#Dragões
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adrlore · 2 months ago
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el·​dritch | ˈel-drich. : estranho ou não natural, especialmente de uma forma que inspire medo; sinistro. (escute ao ler)
O texto a seguir, adaptado do idioma feérico, só existe em registro na língua comum. O manuscrito original, de autoria desconhecida e anterior à fundação de Aldanrae, se perdeu no incêndio de Wülfhere. Todas as versões disponíveis em livros foram editadas por khajols. Como costume entre changelings, a história segue sendo contada junto às fogueiras em tradição oral, com cada narrador mudando um ou outro detalhe ao repassá-la.
(...) Em sua graça, Erianhood presenteou o mundo: quatro ovos de dragões, feitos de seu sangue e forjados de chamas, deram origem a quatro diferentes espécies. Escolhendo cuidadosamente o lugar de cada ninho e sobre eles derramando uma lágrima em adeus, a deusa os imbuiu com o glamour elementar.
Água. Fogo. Terra. Ar.
Eldritch foi o primeiro a chocar. Saído do solo como uma semente, sua coloração o rico marrom do tronco de um carvalho envelhecido, nada mais que um broto com uma vida inteira por desabrochar. Seus olhos, de um laranja vivo como o do pôr-do-sol, pareciam guardar todos os segredos antigos do Universo.
Como se fosse viva, a terra parecia responder ao seu chamado, e todos os dragões que vieram depois o reconheceram como hahren*. Diferente dos demais, nunca se vinculou a um montador: escolheu a própria raça como a única companhia, e transformou a caverna em que nasceu em seu lar. Sua consorte lhe deu seis filhos, e sua linhagem dracônea estabeleceu um coronado** no vale que veio a se tornar a cidade de Powys, onde terradores prevalecem como a espécie dominante até hoje. [trecho censurado]
Cresceu mais rápido que os demais dragões, tornando-se o maior entre os Quatro Primordiais, e o único dos quais os feéricos e seus descendentes parecem lembrar até hoje.
Ao redor de fogueiras e como história para dormir, pais e mães contam aos filhos a história do dragão gigante que se alimentava apenas de crianças, e que foi responsável pela destruição do vilarejo de Vhen'alas. [trecho censurado] Integrado ao folklore, é usado como ameaça para os pequenos, com a promessa de que os maus comportados serão entregues como oferenda para o apaziguar. Eldritch foi eternizado como um guerreiro que nunca caiu em combate–seu corpo nunca foi encontrado, o que o elevou ao status de imortal pela lenda, o concedendo a alcunha de Eldritch The Undead.
Seis séculos após o seu tempo, ainda há relatos inebriados em tavernas de que foi avistado à distância, por muito que ninguém nunca tenha sido capaz de o provar.
NOTAS DE NARRAÇÃO:
*Hahren: Palavra do idioma feérico, cujo significado foi perdido com o tempo.
**Coronado: Um tipo de organização política dos dragões, sobre a qual nada se sabe.
Eldritch foi o primeiro dos terradores, e todos os dragões de terra até hoje são seus descendentes. Sua consorte era a primordial amphiptere, cujo nome supostamente se perdeu para o tempo–é possível que os descendentes de Eldritch sejam também dragões de ar.
Eldritch realmente existiu e está morto há séculos. Como uma lenda urbana, há quem jure de pés juntos que o viu recentemente, e quem sequer acredite que tenha sido real.
As ruínas de Vhen'alas existem até hoje, e são um ponto de interesse para os arqueólogos do Império; o antigo vilarejo fica ao sul de Mercia, no estreito que a separa de Powys, e só o que resta de pé é o esqueleto das construções de pedra, com runas em alto relevo esculpidas após terem queimado.
Os dragões não esqueceram a verdadeira história–entre eles, o primeiro terrador é conhecido como Eldritch the Kinslayer. É uma pena que dragões não possam falar.
O Museu de História Aldareana, localizado na capital de Ânglia, atribui um de suas peças centrais a Eldritch: a casca fossilizada de um ovo de dragão, rotulada como O Primeiro.
Os trechos censurados do manuscrito existem na íntegra em uma outra versão do texto, guardado sob os cuidados da Curadoria na seção restrita do Acervo Imperial.
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annavoigmarchen · 2 years ago
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MEUS QUERIDOS FALANTES DA LINGUA PORTUGUESA
Venho humildemente apresentar para vocês Heartlines - A Princesa e o Dragão
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Calliope, princesa do Império Marfont, nunca achou que precisaria fugir de casa, apesar de pensar diferente de seus pais. Andarill, o menor dragãozinho de sua ninhada, sempre soube que iria ter que sair de casa, mesmo sendo o mais fraco dos jovens à sua volta. Porém, quando a princesa fugitiva e o dragão curioso se encontram no meio do caminho, uma nova amizade floresce. Juntos, eles aprendem que a vida nem sempre é do jeito que eles foram ensinados, e que viver não se resume em cumprir expectativas, mas sim em criar seu lugar no mundo, mesmo quando todos dizem que não é possível. Encontrar família, mesmo quando não se tem o mesmo sangue. E, principalmente, lutar para proteger o que é certo, mesmo que você precise fazer sacrifícios.
ISSO MESMO MEUS LINDOS!! É O MEU LIVRO! QUE EU ESCREVI!!! E QUE EU ESTOU FINALMENTE LANÇANDO!!!
Ele tem aventura, magia, rebelião adolescente (hue), found family trope, e, honestamente, tudo o que os jovens adultos de hoje sonham em fazer. Posso ser meio suspeita pra falar, mas recomendo muito xD
E AINDA NÃO ACABOU!! Se você estiver pelas bandas de São Paulo, capital esse mês, você está MAIS DO QUE CONVIDADO para o evento de lançamento!!
Venha se juntar a mim no lindo jardim da Casa das Rosas, e aproveitar pra tomar um café ou um chá enquanto lê sua própria cópia autografada de Heartlines!! Será dia 12/04/2023, a partir das 18H no endereço abaixo:
Av. Paulista, 37 Bela Vista, São Paulo - SP
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Estou muito feliz por poder finalmente compartilhar com o mundo essa história, e agredeço de coração à todos que fizeram parte dessa jornada!
Espero vê-los lá, e, se você não conseguir ir, não se preocupe! Você pode pedir seu exemplar pelo site da Grupo Editorial Atlântico, no link abaixo:
Nos vemos lá!
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trechos-delivros · 2 months ago
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Todo dragão tem seu ponto fraco.
- O Hobbit (J. R. R. Tolkien)
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dracastales · 2 months ago
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Boitatá
Aqui vai um desenho que fiz faz um tempo, mas ainda me orgulho demais de ter feito
Também é um dos monstros mais legais que já fiz!
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bibliotecamagia · 12 days ago
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Entra no mundo brutal, mágico e envolvente de uma escola de elite para cavaleiros de dragões.
Violet Sorrengail, de vinte anos, deveria ter entrado no Quadrante dos Copistas, e viver uma vida tranquila entre livros e história. Contudo, a general comandante, que também é a sua mãe, ordenou-lhe que se juntasse às centenas de candidatos que se esforçam por se tornarem elite de Navarre: os cavaleiros de dragões. Mas quando és mais pequena do que todos os outros e o teu corpo é frágil, a morte está apenas a um batimento cardíaco de distância… porque os dragões não se ligam a humanos frágeis. Eles reduzem-nos a cinzas.
Num cenário com mais cadetes do que dragões, muitos matariam Violet para aumentar as suas hipóteses de sucesso. Outros matariam apenas por ela ser filha de quem é - tal como Xaden Riorson, o líder mais poderoso e implacável do Quadrante dos Cavaleiros.
Para sobreviver, Violet vai precisar de usar toda a sua inteligência. No entanto, a cada dia que passa, a guerra lá fora torna-se mais mortífera, as proteções do reino estão a falhar e o número de mortos continua a aumentar. E Violet começa a suspeitar que a liderança está a esconder um segredo terrível. Amigos, inimigos, amantes. Todos na Escola de Guerra Basgiath têm um objetivo - porque, quando se entra, só há duas maneiras de sair: concluir as provas ou morrer.
•QUER SABER MAIS?
•ME ENVIE UM EMAIL, QUE EU MANDO O LIVRO
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knight-marcas-do-vento · 2 months ago
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Não sei ser uma boa ideia postar meu conto aqui, mas espero que seja interessante para quem estiver lendo.
Por gentileza, não copie para outra plataforma sem autorização
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rodjion · 2 months ago
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OS DRAGÕES DA SUBARUBA - PRÓLOGO
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FLASHBACK - CASA DOS YAMANUE , 2006, JAPÃO
Um mantra desconhecido era entoado por várias mulheres. De idades variadas - entre 20 a 70 anos, em média -, cinco delas rodevam um garoto, enquanto outras dez mulheres rodeavam as cinco mulheres.
O garoto estava no meio delas.
Ele, deitado numa esteira, estava sentindo um mal estar muito forte. Sua energia espiritual oscilava, a instabilidade reverberando pelo espaço fechado. As velas crepitavam incessantemente, o ambiente num jogo de luz e sombra.
Está quase na hora- ,disse em voz baixa uma das mulheres que estavam perto do garoto e, entre as outras quatro mulheres, que formavam um círculo ao redor dele. Elas entoaram o mantra com mais força, tentando suprimir a energia vinda do jovem. No piso de madeira, um grande símbolo estava pintado; um selo de proteção, para controle da energia emanada pelo garoto.
Talvez ele não resista - disse uma outra mulher, mais velha do que a primeira. A criança se contorcia e gemia, o suor escorrendo por todo corpo.
O garoto se contorceu novamente de dor, a energia espiritual aumentando. As mulheres ficaram mais tensas, entoando o mantra com mais fervor. De repente, a energia tempestuosa do jovem formou várias partículas de luz, suspensas.
Uma das mulheres, de cabelo castanho - avermelhado e olhar centrado, se empenhava ao máximo ao proferir o mantra. Ela, mais próxima de seu filho, pedia mentalmente para que as outras mulheres não parassem. “Continuem, não parem” repetia mentalmente, enquanto dizia palavras desconhecidas.
Cada mulher segurava um artefato diferente, enquanto estavam de joelhos, proferindo o mantra. A moça de cabelos avermelhados segurava uma espécie de instrumento, chamado de Sino da Lua. Sua aparência é similar à do cabo de espada, bem protegido, sem a lâmina. No centro, uma gravura. Na ponta, longas fitas davam um toque decorativo ao ornamento.
Shun… - Kaho Mizuki firmou o Sino da Lua aproximando-o no rosto.
É agora - disse a mulher mais velha, segurando seu artefato.
E diante daquelas mulheres, o garoto gerava a Shinken, a espada Divina de Kamui.
FIM DO FLASHBACK
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insiderzx · 5 months ago
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dragons Yin Yang
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lidia-vasconcelos · 1 year ago
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Faz tempo que ensino isso às minhas sobrinhas, às minhas alunas e a todas as meninas que cruzam o meu caminho!
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ersomicaias · 10 months ago
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falangesdovento · 1 year ago
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cherrystar12 · 29 days ago
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Dragões de Éter é tipo uma das melhores sagas de fantasia e é nacional e ninguém fala sobre pois eu estarei falando
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apaixonadosporseries · 3 months ago
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A segunda temporada de "A Casa do Dragão" chega ao fim
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dracastales · 3 months ago
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Some dragon doodles
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crgondim · 4 months ago
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Noveleta que era pra ser que nem...
a história Mysery, do Estevão Rei. Nunca li. [Auto-flagejo]. Adoro o filme. Kathy Bates. Basta ela. O Punhal se passa no mundo de Entheos e segue um místico em sua busca por tentar se livrar de um artefato "amaldiçoado" deixado como herança pelo pai.
Ele vai parar na cidadezinha de Barbalhal do Norte, onde o pai nasceu, e acaba prisioneiro de uma senhorinha bem descompensada.
A ideia inicial era me inspirar muito em Louca Obsessão, mas isso não serviria à história, que precisava ir bem além desses momentos de tensão entre o confinado e a confinate [Existe essa palavra?].
Essa é uma história pequena, com começo, meio e fim, dá uma pincelada no que é ser um místico (aqui MAGO é um degrau de várias hierarquias com peso diferente dentro delas), o que é fazer parte de um conventício e muitos outros aspectos desse mundo.
O plano é introduzir os místicos, a ideia dos Planos (Superior, Médio, Inferior, etc), a magia e a interação dela com o mundo.
Noutra noveleta para o mesmo livro eu introduzo os vampiros, chamados de Aíma aqui, embora nem todos eles se alimentem de sangue (ou mesmo se alimentem). O nome desse é Valéria [por enquanto] e além de introduzi-los, dá uma palhinha noutros seres, como os Daimos e mostra um pouco da interação dos Aíma com os místicos.
Esses dois já estão escritos. O Punhal está sendo reescrito, mas é só uma questão de acertar as ponteiras e eliminar gordura.
O próximo será o Escamas, que mostrará os seres que viviam majoritariamente no Plano Médio, a dimensão onde a mágica é mais viva e forte. Dentre eles estão os dragões, como os humanos os chamariam, mas para os próprios, esse é um termo pejorativo e cada raça possui um nome na própria língua.
Acho que consegui trazer um ar de novidade ao mundo de Entheos, que tem na construção da palavra a ideia de "deus dentro" e tem muita a ver com todas essas espécies de criaturas que estão, de uma forma ou de outra, ligadas de uma maneira bastante fundamental.
Quem escreve fantasia aí, quais os seus projetos atuais?
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knight-marcas-do-vento · 2 months ago
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Marcas do vento
Korinna
Todos me dizem como minha mãe era maravilhosa: astuta, carinhosa, sagaz, uma excelente filha. Desde que eu tinha cinco anos, quando meu pai nos levou ao castelo de meus avós maternos pela primeira vez, eu achava que essas histórias não me incomodariam. Mas então começaram as comparações de aparência. Minha irmã gêmea tem os olhos de cores diferentes dos meus, e nossa avó sempre exalta o quanto ela se parece com nossa mãe. Meu consolo é meu pai, que, apesar da bebida e das viagens, sempre quer passar tempo comigo quando está em casa e me elogia quando estou ficando boa em alguma coisa. Somos gêmeas, mas nosso pai sempre diz que eu nasci primeiro. Acho que ele se lembra disso por conta dos olhos, já que ele não nos reconhece de costas.
Solis é meu refúgio quando sinto meu coração se despedaçar após as discussões com minha irmã ou quando sigo meu pai para as batalhas e sou repreendida. Mesmo que ele diga que sou muito jovem e tema que algo me aconteça, se para mim, que tenho um dragão, é perigoso, imagino como deve ser para ele. Não consigo me imaginar administrando o castelo sem ele.
Wirinna
Me divirto bastante com minha avó. Desde que me lembro, viajo com ela e meu tio Merti para ilhas ou outros continentes. Mesmo sendo viagens rápidas, meu lugar favorito no mundo é ao lado deles. Ser mimada é uma das vantagens de ser a neta mais jovem. Acredito que eles façam isso por pensarem que me sinto só sem minha mãe. Eu não sei como é ter uma mãe, e talvez por isso não sinta falta. Sempre que quero imaginá-la, olho para um espelho; me disseram que sou muito parecida com ela, Brianna, a antiga montadora de Solis, o dragão que minha irmã nunca me deu a chance de montar. Seria esplêndido, além de ter a aparência da minha mãe, também ter o dragão dela.
Apesar disso, Cieri é um ótimo dragão. Ele já pertenceu ao meu primo Maxuell e ao meu tio Khenan, que morreram jovens, talvez por burrice ou incompetência. Mesmo com apenas 13 anos, voo melhor que minha tia Viola, e meu dragão é o segundo maior de nossa família.
O Conflito de Flumen
No ano 725 do reinado de Vulteram, a família Camber estava em conflito com a família Noctom, o que gerou uma guerra entre as duas casas. Dalton Camber, senhor de Rubi-Intus (mato-dentro), participava ativamente das batalhas. As negociações falharam em satisfazer ambos os lados, e a família invasora buscava terras mais quentes, já que o Norte não lhes agradava mais, a ponto de não restarem dragões em sua casa.
A batalha árdua na qual Lorde Camber quase não retornou foi o ponto decisivo para que ele passasse a ouvir a filha mais velha, que, por linhagem materna, era montadora de dragão. Sob os cuidados das curandeiras e após muita reflexão, Dalton convocou suas filhas para um jantar. Ambas estavam prestes a completar 14 anos, e ele temia não resolver a situação a tempo. As batalhas estavam esgotando a fortuna da família, e Dalton não queria ser o lorde que não conseguiu resolver a crise ou, pior ainda, falhar completamente.
O Jantar dos Camber
O estridular dos grilos se fez audível no início da noite. Foi servido galinha assada com batatas, creme de aspargos e sopa de arroz. O lorde se deliciava com essa variedade, algo que não encontrava nos campos de batalha. Uma de suas preciosas filhas o acompanhava, de forma recatada, pegando os alimentos e colocando uma colherada por vez na boca, entre risos com o pai. Já a outra filha, atrasada por não estar em casa, chegou com os cabelos bagunçados, a pele queimada de sol e ainda com as luvas da montaria.
— Wirinna, onde estava? — ele a olhou da cabeça aos pés com um olhar gélido e indesviável.
— Estava em Beryllus, fui ver minha avó — a garota respondeu desdenhosa. — Vou tomar um banho.
— Sente-se.
— Acabei de chegar, vou tomar um banho. Estou suja.
— Não se importou em chegar mais cedo para se banhar antes do jantar, então não se importará em não o fazer por mais um tempo.
Para não contrariar e ainda assim demonstrar sua insatisfação, Wirinna sentou-se na cadeira mais afastada. Korinna colocou alguns pedaços de galinha em um prato e sopa de arroz em uma tigela, levando-as até a irmã.
— A batalha com os Noctom está cada vez mais longa e sangrenta. Temo que eles saquem ainda mais nosso território, gostaria de acabar com essa picardia o mais rápido possível. Infelizmente, neguei isso por muito tempo para não parecer que estava usando vocês, mas vou precisar dos seus dragões.
— Não.
— Claro, pai.
— Não vou levar Cieri para a batalha. Vou solicitar à minha tia que eu fique definitivamente com minha avó. Não vou deixar que usem meu dragão por causa da sua incompetência. Eu já deveria ter feito isso a tempos. - A mais jovem fincou o talher na galinha e correu para seus aposentos, deixando o pai envergonhado pelo pedido, que tomou uma golada de vinho.
— Pai, eu vou, se assim quiser. Mas se estiver disposto a ouvir o que planejei, talvez possamos evitar uma nova batalha.
— Diga, pois eu não vejo mais saídas.
— Eu gostaria de negociar com eles cara a cara para evitar desentendimentos. E te garanto, pai, não saio de lá sem um acordo.
— Já tentei negociar o envio de mais suprimentos, mas eles não aceitaram. — Os olhos do homem se entristeceram, pois não queria a filha em perigo.
— Eu entendo, mas pode ser que um dragão em sua porta os faça repensar. — A garota sorriu eufórica e tocou o braço do pai.
— Preciso pensar, é muito arriscado. Você é minha única herdeira, pelo visto.
— E eu farei o melhor que puder pelas nossas terras, pai. Eu prometo.
A noite foi longa, deixando Dalton acordado até quase amanhecer. Ele escreveu, pleiteou e selou cartas para sua aliada e para o inimigo.
“Cara Lady Sworfh,
Espero que esta mensagem a encontre bem. Escrevo para informar sobre o desejo de minha filha Wirinna em se juntar à sua família. Seria um grande conforto saber que ela estará em um ambiente acolhedor e seguro.
Para apoiar sua estadia, enviarei 100 coroas mensais para suas necessidades e mais 300 coroas para o cuidado de seu dragão. Também peço que, quando chegar o momento apropriado, considere apresentar um jovem digno para que minha filha possa conhecer. Caso ela se apaixone, gostaria de ser informado, já que sei que ela não tomará essa iniciativa sozinha.
Agradeço sinceramente por sua compreensão e ajuda.
Atenciosamente,
Lorde Camber de Rubi-Intus"
“Caro Lorde Cesarius Noctom,
Espero que receba esta mensagem com a devida seriedade. Envio minha filha, Korinna, como mensageira em meu nome. Ela foi designada para pleitear a paz entre nossas casas, algo que, a esta altura, deve ser do seu interesse tanto quanto do meu.
Korinna partirá em direção ao seu castelo em três dias. Como mensageira, ela manterá a dignidade e o respeito esperados, mas não se engane: qualquer tentativa de desrespeito ou hostilidade será prontamente respondida. O dragão dela, conhecido por sua vigilância e ferocidade, garantirá que a missão seja cumprida com segurança e que nossa mensagem seja clara e inequívoca.
Espero que estejamos à altura de deixar esta guerra para trás e evitar consequências mais graves. A decisão está agora em suas mãos.
Atenciosamente,
Lorde Camber de Rubi-Intus"
Logo após o toque dos sinos, duas águias foram enviadas em direções opostas pelo domine nuntio (senhor mensageiro) do castelo. Dalton, que mal terminou o café, saiu em direção à lagoa.
O lago era um espelho sombrio, com suas águas de um verde profundo e quase negro, refletindo o céu nublado acima. Suas bordas eram rodeadas por pedras escuras e angulosas, que pareciam se fundir com o ambiente, criando uma sensação de mistério e solitude. A grama ao redor era de um verde vibrante, contrastando com a escuridão da água e das rochas. Árvores frutíferas, carregadas de laranjas e mexericas, espalhavam um aroma suave e refrescante no ar, oferecendo um alívio ao ambiente pesado e silencioso.
O castelo estava situado no meio de uma colina, e uma trilha de pedras negras serpenteava até o lago, como um caminho de luto e reflexão. Dalton se sentava à beira do lago, imerso em pensamentos e conversas silenciosas com a esposa que havia falecido há mais de uma década. Chorava pela falta dela e se questionava se estava cumprindo bem seu papel como pai e como lorde.
Enquanto suas duas filhas se preparavam para deixar o castelo, Dalton se via como um velho, desamparado, não preparado para enfrentar a solidão que se aproximava.
Korinna
Meu pai entende o meu ponto de vista. Já lhe disse várias vezes sobre minhas inseguranças, e ele sempre conseguiu confortar-me com suas palavras. Depois que ele voltou para casa em condições tão precárias, decidi que não permitiria que ele saísse novamente. Vou tentar negociar com os Noctom de alguma forma, ou pode acontecer que ele não nos veja crescer, e isso me arrepia até os ossos.
Finalmente, posso fazer algo para ajudar meu pai de forma direta. Coloquei o máximo de peles e roupas de frio na minha mala, que não é muito grande para não ocupar muito espaço na cela. Não sei ao certo por que os Noctom não possuem mais dragões. Mesmo no frio, eles são criaturas resistentes e não deveriam morrer por isso. Talvez a escassez de alimentos seja a causa? Só saberei a verdade quando chegar lá.
Não posso, de forma alguma, ceder a um acordo que seja desfavorável à nossa casa. Se for necessário, aceitaria até um casamento, mas isso será a última das opções. Talvez eles queiram um dragão ou dois para aquecer o castelo. Nix jamais deixaria meu pai, o que deixa Tonitru e Iris, que não são amigáveis com estranhos.
- Pai, vejo você em alguns dias. Vou sentir sua falta e pensarei em você o tempo todo.
- Vá com calma e siga os procedimentos que treinamos. Caso desconfie de algo, saia imediatamente e não se coloque em risco.
Para mim, isso é como dizer “eu te amo”, mas do jeito dele. Aprendi observando como ele trata a nós e aos serviçais. Para Wirinna, isso nunca foi o suficiente; ela sempre quis estar cercada de pessoas que a paparicassem o tempo todo.
Wirinna
Dalton nunca foi de se fazer presente para mim. Sempre foi "Kori pra cá, Kori pra lá". Nunca se importou em perguntar como foi o meu dia ou a minha semana. Desaparecia por longos períodos e voltava machucado, provavelmente devido à sua falta de habilidade além da caça. Antes da guerra com os nortenhos, ele mal sabia fazer mais do que isso. Deixava todos os afazeres do castelo para minha irmã resolver e simplesmente sumia. Certamente, meu lugar não é aqui.
Após três dias de tédio absoluto, eu não aguento mais. Finalmente, vou passar o resto dos meus dias perto de quem realmente me ama. Convenhamos, eu vim para essa família como uma intrusa, minha personalidade destoa completamente deste lugar abafado e úmido. O que eu quero são viagens, aventuras, festas e pessoas para conversar por horas.
- Até breve, minha filha. Vou visitar em alguns meses, pois tenho assuntos a tratar com sua tia. Se, por algum motivo, você desejar retornar, sempre estaremos aqui para recebê-la.
- Não se preocupe, não vou voltar.
Sempre nesse tom. Custava algum dia dizer que estou bonita ou expressar algum sinal de apreço por mim? Ele é meu pai e nunca fez nada para me manter por perto. Agora, ao ir embora, parece que está aliviado.
O Crepúsculo em Caligo
Mesmo no Norte, o castelo da família Noctom era quente o suficiente para fazer suar. Água quente era jogada sobre os quartos através de uma sala com acesso a todo o castelo. Korinna pensou que se sentiria deslocada, mas encontrou semelhanças com o castelo de seu pai: a disposição das salas, os tamanhos e até o musgo crescendo pelas paredes.
A jovem lady chegou ao final da tarde, e todos os plebeus do castelo admiraram o dourado reluzente de seu dragão sob as luzes do sol poente. Senhorita Serena, a filha mais jovem do lorde, a acompanhou até seus aposentos. Antes do jantar, tiveram uma breve conversa sobre vestimentas e o comportamento de Cesarius. Serena comentou que o lorde era um velho ranzinza, que não media palavras ao expressar seu descontentamento. Ele acreditava que Korinna deveria ser "mais vistosa", insinuando que uma garota de 13 anos ainda não era uma mulher verdadeira.
Lorde Cesarius, um senhor com muitas filhas, algumas ainda não casadas, tinha um herdeiro homem, Vincent. Vincent era um jovem pálido, com aspecto doente, cabelos quebradiços e uma índole duvidosa. Recentemente órfão de pai, ele não se dedicava ao treinamento como os outros homens. Sua paixão era a leitura, e foi dessa forma que entreteve Korinna, pelo menos por alguns dias. Vincent esperava, talvez ingenuamente, que seu interesse poderia fazer com que Korinna se apaixonasse por ele, acreditando que isso poderia forçar um acordo entre as famílias. No entanto, Lorde Dalton deixou claro para sua filha que tal acordo não era de seu agrado.
Korinna
Estou aqui há tempo demais. Embora o castelo se assemelhe ao de meu pai, não é o mesmo. Mesmo sendo quente, as pessoas são frias. Preciso resolver isso o mais rápido possível; caso contrário, retornarei para meu pai e juntos queimaremos o exército do Norte.
— Lorde Cesarius, podemos finalmente discutir o que vim resolver entre nossas famílias?
— Está sendo precipitada. Tenha mais alguns dias conosco para entender o motivo pelo qual estou requisitando as terras de seu pai.
— Não preciso de mais tempo. Lorde Dalton me ensinou a ser observadora, e embora eu possa não ser "vistosa", minha inteligência é um ponto a ser considerado.
— Pois bem, diga, qual é a sua solução para nossos problemas?
— O senhor retirará seu exército de nossas terras. Em troca, levará seu herdeiro para o nosso castelo, onde terá o melhor curandeiro e voltará mais forte e pronto para governar quando o senhor falecer. Meu pai pessoalmente o treinará, e lá ele não ficará ocioso como alguns de seus guardas. Caso algo aconteça a ele, cederemos as terras de bom grado.
— Sua fedelha, como ousa? Meu único herdeiro não se tornará refém de seu pai.
— "Fedelha" é uma palavra nova e acredito ser rude, mas não, o jovem Vincent não irá como refém. Irá como convidado. Ele está doente e talvez não dure até a primavera. Pela sua preocupação, lady Serena irá junto. Meu pai precisa de alguém além de mim para tratar com os servos. Ela escreverá para o senhor e é uma moça bonita. Talvez a presença dela agrade a meu pai, já que meu único interesse em seu herdeiro é mantê-lo vivo.
— Isso não é suficiente. Proponha um casamento ao meu neto.
— Procurarei uma lady bem educada e gentil em nosso domínio. Se alguma aceitar, a enviarei para tratar com o senhor antes do casamento, para sua aprovação. Pagaremos um dote considerável, além do dote da família da moça, mas não posso comprometer minha mão, pois sou herdeira de meu pai, e minha irmã tem outros planos. Ela é uma fera indomável.
— E dragões? Quero dois.
— Infelizmente, não estão em negociação. Solis é ciumenta com seus filhotes e comigo; ela preferiria vê-los queimar antes de enviá-los para um lugar tão distante.
— Então negociaremos cavalos?
— Já terminei, meu lorde. É apenas isso. Aceite ou levarei a notícia de que a guerra continuará por mais alguns dias ao meu pai.
— Fedelha, bom, meu neto deverá aprender a negociar como você e lutar como seu pai. Caso isso aconteça, minha casa ficará bem em minha partida. Se Lorde Dalton não quiser desposar Serena, prepare um casamento com um de seus tios da casa Sworfh. Talvez meus futuros netos tragam dragões de volta à nossa linhagem.
— Certo. Devo redigir tudo o que negociamos por escrito. Farei três cópias, ambas com o selo de nossas casas. Vejo-o amanhã, meu lorde.
“Nossa, isso foi aterrorizante! Nunca estive tão nervosa em toda a minha curta vida. Que dor de barriga! Preciso de um penico!”
Wirinna
Se alguém ainda não havia percebido quem seria a herdeira de Rubi-Intus, agora não restam dúvidas. Isso não me surpreende; Korinna sempre se destacava ao exaltar os feitos de nosso pai, e ele a bajulava por seu interesse em livros. Meus gostos sempre foram diferentes; ficar trancada em um castelo nunca foi o meu desejo. Ser livre é meu objetivo, assim como meu tio Mervi, que aos 39 anos viaja o mundo com Nox, retornando poucas vezes ao ano, apenas por obrigação, como ele mesmo diz.
— Querida, o que houve? Seu pai me enviou uma carta.
— Ele já se decidiu, tia. Prefere manter a guerra com os Noctom a ter sua filha feliz ao seu lado.
— Não acredito que seja isso.
— Ele pediu para minha irmã e eu ajudarmos no campo de batalha. Isso é um absurdo, temos só 13 anos.
— Sim, mas há dragões. Pense um pouco como se fosse ele. O que você faria?
— Isso não importa mais. Estou aqui e não lá, e ficarei feliz em acompanhar minha avó em viagens.
— Não se esqueça, sua avó já está com a idade avançada, então tome cuidado.
— Certo.
Ela estava certa. Talvez seja melhor aguardar algum tempo, ou até que meu tio retorne, para finalmente partir.
— Minha neta, estava com tanta saudade.
— Vimo-nos há alguns dias, minha avó.
— Para mim foi uma eternidade. Então veio de forma definitiva. Eu esperava isso desde que reivindicou Cieri. Vou pedir ao artesão para fazer as modificações necessárias em sua sela para visitarmos nossas minas e ilhas.
— Eu quero esperar o tio Mervi voltar para nos acompanhar. Ele tem bastante experiência e pode me dar dicas sobre os lugares mais bonitos. Não acha?
— Ele só sabe pular de uma amante para outra nos continentes mais distantes. Dificilmente voltará aqui antes da primavera e duvido que aceite levar uma adolescente com ele.
— Não custa tentar. Mesmo que ele venha só depois da primavera, poderei ter mais tempo para treinar. Preciso melhorar nas acrobacias.
— Está bem, assim faremos então.
Kassandra realmente enviou minha sela para o artesão, o que me deixou sem voar por duas dezenas de dias. Era entediante, ainda mais que minha tia Viola começou a me convocar para as reuniões. Na maioria das vezes, eu fugia, mas sempre acabava sendo encontrada e arrastada para lá. Muitos senhores de terras menores pediam auxílio para encontrar pretendentes para seus filhos e filhas. Para garantir, lady Sworfh pedia que os trouxessem para avaliar a beleza e a educação, determinando se havia alguém para desposar. Além disso, ela estava constantemente lendo cartas de pedidos do rei, que enviava grandes quantias de coroas por pequenas pedras ou pergaminhos.
Nix Exuro Draconis
Na manhã do oitavo dia, quando Korinna Camber já se preparava para retornar ao pai, uma nevasca imprevista inundou o castelo, emperrando as portas de saída e tornando o ambiente cada vez mais abafado.
— Meu lorde? O que está acontecendo? Por que não me deixam sair?
— Nenhum de nós pode sair, minha jovem. A neve soterrou o castelo, e nem a água quente de sete dias vai nos livrar desta estufa.
— Vamos ficar doentes em sete dias!
— Muitos poderão se tornar cadáveres.
— Qual seu plano? Ou vai deixar a situação como está?
— Não há o que eu possa fazer. Quando tínhamos dragões, eles derretiam a neve com o calor de suas chamas, mas agora, isso não é mais possível.
Korinna saiu sem continuar a conversa, dirigindo-se ao cômodo mais ao sul que conseguiu encontrar. Sua conexão com Solis era forte, mas receava que sua companheira não percebesse seu pedido.
— Minha menina, preciso da sua ajuda. Abra uma passagem na neve... Eu te darei um javali bem gordo quando retornarmos.
O dragão rugiu e estremeceu o castelo ao se levantar, passando pelo punhado de neve que cobria sua estribaria, lançando as chamas que envolveram o castelo. Korinna, ao perceber que seu plano estava em andamento, correu gritando aos criados para não tocarem nas paredes e, ao se recompor, chegou à sala do lorde com um leve sorriso no rosto.
— Acredito que em breve as portas estarão liberadas. Eu entendi seu recado, lorde, mas ainda assim não negociarei dragões. Li em um de seus livros que, para aquecer os senhores anteriores, eles eram mantidos sob cativeiro, e isso eu não vou permitir.
— Concordo com a senhorita. Minha própria família causou a ruína de nossas criaturas por capricho.
— Se me permite, e caso todos já estejam prontos, precisamos partir. Pretendo chegar às terras da primavera o mais rápido possível para alimentar minha companheira.
E assim, uma pequena carruagem seguiu através dos vãos criados por Solis na neve. A viagem levou três dias. Korinna, impaciente, queria que seu dragão agarrasse a carruagem e voasse até o castelo para evitar mais atrasos devido às poças de lama e buracos. Faltavam poucos metros para chegar ao destino, quando o dragão pousou novamente. A jovem desmontou de sua companheira ao chegar no castelo, instruindo os serviçais a alimentá-la com um javali bem gordo e algumas galinhas.
Korinna
Como é bom sentir o ar fresco, a grama sob os pés, ouvir o canto dos pássaros. Que saudade do meu lar.
— Pai!... Eu voltei!
A felicidade era tanta que corri em direção a ele e pulei em seus braços, soltando uma gargalhada tão alta que nos fez cair sobre a grama.
— Você está bem, minha filha?
— Sim, nunca estive melhor. Estava com tanta vontade de voltar para casa. Lá é tão... estranho. É quente e extremamente úmido, nem parecia ser o Norte.
— Me conte, resolveu?
— Sim, o relatório está na minha sela, assim como o acordo escrito. Você precisa ler antes que a carruagem chegue.
— Que carruagem?
— Vamos lá. Tem a ver com o acordo.
Estava apreensiva sobre o que o lorde Camber pensaria. Acredito firmemente que foi o melhor acordo. Não comprometi dragões, nem mais alimentos, nem casamento. Prometi apenas um herdeiro forte, astuto e saudável. Afinal, o que poderia dar errado?
Wirinna
Alguns meses viajando e já me sentia outra pessoa. Sem me preocupar com o que os lordes ou ladies vão achar, neste continente ninguém me conhece e não se importa com quem eu sou; o que importa é o dinheiro para pagá-los. Mervi impôs três condições para que eu o acompanhasse: administrar meu próprio dinheiro, não atrapalhar suas noites e não me perder. Duas delas eram fáceis de manter; já administrar meu próprio dinheiro estava se tornando cada vez mais difícil. Pensei algumas vezes em voltar, mas ele se decepcionaria e provavelmente não me traria outra vez.
— Tio Mervi, como consegue administrar tão bem seu dinheiro, mesmo passando todas as noites fora?
— Já ouviu falar em trabalho, garota? É o que eu faço o dia todo enquanto você está gastando com futilidades.
— Pode me ajudar a encontrar algum tipo de trabalho para ganhar coroas? As que trouxe estão acabando...
— Não há muito o que uma menina da sua idade possa fazer por aqui. Se vire, ou volte para sua casa.
Que cruel, mas não posso reclamar. Ele avisou, e minha avó também.
Convite
Três meses antes do aniversário de dezesseis anos do príncipe Arthur, o rei enviou cartas chamando todos os seus súditos para o castelo, um baile seria realizado após alguns dias de torneio, e mesmo não costumando interferir entre os conflitos dos lordes, Casper estava curioso para saber, como uma moça jovem dobrou o velho lorde do norte, aproveitaria esse festejo para colocar as questões em dia com seu sobrinho de rubi-Intus.
Junto a carta o rei enviou uma lista de suprimentos para lorde Camber que estava com a sua melhor colheita a ser coletada, muitos porcos, bois, galinhas, e animais exóticos em suas terras, vossa alteza solicitou também peixes e lagostas para Beryllus, e cubos enormes de gelo para Caligo o qual enviaria seu irmão mais novo montador de dragão buscar, e aguardou contente para o grande dia. Não só apresentaria seu filho como herdeiro, como pretendia buscar uma moça para se casar novamente, mesmo com a idade já avançada e sabendo que sua linhagem não passa muito dos sessenta e cinco anos.
Águia
As notícias do castelo do rei já haviam chegado à floresta de lorde Camber. Apesar de não estar contente em participar de uma celebração com tantas pessoas, estava feliz pelo tio, pois a escolha de uma nova rainha indicava que ele havia superado a perda da rainha Silvia. Embora o casamento tivesse sido por acordo, haviam desenvolvido um vínculo que só foi quebrado pela morte. O rei Casper Vulteram mantinha o legado da família nas terras do Occidens (poente) e, após uma quase guerra com a família Serivel, desposou a filha mais velha de lorde Sorem Serivel, uma jovem bela que, apesar de seus gostos estranhos, era gentil e bondosa, preferindo notoriamente a companhia de outras damas.
Arthur nasceu quando ambos já tinham uma idade avançada e muitos anos de casamento. Eles se divertiam bebendo vinho nos jantares e, vez ou outra, dormiam no mesmo quarto. O jovem, assim como a mãe, tinha cabelos loiros escuros e olhos verdes. Aos quinze anos, estava muito mais alto que o pai, possuía barba e músculos de um adulto. Em treinamento, não importava quem fosse seu oponente, derrubava-o sem piedade ou medo. Apesar disso, os estudos eram um ponto forte do rapaz, que recitava de cor os nomes das regiões, lordes ou ladies, e todos que estavam a morar no castelo até então. Esses estudos foram possíveis graças a lady Sworfh, que enviava para o sobrinho os pergaminhos mais atuais.
Não re-poste sem autorização, não plageie é crime, e ajude essa jovem escritora, um coração e sempre bem vindo, comentários e críticas também, caso queira a tradução de algumas palavras eu faço um post só para isso.
Fico lisonjeada por ter lido um trecho do meu conto. Obrigada, e Boa Noite🌙
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