#ciência hermética
Explore tagged Tumblr posts
learncafe · 1 year ago
Text
Curso online com certificado! Hermes Trismegisto: A Arte Hermética da Transformação Interior
\”Descubra os ensinamentos da filosofia hermética e mergulhe na sabedoria milenar de Hermes Trismegisto com o curso \’Hermes Trismegisto: A Arte Hermética da Transformação Interior\’. Nesse curso especializado, você terá acesso a informações precisas e detalhadas sobre os princípios herméticos, as leis universais, as práticas de transformação interior e a influência da arte hermética ao […]
1 note · View note
01298283 · 11 months ago
Text
Tarot e Espiritualidade
Eu leio tarot há um bom tempo e tive várias experiências em relação e conheci muitas histórias,quem me auxilia nas leituras são meus guias (Exu ou Pomba-Gira). Eu quero falar sobre algumas coisas relacionadas ao oráculo e alguns alertas,é de suma importância você estudar e buscar o conhecimento,intuição e mediunidade são essenciais,entretanto,buscar o conhecimento mais ainda,bons livros.
Eu estudo muito sobre Ciências Herméticas por exemplo,entre outros aspectos do ocultismo,prático a magia de matriz africana mas navegando neste universo você irá aprender que tudo está interligado,Exu e Pomba-Gira não tem religião e infelizmente a maioria dos terreiros até mesmo da linha da Kimbanda possuem muitos dogmas dos quais não permitem que tais trabalhem em sua verdadeira força e essência,isso é fruto da vaidade humana. Você deve torna-se íntimo de seus guias e isso exige uma disciplina e devoção diária,a maioria buscam eles apenas quanto a tormenta bate á porta.
Quando você respeita seus guias e anda pelas veredas da vida corretamente e busca evoluir e aprender com seus erros e mantém a postura de humildade reconhecendo a sua natureza falha e limitada eles passam a confiar mais em você,a revelar coisas há você assim como ensinar aspectos que você jamais irá encontrar em livros,alguns tipos de conhecimentos passados a você jamais deverão ser expostos a não ser que tais autorizem,assim nasce o seu grimório pessoal,é importante ter um espaço apenas para eles e suas anotações.
Infelizmente com a era dos "bruxos de TikTok" estão passando uma imagem muito distorcida do mundo da feitiçaria e Exu,esse caminho exige maturidade e responsabilidade e quando você pensa que sabe muito na verdade você não sabe nada,você passará a vida inteira aprendendo e o seu ego deverá ficar para trás. Há uma ética e um código de conduta a ser respeitado e seguido que muitos não seguem,por exemplo,jamais devemos prejudicar alguém por motivos tolos,fúteis,imaturos ou injustamente há sérias consequências mediante a esse ato.
Agora entro no ponto primordial,a maioria dos oraculistas ou magistas (magos, feiticeiros,pais/mães de santo,etc) querem apenas $$$ sendo assim presas fáceis em suas mãos são pessoas que buscam por feitiços de destruição ou amorosos,grande parte dessas pessoas que buscam por feitiços deste porte quando você abre o oráculo são às erradas da histórias,ou seja,elas querem prejudicar x ou y injustamente,o conceito de bem e mal na magia é relativo e não está acoplado com dogmas cristãos ou seus costumes,por isso é difícil para quem está fora compreender corretamente como de fato tudo funciona.
Tanto na Kimbanda e várias outras vertentes como o luciferianismo por exemplo,aprendemos que não existe o conceito de dar a outra face como os cristãos ensinam,somos ensinados a nos defender mas também mais uma vez ressaltando a não sermos injustos e caminhar com equidade,então se estamos sendo vítimas de pessoas mal intencionadas podemos revidar,ação e reação. Um exemplo básico e simples,não peça justiça a Xangô se você é o errado da história,será bem desagradável os resultados.
A maioria das pessoas pensam principalmente os mais leigos que alta magia é sinônimo de sacrifícios de sangue e afins, aspectos mais "grotescos e diabólicos" mas na verdade a alta magia é sútil,inclusive a igreja católica pratica e muitos não percebem,dependendo do que você precisa uma vela e uma boa conjuração será o suficiente.
Às pessoas crêem que eu prático apenas magia de matriz africana e meu campo intelectual se limita a isso,na verdade eu tenho conhecimento em várias outras vertentes das quais sou praticante,por isso é essencial você ter a mente aberta e ver além,não se apegue em religiões pois religiões são cadeias e a espiritualidade verdadeira é expansão,existem coisas que uma vida não será o suficiente para compreender e descobrir.
Quando você vai até um cartomante nem sempre ele irá conseguir ver tudo o que precisa ver,uma demanda por exemplo,há ritualísticas elaboradas que permitem que seja ofuscado alguns aspectos para não ser descobertos,alguns podem utilizar Daemons por exemplo,há um tempo atrás nenhum dos oraculistas da minha confiança e com anos de experiência conseguiram ver a demanda que enviaram contra mim,entretanto eu consegui através do meu oráculo identificar não apenas o tipo de demanda mas da onde estava vindo justamente porquê tenho conhecimento e experiências em outros ramos da espiritualidade,assim como consegui encontrar uma pessoa que conseguiu ver também,indentificar e me auxiliar.
É "normal" quando você faz parte deste meio algumas pessoas pegarem "birra" de você e automaticamente pensar "vou fazer mal a ele(a)" você encontra muita inveja e ciúmes nesse meio,eu já vi mães/pais de santos que não tinham maturidade alguma para trabalhar com esses aspectos,possuem conhecimento mas ao mesmo tempo são tolos e infantis e por dinheiro fazem qualquer coisa inclusive prejudicar os próprios filhos da casa.
Você encontra muitos cristãos de carteirinha nesses lugares,já vi padres,pastores e cristãos que de dia pregam contra tais práticas mas a noite praticam o que condenam,é comum você ver isso apenas não é exposto,a elite por exemplo que se diz cristã a maioria deles praticam o ocultismo.
Alguns oraculistas seja carta ou búzios podem inventar histórias e mais histórias para faturar mediante a sua desgraça ou ingenuidade,exemplo clássico "se você não fizer santo seu santo vai matar você, amaldiçoar você,trancar seus caminhos " ou também podem inventar que tem algo em você ou enviaram algo contra você,que você precisa fazer um ebó de 2.000 reais e tantas outras lorotas,caráter 0.
Algumas pessoas trabalham com kiumbas(obsessores,marginal do astral,sem evolução),eu não tenho coragem de compactuar com isso menos ainda invocar isso,com o tempo você aprenderá que algumas portas quando forem abertas será o ponto de entrada para o fim e não terá volta,um preço tão alto que o arrependimento não será o suficiente para salvá-lo,mal sabem elas a cilada e armadilha que estão entrando o pai/mãe de santo não irá contar a parte negativa porquê ele quer ganhar $$$ e frequentar o culto de uma igreja não irá amenizar,muitos invocam isso e depois se convertem mas algumas consequências são irreversíveis. Uma falta de responsabilidade tremenda ensinar isso a "céu aberto" na internet,antes de qualquer ritualística é necessário ritos antecedentes de proteção e banimento e abrir o oráculo em alguns casos para ver se realmente tem caminho para isso.
O ponto de força deles também são em calungas (cemitérios) então são invocados espíritos marginais,assassinos,psicopatas, etc,são obsessores que ainda não encontraram a luz e estão apegados na matéria e se vendem por qualquer coisa,cigarros e cachaça por exemplo,estão perdidos e são rebeldes,são oferecidos banquetes a eles na calunga em troca pedem o fim de X ou Y,mas quando isso voltar ao remetente não tem oração que irá banir,vai precisar de sorte,pois na maioria dos casos quem busca por isso como eu disse estão na intenção de prejudicar pessoas inocentes,um Exu não compactua com injustiças então precisam apelar para a parte "suja" do astral.
Um trabalho desse tipo é caro e eles sempre vão pedir mais e mais e virar uma bola de neve,há muitas coisas neste universo das quais não me atrevo,eu sei até onde posso ir e quais são às consequências e dependendo do que é não vale a pena,meu intuito neste caminho é apenas evoluir,aprender,crescer e claro me defender,muito conhecimento que carrego hoje é um fardo muito grande,além claro das experiências que vi e vivi no todo,a alma fica fadigada principalmente quando você conhece de perto a essência humana e do que a maioria é capaz,há tanta injustiça e corrupção neste mundo em todos os cantos que fica fácil compreender o porquê da maioria dos magos e filósofos ter escolhido a solitude e a morada nas montanhas.
O mundo é o que é não pelos "demônios" que o cristianismo prega,mas pelas ações e ganância humana,a inveja e a cobiça. Aliás,a bíblia está toda deturpada hoje em dia,depois que estudei hebraico pude perceber a quantidade de distorções,o problema em si não é o cristianismo é o próprio ser humano que consegue destruir tudo o que vê pela frente,a nossa espécie consegue amargar até o mel mais doce,a soberba está presente na essência,eles pregam muito sobre caridade e humildade mas a maioria deles não aprenderam nada sobre isso,não sabem nem o que estão fazendo,pregam que o Diabo é pai da mentira mas mentem para si mesmo todos os dias e para todos ao seu redor. Eu não generalizo nada,todos os lugares tem pessoas de todos os tipos,sempre irá existir excessões.
Exercemos a dualidade na bruxaria,mas com equidade e responsabilidade. Nossa luz e gentileza jamais será desperdiçada com quem não a merece,tudo é avaliado e pesado em uma balança,interpretamos que há ações imperdoáveis e perdoáveis,somos às duas essências e justos quando usamos seja uma seja outra,não estamos aqui para se adequar às expectativas alheias ou seus dogmas.
10 notes · View notes
claudiosuenaga · 2 years ago
Text
youtube
O CAIBALION e os Sete Princípios que nortearam a ciência e o pensamento modernos
Por Cláudio Suenaga
A ciência moderna, ao contrário do que pensa a maioria, não foi o rompimento com a alquimia, a astrologia, a magia e o ocultismo medievais, muito pelo contrário, e sim a sua continuação.
O quintessencial Caibalion (Kybalion), que conteria a essência dos ensinamentos de Hermes Trismegisto, tal como ensinado nas escolas herméticas do Antigo Egito e da Antiga Grécia, revolucionou o pensamento filosófico-científico do século XX e se tornou o pilar do conhecimento que não só daria início às físicas relativística, atômica e quântica, como também ao esoterismo New Age e a vertente de autoajuda. A Lei da Atração, por exemplo, tão em voga neste início de século XXI, está contida nos Sete Princípios Herméticos ou Axiomas do Caibalion.
Torne-se meu Patrono no Patreon e tenha acesso completo a esta obra, bem como a dezenas de outras inéditas e exclusivas : https://www.patreon.com/posts/o-caibalion-e-os-81594201
🎬 Seja membro do Canal e receba benefícios: https://www.youtube.com/ClaudioSuenaga/join
Inscreva-se no meu Canal no Rumble: https://rumble.com/c/ClaudioSuenaga
Apoie-me no Catarse: https://www.catarse.me/suenaga
Site Oficial: https://claudiosuenaga.yolasite.com
Leia e baixe aqui todos os meus trabalhos gratuitamente: https://suenagadownloads.yolasite.com/
Blog Oficial: https://www.claudiosuenaga.com.br/ ou https://lastdrinkinthedesertofthereal.tumblr.com/
Facebook (perfil): https://www.facebook.com/ctsuenaga
Facebook (página Expondo a Matrix): https://www.facebook.com/clasuenaga
Instagram: https://www.instagram.com/claudiosuenaga
Pinterest: https://br.pinterest.com/claudiosuenaga
Twitter: https://twitter.com/suenaga_claudio
GETTR: https://gettr.com/user/suenaga
Adquira aqui meu livro "As Raízes Hebraicas da Terra do Sol Nascente: O Povo Japonês Seria uma das Dez Tribos Perdidas de Israel?" https://www.lojaenigmas.com.br/pre-venda-as-raizes-hebraicas-da-terra-do-sol-nascente-o-povo-japones-seria-uma-das-dez-tribos-perdidas-de-israel
Adquira aqui meu livro Encuentros cercanos de todo tipo. El caso Villas Boas y otras abducciones íntimas: https://coliseosentosa.blogspot.com/2023/03/encuentros-cercanos-de-todo-tipo-el.html
✅ Disponível na Amazon Amazon.com (envios a todo o mundo desde os EUA): https://amzn.to/3Lh93Lb Amazon.es (envios a todo o mundo desde a Espanha): https://amzn.to/3LlMtBn Amazon.co.uk (envios dentro do Reino Unido): https://www.amazon.co.uk/-/es/Cl%C3%A1udio-Tsuyoshi-Suenaga/dp/B0BW344XF1/ Amazon.de (envios dentro da Alemanha): https://www.amazon.de/-/es/Cl%C3%A1udio-Tsuyoshi-Suenaga/dp/B0BW344XF1/ Amazon.fr (envios dentro da França): https://www.amazon.fr/-/es/Cl%C3%A1udio-Tsuyoshi-Suenaga/dp/B0BW344XF1/ Amazon.it (envios dentro da Itália): https://www.amazon.it/-/es/Cl%C3%A1udio-Tsuyoshi-Suenaga/dp/B0BW344XF1/ Amazon.co.jp (envios dentro do Japão): https://www.amazon.co.jp/-/es/Cl%C3%A1udio-Tsuyoshi-Suenaga/dp/B0BW344XF1/
13 notes · View notes
chavemistica · 1 year ago
Text
Os Sete Princípios Herméticos
Tumblr media
O antigo Egito tem influenciado muitos povos com seus conhecimentos esotéricos e ocultos por milhares de anos. Lá, viveram grandes mestres que nunca mais foram superados desde o tempo do mestre dos mestres, o nome dele era Hermes Trismegisto. Foi o pai da ciência oculta, o fundador da astrologia, o descobridor da alquimia. Os egípcios deificaram Hermes sob o nome de Thoth.  Hoje em dia, empregamos o termo hermético no sentido de secreto, fechado de tal maneira que nada escapa etc. porque os discípulos de Hermes sempre observaram o princípio do segredo nos seus preceitos. Esses preceitos herméticos estão espalhados em todos os países e em todas as religiões, porém não pertencem a nenhuma doutrina/instituição.  Um dos ensinamentos, conhecido como Caibalion (o significado se perdeu), era transmitido de mestre a discípulo. Era uma coleção de máximas, preceitos e axiomas; princípios básicos da arte da alquimia hermética, que se baseia no domínio das forças mentais, e não materiais, como transformar metal em ouro. Esses sete princípios da filosofia hermética são:  ·         O princípio de mentalismo: tudo é mente; o universo é simplesmente uma criação mental do todo.   ·         O princípio de correspondência: existe uma correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da existência e da vida. Aqui, emprega-se a famosa frase “o que está em cima é como o que está em baixo(...)”. ·         O princípio de vibração: tudo está em movimento, vibra, nada está parado. ·         O princípio de polaridade: tudo é dual, há dois lados em tudo, por exemplo, calor e frio, luz e sombra; os opostos são os dois extremos da mesma coisa. ·         O princípio de ritmo: tudo se manifesta no movimento de ir e vir como um pêndulo. ·         O princípio de causa e efeito: não há coisa que seja casual, que escape completamente da Lei. ·         O princípio de gênero: tudo tem seu princípio feminino e princípio masculino.      Este texto é apenas um resumo e a leitura da obra é imprescindível para um aprofundamento de tais conceitos.  Fonte: “O Caibalion: estudo da filosofia hermética do antigo Egito e da Grécia”  Consultora Aurora A Equipa Chave Mística www.chavemistica.com
2 notes · View notes
irunevenus · 2 months ago
Text
Giordano Bruno, o ocultista hermético!
Tumblr media
Giordano Bruno é frequentemente descrito como um "ocultista hermético" porque sua filosofia combinava ciência e misticismo com elementos da tradição hermética, um conjunto de crenças esotéricas originadas no Egito helenístico, atribuídas ao lendário sábio Hermes Trismegisto. A filosofia hermética funde ensinamentos filosóficos, religiosos e científicos, sustentando que o universo é um reflexo de uma ordem divina e que existem leis ocultas e forças espirituais que governam a realidade.
Um ocultista hermético é alguém que estuda e pratica essa tradição esotérica, buscando entender e utilizar conhecimentos "ocultos" — verdades espirituais que não são imediatamente visíveis ou acessíveis aos sentidos. No Renascimento, figuras como Bruno viam no hermetismo um caminho para a iluminação e a compreensão do cosmos, combinando temas da astrologia, alquimia e magia.
Características da Tradição Hermética
Correspondência entre Macrocosmo e Microcosmo: Hermetismo defende que "o que está em cima é como o que está embaixo", uma lei de correspondência que sugere que o ser humano e o universo são reflexos um do outro. Bruno acreditava que cada parte do universo, incluindo o ser humano, era uma expressão do Todo.
Astrologia e Cosmovisão Infinita: O hermetismo atribuía significados espirituais aos corpos celestes e defendia a ideia de um universo vasto, cheio de vida. Bruno expandiu isso, propondo que o cosmos era infinito e habitado por inúmeras civilizações, uma visão revolucionária na época.
Busca pela Divindade Interna: Hermetistas creem que a alma humana contém uma centelha do divino e que a meditação, a contemplação e o estudo de temas espirituais ajudam a alcançar um estado de unidade com o Todo. Bruno, em sua filosofia, também buscava esse ideal, valorizando o conhecimento como um caminho de união com o divino.
Alquimia e Transmutação Espiritual: Muitos hermetistas usavam a alquimia não só para transformar metais, mas como uma metáfora para a transformação espiritual, buscando transmutar a "alma bruta" em algo mais iluminado. Bruno valorizava a ideia de desenvolvimento e purificação da mente e do espírito.
Giordano Bruno e o Hermetismo
A Igreja não tolerava as práticas herméticas, pois estas desafiavam a autoridade dos dogmas oficiais, oferecendo uma forma de espiritualidade pessoal e individualista que não passava pelos canais de controle eclesiásticos. Bruno era visto como perigoso não só por suas ideias cosmológicas e científicas, mas também por sua filosofia mística, que oferecia um caminho alternativo de se conectar com o sagrado.
Por isso, Giordano Bruno é considerado um ocultista hermético, um pensador que unia filosofia e misticismo, usando a tradição hermética como base para explorar o universo e a natureza da existência de uma maneira que desafiava o status quo.
0 notes
victoria-hitechpcb · 3 months ago
Text
Tumblr media
Quais foram os avanços tecnológicos alcançados pelas PCBs de cerâmica?
I. O que é cerâmica técnica?
Também conhecidas como “de engenharia” ou “avançadas”, as cerâmicas técnicas são materiais de substrato cerâmico com excelentes propriedades elétricas, mecânicas e térmicas. Esses materiais são aprimorados e personalizados por meio de sua composição química para fornecer propriedades aprimoradas e específicas necessárias para uma ampla gama de aplicações no setor de eletrônicos. O tipo mais comum é o nitreto de silício, um material cerâmico composto de silício e nitrogênio, enquanto outros são feitos de zircônia, titanato de alumínio ou compostos de matriz metálica.
Como os substratos de cerâmica técnica são usados na eletrônica.
A espinha dorsal da aplicação do setor de substratos cerâmicos técnicos é o nível de fabricação de componentes, em que diferentes composições de placas cerâmicas são usadas para criar vários componentes com propriedades isolantes, dielétricas, piezoelétricas ou magnéticas, enquanto esses materiais também fornecem proteção estrutural hermética para a maioria dos circuitos integrados.
As composições de substrato de cerâmica que apresentam baixa condutividade, como o óxido de alumínio, são ideais para o projeto de componentes passivos. Esses tipos de cerâmica são usados em capacitores de cerâmica multicamada ou MLCCs para separar as várias camadas de eletrodos que compõem o componente. Elas também são usadas em resistores para dissipar a energia na forma de calor. Outros componentes de substrato de cerâmica podem permear campos magnéticos, o que os torna adequados para uso na fabricação de indutores, onde as cerâmicas são combinadas com óxido de ferro e carbonato de estrôncio para formar cerâmicas altamente magnéticas, também conhecidas como “ferritas”.
Embora as cerâmicas de engenharia sejam preferidas por suas propriedades isolantes exclusivas, certas composições podem ser usadas para fabricar semicondutores ou materiais supercondutores. Há muitos outros tipos de placas de cerâmica técnica com propriedades diferentes para várias aplicações no setor de eletrônicos, cujos exemplos são descritos a seguir.
3. Aplicações potenciais de substratos de cerâmica técnica no setor de eletrônicos
A natureza prática das placas de cerâmica técnica significa que elas são cada vez mais relevantes para todas as áreas do setor de eletrônicos e, nas próximas três subseções, apresentaremos alguns exemplos importantes de aplicações do setor relacionadas a essa tecnologia.
Tumblr media
a. PCBs flexíveis
Como a tendência geral da eletrônica parece ser a miniaturização, o setor de eletrônicos está constantemente buscando criar dispositivos eletrônicos cada vez mais compactos. Uma dessas aplicações são as placas de circuito impresso ou PCBs, que podem ser dobradas e colocadas em compartimentos muito menores do que as placas planas e rígidas. As PCBs flexíveis à base de cobre já estão em uso atualmente, mas são limitadas na prática porque a maioria das PCBs flexíveis exige seções rígidas para manter os componentes no lugar. Mais importante ainda, as seções flexíveis limitam-se a fixar as conexões e interconexões de cobre da PCB.
O principal motivo é que os componentes eletrônicos são rígidos e não podem ser colocados em superfícies curvas. Essa é uma área em que as placas de cerâmica flexíveis podem prosperar. Se uma combinação de polímeros e pós de cerâmica puder ser usada para fabricar componentes tradicionais, isso poderá dar início a uma nova era de dispositivos flexíveis e miniaturizados.
b. Substratos e embalagens de cerâmica
Com a crescente demanda por sistemas em um chip altamente integrados e repletos de recursos, o que, obviamente, impõe demandas rigorosas de processamento de sinais, potência e dissipação de calor, esforços significativos de pesquisa em ciência dos materiais foram direcionados para o desenvolvimento de composições cerâmicas aprimoradas com menor O substrato de alumina, que é o substrato mais usado no setor atualmente, tem uma constante dielétrica mais alta e maior condutividade.
As matrizes de componentes de interconexão construídas em chips de silício, também conhecidas como circuitos integrados, tradicionalmente usam substratos e embalagens de cerâmica que fornecem isolamento elétrico e suportes mecânicos hermeticamente fechados. Com suas excelentes propriedades mecânicas e térmicas, os substratos de cerâmica técnica podem produzir substratos e materiais de embalagem aprimorados e duráveis.
c. Supercapacitores de cerâmica como dispositivos de armazenamento de energia de alta densidade
A fabricação de supercapacitores percorreu um longo caminho nos últimos anos. Isso se deve principalmente à demanda por dispositivos de armazenamento de energia mais eficientes do que os oferecidos pelas baterias, que têm alta densidade de energia, mas um número limitado de ciclos de carga/descarga (mesmo em veículos elétricos); além disso, elas são afetadas negativamente por altas temperaturas. Por outro lado, os ultracapacitores têm milhões de ciclos de carga/descarga e degradação mínima durante sua vida útil. Eles atenuam muitas das limitações das baterias, apesar de sua capacidade limitada de armazenamento de energia.
Os supercapacitores têm muitas das mesmas propriedades, embora sejam construídos de uma maneira diferente dos capacitores comuns. Embora isso possa torná-los um substituto ideal para as baterias, os ultracapacitores são dispositivos grandes baseados em eletrólitos. Isso significa que há um processo complexo de fabricação e projeto para qualquer engenheiro que deseje fabricar e expandir a tecnologia para uso em dispositivos miniaturizados. Como resultado, há uma necessidade de supercapacitores de estado sólido que possam ser usados para alimentar dispositivos menores, e os substratos de cerâmica técnica podem ser um candidato para o setor de eletrônicos.
4. Potencial de crescimento dos substratos de cerâmica técnica
As cerâmicas técnicas, também conhecidas como cerâmicas de engenharia, embora suas aplicações úteis sejam principalmente em nível de matéria-prima, devem continuar a ser relevantes para o setor de eletrônicos em rápido desenvolvimento, especialmente devido às qualidades mencionadas anteriormente, como suas excelentes propriedades elétricas, mecânicas e térmicas.
Os substratos de cerâmica técnica são aprimorados e personalizados por meio de sua composição química para proporcionar melhor desempenho para uma ampla gama de aplicações eletrônicas. A crescente demanda por dispositivos eletrônicos altamente integrados e eficientes continuará a impulsionar a pesquisa no desenvolvimento de materiais cerâmicos técnicos.
Sinta-se à vontade para entrar em contato com a Hitech Circuits com perguntas relacionadas a PCBs.
Tumblr media
0 notes
blogaocaos · 6 months ago
Text
Nananuê em: profanando o sagrado e sacralizando o profano
Mago-cantor brasileiro que explora elementos do Brega, Pop e Eletrônico com composições sobre vivências da masculinidade e sexualidade LGBT+, questões filosóficas, existenciais e místicas, misturadas com elementos da magia e fantasia. Com performance nos palcos bastante provocativa e sexy, busca tensionar os limites entre realidade e imaginação, questionando crenças de senso comum e provocando a pensar na transformação de si e do mundo. 
por Flecha Kabal
Você tem um vlog sobre Magia do Caos onde expõe suas experiências e descobertas. Como se deu seu contato com esse universo? Eu acredito que o tempo é espiral, então sinto como se eu vivesse simultaneamente no futuro, presente e passado, como se meu eu de agora influenciasse meu eu lá de trás e vice e versa. Então eu tenho uma certa sensação de que eu sempre fui a mesma coisa. Quando eu era criança eu já tive meus primeiros contatos com esoterismo pelos livros do meu avô, que tinha muita coisa falando de espiritualidade, percepção extra sensorial, astrologia e ufologia. Aí na adolescência meu caminho foi abandonar o cristianismo paro o ateísmo, lendo muito de ciência e filosofia, até que em 2019 eu tive uma experiência transcendental que me modificou muito (o que eu chamo de minha primeira morte), e a partir disso, eu me abri à espiritualidade, comecei a pesquisar pra compreender melhor, e ela passou a ser um campo central na minha vida. Quanto mais eu vivia, estudava e praticava eu ia entendendo a magia como um chamado e aí eu assumi a identidade de mago como uma forma de ser/estar/ver o mundo. E essa saída do armário foi junto com me assumir artista, então nesse vlog eu falo da pesquisa magística junto da pesquisa artística, que pra mim tudo se atravessa.
Tumblr media
Suas letras falam bastante de experiências como homem gay, inclusive trazendo filosofia hermética para o debate. Como você enxerga essa mistura do “sagrado” e do “profano” no que você faz? Eu gosto muito de brincar com o paradoxo, com a não dualidade, o não binarismo, as coisas em estado de contradição. Profanar o sagrado e sacralizar o profano me interessa muito como visão de mundo. Acredito que há um horizonte de descobertas quando a gente não coloca as coisas enquadradas em isso ou aquilo. E acho que minhas letras são um busca de me entender no mundo, como homem gay, como mago, e gosto muito de falar da minha sexualidade porque eu fico tentando compreendê-la e acho que cantar de uma forma bem humorada essas letras é rir de mim, do sexo, das bichas e da própria magia, que não deve ser levada tão a sério.
Sobre o atual cenário da Música. Você ainda acredita nela como agente de mudança? Se cenário aqui significa mercado musical, eu acredito que ele um mar. É algo maior que nós, e temos que aprender a tirar nosso peixe dele, surfar nele e sobreviver nele. Que pode fazer nós artistas, nos afogarmos, ou viajar para outros mundos. Não crio idealizações sobre. Vejo como um Mar. E tô tentando aprender a nadar.‌
Agora se cenário aqui significa a própria música e músicos contemporâneos, aí sim eu acredito profundamente que é um agente de mudança, de expansão, de conexão, de luta, de criação de comunidades. A música toca em lugares profundos e inconscientes e tem um poder cabuloso de movimentar as pessoas. Acredito muito e por acreditar, escolhi a música.
Tumblr media
Você já expôs que gostaria de ter estudado aulas de canto quando mais novo. O quão importante é a técnica para sua expressão como artista? Eu AMO técnica, eu sou muito nerd de tudo que me proponho a fazer, gosto de me aprofundar ao máximo, entender as camadas que compõem a música e a voz. Eu não sou alguém que nasceu com o dom não, se eu canto razoavelmente bem hoje é porque eu treino bastante, gosto muito de rotina, de fazer um pouquinho todo dia, isso me aterra. Mas também acho que tem que ter abertura pra o descontrole, aprender pelo delírio, pela soltura, pela coragem, pelas emoções, apegar-se somente a técnica é ficar muito virtuoso e há muito potencial nos espaços desconhecidos onde só a falha pode abrir portas pra chegar.
Nos momentos de bloqueio criativo, o que você faz? Depende. Se for algo que não tenho pressa, eu não faço Nada. Eu aceito o que eu sinto, se não tá fluindo, vou fazer alguma outra coisa. Agora se é algo que eu preciso entregar num certo prazo, eu tento criar momentos de ócio e silêncio pra dar espaço para que as respostas apareçam. Nós temos conosco muitos seres e eles estão o tempo todo falando, e o silêncio é importante para ouvi-los, muitas ideias vêm deles. Acho que presença e aceitação é sempre bom em qualquer situação, a criatividade, pra mim funciona bem num fluxo yin-yang/ permitir que seja-fazer ser. Até a aceitação de não conseguir criar é um caminho. Alongar, aquecer, meditar e intencionar é bom também para qualquer processo criativo. Eu crio fazendo magia né, então gosto de ritualizar processos de criação também, chamando energias e entidades, criando atmosfera.
Tumblr media
Recentemente você fez um projeto de mapeamento de aroeiras em Belo Horizonte com plaquinhas que trazem uma mensagem sobre a filosofia Solarpunk. Fale um pouco sobre isso.
Esse projeto é muito influenciado pelas filosofias de Ailton Krenak e Sidarta Ribeiro que vão nos provocar a imaginar futuros possíveis, não caindo nas narrativas apocalípticas de que o mundo vai acabar, que tudo vai piorar, e que não é possível superar o capitalismo. E isso também tem tudo a ver com o Solarpunk, que é esse movimento que busca olhar para o futuro e a humanidade com certo otimismo, criando ficções esperançosas pra esse futuro. No projeto Aroeira Multiversal, eu coloco QR codes acoplados às árvores aroeiras, que direcionam pra um áudio de 10 minutos,  levando as pessoas a imaginar uma outra cidade de BH com os rios soltos, limpos, cheios de árvores, a cidade movida por energia solar e outras perspectivas pra despertar nelas essas visões. É uma espécie de encantamento.
INDICAÇÕES: - Música: Dove - Cymande - Minha música preferida. 10 minutos de um soul com batidas africanas que gera sensações esquisitas no corpo e mente. Especialmente gostoso de ouvir em crises existenciais. - HQ: Promethea - Alan Moore - Minha ficção desse ano. 32 edições. - Podcast Magickando: pra quem quer começar a aprender sobre magia.
ENCONTRE: instagram | spotify
1 note · View note
bunkerblogwebradio · 1 year ago
Text
“O que a Filosofia não é – e o que fizeram dela no Brasil”: crítica das religiões políticas
O livro O que a Filosofia não é – e o que fizeram dela no Brasil, do professor de Filosofia André Assi Barreto, é “um arroubo de revolta e confissão contra o que fizeram não exatamente contra minha ‘profissão’, pois a Filosofia não é uma atividade profissional, mas contra a área do conhecimento humano que escolhi estudar e acompanhar”. Desde a introdução, ele se prontifica a criticar a consideração da Filosofia como sendo tão-somente uma “‘comentariologia’ de clássicos, com viés ideológico bastante explícito” ou o ofício de “filósofos de palco”, “figuras de voz empostada, sucessos televisivos, autores de grandes editoras que, segundo eles próprios, fazem ‘divulgação’ da filosofia e que não deixam para trás nenhum sofista – com sua oratória e técnica apuradas e a todo vapor na tarefa de dizer tudo sem dizer nada, trivialidades, truísmos e frivolidades travestidas do que seria a ‘Filosofia’”. Contra tais exibições performáticas da Filosofia, seu propósito é dar a ela o que lhe é devido, “nem mais nem menos”.
A Parte I do opúsculo, “O que a Filosofia não é”, é mais especificamente voltada a elencar as caracterizações da Filosofia realizadas na atualidade e que, na concepção de Assi Barreto, seriam inadequadas. Limito-me a relacionar algumas das situações que se apresentam como manifestações da Filosofia e que o autor considera afastadas de sua proposta essencial, ou ao menos como reduções de sua conceituação adequada: o ofício do profissional que atualmente se chama de coach, calcado no uso de “frases de efeito com profundidade aparente dedicadas a impressionar o público leigo”; a concepção da Filosofia como um mero “adereço discursivo para outras áreas do conhecimento” – os famosos “aprenda Filosofia para ser um bom empresário” ou “aprenda Filosofia para ser uma boa dona de casa”;  a ideia de que ser um filósofo é ser um professor de Filosofia ou dar aulas sobre o tema, ou de que ser filósofo é “pensar”, quando o ato de pensar não é, de modo algum, monopólio dos filósofos – ainda que o autor consinta em que a maioria das pessoas dispõe de “inquietações filosóficas naturais”; o uso de construções retóricas herméticas apenas por afetação; “ser crítico” – o autor pontua que, ainda que não se possa dizer que algumas concepções teóricas, como o criticismo kantiano e a teoria crítica da Escola de Frankfurt, são não-filosóficas, a Filosofia não pode ser definida pura e simplesmente por um espírito demolidor “do contra”, pela rebeldia inconsequente no campo das ideias; por fim, que a Filosofia seria um campo do pensamento exclusivo das esquerdas políticas.
Sobre este último ponto, o autor argumenta que “ninguém que compreenda uma atividade intelectual, especialmente aquela que escolheu para si, aprecia que ela seja reduzida a mera caixa de ressonância ideológica, seja lá de qual ideologia for. O norte de qualquer pesquisa deve ser a busca pela verdade, por explicações cada vez mais completas sobre a realidade, e não o sacrifício desta no altar da ideologia da moda, incluso qualquer eventual corpo ideológico de ‘direita’. No Brasil – embora este fenômeno não seja exclusivamente brasileiro -, a Filosofia, junto com as ciências humanas num geral, não escapou da identificação com pensamento revolucionário, às vezes travestido de ‘crítico’, como dito anteriormente, de esquerda”.
A própria filosofia marxista é reputada pelo autor como uma das inspirações desse fenômeno, considerando-se que Karl Marx (1818-1883) somente enxergava valor em uma atividade filosófica que estivesse engajada na atuação política de transformação do mundo. Com isso, a maioria dos estudantes pressupõe sempre, nas escolas brasileiras, que seu professor de Filosofia será “de esquerda, engajado, grevista, ativo em manifestações, filiado ao sindicato e… marxista”. O autor arremata que a prática da Filosofia não deve existir apenas a reboque de uma corrente ideológica específica, tal como não há que se falar em “metafísica conservadora, biologia molecular liberal, gastronomia anarquista ou medicina trotskysta”.
A Parte II do livro, “O que a Filosofia é, afinal?”, pretende, enfim, tomar parte ativa na discussão do conceito. Barreto começa dialogando com os críticos que alegam que a Filosofia não tem valor porque suscita vertentes extremamente distintas, pontuando que o mesmo pode ser dito acerca de diversos campos do pensamento e do conhecimento; afirma que a Filosofia “discute questões perenes ao espírito humano (ciências humanas são ciências do espírito) e que, portanto, nunca encontrarão respostas exatamente definitivas, estanques e convergentes entre todos que se debruçam sobre elas e tentam respondê-las”. Ainda adotando um tom negativo, mas agora, mais do que sobre a Filosofia, sobre o filósofo, Barreto diz que o filósofo “não é um coach de relacionamento, não é um palpiteiro televisivo, não é (necessariamente) um bom orador, não é um memorizador de opiniões filosóficas alheias, não é um crítico de arte, analista de novidades científicas ou políticas”. O filósofo deve, para merecer o título, abordar os problemas filosóficos à luz, sim, da tradição filosófica já existente sobre aquele determinado assunto, após o que talvez seja capaz de, aplicando as consequências lógicas do confronto entre as ideias disponíveis, trazer alguma solução diferente para o tema em comento.
Aplicando o arquétipo do pensamento gnóstico aos defensores de doutrinas políticas, concebidas por teóricos iluminados que seriam capazes de revolver a humanidade e purgá-la de seus conflitos, tal como se autocompreenderiam os intelectuais marxistas. Nasceriam assim as “religiões políticas” modernas, como o Stalinismo, englobando “culto à personalidade (…), infalibilidade do líder (…), hinos, salvação, perdição, expurgo de pecados, condenação de pecadores, perseguição ao ‘mal’ (seja o judeu, seja o burguês), redenção, paraíso e, destaca-se, escatologia”, todas características associadas a religiões formais, mas de que se investem movimentos políticos revolucionários. Embora o próprio Voegelin tenha formulado críticas mais tarde à expressão, Barreto considera não haver óbice sério ao seu emprego.
Ao contrário dessa mentalidade, a Filosofia, que “se debruça sobre a realidade e sua estrutura como seu objeto de estudo”, deveria, antes que tentar uma transformação miraculosa dessa realidade, tratar de compreendê-la. Uma profunda crise nas ciências humanas, entretanto, está, segundo Barreto, obscurecendo o conceito de realidade, o que, ao menos em parte, adviria de uma rejeição sistemática do transcendente e do metafísico, oriunda do cientificismo que aparece em correntes aparentemente muito distintas como o Positivismo comteano e o Marxismo. É assim que Barreto afirma que “livrar-se da ideologia”, livrar-se do arquétipo gnóstico, livrar-se da sanha salvacionista e messiânica dos “religiosos políticos”, “é uma etapa essencial para a restauração da realidade, que é objeto da Filosofia”. Essa restauração implica uma restauração da própria linguagem, isto é, dos códigos usados para representar as ideias na pseudodiscussão contemporânea, que estão deturpados e domesticados por ideologias, principalmente as ditas “progressistas”, transformando tudo em um “tribalismo” imbecilizante.
Conclusivamente, Barreto nos diz que a Filosofia é “o estudo pormenorizado, estrutural, eventualmente sistemático (mas não necessariamente), com ambições totalizantes (isto é, não sobre recortes específicos) da realidade”. De Voegelin, novamente, ele retira o resgate da Filosofia como Platão a entendia, em oposição à filodoxia, isto é, o amor à opinião, à versão subjetiva e passageira, a um “nível inferiorizado de conhecimento”. Em uma seção de anexos, Assi Barreto critica as reflexões de autores de inspiração marxista no Brasil, Marilena Chauí e Caio Prado Jr., que naturalmente desenvolveram abordagens opostas à sua, e mostra como essas abordagens escravizam a Filosofia à função de arsenal dos propósitos marxistas. Arremata: “a tentativa de torcer a realidade até que esta se enquadre em certo ponto de vista, mesmo quando esse enquadramento implica jogar mais da metade da história da Filosofia fora, por exemplo, é jogo ideológico bem baixo. Que isso seja perpetrado por acadêmicos respeitados, que gozam de gordos salários (que os colocam na classe média alta da população brasileira) pagos pelas classes mais baixas, deveria ser sinal de escândalo, mas, enquanto não o é, deveria ser sinal ‘do que fizeram da Filosofia no Brasil’, ex-candidato a subtítulo desta obra, e porque nossa humilde contribuição voegeliniana e ‘restauracionista’ da realidade se faz necessária”.
Entrementes, já que o autor falou bastante na pretensão necessária de restaurar a realidade, parece-me que diversos de seus apontamentos são perceptíveis por qualquer um que enxergue o real status da intelectualidade – particularmente, da intelectualidade pública – no Brasil, conquanto boa parte dos problemas aí diagnosticados também se deva poder observar em outros cantos do planeta. 
Lucas Berlanza
0 notes
lelivrebrasil · 2 years ago
Text
A Biblioteca Perdida do Alquimista – Marcello Simoni
Descrição do livro:
Primavera de 1227. A Rainha Branca de Castela desaparece de forma misteriosa. Estranhos rumores se espalham pelo reino e alguns falam de uma intervenção diabólica. A única pessoa que pode resolver o enigma é o mercador de relíquias Ignazio de Toledo, conhecedor de ciências herméticas e notável por sua capacidade de resolver mistérios antigos. Em Córdoba, onde Ignazio foi convocado, ele encontra um velho mestre, que fala de um livro que todos procuram e que pode dar pistas sobre o desaparecimento – o lendário Turba Philosophorum, um raro manuscrito atribuído a um discípulo de Pitágoras e que preserva o expediente alquímico mais cobiçado do mundo. Porém, no dia seguinte, o mestre é encontrado morto, envenenado. A busca de Ignazio começa imediatamente. O encontro, em seguida, com uma freira e um homem considerado por todos um possuído, conduz Ignazio ao castelo de Airagne e a um misterioso homem, o Conde de Nigredo. Nesse local se oculta um terrível segredo, mas não será fácil sair dali com vida depois que ele for descoberto…
1 note · View note
fortunatelynervousrunaway · 3 years ago
Photo
Tumblr media
HERMES TRISMEGISTO | O GRANDE SOL CENTRAL DO OCULTISMO
“Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegistos, pois possuo as três partes da filosofia  universal”
Quem foi Hermes Trismegisto?
Antes de responder essa pergunta, seria interessante estabelecer as bases do esoterismo. Afinal, aqui cabe uma correção no título desse artigo, pois Hermes Trismegisto é Grande Sol Central do esoterismo.
De modo simples e direto, Hermes Trismegisto, “Hermes Três-Vezes-Grande” é uma deidade sincrética que combina aspectos do deus grego Hermes e do deus egípcio Thoth.
Mas vamos nos aprofundar um pouco mais!
Buscando as palavras de Hans-Dieter Leuenberger, em seu livro “História do Esoterismo Mundial”, Hermes seria “a personificação do princípio esotérico no limiar entre a época do antigo império egípcio e o helenismo.”
De forma ainda mais ampla Leuenberger refere-se a Hermes Trismegisto como
“o deus que descobriu os hieróglifos, os desenhos sagrados da escrita; ele também elaborou o calendário, mediu o tempo e, sobretudo, criou todos os sistemas de medida existentes, englobando todo o conhecimento do mundo num livro misterioso, chamado Livro de Thot.”
A resposta à questão colocada no título deste texto poderia ser apenas uma linha retirada d’“O Caibalion”, um dos principais livros modernos dentro do hermetismo: “contemporâneo de Abraão, Hermes foi e é o Grande Sol Central do ocultismo”.
Ainda seguindo pelo primeiro capítulo deste livro somos informados que Hermes, o Mensageiro dos Deuses, teria vivido no Antigo Egito, numa de suas primeiras dinastias entre 3200 a.C. e 1500 a.C., quando a raça humana ainda estava em sua infância.
Infere-se ainda que Hermes vivera com o Egito sobre o domínio dos Reis Pastores, Iksos, ou Irschu. Ou seja, Hermes teria vivido na mesma época de Abraão , sendo que algumas tradições judaicas afirmam que Abraão adquiriu parte de seu conhecimentos místico de Hermes, e as evidências deste fato realmente existem.
Todos os preceitos fundamentais e básicos introduzidos nos ensinamentos esotéricos de cada raça foram formulados por Hermes Trismegisto. Até por isso, o Egito foi a terra da Sabedoria secreta e dos ensinamentos místicos.
“Mestre dos Mestres”, Hermes foi o fundador da Astrologia, e descobridor da Alquimia, sendo aclamado como o pai da Ciência Oculta .
Muitos duvidam de que, de fato, ele fora um homem, mas de acordo com a tradição, sua última encarnação neste planeta se deu muito antes do tempo de Moisés.
A tradição ainda nos diz que Hermes viveu por aproximadamente trezentos anos (o que não é muito se buscarmos o padrão apresentado na Bíblia para os contemporâneos de Abraão), e após sua morte os egípcios deificaram Hermes Trismegisto sob o nome de Thoth, o mensageiro dos deuses, assim como os gregos, mas tarde, como Hermes, deus da sabedoria.
Entre as obras atribuídas a Hermes, podem ser citadas “A Tabua de Esmeraldas”, “O Poimandres”, “O Asclépios”, e a “Minerva Mundi” ou “Corê Cosmou”.
Estas seriam obras disponíveis aos não iniciados, sendo que existem outras tantas – são atribuídas a Hermes mais de 2000 obras – destinadas aos “ouvidos do Entendimento”.
Para Hermes existiam os planos Espiritual (o plano das ideias de Platão), Mental (lógico dedutivo, não criativo) e o Plano Material.
Estes três planos, conforme Papus nos mostrou em seu artigo de 1900, “Como Está Constituído o Ser Humano”, existem, com outros nomes, nas diversas tradições filosóficas, como ocultismo, espiritismo, cabala, rosacrucianismo, pitagóricos, hindus, chineses e até nos ensinamentos de São Paulo (Corpus, Anima e Spiritus).
Hermes Trismegisto, era conhecido como “Hermes, o Três Vezes Grande”, e dizia-se que ele possuía a “Tabua de Esmeralda”, o guia completo de magia e alquimia. Seus ensinamentos teriam sido publicados em inúmeras obras que deram origem à filosofia hermética, um sistema de práticas que buscava a ascensão pessoal da natureza física nos mais altos reinos.
Foi produzida muita literatura sobre Hermes, e alegou-se que ele mesmo deixara obras doutrinais num conjunto que veio a ser conhecido como Corpus Hermeticum. Sua filosofia , batizada de hermetismo, foi aproveitada pelos primeiros cristãos.
Entre os árabes, Hermes Trismegisto foi associado ao profeta Idris, que no Corão aparece como uma figura exaltada por Alá.
A tradição hermética ganhou novo fôlego no fim da Idade Média e no Renascimento, pela renovação no interesse pela mitologia clássica e o advento da alquimia.
Nesse período, Hermes já não era mais considerado um deus, mas sim um sábio contemporâneo de Moisés, que influenciou Platão e os neoplatônicos.
Os ocultistas renascentistas interpretavam sua herança filosófica dentro do prisma cristão, tanto que sua filosofia influenciou fortemente os ensinamentos e estudos de sociedades secretas como a Maçonaria e a Ordem Rosa cruz.Isaac Newton, por exemplo, estudou atentamente alquimia e o hermetismo em sua época, escrevendo inclusive um comentário sobre “A Tábua de Esmeralda”, parte do “Corpus Hermeticum”, tentando unir a ciência e a espiritualidade.Nas palavras de Newton:“Eu sou um cético por natureza, mas não tenho alternativa a oferecer apoio subjetivo à alegação de que a tábua de Esmeralda tem propriedades transformadoras. Há outras coisas além da transmutação de metais que ninguém domina, mas eles entendem.”Nos séculos seguintes Hermes era encaixado mais como um anti-herói dentro do mundo ocidental, permeando várias culturas.  Com o ressurgimento de cultos neopagãos na sociedade contemporânea, Hermes está sendo novamente estudado e cultuado como uma potência divina.No século XIX na Europa Ocidental a magia hermética foi praticada por nomes como os envolvidos na Ordem Hermética da Aurora Dourada (a Golden Dawn).Sua importância para o Egito é tão grande que seu nome foi dado à universidade daquele país.AS 7 LEIS HERMÉTICASOs ensinamentos de Hermes Trismegisto se baseiam em sete Leisque governam todos os planos da natureza, os sete princípios herméticos:    O Princípio do MENTALISMO: “O todo é Mente; o universo é mental.”    O Princípio da CORRESPONDÊNCIA: “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como está em cima”.    O Princípio da VIBRAÇÃO: “Nada está parado, tudo se move, tudo vibra.”    O Princípio da POLARIDADE: “Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis.”    O Princípio do RITMO: “Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; o ritmo é a compensação.”    O Princípio de CAUSA E EFEITO: “Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa; tudo acontece de acordo com a Lei; O Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei ainda não conhecida, existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei.”    O Princípio de GÊNERO: “O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero manifesta-se em todos os planos da criação.”Estes são os sete princípios de Hermes, que precisam de um tempo de reflexão e abstração para serem assimilados, e vamos deixar esta análise para um texto posterior.Além das sete leis herméticas, um dos maiores ensinamentos atribuídos a Hermes, registrado na “Tabua de Esmeralda”, diz que “o que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é igual ao que está embaixo. Ao mesmo tempo, as coisas foram e vieram do Um, desse modo as coisas nasceram dessa coisa única por adoção”.O DEUS HERMES: TOTH, HERMES, MERCÚRIOHermes era, na mitologia grega um dos deuses olímpicos, filho de Zeus e de Maia, e possuidor de vários atributos. Foi um dos deuses mais populares da Antiguidade clássica, teve muitos amores e gerou prole numerosa.Deus autóctone, tudo indica que ele era um cultuado desde o Neolítico, ou como uma importação advinda do Chipre e da Cilícia bem antes do início dos registros escritos na Grécia.Neste caminho, desde o início pode ser vinculado a atributos xamânicos, ligado à divinação, à expiação, à magia, aos sacrifícios, à iniciação e ao contato com outros planos de existência, num papel de mediador entre os mundos visível e invisível; o mensageiro dos imortais.Ao longo do Helenismo, Hermes adquiriu um papel importante como imagem do Logos e intérprete da vontade divina, e passou a agir criativamente, assumindo funções de demiurgo, um acréscimo atribuído principalmente aos estoicos, gnósticos e neoplatônicos.Aparentemente, nessa época o Hermes grego foi amalgamado com o deus egípcio Toth (deus ligado ao tempo, ao destino, à ordem cósmica, à lei, à sabedoria, à cultura e ao conhecimento, à religião e instituições civis, aos rituais, ao oculto e à magia, e era também juiz e guia dos mortos), que veio a florescer na figura de Hermes Trismegisto.Essa identificação remontava ao período clássico, que os neoplatônicos acreditavam que Platão e Pitágoras haviam aprendido dele, mas a datação aceita pela literatura hermética é bem mais tardia.Os romanos identificaram vários deuses locais com Mercúrio à medida que ia expandindo seu território, aumentando a complexidade do sincretismo em torno do Hermes original e suas formas de culto.Com o advento do Cristianismo, Hermes chegou a ser comparado a Cristo em sua função de intérprete da vontade do Logos, sendo ainda associado a vários outros personagens da tradição judaico-cristã, como Moisés, Metraton, São Paulo, São João Batista e Enoque. Muito da simbologia ligada ao arcanjo São Miguel é herança de Hermes.De fato, Hermes foi um dos poucos deuses do panteão clássico que não sucumbiram diante da ascensão do Cristianismo.Isso se deve ao fato de Hermes ser encarado, no mundo romano, como um homem extremamente sábio, até divinizado, mas não como um verdadeiro deus. Sua complexidade conceitual era tão grande que que alguns escritores, como Cícero, o dividiam em vários Hermes.As figuras de Hermes e seu principal símbolo, o caduceu (do qual falaremos mais tarde), ainda hoje são conhecidas e usadas por seu valor simbólico, e vários autores o consideram a imagem tutelar da cultura ocidental contemporânea.Hermes aparentemente foi citado pela primeira vez em tabuletas escritas pela civilização Micênica, dois mil anos antes de Cristo, mas a identificação do nome e sua etimologia é controversa.Para finalizar, vamos falar um pouco da simbologia que orbita em torno de Hermes Trismegisto.
3 notes · View notes
venturama · 3 years ago
Text
Uma coleção de ideias, um mundo de feitos!
Tumblr media
@ventura645
A curadoria da Video Ventura
Tumblr media
@veinbox
English content
Tumblr media
@sumarex
Ele aparece em todos os lugares mas não pertence a nenhum deles
Tumblr media
@zinesumarex
O fanzine menos relevante e mais importante de todos os tempos
Tumblr media
@smrxl
Graphic design portfolio
Tumblr media
@yantrixr
Uma galeria de arte hermética
Tumblr media
@yantrix
Nosso sistema é uma ciência original
Tumblr media
@venturama-vlog
Aquela exposição necessária
Tumblr media
@venturama-yoga
A arte milenar do auto domínio
Tumblr media
@venturama-store
Uma coleção de produtos à venda
⚠️ Importante: o estúdio Venturama/Sumarex não possui absolutamente nenhum perfil oficial nas redes sociais Facebook/Instagram/TikTok/X-Twitter.
@venturama Brasil, 2007-2024. Direitos Reservados.
1 note · View note
theorderrpg · 4 years ago
Text
PLOT PRINCIPAL:
Todos os anos a Ordem Hermética da Rosa Azul seleciona um novo grupo de jovens para se tornarem Neófitos - e competir pela chance de se juntar a Ordem como um dos três Acólitos selecionados -. Entretanto, o que parecia ser apenas um teste comum, se torna um mistério quando os candidatos passam a ser brutalmente assassinados.
Os principais suspeitos? Os Cavaleiros de São Cristóvão, uma sociedade secreta formada por lobisomens cujo propósito é eliminar todos os praticantes de magia negra. Mas as coisas não são tão simples quanto parecem, o que logo fica claro quando picos de utilização de magia fora da Ordem passam a ser detectados. 
Tudo que se sabe é que enquanto a Ordem e os Cavaleiros disputam entre si, a Praxis, uma sociedade secreta que pretende não apenas expor a existência da magia como torná-la acessível a todas as pessoas - independente de seus propósitos -, adquire mais poder a cada instante.
REGRAS DO PLOT:
Ao fazer parte do plot, o off do personagem terá ciência de que qualquer coisa pode acontecer envolvendo o seu personagem, então tenha certeza que quer fazer parte.
É importante que o personagem tenha respeito por seu superior dentro da sociedade. 
Por exemplo: Um membro dos Cavaleiros jamais poderá contrariar a decisão que seu líder tomar dentro no plot ou que envolva a alcateia. O mesmo vale para a Praxis e a Ordem, caso mesmo assim o personagem acabe agindo contra essa regra, ele sofrerá uma penalidade de acordo com a gravidade da situação.
Deixaremos informações envolvendo o plot na central do rpg então é importante que ao jogar, os personagens estejam ciente de todos os recentes acontecimentos, podendo fazer anotações e investigando sobre. 
As penalidades e recompensas funcionarão em todo o decorrer do jogo. Por exemplo: CH19 decide investigar e procurar pistas sobre a morte de uma das calouras no campus, deixando visível seu envolvimento. Obviamente o responsável pelo crime não deixará barato e terá que tomar medidas para que não seja descoberto. 
Durante o jogo, qualquer ação que seu personagem tomar será irreversível. 
Faltas nos dias combinados para o desenvolvimento do plot devem ser justificadas. 
As investigações, ações contra as sociedades podem ser individual ou em conjunto. Não é necessário fazê-las somente nos dias combinados, mas a central e os envolvidos devem estar a par do que está acontecendo e do que seu personagem irá fazer para que ao jogarem em conjunto, o jogo não fique bagunçado e com furos no plot.  Também é importante que o off mande para os responsáveis do plot com antecedência o que seu personagem irá fazer, assim a central irá decidir qual recompensa o personagem terá com o desenrolar do jogo. Lembrando que ao decidir seguir com sua ação a recompensa não pode ser boa e será irreversível.  
2 notes · View notes
claudiosuenaga · 2 years ago
Text
Tumblr media
John Dee e as raízes ocultas do Império Britânico, da ciência moderna e do mundo moderno
O empurrão dimensional inicial para abrir um portal e trazer seres de outras dimensões a este mundo foi dado pelo polímata e ocultista John Dee (1527-1609), um dos maiores e mais influentes gênios de todos os tempos, uma figura magus maior que a vida. Conselheiro, confidente e consultor astrológico da Rainha Elizabeth I (1533-1603), concebeu a geopolítica para a construção de um novo império mundial, o Império Britânico (termo alcunhado por ele) e ajudou a fundar a ciência moderna e o próprio mundo moderno. Seus estudos cartográficos, bem como técnicas e instrumentos desenvolvidos por ele mesmo contribuíram muito para o progresso da navegação. Shakespeare se inspirou no próprio ocultista para elaborar o personagem Próspero, de A Tempestade.
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Dee nasceu em 1527, em Tower Ward, Londres. Seu pai era um cortesão menor que o criou como católico e o enviou para o St. John’s College, em Cambridge, aos 15 anos. Ali ele dormia apenas quatro horas por noite, passando o resto do tempo estudando tudo – geografia, astronomia, astrologia, ótica, navegação, engenharia náutica, escrituras, matemática, direito, medicina e criptografia. Fez tanto sucesso que foi nomeado membro fundador do Trinity College, em Cambridge, e convidado a fazer conferências por lá, onde chamou a atenção com seus conhecimentos de magia.
Na vanguarda do movimento que empurrou os limites da ciência e da magia, Dee ganhou uma reputação precoce por meio de sua invenção em 1546 de um besouro voador mecânico (animatrônico) para uma produção da Pax, uma das comédias de Aristófanes (446 a.C.-386 a.C.), apresentada na Grande Dionísia de 421 a.C. No Trinity College, o magnífico espetáculo teatral do Scarabaeus (um besouro de esterco monstruosamente grande) voando até o palácio de Júpiter, causou grande admiração e suspeita de que tivesse sido alcançado por meios sobrenaturais ou pelo próprio diabo, quando não passava de uma “ilusão mágica” para o teatro, conforme revela em Compendious Rehearsal, escrito em 1592 como um registro da petição à Rainha Elizabeth I para conceder-lhe alívio das “injúrias” e “indignidades” que estava sofrendo.
Suas viagens pela Europa começaram já em 1547, aos 20 anos. Em 1548, na Universidade de Leuven (ou Louvain, a cerca de 25 quilômetros a leste de Bruxelas, na Bélgica), conheceu e se tornou aluno e amigo do célebre cartógrafo belga Gerardus Mercator (1512-1594), que em 1569 desenvolveria matematicamente a projeção cilíndrica do globo terrestre. Esta relação duradoura permitiu o surgimento de exploradores britânicos como Walter Raleigh (1552-1618) e Martin Frobisher (1535-1594).
Profundamente influenciado pelas doutrinas herméticas e platônico-pitagóricas e pela crença de que o homem tinha o potencial para o poder divino que poderia ser exercido pelo meio da matemática, aos 24 anos ele lecionou álgebra avançada na Universidade de Paris, mais especificamente os Elementos de Euclides (século III a.C.), apresentando ao público pela primeira vez os sinais +, -, x e ÷, lotando salas e se tornando o conferencista de maior sucesso no continente.
Quando voltou para a Inglaterra, trouxe consigo uma coleção significativa de instrumentos matemáticos e astronômicos. Durante o reinado de Eduardo VI (1537-1553), ele já ocupava um alto cargo na corte como matemático, e em seu retorno, teve a oportunidade de lecionar em Oxford, em 1554, porém recusou a oferta por não concordar com a postura das universidades frente às disciplinas mais relevantes.
Nesta mesma época, mais do que apoio financeiro para dar prosseguimento aos seus estudos, Dee recebeu de Jane Dudley, Duquesa de Northumberland (1508/1509-1555), o antigo manuscrito Voynich, que veio à luz em 1912 depois que Wilfrid Michael Voynich (1865-1930), um revolucionário, antiquário e negociante polonês de livros raros em Londres, comprou na Itália o manuscrito que se encontrava perdido no meio de uma coleção mantida por padres jesuítas italianos. Junto ao manuscrito, uma carta datada de 1666, assinada por um acadêmico da cidade de Praga, República Tcheca, pedia a um jesuíta em Roma que tentasse decifrá-lo. A correspondência sugere que o manuscrito pertenceu a Rodolfo II, o Imperador Romano-Germânico da Casa de Habsburgo, Arquiduque da Áustria e Rei da Hungria, Croácia e Boêmia (1552-1612), conhecido por seu fascínio pelo ocultismo, e que o autor do livro talvez fosse o filósofo e frade franciscano inglês Roger Bacon, conhecido como Doctor Mirabilis (1220-1292). Uma análise físico-química dos papéis e das tintas feita em 2010, contudo, concluiu que o manuscrito deve ter sido produzido entre 1404 e 1438. Desde 1969, o manuscrito conhecido como o livro mais misterioso do mundo, foi mantido na Biblioteca de Manuscritos e Livros Raros Beinecke da Universidade de Yale. [1]
Tumblr media
Uma das páginas criptografadas do misterioso Manuscrito Voynich. Fonte: Beinecke Rare Book & Manuscript Library, Yale University.
Quando Maria I (1516-1558) chegou ao trono em 1553, Elizabeth I lhe pediu que elaborasse um horóscopo para ela e sua irmã. Porém, em um período de plena influência da Igreja e atividade da Inquisição, este serviço prestado à nobreza rendeu-lhe graves acusações, incluindo a de “traição” à Rainha, pois aplicar meios mágicos para prever eventos como a morte de um governante poderia induzir tais eventos magicamente. Ele ficou preso por três meses, mas depois foi exonerado.
Quando a então jovem Elizabeth I subiu ao trono em 1558, Dee já havia se tornado seu astrólogo, mago e conselheiro pessoal. Foi através de seus préstimos ocultistas que obteve apoio financeiro da monarquia. Ele deu conselhos astrológicos a ela quanto a melhor data para sua cerimônia de coroação em 1559.
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
John Dee realizando um experimento diante da Rainha Elizabeth I. Pintura de Henry Gillard Glindoni (1852-1913).
Para Dee, um dos homens mais eruditos de sua época, assim como para a maioria da elite intelectual da época, a ciência e a magia eram diferentes facetas da busca para a compreensão total dos segredos do universo. Ele usava a magia como um meio para chegar a “um conhecimento mais profundo de todas as ciências, passadas, presentes ou futuras”. Em sua casa em Mortlake, Dee começou a acumular uma incrível coleção de livros e manuscritos raros (4.000 ao todo, incluindo muitos grimórios medievais como The Sworn Book of Honorius: Liber Iuratus Honorii, quecontém um sistema completo de magia, incluindo como obter a visão divina, comunicar-se com anjos sagrados e controlar espíritos aéreos, terrestres e infernais para ganhos práticos) que ultrapassou em muito as coleções das próprias bibliotecas contemporâneas de Cambridge (451) ou Oxford (379).
Seu interesse pela filosofia hermética cresceu ao longo de sua vida e ele publicou prolificamente, começando em 1564 com Monas Hieroglyphica (Mônada Hieroglífica), uma dissertação ocultista exaustiva sobre a natureza da forma matemática conforme compreendida pela Cabala. Ele propôs que um único hieróglifo (destinado a expressar a unidade mística de toda a criação e que representava todos os planetas em uma forma astralmente significativa) refletia as “monas” (ou unidade) do mundo, e que por meio desse hieróglifo a mente poderia obter alguma visão de um portal para aquela Unidade, que é o Céu.
Tumblr media
Versão de 1591 de Monas hieroglyphica, originalmente publicada em 1564. Escrito por John Dee em um estado místico, revelou segredos esotéricos nos campos da astronomia, alquimia, música, matemática, linguística, mecânica e ótica. Esta página de título inclui o glifo de Dee no centro, rodeado pelos quatro elementos (fogo, ar, terra e água) e lemas latinos. Acima está o título latino, o nome do autor, a localização (Londres) e uma dedicatória ao Sacro Imperador Romano Maximiliano II. Abaixo está uma citação bíblica de Gênesis, além de detalhes de publicação. Dois selos de biblioteca estão à direita. Fonte: Sciencephotogallery.
Tumblr media Tumblr media
Mais duas páginas de Monas hieroglyphica. Fonte: Sciencephotogallery.
Em 1572, uma nova estrela apareceu no céu, que permaneceu visível dia e noite por 17 meses, que hoje sabemos ter sido uma supernova do Tipo Ia, na constelação de Cassiopeia. Para o público, isso só poderia significar a imanência do eschaton (o fim do mundo). Para Dee, sinalizava que uma nova ordem mundial estava por vir, um Império Protestante Inglês, em vez de um Sacro Império Romano. Foi então que Dee propôs um “Império Britânico”, uma expressão que ele cunhou para o que ele concebia como uma restauração do reinado de Artur (lendário líder britânico que, de acordo com as histórias medievais e romances de cavalaria, liderou a defesa da atual Grã-Bretanha contra os invasores saxões no final do século V e no início do século VI), pois ele acreditava que as colônias originais de Artur eram, de fato, no Novo Mundo, mesmo que a América fosse a própria Atlântida. Dee via Elizabeth como a reencarnação de Artur, e a ele mesmo como o mago Merlim, o conselheiro do Rei Artur.
Graças aos seus conhecimentos de astronomia e ótica, chaves para a navegação marítima da época, Dee também desempenhou importante papel como conselheiro para as viagens expansionistas da Inglaterra, tendo treinado muitos daqueles que conduziriam as viagens de descoberta e colonização e estabeleceriam a superioridade naval da nação. Ele formou uma empresa para colonizar, converter e explorar as Américas, até mesmo para abrir uma passagem do nordeste para a Ásia, com o objetivo de buscar a fonte de toda a sabedoria oculta. Há fortes evidências de que Dee foi a força intelectual por trás da circunavegação do globo pelo capitão Francis Drake (1540-1596) entre 1577 e 1580. O próprio Dee recebeu os direitos de todas as terras recém-descobertas ao norte do paralelo 50, o que lhe daria o Canadá, se Drake tivesse ido mais ao norte do que o Oregon.
Tumblr media
General and rare memorials pertayning to the Perfect Arte of Navigation. John Dee, London, 1577. Fonte: Royal College of Physicians.
Assim começou o “Império Onde o Sol Nunca se Põe”. Ou seja, um dos impérios mais bem-sucedidos da história, que manteve grande parte do globo sob seu controle por quatrocentos anos e é responsável pelo mundo moderno, foi arquitetado por um alquimista que mantinha contato com entidades de outras dimensões.
Tumblr media
The Sun Never Set on the British Empire, circa 1937. Source: Origin of Nations.
O plano de Dee era usar a magia para fomentar as políticas expansionistas de Elizabeth I. Nas cartas confidenciais que trocava com a Rainha, assinava usando o código “007”, que denotava serem aquelas informações apenas para os olhos da Rainha. Os zeros representavam os olhos, e o sete era um número da sorte a título de proteção. Os maçons usam um símbolo parecido em forma de pino de gravata que eles chamam de “Duas Bolas com Bengala” (Two Ball Cane), um trocadilho e ao mesmo tempo uma senha secreta para um Mestre Maçom, Tubalcaim, e que também é um óbvio símbolo fálico. 
Tumblr media
007 e Two Ball Cane. Fonte: Civiltà Scomparse - II Punto Zero.
Dee era um dos espiões da Rainha Elizabeth, e suas viagens pela Europa sob o pretexto de “conferências espirituais”, eram feitas para coletar informações. A reputação de mago ocultista o precedia, e ele estava obviamente bem conectado devido a sua posição na corte. Por volta de 1580, criou para a Coroa mapas profundamente influentes de países recém-descobertos.
Tumblr media
Dee também era cartógrafo, tendo estudado com o grande Gerardo Mercator. Ele desenhou uma série de mapas manuscritos, incluindo um da América do Norte em 1580 para a rainha Elizabeth. Por volta de 1582, ele preparou um mapa do hemisfério norte com uma projeção polar para Humphrey Gilbert (mostrado acima). Sua representação do Polo Norte foi baseada no mapa de Mercator daquela região, sobre o qual Mercator havia escrito para Dee em 1577, explicando suas fontes. O restante do mapa parece ter sido desenhado para fins de propaganda, promovendo várias formas possíveis de navegar para “Cathaia”, que é mostrada em frente à Grã-Bretanha. O mapa mostra várias vias navegáveis abertas para o leste, incluindo rotas ao norte da Escandinávia e da Rússia e da América do Norte. Fonte: Antique Prints Blog.
No início da década de 1580, insatisfeito com seu progresso no aprendizado dos segredos da natureza, ele começou a se voltar para o ocultismo como meio de adquirir conhecimento. Tudo começou quando Dee, imerso em orações, teria recebido a visita do Anjo Uriel. A partir daí, procurava especificamente entrar em contato com mundos espirituais, anjos e outras formas de inteligência por meio de uma bola de cristal e de um espelho negro de obsidiana (“obsidian black mirror”) ancorados em uma “Mesa Sagrada” coberta por símbolos herméticos que agiam como uma espécie de portal para interligar outros mundos.
Tumblr media
Os símbolos herméticos da "Mesa Sagrada" de John Dee. Fonte: History of Science Museum.
Tumblr media
Uma reconstrução moderna da Mesa Sagrada com o Selo de Deus no centro e também sob as pernas da mesa. Fonte: Museum of Witchcraft and Magic.
Tumblr media
O espelho negro de obsidiana de origem asteca. Foto: Stuart Campbell.
Tumblr media
Da esquerda para a direita: Bola de Cristal, Estojo de Espelho e espelho negro de obsidiana de John Dee em exposição no British Museum de Londres. Foto: Curious Archive, 2020.
As visões de anjos eram invocadas na superfície reflexiva desse espelho de vidro vulcânico trazido do México para a Europa entre 1527 e 1530 após a conquista da região por Hernán Cortés (1485-1547). Os espelhos eram usados ​​pelos sacerdotes astecas para conjurar visões e fazer profecias. Eles estavam ligados a Tezcatlipoca, deus da obsidiana e da feitiçaria, cujo nome pode ser traduzido da língua náuatle como “Espelho Fumegante”. Para suas conjurações, Dee se valia ainda de dois discos de cera gravados com figuras e nomes mágicos, usados ao consultar seu espelho negro.
Tumblr media
Os espelhos da divindade Tezcatlipoca, que significa "Espelho Fumegante" na língua náuatle. Foto: Stuart Campbell.
Em 1582, ele conheceu um médium de Lancashire, Edward Kelley, então usando o nome de Edward Talbot (1555-1597). Kelley era 28 anos mais novo que Dee e trazia um histórico de vida polêmico e inconstante. Kelley era um hábil calígrafo que usava seus talentos para falsificar documentos, fato que lhe rendeu reclusões e a amputação de suas duas orelhas. Certa vez, quando estava na região de Glastonbury, Kelley recebeu de um amigo um tratado que abordava princípios alquímicos como a transmutação do metal em ouro, além de substâncias em pó que seriam as “tinturas da filosofia hermética”. Tanto o manuscrito quanto as substâncias teriam sido encontradas no momento da violação de um túmulo de um bispo católico da região.
Os dois passaram a dedicar todas as suas energias às atividades de contatação de espíritos, conduzindo suas “conferências espirituais” ou “ações” com ar de intensa piedade cristã, sempre após períodos de purificação, oração e jejum. Juntos, conseguiram progressos significativos através de transe, telepatia e clarividência. Dee considerava Kelley uma pessoa sensivelmente capaz de receber mensagens espirituais ao ver alguns cristais ou pedras refletidas no sol, arte essa chamada de cristalomancia, por meio da qual buscavam obter a famosa Pedra Filosofal, substância alquímica mítica capaz de transformar metais básicos como mercúrio em ouro ou prata e propiciar longa vida.
Tumblr media
John Dee, alquimista, matemático e astrólogo inglês, com seu assistente Edward Kelly, médium, alquimista e feiticeiro. Eles seguiram uma carreira aventureira como feiticeiros na Europa tentando descobrir a "pedra filosofal" que converteria metais comuns em ouro. A amizade deles foi prejudicada quando Kelly decidiu que eles deveriam compartilhar suas esposas. Aqui John Dee consulta sua bola de cristal com Kelly ao fundo. Crédito: Sheila Terry/Science Photo Library.
A magia enoquiana realizada por Dee com Kelley como seu vidente e necromante, era uma forma de Teurgia baseada em uma hierarquia de inteligências espirituais chamadas “Os Vigilantes”, que se identificaram como os mesmos anjos que haviam instruído o patriarca bíblico Enoque ou Enoc (do hebraico Hanokh, “iniciado” ou “dedicado”, pertencente a sétima geração de Adão, sendo filho de Jarede e pai de Metusalém, o avô de Noé) na sabedoria oculta do céu e cuja tarefa era zelar pela humanidade. Durante as sessões psíquicas, Kelly se comunicava com inúmeros anjos que lhes ditaram profecias, instruções invocatórias e ritualísticas e uma linguagem angélica especial que Dee chamou de “enoquiana”, a língua mater da humanidade, falada antes da queda de Adão. Dee sustentou que os anjos lhes ditaram laboriosamente vários livros dessa maneira. Ambos dedicaram-se à elaboração dessa língua angélica, adâmica ou enoquiana, formulando os respetivos alfabeto, sintaxe e gramática no sentido de uma interpretação cabalística que explicasse a unidade mística da criação.
Tumblr media
O diário manuscrito de John Dee de 6 de maio de 1583, mostrando as 21 letras da escrita enoquiana. Fonte: Wikipédia.
Tumblr media
O enoquiano é uma linguagem própria completa, com seu próprio alfabeto, gramática, tabuletas, etc. Fonte: Museum of Witchcraft and Magic.
Esses anjos não eram propriamente caridosos e transmitiam pronunciamentos furiosos sobre a natureza espiritual decaída da humanidade. Eles insistentemente comparavam os humanos a “prostitutas”, não no sentido sexual, mas no de que eles permitem que suas atenções sejam cativadas por literalmente qualquer coisa, exceto Deus. Os anjos descreveram a ordem do cosmos e fizeram previsões apocalípticas de eventos futuros na política europeia.
O uso de meios mágicos não cristãos para chamar anjos, especialmente em uma época em que não havia como distinguir anjos dos demônios, significava que não eram propriamente “anjos” os seres que Dee e Kelley contatavam. Ciente de que havia pelo menos quatro torres ou pilares que funcionavam como portais estelares sobre a terra, Dee pretendia abrir um desses portais para permitir a vinda desses demônios ou “anjos caídos” que revelaram o nome celestial para Satanás: Choronzon, o “Morador do Abismo”. Outro dos rituais realizados por Dee foi convocar os porteiros Archon Cernunnos. [2]
Tumblr media
A figura com chifres do tipo Cernunnos ou deus com chifres, no caldeirão de Gundestrup, em exibição no Museu Nacional da Dinamarca em Copenhague. Fonte: Wikipédia.
De sua parte, Kelley estava apavorado com os espíritos, reconhecendo-os como demônios e constantemente implorando a Dee para interromper as sessões. Dee insistiu em seguir em frente, sobrecarregando Kelley até a exaustão e mantendo-o praticamente prisioneiro em Mortlake. Embora Dee possa ter sido o membro mais inteligente da sua espécie, ele ainda era visto como um mosquito insignificante pelas hiperinteligências angelicais, especialmente quando a dupla começou a implorar por dinheiro – Kelley até perguntou se os anjos poderiam emprestar algum dinheiro a ele! Mas, apesar de toda a embaraçosa falta de evolução de Dee e Kelley, eles teriam que servir, porque os “anjos” tinham um plano e eles eram os que estavam no ganho.
Tumblr media
John Dee e Edward Kelly evocando um espírito. Arte de Ebenezer Sibley, por volta de 1825. Fonte: Wikipédia.
Em suma, os anjos queriam nada menos do que uma nova ordem mundial dirigida por princípios divinos e propuseram o que deve ser uma das ideias mais nefastas da história: uma religião mundial baseada no amor e na fraternidade, um supracristianismo ou supramonoteísmo que não apenas uniria o catolicismo e o protestantismo, mas também o judaísmo e o islamismo em um todo fundido. As almas de todo o globo seriam assim reunidas em torno de um Estado e uma Igreja únicas, todos dirigidos pelos próprios anjos a partir da Nova Jerusalém. Nesse sentido, Dee já havia dado o primeiro passo ao estabelecer uma nova ordem mundial temporal sob Elizabeth.
Os anjos eram tão fervorosos que ordenaram a Dee e Kelley que se apresentassem à corte de Rodolfo II, contassem que ele estava possuído por demônios e ordenassem que atendesse à mensagem angélica. Esta foi uma sentença de morte, mas Dee e Kelley cumpriram fielmente a instrução. Rodolfo II os ignorou, mas o núncio papal não, e planejou sua destruição. A Igreja, ao que parece, levou a sério as reivindicações de Dee e Kelley, talvez como uma ameaça à sua própria existência.
Entre 1582 e 83, Dee escreveu o De Heptarchia Mystica (Sobre a Regra Mística dos Sete Planetas), um guia para invocar anjos sob a orientação do Anjo Uriel, não publicado durante a vida de Dee. Ao longo do texto há referências ao poder de Deus, orações a Deus, etc., que até podem ser lidas como cristãs, mas há muitas passagens – e apenas uma delas seria suficiente – que denotam sua origem demoníaca. Esses “anjos” se identificam como “deuses, criaturas que governaram, que governam e que governarão sobre você”, espécies de demiurgos ou arcontes, construtores do universo físico. Dee recebe o poder sobre esses anjos – “Estes (anjos) estarão sujeitos a você” –, algo que somente Deus poderia ter. Deus é chamado de “Príncipe Geral, Governador ou Anjo que é o Principal neste mundo”, ou seja, este não é o Deus cristão, mas o próprio Diabo.
Tumblr media
Um dos desenhos contidos em De Heptarchia Mystica. Fonte: Esoteric Archives.
Em abril de 1583, os rumores de que eles estavam produzindo ouro por meio da alquimia, atraiu o interesse de um nobre polonês, Olbracht Łaski (1536-1604), que os convidou para trabalhar em sua casa. Dee e Kelly deixaram a Inglaterra e realizaram experiências alquímicas e mediúnicas dispendiosas que colocaram as finanças de Łaski em risco.
Na segunda metade da década de 1580, instalaram-se em Praga. Decepcionado por não conseguir desvendar o manuscrito Voynich, Dee entrega-o ao Conde Rodolfo II, que andava fascinado pela alquimia. Rodolfo II ficou muito impressionado, porém sua alquimia logo levou a queixas de bruxaria e heresia, com o Papa Gregório XIII (1502-1585, eleito em 1572) exigindo sua prisão. Rodolfo II permitiu que eles escapassem. Dee e Kelly tornaram-se então astrólogos independentes, e após alguns anos de vida nômade na Europa Central e de relativa estabilidade na Boêmia, durante os quais continuaram suas sessões mediúnicas ou conferências espirituais, Kelly de repente tentou sair, mas foi forçado por Dee a ficar.
Embora nenhum anjo na acepção da palavra jamais tivesse aparecido como mulher, os anjos garantiram a Dee e Kelley que nada poderia ser mais falso, já que apareciam frequentemente na forma de belas mulheres ou andróginos. Enquanto consultava o anjo Madimi, que já havia se mostrado uma jovem brincalhona e concisamente informativa, Kelley viu uma Madimi adulta se despir totalmente antes de dizer que eles deveriam “compartilhar todas as coisas em comum”, e até mesmo suas esposas.
Tumblr media
John Dee segurando uma caneta e Edward Kelley olhando para um anjo em um globo. Os espíritos El e Madimi podem ser vistos no fundo (contornos brancos). O Selo de Deus está na Mesa Sagrada em primeiro plano. Fonte: Museum of Witchcraft and Magic.
A instrução de Madimi não poderia vir em melhor hora para Kelley, que queria terminar com as conferências espirituais aterradoras para poder se concentrar na alquimia, que sob o patrocínio do nobre William de Rosenberg (1535-1592) o estava tornando rico. Jane Dee, que não suportava Kelley, chorou incontrolavelmente quando soube do plano, que Dee achou revoltante, mas acatou como um comando divino. Dee estava tão perturbado que convocou o anjo Uriel em protesto, que ratificou a validade do comando. Dee tinha então 60 anos, altura em que se voltou à doutrina agostiniana do “Ama e faze o que quiseres” [3] para garantir a si mesmo que sua alma não seria condenada. A frase de Santo Agostinho (Aurélio Agostinho de Hipona, 354-430), é claro, ecoaria quatro séculos depois no “Faça o que tu queres há de ser o todo da lei”, de Aleister Crowley.
Como sua saúde financeira dependia em grande parte das comunicações angélicas para os patrões ricos, Dee concordou com a troca de esposas, isto apesar da grande diferença de idade entre os quatro indivíduos e a imoralidade da situação. O “ménage à quatre” foi realizado depois que as quatro partes assinaram um contrato. “Eis”, os anjos disseram a eles depois que isso foi feito, “vocês estão livres”. Dois dias depois, uma nova presença apareceu, a “Mulher Escarlate”, chamada Babalon em enoquiano, a Prostituta da Babilônia do Apocalipse, que voltaria a ser invocada séculos depois por Aleister Crowley e seu discípulo Jack Parsons. Dee e Kelley ficaram tão apavorados que os dois se separaram e as sessões cessaram.
1588 amanheceu, e o Apocalipse que os anjos prometeram não se manifestou. Envolvido indiretamente na causa política que afligia a região, Dee foi expulso de Praga por Rodolfo II. Dee e Kelley nunca mais se viram.
Tendo convencido muitas pessoas influentes de que era capaz de produzir ouro, por volta de 1590 Kelley estava vivendo uma vida abastada. Rosenberg lhe doara várias propriedades e grande somas de dinheiro e o nomeara “Barão do Reino”, mas cansou-se de esperar por resultados, e Rodolfo II mandou Kelley para a prisão em maio de 1591, no Castelo de Křivoklát, na Boêmia Central, República Tcheca. Por volta de 1594, Kelley concordou em cooperar e produzir ouro, foi libertado e restabeleceu seu status anterior. Novamente falhou, e novamente foi preso, desta vez no Castelo de Hněvín, na região de Ústí nad Labem. Ao tentar escapar, Kelley fratura a perna e, devido aos ferimentos não tratados adequadamente, acaba por falecer em 1597, aos 42 anos de idade.
Quase falido após seis anos de viagem, Dee voltou para Mortlakeem 1589 para encontrar sua biblioteca saqueada e muitos de seus valiosos livros e instrumentos destruídos ou roubados (parte do acervo de Dee sobrevive na Biblioteca Britânica e em outros lugares). Logo depois que ele voltou, um surto de Peste Negra varreu Londres, pelo qual ele foi culpado. A praga também vitimou Jane Dee e cinco dos oito filhos de Dee. Por volta de 1592, buscou auxílio com a Rainha Elizabeth, que por sua vez o encaminhou para a cidade de Manchester, longe de Londres, para atuar como diretor do Christ’s College, um insulto a um acadêmico como ele. Seu mandato não foi nada feliz lá, e ele teve de retornar a Londres em 1605.
Tumblr media
John Dee. Fonte: R. Burgess, Portraits of doctors & scientists in the Wellcome Institute, London 1973, nº 775.7.
Quando Elizabeth I morreu em 1603, Dee perdeu seu patrocínio, bem como sua capacidade de se defender de seus muitos inimigos políticos e religiosos. James I (1566-1625), seu sucessor, um obcecado pela ameaça que as bruxas representavam, tanto que escreveu o Daemonologie em 1597, supervisionava pessoalmente a tortura de mulheres acusadas de bruxaria e lançou um contra-ataque cristão contra a era de alta cultura e alta magia de Elizabeth I.
Antes considerado o homem mais inteligente do mundo, Dee agora era forçado a vender seus livros e vários de seus bens para sustentar a si mesmo e a sua filha, Katherine, que cuidou dele até sua morte por volta de março de 1609, aos 82 anos, predita pelo Arcanjo Rafael, que disse a Dee sobre uma “longa jornada para além do mar”. Os anjos também o consolaram dizendo que seu nome e memória seriam preservados para sempre.
Após sua morte, um antiquário da região adquiriu o terreno onde situava-se sua residência com o intuito de promover escavações e buscar “relicários” pertencentes ao ocultista. Diversos registros redigidos pelo próprio Dee foram encontrados, entre eles, descrições detalhadas de suas práticas conhecidas como “conferências espirituais”. Parte desse conteúdo foi publicado em 1659 por Meric Casaubon (1599-1671), um erudito clássico franco-inglês que foi responsável pela ideia generalizada de que Dee estava agindo como uma ferramenta involuntária de espíritos diabólicos.
Tumblr media
Meric Casaubon. Artista desconhecido. Fonte: Art UK. 
Em A Treatise Concerning Enthusiasme (1655), Casaubon escreveu contra o entusiasmo e circunscreveu o domínio do sobrenatural. No ano seguinte, ele produziu uma edição de John Dee, retratando-o como tendo relações com o diabo. Além de atacar aqueles que negavam totalmente o sobrenatural e limitar o papel da razão na fé, Casaubon defendia o aprendizado humanista contra as reivindicações de uma nova filosofia natural emanadas de figuras da Royal Society.
Na mesma época, membros da Ordem Rosacruz reivindicaram Dee como um deles, embora não haja evidências de que o próprio Dee tenha pertencido a qualquer sociedade secreta.
Como tantos pensadores especulativos dos séculos XVI e XVII, Dee era o que o jornalista e escritor judeu anglo-húngaro Arthur Koestler (1905-1983) chamou de sonâmbulo, um dos visionários que criaram o mundo moderno por meio de suas tentativas de explorar os contornos prescritivos do antigo. O envolvimento de Dee em assuntos ocultos – vidências e canalizações –, combinava credulidade e uma paixão intelectual por discernir padrões no universo. Como o principal cientista prático e teórico da Inglaterra, Dee também defendeu o heliocentrismo e fez previsões científicas surpreendentes – do telescópio, da velocidade da luz, da quarta dimensão e dos usos da ótica para armas e energia solar que não seriam experimentados até a década de 1960.
Tumblr media
John Dee. Imagem: Mundo Tentacular.
Não há evidências de que Dee tenha conhecido Giordano Bruno (1548-1600), embora Bruno certamente conhecesse o trabalho de Dee; nem há evidências de que conheceu William Shakespeare (1564-1616), embora tenha ensinado o poeta, dramaturgo e estadista elisabetano Fulke Greville (1554-1628), que se declarou “mestre de William Shakespeare”, e mais de uma vez foi sugerido que Dee tenha servido de modelo para o mago de Shakespeare, Próspero, de A Tempestade (1610 ou 1611). Ambos os homens levantam questões preocupantes sobre o uso e abuso de sua “arte” ou poder mágico. Eles evocam visões teatrais que logo se dissolvem diante de nossos olhos, levando os críticos a traçar conexões entre sua magicamente “potente Arte” (A Tempestade, 5.1.50) e o poder do dramaturgo, o próprio Shakespeare. Descrições contemporâneas de Dee como alto e esguio, com uma longa barba branca, usando um longo vestido com mangas penduradas, tornaram-se a imagem arquetípica do mágico, incluindo o mencionado Próspero de Shakespeare.
Tumblr media
John Dee. Pintor desconhecido. Fonte: National Maritime Museum, Greenwich. 
A figura arquetípica de mago de John Dee foi encarnada por Christopher Lee (1922-2015) em sua interpretação do mago Saruman, o Branco, na trilogia O Senhor dos Anéis (The Lord of The Rings, 1999-2001),do diretor neozelandês Peter Jackson, baseado na obra doescritor, professor universitário e filólogo britânico John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973). O olhar plano e a barba branca são as principais semelhanças entre o ator e o bruxo. 
Saruman tem seu palantír, enquanto John Dee tem sua pedra de apresentação. Ambos são bolas de cristal que eles usam para inspecionar magicamente a terra e lhes dão o poder de falar com os espíritos. 
Saruman (que significa "homem de habilidade ou astúcia" no dialeto mércio do anglo-saxão) se comunica com "o Necromante", que é um nome dado à presença vaga e maligna que se esconde nas sombras da Floresta das Trevas em O Hobbit e mais tarde é revelado ser o próprio Sauron, que estava convocando demônios e trazendo os mortos de volta à vida neste momento, em vez de liderar orcs para a guerra contra Gondor. 
Saruman e John Dee eram magos de grande conhecimento tanto mágico quanto científico. Dee era um matemático, cartógrafo e mecânico. Saruman era um químico, tendo projetado a pólvora que seu uruk-hai usa para demolir as paredes do Abismo de Helm. 
John Dee e Saruman tinham redes de espionagem. Frodo e companhia devem se preocupar com os espiões do Mago Branco tanto quanto se preocupam com os próprios Cavaleiros Negros de Sauron. Além dos rufiões que Sauron emprega para se infiltrar e flagelar o Condado em O Retorno do Rei, ele tem um enxame de corvos chamados Crebain, que usa para espionar a Sociedade. A rede de espionagem de John Dee consistia em uma rede de agentes estrangeiros no exterior, muitos provavelmente à procura de católicos conspirando na França para retornar à Inglaterra e matar a rainha. Ele também pode ter usado esp��ritos e a magia de sua pedra de apresentação para espionar inimigos no exterior. 
Tumblr media
Christophe Lee como Saruman, a encarnação de John Dee. 
Saruman e John Dee são tão atraídos por um poder misterioso que os levam a fazer acordos com o diabo dos quais mais tarde se arrependem. Eles têm o complexo de Fausto, do médico, mago e alquimista alemão Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540), que teria feito um pacto com o diabo, a quem ele convoca em uma encruzilhada à meia-noite em um ritual necromântico a fim de obter conhecimento proibido de magia. No final, Fausto é arrastado para o inferno por demônios. Sua história foi contada inúmeras vezes, com destaque para a de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). O acordo de Saruman com Sauron é semelhante. 
Contribuições adicionais para o estudo da magia enoquiana foram feitas ao longo dos séculos por Thomas Rudd (1583-1656), engenheiro militar e matemático inglês, Elias Ashmole (1617-1692), astrólogo e alquimista britânico, Samuel Liddell “MacGregor” Mathers (1854-1918), ocultista britânico, William Wynn Westcott (1848-1925), ocultista britânico, Francis Israel Regudy, mais conhecido como Israel Regardie (1907-1985), ocultista e escritor que trabalhou como secretário pessoal de Aleister Crowley (1875-1947), e o próprio Aleister Crowley, que se tornou uma espécie de John Dee dos tempos hodiernos.
Notas
1. Com dimensões de um livro de bolso (16 centímetros de largura, 22 centímetros de altura e 4 de espessura), as 240 páginas do manuscrito em pergaminho de vitelo são ricamente ilustradas, sendo que algumas folhas têm várias vezes o tamanho do livro quando desdobradas. Metade do volume retrata plantas inteiras, a maioria não identificada (três delas foram, mas as espécies ocorrem em várias partes do mundo, não ajudando a localizar sua origem). Segue uma seção astrológica, com desenhos do Sol, da Lua, de estrelas, o zodíaco, círculos no céu e muitas mulheres nuas em piscinas com líquido verde. A seção seguinte contém estranhos desenhos de tubos, que se conjectura serem vasos sanguíneos, microscópios ou telescópios, e mais mulheres nuas em piscinas. Em seguida vem a seção chamada de farmacêutica, que parece uma lista aparentemente sobre folhas e raízes. O livro termina com páginas repletas de um texto formado por uma série de parágrafos curtos, ilustrado apenas por estrelas nas margens. Os cerca de 40 símbolos do texto lembram vagamente números arábicos e letras do alfabeto latino, bem como alguns sinais usados por alquimistas medievais. Eles estão organizados como em qualquer texto ocidental, agrupados em palavras separadas por espaços.
2. Cernunnos (em latim e em celta), deus chifrudo celta da natureza e da fertilidade que por vezes aparece sentado em posição de lótus e associado com animais. Karnon, do gaulês “corno”, é cognato de cornu do latim, de hurnaz do germânico, e de horn do inglês. Cernunnos é a mais antiga divindade do panteão celta. Há sinais, inclusive, de que ele seja anterior às invasões celtas. Independentemente de sua origem, o deus cornudo, galhudo ou cornífero, desempenha uma função importante não só por se tratar do senhor dos animais e mestre das caças, mas também da fertilidade e da abundância, regulando as colheitas dos grãos e das frutas e conectando a terra, o céu e o mar no centro sagrado do mundo. Posteriormente, foi considerado também o deus do dinheiro e, em alguns momentos, é associado ao Sol. Segundo as lendas, Cernunnos (o princípio masculino) é filho da grande deusa (o princípio feminino). Ele atinge sua maturidade no solstício de verão e se apaixona pela deusa. Ao fazerem amor, deposita toda sua força e a engravida. Quando a deusa dá a luz no solstício de inverno, o deus morre, pois foi ele mesmo que renasceu. É a representação da passagem das estações. Um símbolo do poder natural da vida, da morte e do renascimento. Essa relação incestuosa foi substituída por outra lenda, registrada por um poeta. Nela, Cernunnos nasceu da grande deusa sem seus chifres. Atingiu sua maturidade no verão e se apaixonou por Epona. Com ela se casou e ambos reinavam no subterrâneo, onde encaminhavam as almas. Porém, Epona precisava vir à terra cumprir suas funções de deusa da fertilidade, lembrando a história de Hades e Perséfone. Num desses momentos, Epona o traiu e uma galhada começou a nascer na cabeça do deus. Daí viria a ligação entre traições e chifres. No caldeirão Gundestrup, em Himmerland, Jutland, na Dinamarca, aparece sentado de pernas cruzadas, segurando uma serpente e um torque, ladeado por animais (incluindo um veado). A escultura está hoje no Museu Nacional da Dinamarca. Sua primeira representação conhecida está presente em uma gravação sobre rocha datada do século IV encontrada no norte da Itália. Aparece como um ser de aspecto antropomorfo, dotado de dois chifres de cervo na cabeça e dois torques em cada braço. O torque (espécie de argola aberta torcida com as extremidades em forma de esferas) é um atributo de poder e realeza utilizado no pescoço ou nos braços pelos grandes chefes e guerreiros mais destacados para que fossem identificados como mestres na sociedade celta. Ao lado dessa imagem estava desenhada uma serpente com cabeça de carneiro, símbolo de renascimento e sabedoria. Acreditava-se, então, que Cernunnos poderia tomar a forma deste animal. Frequentemente é representado acompanhado por animais, principalmente cervos e touros. Os deuses com chifres são sempre identificados como entidades de sabedoria e de poder. Na Antiguidade, tais protuberâncias cefálicas podiam ser levadas apenas pelos mais viris, dotados de valor, honra, masculinidade, etc. É possível que a ideia de “coroa real” venha daí. Um conto popular gaélico fala sobre viajantes que ganharam chifres ao comerem maçãs da floresta de Cernunnos. Após mordê-las, chifres cresceram em suas testas e eles passaram a compreender muitas coisas que aconteciam ao redor do mundo. Uma lenda escocesa afirma que chifres apareciam na cabeça dos melhores guerreiros. Os vikings são popularmente conhecidos por seus elmos com chifres, mas eles nunca levavam adornos semelhantes aos combates, pois isso seria um grande incômodo. Na verdade, utilizavam capacetes lisos e práticos, quase sem ornamentos. Os famosos capacetes com chifres eram utilizados apenas em cerimônias religiosas. Cernunnos foi muito adorado entre os povos celtas da França (Gália) e da Grã-Bretanha, onde foi associado a Belatucadnos, um deus da guerra. Os gregos associavam-no a Pã, mas os romanos o relacionaram a Mercúrio. Na Irlanda medieval, os chifres de Cernunnos foram transferidos ao Diabo, dando forças ao cristianismo contra o paganismo.
3. “Ama e faze o que quiseres. Tudo é permitido, que o amor permite; tudo é proibido, que o amor proíbe”, in Homilies on the First Epistle of John (Homilias sobre a Primeira Epístola de João), de Santo Agostinho.
13 notes · View notes
odiscordiano · 5 years ago
Text
Hermetismo da Fonseca
     Vamos lá, tentarei mostrar o que eu aprendi e as minhas impressões sobre o livro  Caibalion: estudo da filosofia hermética do antigo egito e da grécia.  A história que se conta é que esse livro foi escrito por alguém intitulado de ¨tres iniciados¨ no ano de 1908, a obra é composta de  comentários sobre os 7 princípios que o próprios Hermes trismegisto teria escrito ou decifrado há uns 2500 anos antes da era comum.
     Antes de entrar nos 7 princípios, primeiro preciso falar sobre O Todo, os princípios mse derivam dele então melhor falar dele antes. Vou tentar explicar O Todo com minhas palavras, caso fique estranho procure a fonte. O Todo… O Todo é a soma de todas as coisas que existem, e quando falo que existem não me refiro apenas ao que é material e tangível,  estou falando do plano material do plano mental do plano emocional e qualquer outro plano que se possa pensar, O Todo é algo absoluto, infinito e eterno, absoluto pois para ele tudo é relativo, infinito pois se ele tivesse um limite, haveria uma parte fora dele e ele é a soma de tudo logo não poderia ser dois e por fim eterno pois se ele tem começo então haveria algo antes dele e se há algo antes, não pode ser O Todo, aqui eu vejo uma diferença entre O Todo e as ideias dos criadores do universo, como o Deus cristão, o Deus cristão é finito, ele é bom, ele é justo, ele é algo, logo não é seu oposto, logo não é O Todo, ele é uma parte.
     Agora sim falando dos 7 princípios, o primeiro é o princípio do mentalismo que diz que ¨O Todo é Mente; o Universo é Mental."  neste, a ideia que se passa é que tudo é uma criação mental do Todo, e para chegar nisso foi feita  uma análise no processo de criação que nós humanos fazemos, como o ser humano cria?
          1- Como ao fazer uma cadeira, nós criamos a partir da transformação de coisas exteriores e não havendo nada exterior ao Todo, ele não poderia criar dessa forma
          2 - Nós criamos a partir da reprodução, multiplicamos a nós mesmos a partir da transformação de uma parte nossa, fazer bebê, e como o Todo não pode multiplicar pois assim haveria uma parte a mais uma adição, também descartamos essa.
          3 - Nós criamos mentalmente, assim não buscamos nada no exterior nem adicionamos algo, pela mente nós criamos em nós mesmo, assim o Todo também faz, ele cria mentalmente a todo o resto.
     Com esse princípio em mente, entende se que tudo tem origem na mente, uma cadeira sucede a um planejamento, uma ação sucede a uma ideia, tendo domínio sobre isso o hermetista poderá perceber que uma mudança em si mesmo precisa de antes haver a vontade da mudança.
     Continuando para o segundo princípio, temos o ¨ o que está em cima é como o que está abaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima¨, este é o princípio da correspondência e a primeira coisa que é preciso saber, é que ao dizer ¨ é como¨ o autor quer dizer é análogo.  Refletindo sobre esse princípio eu cheguei a conclusão de que ele é como um método para se aprender algo, dominando esse princípio eu poderei olhar para um plano inferior analisar, retirar uma lógica e aplicar a um plano superior ou vice versa. se você analisar o seu quarto poderá ver que tá tudo uma bagunça menos a sua estante de livros, talvez e numa análise interna você poderá perceber que sua vida está uma bagunça e apenas os seus pensamentos acadêmicos estão organizados. 
     Seguindo para o terceiro princípio, ¨ nada está parado, tudo se move¨ esse é o princípio da vibração e aqui as coisas ficam mais cabulosas, quando ele diz que tudo vibra eu penso na corda do violão, e como na mesma corda você tem uma nota C e uma nota G, a diferença entre elas é a forma como vibraram. todas as coisas vibram e de acordo com ela, será a forma como se manifestará, talvez isso seja tranquilo de entender quando olhamos o plano material, mas o livro aponta que o plano mental também vibra, e a diferença entre o mental e  o material é exatamente a vibração mais sutil do plano mental, também faz parte deste princípio o fato de vibrações serem de alguma forma contagiosas, e o domínio sobre essa ideia faria o praticante ter maior controle do que vibrar e de como sua vibração pode afetar outras pessoas. 
     O quarto princípio é da polaridade ¨ tudo é duplo; tudo tem seus pólos; tudo tem seu par de opostos; o semelhante e o dessemelhante são uma só coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados¨. Neste é abarcado a ideia de que tudo se tem pólos, de que duas coisas são opostas em grau em uma mesma medida, o calor e o frio são opostos da mesma medida que é a  temperatura, ter domínio sobre esse princípio dará ao praticante ciência de que algo só pode ser mudado em seu oposto, não se muda medo em amor, mas sim em coragem.
     Sigamos para o quinto princípio, ¨tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés¨ esse é o princípio do ritmo, de acordo com ele tudo se desloca de forma pendular entre os pólos de acordo com a força proporcional que o movimentou e havendo o domínio sobre esse princípio propicia ao hermetista saber que haverá um refluxo em suas ações e mesmo que seja impossível cancelar esse refluxo, ao praticante que dominar esse princípio em soma do princípio da polarização vai ser capaz  de  se polarizar em algo que se deseja e quando  o ritmo for levar o praticante ao outro pólo, ele possa ser capaz de fazer o pêndulo agir no plano inconsciente de sua mente, e aqui eu vou confessar que este é o princípio que eu mais tenho dificuldades de entender agora, e talvez eu precise dominar outros para chegar a dominar este, de qualquer forma saber que haverá um ritmo contra, te dará conhecimento do que se quer de verdade e das consequências disso.
     Estamos agora no penúltimo princípio, e este é o que mais gosto, o princípio da causa e efeito ¨toda causa tem seu efeito; todo efeito tem sua causa; todas as coisas acontecem de acordo com a Lei; o acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei¨  esse é um princípio muito próximo de meu entendimento de carma que aprendi com o budismo talvez haja uma diferença entre o carma e este princípio, o carma parece se referir apenas a ações enquanto este princípio se aplica a todas as criações sejam mentais ou não. Todo efeito possui uma causa que o gerou e o acaso é um efeito que ainda não descobrimos a causa e nem sempre a causa e o efeito se manifestam no mesmo plano, como por exemplo se pegarmos uma cadeira e quebrar ela nas costas de um amigo( plano material), ele vai ficar com raiva ( plano mental). dominando essa Lei, o hermetista poderá cada vez mais tomar a posição de causa e menos de efeito, seja sendo a causa de seus próprios efeitos como ser a causa em efeitos em outras pessoas.             
Finalmente o último princípio, o polêmico princípio do gênero ¨ o gênero está em tudo; tudo tem os seus princípios masculino e feminino; o gênero se manifesta em todos os planos¨. que primeiramente usá da linguagem de masculino e feminino que causa um mal entendimento na época atual, com a pauta de gênero sendo debatida, e eu concordo os termos são ruins para nossa época, mas pense… o livro é de 1908...mas enfim eu prefiro os termos expansivo para masculino e receptivo para feminino, esses meus termos não abarcam em quase nada o que esses gêneros seriam, mas é o que tem para hoje. pois bem os gêneros estão presentes em tudo, sendo o expansivo responsável pela parte criativa, a que possui a vontade, a que decide a direção, a força criadora. enquanto a receptiva é a parte que recebe, que gesta, que define, que limita, que transforma a vontade em ação. o propósito é que você possa ter domínio das suas forças criativas e receptivas em equilíbrio ou ao menos ter ciência dela para saber usá las, se em um momento de medo todos seus amigos estão com medo use o gênero expansivo para disseminar a coragem ou se estiver em uma situação de que precisa ouvir duas partes de um problema para achar uma solução, use seu gênero receptivo.
     Eu gosto de explicar o que entendi do material e depois falar do que penso sobre, mas acredito já ter misturado um pouco as duas coisas no texto, de qualquer maneira o livro é foda, esses princípios pretendem ser leis que se aplicam a tudo, elas se entrelaçam e coordenam o mundo, e penso que elas estão certas, agora que que as li vou sempre tentar observar e usá las, ver se é isso mesmo.
11 notes · View notes
irunevenus · 2 months ago
Text
Giordano Bruno: A Vida e a Condenação do Filósofo da Infinitude
Giordano Bruno, nascido em janeiro de 1548 na cidade de Nola, no sul da Itália, foi um filósofo, matemático, poeta e astrônomo que se destacou por suas ideias revolucionárias sobre o universo. Ele ousou questionar as noções tradicionais do cosmos, defendendo teorias sobre a infinitude do universo e a multiplicidade dos mundos — ideias que, na época, desafiaram não só a ciência, mas também a doutrina católica dominante. Este artigo busca introduzir sua vida e trajetória, desde sua formação inicial até a condenação final que selaria seu nome na história como um dos mártires do pensamento livre.
Infância e Formação
Filho de Giovanni Bruno e Fraulissa Savolino, nasceu Filippo Bruno (nome que ele mudaria para Giordano ao entrar na vida religiosa) em uma família modesta, e desde cedo demonstrou inclinações para o estudo e a filosofia. Em 1562, com 14 anos, ingressou no convento de São Domingos, em Nápoles, uma ordem católica dedicada ao ensino e ao estudo. Lá, começou a se aprofundar na filosofia escolástica e na teologia, estudando a fundo Aristóteles e Tomás de Aquino, mas também nutrindo interesse pelas ideias menos ortodoxas de antigos filósofos gregos como Heráclito e Pitágoras.
Sua formação na Ordem dos Dominicanos moldou grande parte de seu pensamento inicial. Ele se dedicou com rigor aos estudos e à prática religiosa, mas seus questionamentos sobre certos dogmas da Igreja logo começaram a despertar controvérsias.
Conflitos com a Igreja e Fuga da Itália
Bruno começou a criticar publicamente certas doutrinas católicas, especialmente questões como a transubstanciação, a Trindade e a natureza de Cristo, desafiando verdades consideradas inquestionáveis na época. Além disso, ele mostrava interesse por temas como a arte da memória — técnicas mnemônicas que ajudavam a expandir a mente e organizar o conhecimento de forma estruturada e simbólica — e pela filosofia hermética, associada ao pensamento místico e alquímico.
Percebendo que suas ideias estavam se tornando perigosas em um ambiente tão ortodoxo, Bruno abandonou a ordem e, em 1576, fugiu de Nápoles para evitar um processo de heresia. Sua vida a partir daí foi marcada por uma constante movimentação pela Europa, onde procurava refúgio em diversos países, como França, Inglaterra, Suíça e Alemanha. Em cada lugar, ganhava a vida lecionando, escrevendo e compartilhando suas teorias, ao mesmo tempo em que escapava das ameaças da Inquisição.
Principais Obras e Teorias Revolucionárias
Entre suas obras mais famosas estão De l’infinito, universo e mondi (Sobre o Infinito, o Universo e os Mundos), De la causa, principio e uno (Sobre a Causa, o Princípio e o Uno) e De umbris idearum (Sobre as Sombras das Ideias). Nessas obras, Bruno abordava ideias que, hoje, parecem se alinhar mais com a cosmologia moderna, especialmente o conceito de pluralismo cósmico — a crença de que o universo é infinito e que existem múltiplos mundos habitados.
Além disso, Bruno rejeitava o geocentrismo, a ideia de que a Terra estava no centro do universo, defendendo que o cosmos não tinha um ponto central e que as estrelas eram sóis de sistemas planetários independentes. Para ele, a infinitude do universo era um reflexo da infinitude divina, uma visão que desafiava as estruturas filosóficas e teológicas da época, pois se afastava de um universo fechado e hierárquico controlado diretamente pela divindade.
Retorno à Itália e Prisão
Depois de muitos anos viajando pela Europa, Giordano Bruno retornou à Itália, aceitando um convite para lecionar em Veneza, o que muitos consideram um erro fatal. Em 1592, ele foi denunciado por heresia às autoridades da Inquisição em Veneza e, em seguida, transferido para Roma, onde passaria os últimos sete anos de sua vida na prisão, enfrentando interrogatórios e tortura.
A Igreja Católica via em Bruno uma ameaça não só teológica, mas também social. Suas ideias místicas e sua visão do cosmos subvertiam as noções cristãs tradicionais e ameaçavam a estrutura de poder religiosa e política. Durante seu julgamento, Bruno foi acusado de uma série de crimes, incluindo a negação da doutrina da Trindade, a rejeição da condenação eterna e o apoio a teorias cosmológicas que violavam as escrituras.
Condenação e Execução
Em 1600, após anos de tentativa de fazer com que ele se retratasse, Bruno foi condenado à morte por heresia. No dia 17 de fevereiro, foi levado ao Campo de' Fiori, uma praça em Roma, onde foi queimado vivo. Até o último momento, recusou-se a abjurar suas ideias, o que o tornaria um dos grandes símbolos do livre pensamento e da liberdade de expressão.
Ao ser levado para a execução, é dito que Bruno olhou para seus inquisidores e declarou: “Vocês talvez sintam mais medo em pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la.”
Legado de Giordano Bruno
Giordano Bruno é hoje lembrado como um dos primeiros mártires da ciência e da liberdade de pensamento. Suas ideias sobre o universo infinito e a pluralidade dos mundos foram redescobertas e celebradas com o avanço da astronomia moderna, e ele é reverenciado como um visionário que esteve à frente de seu tempo.
Embora tenha sido condenado pela Igreja, o impacto de Bruno não foi apagado, e sua vida e morte representam a luta contra a opressão do conhecimento e a busca incessante pela verdade. Ao desafiar a visão de mundo de sua época, ele deixou um legado que ainda inspira pensadores, cientistas e defensores da liberdade intelectual em todo o mundo.
0 notes
gralhando · 4 years ago
Text
A Máquina do Mundo - Drummond
E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta, sem emitir um som que fosse impuro nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção contínua e dolorosa do deserto, e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende a própria imagem sua debuxada no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando quantos sentidos e intuições restavam a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los, se em vão e para sempre repetimos os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte, a se aplicarem sobre o pasto inédito da natureza mítica das coisas,
assim me disse, embora voz alguma ou sopro ou eco ou simples percussão atestasse que alguém, sobre a montanha,
a outro alguém, noturno e miserável, em colóquio se estava dirigindo: "O que procuraste em ti ou fora de
teu ser restrito e nunca se mostrou, mesmo afetando dar-se ou se rendendo, e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza sobrante a toda pérola, essa ciência sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida, esse nexo primeiro e singular, que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente em que te consumiste... vê, contempla, abre teu peito para agasalhá-lo.”
As mais soberbas pontes e edifícios, o que nas oficinas se elabora, o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento, os recursos da terra dominados, e as paixões e os impulsos e os tormentos
e tudo que define o ser terrestre ou se prolonga até nos animais e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios, dá volta ao mundo e torna a se engolfar, na estranha ordem geométrica de tudo,
e o absurdo original e seus enigmas, suas verdades altas mais que todos monumentos erguidos à verdade:
e a memória dos deuses, e o solene sentimento de morte, que floresce no caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relance e me chamou para seu reino augusto, afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em responder a tal apelo assim maravilhoso, pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
a esperança mais mínima — esse anelo de ver desvanecida a treva espessa que entre os raios do sol inda se filtra;
como defuntas crenças convocadas presto e fremente não se produzissem a de novo tingir a neutra face
que vou pelos caminhos demonstrando, e como se outro ser, não mais aquele habitante de mim há tantos anos,
passasse a comandar minha vontade que, já de si volúvel, se cerrava semelhante a essas flores reticentes
em si mesmas abertas e fechadas; como se um dom tardio já não fora apetecível, antes despiciendo,
baixei os olhos, incurioso, lasso, desdenhando colher a coisa oferta que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara sobre a estrada de Minas, pedregosa, e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo, enquanto eu, avaliando o que perdera, seguia vagaroso, de mãos pensas. A Máquina do Mundo de Carlos Drummond de Andrade, do livro “Nova Reunião”, José Olympio Editora – Rio de Janeiro, 1985, pág. 300.
O piso feito de cólica, o coração ardendo em fogo de doença, os pensamentos dançando música imaginária, estranha como o riso fixo e estranho na boca inconsciente. Pernilongos com mau humor sugando a sabedoria do barro cognitivo rígido. A timidez e a grandeza de ossos finos. O tombo risonho porque não reconhece o chão, e entre o chão e o sangue um pensamento de glória macula as bandeiras das maiores vergonhas.
4 notes · View notes