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LES ZAMARETTES
8 posts
Memórias de um papai às suas filhas e a si próprio.
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zamarettes · 6 years ago
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A long break
Parei por um bom tempo de escrever. Não porque belas fotos e belos dias tenham me faltado. Pelo contrário. Foram muitos nesse intervalo todo. Muito amor por minhas filhas, muitas cenas maravilhosas de seu desenvolvimento e crescimento.
Mas ficaria estranho se um blog de memórias só tivesse momentos bonitos e bons de se guardar, não é? Pois bem. A depressão da Anne e sua agressividade vêm sendo presença constante nos últimos seis meses.
Nem sei ao certo quando foi a última postagem aqui. Mas ao longo desse ano houve primeiro o episódio lamentável na maternidade, entre ela e meus pais, comigo tentando intermediar de forma torpe o que no fundo não podia ser intermediado.
Por alguns outros meses, de abril a julho, o problema era a presença inquestionável de maconha em casa. Do papel anestésico que ela tinha, embalsamando a Anne no fundo de sua alma, cada vez mais fria emocionalmente, distante afetivamente. Cada vez num mundo mais só seu. Aquilo seria o prenúncio dos meses seguintes.
Em junho veio o diagnóstico - não porque ela o tenha buscado, mas porque eu precisava justificar minhas ausências e saídas do trabalho constantes - de que era depressão o que tinha. Recebeu um atestado pedindo minha companhia em casa por 4 dias, uma receita com dois remédios e uma sugestão de ir a um psicólogo.
Apenas experimentou um dos remédios, em duas ocasiões. O outro, o principal, nem comprou porque dizia que era isso que eu e a sociedade queríamos, sedá-la, diminuí-la a um vegetal. Seguimos aos trancos e barrancos. Julho passou de forma diferente pois a mãe dela alternava comigo quem iria ficar na minha casa acompanhando-a. Rodízio que foi um pouco ajudado pela ocorrência da Copa do Mundo. No entanto aquela situação já estava ficando insustentável. E ficou mais quando, diante de um episódio que me assustou na conduta da Anne com a Laura, eu me senti impelido a falar com a mãe dela, de que a coisa não podia ser mantida como se não existisse. Como se não houvesse nada que precisasse ser feito, afinal tratava-se de um simples “episódio depressivo” e não um comportamento. Mas não era isso. Quem convivia com ela sabia. No caso, eu e as meninas. Quando a mãe vinha ela não fumava maconha. Quando era eu aqui, ela fumava o dia inteiro e deixava as meninas apenas pra que eu cuidasse. Dividindo como desse a minha atenção entre trabalho e o cuidado com carinho delas. Nem sempre isso dava certo. Às vezes eu me irritava, minha produtividade começou a despencar.
Pra se ter uma noção do nível da ligação que tive com a mãe dela, comecei-a dizendo que tinha medo pelos seus comportamentos, e acabei dizendo que ela tinha conivência com esse comportamento teimoso de não aceitar medicação, além de indulgência com a maconha por parte dela, mãe. E ela finalizou a chamada dizendo que eu era um bebê e que iria trocar as minhas fraldas. Completamente estúpida e grosseira, defendendo sua cria com seu típico orgulho bairrista que não vê defeito possível nos filhos nem em si mesma, mas que sabe como ninguém atribuí-los a mim, a meus pais, a quem quer que seja. E totalmente incapaz de assumir o impacto de Anne ter vivido numa casa com amplo uso de drogas pelo pai, violência física e abuso sexual sistêmico pelos familiares.
Julho foi fechado ainda com mais uma cereja de bolo, afinal meu inferno astral não estaria completo se, às vésperas dele, no dia 30, Anne não viesse me falar que tinha “curtido uma pessoa e estava conversando com ela”, flertando via Whatsapp com o motorista do Uber que havia usado na véspera. Meu aniversário seria dia 1º. Sua maconha terminou no dia 31. No meu aniversário, ainda teve um ato completamente desconexo de me dar, através das meninas, umas 4 cervejas artesanais de presente, que Laura me entregou no sofá, que vinha sendo minha cama havia semanas já.
Quinta-feira, dia 2, o caldo engrossou. Eu tinha trabalhado na sede. A mãe dela já não estava indo em casa em retaliação e pela sua sempre presente maturidade. Anne sem beck há 2 dias estava com olheiras de abstinência. O rosto alterado. Acabei bloqueando algumas memórias com o tempo, mas quando cheguei do trabalho aquele dia tudo começou logo de cara. Ela insistindo que eu saísse de casa para que ela ficasse só, falando de eu sair com ou sem as meninas, aí começou a ameaçar chamar a polícia para me levar. Me recusei. Disse que ela estava fora de si. Aí ela começou com os prejuízos materiais. Pegou uma por uma das cervejas que tinha comprado e as esvaziou todas na cuba da pia, abriu um vinho que eu tinha comprado e jogou tudo também na pia. Percebi que não ia acabar bem, vi que ela tinha dado brecha e peguei seu celular, para evitar que ligasse para a polícia ou quem quer que fosse. Estava totalmente tresloucada. Arrancou um cordão de contas que eu tinha no pulso espalhando as contas pela sala, arrancou meu óculos do meu rosto e entortou ele na joelhada algumas vezes. Em algum momento me bateu com algo ou foi com a porta a ponto de me deixar um roxo que durou mais de uma semana no braço. Fui repelindo ela com Sofia no meu colo e Laura meio em choque pela casa. Tentei me trancar com elas no quarto de Sofia mas a Anne conseguiu abrir, insistentemente gritando que eu desse o celular, que eu negara até então estar comigo. Ficou desesperada, chorando convulsivamente, Quando finalmente pensei que pudesse se acalmar lhe mostrei que estava com o celular, o que ela encarou como tortura, que foi o que ela repetiu ad eternum para todos para quem ligou naquela noite e madrugada, Fez a Aline vir aqui para “protegê-la” ou para dormir aqui, ficou até altas horas chorando com alguém no telefone. Não acabava nunca aquela noite.
Esse foi o estalo para que fosse procurar ajuda. Não para a depressão. Mas por ver-se vítima de abuso e violência psicológica da minha parte. Foi procurar um CRAM, Centro de ReferÊncia no atendimento à Mulher. Fez algumas sessões de psicoterapia que de fato a ajudaram a ir levando e se acalmando. Nunca fez nenhuma mea culpa sobre aquela noite, Sempre fui eu o único responsabilizado.
Fiquei Agosto inteiro sem óculos e trabalhando em casa. Numa época em que meu nome quase passou por lista de corte possível, visto que meu desempenho havia caído, e que eu tinha deixado de fazer algumas planilhas de acompanhamento de performance de minhas campanhas. Mas sem óculos trabalhar era level hard de esforço. Usava a lupa do Windows, acabava todos os dias com dor de cabeça. Além de não conseguir fazer nada sem interrupções, visto que o tempo todo eu estava cuidando das meninas. Trocando cerca de 17 fraldas por dia, dando as mamadeiras dirunas, cerca de 8, mais 2 ou 3 na madrugada, entretendo-as, brincando, dando atenção.
Dividindo isso com a administração de todas as minhas campanhas de publicidade, reuniões, relatórios, planilhas. Além de cozinhar pra elas e pra nós.
Foi o Agosto mais duro da minha vida. Anne estava completamente ausente. Ficava na varanda os dias inteiros. Fumando.
Vale lembrar, para ser justo, que desde aquele mesmo julho, Anne estava inicialmente empolgada com as prensas que tinha comprado, com os materiais, com suas parcerias de design e de logística. E eu acreditava de fato que se ela levasse aquilo da forma correta, poderia ter bons frutos, por isso estimulei o tempo todo o investimento, Com o passar dos dias, ora as peças não saíam como planejado, ora borravam, ora houve erro de quem fazia a arte, ora houve mudança de rumo do negócio. Acontece que ela começou a aceleradamente se desmotivar com a sua empresa, e a ver tudo aquilo como só desperdício de recursos e perdas. Nunca fui cego a esse tipo de pressão. Por isso acho extremamente absurdo quando entramos no assunto trabalho e renda, quando ela quer me acusar de ter assumido a alcunha de “provedor”, claramente supondo que eu use esse termo e me dê direitos por isso, ao qual, vendo como agressivo, me sinto por vezes obrigado a lhe dizer que ela não contribui com nada das finanças, e o quanto isso nos atrapalha. Isso só leva a mais pressão pra cima dela, mais mau estar pra cima de mim, por ter que usar uma arma baixa dessas numa discussão, e a não construirmos nada novo.
Enfim. Vou pausar a escrita por ora. Preciso dormir. Mas precisava de fato escrever tudo isso, para não ficar louco. Para não desconfiar que o que eu vivi não aconteceu. Porque só eu fui testemunha de tudo isso. É difícil não ficar louco vivendo com alguém que, tendo claramente um quadro clínico anormal, recusa-se a tratar-se. Seja por via medicamentosa, ou associada a psicoterapi (da qual ela teve alta, devido a ter casos mais urgentes naquele mesmo CRAM), ou mesmo buscando a espiritualidade. Mesmo isso está difícil.
Se eu bobear começo a acreditar na versão dela sobre os fatos como se fossem os próprios fatos, mas não são. Eu sei o quão lúcido e sóbrio eu estava nos epísódios de violência física de que fui vítima nesse casamento, E não foram poucos. Começaram em 2016, intensificaram-se em 2017, e atingiram níveis ridículos de altos em 2018. O que ocorreu de violência física naquele começo de agosto viria a voltar a se repetir agora em novembro, De um jeito mais... “naturalizado”, o que é ainda mais assustador.
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zamarettes · 6 years ago
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Celular para crianças pequenas. Sempre uma pequena queda de braço entre princípios e praxis.
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zamarettes · 6 years ago
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Soninho das gatinhas.
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zamarettes · 6 years ago
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Só mais uma tarde gostosa com essas lindas. Laura em pleno "travel through" com algumas birras normais da fase.
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zamarettes · 6 years ago
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Amanhecer e anoitecer
Estes dois momentos do de uma beleza e delicadeza ímpares.
Como é grande a alegria delas aí ver que o papai as recebe mundo dos sonhos! O olhar de pequena saudade, o sorriso espontâneo de quem não está mais sozinha!
E levá-las para dormir, que momento mais rico! A consciência de que precisam descansar, estar eu mesmo cansado da jornada. E ainda assim ver aquele rostinho sorrindo pra mime eu mudando totalmente de ideia, esquecendo meu sono, querendo ficar junto pra sempre, quanto amor, quanto amor!
Fechar a porta atrás de mim e não conseguir parar de olhar para aqueles olhinhos! Como são lindas, como são uma permissão divina, como me sinto honrado em ter podido recebê-las em minha vida! Como é possível amor tão grande?
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zamarettes · 6 years ago
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vimeo
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zamarettes · 6 years ago
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Nem sempre é fácil manter a calma com vocês. Hoje comecei a ficar muito estressado a partir de tarde, e com a divisão por vezes não tão justa de afazeres entre eu e a mamar, me irrito ainda mais. E acabo descontando em vocês. Peço desculpas pelas vezes em que isso aconteceu.
Hoje finalmente Laura comeu comida verdade de novo. Duas pratadas de Strogonoff. Sofia teve alguns sonos bem longos, muito falante, cheia de fonemas.
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zamarettes · 6 years ago
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Esse diário nada mais é que uma forma de eu mesmo guardar momentos preciosos com minhas meninas que a memória provavelmente relutará manter em sua totalidade.
Mais do que apenas fotos ou datas, pretendo aqui contextualizar cada fato, sorriso, poesia, novidade, impressão, sentimento ou nostalgia.
Amo essas meninas.
Amo ser pai.
Não sei se terei mais filhos, nem se nem quando. Mas quero que cada momento presente seja absorvido e vivido ao máximo.
E quando vocês, minhas filhas, lerem isso, saberão que papai não era só um Outro mas suas vidas, mas também um Eu, como vocês, que sente, ama, sofre, pensa e busca ser feliz, assim como vocês.
E papai só conheceu a verdadeira felicidade quando conheceu a paternidade.
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