#Como despertar o amor próprio
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gmenezessucesso · 25 days ago
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Como despertar o amor próprio para ter sucesso
Você sabe como despertar o amor próprio para ter sucesso? Estamos nos referindo, evidentemente, ao amor próprio que tem dentro de você. E que, se ainda não se manifestou, você precisa despertá-lo. Quando falamos em amor próprio, estamos falando em autoestima, que é fundamental para dar o primeiro passo para o sucesso em qualquer área da sua vida. Inclusive no campo sentimental. E se você está…
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sunshyni · 5 months ago
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vou te levar pra saturno | johnny suh
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notas da sun: 'cês acharam mesmo que ficariam sem mim nesse final de semana??? Demorei, mas cheguei KKKKKK Respondendo um pedido, olha só ( @lovesuhng me desafiou a escrever algo deste homem e eu não poderia ir contra um pedido da Mika, não é mesmo???) Acho que é a coisa mais dramática que escrevi pra este perfil, é uma mistureba que me agradou demais, envolve principalmente “Saturn” e “Snooze” da SZA, “Cinnamon Girl” da Laninha e “Mirrors” do Justin Timberlake, só musicão porque a mãe tem bom gosto 😎
w.c: 1k
contexto: o Johnny faz parte de uma gangue japonesa “do bem” (é isso ai mesmo, culpa “Walk” e o Yuta em “Mystery in Seoul”) e a protagonista é uma enfermeira de um hospital clandestino.
avisos: menção honrosa ao Yuta em “High & Low” 🙌
boa leitura, docinhos!!!
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— Você só tá com febre, mas vai melhorar depois desse medicamento — Você disse para a garotinha de 10 anos que brincava com as próprias tranças enfeitadas por duas fitas finas de cetim que formavam lacinhos fofos. Seus olhos desfocaram do rostinho infantil e vermelho devido a temperatura corporal e miraram além, para a chuva torrencial que caía lá fora e que coincidentemente combinava e muito com como você estava se sentindo internamente.
Sentia-se tal qual um motoqueiro em direção debaixo de uma chuva sem igual, a viseira do capacete não estava ajudando em nada, a estrada escorregadia e as curvas cada vez mais fechadas e ariscas. Além disso, não tinha sinal em seu celular, verificar um GPS para conferir um melhor caminho para o seu destino se tornara uma tarefa impossível, e você estava oficialmente sozinha.
No entanto, existia alguém, existia uma pessoa em particular que poderia te tirar daquela agonia, mas você recusava a ajuda, por que o que adiantaria aceitá-la de bom grado quando essa pessoa em especial se colocaria diante do temporal para te salvar? Se arriscaria tanto quanto para bancar o herói por sua causa. Você acreditava que aquilo não passava de uma troca de valores, você saía do primeiro plano e Johnny o ocupava confiante e irresistivelmente teimoso.
— Acho que você e o tio John combinam. Por que vocês não namoram? — Você sorriu sem mostrar os lábios para a expressão dúbia da menininha, ele costumava ser famoso entre as crianças do bairro quando não estava conduzindo alguma missão que às vezes envolvia casas de apostas ilegais, o que dava a chance de Yuta Nakamoto, o líder do bando, abdicar do conjunto vermelho social e apostar no casaco pesado animal print egocêntrico.
— Infelizmente, não é tão simples assim, princesa — Ouviu-se dizer e percebeu o quanto aquela frase soava feito uma desculpa esfarrapada para uma criança, de repente sentiu falta da sua infância, de como tudo parecia ser possível, bastava despejar toda sua criatividade num giz de cera e criar o seu mundo partindo das cores primárias, um mundo em que mais pessoas boas existiam, em que o amor era valorizado mais do que cédulas, um mundo em que você acordasse todos os dias dez minutos antes do Suh despertar, só pra tê-lo envolvendo sua cintura num abraço carinhoso na cozinha, a voz grave questionando ao pé do seu ouvido: “Por que acordou? 'Vamo voltar pra cama, por favor”.
Você ajudou a garotinha a descer do leito hospitalar após ouvi-la reclamar sobre o quão adultos tornavam coisas singelas em extremamente complicadas e sua cabeça balançou, num gesto positivo. Virou-se por alguns segundos, organizando suas coisas numa pequena mesinha de trabalho localizada próxima a maca quando Johnny surgiu de súbito, encharcado, uma expressão de dor cobrindo-lhe a face bonita enquanto segurava o próprio braço visualmente machucado.
Sua primeira reação foi levá-lo até o leito, onde ele sentou sem protestar embora tenha resmungado quando você o apalpou do cotovelo até o pulso, havia algo de errado com o seu antebraço mas ele pouco se importava considerando o sorrisinho agridoce que esboçou, mesmo com a probabilidade de ter fraturado algum osso. Você parou de examiná-lo e mirou os olhos castanho escuros, Johnny retribuiu o olhar, só que diferente da sua pessoa, ele te observava com doçura, com tanto carinho que fez sua expressão suavizar, ainda que seu coração batesse sem controle como o trote de um cavalo sem rédeas.
— Na última vez que nos vimos, você praticamente disse que me odiava, quase soletrou isso — Com a mão boa, Johnny segurou o seu queixo com o polegar e o indicador, fixando o olhar no seu, te impedindo de desviá-lo para alguma janela ou qualquer outra coisa presente naquele ambiente. Seus olhos brilhavam com a umidade acumulada e seus lábios tremiam ligeiramente com o anúncio abrupto de lágrimas que, você sabia, rolaram pelas suas bochechas da mesma forma que a chuva caía lá fora, impiedosamente, sem intervalos — Então por que se importa? Por que se preocupa com alguém que você odeia? Me fala.
Você piscou e a primeira lágrima traiçoeira desceu solitária pela sua face, Johnny a capturou com os lábios, beijando seu maxilar antes que a gotinha salgada molhasse seu pescoço, como da última vez quando você mentiu sobre seus sentimentos, afirmando detestá-lo mesmo depois de tê-lo em sua cama, em seu corpo e em seu coração, ele acariciou sua bochecha com a palma levemente calejada, odiava o quanto ele parecia sereno ainda que vivesse transbordando suas emoções, Johnny insistia em transmitir plenitude e calmaria. E pra ele, você tinha o efeito de um entorpecente feito o ópio, aliviava a dor severa e o fazia crer num lugar inventado, num lugar melhor.
— Porque eu não te odeio. Percebi que nem se eu quisesse, eu conseguiria fazer isso.
Johnny te beijou, envolveu sua nuca com a mão e colidiu os próprios lábios nos seus, sentiu o gosto das lágrimas tanto suas quanto as deles que se misturaram, molhando o rosto e o beijo, ele sabia exatamente como estava suportando a dor latejante no braço esquerdo, o remédio tinha nome, sobrenome, uma fragrância fresca característica feito uma brisa marinha no verão e um sorriso gentil, viciante feito um alucinógeno, capaz de fazê-lo se machucar de propósito apenas para te ver, para que você pudesse tocá-lo ainda que platonicamente, o que graças aos céus não era aquele caso.
Johnny gemeu no fundo da garganta, o que te fez separá-lo de si empurrando seus ombros com delicadeza, sem saber ao certo se aquele som fora reproduzido por puro prazer ou se na euforia de pressionar os corpos, você piorara o ferimento, no entanto o Suh dedicou um dos seus melhores sorrisos para você, aliviando sua postura e fazendo você voltar a respirar novamente.
— Eu tô com medo. Tô com medo de te perder... Isso tudo é tão perigoso.
— E o que você acha que é tudo isso? Você tá se arriscando por essas pessoas. Por mim.
Johnny queria e muito te acalmar, queria te mostrar que seriam vocês contra o planeta Terra daquele momento em diante, que vocês poderiam mudar aquela realidade estúpida juntos, que ficariam bem. Por isso ele esfregou o nariz esbelto no seu pescoço, a voz grave provocando seu corpo, incitando seu coração a acelerar de supetão.
— Fica tranquila, eu vou te levar pra Saturno.
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notas da sun²: quis voltar aqui só pra dar uma explicação para vocês. Na própria música da SZA, ela cita Saturno como uma fuga da realidade enfadonha, como se Saturno fosse um lugar melhor, por isso ela diz: “Life is better in Saturn”. Foi exatamente isso que eu quis trazer pra esse texto, como se a protagonista e o Johnny fossem “Saturnos” um para o outro, por isso somente juntos eles conseguem se deslocar para um “lugar melhor”, “um mundo inventado pela criatividade e gizes de cera”, enfim espero que vocês tenham gostado dessa tanto quanto eu gostei 🥰
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@ sunshyni. Todos os direitos reservados.
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cherryblogss · 2 months ago
Note
Cherryzinha, hj eu conheci minha prof de filosofia e ela parece uma sereia de tao linda que é, juro. Escreva pra nós sobre o pipao se apaixonando na prof sereia da facul dele pls 😭
engraçado que o conceito de mulher sereia é tão visível na mente ne🧍‍♂️ e assim o pipe tem cara de ser super deitão pra mulher bonita🧍‍♂️
Primeiro ia fazer isso sendo os dois professores mas quis descer pra play
aviso: diferença de idade, amor platônico, fui malvada nesse.
vms ao que interessa😛
Ele se sentia como um garoto na puberdade toda vez que te via. Era injusto como você era tão charmosa, carismática e inteligente, além disso era ainda mais injusto que você era a nova professora de ética dele. Chegava a ser irônico te escutar explicar os conceitos filosóficos e continuamente fantasiar sobre a sua pessoa, delirando sobre como seria escutar sua voz eloquente no ouvido dele, falando coisa inapropriadas demais que só de imaginar Felipe já ficava corado. Recorda como quando te viu no corredor ficou paralisado com o impacto da sua presença magnética e beleza estonteante, mas sentiu tudo cair por terras ao descobrir que seria a professora substituta da turma dele. Entretanto, mesmo tentando se controlar, não conseguia deixar de ter devaneios envolvendo a sua pessoa.
Claro que você não era só a mulher mais linda que ele já viu, também era altruísta, dedicada, engraçada e cada frase que saía da sua boca soava como poesia. Conforme o tempo passa, é uma tortura e uma benção ter sua presença constante na vida dele todas as semanas, seu sorriso o fazia se esquecer de qualquer pensamento que o assombrava e sua personalidade cativante não deixava espaço para mais nada no coração fraco dele.
Nunca havia sentido algo tão intenso, poderia ser unilateral, mas se fosse para você ser a eterna musa da existência dele que fosse. A esse ponto, ele já não se importa.
Agora, só conseguia focar nos seus trejeitos graciosos e risada melódica ao explicar um conceito novamente a um dos amigos dele. Não pôde evitar sentir uma onda de ciúmes ao te ver dando atenção a outro homem, mesmo que não tivessem nada e você só fosse dele em sonhos distantes.
"E você, Felipe? Entendeu tudinho?" Ele volta para a realidade quando você para na frente dele com a cabeça inclinada adoravelmente e as unhas curtas pintadas repousando sobre a mesa dele. Sacudiu a própria cabeça levemente, se forçando a despertar para não se perder nos seus olhos hipnotizantes focados nele com um sentimento indescritível que o fazia se sentir o único homem no mundo.
Talvez você retribuisse a atração... Será que tudo era uma projeção do coração apaixonado dele? Mas podia jurar que seu olhar se demorava um pouco mais no dele ou que seus olhos lindos passeavam pela figura dele quando ia assistir aos jogos de futebol da atlética.
"S-sim, entendi bem, você foi ótima como sempre." Assim que as palavras saíram da própria boca, ele sentiu vontade de enterrar o rosto no próximo buraco que encontrasse pela sua expressão afetada e envergonhada pelo elogio repentino.
Limpou a garganta e desviou o olhar do seu, cruzando os braços com um bico formado nos lábios carnudos, constrangido por ter deixado escapar os pensamentos impróprios da mente dele. Mal sabia Felipe que as palavras dele te deixaram com o pulso acelerado e cobrindo seu rosto corado com os próprios cabelos.
Enquanto isso, Pipe admirou pela visão periférica a sua bunda e pernas se movendo novamente para perto do quadro e sua voz voltando a alertar sobre a proximidade das provas finais com aquele carinho que o argentino necessitava escutar todos os dias. As vezes ele te odiava por ser tão perfeita e apaixonante. Bom, pelo menos não se privaria de apreciar seu corpo e talvez um dia iria realizar todas as fantasias que tinha. Ele esperaria o tempo que fosse.
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nominzn · 1 year ago
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Ela quer, Ela adora
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capítulo II eu sou poema e problema pra tua vida, sua metida
notas: como (quase) sempre, não tá revisado. espero que gostem mesmo assim! quero saber o q acharam, minhas dms estão abertas. masterlist
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J.S. é um dos únicos amigos de Junin no meio da arte, é difícil ser amigável entre tanta competição. Os dois esperam atrás do palco improvisado para a apresentação de hoje, você está do outro lado revirando os olhos sem paciência. 
Renjun pediu muito para que você não arrumasse barraco com ninguém desta vez, e tudo está indo bem apesar das meninas invejosas que já tentaram te provocar mil vezes. Elas sempre tentam dizer que Jun merece mais, ou algo parecido, uma pena (para elas) que você confia muito no seu taco. 
O motivo da sua impaciência é justamente J.S, ou Jisung. A cada vez que você consegue vê-lo cochichar com Junin seu sangue ferve. Amigo porra nenhuma. Aquele moleque é olho junto, falso, e claramente está doido para puxar o tapete do seu namorado, enchendo a cabeça dele sempre. Ele não é bobo, sabe que você não o suporta, por isso não deixa barato. 
— Ainda tá com aquela mina? — J.S. termina o quinto latão da noite, rindo com escárnio. Já havia sentido os seus olhares à distância, não perderia a oportunidade de implicar.
Se você não estivesse ao lado de Junin, seria muito mais fácil conseguir engambelar o rapper inocente. Toda tentativa é válida. 
Quando vê o mais velho assentir, nega com a cabeça, fingindo desapontamento. 
— Meus pêsames. — estala os lábios, a ironia no tom de voz incomoda Junin. — Essa daí parou teu trem mermo, hein, Junin? Que merda. 
— Se tu tem algum problema com ela, resolve comigo, irmão. 
— Tô de boa, tenho mais o que fazer. 
Ele, então, entra para apresentar o número que havia preparado. Ainda que talentoso, não se compara ao outro que vem depois. 
Assim que Renjun entra, o palco, a energia, os sorrisos… tudo muda. É como se tudo fosse inteiramente dele, e até mesmo no improviso, o público inventa uma forma de cantar junto e vibrar para prestigiar o artista cheio de intimidade com o próprio dom. 
Sob o olhar atento e um tanto recalcado de J.S, Junin conquista mais fãs e mais seguidores no instagram pelo seu carisma tão cativante. 
Assim que chegam em casa, pedem dois combos de hambúrguer, batata-frita e guaravita no Beto Lanches para matar a fome depois de horas na rua. Enquanto esperam o pedido chegar, conversam baixo no banheiro debaixo da água gelada limpando a pele dos dois. Perto das três manhã, exaustos, finalmente se deitam na cama de casal no quarto do rapper. A adrenalina ainda corre pelas veias do menino, por isso, mesmo com o cafuné relaxante que suas unhas deixam no couro cabeludo, ele ainda está mais acordado do que dormindo. 
— Tá sem sono? — indaga com a voz transbordando manha, se acomodando mais no corpo do namorado. 
— Um pouco. — ele diz, pensativo. — Posso te mostrar uma coisa? 
Morde os lábios ao te sentir balançar a cabeça positivamente. Ele se senta, pegando o celular com tanta pressa que te faz despertar levemente. 
— Que isso? — espia cheia de curiosidade o texto nas notas do celular. 
— Eu meio que escrevi uma música nova. 
Os seus olhos brilham de orgulho enquanto os dele passeiam pelo seu rosto em expectativa. 
— Me mostra agora, seu bobo! — deixa um tapa falso no antebraço que ainda envolve sua cintura. 
Ainda hesitante, ele levanta e pega o violão encostado no canto da parede e traz para o colo ainda que volta ao seu lado. Afina as cordas de ouvido mesmo e começa um dedilhado que noutro dia você o escutou tocar. Parecia distraído naquela tarde, perdido nos pensamentos, mas as notas já estavam adornando a ideia na mente criativa. 
O que que aconteceu?
Tudo mudou quando ela apareceu
Tentei escapar, mas a paixão pegou
Nossa vibe, nosso beijo combinou, amor
— Ah, não acredito… — você fala baixinho, rindo sem acreditar. Ele ri da sua reação envergonhada, porém continua mostrando. 
Você é minha cura
Jura que tu não vai me abandonar?
Me fazendo perder a postura de cria
Admito, não vou negar
Junin é o seu estresse diário, e ele sabe. Sabe ainda mais amolecer seu coração de ferro, usando da própria habilidade para desmontar todos os seus muros. 
Retira o instrumento dos braços do menino e o envolve com suas pernas, deixando um beijo apaixonado nos lábios de Junin, que te corresponde com vontade. A felicidade de você ter gostado da música que ele compôs transborda nos carinhos perigosos pelo seu corpo.
— Você é doido, vida. — sussurra entre o beijo. — É linda, eu amei muito.
— Gostou, é? — ele deixa outros selares pelo seu queixo e pescoço. — É isso que importa.
— E se você gravasse a música? Tipo num estúdio. — você sugere, trazendo o rosto dele do seu pescoço para a altura do seus olhos. 
— Ah, amor… deve ser caro. — a expressão que pinta a face de Junin é de desânimo. — Eu nunca parei pra pesquisar, mas… 
— Mas nada. Amanhã a gente vai ver isso. — ralha com firmeza. — A gente tenta, ué. 
Ele concorda ainda sem estar muito convencido, mas sua animação acaba criando um pouco de expectativa no coração acelerado de Renjun. No entanto, agora o que resta fazer é cair no sono com você nos braços, o verdadeiro tesouro dele. 
Ir trabalhar na manhã seguinte foi complicado. Levantar foi difícil não só por ter dormido pouco, mas também porque sair do abraço quentinho do namorado dengoso era a última coisa que queria fazer às sete da manhã de uma segunda-feira.
As horas estão arrastadas na recepção do Island Offices, o movimento está baixo hoje. Alguns cadastros aqui, outras validações de estacionamento aqui… nada demais. Logo, quando Renjun te liga, não hesita em atender. 
“Bom dia, metida.” 
Já são quase onze horas, que inveja de Junin. Mas, tadinho, ele acorda cedo todos os dias. Conseguiu acordar mais tarde hoje porque Nando liberou que ele começasse a rodar só pela tarde. 
— Bom dia, preguiçoso. Já tá indo trabalhar? 
“Fala isso não. Tô quase saindo de casa, amor. Escuta…” 
Alguma coisa está sendo remexida do outro lado da linha, e então há um barulho de portão. 
“Liguei pra um parceiro meu que conhece um cara com um estúdio por esses teus lados aí.” 
— Hm, e aí? — arregala os olhos, futucando os cantinhos das unhas, nervosa. 
“É caro pra um caralho! Não dá.” 
Revira os olhos, Renjun pode ser muito pão duro para si mesmo. 
— Caro quanto, Jun? — o jeito que pergunta já denuncia que duvida da informação. 
“100 conto por hora, amor.” 
Puta que… 
— Porra! — deixa escapar alto, tapando a boca assustada e olhando para os lados. — Mas calma, não é impossível. A gente vai dar um jeito, amor. 
“Tá bom, minha princesa.”
É óbvio que ele não está nem um pouco confiante. Ao desligar a ligação, você começa a calcular várias possibilidades. Junin está apertado com as prestações do fogão da mãe dele, mas seu cartão já está livre há algum tempo, te deixando mais folgada para economizar. 
O aniversário do namorado é em três meses, e não tinha pensado em nenhum presente ainda. Pronto, já decidiu. 
No quinto dia útil tudo está preparado. O dinheiro bate na conta e você guarda grande parte do que usaria para outras coisas no porquinho do banco, escolhendo a opção de retirada só na data certa para que rendesse um pouco mais.
Sorri para si mesma, a primeira parte do plano está cumprida este mês.
O próximo passo seria mais difícil, não deixar que ele desconfiasse de nada. Como você é e sempre foi extremamente vaidosa, não pode abrir mão de fazer a manutenção das suas garrinhas de acrigel. No entanto, o cronograma capilar no salão vai ter que esperar. 
O Sol de Bangu não tem pena de ninguém, você pensa ao segurar as sacolas pesadas da Monamie pelo calçadão lotado. Comprou vários cremes da Skala para seguir com os tratamentos que está acostumada de casa mesmo, seus fios agradecem. Ainda aproveita para passar no Guanabara para comprar uns lanches para não precisar gastar uma fortuna nas opções super caras da Barra nas próximas semanas. 
Assim você dá o seu jeitinho aqui e ali, sem nem fazer cosquinha no desconfiômetro do namorado inocente. Vira e mexe ele questiona os jantares que você mesma prepara para os dois em casa, ou até mesmo seu tempo livre nos horários que já eram de praxe você estar no salão da Jaque. As desculpas esfarrapadas funcionaram todas as vezes até a metade de Março, quando a própria dona do salão de beleza quase pôs tudo a perder. 
Vocês estavam andando pelas ruas movimentadas do largo, perto da igreja já, e ouviram um assobio altíssimo e um grito pelo seu nome. 
— Ô, mulher. Não fala mais com os outros não, é? — Jaque implica com a mão na cintura, mas um sorriso grande no rosto. Aperta seu corpo num abraço forte, deixando um beijo estalado na sua bochecha. — Poxa, me abandonou, hein? Tá fazendo promessa? Nunca te vi tanto tempo longe do meu cantinho. 
Você tenta disfarçar a cara desesperada com uma risada nervosa. 
— Ah, tia, sabe como é né? As dívidas do cartão… — finge um tom decepcionado. — Mas mês que vem eu volto lá pra gente voltar com os cuidados, tô precisando. — mexe nos cabelos hidratados demais para a mentira que contou. 
— Só acredito vendo. — ela diz, já girando o corpo para voltar para a mesa do bar em que estava. — Manda um beijo pra vovó e pra mamãe, fala pra elas que eu tô esperando elas lá também. Beijo, minha flor. 
Nem dá tempo de se despedir direito, porque Jaque volta apressada para a brahma que está esquentando. 
— Por que tu não vai mais lá? — fofoqueiro que só, Junin pergunta. 
— Eu quis testar um creme que ela não tinha, aí comprei e comecei a fazer em casa. — a desculpa ensaiada na mente cai como uma luva. 
— Mas tu sempre levava os cremes pra lá… — ele desconfia, sua mão suando frio também não ajuda. 
— É, mas também tava enjoada da Sheila… Ela vivia, é… Perguntando da tua vida, aí eu dei um tempo. — procura algum tópico para mudar de assunto. — Nossa, olha, a barraquinha de churrasco não tá aqui. Será que fechou? 
Junin já tinha te falado sobre a tal barraca ter falido umas quatro vezes, então ele repete a informação te zoando por não se lembrar, permitindo que o assunto anterior fosse embora. Você respira aliviada, fazendo a sonsa ao rir de si mesma após jurar de pé junto que o namorado nunca havia mencionado nada. 
Um fato sobre você é que quando você encasqueta com algo, é raro que não se concretize. Portanto, com sucesso juntou a quantia necessária para que Jun pudesse não só gravar a música, como também registrar logo os direitos. No dia 23, um sábado, você pedala na direção da casa do namorado com o estômago revirando de ansiedade. 
Ele te recebe com o carinho de sempre, o cabelo molhado e cheio de xampú te deixam saber que ele correu para abrir o portão para que você entrasse. Você encosta a bike na varanda, rindo do garoto que dispara de volta ao banheiro para acabar o banho. 
Caminha pelos cômodos rumo ao quarto bagunçado, sentando na cama ainda sentindo o nervoso na barriga. Observa enquanto Jun termina de se arrumar, a bermuda de tactel que escolhida não combina nada com a camisa do Vasco que ele passa pelo pescoço após pentear o cabelo de qualquer jeito. O perfume não pode faltar, tem que ficar cheiroso. 
Finalmente se vira para você com um sorriso tímido no rosto. Por incrível que pareça, não gosta de ser o centro das atenções na ocasião. Ele se joga ao seu lado, te trazendo para um abraço apertado. A pele geladinha na sua é como um oásis, e você aproveita para sussurrar os desejos mais lindos sobre a vida dele. 
— Te amo, meu amor. — Renjun responde, te apertando ainda mais. 
Levantam para se sentarem um de frente para o outro, a hora chegou. 
— Eu tenho um presente. — anuncia, então o sorriso dele aumenta. — Fecha o olho. 
Atendendo ao seu pedido, ele também abre as mãos. Você corre para retirar o dinheiro do porquinho e fazer o pix para a conta dele. Para facilitar, caça o celular de Jun que vibra há alguns centímetros dele e põe nas mãos estendidas. 
Ao abrir os olhos, fita o próprio telefone e ri, confuso. 
— Olha as notificações. 
Transferência de R$1000,00 recebida.
— O que é isso? — o garoto quase engasga ao notar o valor. Pisca várias vezes, com medo de estar vendo tudo errado. 
— É pra você gravar e registrar a sua música. — confessa com timidez. 
Será que ele vai odiar? 
— Meu amor… 
Ele deixa o aparelho na cômoda ao lado da cama, olhando para você com os olhos cheios de lágrimas. 
— Ei, não chora.
Renjun te puxa para o colo dele novamente, apertando os corpos com mais força que podia. Ele nunca sentiu por ninguém o que sente por você, e dia após dia você consegue mostrar para ele o motivo disso. Você é o amor dele por inúmeras razões, mas a primeira delas é por ser tão você, tão companheira, tão maravilhosa. 
— Não tem nem o que falar. Você… — as mãos calejadas do rapper passeiam pelos seus braços e pernas com devoção. 
— Então me mostra. — não era para ser sério, mas quando Jun te olha, as faíscas são inevitáveis. 
Bem devagar, deposita beijos nos seus ombros nus e avança pelo pescoço, pela mandíbula. As besteiras que fala ao pé do seu ouvido te arrepiam exatamente do jeito que só ele sabe como fazer. Quando conecta os lábios nos seus, suas digitais se perdem pela nuca e pelas costas firmes num carinho sedento. 
Você tira as peças recém colocadas do corpo do namorado com vontade de explorar os caminhos que já conhece como a palma de sua mão. Ao mesmo tempo, Junin insiste em venerar cada pedaço seu. 
Cada movimento parece ensaiado de tão perfeito, de tão encaixado. É como se, já sabendo tudo sobre o outro, ainda fossem capazes de se surpreenderem nesse fluxo delicioso. 
Satisfeito e ofegante, ele descansa o corpo no seu. A eletricidade ainda percorre pela sua pele quente. 
— Que presente, puta merda. — Junin provoca de propósito, já prevendo o tapa brincalhão que receberia em troca. 
— Você não vale nada. — repreende, mas não deixa de rir da piada idiota. 
Desde então, o mundo parece ter virado de cabeça para baixo. Tudo acontece rápido demais. 
Assim que a música ficou pronta, um movimento enorme de divulgação se deu. A família, os amigos, os rivais, os passageiros (pela insistência de Nando) e todo o pessoal de Bangu postaram nos stories, nos status, nos grupos… Além de, sem que fosse pedido, marcarem grandes nomes do ramo nos posts de Junin. Os perfis das batalhas mais famosas também postaram pelo menos uma vez por dia. 
O menino não poderia estar mais feliz, nem você menos orgulhosa. Os números aumentavam consideravelmente: seguidores, streams, views. Tudo. 
— JUN, MEU DEUS! — você exclama ao atualizar o aplicativo. — Você bateu meio milhão de visualizações no TikTok! 
Entretanto, ele não dá um pio. Está estatelado no sofá, olhando para o telefone com uma cara de horror. 
— Amor, o que houve? — agacha perto dele, preocupada. — Garoto, não me mata de susto! O que aconteceu? — por fim, desvia o olhar da tela e te encara, apenas virando o telefone para você. 
No chat do instagram, você tapa a boca com as mãos ao ler salvemalak. 
Malak ☁️: E aí, mano, tudo bem? Quero te parabenizar pelo sucesso com Minha Cura. Também queria checar sua disponibilidade para fazer uma visita a um dos meus espaços no Rio de Janeiro. Quem me mostrou seu som foi o Xamã, e ele tá maluco por um feat. Bora?
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allebasimaianunes · 27 days ago
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Oração
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sinopse: Padre Charlie Mayhew vive um conflito interno ao se apaixonar por Maria, uma mulher que, apesar de ser sua perdição, também representa a sua salvação. Entre momentos de prazer e dor, a relação deles desafia os votos e as responsabilidades de Charlie como sacerdote.
Tudo muda quando Maria, o amor de sua vida, se afasta, deixando Charlie devastado e perdido. Contudo, o destino, impiedoso, o puxa para uma realidade ainda mais cruel, desafiando suas crenças e sua fé. Agora, ele precisa confrontar não apenas o amor que perdeu, mas também os próprios demônios internos e os desígnios de um Deus que parece testar sua alma a cada passo.
Oração é uma história de amor proibido, pecado e redenção, onde as fronteiras entre o desejo e a moralidade se confundem.
nota da autora: SEM REVISÃO.
aviso de conteúdo: culpa (católica) e remorso & tesão e muito angst.
idioma: português (Brasil) | pt-br
contagem de palavras (no total): 2680 palavras
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"sangue do sangue"
PARTE III
Logo cedo de manhã, mal tendo aberto seus olhos e dissipando o sono de seu corpo, Charlie recebeu uma mensagem de Maria, lhe pedindo um momento para eles conversarem. Deixando bem específico que a conversa deveria ser em contexto privado, o homem não pensou duas vezes em chamá-la para tomar um café na casa paroquial – sem segundas intenções, o que era surpreendente para um espírito tão maculado quanto o dele. Porém naquela manhã desta quinta-feira ordinária, Padre Charlie Mayhew acordou com um amargo na boca e uma sensação ruim no estômago que lhe anunciou não ser um dia comum. 
Tomou seu usual banho gelado matinal para despertar o corpo, escovou os dentes e cuidou da pele como forma de manter-se em boa aparência, já que seu corpo nada mais era que uma habitação de sua alma, então havia a necessidade de mantê-lo sempre no seu melhor estado: limpo, firme e impecável. Enquanto escovava os dentes, se encarando profundamente no espelho meio embaçado do banheiro, ficou refletindo sobre as suas últimas decisões… O dia que foi nomeado para a diocese até o momento que cruzou os olhos e deixou-se levar pelos desejos mundanos ao se deitar com uma mulher, tudo havia se tornado uma fina linha áspera que o dividia entre os deveres do sacerdócio para com seus próprios desejos carnais. Havia uma dor que transpassava seus ossos e sua carne para sua alma que o feria feito um ferro sendo derretido em cima dele: uma sensação pesada e melada o queimando todos os dias, um eterno martírio do espírito que já não era mais santo.
Ele nunca foi. Cuspiu a espuma esbranquiçada na pia, curvando-se para enxaguar a boca, sentindo que aquele ato breve de limpeza e frescor o suspendeu um pouco da constante sensação de imundície que ele se encontrava. Estava impregnado na carne já. Era difícil de arrancar aqueles pecados profanos de si. Respirou fundo rezando um Pai-Nosso enquanto lembranças impetuosas dos momentos de prazer irrigavam todo seu sangue da sua cabeça até seu pau. Bendito seja feito a Sua vontade!  
Deslizou descalço até seu quarto onde se sentou na beirada da cama, coberta de lã branca limpa, cheirando a sabão em pó e amaciante concentrado que adretavam seu olfato o fazendo se recordar de casa. A mãe preparando café da manhã enquanto o pai sentado à mesa, antes de ir trabalhar, folheava o jornal do dia. Bons tempos onde a inocência reinava e o protegia das malícias do mundo. Com controle, deixou as mãos no colo, o membro íntimo ainda rígido sobre o toque, engoliu o gemido da sua fraqueza e ao invés de se tocar para aliviar o desejo que cresceu no meio das pernas, optou por se manter firme nos seus princípios, rezando extenuante até a mente cansar e aquelas imagens se tornarem borrões vagos no meio de recordações onde ele exercia seu dom: o de ministrar a Santa Palavra de Deus, vestido com sua batina preta, o colarinho branco na garganta, os cabelos penteados para trás e a voz inspiradora se tornando um eco sagrado na igreja. 
Ele deveria ser forte, um verdadeiro soldado de Deus naqueles momentos de tempestade, e usar com sabedoria o verbo da palavra para agir conforme seus últimos esclarecimentos. Naquela noite estranha de sonhos desconexos, sozinho em seu aposento, ele recebeu uma mensagem que julgou vir diretamente de Deus. A imagem era de da Mãe de Deus em sua túnica vermelha, chorando com a expressão de desalento, encarando-o de cima e carregando nas mãos um bebê. Obviamente Charlie tomou aquilo como uma mensagem divina que ele era responsável pelo Filho de Deus e cabia a ele segurá-lo em mãos e mantê-lo vivo e presente entre a comunidade. 
Simples.
Terminado suas preces, se trocou com sua usual roupa do dia-a-dia: a camisa social de algodão preta, a calça de alfaiataria da mesma cor, o conjunto de botas de couro carmim. No dedo anelar da mão esquerda seu anel de São Miguel Arcanjo, para lhe proteger das batalhas mais cruéis contra os demônios. No peito uma incerteza em rever o rosto de Maria. Realizou sistematicamente seus afazeres até o horário que eles iriam se reunir: ajudou as Irmãs na horta, rezou um terço, preparou sua homilia para a missa da sexta, foi na padaria para comprar algumas quitandas que sabia serem as preferidas de Maria. Quando o ponteiro do relógio da sala da casa paroquial indicou que faltavam quinze minutos para o horário combinado – e tendo em mente a pontualidade da mulher, Charlie foi fazer o café à moda tradicional, fervendo a água, jogando o pó que foi moído naquele dia no coador, coando e passando para a garrafa térmica. O cheirinho de café inundou a cozinha, o deixando mais relaxado. 
Arrumou a mesa com o que havia trago da padaria, o bolo de chocolate e os pãezinhos doce com recheio cremoso em pratinhos. As xícaras na mesa e as colheres nos pires para o açúcar retratavam um quadro casual e íntimo demais que o deixou com uma leve vergonha de si mesmo. 
A campainha tocou, anunciando a chegada de Maria. 
Santa seja, Rainha Imaculada!, proferiu baixinho antes de abrir a porta, se deparando com a mulher da sua vida, alma do seu corpo, pecado dos pecados, parada vestida com seu vestido longo de seda, alça finas, naquele profundo azul-carbono, cabelos soltos e expressão tensa a sua porta. Charlie engoliu os maldizeres que irromperam sua mente, olhou brevemente para os lados querendo encontrar algum bisbilhoteiro mas foi interrompido com a pressa dela de entrar na casa, soltando com a voz afobada:
— Ninguém tá lá fora, pode ficar tranquilo! 
Seu aroma floral o entorpeceu assim como a presença dela que preencheu o espaço todo da sala. Ele rapidamente fechou e trancou a porta, conferindo mais uma vez na janela ao lado se realmente estavam seguros. A rua estava vazia, reflexo da normalidade tediosa daquele lugar. As poucas irmãs que moravam com ele, mais para ajudá-lo com alguns afazeres, estavam passando a temporada no convento principal, que ficava a algumas ruas a frente da casa paroquial, o permitindo ter acesso a elas quando quisesse e precisasse e também uma privacidade para si mesmo. Por isso que as noites e madrugadas adentro soterrado no prazer da carne de Maria eram tão fáceis: ele praticamente ficava a maior parte dos dias e noites sozinhos, era quase como se elas permitissem que ele vivesse tal qual um homem no auge dos vinte e tantos anos de idade normalmente, esquecendo de seu posto como sacerdote. Maria conhecia a casa paroquial como a palma de sua mão: a sala principal com a bicicleta ergométrica que Padre Charlie usava em seus treinos, o corredor que levava até um dos banheiros e a um quartinho embaixo da escada, a escada que subia para um corredor que conectava quartos vazios, janelas abertas com cortinas rendadas que balançavam, o banheiro principal onde ambos já se banharam e fuderam bastante, e lógico… o abençoado quarto dele que dispensava lembranças. 
Ela olhou para ele com um ar inquieto, Charlie sorriu cavalheiro apontando com as mãos sua direita, onde havia um pequeno degrau de dois lances que descia para a copa e a cozinha.
— Venha, vamos tomar o café! Acabei de passar… — Maria confirmou com a cabeça, indo na frente dele. Os olhos do homem seguiram a forma dos quadris dela, a suavidade dos ombros e a forma como ela segurava uma bolsa pequena – que ele acabou de notar sua presença – entre os dedos de unhas pintadas de preto. Ela calçava uma sandália trançada nos tornozelos cor palha seca, expondo na canela direita a tornozeleira fininha com um crucifixo em prata pura que Charlie lhe deu de presente. Ela usava aquela maldita peça só em momentos bens específicos – como na noite do aniversário dele, no casamento da irmã mais velha, no batismo do filho de um amigo dela. 
Haveria uma grande anunciação naquele dia. 
Maria entrou na cozinha, familiarizada com as paredes amareladas e os armários brancos, a mesa com uma toalha de bordas rendadas alva, a garrafa térmica preta. Ele de fato preparou um café da tarde para eles. Sorrindo envergonhado, Charlie tinha ambas as mãos na cintura esperando alguma reação positiva, uma afirmação boa vindo dela com seu café posto à mesa. Recebeu uma jogada de ombros, uma mão brusca puxando a cadeira pesada de madeira na outra ponta da mesa quadrada, encostada na parede à sua esquerda, sentado, encarando-o com o olhar carregado de contestações. 
— Que o café esteja do seu agrado! — Sua voz saiu rasgando com desgosto, sentando na outra ponta enquanto cruzava as pernas, encarando-a com aquele ferro líquido que queimava sua alma, pesado, metálico. Maria pegou sua xícara e se serviu com o café, bebericando lentamente sob o olhar cortante de Charlie. Sua demora para desocupar sua boca o deixando doido. Limpou sua garganta, o pomo de Adão descendo e subindo com a frase que estava estagnada na sua garganta:
— A que devo a honra de sua visita em plena quinta-feira à tarde?
A pergunta ficou suspensa entre os dois, pingando seu veneno entre a suposta causalidade em que eles se encontravam, manchando-os com toda aquela carga de culpa cristã que rasgava suas almas. Era hora de expurgar os pecados. Maria abaixou lentamente a xícara até encostá-la na mesa com um ruído ínfimo. Charlie se encostou na cadeira, cruzando os dedos, aguardando sua resposta. Ela molhou os lábios para facilitar a passagem daquelas palavras tão rígidas:
— Precisamos parar com o que temos… Isso já escalonou num nível insuportável para mim, eu não consigo — ela parou, segurando o choro dentro de seu peito: — eu simplesmente não consigo mais suportar tudo isso. Não é certo.
Charlie ficou estático, cético com o que acabou de ouvir. O que era uma hipocrisia vinda dele mesmo já que as palavras que saíram dos lábios de Maria eram exatamente o que ele iria falar. Mas aquilo vindo dela… Soava como uma traição. Eva mordendo do fruto proibido, levando Adão a ruína. Sansão sendo seduzido e traído por Dalila. Ele se sentia um Pedro traíndo Jesus Cristo naqueles momentos de luxúria, negando-o repetidas vezes enquanto se perdia naquela Madalena. Um ódio estranho tomou conta de si, o coração pesado e sangrento tomou conta de sua ações:
— Quem você pensa que é para simplesmente vir até minha casa e depois de me seduzir, querer acabar com tudo como se isso fosse o suficiente para todo o estrago que me provocou? Madalena! Prostituta do Diabo! Eu te condeno! — Cuspiu com ódio. Lágrimas transbordavam no rosto angelical de Maria, a expressão de deslocamento tomando conta dos olhos que caíram, perderam o brilho, enquanto levava as mãos até o coração. Charlie se levantou num pulo, os punhos fechados sustentando seu enorme corpo que vertia para a frente, ameaçador:
— Maria, eu te ofereci um ombro amigo e você me devorou o corpo inteiro! Eu quis ser seu pastor mas você queria que eu fosse seu esposo! Você me tentou, seduziu… Me fez pecar! Isso é heresia, sabia? E sabe o que é pior nisso tudo? Eu te amei feito um louco. Confiei em você como um cão. E em troca recebo espinhos das rosas que pensei ter colhido…
— Mentiroso. 
— O que disse? 
— Mentiroso. — Repetiu a palavra entre lágrimas, sustentando o mesmo olhar de rancor que ele. Charlie engoliu a ira fortemente, os ombros tensos despencaram assim como seu próprio corpo na cadeira, o suspiro pesado escapou lento pelo nariz. Ela tinha razão. No final das contas ele não passava de um covarde mentiroso. Maria enxugou as lágrimas com as mãos trêmulas:
— Eu não vou carregar o fardo da culpa sozinha, se é isso que você pensa e quer Charlie… Não mesmo! Durante todo esse tempo eu acreditei e acredito que tudo o que vivemos, mesmo que escondidos, foi completamente recíproco. Então não me venha apontar agora os dedos, me acusando de ser uma… uma… prostituta ou o que quer que seja, porque se eu sou uma pecadora, você é tão mais pecador do que eu. 
O silêncio sepulcral ornamentou o sepultamento do relacionamento deles. 
Maria ergueu os ombros, ajustou a postura, levantou-se e caminhou para sair quando sentiu seu pulso ser agarrado. Olhou para o lado, a cabeça levemente abaixada, com o olhar de desprezo e lábios cujo cantinhos tentavam segurar a angústia. Charlie tinha os olhos escuros brilhosos – lágrimas inquietas que queriam escapar. Sussurrou em súplica:
— Por favor, não me deixe. 
A mulher ergueu os olhos para cima, o teto branco, a luz natural, Deus observando-os de cima. Murmurou algo incompreensível, sua voz sibilando em chiado nos ouvidos de Charlie, então o voltou a encarar, com um pesar que contorcia seus olhos entre a dor da separação e o amor enorme que sentia por ela.
— Se eu não te deixar agora Charlie, eu estaria abrindo mão de viver toda a vida que mereço viver. Infelizmente você não entende isso. 
Ele apertou o pulso dela, porém ela foi mais forte desenroscando-o e tirando sua mão com um puxão brusco. Charlie voltou estático para a frente, os olhos vazios focando em um ponto qualquer, uma moça posando no bolo intocado que ele comprou para a ocasião. Quando ouviu a porta principal sendo destrancada e aberta, sua vontade foi de levantar e correr até ela, se agachar diante Maria, rezar por ela, fazê-la ficar com ele por toda uma eternidade… O baque da porta se fechando e o silêncio absoluto da casa o trouxe para a realidade.
Sozinho, ele chorou. 
Dias se passaram.
Semanas dobraram na esquina.
Meses se tornaram meras páginas de um calendário sendo removidas.
O ano terminou e recomeçou como sempre, trazendo esperança e desejos renovados de uma vida melhor. A memória era só mais um punhado estranho de imagens que vez ou outra passavam na sua mente. 
Padre Charlie Mayhew estava sentado na sua cadeira, aguardando o coro finalizar o louvor, uma mão apoiada no braço do seu trono, a mão segurando seu queixo, analisando com um olhar preguiçoso as pessoas que compareceram a missa, enquanto a outra mão batia ritmadamente contra a madeira da cadeira. Quando a luz voltou a focar nele, um borrão alaranjado contra seu rosto, Charlie pode observar melhor as pessoas que estavam nas primeiras fileiras de bancos, os olhos casualmente esbarrando em um rosto conhecido que fez falta durante todo aquele tempo. O coração congelou e a respiração se tornou desenfreada, irritante para seus próprios ouvidos. Ela não estava sozinha: ao seu lado um homem esguio, alto, pele bronzeada, cabelos e olhos castanhos claros, vestido com uma camisa social branca, tinha uma mão no colo dela. Charlie engoliu a inveja, se levantando para ir para o púlpito começar a oração. 
O resto da missa foi um martírio. Ao menos eles não comungam com ele. 
Ao final, enquanto todos se levantaram para sair, Charlie focou seu olhar em Maria que o ignorou, levantando e segurando a mão do homem – alianças douradas reluziram em seus dedos. Foi quando o homem percebeu que aquele garotinho ao lado do homem não era só neto da senhorinha que estava na ponta do banco. Era filho de Maria, branco com os cabelos escuros, o nariz fino e arrebitado, olhos escuros que observavam tudo ao redor. Ele ficou o tempo todo no colo da senhora, mas no final da missa quem o pegou nos braços foi Maria, agradecendo a senhora por tomar conta dele, enquanto o homem ao lado brincava com o menininho. 
Sangue de seu sangue, fruto de sua semente. Cuidará daquele filho que carrega sua herança enquanto erguerás da Casa de Deus. 
A voz daquele sonho estranho o perturbou, a lembrança cruel o arrebatando. O pecado se tornou carne viva, sangue que escorria dele para um outro, sua alma se tornando duplicada de si mesmo. E então ele se encontrou num despenhadeiro de si mesmo e assim como aquele fatídico dia, sua alma chorou dentro de si.  
"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
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jadlee · 28 days ago
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"Eu sou o guardião da espera, sempre atento ao primeiro sinal de sua volta. O ronco do seu carro, ao longe, é uma melodia familiar que eu reconheço instantaneamente, como uma canção gravada no meu coração. Entre mil sons, sei distinguir o seu – o som de quem eu amo.
O eco dos seus passos é como sinos tocando suavemente, e sua voz é a mais pura música que já ouvi, uma harmonia que me preenche de alegria. O seu sorriso, então, é luz que me envolve, como se o próprio sol estivesse ali, aquecendo tudo ao redor.
Seu perfume? É o cheiro do meu lar, o aroma que transforma qualquer lugar em refúgio seguro. Sua presença é um chamado à vida, um despertar para um mundo que só faz sentido ao seu lado. Até quando você dorme, estou aqui, guardando você em seu descanso, admirando quem é o centro do meu universo.
Seus olhos brilham como estrelas que guiam o meu caminho, e suas mãos sobre mim trazem uma paz sem fim, o toque mais puro e amoroso que conheço.
E, quando você parte, um vazio enorme toma conta de mim. Mas não desanimo; eu fico aqui, paciente e fiel, esperando por você, hoje, amanhã, sempre. Sou seu cão, seu amigo eterno, aguardando cada reencontro com o coração pulsando de amor."
D/A
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ehogaston · 2 months ago
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𝑾𝑨𝑵𝑻𝑬𝑫 𝑪𝑶𝑵𝑵𝑬𝑪𝑻𝑰𝑶𝑵𝑺: algumas das conexões abaixo estão separadas entre canons e perdidos, mas apenas as conexões românticas têm distinção de gênero pois gaston é heterossexual. todas estão abertas à adaptações. PS1: algumas conexões podem ser preenchidas por mais de um personagem.
amizade.
001. Ninguém entende como nem o porquê mas MUSE consegue lidar com Gaston até em seus dias mais insuportáveis (todos), e foi essa habilidade em lidar com o homem que fez uma amizade surgir. — @gctinhc
002. MUSE e Gaston costumavam se odiar mas a realidade é que eles têm alguns traços de personalidade em comum, por esse motivo essa relação de ódio acabou se transformando numa amizade inesperada de morde e assopra.
003. Por incrível que pareça MUSE consegue despertar em Gaston seu lado atencioso e cuidadoso. Mesmo que ele não admita com palavras está sempre se preocupando em ver elu bem. Talvez seja a única pessoa com quem ele se importa de verdade além dele mesmo. (apenas canons) — @janepcrter
004. Interesse é a única coisa que os une. Numa relação cheia de desconfianças, um atura o outro só porque eles têm algum objetivo em comum. — @mzgicmirror
005. Gaston e MUSE possuem hobbies em comum e por esse motivo acabaram se tornando amigos.
006. MUSE e Gaston são parceiros de farra e de bebida. Estão sempre bebendo juntos ou festejando em algum lugar. — @hoisthecolors
007. Superando todas as expectativas e o ódio de Gaston pelos perdidos, MUSE é alguém com quem ele simpatizou e agora eles se suportam e até se divertem juntos. (apenas perdidos) — @svfiawitch
inimizade.
008. Gaston odeia MUSE simplesmente por invejar suas habilidades ou não entender como elu consegue ser tão bem quisto. (apenas canons) — @hvrcules
009. O ódio entre eles é mútuo pois um despreza a forma do outro de ser.
010. Gaston e MUSE tem uma relação de competitividade devido a uma grande disputa de ego. — @rainhalouca
011. MUSE até tentou aturar Gaston mas não tem paciência pra sua personalidade egocêntrica e controladora. — @agnikaii
012. Costumavam ser amigos até que em alguma situação Gaston priorizou a si mesmo ao invés da amizade, fazendo com que um ressentimento surgisse. — @damselnstress
013. Apesar de terem sido grandes amigos no passado, foi MUSE a pessoa responsável por quebrar a confiança de Gaston e ajudá-lo a se tornar tão individualista. (apenas canons)
014. MUSE é um perdido e isso é mais do que suficiente pra ter o desprezo de Gaston, pelo menos o sentimento é recíproco. (apenas perdidos) — @garotodapintura @hiloren
romance.
015. MUSE e Gaston vivem em constante conflito desde que se conheceram, porém com o tempo essa antipatia acabou se misturando com uma estranha atração que faz com que suas discussões sempre acabem em beijos, mesmo que declarem ódio um pelo outro. — @dcrkblue
016. Gaston sempre tenta impressionar MUSE em busca de uma chance. Ela, por sua vez, usa isso ao seu favor, manipulando ele para seus próprios fins. — @pepamadrigcl
017. Era pra ser uma relação superficial mas MUSE acabou se apaixonando por Gaston. É claro que isso não terminou bem já que o homem não queria um relacionamento sério na época. (apenas canons)
018. Apesar de sua obsessão por Belle, MUSE foi o grande amor de Gaston. Podem ter tido um relacionamento ou não, mas a verdade é que ele não a superou por completo. (apenas canons)
019. Gaston nunca vai admitir mas ele morre de medo de ficar sozinho para sempre, MUSE compartilha do mesmo sentimento e por isso eles mantém uma relação de conveniência.
020. Existe uma atração mútua entre eles mas Gaston prefere morrer a admitir isso, desde que odeia os perdidos e tudo relacionado a eles. (apenas perdidos) — @investigctor @unicorn-supernova
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wayneverso · 7 months ago
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SHARP CLAWS.
featuring : @silencehq @christiebae @azolman & @rxckbellz !
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evelyn não conseguia fazer seu coração bater mais devagar.
bem, era inevitável, não é? deixar de sentir-se tão empolgada. afinal, vivia para batalhas. talvez não fosse a típica guerreira soturna dentro dos moldes que costumavam caracterizar soldados, mas dedicou anos demais de sua vida à controversa arte da guerra; o suficiente para ansiar por monstros e desafios complexos, apenas para conseguir sentir a mesma euforia correndo nas veias e alimentando seu genuíno amor pela violência. logo, aquela era a missão perfeita. perigosa o bastante para lhe atiçar, e com companhias altamente diversificadas, o que tornaria qualquer confronto mais interessante devido ao contraste.
❛ já disse que eu adoro parques de diversão? ━━━━━ comentou, enquanto caminhava despreocupada ao lado dos colegas, sem que o sorriso deixasse seu rosto. provavelmente parecia uma postura irresponsável considerando como estava calma, mas com winters era sempre assim, estava constantemente animada até ter que focar sua atenção inteiramente em massacrar algum bicho. ❛ adoraria estar aqui em circunstâncias mais felizes. vocês acham que há a possibilidade da gente dar uma voltinha na roda gigante depois de conseguir a varinha ? ━━━━━ questionou, especialmente à azra, já que era a ela que respondia naquela missão.
azra não respondeu sua pergunta, mas com toda certeza tinha algo a dizer, considerando a expressão assombrosa em sua face, e para a filha de dionisio isso era o suficiente para empunhar suas lâminas, transformndo o cantil vazio em duas lâminas roxas de brilho metálico. grifos. escutou e, segundos após se colocar em posição de batalha, usufruiu da própria força para não ser derrubada pela corrente de vento causada por asas gigantescas, sobrevoando sua cabeça como se seu desejo fosse arrancá-la fora com as garras afiadas dos pés. e com certeza era. evelyn foi para trás pelo impulso, e fez o possível para não cair.
sem perder tempo, usou as pernas para se impulsionar para o alto, com a ponta dos sais mirando no que podia do corpo majestoso de um dos monstros, sem sucesso na empreitada, ao menos à princípio. "humf, com asas até eu", pensou, irritada, e se abaixou enquanto outro ataque aéreo era deferido em sua direção. se aproveitando da cobertura de gilbert, pegou o cantil cheio e levou até a boca, sentindo a dormência do álcool logo se transformar na prazerosa sensação de completude que vinha acompanhada do despertar de suas habilidades. já conseguia sentir os músculos posteriores mais fortes, tal como seus cinco sentidos se expandindo.
com a recém-adquirida confiança, deu mais um salto e, dessa vez, conseguiu perfurar as garras do animal com suas duas lâminas, e este soltou um alto ruído de insatisfação. ❛ vou fazer um coisa, mantenham ele ocupado! ━━━━━ pediu, correndo até uma das árvores mais próximas. colocou as duas lâminas entre os dentes, uma pra cada lado, e retirou os sapatos. com as garras para fora escalou até um ponto alto o suficiente, e, sem calcular muito bem a distância, saltou até onde estava um dos incômodos visitantes, e quase não conseguiu. fez uma aterrissagem desajeitada em uma das asas, usando as garras para se prender e não cair no chão. elas foram escorregando através da carne do grifo té se firmarem. mas, claro, isso apenas fez com que tanto ela quanto o grifo se chocassem contra o chão. sentiu a dor imediatamente após ter o peso de um animal tão grande por cima de seu corpo e, aproveitando a raiva desperta pela dor, soltou as lâminas no chão, primeiro para gritar, depois para morder o pescoço do animal com suas próprias presas. podia ser a porra de um grifo, mas ainda era só um passarinho - metade passarinho - e evelyn não estava disposta a perder para um (meio)passarinho.
entre o contorcer de dor do híbrido e seus próprios grunhidos sofridos, evelyn rolou até estar livre do peso do animal enraivessido. não muito distante conseguia ver o outro, e ele parecia prestes a atacar seus amigos. alcançando uma das lâminas, a que ainda conseguia pegar e não estava perdida em algum lugar embaixo de um grande monstro animalesco, correu até o animal para fincá-la em seu corpo. diferente de como havia feito com o primeiro grifo, dessa vez não apenas a utilizou e pegou de volta: delírio estava fincada até o fim de sua lâmina mágica na coxa do monstro e, por isso, evelyn sabia que causaria severas alucinações, já que esse era o efeito que costumava causar gradualmente entre suas investidas.
dito e feito. não precisou de muito tempo para que o grifo começasse a voar confuso. evelyn não sabia quais as alucinações que seu sai causava, mas foi o suficiente para que o animal voasse para longe, desnorteado, levando consigo a arma ainda fincada em sua coxa. merda. teria que conversar com dionísio depois sobre uma possível substituição. talvez ele estivesse de bom humor? enfim. isso era um problema para a evelyn do futuro. a evelyn do presente tinha que voltar até onde estava o outro grifo, para ajudar seus amigos.
christopher e azra estavam fazendo um excelente trabalho em aprisioná-lo, e gilbert estava fazendo um trabalho igualmente excelente em esfaquear o animal, preso e indefeso. provavelmente nem precisavam tanto assim do seu apoio, mas ela sabia que era melhor não arriscar. vendo que manía não estava mais perdida embaixo do grifo, correu até sua lâmina restante e se juntou ao filho de hermes. alguns golpes desferidos depois e o grifo se desfez em pó. evelyn caiu, sentando-se no chão, ofegante. ❛ okay. ━━━━━ bebeu um pouco mais de vinho e se deixou levar pela vontade de dar risada. ❛ isso sim é o que eu chamo de um esquenta. ━━━━━ complementou, se levantando. ❛ o outro está com o meu sai enfiado na coxa, deve estar tendo visões. é melhor a gente se apressar antes que ele decida voltar. ━━━━━ foi até os sapatos, porém, estava considerando se ia realmente precisar deles. a verdade é que, a partir daquele ponto, precisaria cada vez menos de roupas. ❛ e o templo? vocês acham que conseguem a localização exata logo? ━━━━━ questionou, enquanto procurava por água. não achava prudente estar sóbria, mas ainda assim, estava cansada, e o impacto do corpo do grifo certamente havia deixado hematomas desagradáveis.
isso tornava a situação menos empolgante? ha, claro que não.
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eulembrodelemuria · 8 months ago
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"O caminho da verdadeira espiritualidade é para os inteligentes. O difícil. Aqueles que não desistem de nada dia após dia para alcançar seu objetivo de cura e expansão de consciência. Aqueles que conseguem se desligar de tudo nesta existência ilusória. E amar de verdade. Aqueles que são capazes de simplesmente ser.
Através do portal de coração aberto para o Amor Supremo, todos os resquícios dos traços de seu caráter que causaram qualquer tipo de carma são liberados. Seja sofrimento aparente ou apego que traz prazer temporário. Somente através deste portal você encontrará a união com sua verdadeira natureza.
Não há necessidade de se sentir investido em uma missão. Não há necessidade de ouvir o ego que só traz separação. Ordinário. Comum. Familiar. Natural. Humilde. Normal. Ser divino é normal. É a sua natureza. É através do cotidiano comum que você ganha acesso ao sagrado extraordinário.
Seja comum. Seja natural. O que poderia ser mais comum do que o ser que você é? Somos todos iguais. Somos todos filhos de Deus. Semelhante. Familiar. Aceite ser comum. Aceite não ter nada a provar. Para voltarmos ao caminho da Unidade. Na confiança do Ser que sabe.
Apesar das aparências, o futuro da humanidade é brilhante. O que é hoje deve desaparecer. Esta mudança do ego para a Consciência é o plano de Deus. Despertar da divindade nos seres humanos. Não mais reservado para poucos, será a norma. Assim como as lagartas se transformam em borboletas quando chega a hora.
Como prisioneiro do seu próprio ego, você pensa que sabe. Na realidade, ninguém sabe. Cada um de nós é um elo na corrente desta verdade infinita. Isso nos escapa totalmente. Pare de se identificar. Saia deste sonho. Entenda que seu personagem não é real. Permita que a realidade dentro de você emerja."
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cartasparaviolet · 2 years ago
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Complexo de Atlas
Meus ombros seguiam doloridos e exaustos de carregar o peso do mundo nas costas. O meu mundo, o mundo de outros. O peso das cobranças, expectativas e das responsabilidades que desde cedo me deparava mesmo quando queria apenas me permitir ser uma criança. Hoje, ser eu mesma.
O peso do que deveria ser.
O peso do que não fui.
Cresci com esse complexo de que devia me esforçar mais do que a minha essência suportava. Em todos os sentidos. Desde cedo nos é transmitido tais ensinamentos, que pessoa iluminada você é por priorizar terceiros. Na teoria soa esplêndido, na prática é suicídio. Mas a gente quer acreditar nessa ilusão. Pessoas cegas guiando outros cegos. Fatigada, permanecia sustentando os céus alheio. Não havia limites. Extrapolava-os constantemente. Porque limitações significavam fraqueza e tempo perdido. O desumano sacrifício válido que te garante uma recompensa no final. O pote de ouro no fim do arco-íris que você jamais alcançará, pois desiste exaurido no meio do caminho.
A recompensa era continuar numa espiral de martírio e desespero.
A roda precisava girar.
Aquela rotina maçante não valia mais a pena. A vida encarrega-se de por tudo no seu devido lugar, inclusive te obriga a desacelerar e mudar a rota caso precisar. Quando a consciência expande é chegada a hora de despertar e vislumbrar novas formas de ser. Novas conexões vão sendo estabelecidas para mostrar que aquele não é mais um caminho a ser trilhado. Alguém misteriosamente te lança uma boia salva vidas e te resgata daquela tormenta.
Aprendi da forma mais dolorosa a dizer não. Diversas vezes a contra gosto. Colocar-se em primeiro lugar e preservar-se deveria ser um dos 10 mandamentos. Soa egoísta aos olhos da maioria, mas quem ultrapassou seus limites e navegou contra a correnteza compreende que isso se denomina amor próprio. E essa virtude foi completamente distorcida.
Limites saudáveis bem determinados e um bom uso de meu discernimento passaram a deixar a minha mente sã e meu espírito em paz. Meu físico também agradeceu pelas cargas removidas de meus ombros calejados. O problema é que quando você delimita espaço, as pessoas tendem a incomodar-se.
Compreendi que ser justo e ser bonzinho são coisas distintas, algumas fichas quando caem soam como cintilar de sinos da liberdade.
O fardo era tamanho que não havia espaço nesse ínterim para ser feliz.
@cartasparaviolet
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golhermx · 8 months ago
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O amor começa
Sonha apenas em que seja infinito enquanto dure. O amor acaba como a noite sufoca o dia, como o despertar afugenta o sonho, como o ar aspira a fumaça do cigarro. Mas, se o amor tem crepúsculo, tem também a manhã dos inícios. O amor começa. Num instante que pode ter se perdido no tempo, ou num recanto empoeirado da memória.
O amor começa com o olhar que se ergue inocente do jornal e encontra dois olhos iluminados, que esperam. Nesse átimo, de turbulência interior e inquietude física, todas as energias do mundo se acumulam entre os olhos e, numa clarividência mágica, entende-se, ao infinito, a que se destina a vida. O amor começa ao se virar a esquina e estacar, súbito, diante de um rosto, que não é apenas um rosto, mas a serenidade de um oásis, exalada de um sorriso. O amor começa ao se entreverem as luzes da tela refletidas nas lágrimas que se tenta disfarçar. O amor começa com a desastrada busca do brinco que se soltou no elevador cheio. O amor começa quando, correndo na chuva, se atravessa a rua, num labirinto de carros, para devolver o isqueiro descartado que se supôs perdido.
Para cada par o amor escolhe como começar, onde começar, quando começar. Mas, em geral, prefere o inesperado ao previsível, o impensável ao possível.
O amor desdenha das situações preparadas para o amor. Jantares, festas, esticadas etc. Também despreza esses encontros por acaso - que coincidência, você por aqui! - minuciosamente acertados por amigos-cúpidos.
Aliás, o amor não gosta de cupido. Muito menos da cupidez. Não vê nenhuma ligação entre ele e um anjinho alado e gorducho, com arco e flechinhas’ na mão. O amor considera-se um deus, acessível apenas aos beneficiados pelo privilégio da fé. Por isso não tem rosto, corpo, fadiga, suor ou qualquer representação humana. Explica que não é um ser humano, apenas o habita, como faz a alma. E pode mudar de endereço a qualquer momento.
Como um deus, o amor ignora a razão e os argumentos, a moral e os bons costumes, a lealdade e a ética, as diferenças de classe e de cultura, de cor e de fortuna, de berço e sobrenome. O amor não sabe o que é transgressão. Egoísta, irracional, transgressor, o amor só tem em conta o amor.
O amor desconfia quando, no segundo encontro, já usam o seu nome em vão. Ironiza a pressa, os ansiosos e afobados. Ridiculariza a sedução barata, e tripudia dos que preferem conquistar à conquista. Zomba dos autoconfiantes. Ameaça os lentos, fustiga os tímidos, humilha os arrogantes. Não importa o que são, o que fazem, o que querem: onde há dois seres humanos, há sempre o risco de que o amor comece. Tolice: esse risco é tecnicamente possível, mas humanamente improvável. Amor à primeira vista é como cartão-postal: emocionante, estonteante, maravilhoso. Mas só se vê uma vez. O amor não dá mole, não. Pensa o quê? Tem que ralar!
O amor começa quando chega antes da hora marcada e ouve-se reclamação pelo atraso. O amor começa quando alguém tem medo de avião e alguém conforta, fingindo que não tem. O amor começa quando um carro toca o outro e a briga desvanece na troca de telefones. O amor começa quando nada acontece sob a mesa. mas os pés se coçam para se roçar. O amor começa quando na saída do restaurante alguém murmura: “Amanhã cedo, você me liga ou me cutuca?” O amor começa quando, finda a festa, na entrega em domicílio, alguém concede, exausta e esperançosa: “Pode me deixar em casa por último.”
Às vezes, uma pessoa arrepia-se de emoção ao se aproximar de outra. E pensa que o amor começou. Há que ficar atento. Pode não ser. Ela descobriu que precisa e quer a companhia da outra. Mas não significa que o amor começou. Outras vezes, o amor acontece em uma pessoa, mas não na outra. Não há culpa em não corresponder a um amor. Mas rejeitar amor dói.
E esse tal de amor tem o estranho costume de girar atrás do próprio rabo. É preciso estar sempre atento para saber que o amor começou. Mas começou exatamente o quê, se ninguém sabe explicar o que é o amor? Há quem diga: o amor, é preciso aprender. Ninguém nasce sabendo. O porta diz: amar se aprende amando. É comum ouvir-se a explicação enigmática: tranquilize-se, quando estiver amando você vai saber. Logo salta a pergunta: como posso saber? E a resposta ainda mais misteriosa: cada pessoa tem a sua maneira de perceber. Imagine você: alguém está diante do amor, do amor definitivo, absoluto, imorredouro. Mas a pessoa não o reconhece, não o percebe, não o intui. Como o faria, se nunca o sentiu, nunca o viu… Eis à ironia: o que mais se busca é o que menos se conhece. Nunca se saberá se encontrou. Será mesmo este? Não será o seguinte? Ou o anterior?
O marujo estremece quando pressente aproximar-se o porto. Ele sabe os abraços e beijos do regresso. Quem nunca foi amado estremece ao pressentir que o amor começa. Assim como o marujo volta a partir com o coração apertado, há que se amar com medo. Nada na vida é seguro, eterno, definitivo. Nem a vida o é, por que o amor seria? O amor acaba, disse Alcione Araújo. O amor também começa, lembro-lhe eu Guilherme.
Transcrito: golhermx
Por: Alcione Araújo, em: Urgente é a Vida
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SINOPSE DO LIVRO: NA COMPANHIA DE UM ANJO II DE :
Leide Sardeiro
“No jardim do bem e do mal, eu era um Anjo estragado. Convivendo com seres também estragados. Sendo fortemente abusada, ignorada, descartada, violentada, agredida, incompreendida, desprezada. Até que um dia, com a ajuda infinitamente Divina de Anjos, decidi parar de sobreviver e mendigar. Resolvi ser eu mesma a minha ‘própria heroína’. Decidi ser o próprio ‘amor da minha vida’. Neste dia entendi que era eu a minha maior expectativa; e que era eu quem precisava me compreender, me aceitar, me valorizar, me respeitar, abraçar a minha causa e cuidar de mim. Para este propósito, eu precisava me curar. Sair do casulo, abrir as minhas asas. No meu primeiro voo, percebi que a Terra já não estava mais alinhada a quem eu era. Eu já não me encaixava. Então decidi partir com meus irmãos Celestiais. Fui de encontro à melhor versão de mim mesma. Fui conhecer outros Universos, outros horizontes e novas dimensões, lugar onde o Sagrado e o Eterno me contemplavam e me aguardavam amorosamente, sempre conspirando para o meu ‘despertar’. Tudo o que eu tinha que fazer, era me lembrar de quem eu realmente era. Pois, nada era por acaso no meu mundo, nem as alegrias, nem as tristezas. E não só o Céu era o meu testemunho, como o Inferno também.”
— Sofia Oliveira.
Por causa dele, ela subiu até o mais alto do Céu e desceu até as profundezas do Inferno, para provar que o amor é a única força capaz de transformar ele mesmo e a humanidade.
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livrosencaracolados · 1 year ago
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"A Princesa Adormecida" (Princesas Modernas #2)
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Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Era uma vez uma princesa... Já deves ter ouvido esta introdução algumas vezes nas histórias que adoravas em criança. Mas essa princesa sou eu. Quer dizer, pelo menos foi assim que fiquei conhecida. Só que a minha vida não é tão romântica como nos contos de fadas. Muito pelo contrário. Reinos distantes? Linhagem real? Rapto? Uma bruxa vingativa? Para mim, tudo isso existia apenas nos livros. O meu quotidiano era normal. Está bem, quase normal. Vivia com os meus tios superprotetores, era boa aluna, tinha grandes amigas. Até que, de um dia para o outro, tudo mudou. Imagina acordares e descobrires que o mundo que achavas que era real nada mais é do que um sonho. E se todas as pessoas que conheceste na vida fossem apenas uma invenção e, ao despertares, percebesses que não sabes onde moras, nunca viste quem está ao teu lado e, especialmente, não tens a menor ideia de onde foi parar o amor da tua vida? Se alguma vez passares por isto, digo-te já que não serás a única pessoa a quem isso aconteceu. Não conheço a tua história, mas a minha é mais ou menos assim...
Aᴜᴛᴏʀᴀ: Paula Pimenta.
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ALERTA SPOILERS!
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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: Há muito tempo atrás, numa terra distante, um príncipe (que sendo o último numa longa linhagem real nunca governaria o seu reino do tamanho de uma ervilha) e uma princesa (que em seu nome não tinha nem terras nem súbditos, só uma mão mágica para a cozinha que saltava gerações), conheceram-se, e apaixonaram-se através de um maravilhoso fondue de leite-creme. Não demoraram a perceber que o seu lugar feliz era ao lado um do outro e a sua relação floresceu de forma tão doce como a sobremesa que os juntou, talvez até mais, visto que numa questão de meses descobriram que tinham o seu próprio pãozinho no forno. Encantados com a notícia, decidiram casar logo após o nascimento da bebé e convidar toda a gente para a celebração da sua união, exceto uma mulher maléfica que era obcecada pelo príncipe. Furiosa, a vilã infiltrou a cerimónia para raptar o fruto do amor do casal, mas uma pequena interferência comprometeu-lhe os planos e forçou-a a esconder-se nas sombras permanentemente, para escapar a um destino nas masmorras. Mesmo sem se poder revelar, a bruxa não desistiu da sua vingança, aterrorizando os pais da princesinha com ameaças e perseguições constantes para lhes fazer clara a sua mensagem: se ela não tinha direito a um final feliz com o seu primeiro amor, então a filha deles também não teria a oportunidade de conhecer essa felicidade; ou morreria cedo pelas suas mãos, ou ficaria enclausurada até à maioridade e privada de experienciar a pureza das paixões da infância. O casal então percebeu que a supervisão constante à sua princesinha nunca seria suficiente, que estaria sempre em perigo, então para a proteger até apanharem a bruxa, fingiram a sua morte e enviaram-na para um lugar distante sob uma nova identidade. Algo que era suposto ser provisório tornou-se permanente, passaram anos, e sem sinais de onde a bruxa se pudesse esconder, a vida da princesinha continuou. À medida que o tempo foi passando, a rapariga começou a acreditar que toda aquela narrativa cheia de ação tinha sido um sonho, que não passara de uma das histórias mirabolantes que os tios lhe tinham contado na hora de dormir, e deixou-a para trás a favor da realidade. Agora conhecida como Ana Rosa Lopes, a princesa esquecida estuda num colégio interno e de anormal na sua vida só tem mesmo os três tios paranoicos. Aliás, o seu quotidiano é de tal forma banal que chega a ser aborrecido, daí o maior desejo da Rosa ser poder viver uma aventura, de ter a liberdade para encontrar um grande amor que lhe vire o mundo do avesso. Já se sabe, quando uma princesa pede, qualquer desejo se realiza, então no seu décimo sexto aniversário, graças à DJ Cinderela em pessoa, tudo muda, e um rapaz inesperado passa a ocupar-lhe tanto os pensamentos como as mensagens do telemóvel. Infelizmente, ou talvez felizmente, Rosa não está destinada à normalidade, então não se pode esperar que a sua vida amorosa siga esse rumo. Quando começa a desenvolver sentimentos por alguém que não só a obriga a quebrar a única regra dos tios, mas que não é nem perto de quem ela possa imaginar, os bloqueios que Rosa construiu à volta das suas memórias começam a desvanecer, colocando-a num caminho que tanto lhe pode conceder o entusiasmo a que ela aspirava como tirar a vida. De facto, um longo sono espera-a, e a isso ela não pode escapar, mas quando se tem três fadas-madrinhas e um príncipe muito apaixonado, o final feliz está garantido.
Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:
Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: É divertida, direta e tem a mesma simplicidade que se vê nos próprios contos de fadas, mas de forma radicalmente mais moderna.
Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: A Paula Pimenta conseguiu outra vez, pegou em todas as partes vitais e elementos pelos quais conhecemos a história original e escreveu-os de forma a estarem mais interligados do que antes, e a ainda guardarem surpresas. A raiva da vilã, a "maldição" que leva Rosa a viver isolada, os três tios que agem como fadas-madrinhas, as picadas que levam a um longo sono que só não mata a protagonista graças à presença do seu verdadeiro amor...existe tudo sem o lado da fantasia e FAZ SENTIDO, o que faz parecer que não paramos de ler a história original, mas que apenas estivemos a olhar para ela demasiado de perto e que afinal havia algo maior a acontecer. O único conceito que não funcionou para mim foram as mensagens, estou perfeitamente consciente que hoje, mais do que nunca, isso é considerado normal, mas continuo a achar estranha a ideia de formar conexões com estranhos na internet. Essa parte da história foi demasiado atual para mim e deteriorou o ambiente que se estava a tentar construir.
Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: Este livro não diverge muito da "Cinderela Pop" no que toca aos personagens secundários, continua a não ser um defeito que eles não recebam muita atenção, sendo que o seu propósito na narrativa é apoiarem a protagonista e serem hilariantes, e isso eles cumprem (os tios da Rosa em específico recebem um excelente mais nisto). Já a nível da protagonista, acontece o oposto do livro mencionado anteriormente. Ao contrário da história da Cíntia, em que ela só se torna interiormente na Cinderela no fim do livro, a Rosa é a Aurora desde o primeiro momento e isso reflete-se na forma como as coisas funcionam para ela. No que toca aos traços que são característicos da Aurora, a Rosa têm-nos: a inocência, a gentileza, a elegância, a extrema ingenuidade provinda de ter sido criada numa bolha...exatamente por essa última característica é que ela é terrivelmente sonhadora, e extremamente propensa a tomar decisões impulsivas que a podem colocar em risco em troca do ideal do amor. E é exatamente isso que ela faz, à primeira oportunidade que lhe aparece, ela quebra a promessa que fez aos tios de se manter discreta e de não falar com estranhos, simplesmente por quão novo é receber atenção masculina para ela. E apesar de isso parecer irritante ou demasiado conveniente para a autora, está totalmente de acordo com a personagem, mostrando que há uma consequência inevitável para o seu isolamento, e que isso moldou a forma como ela interage com o mundo. A melhor parte sobre a Rosa é que não é ela que muda ao longo da história, mas sim as suas circunstâncias, e esse é mais um aspeto em que o livro se mantém fiel ao filme, visto que um dos seus pontos principais é que é por a princesa ser intrinsecamente boa e se manter firme nos seus valores que recebe o seu final feliz. A Rosa é a Aurora até ao tutano e é refrescante ver uma história onde é intencional a ideia de que se calhar não temos de batalhar tanto para merecermos a felicidade, que enquanto trabalhar em nós mesmos é uma opção, o nosso "eu" atual é suficientemente perfeito para ser aceite.
Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: Foi um pouco desapontante, e nesta história não deveria ser. Apesar de eu compreender que nos filmes da Disney as diferenças de idade são o que são e que a este ponto não se podem mudar, preferia que o livro não se tivesse mantido fiel a esse aspeto. A ideia de uma miúda que acabou de fazer 16 anos estar com um rapaz de 19 é, no mínimo, desconfortável. Com a idade que têm, três anos de diferença é muito, implica terem as cabeças em sítios totalmente diferentes e é alarmante que ele não se tenha afastado quando descobriu que ela ainda andava na escola, mas não é a primeira vez que uma obra da Paula Pimenta tem este problema. Fora isso, as mensagens que os protagonistas trocam têm um tom forçado e os "elogios", que supostamente servem para mostrar o encanto e cavalheirismo do Phil, parecem ter sido tirados de um site de frases de engate. Mesmo depois de as intenções reais e da identidade do Phil serem reveladas, o ângulo de ele ter ido atrás da Rosa através de mensagens quando ela nem sequer tinha reparado que ele existia, é esquisito, o que prova que o conceito não funciona independentemente do lado por onde se olha. Para o fim, já há algum romance a sério e começa a crescer a esperança que eles fiquem juntos mas, tirando a cena no último capítulo, não há grandes momentos que redimam a Rosa e o Phil como casal. Uma pena.
Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: É uma leitura rápida e que entretém, especialmente a partir do meio, onde tudo o que importa fica em jogo. Não nos é dado o tempo para nos distrairmos e abandonarmos o livro.
Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Nas minhas memórias este livro tem tonalidades cor de rosa e é extremamente romântico, perfeito para ler quando se quer borboletas na barriga, mas ao relê-lo percebi que não é bem assim. A minha impressão inicial diluiu-se um pouco, tal como alguma da significância que a obra tinha para mim.
Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ:⭐⭐⭐+ ½
Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Eu diria pelo menos 13 ou 14 anos, e sei que as minhas classificações de idade podem parecer um tanto inconsistentes mas os trabalhos da Paula Pimenta apresentam sempre o mesmo protótipo cliché do que é a vida depois da puberdade, e isso envolve sempre as festas, a bebida (embora de forma muitíssimo leve comparando com outras obras) e os namoros só porque sim. Já chegam todos os outros sítios (literalmente todo o lado) onde se diz ao miúdos que isto é o que é esperado deles nesta idade e que é totalmente aceitável, não é preciso agora os livros apoiarem esta noção. Daí eu dizer que é preciso alguma cabeça para ler isto, não vá alguém acreditar que a ideia de trocar mensagens com desconhecidos é romântica.
Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: É um livro agradável, com momentos doces e bom para desbloquear de uma fase onde parece que não se consegue ler nada. Começaria a ler a coleção das Princesas Modernas por causa deste volume? Provavelmente não, mas se já tivesse o primeiro, o investimento neste valeria a pena. Se estão à procura de um livro fino, fácil de digerir e gostam do estilo da Paula Pimenta e da Disney, então RECOMENDO.
Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: A Princesa Adormecida, Paula Pimenta - Livro - Bertrand
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
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princesadocampo · 8 months ago
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Macbeth
Continuando as reflexões sobre a obra de Shakespeare, hoje falarei do livro dele que menos gostei: Macbeth. Não me entenda mal, o livro em si não é ruim, pelo contrário, lendo pelas entrelinhas somos capazes de absorver muito no que diz respeito ao materialismo humano, o problema é que essa talvez seja a raiz de todos os problemas que temos e isso sempre é capaz de nos causar um severo incômodo.
Observando a trajetória do protagonista - que nada se assemelha a jornada do herói - algumas indagações começaram a me perturbar: Como será que alguém, pela primeira vez, começou a ver coisas como status e posse como mais importantes que as outras pessoas? Como será que alguém, pela primeira vez, colocou o material acima do espiritual? Como será que alguém, pela primeira vez, colocou o status acima do amor?
O mundo as vezes pode ser bem ruim mas acredito que a raiz de todo esse mal venha do materialismo e da futilidade, da busca desenfreada por ter mais e mais para que assim se sinta grande, talvez maior que os demais.
Em um mundo materialista as pessoas não enxergam as outras como nada além de uma extensão delas mesmas que podem ou não servir aos seus ideais, tão triste quando a morte da carne é a morte da alma em vida e essa morte ocorre quando deixamos de ser pessoas e de ver os outros como semelhantes para nos tornarmos peças de um tabuleiro cujo único objetivo é vencer sem que ao menos se saiba exatamente qual é o prêmio.
Macbeth é um homem que, corrompido pela ganancia, assassinou o rei da Escócia para tomar seu lugar. Ele almejava, mais que tudo, poder. Naquele período o poder estava na realeza mas hoje em dia, quantas pessoas, em nome desse suposto poder, usa e passa por cima das outras quando se faz necessário para alcançar a sua “coroa”?
Os clássicos sempre falam de forma sútil sobre situações atemporais e Macbeth representa claramente um espírito que vive pela matéria e, semelhante as folhas que caem no outono, espera o momento a ser substituído pois sabe que apenas a alma humana pode ser imortal e em uma sociedade marcada pelo consumismo, até mesmo as pessoas estão fadadas a serem esquecidas e substituídas.
Liderança, coroa, governo, status no Instagram, dígitos na conta bancária, roupas de grife… meio século depois e o mundo ainda se vê guiado pela matéria.
Macbeth se vê atormentado pela culpa e as vezes me pergunto se não é essa a razão de vivermos na era da solidão coletiva.
Há uma dualidade no paradoxo entre ter e não ter consciência moral: de um lado o corpo físico que ainda se guia pela matéria e pela busca de um lugar ao sol nesse mundo efêmero e no outro o corpo espiritual que ainda busca em essência aquilo que nos faz verdadeiramente humanos.
Macbeth, antes de assassinar o rei, passa por um terrível drama de consciência moral, entretanto, o mesmo não acontece com sua esposa que não tem nenhum dilema moral, visto que ela que almeja o poder a qualquer custo. Sua ganância leva a queda da moral de Macbeth e a corrupção do seu espírito pelo desejo de coisas que só satisfazem a matéria.
Macbeth é atormentado pela profecia de três bruxas e da inveja que viria a despertar. Ora, quantas pessoas julgam-se invejadas e insistem que suas conquistas materiais a trazem inimigos? Talvez seja real, quanto mais algumas pessoas tem, mais atraem para a sua vida pessoas dispostas a dela tirar vantagem. O problema não está em ter mas em condicionar seu próprio valor ao que tem e esquecer que no fim das contas as verdadeiras conexões de alma surgem do que se é e isso é o primordial para sermos felizes e exercermos ao máximo nosso potencial na experiência terrena.
No fim das contas, Macbeth e sua esposa perdem sua sanidade, a paranóia de Macbeth e a loucura de Lady Macbeth após o assassinato retratam o desespero de reconhecer que não há vida feliz fora do reinado do Espírito. Quando se prioriza a matéria uma parte de nós torna-se vazia e, semelhante a buracos negros, pouco a pouco começam a sugar elementos da nossa alma, como o afeto, a amizade, a família, o amor, a alegria, até destrui-lá pro completo e só sobrar o vazio da solidão e da depressão.
No fim das contas, Macbeth nos mostra a ruína que pode chegar quem vive pela aparência e na busca pelo poder. O problema não está em ter mas quando nos esquecemos de quem somos, e da nossa própria consciência, a queda pode ser bem dolorosa.
Parla de Paula Lima
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rafla7000 · 8 months ago
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Eu vi… "Bem além do teu olhar Desejando amor Desejando amar Vi teus medos E li teus segredos Contemplei teu riso Camuflado na dor Eu descobri Os teus sonhos e planos Dos mais lindos Aos mais insanos E com você eu quis sonhar E sonhamos Tudo o que tínhamos direito Eu Despojada em teu peito Você Se tornando o próprio leito Onde tudo aconteceu Sonhamos Nos amamos , nos tocamos Como nunca fomos amados Como jamais fomos tocados Até a razão Nos despertar." (Iria Helena Dondoni)
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eu-estou-queimando · 2 years ago
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Para o bem das mulheres, nós devemos exaltar o amor-próprio, autoestima, independência financeira e independência emocional.
Esse lance de colocar tudo que temos nas mãos do outro, faz com que as relações desenvolvam dependência emocional e até relações tóxicas.
Temos que alerta que precisamos nos bastar, ficar bem sozinhas para não precisar de ninguém. Precisamos parar com essa crença de metade da laranja e colocar em mente que o outro precisa nos fazer transbordar.
Temos que preparar as novas gerações de mulheres, para despertar para o feminismo, não de maneira abusiva ou chocante, mas como forma genuína do feminismo que preza pela igualdade, não superioridade.
Vejo tanta gente precisando do outro para ser feliz, como se fosse incompleta, exagerando que jamais vai esquecer, que não pode ser feliz sem tal pessoa.
Eu posso te falar com prioridade no assunto, amor passional não morre, ele se muda, se transforma de cada pessoa que você conhece, tem pessoas que eu achei ser minha alma gêmea e hoje nem lembro o nome.
Outras eu fiz poesia, escrevi cartas, fiz trilha sonora e hoje eu me recordo, sem saudade, apenas uma leve nostalgia. Depois que aprendi a me amar, a me respeitar e entender meu valor, fiz de mim lar, fiz da felicidade minha prioridade e hoje as pessoas me acham fria por não me apegar a ninguém de forma de me prender, na verdade eu descobri que a única pessoa que não pode me abandonar sou eu mesma, por isso perdi o medo de perder e já não me encaixo em lugares que não me cabem. Não é egoísmo, é, amor-próprio.
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