Amizades que se desfizeram com o tempo, amores que nem começaram e caminhos que escolhi trilhar. Palavras não ditas, piadas maldosas nunca esquecidas e mãos erguidas, prontas a me ajudar, de quem jamais imaginei. Lembranças formam o que hoje eu sou. E deixo aqui, vestígios de saudade, esperança e amor. Vestígios de mim.
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escrever é ser uma criança
que brinca eternamente com as palavras.
mv.
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clico nessas guias abertas incontáveis vezes
ligo e desligo a tela do celular
abro e fecho os livros sobre a mesinha de centro
e fico nesse looping contínuo como se buscasse algo
mas assim que o faço
já não sei mais o que busco
vivo os dias assim
indo e voltando da estação de trem
escrevendo e apagando uma única palavra
sentenciando a morte de uma poesia prematura
cambaleando entre os meus desejos e aquilo que é, de fato, possível
olho para os meus dedos que vão e voltam no meu corpo
(ainda há vida em mim
mas pouca)
sinto o cheiro que vem da cozinha
dos legumes que foram assados há pouco tempo
recolho os copos, os garfos e facas
para que eu os possa sujá-los novamente amanhã
e adormeço sem muita ânsia
de saber o que virá
pois eu sei que
talvez um copo se quebre
talvez o trem se atrase
talvez a carne se queime
talvez uma guerra aconteça
talvez alguma coisa
mesmo que mínima
talvez alguma
coisa
aconteça
mas eu não
eu não.
mv.
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Elegance in Flowers: Classic Arrangements for All Seasons, 1985
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numa dessas noites em que estávamos divagando sobre a vida e assistindo ao filme green book, eu lamentei que você nunca mais me escreveu nada.
você falou que eu tenho mais textos
e que você tem mais rascunhos
achei bonito de ouvir mas logo te perguntei
do que seus rascunhos valiam
se nenhum deles
chegava até mim
e ficamos em silêncio.
mv.
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nem tudo está perdido
- eu ainda choro com poesias.
mv.
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Forugh Farrokhzad, tr. by Hasan Javadi & Susan Sallée, from Another Birth: Selected Poems of Forugh Farrokhzad; "Let us believe in the beginning of a cold season"
[Text ID: "I am naked, naked, naked / naked like the moments of silence / between the phrases of love"]
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Amalia Bautista (trad. Inês Dias)
in “Conta-mo outra vez” (ed. Averno, 2020)
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Mariano Alejandro Ribeiro
in "Antes da Iluminação"
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vejo o tempo caminhando pelo o meu rosto
pernas
boca
subindo em mim feito um bicho
indo para lugar nenhum
dou lugar aos desejos que nunca tive e não peço mais desculpas por isso
não tenho pedido desculpas por muita coisa;
tenho me deixado errar e gritar e chorar
mesmo que seja em meio a um carro em movimento
já estou acostumada com a velocidade e não sinto medo
mas diferente de antes
hoje eu não quero colidir contra algo e desaparecer para sempre
pois aprendi com o meu pai a não temer a velocidade
mas tive que estar longe dele
para desaprender a odiar a vida
vejo a fogueira ser acesa no fim de tarde
ouço rodrigo amarante tocando pela milionésima vez
e penso em tudo aquilo que ficou para trás:
os números de emergência
as paredes brancas
a carta para minha irmã
os diários incompletos
e a minha rebeldia indomável
ainda me lembro do meu próprio caminho
e sim, perdi muitas pessoas ao longo dele
mas não
eu não posso ser uma dessas que fica para trás
abro a porta do meu peito
dou boas vindas a tudo aquilo que eu nunca olhei nos olhos antes
deixo as contradições entrarem lentamente
me beijando a testa
me pintando a pele
me revirando de cabeça para baixo
não há como eu me perder de mim mesma
toda ida é sempre uma volta
toda fuga é sempre um encontro
tudo está alojado em mim
poros
pelos
cicatrizes
pois esta é a minha casa
e mesmo que costurada pelo tempo
eu ainda estou aqui
em algum lugar.
mv.
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há pessoas que são lugares
para onde você nunca mais
pode voltar.
mv.
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confesso que tenho tentado encontrar poesia nas burocracias do dia a dia, tentado não me perder enquanto artista, mas é exatamente assim que me deixo escapar pelos dedos. poesia não é coisa que se procura, não é bicho que se caça. poesia é água que brota em terras distantes às cinco e meia da manhã, sob a sombra de um pé de laranjeira quando não há ninguém morando ali. mas é uma terça-feira e você virou mais à esquerda do que à direita, esqueceu do tempo e das esquinas, e, por um deslize, acaso ou bondade divina: agora você está caminhando sobre essa terra e vendo poesia brotar diante dos seus olhos.
e eu sei disso. sei disso porque, logo cedo, ainda menina, fui apresentada às delicadezas da vida e a elas me agarro até hoje. por isso o medo. por isso a busca, embora inútil, de nunca deixa-las ir: é o medo de deixar a minha menina também ir embora.
não tem sido fácil até aqui. as assinaturas, os consulados, o passaporte brasileiro que carrego comigo para todos os lados. tudo isso, no fim, é menos "papel" e mais um guia que me mostra a direção que estou indo. o futuro me é incerto, embora assim seja para todo mundo, e me sacode o corpo inteiro.
ainda quero uma casa com prateleiras repletas de livros e contar das histórias que um dia escrevi. ainda quero palavras que dancem nos lábios e sonhos que me encham o peito de fôlego. o resto já não me importa mais. hei de ter alguns empregos ainda, fazer novas amizades, morar em outras cidades, sejam lá quais. mas eu ainda quero, vez ou outra, errar algumas ruas, esquecer do tempo e das esquinas, e, quem sabe, saciar (mesmo que só um pouquinho) a minha sede de poesia.
mv.
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hoje é o dia das mães no Brasil e é o primeiro dia das mães em que passo longe da minha. eu precisei ir embora para continua-la amando e não sei se isso faz muito sentido para as outras pessoas, mas, para mim, talvez faça mais do que tudo. partir era preciso para continuar amando qualquer coisa, inclusive a mim.
quando eu era pequena, experimentava as roupas da minha mãe e imaginava que assim eu me pareceria um pouquinho mais com ela. toda vez que eu assistia a um desenho, escolhia ser a personagem de cabelo vermelho... vermelho como os cabelos pintados da minha mãe. eu não queria escolher alguém parecido comigo. eu não queria ser eu. eu queria ser ela, aquela que ria das minhas piadas, que cantava novos baianos enquanto cozinhava e arrumava os meus cabelos antes de sair. eu queria ser aquela que dançava e fazia o mundo inteiro parecer parar e observar o seu próprio espetáculo. aquela que era imensa diante dos meus olhos de criança. eu queria ser a minha mãe.
eu sei que há coisas que acontecem no silêncio e os nossos pais tentam amenizar o que conseguem. quando conseguem. hoje eu sei.
sei que o dinheiro era pouco, o trabalho era muito e ela era jovem. não sei se minha mãe era feliz. eu não sei de tantas coisas...
tento me lembrar que, antes de mim, ela já tinha sonhos e medos. antes de mim, ela já tinha amores, amizades, uma vida inteira. ela já era uma mulher antes de ter se tornado a minha mãe - e isso, por si só, já é muita coisa nesse mundo.
eu parti porque ainda sou essa criança em busca dos cabelos vermelhos. eu parti porque ainda não consigo ouvir novos baianos sem me lembrar de belo horizonte. eu parti porque precisava me tornar a mulher que eu buscava na minha mãe.
ainda tenho uma longa estrada dentro a percorrer, estrada essa que tanto me ensina quanto me engole, mas sigo com passos firmes. seguir é preciso. vez ou outra eu fecho os olhos como que numa brincadeira, só para ver se consigo me perder um pouquinho e, quem sabe, ache o caminho de volta... e possa, finalmente, encontrar a minha mãe.
mv
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soltar a ideia que eu tenho de controle - o laço invisível que me une ao outro.
confiar na gestação do tempo
e na natureza da minha intuição.
acreditar que o amor sabe o caminho de volta pra casa.
aceitar que a beleza está em não saber tudo sobre mim.
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