#fenda
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𝕬𝖓 𝖚𝖓𝖚𝖘𝖚𝖆𝖑 𝖗𝖊𝖖𝖚𝖊𝖘𝖙.
˖ ࣪ ʿ o chalé de afrodite andava com uma boa reparação, a parte das crianças era a área que recebia mais atenção antes mesmo até dos quartos dos mais velhos. o seu foi ficando para trás e voltava a ficar no seu antigo dormitório com devora; como não precisava dormir, não tinha tanta importância se arrumavam o seu ou não, aos poucos isso seria feito. a lista de prioridades era imensa. atualmente focava nisso de apertar parafusos dos beliches dos irmãos quando um deles entrou ali correndo. elliot, seis anos. deixado no acampamento verão passado e seus pais adotivos nunca mais apareceram para visitá-lo ou levá-lo para casa. sentia-se imensamente responsável por aquelas crianças que não tinham as famílias mortais e o fato do pequeno elliot ter um curativo na testa por causa do acidente no dia desta era algo que lhe atormentava. se tivesse ali, eles teriam se machucado? teria conseguido evitar os irmãos de se ferirem?
“elói, acho que você está em apuros.” a criança disse com os olhos castanhos arregalados para o mais velho. os cachos do pequeno estavam bagunçados, suas roupas manchadas de terra… e o chalé não consertou nada daquilo, a magia de afrodite ainda estava quebrada, pelo visto. “você está tão encrencado. o que fez dessa vez?” ele perguntou, a curiosidade vazando em seu tom infantil.
a confusão, porém, enfeitava o rosto do semideus mais velho que tinha também um quê de diversão em sua expressão pela forma como o irmão tinha entrado ali lhe acusando. largando as ferramentas, se agachou na frente do menino. “eu sinceramente não sei, elli, consegue me dizer o que está acontecendo? por que acha que eu estou encrencado?” perguntou, esticando a mão para tentar limpar o rosto dele e ajeitar os cachos, tirando um elástico do bolso para prender os cabelos do menino em um coquezinho minúsculo.
“eu tava brincando com os patos e quíron me pediu pra te chamar. bem rápido. então eu vim correndo!” contou, saltando no lugar assim que o irmão acabou de lhe arrumar. isso explicava tanto a sujeira quanto a presa da criança. teria sido mais fácil se ele tivesse começado com o recado do centauro, mas já conhecia a natureza enérgica dos irmãos. “seu cabelo ainda está preto.” o menino apontou, lhe deixando consciente de novo daquele fato que vinha lhe perturbando há alguns dias.
“eu sei, amigo. ainda não descobri como fazer voltar ao normal. e eu também não sei o que quíron quer comigo.” esclareceu, se levantando e oferecendo a mão para o menino para que pudessem sair dali juntos.
“você não sabe de nada.” elliot debochou com uma risada, acabando por arrancar uma de elói também. “eu vou brincar de novo com os patos, mas boa sorte. depois você tem que me contar o que ele queria, tá bom?” o pequeno pediu, erguendo a mãozinha direita com o mindinho esticado para o irmão que não teve escolha a não ser prometer, enrolando os dedos juntos. satisfeito com a promessa, elliot saiu apressado de volta para o lago.
elói, por sua vez, seguiu o caminho para a casa grande. raramente o centauro lhe chamava para algo, apesar de sua proximidade com o chalé de Hermes, não tinha feito nenhuma pegadinha recentemente netwo não fazia sentido ser repreendido. repassava a mente todas as suas ações para ver se havia algo fora do comum que esqueceu e merecia bronca… mas nada vinha. o trajeto todo foi apreensivo, mas ao atingir o local e receber um sorriso gentil do diretor, relaxou um pouco.
“vejo que elliot dessa vez não se desviou da missão.” quíron brincou pela rapidez que o filho de afrodite tinha chegado ali, as crianças costumavam se distrair com facilidade e às vezes os recados atrasavam um pouco. “venha, entre, tenho um pedido para fazer.” elói não hesitou em aceitar o convite, entrando no local conhecido. o centauro ocupou a cadeira à mesa de escritório que tinha no canto da sala bem debaixo da cabeça de leopardo; o semideus acabou por ocupar a cadeira à frente dele, a perna mexendo nervosamente. “tenho uma missão para você.” apenas aquela palavra já era o suficiente para lhe fazer congelar, a tensão sendo tão visível que quíron rapidamente continuou. “aqui dentro, maxime. uma missão interna.” as palavras serviram para lhe tranquilizar um pouco mas não teve tempo de perguntar algo porque logo ele continuava. “preciso que colete informações sobre a fenda, que tipo de rochas formam a parte interna, fotos, tudo o que você puder coletar sem descer muito profundo.”
talvez não devesse ter se acalmado antes porque a tal missão era tão ruim quanto qualquer outra que tivesse que sair. a fenda era um grande mistério no acampamento, as vozes que ouviram no primeiro dia foram perturbadoras. “isso… é uma boa ideia? pra eu entrar tem que tirar a barreira, não? isso é seguro?” perguntou com uma certa apreensão.
“Não será retirada por completo. você pode pedir que abram apenas uma parte para que entre. minha única recomendação é que você não deve descer sozinho.” informou. O centauro mexeu na mesa e tirou da gaveta um caderno, fazendo-o deslizar na superfície até o rapaz. “escreva aqui seus progressos e me entregue quando terminar as análises. precisamos disso com urgência, maxime. você conhece o laboratório da arena, sabe lidar com a tecnologia para estudos então é nossa melhor opção. posso contar com você? ” a seriedade no tom alheio fez com que automaticamente concordasse com a cabeça em um movimento positivo. conhecia uma ordem quando ouvia e o tom dele não deixava dúvidas: aquela era uma.
ao invés de ganhar uma reclamação e uma punição saia dali da casa grande com um caderno em mãos e uma missão que não sabia se era segura para ser cumprida já que não perdeu o fato do centauro ignorar sua pergunta sobre isso… mas que pelo visto não tinha escolhas a não ser obedecer.
brevemente citado: @krasivydevora
@silencehq
prompt da fenda, pov 1. #fendap
#001. | 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐑𝐄𝐈𝐆𝐍𝐒 𝐈𝐍 𝐌𝐄 › pov#pov3#drop: fenda1#agora começo os trabalhos sobre isso!!!!!! 🎇🎇🎇#fendap#p#fenda
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ʿ starter with @alevadalouca
¸ prompt: a garra.
¸ o segundo capítulo.
⭑🍇ʿ dentro de um saquinho transparente escondido em sua jaqueta, indra procurava alguma cria de hades que não fosse petrus. ainda não tinha conhecido todos exceto willhelmina, mas a garota em questão não estava canto algum então lhe resta a perambular pelo acampamento em busca dos rostos que via ocupando as cadeiras da mesa treze no pavilhão. foi um golpe de sorte encontrar uma delas ali no meio do caminho, rapidamente o rapaz se apressou, se aproximando sem muita cautela ou hesitação; apesar dos alertas de asher, não via aqueles semideuses como diferentes dos outros. “ ━━━ ei, você! desculpa incomodar mas acho que você pode me ajudar com algo. é filha de hades, certo? então vocês sabem sobre essas coisas de cães infernais e tal? consegue... sabe, identificar coisas relacionadas a eles?"
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Daric 🏹
Original Character
#originalcharacter#original#artists on tumblr#art#artist#drawing#draw#desenho#brazilian artist#ilustraçao#illustation#fenda#female artists
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Subversivo
SubversivoMovimento bruscoAntidemocráticoFenda constante.Carlos de Campos
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#antidemocrático#autoconhecimento#Brasil#fenda#memoria#memoria e poesia#mensagem#movimento#Mundo#poema#poesia#Poesia Geral#Poetrix#subversivo
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keep telling myself tiki taka vacra is a different song. different song. different song
my brain:
but I've been getting up thentchoutchou baby tout doux
#why is everything sounds the same now#is that my fxkn ears in trouble#dont even know this tiki taka song before elijay summer23#and holy shit it sound the same#fenda#i like this one better than the french version#vacra#tiki taka#Spotify
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fechamento da fenda @silencehq. menção: @nemesiseyes.
Stevie sabia o que estava por vir. Todas as tentativas anteriores de fechar a grande fenda que partira o Acampamento Meio-Sangue em dois, na fatídica celebração secreta dos conselheiros, haviam terminado em falha e ataques de monstros. O resto dos campistas e os diretores também sabiam, pois novas armas foram colocadas nas mãos dos semideuses e a expectativa era de uma batalha certa. Também era, porém, da possível aparição do outro traidor e, quem sabe, da revelação de sua identidade.
Ao comando de Quíron e de seu líder de patrulha, ela se colocou a postos — com a mão direita agarrava o cabo de Invicta e, com o braço esquerdo, apoiava Contenda. O torso estava protegido pela armadura forjada em Waterland, recentemente modificada e agora com a propriedade especial de tornar-lhe resistente a ácido e venenos (e, deuses, como era longa a lista de monstros que soltavam um ou outro). Na cintura, Conquistadora e sua mais nova arma, o bumerangue que apelidara de Ventania encaixavam-se em um cinto de couro; e, finalmente, nos pés, usava as botas aladas que ganhara como recompensa após sua fracassada missão.
Ela jamais poderia prever que, em uma questão de minutos, estaria sendo — literalmente — arrastada para o inferno.
Não fosse pelos bons reflexos e pela velocidade sobre-humana concedidos à filha da deusa da vitória, Stevie certamente teria saído voando junto às árvores e aos brinquedos do parquinho. Mas, em um ato de raciocínio rápido, ela fincou a espada no chão e agarrou-se a ela enquanto as asas das botas batiam contra o puxão da fenda. Foi assim que salvou não só a si mesma como a outros semideuses pelo caminho, escalando o solo como se fosse a parede da sala de treinamento e levando os outros a locais que eram distantes o bastante da fenda para não serem engolidos por ela.
“Alguns de nós são mais honrados que outros, pelo visto.” Tadeu a dissera. “No seu caso, chega a ser doloroso o quanto você é obviamente uma heroína.”
Poucos meses atrás, ela concordaria. Modéstia nunca fora uma qualidade cultivada por Stevie Rowe, cujos olhos famintos olhavam para figuras como Percy Jackson, Annabeth Chase e Leo Valdez e cobiçavam o poder que eles possuíam sobre o Acampamento. Quando Percy e os amigos eram citados, os campistas estremeciam. Quando entravam em um cômodo, todas as cabeças viravam em sua direção. Era isso que ela desejava ser: uma heroína, do tipo que os nomes paravam em livros de História e as figuras eram transformadas em estátuas.
Naquele momento, porém, ela não se sentia uma heroína. Não era o típico sorriso convencido que adornava seu rosto enquanto ela voava de um lado para o outro, recolhendo colegas e lutando contra o campo de gravidade da enorme rachadura no solo — era uma expressão de terror. De medo de ser picada por Campe ou envenenada por uma das cabeças da hidra, mesmo que as vozes ao seu redor gritassem que os monstros não eram reais. Se tinha medo deles, eram reais o suficiente. E, mais que isso, o olhar em seus olhos era do choque de alguém que assistira não só Elói, mas outro de seus amigos, Héktor, ser dominado pela consciência de Hécate e cair no chão, desacordado, sem demonstrar sinal algum de que se ergueria de novo.
Nada do que sentia lhe parecia heroico. Voar na direção oposta dos monstros em vez de enfrentá-los com certeza não era heroico. E, ainda assim, ali estava ela.
Então, de repente, tudo cessou. Ela viu a grande explosão de magia, o vermelho e o dourado misturando-se na nuvem pesada de poeira. Viu os monstros serem sugados para dentro da fenda, seus olhos tremeluzentes, como se as criaturas se desligassem. E, quando a poeira se desfez no ar, viu a terra costurada novamente, sem abertura alguma para dividi-la ao meio. Por um segundo, o silêncio se instaurou no campo de batalha enquanto as cabeças dos semideuses se levantavam para admirar as luzes verdes a flutuarem sobre suas cabeças.
Gritos vitoriosos irromperam, os semideuses correndo para se abraçarem e acudirem seus feridos. Stevie libertou um suspiro aliviado e, finalmente, sorriu. Havia sobrevivido à tormenta. Se fosse continuar a se martirizar, poderia fazê-lo depois.
Mas uma comoção diferente se criou entre a multidão de campistas. Alguns começavam a se mover apressadamente entre o restante, nomes sendo berrados sem resposta. Ela os conhecia, mas um em específico fez seu sangue gelar.
Rapidamente, ela olhou para trás, de onde havia se separado de sua equipe de patrulha.
“Tadeu.” Sussurrou Stevie.
Logo ela mesma afastava os outros semideuses com pequenos pedidos de licença e desculpas, esbarrando em ombros, quase tropeçando em pedras e galhos. Quanto mais procurava, mais tinha certeza de que ele não estava ali.
Não.
“Não, não, não, não, não…”
Uma pisada em falso e ela caiu sobre os próprios joelhos, palmas da mão na terra. Stevie não falhou em perceber onde elas estavam apoiadas: no mesmo pedaço do acampamento que, há meros minutos, a fenda se abria e esticava. E, agora, o lugar no qual seis semideuses foram vistos pela última vez antes de serem puxados para o abismo.
#eu si divirto criando títulos pra essas besteiras#ignorando totalmente a dor e a discórdia 🤣#〈🌿〉 𝑰𝑽 ─── desenvolvimento.#〈🌿〉 𝑽 ─── pov.#plot drop: fechando a fenda.
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POV ⸻ a potion for healing, part two.
@silencehq Citados: os Caídos.
Bishop estudava o frasco entre seus dedos. Embora agora estivesse vazio, o vidro uma vez fora preenchido pelo líquido colorido que era a Poção de Cultivo Mágico feita por Natalia e ela.
Era difícil encontrar palavras que descrevessem suficientemente a culpa e arrependimento que sentira na última semana. Quanto estrago não havia causado através de suas decisões imprudentes? Primeiro, questionara e desconfiara de Maxime, apesar das palavras do amigo, que a disse mais de uma vez que não sabia como a Roda de Hécate havia sido marcada em sua pele e nem como ele poderia ser o traidor. Mesmo que quisesse acreditar nele, sua perda de memória seletiva parecia conveniente demais para ser verdadeira, e o cinismo tomou as rédeas das crenças da semideusa. Depois, descobrira não apenas que o filho de Afrodite era inocente, uma mera marionete de Hécate e instrumento de seus planos nefastos, mas também que o domínio da deusa sobre ele — e sobre os outros dois traidores, Héktor e Estelle, como viera a saber em meio ao ritual de fechamento da fenda — só se tornara uma possibilidade graças à presença de seu grimório no Acampamento Meio-Sangue. O mesmo grimório que ela, junto a Sasha e Mary-Louise, partiram para a República Dominicana para recuperar, e que Bishop roubou de seu pedestal e trouxe à Colina Meio-Sangue, deixando para trás a caverna desabada que quase os matou.
Então assistira, horrorizada, os três traidores emanarem a magia que a deusa da névoa roubara deles antes de caírem no chão, imóveis, e monstros terríveis saírem da fenda e atacarem os campistas. O retorno de seus poderes lhe trouxe uma vantagem — enganá-la com ilusões era quase impossível, e assim soube que os monstros não eram nada além de projeções mágicas, mas o dano causado por eles aos semideuses machucados certamente era real. E, finalmente, sentira o coração afundar no próprio peito quando, após o caos e terror da luta e da gravidade da fenda tentando puxar todos no campo de batalha para dentro dela, os nomes de seis campistas começaram a ser berrados em meio à multidão.
Os caídos, foi como Hefesto os chamou. Seis semideuses, sugados para as profundezas da fenda e levados diretamente para o território de Hades. Seis pessoas que havia falhado em ajudar. Seis de seus colegas que agora, por sua culpa, por conta daquele maldito grimório, estavam presos no Submundo sem ninguém para resgatá-los.
Bishop apertou o frasco em sua mão. Na mente, se via atirando-o contra a parede, cacos de vidro espalhando-se pelo quarto e escorregando entre as frestas na madeira velha e esburacada do chalé. Em vez disso, porém, somente suspirou e pôs o frasco na mesa de cabeceira ao seu lado.
Se fosse justa com si mesma, entenderia que não havia como prever as consequências de sua missão, que cumprira sob ordens de Quíron e do próprio Zeus. Na época, o envolvimento de Hécate com os planos de Hades e o silêncio do Olimpo havia sido pouco explorado e o raciocínio por trás da busca pelo livro de magias era simples: se a fenda havia sido criada com a magia da deusa, um grimório do mesmo tipo de magia poderia ser a chave para fechá-la. Também não era o único objeto mágico sendo procurado pelos semideuses, que haviam resgatado a Varinha de Hécate para realizar o ritual de fechamento.
Jamais, no entanto, aprendera a ser justa com si mesma, então era inundada pelo remorso e assombrada pelas possibilidades. Uma tola, era como se sentia. Uma idiota ingênua que seguira cegamente as ordens dos deuses e havia condenado as pessoas à sua volta.
Pensava em Tadeu e em suas mentes parecidas, seu desdém pelos planos divinos e cansaço que vinha com ser um semideus fora do prazo de validade. Pensava em Aurora, que pouco tempo atrás tinha fundado uma brigada para ajudar os semideuses a se defenderem, incapaz de ajudar a si mesma. Pensava até em Katrina, com quem nunca havia se dado bem antes, mas para quem, subitamente, queria queimar oferendas e pedir por sua segurança. Imagens dos seis lhe passavam pela cabeça, todas as vezes que falara com eles e todas as vezes que deveria ter falado.
Finalmente, Bishop deixou o corpo cair para trás e aterrissar no colchão velho e empoeirado às suas costas. A exaustão da batalha trazia o que ela passara a abominar nos últimos meses: sono.
Naquela noite, Bishop sonharia. Ou, melhor, Bishop teria um pesadelo. O que ela ainda não saberia, no entanto, era que aquele pesadelo não era seu.
#swf:ritual#⊰ 𝖋𝖔𝖚𝖗 — point of view. ⊱#⊰ 𝖘𝖎𝖝 — development. ⊱#plot drop: a armadilha.#plot drop: o traidor da magia.#plot drop: fechando a fenda.#FINALMENTE O DESFECHO DISSO#e agora vamo pro próximo caos
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o que é, o que é…
um pontinho rosa na lagoa?
Os eventos descritos neste POV ocorreram durante a festa dos conselheiros, mas antes do drop e, consequentemente, antes do aparecimento da fenda no chão.
O ar úmido estava acre de vinho. Sob o eco da musica pop, a cachoeira cantava um chiado sereno. De dia, aquele lugar era como uma pintura, mas à noite sua beleza ficava etérea, quase mística. A água vertia escura demais para se ver as pedrinhas de seixo no fundo, e o arco-íris que pairava na superfície já não estava mais lá; dava lugar a um nevoento brilho perolado, que refletia as cores da lua.
Ertois ergueu a cabeça e olhou para o topo da cachoeira, de onde a água vinha em grosso filete. Antigamente, era lá de cima que tudo observava, o vento no rosto, as pernas cruzadas sobre uma grande rocha plana. Seu lugar favorito em todo o acampamento, à distância do bater das asas. Lugar esse que, agora, já não mais podia alcançar.
Estava farto de se sentir impotente. Estava, também, inebriado de vinho e repleto de adrenalina, graças ao show que tinha acabado de performar junto à Ungodly Hour. Seus pés, calçados em tênis de corrida, o levaram até a água fria sem que se desse o luxo de um segundo pensamento; Os dedos, calejados pelas cordas do contra-baixo, agarraram-se nas rochas lisas e musguentas e o içaram para cima, vencendo a gravidade através de tortuosa escalada, cada centímetro uma batalha. Só mais um pouco. Só mais… um pouco…
Mas a mão escorregou e ele despencou do alto.
O ar lhe abandonou por completo junto ao impacto. Estava apenas na metade do caminho, para sua sorte, mas o bolsão d´agua era raso, pedregulhoso, e lhe marcou de roxo pelo corpo e de rubro por dentro dos lábios. Sangue coloriu a água turva quando Gabriel buscou por oxigênio e, sem forças para qualquer coisa além de boiar, até mesmo aquela fraca correnteza foi capaz de carregá-lo.
Teria ido desaguar no oceano, não fosse a barreira improvisada pelos líderes de chalé.
Comprimido contra a redinha de proteção numa posição nada confortável, soluço irrompeu de seu íntimo, as lágrimas salgadas se misturando à doçura das gotas que lhe encharcavam dos pés à cabeça. O céu nublado clareou num relâmpago, e o trovejar que seguiu foi como se o próprio Zeus gargalhasse de seu fracasso.
Gabriel urrou, o olhar fixo nas nuvens escuras.
Se tivesse um único desejo, um único desejo…
De olhos arregalados, como se lembrando de algo por demais importante, a destra tateou o bolso da bermuda e lá encontrou uma moeda dourada de dracma, aquela que Fahriye havia escondido por brincadeira debaixo de seu travesseiro, a última de suas economias. A fechou na mão. Tinha prometido que jamais, jamais, faria aos deuses outra oferenda. Mas era disso que eles gostavam, não era? Que se arrastassem, se contradissessem, que se humilhassem por eles. Fechando os olhos e pedindo em silêncio, Gabriel abriu a mão. O dracma foi levado pela correnteza da cachoeira dos desejos. Ele esperou.
Foi só então que percebeu que não podia mais ouvir a música. Havia se afastado demais da festa, ultrapassado a mágica contenção sonora, restando à audição somente o coaxar e farfalhar da natureza em harmonia ao barulho do riacho. Aquela rede de proteção à qual se via preso como um peixe o separava de uma nova queda d’água metros à frente, que seguiria descendo até chegar no Zéfiro e continuaria indefinidamente. Sua moeda deveria estar fazendo o mesmo caminho agora, brilhando entre os seixos opacos, para sempre perdida… E nada de seu desejo.
A dor do coração partido só perdia para a dor no restante do corpo, estava certo de que tinha quebrado uma costela. Tentou se erguer, e congelou quando sentiu na água uma presença anormal.
Os pelos de seu pescoço eriçaram num misto de frio e alerta, mas também de esperança. Teria algum deles lhe ouvido? Teria um dos deuses enfim lhe atendido?
— Deixou isso cair. — a voz era calma e feminina, meio curiosa. Ertois se virou e deu de cara, para além da rede, com uma náiade de longos cabelos verde-lima-desbotados, submersa até o busto. Em suas mãos, o dracma reluzia à lua.
O coração pareceu afundar no estômago. Voltou a olhar para o céu.
— Você não deveria ter pego. Era uma oferenda. — rebateu, o rosto endurecido.
Ela mordiscou a moeda, fazendo careta.
— Mas quem iria querer comer isso? É duro.
— Não é pra comer.
— E pra que é?
A náiade parecia completamente alheia ao conceito dos dracmas.
— Você troca isso pelas coisas que quer ter. É o que move o mundo. É poder. — Por uma fração de segundo, lembrou dos monges. Era desconcertante pensar que algo vital em seu cotidiano pudesse um dia ter sido irrelevante assim, como era para ela.
— Posso ficar?
— Não.
Ela trouxe o dracma contra o peito protetoramente. Analisava o semideus como se decidisse se seria ou não capaz de tomar a moeda de suas mãos. Havia a distância. Havia a rede...
— Vou ficar. Vou trocar com o Sr. D. por mais tampinhas.
Gabriel virou o rosto para ela, confusão estampada. Pra que, de todas as coisas no mundo, uma ninfa das cachoeiras ia querer tampinhas? A náiade não pareceu perceber, estava entretida demais com o novo achado, tentando dobrá-lo nos dedos.
Não era de sua conta, de qualquer jeito, e outra pergunta pareceu mais urgente.
— Sabe onde o Sr. D. está?
Ela parou o que fazia, seu semblante repentinamente triste. Chacoalhou a cabeça em negativa. Fios esverdeados balançaram a água.
— Faz tempo que ele não vem se banhar com a gente. As ninfas comentam, sabe? Ninguém o vê em dias. Também não ouviram o Vento do Oeste desde o incidente, e ele sempre sussurrava no riacho. Tem as melhores histórias! Já ouviu a que ele…
Era isso, Gabriel constatou cerrando os dentes quando seu interior deu outra pontada. Ia morrer ali, preso como um marisco, furtado por uma ninfa tagarela e com a imagem de Dionísio se banhando gravada na mente. Afundou a cabeça um pouco mais na água, na intenção de cobrir as orelhas, mas pasme! a voz dela se projetava perfeitamente pela água também.
— … dia em que a Céu Colorido choveu sem parar. O Vento disse que ela estava triste porque tinham tirado algo importante de um de seus filhos. Dei a ele uma das minhas peças para que a presenteasse, Coral e Kiara sempre ficam felizes quando ganham presentes, imaginei que ela também ficaria. — A ninfa abriu um sorriso que era, ao mesmo tempo, tímido e orgulhoso, visto por Gabriel somente porque algo naquela falação toda havia clicado, encaixado como quebra-cabeça. — O Vento elogiou muito meu trabalho.
— Quanto tempo faz isso?
— Não muito… — ela suspirou — Sinto falta das conversas.
Se o Vento do Oeste era Zéfiro, a Céu Colorido só podia ser...
A náiade não sabia, mas estava falando da história dele. Gabriel contraiu o cenho. O que mais impressionava em tudo aquilo não era a vastidão que a fofoca havia percorrido, mas sim o fato de Iris ter chorado. Por que chorara? Teria sido remorso? Teria sido pena?
Antes que a raiva pudesse crescer, foi interrompida por um forte acesso de tosse. Rubro manchou seu queixo novamente.
— Caramujos, está ferido?! Por que não falou antes? Shhh, agora não, né? Aqui, beba isso…
Nas mãos em concha da náiade, um brilho luminescente irradiava da água que lhe oferecia, e ele a engoliu com dificuldade por uma das frestas da rede. Deslizava em seu interior como gelo na brasa, cessando a ardência pouco a pouco.
Lembrava-se do mito vagamente. Sim… Náiades tinham capacidade de cura.
Gabriel apoiou-se na rede, enfim capaz de se erguer. Já não havia mais dor. Mirou os olhos da moça em gratidão, então desviou o olhar para o horizonte.
— Sou eu… — Confessou num sussurro, talvez porque achava que ela merecia um desfecho para sua fofoca depois da ajuda prestada, ou talvez porque ele precisasse conversar sobre aquilo. — O filho da “Céu Colorido” da sua história. Sou eu.
A criatura arregalou os olhos. Em seguida os estreitou, desconfiada.
— Ah, é? E o que tiraram de você?
Virou-se de costas e despiu-se da blusa preta de botão encharcada. Se aproximando dele num movimento hesitante, dedos membranosos enroscaram nos buracos da redinha. A náiade soltou um suspiro pesaroso ao vislumbre de seu corpo exposto.
Encrustadas nele como queimaduras havia duas cicatrizes, na altura das escápulas.
— Asas? — ela questionou, a voz falha.
Gabriel assentiu, os olhares dos espectadores ainda marcados na pele, a voz imponente de Zeus ainda fresca na memória. “Nenhuma divindade”, havia esbravejado, “NENHUMA divindade tem autorização para devolver as asas desse mortal!”
Entretanto voltou-se para a náiade com um movimento abrupto, o rosto iluminado, a mente cozinhando uma centelha de ideia.
Ela não era uma divindade.
— Conseguiria restaurá-las?
Era isso! Talvez seu desejo tivesse sim sido atendido. Talvez, o dracma fosse direcionado para ela esse tempo inteiro.
Seus olhos brilharam caleidoscópicos; o cabelo molhado ficou rosa-shock. Havia tanta expectativa pairando no ar, que até mesmo respirar se tornou difícil.
— Não posso fazer crescer suas asas, cabelo de beijador! — ela respondeu com uma risadinha leve, de quem achava aquilo óbvio. — Mas eu poderia colá-las, que nem colei suas feridas. Onde estão? — Olhou para os lados como se esperasse encontrá-las bem ali, ocultas numa das margens.
Gabriel murchou igual a um balão de posto.
— Eu não sei. No lixo de Zeus, talvez.
— Acho que não deve ter ficado lá por muito tempo, tem gente que faz coisas lindas com o que outros considerariam lixo. Aqui, é seu… — De dentro de seu cropped, ela revelou o dracma escondido e o estendeu para Gabriel. Foi só então que ele percebeu, assim, de pertinho: a blusa da náiade, que lembrava escamas prateadas, era na verdade feita de lacres de latinhas costurados uns nos outros. Ela era mesmo talentosa.
Ele sorriu e negou com a cabeça.
— Pode trocá-lo por suas asas. — ela insistiu, esperança vibrando nas palavras altruístas, inocentes. Gabriel engoliu em seco a vontade de argumentar que fora exatamente aquilo o que tentara fazer antes dela chegar; Somente cedeu e esticou a mão.
Onde estavam suas asas? Já havia se feito aquela pergunta antes, na época soando mais como autotortura. Só que, pensando pela ótica da náiade, o comércio mítico era mesmo cheio de correspondências duvidosas, algumas até para o submundo. Hermes podia não respondê-lo, mas Gabriel ainda possuía o contato de alguns colegas da agência de entregas; Se um par de asas douradas tivesse passado pelas mãos de um deles, certamente lembrariam.
E se não tivesse passado, ainda havia uma divindade a qual ligar. Uma que, estranhamente, parecia se importar ao ponto de chorar por ele.
Esfregou dedão enrugado nos vincos do dracma.
— Obrigado…
— Irina.
— Irina. — Assentiu, selando uma promessa implícita.
Podia não ter conseguido seu desejo, mas já não se sentia mais à deriva.
Agora, ele tinha um plano.
@silencehq.
#corta pra a fenda abrindo e a Irina indo de arrasta-me para o inferno KKKK#BRINKS BRINKS ela tá bem#gratidão aos conselheiros pela redinha de proteção 🛐🛐#𝖋𝖆𝖑𝖑𝖊𝖓: pov.
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ʿ starter with @alevadalouca
¸ prompt: a descida.
¸ o terceiro capítulo.
ミ ♡ ˊˎ˖ ࣪ ʿ ideias ruins era o que elói parecia colecionar nos últimos tempos. dessa vez a culpa era totalmente de quíron, afinal, o semideus estava muito bem quietinho em seu próprio lugar sem se envolver com as questões mais problemáticas do acampamento. dar suas aulas, fazer e vender poções, arrumar o chalé e cuidar das crianças. pronto. suas tarefas estavam perfeitas. mas é claro que sua sorte não iria durar tanto assim. o cabelo preto deveria atrair uma tremenda onda de azar porque desde que ficou daquele jeito, nada parecia dar certo. tinha duas mochilas ao seus pés e esperava aslihan no meio do bosque onde a fenda tinha uma abertura mais espaçosa; se havia iria ter que descer com alguém que fosse com uma pessoa que conhecia os feitos dos filhos de hades. e quem melhor do que uma deles? “ ━━━ você está atrasada." dissera olhando para o relógio que passava dois minutos da hora marcada. “ ━━━ mas tudo bem tem mesmo certeza que quer fazer isso? eu trouxe tudo, mas eu vou entender se quiser desistir."
@silencehq terceida thread sobre a exploração.
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when you accidentally adopt your friend's child and raise her as your own
#wow ocs#fanart#been thinking A Lot about ilileath lately :')#love my voluntarily mute lil' fel child#that first pic is one of my favorite things ive drawn recently#absolutely ADORE how that came out#things ive drawn#my art#fendae#tyrnael#ilileath
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❛ rough day today? ❜
# ask game ────── A pergunta provocou em Aurora uma risada curta e inevitável, por razões óbvias. As duas tinham o hábito de se encontrar exclusivamente para confabular sobre a vida e reclamar das dificuldades, então não era raro que notassem o cansaço ou a frustração estampados nos rostos uma da outra, e bem sabiam as causas destes sentimentos. ── More like a rough life. ── O sarcasmo na resposta era sutil, mas o suspiro que escapou de seus lábios carregava um peso evidente. ── Mas nada que você ou os outros campistas desconheçam. ── Completou, reconhecendo que, assim como ela, todos ali eram vítimas das circunstâncias e dos desafios que acompanhavam a vida de um semideus.
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OLDIES SUNDAY: Chuck Fenda - Jah It's All About You (1996)
The Month of June is recognized as “Caribbean American Heritage Month“, and on Oldies Sunday, we want to highlight a few Artists who are a part of this. Today’s selection comes from Reggae/Dancehall Artist Chuck Fenda with the single, “Jah It’s All About You“. Produced by King Jammy’s on the “Money Money Riddim” and released through the Jammy’s label in 1996, Chuck Fenda uses his talents to give…
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