#o meu pai voava
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amor-barato · 1 month ago
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Havia todo um mundo que se encerrava naquele dia e eu precisava do meu pai para enfrentar o resto da vida. Era como se, deixando de ser a menina do papá, fosse obrigada a crescer, a ser adulta, e eu não queria ser adulta. Já o era há muitos anos, e já o perdera há muito tempo, mas a finitude do caixão, do corpo frio, de mãos entrelaçadas no peito, fez-me sentir que uma parte de mim morrera. A menina.
Tânia Ganho, in: O meu pai voava
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lalajsn · 1 year ago
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BANDIDINHO - mrk.l !
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avisos: mark lee bandido marrentinho de 2 baddies, dirty talk, sexo desprotegido, leitora!virgem, corruption kink, sexo em lugar público, uso do adjetivo “puta” “princesinha” “bebê”, mark um pouco fluffy, mark!fumante, a leitora é muito sensível (igual um bebê chorão), um pouquinho de daddy issues
gênero: br!au, smut
notinhas da lala: foi o que eu consegui distinguir que provavelmente tenha nesse cenário aqui, espero que gostem, beijo. Lembrando que não foi revisado, então talvez tenha algum errinho
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Você caminha lentamente pela rua, uma rua escura com faróis que brilham em suas mãos, uma das ruas mais perigosas do morro, ela parece um pouco assustada, mas sua curiosidade é maior do que seu medo, você segue em frente, até finalmente encontrar o portão da favela, onde está seu Mark Lee, o cara que seu pai julgava como um “bandido que só queria te comer”. Você não achou que seu pai fosse o julgar tanto só por ter crescido na comunidade, quando você o apresentou como seu namorado, seu pai surtou. Falou um monte de asneiras, disse que jamais deixaria a filha dele namorar um “bandidinho” sem futuro.
Usando uma sainha rosinha, que voava no ar, aquela saia que Mark amava, vocês estava usando essa saia quando ele se encontraram na semana passada. Está com uma blusa curta, mostrando um pouco da barriguinha. Também usando sapatos de salto alto brancos.
Ela olhou para Mark, que estava fumando um cigarro. “Tsc, tsc, tsc” estala a língua. “Teu papai tá sabendo que tu veio? E ainda com essa sainha curta que dá pra ver sua bunda toda?” Ele deu uma tragada no cigarro, fumaça indo em seu rosto. Fazendo-a tossir um pouco.
“N-Não, Mark. Meu pai não sabe nada sobre isso. Ele pensa que eu estou na casa da minha amiga…”, ela respondeu, olhando para baixo.
Mark olha para você e ri alto. “Na casa da sua amiga? Deixa só ele descobrir que você só veio aqui pra mim meter nesse teu..” Ele mesmo se interrompe e logo depois te finta com um olhar e um sorrisinho malicioso.
“Você nunca deu, né?”
Você fica com uma cara de espanto, com a pergunta e o sorrisinho malicioso do cara. Você não sabe o que dizer. Você não está preparada para essa pergunta, e não pode acreditar que o cara está perguntando isso para ti. Ela começa a chorar, e está começando a ficar sem ar.
Mark acena para você, e depois lhe acolhe em um abraço, acariciando-lhe o cabelo.
“Eu só estava zoando, bebê. Não precisa ficar tão chorona assim. Eu sei que você é sensível, não precisa chorar”
Você tinha um certo problema com essa frase. “Tu já deu?” Seu pai te dizia isso sempre, só que a diferença era que ele afirmava.
Sempre que te via com uma garoto, te puxava para longe e começava a reclamar e te criticar, falando que você dava pra todos e usava frequentemente a frase citada “você já deu pra ele também?”
Talvez não faça muito sentido, mas pra você, pra você fazia muito sentido, e você não conseguia se segurar quando ouvia algo que lembrava de todas as vezes que o seu pai reclamou no seu ouvido.
Ele segura teu queixo, analisa o rostinho delicado. A sobrancelha arqueando de leve, os olhos grandes correm até seus lábios.
“Fala sério, nunca sentiu vontade?” Pergunta, ainda com os olhos focados nos seus lábios fofinhos, com o batom rosinha o tornando mais bonito ainda.
Murmura um “já” baixinho, a voz fininha parece deixar Mark cada vez mais excitado.
“Aaahh.. Por isso você tava toda acabada quando saiu do banheiro daquele dia.. Como você é suja, garota.”
Diz, irônico, ao lembrar do dia em que vocês estavam juntos e você foi no banheiro, saiu de lá ofegante e com as pernas trêmulas. Ele preferiu fingir que você não tinha se tocado no banheiro feminino da festinha que estavam.
“Você vai se sentir melhor assim que eu colocar meu pau na sua buceta” Mark espreita, as mãos indo até sua bunda e apertando-a, não ia ser difícil te foder ali mesmo, já que usava aquela sainha minúscula.
“N-Não Markie.. Nunca fiz isso..”
“Não se faça de inocente agora, sua puta.”
Disse com raiva, você achava que enganava ele, mas só ele sabia que você não era a garotinha inocente que seu pai criou, ele sabia que você não era a menininha perfeita do papai, porque ele já tinha de corrompido.
E ele faria isso novamente.
Estaria mentindo se dissesse que não gostava quando ele a chamava por esses apelidos sujos, te deixava encharcada, e era verdade, você era pura.. Porém não era tão inocente assim.
“deixe-me provar você." ele pediu, pressionando os dedos em sua calcinha por baixo da saia.
“Ou melhor.. Deixe-me ver se sua bucetinha delicada foi feita pra mim, bebê?”
“M-Mark”
“Por favor.. Você quer tanto quanto eu, eu sei disso..”
“Mesmo se eu quiser.. Não podemos fazer isso aqui..”
“Podemos sim, os caras vão voltar daqui a alguns minutos, e é tempo suficiente pra mim destruir sua buceta.”
Disse antes de atacar seus lábios, já metendo a língua molhada lá dentro, as mãos segurando seus pulsos, prensando-a cada vez mais contra o chapisco.
Explorando cada cantinho da sua boca, línguas se entrelaçando, ereção pressionando cada vez mais contra a sua buceta.
Ainda te beijando, começa a desabotoar a calça baggy que usava, deixando seu pau duro saltar para fora, encostando em seu estômago.
Arrancou sua calcinha fininha, aquele pano vagabundo que quase se rasgou quando ele tirou de ti.
Ele agarra um punhado de sua bunda levantando você em sua grossura. ele não percebe o calor em cascata da sua boceta, suas dobras escovando seu pau duro. Desliza para dentro com certa dificuldade.
“Ah... que apertadinha...” a voz gostosinha de Mark Lee graceja, enquanto ele mete com força no seu canalzinho molhado fazendo você gemer alto, ficou ali parado por um tempo, até sentir sua buceta obscena pulsar ao redor do pau gordo de Mark.
Parece que a mente de Mark ficou em branco, estava louco por você, totalmente selvagem, se inclina para afundar os dentes no seu pescoço e agarra seus quadris com força para mover seus quadris com mais força nele, “nunca vou foder você com mais nada além da meu pau, minha princesinha, você é perfeita pra mim, só pra mim”
Você chora e geme contra ele, mal se continhando.
“M-Markie.. Ah.. Mais devagar..” seus gemidos ficaram tão baixos aos ouvidos de Mark, era como se ele não escutasse, Mark eleva seu nível de visão de volta ao seu rosto desalinhado.
“Não posso evitar princesa, sua buceta é tão boa pra mim” ele joga a cabeça para trás, os quadris desleixados estocando sua buceta. Ele está pensando no quão molhado e quente seu canalzinho será quando ele despejar carga após carga dentro de você.
“Porra!” Seus ouvidos vibram contra o gemido estridente que ele ecoa pelo beco silencioso e frio, Mark arrasta seu corpo de volta para baixo sem pensar fodendo em você.
Mark sente sua buceta se apertar ao redor dele e é aí que tudo fica entorpecido. Um arrepio que começa na parte de trás do pescoço, rastejando até o pau e ele finalmente pinta sua boceta com seu creme claro até a borda, ofegando quando é rápido para sair. Ele está hipnotizado com sua carga escorrendo do seu canalzinho molhado e bagunçado e Mark já está empurrando sua porra de volta com seu pau.
Empurrando com toda a sua força. A ponta dele atingindo o ponto mais sensível do seu corpo fazendo você gemer alto, você estava resmungando, babando e se tornou basicamente bêbada.
Mark bombeou em ti mais algumas vezes antes de te encher novamente, e então, sua porra se misturou com a dele, você estava arruinada.
Nem sabe como que iria voltar pra casa destruída.
Mark desliza para fora de você, vestindo suas calças novamente e deixando um selar na sua boquinha, que agora estava babada e levemente aberta.
Estava mole, as pernas tremiam e com toda certeza já teria caído se não fosse por Mark te segurando.
“Meu bebê ficou cansadinho, foi?”
Diz irônico, sem um pingo de dó.
“Vamos te ajeitar de novo, você tem que voltar igual uma bonequinha pra casa, pro seu papai ver que você se comportou muito bem na casa da sua amiga.”
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notinhas da lala: gostou? se sim, considere deixar um like, um reblog, uma crítica ou algum feedback na minha caixa de perguntas.
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stup1dsposts · 6 months ago
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Notas :
°• Meu inglês é horrível então resolvi postar com o meu idioma (🇧🇷)
°• Com certeza tá péssimo o texto 😭
Borboleta
A pobre garota Yui sempre navegou por mares tempestuosos em sua vida, principalmente desde o momento em que pisou naquela mansão sinistra. Sua existência era pintada com tons de cinza, um quadro sombrio que refletia os abusos e as traições que a cercavam. Tudo o que a mantinha de pé, em meio a tanta dor, era uma fé inquebrantável em Deus. Mesmo quando se sentia largada, perdida em um mundo que parecia não ter lugar para ela, sua crença a sustentava, como um farol em uma noite escura e tempestuosa.
O tempo passou e, ao contrário da esperança de que a vida pudesse melhorar, Yui não era mais a jovem de dezesseis anos inocente que um dia foi. Agora, carregava nos ombros um fardo pesado de responsabilidades e experiências, incluindo a dor devastadora da perda de seu filho, um fruto de um amor unilateral com Shu. Essa tragédia não apenas destruiu seu psicológico, mas também a fez questionar até quando ela suportaria a dor. Sua vida inteira parecia uma maldição, uma sequência interminável de desilusões e sofrimentos. Seu pai, em um ato de traição cruel, a entregou a monstros que a devoraram lentamente, e todos os dias ela era obrigada a dividir seu corpo e sua alma com aqueles que a destruíram.
As esperanças que um dia floresceram em seu coração foram esmagadas pela brutal realidade de nunca ser verdadeiramente feliz, e sua pequena criança, tão frágil e inocente, pagou o preço por isso. A chegada daquele pequeno ser iluminou, ainda que brevemente, a vida da miserável loira. Ela acreditou que tudo mudaria, que poderia finalmente seguir em frente, diferente... Mas a vida, com sua crueldade implacável, tinha outros planos.
Desde sua chegada à mansão, Yui se via atraída pela figura sombria de Shu. Ele era um enigma, um ser que parecia viver em um mundo depressivo e gelado, arrastando todos que se aproximavam para a mesma realidade sombria. A pergunta que a atormentava – por que ele era assim? – se transformou em uma armadilha que a prendeu em um relacionamento doentio. Shu nunca demonstrou um pingo de compaixão por ela, e a solidão que a envolvia era tão densa que parecia palpável, como uma neblina que não se dissipava.
Quando Yui segurou seu pequeno filho em seus braços, sentiu pela primeira vez o calor do mundo, a promessa de que, talvez, sua vida pudesse ser diferente. Quem sabe aquele bebê fosse uma grande recompensa pelo sofrimento suportado? Mas as semanas se passaram como sombras, e o pequeno, frágil como um sonho, sucumbiu. A desolação tomou conta de Yui, um abismo profundo e escuro que a engoliu por completo. Shu, isolado em sua própria dor, permaneceu distante, e ela se viu sozinha novamente, perdida em um mar de desespero.
Às vezes, a felicidade parecia uma borboleta delicada, que poderia pousar em seu ombro, mas que, assim que se aproximava, voava novamente para longe, deixando apenas um rastro de tristeza. Yui estava à beira de um colapso mental, questionando a razão pela qual aquela pobre garota tinha que sofrer tanto. Em meio ao caos de sua vida, ela se perguntava: quando, afinal, encontraria a paz?
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lena-mari · 3 months ago
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Escola de Eel capítulo 60 "reunião em família"
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Lance, Valkyon e Violeta em suas formas dragonicas voam sobre a entrada da região de Drakória, como em as entradas de Quione, nossas cidades sempre tem estátuas de dragões, para lembrar dos astrais de todos os dragões mestiços... meu marido sempre foi um pouco...
Charlotte:LOUCO!!!! (Lance voava bem veloz eu me segurei em sua espinha dorsal com medo de cair) LANCEEEEE!
Valkyon: Hahahaha eu avisei "tu tem certeza que aguenta Charlotte?" hahaha
Violeta: Val!
Valkyon: que foi? Eu falei a verdade ué.
Lance: Hahahahaha
Charlotte: Ahhhh!!!!
Quando Lance pousou no chão devagar, eu cai de bunda no chão feito uma jaca, eu me levantei mesmo com vertige e o repreendi com um tapa no focinho, mas ele riu e esfregou o focinho na minha barriga pedido desculpa.
Derepente dois dragões enormes porém menores a lance, saíram do templo na qual pousamos, pois era o lar de Valkyon, pelas cores se tratava de Dafyne uma dragoa de cores rosa, e balerion com uma cora alaranjada e dourada.
Dafyne: titia? E tio Lance?
Balerion: (se deitou e boceja com preguiça) bença tio
Lance: que os deuses o abençoem.
Em seguida dois pequenos dragões pequenos verde e azul, sendo seguidos por outros dragões do meu tamanho.
Nix: Tia Lotus?
Aengon: tio Lanceee
Demon: fala sério
Valkyon e Violeta pousaram ao lado de Lance...
Violeta: crianças entrem, está na hora do jantar. Balerion?
Balerion: sim mãe?
Violeta: junte-se ao seu pai e ao seus tios
Aengon: Por que!?
Violeta: por que ele é o mais velho (empurra pra dentro do templo com o focinho.)
Azura: bla bla o primogênito...
Todos seguem violeta,menos Charlotte, Lance, Valkyon e Balerion.
Valkyon: então o que aconteceu em Eel meu irmão? E erika? Nevra não fez nada né?
Lance: não o caso é sério...
Balerion: o que?
Charlotte: Bianca entro e sono profundo
Continuar. . .
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miniminiujb · 1 year ago
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Família
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Apesar de suas agendas repletas de responsabilidades, Odin e você sempre encontrava tempo para passar momentos preciosos juntos.
Em um dia qualquer, Odin e você se retiram para o jardim sagrado do castelo que vocês dois compartilhavam. Sentados sob uma árvore com folhas brilhantes, pequenas flores caindo dela, vocês compartilham uma taça de vinho, desfrutando da companhia um do outro.
"Meu honrado marido, quem você acha que vai ganhar essa batalha?" Odin perguntou, ele estava em dúvida sobre a sua opinião, já que não escultou você falar sobre isso.
"Não tenho certeza, querido", você disse, seus olhos se movendo pelas as flores que caia da árvore. "A humanidade está lutando muito bem. Perdemos o Hércules e Poseidon, acreditei que eles venceriam, mas os humanos estão me surpreendendo ", você falou, um suspiro fraco saiu de sua garganta.
"O que está te incomodando?", Odin perguntou, com milênios de anos juntos, Odin conhecia você muito bem.
"Pensei que iríamos perder o nosso Thor", você desabafou, lembrando do sentimento ruim que estava na boca do seu estômago enquanto observava seu filho sem poder fazer nada. "Loki também quer participar e não me importo para qual lado, só quero que ele volte para os meus braços em segurança", você disse, sua respiração engatando. Odin passou um dos braços ao redor dos seus ombros trêmulos.
"Não iremos perder nossos filhos divinos, nunca irei permitir-", a voz de Odin foi interrompida com o som da grande porta, que dava acesso para o jardim do castelo, batendo com força contra os tijolos do castelo divino. Vocês dois se moveram surpresos para olhar o que tinha acontecido.
Thor foi o primeiro a entrar, seus longos cabelos vermelhos voava a cada passo que ele dava, Loki vinha flutuante logo atrás, com um sorriso perverso nos lábios. Os dois  não pareciam se importar com a interrupção que causaram.
"O que está acontecendo aqui?", perguntou Odin.
Loki parou na sua frente, seu sorriso nunca saindo do seu rosto. "Tive uma grande ideia! Posso ir e causar a discórdia nos humanos! Seria tão empolgante ver a cena se desenrolar", Loki disse animado, sua voz carregando o máximo de veneno que conseguia.
Sentindo Odin retirar o braço do seu ombro lentamente, focando no seu filho a sua frente.
"Posso treinar os guerreiros para trazer as vitórias para o nosso lado", Thor falou, largando seu grande martelo ao lado do corpo.
Odin sorriu orgulhosamente para seus filhos. "Vocês dois são tesouros preciosos para mim. Suas habilidades e estratégias nos ajudarão a alcançar a vitória no Ragnarok", afirmou. "Eu confio em vocês, pois sei que herdaram o melhor de mim e de seu pai."
Você observou calado a interação que os três estavam tendo, os olhos brilhando em empolgação quando criavam estratégias boas.
"O que você acha pai?", Loki perguntou para você, um pequeno sorriso nos lábios do rapaz de cabelos verdes.
"Acho uma boa ideia, se você não entrar em apuros depois".
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delirantesko · 6 months ago
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Anotações soltas 24/07/2024 (texto, escrevendo)
Capítulo 18 terminado. (1,027 palavras, escrevi 1,162, apaguei 135).
Vou começar o 19 hoje e apesar do final já estar na minha cabeça, as coisas ainda estão acontecendo. A impiedosa faca da edição ainda está longe, mas está chegando. A arte conceitual da capa já está decidida, falta *só* finalizar a arte pra que fique do meu gosto. Estou pensando em pelo menos uma arte pra cada capítulo (que por enquanto estão em 22).
Entre textos, contos e frases, num bom dia, tenho escrito cerca de 2,5k palavras.
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(Os títulos são apenas um guia, podem mudar com o tempo). Aliás, eu preciso revisar os títulos depois porque eu ABOMINO spoilers. Pra mim, o gostoso é tirar botão a botão de uma história, abrir o zíper lentamente de uma obra, degustando cada camada possível. Então a ideia pros títulos é que eles confundam, não entreguem.
Voltei a jogar No Man's Sky, mas estou alternando entre o modo VR e o flat. É uma pena que Skyrim não seja compatível com o PSVR2. Ainda preciso continuar RE4 nele também.
Preciso cortar meu cabelo. Apesar dos 45, ainda tenho bastante cabelo. Gosto das mechas que acabam encaracolando quando ele fica desse comprimento, mas detesto o volume que fica próximo as orelhas. Gosto do cabelo bagunçado, visual de tio desleixado. Lembro que gostei muito do visual do cabelo do pai do Nathan (interpretado por Dexter Fletcher) no seriado britânico Misfits. Se o meu ficar assim, vou curtir.
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Uma frase que me marcou recentemente é do Albert Camus: "Olhavam para mim, mas eu não era visto." o que mostra que estamos todos nesse mesmo barco, conversando sobre as mesmas coisas não é?
Estou com um bloco de post-its amarelos aqui que estava pensando em usar como bloco de ideias visuais. Nele só tem um rascunho da ideia que tive pra capa do livro, mas ainda não consegui adicionar esse bloco como ferramenta criativa. Talvez eu compre um caderninho pra essa função.
Agora eu entendo um pouco melhor o que dizem quando falam sobre quem está escrevendo "castigar" seus personagens. O capítulo 19, entitulado provisoriamente de "Um lugar desconfortável", tem uma cena onde o pássaro é assolado por um pesadelo gigante onde o mundo inteiro está o perseguindo, culpando (embora ele tenha feito vários amigos em sua aventura até agora). Escrever o pássaro é tão natural que nem percebo o tempo passar. Contas as palavras até se torna desnecessário nesse momento, porque o importante é relatar essa história que se desenvolve em minha mente (mas pra quem quiser saber, o capítulo 19 já tem 1026 palavras).
Vou compartilhar um trecho que acabei de escrever:
"No pesadelo, uma armadura, com olhos vermelhos como o sol, o perseguia. Ele voava com o máximo de sua velocidade, mas a armadura não parecia se afastar, ao contrário, estava se aproximando cada vez mais. Ela ergueu então seu braço frio e metálico, os dedais cada vez mais próximos e assustadores, até que a manopla finalmente o captura, e num movimento extremamente ágil, e cruel, esmaga seu corpo, suas penas caindo por entre os dedos metálicos, seu corpo esmagado caindo ao chão pela última vez…
Mas o pesadelo continua, agora numa floresta sombria, com árvores gigantes, como se estivessem julgando cada passo que o pássaro dá. O silêncio quebrado apenas pelo som de grilos e corujas, enquanto a lua cheia servia como única fonte de iluminação.
A noite representava perigo, mas bastava se esconder no local mais alto, e pensando nisso o pássaro ensaia levantar suas asas para alçar voo, mas para sua surpresa, ele não tem asas. O que é um pássaro sem suas asas?
Relegado a depender de suas pequenas pernas para furgir, ele corre desesperado pela mata adentro: não existe local seguro. O perigo espreita em cada buraco, atrás de cada arbusto, de cada pedra. Seu coração acelera enquanto ele dispara por uma floresta que parece infinita. Sem olhar para trás, percebe os olhos sentenciando cada um de seus passos, sente o bafo quente de bocas famintas, se desvia de garras invisíveis que cortam sua pele: ele não pode parar, mas não pode correr pra sempre, e quando para para respirar, olhando para trás…"
E o pesadelo está na metade ainda!
O pássaro sofre, mas ele também é alguém que compartilha de emoções que já senti. É um exercício de empatia reversa. Eu estou imaginando o que o pássaro está sentindo compartilhando o que eu já senti ao narrar sua experiência. E eu quero muito que esse capítulo seja sofrido, quero que o leitor tenha a mesma dificuldade em respirar que o(s) personagem(ns) estão sentindo.
Mas, o livro não é uma sofrência do começo ao fim, hehe. Tenho separado algumas imagens muito bonitas que vejo aqui no tumblr como referência visual pra algumas das locações da história.
Tem inclusive um video de um pássaro se banhando numa pocinha de água que eu só vi depois de ter escrito a primeira parte, mas parece que estou vendo meu personagem ganhando vida! Não mostro essas imagens porque o meu exercício é justamente descrever, transcrever. O desafio auto-imposto de tentar descrever sem entregar a facilidade e "instantaneabilidade" de imagens e vídeos ainda está de pé.
QUE murão de texto eu escrevi hoje. Deixa eu continuar o pesadelo do pobre pássaro.
Ah, meu starter favorito é o Bulbassauro. (Eu geralmente prefiro os de planta, mas quando não é, pego os de água. Adoro o Rowlett também!).
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chiefdiplomatbageltaco · 2 years ago
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E o engraçado é que vez ou outra a vida vem, muda os rumos que tínhamos como mais certos, cada certeza se torna dúvida e a gente fica perdida pelo caminho, como uma criança que se afasta dos pais em uma multidão, como nós duas em nossos trajetos… a gente se conheceu, apaixonou, tudo foi tão rápido, as coisas começaram a fluir e quando menos percebi já estava entregue. A verdade é que você mexeu comigo de um modo que nunca tinha acontecido antes, foi tão natural, me senti a vontade para me entregar, para dividir os meus medos e sonhos contigo. Quis com todas as forças fazer dar certo, a cada dia, mesmo que com esse meu jeito meio sem jeito, mesmo que vez ou outra errava mais que acertava, porque você sempre foi o amor da minha vida, desde o primeiro instante em que meu coração pulsou tão acelerado que parecia que ia sair pela boca, desde os jardins no estômago e cada borboleta que voava sem parar em minha barriga… e tudo isso, toda essa certeza só aumentou mais e mais diariamente. Eu te amei e ainda te amo, de todo o meu coração, mas, aos poucos, comecei a entender que existem amores da vida e amores que são para a vida, a gente não consegue ser mais que o somos e isso me fere o peito. Saiba que foi a melhor coisa que já me aconteceu e que nunca saíra de mim, mesmo que o tempo passe, que tudo mude. Senti as melhores sensações da vida ao teu lado, vivi os meu melhores momentos com você, isso eu vou levar comigo. Talvez, em alguma dessas voltas a gente se reencontre. Até lá, siga em paz.
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eirikhrafnkel · 1 month ago
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   Eirik não era exatamente difícil de surpreender quando estava distraído–sua tendência a se perder no mundo da lua o tornava alvo fácil para pegadinhas como as de Kat, de modo que não podia exatamente se aborrecer com a recorrência quando era ele o responsável por apresentar as oportunidades.  ❛  Veremos se você vai rir quando eu começar a jogar o mesmo jogo.  ❜  A ameaça vazia foi feita apenas pelo entretenimento; a vingança não era de sua natureza. Aceitou a oferta de companhia da amiga com um aceno de cabeça, indicando com um gesto de mão que o parapeito que agora dividiam era dela por quanto tempo quisesse ficar. ❛  Você não duraria dez minutos no caos que é o meu cérebro.  ❜ Ele próprio por vezes gostaria de escapar–em especial quando a ansiedade fazia seus pensamentos correrem a 200km/h, como era a ocasião. A presença do pai era suficiente para o tirar do eixo, mesmo que até agora o Valdr nada tivesse feito além de o convidar para jantar–sabia se tratar de algum tipo de emboscada. ❛  Ele sabe seu nome, pode ter certeza. Ele sabe o nome de todas as minhas amigas.  ❜ Não só sabia, como tentava o convencer a noivar com as de nascimento alto como o seu próprio, e o persuadir a se afastar das de berço simples; o homem era velho, mas não velho demais para bancar o casamenteiro. ❛  Sim, aprontando–sabe o que dizem sobre as santinhas.  ❜ Devolveu prontamente, erguendo as sobrancelhas com a insinuação que beirava o ridículo. Katerina era brincalhona e aventureira, mas também era comedida. A justificativa por ela dada era uma com a qual podia se identificar: era frequentemente o último a deixar o Acervo. A menção de Sorcha o fez inclinar a cabeça, preocupado, ponderando que tipo de ajuda ou conselho podia oferecer. ❛  Muninn também parece mais... aborrecido que o habitual.  ❜ Dividiu, a escolha de adjetivo sendo generosa dada a personalidade do Seon que o acompanhava, e que naquele momento voava junto à cachoeira ao alcance dos olhos. ❛  Acho que pode ter relação com a pira. É normal que eles ajam diferentes se estão enfraquecidos.  ❜ A tentou tranquilizar, sem esperanças de muito sucesso, apoiando a mão em seu ombro para a oferecer algum conforto. ❛  Invés de pular para a pior conclusão possível, pergunte a ela se há algo que você possa fazer para ajudar, e me diga se houver algo que eu possa fazer também.  ❜
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀“ essa é a graça de sempre fazer isso, rik. você sempre cai nas minhas surpresas. ” o sorriso era quase audível em seu timbre; a voz era resguardo de um sotaque distinto. a presença do patriarca da família do ruivo em hexwood foi o suficiente para que suprisse os lábios como quem lamenta. “ bem, podemos ficar perdidos nas caraminholas da sua cabeça juntos, se quiser. não tenho pressa de voltar para o quarto. ” achava importante validá-lo; era sempre toda ouvidos quando as pessoas tinham a necessidade de alguma conversa um pouco mais tranquila. a menção de um possível cumprimento de thorbjorn fez com que uma linha tênue em sorriso surgisse em seus lábios, deixando escapar por estes uma risada curta. “ não acredito que tive a honra de receber um oi dele… ” entrou naquela brincadeira. “ sendo sincera, nem tenho certeza se ele sabe o meu nome. ” conhecia a família de eirik bem o suficiente para distar da inocência de um cumprimento do patriarca que nascesse em um som´çes lugar de boa vontade. conhecia-os há quase uma década, e ainda assim, poucas palavras trocara com o hrafnkel mais velho. “ eu? aprontando? ” bateu os cílios como quem se exime de certa culpa, apesar de não ter nada culposo escondido entre suas mangas. apesar da natureza tranquila, não era isenta de se enrolar em algumas presepadas, o que acontecia com certa frequência apenas quando estava acompanhada. àquela hora da noite, vinha do acervo imperial, sozinha. “ nada demais. só me perdi um pouco do tempo enquanto escrevia uma carta para casa e lia alguns artigos antigos. ” procurara todos os livros sobre seons que pudera encontrar naquele acervo, pensando no cuidado da própria. “ acho que sorcha está um pouco cansada. ” o suspiro escapuliu antes que pudesse prendê-lo. “ sei que ela é muito quieta e geralmente não me dá trabalho, então pode ser que eu esteja apenas exagerando isso na minha cabeça. só fiquei um pouco preocupada com ela. ” era fato de que a seon de katerina era uma das mais tranquilas entre os outros seres de hexwood, cujas personalidades contrastavam com a de seus respectivos khajols. balançou os ombros, como quem tinha a intenção de espairecer os maus pensamentos, espantando-os com o próprio gestual.
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um-garoto-chamado-yuri · 3 years ago
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Voos, e mais voos.
Confesso que sempre gostei de sonhar, sonhar bastante!
Já tive os sonhos mais estranhos possíveis, já sonhei que aplicava testosterona (estava bom até perceber que era um sonho). Mas sem dúvidas, meu sonho favorito é com voos!
Não estou falando de sonhar que estou em aviões, e sim que eu mesmo estou voando!
E hoje, todos os sonhos que tive eram assim, eu, apenas voando por ai. Não sei porque e se tem uma razão, mas durante esses sonhos, meu corpo fora do sonhos fica com uma sensação estranha, como se eu realmente estivesse voando (não sei como explicar, mas se você já teve esse tipo de sonho, provavelmente sabe do que estou falando!)
No primeiro sonho, eu voava com todo mundo na minha escola, e eu ensinava como pegar o impulso para voar, precisava de apenas 2 ou mais pulinhos para poder voar. No segundo, eu era um protagonista de videogame que junto com outros personagens (que eram meus amigos kkkkk????) ,tentávamos derrotar o vilão enquanto ficávamos voando por um shopping vazio que estava desabando.
Eu sei que os sonhos são bem aleatórios, mas trazem uma sensação boa para mim, tanto no sonho quanto na vida real, é como se eu tivesse liberdade de repente.
Eu perguntei para o meu pai sobre o significado desses sonhos, se ele soubesse pelo menos, e ele disse que talvez eu esteja crescendo (em relação de altura mesmo!). Eu espero que seja verdade mesmo kkkkkkk.
E você já sonhou que voava?
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averyrevelio · 4 years ago
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01 - Honor above all... and perhaps some fun.
Nik havia acabado de sair da sua prática diária de meditação, seguida de surf matinal com um belo sweel que se formara na praia de Vouliagmeni do qual Nik não podia deixar de aproveitar. Ele conhecia os esportes trouxas desde muito pequeno, apresentado pela sua mãe que era fascinada em como eles eram criativos em criar estratégias e ideias dos mais diversos estilos para competir. Com o tempo, Niklaus foi aprendendo um pouco de tudo, e o que a mãe mais gostava de fazer era levar o garoto para a praia para praticar surf, acabando-se de rir com os primeiros caldos que ele levara. Aquilo era, definitivamente, uma lembrança feliz. 
A família Avery, ou pelo menos o que sobrara dela, vivia numa casa de arquitetura moderna à alguns metros da praia, que deixara a muito tempo de ser um lar. Sempre que Niklaus saia, deixava seu pai dormindo até tarde, a casa sempre em uma eterna bagunça enquanto feitiços de limpeza faziam o que podiam para manter o ambiente habitável. Contudo, nesse dia, a volta foi um pouco diferente. Caminhava tranquilo pela rua de ladrilhos quando avistou de longe a chegada de Buddy, sua fiel companheira, uma coruja orelhuda, e logo ergueu o braço para recebe-la. 
— Hey Buddy, o que foi, uh?! Entediada daquele chiqueiro?  
Buddy se fazia presente em todos os momentos, e sempre que tinha algo acontecendo, voava pra ele imediatamente. Se pudesse falar, com certeza seria a maior fofoqueira. Niklaus subiu as escadas laterais, liberando Buddy de seu braço, deixando a prancha ao lado do chuveiro encantado externo da casa, para em seguida tomar a ducha e tirar o sal do mar. Inspirou profundamente. Aquelas pequenas coisas lhe traziam paz. Mesmo apreciando a vida bruxa, aquilo o fazia se sentir vivo tanto quanto a magia. Inusitadamente, algo aguçou sua audição e olfato. Fazia tempo que não ouvia aquilo, nem sentia... aquele cheiro. Juntamente com o barulho dentro da casa, Nik sentiu o cheiro de comida fresca, peixe e especiarias.  
Andou cautelosamente, o cenho franzido, em direção a porta da cozinha, e logo ficou estupefato com a cena diante dos seus olhos: dois elfos domésticos ocupavam o cômodo, trabalhando alegremente. 
— O que diabos está acontecendo aqui? — Um deles se encolheu completamente, como alguém que acabou de fazer algo errado e levou uma tremenda reprimenda. O outro, uma fêmea, lhe abriu um grande sorriso.
— Mister Niklaus, o senhor nosso mestre contratou Inna e Tink para organizar tudo! Inna está feliz por estar com seu amigo Tink à servi-los. 
Nik continuava incrédulo, as vozes na sua cabeça não paravam de se comunicar entre si, não o deixando em paz. Adentrou a casa empertigado a procura do pai, ignorando completamente os elfos à sua frente. 
Nero Avery se encontrava sentado na sala, todo na beca. 
Aonde ele vai arrumado desse jeito? Não, não... o que ele está fazendo? Nik balançou a cabeça, tentando afasta-las e pensar por si próprio. O que diabos seu pai estava fazendo fora da cama, tomado banho, roupas limpas e ativo?. Desde a morte de Nice, Nero só saía da cama para comer e, as vezes, tomar banho, e a casa toda era uma imundice; mas lá estava ele, ainda com um aspecto cansado, mas sua postura impecável estava de volta, e definitivamente não era mais aquele homem abalado de outrora.
— Finalmente você chegou, pensei que havia se afogado.  — Um tom mais do que desinteressado, e o olhar no jornal a sua frente.
— Você pode me explicar, exatamente, o que está acontecendo? Eu saio por algumas horas e o majestoso Nero Avery está de volta?!  — Niklaus franziu as sobrancelhas, apertando os lábios com tanta força que podiam se fundir em um só. 
— Algumas mudanças aconteceram, é verdade. Sua mãe está morta, todos já sabem do meu paradeiro, não há mais o que fazer. — Nero deu de ombros. 
Aquelas palavras atingiram o garoto como um soco no estômago. Como ele podia falar dela daquele jeito?... Não, não importa a maneira como ele fale, a culpa é toda sua!, as vozes não paravam. Os olhos do mais velho ainda se encontravam no jornal em suas mãos, o Profeta Diário, sem dúvidas; era a única coisa que nunca parava de chegar pela coruja de seu pai, trazendo todas as últimas notícias. 
Antes que Nik pudesse abrir a boca para falar, Nero ergueu os olhos, aqueles olhos negros da linhagem Avery que por muitos meses amedrontaram o garoto. Faziam meses que esses mesmos olhos sequer o notavam, e lá estavam eles, olhando-o como se tivesse acabado de ter uma grande ideia. 
— Arrumando as malas para fazer alguns investimentos, primeira parada em Gringotes, ficarei algum tempo fora, mas isso não faz diferença já que em breve você voltará para a escola. — Nero virou o jornal para Niklaus, de modo que ele visse a primeira página. De onde estava, Nik conseguia enxergar Rita Skeeter, o sorriso mercenário no rosto, e a manchete da matéria que lhe tirou completamente o fôlego.  — Ora, parece que teremos um novo torneio tribruxo, acontecerá nas belas terras francesas. — Beauxbatons? Do que ele estava falando? — Está na hora de você me ajudar a trazer a honra dos Avery de volta, Niklaus, e isto não é um pedido. — Um sorriso macabro se formava em seus lábios, ele ergueu as sobrancelhas. — Sua mãe ficaria orgulhosa. 
Saído de seu estupor momentâneo, Nik agarrou o profeta diário, jogado pelo seu pai, enquanto este se levantava seguindo em direção as escadas, o deixando apenas com as companhias em sua mente para digerir tudo o que acabara de acontecer. Pela janela, sentiu a presença de Buddy, que tinha acabado de entrar e se acomodado majestosamente em seu poleiro. Ouviu um piado e sentiu aqueles olhos grandes e amarelos o olhando com expectativa. Niklaus leu o artigo tentando manter a calma. Alguns fatos sobre Harry Potter foram citados, a derrota de Krum, como sempre, lembrada de forma vergonhosa, e Fleur, pobre competidora de Beauxbatons, injustiçada. A tremedeira nas mãos aos poucos foi passando, conseguindo assimilar o que estava diante dos seus olhos. 
Haveria um torneio tribruxo novamente, e, desta vez, aconteceria nos limites da escola francesa. O pai não precisava de muito para forçá-lo, apenas algumas chantagens emocionais e menções sobre a mãe, pois sabia que esse era o seu ponto fraco e não hesitava em usá-lo. Seus pensamentos e sentimentos agora estavam mais confusos do que nunca, contudo, de uma coisa ele sabia, seus colegas de time com certeza ficariam animados em ver seu capitão colocando o nome no fogo para participar. Flashs passaram rapidamente pela mente de Nik e ele não conseguiu conter um sorriso diabólico no canto dos lábios, erguendo o olhar de encontro a Buddy. 
— Krum não teria chance contra mim esse ano, não acha?! — No máximo, o que poderia acontecer era não ser escolhido, mas diante da sua performance esse ano, duvidava veementemente. E também haviam as garotas de Beaux, ah as veelas… Well Well. Era um competidor nato, afinal, e um tremendo de um desavergonhado. 
Entretanto, todos os pensamentos foram afastados e apenas uma imagem surgiu na sua cabeça: uma bela mulher com feições angulosas e pele bronzeada, nariz arrebitado, cabelos tão dourados quanto o sol e olhos verdes como o Aqueronte. O sorriso dela era impagável, e era esse sorriso que ele faria o que fosse para ver de novo, se pudesse. Sabia que só o veria em seus sonhos mais tranquilos, mas não custava tentar. Correu até a bancada da cozinha e arrancou um folheto de um bloquinho. Os elfos domésticos continuavam seu trabalho como se nunca tivessem sido interrompidos. Nik olhou-os afetuosamente. Por mais que não concordasse com as escolhas do seu pai, não podia negar que estava faltando vivacidade naquela casa. 
— A propósito, o cheiro está ótimo… — Proferiu as palavras com um sorriso de canto e conseguiu ver o elfo, Tink, que antes havia se encolhido, esboçar um pequeno sorriso, antes de subir as escadas para o seu quarto e fechar a porta. Convocou a sua varinha e lançou um feitiço para começar a arrumar as malas, antes que pudesse esquecer de alguma coisa. Em breve estaria de volta, e dessa vez não tinha nada a perder. 
@tripontos
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imagines-1directioner · 4 years ago
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Pedido de @camizzzzzzz-1dforever : Um q o ni e a s/n tenham uma adorável noite, cozinham algo juntos para jogar jogos, e decidem jogar um jogo de perguntas, q nunca fizeram um pro outro, se divertem, sorriem saiem declarações no meio do jogo, q termina com eles se amando, trocando beijos, carícias e conversando ps:a noite está bem fria
Prontinho, xu! Espero que goste e obrigada por mandar o pedido :)
Boa leitura 💙
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- Amor, tem certeza que isso está certo? A massa não está desgrudando da minha mão por nada. - levei meus olhos a massa caseira em cima da bancada de mármore e dei risada ao ver meu marido todo atrapalhado, tentando a todo custo desfazer-se da maçaroca que estava em sua mão.
- Você colocou a farinhas aos poucos? - perguntei enquanto mexia na calda de morango que estava no fogo.
- Ops.. - Niall respondeu ao som de risadas e eu apenas neguei a atitude com a cabeça. - Posso fazer isso agora?
- Não só pode como deve! - tirei a panela da boca do fogão, deixando que a calda esfriasse antes de ser espalhada na torta inexistente até o momento. - Vem, eu te ajudo. - dei poucos passos até chegar ao lado do moreno e auxilia-lo na recuperação da nossa primeira sobremesa inteiramente caseira. - Agora é só ir amassando até atingir o ponto. - disse assim que joguei meia xícara de farinha na massa grudenta em cima da bancada.
- Só para eu lembrar, o ponto é quando estiver macia, fofinha e sem grudar, certo?
- Isso, amor. - respondi rindo.
- Ou seja, bem diferente do que está aqui. - Niall bufou descontente e voltou ao concerto da comida.
- Você consegue, babe. - como forma de não deixá-lo desistir, lhe dei um selinho rápido e retornei ao meu posto, pronta para fazer o creme que preencheria o interior do doce.
Cozinhar com certeza acalmava até a minha ultima geração, e tudo tornava-se muito melhor na presença do amor da minha vida.
Por mais que Niall tivesse dificuldade em relação ao preparo de alguns pratos, era tão divertido vê-lo entretido na cozinha, e eu ria como nunca com as suas bobagens que aconteciam a cada dez minutos.
- Olha só a massa que o mestre-cuca acabou de fazer! - ele trouxe-a até mim, com um sorriso enorme nos lábios, provavelmente não acreditando que realmente tinha conseguido.
- Perfeita! - falei animada.
- Mereço um beijo?
- Até dois! - nossas risadas ecoaram pelo cômodo e senti suas mãos puxarem minha cintura com calma para finalmente nos beijarmos, mesmo sujos de farinha, açúcar e tantos outros ingredientes que estavam espalhados pela cozinha.
Com a massa já na assadeira e pré-cozida, Niall e eu finalizamos o preparo, colocando o creme de baunilha dentro de torta e em seguida levamos ao forno novamente.
- Você acha que vai funcionar? - questionou preocupado enquanto olhava impaciente para o primeiro filho assando, agachado em frente ao forno.
- Claro. Você fez tudo direitinho, não tem como dar errado.
- Não me cubra com falsas esperanças, S/N. - avisou, levantando-se do chão.
- Mas não estou. - Niall desconfiou da minha fala pelo fato de não conseguir segurar a risada diante das expressões que ele fazia constantemente, fazendo com que nem eu acreditasse no que dizia. - Tô falando sério, amor!
- Então por que está rindo?
- Porque você faz isso comigo quando cria essas caretas. - joguei o pano de prato em seu rosto, ainda dando risada, e corri até a sala antes que o rapaz quisesse vingar-se de mim. - O quê vamos fazer agora?
- Não sei. - disse ao sentar-se do meu lado no sofá e nos cobrir com uma das mantas que estava sobre o móvel, visto que o inverno era rigoroso e hoje pareceu piorar.
- Que tal brincarmos daquele jogo de casais que fizemos na casa do Lewis? - sugeri empolgada. - Eu faço uma pergunta sobre nós e você responde.
- Tem certeza que quer enfrentar o melhor esposo do mundo? - Niall não perdia nenhuma oportunidade de se gabar quando o assunto era o nosso relacionamento. E ele sabe o quão competitiva eu sou, por isso faz questão de desafiar-me sempre que pode.
- Com prazer! Até porque eu sou a melhor esposa do mundo.
- É isso que vamos ver. - o moreno cerrou os olhos e não tive como conter a gargalhada ao vê-lo tão ridículo daquele jeito. Um ridículo fofo, que fique claro.
- Vamos lá, primeira pergunta.
- Mande para o rei.
- Qual foi o primeiro presente que eu te dei?
- Isso conta antes de namorarmos?
- Claro.
- Ah não, amor! Isso foi há muitos anos.
- Você não é o melhor? Pois então, deveria saber. - intimidei enquanto ria fraco.
- A senhorita por acaso sabe qual foi o primeiro presente que EU te dei?
- Óbvio! Foi uma caixinha de música no meu aniversário de dezesseis anos.
- O quê? Eu te dei isso? - perguntou rindo e eu concordei o acompanhando nas risadas. - Como é que se lembra desse presente horrível?
- Ei, não foi horrível! Eu gostei bastante.
- Gostou tanto que nem sabe onde ela está.
- Está na casa dos meus pais, tá legal? Quer ligar para a minha mãe para confirmar?
- Não quero incomodar minha amada sogra com as suas mentiras. - abri a boca de forma engraçada, como se não acreditasse no que ele disse e o vejo rir instantemente. - Minha vez agora. - afirmou assim que o riso foi controlado. - Aonde nós fomos na manhã seguinte em que te pedi em casamento?
- Fácil. Jogar golfe e depois almoçamos naquele restaurante caro perto da casa dos seus pais.
- Nada disso. Nós fomos àquele festival de moda do outro lado da cidade, que você implorou para que eu fosse junto na esperança de eu comprar um presente de noivado caríssimo para você.
- Meu Deus, é mesmo! Como me esqueci disso? - meu espanto era real, que até levei as mãos à boca. A velocidade em que o tempo passava era absurda e nem percebia que minha memória voava assim como os anos nesse planeta. - Aquele festival foi demais!
- Você estava mais empolgada em ganhar o tal vestido com pedras azuis e tecido de sei lá o quê, do que apreciar as roupas super legais que estavam na passarela.
- Tudo bem, tudo bem. Eu admito que sonhei com aquele vestido durante meses. Mas eu gostei de estar lá com você. - acariciei suas mãos. - Principalmente quando provei o vestido e você me encarou como se fosse um anjo.
- Mas você é um anjo. - sorri sem graça ao ouvi-lo e senti seus belos olhos azuis fitando-me. - O anjo mais lindo que eu já vi. - acariciou minha bochecha delicadamente. - E naquele dia eu tive certeza de que você era a mulher perfeita para mim, apenas por enxergar o brilho nos seus olhos quando te deixei em casa, e tive a honra de ouvir o eu te amo mais sincero que já recebi.
- Sabe que eu falei aquilo só porque você comprou o vestido, não é? - brinquei e logo sinto uma almofada ser arremessada contra o meu rosto.
- Você me paga, dona S/N.
- Eu tô brincando, amorzinho. - abracei Niall com força, a ponto de fazê-lo deitar no sofá e ficar em cima dele, alternando os vários beijos que deixava em seus lábios, rosto e pescoço. - Eu realmente disse o eu te amo mais sincero para você aquele dia porque sabia que seria o melhor marido do mundo e entreguei todo o meu amor para você ao responder sim no dia anterior. - o sorrisinho dele fazia parte das lista chamada “ Por que me apaixonei por esse homem”. E com toda certeza, tal ação estava no top 5 dela. - Apenas confirmei o seu pedido sendo totalmente verdadeira quando falei que você sempre será o amor da minha vida. - os olhos de Niall estavam fixados nos meus e vi o sorriso apaixonado aumentar em seus lábios à medida que me declarava.
- Eu nunca, nunquinha vou me arrepender de ter escolhido você para dividir todos os momentos da minha vida. - agora fora a minha vez de bancar a esposa hipnotizada pelo amado e sentir meu coração gritar de tanto amor. - E digo mais, se eu escolhesse outra, com certeza não seria tão feliz e realizado como sou ao seu lado. Você deixou tudo perfeito e eu não vou cansar de dizer que te amo com todas as forças, todos os dias em que passarmos juntos. - a distância mínima que existia entre nós foi quebrada quando nossos narizes relaram um no outro e por fim nos beijamos docemente, escorrendo paixão e muito carinho naquele ato simples porém tendo devida importância em nossas vidas.
Por mais que o beijo estivesse gostoso, Niall parou assim que escutou o forno apitar, levantando as sobrancelhas, animado pelo resultado da sobremesa.
- Pronta para saborear a mais nova delícia do seu marido? - questionou divertido.
- Sempre, babe!
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xoxo
Ju
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twodettes · 4 years ago
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mãos delicadas terminavam de colocar seus brincos   .  observou seu reflexo no espelho após terminar, observando a obra prima de algumas horas de maquiagem.      sim, ninguém poderia comentar nada sobre sua aparência naquela noite: tinha capacidade de reconhecer sua própria beleza quando merecedora.     deu meia volta, calçou seus saltos altos de tom esmeralda, e desceu as escadas sem pressa alguma.      afinal, uma boneca de porcelana como ela poderia quebrar a qualquer momento, não é mesmo?   
tinha sido criada como uma, ao menos.     toda sua vida, cada segundo da mesma, havia sido cuidada como um objeto de grande valor que poderia ser perdido ou roubado a qualquer instante.     era um item de colecionador atrás de um vidro a prova de balas; vidro este posto a mando de seu amado pai, a quem yue não conseguia odiar mesmo em noites como aquela, onde toda a sua força de vontade voava para longe.      conseguia manter bem o papel que lhe fora dado:  a filha que poucas palavras dizia, mas que todos conheciam por sua beleza e nada mais.      nem mesmo sua personalidade tinham direito de saber.   era uma yang fa,  flor de cerejeira,  filha de mang hu yan,  magnatada e filantrôpo.       as atenções nunca deveriam estar nela ; jamais, a não ser para seu rosto pintado e seus passos graciosos.
yue suspirou, terminando de descer para o hall de entrada.    belíssimo, como se tudo fosse feito de cristal.       lindo e tão vazio, assim como eu ; pensou frustrada.     escutou vozes vindo da direção da porta mas apenas uma lhe era conhecida   . seu pai falava com frevor com um homem alto, esguio, que usava um terno caríssimo.     yue sorriu em diversão mas seu coração logo quebrou em mil pedaços.   então este será meu novo carrasco.
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‘    爸爸,不要吓him他’.   ’   não o assuste,  papai.   disse em sua língua materna.   olhou para o novo segurança com simpatia.   sabia o quanto seu pai conseguia ser severo,  principalmente quando se tratava da segurança da familia.   continuou encarando o novo contratado.    babá havia dito que Russo, o último,  havia pego uma gripe severa e teve de ser afastado.    ótimo,  yue pensou,  pois ele havia sido rude, grosseiro...  e nojento.    ‘    não se preocupe, senhor.    não possuo pingos de rebeldia para lhe chatearem, e cuidar de minha segurança será no máximo matar uma ou duas aranhas para mim.   ’    lhe deu um sorriso gentil antes de beijar a bochecha de seu pai com amor.  aguardou para que o novo segurança a acompanhasse até o carro que os esperava.
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vclentinho · 5 years ago
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maybe it’s a blessing in disguise 〳pov, pt 2
        No mínimo incomum era como poderia descrever o fato de possuir uma chamada perdida da mãe. Halloween possuía o efeito de dar vida aos mortos? O espanhol não entendia muito bem. O feriado não era parte de sua cultura e, por isso, o encarava como mais uma desculpa para comportar-se de maneiras duvidosas. Mesmo assim, foi incapaz de não associar a data ao acontecimento. A mãe, zumbi, o estava ligando. Correção: havia ligado. Uma vez, e Valentin havia perdido. Foi incapaz, também, de não associar a data às suposições macabras que criava na cabeça. Os dedos passearam pelo próprio rosto, depois nervosamente no tecido da calça, na frente das coxas e de volta ao rosto até cabelo recém raspado. De volta ao celular. Assustadoramente hesitante, permitiu que os dígitos percorressem a tela do aparelho, ciente de cada centímetro conquistado em pixels que, para ele, podiam corresponder a uma maratona do próprio pensamento, que voava ágil em todas as direções, ativando tanta eletricidade dentro de si que se perguntava se estava, de vez, enlouquecendo. Talvez todo mundo estivesse morrendo. Sofreram um acidente grave. A mãe quis se despedir antes de pular da sacada. Não? Não. A linha de chegada da maratona era o botão de retornar chamada e ele a cruzou com o coração gritando tão alto que parecia haver quatro. Um no peito, um na garganta e um em cada orelha. Era completamente fora da realidade o tanto que estava ansioso. Só o garoto poderia explicar para si mesmo o que o levava a isso e, ainda assim, jamais o faria, preferindo repreender-se e se considerar louco.
        A voz de Caterina, do outro lado da linha, não serviu para acalmá-lo além do alívio de comprovar que estava viva. Claro que estava viva, como pôde sequer duvidar disso? Os olhos castanhos dançaram sem rumo pelo quarto, parando por alguns segundos na fantasia em cima da cama. Ao contrário da maioria das crianças, Valentin não cresceu com mãe e pai além dos termos óbvio de que aquelas pessoas eram seus pais e pronto. Não havia cuidado, educação, ensinamento, memórias bonitas. Não culpava a mulher, não. Culpa nunca existiu. Ele mal compreendia como ela se sustentava de pé quando os olhos entregavam o cansaço e o peso que ela carregava. Poucas vezes ao longo dos últimos dezoito anos o garoto a ouviu falar algo a respeito, porém ele sempre tentou dividir aquele peso, aliviar. Se culpava alguém, era a si mesmo por nunca ter conseguido. Entretanto, isso era só parcialmente verdade. Essa revelação vinha para ele em flashes, imagens de memórias, sofrimento demais para reviver. Sofrimento demais para uma criança. Havia mais alguém a culpar, que não ele próprio. Sabia que nenhum dos dois progenitores eram bons pais, mesmo antes da mãe tornar-se o que se tornou. Fosse como fosse sua maneira de encarar aquilo tudo, sacudia a cabeça para livrar-se desses pensamentos, como se os jogasse contra paredes imaginárias para depois varrê-los, sem vida, para debaixo do tapete. Havia sofrimento maior que aquele, devia ficar quieto. Não era fraco. Não ia reclamar. Não ia derramar uma única lágrima. Nem aquela raiva, aquele desgosto específico, se permitia sentir. Era tudo demais. Talvez a mãe também fosse assim, pois nunca entrava em contato. Será que, para ela, falar com ele também era demais? Também trazia pensamentos e memórias que não queria ter? Também se envergonhava de cenas do passado? Valentin sentia sua falta, mesmo que só de vê-la pela casa, sentada e encarando o nada. Mesmo que só de tê-la conversando em eventos, antes que retornasse para sua concha. Quaisquer tentativas de enganar-se quanto a isso seriam tolice. “¿Qué pasa mamá?” A própria voz, soturna, ecoou no aposento, e a resposta veio sem qualquer sentido. Palavras murmuradas, ruído de respiração, a voz embargada. De repente, ouviu um suspiro profundo e a voz soou mais clara, pronunciando cada sílaba com mais força, como se num súbito impulso alimentado por coragem inesperada.   “ ━  Necesito tu ayuda, hijo.”
        Jamais a ouvira pedir pela ajuda dele. Valentin estremeceu por inteiro, e fora a vez da sua própria voz falhar ao perguntá-la do que falava. “¿En que?” Talvez não devesse questioná-la, devesse simplesmente pegar a moto e ir até ela, todavia sua voz rouca não escondia sua incredulidade. Era estranho, não havia forma de negar. E a resposta de Caterina foi tudo que ele precisava ouvir. Tudo que necessitava ouvir a vida inteira.   “ ━  Ayuda en lo que no puedo hacer sola.” Antes que pudesse responder que iria, ouviu novamente a voz feminina, dessa vez não falando com ele, e sim gritando longe do telefone. A discussão em alemão fora o golpe final para tirá-lo do estado de nervosismo. Lá ia Valentin, assumindo seu modo batalha, subindo na moto como descia as escadas gritando, pronto para enfiar-se entre o casal como quando criança. Como quando ainda haviam brigas. Brigas eram um bom sinal, vindo da mãe. Não pôde conter um êxtase de ganhar as ruas com as palavras gritadas por Caterina ecoando em seu ouvido. Quase gargalhava em alguns momentos, como um louco. O louco que ele era, e tudo bem. Repetia para si mesmo que não era como o pai, não era como o pai. Não era. Cortou os 40km até Villefranche-sur-Mer em alta velocidade, esquecendo-se de festa, de fantasia, qualquer outra coisa que não fosse o caminho até a casa ou o motivo daquele deslocamento.
        Muitas luzes estavam acesas, e seu coração errou uma batida enquanto subia de moto pela rampa até a garagem. Mal deu-se conta dos seus próprios passos até pisar no interior da construção, no entanto não via ninguém. Chamou pela mãe e seguiu rumo aos quartos, sem obter resposta até finalmente abrir a porta e deparar-se com ela, encolhida sobre a cama com o rosto escondido. Parecia o cômodo mais escuro da casa, iluminado apenas pelos abajures, enquanto o resto parecia gritar de tanta luz enquanto ele passava. Mergulhou no aposento, e havia tanto tempo que não pisava ali que não podia evitar a sensação de nostalgia. Caterina não pareceu notar sua presença, ou temia que sua companhia fosse Johann e não Valentin, pois não ergueu a cabeça, nem mesmo se moveu. A respiração pesada deixou o garoto nervoso, entretanto qualquer crise lhe soava melhor do que a placidez domesticada e sempre medicada. Choro e grito, brigas e conflito, para ele significava que ela estava viva. Talvez o Halloween de fato desse vida aos mortos. “Estoy aqui.” Anunciou ao sentar-se na ponta do colchão. Todo diálogo entre os dois era sempre em espanhol. Podia ate ser algo óbvio, ou natural, ainda assim esse era o mais próximo significado de lar que conhecia. Só então ela voltou a atenção para o filho, desperta de algo que ele sabia que não era sono, os olhos inchados como em suas memórias caóticas e infantis. Despertar era o primeiro passo de volta. “O que aconteceu, mãe?” Sua voz saíra mais baixa, ansiosa. Quando ela respondeu, as palavras rápidas pronunciadas no espanhol fluido revelavam uma urgência como a dele, só que multiplicada ao triplo. Nem ao menos se lembrava de que ela era assim, e se fosse outra ocasião ele teria rido, pensado “agora eu sei a quem eu puxei”.   “ ━  Me leva embora, eu quero ir embora, me tira daqui. Eu preciso ir embora, hijo. Eu preciso.” Valentin apertou os olhos, se inclinando para mais perto. Não iria dar-se por vencido. Havia acontecido alguma coisa, e se o pai a tivesse machucado como fazia no passado... Precisava saber para fazer algo a respeito. “Mãe. O que aconteceu?” Repetiu a pergunta, as palavras mais firmes e duras, chamando sua atenção. Queria seu foco ao manter o olhar fixo no rosto dela, buscando sinais. “Cadê meu pai?” Houve uma surpresa ao notar que a voz não falhara nem por um segundo naquela pergunta, e ela baixou o olhar sob a intensidade do seu.   “ ━  Ele saiu. Não aguenta lidar comigo. Não sei para onde foi, só quero ir embora.” Um suspiro impaciente ganhou vida no espanhol e ele sacudiu a cabeça em negativa. Como era teimosa. “Eu sou mais teimoso que você. Quer que eu simplesmente te coloque num carro e te leve embora? Tudo bem! Mas diz alguma coisa além disso. Pra onde? Por que? E meu pai? Algum sinal. Vai pedir a separação? Ele fez alguma coisa? Não me ligou para me fazer de uber, você pediu ajuda. Você nunca me liga. Eu vim. Se arrependeu?” Seu tom carregado de ressentimento ecoava nas paredes e ganhava o corredor pelas portas duplas abertas. Era o máximo de palavras trocadas com ela de uma vez nos últimos dez anos? Mais do que a soma dos últimos oito? Estava frustrado. Ele seria fiel, seria leal, faria o que ela quisesse. Sempre tentou justamente ser essa pessoa que ela precisava agora. Então, ela iria simplesmente pedir uma carona e ignorar suas perguntas? Ignorar seus temores, sua vontade de fazer algo além do que carregá-la sem ao menos saber o motivo? Sem saber como evitar algo parecido no futuro? Que merda Johann havia feito dessa vez? O silêncio preencheu os espaços uma vez que sua voz se dissipou, o eco das palavras agora somente dentro da cabeça.   “ ━ Nada. Seu pai não fez nada. Tem algum tempo que ele não faz mais nada assim.” Por assim ela referia-se aos surtos de agressividade e impaciência, aos tapas e puxões pelo braço por se sentir minimamente questionado ou enfrentado, ou decepcionado por seus erros tolos. Ou por achá-la inútil. Às vezes, a sacudia pelos braços exigindo reações de uma mulher que ele contribuiu para se transformar numa casca. Aquela resposta lhe ofereceu alívio, porém esclareceu pouca coisa. Valentin notou Caterina tentando restabelecer um contato visual com ele, sem confiança, e o garoto sentiu uma dor imensa. Não queria soar como Johann ao encará-la friamente e exigir respostas, reações. Viu-se levando a palmas aos olhos, derrotado, tentando controlar lágrimas de raiva e de tristeza e de impotência. De culpa. Estava ali por ela, não era sua vez de chorar. “Tudo bem. Eu te levo daqui. Quer ajuda nas malas?” Simples assim. Baixou as mãos e olhou ao redor, evitando olhá-la até que estivesse estável novamente. “Mas você pode me contar. Eu gostaria de saber, poder ajudar além disso.” 
        Ela se levantou e foi seguida por Valentin, a passos lentos ambos rumaram para o closet.   “ ━  Estou grávida.” A fala viera enquanto ela estava de costas, mãos nos cabides. Ele parou na entrada do cômodo, mãos ao lado do corpo, a boca aberta. “De quem?” A incredulidade na voz chegava a ser cômica, e Caterina deu uma risada fraca. Ela riu! Valentin despertou do transe confuso e a olhou em absoluto choque.   “ ━  Como de quem? Do seu pai, está louco?” O choque nele apenas se intensificou com aquelas palavras, os olhos arregalados. Parecia uma estátua, exceto que a boca abria cada vez mais. “Madre!” Mais uma vez ela riu, agora jogando a cabeça para trás de uma forma que, se ele visse a si próprio quando ria, teria identificado os trejeitos na mesma hora. “Eu não sabia que você e meu pai ainda... namoravam?” Era uma afirmação ou uma pergunta? Sua expressão era tão descrente que parecia caricata. Sua mãe de repente ria tanto que não parecia ela. Parecia possuída por algum espírito bem humorado, talvez de um palhaço. Halloween.   “ ━ Que criatura você é, hijo.” A cabeça meneava em negação, um sorriso nos lábios mas, assim que retomou a atenção aos fazer das malas, ele pôde ver a tristeza em seu semblante.   “ ━  Nem tudo que é ruim é assim o tempo todo.”  E o sorriso sumiu de vez. Valentin deu de ombros, e agora era ele quem negava a cabeça com os pensamentos que se formavam. “E nem tudo que é bom é assim o tempo todo. Eu sei.” Um breve silêncio. “E por isso discutiam? Pela... gravidez?” Não era exatamente isso que ele queria perguntar, porém conteve-se. Pegou a mala e a abriu sobre um banco macio no centro do closet.   “ ━ Não gosto dessa casa... Não quero ficar aqui, vou acabar fazendo coisas que não devia.” Como se drogar e encher a cara? Depois ter a criança e ignorá-la como eu fui ignorado? Calou os pensamentos com o olhar sobre ela. “O problema não é a casa.” Ainda moravam em Madrid quando a mãe começou com aqueles hábitos, quando a vida deles mudou de ridícula para insuportável. A firmeza da voz, mais uma vez, a fez encolher. “Está fugindo sem pensar no que vem depois, não está? Tem certeza do que está fazendo?”
        Caterina tremeu sob seu olhar e parou de colocar roupas na mala aberta, era óbvio que não sabia. Injusto da parte dele agir como se fosse menos impulsivo ou inconsequente do que ela estava sendo, exceto que Valentin não tinha filhos. Exceto que ele não precisava de cuidados alheios para comer ou acordar. Novamente, não a culpava. Se esforçava para não fazê-lo. Era preocupação. Será que falar com ele também era demais? Também trazia pensamentos e memórias que não queria ter? Também se envergonhava de cenas do passado? As mesmas perguntas voltavam, insistentes mesmo que ele as dispensasse todo o tempo.   “ ━  Não me olha desse jeito, você não tem o direito.” Um sorriso suave brotou nos lábios masculinos. Sorria porque gostava de ouvir uma chamada vindo dela. Era tão raro, ficara para trás, na primeira infância dele junto com a última gota da personalidade dela. “Tenho, sim. Não que deixá-lo seja pouca coisa, mas não é para isso que pediu ajuda. Eu sei. Você não tem coragem de encarar que esse pedido significa mais, muito mais. Fugir somente por fugir não vai te dar as respostas, nem solucionar nada. Tenho o direito e o dever de te alertar. Você não me deu respostas que me façam achar uma boa ideia. Meu pai vai atrás de você, vocês vão brigar, você está grávida. Dele. Grávida dele, o que eu não entendo muito bem porque eu já nasci disso e vimos que não deu muito certo. Você. Vai. Para. Onde?” Perguntou mais uma vez. Ele era o uber ou não era? Havia nele um medo de que essa faísca se apagasse sozinha e longe de cuidados. Até longe dos cuidados do pai, por mais distorcido que pudesse parecer. Se ela buscou sua ajuda para transformá-la em labareda e ganhar vida, ganhar a casa, mudar as regras, por que não era isso que ela fazia agora? Parecia ter medo de tudo. Medo do próprio estrago que ela podia fazer na norma das coisas, ainda que fosse um estrago necessário. Estava tudo ruim, errado. Estragar não é uma chance? Esperança é revolução. De repente, Caterina começou a gritar e jogar as roupas para todos os lados, e agora fora a vez de Valentin rir. Quase lhe oferecia ajuda, quase dizia falas de incentivo e parabenização. “Meu pai não sabe lidar com você? Vocês dois não sabem lidar com nada! Nada! São crianças mimadas piores do que eu!” Alimentar o caos, puxar a alavanca, lançar o míssil, o foguete, o tiro de canhão. Reação, reação, reação! Mais! Não importava que fossem meias verdades, queria mesmo ser gatilho de um despertar mais intenso vindo dela. Lenha na fogueira. Era uma vez, uma época que Valentin conhecia a própria mãe, e a casca dos últimos anos não era ela. Ele começou a bater palmas enquanto dizia expressões de apoio como “isso! joga mais!”. Que tipo de ajuda ele poderia oferecer melhor? Assistiu a cena até que ela se cansou, ofegante e chorando, e se rendeu ao chão de joelhos. Socou o chão, gritou mais, chorou mais, limpou as lágrimas com violência e apontou a mão para o filho com o braço inteiro esticado antes de voltar as duas ao peito.   “ ━  Eu não aguento mais! Não sei o que eu quero, não sei o que estou fazendo! O que eu deveria fazer? Me diz você. Não sei porque te chamei. Eu odeio essa casa, eu me odeio, odeio essas roupas. É culpa minha, mas eu odeio mesmo assim. Quero odiar, quero ter raiva de todo mundo, muita raiva. Raiva do seu pai e de você também. Quero ter tanta raiva que eu quebre tudo! Tudo! E quero ficar feliz quebrando tudo. Amar tanto que dói, de novo, como já foi. Sentir tudo de uma vez. Mas eu não aguento! Eu não tenho forças pra sustentar tanto. Hoje eu senti medo, como não sentia há tanto tempo. Medo por todos nós, por essa criança. Medo de mudar tudo, de vir tudo de uma vez exatamente como parece certo e como parece impossível de aguentar. Então não parece melhor fugir, correr? Gritei com seu pai. Disse que esse filho é só meu. Disse que ia embora e ele nunca mais ia me ver. Porque uma criança agora vai mudar tudo, e porque me fez sentir medo. E esperança e raiva e ódio e tristeza. Eu não aguento mais! Eu não tenho forças pra isso. Nem pra sentir nem pra guardar.”  Ao fim da cachoeira de palavras, quando silenciaram e deram espaço para os soluços desesperados, Valentin já a tinha nos braços. “Mudar é bom, e você consegue. Tudo bem aceitar ajuda, mamá.” Abraçados ao chão, ela chorou longamente, e ele nem sentia mais as lágrimas que queriam brotar no quarto. Acreditava, de verdade, no bom daquilo. Se a história da mãe eram degraus que ela descera, ele via a chance de puxá-la um degrau por vez agora que ela estendia a mão. Mesmo que ele mal soubesse o que estava fazendo. Estava ali. Depois daquele choro, se ela quisesse fugir, ele a levaria sem olhar para trás, abraçando a ideia absurda e sabendo que não teria controle das consequências, porém satisfeito. Ainda assim, algo lhe dizia que ela não iria deixar a casa, e agora ele talvez a frequentasse mais. Era a melhor época possível para o acontecimento de tudo aquilo, agora que sua relação com o pai envolvia outros termos. 
        Somente quando ouviram a voz de Johann chamar por Caterina que se deram conta de onde ainda estavam. Levantaram-se com expressões de confidência e se depararam com a figura do alemão na porta do closet. Não houve qualquer questionamento da parte dele quanto à cena, o olhar apenas os escaneou. Mãos nos bolsos.   “ ━ Tudo bem?” Não era um cumprimento ou uma preocupação, era uma inquirição quase militar. Ela ajeitou os cabelos e respondeu que sim, que Valentin havia lhe convencido a ficar. O garoto não se lembrava exatamente daquilo, todavia registrou a tentativa feminina de fazê-lo parecer melhor aos olhos do pai. Não que ele precisasse disso agora. Uma troca de olhares também confidente, ainda que de outra maneira, aconteceu entre os dois homens parados um diante do outro em posturas impecáveis, enquanto Caterina se alisava e murmurava algo sobre ter perdido um brinco na bagunça. Que cena. Não a imaginaria em um milhão de anos. “Tudo ótimo.” Afirmou. Rumaram ao andar de baixo, onde se sentaram no sofá e pediram comida chinesa, porque a espanhola pedira. Ela parecia estranhamente leve, e Valentin tinha certeza que Caterina se sentia como ele depois de horas socando um saco de pancada ou depois de uma luta ganha. Mudar é bom, e você consegue. Sua voz repetiu para si mesmo, dentro da cabeça. Não sabia como era o casamento dos pais, e acreditava que jamais entenderia, chocava-se de ainda existir algo para chamar daquilo. No entanto, algo lhe dizia que, fosse qual fosse o gatilho para fases melhores e piores entre os dois, a gravidez era gatilho para que a mãe acordasse e voltasse à superfície. E agora, diferente de qualquer coisa que já existiu entre Valentin e Johann, a balança já não pesava tanto para o lado do progenitor. O espanhol não seria obrigado a ceder, obedecer, como antes. Não, pelo contrário. Agora, ele poderia interceder pela mãe de verdade, caso necessário. Algo que, a depender deles, ela jamais saberia. E era melhor que fosse assim.
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diario-no-deserto · 5 years ago
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No domingo encontramos um filhote de rolinha no chão estava bem apático e decidimos alimentar lo pra não morrer de fome, colocamos ele numa caixa com alguns grãos pra ver se ele comeria sozinho. Quando percebemos que havia comido os grãos achamos que seria a hora de devolver lo pra natureza e saímos em busca de um lugar com muitas arvores. Encontramos, tiramos ele da caixa e colocamos em um galho, mas ele não voava, e de forma bem dócil voltou para nós, voltamos pra casa com o filhote de rolinha nos ombros do meu marido, foi bem inacreditável o quanto aquele pássaro parecia domésticado. Colocamos ele na caixa e fomos dormir. Acordamos com o filhote batendo na caixa, meu esposo tirou ele de lá e tentou soltá-lo no quintal para ver se voaria. Admiravelmente ele voou, e sabe quem estava voando em volta do quintal esperando por ele? A mae ou pai dele. Pode parecer romântico demais da minha parte acreditar que ele não quis ficar no galho porque não encontraria a mãe dele lá, mas eu escolho acreditar. E esse desfecho me fez refletir: 1) Existe uma resposta pra tudo, o porquê dele não ter voado, mesmo depois de alimentado e em um lugar com várias árvores. 2) Existe um tempo pra tudo, o tempo de voar dele não era o mesmo que o nosso. 3) Uma mãe/pai sempre vão procurar por nós e precisamos estar em um lugar onde eles possam nos ver, assim como nosso pai celestial, Ele sempre procura por nós e nos deseja ter por perto e quando estivermos a procura dEle, vamos o encontrar buscando uma forma de nos trazer pra perto dEle. Analogias como essa sempre vão me encantar, porque foi esse o aprendizado que um filhote de rolinha me deu, e que tantas outras situações poderão me ensinar? Sempre posso aprender, sempre posso ver Deus em situações e sempre darei um final feliz pra uma rolinha perdida com fome.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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17 de Dezembro, ANO 21 (Namjoon) — [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘I Must Survive’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
Esta nota está presente no livro 花樣年華 THE NOTES 1, no capítulo I Must Survive
Namjoon 17 de Dezembro, ANO 21
Eu prossegui desacelerando meu ritmo e finalmente cheguei a um ponto. Era o alvorecer em uma vila rural onde nem mesmo os ônibus funcionavam frequentemente. A vila inteira estava coberta sob a neve luminosa que caiu a noite toda. As árvores estavam encurvadas como grandes feras brancas e derramavam neve toda vez que o vento soprava. Eu sabia sem olhar para trás que eu era o único deixando pegadas pelo campo de neve na vila. Meus pés estavam encharcados há muito tempo por causa das solas rasgadas do meu par de tênis. Uma vez eu ouvi dizer que Deus nos fazia solitários para nos levar a Ele¹. Mas eu não estava solitário. Eu não estava seguindo o caminho rumo a mim. Isso era um recuo. Eu estava fugindo de mim mesmo.
Minha família chegou nesta vila no outono passado. A quantidade de pertences que trazíamos continuava a diminuir toda vez que nos mudávamos para uma nova cidade. Agora só precisamos de uma pequena van de entregas para mudar. Não estávamos em posição para sermos exigentes em relação a onde morávamos. Havia apenas duas condições. Uma era um hospital para o papai, e a outra era um empregador disposto a contratar alguém sem um diploma de ensino médio.
Esta vila tinha ambas. O ônibus que funcionava duas vezes por dia parou em frente ao hospital administrado pelo condado, e a um conjunto de restaurantes alinhados no riacho atrás da cidade. Estes restaurantes vendiam guisado e frituras feitas com pequenos peixes pescados no riacho, e os meses de verão eram sua alta temporada. Multidões procurando uma excursão ribeirinha emanavam de cidades próximas, e a demanda por entregas para aqueles hospedados na vila com a área de descanso na cordilheira eram alta. Durante o inverno, quando o riacho congelava, os restaurantes usavam peixes conservados pegos no verão. Não havia tanto turista quanto no verão, mas chamadas para entregas se mantinham estáveis. Eu era um dos entregadores da cidade.
Claro, havia competição aqui também. A maioria das famílias viviam da agricultura, e, como dá para imaginar, não eram endinheiradas. Serviço de entrega era o único trabalho de meio período disponível para os garotos da cidade. Os donos dos restaurantes faziam a gente competir uns com os outros. “Não é natural que eu contrate quem quer que me impressione mais?” Pare eles, não importava se éramos menores de idade e não tínhamos habilitação de motorista. Os garotos que já tinham sido contratados agiam de modo muito territorial. Eles eram poucos, mas me ameaçavam com trotes rudes.
Durante as férias, a competição se tornou feroz. Nós voluntariamente e competitivamente fazíamos tarefas e tirávamos o lixo para os donos. A conivência deles só nos incitava mais. E contudo, quase inesperadamente, acabamos desenvolvendo um tipo de solidariedade entre nós. Éramos rivais, mas tínhamos uma espécie de simpatia um pelo outro. Se um de nós não aparecia, o resto se perguntava o que tinha acontecido. Eles também me lembravam do tempo que eu passei naquela sala de aula de armazenagem no ensino médio. Alguns deles eram parecidos com o Yoongi, e alguns com o Jimin. Eu não conseguia evitar me perguntar. Se meus amigos da escola tivessem se conhecido aqui nesta vila, teríamos competido e tentado superar um ao outro? Se eu tivesse conhecido esses entregadores na escola, teríamos nos tornado amigos?
A neve caia quando nossa competição, instinto territorial e estranho senso de solidariedade atingiram seu auge. Então, a competição apaziguou instantaneamente. Uma lambreta era uma necessidade para fazer entregas na vila com a área de descanso, mas era muito perigoso dirigir uma moto leve pela trilha montanhosa coberta de neve. A trilha que levava para a vila com a área de descanso era íngreme e sinuosa. Entregar a pé não era uma opção. No fim, foi um confronto entre o Taehyung e eu. Taehyung era dois anos mais novo e vivia nos arredores da vila perto do pomar. Taehyung não era o seu nome verdadeiro. Era ou Jongsik ou Jonghun. Mas ele me lembrava do Taehyung. Ele não tinha aquele sorriso bobo ou se abria facilmente para qualquer um com sua natureza gentil e ingênua. Pelo contrário, ele sempre parecia agressivo, nervoso, e descontente. Por fora, ele parecia com o Yoongi, mas, estranhamente, ele me lembrava mais do Taehyung.
Taehyung e eu éramos os únicos miseravelmente pobres o suficiente para correr o risco e continuar fazendo entregas naquela cidade da montanha coberta de neve. Era o mesmo aquele dia. Quando mais um outro pedido foi pedido no restaurante, eu estava vagando ao redor do riacho. Ninguém tinha aparecido já que a previsão do tempo previa neve pesada na tarde. Taehyung apareceu alguns minutos depois. Em vez de ir para dentro do restaurante e conversado como sempre, ele desabou no chão perto da ponte e não se moveu. Era um daqueles dias. Aqueles dias em que seu rosto estava cortado e ferido. Aqueles dias em que seus olhos estavam vermelhos e suas roupas manchadas de sangue. Havia algo de errado com ele? Alguém estava batendo nele? Eu não perguntei.
Começou a nevar enquanto eu esperava pela comida ser preparada. No mesmo momento eu senti algo frio roçar no meu pescoço, a neve começou a cair mais grossa e pesada. “Você tem certeza que ficará bem?” O dono colocou sua cabeça para fora. Taehyung ficou de pé, e eu virei minha cabeça em direção a ele. “Claro!” Nós dois respondemos simultaneamente. “Nunca se sabe quanta neve a mais vai cair daquele tipo de céu!”, disse alguém de dentro do restaurante. “Acabou de começar a nevar. Eu vou estar de volta em um minuto.” O dono olhou para o meu rosto com um olhar duvidoso. “Mas você ainda não é tão bom em dirigir a lambreta.” Taehyung se aproximou, dizendo que ele tinha dirigido a lambreta muitas vezes. O dono estalou sua língua quando viu o rosto dele. “Não, você hoje não. Vá descansar.” Eu não perdi a minha oportunidade e interrompi. “Há uma primeira vez para tudo. Hoje é a primeira vez que faço uma entrega na neve. Você sabe que sou muito cauteloso.” O dono desistiu. “Venha aqui. Você terá que fazer algumas viagens de ida e volta, então tenha cuidado.”
Eu podia sentir o olhar do Taehyung me seguindo pelas minhas costas enquanto eu entrava no restaurante. Ele me rodeava enquanto eu embalava a comida pronta e as colocava no recipiente. Era estranho. Taehyung geralmente era muito orgulhoso para agir assim. Quando eu olhava de volta para ele, ele dava um passo em minha direção como se ele tivesse algo a dizer. Então, ele se virava novamente. O dono continuava me incomodando acerca de dirigir em uma estrada coberta de neve. Eu fingia ouvir, concordando entusiasticamente com a minha cabeça. Dirigir uma lambreta não era algo que requiria muita atenção, habilidade e estresse.
Ao contrário do que eu pensei, não era fácil subir a encosta em meio a flocos de neve em uma lambreta. A neve não tinha começado a grudar na estrada, mas meus nervos estavam no limite porque ela voava por toda direção em flocos grossos. A decrépita lambreta lutou na encosta. Era como se ela estivesse grudando em mim. Estava frio, mas eu estava pingando suor e todos os meus músculos estavam tensos. No minuto seguinte, meu suor secou e eu senti um arrepio nas minhas costas. Eu continuava repetindo um pensamento para mim mesmo. Eu subi e desci essa estrada sem problema nenhum por todo o outono até o inicio do inverno. Além disso, a neve não está grudada e a estrada não está escorregadia.
A lambreta escorregou impotentemente na descida da minha terceira viagem. Eu tinha acabado de começar a ganhar confiança e pensar que eu era bom em manusear a lambreta em um dia de neve. Como a neve estava caindo já fazia um tempo e a estrada tinha pouco tráfego, ela começou a ajuntar aqui e ali. Mas ainda estava OK no centro da estrada, e a encosta não estava tão íngreme. Então, assim que esse pensamento passou pela minha mente, a roda traseira deslizou. Assustado, eu apertei os freios fortemente. Eu estava segurando eles muito forte? Esse pensamento preencheu minha cabeça. Eu acho que eu me lembrei do dono dizendo algo sobre os freios. Os avisos do dono que eu escutei pela metade correram pela minha mente. A lambreta pareceu ganhar controle por um momento, mas as rodas começaram a guinar antes mesmo que eu pudesse dar um suspiro de alívio. Na respiração seguinte, eu fui lançado para a estrada. Eu cai como se a lambreta tivesse me quicado o mais forte que pudesse. A lambreta deslizou pela estrada sozinha e deve ter esbarrado em algo. Eu ouvi uma batida alta.
Me levantei em um pulo. Eu não podia me dar ao luxo de checar se eu estava machucado ou onde doía. Eu corri até a lambreta, que estava de lado embaixo de uma árvore no lado direito da estrada. Estava coberta de folhas caídas. Eu a peguei e encontrei um arranhão profundo e imperdível na sua parte inferior. Eu coloquei a chave e a girei. Não ligou. Suor rolou pela minha nuca. Todas as articulações do meu corpo doíam. Eu estava tomado pelo medo. Não tinha como eu pagar pela lambreta.
Eu girei a chave novamente, desta vez chutando o motor. O motor pareceu agitar e voltar mas morreu rapidamente. Eu xinguei sob minha respiração, fechei meu olhos e chutei o chão o mais forte que podia. Minha mão, que segura a chave, não parava de tremer. Os rostos dos meus pais e irmão passaram pela minha mente. Eu olhei para o céu e recuperei o meu juízo. Apertei e desapertei os meus punhos. Então, eu girei a chave outra vez.
O motor finalmente ligou depois de várias tentativas. A lambreta funcionou, soando como o ganido de um animal morrendo. Eu desabei no chão. Eu estava esgotado. O arranhão profundo estava ao nível dos olhos. Eu pulei e o esfreguei fortemente com a ponta do meu tênis. Era uma lambreta velha, coberta com inúmeros entalhes e arranhões. Pode passar despercebido.
Quando levantei, um dos meus tornozelos formigou de dor. Só então que eu comecei a checar minha própria condição. Felizmente, não havia feridas sérias. Havia um pequeno corte acima do osso do meu tornozelo esquerdo que estava sangrando. Minhas coxas e cintura podem doer na manhã seguinte, mas eu já passei por isso.
Taehyung me assistiu estacionar a lambreta e entrou no restaurante. Ele percebeu? Eu comecei a ficar nervoso, mas conversei com o dono o mais casualmente possível. O pedido de entrega seguinte chegou logo. Eu tinha que sair de novo antes mesmo de me esquentar.
“Hey...” Taehyung falou comigo enquanto eu me aproximava da lambreta. Ele viu o arranhão? Eu respondi em uma voz deliberadamente alta. “O que?” Depois de um pouco de hesitação, Taehyung continuou. “Eu tenho um favor para te pedir.” “Favor? Que favor?” Foi quando o meu celular tocou. Eu levantei uma mão para pedir silêncio a ele e me virei. Era a mamãe. O papai tentou ir para fora sozinho e caiu. Ela me pediu para levá-lo ao hospital. Eu fechei meus olhos. Raiva subiu de dentro. Eu cerrei meus dentes. Eu podia sentir a minha irritação lentamente surgindo do meu estômago. Flocos de neve, agora perceptivelmente maiores, caiam no meu rosto. Eu estava subindo e descendo aquela estrada escorregadia neste clima para ganhar quase nada. O corte no meu tornozelo esquerdo doía, e minhas coxas estavam queimando. Mas eu estava saindo para dirigir aquela lambreta de novo. Era o único modo de ganhar aquele pouco de dinheiro hoje.
Eu podia entender o porquê ele tentou caminhar sozinho. Era o seu orgulho restante como o chefe da nossa família e sua tentativa de manter sua dignidade como um pai. Mas nós não podíamos nos dar tal luxo na cara da pobreza. Dignidade, orgulho, senso de justiça, e moral só levavam a um fardo maior e mais dinheiro a gastar. Quando abri meus olhos, Taehyung estava olhando para mim. Eu entreguei a chave para ele.
Quando papai e eu saímos do ônibus do hospital, o sol já havia se posto. O grandes flocos de neve de mais cedo tinham continuado a crescer e criou montes de neve. O ônibus se arrastou adiante. Demorou o dobro do tempo habitual para chegar ao hospital e voltar para casa. Eu andei para casa carregando o papai nas minhas costas sem ninguém à vista para segurar um guarda chuva para nós. Meu cabelo estava úmido e minhas mãos o segurando estavam entorpecidas pelo frio.
Eu dei uma pausa embaixo de uma árvore zelkova na rua do aterro. Eu segurei minha respiração e olhei para cima. Uma vista panorâmica da vila preencheu os meus olhos. A vila coberta debaixo da neve parecia tranquila e pacífica. Luzes amarelas calorosas fluíam pelas janelas de diferentes casas aqui e ali. O cheiro de arroz e guisado cozido afiaram meu apetite. Quando entramos no beco após passar pela ponte, cachorros começaram a latir. Embora tenhamos vivido nesta vila por vários meses, os cachorros ainda latiam para mim como um estranho. Mamãe se levantou em um pulo quando entramos. “Ele precisa receber tratamento ambulatório por pelo menos mais três dias.” Eu deitei o papai no seu quarto e fui para fora. Ainda sem sinal da neve parar. “Por que você me odeia tanto? Me deixe ao menos saber o motivo.” Eu gritei para os cachorros latindo. Eu ouvi sobre o acidente do Taehyung no dia seguinte.
Quando eu passei pelo restaurante do lado do riacho, eu vi o dono falar com um policial. Eu congelei instantaneamente. Eu pensei que ele tivesse vindo por mim. Eu danifiquei a lambreta no dia anterior. Eu podia ficar com problemas por dirigir abaixo da idade permitida e sem uma habilitação de motorista. Eu deveria correr para casa? Mas o ônibus não viria por horas. Não era possível fugir com o papai nas suas condições.
“Você ouviu?” Era a dona de outro restaurante. Ela disse que o acidente aconteceu quando o Taehyung estava dirigindo ladeira abaixo após a entrega. Seu corpo ficou lá por mais de três horas até que alguém passando de carro o encontrou. Um residente da cidade com a área de descanso ligou para o dono do restaurante, mas ninguém empenhou-se para encontrá-lo.
O policial disse que o Taehyung era um motorista inexperiente. Ele também o culpou por não usar um capacete. Eu vi um capacete, o qual eu nunca vi antes, colocado no balcão do restaurante. O dono continuou dizendo que ele nunca forçou o Taehyung a sair para entregas e até mesmo tentou convencê-lo a não ir. Era verdade. Taehyung e eu insistíamos que estávamos OK com isso. Os vizinhos contribuíram. Era uma vila pequena onde todo mundo conhecia todo mundo. Eles tinham ao menos uma ou duas memórias de todos ali, fosse de uma briga de punhos, calunia ou traição. Uma série de episódios sobre ele começaram a fluir. Ele viveu com sua mãe e sua irmã e não tinha pai.
A mão do Taehyung se retorcia em agonia em um banco em frente ao restaurante e lamentava. Traga meu filho de volta. Traga meu pobre, pobre filho de volta. É uma morte injusta...No inicio, os vizinhos tentaram a acalmar e choravam com ela. Mas estava frio e o sol se pôs mais cedo. Na tarde, a mão do Taehyung foi deixada sozinha, e o cheiro de janta fluía pelas janelas como sempre. Toda vez que o vento soprava nas árvores alinhadas no riacho, neve caia aos montes. Ela só ficou sentada lá no meio dela.
Eu a vi sentada sozinha enquanto eu estava levando o papai para casa do hospital. Sem perceber, eu parei de andar e lembrei do lugar do acidente. Depois de ouvir sobre o Taehyung, eu andei pela trilha sozinho. Minha respiração congelou e eu cai no chão como cristais de gelo. A silhueta do Taehyung desenhada em um contorno branco na estrada estava meio apagada. Eu parei em seus pés. Folhas úmidas estavam rolando ao redor, e os traços acinzentados de cloreto de cálcio ainda restavam. Poderia ter sido eu deitado ali. Se eu tivesse feito aquela entrega, se tivesse sido eu em vez do Taehyung, então este seria o meu contorno. Poderia ter sido a minha família lamentando naquele banco em vez da do Taehyung.
Eu virei os meus passos após papai tossir violentamente. “Namjoon.” Papai me chamou quando estávamos prestes a entrar no beco após atravessar a ponte. Assim que eu diminui meus passos, os cachorros começaram a latir. Papai continuou com uma voz fraca. Era dificilmente audível, perdida entre os latidos ferozes. Eu fingi que eu não o ouvi.
Mais uma semana passou. A vila rapidamente voltou ao normal. A mãe do Taehyung às vezes chorava amargamente na frente do restaurante, mas ninguém dividia o seu sofrimento. As pessoas simplesmente repreendiam a irmã do Taehyung até que ela a levava. Alguns diziam que era só um acidente de trânsito. Eu comecei a trabalhar em outro restaurante. De fato, eu estava encarregado com todas as entregas para a vila com a área de descanso. Mais uma nevasca pesada se seguiu, e a trilha continuou a congelar e descongelar. Pedidos de entrega só estavam voltando agora, mas ninguém se submetia a fazer o serviço de entregas. Eu fazia cinco ou seis entregas por dia, e minha renda aumentou bastante. Eu sempre tinha certeza de usar o capacete e os equipamentos de proteção. Eu nunca tirava os olhos da estrada com todos os nervos atentos.
Noite passada, eu fiz a minha última entrega. Eu não sabia que seria a minha última naquele momento, mas foi. A área de descanso fechou para os meses de inverno de qualquer forma. Quando eu fui lá, pessoas estavam reunidas no escritório. Parecia que estavam discutindo a venda do estabelecimento. Eu não reconheci alguns dos rostos. Eles deviam ser estranhos que acabaram de se mudar. Enquanto eu deixava a comida e pegava o dinheiro, um deles começou a falar do acidente do Taehyung. Um outro estranho estalou sua língua e mencionou o quão perigoso era dirigir uma moto em um dia de neve. O estranho que mencionou o acidente do Taehyung primeiro me alertou para sempre tomar cuidado extra. Eu o agradeci por se preocupar comigo. Mas não foi de coração. Se ele estava tão preocupado com a encosta coberta de neve e minha segurança, ele não deveria ter pedido comida em primeiro lugar.
“Você sabe o que é realmente perigoso?”, o estranho disse sem consideração logo antes de eu fechar a porta atrás de mim. “Cloreto de cálcio e folhas molhadas, não a neve em si. A menos que você seja um motorista muito bom, você vai derrapar se passar por cima delas. Não nevou aquele dia? Então, ele deve ter - ”. Suas últimas palavras ficaram inaudíveis quando a porta fechou. Eu atravessei a vazia e sombria área de descanso. Eu passei pela lanchonete estreita e pelo balcão local de descontos especiais e me dirigi para a saída.
Eu desci as escadas um degrau de cada vez. Estava abaixo de zero, mas não parecia tão frio. A chave ficava escorregando dos meus dedos, e eu ficava a girando sem sucesso. Eu apertei e desapertei meu punho. A velha lambreta se agitou como louca e finalmente ligou. Eu sai da área de descaso lentamente. Uma curva começava na placa de sinalização da área de descanso. Eu fiz uma curva à direita em um circulo amplo, desci uma seção reta curta, e cheguei em outra curva que virava para a esquerda. Esse era o ponto onde eu escorreguei primeiro, e então Taehyung teve problemas.
Eu mantive meus olhos adiante e rapidamente passei pelo ponto. Eu tentei me convencer de que eu não estava tirando os olhos da estrada para minha segurança, mas era por culpa. Culpa por sobreviver sozinho. Culpa por me sentir aliviado por eu ser o que ainda estava vivo. Culpa por não ser capaz de seguir em frente. Culpa por eu não defender suas habilidades de direção e por não confessar que eu nunca vi um capacete no restaurante. Talvez eu só era um hipócrita fingindo ter uma consciência de culpa.
Eu tinha espalhado as folhas molhadas no lugar onde Taehyung caiu. Eu não queria que isso acontecesse, mas eu era responsável por isso tudo. Fui eu quem aspergiu o cloreto de cálcio. Com boas intenções, para prevenir a estrada de congelar. De fato, eu fiz isso por mim mesmo porque eu realmente acreditava que eu faria a próxima entrega e a outra depois dela. “Você sabe o que é realmente perigoso?”. O que eu ouvi na área de descanso continuava se repetindo na minha mente. “Ele deve ter passado por cima delas e escorregado”. Se eu tivesse removido as folhas, se eu não tivesse aspergido cloreto de cálcio, ele estaria a salvo?
Muitas pessoas já estavam no ponto de ônibus, esperando pelo primeiro ônibus do dia. Eu acenei minha cabeça em cumprimento e a mantive abaixada. Eu tentei não fazer contato visual com ninguém. O primeiro ônibus do dia surgiu à vista.
Ele parou aos poucos. Com a minha cabeça abaixada, eu entrei depois dos outros passageiros. Eu não tinha um plano especifico. Eu só estava escapando. Do rosto exausto da minha mãe. Do meu irmão se extraviando. Do meu pai lutando contra a sua doença. Da sorte da nossa família indo ladeira abaixo. Da minha família exigindo sacrifício e obediência de mim. De eu tentando renunciar ao meu destino. E, acima de tudo, da pobreza. Pobreza come o coração da vida. Transforma o que é precioso em algo sem significado. Faz você desistir do que não deveria ser desistido. Faz você duvidar, temer e se desesperar.
Noite passada eu saí da area de descanso, passei pelo restaurante, e então fui para casa. Eu não me lembro quem eu encontrei e o que eu conversei e pensei. Meu corpo inteiro e minha mente pareciam entorpecidos. Eu não sabia dizer se estava ventando, se estava frio, como cheirava, ou quem eu encontrei. Meu cérebro parecia ter congelado. Eu estava me movendo mecanicamente como um zumbi alheio a quem eu sou, o que eu fiz, o que eu estou fazendo, e o que eu estou pensando. Foi os cachorros latindo que me tiraram do transe, na boca do beco indo para casa. Naquele momento, todos os meus sentidos, que estavam paralisados, acordaram todos de uma vez e incontáveis cenas do meu passado apareceram diante dos meus olhos: os dias de mudança de um lugar para o outro, o momento em que eu escorreguei na estrada, eu me arrastando para o dono do restaurante e competindo com os outros garotos para descarregar os trabalhos de entrega, os garotos que riam de mim, e eu olhando para os meus colegas em seus uniformes escolares esperando pelo ônibus. O som dos cachorros latindo e a visão de seus olhos ameaçadores cheios de ódio foram adicionados àquelas cenas.
Eu quase gritei, “Parem! O que vocês querem eu que eu faça?”, mas eu me segurei. A voz do meu pai ressoava em meus ouvidos. Sua voz fraca, debilitada. Eu pensei no que ele me falou naquela noite em que voltávamos do hospital para casa...o que eu fingi não ouvir, mas ouvi claro como o dia através dos latidos dos cachorros. O que eu tinha refletido repetidas vezes desde aquele dia. O que eu tentei não pensar sobre. “Vá, Namjoon. Você deve sobreviver.”
O ônibus partiu, previsto para chegar em Songju algumas horas depois. Eu não deixei nenhuma mensagem quando eu deixei Songju há um ano atrás. Agora, estou retornando para a cidade sem nenhum aviso. Eu pensei nos meus amigos. Eu não mantive contato com nenhum deles. Eu me perguntei o que eles estavam fazendo e se eles ainda estavam lá. Eu não conseguia ver o lado de fora pela janela coberta com gelo. Eu escrevi lentamente na janela com meu indicador. “Eu devo sobreviver.”
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angellazull · 5 years ago
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O Bicho-papão
🇧🇷
- Hoje vamos aprender a rebater o bicho-papão. - Anunciou o professor de defesa contra as artes das trevas.
Com isso Angel notou que a maioria dos alunos ficaram um pouco receosos, afinal, aquela criatura podia assumir a forma de seu maior medo.
Mesmo que ele já tivesse tido uma experiência com um bicho-papão antes. Quando era criança na casa de sua vizinha srta. Hollywell, o episódio o deixou um pouco nervoso na época, na ocasião a criatura assumiu a forma de sua mãe morta, e para uma criança que já tinha perdido o pai, "ver sua sua mãe morta", era algo aterrorizante, mas isso já não colocava tanto medo nele agora, então isso não o assustava tanto.
Olhando rapidamente para seus amigos, Ollie estava sentado com Talbott na mesa ao lado, e Catherine sentada em sua frente com uma garota chamada Lian Jardine, ela estava prestando atenção em tudo que o professor dizia. E ao seu lado Penny estava anotando as informações que o professor passava.
Quando os alunos começaram a ser chamados, depois de André, Rowan, Tulipa e Barnaby, veio a vez de Talbott, que foi para a frente da sala, com um estalo a palhaço (o bicho-papão do Barnaby) desapareceu e no lugar um homem alto, forte, com cabelos loiros apareceu, sua roupa com capuz lhe cobria a cabeça, porém a manda do braço esquerdo estava levantada e era visível a marca negra. Provavelmente esse deveria ser o comensal da morte que matou os pais de Talbott.
Ele lançou o feitiço e o comensal agora estava usando um tutu de balé rosa que levou os outros as risadas. O próximo foi Ollie, assim que ele ficou de frente com o comensal, ele se transformou em uma águia morta, Angel viu Ollie engolir em seco, mas quando ele lançou seu Riddikulus, a águia acordou e começou a fazer acrobacias enquanto voava pela sala.
E assim foi indo até chegar a vez de Angel, quando o garoto fui a frente da sala, puxando a varinha do interior da capa. Ele ficou de frente para o bicho-papão, esperando ver o corpo de sua mãe, mas o que apareceu foi totalmente diferente.
Uma versão assustadora de Penny surgiu, seus olhos não passavam de dois globos negros assustadores, que quando o encararam, ela começou a rir.
– Gostar de você? Acha mesmo que eu poderia gostar de você? Você é realmente muito idiota por achar que eu ia gostar de uma criatura como você...
Ele sentiu suas mãos ficarem frias e tremerem, ele não estava esperando por isso, já conhecia qual era a forma de seu bicho-papão e não era aquilo, como ele havia mudado de forma?
– Ri... riddikulus! – Sua voz falhou ao pronunciar o encantamento. e com um estalo, Penny havia sido substituida por Cath, que ria como Penny.
– Você é realmente muito patetico Angelo Lancaster. Você realmente acha que alguém iria quer ser realmente seu amigo? Quem seria amigo de um mestiço imundo como você?
– RI... RIDDIKULUS. – Ele tentou, mas outra vez acabou gaguejando.
Agora Ollie estava em sua frente, além dos olhos completamente negros, ele tinha um sorriso medonho no rosto.
– Você é mesmo um selvagem Angelo Lancaster, você acha que pode ter amigos escondendo esse segredo de todos? O que eles diriam se soubessem que você realmente é? Você nunca terá nenhum amigo de verdade, vamos fazer com que todos saibam.
Angel sabia que não era verdade, que era apenas um bicho-papão, que o verdadeiro Ollie, a verdadeira Cath e a verdadeira Penny não falariam assim, mas aquelas palavras o estavam machucando de verdade.
– Chega! – Angel gritou, ele não sabia se aquela criatura poderia revelar a verdade, mas ele estava com medo mesmo assim. Ele fechou os olhos e tapou os ouvidos com as mãos.
– Riddikulus!
Ao abrir os olhos, Ollie estava e sua frente com a varinha levantada e o bicho-papão de Ollie tinha voltado a ser a águia fazendo acrobacia pela sala. O pouco rubor que existia no rosto pálido de Angel, desapareceu, todos na sala estavam olhando para ele. Se sentindo incomodado e terrivelmente abalado, correu até sua mesa e jogou seu material de qualquer jeito dentro da bolsa e saiu correndo da sala.
Ele sabia que sair correndo era um péssimo habito seu, mas aquela situação com o bicho-papão e todos olhando para ele, vergonha era pouco para descrever o que ele estava sentindo. Sem olhar para onde ir, o garoto passou pelo Frei Gorducho que tentou chamá-lo, mas ele o ignorou totalmente. Chegando na escadaria em espiral que levava a torre da Corvinal, ele se sentou no primeiro degrau, abraçando os joelhos ele estava se sentindo péssimo naquele momento. Porém seu momento sozinho não durou muito tempo, ouvindo passos apressados, quando levantou a cabeça, Penny, Ollie e Cath tinha chegado a escadaria e pareceram surpresos por encontrá-lo sentado na escada.
– Angel. – Penny se apressou para abraçá-lo. – Era apenas um bicha-papão, não pensamos isso de você. Eu gosto de você, gosto mesmo de você.
– Ninguém acha que você é um mestiço imundo. – Cath se sentou de um lado de Angel e abraçou seu braço. – E eu vou acabar com qualquer um que pense isso de você.
– Angel, você é um dos meus melhores amigos, não importa se você esconde sua metade veela ou não, todos nós gostamos de você do jeito que você é. – Ollie se sentou do outro lado de Angel e passou o braço em volta dos ombros de Angel. – Nos somos seus amigos de verdade, eu confio totalmente em você.
A estranha sensação de medo e tristeza que estava sentindo causada por aquele bicho-papão, ao sentir o abraço de seus amigos, foi desaparecendo aos poucos, Angel sabia que podia confiar em seus e a cada minuto que passava com ele, esse sentimento só se intensificava. Ele se sentia muito feliz por ter encontrado amigos de verdade.
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The Boggart
🇬🇧
"Today we will learn to bounce the boggart." Announced the professor of defense against the dark arts.
With that Angel noticed that most of the students were a little afraid, after all, that creature could take the form of their greatest fear.
Even if he'd had an experience with a boggart before. As a child at your neighbor Miss. Hollywell, the episode made him a little nervous at the time, at the time the creature took the form of his dead mother, and for a child who had already lost his father, "seeing his mother dead," was terrifying, but that already I didn't put so much fear on him now, so it didn't scare him so much.
Glancing at his friends, Ollie was sitting with Talbott at the next table, and Catherine sitting in front of her with a girl named Lian Jardine, she was paying attention to everything the teacher said. And beside her Penny was writing down the information the teacher was giving.
When the students began to be called after André, Rowan, Tulip and Barnaby, it was Talbott's turn, who went to the front of the room with a clown snap (Barnaby's boggart) disappeared and in place a A tall, strong man with blond hair appeared, his hooded garment covering his head, but his left arm was raised and the black mark was visible. Probably this should be the death eater who killed Talbott's parents.
He cast the spell and the diner was now wearing a pink ballet tutu that made the others laugh. Next was Ollie, so as he faced the diner, he turned into a dead eagle, Angel saw Ollie swallow hard, but when he launched his Riddikulus, the eagle woke up and began to perform acrobatics as he flew across the room.
And so it went until Angel's turn came, when the boy went to the front of the room, pulling his wand from inside the cloak. He faced the boggart, expecting to see his mother's body, but what appeared was totally different.
A frightening version of Penny came up, her eyes just two frightening black globes, which when they stared at her, she started to laugh.
“Like you? Do you really think I might like you? You're really stupid for thinking that I would like a creature like you...”
He felt his hands go cold and tremble, he wasn't expecting that, did he already know what his bogeyman's shape was and wasn't that, how had he changed his shape?
“Ri... riddikulus!” Her voice failed to pronounce the spell. and with a snap, Penny had been replaced by Cath, who laughed like Penny.
"You are really very pathetic Angelo Lancaster. Do you really think anyone would really want to be your friend? Who would be friends with a filthy half-breed like you?”
“RI ... RIDDIKULUS.” He tried, but again stammering.
Now Ollie was in front of him, besides the completely black eyes, he had a hideous smile on his face.
"You really are a wild Angelo Lancaster, do you think you can have friends hiding this secret from everyone?" What would they say if they knew you really are? You will never have any real friends, let's let everyone know...”
Angel knew it wasn't true, that it was just a bogeyman, that the real Ollie, the real Cath and the real Penny wouldn't talk like that, but those words were really hurting him.
“Enough!” Angel shouted, he didn't know if this creature could reveal the truth, but he was afraid nonetheless. He closed his eyes and covered his ears with his hands.
“Riddikulus!”
When he opened his eyes Ollie was standing in front of him with his wand raised and Ollie's boggart had once again become the eagle acrobatically across the room. The little flush on Angel's pale face disappeared, everyone in the room was looking at him. Feeling uncomfortable and terribly shaken, he ran to his desk and threw his stuff in his bag anyway and ran out of the room.
He knew running out was a bad habit of his, but this situation with the bogeyman and everyone looking at him, shame was little to describe what he was feeling. Without looking where to go, the boy passed the Fat Friar who tried to call him, but he totally ignored him. Arriving at the spiral staircase that led to the Ravenclaw tower, he sat on the first step, hugging his knees he was feeling awful at that moment. But his moment alone did not last long, hearing hurried footsteps, when he lifted his head, Penny, Ollie, and Cath had reached the staircase and seemed surprised to find him sitting on the stairs.
“Angel.” Penny hurried to hug him. "Just a boggart, we don't think that about you. I like you, I really like you.”
"Nobody thinks you're a filthy half-breed." Cath sat on Angel's side and hugged his arm. "And I will kill anyone who thinks that of you."
"Angel, you're one of my best friends, no matter if you hide your veela half or not, we all like you just the way you are." Ollie sat on Angel's other side and wrapped his arm around Angel's shoulders. "We're your real friends, I totally trust you."
The strange feeling of fear and sadness that he was feeling caused by that boggart, when feeling the hug of his friends, was gradually disappearing, Angel knew that he could trust his and with every minute that passed with him, this feeling only intensified. He was very happy to have found real friends.
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Ollie Potter - @ryollie
Catherine Stark - @catherinestark-hphm
Era para ser um texto rápido, mas ficou maior do que planejava, mas gostei bastante desse capítulo. Angel se sente muito ineguro quando se trata de amizades, ele nunca teve um amigo de verdade antes de entrar para Hogwarts, por isso o medo dele é perder esses poucos amigos que ele fez durante esse ano, e fica muito assustado com a ideia que esses amigos possam não gostar mais dele.
Espero que gostem desse capítulo.
It was supposed to be a quick text, but it got bigger than planned, but I really liked this chapter. Angel feels very insecure when it comes to friendships, he has never had a real friend before joining Hogwarts, so his fear is losing those few friends he has made this year, and is very scared by the idea that these friends may not like him anymore.
I hope you enjoy this chapter.
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