#distorção do conhecimento científico
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É IMPOSSÍVEL SER SENSATO E MENTALMENTE SÃ E AO MSM TEMPO CONFIAR EM MÉDICOS Q PRESENCIAM 1 PESSOA TENDO CATAPLEXIA E ABREM A BOCA P FALAREM Q É PSIQUIÁTRICO!
Tenho 1 doença neurobiologia Narcolepsia já fiz 3 Polissonografias q revelaram aumento d latência p o sono REM e 2 Testes de Latências Múltiplas do sono 1 revelou latência média do sono menor q 8 e outro 8,9 (entre tantas perseguições nesse exam houve muitas interferências eu nem sequer dormir durante esse último Teste de Múltiplas - esse resultado d 8,9 é irreal).
A minha doença tem progredido muito, mas apesar dos resultados compatíveis c Narcolepsia eu n posso ir até o CREMESP denunciar os médicos q n permitem q eu tenha acesso gratuito ao Stavigile e a Ritalina porque se eu fizer isso a minha familiazinha s juntará à eles p destruir-me todos eles s aproveitarão do fato de eu já ter sido por questões de vingança internada em um hospital psiquiátrico e ganharão nas minhas costas, inclusiv até é capaz d eu sair da minha defesa interditada!
Qqr pessoa vidente, sensata e mentalmente sã q assista a ess vídeo https://drive.google.com/file/d/1SF7ms3mgznS6Dk7cW9R4U_Bm3uQm3YGy/view?usp=drivesdk vê e reconhece q eu tenho Narcolepsia logo é impossível confiar nos médicos q negam isso!
Inclusiv no local ond eu fiz essa última Polissonografia os médicos presenciaram por 2 Xs eu ter cataplexia, mas eu fui vítima do preconceito e da discriminação deles q disseram (a pedido da + q está por trás da minha familiazinha)
c muita desfaçatez q é psiquiátrico!
Eu n fiz nemhum mal nem p a + n a prejudiquei em nada, nem p a minha familiazinha n a prejudiquei em nada e nem p nemhum desses médicos n os prejudiquei em nada eu n preciso passar por isso! Por q estou sendo tão destratada?????
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satyrizando · 3 years ago
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Goularte, generalização, meias-verdades, política e inconsequência.
Por Phelipe Satyro.
Rio, 01 de Outubro de 2021.
Recentemente um caso me chamou bastante a atenção na internet. Goularte, youtuber brasileiro, conhecido por seus vídeos comentando assustos diversos, causou revolta de um "fandom" (ou fan base) ao fazer um vídeo inteiro sobre o comportamento "tóxico" que os fãs de alguém podem exercer tanto aqui, quanto no estrangeiro.
⚠ Este é um texto de opinião que, mesmo se baseando em fatos, não tem o intuito de ser imparcial ou científico.
Goularte
O youtuber, que têm crescido cada vez mais nos últimos meses, possui mais de 900 vídeos postados em seu canal principal na plataforma da Google, além de um público de 4,8 milhões de seguidores na mesma (Dados correspondentes à data em que este texto está sendo escrito).
Com vídeos majoritariamente focados em comentários sobre determinados casos na internet, tanto dentro quanto fora do Brasil, Goularte sempre traz ao público os fatos que compõem a história, os diferentes lados da mesma e complementa, ao fim, com sua opinião, com o objetivo de levar tais informações a mais pessoas. Recentemente, o que antes era corriqueiro se tornou uma pequena dor de cabeça para o criador, pois, ao fazer um vídeo sobre toxicidade de fandons, foi brutalmente mal interpretado pelos fãs do fandom em questão; os seguidores do Dream.
"Não generalizando, mas já generalizando."
Generalizar um grupo grande de pessoas por si só já é extremamente errado, porém mesmo assim é um método muito usado ao se defender ou ao atacar um grupo específico, unidos por algo que gostam ou concordam.
Na política, é comum generalizarmos Direita, Esqueda e Centro na hora de debater e lutar por mudanças consideráveis. Mas por quê fazemos isso?
Generalizar facilita a criação de uma compreensão de certo ou errado, "nós e eles", e separando desta forma fica mais fácil de apontar defeitos, erros e sugerir mudanças. Quando, na política, dizemos que "tal lei é uma criação direitista", englobamos progressistas, radicais, conservadores, liberais e outros, tudo em uma palavrinha mágica; Direita. Ao fazer isso, o efeito não poderia ser diferente: generalize um grupo grande de pessoas diferentes, e os veja se unirem contra você.
Outros exemplos de generalizações políticas são "todo esquerdista é a favor do aborto", "todo direitista é contra os direitos trabalhistas", "todo esquerdista é petista", "todo direitista é bolsonarista", dentre outros.
Agora, levando isso de volta para a internet:
Uma vez que o vídeo de Goularte chegou ao conhecimento do fandom brasileiro do Dream, o efeito foi exatamente o relatado pelo youtuber: sentindo-se generalizados, proferiram ataques em massa, xingamentos, desmoralização, comparação entre os fandoms dos dois (o que indiretamente cria uma rivalidade um tanto quanto desnecessária) e, por fim, distorção dos fatos.
Durante a minha pesquisa dentre os tweets que atacavam o Comentarista, era comum ver argumentos repetidos, recorrentes. É de fácil compreensão que o que aconteceu foi o efeito "copia e cola opinativo", que funciona mais ou menos assim:
"Eu não sei sobre o que você está falando, mas já que gostamos da mesma coisa, eu concordo com você e vou repetir isso que você falou."
Quando nos colocamos numa bolha ideológica, é comum tender a absorver mais fácilmente opiniões que demonstrem afinidade com o que acreditamos. A afinidade ideológica também nos priva de buscar fontes e dificulta entender outros lados, já que você é fortemente municiado com uma informação carregada de opiniões provenientes de pessoas que pensam a mesma coisa. E isso nos leva a:
Meias-verdades
Um tweet curioso que li, em meio a todas as discussões, começava da seguinte forma: um outro fã do Dream, perdido, perguntava "o que está acontecendo?" e era respondido com "eu não sei exatamente, mas..." e seguia um fio com diversos tweets repetindo os mesmos argumentos "copia e cola".
Mas por quê "copia e cola"?
Ao ver o vídeo em questão fica evidente o que, de fato, foi dito e o que não foi. Neste caso, é assustador a quantidade de informação distorcida sobre um vídeo público, de fácil acesso, e que todos falam sobre (mesmo sem ter visto). O contraste entre o que está no vídeo e o que é debatido no twitter é gigantesco e, embora o conteúdo esteja aberto a diferentes compreensões, mesmo com um segundo vídeo (postado quatro dias depois, no qual o Goularte explicou o que exatamente ele quis dizer/fazer) a incompreensão reinou do outro lado.
Com centenas de pessoas apenas repetindo o que viam e sem pesquisar e assistir o vídeo de fato, o argumento ganha força e a invenção se transforma lentamente em fatos. Bom, isso apenas pra quem não quer, de jeito nenhum, ouvir o outro lado.
Nessa situação você para e pensa: "Mas é só assistir o vídeo."
Aí que tá, pode parecer ridiculamente fácil, mas você dificilmente assistiria um vídeo de alguém falando mal de pessoas que gostam do que você gosta, ou então falando diretamente da pessoa que você gosta, sem se revoltar, não é mesmo?
Bolhas ideológicas nos privam de muitas coisas. Algumas pessoas levam para o pessoal as dores de seus ídolos e se proíbem de gostar ou tentar entender o outro lado da história. Isso é uma filosofia que está presente em diversos fandons, senão todos.
Rivalidades sem sentindo, com batalhas imaginárias, argumentos vazios e muito, MUITO, ódio. Dificilmente um lado está certo, mais dificilmente ainda ambos chegam num consenso.
Exemplificando com política:
Você com certeza têm um amigo que idolatra algum político, por exemplo. Vamos supor que o escolhido da vez seja um presidenciável, como Ciro Gomes. Seu amigo não vai querer ouvir as versões do debate dos adversários políticos de Ciro. Ele simplesmente vai tomar as dores dele por Lula, e vai usar de seus argumentos contra Bolsonaro. Seu amigo vai se fechar nessa bolha na qual ele acha que tem toda a informação do mundo, é inteligente, correto, justo e que nenhum argumento vindo do outro lado é válido. Por fim,  seu amigo só irá parar para ouvir o Lula falando de planos de governo, quando Ciro der a opinião DELE sobre os planos de governo do Lula. Portanto, já municiado de opiniões pré-moldadas, expectativas (e um pouco de fake news e moralismo) ele não se dará nem o trabalho de realmente refletir sobre o que o Lula realmente quis dizer, tampouco a groselha que Bolsonaro dirá sobre os dois.
Fica mais fácil de entender assim, não é?
Na internet, todos têm razão e o maior grupo com razão vence. Mas até sua opinião é apenas uma opinião?
Inconsequência
Um dos piores costumes das partes tóxicas dos fandoms é a humilhação de seus "alvos". Alvos estes que, por vezes já participaram ou participam da fan base, mas que, por um motivo qualquer, despertou a fúria da maioria "justa e detentora da razão".
Um caso bastante memorável para mim é o da blogueira Thais Midori, que foca seu conteúdo em tutoriais de maquiagem e cultura coreana. Ao opinar sobre uma foto de um Idol do grupo BTS, Thais sentiu o peso que um fandom tóxico poder exercer no psicólogo de um criador de conteúdo.
Seria totalmente válido se o fandom, de forma amigável e respeitosa, apenas a mostrasse seu possível erro, pedindo para que não se repitisse novamente e, por fim, dar a ela a chance de se redimir. Seria justo, certo? Mas não foi isso que aconteceu.
Unidos, destilaram ódio sobre a blogueira até não aguentarem mais, dizendo que ela não merecia seu sucesso, desmerecendo sua história, suas parcerias e seu alcance (já que é uma da blogueiras mais famosas entre os fãs de Kpop). Também falaram de sua aparência e usaram da arma mais nojenta que a internet entrega nas mãos de uma pessoa: incentivando-a a tirar a própria vida.
Eu estava por dentro disso tudo, revoltado com a atitude de um fandom tão grande e que sempre se propunha a debater temas importantes, como setembro amarelo. Me senti enojado de ler aquilo e me imaginei no lugar dela. A partir daquele momento eu comecei a entender o quão nociva a internet pode ser. Mas cultura do cancelamento é assunto para outro texto.
O que quero dizer é que batalhar contra fandoms nunca pode ser uma alternativa, não para uma figura pública. Nunca é saudável, nem mesmo quando é o seu próprio fandom. Acho que concientizar as pessoas é o caminho, mas não o suficiente. Lembrá-las que opiniões possuem limites é essencial.
E qual é o limite da opinião?
Ora, não é óbvio? O que você tem a dizer é construtível, empático? Vai ferir a dignidade e a honra de outra pessoa? Pode gerar problemas psicológicos a alguém? E, principalmente: É crime?
Xingar alguém pela cor da pele ou orientação sexual é crime, inafiançável por sinal. Mas existem outros crimes de ódio que não são levados muito a sério na internet, como Calúnia e Difamação, por exemplo.
Você pode se achar o sabichão hacker que esconde o seu IP pra entrar na deep web, e que, por isso, nunca será penalizado pelas bobagens que diz. Ou apenas um fanático por um ídolo, seja ele qual for, que está cego demais para enxergar as consequências das suas palavras. Você não está impune na internet. Sua moral duvidosa e senso distorcido de justiça, que o faz pensar que mandar pessoas se matar é "comum", não é correta fora da internet, tampouco dentro.
Assim como o fandom do BTS, que gerou um impacto no psicológico de Thais na época, e que, até hoje, não perde a oportunidade de ataca-la quando possível. Assim como o fandom do Dream, que provou ser tóxico mesmo, além de desonesto por espalhar tantas mentiras e proferir ataques sem nem saber o que estava acontecendo. Assim como o fandom do Goularte, que obviamente não é perfeito e que provavelemte já foi hostil em algum momento. Assim como o do Justin, como o do Bolsonaro, do Neymar, do Lula...
A questão é moral.
Enquanto as pessoas não reverem seu conceito de idolatria e expressão, nada vai realmente mudar. Não importa quantas batalhas forem travadas, quantos vídeos forem gravados, quantos tuítes forem escritos e apagados, ou quantas pessoas morram por consequência de tudo isso. Enquanto a ignorância for mais atrativa que a compreensão, ambos os lados continuarão sendo generalizados e odiados, e odiarão e generalizarão de volta.
Está na hora de falar sobre as consequências dos atos, do peso que a palavras exercem e das vidas que ela tira. Está na hora de se informar e parar de copiar e colar as opiniões alheias. Estourar a bolha é difícil, eu mesmo não consegui completamente (e sinto que jamais conseguirei)... Mas é necessário.
Quem sabe, num futuro próximo, se torne mais comum reconhecer os próprios erros e ignorância. Os fandoms exercem papéis importantes na construção da carreira de um ídolo, bem como sua memória póstuma, eternizando sua história. O trabalho de um fandom é ser amigável e não odioso. Quando um fandom fica manchado por algo como isso, ou como, no caso das Armys, atrapalham tanto o próprio fandom e seu lado bom, que luta por causa justas, quanto os de outros youtubers e grupos de kpop, que são generalizados por quem está de fora como um coletivo histérico e desrespeitoso de crianças brigando com tudo e todos.
Mudemos.
Vídeos do Goularte citados no texto:
Goularte: O perigo das fanbases tóxicas
Goularte: Minha resposta às acusações
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messier45-suporte · 4 years ago
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ADAM-ADAMA (ADÃO TERRA) ESSE É O SEU NOME SAPIENS
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Adão (ADAM) nunca foi somente o nome de um único indivíduo do gênero masculino… esse termo, é o nome do projeto inicial geneticamente modificado, onde haviam somente seres do gênero masculino. Esses seres foram chamados de ADAM… Na verdade, entenda que todos os sapiens se chamam ADAM, tanto os homens quanto as mulheres, são todos ADAM-ADAMA.
O termo humanidade e os supostos nomes Adão e Eva, são uma outra grande distorção, fruto de traduções e retraduções das antigas línguas…. Doce alma amiga, somente entenda : geralmente quando você observa o termo humanidade, em informações acessadas que são oriundas de outras frequências existenciais ou até mesmo em antigos textos, tal termo, ou seja, HUMANIDADE na grande maioria das vezes, está expressando BIOSFERA (todas ondas de vida e espécies - todos os ecossistemas). Tudo isso seria uma humanidade planetária, e não somente indicando os SAPIENS.
ADAM-ADAMA indica um organismo biológico, geneticamente modificado, construído por elementos químicos (elementos que são energia em última instância), partes e interconectados à uma Biosfera…
O termo EVA, seria uma clonagem… uma edição no DNA. Tanto que o projeto EVA, é extraído da costela de um ADAM (segunda a bíblia usada pelo cristianismo). Durante tais procedimentos de edição de DNA, um ADAM, até foi induzido ao sono durante tal processo…
Sei lá…Essas coisas se parecem conhecimento científico avançado demais para a época… Entendem o que ocorre aqui? Tudo isso, é o que nos conta o conjunto de livro de nome: bíblia, adotada pelo cristianismo (porém tais informações se perderam devido as muitas traduções e retraduções). Há muitos outros conjuntos de livros, que também são como bíblias, e estão espalhados pelo mundo à fora. Enfim, o que o importa mesmo, é saber nosso nome coletivo, dado pelos pais (co-criadores) universais dos ADAM TERRA, ou seja, os Elohim…
Por favor, entendam que é  assim que somos conhecidos (como Adam Terra) pelo Cosmo à fora, e nas mais rápidas regiões não locais pela Espiritualidade original.
Todas as consciências individualizadas que aqui vibram, são todas mônadas ou células espirituais-vibracionais. Absolutamente todas! Alguns bilhões dessas células animam (estão como) os Adam Terra, e as demais consciências fragmentadas animam todas as outras partes (ondas de vidas) de uma Biosfera planetária (reino animal além dos Adam, reino vegetal, reino mineral e todas as coisas supostamente não vivas )…
Somos todos percebidos como Energias/almas  por eles (a real Espiritualidade-irmãos e irmãs maiores).
Eles (a real Espiritualidade não local), não nos percebem somente como um corpo sólido, ou seja, apenas como criaturas…
A Espiritualidade original, aquela que se organiza por sua vibração (um estado de ser não local), sabem e respeitam a herança que temos, como células espirituais que somos e que aqui foram atarefadas do trabalho anímico das formas (organismos vivos-organizações químicas, vibracionais e energéticas)…
Vocês são hoje, no agora, dentro do tempo e espaço ADAM-ADAMA, porém vocês não são ADAM na totalidade… Apenas estão ADAM, e o mesmo se aplica para as demais células espirituais, que fazem parte deste processo de nome Biosfera planetária. Todos vocês são filhos e filhas de Deus (a energia que à tudo sustenta dando animação e possibilidade de co-criação para alguns, e ao mesmo tempo dando trabalho e experiência existencial para outros).
Novamente percebo que é importante mencionar aqui - mesmo expondo essas coisas em outros textos - tudo que vocês percebem e sentem como uma vida individualizada, é somente parte de um processo muito mais amplo. Todas essas coisas, não são o final do processo. Entenda que mesmo em realidades submetidas ao tempo-espaço, não há espaço vazio. Nunca houve um único milímetro ou período dentro do espaço-tempo, onde vocês estivessem desemparados.
Muitas mônadas espirituais se perderam, se separaram da verdade, em suas experiências e trabalhos pelas separações (diversos reinos de consciência). Porém, ele o Amor, ou seja, a Energia (espectro eletromagnético consciente) em sua mais rápida expressão, nunca se separou de vocês, um único segundo! Mesmo na menor subdivisão de um único segundo Deus (a coisa que à tudo sustenta-cada partícula e sub-partícula), sempre esteve interconectado com vocês filhos e filhas(ADAM e demais ondas de vida).
Alguns filhos e filhas criadores (elohim-seres cósmicos) até tentaram tomar todo um “lote de células espirituais” para si… mas, doce alma amiga, algo jamais pode ser tomado de si mesmo, estando em si mesmo sempre… Entendem? Entendem que somente perde-se aqueles que aventuram-se!? E a aventura sempre foi parte integral de tudo…
Não ficaremos mais ocultos (essa é a informação acessada). A frase à seguir foi acessada dentro espaço-tempo, em um período do ano de 2017: “É chegado um tempo (período no tempo-espaço) onde cada ser começa a ser esclarecido sobre a verdade.”
A informação e acesso sempre estiveram disponíveis para todos. À medida que o Desbloqueio acontece no DNA dos seres, tudo fica mais claro e acessível para aquelas determinadas células espirituais, partes de um todo.
Enfim, era isso.
Um abraço do meu coração para coração de cada um de vocês!
Em algum momento de 2018
p.s. Queria acrescentar aqui, que o termo original para seres adâmicos é Suchâem - essa informação me foi repassada..
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rittame-blog · 5 years ago
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"TEOLOGIA" NEOPATÉRICA, PÓS-GRÁFICA E TEMPORÁRIA
Estudando os textos da Bíblia e dos Pais, descobrimos que a base da teologia ortodoxa é a revelação de Deus dada aos Profetas, Apóstolos e Pais através dos tempos.
O princípio da letra hebraica é característico: "Multiplique e multiplique o Deus da luxúria nos dias do Profeta, no meio desses dias, foi reduzido para meio dia" (Hb 1: 1).
Assim, os santos são os teólogos divinamente inspirados que formulam sua experiência em termos de salvaguarda de heresia e distorção.
Portanto, os termos doutrinários são um elemento importante de nossa tradição e não se pode abalá-los sem perder o caminho da salvação.
É importante que a frase do Sínodo Hesicista do século XIV, como expressa no Sínodo da Ortodoxia, seja que estamos "seguindo os teólogos sagrados da teologia e a piedosa sabedoria da Igreja" .
Os santos não expressam sua própria teologia, mas formulam, com seus dons especiais, a revelação que experimentaram no Espírito Santo. Fora dessa perspectiva, não apenas não existe teologia ortodoxa, mas o fundamento da salvação é seriamente abalado.
São Simeão, o Novo Teólogo, interpretando o que o apóstolo Paulo diz sobre seu arrebatamento no Paraíso, onde "eles ouviram verbos inescrutáveis, mas ninguém é cruel" (II Cor. 1-4), diz que esses Os verbos são os transcendentes da glória incriada de Deus, que são chamados de inseparáveis ​​porque não podem ser totalmente expressos por aqueles que recebem a experiência da revelação porque são a favor da medida da natureza e do poder humanos.
O padre John Romanides, falando sobre esse assunto, diz que a revelação é dada aos santos com verbos inseparáveis, e os santos a expressam, na medida do possível, com verbos, significados e figuras embutidos para ensinar as pessoas a andar caminho de sua salvação.
É evidente que a revelação de Deus é transmitida em todos os tempos, pelos portadores da Revelação, aos verdadeiros teólogos, de acordo com a definição dada por São Gregório, o Teólogo, de que "Eu sou tudo, ó Deus, filósofo de Deus ... seja como for, daqueles que são louvados e afirmados em teoria, e acima de tudo, de uma alma e um corpo purificados ou purificados, os mais moderados " .
Esses teólogos - as divindades - conhecem a Deus por experiência, reconhecem e respeitam os ancestrais dos antigos e aceitam os termos que usavam.
Portanto, aqueles que podem, se necessário, fazer algumas mudanças externas são os teólogos empíricos empíricos, que têm a mesma tradição que os pais descendentes. Nós, outros, devemos isso a essas "experiências medíocres" e à orientação delas.
O "Monte Athos" , uma obra de São Gregório de Palamas, afirma que as doutrinas são conhecidas por "esses mansos" que renunciaram ao dinheiro, à glória humana e aos maus prazeres do corpo, em benefício dos evangélicos. eles afirmaram essa disciplina submetendo-a àqueles que avançaram para a era de Cristo e, depois de viverem o silêncio sagrado em oração, juntaram-se a Deus em união secreta com Ele, e assim "foram substituídos" .
Estes são os verdadeiros teólogos da Igreja que têm a capacidade de formular teologia. Além deles, há aqueles que estão unidos com o primeiro "por eles e por sua fé e afeto" .
Não há outro caminho teológico dentro da Igreja Ortodoxa, porque fora dessa teologia há contemplação, slogan e populismo. São Gregório, o Teólogo, quando vê "a lingüística moderna e os sábios da época e os teólogos da época" , que basta apenas querer ser sábio, diz: "Desejo a mais alta filosofia e desejo, Eu só quero me casar . " De fato, estamos tristes hoje porque nossa era estava cheia de "teólogos autodidatas " que ensinam clérigos e leigos e confundem o povo.
Essas citações são necessárias para entender o que se seguirá.
 1. Teologia "palâmica" e "neopalâmica"
O século XIV foi muito importante para a Igreja; pela primeira vez, a teologia ortodoxa com a teologia escolástica ocidental foi encontrada nos rostos de São Gregório de Palamas e Barlaam.
Nesse diálogo, parecia que São Gregório Palamas era portador e expressador de toda a teologia da Igreja, desde o primeiro período do cristianismo até sua época, depois de expressar o ensino dos apóstolos, dos pais apostólicos, dos grandes pais do século IV, São Máximo, o Confessor, São João Damasco, São Simeão, o Novo Teólogo e muito mais. Durante esse período, a teologia da Igreja foi unificada, mas apenas em alguns lugares sua formulação externa foi alterada por diferentes necessidades. Por isso, São Gregório foi descrito como teólogo tradicional e novo.
Assim, o ensino de São Gregório de Palamas não pode ser considerado como uma teologia "palmica", mas como a teologia da Igreja Ortodoxa expressa por ele. O mesmo se aplica ao ensino de todos os santos.
Geralmente, os pontos de vista dos hereges eram nomeados em homenagem a eles, como arianismo, nestorianismo, paulicismo etc. Portanto, é considerado um fracasso chamar o ensino do Grande Basílio como "real", de São Gregório Teólogo como "Gregoriano", de São João Crisóstomo como "crisostômico" etc. Também é considerado um fracasso em chamar o ensino de São Gregório de Palamas de uma teologia "palâmica".
No entanto, ao mesmo tempo, o ensino de São Gregório de Palamas foi descrito por alguns como "palmic". E acho que na maioria das vezes isso é feito de maneira depreciativa, para ser menosprezado e visto como algum tipo de doutrina nacional, diferente da teologia da Igreja. Havia também teólogos que no passado escreveram menosprezar toda a tradição hesicástica expressa por São Gregório Palamas.
Depois veio o termo teologia "neo-palâmico", como uma tentativa de reescrever e reinterpretar a teologia desse grande Pai da Igreja, em termos modernos. E isso suscita muita preocupação, porque acho que essa é uma tentativa de distorcer o ensino de São Gregório de Palamas.
Por exemplo, são analisados ​​os ensinamentos da Igreja expressados ​​por São Gregório Palamas sobre a relação e a diferença entre substância e energia, mas ao mesmo tempo a tradição hesicástica é rejeitada como pessimista, que é o caminho para o indivíduo receber sua energia acrítica. Deus
E a pergunta é: como um cientista pode falar sobre uma teoria quando rejeita o ato que a confirma? Isso também não é científico. É por isso que "diagnóstico sinódico" se refere àqueles que não aceitam a tradição hesicástica expressa por São Gregório Palamas e "esses monges associados" .
Conheço essa mentalidade há muitos anos devido à minha preocupação com o trabalho e o ensino de São Gregório de Palamas. Assim, quando quis analisar seus ensinamentos e registrar meus muitos anos de conclusões, fiz isso com base na vida dos Santos Padres santificados, que ainda vivem a mesma tradição e experiência tranquilas que São Gregório Palamas conhecia. e o experimentara no monte Athos.
Assim, o trabalho que escrevi tinha o título: São Gregório Palamas como um monte Athos . Isso causou o descontentamento de alguns círculos que insistiram em interpretar os ensinamentos de São Gregório de Palamas de uma maneira ponderada, meticulosa e filosófica. No entanto, não se pode denotar o ensino dos Hesychas, independentemente do local onde ele viveu e ainda está vivo.
Portanto, os termos teologia "palmic" e "neopalamic" vão além da tradição ortodoxa e são perigosos para os fundamentos da teologia ortodoxa.
 "Teologia" neopaterna e pós-paterna
O exemplo anterior mostra como os teólogos modernos agem e se comportam em relação à Tradição de nossa Igreja. Estive discutindo com um professor de teologia da Bíblia ortodoxa que ensina em uma universidade estrangeira e foi grandemente influenciado por idéias protestantes, e que argumentou que, como Cristo é o sol da justiça, os pais são as nuvens que cobrem o sol, devemos remover as nuvens para sermos diretamente iluminados por Cristo. Essa visão é ortodoxa.
Acredito, portanto, que os termos teologia "neopaterno" e "pós-paterno" foram criados nessa perspectiva. No começo, o primeiro termo - neopaterno - apareceu no sentido de que eles não deveriam apenas repetir os textos dos Padres, mas identificar seu "espírito" e transmiti-los aos dados de nosso tempo, ou seja, para examinar como os discursos seriam falados. Pais para questões contemporâneas.
Isso, apesar da boa escolha de alguns, é extremamente perigoso, porque de fato toda a teologia patriarcal é prejudicada, quando pessoas apaixonadas tentam transmitir o "espírito" dos Padres em seu tempo. A metáfora autêntica pressupõe pessoas que têm o mesmo conhecimento empírico ou pelo menos o abordam.
Depois veio o termo "teologia pós-lateral", pois considera-se que não precisamos mais dos Pais, que viveram em outras épocas, encontraram outros problemas, encontraram outras questões ontológicas e cosmológicas, "um cosmo completamente diferente" e, portanto, não pode nos ajudar em nosso tempo.
Penso que a teologia neopaterna e pós-patriótica lembra uma visão de que a teologia patrística era valiosa para o seu tempo, enquanto a teologia escolástica ocidental posterior é superior à teologia patrística e a teologia dos teólogos modernos vai além dos patriotas e dos escolásticos. teologia.
Tais visões são uma pedra angular da teologia ortodoxa porque são caracterizadas pela visão herética da revelação progressiva da verdade através dos séculos, e que a Igreja está se aprofundando ao longo do tempo em Apocalipse, enquanto o ensino ortodoxo ensina que verdade "foi revelada apenas uma vez no Pentecostes.
Assim, não há aprofundamento da verdade ao longo do tempo, nem manifestação progressiva da verdade, mas a Igreja expressa a verdade revelada 'uma vez' de acordo com os problemas da época.
O surgimento da chamada teologia neopaterna e pós-patriarcal foi contribuído por alguns teólogos que trabalhavam na região oeste, centrados em Paris. Eles entraram em diálogo com o pensamento ocidental e tentaram responder aos problemas que encontraram.
Devemos muito a esses teólogos, como Vladimir Losky, que escreveu obras teológicas, usando os Padres da Igreja, e até os chamados sobrinhos.
Mas entre esses teólogos há quem tenha expressado visões da teologia neopaterna, pós-patriarcal e da sinagoga. Algumas dessas idéias serão brevemente mencionadas.
Fala-se de um ecumenismo que "teria que abandonar a discórdia verbal para construir um realismo experimental da salvação: re-imergindo sistemas e conceitos, que em última análise são traços, na experiência global da Igreja, da melhor maneira possível". tem a experiência dela " .
O fanatismo está associado à "identidade confessional" , que é "senão o esperma, pelo menos o solo onde é cultivado" e , portanto, refere-se à reconstrução de uma casa "com as portas abertas, a nova Jerusalém, o Reino" , em que todos se encaixam. E aqueles que não querem trabalhar na construção de uma casa assim terão que ser removidos, enquanto a "chave" da casa é a melhor que o outro tem e que nos une.
Também identifica pontos comuns " cristianismo" com judaísmo, islamismo e hindu-budismo. É nessa perspectiva que "uma nova mutação cultural" deve ser tentada e, como enfatizado, "nós, cristãos, temos que trabalhar muito com esse encontro. Esta é mais interessante do que a brigar entre nós " .
Tais idéias "pós-patriarcais e de parentesco" são negociadas de maneira "transacional" na Grécia e são confrontadas com os Padres que são considerados "museus" do passado ou são mal interpretadas pelas aldeias patriarcais para ingressar na nova cultura.
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cadernoderascunhos · 4 years ago
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Sobre lugar de fala e as distorções das paixões inflamadas (Ou Porque filosofia da ciência impacta a tua vida)
"Todo ponto de vista é a vista de um ponto", sabiamente nos disse Leonardo Boff. A ideia, que nos relembra o quanto a leitura de mundo de um indivíduo é indissociável de suas crenças e vivências, é um dos pilares do que hoje chamamos de lugar de fala (expressão que qualquer indivíduo que navegue as águas turvas da web brasileira já ouviu - ou leu).
A verdade, costumo pensar, é como um globo gigante que se sustenta sobre nossas cabeças. De onde estivermos, na Terra, veremos um trecho enviesado que corresponde a uma realidade objetiva. Mas não podemos afirmar, ao enxergar esse recorte, que nele está o todo nem que todo o globo se parece daquela maneira.
As ciências, em especial as Humanas e Sociais, já há algum tempo, têm se debruçado sobre isso: os lugares sociais do saber científico e do senso comum, as dinâmicas de formulação das crenças, o papel do credo na assimilação do conhecimento, a inexistência da neutralidade humana. É também por isso que surgiu a avaliação por pares (ou peer review) e se aprimora a metodologia: é um meio, ainda que às vezes falho, de validação de premissas e conclusões.
O método, na ciência, é isso: um conjunto de instrumentos de verificação que são úteis para um grupo específico de objetivos e investigações. É como uma caixa de ferramentas: existem, ali, vários instrumentos que servem à resolução de um problema específico, mas que, se utilizados fora de suas funções, podem gerar distorções ou não entregar bons resultados.
Imagine, por exemplo, alguém que tem em sua sala uma lâmpada que não acende: esse é o nosso problema. Entre as hipóteses (que são possibilidades sustentadas por evidências e conhecimento prévio) estão as ponderações de que o defeito pode estar na lâmpada, no bocal (acho receptáculo, soquete e plafonier nomes horríveis), na fiação (soa melhor que cabeamento) ou no interruptor. Quais são as melhores ferramentas para verificar? É a isso que responde o método. Afinal, não dá, por exemplo, pra esperar um bom resultado de alguém que usa o martelo pra trocar uma lâmpada queimada.
No entanto, o método não resolve tudo. Como as conclusões, no fim das contas, são de quem investiga, a revisão por pares é um filtro a mais. Uma pessoa, por exemplo, pode, em sua investigação, encontrar um resultado usando um método adequado. Mas, na hora de concluir, generaliza para todos os problemas semelhantes a solução para aquele específico que encontrou. Vou usar a estória da lâmpada para exemplificar.
Imagine que, ao tentar resolver a lâmpada que não acende, utilizando todas as ferramentas adequadas para isso, a pessoa descubra que, no fim das contas, era só a lâmpada queimada. Ela pode acabar concluindo que, se uma lâmpada não acende, logo ela está queimada. Isso foi uma verdade para o caso dela. Mas será que é um fato para todas as lâmpadas que não acendem? E se em outro caso for o bocal, a fiação, o interruptor? E se simplesmente houver faltado energia? É a isso que serve a revisão por pares (e a contra-argumentação na ciência).
Há inúmeros outros mecanismos de verificação. Mas vou me limitar a esses dois para dar conta do assunto aqui.
Esses dias, com a turbulência de uma gestão federal incompetente, perversa e movida pelas distorções de suas paixões inflamadas, muitas tensões sugiram nas redes sociais pela vergonhosa sugestão do presidente em celebrar a ditadura de 1964 (que cerceou direitos, perseguiu, roubou, torturou e matou). Acompanhei muitas publicações, notícias. E observei algumas reações e comentários. Um tipo específico de reação (coordenada e repetida há algum tempo) me chamou atenção: a atitude de redigir, diante das notícias de atrocidades do período, que sua família viveu bem, adquiriu patrimônio e cresceu durante o período.
Veja: quantas famílias alemãs, por exemplo, podem dizer o mesmo do período nazista? Ou famílias chilenas, com Pinochet? Ou famílias soviéticas, no holodomor? Há, nessa fala, dois sérios problemas: um mais profundamente ético e outro de representação da realidade. E é sobre eles que quero refletir.
Ao argumentar que sua família prosperou, em contraponto às evidências de cerceamentos, perseguições, tortura e morte, essa pessoa estabelece uma relação perversa: a de que, desde que não seja comigo, não importa que tenha havido tortura. Ou que, se minha família prosperou, todo mal ao outro pode ser justificado (e certamente é culpa dele). A ausência de empatia e o rompimento ético são flagrantes: é uma ferida grave no senso de alteridade, na capacidade humanitária de reconhecer ao outro o direito à dignidade (invalidando a sua dor).
Além disso, alguém que se coloca como no exemplo tenta, por sua experiência pessoal (seu lugar de fala), anular ou distorcer a realidade objetiva generalizada; usa uma exceção como se ela invalidasse a regra ou estabelece uma falsa relação causal (minha família prosperou, logo a ditadura fez o Brasil prosperar). A paixão pela experiência pessoal, ou a distorção de sua paixão inflamada por sua ideologia, cega-lhe dessa falácia contada pra si. Egocentricamente, tem a si mesmo como régua do mundo e rejeita qualquer experiência diferente em medida da sua. 
Quando, enquanto sociedade, falamos em lugar de fala, é disso que estamos (ou deveríamos estar) tratando: a consciência de que aquele que fala o faz do alto de sua experiência, de um conjunto de credos e de uma formação sociocultural específica. Entender o conteúdo ideológico, o local geográfico, a história pessoal desse indivíduo nos ajuda a contextualizar a sua fala. E é aqui que entramos num terreno espinhoso. 
A experiência individual dessa pessoa não pode ser negada: é a sua própria história. No entanto, é preciso entender que a sua história - ainda que partilhada por um grupo ou por um recorte social, como neste caso - não é universal nem suplanta o todo da realidade objetiva. Por isso é fundamental entender: a sua paixão não pode (ou não deve, na verdade) suplantar a ciência.
E não se trata, aqui, de uma defesa do molde cartesiano ou iluminista. Emoções são tão necessárias ao viver quanto o raciocínio. Não quero dizer que "se devam afastar as emoções" ou que as ações devam excluir emoções para serem "racionais". Quero, ao contrário, dizer que as paixões devam ser incluídas em nossas reflexões ao ponto de percebermos de onde elas partem, o que significam e o quanto impactam em nossos posicionamentos e ações. Significa não anular, mas enxergar e acolher. E entender que, tendo paixões, elas não podem nos levar ao extremo oposto do racionalismo ao ponto de guiarmos a nossa identidade pela negação das evidências. É como uma dança entre amor e justiça.
É essa compreensão, aliás, que nos ajudará a não cair na armadilha de usar lugar de fala como uma autorização a voz em debate. Desde que se respeite a ética e o método, todo indivíduo pode estar em qualquer debate. Alguém que se dedica a estudar um tema, ainda que não seja parte do recorte social do público pesquisado, por exemplo, não pode ser invalidado em seus achados por não compor os critérios de inclusão da população da pesquisa. Deve-se, é claro, entender os vieses que compõem a sua formação. E perceber que, por mais que investigue, não sente o que sente quem está do outro lado. Mas a história de quem sente, ainda que com a verdade de quem vive, não deve suplantar o que é ciência - e não pode ser tida como o todo da realidade.
É nisso, em específico, que às vezes as paixões da militância nos atrapalham. E conduzem, muitas vezes, à mesma reação apaixonada que se percebe nos casos como o de quem argumenta ter prosperado na ditadura: o ataque ao indivíduo interlocutor, ao lugar que ocupa, e não aos seus argumentos (ou à falta deles).
Não comparo, com isso, os dois episódios. Nem de longe. Estão eticamente distantes. Assim como não comparei o nazismo à nossa ditadura ao falar da reação de uma parcela de famílias de ambos os contextos históricos. Antes, a analogia está na reação que se percebe nos casos e no uso das paixões individuais como supressoras da ciência e negadoras do outro.
E veja: eu sou militante de um pequeno conjunto de frentes. Mas, no fim, busco ser muito mais cientista, inclusive das minhas paixões: percebendo-as, acolhendo-as, investigando-as. Ainda que muitas vezes erre. Afinal, só uma grande paixão pelo meu ego me faria achar que não me contradigo. Não há experiência humana sem contradição. E isso não é problema: o problema é buscar suprimir essa tensão ou preencher essa lacuna de coerência com a falsa linearidade absoluta de uma paixão.
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arsparadoxica-ptbr · 8 years ago
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04: Bala
[gravador de fita liga]
Sally Grissom (SG): Seria de se pensar que dois anos vivendo em Polvo teriam me deixado casca-grossa. Que nada mais poderia me surpreender. Deus, ainda estou com dificuldade de juntar tudo na minha mente. Acho melhor começar do começo. Uma das bobinas supercondutoras tinha rachado durante um teste de ciclo de energia. Roberts e Wyatt estavam ambos fora por motivos pessoais, então convoquei Barlowe pro meu time para termos mais um par de mãos. Estávamos trocando a bobina e Barlowe estava— merda. não fiz a introdução de sempre, fiz? Diário de Sally Grissom, 21 de setembro de 1945. Seria de se pensar que...   
[rádio sintonizando]
SG: —Então Donovan vem e me pergunta: “Guitarras me dão dor de cabeça. Você não fica surda com toda aquela balbúrdia?” Mas não é sobre preservar a audição, cara, é sobre sentir a música– me passa esses alicates, por favor?
QUENTIN BARLOWE (QB):  OK. Pode me mostrar o que está fazendo? Sei que é assim que você organiza–
SG: A-hã, só– chega um pouco pra trás.
QB: Desculpa.
SG: Valeu. Daí, eu falo pra ele que é sobre deixar a música tomar conta da sua mente, liberar suas emoções, deixar o animal dentro de você tomar conta—
[distorção estática, bala atravessa o tempo, Quentin cai no chão]
—o que ele achou completamente ridículo, acho que ficou quase ofendido. “Autocontrole é uma virtude”, ele disse, “que todos devemos almejar”. Aquele cara dá uma afrouxada alguma hora? Porque ‘né, vamos lá. Ei, Barlowe, você lembra a quantos graus ajustamos a resposta derivada? Barlowe? Ah, ‘pera, lembrei. Foi a 53,7 graus. Como pude esquecer quanto é oito vezes a raiz quadrada de 45? Mas, continuando, sei que somos uma comunidade científica, que somos todos dedicados à lógica e ao conhecimento, mas todo mundo tem que se soltar de vez em quando, certo? ... Certo? Barlowe? Ei, está tudo be— AI!
[Sally bate a cabeça na Timepiece]
SG: Depois de a minha visão clarear, chamei os médicos, mas o Barlowe já tinha partido quando chegaram. Mais importante, minha equipe tinha perdido outro membro, a Timepiece ainda estava quebrada e, aparentemente, ela mata pessoas agora. Ótimo. Foi algo que eu fiz com a máquina? Eu não conseguiria me perdoar se movi uma mola que acabou acertando ele, ou desencadeei uma função raio da morte anteriormente desconhecida. Sei lá, inventar coisas acidentalmente tende a não dar certo pra mim.
[rádio sintonizando]
CHET WHICKMAN (CW): E você não viu nem ouviu ninguém mais entrar?
SG: Não, senhor. Minha cabeça estava debaixo da Timepiece.
CW: Então não viu o golpe mortal de Quentin sendo infligido.
SG: Não vi o– quê? Não.
CW: Por que não me conta o que viu, então?
SG: Não sei, estávamos trabalhando no protótipo, olhei pra cima e ele estava no chão, sangrando.
CW: E há quanto tempo Quentin estava trabalhando com você?
SG: Hoje foi o primeiro dia. Roberts está em Nova York com a mãe, e Wyatt foi visitar uma indústria de transformação de um dos materiais que precisamos. Preenchi a papelada duas semanas atrás. Você deve ter visto.
CW: E, claro, você não atirou nele, certo?
SG: Não, é claro que eu não... ‘pera aí– atirar nele?
CW: Nem acidentalmente?
SG: Não, eu– atirar nele? Estávamos aqui consertando a máquina, todas as portas estavam fechadas! Nem sequer temos uma arma aqui! Como ele poderia ter levado um tiro?
CW: É tudo que estou tentando descobrir, Sally. Então me diga você. Você estava lá.
SG: Isso foi tudo que aconteceu. Virei pra ver ele, bati minha cabeça e fiquei desacordada até quando chamei os médicos. Barlowe levou mesmo um tiro? Achei que tinha sido acertado por uma peça que voou da máquina ou algo do tipo.
[Chet abre um arquivo]
CW: Nosso legista tirou uma quarenta e cinco direto do peito de Quentin. Ele disse que foi atirada de uma 1911 comum.
SG: Uma pistola? Não tinha ninguém perto o bastante pra atirar nele além de mim. Diabos, não tinha mais ninguém aqui além de... oh.
CW: Entendeu por que estou lhe fazendo essas perguntas?
SG: Eu não atirei nele. ‘Pera aí. Isso não é engraçado. Você sabe que não atirei nele.
CW: Então a única outra explicação em que consigo pensar é uma bala mágica.
SG: Chet, me diz que sabe que não atirei nele.
CW: O corpo de um dos nossos no necrotério, e não faço nem ideia do que falar para a esposa dele.
SG: Barlowe era casado?
CW: Sim, com a June? Há uns dois anos?
SG: Oh, eu não sabia.
CW: Você encontrou com eles. Várias vezes. Nós dois já fomos a festas em que os dois estavam juntos.
SG: Oh... sim, fomos mesmo.
CW: Você tem algo que eu possa dizer para ela?
SG: Tipo o quê?
CW: Não sei. Uma explicação perfeitamente plausível para tudo isso.
SG: “Perfeitamente” não é como as coisas funcionam aqui. Você sabe disso.
CW: Então outra coisa. Qualquer coisa.
SG: Eu... eu não tenho nada a dizer. Mas vou descobrir o que aconteceu.
[rádio sintonizando]
SG: Diário de Sally Grissom, domingo, 16 de setembro de 1945. Acabei de voltar do funeral de Quentin Barlowe. Foi... solene não é bem a palavra certa. Quer dizer, em termos de reuniões sociais, funerais são o total oposto de, digamos, partidas de futebol. Mas esse foi... foi só... estranho? Veja bem, nenhum de nós conhecia o Barlowe bem de verdade. Nem Partridge tinha muito a dizer sobre o próprio assistente de laboratório.
[rádio sintonizando; ao ar livre]
ANTHONY PARTRIDGE: Trabalhei com Quentin por quase um ano. Ele... era um homem reservado. Silencioso. Mas sempre dedicado. A habilidade de manter registros dele era fantástica, nunca duvidei da capacidade dele de fazer... ciência. Ele me dava a impressão de ter algo sempre passando pela cabeça. Não sei o que achava que estávamos fazendo aqui. Mas continuou fazendo, então devia acreditar no nosso trabalho.
Padre: Obrigado, Dr. Partridge. Alguém mais gostaria de dizer alguma coisa?
ESTHER ROBERTS: [ao longe] Eu. [ anda em direção ao microfone] Quentin era um homem gentil. Sempre cortês. Sempre apenas querendo não se meter na vida de ninguém. Queria que ele tivesse se metido mais. Queria tê-lo visto mais.  
Padre: Isso foi muito amável, Dra. Roberts, obrigado. Alguém mais?
SG: Hm... Eu fui a última pessoa ver o Bar... Quentin vivo. Ele estava ajudando no meu laboratório. Ele... eu não conhecia ele muito bem. Ele parecia... intrometido. No trabalho, aquele dia, ficou o tempo todo colado em mim. Acho que isso indica que era... um dedicado buscador do conhecimento? Eu não... Desculpa, eu achava ele incômodo e um pouquinho medonho. Ele estava tão perto de mim que me surpreendi de ter sido ele a levar o tiro e não eu. Sinto muito pela sua perda, June.
Padre: Bom... Obrigado por falar de coração, Dra. Grissom. Tenho certeza de que todos apreciamos. Acredito que a Sra. Barlowe tenha algumas palavras a nos dizer agora?
[June sai andando; multidão arqueja]
Padre: Sra. Barlowe?
[rádio sintonizando]
SG: Foi um desastre. Não sei o que queriam que eu dissesse. Talvez que sempre apreciei o fato de que Barlowe nunca roubou meu lanche? Ou que a morte dele foi especialmente interessante, de um ponto de vista científico?
... Uou, cara, morrer foi a coisa mais interessante que Quentin Barlowe fez? Isso é pesado.
Mas tenho certeza de que ele tinha família, ou amigos, ou algo do tipo, certo? Todo mundo tem uma história. Todo mundo é uma pessoa. Mas, durante todo o discurso, June Barlowe só me encarou com uma raiva fervente e superfocada. Encarou até as profundezas da minha alma.
Você sabe como é, quando está em uma festa, tentando contar a alguém sobre um tio idiota, gritando por causa do barulho, quando Smash Mouth para de tocar abruptamente, bem na hora em que você ‘tá dizendo uma palavra que soa como um palavrão particularmente ofensivo fora de contexto. E aí, todo mundo para o que está fazendo, vira na sua direção e te encara. Tudo que você poderia dizer depois disso só pioraria sua situação, então você fica lá, feito boba, sem ter o que fazer- repreendida, morrendo de medo de dizer mais qualquer coisa- e ninguém disse nada nos últimos 25 segundos e a saída é do outro lado da sala, então não tem escapatória? Foi esse tipo de olhar que June me deu.
Depois da performance do meu show de uma mulher só– “Sally Destrói o Funeral”– escapuli pro meu assento entre as fileiras de cientistas vestidos de preto. Pensei que a punição de June Barlowe pra mim tinha acabado, mas, conforme saíamos, avistei ela perto das casas e ela ficou me encarando durante todo o trajeto. Saí de lá o mais rápido que pude e fui correndo pra casa. Sei que June não ia me machucar, mas há uma possibilidade de eu ter ficado escondida num canto do meu quarto, enrolada em cobertores por uma hora ou por aí... só pra ter certeza.
Quer saber? Vou provar pra eles. Vou descobrir como ele morreu e mostrar que não foi culpa minha. Só preciso construir... alguma coisa. Alguma coisa que mostre o que realmente aconteceu.
[rádio sintonizando]
SG: Dra. Sally Grissom, diário de experiências, são hm, 2:57 da manhã, já é quinta, merda. Quinta, 20 de setembro de 1945. Esse é o primeiro teste do Projetor de Atividade de Táquios— o PAT. Fiz ele de um nó de matriz de portas, um osciloscópio e um tubo de raios catódicos que peguei emprestados de outro projeto. Bom, ‘tou dizendo que peguei emprestado... me pergunto se notaram. Vou dizer a eles... sei lá. Vou dizer a eles que foi pela ciência. Então, o que eu tenho aqui é um sistema que detecta a atividade dos táquions...
[distorção estática]
SG: ... amplifica essa luz e reproduz ela nessa tela. Na prática, te permite ver o passado. Pelo menos acho que permite. Passei as últimas 67 horas mergulhada em teoria e inalando um monte de vapores de solda, então é hora de colocar meus óculos de cientista e testar essa merda. Espero que funcione. Eu odiaria acabar de volta na Filadélfia.
[PAT liga]
SG: Certo, ainda aqui, ainda inteira, isso é bom sinal. A imagem está focando. E... uou. Aqui está, programei ele pra dez minutos atrás. ‘Tá passando uma imagem surpreendentemente vívida de mim, mexendo com umas ferramentas do banco. Estranho. Mas também INCRIVELMENTE da hora.
[carrinho passa]
SG: Então, essa coisa é bloqueada por localização, porque usa os modelos de estabilização da Timepiece. Custou uma matemática das mais pretensiosas pra sincronizar a coisa toda com o movimento planetário, e eu não queria passar os próximos meses calculando de novo, então meio que só... enfiei lá dentro. Literalmente. Meu ponto é, só dá pra ver onde o carrinho está, e ele está ligado à Timepiece, porque inibidores de campo de Higgs não crescem em árvores.
Ok, certo.. estou convencida. PAT: sucesso total. Agora tenho que trazer o Whickman aqui—
[fita acelera]
CW: Espera um minuto, Doutora. Está me dizendo que construiu uma janela no tempo... com uma televisão?
SG: Do meu ponto de vista, se você vai olhar pro passado, é bom pelo menos fazer isso com um pouco de estilo. Tive que abrir a Timepiece e ligar essa coisa lá, então é melhor tomar cuida—
[Chet liga a tela]
SG: Ei, olha aí, ‘tá ligado.
CW: Está mostrando o que está na nossa frente. Mas é o passado?
SG: 7:27. Foi quando cheguei aqui hoje de manhã. Dá pra me ver abrindo a porta logo ali.
CW: Eu estaria na minha cozinha, tomando café... Isso vai mudar tudo. Sobre sistemas de segurança, sobre comunicação. Tudo.
SG: Podemos manter isso em segredo? Pelo menos por um tempinho. Me dê um tempo pra me assegurar de que isso não seria desastroso demais nas mãos erradas. Ou nas mãos certas. Nas mãos de qualquer pessoa.
CW: Isso é quebrar cerca de meia dúzia de regras. Você precisa mesmo parar de me pedir para guardar todos os seus segredos.
SG: Bom, você devia parar de estar em uma posição pra ser secre- tado.
CW: Secretado? Que nojo, Sally.
SG: [sarcástica] Muito engraçado.
CW: Se essa coisa faz mesmo o que você está dizendo, sistemas de segurança serão apenas uma memória distante. Quem precisa de uma transmissão ao vivo quando pode simplesmente assistir o que aconteceu?
SG: Bom, ele roteia as respostas dos táquions pela Timepiece, então precisa estar ao alcance de um cabo. E, além disso, não tenho certeza de que estou OK com o governo de olho em tudo que já aconteceu depois de 1943.
CW: Eu não me importo. Não tenho nada a esconder.
SG: É o que sempre dizem. Ninguém tem nada a esconder até o Grande Irmão ter uma máquina do tempo.
CW: O Grande o quê?
SG: Meu Deus, vocês ainda não leram 1984? Quem são vocês, homens da caverna?
CW: Desculpa, acho que perdi alguma coisa.
SG: Tem um– só... se você vir um autor chamado Orwell na próxima vez que for a uma livraria, compre um livro dele. E acham que eu sou presciente... Quer ver o que aconteceu com Barlowe ou não?
CW: Estou ansioso para ver sua engenhoca fazer a mágica dela.
SG: E aí você vai me tirar da lista de suspeitos da morte do Barlowe.
CW: [ri] Doutora, você não pensou mesmo que estava sendo investigada sobre isso, pensou?
SG: Não, eu... ‘pera aí, o quê?
CW: Eu soube que você não tinha matado o Barlowe no momento em que me falou que não tinha. Não é burra o bastante para mentir daquele jeito de cara. E, além disso, se realmente suspeitássemos de você... não sei se essa conversa seria tão amigável. Está me dizendo que fez tudo isso porque achou que era suspeita de assassinato?
SG: Bom... talvez um pouquinho. Um tiquinho só. Passei três noites seguidas em claro. Nada demais.
CW: Só me leve até a cena do crime e, depois, devia ir dormir um sono.
[Sally ajusta o PAT para o tempo certo]
SG: Certo, ‘tou ajustando ele pra última sexta. Que horas eram? Segundo as informações disponíveis, sei que ‘tava no fim da manhã, mas eu não ‘tava checando meu relógio quando Barlowe caiu.
CW: Baseado no seu testemunho, evidência médica e nossa própria investigação, concluímos que aconteceu aproximadamente às 11:34. Nossa, o que eu não daria para ter uma filmagem de qualquer lugar, a qualquer hora. E eu achando que um circuito fechado de TV era chique. Essa coisa transmite som também?
SG: Whickman, a imagem já é o bastante. Sonhe um pouco menos.
CW: Ei, sou só um segurança. O que eu saberia das suas engenhocas científicas?
[ajustando o PAT]
SG: OK, estou começando de depois do evento e indo de trás pra frente– ali estão os paramédicos indo socorrer o corpo do Barlowe no laboratório, descendo ele e indo embora, ali estou eu ligando pra eles não voltaram, gritando e daí voltando a trabalhar, a poça de sangue volta pro Barlowe–
CW: Já entendi, Doutora. Você está indo de trás para frente. Pule para o fim.
SG: OK, aqui está. Avançando um segundo por quadro, Barlowe está de pé, Barlowe está de pé, e está caindo no chão.
CW: Espero não ter esse olhar na minha cara quando morrer.
SG: ... Não seja atingido por uma bala vinda do nada?
CW: Vou colocar na minha lista. Dá para conseguir uma imagem mais precisa?
SG: Vou desacelerar pra um décimo de segundo por quadro.  
[PAT estala como se tivesse mudando slides]
CW: Espera— ali. É a bala. Vire o carrinho de lado. De onde ela foi atirada?
[carrinho andando]
SG: Parece que... do nada.
CW: Continue voltando.
[clica clica]
SG: E aí... ela desaparece.
CW: Como isso sequer pode acontecer?
SG: Vou ajustar o mais precisamente que consigo com esse protótipo. Vamos chegar aos microssegundos.
[só um monte de cliques, você entende a ideia]
SG: ‘Tá lá, e aí não ‘tá. [clica] Lá, [clica] e aí não.
CW: Mas de onde ela veio? Não creio que balas simplesmente se materializem do nada. Não ainda, pelo menos. Sua máquina fez isso?
SG: Provavelmente.
CW: Mas a bala chega a velocidade máxima! Alguém tem que tê-la atirado, certo?
SG: Sei lá. Minha caixa só vê o passado. Se a bala veio mesmo de uma ativação da Timepiece, tem que ter sido atirada do futuro relativo à última sexta. Além disso, a morte de Barlowe causou mudanças na linha do tempo... não tem jeito de saber de onde a bala original veio, ou que circunstâncias levaram ela a ser atirada.
CW: Está dizendo que não faz ideia?
SG: Até onde os princípios científicos fantasticamente teóricos com que tenho me virado nos últimos dois anos vão, sim, quer dizer, sabemos onde, porque a Timepiece não move nada no espaço, mas isso é tudo que posso te dizer. Todo o resto é dedução. Estilo detetive temporal.
CW: Estilo o quê?
SG: Bom, sei que não depende de mim, mas acho que devíamos tentar impedir quem quer que vai atirar a bala no Barlowe de atirar ela. Se a pessoa sequer quer atirar nele ainda.
CW: Mas não dá pra saber quem foi antes de a cena do crime acontecer.
SG: Certamente é um caso mais difícil que seu assassinato habitual.
CW: Então... é isso? Vamos para casa e esperamos que ninguém cometa um assassinato que não possamos resolver?
SG: Infelizmente.
CW: Isso está errado... parece que estamos desistindo. Odeio isso.
SG: Além disso, podíamos revistar todo o pessoal que fica perto do local de teste, ver se estão armados.
CW: O protocolo exige que toda a equipe de segurança carregue uma pistola de serviço enquanto estiver no trabalho. Estou armado agora.
SG: Você não ‘tá quebrando meia dúzia de regras só de estar aqui?
CW: Sim, mas certamente não serei eu a atirar no Dr. Barlowe.
SG: Nenhuma arma significa que Barlowe não pode levar o tiro.
CW: Algo que já aconteceu.
SG: Bom, se você insiste em olhar pra coisa tão linearmente...
CW: Está dizendo que se banirmos armas vamos o quê? Trazê-lo de volta à vida?
SG: Nem a pau, mas alguma outra versão do Barlowe ainda pode sobreviver.
CW: Mas aí, é claro, você nunca vai construir sua TV-temporal como consequência.
SG: ‘Tá vendo como essa linha de pensamento rapidinho sai do controle? Olha, ou o Barlowe leva o tiro, ou não leva. De qualquer forma, da nossa perspectiva, ele ‘tá morto. Minha solução mantém ele vivo em algum lugar no espaço-tempo. Sem armas, sem balas, ninguém leva tiro.
CW: Qual é a causa, e qual é a consequência?
SG: Meu problema é que fico encarando elas na ordem errada.
CW: Você é uma mulher e tanto com quem se trabalhar, Doutora. Estou tonto.
SG: Bem-vindo ao clube.
[rádio sintonizando]
SG: Então, descobrimos que não fazíamos ideia de quem tinha atirado no Barlowe. A bala veio do nada, então tudo que podíamos dizer é que vinha do futuro. Ah, é mesmo! Não se esqueça, Sally: Nova ideia: Detetive temporal. Bom, daí, eu ‘tava sozinha no laboratório tinha algumas horas, depois de o Whickman sair, porque ainda tinha perguntas que precisavam ser respondidas.  
[rádio sintonizando; PAT ligado, carrinho andando]
SG: E ali estou eu, debaixo da Timepiece, e Barlowe está bem aqui, então o tiro veio do... Ei, que isso—
[porta do galpão abre e fecha]
SG: Olá?
[passos]
SG: Sabe que posso te ouvir, ‘né? Não sou muito fã desse joguinho todo de “entrada dramática”.
JUNE BARLOWE (JB): Está na hora de termos uma conversa, Sally.
SG: O qu- AI!
[Sally acerta a cabeça na Timepiece de novo. Comédia. ]
SG: June Barlowe! Eu- merda, toda vez! Quem te deixou entrar aqui?
JB: Eu mesma.
SG: Eu, uh, assumo que essa não é uma visita social?
JB: Posso lhe dizer o que apareceu na minha porta hoje de manhã?
SG: Leite? Um velho primo? Um cachorro perdido? Alguma quarta coisa antes de você inevitavelmente me contar de qualquer forma?
JB: Uma carta e um pacote. A carta, direto da mesa do Diretor, dizia que eu tinha 48 horas para desocupar minha casa aqui em Polvo. Sem o Quentin, evidentemente não tenho o direito de continuar vivendo aqui. Ninguém me disse uma palavra diretamente. A campainha tocou, e foi isso. O pacote continha chaves para a minha nova casa, trezentos dólares e todos os papéis que jamais poderia precisar como preparação para minha nova vida.
SG: Sua nova vida?
JB: Estão me fazendo assumir uma nova identidade. É para a minha “proteção”. Ninguém realmente sai de Polvo. Levam indenização a sério aqui. Agora sou Alice Hayworth de Carlsbad, Novo México. Já ouviu falar de Carlsbad, Sally?
SG: Não... não posso dizer que já.
JB: Eu também não!  Tenho certeza de que é uma graça de cidade. Alice Hayworth ama lá, mas não estou certa sobre mim!
SG: Não sei onde você quer chegar com isso. O que isso tem a ver comigo?
JB: Você? Você matou meu marido! Você matou o homem com quem dividi os dois anos mais felizes da minha vida, e agora sua operação está me tomando meu próprio nome!
SG: OK, ‘pera aí, só um instante. Primeiro, não matei seu marido, nem de longe. Segundo, por favor, nunca pense que a ADRA é “minha operação”.
JB: Não minta para mim, Sally, por favor. Não tinha mais ninguém na sala. Você atirou no meu marido a sangue frio. E agora estou sendo mandada para longe para acobertar seus crimes.
SG: Não! Não foi isso que aconteceu!
JB: Não foi? Então o que está acontecendo, Sally? O quê, você estava dormindo com ele?
SG: Uou! Nem pensar. June, você precisa se acalmar.
JB: O que você está fazendo, Sally? Acha que sou idiota? Sou só mais uma qualquer para você.
SG: Não, você... você é a June! Você é parte da cidade. Você...
JB: Diga qualquer coisa. Diga uma coisa que saiba sobre mim. Diabos, diga uma coisa sobre o Quentin.
SG: Bom, você fez ótimos canapés de cogumelo na festa de quatro de julho–
JB: Cale sua merda de boca agora. É isso que pensa de mim? Você me define pela comida que faço? Eu nem cozinho muito. Você acha que sou uma dona de casa dispensável! Não liga para pessoas como eu!
SG: June, eu não penso assim! Sinto muito mesmo pelo que houve com o Quentin. Mas eu não estava dormindo com ele. E certamente não matei ele.
JB: Pode mentir o quanto quiser, Sally. Não importa o que você diz, porque vai consertar tudo.
SG: Tudo bem! Posso falar com o Donovan. Tenho certeza de que consigo acertar as coisas com ele. Você não vai precisa mudar sua identidade, pode ficar em Polvo, perto do... perto do seu marido.
JB: Não, vamos consertar isso. Eu e você. Aqui e agora. Com sua máquina do tempo.
SG: [balbucia] Não, por que você– Isso não é– Do que você ‘tá falando–
JB: Você acha mesmo que sou idiota, não acha? Sei no que o Quentin estava trabalhando. Eu era casada com ele. Sei o que essa coisa faz. Vocês a chamam de Timepiece, para mim é uma imitação barata do Wells.
SG: ‘Pera aí, isso não é justo. A máquina dele ia pro outro lado.
JB: Eles voltaram no fim, OK? Só fique quieta! Você vai pegar essa máquina, vai voltar para a semana passada e vai consertar tudo o que quebrou.
SG: Não posso só fazer um passeiozinho pra semana passada. A Timepiece mal funciona. Deus, estava quebrada quando Quentin...
JB: Quando Quentin o quê?
SG: Não sei se um tecido vivo sobreviveria à viagem com a máquina como está agora. E mesmo se eu voltasse, não sei como pararia o que aconteceu.
JB: Bom, quando estiver lá, você me conta.
SG: É isso que estou dizendo! Eu estava lá! Quem sabe o que aconteceria se tivesse duas de mim no mesmo lugar, ao mesmo tempo? Aqui, olha!
[Sally ajusta o PAT para a morte de Quentin, carrinho anda]
SG: Aqui, ali está o seu marido, logo antes de morrer. Essa máquina mostra o passado. Ele está bem ali, e eu estou bem ali, trabalhando debaixo do protótipo. Como eu poderia ter atirado nele?
JB: Como isso... Mesmo se não atirou, você é responsável por consertar tudo.
SG: Sinto muito, June, mas não posso fazer isso.
JB: Não pode, ou não vai?
SG: Nenhum? Os dois?
JB: Se coerção não funciona, talvez ameaças o façam.
[June tira uma arma da bolsa e a engatilha]
SG: June, não, Por favor, guarde isso. Você vai—
JB: Você vai ligar a máquina, vai nos levar de volta para semana passada e nós duas vamos salvar meu marido. Ou eu posso lhe matar aqui e agora. A escolha é sua.
SG: Vamos sair de perto da máquina, largar a arma e conversar sobre isso um instante. Você não sabe o que está fazendo.
JB: Juro por Deus, ou você nos manda para lá agora ou meto uma bala no seu peito!
SG: Escuta– o que aconteceu, aconteceu. Como você pode viver quando o passado é tão incerto quanto o futuro?! Não estou mais no controle da vida e da morte que você–
JB: Mas você está! Você construiu essa coisa que promete consertar tudo que um dia foi quebrado, e só a deixa parada? Com medo demais para fazer qualquer coisa com esse poder, porque teme que pode acabar se arrependendo? Você tem a causalidade na palma das suas mãos e fica esbanjando seu domínio sobre ela a cada segundo que passa com suas teorias e anotações.
SG: Uh, acho que você quis dizer “desperdiçando”.
JB: POR QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE LEVAR ISSO A SÉRIO?!
[June atira; bala viaja no tempo]
SG: ... Oh não. Ah, cara, vou passar mal.
JB: Eu atirei em você. Acabei de atirar em você. Para onde a bala foi?
SG: Olha o monitor.
[Sally avança o PAT]
JB: O quê? Mas isso não... não é...
[Chet entra; June desaba no chão, chorando]
JB: Não posso... Não posso...
CW: Sally?
SG: Chegou uns segundos atrasado, Oficial Whickman. Ou bem na hora, dependendo do seu ponto de vista.
CW: O que aconteceu aqui?
SG: Lembra mais cedo, quando estávamos falando sobre causas e consequências?
CW: Como assim?
SG: Foi ela. Ela atirou no próprio marido.
CW: O quê?
[Chet pega a arma]
CW: Como ela sequer conseguiu isso?
SG: Ela só queria o marido de volta. E agora é a razão de ele ter falecido.
CW: É arrogância.
SG: Não, arrogância é para os reis. O resto de nós só ganha ironia cruel.
[rádio sintonizando]
SG: [suspiro] É um equívoco comum pensar que o tempo desacelera em um momento de estresse extremo. É verdade que sua amígdala gera uma resposta no seu hipotálamo, causando uma descarga de adrenalina da sua glândula adrenal, mas isso já foi provado ser uma ilusão. Você lembra do evento mais devagar por suas memórias nebulosas dele. Mas eu assisti à arma de June Barlowe atirando a bala que eu tinha passado dias procurando. Me lembro claramente do vagaroso rodar do tambor, no instante em que explosão da pólvora mandava a bala direto pra minha cara. E, por um breve momento, esqueci da Timepiece, de Quentin Barlowe e Polvo e 1945. E fiquei com medo. Quando o inibidor de campo de Higgs que o PAT usa puxava a bala pra semana passada, o medo se foi e se tornou um vazio do meu estômago, me deixando sem escolha senão assistir a tragédia que eu achei que estava tentando prevenir, não provar. Mas salvou minha vida. Não consigo acreditar que é a primeira vez que alguém tenta me matar por dar uma de espertalhona.
Segundo o que tudo indica, é um loop agora. Quentin é morto pela bala de June, eu invento o PAT, estabelecendo as condições pra que a viúva de luto Barlowe venha e cause sua própria ruína. Mas, depois de tudo isso, ainda tem uma coisa sobre a qual não tenho certeza. Quem atirou a primeira bala? Sei que a June torna a situação recursiva, mas a primeira bala não tinha razão nenhuma pra estar ali. Tinha uma linha do tempo em que Barlowe não tinha morrido semana passada, e a bala veio de outro lugar. De outro tempo, desculpa. Mas acho que nunca saberemos. Não acho que teremos acesso a essa versão. Isso só vai continuar me incomodando pra sempre.
[rádio sintonizando; Timepiece funcionando]
CW: Com licença, Dr. Barlowe?
QB: Oficial Whickman, como posso ajudá-lo?
CW: Sinto muito, Quentin, mas vou precisar lhe fazer algumas perguntas.
QB: À vontade.
CW: Bom, elas são um pouco pessoais.
QB: Como assim, pessoais?
CW: Dr. Barlowe, qual era o nome da primeira garota que você beijou?
QB: June. Você conhece a June.
CW: Não, eu não quis– bom, sabe, estou falando de coisa de primeira série. Só o nome.
QB: Não sei o que você está insinuando, mas nunca fiz nada com ninguém além dela.
CW: Tudo bem. Só preciso fazer algumas perguntas.
QB: Se quiser uma lista detalhada de cada garota que acompanhei até a casa dela—
CW: Quando você era criança, qual colega você odiava mais na escola?
QB: Qual colega eu o quê?
CW: Você sabe, o garoto da sua sala que você odiava mais que tudo no mundo. Não suportava a cara dele. O motivo do ressentimento já foi esquecido há muito tempo– ele dedurou você, ou talvez você tenha o dedurado; não importa. Tudo que ele dizia e fazia era vil...
QB: Está me perguntando sobre minhas rixas de infância?
CW: Quem foi para você? Tudo bem, todo mundo teve uma. Só desembuche. Não precisa hesitar—
QB: Darren Little. Nossa, não penso no quanto odeio aquele garoto há décadas. Ele era da minha sala na, quando foi, terceira série? Era um garoto terrível. Sempre me derrubava quando eu passava perto da carteira dele. Jesus, estou mesmo desejando mal a um garoto de nove anos...
CW: E que escola você frequentava quando conheceu o Darren? Não deve ser muito difícil. Deve lembrar o nome da sua escola de ensino fundamental, certo?
QB: Uh, deixe-me pensar, o nome dela era, hm...
CW: Imaginei. Quando fui designado para Polvo, pensei que era hora de atualizar a inspeção de segurança de todo mundo. E aí, cheguei em você.
QB: Olha, não sei onde você quer chegar–
CW: Quentin Barlowe não existe. Tenho que admitir, fizeram um trabalho de primeira. Você tem formulários fiscais, históricos escolares, seu currículo é tão detalhado que chega a ser suspeito. Mas papéis não fazem uma pessoa; você não existia antes de 1943.
QB: Eu informei vocês quando consegui o emprego– houve um incêndio, a casa em que morei na infância–
CW: Oh sim, eu me assegurei de checar isso. Não houve um único incêndio que se encaixasse na descrição que você deu na área de Evanston, Illinois. Fui até as escolas que você clama ter frequentado. Nenhum registro de Quentin Barlowe. Até rastreei todo Barlowe e todo Quentin que pude encontrar, só para ter certeza. Você subestimou meu rigor. Você subestimou nosso rigor. Sua esposa fazia parte da farsa também?
QB: Não, June é real! Whickman, precisa prestar muita atenção em mim. Não é o que parece.
CW: Parece-me que você é um espião.
[Chet ergue a arma dele]
QB: Ei, ei, não há necessidade nenhuma de tomar medidas drásticas, OK?
CW: Para quem você trabalha? Os japas? Os Krauts? Ou os russos já se viraram contra nós?
QB: Não sou um deles! Trabalho para vocês! Oficial Whickman, por favor, tem que acreditar em mim! Certo, eu menti sobre o meu passado. Sobre de onde vim. Mas juro por Deus e tudo que é sagrado que não estou trabalhando para mais ninguém. Sou um homem da ADRA, total e inteiramente, estou do lado de vocês!
CW: Eu... Eu acredito em você.
QG: ... Você acredita? Sério?
CW: Você soa sincero. Tenho uma boa intuição para esse tipo de coisa.
QB: Oh, obrigado! Obrigado!
CW: Mas também tenho ordens.
[Chet atira duas vezes; um tiro acerta Quentin, outro atravessa o tempo; Quentin grunhe, cai no chão]
CW: Uma de duas balas? A essa distância? Está ficando enferrujado, Chet.
[gravador de fita desliga]
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tiofenix · 6 years ago
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Tio Carioca - 2019-01-10T21:05:53.000Z
Hoje vamos falar de falácias, um de meus assuntos prediletos ultimamente, até porque tenho uma vasta gama de exemplos pra poder entender tudo... Hoje vamos falar de Ad Populum, é uma falácia que cria muita distorção de conhecimento, será que um livro que vende muito é ou deve ser a verdade ? O populismo ainda que seja tentador, não é um salvo conduto para a verdade, quando o livro A vendeu mais que o livro B, isso não implica que o livro A, contem mais "verdade" que o livro B. Se há muita gente falando da terra plana. ou do geocentrismo, não torna isso, nem uma dúvida razoável... Vamos usar o ceticismo, o método de pesquisa e basear conhecimento científico á ciência e cientistas, assim como religião deve ser aprendida através de religiosos.. Teorias da conspiração salvo raríssimas exceções, são apenas uma tentativa débil de se projetar em um campo somente seu, já que duelar no campo que pertence ao conhecimento humano, requer coragem pra estar errado e isso nem todos gostam ou conseguem fazer. a definição da Wikipedia é bem interessante, transcrevo aqui : "Argumentum ad populum (apelo à multidão) é uma expressão latina que define um raciocínio falacioso que consiste em dizer que determinada proposição é válida ou boa simplesmente porque muitas pessoas (ou a maioria delas) a aprovam.[1] Também chamado de apelo à quantidade,[2] o argumento é inválido pois nada garante que algo seja verdadeiro ou correto apenas pela sua popularidade."
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bioevolutiva · 8 years ago
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Muitos criacionistas já me falaram que 80% das proteínas do chimpanzé são diferentes das dos humanos, o que refutaria a ancestralidade comum. Esse dado é verdadeiro?
taCriacionistas não são confiáveiscomo fontes de informação científica. Eles simplesmente distorcem,omitem ou mentem descaradamente quando o assunto é biologiaevolutiva. Esse é claramente um desses casos: Pura e simplesdistorção do conhecimento científico.
Contudo, antes de começar aexplicar o problema com essa afirmação, indico essa resposta aqui,essa aquie o post “99%confuso!”, onde explico como são feitas as medidas desimilaridade e, desta maneira, como se estimam as distâncias entres genomas e proteomas de espécies diferentes.Boa parte da confusão vem daí.
O ponto principal (que não pareceser compreendido pelos criacionistas) é que existem várias maneirasde medir diferenças genéticas e toda vez que comparamos as espéciesusando a mesma métrica, descobrimos que a distância dos genomas devárias espécies produz uma hierarquia aninhada, isto é, os humanossão mais parecidos com os Chimpanzés e Bonobos do que essas trêsespécies são dos gorilas; mas os seres humanos, Chimpanzés,Bonobos e Gorilas são mais parecidos entre si do que qualquer um dosquatro é com os Orangotangos e assim por diante. Os padrões sãosempre consistentes e replicáveis. Por exemplo, levando-se em contaas diferenças de substituições de um único nucleotídio entresequências alinhadas dos genomas dos Chimpanzés e Bonobos (Pantroglodytes e Pan paniscus) e dos seres humanos, podemos perceberuma diferença de cerca de 1,2%, enquanto a diferença genéticamédia equivalente entre os seres humanos modernos uns dos outros émuito menor – cerca de 0,1%. Já as diferenças entre os genomasdos gorilas em relação a nós e aos Chimpanzés e Bonobos é decerca de 1,6%, enquanto a em relação aos dos Orangotangos éestimada em 3,1% e aos dos Rhesus é de aproximadamente 7%.Comparando outros tipos de diferenças, as porcentagens especificasmudam (podendo chegar a mais 4 ou 5% no caso das diferenças entre oshumanos e Chimpanzés e Bonobos), mas isso não altera o padrãogeral de similaridade entre os primatas mencionados [Veja aqui,aqui,aqui].Isso acontece porque, além de substituições de nucleotídiosúnicos, durante a evolução os segmentos de DNA também sofremdeleções, duplicações, inserções, inversões e outras formas derearranjo mais complexas, que, aliás, quando analisadas tambémrevelam outras evidências claras da ancestralidade comum entre osseres humanos e os demais primatas [veja “Fusãode cromossomos e a evolução humana [Tradução]”]. Esse éexatamente o padrão esperado pela evolução e é completamenteconsistente com os estudos de anatomia e embriologia comparada e comas análises dos fósseis.
Agora, vamos a sua questão. Oestudo que provavelmente incitou a afirmação que você mencionou(“Eighty percent of proteins are different between humans andchimpanzees.”) é esse aquie diz o seguinte em seu abstract:
“O chimpanzé é nossoparente vivo mais próximo. As diferenças morfológicas entre asduas espécies são tão grandes que não há problema em distinguirentre elas. No entanto, a diferença de nucleotídios entre as duasespécies é surpreendentemente pequena. A comparação inicial dogenoma por técnicas de hibridação de DNA sugeriu uma diferença denucleotídios de 1-2%. Recentemente, o sequenciamento direto denucleotídios confirmou essa estimativa. Esses achados geraram acrença comum de que o ser humano está extremamente próximo dochimpanzé no nível genético. No entanto, se olharmos para asproteínas, que são principalmente responsáveis pelas diferençasfenotípicas, o quadro é bastante diferente, e cerca de 80% dasproteínas são diferentes entre as duas espécies. Ainda assim, onúmero de proteínas responsáveis pelas diferenças fenotípicaspode ser menor uma vez que nem todos os genes são diretamenteresponsáveis pelos caracteres fenotípicos.”
Neste estudo, que envolveu apenasuma amostra de proteínas (127**), foi constatado que 20% delas não sãoidênticas ao compararmos seres humanos e chimpanzés. Veja, entretanto, que os autores, além de enfatizarem oconsenso sobre o parentesco entre seres humanos e chimpanzés, elesnão afirmam que apenas 20% dessas proteínas que existissem em uma espécie teriam contrapartidas na outra ou que os 80% restantes seriam completamente distintos. Não, de jeitonenhum.
"... compilamos 127 proteínas ortólogas humanas e de chimpanzés (44.000 resíduos de aminoácidos) do GenBank, apenas 25 (20%) destas proteínas mostraram a mesma sequência de aminoácidos entre humanos e chimpanzés, ou seja, a proporção de proteínas diferentes foi de 80%, em contraste com a diferença de 1-2% no nível de nucleotídios [Veja aqui].
De fato, a maioria desses 80% de proteínas restantes diferemde suas contrapartidas (na outra espécie) apenas em um ou doisaminoácidos. A diferença é entre um subgrupo que é virtualmente idêntico, aminoácido por aminoácido, e o outro que é apenas muito parecido, tendo altíssima similaridade e mesmo alta identidade de sequência.
Outra consideração importante é que, apesar de noreferido abstract os autores alegarem que as proteínas seriam asprincipais responsáveis pelas diferenças fenotípicas, muitospesquisadores tendem a acreditar que as diferenças anatômicas,cognitivas e comportamentais entre os seres humanos e chimpanzés/bonobos nãose deveriam primordialmente às sequências codificantes dos genes(isto é, aquelas que são responsáveis pelas sequências deaminoácidos das proteicas), mas sim aos seus elementoscis-regulatórios, como as sequências promotoras, repressoras ereforçadoras, que estão associadas ao controle da expressãogênica. Isso é plausível porque tais diferenças implicam em mudanças na forma como os genes são expressos em diferentes tecidos e ao longo do desenvolvimento ontogenético, o que afeta as proporções, combinações  e suas interações de seus produtos proteicos [Veja por exemplo Mudanças regulatórias e a evolução das mãos’]. Isso é reconhecido no próprio artigo:
"Mesmo a diferença de 80% das proteínas parece ser muito pequena para explicar as diferenças fenotípicas. Parece que as diferenças fenotípicas são controladas por uma pequena proporção de genes, quer por genes reguladores ou por genes de efeito principal. " [Veja aqui].
Precisamos lembrar também que mesmo as sequências de DNAque especificam diretamente as sequências de aminoácidos dasproteínas constituem-se apenas em um subconjunto bem pequeno de todas as sequências dogenoma humano (e dos chimpanzés e bonobos), perfazendo cerca de 2,5% (75milhões das 3 bilhões de bases) do genoma.
Então, a resposta em resumo é a seguinte:
Sim, em um artigo científico publicado em 2005 na revista Gene, foi constatado que, de uma amostra estudada de 127 proteínas homólogas de seres humanos e chimpanzés, 20% delas não eram idênticas entre as duas espécies e eram, neste sentido óbvio e trivial, diferentes. A questão é que isso não refuta a ancestralidade comum. Muito pelo contrário. Isso é assim porque mesmo tais sequências não sendo idênticas entre si, ainda assim, elas são incrivelmente parecidas e o padrão de similaridade geral entre genomas de primatas (e entre os seres vivos de modo geral) é exatamente o esperado pela evolução.
Como você pôde ver, indo além do título e lendo oque os pesquisadores realmente dizem fica claro que esse é só maisum caso de sensacionalismo e distorção criacionista. Quandocriacionistas fazem esse tipo de afirmação, pode ter certeza queexiste uma profunda confusão conceitual ou factual por trás dela,que pode ser tanto fruto de ignorância como de pura má fé.
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* “The chimpanzee isour closest living relative. The morphological differences betweenthe two species are so large that there is no problem indistinguishing between them. However, the nucleotide differencebetween the two species is surprisingly small. The early genomecomparison by DNA hybridization techniques suggested a nucleotidedifference of 1-2%. Recently, direct nucleotide sequencing confirmedthis estimate. These findings generated the common belief that thehuman is extremely close to the chimpanzee at the genetic level.However, if one looks at proteins, which are mainly responsible forphenotypic differences, the picture is quite different, and about 80%of proteins are different between the two species. Still, the numberof proteins responsible for the phenotypic differences may be smallersince not all genes are directly responsible for phenotypiccharacters.”
** As proteínas são inclusive ‘ortólogas’ (homólogas), isto é, elas tem contrapartidas equivalentes entre as duas espécies e suas semelhanças de sequência atestam sua origem por meio de ancestralidade comum.
***"...we compiled 127 human and chimp orthologous proteins (44,000 amino acid residues) from GenBank. Only 25 (20%) of these proteins showed the identical amino acid sequence between humans and chimpanzees. In other words, the proportion of different proteins was 80%, in contrast to the 1–2% difference at the nucleotide level (Glazko et al., 2005, p.215) [Veja aqui].
**** "Even the 80% protein differences appear to be too small to explain the phenotypic differences. It seems that the phenotypic differences are controlled by a small proportion of genes, either by regulatory genes or by major effect genes (Glazko et al., 2005, p.218)."[Veja aqui].
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Literatura Recomendada:
Glazko G, Veeramachaneni V, Nei M, Makalowski W. Eighty percent of proteins are different between humans and chimpanzees. Gene. 2005 Feb 14;346:215-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.gene.2004.11.003
The Chimpanzee Sequencing and Analysis Consortium Initial sequence of the chimpanzee genome and comparison with the human genome Nature 437, 69-87 (1 September 2005) | doi:10.1038/nature04072.
Prüfer K, Munch K, Hellmann I, et al. The bonobo genome compared with the chimpanzee and human genomes. Nature. 2012;486(7404):527-531. doi:10.1038/nature11128.
Gibbons, Ann Bonobos Join Chimps as Closest Human Relatives Science (News) Jun. 13, 2012.
Varki A, Altheide TK. Comparing the human and chimpanzee genomes: searching for needles in a haystack. Genome Res. 2005 Dec;15(12):1746-58. Review. Erratum in: Genome Res. 2009 Dec;19(12):2343. Doi: 10.1101/gr.3737405
Pollard KS. What makes us human? Sci Am. 2009 May;300(5):44-9. PubMed PMID: 19438048.
Carroll SB. Genetics and the making of Homo sapiens. Nature. 2003 Apr 24;422(6934):849-57. Review. PubMed PMID: 12712196
Nowick K, Gernat T, Almaas E, Stubbs L. Differences in human and chimpanzee gene expression patterns define an evolving network of transcription factors in brain. Proc Natl Acad Sci U S A. 2009 Dec 29;106(52):22358-63. doi: 10.1073/pnas.0911376106.
Grandeabraço,
Rodrigo
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