#pobre no orçamento
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tita-ferreira · 5 months ago
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leiabomsenso · 2 years ago
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Toda vez que o Estado diz em colocar o pobre no orçamento, ele quer dizer que vai colocar o pobre para pagar o rombo do orçamento.
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asimpathetic · 3 months ago
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— leilão. .ᐟ
par romântico. garoto de atlética!jisung
gênero. "strangers" to lovers
sinopse. onde o encontro com o garoto da atlética tinha sido desastrosamente bom
w.c. 2.3k
avisos. não foi revisado, jisung e reader bem desastrados bem bobos mesmo, uma br au beeeeem levinha só usando alguns termos pra contexto mas não situada realmente no brasil, breve citaç��o do jaemin (sendo mulherengo) e do haechan, xingamentos, jisung timidozinho bem coitado bem tadinho judiado sem um pingo de jeito com interação social, reader sendo meio hipócrita, descrições beeem ruins de como um leilão funciona, um tico de idiotas apaixonados, uma leve situação vergonhosa no final
notes. tô escrevendo coisa demais esses dias, to suspeitando que um bloqueio criativo tá vindo 💔 also não citei preços pros encontros pq nao conseguia pensar em nenhum numero que fizesse sentido então usem a imaginação 😖🥺
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“mas nem por um caralho.” respondeu, odiando a conversa.
“ah, vai, por favor! você nem foi na calourada do curso, pelo menos vai nesse.” sua amiga implorou, chegando até a juntar as mãos e fazer carinha pedinte.
“pelo amor de deus, eu tenho muito mais o que fazer do que ir em uma festa da atlética.” irritada, cruzou os braços olhando para sua amiga, não era possível que alguém realmente bem da cabeça gostasse do inferno que era uma festa de atlética.
“não é uma festa.” riu, achando graça. “eles organizaram um leilão de encontros para arrecadar dinheiro.” ah, então além de malucos, eles são exibidos e confiantes o suficiente para achar que alguém pagaria para sair com eles, incrível.
“motivo maior ainda pra eu não ir, não sairia com nenhum deles nem em caso de vida ou morte.” nem você acreditava nessa mentira, a atlética do seu bloco tinha tanta gente gata que você facilmente pegaria metade se tivesse a chance, mas ninguém precisava saber disso, né? 
“para de cu doce, sei muito bem que você vive de olho naquele amigo do chenle.” que audácia! como ela ousa revelar sua paixão unilateral nada discreta no garoto bonitinho do time de futebol?
“que mentira! a gente só tem algumas aulas juntos, eu não fico de olho nele.” até tentou mentir, mas o olhar que ela te lançou de quem não acreditou em uma palavra sequer que você disse foi deixa suficiente para você parar de fingir. “tá bom, eu posso até achar ele bonitinho, mas isso não quer dizer que eu pagaria para sair com ele, isso já é demais pra qualquer pessoa sã.” 
ok, talvez realmente fosse demais, e você jamais se submeteria a tal coisa, e repassava isso na sua mente repetidamente enquanto tentava encontrar motivos do como e porque você veio parar no tal leilão de encontros que estava tão ativamente falando mal mais cedo, como exatamente tinha parado ali, afinal?
sua amiga gritava animada lances ao seu lado, tentando fervorosamente ���comprar” o rapaz no palco - na jaemin, se você bem se lembra -, que tinha um sorrisinho exibido vendo a quantidade de mulheres tentando ganhá-lo, aquela com certeza estava sendo uma noite e tanto para ele, os lances chegando a preços que você não conseguia nem acreditar que alguém realmente gastaria para somente um encontro. 
uma garota a algumas cadeiras de distâncias deu um lance alto demais para o orçamento do pobre bolso da sua amiga cobrir, e você imediatamente a deu um olhar quase implorando para ela não fazer nada maluco, ato que ela respondeu com uma risada e um olhar de rendida, voltando a se sentar quietinha na cadeira deixando a outra garota “levar o prêmio”.
um som de martelo batendo na madeira, e um alto ‘vendido’ foi ouvido logo em seguida, e a mesa da garota se encheu de gritinhos animados vendo que tinham conseguido ganhar, você até parou para pensar em qual delas teria o encontro, mas conhecendo a boa fama de jaemin, não duvidava nada que ele acabasse saindo com todas elas em algum momento, isso se já não tivesse feito antes.
algum tempo depois, quando já tinham passado homens demais sendo “vendidos” — sua amiga até tinha conseguido comprar um encontro, com haechan, e você ficou com genuína pena das economias dela pela conquista. —, finalmente foi apresentado no palco improvisado o rapaz que você passou a noite inteira esperando, park jisung subiu os pequenos degraus exibindo aquele maldito sorrisinho envergonhado, andando todo acanhado como se não tivessem literalmente mulheres famintas ansiosas para consegui-lo naquela noite.
ele parou bem no centro, as mãos juntinhas atrás das costas num ato de timidez que você sentiu uma vontade absurda de simplesmente mordê-lo e tirar pedaços dele, poxa! como ele consegue ser fofo até sem fazer nada, você queria acabar com aquele garoto, da forma boa, claro.
“nosso jisungie aqui, faz parte do time de futebol, e é baixista de uma banda-” nem conseguiu prestar atenção suficiente no discurso que o tal leiloeiro fazia, focada demais em secar descaradamente o rapaz que era leiloado, porra, você tinha que conseguir aquele maldito encontro.
os lances até começaram baixos, o que foi impressionante, mas rapidinho os preços foram subindo, e você ficou toda afobada tentando acompanhar, competindo com uma garota bem ao lado que parecia querer te matar sempre que você levantava a mão e dizia um lance maior que o dela, ela que se danasse, se você não conseguisse jisung por pelo menos uma noite, quem iria matar alguém ali seria você, nem ligava mais se estava sendo hipócrita, a memória de que você tinha criticado aquele leilão e as pessoas gastando dinheiro com encontros já estava escondido em algum canto muito escuro da sua mente.
dizendo um número que nem você acreditava estar saindo da sua boca, a sua concorrente se manteve em silêncio sentada na cadeira, de cara feia, braços cruzados e tudo, e você, sorrindo vitoriosa ao escutar o ‘vendido’, ignorou completamente que aquele dinheiro pesaria seu bolso mais tarde; jisung era mais importante, você preferia pensar no baixista gato que estava bem a alguns metros de distância do que em sua conta bancária.
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uma quantidade exagerada de peças de roupa estavam jogadas sobre sua cama, combinações um pouco mais separadas em alguns cantinhos enquanto os outros tecidos estavam descartados como não apresentáveis o suficiente para o seu primeiro encontro com jisung.
vestido? calça? saia? meu deus, nada dá certo!
sua cabeça chegava a esquentar enquanto pensava no que vestir, e se estivesse em um desenho animado agora, as engrenagens estariam rodando a toda velocidade dentro do seu cérebro. 
e quando finalmente conseguiu escolher o que vestir, escutou algumas batidas na porta, foi quase correndo até a mesma, parando bem na frente só para arrumar o cabelo e ajeitar as próprias vestes, preferia morrer do que parecer esquisita na frente dele.
abrindo a porta, jisung estava bem ali, o cabelo escuro com fiozinhos passando da sobrancelha, a droga do sorrisinho envergonhado, os olhinhos brilhantes que o cabelo quase chegava a esconder, a porra do moletom preto que parecia ridiculamente bom demais nele, como alguém conseguia ficar tão gostoso só usando um moletom? não fazia sentido.
“oi.” bastou um oi e você já queria pular nele.
“oi.” sorriu de volta, ajeitando uma mecha do cabelo atrás da orelha e saindo do seu dormitório, ficando no corredor silencioso com ele.
porra, que situação esquisita. tinha esquecido completamente que estava saindo com um cara que tinha as habilidades sociais de uma pedra.
“então…” tentou cortar o silêncio. “o que vamos fazer? não deixaram muito claro que tipo de encontro seria.” riu, dando a deixa para ele continuar a conversa.
“ah, é…” deu uma risada meio limpando a garganta e ficou uns segundinhos em silêncio, pensando no que dizer. “se for algo que você goste, eu tava pensando no cine drive-in da cidade, tem um filme muito legal passando hoje e tal.” 
você parou um tempinho, pensando na sugestão, nem sabia definir se era uma ideia de encontro fofa ou ultrapassada, decidiu ir com a primeira opção. e jisung, aproveitando a sua distração, aproveitou para dar uma olhadinha melhor em você.
pra falar a real, a princípio ele recusou a oferta da atlética em participar do leilão, quase repudiando toda a vergonha que passaria se fosse na onda dos amigos e entrasse naquele evento para ser leiloado, ele nem sabia como exatamente tinha aceitado aquilo no final, mas nossa, quando ele viu quem tinha ‘comprado’ ele, o menino faltou hiperventilar, ele tinha uma queda por você desde que era só um calouro. 
ele lembra muito claramente quando te viu pela primeira vez, a quase dois anos, você usava uma calça jeans qualquer, uma camiseta azul com uma estampa engraçadinha, e brincos de estrelas, ele lembra de ver você conversando e ajudando calouros do campus, lembra de como você sorriu fofa para ele — definitivamente não foi para ele, mas ele queria muito que fosse — quando ouviu algo engraçado, lembra da forma como os brincos de estrelas combinavam tanto com você, ao ponto dele te apelidar de estrelinha para os amigos, dizendo sempre sobre ser impossível para ele alcançar a estrela favorita dele, você.
o cara era só um idiota apaixonado, que nem tinha culhões suficientes para chegar em você e te chamar para sair, ele ter mantido os próprios sentimentos guardados a sete chaves por quase dois anos era uma prova viva disso, jisung morria de vergonha só de te ver pelos corredores ou na mesma sala de aula que ele, imagina criar coragem pra puxar papo, ele tinha certeza que teria um ataque do coração!
então, no fim, aquele leilão foi até bom, ele ficou tão aliviado quando viu que você estava tão energeticamente tentando ganhá-lo, o coração do coitado faltou sair pelo peito.
“acho uma boa, parece ser legal.” sorriu para ele, o tom da sua voz o tirando do devaneio.
ele devolveu o gesto, concordando com a cabeça e indo com você para fora do prédio do dormitório, te levou até o carro dele, um dodge dart 73 vermelho com teto preto, uma verdadeira relíquia, e estranhamente combinava com jisung.
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levando uma pipoca até a boca, você se forçou a voltar a atenção pro filme passando no enorme telão, era simplesmente difícil demais fazer isso quando jisung estava bem ao lado, a postura relaxada, a cabeça virada para frente, o rosto numa expressão de concentração, totalmente focado no tal filme que ele estava empolgado para ver. 
filme esse que você nem sabia o nome, e nem conseguia se sentir culpada sobre isso, estava tão próxima do garoto que todas as outras preocupações sumiam, estava quase se viciando no perfume dele, aquele cheirinho bom estava te deixando nas nuvens, queria mais que tudo chegar pertinho dele pra dar uma cheiradinha no pescoço dele, droga de homem cheiroso!
ouviu uma risadinha, e virou a cabeça para ele na mesma hora — quase machucando o pescoço —, o rostinho dele expressando alegria era tão lindo, você queria guardar aquela imagem na memória pra sempre, esperava sonhar com aquilo.
“que ridículo, quem faz algo assim?” ele perguntou, comentando sobre o filme.
“é… realmente…” que droga, você não tinha ideia do que tinha acontecido na porcaria do filme. 
riu para disfarçar, mas jisung já estava virando a cabeça em sua direção, com uma carinha de preocupação, que merda, o que foi que você fez?!
“não tá gostando do filme?” ele perguntou, a voz tão caidinha que você se desesperou quase na mesma hora. “a gente pode fazer outra coisa, não tem que se forçar a gostar disso.”
“não, não! eu gostei! é legal, eu juro! drive-in é algo realmente muito fofo, eu tô me divertindo, prometo!”
“mesmo? não tá só falando por falar, né?”
“claro que não! eu realmente tô me divertindo, ji, de verdade.”
porra, tinha chamado ele de ji? vocês nem eram próximos o suficiente pra apelidos, agora sim ele vai ficar desconfortável de verdade.
ele sorrindo te deixou em choque, o maldito sorriso adorável que te atormentava sempre que via.
“que bom então, fico feliz com isso.” o coração dele estava uma loucura quando você o chamou pelo apelido, quase derreteu, se segurou muito para não fazer nenhuma reação exagerada e te assustar.
até tentou sorrir de volta, um sorrisinho envergonhado enquanto mordia o lábio inferior, nossa, você quase morreu ali, quantas emoções em tão pouco tempo.
ele se esticou em sua direção para pegar uma pipoca do pote em suas mãos, mas você, sem nem lembrar que estava segurando o pote, tomou um susto com a aproximação repentina, involuntariamente apertando as mãos e fazendo as pipocas voarem pelo carro dele, meu deus, o que você tava fazendo?
“aí, meu deus, ji, me desculpa, que vergonha, me desculpa, sério.” falou, toda apressada, tentando recolher as pipocas que estavam por todo o banco do carro dele.
“tá tudo bem! não se preocupa.” ele tentou ajudar, agora eram dois idiotas desesperados tentando não passar mais vergonha do que já tinham passado.
na pressa, chegaram perto demais, e quando levantaram as cabeças, bateram as testas, que situação horrível, a cada segundo piorava.
levou a mão até a testa sentindo a ardência, e olhou para baixo morrendo de vergonha, queria se enterrar num buraco, só tinha feito bobeira desde que esse encontro começou, nem queria saber que tipo de imagem jisung poderia ter de você depois dessa noite.
e ele, não entendendo a situação, achou que você estava triste com aquilo, o coração se encheu de preocupação, até esquecendo a dorzinha na testa.
jisung chegou mais pertinho, uma mão indo até seu ombro enquanto a outra levantou seu rosto para que ele pudesse ver você direito.
“me desculpa, ______, não queria que esse encontro fosse ruim para você.” ele juntou as sobrancelhas falando num tom tão triste que você sentiu seu coração doer.
“não tá sendo ruim, eu realmente gostaria de fazer qualquer coisa contigo só por ser com você.” começou, o olhar desviando das feições dele, sem saber para onde olhar. “eu só… não queria que fosse desse jeito, tô passando vergonha desde que entrei no seu carro.” fechou os olhos frustrada.
ouviu uma risadinha, e abriu os olhos novamente dando de cara com um jisung na sua frente, os olhinhos meio fechadinhos quando ele ria, poxa, que maldade, não era para ele ficar bonito enquanto ria da sua desgraça.
“você não passou vergonha, quer dizer, não sozinha pelo menos.”  segurou seu rosto com as duas mãos. “eu queria muito que esse encontro fosse bom pra você, na real tô querendo te chamar pra sair tem uma cota, só que não tinha coragem nem de chegar perto de você.”
não soube o que dizer, e quando ele riu novamente, soube que deveria estar com uma expressão comicamente chocada.
“sério? tipo… de verdade?” ainda tentava assimilar, o rostinho com uma expressão de surpresa que jisung achou a coisa mais fofa do mundo, sentiu vontade de te beijar na mesma hora.
“aham, faz um tempão que eu tava doidinho pra sair contigo.”
você sorriu tão linda pra ele que foi impossível não sorrir de volta, segurou seu rosto no lugar e deixou um beijinho carinhoso na sua testa, como se pedisse desculpas pelo acidente, e também, beijinhos saram machucados, né?
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masterlist
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sobreiromecanico · 10 months ago
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O Rapaz e a Garça vence Óscar de Melhor Filme de Animação (e outros destaques dos Óscares)
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Aproveitei hoje o dia livre para ir à única sala de cinema da Grande Lisboa que ainda está a passar o filme O Rapaz e a Garça, de Hayao Miyazaki, que foi ontem à noite distinguido com o Óscar de Melhor Filme de Animação. Mantenho que tanto o filme como o realizador deviam ter sido nomeados na categoria principal (recordando as palavras de Guillermo Del Toro, a animação é cinema, não é um género para crianças), mas fico satisfeito por Miyazaki ter conquistado o seu segundo Óscar - uma vitória que não era evidente, dada a lista de nomeados -, e logo com um filme tão espantoso, no qual podemos ver uma síntese da sua vasta obra e do legado riquíssimo que deixa à animação e ao cinema.
(convenhamos que ver este filme a ganhar o Óscar terá sido um dos poucos raios de luz na noite de ontem)
Já ver Godzilla Minus One vencer o Óscar de Melhores Efeitos Visuais foi algo surpreendente, mas muitíssimo merecido - a equipa de Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi e Tatsuji Nojima fizeram um autêntico milagre visual neste que foi um dos meus filmes preferidos de 2023. E, note-se, com um orçamento que será uma fracção dos recursos que os outros filmes nomeados na categoria tiveram (The Creator, Guardians of the Galaxy Vol. 3, Mission Impossivle - Dead Reckoning Part One, e Napoleon). Não esperava esta vitória, o primeiro Óscar para a longa série de filmes de Godzilla, o mais icónico dos monstros do cinema.
(e fica a piada que apanhei no Twitter: pela primeira vez na história dos Óscares um filme e a sua sequela ganharam estatuetas douradas na mesma cerimónia - sendo Oppenheimer o filme e Godzilla Minus One a sequela, claro)
Já no final da noite, Emma Stone conquistou o segundo Óscar da sua carreira, na categoria de Melhor Actriz pelo seu papel magnífico no filme Pobres Criaturas de Yorgos Lanthimos. O que me recorda de que ainda não escrevi aqui sobre Pobres Criaturas, algo a corrigir em breve (é um filme incrível).
Outros destaques da noite: A Zona de Interesse a vencer Melhor Som (claro) e Melhor Filme Estrangeiro, com Jonathan Glazer a proferir um discurso breve, polémico, e absolutamente necessário nestes dias, e Pobres Criaturas a vencer ainda Melhor Design de Produção, Melhor Maquilhagem (inevitavelmente), e Melhor Guarda Roupa (idem).
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jorgui · 2 years ago
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QUANDO O GARÇOM É QUEM PAGA A CONTA DO BANQUETE
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Imagine que você trabalhe como garçom num restaurante caríssimo, com pratos que custam o que você não recebe em um mês, ainda que some todo o seu salário e as suas gorjetas. Você serviu uma mesa ocupada por magnatas do mercado financeiro e alguns banqueiros. Sossegados, eles pedem garras do whisky mais caro, champanhas igualmente onerosas, pratos do de maior valor do cardápio, entre outros pedidos, sempre muito dispendiosos. Foi um senhor banquete. Eles chegaram no final da tarde para um happy hour, atravessaram a noite e pediram a conta no começo da madrugada. Quando a soma chega ultrapassa a casa dos R$ 20 mil. Os magnatas se entreolham, observam que na comanda consta os 10% relativos ao seu serviço e invertem a razão: dividem entres eles R$ 2 mil e deixam para você pagar os R$ 18 mil restantes.
É com esse grau de cinismo, distorção e injustiça que o debate sobre os gastos com orçamento público vem sendo feito nos últimos anos.
É razoável querer que os governos, assim como nós na gestão do nosso orçamento familiar ou na administração dos nossos pequenos empreendimentos, equilibrem suas contas gastando menos do que ganham, evitando endividamentos desnecessários.
Mas o que realmente vem desequilibrando as contas públicas brasileiras? O que as têm feito fechar no vermelho? São os gastos com educação ou saúde? É o valor investido em políticas assistenciais que garantem que milhões de brasileiros mais pobres tenham o que comer? Ou é o valor pago aos banqueiros, ou a uma parcela reduzidíssima de rentistas?
Ao jogar luz sobre alguns equívocos do arcabouço fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o editor do site Outras Palavras (https://outraspalavras.net/), Antônio Martins, descortinou uma das trapaças morais e intelectuais sobre o sequestro do orçamento público por rentistas e pelo sistema financeiro — com o esquizofrênico apoio de parte da opinião pública.
Quando acusam “rombo” do orçamento público ou gastança do governo, somam os valores investidos em políticas públicas com os valores pagos a banqueirada e aos bilionários de sempre.
Didaticamente, Antônio Martins explica que o Orçamento Geral da União (OGU), elaborado para atender o que ele quantifica de “99%” dos brasileiros, é a soma que o governo apresenta para aprovação do Congresso (Câmara dos Deputados e o Senado) — dizendo quais são suas prioridades nos gastos públicos.
O OGU registra quanto o governo investirá em educação, em saúde, quanto destinara para obras públicas, para construção de casas populares, entre outros exemplos. Esse cálculo é feito tendo em vista a expectativa de quanto se pretende arrecadar. Essa destinação dos recursos públicos é o alvo quase exclusivo de críticas e dos debates — legítimos, reconheça-se — de parte dos colunistas, articulistas, de editoriais da grande imprensa e de uma grande gama de analistas ligados a fundos de investimento.
Antônio Martins aponta que o OGU, o “orçamento dos 99%”, é no mais das vezes superavitário — ou seja, arrecada sempre um pouco do que havia previsto para gastar. “Ao longo deste século, eles repetiram-se [os superávits primários] em 14 dos 22 anos. A série interrompeu-se apenas no período a partir de 2015, marcado pela crise política e, em 2020, pelos gastos extraordinários da pandemia. Retornou no ano passado, mesmo em meio à enxurrada de compra de votos de Bolsonaro”, anota o editor.
Paralelamente ao OGU, o governo também faz pagamentos ao rentismo e aos bancos, por meio do que chama de “execução da política monetária”. É como são feitas as transferências de recursos do estado brasileiro aos credores da dívida pública, sob forma de juros”, o que podemos dimensionar dos “1%”.
Diferentemente do OGU, a execução da política monetária é realizada sem que o Congresso Nacional tenha qualquer tipo de ingerência ou participação. A grande imprensa tampouco repercute sobre ela com o mesmo alarde e reflexão crítica dispensada a OGU.
E o pior: a transferência dessa grande soma de recursos públicos acontece independentemente da arrecadação de impostos. “O BC [Banco Central] fixa a taxa de juros e, para cumpri-la, cria dinheiro, do nada. Em termos técnicos, emite novos títulos da dívida pública, que pode ser convertida a qualquer momento, e quase instantaneamente, em reais”, explica Martins.
A avaliação geral sobre os gastos do governo leva em conta o déficit nominal — que é a soma do OGU e da execução da política monetária. E, como já deu para intuir, é o que é pago para os “1%” que deixa a conta no vermelho.
Nos últimos anos, a grande sacanagem reside na forma como escolhem reequilibrar os gastos do governo: cortar do que é investido nas políticas públicas que alcançam 99% dos brasileiros, deixando intocada a fórmula que repassa tubos de dinheiro a uma elite econômica que representa 1% da população. O Teto de Gastos, aprovado em 2016, e que congelaria por 20 anos os gastos Constitucionais foi o último e mais desavergonhado desses mecanismos.
No artigo, Antônio Martins detalha um pouco mais como é construído o Orçamento Geral da União e como isso espelha as mazelas do Brasil contemporâneo; faz uma linha do tempo dos estrangulamentos feito no investimento de políticas públicas e como isso se reflete na desindustrialização brasileira.
É um texto obrigatório para quem quer conhecer uma das engrenagens do achaque do orçamento público brasileiro. Ajuda, por fim, a desmontar as dominações ideológicas neoliberais, tão repleta de consensos “técnicos”.
https://outraspalavras.net/crise-brasileira/onde-haddad-errou/
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bunkerblogwebradio · 1 year ago
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A REVOLTA DOS CONTRIBUINTES
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Imagine ser empresário em um país onde o Estado aumenta erraticamente a carga tributária para fazer frente às crescentes despesas públicas, e os agentes públicos abertamente afirmem ser uma obrigação dos mais ricos pagar mais tributos para equilibrar o orçamento e beneficiar os mais pobres com políticas públicas.
Em A Revolta de Atlas, romance publicado em 1957, Ayn Rand elabora uma intrincada distopia na qual a sociedade norte-americana passa a ser governada por um governo totalitário que exerce controle absoluto sobre a economia e a vida das pessoas. Na obra, o governo impõe coercitivamente a equidade na sociedade, de modo que os empresários mais bem-sucedidos são obrigados a contribuir cada vez mais com recursos para a execução de políticas redistributivas. Diante dessa opressão, os indivíduos talentosos optam por abandonar a sociedade e construir uma comunidade secreta, na qual podem conduzir as suas vidas de acordo com os seus próprios valores. Como resultado dessa “greve de produtores”, acentua-se o declínio econômico provocado pelo próprio governo, até o ponto do total colapso da sociedade.
A provocação inicial parece dizer respeito à obra A Revolta de Atlas, mas, na verdade, faz referência ao Brasil, que repete com semelhança surpreendente o roteiro da ficção. Para o atingimento das metas do recém-aprovado arcabouço fiscal, que instituiu mecanismos de controle do endividamento público, o Governo Federal tem promovido diversas de alterações na legislação tributária com o objetivo de aumentar a arrecadação.
Mais recentemente, os esforços para aumentar as receitas da União se intensificaram. Isso porque, em um espaço de apenas quatro dias, no mês de agosto de 2023, o Governo Federal:
• Em 31.08.2023, publicou a Medida Provisória nº 1.185/2023, para alterar no âmbito federal o tratamento fiscal conferido aos incentivos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços concedidos pelos Estados. Com essa Medida, o Governo estima arrecadar R$ 35,3 bilhões de reais em 2024;
• Na mesma data, encaminhou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 4.258/2023, que revoga a dedutibilidade dos Juros sobre Capital Próprio na apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Com a conversão do Projeto em Lei, o Governo estima arrecadar R$ 10,5 bilhões de reais em 2024;
• Em 29.08.2023, encaminhou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 4.173/2023, que dispõe sobre a tributação da renda auferida por pessoas físicas residentes no Brasil em aplicações financeiras, entidades controladas e trusts no exterior. Com a conversão do Projeto em Lei, o Governo estima arrecadar R$ 7,05 bilhões de reais em 2024; e
• Em 28.08.2023, publicou a Medida Provisória nº 1.184/2023, para alterar as regras de tributação dos fundos de investimento no Brasil. Com essa medida, o Governo estima arrecadar R$ 13,28 bilhões de reais em 2024.
Como se vê, o Governo Federal projeta retirar dos contribuintes mais R$ 66 bilhões de reais, somente no ano de 2024, com essas quatro medidas, que continuarão produzindo efeitos nos anos seguintes.
Para além da constitucionalidade e da legalidade questionáveis de vários pontos dessas propostas, os quais gerarão um grave estado de insegurança jurídica, merece destaque a abordagem utilizada pelas autoridades públicas para validar politicamente, perante a opinião pública e o Congresso Nacional, alterações tributárias tão impactantes.
Com frequência, observa-se manifestações dos gestores públicos e políticos alinhados à atual gestão federal no sentido de que a cobrança de mais tributos sobre certos contribuintes ou operações corrigiria um problema moral, já que os ricos sempre se beneficiam da possibilidade de realização de planejamentos tributários, ao passo que a renda dos mais pobres é proporcionalmente mais impactada pela carga tributária.
Para essa corrente de pensamento, tal como se verifica na distopia de A Revolta de Atlas, os ricos no Brasil teriam uma responsabilidade moral de entregar mais recursos para o Estado, que, por sua vez, teria a função de redistribuir tais recursos para as demais camadas da população, mediante alguma forma de incentivo ou benefício concedido pelo próprio Estado. Em outras palavras, no Brasil, caberia à legislação tributária o papel de catalisar a justiça social redistributiva.
Essa perspectiva ficou recentemente em evidência após o anúncio da correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e da ampliação da faixa de isenção. O Governo Federal estimou que essa alteração reduziria a receita da União em R$ 3,2 milhões ainda no ano de 2023, mas que tal perda seria reduzida pela criação de um mecanismo de tributação de bens e direitos mantidos por brasileiros no exterior. Trata-se da materialização jurídica da orientação política de que, “para o pobre pagar menos tributo, o rico tem que pagar mais tributo”, necessariamente.
Ao mesmo tempo, não se verifica entre os defensores desse modelo de justiça social um envolvimento equiparável nas discussões sobre a redução das despesas públicas, para que aumentos de carga tributária se tornem, no mínimo, evitáveis. De acordo com levantamento do Tesouro Nacional, as despesas do Governo Central aumentaram 18,9% de 2021 (R$ 2,730 trilhões de reais, ou 30,68% do PIB) para 2022 (R$ 3,246 trilhões de reais, ou 32,74% do PIB).
A despeito desse alarmante crescimento das despesas públicas sob a gestão anterior, o atual Governo Federal não dá indícios na comunicação com a população de que priorizará a revisão das despesas públicas como forma de buscar um equilíbrio no orçamento e controlar o endividamento. Pelo contrário, as medidas adotadas em agosto (que se somam a diversas outras implementadas desde o início de 2023) demonstram aquilo que já se afirmou: (i) primeiro, que o foco será o aumento da carga tributária; (ii) segundo, que a legitimação política dessa opção reside no discurso de promoção de uma justiça social que exige do rico o pagamento de mais tributos.
Ainda que pertencente ao gênero da ficção, A Revolta de Atlas antecipa uma série de consequências decorrentes dessa concepção de justiça social, que se verificam, na prática, em razão de alterações na legislação cada vez mais agressivas: insegurança jurídica, redução da capacidade de investimento das empresas, em particular com a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias e processos, interrupção de geração de novos postos de trabalho e inibição do empreendedorismo.
Se em A Revolta de Atlas a reação dos indivíduos mais produtivos e talentosos ao avanço das medidas governamentais sobre as atividades econômicas é abandonar a sociedade, no Brasil de 2023 a alternativa de curto prazo das empresas e empreendedores é buscar criativamente soluções para obter resultados positivos em suas atividades, a despeito dos inúmeros obstáculos criados pelo Governo. Todavia, em um horizonte mais amplo, a resposta provavelmente se dará por meio do apoio consistente a candidatos para mandatos políticos cuja visão política priorize o fomento da liberdade econômica (o que necessariamente passa pela redução da carta tributária e de sua complexidade) e a indispensável revisão das despesas públicas.
Em conclusão, as críticas às alterações da legislação tributária promovidas pelo Governo Federal, com o objetivo de sanear as contas públicas, não se destinam a defender qualquer tipo de privilégio para os mais ricos às custas dos mais pobres. Muito pelo contrário, defende-se que os agentes econômicos privados tenham mais liberdade para investir e empreender, de modo a se gerar mais prosperidade para todos, mais, inclusive, do que poderia ser alcançada por qualquer medida redistributiva.
Hugo Schneider
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punhetamaistriste · 1 year ago
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Carta
Pois bem,
Não é a primeira vez que planejo isso. Não é a primeira vez que me vejo sem saída pra algum problema sério. Mas é a primeira vez que problemas sérios me ocorrem enquanto adulto, e eles são maiores agora.
Eu não tenho onde morar. Eu não tenho o que comer. Cada dia a mais na faculdade é uma tortura e eu não sei se mereço a vaga, se mereço tentar; parece que estou emburrecendo. Já não vou muito nas aulas. Recentemente perdi o meu último espaço de convivência no campus (eles sabem qual é) por conta de questões totalmente fora do meu controle. Eu sou reservado, apareço pouco nos lugares, mas não é como se eu aparecesse em outros lugares ou falasse muito com alguém. Eu não falo. Homens de verdade não precisam de outras pessoas. Homens de verdade engolem tudo. Pois bem.
Não criei uma rede de apoio, nunca consegui. Poucas vezes na vida tive alguém pra me ouvir reclamar, mas nunca alguém pra quem pedir ajuda. Não tenho esse costume; minha mãe não me criou assim. Eu devo, quero e consigo resolver minhas coisas sozinho. Se parecer que eu não consigo pras pessoas ao meu redor, é só acalmar elas mostrando que EU estou calmo por saber como resolver o problema. Muito da vida é performance. Estou devendo quase dois mil reais há meses. Há mês e meio agora não consigo marcar uma consulta no psiquiatra por não poder pedir o celular de alguém e ligar pra marcar (eu não tenho telefone). Não estou tomando nenhum dos meus remédios, e se eu não levantar da cama, me vestir, e estiver disposto andar 6 km duas vezes no dia em dias úteis pra ir no bandejão eu fico sem comer. Em dias que ele não abre (essa semana teve feriado, semana que vem também terá) eu dependo da boa vontade alheia. Tem pouco mais de um mês, também, que comecei a entrar no mercado com 8 reais, comprar 8 reais em coisas e sair com o equivalente a 40 reais nos bolsos. Sempre comida. Sempre o que eu preciso. Ou era roubar ou passar fome. E agora acabaram os 8 reais. Não entro mais no mercado.
Deus tem provido o cigarro, ao menos. Dá sono, eu durmo e consigo fazer menos refeições. Ontem brinquei que crack saía do meu orçamento. É verdade. Eu poderia voltar para o rj, voltar a morar com minha mãe que não gosta muito de mim, arrumar um subemprego e viver uma vida medíocre para sempre na Baixada Fluminense. Sei que poderia ser feliz numa vida assim. Foi o que meu pai fez e deu certo (ok, ele nunca foi odiado na cidade e eu já). Eu ia eventualmente sair de casa, não fazer faculdade. Quem sabe conhecer outras pessoas. Não pedir ajuda pra elas também. Mas eu gosto de bh. Queria me criar aqui. Eu não vou voltar. Não posso desistir. Pela minha saúde mental? Por favor. O que minha família pensaria? O que todos que dizem que eu agora tenho uma igual oportunidade em comparação com outros alunos da engenharia, em comparação com quem compra um macbook pra estudar e mora num condomínio com piscina no Ouro Preto? Queria ser uma história de superação. Uma daquelas que ricos contam pra mostrar pra pobres que é possível. Pois bem.
Eu não vou me matar porque estou triste. Não vou me matar (só) porque me sinto sozinho. Vou porque viver se tornou inviável, num silêncio entorpecido, enfurnado em casa, sem comida, sem água, sem remédios, sem paz. Passei tempo pensando em pedir ajuda, pensando em pra quem pedir ajuda, e não sei pra quê. Sempre soube que não há ninguém. E nem pode. Não é culpa deles. É mais minha. Se eu morro é uma preocupação a menos pra minha mãe, uma despesa a menos pra minha namorada e pra fundação universitária que me paga pra estudar, e também (afinal, suicídio é egoísta) menos sofrimento pra mim. Eu estou cansado. Nem é deprimido; não tenho forças pra me deprimir. Só estou fisica e emocionalmente cansado. Não quero ver nada. Ouvir nada. Falar nada. E isso é porque eu quero comer e não posso. Pois bem.
Amanhã vou pagar o que me resta da dívida no cartão, e vou deixar meu cartão de crédito com minha namorada. Farei pelo menos o primeiro dia de Enem. Marcarei encontros com quem eu quero que entenda melhor minhas razões. Vou encaminhar de doar minhas coisas, devolver algumas outras, vender os sapatos de marca e as camisas de grife e os suspensórios para outros skinheads, anotar com que roupas quero ser enterrado, me pôr na lista de doador de órgãos. Conferir preço do translado, pedir extrema unção, dar minhas senhas do spotify, twitter, instagram, siga da faculdade e email para alguém de confiança comunicar os outros. Meu celular não tem senha, mas ele não funciona muito bem. Isso tudo leva um tempinho. Acho que consigo tudo até o fim de novembro. Aniversário de morte do meu pai. Pois bem. Eu não pretendo atualizar mais por aqui. Mas eu vou tuitar e interagir e existir, por enquanto. Até não existir mais. Espero que lembrem de mim. Alguns vão, talvez com culpa. Acontece, mesmo que não seja culpa de vocês. Bom, alguns sim. Mas tanto faz. Não é sobre vocês. Não me importa pra onde católicos vão quando se matam. Nem o Papa sabe. Foda-se.
Até,
Zirta.
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planta-na-janela · 1 year ago
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JANELAS
Sinto falta de janelas.
Se a casa em que habitamos é reflexo de nós, tem razão de eu estar deixando tanto a desejar por anos.
Não digo que a casa reflete nosso ser em questão de bens materiais. Por favor, não confunda possuir uma casa digna da capa da Casa Vogue com um caráter ilibado e interessante. Nananina não!
Me refiro ao cuidado que cada um desprende com seu quadrado. Independente da condição financeira individual.
Falando nisso, se sua condição financeira atual condiz com a minha, lê-se pobre fudido, e não trabalha em área relacionada, dificilmente vai ter seu nome numa revista de arquitetura e designer como proprietário de uma casa luxuosa. Bate na madeira, espero estar errada.
Calma, desespera não! Isso não te impede de ter uma casa maravilhosa. Oremos!
Um cantinho onde você tem prazer de voltar depois de um dia cansativo. O lugar que você investe seu tempo livre limpando, organizando e mantendo razoavelmente habitável. Que tem prazer em receber seus convidados e deixá-los a vontade. Seu lar doce lar.
Desde sempre, tive dificuldades em me sentir em casa. Na infância e adolescência meus pais amavam pular de galho em galho. Tínhamos a média de morar um ano por casa. Então, desenvolvi o hábito de não me apegar ao meu quarto, a casa e os vizinhos. Porém, gostava de cuidar das minhas coisinhas, independente de qual casa estivesse.
Com 23 anos achei que era hora de buscar outro caminho. Juntei minhas tralhas e iniciei a aventura de morar sozinha. Em 8 anos passei por 4 casas, todas alugadas. A média aumentou, agora é de 2 anos por casa.
Claro, sempre procurando alugar as casas que poderia encaixar no salário. Se ninguém te avisou dos inúmeros gastos de morar sozinho e a luta constante pra enxugar o orçamento, considere-se avisado.
Todas que morei eram casinhas humildes. Diferentes uma da outra em questão de acabamento, tamanho e localização. Mas todas cabiam, aos trancos e barrancos, no orçamento mensal.
A princípio tinha um pouco mais de gosto de cuidar de tudo sozinha. Independente se a rotina estava pesada ou não. Ultimamente não tenho tido o mesmo tesão.
Não deixo a casa encher de bicho, feder nem nada do tipo. Só que a briga com a poeira não tem tido o mesmo empenho que outrora.
Se a casa é nossa extensão, não sei dizer se sei onde começa um ou termina outro. O cuidado com a casa não é louvável, e o cuidado pessoal comigo anda na mesma linha. Pelos dois tenho feito o mínimo, em vista da notável decadência claramente não parece o bastante.
Tem poeira nos cantinhos da casa e na cabeça cheia de assuntos carentes de atenção, tem espaço mal preenchido na casa e no coração, tem muita coisa pra ser organizada na casa e na rotina de cuidados pessoais.
As 3 últimas casas, incluindo a atual, tem em comum a completa pobreza de uma vista interessante das janelas. A maioria delas, em nome da mínima privacidade, tiveram que permanecer fechadas no periodo de habitação.
Conclui que uma casa sem uma vista descente de uma janela ou varanda, se torna uma casa desinteressante, introspectiva e desesperançosa.
Dito isso, me vi projetando esse sentimento de reclusão e fim do poço. Junto dele o completo desânimo em cuidar do meu quadrado e de mim.
As janelas, plenas de sua utilidade na casa e na alma, tem feito falta. Olhar pra uma boa vista que traga um motivo feliz para ter esperança e coragem de continuar dia após dia.
Mesmo sentindo falta das janelas, me sinto grata por ter onde me abrigar.
Em hipótese alguma posso ou quero ser insensível com os que não conseguem ter um lar, ou que se encontram fortemente impossibilitados de cuidar de si mesmo.
Mantenho esperança, de abrir ótimas janelas na casa e na alma.
Sinto falta de janelas.
By: Bia Teodoro
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neutronstcr · 2 years ago
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[ vintage ] : our muses go thrift shopping together (jin & yeoreum)
prompt memes
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Uma das coisas que aprendera ainda no Ensino Médio era que fazer compras ajudava com o humor de qualquer pessoa, você só tinha ter um lugar certeiro para ir. No caso, Yeoreum não era rica o suficiente para levar Jin numa loja super chique, mas um brechó de qualidade duvidosa enfiado nos becos de Seul era o passeio perfeito — e não só pelo orçamento limitado, mas também pela promessa de que aquilo seria trash e divertido. Além de não rica (vai, ela não era tão pobre assim, a floricultura fazia uma grana legal nos feriados de Dia dos Namorados e quando gente morria) também não era nada classuda, mas seu jeito mais despojado era um dos seus charmes, e esperava que Jin também pensasse dessa maneira.
Vai, o que poderia fazer para agradar uma estrela do rock em ascensão além de ser ela mesma? De vez em quando, a menina andava com um pequeno buquê para dar para Jin, mas não queria ser vista como sentimental demais pela baterista. Suas roupas nem sempre combinavam, já que Reumie apostava em vestidinhos com estampas floridas (sim, era um tema, e aí? Reclama com outra pessoa, ela não tem saco pra isso) e a Kwan preferia coisas rasgadas e pretas. Mesmo assim, a companhia alheia era uma das melhores coisas que poderia pedir, e as diferenças só faziam os assuntos serem mais interessantes.
Então quando viu que o estresse estava começando a pesar, Yeoreum fechou a floricultura e pegou a menor pelas mãos, arrastando-a até aquele buraco que havia chamado de brechó. Bem, para ser justa, ela era experiente em trash talk e o lugar não era tão ruim assim, então não seria muito complicado achar coisas que agradassem as duas. Quando achou uma beret branca largada, a Chwe prontamente experimentou, fazendo gracinha na direção de Jin. — E aí, eu tô gostosa? Só posso comprar se eu ficar a maior gata com isso.
Aos poucos, o mundo lá fora foi esquecido, e a bagunça de jaquetas antigas e peças muito bregas tomou conta do universo de Jin e Yeoreum. — Eu acho que isso ia ficar muito bom em você. — A florista alcançou um acessório de cabelo para decorar os fios curtos alheios, sorrindo para ela. Talvez fosse sentimental demais, mas que se foda, emos eram conhecidos por sentirem demais. — E obviamente eu tava certa, pff. Vai ser meu presente para você. — Quando recebeu uma sobrancelha curvada e um "só isso?", Yeoreum revirou os olhos. — Isso aqui também, insuportável. — E a garota alcançou os lábios da sua praguinha, a mulher mais especial de sua vida, a beijando como se fosse a primeira vez. Tinha a impressão de que aquela sensação iria se repetir por muito mais tempo.
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arte-e-homoerotismo · 10 months ago
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Score (1974 film)
Score é um filme de romance erótico de 1974 dirigido por Radley Metzger . Um dos primeiros filmes a explorar relacionamentos bissexuais, fez parte da breve moda pornográfica chique da Era de Ouro do Pornô no início dos anos 1970, que também incluía Atrás da Porta Verde , The Diabo em Miss Jones e Garganta Profunda . O filme foi baseado em uma peça off-Broadway que teve 23 apresentações no Martinique Theatre de 28 de outubro de 1970 a 15 de novembro de 1971 e contou com Sylvester Stallone em um breve papel (como reparador de telefones Mike). A versão teatral de Score foi escrita por Jerry Douglas , que mais tarde se tornou um roteirista convencional. Foi ambientado em um cortiço pobre do Queens , enquanto o filme se passava em uma terra elegante e mítica e apresentava um orçamento relativamente alto para um filme independente daquela época.
Foi lançado em versões soft-core e hard-core. Um lançamento em DVD, uma versão soft-core, mostra uma data de copyright renovada de 1976 (todas as impressões com os direitos autorais de 1976 são a versão editada e aprovada pelo diretor), mas o filme em si foi lançado nos Estados Unidos em dezembro de 1973 As impressões hardcore, incluindo nudez frontal masculina e felação, duram 91 minutos, enquanto as onipresentes impressões soft-core foram lançadas em um formato de 84 minutos. A First Run Pictures comercializou a versão hardcore original em videocassete, embora fosse um lançamento limitado, disponível apenas por correspondência especial. A versão restaurada, sem cortes e sem censura (hardcore) foi lançada pela Cult Epics em DVD e Blu-ray em 2010.
Notas
O filme Score foi lançado durante a Era de Ouro do Pornô (inaugurada pelo lançamento de 1969 do filme Blue Movie de Andy Warhol ) nos Estados Unidos, em uma época de " porno chic ", em que filmes eróticos adultos estavam apenas começando a ser amplamente divulgados, discutidos publicamente por celebridades (como Johnny Carson e Bob Hope ) e levados a sério por críticos de cinema (como Roger Ebert ). 
A música tema do estilo Yardbirds , " Where is the Girl ", foi tocada pela banda da casa no hotel onde Metzger e a equipe estavam hospedados.
Quando eu atingi a maioridade, o erotismo sempre esteve nos filmes, mas o erotismo era punido. A garota promíscua nunca conseguiu o protagonista, a mulher que vendia seus encantos, sempre teve um destino ruim. A “boa menina” sempre alcança objetivos que a menina má nunca alcança. Como reação a isso, tentei fazer o oposto. Você poderia ter uma atitude livre e se comportar de maneira livre e não ser punido. Um paralelo com isso é que também poderia ser leve. Não precisava ser uma tragédia. Você poderia olhar para [sexo] de uma forma divertida. Isso foi uma coisa pessoal, trabalhar contra os clichês do cinema quando eu era criança.
De acordo com um crítico de cinema , os filmes de Radley Metzger, incluindo aqueles feitos durante a Era de Ouro da Pornografia (1969-1984), são conhecidos por seu "design luxuoso, roteiros espirituosos e uma propensão para o ângulo de câmera incomum ". Outro crítico observou que seus filmes eram "altamente artísticos - e muitas vezes cerebrais... e muitas vezes apresentavam uma cinematografia deslumbrante ". [16] Obras cinematográficas e de áudio de Metzger foram adicionadas à coleção permanente do Museu de Arte Moderna (MoMA) da cidade de Nova York. 
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Score (1973) // dir. Radley Metzger
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fabioperes · 10 days ago
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10 CARROS QUE SÃO O SONHO DO POBRE, MAS O DESPREZO DO RICO Veja todos os top 10 que já fizemos: https://goo.gl/nxGHF6 Confira o video - https://youtu.be/p1I9GGf9Q8k 00:00 - 10 carros que são o sonho do pobre mas o desprezo do rico 00:42 - HYUNDAI SANTA FÉ 03:30 - FIAT PUNTO 04:56 - CITROËN DS5 06:31 - VOLKSWAGEN TIGUAN 08:09 - HONDA CIVIC 10:02 - FORD F-250 11:11 - VOLKSWAGEN GOLF 12:47 - BMW i3 14:23 - AUDI A1 16:17 - FORD FOCUS Caravan do Filipe - https://ift.tt/jc0tVEr Quer levar nossa Caravan do Lucas 1979 com motor 6 cilindros aspiradão de 300cv pra casa? Corre aqui → https://ift.tt/Uz7o6PD SUA MOTO POR R$ 1,99 → https://ift.tt/HdMr7K0 . ⚠️ Nossa Oficina Auto Super está de portas abertas pra te receber! Faça um orçamento, agende um horário e traga seu carro para realizar serviços de manutenção e preparação by Auto Super! Site: https://ift.tt/NhCXKMp 🔗 Link Whats: https://ift.tt/P7F9Y2V ✅ Whats: 11 99734-6843 Siga a @oficina.autosuper no Insta! Link Insta: https://ift.tt/qrLaies Precisa de pneus para seu carro ou sua moto? Compre na PneuStore, o maior mix do país e seu guia em direção ao pneu certo. Os melhores preços pra vocês com descontos de 5% OFF em pneus de carros, motos, vans e caminhões, utilizando o cupom abaixo! Lembrando que os descontos são acumulativos em pagamentos via PIX ou Débito, que já garante 10% OFF (enquanto durar a promoção). Ou seja, utilizando nosso cupom você totaliza descontos de 15% (Carros, Motos, Vans e Pesados). Instagram Pneustore: https://ift.tt/QX9kG7e Compre pelo site: https://ift.tt/y43gMk2 Converse com a PneuStore pelo Whats: https://ift.tt/eSb9o4D Cupom de até 7% de desconto pneus de carros, motos, vans e linha pesada: autosuper ou AUTOSUPER ** Se o vídeo foi útil, lembre-se de dar um "joinha" e considere se inscrever no canal. ** Faça Parte do Clube de Membros: https://www.youtube.com/channel/UC08IZDh4NSFHl8KYpYNdoVg/join Visite a loja oficial do canal com produtos automotivos e linha exclusiva Auto Super: https://ift.tt/a5lvCSD Torne-se um Assinante → https://goo.gl/JnA5pL Siga no Instagram → https://ift.tt/Gji0Wd7 Curta no Facebook → https://ift.tt/wrPVFI2 Quer falar conosco? Email: [email protected] via YouTube https://www.youtube.com/watch?v=bTNBgTvO0Fs
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Drug Dealer Simulator 2 Review
Infelizmente, agora é o “padrão da indústria” um jogo ter bugs, mas DDS2 tem sido jogável (para mim até agora) e eu realmente não consigo entender o “trem de ódio” que foi conduzido sobre o jogo. O jogo não é perfeito (por exemplo, as luzes de cultivo estão penduradas muito perto das pobres plantas de cannabis... que queimam (especialmente com NDLs...) e há nenhuma palavra/sequência individual traduzida), mas é fácil de jogar e tem potencial real - a navegação no menu é menos complicada do que na primeira parte e a nova mecânica eleva tudo ao nível Cartell Boss; Estou satisfeita. Claro, alguns ativos são um pouco questionáveis ​​(por exemplo, as palmeiras tremem/abalam de forma muito estranha/não natural na tempestade, uma janela foi esquecida aqui e ali e você olha para "casas vazias"... este não é o novo GTA e Byterunners não tem orçamento da Rockstar), mas acho um exagero jogar fora imediatamente o clube negativo e estou enviando um contra-sinal na forma de uma crítica positiva, tive muito mais porcaria nos últimos meses/anos jogados, que foi (na minha opinião erradamente) elogiado aos céus. Minha esperança aqui é que tudo continue se desenvolvendo como a primeira parte (com muito conteúdo gratuito).
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inverno-noinferno · 26 days ago
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A pobreza é uma corrente que nos amarra desde o primeiro suspiro. Nascemos pobres, e sempre seremos. Não importa quantos degraus você suba, a marca está lá: na pressa desesperada de comer, queimando a língua porque não há tempo para esperar a comida esfriar. Está nas noites insones, o peito apertado, tentando descobrir como pagar aquela dívida que escapou do orçamento. Todos que estão na base da pirâmide compartilham a mesma sentença. A riqueza, aqui, é limitada a tão poucos que até aqueles que chamamos de "ricos" estão longe de verdadeiramente possuirem liberdade. É uma algema que nunca se quebra, porque tudo conspira para mantê-los presos no chão.
Na pobreza, o ciclo começa cedo e se perpetua. Nasce-se pobre e vive-se assim, não importa o quanto tente escapar. Tudo é moldado pela necessidade: comer rápido, porque o trabalho não espera; trabalhar incessantemente, porque qualquer renda é melhor do que nenhuma; viver no limite, porque não há margem para falhas.
A pobreza molda nossa ignorância e nos coloca em uma corrida sem fim. Corremos para pegar ônibus lotados, espremidos como sardinhas, porque não há dinheiro para um carro. Corremos para chegar ao trabalho que nos explora e paga mal, porque qualquer renda é melhor que nada. Trabalhamos sem parar, aceitando serviços miseráveis por 30 anos ou mais em troca de uma falsa segurança, enquanto o patrão enriquece de fato. A jornada exaustiva nos transportes públicos lotados é o retrato diário de um sistema que prioriza a produção, não a dignidade. Afinal, o pobre não é visto como pessoa: é mão de obra. É um número, uma engrenagem que pode ser substituída a qualquer momento.
Vivem como ratos em labirintos, correndo atrás de migalhas para sobreviver. Esse mesmo sistema os priva de tempo para se conhecerem, de descobrirem quem são ou de onde vieram. O problema é que, sem se conhecer, sem saber seus próprios gostos e sonhos, o pobre vira fã de outros. Enaltecem pessoas em palcos — sejam cantores, pastores, deuses, políticos — enquanto esquecem que o palco deles está vazio, e o verdadeiro reconhecimento começa dentro de si mesmos. Apressados, aceitam as religiões e bares que se multiplicam em cada esquina, guiados por líderes tão cegos quanto eles. A espiritualidade é um terreno moldado pela pobreza. Entre templos e bares que se multiplicam, o pobre é ensinado a culpar ou venerar seres externos por tudo o que acontece. A fé vira uma bengala, e a responsabilidade pela própria vida é delegada a algo maior. Nas mesas, mais se ora e chora do que se planeja; mais se lamenta do que se age. O futuro é sempre incerto porque o presente é insuportável.
E, no caminho, vemos mortes, roubos, desigualdade, tristeza e dor. Nas ruas, a pobreza se mistura com a violência. O medo é constante: de ser roubado, agredido, de perder o pouco que conquistou com tanto sacrifício. Crescemos aprendendo a estar sempre em alerta, a criar escudos para proteger o pouco que temos. Desenvolvemos uma intuição que é, muitas vezes, puro preconceito, forjada por uma vida de assistir pessoas semelhantes a nós cometerem atrocidades. Desde cedo, aprendemos a desconfiar e a julgar, porque já vimos o pior. A vida na base da pirâmide é vivida com medo: medo de falhar, de adoecer, de perder o pouco que sustenta a rotina.
A pobreza é também a ausência de laços. Essa realidade endurece as pessoas. Muitos pais, sobrecarregados pela luta para sobreviver, não criam vínculos afetivos com os filhos. A casa que deveria ser um refúgio vira um campo de batalha, onde o mantra "a casa é minha" ecoa até expulsá-los. Muitos saem cedo para casar, não por escolha, mas para escapar de um lar sufocante. Apressados pela vida, perdem os primeiros passos dos filhos, as primeiras palavras, enquanto a educação vira agressão disfarçada de disciplina. E, enquanto crescem, não têm quem assista aos seus primeiros passos, porque há contas a pagar, e a correria da vida não permite pausas.
Assim, saem de casa não por vontade, mas por alívio — casar, muitas vezes, é apenas a fuga mais rápida de um lar que nunca foi acolhedor.
Mas ao fugir, caem nas mesmas armadilhas. Reproduzem o que viveram, porque nunca tiveram a chance de pensar diferente. Muitos sequer sabem como poderiam ser diferentes. A pobreza não só limita o bolso, mas também o pensamento, as possibilidades. Tudo é condicionado a repetir, repetir e repetir.
Essas crianças, por vezes, são obrigadas a trabalhar cedo, entregues ao mundo sem preparo ou afeto. A impaciência dos pais transforma o cuidado em agressão; e as marcas dessas agressões seguem. Crescem aceitando espancamentos dos maridos, reproduzindo o mesmo ciclo com seus próprios filhos. E assim, a pobreza perpetua a violência, o descaso e a desumanidade. Mesmo os momentos que deveriam ser felizes, como festas de aniversário, são moldados pelo improviso e pela aparência. Nunca refletem a criança, mas sim o que deu para fazer. Brigas começam cedo e duram o dia todo, enquanto a fachada é mantida para impressionar vizinhos e parentes.
Tudo nos lares pobres é para os outros. Guardam taças que nunca usam, reservadas para visitas "importantes". Vestem roupas novas somente em ocasiões grandiosas, enquanto o cotidiano é regado a improviso e escassez. À mesa, a conversa se reduz a fofocas, nunca à autodescoberta ou ao aprendizado. A educação sexual e financeira é praticamente inexistente. As famílias não compartilham informações sobre IPTU, cartões ou aplicações. Quando chega a hora de lidar com essas responsabilidades, a maioria aprende na raça, perdendo dinheiro e oportunidades pelo caminho. E, quando o dinheiro aperta, a ignorância pesa mais. Finanças não são compartilhadas. Cartões, boletos, impostos: tudo é resolvido com tentativa e erro, às custas do pouco que já possuem. Muitos sequer têm referências ou conselhos dentro de seus círculos. Quando se sentam à mesa, o assunto nunca são metas ou ideias revolucionárias. É sempre sobre lutas, fofocas, o cotidiano de outros. Porque não conhecem eles mesmos. Vivem no piloto automático, guiados por fé cega em outros seres, culpando-os ou dando-lhes todo o mérito, como se o destino fosse um deus implacável e não um sistema cruel.
A pobreza não ensina a sonhar, só a sobreviver. Não pensamos fora da caixa. Não inovamos. Não crescemos. A imaturidade do pobre dura mais, e isso é refletida nas roupas sempre curtas, coloridas ou inadequadas, em casas sem harmonia, sem projetos ou ideais. Não há espaço para o belo ou o criativo. Muitos sequer conseguem expressar um pensamento lógico ou compor um texto, porque fomos privados das ferramentas para isso.
E, ainda assim, há quem romantize a pobreza. Quem diga que “dinheiro não compra felicidade”, enquanto assiste de camarote à luta que nos tira até o direito de sonhar. Pobreza não é poesia, é desespero. É olhar para a panela e fazer milagres com um resto de arroz e feijão. É perder um dia inteiro no transporte público para ganhar o que mal cobre as contas.
Vivemos como ratos, aceitando migalhas, sonhando com a falsa glória de subir um degrau.
Quando conseguimos escapar um pouco, quando saímos da linha da miséria para a classe média ou algo parecido, vêm os exageros. Afinal, queremos mostrar que conseguimos, que vencemos. Surge a ostentação: colares de ouro, unhas enormes, seios fartos, óculos chamativos, festas com mais gente do que espaço, casas exageradas, carros de status. É uma performance de horror, um grito desesperado de quem quer provar que tem valor. Mas todo mundo sabe: ser pobre não está só no bolso, está no olhar apreensivo, nas risadas exageradas, no jeito inquieto de quem nunca teve estabilidade para ser, o desespero de viver de quem nunca teve.
A educação, tão propagada como o caminho para a ascensão, é uma promessa que o pobre raramente pode cumprir. Ela não é libertadora; é uma luta exaustiva. A mensalidade da faculdade é alta, mas o custo da ignorância é ainda maior. Sem estudo, as portas permanecem fechadas, os salários são baixos, e o ciclo da pobreza se perpetua. Mesmo assim, para muitos, estudar é um luxo inalcançável. E quem tenta, equilibra livros e cadernos com jornadas de trabalho intermináveis, torcendo para não desistir no meio do caminho.
Nenhum pobre é verdadeiramente feliz. Como poderia ser, quando a vida é gastar cada minuto construindo o castelo de outra pessoa, fazendo algo que não se ama, algo que nunca se nasceu para ser? O trabalho CLT é um império individual que oprime a base e os transformam em robôs, onde ninguém está realmente ganhando. O dono vive afundados em dividas assim como o trabalhador, todos desesparados alimentando a Matrix. O pobre não se encontra, porque não há tempo nem qualidade de vida para descobrir ou aproveitar um hobby, para fazer algo por pura diversão, sem pressão. Viajar? Parece um sonho distante. Ter tempo para pensar e respirar? Um luxo inalcançável. Desde pequenos, são jogados em creches e escolas, que muitas vezes não têm nem o básico — às vezes, a única razão para estarem ali é garantir uma refeição, quando há. Cursos, experiências, aprendizados que poderiam expandir a mente são caros demais, fora da realidade. E assim, a vida inteira se reduz a um ciclo constante de servir à sobrevivência. Viver? Isso nunca é uma opção.
E, na pressa de sobreviver, não sobra tempo para o cuidado. E, quando a saúde falha, o socorro é outro luxo inacessível. Vivemos à base de remédios baratos e paliativos, porque entender nossa condição ou buscar cura é privilégio de poucos. Afinal, quem tem tempo para cuidar de si quando tudo o que importa é sobreviver mais um dia? Não sabemos nada sobre nós mesmos. Não conhecemos nossas limitações pessoais, nossas doenças, nossas curas, nosso estado mental, nossos gostos. Aprendemos a engolir um Dorflex ou o remédio que estiver à mão, comprados na farmácia mais próxima, como se isso resolvesse tudo. Vivemos torcendo para não nos machucarmos, não errarmos, não falharmos, porque fomos criados para sermos a mão de obra barata daqueles que estão acima na pirâmide. O pobre aprende a ignorar o próprio corpo, a passar por cima de dores e doenças. Temos alívios momentâneos para problemas que nunca são tratados de verdade. Tudo é feito no improviso, na esperança de que o corpo aguente até onde der. E quando não aguenta, o desespero se instala, porque o sistema público de saúde é um campo de batalha, onde quem tem mais força ou sorte é atendido.
E há os que acreditam no conto de fadas. Aqueles que apareceram na capa de revista, que compraram um carro financiado em 60 meses, que aprenderam um segundo idioma e acham que escaparam. Não se enganem. Somos sempre lembrados de onde viemos. A pobreza não é só uma condição material, é um estado mental, social, histórico.
Ser chamado de guerreiro é a romantização da desgraça. Aquele que estuda à noite, trabalha o dia inteiro, dorme pouco e vive exausto é exaltado, como se carregar o mundo nas costas fosse um privilégio. Mas é só o reflexo de um sistema que torna tudo insuportavelmente difícil. O pobre abraça esse rótulo, acreditando que o título de “guerreiro” o eleva, quando, na verdade, o prende ainda mais. Falar de privilégios perto dele é um crime, como se fosse um insulto à sua luta, e não uma crítica ao sistema que lhe nega o básico. A ignorância é tão profunda que ele acha que a luta é virtude, que o sofrimento o aproxima do divino. E assim segue, guerreando, enquanto os verdadeiros privilegiados nem precisam suar para vencer.
O suor e a luta não engradecem ninguém. O que realmente eleva uma pessoa é o tempo de qualidade, o amor e o conhecimento — coisas que, infelizmente, o pobre raramente experimenta. A vida é uma corrida onde, em vez de buscar o que é realmente importante, o esforço é canalizado para a sobrevivência.
O cansaço mental é tão profundo que a chegada do fim de semana se torna a única salvação. Sem conhecimento financeiro, eles gastam com prazeres passageiros: sexo, bebidas, festas. Música ruim toca ao fundo, e o cérebro, nesse estado de vício e desespero, cria conexões neurais de prazer. O consumo de músicas sem conteúdo se torna um reflexo dessa vida vazia, onde o prazer momentâneo é mais valorizado do que o significado real das coisas. No desespero por uma fuga, criam-se os "hits fúnebres", canções que geram fama momentânea e poder, mesmo que isso signifique vender a alma. Eles sobem, mas não para algo que valha a pena. Sobem para mais miséria disfarçada de luxo e reconhecimento vazio.
E a falta de autoconhecimento, de laços afetivos reais e de lazer genuíno os torna dependentes de relacionamentos. Casais que, em vez de se apoiarem como amigos, tornam-se escravos um do outro, vivendo em um ciclo de necessidade, não de amor. O pior é quando essa falta de identidade se reflete na sexualidade. Crianças sexualizadas ficam ansiosas para namorar, querendo parecer adultas antes da hora, vestindo roupas extravagantes, se entregando a relações sexuais precoces, como se o sexo fosse uma válvula de escape para uma vida que não entendem, não sabem como viver.
Casar, namorar, ter filhos — muitas vezes, não é por amor genuíno, mas por desespero ou necessidade de prender o outro. A ideia de “formar uma família” é distorcida para o pobre, transformada em uma fuga da solidão ou uma tentativa de prender alguém em uma realidade que, no fundo, não foi escolhida de coração. O casamento vira uma prisão disfarçada de compromisso, onde, em vez de compartilhar sonhos e construir algo juntos, o casal se torna refém das circunstâncias, socios financeiros para não caírem na desgraça, e muitas vezes unindo-se por uma carência que nada tem a ver com afeto genuíno.
O pobre tem filhos, mas esses filhos nunca são apenas filhos. São peças úteis, uma extensão do que é necessário para a sobrevivência diária. Um vai ser a babá, outro vai correr na vendinha para buscar pão, o outro vai ser o “Uber” da casa, correndo atrás das pequenas tarefas que fazem o ciclo continuar. Outros vão limpar a casa, cozinhar, fazer tudo o que é necessário para manter a ilusão de que a família ainda está funcionando, mas sem amor, sem afeto genuíno. Não é por carinho, é por necessidade. Não há tempo para conhecer os gostos, os sonhos, as aspirações desses filhos, porque seria doloroso perceber que não há o que dar a eles, além de mais obrigações.
Mandam os filhos para a creche ou deixam com a vizinha, como quem delega responsabilidades, sem nem saber o que realmente está acontecendo na vida deles. O famoso “compramos na volta” se torna um mantra vazio, disfarçando a frustração de não poder dar o que foi prometido – e de certa forma, responsabilidade obrigatória de dois adultos irresponsáveis. E, com o tempo, essas pequenas mentiras se acumulam. A falta de atenção, o abandono emocional, a negligência disfarçada de sobrevivência, geram filhos que crescem rancorosos, tristes, exaustos — crianças que, na idade adulta, se tornam reflexo do que receberam: um vazio que nunca será preenchido e urgência em parecer algo que não são.
E a cada erro, carregamos o peso da culpa, como se nossa condição fosse apenas fruto de nossas escolhas, e não de um sistema construído para nos manter na base da pirâmide.
Enquanto isso, os que estão no topo seguem acumulando, explorando e decidindo nosso destino. O pobre não vive; ele resiste. A luta nos esmaga e nos embrutece. Pobreza não é virtude, é um sistema cruel que rouba tempo, saúde, oportunidades e, às vezes, até a dignidade. E por mais que alguns romantizem essa realidade, ela é, na prática, uma sentença de vida para a maioria.
A pobreza não é só falta de dinheiro. É um sistema que mata sonhos, rouba identidades e perpetua ignorância. É a certeza de que, para quem nasceu na base, tudo será luta. No fim, o que resta é sobreviver — e isso nunca foi viver.
A pobreza é uma prisão invisível, mas tão sólida quanto concreto. Ela nos condiciona a acreditar que não há saída, que o mundo é assim e ponto. Mas o pior não é a falta de recursos. É a falta de perspectiva, de visão, de esperança. É viver acreditando que sonhar é um privilégio de outros, não um direito nosso. É uma sentença que só se quebra com uma força que o sistema faz de tudo para silenciar: a consciência.
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miiticaprofeciadafe · 1 month ago
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O dia Mundial dos Pobres, é uma iniciativa do Papa Francisco, destinada a trazer os pobres e fazê-los centro da vida da Igreja, do mundo e do orçamento das economias das nações. Hoje, deixemos a nossa meditação amorosa fluir com fé rezando estas palavras do Santo Padre: "Os pobres evangelizam-nos, ajudando-nos a descobrir cada dia a beleza do Evangelho. Não deixemos cair em saco roto esta oportunidade de graça. Neste dia, sintamo-nos todos devedores para com eles, a fim de que, estendendo reciprocamente as mãos uns para os outros, se realize o encontro salvífico que sustenta a fé, torna concreta a caridade e habilita a esperança a prosseguir segura no caminho rumo ao Senhor que vem”. É o Senhor quem acompanha os nossos passos e é Ele o nosso refúgio. Hoje, deixemos o nosso coração acolher a proteção do nosso Deus rezando com o Salmista, a Salmo 15: “Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, meu destino está seguro em vossas mãos! Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois se o tenho a meu lado não vacilo”.
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schoje · 4 months ago
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O governo federal, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou ao Congresso Nacional a proposta de orçamento para 2025, que traz reduções substanciais em diversos programas sociais. Entre os mais afetados estão o Bolsa Família, o Farmácia Popular e o Auxílio Gás, que sofrerão cortes consideráveis em seus recursos, gerando preocupações quanto ao impacto direto sobre milhões de brasileiros que dependem desses benefícios. Redução no Orçamento do Bolsa Família Para o próximo ano, o governo propôs uma redução no orçamento destinado ao Bolsa Família. A verba alocada para o programa em 2025 será de R$ 167,2 bilhões, representando uma diminuição em comparação aos R$ 169,5 bilhões autorizados para 2024. A medida vem acompanhada da ausência de reajustes nos valores dos benefícios, o que poderá resultar na diminuição do número de famílias atendidas. Estima-se que cerca de 128 mil famílias deixem de ser contempladas pelo programa, reduzindo o total de beneficiários para 20,9 milhões. Essa redução no orçamento do Bolsa Família levanta questões sobre a sustentabilidade do programa e a capacidade do governo em continuar oferecendo suporte adequado às famílias em situação de vulnerabilidade. O impacto pode ser sentido especialmente nas regiões mais pobres do país, onde o programa desempenha um papel crucial no combate à pobreza e na promoção da inclusão social. Cortes no Auxílio Gás Outro programa que enfrentará uma significativa redução de recursos é o Auxílio Gás, que foi criado para ajudar as famílias de baixa renda, especialmente aquelas inscritas no Bolsa Família, a adquirirem botijões de gás. A proposta para 2025 é destinar R$ 600 milhões ao programa, um valor bem inferior aos R$ 3,5 bilhões previstos para 2024. Esse corte de 84% no orçamento do Auxílio Gás pode comprometer o acesso de muitas famílias a esse benefício essencial, especialmente em um contexto de alta nos preços do gás de cozinha. Para mitigar os efeitos dessa redução, o governo propôs um projeto de lei que visa expandir o alcance do benefício. Contudo, especialistas alertam que essa medida pode ser interpretada como uma tentativa de contornar o teto de gastos estabelecido pelo novo arcabouço fiscal, gerando debates sobre a eficiência e a transparência da gestão pública. Impacto no Programa Farmácia Popular O Farmácia Popular, que oferece medicamentos gratuitos e com preços reduzidos à população, será o programa mais afetado pelos cortes orçamentários. O governo propôs um orçamento de R$ 4,2 bilhões para 2025, uma redução expressiva em relação aos R$ 5,9 bilhões destinados ao programa em 2024. Esse corte de quase 30% poderá prejudicar o acesso da população a medicamentos essenciais, especialmente para o tratamento de doenças crônicas. O financiamento destinado à distribuição gratuita de medicamentos será reduzido de R$ 5,3 bilhões para R$ 3,8 bilhões. Além disso, o sistema de co-pagamento, onde o governo subsidia parte do custo dos medicamentos e o paciente arca com o restante, também sofrerá cortes, passando de R$ 574 milhões para R$ 419 milhões. Embora o governo preveja um aumento no número de beneficiários do programa, de 17,6 milhões em 2024 para 21,6 milhões em 2025, a diminuição do orçamento pode resultar em um valor menor de benefício por atendimento, afetando diretamente a qualidade do serviço prestado. Reações e Desafios As reduções orçamentárias propostas pelo governo têm gerado uma série de reações entre especialistas e a sociedade civil. Há uma preocupação crescente com a possibilidade de que esses cortes ampliem as desigualdades sociais e agravem a situação das famílias mais pobres do país. Além disso, a falta de reajustes nos benefícios e a diminuição do número de famílias atendidas podem comprometer os avanços obtidos nos últimos anos em termos de redução da pobreza e da fome. O desafio para o governo será encontrar um equilíbrio entre a necessidade de ajuste fiscal e a manutenção de políticas públicas que assegurem a proteção social dos mais vulneráveis.
Com a proposta de orçamento para 2025, o debate em torno da sustentabilidade dos programas sociais e da responsabilidade fiscal deverá ganhar ainda mais destaque no cenário político brasileiro. Em suma, o governo federal enfrenta um cenário complexo, onde os cortes orçamentários, embora justificados pelo contexto econômico, colocam em risco a eficácia de programas que têm sido fundamentais para milhões de brasileiros. A sociedade agora aguarda os desdobramentos dessa proposta no Congresso Nacional, que será decisivo para o futuro dos programas sociais no país. Receba Mais Conteúdos Exclusivos! Entre no nosso grupo no WhatsApp e seja o primeiro a receber notícias exclusivas diariamente. Clique aqui para participar, é grátis! ENTRE NO GRUPO AQUI Mantenha-se Informado!
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jbnoticias · 5 months ago
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Corte de gastos do governo federal vai bloquear R$ 1,7 bilhão do Farmácia Popular
O programa Farmácia Popular, que fornece medicamentos gratuitos para a população mais pobre, foi a ação mais afetada pelo congelamento de gastos decretado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com R$ 1,7 bilhão bloqueado no Orçamento da União. O governo promoveu uma contenção de gastos no valor de R$ 15 bilhões para cumprir as regras fiscais neste ano. Os ministérios foram…
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