Tumgik
pintazul · 25 days
Text
Vivo neste pedacinho de casa do tamanho de um polegar. É aqui que invento todas as minhas ilusões. É também aqui que as perco. Será este o meu lugar?
NB, 2010
2 notes · View notes
pintazul · 28 days
Text
"Mindfulness"
Aqui tudo é calmo, sereno e liso. As nuvens brancas desenham esqueletos a perder de vista no céu azul. Aqui, há muitas florezinhas brancas. Parecem malmequeres minúsculos. Esforçam-se tanto para se manterem de pé debaixo deste sol escaldante. O sol pica, arde, magoa os seus pezinhos vulneráveis... NB
1 note · View note
pintazul · 2 months
Text
«Anteontem encontrei uma elegante, hoje foi uma definitiva. Conhecem o género, não é verdade? Há muitas mais ou menos definitivas. Esta sempre o foi totalmente, sem a menor hesitação. Para ela, o filme que foi ver é horrível ou ótimo, o livro que acabou de ler excelente ou péssimo, a última pessoa que conheceu um amor ou detestável. Esta definitiva que hoje encontrei não receia, nem ao de leve, enganar-se, não duvida nem um bocadinho da sua possibilidade de julgar. É uma criatura feliz. O passará a vida a cair do último andar das suas certezas no chão empedrado da realidade? Mas não, creio que nunca chegou a cair. Quando vem no ar, aquece o problema e segue em frente, esvoaçando. Quando aterra, a sua certeza é outra qualquer, mas certeza também.»
Maria Judite de Carvalho, Diários de Emília Bravo, Lisboa, Minotauro, 2019, Vol. VI
3 notes · View notes
pintazul · 2 months
Text
youtube
1 note · View note
pintazul · 2 months
Text
youtube
0 notes
pintazul · 2 months
Text
youtube
0 notes
pintazul · 2 months
Text
youtube
1 note · View note
pintazul · 3 months
Text
youtube
1 note · View note
pintazul · 3 months
Text
“‒ Em que é que acreditas? ‒ perguntou Reiter. ‒ Em poucas coisas – respondeu a rapariga depois de meditar um segundo sobre a sua resposta. – Às vezes até me esqueço das coisas em que acredito. São muito poucas, muito poucas, e as coisas em que não acredito são muitas, muitíssimas, tantas que conseguem ocultar as coisas em que acredito. Neste momento, por exemplo, não me lembro de nenhuma. – Acreditas no amor? – perguntou Reiter. – Não, francamente não – respondeu a rapariga. – E na honestidade? – perguntou Reiter. – Uf, menos do que no amor – disse a rapariga. – Acreditas no pôr-do-sol – continuou Reiter –, nas noites estreladas, nos amanheceres diáfanos? – Não, não, não – respondeu a rapariga com um gesto de manifesto nojo –, não acredito em nenhuma coisa ridícula. – Tens razão – disse Reiter. – E nos livros? – Menos ainda – disse a rapariga –, além disso na minha casa só há livros nazis, política nazi, história nazi, economia nazi, mitologia nazi, poesia nazi, romances nazis, obras de teatro nazis. – Não fazia ideia de que os nazis tivessem escrito tanto – comentou Reiter. – Tu, pelo que vejo, tens ideia de muito poucas coisas, Hans – comentou a rapariga –, a não ser de me beijar. – É verdade – disse Reiter, que estava sempre muito disposto a admitir a sua ignorância.”
Roberto Bolaño, 2666, Quetzal, 2009
2 notes · View notes
pintazul · 3 months
Text
"O meu estado não é infelicidade, mas também não é felicidade, não é indiferença, nem fraqueza, nem lassitude, nem qualquer outra coisa, mas então o que vem  a ser?"
Franz Kafka, Antologia de Páginas Íntimas, Guimarães Editores, 2002
0 notes
pintazul · 6 months
Text
youtube
0 notes
pintazul · 6 months
Text
youtube
5 notes · View notes
pintazul · 6 months
Text
youtube
1 note · View note
pintazul · 6 months
Text
«Não esforço particularmente a cabeça, deixo isso às outras pessoas. Quem esforça a cabeça torna-se odiado. Quem pensa muito tem fama de ser incómodo. Já Júlio César apontava o dedo grosso ao Cássio, esquelético e de olhos encovados, a quem temia porque suspeitava que ele tinha ideias na cabeça. Um bom cidadão não pode inspirar medo e suspeita. Pensar muito não é o seu ofício. Quem pensa muito torna-se mal amado e é inteiramente desnecessário ser mal amado. Ressonar e dormir é melhor do que ser poeta ou pensar. Vim ao mundo a tantos de tal, fui à escola em tal sítio, leio ocasionalmente o jornal, tenho a profissão tal e tal, tento tantos e tantos anos, pareço ser um bom cidadão e gostar de comer bem.
Robert Walser, Basta in O Passeio e Outras Histórias (trad. Fernanda Gil Costa), Granito – Editores e Livreiros, 2001
2 notes · View notes
pintazul · 6 months
Text
«Quiero é um verbo espantoso que quer dizer tudo. É querer, desejar, amar; é procurar e é até ter muita afeição Alternativamente, e segundo o tom que se lhe dá, exprime a paixão mais imperiosa ou o mais leve capricho. É uma ordem ou uma prece, uma declaração ou uma condescendência. Por vezes, é apenas ironia.»
Pierre Louÿs, um obscuro objecto de desejo (Trad. Ana Moura), Bico de Pena, 2009
0 notes
pintazul · 6 months
Text
«Vou ficar em casa uns quatro ou cinco dias, não para descansar, porque eu não faço nada, mas para não ver nem ouvir ninguém…»
Machado de Assis, Memorial de Aires, Livros Cotovia , 2003
0 notes
pintazul · 6 months
Text
«O que se passa é que no fundo Lucas desconfia do sono chamado reparador porque ele não repara grande coisa. Em geral antes de ir para a cama está em forma, não lhe dói nada, respira como um puma e, se não tivesse sono (o contra é esse), ficaria toda a noite a ouvir discos ou a ler poesia, que são duas grandes coisas para a noite.»
Julio Cortázar, Papéis Inesperados (Trad. Sofia Rodrigues e Virgílio Viseu), cavalo de ferro, 2010
2 notes · View notes