#machucados
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borboleta-expurgada · 1 year ago
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Eu me destruí tentando me curar.
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presentepravoce-sizenando · 5 months ago
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E todos os que tocavam em Jesus ficavam curados.
Logo após a cura da mulher que sofria de hemorragia os doentes aprenderam que bastava se aproximar de Jesus e se possível apenas tocar o seu manto para serem curados e assim as multidões se multiplicavam e se aglomeravam onde quer que Jesus aparecesse. Veja o texto de São Marcos 6,55 55. Percorrendo toda aquela região, começaram a levar, em leitos, os que padeciam de algum mal, para o lugar onde…
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papermelonismakingcomics · 2 years ago
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June sketch, 2023
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surfloripa · 9 months ago
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acho que pela primeira vez você partiu meu coração. não foi o que você fez. mas foi você achar que isso não me magoaria
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neslihvns · 2 months ago
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missing object : o broche de kimberly by : @aaronblackwell & @neslihvns 📍 monte cielo - polizzi generosa , região metropolitana de palermo . sicília !
Aaron estava sentado diante do laptop, a tela iluminando seu rosto cansado. O Monte Cielo era um desafio real, muito além de uma simples escalada. Ele analisava mapas topográficos, cruzava informações meteorológicas e lia relatórios de expedições anteriores – as poucas que tinham voltado para contar a história. O tempo ali era instável, as tempestades podiam se formar em questão de horas, e o gelo acumulado tornava tudo mais traiçoeiro. O que mais chamava sua atenção, no entanto, era a falta de registros sobre o Vale dos Desaparecidos. Nenhuma informação concreta, nenhuma explicação plausível. Apenas teorias e lendas.
Ele já teria descartado isso antes. Mas agora? Agora ele estava aceitando que talvez existisse algo além do que a lógica poderia explicar. Não era só o mistério do monte, ou o fato de todos que tentaram voltar de lá saírem confusos, era tudo que estava acontecendo com eles. A maldição, as coincidências que não pareciam coincidências, e principalmente... Nes. A presença constante dela em sua vida, a parceria entre eles, a sintonia e as similaridades. Blackwell passou muito tempo pensando na história das almas gêmeas e em como talvez Nes ocupasse um lugar outro, ainda mais especial para ele, de irmã, de quem ele podia contar. 
Por mais que Neslihan ainda nutrisse profunda resistência em aceitar que aquilo tudo poderia envolvê-la de qualquer forma que fosse, Aaron parecia querer desvendar e ponderar sobre o mistério, Olivia parecia querer encontrar verdadeiro amor em sua vida — e desconfiava dos motivos para tal —, e não havia medo de condenar alguém a passar o resto da vida consigo no mundo que a faria rejeitar duas das mais importantes presenças em sua vida. Obra do acaso, ou não, porque ela tinha um quê de dúvida acerca da imparcialidade de Aaron com aquela divisão, a Gökçe o tinha ao seu lado, e fora o único motivo por ceder mais facilmente às demandas de Zafira. As passagens, reservas e credenciais eram todas adquiridas com relutância, bem como o guia, que, por segurança ante as informações que recebera de Ace, vira-se obrigada a contratar.
Palermo. A cidade conversava com Neslihan pela confluência de culturas que a compunha, assim como fazia com a mulher, pela arte e pela gastronomia. O azul do Tirreno a acalmava, talvez pela possibilidade de perder-se na imensidão que comportava. A Sicília como o afago de uma avó, que ela nunca conhecera, mas na ilha sentia o calor do afeto. Chegar até o local era relativamente fácil, a viagem de carro até Florença era carregada de uma tensão sutil, embora as palavras entre eles fluíssem com a familiaridade de mais de duas décadas. Já o voo de pouco mais de uma hora era passado em completo silêncio, os pensamentos perambulando de um canto a outro do mundo ante as possibilidades e a monumentalidade do que o futuro reservava. Com o desembarque, outro carro elétrico os esperava, e a distância entre o aeroporto e o Grand Hotel et des Palmes era percorrida em um piscar de olhos ressecados e pálpebras em espasmo, inquietação e apreensão consumindo cada terminação nervosa do próprio corpo. Com os nomes deles dados na recepção, era como um anúncio apocalíptico do que os esperava. A noite que deveria ser um interlúdio de descanso, logo tornou-se um turbilhão de inquietude, e a mulher viu-se tentada a procurar alento no imprevisível, somente a noção de que Aaron estava a alguns metros longe de si, fez com que se contentasse com inúmeras voltas na piscina, o gélido da água cortando a apreensão que se alastrava por seus membros.
As mochilas abastecidas de provisões os esperavam na manhã seguinte, ambas fixas ao aperto de Alessandro, quem os orientaria e guiaria o caminho pelo Monte e Vale. A expressão adornando o rosto alheio só poderia ser descrita como contrária e reticente, e um toque apreensivo se esgueirou pela consciência de Neslihan, mas a urgência em suas veias logo fez com que o raciocínio se dissipasse. O navegador dava as direções enquanto tensão pesava nos ombros femininos, o volante agindo como amortecedor para o aperto de suas palmas, Aaron ao seu lado, tão taciturno quanto a introspecção que ela adotava. Sandro parecia inquieto, os olhos perambulando pelo interior do carro, pela vista panorâmica da ilha, encarando as próprias mãos e com respostas de apenas uma palavra por todo o trajeto de quase duas horas até o Monte Cielo.
O pico glacial reluzia sob o céu límpido, o gelo refletindo como um diamante. Mesmo ao pé da cordilheira o ar já era lancinante, fisgando os pulmões e cortando as bochechas. Com um longo olhar trocado entre eles, ergueram a bolsa contendo os equipamentos que ele havia alugado, retirando as roupas apropriadas e as vestindo por cima das camadas térmicas que Alessandro havia os instruído a portar. A previsão era inconstante, como parecia ser a norma nos arredores da cadeia de montanhas que tinha o Cielo como o maior pico, e não sabendo o que exatamente os esperaria, equipavam-se com piolets, arneses, celulares analógicos, crampons, GPSs com bússola, capacetes, luvas, bastões, cordas, botas e barracas térmicas. Garrafas com água e comidas eram mantidas separadas, em compartimentos impermeabilizados e próprios, de fácil acesso. Por sorte, ambos possuíam um bom condicionamento físico e apenas uma aclimatação de algumas horas, nas partes mais planas e baixas do Monte, fora necessária.
A centenas de metros do nível do Tirreno, Aaron e Neslihan então começavam a ascensão de milhares de metros até o topo, para então se aventurarem no desconhecido do Vale, onde o suposto avião havia desaparecido há quase um século. O terreno íngreme era a menor das preocupações, quando glaciares repletos de crevasses tornavam cada passo incerto. Nevascas os faziam se agarrar à encosta da montanha traiçoeira, por horas incapazes de sequer enxergarem um ao outro, apenas o instinto comunicando que não haviam perdido a conexão que os mantinha próximos. Em meio às tempestades, a neve parecia se intensificar a cada centímetro que se aproximavam do pico, a barraca se tornando inútil, impossível de ser utilizada com o entardecer. Com a junção de vento e rocha os punindo, conseguiam apenas aterem-se aos bastões cravados no aclive de gelo. Neslihan era incapaz de pensamentos além de súplicas ao universo, o coração apertando a cada movimento que os aproximava do desconhecido. Não era bem aquele tipo de adrenalina que ela gostava de se alimentar.
No caminho, o cansaço pesava. O frio, a altitude, o tempo. Cada passo parecia um esforço monumental, e o pior era saber que isso ainda não era nem metade da batalha. Ele segurava firme os equipamentos, tentava manter a clareza para que pudessem continuar. Mas ele estava esgotado. Mental e fisicamente.
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A subida, que deveria ter sido finalizada em um dia, já tomava quase dois, e cada segundo era um fôlego roubado de seu futuro. Um peso de centenas de anos parecia afixado ao seu peito, os braços tremulando e pernas cedendo ao terreno irregular e enganoso. A garganta se fechava e a respiração ofegante não era somente pelo esforço físico, mas por puro medo de perder Ace, de jamais chegarem ao outro lado quando tinham tomado para si aquela responsabilidade. O sentimento pujante tomava conta de cada terminação nervosa da Gökçe. Ao mesmo tempo em que perdia o equilíbrio em uma das passagens estreitas, somente o aperto de Aaron a mantendo como membro do reino dos vivos, praguejava Zafira, Khadel, Rose e quem quer que estivesse envolvido naquela sandice que a colocava à beira de um colapso.
À medida que as horas passavam na montanha carregada de neve e os perigos iam aumentando, Aaron se sentia quase sufocado pelo medo de algo acontecer com sua parceira, sua dupla, a pessoa que esteve ao seu lado nos melhores e nos piores momentos. Era um medo absurdo e irracional de perdê-la. Ele sempre cuidou dela, de um jeito ou de outro. Mas a viagem estava deixando tudo mais claro. O medo que sentiu ao vê-la quase perder o equilíbrio em uma das trilhas íngremes, a maneira como seu coração apertava toda vez que o tempo fechava de repente e ela desaparecia de vista por um segundo. Ele sempre viu Nes como sua melhor amiga, sua parceira de caos. Mas e se fosse mais do que isso? As coisas estavam confusas demais naquele momento e Aaron decidiu que talvez não fosse a hora de descartar hipóteses de maneira tão enfática.
Então, como o raiar de um novo dia, o topo estava diante deles. Deserto, desprovido de nuvens, a visão era vasta, e de onde estavam, o ar rarefeito e o cansaço físico faziam do pico uma miragem, um oásis de calmaria. Resfolegando, Neslihan, pela primeira vez desde que encontrara os olhos de Aaron na comuna de Polizzi Generosa, deixava que seu olhar se firmasse ao dele novamente. As íris se embaçavam com lágrimas, rapidamente contidas, mas permitia que as palmas enluvadas fizessem o caminho até as dele, sentindo a segurança que ele exalava, mesmo que exaurido, como ela. 
Deveriam ter esperado, passado a noite descansando os músculos esgotados e recuperando a sanidade, permitindo que as mentes se acalmassem, mas já haviam perdido tempo demais na subida, e tempo era a essência. O Vale os aguardava, clamando por eles, uma força maior que os puxava para o epicentro do desconhecido. O vão entre o Monte Cielo e o Monte Vespero era o lar do Valle degli Sconosciuti, completamente inexplorado e isolado. Quase mítico, nem a mais extensa das pesquisas tinha fornecido detalhes concretos a Neslihan e Aaron. Sabiam apenas que o gelo que cobria o local era quase impenetrável, soterrando qualquer vestígio da queda secular. Com apenas algumas horas ociosas, eles discutiam possibilidades e planos, enquanto Sandro permanecia alheio, e quando se levantaram, vestindo, calçando e prendendo os equipamentos, o motivo por tal logo se revelou.
Alessandro anunciou que os levaria apenas até aquele determinado ponto. E ele não parecia do tipo que recuava fácil. Aquilo acendeu um certo alerta de perigo na mente cautelosa de Aaron, a preocupação parecia aumentar cada vez mais e ele se perguntava se talvez não fosse melhor pegar na mão de Nes, dizer que tudo ia ficar bem e abortar a missão. Será que valia tanto a pena assim descobrir quem era sua alma gêmea? De que valeria saber de qualquer coisa se havia um grande risco de morrerem? ❛ Daqui em diante, vocês estão sozinhos ❜, foi o que disse, quase como um aviso. Aaron deveria ter escutado. Deveria ter reconsiderado. Mas Nes já tinha conseguido as autorizações, e não era como se ele fosse deixá-la seguir sozinha. E se havia uma coisa que sabia sobre a amiga, é que ela conseguia ser cabeça dura quando queria. Ainda mais do que ele.
Os olhos de Neslihan faiscavam em fúria, e não fosse pela necessidade do piolet para o retorno, teria arremessado o objeto pontiagudo na figura do homem de meia idade. Se ela pudesse, teria o enterrado no declive, para nunca mais ser encontrado. Fosse ela um pouco mais cuidadosa em seu raciocínio, anuviado pela impetuosidade dos sentimentos de indignação e raiva, um sinal teria ascendido aos pensamentos, um aviso de cautela em seu consciente. Com profanidades na ponta da língua, somente a urgência de seguir em frente e acabar com aquele mistério que parecia intrigar o Blackwell e algum dos outros, fez com que ela lançasse apenas o mais vil dos olhares a Alessandro, antes de seguir a passadas firmes as imediações do pico até o outro lado.
De acordo com o mapeamento feito por Aaron, deveriam permanecer na encosta no sentido Sul por alguns quilômetros e então Leste. A apenas alguns passos na direção necessária, uma cortina de neve parecia cair sobre eles, como se eles houvessem pisado em um sensor ativando o temporal gélido. Com a baixa visibilidade, e sem o auxílio do guia, eles não tinham opção alguma se não manterem-se presos um ao outro pela corda de poliamida. Algumas horas seguindo o que achavam ser a porção austral da descida, por sorte não eram surpreendidos por profundos crevasses, mas seracs pareciam se esgueirar pelas laterais, formando uma trilha quase transcendente. Quando se depararam com uma formação impossível de escalar, restou a eles a única opção de contorná-la, e com o primeiro movimento fora do esperado consultaram os GPSs. Para o completo desespero, a agulha que supostamente deveria estar magnetizada aos polos da Terra, se movia em todas as coordenadas possíveis, hora indicando um passo deles para o Norte, o seguinte para o Oeste, outro para o Sul, e cada um dado na mesma direção que o anterior.
Pressionando as palmas contra as pálpebras cerradas, Neslihan virou-se para Aaron, repousando a testa sobre o ombro masculino. Tomando profundas respirações, pânico parecia querer tomar conta de seus pulmões, apenas o peso da mão dele contra o próprio braço fazia com que parte do senso retornasse aos nervos. Lembrava-se então do telefone com sinal de satélite, e com esperança, retirava o aparelho do bolso, somente para perceber que ele também parecia estar com mal funcionamento. Eles estavam perdidos. Completamente perdidos. Recostando contra a formação de gelo, as têmporas latejavam. Eles tinham apenas uma garrafa de água entre eles e dois pacotes de frutas desidratadas até conseguirem a saída daquele inferno gélido.
Com o olhar voltado para o horizonte que parecia infinito, um cintilar fisgou a atenção das íris marejadas. Um brilho tão sútil em meio à tormenta alva da nevasca, que precisou de um tempo isolando as palavras de Aaron, para que o prateado fosco se registrasse na retina. Exclamando, desprendendo-se dele com a abertura do mosquetão, disparou em direção ao lampejo, sem dar-se conta do ranger do gelo que seguia em seu encalço. Sabia que o homem a acompanhava, ele iria até nos confins do Universo com ela, e faria o mesmo por ele. A corrida até o que parecia poucos metros de distância mais se aproximava de uma hora, os olhos castanhos fixos ao ponto enquanto batalhava com a fadiga na respiração, o peso da mochila, e o vento que machucava a ponta do nariz, bochechas e lábios descobertos. Aquela adrenalina de um risco dando resultado era a que a energizava.
Um último pulo sobre um crevasse pequeno os colocava de cara com o que somente poderia ser a fuselagem do avião perdido. Os joelhos se afundavam na vastidão branca ao mesmo tempo em que eles arrancavam o primeiro par de luvas, cavando nos arredores da protuberância metálica exposta. O segundo par de luvas logo se tornava encharcado e Neslihan então percebia o possível motivo pela visibilidade repentina do metal retorcido. Degelo. Um riso amargo escapava a garganta ressecada. Aquecimento global, justo o que tanto a preocupava e uma de suas maiores causas, naquele momento era o maior aliado que eles poderiam pedir. Compreendia então a razão por aquele acidente parecer tão quimérico, sem visuais, sem vestígios. Somente diante do aumento das temperaturas, o derretimento do gelo e neve que se formara ao longo de quase cem anos, era possível. Balançando a cabeça em incredulidade, permaneciam tateando toda a superfície esbranquiçada, encontrando ouro, prata, bronze, madeira, louças, cerâmicas. E então, como se um ímã os atraísse, alcançaram ao mesmo tempo uma caixa não muito maior que a palma feminina.
O porta joia parecia feito de genuíno casco de tartaruga, o material pulsando entre as mãos deles, que o seguravam firmemente, receosos de que fosse uma miragem delirante de ambos. Firmando a ponta de um dos dedos da luva entre os dentes, Neslihan puxou-a delicadamente, descobrindo os dígitos, que imediatamente protestaram a temperatura negativa. Tremulando, apalpou o calor que parecia emanar, até encontrar um pequeno botão, que fez a tampa se abrir lentamente, o mecanismo certamente enrijecido pelo tempo e frio. Aninhado no veludo tão escuro como a noite, o broche descansava. Assim que tocaram o marfim que formava a delicada rosa, o mundo cessava. Os flocos de neve suspensos por meros segundos, as orbes deles presas umas às outras, castanhas às azuis. Um peso antigo que a eles não pertencia se espalhava pelo corpo de cada um, os paralisando por mil��simos, antes de todas as sensações retornarem em um ímpeto, os sufocando momentaneamente. Haviam encontrado a relíquia. Imediatamente a mulher dispensava a experiência que beirava o sobrenatural como puro alívio percorrendo o sangue.
O que poderia ser descrito como euforia tomava as reações de Neslihan, que se atirava ao abraço de Aaron no mesmo instante. O sorriso era contagiante, e eles comemoravam, não importava que logo precisariam enfrentar o processo todo novamente, agora com a adição dos compassos digitais e telefones defeituosos. Os lábios entreabriam para comemorar, quando tudo ruiu. 
O estalo foi a única coisa que deu tempo de ouvir antes de tudo se partir. O gelo cedia rápido demais, e num instinto, Aaron se colocava na frente de Nes. O chão sumiu sob seus pés e ele sentiu a queda. O impacto foi violento. Um som seco, um choque cortante no corpo inteiro. Algo cortou seu rosto, a dor latejante na perna indicava que algo estava quebrado. E a cabeça... Ele piscou, tonto, tentando se manter acordado. O frio mordia sua pele, a névoa ao redor parecia engolir tudo.
Com o grito que escapava dela ainda ecoando, o baque era amortecido pelo corpo de Aaron. Por longos instantes, tudo parecia girar. A destra descoberta ardendo como se a tivesse colocado no fogo, o ombro esquerdo pulsando como se o coração dentro do peito tivesse se deslocado para o local. E então algo úmido e pegajoso alcançava a palma ainda queimando. 
A única coisa que importava era ela. ❝ Nessie... ❞ Ele tentou falar, a voz rouca, quase inaudível.
O som falho, rasgado e doído, era acompanhado da percepção de que o líquido que se esgueirava pelos dígitos femininos era o carmesim espesso do sangue de Aaron. ❝ Ace! ❞ Sacudindo a neblina que se formava entre os ouvidos, Neslihan era acometida por apatia incomum. O talho na tez masculina desprovida de cor era gráfico, bem como a projeção inatural do fêmur e tíbia esquerdos. Algo também não estava certo com a respiração masculina, e a maneira como a pele dele espasmava, adotando uma tonalidade azul, infundia a mulher com a mais pura e corrosiva culpa. Se não tivesse seguido adiante, se tivesse insistido em não fazerem parte daquele show de fantoches que Zafira armara, se não tivesse se atirado na direção de algo claramente perigoso, apenas para sentir a adrenalina da vitória, se tivesse se atentado que o mesmo fenômeno que os permitia visibilidade poderia condená-los, se, se, se. Era tarde demais para pensar neles.
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Ela estava ali, viva. E, por um instante, isso foi suficiente para ele suportar a dor. Aaron nunca teve problema em se jogar em situações de risco. Mas agora, tudo o que ele queria era sair dali. Com ela. Porque, maldição ou não, Nes era uma das únicas coisas naquele mundo que ele não podia perder.
Um soluço quase gutural deixava os lábios, os dentes batendo um contra o outro, e somente então percebia que água gélida escorria pelas paredes ocas do glaciar que os engolira e fazia um atalho até as roupas deles. Aaron parecia ter perdido a luta com a lucidez, o corpo retesado agora sem reação alguma que não a respiração laboriosa. Deslizando pelo gelo como navalha, não mais frágil, sob eles, sentiu o tecido cobrindo os joelhos tensionar e ceder. Com a mão direita escoriada profundamente, tateou pela superfície glacial, desnorteada. Se parasse um segundo sequer, sabia que pânico tomaria o controle e não cederia seu lugar à razão. ❝ Pense, Neslihan. Pense pelo menos uma vez na sua vida! ❞ Vociferando para si mesma, podia sentir a visão turvando com a ansiedade aguda, mas cravando as unhas irregulares, umas quebradas, outras ainda intactas, no joelho exposto, mantinha-se ancorada à realidade.
O peso da mochila pressionava contra o ombro que perdia a sensibilidade, e a espalhava para o restante do braço. A constrição a fazia recordar do kit de primeiros socorros. Quase estourando o zíper na pressa de encontrar algo que pudesse ocupar a mão ainda funcional para que o raciocínio pudesse ser liberado, nem mesmo dava-se conta de que não havia nada no conjunto de suprimentos que poderia ajudar na situação de Aaron, não quando tinha a certeza de fraturas, o corte comprido e espesso demais para qualquer uma das ataduras e um possível traumatismo craniano. A destra lacerada gritava contra a aspereza de tudo que entrava em contato, quando encostou no plástico frio do GPS e celular. Fechando o punho ao redor deles, preparava-se para atirá-los contra a parede de gelo, quando viu a leitura do sinal. Impossível.
❝ Impossível! ❞ A palavra reverberava. Como ela poderia acreditar ser possível, quando há algumas horas, o mesmo aparelho parecera inútil. Poderia ser uma alucinação, ainda que não recordasse de dor alguma na cabeça? Depositando-os sobre o nylon da bolsa, levou os dígitos manchados de vermelho até a raiz dos fios, tateando o local por algum ponto sensível, sem sucesso. Retornando o olhar para Aaron, sentiu algumas lágrimas transbordarem, trilhando um caminho pelas bochechas feridas pelo frio. Com movimentos titubeantes, em descrença e desesperança, teclou 118 nos botões rígidos. Com o primeiro toque, toda a vivacidade ainda presente em seu corpo parecia se esvair em alívio. A voz mecânica não demorou mais do que cinco segundos para responder, mas que mais se assemelhavam a cinco horas. ❝ Aiuto! Ho bisogno di aiuto. Per favore. Siamo caduti e il mio migliore amico è gravemente ferito. Si è rotto una gamba... I-I-penso che abbia un trauma cranico e penso che abbia anche l'ipotermia. Anch'io sono ferita, ma ho solo bisogno che tu lo salvi. Siamo da qualche parte tra Monte Cielo e Monte Vespero. Penso… penso di poterti dare le nostre coordinate esatte, ho un GPS con me. Per favore, sbrigati e salvalo. ❞ ¹ O pedido saía quase em único fôlego, as gotas salobras caindo livremente das pálpebras. Equilibrando o telefone entre a orelha e o ombro saudável, alcançou o Garmin, e ditou exatamente o que prometera.
Assim que as coordenadas deixavam os lábios, e a linha desconectava com a promessa de que tudo ficaria bem, Neslihan retirava sua jaqueta, a colocando sobre Aaron, forçando-se mais próxima dele, na tentativa de passar o próprio calor, ainda que já pudesse ver as próprias unhas tornando-se arroxeadas ao transferir suas luvas para as mãos dele, e temesse machucá-lo ainda mais. ❝ Ace, por favor, não me deixe sozinha. Eu prometo ser uma pessoa melhor, me redimir por ter te causado isso. ❞ As lágrimas passavam a ser copiosas, comprometendo sua visão, fluindo pelo material impermeável e térmico que o cobria. Passeando os dedos pelos fios alheios, repousou a testa sobre a dele. ❝ Por favor, não me deixe sozinha. ❞ A súplica era repetida por centenas de vezes, até apenas um sussurro restar ao ouvir a rotação de hélices em meio à cacofonia dos próprios pensamentos. Com o último resquício de força em si, agarrou o porta joia e o guardou em um dos bolsos da própria calça. A Gökçe vibrava em ódio. Se ela perdesse Aaron por conta daquele maldito broche, daquela cidade infeliz, por conta daquela história de maldição infernal, ela garantiria um destino muito pior do que um século de desamor a todos.
@khdpontos
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bernwrd · 1 year ago
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starter fechado com @elecnora
lugar: sala de costura
se meses atrás alguém dissesse que aprenderia com uma princesa estrangeira como tricotar, teria dado uma gargalhada ou reconheceria a criatividade da pessoa. mas, a oportunidade surgiu da maneira mais inusitada possível e mesmo sem entender muito bem o que eleonora viu nele, não questionou. era uma boa oportunidade de aprender algo e descobrir mais sobre o brasil. quem sabe fosse seu novo lar? se estivesse em um bom momento ou ao menos mais estável do que a frança, não pouparia esforços. "olá, alteza." a cumprimentou na entrada da sala, chegando até acenar com a mão, um tanto desajeitado. acabou se arrependendo do gesto, enfiando as mãos nos bolsos enquanto caminhava até uma das poltronas vazias e próximas dela, sentando-se. "sei que estou de uniforme, mas esse é meu horário livre." garantiu com um curto sorriso. "e... bom, eu não tenho agulhas, nem sabia qual delas pegar, então... achei melhor não me arriscar em comprar alguma."
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deadl21 · 2 years ago
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@deadl21
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gcik · 1 year ago
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a-smallthings · 10 months ago
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Eu sempre sou abandonada ou substituída. Meus demônios sempre estão com a razão...
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presentepravoce-sizenando · 10 months ago
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Post's sobre Cura Interior - Cura & Libertação.
Nossas Postagens sobre Cura, Cura Interior e Cura & Libertação: São Paulo nos diz em : A Necessidade da cura interior. Missa de Cura & Libertação Lágrimas que Curam. O Beijo que Cura. Feridas Curadas. Por que as Pessoas choram ? Lágrimas que Curam. “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmo 30,5) ou (Salmo 29,6). Quem Me Segurou Foi Deus Dom de Cura &…
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papermelonismakingcomics · 2 years ago
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merlin, 2023
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romario-de-souza-faria · 8 months ago
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Flu vence e está na semifinal da Taça Guanabara
O Fluminense venceu o Friburguense por 3 a 0 neste sábado, no estádio Eduardo Guinle, em Nova Friburgo, e garantiu vaga nas semifinais da Taça Guanabara.
Com o resultado, o Tricolor foi a nove pontos e não pode mais ser alcançado. As duas equipes brigavam diretamente pela vaga, mas com a derrota o Friburguense não depende mais das suas próprias forças.
A equipe de Nova Friburgo tem que vencer seu próximo jogo, contra o Cabofriense, dia 11, e torrcer por dois tropeços do líder do Grupo B, o Flamengo. Já o Flu, só espera para saber se vai terminar como primeiro colocado ou segundo.
Para encerrar o primeiro turno na liderança, o Tricolor tem que vencer a partida contra América, na próxima quarta-feira, e esperar que o rival Flamengo perca pelo menos um dos dois jogos que ainda tem para fazer.
O principal destaque do Fluminense na partida deste sábado foi o lateral-direito Leonardo Moura. Ele deu duas assistências para os gols do Tricolor. E foi também dos seus pés que as melhores jogadas da equipe da capital carioca saíram.
Aos 13 minutos do primeiro tempo, o lateral do Flu tabelou com Ramon e deixou o experiente meia na cara do gol para abrir o placar.
No segundo tempo, aos 22 minutos, Leonardo deu um belo passe para o zagueiro Antonio Carlos tocar na saída do goleiro Zé Romário, do Friburguense, e marcar o segundo gol do Flu. O terceiro gol do Tricolor foi marcado por Marcelo, que aproveitou a bobeira da zaga do Friburguense, roubou a bola e balançou as redes do goleiro Zé Romário. Mas apesar da derrota, o Friburguense deu trabalho para a defesa do Tricolor, que contou com as boas defesas do goleiro Kleber e com as interceptações do defensor Antonio Carlos.
E foi por atacar demais que o Friburguense acabou deixando espaço para a equipe de Valdir Espinosa explorar os contra-ataques, principal arma do Flu. Depois que levou o segundo gol, então, a equipe de Nova Friburgo se perdeu em campo. E os três erres? Do trio Ramon, Romário e Roger, apenas o primeiro se destacou, afinal ele marcou um dos gols do Flu.
O estreante Roger fez uma partida discreta e o atacante Romário deixou o campo, aos 12 minutos do segundo tempo, com dores na panturrilha.
FLUMINENSE: Kléber, Leonardo, Antônio Carlos, Tinoco, Júnior César, Marcão, Marciel, Ramon (Alan), Roger, Alessandro (Alex) e Romário (Marcelo). Técnico : Valdir Espinosa
FRIBURGUENSE: Zé Romário, Sérgio Gomes, Cadão, Max, Nil, Bidu, Jean, Abedi (Marcinho), Marquinhos, Ziquinha e Sharlei (Rômulo). Técnico : Antônio Carlos Roy
FRIBURGUENSE 0 x 3 FLUMINENSE. Campeonato Carioca 2004 Gols: Ramon (13/1ºT), Antônio Carlos (22/2ºT) e Marcelo (36/2ºT).
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desabafoslivres · 9 months ago
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Eu nunca vou te ter de volta💔
Aceitar isso é como tentar estancar um buraco aberto no meu peito.
Sendo brutalmente honesta tudo que fiz nos últimos anos foram tentativas de me aproximar de você, o erro era que não era com você.
Tentei aceitar o mais próximo que eu teria de alguém como você,😫
Eu feri pessoas por meu sentimento por você.
Eu machuquei sentimentos por causa dos meus por você, pq eu não tinha vc.
O pior é saber que tudo que fiz só nos afastou mais, 💔 é duro aceitar.
só coloquei mais barreiras em um caminho já repleto de obstáculos.
Eu não mudei, não evolui
Só te mostrei que continuo a mesma.
A mesma que sempre te amou de um jeito errado e confuso e que volta quando você talvez está se recuperando. 😪
É isso que me dói, isso que eu nunca vou conseguir superar,
Saber que só te provei que não mereço outra chance.
nunca vou te ter de volta.
Ficamos adiando um fim que não teve nem um começo. 💔😭
estamos machucados.
e o pior...
não estamos juntos.
Me perdoe por tudo o que te causei mesmo estando distante.💔
nunca vou te superar.. vou sempre te amar..
mais... dói saber que te machuco e não deixo você seguir em frente.😭💔
me perdoe ...
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me-reinventan-do · 1 year ago
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Pela primeira vez, eu não senti dor com a tua partida, eu não quis te puxar, te olhar nos olhos e dizer que nada tem sentido sem você, pela primeira vez não caiu lágrima e nem teve pisadas pesadas no chão pra te fazer entender que eu te quero aqui comigo.
Eu, silenciei.. As vontades, o desejo de te explicar que você deveria ficar, as inúmeras coisas que eu tinha pra dizer e explicar que o meu amor não é qualquer coisa como tu sempre pensou. Tu tinha e ainda tem um lugar importante aqui, mas pretendo te levar comigo guardada no peito, pois sei que na minha vida, você não quer mais está e eu preciso aprender a aceitar isso.
Não devemos nunca, jamais insistir pra o outro ficar quando a vontade dele não é essa. E eu errei inúmeras vezes por fazer isso contigo. Porque na minha cabeça o amor que senti por ti, tinha que ser como a gente sempre dizia 'Maior que tudo isso".
Mas enquanto eu pensava assim..
Tinha inúmeras coisas me mostrando que não deveria mais tentar, pois não era a tua vontade permanecer, pois se fosse por mim, a gente nunca teria se afastado, nunca teria mudado quem sempre formos.
Mas as coisas não são como eu quero.
Porque eu aprendi com a nossa história que tudo tem que ser recíproco, fundo e profundo. Porque éramos assim.. E quando já não estava mais dessa forma, algo tava fora do lugar e na verdade éramos nós que colocamos uma parede de concreto bem no meio da gente.
Mas posso te contar um segredo? Eu quebraria ela por você.. Mas também posso dizer? Eu queria que você também quebrasse ela por mim..
Só que na verdade o que aconteceu, foi que ela quebrou, dividiu e separou a gente..
E dessa vez, por mais que machuque o peito dizer.. É pra sempre... Infelizmente.
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cartas-paraela · 1 year ago
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Eu sei que ela é o amor da minha vida. Eu sinto isso toda hora,eu sinto desde a primeira vez que nos vimos,que eu vi ela no caso. Eu não sei ,agr ela tá dizendo que não me ama,mas já disse que me amou muito e já passamos por tantas coisas,que eu não acredito que ela não me ama. Tem momentos na vida que temos dúvidas e fazemos loucuras,até deixamos quem nós amamos pra trás por achar que não amamos... Eu tô aqui,sofrendo ,mas esperando,tô chorando toda hora,mas em nenhum momento senti nenhuma raiva ou mágoa dela. Será se isso não prova mais uma vez meu amor?? Eu só quero que ela abra os olhos,antes que vá para os braços de quem acha que ama e mais uma vez seja humilhada. Eu acredito que as pessoas não mudam não,e se te machucou tanto uma vez ela vai te machucar de novo ou pior.
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ondinaaa · 2 years ago
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So I was tagged by the lovely @muri-chan to post some selfies, thank you! 💖✨
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I'm tagging beloved mutuals @astarkey and @verucaseether1999 😌💖
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