#Romcom
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thisischeri · 2 days ago
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The Cinderella Story, 2004
Featuring Samsung flip phone (unknown) and AOL on Mac OS X
Instagram: cheri.png
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baskaromai · 2 days ago
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anytime one character says "it's beautiful" and the other character says "it is" while looking at them (when is it my turn)
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queen-of-hawkins-why-ler · 2 days ago
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Who do I need to pay/talk to in Hollywood to get Finn Wolfhard and Sadie Sink to star in a Gen Z enemies to lovers rom-com where both of their characters are bisexual
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maodedefunto · 2 days ago
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O homem cinza
Fanfic com Hozier x reader
Alertas: nenhum, é só o primeiro encontro da reader com o Hozier
Número de palavras: 6949
Como pode a química amorosa surgir de repente, em qualquer instante da sua rotina patética? É o que todos os livros da Jane Austen, os filmes romcom, ou novelas da Glória Perez fizeram todos os seres humanos acreditarem. E você odeia admitir, mas é verdade. Os sentimentos não marcam hora e nem possuem um planner como você, entende? No entanto, a sociedade cobra de todos, homens, mulheres, não - binários, trans, que definam seus pares por volta dos 25 anos a 35 anos. É uma sensação, é uma convenção social, é uma prisão? Se você pudesse, perguntaria a Martha Medeiros cara a cara: “Como foi passar pela idade de casar estando só?”.
E, assim... você passou toda a sua adolescência imaginando o Grande Amor chegando entre os 15 e os 18 anos. Mas tudo que ganhou foi um bloqueio emocional, depois de se apaixonar intensamente por um garoto de 17 anos, padrão, que competia em natação na sua cidade. Só que... essa é quase uma situação digna de "Quadrilha", de Carlos Drummond. Fase traiçoeira, a adolescência. Não é independente, não pode vender suas coisas e entrar no primeiro ônibus para Caratinga (Minas Gerais), porque recomeçar sua vida numa cidade de 90 mil habitantes não é a resposta. Também não pode querer uma vida ativa e movimentada na Universidade de São Paulo (USP), porque o custo de vida paulistano é mais alto do que cursar medicina na sua própria cidade.
Sabe… na verdade, na verdade, você fica irritada para caramba quando vem aquelas “sábias” pessoas dizendo que seu príncipe, princesa, sabe lá o que… está esperando você. Contudo, você não quer esse conselho estupido! Não quer alguém esperando você em algum lugar. Quer alguém que ande com você, no mesmo passo, no mesmo ritmo — ou, pelo menos, que tente.
A questão é que a espera cansa. É como se a vida fosse uma fila interminável, onde o “grande encontro” estivesse marcado para o número 483, mas você está no 202033… Entre um passo e outro, dizem para você se distrair, para focar nos estudos, no trabalho, na terapia (ah, sim, sempre tem a terapia). Mas nunca dizem que a fila às vezes parece não andar. E, no fundo, você se pergunta: e se nem for uma fila? E se você estiver esperando algo que não vai chegar?
E é por isso que você odeia essa ideia de "alguém esperando você". Porque ela te prende num ciclo ridículo de expectativas que ninguém nunca prometeu cumprir. E sabe o que é mais doido? Você já começou a se questionar se o problema está mesmo em encontrar alguém ou se está no fato de que, talvez, você esteja tentando se encontrar primeiro. Mas como é que se faz isso? Como é que se encontra alguém que nunca esteve perdido, ou, pior, que está tão perdido quanto você?
O que está perdido para você no amor? Não tem resposta, mas talvez a permissão de se sentir sem medo, de perder o controle. Seu dia a dia mostra uma tendência a manter os sentimentos protegidos, testando antes de se entregar, como se o amor fosse um jogo estratégico. Mas amor não é algo que se planeja até a perfeição — é uma experiência que exige vulnerabilidade, por mais desconfortável que pareça. É tudo desconfortável! Até mesmo a solitude.
E… Você se atrai por mentes brilhantes e conversas que desafiem sua inteligência, e isso é essencial para que o interesse se mantenha. Mas não deixa de ser apenas a compatibilidade mental defina seus relacionamentos. O amor também vive no inexplicável, na química, no toque, no riso sem motivo. E sua tendência retraída, não necessariamente seja introversão, mas indicam que, por um lado, você deseja um amor sólido e confiável, mas, por outro, tem uma abordagem sutil e até misteriosa no romance. Buscar equilibrar essas duas energias pode ser um desafio — você quer alguém que seja estável, mas ao mesmo tempo inspirador. Onde está o segredo? Está em encontrar alguém que respeite seu tempo, mas que também saiba como desarmar suas defesas com carinho e inteligência?
Talvez o segredo não esteja em encontrar alguém que encaixe perfeitamente no seu molde de expectativas, mas sim alguém que faça você questionar por que esse molde existia em primeiro lugar. Alguém que não tenha pressa, mas que também não fique parado esperando você se decidir. Porque, no fundo, você sabe: não quer alguém que espere, quer alguém que chegue.
Mas e se ninguém chegar? E se o amor não for esse evento espetacular que interrompe sua rotina patética, mas sim algo que se constrói silenciosamente, no intervalo entre um dia ruim e um café morno? Algo que talvez já esteja ali, disfarçado de amizade, de conversa fiada, de um toque despretensioso? é aí que vem o medo. Porque admitir isso significa aceitar que o amor pode não ser um raio que parte o céu ao meio, mas sim uma chuva cinza quase imperceptível que só se nota quando já mudou tudo de lugar. Significa entender que não há garantias, que abrir espaço para o amor é também abrir espaço para o erro, para a rejeição, para o desconforto. E você, que sempre quis controlar tudo, está disposta a abrir mão desse controle? Está disposta a deixar que o amor — se ele vier — seja algo que você não pode prever, planejar ou antecipar?
Ou será que, no fundo, você ainda acredita que pode encontrá-lo como quem resolve uma equação?
Você não acredita em nada é esta a verdade, incrédula, totalmente incrédula. Tão incrédula que apenas está parada num poste azul no meio da rua esperado algo, uma fina chuva cai… esperando… todos de guarda chuva… e você sem guarda-chuva… quando você vê um homem alto de cabelos ondulados, quase ruivos, caindo sobre o rosto, carregando uma mochila como se fosse o próprio Sísifo, e usava uma blusa listrada horizontal, azul marinho desbotado quase cinza, e branco. Sem guarda-chuva. Ele parecia essa transição do cinza nublado para um tom azulado. E, de alguma forma, ele reflete como você está descobrindo mais nuances e profundidade nessa pessoa. O cinza. Talvez foi nesse processo de contemplá- lo que coloriu essa conexão de uma forma mais vibrante e significativa.
Ao contemplar esse homem cinza em sua totalidade, você se percebe fora e diante de si mesma. Existem horizontes concretos, efetivamente vivenciáveis, que nunca coincidem por completo. Porque, independentemente da proximidade entre vocês, sempre haverá algo que você enxerga e que ele, da sua posição, não pode ver: as partes inacessíveis do próprio corpo — a cabeça, o rosto, a expressão —, o mundo atrás dele, os objetos e relações que, nesse momento, são visíveis apenas para você. E, num outro nível, quando seus olhares se encontram, duas almas distintas se refletem na pupila uma da outra. É possível reduzir ao mínimo essa diferença de perspectivas, mas eliminá-la por completo exigiria uma fusão absoluta, tornar-se um só.
Esse excedente do seu olhar, do seu conhecimento, do seu toque — ele sempre existirá, porque cada indivíduo é único, insubstituível em sua própria existência. Agora, neste instante e neste lugar, apenas você ocupa essa posição singular diante desse homem cinza. Todos os outros estão do lado de fora dessa bolha que se formou entre vocês dois. Essa distância concreta entre você e o resto do mundo, esse pequeno universo onde apenas vocês existem, e o que sobra disso tudo — o excedente da sua visão — é ele. O homem cinza.
E ele percebe. De algum modo, percebe. Talvez não com a nitidez que você gostaria, mas há um instante, um lapso breve, onde os olhos dele captam a sua presença como se, por um momento, ele também estivesse fora e diante de si mesmo. Uma hesitação sutil no passo, um franzir de sobrancelha quase imperceptível, um desvio de olhar que não é desinteresse, mas um reconhecimento silencioso. Vocês não dizem nada. A cidade continua a se mover ao redor, indiferente ao fato de que, por um segundo, algo foi criado ali, tênue como um traço de giz prestes a ser apagado pela chuva. A blusa listrada dele se mistura ao cinza do dia, ao reflexo molhado do asfalto, às nuvens carregadas que desbotam a tarde. Você pensa em palavras que nunca serão ditas. Em diálogos que só existem dentro de você.
E, no entanto, há uma presença, uma certeza absurda de que esse homem cinza agora existe na sua narrativa pessoal. Não como um destino, nem como um enigma a ser zelado, mas como um detalhe que se recusa a ser esquecido. Ele passa por você, a mochila ainda pesada nos ombros, ainda carregando o próprio fardo invisível. E você se pergunta se ele notou a maneira como seus olhares se tocaram brevemente, se ele percebeu o peso daquele instante. Ou se, para ele, foi apenas mais um passo no meio da chuva, um caminho a ser seguido, o mundo que segue indiferente.
Mas, para você, não. Para você, há o Agora e o homem cinza. E isso, de alguma forma, significa alguma coisa?
Os dias passam, e Saturno é seu aliado. Bom… se alguém matou uma outra pessoa e consegue escapar da polícia, mantendo-se fora do alcance da lei por um período. Você é a melhor amiga de Saturno. E, no seu caso, você não está fugindo de nada — ou talvez esteja. De sentimentos, de expectativas, de tudo que te disseram que deveria acontecer e nunca aconteceu. Você não se sente perseguida por sirenes ou investigações, mas sim pela sensação persistente de que algo deveria ter acontecido e não aconteceu.
E se Saturno castiga os impacientes, e ele premia você. Você espera. Você sempre esperou. Espera tanto que se tornou a melhor amiga do Tempo. E Saturno te observa com seus anéis distantes, com sua paciência cósmica, sussurrando que certas respostas só vêm com a erosão dos dias. Talvez seja por isso que, em dias nublados, você ainda pensa no homem cinza.
“Será que ele cortou o cabelo?”, você se questiona despretensiosamente. Não tem nada mais aleatório do que se perguntar sobre um estranho cinza, você sabe. Amor à parte, essas narrativas inventadas são generalizadas, e às vezes servem como uma cura para frustrações infantis que continuam a te perturbar até a idade adulta. “Será que ele era casado?” É quase um crime brincar com essas ideias, mas a verdade é que, para seguir em frente, é preciso criar realidades reais. Talvez daqui a vinte anos você não possa mais se permitir imaginar situações com o homem cinza. Cresça e perdoe.
Sabe como você jurou que nunca mais falaria com aquele amigo que te dedurou no colégio. Dane-se! Enquanto isso, você toma seu café da manhã nublado, com chuva morna. “Se ele é casado, como será a esposa dele?” Pare… Talvez seja falta de caráter continuar com essas divagações. Mas quanto tempo faz isso? Será que agora ele joga futebol? Será que é um artista desconhecido?
Será que ele é um músico desconhecido, tocando um violão de tons de azul desbotado e cinza, os mesmos que você ainda associa a ele? Talvez esteja em um estúdio improvisado, com móveis gastos, criando letras que ninguém entende, mas que significam o mundo para ele. Ou será que ele é apenas mais um rosto perdido no meio da multidão, como tantos outros que você cruzou e esqueceu?
Essas perguntas continuam surgindo, mas você sabe que não há respostas. Há apenas o vazio do desconhecido e o impulso incômodo de preenchê-lo com suposições. Isso diz mais sobre você do que sobre ele, não é? No fundo, você está tentando montar uma narrativa que nunca existiu, talvez porque seja mais fácil romantizar um desconhecido do que encarar a realidade de que, por vezes, os dias seguem sem grandes acontecimentos.
A chuva do lado de fora engrossa. Você encosta a testa na vidraça e observa as gotas se acumularem, deslizando lentamente como se fossem traçar um caminho definido. Mas nenhuma gota segue uma linha reta — assim como você, elas oscilam, desviam, colidem. O mesmo acontece com os pensamentos. “E se eu o encontrasse de novo? Será que ele me reconheceria?” Você ri baixinho, como se a ideia fosse absurda. Afinal, ele provavelmente já esqueceu de você.
Mas, ainda assim, você espera. Não por ele, exatamente. Espera por algo que nem você consegue nomear. Talvez seja um reencontro consigo mesma, uma chance de sair do ciclo de expectativas e aceitar que nem tudo precisa de respostas ou finais fechados. Saturno, com seus anéis de tempo, continua ali, lembrando que tudo se resolve — ou não — no ritmo do universo.
E, enquanto isso, o homem cinza permanece no fundo da sua mente, como um personagem secundário de um livro que você nunca terminou de escrever.
Numa noite qualquer, às 19:19, você decide ir ao posto de gasolina sozinha para garantir que seu tanque não estará vazio de manhã. Sai do carro, tranca as portas e guarda as chaves no bolso antes de entrar na loja de conveniência.
E lá está ele. O homem cinza. A mesma blusa listrada, branco e azul desbotado. Como se o tempo tivesse se recusado a tocá-lo. Ele está parado diante da geladeira de bebidas, indeciso entre Coca-Cola e cerveja.
Algo dentro da sua caixa torácica se agita — um turbilhão de sentimentos avassaladores que parecem consumir cada centímetro do seu ser. Um desejo quase obsessivo se arrasta sob sua pele, sufocante, incontrolável. Você se pergunta se essa situação já escapou das suas mãos, se a repetição do pensamento “O que eu devo fazer?” não passa de um pedido silencioso por confirmação ou permissão.
Seus passos avançam, hesitantes, mas inevitáveis. Há algo na cena que sugere sacrifício e entrega, como se aproximar fosse um ato de cumplicidade e não apenas um gesto banal. Você se oferece para ajudar — uma oferta que talvez signifique mais do que o simples ato de escolher uma bebida. No fundo, é um convite para compartilhar fardos, para dividir pesos invisíveis, para permanecer ali, mesmo nas profundezas do desconhecido.
O homem cinza continua imóvel, os olhos fixos nas prateleiras frias. Será que ele percebe sua presença? Será que, em algum nível, ele sente o mesmo? A sua beleza não é uma coisa, é uma febre. Ela atravessa você como uma lâmina invisível, fere sem dor, mas deixa marcas que não cicatrizam. Não pode capturá-la porque, ao tentar nomeá-la, ela já se desfez no ar como um perfume inalcançável. A beleza não é para ser vista, mas para ser sentida em um arrepio, em uma vertigem súbita, no instante exato antes da compreensão. Quando pensa tê-lo entre os dedos, percebe que só agarrou o vento. E então, em desespero, continua a observar seu homem cinza.
Ele finalmente se move. Os dedos longos deslizam hesitantes pelo vidro gelado antes de escolher uma latinha de cerveja. Você acompanha o gesto com os olhos, como se aquilo fosse um acontecimento cósmico, um detalhe essencial na narrativa secreta que só vocês dois compartilham — mesmo que ele não saiba. Ele vira o rosto ligeiramente para o lado. Não olha diretamente para você, mas o suficiente para que sua presença seja registrada em algum canto da consciência dele. Seu coração aperta. Um segundo a mais e talvez ele diga algo. Talvez ele ignore. Talvez ele vá embora.
A sua boca se abre antes que você tenha controle sobre ela.
— Eu teria escolhido a Coca.
O som da sua própria voz te assusta. Sai rouca, quase frágil, e você não se reconhece. Ele, por sua vez, levanta a lata, observa-a como se estivesse vendo-a pela primeira vez e dá de ombros.
— Tem dias que pedem cerveja.
A simplicidade da resposta te atinge de forma quase cruel. Você esperava algo mais? Uma revelação? Uma constatação mútua da estranheza desse encontro? Mas ele apenas existe ali, sem peso, sem profecias, sem destino. Apenas um homem cinza em uma loja de conveniência. E, ainda assim, seu peito queima.
Ele caminha até o caixa e você não sabe se o segue, se mantém onde está, se compra algo que nem quer apenas para prolongar aquele momento. Você desvia o olhar para a sessão de biscoitos, fica se segurando para não encará-lo. Suas mãos deslizam sobre as prateleiras procurando uma expressão suave e envolvente dos sentimentos que acompanha o ato de se apaixonar profundamente. Sua mente te apresenta imagens de intimidade e um futuro compartilhado, sugerindo uma conexão emocional que transcende o físico. Quando uma leve brisa passa pelo seus ombros como um oceano, um lugar de paz e estabilidade, um sonho de um lar construído sobre a fundação do amor. Você o observa pagar, pegar o troco, sair pela porta automática que se abre e fecha sem pressa, como se ele fosse apenas mais uma sombra no mundo.
E mais uma vez você espera. Escolhe uma coca-cola e um pacote de biscoito doce para aceitar um destino predeterminado e balança a cabeça na tentativa de imaginar um amor e a sensação de aceitação. É a sensação de estar presa a um destino infeliz, essa 'profecia' que nunca se cumpre. Será que Deus vai tirar de você o seu lugar para dar para outra? Talvez… sim… talvez você faça um pedido quase religioso por intervenção divina para alterar seu caminho na vida. Você paga suas compras, e vai diretamente para o seu carro.
Ao enfiar a mão no bolso para pegar as chaves, seus dedos roçam algo rígido. Não era o toque metálico familiar, mas um pedaço de papel mais espesso, desgastado nas bordas.Com um leve arrepio subindo pela nuca, você o retira e o desdobra, a caligrafia é apressada, levemente inclinada, como se tivesse sido rabiscada sem muito planejamento, mas com intenção.
"Beauty - sweet. Call me. 9xxx-69xx — A. Hozier"
O mundo ao seu redor parece desacelerar. O barulho do posto de gasolina — o zumbido dos letreiros de neon, o som abafado da chuva fina batendo no asfalto, o bip distante do caixa registrando outra compra — tudo se dissolve na frase curta diante dos seus olhos. Seu coração martela contra a caixa torácica. As pontas dos seus dedos deslizam sobre o papel, como se o toque pudesse extrair algum significado oculto.
“A. Hozier.”O nome provoca algo em você, um eco familiar que se recusa a se revelar completamente. Você tenta imaginar, tenta encaixar as peças, mas a única coisa que consegue pensar é no homem cinza saindo pela porta automática, a cerveja na mão, os passos pesados demais para alguém no mundo nos ombros. Ele deixou isso? Ou foi Saturno brincando mais uma vez com o tempo?
Quando você chega em casa, se senta na cozinha, abre o pacote de biscoitos e a coca-cola. Com uma mão só adiciona na sua lista de contatos o número do papel. Nesta noite você possui uma sensação de tranquilidade e certeza, refletindo a confiança que Saturno fez você esperar tanto tempo. Parece a você algo. Há uma simplicidade da letra, combinada com a atmosfera sonhadora quase etérea, você sentada em sua cozinha cria um cenário perfeito para a contemplação de algo verdadeiro e da entrega emocional.
Você acorda no sofá da sala. A luz que preenche o ambiente é lilás, mas não exatamente lilás — um tom acinzentado, celestial, como um reflexo de algo que não pertence inteiramente a este mundo. Você pega o celular e confere o horário: 4:50. Desbloqueia a tela, e lá está ele. O novo contato. "A. Hozier." Como se pronuncia esse nome? Rozier? Ozer? Nada parece fazer sentido. Talvez nada realmente faça. Você fecha os olhos por um segundo, tentando organizar os pensamentos. Como acreditar que o homem cinza deixou seu número no seu bolso? E se for outro maluco? Você ainda não consegue aceitar que seja o mesmo homem que viu outro dia.
O destino parece rir na sua cara agora. E, por essa razão, entra na brincadeira. “ Vou ligar agora. Caso seja o mesmo homem daquele dia vai me atender, se não for… não vai me atender…”. Com isso, você aperta em ligar. Sem pensar muito, antes que o bom senso possa interferir, você aperta o botão de chamada. O telefone toca. Uma vez. Duas. Três. Seu coração martela contra a sua caixa torácica. Na quarta chamada, um clique. A linha é atendida.
Silêncio.
Respiração.
E então, uma voz — grave, arrastada pelo sono, mas inconfundível:
– Alô?
– Parece que deixaram seu número no bolso do meu casaco… na loja de conveniência. - Você responde com muita timidez, e no fim diz seu nome de forma meio solta.
Você poderia perguntar se ele está bem. Mas talvez ele desvie, talvez diga que sim, que está tudo certo, porque alguns fardos são carregados em silêncio. Então, quem sabe, você possa apenas estar ali. Uma ligação em silêncio. Um riso que quebra o gelo. Uma frase solta no ar que o lembre de que a vida ainda tem leveza. Do outro lado da linha, um riso baixo e rouco escapa, quase sem querer.
— Então você achou, Beauty sweet…
O timbre dele tem algo de familiar e, ao mesmo tempo, distante. Como uma música antiga que você não lembra de onde conhece, mas que, de alguma forma, sempre esteve ali.
— Eu achei. — você responde, e a frase parece carregar mais do que um simples significado.
A vida tem dessas ironias. Pequenos acasos que não são tão acasos assim. Você ouve o barulho sutil de lençóis se movendo, o som abafado da cidade ao fundo, como se ele estivesse perto de uma janela aberta.
— E agora? — ele pergunta, sem pressa, sem expectativa.
— “E agora?” Você que me deu seu número… Senhor… Hozier?
Ele ri do outro lado da linha:
— Sweet… podemos nos encontrar hoje? A gente deve morar no mesmo bairro…
Ele diz o endereço dele, e você se surpreende pois a sua casa está a duas quadras. Talvez essa seja a pergunta que você mesma não sabe responder.
Você repete mentalmente o endereço dele, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Duas quadras. Tão perto que parece impossível.
— Sweet? — ele chama, como se testasse o apelido pela terceira vez, deixando-o escorregar pela língua.
Você poderia recusar. Poderia dizer, que não faz sentido encontrar um estranho. Mas algo dentro de você, algo inquieto e pulsante, já tomou a decisão antes mesmo de sua mente formular um argumento contra.
— Tudo bem. — Sua voz soa mais firme do que você esperava. — Mas só porque eu preciso entender quem colocou esse número no meu bolso.
— Então venha entender. — A resposta vem sem hesitação, carregada de algo indecifrável. Você quase pode ouvir o sorriso escondido na entonação. — Jardim de Inverno, rua XXX, às 16h. Tudo bem para você?
— Sim! �� claro!
Hozier encerra a ligação com um riso gentil e algo que parecia um "Até logo", antes que você possa pensar demais.
O celular continua quente na sua mão, como se guardasse resquícios daquela conversa. Você permanece parada por um instante, sentindo o silêncio pesar ao seu redor. Há algo inquietante na forma como as coisas estão acontecendo — rápido demais, estranho demais, mas, ao mesmo tempo, certo de um jeito que você não consegue explicar. Você se levanta. Não sabe exatamente o que está fazendo, mas tem certeza de uma coisa: não vai voltar a dormir.
Sua rotina foi normal. Mas, quando o relógio marca 15h34, você ajeita os cabelos diante do espelho, tentando ignorar a inquietação que cresce dentro de você. Queria ter a certeza de que esse homem cinza fosse um amor estável, divertido e fácil. Talvez ele seja o objeto desse amor. Talvez, se for uma pessoa bacana, que te adore e seja parceiro, já seja mais do que suficiente. Você quer um amor assim. É pedir muito? Ora, você está sendo até modesta.
O problema é que você imagina demais. Constrói um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos. Analisa o currículo do candidato, estabelece critérios inegociáveis. Por exemplo, seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja para assistir Netflix. E seria bom que gostasse dos seus pais. Mas o amor nem sempre vem com manual de instruções. E você está prestes a descobrir isso.
Você suspira, pega as chaves e tranca a porta atrás de si. Decide ir a pé. O ar da tarde tem um frescor que acalma e inquieta ao mesmo tempo, como se algo estivesse prestes a acontecer. E então, você o vê. A beleza dele não é óbvia, não é comum. Não é um rosto para ser esquecido, porque não é só um rosto—é quase um presságio. Ele tem a beleza da terra molhada depois da tempestade, das árvores que sussurram segredos antigos. Seus olhos não olham, desvelam. O cabelo cai sobre o rosto como hera que cresce sem medo de engolir ruínas. Há algo de paganismo em sua presença, algo de homem que pertence mais ao vento do que ao concreto. Lembra daquela voz a qual é uma febre, um chamado de alguma divindade esquecida que canta não para ser ouvido, mas para ser sentido. Ele não é belo como um quadro na parede, mas como um fogo ao longe, chamando para perto e prometendo consumir.
Hozier se aproxima, e a sombra esguia dele engole a sua. Ele sorri de um jeito contido, quase como se temesse quebrar o instante, e você retribui. Nenhum de vocês sabe muito bem como preencher o espaço entre um “oi” e o que vem depois, então desviam o olhar e começam a andar lado a lado, passos ritmados pelo acaso. Hoje, você compreenderá que o amor se veste de muitas formas, algumas silenciosas e outras ruidosas, algumas como sussurros entre sombras e outras como explosões de luz sobre um palco. O encontro de vocês é como contraste entre a tensão e o delicado. Aqui, a estrutura se encontra com a expressão, a reserva com a exuberância, a discrição com o desejo ardente de ser visto.
— Você sempre anda assim, sem destino? — você pergunta, com um meio sorriso.
— Acho que sim. — Hozier dá de ombros. — E você sempre colocando números nos bolsos das pessoas que me interessam.
A resposta paira no ar por um momento, uma provocação suave, um convite sem pressa. Ele olha para você de lado, como se estivesse tentando decifrar algo que escapa à compreensão comum.
O jardim de inverno surge à frente, envolto em uma luz acinzentada que se dissolve no final da tarde. A cidade segue com sua pressa habitual, mas ali dentro, no pequeno refúgio de vidro e folhas, o tempo parece desacelerar. Você entra primeiro, sentindo o cheiro de terra úmida, a presença de plantas que respiram em silêncio. Ele para ao seu lado, observa o ambiente e solta um suspiro leve, quase imperceptível.
— Você já veio aqui antes? — você pergunta.
Ele passa os dedos pelos galhos de uma trepadeira próxima, como quem cumprimenta uma velha conhecida.
— Já. Algumas vezes. Mas hoje parece diferente.
Você não pergunta o que exatamente mudou. Talvez seja a luz filtrada pelo vidro, talvez sejam as folhas que cresceram desde a última visita. Ou talvez seja você. Sua fala soava numa afetividade que se desenvolve em silêncio, muitas vezes envolta em um certo ar de mistério ou em experiências que demandam discrição. Você, ainda está impaciente, com o amor é um compromisso interno, um pacto selado mais pelo tempo do que pelo instante, mais pela constância do que pela declaração. Existe uma dificuldade em expressar sentimentos de maneira direta, pois você não fala a língua do mundo externo: é sua morada do inconsciente, do que se esconde, do que se revela apenas em símbolos e gestos sutis.
Você, por sua vez, rege o amor com seriedade. Não se encanta por promessas vãs, mas pela segurança que se constrói com o tempo. O afeto é algo sagrado, algo que se fortalece na dedicação discreta e nos gestos que nem sempre são percebidos pelo outro de imediato.
Hozier observa as folhas entre os dedos por um instante antes de soltar a trepadeira, como se estivesse liberando um pensamento sem pressa. O silêncio entre vocês não é incômodo—é denso, carregado de significados que ainda não foram ditos. Ele finalmente olha para você, e há algo ali que escapa da definição, algo entre a contemplação e a curiosidade.
— E você? — ele pergunta, quase num sussurro. — Vem aqui com frequência?
A pergunta é um reflexo da sua, mas a maneira como ele a diz carrega um peso diferente. Você sente que ele não quer saber apenas sobre este jardim de inverno, mas sobre os lugares onde você se refugia, os espaços que você escolhe para existir quando ninguém está olhando. Você inspira devagar.
— Não tanto quanto eu gostaria.
Ele sorri de lado, como se entendesse mais do que você disse. Como se já soubesse.
Vocês continuam andando, os passos ecoando no chão de pedra úmida. Hozier tem um jeito de preencher o espaço sem precisar de palavras, e isso te confunde. O amor, para você, sempre veio embalado em declarações explícitas, em certezas concretas. Mas ele parece ser feito de outra matéria—algo que se insinua ao invés de se afirmar, algo que se constrói no intervalo entre um olhar e outro. E então, ele para.
— Você acredita em sorte? — A pergunta chega como uma nota solta no ar.
Você franze a testa, sem saber se ele fala do destino ou de algo mais mundano.
— Acredito… às vezes. Por quê?
Ele ergue a mão e mostra algo entre os dedos. Um trevo de quatro folhas.
— Porque acho que hoje é um dia de sorte.
Você o encara, e há um brilho diferente nos olhos dele, algo que não é só brincadeira.E, sem perceber, você sorri.
Quando você percebe seu sorriso, se auto-repreende, afinal, prefere amar na sombra. Contudo, Hozier, parece pedir pelo reconhecimento. O afeto aqui é generoso, quente, teatral. A paixão está começando a se manifestar em gestos, em demonstrações claras de admiração e orgulho pelo outro. Amar, é um ato de criação e celebração, onde cada relação precisa de um brilho especial.
— Você pensa demais — ele diz, sem pressa, sem julgamento.
Você pisca, surpresa.
— Como assim?
— Você se fecha dentro da própria cabeça. Quase posso ouvir as engrenagens girando.
Ele brinca, mas há verdade ali. Você desvia o olhar, mas ele não se apressa em preencher o silêncio. Em vez disso, caminha à sua frente, para um banco sob a estrutura de vidro. O céu lá fora está pesado, um azul de tempestade se formando no horizonte.
— Se chover, ficamos aqui presos — você comenta, mais para si mesma.
Hozier sorri de lado, dando de ombros.
— Existem lugares piores para se ficar preso.
Você solta um riso curto, sem perceber. Mas ele percebe. E, pela primeira vez, você se pergunta se, talvez, não seja tão ruim assim ser vista. Vocês sentam em um banco de mármore. Enquanto, Hozier se inclina um pouco para frente, como quem procura uma brecha, uma entrada para o seu mundo interno. Ele não força, apenas espera, paciente, deixando o espaço entre vocês se tornar uma ponte em vez de um abismo. Você ri baixinho, um som quase involuntário.
— Oh… A. no cartão é…?
Ele levanta os olhos para você, com um brilho que mistura curiosidade e diversão.
— Andrew — responde, pausadamente.
Seu olhar desliza para os seus pés, e a pergunta seguinte vem com um tom tão despretensioso que te desarma completamente:
— Desculpa, Beauty Sweet… mas qual é o número do seu sapato?
Você pisca, sem entender direito.
— Hã?
Ele ergue os olhos novamente, a sombra de um sorriso brincando no canto dos lábios.
— Curiosidade — diz apenas, como se isso explicasse tudo. E, de algum jeito, explica.
Você hesita por um instante, franzindo a testa em leve desconfiança. Você responde, por fim, sem saber ao certo por que está entrando no jogo dele. Hozier assente, como se essa fosse uma informação importante, como se isso dissesse algo essencial sobre você. Ele não ri, não provoca, apenas arquiva o dado em algum canto da mente, como quem coleciona detalhes preciosos. A chuva se aproxima. O cheiro dela fica mais forte, e a primeira gota pousa suavemente na lateral do telhado de vidro. Você a observa deslizar pela superfície fria, e por um momento sente que tudo ao seu redor se move na mesma lentidão.
— Você sempre faz perguntas assim? — você arrisca, quebrando o silêncio.
Ele inclina a cabeça, pensativo.
— Assim como?
— Como se estivesse tentando montar um quebra-cabeça.
Hozier solta um riso curto, olhando para frente, para além do vidro embaçado pelo começo da garoa.
— Talvez eu esteja.
Você não sabe dizer se ele fala de você ou do mundo.
A chuva engrossa. As gotas caem ritmadas, tamborilando no telhado de vidro do jardim de inverno. Você cruza os braços, sentindo o frescor da umidade subir pelo ar. Hozier se recosta no banco, relaxado, como se estivesse exatamente onde deveria estar.
— Legal… — ele sussurra, e há algo na forma como ele diz isso que faz você prender a respiração por um instante. Você não tem resposta. E, de algum jeito, ele parece gostar disso.Você hesita por um instante, franzindo a testa em leve desconfiança.
A interação entre vocês está numa dinâmica desafiadora, mas também profundamente enriquecedora. Você pode olhar para Hozier com certo estranhamento: por que tanto? Por que essa necessidade tão latente de ser visto? Andrew Hozier, por sua vez, pode se perguntar onde está a sua correspondência, pois sua linguagem de afeto exige confirmação pública, enquanto você se expressa de maneira mais contida e privada. Contudo, existe compreensão mútua, portanto, o encontro pode se tornar um espaço de aprendizado e expansão para ambos. Hozier está ensinando a você a beleza de arriscar no amor, a coragem de se expressar sem medo. Por outro lado, você está oferecendo a ele a segurança de um amor sólido e confiável, que não se abala com as tempestades da vida.
A chuva agora cai de verdade, desenhando trilhas líquidas no vidro acima de vocês. O som da água preenche o espaço, criando um casulo à parte do mundo. Hozier observa as gotas deslizarem, a luz difusa transformando tudo em um reflexo meio etéreo.
— Então, Beauty Sweet… — Ele volta o olhar para você, e há um tom de provocação suave, mas sem pressa. — Você sempre se esconde assim?
Você inclina a cabeça, cruzando os braços como um escudo natural.
— Eu não me escondo.
— Não? — Ele sorri, um sorriso que carrega mais compreensão do que desafio. — Tem certeza?
Você suspira, desviando o olhar para a chuva. Há algo desconcertante na maneira como ele enxerga além das suas palavras, como se estivesse lendo algo que nem você soubesse que escreveu.
— Eu só… não vejo necessidade de ser tão explícita sobre algumas coisas.
— E se eu precisar que seja?
A pergunta paira no ar entre vocês.
Seu primeiro instinto é dizer que ninguém precisa de nada. Que as pessoas devem se adaptar umas às outras, que o amor se prova no silêncio tanto quanto nas palavras. Mas há algo na forma como ele diz aquilo, algo sincero e desarmado, que faz você reconsiderar. Ele se inclina para perto de você, como se fosse roubar um beijo:
— Sweet, por que você sempre aparece quando estou tendo um dia ruim?
Hozier não se move, mas a proximidade entre vocês carrega um peso. O tipo de peso que não sufoca, mas que exige uma resposta, um gesto, qualquer coisa. A chuva continua caindo, criando um ritmo tranquilo, quase compassando a batida dos seus próprios pensamentos.
— Talvez… — sua voz sai mais baixa do que o esperado. — Talvez eu apareça porque você precisa.
Ele sorri, mas é um sorriso pequeno, sem brincadeira. Algo nele parece derreter um pouco, como se sua resposta tocasse um fio invisível dentro dele.
— Isso quer dizer que você acredita no destino?
Você pondera a pergunta. Em outros momentos, talvez tivesse negado, rindo de lado, afastando a ideia. Mas algo naquela tarde chuvosa, no jeito como Hozier olha para você, faz com que a palavra destino pareça menos uma fantasia e mais uma possibilidade tangível.
— Não sei — você admite. — Mas sei que algumas coisas acontecem de um jeito difícil de ignorar.
Ele observa você por um instante mais longo do que o necessário. Depois assente, como se aceitasse sua resposta sem necessidade de mais nada. O silêncio que se instala não é desconfortável. Pelo contrário. É um silêncio de entendimento, de um espaço sendo compartilhado sem pressa de ser preenchido. Vocês, sem dizer uma palavra, até lembram daquele filme, Pulp Fiction, onde a ausência de palavras diz um pouco mais.
Então, a tela do seu celular se acende com uma notificação de propaganda. Os olhos dele vão diretamente para a tela, tentando captar cada detalhe, cada sutileza que seu celular poderia dizer sobre você. O mais rápido, você tira o celular do campo de visão dele, que medo dele entrar no seu mundo.
Mas o que te assusta mais? A possibilidade de que ele se apaixone por você? Ou a de viver eternamente com você e Saturno, apenas…?
— Andrew, você é cinza… mas um cinza puxado para uma intersecção com azul e lilás.
Ele se inclina levemente a cabeça, como se saboreasse suas palavras antes de respondê-las. Há um brilho curioso em seus olhos, algo entre a diversão e o fascínio.
— Isso é bom ou ruim? — ele pergunta, com a voz baixa, arrastada.
Você hesita. Como explicar que a cor dele não é apenas uma percepção, mas um sentimento? Cinza, sim, mas não um cinza de ausência. Um cinza que se mistura com tons azulados com nuances de lilás, algo que oscila entre a melancolia e encantamento, entre o mistério e conforto.
Ele sorri pequeno, desviando o olhar por um instante. Quase parece tímido, e isso o torna ainda mais intrigante.
— E você? — ele pergunta, voltando a encará-la. — Se eu sou cinza, qual é a sua cor?
Você não sabe. Ou talvez saiba, mas não esteja pronta para colocar em palavras.
— Bem… se você não sabe, Beauty Sweet, eu vejo laranja em você…
Afinal, você não sabe,mas para ele sua presença é como a terra no fim do verão, quando o Sol começa a se despedir lá fora; e a chuva diminui, tornando-se um sussurro fino contra uma promessa de calor no meio do frio, um toque de ferrugem na pele do outono. Aos olhos dele você é a luz que escapa pelas frestas de um celeiro esquecido, a cor do amanhecer que chega devagar, como se não quisesse ir embora. Naquele jardim de inverno, o tempo ali dentro parece suspenso, como se o mundo lá fora tivesse ficado para trás.
— Você gosta de música? — ele pergunta de repente.
A mudança de assunto é abrupta, mas bem-vinda. Você assente, e ele se anima um pouco.
— Se você fosse uma música, qual seria?
Dessa vez, você sorri. Porque essa pergunta, sim, você pode responder.
— Disorder — você diz sem hesitação.
Hozier fecha os olhos por um breve momento, como se deixasse a melodia tocar em sua mente. Quando os abre novamente, há algo mais suave ali, algo próximo de entendimento.
— Joy Division? — ele murmura, e assente, como se sua resposta fizesse todo o sentido do mundo. — Você tem bom gosto.
A conversa flui como uma canção que ainda não terminou de ser composta. Talvez vocês sejam apenas notas soltas, ainda tentando encontrar harmonia. Ou talvez já sejam uma melodia em formação, esperando o momento certo para se tornar algo maior. Passado um tempo, vocês decidem caminhar até sua casa acontece em silêncio, mas não um silêncio vazio—é um intervalo entre notas, um espaço onde a melodia respira. O cheiro de terra molhada ainda paira no ar, misturando-se ao perfume discreto que vem dele.
Você tenta ignorar a leve tensão que cresce a cada passo, mas ela está ali, pairando entre vocês como eletricidade antes da tempestade. Hozier caminha ao seu lado com as mãos nos bolsos, os olhos fixos na calçada, como se estivesse ponderando algo.
Quando finalmente chegam à porta da sua casa, ele para. Você sente que esse é um momento que poderia se desfazer no ar se não fosse segurado com firmeza.
— Sweet… — Ele murmura, e há algo em seu tom que te faz prender a respiração.
Você levanta o olhar, e ele está ali, tão próximo que você pode contar os pequenos detalhes—o traço desordenado das sobrancelhas, a curva suave dos lábios, a respiração que se mistura com a sua.
Ele ergue uma das mãos, devagar, como se esperasse um sinal para continuar. Seus dedos tocam de leve seu rosto, um gesto quase hesitante. Mas você não recua. Talvez o amor seja mesmo uma interseção de cores—cinza e laranja, sombra e promessa. Talvez seja o choque entre o frio e o calor, o encontro entre aquilo que se esconde e aquilo que insiste em brilhar.
E então ele se inclina.
O beijo acontece com a mesma naturalidade de uma folha caindo no outono, de uma onda encontrando a areia. Não há pressa, não há urgência, apenas a certeza de que aquele instante precisava existir. O toque dos lábios dele nos seus carrega a intensidade de alguém que sente profundamente, mas que não quer quebrar o momento com o peso de palavras.
Quando ele se afasta, por um breve segundo, você ainda sente o gosto dele nos seus lábios— tem gosto de algo maduro e cheiro de resina que se desprende das árvores cortadas. É efêmero, mas inesquecível., como a lembrança de uma música que você não sabia que precisava ouvir. Hozier solta um suspiro quase imperceptível, mantendo os olhos nos seus por mais um instante. Depois, dá um passo para trás.
— Boa noite, Sweet.
E então, ele se vai, deixando para trás o rastro de algo que você ainda não sabe nomear.
Mas que, de alguma forma, já sente saudade.
Deus, me deixe ter o cinza da minha visão.
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percabething · 7 months ago
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“you better not be drinking and getting pregnant behind my back”
ma’am, I read fanfics on tumblr to fall asleep
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benoits-neckerchieves · 5 months ago
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Just found Hugh Grant’s Reddit AMA from 2014, featuring such gems as “I love to kill” and “I will pour almost anything down my throat”
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Source: Hugh Grant Reddit AMA
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k-wame · 1 year ago
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Taylor Zakhar Perez as Alex Claremont-Diaz & Nicholas Galitzine as Prince Henry 2023 · Red, White & Royal Blue · RomCom · dir. Matthew López
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moonlightsdream · 1 month ago
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13 going on 30 (2004) — dir. Gary Winick     
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hairmetal666 · 25 days ago
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"Is this always how they act?" Jonathan asks. He has to lean close and yell a little for Robin to hear him over the noise of the house party.
"Yup," she says.
She, Jonathan, and Argyle continue to stare at Eddie, sitting in an easy chair, Steve perched happily on his lap. Eddie has a whole bowl of bbq Lay's, and Steve will lean back for a chip, which Eddie feeds him with a smile.
"And they're definitely not dating?" Argyle asks when Steve leans back to whisper in Eddie's ear, mouth pressed close. It's deeply gratifying that they just got in from California and already they see it.
"Steve says no."
"You think he's lying?" Jonathan asks.
"I think he doesn't realize he likes Eddie yet."
Eddie tugs at Steve's hair, and Steve turns back, gives him a smile that's so intimate Robin can't stare directly at it. Instead, she turns to her friends, but Argyle is still watching Eddie and Steve. He's drumming his fingers against his chin, expression what Robin could only call mischievous.
"What are you planning?" Jonathan asks.
"Just helping some bros find true love."
Jonathan looks mildly concerned but before he can say anything, Nancy makes her appearance. And they're something, becoming something, and she cares about Eddie and Steve getting their shit together, but Nancy is smiling and she's so, so pretty. It's easy to get lost in the blue of her eyes and the sweep of her hair and forget about everything else.
---
A few hours later and they're all sitting around a coffee table in the basement, just the six of them. It's sort of funny, she thinks, how it always ends up being the six of them.
They're crossfaded already, but that hasn't stopped Eddie and Argyle from lighting another joint. Her thoughts have gone light and floaty, all that's holding her to earth the press Steve's leg and Nancy's hand against hers.
Argyle is sort of monologuing and she doesn't think any of them are paying much mind, but then he stops mid-sentence, grips Jonathan's shoulder tight enough that his knuckles go white. "Dudes. What if we played Truth or Dare?"
Nancy snorts. "Not on your life."
"I don't think I can move?" She says. She leans into Steve, sighing with contentment.
"I, for one, would love to see Buckley complete a dare," Eddie says.
She sticks her tongue out at him. "I've done plenty. Band kid, remember?"
"Ugh, curse the horny trumpeters." Eddie slumps on the coffee table in defeat.
"I'll have you know, they were very wholesome games."
Steve squints at her. "Wasn't there an orgy in someone's pool?"
She sniffs, looks away instead of answering, which makes everyone laugh.
"Speaking of sex," Argyle says. "No one catch your eye tonight, Harrington?"
"Wasn't really looking."
"That's new," Jonathan says.
Steve laughs. "I'm tired of hooking up."
He's told her that too, countless times. She thinks the real reason he hasn't dated in months is sitting right next to him, drumming his fingers on the coffee table.
"Maybe you've just lost your touch," Argyle says.
"I have not!" Steve clutches a hand over his heart. "If I wanted to, I could pull any girl upstairs."
"C'mon, my dude, no way you're that good."
"I was!" He looks to Robin, Nancy, Jonathan. "I was, back me up!"
"I don't know, Scoops wasn't your best work," she says.
"No, no, we said Scoops doesn't count! It was the hat. The outfit! I did fine after!"
"I happened to think the sailor costume was very cute," Eddie says.
"Thank you," Steve preens. He shifts away from her to lean into Eddie, who grins.
"I don't think we can trust Eddie's judgement here," Nancy says.
Steve points at her. "Yes, and I remember you being totally uninterested."
She squeaks in indignation, Robin smothering her own giggles behind her hand. "It was--it was hormones!"
"Yeah, very uninterested in me." Jonathan chimes in. There's a little second where no one reacts--the fact that Nancy was technically still with Steve when that happened ringing unspoken between them--before Nancy and Steve start to giggle.
"I've hooked up with everyone I've ever tried to," Argyle chimes in, nonchalant.
"No way," the whole group says.
"I've got the touch."
"C'mon, that literally can't be true just by like...stats," Steve says.
"Don't know what to tell you, my dude." Argyle's smile is smug. "I'm really good."
"You're just jealous," she tells him. She nudges his shoulder so he knows she's joking.
"No! Jealousy has nothing to do with it."
They erupt at that, calling out the obvious lie.
"I'm not upset!" Steve shouts over them. "I'm just saying, it didn't happen. Sorry, Argyle. You have bizzaro charm, but there's no way it has a 100% success rate."
"Sounds like jealousy to me, Stevie." Eddie cocks his head with a smirk.
"Harrington, you're so cute when you're competitive," Argyle says. "Anyway, it worked on--"
"Don't say Jonathan," Nancy, Steve, and Robin all say.
"Hey! Why not me?'
"Well, it's just--" Nancy waves her hand in the air. "You're. I mean. It's not hard."
Jonathan groans, hides his face in his hands as they laugh.
"I'll prove it to you," Argyle says to Steve. "100% success rate."
"What?"
"I'm going to seduce you."
"Oh, shit," she says.
She knows what's going to happen even before Steve puts his hands on his hips, awkwardly cause they're sitting, cocks an eyebrow, and says, "Okay."
Eddie grumbles something she can't make out, but Steve shakes his head, laughs. "Nah, it's just for fun, right?"
"Until it works." Argyle tosses his hair.
Steve rolls his eyes. "Gimme your best shot."
They rearrange around the table, Eddie and Argyle swapping places.
Everyone is quiet for a second, Steve reaches for his drink. "You got great hands, Harrington," Argyle says.
"I--oh, what?" Steve splutters. He goes a little pink, and Robin thinks it's the first time she's seen him this flustered by a compliment.
"Yeah." Argyle takes his hand, traces along his palm and knuckles. "Big. Strong. Like you could really take care of someone."
Eddie kicks the table, sending it rocking, scattering empty cups and chip bags. Steve is crimson, totally oblivious to Eddie's flailing.
"Thanks," he mumbles. He doesn't pull his hand away. Robin, everyone, is riveted.
"No one's ever told you that?"
"No. No one."
"That's too bad. It's probably all about your hair and your eyes and your body."
Steve smiles and it's one she recognizes, flirty and a little wicked. "You noticed my body?"
Argyle laughs. "Oh, c'mon, you know everyone notices that."
"Would you believe it if I told you I don't get enough compliments?"
"Not on your life."
Steve leans into him, giggles. "Well, worth a shot, right?"
"Always. You wanna know the first thing I noticed about you?"
"Ass, right?"
"It was how much you love your friends but you hide it behind a facade of disapproval. Made me think maybe you weren't used to the love you want to give being reciprocated."
They're all locked in on Argyle and Steve, but she notices Eddie flinch, move like he's about to stand, Nancy reaching out to stop him. She thinks, then, for the first time, that maybe this is mean to him. He doesn't know it's not real.
"Oh," Steve says. His voice breaks, a little, and her heart breaks for him. "I--oh."
"Your ass was the second thing I noticed," Argyle quips and the tension around the table breaks, Steve giggling.
With smooth confidence she never would have expected him to possess, Argyle cards his fingers through Steve's hair. "Just had to touch it for myself." His voice is soft.
"That all you want to touch?"
Argyle grins. "Not even a little bit."
She watches, stunned, as Steve leans in, face almost touching Argyle's. Eddie makes a noise, a pained cough, and Steve leaps to his feet.
"I can't kiss you!" He half-yells, stumbling.
"And why not?" Argyle asks. He's got a wild smile on his face.
"I'm in love with Eddie!" Steve's eyes are wide, panicked.
"I'm sorry," Steve says to him. "Eddie, I--"
But before he can get the words out, Eddie's climbing over the coffee table, sending drinks and snacks flying, the calls for him to get down ignored as he trips into Steve's arms.
"You love me?" Eddie asks.
"I'm sorry I couldn't say it before. I--got in my head about it and I--I hoped it didn't seem like I was leading you on because my words kept getting stuck, and--"
"Sweetheart." Eddie stops him. "I--" He breaks off, notices that the rest of them are raptly listening to the confession. "Do you want to go somewhere we can talk?"
They disappear upstairs, and she turns to Argyle in awe. "I can't believe that actually worked."
"What can I say, I'm a miracle worker. Are there more Doritos?"
---
Early in the morning, they're piled in Nancy's station wagon, Jonathan driving them home. She and Nancy are in the middle seat, Steve and Eddie in the back. Steve's curled against him, face pressed to his neck, hidden by a cloud of hair. She wants to ask what happened, how their conversation went, if they're official and how long Steve's known he's in love, but Nancy moves closer, head dropping to Robin's shoulder. Their fingers entwine and Robin closes her eyes, smiles.
"Tomorrow?" Nancy asks.
She nods. "Tomorrow."
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imissmymonster · 5 months ago
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Also, what's the best book you read this year?
I'm a very curious human! Tell me! haha
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foreverthebolter · 4 months ago
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One of the reasons Nobody Wants This is so great is because it’s about a relationship with two adults that know how to have a conversation when they’re feeling insecure or upset or if there was a misunderstanding. It’s also very funny and romantic. God tier romcom
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jdorian · 4 months ago
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#babes, that's a cello
NOTTING HILL ✧ 1999 | dir. Roger Michell
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landoslastnerve · 6 months ago
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HUGH JACKMAN as EDDIE ALDEN Someone Like You (2001) dir. Tony Goldwyn
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admireforever · 4 months ago
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Nobody Wants This
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percabething · 3 months ago
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when the fic has an aesthetically pleasing layout but the writing is… questionable
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superbatsfam · 9 days ago
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dick and jason watch romcoms together bc they're the baddest bitches alive
dick: let's watch a romcom
tim: you wouldn't catch me dead watching one of those
damian: *ignoring them while he watches some action movie or documentary*
bruce: i'm busy with a case
everyone looks over and watches as jason pulls out snacks and opens netflix: which one?
everyone: ...
jason: i'm not ashamed
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