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Comparações
Uma palavra que, desde sempre, despertou em mim um profundo desconforto. Sempre odiei o significado desta palavra, pois nunca fez sentido para mim. Por que deveríamos nos comparar com outra pessoa quando nossas realidades são completamente diferentes?
Somos únicos, indivíduos singulares, com experiências, ideias e dificuldades que nos tornam seres distintos. Então, qual é a lógica de acreditarmos que devemos ser iguais a alguém? Por que acreditamos que devemos viver a vida de uma determinada maneira, ter o corpo perfeito de acordo com alguma padronização ou pensar como outra pessoa?
Essas comparações nunca fizeram sentido para mim desde que eu era criança. Lembro-me vividamente de quando minha mãe disse: "Fulana tem a mesma idade que você e já faz isso". Naquele momento, eu me perguntei: "Tudo bem, ela tem a mesma idade, mas será que tem a mesma realidade que eu? As mesmas dificuldades? As mesmas experiências? As mesmas ideias?". Era claro para mim que não. Cada um de nós carrega consigo uma história única, uma vivência pessoal e singular.
Não importa se não temos a mesma vida de alguém, o mesmo corpo "perfeito", os mesmos pensamentos. Porque a verdade é que não fomos feitos para sermos iguais a ninguém. Fomos feitos para sermos nós mesmos, autênticos e verdadeiros. Fomos feitos para valorizar nossa própria jornada e entender que a comparação só nos leva a um vazio sem sentido.
Comparar-se com os outros é negar a si mesmo. É subestimar a beleza de nossas individualidades, a força de nossas singularidades. É ignorar que a diversidade é o que torna o mundo um lugar tão incrível e inspirador. Não devemos nos comparar, devemos abraçar com amor e compreensão a história que carregamos em nosso peito.
Acredito que a sociedade nos pressiona a nos encaixarmos em determinados moldes, a sermos iguais, mas isso é um equívoco. Não nascemos para ser cópias uns dos outros, mas sim para desenvolvermos nossa própria identidade, para sermos verdadeiros com nós mesmos.
Devemos aprender a olhar para nós mesmos e valorizarmos a nossa própria história. Não permitamos que a pressão social nos faça acreditar que precisamos ser iguais a alguém. O valor está em ser autêntico, em ser fiel às nossas próprias convicções.
Precisamos parar de nos comparar e começar a celebrar nossas diferenças. Em um mundo repleto de cópias, sejamos originais. Que cada um possa encontrar sua própria voz, seu próprio caminho, e viver de acordo com a sua própria verdade.
A verdadeira beleza está na diversidade, na aceitação de quem somos e no respeito às nossas particularidades. Não se compare, se inspire, se motive e se ame profundamente, exatamente como você é. O seu valor não está em ser igual a alguém, mas sim em ser autêntico e único.
@souamorte @desmotivacional
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Até quando irei me culpar, por coisas que estão longe do meu controle?
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minha cabeça revira os mesmos pensamentos o tempo inteiro.
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Penso. Sinto. Respiro algo que não identifico. Meu foco e sentimentos estão em coisas que morreram a muito tempo. Não entendo o por que eu estou pensando em coisas do tipo ainda.
Sou um anjo por amar quem amo?
Ou um demônio por odiar quem odeio?
Não sei a resposta para a maioria das perguntas que faço.
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DOS LIVRAMENTOS DA VIDA
"Agora entendo porque estou sozinho. As pessoas não estão se livrando de mim, me jogando de escanteio, ou coisa do tipo.. mas estão me livrando delas mesmas, e de suas maldades."
Patrick Gomes da Silva
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Eu não penso nas consequências, eu apenas sou, apenas vivo e apenas amo.
Alba Baptista
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Sobre caminhos
Eu amo a paisagem da passagem, para então amar o destino
Eu amo admirar-te, para então amar teu beijo
Eu amo a sensação da saudade, para então amar o reencontro
Acho que é sobre isso
Amar cada caminhada
Amar cada detalhe, para então amar o todo
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Estou viciado em você. Eu provei a sua mente, e agora eu não consigo esquecer o seu sabor.”
- desconhecido
Hortelã.
Você tinha gosto de hortelã, baby.
Era única coisa que eu conseguia pensar depois de termos passado alguns minutos nos beijando. Eu não conseguia tirar o sorriso dos meus lábios. Eu só queria fazer aquilo, de novo e de novo. E de novo.
Droga! Eu poderia passar o resto da minha vida te beijando.
(Aposto que esse foi o melhor beijo da sua vida, haha)
Eu não via a hora de te beijar novamente, aliás de fazer muitas coisas com você.
Mas você gostava de me torturar as vezes amor, aliás sempre gostou. Estava me ensinando a ser paciente com essa distância para ter esse beijo de novo.
Em dias comuns me lembrava de como os seus olhos me chamaram naquele primeiro dia. O quanto aquele olhar intenso e cheio de mistérios me fez querer mergulhar em você para saber como funciona tudo aí dentro.
Eles me fitaram de uma forma que não consigo descrever a sensação.
Lembrar do seu beijo é como me derreter ao som apaixonante de Ed Sheeran em suas canções profundas onde ele fala : Eu poderia cair ou eu poderia voar
Aqui em seu avião
E eu poderia viver, eu poderia morrer
Me segurando nas palavras que você diz
E eu sou conhecido por dar tudo de mim
E mergulhar com mais força do que
Dez mil pedras no lago
E aredito que naquele dia eu percebi que estava em seu avião, sem saber qual a direção ou destino que iria me levar mas eu mergulhei.
-umundomeu
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E Foi Assim Que Eu Descobri o Que Era Solidão
Quando eu nasci, eu o fiz desnudo. Sem sentimentos, conceitos ou preconceitos. Sem carne, sem pele, sem olhos ou ouvidos. Apenas a escuridão. Era como se o vazio lentamente trespassasse através de mim e fosse embora, apenas para mais vazio chegar e ir. E por mais que eu não soubesse naqueles tempos que hoje me são longínquos como quem vê o horizonte à distância, a solidão foi o meu primeiro sentimento.
Por lapsos imemoriáveis, que antes pareciam-me a própria eternidade e hoje me são meros momentos de primitiva consciência desprovida de pensamento, eu não tinha emoções e ainda não haviam motivos para questionamentos. O mundo era escuro, entretanto, eu ainda não havia descoberto a luz para saber o que era escuridão. O mundo era silencioso, mas eu jamais tinha escutado sons para entender o que era o silêncio. Da mesma forma, o meu mundo era solitário, entretanto, eu jamais havia tido companhia para entender o que era solidão.
Algo me deu o primeiro empurrão. Eu nunca cheguei a descobrir se foi a pura curiosidade ou se simplesmente foi uma ação fortuita do acaso, mas naquele breve momento perdido no universo vazio da minha própria mente, algo em mim decidiu existir, logo, eu nasci. E lá estava eu, existindo. Mas ainda era vazio e frio. Ainda era silencioso e ainda era escuro. Mas até mesmo existir era um processo doloroso e antes que eu pudesse controlar totalmente a minha existência, eu ainda precisava ser carregado pelo processo do incontrole. Do impulso feral e da vontade sem resquício de raciocínio. Quando eu decidi existir, eu consegui sentir mesclando-me e depois me tornando único. Depois, eu me dividi várias vezes apenas para me juntar e desdobrar-me outra vez. Era um processo lento e constante, jamais eu passei por eles sem dor ou sofrimento. E ainda por cima eu não podia gritar, pois ainda não sabia o que era voz ou som. Mas, naquele momento, eu aprendi o que era dor, mesmo que a palavra para tal ainda não existisse em minha consciência. Como um bebê recém-nascido, apenas sabia que era desagradável e que eu queria que parasse. Até que um dia, parou. Foi naquele momento que eu entendi: eu era um ser racional que acabou de passar a existir. Apesar de ser inerentemente racional e consciente, eu não tinha conhecimento das ciências como um todo, não sabia de tais coisas como notocordas, epidermes, blástulas ou celomas. Eu apenas sentia que precisava de algo e as minhas necessidades eram atendidas pelo incontrole do meu corpo. Descrevo como incontrole, pois, seria um engano admitir que eu tenho completo controle do meu corpo e que sei de todos os processos químicos e biológicos que acontecem dentro desta avenida movimentada que é a minha existência anormal. Apenas sei que eu nasci consciente e que minhas vontades passavam a me fornecer respostas para as necessidades que eu tinha. Quando eu sentia fome eu era alimentado, quando estava sedento a sede ia embora. Mas desde cedo eu fui consciente. Eu nunca fui educado e o conhecimento de sociedade, escrita, ciência e outras conquistas humanas não nasceram comigo, apesar disso, eu possuía certa noção de organização consciente, algo que antepassados primitivos lutaram para conquistar através de séculos de existência, eu já nasci com isto. A única forma que eu pude explicar esta consciência primitiva, entretanto avançada, era através do conceito de uma memória racial ou talvez uma mente grupal, mas eram apenas teorias sem repostas. Desde cedo meu sistema nervoso era adiantadamente desenvolvido, as memórias guardadas em meu hipocampo jamais sofreram amnésia infantil, o que é igualmente um mistério, pois se minha consciência racional é paralela à minha existência, então de onde eu vim? Esta pergunta, como muitas outras, me afastaram da igualdade, me fez buscar por similares no futuro, mas naquele momento, deitado sobre um leito anestesiado de existência com apenas a minha própria consciência a me fazer companhia, eu esperei. Chegou um tempo que eu era apenas uma massa incompleta e racional deitado sob um chão frio cujo calor eu nem mesmo reconhecia. E dessa vez eu tenho certeza, foi a curiosidade que tomou o melhor de mim. Pois somos todos racionais e a curiosidade move as montanhas da nossa vontade, ela garantiu, ao menos, a minha existência e a existência deste relato. E como a minha vontade era conhecer e saber, foi quando eu criei um olho e pude enxergar. Mesmo que a minha memória nunca tenha conhecido olhos, eu criei pálpebras, esclera, íris, pupilas e um canal lacrimal, meu único olho possuía córnea, retina e todos os outros aspectos necessários para enxergar. A esse ponto, eu posso assumir que eu já possuía algo equivalente à um cérebro e um sistema nervoso que se conectasse ao meu primitivo lobo occipital. Apesar de tudo isso, as cores ainda não eram algo que eu pudesse conceber, elas só vieram mais tarde. A biologia e a anatomia essencial me eram conhecimento inato, entretanto, os conceitos eu tive que aprender sozinho.
O local que eu primeiro encarei era um corredor vazio e abandonado de uma mansão de madeira negra, velha e esquecida. Meu corpo estava virado para uma parede rasgada assim como o meu único olho. Curioso, eu criei mais olhos afim de conseguir enxergar o que jazia em meus arredores, foi quando eu vi que o meu local de nascimento era um escritório abandonado, haviam livros na estante, mesas de mogno empoeiradas e uma cadeira de madeira no centro da sala de onde uma corda nodosa balançava com o vento frio da noite. Através da janela havia um bosque de folhas caídas e galhos secos assim como a grama cinzenta. Nuvens decoravam os céus noturnos e este foi o meu entretenimento por muito tempo. Eu vi noites e dias passarem através da janela com os meus olhos, vi a chuva pela primeira vez assim como a névoa. Vi quando a lua cobriu o sol e como o sol cobriu a lua. Vi estrelas caírem e o tempo passando. Até que certo dia, a luz da lua cheia iluminou um pedaço do quarto o qual eu jamais tinha tido a curiosidade de explorar e lá estava o meu primeiro contato com a arte e a filosofia humana. Lá estava, pendurado sob uma mesa abandonada onde jazia um jarro com uma única flor murcha e sem cor, lá estava um quadro de um homem sentado. O homem fora pintado claramente por mãos habilidosas, rabiscos cuidadosamente caprichados e tintas especialmente escolhidas para retratar o homem pálido, estoico e soturno. Seus longos cabelos caiam sob os seus ombros esguios e desnutridos, seus olhos carregavam tristeza e o fato de que ele se sentava sozinho, no que remetia um quarto similar ao que eu estava, demostrava que ele estava acostumado à não ter ninguém à sua volta. Pela primeira vez, eu me identifiquei. Claramente, naquelas noites posteriores ao meu nascimento, eu não sabia o que era me identificar ou ser compreendido por marcas em uma parede, mas olhando para trás agora eu entendo. Eu me vi naquele homem, pálido e sozinho em uma sala apenas carregando consigo a incerteza da falta de companhia. Eu senti solidão mais uma vez e agora, esse sentimento já me era mais familiar, eu lembrava dele. Então, eu queria sentir a companhia ao menos do quadro, por isso eu criei longos e finos braços que pudessem me alcança-lo, quando eu cheguei até ele, desenvolvi pálidos dedos alargados, que me agarrassem a obra, me inspirei na imagem daquele homem, e puxei-a para perto de mim afim de observá-la melhor. Foi só mais tarde que percebi que poderia me mover ao arrastar-me com meus novos braços. Porém, eles se tornaram incômodos e eu precisava de algo que funcionasse melhor. De onde era uma replicação de um cefalotórax eu fiz brotar pernas, quatro pares, que se estendessem para fora do meu corpo e me permitissem uma locomoção adequada, na sua ponta, pequenos pelos de extremidade côncava que me permitiam a aderência a qualquer tipo de terreno. Utilizando uma pressão abdominal do meu sistema circulatório, eu conseguia movê-las e desta forma eu saí do escritório. A partir de então eu comecei o que seria grande parte das minhas noites, eu comecei à vagar pela casa sentindo grande nostalgia - um sentimento que também ainda era desconhecido para mim.
Foi com o tempo que eu acabei desenvolvendo novas coisas. Com mais braços eu era capaz de alcançar as mais altas estantes da necrosada mansão, das quais eu agarrava os acúmulos de páginas, repletos de conhecimento e ensinamentos, todos eles cravejados em preconceitos e pontos de vista. O idioma foi um desafio considerável para mim, um quebra cabeça que demorei anos para montar, ou quem sabe foram apenas momentos. Não foi aprender os idiomas que se mostrou um desafio, mas sim entender o conceito da escrita e da comunicação, algo que eu não tinha tido jamais. Sem ninguém para ensinar-me e sem demonstrações de outros seres vivos para me mostrar que aquilo existe, é possível imaginar o tamanho da minha confusão ao colocar olhos sob aqueles livros e não conseguir sequer entender a função deles. Duas coisas me ajudaram a decifrar o enigma dos livros: A primeira foi a concepção de uma lógica racional através das pistas que me foram inerentemente deixadas, não por coincidência ou por alguém preceder a possibilidade da minha existência ou da minha condição, mas sim pela pura lógica. Haviam demasiados tomos daqueles para que eles não passassem de outra decoração daquela decrépita casa que agora eu chamava de minha. Existiam vários quadros, bustos, tapetes e poltronas espalhadas por toda casa, ainda sim, aquele único cômodo guardava milhares daqueles tomos empoeirados e sem sentido aparente. Pela lógica da suposição e da junção dos fatos, eles tinham que ter um significado, isso me fez não descartar aqueles tomos como algo inútil, mas sim querer desvendar o seu mistério, fruto da minha curiosidade inata; já a segunda pista foi que me ajudou a desvendar o conceito da escrita e da comunicação, esta pista se deu através da arte não verbal – quadros, pinturas dentro dos tomos, tapeçarias e estátuas. Um quadro em específico me vem à mente quando eu lembro de como eles me ajudaram a desvendar este enigma, mais tarde descobri que ele tem nome. Se chama Escola de Atenas, de Rafael. Nele, uma sala repleta de homens, à semelhança do típico ser humano que eu conhecia, estavam acumulados em uma larga sala de arquitetura anormalmente grandiosa e de tons distintivamente dissemelhantes dos quais eu estava acostumado. No centro da tela, dois destes homens, destacados da multidão de alguma forma, conversavam. Um quadro em si não consegue transmitir sons, e mesmo se conseguisse, naquela época eu ainda não poderia ouvi-los. Mas aquele quadro conseguiu me transmitir uma ideia, dois seres semelhantes estão utilizando gestos com suas feições de forma que soa até mesmo natural. Depois de dias observando-os eu consegui chegar à bizarra eureca de que eles estavam se comunicando através daqueles gestos. Depois disso, não foi difícil traduzir que aqueles livros não passavam de formas de comunicações onde um homem não precisava estar na frente de outro para transmitir as suas ideias e pensamentos. Naquele momento, eu demonstrei grande afeição e admiração pela raça humana, entristeceu-me consideravelmente o fato de que eu provavelmente não pertencer a eles, pois todos eles são a imagem um do outro e eu sou tão radicalmente distinto, mas a minha tristeza trazia novos pensamentos que eu não estava disposto a entreter, me aprofundei na tarefa de traduzir aqueles códigos. A simples lógica de que os seres humanos também precisavam aprender aqueles códigos que me levou a crer que deveria existir um livro que ensinasse sobre todos os livros, e havia. Como o tempo ainda era um conceito distante para mim, é difícil descrever o quanto eu demorei para aprender as mais diversas línguas que aqueles tomos me apresentavam, ou para aprender as mais simples ideias das quais eu jamais tive contato. Como eu vou aprender o que é “amor” sendo que jamais tive contato com tal ideia. Graças aos dicionários, consegui traduções de meus inquéritos, mas eles eram veementemente lógicos, outros livros mais românticos descreviam o amor como algo ilógico e irracional, sentimental até. Como eu havia de entender o que eram sentimentos? Até que percebi que eu sempre os carreguei. Os livros me ensinaram muitas coisas, desde ciências, à filosofia e linguagens. Muitas luas e sois se passaram, mas para mim pareceu apenas instantes conforme eu devorava aqueles mais complexos sentimentos e palavras para mim.
Com o tempo, eu decidi que precisava escutar, pois a concepção de som, apesar de ser estranha para mim, era descrita com enorme clareza nos livros e romances dos quais eu lia. Então criei canais e buracos que me serviram como ouvidos e o mundo não era mais silencioso, passei quinzenas me deleitando sob os mais numerosos sons até que todos eles não eram mais estranhos ou maravilhosos para mim, a minha audição era excepcional e me permitia escutar e prever cada som que se tornara monótono e entediante. Com livros de ciência em minhas mãos eu comecei a aprender sobre a anatomia e sobre coisas que me faltavam. Naquela época eu aprendi sobre as cores, sobre o seu significado e sobre como elas são vistas através de cones que fazem conexões neurais com nossos cérebros, criei estes cones para mim, afim de enxergar da mesma forma que os seres humanos, foi apenas mais tarde que entrei no estudo mais complexos das cores não vistas e decidi que gostaria de ver estas também. Estes experimentos me fizeram ter olhos falhos e outros muito incessantes para manter. Utilizei as minhas pálpebras para manter alguns fechados e utilizá-los apenas quando necessário. Eu também aprendi sobre o paladar e queria experimentar comida e refeições. Eu criei bocarras arregaladas que me permitiam saborear-me da maioria dos alimentos sem a necessidade do desconforto, e dentes afiados o suficiente para quebrar sobre a maioria das substâncias que eu desejava experimentar, pois eu jamais tinha entendido por que os seres humanos comiam outros seres vivos quando a pedra e madeira era tão abundante. A resposta era demasiadamente simples, eles não tinham bom gosto e nem nutrientes o suficiente para nutri-los, nem sequer eram fáceis de se mastigar com os dentes achatados que os seres humanos cultivavam, aparentemente a aparência dentária também lhes permitia acesso à benefícios sociais, e o conceito da aparência se tornou um novo enigma. Por que a escravidão e a descriminação são tão abundantes entre seres da mesma raça? Foi então que eu conheci guerras, tragédias, massacres e outras coisas abomináveis e ilógicas que a raça humana cometia consigo mesma em busca de um conceito inexistente de poder, fama e riqueza, e como a raça humana lentamente afogava-se em busca de coisas que ela mesma criou para ser superior a si mesma, um ciclo infinito de perseguição ao mais bonito, ao mais poderoso e ao melhor.
Foi neste mar de tomos e infinitas perguntas que eu li pela primeira vez a palavra “solidão” escrita sobre o papel e então aquele sentimento, que eu achava tão familiar, me veio à mente. Por noites inteiras eu passei por tudo que eu tinha, passei por teorias científicas à contos infantis. E devo assumir, que talvez a minha coleção estivesse incompleta, pois eu nunca achei algo que verdadeiramente satisfez a minha curiosidade. E então eu pensei em outras pessoas. As pessoas vivem entre si todos os dias e todas as noites, o conceito de cidades e sociedade. Assim como eu não sentia falta ou não entendia a luz antes de abrir os olhos, jamais vou entender a solidão sem estar na presença de alguém. E quem era melhor para responder estas perguntas do que as próprias pessoas? Mas como eu encontrava as pessoas, onde ficava a sociedade? As perguntas pairavam na minha mente por horas e horas à fio. Eu tinha conhecimento de que as pessoas viviam em suas metrópoles lotadas e que jamais passavam um dia sem ver o rosto de outra pessoa. Que conversavam entre si através de aparelhos delicados e complexos e que necessitavam uma das outras assim como parasitas necessitam de hospedeiros. Eu também descobri como eles corroem a carne sem saber que o que elas estão comendo é o próprio corpo. Passei a considerar pessoas como verdadeiros canibais sociais e considerei se era interessante mesmo descobrir sobre isso, mas todo cientista tem seu momento de hesitação antes da descoberta e o meu Frankenstein estava quase pronto, eu só precisava da cabeça. Da pessoa, para ser mais exato.
Foi em uma das noites frias de lua cheia, uma das mesmas que me mostrara aquele quadro soturno, que eu escutei um som diferente entre as folhas à milhas de distância. Era o som de folhas sendo amassadas e empurradas, sons que nenhum vento forte conseguia imitar e que nenhum animal solitário familiar conseguia reproduzir. E o som estava cada vez mais próximo, se aproximando. Curioso, eu me agarrei nas sombras e esperei com furtividade, como um morcego se agarra à escuridão do teto para não assustar o que vem da luz. Até que o som mudou e eu o vi abrindo as portas que davam para o bosque e entrando no salão principal. Era um jovem ser humano com cabelos negros e olhos familiares, ele trajava uma camisa borrada marrom e carregava consigo uma lanterna hesitante e uma foto no seu bolso. Encarava a casa com uma nostalgia que eu não conseguia entender. Por algum motivo, aquele rapaz parecia familiar para mim, quando ele começou a falar consigo mesmo, eu me assustei, pensei que tinha me visto e estava me cumprimentando, mas não, estava apenas falando sozinho, contando uma história para as paredes e janelas escutarem. Eu o segui, ainda espreitando nas sombras, sempre silencioso como aprendi a ser. Era fácil para mim, minhas patas grudavam nas paredes e no teto, minha pele mesclava-se com a escuridão, meus olhos abriam e fechavam sem som e meu corpo disforme não fazia barulhos sem a minha permissão. Meus ouvidos captavam qualquer movimento e eu podia controlar os meus como um maestro controla seu palco ou um mestre seu escravo. O homem continuou galgando o seu caminho através dos corredores sem se perder ou precisar olhar para o lado, apesar da tamanha confiança em seus passos, ele nunca parava ou chegava em algum lugar e eu passei a questionar se ele sabia o que estava fazendo. Até que parou na frente de uma porta, a porta do mesmo escritório no qual eu nasci. E logo em seguida, entrou e eu o acompanhei.
Ele viu a cadeira e procurou o quadro como se soubesse onde estaria, achou-o onde deixei. Olhou para uma corda nodosa pendurada ainda no teto e uma lágrima escorreu pelo seu rosto, mas eu não entendi. Ele falava soluçando e segurava a foto com força enquanto jazia ajoelhado no chão. Talvez estivesse sentindo fortes emoções, talvez lembrasse de algo e talvez ele se sentisse sozinho naquele momento, solitário. Era o momento perfeito para perguntá-lo. Mas eu não sabia como. Tinha-o acompanhado meramente movido pela minha curiosidade e não por planos calculados, eu não sou alguém de estratégias ou preparação, então, eu criei para mim uma voz, como eu apenas conhecia a voz daquele homem que agora chorava ajoelhado no chão, eu o imitei para poder cumprimentá-lo.
Assumo, a minha primeira tentativa de sair das sombras e fazer contato com o homem desconhecido talvez tenha sido um pouco não planejada. Pois a minha voz saiu deformada e distorcida como um som quebrado de uma imitação barata. Mas isto fez o homem se virar para mim imediatamente, sobressaltou-se e fez uma expressão que jamais pude compreender totalmente e paralisou-se onde estava, convenientemente. Então, com uma voz mais clara, eu perguntei para ele o que era solidão. E dessa vez eu tinha certeza que minha voz saiu de maneira clara e perfeita. Ele conseguia entender o que eu dizia e conseguia entender qual era a voz que eu replicava. Ele parecia querer me responder, sua boca estava entreaberta, mas nenhum som saia. Eu decidi que precisava ajudá-lo a me responder. Com meus longos braços, eu agarrei a sua boca enquanto ele se debatia estranhamente, coloquei meus dedos entre os seus lábios e aos poucos puxei a sua pele, com minha pata eu tentei mover a sua mandíbula para facilitar a sua comunicação, e então ele começou a gritar. Seus gritos provavelmente ecoaram por milhas pois ele não parava, mas não havia ninguém perto para escutá-lo. Como parecia estar funcionando, mas eu ainda não tinha conseguido entender, eu puxei com mais força até que arranquei sua mandíbula que pendeu para a minha direção jogando sangue ao assoalho. Seus olhos reviraram como quem desmaia pela dor e os gritos se transformaram em sons guturais até a sua garganta inundar-se de sangue fresco que não parava de jorrar. Sua pele empalideceu e ele calou-se. Seus dedos que agarravam a sua preciosa foto enrijeceram-se e eu precisei arrancá-los para conseguir ver o que ele segurava, para fazer sentido disto tudo. Era a foto do mesmo homem soturno do quadro, mas dessa vez o seu cabelo estava mais curto, seu rosto parecia mais alegre, sua pele ainda era viva e ele estava acompanhado. Havia, junto a ele, uma mulher a qual o pedaço da foto tinha sido manchado de sangue e uma criança em seus braços. Jovem de cabelos negros, olhos curiosos e pele vívida. De repente, eu percebi que aquele homem tinha morrido. E eu não pude fazer a pergunta que tanto pairava na minha mente. Mas, de certa forma, ele acabou me respondendo de outra maneira.
Enquanto eu olhava para a foto e percebia o que fiz. Eu derramei uma lágrima assim como ele fez, o motivo, eu não sei se era por que eu não conseguira minha resposta, se era por que ele não iria mais voltar aqui ou se era alguma outra coisa que eu não entendia muito bem. Mas somente o fato de eu estar sentindo falta de observar aquele homem falando sozinho pelos corredores me fez entender. Eu queria que ele tivesse me respondido, queria vê-lo caminhar pela casa e queria que ele voltasse a me visitar outra noite qualquer. E foi assim que eu descobri o que era solidão.
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"É lindo coexistir entre tantos com alguém que vê a vida como uma arte e que a arte é tudo. É lindo a arte de coexistir e coincidir com alguém que compartilha o mesmo olhar no ambiente. Olhares recíprocos testemunhas dessa cumplicidade."
Michelle Buletti
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"Você ainda está aí?" - disse com os olhos marejados.
"Eu sim, mas você nunca esteve. Enquanto fiz de tudo por nós, eu pedi apenas que me esperasse, Mary!" - Mason respondeu, a voz rouca e embargada de tristeza. Ele respirou fundo, buscando palavras em meio ao turbilhão de emoções. - "Se você não me amava, por que me deu esperança? Por que alimentou esse sonho se, no fundo, sabia que iria embora?"
Mary baixou o olhar, sentindo o peso da verdade. O que dizer quando as palavras falham e o arrependimento pesa? O silêncio se instalou, preenchendo o espaço entre eles com memórias e promessas quebradas.
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fecho meus olhos e vejo os teus.
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“Me frusto por situações que sei que posso melhorar. Com mais paciência, tempo, e prática. Eu só não consigo parar de pensar que tudo isso é um erro…”
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"não é nada contigo, é comigo"
Já se tornou de praxe usar desta justificativa para eliminar amores.
Patrick Gomes da Silva
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Você sempre soube me encorajar, sempre me fez sentir como se eu fosse imbatível, você só não me ensinou a agir quando o problema a combater era você.
TN.
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Depois de um bom tempo sem conseguir, hoje eu conversei com Deus de uma maneira surreal. Pedi, implorei que ele te trouxesse logo para sua rotina, que te tirasse desse hospital e que te mostrasse todo o poder dele, o amor e que você fosse mais um que iria contar a história de um milagre de Deus na sua vida.
Se eu pudesse, trocava de lugar com você, eu sou a errada da vida, eu sou o alívio da vida das pessoas sempre que me retiro, eu sou o câncer que circula, não você!
Menino novo, cheio de sonhos, planos e que ama a namorada como jamais havia visto. Você é inteligente, lindo e marrento! Você é incrível e não imagina o quanto eu te amo e sou grata pela tua amizade. Você é meu irmão, aquele que me dá colo, que briga e fala coisas que preciso ouvir, aquele que me abraça e eu não tenho receio de ficar ali.
Eu trocaria de lugar com você, eu sentiria as dores por você, eu correria o risco de nem existir mais nessa terra por você garoto. Você me irrita as vezes com seu jeito calmo demais, tenho vontade de te socar as vezes, mas é assim a vida de irmãos.
Não tenho sido merecedora de nada de Deus, eu sei, então eu peço pra Deus que ele tenha misericórdia da sua vida, e que não seja por mim, mas por você!
Sai logo daí mané, eu te amo irmão!
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