#Tamanha Poesia

[naoedicoes]

Estudos e crítica | UFMG

Acaba de ficar disponível o mais recente número da revista TAMANHA POESIA, editada pelo Centro de Estudos Portugueses da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais e com organização por Silvana Maria Pessôa de Oliveira, Roberto Bezerra de Menezes e Jorge Antônio Miranda de Souza.

Sob o tema "Novíssima Poesia Portuguesa", discute-se o trabalho de nove autores contemporâneos, entre eles alguns publicados também pela não (edições), como Inês Francisco Jacob, Ricardo Marques, Ricardo Tiago Moura e Tatiana Faia. Poemas dos livros ADRIANO, de Tatiana Faia (2022), LUCIDEZ & OUTRAS SOMBRAS, de Ricardo Marques (2019), e SAIR DE CENA, de Inês Francisco Jacob (2020), todos eles da Col. Mutatis-mutandis, são antologiados e comentados neste volume. /// Revista TAMANHA POESIA n.º 17 (vol. 9), Julho/Dezembro de 2024 Para ler aqui: https://tamanhapoesia.wordpress.com/wp-content/uploads/2024/11/tamanhapoesia17novissimapoesiaportuguesa.pdf

[cartasparaviolet]

Minha alma é poesia que traduz a natureza. O reflexo nesse espelho d’água reflete tamanha beleza. Quanta sutileza nessa violeta que trago em mãos. O céu esbelto de cor púrpura, junto a essa flor, é uma bela combinação. Assim como os meus versos, que provém da alma, que cantam e esbanjam a poesia em mim. Sou filha do cosmos, magia flui por minhas veias, o amor desabrocha por meus poros. O coração é lar acolhedor para todos que chegam e partem. Fecho os olhos para sentir a minha arte, tão simples e tão natural. Todavia, anormal. É essência, é doce, é selvagem. É a poesia que traduz o que eu sou.

@cartasparaviolet

[moetrj]

— De repente decidi escrever um poema a cada coisa que me remetia á você, qualquer mínimo detalhe que pudesse passar despercebido pela maioria. A cada verso lhe detalhei de forma indireta, tentando não deixar óbvio minha tamanha admiração por você, tentando não parecer mais um iludido apaixonado, como a maioria dos que dizem amar. Mas, talvez, essas meras palavras nos papéis amassados, não consigam demonstrar um sentimento único e tolo, muito menos conseguir lhe distinguir.

(Saga de poesias)— Em desenvolvimento

Simplesmente, você

Aquela garota

Marca roxa

Livros belos

Tulipa

Olhos felinos

— Merj. (@moetrj)

[delirantesko]

Cruel Jogral (poesia, outubro de 2024)

Um poeta itinerante a vila chegou! Curiosos de todo lugar vieram ver Quem era o suposto artista autor O que será que ele tinha a oferecer?

"Poeta, poeta, o que faz pela cidade?" Uma bela e formosa jovem perguntou "Canto amores que nunca serão realidade!" "Não é cruel sonhar assim?" questionou "Minha cara e bela musa apaixonante..." "Oh! Assim meu coração fica envaidecido" "Só as cujos corações são ressonantes!" "Mas sei que amanhã cedo já terá partido..."

"Motivo do meu falho e selvagem palpitar..." "Pare com suas mentiras, velhaco, farsante!" "Esse coração pulsará demais se eu ficar!" "Fica na cidade! Meu amor não é o bastante?"

"Sinto muito minha cara, a poesia é mais importante." "Pois uma musa a menos esse mundo terá então!" "Para não ver tamanha calamidade, ficarei distante!" "Então vem comigo, lhe rogo, segure minha mão."

Um poeta itinerante a vila chegou! Curiosos de todo lugar vieram ver Quem era o suposto artista autor O que será que ele tinha a oferecer?

PS.: o título original seria "Poeta, poeta", que foi como o poema surgiu na minha mente. Foi um bom exercício para treinar rimas, buscar sinônimos e também vocabulário. Será que eu conseguiria fazer um conto maior usando esse estilo?

[cafecomcraseapoliis]

Escrito em 03/09/24, às 06h:13min.

Sabe aquela beleza que supera qualquer outra ao redor? Aquela que hipnotiza ao passar, que faz a imaginação tomar asas e o peito até estufar. Não é aquele tipo que faz a gente imaginar obsceno, mas que faz a gente querer só estar perto, ouvir a voz e deixá-la falar, olhando fixo no olho sem jamais desviar, para não perder um segundo sequer de cada detalhe, onde até o sol, as estrelas, as montanhas e os mares, seja lá onde você estiver, clama por tamanha inspiração, pois não se há nada mais belo do que o belo que a poesia que se vê, só há a beleza em si contemplada, tanto quando se desperta até se surpreende com as outras belezas dispersas.

[arystogata]

Compliqué

É complicado. Repete-se na língua, mesmo que saiba exatamente o que dizer; os olhos gritam o que sinto, o corpo demonstra o que anseio e, ainda assim, é complicado.

Meu peito pulsa emoções que não consigo descrever. A verdade é que me tornei confusa demais para entender, e, mesmo ditando meus sentimentos, ainda sinto a confusão se formar na boca antes de proferir qualquer palavra.

É complicado. Mesmo em silêncio, meus olhos brilham, contando exatamente o que sinto, mas, ainda assim, as palavras são necessárias. Mesmo que se tornem emboladas, ainda desejo ditá-las e fazer dos meus sentimentos poesia, com teu nome entre as linhas.

Meu corpo vibra de saudade apenas com a tua lembrança. Me fiz tua e quero mostrar o quanto me orgulho de tamanha honra. Quero que sejas devoto a cada centímetro do meu ser, da carcaça à alma. Quero que, ao me olhar, vejas mais que os defeitos que me recobrem. Quero que entendas a confusão que sou, sem que palavra alguma precise ser proferida.

É complicado. Sentimento que há tanto busco, e que hoje abraça o corpo — ansiedade, medo, desejo, tudo o que poderia sentir, se multiplica e me torna alguém que nunca pensei ser, mas que amo perceber.

É complicado viver, sentir e existir. É complicado olhar em teus olhos e segurar o “eu te amo” que sempre dança na língua, mesmo que já tenha repetido milhões de vezes. É complicado demonstrar a imensidão do que sinto em meras palavras, pois, ao final de tudo, o “eu te amo” parece simples demais para tudo o que me fazes sentir.

- Uma carta aberta para algo que não deveria ser sentido

[eu-estou-queimando]

Neste lugar estranho que me encontro, dentro de mim, pergunto-me: Será que eu não deveria ter tentado mais?

Sempre fui boa em ser abrigo das pessoas, ser apoio, farol, mas, comigo a postura sempre é dura, me cobro demais, tenho grandes expectativas sobre mim mesma.

Eu confesso que sempre tive medo de perder a minha intensidade, ser alguém frio, deve ser monótono, como alguém morno, não esquenta e nem esfria é somente chato ser, ficar, estar...

Ser intensa me proporcionou sentir tanto, tudo, com tamanha proporção, minha poesia brotava dessa intensidade, desse transbordar. Me culpo por estar perdendo a minha essência sem saber como recuperá-la, alguém seria capaz de ainda me fazer pular sem medo? Eu conseguiria amar alguém sem medo do coração partido, dos joelhos ralados? Será que alguém ainda me faria transbordar?

Estou cheia de duvidas, todas sem resposta, o amor sempre fora minha matéria prima para minha intensidade, quem eu poder voltar a ser, quem fui?

Cadê meu casulo? Cada meu canto, onde me refaço das dores da vida, onde colo meus cacos, o lugar ao qual eu arrumo o caos. Estou perdida em mim, sem bússola, sem mapa, não me reconheço nestas linhas, não me acho em canto algum, ouço o eco de pedido de socorro. Será que sou eu, tentando me reencontrar? Ou sera que é a poesia perdida pelo caminho ao esfriar dessa intensidade.

Será que ainda faço tempestade, nos seus pensamentos, ainda desarrumo teu destino me procurando, será que ainda estou escondida atrás de alguma música da sua playlist? Você foi você me me fez perde-se? Ou fui eu que me perdi sem você?

[verba-docent-exempla-trahunt]

Pensar em ti é coisa delicada.

É um diluir de tinta espessa e farta

e o passá-la em finíssima aguada

com um pincel de marta.

Um pesar grãos de nada em mínima balança,

um armar de arames cauteloso e atento,

um proteger a chama contra o vento,

pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,

um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,

um planar de gaivota como um lábio a sorrir.

Penso em ti com tamanha ternura

como se fosses vidro ou película de loiça

que apenas com o pensar te pudesses partir.

António Gedeão, in “POESIA COMPLETA” (Ed. João Sá da Costa, 1996)

[inutilidadeaflorada]

Porquê usa tamanhas referências referenciais?

Eu estudo literatura e artes em geral pra ser sincero em um perspectiva dupla, de diálogo. Intersecções e observações. É natural, gosto de pensar na poesia como um eco, para chegar onde eu cheguei existe fundamento, crenças e "outras vozes" que passaram por mim e me cativaram de alguma forma. E nessas de estudar e procurar ideias para agregar na minha forma de escrever, encontrei o poema ecfrástico que é basicamente um procedimento que descreve um objeto, cena ou outra obra de arte. E a partir dessa descrição criar um diálogo interartístico através de múltiplas obras de arte que referenciam temas de diferentes ângulos. Por linhas gerais é isso.

[saturnwhen]

"eu me tornaria poeta se você me dissesse que gosta de poemas. tal qual virei artista pra te admirar, pintei suas curvas numa tela de imagem turva e te descrevi usando um frame de olhar.

te pintei nas telas cinzas e fui além de van gogh. você me lembra sábados, a chuva, o céu estrelado e o bater da praia e das ondas mais fortes no verão. você me fez sentir o amor e viveu em mim, sem a esperança de ser demais você chegou explorando cada parte e viveu girassóis amarelos, rodando da órbita do seu sol.

eu faço o clichê, faço uma dança pra você. componho mais que cazuza, que maia, que roberto. eu te dedico elis, caetano, buarque, sua bethania e sua marisa e te dedico esse pequeno parágrafo do amor, pra todas as vezes que se esquecer como pessoas amam pessoas: essa é a minha forma particular de um infinito particular.

eu te gravo na minha fita de amor. eu te escuto, te memorizo, te levo comigo pro meu lugar seguro e te conto numa prosa, tamanha admiração por aquela que me fez enxergar além de mim o que eu não queria ver. que apoiou-me as pernas e segurou-me os braços, que me deu o ombro para chorar e os ouvidos para escutar uma curiosidade citada no calor do tempo. que me renasceu no gargalhar sincero, que me amou no simples ato de agir. que foi meu português incorreto, a minha incerteza e a minha clareza. agora exige também a minha contradição.

e mesmo que me doa um pouco mais eu escolheria decorar as falas do seu filme favorito, ouvir o podcast que você ama e comentar com você sobre a vida como se entendesse. mesmo que seja difícil, contínuo entendendo de séries e novelas que nunca pensei que veria na esperança de que você fique feliz. e me dói que você faria o mesmo por mim. e eu não queria que você fizesse, porque seria mais fácil de te esquecer. de assumir que eu não te amo. de fazer com que o sentimento seja mínimo, inexistente. mas você vem e você me ama de volta. a gente sabe que, no final, o amor não é o mesmo. esse é o primeiro passo pra doer.

e por mais que pra você eu seja a poeta você já faz a poesia inteira e derrete o meu coração. faz falhar a batida e não faz falhar o amor.

eu não queria te amar amanhã de manhã mas é impossível amar as estrelas a noite e esquecer-se do sol. eu continuarei te amando enquanto assim for do sol aparecer."

20/07/2022.

[borboletamorta]

28 de outubro 20 23

Todos os elementos da terra, os números, códigos, letras e regras que existem, perdem a Lógica e o sentido, quando você chega. Quando você sorri parece que tudo que é conhecido se torna estranho, porque você rouba a cena e a sanidade de quem te conhece. Acho que estou ficando louca e dessa vez não quero tratamento, é lindo te ver viver, é lindo te ver existir, e no teu respirar, no teu passar tudo fica mais bonito.

As flores ficam mais belas, as plantas mais vivas, a água mais transparente, o mar mais calmo, o vento sopra teus cabelos e com isso o teu cheiro exala. Ao se aproximar o tempo para, na minha cabeça só se ouve o som dos teus passos, minha vista só foca em teus olhos e desce pra tua boca, quando finalmente chega bem perto e posso ver melhor suas sardas e seus olhos magníficos, seu corpo colando no meu e agora o que se pode ouvir é o bate bate do meu coração quase saindo pra te dar um oi.

Eu realmente não sei o que se passava na mente de van Gogh pra criar suas belas artes, mas eu, sendo desenhista, faria milhares com o teu sorriso, com o teu olhar, desenharia várias vezes e colocaria em uma galeria para que se apaixonassem por cada pedacinho seu

Tudo que há de mais belo em vc, é vc toda.

Nenhum artista do mundo conseguiria descrever, amor, nem em desenhos, nem em músicas, poesia ou exposições a tamanha beleza que há em você 🫵🫵🫵

[naoedicoes]

Col. Mutatis-mutandis, #20 | Tamanha Poesia

No artigo "Escavar a imagem: fotografia, anacronismo e negatividade em Adriano, de Tatiana Faia", Jorge Antônio Miranda de Souza aborda a última secção do livro ADRIANO, de Tatiana Faia (publicado em 2022). Este ensaio pode ser lido no mais recente número da revista TAMANHA POESIA, com a temática "Do retrato como figura da poesia", uma edição do Centro de Estudos Portugueses da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. /// Revista TAMANHA POESIA n.º 16 (vol. 9), Janeiro/Junho de 2024 (pp. 13-42)

Para ler aqui: https://tamanhapoesia.wordpress.com/wp-content/uploads/2024/01/tamanhapoesia16retrato.pdf

do livro: https://livrosnaoedicoes.tumblr.com/post/701156052425703424/colecção-mutatis-mutandis-20-adriano-autora

/// pedidos via nao.edicoes@gmail.com /// livrarias: https://naoedicoes.tumblr.com/livrarias

[cartasparaviolet]

Tinha uma urgência aqui dentro de ser feliz. Quiçá uma nostalgia daqueles momentos que nunca aconteceram. Ansiava por perder-me em minhas palavras, em meus sonhos, na sua cama. Era aquela máxima clichê: para encontrar-se era necessário perder-se primeiro. Nunca antes senti tamanha plenitude, liberdade ou sequer merecer essa tal felicidade. Aparentava aos olhos do mundo uma alegria contagiante que se esvaía ao chegar em casa e abrir uma cerveja para contemplar a solidão e afogar-me em lamentações. O que eu realmente queria sequer tinha nome ou compreensão. Repetia incansavelmente que apenas uma vida simples bastava, todavia eu nunca fui de “poucos”. Nunca me preencheu, sustentou, bastou. Precisava de mais: respostas, sentimentos, vida. A existência e seu cotidiano por si só não eram o suficiente. Um retiro com a merecida pausa caiu bem para as mutações necessárias que essa alma flutuante precisava passar. Não há razão nem rima, nem versos nem poesia, apenas uma existência agridoce a brotar de meu ser, incompreendida e inalcançável. Um sonho a desenrolar em meio a um pesadelo que já não tinha tanta força como antigamente. Um desejo de tocar nas estrelas aquilo que nesse chão não foi suficiente. Pergunto-me novamente: quem sou eu? E, para ser bem sincero, ainda não sei.

@cartasparaviolet

[unperfe-perfection-of-december]

Hoje se tornou a desculpa perfeita

Idas e vindas não vieram com essa certeza

Quando amamos simplesmente sentimos Tamanha nobreza

Antes eu dizia e desejava felicitações a todas

Mas hoje tenho a minha única e exclusiva Mulher amor que transmite riqueza

Fiz cartas de caráter esplendido

Encontrei um amor de caráter esplendido

Me casei com a carta que a tempos havia escrito

Hoje penso que destino fala sobre isso

Tudo que escrevi eu encontrei

Como se o grafite fosse predestinar tudo isso

Um looping imersivo no qual ainda estou caindo

Alguém, tente explicar isso

Amor da minha vida dessa e de outras que eu nem tive ainda

Receba e tome para si minhas poesias

Além das rimas, quero te agradar com carícias

Quero tocar sua

Beijar sua

Estar feliz com a sua chegada e jamais desejar sua partida

Partindo a vida, unindo propósito, nosso filho rindo e causando imbrolio

Olho para o óleo, que escorre em seu corpo

Pele escura e de muito gosto, seios ao meu gosto, paladar que provoca

Glúteo que me instiga e me provoca

Mãos que sabem a hora de tocar, me toca!

Olha o relógio, o tempo passou rápido, quando você está por cima ou por baixo

Grande noite infinito sábados

Te quero não só no mês de Março

12/12 é o meu trato, te quero fácil, fazendo difícil ter

Te quero todos os dias do amanhã de manhã até o meu hoje entardecer

Olha o privê, diz que sim

Aceitar sair comigo que eu posso te fazer rir

Lembra dos momentos que são só nós

Pega no meu braço, vamos ficar a sós

Tenho que dizer obrigado por nunca ter me sentido só

Pois você é a única mulher que me deu e sabe me dar um nó

- Príncipe Azul

[umsimplesmagico]

Ela é como a lua,

Mesmo em meio a tanta escuridão,

Ela reluz um brilho incrivelmente único,

Aquele brilho todo é.. diferente

Um diferente encantador...

Despertador,

Me desperta o amor,

Seu olhar me desperta coragem,

Seu abraço,

Mesmo tão longe...

É tão confortante,

Ela é não é uma pintura,

Mas estou disposto a admirar a vida toda,

A voz dela é doce,

Como um louvor,

Ela tem temor ao senhor,

És nova,

Mas há vi em um livro antigo,

Seus lábios são como um fio vermelho,

Delicado,

A tua boca é linda;

Como és bela,

Minha amada,

Como és linda!

"És, portanto, toda bela, minha amada, e não tens um só defeito" - diz ele

Mostrando o quão bela é,

Bela por dentro e por fora,

Mostrando que ela é sua amada,

Igual Cristo e a sua amada igreja,

Mostrando que não a defeito algum nela,

Mas sim um brilho do espírito santo,

E um brilho de seu sorriso;

Faltam palavras para a descrever tamanha poesia que ela é,

Até Shakespeare falharia,

Eu amo ela e todos seus detalhes

- Ele ama as estrelas e ela é um universo inteiro só dele

[wuxianwords]

Cannibal Felling

Um breu. A sensação de que sua alma seria devorada pela escuridão e resguardada pela sensação avassaladora de vazio. O anoitecer pode se tornar uma dádiva dependendo daquele que o percebe e o ampara. Podendo variar a sensação de pessoa para pessoa, dando uma sensação de pura asfixia ou um sentimento de libertação, depravado e inebriante. Os sons que habitam no abismo podem trazer confusões à mente; saboreando cada pedaço do corpo e os colocando em alerta; cada pequeno sentido e sinal parece clamar; atordoando e trebelhando o cérebro. Não são todas as pessoas que se sentem seguras no escuro; não são todas aquelas que anseiam serem consumidas pela escuridão; muito menos se abrigar no sentimento de epinefrina e embevecimento. Claro, as pobres almas inábeis se sentem oscilantes perante esta sensação; porém, você acreditaria se eu lhe contasse que as trevas podem se materializar e dissimular em forma de um sujeito? Jocoso, veemente, convidativo, acirraste; de fato, estas são palavras que podem definir bem este jubiloso indivíduo. Suas palavras são como carícias à alma, seus toques como deleite à polpa, sua voz como ária aos ouvidos mais atentos. O mundo para ele é o palco; algo onde ele se abriga em divertimento e entusiamo. Embora tudo nele se mostre prazeroso e repleto de promessas; este curioso ser é mais controlado e reprimido do que parece. Sua natureza na verdade é muito crua e grosseira; naquele comportamento sereno e fiscalizado; se encontra um ser de tamanha veemência, vibrante e matizado das emoções mais herméticas e incógnitas que existem. A paleta que colore a vida deste sujeito, está tingida em tons de purpúreo, carmim, rúbido e brasa. Deve-se afirmar que sim, essas cores causam profundo impacto no ser humano; fazendo com que tudo que se passe pelos olhos seja o quão afável seria se aprofundar com esta pessoa. Porém o cheiro dele é metálico e amargo; deixando uma sensação encorpada e alucinante. Os sons que o seguem são como uma sinfonia descida do próprio tártaro; manchadas com súplicas, desordem e transe alarmantes. Ao degustar o sabor da convivência com tal homem; sua vida pode ser completamente transformada; é como tirar o fôlego e apenas recuperá-lo quando já tiver provado de tudo. Visto todas aquelas faces e pequenos significados de cada um de seus passos e ações; todos eles constroem esta pessoa, todos eles envolvem sua figura; cada um deles faz parte do seu todo. No momento ele se encontra ermo; submergindo em sua própria ambrosia. Banhado com seiva e licor da carne mais proibida que existe. Ao seu lado uma deformada e sombria composição acompanha suas ações. Ele cantarola de forma amena e suave; se deliciando de cada uma de suas ações despreocupado. Devorando cada pedaço daquilo que o faz se sentir tão vivo. Ele não sente incômodo algum, ou qualquer receio sobre suas ações. Dançando sobre sua própria comoção e sentindo cada fruto do seu trabalho; Se banhando com o líquido quente e pulsante que ele próprio acabou de derramar; inspirando e respirando fundo aquele cheiro medonho e mortífero. Mas há algum tipo de sacrilégio nisso tudo; como se suas palavras e gestos fossem da mais única e requintada poesia; que fora apenas escrita por ele e apenas será orquestrada por ele. Agora, não iremos enfadar além do necessário o próprio homem. Afinal, em qualquer momento nós podemos nos tornar a próxima carne que ele irá escolher apreciar da próxima vez e tendo isso em mente; posso sentir a meu próprio anseio crescendo por essa simples possibilidade.