Sou alguém que busca a si mesmo através do que pensa. E talvez nunca se encontre, por ser tão instável quanto as ondas do mar. Na verdade, eu nem sei quem sou. Quiçá tenha jogado migalhas de mim a cada trilha que segui; outros pedaços, fui deixando em cada texto que escrevi. E hoje estou aqui: incompleto, inconstante, irrequieto.
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Quiromancia
Se o futuro já estava escrito ou ao menos predestinado a seguir o roteiro celestial, o meu será marcado por adversidades. Se a quiromancia for uma das manifestações do destino, as linhas da minha palma profanam aquilo que eu esperava. E então me indago: por que Mente e Coração andam tão separados? Qual o motivo de tanta indecisão pairando sobre mim? Quando chegarão as realizações materiais? E em qual absurda circunstância três pessoas me viram com filhos, quando sequer consigo me criar?
Atordoado pelos devaneios, dia desses, clamei ao universo por respostas óbvias. Que me enviasse orientações, dicas, qualquer coisa que guiasse uma alma aflita e perdida. E nada recebi. Porém, no dia seguinte, amanheci tranquilo. Sigo sem resposta, mas agora com uma serenidade reconfortante, banhado por uma sutileza onde o mais calmo dos ventos me faria flutuar.
Bom, o fato é que se a vida for dura, eu preciso ser flexível. Prometi que serei menos orgulhoso e mais positivo. E então voltarei a sonhar e desejar as coisas mais simples. Haverá um dia onde beber água de coco ou se empanturrar de açaí sairá de um evento esporádico para virar rotina. Haverá um dia onde eu terei uma casinha com jardim numa rua tranquila e arborizada. Ou quem sabe um apartamento, já que uma senhora evangélica com o dom da profecia me viu morando em um e fazendo viagens. E quem sabe nesse lar caiba um, dois ou até mesmo três filhos onde uma moça na época da faculdade olhou em minhas mãos. E eu, com essa mudança de perspectiva, talvez ame demais essas possíveis crianças. E então as levarei para a praia, desejando que elas sintam a mesma paz de espírito que me inunda quando contemplo o azul do mar. E minha prole será livre para ser “esquisotérica” como o pai: pediremos bênçãos à Deus e aos Orixás. Acenderemos velas para os anjos e guias espirituais. Penduraremos uma cruz de ramos de um lado da porta e um pé de galinha hudu do outro.
Um dia haverá de concretizar esses, outros ou quem sabe todos os pequenos sonhos. Haverá amor. E haverá, desde agora, um alguém mais corajoso e otimista. Alguém que não precisa ter medo de expor suas vulnerabilidades. Alguém que fará oposição às intempéries do destino. E, se a vida já estava escrita, usarei meus pincéis para criar meu próprio spin-off. Pode vir, Maktub.
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Dramas baratos
Quando adolescente, era mais fácil utilizar de uma linguagem rebuscada para expressar o que sentia. Pra ser sincero, até hoje me surpreendo ao ler alguns textos antigos: existe um choque entre duas realidades distintas, algo que transcende o velho e o novo eu. O primeiro se preocupava em disfarçar os remendos e cicatrizes em metáforas e outros truques linguísticos e literários que não sei lhe explicar porque estudei em escola pública e meu ensino foi deficiente.
Já o novo eu é todo despirocado.
Ele não tem muita noção sobre o que é vergonha social. Depois que perdeu o cabaço e sentiu as dores reais de se viver, ficou assim. O novo eu é boca-suja e sem vergonha, uma espécie de Charles Bukowski fuleiragem que até acha bonito as merdas que escreve e expõe para os outros cheirarem.
Ah, e o novo eu tá cada dia mais dramático. Mas não é aquele drama de gente carentona que parece mosca varejeira sobrevoando e atazanando a vida alheia. Tô falando do drama barato. De fazer tempestade e deixá-la ali no seu próprio copo. Não o copo d'água mas sim o de bebida alcoólica, servida num copo plástico porque também é barato. Meus dramas tem cheiro e sabor de gente de verdade, que sente que ama e que odeia na linguagem mais simples do mundo. Meus dramas são bregas marcantes como Reginaldo Rossi e as lágrimas (as poucas que sobraram), quando escorrem à noite, já amanhecem secas ao acordar.
Eu amo meus dramas baratos porque eles cabem no meu orçamento.
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Evite morrer. É sério.
Hoje fui ao IML e tudo o que posso dizer é que a gente quando é morto vale nada. É sério, torça para que você tenha uma morte insossa, dessas por causas naturais. Que você não seja assassinado e desovado num ramal porque se for (e a polícia te achar), você vai para a mesa fria da necrópsia. Vão te abrir como carne de abate e ninguém vai sentir dó, porque vivo você é um merda mas morto você vale nada.
E mesmo que as larvas comam tua carne e chegue apenas a ossada, ainda não terás dignidade. Mergulharão teu crânio num balde com água por alguns dias para facilitar a remoção dos tecidos moles. Provavelmente algum aluno aleatório como eu vai raspar as partes que ainda estiverem grudadas, numa pia externa usando apenas bisturi e força na munheca.
Pra quem faz é natural, interessante, necessário. E pra quem sofre a ação... é nada. Morto sente nada. Morto não pode reclamar que seus pedaços estão sendo lavados com mangueira de área de serviço num chão de concreto. O poder público não quer investir nos defuntos. Então seja esperto. Evite o calote no agiota, evite dever pros traficantes. Evite ser talarico, evite sair com o primeiro doido de carro que quiser te comer.
E principalmente: faça as coisas valerem a pena. Ame, nem que seja a si mesmo. Porque depois de morto, você só pode ter dois valores: o científico para os laudos periciais e o nutricional para os vermes.
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Ao rapaz da bunda branca e com o cu cheirando a mel
Eu sabia que você era cilada e mesmo assim fui.
Fui porque no fundo eu gosto de me sabotar. Fui porque eu já não sentia nada e só ao te olhar eu já sabia que algo despertaria. Então eu fui. Fui e me iludi. Me iludi no calor do teu corpo: pensei que fosse chama mas era incêndio. Dos feios. Mas também me iludi sozinho. Confundi sexo com oportunidade de relacionamento. Mas o fato é que quando se está condenado sob dias tão monótonos e de repente se vê uma oportunidade de sentir alguma coisa, a gente se joga com tudo. Tudo pela sensaçãozinha de ainda estar vivo. Então me joguei, mesmo sabendo que aquilo era precipício.
Joguei e quebrei a cara. Mal saí do teu carro e logo pude sentir meu estômago remoendo o receio e a decepção. E quando veio o seu ghosting, a gastrite logo apitou: se fodeu.
E cá estou: desenganado, tristonho. Escrevendo por escrever, desabafando por desabafar. Se um dia você lesse isso (e eu sei que não vai), será que pensaria que já fiquei apaixonado na primeira e única foda? Acho que sim. Mas te digo: não estou.
Não é a suposta paixão que me amolece e me deixa pensativo enquanto digito esse embolorado de sentimentos ruins, rapaz. É a expectativa. É o garimpar e garimpar até que encontra uma pepita de ouro que, ao lavar, ela se perde na correnteza por mero descuido ou circunstâncias alheias à vontade.
Isso nunca foi sobre paixão, menino. Mas sim sobre a ausência dela.
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Las cucarachas de mi casa
Minha casa sempre foi infestada por baratas. Quando digo sempre, quis dizer sempre mesmo. Pequenas e grandes, medrosas e corajosas, do chão até as gavetas de louça. E eu sempre tive que enfrentá-las: ora atacando, ora fugindo das guerrilheiras voadoras.
Criei um certo tipo de raiva por elas. No entanto, quanto mais as matava, mais delas surgiam, como se fossem uma adaptação de Hidra para lendas urbanas. E não adiantava variar as defesas e contra-ataques - portas e janelas fechadas, vassoura, chinelo, pano de chão, inseticida e até pisada nua e crua - las cucarachas de mi casa davam um jeito de voltar.
Porém, no início deste mês, as baratas sumiram. A princípio achei esquisito e me pus a imaginar justificativas, tais como um desequilíbrio ecológico local. Não dei importância: segui com a vida matando apenas pernilongos. Após duas semanas, ouço um barulho de aerossol na vizinhança: as invasoras não sumiram, apenas deram um tempo. Então me vi chutando e cacetando baratas tontas que reapareciam em casa. Contei dez mortas. Mas o engraçado é que elas não foram as únicas coisas indesejáveis que voltaram para a minha vida.
A verdade é que as baratas, assim como toda uma carga emocional - e assim como você - me pegaram desprevenido. Aprendi que não posso controlar a natureza, tanto a que existe lá fora quanto a que acontece aqui dentro. Os insetos, a dor, a mágoa, a tristeza, a frustração, o pessimismo e a saudade não podem ser eliminados: eles são essenciais para manter um equilíbrio ecológico que está acima do meu conhecimento.
É, estou aprendendo a conviver com eles. Quiçá aos meus sessenta anos ainda esteja matando baratas, demônios e as poucas memórias que sobrarem de nós dois. Embora não consiga exterminá-los, posso muito bem tomar o controle da situação: basta manter a casa sempre limpa e arrumada. E o coração também.
#crônica#poesia#textos#escrito#literatura#pequenosescritores#pequenosautores#pequenopoeta#novospoetas#novosescritores#novosautores
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Hoje sonhei contigo, o ambiente era como um centro comercial, onde te avistava de longe e ia me aproximando e você se afastando e eu perseguindo cada vez mais até o momento em que você para. Então chego ao seu lado e te dou um beijo de surpresa. Mas não um beijo na boca. Um beijinho no pescoço, sutil e delicado, com medo que você sumisse como algodão doce em língua de criança. Daí você me olha com a expressão mais calma e fofa que conseguia e diz com o cinismo de sempre: “cê sabe que ainda te amo, né?” E eu sorria.
Não sabia que ainda gostava de ti, sabe? Tava indo tudo bem, estudando feito louco mas daí um dia me veio I’d rather go blind na mente que me faz lembrar você e tudo o que eu pude fazer foi cair em prantos, porque percebi de uma vez por todas que perdi o único canalha, dramático e marrento capaz de me fazer sentir alguma coisa nesse mundo.
Tem sido difícil admitir pra mim que suas raízes ainda estão fincadas por esse íngreme terreno. Mas aceitar é o primeiro passo para a superação. Aceitar que dói menos. E daí só me resta esperar a vida e rotina e o tempo e o que seja para aliviar esse fardo. Enquanto isso, vou tentando transformar a tristeza em poesia que acaba resultando nesses textos ruins que nem você. Prefiro chamar de “página aleatória de um diário”. E espero que não haja muitas.
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É difícil admitir que sou frágil. Mas sou. Traumatizado. Desde os três anos de idade, as lembranças mais vivas na memória foram as de tristeza e dor. Algumas guardo só pra mim.
Mais difícil ainda é crescer e ir perdendo tudo aquilo que você acreditava, ver sua identidade e preceitos se esvaindo com o famoso amadurecimento que é mais feito de cicatrizes do que aprendizado em si. Mas tenho me esforçado para não ser definido pelo sofrimento e sim por aquilo que posso construir sobre as demolições.
E sim, por incrível que pareça, tô deixando de ser pessimista. Observando minha trajetória sob novas perspectivas. Fazendo as pazes com o passado, trabalhando no presente e com esperança em dias melhores no futuro. Quero reconquistar a beleza que existiu em mim. A candura e a resiliência. Fazer da vulnerabilidade minha armadura.
Talvez você não saiba mas nos dias de plantão, vou cedinho ao trabalho caminhando. Às vezes fecho os olhos num trecho da av. Brasil porque gosto de sentir o vento frio junto aos primeiros raios de sol aquecendo a cidade. Nesses momentos, sinto na pele que toda a merda do momento um dia há de mudar. E então me sinto bem.
A vida nunca foi boa, porém nunca esteve melhor.
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De gêmeos pra gêmeos
Passei a semana toda tentando entender a desordem da vida, minhas metamorfoses repentinas e o porquê de estar pensando em ti há quase um mês. Venho tentando também ser menos cretino e mais considerativo sobre relações. Acho que mudei de ideia. Talvez eu queira estar numa, mas não qualquer uma, mesmo que seja boa. Maior que o desconforto da solidão, é o medo de estar em algo morno e enfadado por conveniência, cê me entende? E isso jamais aconteceria com a gente.
Também tenho pensado em coisas como o amor, que é tipo um pedacinho de ordem na desordem que é viver. É troço de gente madura, que aprendeu a manter estabilidade. Eu nunca amei alguém e nunca fui amado nesse sentido, sabe? Mas de tudo o que se aproxima de amor, você é a pessoa que realmente faz falta. Porque amor é coisa daquilo que eu mais fujo e detesto num romance: rapazes bonzinhos.
E você é o pior garoto que conheci, baby.
E é por isso que eu queria que a vida te trouxesse pra mim mais uma vez e quantas outras fossem necessárias. Porque mesmo com toda a tua marra e cinismo, você era o único garoto no mundo que gostava de me observar tagarelando porque me achava lindo e inteligente, e talvez você seja o único garoto no mundo que eu me sentia confortável pra falar sobre aquilo que nem eu mesmo entendo. Eu, que sempre detestei receber ligações, fiquei contigo por mais de uma hora pendurado ao celular.
Das coisas que se aproximam do amor, você tinha o abraço que mais aquecia, os beijos que mais hidratavam, o corpo que melhor se encaixava e a cara que eu mais desejo bater.
Eu acho que gostar de alguém é como acender uma vela dentro de si. Mas todas as outras chamas se apagaram e você é o único pavio que ainda queima.
#crônica#poesia#textos#escritos#literatura#pequenosescritores#pequenosautores#novosescritores#novosautores
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A incandescência da fagulha
Cê deve saber que na maioria dos dias eu acordo cansado e indisposto e negativo e magoado e sem fé na humanidade e nas relações verdadeiras. Mas daí lembro que um dia eu me reergui em plenitude então te conheci e te amei e dei o meu melhor para nós, talvez como ninguém faria nesses dias de frieza e desapego. Então você me fere e eu volto ao ciclo da vibe ruim.
Mas deixa eu te contar algo: ainda existe uma fagulha acesa dentro de mim que nem você nem as outras e outros que vieram antes conseguiram apagar. Não que tenha sido a vossa intenção mas eu sempre fui fogo e cada fuga e despedida foi como um banho de água fria. E mesmo assim continuei aceso.
Você também não acha irônico um garotinho ruim e fodido e de boca suja que nem eu guardar ódio de ninguém? Você consegue enxergar um tipo de beleza em perdoar a todos que me fizeram mal mesmo sem reconhecer? Talvez seja essa fagulha aqui dentro, que insiste em aquecer e iluminar, mantendo viva todas as coisas boas que ainda existem em mim.
É essa fagulha que me causa dignidade mesmo que eu seja um canalha sentindo dor no abdome e nas costelas e pernas bambas por ter passado a semana trepando, entende? É essa fagulha que preenche o vazio que sinto quando abro a janela do quarto e encaro a solidão passando pela rua. É ela que me faz escrever esses dramas baratos porque no fundo, eu não sou o que faço e sim o que penso e sinto. E alguém vai me amar por isso como você nem ninguém foi capaz, te prometo.
Veja bem: eu posso estar morto por fora mas aqui dentro ainda vivo. Eu tô no fundo do poço rindo e rodopiando e me sentindo tranquilo porque mesmo na lama, olho ao meu redor e sei que a única saída está acima de mim. E é pra lá que eu vou.
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Flare-up
Sabes o que é isso? Deixa eu te explicar. Basicamente é quando uma patologia na raiz do dente volta a agudizar entre as sessões do tratamento. Então. Acho que você é meu flare-up. Cê surgiu, me infectou, me necrosou. Mas às vezes, quando tento me curar, cê volta a doer.
Sinto saudade do teu cheiro e já nem lembro dele. Sinto saudade do nosso mate gelado mas nem sei se foi com suco de pêssego ou de limão. Eu lembro do teu beijo mas não do sabor. Teus olhos são castanhos. Mas claros como a luz penetrando entre as copas das árvores ou turvos como as águas dos igarapés? Você lembra do meu corpo colado ao teu, de como ele gritava calado o quanto te queria por mais dias por mais meses por mais anos? Eu também lembro. Mas esqueci do calor da tua pele, se eram as minhas mãos que aqueciam as tuas geladas ou vice-versa.
O amor e o esquecimento são como o joio e trigo recém-brotados da parábola bíblica. E eu tenho medo de arrancar o errado porque ambos se parecem.
Como é que você murcha na memória se aqui dentro tuas raízes ainda estão vivas, meu bem?
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Sobre um amor sutil
Certo dia, um amor sutil surgiu pra mim. No quarto que não era meu, na cidade que não era minha. Nem ele me pertencia e mesmo assim o tive.
O amor era educado e gentil. À primeira vista, não sabia que ele era amor mas por estarmos num quarto que não era nosso, na cidade que não nos pertencia, assim ele se fez.
Estava sozinho e o amor me convidou para ser sua companhia. Então saímos juntos. Caminhamos e conversamos e suamos e cansamos e voltamos pra casa e pro quarto que não era nosso. Então naquela troca de olhares, bem coisa de cinema, o amor me beijou. E foi incrível. Ali eu percebi que o amor seria amor.
Mas o amor não me pertencia. Ele, assim como eu, estava de temporada. Num quarto que não era nosso, na cidade que não nos pertencia. Mas aproveitamos os poucos dias que tínhamos juntos. Compramos muamba e dividimos as refeições. Fumamos e bebemos. O amor me beijou numa estação de metrô e andou de mãos dadas comigo, como se os nossos dias fossem anos. O amor me causou tanta delicadeza que alguém se admirou da maneira como nos tratávamos e compartilhávamos o café da manhã.
Só que um dia o amor precisou partir. E eu, que já tinha chorado acompanhado, fiquei sozinho com minhas lágrimas, num quarto que não era meu, na cidade que não me pertencia. Mas aprendi tantas coisas boas com isso! O amor, hoje em dia, é apenas uma lembrança agradável. Só que às vezes ele se torna saudade e dói, e dor eu transformo em poesia, para desentristecer o coração.
Eu sei que na viagem da vida, algumas pessoas são parte do caminho e não o destino final. Mas sou eternamente grato por esse amor ter sido uma parada bonita da minha jornada.
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Bregodramático
Do que adianta me enganar Fingir que vou esquecer Se quando toca Tiê Luiza ou Marina Eu lembro de você?
Seguir é fácil em teoria Mas lembro do teu sorriso E entro em tristeza-alegria Às vezes me bate saudade Então busco no submundo Em meio à promiscuidade O teu olhar profundo E no final volto pra casa Com alma e corpo encardidos Teu cheiro fazendo falta Com todos os beijos perdidos E se hoje flutuo em outros corpos É pra esquecer, meu amado Que quando quis boiar no teu Eu quase morro afogado
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Eu sinto a tua falta, neném.
Também sinto saudades das tuas ligações e dos teus beijos agressivos e dos teus charmes baratos. Talvez eu tenha raspado o cabelo numa manhã de loucura influenciado por tua vontade de me ver assim e embora eu tenha odiado, você continuou me achando bonito.
Até sinto falta das tuas mentiras deslavadas, de dizer eu te amo mesmo não amando porque apesar das palavras em vão, havia uma reciprocidade silenciosa que ora era expressa por drama e xingamento, ora por carinho e química singular que só pode existir entre dois geminianos que às vezes não valem o prato que comem.
Quer saber de mais uma coisa? De ti eu só esperava decepção e foi o que tive.
E mesmo assim eu sinto falta porque preferia a tua mentira certeira do que uma meia franqueza. Cê entende o que eu quero dizer, neném? Cê acreditaria se eu dissesse que queria estar chorando agora feito um louco até reverter a vazante do rio Amazonas nesses dias calorosos? Porque se lágrimas escorressem eu teria certeza que algo ainda existe aqui. E foi por isso que eu me joguei mais uma vez, mesmo sabendo que a fogueira que te dá luz e calor é a mesma que te queima. Porque eu queria sentir algo. Algo além da energia e ansiedade pelos dias incertos de um amor marginal.
Eu nunca tive medo do amor, neném. É a ausência dele que me assusta.
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Queria escrever um texto bonito e sereno sobre a saudade que vem me apertando e como eu fico sensível toda vez que o sol entra em gêmeos e como ainda me surpreendo pela capacidade de compartilhar minha vulnerabilidade pra qualquer pessoa mas o fato é que eu nunca fui a brisa reconfortante, eu sempre fui ventania e ventania não faz poesia sem arrancar uns telhados ou quebrar os galhos das árvores.
Às vezes me sinto como esse por-do-sol que fotografei ano passado: bonito e inspirador, porém seguido do frio e escuridão. Saudade, além de ser o preço que se paga pelos bons momentos vividos, é também a tristeza que se carrega pela ausência de algo ou de alguém.
E eu, que desde cedo aprendi a deixar minha gaiola aberta para que todos os pássaros que nela entrasse pudessem sair livres, não imaginava que um dia, o silêncio da migração permanente, pudesse cortar a alma.
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Poema para encorajar um peixinho fora d’água
Cê diz que não sabe dizer O que está acontecendo E que é difícil compreender Todo esse sentimento Você odeia dramatização Pois às vezes te dá enxaqueca E quer que ele parta teu coração Ou simplesmente te esqueça Para a ordem ser restaurada (Mas baby, o bom da vida É vivê-la desordenada) O que você teme se chama paixão Te causando noites de insônia E por mais que tudo te assuste Be brave, encare a demônia O mundo já te causou tanta dor Mas é hora de dar troco nele - Então seja feliz, peixinho - Porque morrer de amor Meu bem, é viver dele
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Hoje tá fazendo pouco mais de uma semana que não nos falamos e daí você pede pra me telefonar assim do nada. E eu só consigo imaginar ex ligando por dois motivos: pedir desculpas ou pedir pra voltar.
Mas não era sobre nenhum dois dois.
Acho que cê tem muita coragem de me contar que a amizade continua a mesma e que não é pra eu sentir raiva e que não consegue esquecer alguém especial e todo esse papo mole que diz mais sobre tua carência que pelo apreço por minha pessoa.
Embora tenha ficado abalado no início e hoje também após essa ousadia, prometi evitar lágrimas e graças aos deuses eu tenho conseguido. Esses meus olhos, portais de uma alma límpida, se dedicam a marejar apenas por coisas que valem a pena, como a nona temporada de RuPaul’s Drag Race.
Sabe, essa semana eu tenho dormido com aquele pijama que te emprestei quando esteve aqui em casa. Ainda tinha a fragrância do teu hidratante. Mas mesmo assim o vesti e já no primeiro dia, teu cheiro foi engolido pelo meu de castanha-do-pará.
E só por via das dúvidas, não fiz isso por saudade. Só acho que não vale a pena gastar sabão em pó pra me livrar de você.
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Semana Santa
Na segunda te conheci Na terça te encontrei Na quarta me apaixonei Na quinta quis te namorar Mas sexta você me partiu No sábado fui eu que parti E domingo tive que seguir
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