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Séries para me conhecer #1
E vamos de outra corrente que eu perdi o embalo de seguir na época: “X séries para me conhecer”. Eram seis? Eram dez? Já faz tanto tempo que nem lembro mais o número, mas fiz questão de anotar num papelzinho as séries que, digamos assim, tiveram um impacto recente sobre mim. Resolvi discorrer sobre sete, mas vai rolar umas menções honrosas no fim de tudo.
Na verdade, não sou uma consumidora ávida de séries, sitcoms, especialmente das longas, longuíssimas, cheias de temporadas, reviravoltas e personagens; não tenho paciência nem dedicação suficiente para concentrar uma hora diária (ou mais) em um episódio durante dias ou meses a fio (e isso já desde antes das redes sociais e dessa cultura de déficit de atenção generalizado). Tenho uma hipótese para isso, mas vou deixar para mais adiante…
Não vou colocar numa ordem específica porque não tenho bem uma hierarquia. Com certeza também vou deixar de fora muitas séries boas e esquecer de tantas outras que foram formativas de verdade, mas elas são representativas do que me interessa em termos de televisão AGORA.
Sim, vai ser uma série de postagens sobre as séries (sacou?), até porque eu sempre acho que vou escrever pouco, mas acabo me estendendo. E no primeiro episódio…
Crazy Ex-Girlfriend
Olha, vou ser sincera: eu não gosto de musicais na maioria das vezes. Para gostar de um musical, as músicas precisam estar muito bem integradas na história. E precisa ter momentos normais de diálogo, sem cantoria, senão eu não consigo levar a história muito a sério.
Só que Crazy Ex-Girlfriend é bem consciente do formato utilizado: dificilmente uma música soa fora de contexto/lugar/tom, até porque o tom da série às vezes pende pro absurdo mesmo. Fora que ela brinca bastante com os gêneros e os estilos a cada “clipe”, então não fica aquele formatinho de musical característico da Broadway, voltado só para conhecedores de musicais da Broadway.
A série também tem um tipo de humor que eu curto bastante, com uma pegada meio sombria (principalmente mais adiante, embora eu ache que a penúltima temporada pesa um pouco demais a mão no drama).
Rebecca Bunch (Rachel Bloom) é uma advogada de sucesso em NY, só que infeliz pra caralho. Um dia ela topa por acaso na rua com o GOSTOSO do ex-namorado de adolescência dela, o Josh (Vincent Rodriguez III), idealiza toda uma vida feliz ao lado dele numa cidadezinha praiana na ensolarada Califórnia e faz o que toda pessoa normal faria: larga o emprego, se muda para a tal da cidade do boy e começa a trabalhar numa firma meio mequetrefe de advocacia. E, com a ajuda de Paula uma colega de trabalho mais velha que shippa ardentemente os dois (e quer fugir um pouco da monotonia do cotidiano de esposa/mãe suburbana e funcionária de escritório de advocacia mequetrefe numa cidade pequena), Rebecca começa a bolar mil e um planos mirabolantes para conquistar o incauto gostoso burrinho com um coração de ouro.
Com um padrão de comportamento obsessivo, uma tendência à competitividade e muita competência na manipulação, a Rebecca é uma ótima protagonista horrível. Ela é a receita do sucesso para causar caos e desastre, inclusive (especialmente) a si própria.
A série explora um monte de questões de gênero, sexualidade, relacionamentos interpessoais de todo tipo, dando um destaque à saúde mental, mas sempre com um humor que torna, com frequência, tudo muito digerível.
Na minha humilde opinião, a temporada 3 (penúltima) pesa um pouco a mão na seriedade e deixa a Rebecca meio que insuportável além da conta, mas a última temporada consegue recuperar um pouco do gás inicial e fechar as cortinas de modo satisfatório (considerando tudo que ela se propôs a ser desde o início). Não sei se é uma opinião controversa, mas pra mim funcionou.
Não sei se isso pode servir de estímulo a alguém, mas o que realmente me convenceu a assistir Crazy Ex-Girlfriend, depois da sugestão de uma amiga, foi esta música, que aparece já no primeiríssimo episódio.
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Séries para me conhecer #3
Eu sei, eu sei. Se para quem gosta de Marvel, essa dificilmente entra na lista de favoritas, imagina para quem NÃO gosta de Marvel…
Eu confesso que enchi o saco dos filmes de super-herói, de todos os multiversos e versões, das linhas temporais alternativas, das cenas de fim de créditos etc. Sim, você venceu, Scorcese! Eu não quero mais a experiência formulaica de montanha-russa, às vezes com uma pegada sombria, ou com um corte de diretor insuportável, ou com uma piada que só faz sentido para quem lia os quadrinhos e tudo mais.
Bom, Agent Carter veio muito antes das séries mais polêmicas (em termos de qualidade) da Marvel, durou duas míseras temporadas e teve um fim inconclusivo porque, como os marveletes já estão carecas de saber (e quem ainda não sabe dificilmente vai se importar com spoiler de um filme de 2019), Vingadores: Ultimato meio que reiniciou o sistema e voltou atrás na narrativa da protagonista, Peggy Carter, com o Capitão EUA.
A série foca na Peggy (Hayley Atwell) justamente naquele momento logo depois que ele vira picolé, no fim de Capitão América: O Primeiro Vingador (2011). Depois da guerra, ela permanece nos Estados Unidos, trabalhando para a Reserva Científica e Estratégica, um órgão governamental de investigação. Porém, sendo tratada meio que como uma mera secretária, totalmente subestimada pelos colegas de serviço.
Na primeira temporada, ela acaba se envolvendo com o caso do Howard Stark (Dominic Cooper), acusado de vender armas aos inimigos dos EUA: ao mesmo tempo em que o departamento de idiotas no qual ela trabalha entra na caçada pelo magnata mulherengo, o próprio Stark pede ajuda a ela para achar um jeito de livrar a cara dele e descobrir o que aconteceu de verdade. Para isso, o Howard oferece os serviços do mordomo/babá de marmanjo/faz-tudo dele: Edwin Jarvis (James D’Arcy).
A dinâmica entre os dois é hilária, e acho que a série realmente brilha nessa transformação de personagens que eram só uma nota de rodapé na franquia principal em figuras carismáticas, pelas quais a gente realmente torce. Aliás, ouso dizer que a própria Hayley Atwell tem uma química ótima com todos os colegas de cena, especialmente com o pseudopar romântico, Daniel Sousa (Enver Gjokaj), claro — que acaba sendo um grande injustiçado do reset narrativo do último filme, ao meu ver. Imagino que seja até por isso que tenham decidido cancelar a série antes que o relacionamento deles pudesse se desenvolver mais; com certeza a Hayley e o Enver nos convenceriam demais da dinâmica de casal…
Enfim, eu gosto muito do desenvolvimento das duas temporadas (da primeira mais do que a segunda), do ritmo narrativo, das tiradas cômicas, mas sobretudo das interações entre os personagens e da ação/mistério que vai se desenrolando. Tem a desvantagem de que precisa, sim, de um pouco de contexto do primeiro filme para saber de onde surgiu a personagem e porque ela é foda. Mas acho que ainda é uma série bem divertida e fácil de ser acompanhada mesmo sem um conhecimento detalhado do multiverso.
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(Trailer obrigatório pra dar um gostinho da série)
A próxima série da lista vai ser um clichê das queridinhas da mulher millennial, mas inevitável não mencionar…
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Séries para me conhecer #2
Quem vê premissa não vê coração.
Se me dissessem que tem uma série cujo enredo é uma mulher que passou parte da adolescência e da transição para a vida adulta presa num abrigo nuclear com outras mulheres, achando que o mundo tinha acabado e sofrendo todo tipo de abuso nas mãos de um líder de seita narcisista (pleonasmo?) e que agora, livre em Nova York, precisa descobrir como viver como uma adulta sozinha no mundo moderno… eu teria achado bem pesado. Mas embora a série tenha, sim, os seus momentos dramáticos, ela é hilária na maior parte do tempo. E sem tirar o peso dos momentos mais sérios.
O que me pega muito em Unbreakable Kimmy Schmidt é como os personagens são carismáticos. Em outra dimensão, o otimismo quase ilimitado da protagonista, Kimmy (Ellie Kemper), poderia ser enjoadíssimo, mas dado todo o histórico da personagem, não tem como não torcer para que tudo dê certo com ela — e com o divônico colega de apartamento dela, o Titus (Tituss Burgess). Se você não ri com as patacoadas deles e da vizinha hippie Lillian (Carol Kane) e, PRINCIPALMENTE, das patacoadas da Jacqueline (Jane Krakowski), uma alpinista social/esposa-troféu totalmente sem noção, considere-se morto por dentro.
Pra mim, esse é o verdadeiro do charme da série: para além de todo o humor absurdo, a gente realmente se apega às batalhas de cada personagem e só quer ver eles se saindo bem do caos que é a vida moderna e a busca por sobrevivência, amor e autorrealização.
Bom, eu estou fazendo parecer mais sério do que realmente é… Então fiquem com a obra de arte que é esse trailer ao som de “Peeno Noir”, do Titus. Tudo faz sentido em contexto, juro. Bom, mais ou menos…
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A série é de criação da Tina Fey com Robert Carlock e tem 4 temporadas + um especial interativo que eu acabo de me dar conta que eu NÃO vi (eita).
A próxima recomendação tem aventura, mistério e uma protagonista foda demais. ❤
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