#autorreconhecimento
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multiplasidentidades · 7 months ago
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Boyceta
Boyceta é uma identidade transmasculina.
Pessoas transmasculinas são aquelas que foram designadas mulheres ao nascer, mas cujas identidades possuem alguma relação com ser homem e/ou com masculinidade. Boyceta é parte dessa ampla categoria, mas com características específicas que a distingue.
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Uma das características mais notáveis é a aceitação e ressignificação de características sexuais congênitas. Ao contrário de algumas narrativas transmasculinas que buscam a remoção ou alteração de características sexuais consideradas femininas, boycetas escolhem por reconhecer e subverter essas características, transformando esses aspectos corporais como parte de sua masculinidade ou transmasculinidade. Em resumo, aceitam suas bucetas como masculinas; de homens.
No contexto brasileiro, a identidade boyceta tem uma importância cultural e social significativa. Ela oferece uma alternativa às narrativas cisnormativas sobre sexo/gênero, promovendo uma perspectiva mais inclusiva e diversificada da experiência humana. Ao ressignificar características sexuais e desafiar normas estabelecidas, a identidade boyceta abre espaço para uma maior aceitação e compreensão das múltiplas formas de existir.
Como todas as identidades que desafiam o status quo, a identidade boyceta enfrenta uma série de desafios. Ataques e preconceito são realidades frequentes. O rapper Jupi77er concedeu uma entrevista ao podcast "Entre Amigues", e uma das várias pautas discutidas por ele foi sobre sua identidade de gênero em que ele conta sobre ser boyceta. Ao falar sobre sua identidade de gênero como boyceta, ele virou alvo de discursos de ódio e viu seu rosto estampado em perfis de representantes da extrema direita.
O termo boyceta teria surgido oficialmente em 2020, mas veio de processos mais antigos de autorreconhecimento. A autoria da concepção da identidade de gênero é dada a Roberto Chaska Inácio, um boyceta indígena e PCD ligado à cena rap paulistana — o nascimento do termo, inclusive, acontece na Batalha Dominação, um evento protagonizado por pessoas cisdissidentes, que ocorre no centro da capital paulista.
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A bandeira mais popular da identidade boyceta no contexto brasileiro foi criada em 17 de março de 2024 por Key Zimmer. Os significados para as cores da bandeira são azul para representar a transmasculinidade, sendo a transição do azul brilhante para azul claro a conexão entre gênero e corpo físico, destacando a interação entre esses dois aspectos. O rosa simboliza as características; corpo de cada pessoa transmasculina e boyceta, reconhecendo a diversidade e a individualidade dentro dessa identidade. O roxo representa não-binariedade, indicando que a identidade boyceta está além do binário de gênero ocidental.
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A flor de Clitória (de "clitóris") é utilizada como símbolo na bandeira, remetendo ao natural, belo. Como também por conta da associação das flores desta videira com a anatomia de uma vulva. Outro símbolo, que é levemente diferente do símbolo masculino tradicional, evidencia a unicidade e o "arco de possibilidades" que a identidade representa. A escolha da flor Clitória enfatiza a aceitação e subversão das características sexuais congênitas, um dos pilares dessa identidade.
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crystalsenergy · 6 months ago
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o pior da autocobrança é desejar finalizar uma escultura em um só dia,
esquecendo e deixando de reconhecer que a beleza de qualquer obra vem do esforço repetido, e não da pressa em finalizar.
a cada dia estamos com uma paleta de cores única 🎨, de acordo com a flutuação de nossos humores e da nossa própria energia vital. e isso é normal.
é importante entendermos que a cada dia a nossa paleta de cores diferente vai nos ajudando a ver o que já foi feito da obra (metáfora) e o que podemos melhorar. claro, sempre evitando se cobrar, e sim olhar para frente. e não para trás.
muito do que é feito com pressa no ânimo de simplesmente finalizar a tarefa não tem apreciação, presença e autorreconhecimento.
a beleza está no passo a passo, na leveza e nos pequenos investimentos!
de pouco a pouco é que se chega lá. confie nisso!
🤍
entenda que as coisas mais produtivas da sua vida não são as que você finaliza rápido, mas sim as que você se debruça pouco a pouco. no seu tempo e com consistência. no seu tempo.
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tradmais · 3 months ago
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Impacto do IMC nas taxas de sobrevivência ao tratamento do câncerSobrevivência à obesidade e à imunoterapia Um estudo da Universidade Metropolitana de Osaka com mais de 500.000 pacientes com câncer de pulmão descobriu que um IMC mais alto reduziu o risco de morte durante a imunoterapia e a quimioterapia. No entanto, essa tendência se inverteu em um IMC de 24. Para aqueles com IMC abaixo de 28, a imunoterapia teve um risco menor do que a quimioterapia, mas para pacientes com IMC de 28 ou mais, a imunoterapia aumentou o risco. 2 horas atrás Novas espécies fósseis de peixes descobertas na Austrália OcidentalNovo peixe fóssil no mapa da tectônica de placas Em um novo estudo publicado na Nature Communications, cientistas liderados pela Flinders University e especialistas do Canadá, Austrália e Europa descobriram um antigo peixe celacanto primitivo do Devoniano excepcionalmente bem preservado na remota Austrália Ocidental. Esta descoberta fóssil sugere que a tectônica de placas também influenciou significativamente a origem e a extinção dos animais. O fóssil foi chamado de Ngamugawi Whangarei. Sua descoberta preenche uma lacuna significativa no período de transição na história do celacanto entre as formas mais primitivas e outras formas mais "anatomicamente modernas". 44 minutos atrás O gás ozônio está reduzindo o crescimento das florestas tropicaisAs florestas tropicais são “sumidouros de carbono” vitais O gás ozônio está reduzindo o crescimento das florestas tropicais – deixando cerca de 290 milhões de toneladas de carbono não capturadas a cada ano, mostra uma nova pesquisa. O novo estudo calcula que o ozônio ao nível do solo reduz o novo crescimento anual em florestas tropicais em 5,1% em média. O efeito é mais forte em algumas regiões – com as florestas tropicais da Ásia perdendo 10,9% do novo crescimento. 21 minutos atrás Os peixes limpadores percebem precisamente o tamanho do seu corpoEspelho meu, espelho meu, no meu aquário, quem é o maior peixe de todos? De acordo com um grupo de pesquisa liderado pela Universidade Metropolitana de Osaka, um bodião-limpador-de-rastros-azuis (Labroides dimidiatus) verifica o tamanho do seu corpo em um espelho antes de escolher se ataca peixes que são um pouco maiores ou menores do que eles. A equipe relatou que o bodião-limpador conseguia identificar fotografias de si mesmo como ele mesmo, com base em seu rosto por meio do autorreconhecimento no espelho. 3 horas atrás Dieta pouco saudável em pais: doença cardiovascular em filhasTal pai, tal filha. Um novo estudo da Universidade da Califórnia, Riverside, explora como a hipercolesterolemia paterna afeta o desenvolvimento da aterosclerose na prole. O estudo descobriu que pais com dietas pouco saudáveis ​​e ricas em colesterol podem causar um risco aumentado de DCV em suas filhas. Este é o primeiro estudo que encontrou esse resultado apenas em prole feminina. 3 horas atrás Uma das correntes oceânicas mais rápidas do mundo permanece notavelmente estávelModelos clim��ticos sugerem que atividades humanas podem enfraquecer a AMOC. Em um novo estudo, cientistas do Cooperative Institute for Marine and Atmospheric Studies (CIMAS), da University of Miami Rosenstiel School of Marine, Atmospheric, and Earth Science, do Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory (AOML) da NOAA e do National Oceanography Centre reavaliam tensões induzidas por movimento medidas em um cabo submarino e reavaliam a tendência geral no transporte de FC inferido. Eles descobriram que a força da Corrente da Flórida, o início do sistema da Corrente do Golfo e um componente vital da Circulação Meridional do Atlântico global, ou AMOC, permaneceu estável nas últimas quatro décadas. 3 horas atrás Este dispositivo elástico e portátil alimenta a bateria usando o calor da sua peleUsando calor corporal para alimentar componentes eletrônicos Pesquisadores da UW desenvolveram um protótipo eletrônico
flexível e durável que pode coletar energia do calor do corpo e transformá-la em eletricidade que pode ser usada para alimentar pequenos eletrônicos, como baterias, sensores ou LEDs. Este dispositivo também é resiliente — ele ainda funciona mesmo depois de ser perfurado várias vezes e esticado 2.000 vezes. 5 horas atrás A IA mapeia sinais cerebrais para movimentos Maryam Shanechi e sua equipe na USC desenvolveram um novo algoritmo de IA chamado DPAD que pode separar padrões cerebrais ligados a comportamentos específicos, como movimentos de braço, de outras atividades. Este trabalho, publicado na Nature Neuroscience, melhora as interfaces cérebro-computador e pode ajudar pacientes paralisados ​​a se moverem novamente. O algoritmo também pode ser usado no futuro para decodificar estados mentais. 12 horas atrás Fases da migração humana na Europa reveladas pelo modeloMigração humana aurignaciana na Europa. Pesquisadores da Universidade de Colônia desenvolveram o "Our Way Model" para rastrear a migração humana na Europa durante a Era Glacial. Ele mapeia quatro fases: propagação lenta, expansão rápida, declínio populacional e recuperação. O modelo mostra como as mudanças climáticas influenciaram a migração ao considerar o acesso a alimentos. Alguns humanos se adaptaram melhor a climas mais frios, mudando-se para novas áreas. 13 horas atrás Células mortas na inflamação desencadeiam sinais de curaOxilipinas e metabólitos. Um estudo da equipe do Prof. Kodi Ravichandran (VIB-UGent) descobriu que a piroptose, um tipo de morte celular, causa inflamação e cura do tecido. Publicada na Nature, a pesquisa sugere que as células piroptóticas liberam moléculas como a prostaglandina E2, que promovem a cura de feridas. Esse papel duplo da piroptose pode levar a novos tratamentos para feridas crônicas e doenças inflamatórias. 15 horas atrás Desvendando os mistérios da convecção e do movimento na superfície de...Revelando a superfície borbulhante da estrela R Doradus Astrônomos capturaram imagens detalhadas de uma estrela distante, R Doradus, usando o telescópio ALMA pela primeira vez. Essas imagens revelaram o movimento borbulhante de bolhas gigantes de gás quente na superfície da estrela, fornecendo insights sobre convecção, distribuição de elementos pesados ​​e comportamento estelar. As observações expandiram nossa compreensão das estrelas e ofereceram um vislumbre do futuro, indicando como nosso Sol pode aparecer em cinco bilhões de anos, conforme ele faz a transição para uma gigante vermelha. 16 horas atrás Exercícios regulares levam a uma gordura abdominal mais saudávelExercícios de longa duração alteram a gordura abdominal Um estudo da Universidade de Michigan mostra que pessoas obesas que se exercitam regularmente têm gordura abdominal mais saudável e a armazenam de forma mais eficaz do que aquelas que não o fazem. Comparando 16 praticantes de exercícios de longo prazo com 16 não praticantes, os pesquisadores descobriram que os praticantes tinham tecido adiposo mais saudável, com mais vasos sanguíneos e menos células causadoras de inflamação, levando a um melhor armazenamento de gordura sob a pele e menos gordura. 17 horas atrás
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josymariatextos · 1 year ago
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Janeiro bate à porta. O peito segue cansado pelo ano difícil, mas a gratidão é maior. Quando olho para trás, vejo o quanto sou forte, o quanto cresci e aprendi neste ano, tão perto do fim. Tive muitos motivos para chorar, mas também sorri a cada vez que eu podia. Abracei algumas oportunidades, desembrulhei sonhos guardados, alguns seguem firmes no peito para 2024. Tive meus excessos, erros e acertos, procurei ser melhor a cada dia, apesar dos defeitos. Não quero levar na bagagem para o novo ano arrependimentos, rancores ou mágoas, quero levar autorreconhecimento, gratidão, fé e nova força. Dos cansaços, quero apenas a experiência da renovação e a certeza de que eu consigo. Guardarei cada lembrança boa com carinho. Entrego a Deus este mês perto do fim e o novo que se aproxima. Que seja bom, que seja paz, que seja o que eu preciso.
Assim seja.
Josy Maria
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shelida26 · 1 year ago
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***Existe uma parte minha que gosta de estar só. Acho que alcancei aquele autorreconhecimento que nos permite enxergar como nossa alma pode ser maravilhosa quando está sozinha. E essa minha parte ama ler e rir sozinha e cantar pela casa sem ter ninguém para ouvir.***
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threeaquariums · 1 year ago
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Existe uma parte minha que gosta de estar só. Acho que alcancei aquele autorreconhecimento que nos permite enxergar como nossa alma pode ser maravilhosa quando está sozinha. E essa minha parte ama ler e rir sozinha e cantar pela casa sem ter ninguém para ouvir.
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textandoaqui · 2 years ago
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Grata pelo sentir
Às vezes a gente vive tão no piloto automático que mal temos tempo de parar, pensar e refletir. Sentir. Em tempos tão áridos de afetos reais, cheios de joguinhos e de vaidades absolutas, parece que o "sentir" fica sempre para depois, escondido numa caixinha, esperando (quem sabe) um momento para ser (re)descoberto. . Penso, no entanto, que a nossa sensibilidade e o que nos torna especiais e humanos não pode ficar em um segundo plano. Embora possa doer (e muito), é preciso lidar com nossos sentimentos, aprender com eles e, na hora certa, encerrar ciclos. Exige coragem, eu sei, não é todo mundo que está disposto (e tá tudo certo) a por o dedo na ferida, mas isso pode evitar problemas futuros, como repetições de situações que causarão novos e novos desgastes emocionais. . Não temos o controle de tudo. Tem horas em que vivemos em "gangorras" de sentimentos que nos elevam ao céu e nos levam ao chão na mesma intensidade. Apesar da nossa vulnerabilidade, é preciso observar o que esses momentos têm a dizer, o porquê de estarmos tão desestabilizados e suscetíveis às influências do meio. O que acontece lá fora pode ser mero reflexo do que trazemos aqui dentro e que, por estar aprisionado, acaba também nos tornando reféns. . Apesar das dores e do autorreconhecimento de imperfeições, bastante grata, ainda, pelo sentir. São esses sentimentos (contraditórios e de procedência duvidosa...hehe) que me instigam a buscar a minha melhor versão, aquela que eu ainda vou encontrar... . ...qualquer dia desses.
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nahhy-santos · 2 years ago
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Existe uma parte minha que gosta de estar só. Acho que alcancei aquele autorreconhecimento que nos permite enxergar como nossa alma pode ser maravilhosa quando está sozinha. E essa minha parte ama ler e rir sozinha e cantar pela casa sem ter ninguém para ouvir.
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la-putana-posts · 2 years ago
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Existe uma parte minha que gosta de estar só. Acho que alcancei aquele autorreconhecimento que nos permite enxergar como nossa alma pode ser maravilhosa quando está sozinha. E essa minha parte ama ler e rir sozinha e cantar pela casa sem ter ninguém para ouvir.
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claudiosuenaga · 2 years ago
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De Olhos Bem Fechados: Todo o simbolismo ocultista do último filme de Kubrick que expôs o submundo dos cultos satânicos da Elite Illuminati - parte 2
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Helena (Madison Eginton), nome da deusa grega da beleza, é a filha de Alice (Nicole Kidman), que é quem cuida dela ao longo do filme. Vemo-la rolar o desodorante sob suas axilas enquanto se olha no espelho, ao passo que Helena escova os dentes ao seu lado; este ritual de cuidados mãe/filha é repetido quando vemos Alice escovar o cabelo de Helena.
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Os personagens repetidamente se olham nos reflexos de si mesmos, especialmente Alice. Frequentemente referendada como sendo “linda”, “deslumbrante” e “incrível”, a identidade de Alice é validada por outras pessoas de acordo com sua aparência física. Na cena em que ela e Bill começam a fazer sexo, a atenção dele está voltada apenas para ela, mas ela está se olhando no espelho, um momento do mais puro autorreconhecimento, em um vislumbre do que ela realmente é.
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O espelho, os reflexos e as múltiplas imagens que se sobrepõem, simbolizam a exploração de si mesmos pelos personagens, sua imagem e suas identidades secretas em contraste com a forma como eles aparecem para o mundo exterior, bem como o estado mental compartimentalizado e fragmentado.
Estruturalmente, o próprio filme é também uma espécie de espelho, com vários cenários, personagens e símbolos aludindo a aspectos deles mesmos, reiterados por doppelgängers em um jogo de dualidade, duplicação e repetição.
A cena orgiástica na mansão fica exatamente no meio do filme; começa aos 70 minutos, dura 20 minutos e termina com 70 minutos restantes no total de 160 minutos. Quando o táxi de Bill para no portão da mansão, a placa “Somerton” está à direita da entrada da garagem, mas alguns segundos depois a placa está à esquerda. Quando ele retorna a Somerton no dia seguinte, ele dirige até o portão na direção oposta da qual o táxi se aproximou. Esta estrutura de espelho quase perfeita do filme em arco narrativo reforça o espelho como um símbolo de dualidade e dimensões alternativas, refletido na forma e no tempo do próprio filme. Trata-se de uma estrutura narrativa pouco ortodoxa, já que os filmes convencionais seguem uma trajetória narrativa na qual o clímax ocorre no último terço antes de uma breve conclusão. Kubrick sempre foi um inovador que procurou romper as restrições usuais de narrativa do cinema tradicional para criar algo totalmente único.
É apropriado que a personagem de Kidman se chame Alice, a heroína que sobe através de um espelho em um mundo de fantasia de lógica invertida em Através do Espelho (1871), continuação de Alice no País das Maravilhas (1862), de Lewis Carroll (1832-1898). E Bill e Alice são espelhados por outros casais do filme.
Quando eles entram na festa de Natal e cumprimentam seus anfitriões, os Zieglers, os pares se refletem perfeitamente na cena. Os Zieglers são uma versão mais rica e poderosa de nosso casal. Ziegler, em particular, é um espelho negro das piores partes de Bill e dos homens poderosos em geral. Isso é sublinhado visualmente nas duas tomadas que parecem inversões uma da outra. 
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Ziegler está na frente de um retrato nu, enquanto Bill está atrás de Mandy, a prostituta nua e desmaiada que Ziegler acabou de explorar. Logo depois, Mandy acorda vendo o rosto bonito de Bill, enquanto a virilha de Ziegler está atrás dele, ou seja, é como se Bill encobrisse e legitimasse os impulsos básicos que movem Ziegler e sua classe dominante.
Na cena em que Bill vai à residência de seu paciente, Lou Nathanson, há indícios visuais que ele a transformou em uma fantasia própria, começando com a disposição dos objetos no saguão; ele entra em uma sala cheia de objetos emparelhados e avança para o interior da casa por meio dessa imagem da dualidade, como se entrasse em um espelho. Bill então caminha por um corredor até o quarto onde está seu paciente recentemente falecido, cuja filha Marion (Marie Richardson) está sentada ao lado da cama. De repente, ela beija Bill e diz a ele que está apaixonada por ele. Ela está noiva, ela diz, mas ficaria feliz em deixar seu noivo pela chance de estar com Bill, ou pelo menos morar perto dele. Harford rechaça gentilmente sua oferta e logo depois o noivo dela chega.
Marion se oferecendo a Bill espelha a fantasia de sua própria esposa, que se descreveu como disposta a desistir de sua vida juntos por uma chance de fazer sexo com um homem desconhecido. Bill caiu em uma versão distorcida da fantasia de sua esposa refletida em sua própria mente, na qual ele assumiu o papel do estranho que sua esposa desejava. E é aqui que outro fascinante elemento metacinemático é apresentado. 
O noivo, Carl, é interpretado por outro ator chamado Tom: Thomas Gibson, que nasceu exatamente no mesmo dia, mês e ano que Thomas Cruise (3 de julho de 1962). Os dois atores têm semelhanças na altura e constituição física, na cor de cabelo e penteado – no filme, o cabelo de Thomas Gibson é repartido no lado oposto da cabeça do cabelo de Tom Cruise. Carl é um “professor de matemática”, o que significa que ele tem doutorado e, portanto, é um “doutor”, e Bill é doutor em medicina. Na vida real, eles fazem aniversário no mesmo dia, têm o mesmo nome, e um visual parecido. O nome do personagem de Gibson é Carl Thomas, iniciais CT, o inverso das iniciais TC de Tom Cruise.
E fica ainda mais interessante quando se examina a etimologia do nome Thomas; a forma anglicizada do italiano Tomasso que vem do aramaico toma (t’om’a), que significa “gêmeo”. O primeiro nome dos atores Thomas Cruise e Thomas Gibson, que na vida real têm exatamente a mesma data de nascimento e interpretam versões de realidade alternativa um do outro, significa “gêmeo”. E o nome Thomas está etimologicamente ligado a palavra maçom, que significa “aquele que trabalha com pedra”; mason vem de maso, que também é a abreviatura de Tomasso. E São Tomé, um dos Doze Apóstolos, era aquele que “duvida”, o que se encaixa no personagem de Bill.
Neste par, o homem usa óculos em vez da mulher, mas eles têm as mesmas cores de cabelo e aparência vagamente semelhante. Marion está perdidamente apaixonada por Bill, alguém que se parece com seu marido, mas que é muito mais desejado justamente porque não é seu marido.
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Thomas Gibson como Carl Thomas, uma espécie de doppelgänger do personagem de Tom Cruise. Repare o papel de parede decorado com o símbolo da flor-de-lis, figura heráldica comumente associada à monarquia francesa e particularmente ao rei da França, escolhido pelo tenente-general do Exército Britânico e maçom Robert Baden-Powell (1857-1941) como o principal símbolo do escotismo mundial.
O nome da personagem é Marion Nathanson, e o nome da atriz é Marie Richardson. Marion é uma combinação de MARIe RichardsON, assim como Harford é de HARrison FORD, uma alusão ao ator, a primeira escolha de Kubrick para o personagem. Stanley viveu (e morreu) em Hertfordshire, um condado de Londres, que significa “a terra de pessoas chamadas Hertford”. O nome do personagem em Traumnovelle é “Marianne”. A irmã de Tom Cruise também se chama Marian (com a grafia variante), e sua mãe é Mary. O nome do meio de Nicole Kidman é Mary. A irmã de Stanley Kubrick chamava-se Barbara Mary Kubrick. Marie Richardson atuou em vários filmes de Ingmar Bergman (1918-2007), que Kubrick muito admirava.
De Olhos Bem Fechados é o filme mais pessoal de Kubrick, que nasceu na cidade de Nova York de pais judeus e cresceu no Bronx. Sua mãe era autodidata, como Stanley, e seu pai era médico. Bill é um médico, e Alice uma dona de casa. Kubrick acrescentou outro toque autobiográfico ao usar o próprio apartamento mobiliado onde morava em Manhattan antes de se mudar para a Inglaterra como a casa dos Harfords, bem como uma dose de vida real ao escalar Kidman e Cruise, que em 1999 não eram apenas duas das estrelas de cinema mais badaladas do mundo, mas o casal número um da América, o que conferiu uma camada adicional de verossimilhança sobre os pensamentos incapacitantes de infidelidade de um casal. Dada a eventual separação de Kidman e Cruise cerca de dois anos depois do lançamento do filme, fica a sensação de que a fala de Alice – “Eu estava pronta para desistir de tudo” – era mais do que ficcional e dizia algo sobre a relação conjugal real do casal. Colunistas sociais da época atribuíram a separação a Kubrick, que teria “psicoanalisado” por demais o casal.
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Tom Cruise e Nicole Kidman teriam sido "dissecados" psicologicamente por Stanley Kubrick.
O autor de Traumnovelle, Arthur Schnitzler (1862-1931), era um discípulo de Sigmund Freud (1856-1939) que usava a técnica do “fluxo de consciência” e era considerado pelo próprio Freud como seu “doppelgänger literário”. As semelhanças entre eles são indiscutíveis. Ambos viveram, cada um ao seu modo, intensamente a psicanálise. Em uma carta destinada a Schnitzler, datada de 14 de maio de 1922, Freud faz algumas observações sobre a obra do escritor e confessa ter evitado, durante muito tempo, ser apresentado a ele, pois, ao ler seus textos, acreditava que se tratava de seu “duplo”, alguém que, como ele, era “explorador das profundezas” e mostrava “as verdades do inconsciente”.
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Sigmund Freud e Arthur Schnitzler.
Considerando o controle tirânico de Stanley Kubrick sobre todos os seus detalhes fílmicos, certamente não foi um acaso a escolha de Sydney Pollack para interpretar Ziegler, a começar pelo nome. Ambos os primeiros nomes começam com “S” e terminam com “ey”. Ambos os sobrenomes têm sete letras, com o mesmo número de consoantes e vogais nas mesmas posições, terminando com “ck”. E isso é outra daquelas “coincidências” que de tão improváveis não poderia ser uma. As duas últimas letras da primeira palavra falada no filme também são “ey” – “Hon ey” – e as duas últimas letras da última palavra falada são “ck” – “Fuck”.
Uma das modelos com quem Bill flerta na festa de Natal é apresentada como Nuala Windsor. Nuala significa “bela, justa”, uma rainha das fadas na mitologia irlandesa. E Windsor se liga obviamente com a Família Real do Reino Unido, a Casa de Windsor. A outra mulher se chama Gayle, uma variante de Gail, abreviado do nome inglês Abigail, de origem hebraica, uma personagem do Antigo Testamento casada com um homem rico até que ele morra e ela se torne a esposa de um rei, portanto, uma mulher de alto status socioeconômico. A filha de Kubrick, Vivian, cineasta e compositora, foi creditada sob o pseudônimo de Abigail Mead. A etimologia Gayle/Gail também atribui o significado como “jovial” ou “alegre”, a mesma origem da palavra “gay” que significava exatamente isso, antes de significar homossexual. E já havia me referido que Gayle se liga ao pianista Nick Nightingale bem como a Dorothy Gale, a protagonista de O Mágico de Oz.
O ritual satânico igualmente é um espelhamento da festa de Natal em que os detalhes-chave são invertidos: primeiros os rostos são desmascarados e corpos cobertos; então os rostos são mascarados enquanto os corpos femininos são descobertos; primeiro Bill salvou Mandy, depois ela o salvou; primeiro ele recusa uma proposta, depois tenta fazer sexo, mas não consegue. Todos esses paralelos tornam aparente que a realidade sob as luzes nebulosas e idílicas da primeira festa era realmente esta o tempo todo. As mesmas pessoas estavam lá. As prostitutas davam prazer a homens importantes e consumiam drogas. Há uma indicação de que Ziegler pode ser o próprio sacerdote de manto vermelho que comanda a missa negra, já que mais tarde, quando ele fala com Bill, a maneira como ele bate nos objetos duas vezes na mesa de bilhar ecoa à maneira como o sacerdote bate em seu cajado. E enquanto seus rostos eram visíveis, as pessoas da festa de Natal usavam máscaras ainda mais impenetráveis, como fazem o tempo todo, mesmo com seus familiares.
Traumnovelle se passa pouco antes do encerramento da temporada de Carnaval na Viena dos anos 1920, ao passo que Kubrick transplanta o tempo e o local da novela original para a temporada de Natal de 1999 da cidade de Nova York, o bastião da indulgência e do consumismo norte-americano. A tradição do Carnaval desenvolveu-se como uma celebração de fim de inverno antes da temporada cristã da Quaresma – um período de jejum e abstinência de vários luxos. Em contraste, o Carnaval normalmente envolve práticas que incluem consumo de álcool e outras substâncias, festas, desfiles e uso de máscaras e fantasias. Outras características comuns do Carnaval incluem exibições teatrais de sátira social, zombaria de autoridades e comportamentos sexuais grotescamente exagerados.
Árvores de Natal estão em quase todas as cenas, exceto uma – a missa negra na mansão. Nesta cena, no entanto, embora não haja uma árvore de Natal enfeitada com bolas e luzes, uma floresta perene circunda a própria mansão, e pinheiros sem adornos do tamanho de uma árvore de Natal emolduram a entrada em frente aos pilares maçônicos. A maior parte de De Olhos Bem Fechados foi filmada no PinewoodStudios, em Londres.
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As práticas de Natal, como decorar árvores, originam-se de cultos pagãos à natureza, feminilidade e fertilidade; a árvore perene era considerada um símbolo fálico da adoração da fertilidade, representando um pênis ereto – como construir um arranha-céu ou erguer uma árvore de Natal é “erigi-lo”. Bolas decorativas e enfeites representam testículos e sêmen, e a coroa é um símbolo iônico, representando a abertura vaginal de uma mulher com o laço vermelho simbolizando o sangue do parto.
A origem do Natal como das religiões em geral tem relação íntima com o consumo de alucinógenos, em especial o cogumelo Amanita muscaria, usado pelos nossos ancestrais como substâncias que alteravam a mente para entrar em contato com espíritos, deuses e demônios. Papai Noel seria nada menos que a representação figurativa dos antigos xamãs nórdicos que colhiam exemplares do Amanita nas florestas coníferas, penduravam os cogumelos nos pinheiros para secarem ao Sol e os carregavam em um grande saco nas costas visitando as famílias para praticar rituais de cura e proteção. Devido ao tempo inóspito da região, muitas vezes a porta de entrada das moradias ficava coberta por camadas de neve, restando ao curandeiro entrar pela chaminé. Outra maneira de se fazer isso era dando exemplares de Amanita muscaria às renas, animal tão comum na região da Sibéria – onde se originaram esses cultos – como os cavalos entre nós hoje, para então oferecer sua urina aos participantes do ritual. Exatamente por esse motivo que às renas do Papai Noel eram atribuídas a capacidade de “voar”.
O Natal foi adotado pelo cristianismo a partir do festival pagão de inverno em homenagem ao deus romano do sol, o Sol Invictus, que celebrava o alongamento dos raios do sol no solstício de inverno, a vitória da luz sobre as trevas. Em um calendário Filocaliano de 354, há um festival de “Natalis Invicti” (o Nascimento de Invictus) em 25 de dezembro. Havia também uma conexão entre o Sol Invictus e o deus do zol persa Mitra (que era originalmente um ser angélico da religião zoroastriana), cultuado entre os militares romanos, que lhe ofereciam touros em sacrifício. Sua primeira aparição remonta a 1400 a.C., sendo descrita como companheira de Varuna, o deus do equilíbrio e da ordem do cosmo em Mitanni, no norte da Mesopotâmia. Entre os persas, apareceu como filho de Ahura Mazda ou Ormuzd (Senhor Sábio), deus do bem, segundo as imagens dos templos e os escassos testemunhos escritos. Mitra nasceu perto de uma fonte sagrada, debaixo de uma árvore sagrada, a partir de uma rocha (a petra generatrix, daí ser denominado de petra natus). Nos séculos III e IV da Era Cristã, as religiões romanas, identificando-se com o caráter viril e luminoso do deus, transformaram o culto a Mitra, o Sol Invicto, no mitraísmo. O nascimento de Mitra era celebrado em 25 de dezembro, dia do solstício de inverno.
O cenário natalino oferece a Kubrick a oportunidade de criar um suntuoso banquete visual para o espectador. O filme inteiro está saturado com uma variedade onírica de cores e luzes, às vezes em um grau feérico, ecoando o tema dos excessos da temporada de Natal. Essa seara multicolorida exuberante reflete o tecido narrativo multicamadas do filme, que contém camadas de cores diferentes, conectadas e formando um todo maior.
Nosso protagonista, inseguro quanto ao seu desempenho sexual, viaja por um reino repleto de símbolos de adoração à fertilidade – árvores de Natal, enfeites, luzes. O Rockefeller Center de Manhattan é o local de uma enorme árvore de Natal que é erguida e iluminada em cerimônia pública anualmente. Portanto, se é um símbolo fálico, quando aquela mulher no Ziegler menciona o local para Bill, está fazendo uma insinuação sexual – como se estivessem falando sobre um falo gigante.
O Natal é vendido para as crianças como um conto de fadas cheio de magia, mas Kubrick o projeta através de lentes sombrias e distorcidas, fazendo de De Olhos Bem Fechados um filme anti-natalino por excelência. Decorações de Natal cobertas de doces aludem às ilusões do mundo embrulhadas em ouropel, que disfarçam o ambiente decadente da opulenta cultura VIP de Nova York.
Fantasia e a realidade giram simultânea e paradoxalmente. Na vida real, Tom Cruise e Nicole Kidman se casaram na véspera de Natal, em 24 de dezembro de 1990.
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As máscaras que Kubrick usa são venezianas, o que promove os temas de comércio e consumo, já que Veneza foi por muito tempo um centro de mercantilismo e erotismo. Máscaras estão penduradas nas paredes do apartamento de Domino, e “dominó” é de fato um estilo de máscara veneziana.
O Natal se confunde de muitas maneiras com o Carnaval por ter se tornado uma época de excessos, de farturas, indulgências, tentações, festas e orgias. Assim como Bill é continuamente tentado sexualmente ao longo do filme, sem nunca realmente obter satisfação, o aspecto consumista do Natal nunca leva à inteira satisfação.
Nessa profusão de simbolismo ocultista e maçônico, encontramos ligações bizarras e referências cruzadas a outros filmes do diretor, bem como a outras obras de arte e a própria vida real.
A cena inicial mostra Alice emoldurada entre pilares maçônicos (Jachin e Boaz) e em frente a uma janela com as persianas fechadas em forma de triângulo, a crista piramidal dos maçons e illuminati. Nesses primeiros segundos, está muito implícito os conceitos de peso que o filme explora; o corpo de uma mulher nua (de costas para nós) entre símbolos visuais de uma das mais antigas e poderosas sociedades secretas. E quando vemos Alice se despindo para dormir, ela o faz parada novamente entre dois grandes pilares.
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No pôster oficial do filme, Nicole Kidman aparece de perfil mostrando um olho, a representação do “Olho de Hórus” ou “olho iluminado”, indicação de que ela está “acordada, consciente, iluminada”. Quando Bill está na casa da prostituta Domino, preste a manter relações sexuais com ela, Alice interrompe o ato com um telefonema, novamente parecendo ter um sexto sentido, como que sugerindo que ela está vendo tudo, que seus olhos estão bem abertos. Ela é que está “iluminada”, que possui o conhecimento, enquanto o seu marido não.
Olhos são vistos em várias partes do filme. Bill examina os olhos de Mandy, pôsteres de exames oftalmológicos são vistos em seu consultório, a palavra “olhos” aparece em um táxi, olhos são focados dentro das máscaras dos convidados da festa na mansão e assim por diante. Em uma cena muito breve e misteriosa, a imagem projetada de um olho pisca nas costas de Bill quando ele entra em seu apartamento ao voltar da mansão. É o aspecto de vigilância da elite governante, no qual eles parecem acompanhar cada movimento de Bill, como no portão da mansão quando ele olha para o olho da câmera de segurança, uma referência ao Big Brother de 1984 de George Orwell (1903-1950).
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Um imenso olho feminino é projetado nas costas de Bill logo depois que ele entra em seu apartamento ao voltar do ritual orgiástico na mansão. 
Um dos símbolos maçônicos mais óbvios pode ser visto na cena em que Bill é descoberto na mansão e está parado no salão principal em frente ao líder do culto. Este líder se senta em um trono que contém uma águia de duas cabeças nas costas, símbolo do Rito Escocês da Maçonaria que remonta ao Nimrod Babilônico, mais tarde conhecido como Janus (Jano), o deus romano de duas cabeças (duas faces) opostas que deu origem ao nome do mês de janeiro. A águia bicéfala na verdade é uma fênix bicéfala que ressurge das cinzas da destruição, que sai da “ordo ab chao” (“ordem que vem do caos”), o caos diabólico. A “ordem” é sempre resultante de duas forças dinâmicas concorrentes e aparentemente contraditórias.
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Há uma cena em que Bill é abordado na rua por um grupo de jovens – alguns vestindo jaquetas do time da Universidade de “Yale” – que lançam calúnias homofóbicas contra ele. A Universidade de Yale é a sede da Skull and Bones (Crânio e Ossos), fundada em 1832 por William Huntington Russell (1809-1885) e Alphonso Taft (1810-1891). Como parte da iniciação, o novato é despido e, de pé, circundado por quatorze outros iniciados e membros seniores, é obrigado a contar sua história sexual completa, incluindo seus mais profundos e ocultos segredos, na cerimônia chamada de “Alegria do Conúbio”. Depois, deita-se em um caixão que é carregado pelo salão. Entrar e sair do caixão é uma jornada simbólica pelo outro mundo, ou seja, o iniciado “morre para o mundo e renasce para a irmandade”. Estranhos gritos e lamentos vindos das entranhas da tumba costumam ser ouvidos nessas ocasiões em que os iniciados recebem uma carga de forças poderosas que transforma totalmente suas vidas, exatamente como no satanismo clássico. Entre os integrantes da Skull and Bones estão ex-presidentes da República, ex-senadores, ministros da Suprema Corte, alguns dos mais influentes empresários do país e grande parte dos espiões da CIA, aliás criada durante a Segunda Guerra Mundial por membros dessa irmandade.
O filme também está fortemente emaranhado com o culto da Cientologia, até porque Cruise e Kidman se casaram em uma cerimônia da seita em 1990. A Cientologia foi fundada em 1952 em Los Angeles pelo oficial de Inteligência Naval e escritor de ficção científica Lafayette Ronald Hubbard, um discípulo fervoroso do maçom de grau 33, ocultista e satanista Aleister Crowley. A Igreja da Cientologia, ela própria conhecida por fazer uso descarado de controle da mente e espionagem, assim como muitas seitas, passou o final dos anos 70 divulgando documentos embaraçosos da CIA sobre o MKULTRA obtidos por meio da Lei de Liberdade de Informação (Freedom of Information Act, FOIA) e vários processos judiciais em uma campanha que fazia parte da guerra suja da seita contra o governo dos Estados Unidos. Os cientologistas cortejam ativamente participantes ricos para expandir sua base de poder financeiro – entre eles muitas celebridades de Hollywood como Cruise e Kidman – que prescrevem seus ensinamentos e frequentemente participam de sessões caras com conselheiros conhecidos como “auditores” que tentam “livrá-los” de suas experiências mais problemáticas.
Vivian Kubrick, a filha mais nova do diretor com a atriz Christiane Harlan, estava profundamente enredada com a Cientologia há mais de uma década, quando o seu pai quis que ela compusesse a trilha sonora de De Olhos Bem Fechados, altura em que ela já havia iniciado o processo de desligamento da família. Talentosa musicista e arranjadora, Vivian havia composto a música para o filme Full Metal Jacket, de 1987. Christiane, em uma entrevista ao The Guardian em 2009, disse: “Eles tiveram uma briga enorme. Ele estava muito infeliz. Ele escreveu a ela uma carta de 40 páginas tentando reconquistá-la. Ele implorou incessantemente para que ela voltasse da Califórnia. Estou feliz que ele não viveu para ver o que aconteceu.”
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Vivian Kubrick no set de O Iluminado.
Leia as partes 1 e 3.
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zona-cinza · 5 years ago
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Existe uma parte minha que gosta de estar só. Acho que alcancei aquele autorreconhecimento que nos permite enxergar como nossa alma pode ser maravilhosa quando está sozinha. E essa minha parte ama ler e rir sozinha e cantar pela casa sem ter ninguém para ouvir.
Bruna Gomes
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fleurs-et-souriant · 3 years ago
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em um dos escritos, registrado em junho de 2019, disserto sobre como me sinto, me visualizo e o que anseio.
me reconheço, mas assim como eu, os tempos são outros.
apesar das nuances, me parafraseio com precisão: não posso dizer que sou realizada, porém não posso dizer que não tenho consolo.
além. tendo como princípios a fidelidade e a honestidade, saliento. a l é m.
a palavra precisa, os pensamentos muito bem direcionados, os desejos acalentadores, os olhares generosos, os gestos mais fundamentais e os intimistas, que poderiam ser dispensáveis em qualquer outro contexto, mas perpassam para além do que me é visível.
o consolo tem me compensado de forma determinante. me corrijo. o além do consolo tem sustentado o meu olhar sereno, mesmo nos momentos mais inquietantes.
definindo melhor: a expressão do que eu enxergo como carinho, cuidado, apreço e amor me revigoram nos mais diversos sentidos.
inicia-se por mim. por mim, porque não deixa de ser grandioso como eu me olho e me enxergo agora.
o autorreconhecimento é legítimo, mas a ternura que me é tão cara e constitutiva se transbordam no que eu enxergava do jeito mais monótono e frio.
uma perspectiva que me é tão acolhedora e as ações que me tornam esse cenário confortável não anulam suas contradições. não me desfaço, tampouco ignoro as minhas insatisfações e anseios.
mas já me disse. e reafirmo.
a convicção é como eu entono. sem caretice e sem moralidade, a convicção em mim, nos meus horizontes, no que eu acredito e vislumbro é uma regra.
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A comparação pode ser saudável?
Não há nada que estrague mais o nosso contentamento e a nossa alegria do que a comparação. Passamos a vida a comparar-nos. É inevitável olhar ao nosso redor e pensar em todos os talentos que não temos, no corpo que não temos, nas coisas que não temos. Parece sempre mais fácil olhar para o copo meio vazio do que para o copo meio cheio.
A comparação não destrói só a nossa alegria, ela alimenta a inveja. As fotografias no Instagram ou no Facebook ajudam-nos a acreditar que, por aí, há sempre alguém com uma família perfeita, com as férias de sonhos e com a imagem impecável. A comparação, quando feita constantemente desta forma, deixa-nos para baixo e não nos ajuda a ser agradecidas. Pelo contrário, ficamos miseráveis. Porque em última instância, ao acreditarmos que estamos sempre numa situação de inferioridade em relação a alguém, estamos também a afirmar que aquilo que Deus nos permite ser ou aquilo que Deus nos dá, não é suficiente.
Mas existe uma comparação saudável? Creio que a Bíblia fala nela e é para isso que somos Igreja, quando lemos que devemos ser imitadores dos que herdam as promessas, em Hebreus. Só conseguimos imitar se nos compararmos e percebermos onde residem as nossas diferenças. Mas devemos fazê-lo com humildade para que o orgulho não entre em cena. E é tão fácil buscar o autorreconhecimento e a glória para nós mesmos.
Quando nos enchemos de orgulho e inveja, na verdade não fica espaço para mais nada de bom. Ficamos vazios e cansados. Nestas alturas, precisamos voltar às Escrituras e reencontrar a fidelidade de Deus. Olhar para todos os momentos e promessas que Deus fez e cumpriu. E todas as promessas que ainda são uma realidade hoje e serão cumpridas na nossa vida, se nos entregarmos a uma vida de contentamento.
O Salmo 139 diz-nos que fomos feitos e existimos tal como somos porque Deus assim nos desenhou. Não é bonita a ideia de Deus nos ter planeado ao pormenor? Nos dias em que não estou assim tão agradecida na forma como me aparento, lembro desta realidade, a de que cada pormenor foi minuciosamente desenhado por Deus, desde antes da fundação do mundo. Existimos no tempo e no espaço que Deus decidiu. Se somos filhos de Deus, foi porque Ele nos escolheu.
A comparação última que nos é permitida, e que é saudável, é a comparação com Jesus. Em último lugar, é para ele que devemos olhar. Diz na Bíblia que Jesus não era particularmente bonito (“ …não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.”). Também conta que – apesar de ter tido multidões a segui-lo – foi “desprezado e o homem mais rejeitado de sempre” (Isaías 53).
Jesus é o maior exemplo de contentamento. Na hora em que mais foi rejeitado, ele não desistiu e deu tudo por nós. Precisamos perceber, a cada dia que passa, se a salvação que nos foi dada na cruz – e que tanto custou a Jesus – é suficiente para o dia que enfrentamos, ou se pelo contrário, precisamos de outras coisas para conquistar alegria. Se é o caso, precisamos arrepender-nos. A nossa alegria, o nosso contentamento não podem estar reféns de circunstâncias, posses ou pessoas. Precisamos voltar à cruz e ao lugar que Jesus tomou no nosso lugar, para que achemos aí a alegria que tanto nos faz falta para agradecermos pelo que somos, pelo que temos, e pelo céu que nos foi oferecido e onde um dia vamos morar!
Ana Rute Cavaco (via blog Beneditas)
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devaneiosmusicais · 5 years ago
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Let the music speaks...
Qual o poder da música? Será que ela somente causa efeitos químicos em nosso corpo, proporcionando bons momentos para os nossos ouvidos? Ou ela quebra limites internos para, assim, dar um significado às coisas, momentos, etc?
Ela está na presente na vida de todas as pessoas, da forma mais simples à forma mais bem elaborada possível. No meu caso, a música tornou-se uma verdadeira salva-vidas. Através dela, tenho a oportunidade de expressar minha maneira de ser, ainda que impedido de realizar isso concretamente. 
Após longos anos de pura ilusão, finalmente enxerguei a realidade de quem realmente sou. Sinceramente? Tem sido muito doloroso. Contudo, através da música, permito-me a devanear. Ao encaixar os fones de ouvidos em minha orelha, entro em um estado de completa felicidade, mesmo nas melodias mais tristes. 
Assim que permiti ser quem realmente sou, a música tornou-se meu instrumento de construção da minha personalidade. Acima de tudo, da minha identidade. Passei a reconhecer que meus interesses realmente importam, sejam quais fúteis são. De Britney Spears a Sam Cooke, passei a perceber que cada um possui sua maneira de expressar-se. Apesar de gostar de “coisas diferentes”, da individualidade, externamente, eu praticava minha teoria de forma contraditória. Talvez tudo isso seja coisa da minha cabeça, ou seja, pensar que meus gostos eram coisas que mereciam ser diminuídas, pois não tinham conteúdo, um significado, etc, diferente de outras coisas. Talvez tudo isso seja o resultado da minha baixa autoestima... Não sei. No momento, a única certeza que possuo é: meus gostos realmente importam, não para os outros, senão para mim. 
A música vem permitindo meu autorreconhecimento!
Sendo assim, em decorrência das situações pessoais as quais estou passando, decidi começar a trabalhar com o que percebi que realmente gosto: a música. Este blog é resultado da minha transformação.
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