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Quando Arnaldo Antunes recita na música Amor I Love You de Marisa Monte, um trecho do romance "O primo Basílio" de Eça de Queiroz:
Tinha suspirado
Tinha beijado o papel devotamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saia
delas
Como um corpo ressequido
que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma!
E parecia-lhe que entrava enfim numa existência
superiormente interessante...
Onde cada hora tinha seu intuito diferente
Cada passo conduzia um êxtase...
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações...
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“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que
lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor
amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido;
sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa
existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto
diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”
Eça de Queiróz
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"Será auténtica compasión cuando el compasivo sepa identificarse con el que sufre de tal suerte que su lucha por buscar una explicación al mal del otro sea también una lucha por sí mismo, habiendo renunciado de antemano a todo lo que sea vacuidad intelectual, sentimentalidad o cobardía".
Soren Kierkegaard
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Sentimentalidades
Eu te Amo.
Eu sei, já disse que te Amo, mas, vendo de fora, “Eu te Amo” é e continuará sendo, apenas três palavras. Então, como poderiam três palavras conter todo o meu sentir? Como poderiam três palavras encerrarem o sentimento em mim? Três palavras? Eu te Amo.
Ah, se você soubesse o calor que sinto ao te ver, a alegria que é ver-te sorrir, o aspirar teu perfume – não as fragrâncias, essências artificiais que se obtêm em lojas, boticários etc. – refiro-me ao cheiro da tua pele que fica em mim, que me faz senti-la horas mais tarde quando já estou tão longe... Eu te Amo.
Eu te Amo? Em “Eu te Amo”, não cabe à falta que sinto da tua presença, não me conforta... “Eu te Amo” não me acalma ou sossega, não me dá paz... Eu te Amo.
Você está entendendo? “Eu te Amo”, não consegue sequer dizer que daria minha vida por você, que faria tudo o que é possível fazer... E que se simples promessas tivessem de fato validade, eu lhe daria a Lua... Eu te Amo.
Eu te Amo.
Em “Eu te Amo”, não caberia, cabe ou caberá que assumiria seus erros, que seria capaz de perdoar-lhe todos os erros, e que, ao fazê-lo, você, com os olhos a me enxergar e sem acreditar no quanto posso me doar, não saberia sequer desculpar-se a si mesma – posto que não seja a mim que você deve pedir desculpas – por coisas tão corriqueiras. Quem nunca errou? Quem acreditando estar fazendo o melhor não mentiu, omitiu, consumiu-se de ciúmes – desconfio, estou exemplificando, não se alarme – e errou... Quem?
Eu, por exemplo, erro todos os dias e das mais variadas formas... Estou me afastando do centro de minha atenção, meu Amor por você.
Eu te Amo.
Eu te Amo desde que lhe vi, desde que senti você tão próxima a mim, que poderia lhe tocar se quisesse e como quis. Eu te Amo, e, em “Eu te Amo”, não coube, não cabe, não caberá, o sentimento todo que se encerra em mim.
Meu Amor não está embalado, não vem com modo de me usar, de me tomar, não está escrito em mim como me usar... Não tenho receita, bula, não tenho manual... Não tenho nada, além desse Amor.
Eu te Amo e, em “Eu te Amo”, não está o calor que sinto por me lembrar de ti, não está a companhia para a ausência tua, não está o afago, o olhar, não está a tua cor, teus cabelos negros, não está, e Eu te Amo... Eu te Amo.
Três palavras? Eu te Amo.
“Eu te Amo” não diz que para tua felicidade renunciaria a você, que sentiria dor baixinho para não incomodar ninguém, que choraria sem deixar correrem as lágrimas ao te ver com outro alguém, que buscaria sentir-me feliz por te Amar tanto e a tal ponto que a deixaria livre... E que fique bem claro, não estou fazendo isso agora.
Por que é tão difícil fazer que caiba tudo o que quero, o que sinto, o que desejo, enfim, em Eu te Amo? Por quê? E mesmo que me consumisse em estudos, ensaios, teses, eu chegaria ao fim da vida sem ter feito caber toda essa sentimentalidade em “Eu te Amo”.
Não tem tingido de caneta. Não haveria canetas suficientes para escrever, descrever meu “Eu te Amo”, não haveria penas que traçassem tortas ou mesmo retas linhas que fizessem críveis as dimensões do meu “Eu te Amo”, não a de existir máquina que o contenha, que processe tanta informação quanto à que encerra o meu “Eu te Amo”. Quanta coisa essas três palavras contêm...
Se tivesse algo a lhe dizer que não contivesse o todo do meu sentir e que ainda assim fosse a única coisa a ser dita posto que nada contém... Seriam, sempre estas três palavras... Eu te Amo.
Eu te Amo.
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odio al hombre normado
ese que para mi vive en las tinieblas
no es mi normalidad
para mi ellos son seres monstruosos
ellos son el ajeno
lo extraño
lo repudiable
pero que es tan cegador aveces
aveces quiero que me vean
otras veces que me aborrezkan
otras veces que me besen
escupan
sus lenguajes tan inertos
tan carentes de verdad
sus corazones se mueven por alguna sentimentalidad?
sí
sexo,placer
me veras como una ser humana?
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10 libros que debes leer antes que finalice 2024.
"American Psycho" de Bret Easton Ellis: La novela se centra en la crítica a la sociedad materialista y el impacto de esta en la psicología humana.
"1984" de George Orwell: El libro explora los peligros del totalitarismo y la vigilancia constante en la sociedad.
"Alta fidelidad" de Nick Hornby: La obra aborda la vida de un melómano en sus treintas, enfrentando la insatisfacción laboral y personal.
"El gran Gatsby" de F. Scott Fitzgerald: La novela explora la decadencia moral y social oculta bajo la superficie de la brillante era del jazz.
"Crimen y castigo" de Fyodor Dostoevsky: El libro explora la psicología humana y las consecuencias de los actos criminales.
"Anne of Green Gables" de L.M. Montgomery: La obra explora el conflicto entre la imaginación y la expectativa, y la sentimentalidad versus la emoción.
"Fahrenheit 451" de Ray Bradbury: La novela explora la censura, el control del conocimiento, el lado oscuro de la tecnología y la alienación social.
"El guardián entre el centeno" de J.D. Salinger: El libro explora la búsqueda de la identidad y el significado de la vida a través del crecimiento y desarrollo personal.
"Amerika" de Franz Kafka: La obra explora la impotencia humana frente a una fuerza que no puede superar.
"El retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde: La novela explora la obsesión por la eterna juventud y la belleza. Aunque estos libros abordan una variedad de temas, todos exploran de alguna manera la psicología humana y la lucha interna de los personajes principales con su entorno y consigo mismos.
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Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente. Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações.
O Primo Basílio (Eça de Queirós)
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BLOQUEIO CRIATIVO.
Não consigo não aproveitar logo a oportunidade de iniciar esse espaço que chamarei de meu e esse instante frustrante da madrugada para comentar que tem mais de dois meses que eu me encontro num PUTA BLOQUEIO CRIATIVO, maluco. Tá bem, bem complicado, sabe? Tá quebrando o meu hábito de escrita. Pra quem me segue há algum tempo em outras redes sociais, sabe que eu meio que publiquei de forma autoral um livreto de textos e poemas chamado 'Fragmentos de um Coração que Muito Sente'.
Tempos após a minha publicação autônoma, abriram inscrições para um edital aqui em Contagem (cidade aonde vivo) relacionado a Lei Paulo Gustavo que poderia ser um passo MUITO GRANDE para esse livreto, sabe? Fiquei super animado. Mas o livro não se encaixava no quesito de quantidade de páginas (o mínimo de páginas tinha que ser 60. Isso sem contar outros quesitos que eu tive que alterar para adaptar as regras que diminuíram ainda mais a quantidade de páginas) e desde então, decidi escrever mais alguns textos e poemas para que pudesse, quem sabe, me inscrever nesse edital. Infelizmente, não consegui.
Ainda assim, me senti determinado a aumentar a quantidade de páginas do livro para poder enviá-lo para algumas editoras e, quem sabe, ter a possibilidade de ter um lançamento de forma profissional. Fiquei pilhado demais na escrita, mas desde então, NADA SAI. Juro.
Com base nisso, decidi concluir o livro com os textos que eu consegui concluir, e irei começar a partir de amanhã a tentar enviar o livro para algumas editoras na intenção de quem sabe, formalizar e lançar de forma profissional mesmo esse livro, né? Ou, se de tudo falhar, prosseguir vendendo de forma autoral, como se fosse uma segunda edição revisada e com algumas coisas a mais.
Enfim, não sei o que pode ter iniciado esse bloqueio, mas confesso que é um pouco deprimente passar por esse estágio. Me considero um artista e, como artista, é normal e até natural que eu utilize da criatividade para criar coisas, certo? Infelizmente só sentimentalidades por sua conta e risco nem sempre me levam a algum lugar. Mas desde então, estou passando por essa fase e não sei o que posso fazer para sair desse bloqueio e conseguir escrever textos que até o exato instante só existem nas minhas ideias. Me sinto frustrado de estar assim, bloqueado.
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Clichê
Eu preciso de sensibilidade, sabe? Que você cante "nós dois" do Tim Bernardes olhando pra mim, sem achar brega. Ou sem julgar meu gosto alternativo pra músicas. Sinto falta de poemas apaixonados, de declarações clichês... minha alma é meio clichê, sabia? Acho que você não sabe. Acho que você, como a maioria das pessoas, só me vê. Não me enxerga. E eu preciso ser enxergada. Todo o meu exagero (porque, quando eu amo, sou exagerada), toda minha sentimentalidade (que eu não mostro pra todo mundo, é fato), toda minha vontade de transformar quem eu gosto em arte, e poesia, e textos de amor. Eu vou além do que você tá conseguindo perceber, e isso é meio triste, entende? Porque eu quero ser completa, eu preciso ser inteira em todo lugar onde passo, que nem no poema do Fernando Pessoa. Quero poder falar dos poemas que eu gosto com alguém. Quero ser estranha em paz. Quero andar suja de tinta pela casa e falar das ideias doidas que eu penso em pintar, e quero alguém pra dividir isso comigo. Quero usar meu humor quebrado e ser entendida. E quero ser eu. E que você me ame exatamente por isso.
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Clichê
Eu preciso de sensibilidade, sabe? Que você cante “nós dois” do Tim Bernardes olhando pra mim, sem achar brega. Ou sem julgar meu gosto alternativo pra músicas. Sinto falta de poemas apaixonados, de declarações clichês… minha alma é meio clichê, sabia? Acho que você não sabe. Acho que você, como a maioria das pessoas, só me vê. Não me enxerga. E eu preciso ser enxergada. Todo o meu exagero (porque, quando eu amo, sou exagerada), toda minha sentimentalidade (que eu não mostro pra todo mundo, é fato), toda minha vontade de transformar quem eu gosto em arte, e poesia, e textos de amor. Eu vou além do que você tá conseguindo perceber, e isso é meio triste, entende? Porque eu quero ser completa, eu preciso ser inteira em todo lugar onde passo, que nem no poema do Fernando Pessoa. Quero poder falar dos poemas que eu gosto com alguém. Quero ser estranha em paz. Quero andar suja de tinta pela casa e falar das ideias doidas que eu penso em pintar, e quero alguém pra dividir isso comigo.
Quero usar meu humor quebrado e ser entendida. E quero ser eu.
E que você me ame exatamente por isso.
-Ad
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ENCONTRO
12/07/2023-
Uma coisa que a gente pensa quando gosta de alguém é; “E se eu não tivesse conhecido?”
Será que em alguma época da nossa vida iria conhecer aquela pessoa ? Será que eu esbarraria com ela em algum outro momento da vida?
Será que o meu outro eu de outra época iria gostar? Olharia pra essa pessoa com os mesmos olhos que olho agora ? E essa pessoa também gostaria de você ? Ela também agiria da mesma forma que está agindo agora ?
O lance é que tem muita gente no mundo. Imagina a quantidade de pessoas nesse mundo?
Pensa só o tanto de pessoas que não se encontraram e que não vão se encontrar!
Eu tenho uma percepção que existe um PODER quase que divino no ENCONTRO. Porque? Veja bem, dentre tantas pessoas que você podia conhecer, literalmente qualquer pessoa, e existe muitas pessoas, apareceu ESSA no seu caminho.
O que eu acho mais louco nas histórias contadas são as histórias que nunca serão contadas porque elas simplesmente nunca vão acontecer. Em um mundo tão vasto, tão cheio gente, tão cheio de histórias pra criar, como é possível encontrar uma pessoa específica que toca no nosso coração ? Como é possível uma pessoa entrar na sua vida e ter um significado ? Como você não conhecia ela antes ? Tá, mas aí você vai dizer “ A vida é assim mesmo” exatamente e não é louco isso ? A alma se enche de luxo radioso de sensações é a primeira vez que escreve essas sentimentalidades ?
É literalmente encontrar a lâmpada maravilhosa do Aladdin e ter direito há três pedidos, ou seria uma agulha no palheiro ? Porque são muitas possibilidades!
Geralmente o encontro ocorre rápido, de repente, mas é suficiente para nunca esquecer. E dificilmente o destino que nos traz essa pessoa faz com que elas permaneçam.
É como se fosse um grande labirinto cheio de desafios e também de muita calmaria e você já estivesse mesmo destinado, programado há encontrar aquela pessoa pq vc está exatamente onde deveria estar e nada teria que ser diferente.
O mais interessante é pensar que a história que temos com essa pessoa ou pessoas específicas e também em épocas específicas nunca mais viveremos novamente e ninguém no mundo irá viver isso que você está vivendo.
Foi um privilégio me encontrar com você. Imagine momentos viagem no tempo:
Valorize o poder do encontro!
_Mra☘️✍️
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Inspirações
Estava ali na escada, meio jogada, cabeça baixa, fuçando no celular e tentando achar algo que eu nem sabia bem o quê. . Olhando algumas frases, vi uma que dizia assim: "Todas as influências são parte de mim, que dão vazão na palavra, que constrói e inventa” (Mia Couto). . Fixei os pensamentos especialmente na primeira parte e pensei carinhosamente nas tantas influências e inspirações sobre as quais me apossei (na maior cara de pau) e que, com o tempo, passaram a fazer parte de mim, da minha história, transcendendo e iluminando os meus dias, cinzas ou não. Se um dia tiveram autores(as), lamento, mas agora são minhas...hahaha. . Já disse isso algumas vezes, mas é impressionante como eu mudei pouco ao longos dos anos, não o lado de fora, mas o de dentro. Continuo me emocionando com as mesmas pessoas, músicas, filmes, poesias, histórias, acontecimentos...com o pequeno universo que eternalizei e que tanto me representa. Sigo aqui, chorando de soluçar ou sorrindo de olhos fechados; bastante grata, de certa forma, pelo sentir. . É preciso dizer, no entanto, que todo esse conjunto não tem mais aquele ar de descoberta, mas que carrega algo tão precioso quanto. Tem uma aura de conforto, amparo, quietude e acolhimento. É o que permaneceu, ano após ano, o essencial e ponto. . Fico aqui, quietinha, lembrando de cenas, trechos e sentimentalidades, inundada por emoções que não me deixam desacompanhada. Eu sempre volto, corro para elas, sem vergonha ou arrependimento, encontrando a proteção e o cuidado que eu preciso. Sempre... . Fico aqui, quietinha. Lembrando, lembrando, lembrando...🤍
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“(... )tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!(…)”
Eça de Queirós O Primo Basílio.
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Querido Jonathan,
Sejamos francos, sempre afirmei que abomino a sentimentalidade, essa melancolia que me envolve, que me faz sentir o peso do mundo e das almas ao meu redor. Mas confesso, é uma mentira que me conto. Há algo dentro de mim que não saberia existir se fosse uma poça insensível. É bom sentir, ao extremo, cada emoção que se atravessa.
Não consegui. Não consegui ser outra coisa. Cansado de me perder entre paredes que não reconheço, entre rostos que não tocam minha alma. Eu queria me encontrar, queria parar de me perder em um mar de incertezas. Para onde vou? Sinto-me como se estivesse correndo em círculos, onde o ciclo jamais se desfaz. Nunca fui escolhido para ser, sempre fui o espectador à margem, sobrando nos grupos que se formam.
Às vezes, aprecio o silêncio, e outras, sou atraído pelos murmúrios. Há momentos em que o quieto é meu refúgio, e em outros, a conversa é a única cura. Às vezes, encontro consolo na solidão, e em outras, clamo por companhia. Eu desprezo a solidão, mas é a solidão da alma que me arrasta. Quero amar alguém, quero sentir o calor de um abraço, quero beijar com a intensidade que move o coração. Quero sentir as borboletas, o arrepio da paixão, anseio por um refúgio onde me possa sentir inteiro. Não quero mais ser um estranho.
Não quero mais ser um estrangeiro...
Darwin Pollar.
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“… tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”
Eça de Queiroz — O primo Basílio. (1878)
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Giacomo Puccini en el diván
[Giacomo Puccini en 1914 / Collezione ICCD, Fondo Nunes Vais]
Acantilado publica un clásico estudio de la musicóloga Alexandra Wilson en torno a la recepción crítica de las óperas de Puccini
En 1924, el año de la muerte de Puccini, el marqués Gino Monaldi, crítico, empresario, compositor, había publicado un libro titulado Giacomo Puccini e la sua opera que incluía un Prólogo de Fausto Salvatori, poeta y libretista, autor del Inno a Roma sobre el que el mismo Puccini había escrito una música de circunstancias. Salvatori afirmaba en él: “Giacomo Puccini es un conquistador de multitudes. Ha llevado, como una bandera desplegada al viento el día de la victoria, la tricolor de Italia, el nombre de Italia, la divina melodía de Italia a través de montañas, torrentes, océanos, a través de ciudades bulliciosas y salvajes territorios, en teatros de piedra y de oro macizo, y en las barracas de los mineros nómadas”. Pasado un siglo, la opinión mayoritaria de los aficionados a la ópera resulta, salvada la exaltada retórica chovinista, curiosamente coincidente. Se ha presentado hasta la saciedad al compositor toscano como el último gran representante de la tradición operística italiana, el triunfador entre los músicos de la Giovane Scuola como el genuino heredero del arte de Verdi. Incluso no es difícil leer aquello de que la ópera italiana muere con él.
La idea del italianismo acérrimo de Puccini entra sin embargo en crisis con sólo mirar la trama de sus óperas: Le Villi es una fantasía mitológica de ondinas y bacantes; Edgar transcurre en el Flandes medieval; Manon Lescaut pasa por Amiens, París y El Havre antes de terminar en un desierto norteamericano; La bohème, La rondine e Il tabarro están ambientadas en París; Madama Butterfly, en Japón; La fanciulla del West, en el oeste americano; Turandot, en una China legendaria. Sólo Tosca, Suor Angelica y Gianni Schicchi tienen atmósferas italianas, pero la primera es un drama granguiñolesco sobre un fresco histórico debido a un autor francés y la segunda es una pieza de interiores, intimista: ese convento del siglo XVII podría estar lo mismo en Siena que en Lisboa, La Haya o Lima. Sólo Schicchi, aunque ambientada en la Florencia del medioevo, es una comedia verdaderamente italiana, que además parte de una gloria nacional como Dante.
La joven nación transalpina vivió una seria crisis de identidad en el paso del siglo XIX al XX, y por ello esta cuestión resultaba especialmente relevante. En este clásico de Alexandra Wilson, que ahora edita Acantilado en español, se estudian con detalle las implicaciones culturales de esas dinámicas de naturaleza política que cogieron a Puccini justo en medio, y cómo sus óperas fueron la excusa perfecta para dirimirlas intelectual e ideológicamente. Lejos de la unanimidad que parece provocar hoy día respecto al carácter inconfundiblemente italiano del autor, en su tiempo, los campos se deslindaron con claridad entre partidarios y detractores, con la cuestión nacionalista como vértice de otro tipo de diatribas: ¿esa pretendida italianidad era compatible con la modernidad?, ¿el hecho de que las óperas de Puccini tuvieran tanto éxito en el extranjero eran prueba de su progresivo alejamiento de la tradición italiana o muestra del vigor expansivo que esta seguía manteniendo?, ¿podía la ópera italiana acercarse al carácter orgánico de la música de Wagner sin dejar de ser italiana?, ¿era la ópera en realidad un subproducto cultural, burgués, inferior a la música absoluta y aristocrática, la instrumental?
Todas esas cuestiones, y algunas más, alimentan lo que Wilson denomina el “problema” Puccini. No deja de resultar curioso que esas polémicas parecieran resolverse a la muerte del compositor siempre en su favor, salvo por una cuestión: la de la sentimentalidad. De hecho, en las últimas décadas, las discusiones en torno al mayor o menor valor de las óperas de Puccini giran en torno a esa variable, la de la sentimentalidad hecha sensiblería o la capacidad del músico para manipular los sentimientos del espectador. Aunque Wilson también atiende a este asunto, en el fondo se trataría de un falso problema, generado por el cambio de perspectiva histórica sobre el sentimiento, sinónimo un tiempo de sinceridad y nobleza moral, y convertido luego en sospechoso de superficialidad, debilidad e hipocresía.
Alexandra Wilson plantea su estudio de forma cronológica, atendiendo a la evolución de la recepción crítica de Puccini ópera a ópera, con abundancia de citas sacadas de infinidad de periódicos y revistas, que se listan comentados en un impagable apéndice. Hace la musicóloga británica un especial hincapié sobre el estudio monográfico que en 1912 dedicó al compositor Fausto Torrefranca, en el que se consideraba que Puccini encarnaba “la decadencia actual de la música italiana, su cínico mercantilismo, su lamentable impotencia y la triunfante moda del internacionalismo”. En el libro de Torrefranca, por entonces un joven de 29 años, pareció encontrar expresión de forma descarnada un nuevo nacionalismo militante, antiliberal y aristocratizante, que, aunque de naturaleza aparentemente conservadora, coincidía en muchos de sus postulados con el futurismo, pretendidamente moderno, de Marinetti, que preconizaba igualmente la necesidad de un rearme de la nación en torno a la autoridad de un enérgico hombre de acción. Para ambos, el enemigo era el internacionalismo del Art Nouveau, con sus formas sinuosas y femeninas. No en vano, una de las acusaciones más repetidas por Torrefranca contra la música de Puccini era la de su afeminamiento.
El próximo día 29 se cumplen los cien años de la muerte de Puccini, uno de los compositores más representados del mundo. Pareciera que la historia ha dictado sentencia en su favor, pero no dejan de existir resquemores que pueden considerarse herencia del mundo dogmático de las vanguardias, cuando se consideraba la ópera un producto comercial de escaso valor artístico. Por eso era (es) posible encontrar manuales sobre la música del siglo XX en los que a Puccini ni se lo menciona. Acaso es que el problema Puccini esté en sus críticos.
[Diario de Sevilla. 17-11-2024]
La ficha El “problema” Puccini. Ópera, nacionalismo y modernidad Alexandra Wilson. Traducción de Juan Lucas. Barcelona: Acantilado, 2024 (versión original, 2007). 409 páginas. 26 euros
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