#acording to jules
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vonlipvig · 1 year ago
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KINGDOM OF RIZIA DLC COMING MARCH 25 LET'S FUCKING GOOOOOOOOOOOOOOOOO
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leclerqueensainz · 2 years ago
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Uma Família de Três (C.L 16)
Parte. V- A culpa, a esperança e o medo.
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⚠️Avisos: Smut (+18), sexo oral (mulher recebendo), angústia, raiva, menção a embriaguez, Charles muito bravo quebrando as coisas. Esse cap pode conter gatilhos!
*lembrando novamente que nesta história, Jules Bianchi morreu em 2019, o que pode alterar a data de alguns acontecimentos*
Aproveitem a leitura!
Quantidade de palavras: 7.907
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18 de setembro de 2018 — Monte Carlo, Mônaco
Calor, é tudo o que eu consigo sentir. Muito calor.
Monte Carlo amanheceu no que eu posso chamar de Chamas do Inferno. Eu estou praticamente derretendo no apartamento de Charles, mesmo que o ar condicionado esteja ligado em 16 °C.
Jogada na cama, enquanto tenho a sensação que cada célula do meu corpo virou lava, que me queima de dentro para fora, escuto a voz suave e desafinada de Charles cantando ’Kids’do Current Joys, no chuveiro. Essa manhã em particular, ele acordou um pouco estranho, não sei dizer se posso considerar bom-humor matinal de fato como algo estranho, ou se estou apenas sendo uma pessoa amarga, mas pelo amor de deus! Quem acorda em um dia que está sendo uma verdadeira amostra grátis do inferno, tão animado?
— Ai que Inferno! — Tento me arrumar na cama, jogando os lençóis e cobertas para o lado vazio de Charles.
Eu odeio o calor, e mesmo que as pessoas na Europa chorem de felicidade quando acordam com raios de sol e passarinhos cantando na janela, eu acordo como se isso fosse presságio de um dia terrível que se seguirá. A chateação toma conta de cada parte do meu corpo e eu me sinto frustrada e menos produtiva durante todo dia.
Cansada de tentar achar uma posição em que eu me sinta mais fresca, eu decido tirar as poucas roupas que visto, sendo elas uma camiseta de Charles e shorts do meu pijama — que já está só pela misericórdia de tão velho-, ficando apenas de calcinha.
Escuto o barulho do chuveiro sendo desligado e em minutos um Charles, com uma toalha envolta na cintura e cabelo molhado, sai pela porta do banheiro. Ele fica parado e me encara com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de canto adorna seus lábios. Se fosse qualquer outro dia eu estaria babando pela visão dele desse jeito.
— Pelo visto o dia vai ser melhor ainda do que eu imaginava.
— Só se for para você, Leclerc, porque para mim já começou péssimo. — Digo azeda.
Charles ri baixo e anda lentamente até a beirada da cama.
— Vamos querida, não seja assim. — Ele diz se curvando um pouco para pegar meu tornozelo direito.
— Não sei como você consegue acordar tão feliz com esse clima parecendo que jogaram nossa cama num vulcão.
Solto um suspiro baixo quando suas mãos começam a fazer uma leve pressão até meu pé.
— O dia está lindo, tomei um banho bem agradável para acordar e ao chegar aqui, dou de cara com a minha belíssima namorada jogada em cima da minha cama, fazendo um ‘topless’. — Ele beija o meu calcanhar e eu aperto os olhos aproveitando a sensação. — Tem como ser triste?
— Tem, quando você acorda com a sensação de estar sendo abraçada pelo capeta — Respondo e sinto as vibrações de sua risada silenciosa o meu pé.
Charles coloca minha perna em seu ombro e vai engatinhando na cama, arrastando beijos suaves pela minha pele, me dando arrepios.
— Precisamos melhorar esse seu humor, não é? — Ele diz baixinho, sua voz engrossando alguns tons.
Eu prendo meu lábio inferior entre meus dentes e agarro o lençol abaixo de mim. Sua voz e seu toque me causando diversas sensações diferentes em simultâneo. Seguro um gemido quando sinto os leves arranhões que sua barba rala vai deixando em minha pele macia.
— Não acredito que isso vai ser possível… Charles! — Uma mistura de grito e gemido deixa meus lábios, quando sinto seus dentes cravarem minha carne da coxa, o suficiente para deixar uma marca.
Para aliviar um pouco a dor, Charles põe a língua para fora e a passa lentamente pela pele sensível que ele mordeu.
— Porra… — Eu solto um gemido e jogo a cabeça para trás, totalmente perdida na sensação.
— O que você estava dizendo, meu amor? — Ele pergunta ficando totalmente entre minhas pernas, seu rosto a centímetros do lugar onde queimava por seu toque.
— Você é um desgraçado. — Digo e uma de minhas mãos vão até os seus fios molhados, minhas unhas se arrastam levemente pelo seu couro cabeludo o fazendo soltar suspiros baixos.
— Não seja uma megera, não quando eu estou tão disposto a te fazer gozar na minha boca. — E ele enfia a cara na minha intimidade vestida.
Mesmo com o tecido fino do algodão da calcinha, posso sentir o calor da sua língua molhada se arrastando lentamente por todo o caminho do meu clitóris até a minha abertura. Não conseguindo mais controlar deixo que um gemido alto e vulgar ecoe pelo quarto.
— Charles… — Chamo por ele, implorando para que acabe com a minha tortura.
Meus dedos se emaranham em seu cabelo e puxam os fios lisos, fazendo-o gemer e afundar ainda mais o rosto em mim.
— Eu vou acabar com a sua agonia, ma belle. — Ele diz e suga meu clitóris em sua boca.
— Foda-se! — Eu exclamo e sem controle do meu corpo, que parece estar pegando fogo por razões diferentes, meus quadris saem da cama e vão ao encontro do seu rosto.
— Ah! eu vou, mas antes quero sentir o seu gosto. — Charles aproveita meus quadris erguidos e engancha as mãos uma de cada lado da minha calcinha e a puxa para baixo. Suas unhas curtas arranhando levemente a minha pele por onde passa.
Quando ele finalmente se livra da peça intima a jogando no chão, seus lábios macios vão direto para o meu clitóris agora nu.
— Porra, Charles! — Minha voz soa alta e quebrada.
Eu afundo minha cabeça nos travesseiros macios, sentindo sua língua cobrir cada parte de mim. Charles começa um ritmo implacável com a boca na minha parte mais íntima. Ele alterna entre lambidas, chupões e as vezes posso sentir até mesmo os seus dentes roçarem levemente pelo meu botão sensível, me levando à loucura.
— Seu gosto é tão bom, Mon amour. Tão doce. — Ele geme e sinto as vibrações passarem pela minha intimidade, me causando ainda mais prazer e arrepios.
— Charles, e-eu vou… — Não consigo terminar a minha frase, pois sua língua ágil me invade e começa a fazer movimentos de vai e vem.
As mãos de Charles apertam meu quadril no colchão de uma forma bruta, me fazendo sentir seus dedos afundarem na minha pele e sei que ao decorrer do dia, sentirei suas digitais em mim.
— Vamos, querida. Se solta, vem para mim. Vem na minha boca, me deixe beber cada gota do seu prazer. — Ele exige e é tudo de mais.
Minha cabeça e meu corpo estão cheios de Charles. Sua boca, suas mãos fortes, seu cheiro, seu calor, é tudo demais. Tudo demais para ser suportado, tudo tão bom. E eu explodo.
Minha mente fica em branco enquanto gozo em sua boca. A sensação do orgasmo é tão devastadora e intensa que sinto meu corpo entrar em colapso, tremendo e se contraindo, enquanto minha boca solta os mais eróticos sons.
Quando finalmente desço da minha euforia, ainda com os ouvidos zumbindo pela força do orgasmo, sinto o corpo de Charles agora totalmente em cima de mim. Sua corrente batendo no meu queixo. Abro os meus olhos e o encaro preguiçosamente. Os olhos escuros de desejo e ele tem um sorriso convencido e sujo estampado nos lábios e com os cabelos selvagens pós-foda. Sua boca e queixo brilhando com o líquido do meu prazer e como se não bastasse eu quase gozar novamente só com a visão dele assim, sua língua sai de sua boca e passa pelos lábios, coletando o meu gozo. Porra…
— Seu humor está melhor, querida?
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29 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
Tudo cheira a Charles. Cada pequena molécula presente nesse quarto carrega o cheiro do meu ex, o banheiro, as cortinas, o closet — que mal consegui terminar de ajeitar minhas coisas, pelo cheiro dele estar me intoxicando — mas o pior era a cama. Aquela maldita cama, naquele maldito quarto, com aquele maldito cheiro. Eu estou enlouquecendo.
Há muitas memórias que foram geradas nesse quarto e nessa cama. Aqui foram nutridas esperanças de uma vida inteira ao lado do homem que eu amei, mas que agora por ironia do destino, a única razão pelo qual eu estou pisando novamente nesse cômodo, é devido as escolhas do acaso.
Eu balanço a minha cabeça e rio irônica. Vá se foder universo e suas escolhas filhas da puta! Vá se foder por me fazer acreditar precisar supera-lo e agora me fazer viver sob o mesmo teto que ele novamente! Se há um Deus, eu realmente espero que você esteja rindo muito agora! Divirta-se! Faça com que minha agonia e futura insanidade valha a pena!
Antes que eu possa perder totalmente as estribeiras, ouço o barulho de leves batidas na porta. Me ajeito na cama colando o lençol até a cintura, para cobrir a pele exposta que a camisola de seda deixa.
— Pode entrar, está aberta! — eu exclamo e logo a porta se abre apenas um pouco e a cabeça de Charles aparece.
— Mm… e-eu só queria saber se você conseguiu se instalar e se está confortável. — Ele pergunta desconcertado e se eu não estive a um passo de dar uma de coringa apenas a algum segundos atrás, eu riria do seu constrangimento.
— Eu estou bem, Charles. — Eu respondo tentando soar o mais doce possível. — Obrigado novamente pelo quarto. Você está confortável na sala de jogos? Nós podemos mudar se…
— Não! — Ele grita me assustando. — Desculpa. Eu só queria dizer que não há problema nenhum, você já fez muito se mudando para cá. — Ele entra um pouco mais para dentro do quarto, metade de seu corpo para ser mais exata.
— Nós precisamos soar convincentes para a assistente social, certo? — pergunto meio incerta. — Além disse, Vincenzo não pode ganhar uma família nova dividida. Ele precisa de estabilidade mais do que tudo, nesse momento.
— Sim, sim! Você tem razão, mas mesmo assim, sei que você deixou de muita coisa, então o mínimo que posso fazer é deixar você com o quarto principal. Essa é sua nova casa e quero que você se sinta o mais confortável possível. — Ele sorri e abaixa a cabeça por uns segundos.
Essa é sua nova casa. Por que caralhos isso soa tão bem saindo da boca dele?
— Nós dois renunciámos a algo, essa é a consequência de decidir criar uma criança com seu ou sua Ex. — Eu digo em uma tentativa falha de fazer uma piada, mas o sorriso no lábio de Charles vacila por um momento.
— Certo… — Ele sussurra com um olhar perdido em seus olhos antes de voltar a ficar totalmente em mim deitada em sua cama, que agora pertence me pertence — Sei que minhas roupas ainda estão no closet, mas é que ainda não instalei um armário novo no quarto, então tudo bem se eu tiver que vir pegar algumas coisas aqui durante o dia? Prometo que não vou ser um esquisito e vou sempre bater antes de entrar. — Ele diz rápido demais o que me faz rir.
— Está tudo bem. Você pode vir quando quiser, desde que bata antes, vai que eu estou pelada. — Eu tento, tranquiliza-lo com graça, mas novamente suponho que falhei. Porém, os olhos de Charles mudam para algo intenso e seu olhar viaja para minha parte superior.
A camisola que uso é de seda e um tanto quanto fina, não o suficiente para ser transparente, mas fina ao ponto de marcar meus seios sem a proteção de um sutiã. E é justo meus peitos que tomam a atenção de Charles. Eu me sinto quente sob seu olhar, quase derretendo. E quando ele passa a língua pelos lábios, sinto certas partes minhas apertarem.
Okay, chega!
— Vincenzo conseguiu dormir? — Pergunto tentando tirar a atenção dele dos meus seios.
Com a menção ao nome de Vincenzo, seu olhar se suaviza e volta para o meu rosto. As bochechas de Charles ficam vermelhas por um momento e ele pigarreia antes de dizer:
— Sim, ele pegou no sono rapidamente. Mal comecei a ler a história da ‘raposa morta’, e ele dormiu. Acredito que gastou toda a energia dele brincando no quarto novo, mais cedo. — Charles da de ombros e eu sinto minha sobrancelha franzir.
Ele disse raposa morta?
— Raposa morta? — pergunto confusa e ele sorri e da de ombros.
— Eu sei, é esquisito, mas é o livro favorito dele. Ele disse que a ‘Poposa’ é como Jules. — Meu coração esquenta e dói ao mesmo tempo, com a declaração de Charles.
—Oh! — É o único som que consigo fazer.
— Sim, Oh! — Ele me imita e caímos em um silêncio. Ambos pensando o quanto aquela situação era tragicamente adorável. — Enfim, só queria saber se estava bem e como já vi que está, vou dormir agora. Boa noite, Marie. — Ele se despede.
— Boa noite, Shal. — Eu o chamo do mesmo jeito que Vincenzo o chama, com um sorriso travesso no rosto.
Charles me encara com as covinhas aparecendo e um olhar divertido.
— Até amanhã, princesa. — Ele diz com um tom baixo e rouco e mais uma vez aquele olhar volta para seu rosto. Ele definitivamente não utilizou aquele apelido com a inocência de Vincenzo.
Charles sai e fecha a porta atrás de si rapidamente e eu quase caio de joelhos, agradecendo por ser antes de eu deixar um gemido totalmente constrangedor escapar da minha garganta.
Destino, você é um filho da puta!
30 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
— Então é só eu fazer assim e… Pronto! — Charles exclama feliz quando finalmente termina de arrumar o cabelo de Vincenzo.
— Fiquei bonito, Shal? — Vincenzo pergunta com olhos grandes.
— Você está lindo, campeão! Não é, Marie? — Eles se viram para mim que estou sentada na poltrona em frente aos dois, com charles em pé e Vincenzo sentado em uma das banquetas altas.
— Você está um charme, meu amor! Muito bonito! — Respondo para Vincenzo e suas covinhas surgem em seu rosto, que também cora um pouco.
— Obigado, Princesa! — Ele diz baixinho e puxa a camiseta de Charles para que fique na frente dele.
— Pelo visto alguém ficou envergonhado com o elogio, não é? — Charles cutuca a barriga dele com as pontas dos dedos o fazendo rir alto e eu solto uma risada baixa também.
— Para, Shal! Eu sinto cosguinhas! — Vincenzo diz as palavras erradas com aquela voz de criança e em meio a risos e eu quase explodo de tanta fofura.
— Certo, certo. Vou deixar as cócegas para depois, precisamos ir até o restaurante. Tudo bem? — Charles pergunta para Vincenzo e ele assente.
— Vamos conhecer a vovó e o vovô hoje, né Shal?
— Sim! Hoje é dia de conhecer os pais do seu papai Jules. Você está ansioso? — Charles pergunta e Vincenzo assente animado.
— Então vamos lá! Você está pronta, querida? — Charles se volta para mim e eu aceno me levantando da poltrona e pegando minha bolsa e a mochila do McQueen de Vincenzo que estavam em cima da mesa de centro.
— Ótimo! Então vamos, marquei às 12h com Christine e não quero atrasar. — Charles diz pegando Vincenzo no colo e pegando carteira e a chave do carro.
Andamos para a porta de entrada do apartamento e antes que charles abra a porta eu toco em seu ombro chamando sua atenção. Ele se vira para me encarar e Vincenzo também me olha curioso.
— Você acredita que eles vão reagir bem? — Pergunto me sentindo nervosa.
— Vai ser uma baita surpresa, assim como foi para nós, se não ainda mais intenso para eles. Não é fácil descobrir que tem um neto depois de quase quatro anos da morte do seu filho. — Charles responde e eu sinto meu estômago afundar em ansiedade.
— Vai dar tudo certo, Marie. Fique tranquila. — ele tenta me acalmar segurando firme, mas gentilmente a minha mão, e a ansiedade da lugar a pequenas borboletas em meu estômago.
Eu aceno novamente com a cabeça, me forçando a não parecer que seu toque de conforto me abalou.
— Eu vou proteger você, Princesa! — Diz Vincenzo sem ter muita noção do que realmente está acontecendo.
— Eu sei que você vai, meu amor! — Digo sorrindo com carinho.
[…]
Como se conta a alguém que de repente eles são avós de um filho do seu filho morto? É exatamente essa pergunta que venho me fazendo desde o momento em que entramos no carro de Charles e fomos para o restaurante nos encontrar com Christine e Philippe.
Pensei em diversas formas diferentes de lhes contar toda a história maluca a qual Charles e eu fomos submetidos nas últimas semanas, porém nenhuma parece ser razoável o suficiente para que não faça os pais de Jules sofrer um ataque cardíaco no meio da mesa.
Pensei em ser direta e simplesmente soltar tudo de uma vez, mas a possível imagem deles se engasgando com a comida, me fez desconsiderar isso rapidamente.
Esse assunto não é algo suave para ser dito tão diretamente. É necessário ter cautela e um bom preparo. Mas ai que está: há como estar preparado para uma notícia dessas? Não. Não há. Nenhuma preparação no mundo é o suficiente para evitar o choque de um assunto desses.
Charles se levantou e foi com Vincenzo ao banheiro, pois pelo visto tomar três caixinhas de suco é demais para a bexiga de um garotinho de 3 anos e alguns meses. Eu permaneço sentada à mesa que está em um canto mais afastado do restaurante.
— Com licença, senhorita. — A voz do garçom se faz presente e eu o encaro. — O Sr. e a Sra. Bianchi. — Ele anuncia e eu vejo que Christine e Philippe estão parados um pouco mais atrás dele. — Com licença. — Ele se retira.
Me levanto rapidamente e logo Christine vem em minha direção me dando um abraço apartado.
— Marie, minha querida! Como é bom ver você! — Ela diz esfregando minhas costas e eu retribuo o abraço apertado.
Fazia tanto tempo que eu não havia, e posso jurar que ela não mudou quase nada. Christine permanecia a mesma mulher elegante e adorável a qual eu cresci admirando. Nós nos soltamos, mas suas mãos permanecem nos meus ombros, ela me analisava de cima a baixo com um sorriso amável no rosto e olhos cheios de lágrimas. Não pude deixar de notar a diferença desse abraço com o da última vez, que havia sido no funeral de Jules.
— Christine, é muito bom rever você também. — Eu sorrio para ela o mais honestamente que consigo.
— Philippe, venha aqui! Olhe só para ela! Virou uma mulher muito linda. — Ela diz e se afasta para que seu esposo possa me ver.
Phillippe se aproxima e estende a mão para me cumprimentar, ele sempre foi mais formal e fechado do que a mãe de Jules, entretanto é um homem muito gentil e amoroso.
— Olá, menina! — Ele pega minha mão nas duas dele e aperta forte em um gesto carinhoso. Em seu rosto há um sorriso cansado, mas gentil.
— Também é um prazer revê-lo, Sr. Bianchi. — Digo e ele acena com a cabeça antes de soltar minha mão. — Por favor, sentem-se. Charles foi até o banheiro, mas logo estará de volta. — eu aponto para às duas cadeiras disponíveis que estão ao lado direito da mesa. Charles e eu ficamos acomodados ao lado esquerdo e o garçom nos trouxe uma cadeira para alimentação de crianças que está ao lado da de Charles.
— Como você vai, querida? Já faz muito tempo que não nos vimos, desde… — Christine para por um momento e percebo que seu sorriso cai por um momento.
Phillippe aperta levemente os ombros de Christine, tentando, reconforta-la, o que parece dar certo, pois ela sorri triste e sussurra um “tudo bem” para ele.
— Eu me mudei para a Itália, após sabe… tudo o que aconteceu. — Digo e volto meus olhos para a taça de vinho a minha frente. — Pensei que seria bom recomeçar do zero em outro lugar.
— Claro! E você estava totalmente certa. É sempre bom recomeçar a vida quando se tem a oportunidade. — Phillippe diz e vejo um pequeno lampejo de tristeza passar por seus olhos.
Eu tento imaginar o quão é difícil para ele poder falar de recomeço quando a pessoa quem ele mais amou na vida está morta.
— Você terminou a faculdade, sim? — Christine me pergunta e eu assinto.
— Sim, terminei na Universidade de Milão e hoje trabalho como curadora de artes. — Respondo dando um gole no meu vinho.
— Isso é ótimo! Mas pensei que você quisesse pintar. Lembro dos seus quadros, suas obras sempre foram maravilhosas. — Christine elogia.
— Eu pintava, mas não tive mais vocação depois que Jules… — Eu me interrompo quando percebo o significado das palavras que iriam sair da minha boca.
Olho rapidamente de Christine para Phillipe com meus olhos arregalados, ambos me encaram com um olhar triste, mas um sorriso gentil e reconfortante nos lábios.
— Me desculpem. — Eu me ajeito na cadeira, me sentindo desconfortável.
— Está tudo bem, menina. — Phillippe diz com um tom baixo. — A morte dele mudou algo em todos nós. É difícil aceitar que ele partiu, mas isso é o que é. — Ele e Christine se olham e depois voltam a me encarar.
Os meus olhos ardem com suas palavras. Realmente a morte de Jules mudou algo para cada um de nós, e talvez para pessoas ao redor do mundo inteiro. É difícil para todos os fãs de Fórmula 1 saber que não terão mais o ídolo competindo todo fim de semana de corrida. E para nós, seus amigos e família, é difícil ter que se acostumar com o vazio que ele deixou em nossos corações. É duro acreditar que ele não estará mais fazendo parte de nossas vidas.
— Mas sei que aonde quer que ele esteja, ele sempre estará olhando e torcendo por nós. Um dia de cada vez. — Christine diz e uma lágrima desce pelo seu rosto, que ela logo enxuga com o guardanapo de pano.
— Tenho certeza que sim. — é o que consigo responder para ela.
Ficamos em um silêncio por um momento, talvez apenas refletindo sobre o significado da imporá de Jules em nossas vidas.
— Princesa! Você não sabe o que nós descobrimos… hmm, olá? — A voz de Vincenzo se faz presente chamando a atenção de todos.
Christine e Phillippe encaram Vincenzo com olhos curiosos, o que o deixa tímido e o faz correr em minha direção. Eu afasto a cadeira e o pego colocando-o sentado em meu colo. Vincenzo esconde o rosto em meu pescoço e aperta minha camisa com a mãozinha.
— Vincenzo! Pelo amor de Deus, não me assusta mais desse jeito, eu quase tive um infarto com você correndo e… Oh! Oi! — Charles aparece na frente da mesa com os cabelos despenteados e o rosto preocupado. — Sr. e Sra. Bianchi, peço desculpas, me assustei com esse pequeno diabinho correndo. — Ele diz e cumprimenta Christine com um beijo no rosto e aperta a mão de Phillipe.
— Está tudo bem, querido. — Christine responde e seus olhos saem de Charles de volta para a criança em meu colo.
Charles se senta ao meu lado e sua mão vai protetoralmente até as costas de Vincenzo, fazendo um leve carinho ali.
— Quem é esse menino lindo? — Ela pergunta olhando para Vincenzo.
— Este é Vincenzo. Querido diga olá ao Sr. E Sra. Bianchi. — Sussurro para Vincenzo que enfia o rosto ainda mais no meu pescoço. — Vamos meu amor, é só um olá. — faço carinho em seu cabelo.
Vincenzo reluta por uns segundos, mas logo seu corpinho relaxa em meus braços e devagarinho ele tira o rosto de mim e se vira para seus avós com olhos curiosos, mas relutante.
— Oi. — Ele diz simples e os dois olham para ele o analisando firmemente.
—Oi, querido. Como você está? — Christine pergunta com um sorriso doce em seus lábios.
— Bem e você? — Ele pergunta educado.
— Estou bem, querido. — Ela responde.
Vincenzo olha para Phillippe que permanece calado apenas o observando cautelosamente.
— Não sabia que você tivera um menino. — Ele fala para mim, mas os olhos ainda estão cravados no garotinho no meu colo.
— Eu não tive. — Eu respondo e minhas mãos apertam um pouco mais Vincenzo.
— Então de quem ele é? — Phillippe me pergunta sério.
— Sr. Bianchi… — Charles o chama, mas antes que possa prosseguir o garçom se aproxima da mesa e nos pergunta se já queremos pedir.
Minha garganta parece apertada demais para querer comer qualquer coisa. Mas não tenho tempo de responder, pois Charles pede apenas mais um momento para que os nossos convidados possam verificar o cardápio e o garçom apenas acena com a cabeça e se retira.
O olhar que Phillippe lança sobre mim, é desconfortável, como se ele quisesse ler todos os meus pecados. O que eu nunca havia sentido antes. Ele está desconfiado.
— Nós precisamos falar algo para vocês e não é nada fácil de se compreender. — Charles começa atraindo a atenção dos dois. — Estamos adotando Vincenzo.
Eu engulo em seco e olho para Charles que me lança um rápido olhar antes de voltar para os pais de Jules.
— Isso é ótimo querido! Parabéns para vocês! Não sabia que voltaram! — Christine diz com um sorriso grande estampado em seu rosto.
— Nós não voltamos. — Eu digo insegura. — Na verdade, voltei para Mônaco apenas por Vincenzo, pois ele precisará de nós dois.
Os pais de Jules se entreolham confusos.
— Eu não entendendo, se vocês não estão juntos, por que estão construindo uma família? — ela pergunta confusa.
— Fomos meio que obrigados a isso. — Charles responde. — Não tivemos escolha, a mãe de Vincenzo apenas apareceu e nos reuniu em Nice, nos apresentou a ele e disse que não poderia mais cuidar dele, pois é uma dependente química.
— Meu Deus! Que horror, pobre menininho! — Christine olha para Vincenzo com olhos cheios de compaixão.
— Vocês a conhecem? — Dessa vez Phillippe quem pergunta, me encarando e eu nego com a cabeça.
— Não, nunca a tínhamos visto antes. — Charles responde.
— Então por que ela escolheu vocês para cuidar do menino? Pelo dinheiro? Ou fama de Charles? — Phillippe pergunta encarando Charles.
— Sim e não. — Charles responde. — Há um motivo maior que o dinheiro, pelo menos nós acreditamos que sim, não é? — ele me encara e eu aceno.
Minha garganta está tão seca que eu não consigo falar.
— E qual é o motivo? Se é que me permitem perguntar — Christine pergunta.
Eu e Charles apenas nos encaramos por um instante, nossos olhos conversando sobre como contar a eles toda aquela loucura. Eu respiro fundo e aperto um pouco mais Vincenzo.
— A mãe de Vincenzo queria que cuidássemos dele porque ela confiou em nós.
— Mas você disse que nunca a viram. — Christine interrompe Charles, ainda confusa.
— E nós nunca havíamos visto, mas ela meio que já nos conhecia. — Charles responde rápido.
A conversa está me deixando agoniada, como se algo muito pesado estivesse em cima do meu peito. Eu queria que aquilo acabasse logo de uma vez, como arrancar o band-aid de uma ferida. Charles deve ter percebido que eu estou a beira de um ataque de pânico, pois ele aperta a minha coxa levemente, tentando me reconfortar.
— Shal, você vai contar agora que eles são meus avós? — Vincenzo diz ingenuamente e minha respiração trava.
Há um choque estampado na expressão de todos na mesa. Meu coração parecendo ir explodir dentro do meu peito a qualquer minuto.
Eu não sabia o que dizer, estou totalmente travada sentada naquela cadeira, sem palavras.
— Meu Deus! — Christine põe às duas mãos sobre a boca, com olhos arregalados.
— O que você disse, garoto? — Phillippe pergunta para Vincenzo que olha para ele com um olhar incerto.
— Vocês são papais do meu papai Jules, não são? — Ele pergunta inocente e volta o olhar para mim como se estivesse com medo de ter dito algo errado.
— Do que é que ele está falando?! — Christine pergunta olhando entre mim e Charles.
— Tudo bem, aqui vai… — Charles começa a explicar tudo para os dois, desde as cartas até ao encontro com Cecília. Falou sobre a real causa da morte de Jules e sobre o processo de adoção estar em andamento e Vincenzo estar conosco.
A todo momento Christine chora e Phillippe apenas nos encara desacreditado, totalmente em choque. Mas para ser honesta, eu não os culpo. Se foi horrível para Charles e eu descobrimos tudo aquilo, imagina como não deve estar sendo reviver um inferno para eles. Entretanto, por mais que tenha sido como abrir feridas redescobrir coisas sobre a morte de Jules, também e esperançoso saber que ele havia deixado um pedaço dele para nós.
Quando Charles finalizou a história contando que Vincenzo está sobre nossa tutela provisória, Christine e Phillippe apenas ficaram lá por um tempo. Sentados, estáticos, processando tudo aquilo.
Ha tantas perguntas que rondam suas cabeças que somos capazes de lê-las em seus olhos.
— Sei que não é fácil para nenhum de vocês ouvirem isso, mas é toda a verdade. — Charles diz.
— E-eu não sei… não sei o que dizer. — Phillippe diz e seus olhos estão brilhando com lágrimas que ele se esforça para não deixar escorrer.
Eu apenas fico lá sentada, com minhas próprias lágrimas e garganta dolorida.
[…]
Voltamos para o apartamento cerca de duas horas depois. Depois de muito choro e palavras incompreensíveis, Phillippe se levantou e puxou sua esposa junto a ele para fora do restaurante. Charles tentou ir atrás deles, mas eu o puxei e disse para lhes dar tempo. Aquilo tudo parecia loucura e não me surpreendeu o fato deles terem saído daquele jeito, talvez se eu estivesse no lugar deles teria feito o mesmo.
Acalmar Vincenzo depois de seus avós terem saído, foi um processo mais difícil. O garotinho acreditou que eles não haviam gostado de si e que não o queriam por perto, o que fez meu coração apertar em um nível inimaginável, e eu e Charles o abraçamos fortemente o confortando e dizendo que eles apenas ficaram surpresos, mas que logo iriam nos visitar para conhecê-lo. Tentar explicar toda essa situação e sentimentos tão profundos de adultos para uma criança que nem havia completado 4 anos, era um processo muito mais complexo e intenso do que imaginávamos, então explicamos de uma maneira bem resumida e em palavras que ele fosse capaz de compreender.
Quando chegamos no apartamento, fui à cozinha preparar algo para comermos, pois, nem ao menos conseguimos almoçar depois de todo aquele alvoroço no restaurante.
Charles colocou o filme dos Carros em algum ‘streaming’, na tentativa de acalmar Vincenzo e se sentou ao lado dele que logo agarrou a camiseta dele o mais forte possível com suas mãozinhas, com medo que de que Charles fugisse também. Eu dei tudo de mim para não chorar ali na frente deles e corri para a cozinha.
Depois de algum tempo, enquanto corto os legumes, percebo a presença de Charles no cômodo.
— Ele dormiu. Tentei mantê-lo acordado, mas percebi que ele só se acalmaria se dormisse um pouco, então deixei que ele se entregasse ao sono. — Ele diz suspirando e se sentando na cadeira da mesa de jantar.
— Ele é muito pequeno para entender todos esses problemas de pessoas grandes. Tenho medo dele estar sofrendo e pensando que as pessoas não o querem. — Eu digo aflita
— Ei! Ele vai ficar bem e logo vera que os avós o amam muito. Que tudo isso foi apenas pelo choque. — Eu aceno com a cabeça e internamente rezo para que ele tenha razão.
— Julgo que seria bom se procurássemos um psicólogo para ele. — digo me virando para o fogão e mexendo o molho.
— Pensei nisso também. Não queria fazer isso logo de cara para não assusta-lo, mas pelo jeito que ele estava agarrando minha camiseta, com medo de que eu fugisse, acredito que não teremos outra escolha. — ele esfrega o rosto com a mão e suspira alto.
— É muita coisa para ele lidar, ainda mais sendo tão novo. Primeiro foi ser deixado pela mãe, depois ter que se mudar para um país novo com dois estranhos, e agora a reação negativa dos avós quando o conheceu. — Pego os pratos nos armários.
— Eu mal posso imaginar o que se passa na cabeça dele. Isso não é justo para nenhuma criança. — Charles de levanta e começa a me ajudar a colocar a pôr a mesa.
— Obrigado. — O agradeço quando ele pega os pratos da minha mão para colocá-los na mesa. — E você? Como está se sentindo?
— Impotente. — Charles responde. — Parece que nas últimas semanas, perdi totalmente o controle sobre minha vida. — Eu assinto em concordância.
— Para ser justa, realmente perdemos o controle de nossas vidas nas últimas semanas. — Eu dou risada e ele me acompanha.
— Sei que isso vai soar meio egoísta, mas fico feliz que eu não esteja passando por isso sozinho. Pelo menos tenho você ao meu lado dessa vez. — Ele diz pegando os talheres que eu havia estendido para ele.
Um sentimento amargo sobe pela minha garganta.
— Dessa vez? — Eu pergunto incerta.
— Desculpa, não deveria ter falado nada. Já tivemos emoções demais por hoje, vamos apenas comer em paz. — Ele diz colocando os talheres na mesa sem me encarar.
— Charles… — Eu o chamo. — Sei que eu não estive presente durante o seu processo de luto, mas eu estava passando por isso também. As vezes ainda sinto que estou presa naqueles dias. — Eu me aproximo dele. — Mas depois de tudo que aconteceu entre nós, eu não poderia simplesmente ficar perto de você e saber que… — Eu me interrompo.
— Saber que o quê? — Ele me encara. — Olha, eu não estou cobrando nada de você, Marie. E quando digo que você não esteve comigo após o que aconteceu com Jules, não é para você se sentir mal e nem culpada. É apenas porque foi tudo tão assustador e você é a única pessoa que poderia realmente entender o que eu estive passando. Só penso que talvez teria sido mais fácil se você estivesse aqui. — Ele diz e seus olhos voltam a encarar a mesa.
— E o quê você pensa que mudaria? — Pergunto mais ríspida do que gostaria. — Você terminou comigo meses antes, nós não nos falávamos, nem suportávamos estar no mesmo ambiente. Não acredito que a morte de Jules mudaria a forma como a qual nos sentíamos em relação ao outro.
— Mas isso não é sobre nós! Isso não é sobre o nosso relacionamento amoroso e sim sobre o companheirismo que construímos desde que nos conhecemos. — Ele soa com raiva e isso me deixa nervosa.
— Você tem razão. Isso não era sobre nós! Era sobre você! Sempre foi sobre você! — Eu explodo e ele arregala os olhos surpreso.
— Marie… — Ele tenta dizer, mas eu o interrompo.
— Você não se importou sobre como eu me sentiria se ficasse perto de você, ainda mais depois da morte de Jules! Você apenas se preocupou em não ter ninguém que te confortasse! — lágrimas de raiva começam a descer sobre meu rosto. — Isso nunca foi sobre ser mais fácil para nós, Charles, mas sim sobre ser mais fácil para você. — Eu rio irônica.
— Ei, ei, está tudo bem. Por favor, se acalma! — Ele tenta chegar mais perto de mim e eu me afasto com alguns passos para trás.
— Não me pede para me acalmar, porra! Eu tô cansada dessa merda! Tô cansada de me sentir culpada o tempo todo como se eu fosse a única quem errou, quando, na verdade eu só fui embora para me proteger! — Charles engole em seco e permanece parado.
— Eu não quis…
— Você terminou comigo, Jules morreu e eu fiquei sozinha! Não tinha ninguém, Charles. — Eu aperto minhas mãos em punhos. — Foi difícil para você? Foi e eu sinto muito mesmo, mas você ainda tinha sua família e seus amigos para te ajudarem a se reerguer, porém, o que eu tinha? Nada. Não tinha nada, porque até a porra dos amigos que fiz desde que vim para Mônaco, eram seus amigos primeiro! E eu sei que é foda querer alguém que você supõe que te entende para passar a mão na sua cabeça e dizer que tudo ficará bem, mas eu não podia ser essa pessoa. Não quando eu havia perdido você também!
Os meus soluços ficam altos e eu tento os controlar ao máximo com medo de acordar Vincenzo. Eu não queria que ele presenciasse toda essa cena, pelo menos não depois de tudo o que ele já havia passado hoje mais cedo.
— Eu sinto muito, Marie. — Charles diz com a voz baixa e mais uma vez seus olhos não conseguem me encarar.
Culpa? Vergonha? Eu não sabia, mas pela primeira vez não quero saber também. É a primeira vez que estou colocando meus sentimentos para fora, depois de todos esses anos. Estou me colocando acima de Charles e isso é assustador, mas também é bom para caralho!
Foi anos de toda angústia reprimida, de toda mágoa e dor de abandono, não que eu pense que Charles tivesse a obrigação de permanecer comigo, claro que não. Mas era sobre tudo ao meu redor ter sido sempre sobre ele ou sobre outras pessoas, sobre sempre ter que viver através de sombras de pessoas e ter esquecido de me colocar em primeiro lugar, sobre realmente ter deixado passar muito tempo da minha vida sem me encontrar.
Passei tanto tempo com medo de perder Charles e Jules, por os ter considerado a melhor coisa que já me aconteceu, que quando eu perdi os dois, percebi que nunca havia procurado nada para mim mesma. Não havia amigos, não havia família, não havia desejos e nem sonhos. Absolutamente nada que não os envolvesse.
Eu havia caído tão fundo na ilusão que sempre os teria, que esqueci de amarrar uma corda na superfície para que eu pudesse sair desse buraco caso as coisas dessem errado.
— Eu não queria que você se sentisse dessa forma. Não queria que se sentisse culpada, essa nunca foi minha intenção. — Ele brinca com os anéis em sua mão esquerda e eu solto outra risada irônica.
— Eu acreditaria muito nisso se essa fosse a primeira vez em que você me fez se sentir assim. — Eu digo seca e ele me encara confuso com as sobrancelhas arqueadas.
— O quê? Do que você está falando? — Ele para de brincar com os anéis e vejo que suas mãos se fecham em punhos.
Eu nego com a cabeça e tento desviar o olhar, me sentindo estupida por deixar aquelas palavras saírem da minha boca.
— Do que você está falando, Marie? — Ele pergunta agora incisivo.
Eu respiro fundo e cruzo os braços a frente do corpo.
— Sobre sua vitória em Monza, em 2019. — Respondo sentindo minha garganta arranhar mais fundo. Pelo menos sinto um pouco de alívio pelos soluços terem parado.
— O que isso tem a ver? — Sua voz está baixa e confusa.
— Você me ligou na madrugada, Charles. Você estava bêbado e nós tivemos uma discussão. — Digo o encarando séria. — Você estava bravo e quebrou coisas enquanto dizia não entender o porquê de eu ter te deixado.
Os olhos de Charles se arregalam em confusão e choque. Se eu ainda o conheço bem, ele deve estar dando tudo de si para puxar essa lembrança da memória.
— E-eu eu não lembro de nada disso. — Ele diz e eu aceno.
— Eu imaginei que não se lembraria. Afinal, você estava bêbado e depois esqueceria de tudo. Acontece que eu não estava e que infelizmente não pude esquecer. Suas palavras continuaram me assombrando durante todo esse tempo.
Charles me encara sem expressão.
— O que foi que eu te disse? — Ele pergunta e mesmo com seu rosto em branco, posso sentir o tom de preocupação e medo em sua voz.
— Você apenas confirmou o que eu imaginava. De uma forma diferente, mas mesmo assim confirmou.
🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹
9 de setembro de 2019 — Milão, Itália
2h45 da manhã. Olho novamente para o horário marcado no visor do celular em letras minúsculas, logo abaixo vejo a tela continuar informando que estou recebendo uma ligação de Charles.
Meu coração acelera e eu não tenho certeza se é pelo susto de ter sido acordada de repente ou se é por ele estar me ligando, ainda mais nesse horário. Minha cabeça começa a funcionar a mil milhas por hora com diversos pensamentos dos motivos por trás daquela ligação. O meu estômago afunda com a sensação de medo e isso leva um arrepio por toda a minha espinha. Ele está bem? Aconteceu algo? Alguém mais morreu?
Após a morte de Jules, o pânico foi tão grande que passei a não aceitar mais ligações durante a madrugada, não importa quem fosse, depois das 00h eu não atenderia uma ligação se quer. Mas, é Charles quem está ligando.
O toque do telefone continua ecoando pela escuridão e vazio do quarto, assombrando minha mente e fazendo com que eu sinta meus ossos doerem.
Atenda, Marie! Se aconteceu algo você nunca vai se perdoar. Minha mente grita.
Com os dedos trêmulos deslizo o ícone de telefone na tela para atender.
Há um silêncio. Um silêncio pesado demais do outro lado da linha, o que não ajuda a aquietar meu coração e os pensamentos amargos que sobem através do meu estômago. Engulo a bile e suspiro, rezando a qualquer divindade, que não fosse nada do que eu estou pensando.
— A-alô? — Minha voz soa trêmula.
Ouço uma respiração descompensada através do aparelho pressionado no meu ouvido.
— Oi.— A voz de Charles se faz presente. Fraca e baixa.
Meu coração pula mais forte dentro do meu peito. Puxo todo o ar que consigo para dentro dos meus pulmões.
— Charles? Está tudo b-bem? — Aperto com força o lençol com a mão disponível. Por favor, diga que está tudo bem.
— Eu venci hoje, na verdade, ontem. Em Monza. — Ele responde com as palavras um pouco emboladas. Ele está bêbado?
Meu corpo relaxa, porém, meu peito se aperta ainda mais com o seu tom. A voz de Charles está embargada e melancólica.
— Eu sei, parabéns. — Engulo em seco para controlar a vontade imensurável de chorar que me invade.
— Eu venci em Monza, Marie. Venci em Monza pela Ferrari. E vocês não estavam lá. — A voz dele quebra e ele funga.
Não, não, não.
— Charles, eu-
— Venci sem acreditar que seria possível. Venci por Jules, pelo meu pai e por você. — Meu corpo gela. — E nenhum de vocês estavam lá. — Sua voz soa tão ferida que não posso mais segurar as lágrimas. — Jules e papai eu entendo, mas você? Por que você não estava lá?
A culpa é um sentimento obscuro que vai te consumindo até dilacerar. Ela dói, machuca, destrói, te envergonha e faz com que você queira conseguir voltar no tempo. A culpa te assombra, te faz sentir miserável, apenas pele e ossos ardendo. A angústia que ela causa vai dominando cada célula que compõe o corpo, invadindo o sono e te fazendo ter pesadelos, mas você não consegue acordar, não consegue escapar. Você procura todos os dias por um remédio que cure o remorso que sente, uns vão para álcool e drogas, outros recorrem ao sexo, ou qualquer outra coisa que possa preencher e substituir aquele buraco escuro que os domina. Entretanto, não há nada supérfluo que possa ocupar o lugar daquela ruína interminável de remorso. A verdade é que a única coisa capaz de curar uma pessoa que sofre com a doença da culpa, é o perdão. O perdão divino, ou perdão daqueles que se sentiram feridos, mas principalmente o de si mesmo. Não há autopiedade o suficiente que possa cicatrizar essas feridas, somente o perdão.
E no momento eu me sinto afogada naquele sentimento umbrífero. A culpa de ter fugido consumindo cegamente qualquer raciocínio lógico que meu cérebro tenta me entregar. É como se estivesse sendo engolida pelas águas salgadas em alto mar, a única civilização que eu possa correr para me salvar sendo um perdão que eu nem mesma sabia pelo quê ou de quem.
É algo irracional, pois sei que, querendo ou não, eu não devo nada a Charles. Ele quem terminou comigo meses antes da morte de Jules e no fim, eu fui a única quem ficou sozinha, pelo menos foi o que eu achei há algumas semanas enquanto fazia minha mala.
— Por que você está me ligando, Charles? — consigo dizer em meio a respiração descompensada — Você sabe que eu não poderia estar lá para você, eu não pertenço mais ao seu lado.
— Mas eu queria você lá! Era para você estar lá, Marie! Você não morreu, não é? Então por que eu tenho que te perder também? — ele explode em raiva.
Eu afasto o telefone do ouvido quando escuto seus gritos e barulho de coisas quebrando no fundo. Aperto meus olhos com força e torço para que tudo isso seja apenas mais um dos pesadelos que ando tendo.
— Eu não aguento mais perder todo mundo! Isso é tao injusto, porra! — Ele grita em meio a soluços e aperto fortemente o aparelho em minhas mãos.
— E-eu sinto muito, Charles. — sussurro mais para mim do que para ele.
A linha fica em silêncio por alguns segundos, sem gritos apenas o barulho da respiração pesada dele.
— Onde você está? Eu preciso te ver… por favor.
Não faça isso, ele está bêbado e confuso.
Eu coloco novamente o celular no ouvido e respiro o mais fundo que consigo, tomando o resto de coragem que me sobra.
Não posso dizer a Charles onde estou. Não posso dizer a ele que estamos no mesmo país, a poucos quilômetros de distância. Isso o quebraria ainda mais e faria com que todo o inferno que eu passei — e ainda passo — fosse em vão.
Acabou, Marie. Não há mais nada para vocês.
— Eu estou no Brasil, Charles. — A mentira sai lisa pelos meus lábios.
— O quê? No Brasil? Por que tão longe? — Sua voz falha e eu volto a apertar novamente o lençol.
— Porque eu não podia ficar perto… não depois de tudo. — Respondo.
Uma risada seca e vazia ressoa do outro lado da linha, um som de descrença e de mágoa, que faz com que outro choque passe pela minha espinha.
— Então você fugiu? É isso? — Ele pergunta seco.
— Sim. — respondo baixo. — É melhor assim, Charles. Não havia mais nada para mim em Mônaco.
— Você tinha a mim. — Ele responde rápido.
— Não, eu não tinha. Você terminou comigo, lembra? Você disse ser melhor se fôssemos apenas amigos.
— Porque eu não queria atrapalhar a sua vida! Você estava infeliz com toda a atenção, com todas as mensagens e perseguições! Você me disse que não queria viver na minha sombra!
— Nós dois sabemos que não foi apenas por isso, Charles! — Respondo ríspida. — Passei a minha vida toda na sombra de vocês. Claro que isso me incomodava, mas não foi esse o motivo pelo qual terminamos!
— Então qual foi?! — Ele pergunta com raiva.
— Você se apaixonou por ela!
E o silêncio se fez presente novamente. Meu coração quebrando quando eu finalmente soltei o que segurava a meses.
— V-você se apaixonou por ela, mas não teve coragem para me dizer. — Meus olhos ardem com as lágrimas e minha garganta queima com o gosto amargo das palavras.
— E-eu não… — Ele tenta dizer, mas eu sou rápida em interrompê-lo.
— Acabou, Charles. Não há mais nada de mim para você e vice-versa. A morte de Jules não muda o que já estava feito. — Eu soo firme. — Não há mais nós.
— Marie… — sua voz soa como se ele implorasse. — Por favor, me deixa explicar. Eu e ela nunca — Eu o interrompo novamente.
— Boa noite, Charles. Por favor, não me ligue novamente.
— Marie, espera…
Então eu desligo. Era isso, acabou. Respiro fundo e faço uma nota mental para trocar o meu número de telefone amanhã.
Talvez agora com esse ponto final, eu finalmente possa me libertar e seguir. Essa é uma promessa que faço para mim.
Acabou. Não há mais nós.
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Nota: OLHA EU AQUI DE NOVO! Peço desculpas pela demora e sei que prometi atualizar na semana passada, mas infelizmente não consegui. 😥 Mas o importante é que o cap novo chegou e com ele grandes emoções. Nesse capítulo eu resolvi desenvolver um pouco mais sobre o relacionamento e o passado de Charles e Marie, ainda há muitas coisas que precisarão ser mais desenvolvidas, como os sentimentos dos avós de Vincenzo em relação a essa grande descoberta e é exatamente o que eu pretendo explorar nos próximos capítulos, além de claro, mais do passado dos personagens principais com Jules e a adaptação de Vincenzo a sua nova vida.
Enfimmm, espero que tenham gostado! Me deixem saber! Até e próxima!
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rabbimite · 1 year ago
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Ok, I might be a little controversial to some here but
Can people please stop erasing the fact that Jules is a trans MAN? Like yeah, they still canonly use They/Them pronouns along He/Him, and acording to his creator he is not that "into the binary" (which doesnt mean they are non-binary, pretty well and most probably since he is CANONLY a trans man it means they are gnc) but they are still DC's only canon trans man at the moment, and calling him a trans masculine non-binary person is erasing his gender identity!
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profjosegalvao · 6 months ago
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Mad World Gary Jules Riverdale Notas Flauta Acordes Guitarra Cifra Piano...
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ochoislas · 2 years ago
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ESTUPOR Soneto para un abanico
          Viven los hombres como quien no ha de morir;           viéndolos obrar se dijera           que no acaban de creerlo.                           Young, Primera Noche.
Voy bajo el gas violento, cuando los niños duermen. La sucia saya arrastran pintadas estantiguas; los cafés se vacían; de un baile, a intervalos, me llegan estridentes y trotones acordes.
De repente, no sé por qué cosa invocada, me viene a la memoria una frase banal, y clavado en el suelo, demudado, repito: «¡Cada día que pasa nos acerca a la muerte!».
¡Cada día que pasa...! ¡Es verdad! ¡Qué locura! ¡Y vamos sin mirar, prodigando la vida, y cada vez más cerca del abismo que se abre!
¡Y matamos el tiempo! Y si entre este gentío ahora yo bramara: «¡cada día que pasa nos acerca a la muerte!», me tomaran por loco.
*
STUPEUR Sonnet pour éventail
      Les hommes vivent comme s’ils ne devaient jamais mourir.       A les voir agir on dirait       qu’ils n’en sont pas bien persuadés.                           Young, 1re Nuit.
Sous le gaz cru j’allais à l’heure où l’enfant dort. Des spectres maquillés traînaient leur jupon sale, Les cafés se vidaient, un bal, par intervalle, M’envoyait un poignant et sautillant accord.
Et soudain, je ne sais par quel lointain rapport, Me revint une phrase oubliée et banale, Et je restai cloué, me répétant très-pâle : « Chaque jour qui s’écoule est un pas vers la Mort ! »
Chaque jour est un pas ! C’est vrai, pourtant ! Folie ! Et nous allons sans voir, gaspillant notre vie, Nous rapprochant toujours cependant du grand trou !
Et nous « tuons le temps ! » et si dans cette foule J’avais alors hurlé chaque jour qui s’écoule Est un pas vers la Mort ! on m’eût pris pour un fou.
Jules Laforgue
di-versión©ochoislas
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youngshouldbefun · 4 years ago
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desde que te fuiste no volví a prender las guirnaldas de mi cuarto. ni la lámpara de sal. ni la lámpara que me regalaste para nuestro aniversario, la que tiene una foto del día que nos pusimos de novias. todo permanece apagado, tal como lo dejaste aquella tarde de febrero. porque tengo miedo de que si las enciendo, también lo haga la llamita que permanece en mi corazón. la llamita que tiene la tenue esperanza de que vas a volver.
desde que te fuiste no volví a escuchar nuestras playlists. no volví a escuchar nada que me haga acordar a vos. por momentos, fragmentos de estas canciones me golpeaban y me quebraban en dos. no volví a escuchar la canción con la cual me hiciste ese acrílico que colgué en mi cuarto. porque tengo miedo de que si la escucho, mi corazón vuelva a bailar al ritmo de sus acordes. como lo hacía siempre que la escuchábamos juntas.
desde que te fuiste no volví a ver mi serie favorita, euphoria, porque cada vez que las veo a rue y jules no puedo evitar recordar la noche que vimos ese capítulo especial y lloramos abrazadas mientras sonaba “lo vas a olvidar” porque no queríamos separarnos nunca. lloramos abrazadas por miedo a terminar como ellas, solas y perdidas. no volví a ver esa escena. mi escena favorita. porque tengo miedo de que si la vuelvo a ver, vayamos a terminar solas y perdidas.
desde que te fuiste nadie vino a casa. nadie entro a mi cuarto ni mucho menos nadie ocupó tu lugar izquierdo en la cama. incluso aquella semana que necesitaba dormir con mi mamá porque no podía soportar la soledad. ella durmió en un colchón en el piso. nadie jugó con el control de mi tele ni nadie subió a la terraza de madrugada conmigo a tocar la guitarra. nadie me dio un beso de buenas noches sin saber que probablemente sea el último. por suerte ahora puedo dormir sola, pero en sueños me teletransporto a tu casa y continúo durmiendo a tu lado.
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mypatchseries · 4 years ago
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Hush, Hush - Capítulo 27
Bien, en realidad no sabía dónde estaba, pero Nora sí, y era casi lo mismo.
— ¿Quién era? —Le pregunté.
Se suponía que yo no los conocía, así que tenía que actuar acorde.
—Vee se metió en la escuela con Elliot y Jules. Querían que yo fuera con ellos. Creo que Elliot va a hacerle daño a Vee si no voy. —Pareció pensarlo mejor—Creo que va a hacerle daño aún si voy.
Bien, ahora sabía dónde estaban. Crucé mis brazos sobre mi pecho. Necesitaba saber qué tanto sabía Nora.
— ¿Elliot?
—La semana pasada, en la biblioteca, encontré un artículo que decía que él había sido interrogado durante la investigación de un homicidio en su vieja escuela, la preparatoria Kinghorn. Él entró a la sala de ordenadores y me vio leyéndolo. Desde esa noche he percibido una mala vibración de él. Una vibración realmente mala. Creo que él incluso se metió a mi habitación para llevarse el artículo de nuevo.
Bien, eso no lo sabía.
— ¿Algo más que yo deba saber? —pregunté.
—La chica que fue asesinada era la novia de Elliot. Ella fue colgada de un árbol. Justo ahora, en el teléfono, él dijo “Si no vienes aquí, hay un árbol en el área común con el nombre de Vee en él”
—Yo he visto a Elliot. Él parece presumido y un poco agresivo, pero no lo veo como un asesino. —Y era cierto. Aquí había algo mucho más grande, e iba a descubrirlo. Metí la mano en su bolsillo delantero y saqué las llaves del Jeep. —Voy a conducir hasta allí a comprobarlo. No me tardaré mucho.
—Creo que deberíamos llamar a la policía.
Sacudí mi cabeza.
—Vas a entregar a Vee por destrucción e invasión de propiedad privada. Otra cosa. Jules. ¿Quién es ese chico?
—El amigo de Elliot. Él estaba en el Arcade la noche que nos encontramos contigo.
Mi ceño se profundizó. Joder, esa noche lo había sentido. Era él, joder. Lo tuve cerca.
—Si había otro chico yo lo hubiera recordado.
Y lo hacía, pero no lo había reconocido. Abrí la puerta y ella me siguió fuera. Un encargado usando pantalones negros y una camisa de trabajo marrón estaba barriendo trozos de palomitas en el vestíbulo. Él nos dio una segunda mirada cuando me vio saliendo del baño de mujeres.
—Elliot está esperándome a mí, no a ti. —Dijo —Si no voy, ¿quién sabe qué puede pasarle a Vee? Ese es un riesgo que no estoy dispuesta a correr.
Si te dejo sola, ¿Quién sabe lo que te pueda pasar? Ese es un riesgo que no pienso correr.
—Si te dejo ir, ¿vas a escuchar mis instrucciones y a seguirlas cuidadosamente?
—Sí.
— ¿Si te digo que saltes?
—Yo salto.
— ¿Si te digo que te quedes en el coche?
—Me quedo en el coche. —No sonó enteramente convencida.
Afuera, en el estacionamiento del cine, apunté con el llavero hacia el Jeep y las luces parpadearon. Tenía toda la intención de subirme al coche cuando me fijé en las llantas del lado del conductor. Estaban pinchadas. Maldije silenciosamente.
— ¿Cuál es el problema? —Preguntó Nora.
—Las llantas.
Nora contuvo el aliento.
—No puedo creerlo. —Dijo— ¿Conduje hasta aquí sobre dos clavos?
Me acerqué todavía más y me incliné, apareciendo ante mi campo visual un objeto plateado.
—Destornillador. Esto fue un ataque intencionado. —le dije.
— ¿Quién haría esto?
Me levanté de nuevo.
Bien, podría nombrarlos todos y no terminar hoy. Podrían ser los antiguos dueños del coche. Barba. Algún otro caído. Incluso Dabria.
—La lista es larga. —murmuré.
— ¿Estás tratando de decirme que tienes muchos enemigos?
—He molestado a unas cuantas personas. Un montón de hombres hacen apuestas que no pueden ganar. Después, ellos me culpan por llevarme sus coches, o más.
Me acerqué hacia un coupé que se encontraba cerca, abrí el lado del conductor y tomé asiento detrás del volante. Nora me miró anonadada.
— ¿Qué estás haciendo? —Preguntó de pie al lado de la puerta.
Era una pérdida de aire, dado que ella estaba bien consciente de lo que hacía.
—Buscando una llave de repuesto. —Respondí. Mi mano encontró dos cables azules. Con cierta habilidad, removí los extremos de los cables y los pegué juntos. El motor se encendió (Lo aprendí de Rixon) y la miré—Cinturón de seguridad.
—No voy a robar un coche.
Me encogí de hombros.
—Nosotros lo necesitamos, ellos no.
—Eso se llama robar. Está mal.
Me mantuve relajado en el asiento del conductor. Nora se veía bastante preocupada, incluso nerviosa. Sin embargo, no quise decirle que esta no es la primera vez que lo hacía.  
—Primera regla del robo de coches. —Dije, con una sonrisa —Trata de no quedarte en la escena del crimen más de lo necesario.
—Espera un minuto. —Dijo, levantando un dedo.
Corrió de regreso al cine. Supe lo que haría incluso antes de que lo dijera, así que bajé del coupé antes de que alguien pudiera verme. Nora comenzó a platicar con un chico que la miraba de reojo arriba y abajo cada vez que podía, y me entraron ganas de sacarle esos horrendos ojos.
Comencé a acercarme a ellos con lentitud, hasta quedar justo al lado de Nora. Contuve el impulso de pasar un brazo por su cintura y poner un cartel en su frente que dijera “Propiedad de Jev Cipriano”.
— ¿Quieres tomar prestado mi coche? —decía él.
—De hecho sí—respondió Nora.
—Es un pedazo de basura. No es ningún Jeep Commander. —Él me miró directamente, como si se estuviera disculpando.
— ¿Funciona? —Preguntó ella.
—Si por funcionar te refieres a que las ruedas giren, sí, funciona. Pero no está disponible para préstamos.
Joder, no tenía tiempo para esto. Abrí mi billetera y le entregué tres billetes arrugados de cien dólares. Sentí la sorpresa de Nora, pero esperaba que entendiera que lo mejor que podía hacer era seguirme el juego.
—Cambié mi opinión. —Dijo él, guardándose el dinero.
Claro, sabía que lo haría.
Buscó en sus bolsillos y me entregó un par de llaves.
— ¿Cuál es el modelo y el color? —Pregunté, atrapando las llaves.
—Difícil decirlo. Parte Volkswagen, parte Chevette. Alguna vez fue azul. Eso antes de que se oxidara y se pusiera naranja. ¿Vas a llenar el tanque antes de devolverlo? —Preguntó, sonando como si estuviera cruzando los dedos tras su espalda, presionando su buena suerte.
Maldición. Saqué otros veinte.
—En caso de que nos olvidemos. —Dije, metiéndolos en el bolsillo delantero de la camisa.
Afuera Nora me dijo:
—Yo hubiera podido convencerlo de que me diera sus llaves. Sólo necesitaba un poco más de tiempo. Y por cierto, ¿para qué sirves mesas en el Borderline si eres millonario?
Casi sonreí con sus palabras.
—No lo soy. Gané el dinero en un juego de billar hace un par de noches. —Metí la llave en la cerradura y abrí el asiento del pasajero para ella—El banco está oficialmente cerrado.
 *****
 Conduje a través del pueblo por las oscuras y silenciosas calles. Detuve el coche del chico que se salvó de quedarse sin ojos en el ala este del edificio y apagué el motor.
El campus estaba empantanado, las ramas se retorcían y sonaban en medio de la neblina.
Detrás de ellas se levantaba la Preparatoria Coldwater.
La parte original del edificio había sido construida a finales del siglo XIX, y después del ocaso se parecía bastante a una catedral. Gris y pensativa. Muy gris. Muy abandonada.
—Yo tengo un muy mal presentimiento. —Dijo Nora, mirando los huecos oscuros de las ventanas de la escuela.
—Quédate en el coche y mantente fuera de vista. —Le dije, entregándole las llaves —Si alguien sale del edificio, márchate.
Salí del coche, volviéndome uno con la noche.
Crucé la calle y, en cuestión de segundos, me mezclé totalmente con la oscuridad.
Inmediatamente sentí la presencia de Vee. Parecía asustada, realmente aterrada. Alguien la acompañaba. Alguien más estaba en el piso superior.
Seríamos cuatro esta noche en el edificio, sacando a Nora.
Sólo dos podrían salir con vida.
Y esos seríamos Vee y yo.
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Julian e Emma em Dama da Meia-Noite 
Alguma coisa em seu peito pareceu rachar e se dividir; ela se surpreendeu por não ter sido audível. Energia correu por suas veias, e a estela se moveu em sua mão, traçando um contorno gracioso de um símbolo de curo no peito de Julian. Ela o ouviu engasgar e abrir os olhos. A mão dele deslizou pelas costas dela; Julian a pressionou contra seu corpo, os dentes cerrados. — Não pare — disse ele. Emma não poderia ter parado nem que quisesse. A estela parecia se mover por vontade própria; e ela estava cega pelas memórias, um caleidoscópio delas, todas de Julian. Sol em seus olhos e Julian dormindo na praia com uma velha camiseta, e ela não querendo acordá-lo, mas ele acordou assim mesmo quando o sol se pôs e procurou por ela, imediatamente, e não sorriu até encontrá-la e ter a certeza de ela estava ali. Cair no sono conversando e acordar com as mãos dadas; outrora foram crianças no escuro, mas agora eram outra coisa, algo íntimo e poderoso, algo que Emma tinha a sensação de só estar tocando apenas a pontinha quando terminou o símbolo e a estela caiu de sua mão. — Ah — disse ela suavemente. O símbolo parecia aceso por dentro com um brilho suave. Julian estava arfando, os músculos da barriga subindo e descendo aceleradamente, mas o sangramento tinha parado. O ferimento estava se fechando, se colando como um envelope. — Está... está doendo? Um sorriso se espalhava no rosto de Julian. A mão dele ainda estava no quadril de Emma, agarrando com força; ele devia ter esquecido. — Não — respondeu ele. A voz era sussurrada, baixinha, como se estivesse falando dentro de uma igreja. — Você conseguiu; você ajeitou. — Ele a encarava, como se ela fosse um milagre raro. — Emma, meu Deus, Emma. Emma caiu contra o ombro dele quando a tensão deixou seu corpo. Ela permitiu que sua cabeça descansasse ali enquanto ela a abraçava. — Tudo bem. — Julian deslizou as mãos pelas costas dela, claramente percebendo que ela tremia. — Está tudo bem, eu estou bem. — Jules — sussurrou ela. Seu rosto estava próximo do dela; Emma podia ver as sardas leves nas maçãs do rosto, sob as manchas de sangue. Conseguia sentir o corpo dele no seu, vivo, como se ardesse em chamar como o poder do iratze. O próprio coração batia forte quando colocou as mãos nos ombros dele...
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carstcirsx · 6 years ago
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                          Emma estava um poço de mau humor, o que não era lá tão incomum assim. Mark estava sendo um doce, o que a fazia se sentir pior ainda. Ela pediu que ele não perguntasse a razão para fingirem o namoro e ele jamais perguntou. Sem qualquer exagero, lhe doía na alma ter de ver a tristeza nos olhos de Jules nas primeiras vezes que os vira juntos pelo Instituto. E o que parecia já não poder piorar, piorou ainda mais quando a tristeza sumiu. Ah, os olhos dele, Emma poderia citar de cor e com detalhes cada mínima tonalidade dos olhos dele, que agora a olhavam com tanta frieza e distância. 
                          Se sentia uma garota idiota por estar fingindo estar com Mark, mas ela estava machucada também! Já havia passado da conta as noites que acordou chorando feito uma criança, noites que andou até o quarto dele e só ficou encarando a porta, sentindo o peito pesar e seu mundo ruir por não poder ir até ele. Odiava aquilo! Odiava com todas as forças ter de vê-lo, lutar ao seu lado, falar com ele e fingir estar bem, pois não estava. Será que ele sequer notava? Será que podia enxergar o quão destruída ela estava por dentro? Será que ele a odiava agora?
                          Pensamentos assim causavam terríveis calafrios. Não havia e jamais haveria alguém no mundo que amasse mais que Julian Blackthorn e não havia um segundo que não se perguntasse por quê ele tão subitamente não a queira mais.
                          Engoliu em seco, tentando não olhar para o lado, para ele, por tempo demais, pois sabia que os olhos começariam a arder. Estavam numa missão e ela precisava se concentrar. Quase soltou um riso debochado com aquilo, quando é que Emma Carstairs precisou se lembrar de ter foco em missões na vida? Ninguém era mais focado que ela. Bem, agora tinha uma distração e tanto ao lado. O silêncio a estava enlouquecendo aos poucos então soltou a primeira coisa que veio à mente. ❛ ── Cristina me disse que haverá um baile em Idris no final da semana. ❜  Quê? Pelo Anjo, Emma, cale a boca! Só cale a boca! Gritou para si própria mentalmente. ❛ ── Você vai? ❜
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@blackjulianthorne
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jencsi · 5 years ago
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5 acorde por favor acorde Finn e Ruseell
“Wake up, please wake up” That is all that runs through is mind as he sits beside her bed, her body motionless, her breathing steady but can she hear him? The bruises on her face tell the story of how she got here. Yet somehow she had been spared, she fought and held on to her life here. She had so much life to live, yet she was wasting away here, as was he, waiting, hoping, praying, if he believed in miracles, it would be her.  Machines beep, sunlight fades around him, her hand stays still, wrapped in his, cold, clammy, but blood is still running through her veins, her heart is still pumping. He wonders if she can hear him. He calls her Jules just to test her, his heart breaking when she doesn’t respond with her usual snark.  Night drops over him like another weight on his shoulders. He wishes he could trade places with her, let her go on and live her wonderful bright life. Soon he starts to read to her, hoping the intellectual conversation will stimulate her brain and get her moving. But time marches on, and he sits beside her bed, wishing to see her smile again, wishing to hear her be snarky with him, see her curls bounce when she walks. But all her can do now, is wait. 
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vonlipvig · 3 months ago
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KINDS OF KINDNESS!!!!!!!!!!!! SO GOOD!!!!!!!!!!
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sabeleah-blog · 6 years ago
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                    take care what you ask to me, cause 
                                   I can’t say 𝖓𝖔 to you... 
                                                   ((  ᴘᴏᴠ ))
Não dá para saber qual dia será o dia mais importante da sua vida. Os dias que você pensa serem importantes nunca atingem a proporção imaginada. Por exemplo: A festa tão aguardada de seu Bat Mitzvá contava com quinhentos convidados, apenas a Elite do Upper East Side em Nova Iorque e toda Philadelphia em peso estava lá. Os Judeus normalmente não faziam festanças para o aniversário de doze anos de uma menina, afinal, eram os Bar Mitzvá que eram considerados grandes, mas sendo filha única, Leah conseguiu a versão precoce de um “sweet sixteen”. Todas as suas amigas morreriam de inveja do salão, do seu vestido, dos presentes e das lembrancinhas esdruxulamente caras dispostas em cada mesa dos convidados. No entanto, a festa se tornou rapidamente uma procissão de desastres, carregando suas expectativas ladeira abaixo em uma velocidade vertiginosa, onde o topo fora seu primeiro beijo com Mitch Maisel e o baixo fora uma cena deprimente do seu primeiro porre --- mais precisamente, na frente de uma privada do hotel vomitando um champanhe caro demais, e comentários nada lisonjeiros sobre a aniversariante ou e sua família.
Não… são os dias comuns, os que começam normalmente, que acabam se tornando os verdadeiramente importantes.
Leah havia acordado naquela manhã de mau humor, o que significava um dia costumeiro para a Weissman, lavando seu cabelo com seu shampoo de camomila favorito ( ela ainda não havia desistido de clarear as madeixas de maneira natural, mesmo que para alcançar o efeito desejado ela precisasse de algum sol e em Forks ela não conseguiria nem sete dias bons, sem chuva, imagine um sol quentinho e brilhante… era definitivamente um salto de fé ). Após secar os fios com secador e trocar de roupa, entediada, ela saiu em direção a pequena garagem ao ar livre onde uma garoa fina já planejava arruinar o penteado da morena. Ela batalhou com a bolsa para achar as chaves do carro ( prateado, novinho em folha, um presente que era o atestado de culpa de seu pai por tê-la mandado para aquele buraco de cidade ), uma ação trivial, mas que com a ausência do café da manhã, resultou em uma Leah irritada e faminta na fila do Coffee House. Como era a única coisa que meramente se assemelhava a um Starbucks na cidade ( mesmo que os bancos cheirassem a pinho e mofo ), e ainda oferecia copos de papel para viagem, era o suficiente para justificar a saída de seu caminho até a escola apenas para parar na estrada principal e ir atrás de seu café.
Ela estava trocando mensagens com um grupo de amigas, sem olhar ao redor ( conhecia cada centímetro de terra de Forks, não precisava realmente olhar para onde ia para pegar um guardanapo e um canudo ), quando uma das crianças Jules, --- Sam, talvez Michael… era impossível distinguir entre eles mesmo que tivessem mais de dois anos de diferença --- passou por ela, quase derrubando o café na jaqueta branca. Naturalmente, o acidente a fez tirar os olhos do celular e vociferar uma bronca para o menino que já tinha saído correndo do lugar, antes mesmo que ela tivesse a chance de abrir a boca. Mas foi ali, bem ali, com um café na mão, atrasada para a aula e com respingos de café em sua jaqueta,  que ela o viu pela primeira vez.
A fez perder o folêgo.
Era ridículo falar em amor à primeira vista, mas a maneira como ela soube que ele seria alguém importante na vida dela carecia de expressão melhor, a não ser as vulgares quatro palavras. Claro, os motivos do porquê ela acreditava naquilo de forma tão arrebatadora eram superficiais: Ele era lindo. Lindo como um super modelo de cuecas da Calvin Klein ou um produto novo para cabelo masculino. Por alguma razão que ela ainda não entendia completamente, estava havendo um crescimento estranho de tais produtos na Califórnia, atingindo até alguns moradores de Forks, já que até Jack Sullivan estava usando gel para barba, mesmo ele não tendo nenhuma…. Mas ele, ele não tinha nada a ver com Jack Sullivan. Na verdade, ele não tinha nada a ver com nenhuma das pessoas que ela já tinha visto na vida. Era perfeito, e para alguém que tinha uma visão um tanto lisonjeira de si mesma, ela o julgou perfeito para ela.
Que ela tivesse namorado parecia apenas um contratempo. A medida que os olhos avelã seguiam o homem alto pelo café, ela travava um plano em sua mente que colocava em cheque tudo o que seus professores um dia disseram sobre seu intelecto. Ela percebeu, pelo estilo de suas roupas ou pela maneira despenteada de seu cabelo, que ele era do tipo intelectual, algo que indicava que ele frequentava a biblioteca ou a livraria local --- nessas horas, ela só tinha a agradecer o fato de que em Forks só havia um estabelecimento para cada coisa --- e então o plano se elaborou de maneira natural. Ela foi para a aula, contando os minutos para passar na livraria na hora da saída e voi lá! Os cabelos castanhos claros caídos sobre os olhos, a postura relaxada ao ler um livro, em uma cena tão linda que seria digno de uma pintura renascentista.
Leah então fingia ler de maneira tão relaxada quanto ele, porém, pela primeira vez, se sentiu um tanto desajeitada perto de outro ser humano. A maneira que ela se sentava não era tão graciosa, ou a forma com que passava as páginas parecia desengonçada demais, mas então ele se aproximou e ela se sentiu segura novamente. Ele flertou e ela flertou de volta, ele falava algo e ela ria, interessadíssima sobre o que ele dizia, elogiando e tocando em movimentos alternados e então, no final da noite ela tinha o encontro com Klaus.
Klaus, até o nome era diferente. Nada como um desses adolescentes de ensino médio que ela costumava namorar. Ele era um homem, culto, viajado, seu sotaque denunciava sua vivência na Europa. Francês, na certa. E apenas o pensamento dele dizendo coisas em francês ao pé de seu ouvido fora o suficiente para que se jogasse de cabeça no novo relacionamento.
As coisas aconteceram devagar, mas, novamente, ele era mais velho, não um adolescente cheio de hormônios, e ele faria valer a pena, ela estava certa disso. O primeiro encontro não foi muito mais longe do que alguns beijos, e apesar de reação casta do homem ela não desistiu. No segundo vestiu algo mais provocante, um vestido preto tubinho que era a escolha errada para o tempo da península de Washington que ameaçava nevar dia sim, dia não. No entanto, foi apenas quando os encontros foram transferidos para a casa dela, quando os pais e o irmão mais velho estavam fora, que as coisas foram diferentes.
Ele transferiu os beijos de seus lábios para o pescoço, e ela estava ansiosa para o resto. Estava acostumada aos garotos terem livre acesso ao corpo feminino e aproveitarem a rara situação, mas Klaus permaneceu na região por mais tempo que o comum… Não era ruim, de fato era bom alguém que não estava afoito e tocava todos os lugares ao mesmo tempo sem realmente tocar em nada. Ela então focou em apreciar como era estar com alguém experiente, alguém que tomava o tempo que precisava para agradar uma mulher, mas então… Os lábios dele não desceram e, contrariando qualquer expectativa, cravou os caninos na carne macia da Weissman, que finalmente soltou um gemido, porém de dor.
Ela devia tê-lo empurrado, devia ter pedido para que ele parasse, mas aos poucos cada reação foi cedendo a endorfina que se espalhava em seu sistema. Ela gostou da sensação, era melhor do que qualquer coisa que já tinha experimentado, melhor que sexo e ela se derreteu sem resistência nos braços dele, em um ato que podia ter lhe matado. Mas ele não o fez. Na verdade, depois que ela acordou no dia seguinte, com a mesma roupa da noite anterior, porém sozinha, sua conclusão foi  apenas que ela tinha tido um sonho romantizado por Bram Stoker.
Sentia muita fome e franqueza, seu pescoço doía e ele estava lá, encostado no carro com um café na mão. Tudo parecia estranho agora, e antes dela descer ela notou o formato em meia lua em sua pele. Klaus tinha ganhado uma nova cor agora, reluzia e ela parecia brilhar junto com ele. Era o sangue dela correndo em suas veias e isso o tornava dela de maneira quase absoluta. Não demorou nada para que ela aceitasse a ideia de que ele era um vampiro, e perguntas das mais toscas embasaram a decisão menos sensata de toda a sua vida: Iria se tornar uma criatura gloriosa, como Klaus e os dois passariam a eternidade juntos, nem que para isso ela tivesse que lhe dar cada gota de seu sangue.
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babypiscis · 7 years ago
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Era un día soleado como cualquier otro, Ha-Yun llevaba un vestido floreado acorde con sus pequeños zapatos y aquella mochila un tanto infantil que traía puesta. Su pelo se izaba por culpa de la brisa que corría mientras ella caminaba bastante alegre a su casa como todos los días, como siempre después de su trabajo.
No demoró mucho en llegar a la esquina de su casa y al ver tanta gente aglomerada bajo su edificio, hizo que ella acelerara el paso. Ahora que estaba más cerca sentía el murmullo de la gente y el humo emanando de un departamento, su departamento. Dejó escapar un suspiro, angustiada, devastada, confundida o todos los anteriores. Un escalofrío recorrió su cuerpo y fue en ese momento donde comenzó a correr.
Más que por sus cosas, corrió por su mascota. Copito tenía que estar bien, probablemente había saltado por la ventana. Pero no sabía que opción era más terrible, imaginar al pequeño gato blanco saltar desde un cuarto piso, o pensar en el siendo abrazado por las llamas. Para ella ninguna de las dos opciones era factible, pero su mente sólo pensaba en la situación más triste. Un policía la atajó entre sus brazos, lo que interrumpió los pensamientos de Ha-Yun abruptamente –¡Suéltame!- gritó desesperada mientras pataleaba –¡es mi casa!– volvió a gritar y esta vez se zarandeó con tal fuerza de poder soltarse del agarre.
Volvió a correr, sin embargo, cada vez que se acercaba más a su departamento, sus esperanzas morían un poco más. Su paso se fue debilitando y esta vez comenzó a sentir su respiración agitada, hace algunos segundos, sólo podía escuchar un zumbido. El único rostro que logró reconocer fue el de Jules, uno de sus vecinos con el cual había cruzado una que otra palabra y tristemente era la persona que sintió más cercana. Fue por eso que corrió a él y le abrazó con fuerza, llorando en silencio. @chmpagnesuprnova
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kindss · 4 years ago
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NARR. att 4 pt. 1
Adrien bloqueou seu celular, observando Jules e Rose montarem os equipamentos. Elas conversavam sobre as músicas que tocariam naquele ensaio. O loiro levantou e foi ajudá-las, conversando com as duas enquanto arrumavam o local. Tão rapidamente terminaram e começaram a tocar um pouco enquanto afinavam os instrumentos, Adrien apenas olhava as garotas e falava sobre algumas músicas. 
No embalo da conversa, ele tivera a ideia de mostrar uma que andara treinando no piano. Agradeceu por ter ali um teclado, então foi até ele e com o apoio das meninas, começou a tocar, um pouco tímido. 
Começou a cantar bem baixo, notando que quase todos estavam olhando para ele. Tão logo as pessoas identificaram Amour Plastique de Videoclub e começaram a acompanhar o garoto, que sorria ao vê-los se empolgarem, aumentando o tom de voz e se deixando levar. 
Ao terminar, todos bateram palmas e o loiro tinha um sorriso enorme no rosto, realmente feliz por aquele pequeno momento. Ele se perguntava como todos dali conheciam aquela canção, visto que a mesma tinha sido conhecida por ele há poucos dias, mas resolvera ficar quieto.
— Já começaram o ensaio sem mim? — Luka disse, encostado no batente da porta de madeira. 
Todos olharam para ele, o cumprimentando e conversando ao mesmo tempo. Adrien agora já não mais tinha o sorriso nos lábios dada a nova presença no ambiente. Aproveitou que não tinha mais a atenção de ninguém em si e começou a desligar o teclado para sair do “palco” improvisado. Foi desarrumando aos poucos, escutando a conversa dos que estavam ali.
— Luka, você demorou demais. Tem mais horário com sua banda não, é?
— Eu como pessoa que não faz parte da banda também fico chocada com isso. — Alix comentou, brincando um pouco.
— Não se fazem mais guitarristas como antigamente. Tsc tsc — Chloé entrou na brincadeira, fazendo o garoto revirar os olhos com as provocações.
— A estrela do espetáculo sempre chega por último, por favor — ele disse em um tom sarcástico, fazendo todos rirem.
— Mas você perdeu um showzão, isso sim — Ivan disse, sentando na cadeira que tinha atrás da bateria. — Vou pensar seriamente em chamar o Adrien pra entrar no seu lugar. — o loiro dera uma risada abafada.
— Estou chocado com a falta de consideração. É o primeiro ensaio que eu me atraso por minutos! — Luka agora falava em um tom mais engraçado, fazendo um drama.
— Mas agora falando sério! Adrien canta e toca muito bem — Jules quem falara, deixando o garoto um pouco ruborizado.
— Eu fiquei boquiaberta. Às vezes esqueço que ele é músico também — vez de Rose, que tomara um pouco de água logo após. 
Adrien agora não sabia mais o que fazer e sentia realmente seu rosto queimar. Ele não imaginava que ficaria tão tímido assim na frente seus amigos por fazer algo mínimo, quando conseguia desfilar para várias pessoas desconhecidas sem nenhum problema.
— Luka, ele tocou Amour Plastique! Era pra você ter visto! — Marinette falou, voltando-se para o azulado.
— Eu vi um pouco... Quando cheguei vocês estavam tão animados que não quis atrapalhar... — Luka mudou  o olhar, focando em Adrien. Que também o olhara em automático. — Você não foi ruim. E obrigado por não ter estragado uma das minhas músicas favoritas.
Adrien ficara estático por um momento. Ele devia agradecer? Aquilo era um elogio? O que de fato Luka quis dizer com aquilo?
— É uma pena. — Adrien disse, sem nem mesmo se dar conta do que falara. Todos o olhou sem entender. — Era pra eu ter estragado ela somente pra você.   — tentou dizer de maneira mais séria o possível, coisa essa que fora em vão.
Todos começaram a rir, ao imaginar que ele tinha falado de brincadeira. Ou então apenas fingindo que ele não tinha falado sério. Luka rira fraco, mantendo o olhar fixo no loiro, que também o mantinha de volta sem nem mesmo perceber. Os amigos, já acostumados com aquelas situações estranhas devida às interações entre os dois garotos, tão logo contornaram a tensão, começando a conversar sobre qualquer outra coisa.
O ensaio começara um tempo depois. Adrien evitava olhar para a banda por muito tempo, pois sentia que de alguma maneira Luka o observava, mas achava ser coisa de sua cabeça pois das vezes que o olhara, ele estava encarando uma das meninas e fazendo algumas caretas. 
A última música tocada por eles fora a mesma do começo.
Amour Plastique com acordes insistentes vindos da guitarra de Couffaine, especialmente ao ponto de vista de Adrien.
Et la nuit quand tout est sombre (E à noite, quando está escuro) Je te regarde danser (Eu estou vendo você dançar)
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omduart-thewriter · 4 years ago
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ACORDES BASTARDOS — Jules lee, sin tanto cuento Daniel Hermosel Murcia Es una novela corta que se devora en poco tiempo. La historia atrapa desde el minuto 0, con ese entramado de familia desestabilizada.
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ochoislas · 2 years ago
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QUEJA DE LA LUNA DE PROVINCIAS
¡Mira qué redonda luna, crasa como una fortuna!
Retreta suena lejana, el regente en la costana.
Tañen clavicordio un rato, la plaza atraviesa un gato:
¡la provincia se adormila! Con tres acordes en fila
cierra el piano su ventana. ¿Qué hora tocó la campana?
¡Qué exilio, luna silente! ¿Será esto el canto en los dientes?
Ay luna, gran diletante, a todo clima constante,
del Missouri los reciales, de París los arrabales,
zarcos fiordos, viste ayer, polos, mares... ¡si es por ver!
Luna feliz, de esa suerte ves ahora sin moverte
su cortejo de esponsales ¡ya salieron para Gales!
¡Vaya cuadro si este enero se tragara mis te quiero!
¿Hacemos, luna andorrera, comunes causa y manera?
¡Noche sabrosa! ¡Me muero la provincia bajo el cuero!
Mas tiene la luna vieja algodón en cada oreja...
            Cassel, julio de 1884.
*
COMPLAINTE DE LA LUNE EN PROVINCE
Ah ! la belle pleine Lune, Grosse comme une fortune !
La retraite sonne au loin, Un passant, monsieur l’adjoint ;
Un clavecin joue en face, Un chat traverse la place :
La province qui s’endort ! Plaquant un dernier accord,
Le piano clôt sa fenêtre. Quelle heure peut-il bien être ?
Calme Lune, quel exil ! Faut-il dire : ainsi soit-il ?
Lune, ô dilettante Lune, À tous les climats commune,
Tu vis hier le Missouri, Et les remparts de Paris,
Les fiords bleus de la Norvège, Les pôles, les mers, que sais-je ?
Lune heureuse ! ainsi tu vois, À cette heure, le convoi
De son voyage de noce ! Ils sont partis pour l’Écosse.
Quel panneau, si, cet hiver, Elle eût pris au mot mes vers !
Lune, vagabonde Lune, Faisons cause et mœurs communes ?
Ô riches nuits ! je me meurs, La province dans le cœur !
Et la lune a, bonne vieille, Du coton dans les oreilles.
                Cassel. Juillet 1884.
Jules Laforgue
di-versión©ochoislas
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