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headlinerportugal · 10 months
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10 anos a festejar o futuro [Parte 2] - Mucho Flow 2023 | Reportagem Completa
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Spencer Martin e Jack Martin dos Lunch Money Life, num dos melhores momentos, quiçá o mais incrível | mais fotos clicar aqui Acordei com as pernas ainda doridas da noite longa, mas nada que me fizesse recuar do dia longo que me estava a aguardar. Poderia pensar que naquele sábado a chuva daria algumas tréguas, mas não, na verdade sentia-se ainda mais as baixas temperaturas a recair sobre as ruas labirínticas do centro da cidade de Guimarães.
Este último dia começa mais cedo na blackbox do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), único concerto naquela sala, a receber a prata da casa, Tormenta, projeto que junta dois dos mais notáveis músicos nacionais: o baterista Ricardo Martins e o guitarrista Filho da Mãe. Para cima do palco a dupla traz ainda Jibóia para adicionar uma camada extra de poderio musical.
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Radie Peat dos Lankum, um dos bons destaques do último dia | mais fotos clicar aqui Se leram as nossas 6 sugestões para este Mucho Flow, saberiam que às 18:15h, a meio da Avenida Don Afonso Henriques, Lucinda Chua estaria a atuar no auditório do Teatro Jordão. A artista britânica trouxe o seu primeiro LP, ‘YIAN’, para o bonito palco. Para quem lê a frase anterior até pode parecer que a multi-instrumentista é uma novata nestas andanças, mas a verdade é que a artista tem acompanhando ao vivo a bem conhecida FKA Twigs dando-lhe muita experiência por esses palcos mundo fora. Alternando entre o subtil piano e misterioso como foi possível ouvir em “Echo” ou “An Avalanche”, passando para o seu instrumento de eleição, o violoncelo, como foi possível ouvir em “Until I Fall” ou “Meditations on a Place”, carregado de uma boa dose de reverb, deambulando por entre o experimental, soando por vezes um pouco mais caótico do que aquilo que poderia prever, mas sem deixar o seu peso certo de emoção e introspeção, acompanhado sempre pela sua voz incrivelmente afinada. Uma artista que com apenas um disco editado, irão decerto começar a ouvi-la mais vezes.
Este dia 4 de novembro foi na verdade o dia que mais nos cativou, sendo a que maior parte dos nomes que sugerimos na tal lista de concertos a não perder, pertenciam em grande maioria ao último dia do festival vimaranense. Uns atrás dos outros, foi a vez de Contour a entrar em palco, desta vez no piso térreo do Teatro Jordão onde permanecemos até depois das 23h.
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Khari Lucas é conhecido artisticamente como Contour | mais fotos clicar aqui Sempre com o relógio bem marcado, os concertos iam começando à hora marcada não deixando espaço para qualquer atraso. Os ponteiros marcaram 20:15H, Khari Lucas aka Countour subiu ao palco, sozinho, começando a debitar os seus poemas cobertos por uma camada que caminhavam lado a lado entre o jazz e o R&B. Mostrou-se sempre muito sereno, atento, com um olhar bastante cativante e fixo para as centenas de pessoas que começaram a encher aquela cena coberta de cimento de cima a baixo, dificultando por vezes a acústica, mas sem nunca perder a magia sonora.
“Crowded Afternoon”, “At All” ou “Teach Prayer” foram algumas de que que o artista britânico nos presenteou, todas retiradas do seu mais recente disco editado o ano passado, ‘Onwards!’. Em “Teach Prayer” ainda houve espaço para um pequeno discurso de apoio ao povo palestino que neste momento é vítima de uma guerra aparentemente sem fim, ouvindo palavras de apoio mútuo deste lado, sendo um dos mais momentos emotivos que o festival teve - “Say a prayer for the young sailing away, sailing away”.
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Contour em estreia no Mucho Flow e em Guimarães | mais fotos clicar aqui Sem nunca perder a compostura, muito sério, sem mostrar qualquer emoção facial e por muitos momentos cantando num único tom, foi perdendo aqui e ali o público que timidamente lhe retribuíam um caloroso afeto. Uma atuação solida, sem grandes espaços para deslumbres, mas trazendo momentos narrativos bem bonitos e melódicos apoiados no seu talento, perspetivando um bom futuro para Contour.
Tivemos uma pequena folga para voltar a carregar energias no nosso canto favorito da cidade de Guimarães, o Tio Júlio. Um copinho de vinho tinto foi o que me foi servido para aquecer o meu coração naquela noite fria e chuvosa. Na verdade, o que realmente veio aquecer foi a próxima atuação, uma atuação que ninguém estaria à espera, quer dizer, nós de certo modo já contávamos com a explosão sentida nas garagens do Teatro Jordão. Os responsáveis? Lunch Money Life.  
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Lunch Money Life criaram um dos pontos altos do Mucho Flow em 2023 | mais fotos clicar aqui A banda formada por um conjunto de 5 elementos, transporta para cima do palco toda a pujança (e mais alguma) que um concerto deve realmente ter. Munidos por dois sets composto por circuitos elétricos interligados por dezenas de fios, com toda uma conjugação de efeitos, pedais e elementos que elevaram a sua atuação ao expoente.
Não são rock, nem são jazz, não são metal nem trap, ou se calhar são isto tudo e mais alguma coisa. Lunch Money Life entraram em palco e sabiam para onde queriam guiar a sala muito bem composta por volta das 21:15h. Com uma energia contagiante e uma dimensão musical a fazer jus a toda aquela expressão corporal diabólica, entregaram-nos um dos melhores e mais interessantes concertos, que na verdade já não víamos há algum tempo. Sempre com uma atitude punk, rebelde, cada elemento oferecia um pouco de si naquela performance musical como foi possível ver e ouvir em “Jimmy J Sunset”, “Mother” ou “New Herdsmen”.
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Spencer Martin dos Lunch Money Life a felicitar o público | mais fotos clicar aqui Praticamente 90% da sua atuação foi um caos organizado carregado de adrenalina, quanto aos outros 10%? Foi dedicado à angelical “In Jesus Name”, que por entre todo aquela chuva pesada, veio a acalmar e trazer uma boa dose de fé com uma balada grandiosa contrastando bem com todo o resto do concerto. A banda despediu-se sob discos de vinil do seu mais recente disco, ‘The God Phone’, e t-shirts a sobrevoar as nossas cabeças largando uma das maiores demostrações de amor e carinho do publico que vimos nesta edição, com toda a gente em êxtase e ainda a tentar assimilar toda aquela loucura musical.
Antes da garagem fechar e todos aqueles corpos se movimentarem para outra paragem, vieram os Lankum, banda que estreou a música tradicional irlandesa no festival Mucho Flow. Um mundo completamente diferente e oposto de Lunch Money Life, no qual foi possível sentir na cara o vento e a maresia dos campos verdejantes irlandeses. Uma viagem ao passado, talvez mesmo chegando a tempos medievais, sentido aqui e ali uma rutura no tempo onde era possível ouvir uma leve dose de experimentalismo por entre toda aquela música tradicional celta.
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Marcou muitos pontos o folk dos Lankum | mais fotos clicar aqui Todos os 5 elementos se apresentaram sentados com uma panóplia diversa de instrumentos como violino, gaita de fole, pífaro ou acordeão dando uma dimensão ritual a toda aquela experiência, acompanhado pelas vozes em uníssono parecendo por vezes que estávamos a presenciar um ritual qualquer. O Mucho Flow sempre se diferenciou dos demais por arriscar a trazer aquilo que vamos ouvir amanhã, criando tendências sem rótulos ou sem seguir qualquer referência, mas também se destaca por arriscar a trazer diversos musicais a um só ponto, e o concerto de Lankum são uma prova viva disso com o publico a corresponder da melhor maneira possível.
Parecia já se fazer tarde, o sol escuro está sobrevoava o céu há bastantes horas e o corpo começava a ressentir-se da agitada noite anterior, mas nada nos demovia do que ainda o festival nos tinha para oferecer, voltando à bonita sala do Centro Cultural Vila Flor (CCVF).
Fui para Abyss X, muita expectativa foi criada à volta da figura relevante no ecossistema feminista perante uma sala muito bem composta. A verdade é que pouco tivemos de presenciar para tal expectativa tivesse sido destruída devido a todo o seu ego que a artista demonstrou durante a atuação.
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Muita pompa de Abyss X | mais fotos clicar aqui Sem qualquer empatia criada com o público e constantemente mostrando o seu desagrado com a equipa ora do som, ora da luz, foi quebrando muitas vezes momentos de dança que poderiam estar a entranhar-se pelos nossos corpos, deixando a sala a menos de metade já na parte final da sua atuação.
O melhor veio com Aïsha Devi. Após reconquistar o público que se tinha perdido anteriormente, a artista soltou a pista de dança que começou a aquecer os ouvidos e corpos das centenas pessoas que ainda tinham uma noite toda pela frente.
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Aïsha Devi a dar-se a conhecer em Portugal | mais fotos clicar aqui Continuei o percurso musical até ao São Mamede para o incrível Evian Christ. O artista explodiu com qualquer expectativa que alguém tivesse criado. Claramente ganhou o prémio de melhor jogo de luzes, muita culpa pela instalação que levou para cima do palco formada por material translucido que se deixava atravessar por diversas luzes refletindo para toda a sala um tsunami de cor.
O Mucho Flow acabou assim de compor mais uma bela melodia de histórias, que fazem deste festival ímpar no panorama musical português, trazendo ate à Cidade-Berço gente não só de todo o país mas também um pouco por todo o mundo, carimbando cada vez mais a sua importância em criar tendências musicais ditando aquilo que ouviremos num futuro muito próximo.
Reportagem fotográfica completa - dia 1: Clicar Aqui Reportagem fotográfica completa - dia 2: Clicar Aqui Reportagem fotográfica completa - dia 3: Clicar Aqui
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O olhar sempre muito introspetivo e curioso do público | mais fotos clicar aqui
Texto: Luís Silva Fotografia: Jorge Nicolau
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Mucho Fuego na sétima edição do Mucho Flow
A Revolve, editora e promotora vimaranense, celebra uma década de existência e, como forma de comemoração, ocupou três espaços do berço da nação para a sétima edição do festival Mucho Flow.   Foram convidados 21 artistas, três dos quais em estreia nacional, houve um showcase de celebração dos dez anos da editora dinamarquesa Posh Isolation, uma intervenção da já conhecida ilustradora portuguesa Wasted Rita e ainda projeções 3D de Débora Silva. O belíssimo Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG) albergou o Palco Revolve e Dada Garbeck abre o festival na Blackbox, um espaço para concertos existente naquele edifício. O artista local lançou o seu projeto de estreia este ano pela Revolve, The Ever Coming, e acompanhado por duas baterias, uma trompa e quatro vozes, deu um concerto bastante acolhedor.   Seguiu-se o concerto de CTM, em pleno centro de exposições. Uma mulher, um teclado MIDI e um computador com um DAW foi o suficiente para abraçar toda a plateia. A dinamarquesa Cæcilie Trier, pertencente à Posh Isolation, trouxe o seu mais recente disco "Red Dragon". Violoncelista de formação clássica, criou um cenário sonoro único, jogando com sons de cordas acústicas, de órgãos e vozes.   De regresso à Blackbox, Hiro Kone encerrou o Palco Revolve. Num ambiente parco de luz, iniciou o seu concerto com uma aura ambient, com noise à mistura,  progredindo até ao seu techno industrial. O público reagia de diferentes maneiras aos impulsos, dados pelos seus sintetizadores modulares: havia quem estivesse deitado ou sentado, havia quem dançasse. Pseudónimo de Nicky Mao, já tinha passado na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, para mostrar o seu primeiro álbum de longa duração, Pure Expenditure, em outubro de 2018.  Croation Amor faz as honras do Palco Super Bock, localizado no antigo edifício dos CTT. Após a passagem nos Jardins Efémeros em 2017 e em março deste ano na ZDB, inserindo-se no showcase da PI, o pioneiro da editora apresentou o seu último trabalho, Isa, que, como é descrito no bandcamp do álbum, é uma obra de alien pop. As janelas do edifício estão decoradas com ilustrações de Wasted Rita, artista visual e ilustradora da under-dogs. Na sala ao lado, estão projetadas animações 3D de Débora Silva. A artista sediada em Londres expôs pela primeira vez em solo nacional. De volta aos concertos, chega a vez dos Heavy Lungs conhecerem o público português. A banda de Bristol criada em 2017, lançou este ano dois EPs, Straight to CD e Measure, e iniciaram o motim punk que fez encerrar o palco Super Bock. A energética performance fez abanar o edifício. Por fim, Iceage e o seu poético pós-punk levaram a plateia numa viagem melancólica, bem ao estilo Posh Isolation.
O palco Mucho, no São Mamede (CAE), trouxe a Guimarães grandes nomes da vanguarda eletrónica. No primeiro dia, a dupla fundadora da PI, composta por Christian Stadsgaard e Loke Rahbek (Croatia Amor) fez um live set de ambient e noise. Os escandinavos Damien Dubrovnik iniciaram uma intensa viagem com melodias de orgãos, sons de cordas, ruídos eletrónicos e berros catárticos de Loke. De seguida houve o noise experimental de Shapednoise, a quem sucedeu a espanhola JASSS com um set de dub techno e Tendency termina a noite seguindo numa mesma linha experimental. O segundo dia do festival começou com o solo de piano de Marco Franco. Seguiu-se Gabriel Ferrandini, também a solo mas na Blackbox, com o seu free jazz: bateria, percussão, pratos e gongos. Uma experiência deleitável onde quase todas as pessoas aproveitaram para se sentar ou deitar. Ainda na mesma sala, Holocausto Canibal, banda de metal portuense de maior reconhecimento, quer a nível nacional, quer internacional, trouxe grindcore e death metal ao festival.  O Palco Super Bock no segundo dia teve as atuações de duas bandas da Revolve: Chinaskee e Montanhas Azuis. A primeira tocou para um público reduzido, mas que a viu e ouviu com toda a atenção o seu indie rock. Marco Franco volta a subir aos palcos do festival, desta vez acompanhado por Norberto Lobo e Bruno Pernadas. A guitarra, o piano e os sintetizadores levam-nos para a Ilha de Plástico que todos nós temos no nosso imaginário e que encontramos com a orientação deste trio.   
Por coincidência ou não, no dia dos defuntos houve cerimónia dada por duas bruxas. Bbymutha surge com a sua Dj, Born in Flamez. O sotaque sulista-americano da rapper encheu a sala. "How ya doin', Portugal?". Demonstrou-se bastante entusiasmada por estar a tocar pela primeira vez no nosso país. Com uma saia xadrezada, camisa preta e óculos de sol tocou alguns dos maiores hits, como Sailor Goon, D.I.Y, Heavy Metal, Sick, Toxic, Black Impala (rap por cima de samples da The Less I Know The Better dos Tame Impala), Rules, entre outros êxitos. Fumou vários charros, ofereceu vodka ao público e recebeu também de uma mulher do público outra ganza. Despediu-se de uma forma muito comovente e o público aplaudiu o intenso concerto. 
 No São Mamede, o português Die Von Brau fez um bonito live set de ambient. Após este concerto, Amnesia Scanner rebentou com a plateia trazendo a pós-rave ao nosso pequeno retêngulo. Para quem conhece a dupla filandesa sediada em Berlim, já esperava um tumulto dos bons. Um espectáculo de strobes brancos e vermelhos, acompanhados de sintetizadores, vozes com auto-tune e outros filtros, muito semelhante ao que fizeram no Boiler Room em Berlim. Eram projetadas imagens de caras não identificavéis nos dois extremos do palco. Euforia e caos! Seguiu-se o set de deconstructed beats de Born in Flamez. Estes últimos dois nomes são bem conhecidos por darem uma nova estética à música de rave. E para terminar, um set de Tendency, pois devido a uma amigdalite, Dj Lynce não pôde atuar. 
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glitterssoul · 7 years
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A casa ardeu (em São Mamede CAE)
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505-not-found · 7 years
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Capitão Fausto (at São Mamede CAE)
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nunetts · 8 years
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Sábado passado. 🤘 (em São Mamede CAE)
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headlinerportugal · 11 months
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10 anos a festejar o futuro [Parte 1] - Mucho Flow 2023 | Reportagem Completa
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A dupla Lost Girls formada por Håvard Volden e Jenny Hval | mais fotos clicar aqui 10 anos são um número redondo que merecem ser festejados de uma maneira especial, uma celebração que deve ser vivida com todos aqueles que gostamos e que desejamos que continuem a festejar connosco década após década. Foi o que aconteceu em Guimarães nos passados dias 2, 3 e 4 de outubro com mais um regresso ao único Mucho Flow. O festival celebrou os 10 anos, mas quem recebeu a prenda de aniversário fomos nós, contemplados por mais um dia de festival, mais bandas e mais palcos. À primeira vista e olhando para os muitos dos nomes confirmados, talvez nenhum possa ter ficado na retina, mas é aí que entra a experiência toda de vida do festival vimaranense, que estão há 10 anos a festejar o futuro e a prever aquilo que vamos ouvir amanhã.
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A grande adesão de público tem sido constante durante os 10 anos de existência | mais fotos clicar aqui Mucho Flow, quinta-feira, ainda a ressacar do feriado do 1 de outubro, foi o plano perfeito para este serão após um dia difícil de chuva e frio. Parti do Porto por entre o diluvio que se fez sentir por toda a A3, em direção a Guimarães, debaixo daquele cenário sombrio e por vezes assustador. Assim que estacionei o carro, subi logo a avenida Dom Afonso Henriques calcando a calçada molhada e escorregadia em passo apressado. Cheguei ao Centro Cultural Vila Flor (CCVF), sala que recebeu as primeiras atuações desta edição.
Entrei com o rosto molhado, sem saber ao certo se da chuva ou do suor. Depararei-me com uma sala em completo silêncio a olhar para uma tela gigante, como se aquelas centenas de seres vivos estivessem hipnotizados. Perante eles estavam uma instalação co-congeminada por Jonathan Uliel Saldanha, o coletivo Lunar Ring e os investigadores Gonçalo Guiomar e Zach Mainen. O conjunto dá-se pelo nome Atavic Forest e cruza as novas tecnologias, materiais orgânicos e reatividade. Ao público, foi sugerido que permanecessem numa área delimitada pelo surrounding sound system para uma maior imersividade na experiência audiovisual. Por detrás destas irrepetíveis experiências visuais, está uma máquina de Inteligência Artificial que através de uma série de sensores de movimento e de resposta a estímulos adutivos, ia-se formando e deformando perante os nossos olhos. Uma viagem microscópica, no qual era audível as texturas que eram narradas pelas mais de 100 000 combinações possíveis, deixando-nos completamente vidrados e transportando-nos para um mundo psicadélico, quase como se tivéssemos sobre efeitos alucinogénios provocado por uma pastilha qualquer.
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A instalação Atavic Forest | mais fotos clicar aqui Depois de quase uma hora em estado hipnose, acordei para a pop intimista de pablopablo. O artista espanhol que é um dos mais recentes fenómenos da música do país vizinho, veio até ao foyer do Grande Auditório do CCVF, um novo espaço no festival que convidou as pessoas a sentarem-se ora nos sofás, ora no chão ou até mesmo a ficarem de pé, criando um ambiente bem caseiro. Filho do conhecido Jorge Draxler e vencedor de já 2 Grammys Latinos com contribuições na bem conhecida “Tocarte” de C. Tangana, trouxe a Guimarães o seu mais recente e auto-intitulado disco de estreia, ‘pablopablo’. Entrou pelas costas do público soltando os primeiros aplausos, embora ainda bastante tímidos. Encaminhando-se diretamente para o seu teclado largando as primeiras notas de “Fuego”, o seu single no qual se apresentou aos conhecidos COLORS SHOW. Alternando entre a guitarra elétrica e as teclas, a voz poderosa de Pablo foi conquistando o público que aos poucos foram se libertando mais, mostrando cada vez mais afeto ao músico espanhol.
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O ambiente no concerto de pablopablo | mais fotos clicar aqui “Azul Zafiro”, “Otra Vida” foram dois dos muitos bonitos momentos que o concerto de pablopablo teve, mostrando toda a sua versatilidade musical, com momentos pop mais doces e acústicos transitando gradualmente (outras vez nem tanto) para acordes mais eletrónicos entre distorções e autotune, deixando os que conhecem menos o trabalho do jovem artista, surpreendidos pela amplitude musical que percorre. Podemos ver como algo positivo, porque de facto Pablo Draxler é bom em todos os registos, mas é verdade que também parece que o espanhol ainda se está a encontrar com a sua entidade musical. Após uma hora de concerto, e com um português muito bem falado, vou poder dizer no futuro: “Vi a 1ª vez pablopablo no Mucho Flow” – o futuro é muito sorridente para o rapaz prodígio nascido em Madrid. Terminou assim um dia que serviu de arranque de uma edição histórica. Seria difícil começar melhor na verdade, atuações intimistas perfeitas para uma quinta-feira chuvosa e fria, guardando assim energias para os dois dias intensos que ainda iria viver.
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O prodígio espanhol pablopablo | mais fotos clicar aqui Na sexta-feira o dia começava bem cedo, com Canadian Rifles a abrir o palco Blackbox do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), substituição de última hora que vieram tomar o lugar de Bengal Chemicals. A verdade é que para quem faz as típicas 8 horas diárias de trabalho, como é o meu caso, torna-se difícil acompanhar toda esta oferta.
Um dos nomes que mais esperava para ver, tendo sido um dos nomes que mais despendi a ouvi-lo, foi Daniel Blumberg. O ex. Yuck, banda que liderou nos seus anos mais jovens, tocou num novo palco nunca antes usado no Mucho Flow, o auditório do bonito Teatro Jordão.
Cheguei passavam já poucos minutos do início. Subi as escadas em direção à ausência de luz, chegando aos balcões do teatro no piso superior dando para ter uma visão bem macro de toda a envolvência que a atuação de Daniel estava a causar na sala praticamente lotada. Todo aquele vazio era apenas interrompido por um único foco de luz que passava rente à cabeça de Daniel, completamente descentrado do músico, criando um certo desconforto ocular para quem assistia.
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Daniel Blumberg num ambiente intrigante | mais fotos clicar aqui O foco de luz poderia ser uma analogia para todo o concerto do compositor inglês. Praticamente desprovido de instrumentos, todas aquelas horas de música ouvidas em casa, foram em vão. ‘GUT’, o disco no qual trouxe muito para cima de palco, foi completamente desconstruído trazendo uma componente muito experimental e por vezes quase de improvisação. As melodias harmónicas do piano, elemento central do seu trabalho, foi inexistente dando lugar ao noise sendo por vezes muito difícil de identificar qualquer melodia. Uma performance é o que talvez poderíamos dizer da passagem de Daniel Blumberg, deitando por terra qualquer peça musical com doces harmonias, salvando-se apenas o poderio vocal de que é provido. 
O festival vimaranense convida todos os festivaleiros não só a descobrir os futuros fenómenos da cena musical, mas também a descobrir a própria cidade, com um roteiro que se entranha por diversos pontos da cidade berço. Após termos deixado o auditório do Teatro Jordão deixei-me perder pelas ruelas estreitas e escuras, passando por candeeiros a meio gás, pisando o piso de pedra molhado, dobrando e desdobrando esquinas até encontrarmos no canto, o bem conhecido Tio Júlio. Fiz uma paragem na icónica tasca vimaranense para recuperar forças para o resto da noite, com a simpatia tasqueira do costume.
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Miguel Pedro nas garagens do Teatro Jordão | mais fotos clicar aqui Pelo caminho ficou Miguel Pedro, um dos fundadores de Mão Morta que trouxe até às garagens do Teatro Jordão o instrumentalismo cruzado com sons que a Mãe-Natureza nos traz, um pouco o espelho daquilo que era sentido e ouvido por todo o Norte: chuva e muito vento. 
Fiz o tal caminho, agora de volta às garagens do Teatro Jordão, a tempo de ver Evita Manji. A dream-pop imatura da artista grega entrou devagar, ainda com a sala a começar a compor-se, mas rapidamente começou a entrar noutro registo digno das melhores raves. Classificar como dream-pop à música da artista é na verdade bastante redutor, porque na verdade pende mais para os lados do clubbing, trap, do que para os lados do shoegaze no qual estamos mais habituados a associar esta nominação.
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Uma das estreias sonantes: Evita Manji | mais fotos clicar aqui A imaturidade que falei não o escrevo de uma forma pejorativa, mas de facto ao pisar o palco foi sentido uma certa distância não só perante o público, mas também com a própria música, muito apática em contraste com os BPMs bem acelerados. De facto, a produção debitada pelo soundsystem era brutal e dificilmente deixou alguém de pé assente na terra, mostrando a qualidade acima da média da grega, havendo mesmo quem diga que a artista está a reinventar a tendência pop. Agora é só esperar que o futuro o diga.
Do caos ameno de Evita Manji passei para o duo norueguês, Lost Girls.  O duo que junta Jenny Hval e Håvard Volden, vestidas a rigor com dois fatos com uns tamanhos bem acima, repartiram uma mesa onde se sentaram quase como estivessem a dar uma palestra.
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A dupla Lost Girls na sua estreia em Guimarães | mais fotos clicar aqui A spokenword de Jenny com a sua voz angelical, mesmo que fosse em norueguês, persenti que nos queria transmitir algo. ‘Selvutsletter’ foi o disco em destaque, com a guitarra de Volden em músicas como “With the Other Hand” ou “Ruins”, não esquecendo as introspetivas “World on Fire” ou “June 1996”, como bons exemplos de uma pop doce, dançável, nórdica ou mesmo enigmática, características bem vincadas daquele povo que foi audível durante a quase 1h de concerto.
Se os dois momentos que presenciamos na garagem interpretadas pela Evita Manji e pelas Lost Girls foi de calmaria, o mesmo não se pode dizer após ter subido a avenida em direção até ao backstage do auditório grande do CCVF ~ um turbilhão de luz e som correu na nossa direção sem pedir qualquer licença.
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A atuação dos Heith no são Mamede | mais fotos clicar aqui Heith foi o primeiro a pisar o palco, mas foi com Amnesia Scanner que a coisa ficou séria. Por entre luzes intermitentes e o strobe no máximo, a dupla finlandesa entrou já a conhecer os cantos à casa, após ter passado pelo Mucho Flow no ano de 2019. Com mensagens em ritmo acelerado a passar por entre as luzes, acompanhavam o ritmo acelerado, não havendo uma vivalma naquele espaço que não estivesse a dançar. Diabólicos, intensos e caóticos foi assim a passagem arrasadora desta dupla, trazendo para Guimarães o seu ‘STROBE.RIP’ editado este ano.
Foram sensivelmente duas horas a fervilhar no CCVF, aquecendo para o clubbing que teria muitas mais horas pela frente. Percorremos quase metade da cidade para chegar até ao último espaço do dia, o São Mamede CAE. Já sem bem noção das horas que iam rodando no nosso relógio, dançamos ao som do dubstep, do techno proveniente do UK ou mesmo do idm de LCY, sem esquecer de OK Williams, um dos novos nomes em ascensão da nova geração de Djs oriundos do Reino Unido, residente da conhecida NTS. Para fechar a noite, já perdido na pista de dança, dançei até horas tardias ao som da conhecida por nós, King Kami, terminado assim o 2º, longo, intenso e chuvoso dia de Mucho Flow.
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O olhar sempre muito introspetivo e curioso do público | mais fotos clicar aqui
Texto: Luís Silva Fotografia: Jorge Nicolau
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headlinerportugal · 5 months
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We Love You Patrick Watson: a resenha do concerto no Hard Club | Reportagem Completa
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Patrick Watson ao piano | mais fotos clicar aqui Sou fã assumido de Patrick Watson. Já desde os longínquos tempos entre 2006 e 2009, época em que foram editados ‘Close to Paradise’ em 2006 e ‘Wooden Arms’ em 2009. Paredes de Coura em 2012 marcou a minha história de concertos ao vivo com o artista canadiano. Recordo um ambiente fervilhante num palco secundário do festival a abarrotar. Guimarães em 2018, foi a vez seguinte, num concerto ocorrido no CAE São Mamede e no qual o headLiner esteve presente, a reportagem pode ser lida aqui. Esta atuação marcou a minha memória de forma indelével, tal como esta performance ocorrida na passada segunda-feira no Hard Club do Porto na qual tive a fortuna de marcar presença.
Sei sim, deixei passar demasiado tempo entre todas as atuações, o Patrick Watson vem amiúde a Portugal e já soma duas dezenas de concertos no nosso país. É já um músico de culto, bastante apreciado pelos portugueses, com uma base de fãs imensamente devotos.
15/04/2024, segunda-feira presenteada com um clima fantástico permitindo a um passeio pela belíssima Cidade Invicta, cada vez mais cosmopolita e metrópole mundial, na antecâmara dessa atuação esgotadíssima do músico nascido em Montreal no Canadá. Ao contrário das duas datas lisboetas nos dias prévios, a norte o concerto esgotou quase num ápice.
Com sala esgotada e já totalmente preenchida, já era sentida no ar, em modo brando, uma determinada impaciência. Com a entrada da artista da primeira parte tais ânimos serenaram bastante.
Este “aquecimento” ficou a cargo de Ella Hohnen-Ford, em termos artísticos adota apenas a nomenclatura Hohnen Ford,e aproveitou a oportunidade para mostrar-se ao público português. Fez a sua visita inaugural a território nacional. A britânica deu entrada às 21:14h e seguiu diretamente para o piano. Durante os 20 minutos em que atuou empreendeu uma viagem pelo seu, ainda curto, repertório.
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Hohnen Ford em estreia absoluta no Porto | mais fotos clicar aqui Logo de entrada mostrou-nos a canção “Infinity” do seu EP de 2023, o público portuense assistiu ao batismo ao vivo do mais recente single “Honest Mistake" numa estreia mundial e pelo meio proporcionou-nos uma cover bem simpática de “No Surprises” dos Radiohead. A atuação foi bastante agradável, claro enfoque para a sua voz dócil desta cantora apaixonada pelo já referido instrumento de teclas. Se Watson apadrinha então é motivo mais do que suficiente para ficarmos com o seu nome no nosso radar musical.
Às 21:50h verifica-se o inicial momento, entre muitos, de êxtase. Entrada em cenário de Patrick Watson. Fez-se acompanhar por Mishka Stein (baixo e guitarra clássica), musico habitual colaborador na banda do canadiano. Outros três músicos fizeram companhia: Olivier Fairfield na bateria, Ourielle Auvé no violoncelo e uma artista feminina nas teclas. Certamente terão sido todos escolhidos à medida. Pela sua competência e pelo perfeito e visível entendimento com o “maestro” fazem um emparelhamento como uma luva.
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Mishka Stein, um dos fiéis "escudeiros" de Patrick Watson | mais fotos clicar aqui Com "Lost With You" começamos a vaguear num planetário musical sui generis, pode-se dizer que entramos no universo de Watson ao qual aderimos durante 2 deliciosas e mágicas horas. Fez-se silêncio completo até às palmas no final da música.
Focos de luz, colocados estrategicamente na parte frontal do palco, iam sendo acesos em determinados momentos. Revelou-se uma coreografia simples e de eficácia máxima, executada de forma muito prática. Resultou bem no impacto extra pretendido.
“We Love You” foi gritado por elementos do público no intermédio de canções, na fase inicial, tendo o artista devolvido a gentiliza por entre um semblante meio tímido. É este o nível de comprometimento dos fãs lusitanos, tal como referido neste anteriormente neste texto.
Na sequência "Dream for Dreaming" e “Wave” saiu do piano e deambulou, com azáfama, entre o seu instrumento predileto desta noite e o microfone colocado dois passos em frente situado na parte central do cenário. Neste quarto tema escutamos "Wooden Arms" e a performance seguia em ritmo ascendente de emotividade.
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Perspetivas de Patrick Watson | mais fotos clicar aqui Patrick Watson exteriorizou a sua boa disposição e comunicou num inglês, às vezes, debitado demasiado rápido. Apesar de ele ter essa noção, ainda perguntou ao público nortenho se o entendiam bem porém ninguém se queixou, isto tudo entre risos. As próprias risadas de Patrick Watson, bem particulares, animavam e divertiam toda a gente.
Antes da interpretação muito bonita de “Ode to Vivian" ouvimos a explicação para a existência do tema. Seguiu-se “To Build a Home” dos The Cinematic Orchestra editado em 2007, no qual Watson contribuiu generosamente com sua voz. Este é já um tema épico e embora não faça parte oficial da sua discografia, não costuma faltar ao vivo, pelo seu profundo impacto emocional.
Revistos os problemas com os seus in ear, segundo confessou o músico, há sempre algo que não corre bem nos seus concertos, chegamos a “Melody Noir". Numa interpretação junto do microfone e com Mishka Stein na viola, ao lado de Patrick Watson, fomos brindados com mais um momento fantástico e arrepiante.
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Mais perspetivas de Patrick Watson | mais fotos clicar aqui "Love Songs for Robots" e 'Places You Will Go" emergiram antes de outro momento áureo: o da presença de Gisela João. Tal como nos concertos lisboetas, a barcelense apresentou-se também a norte para dar uma ajudinha para “A Mermaid in Lisbon”. Brilhante e singela interpretação pela nortenha, não ficando em nada atrás da performance original na voz de Teresa Salgueiro. A cumplicidade entre Watson e Gisela foi gira de visualizar. Durante a pandemia sentiu a falta de Portugal mais do que outro país, confessou Patrick Watson antes do dueto.
Por esta altura no Hard Club registava uma temperatura bastante elevada, os corpos já suavam, efeito de uma sala bem quente. Fazia falta uma climatização proporcional à casa cheia registada. O público fez por não importar-se demasiado dada a elevada intensidade emocional com que decorria o concerto.
Em “Drifters” e "Je te laisserai des mots" as letras foram sendo sussurradas com extrema vontade e quando chegamos a "Big Bird in a Small Cage" o comunicativo e simpático Watson desvendou a história por detrás de mais este emblemático tema. Provavelmente o público portuense não terá sido melhor do que Lisboa no concurso dos assobios… Tal não afetou a brilhante ponta final de concerto com um encore fantástico.
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O inevitável sorriso de Patrick Watson | mais fotos clicar aqui No regresso a palco Hohnen Ford entrou com Mishka e Patrick e os três conjuraram uma belíssima interpretação de "Slip Into Your Skin”. Com "Lighthouse" o preço do bilhete estava mais do que pago só que ainda havia um trunfo extra para ser jogado…
Mishka equipado com um sistema de luzes às costas e a sua viola nos seus braços seguiu com Patrick e ambos passearam pelo meio do público para catarse coletiva. Saíram pela entrada principal do recinto após uma emocionante interpretação de “Sit Down Beside Me”. As pessoas ficaram meio sem saberem como proceder. Eram já 23:50h e a saciedade pelo universo de Watson parecia ainda por satisfazer… Para esta noite as altas expetativas foram cumpridas numa viagem musical, emocionante e emocional que teve “paragens” em quase todos os álbuns de Patrick Watson. A exceção foi ‘Just Another Ordinary Day’, editado em 2003.
Brilhante performance de Watson e seus pares, mais uma vez, saí desarmado de um concerto seu. Deu tudo em palco, o seu génio e a sua personalidade sui generis completam o ramalhete de um artista fabuloso.
Queremos mais, muito mais Sr. Watson!
Reportagem fotográfica completa: Clicar Aqui
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A concentração total de Patrick Watson | mais fotos clicar aqui Texto: Edgar Silva Fotografia: Nuno Coelho
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headlinerportugal · 7 months
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Quem resiste em riste diz Oub’Lá e persiste | Reportagem Completa
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800 Gondomar ao vivo no CAAA | mais fotos clicar aqui
O Oub'Lá é um simpático e acolhedor bar em pleno centro histórico de Guimarães no qual têm acontecido concertos e DJ Sets desde 2018. Foi nesse ano que iniciei uma relação de proximidade com o Oub'Lá e a ser visita frequente do bar, não somente em alturas de eventos.
Em 2019 aconteceu a primeira festa de aniversário com as bandas Cosmic Mass, Indignu e os britânicos Italia 90 cujo espaço ocupado foi o São Mamede CAE  (reportagem aqui).
Nesse mesmo ano, num espaço menor: o CAAA, realizaram outro evento no qual receberam os Solar Corona e os japoneses Minami Deutsch (reportagem aqui).
Estes são dois bons exemplos de eventos de sucesso na diferenciação da oferta na cidade de Guimarães, algo que em 2024 continua a ser ainda uma emergência cultural.
Vi também no próprio bar concertos de bandas bem interessantes. Por exemplo, os dinamarqueses Mythic Sunship (reportagem aqui), os espanhóis FAVX (reportagem aqui) ou os portugueses Jesus The Snake (reportagem aqui). Por diversos motivos, já não acontecem concertos no bar.
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Público atento aos 800 Gondomar | mais fotos clicar aqui Chegamos à conclusão de que as propostas do Oub'Lá são aliciantes e bem animadas, especialmente quando são festas do seu aniversário. A pandemia não deixou celebrar em 2020 e 2021 e quebrou um pouco a onda em crescendo, é certo.
Em 2022 sob o lema “Oub’Lá Di, Oub’Lá Dá ou um aniversário que vale por três” proporcionaram concertos dos portuenses Fugly e dos britânicos Snapped Ankles no Salão do GD Unidos do Cano naquela que foi uma aposta bastante arrojada. Arrojada a todos os níveis, mesmo no ponto financeiro, ao ponto de não ter tido o retorno esperado (reportagem fotográfica aqui).
Já em 2023, outro ritmo já nas veias sem resquícios da pandemia, a festa dividiu-se: fim de tarde no Ramada com concerto dos Grand Sun e noite no São Mamede. Nesta mítica sala vimaranense atuaram Marante e os Fogo Fogo, (reportagem completa aqui).
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Público atento aos 800 Gondomar | mais fotos clicar aqui Efetivamente foi o regresso aos bons momentos e a uma felicidade reencontrada por entre amigos e gente que é frequentadora assídua do bar. Nota-se perfeitamente que é mais do que apenas um estabelecimento, é também um local de (re) encontro de amigos e onde se vive um espírito familiar.
Mais uma vez, no passado sábado dia 17 de fevereiro de 2024, tal convivência amistosa foi o ponto alto da jornada de aniversário do Oub’Lá dividida entre a tarde no bar situado no centro histórico de Guimarães e o CAAA onde se desenrolou a parte principal da programação.
Nesta edição, já vou perdendo a conta às festas de aniversário, as circunstâncias mudaram: a celebração foi antecipada para fevereiro para não colidir com outros eventos, normalmente aconteceria em meados de março. Aconteceu num modo mais reduzido, teve apenas a atuação de uma banda: concerto protagonizado pelos 800 Gondomar. A restante noite foi preenchida por dois DJ sets: por Axel Moon e Botafogo.
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Alô Farooq dos 800 Gondomar | mais fotos clicar aqui A comunicação do Oub’Lá durante o sábado anunciou o início do evento nocturno para as 23 horas, certo é que só arrancou depois das 23:30 horas, quando a “família” estava toda presente. Com convívio dentro ou fora de portas, por entre um copo e outro, o tempo foi passando normalmente sem qualquer ponta de stress.
Rui Fonseca (bateria e voz), Alô Farooq (guitarra e voz) e Frederico Ferreira (baixo e voz) são o trio de Rio Tinto conhecido como 800 Gondomar. Banda de culto da cena alternativa nacional, regressaram ao ativo em 2023 após 5 anos de hiato. Foram 3 datas em 2023 e trouxeram consigo novos temas em estreia total para esta performance no CAAA.
Após uma longa e lenta introdução por entre míseros acordes, o trio lá compareceu na sua plenitude em palco. “Boa noite. O Vitória ganhou carago. Boa noite!" uma pura provocação, depois de um empate do clube da cidade para a principal competição futebolística portuguesa. Foi o pontapé inicial das (boas) hostilidades.
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Rui Fonseca dos 800 Gondomar | mais fotos clicar aqui Maioritariamente a três vozes, com o baterista Rui Fonseca a liderar os processos vocais, o punk rock libertino e pujante dos 800 Gondomar prosseguiu marcha a toda a velocidade.
‘S​ã​o Gun​ã​o’, o segundo LP da carreira cuja edição terá lugar no próximo dia 4 de março, foi foco de atenção privilegiado tendo a banda estreado alguns dos novos temas. Escolheram, por exemplo, tocar “uma canção de amor”, um slow rockeiro bem giro e ir igualmente a assuntos mais sérios como um tema sobre “uma overdose da estação de São Bento”. Este último lançado recentemente e tem o título de “Mataram o Fábio”. Outro dos singles recentes “Ax Gti” teve também o seu momento de apresentação, na parte inicial da atuação
Alô Farooq, foi elemento mais expansivo da banda, por diversas vezes desceu do palco para arrebitar o ambiente e puxar pelos corpos dançantes dos fãs mais espevitados. Já Rui Fonseca ia debitando alguns comentários mais pertinentes, aparentemente a feijoada do Oub’Lá não causou demasiada mossa.
Por entre o acelerado ritmo das batidas e guitarradas houve um breve medley de homenagem a “Solo Se Vive una Vez” das Azúcar Moreno.
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Frederico Ferreira dos 800 Gondomar | mais fotos clicar aqui ‘Linhas de Baixo’, irreversível álbum da história recente do punk nacional datado de 2017, foi devidamente repescado com temas como “Coração”, teve direito a uma interpretação bem resistente.
O público esteve mais animado na parte frontal do palco, mais para trás o pessoal estava mais morno. Eventualmente mais quente, por estar mais perto do bar…
O pedido de encore surgiu por entre gritos de “Gondomar, Gondomar, Gondomar” a que a banda cedeu um encore: resposta "metralhada" de 2 minutos. A atuação soube a pouco, ficou-se com um sentimento misto.
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800 Gondomar ao vivo no CAAA | mais fotos clicar aqui Seguiram-se os DJ sets rumo pela madrugada adentro, primeiro atuou Alex Moon. O francês esteve de regresso a Guimarães depois da atuação no ano passado com a sua banda Ko Shin Moon.
Sons com claras influências arábicas foi o forte das suas escolhas musicais com musicalidade vindas de diversas zonas do globo. Houve ainda tempo para incursão em batidas com vibe parisiense de inspiração planetária.
Para fecho de festão foi tempo para a sessão de DJ set pela dupla da casa conhecida como Botafogo.
A noite foi um sucesso na qual o Oub’Lá teve as merecidas reverências. Para finalizar resta dar os parabéns ao Oub’Lá e ao seu staff. Parabéns pelo vosso sexto aniversário! Será que alguém ainda está a contar? Agradecimentos ao Oub'Lá, em particular ao Diogo Coelho e ao Jorge Lopes pela ajuda e atenção para com o headLiner. Uma palavra final de encorajamento a ambos: pela persistência e resistência em prol da cultura musical na cidade de Guimarães.
Reportagem fotográfica completa: Clicar Aqui
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800 Gondomar ao vivo no CAAA | mais fotos clicar aqui Texto: Edgar Silva Fotografia: Jorge Nicolau
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headlinerportugal · 1 year
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Festa D'Anos do Oub'Lá: alegria no coração e danos nos pés | Reportagem
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O Oub'Lá é um simpático e acolhedor bar em pleno centro histórico de Guimarães no qual têm acontecido concertos e DJ Sets desde 2018. Foi nesse ano que iniciei uma relação de proximidade com o Oub'Lá e a ser visita frequente do bar, não somente em alturas de eventos.
Em 2019 aconteceu a primeira festa de aniversário com as bandas Cosmic Mass, Indignu e os britânicos Italia 90. A reportagem dessa noite pode ser lida aqui. No mesmo ano realizaram outro evento no qual receberam os Solar Corona e os japoneses Minami Deutsch. A reportagem deste evento pode ser lida aqui. Estes eventos aconteceram no São Mamede CAE e CAAA, respetivamente. Locais na cidade com capacidade para receber um número bem maior do que aquele que o bar permite. Esses são dois bons exemplos de eventos de sucesso na diferenciação da oferta cultural da cidade de Guimarães.
Vi também no próprio bar concertos de bandas bem interessantes com foram os casos dos dinamarqueses Mythic Sunship (reportagem aqui), dos espanhóis FAVX (reportagem aqui) ou dos portugueses Jesus The Snake (reportagem aqui).
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O Oub'Lá na noite do aniversário // © Mariana Silva - @marianasilvax Tudo isto para chegar à conclusão de que que as propostas do Oub'Lá são aliciantes e bem animadas. Especialmente quando são as suas festas do seu aniversário. A pandemia não deixou celebrar em 2020 e 2021 e quebrou um pouco a onda em crescendo, é certo. Este quinto aniversário, neste último passado sábado dia 13 de maio, veio demonstrar um pequeno milagre. Efetivamente foi o regresso aos bons momentos e a uma felicidade reencontrada por entre amigos e gente que é frequentadora assídua do bar. Nota-se perfeitamente que é mais do apenas um estabelecimento, é também um local de (re) encontro de amigos e onde se vive um espírito familiar.
Vou agora focar-me na vivência das celebrações do 5º aniversário do Oub'Lá. Antes da noite/madrugada no São Mamede CAE houve abertura da programação no final da tarde com um concerto dos lisboetas Grand Sun no Ramada 1930. Este espaço é do tipo Friends, Food & Drinks e recebe eventos musicais com alguma frequência. Dado que possui uma ampla esplanada, parte dela coberta permite a realização de eventos diversos.
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Grand Sun no Ramada durante a tarde // © Mariana Silva - @marianasilvax António Reis (voz e teclas), João Simões (voz e guitarra), João Ribeiro (baixo) e Miguel Gomes (bateria) formam os Grand Sun e chegaram a Guimarães ainda com memórias bem frescas de uma recente passagem que o quarteto fez por Nova Iorque. Naquela cidade norte-americana tocaram no The New Colossus Festival, por duas vezes em dias distintos.
O início da sua atuação foi bastante retardada. Inicialmente prevista para as 19:30h só aconteceu uns minutos depois das 20h. Tal fez com que algumas pessoas abandonassem o Ramada 1930 ainda antes do começo. Outras foram saindo durante a atuação. O “prato forte” era a programação da noite pelo que essas pessoas optaram por sair para ter um repasto com tranquilidade num local mais da sua preferência.
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António e João dos Grand Sun em destaque  // © Mariana Silva - @marianasilvax Efetivamente, perante essa situação menos simpática, a adesão acabou por ficar aquém da minha expetativa. Para quem tinha bilhete do evento tinha acesso livre, quem queria só assistir aos Grand Sun havia a opção de ingresso a 2€.
O palco estava encostado num canto junto à parede, numa zona coberta da esplanada. Pela primeira vez vi um concerto naquele espaço com aquela configuração, inicialmente pareceu-me uma situação algo esquisita.
A banda pediu para o pessoal presente se juntar a eles, existia um espaço em frente ao palco para quem quisesse assistir em pé. As pessoas optaram por ficar nos seus lugares, a beberem o seu drink de final de tarde ou a jantarem, devidamente sentados. Mesas bem compostas diga-se.
Já mais acostumado às condições, foi tempo para escutar o som dos Grand Sun. Eles começaram com “Ground Floor” e na setlist constaram também, por exemplo “Flowers” e Once Again”. Aproveitaram sobretudo para tocar algumas das “malhas” mais porreiras de ‘Sal Y Amore’, o álbum de estreia, falo de "Veera", "Feeling Tired", "Palo Santo" e "Circles" (a última interpretada).
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Grand Sun no Ramada durante a tarde  // © Mariana Silva - @marianasilvax “Conceptualize” é o single mais recente, lançado em março deste ano, foi tocado e na sua apresentação foi dedicado às mães. O tema antecipa a edição do novo trabalho discográfico, previsto para que aconteça ainda em 2023. Foi um concerto agradável com cerca de 50 minutos. O estilo descontraído da banda e o som com melodias contagiantes merecia um ambiente mais vibrante, com mais gente a assistir.
A noite no São Mamede começou a animar por volta da meia-noite, a 15 minutos do início previsto para a programação principal. Com portas abertas a sala foi, lentamente, ganhando vida. Tal fez atrasar o começo da parte noturna. Marante só entrou às 0:36h e o público imediatamente juntou-se em frente ao palco.
Aos 74 anos, o artista reapareceu nos últimos meses no contexto nacional com um enorme hype junto das gerações mais novas. Gerações que não renegam a música ligeira portuguesa e que até procuram descobrir discografias menos recentes. É algo até bastante surpreendente e igualmente curioso. Marante tem deliciado, em diversos eventos, audiências bem jovens e a noite da Festa D'Anos do Oub'Lá não foi exceção conforme presenciei. Quase do tipo “fenómeno do Entroncamento”…
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A atuação de Marante foi bem animada  // © Mariana Silva - @marianasilvax A carreira de Marante está, invariavelmente, ligada aos Diapasão. Esta banda foi um enorme sucesso nas décadas de 80 e 90. A sua atuação dividiu-se entre temas da sua discografia a solo e com a banda.
Atuou a solo, sem banda, fez o uso do seu inconfundível timbre e a plateia do São Mamede virou salão de baile e assim foi durante a hora de duração da performance. O ambiente de festa ficou garantido depois da interpretação de "Final de Semana" na parte inicial. Pouco depois com “A Bela Portuguesa", o super êxito que ganhou vida ao serviço dos Diapasão, contagiou toda a gente presente. Foi o momento áureo da noite e que foi repetido antes de abandonar o palco de vez.
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Marante a fazer a delicias do público  // © Mariana Silva - @marianasilvax Entre canções que lançou a solo ou que fazem parte dos Diapasão como por exemplo: “Será Que Pensa Em Mim”, “Madalena, Meu Amor” ou “Garçon” a noite estava ganha e as hostes animadas. Com alegria no coração e danos nos pés (cansados de tanto dançar e rodopiar) as pessoas sentiam-se felizes e soltas.
A noite prosseguiu com os Fogo Fogo já depois das 2h da madrugada. Francisco Rebelo (baixo), João Gomes (teclas), Edu Mundo (bateria), Danilo Lopes (voz/guitarra)e David Pessoa (voz/guitarra) regressaram a Guimarães depois da participação no festival L’Agosto em 2018. O sabor e o ritmo do afro e do funaná desta vez passou em sala fechada e pelo São Mamede.
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Palco bem colorido durante a atuação dos Fogo Fogo  // © Mariana Silva - @marianasilvax A plateia esteve, tal como em Marante, bem preenchida. A espaços ia estando um pouco menos de gente devido a pausas para fumar ou para relaxar um pouco em locais mais recatados.
A animação foi contínua com o funaná dos Fogo Fogo em ritmo bem acelerado. Desta vez na bagagem veio repertório mais recheado nomeadamente devido ao álbum mais recente ‘Fladu Fla’ editado em 2021. Deste álbum foram interpretados temas como “Ronca Baxon”, “Ca Ta Da”, Ka Bu Frontan” ou “Fladu Fla”. A performance seguia forte e em crescendo, teve um pico de emoção na interpretação de “É Si Propi” no qual o público foi convidado a subir ao palco. O público correspondeu em pleno e foi mesmo um dos momentos mais incríveis da noite.
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Público em palco durante a atuação dos Fogo Fogo  // © Mariana Silva - @marianasilvax No regresso para final de festa no encore tocaram “Sentimento”. David Pessoa não se fez rogado e veio para a plateia puxar pelo pessoal. Foi um fecho de atuação bonito após uma performance bem conseguida.
A noite terminou com DJ set por Bruna Campos conhecida artisticamente por Bruma.
A noite foi um sucesso na qual o Oub’Lá teve as merecidas reverências. Para finalizar resta dar os parabéns ao Oub’Lá e ao seu staff pela audácia e pela insistente persistência em querer e fazer programação cultural diferenciada. Parabéns pelo vosso 5º aniversário! Agradecimentos finais ao Oub'Lá, em particular ao Diogo Coelho, e à Mariana Silva pela cedência das fotos. Mais detalhes sobre esta noite podem ser visualizados nas redes sociais do Oub'Lá em @oubla_bar.
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Público durante a atuação de Marante  // © Mariana Silva - @marianasilvax Texto: Edgar Silva Fotografia: © Mariana Silva - @marianasilvax // Fotos oficiais Oub'Lá
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headlinerportugal · 6 years
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Fui convidado a entrar na sala de estar de Patrick Watson | Reportagem
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Em 2012 marcou a minha estreia num festival de música, mais precisamente no Festival Paredes de Coura. Porque vos conto isto? Porque foi a partir do dia 15 de agosto desse ano que soube que tinha perdido um grande concerto de Patrick Watson no Palco Vodafone FM, que mesmo já sem microfone tinha voltado ao palco para um encore inesperado apenas com a sua voz e piano, na altura então um desconhecido para mim.
Desde então tenho tentado apanhar o artista canadiano, mas sem sucesso. Isto até ao passado dia 4 de dezembro na cidade de Guimarães, no CAE São Mamede, mesma sala que o artista já tinha pisado em 2011.
Para abrir as hostilidades da noite esteve La Force, artista vinda da mesma terra de Patrick Watson e mais conhecida por fazer parte da banda Broken Social Scene, subiu ao palco despida de qualquer instrumento e apresentado apenas 5 músicas, nas quais posteriormente se fez acompanhar da sua guitarra.
Começou por elogiar bastante as ruas “lindas e antigas” de Guimarães, algo que não costuma ver do outro lado do Atlântico. Vinda do Canadá, a artista não deixou de cantar na língua francesa com a sua doce e potente voz com que vez encantar a sala praticamente esgotada. Num registo irreconhecível a artista cantou ainda “Purple Rain” de Prince ao lado de Joe Grass, guitarrista de Patrick Watson que tinha substituído o seu anterior Simon Angell.
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Num intervalo um pouco mais longo do que se esperava, fazendo apenas com que a minha ansiedade crescesse cada vez mais e com a sala vimaranense (praticamente toda ela revestida de madeira dando um ar bem acolhedor) a ficar cada vez mais preenchida, eis que começa a entrar o artista mais esperado da noite, a sua banda, e ainda Ariel Engle aka La Force, que durante mais de uma hora e meia de concerto foi dando os backing vocals tornando tudo aquilo em algo ainda mais mágico.
Com o palco bem apetrechado e as já habituais lâmpadas de filamento a delimitar o espaço de atividade dos artistas, ‘Love Songs For Robots’ deu o início de um concerto na “sala de estar” de Patrick Watson.
Poderia estar a falar de um concerto, que mesmo sob uma voz única, tinha vindo apenas para tocar e partir para outros palcos quase sem dar pela nossa presença, mas não. A interação com o público foi uma constante, parecendo que todos nós eramos amigos que se encontraram a uma terça-feira à noite. Estava a um palmo de distância de todo aquele acontecimento mágico.
“Wave” foi uma das novas músicas apresentadas, e ao som dos seus primeiros acordes as luzes azuis começaram a deambular pela sala adentro fazendo com que me sentisse por de baixo de um longo manto de água azul… foi fechar os olhos e deixar-me levar pela maré.
A intimidade deste concerto deixou-me de coração cheio, e na música que se seguiu, “Melody Noir”, uma das mais recentes, a banda juntou-se bem à frente num modo mais aconchegante e acústico, em que Patrick e Ariel, bem baixinho, mas bem audível, soltavam o seu francês delicado. Esta, aliás, não foi a única. “Slip Into Your Skin” fez-me arrepiar, literalmente, com a sua versão nua e crua acabando com um coro em uníssono vindo da plateia capitaneada pelo próprio Patrick Watson.  
À mesma imagem se encontraram músicas como “Drifters”, “Hearts” e “Grace”, com a banda bem ao centro e praticamente abraçados uns aos outros fazendo-se apenas acompanhar pelos seus instrumentos mais acústicos e vozes.
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“Adventures in Your Own Backyard” e “Turn Into The Noise” ameaçaram o que parecia ser o final do concerto, mas após terem saído por de baixo de uma ovação de se louvar, a banda voltou com o primeiro encore “Into Giants”.
O grande momento, e provavelmente o mais emocionante, veio a seguir. Após a banda ter saído do palco deixando Patrick Watson novamente sozinho ao piano, eis que o artista faz a derradeira pergunta: “O que deverei tocar a seguir? To Build a Home? The Great Escape? Lighthouse?” - os pedidos saíram disparados de mil e uma direções. Com as luzes em baixo focando apenas o piano, surgiu “To Build a Home”. O êxtase da senhora à minha frente foi bem visível mostrando o quanto a música dos The Cinematic Orchestra, com voz do artista canadiano, é adorada por muitos.
Antes da banda fazer a vénia em modo de despedida, tocaram “Big Bird in a Small Cage”, novamente num momento em comunhão com o público, tendo este concerto tantos momentos íntimos que mais parecia que tivessem a tocar na minha sala de estar.
Quando tudo previa, infelizmente, o final do concerto, eis que Patrick Watson volta sozinho a entrar para um segundo encore, sentando-se ao piano e… tocando “The Great Escape” ao contrário do que tinha acontecido nos dois concertos anteriores da tour.
É verdade que estava rodeado por centenas de pessoas numa sala com largos metros quadrados? É. Mas nada disso importou. Fui convidado a entrar na íntima e aconchegante sala de estar de Patrick Watson, e sabem que mais? Tinha acabado de assistir ao concerto mais bonito que já tinha visto.
A seguir podem visualizar uma galeria completa de fotos desta noite: Link disponível: clicar aqui.
Fotografia: Luís Leite
Texto: Luís Silva
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headlinerportugal · 5 years
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Grandiosas festas em honra de Santo Oub’Lá | Reportagem
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O nome não podia ser mais adequado. Com um cartaz alusivo (uma bela obra de arte) a qualquer uma das infinitas “festas da terra” celebradas pelo nosso país fora, o Oub’Lá anunciou um programa de 3 dias de festividades – nós estivemos lá no dia da abertura.
Para quem conhece Guimarães, o nome Oub’Lá não é novo. E também não é novidade que a malta deste bar é possivelmente quem mais tem dinamizado a cultura musical desta cidade nos últimos tempos. Sensivelmente 6 meses depois do dia em que celebraram o seu 1º aniversário e encheram a plateia em pé do São Mamede CAE num evento com participação dos Italia 90, Cosmic Mass e Indignu, decidiram que estava na altura de organizar uma nova festa: desta feita no CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura. Os convidados de luxo foram nada menos que Solar Corona e os japoneses Minami Deutsch.
A noite começou com o mítico jantar nas instalações do bar. Tivemos o prazer de jantar com os membros das bandas, com pessoal já bem conhecido deste mundo da música e claro, com o pessoal do bar. A banda oriunda do Japão teve o privilégio de jantar um prato típico do Minho preparado pela malta do Oub’Lá: rojões. A reação foi boa e o feedback foi muito positivo. Boa escolha, Oub’Lá, boa escolha!
Noite adentro e já no CAAA, os Solar Corona subiam ao palco. Como habitual, a banda iniciou o seu concerto com o dueto composto por Julius Gabriel e Rodrigo fazendo uma suave introdução para o que viria de seguida. Tempo então de subir ao palco os restantes membros: Peter e José Roberto – estava então constituído o quarteto. A banda barcelense continua a apresentar o seu álbum ‘Lightning One’ e a mostrar que o nosso rock continua bem vivo e bem representado.
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Um baixo energético e cheio de groove, uma bateria que não tem medo de levar porrada, uma guitarra que nos faz navegar pelo universo e um saxofone que acrescenta um toque smooth incrível. Onde poderia falhar? Está certo – não poderia, e não falha.
Após esta lufada de rock e de ar fresco no exterior do CAAA durante a troca de palco, Minami Deutsch subiam ao palco. A banda japonesa regressou a terras lusas após a sua breve passagem pelo SonicBlast Moledo. Sim, breve. Devido a um atraso do seu vôo, viram o seu set reduzido a pouco mais do que 30 minutos. Meia hora que soube a pouco pela quantidade, mas a muito pela qualidade. Estavam de volta para nos dar o seu melhor krautrock.
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Perante uma plateia já bem composta, os japoneses apresentaram-se em palco num cenário escuro e com projeções na parede que nos fazem navegar por entre as suas melodias sempre acompanhadas por um headbang ritmado. O encore não faltou após o pedido do público por mais uma. Terminaram o concerto da melhor forma e com um agradecimento sincero à plateia que esteve presente.
João Melgueira encerrou as festividades do dia 20 de Setembro com um Dj set.
Um evento, como era expectável, muito bem organizado pelo Oub’Lá e com uma boa afluência, apesar de não registar casa cheia.
Fiquem atentos à programação do bar porque eles prometem não se ficar por aqui!
Vejam toda a foto-reportagem: aqui.
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Texto: João Machado
Fotografia: João Machado  e Daniela Rocha
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glitterssoul · 7 years
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Efeitos psicadélicos nos Capitão Fausto (em São Mamede CAE)
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