#laura vou levar a polícia na sua porta
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gente na boa vtnc eu preciso dele AGORA
Oi geniousbh... se vc poder explorar mais o meanie Simón pode se sentir a vontade..
*aquele gif do grinch sorrindo cada vez mais* amamos quando vocês compram nossas maluquices por aqui! 🥰🥳💗💗 e deixando claro que eu sou sim apoiadora do hc simón faço tudo pela minha mulher, mas acho que isso é papo pra quando ele ta apaixonado, enquanto não...
meanie!simón que só vai te responder de noite - especificamente de madrugada - porque sabe que nesses horários você fica toda suscetível pra ele mandar uma putaria e engatarem num sextting quando os dois tão no clima
meania!simón que nunca comenta nas suas fotos, só responde stories e deixa o chat pv naquela opção que as mensagens se apagam depois que você sai da sala; se você tiver a coragem de perguntar ele vai dizer que mudou sozinho e que todos estão assim - e é obviamente mentira
meanie!simón que exige saber onde você tá indo quando posta foto toda arrumada, mas reage com "😂" se é você perguntando de quem é a coxa que aparece na foto que ele ACABOU de postar do interior do carro dele
meanie!simón que te leva na lábia e na conversa fiada. você nunca consegue ficar genuinamente brava porque o hempe faz questão de te lembrar que ambos não querem compromisso por hora - e tinha sido combinado que n se apegariam -, que você precisa estar focada na faculdade e ele tá dando um tempo de compromisso (pq a ex "era maluca" e deixou ele traumatizado, pobrezinho)
meanie!simón que aparece na sua porta se é você quem não responde ele, chega com um chocolatinho e um vinho barato e diz que ficou com medo de você estar doentinha, "e você ia me ajudar com esse samba canção de 20 reais?", "caralho ein, mal agradecida"
meanie!simón que vai te comer no sofá da sala, sussurrando que já tava com saudade da sua bucetinha - te comeu dois dias atrás - e se você ainda tiver bicuda por cauda do mal agradecida vai soltar "´cê fica mais apertadinha ainda quando tá puta, sabia?"
meanie!simón que quando descobre que você tá saindo com outro vira o maior dos canalhas, "por fi, simón... não marca...", "mas é um presentinho pro teu outro namoradinho, deixa vai, bebita...", alisando sua bunda antes de se curvar e te morder ali com força a fim de que fique roxinho e o tal de "pipecito" das conversas arquivadas do seu celular veja
meanie!simón que sempre que você pede pra foder só vai se você implorar - vai ter que mandar áudio e ligar choramingando. E☝️ SE você tiver demorado pr chamar ele, já que tá de rolo novo, vai dizer "manda um vídeo da tua buceta ensopada e eu penso se passo ai mais tarde, perra" (quando tiver te comendo finalmente é capaz de gravar um videozinho seu chorando na pica e mandar pro pipegonzalezotano na dm do insta😖
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A long break
Parei por um bom tempo de escrever. Não porque belas fotos e belos dias tenham me faltado. Pelo contrário. Foram muitos nesse intervalo todo. Muito amor por minhas filhas, muitas cenas maravilhosas de seu desenvolvimento e crescimento.
Mas ficaria estranho se um blog de memórias só tivesse momentos bonitos e bons de se guardar, não é? Pois bem. A depressão da Anne e sua agressividade vêm sendo presença constante nos últimos seis meses.
Nem sei ao certo quando foi a última postagem aqui. Mas ao longo desse ano houve primeiro o episódio lamentável na maternidade, entre ela e meus pais, comigo tentando intermediar de forma torpe o que no fundo não podia ser intermediado.
Por alguns outros meses, de abril a julho, o problema era a presença inquestionável de maconha em casa. Do papel anestésico que ela tinha, embalsamando a Anne no fundo de sua alma, cada vez mais fria emocionalmente, distante afetivamente. Cada vez num mundo mais só seu. Aquilo seria o prenúncio dos meses seguintes.
Em junho veio o diagnóstico - não porque ela o tenha buscado, mas porque eu precisava justificar minhas ausências e saídas do trabalho constantes - de que era depressão o que tinha. Recebeu um atestado pedindo minha companhia em casa por 4 dias, uma receita com dois remédios e uma sugestão de ir a um psicólogo.
Apenas experimentou um dos remédios, em duas ocasiões. O outro, o principal, nem comprou porque dizia que era isso que eu e a sociedade queríamos, sedá-la, diminuí-la a um vegetal. Seguimos aos trancos e barrancos. Julho passou de forma diferente pois a mãe dela alternava comigo quem iria ficar na minha casa acompanhando-a. Rodízio que foi um pouco ajudado pela ocorrência da Copa do Mundo. No entanto aquela situação já estava ficando insustentável. E ficou mais quando, diante de um episódio que me assustou na conduta da Anne com a Laura, eu me senti impelido a falar com a mãe dela, de que a coisa não podia ser mantida como se não existisse. Como se não houvesse nada que precisasse ser feito, afinal tratava-se de um simples “episódio depressivo” e não um comportamento. Mas não era isso. Quem convivia com ela sabia. No caso, eu e as meninas. Quando a mãe vinha ela não fumava maconha. Quando era eu aqui, ela fumava o dia inteiro e deixava as meninas apenas pra que eu cuidasse. Dividindo como desse a minha atenção entre trabalho e o cuidado com carinho delas. Nem sempre isso dava certo. Às vezes eu me irritava, minha produtividade começou a despencar.
Pra se ter uma noção do nível da ligação que tive com a mãe dela, comecei-a dizendo que tinha medo pelos seus comportamentos, e acabei dizendo que ela tinha conivência com esse comportamento teimoso de não aceitar medicação, além de indulgência com a maconha por parte dela, mãe. E ela finalizou a chamada dizendo que eu era um bebê e que iria trocar as minhas fraldas. Completamente estúpida e grosseira, defendendo sua cria com seu típico orgulho bairrista que não vê defeito possível nos filhos nem em si mesma, mas que sabe como ninguém atribuí-los a mim, a meus pais, a quem quer que seja. E totalmente incapaz de assumir o impacto de Anne ter vivido numa casa com amplo uso de drogas pelo pai, violência física e abuso sexual sistêmico pelos familiares.
Julho foi fechado ainda com mais uma cereja de bolo, afinal meu inferno astral não estaria completo se, às vésperas dele, no dia 30, Anne não viesse me falar que tinha “curtido uma pessoa e estava conversando com ela”, flertando via Whatsapp com o motorista do Uber que havia usado na véspera. Meu aniversário seria dia 1º. Sua maconha terminou no dia 31. No meu aniversário, ainda teve um ato completamente desconexo de me dar, através das meninas, umas 4 cervejas artesanais de presente, que Laura me entregou no sofá, que vinha sendo minha cama havia semanas já.
Quinta-feira, dia 2, o caldo engrossou. Eu tinha trabalhado na sede. A mãe dela já não estava indo em casa em retaliação e pela sua sempre presente maturidade. Anne sem beck há 2 dias estava com olheiras de abstinência. O rosto alterado. Acabei bloqueando algumas memórias com o tempo, mas quando cheguei do trabalho aquele dia tudo começou logo de cara. Ela insistindo que eu saísse de casa para que ela ficasse só, falando de eu sair com ou sem as meninas, aí começou a ameaçar chamar a polícia para me levar. Me recusei. Disse que ela estava fora de si. Aí ela começou com os prejuízos materiais. Pegou uma por uma das cervejas que tinha comprado e as esvaziou todas na cuba da pia, abriu um vinho que eu tinha comprado e jogou tudo também na pia. Percebi que não ia acabar bem, vi que ela tinha dado brecha e peguei seu celular, para evitar que ligasse para a polícia ou quem quer que fosse. Estava totalmente tresloucada. Arrancou um cordão de contas que eu tinha no pulso espalhando as contas pela sala, arrancou meu óculos do meu rosto e entortou ele na joelhada algumas vezes. Em algum momento me bateu com algo ou foi com a porta a ponto de me deixar um roxo que durou mais de uma semana no braço. Fui repelindo ela com Sofia no meu colo e Laura meio em choque pela casa. Tentei me trancar com elas no quarto de Sofia mas a Anne conseguiu abrir, insistentemente gritando que eu desse o celular, que eu negara até então estar comigo. Ficou desesperada, chorando convulsivamente, Quando finalmente pensei que pudesse se acalmar lhe mostrei que estava com o celular, o que ela encarou como tortura, que foi o que ela repetiu ad eternum para todos para quem ligou naquela noite e madrugada, Fez a Aline vir aqui para “protegê-la” ou para dormir aqui, ficou até altas horas chorando com alguém no telefone. Não acabava nunca aquela noite.
Esse foi o estalo para que fosse procurar ajuda. Não para a depressão. Mas por ver-se vítima de abuso e violência psicológica da minha parte. Foi procurar um CRAM, Centro de ReferÊncia no atendimento à Mulher. Fez algumas sessões de psicoterapia que de fato a ajudaram a ir levando e se acalmando. Nunca fez nenhuma mea culpa sobre aquela noite, Sempre fui eu o único responsabilizado.
Fiquei Agosto inteiro sem óculos e trabalhando em casa. Numa época em que meu nome quase passou por lista de corte possível, visto que meu desempenho havia caído, e que eu tinha deixado de fazer algumas planilhas de acompanhamento de performance de minhas campanhas. Mas sem óculos trabalhar era level hard de esforço. Usava a lupa do Windows, acabava todos os dias com dor de cabeça. Além de não conseguir fazer nada sem interrupções, visto que o tempo todo eu estava cuidando das meninas. Trocando cerca de 17 fraldas por dia, dando as mamadeiras dirunas, cerca de 8, mais 2 ou 3 na madrugada, entretendo-as, brincando, dando atenção.
Dividindo isso com a administração de todas as minhas campanhas de publicidade, reuniões, relatórios, planilhas. Além de cozinhar pra elas e pra nós.
Foi o Agosto mais duro da minha vida. Anne estava completamente ausente. Ficava na varanda os dias inteiros. Fumando.
Vale lembrar, para ser justo, que desde aquele mesmo julho, Anne estava inicialmente empolgada com as prensas que tinha comprado, com os materiais, com suas parcerias de design e de logística. E eu acreditava de fato que se ela levasse aquilo da forma correta, poderia ter bons frutos, por isso estimulei o tempo todo o investimento, Com o passar dos dias, ora as peças não saíam como planejado, ora borravam, ora houve erro de quem fazia a arte, ora houve mudança de rumo do negócio. Acontece que ela começou a aceleradamente se desmotivar com a sua empresa, e a ver tudo aquilo como só desperdício de recursos e perdas. Nunca fui cego a esse tipo de pressão. Por isso acho extremamente absurdo quando entramos no assunto trabalho e renda, quando ela quer me acusar de ter assumido a alcunha de “provedor”, claramente supondo que eu use esse termo e me dê direitos por isso, ao qual, vendo como agressivo, me sinto por vezes obrigado a lhe dizer que ela não contribui com nada das finanças, e o quanto isso nos atrapalha. Isso só leva a mais pressão pra cima dela, mais mau estar pra cima de mim, por ter que usar uma arma baixa dessas numa discussão, e a não construirmos nada novo.
Enfim. Vou pausar a escrita por ora. Preciso dormir. Mas precisava de fato escrever tudo isso, para não ficar louco. Para não desconfiar que o que eu vivi não aconteceu. Porque só eu fui testemunha de tudo isso. É difícil não ficar louco vivendo com alguém que, tendo claramente um quadro clínico anormal, recusa-se a tratar-se. Seja por via medicamentosa, ou associada a psicoterapi (da qual ela teve alta, devido a ter casos mais urgentes naquele mesmo CRAM), ou mesmo buscando a espiritualidade. Mesmo isso está difícil.
Se eu bobear começo a acreditar na versão dela sobre os fatos como se fossem os próprios fatos, mas não são. Eu sei o quão lúcido e sóbrio eu estava nos epísódios de violência física de que fui vítima nesse casamento, E não foram poucos. Começaram em 2016, intensificaram-se em 2017, e atingiram níveis ridículos de altos em 2018. O que ocorreu de violência física naquele começo de agosto viria a voltar a se repetir agora em novembro, De um jeito mais... “naturalizado”, o que é ainda mais assustador.
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Em algum lugar, o relógio marca meia-noite, mas não me importo. Não quando finalmente estou em paz. Quando finalmente estou feliz.
Sapatos e chaves em mão, entro em casa silenciosamente, comemorando pela porta não emperrar dessa vez. Embora saiba que passarei as próximas vinte e quatro horas esbarrando com meu padrasto por sua folga coincidir com o final de semana, o sorriso permanece em meu rosto. O perfume de Rafael ainda está em mim e quase consigo sentir suas mãos acariciando o meu braço. -- Isso é hora de uma moça de respeito chegar em casa? – um abajur se acende e a silhueta de um homem de quarenta anos surge à minha direita. Meu corpo treme com o ódio em sua voz. – Isso é comportamento, Laura? Me responde! – As últimas palavras são gritadas, e rezo para que alguém na vizinhança, qualquer um, chame a polícia. Encolho-me contra a porta e tento deslizar pela esquerda, ficando o mais longe possível dele. Disparo um olhar atento para o quarto, esperando que mamãe apareça e tente acalmá-lo e então me lembro que ela ficou no hospital com Alina.
Roberto ergue-se da poltrona lentamente, como se analisasse seus próximos movimentos. -- Você claramente não tem respeito algum por mim, sua puta. – a última palavra é um soco no estômago, e então acerto o interruptor e vejo as garrafas jogadas pelo tapete. Ele bebeu mais que o normal, como se houvesse passado a noite inteira me esperando. O cheiro de álcool me dá náusea e calculo quão rapidamente conseguiria abrir a porta e correr até a casa de Marina, a duas quadras dali. -- Eu deveria ter lhe ensinado a se comportar – ele ri amargamente. – Eu deveria ter colocado você no seu lugar, enteada. Mas antes tarde do que nunca. – E então ele avança sobre mim enquanto tento destrancar a porta e a empurra com tanta força que poderia tê-la quebrado. Conforme suas unhas penetram na minha carne, eu sinto o desespero invadir o meu corpo. Não, não, não. Eu não posso estar sozinha com esse monstro. Abro a boca e grito. Grito até sentir as paredes tremerem, grito até ter certeza de que Marina conseguiria me ouvir apesar da música alta em sua casa. Tento socá-lo uma, duas vezes, mas então suas mãos agarram meus braços e ele me joga contra a mesa de vidro. Sinto minha cabeça quicar contra o material antes da mesa estilhaçar, e então sou soterrada por cacos. Tento me levantar, porém sinto como se mil agulhas estivessem rasgando a minha pele. Sem cerimônia, ele me puxa e me joga contra a parede de novo como se eu fosse uma boneca de pano a qual ele jogaria para cima e deixaria despencar por mero desprezo. Meu ombro, minha coluna e meus quadris doem. Sinto-me partida em vários pedaços, porém unida pela minha pele. Há sangue em minha boca, em minhas mãos e minha visão está preta. Levanto e vou atrás de um caco de vidro para me defender, mas ele pisa em minha mão e me empurra. Estou no chão, e então sinto seus pés baterem contra a minha barriga uma, duas, três vezes. Ele me chama de coisas horríveis e cospe em mim. Tento me curvar e proteger a região que ele continua a acertar, mas então um pontapé faz com que eu esqueça como se respira. Lembro-me do trecho de um livro que Melissa me emprestou. Ele dizia que a narradora não tinha medo da morte, mas de todo o resto. E agora, vendo o rosto vermelho do homem que mais desprezo no mundo me examinar, eu a entendo. Roberto para por um instante, tentando recuperar o fôlego, e eu tento engatinhar até a porta. Então ele puxa o meu cabelo com tanta força que sinto como se parte do meu couro cabeludo tivesse sido arrancada, e grito novamente. Por socorro, por misericórdia, por um milagre. Ele me obriga a encará-lo, bate na minha cara, e então empurra minha cabeça contra o chão.
Tento alcançar o abajur, o controle remoto, qualquer coisa que sirva de arma, mas ele pisa em minha mão novamente. A mesma mão. E então eu consigo ver a ponta do meu osso e uma pérola caída ao lado. A pérola que eu usava no colar que Rafael me deu. Rafael, que horas atrás me disse que não queria viver em um mundo sem mim. Que levara girassóis até o meu quarto após o funeral de papai, porque queria que eu tivesse algo bonito perto. Marina, que era a minha melhor amiga e torcia para que eu e Rafael fôssemos felizes. Mamãe, que eu tentei proteger nos últimos anos. A única pessoa que me tornava destemida o suficiente para enfrentar Roberto, a única que me dava motivos para ser mais forte que ele. Hoje ela não está aqui. Hoje não fui forte o suficiente. Tia Alina, que estava no hospital com a perna fraturada. Melissa, que dividira o meu fardo. Que me consolara. Que me protegera. Sei que se eu conseguisse chegar ao telefone e discasse oito números conhecidos, Melissa chamaria a polícia e invadiria a casa. Ela não hesitaria em atacar o meu padrasto, e não ficaria surpresa com a situação da casa. Mas o telefone está ao lado da poltrona aonde Roberto se encontrava inicialmente, e eu estou do outro lado do cômodo. Tento me levantar de novo, tento correr até ele, mas Roberto chuta minhas pernas. O ódio volta a correr em minhas veias com força suficiente para que eu agarre um caco de vidro e enfie na perna dele. Com um urro, ele cai de joelhos. Engatinho, agarro o abajur e coloco o máximo de força possível em minha mão direita quando o atiro contra a cabeça do meu padrasto, vendo-o desmaiar. Consigo engatinhar mais alguns metros até o telefone, e a última coisa que me lembro antes de sucumbir é da voz reconfortante da atendente, dizendo que o socorro estava a caminho. Então, tudo é escuridão. E eu me deixo levar.
Quebrada. Estilhaçada. Eu sou os cacos de vidro da mesa de jantar. O copo trincado que foi atirado contra o rosto de mamãe no meu aniversário de onze anos. O espelho quebrado pelos punhos de Roberto quando me recusei a ter uma festa de quinze anos para não ter que dançar com ele. Eu sou uma bagunça uniforme, braços e pernas e sentimentos quebrados e remendados. A minha pele, a única coisa que ainda me mantém conectada ao que resta do meu corpo, é um saco plástico que uma vez carregara esperança; agora, só escuridão. Ouço o choro da tia Alina e a voz de mamãe dizendo que a menina querida dela voltará. Ela está errada. A dor não vem em flashes. Ela é a minha nova sombra, a amiga que está ao meu lado todo o tempo. Eu não quero acordar. Não quero descobrir se o bicho papão ainda vive, se ainda estará vivendo embaixo da minha cama se eu sair da escuridão. Se eu abrir os olhos.
Uma vez, Rafael disse que eu o lembrava de manhãs ensolaradas, sinos de bicicleta e sorvete de morango no verão. Nós éramos crianças, e Roberto ainda não havia possuído cada resquício de paz que eu tinha. É incrível pensar na mudança. Em como podemos ser desfeitos e refeitos conforme a necessidade, em como perdemos a nossa ingenuidade e então nuvens cinza cobrem os raios solares e uma tempestade arruína o sorvete que agora tem gosto de cinzas. Em meio ao caos, eu não consigo encontrar a Laura que existiu naquela festa de aniversário, que dançou com as amigas e beijou o garoto mais bonito. Ele a matou. E eu não quero ir ao meu próprio funeral.
Quando finalmente abro os olhos, não encontro mamãe ao lado da cama. Mas Melissa. -- A Bela Adormecida acordou – ela cantarola, saindo da poltrona onde estava enrolada com um cobertor e sentando na beirada da minha cama. – Sua mãe está na delegacia prestando depoimento. Seu padrasto está em outro hospital, algemado à cama. Quando eu tinha quatorze anos, meu padrasto decidiu que passaríamos um dia na praia. Era uma miniférias, pois mamãe havia se voluntariado para ajudar no hospital e tomava cuidado para manter a casa sempre impecável, apesar de estar mais abatida do que nunca. Ela, é claro, ficou radiante com a proposta de Roberto e fez com que eu me arrumasse o mais rápido possível, como se ele fosse mudar de ideia em poucos segundos. Eu estava começando a ser contagiada pela alegria dela e condescendência de seu marido, e logo as esperanças de que aquele seria um bom dia cresceram, até chegar à sala com um vestido simples, de alcinha, e sentir o olhar do marido de mamãe percorrer o meu corpo. Roberto analisou cada centímetro da minha pele, coberto ou não. Quando pensei que não poderia me sentir mais suja, ele grunhiu em aprovação. -- Finalmente seu corpo está ficando bonito. – E então seu olhar voltou aos meus seios, como se pudesse ver além da roupa que eu usava. Não ousei ficar de biquíni na praia, em vez disso disse a mamãe que cataria conchas e caminhei lentamente até o final da praia.
Eu nunca mais usei algo que tivesse alças perto de Roberto, ou mesmo short jeans. Minha vestimenta ao redor dele se baseava em calça – jeans, de pijama ou de ginástica – e blusas de bandas. Era o meu escudo contra o seu olhar. As palavras de Mel me confortam. Mamãe finalmente o denunciou. O bicho papão não mora mais sob minha cama, nem no quarto ao lado. Eu finalmente poderia me vestir como queria. Usando a mão boa, procuro a mão de Melissa e a aperto, pigarreando. -- Eu tentei ligar pra você. Eu queria. Mas não conseguia chegar ao telefone. -- Se você tivesse chegado ao telefone, eu iria para a cadeia. – Sua mão aperta a minha de volta. – Você é boa, Laura. Você é uma boa amiga e uma boa filha, e não merece todas as coisas horríveis que aconteceram com você. Não pense, nem por um segundo, que o fez. Você é uma sobrevivente. Eu sorrio, e ela chama as enfermeiras. Enquanto espero, avalio o meu estado. Embora todo o meu corpo doa, minhas costelas e minha mão esquerda são as que mais me incomodam. Isso, e o meu couro cabeludo. Desejo voltar a dormir no minuto em que a equipe médica atravessa o quarto até mim. Desejo a ignorância. Eu não quero descobrir de quantas formas fui quebrada. Mas conforme mãos hábeis checam meus sinais vitais e massageiam alguns pontos do meu corpo, descubro que quebrei duas costelas, desloquei a clavícula e precisei passar por três cirurgias. Minha mão esquerda tem 27 ossos, e eu quebrei 18. Meu coro cabeludo também está sensível, mas apesar do que parecia, ele não conseguiu arrancar tufos do meu cabelo. Além das costelas, da clavícula e da minha mão, outra área danificada foi o meu rosto. Minha sobrancelha direita será falhada pelo resto da minha vida, meu nariz está imobilizado e meu olho esquerdo está tão inchado que, se fechar o olho direito, não consigo enxergar Quando a equipe médica sai e pede para que eu descanse, vejo Rafael na porta do quarto. Melissa diz que precisa de café para manter a sanidade e me deixa a sós com a única pessoa do mundo que não quero que me veja assim. Ele caminha até mim com determinação, ergue minha mão esquerda com cuidado e beija a palma, a única parte que não está coberta por pontos. Seus olhos gentis me passam a sensação de segurança e quando ele finalmente abre a boca, é para dizer que nunca me viu mais bonita. O ódio que borbulhava dentro de mim enquanto os médicos diziam a extensão dos meus ferimentos desaparece como uma chuva de verão e a única coisa restante é a dor e o amor que sinto pelo irmão da minha melhor amiga. Meus ombros estremecem, e tudo dói conforme as lágrimas caem pelo meu rosto. Rafael beija minha testa, senta-se na beirada da minha cama e passa os braços ao meu redor, em um semiabraço. Encosto minha cabeça em seu ombro, uma cena que me faz lembrar do aniversário de Marina e pergunto quanto tempo passei desacordada. -- Três dias – ele sussurra. – Os três piores dias da minha vida. Da minha também, penso. E então minha mão direita segura a mão direita dele, um lembrete tranquilizante de que ele está aqui. E que eu estou segura. -- Eu não lembro mais de manhãs ensolaradas, não é? – sussurro de volta, relembrando um dos pensamentos que tive quando estava desacordada. -- Não, você me lembra uma astromélia. -- Astro-o-quê? – engasgo com uma risada. -- Astromélia. É uma flor, uma das favoritas da mamãe. Elas simbolizam o laço único que existe entre duas pessoas. – Ele beija minha têmpora. – Você me lembra astromélias, sorrisos espontâneos, pizza de mussarela e estrelas cadentes. -- Estrelas cadentes? -- Quando soube que você estava no hospital, vi uma. E então eu pedi para que você ficasse bem. Só isso. Eu não queria ser aprovado na faculdade, arranjar um emprego ou um carro. Eu só queria saber que você continuaria existindo. Comigo. Antes de ele terminar de falar, estou chorando de novo.
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Capítulo 6
A cidade sob a luz do sol era algo a se lembrar, mas não por coisas boas.
Mendigos se escondiam em becos junto aos ratos, e a maior parte das ruas da parte baixa da cidade exalava o cheiro de bebida, prostituição e lascívia. Ali era a morada de ladrões e daqueles que viviam sob montes de lixo e chamavam aquilo de casa. Laura queria ir embora dali, mas se forçou a permanecer, continuando a caminhar com a cabeça baixa. “Você vai mudar tudo isso um dia, Laura” ela quase ouvia Jim sussurrando isso em seus pensamentos. Mesmo Laura concordando com o plano suicida de Jim de derrubar o governo, achava que ele exagerava na descrição das coisas. Pois se enganara. Não havia esperança ali. A parte alta era onde os mais abastados viviam, gozando de confortos e prazeres além da imaginação da população mais pobre. Ronnie vivia lá. Laura se perguntou o por quê da amiga querer ser parte dessa rebelião. Tudo o que ela conhecia iria acabar, sua família seria devorada pelas traças e tudo o que conquistou se desfaria em suas mãos. O pensamento a perturbou. Se falhassem, todos seriam mortos. Jim não teria sua liberdade, Ronnie seria privada de uma vida cheia de possibilidades, e Laura nunca mais veria sua irmã mais nova. Pensar em Jessie fez seu coração palpitar. Jessie estava sozinha naquele exato momento, conforme o tempo fluía nas duas Terras. Se Laura estivesse acompanhando o calendário da Terra Mãe corretamente, dali quatro semanas seria o aniversário de quinze anos da irmã. O primeiro que elas não comemoravam juntas. Laura esfregou os olhos para afastar as lágrimas, sentindo os empurrões dos pedestres esbarrando nela. Prometeu a si mesma que comemoraria o aniversário da irmã junto da mesma. Se tudo desse certo, Laura voltaria para casa, no exato momento em que deixou sua Terra. Nem mesmo um segundo teria se passado para Jessie, a irmã mais velha nunca teria desaparecido, e estariam juntas como sempre.
Voltando a levantar a cabeça, percebeu que saiu da avenida principal, entrando num beco sem saída. Olhou para os cortiços, com suas sombras se assomando sobre ela. Suspirou e deu meia volta, mas bateu o rosto no peito de alguém, se desequilibrando e caindo sobre as mãos. Apertou os olhos e ajeitou a mochila nos ombros, encarando a pessoa a sua frente. A pessoa se agachou, segurando o queixo de Laura com os dedos, e enquanto encostava o fio gelado de uma faca em seu pescoço.
– Grite e corto seu pescoço, garota – falou o agressor de modo arrastado. – Me entregue a mochila e todo o dinheiro que tiver. Será uma contribuição sua para o Ministério.
A visão de Laura focalizou e ela olhou dos pés a cabeça o assaltante. Alto e musculoso, tinha um cabelo de cor vermelho ferrugem. Usava o mesmo uniforme que Jim usava para ir ao trabalho, que era fabricado com um tecido vermelho muito maleável, mas também agia como uma armadura caso necessário, enrijecendo nas áreas de impacto de projéteis e lâminas. Feito para não atrapalhar quaisquer atividades físicas, que são vitais para o cumprimento do dever, mas tinha um toque de elegância. “Um Senhor do tempo!” ela pensou. Eles eram a polícia por ali, mas parecia que agentes corruptos eram algo universal em todas as Terras habitadas. Laura não obedeceu, e o Senhor do tempo aumentou a pressão da lâmina contra o seu pescoço.
– Não dificulte as coisas. Gosto que me obedeçam. Se fizer qualquer coisa suspeita, vou fazer muito mais do que apenas levar a mochila. – O agressor avisou, tirando a mão do queixo de Laura, pondo-a sobre a coxa dela, deslizando entre as pernas.
Laura sufocou o pânico. Respirou fundo e devagar, pondo os pensamentos em ordem. Não iria deixar que levassem a mochila, muito menos ser violada. Engoliu em seco e pensou em tudo o que aprendera nas últimas duas semanas. James era um excelente professor, combate era a sua vida, e era necessário ele repassar o que sabia a Laura. Para ele, socar era tão natural quanto respirar. Laura torceu para o Senhor do tempo corrupto não ser um mestiço ou um nascido da Terra Mãe, ou do contrário, não teria a mínima chance.
Quando a mão do agressor estava perto o suficiente para Laura não perder a pegada, ela atacou. Usando os braços, usou um braço para se impulsionar para frente, ficando de pé, enquanto agarrava o colarinho do uniforme com a outra mão. Utilizando-se do empurrão criado pela força extra que usara, Laura preparou um soco com toda a potência que conseguia juntar. O Senhor do tempo assustara-se com a investida repentina, tropeçando nos próprios pés. “Ótimo, agora é só encaixar um bom golpe”. Foi mais que um bom golpe. O punho de Laura aterrissou sem problemas no rosto do ruivo, e com a força acumulada, ela o mandou voando até o lado oposto da avenida, cobrindo quase 15 metros de distância. Por sorte, o soldado não atingiu nenhum pedestre, apenas um pobre carro novo estacionado, que fora amassado sem chance de recuperação. De olhos arregalados, assim como todas as pessoas presentes, Laura viu o Senhor do tempo desacordado, com múltiplos ossos quebrados e mal respirando, com cortes profundos e uma mandíbula destruída. Um aglomerado de pessoas agora entrava no beco, curiosos para saber o que havia ocorrido. O burburinho de vozes foi aumentando, dedos foram apontados para Laura. “Hora de ir embora” ela pensou. Olhou para cima, e se preparou. Agarrando as alças da mochila, saltou sem esforço para o telhado mais próximo dela. Pousou sem muitos problemas e esquadrinhou a paisagem à frente. Teria que dar mais alguns saltos para sair da área. Percebeu que estava segurando a respiração até aquele momento e exalou ar. Olhou para as próprias mãos, percebendo o que tinha acabado de fazer. Sentia-se bem, muito melhor do que se sentia em muitos anos. Deixou escapar uma risada, relaxou os músculos e começou a correr. Sentiu o sol em sua pele e fez outro salto, deixando o vento deslizar e bagunçar os cabelos loiros. Outro pouso realizado com sucesso. Sentiu um largo sorriso se formando em seus lábios. A cidade era grande, e ninguém, a não ser o tráfego aéreo, iria perceber uma garota pulando de telhado em telhado. Ainda havia muito tempo até o jantar.
...
O plano de Ronnie parecia bom.
Esse espião que ela queria infiltrar poderia ter acesso a coisas que um Van Whelm não teria. Posições dentro do ministério. Todo o plano começava a ter uma forma definitiva, e Jim gostava disso. E a idéia do espião ser alguém completamente de fora dos círculos sociais mais altos era excepcional. Pessoas que se acostumaram a ter poucas coisas, mas lutaram por cada uma delas, era algo valioso. Em Blacksteel, essas pessoas viam a podridão do Ministério, e seriam ótimas adições na luta contra o sistema. Em segundo plano, Jim conversou com Ronnie sobre alguém com esse mesmo perfil, juntando um exército dentro da cidade. Pessoas que estariam dispostas a serem livres. Isso lhe seria útil, com o direcionamento correto. Ela concordou com essa idéia. Teriam que dar algo para os grupos rebeldes, quando fossem negociar com eles. E o que melhor do que um exército treinado por um Senhor do tempo? De uma arma na mão de alguém disposto, e a pessoa atirará. Jim, Laura e Ronnie precisavam de mais do que dois exércitos. O terceiro seria o bastante. Nem mesmo o Ministério poderia bater de frente com três forças atacando de dentro da sua própria cidade.
Olhou para o relógio, já eram quase quatro horas. Laura já devia estar com Roy. Fazia meses desde que Jim viu Roy. Era um Senhor do tempo dispensado um pouco antes das rebeliões nortenhas, um dos sortudos, Jim dizia. Havia se especializado em armas, assim como compra e venda das mesmas. Tinham que armar seu exército de alguma forma, e Roy era a melhor opção de longe. Mas as coisas não andavam muito bem entre ele e Jim desde as rebeliões. Uma morte que afetara ambos. Em público, Jim aparentava já ter tido seu tempo de luto, mas ainda guardava suas lágrimas bem fundo em seu ser. Roy era outra história. Tinha virado um alcoólatra e quase não saia de casa. Volta e meia, Jim ia visitá-lo, mas na última vez, haviam se desentendido duma forma que talvez não houvesse reparação. Mandar Laura seria como ter um intermediário. E Jim precisava dessa ponte para tudo dar certo. Precisava do antigo amigo.
O som de bip soou nos dois ArcPads de Ronnie e Jim. Era um boletim de ocorrência, que dizia que um Senhor do tempo fora atacado em uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Relatos contavam que a vítima havia sido agredida num beco perigoso da área, sendo aparentemente espancada, saindo voando em alta velocidade do beco e se chocando contra um carro, deixando a vitima a beira da morte. Testemunhas dizem que foi obra de ladrões, que tinham o objetivo de assaltar o Senhor do tempo, que saíram correndo logo após o ocorrido. Outras testemunhas dizem que fora obra de uma só pessoa, um mestiço, algumas investigações apontam. Logo após mandar o guarda voando, pulou para o topo do prédio mais próximo. “Isso não vai acabar bem para o louco que atacou um Senhor do tempo” Jim pensou. Atacar um Senhor do tempo, tinha como pena a sentença de morte, sem direito a um julgamento. Uma atualização da noticia apareceu, mostrando uma foto do possível atacante, tirada por umas das testemunhas. Ronnie, que estava à frente de Jim, gritou desesperada. A pessoa na foto era Laura.
...
Achar o lugar que Roy morava não havia sido difícil para Laura.
Viajar saltando de um telhado para o outro era divertido e poupava muito tempo. Ela poderia se acostumar com isso. Roy morava num apartamento no décimo quarto andar, numa área urbana e movimentada da cidade. Os prédios da Terra Mãe e da Terra Convergente não eram muito diferentes, apenas em sua arquitetura, então Laura não achou dificuldades de subir até o andar de Roy. Apertou o botão da campainha ao lado da porta e esperou. Nenhum som vinha de dentro do apartamento. Tentou outra vez e nada. Laura encostou o ouvido na porta para ouvir melhor lá dentro. Fechou os olhos e se concentrou. Fora uma lição muito útil de Jim para ela. “Se atente aos arredores, conheça seu campo de batalha” ela o escutou em seus pensamentos. Isso já estava assustando-a. Desde quando James Graham começara a ocupar seus pensamentos? Segurou a respiração e então escutou. Seus batimentos cardíacos, assim como a respiração baixa de alguém logo atrás da porta. Arreganhou os dentes e bateu com o punho fechado na porta.
– Escuta aqui! É melhor você abrir essa porta ou vou pô-la abaixo. Você escolhe! – Laura rosnou. Não tinha paciência para esse tipo de gente.
Passados três segundos, Laura se preparava para chutar a porta abaixo, mas a pessoa lá dentro girou a maçaneta. Era um homem loiro alguns anos mais velho que ela, olhos azuis, com uma barba por fazer e cheirava a bebida. Laura cobriu o nariz com a mão.
– Sabe, não é assim que você visita uma pessoa. – Ele falou coçando a barba. – Muito menos alguém que tem armas em casa. – Rapidamente ele sacou uma pistola das costas, apontando para o rosto de Laura.
Ela levantou as mãos, em sinal de rendição. O homem tinha razão. Ela não causara uma boa primeira impressão. Tentaria ir mais devagar agora.
– Quem diabos é você? – ele perguntou com a arma ainda apontada.
– Meu nome é Laura. Vim aqui querendo falar com o senhor – ela respondeu o mais cordialmente possível.
– E você acha que quero falar com você depois de você querer invadir minha casa?
– Venho também em nome de James Graham, além de mim própria e dos meus interesses – ela levantou ainda mais as mãos, um pouco desesperada. Não queria levar um tiro. Talvez mencionar Jim faria ele reconsiderar.
– O quê? Aquele pedaço de merda mandou você? – Não era a reação que Laura esperava.
– Ele não me mandou. Ele não manda em mim, nem em dois milhões de anos ele mandaria em mim. Estou aqui por que você pode me ajudar, e Jim apenas me recomendou você. – Laura agora encostava o dedo indicador no peito do homem, empurrando-o.
– E por que você acha que vou ajudá-la se está trabalhando junto ao Graham? Aquele moleque por acaso se lembra que eu ainda estou puto com ele? – O homem havia relaxado a postura. Laura se permitiu recuar e respirar fundo. Queria matar Jim por enganá-la e fazê-la ir remendar suas relações instáveis.
– Porque se eu não precisasse de armas, não me incomodaria em quebrar cada osso do corpo daquele garoto com minhas próprias mãos. E não estaria aqui, conversando com você. – Talvez ter uma raiva mútua por James Graham os fizesse chegar a um acordo.
O homem a olhou novamente da cabeça aos pés, estudando-a. Laura realmente não gostava dessa inspeção. Com a mão livre, esfregou a barba. Recolheu a arma, e guardou-a.
– Você teria que entrar na fila. Estou esperando a minha vez para quebrar a cara do James. – O homem estendeu a mão – Sou Roy.
– Eu sou Laura – ela respondeu apertando a mão dele.
– Entre e vamos ver o que posso fazer por você.
...
Ronnie apenas queria que o carro fosse mais rápido.
– Ei, cuidado nessa curva! – Jim gritou por cima do barulho do pneu cantando no asfalto. – Sabe, eu ficaria muito mais aliviado se você mudasse para a forma aérea. Chegaríamos mais rápido.
– Muito tráfego lá em cima. – Ronnie falou sem tirar os olhos da rua. – E desde quando você superou seus enjôos de viagens aéreas?
– Não superei... – ele respondeu fitando pela janela. – Só temos que chegar lá.
– Sabe, para quem quer se tornar um Deus da guerra, ter enjôo com uma coisa dessas é desconcertante – Ronnie comentou, tentando suavizar a situação. Os dois estavam preocupados com o que Roy faria com uma suspeita de crime. As palmas das mãos dela suavam segurando o volante. “Temos que chegar mais rápido, droga” ela praguejou em seus pensamentos.
– Apenas dirija, Whelm. – a voz de Jim saiu seca.
Quatro minutos depois, deram de cara com um bloqueio na rua, forçando-a a estacionar. O desespero subiu a garganta de Ronnie. Iriam demorar ainda mais a pé. Ao lado dela, Jim analisava a situação. Impaciente e frustrado, socou o painel do carro. O airbag abriu imediatamente, mas ele não deixou inflar, segurando-o com a mão. Ronnie poderia dar uma gritar com Jim, mas ela entendia e sentia o mesmo que o amigo.
– Já sei. Vamos – ele disse abrindo a porta do carro.
– Ei, aonde vamos? – Ronnie saiu e acompanhou Jim. – Vai demorar muito se formos caminhando, mesmo correndo!
– Não vamos pela rua, vamos por cima – ele disse apontando para o topo das construções.
A aristocrata recusou veementemente.
– É o único jeito, Ronnie – James esticou uma mão para ela.
– Vai ter força para levar a nós dois? – ela perguntou cruzando os braços.
– Talvez. Nunca tentei isso antes.
Ronnie bufou frustrada.
– Se morrermos, a culpa é toda sua. E veja se não vomita entre os saltos – Ronnie falou, enquanto Jim segurava suas pernas e tronco.
– Sim senhora, capitã – e com um forte impulso, eles saltaram.
Viajar saltando era bom. A sensação do ventos na pele e nos cabelos fazia a adrenalina fluir. Ronnie se agarrava mais a Jim em cada salto. Ela podia ouvir o ritmo acelerado do coração dele, bombeando sangue feito louco. Também podia ouvir quando ele engolia em seco, com medo de deixá-la cair. Pousaram numa esquina, a alguns metros do apartamento onde Roy morava. Alguns pedestres se assustaram com a aterrissagem súbita, correndo para todos os lados. Ronnie largou da pegada em Jim, observando os arredores. Ao seu lado, ele arfava, tentando sugar a maior quantidade de ar possível. Ele estava prestes a vomitar e não seria nada bonito.
– Vomite em outro canto, por favor – Ronnie pediu.
– Temos que achar Laura. Para de graça e vamos logo – ele falou exausto, caminhando para o prédio de Roy.
Jim realmente estava determinado a encontrar Laura.
...
Era amedrontador encarar aquela porta novamente.
Jim estralou o dedo indicador com o polegar e reuniu coragem. Ele e Roy não estavam no melhores dos termos. Olharia naqueles olhos azuis gélidos e colocaria um fim naquela desavença dos dois. De um jeito ou de outro. Ergueu o punho e bateu a porta. Whelm se posicionou ao lado dele, com uma face de coragem. Mas Jim sabia que ela se preocupava com Laura. Possivelmente também já bolava um plano se tudo descambasse. Ele também fazia sua parte, pensando em uma maneira de proteger Laura depois de saírem dali. Ela era suspeita de um crime. Não deixaria ela morrer. Mesmo que significasse colocar sua cabeça a prêmio.
– Quem é? – Ouviu a voz de Roy do outro lado da porta. Parecia cansada e irritadiça.
Jim respirou fundo.
– Alguém que você está louco pra matar – James respondeu, se preparando para o pior.
Momentos depois, a porta se abriu. Laura apareceu calmamente, balbuciando alguma coisa para Roy que estava um pouco mais atrás. Empurrando Jim para o lado, Whelm envolveu o pescoço de Laura num abraço desesperado, agradecendo por ela estar bem. Jim não pode deixar de sorrir aliviado. Seu coração pareceu bem mais leve. “Compostura, Graham!” ele se repreendeu. A visita ainda não tinha acabado.
– Roy, temos que conversar – Jim disse para o dono da casa.
– Sim, nós temos. A começar por vocês dois estarem ajudando nossa cara fugitiva aqui – ele atraiu a atenção das duas amigas que continuavam a se abraçar.
– Isso é uma longa história – Jim se encostou no batente da porta.
– Tenho a noite inteira, Graham – Jim não deixou se intimidar. – Loirinha, não se esqueça. Use a configuração apenas daqui à doze horas. É o tempo que leva para ela se ajustar ao seu padrão cerebral.
Laura assentiu, enquanto era puxada para fora por Whelm.
– Sente-se em algum lugar, quero saber de tudo.
...
Saltar distâncias enormes era a coisa mais excitante que Laura já tinha feito na vida.
Ronnie parecia já estar acostumada com a sensação, mas não a impediu de dar alguns gritos de animação. Ela era leve, e o calor do corpo dela contra o de Laura fazia parecer que os saltos eram mais suaves. Chegaram aonde estava o carro de Ronnie, e entraram nele em silêncio. Apesar da euforia dos saltos, a cabeça de Laura estava em outro assunto. O incidente de mais cedo fizera dela uma pessoa procurada. E esse mesmo pensamento rondava a cabeça da amiga.
– Eu entendo que, o que aconteceu, estava além do seu controle. Mas não precisava mandar o cara para a UTI – Ronnie ligou o carro, e ativou o modo aéreo.
– Ele ia me atacar, só o que pensei foi em revidar. Mas bem... – Laura deu uma risada fraca – ainda não sei controlar a força.
– Tá, eu entendi isso. Mas agora, você não pode mais ir para a seleção de Senhores do tempo. Vão te deter e te executar na hora – Ronnie apertou mais o volante.
Laura sabia o que era ser caçada. Grande parte da sua vida fora resumida a sobrevivência dela e da irmã. Tudo porque estava no lugar errado na hora errada. Mas sabia como resolver essa situação.
– Eu vou para essa seleção. Apenas não como Laura Barnes – ela coçou o antebraço, em volta dos pequenos triângulos pretos que agora faziam parte dela.
Ronnie a olhou curiosa.
– O que você tem em mente? – ela perguntou, voltando a olhar para o tráfego a sua frente, cheio de carros no céu.
– Precisamos de tinta de cabelo, um óculos, e novas identidades.
– Sabe, James e você vão me deixar pobre com o tanto de identidades que vão me fazer arrumar – Ronnie disse suspirando.
– Nós sabemos, e agradecemos por sua cooperação – Laura disse, dando um sorriso para a amiga.
Os dois primeiros itens da lista foram fáceis de conseguir. As identidades iriam ter que esperar. Enquanto as duas iam de um lado para o outro, comprando o que precisavam e o que não precisavam, porque simplesmente podiam, Laura estava se divertindo. Ela não tinha isso a muito tempo. Além das duas semanas naquele mundo novo, antes de ir parar ali, ela fora privada disso. Tudo se resumia a cuidar da irmã e manter a casa das duas. Ela não saia com os colegas de trabalho, volta e meia se metia numa briga, não tinha mais contatos dos amigos mais antigos. Laura não tinha tempo para isso. Mas ali estava ela, fazendo compras com Ronnie, se perguntando se as roupas expostas nas vitrines das lojas ficariam bem nela. Olhou para a garota ao seu lado e se perguntou se teriam esses momentos no mundo de onde Laura veio. Na volta para a casa de Jim, olhando pela janela, imaginou como seria viver o resto da vida naquele mundo, com Ronnie e Jim. Imaginou se sua irmã, Jessie, gostaria das coisas ali. Mas então lembrou do que viu mais cedo. Em cada canto e em cada esquina, não havia esperança, apenas a miséria. Olhava para a parte mais alta da cidade, onde lordes e senhores viviam, e via hipocrisia e luxúria. “Vamos acabar com tudo isso” ela pensou. Voltaria para a irmã. Talvez Ronnie viesse junto. A amiga não havia se decidido ainda. Jim com certeza viria. Laura não sabia se isso era bom ou ruim, e riu com a idéia dele sendo soterrado com as perguntas da irmã sobre o cabelo esbranquiçado.
Ouviu o som de um dedo sendo estralado e olhou atrás de si, tentando ver se Jim estava lá. Olhou para as próprias mãos, e se surpreendeu ao ver o polegar sobre o indicador, um pouco dolorido agora. Sentiu as bochechas esquentarem. Desde quando James passara essa mania para ela, Laura se perguntou. Ronnie logo ao lado, deu um sorriso discreto.
– Preciso de todas as cores desse produto, quando voltar para o meu mundo! – Laura disse entusiasmada, enquanto segurava a caixa de tinta para cabelo.
– E o que você vai fazer com isso? Mudar a cor a cada mês? – Ronnie perguntou, passando a tinta no cabelo de Laura.
– Ronnie, você não tá me entendendo. Isso aqui tinge seu cabelo permanentemente! Mesmo que cresça, não vai voltar para a cor original do cabelo.
– E o que tem demais? Você fala como se tivéssemos descoberto a cura do câncer. Coisa que descobrimos faz uns setenta anos.
Laura se virou para Ronnie, incrédula.
– Como é que é? Vocês descobriram a cura do câncer?
– No seu mundo ainda não descobriram isso? – Ronnie segurou a cabeça de Laura com as duas mãos, forçando-a a ficar com as costas retas.
– Não! E por que diabos vocês não compartilharam isso com meu mundo? – Laura perguntou parecendo legitimamente decepcionada.
– Não podemos interferir com a linha do tempo de outros mundos, muito menos revelar coisas que eles ainda não sabem – com a mão livre, Ronnie coçou o topo da cabeça. – Vocês tem que descobrir as coisas por si mesmos. Assim como a existência do multiverso. Apenas pessoas do mais alto escalão do governo de cada mundo sabem que existe tudo isso. Os lados da Freqüência, multiverso, esse tipo de coisa.
– Isso ainda me deixa com dor de cabeça, Ronnie. – Laura disse abanando a cabeça.
– Eu sei.
...
Jim voltara para casa mais tarde do que pretendia.
Ao passar pela porta de entrada, sentiu um cheiro bom vindo da cozinha. Laura. Antes de ir ao seu encontro, tomou banho e colocou roupas limpas. Saltar era uma atividade que ele poderia se acostumar, mas achava muito cansativo e demandava muito de seu corpo. As vezes se sentia um velho.
Como não vira o carro de Ronnie estacionado, imaginou que ela tinha ido embora. Foi para a cozinha, seguindo o cheiro apetitoso de comida.
– Me desculpe, Laura. Eu havia dito que iria cozinhar hoje, mas Roy havia me prendido por mais tempo que eu queira – ele disse se sentando numa cadeira da mesa de jantar.
– Sem problemas. Eu imaginei que você estaria com fome, então fiz o jantar para nós dois – Laura desligou o fogo e levou uma panela para a mesa.
Então Jim olhou para Laura.
De inicio ele se assustou. Pensava estar vendo coisas. A pessoa a sua frente quase não tinha semelhança com Laura. Os cabelos eram castanhos escuros, usava óculos de armação quadrada preta. O óculos fazia a maior parte do trabalho, disfarçando o rosto dela. Seria preciso prestar muita atenção ao rosto para reconhecer Laura.
– James, você tá pálido – ela disse um pouco assustada.
– Você... tá bem diferente. Sabe disso, né? – ele perguntou, gesticulando para ela.
Ela riu alto.
– Bom, essa é a intenção. Não posso mais sair daqui, sem que queiram me matar. Então, precisei de uma nova identidade.
“Esperta” Jim pensou, enquanto um pequeno sorriso se formava em seus lábios.
– Como devo te chamar em público, então? – Jim disse pegando os pratos.
– Lisbeth Faraday. Foi o nome que dei para Ronnie, para ela arrumar os documentos novos – ela respondeu, enquanto pegava os copos.
– É um nome bem diferente, Lisbeth. Honrado em te conhecer – ele brincou.
– Para você, Graham, sempre vou ser Laura Barnes. Então sem graças. Ainda quero te matar por mais cedo. Não sou sua correspondente.
Jim coçou a nuca, desconcertado.
– Me desculpe por isso.
– Aceito suas desculpas – ela praticamente grunhiu a resposta.
Quando terminaram de comer, eles olharam um para o outro, satisfeitos. A troca de olhares os fez rir. Laura percorreu com o olhar todo o rosto de Jim, com curiosidade. Isso fez a cabeça de Jim imaginar todo tipo de piada de mau gosto e suja, mas manteve-os para si mesmo. Não queria acabar com o momento. Imaginou se seria uma boa hora dizer que a conversa com Roy rendeu frutos, apesar da animosidade entre os dois não ter diminuído tanto. Em troca da ajuda que ele ofereceria, Roy solicitou um serviço de Jim. Que conseguisse certos documentos da área mais bem guardada da sessão de arquivos do Ministério. Qualquer um que entrasse ali sem autorização seria passivo de uma punição, no mínimo, dolorosa, para não dizer fatal. E claro que Jim não tinha autorização para conseguir esses documentos. Teria que invadir. Mas decidiu não trazer a tona essa conversa.
– Pretende passar o resto da vida com o cabelo assim, Jim? – Laura perguntou.
Ele puxou alguns fios de cabelos, e riu.
– Não, apenas me esqueço de pintar. É uma droga quando a cada um mês e meio seus cabelos ficam assim, depois de viajar tanto pelo espaço tempo. Chega um momento que nem te incomoda mais.
Olhou para um canto, com os pensamentos indo para o que Roy havia lhe pedido. Com certeza aquilo tinha a ver com Riley, a filha que ele perdera na rebelião nortenha. Jim havia servido com ela. Conhecera-a bem. Sentia sua falta mais do que tudo. Estralou todos os dedos da mão direita um por um.
– Ei, o que houve? Tudo bem com você? – Laura perguntou.
Jim estava tão absorto em seus pensamentos, que não havia visto Laura se aproximar, agachando-se, pondo a costas da mão contra sua testa. Piscou e percebeu que lágrimas rolavam sobre seu rosto e caiam no chão. Ele fungou, e secou os olhos.
– Sim, estou bem – ele respondeu dando um sorriso. – Apenas me lembrei de alguém.
A mão de Laura deslizou da testa para a bochecha dele.
– Quer conversar sobre isso? – os olhos de Laura pareciam enxergar sua alma. Os rostos de Laura e James estavam a centímetros de encostar. Ele engoliu o bolo que estava se formando em sua garganta.
– Talvez outro dia. Acho melhor irmos dormir – Jim falou se levantando da cadeira.
– Sim... – ela concordou, enquanto observava Jim caminhar até o próprio quarto.
...
Ela abriu a porta do quarto de Jim quietamente.
O Senhor do tempo, ainda acordado, se virou para ver quem tinha entrado. Laura estava parada, do lado da cômoda de roupas dele, coçando o braço, se decidindo se era uma boa idéia ou não o que estava fazendo. Suspirando, caminhou para a cama dele.
– Mas o que... – Jim murmurou, enquanto Laura se deitava ao seu lado.
– Cala a boca. Juro pra você que se eu ouvir uma palavra sequer, essa cama vai virar um abatedouro. – ela avisou encarando os olhos dele. – Minha irmã vinha para a minha cama dormir quando estava triste. Mas como você é um cara crescido e muito orgulhoso para fazer uma coisa dessas, estou te quebrando esse galho. Então apenas cala a boca e aceite, porque nunca mais eu vou fazer uma coisa dessas, me ouviu? – ela virou o corpo dele para o outro lado, envolvendo-o com os braços.
Mesmo que sua mente gritasse para ele apartar aquilo, ele deixou as coisas como estavam.
– Ouvi, sim senhora – ele respondeu, deixando-se aquecer por Laura.
Sem dizer uma palavra, ela o apertou mais contra si, ouvindo o batimento do coração de James, que batia num ritmo calmo e suave, acompanhando sua respiração.
Ela achou que esse era o som mais bonito que ouvira em muito tempo.
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PELO AMOR DE DEUS IMAGINA MANDAR UM HOMEM CALAR A BOCA E ELE SIMPLESMENTE OBEDECER E AINDA LEVAR UMA LINGUADINHA E AINDA POR CIMA SER ESTEBAN KUKURICZKA MIM DÊ POR FAVOR LAURA VOCÊ NÃO É UMA PREFEITA E SIM UMA PRESIDENTA OBRIGADA POR ESSA CANETADA INFELIZMENTE AGORA ME MATAREI NA SUA FRENTE
essa mona é mais forte que eu pq nossa senhora me bota num quarto com esse homem 7 minutos vira 7 meses só dando pra ele ah se a gente pudesse
⸻ ❝ 𝒓𝒆𝒂𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏 𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂𝒕𝒊𝒐𝒏 ❞
esteban kukuriczka ₓ f.reader
wc.: 2,9k
prompt: loser!esteban que você odeia acaba sendo pareado contigo pra um 7 minutos no paraíso na festinha meia bomba que você foi pra comemorar o fim do semestre
obs.: haha your so sexy dont mind minha demora de quase duas semanas pra voltar a escrever. amigas, foi o cão escrever durante a dengue e eu sinto com todo o meu ser que minha escrita simplesmente decaiu! e sendo muito honesta eu gostaria de ter maltratado o kuku muito mais nessa daqui... de qualquer forma, espero muito que gostem, principalmente as ceos dos homens patéticos @creads e @kyuala 💗💖💝 eu ouvi muito e.t da katy perry pr escrever (quando ela fala kiss me infect me with ur lovin? i MEAN?)
obs.²: formação reativa é o nome de um mecanismo de defesa "substitui comportamentos e sentimentos que são diametralmente opostos ao desejo real" rsrs e nisso vocês já entenderam tudo! um beijo, dyvas, façam boa leitura e me perdoem real pela queda de produtividade 💞🎀😽🙏
tw.: smut, degradação, linguagem chula, fem dom.?, ereção shamming (eu literalmente não sei como categorizar isso), sexo oral, face sitting, face riding, clit play, matías recalt sendo um engraçadinho desgraçado, e se tiver algo mais me avisem mWAH 💋. MDNI
você baforava a fumaça enquanto estava sentadinha no braço do sofá onde outras cinco pessoas se abarrotavam. a festa estava uma merda, a música era de um gosto horrível e a caixa de som parecia estar com o grave estourado fazendo o ouvido de todo mundo ali zumbir quando a batida aumentava de frequência. e piorou quando você viu o grupinho que tanto conhecia entrar pela porta da república onde vocês comemoravam o fim do semestre.
— meu deus, o que é que eles estão fazendo aqui? — ouviu sua amiga cinthia expressar seus pensamentos e riu em desapreço.
— devem estar perdidos... como sempre. — bateu as cinzas do cigarro no copo vazio entre suas pernas e observou com os olhos afiados enquanto eles tentavam espalhafatosamente se enturmar.
não tinha nada contra os nerds de engenharia de software. não tinha nada contra os nerds no geral. achava sim que eles todos eram idiotas, mas desinteressantes o bastante pra que você não se importasse com a existência deles. no entanto, detestava esteban kukuriczka com todas as suas forças. era o loirinho, com cara de sonso e que sempre vestia um moletom por cima da blusa, não conversava muito e andava pelos cantos, desviando das pessoas, das interações; completamente patético.
conhecia o argentino tinham anos, desde o fundamental. no sexto ano não tinha amigos, e o único que arranjou - quando já eram do oitavo - fora um garoto mirrado que vivia conversando sobre ciência, carros e filmes de ação. enquanto a maioria dos garotos se interessava por video games de celular ou por futebol, ele lia sobre guerras estelares no intervalo, as vezes se auto excluindo quando o chamavam para completar time.
no ensino médio virou um completo estranho, respondia os professores gaguejando e quase nunca saía da sala para lanchar ou ir ao banheiro, puxando o capuz e enfiando o rosto entre os braços sobre a carteira nos minutos de descanso. era tão insignificante que quando foi pego roubando uma das suas calcinhas todos se chocaram e a história repercutiu não só nas outras séries, como pessoas de outras escolas também ficaram sabendo; o que obviamente tinha sido uma bomba para a sua reputação.
"ficou sabendo? esteban kukuriczka gosta de cheirar calcinhas usadas" "me contaram que ele invadiu o vestiário das meninas durante a educação física e pegou a primeira que viu, mas acho que ele sabia de quem era" "aposto que tinha o cheiro bom, mesmo suadinha" "ewww"
era o seu maior trauma. semanas de um assunto interminável do qual você não pode fugir, mas que ele, que tinha se mudado de colégio a pedido da diretora, não precisou lidar. e quando finalmente se via livre disso ao final do colegial, na sua primeira festa como caloura da faculdade, se esbarrava com o rapaz. os olhos caídos, dignos de pena e o estado já meio alcoolizado enquanto ele lentamente se recordava do seu semblante.
naquele dia esteban dera um sorriso envergonhado e tentara te cumprimentar, mas tudo o que saiu da sua boca foi "se me tocar com essa mão nojenta eu corto todos os seus dedos", antes de dar as costas e caminhar para longe.
era frustrante que vocês continuassem se encontrando e que ele não mudava em nada. por vezes, tinha visto ele tentar deixar um bigodinho crescer, mas duas semanas de pura penugem depois ele ia e raspava, voltando a ter a cara de otário standart.
ele tinha mandado um email - que ele encontrou no seu cadastro estudantil disponível no fórum do seu curso - depois do encontrão durante a calourada, se explicando e dizendo que a história do roubo era um grande mal entendido e que agora ele conseguia falar melhor com os outros, sem ser tão tímido e recluso, perguntando se não podiam se encontrar em algum lugar público das dependências da universidade para "esclarecerem" tudo. e é óbvio que você nunca respondeu, achando um desaforo ter que fazer qualquer esforço para tentar entender o porquê de ele ter pego algo tão íntimo e nunca pedido desculpas na época.
reviver aquilo tudo te fez se levantar impaciente, deixando o resto do cigarro com cinthia e caminhando até a mesa das bebidas. misturava corote, guaraná e xarope de groselha para virar quase tudo de uma vez, sabendo que quem responderia pelo seu estômago irritado seria sua futura eu.
foi arrancada do transe das memórias e do comportamento revoltoso quando a menina morena te envolvia os ombros por trás, saltando em cima de ti. soprou no seu ouvido que um pessoalzinho estava combinando um "7 minutos no paraíso" no andar de cima do sobrado e queria saber se podia confirmar seu nome - o que você prontamente assentiu já que estava precisando de uma ficadinha urgente.
— mas como vai funcionar? — você perguntou antes de encher seu copo, metade vodka e metade guaraná daquela vez.
— eles vão sortear os nomes e ai vem alguém te buscar pra você subir e tal, enfim, só fica sabendo a outra pessoa na hora. — ela explicava. — acho que é aquele baixinho alguma coisa recalt quem deu a ideia. — e você conhecia a peça já, membro do grêmio da faculdade, um dos maiores fofoqueiros e vassourinha daquele lugar; não era surpresa.
riu divertida e então quando ia bicar a bebida, a outra lhe surrupiava o copo, adicionando ao discurso que você "deveria parar de beber aqueles CRIMES HEDIONDOS em estado líquido". bufou com um beicinho e então foi em busca de alguma keep cooler ou cerveja, achando um freezer na área externa e se debruçando toda para procurar.
sua mente borbulhava com as possibilidades, com quem você seria colocada? era doida para ficar com matías de novo, embora ele fosse do tipo que dava detalhes indesejados pros amigos quando se juntavam nas rodinhas de pós-prova. tinha também o playboyzinho, felipe otaño, de medicina, um colírio para os olhos, era filhinho de mamãe, mas tinha fama de ser muito bom de cama... ah! e não podia esquecer do pardella, de educação física, nem era considerado tão charmoso, mas o tamanho daquele homem? pff
enquanto o tempo passava você se entrosava, participando de alguns jogos de beer pong, tiro ao alvo - qual gentilmente tinham impresso uma foto do reitor da instituição para servir como centro do alvo e maior pontuação -, e ouvindo as conversas paralelas.
— da licença, caralho. — a voz familiar soava chamando a atenção dos demais. — ali ela. psiu, vem.
— eu? — perguntava apontando pra si mesma já altinha e entre risos.
— sim, seu príncipe tá te esperando. — o recalt te envolvia os ombros e puxava com ele.
— hmm, meu príncipe, é? não é você, então? — perguntou descarada, fazendo o rapaz de baixa estatura rir todo vaidoso.
— awn, você queria? bem que sua amiga comentou. — ele te roubava um beijinho na bochecha antes de te por à frente fazendo com que você subisse os degraus apressadamente.
revirou os olhos achando cômico que ele estivesse tão empenhado com aquela brincadeira infame, mas era a cara dele que agia feito um adolescente mesmo estando em seu último ano de graduação. viu quando se aproximavam de um dos quartos no final do corredor de cima do casarão e deixava que o garoto segurasse a maçaneta da porta num suspense bobo.
— só não vai gemer feito putinha igual quando a gente ficou... — matías sussurrava na sua orelhinha, exibido.
— aquela vez que eu fingi pra você não ficar magoadinho? — retrucou venenosa antes de empurrá-lo e enfim entrar no quarto escuro.
— sete minutos, não mais que isso!! — ouviu a voz do outro, agora abafada, e meio descompensada.
a luz fraquinha do closet estava acesa e uma silhueta podia ser observada. quem era? em silêncio caminhou até lá, mordendo o lábio e abrindo as portinhas de madeira devagar. contudo, nada podia te preparar para aquilo.
dentre todos os homens naquela cuceta de festa tinha que ser ele? a franja loira caindo um pouco sobre os olhos e as bochechas coradas indicando que já estava um pouco bêbado, as mãos atrás do corpo e os olhinhos de cachorro que acabou de se perder da mudança. a única coisa que conseguia te frustrar mais em toda aquela história com o kukuriczka era que não só era impossível de fugir dele, como tudo nele te atraía fisicamente. ele nem devia se dar conta que o nariz grande despertava a imaginação fértil que você tinha e que as mãos veiudas com dedos longos faziam-na pensar em como seria se ele as colocasse pra uso.
você detestava ainda mais o fato de não conseguir odiá-lo de verdade.
ele parecia tão surpreso quanto você, endireitando a postura e entreabrindo os lábios enquanto piscava lento processando o que via. você fechava as portas atrás de si e suspirava ficando de costas pra ele, cruzando os braços num misto de nervosismo e insatisfação.
— se você quiser eu saio, não precisa ficar os sete minut-
— cala a boca. — soltou ríspida, incomodada com o fato de que ele, mesmo depois de todas aquelas desavenças, ainda tentava ser legal.
— desculpa.
franziu o cenho, apoiando as mãos na superfície acima da parte do calceiro, mordendo o inferior e batendo a pontinha do pé, pensando no que fazer, no que dizer. evitar ele era tão mais fácil do que aceitar que ele nunca tinha feito nada demais e que muito provavelmente a história da calcinha era só mais uma pegadinha que tinham pregado no garotinho bobo da sala. que inferno.
— vai querer me beijar ou não, seu merda?! — perguntou no impulso fazendo um bico mal humorado quando virava só o rosto para encará-lo.
a expressão do argentino paralisava, era nítido quando o pomo de adão dele subia e descia na tentativa urgente de engolir a saliva acumulando.
— e-eu
— você? você o quê, ein?! — se virava enfim, caminhando na direção do rapaz, o puxando pelo colarinho do moletom e fazendo com que ele se curvasse quando o agarre o trazia para baixo, com o rosto próximo ao seu. — você não quer? quer o quê então? porque você tá em todos os lugares que eu vou! eu tento esquecer, começar de novo e você aparece. eu te esculacho e você manda email. fala, esteban, o que 'cê quer?!
as palavras saíam cortando, pontiagudas, doídas, mas ele parecia aceitar todas, como sempre fez. as irides castanhas do maior tremulando enquanto focavam nas suas, mas sem recuar. você sentia-se dividida, a vontade de cuspir naquele rostinho casto era a mesma de beijá-lo e a cada segundo que passava a indecisão dele te consumia mais.
por isso quando o pequeno movimento assertivo da cabeça do garoto se fez presente, não pensou duas vezes em grudar as bocas. uma de suas mãos mais do que depressa alcançando a nuca do loiro para se prender ali, o corpo pequeno se aproximando do languido, e ao contrário do que você alfinetava com suas amigas, ele beijava muito gostoso. a boca fina abria e aceitava sua língua sem resistência, os rostos viravam de ladinho para o encaixe perfeito e seus órgãos reviravam no seu interior - sabendo que você ia contra sua própria natureza.
mas, não podia ligar menos quando as mãos de esteban te puxavam a cintura, invertendo as posições e te prensando contra o fundo do armário, arrancando um arfar seu quando adentrava sua blusa soltinha. o toque queimando sua pele e você querendo que ele fizesse a inquisição completa.
sem interromper o ósculo necessitado, você o arranhava a nuca, descendo a outra mão para apalpá-lo sobre o jeans, sentindo a ereção começando a se formar.
— só um beijo e você já tá duro? que nojo. — sibilou contra os lábios inchadinhos dele antes de o segurar o pulso e erguer para ver a hora no relógio analógico. — seis minutos, seu porrinha. seis minutos e ai eu volto a te ignorar como se minha vida dependesse disso.
a proposta era mais para si do que para ele.
— o que eu quiser? — esteban perguntava num fiozinho de voz, entorpecido pelo calor que os corpos juntos liberavam.
— qualquer coisa. — você ria nasalado.
não houve resposta verbal, mas o menino se colocava de joelhos, te olhando dali debaixo ainda com receio de você só estar blefando e querendo fazer da vida dele miserável, mas você não negava, pegava impulso para se sentar numa das partes planas do closet e o ajudava, tirando a calcinha e mantendo a saia.
— vai me chupar? — perguntou simples e zombeteira segurando as bochechas dele com uma mão, o polegar e o indicador afundadinhos nas maças finas o deixando com um biquinho. — quero só ver. acha que consegue me fazer gozar, estebinho? — o apelido ricocheteava.
— se eu fizer, você aceita conversar comigo? — ele afastava suas coxas com a pegada firme.
— se — enfatizou. — conseguir... eu penso no seu caso.
para ele era o suficiente.
te fitou mais uma vez antes de envolver suas coxas e te arrastar mais para a beira. a buceta lisa reluzindo a lubrificação que era liberada, mas ele não abocanhava de uma vez. dava lambidinhas pela virilha, vagarosamente, sentindo a pele levemente salgada por conta das horas de festa já, mas não era ruim, bem longe disso.
o argentino mordiscava sua púbis e então ouvia um resmungo emburrado, dando um sorrisinho ligeiro e que ficava escondido pelo ângulo de onde você o observava. "se demorar mais eu mudo de ideia", a ameaça soava demasiado vazia pra que ele mudasse o ritmo então continuou lambendo toda a parte em volta do sexo antes de escorrer o músculo quente para o centro, linguando da entrada até o ponto tesudinho. na mesma hora sua mão se entrelaçava nas madeixas claras.
te fez colocar uma das coxas sobre o ombro dele e aproximou, afundando a boca na buceta gostosa. estava tão babada que ele deslizava sem a menor dificuldade. esteban não tinha a boca grande, em compensação tinha uma língua e um nariz que ele não se importava em usar. fechava os olhos se concentrando e focando na sua entradinha dilatada, socando o músculo nela e indo até a metade, tirando e pondo num vai e vem lento.
suas costas arqueavam e seus olhos se arregalavam quando você percebia que se não cuidasse acabaria mesmo gemendo feito uma puta. conteve um choramingo e desviou o olhar assim que ele mexeu o rosto de um lado para o outro fazendo a ponte do nariz friccionar no seu clitóris. ele não tinha ressalva em não se sujar; em segundos o rosto estava todo lambusado com os seus fluídos.
a vista te fez corar, assustada com os próprios pensamentos libidinosos. rosnava baixinho e então o puxava os fios de novo, fazendo-o parar.
— deita. — mandava, mas sem a petulância de antes.
e deixando o corpo deslizar com o dele, em pouco tempo você tinha sua buceta engatada na boquinha do kukuriczka, se apoiando no chão para começar a rebolar. os barulhos lascivos da carne molinha dobrando, se arrastando e sendo sugada ecoando no cubículo fechado onde ambos se encontravam. as mãos masculinas deslizando e apertando a carne macia das suas coxas fartas te incentivando a continuar movendo o quadril para frente e para trás.
seu grelinho palpitava, se apertando contra o nariz dele ao passo que a língua do mesmo sumia quase até a base dentro do seu canal. ele arriscou subir os dedos pelo seu tronco e beliscou um dos biquinhos que marcavam na blusa, te fazendo retesar toda para gemer antes de continuar com as reboladas.
quatro, três...
quando faltavam dois minutos o maior te prendia nos braços e envolvia seu ponto de nervos com vontade, chupando como se fosse uma laranjinha ou qualquer gomo de fruta bem suculento, não afastando por nada enquanto o barulhos de sucção e estalidos embalavam seu orgasmo junto do seu chorinho aflito de quem não tinha planos de gozar assim tão fácil. pulsava toda, a tensão irradiava para o resto do corpo depois que ele afastava a boca avermelhada só para descê-la um pouquinho e sugar todo o mel que pingava de ti.
você por outro lado não tinha a mínima condição de protestar mais. a vergonha e a sensatez caindo de uma só vez sobre sua consciência enquanto se levantava bamba de cima do rosto do garoto que observava tudo quieto e resfolegante.
sequer conseguia procurar pela calcinha, se apoiando numa das colunas de madeira sentindo a 'cetinha molinha agora. esperava ele se levantar para poder o encarar de novo, reparando que ele te estendia a peça toda embolada. apertou o maxilar e cerrou o punho, lutando internamente para ganhar um pouco de orgulho.
notava o celular no bolso dele e tirava o aparelho dali, abrindo o teclado de discagem rápida para colocar seu número e salvar com o seu nome, devolvendo e se virando para sair do closet - quase ao mesmo tempo em que algumas batidas eram ouvidas na porta do quarto.
— mas..? — esteban mostrava o tecido em mãos sem entender e você corava antes de empinar o nariz e dar de ombros para deixá-lo.
incapaz de responder ou de passar mais qualquer minuto perto dele, sem saber se era porque acabariam fodendo - e você gostando muito - ou se era porque seu ego tinha sido completamente abalado, triturado e empacotado, te fazendo duvidar de si mesma.
depois de sair, via matías do lado de fora, com um pirulito no canto da boca e sorrindo tal qual um paspalho.
— e ai? — ele perguntava curioso e descabido.
— melhor do que com você. — mostrou a língua numa caretinha soberba vendo a boca de outrem abrir num 'o' desacreditado antes de descer as escadas.
#reblog#laura vou levar a polícia na sua porta#LAURAAAAA💥💥💥💥💥🕊🕊🕊🕊#gente eu preciso dele#de vdd#DESUMANO
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