Um blogue com músicas, filmes, livros, desenhos, sublinhados e sonhos
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– “Estamos no outono das nossas vidas”, dizes tu. – Sim. – Fala por ti. Eu sinto-me em pleno verão. E quando eu for embora ainda será verão. Adoro o verão. Tu, não? – Eu gosto de todas as estações. As primeiras gotas frias da chuva, os primeiros flocos de neve, as primeiras brasas na lareira, os primeiros rebentos. Todas essas primeiras coisas que regressam todos os anos me encantam!
[Tradução caseira]
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Don't walk away, in silence Don't walk away
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Talvez haja aqui e ali repetições. Mas gostaria de confessar que encaro a natureza e a vida humana como uma desfilada de repetições tão belas quanto estimulantes e, além disso, gostaria de confessar que é precisamente esse fenómeno que considero uma bênção e uma graça. Existem, evidentemente, por todo o lado pessoas pervertidas pela sobre-excitação e ávidas de sensações e gulosas de novidades, que praticamente em cada minuto que passa anseiam experimentar uma espécie de prazer ainda nunca sentido. Não é de modo nenhum para pessoas desse tipo que poeta escreve, ou o músico compõe, ou o pintor pinta. Em resumo, quer-me parecer que a necessidade constante de gozar e saborear coisas sempre completamente novas é um sintoma de mesquinhice, de ausência de vida interior, de alienação da natureza e de uma inteligência mediana ou defeituosa. É às crianças que é preciso estar sempre a dar algo de novo, seja lá o que for, para que não fiquem insatisfeitas. O escritor probo não é o que se sente vocacionado a fornecer grandes quantidades de assuntos ou a ser um ágil servidor de avidez nervosa e, consequentemente, não se deixa inibir por algumas redundâncias naturais, embora se dê sempre ao trabalho, logicamente, de evitar com todo o zelo semelhanças demasiado frequentes.
Robert Walser, O Passeio in O Passeio e Outras Histórias (trad. Fernanda Gil Costa), Granito – Editores e Livreiros, 2001
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Vi-a em todos as linhas dos livros que li, desde a primeira vez que aqui vim quando era um rapazinho rude cujo coração tanto magoou então. Vi-a em todas as paisagens que contemplei, no rio, nas velas dos navios, nos lameiros, nas nuvens, na luz, na escuridão, no vento, nos bosques, no mar, nas ruas.
Charles Dickens, Grandes Esperanças (trad. Carmen Gonzalez), Publicações Europa América, 1975
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Bright are the stars that shine Dark is the sky I know this love of mine Will never die
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Agora que penso nesse assunto, a idiotice deve ser isso: o poder entusiasmar-se a toda hora com qualquer coisa de que uma pessoa goste, sem que um desenhito numa parede tenha de se ver diminuído pela memória dos frescos de Giotto em Pádua. A idiotice deve ser uma espécie de presença ou de recomeço constante: agora gosto desta pedrinha amarela, agora gosto de "L'année dernière à Marienbad", agora gosto de ti, ratita, agora gosto dessa locomotora incrível a bufar na Gare de Lyon, agora gosto desse cartaz arrancado e sujo. Agora gosto, gosto tanto, agora sou eu, um eu reincidente, idiota perfeito na sua idiotice que não sabe que é idiota e desfruta perdido no seu prazer, até que a primeira frase inteligente o devolva à consciência da sua idiotice e o faça procurar apressadamente um cigarro com as suas mão desajeitadas, olhando para o chão, compreendendo e às vezes aceitando porque um idiota também tem de viver, claro que até que outro pato ou outro cartaz, e assim sempre.
Julio Cortázar, A volta ao dia em 80 mundos, cavalo de ferro, 2009 (p. 148)
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A tua casa, sendo o local onde lês, pode dizer-nos que lugar ocupam os livros na tua vida, se são uma defesa que pões à frente para manteres afastado o mundo exterior, um sonho em que mergulhas como numa droga, ou se são pontes que lanças para o exterior, para o mundo que te interessa tanto que queres dilatar e multiplicar as suas dimensões através dos livros.
Italo Calvino, Se numa noite de inverno um viajante
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Dentro dela ainda mora a menina medricas que chora de medo… Essa menina não cresceu, continua ali, amedrontada, a chorar… implora que a deixem em paz, que não a assustem, porque ela tem medo. Tem medo de si, tem medo da família, tem medo dos amigos, tem medo dos conhecidos, tem medo dos desconhecidos, tem medo do mundo, tem medo da vida.
*Já pensei em dar-lhe um cão, mas não vale a pena porque também tem medo de cães.
NB
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Vivo neste pedacinho de casa do tamanho de um polegar. É aqui que invento todas as minhas ilusões. É também aqui que as perco. Será este o meu lugar?
NB, 2010
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