#contos do efêmero
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O Sonho do Príncipe
Abri os olhos. Os acordes da banda estavam afinados e aguçados na noite de coroação do príncipe. Um tempo em tom de cavalgada para as percussões animava a festa dos beberrões, gritalhões e dançantes naquela noite de lua plena.
Olhei para a frente e vi o reflexo do espelho. Um rapaz esbelto me encarou de volta. Estava elegantemente arrumado, seu cabelo curto quase militar aplicava um caráter de seriedade em conjunto com suas vestes elaboradas, uma calça preta de linho, com uma sútil estampa de detalhes bordados em dourado que seguia ao longo do comprimento pelas laterais, e uma casaca vermelha de botão, coberta por uma longa capa preta que se misturava em preto e vermelho. Instintivamente olhei para o topo de sua cabeça e constatei a ausência de uma coroa.
Encarei meu reflexo nos olhos. O jovem príncipe tinha uma expressão séria, dura, carregada de deveres e preocupações, mas vacilou por um segundo e abriu um largo sorriso carregado de amor intenso, transformando-o em outra persona. Olhou para os lados checando se havia alguém se aproximando, constatou que não, então pousou o indicador sobre os lábios para que eu me mantivesse em silêncio. Enfiou a mão no coração atravessando seu peito e retirou um grosso cilindro preto de cera. Sorriu novamente, revelando dessa vez um grau de malícia na sua personalidade, ergueu-o à frente, com a palma das mãos. Fechou os olhos e assoprou lentamente na ponta, então reabriu e lambeu os beiços. A chama da vela acendeu vagarosamente, isso o deixou muito sorridente, com as pupilas dilatadas.
- Mantenha o fogo aceso por sete dias. Para abrir os caminhos! - o reflexo guardou a vela de volta no plexo e deu três tapinhas no peito sobre o coração. Olhou mais uma vez para trás, assustado, então sorriu uma última vez e voltou a ser o sério monarca.
Olhei para trás na tentativa de entender o que tanto aflige meu reflexo, e me assustei com um vulto me observando de perto na noite escura do meu quarto lugubremente iluminado por poucas velas posicionadas na janela, na mesa de centro com a imagem da coruja de pedra ao lado da cama e na prateleira próxima ao espelho posicionado na parede. Esbocei uma fala e tentei me levantar, mas fui parado pela mão pesada do rei regente sobre meu ombro. Ele acendeu sua própria vela branca na vela acima do espelho, e a grudou ereta no pires que segurava com sua mão direita. Quando a luz se acomodou, pude notar o inconfundível brilho vermelho que se manifestava nos olhos do rei regente nos poucos momentos em que, em fúria, trocava olhares por muito tempo.
- Marcus Málico... - disse meu avô e atual regente do Império Málico com ódio no olhar. Ele ergueu a mão esquerda e revelou a pesada coroa dourada com diamantes vermelhos encrustados que trazia consigo. Nas suas costas, uma legião de fantasmas mortos por lâminas nos encaravam, melancólicos. - O poder e responsabilidade agora são seus para conquistar! - comecei a me sentir ansioso e me desesperar. Olhei para o chão engolindo doses enormes de mágoa na tentativa de não chorar, sentindo minha garganta se fechar a cada segundo, como se mãos invisíveis a estrangulassem. Em um movimento esperançoso olhei para trás, para o espelho, e não vi nada além de mim. A água começou a descer, libertando minha a voz, senti o salgado das minhas lágrimas. Me encarei fundo e lembrei da minha missão. "Tenho uma chama dentro do meu plexo... e preciso mantê-la acesa por sete dias!". Ainda tremendo devido ao fluxo profuso de humores em minhas veias, me ergui intencionando a raiva no olhar. Me aproximei ao ponto de sentir o hálito do rei regente, olhei para sua íris clara e soltei o grito entalado em minhas cordas vocais.
- EU NÃO TENHO A SUA AMBIÇÃO! - rugi ofegante. Meu avô arregalou os olhos incrédulo por alguns segundos, surpreso com minha escolha de palavras. Então reagiu da única forma que poderia arrematar minha cólera. Abriu um sorriso sínico e começou a gargalhar, palhaço, em um misto de desdém e exagero até que retomou sua expressão feroz e vociferou:
- Ridículo! - a palavra ecoou como um feitiço. Gargalhou alto novamente, os fantasmas o acompanharam no riso. Eu sentia minha cabeça perder o foco enquanto minha pressão baixava. Não consegui mais olhar nos olhos de meu avô, mas também falhei em engolir meus sentimentos. Reuni todas as minhas forças e gritei o mais alto que consegui.
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Quando senti as gotículas de chuva na minha nuca decidi levantar e procurar um abrigo. Apoiei minhas mãos na frieza da calçada de pedra em que estava sentado e me levantei. Fui rapidamente para a parte interna do passeio, sentindo a chuva engrossar nas minhas costas. Quando finalmente alcancei a esquina sem ter achado um teto para me proteger, estaquei na dúvida de escolher meu caminho.
Não sei quantas vezes olhei para a frente, para trás, para a esquerda e para a direita tentando decidir meu destino. Eu estava ali, paralisado no centro da Rua, todas as possibilidades pareciam ser bastante promissoras e eu nem sentia mais o encharcamento que a chuva me causava.
Minha camisa se fundira com meu peito quando uma senhora pequena cruzou meu caminho. Não sei dizer de qual direção ela veio, mas me encantou com sua personalidade. Vestindo os trapos rasgados pretos da sua vida de rua, mantinha a poderosa elegância de uma mestra antiga exalando um cheiro peculiar de perfumes baratos misturados com um hálito de aguardente, que bebia na garrafa em sua mão direita. Ela cambaleou para a frente e me olhou nos olhos com uma seriedade aterradora, segurando com a mão esquerda uma lâmina que dança no ar. Rasgou um pedaço de suas vestes no movimento vertiginoso que fez, pousando a ponta de sua lâmina furtacor na minha garganta inerte.
- Você não tem voz? - uma voz doce, grave e saudosa me mergulhou nas sombras do infinito, eu me preparei para o corte. Fechei os olhos.
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nome: rosetta. idade: 23. espécie: fada. sexualidade: pansexual. alinhamento: mocinha-neutra. ocupação: estilista e influenciadora. petweapon: soon. objeto: soon. conexões requeridas: soon. conto: peter pan. fc: ningning. habilidades: criar toda a flora e fauna. poder das plantas. contato com a natureza. manipula terra, flores e plantas. voar.
Numa era há muito passada, quando a sombra lançava um véu sobre a Terra do Nunca, Rosetta, cuja vaidade era conhecida como um suspiro nas brisas do crepúsculo, desvelou-se das aventuras que teciam destinos com Peter Pan, Sininho e a Sombra. Os caminhos tortuosos desses seres, mágicos e sombrios, guiaram-na até Tão Tão Distante, um reino encantado que ressoa com segredos suspirados pela natureza.
Sua paixão pelo esplendor levou-a a desbravar formas inexploradas de expressão, emergindo agora como uma renomada artífice floral. No ateliê, onde vestidos nascem das pétalas e acessórios singulares adornam o efêmero, Rosetta teceu um enclave de elegância reverenciado pelos habitantes em busca de requinte e estilo.
Contudo, mesmo envolta em sucesso, Rosetta carrega o pesar em sua alma como um fio sombrio. As escolhas indecifráveis de Sininho, amiga de outrora na Terra do Nunca, assombram-na como espectros nas horas noturnas. A inquietude perdura, alimentando anseios pela segurança e felicidade da fada, enquanto a frustração ecoa como um lamento entrelaçado nos ramos do destino. Incapaz de desviar o curso das decisões sombrias, Rosetta permanece como uma testemunha impotente diante do teatro obscuro que se desenrola.
Para além da arte floral, Rosetta encontrou uma moderna forma de comunicar seu culto à beleza. Elevou-se a uma influenciadora reverenciada em Tão Tão Distante, onde suas palavras são como sussurros de encantamento. Dicas de moda floral, conselhos de beleza e o relato de um estilo de vida glamoroso tecem-se em sua presença nas redes sociais, inspirando almas como uma brisa perfumada enquanto ela continua a florescer.
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"eu estava aqui o tempo todo, só você não viu"
hoje eu vi as fotos da sua graduação lembrei do dia em que estávamos juntos entorpecidos e amantes me vi em você, me vi em mim já sabia que não tinha mais volta
ambos usavam verde ainda que não estivéssemos maduros
de fato, você deixou subentendido que seríamos efêmeros mas da sua boca saiam verdades que eu não queria acreditar
escrevi muito você minha poesia uma linda maneira de sofrer
enquanto fui teu livro de contos criativo e colorido empoeirado na sua estante
no fundo eu também sabia, que essa era a única maneira que restava
de nos eternizar
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Amores rasos
Faço uma reflexão ponderada em que me pergunto, afinal a tecnologia nos uniu ou nos separou? Quem olha no olho? Quem sorri na rua? Quem está atento para olhar ao seu redor ao invés da tela do seu celular? É que de repente curtida em storie virou flerte. Aplicativo de relacionamento é sinônimo de encontro casual. O cara do reality show em que se casam as cegas disse jamais ter se dado o trabalho de conhecer a essência de uma mulher e os casais que ousaram se casar com um desconhecido, bem, qualquer coisa é só pedir o divórcio...
O quanto nossas relações tornaram se fúteis, voláteis, rasas... E se são rasas não tem raízes, e se não tem raízes no primeiro vento que surge desmorona ao chão. É que de repente é fácil desistir do outro, qualquer deslize ou qualquer ato que não seja do meu agrado, eu digo adeus, parto pra outra, a fila anda... Afinal, tem tanta gente por aí, tantas bocas pra beijar, tantos corpos para visitar, tantos gostos pra provar... É que estabelecer conexão dá trabalho e requer tempo e eu não tenho paciência para gastar e tempo para desperdiçar.
E quem é que pensa em se casar? Pra quê casar? Se tenho todos os direitos do casamento a minha mão apartados dos deveres de uma união em que envolva Deus e o estado... Quando se fala em casamento, logo pensa se em bens ou no corpo perfeito, afinal qual será o troféu que irei exibir na minha estante chamada rede social que tem como única e exclusiva finalidade a projeção de uma ilusão de uma vida perfeita, a vida dos sonhos, o conto de fadas contemporâneo?
Um rapaz bonitinho me chamou pra ir na casa dele... E daí que eu não o conheço? Como eu ousaria recusar tal proposta, afinal ele é tão bonito e me proporcionaria tantos prazeres momentâneos, pra quê eu iria querer algo além disso? O outro me chamou para sair, foi até divertido, mas no final do encontro esperava por sexo casual... Como eu ousaria recusar tal proposta, afinal vivenciamos um momento tão bom juntos e ele me proporcionaria tantos prazeres momentâneos, pra quê eu iria querer algo além disso? O outro era mais audacioso, se deu o trabalho de me conquistar e até atuou ter amado conhecer a minha alma, mas se dizia efêmero... Como eu ousaria recusar tal proposta, afinal tudo bem "amar" de qualquer jeito, o importante é viver o momento, pra quê eu iria querer algo além disso?
Desculpe, é que eu não sou desse jeito, não sou desse tempo. Na minha visão os seus prazeres e suas relações líquidas consistem nas migalhas que vocês insistem em aceitar, no tratamento ao outro como se fossem descartáveis, na falta de respeito a si próprio em que doam os seus corpos a qualquer um em nome do prazer, somente para satisfazer o desejo da carne e suprir a sua carência... É que não nasci para amores rasos ou para a vida de aparências. Entre estar numa relação rasa, em que não há profundidade e conexão eu prefiro estar só: acompanhada do meu amor próprio e da minha verdade. Me recuso a fazer parte dessa dança das cadeiras, desse exibicionismo leviano, desse show de horrores fútil e superficial. Me recuso a vender minha alma para me encaixar e me sentir pertencida. Me recuso a aceitar alguém pela metade por puro medo de estar somente na minha própria companhia.
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Escrevo-te sob o céu, cujas migalhas solares parecem-me quase insignificantes, como estrelas perdidas em um vasto e sombrio firmamento. As nuvens de chuva, em sua migração incessante para o leste, formam uma armada que se assemelha a um manto pesadamente tecido, ocultando a beleza de um dia que poderia ser radiante. A sensação de um resfriado iminente já começa a se manifestar em meu ser, uma lembrança incômoda que, mesmo sob a intermitente promessa de renovação, há sempre um preço a ser pago. Embarquei em uma excursão fascinante pelos lugares mais assombrosos da Itália, um país que, embora conhecido por sua deslumbrante beleza e rica herança cultural, também abriga segredos de contos primorosos esquecidos; acompanhando-me uma companheira de viagem cuja presença tornou uma âncora que me deixava com fadiga neste itinerário. Iniciamos nossa odisséi a em Roma– a eterna cidade que transborda história a cada esquina; eu não poderia deixar de mencionar o Coliseu, essa magnífica estrutura apesar de sua grandiosidade, guarda ecos de dor e glória; senti a reverberação dos gritos da multidão antiga, os aplausos e os lamentos ressoavam nas pedras milenares. Era um espaço onde a vida e a morte se conglomeravam— onde o destino de gladiadores tornava um espetáculo cruel e fascinante. vislumbramos a cripta dos capuchinhos, um espaço macabro adornado com os ossos de monges, em um gesto de profundo simbolismo; as paredes estavam ornadas envolto de calaveras e fêmures, instigavam uma reflexão sobre a efemeridade da vida e a inevitabilidade do destino que nos guarda. Na cidade decidi aventurar-me em uma experiência de degustação de vinhos em uma vinícola. Permiti mergulhar nas tradições que permeiam a cultura toscana; cada gole, apreciávamos não apenas o néctar da uva, mas sim relatos de gerações de viticultores que dedicaram suas vidas a aperfeiçoar o que consideravam uma arte. A estadia em Veneza também trouxe oportunidade de explorar um aspecto menos conhecido da cultura local, cervejas artesanais. Em uma pequena cervejaria, fomos recebidos por um mestre cervejeiro cuja paixão pelo ofício era contagiante; a cerveja é um reflexo da terra de onde provém; estava uma semana imersa nas delícias e nas sombras da Itália, decidimos cruzar a fronteira em busca de novas experiências. A França aguardava, e com ela, promessa de aventuras subterrâneas que alimentava um espírito curioso. observar as catacumbas, com seus alinhamentos meticulosos de crânios e ossos, ofereciam uma visão perturbadora da morte e do que significa viver em um mundo efêmero. Caminhar por aqueles corredores era como visitar um mausoléu da memória coletiva, onde osso representava uma vida que um dia pulsou a vitalidade da existência. Emergimos na superfície de Paris, onde a luz do sol, agora mais generosa, banhava a cidade em uma auréola pura e dourada; naquela noite, descobri um encantador bistrô que nos recebeu com o calor acolhedor da hospitalidade francesa. Ali, entre risos e conversas animadas, desfrutamos de um banquete que refletia a riqueza da gastronomia local. ao adentrarmos suas paredes o vento parecia levar os sussurros, e a luz que penetrava pelas janelas quebradas criava um jogo de sombras dançante sob os nossos pés; ali entre as pedras frias e as memórias silenciosas, refletimos sobre as escolhas que fazemos; aqui há vestígios de um tempo que se fora. Na nossa última noite na França, observei as luzes da cidade se refletindo nas águas tranquilas. O murmúrio do rio parecia compartilhar segredos, e a atmosfera envolvia-me em um abraço reconfortante; amigo, enquanto escrevo para ti palavras, sinto que o frio ainda é permanente, as minhas roupas molhadas ainda estão sob o meu corpo; então colocarei tudo na lavanderia. Tenha uma ótima estadia repleta de amoriscos, Frans.
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𝐸𝒩𝒜𝑀𝒪𝑅𝒜𝒟𝒪𝒮, ❝ 𝘴𝘦 𝘩á 𝘵𝘢𝘯𝘵𝘢𝘴 𝘤𝘢𝘣𝘦ç𝘢𝘴 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘵𝘢𝘴 𝘴ã𝘰 𝘢𝘴 𝘮𝘢𝘯𝘦𝘪𝘳𝘢𝘴 𝘥𝘦 𝘱𝘦𝘯𝘴𝘢𝘳, 𝘵𝘢𝘮𝘣é𝘮 𝘥𝘦𝘷𝘦𝘮 𝘩𝘢𝘷𝘦𝘳 𝘵𝘢𝘯𝘵𝘰𝘴 𝘵𝘪𝘱𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘢𝘮𝘰𝘳 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘵𝘰𝘴 𝘴ã𝘰 𝘰𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘢çõ𝘦𝘴 ❞
Não existe apenas uma versão sua, existe? O seu nome nos corredores da Bologna não encontra um consenso porque cada um conhece um pedacinho muito superficial seu. E, para ser honesta, isso nem é proposital porque apesar dos adjetivos mais comuns serem agradável, afetuosa e vaidosa (ou seria branda, dependente e narcisista?), a verdade é que nem você mesma sabe quem é na maior parte do tempo. Existe uma parte sua que só quer ser uma boa pessoa e fazer as coisas certas, mas a dúvida, a indecisão e a insegurança são brindes de um cenário familiar instável desde o princípio (obrigada pai, obrigada mãe). E, ah, claro, certamente não é desagradável olhar para você, seu senso estético, de beleza e harmonia sempre foi o mais aguçado, porém tudo isso é efêmero e a única certeza é que com você não há certeza nenhuma, pois apesar de ser alguém que prefere ser guiada pelo amor e pelo lado positivo da vida, acaba mudando de ideia – e de sentimento – com uma frequência absurda. É interessante viver num mundo como o seu, repleto de glamour e harmonia, mas como todo conto de fadas, existe uma moral por trás dessa história e a princesa não está fugindo de uma bruxa má e sim de si mesma; más notícias, Cinderela, o castelo nas nuvens não é de verdade e a vida real chama você para a terra, para construir seu reino em solo firme --- quem é você, o que você quer e o mais importante: será que precisa quebrar tantos corações assim para descobrir?
𝑵𝑶𝑴𝑬 𝑪𝑶𝑴𝑷𝑳𝑬𝑻𝑶: VENUS ALESSIA COLONNA DI MARCHETTI JAGGER. 𝑰𝑵𝑭𝑶𝑺:
VENUS é uma MULHER CIS de 21 ANOS que nasceu em LIVERPOOL/INGLATERRA em 15 DE AGOSTO DE 2000;
VENUS está na Università di Bologna como PAGANTE para cursar MODA e está atualmente no TERCEIRO ano;
VENUS entrou na sociedade porque DESTAQUE PESSOAL e é atualmente uma RECRUTADORA;
na disputa entre os irmãos, ela é DO TIME DA IMPERATRIZ;
ela é conhecido principalmente por ser ROMÂNTICA e IMPREVISÍVEL.
𝑪𝑶𝑵𝑬𝑿𝑶𝑬𝑺:
RODA DA FORTUNA — recrutada. É claro que a sortuda RODA DA FORTUNA ia chamar atenção da sonhadora ENAMORADOS. Ela ficou completamente encantada pela energia que a garota emanava, como se ela fosse realmente um amuleto de boa sorte. Assim que a temporada para recrutação começou, RODA DA FORTUNA foi a primeira opção de ENAMORADOS e não houve muita competição; ela podia ser indecisa em muitas coisas, mas sabia interpretar perfeitamente a energia de outra pessoa. RODA DA FORTUNA, por sua vez, aprecia a oportunidade concedida, mas fica meio insegura com as expectativas colocadas sobre si.
IMPERATRIZ — Amigas desde que se conhecem por gente, as duas são fiéis uma à outra e sempre foi assim, não existe uma sem a outra. Só que a garota sempre teve um crush no Imperador e nunca escondeu isso, e agora será posta a prova precisando decidir quem apoiará e se vai deixar essa luta de gigantes atrapalhar os sentimentos pelos dois irmãos.
IMPERADOR — Existem muitas especulações sobre a vida amorosa da ENAMORADOS, mas quem a conhece sabe que existe algo que, diferente das outras paixonites, sobreviveu ao teste do tempo: sua clara preferência pelo irmão da sua melhor amiga. É claro que ele deu diversas evasivas para ela e, diante da relação basicamente fraternal que os dois têm, para ele seria impossível enxergá-la de outra forma, mas a impossibilidade só nutria ainda mais o sentimento na visão dela --- e oras, vai que um dia ele mude de ideia! Ainda, o sentimento que guarda por ele é a razão da sua angústia e indecisão quando a competição desponta e os dois irmãos entram em conflito direto.
TORRE — Ninguém nunca entendeu direito como funcionava, mas o fato era que ENAMORADOS e TORRE mantiveram um relacionamento muito divertido. Normalmente, depois de certo tempo é muito normal que ENAMORADOS acabe pondo um fim na relação por tédio. Dessa vez, entretanto, não foi assim: TORRE, na realidade, surpreendeu-a dizendo que eles não podiam mais ficar juntos. De coração partido e sem aceitar o pé na bunda, a garota espalhou para todo mundo que terminou o relacionamento por iniciativa própria. O fato dele não ter negado e por terem muito carinho um pelo outro fez com que mantivessem uma amizade depois do fim de tudo.
𝑭𝑨𝑪𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴: madelyn cline. 𝑺𝑻𝑨𝑻𝑼𝑺: fechado.
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É meio ironico como alguém que a primeira festa foi uma festa junina tenha tanto azar quando de trata de festas juninas, não importa quão bem esteja sendo o ano, o mês, se tem uma festa junina chegando é presságio de algo muito ruim acontecendo parece que não dá pra ser feliz no mês de julho, eu pensava que tinha a ver com meu aniversário, depressão antes de ficar mais velha ou sei lá ansiedade de fim de período mas esse ano veio pra mostrar que o problema deve ser eu mesmo, quando eu não encontro uma maneira de me sabotar esse mês o mundo vai e me dá uma rasteira
Talvez depois de ter começado aquela história sobre um romance de festa junina eu devo ter jogado um praga em cima de mim, "você nunca vai ser feliz até terminar esse conto" mas como eu vou escrever um conto de amor se cada vez que eu chego perto disso o tapete é puxado dos meus pés? é como se o tempo todo eles só estivessem me dando mais corda pra eu me enforcar, e o final é sempre igual, eu sozinha numa madrugada com o bloco de notas aberto
Já me falaram que as histórias que eu crio são muito sombrias, é que existe um certo conforto no terror, quando você já sabe o que vai acontecer não tem como se decepcionar e com o tempo eu me acostumei com a melancolia, é como se eu só pudesse ser eu mesma quando estou triste
Talvez eu tenha lido poetas demais mas eu sou mais feliz triste, pode parecer controverso mas pra mim o desconforto é confortável, é seguro, não me engana, não me deixa levar para depois cortar minhas asas, não me decepciona, eu sei o que esperar, eu tô acostumada com o sentimento, com o peso, com o vazio da falta
O problema é quando esse vazio se preenche e de repente eu me vejo leve, fluída como um rio que só vai pra frente sem ter medo das consequências e se entrega a essa nova liberdade, liberdade de ser, de sentir, é como se o mundo voltasse a ter cores e é tudo lindo. Mas é efêmero, porque uma hora o rio encontra uma barragem e se encontra preso de novo
Quando eu tinha 15 anos eu escrevi
"Eu quero alguem que seja fácil, que nao seja atormentado com os fantasma do passado. Sei que todos tem seus problemas e suas histórias,não quero alguém perfeito seria sem graça também, eu só não quero alguém cinza, eu quero um arco-íris. Mas para chegar no arco-íris precisa passar pela chuva, mas é que já está chovendo a tanto tempo.E se o arco-íris ja apareceu mas eu estava distraída olhando pras poças q a chuva deixou? E se quando eu achar um arco-íris não tiver um pote de ouro no final?E se meu arco-íris for mt colorido pra mim?"
É de certa forma cômico (se não trágico) que 7 anos depois eu ainda uso das mesmas metáforas para falar sobre amor, eu não sei se cheguei a conhecer um arco-íris talvez esse tenha sido o mais proximo que cheguei mas a verdade é que com o tempo a chuva foi ficando cada vez mais agradável, os trovões que me assustavam foram aos poucos me acalmando, o som da chuva na janela é convidativo e o frio é aconchegante e a primavera virou um sonho febril e algo a se temer porque se eu não saísse do meu inverno eu não teria que passar pela tortura que era o outono antes de voltar pro conforto do meu vazio
Se eu não conhecer as flores não fico triste quando elas murcharem, se eu não ver as árvores não sinto elas secarem e se eu não conhecer o calor, o frio não me incomoda
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Contos ito
conto: Analog School
Ryan Filipe caminhava pelas ruas silenciosas de Belo Horizonte, carregando o peso de seu passado conturbado. Uma vida de excessos e desvios havia sido substituída pela fé fervorosa após sua conversão em uma pequena igreja local onde ele conheceu Camilla Ramos uma medica abatida, A fé em Cristo sendo luz de sua nova devoção, no entanto, não apagava as sombras de seu antigo eu que o assombravam nas noites solitárias, Antes de sua conversão, ele era conhecido por sua vida desregrada, onde prazeres efêmeros e falsas alegrias o mantinham distante da verdadeira paz interior.
Carlos Eduardo era conhecido pelos moradores de Belo Horizonte como um homem excêntrico e solitário, frequentemente visto pelos cantos da cidade murmurando sobre uma religião antiga e esquecida. Ele era conhecido por suas teorias obscuras sobre rituais esquecidos e entidades cósmicas que, segundo ele, estavam adormecidas há séculos sob a superfície de uma escola.
Para muitos, Carlos era simplesmente um louco inofensivo, cujas histórias sobre cultos antigos e rituais macabros eram vistas com ceticismo e até mesmo compaixão. No entanto, entre aqueles que ousavam ouvir suas palavras com mente aberta, havia uma sensação de intriga e inquietação. Alguns se perguntavam se havia alguma verdade nas narrativas de Carlos, escondida sob a névoa de sua aparente loucura.
No hospital onde trabalhava, Camilla Ramos lidava diariamente com a morte. Seu coração, uma vez cheio de esperança na medicina, agora estava manchado pelo arrependimento. Um dia, um velho estranho, com mais de 100 anos, foi admitido na ala de emergência, murmurando palavras em uma língua desconhecida. Camilla sentiu um arrepio ao observá-lo, como se algo ancestral e sinistro estivesse entrelaçado em suas palavras incompreensíveis. Intrigada e perturbada pela presença do velho e suas estranhas vocalizações, Camilla decidiu investigar seu passado e descobrir a origem dessas palavras antigas e misteriosas.
Movida por uma curiosidade intensa e uma inquietação crescente, Camilla mergulhou na investigação do velho e das línguas antigas que ele falava. Descobriu que as palavras eram parte de um antigo ritual perdido, utilizado por cultos há séculos para invocar entidades cósmicas e indescritíveis. Essa descoberta a levou a explorar registros históricos e textos esotéricos, buscando entender os rituais sombrios que permeavam a história e que, aparentemente, continuavam a exercer influência sombria nos dias atuais.
Convencida de que a chave para desvendar os mistérios dos rituais ancestrais estava na escola particular católica abandonada, Camilla convocou Ryan e Carlos para acompanhá-la. Ryan, ainda consolidando sua fé renovada, viu na investigação uma oportunidade de testar sua devoção contra forças desconhecidas. Carlos, assombrado por lembranças de seu passado obscuro e intrigado pela ligação entre o velho e os rituais antigos, aceitou relutantemente se juntar à expedição. Juntos, eles adentraram os corredores empoeirados e salas silenciosas da escola, cada passo os aproximando mais dos segredos enterrados e das entidades que os guardavam.
Dentro dos muros decadentes da escola, as sombras do passado ganharam vida. Ryan foi atormentado por visões de seu antigo parceiro, Hansel, um homem cujos crimes horrendos assombravam sua consciência. As visões revelaram os momentos de colaboração e traição que marcaram seu passado, desafiando sua nova fé e forçando-o a confrontar a escuridão dentro de si mesmo. Enquanto isso, Carlos, lutando contra os fantasmas de suas próprias decisões passadas, foi torturado pelas ilusões criadas pela entidade indescritível. A entidade tentava manipulá-lo, usando suas fraquezas e medos para tentar convertê-lo novamente à sua causa sombria. Camilla, assombrada pelas decisões difíceis que teve que tomar como médica, foi confrontada pelas ilusões de seus pacientes, cujas vidas ela não pôde salvar, enquanto outros prosperaram. As vozes ecoavam pelos corredores vazios da escola, questionando suas escolhas e seu papel na linha tênue entre vida e morte.
Com o passar do tempo na escola das sombras, Carlos sucumbiu lentamente às manipulações da entidade. Sua resistência enfraqueceu diante das ilusões envolventes que a entidade projetava, levando-o a abraçar sua escuridão interior. Ryan e Camilla, testemunhando a transformação de Carlos, sentiram-se impotentes diante da influência insidiosa da entidade. Carlos, agora submisso à vontade da entidade, tornou-se um agente de seus desígnios sombrios dentro dos corredores infinitos da escola. Seu olhar vazio refletia a perda de humanidade, enquanto ele vagava pelas sombras, servindo a entidade que se alimentava do desespero e da dor dos três.
Enquanto as estações mudavam lá fora, dentro dos corredores enevoados e das salas silenciosas, Ryan e Camilla enfrentavam seu destino imutável ao lado de um Carlos irreconhecível. Seus espíritos foram lentamente consumidos pela escuridão da escola, as vozes das ilusões ecoando em seus ouvidos como um lamento sem fim. A entidade indescritível, que se divertia em assistir ao sofrimento humano, manipulava suas mentes e seus medos, perpetuando uma eterna tormenta de desespero e desamparo. Na quietude de suas almas aprisionadas, eles refletiam sobre suas vidas, sobre as escolhas que os trouxeram ali, e sobre a inevitabilidade de seu destino sombrio, prisioneiros para sempre na escola das sombras
Meses se passaram na escola das sombras, e os três estavam presos em um ciclo eterno de tormento e desespero. Porém, um dia, a entidade decidiu liberar Carlos de seu controle, enviando-o de volta ao mundo exterior com uma única missão: encontrar um hospital.
Ap��s mais de 100 anos preso no ciclo da escola das sombras, Carlos emergiu como um espectro perturbado e sombrio, guiado pela vontade da entidade que ainda mantinha seu poder sobre ele. O destino de Camilla, Ryan e Carlos permanecia incerto enquanto o ciclo continuava a girar, presos entre a luz e a escuridão, em um eterno jogo de sacrifício e redenção.
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✦ Nome do personagem: Choi Hwaseon. ✦ Faceclaim e função: Jennie - BLACKPINK. ✦ Data de nascimento: 19/03/1996. ✦ Idade: 28 anos. ✦ Gênero e pronomes: Feminino, ela/dela. ✦ Nacionalidade e etnia: Coreia do Sul, coreana. ✦ Qualidades: Extrovertida, modesta, gentil. ✦ Defeitos: Perfeccionista, possessiva e teimosa. ✦ Moradia: Asphodel Meadows. ✦ Ocupação: Enfermeira na Asklepios. ✦ Bluesky: @AM96CH ✦ Preferência de plot: ANGST, CRACK, FLUFFY, ROMANCE, SMUT. ✦ Char como condômino: Hwaseon é uma pessoa solicita e muito cuidadosa. Como condômina é bastante atenta às questões do bloco e procura ser uma boa vizinha com todos, não causa brigas, não é uma pessoa barulhenta e não se envolve em problemas no geral. Tem um perfil tranquilo e participativo.
TW's na bio: Menção a traição.
Biografia:
É na primavera que as flores mais bonitas desabrocham. Foi esse o pensamento de Hwang Minah ao pegar sua filha nos braços pela primeira vez, e por isso decidiu naquele instante que seu nome seria Hwaseon, em homenagem à mais bela das flores. A flor de cerejeira tinha, sim, um caráter efêmero. Sua florada era breve, mas a beleza era tão grande que as pessoas se reuniam ao seu redor para observarem, muitas vezes por horas. A primeira coisa que a pequena fez foi arregalar os grandes olhos castanhos para a mãe, como se estivesse aprovando a escolha. Por algum motivo, ela parecia destinada a causar um impacto positivo por onde passasse, mas desabrocharia apenas se fosse bem cuidada no decorrer do tempo.
De natureza gentil e muito carismática, Hwaseon estava sempre rodeada de pessoas tal como a árvore de cerejeira. Era gentil, animada e uma pessoa divertida, sem tempo ruim. Não teve irmãos, uma das poucas tristezas de sua vida. Apesar disso, não teve problemas em direcionar seu afeto aos primos mais novos que, embora morassem do outro lado do mundo, não escapavam das mensagens, ligações ou facetimes que a prima mais velha insistia em fazer.
Durante a adolescência, os trabalhos voluntários em lares e clínicas trouxeram à tona uma certa habilidade para a área de saúde. Ela gostava da ideia, mas precisou conhecer um campo específico ao visitar uma casa de repouso para pacientes paliativos para entender o que gostaria de fazer da vida. Ela entendia a tristeza da profissão, mas também pensava que a ideia de cuidar de uma pessoa e considerar sua situação social, espiritual e psicológica fazia parte de algo muito maior e humanizador, exatamente o que ela buscava para a própria vida. Foi nessa mesma época da vida que Hwaseon conheceu Woohyun, um colega que gostava dos mesmos trabalhos voluntários, tinha os mesmos gostos que ela e parecia decidido a ter um futuro muito próximo da ideia do que ela queria para si. Pisciana nata como era, sonhadora com o príncipe do cavalo branco e com a história de conto de fadas, não foi difícil que o rapaz conquistasse seus sorrisos mais bonitos, sua atenção integral e, por fim, sua mão. O namoro começou no fim do ensino regular e seguiu para a Universidade, quando os dois se mudaram para Seul na intenção de cursarem uma boa faculdade. Hwaseon foi para a enfermagem e Woohyun passou para o curso de psicologia. Parecia exatamente a história de conto de fadas perfeita que ela havia vislumbrado a vida toda. Uma pena que os contos de fada eram apenas isso, histórias.
As coisas começaram a mudar quando ficou decidido que seu avô voltaria para Bucheon, cidade natal da família, para viver em um lugar mais tranquilo. Hwaseon foi prontamente a favor. Junto com a notícia, soube que seu primo viria dos Estados Unidos para ocupar o apartamento do idoso, e embora estivesse muito feliz com a ideia de tê-lo por perto, não demorou a saber que a família esperava dela o retorno para Bucheon também, com a ideia de cuidar do avô por um tempo. Não foi contra, de forma alguma, os problemas só começaram quando Woohyun decidiu que aquela não era uma boa ideia para eles. Se mudaram sob protestos do rapaz e ela não entendia o motivo de tanta resistência. Ambos eram de Bucheon, gostavam da cidade, Woohyun já havia pedido a mão dela em casamento e os dois estavam se preparando para o casamento. Não se recusava a voltar e fazer a cerimônia na capital, apenas queria estar mais perto do avô.
Em meio às desconfianças, a jovem enfermeira começou a procurar saber o motivo de tantas brigas e tantas resistências. E antes não tivesse procurado. As mentiras, as invenções, as traições começaram a aparecer, uma a uma. Era esse o motivo de querer tanto assim em Seul, os reais interesses do noivo estavam lá e não em Bucheon. Felizmente ou não, o rompimento veio em um momento muito crítico de tudo e ela não conseguiu desviar a atenção da família para sofrer, sentimento que caiu sobre ela apenas alguns meses depois, quando ela já não tinha mais motivos para ficar triste. Apesar de sua doçura muito aparente, ela precisava ser cultivada, e se feito da maneira certa, daria sua lealdade eternamente à pessoa. Naquele caso, a lealdade sequer existia.
A princípio ficou em Bucheon, se dividindo entre cuidar do avô e ocupar a mente com os estudos. Havia a intenção de fazer uma pós-graduação, intenção que se transformou em realidade no início do ano seguinte, quando os pais e os tios decidiram que era o momento de contratar uma pessoa para cuidar do pai idoso e dar a liberdade que a menina tanto almejava. Seus pais optaram por voltar à Bucheon também e ficou acordado que Hwaseon iria para o apartamento de ambos, no condomínio Acropolis, o mesmo que o primo morava e ocupava o apartamento do avô.
Por hora, com pouca experiência, tem trabalhado como enfermeira na enfermaria Asklepios, dentro do próprio condomínio, enquanto procura um trabalho em clínicas especializadas na área paliativa. Também tem se preparado para iniciar os estudos da pós graduação e, mais importante que tudo, está se ajustando à própria realidade mais uma vez, aprendendo a gostar mais de si mesma e da própria companhia.
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Ensaios de auto-ficção
Ele não havia conseguido dormir direito à noite. Uma inflamação na garganta havia dificultado sua respiração, despertando-o diversas vezes. Quando ouviu o choro dos bebês no quarto ao lado, olhou no relógio, ainda não era seis horas da manhã, cutucou a esposa para que ela fosse ver o que era, mas ela estava num sono pesado. Sentou-se na cama, mas tinha dificuldade de levantar o corpo, ficou ali por alguns segundos, ou talvez minutos, queria se deitar, mas o choro aumentava, já havia se tornado um grito, “deve ser fome”, ele pensou enquanto já se dirigia à cozinha para preparar a fórmula e entregá-la ao faminto ser que habitava o quarto ao lado há cerca de dois anos. Pensou no livro que havia lido ontem, O Deus das Avencas, na história de Manuela, personagem do primeiro conto que visitou uma seita apocalítpica maia em Santa Catarina onde conheceu uma jovem grávida, e que agora, ela mesma estava grávida, em trabalho de parto durante as eleições presidenciais de 2018. Pensou que Daniel Galera é o poeta dos fracassos da classe média intelectualizada do Sul e que ele narra esse niilismo em todos os seus livros. “Deve ter alguma influência de Bolaño aí, pensou enquanto caminhava no corredor já com a mamadeira em mãos. Depois de entregar ao leite, o alívio sonoro com a pausa imediata do choro, o fez pensar em um futuro sem mulher e sem filhos, num pequeno apartamento na federação, uma vida simples e solitária, uma vida de escritor e sentiu-se atraído pela ideia de voltar à vida boêmia, de ter tempo para os amigos, de ter casos efêmeros com mulheres que conheceria na noite do Rio Vermelho. Mas logo desistiu desses planos, afinal sua saúde já não era mais a mesma, tomavam um remédio para o fígado, ansiolíticos e remédios para dormir, precisava fazer exercícios físicos regularmente para não cair novamente naqueles quadros depressivos, cenário que sempre o assombrava. Conformou-se, tomou um banho e preparou-se para levar a criança na escola. Depois teria alguns artigos para ler, uma crítica ao perspectivismo indígena publicado numa página de jornalismo alternativo e que pretensamente se definia como “jornalismo de profundidade e anticapitalista”. Ainda cansado da noite mal dormida, sorriu da arrogância dos editores. “Ora, “jornalismo de profundidade e anticapitalista”. De todo modo, gostou da coragem da antropóloga de bater no paxá da antropologia brasileira, e da história de um antropólogo indígena que queria fazer uma “antropologia dos antropólogos”. Queria fumar, mas a garganta infeccionada o impedia. Decidiu escrever.
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Voltei a ler, mas ainda não consigo escrever com a mesma facilidade de vinte anos atrás. Falta consonância nos meus textos, me sobra uma correção que parece não ter fim, e nunca ficará bom o suficiente.
Hoje resolvo arriscar.
Não há resgate do tempo quando damos um hiato de décadas nos sonhos, mas há dois anos que tento voltar naquele momento em que passei a acreditar nos outros e comecei a duvidar de mim, para me trazer de volta.
Era tão natural na minha infância, as palavras fluíam à medida que me colocava em frente ao papel, no pensamento as frases se formavam coerentes e simples, a escrita cursiva se alinhava, a mão obedecia.
Um dia achei que todas aquelas páginas comporiam um livro, na inocência me via diante de um “best seller” e me orgulhava disto. Eu acreditava ter uma intelectualidade precoce, mas, ingênua, me perdia em pilhas de cadernos que iam sendo preenchidos. Dizia: “algum dia, alguém irá ler e me ‘descobrir’”. Isso nunca aconteceu, e assim como no livro que li escondido “O Pequeno Príncipe” - Antoine de Saint-Exupéry, (porque não era meu, e eu estava proibida de pegar), “O problema não é crescer, mas esquecer”. Bem, eu cresci e esqueci.
Mas, não foi somente o crescer, isso acontece com todas as pessoas, o problema é ser desencorajada a carregar os sonhos para o futuro, é mostrar o desenho da cobra que engoliu um elefante, e ouvir: “É só um chapéu, o que tem de interessante em um chapéu?”
O meu desenho eram contos, vários, que foram lidos por adultos ocupados demais, e por fim, mesmo sem terem dado atenção a uma única frase, falaram em uníssono: “quantas bobagens!”
Só recentemente percebo o quanto aquelas palavras pesam e ecoam por toda vida.
Um tempo atrás, alguém me pediu uma redação, levei horas tentando dar sentido à um texto de 400 palavras, não consegui, ficou tão perdido que tive vergonha de entregar. Em outro momento, um simples e-mail explicando um fato, precisou ser reescrito sete vezes em dois dias, me causando uma dor de cabeça que durou semanas.
O meu vínculo com as palavras não se desfez completamente, em alguns momentos de frustação extrema escrevi o que sentia em minhas redes sociais, palavras ácidas, tóxicas, letais, cada letra um espinho venenoso, cruel e com direção. Libertei meus demônios por tantas vezes, para quem quisesse ler, e liam, ali era tão ao alcance ser rude, a nudez explicita da raiva, explodir e depois apagar como se nunca tivesse ousado me expor. Fui me afastando, me fechando, definindo prioridades, de fato eu nunca me encaixei em lugar algum.
Existe um ponto, aquele em que paramos, e, ali ficamos, enquanto a casca segue rumo ao futuro com todas as orientações de como ser um adulto feliz, realizado, próspero e dentro dos padrões. Até o dia que se percebe, de fato, uma casca em busca de uma resposta. A resposta de quem eu sou me remeteu a uma citação de Pablo Neruda: “as mais amargas de minhas horas!”
A faculdade de jornalismo chegou assim, como uma rebeldia, num momento em que o isolamento social de 2020 se fez necessário, o ócio dos dias, o medo de sucumbir, de inexistir e de nunca ser, veio como um solavanco e tudo pareceu urgente, por mim me formava nas primeiras semanas.
Desde então compro livros, dos mais diversos temas e escritores, algumas vezes me perco nas páginas, pensando enquanto leio, que aquelas estórias e histórias poderiam ter sido escritas por mim, e preciso reler com mais atenção.
O retorno não é simples. Escrever não é como resolver uma conta matemática, não há fórmulas prontas ou máquinas que leiam seus pensamentos e os ordenem, escrever requer coesão e as ideias nem sempre se encaixam. Vinte anos nos separam, as palavras e eu, e neste tempo muita coisa mudou.
O resgate dos anos é doloroso, do que perdi neste longo hiato não pode ser contabilizado, não houve ganhos, não vou romantizar o aprendizado da experiência usando o polianismo como referência para não ver o abismo de duas décadas.
Mas jornalismo é dinâmico, efêmero, muitas vezes um texto dura menos que o tempo de um cafezinho. Requer agilidade, destreza e domínio literário.
E aqui estou eu, neste texto longo, escrevendo para exercitar, para novamente colocar meu cérebro em movimento e em desenvolvimento.
Difícil é convencer a "impostora" de mim, de que sou capaz como antigamente, e fazê-la resgatar a confiança perdida, porque não dá para desistir, estamos longe demais nesta caminhada.
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Contos do Efêmero - Impulso
Marcus Málico foi puxado de um sono profundo. Ainda entorpecido, esboçou levantar-se da cama quando foi surpreendido por batidas em sua porta.
- Príncipe Málico! Príncipe Málico! - Marcus ouviu os gritos de Felipe, guarda imperial da primeira linha do exército de Klaus Málico, o rei regente; uma das poucas pessoas em que Marcus confiava. - Você já está atrasado para a reunião sobre os preparativos da sua coroação! - a última palavra despertou Marcus para a realidade. “Não acredito que só falta uma semana!”, pensou. - Vou dizer que está a caminho. - o som dos passos de Felipe foi ficando cada vez mais distante.
O coração de Marcus estava em disparada. Desde a súbita despedida de sua mãe e seu pai quando ainda era uma criança, o dia de sua coroação estava anunciado e prometido. Desde sempre Marcus fora treinado e instruído pelas mentes mais brilhantes de todo o Litoral, selecionadas a dedo e capturadas pelo rei regente para servir ao Império Málico, para o momento em que assumiria o trono. O que Marcus não esperava é que esse dia realmente chegaria. Levantou sobressaltado, se aprumou em suas vestes usuais, sua calça de linho caramelo e sua camisa de algodão azul escuro com mangas longas, amarrada por cordões no plexo; jogou uma bacia de água em seu rosto e se olhou no espelho. Quando mirou seus olhos, notou que estava com suas íris avermelhadas, lembrou-se instantaneamente do sonho que teve na última noite. “Tenho uma chama dentro do meu plexo… e preciso mantê-la acesa por sete dias!” Olhou no fundo da pupila de seu reflexo tentando entender as mensagens enigmáticas contidas no sonho que tivera na última noite. Sorriu e saiu de seus aposentos, mas não em direção à reunião no palácio.
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Nicole estava encapuzada andando rapidamente pelas ruas de Santa Conquista, cidade sede que abriga o palácio do Império Málico; há sessenta e dois anos a pequena cidade era conhecida como Flora, palavra que significa Vida ou Floresta no idioma falado pelas pessoas nativas da cidade sobre a serra, antes de ser conquistada colericamente pelos exércitos da família Málico; os comerciantes gritavam suas ofertas há plenos pulmões, “Manga, Caju, Limão, Cajá, Banana, Mandioca!”, ou “Calça de linho pra criança! Calça de linho pra criança!”, forneciam obstáculos agilmente desviados por Nicole em sua investida, esta não estava na cidade para vender ou comprar nada, tinha um propósito e caminhava a passos largos em sua direção. Veio de longe para encontrar uma pessoa muito importante e precisava se comunicar. Virou à esquerda e adentrou uma rua vazia e menos abafada. Agora estava próxima do local marcado; o ar continha o cheiro fétido do lixo despejado a céu aberto originado da Casa dos Gládios, onde homens bravos apostam sua vida em momentos de glória selvagem; sentiu um toque em seu ombro.
- Tem uma moça por baixo desse capuz? - sussurrou o homem que tinha poucos dentes, um hálito podre e acabara de mexer com a pessoa errada. O capuz de Nicole caiu e revelou sua face caramelo, seu cabelo encaracolado curto preto como a noite e seus olhos determinados.
- Tem alguém brincando com a sorte? - Nicole empurrou o homem contra a parede e apoiou uma pequena adaga afiada contra sua garganta. Olhou fundo nos olhos vazios do bebum que agora tossia. O movimento fez um breve estrondo que chamou a atenção de uma pessoa que estava observando a rua de dentro de um casebre no fim da calçada.
- Não, minha senhora! Que isso! - balbuciou - Só não vejo uma pessoa com cabelos como os seus há muito tempo! Você veio de longe, não é?
- Some daqui! - Nicole o despachou com chutes e pontapés. Arrumou seu capuz e atravessou a rua, chegou na frente do estreito casebre cinzento onde fora convocada, a portinha de madeira se abriu sem que precisasse bater.
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Marcus Málico estava absorto em pensamentos enquanto andava até a masmorra que abrigava o seu melhor amigo, Téo, professor de línguas, história dos reinos e matemática oriental. Téo foi capturado por Klaus Málico há vinte e um anos em uma de suas viagens pelo oriente, segundo o rei regente, Téo se fez valioso por ser fluente em diversas línguas de todo o mundo. Agora sua alimentação é garantida até seu último dia de vida, tal qual sua obrigação de viver permanentemente em Santa Conquista sem a permissão de sair livremente e de atender a absolutamente qualquer trabalho que lhe seja demandado pelo Império, dizia para Marcus que era como um escravo de luxo; há quase dezenove anos foi incumbido de ensinar Marcus a ler, escrever, calcular e pensar criticamente. Depois do sumiço de Maria Málico e Luan, Téo se tornou a figura mais afetiva na vida de Marcus.
Marcus conseguia sentir o cheiro forte de incenso desde o início do corredor escuro. Conseguiria atravessar aquele corredor de olhos fechados, tamanha sua afinidade. Quando entrou pela porta, já estava inebriado pela densa e cheirosa neblina; quando Marcus chegou, conseguia ouvir as notas misteriosas do alaúde que Téo tocava encantando a atmosfera com as palavras e melodias que cantava.
- Areias que voam. Mares que soam. E o cheiro do seu tempero. O sol brilha diferente, e o azul do céu é mais cintilante. Talvez eu sinta sua falta. Praia na beira da floresta. Um lugar pra chamar de lar. Correr livre pela costa. Olhar para o céu e imaginar. Como é bom poder sonhar. Um lugar pra chamar de lar. Água salgada, doce aventura. Um lugar pra chamar de lar.
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A masmorra que Téo habitava era a maior de todo o palácio.
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“Mas o inverno efêmero passou sem alterá-la. Não sentia nenhum mal-estar, e a medida que aumentava o calor e entrava o ruído torrencial da vida pelas janelas abertas, encontrava-se com mais ânimo para sobreviver aos enigmas de seus sonhos.”
– Trecho do conto “Maria dos Prazeres”, de Gabriel García Márquez.
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ɪ ʜɪᴅ ᴇᴠᴇʀʏᴛʜɪɴɢ ᴀɴᴅ ꜱᴜʀᴠɪᴠᴇᴅ ᴡᴇʟʟ ʏᴏᴜ ꜱᴛɪʟʟ ᴅᴏɴ’ᴛ ʀᴇᴀʟʟʏ ᴋɴᴏᴡ ᴍᴇ ᴘᴇᴏᴘʟᴇ ᴍɪɢʜᴛ ᴛʜɪɴᴋ ɪ’ᴍ ᴀ ɴɪᴄᴇ ɢᴜʏ ʙᴜᴛ ᴛʜᴇʏ ᴅᴏɴ’ᴛ ᴋɴᴏᴡ ᴛʜᴇ ʀᴇᴀʟ ᴍᴇ
🍂 𝐫𝐞𝐬𝐮𝐦𝐨 🍂
𝐛𝐢𝐨 ↓
Sabe, eu não deveria estar falando com estranhos, mas sinto que já te conheço! Foi você o sonho bonito que eu sonhei, certo? Você costumava ser conhecido como PETER PAN, do conto PETER PAN antes da maldição atingir o seu mundo ACAMPAMENTO DE PAN e o seu reino NEVERLAND. Agora, em Storybrooke, você é conhecido como KNOX GRAYSON, um TRAFICANTE EMPRESÁRIO de 23 anos de idade. Você me lembra um pouco HERO FIENNES TIFFIN, mas deve ser só a névoa da maldição me confundindo…
— ESTÁ ACORDADO?
Não.
— STORYBROOKE…
Garotos serão garotos. Dentre muitas, essa era a desculpa favorita de Pan. Que as palavras sequer precisassem sair de seus lábios, então, apenas acrescentava ao seu prazer. Não que o demonstrasse, afinal, precisava conservar a imagem de garoto ingênuo — uma máscara que vestia com naturalidade estarrecedora. Ludibriados pelos olhos vívidos e o sorriso travesso, os seres de Neverland eram compelidos a defender aquele que guardava a essência de seu lar, completamente incapazes de enxergar além do charme juvenil. Isso é, até serem eles o alvo de suas brincadeiras.
Talvez, fosse esse o único momento em que era possível confrontar a verdadeira face de Peter. A única maneira de presenciar o brilho efêmero em seu olhar, quando ficava óbvio que ir longe demais não era somente um impulso, mas uma escolha. Ah, sim, claro! Não podemos esquecer da sua famigerada Sombra, a criatura que costumava incitá-lo às mais diabólicas ideias… Naturalmente, toda sua maldade vinha dali, de uma mancha escura sem face ou voz. Sorte sua que não soubessem que nem sempre a tivera — ou como a ganhara. Seria uma pena não ser capaz de testemunhar o choque nos rostos de seus parceiros de jogo ao verem, finalmente, o que fazia garotos pularem de pranchas e homens perderem as mãos.
Não que fosse completamente maligno. Pan era egoísta, inconsequente e com frequência cruel. Porém, ainda era o Comandante de Neverland e, como tal, guardião de forte Magia da Luz. Esse, por si só, era um indicativo da presença de pureza em seu coração, um canto intocado pela malícia. Uma dinâmica difícil de compreender, decerto. Ao menos, do ponto de vista humano — o que, há de se recordar, o garoto não era. Não mais, de qualquer forma.
Quem sabe tenha sido sua dualidade o que incentivou Clarion a depositar tanto poder no rapaz. Um presente de um ser ambíguo a outro, um semelhante. Uma ideia que parecera brilhante, até a chegada dos Darlings e sua eventual partida.
Peter sempre demonstrara sentimentos intensos, lealdade sendo um deles. Contudo, saudades era algo com o qual nunca tivera que lidar. Uma emoção mundana demais para alguém como ele, uma que tornava-o um pouco mais como os Darling — para o azar de todos. Sua melancolia foi uma época obscura para Neverland. Árvores morriam, flores nunca desabrochavam, animais hibernavam em pleno verão e o pior: o pó das fadas diminuía dia após dia. A situação imprevista era desesperadora, tanto que não se pensava em nada além disso. A não ser em Skull Rock. No desespero geral, Gancho enxergara uma oportunidade, que veio a se concretizar enquanto todos estavam distraídos por, enfim, ter a terra viva e prosperando novamente.
Uma mão por outra. Havia uma justiça poética nesse fato que mesmo Pan admitira aos risos, nada menos. Uma reação estranha, à priori, explicada somente ao exibir a palma, a pouco rasgada, intacta. Um lembrete de que muitas das regras da natureza não se aplicavam a ele, sequer a raiva. Não, nas íris verdes só se via um entusiasmo inquietante diante da tentativa falha de Gancho. Ah, finalmente uma nova partida do jogo entre eles. Apenas não sabia que a segunda rodada se daria num novo campo.
(…)
Knox Grayson. O nome parecia estranho em sua língua às vezes, mas supunha que combinava com sua personalidade singular. Uma palavra bonita para usar no lugar de babaca.
Aparentemente, a maldição tinha um senso de humor retorcido, já que se apegara de forma inusitada à juventude e risadas do antigo Pan. Agora filho de uma mastologista e um professor universitário, além de uma boa poupança, fora abençoado com aparência e charme invejáveis. E era aqui que as qualidades paravam e a piada começava, pois como em toda fanfic escrita por uma garota de 13 anos, o bad boy principal vinha equipado não só de uma moto, mas de uma personalidade detestável.
Sua vida seguia o script pontualmente: escola particular para garotos durante o fundamental, mista durante o ensino médio; com garotas caindo pelos cantos, encantadas pelo seu jeito rude. Então veio o primeiro piercing, tatuagem, os boatos sobre suas habilidades entre quatro paredes e a banda. Sim, a banda. Claro que nosso protagonista era vocalista e compositor de um grupo underground, uma promessa do cenário musical local, quiçá nacional. Decerto também que o talento não andava de mãos dadas com seu futuro pré determinado, que o colocava nas listas de aceitos de uma Ivy League. Medicina, como a mãe, claro.
Entretanto, essa fanfic não seria nada sem uma reviravolta, nem Knox um rebelde de respeito. A carta da Ivy League veio e o programa de pré-med na Columbia teve início. Contudo, dificilmente aprendera a suturar feridas no ano que passou fora de Storybrooke. Na verdade, tirou algo muito melhor da experiência, algo que não demorou a colocar em prática ao voltar para casa: tráfico de entorpecentes. Ah, sim, o rapaz definitivamente estava mais para Walter White que Derek Shepherd.
Como um verdadeiro empreendedor, enxergou uma lacuna no comércio vital da cidade. Com as estratégias outdated de distribuição dos chefões atuais, seria tudo muito fácil. Easy peasy. Assim, após se matricular em administração na universidade de Storybrook, Knox começou a introduzir seu negócio aos poucos: nas festas, nos intervalos entre as aulas, nas bibliotecas durante os finais de semestre… Colocando em prática todas as lições aprendidas nas salas de aula. Sem surpresa alguma, o Grayson assistiu seu negócio se expandir rapidamente para fora do campus, chamando atenção dos peixes grandes. Seu pó mágico aparecia em boates e seus meninos perdidos povoavam cada beco escuro da marina. Era uma afronta, sabia, um flerte com o perigo — um vício que começara a se tornar cada vez mais cativante.
O brilho em seu olhar, porém, parecia mais que mera adição por adrenalina. Loucura, talvez; instabilidade com certeza. Uma anomalia mesmo nos padrões de Neverland.
Seu personagem é dono/funcionário de algum estabelecimento que não está na lista de lugares? Possui um galpão na marina, uma aquisição recente, mas seu principal negócio é uma agência de publicidade, a Make Believe. Aberta em parceria com um de seus homens de confiança, o estabelecimento serve como fachada e facilitação para o tráfico — além, é claro, de ser o centro do seu marketing criativo. Foi dali que saiu a ideia do magic call, o disk droga mais bem sucedido dos últimos meses.
#bio#olá! sou a vi e vou deixar esse post fixado junto com o fato de q estou#SEMPRE#disposta a plotar#qualquer coisa me chama!#aqui o lance é topar tudo por um plot kkk
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Pensei em criar um diário.
Bem... Acho que "PRECISO criar um diário" talvez seja a melhor forma de colocar esse sentimento. É, de fato, uma necessidade falar agora. Se com palavras ou não, é preciso ser ouvido. Enxergado.
Até lido.
Mas como criar algo assim num mundo onde ninguém mais lê na internet? Tudo ficou muito rápido. Ninguém vai se interessar pelo que eu tenho a dizer. Ninguém tem tempo pra te perguntar “como você está?” e de fato querer ouvir uma resposta maior que uma imagem. Do que um meme, um emoji. Do que 140 caracteres.
Como não ter pressa na geração mais rápida do mundo, a geração que sofre declaradamente de depressão, usa a ansiedade como se fosse uma medalha enquanto se obriga a ter a vida inteira muito bem resolvida pra ontem. E ai daquele que não tiver! Ai de quem tem nas oito horas de sono o momento mais reconfortante do dia, onde tem a chance de fugir e fingir que as dores não existem. Ora para que não violem seu santuário e os persiga durante o sono.
Como é ser alguém que ama falar, adora, em um mundo onde ninguém mais tem tempo? Tudo é tão mais efêmero e é uma pena porque finalmente temos tempo para aproveitar nossa liberdade que não tínhamos antes, nossas maiores escolhas que não tínhamos antes. Porque quando finalmente temos mais tempo pra tentar amar, a gente não ama? Como é que se sentem bem ser ter ninguém para realmente amar (começando por si próprio)?
A gente é sozinho. Ninguém mais fala “oi, tira uma foto minha?” se não houver algo de muito importante pra mostrar além de si, porque não somos mais. Se não for a sua melhor versão, na sua melhor roupa em uma grande festa ou em um grande evento, não há razão para se admirar. Morreu o apreço pelo próprio retrato, pelo ordinário, pelo cada passo que não esteja regado e afogado pelo sucesso, pela produtividade, pelo puro desprazer de viver disfarçado por um vicio em sempre ser melhor aos olhos do mundo.
Como não me sinto um completo desproposito fugindo às pressas desse monstro, essa besta de me chamarem de fracasso e questionarem meu futuro? Foi pra isso que eu nasci, afinal? Para desprezar um momento feliz por si só? Como se a glória de Deus que falam que nasci pra mostrar fosse apagada pelas ausências que nos exigem, mas o Amor jamais exigiu. Nossa aparente felicidade é só uma vitrine para outros que estão jogando o mesmo jogo que ninguém fala em voz alta, nossa imagem não passa de um status, nossa alegria é refém de extremos, a boa vontade condicionou-se ao direito, nossa cordialidade é arbitrada pelo "não sou obrigado".
A vida virou estranha do simples. Viramos escravos das nossas palavras. Escravos do literal. Viciados em distrações. Nos recusamos a ser quem somos. Não sabemos mais reconhecer o outro. Abandonamos o próximo. Nossa tecnologia tornou mais fácil a comunicação, mas tornou raras as conexões. "Mas não sois máquinas. Homens é que sois". Estamos cada vez mais próximos, mas mais desconexos, ou é uma sensação só minha?
Esse é um bom momento para encerrar esse ciclo antes mesmo que ele acabe. Porque talvez a necessidade de me autoafirmar, que todo mundo tem nessa vida, tenha passado um pouco. Sei que não passou, mas precisa passar. Não parou de doer, mas nunca vai parar. Só a paz que não vem de mim, mas está aqui dentro, me fará descansar.
Por isso o otimismo. Mais que otimismo: a decisão. Abandonar qualquer motivação que nasça do ódio, da raiva. Da expectativa (a minha e a dos outros). Até onde a vida deixar. Até onde eu me permitir sentir e fazer as pazes comigo mesmo e com o roteiro que não está todo sob o controle das minhas escolhas. Melhor um simples jardim do que uma ruína espantosa.
A mais pura injeção de emoção antes que tudo me envolva com paz, com leveza. A adrenalina antes de tirar a roupa pra mergulhar num mar gelado e deixar a preocupação na areia. Simplesmente estar aqui e agora. Vivo, sentindo isso, sem me preocupar com a penitência dos outros e os erros que eu conto quem me faz sofrer. Como se respirassem vida na minha garganta e meus pulmões se enchessem, sem que ninguém precisasse mais me ver.
Não precisa ser épico. Ninguém aplaude. Ninguém sabe. Não preciso me reafirmar, porque ninguém questiona. Não preciso provar nada, porque o Amor já provou e me aprovou. Se palavras são bolsos onde colocamos significados nela, essa é a minha quinquagésima versão de que é o amor. Essa é a minha milésima forma de falar sobre ele. De falar sobre mim.
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Distopia 🥀
“Por que chove, chove, chove em utopia? Por que tem que se matar o ideal de quem somos? Por que chove, chove, chove em utopia? Como as luzes se apagarão mostrando o ideal quem somos?”
No fim das contas, por mais pé no chão que alguém seja, é praticamente impossível cortar as asas da imaginação de um coração sonhador. Sonhar com um mundo ideal, um mundo perfeito, um mundo melhor. Quando criança meu maior sonho era mudar o mundo, contudo, hoje, depois de ter lido tantas distopias, tenho medo de me atrever a pensar em mudar o mundo a minha maneira.
Atemporais, sombrios, provocadores e, acima de tudo, marcantes. São esses adjetivos que uso para descrever aqueles livros que se passam em uma sociedade paralela na qual sistemas de opressão tolhem a liberdade das pessoas e arrancam delas tudo que faz a vida ser tão bela.
A primeira distopia que li foi o clássico de George Orweel “1984”, lembro do quanto fiquei impactada por ver tanto daquela obra na vida real. As vezes abro as redes sociais e consigo fazer um paralelo da nossa cultura do cancelamento com o grande irmão. Tenho a impressão de que existe uma patrulha do pensamento que parece querer impor sua visão de mundo a todos e, quem ouse discordar, deve ser cancelado.
Gostei tanto do livro que li outra obra do grande gênio que foi extremamente relevante para a construção das minhas ideologias, “A Revolução dos Bichos”, obra que demonstra a consequência de regimes autoritários e como, na prática, nenhuma forma de governo é capaz de promover a verdadeira igualdade sem tirar das pessoas a liberdade.
Em sua obra “O Espírito das Leis” Montesquieu explica como aquele que detém alguma parcela de poder tende a abusar dele e, talvez por concordar veemente, historicamente tive um problema serio com figuras de autoridade. Contudo, a vida mudou, as responsabilidades chegaram, eu cresci. Hoje entendo e defendo a importância das regras, desde que essas tenham a função de garantir a manutenção do pacto social, e abstenha-se de querer impor sua visão de mundo aos demais.
De todas as distopias que li, sem duvida alguma, “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley é o meu favorito que, confesso, li mais de uma vez. Infelizmente a razão de gostar tanto dessa obra é o fato de ela ser, no fundo, a mais próxima da nossa realidade ocidental.
Sobre a obra, Pitty cantou:
“Pane no sistema
Alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluido em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado”
Infelizmente a impressão que tenho ultimamente é a de que vivemos em uma distopia como dos livros cotados. Houve uma pane na nossa sociedade e tudo está de cabeça para baixo mas infelizmente parece que ninguém percebeu. Sinto como se desde o dia em que nascemos estamos sendo moldados para ser algo bem distante daquilo que nos faz bons de fato. Somos ensinados a valorizar muito mais o ter que o ser, o físico que o emocional, e cada vez mais a ter medo de amar.
Não podemos pensar diferente e, se pensamos, devemos nos calar. Não percebemos como diariamente somos forçados a tratar com naturalidade a perca da nossa essência, a nossa vontade de viver sendo substituída pela vontade de consumir, o amor sendo substituída pela luxúria, a amizade pelo jogo de interesses, o eterno pelo efêmero, os nossos corações pelas redes sociais, o que sentimos pelo que é mostrado.
“O Conto de Aia”, “Laranja Mecânica “, “Polly”… São muitas distopias para ler mas, sem dúvida, nenhuma delas é tão real quanto a que vivemos. Tentam vender uma utopia de um mundo ideal que na verdade está nos transformando em pessoas cada vez mais vazias. E então chove, chove, chove, abro meus olhos caminhando sozinha na contra-mão, sofrendo, me magoando, amando… Sendo humana e sem ter vergonha de ter um coração.
Acreditando, enquanto o mundo se incendeia, que eu danço na chuva, vivendo minha própria distopia de uma louca desvairada que acredita poder fugir da realidade, viver no mundo sem fazer parte dele e, sobretudo, ser feliz.
Parla de Paula Lima
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