? O que podia esperar para ele no dia seguinte- Deuses, para o minuto seguinte se o peito gritava numa dor pior que a morte? Ecoando uma dor difusa e seca, vazia, perdida em si mesma porque... Porque era para ter algo ali e não tinha... Porque ele não tinha porque continuar vivendo uma vida pela metade. Ou sequer uma vazia.
Kit o embalava nos braços. As lágrimas descendo em cascata pelo rosto e caindo no do melhor amigo. Banhando-os do salgado que em nada... Nada... Não podia... Não era possível que o choro expressar a dor... A perda... A tristeza... A angústia... A falta... A ausência... O fim... A morte... Era tanta coisa, tanta coisa. TANTA COISA. E ele se resumia àquele momento, o abraçando com força enquanto esfriava. Chorando e gritando e soluçando e condenado sem perceber. Acabado. Destruído.
Kit Culpepper perdia as palavras lentamente...
Eu te disse que podia contar comigo a vida toda. Eu te prometi.
E não era assim quentinha pensando. Não era uma promessa para doze horas. Para uma parte do dia. Sim, falava no tom mais leve da brincadeira, mas era para toda a vida. TODA A VIDA. Kit o viu no altar, correndo com seus filhos, chamando-o para comprar pão na padaria da esquina. O via no aeroporto antes da viagem, grudado nas costas numa emboscada durante uma trilha. E depois daquele dia... Daquela possibilidade aberta e, pelos deuses, tão óbvia... O futuro prometi era tão mais amplo...
Mas eu devia ter feito você prometer pra mim! Flynn, era pra você ficar comigo até o fim da minha vida também!
Egoísta, tão egoísta. Ou seria covarde? O de querer ser o último para não sentir? Ou esse seria o karma por ter pensado assim? Não quer, pois tome. Sinta. Sofra. Pense em tudo o que podia ter feito, o que poderia ter falado, e veja. VEJA. O desperdício de parar pra pensar, refletir. Pegar todos aqueles vinte anos e enxergar mais, tentar encontrar o momento em que tudo mudou e ficou mais. Mais.
Flynn.
Talvez seja a última vez do último Kit. Daquele encantado, mais uma vez, com o melhor amigo. Segurando seu rosto, amenizando suas preocupações, sorrindo sem parar. De um Kit que sentia o mundo mudar com uma confissão simples, de uma frase. De um amor antigo e descoberto. E... O soluço irrompeu, sacudindo o corpo inteiro, perdendo a força para cair ainda mais sobre o amado em seus braços. E... De um Kit que o amava de volta.
Você me fez amá-lo na hora de ir embora?
Ou era parte do plano de levar alguma coisa consigo?
Porque se fosse assim... Se era isso que queria...
Pode levar. Pode levar. É seu, Flynn. É seu.
O tempo ficou estranho, confuso. Distante. Os sons baixando para nada além de si e do vazio. Da dor que reverbera, da garganta arranhada e seca e sangrando. Suplicando, falando, gritando. Os braços tremendo de esforço em travados, não deixando que o levassem. Quem? Quando? Onde? O esqueçam. Os esqueçam. Desapareçam.
Deixe-o ali.
Apenas... Deixe-o ali, com ele.
Com o seu Flynn.
@silencehq @fantasfly
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PAST THE POINT OF RESCUING, WHY'D I KEEP PUSHING MY SOUL? { POV }
Um homem silencioso não deveria ter a alma perturbada até o desvairo, pois é a ira do indivíduo tranquilo um reflexo de todas as desordens naturais; e é o choque de um nascido da morte em relação a ela que anuncia a chegada do fim dos tempos como a efemeridade de um instante sobre as asas abertas de um corvo.
Menções ao escritório das autoridades máximas do acampamento (com @silencehq)
Outras menções: @fantasfly
Não era porque era filiado a Tânatos que Tommaso era insensível nas questões que envolviam a morte, muito pelo contrário. Enxergava-a com mais sensibilidade e delicadeza, mas quando ocorria de maneira justa ou natural, não quando era promovida por tanta violência e por tanto choque como o que acontecera com Flynn, com o adicional de envolver seu irmão mais velho, o que doía por tabela, ainda que não fossem tão próximos; o laço sanguíneo divino e a convivência no dia a dia, dentro daquele chalé majestoso, bastava para que a dor de Tommaso soassse como triplicada, senão quadruplicada quando pensava que poderia ter sido qualquer um de seus amigos também sob aquela mortalha.
Sendo assim, havia levado cerca de três dias até que Tommaso, de fato, processasse melhor seus sentimentos. Quando isso aconteceu, entretanto, eles vieram como uma avalanche: como tudo poderia continuar fluindo tão normalmente quando estavam literalmente diante do caos instaurado? Vivenciando uma extensão daquele período de horror que procedeu a chegada de Petrus e já arrancara a vida de outro semideus?
Sua revolta pós cerimônia, algumas horas depois dela, acabou por guiá-lo Acampamento a fora, perambulando, a passos firmes, com os três corvos caminhando junto de si. Tótis, o mais normal dos três, tentava negociar toda a fúria e a chateação que consumiam o Beneviento, tentando frear o avanço do caminho que ele traçava até o escritório de Quíron, trocando a conexão e o instinto que os interligava pelos poderes do italiano, para tentar contê-lo. Tíras, por outro lado, tempestivo como era, grasnava alto com os semideuses que haviam pelo caminho, arreganhando os dentes pontiagudos e abrindo as asas igualmente perigosas, junto de Trítis, no intento de abrir caminho ainda mais facilmente enquanto Tommaso terminava de dirigir seus passos até seu destino final.
Lá, bastou um rompante para abrir a porta dos aposentos da Casa Grande e adentrar o espaço, contemplando as figuras de Quíron e Dionísio. O primeiro usualmente aparentando estar mais tenso do que o segundo, mas ainda assim, não faziam jus à concepção de chateação e dor do luto sob a perspectiva do filho da morte.
"PRECISAM DE MAIS QUANTAS MORTES PARA COMEÇAREM A ENXERGAR QUE NÃO ESTAMOS MAIS SEGUROS EM LUGAR NENHUM?" Foram suas primeiras palavras, instáveis, levemente esganiçadas já que não era do feitio de Tommaso alterar tanto a voz, tampouco gritar daquela forma. Seu rosto estava avermelhado, tanto porque estava segurando o choro que não deixara escapar em meio aos outros irmãos, quanto porque sentia o sangue ferver em suas veias devido à raiva que o consumia. Sentimento particularmente atípico, levando em conta como era difícil que algo realmente perturbasse ou tirasse o Beneviento do sério, sendo este mais um indicativo de como estava aos pedaços e sendo consumido pelo desespero, pela chateação, pela revolta e principalmente pelo medo. "Meu irmão está morto, outro semideus foi assassinado aqui dentro, quantos mais precisarão ter o mesmo fim?" Rosnou, aproximando-se em mais alguns passos, pouco afetado, desta vez, pelo respeito que nutria um pouco mais por Dionísio do que por Quíron. "Precisarão atingir um filho seu para que comece a se importar de verdade, Dionísio? Porque se for preciso, você sabe que isso vai acontecer!" Meneou levemente a cabeça, sentindo o coração bater ainda mais ensandecidamente dentro do peito. As lágrimas que haviam sido seguradas, agora escapavam, teimosas, mas quase solitárias. Ainda estava tentando ser firme, mas aquela dor toda precisava transbordar, certo? Mesmo que isso significasse fazer uma ameaça implícita aos filhos do deus do vinho, ainda que não tivesse sido sua principal intenção.
Quíron, então, fez menção de se aproximar ou dizer algo, mas Tommaso voltou-se em alguns passos para atrás apenas para se aproximar das estantes dispostas. De lá, empurrou como podia os objetos expostos; troféus, mapas, o que quer que estivesse no caminho. Os três corvos grasnando e voando pela sala, rapidamente, atingindo o que mais estivesse à vista, como os abajures ou outros itens delicados como algumas das garrafas sem utilidade alcoólica de Dionísio; os cacos de vidro espatifando-se no chão, os cristais dispostos encontrando o mesmo fim.
"Essas coisas parecem ter mais valor pra vocês do que as nossas vidas. Como vamos continuar sobrevivendo nesse inferno?! Ninguém sabe como os deuses estão falhando tanto em nos proteger se são tão poderosos?!" Por mais que pudesse soar repetitivo, seu questionamento era válido. Como seguiriam adiante sabendo que mesmo dentro do espaço que deveria contê-los e assegurá-los, não estavam mais em paz? Talvez no Acampamento Júpiter, mas ali... E mesmo assim, como poderia deixar o espaço que fora seu lar por mais de dez anos? Realmente chateava Tommaso pensar em como aquele poderia ser o fim do espaço dos semideuses do panteão grego. "EU NÃO--"
Até que a voz de Dionísio finalmente irrompeu, chamando sua atenção. Não que Tommaso fosse muito capaz de focar nela, mas interrompeu sua série de puxar e empurrar qualquer coisa em seu caminho, tendo cortado consideravelmente a mão em uma das lanças dispostas, apenas para voltar a olhá-lo. Agora sim haviam mais lágrimas no rosto do filho de Tânatos, incomodado com a própria frustração e agora com a dor na palma da mão, que teria começado a sangrar e gotejar se ele não tivesse a empurrado contra as vestes sociais e pretas que usara durante a despedida à memória de Flynn.
Escutou a pseudo-orientação e pensou em mais mil tipos de respostas, mas não era capaz de raciocinar muito mais. Estava tomado por aquela dor lancinante e pelo mais puro e absoluto desespero, intrigado com o fim que teriam se seguissem por aquele caminho, assombrado com a possibilidade de amanhecer com a notícia de mais um de seus irmãos ou amigos mais próximos igualmente mortos única e exclusivamente porque os deuses, aparentemente, eram incapazes de zelar por suas próprias crias.
Seu próprio pai incluso, talvez ( @swfolimpo ), por mais que gostasse de acreditar que assim que o procurasse no submundo, com a ajuda de seu tio Hipnos, poderia ter mais algumas das respostas que buscava.
"Que fique claro..." Só então respirou fundo, usando do braço da mão boa para poder enxugar as lágrimas de qualquer jeito, engolindo o restante da sensação de choro. Com um aceno da destra também os corvos pararam e retomaram as laterais do corpo de Tommaso. "Eu vou atrás de todos os filhos da magia. Um por um, enquanto eu não conseguir saber o que aconteceu ou ter a justiça que meu irmão merece." Garantiu. A voz ainda era trêmula, mas bem mais firme. Séria. Como uma promessa, um pacto de sangue. "E isso pode me custar quantas punições vocês queiram me dar. Minha expulsão. Mas isso não vai ficar assim." Rosnou novamente, os dentes cerrando-se, o maxilar travando. Agora sua voz estava carregada do mais puro e absoluto ódio. "Isso já foi longe demais."
E poderia ter ficado para ver até onde aquele contato iria, mas estava começando a sentir o estômago revirando e a gana por vingança e por retaliação, aumentando também. Gostaria de continuar quebrando e atacando todas as estruturas possíveis do acampamento, mas sabia que se dependesse de Lacerador e de Triturador, seus corvos de combate, a situação poderia se agravar e muito. E isso, querendo ou não, não orgulharia seu pai.
Ainda assim, o chalé 22 não se esqueceria.
E era só isso que Tommaso tinha em mente quando finalmente recuou, saindo pela porta, pouco incomodado com a ideia de uma detenção ou algo do tipo, ou uma nova orientação quando estivesse, supostamente, mais calmo. Tudo o que precisava agora, por ora, era encontrar pelo menos @deathpoiscn e buscar pelo suporte de quem realmente entendia sobre vingança e acerto de contas.
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𖹭 starter with @ you
¸ local de oferendas.
⭒ ๋࣭ 𖹭 ๋࣭ ⭑ já fazia um certo tempo que não acontecia uma cerimônia de glória e honra no acampamento, tinha até esquecido quanta burocracia para honrar os semideuses que voltavam de missão. a última que o filho de Afrodite participou, não teve uma daquelas de boas vindas, mas sim uma cerimônia de queima de mortalha. parecia impossível então não lembrar-se de como sentiu-se na época, de quão impotente parecia ficar; o fogo da fogueira em sua mente agora era substituído pela mortalha da filha de hipnos queimando no meio do lago... e então estava de volta ao presente. piscou para afastar aquela confusão mental, focando em muse para ver se conseguia se distrair. “ ━━━ parece até estranho os deuses nos agradecerem por algo, não acha? será que esses presentes são... seguros?"
#elói quase virou camiseta da saudade#foi por um tantinho 🤏#estarei finalizando tudo o que dá pra finalizar#então resolvi aparecer com um aberto
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໒ྀིㅤ⠀˛ㅤ⠀⋆ㅤ⠀୨⠀ 𝐁𝐎𝐌𝐁𝑺𝑯𝑬𝑳𝑳 ˒ ( pinar deniz , 36 , ela / dela ) atenção , atenção , quem vem lá ? ah , é a hazal grimhilde , da história de branca de neve ! todo mundo te conhece … como não conhecer ?! se gostam , aí é outra coisa ! vamos meter um papo reto aqui : as coisas ficaram complicadas para você , né ? você estava vivendo tranquilamente ( eu acho … ) depois do seu felizes para sempre , você tinha até começado a fabricar velas aromáticas … e aí , do nada , um monte de gente estranha caiu do céu para atrapalhar a sua vida ! olha , eu espero que nada de ruim aconteça , porque por mais que você seja confiante , você é egocêntrica , e é o que merlin diz por aí : precisamos manter a integridade da sua história ! pelo menos , você pode aproveitar a sua estadia no reino dos perdidos fazendo o que você gosta : administrando um spa .
* 𝐭𝐚𝐠𝐬. * 𝐩𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐞𝐬𝐭. * 𝐜𝐨𝐧𝐧𝐞𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧𝐬. * 𝐞𝐱𝐭𝐫𝐚𝐬.
𓏲ㅤㅤ𝒐𝒏𝒄𝒆 𝒖𝒑𝒐𝒏 𝒂 𝒕𝒊𝒎𝒆 ⠀ 𖥦 hazal não nasceu em berço de ouro nem cercada pelo luxo que mais tarde se tornaria sua marca registrada . ah , não ! sua infância foi um desfile deprimente de violência e pobreza , um espetáculo onde a brutalidade do cotidiano era a norma e a sobrevivência dependia de uma boa dose de astúcia e , claro , um pouco de sorte . ela cresceu em um vilarejo tão miserável que até os ratos tinham padrão de vida mais alto .
desde cedo , hazal percebeu que sua beleza era sua arma mais poderosa – porque , sejamos francos , era isso ou a mortalha . sua mãe , uma feiticeira de grande poder e péssima reputação , estava bem ciente disso . com uma crueldade que só uma mãe muito amarga poderia possuir , ela estimulou na jovem grimhilde a crença de que a beleza era a chave para o poder e a proteção . " lembre-se, minha filha , " dizia sua mãe com a doçura de uma cobra , " neste mundo sujo e corrompido , um rosto bonito pode abrir mais portas do que uma espada afiada . e é mais fácil de carregar . "
assim , hazal aprendeu a usar sua aparência a seu favor . os homens do vilarejo , brutamontes e idiotas , tornaram-se marionetes em suas mãos . um sorriso calculado aqui , um olhar insinuante ali , e voilà ! ela conseguia o que precisava – seja comida , segurança ou informações valiosas . a beleza era sua máscara , sua armadura , e , francamente , a única coisa que fazia aquele buraco de vida valer a pena .
mas a mãe de hazal não parou por aí . ela a treinou nas artes ocultas , transformando-a em uma aprendiz competente da magia negra . feitiços de sedução , encantamentos de proteção e maldições de vingança tornaram-se parte do arsenal de hazal , complementando sua beleza letal .
quando o rei a notou , não foi por acaso . hazal havia orquestrado cada encontro , cada olhar furtivo e sorriso enigmático . o romance estava bem longe da sua lista de prioridades . mas , como a vida tem um jeito irônico de pregar peças , ela acabou caindo de amores por ele . talvez fosse a forma como ele a olhava , com um misto de admiração e medo , ou a maneira como ele ria de suas piadas – sim , até as mais cruéis . contra todas as expectativas , hazal se apaixonou . e não só pelo poder , mas pelo homem por trás da coroa .
no entanto , a tragédia bateu à porta . o falecimento do rei , o grande amor de hazal – sim , ela admitia , amor – deixou um vazio imenso em seu coração . a dor da perda era avassaladora , e , em meio a essa vulnerabilidade , a rainha recebeu um presente peculiar : um espelho mágico , contendo a alma de sua mãe . a figura materna que outrora havia ensinado a filha a usar sua beleza como uma arma , agora estava lá para alimentar suas inseguranças e invejas , como um parasita sugando qualquer resquício de sanidade . cada vez que hazal se olhava no espelho , sua mãe estava lá , sussurrando venenosamente . " veja como ela floresce … enquanto você murcha na sombra do luto e da idade . a garota está roubando tudo o que você lutou para conquistar . "
e assim , o espelho mágico tornou-se não apenas um símbolo de poder , mas um reflexo das inseguranças e da amargura de hazal . a rainha má não era apenas vítima de sua própria crueldade , mas também dos sussurros insidiosos de sua mãe , que a transformaram de uma mulher poderosa e apaixonada em uma figura trágica e vingativa .
o resto . . . bom , o resto é história .
𓏲ㅤㅤ𝐦𝐲𝐬𝐭𝐢𝐜 𝐦𝐢𝐫𝐫𝐨𝐫 𝐬𝐩𝐚 ⠀ 𖥦 ah , malvatopia . era um lugar charmoso , pelo menos enquanto hazal ainda estava por lá . lá , sua genialidade brilhou com o empreendimento das velas aromáticas . que bela invenção ! aromas de mandrágora , essência de lágrimas de fada e um toque de poeira de estrela . até que hazal foi chutada para o reino dos perdidos — ultrajante , segundo ela . foi então que a ideia lhe ocorreu . se ela podia transformar um simples pedaço de cera em algo sublime , por que não fazer o mesmo com um spa ? claro , não seria qualquer spa . seria um refúgio de luxo e indulgência . merlin , aquele mago intrometido , tinha uma dívida com ela por toda dor de cabeça . hazal exigiu um espaço grandioso , à altura de sua magnificência . assim nasceu o mystic mirror spa ! imagine um local onde cada detalhe exala poder e sofisticação . paredes revestidas com pedras encantadas brilham em tons de ametista e esmeralda , refletindo a luz suave das velas aromáticas , uma criação magistral de hazal desde seus dias em malvatopia . cada vela é uma obra-prima , exalando aromas hipnóticos que induzem um estado de serenidade profunda – e talvez um leve traço de manipulação mágica , mas quem se importa com detalhes triviais ? cada sala é um santuário , projetado para induzir um estado de relaxamento tão profundo que até o mais teimoso dos anões adormeceria . aqui , os hóspedes são tratados com poções de banho criadas a partir de essências raras e mágicas , cuidadosamente formuladas para rejuvenescer até a alma mais exaurida . os tratamentos faciais e corporais oferecidos são igualmente extravagantes . feitiços antigos e secretos , que hazal aperfeiçoou ao longo dos séculos , garantem uma pele impecável , livre de qualquer imperfeição . máscaras faciais feitas de néctar de flores lunares são aplicadas com precisão , proporcionando resultados que fariam até a mais vaidosa das princesas morder de inveja . mas hazal não se contenta apenas com o que acontece dentro das paredes de seu império de bem-estar . o spa também oferece uma linha exclusiva de produtos para cuidados em casa , todos infundidos com o ingrediente principal que se tornou sua assinatura : a maçã . cremes , loções e elixires , todos carregando a essência da fruta , prometem resultados deslumbrantes . e , claro , a ironia é deliciosa – a mesma maçã que trouxe ruína agora oferece beleza incomparável . no entanto , um aviso acompanha cada compra : ousar dar calote na rainha má é um erro que ninguém quer cometer . há rumores de que hazal possui a habilidade de reverter os benefícios de seus produtos em danos irreversíveis . uma pele radiante pode rapidamente se transformar em uma visão de pesadelo , deixando claro que com hazal , a vingança é tão elegante quanto cruel . então , se algum dia alguém se encontrar perdido – literalmente ou metaforicamente – saiba que o mystic mirror spa está lá para transformar sua desgraça em um instante de pura indulgência .
𓏲ㅤㅤ𝒍𝒐𝒔𝒕 𝒐𝒏𝒆𝒔 ⠀ 𖥦 a posição de hazal em relação aos perdidos é clara : ela simplesmente odiou a ideia . estava perfeitamente bem em malvatopia ! ter que reviver toda a história novamente , com alterações insalubres , até mesmo para ela , era um pesadelo . a atmosfera impregnada de insinuações pretensiosas sobre sua pessoa , o constante zumbido de invasores que ameaçavam sua paz recém encontrada – tudo isso era mais do que sua beleza suportava . aquela experiência maldita a daria rugas ! e quanto à branca de neve ? aquela garota insignificante já não despertava mais a inveja de hazal . a cicatriz no rosto da enteada não era apenas uma marca física ; era um símbolo de sua própria ascensão ao poder . e enquanto ela observava a garota , agora marcada e vulnerável , não podia deixar de sentir uma pontada de satisfação . no entanto , mesmo em meio ao desgosto e à amargura , hazal mantinha sua compostura e sua determinação inabalável . logo os perdidos aprenderiam que , apesar de sua queda , a rainha má jamais seria subjugada .
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! perto dos chalés com @ SASHA.
@littlfreck
brook estava vivo. não havia normalidade alguma em afirmar tal fato, não tinha como. katrina tinha a lembrança de carregar o corpo dele, de chorar por sua morte. como era possível? e ainda precisava lidar com a naturalidade de outrem em lhe surgir, como se nada tivesse acontecido. em que mundo estava vivendo? nenhum boato sobre a chegada dele a tocou, nada passou perto de seus ouvidos, como se o destino estivesse desejando a jogar naquele momento de desespero. o coração batia rápido no peito, sentia uma crise de pânico acumulando-se. as noites que não dormia, que outrora não tinha peso algum, pareciam acumular-se aos montes em seu ombro, a deixando com a respiração agitada. pulava de uma sombra a outra, escondendo-se. havia um alerta por todo o corpo, como se monstros estivessem a perseguindo, como se esperassem por um momento maior de fragilidade. o chão do acampamento parecia o do submundo, tinha sangue escorrendo...brook. vivo. tinha a adaga em uma das mãos quando não encontrou uma outra sombra e precisou correr na claridade, era noite, quase não havia luz que a tocasse mas katrina sentia-se exposta demais. as pernas falharam no que parecia ser uma corrida, fazendo com que o joelho fosse ao chão. a respiração falhou. brook. não tinha nada no mundo que a preparasse, que a deixasse menos impactada. deveria sim está feliz por ele, por ter o amigo de volta, mas havia o enterrado, soubera que haviam queimado a sua mortalha em uma linda cerimonia, como poderia ignorar tais fatos e apenas abraçá-lo em alegria? um novo alerta a percorreu, os olhos foram semicerrados encarando o que estava a sua frente, esperando um ataque, mas a visão estava borrada, o coração batia mais alto que seus outros sentidos. apertou a base da adaga na mão, pronta para se defender enquanto buscava respirar, enquanto tentava impedir que a mente nublasse, que caísse na armadilha. vivo.
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TW: luto, gore, descrições de ferimentos e queimaduras.
Quando Mavis Delgado recobrou a consciência, era manhã. Ela estava em uma cama da enfermaria, olhares preocupados de seus irmãos à sua volta e uma ardência insuportável tomando-lhe metade das costas, que sequer tocavam o colchão, tendo sido posicionada de lado para que a queimadura exposta não encostasse no lençol.
Ela acordou tossindo, implorando por ar, o cheiro da fumaça e da carne pegando fogo ainda pungente e perturbador como na noite anterior. Sentou-se de supetão e, no momento em que o fez, as costas arderam ainda mais, despreparadas para o movimento súbito. Os Curandeiros foram ágeis em ampará-la, mas havia mais do que somente dor física na urgência de Mavis.
“Cadê o Andrea? Cadê o Lucian?!” Os olhos esquadrinharam desesperadamente o cômodo, em busca dos rostos dos irmãos que estavam com ela quando desmaiara.
Depois de uns minutos tentando acalmá-la, uma xícara de chá e algumas explicações, os Curandeiros finalmente convenceram-na a se deitar novamente. Informaram-lhe sobre o que havia acontecido depois que apagara: o traidor atacara o baile, o pavilhão fora tomado por fogo e Dionísio, junto a alguns semideuses, guiaram os outros campistas para fora antes do caos cessar. Andrea também havia parado na enfermaria, com uma cicatriz no peito para combinar com a da irmã, e Lucian passara mais cedo para visitá-los, mas deveria voltar em breve. As elegidas à Realeza do Baile — “e Yasemin?”, ela perguntara, “por favor, me digam que ela tá bem” — foram socorridas, os Filhos e Aprendizes da Magia haviam despertado e os feridos restantes estavam em outros leitos da enfermaria ou já tinham sido dispensados para seus chalés.
Só havia um detalhe que ninguém sabia como contá-la. O motivo para os semideuses estarem se reunindo em frente à Casa Grande, e para Quíron estar agora ocupado em providenciar uma mortalha com o emblema de Tânatos.
Na despedida de Aidan Moore, o choro de Mavis pôde ser ouvido por toda a extensão da Colina Meio-Sangue. Soluçava nos braços dos irmãos, negando-se a deixar que o cremassem, mesmo que soubesse que o estrago feito pelo Cão Infernal fora tão devastador que o que havia debaixo da mortalha parecia mais destroços do que um corpo. Soluçava até depois da cerimônia se encerrar, quando Quíron e os outros campistas foram, aos poucos, se retirando, deixando apenas a prole de Apolo a lamentar pelo irmão perdido. E soluçou pelos próximos dias, encolhida debaixo da coberta da cama, condenada a ser a única pessoa no mundo em quem seu dom acalentador não funcionava — afinal, havia limites para o quanto podia consolar a si mesma.
“Mas… Mas Flynn, ele… Eu vi ele hoje cedo.” Um riso soprado — triste, incrédulo — escapou de seus lábios ao entoarem aquelas palavras. “Nós… nós fomos no carrossel juntos, no parque. Eu vi ele hoje. Ele não…” O castanho nos olhos cintilava com as lágrimas começando a acumular-se neles. Nenhum de seus irmãos queria olhar para eles diretamente.
Diferente do velório de Aidan, Mavis não soluçou. Em vez disso, as lágrimas deslizaram silenciosamente pelas bochechas e pingaram da ponta do nariz para o travesseiro, desfazendo-se com elas os resquícios da maquiagem brilhosa da noite anterior.
“É tão cruel.” Disse ela, em voz baixa. “O deus da morte precisa levar o próprio filho.”
Após isso, seus irmãos foram, um a um, desejando-lhe melhoras e espalhando-se pela enfermaria. O movimento certamente levaria alguns dias para diminuir, como sempre acontecia após um ataque. O último a ir, também o Curandeiro responsável por ela, checou a queimadura em suas costas mais uma vez antes de alertá-la para que elas não tocassem em nada.
Mavis descobrira, ao pedir-lhe um espelho, que a maior parte do ferimento fora curada com magia, mas nem os esforços dos Curandeiros, nem a quantidade limitada de néctar que conseguiam administrá-la pôde fazer o trabalho completo. A cicatriz, que ia da metade de suas costas até o fim delas, já se formava nas beiradas da carne exposta, e Mavis não deixara de reparar no formato similar ao de uma estrela.
Havia sido tola em acreditar que, por pelo menos um dia, poderiam não se preocupar com o mau que os espreitava? Já não haviam aprendido, nos últimos meses, que nada no Acampamento Meio-Sangue ficava em paz por muito tempo? Mas como poderia aceitar que dor e perda era tudo que os aguardava? Mais que isso — como aceitar que era um deles, outro semideus, o responsável?
Como ele podia assistir um irmão queimar outro e não sentir nada?
“Que tipo de pessoa faz isso?” Deixou escapar em voz alta. O Curandeiro a encarou pesarosamente. Decerto, pensara que ela se referia à queimadura.
Quando suas lágrimas enfim secaram e os soluços cansaram-lhe a garganta, Mavis saiu pela porta da frente do chalé de Apolo com algo novo alojado em seu coração. O luto por Aidan permanecia intacto, porém, envolto a ele crescia um sentimento diferente. Determinação, como nunca havia sentido. Não deixaria nenhuma outra pessoa amada morrer daquela forma. Não choraria aquelas lágrimas de novo.
Um sentimento similar se alojava agora, enquanto encarava a pele disforme no próprio reflexo. A determinação, porém, não era para que não chorasse: era para que aquele traidor nunca a fizesse sentir tola de novo. Na próxima vez — porque sabia que haveria uma —, estaria pronta. E, quando estivesse, não precisaria ver ninguém lutando para encontrar as palavras certas para dar-lhe uma má notícia, nem precisaria dos olhares de pena de seus irmãos quando fechassem suas feridas. Na próxima vez, quando estivesse pronta, mergulharia no fogo em vez de deixá-lo a consumir.
#❪ ☀ 𝗋𝖾𝖺𝖽 𝗒𝗈𝗎𝗋 𝗆𝗂𝗇𝖽 ❫ ——— point of view.#❪ ☀ 𝗌𝗎𝗆𝗆𝖾𝗋 𝖼𝗁𝗂𝗅𝖽 ❫ ——— development.#plot drop: o traidor da magia.#tô zarolha de tanto editar esse pov#mas finalmente nasceu !
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𝐓𝐑𝐘 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐊𝐘: ──── LOVE-KINN's point of view ;
A ausência do filho de Dionísio, cuja mortalha já havia sido queimada, ainda pesava no peito de Love. Seu maior temor era que os caídos e os escolhidos tivessem o mesmo destino. Oh deuses, que as parcas tivessem piedade deles. Essa perda era difícil de ignorar. Love conhecia bem o sentimento de perder alguém e não ter a chance de dizer adeus, e até pior. Naquele dia, a filha de Tique se pegava olhando em direção à caverna dos deuses, esperando algum sinal de retorno, mas nada acontecia.
Quando o portal finalmente se materializou no centro do acampamento, a tailandesa sentiu o coração pular no peito. Ela correu até lá junto aos outros campistas, o corpo tremendo de nervoso para saber se estava tudo bem, e quando os sete semideuses emergiram ela sentiu um alívio tão grande que quase a fez chorar. Mas não havia tempo para lágrimas; seu instinto como nova aprendiz de curandeira falou mais alto.
Love se posicionou imediatamente, correndo até os semideuses que precisavam de ajuda. Ela já tinha se preparado mentalmente para esse momento, imaginando que os ferimentos deles estavam ruins. Se lembrava bem de alguns graves que havia visto pela transmissão que a TV Hefesto fez. A semideusa ajudou a carregar os companheiros para a enfermaria, onde outros curandeiros e aprendizes estavam à espera. O tempo todo manteve-se ao lado deles, distribuindo unguentos, limpando feridas e até mesmo os incentivando com algumas palavras. Sabia que perguntar sobre a situação no inferno não faria bem algum. Ela mesma esteve naquele submundo e preferia não falar sobre o que viveu lá.
A mulher trabalhou e ficou na enfermaria até ter certeza de que todos estavam fora de perigo e que estivessem bem. Somente quando os semideuses estavam estabilizados e depois de receber todo o cuidado que precisavam, ela permitiu que o alívio tomasse conta, feliz que todos tinham retornado. Love se permitiu um breve momento de descanso, saindo da enfermaria e indo direto para seu quarto. Ali, cochilou por um tempo para descansar. Ela sabia que o luau de comemoração iria acontecer, e mesmo que seu corpo estivesse cansado, ela decidiu que merecia participar. Portanto, o descanso foi breve e logo partiu para a praia.
Naquela noite, ela dançou, riu e celebrou com o resto do acampamento, sabendo que havia cumprido sua missão como curandeira e amiga. Tinha plena noção que o caminho ainda era longo, difícil, que havia muito a superar e possivelmente enfrentar, mas, por um momento, tudo parecia estar no lugar certo. Sentindo uma leveza que não sentia há muito tempo, ela buscou aproveitar um pouco daquela sensação como se estivesse em outra era antiga e pacifica do acampamento. Não tinha percebido até estar ali. Love sentia falta daqueles momentos na colina meio-sangue.
@silencehq.
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𝗧𝗛𝗘 𝗢𝗡𝗟𝗬 𝗢𝗡𝗘 𝗪𝗛𝗢 𝗞𝗡𝗢𝗪𝗦, 𝘢𝘭𝘦𝘬𝘴𝘦𝘪 𝘱𝘰𝘷.
"precisamos de uma mortalha. uma mortalha para um filho de thanatos."
tw: sangue, morte.
sugestão de música.
não estava distante quando ouviu. lembrava-se ainda dos cortes sanguinolentos espalhando sangue pelo chão, dos flashes de luzes causados pelo fogo; e do apito. o apito constante em sua cabeça, desde que o ataque começara. perturbador, desconcertante, ensurdecedor. seu cérebro dissociara, extrapolando as sentenças milhares e milhares de vezes antes de permitir o fim da hiperestimulação sensorial. ele fechou os olhos. e já não estava mais ali.
aleksei fora visto desaparecendo no baile com flynn não muito antes dos eventos que se sucederam. poucos minutos, ninguém nem avistara quando os dois lentamente regressaram, risonhos… como se dividissem um segredo.
então se perguntava se as coisas poderiam ter sido diferentes. impossível não se perguntar, não? e mesmo para aleksei, empenhado em engolir o máximo de cigarros e treinar obsessivamente (beirando completa exaustão), fugir de seus próprios pensamentos parecia impossível. talvez se não tivesse bebido?
era noite agora, o que provavelmente indicava que aleksei havia passado todas as horas do último dia ali no campo de treino. o suor escorria vigorosamente pelo seu corpo, que agora finalmente abria os olhos. lentamente, como se caísse aos poucos na realização de onde estava. parecia ter sido teletransportado, do segundo anterior para este, quatorze dias engolidos em dormência. dano colateral irreversível de traumas deixados ao longo do desenvolvimento, a dissociação era um dos primeiros sintomas da ativação de esquemas. defectibilidade, abandono. tudo fervilhava dentro de si, ressurgindo como um desperto de um coma. por isso seus braços falharam, e ele deixou o machado cair ao lado do corpo.
não sabia o quanto necessitava do som estrondoso da queda da arma para preencher o barulho interno até ouvir. lentamente dirigiu o olhar à herança paterna, e cedeu o peso do corpo, sentando no chão. mais inexpressivo que nunca, frio, distante. mesmo aidan ou achyls tinham tido dificuldade em arrancar conversações nos últimos dias, sendo melhor entendido nos treinos frenéticos. talvez pudesse ter feito algo. esfregou a palma da mão contra o rosto, gesto mimicado por sombra. se soubesse, talvez tivesse feito as coisas diferente. a ilusão de pensar que teria um pouco mais de tempo para alimentar jogos. e em imaginar que haviam combinado de se encontrarem novamente, não muito depois do baile. maldito sentimento agridoce.
“черт, черт!” gritou, mais para si mesmo.
ainda tinha o maldito cinzeiro. o ivashkov só o recebera naquela manhã. a carta e o cinzeiro, nas mãos de achyls. era parte do que fizera com que tivesse se arrastado particularmente cedo para aquele lugar isolado, com caneta e papel em mãos. com uma maldita ideia na cabeça. ele procurou os itens em suas vestes, e decidiu começar a fazer o que protelara até então.
“flynn,
é estúpido que eu esteja lhe escrevendo uma carta. você morreu. mas, uma vez ouvi de um certo centauro que talvez escrever sobre fizesse com que os sentimentos se dissipassem. e não aguento mais acidentalmente transformar meus itens em outros, não sou bom com reversões.
me sinto estípido, ainda, em escrever isso. mas parece um bom final a se colocar em nossa relação. não sou o melhor com palavras, essas são as que pareceram certas.
eu achei que teríamos mais tempo, sendo franco. continuar com as provocações, os encontros vespertinos, alimentar uma descoberta um tanto quanto inusitada. achei que teria chance de lhe explicar os fantasmas que me seguiam, ou ainda o porquê de um deles ser meu pai. e pior de tudo, achei que teria a oportunidade de lhe conhecer de fato. parece um grande desperdício os últimos anos em acampamento sem nos falar, pelo menos não assim.
o baile não foi meu melhor momento. raynar estava certo, afinal, e me pego agora constantemente pensando em suas palavras. possivelmente as coisas teriam sido diferentes se eu não estivesse como sempre estou. i guess old habits die hard.
eu estou tentando, flynn, fazer as coisas um pouco diferente. e gostaria que você soubesse disso, seria uma daquelas coisas que eu diria e você ficaria incerto se eu falava sério. mas acho que isso não vai acontecer, e que também não vamos nos encontrar amanhã.
aleksei.”
o russo não chorou, porque não era de seu feitio. não saberia nem como começar. mas ficou ainda cerca de três ou quatro horas em silêncio, observando campistas irem e virem, antes de ir embora.
citados: @zeusraynar @fly-musings
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