#busca de emprego
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xuxuzinhoo · 1 year ago
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meu (ex) marido é meu marido - Na Jaemin
Jaemin como seu ex marido que faz de tudo para ser seu marido de novo.
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avisos: jaemim! ex marido! pai da sua filha • sujestivo • e um pouco de br!au
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* * *
□ Você se separou do nana por conta do homem focar demais no trabalho; dois empregos e pouco tempo com a família. Estão separados mas não divorciados ainda.
□ Você se separou do Nana mas não consegue se afastar da vida dele, pois o moreno não deixa. Qualquer oportunidade ele consegue te subornar a sair com ele com a filha de vocês como pretexto.
"Se arruma lá, que tua sogra quer te ver." ' - ele diz enquanto você leva a filha ao portão dando os últimos toques no penteadinho que fez. Fecha a cara e cruza os braços na calçada quando escuta a falácia de Na, dizendo que não tinha sentido aparecer em aniversário de ex sogra, mas como sempre jaemin usa a filha de vocês como desculpa.
- Você é mãe da neta dela! dá na mesma. agora vai logo mulher! filhota apressa a mamãe que a gente não tem o dia todo.
□Que não deixa de reclamar sobre você ter bloqueado ele nas redes sociais e ainda te chama de mulher dele.
□ Que vive te dando satisfação da vida só pra mostrar que não tá com ninguém, que o coração ainda tá preso em ti.
□ Te convida pra sair só pra conversar sobre a filha de vocês mas no final acabam em uma roda de pagode se beijando cantando sorriso maroto, e ele pedindo perdão enquanto canta "sinais" e "brigas por nada" quase chorando no pé do teu ouvido.
□Que não deixa passar um oportunidade de entrar na sua casa quando leva a filha adormecida para a cama na noitinha de volta do passeio, e de quebra vai te levando na lábia e quando vê tá te metendo no quarto .
"Shii!! Jaemin vai devagar, nossa filha vai acordar! "
"só quando eu terminar de fazer outro em você, pra tú tomar vergonha nessa cara e voltar pra mim."
□Que é viciado em te mimar, te busca no trabalho toda sexta com um copão de açaí porque sabe que você vai tá cansada.
□Mostra que mudou com gestos e nunca perde oportunidade de pedir uma nova chance.
"-mulher eu te amo pra caralho. Volta pra mim, tô cheio de saudade, doido pra ficar contigo faz assim com gente não"
(...)
"eu larguei o outro emprego amor, faço o que tú quiser mas não me abandona não. volta pra mim."
□Toda vez que você aceita ir a uma festa de família e o começa a xoxar ele só ri e continua bebendo a cerveja, sentado e caladinho como "mulher fala eu sento e escuto"
"Pode juntar dinheiro pra fralda gente Ela late mas não morde. Daqui a pouco dou um chá de pica pra acalmar e a gente faz o Miguel hoje a noite"
-JAEMIN!
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bibescribe · 2 months ago
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senhor e senhora mello
danton mello x reader
✨️ fluff
n/a: a temática é anos 40, por isso um certo machismo datado, enjoy! sim, terá outras partes.
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- não pense nisso como um casamento arranjado, filha, pense como um casamento muito proveitoso, quase uma caridade.- a descrição da sua mãe te animou menos ainda, então casar com você seria uma caridade?
- acho que prefiro não pensar assim, mamãe, muito obrigada. - você disse afastando as mãos da matriarca do seu cabelo, que ela escovava obsessivamente.
não é todo dia que uma moça de 27 anos descobre que foi arranjada a um homem, você jurava que na sua velha idade já teria se tornado indesejável pra qualquer um, mas não, o advogado mais importante da cidade, danton mello, pediu encarecidamente sua mão aos seus pais e seu pai ficou mais do que feliz em entregá-la de mão beijada.
você conhecia danton, afinal, quem não conhecia? advogado que teve um fim de casamento escandaloso após a esposa fugir e deixá-lo a ver navios com um casal de gêmeos, mas dr. mello não se lamentava, as senhoras da cidade faziam isso no lugar dele, seu drama de marido abandonado e pai solteiro o elevaram ao status de anjo da cidade, se ele desse um soco na cara de um rapaz provavelmente a vítima que tinha batido o rosto no punho dele sem querer, solteiro, com uma história trágica e dinheiro pra dar e vender, o homem era o partido da cidade.
você não comprava o teatro, pensava que para uma mulher largar o conforto do lar e seus dois filhos que acabaram de sair da primeira infância só poderia ter um culpado: o marido. não era impossível, amigas suas que se tornaram donas de suas próprias casas comentavam sobre maridos jogando cadeiras pra lá e pra cá em crises de raiva, as mais sortudas tinham que lidar com homens simplesmente estúpidos, herdeiros que nunca leram um livro na vida e só sabiam conversar sobre eles mesmos.
- ele é um bom homem, estudado, os filhinhos são pequenos logo logo vão lhe ver como mãe, e quando você tiver seus próprios filhos todos serão uma grande família. - sua mãe faltava suspirar enquanto falava.
- talvez, mamãe.- foi sua única resposta.
você sempre teve uma personalidade mais teimosa, não tinha medo de questionar seus pais e por vezes era até incentivada, tanto que tinha seu próprio emprego como preceptora de uma família da área mais abastada da cidade e se mantinha solteira mesmo se aproximando dos 30, mas casamento e estabilidade financeira eram questões que você sabia não ter voz, graças a uma mulher que você nem chegou a conhecer, sua tia lídia.
lídia foi uma das tantas mulheres que se casaram por amor e acabaram com um destino desafortunado, a moça era a mais nova da família, a mais mimada e avoada, mas ninguém esperava que ela fosse fugir com um oficial qualquer da marinha, sua mãe contava a história como os mais velhos contavam sobre o bicho papão, discorrendo sobre como os homens da família foram em busca de lídia por dias rezando para que o escândalo não fosse maior, quando os pombinhos foram encontrados tiveram que se casar para evitar maiores danos, sem um dote significativo, o casal passou anos sendo sustentado pelos pais da noiva e depois pela sua mãe e seu pai, você ainda ouvia a raiva e revolta na voz da sua mãe contando sobre como ela teve que atrasar o nascimento de seus próprios filhos para sustentar os filhos de lídia e como você merecia ter irmãos mas infelizmente o tempo não foi generoso.
casamento e dinheiro eram coisas sérias para sua família desde sempre, não queria ser uma segunda lídia, não queria se tornar um estorvo, queria livrar seus pais do fardo de alimentar mais uma adulta e se casando com um homem abastado poderia até reverter os papéis e ajudá-los financeiramente, sua mãe tinha a fantasia de ir a petrópolis duas vezes por ano e tomar uma jovem como dama de companhia, você poderia tornar esses sonhos realidade.
- eu queria conversar um pouco com ele, antes disso tudo, é muito novo eu não tenho certeza de como agir ao redor dele, vai que ele não gosta de mim - você disse tentando explicar seu ponto para sua mãe.
- ah minha joia, quem não gostaria de você, mas eu posso pedir ao seu pai dar uma ligadinha para ele para marcar um encontro. - sua mãe disse e deu uma piscadinha.
- ligar? mãe isso é caro. - você exclamou, sua família tinha acesso a pequenos luxos de vez em quando mas ligações banais não era um deles.
- filha, é por uma boa causa, e pense que em breve essas palavras nunca mais sairão da sua boca. - ela disse continuando a escovar seus fios.
seu pai teve a boa vontade de ligar para o escritório de danton e foi atendido por uma secretária com sotaque lento como se estivesse trabalhando enquanto sonâmbula, o encontro foi marcado na praça da cidade e sua mãe comentou em como seria bom para fomentar burburinhos na sociedade e mandar o recado de que o mais velho já tinha dona, sua única resposta foi um revirar de olhos.
chegando ao parque, viu de longe o cabelo grisalho bem escovado e o terno cinza, dr. danton estava acompanhando o movimento dos transeuntes com os olhos, se estava nervoso não demonstrava, era quase como se pedisse a mão de uma desconhecida todos os dias, você se aproximou do homem temendo que ele não lhe reconhecesse mas quando seus olhares se cruzaram você identificou o reconhecimento dele, então seu futuro noivo sabia de você mais do que você sabia dele.
- onde estão seus filhos? - você perguntou assim que chegou perto dele, seus pensamentos intrusivos vencendo a primeira batalha.
- boa tarde para a senhorita também, fez um passeio seguro da sua casa até aqui? -  o homem perguntou irônico mas bem humorado, naquele momento você percebeu que o mais velho não era o tipo de homem com os gracejos e galanteios genéricos dos homens da época, ele era direto ao ponto e não tinha medo de você não entender seus sarcasmos.
- perdão, eu pensei que o parque era uma desculpa para que eu conhecesse seus filhos.- você se desculpou e sentou ao lado dele, para sua surpresa, percebeu que o mais velho não tinha perfume, esperava sentir o aroma de algum laçamento da colônia 18, mas nada.
- você vai conhecê-los em breve, e respondendo sua pergunta, eles passam a manhã na escola e a tarde na casa do meu irmão selton, eu os busco e os levo para casa no fim do meu dia de trabalho.
- ah, interessante, eles frequentam a mesma escola então?- você questionou genuinamente interessada nos métodos de educação que danton empregava aos filhos, isso daria uma boca dica do tipo de homem que ele era.
- sim, eles fazem as mesmas atividades, são muito unidos e é logisticamente mais fácil, imagine ter que se deslocar do o outro lado da cidade para buscar minha menina no balé e sair correndo até a outra ponta buscar meu menino no críquete? impossível.
isso lhe causou uma boa impressão, aparentemente ele não ligava que seu filho fizesse atividades consideradas femininas e vice versa, tudo bem que o propósito principal era sua própria praticidade, mas uma vitória é uma vitória, certo?
você se levantou, não se sentia confortável simplesmente encarando e sendo encarada, o mais velho te seguiu e começaram a passear com passos de tartaruga pelo parque, você decidiu cuspir a pergunta que estava presa a tanto tempo.
- senhor...- começou.
- danton, só danton.- ele quis quebrar a parede entre vocês
- senhor danton. - você insistiu, teimosa - eu preciso saber, eu sei quem o senhor é obviamente, mas não temos nenhuma conexão, como o senhor me descobriu e por que o senhor quer casar comigo?
- nossa, que direta, bom, eu lhe vi pela primeira vez na casa dos monteiro, você trabalha lá, certo? - ele começou, estava com as mãos nas costas e andava olhando para a paisagem, sem muito lhe encarar.
- sim, eu ajudo o marcelo e a ana com os deveres de casa, ensino francês e piano. - você estava orgulhosa das suas aptidões, se considerava uma mulher moderna por não ter que pedir dinheiro ao seu pai para fazer um corte de cabelo, por mais que algumas mulheres mais velhas argumentassem que isso lhe colocava em zonas baixas da sociedade, você se sentia poderosa e capaz.
- olha, eu não vou mentir pra ti, você parece uma noiva apropriada pra mim, eu claramente não preciso de um casamento com um dote gigantesco, eu tenho o suficiente, então eu pensei que poderia ser proveitoso a mim e à você, eu sei que sua situação não é uma das melhores. - danton disse com ar orgulhoso e zombeteiro.
essa declaração foi um balde de água fria nas suas impressões positivas prévias, ele basicamente disse que viu a uma moça pobre e bem educada e resolveu levá-la para casa como um cachorrinho, ele provavelmente viu em você uma oportunidade para ter uma nova mãe para as crianças e uma nova mulher para sua cama, se sentiu ofendida, não era um filhote jogado na rua para se recolhido e adotado por outra família, poderia viver do seu trabalho pelo resto dos seus dias, não seria uma vida abastada mas seria uma vida, você parou de andar e se posicionou na frente do homem bloqueando sua passagem.
- senhor danton, se me permite, sua situação também não é uma das melhores, sua mulher lhe abandonou, que moça jovem como eu iria querer cuidar de dois filhos que não os dela? - você se atreveu, se ele podia falar o que quisesse também podia ouvir, já que as cartas estavam na mesa deixe os dois jogadores mostrarem seus baralhos.
- você deveria investir em atuação, quase me fez acreditar que realmente está satisfeita sendo uma solteirona morando na casa dos seus pais, mas eu vou jogar seu jogo; cara senhorita preceptora de francês, não gostaria de aplicar seus conhecimentos nas ruas de paris? não seja teimosa, você já cuida de duas crianças que não são suas, o que muda? por que isso é melhor do que cuidar de duas crianças dentro da sua casa? você não precisa me amar, só precisa se disponibilizar a ser útil para mim como eu estou me disponibilizando a ser útil para você.
aceitar ou não aceitar não eram opções, mas não significava que teria que baixar a cabeça para o advogado, ele te teria, mas não atrás, e sim do lado dele, quer ele queira ou não.
- eu topo. - você declarou estendendo a mão para receber um aperto.
- é claro que topa. - ele correspondeu o cumprimento.
4 meses se passaram, aparições sociais foram feitas, o enxoval foi comprado, danton tinha passado de esnobe insuportável para só esnobe; havia algo nele, um brilho de divertimento quando você o desafiava, ele travava uma luta justa, não lhe dava mole por você ser mulher, se houvesse alguma pergunta que você não conseguia responder ele te mandava para a biblioteca da cidade, se houvesse uma gracinha proferida por ele que te pegasse desprevenida, ria da sua cara como se você fosse sua irmã e não uma futura esposa.
- o senhor mello quer que você vá na casa dele no sábado, ele especificou que quer que você conheça as crianças, meu bem. - sua mãe declarou enquanto entrava no seu quarto, ela usava um vestido novo, você sabia porque existia uma certa rotatividade de suas vestes devido ao orçamento limitado, se ela se deu a liberdade de comprar algo novo significava que ela via um brilhante futuro financeiro, ou a perspectiva de menos um gasto.
- ok, vou amanhã. - você respondeu sem tirar os olhos do livro que lia.
- o carro já está lá fora, pedi 20 minutos ao motorista, se apresse. - ela retirou o livro da sua mão e saiu do quarto.
você chegou na casa grande e bem localizada, ao contrário do que sua mãe pensava, você não estava nervosa, lidava com crianças o dia inteiro, bateu na porta e ouviu uma corridinha, danton a abriu para ti, a empregada estava atrás do homem meio ruborizada, indicando que ela tinha intenções de lhe receber mas foi vencida pelo patrão.
- olá, querida, pensei que seria bom que conhecesse as crianças, isabella e eduardo. - ele se virou para as duas criaturinhas no sofá que te olhavam com curiosidade - essa moça veio especialmente vê-los e brincar com vocês, sejam gentis.
você foi até as crianças e fez seu truque mágico para atraí-las: se sentou no chão e deixou que eles ficassem maiores do que você, instantaneamente isabella sorriu e lhe mostrou a última boneca que ganhou do tio selton, ‘ele trouxe de avião só pra mim’, eduardo era mais tranquilo, mostrou seu violão ‘parece de adulto, mas eu sei tocar, meu pai me ajuda’.
as crianças eram adoráveis e quando você piscou a tarde já estava chegando ao fim e a empregada já estava na soleira mandando os meninos irem tomar banho, com gritinhos de ‘tchau tchau’ e ‘já volto, tia’ eles te deixaram sozinha na sala, até que danton apareceu com chá e biscoitinhos.
- que bom que você se deu bem com eles, é meio que pré-requisito pra sua posição sabe. - o homem dizia enquanto depositava a refeição na mesinha de centro e, te surpreendendo, sentando no chão ao seu lado, recostando as costas na parte de baixo do sofá.
- eles são uns docinhos, e muito inteligentes, os dois.
- sim, sabe eu queria mostrar mais do mundo pra eles, meu irmão vive viajando e os meus sobrinhos tem tantas histórias, mas não consigo é tudo tão complicado, fazem tantas perguntas, parei de ir a restaurantes com minha filha porque não sabia o que fazer quando ela quisesse ir ao banheiro, uma vez fui buscá-los na escola e uma das mães ameaçou chamar a polícia pois pensou que eu era um pervertido espreitando, o mundo não foi feito para pais presentes, muito menos para pais solteiros. - danton desabafou em uma só respiração, você imaginava como era a dinâmica da família, mas não pensava que era tão limitada.
- e em comparação, as mães mal podem matricular seus filhos em escolas sem a assinatura do pai, parece que o bem estar da criança não é tão prioridade quanto os papéis sociais.- você terminou e percebeu que danton te encarava.
- olha, eu não quero te obrigar a ser maternal com eles, nem posso, mas eu quero que meus filhos tenham uma idéia de vida normal, uma idéia do amor de uma mãe, a isabella às vezes me pergunta quando a mamãe volta e eu não sei responder.
- eles vão ter esse amor, senhor, eu prometo, se eu não conseguir ser mãe, serei a melhor amiga. - você disse e em um ímpeto de coragem, beijou o rosto do mais velho, sentiu em seus lábios o salgado de uma lágrima que escapou do homem, queria dizer algo a mais mas ouviu os passinhos e os gritos pelo seu nome, as crianças tinham voltado e já atacavm os biscoitos, você se afastou de danton.
o dia do seu casamento veio e se foi como o vento, a cerimônia foi calma e tradicional, sua família e amigas estavam lá assim como os colegas e irmão de danton, além de claro, seus filhos.
- tomo-te por marido, para ser-te fiel na saúde e na doença, na alegria ou na dor, até que a morte nos separe. - você declarou, se esforçando ao máximo para sentir aquelas palavras na sua alma.
a recepção foi simples mas calorosa e por uns minutos você esqueceu que aquela era sua festa de casamento com um homem mais velho que você mal conhecia, dançou e bebeu vinho demais, se jogou nos braços de danton como se ele fosse seu namorado de adolescência, o amor da sua vida, o mais velho olhou nos seus olhos e lhe beijou arrancando gritos dos convidados, tudo ia bem, era um casamento feliz e um casal mais feliz ainda, você seria a senhora mello para sempre, os filhos dele agora eram seus.
a lua de mel teria que ser apenas na próxima semana, paris, como ele tinha mencionado, até o dia da viagem, você ficaria na casa de danton, agora sua, ‘quem te disse que o casamento começa na lua de mel, você já é minha mulher’, jantaram como um casal, brincaram e leram com as crianças em uma atmosfera amigável, mas sua mente seguia nervosa, sabia o que esperar da noite.
deu beijinhos e ‘até amanhã’ para as crianças, desligou as luzes e subiu, enqunto se banhava ouviu uma comoção no quarto e sabia que, quando saísse da suite, danton estaria ali, mas tinha que sair alguma hora, vestida de uma camisola especialmente curta, cortesia de sua mãe, você se lançou a cama como um foguete e se virou, ainda de olhos abertos, não demorou até que sentisse a presença do mais velho atrás de ti.
danton lhe distribuiu beijinhos pelos ombros até o pescoço e enlaçou sua cintura com o braço, você se manteve tranquila, sabia o que tinha que fazer, ele era um homem bom, ele era carinhoso e paciente apesar das piadinhas cheias de graça, você tinha fé que ele te guiaria e compreenderia.
- danton…- você disse sentindo o mais velho subir em cima de você agora distribuindo beijos pelo seu colo juntamente com o pescoço.
- sim, esposa? - ele murmurou perdido em seu próprio prazer.
- eu não quero.
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babydoslilo · 1 year ago
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Sob Holofotes
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Em Sob Holofotes, acompanhamos a trajetória de dois jovens extraordinários cujas vidas colidem em uma sessão fotográfica para uma renomada revista. Um talentoso cantor que trocou a agitação de Londres por uma busca musical nos Estados Unidos e um deslumbrante modelo com raízes americanas, mas que cresceu entre os encantos britânicos devido ao trabalho.
O enredo se desdobra quando a oportunidade de uma colaboração fotográfica surge, levando-os a encenar um namoro falso para ganhar visibilidade na internet. A fachada de um romance falso se torna o ponto de partida para reflexões mais profundas sobre identidade, amor e a complexidade das relações na era das redes sociais. 
Enquanto ambos enfrentam suas próprias jornadas pessoais, suas vidas se entrelaçam em uma trama de flashes e melodias, numa história que revela os desafios por trás da imagem pública, enquanto os protagonistas descobrem que, por trás das câmeras e dos holofotes, as verdadeiras melodias da vida continuam a ecoar.
Essa história contém: Fake dating (namoro falso); Htops; Lbottom; Smut gay, obviamente; Slow burn (as coisas demoram um pouco para acontecer); Possíveis gatilhos com relação aos encontros (tomei como base os stunts da vida real).
WC: + 34K de palavras. (Pegue a pipoca e fique confortável) 
Comentários e votos são sempre importantes, então não me poupem.
Aproveitem!
I
A vida de um homem que resolveu não seguir o que a sociedade havia escolhido para si não era nada fácil. O adolescente magrelo e pálido não queria outra coisa senão andar de skate, fumar maconha e tocar guitarra. Quando jovem adulto, no auge dos seus dezenove anos, resolveu não enviar a carta para as faculdades e no lugar disso ele juntou algumas economias com as apresentações que fazia nos bares da cidade e gravou uma demo. 
A bandinha de garagem, como muitos chamavam, era composta por alguns amigos que a vida lhe deu. Entre muitos experimentos, idas e vindas, dramas sobre quem iria ser a cara da banda, sobrou ele, Louis; Matthew, um velho amigo que se juntou à família quando começou a namorar a prima de Louis, apesar de agora serem apenas desconhecidos que se conhecem demais; Nick, o cabeludinho de moletom que certo dia, no ensino médio, pediu para fazer um teste e tocar com eles; e Jamie, o colega de turma de um dos seus melhores amigos e segundo guitarrista que tiveram, logo depois do anterior não aceitar dividir uma fama que sequer havia chegado. 
O Louis Tomlinson de quase 20 anos, assim que criou coragem e terminou de enviar a demo para pelo menos dez rádios locais e outros vários empresários conhecidos por apoiar a carreira de artistas iniciantes, se reuniu com seus parceiros de todas as horas na velha garagem tão bem conhecida, abriram uma caixinha de cerveja e se deixaram sonhar, mas o fato de arriscar tudo o que tinha e, na verdade, todo o seu futuro, fazia o rapaz se sentir apreensivo, não queria estar só. Sabia que a família ainda não aceitava muito bem sua escolha, e ele se pegava pensando se havia necessidade de ter sido tão radical ou ele poderia ter feito como Jamie que, mesmo na banda, acabou de ser admitido em duas faculdades. 
Ou como Matthew, que tocava muito bem, mas não dispensava qualquer outra oportunidade de emprego, sempre pensando na hipótese da vida de artista não dar certo, coisa que Louis nunca se deixou pensar para não atrair. Como Nick ele nem ousava comparar, era impossível haver realidades mais discrepantes. O amigo só era meio esquisito e misterioso, e com isso mascarava a riqueza da família muito bem por trás dos fios cumpridos oleosos e roupas desgastadas. 
Então era de se imaginar que quando finalmente ele recebeu um email que tinha como remetente um produtor local, lágrimas gordas saíram sem pedir licença pelos olhos azuis e uma respiração longa demonstrou quanto peso saiu das suas costas. A primeira comemoração aconteceu entre ele, seu velho notebook e uma garrafa de cerveja, enquanto respondia o email sem enxergar muito bem as letras por sua visão continuar cada vez mais embaçada. Depois, ele se recolheu em um canto do sofá manchado e sorriu entre as lágrimas que representavam nada mais que alegria e realização. Ele finalmente pôde sentir que era capaz. 
Hoje, após ter recém completado 25 anos, Louis olha para trás e fica feliz com sua pequena trajetória. Do subúrbio de Londres ele se mudou para Los Angeles logo após lançar o primeiro álbum de verdade, vendo como o produtor estava certo em dizer que aquele tipo de som faria mais sucesso nos Estados Unidos e, conforme era de se esperar, eles iriam aonde fosse necessário por um sonho. 
A saudade da família era uma questão a ser trabalhada já que a grana não era boa o suficiente para custear viagens tão longas e caras, mas pelo menos as principais comemorações tentavam passar juntos, tentando amenizar pelo menos um pouco a saudade que sentia da mãe, do padrasto e suas irmãs mais novas. Também foi meio que por eles o surgimento do nome oficial da banda, Arctic Monkeys, mas ninguém precisava saber que ele confundiu o Atlântico, aquele oceano que divide os dois continentes onde seu coração batia, com o Polo Ártico. Geografia nunca foi o seu forte mesmo. 
– Ei, Tommo! Consegui um job perfeito pra você, vai me agradecer depois. – Tristan Evans chegou sorrindo. 
O homem de cabelos loiros e olhos azuis gélidos era seu agente de relações públicas e secretário, na verdade o amigo meio que fazia tudo o que estivesse ao seu alcance para elevar a carreira da banda e dos meninos individualmente. Ele parecia novo demais apesar de ser poucos anos mais velho que Louis, já na casa dos trinta, e o estilo jovial com aquele sorriso de dentes pequenos contribuem para essa imagem. 
– Vamos lá Evans, me dê uma boa notícia de verdade dessa vez. – o menor sorriu descrente. 
Louis tinha acabado de fechar as cartas que chegaram no estúdio cobrando aluguel e outros financiamentos, nem tudo eram flores para bandas menores, e o agente sabia bem disso. O loiro corria para cima e para baixo procurando as mais diversas oportunidades para colocar os seus músicos preferidos às vistas do público, independentemente de como isso se daria, pois ao seu ver o importante era ser conhecido.  Foi assim, inclusive, que Jamie acabou em um comercial de pasta de dente na TV e Nick teve que fazer diversos posts patrocinados no Instagram. 
– Você lembra da Attitude Magazine, certo? Então, eu consegui o contato de um dos redatores da revista e agora você tem um ensaio fotográfico na próxima semana. – o homem de cabelos rebeldes sorriu orgulhoso ao passo em que pegava o celular para mostrar a conversa com o tal redator.
– Attitude.. aquela revista britânica LGBT? É dessa Attitude que você tá falando? – o olhar irônico estampava o rosto do moreno. – Por que eles iriam querer fotos minhas, um cara que deixou seu país para viver o sonho americano e ainda por cima nem representa a comunidade? 
– Você ainda é um filho da coroa, não é? Olha, Tommo.. confia em mim, eu sei o que estou fazendo. – sentou ao seu lado no sofá marrom que ficava atrás da mesa de som, fora do espaço de gravação, e pousou uma das mãos no ombro estreito do mais novo. – A revista não estampa apenas pessoas LGBT, apesar de que sua capa não vai ficar tão distante...
– O que você quer dizer com isso? – rebateu, confuso. 
Louis até teve uma pequena experiência quando mais novo, mas não chegou a considerar os beijos trocados com o seu antigo guitarrista em uma onda de maconha e álcool como algo válido. Na verdade ele nem desconfiava que alguém poderia saber do ocorrido já que naquele dia Matthew e Nick estavam tão chapados que sequer podiam lembrar os próprios nomes ou como mirar o pinto para mijar no lugar certo, quem dirá o que aconteceu entre os dois colegas. De qualquer maneira, mesmo que não tenha se interessado em repetir a dose com qualquer outro homem, sua vida sexual ou romântica não era pauta para o público, nunca foi. 
– Eles querem mostrar um pouco do jovem cantor que largou a vida em Londres para trás e passou a cantar sua história na América, e esse é você caso não tenha percebido. Mas também teremos outro jovem que tem raízes nos Estados Unidos e vive praticamente na Inglaterra desde muito novo por conta do trabalho.. são histórias bonitas e até que parecidas.
– Ainda não entendi em que ponto a comunidade se encaix-
– Ah sim, claro. Ele é um homem gay assumido desde criança praticamente, então é uma grande referência para várias pessoas. 
– E nós vamos fazer as fotos juntos? – perguntou o que já sabia apenas para confirmar. 
– E vocês vão fazer as fotos juntos! – Tristan sorriu brilhante. – O estilo das fotos depende muito do fotógrafo que vamos conhecer apenas no dia, então você deve estar preparado para glitter, roupas estranhas, pouca roupa.. sei lá o que passa na cabeça desse povo. Nada que você não possa lidar, com certeza. 
– Bom.. ok?! Pelo menos não vou ter que fazer vídeos para as redes sociais só para mostrar a marca que estou vestindo. – a alfinetada no companheiro que nem estava presente rendeu boas risadas até que ele se deu conta de um detalhe. – E o americano que vai fazer as fotos comigo, quem é?
– Oh, sim.. você provavelmente não conhece, moda não é muito sua área. – o loiro falou com ênfase ao encarar de cima a baixo as roupas que o mais novo estava usando, desde o conjunto de moletom cinza até a meia não mais tão branca. 
– Ha ha ha, como você é hilário. – a feição séria em conjunto com o revirar de olhos deixava claro o quão engraçado achava o que acabou de ouvir.
– Harry Styles, ele é modelo.
A mera ideia de ser fotografado para estampar uma capa de revista já não fazia muito sentido na cabeça de Louis. Ele lembrava do adolescente magro e baixo que sempre estava com o cabelo escorrido tapando boa parte do rosto e queria rir desse absurdo. Mas o tempo foi bem gentil consigo, não iria ser modesto e negar que envelheceu muito bem. 
Os fios agora se mantinham mais curtos, a barba rala que envolve o rosto anguloso lhe deixa com uma feição mais máscula e menos infantil, a pele menos pálida graças ao sol que não conhecia quando morava na Inglaterra, os olhos azuis que sempre foram sua parte mais chamativa, sem contar as diversas tatuagens que estampam seus braços contribuindo para uma imagem mais estilosa de si mesmo. Sabia que era objetivamente bonito, mas não ao ponto de sequer pensar em modelar um dia, ainda mais ao lado de um profissional. 
– E eu vou ter que posar ao lado de um modelo, obrigado Evans, obrigado mesmo. 
II
– Oi mãe… sim, eu também sinto muita falta de vocês.. é, talvez eu consiga, quer dizer- sim, vou estar nos Estados Unidos por alguns dias e posso passar em casa para ver como vocês estão.. tudo bem, eu também te amo, beijos.  
A foto em família que estampava a tela quando estava em ligação com a mãe desapareceu assim que o celular foi desligado, encerrando a chamada. Os dedos longos que contava com um esmalte azul clarinho já descascado brincaram com o aparelho mais um pouco antes de levar os dígitos até o rosto e esfregar os olhos pelo cansaço. A parte mais difícil da distância para Harry poderia facilmente ser a diferença de fuso horário. Enquanto em Manchester, onde morava, já se passava da meia noite, os pais estavam acabando de chegar do trabalho por volta das 18h nos Estados Unidos, mais precisamente em São Francisco. 
A cidade californiana foi palco para sua infância e pequena parte da adolescência, mas infelizmente ele não a reconhecia como lar. Desde muito novo o garotinho delicado de bochechas grandes e róseas foi visto como sinônimo de beleza, e isso meio que moldou todas as suas escolhas dali em diante.
Crescer numa família marcada por prodígios da medicina e da área da saúde em geral não lhe influenciou tanto quanto alguns parentes gostariam. A linhagem dos Styles era conhecida na cidade inteira pelos diversos consultórios que existiam nas principais avenidas, todos muito modernos e de arquitetura refinada, além de este ser um sobrenome comum de concorrer aos prêmios acadêmicos e no campo da pesquisa. Seu pai mesmo vivia viajando e compartilhando todo o conhecimento que possui sobre odontologia com o mundo em palestras e conferências. Emma, sua mãe, apesar de não ter afinidade com a área teórica, ainda sim era sócia majoritária do maior hospital da Califórnia inteira e por vezes atendia em seu próprio consultório para não ficar entediada em casa. 
Harry tinha apenas uma irmã mais nova e ela, seguindo o que já era esperado, estava cursando a faculdade de odontologia e pretendia seguir os passos dos pais. Mimada como sempre foi, não seria difícil achar boas referências para se espelhar e bons cargos para trabalhar no futuro. Clara sempre foi tudo o que Harry não pôde ser.
Ela era pequena, um tanto tímida, inteligente e esforçada em seus objetivos muito desejados. Diferente do irmão que quando mais novo abria mão de visitar o trabalho dos pais para ficar em casa experimentando diversas roupas e deslizando pelo corredor entre os quartos como se fosse um desfile de alta costura, ela implorava para a mãe lhe deixar ajudar no trabalho quando sequer tinha altura para subir sozinha na cadeira do consultório. O primeiro presente que ele lembra de ver a mais nova pedindo foi um conjunto de estetoscópio com tesouras e bisturi… o seu, naquela mesma idade, tinha sido uma máquina fotográfica e um kit de costura. 
A partir dali a família já tinha uma noção do que poderiam esperar para o futuro e não foi surpresa quando, aos 8 anos de idade, o pequeno Harry Styles venceu o primeiro concurso de beleza na escola, chegando em casa com uma coroa de príncipe, bochechas rosadas e uma faixa. Os anos seguintes contaram com um mesmo ganhador invicto de rei do baile, garoto mais bonito da sala e da escola inteira. E como se tratava de uma instituição bastante renomada e conhecida, não demorou para olheiros desse mundo reconhecerem o grande potencial que aquele garoto possuía. 
Com 14 anos ele chegou a implorar para que a mãe lhe increvesse no concurso de Mister e Miss Califórnia, que ele, com seus olhos verdes e sorriso de covinhas, obviamente ganhou. Aos 15 a competição ganhou abrangência nacional e ele representou sua cidade natal ao desfilar em Nova York e ganhar a faixa de Mister América, com direito a olhos brilhantes, um sorriso choroso e uma revelação do que queria seguir como carreira.
Além de talento e beleza, ele teve sorte que logo após um ano conseguiu fechar contrato com uma pequena empresa britânica que gerenciava modelos e que definitivamente abriu todas as portas possíveis para si. 
No entanto, nem tudo são flores e o processo de emancipação foi doloroso em casa. O pai, Peter Styles, não era muito a favor mas tinha consciência que oportunidades assim não surgem sempre, sua mãe, assim como a irmã, não conseguiam ajudar a fazer as malas sem desabar em choro e o fato de que seu garotinho de ouro raramente pararia em casa de agora em diante contribuía para tal. Já a escola sinceramente foi a melhor parte, nada que antecipar diversas provas e ter um sobrenome de peso não resolvesse. 
Assim, com 16 anos e um sonho para realizar, Harry se viu entrando em um voo para outro país, o primeiro de muitos que ele visitou graças ao trabalho. Algumas lágrimas salgaram o seu rosto e um frio na barriga se fez presente, mas sem arrependimentos apesar da insegurança comum. 
Hoje, aos 23 anos e alguns calos da vida, ele muitas vezes encontrava seu lar em quartos de hotéis, já muito acostumado para estranhar as diversas camas em que dormia, mas tinha um apreço especial por seu apartamento em Manchester. A verdade é que sua secretária, Cleo, provavelmente passa mais tempo no local do que ele mesmo, porém sempre que surge uma oportunidade imperdível de mais de 48 horas sem ter que ficar numa mesma posição em frente às câmeras ou segurar uma postura impecável enquanto desfila, ele aproveitava e voava de volta ao seu imóvel. 
Eram raras as vezes que conseguia tempo o suficiente para visitar a família, sua relação com eles, apesar de amá-los com todo o seu ser, acabou esfriando com a distância e ocupações dos dois lados. As ligações geralmente eram rápidas e objetivas, os horários dificilmente coincidiam e os feriados eram as épocas em que o modelo mais tinha a agenda lotada, dificultando ainda mais uma reunião. 
Ninguém tinha culpa nisso, o destino agiu de forma sorrateira ao tirar um adolescente do seio familiar, jogá-lo no mundo e esperar que ele amadurecesse sozinho. Sorte que Harry não precisou quebrar muito a cara para aprender a se virar, mas isso não tornou sua jornada mais fácil. 
Ser um garoto gay de gostos peculiares poderia ter sido mais problemático em outro mundo, mas desde que seu passatempo favorito era calçar os saltos da mãe e pisotear todo o assoalho de madeira envernizada quando criança, o mundo da moda lhe recebeu muito bem, como era esperado. 
Os olhares tortos não lhe incomodavam há tempos, sempre teria alguém para lhe julgar ou querer lhe dar uma rasteira, então ele aprendeu a usar isso como combustível e tudo o que essas pessoas conseguiam era um sorriso brilhante e uma postura cada vez mais segura. Styles teve que aprender a desviar a atenção das palavras más e focar na luz que lhe direcionavam, teve que aprender, também, a identificar aqueles que queriam lhe ajudar no seu trabalho e aqueles que só esperavam um primeiro deslize. 
A competição entre modelos era algo pouco divulgado, mas as consequências psicológicas e de convivência poderiam ser bem sérias se você não soubesse lidar. 
Esse foi um dos principais motivos para o modelo ter aceitado a proposta de contar um pouco da sua jornada para uma das revistas mais renomadas do Reino Unido. Além de agraciar seu “antigo eu” que pendurava as capas da Atittude na parede do quarto, seria importante mostrar como um garoto americano teve força o suficiente para fazer do mundo sua casa em prol de um sonho. 
Obrigado pelo carinho! Eu adoraria posar para vocês e com certeza estarei no ensaio segunda-feira, podem esperar por mim. 
Com amor, HS.
Era o que dizia o email que ele enviou respondendo àquela proposta pouco antes de se deixar adormecer pelo cansaço. 
III
O final de semana anterior ao ensaio foi marcado por um reencontro entre Harry e a família. Assim que ele deixou a Inglaterra na sexta pela noite após mais uma prova de roupas para um próximo trabalho, partiu direto para o aeroporto com um sanduíche natural em mãos, óculos escuros e uma cartela de analgésicos para lidar com a dor de cabeça que já sentia após horas trabalhando. 
Chegou em São Francisco na tarde do mesmo dia, o que poderia soar um tanto confuso, mas era um fato que ele desistiu de entender desde o seu primeiro ano como modelo. Um dos eventos mais recorrentes em sua rotina desde que se viu nesse mundo era justamente lidar com a loucura do fuso horário e o maldito jet leg, ainda era estranho esse esquema de quase viagem no tempo, então o cacheado só não perdia muito tempo pensando nisso. O táxi lhe deixou em frente a uma casa grande e elegante, quem via de longe podia presumir o tanto de dinheiro que quem vivia ali possui. A porta de madeira escura combinava muito bem com o tom de bege claro que estampava as paredes, e o jardim minimalista e bem iluminado conferia uma graça ao local quase intimidante.
Assim que tocou a campainha um sentimento bom lhe aqueceu o peito e apesar de não estar tão acostumado com o ambiente, ainda assim lhe trazia boas lembranças. A porta abriu com a visão de uma mulher deslumbrante, na casa dos 45, mas que exalava beleza, inteligência e elegância. 
– Hazza!! Meu bebê, finalmente você chegou! – foi recebido com um abraço sufocante que tanto sentiu falta. Era desse carinho que ele precisava quando sua vida estava de cabeça para baixo e tudo parecia desmoronar, mas nem sempre tinha ao seu alcance. 
Emma tinha os cabelos soltos, um tom de castanho quase loiro e algumas mechas mais claras dando luz ao visual, olhos verdes que foram espelhados no filho mais velho, e um sorriso grande. 
– Oi, mãe! Que saudade que eu tava da senhora.. parece que faz tanto tempo, mas eu estive aqui há uns dois meses atrás. – soltou uma risadinha enquanto se soltava do abraço para pegar as malas e finalmente entrar naquela casa que ainda tinha o mesmo cheiro da sua infância. 
– Depois que saiu de casa fica cada vez mais difícil voltar né, senhor Styles. – brincou a mulher, enquanto subiam as escadas para o quarto do maior e começavam a organizar suas coisas no cômodo. – Infelizmente seu pai acabou de sair para uma exposição na Universidade de Nova York, o voo foi adiantado mas ele deve voltar amanhã ou depois. Você ainda vai estar aqui, não é?
– Então.. – assim que a palavra saiu pelos seus lábios, sua mãe parou de desfazer a mala em cima da cama para lhe encarar com aquela postura que todas as mães conhecem, como se esperasse uma explicação muito boa para uma traquinagem que o filho fez. – Na verdade eu tenho um ensaio em LA na segunda e aproveitei para marcar uma reunião que estou adiando há tempos no domingo à noite. Então eu meio que só posso ficar aqui até domingo pela manhã, desculpa.
Ele se sentia um tanto culpado por isso, o que costumam chamar de ossos do ofício. Vinha adiando uma reunião importante faz meses por conta da agenda lotada e quando viu essa oportunidade, não podia deixar passar. Sua mãe ficaria triste por alguns instantes, sua irmã também, ele provavelmente não veria o pai, mas todos eles lhe entenderiam. Fazia parte do trabalho e se tem uma coisa que os Styles levavam a sério, era isso: trabalho. 
Ainda que poucos, os dias em família naquele final de semana fizeram diferença no humor de Harry. Foi bom passar um tempo com a mãe, assistindo filmes e conversando, até mesmo tentando não ser um desastre na cozinha quando ela resolveu dispensar os empregados para ter aquele momento com seus dois filhos. Clara, sua irmã, contou sobre como estava sendo o tempo de caloura na faculdade, totalmente empolgada sobre as matérias e colegas que tinha feito. 
No sábado eles fizeram uma vídeo chamada com o pai enquanto este aproveitava uma pausa entre duas apresentações na NYU, amenizando um pouco a saudade e finalmente coincidindo os horários. O homem bem arrumado e com a barba sempre alinhada era um poço de educação, o que foi grande exemplo para Harry ser quem era hoje, gentil e empático. 
A tarde logo passou e eles resolveram sair para jantar em família, num restaurante renomado, cujo chef era um velho conhecido. As duas lindas mulheres certamente não estavam acostumadas a esperar para comer enquanto algumas pessoas vinham atrapalhar a refeição para tirar foto com o primogênito mas, mais uma vez, eram as consequências da profissão. Tiveram um domingo marcado pelas despedidas tão comuns, sem mais lágrimas e resmungos porque tal cena virou algo habitual naquela família, e o modelo partiu de seu descanso para voltar ao mundo real.
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– E essa foi a nova música do Arctic Monkeys, pessoal! Vou lembrar novamente a todos os nossos ouvintes que essa belezinha já está disponível em todas as plataformas digitais para vocês ouvirem sem parar em casa! E agora para os românticos de plantão, a próxima música está no topo das paradas desde o lança..
O volume do rádio foi abaixado até se tornar apenas um zumbido insistente no cômodo. Os garotos tinham acabado de se ouvir na rádio pela centésima vez, mas sempre parecia surreal, cada nova chance de alcançar mais pessoas e conseguirem mais reconhecimento no trabalho que amam era especial.
Dia de sábado para uns poderia ser dedicado para descansar, sair com os amigos ou encher a cara. No entanto, para Louis era o principal dia de trabalho, porque quando não estavam fazendo shows ou viajando para fazê-los, estava em reunião com os colegas da banda e o agente, geralmente fechando alguns contratos ou criando novas músicas. Naquele sábado em específico eles estavam se sentindo realizados com o novo lançamento que prometia bombar muito, já que com menos de 24h de lançado, os fãs já conseguiram subir a hashtag para uma das rádios mais ouvidas de LA tocar em plena manhã.
Eles viam o burburinho nas redes sociais e ainda não parecia real que tanta gente os acompanhavam e realmente gostavam das produções, inclusive essas mesmas pessoas queriam sempre mais. Quando uma música era lançada sozinha, primeiro vinha os pedidos por clipe, depois teorias sobre a letras, para no fim terem milhões de pedidos por um próximo álbum. E isso se repetia toda santa vez. Louis sempre apreciou muito todo o carinho e dedicação dos fãs e tentava agradá-los o máximo possível, era por isso que estavam discutindo sobre um próximo clipe para esse lançamento caso a música consiga continuar nas mais ouvidas pelo menos durante essa primeira semana.
E depois de horas e horas de reunião, Jamie teve a brilhante ideia de pedir pizzas e cerveja já que ficariam no estúdio/escritório por, pelo o que parecia, a noite inteira. Era como se eles ainda fossem os mesmos amigos de 20 anos em uma garagem, com a cerveja mais barata que se podia achar e manchas gordurosas nas roupas por causa dos lanches duvidosos, quando por vezes esquecem de toda a pressão por serem uma banda de crescente sucesso e se deixavam trabalhar em suas melhores formas. 
Mas quando Louis acordou no domingo com um incômodo na cabeça e no estômago, ele repensou as atitudes da noite passada, julgando estar velho demais para pensar em projetos enquanto enche a barriga de comida gordurosa e cerveja de péssima qualidade. Então o dia foi bastante preguiçoso, trocou algumas mensagens com a família, o que lhe deixava sempre com um gosto amargo na garganta por estar tão longe e lembrando das irmãs e dos pais com carinho, apesar do aperto no peito. Falou com os rapazes sobre o próximo ensaio, já que estavam chegando cada vez mais perto do próximo show, e respondeu as mensagens de Tristan, seu agente. 
O loiro estava o lembrando mais uma vez da sessão de fotos que teria no outro dia pela tarde, porque Louis tinha o costume de esquecer das coisas, talvez sua adolescência rebelde e maconheira tenha certa culpa nisso, mas ele deixou essa persona para trás. Só que assim como alguns fantasmas do passado, esse assunto de ser fotografado lhe deixava um tanto desconfortável. 
Já tinha respondido o email com as perguntas que sairiam na matéria e, pelo visto, todas tinham um cunho bem pessoal. Foi perguntado sobre sua infância e como conheceu seus companheiros de banda, o que ele teve muito orgulho de contar e sentiu até uma certa nostalgia, respondeu também sobre como resolveu largar tudo e vir para os Estados Unidos por conta da música, lembrando de dar os devidos créditos aquele que lhe deu tal chance, e, perguntaram, ainda, sobre possíveis arrependimentos após essas escolhas, o fazendo lembrar da família e de como costumava ser apegado a todos eles antes de fazer um sacrifício pelo próprio futuro. Para essa questão ele respondeu que não considerava um arrependimento, no entanto. 
Mas ele não tinha costume de ser tão aberto sobre sua vida pessoal e não sabia o que esperar das fotos amanhã, se usariam alguma coisa remetendo a sua infância, se tentariam lhe deixar confortável com as câmeras ou se seria uma coisa totalmente diferente do que as perguntas lhe fizeram imaginar. 
Tomlinson dormiu por longas horas e acordou na segunda-feira com esses mesmos questionamentos na cabeça, nem um pouco mais tranquilo depois de descansar, mas pelo menos as olheiras não estavam tão presentes como sempre, então a maquiadora responsável pelo ensaio provavelmente ficaria feliz. Não conseguiu comer muito no almoço tanto pela ansiedade, quanto pelo receio de parecer inchado nas fotos, coisa que sequer passaria pela sua cabeça em outra ocasião. Isso só o fez admirar ainda mais quem trabalhava com isso pois se ele, que nunca teve problemas desse tipo, estava agora inseguro com a própria aparência, imagina quem vive disso.. não deve ser nada fácil lidar com as pressões internas e externas.
Assim que chegou no estúdio onde faria as fotos, para sua felicidade não seria algo exposto ao público, foi muito bem recebido pelo fotógrafo e todo o pessoal que trabalhava com ele. Da porta já conseguia ver diversos equipamentos que deviam ser muito caros e profissionais, um fundo infinito, luzes espalhadas, uma poltrona vermelha e um piano de cauda, o que lhe deixou ainda mais curioso sobre o que o homem de dreads pensou para o cenário deles. 
– Vem comigo, vou te mostrar as opções que pensamos para a primeira e segunda parte da sessão. Espero mesmo que você goste! – a moça baixinha de olhos puxados e cabelo platinado falou, logo depois de lhe apresentar para todos ali.
– Eu também espero gostar. – tentou descontrair e conseguiu alguns sorrisos das pessoas que estavam por perto. 
Lhe levaram para ver as trocas de roupa que tinham planejado, mas sempre deixando muito claro que ele usaria apenas o que se sentisse confortável, a escolha ainda era sua, e apenas depois de vestir o primeiro look que usaria nas fotos, ele foi levado para fazer o cabelo e maquiagem.
Louis estava vestindo regata em um vermelho escuro, jaqueta de couro preta e uma calça jeans na mesma cor, e nos pés ostentava um coturno pesado. Era como se tentassem retratar toda a rebeldia que ele experimentou na adolescência, o couro cintilando para demonstrar a ousadia, o cabelo espetado como qualquer adolescente que não liga muito para a aparência e só quer se divertir, e os coturnos representando o peso e marca das suas escolhas, mesmo que tão jovem. Se olhar no espelho foi como ver seu eu mais novo, não pelas roupas já que ele não costumava se vestir assim, mas pelo significado que elas pretendiam passar. 
Quando estava finalizando os últimos detalhes da maquiagem leve, apenas para não brilhar com tantas luzes fortes sobre si, notou uma comoção na entrada do local, onde algumas pessoas largaram seus afazeres para cumprimentar quem tinha chegado. Até mesmo o fotógrafo parou de configurar as diversas câmeras que possuía e estava dando um abraço caloroso no outro homem, um tanto mais alto, mas ainda escondido atrás de dreads e roupas coloridas que quase lhe engoliam. 
Um burburinho de falas animadas podia ser ouvido e um sotaque mesclado entre o britânico e o americano se destacou. Assim que se separaram do abraço, Louis conseguiu ver um homem alto e esbelto, com fios enrolados no topo da cabeça, deixando o topete charmoso e bagunçado na mesma medida. Ele tinha olhos verdes marcantes e um sorriso largo ao conversar apressadamente com todos ali, parecia que estava em seu habitat natural e agia de forma certeira ao andar pelo estúdio, tão diferente de si. 
Aquele deveria ser o modelo com quem seria fotografado. 
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– Então.. esse é seu primeiro ensaio? Porque você me parece um pouco tenso e isso com certeza vai aparecer nas fotos. – o modelo falou enquanto eles davam uma pausa para mudar o ângulo das luzes, na tentativa de ajudar. Harry usava um terno completamente colorido e repleto de formatos geométricos com a calça fazendo parte do conjunto caótico, porém bonito. E ele informou a Louis, logo depois de se apresentarem, que aquela era uma releitura da peça que usou quando ganhou o primeiro concurso a nível nacional, aos 15 anos.
– Digamos que eu não tenho tanta afinidade assim com as câmeras, meu negócio mesmo é o microfone, luzes piscando e o som estourado nos meus ouvidos. – ele falava ao passo que tentava relaxar os ombros e fazer com que o vinco entre as sobrancelhas sumisse. O maior até tentou lembrar se já havia visto o rosto interessante do outro em algum local, mas pelas roupas que via ele vestir, não parecia ser o tipo de música que ele consome. 
– Mas você leva jeito, vai..  vamos! Solta bem o ar – pousou a mão no diafragma do mais baixo para direcionar aquele exercício. – Isso, agora levanta o queixo, mas sem travar o maxilar, deixa leve.. sim.. sente seus músculos se soltando junto com a sua exalação, muito bem. 
– Obrigado mesmo, Styles. – retribuiu o sorrisinho que lhe foi oferecido. – Se você não tivesse aqui eu provavelmente estaria com cara de constipado nas fotos ou então seria expulso daqui na base da vassourada depois de alugar o pessoal por tanto tempo e sem resultado. 
– Não precisa do Styles, agora somos quase colegas de profissão, hm? – provocou risonho. – Harry é o suficiente. 
– Ok, colega. – revirou os olhos em deboche. – Vamos acabar logo com isso. 
Apesar do desconforto inicial Harry era muito bom em puxar assunto para diminuir a tensão que o outro sentia, então vira e mexe ele direcionava e posicionava o rosto de Louis, cochichava baixinho onde ele poderia colocar as mãos e pés, já que as fotos ainda estavam sendo tiradas do fundo branco infinito e poderia ser difícil conseguir uma boa posição. Nessa primeira parte as fotos foram majoritariamente separados, mas a ajuda do outro foi imprescindível para que aquele ensaio não durasse uma eternidade e Louis ficou bastante grato. 
– Agora eu preciso de vocês dois juntos aqui, por favor. – o homem de pele negra os chamou para próximo do piano de cauda. Louis sequer tocava aquele instrumento, mas obedeceu. — H, quero você encostado aqui onde as luzes estão posicionadas de cima e o Tomlinson vai ficar sentado como se estivesse tocando, com as luzes por baixo. Vamos testar dessa forma. 
E eles se posicionaram como instruído. O segundo look de Louis era um tanto mais maduro que o primeiro e procurava refletir suas mudanças ao longo do tempo, então ele vestia uma blusa completamente preta de mangas longas e gola alta, e agora tinha os cabelos em um topete não muito formal. Sua calça, no entanto, seguia a pegada que talvez nunca deixasse de fazer parte da sua vida, era um tecido que reluzia como o couro, deixando o visual imponente e, ainda assim, elegante.
Já Harry foi vestido em um macacão de mangas longas e gola alta, todo branco e rendado, deixando a pele alva aparecer entre os furos do tecido bem trabalhado. Nos pés, o salto alto tipo agulha completava a mistura entre delicadeza e poder que o modelo transmitia em todo o visual. A renda simbolizava a beleza que seu universo atual pedia, mas tinha a pele por baixo, à mostra, dizendo que nem tudo precisa ser perfeito. O calçado mostrava aonde chegou e a força que era necessária para se manter de pé naquele lugar de julgamento e competitividade, e o gloss labial, o mesmo que cintilava em sua versão mais jovem com a outra roupa, mostrava que apesar de tudo, ainda era o mesmo. 
A forma como eles foram posicionados estava perfeita nas câmeras. O ângulo escolhido pegava bem o corpo sentado no banco do piano, com as mãos pousadas na teclas e sendo iluminado por uma luz quente que vinha de baixo, projetando sombras bonitas e deixando visível apenas alguns detalhes do rosto de Louis, como o queixo, maxilar e o nariz bem desenhado. Do outro lado, encostado na cauda do piano e olhando para cima, estava o corpo esbelto devidamente iluminado com uma luz fria acima da sua cabeça, projetando sombras no chão e deixando todos os seus detalhes à mostra. As roupas e a iluminação contribuindo para um contraste nada mais que belo. 
E quando finalizaram o dia, tudo o que sentiam era uma sensação de dever cumprido. Por ambos. 
O resultado não demorou a sair e na semana seguinte tudo o que se falava nas redes sociais era sobre a nova capa da Attitude e aqueles que a estamparam. Os fãs que acompanhavam a banda pela turnê no Reino Unido passaram a se sentir um pouco mais próximos do vocalista com os fatos revelados na matéria e agora tinha fotos novíssimas para virar plano de fundo dos seus celulares.
No entanto, os boatos não giravam em torno apenas disso. Os sites de fofoca que reportaram a capa ajudaram a engajar ao mencionar como os dois homens ali eram queridos e desejados por muita gente, então como um bônus por todo o falatório, a equipe de fotografia resolveu que era uma boa ideia postar o making off das gravações, e realmente foi. Ver como seu ídolo era tão desinibido nos palcos, mas que ficava todo desajeitado em frente às câmeras foi engraçado para o público do cantor e por isso ficaram super gratos ao modelo assim que tiveram acesso aos takes em que se podia perceber ele ajudando Louis de fundo.
Eram alguns segundos de Harry posicionado atrás do fotógrafo e falando o que Louis poderia fazer; Outros segundos deles dois conversando e sorrindo, visivelmente tranquilos e amigáveis; e mais alguns do modelo com a palma sobre a barriga do outro enquanto ajudava ele com o exercício de respiração. Bastou isso para seu instagram se encher com novos seguidores, todos muito agradecidos pela consideração que ele teve com o mais velho, e, além desses seguidores, diversos comentários de como eles pareciam fofos e quentes juntos passou a surgir.
– Então.. o que acha, Cleo? Na minha opinião vai ser benéfico pros dois como, na verdade, já está sendo. – Tristan falava enquanto tinha a mulher de cabelos curtos, quase raspados em sua frente. 
– Eu posso ver os números, mas não sei se continuaria assim a longo prazo. Pode ser que tudo dê errado e acabe prejudicando eles ao invés de ajudar, você sabe. – Cleo, como gostava de ser chamada, relembrou. 
Eles estavam em uma cafeteria qualquer de Londres, aproveitando que o agente de Louis estava na cidade acompanhando a banda em turnê e resolveram se encontrar para resolver algumas coisas sobre negócios. 
Todo o burburinho na internet chamou a atenção não só dos dois principais envolvidos, mas das pessoas que também cuidavam das suas carreiras, no caso, Tristan e Cleo. Os números de seguidores de ambos não parava de crescer a cada dia, o que gerava uma visibilidade absurda para os projetos que eles se envolviam e a revista que eles deram a entrevista juntos já tinha batido o record de vendas dos últimos tempos em menos de uma semana. Era incrível e surreal a força que um casal poderia ter na internet nos dias atuais.
O loiro sempre procurou o melhor para seus clientes, tinha noção do quanto o mercado da música poderia ser desonesto com quem tinha talento, porque só isso não bastava para a indústria, então se acostumou desde cedo a lutar com todas as armas que tinha. Cleo não era diferente, fazia cinco anos que auxiliava Harry no lado profissional e além de uma ótima secretária/assessora, ela também se considerava uma boa amiga.
Esteve em grande parte dos momentos difíceis que via o cacheado passar e o ajudava como podia. Então aquela ideia que o outro propunha não era a mais insana que já presenciou durante toda sua experiência convivendo com diversos artistas. 
– É uma loucura dizer isso, mas acho que você tem razão. – a mulher concordou com uma careta depois de refletir mais um pouco. Aquela pequena reunião já durava horas e as quatro xícaras de café em cima da mesa eram provas disso. 
– Loucura seria desperdiçar essa oportunidade. – pontuou o outro. Ele sabia quando uma ideia merecia sua insistência.
– Ok.. vamos fazer isso então. Só espero não me arrepender dessa decisão. – suspirou. –  Harry e Louis vão engatar um namoro em alguns dias.
IV
– Esse show foi simplesmente insano, caras! – Jamie falou com um sorriso contagiante enquanto entravam no camarim após mais um show esgotado na capital inglesa.
– Definitivamente entrou pro top 10, talvez 5 hein – Concordou Nick, não perdendo tempo em abrir uma das garrafas de vodka que estava ali e propor um shot em grupo. – Aos próximos shows e que todos eles sejam fodas como esse!
– Aos próximos shows!! – todos os outros três repetiram em um só som, virando os copinhos com o líquido transparente em seguida. 
– Um minuto pessoal, eu já volto. – Louis disse.
Ele estava sentindo seu celular vibrar desde que pegou ele com um dos seus seguranças na saída do palco e aquilo estava lhe deixando impaciente e com a coxa quase dormente porque aquilo não parecia acabar nunca. 
Quando finalmente ligou a tela para ver qual a possível emergência, revirou os olhos com força. Desde a publicação daquela matéria e das fotos, alguns dias atrás, ele notou suas redes sociais bombando e uma série de notificações sem fim, mas como não era muito ativo no Instagram ou twitter, principalmente nas épocas em que estava ocupado trabalhando, ele apenas limpava a barra de notificações antes mesmo de ler do que se tratava. 
Por isso não notou os números de seguidores no Instagram subindo cada vez mais, nem os comentários que pareciam se multiplicar em suas últimas fotos. As menções que marcavam seu arroba também não estavam diferentes, havia uma série de curiosos desesperados por qualquer interação e não descansariam enquanto não tivessem uma confirmação para o que cogitavam ou uma resposta afiada negando tudo.
E depois de todo esse tempo tendo visto apenas a versão final da matéria e das fotos, notando que não tinha ficado nada mal, uma curiosidade se instalou em seu âmago e ele resolveu usar daquele tempinho livre enquanto os amigos deviam estar virando todo aquele litro de bebida, para verificar qual o motivo de tanto alarde. No entanto, Louis sequer teve trabalho. Bastou desbloquear o celular que mais uma série de notificações chegaram logo após ter esvaziado as anteriores, então ele apertou na primeira ao seu alcance, o que lhe levou direto a um tweet com várias respostas num mesmo sentido.
“Eu juro que acho que eles são um casal de verdade, vejam como ambos se olham nos olhos! #Shipando"
"Não sei se é só amizade irmãs, mas esses dois estão lindos juntos! #LouiseHarry #Attitude"
"Alguém mais percebeu a química entre eles? Acho que temos um novo casal no pedaço! #SinaisDeAmor #ShippandoMuito"
"Estou pegando fogo com as fotos deles juntos! Será que há algo mais? #Attitude #lgbt”
Louis precisou de um tempo até entender a conexão entre essas mensagens e suas menções, e só então relacionou com as fotos que tinha feito em colaboração ao modelo Harry Styles. Ele quis rir, desacreditado, mas as mensagens como essas não paravam de surgir e ele se viu na obrigação de verificar se suas outras redes também estavam sendo bombardeadas por essas ideias malucas, porque sinceramente não lembrava de haver um mísero momento em que as fotos tenham dado a entender esse absurdo. 
Ao abrir seu perfil pessoal onde costumava postar fotos, a primeira postagem que apareceu para si foi o making off que o fotógrafo tinha publicado dias atrás, mas como Louis o seguiu recentemente, mesmo os posts relativamente antigos ainda costumam ter destaque no feed do cantor. Talvez tenha sido por aquele vídeo que os boatos passaram a surgir, já que ali era o único lugar onde mostrava trechos, muito rápidos por sinal, de qualquer interação que tenha ocorrido entre o cantor e o modelo.
Ele quase passou batido pelos poucos segundos em que essas cenas apareciam e teve que rever o vídeo pelo menos duas vezes para tentar enxergar o que seus fãs estavam vendo. Não conseguiu, no entanto. O máximo de contato ou olhares que tiveram, como falavam pela internet, foi quando Harry lhe ajudou a quebrar a tensão que lhe deixava travado, sempre agindo muito profissional e respeitoso, o que, ao seu ver, não havia motivos para tantas conspirações. Por isso Louis decidiu desligar o celular mais uma vez, repensando se tinha sido mesmo uma boa ideia ter procurado saber o que estava acontecendo naquela terra de ninguém que é a internet, e sentindo uma leve dor de cabeça surgindo atrás dos seus olhos. 
Mas assim que a tela se apagou e ele deu meia volta, já direcionando seus passos ao camarim novamente, seu celular tocou aquela música que ele definiu especificamente para ligações de um único contato, seu agente. 
– Fala Evans, beleza? Cara você não imagina como o show hoje foi insano, você deveria ter ficado, sério. – atendeu empolgado, pouco lembrando das questões que povoavam sua cabeça segundos atrás. 
– Hey, Tommo. Fico feliz cara, mas é.. eu tenho mesmo que falar contigo. – a voz um tanto robótica exalou hesitação.
– Ô-ou.. esse tom de voz não pode ser coisa boa. Sinceramente, você pode deixar pra amanhã? É que agora eu e os garotos vamos sair para comemorar e não quero que você quebre o clima, sem ofensas.
– O que eu tenho pra te falar é melhor que seja pessoalmente mesmo, mas só preciso que você consiga um tempinho para me encontrar depois de amanhã na hora do almoço, porque é o único horário que eles podem então-
– Calma aí, garotão. Do que você tá falando? Eles quem?
– Você vai saber no dia, só me garanta que vai estar lá ok? Vou fazer as reservas naquele restaurante que a gente costuma ir quando viemos à Londres, aquele perto do London Eye.
– Já que não tenho escolha.. – tentou brincar para aliviar a tensão que o outro parecia sentir. – Tudo bem, Evans. Nos vemos lá então, cara. 
– Hm, ok.. certo. Parabéns pelo show de hoje novamente, avisa aos outros que eu estou parabenizando eles também. Até.
– Até. – desligou a chamada. – Que estranho. – saiu resmungando baixo, mas sem se deixar abalar. Tinha um after para curtir. 
°°°°°
Harry tinha acabado de vestir seu hobby após uma sessão de fotos para uma marca de cuecas, nem sempre sua profissão girava em torno da alta costura e passarelas, afinal para ser conhecido por tantos públicos diferentes ele precisava estar em ambientes diversificados. O ar estava geladinho no estúdio e até que foi bom ter companhia ao seu lado, ele pensou ao olhar para os outros três modelos trabalhando nessa campanha, mas por incrível que pareça nenhum deles lhe chamou muito a atenção.
Ele sabia ser discreto e profissional em seu ambiente de trabalho, porém nada o impedia de sair com tais colegas se tivesse vontade, ainda assim estava sempre respeitando todos em sua volta e não demorando um tempo muito perceptível ao analisar seus possíveis interesses. Para sua infelicidade, o corpo bronzeado e musculoso de um dos modelos era incrivelmente bonito, mas nada atraente para si. O outro, mais magro e ruivo, tinha a voz um tanto enjoada e Harry ficou com dor de cabeça só de imaginar sair em um jantar e ter que ouvi-lo por horas. O terceiro era praticamente a medida do Styles, um pouco mais baixo, não muito forte, nem magro demais, mas sua namorada estava orgulhosa acompanhando a filmagem nos bastidores. Então é.. não teria companhia por hoje. 
Mas quando estava pronto para se despedir dos garotos e de todos envolvidos na produção, lhe chamaram numa rodinha de conversa que os outros modelos pareciam estar. Ele, como não queria parecer rude ou esnobe, foi. 
– Styles! Vem aqui, gatinho. Estávamos justamente falando de você. – a voz irritante soou e ele nem imagina de onde aquele apelido surgiu, já que intimidade não tinha com ninguém ali. Identificou também os sorrisos falsos tão recorrentes naquele ambiente de trabalho, onde muitos forçavam uma simpatia inexistente para conseguir contatos.
– Oi gente, eu só vim me despedir mesmo.. já estava de saída. – sorriu simpático, querendo se desvincular daquele círculo. 
– Que isso, não precisa ir tão rápido. – o moreno falou. – Pensamos que talvez você possa vazar alguma informação pros seus queridos amigos aqui, hm? – levantou e desceu as sobrancelhas para demonstrar interesse.
– Desculpa, cara. Não queríamos ser inconvenientes nem nada, mas é que só se fala nisso nos últimos dias, meu twitter só aparece seu nome e ter você bem aqui é uma oportunidade e tanto. – o outro falou, parecendo ser o mais sensato e sincero. Era uma pena já ser comprometido, Harry certamente poderia se dar bem com esse. 
– Não sei se eu entendi, meninos. Do que vocês tão falando? Se eu puder esclarecer alguma coisa, vou tentar, mas não acho que sei de alguma informação sobre qualquer coisa nova no momento, desculpa. 
Harry era mesmo um poço de educação e gentileza e falava com calma e eloquência mesmo em momentos onde queria ser tudo, menos amigável. 
– Estamos curiosos sobre você e o Tomlinson, bobinho. – o ruivo voltou a tagarelar. – Não se fala em outra coisa desde aquelas fotos que vocês fizeram juntos, fazem um belo casal, à propósito. – e se o sorriso amarelo não fosse o suficiente, sua pele quase ficando verde mostrava a inveja que sentia com todo esse sucesso do outro. 
– Fico feliz que vocês gostaram das fotos, mesmo! Mas sinto dizer que não somos um casal, na verdade nenhuma das fotos chega perto de insinuar isso. – Harry ia dizendo e quando o moreno estava prestes a interrompê-lo, continuou com a voz mais imponente. – Inclusive soa até desrespeitoso cogitar uma coisa dessas só porque um homem gay está ao lado de outro homem em uma foto, vocês mais do que ninguém deveriam ter mais maturidade para enxergar nosso trabalho apenas como o que ele é: trabalho. 
E se os outros não estavam sem graça até então, bastou o telefone de Harry tocar e ele acenar em despedida enquanto atendia para os rostos dos rapazes se tornarem vermelhos, não tiveram chance nem de se desculpar antes que o cacheado saísse do local. 
Assim que pegou o elevador para descer os cinco andares que o levariam até a garagem do prédio em que estava, Harry só deu um tempo para que o sinal da ligação se estabelecesse e voltou a falar com sua secretária e amiga. Cleo estava o lembrando que ele deveria pegar o destino direto para um restaurante conhecido por ambos próximo ao olho de Londres, senão chegaria atrasado para o compromisso que ela tinha lhe avisado. 
Eles dois tinham uma agenda compartilhada em suas contas profissionais, onde basicamente a mulher colocava seus compromissos e Harry aceitava o que viesse, confiando totalmente em sua parceira de negócios há anos. Eles funcionavam bem assim, então o modelo geralmente descobria o porquê dos compromissos e reuniões quando chegava no local marcado e dessa vez não foi diferente. 
O restaurante escolhido tinha um arquitetura antiga, parecia um casarão com enormes paredes brancas e uma vista de tirar o fôlego, além disso ficava praticamente atrás do London Eye e a mesa que eles reservaram na parte externa do local tinha a roda-gigante de observação e a margem sul do Rio Tâmisa como plano de fundo. Harry se pegou encantado com o azul claro do céu refletido no rio enquanto era direcionado à mesa por um dos garçons e só recobrou sua atenção quando ouviu uma voz que ele recordava de algum lugar, em conjunto com a tão conhecida voz da sua secretária e uma outra que ainda não ouvira.
Styles sorriu um tanto surpreso ao encontrar Cleo e Louis, o mesmo que participou consigo da matéria para a Attitude, além de um outro homem muito bonito, loiro de olhos azuis, sentados na mesma mesa circular. Cumprimentou com um singelo “bom dia” e se sentou ao lado da mulher e em frente ao cantor, um tanto curioso para descobrir o motivo daquelas presenças em um almoço de negócios. No entanto, não precisou esperar muito, pois logo que o garçom se despediu levando os pedidos de cada um e desejando um bom apetite, a mulher começou a falar. 
– Então, Harry, esse é Tristan Evans, o agente do Tomlinson. Acredito que você deve se lembrar, certo? – os apresentou de maneira educada.
– Sim, como vai Louis? É um prazer, senhor Evans. – sorriu contido e os outros dois lhe responderam da mesma maneira. – Nós temos negócios a tratar? Desculpe, mas não achei que nos veríamos novamente. 
– É uma surpresa pra mim também, na verdade. – Louis respondeu, parecendo que sabia tanto quanto Harry sobre aquela situação. Ele olhou para seu agente e o maior desviou seus olhos para sua secretária, os dois esperando algum esclarecimento do que aparentemente havia sido organizado por eles. 
– Então garotos, eu sei que vocês perceberam o sucesso tremendo que foi as fotos de vocês para a revista… Eu e o senhor Evans pensamos muito nisso, discutimos todos os prós e contras e agora temos uma proposta para vocês.
A mulher continuaria a falar, mas precisou dar uma pausa quando o garçom voltou trazendo seus pedidos e depositou sobre a mesa. A comida estava apetitosa, o cheiro dava água na boca, porém esse breve minuto de intervalo entre o assunto que tratavam não deixou nenhum deles apreciar o sabor assim que o funcionário lhes deixou à sós novamente. 
– Bom.. a revista de vocês vendeu mais cópias em uma semana do que tinham conseguido com a matéria sobre a família real, que era o último record deles. Fora isso, nós tivemos um grande aumento de visualizações nos perfis pessoais e profissionais dos dois, além da enorme quantidade de vezes que o nome de vocês apareceram juntos na barra de pesquisas, o próprio Google me forneceu essa informação. – Cleo ia listando os fatos e os mais novos mal acompanhavam o raciocínio, lembrando que a matéria tinha saído uma semana atrás e todo esse sucesso era realmente espantoso. 
– Louis, você recebeu 3 milhões de novos seguidores no Instagram e Harry, você ganhou quase 5 milhões, além de várias propostas para colaborar com outros músicos em fotos, clipes, marcas de roupas e por aí vai. – Tristan citou, encantado com toda a repercussão. – Mas, mais que isso, esses números não seriam alcançados se as fotos fossem solo ou a matéria abordasse a vida de apenas um dos dois, vocês entendem?
– Não, quer dizer, sim.. isso é foda pra caralho! É meio inacreditável quando vocês falam todos esses números, mas fico feliz em saber que fizemos tanto sucesso assim. – Louis disse com um sorriso orgulhoso no rosto, finalmente se deixando apreciar a comida que havia pedido ao ver que o assunto não era nada ruim e sendo acompanhado pelos outros. 
Harry, entretanto, estava há mais tempo nessa indústria do que podia lembrar e foi forjado a desconfiar de toda boa notícia. Estava feliz com o sucesso, claro, mas não era ingênuo de pensar que dois profissionais sérios se juntariam com seus agenciados apenas para lhes parabenizar sobre isso, tinha algo a mais e ele só estava analisando a postura de cada um ali , com seus olhos verdes que, apesar de jovens possuíam muita experiência, e esperando a bomba que provavelmente viria.
– E foi por tudo isso que eu acabei ligando para a Cleo dois dias atrás e oferecendo uma proposta que-
– Que eu disse que poderia dar certo, mas a escolha ainda é completamente de vocês garotos. – ela interrompeu. 
– Vamos logo com isso, eu não tenho todo o tempo do mundo. – Harry cansou de toda essa ladainha e disse firme, logo após descansar seu guardanapo em cima da mesa. – Do que realmente se trata tudo isso?
– Nós concordamos que promover um namoro entre vocês poderia ser benéfico para as duas carreiras nesse momento. – Cleo falou de uma só vez e Louis, que estava bebendo um suco de laranja, foi obrigado a se desculpar depois de quase cuspir o líquido inteiro de volta na taça. – A banda de Louis está com a primeira turnê fora da América marcada e seria bom ter o alcance de públicos dos outros lugares. E Harry, nós lutamos muito para que você consiga desfilar nas três cidades da fashion week e sabemos muito bem que talento não é suficiente, eles querem views, alguém que esteja na boca do povo, que leve mais gente até as marcas. 
Ela falou sem se deixar ser interrompida. De início estava um pouco resistente a essa ideia, mas depois de analisar bem os benefícios que trariam, não havia porquê negar. 
– Gente, se eu entendi direito.. vocês querem que um cara de uma banda de rock, e que aparentemente nunca namorou alguém em público, de repente comece a namorar um modelo internacional e ainda por cima homem? Vocês só podem estar de brincadeira com a minha cara. – Louis estava quase rindo de nervoso, sem acreditar que tudo aquilo era sério. A feição dos outros três, por sua vez, eram sérios o suficiente. 
– Eu concordo com ele. Entendo que isso é muito comum na indústria musical, mas não sei se daria certo. – Harry começou a falar. – Não esqueçam que o público que a banda alcança pode não ser tão receptivo com a causa LGBT e isso acabaria nos prejudicando mais que qualquer coisa. Sem contar com todas as outras variantes como-
– Nós pensamos em tudo isso, Styles. Eu não daria sugestão de nada que pudesse prejudicar os meus meninos, lembre-se que isso também me prejudicaria e eu tenho minha família para sustentar. – Tristan achou de bom tom esclarecer. – Não estamos aqui para brincar de casinha ou tentar a sorte, nós fizemos pesquisa de mercado, analisamos os números, discutimos sobre tudo que poderia dar errado e decidimos que vale a pena tentar, basta vocês aceitarem. 
– O que me dizem, meninos? – Cleo finalizou. – A resposta final é de vocês. 
Harry encarou Louis, ambos em silêncio. O modelo já tinha passado por muita coisa e sabia que uma oportunidade como aquela poderia ser valiosa e não duraria muito tempo, a chance de conseguir desfilar em não só uma, mas três Fashion Week lhe fazia brilhar os olhos. Quando criança ele soube aproveitar a oportunidade de ser agenciado e precisou sair de casa, deixar a família e se mudar de país para conseguir o que queria, um namoro falso seria nada perto disso. Então deixaria a escolha para o outro que, pelos olhos azuis nublados e tempestuosos, parecia debater internamente se valeria mesmo a pena.
Louis tinha muito a perder. Lutou desde sempre para que sua bandinha de garagem desse certo e fossem levados à sério e quando finalmente conseguem isso, surge uma ideia que pode alavancar de vez seus nomes para todo o mundo ou lhe enterrar completamente no limbo dos músicos que tinham tudo para fazer sucesso e deram azar. Ele não tinha um contato tão íntimo com sua base de fãs, mas sabia que eles não seriam preconceituosos. Porém é diferente você apoiar um casal gay que está vivendo a vida deles sem lhe influenciar em nada e apoiar seu ídolo numa mudança tremenda da mesma forma, por isso estava inseguro. 
– Tristan, olha pra mim. – Louis virou para o outro homem, mostrando toda a vulnerabilidade e relembrando ao loiro daquele garoto de 20 anos que ele escolheu ajudar. – Me prometa pelo seu marido que pensou em absolutamente todas as consequências e essa maluquice não tem chance de estragar com tudo. Eu preciso que você me prometa!
– Eu não faria isso com vocês, Tommo. Mas se é isso que você quer, eu prometo. – Louis estreitou os olhos em sua direção. – Pelo Brad, eu prometo, ok?!
– Ok, então. Se estiver tranquilo pra você, Harry.. não quero que se sinta pressionado ou algo do tipo. – aceitou com um suspiro. 
– Acho que pode dar certo. Vamos fazer isso. – o modelo concordou, dando de ombros. 
– Que ótimo, menos uma coisa na minha lista. – Cleo agradeceu enquanto retirava duas pastas de dentro da bolsa, entregando para os mais novos, e esfregou as têmporas, tentando tirar a tensão do local. – Agora estudem isso, fizemos um plano para a história de amor de vocês. Eu coloquei os encontros baseados nas datas de folga que coincidiram entre os dois, mas pode ser que um precise viajar vez ou outra pra isso dar certo. Também esvaziei uma semana pro Harry acompanhar a tour que você, Louis, tem na Ásia, já que ele morou lá por alguns meses e tem bastante fãs por todo o continente. O plano inicial é de seis meses, começando agora em abril e finalizando antes da Paris Fashion Week, em outubro. 
Ela ia falando sem parar e os olhos de Louis quase dobraram de tamanho, realmente não estavam lidando com nenhum amador e tudo aquilo era quase uma missão do FBI, com datas, planos, metas.. tudo devidamente organizado e traçado. Dessa maneira ele até se sentia mais confiante por ter aceitado. 
– Aqui não diz exatamente como nós começamos a sair, vocês estavam imaginando usar as fotos que fizemos? Porque eu não sei se colaria, nós quase não nos falamos lá e muita gente percebeu. – Harry questionou ao passar os olhos por todas as letras, gráficos e fotos que compunham aquelas folhas em sua mão. 
 – Nada disso. O Arctic Monkeys tem um clipe para gravar esse mês e pensamos que você poderia ser um dos protagonistas, a história de vocês começaria dali. – Evans esclareceu com um sorriso satisfeito. – Temos um acordo, então?
– Temos. – os mais novos responderam ao mesmo tempo e se olharam em seguida. 
V
O aluguel dos três cenários para o clipe foi reservado para apenas dois dias e as cenas que Louis teria que gravar sozinho ou com os outros colegas de banda tinham ocorrido no dia anterior. A música que tinha feito grande sucesso desde o lançamento e que foi alvo de vários pedidos por um MV tinha um ritmo sensual e envolvente, apesar do significado por trás da letra.
Nem sempre a composição de uma música retrata vivências do seu compositor, isso era certo, mas às vezes sim. Por isso, a história desenvolvida para o clipe pretendia contar sobre uma relação tumultuada e decepcionante, em que o protagonista expressa ter sido enganado e traído por quem mais amava. Destacando, ainda, que, apesar de ter se considerado tolo, agora está no controle do jogo e pretende mostrar à outra pessoa as consequências de suas ações. O refrão expressa todo esse sentimento de forma clara ao afirmar que a outra pessoa precisa dele, do protagonista, mas este já reconhece que é um amor falso e promete derrubá-la quando ela mais precisar.
Como um personagem magoado e querendo vingança, Louis gravou as cenas onde frequentava bares com os colegas, fumava cigarros e virava shots de alguma bebida transparente, que na gravação era representada por água. Sua barriga saiu tão cheia na noite anterior, depois de repetir os mesmos takes várias vezes para terem mais opções na hora de editar, que hoje ele agradecia pelas próximas gravações não precisarem da ingestão de nenhuma bebida “alcólica”. 
Para o primeiro cenário do dia, Louis estava vestido em um conjunto de terno composto por tecido liso e cor terrosa, um marrom mais claro, que ajudava a destacar seus fios castanhos em um topete arrumado. A gravação aconteceu em uma balada de luzes baixas e vermelhas, onde muitos figurantes foram contratados para encher o local e bebidas caras preenchiam as mesas, além de ter máquina de fumaça deixando o ambiente mais pesado e íntimo para as várias pessoas seminuas que dançavam em pole dances. 
A intenção era representar que seu companheiro era uma pessoa em casa, alguém que Louis conhecia como amoroso e fiel, mas na verdade tinha uma persona por trás disso e que foi descoberta bem ali, naquele local. Por isso Harry, que seria o outro protagonista do clipe conforme o combinado, estava ali substituindo a ideia original de ser uma mulher ocupando o papel, mas que ele faria muito bem. 
Sua roupa combinava com a obscenidade do lugar, uma blusa rendada preta de mangas longas que, com toda a transparência, deixava suas tatuagens e mamilos aparecendo, vestia também uma espécie de tanga masculina de vinil, cobrindo basicamente suas genitais e só. Tinha os fios ondulados úmidos e uma máscara preta lhe cobria a face, deixando apenas os olhos verdes e a boca rosada à mostra, assim como os outros dançarinos e dançarinas, que também usavam o acessório misterioso, e trabalhavam na balada ocupando os palcos circulares com a barra de ferro. 
As câmeras rodavam pelo local capturando os corpos dançantes que giravam e se penduravam no pole dance de uma maneira invejável, além de utilizar como plano de fundo para a filmagem os demais figurantes que bebiam e jogavam dinheiro cenográfico em cima dos homens e mulheres quase nus. Nesse mesmo espaço de tempo, enquanto Harry passeava elegante pelo local e sentava em outras mesas com vários homens, Louis era gravado andando pela balada, com a feição séria e à procura de alguém. Contudo, no momento seguinte ele já estava em uma mesa contendo apenas um sofá vermelho como assento e uma garrafa de wiskey muito caro na frente, ao passo que um certo modelo desfilava em sua direção com movimentos confiantes e prontos para seduzir quem quer que assistisse aquilo. 
O diretor da filmagem indicou que Harry sentasse ao lado, com as pernas jogadas em seu colo e um cigarro entre os lábios, tragando o filtro e jogando para cima enquanto Louis recitava baixinho a letra da própria música que tocava ao fundo. Na luz vermelha os olhos verdes ficavam ainda mais bonitos e Louis podia jurar que os cílios do modelo pareciam pintados e maiores de tão perto. O próximo movimento que deveriam fazer lhe deixou um tanto inseguro, Harry tinha acabado de sentar em seu colo e se aproximou até ter os lábios quase colados aos seus, lhe passando toda a fumaça que tinha prendido nos pulmões. 
Louis não era um bom ator, mas foi meio que automático entreabrir a boca e se deixar inspirar aquela névoa. 
O máximo de contato que tiveram durante essa primeira etapa das filmagens foi esse, o resto se perdeu em cenas sozinhos e de olhares que diziam muito. Mas ao anoitecer daquele mesmo dia, em um quarto alugado, eles tiveram que terminar o clipe com as cenas que faltavam. Agora era a hora de retratar o casal que o protagonista conhecia e a maneira que eles viviam antes de ter descoberto o outro lado do companheiro. As cenas entre o quarto e a boate seriam intercaladas no final e dariam aquela impressão fascinante de lembrança do passado em choque com os acontecimentos do presente, independentemente da ordem em que foram gravadas.
– As luzes e câmeras estão posicionadas, garotos. Avisem quando estiverem prontos. – o diretor do clipe avisou. Ele era bons anos mais velho e tinha duas assistentes mais novas, talvez sejam universitárias do curso de cinema, que ficavam sempre passeando pelo quarto para garantir que tudo saísse conforme o planejado.
O quarto era bem básico, tinha uma TV de modelo antigo sobre a cômoda, uma cama grande com cabeceira de madeira e lençóis claros, um espelho retangular bem acima e alguns quadros na mesma paleta de bege e marrom preenchendo a parede ao lado. Louis vestia uma blusa cinza que facilmente passaria por um pijama e uma calça de tecido leve no mesmo tom. Já Harry vestia uma blusa larga demais para ele na cor branca em um tecido simples que chegava até o topo das coxas e não mostrava a boxer da mesma cor que usava por baixo. 
Ambos tiveram seus cabelos minuciosamente bagunçados pela equipe de produção e nenhuma maquiagem foi passada, todos os detalhes estavam postos para tentar mostrar a convivência e intimidade de quem dormia e acordava junto. 
– Tudo bem pra você, Harry? A gente pode falar com ele se for muito desconfortável, sabe.. – Louis falou baixinho para o rapaz ao seu lado na cama, em cima dos tecidos propositalmente desordenados. Eles tinham lido o roteiro há pouco tempo e sabiam muito bem como teriam que agir agora, o que explicava as faces um tanto coradas. 
– Tá tranquilo, eu acho. Não deve ser mais constrangedor do que se trocar na mesma sala que diversos outros modelos julgando os corpos uns dos outros. – deu um risinho sincero, ele realmente acreditava que nada seria pior que aquilo, mas era compreensível que o outro estivesse tenso. Sendo um homem gay prestes a encenar uma pegação forte com um cara hetero, apesar de não ter certeza sobre esse fato, era até fofo que o outro queira lhe deixar confortável.
– É.. ok, estamos prontos então. – Louis disse ao diretor, que rapidamente soltou mais uma vez a música que, de tanto ouvirem, parecia ter se infiltrado no cérebro de todos ali presentes, e iniciou a gravação. 
O ambiente, por ser mais calmo e íntimo, dava um ar diferente das cenas anteriores. Não tinham luzes piscando, nem máscaras cobrindo os rostos ou pessoas dançando e gritando. Na verdade, as luzes amareladas eram aconchegantes e claras ao ponto de Harry conseguir enxergar cada mínima sarda que apontava nas bochechas de Louis, e que ele não pôde perceber antes. 
O modelo estava mais uma vez no colo do cantor, com menos vergonha do que anteriormente, já que não tinham muitas pessoas no ambiente no momento, apenas o pessoal necessário para cuidar das câmeras e luzes, e eles dois. Ainda era estranho ouvir uma voz mais grave e rouca gritando para que Louis passasse as mãos devagar pelas suas pernas nuas, e ele estava um pouco vermelho e arrepiado depois de senti-lo repetir o mesmo movimento mais duas vezes para que gravassem de ângulos diferentes. 
Assim que finalizaram essa pequena parte, eles foram direcionados a deitar de uma forma que Louis ficasse por cima, tentando a todo custo não depositar todo o peso sobre si, segurando uma das suas pernas para cima e fazendo-a descansar nas costas cobertas pelo tecido cinza. A virada, no entanto, teve que ser refeita pelo menos três vezes porque na primeira Harry caiu em cima do próprio braço, na segunda Louis se enroscou um pouco e não conseguiu virá-los no tempo certo da música, o que ocasionou uma crise de riso nos dois, e na terceira tentativa o joelho do maior acabou acertando sem querer uma área muito sensível do cantor, mas ele pediu desculpas logo após. 
Após esses momentos que ajudaram a dar leveza ao clima, eles finalmente acertaram o movimento e foi lindo como o encaixe se mostrou na câmera. O diretor até abaixou o tom de voz quando mandou que Louis raspasse os lábios nos vermelhos de Harry, para não quebrar a atmosfera e química que eles estavam criando juntos. Ao seguir o comando, o menor viu o momento exato em que a língua de Harry deixou um rastro molhado pelo lábio inferior, um segundo antes de Louis se inclinar devagar e deslizar a boca entreaberta por ali, decidindo ousar e fazer o que não foi pedido quando agarrou aquela carne macia entre os dentes pontudos e puxou de leve. Ele sentiu a respiração de Harry ser solta de uma só vez pouco antes de uma das assistentes soprar algo como “isso foi muito bom, Louis”. 
Eles não estavam com os corpos colados, então ainda existia um resquício de espaço pessoal resguardado entre ambos, mas quando Harry teve que deslizar a camisa pelas costas do mais velho, esse espaço precisou diminuir. Sua coxa direita estava mais uma vez apoiada sobre o quadril do outro, mas agora ele conseguia sentir uma pequena parte da pele quente que lhe pressionava na cama enquanto Louis sussurrava a letra da música próximo ao seu ouvido e pescoço, deixando o ar quente arrepiar a pele clara de tal maneira que Harry não lembra quando exatamente fechou os olhos para apreciar o momento. 
Mas logo acabou, porque eles tinham que trocar novamente de posição e o diretor sabia bem o que fez quando colocou essa cena para o final. Seus anos de experiência devem ter lhe dito que após alguns minutos gravando eles estariam mais soltos e dispostos àquilo, sem tanta timidez. 
Harry estava mais uma vez sentado sobre Louis, que tinha as costas apoiadas na cabeceira da cama, e os lençóis fofinhos estavam amontoados ao redor deles deixando a visão ainda mais bonita. O modelo passava as mãos por toda a pele nua do torso e braços do menor, com três câmeras apontadas em sua direção e cada uma posicionada para filmar de um ângulo diferente. Uma delas tinha foco no perfil dos dois que se encaravam tão de perto que Louis cogitava, seriamente, estar um pouco vesgo. A outra, mais de longe e dando a completa visão das costas do cacheado, pegava também toda a cama desarrumada, as mãos do modelo pressionando os ombros de Louis e as mãos deste, que subiram a camisa branca de Harry até mostrar a faixa da cueca boxer, apertando a cintura fina da forma mais caricata possível para que não restasse dúvidas do desejo que seu personagem sentia.
A última câmera estava sobre a cama, filmando desde os tecidos até o alto da cintura dos dois. E se não tivesse música rolando no fundo do quarto alugado, os dois no centro do móvel não ouviriam nada naquele momento.
A música tinha as batidas fortes e sensuais ricocheteando no coração do maior, que parecia seguir a mesma melodia enquanto ondulava os quadris assim como estava descrito no roteiro. Ele seguia fielmente o que leu em todas aquelas folhas e por isso começou a rebolar um pouco tímido no começo, mas logo depois pegou o mesmo ritmo do que ouvia e se movimentou com mais segurança e angulação, de uma maneira que tinha certeza que ficaria bonito no clipe.
Louis sentia as mãos emaranhadas nos seus cabelos, desarrumando ainda mais os fios, e sua respiração estava um tanto ofegante enquanto o cacheado deslizava devagar para frente e para trás em cima de um tecido tão fino que era sua calça, o que não podia ser considerado uma real barreira entre eles. Por não estarem debaixo dos lençóis, foi indicado que Harry soltasse todo o peso das pernas e realmente sentasse em Louis, pois se assim não fosse, daria para ver na filmagem a resistência entre ambos e não pareceria real. 
O cantor estava cuidando para não apertar demais a cintura do outro, mas suas mãos estavam inquietas e passeavam pelas pernas macias e quadril de Harry até se fecharem nos cachos bagunçados. Do outro lado, o maior sentia a pele arder e não sabia se era pelos toques de Louis ou pelo esforço de se manter em movimento por tantos minutos ou, ainda, se era fruto das respirações que saíam num mesmo espaço de tão próximos que estavam e pareciam que eles respiravam o mesmo ar quente.  Muito quente. 
Nesse momento uma das câmeras sinalizou que a bateria tinha acabado e a moça que filmava com ela pediu uns minutos para trocá-la, então o diretor também deu esse tempinho para os artistas descansarem um pouco. No entanto, apesar da oportunidade de saírem das posições e poderem esticar as pernas, os dois homens no centro da cama não se mexeram.
– Droga, eu realmente sinto muito por isso Harry. – Louis estava visivelmente constrangido e em dúvida se pedia para Harry sair do seu colo ou agradecia por ele não tê-lo feito ainda. – Sério, meu deus, que vergonha! – deu uma risadinha sem graça e tirou as mãos do cacheado, procurando trazer uma almofada mais para perto do seu corpo. – Não foi intencional, sabe.. eu só, eu-
– Ei, calma. – Harry riu. – Eu não tô ofendido ou algo assim, relaxa. – viu o outro soltar a respiração que tinha prendido, mas com esse ato seu quadril se movimentou involuntariamente e ele sentiu seu pescoço corar também. – Eu não tenho experiência com esse tipo de trabalho, mas deve ser normal, né?
Louis concordou com a cabeça e levou as duas mãos para o rosto, um pouco tímido e sem jeito, torcendo para finalizarem de uma vez as gravações. Fazia alguns minutos que Harry sentiu um volume embaixo de si, mas não tinha prestado atenção com toda a atmosfera envolvente que a música alta e a dança erótica deixava em seus ouvidos e pensamentos. 
Ele só se deu conta que cada movimento -  principalmente quando deslizava para frente até ter colado o peitoral junto ao do outro, pendendo sua cabeça acima da de Louis para logo ondular lento de volta e arrastando todos os centímetros de pele em contato - cada movimento como esse deixava o volume ainda mais presente e firme, além de deixar Louis mais corado e ofegante. Só então ele reconheceu o incômodo entre suas nádegas e quis rir, se sentindo um pouco lisonjeado até, mas não deixou transparecer. 
– Para finalizar eu quero uma cena romântica, garotos. Deitem de lado e fiquem de mãos dadas, isso. – eles se arrumaram em uma espécie de conchinha, onde Louis deixou que Harry deitasse sobre seu braço direito estendido. Com o esquerdo ele abraçou o maior, tentando não pressionar seu membro no final das costas do outro, mas a risadinha que o modelo deixou escapar, pressionando os lábios um no outro e mostrando uma das covinhas, mostrou que Louis não teve tanto êxito assim. – Tá ótimo assim, brinquem um pouco com os dedos entrelaçados.. perfeito. 
Era reconfortante para Harry ser aconchegado daquela forma, mesmo que sentisse a ereção do outro, que já se desmanchava, lhe cutucando um pouco por trás. Mal lembrava a vez em que se sentiu confortável numa posição tão vulnerável, sendo abraçado e sentindo a respiração lenta de outra pessoa em sua nuca. Isso poderia ser familiar para muita gente, mas para ele não era. Se perdeu um pouco olhando seus dedos deslizarem pelos do outro com um sorriso mínimo no rosto e depois de alguns segundos foi despertado quando as luzes fortes se apagaram, só restando a iluminação comum da lâmpada do quarto. 
– Temos o suficiente, vocês foram ótimos. – o diretor sorriu e as suas assistentes esbanjaram agilidade em desmontar os equipamentos ao redor do cômodo. Louis e Harry pareciam estar lerdos demais em comparação. – Eu devo combinar com o Tristan a edição e entrega do material pronto, Tomlinson?
– Eu.. é, sim. – tossiu para limpar a garganta. – Isso, ele vai combinar contigo, mas acredito que o prazo máximo é de duas semanas. 
O outro concordou com a cabeça e se aproximou para apertar a mão dos dois, Louis até levantaria para abraçá-lo, mas era melhor não. Harry já estava de roupa trocada, a rapidez com que ele fez a mudança devia ser alguma habilidade adquirida com a profissão, já Louis, entretanto, esperou todos saírem do quarto após uma rápida despedida, para finalmente levantar, tropeçar na confusão de tecidos sob seus pés, e vestir suas próprias roupas. 
– Nos vemos em duas semanas então? – Harry perguntou antes de sair. Ele tinha um óculos escuro segurando os fios rebeldes em sua cabeça e uma ecobag nos ombros. 
– Sim.. obrigado por hoje e me desculpe mais uma vez. – ele pediu novamente, não queria imaginar a possibilidade do outro ter se sentido assediado ou algo do tipo. Harry dispensou com as mãos. – Em provavelmente duas semanas o clipe estará pronto e vão começar os boatos.. – o modelo arqueou uma sobrancelha. – quer dizer, aumentar os boatos. Daí nós vamos jantar e pronto, estamos namorando. 
– Parece tão fácil, né? – os dois soltaram um suspiro em conjunto. – Bom.. suponho que eu deveria ter o número do meu futuro namorado.
– Ah, claro. Na verdade, Tristan já me passou o seu.. eu vou te mandar uma mensagem e você salva. 
– Tudo bem. Nos vemos depois então. – o outro se despediu da mesma forma, mas foi um tanto constrangedor quando o modelo não se decidiu entre um abraço ou aperto de mãos e Louis teve o mesmo problema. Ficaram naquela dança esquisita por poucos segundos e logo depois, com sorrisos envergonhados, eles deram um abraço rápido e saíram, cada um para um lado. 
°°°°°
A primeira semana após a gravação do clipe foi relativamente tranquila, Louis terminou a etapa de shows que restavam nas demais cidades da Inglaterra e apesar de não terem diminuído as especulações sobre sua vida amorosa nas redes sociais, nenhuma nova informação ou foto foi vazada, o que era uma boa notícia e mostrava que até agora o plano estava sendo seguido completamente. 
Depois disso, ele finalmente teve alguns dias de intervalo e aproveitou para visitar a família, na intenção de passar o máximo de dias possíveis com eles para amenizar um pouco da saudade.
A casa do subúrbio de sua infância, de paredes escuras e um jardim na frente, deu lugar a um belo imóvel planejado em um condomínio na parte mais rica de Londres. Esse foi o primeiro presente que deu aos pais quando melhorou de vida e, contra o que todos costumam pensar, não foi tão difícil quanto parece deixar suas memórias para trás. O quarto cheio de posters de bandas de rock para onde ele levava as namoradinhas de escola, a escada onde ele costumava correr atrás das irmãs em uma brincadeira não muito segura de pega-pega, e, não menos importante, a garagem na qual seus sonhos tiveram início. 
Mais do que qualquer lembrança antiga, o cantor priorizava sua família. A segurança e bem-estar deles sempre foi um dos seus principais objetivos, e mesmo que sua mãe tenha ficado reticente em aceitar a mudança drástica de cenário, ainda preocupada com a carreira instável do filho, ela se encantou de pronto com o presente e talvez isso tenha contribuído fortemente para que a mulher aceitasse melhor o caminho que Louis resolveu trilhar. Andy era uma mulher madura que teve seu primeiro filho muito cedo e o namorado na época não quis arcar com a mesma responsabilidade, então ela contou com a pouca ajuda que tinha na casa dos pais, não entrou na faculdade e se contentou com qualquer emprego que lhe aceitasse naquelas condições. 
Sua vida foi de abdicações em prol da pequena família que estava criando até o garotinho completar 10 anos, quando conheceu um homem apaixonante e que não demonstrava ser igual aos outros. O padrasto de Louis, Ben, lhe aceitou como filho assim que venceu as barreiras emocionais da mulher e pôde se aproximar de verdade, depois não demorou muito para eles morarem todos juntos e saírem da casa dos avós do menino, mas claro, seguindo o que as condições financeiras do momento permitiam. 
Alguns anos mais tarde, Andy descobriu estar grávida de duas lindas meninas e Louis, depois de se recuperar da crise de ciúmes, realmente adorou a ideia de ser irmão mais velho. Chloe e Cassie nasceram idênticas, a pele mais morena e os olhos castanhos como o pai, eram a paixão do pequeno Louis, que não economizava energias ao brincar e se divertir com as duas à medida em que foram crescendo. 
Mas ao sair de casa com 20 anos, deixando as mais novas na faixa dos 8, ele sentia que perdeu grande parte da evolução das meninas e isso o deixava um tanto emotivo só de pensar que elas já podem ter passado pelo primeiro amorzinho de infância ou até mesmo um primeiro beijo. Não ajudava lembrar que ele não teve a oportunidade de aterrorizar garotinhos de, agora, 13 anos. Pelo menos a etapa da faculdade ele não tinha perdido ainda e faria de tudo para não o fazer. 
Quando enfim ele entrou na casa nova - não tão nova assim - dos pais, foi recebido com um abraço duplo animado que sentiu tanta falta. 
– Lou! Lou! – as duas pré-adolescentes gritavam e pulavam ao seu redor, fazendo com que o homem deixasse as malas na entrada e se rendesse àquela euforia. – Você veio pro nosso aniversário? Eu queria fazer das meninas malvadas, mas a Cass quer que seja daquela banda chata que ela gosta. – a gêmea poucos segundos mais velha falou revirando os olhos. 
– Você pode mandar essa feia não falar assim deles? – a outra rebateu enfurecida, com braços cruzados e tudo. – Eu não pedi pra você nascer comigo, então não tenho culpa do nosso aniversário ser em conjunto. Se você acha tão ruim assim pode ir morar com outra família. – Cassie saiu batendo os pés e Louis queria rir, mas não o fez. Era engraçado como irmãos tem esse costume de brigar por coisas tão simples a qualquer hora do dia. 
– Ô mãe!! – a outra menina correu atrás, esquecendo completamente que o mais velho tinha acabado de chegar. 
– Lar, doce lar. – Louis falou com um sorriso no rosto e um suspiro contente. 
A festinha de aniversário aconteceu dois dias antes que Louis precisasse voltar para Los Angeles, e fazia um ano que ele não conseguia estar presente nessa data, mas agora estava tudo dando certo. Ele fez questão de trazer dois presentes diferentes, pois conhecia a personalidade de cada irmã, e ainda levou flores para a mãe e uma lembrancinha para o padrasto. 
A despedida, no entanto, foi regada a lágrimas das mais novas, que atrasaram o quanto puderam o irmão ao se agarrar nas pernas do mais velho e sequestrar uma de suas malas. Sua mãe se despediu com um abraço rápido e logo saiu para a cozinha, mas Louis percebeu que a mulher estava se segurando para não chorar na frente de todos, sempre se fazendo forte para a família.
O voo de pouco mais de 11 horas era exaustivo, mas ele conseguiu descansar pelo menos um pouco antes de seu cérebro voltar a pensar nos eventos seguintes na linha temporal tão bem definida que sua vida seguia agora. O videoclipe ficou pronto enquanto ele estava aproveitando com a família, por isso a missão de revisar e aprovar a edição ficou para Tristan e os outros garotos da banda, então a próxima etapa seria a publicação assim que ele chegasse em Los Angeles. Com isso viria a primeira aparição pública dele com Harry, aproveitando que o modelo estava na cidade a trabalho, o que traria, segundo a secretária do cacheado, mais pesquisas em seu nome assim que eles fossem flagrados juntos e mais pessoas acessando a página no youtube, conhecendo a música nova e, consequentemente, o trabalho da banda. 
A primeira pessoa que encontrou quando chegou no estúdio, logo depois de dormir por algumas - poucas - horas em seu apartamento, foi Tristan. A televisão do estúdio, que ficava no alto da parede, mostrava a contagem regressiva para a estreia do vídeo no YouTube, tinham cerca de três horas de pura ansiedade até o clipe estar disponível e Louis assistir pela primeira vez, mas enquanto isso o Loiro quis acertar os últimos detalhes sobre o que viria depois. 
– Eu falei com o Zak e o Antony para fazerem as fotos hoje. – Evans disse. – Vocês dois provavelmente não vão vê-los, eu pedi para serem o mais discretos possível. 
– Só dois? Vindo de você eu esperava uma chuva de paparazzis e flashes, helicópteros, tapete vermelho e gente gritando. – Louis riu ao enumerar.
– Engraçadinho.. Esse primeiro passo deve ser o mais cuidadoso, senão vai foder com tudo. – Ele passou a mão pelos cabelos bagunçados, apesar de toda a cautela com que estavam seguindo o plano, se alguma coisa saísse de maneira não natural para o público, seria o fim. – Se vocês virem alguma coisa entre arbustos ou do outro lado da rua, não olhem diretamente. Sério, Tommo, faça questão de parecer apaixonado pelo Styles e não deixe sua curiosidade lhe fazer encarar qualquer outra pessoa.
– Ei! Eu vou fazer tudo certo, relaxa. 
A programação do dia para Louis era: estreia do MV às 13h, almoço com os caras para comemorar, passar a tarde vasculhando os comentários sobre o clipe no Twitter, mas isso era um segredo seu, e às 20h encontraria Harry em um restaurante conhecido por atrair pessoas famosas. 
Em um relacionamento real ele duvidava que o lugar seria sua primeira escolha para um encontro, mas como era praxe alguns artistas serem vistos por lá, não criaria desconfianças em cima dos paparazzis, pois eles podiam ficar de tocaia lá sempre atrás de algum furo interessante. Mas como não era real, para Louis não importava muito aonde iriam. 
Quando pôde riscar a primeira linha imaginária da sua lista de tarefas para o dia, o cantor se surpreendeu com o resultado do vídeo. O jogo de câmeras e luzes foram tão necessários para dar o tom que a história pedia que ele nunca mais reclamaria sobre o preço de se contratar uma boa equipe. As cenas que mudavam entre o passado e o presente ficaram perfeitas e os olhares que as câmeras capturaram deixou tudo tão real que ele até se sentiu um pouco envergonhado quando a televisão foi preenchida completamente com a cintura de Harry sobre a sua, rebolando de maneira condizente com a batida da música, tão sensual, e ele ouviu um coro de “uou!” e “se deu bem” entre as risadas imaturas dos amigos. 
Dizer que os fãs do shipp enlouqueceram com tudo isso foi um eufemismo. O celular dos dois parecia que podia travar a qualquer momento de tantas notificações e mensagens nas mais diversas redes sociais e quando já estava perto do horário marcado para o jantar, Louis o colocou no modo avião e foi se arrumar.
O cantor não sabia muito bem o que vestir e por isso apostou no básico que lhe deixava confiante. Uma blusa vinho lisa e calça preta com a jaqueta jeans claro para espantar o vento frio que não era tão comum na primavera californiana, mas que apareceu naquela noite. Porém, enquanto ele esperava sentado em uma das mesas próximo à sacada do restaurante, logo atrás dos vidros que tinham vista para a rua, notou um homem se aproximar pela visão periférica. 
Ele tinha acabado de deixar o sobretudo com um dos funcionários do local e vestia por baixo uma camisa preta com alguns botões abertos mostrando o colar com pingente de cruz que Louis nunca o viu sem, calça também na mesma cor, mas com listras verticais brancas, o que o dava a impressão de ser ainda mais alto, e nos pés o sapato lustroso passava a impressão de ser muito caro. 
Louis quase escondeu seus vans por baixo da mesa, mas escolheu sorrir ao levantar para cumprimentar o outro. 
– Você poderia ter me avisado que viria assim para eu tentar me vestir um pouco melhor, não acha? – Foi a primeira coisa que disse ao segurar a cintura de Harry e depositar um beijo no rosto do modelo.
– Essa é a sua forma de me elogiar? – Styles riu, graciosamente. – Você também está muito bonito, Louis.
Eles estavam próximos o suficiente para gerar suspeitas e o mais alto apoiou a mão no ombro do outro.
– Acha que podemos sentar agora? Já deve ter dado tempo de tirarem algumas fotos, eu acho. – Harry se inclinou para falar no ouvido de Louis, o que deixou o outro com uma visão privilegiada e com detalhes do colar que ele usava, além dos botões abertos logo abaixo. O modelo também aproveitou para sentir o perfume de Tomlinson e aprovou o bom gosto.
– É, sim. deixa eu só.. – Respondeu ao puxar a cadeira em sua frente para o cacheado sentar e revirou os olhos quando o outro pousou as mãos no coração, tentando fazer graça com o gesto educado.
As unhas dele estavam pintadas de um rosa alaranjado, algo como salmão, e alguns anéis enfeitavam ainda mais os dedos. Louis não imaginava que aquela cor poderia ficar bonita em esmaltes, mas se fosse para ficar, é óbvio que seria em alguém como Harry Styles. 
Eles fizeram os pedidos e Louis descobriu que o outro seguia uma dieta de carnes brancas, só comia peixe e muito raramente aceitava frango ou outro animal. Isso foi pauta para alguns minutos de conversa enquanto esperavam os pratos chegarem, o maior falava de maneira calma e de uma forma que prendia a atenção de qualquer um, dando algumas bicadas no vinho que pediram vez ou outra. Do outro lado da mesa, Louis também o acompanhava na bebida e lhe ouvia de uma maneira que o cacheado não estava acostumado, ele gostava de demonstrar que estava ouvindo e por vezes seguia os lábios do outro com o olhar para entender melhor o que era dito. Proposital ou não, aquela atenção pode ficar meio desconcertante se durar por longos minutos como acontecia ali. 
Por isso Harry também passou a questionar coisas comuns sobre a carreira e vida pessoal do cantor, queria o conhecer melhor já que o relacionamento duraria, pelo menos, seis meses. 
– E quando eu pedi pra repetir, ela simplesmente levantou a blusa. – Louis contava aos risos. – Não, sério. Eu realmente não tinha entendido o que ela tinha falado, não era pra ser uma confirmação a seja lá o que aquela doida ofereceu. 
Eles estavam no meio do prato principal e o menor ria e gesticulava muito com as mãos e olhos enquanto contava sobre a vez que uma fã resolveu mostrar os peitos no meio do show. Aparentemente a moça estava muito animada, talvez um pouco bêbada, e quando ele parou o show para ver se estava tudo bem, ela começou a falar algo que ninguém da banda tinha entendido, mas assim que Louis se aproximou pedindo para ela repetir, a garota abaixou o tomara que caia branco que usava. Harry riu tanto que sentiu suas bochechas doerem, imaginava que a vida de um rockstar devia ser muito louca, mas não era pra tanto. 
– Sinto em dizer que meu trabalho pode ser entediante comparado a isso. – o modelo foi parando de rir aos poucos e começou a contar quando foi perguntado sobre alguma história parecida com a do outro. – O máximo de emoção que tive provavelmente foi quando meu salto quebrou no meio do desfile. – Louis fez uma careta de dor. – Pois é, meus tornozelos ficaram doloridos por alguns dias depois disso. 
Na hora em que o garçom perguntou se pediriam a sobremesa, o menor encostou o suficiente para sussurrar no ouvido do outro de forma divertida. 
– Seria muito meloso dividirmos uma sobremesa no primeiro encontro? – dava pra sentir o sorriso arteiro em seu rosto. 
– Não sabia que você era desses caras, Tomlinson. Espero que não queira economizar na sobremesa com as garotas que você sai, ninguém gosta de homens assim. – Harry implicou. 
– Cala a boca, é romântico, vai. – eles falavam tão próximos que Louis se viu enrolando um cachinho do outro e puxando, numa intimidade que ele raramente desenvolvia em tão pouco tempo. O empurrão discreto em seu ombro que recebeu logo em seguida foi merecido, no entanto. 
– Vamos querer esse creme de papaia com cassis.. sim, só um, nós vamos dividir. – o modelo sorriu educado para o garçom e Louis deu um sorriso vitorioso em sua direção. A alegria, no entanto, só durou até descobrir que a sobremesa parecia mais algo que uma senhora pediria e não uma bomba de açúcar como ele imaginava. Nunca mais deixar o modelo escolher sua sobremesa, anotado. 
A noite foi mais divertida do que eles esperavam, a companhia era agradável e o clima não foi tão constrangedor quanto poderia ser. Ambos estavam satisfeitos com isso e poderiam até dizer que uma amizade estava surgindo a partir dali. 
Alguns flashes foram percebidos assim que Louis abriu a porta para que Harry entrasse em seu carro, não tinham combinado que ele levaria o mais novo para casa, mas o improviso caiu bem. 
– Está entregue, são e salvo. – destravou as portas e se virou para o cacheado que estava no banco do carona. 
– Muito obrigado pela carona e pelo jantar Louis. Eu realmente acredito que poderia ter sido pior. – Harry sorriu provocante e revirou os olhos quando o outro se fez de ofendido, com as mãos no rosto e tudo. 
– Para você é namorado, não Louis. – rebateu com uma sobrancelha erguida. 
– Então te vejo depois.. – ele se aproximou lentamente e completou próximo à orelha – namorado. – deixou um beijo estalado no rosto do cantor e saiu do carro. 
VI
Harry: (Foto)
Harry: Nós estamos na Times Square!!!!!!!!
Harry: Nunca pensei que ficaríamos tão bem nas telonas 👍👍😁
Louis: Isso é foda pra caralho! Ficamos realmente muito bem ;)
(...)
Louis: Ei, eu vi seu desfile ontem. Aquela apresentadora definitivamente não sabe de nada.
Louis: Ah! e eu aposto que aquela roupa feia dela ficaria melhor em você.
Harry: Obrigado, Louis 🙂
Harry: Mas nunca mais fale assim de uma Gucci na minha frente 😡
Louis: Eu tô te defendendo aqui, tá bom?! Não seja ingrato, haha
Harry: 🙄🙄
Harry: Sua risada não tem a menor graça assim, você pode usar emojis como todo mundo que está vivo no século XXI sabia?
Louis: Obrigado, mas não, obrigado. 
(...)
Harry: Cleo me deu o ingresso para o show na sexta. É muito ruim se eu disser que não conheço a banda??
Louis: Na verdade, sim, Styles. Infelizmente nosso relacionamento precisa acabar aqui.
Harry: Não seja palhaço 🙄🙄
Harry: Só preciso saber as principais músicas pra não passar vergonha, Louis. Me ajuda!! 🙏😁
Louis: Meu deus.
Louis: Vou compartilhar minha playlist com você, mas não abusa.
Harry: 👍😍
Louis revirou os olhos com um sorriso mínimo no rosto e enviou o link do spotify com a pergunta brilhando num letreiro neon na sua mente “Quem diabos não conhece Imagine Dragons?!”. Fazia quase um mês desde a última vez que viu o modelo pessoalmente e os boatos sobre o namoro pareciam estar esfriando, então veio a calhar que um dos seus colegas conhecia alguém que conhecia outro alguém que trabalhava com Dan Reynolds, o vocalista. No fim, ele estava com cinco ingressos VIPs para assistir o show e além da sua própria banda, seria um ótimo programa para levar também o namorado. 
Os dias depois do lançamento do clipe foram os mais agitados e caóticos que ele já experimentou durante toda a carreira. Além do estrago nas redes sociais que ele já previa, percebeu que em todos os shows dali em diante teriam várias pessoas e celulares voltados a qualquer parte considerada especial em busca de uma certa presença. De qualquer forma, Louis não deixou de ficar grato quando a procura de ingressos pros camarotes em cada setor e cada show ficou bem maior que o comum, não dava para reclamar se as pessoas querem gastar tanto dinheiro assim só para tentar achar seu “namorado”. Como se ele não fosse ficar exatamente na frente do palco ou então lá em cima com os produtores caso estivesse realmente lá. 
E depois de quase um mês, com os ânimos mais calmos, os fãs teriam mais algumas fotos para voltarem a surtar. Foi o que Louis pensou ao ver o carro vermelho e blindado parar na porta do seu prédio, e ele completou o pensamento de que deveria ter imaginado que Harry, aquele Harry, certamente não dirigiria um carro preto ou que fosse de algum modo.. sem graça.
Entrou no carro com um assobio na ponta dos lábios e elogiou a escolha do automóvel, brincando que esperava um dia ter tanto dinheiro quanto o cacheado para comprar um do mesmo modelo. Harry sorriu ladino e uma covinha charmosa despontou na bochecha. Os cachos estavam estrategicamente dispostos pela cabeça dele e não tão definidos, e o dress code preto parecia ter sido combinado, já que ambos se encontravam vestindo a mesma cor. Se não fosse os pequenos brilhos prateados que eram discretos, mas aparentes, por toda a camisa do cacheado e a blusa de manga longa com gola portuguesa que Louis usava, podia-se dizer que eles combinaram em usar calças skinny jeans e vans.
– Eu descobri porque a banda do show de hoje não era tão desconhecida assim pra mim. – Harry disse logo após iniciar a rota pelo GPS e dar partida no carro. 
– Então eu ainda posso ter esperanças sobre algum possível bom gosto seu? Ei! – Louis riu ao ser beliscado na coxa.
– Não exatamente.. eu só lembrei porque uma das músicas da sua playlist era a preferida do meu ex. Bem.. tipo ex. É complicado. 
– Ele era o cara com bom gosto da relação então. 
Harry acenou com a cabeça, mesmo um tanto confuso sobre a última fala do cantor. Não pareceu ser apenas sobre música aquele comentário. 
– Vocês ficaram juntos por muito tempo? Ah, meu deus! Foi tipo um namoro super falado do mundo da moda e eu estou passando vergonha por não conhecer? – continuou Louis, apreciando a risada que o cacheado soltou com sua forma exagerada de falar. 
– Não para a primeira pergunta. Talvez para a segunda. – deu uma olhada rápida em Louis e se deparou com os olhos azuis voltados para si, depositando toda a atenção no que falava. – Ele também é modelo.. basicamente trabalhávamos juntos em muitas campanhas e desfiles, éramos um casal bonito e todas as marcas queriam o contrato em conjunto.
– Consigo imaginar algo assim.
– É.. só que com tudo isso nós começamos a nos aproximar e nos relacionar. De verdade. –  Não tinha uma carranca no rosto, tampouco um sorriso. A feição serena como se estivesse contando sobre o tempo deixou Louis curioso e até espantado sobre o quão bem resolvido Harry demonstrava ser sobre o assunto.
– Deixa eu adivinhar, então isso deixou de ser comercial e vocês foram naturalmente se afastando?
– Ah, não! Não mesmo. Nós ainda trabalhamos juntos às vezes. – soltou um sorriso com a careta confusa que Louis fez. – Sam não tinha realmente a intenção de algo sério quando me pediu em namoro, ele sempre amou sair com várias pessoas e quando eu penso em solteiro só consigo imaginar ele como personificação da palavra. Eu era muito novo, passamos algum tempo juntos mas sem realmente sermos exclusivos.. bem, pelo menos ele não era exclusivo. 
Louis ainda prestava atenção em cada palavra que saía dos lábios cheios do outro, querendo ouvir toda a história. Ele conseguia demonstrar devoção e interesse de uma maneira tão simples que era basicamente confortável de se conversar qualquer assunto, desde enfeites de natal a assassinatos em série. 
– Eu não podia cobrar nada, na verdade. – Harry continuou. – Depois de dois anos nesse rolo, quando ele resolveu me pedir em namoro, eu não aceitei e resolvi terminar qualquer envolvimento romântico e sexual que tínhamos. Por isso o “tipo ex”. 
– Oh, uau. – Louis desviou o olhar para a estrada, de sobrancelhas erguidas e só um pensamento rondando sua mente. – Ele realmente era o cara com bom gosto, mas não soube fazer boas escolhas. 
Harry sentiu sua bochecha esquentar e manteve os olhos nos faróis que ocasionalmente iluminavam todo o carro.
– E quanto a você? Nenhum relacionamento para contar história?
– Eu nunca namorei. – deu de ombros. – Tive algumas pessoas aqui e ali, mas meu foco sempre foi minha música e carreira. Não apareceu ninguém que me fizesse ter interesse em algo mais sério e duradouro. 
– Vendo pelo lado bom, ninguém precisa surtar de ciúmes quando seus fãs resolvem fazer um strip pra você. – levantou e abaixou as sobrancelhas, lembrando da história que o outro lhe contou no restaurante um mês atrás, e riu ao ouvir uma série de “hahaha” sair dos lábios alheios. 
°°°°°
Os amigos de Louis eram super divertidos e rapidamente criaram uma intimidade digna de anos de amizade com Harry.
O show tinha sido eletrizante, apesar de não fazer muito o estilo do cacheado, as batidas fortes e a energia surreal da plateia fazia qualquer um se render e curtir como nunca. Todos eles ficaram na parte frontal do espaço, antes mesmo da primeira grade que dividia o palco dos fãs que provavelmente estavam acampados na fila há dias para ficar o mais perto possível do seu ídolo. Harry tentou aproveitar da maneira mais discreta possível a visão do vocalista na passarela, dançando e cantando de maneira definitivamente sexy demais para qualquer um que tenha olhos funcionais. 
Dan Reynolds estava muito suado, com toda aquela pele alva a mostra, sem camisa e sem nenhuma tatuagem visível. O shortinho preto parecia algo que o modelo costumava usar em suas corridas ou sessões de yoga, e mesmo que o tecido leve fosse igual, o caimento em ambos era uma coisa totalmente diferente. O cantor tinha um corpo forte e todos os músculos definidos no lugar certo, o que geralmente não fazia o tipo de Harry, mas após algumas cervejas e uma visão muito próxima daquele monumento que chamavam de homem, ele estava com medo de sair babando pelo cantor errado nas fotos que alguém devia estar tirando. 
Louis pareceu sentir o mesmo medo, pois tinha passado menos da metade do show quando ele pressionou as costas do cacheado em seu peito, passando os braços pela cintura marcada dele e soprando um “se comporte” baixinho no ouvido. Ficaram naquela posição pelo resto da apresentação inteira e quando Harry dançava desengonçado, apenas para provocar o outro que aparentemente não curtia passar vergonha em público, Louis era obrigado a acompanhar o movimento já que seus braços não sabiam o caminho de volta para o lado do próprio corpo e permaneciam segurando com firmeza o outro. 
– E teve aquela vez que o Louis roubou o carro do padrasto e mandou o Liam dirigir até a cidade vizinha porque nós fomos chamados para cobrir o show de uma outra banda que tinha cancelado de última hora no festival da cidade. – Jamie disse, rindo.
Eles estavam em uma espécie de festa mais reservada após o show, o lugar tocava uma música eletrônica mas não era alta o suficiente para impedir as conversas que rolavam pelo local. Tinha poucas pessoas, provavelmente só os convidados pelos músicos do Imagine Dragons tinham acesso a essa parte mais intimista e exclusiva, então a banda de Louis resolveu contar algumas histórias sobre sua trajetória enquanto o cacheado se divertia como mero ouvinte. 
– Tecnicamente não foi um roubo e você está sendo generoso em chamar aquela merda com aproximadamente 50 pessoas presentes, sendo que metade devia estar tão chapada que não faria diferença sermos nós ou um pendrive tocando, de festival. – protestou Nick.
– Detalhes.. ainda assim o Tommo aqui conseguiu assumir toda a culpa pelo nosso sumiço de várias horas e acho que até hoje meus pais não sabem aonde a gente foi. – finalizou Jamie com um semblante pensativo, apesar de grato. 
Louis ouvia as histórias e a forma como os amigos falavam com um sorriso de canto fixo no rosto e por vezes revirava os olhos em divertimento, mas a postura não deixava de ser confortável. Ele se sentia bem em apenas deixar os outros terem seus momentos falantes, mesmo que os temas lhe digam respeito, e continuava bicando o copo de energético com vodka calmamente.
Harry sempre se considerou um bom observador e graças a isso ele percebeu como Tomlinson, pelos relatos, sempre se manteve presente e constante na vida daqueles outros homens. Podia não parecer de longe, mas o cacheado agora tinha certeza que cada pequena atitude que Louis tomou e toma em sua vida tem como principal preocupação as pessoas em sua volta. Isso era simplesmente puro e belo. 
E não é como se o cantor quisesse crédito por nada disso. Gastou literalmente todas as economias para gravar a demo e não aceitou que os outros se comprometessem tanto assim, assumiu a responsabilidade quando alguma aventura era descoberta e provavelmente pegou todo o castigo para si sem dedurar os outros garotos, incentivava todo mundo a se manter acordado por várias noites nos pubs de Londres apenas esperando uma brecha na programação para que fossem encaixados, como se os equipamentos encostados no meio fio não estivessem alí por horas sendo nutridos por um pequeno fio de esperança. Louis Tomlinson foi a força que os liderou até onde chegaram e merecia cada olhar de gratidão, mesmo que demonstrasse fazer pouco caso. 
Quando Harry o deixou em casa naquela madrugada, sem paparazzis os perseguindo dessa vez, se sentiu ainda mais admirado e comovido pelo Louis que a cada dia conhecia mais um pedacinho. 
O tempo praticamente voava entre trabalhos aqui, shows ali, uns desfiles acolá e mais tantas publicidades. Por isso, os próximos dois meses foram preenchidos por exatos três encontros rápidos entre os dois artistas. 
– Sua mão é sempre tão gelada? E tão grande.. sério, espera um pouco, não é tão fácil achar uma posiçã- isso. Melhorou – Foi o que Louis disse enquanto eles estavam passeando pelas ruas de Los Angeles. Harry tinha um suco verde nas mãos e o cantor bebia seu café gelado aos poucos, ambos curtindo o clima ameno e o vento que balançava os grandes coqueiros que enfeitam a maioria das avenidas da cidade. 
– Não precisa segurar elas se estiver difícil para você com essas mãos tão miúdas. – as covinhas atrevidas faziam questão de enfeitar o rosto bonito do outro.
– Como ousa? – e simplesmente iniciaram uma disputa muito séria, e não verbal, sobre qual mão ficaria na frente enquanto andavam. Os braços se esbarravam com velocidade e os risos ficavam cada vez mais altos. 
Na próxima vez que se viram, Louis estava acompanhando o lançamento da coleção sazonal de alguma marca parceira do maior. O evento era em Nova York, a grande maçã, e felizmente coincidiu com a agenda de shows da banda, então sem problemas quanto a isso. 
O problema em si veio à tona quando alguns conhecidos apareceram para cumprimentar Harry, com sorrisos brilhantes e olhares afiados, dignos dos vilões da Disney. Até Tomlinson, que não se considera muito atento, foi capaz de notar a maneira com que a postura do modelo ficou ainda mais ereta e imperturbável, se é que aquilo era possível, e como ele fixou um sorriso educado no rosto, mas que depois de alguns dias vendo a forma como as covinhas se mostram e os olhos apertam, Louis sabia que não era real.
– Argh! Pensei que eles não fossem sair nunca. – o menor falou próximo ao ouvido do cacheado, mesmo que, com sua teimosia por não querer ficar na ponta dos pés, tenha chegado no máximo no maxilar rígido dele.
Foi quase de imediato que as sobrancelhas de Harry relaxaram e o sorriso plastificado finalmente saiu do rosto. Ninguém nunca tinha se concentrado e percebido as singelas mudanças, mas Louis sim. Aparentemente havia um Harry, aquele divertido e brincalhão que se tornou seu amigo nos últimos meses e embarcou nessa loucura com ele, e existia o Harry Styles, a personificação da palavra modelo, alguém que exalava perfeição e em quem todos se inspiravam, aquele que não cometia erros. Devia ser tão cansativo, o menor só queria poder espalhar as mãos sobre os ombros do outro e fazê-lo relaxar toda essa tensão para fora.
Quando se viram na próxima vez, já no início de agosto, o verão estava com tudo na Califórnia e pegar uma praia foi uma ideia muito bem-vinda. Venice Beach era completamente surreal e estonteante, a areia clara e fininha onde os banhistas caminhavam com calma ou simplesmente deitavam para tomar sol, o mar tão azul e intenso que diversos surfistas se divertiam praticando por ali, além de diversos esportistas, desde o skate ao patins, deslizando pelas pistas e contribuindo para a energia contagiante do local.
A praia era muito frequentada, o que foi uma escolha óbvia para os fins do relacionamento dos dois, mas não tão cheia como Santa Mônica, que por ser um destino certo para os turistas, provavelmente tiraria qualquer resquício de privacidade dos artistas e poderia ser até perigoso em certo ponto. Então Louis e Harry conseguiram se divertir um pouco, mesmo com algumas pessoas cochichando em sua direção às vezes e com outras não sendo nada discretas ao tirar fotos do casal. 
– Eu não sei.. só senti que devia aproveitar, entende? – os olhos verdes desviaram da bela vista em sua frente, o oceano vasto e algumas crianças correndo, e se virou para Louis. – Esse tipo de oportunidade não aparece a todo momento e eu precisei voar mais cedo que o esperado, mas pode ser bem difícil às vezes. – voltou novamente a fitar o mar.
Eles tinham essa coisa de mudar de assuntos divertidos e engraçados à dramas familiares num piscar de olhos, sem, contudo, pesar o clima ou ficarem desconfortáveis. Styles nem lembra qual foi a última vez que conseguiu falar sobre sua vida pessoal sem temer ter alguma informação vazada ou que a pessoa se aproveitasse de alguma forma do que foi dito para tirar vantagem. 
– Eu realmente entendo. Não a parte de aprender a viver por si só na adolescência, mas sobre as oportunidades. Você sente muita falta de casa? – Louis perguntou, genuinamente curioso. Ele, diferente do mais novo, não apreciava a visão da natureza que o local proporciona, apenas mantinha suas orbes fixas na maneira como os lábios cheios articulavam cada vogal de maneira mais enfática, enquanto as consoantes saiam por um espaço apertado, deixando a voz mais grave. 
Por vezes ele se perdia no brilho do sol refletido no colar delicado que pendia sobre o pescoço do outro, mas não se deixava apreciar o resto do corpo do cacheado vestido num shorts amarelo curto demais ao ponto de mostrar outras tatuagens que ele desconhecia a existência e os ombros largos que ficavam a mostra pelo caimento da saída de praia bege, no estilo de uma blusa meio larga e elegante. Não apreciava de maneira consciente, pelo menos. 
– Eu sinto falta de um lar. – Harry sorriu, um tanto corado. Esse era um assunto que o deixava tímido. – A casa dos meus pais, onde eu cresci, não me traz aquela sensação de preenchimento.. deixa meu coração em paz pelos, sei lá, três dias que consigo ficar, mas não aquece. Meu apartamento em Londres, também, é aconchegante e confortável, um lugar onde posso ser eu e descansar de qualquer persona minha.. mas, não sei, falta algo. 
As sobrancelhas bem feitas se crisparam e ele voltou o olhar para a areia entre as próprias pernas, brincando um pouco com os grãos e não percebendo como a garganta de Louis subiu e desceu com dificuldade ao que ele engoliu em seco. 
– Eu sinto mais falta das minhas irmãs, eu acho. – Louis virou para frente, na mesma posição que o cacheado, e chegou mais próximo, quase encostando o seu braço com o de Harry que estava apoiado no chão. – Não consegui acompanhar tudo o que eu queria sobre o crescimento delas, no fundo eu tenho medo de me tornar aquele parente que as pessoas sabem o nome mas não conhecem de fato. Alguém que está sempre longe e por isso é fácil substituir.
Harry olhou nos olhos azuis, sentindo uma coisa que nunca habitou seu peito antes. Talvez seja a cumplicidade e a forma fácil com que eles conseguiam conversar, talvez fosse a vulnerabilidade recíproca do momento, ou talvez tenha sido os olhos azuis que pareciam lhe conhecer de uma forma que ninguém conhecia. Nada precisou ser dito, a brisa do mar e o barulho das ondas fizeram fundo musical daquela cena de maneira perfeita e condizente. 
Eles estavam se deixando serem conhecidos e ao mesmo tempo colocando em palavras as inseguranças e medos que nunca tiveram coragem de expor nem quando estavam sozinhos com a própria companhia.
Quando deixou Harry em frente ao hotel onde ele teria uma reunião, logo depois de implorar para que o dono de uma barraca na praia deixasse o modelo usar o chuveiro e trocar as roupas leves que usava pelas que ficaram no carro durante a tarde, Louis lembrou do próximo compromisso com o maior. Ele estava estranhamente ansioso para vê-lo novamente.
– Daqui a duas semanas, então? – quase pareceu esperançoso demais. 
– Sim.. começamos por Tóquio, não é? – Harry respondeu enquanto apoiava os cotovelos na janela do lado do motorista, onde Louis estava.  
– Isso. – um flash disparou na direção deles, vindo da direção traseira do carro. – Eles estão aqui, você acha que é suspeito eu te deixar em um hotel e não seguirmos direto pra minha casa ou para a sua? Não lembro de Tristan ter contratado mais paparazzis depois do restaurante, então não podemos confiar na narrativa que eles vão vender.. Droga, tecnicamente eles não sabem que você tem trabalho agora, então é provável que falem que-
– Eu vou fazer uma coisa, não se irrite por favor. 
– O que? Harry, o assunto é sério. Talvez você devesse entrar e aí eu dou a volta e te deixo nos fundos porque por lá não-
O cacheado deu um suspiro resignado, revirou os olhos de uma maneira afetada e se aproximou de Louis, interrompendo todo aquele discurso com um selar de lábios. Foi tão rápido que Louis não conseguiu fechar os olhos a tempo e Harry já tinha se afastado, mas isso não impediu diversos cliques de serem ouvidos e definitivamente não impediu sua boca de formigar pelo menos um pouco.
– Oh, ok. Tóquio, então. – acenou com a cabeça em confirmação para a própria fala umas duas vezes, então Harry sorriu dando as costas.
– Tchau, Louis. 
VII
Podia se tornar um pouco sufocante e dolorida a forma como as luzes nunca são apagadas nessa cidade. É como se pegassem a Times Square, com todos aqueles letreiros, telas gigantes, anúncios e muita energia sendo consumida, e multiplicassem por toda uma cidade. Era assim que Louis estava enxergando Tóquio em sua primeira vez visitando o local.
Harry podia estar um pouco mais acostumado já que esteve na cidade algumas vezes, mas não a tornava mais tolerável. Por um dia ou dois era incrível, deslumbrante e inovador, mas tente por uma semana ou mais que se torna aterrorizante. Nunca parece anoitecer, as ruas são muito populosas, os hotéis muito caros pelo pouco espaço que oferecem, e chega um ponto em que os ouvidos e cabeça começam a latejar depois de serem bombardeados por muito tempo com um idioma tão diferente do usual. 
Eles estavam há dois dias hospedados no mesmo hotel, em quartos vizinhos que mais parecia separá-los com folhas de papelão no lugar das paredes, e saíam juntos em toda oportunidade. Podia ser apenas pelo contrato, mas eles realmente gostavam da companhia um do outro e talvez tenha sido por esse costume, de fazer as aparições em conjunto, que Harry se sentiu um tanto desnorteado no show daquela noite. 
Foi o primeiro show em que ele realmente teve que acompanhar a banda e, por isso, ficou estrategicamente exposto em frente ao palco. E mesmo com a companhia de algumas pessoas da produção ao seu lado, sem Louis a vulnerabilidade tomou conta do corpo do cacheado e ele agradeceu por estar em um país que prezava tanto a educação, pois não tinha certeza se aguentaria qualquer coisa que fosse mais intimidante do que os olhares tímidos e rápidos que as fãs lhe davam. 
O modelo não conseguiu se soltar de primeira e passou grande parte do tempo tentando normalizar a respiração e dar vazão àquele incômodo persistente que sentia. Não era incomum estar em posição de destaque, nem se tratava apenas disso.. era só que com aquelas milhares de pessoas ao seu redor tentando bisbilhotar um aspecto tão íntimo da sua vida, ainda que falso, Harry ficou quase  sufocado. Entretanto, como tudo em sua vida, ele só precisava de um pouco mais de persistência e tempo para se acostumar.
No último dia em Tóquio, algumas horas após o show, todos decidiram ir a uma boate indicada pelos empresários, um lugar mais reservado e “premium”, onde não teria gente filmando e poderiam agir da forma mais confortável possível. Claro que Harry e Louis não iriam correr o risco de serem vistos com outras pessoas, mas não havia a pressão de parecerem legítimos, seria só diversão, pura e simples. Assim, depois de algumas rodadas com pelo menos dois shots para cada um e uma garrafa de champanhe estourada para comemorar o início da primeira turnê fora da Europa e América do Norte, os corpos de ambos ficavam cada vez mais leves e dançantes. 
Louis não costumava dançar nem quando estava bêbado e talvez a companhia, ou a euforia por tudo o que estavam conquistando, tenha lhe influenciado de alguma forma. O corpo ainda estava arrepiado pela adrenalina que correu em suas veias durante todo o show e que não parecia querer abandoná-lo tão cedo, um sorriso contagiante estava fixo em seu rosto sem hora para ser desfeito e nas músicas super animadas ele se deixava até pular um pouco numa rodinha improvisada com os amigos. Quando não estava se divertindo dessa maneira, se contentava em deixar Harry movimentar seu corpo do modo mais conveniente para o modelo, que aparentemente tinha uma queda por lhe guiar em passos vergonhosos. 
– É só seguir a música, viu? Não tem que ser complicado. – Harry disse ao deslizar as mãos pelo próprio corpo enquanto deixava a batida lenta, mas ritmada, direcionar o movimento dos seus quadris. 
– É fácil pra você falar. – Louis bufou. – Não tem nada que você não saiba fazer, mas eu? A sorte é que não tem ninguém sóbrio aqui pra lembrar desse mico que eu tô passando. 
– Não seja dramático, olha. – se aproximou ainda balançando o corpo e segurou as mãos de Louis, levando elas até sua cintura e deixando-as ali. – Vem comigo, me segue. 
Louis sentiu a garganta apertar enquanto seus olhos acompanhavam as mãos tocando aquela parte delicada e sentindo o tecido de seda que o outro vestia. Era macio e gostoso de deslizar entre os dedos, e ele estava realmente apreciando o toque. Talvez a bebida tenha lhe deixado um pouco chapado demais, ou talvez tenha sido outra coisa. Quando levantou os olhos, Harry estava sorrindo em sua direção, todo brilhante e iluminado, como se as luzes escuras do local não fizessem diferença alguma, e então Louis engoliu em seco, focou nos olhos verdes, quase vítreos demais, e se deixou embalar pelo corpo do outro. 
Durante a primeira música ele ainda estava desajeitado e Harry apenas ria e o ajudava com as mãos nos ombros, fazendo ele não pensar demais. Depois de alguns minutos, o menor já não sabia quanto tempo ou quantas músicas já tinham passado, porque os dois corpos estavam tão próximos que Louis podia sentir no hálito do maior o doce da bebida que ele tomava, lhe desligando do ambiente ao redor e lhe induzindo a chegar cada vez mais próximo, tentado a sentir o sabor com a ponta da língua. Mas de repente o modelo virou as costas. 
– Eu amo essa!! – Harry gritou animado ao pegar o copo que estava na mão de Nick, sem mesmo saber o que o rapaz estava bebendo, e virou o que restava na própria boca. 
Não deixou Louis se afastar, no entanto. Logo após limpar as gotas que acabaram por escorrer pelo queixo, ele puxou novamente as mãos do mais velho até tê-las em volta da cintura e fez questão de guiar a palma numa espécie de carícia por todo o abdômen e mais em cima. O cantor queria manter uma distância respeitosa, mas com toda aquela intimidade que ele já tinha desenvolvido com o outro, se deixou aliviar tais preocupações. Se em algum momento Harry se sentisse desconfortável, tinha certeza que ele mesmo falaria. Com isso em mente, pressionou o modelo por trás, trazendo em um abraço o corpo leve e, com a permissão implícita, acompanhou os movimentos que ele fazia com os quadris, embalados por algum som sensual demais para não aproveitar. 
Quando finalmente se trancou no quarto de hotel depois de chegar da balada, Louis sentiu seu corpo sobrecarregado e com os nervos à flor da pele. A excitação do primeiro show em um local diferente, a aceitação do público, a alegria de dividir essa conquista com seus melhores amigos, a realização de mais uma etapa do seu sonho.. tudo isso estava deixando seus sentidos em êxtase, completamente acordado e  sem conseguir descansar a mente. Ele definitivamente precisava dormir por pelo menos duas horas antes de voar para a cidade do próximo show, mas estava se revirando há algum tempo na cama e ainda assim não conseguia. 
Foi um tanto automático que aconteceu. Em um segundo ele estava resmungando, bêbado, e rolando pelos lençóis macios do hotel, e no outro notou a própria mão deslizando pela boxer preta que usava. Não foi difícil ficar excitado, a mão que pressionava e esfregava a ereção quase completamente formada, parecia tremer um pouco, o que só podia ser resultado de todas as emoções que viveu durante o dia, e rapidamente ele deslizou o tecido pelas pernas, um tanto desajeitado e sem poder esperar. 
Louis espalhou as penas pelo colchão, deixou sua cabeça cair no travesseiro fofinho e fechou os olhos, soltando um suspiro aliviado quando envolveu totalmente o membro com o punho e o apertou com a segurança de quem conhece o próprio corpo e sabe do que mais gosta. A outra mão ele aproximou dos lábios e lubrificou três dedos com a língua, para logo depois rodear só a glande com os dígitos molhados. Ele esperava que seu vizinho de quarto não pudesse ouvir os gemidos baixos que saiam sem restrição pelos lábios finos.
Era uma tortura gostosa provocar apenas a cabecinha rosada até ficar tão sensível que tudo se tornava quase doloroso, para só então deslizar a outra mão para cima e para baixo com fervor, numa velocidade e rigidez nada comparada à delicadeza inicial. Em seus pensamentos geralmente não vinha nada, ele gostava de focar só no que o corpo estava sentindo, nos calafrios que subiam pelas costas ou na ardência entre as pernas pouco antes de gozar, mas daquela vez foi diferente. O aperto que sua mão fazia na base do membro era muito semelhante ao que sentiu da última vez que transou com alguém e a imagem daquela mulher veio à tona. Sequer lembrava o rosto dela, mas as ondas do cabelo castanho que ele puxou enquanto a fodia por trás era inesquecível e Louis se viu aumentando os movimentos de sobe e desce que estava fazendo. 
As pernas se dobraram na cama e ele passou a foder o punho que segurava com firmeza a ereção, cuspindo mais um vez nos dedos e só os deixando pressionados ao frênulo, uma parte tão sensível que sempre lhe fazia tremer um pouco. De olhos fechados e lábios entreabertos, com a respiração rasa e alguns gemidos desconexos, a lembrança que projetava em sua mente começou a modificar. Os cabelos amarronzados grandes diminuíram de comprimento e ele quase podia sentir o cheiro novamente, tinham um perfume forte e semelhante ao que ele sentiu enquanto dançava com Harry mais cedo naquele dia, bem quando as costas do modelo estavam pressionadas em seu peitoral e seu rosto estava rente à nuca do outro. 
As suas mãos, ou pelo menos a maneira com a qual se lembrava de segurar a cintura bronzeada da mulher, agora estavam segurando uma mais firme e masculina, aquela que ficou acostumado a tocar nos últimos tempos. Quando ele tentou espiar o rosto de quem seria ali, mesmo tendo consciência que poderia ser qualquer pessoa, já que não lembrava o rosto da que foi sua última, Louis se surpreendeu ao encontrar olhos verdes, vidrados e completamente tomados pela pupila. “Vem comigo, me segue”, o cérebro fez questão de reproduzir e ele não teve escolha.
As pernas tremeram e o líquido quente jorrou com uma força que ele não lembrava já ter gozado de tal forma anteriormente e, muito confuso, Louis abriu os olhos. 
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Tóquio, Jacarta, Pequim e Singapura. Essas foram as capitais onde o Arctic Monkeys teve o prazer de tocar em um intervalo de 7 dias, o que, por si só, já era uma loucura. 
A noção de sono de qualidade, tempo de descanso e uma refeição bem feita foi perdida em algum momento durante essa semana de shows e viagens intensas. Eles estavam muito ocupados entre idas e vindas do aeroporto, check in e check out em hotel, passagem de som e show, além das comemorações após cada uma das apresentações que não podia faltar.. tão ocupados que Louis sequer teve tempo de analisar e refletir o que aconteceu no segundo dia de viagem. Também não parou para entender porque seu corpo associou a imagem de Harry a um momento tão íntimo seu. 
Ele só assumiu que sua mente bêbada e cansada pegou a pessoa mais próxima que ele não considerasse um irmão, como acontecia com seus melhores amigos e colegas de banda, e resolveu lhe pregar uma peça. Era isso.
Então quando, no último dia da viagem, eles foram novamente para uma baladinha comemorar o fim dessa etapa, o cantor não ficou estranho com o cacheado, nem demonstrou qualquer mudança no comportamento. Os toques carinhosos e abraços demorados já eram parte da rotina normal, afinal.  
Naquele dia houve um imprevisto no voo e eles não tiveram tempo de passar no hotel antes de ir direto para o local onde aconteceria o show, então as malas ficaram apertadas no camarim e até Harry teve que tomar banho e se virar por lá. Com esse pequeno contratempo e tendo em vista o sucesso dos shows no continente asiático, Tristan, que acompanhou os meninos apenas nos dois primeiros dias da viagem e voltou para a Inglaterra logo após, teve a ideia de reservar um hotel, que está na lista dos mais bonitos e caros do país, para a equipe e os artistas descansarem e curtirem o resto da estadia ali.
O Capella Singapore fica localizado na Ilha de Sentosa, pouco mais de duas horas de carro do local do show. O hotel era simplesmente a coisa mais paradisíaca e tropical que Louis e Harry já tinham visto, e o luxo de ter mais de 120 mil metros quadrados de floresta rodeando o local fez valer todo o dinheiro gasto. 
Do grande salão onde estavam, Harry tinha a vista privilegiada de uma piscina em cascata que parecia infinita aos seus olhos, além dos enormes jardins paisagísticos que esbanjavam amor pela natureza e também sofisticação. O garçom muito atencioso que lhe servia naquele balcão tinha um sotaque engraçado ao falar inglês e Harry queria sorrir por qualquer coisa, talvez pelas bebidas que já tinha tomado ou apenas pela magia que sentia ao estar ali. 
– Será que sou eu que vou ter que te tirar pra dançar dessa vez? – Harry ouviu a voz brincalhona sussurrar atrás de si e sentiu sua nuca arrepiar. 
– Não acho que você tenha essa coragem até ter bebido pelo menos três doses. – virou com um sorriso nos lábios e sobrancelhas arqueadas.
– Hoje é seu dia de sorte então. – Louis o levantou, puxando com delicadeza uma das mãos do cacheado e segurando o copo dele com a outra. – Tomei quatro. – e virou o copo de Harry, que negou com a cabeça, mas não se fez de difícil e acompanhou o outro. 
A noite estava fresca, bem no clima tropical que todo mundo imagina quando pensa em uma ilha, e Harry sentia os cabelos balançarem pelo vento e sua camisa grudar em seu corpo. O salão estava escuro e uma música eletrônica tocava alto, o som se esforçando para dominar o cômodo aberto. Os corpos de ambos já tinham se acostumado com aquela dança, tinha virado uma espécie de rotina: eles começavam separados, Louis sempre um pouco mais tímido e travado, depois Harry ia se aproximando aos poucos e não precisava mais direcionar as mãos do outro até sua cintura, a essa altura elas sabiam o caminho de cór; depois eles colavam ainda mais os corpos, viravam shots, davam risadas e se perdiam em uma sintonia que era ditada pelo ritmo da música do momento. 
As vezes Harry dava as costas e se deixava ser abraçado, às vezes era o contrário. E foi em uma dessas trocas, quando ele girou Louis de forma exagerada para fazê-lo rir, que o cantor sentiu Harry lhe segurar pela cintura, com o peitoral colado em suas costas, cabeça apoiada no ombro, e guiando com o quadril o movimento dos dois. 
Era diferente sentir o corpo alto por trás e podia até parecer estranho o encaixe, mas Louis não queria pensar nisso. Depois de alguns minutos com as mãos grandes e enfeitadas por anéis ocupando grande parte do seu tronco e barriga, ele nem conseguia pensar, na verdade. A atmosfera parecia estar cada vez mais abafada e ele sentia sua regata colando no corpo, os poros trabalhando para deixá-lo sóbrio mais rápido e ele fazendo o caminho inverso ao propor mais e mais brindes com o cacheado. 
Em certo momento ele já tinha perdido as contas de quantos copos e quais tipos de bebidas viraram juntos, na verdade os sabores se misturavam de tal forma que não fazia diferença. As horas também já não eram muito claras, ele até tentou olhar em um relógio de canto pomposo que tinha no caminho para o banheiro, mas não identificou se estava em algarismos que desconhecia ou só sua mente bêbada que não quis ajudar a decifrar os números. Louis só sabia que os amigos já tinham ido para os quartos descansar, um deles talvez tenha ido para um quarto diferente com uma moça com quem estava conversando, mas Harry não lhe abandonou. 
O modelo parecia estar tão sóbrio quanto o outro. Sorrindo à toa, olhos brilhantes e lábios inchados por uma mania de morder e lamber eles a cada poucos segundos quando está bebendo, fato que o menor não demorou a perceber. Styles dançava sorrindo e olhando para Louis de uma forma que o lembrou dias atrás, quando gozou com olhos verdes na cabeça, e isso lhe deixou um pouco tonto.
Quando voltaram a dançar juntos, não importava que ainda houvesse poucas pessoas ao redor, era como se fosse só os dois, o clima quente, o álcool no sangue e a música alta. O maior tinha a testa colada na de Louis e deixava a respiração sair por entre os lábios abertos, a poucos centímetros dos finos e secos do outro. Suas mãos faziam uma bagunça nos fios lisos e por vezes puxavam até que o menor levantasse mais o rosto e alinhasse as duas respirações.
Os quadris não eram diferentes. Louis sentia suas mãos formigando enquanto estavam apoiadas na cintura de Harry, ele apertava o tecido fino da camisa do outro e puxava de encontro ao próprio corpo até sentir que não passaria um fio de cabelo entre eles, pois não teria espaço. A essa altura a música não definia a forma como eles dançavam, mas apenas a fricção gostosa que começava a animar demais o corpo de ambos e deixá-los ainda mais ofegantes. 
– Harry. – Louis engoliu em seco. Provavelmente não foi ouvido por causa da música alta, mas o outro estava com os olhos fixos em seus lábios, então não perdeu seu nome sendo murmurado.
– Sim.. – lubrificou mais uma vez a boca vermelha e olhou nos olhos azuis. – Você quer-
– Vamos sair daqui? – impaciente, Louis completou. O peito subindo e descendo de forma exasperada.
– Mhm. – acenou positivamente com a cabeça três vezes e puxou Louis pelo braço até pegarem o elevador.
A porta se fechou e após Louis apertar o andar do quarto onde estava hospedado, eles encararam o espelho. O cantor estava descabelado e ofegante, a regata parecia um tanto elastecida e ele nem lembra em que momento o outro pode ter puxado. Já o modelo tinha os cachos um pouco colados na testa pelo suor e a camisa folgada estava com a barra presa acima do cós da calça. Olhar para aquela direção lhe deixou ainda mais vermelho, portanto rapidamente desviou as orbes verdes um pouco para o lado e soltou a respiração, eles estavam iguais. Ambos com volumes nem um pouco discretos.
Assim que o cartão magnético liberou a entrada no quarto, Harry mal teve tempo de admirar o cômodo e foi surpreendido com duas mãos lhe puxando em direção a cama. No meio do caminho e ainda sem acender as luzes, tendo apenas a claridade da lua que vinha da varanda dupla que tinha no quarto, Louis se viu faminto e foi de encontro aquela boca chamativa que lhe tomou a atenção durante toda a noite. 
O beijo começou bagunçado por toda a euforia e descontrole dos dois, demorando algumas tentativas para que o encaixe das línguas se tornasse perfeito e mais consciente. A bebida que tinham ingerido sendo mais um combustível para todas as sensações e desejos despertarem com força. 
– Hm, espera. – Harry riu ao tentar soltar os lábios e perceber que Louis o seguia de olhos fechados, tentando capturar seu rosto novamente. – Você quer mesmo fazer isso? 
– Sim, vem cá. – respondeu Louis, sem pensar muito. 
Ele deitou o modelo na cama grande e foi por cima, deixando beijos molhados agora por todo o pescoço de Harry. Os lábios estavam trabalhando rápido e o maior se viu fechando os olhos pra aproveitar a pressão que a língua e os dentes de Louis faziam na pele alva, mas assim que notou os dedos trêmulos abrindo os botões da sua camisa, foi obrigado a agarrar os fios da nuca do outro e puxá-lo até ter os olhos azuis focados em si.
– Louis. – advertiu. – Quero que me garanta que isso não é um desejo fruto da bebida e do qual você vai se arrepender depois. 
Não tinha espaço para brincadeiras ou palavras dúbias.
– Eu quero, prometo. – tentou transmitir toda a certeza pelo olhar, suspirando quando os olhos verdes suavizaram a expressão e a mão que lhe apertava passou a acariciar seus cabelos. – Não acho que qualquer bebida teria o poder de fazer isso comigo. – pressionou o pau rígido como pedra no do outro, que não estava diferente.
Harry mordeu os lábios para não gemer e Louis sorriu ladino, sussurrando um “solta” pouco antes de devorar o outro com a língua mais uma vez. 
O trabalho de soltar os botões e de puxar a regata para cima ficou mais fácil com os dois trabalhando em conjunto, mesmo que a ideia de parar o beijo não tenha passado pela mente de nenhum dos dois naquele momento. Louis podia dizer que ficou surpreso ao notar quatro mamilos, mas a verdade é que esse detalhe passou despercebido depois que seus lábios acharam caminho por cada tatuagem que marcava as clavículas e abdômen do maior, deixando a língua deslizar de forma lenta por cada gominho que encontrou e sentindo a pele abaixo tremer. 
Quando ajoelhou na cama para se despir do resto que vestia e deixar Harry fazer o mesmo com a calça apertada que marcava muito bem o corpo esbelto, ele franziu os lábios lembrando que não tinha experiência suficiente nesse tipo de situação e mesmo que já tenha feito penetração anal em mulheres antes, talvez o cacheado gostasse de algo diferente. E se homens precisassem de mais preparação? Porra, ele nem sabia se tinha levado lubrificante na mala. O hotel sequer oferecia camisinha como serviço de quarto? 
– Se você estiver surtando, pisque duas vezes. – a voz grave lhe tirou do transe e ele piscou para afastar os pensamentos, terminando de descer o jeans, já que tinha parado na metade, e tirando as meias.
– Eu não estou surtando. – a voz vacilou um pouco ao que Harry lhe puxou de volta para a cama. – Bem, eu tô. Mas não é sobre o que você pensa.
– Hhm.. – o barulho dos beijos desleixados que Harry estava deixando pelo corpo bronzeado ecoavam no local. – Eu tô ouvindo. 
– Eu tô tranquilo sobre você ser um homem. – sentiu uma mordida leve no topo da sua barriga.
– Sim?
– Eu só, hm, Harry.. – gemeu ou suplicou, ele não sabia. Talvez os dois. Sua destra fez caminho até os cachos suados que já estavam na altura do seu pau e ele fechou os olhos e agarrou, com a outra mão, o edredom para conseguir finalizar sua fala.
– Você pode falar, Lou. Eu não estou te impedindo. – mordeu agora a pele fina que cobre o ossinho do quadril.
– Seu provocadorzinho de mer-ah! – respirou fundo. – Eu só não estou seguro de que vou saber te preparar do jeito certo para não machucar, nem sei se aqui tem lubrificante ou se deveria ser de um tipo específico. Quer dizer, existe um tipo específico?
Assim que terminou de falar, Louis sentiu o sopro de uma risada exatamente no ponto mais sensível do seu membro e se segurou para não gemer com aquilo. Harry subiu novamente o tronco até encarar o rosto corado do menor e falou de maneira calma. 
– Você não vai precisar se preocupar com isso. – percebendo a careta confusa de Louis, continuou. – Eu não costumo ficar por baixo, Lou. Desculpa se eu deveria ter avisado antes ou algo assim, mas não se sinta obrigado a prosseguir se você não estiver confortável com isso. – selou os lábios finos logo após perceber que ele engoliu com dificuldade a informação. 
– Eu não sei.. – Louis se sentia excitado e confuso.
– Se você me deixar mostrar como eu gosto, eu farei ser prazeroso pra nós dois. – voltou a depositar beijos no pescoço de Louis enquanto falava e fez sua mão vagar por entre os corpos colados até que pudesse agarrar o pau ereto do cantor. – Saiba que pode me parar a qualquer momento e nada vai ficar estranho, tudo bem? – recebeu um aceno em confirmação e passou a deslizar o punho para cima e para baixo vagarosamente, – Muito bem. 
Harry sentiu o membro vibrar na sua palma, grosso e quente, e aquilo estava lhe deixando com água na boca. Observando as feições prazerosas de Louis e os pequenos suspiros que ele soltava assim que os dígitos passavam pela glande rubra, o maior desconfiou que pudesse ser ali o ponto mais sensível do outro e aproveitou a chance para testar o local. 
Primeiro fechou a mão de maneira mais firme na base e depois aproximou a língua bem molhada até sentir o gosto de pele e algo a mais na ponta do músculo. Foi devagar e com cautela, deixando lambidas gordas em volta da cabecinha até ter toda aquela parte lubrificada e só então se deixou brincar com aquele pontinho de ligação entre a glande e o resto, geralmente uma área bastante sensível e prazerosa. Não estava errado.
A mão ainda estava fechada em punho e ele começou a sentir as veias engrossando na ponta dos dedos, assim como as fisgadas involuntárias que Louis tinha e que seu próprio pau espelhava em sintonia. Louis era bem responsivo com as carícias focadas em uma só área e Harry precisava dele o mais excitado possível para que não se machucasse depois, por isso continuou com os mesmos movimentos circulares e pequenas sucções apenas ali até ouvir os gemidos dobrarem de volume e a mão fortalecer o aperto em seus cachos. 
– Você tá indo muito bem, Lou. É tão gostoso te chupar, eu passaria horas fazendo isso. – sentiu o outro forçar sua cabeça para baixo ao mesmo tempo em que ele gemeu exasperado. 
– Eu quero foder sua boca, por favor. Deixa H., por favor? – gotas de suor brilhavam no peitoral que mostrava a respiração ofegante dele e Harry, com aquela visão, teve que pressionar o próprio membro no colchão para se controlar por mais tempo. 
– Hoje não, babe. Eu preciso te preparar e você não pode gozar agora, Ok? – não esperou resposta, apenas desviou o olhar por alguns segundos, só o suficiente para deixar uma grande quantidade de saliva escorrer dos lábios para os dedos, direcionando eles até a entrada do outro logo após.
Harry subiu até encaixar a boca de Louis com a sua, dando início a mais um beijo bagunçado e cortado pelos gemidos. Se posicionou entre as pernas abertas do menor e deixou seus dedos massagear com cautela a entradinha apertada dele, enquanto tentava alinhar os membros juntos para começar uma fricção e tirar o foco de qualquer possível dor. Estava tão focado nas reações do corpo de Louis que percebeu o momento exato em que ele tensionou e tentou fechar as pernas, o que o fez se afastar o suficiente para entender o que estava errado.
Procurou sinais de arrependimento, não achou. Conferiu se o cantor ainda estava no clima, e o membro cada vez mais curvado e vermelho foi um bom indicativo que sim. Focou então no rosto dele, que estava muito corado, mas isso não respondia muita coisa, também tinha os lábios franzidos e olhos baixos, como se não quisesse encarar Harry. E antes que ele pudesse perguntar algo, o mais velho se adiantou. 
– Eu não tô, sabe.. eu não sabia que isso ia rolar então eu não – tomou fôlego e olhou para o teto do quarto, só então percebendo o lustre bonito que tinha ali. – Sabe.. preparação, depilação, essas coisas.. eu não sei como você gosta dos seus parceiros, então achei melhor avisar porque talvez você prefira..
E Harry se pegou sorrindo com aquele homem que começa tagarelar quando está nervoso, achando um pouco fofo que ele tivesse essa preocupação com algo tão banal quanto isso. O modelo sentiu a obrigação de agarrá-lo como se fosse seu até tirar todo o fôlego dele com a boca.
– Não me importo com essas bobagens, eu quero você. – apertou a bunda farta e apenas naquele momento lembrou que não tinha tirado seus anéis.
Para provar o que disse, recomeçou as carícias na pele quente entre as nádegas dele, aproveitando da sua saliva para deslizar um dedo até sentir Louis tremer um pouco, percebendo que o ouro em seus dedos devia estar gelado em contraste com a pele nua do menor, o deixando com ainda mais tesão. Não contente em marcar apenas o pescoço com mordidas fracas, Harry desceu os lábios por todo o peitoral, sendo ainda mais incisivo com as marcas já que aquele local não ficaria visível, até chegar onde queria. Dessa vez ele não se conteve em provocar apenas a cabecinha e assim que deslizou outro dedo na entrada do menor, desceu a boca na ereção dele até ouvir um gemido gritado. 
O álcool há muito não estava mais presente no corpo de ambos, parecendo que aquela tortura já durava uma eternidade e, impaciente, Louis passou a estocar sem ritmo dentro da boca quentinha de Harry, fixando os olhos nos lábios grossos esticados para lhe engolir e mal notando a ardência de ter três dedos lhe fodendo. E quando estava pronto para se perder em um orgasmo, Harry, sendo o filho da puta provocador que Louis descobriu ser, parou tudo o que estava fazendo. Tomlinson se sentiu frio e vazio. 
– Tem camisinha aqui? – o cacheado perguntou, afobado. 
– Eu, hm.. – piscou algumas vezes e lambeu os lábios, tentando fazer seu cérebro compreender a pergunta e não surtar ao ver o tamanho do pau que iria lhe penetrar. – Eu não sei, talvez na minha mochila. Na parte da frente. 
Harry assentiu e foi procurar no local onde o outro disse, achando um pacote fechado com três unidades, realmente uma pena não gastar todas, mas ele se contentaria. Era mais do que ele esperava para a viagem, afinal. Se aproximou enquanto colocava o preservativo, massageando um pouco o membro para acomodar bem o látex e tirar um pouco da ansiedade que sentia, não era o momento para ser afoito e descuidado. 
– Relaxa, babe. – ele disse, segurando com força a cintura fina e o mantendo parado, enquanto seu outro braço lhe dava apoio para permanecer acima do menor. – Porra, eu tô me segurando pra caralho pra não te foder do jeito que eu quero.
– Harry! – o gemido quebradiço de Louis saiu baixo e a resistência em seus músculos diminuiu, deixando o modelo penetrar mais alguns centímetros do que não parecia chegar ao fim nunca.
– É tão- hm- tão apertado, Lou.. Eu sinto cada tremor em sua pele, cada pulsação sua é minha também. Consegue sentir? – estocou tudo o que restava para dentro e Louis sufocou, com olhos brilhantes e palavras não ditas. 
Os minutos de espera enquanto se acostumavam foram quase eternos, nas suas percepções. Louis notava como aos poucos sua entrada ia relaxando e acomodando com menos dificuldade o pau do outro, que mesmo sem ter experiência no assunto, parecia algo enorme para ter dentro de si. Harry, por sua vez, contava as respirações, com músculos tensos e olhos fechados, até sentir que o aperto ao seu redor não mais o faria querer tomar à força todo espaço que Louis tinha para dar. 
E bastou testar as primeiras estocadas, ainda de modo calmo e contido, para Louis decidir que aquilo podia até ser doloroso no início, mas também lhe deixava vendo pontinhos pretos na visão de tanto prazer. Em poucos minutos ele distinguiu, entre os gemidos e arquejos, uma voz pedindo por mais e só então reconheceu ser a sua. Viu seus braços agarrados aos ombros de Harry e trazendo o corpo grande para mais próximo, nunca sendo o suficiente, e prendeu as pernas atrás das costas do outro, vendo que assim ele conseguia ir ainda mais fundo e certeiro naquele ponto que lhe fazia querer gritar, se já não o estivesse fazendo. 
– Eu não vou aguentar muito, H– sua voz se perdeu ao sentir os lábios fecharem em seu pomo de adão, lhe forçando a levantar o pescoço e ceder a passagem que o outro queria. A voz rouca veio em seguida, rente a sua pele.
– Não precisa segurar, Lou.. Você tá sendo tão bom pra mim. – beijou o maxilar. – Você sente como meu pau te preenche tão bem? – chupou o lóbulo da orelha e, por fim, sussurrou. – Parece que ele foi feito pra te foder, babe. 
As palavras mal foram registradas por seus ouvidos e ele sentiu algo que nunca tinha experimentado antes. A pressão em seu interior, a ardência nos músculos que não ia embora, mas fazia parte do momento, o estômago revirando e fazendo sua respiração engatar, o orgasmo escorrendo por sua coluna até ser liberado. Intocado.
Para Harry não foi difícil seguir o outro. A mordida no ombro que Louis lhe deu, somado ao aperto sufocante em seu membro enquanto o cantor se perdia ao gozar, foram incentivo mais que suficiente para que ele deixasse seu prazer preencher a camisinha, com um gemido sôfrego que saiu do fundo da garganta e um revirar de olhos. 
VIII
O sol ainda não tinha nascido completamente quando Harry foi acordado. O modelo abriu os olhos, confuso sobre o que tinha lhe feito despertar tão cedo, esfregou o rosto para conseguir afastar um pouco o sono e, depois de horas, finalmente observou com atenção o quarto onde estava.
A suíte de Louis naquele hotel era como um refúgio de luxo, envolvido pela atmosfera de elegância e conforto. As paredes de vidro que se estendem do chão ao teto revelavam um espetáculo natural incrível: as copas das árvores tropicais que preenchem a paisagem até onde a vista é capaz de alcançar. A luz natural do início da manhã banha o quarto, destacando cada detalhe da decoração cuidadosamente escolhida e é como se estivesse imerso na própria natureza.
Os tons neutros com toques de preto, verde e terra faziam do ambiente um lugar ainda mais sereno e relaxante, e o cacheado quase deixou o sono vencer aquela batalha, lhe convidando para voltar a dormir. Mas, como se sentisse as intenções do outro, Louis ficou inquieto mais uma vez, mexendo o corpo sem parecer ligar para as consequências disso. 
Eles tinham rolado na cama logo após se recuperarem do orgasmo e se aconchegaram em uma conchinha quente e um pouco melada, na esperança de descansar por poucos minutos e levantarem para limpar aquela bagunça. No entanto, esses minutos em silêncio viraram talvez uma hora, que se transformaria em até mais se o menor não estivesse esfregando sua bunda no corpo grande atrás dele. Poderia ser algum pesadelo ou só sua personalidade incapaz de ficar calmo mesmo quando está dormindo, então Harry tentou a todo custo segurar o quadril dele e afastar o seu próprio.
– Quietinho, shh.. – deixou beijos calmos no ombro do mais velho e parou os movimentos que ele fazia mais uma vez.
Não adiantou, entretanto. Por sorte o lençol fino que os cobria da cintura para baixo não deixava Styles observar a forma como Louis procurava um jeito de se aproximar novamente até que suas nádegas estivessem espremendo a virilha do cacheado, mas infelizmente não impediu que o sangue descesse até aquele ponto, inchando e endurecendo rapidamente seu membro. 
Vencido pela insistência, o modelo desistiu de se afastar repetidamente e soltou uma respiração trêmula ao sentir sua ereção completamente formada encaixando perfeitamente entre as bochechas gordinhas da bunda de Louis. Sem um movimento da sua parte, percebeu que, para alguém inconsciente, a respiração engatada e os movimentos um pouco desengonçados eram bastante suspeitos, então arriscou. 
– Eu deveria imaginar que você é do tipo que acorda alguém só pra não passar vontade, não é? – sua voz estava ainda mais grave e falhada por ter acabado de acordar, mas ele despejou as palavras diretamente no ouvido do outro, observando com atenção os pelinhos do pescoço se eriçarem assim que terminou de falar. 
O mais velho não respondeu propriamente, apenas um murmúrio abafado saiu dos lábios dele ao passo que Harry alisava o abdômen quentinho e firme do cantor, se deixando aproximar o suficiente do corpo menor até sentir cada pequena respiração dele como se fosse sua. Ele estava receoso de que Louis tivesse se arrependido do que fez ou de que culpasse a bebida pelas atitudes impensadas, mas sendo isso ou não, poderiam aproveitar dessa desculpa por mais algumas horas. 
– Você não ficou dolorido, Lou? Eu não sou exatamente pequeno para uma primeira vez e ainda assim você quer mais. – deixou os dedos abrirem espaço entre as nádegas e gemeu de olhos fechados ao encontrá-lo um pouco aberto e molhado. – Está duro por mim, babe?
Harry passou a mão esquerda por baixo do corpo dele até conseguir abraçar por inteiro o tronco, aproveitando para apalpar a pélvis e deslizar a mão pelo membro já ereto do outro. 
– Na verdade.. faz um tempo que tô assim. Você não é muito fácil de acordar, sabia? – Louis sentiu a garganta arranhar e sua voz sair um pouco estranha pelo tempo sem uso. Harry achou sexy e se viu querendo ouvir a voz fina e rouca mais vezes em situações como aquela. 
– Era pra você estar dormindo, não se esfregando em mim até eu te comer de novo. – o tom repreensivo da fala não combinava com os dois dedos que ele estava inserindo na entrada do cantor, mas ambos foram ditos e feitos num ritmo lento que era característico do modelo. 
– E-eu, porra.. não iria conseguir dormir, de qualquer forma. – a respiração aumentando assim como os movimentos em sua bunda. – Você parece um cachorrinho quando ganha um urso de pelúcia, todo braços e pernas em cima de mim, encoxando até me deixar com tesão mais uma vez. – sentiu o sorriso de Harry na sua nuca e sua barriga revirou ao que os, agora três, dedos encontraram sua próstata. 
– Não foi a intenção, desculpa. – a graça na voz tirava qualquer credibilidade da sua fala. A mão esquerda esfregando e puxando os mamilos de Louis também não ajudavam. – Vou te ajudar com isso.
– Muito bem, obrigado. – Louis riu ao receber um tapinha na bunda, depois que Harry afastou para pegar outro preservativo na mesinha de cabeceira, que ficava ao lado da cama. 
Deslizou o látex em sua ereção pela segunda vez em poucas horas e não demorou a penetrar o outro, agora mais confiante de que não o machucaria. O lubrificante que vinha na camisinha junto à saliva que ainda deixava uma bagunça molhada no local, fez com que seu pau entrasse liso e devagar, sem muita resistência. A ansiedade de Louis em ser preenchido novamente também contribuiu para os músculos não ficarem tensos e para que sua entrada abrigasse o comprimento de Harry do modo mais fácil e confortável para ambos.
Ainda deitados de lado, Louis sentiu o maior iniciar os movimentos rasos com o quadril e só pôde gemer em alívio. Apesar dos movimentos lentos e curtos, eles estavam tão próximos, com os corpos tão colados, que Tomlinson conseguia sentir perfeitamente a espessura não muito grossa do pau do outro enquanto sua entrada apertava involuntariamente o canal, bem como o ângulo certeiro que, pelo tamanho avantajado, ele conseguia alcançar sem muito esforço. Os olhos azuis reviraram na própria órbita ao perceber que Harry tinha fechado o punho em seu pau, e ele não conseguia fazer outra coisa senão respirar descontroladamente e soltar palavras desconexas, perdido demais pelos dois estímulos tão diferentes. 
O início da penetração podia ser um pouco desconfortável, percebeu Louis, mas assim que aquele pontinho dentro de si era atingido em cada estocada, principalmente quando o cacheado pressionava apenas ali por um tempo e rodava o quadril, começava a fazer sentido o porquê das pessoas acharem tão bom. O fato de estar com uma pessoa confiável e que se preocupa com ele também fez com que o menor relaxasse e aproveitasse a experiência como um todo, deixando Harry morder e chupar seu pescoço e ombros por trás, apertar as nádegas até os dedos ficarem pálidos e foder sua consciência para fora do corpo, com a destra moendo sua ereção e o pau dele tomando tudo o que podia.
Os gemidos do mais novo corriam dos seus ouvidos direto para o sangue concentrado lá em baixo e o mesmo acontecia com Harry que decifrava, dentre vários gemidos, algumas súplicas e elogios ao seu pau que Louis nem percebia estar fazendo. O maior mantinha o mesmo ritmo, amando como não precisava de agressividade ou rapidez para fazer Louis tremer no colchão, e se deixando apreciar o aperto quente dele da forma mais demorada possível, pois sabia que uma hora aquilo iria acabar. 
Quando apertou o corpo do cantor contra o seu e passou a estocar de modo mais firme e espaçado, deslizando a outra mão pelas bolas cheias dele e massageando a área sensível, o cacheado sentiu exatamente o momento em que o outro gozou. O peso em sua mão se tornou repentinamente rígido, a mão em seu cabelo o fez enfiar o rosto ainda mais nos fios lisos e suados do outro, e a entrada dele sufocou seu pau, parecendo querer puxar ainda mais para dentro de uma forma que beirava ao absurdo. Ele continuou se movendo mesmo com o aperto incessante e depois de algumas - poucas - e firmes estocadas, sentiu o liquido quente formar uma poça dentro da borracha que lhe envolvia, gemendo grave entre os cabelos de Louis e permanecendo dentro dele até a respiração estabilizar. 
°°°°°
– Consegue mandar alguém fazer minhas malas? – Harry falava com a secretária no telefone. – Sim.. o bege não, por favor. – mais uma pausa. – Tudo bem, te vejo daqui a pouco. Eu nã- ok, beijos. – desligou com um suspiro cansado. 
Os óculos escuros escondiam a pele coberta por olheiras por conta da noite mal dormida e pela longa viagem, mas como ele não poderia tirar mais alguns dias de folga, estava esperando o carro chegar com as coisas que ele precisava para um outro trabalho. O modelo não sairia do aeroporto como todo mundo, só deveria pegar a mala que tinha mandado alguém fazer e voltaria imediatamente para o portão de embarque em direção à França. 
– Quer uma carona? Conseguiram trazer meu carro e Tristan levou os garotos no dele. – Louis se aproximou da onde o cacheado estava assim que viu ele desligar a ligação. 
– Ah, obrigado. – olhou para o menor, mas desviou rapidamente para as diversas pessoas transitando aquela garagem. – Na verdade eu não vou pra casa. Aparentemente eu tenho uma viagem marcada para daqui a 30 minutos para Paris. – bufou. – Cleo não explicou direito, mas acredito que tenha a ver com o desfile no outro mês. 
O peito de Louis apertou com um sentimento estranho ao lembrar que o namoro tinha prazo de validade. 
– Poxa..
– É..
As palavras pareciam se formar e dissolver milhares de vezes por segundo na boca do menor enquanto eles ficavam naquele silêncio desconfortável. Nunca tinha sido assim até agora, e quando lembrava que os dias da viagem foram ótimos e como eles se divertiram juntos, além de que definitivamente se aproximaram mais, então todo esse constrangimento não fazia o menor sentido.
– Tudo bem, então. Eu não preciso ir agora se você quiser que eu espere aqui contigo..
– Não. – interrompeu. – Quer dizer, realmente não precisa, mas obrigado. Eles não vão demorar e eu não quero atrapalhar de alguma forma. 
Louis franziu as sobrancelhas e analisou por alguns segundos aquela resposta. Harry estava estranho, com certeza, mas poderia ser apenas fruto do cansaço ou talvez ele estivesse em um mau dia. As respostas rápidas e cortantes que lhe deu não eram nada além de educadas, mas tão superficiais quanto aquelas usadas para tratar qualquer um. E depois de tudo, Louis não diria que era qualquer um para o outro. Podia estar enganado, entretanto, e seu cérebro sonolento e de ressaca estava inventando motivos para lhe deixar paranóico. 
Decidiu acreditar na última opção, se aproximou do outro para lhe abraçar e depositar um beijo no rosto como sempre faziam em despedida, notando como Harry tensionou de repente antes de acenar com a mão e sair dali a passos rápidos. Sim, seu cérebro. 
O cacheado também se sentiu confuso e praguejou diversas vezes enquanto despachava a mala e entrava em outro avião, pedindo desculpas a uma das aeromoças quando deixou os xingamentos saírem pelos lábios em frente aquela mulher simpática. Não tinha motivos para deixar tudo complicado ou estranho. Ele e Louis ficaram, e daí? Eles mais do que ficaram, mas qual é o ponto? Nada tinha que mudar só porque ele fodeu o cara uma vez. Tudo bem, duas vezes. 
Porra, seu cérebro estava fritando em um looping infinito que pareceu durar a viagem inteira até a Europa. 
Mas enfim o verão estava se despedindo e um vento fresco lhe recebeu ao chegar na capital francesa, lhe deixando um pouco mais disperso de todos esses pensamentos que rodam e rodam sem sair do lugar, e o colocando no modo trabalho. Os dias que passou na cidade do amor seguiram dessa forma, com pensamentos focados no trabalho e nas marcas que ele iria representar na Fashion Week, e quando chegava no hotel, já muito cansado, apenas conseguia comer algo rápido, tomar banho e dormir. Felizmente, sem sonhos. 
O card de um evento marcado para o início de setembro chegou por uma mensagem no seu celular em uma dessas vezes em que ele se deixava relaxar na banheira do hotel. A vista da torre mais famosa do mundo em sua frente, lábios roxos pelo vinho que tomava e as mãos um pouco instáveis pelo nome que piscava na mesma notificação. 
Louis: Meu agente falou que vamos estar em Londres na mesma semana e eu pensei que poderíamos ir nessa festa juntos, o que acha?
Louis: Ah, meu colega de infância joga em um dos times que vão competir no dia, caso você esteja se questionando como eu consegui os convites. Nem precisei implorar dessa vez :)
O coração de Harry acelerou ao imaginar o sorriso infantil que o outro deveria ter no rosto ao fazer mais uma de suas, tão comuns, gracinhas. Droga. 
Harry: Claro, vamos sim. Vai ser ótimo.
Louis: Uh
Louis: Sem emojis? Se eu fiz algo errado, digite *. Se você foi raptado e precisa de ajuda, disque 190. 
Harry:🙄🙄🙄
Harry: Engraçadinho. 
Louis: Identidade confirmada! Hahaha
Louis: Então, se você não quiser ir, tudo bem pra mim. Sério. 
Harry: Eu quero, Louis. Nós vamos 😁👍
Desligou a tela e percebeu que estava prendendo um sorriso ao morder o lábio inferior com força. Droga. 
°°°°°
O combinado era de que chegariam juntos, pois, mesmo que não houvesse um tapete vermelho, sempre tinha repórteres e paparazzis esperando alguma celebridade completamente bêbada sair da festa pós-jogo, artistas traindo seus cônjuges com modelos mais novas ou uma simples briga entre jogadores de times rivais. 
Harry não quis se vestir formalmente, até porque a intenção da festa não era essa, e apostou em uma regata caxemira que tinha a gola grande em V e losangos amarelos e marrons como estampa. A calça ainda combinava com o colar de bolinhas, ambos no mesmo tom vibrante e alegre de amarelo. Nos pés ele resolveu moderar e calçou uma bota de saltos baixos na cor marrom. 
Sua personalidade era assim, às vezes extravagante e colorida, com uma alegria que tinha o poder de contagiar todos ao redor. Mas tinha os dias em que uma camisa branca e boxers era tudo o que lhe definia, com a simplicidade e leveza necessária para cada situação. 
Do outro lado do banco de trás do carro no qual eles estavam, Louis usava uma blusa azul petróleo, muito fácil de confundir com o preto, e tinha arregaçado as mangas até os cotovelos, mostrando as diversas e confusas tatuagens que possuía ao longo dos antebraços. Jeans escuros e vans eram mesmo o que o cacheado esperava que ele vestiria. Combinava com ele. 
A sensação de inquietude que Harry sentiu desde cumprimentar educadamente o motorista e o cantor ao seu lado só ficou menos incômoda ao entrar efetivamente na festa. Sentia a mão de Louis pesar na base da sua coluna quando ele o direcionou pelo local, fazendo questão de o apresentar a alguns conhecidos e mantendo o toque firme que estava lhe tirando do sério, sem nem saber o porquê. 
Foi por isso que na primeira oportunidade ele deu uma desculpa qualquer para as pessoas com quem o menor ainda falava e se afastou. Precisava respirar fundo e entender suas emoções, mas com Louis tão próximo tocando em seu corpo e o perfume amadeirado dele ocupando seus sentidos, era impossível. 
Passou alguns minutos rodeando o local e analisando as pessoas em sua volta. Alguns rostos ele conhecia, outros nem tanto, o que já era esperado para alguém que não acompanha o mundo dos esportes. Mas tinham também diversos modelos com quem ele já trabalhou alguma vez na vida e um suspiro agradecido saiu pelo seus lábios ao colocar um sorriso no rosto e puxar assunto com alguns deles. 
Harry mantinha os dentes alinhados em evidência mesmo que não prestasse muita atenção no que a loira em sua frente estava dizendo, seu copo já pela metade e os olhos verdes procurando por algum refúgio quando sentiu os pelos arrepiarem ao encontrar olhos azuis intensos lhe encarando de longe. Louis acenou pedindo para que ele se aproximasse e o maior, sem pensar muito, se despediu rapidamente da mulher com quem falava e foi em direção ao outro. O cantor conversava com um homem alto e forte, que tinha ombros largos e os braços quase completamente tomados por tatuagens, além do cabelo castanho que descia em ondas úmidas emoldurando o rosto másculo. 
Era grande e sexy como o inferno, Harry pensou, mas infelizmente o dono dos olhos castanhos intensos não fazia seu tipo. 
– Esse é Harry Styles, meu acompanhante essa noite.
Não era a primeira pessoa a quem Louis o apresentava naquela festa, mas a postura confortável que ele mantinha com o cara ao seu lado indicava um nível de intimidade que Harry não percebeu anteriormente, com direito a sorrisos de lado e olhares afetuosos. A apresentação não veio, mas tudo indicava que aquele seria o jogador e amigo de infância que o mais velho mencionou nas mensagens.
– Eu sou Liam, muito prazer. – a mão grande e com uma rosa estampada apertou a sua de maneira delicada, apesar da aspereza no tato. O jogador dedicou um olhar avaliativo desde suas unhas pintadas, passando pelas roupas chamativas até chegar em seu rosto, um pouco corado. – Não me leve a mal, mas você é modelo? – questionou, com sobrancelhas franzidas. – Acho que combinaria muito com você, deveria tentar. 
E Harry estava pronto para responder, mas Louis tomou seu lugar. A voz dele nunca esteve tão afiada como quando as palavras ácidas deixaram os lábios.
– Sim, ele é, Payne. Obrigado pelo elogio sutil ao meu parceiro, muito gentil da sua parte.
A resposta surpreendeu tanto os outros dois que ambos viraram para encarar o de olhos azuis, que encarava um ponto fixo entre eles. Só então Harry notou que sua mão estava aquecida e um pouco suada. Liam ainda não tinha lhe soltado. 
– Bom, Louis… eu posso falar por mim mesmo. – o modelo deu um sorriso pontual para o homem ao seu lado e voltou a olhar para o jogador, suavizando a expressão. – Obrigado, Liam. Eu certamente pensaria nessa profissão só pelo seu palpite se já não trabalhasse com isso.
Todos que estavam há um raio de dois metros provavelmente ouviram o bufo raivoso que Louis deixou escapar, sem acreditar que seu namorado estava tentando flertar com o melhor amigo. Liam olhou do menor para Harry algumas vezes com a sobrancelha erguida e resolveu que não era da sua conta, se afastando logo após com uma despedida rápida. 
– Certo.. eu vou falar com os caras do time, mas aproveitem a noite. Depois a gente se vê, mate. 
Harry não desviou os olhos do rosto do menor, que, por sua vez, encarava qualquer lugar que não fosse o homem à sua frente. 
– O que foi isso, Louis? – questionou de maneira incisiva. 
– O que? – deixou que uma falsa confusão se formasse em seu semblante, e Harry quase riu pela coragem. 
– Fala sério, você não precisava ser grosso. O cara não é seu melhor amigo ou algo assim? 
– Ele estava dando em cima de você. – Falou com dificuldade por tamanha força com que seu maxilar estava travado. 
– Não, não estava. – explicou, sério. – Mas qual é o ponto? E se estivesse? Isso não te dá o direito de ser desagradável com as pessoas.
Louis não podia acreditar que estavam tendo essa discussão em meio a uma festa quando podiam estar dançando e bebendo, aproveitando assim como fizeram na viagem. Inconformado e furioso com as perguntas do cacheado, ele não pensou muito nas palavras que deixou escapar. 
– Você é meu namorado, esqueceu? Eu não posso ver uma pessoa te secando e simplesmente não fazer nada. 
– Falso. Namorado falso, você quis dizer.
Essa fala foi como um soco em seu peito, era verdade afinal. Mas ele ainda se sentia possessivo por uma pessoa que não era sua e seu coração idiota não parecia entender a real situação. Louis sequer conhecia o sentimento obscuro e feio que preencheu sua pele ao observar a maneira com que o amigo avaliava e elogiava Harry, nunca tinha sentido algo assim antes e estava rezando para não ser ciúmes. Não tinha esse direito. 
– Me desculpe, você tem razão. – baixou os olhos, envergonhado e confuso, tentando controlar o que passava em sua cabeça. – Eu não sei porque agi daquela forma.
Harry analisou os ombros tensos, olhos nublados e sobrancelhas juntas. Parecia que o menor estava em uma luta consigo mesmo sobre algo além do seu controle, e o cacheado só esperava não ter fodido com ele, metaforicamente, de uma forma irreversível. 
– Talvez nós devêssemos adiantar a parte do acordo em que terminamos o namoro, sem brigas ou pivôs da separação. – ele quebrou o silêncio quando já estavam no carro após a festa. Louis foi pego desprevenido, achava que ainda teriam mais um mês juntos.
– O combinado era ficarmos até o desfile. – pontuou, a voz baixa e um pouco temerosa. – Se foi pelo o que aconteceu hoje, eu garanto que não vai se repetir.  Acho que eu- é só que talvez eu tenha confundido as coisas por um momento, mas já estou sob controle, prometo. – tentou dar um sorriso confiante, apesar de não se sentir assim. 
– Você estar se sentindo confuso é o problema.. eu não queria te colocar nessa situação, sabe? Entendo que por tudo o que aconteceu entre a gente a linha tênue entre o que é real ou não pode ficar borrada, então é melhor que acabe de uma vez antes que alguém se machuque. 
Louis ia contestar, até abriu a boca para tal, mas o modelo continuou. 
– Não vai prejudicar nós dois, sério. O convite para desfilar nas três cidades da semana da moda já chegou na agência, os números de ouvintes no seu Spotify continua crescendo e a música nova se mantém no topo das mais ouvidas em diversos países mesmo após vários meses. – Louis sabia o que ele iria falar em seguida e não tinha certeza de que queria ouvir. Era apenas o combinado, no final das contas. – Nossas metas com esse acordo meio que já foram cumpridas e o fato de termos vindo a esse evento juntos vai mostrar que não foi um término agressivo ou desrespeitoso. 
Fazia sentido e era um bom plano, mesmo que não quisesse admitir. Após alguns minutos em silêncio, Louis engoliu o bolo que tinha se formado em sua garganta, sorriu de lado e disse. 
– Foi um prazer ser seu namorado por um tempo, Harry Styles. 
IX
Dormir, definitivamente, estava sendo a pior parte.
O cacheado estava acostumado com o silêncio dos quartos de hotéis desde muito novo e, por incrível que pareça, ele passou as últimas semanas estranhando aquela rotina solitária que vivia há anos. O barulho de gente conversando e rindo, além dos carros em movimento, sempre foi o plano de fundo dos lugares onde ele se hospedava, e daquela vez não foi diferente, pois o que tinha mudado era a forma como ele olhava essas situações.
A vista da sua varanda era estonteante, prédios chamativos e ruas bem iluminadas geralmente eram tudo o que os turistas reparavam. No entanto, dali de cima, Harry com uma taça na mão e aproveitando o balançar do vento fresco em seu pijama, observava os dois velhinhos sentados na praça em frente ao hotel, o senhor com um livro nas mãos e com o braço sobre os ombros dela e a esposa apenas fazendo companhia, observando com devoção e carinho palpável as pessoas que circulavam pelo local. 
O senhor, que Harry imaginou que tivesse um nome elegante como Gerard, tirava o braço do apoio confortável que era os ombros da sua amada a cada poucos segundos para lamber uma listra rápida em um dos dedos e em seguida virar a folha do exemplar que estava lendo. Nesses poucos segundos sem contato, a senhorinha de aparência amigável virava o rosto com um sorriso e depositava um beijo doce no rosto magro do marido.   
Uma coisa tão simples e casual, eles estavam ali não necessariamente conversando ou fazendo algo em conjunto, mesmo que estivessem juntos, se é que isso faz sentido. Mas para Styles, fazia. 
Ele não tinha sonhado em ter algo como aquilo com Sam nos dois anos que se envolveu com o outro modelo, também nunca imaginou que iria querer se sentir tão íntimo de alguém a ponto de envelhecerem juntos e ainda ser confortável apenas a companhia silenciosa um do outro. A verdade é que a vida que levava não permitia sonhos tão simples, a menos que esse outro alguém dividisse, ou pelo menos, entendesse a rotina louca que iria acompanhar o relacionamento por longos anos, talvez décadas, até finalmente chegarem na etapa de aproveitar a tranquilidade que aquele casal de velhinhos representava. 
Algumas crianças corriam e gritavam por ali, com sorrisos contagiantes nos rostos e um fôlego juvenil invejável, mas algo lhe chamou atenção e ele sacou o celular para tirar uma foto. Um garotinho que acabara de apoiar o skate debaixo do braço tinha parado de brincar com os amiguinhos para observar um artista de rua que estava começando a tocar, com sua guitarra plugada em uma pequena caixa de som e a bolsa do instrumento aberta no chão. A feição apaixonada da criança lhe fez imaginar uma pessoa que provavelmente tinha sido assim quando mais novo, então ele abriu o aplicativo de mensagens no contato de Louis e estava pronto para enviar.
Digitou e apagou diversas variações das frases “lembrei de você” ou “imagino que você tenha sido assim”, mas não enviou, faltou coragem. Desligou a tela com o coração acelerado e a garganta seca, acreditando e repetindo para si mesmo que não seria prudente aparecer mais uma vez na vida do menor já que tinha deixado ele confuso e bagunçado da última vez que se viram. 
Os lençóis estavam frios quando ele deitou naquela noite, assim como em todas as outras daquelas semanas. Semanas? Parecia uma eternidade. E seguindo o roteiro que sua cabeça criou para conseguir adormecer, mesmo a contragosto, ele sonhou com um corpo quente entre seus braços e fios curtos fazendo cócegas no nariz. Com o perfume amadeirado povoando seus sentidos, ele adormeceu.  
°°°°°
A garçonete não sabia quem parecia mais acabado entre os dois rapazes sentados na mesa do canto. Sempre que ia atendê-los, voltava com mais e mais bebidas na comanda e um aperto no peito, infelizmente era comum ver jovens desolados descontando suas frustrações no álcool, mas não deixava de ser preocupante. O motivo para a bebedeira podia variar, dizia sua experiência, às vezes era o trabalho cansativo, em outras as notas baixas na faculdade, ou até problemas familiares. Mas olhando para aqueles homens fortes que estavam juntos, mas sem realmente trocar conversa, ela sabia que o único motivo para estarem ali naquela noite era o amor. 
Levou mais ou menos um mês, ele não tem certeza, para Louis conseguir lembrar do olhar do seu amigo para Harry sem fechar os punhos com raiva, e só então ele criou coragem para conversar. A intenção nunca foi ser grosso ou ríspido com alguém que sentiu tanta falta durante os anos e quando mandou mensagem pedindo para encontrar Liam em um pub qualquer de Londres, se sentiu realmente com medo de que ele não aceitasse, com medo de ter estragado tudo. 
Por sorte, estavam ambos sentados a pelo menos dez minutos, com alguns copos vazios de cerveja espalhados pela mesa e muito envoltos nos próprios dramas pessoais para ainda haver qualquer conflito pendente entre eles. Uma desculpa rápida assim que chegou foi o bastante para o amigo lhe olhar com os castanhos profundos e lhe deixar desabafar o porque agiu todo territorial daquela forma.
– E aí ele começou a agir estranho comigo, sabe.. Na verdade, Harry sempre é educado e gentil, você dificilmente vai ver ele desrespeitando ou sendo nada menos que doce com alguém, mas eu percebi a mudança.
Ele não tinha certeza se Liam estava lhe escutando, os olhos escuros estavam voltados em sua direção, mas o outro não parecia focado no que falava. Ainda assim, Louis estava bem em desabafar com um amigo, mesmo que ele não prestasse atenção, e por isso continuou falando. 
– Você não deve imaginar como é isso, por motivos óbvios, mas cara.. a gente tem essa- essa coisa, essa conexão desde o começo de tudo e eu via o afeto crescer cada vez mais a cada dia que a gente se encontrava para algum trabalho, entende? E eu sei que era recíproco! –  tomou um longo gole da cerveja que não estava mais tão gelada. – Só que aí ele me fodeu e pronto, era pra eu estar surtando, não ele! Qual é? O caminho comum não é o hétero surtar depois de dormir com um cara? Então porque ele quis terminar tudo assim, sem- sem.. porra, a gente ainda tinha tempo. 
Liam piscou algumas vezes e passou a ouvir o que o amigo falava a partir da frase “me fodeu”, franzindo o cenho e tentando acompanhar o que tinha perdido. 
– O que? – perguntou, confuso. Se Louis pudesse retomar uns cinco minutos do discurso, ele tinha certeza que conseguiria entender o que estava rolando, mas o outro não pareceu escutar. 
– Eu- eu não sei se já passei por algo assim antes. Quer dizer, eu tenho certeza de que não passei. – suspirou. – É só.. estar com ele era simples, a gente ria na mesma medida em que tínhamos conversas profundas, sem parecer de fato um trabalho. Eu falei coisas e ele me falou coisas que não acho que outras pessoas saibam.. e o clima nunca ficava desconfortável por isso. Quando a gente dormiu junto eu não pensei que pudesse ser tão bom acordar com outra pessoa ocupando um espaço ao meu lado, mas agora eu praticamente acordo todos os dias ansiando por isso. 
Louis apenas deixava as palavras tomarem forma e saírem por seus lábios, sem pausa. 
– Por sentir o corpo quente dividindo os lençóis, por observar como ele faz um biquinho enquanto dorme, por ter alguém pra dividir momentos.. Não alguém, ele. – agora Louis deslizava os dedos pelas gotículas de água que se formaram por fora do copo, desenhando padrões sem muita atenção. – Ele é tão forte Payno, e tão sensível também.. não acho que já tenha conhecido alguém como ele, tão- tão..
– Único? Apaixonante? – arqueou uma sobrancelha e sorriu calmo, em contraste com os olhos arregalados do outro. Louis finalmente conseguiu sua atenção e parecia um pouco constrangido por isso. 
– Eu não diria que estou, é.. eu não, sabe? Só n-
– Olha.. – endireitou a coluna e encarou os olhos azuis confusos, tentando passar uma certeza que sequer possuía na própria vida particular. – Se você sentiu tudo isso, não deixe passar, sério. E não me importa se você é gay, ou bi, ou um papagaio falante. – o amigo sorriu agradecido. – Você estava feliz nesses meses e ele também, então.. porra eu não sou bom com isso, mas acho que deve correr atrás da felicidade? Sei lá, eu sempre vejo isso nos filmes, então os roteiristas de Hollywood devem estar certos, né? 
Um brilho diferente cruzou as orbes azuis assim que o maior acabou de falar, algo muito parecido com determinação e coragem. Louis ainda não sabia o que ia fazer, mas não podia só esperar que o outro tomasse uma decisão pelos dois. Ele queria se afastar? Então teria que dizer na sua cara um motivo bem melhor do que “conseguimos bater as metas”. Ele teria que lhe provar que o que viveram também foi tão falso quanto o relacionamento, um detalhe que Harry teve a audácia de lembrar da última vez que se viram. Só então Louis poderia aceitar e se deixar sofrer por algo que pelo menos tentou. 
– Tô te devendo uma, irmão. 
Levantou da mesa e saiu pela porta apressado, não se preocupando com as cervejas que pediu ou mesmo com a conta para pagar. 
°°°°°
– De verdade Tommo, é impossível conseguir isso. – o loiro olhava para o homem decidido em sua frente como se ele fosse louco. – Você sabe que eu quero o melhor pra banda e isso seria simplesmente maravilhoso.. – se desculpou com o olhar. – mas tem coisas que nem eu posso fazer. 
– Tris, eu confio em você, cara. – Louis percebeu que precisava mudar a abordagem. Implorar como um cachorrinho sem dono não estava funcionando, então decidiu apelar para o ego. – A única pessoa que nos deu uma chance no início foi você. Quem nos colocou na rádio pela primeira vez foi você. Porra, quem ajudou nosso som a entrar no top 10 anual com toda a promoção e divulgação foi você. – o outro soltou uma respiração resignada, Louis sabia que estava quase conseguindo o apoio, faltava apenas finalizar corretamente. – É só você piscar esses olhinhos e soltar essa lábia que estamos dentro, eu tenho certeza. 
– Na Fashion Week? Sério? – Evans tinha o semblante exasperado, sem acreditar que realmente estava cogitando a ideia. O contraste com a pose confiante de Louis era cristalino como água. 
– Eu preciso disso. – respirou fundo. – Por favor? 
– Caralho, Louis. – passou a mão pelos cabelos, bagunçando os fios em um gesto impaciente. – Eu vou ver o que posso fazer. – mas ao ver o sorriso enorme que surgiu na feição do outro, continuou. – Não se anime. – e saiu com o celular na mão, digitando furiosamente. 
Seria difícil não se animar, entretanto. Louis passou a última semana praticamente trancado dentro do quarto, só saindo para comer e fazer suas necessidades. Por sorte, a agenda de shows não voltaria a lhe ocupar por algum tempo e, em teoria, era pra ele estar trabalhando de outras formas. 
Ele até estava.. mas não pelos motivos certos. Quer dizer, se é que existe um motivo certo para compor uma música inteira dedicada a uma pessoa. No final, entraria para o repertório da banda, não entraria? Então meio que ele estava trabalhando sim.
A ideia surgiu logo após sair correndo do bar em que esteve com o amigo outro dia, e o taxista que lhe deixou em casa deve ter dormido com dor de cabeça depois de ouvi-lo tagarelando sobre as milhões de qualidades que lhe fizeram se apaixonar e criando melodias com a boca o caminho inteiro para não esquecer. 
A primeira coisa que fez ao chegar no seu apartamento de Londres, no lugar de tomar um banho e engolir comprimidos para não sentir ressaca no dia seguinte, foi pegar o violão e começar a compor. Depois de alguns minutos, decidiu que com a guitarra ficaria melhor, mas não fazia muito sentido cantar e tocar guitarra ao mesmo tempo. Por isso, em alguns dias ele finalizou apenas a melodia, anotando as cifras em uma partitura um tanto confusa com rabiscos disformes e só depois partiu para concluir a letra. 
Compor geralmente não era uma tarefa fácil para ele, tinha muitas rimas que não achava legal, ou não ficavam sonoramente bonitas e uniformes, e em outras vezes existia um sentimento que ele não conseguia passar para o papel da forma que queria, forte e esmagador, fiel à realidade. Mas dessa vez foi diferente, ele tinha motivo, propósito e uma “musa”. Bastou transferir tudo isso em palavras, combinar com o arranjo que se amoldava ao estilo de som que a banda tocava e estava pronto. 
No mesmo dia em que finalizou tudo, exatamente uma semana após a conversa com Liam, correu atrás do seu agente para implorar por mais um favor. De acordo com seus planos, e não faria sentido não segui-los, ele e os garotos tinham um dia para ensaiar com todos os instrumentos no estúdio e Tristan tinha apenas dois para conseguir lhes levar para Paris, com entrada liberada para um desfile específico e com o crachá indicando que iriam se apresentar lá. 
Ele estava ansioso, impaciente e um pouco inseguro. Se nada disso funcionasse para o cacheado aceitar lhe dar uma nova chance, real dessa vez, pelo menos estariam promovendo um pouco mais a banda e lançando um novo som. Além de um coração partido, pelo menos não haveria mais prejuízos. 
X
Louis não tinha a resposta definitiva quando embarcou no primeiro avião do dia com destino a Paris, na França. Os colegas de banda sequer chegaram a questionar esse impulso, sempre confiantes demais em seu líder para duvidar das suas decisões, mas mal sabiam eles que não foi a esperança cega de que Tristan ia conseguir o show que o fez comprar as passagens em um piscar de olhos, na verdade o que lhe moveu foi algo mais feio e também mais forte. 
Olhando para o assento da classe econômica em sua frente e com os olhos vidrados em algo além da tela que exibia algum filme de bilheteria milionária disponibilizado pela companhia aérea, ele só conseguia lembrar daquela maldita foto. 
Mais ou menos duas horas atrás Louis estava no estúdio passando mais uma vez a música que compôs naquela mesma semana e durante uma pausa necessária para trocar a corda do baixo que tinha arrebentado, ele teve a brilhante ideia de vasculhar o Instagram. Não procurava nada específico e a intenção era apenas passar o tempo. Além da bolinha sempre vermelha indicando notificações não abertas e mensagens não visualizadas, o círculo roxo mesclado com laranja ao redor de uma foto conceitual de Harry lhe chamou atenção e ele clicou para conferir o que o perfil profissional do outro tinha publicado.
O story tinha sido postado há apenas 28 minutos e mostrava apenas um vídeo filmando toda a plateia, dezenas de pessoas amontoadas e com seus iphones nas mãos, que esperava pela chegada dos modelos e demais artistas no local do desfile, além mostrar também uma prévia do cenário e da passarela onde ocorreria os desfiles daquele dia. Não tinha nada muito interessante no vídeo, eram apenas pessoas arrumadas demais em um estilo excêntrico, diversas cadeiras posicionadas em fila para os convidados irem sentando à medida que chegavam no local, uma passarela longa e lustrosa em tons de cinza que dava a volta por entre os assentos, e só.  Louis atualizou a página uma vez após fechar a aba e o perfil do modelo apareceu novamente em primeiro lugar, dessa vez com uma foto que alguém, provavelmente sua secretária, tinha acabado de postar na conta do cacheado.
Várias araras com roupas e tecidos que não faziam muito sentido sem estar no corpo de alguém emolduravam a foto. Alguns camarins e penteadeiras com luzes fortes e diversos produtos espalhados pelos móveis também eram possíveis de ver no local. O conjunto formava basicamente uma imagem dos bastidores do desfile que tinha como fundo vários homens e mulheres, alguns vestidos e outros com roupas íntimas na cor das suas peles, desfocados pelo provável movimento na hora que a captura foi feita. 
Mas seus olhos pareciam ser chamados para analisar com atenção o canto esquerdo da foto, onde um corpo alto e esguio, não muito musculoso, foi reconhecido imediatamente, mesmo com o borrão sobre a tela. Harry estava com uma cueca bege assim como o rapaz com quem conversava, ambos com sorrisos largos e cheio de dentes no rosto. A distância entre eles foi a segunda coisa a notar, estavam próximos demais.
Não parecia certo, mas seus dedos tremeram um pouco e seguiram o caminho independentemente do cérebro que mandava comandos para que parasse. Abriu o perfil da marca que Harry desfilaria nessa noite e foi atrás das marcações mais recentes. Outros modelos tinham marcado nos stories assim como Cleo acabara de fazer e por isso não foi difícil achar o que, inconscientemente, procurava. 
Olhos verdes, não tão vívidos e nem de longe tão bonitos quanto os de Harry. Pele clara, apesar do visível bronzeado não tão recente. Cabelos lisos de tom caramelo arrumados em um topete bagunçado. Barba por fazer contornando um sorriso galante. Covinhas dando graça ao perfil másculo, deixando o visual um pouco mais suave. Sam Claflin era o nome estampado no topo do perfil. 
Sam. Sam. Então esse era o ex de quem Harry falou certa vez, aquele cujo relacionamento terminou de uma forma tão amigável que agora eles se encontravam rindo ao trabalhar juntos. Louis sentiu seu sangue latejar nas têmporas e os dedos fecharam com força ao redor do celular, apertando sem querer o botão de desligar a tela. Assim que o visor escuro espelhou sua feição raivosa, ele se forçou a respirar e contar até 10. Talvez até 20 funcionasse melhor. 
A devoção e confiança que os amigos depositavam nele foi o que lhe fez seguir o impulso de comprar as passagens, despachar os instrumentos necessários para uma apresentação rápida, pouco importando se teria ou não as caixas de som ou iluminação adequada no local, e se viram embarcando num avião comercial, o que também não era comum, mas foi o que a urgência em seu sangue pediu. O seu desespero parecia não caber no curto espaço da cadeira padrão de uma classe econômica, mas alguns sacrifícios precisam ser tomados quando se planeja alcançar algum objetivo. 
Assim que desceram no aeroporto internacional de Paris, o celular de Louis apitou com três mensagens, uma seguida da outra, sem lhe dar intervalo para assimilar as palavras. 
Você tá me devendo um ENORME favor, entendeu?
E pode apostar que eu vou cobrar!! Não sabe o quanto eu tive que me humilhar pra essa porra, Louis.
Mas é.. pode afinar os instrumentos, vocês sobem no palco exatamente às 21h15. Boa sorte, parceiro. 
Piscou os olhos azuis. Então piscou novamente, tomando um tempo para reler a mensagem mais algumas vezes até assimilar o conteúdo. Quando enfim seu cérebro pareceu funcionar corretamente, um sorriso largo floresceu em seu rosto e ele virou para os outros caras. 
– Vamos lá, temos um show pra fazer!
°°°°°
O ambiente dos desfiles em geral e, principalmente, durante a semana de moda ainda era predominantemente feminino e, apesar das parcerias remotas com diversas outras marcas de luxo, a única que resolveu ousar contratando modelos masculinos para desfilar com as peças foi a Peter Do. 
Harry passava os olhos verdes por todo o visual androgeno que era padrão em todas as modelos, com seus cabelos penteados para trás com gel e maquiagens feitas para apagar os traços mais femininos e realçar linhas que são mais comuns serem marcadas em homens, e sentia uma fagulha de ansiedade acender em seu peito. Ele já estava com o figurino que iria usar no desfile, assim como todos ao seu redor, e apenas esperava, não tão pacientemente, o momento em que a tela plana da TV anunciasse seu nome como o próximo a desfilar.
Sam, ele e um outro modelo de traços finos e asiáticos eram os únicos homens desfilando no segundo dia da Fashion Week e isso tornava o momento ainda mais emocionante. Harry até ouviu notícias de alguns tablóides especulando que a escolha desses três nomes, especificamente, se deu por conta dos traços faciais fáceis de manipular e tornar mais femininos, como os olhos grandes e as maçãs do rosto saltadas, mas ele preferia acreditar que seu talento lhe levou até ali e nada mais. 
A escolha para as roupas não era o que ele estava acostumado a desfilar, já que a marca optou por peças minimalistas, com tons predominantemente em preto e branco, além de detalhes em vermelho. O estilo todo rico em alfaiataria e transparência eram complementados com bolsas de mão e botas sem salto.  
Assim como todos, Harry também tinha seus cabelos jogados para trás em um penteado com gel para dar a impressão de molhado, porém elegante, tinha o rosto delicadamente esculpido e alguns pontos com uma iluminação muito sutil, que complementava de forma singela as roupas completamente pretas. O torso nú era visível por entre a abertura do blazer desconstruído e de formato não convencional que ele usava, e sua cintura parecia ainda mais fina pelo botão que começava a partir daquele ponto e pela impressão ótica que o caimento largo nos ombros dava. A calça de alfaiataria de cintura alta lembrava muito o estilo militar de décadas atrás, com a marcação das linhas de costura que faziam volume nas pernas, totalmente condizentes com o coturno preto pesado e de solado alto que calçava nos pés. 
Bastou pisar no revestimento lustroso e cinza da passarela para seu estômago girar da maneira gostosa que ele sonhava desde menino em sentir. Ainda não tinha entrado em destaque, estava esperando as modelos anteriores darem a volta e saírem para ele e a colega em sua frente, que usava roupas iguais às suas, finalmente serem alvos dos milhares de holofotes que haviam ali. 
Respirou fundo e contou até cinco. Sorriu confiante para a mulher menor que lhe olhava com o semblante nervoso. Endireitou a coluna e deixou o rosto numa feição neutra, sem sorrisos ou marcas de expressão. Esperou os acordes soarem pelo local por exatos dois segundos, só o tempo de acenar para a garota indicando que seria agora, e deu o primeiro passo. 
Com tantas luzes em sua direção, da passarela e das câmeras fotográficas, ele não conseguia visualizar nenhum rosto em meio a multidão. Era por isso, também, que nos ensaios gerais os modelos eram incentivados a refazer todo o percurso algumas vezes até estarem seguros com o material do revestimento no chão e com o caminho que fariam no momento certo. Ainda assim, nem todo o treino anterior foi capaz de não lhe fazer vacilar o passo quando reconheceu a voz que estava cantando ao fundo. 
O primeiro instinto do cacheado foi o de vasculhar todo o salão com os olhos até encontrar de onde vinha aquela voz que ele já conhecia tão bem, mas felizmente ele se impediu de arruinar o desfile de tal forma. Se algum crítico ou repórter percebeu o momento em que ele travou a respiração e recuperou a coordenação motora, voltando ao seu caminho, ele descobriria depois nos jornais. Ou quando seu nome não fosse mais cotado pelas marcas. 
Visualmente ele continuava esplêndido, com passos delicados e naturais, deslizando sobre o piso como se fizesse isso todo dia. Mas por dentro Harry sentia o estômago cheio de bolhas lhe fazendo querer gritar, o coração pulando tanto que ele estava com medo de ser possível perceber pela abertura do terno e a cabeça girando, tentando decifrar com rapidez cada palavra da música que, aparentemente, era o seu tema de fundo daquela noite. Ele notou ser uma canção nova pois não existia no repertório do Arctic Monkeys até o mês anterior, quando ele ainda tinha certo contato com o vocalista, então esse detalhe lhe fez procurar com mais ênfase por qualquer pista que o fizesse entender o que estava acontecendo. 
Com a face em branco, ele conseguiu pegar algumas frases que Louis cantava. “Eu sei que você diz que me conhece, me conhece bem.. Mas esses dias eu nem me conheço, não”. Ele não teria feito uma composição como essa durante o tempo que estavam separados, teria? Harry se pegou questionando. 
“Mas então eu fico tão entorpecido com todas as risadas, Que eu esqueço da dor”, ele seguia cantando e o coração do cacheado não tinha como acelerar ainda mais, mas as lembranças dos momentos na praia ou dentro do carro quando eles tiveram as conversas mais profundas da sua vida lhe fizeram pensar que podia sim. 
Harry estava lá na frente, dando a volta pelo circuito entre as cadeiras onde dezenas de pessoas lhe assistiam com olhos rigorosos e atentos, e nesse momento, ao parar poucos segundos para girar e fazer o caminho de volta, ele rezou para não estar corando ao que seus ouvidos registraram a voz quente ditar “você me fode” e algo como “eu não sei como fazer isso parar” entre o conflito claro na melodia sobre amar e odiar todos esses sentimentos.
Sua garganta estava seca o suficiente para ele querer virar dois litros de água de uma só vez, e em seu caminho de volta, ao conseguir enxergar a banda que tocava ao vivo no canto do espaço, o que ele sentiu foi um misto entre desespero, paixão, descrença e uma súbita revolta. Em sua cabeça ainda existia a confusão das palavras captadas na letra da música, numa junção com os dias em que ele passou sozinho sentindo falta do que teve durante alguns meses, e seu cérebro ainda batalhava com a possibilidade do outro ter lhe usado mesmo depois do fim para chegar até ali. Ele não queria retirar o crédito dos garotos porque, bem, eles claramente tem potencial para tematizar seu desfile, mas o cacheado não queria aceitar que Louis, especificamente, tem todo o poder de o desestabilizar durante um trabalho. Um trabalho que Harry não costumava admitir nenhum deslize.
Com todos esses questionamentos tomando conta do seu corpo e mente, Styles ainda conseguiu vislumbrar o rosto de Louis bem no momento em que a música terminava e sua participação na Semana da Moda de Paris também. “Eu apenas continuo voltando pra você” foi a última frase que saiu pelos lábios finos do cantor quando o azul encontrou o verde em uma troca de olhares rápida, porém intensa. 
°°°°°
– Só me deixa falar, tá legal?
Depois do curto show e após todos os modelos terem passado mais uma vez, agora juntos, pela passarela e se dirigirem aos fundos do espaço, Louis pediu para os amigos irem guardando os instrumentos e deu um jeito de encontrar Harry em um dos camarins. Não foi fácil, seu crachá não autorizava a entrada naquela área, mas pode-se dizer que ele aprendeu alguns truques com Tristan Evans no que diz respeito a conseguir o que quer. Não lhe deixou satisfeito que alguns euros pudessem ter feito um dos funcionários deixar qualquer desconhecido passar, era um risco para a segurança dos modelos afinal, mas foi bem útil naquele momento, então não iria reclamar. 
Quando entrou na sala pequena encontrou Harry com uma toalha branca com listras pretas em volta da cintura e em posse de alguns lenços que ele levava até o rosto, retirando qualquer resquício de maquiagem existente. Primeiro a feição do maior se contraiu em confusão para, logo depois, mudar para um misto entre cansaço e decepção. 
– O que você quer, Louis? Eu já falei, a gente conseguiu o que queria e, inclusive, olha só.. parabéns, você tocou no maior evento da moda da atualidade. Não é o suficiente? Não tá feliz? 
– Não, porra. – se aproximou alguns passos da onde o outro continuava sentado olhando pelo espelho e virou a cadeira até Harry estar de frente para si. – Minha carreira tá ótima, é verdade. Os números não poderiam estar melhores, mas eu não estou satisfeito, Harry. 
O olhar do cacheado era cuidadoso, não sabia o que esperar dessa entrada repentina, então não falou nada. Com uma respiração inconformada, Louis viu que o outro não iria abrir a boca e continuou.
– Nada disso é o suficiente e você sabe porque? 
– Não.. – o maior balançou a cabeça, com os olhos grandes em um conflito interno. Ele tinha compreendido a letra da música, fez conexões com o que eles viveram juntos, mas até então poderia ser apenas coincidência. Não queria dizer nada, talvez nem tenha sido Louis quem a compôs. 
– Caralho, H. – pousou a mão no rosto dele com delicadeza e o fez levantar o olhar até encontrar o seu. – Como eu poderia me contentar apenas com sucesso e dinheiro se eu passei os últimos meses dividindo minha vida e criando momentos com uma pessoa extraordinária que deixou de estar presente pra mim? Como eu posso sequer sonhar em nunca mais ter uma das nossas conversas super sérias, mas que nunca são tão sérias assim?
Harry engoliu em seco, a veia palpitante no pescoço mostrando o quando seu coração estava batalhando para não parar completamente naquele momento. 
– Como eu poderia ficar feliz por tocar na porra da Fashion Week se eu passei o último mês rastejando pelos cantos com você na minha cabeça? Eu estava vivendo para colocar os meus sentimentos em palavras, mas não foi tão simples assim. Me diz, pelo menos entendeu a música que eu fiz pra você? – continuou. 
– Você tá confuso, Lou. – Harry parecia querer convencer seu próprio coração de que aquilo não era sério e ele não podia simplesmente derreter ao ouvir essas palavras. – Eu entendo que a gente passou um tempo junto e o que aconteceu depois também pode ter deixado você um pouco- 
– Sente. – agarrou a mão do cacheado e levou até o próprio peito, tendo certeza de que as batidas descompassadas seriam sentidas sem o menor esforço. – Sente isso. Eu não tô confuso, sério. Lembra de quando a gente conversou sobre um lar e sobre como sempre falta algo? Eu quero ser essa pessoa.. me deixa ser essa pessoa, H. – e Harry sentiu nas batidas sob a palma da mão como cada palavra era verdadeira. 
– Eu- eu.. – o maior queria dizer que sim. Que nunca tinha sonhado com um relacionamento longo e feliz até passar aqueles meses com Louis. Que o tempo separados lhe deixou um vazio infinito no peito. Que sonhava todos os dias com Louis estando aconchegado ao seu corpo e acordava sentindo a falta dele entre os braços. 
Ele não pôs em palavras, mas seu olhar pareceu transmitir o mais sincero sentimento. Dominante da arte da música e da poesia como Louis era, captar os sinais a partir de olhos brilhantes e feição devota não foi complicado.  
– Eu quero ser insubstituível pra você.. quero fazer planos, quero que a gente viaje mais vezes e que fiquemos bêbados juntos novamente. – sorriu, nostálgico. – Eu quero que você não precise ser forte quando chegar em casa e que possa desabafar comigo sobre seu trabalho e o quão cansado você está. Quero ser o cara que vai te fazer massagem enquanto apoia todas as reclamações, mas que no outro dia não te deixa desistir do seu sonho. 
Harry não notou, mas suas bochechas brilhavam molhadas pelas lágrimas solitárias que desciam sem alarde. 
– Eu quero que minha família veja como eu fico quando estou apaixonado por alguém, porque, você sabe, eles nunca presenciaram isso. E quero conhecer a sua família também, saber de onde veio essa personalidade encantadora e forte que você me fez gostar tanto de você desde o primeiro contato. – Lembrou da forma confiante que Harry entrou naquele estúdio fotográfico e suspirou. Era como se tivesse acontecido em vidas passadas, há tanto tempo. 
– Você tem certeza? – a voz não era mais do que um sussurro completamente emocionado. – Eu- eu não posso prometer que vou ser o melhor namorado, eu nem sei como fazer isso com a nossa rotina, Louis. 
– A gente teve uma prévia de como pode ser, não foi? – Harry assentiu. – Basta você querer, H., só que de verdade agora. 
Louis se aproximou um pouco mais do rosto que ainda segurava, até sentir a respiração ofegante dele bater em seu rosto, e com a confirmação tácita de Harry, beijou com delicadeza os lábios gordinhos, sentindo o gosto salgado das lágrimas que o modelo não conseguiu segurar e deixando seu peito enfim explodir numa felicidade que não tinha experimentado até então. Entre selinhos castos, a sua voz, também embargada, saiu por entre os lábios, dizendo: 
– Eu quero te amar longe dos holofotes dessa vez.
Epílogo
O carro estava com os vidros fechados começando a embaçar e a luz do fim da tarde manchava os bancos de couro com tons alaranjados, contribuindo para aquecer ainda mais os corpos que queimavam juntos dentro do automóvel. 
– A gente tá atrasado, amor. – as palavras saíram ofegantes pelos lábios de Louis. – Hhm, isso.. espera, deixa e- eu segurar seu cabelo. 
Harry sentiu seus cachos, um pouco maiores do que estavam no ano anterior, serem puxados para trás, deixando sua visão livre para apreciar como o namorado ficava inquieto e barulhento enquanto ele levava a ereção grossa e rígida até o fundo da garganta, e como ele ficava repentinamente silencioso e estático, com os olhos vidrados e lábios abertos, quando as leves sucções eram depositadas apenas na ponta vermelhinha. Os meses se passaram, mas a sensibilidade de Louis naquele local nunca diminuiu.
– Não estaríamos tão atrasados assim se você aguentasse algumas horas sem precisar que eu te fizesse gozar, não acha? – Provocou Harry. Os lábios inchados eram outra coisa que Louis simplesmente adorava, além da voz grave sussurrando obscenidades ou apenas brincando com sua paciência. A saliva ligando eles, as almofadas babadas e vermelhas, ao seu pau era apenas um detalhe ainda mais favorável. 
– Isso não é exatamente culpa minha- porra! – o gemido escapou alto demais para o lugar em que estavam. O estacionamento atrás do estádio de futebol em Londres não era exatamente o lugar mais reservado para uma aventura como essa, mas ali estavam eles: atrasando ainda mais a chegada no jogo para o qual foram convidados especialmente pelo casal de amigos que iriam, pela primeira vez, estar jogando do mesmo lado, e não mais em times opostos, pela seleção inglesa.
– Vamos lá, Lou.. eu amo seu gosto na minha boca, mas não temos muito tempo. – dito isso, Harry passou a investir com a cabeça, descendo rápido e forte, engolindo todo o membro, enquanto uma das suas mãos apertavam a coxa firme por baixo da calça jeans que seu namorado usava e a outra forçava dois dedos entre os lábios finos dele. Louis tendia a ser barulhento quando estava muito próximo do ápice. 
Alguns minutos depois, com os olhos brilhantes e rosto corado, o menor abria espaço na arquibancada, pronto para ver a segunda metade do jogo. Harry, que tinha uma das mãos entrelaçadas a do menor, com a outra desembalava um chiclete para tirar o gosto distrativo que permanecia na sua língua, era isso ou lidar com uma ereção pelos próximos quarenta e cinco minutos. 
Eles sentaram logo atrás da grade, nos lugares que tinham reservado, e a multidão azul e branco bradava com orgulho seu hino nacional. O placar apontava 3x1 quando ele conseguiu reconhecer os números dos seus amigos nos uniformes da Inglaterra. Os sobrenomes Malik e Payne estampavam as camisas de números 9 e 10, respectivamente. 
Não foi exatamente uma surpresa, mas seu coração aqueceu em orgulho quando, ao final da partida e em uma comemoração inédita no cenário do futebol, ele viu o amigo de infância beijar o homem por quem anunciou publicamente, um ano atrás, estar perdidamente apaixonado. Algumas vaias foram ouvidas, mas seu coração batia mais forte e mais alto que qualquer ato ofensivo. Tinha amor vibrando no seu peito, assim como no gramado, e Louis tinha certeza que mais gente naquela arquibancada se sentiu representado pelo ato de coragem. 
Com os olhos límpidos e brilhantes pelas lágrimas não caídas, ele virou para Harry com um sorriso emocionado e encontrou as duas esmeraldas mais preciosas já lhe encarando. 
– Eu te amo, babe. 
– Amo muito você, H.
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Fim!
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Me digam o que acharam, por favor. 
Sentiram uma mudança na escrita ou nem? 
Além disso, reconheceram alguém da história anterior? Algum palpite de qual personagem vai ser a  próxima? 
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hyuzest · 6 months ago
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Suits - Jung Jaehyun
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Me inspirei totalmente na série Suits, estou simplesmente viciada nela kkkk. Queria escrever algo baseado na dinâmica do Mike com a Rachel, principalmente no início, espero que gostem!
‼️ colegues to lovers, um palavrãozinho, meio sugestivo no final nada demais.
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Jaehyun acordou assustado com o som de seu alarme, fazia tempos desde que acordava tão cedo, mas estava extremamente animado para seu primeiro dia de emprego. Se considerava sortudo por conseguir serviço numa das mais renomadas empresas de advocacia do país, sabia que o trabalho era puxado, mas não tinha muito acontecendo em sua vida e o salário compensava as horas extras no escritório. Por sorte o prédio não era muito longe de seu pequeno flat, apenas uma viagem rápida de metrô e ele estava na rua movimentada onde o escritório ficava localizado. Qualquer um que o visse saberia que era seu primeiro dia ali, o rapaz andava com o olhar perdido, entrando e saindo dos corredores tentando encontrar a sua mesa, parecia um cachorrinho abandonado e foi aquele olhar confuso e bobo que te chamou a atenção. Era uma paralegal na firma, mas não qualquer uma, havia ganhado sua posição de respeito e reconhecimento ali após trabalhar duro por 2 anos, tinha sua própria sala com uma bela vista para a rua. Assim que avistou o rapaz não conteve o riso, resolvendo se aproximar dele, seu salto preto fino ornou perfeitamente com a saia lápis preta e a blusa social azul bebê, andava confiantemente até o coreano tocando em seu ombro para chamar sua atenção.
— Você parece perdido.
Sorriu gentilmente para ele, não era do tipo que ajudava novatos, principalmente homens, sabia que muitos apenas a viam como um pedaço de carne, um par de pernas bonitos para flertar, mas por algum motivo se sentiu atraída pelo rapaz, ele era extremamente bonito, é claro, mas tinha algo a mais que a fazia querer ajudá-lo. Assim que Jaehyun virou o corpo em direção à voz feminina, não conteve a expressão facial de mudar, te escaneando de cima a baixo, guardando cada curva acentuada perfeitamente por suas roupas, a maquiagem leve que a deixava mais linda ainda, tudo aquilo o fez engolir a seco.
— Ah, bom, eu estou um pouco. É meu primeiro dia aqui…
O rapaz respondeu desengonçado, ganhando um riso seu.
— Me segue, eu vou te apresentar o local.
Respondeu rapidamente ao se virar, andando pelos corredores do escritório, contando um pouco de sua história ali, além de o apresentar aos locais mais importantes, a cozinha, a sala de reuniões, o arquivo e é claro sua sala, seu maior orgulho.
— E aqui é onde os Juniors ficam, é só escolher sua mesa. Ah, e caso não tenha ouvido uma coisa que eu disse, distraído demais pelas minhas pernas seu e-mail tem as mesmas informações.
Se virou para o maior, erguendo a sobrancelha enquanto o observava.
— Prestei atenção em cada palavra, S/n. Farei questão de passar na sua sala sempre que precisar de ajuda.
Jaehyun piscou para você, se virando em busca de um cubículo para chamar de seu, te deixando com as bochechas avermelhadas enquanto o observava de costas, mordiscando seu lábio inferior antes de voltar para sua sala. Eram por volta das 18:40 quando você entrou na sala de arquivos, a empresa estava com um grande caso corporativo em mãos, o que significava que você não iria para casa tão cedo. Prendeu o cabelo em um coque baixo com um lápis, tirando os saltos e se sentando de pernas cruzadas na cadeira desconfortável, relia os documentos em busca das informações pedidas enquanto bebericava em seu energético de manga, uma pequena bandejinha de sushi ao seu lado, cortesia do cartão corporativo. Estava concentrada em seus documentos quando ouviu barulhos de passos, seu olhar indo de encontro com Jaehyun, visivelmente mais cansado que quando o viu pela primeira vez, não poderia mentir que a gravata afrouxada e as mangas dobradas de sua camisa social o deixavam ainda mais irresistível.
— Estão te fazendo trabalhar até tarde no seu primeiro dia?
Questionou com um pequeno sorriso, comendo mais uma peça de sushi.
— Harvey quer que eu trabalhe com você no caso novo, preciso encontrar evidências de litígios nas negociações passadas.
O rapaz suspirou, passando a mão pelos cabelos castanhos, se sentando ao seu lado e começando a analisar os papéis na mesa.
— Ah, então você é o prodígio do Harvey…Jaehyun, certo? Ouvi falar sobre você, disseram ser bem inteligente.
O encarou se ajeitando na cadeira, calçando os saltos um pouco envergonhada por estar tão confortável no serviço.
— É o que dizem. Não se preocupe com o salto, não vou te julgar.
Sussurrou a última parte, mostrando suas covinhas a sorrir, poderia jurar que ouviu seu coração palpitar naquele momento, como ele havia notado isso? E como poderia parecer tão bem mesmo após horas de trabalho, com certeza estava parecendo um zumbi ao lado dele. Mas não era o que Jaehyun pensava, o cabelo bagunçado e os dois botões desabotoados de sua blusa a deixavam extremamente sexy e estava lutando contra cada parte de seu corpo para não beijá-la naquele momento.
— Você pode olhar essa pilha, são os documentos que eu já mexi.
Virou o rosto para que ele não notasse seu rosto avermelhado, voltando a grifar os papéis que precisava. Eram por volta das 20:40 quando se deu conta do tempo, os documentos estavam esquecidos a um bom tempo, bastou uma pergunta de Jaehyun sobre seu sushi caro em plena terça-feira e estavam conversando e rindo como se conhecessem há anos, já havia largado os saltos mais uma vez, apoiando um dos pés na cadeira enquanto divida sua comida com o maior. Jaehyun ria alto de uma de suas histórias da firma, sobre uma ex-esposa de um advogado enfurecida que havia feito um escândalo na empresa quando descobriu a traição dele com a secretária.
— Sério, foi bizarro, acho que foi o dia mais animado dessa empresa, é incrível como a vida romântica aqui é movimentada.
Você ria junto dele, limpando uma lágrima do canto do olho direito.
— E você, senhorita S/n, tem alguma história para compartilhar?
O coreano apoiou o braço na mesa, se aproximando da garota a ponto de seus ombros se encostarem.
— Eu não me envolvo com caras do escritório, muito drama, sabe? Além disso, todo ano esses babacas dos novatos me colocam como prêmio de alguma competição de “quem vai ficar com a paralegal gostosa”.
Respondeu frustrada, passando as mãos pelos cabelos antes de perceber de como havia falado dos colegas de Jaehyun, soltando um pequeno “Sem ofensas”, recebendo uma gargalhada como resposta.
— Bom, isso pode acontecer quando se é um garoto burro sem confiança alguma, mas pode ter certeza que qualquer homem faria o impossível para ter a atenção de uma paralegal gostosa tão inteligente como você.
As últimas palavras sussurradas a fizeram morder o lábio inferior envergonhada, sentindo as bochechas queimarem pela vergonha, sentia o hálito quente do rapaz contra seu rosto, o perfume amadeirado era quase intoxicante, era insano o quanto ele estava te afetando. A tensão era palpável no ar e bastou seu olhar desviar para os lábios rosados e convidativos do maior para que Jaehyun entendesse seu pedido, selando seus lábios com vontade. Deixou um suspiro escapar ao sentir a boca do rapaz contra a sua, não demorando para envolver os braços em seu pescoço, sentindo a pele branquinha arrepiar contra seus dígitos. Entrelaçou os dedos em meio aos seus fios, bagunçando o penteado já quase desfeito do rapaz, esse que encontrou rapidamente sua cintura, a puxando para seu colo sem dificuldade alguma. Moviam as bocas em perfeita harmonia, explorando cada cantinho da boca alheia com as línguas, o beijo era cheio de desejo, rápido, como se tivessem que aproveitar cada segundo daquele momento, o que não era mentira, poderiam ser pegos a qualquer momento. Separaram o beijo para tomar fôlego, Jaehyun observava a garota em sua frente, o cabelo bagunçado, os lábios vermelhos e levemente inchados a deixavam extremamente atraente, foi quase instantâneo quando atrelou a boca em sua pele macia, distribuindo alguns selinhos por seu pescoço. Foi interrompido quando a garota se afastou, saindo de seu colo e se ajeitando o melhor que podia.
— Merda, tem alguém vindo…
Ela sussurrou rapidamente, deixando o mais velho confuso em como ela havia ouvido algo. Não teve muito tempo para voltar a fingir que estava trabalhando quando viu seu chefe abrir a porta da pequena salinha de arquivos. Jung se levantou rapidamente, limpando a garganta enquanto alinhava sua blusa levemente amassada. Qualquer um poderia entender que algo estava acontecendo ali e não demorou muito para Harvey juntar os pontos.
— Achei que você já tivesse ido embora.
O advogado riu, te olhando com o canto de olho antes de voltar a atenção para o funcionário.
— Vamos, preciso que me ajude com algo, leve os documentos que você já avaliou. Se já tiver feito algum, no caso.
Na mesma rapidez que entrou, ele saiu da sala, deixando Jae confuso, se atrapalhando para juntar os documentos em cima da mesa. Em meio a risos, você o ajudou, o entregando o que faltava e piscando para o rapaz antes de o ver deixar a sala com um sorriso bobo no rosto. Talvez devesse repensar sua regra sobre não se envolver com colegas de trabalho.
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lovehathaway · 4 months ago
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(𝑠𝑎𝑏𝑟𝑖𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑝𝑒𝑛𝑡𝑒𝑟, 𝟸𝟽 𝑎𝑛𝑜𝑠, 𝑒𝑙𝑎/𝑑𝑒𝑙𝑎) era uma vez… uma pessoa comum, de um lugar sem graça nenhuma! há, sim, estou falando de você 𝑙𝑜𝑣𝑒 𝑙𝑜𝑢𝑖𝑠𝑒 ℎ𝑎𝑡ℎ𝑎𝑤𝑎𝑦. você veio de 𝑛𝑜𝑣𝑎 𝑖𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 e costumava ser 𝑐𝑎𝑛𝑡𝑜𝑟𝑎 𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 por lá antes de ser enviado para o mundo das histórias. se eu fosse você, teria vergonha de contar isso por aí, porque enquanto você estava sendo parte de um 𝑔𝑟𝑎𝑛𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑎̂𝑛𝑑𝑎𝑙𝑜 𝑚𝑖𝑑𝑖́𝑎𝑡𝑖𝑐𝑜, tem gente aqui que estava salvando princesas das garras malignas de uma bruxa má! tem gente aqui que estava montando em dragões. tá vendo só? você pode até ser 𝑐𝑜𝑚𝑢𝑛𝑖𝑐𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎, mas você não deixa de ser uma baita de uma 𝑖𝑟𝑜̂𝑛𝑖𝑐𝑎… se, infelizmente, você tiver que ficar por aqui para estragar tudo, e acabar assumindo mesmo o papel de 𝑟𝑎𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑟 na história 𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑏𝑟𝑎-𝑛𝑜𝑧𝑒𝑠… bom, eu desejo boa sorte. porque você vai precisar!
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𝜗୧ ℎ𝑒𝑎𝑑𝑐𝑎𝑛𝑜𝑛𝑠
nascida e criada em dakota do sul, nos estados unidos, love enquanto uma criança, levava uma vida sem grandes ambições. o seu maior objetivo quando crescesse era assumir o controle da fazenda da mãe para criar o maior número de galinhas possíveis, seu animal favorito na época e também suas únicas companheiras, já que era tímida demais para brincar com outras crianças da mesma idade.  mas a sua progenitora, linda, tinha outros planos. estava convencida de que a filha de 9 anos, catarrenta e descabelada, tinha uma beleza acima da média, por isso, fazia questão de levá-la em diversas audições diferentes para comerciais e filmes. a primeira aparição foi durante 5 minutos em um filme de qualidade duvidosa como figurante. love odiava a rotina, era desengonçada e pouco desenvolta em frente a milhares de câmeras, entretanto, sempre era convencida com a promessa de que ganharia outro animal de estimação. alguns anos de passaram, linda se tornou cada vez mais insistente e desejando causar orgulho na mulher que a criou sozinha com tantas dificuldades, love cedeu. começou a se dedicar mais em suas audições e descobriu uma paixão adormecida pela música e embora estivesse longe de ser uma pessoa verdadeiramente famosa, ganhava uma quantidade razoável de dinheiro. o suficiente para sustentá-las em uma vida confortável. até ser surpreendida com a proposta de um musical grande. este foi o pontapé que sua carreira precisava e sem hesitação aceitou o papel, tornando-se destaque do elenco. os principais canais de fofoca noticiavam o quão talentosa e carismática ela era e love que nunca se viu como uma mulher bonita, passou a receber elogios assim do público. a partir daí fez diversas participações em filmes e séries importantes, além de lançar o primeiro álbum com músicas que falavam sobre um amor que nunca havia, de fato, experimentado. mesmo anos depois, o talento mirim ainda era admirado e convidado a diversas festas importantes (incluindo as que contavam com a presença do presidente!!). nunca havia se envolvido em qualquer polêmica, sequer sabiam que ela foi criada apenas pela mãe, não por se envergonhar, mas para preservar a imagem de família tradicional (palavras da própria linda). mas isso estava prestes a mudar, graças ao homem que decidiu abandoná-la junto a progenitora a sua própria sorte.  podia contar nos dedos quantas vezes teve contato com o progenitor, o evitava ao máximo, principalmente porque ele insistia em pedir empréstimos a ela desde que a reconheceu pela televisão. dizia que estava passando por um momento difícil e que a abandonou pela necessidade de partir em busca de um emprego melhor (o que a fazia revirar os olhos toda vez). o que love não imaginava é que ser fotografada com aquele homem em um café escondido da cidade fosse capaz de causar tamanho estrago. o homem, no final da costas, era procurado em diversos países por fraude e envolvimento em quadrilhas criminosas, provavelmente pedia dinheiro para despistar a polícia outra vez. os jornais rapidamente noticiaram: impecável love hathaway é vista em momento íntimo com criminoso e a internet especulava sobre um possível relacionamento. o seu mundo ruiu, perdeu papéis importantes, teve shows cancelados e não teve a menor chance de explicar o acontecido a seus fãs, que faziam questão de deixar claro o quão decepcionados estavam por todas as mentiras. não conseguia mais sair na rua, pois, ser reconhecida agora representava um perigo de vida. as pessoas lesadas pelos crimes do seu pai desejavam justiça, desejavam que ela pagasse por aquilo, ainda que não estivesse envolvida. o seu único conforto eram a música, os seus gatinhos e livros. escolheu um da coleção extensa, recém adquirido, com contos que gostava de ler durante sua infância. o abriu em uma página aleatória desejando desaparecer para não ter que lidar com as suas frustrações. foi quando a página se iluminou como mágica e love foi subitamente acometida por um sono pesado, inevitável, acordando em um mundo desconhecido.
  𝜗୧ 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑠
── love é pansexual e viciada nas cantadas ruins que aprendeu enquanto ainda era moradora do mundo real; ── teve muitos relacionamentos durante a sua vida, embora tentasse sempre escondê-los ao máxido da mídia (aceito conexões de reencontros com os peguetes no mundo dos perdidos); ── adora ser o centro das atenções; ── é fã de tudo o que engloba o universo do terror; ── fofoqueira nata, love sempre terá uma coisinha ou outra para te contar a respeito da vida de alguém.
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delirantesko · 8 months ago
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Fome de pele, Saturação Visual (texto, 2024)
Um dos aspectos da solidão proveniente da baixa autoestima somadas a síndrome de abandono, é que se passa muito mais tempo olhando do que tocando as outras pessoas.
Pra algumas pessoas essa é uma experiência condicionante que pode acontecer durante muitos anos. Touch-starved ou "fome de pele", como descobri recentemente, é um fenômeno real que pode afetar nossa saúde, inclusive. Afinal, o maior orgão do corpo humano, a pele, existe pra ser tocado, experienciado.
Quando foi a última vez que você recebeu uma massagem que não tivesse o intuito imediato do gozo? Quando abraçou alguém por longas horas, seja antes ou depois de uma transa? A satisfação imediata do prazer, a performance cinematográfica fantasiosa que obras pornô dirigidas por e para o homem exigem, a pressa inerente dos dias de hoje que exigem cada vez mais nossos sentidos direcionados para o que não é o prazer, e quando permitem, é o prazer rápido, o equivalente para o sexo do que é o macarrão instantâneo para a alimentação.
O insight que tive hoje de manhã, e que motivou esse texto, é que a saturação visual é o contraponto da fome de pele: são dois opostos, mesmo que sejam da mesma moeda (o prazer).
Graças a internet hoje, e serviços como canais online com cenas de sexo, oferta de vendas de imagens e vídeos pessoais, e até a quantidade de pessoas que transformaram o Tumblr num site de busca, conversa e relacionamentos (nada errado com isso, quem é adulto sabe o que está fazendo e é possível conhecer muitas pessoas assim!) estamos cada vez mais expostos a taras, fetiches, gostos e outras preferências sexuais que antes ficavam relegadas a grupos mais fechados. Tornou-se mais fácil para as pessoas encontrarem e descobrirem o que as deixam excitadas.
E saber o que se gosta é um dos passos para conseguir o prazer, esse que alguns cultos e seitas por aí impuseram um preço (a culpa, Onan que o diga!), já que a satisfação sexual é possível até mesmo sozinho. Um dos ataques a masturbação por exemplo, com ameaças hilárias como "crescer pelos nas mãos", tinha uma única fundação: a vila precisa de homens fortes para se tornarem soldados e mulheres que darão a luz a novas crianças (servindo basicamente como forninho para novos súditos miseráveis). A masturbação impediria ou prejudicaria a produção de novos bebês para a subsistência da vila.
Acontece que não estamos mais nesse período. Por incrível que pareça, e para o negacionismo de muitos cultistas, o mundo não é o mesmo de 2000 anos atrás. Existe na verdade, um excesso de pessoas que aumenta cada vez mais, e o que não aumenta é a satisfação, o prazer. Pelo menos não do homem comum, que precisa pagar as contas todo mês pra não se tornar um mendigo.
Existe toda um campanha, um complô, para que as pessoas comuns, como eu e você, não sintam prazer. Porque ele alivia a dor, e a dor é matéria-prima de muita indústria por aí.
Nosso prazer é prejuízo para um grupo de pessoas, que se alimenta de toda dor proveniente da ausência dele.
Como uma pessoa que se sente satisfeita e amada faria guerra por exemplo? O soldado precisa estar longe de casa e esperando retornar para casa para enfim "viver seu amor".
O soldado pensa: "Mato uns aqui, volto pra casa foder com minha esposa e ter vários filhos." E o ciclo continua.
As guerras de nações contra outras nações diminuíram, com certeza, mas ainda estamos em guerra com outras ideias, outros conceitos.
"Aceito aquela proposta?" "Será que saio do emprego para viver meu sonho?" "Me apaixonei por outra pessoa mas já tenho alguém, o que faço?"
Enfim, o mundo já tem preocupações demais sem contar a sabotagem dos que não querem que você sinta prazer. A existência pode ser uma grande "empata-foda" se você não tomar cuidado.
Com isso, eu exploro dois sentidos: o tato e a visão. Acho que já sei sobre o que vou escrever no próximo texto desse tema...
Esse é o terceiro texto relacionado com voyeur/exibicionismo, um tema que comecei a explorar recentemente e que percebo ao conversar e ver as pessoas reagindo com interesse no assunto. Os outros dois textos estão aqui:
Pornográfico olhar e
O que o exibicionista sente?
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jesuslovesus · 4 months ago
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Joga Fora
No fim do dia, muitas vezes a nossa oração contém o pedido de perdão porque não tivemos tempo de buscar à Deus naquele dia. E sabe de uma coisa? Tá tudo bem, porque a vida pode ser muito corrida dependendo do que você faz e de como é a sua rotina.
O problema acontece quando isso se torna muito frequente e quando nós pedimos perdão a Deus por não termos tido tempo de busca-lo mas nosso tempo de tela no Instagram foi de 8h em um dia. Então o fato é que nós tínhamos tempo, mas nós estávamos nas redes sociais. Então não foi falta de tempo, foi falta de posição.
Qual é a posição de Deus na sua vida? Ele está em quarto lugar? Depois do namorado, da série na Netflix e das redes sociais?
Ou Jesus está em primeiro lugar? Que mesmo que você tenha tempo de qualidade com seu namorado, assista sua série favorita na Netflix e acompanhe as redes sociais que você gosta, ainda assim você separa um tempo para buscar ao Senhor?
Porque não é pecado se entreter. O pecado está em colocar o entretenimento acima do nosso Deus. E eu não estou falando que assim que você acorda você deve fazer um devocional, porque muitas vezes ter um emprego que te faz acordar na hora de ir trabalhar não te permite esse tempo, ou ter que ir pra escola no primeiro horário do dia, não vai te permitir fazer um devocional logo cedo, mas encontrar um horário para buscar a Deus, em oração, lendo a Bíblia, deixando O Espírito Santo ministrar ao seu coração, isso é posicionar O Senhor em primeiro lugar na sua vida.
“Jacó disse à sua família e a todos que estavam com ele: “Joguem fora todos os seus ídolos pagãos, purifiquem-se e vistam roupas limpas. Vamos a Betel, onde construirei um altar para o Deus que respondeu às minhas orações quando eu estava angustiado. Ele tem estado comigo por onde ando”.” - Gênesis‬ ‭35‬:‭2‬-‭3‬
Tenha equilíbrio e jogue fora os vícios.
Já passou da hora da gente identificar o que está tomando o lugar de Deus nas nossas vidas e então jogarmos fora, pra que Deus tome o lugar que Ele merece em nossas vidas, que é o primeiro lugar.
Hoje em dia as redes sociais podem ser um meio de trabalho, mas normalmente quando não são, as redes sociais são só perda de tempo. Então se você está viciado em redes sociais, joga fora. Se você está viciado em assistir séries? Joga fora.
“Jogar fora” pode ser pra você, “dar um tempo”. Dar um tempo de sair toda hora com os amigos, dar um tempo das redes sociais, dar um tempo de assistir filme toda noite… e se for isso, dê um tempo, e volte a fazer essas coisas, depois de um tempo, mais disciplinado.
Mas se “jogar fora” pra você significa “se livrar e não voltar mais”, então joga isso fora e não olhe pra trás. - Veronica Jasmine (Jesus Loves Us)
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yelloweyes82 · 4 months ago
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Há um pouco mais de 10 anos fui diagnosticada com TDAH, o meu Cid é f90. 0: 6A05.2. O que significa isso?Significa que eu tenho o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade combinado ou seja além de ser hiperativa e desatenta eu tenho uma impulsividade levemente controlada por conta do meu tratamento da minha medicação.
A intenção desses relatos não é ser mais uma página de pessoas com o diagnóstico tardio de TDAH diminuindo ou fazendo piadas a respeito das dificuldades que um neuro divergente enfrenta no seu dia a dia. Um adulto, para chegar em seu diagnóstico de TDAH certamente buscou o tratamento para depressão, oscilação de humor, crises de pânico, a famosa TAG(transtorno de ansiedade generalizada), transtorno bipolar autismo borderline e os inúmeros diagnósticos muitas vezes errôneos ou uma comorbidade do TDAH Já trouxeram inúmeras frustrações, perdas, dificuldade de relacionar-se amorosamente dificuldade em relacionar-se socialmente dificuldade em relacionar-se no seu ambiente de trabalho de concentrar-se em tarefas simples do seu dia a dia laboral do seu dia a dia doméstico ou com as coisas mais simples que se possa imaginar. Não, não estou vitimizando ou diminuindo a capacidade que um TDAH tenha em alcançar seus objetivos. O que eu quero aqui é mostrar a importância de validarmos o que é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Quando quando o TDAH é descoberto na infância ou na adolescência as possibilidades de um tratamento direcionado para cognição desses pacientes torna o convívio é dessas pessoas muito mais fácil objetivo e de fácil atingimento de seus sonhos projetos, formando seres humanos realizados seres humanos altamente eficazes criativos inteligentes.
O TDAH nada mais é do que uma desregulação neurológica no lobo frontal do cérebro.Sendo assim, nós não temos uma substância chamada dopamina, não então temos essa substância suficiente no nosso organismo para que faça com que o nosso cérebro funcione igual ao cérebro de pessoas neurotípicas. Parem, apenas parem de dizer que todo mundo tem TDAH! Quando você se auto diagnóstica como TDAH,porque faz várias coisas ao mesmo tempo e/ou chega atrasado nos seus compromissos e esquece algumas datas importantes, você invalida anos de busca de um diagnóstico que é importantíssimo para quem passa a vida inteira tendo oscilações de humor tendo frustrações perdas irreparáveis de pessoas próximas família amigos emprego tenha responsabilidade com a limitação que o neuro divergente tem, não invalide suas dores, dizendo que seu diagnóstico é modinha. Os prejuízos que o TDAH causam na vida de uma pessoa,são avassaladores. Em casos mais severos pode levar a tomadas de decisões extremas.Muitas não suportam os prejuízos e optam pelo suicídio.Ninguém repito ninguém merece tentar viver em sociedade, imitar padrões tentar agir em conformidade com o seu ambiente, você sofrer de um cansaço inexplicável um bloqueio mental que insiste em permanecer por dias muitas vezes fazendo com que a pessoa com TDAH sinta-se totalmente incapacitada e prostrada numa cama. Dando o meu relato sobre o TDAH quando eu recebi o diagnóstico eu tinha 28 anos hoje eu tenho 42 mas aos 28 anos receber aquele diagnóstico foi uma mistura de alegria e libertação preocupação e querendo ou não uma sentença porque não é uma doença é um transtorno não tem cura! Tem tratamento terapêutico, tratamento medicamentoso( que não quer dizer que seja o mais adequado,pois não supre o quantitativo de dopamina necessária e ainda pode trazer prejuízos futuros,como demência)e acreditem é necessário uma força de vontade descomunal para nos fazer concluir um dia que para muita gente tem 24 horas. São tantos esforços mentais que fazemos para que possamos realizar tarefas ocupacionais tarefas domésticas que ao final de um dia a sensação de um TDAH é que ele não trabalhou 8 horas conforme a CLT um TDAH trabalhou 16 horas. Muita gente fala que o paciente com TDAH em geral ou é muito desatento ou é muito esquecido muitos são comunicativos e que não é possível que a pessoa não consiga se esforçar mais. O que para vocês parece pouca concentração, pouco esforço, pouca atenção,para nós é uma verdadeira batalha cerebral ao final de um dia de trabalho.De convivência em sociedade nossa bateria social ela está abaixo da reserva tudo que nós queremos é dormir é conseguir silenciar o mundo. Mas aí vem outros sintomas que acompanham de mãos dadas o TDAH que muitas vezes é o pensamento acelerado, a insônia,a paralisia por horas, a dificuldade de chegar do trabalho e conseguir desempenhar qualquer atividade doméstica pela exaustão cerebral. Você tenta arrumar o quarto quando vai jogar o lixo fora no meio do caminho você vê outra coisa que precisa de limpeza e você começa a limpar e aí ao tirar aquela sujeira daquele ambiente por exemplo outro quarto você se dispersa porque encontrou um objeto que estava perdido há meses ao encontrar esse objeto você vai fazer o uso dele com isso a limpeza doméstica acaba ficando pela metade porque você já perdeu a concentração e está focando em algo que é mais prazeroso no sentido de trazer maior descanso cerebral e você se entretém com aquilo quando nota já são uma hora da manhã duas horas da manhã. O que você faz? Lógico você deita para dormir porque afinal amanhã começa mais um dia de 8 horas de trabalho e 16 horas para o TDAH só que o que ninguém vê, o que ninguém te conta na realidade é que o seu cérebro continua trabalhando na hora que você deita para dormir ou impedindo que você turma ou te trazendo um sono péssimo leve fazendo com que você acorde mais cansado do que quando você for deitar.
Eu busquei terapia tive vários diagnósticos depressão, depressão severa tentativas de suicídio duas tentativas uma delas eu quase levei um prédio inteiro comigo e a depressão ela é somente uma das comorbidades do TDAH comorbidade é essa que eu preciso vigiar todos os dias me atentar a cada mudança de humor cada tristeza que apareça fora de hora para não deixar que a depressão tome conta novamente. Quem preparou as pessoas neurotípicas para conviver com neuro divergentes e vice-versa? Me diga o que você faria quando numa fila de banco, quando uma pessoa aparentemente "normal " tem um surto de ansiedade um surto psicótico um episódio de raiva descontrolada que por muitas vezes as pessoas entendem como exagero frescura em paciência.Não, não é frescura não é impaciência é nossa natureza somos hiperativos impulsivos muitos de nós temos rigidez cognitiva muitos de nós temos fobia sensorial (sons muito altos, muitas pessoas falando ao seu redor, não controlamos nossos estímulos de nos movimentar para mantermos concentrados e demonstrar algum tipo de equilíbrio.
Hoje só consigo traduzir tudo em uma palavra: CANSAÇO
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twistedcrumbs · 3 months ago
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Sob o mesmo céu
Era uma vez um garoto estúpido que se apaixonou por uma garota. Uma garota que tem tudo; beleza de dentro e de fora, inteligência e riqueza... tudo. As coisas não podiam dar mais errado a partir daí.
Em um mundo onde alianças são moldadas por convenções e compromissos, o encontro inesperado entre uma sereia e um homem fera desafia preconceitos, deveres e a busca pela liberdade. Sob as luzes opulentas e os olhares vigilantes da elite, um vínculo silencioso floresce, trazendo à tona desejos que jamais imaginariam sentir e impossíveis de se esconder.
Mas em um ambiente onde tudo é observado, será possível escapar disso tudo enquanto o tempo corre contra eles?
Um imagine, para Ruggie Bucchi 🍩
Capítulo 1,
Céu Cinza, Céu Azul
Esta história até o momento aborda temas como: objetificação feminina, violência, situações de confinamento físico e emocional, bem como faz referência a racismo e suicídio e machismo.
O sol ainda nem tinha nascido completamente, mas o Afterglow Savannah já estava acordado. O cheiro de areia quente, poeira e fumaça tomava conta das ruelas apertadas e entrava nas casas que se apertavam, amontoadas umas por cima das outras.
A manhã começava cedo naquelas bandas, especialmente para aqueles que viviam nos bairros mais pobres. O sol gostava de ser mais do que pontual, abençoando todos daquelas terras áridas com seu calor quase opressor. Contudo, antes mesmo do sol nascer, Ruggie já estava de pé, esfregando os olhos com preguiça enquanto, arrumando os lençóis finos do colchão gasto que dividia espaço com as poucas coisas que possuía no quarto diminuto. No teto, um fio improvisado pendurava a única lâmpada do quarto, que piscava como se já estivesse no fim de sua vida útil.
— Bom dia, vovó. O que tem pro café?— Ruggie apareceu por detrás da senhora, na cozinha colocando as mãos sobre os ombros dela e espiando faminto o café da manhã do dia.
Na cozinha apertada, sua avó mexia uma panela de mingau no pequeno fogão enferrujado, impecavelmente limpo, apesar de sua aparência desgastada. Ela comia devagar o que restava de um pão do dia anterior que Ruggie havia trazido, engolindo-o junto de um café preto.
A velha sorriu para ele, as rugas em seu rosto formando um mapa de histórias e batalhas vividas. Rígida, ela deu um leve tapa na cabeça do menino com o cabo da colher por espiar a comida, mandando que fosse se aprontar.
A hiena mais nova rindo, saiu em um pulo e correu para lavar o rosto na pia do lado de fora. A velha sorriu para ele, com aquele sorriso cansado, cheio de rugas, mas ainda assim radiante, que Ruggie conhecia tão bem. Sua avó era a melhor.
— Tá bonito hoje. — a senhora comentou em um tom orgulhoso, observando o neto ajeitar os cabelos loiros no espelho rachado pendurado na parede.
— Ah, vó, nem começa. — Ruggie respondeu, sorrindo de canto, exibindo a camisa branca engomada que havia preparado especialmente. — É só mais um dia de trabalho... Mas esse é especial! Vou trabalhar o mês inteiro naquele hotel chique, ajudando na cozinha. Parece que vai ser o casamento de uns figurões. Pagam por hora e têm três refeições garantidas. — Seu sorriso se alargou com orgulho. — E sabe o que isso significa, né? Mais comida pra senhora e pras crianças. ─ Ruggie sorriu orgulhoso. Contando mais uma vez para a avó sobre o último emprego de férias. Ele estava animado.
Era a terceira vez que escutava aquilo desde a noite passada, feliz, ela deu um tapinha afetuoso nas costas dele quando o neto, entregando a ele um prato fundo de vidro.
A avó o encarou com carinho, mas um peso se refletia em seu olhar. Orgulhosa do neto, mas preocupada com o fardo que ele carregava.
Ruggie encheu a tigela com o mingau, um pedaço de carne amanhecido requentado, seguido de um café preto amargo para acordar de fato. Ele não reclamava, mas cada colherada era um lembrete de que precisava trabalhar mais. Precisava tirá-los dali. Sua avó já tinha feito demais por eles e agora era sua vez de retribuir.
Antes de sair, ele beijou o topo da cabeça da velha senhora. Bem entre suas orelhas redondas e desbotadas, semelhantes às dele. Jogou a mochila de segunda mão nas costas, um pagamento que havia ganhado limpando o dormitório de um colega, e deu uma última olhada na casa enquanto saia: um barraco de tábuas remendadas, cheio de buracos nas paredes. Ele conhecia cada rachadura, cada fresta. Sabia que um dia deixaria aquele lugar para trás. Para sempre.
Do lado de fora, as ruas eram uma mistura de poeira e lama pelo esgoto a céu aberto.
As ruelas estreitas serpentavam entre as casas construídas de maneira improvisada, com paredes de barro, pedras irregulares e telhados feitos de madeira ou placas de metal enferrujado. Elas pareciam lutar por espaço, amontoadas umas sobre as outras, criando um labirinto desordenado e caótico.
Nos becos, apenas algumas horas mais tarde, crianças brincariam descalças e correriam atrás de bolas improvisadas, enquanto os primeiros vendedores ambulantes que já estavam se preparando para armar suas bancas, estariam oferecendo frutas secas, artesanato e tecidos vibrantes. O Afterglow Savannah tinha uma energia única, pulsante, uma espécie de caos organizado que refletia a resiliência e criatividade de seus moradores, mesmo ali nos cantos mais afastados.
Ainda era muito cedo, mas aa ruas, pouco a pouco, ganhavam vida. Homens voltavam para as camas de suas esposas antes que elas percebessem que eles tinham saído, e prostitutas deixavam as esquinas para descansar.
Algumas hienas circulavam pelas ruas, vigiando as estradas e becos da favela com seus rádios e olhos atentos. Era difícil para o reino controlar as atividades ilegais que ocorriam nas favelas pela separação geográfica dos amontoados de cidade, a longa distância da capital que tornava muito fácil que o caos se instaurasse naqueles lugares, onde as pessoas mais fortes decidiam simplesmente mandar.
Mas ao menos desde que o príncipe Farena assumiu o lugar do antigo rei, ele tem feito vista grossa para as organizações das pequenas comunidades. Ruggie não sabia dizer se isso era bom ou ruim. A entrada das autoridades da capital incitava ainda mais a violência desenfreada entre os dois lados e a morte de hienas segregadas. Mas a esperança de não ter que ficar à mercê dos preços exorbitantes que os grupos estipulavam para coisas básicas como alimentação e gás era animadora.
Além disso, o investimento, mesmo que mínimo, em políticas públicas educacionais para que as crianças pudessem pelo menos aprender a ler e ter a garantia de uma refeição semidecente no dia mostrava que o governo atual estava olhando um pouco mais além do centro brilhante e turístico de Sunrise City. Isso fazia com que o reinado de Farena fosse, em realidade, muito melhor do que Leona fazia parecer sempre que abria a boca para falar brevemente das políticas irmão.
No entanto, Ruggie nunca gostou de entrar nesse mérito com o príncipe. E as migalhas, mesmo que fossem alguma coisa comparado ao nada, ainda eram migalhas.
Já no ponto de ônibus, esperando para pegar a primeira condução do dia, a hiena suspirou, acenando para um dos poucos amigos de infância que havia chegado até aquela idade com vida e que não havia sido preso ainda; relembrando como brincava quando mais novo, correndo pelas cidades dos adultos maldosos, ocasionalmente roubando frutas meio podres que restavam nas feiras. Agora ele andava armado.
Ruggie não tinha muito, mas sabia o que era viver sem nada. Crescer em Afterglow Savannah ensinava lições duras: o que é fome, o que é cansaço e, acima de tudo, o que é sentir o peso da falta de oportunidades. Ele entendia bem como a ausência de perspectivas corroía qualquer traço de inocência, deixando um vazio que muitas vezes era preenchido pela sedução do dinheiro fácil ou pela promessa ilusória de uma vida melhor. Afinal, tudo o que vem fácil, vai muito fácil também.
Ele não era hipócrita — reconhecia seus próprios desvios. Pequenos furtos ocasionais e artimanhas bem calculadas eram parte da sua sobrevivência, mas Ruggie sempre acreditou que eram praticamente inofensivos. Tirar um pouco de quem tinha em excesso para suprir o próprio prato vazio não parecia um crime, mas ele também sabia que nem todos os atalhos eram válidos.
Apesar das dificuldades, ele preferia manter um equilíbrio. Sua esperteza e seu instinto de sobrevivência sempre foram suas maiores armas, mas ele aprendia a usá-las com cuidado. Viver ali era andar sobre uma corda bamba, onde um passo em falso podia significar perder tudo, inclusive a dignidade que ele ainda se esforçava para preservar.
Ele entendia que o mundo não oferecia garantias, especialmente para aqueles como ele. Ainda assim, Ruggie tinha um senso inabalável de que poderia ser mais, fazer mais. Afinal, mesmo no meio da poeira e do calor opressivo da savana, ele sabia que havia algo mais esperando por ele — algo que ainda precisava ser conquistado com suas próprias garras.
Com isso em mente, despediu-se da cidade subindo no ônibus, o primeiro dos três ônibus que pegaria no dia para chegar até o grande hotel em que estaria trabalhando naquelas férias.
O transporte estava cheio de trabalhadores sonolentos da região que iam e voltavam da capital todos os dias. No meio deles, Ruggie sentiu um pequeno orgulho ao ver que sua camisa estava limpa e bem passada. Ele tinha grandes sonhos, mas sabia que, para alcançá-los, precisava passar por muitos dias longos como aquele.
A muitos quilômetros dali, em uma mansão imensa no coração da savana em um condomínio abastado, o sol nascia devagar, pintando o céu de tons dourados que contrastavam com o brilho frio da opulência ao redor. De pé diante da janela de seu quarto, uma jovem, envolta em um robe de seda, observava o horizonte distante. Apesar de toda a grandiosidade ao seu redor, seus olhos refletiam um anseio quase doloroso, como se o vasto mundo lá fora fosse uma promessa inalcançável, uma liberdade que ela jamais tocaria.
O quarto era uma prisão enfeitada: uma cama de dossel com lençóis de seda impecáveis, armários abarrotados de roupas caras escolhidas a dedo, e prateleiras repletas de livros que ela raramente tinha permissão para abrir.
O silêncio era esmagador e seu companheiro habitual, preenchido apenas pelo som ocasional do vento que agitava as cortinas. Cada detalhe da mansão, desde os pisos polidos até os candelabros reluzentes, era um lembrete constante do que se esperava dela: perfeição, obediência e silêncio.
A porta se abriu abruptamente, sem sequer uma batida de aviso, revelando sua avó. A mulher, sempre elegante em seus trajes conservadores, tinha a postura ereta de alguém acostumada a impor respeito. Seus olhos eram severos, mas em algum lugar no fundo escondiam algo semelhante à melancolia.
— Está acordada. — A voz, baixa e autoritária, não admitia questionamentos. — Seu pai quer vê-la no salão em uma hora. Prepare-se.
A jovem assentiu em silêncio, como fazia todas as vezes. Protestar não era uma opção.
Na mesa do café da manhã, o ambiente era tão frio quanto o mármore que adornava as paredes. Seu pai, um homem de presença imponente e voz calculadamente calma, lia relatórios de negócios enquanto ignorava deliberadamente a filha. Ela permaneceu sentada, imóvel, esperando pelas instruções que inevitavelmente viriam.
— O casamento está confirmado para o final deste mês. — Ele finalmente falou, sem desviar os olhos dos papéis. — O jantar de hoje será o primeiro evento oficial. Quero que você se porte à altura.
Ela murmurou um "sim, pai", forçando um sorriso vazio enquanto sentia o peso de mais uma corrente invisível se fechar ao seu redor.
Depois do café, ela escapou para o jardim, o único lugar onde podia respirar. Sentou-se à beira da fonte, observando a água cristalina com os dedos levemente mergulhados na superfície acostumada com o calor e o clima árido. Ali, cercada pelas flores e árvores bem cuidadas, cultivadas a dedo, ela se permitia sonhar. Em sua mente, via-se viajando por lugares distantes, aprendendo, descobrindo um propósito que fosse além da rotina silenciosa. Mas os sonhos eram frágeis e sempre terminavam esmagados pela realidade.
Sua avó a encontrou ali, como fazia quase todas as manhãs, com passos firmes e olhar atento. Ao aproximar-se, percebeu a tensão nos ombros da neta e soltou um suspiro pesado, sentando-se ao seu lado.
— Você parece cansada, querida. — A voz estava um pouco mais suave. — Hoje é um dia importante. Deve se lembrar de manter a cabeça erguida.
Ela forçou outro sorriso, sem responder. As palavras da avó eram sempre ditas com o tom de um lembrete, um aviso de que qualquer hesitação seria vista como fraqueza.
A senhora observou o rosto da neta em silêncio por um momento antes de continuar:
— Sonhar não é pecado, menina, mas não se esqueça de onde você veio e do que é realmente importante. Sua mãe também sonhava, sabe... e veja onde isso a levou.
As palavras, embora proferidas com uma falsa gentileza, atingiram como um golpe. A jovem abaixou o olhar, os olhos ardendo com lágrimas que não ousava derramar.
— Olhe para mim. — A avó insistiu, com um sorriso solene. — Estou velha, e ainda assim tenho sorte que seu pai me tolere nesta casa. Ele é um homem generoso, e devemos ser gratas. Sua vida será incrível quando tudo isso acabar. Apenas confie. Ele sabe o que é melhor para você.
Ela assentiu mecanicamente, engolindo a dor e imitando o sorriso da avó. Queria acreditar que aquilo era verdade, mas sabia que os sonhos, mesmo sufocados, continuavam a se revolver dentro dela, incontroláveis.
O sol continuava a subir, lançando sombras longas pelo jardim, enquanto o coração da jovem permanecia dividido entre a submissão e a vontade crescente de escapar do destino que lhe haviam imposto.
Eram dois mundos, tão diferentes e igualmente implacáveis, separados por um abismo de desigualdades e expectativas. Eles seguiam em direções opostas, como marés que nunca deveriam se encontrar. Mas o destino, teimoso em sua imprevisibilidade, preparava o momento em que esses caminhos completamente opostos colidiriam, para o bem ou para o mal de ambos.
Eu estava simplesmente sedenta, já há um bom tempo, para escrever uma história dramática e clichê usando premissas de filmes românticos. A primeira "vítima" foi o Ruggie, graças à minha hiperfixação, e, se tudo der certo, a próxima será azul!
Sempre amei esses conceitos dramáticos de romance proibido ou relacionamento arranjado, onde, no final, os personagens se apaixonam e tudo termina de forma linda e feliz.
Na última vez que revi Titanic, não consegui deixar de pensar em uma premissa inspirada nele. A história é levemente baseada, mas segue um rumo completamente diferente, eu prometo (pelo menos até onde consigo controlar).
O plano inicial era postar tudo só depois de finalizar, mas não consegui me segurar e já trouxe o primeiro capítulo. Meu maior mal é postar as coisas antes de terminá-las e, depois, acabar desistindo, mas espero que isso não aconteça dessa vez! Afinal, se tudo sair como planejado, termino de escrever até o fim do fim de semana. Acho que me empolguei um pouco demais.
Sempre quis tentar uma fanfic que explorasse alguns aspectos da vida cotidiana do Ruggie fora da NRC. É algo bem difícil, já que não temos nenhuma interação com a avó dele nem muitas informações sobre o lugar onde ele vive. Temos apenas um quadro no mangá do livro 3 (pelo menos até agora, e até onde sei), mas ele já nos dá uma ideia do porquê há tão pouco material sobre isso. A Disney provavelmente nunca mostrará mais, porque seria algo muito visceral.
Confesso que está sendo complicado escrever uma fanfic fofa e romântica sobre o Ruggie fora da escola, tentando incluir mais camadas no personagem sem perder o tom ou descaracterizá-lo. Mas também está sendo uma experiência muito divertida! Se você está lendo isso, fique à vontade para interagir sobre o assunto. Adoro saber o ponto de vista de outras pessoas sobre a personalidade dos personagens.
Sem mais delongas, me despeço até o capítulo 2. 🍩
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withelegance · 6 months ago
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+ VAGAS DE EMPREGO !
Nome do estabelecimento: The Terpsichore. Vagas: gerente administrativo (1); anfitrião (1); gerente publicitário (1); agente de reservas (1); assistente de palco (2); operador de iluminação (1); engenheiro de som (1); porteiro (1); chef principal (1); cozinheiros auxiliares (2); garçons (3); zeladores (2); bartender (1); segurança (1). Salário: de $ a $$$ a depender da vaga (consultar abaixo). Descrição do estabelecimento caso ele não esteja na página de lugares: (abaixo do read more.)
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Idealizada por Odile ao longo dos anos em Malvatopia, a Terpsichore foi inaugurada apenas alguns meses antes da chegada dos perdidos, mas já era um dos estabelecimentos mais comentados por todo o mundo das histórias. Além de contar com um enorme palco onde peças de teatro, apresentações de stand up e claro, espetáculos de ballet e outros números musicais; conta com uma culinária espetacular e drinks extraordinários. A decoração é a clássica dos clubes para a classe privilegiada de Nova York nos anos 20, com bastante inspiração tirada da arquitetura de Maldonia. A programação do local sempre se encontra com agenda lotada, e as poucas mesas da plateia tornam a reserva prévia algo mandatório. Não adianta chorar, mas talvez um suborno generoso te dê prioridade na fila de espera, quem sabe?
+ alguns detalhes sobre as vagas e salários !
gerente administrativo ($$$): é basicamente o chefe depois da odile. supervisiona os funcionários na maioria dos dias e resolve eventuais problemas que sejam pequenos demais para ocupar a patroa ksdjkf anfitrião ($$): é quem anuncia as atrações do palco e mantém o público ocupado em eventuais intervalos. em noites especiais, trabalha apenas como assistente, porque a própria odile atua nesse papel. gerente publicitário ($$): responsável pela divulgação dos espetáculos e eventos especiais no clube. agente de reservas ($$): quem vai ativamente em busca de novas atrações (o que normalmente não é necessário, porque a fila de espera para se apresentar no clube é bem ampla) e agenda todo mundo, organizando os horários. assistente de palco ($): auxílio geral à organização do palco. operador de iluminação ($): quem opera os holofotes e iluminação em geral. engenheiro de som ($$): responsável pelo ajuste sonoro do local, tanto dos microfones do palco quanto da música ambiente. porteiro ($): quem recebe os convidados, checa a lista de reservas e os direciona ao seu local na plateia. chef principal ($$$): é o líder dentro da cozinha, que faz as decisões e coordena o resto da equipe. cozinheiros auxiliares ($$): autoexplicativo. garçons ($): autoexplicativo. zeladores ($): cuida da limpeza do clube, exceto das mesas (essa parte é trabalho dos garçons). bartender ($$): prepara as bebidas pedidas pela plateia e toma conta da parte do bar. segurança ($): autoexplicativo.
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elaetaoboazinha · 6 months ago
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♡⸝⸝‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎Vagas de emprego .
CINDERELLA procura um (a) ASSISTENTE PESSOAL. Salário médio: $$$ .
Sobre: Desde seu casamento Cinderela se sente muito solitária, então busca um (a) assistente pessoal, que além de ajuda-la a organizar suas tantas atividades e diversos hobbies, também seja uma companhia agradável de passar o tempo, uma pessoa com quem Cinderela possa conversar e se divertir. Preferencialmente tem que gostar de conversar e também de aventuras, visto que a princesa está em busca de hobbies cada vez mais diferentes e arriscados .
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atchooooooooooo · 10 months ago
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STARTER 1
Local: Livraria Dusty Books
Bridget estava muito feliz por alguns motivos: tinha conseguido um dos empregos que havia sempre sonhado, suas músicas haviam voltado e estava estudando sobre dragões, o que mais poderia pedir? Bem, elu se dividia entre ler um romance sobre aventuras em Berk e limpar uma das estantes (talvez estivesse mais lendo do que limpando, mas o que poderia fazer?). Quando viu um dos clientes, colocou o livro de lado e se ajeitou imediatamente, com um sorriso no rosto. — Seja bem-vinde, está em busca de algum livro em especial?
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cvodeguarda · 5 months ago
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Era Uma Vez… Uma pessoa comum, de um lugar sem graça nenhuma! HÁ, sim, estou falando de você MATTHIAS HARTMANN. Você veio de MUNIQUE, ALEMANHA e costumava ser ASSALTANTE DE BANCOS / CRIMINOSO por lá antes de ser enviado para o Mundo das Histórias. Se eu fosse você, teria vergonha de contar isso por aí, porque enquanto você estava ESTUDANDO O PRÓXIMO ALVO, tem gente aqui que estava salvando princesas das garras malignas de uma bruxa má! Tem gente aqui que estava montando em dragões. Tá vendo só? Você pode até ser FOCADO, mas você não deixa de ser um baita de um CÍNICO… Se, infelizmente, você tiver que ficar por aqui para estragar tudo, e acabar assumindo mesmo o papel de CÃO DE GUARDA na história LAGO DOS CISNES… Bom, eu desejo boa sorte. Porque você VAI precisar! 
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atendente/faz-tudo na Leather Emporium e segurança particular de Charlotte LaBouff
No Mundo das Histórias desde que os primeiros perdidos aqui pisaram, não reagiu muito bem à ideia de ser o cachorro de Rothbart no futuro, especialmente quando descobriu que alguns de seus pares estavam virando príncipes, reis, e até seres com poderes! Na realidade, ele acha toda a história da princesa cisne bem piegas, coisa que nunca lhe interessou. Ainda assim, não está nem um pouco ansioso por voltar para casa, onde não tem nenhuma perspectiva e ainda corre o risco de ser preso (não sabe se voltará para a exata cena da qual foi arrancado, se o tempo parou por lá, ou se tudo seguiu sem ele - o que é ainda mais assustador). Por conta disso, vem boicotando qualquer possibilidade de retorno e não faz questão de esconder sua opinião.
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tw: maus tratos e violência doméstica. Ninguém gostaria de crescer em um lar como o dos Hartmann. A verdade é que o casal miserável do subúrbio de Munique não estava preparado para ter filhos, e quando estes apareceram, sofreram na pele as marcas de toda a decepção que carregavam com seu nascimento; castigos físicos intensos que decorriam dos rompantes de embriaguez do pai, além de intermináveis impropérios na língua natal. Não demorou para que Matthias passasse a encontrar mais conforto nos becos da capital alemã do que no próprio lar - onde não acabava com um olho roxo sempre que a mãe era espancada, por tentar impedir. Foi nos becos, também, que descobriu que aquilo que os genitores nunca seriam capazes de lhe comprar podia ser obtido das mais diversas formas.
Os péssimos hábitos e companhias, sem mencionar as drogas, o levaram para os pequenos delitos. Com 16 anos, já estava em uma instituição juvenil. Com 18, já era uma causa perdida. Com vinte e poucos e em liberdade, não cogitava arranjar um emprego sério – já tinha um. A verdade é que tão logo deixou a instituição juvenil, Matthias entrou no mundo de crime organizado, onde rapidamente se destacou por suas habilidades em fugas audaciosas e planejamento meticuloso. Sua notoriedade apenas cresceu após uma série de assaltos bem-sucedidos, onde ele frequentemente se disfarçava e usava identidades falsas para enganar a polícia alemã. Procurado em todo o país e em parte da Europa, não restava muita alternava se não seguir com o que já vinha fazendo, mesmo que soubesse que provavalmente acabaria preso ou morto. Ele também gostava de gabar-se sobre ser o melhor em seu ramo.
Estava no curso de um roubo especialmente difícil no Deutsche Bank, aquele que seria o maior de sua carreira - o golpe que o faria sair definitivamente do submundo para uma vida de luxos. Contudo, o assalto que era para ser rápido e sem intercorrências, tinha escalado para uma situação impossível com reféns e o edifício do banco cercado por sirenes, giroflex e megafones. Emboscado, tudo o que o Hartmann pensava era que não podia voltar para a prisão. Alucinado com a ação, não percebeu que junto da sacola com luvas, cordas enroladas com precisão militar e dinamites prontas para uso, um livro de capa escura havia aparecido. Foi quando tateou no interior do saco, em busca da arma reserva, que esbarrou no manuscrito, derrubando-o aberto no piso de mármore. Nesse momento, algo aconteceu. A luz do livro tomou conta do ambiente, brilhando como mil faróis, como se as viaturas tivessem invadido o banco. As sirenes da polícia se tornaram sons distantes, os gritos dos reféns ficaram abafados. O tempo parou. Matthias olhou para o objeto com horror e fascinação, enquanto sentia seu corpo ser puxado, sugado para dentro daquela luz impossível.
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causethatsiconic · 6 months ago
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♡⸝⸝‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ​​Em busca de emprego.
Nome: Julieta Magnolia Chesapeake .
Idade: 26 anos .
Como gostaria de ser tratado: Com respeito e dignidade .
Área de atuação no outro mundo: Empresária, influencer, modelo e socialite .
Habilidades extras: Comunicação interpessoal . Criatividade . Ótima oratória . Conhecimento de redes sociais . Gestão de crise ( quem me conhece sabe ) . Senso de moda .
Adaptação com a magia, até então, em uma escala de 0 a 10: 6 .
Pretensão salarial: $$ - $$$ .
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pips-plants · 11 months ago
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𝒫𝒾𝑒𝓉𝓇𝒶'𝓈 𝐹𝒶𝓂𝒾𝓁𝓎 𝒯𝓇𝑒𝑒
Hécate (representação da pureza e da busca pelo conhecimento): Bia Arantes
Afonso Venancio, arqueologista: Pedro Pascal.
Pietra Venancio, futura médica conselheira do chalé: Rachael Zegler.
Afonso Venâncio sempre foi apaixonado pela arte e por tudo que pudesse demonstrar, pelo menos em parte, os nuances da vida. Seus olhos brilhavam durante a faculdade de arqueologia enquanto via uma palestra sobre civilizações antigas ou quando lia sobre a arte contemporânea na sua especialização, era mágico... Ele largou tudo nos Estados Unidos para atravessar o oceano e se especializar no centro da arte, na busca incessante por novas civilizações e de expressões artisticas. Trabalhou muito em diversos países europeus antes de conseguir ter um nome importante na sua área, porém, foi quando voltou aos Estados Unidos que encontrou a deusa da magia.
Alguns podem achar que foi em uma encruzilhada ou em um ritual de magia negra... Mas não, Afonso a encontrou em uma biblioteca de uma faculdade, tranquila lendo sobre um assunto que ele iria palestrar. Eles conversaram por horas e os sorrisos não eram mais contidos, a inteligência dele e a paixão pelo que falava encantaram a deusa enquanto o jeito misterioso e profundo dela o deixou ainda mais apaixonado pela linda Donzela. Porém a paixão teve que ser cortada pela metade, afinal não demorou muito pra que voltasse que só prosperou após aquele encontro, com mais ofertas de emprego e exposições para coordenar.
Só que um belo dia a mulher voltou, com expressões mais maduras, ainda que não tivesse passado tanto tempo, e com um serzinho enrolado em um lindo cobertor de tricô. Ali na frente dele era a Mãe, que lhe explicou sobre quem era e como seus caminhos levaram a benção que era pequena menina. Afonso nunca tinha sido pai, nem sabia se queria ser, mas só de pegar Pietra no colo e ver aqueles olhinhos curiosos e apaixonados pela vida foi o suficiente par que ele se derretesse.
Nunca faltou nada parado era mais nova, só que o trabalho cobrava mais do que poderia fazer dentro de casa. Ou melhor, dentro daquele país. Afonso teve que escolher, ficar com sua pequena princesa ou continuar desbravando o mundo e conhecendo novos museus, obviamente ele voltou a ativa. Obviamente não ficava tanto tempo longe, afinal deixava sua filha sob os cuidados dos pais, mas ainda assim...
Demorou muito para que a pequena bruxinha realmente entendesse o porque não tinha uma mãe e seu pai só aparecia duas vezes ao ano.
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lostoneshq · 6 months ago
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TASK #2: ACABOU A MAMATA!
o final e a introdução!
Encerramos ontem a task "ACABOU A MAMATA" que levou os perdidos a conquistarem seus primeiros empregos no Reino dos Perdidos. Caso você já seja player da comunidade e tenha participado dos eventos da task, ignore essa primeira parte. Mas caso você esteja lendo sobre a task agora porque ela foi linkada como leitura obrigatória, vamos rebobinar o que aconteceu: Ao chegarem no Reino dos Perdidos, os perdidos não tinham nada. Não sabiam nem o que estavam fazendo por aqui; então nosso grandioso Merlin, é claro, quis facilitar as vidas deles e liberou o seu cartão de crédito ilimitado para eles usarem: bastava um perdido pedir uma quantidade de merlos para a Alexa Mágica quando quisesse comprar algo e pirilimpimpim, o dinheiro aparecia na sua mão. Os perdidos sabem o que eles estão fazendo aqui agora? Não! Mas o Conselho das Histórias decidiu que eles precisavam parar de viver escorados porque, se forem ficar aqui mesmo, então terão que contribuir para o reino igualmente! E foi assim que os perdidos foram colocados para arranjarem empregos. Você pode ler com mais detalhes aqui. Em OOC, nós transformamos a task em uma procura de emprego interativa. Os perdidos postaram currículos e os canons postaram as vagas de emprego. Entrevistas foram feitas e no final todo mundo saiu contratado, e muita vaga sobrou! Mas nós não podemos viver para sempre fazendo entrevistas de emprego na dash, então players de perdidos novos terão que participar de uma nova versão da task.
Assim, nós iniciamos o sistema fixo de contratações.
Como ele vai ser?
ESSA LEITURA TAMBÉM É IMPORTANTE PARA PERSONAGENS CANONS!
Ao aplicar para um PERDIDO, você receberá um link de uma planilha do Google com todas as vagas disponíveis em estabelecimentos do RP. Não são todos os estabelecimentos que oferecem vagas, e não é tão fácil quanto "quero trabalhar em X lugar!" porque a experiência interativa foi o que tornou a task bem mais mágica. Ao receber a planilha, você terá 48 horas para escolher no mínimo duas vagas para o seu personagem perdido aplicar. No mínimo duas, ou seja, pode escolher até três, quatro ou cinco que interessariam o seu personagem. Ao fazer a escolha, você repassará para a moderação as vagas de interesse: "mod, me interessei pelas vagas 'assistente do Fulano', 'atendente no Lugarzinho'..." Depois disso, a moderação enviará um pequeno questionário para você preencher como o seu personagem. Será o seu currículo. Ao preencher, você então terá o seu currículo enviado para os players que são donos dos estabelecimentos/das vagas que você se interessou. Os personagens canon poderão dizer sim ou não para o seu currículo dentro de um prazo de 72 horas. Se você teve o seu currículo enviado para quatro personagens canon e os quatro disseram sim, a moderação usará dados para decidir qual será o seu emprego. Se você teve o seu currículo enviado para três personagens e dois disseram não, mas um disse sim, então o que disse sim é o que te contratará. E assim por diante! "E se todos disserem não?" Impossível. Nenhum perdido foi rejeitado na task que foi feita! Ademais, sempre terão vagas de NPCs disponíveis. O que pode acontecer é um player não responder dentro do prazo, aí será dito como um não. Você, player de perdido novo, receberá da moderação instruções pelo chat, claro, não irei deixar ninguém na mão e repassarei todas as informações com todos os players novos. Players de canons novos poderão escolher se querem ou não contratar perdidos para os seus estabelecimentos, isso agora consta na FICHA DE APLICAÇÃO.
Creio que o sistema tenha ficado bem fácil de entender e de executar porque a moderação vai estar controlando e orientando todos os passos! Caso hajam dúvidas, o chat e a ask estão abertos. Esse sistema entra em vigor a partir de AGORA e nós encerramos, oficialmente, a busca de emprego para perdidos que já estão no RP*!
*Com o tempo, caso você seja um perdido que queira mudar de emprego, você poderá requisitar a planilha com vagas e fazer esse mesmo processo que os perdidos novos. Se você é um perdido que não conseguiu participar da task também poderá fazer isso. Basta entrar em contato com a moderação.
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