#lampião da esquina
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Morre um antigo eu na viela de trás, em sua lápide estará gravado “foi todos, menos ela”. As máscaras trincadas rompem o ciclo de personagens fracassados interpretados diante do palco da vida. O tempo urge para aqueles que precisam retornar ao mar existencial. Apresse o passo, o antigo eu morreu na viela de trás. A luz do lampião evidencia o brilho no olhar que extinguiu, como a morte de uma estrela no manto celeste. Mantém a tocha da esperança acesa de que o caminho não acabou, logo nascerá uma nova. Sob os holofotes, distintamente forte, proclama o seu retorno. Morre um antigo eu na viela de trás. O pretérito nada perfeito de uma obra de arte inacabada e recolhida. Apresse-se, pois das cinzas renasce um filho do cosmo. O sonho do Criador que repercute como maestro divino. Criador e criação unidas sob o mesmo destino. Sinto que o velho eu que morre na viela de trás, caminhará pelas ruas e esquinas da cidade volitando com sua aura iridescente. Um sorriso resplandecente. Um abraço incandescente. Um remanescente das guerras estelares que aterra para sobreviver. Esquecendo-se do seu propósito, essa pequena alma precisa ascender. Um novo brilho no olhar de quem enxerga, por fim, as dimensões mais elevadas. Quem aprendeu a valorizar a jornada, a renovada paleta de cores, os sabores de uma existência preenchida de flores que do abismo da queda na dualidade despede-se na viela de trás.
@cartasparaviolet
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LGBTQIA+ Pride Day: Fight for rights in Brazil goes back a long way
In the 1990s, parades showed pride and demanded rights
“Visibility” is a word that permeates the history of the LGBTQIA+ struggle in Brazil. Not even during the most violent and authoritarian times—such as the military dictatorship—was there silence or inertia. In the attempts to form national meetings from 1959 to 1972, in the creation of Grupo Somos and the newspapers Lampião da Esquina and Chanacomchana in 1978, in the lesbian uprising at Ferro’s Bar in 1983 and in the years-long pressure to remove homosexuality from the list of diseases—which finally came to fruition in 1985—rights activists took the lead in mobilizing and putting up a fight.
It comes as no surprise, therefore, that the main date for celebrating sexual diversity in Brazil is June 28, in reference to a riot that took place in New York City in 1969. On that occasion, regulars at the Stonewall Inn, one of Manhattan’s popular gay bars, resisted a violent police raid. The protest became a milestone in the LGBTQIA+ movement for rights in the US and is now celebrated in many other countries, including Brazil, as International LGBT+ Pride Day.
“These dates can and should be celebrated. But not everything began at Stonewall and not everything was settled there. Many other episodes need to be remembered so that we have a more collective, plural, democratic, and diverse memory of the struggles of the LGBTQIA+ community,” said Renan Quinalha, law professor at the Federal University of São Paulo (Unifesp) and head of the LGBTQIA+ Memory and Truth Group, under the Ministry of Human Rights and Citizenship. “We end up being influenced by North American cultural imperialism. This makes some national milestones invisible, which we also need to celebrate as advances, achievements, and references for memory in this political construction of the community.”
Historian Rita Colaço, an LGBTQIA+ activist and director of the Bajubá Museum, argues it is necessary to direct less attention to the US as a reference point and more to elements within the Brazilian movement.
Continue reading.
#brazil#brazilian politics#politics#LGBT#history#image description in alt#mod nise da silveira#happy pride babes :3
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Lampião da Esquina - Documentário
Documentário Lampião da Esquina (2016)
Antes de tudo, saibamos reconhecer que um futuro alado só pode advir de um passado estudado.
Com isso e mente, apresento o tema com as palavras de Lima (2001), que afirma que O Lampião da Esquina “pode ser considerado o primeiro veículo de comunicação de massa voltada diretamente para a discussão franca e aberta dos direitos das minorias (negros, índios, mulheres) e, principalmente, da homossexualidade” no Brasil.
O documentário traz a história do jornal e de como foi publicá-lo em pleno período da ditadura através de entrevistas e relatos de diversos nomes de peso tanto dentro da comunidade LGBT quanto da cultura brasileira na totalidade, contando com grandes nomes como Leci Brandão, Ney Matogrosso, Laerte, Agnaldo Silva e muitos outros.
Embora a história em si já seja suficientemente instigante, é nas entrelinhas das histórias, nas falas e nos detalhes que os maiores tesouros se escondem. Um documentário para se ver bem atento até mesmo às diversas divergências e convergências de ideias dos entrevistados. Quais eram as reais relações dos movimentos das minorias com os movimentos de esquerda e com a ditadura da época? Por que a palavra “lésbica” era substituída por “feminista” nas publicações midiáticas? Qual foi a influência dos jornais undergrounds norte-americanos na criação do Lampião? Como era a relação do jornal com a militância e suas pautas? Por que acabou? Qual é o papel que a mídia teve (e tem) na construção da imagética do homossexual? Por que os filmes gays parecem carecer tanto de uma ótica gay? Como a AIDS impactou o movimento? Como as diferentes minorias se aliaram e discordavam nas pautas do jornal? Como escolha da linguagem impactou nos feitos do jornal? Como esses pioneiros veem o movimento LGBT atual (2016)?
Essas e muitas outras perguntas são provocadas e trabalhadas de muitas formas nesse incrível documentário. Sem trato de palavras, sem higienização. Muitas vezes só causos contados, noutros só desabafos e opiniões. Pode concordar ou discordar (total ou parcialmente) do que é apresentado, como eu mesmo fiz muito ao longo do estudo. Só não pode mesmo é deixar de ver.
De qualquer forma, fica a indicação dessa obra que deveria ser obrigatória para qualquer LGBTQ+ Brasileiro que queira minimamente entender sua história (e pensar no seu futuro). Há sempre muito mais por trás das coisas do que o atual mundo das ilusões capitalizadas nos diz.
FONTE: LIMA, Marcus Antônio Assis. Breve Histórico da imprensa homossexual no Brasil. Biblioteca On-line de Ciências da Informação, 2001.
Link para o ducumentário no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=ZsyTMvs6S8I&t=367s&ab_channel=NiltonMilanez
Sirius Cor Leonis
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No início da década de 60, relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo eram proibidos por lei nos Estados Unidos. Na madrugada de 28 de junho de 1969, um grupo de policiais de Nova York fez uma rotineira e violenta batida no bar Stonewall Inn. O local, frequentado por gays, lésbicas, trans, drag queens e outras figuras marginalizadas, era alvo frequente de hostilizações e de abusos policiais. A diferença, é que naquela noite, os frequentadores jogaram copos e se recusaram a serem presos. Pelos próximos 5 dias, a comunidade se juntaria para protestar em frente ao bar, pelo direito de existir sem serem alvos. Esse episódio é considerado um marco na criação do movimento LGBTQIA+ como o conhecemos hoje. O Movimento LGBT é um movimento civil e social que busca defender a aceitação das pessoas LGBT na sociedade. Apesar de não ser um movimento centralizado e organizado nos seus mais diversos núcleos ao redor do mundo, existem inúmeras organizações não-governamentais que atuam nesse sentido, oferecendo apoio e representação para essa parcela da sociedade. O Movimento LGBT brasileiro nasceu em um contexto de grande repressão e injustiça social: a Ditadura Militar, que foi de 1964 a 1985. Assim, o surgimento de algumas publicações LGBT como os jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana foram essenciais para o crescimento e o amadurecimento do movimento no Brasil.
Fontes: https://super.abril.com.br/historia/o-que-foi-a-rebeliao-de-stonewall/; https://www.stoodi.com.br/blog/atualidades/movimento-lgbt-o-que-e/; https://www.cartacapital.com.br/diversidade/a-vida-e-a-morte-de-marsha-p-johnson-e-a-invisibilidade-trans/
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A velha alma
Um desenho com o sentimento e o espírito
De uma música clássica
Com as cores, a textura e a pintura de uma velha alma
Uma cozinha antiga, uma mãe e sua filha
O café pronto
Uma janela a vista e um carro
Azul vintage
Uma brisa de outono cobre a janela
Sobre o Sol
E a Lua, espera a noite a festa
Crianças com seus livros de baixo do lençol, com um lampião, leem
E adultos com seus cigarros e bebidas, fofocas, dramas e investidas
Estão no primeiro andar
E crianças, de baixo, olham pra cima
Viajam sobre a escrita
O trem talvez pare na próxima
Estação dos solitários
Com o som da música clássica do amor
A janela em movimento me mostra cidades frias, distantes de sentimento
Cada rua, esquina e prédios, estradas e os carros, estão vazios e sem sentido comigo
Dentro do meu olhar e sentidos anda aquela cor, textura e pintura de uma velha alma
E o conforto é o que importa por hora
Poema de: Fabi
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Artigo sobre homossexualidade feminina na edição de 12 de maio de 1979 de “Lampião da esquina”
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Direitas e esquerdas do sistema estão querendo tornar-nos consumidores de homossexualismo, e com isso recuperar-nos. Trata-se de uma forma de nos iludir com o poder e neutralizar o potencial subversor. A única maneira de garantir nossa subversão e impossibilitar essa recuperação é ser cada vez mais viado e sapatona, portanto mais malditos e menos cobiçáveis por todas as formas de poder (ordem), do tipo partidos, publicidade, família, mídia. Quanto mais aprofundarmos nossas diferenças com a normalidade instituída (a sociedade heterossexual compulsória), tanto mais difícil será nos digerir. E tanto maior será nossa capacidade de virar a mesa.
João Silvério Trevisan em “Por uma política menor: bichas e lésbicas inauguram a utopia” (Lampião da Esquina, número 25, junho de 1980)
#lampião da esquina#lgbt#jornal#jornalismo#homossexualidade#luta#movimento lgbt#ditadura e homossexualidades#repressão#resistência
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jornal lampião da esquina, trigésima segunda edição.
brasil, 1981
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AS METAMORFOSES travestis e transformistas na São Paulo dos anos 70 > MADALENA SCHWARTZ
Nascida em Budapeste, Hungria, Madalena Schwartz (1921-1993) chegou a Buenos Aires, Argentina, em 1934, escapando da perseguição dos nazistas aos judeus, lá vivendo até 1960, quando mudou-se para São Paulo, lugar que ficaria até o fim de sua vida e onde aprenderia a fotografar, começando aos 45 anos, no icônico Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB). Um interesse que se prolonga por muitos anos, em um registro personalíssimo de retratos do eclético mundo cultural e social paulistano, dentro e fora do stablishment.
Com uma produção fotográfica importante, até mesmo no que hoje poderíamos pensar em termos de uma antropologia visual, essencialmente no início de retratos de intelectuais, artistas plásticos, políticos e escritores, mostrados em seu primeiro livro Personae (Funarte-Cia das Letras, 1997), Madalena Schwartz seguiu por outros caminhos mais ousados, retratando travestis e transformistas, trabalho publicado no livro Crisálidas (IMS, 2012) e agora com uma nova edição As Metamorfoses Travestis e Transformistas na São Paulo dos anos 70 (IMS, 2021), que mostra imagens da publicação anterior acrescidas de capítulos que trazem pesquisas, ilustrações e fotografias sobre as experiências trans no Brasil, na Argentina, Bolívia, Peru, Chile, Cuba, México e Venezuela.
Os portfólios latino-americanos promovem um processo dialógico com as imagens de Madalena Schwartz, com fotografias que registram as culturas travestis e transformistas em sincronismo com a dela. As fotografias são oriundas do trabalho de coletivos como o Archivo Quiwa, da Bolívia e o Archivo de la Memoria Trans, da Argentina, dois grupos que buscam o resgate e valorização da memória trans em seus países, formando acervos fotográficos constituídos por imagens vernaculares. Só este último tem cerca de seis mil peças do início do século XX até os anos 1990.
Com uma exposição e o livro, o Instituto Moreira Salles (IMS) comemora o centenário de nascimento da fotógrafa, cujas imagens foram adquiridas para seu acervo em julho de 1998. São cerca de 16 mil negativos em preto e branco e 450 cromos, que se dividem em três núcleos: Personalidades; Povo do Norte e Nordeste e Travestis e Transformistas. Madalena Schwartz é um dos nomes decisivos, dizem João Fernandes, Diretor Artístico e Marcelo Araújo, Diretor-Geral do IMS, quando pensamos nas grandes fotógrafas emigrantes como a polonesa Stefania Bril (1922-1992); a alemã Alice Brill (1920-2013); a belga, Lily Sverner (1934-2016); a inglesa Maureen Bisilliat e as suíças Claudia Andujar e Hildegard Rosenthal (1913-1990), esta última considerada por muitos a primeira fotojornalista do Brasil.
A trajetória da fotógrafa é peculiar. Quando chegou a São Paulo, com o marido e os dois filhos, abriu uma lavanderia com o nome de Irupê, no centro da cidade, na rua Nestor Pestana, uma via conhecida por muitas casas noturnas. Em meados dos anos 1960, um de seus filhos ganhou uma câmera fotográfica pela qual é atraída imediatamente e que a levou ao já conhecido FCCB, que tinha como sócios seu conterrâneo Thomaz Farkas (1924-2011), e os paulistas German Lorca (1922-2021) e Geraldo de Barros (1923-1998) entre outros consagrados nomes. Sua prática seria nas poucas quadras do percurso entre seu trabalho e sua residência, no Edifício Copan, de Oscar Niemeyer (1907-2012) e Carlos Lemos, onde fotografaria os travestis e transformistas na década seguinte.
Sua habilidade com os retratos ganha notoriedade, indo trabalhar para várias revistas da Editora Abril e para a Rede Globo de televisão, consolidando o que era apenas um hobby. Segundo seu filho Jorge Schwartz, diretor do Museu Lasar Segall em São Paulo: "minha mãe não resistia a um rosto interessante." Embora tenha retratado com extrema perícia inúmeras personalidades, como o pintor japonês Manabu Mabe (1924-1997); o compositor baiano Caetano Veloso; o arcebispo cearense Dom Helder Câmara (1909-1999) e a escritora ucraniana Clarice Lispector (1920-1977) entre tantos, é no recorte trans que este livro apresenta seu trabalho mais exclusivo.
Madalena se profissionalizou como fotógrafa no início da década de 1970, impulsionada por prêmios nacionais e uma medalha de ouro�� em uma exposição de fotoclubes em Cingapura. Apesar de continuar a trabalhar em sua tinturaria (cuja renda amenizava os altos e baixos da profissão) publicou em importantes revistas da época, como a Íris Foto, Claudia e Status, entre outras. Fez a primeira de suas muitas mostras individuais em 1974, no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Em 1983, recebeu o prêmio de fotografia da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Apaixonada pelo teatro, Schwartz fotografou personalidades do palco e das telas de televisão entre eles os integrantes do grupo Dzi Croquettes* nos camarins e palco, o cantor mato grossense Ney Matogrosso durante uma performance, a atriz alemã Elke Maravilha (1945-2016); o performer e multiartista argentino Patrício Bisso (1957-2019), seu vizinho no Copan, entre tantos outros. Ela avançou além dos personagens mais conhecidos e fotografou os trabalhadores de salões de cabeleireiro ou que atuavam nos palcos de boates, uma boa parte deste retratos realizados em seu estúdio improvisado, em sua própria casa, em um ambiente de troca e cumplicidade, como dizem seus editores.
Além das imagens de Schwartz, o livro exibe exemplares dos periódicos Lampião da Esquina** e Chana com Chana, jornais de vanguarda produzidos pela comunidade gay e lésbica da época, cartazes de filmes, como A rainha diaba e O beijo da mulher aranha, clipes de televisão e fotos de acervos pessoais, dentre outros itens, que registram um universo contestador dos padrões conservadores da época. Há um infográfico do centro de São Paulo na década de 1970, com os principais pontos alternativos da capital no período e um conjunto de papéis efêmeros com cartazes e cartões de visita.
O escritor argentino Gonzalo Aguilar e o brasileiro Samuel Titan Jr., que organizam o livro e a curadoria da mostra homônima, refletem que ainda há muito o que estudar sobre a fotógrafa, principalmente sobre seus primeiros tempos "pois muito rápido a fotografia se impõe como vocação longe do hobby domingueiro." Embora ao participar de eventos, seu nome passe a ser conhecido, e, sem romper as relações familiares, a vida doméstica e prática, ela passe a achar um lugar seu para sua arte, explicam eles.
Já em 1974, expondo no MASP, sua série de retratos de travestis e transformistas - uma pequena amostra extraída de cinco anos de trabalho - fotografados em estúdio, a iluminação preferida da fotógrafa, chama atenção por sua produção cenográfica e teatral. Para os organizadores, Madalena Schwartz neste momento cruza um limiar, que seria de ordem estilística, ao ingressar em um território que foge "de um certo bom gosto, seja ele pictorialista ou vanguardista, haurido no Foto Cine Clube Bandeirante." Suas imagens trazem uma retórica do excesso e da ambiguidade que se irriga contínua e alegremente de signos colhidos nas searas do pop e do popular, do "alto" e do "baixo", do camp e do kitsch."
Outro limiar, de ordem humana e social, em sua produção de uma cultura estabelecida, com personagens como escritores, professores, intelectuais, ligados ao lado mais culto, que, como afirmam Titan Jr. e Aguilar, eram do gosto moderno e de simpatias políticas à esquerda que se distanciaram da ditadura militar como cultura de massa, são confrontados com um número considerável de figuras "mais ou menos anônimas, mais ou menos célebres" que podia se ver em suas folhas de contato, dedicadas ao universo travesti e transformista.
Chico Felitti escritor e jornalista paulista, autor do livro Ricardo e Vânia: o maquiador, a garota de programa, o silicone e uma história de amor ( Ed.Todavia, 2019) conta que depois da exposição no MASP, as sessões do Copan ganharam uma aura ainda maior de prestígio nos círculos da noite LGBTQ. Transformistas e travestis apareciam em seu apartamento e nem sabiam como chegaram lá. Figuras que trabalhavam em salões de cabeleireiros famosos em São Paulo, que às vezes adotavam como sobrenome, o nome do salão em que trabalhavam, como o De La Lastra, que atendia a elite paulistana.
Curiosamente, esta elite não frequentava as grandes boates da época como a Medieval ou como Felitti escreve "não passeava pelo Largo do Arouche às duas da manhã." Para ele, "criaram teorias sobre o mergulho underground daquela mulher já com mais de 50 anos." Entretanto, seu filho Jorge Schwartz explica que a escolha de seus trabalhos era muito orgânica. "Ela tinha uma certa insegurança de pessoas muito intelectualizadas.", diz ele. Para a fotógrafa, não havia nenhuma elaboração teórica nas tardes do apartamento do Copan.
Madalena Schwartz, para seu filho, que nunca chegou a presenciar alguma das sessões, era uma espécie de ser humano que se entusiasmava com as pessoas. Havia uma atitude ingênua de afeto, de abertura e também de querer falar. Isso fazia com que as pessoas mais jovens estivessem ao redor." O que explica a singularidade de suas imagens, algo de certa forma inocente, buscando apenas a possível estesia que ela sempre encontrava, algo que não existe mais na fotografia contemporânea, cujo objetivo se tivesse esse mesmo elenco como tema, seria apenas a problematização do assunto ou a cansativa verborragia política e pseudo ativista.
Imagens © Madalena Schwartz Texto © Juan Esteves
Ficha técnica básica:
Imagens de Madalena Schwartz; coordenação editorial de Gonzalo Aguilar e Samuel Titan Jr.; Tradução de Samuel Titan Jr., projeto gráfico de Raul Loreiro e Victor Kenji Ortenblad; digitalização e tratamento de imagens de Kelly Polato e Núcleo Digital IMS, impressão e acabamento gráfica Ipsis
# Infelizmente algumas imagens do livro não podem ser publicadas nesta plataforma devido a censura.
* Os Dzi Croquettes se destacaram pelo seu visual exuberante, com maquiagem pesada e trajes femininos. Estrearam com Gente Computada Igual a Você, com texto de Brunna Ribeiro Maciel.
Andrógenos, o grupo chocou as autoridades da ditadura militar e seus espetáculos foram censurados. A trupe se exilou então em Paris, onde estreou a peça e se apresentou no Le Palace, onde foi um sucesso. Seus principais personagens são o coreógrafo novaiorquino Leonardo La Ponzina, conhecido Lennie Dale (1954-1994), o capixaba Cláudio Tovar, o gaúcho Ciro Barcelos e o paulista Paulo César Bacellar da Silva (1952-1999), o famoso Paulette, entre outros bailarinos e atores.
** O jornal Lampião da Esquina, mais conhecido apenas por Lampião, nasceu na casa do pintor paulistano Darcy Penteado (1926-1987), com uma série de amigos como o dramaturgo pernambucano Aguinaldo Silva e o crítico cinematográfico belga Jean Claude Bernardet. Foi um tablóide alternativo, que circulou no período da ditadura militar entre 1978 e 1981, destinado aos leitores da então comunidade gay. A publicação representou um grupo que até então não possuía voz na sociedade, mostrando-se importante para a construção de uma identidade nacional pluralista. O subsídio para a circulação veio por meio da criação de uma editora também chamada de Lampião e de colaboradores. No total teve 38 edições, incluindo o número zero. Inicialmente, cada edição, teve uma circulação aproximada de 10 a 15 mil exemplares em todo o país.
* nestes tempos bicudos de pandemia e irresponsabilidade política com a cultura vamos apoiar artistas, pesquisadores, editoras, gráficas e toda nossa cultura. A contribuição deles é essencial para além da nossa existência e conforto doméstico nesta quarentena *
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“[…] é preciso dizer não ao gueto e, em consequência, sair dele” (LAMPIÃO DA ESQUINA, Edição zero, 1978, p.02).
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Lampião da Esquina - Terça Comentada
Lampião da Esquina – Terça Comentada
Nos anos 1960, surgiu nos EUA o jornal Gay Sunshine, uma publicação voltada para o público homossexual. Em 1978, no Brasil, uma iniciativa similar foi criada: o polêmico Lampião da Esquina.
(Lívia Perez | Brasil | 2016 | Documentário | 86 min)
Cine Diversidade – Projetos permanentes de exibição e debate.
Classificação indicativa: 18 anos Quando: terça-feira 26/06/2018 Horário: 19:30 Preço:gratu…
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Barfly
Fazendo poemas que possam exorcizar demônios de uma mente psicótica. E que possam invocar espíritos dos antepassados como dos índios kalankós. Fazendo poemas como dois amantes da noite. Nós somos dois amantes da noite. E em Gênesis Deus te criou com uma buceta santa, para que meu pau enfurecido lhe mostrasse o gozo morno pecaminoso. Um casal de bandido tipo Bonnie e Clyde. Ou Lampião e Maria Bonita. Escondendo-se pelos becos escuros, recitando poemas de Baudelaire. Escondidos pela selva seca comendo catenga e palma. Negros como a noite que nos acolhe. Vomitando pesadelos. Incorporando Baco em nós. Atraídos pelos pecados da vida. Embriagando-se de violência entre bares, pousando em copos e esquinas. Barfly. Bukowski nos imaginando enquanto coça o rabo e mata mais uma cerveja. Linha de frente atirando em fascistas, enquanto gritamos trechos de Hemingway e corpos caindo. E copos levantados nos cabarés de Veneza. Com pinga queimando a garganta e atiçando os neurônios. Anjos vagabundos flutuam no banheiro do bar. Mistérios do coração transcendem. E o amor diluindo como cocaína no sangue.
João Farias
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CRÍTICA: As bichas e a ditadura militar
O texto, escrito por Marcelo Hailer, nos introduz a alguns tipos de movimentações de grupos LGBT durante a ditadura militar, que se deu na área artística, do movimento social e estudantil, e na área da imprensa, com formas alternativas que buscavam quebrar com a censura. Ele nos apresenta o jornal O Lampião de Esquina, fundado por João Silvério Trevisan, Darcy Penteado, Aguinaldo Silva, Peter Fry e João Antônio Mascarenhas, como o exemplo mais conhecido dessa forma de imprensa.
O jornal teve pouco tempo de existência, de 1978 a 1981, e causava escândalo, utilizando palavras como “bicha”, e colocando em sua capa pessoas como Fernando Gabeira e Lula. Após um tempo o jornal começou a sofrer boicotes, e não sobreviveu. Por pouco que tenha sido o tempo que durou, o jornal inspirou movimentos como Movimento Homossexual Brasileiro (MHB), e o Somos – Grupo de Afirmação Homossexual, conhecido “por ser o primeiro grupo de ação política a tratar da questão gay no espaço público e com intervenção social.”
No ano em que o Somos surgiu, 1977, não foi só a direita que era hostil a essa causa. A esquerda dizia que focar nesta pauta tratava-se de um desvio de luta, que seria acabar com o capitalismo. A direita continuava com sua visão de que homossexuais eram pervertidos e anormais. João Silvério Trevisan conta que houve um fato crucial para o nascimento do movimento LGBT. Um debate na faculdade de Ciências Sociais da USP, em 1979.
Outro grupo que causou escândalo entre os militares e conservadores foi o Dzi Croquetes, que rompiam com a ordem binária, usando saltos e maquiagem, e dizendo que não eram machos nem fêmeas, corpos. Com o sucesso do grupo, os militares censuraram suas apresentações.
Por mais que tentassem, os grupos de contracultura eram constantemente censurados, ficando sem espaço para se expressarem abertamente. Hoje em dia os conservadores continuam tentando fazer a mesma coisa, porém de formas diferentes, que muitas vezes, infelizmente, são exitosas.
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Documento: As bichas e a ditadura militar.
Nesse documento, varios pontos da luta LGBT são conversados.
No começo do documento, já começamos com a reunião da Comissão da Verdade discutindo esse tema.
Mas ele também mostra uma outra movimentação política dos sujeitos LGBT durante a época da ditadura, como por exemplo, o jornal O Lampião da Esquina, que causou um grande furor apesar do seu curto tempo de existência (FOTO 1: uma das edições feitas pelo jornal na época).
Depois também é colocado em pauta no documento, um debate que ocorreu na USP no ano de 1979 . É relatado que foi um debate tenso, uma vez que, , a esquerda ainda não encarava como sério o debate de gênero, então, enquanto os ativistas homossexuais gritavam que tinham o direito de ir para a cama com quem quisessem, os jovens comunistas diziam que a luta de gênero “era coisa de quem não tinha o que fazer” ( de acordo com Trevistan).
Era nessa hora que ficou claro que o movimento homossexual estava presente nas ruas. O documento também fala de grupo que vai causar bastante: Dzi Croquettes (FOTO 2), uma trupe performática que veio acabar com os limites impostos dentro da sociedade a aquele grupo.
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Lampião da Esquina (2016, Lívia Perez, Noel Carvalho)
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