#piso escuro
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allebasimaianunes · 1 month ago
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Oração
parte I † parte II † parte III
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sinopse: um casal de amantes nada covencional vivendo seus desejos da maneira mais impura possível.
nota da autora: já tinha esse documento largado na gaveta do meu google docs então eu decidi trazer a vida e bem... aproveitar a obsessão pelo nicholas alexander chavez como o miesterioso padre charlie mayhew e voialá!!! talvez tenha pelo menos mais outras duas partes, ou mais não sei... enfim. aproveitem!!!
aviso de conteúdo: +18, MENORES DE IDADE NÃO INTERAGIR, sexo oral (homem recebe), palavras de baixo calão, priest kink, heresia (muita), culpa (católica) e remorso & tesão, blasphemy kink, corrupção, heirophillia, deixe-me saber se eu esqueci algo a mais... (!!!)
idioma: português (Brasil) | pt-br
contagem de palavras: 1642 palavras
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SOMOS CARNE
PARTE I
A batina foi ao chão no mesmo compasso que joelhos caíram no piso de madeira, o farfalhar de tecidos sendo amassados e remexidos, a fivela de um cinto tilintando enquanto mãos ansiosas deslizavam sobre um pedaço de pele exposta entre uma camisa social branca desabotoada e o cós de uma cueca simples, revelando uma púbis levemente volumosa com pelos dourados que iniciavam uma trilha no umbigo até o falo rígido que marcava o tecido de algodão alvo, um molhado melando a ponta de um lado, a sensação quente de pele ao ser segurado, olhares trocados naquele silêncio de respirações pesadas e descompassadas, o calor emergindo entre peles, o suor brotando nas têmporas e nos vincos das costas que ondulavam. Ele chiou:
— Por favor, acabe com isso rápido…
Sem delongas a boca envolveu sua glande rosada e melada, a língua acariciou a cabecinha de seu pau enquanto automaticamente o homem desmanchava e deslizava os quadris cobertos pela camisa e pela calça folgada no banco do confessionário, a destra foi de encontro no monte de cabelos da mulher que agora saboreava seu pau, um som característico sendo emitido do fundo de sua garganta durante a dança de vai-e-vem que a mesma lhe fazia, a felação molhada e lenta o tirando de órbita. A canhota atarracada entre os frames da janela do confessionário, os dedos amassando-se e arranhando a treliça enquanto recebia aquela descarga de prazer oral, impulsionando automaticamente seus quadris em leves estocadas na direção da dona do seu prazer. Ela chegou a engasgar um pouco com a pressa dele, retirando-se lentamente de lugar, a boca babada e as lágrimas irritando seus olhos pidões que lhe encararam com aquele sorrisinho malicioso, sussurrando com lascívia na voz suave:
— Calma, senão teremos um probleminha nada agradável aqui!
— Perdão. Não me contive… — murmurou de volta tremendo de tesão acumulado, segurando com suas mãos suadas o rosto angelical da mulher que lhe sorria faceira, os olhos castanhos escuros cintilando na meia luz que entrava entre as treliças de madeira laterais do confessionário, um olhar incendiário que queimava sua alma. Um pecador. Era isso que ele era todas as vezes que cedia à tentação e se deixava levar pelas palavras amaldiçoadas e os toques sedentos daquela herege que estava ajoelhada diante de si, orando em uma língua demoníaca e carnal para si. Ele sentia cada vez mais próximo da borda: um clímax chegando em onda vagarosas sobre seus músculos, apertando os dedos de seus pés entre a meia e o sapato social, ambos os pés voltados um para o outro, enquanto mesmo com a boca longe de seu membro, as mãos macias dela o acariciavam num embalo vagaroso, aproveitando a lubrificação que escorria dele misturada a sua saliva, pressionando com cautela o topo rosado e inchado, as veias marcadas na pele fina que ao ser puxada para cima tampava levemente a glande, voltando-se quando era puxado para baixo. Ele ofegava, cravava seu olhar no dela, os lábios entreabertos aspirando o ar e expirando de forma sôfrega, ela segurou a risadinha sapeca se deleitando com aquela belo frame de imagem que tinha diante de si: um homem tão importante em seu papel religioso quase implorando para que ela não parasse de acariciá-lo, fosse com os lábios e a língua, entre a boca o sugando e o mamando, fosse com as mãos, apertando as bolas e massageando os polegares em sua cabecinha, o conduzindo naquele prazer carnal que era real. Com as mãos em seu rosto belo, um anjo caído com aqueles fartos cabelos ondulados amassados em volta do rosto que sob a penumbra da luz, bochechas rosadas, os lábios molhados de saliva, inchados dos beijos, sorrindo-lhe, ele ditou com a voz estremecida porém autoritária:
— Faça-me gozar, querida. Me faça alcançar o Paraíso com seus lábios. — Os polegares amassaram seus lábios em uma carícia sem jeito, remexendo-se entre as mãos dela que sorrindo deleitosa, acenou com a cabeça em ênfase lhe respondendo com deboche na fala:
— Com todo prazer Padre Charlie! É hora de clamar o amém! 
Charlie não teve tempo para raciocinar algo para interpolar, pois tão rápida quanto um Ave Maria, ela se afastou de suas mãos, abocanhando-o de volta com mais desespero e vontade, indo e voltando, enrolando a língua no seu pau rígido, voltando sua felação com voracidade. O homem não conteve as mãos e as levou para a cabeça dela, enlaçando entre seus dedos as ondulações macias a trazendo para si a cada vez que sua respiração pesava, a garganta ardia de tanto conter os gemidos que teimam em escapar entre intervalos, os olhos fechados e apertados enxergando entre pálpebras uma escuridão que aos poucos abria-se em flocos de uma luminescência que se expandia. Ele realmente estava prestes a se deparar com um Paraíso. Encostou os ombros na parede de madeira do pequeno cômodo que estavam, deixou a cabeça de cabelos âmbares escuros encostar no tampo, os olhos fechados, mordeu o lábio inferior sentindo a própria saliva acumular-se entre bochechas, afagou os cabelos sedosos dela, iniciando seu coro espessado:
 — Ave Maria cheia de Graça, — engasgou quando ela deslizou até o topo e lambeu a glande voltando apenas com a língua deslizando até a base: — o Senhor é convosco, — tremeu quando ela começou a chupar suas bolas, prosseguindo: — bendita sois Vós entre as mulheres, — ela riu voltando a tocá-lo com a mão durante o ato: — bendito é o fruto em Vosso ventre, Jesus. — Charlie não aguentou, estava no limite, as mãos saíram da cabeça dela que o abocanhou de novo, aumentando a velocidade da ida e volta, deixando as mãos erguidas no ar quase como um clamor: — Santa Maria Mãe de Deus, — palmas se encontraram, estava em posição clássica de oração, a luz entre os olhos aumentando, um filete de lágrima escorrendo dos olhos, a voz rasgada e rouca: — rogai por nós, os pecadores, — brevemente mordeu sua língua sentindo que estava quase pulando: — agora e na hora da nossa morte. Amém! 
Foi tudo muito rápido, Charlie teve que tampar a própria boca que engatou naquele “amém” um gemido rouco e prolongado, as pernas estremeceram e aquele clarão o atingiu e por segundos que pareciam uma eternidade – a eternidade divina – o açoitou, feito o chicote que o mesmo se afligia a dor do mártir do pecado, o deixando naquele estado suspenso entre o êxtase e a culpabilidade, uma linha tênue entre se sentir em pleno gozo do prazer e esgotado de amargor da incapacidade dele de simplesmente negar a ele mesmo sentir o prazer carnal, a matéria parecia muito mais ameaçadora e imediata do que o plano das idéias que permeiam suas crenças os pensamentos. Sentir era distinto ao pensar. Gozar era um antonino de orar. 
Charlie voltou aos poucos para a realidade. Sentiu os dedos pressionados contra os lábios, a parede de madeira dura atrás de si, as peças de roupas contra a pele suada, o suor agridoce entre os vincos da pele, o molhado em seu pau que agora escorria sua porra, acumulando um pouco entre os dedos da mulher que segurava sua base, os pelos púbicos aparados alvoroçados, a sensação dela escorada em suas coxas, um peso que o trouxe para a realidade. A mulher ergueu o rosto, limpou as laterais dos lábios, sorriu para ele e sussurrou:
— Amém, louvado seja Deus! 
Ele observou com um olhar distante, meio sonolento e dengoso, ela levantar-se e arrumar a barra justa da saia de tecido grosso, batendo as mãos para limpar a sujeira nos joelhos avermelhados. 
— Você é uma herege cruel… Vem como quem não quer nada e suga toda minha alma!
— E você é um padre horrível Charlie, sinto muito por ter que dizer isso. — Seus dedos abotoam os primeiros botões desfeitos da camisa social que vestia, sustentando um sorriso malicioso para ele que sinceramente, não tinha forças para se recompor: — Nem para me punir decentemente serve! 
A mesma já ia se virando para sair do confessionário quando subitamente foi surpreendida por duas mãos lhe agarrando pela cintura. Ela instintivamente soltou um gritinho de surpresa e desatou a rir, risada que foi abafada pela mão esquerda dele, enquanto a direita subiu da cintura para o seio dela, apertando-o com vontade, até mesmo uma certa brusquidão, arrastando a ponta do nariz arrebitado na nuca dela inspirando o perfume doce e magnético que ela usava, acompanhando uma trilha de selinhos naquela região até chegar na orelha para lhe sussurrar com a voz rouca:
— Você foi uma garotinha muito, muito má hoje, logo comigo, seu Padre! Como punição dos seus pecados — a mão que abafava sua boca afrouxou e deslizou até o pescoço dela, segurando-o para erguer seu queixo, a direita que apertava o seio passou a massagear e a roçar o bico duro ao toque, tirando-lhe gemidos entrecortados: — você irá rezar cem Aves Marias, cinquenta Pais Nossos, vinte Salves Rainha e irá me encontrar hoje às meia noite no nosso local para celebrarmos a palavra, juntos. — Terminou a sentença virando o rosto dela para si, capturando seus lábios em um beijo breve apenas para selar sua sentença. 
Ele a soltou para que ela fosse, a mesma hesitou um pouco, de costas para si, arrumou os cabelos e ajustou a camisa mais ainda e sem olhar para trás saiu. Sozinho, com a calça arriada, o pau meio mole para fora, a camisa amarrotada e a batina sobre os pés, ele sentiu nada. Nada. Apenas aquele agridoce vazio, um vácuo entre ele e o mundo ao seu redor, em uma crescente que iria colidir de frente com anos de crenças e dogmas sendo cultivados em si mesmo. 
Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim. No íntimo do meu ser tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros.” (Romanos 7.21–23)
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palavreado · 1 year ago
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encontrei no sótão
dia de folga do trabalho, mas isso não significa que eu vá ficar deitado procrastinando o dia todo. chegou o momento de pôr a mão na massa. hoje é o dia da faxina.
depois de pensar em como pretendo começar, decido fazer a limpeza geral de cima para baixo, ou seja, começarei pelo sótão que fica no segundo andar da casa até tudo estar terminado, e finalizarei a limpeza na cozinha. subo com todos os produtos e utensílios domésticos necessários para me livrar do pó, mofo, teias de aranhas e demais insetos que estejam residindo naquele espaço intocado por anos.
chegando no corredor que leva aos quartos, puxo a cordinha da portinhola para descê-la. vejo-a desdobrar em uma escada de madeira até encontrar o piso do corredor. subo uns degraus com cuidado e assim que atravesso a abertura retangular no piso do sótão, puxo outra corda para ascender a lâmpada daquele espaço apertado. tudo fica iluminado pela luz amarelada, deixando as marcas do tempo mais evidentes em cada objeto ali mantido.
começo a limpar a estrutura do teto com a vassoura, depois sigo tirando o pó sobre todas as caixas e velharias que encontro pelo caminho. pego pela curiosidade, vejo uma antiga caixa vermelha num canto escuro do sótão. nela havia vários envelopes, no entanto apenas um dos muitos me chamou a atenção. nele continha uma data escrita próxima da aba que estava lacrada por um selo. 28/05/2017.
aquela data veio com tudo, eletrizando todos os meus neurônios na busca de quaisquer memórias que poderiam ter alguma coisa a ver com a carta e o seu conteúdo ainda não visualizado. me contive por um momento, mas logo estava eufórico e apreensivo, querendo logo ver aquelas fotos já tendo quase certeza do que e de quem se tratavam...
e após retirar o que me parecia óbvio ao apenas tocar no envelope velho e amarelado pelo tempo, vi um casal sorrindo felizes para uma selfie na foto polaroid, esta que agora eu segurava entre meus dedos trêmulos por causa do nervosismo. e me veio uma pergunta: por que ainda me dói? e logo após essa, veio outra: eu tinha até te esquecido, mas por que uma simples foto trouxe tudo de volta?
chorei e me sentei no madeiramento do teto para tentar... maldita hora que vim aqui arrumar essa droga de sótão! vociferei arrependido e entristecido... fiquei triste comigo mesmo, pois eu tinha superado tudo na minha mente enganadora que não se preparou para nenhum possível gatilho.
depois de uma volta frustrante no tempo, decidi queimar aquelas fotos e tudo mais que apresentasse perigo, pois tudo parecia me deixar vulnerável e eu poderia me machucar e muito.
fiquei relembrando aquilo por aproximadamente um mês, até que essas lembranças se desgastassem por si próprias e desocupassem minha mente finalmente. e uma coisa eu aprendi: não faça faxinas no seu intelecto se nele existir gatilhos os quais você não saiba como lidar.
— cartasnoabismo
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alekseii · 3 months ago
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como um bom filho de nyx, aleksei não havia pregado os olhos naquela noite. tinha hábitos perigosos, como o de passear pela madrugada, oculto na escuridão da ausência da lua. por onde andava, apenas a fumaça de seu cigarro denunciava sua presença, efêmera, conforme ele guiava passos largos e sem rumo. guardava as bitucas de cigarro no bolso, para não incomodar as ninfas, e lançava olhares furtivos para o bosque atrás de si. antes do primeiro grito, ele se lembrava da sensação que lhe percorreu a espinha— um silêncio ensurdecedor por breves segundos, interrompido abruptamente pelos gritos.
tw: existe uma série de gatilhos associados a morte e assassinato, além da menção de sangue. caso tenha sensibilidade com algum desses temas, pule para o último parágrafo.
gritos sempre haviam sido um gatilho para ivashkov. assombrado pelas memórias das últimas palavras de diversas pessoas, proferidas em gritos ou sussurros pouco antes de seu pai tirar-lhes a vida. e depois de seu pai, ele. um fantasma mais recente se unia aos outros para ativar violentamente o gatilho em sua mente: flynn. os gritos do dia do baile ainda percorriam sua mente torturada.
não sabia determinar se os gritos vinham de perto ou de longe, ora ensurdecedores, ora parecendo vir de algum ponto mais adentro do bosque. ele girava, tentando capturar algum sinal que denunciasse o que os causava ou de onde vinham, até ouvir o alarme ser acionado. talvez seu maior erro tenha sido decidir ir completamente sozinho atrás dos gritos, acreditando que logo mais semideuses viriam consigo. era imprudente, mas, cá entre nós, era exatamente o modus operandi que sempre tivera.
a névoa parecia se espessar conforme avançava mata adentro, e ele não via nenhum outro semideus. agora parecia impossível de fugir, como se algo tivesse plantado em sua cabeça e o sugasse para o epicentro do caos. ele se lembrava de transmutar um pedaço de tronco em seu machado, e então as coisas ficaram pouco claras.
ao olhar para baixo, sangue. em todas as suas mãos. erguer o olhar fez com que percebesse que já não estava mais no acampamento meio-sangue.
a cena fez com que fosse fácil esquecer de tudo. como se todas suas memórias tivessem sido subitamente limpas, e só restasse o que vinha antes daquele ponto. a primeira vez em que seu pai o fez assistir. o cenário de árvores tinha sido substituído pelos painéis de mogno escuro. olhar para cima permitia um vislumbre de teto ornamentado com afrescos dourados, com entalhes que misturavam mitologia russa com padrões barrocos. dele, longos lustres de cristal pendiam, apagados. a única iluminação vinha, na verdade, da lareira de mármore branco, que ainda queimava fracamente. e abaixo de si, a poça de sangue, manchando todo o tapete persa vermelho.
o cenário em si só denunciava, sem a necessidade do sangue, que algo terrível havia acontecido. o tapete de trama intricada estava virado, fora do lugar. a mesa de centro de vidro, quebrada, espalhava cacos por cima do tecido vermelho. a cadeira de veludo verde estava caída, com o estofado rasgado. o vento gelado entrava através da janela alta, empurrando as grossas cortinas vermelhas, e, mesmo assim, o ar parecia abafado.
a memória estava distorcida, pois, por mais que aleksei não tivesse mais que dez anos quando aquilo acontecera, estava em sua fisionomia atual. recuando pelo cômodo como fizera naquele dia, seus olhos tentavam se distrair, sem sucesso. até os retratos de antigos aristocratas, pendurados em quadros de molduras douradas sobre todo o salão, pareciam fitá-lo profundamente, como se fossem capazes de ver sua alma. e o silêncio sepulcral, interrompido apenas pelos ocasionais estalos da madeira no fogo morrendo.
ele caminhou para trás, trêmulo. era exatamente como naquele dia, mas não via seu pai por ali. mesmo enviesada, sua mente conseguia perceber que algo estava errado, fora do lugar. ivashkov carregava a culpa pelo corpo que jazia no piso de madeira desde aquele dia, mas ainda assim, o autor do crime não estava presente na memória deturpada. ele não conseguia definir se a realidade estava ali ou nos flashes das memórias que passavam em sua cabeça—do pai lhe mandando limpar o machado, enquanto se apropriava da parte separada da figura decapitada. aquilo fez com que ele manchasse suas mãos de sangue, a mancha que nunca saíra.
continuava a recuar. dali, a cena ia se desenvolvendo em paralelo ao real. na memória verdadeira, tinham ido embora não muito depois daquilo, no silêncio da noite. mas ali, ele ia se afastando, e o cômodo se alargando, até metamorfosear por completo em um quarto com um único objeto. um espelho. não vira o espelho, mas sabia que ele estava ali, como um demônio pendurado sobre sua coluna.
deveria virar? o ímpeto duelava fortemente com o frio que congelava. e então ele virou, e achou no reflexo a figura que faltava.
seu pai. o instinto de tocar o rosto, tentando conferir a realidade, fez com que ele se sujasse de sangue. isso prolongou o desespero, a sensação de sujidade, o peso da culpa. ele tentou andar para trás, e tropeçou. mais uma vez, não estava mais naquele lugar. outro corpo ocupava a sala, mas não havia sido seu pai o autor. não, aquilo tinha sido ele.
a primeira pessoa que matara a serviço de nyx.
ivashkov gritou. as memórias continuaram, depositando sobre si traumas que ele havia empurrado fundo em sua mente, expondo rostos outrora esquecidos. o evento torturante durou por horas, até que ele finalmente foi acordado. ainda sozinho, ainda na floresta. e agora em prantos.
“ressentimento, ele ainda ressente tudo que passou. o maior medo do aleksei está em tomar o mesmo trajeto que o pai. de fazer exatamente a mesma coisa e acabar se tornando a mesma pessoa, e definitivamente o medo de ter um filho. isso porque ele acha, em partes, que já se torna aos poucos essa pessoa, como um processo irreversível que lentamente progride. e assim, acabaria criando outro dele, a pessoa que ele mais odeia nesse mundo.”
@silencehq @hefestotv
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dejuncullen · 2 years ago
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O auto do corneado - Johnny Suh
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N/a: Fiz algo inspirado no "Auto da Compadecida". Eu amo essa obra em todos os níveis. Como nordestina acredito que a comédia foi um marco para a nossa história, sendo assim, fiz essa fic com o Johnny pq imagino muito que ele aceitaria as gaias da Dorinha. Kkkkk Espero que gostem! ❤ Ah! Coloquei algumas gírias de Recife, a maioria coloquei entre aspas para vocês conseguirem pesquisar e descobrir o significado. Boa leitura!
Johnny tinha certeza de duas coisas:
1. Era uma homem trabalhador que fazia o possível pelo sustento da casa e da esposa;
2. Que na surdina sua esposa lhe botava vários chifres, mas se recusava a assumir a galhada a todo custo.
Por mais que toda a vizinhança lhe avisasse sobre as traições, o estrangeiro preferia fechar os olhos a acreditar que a sua querida Dorinha estivesse o trocando por outro homem qualquer. Não era feio, tampouco pobre. Claro, não era rico como o coronel ou o padre, mas ainda assim possuía mais condições que o restante da cidade. Um singelo padeiro, que todos os dias acordava antes do canto do galo, tendo como pedra no sapato dois ajudantes que mais o atrapalhavam, Mark e Donghyuck, estes que aceitaram o trabalho em troca de comida e um teto em suas cabeças. Fora isso, sua casa era bem arrumada, tinha uma cacimba somente sua no quintal, galinhas vistosas e uma vaca que sua sogra havia lhe presenteado antes de bater as botas.
Então, por qual motivo ela o trairia? Tinham uma vida perfeita, não?
Assim ele pensava ao passo que já notava a ausência da esposa e o sereno lá fora.
— 'Mar não é possível que essa mulher ainda não chegou! — reclamou enquanto se apoiava na meia porta procurando pela silhueta feminina na rua — Eu ainda hei de enlouquecer com Dorinha, vão me ver andando sem rumo na rua "falando água" pelos becos — concluindo, tratou de deixar a porta bem fechada antes que fosse dormir — Vai demorar? Pois então que durma na rua!
Passos apressados foram ouvidos contra o piso de terra, era ela, trajando um vestido lindo e branco, os cabelos escuros bem encaracolados e o batom vermelho borrado no canto da boca. Ele fingiu não ouvir, mesmo assim se encostou na porta para tentar descobrir se ela estava sozinha ou acompanhada.
— Johnnyyy... — arranhou a porta de leve, tal como uma felina — Oh meu dengo, abre essa porta, vai? — a voz doce fazia o coração do Suh derreter, só que ele precisava ser forte pelo menos naquela vez.
— ISSO SÃO HORAS DE SE CHEGAR NUMA CASA DE RESPEITO? ME DIGA! — abriu somente a parte superior da porta, mantendo a outra trancada — Tu acha que tu tá certa me botando gaia mundo a fora?
— Gaia? Meu "fi", e eu lá sou mulher disso?
— Ah não é? Então por qual motivo seu Zezinho do peixe veio essa manhã me dizer que tu 'tava de chamego com Jaehyun? — sua voz tremulava, ele parecia querer chorar, e ia. Dizem que dor de corno é terrível e ele estava sentindo com toda a intensidade.
— Jaehyun? — fingiu desentendimento e ele riu desacreditado — Oxe, menino! Jaehyun só me ajudou na feira hoje de manhã. 'Tás ficando doido, é?
— Então Nena está mentindo? — citou a vizinha, ela que logo abriu uma fresta da janela para poder ouvir melhor — Ela me disse que ouviu teus miados de "quenga" nessa casa, e Jaehyun só saiu depois de três horas. O que tu vai me dizer agora? Que tava rezando com ele esse tempo todo?
Ela o olhou abismada, de fato tinha aproveitado a tarde com o rapaz só não queria admitir para o seu querido esposo.
— Meu dengo...
— Não me chame de "dengo"
— Meu amor, eu não fiz nada com ele, não. Olhe, eu vou explicar — caçou a mão do esposo e iniciou uma massagem na pele calejada — Eu encontrei Jaehyun na feira, conversamos sobre a nossa infância e ele me ajudou a trazer as compras para casa. E essa história de ouvir miado, dona Nena precisa é limpar os ouvidos, — aumentou o tom da voz só para que a mais velha pudesse ouvir — estávamos dançando xaxado, depois passamos para o forró e Jaehyun pisou no meu pé sem querer. Oh, meu amor, você sabe bem como sandália de couro dói quando toca nos dedinhos. Se brincar arranca até o "samboque".
— E tu acha que eu vou acreditar nessa mentira? "Apois viu!" — retirou a mão de perto dela e se preparou para fechar a porta outra vez — Quer saber de uma coisa? Hoje tu vai dormir é na rua, para a vizinhança conhecer a qualidade de mulher raparigueira que eu tenho em casa.
— Mas Johnny, espere...
— MARK, DONGHYUCK!
— Sim, senhor? — falaram em uníssono, descendo da cama improvisada e indo direto até ele.
— Vão lá na igreja chamar o padre, ele precisa ver com os próprios olhos essa safadeza — deixou-os para trás e seguiu para o quarto, deitando na própria cama de qualquer jeito.
— Olhe, Mark, eu já vi me pedirem atestado de tudo, mas de corno é a minha primeira vez — satirou Donghyuck e Mark o puxou para que chegassem na igreja o mais rápido possível.
— SE VOCÊ NÃO ABRIR ESSA PORTA EU VOU ME JOGAR NA CACIMBA! — gritou a mulher pelo lado de fora
— E eu lá tenho essa sorte? Se pelo menos tu fizesse isso eu não seria mais conhecido como corno nessa cidade.
— EU NÃO DIGO É NADA, TU VAI MORRER É DE REMORSO.
— Vou nada! Eu vou ficar é feliz de ter me livrado da peste que tu é.
— VÃO DIZER QUE FOI TU QUE ME MATOU!
— 'Tão nem doido
— E POR CIÚMES!
— Para de graça, Dorinha, que tu não é doida de fazer isso.
A mulher arteira como era, aproximou-se da cacimba com uma pedra, curvou-se até que o ângulo estivesse bom para o eco de sua voz e o barulho do objeto que pretendia jogar.
— Eu não aguento mais essa vida. Adeus mundo, adeus Johnny, MEU ÚNICO AMOOOOR... — acompanhou a pedra caindo até que fizesse "pluft" e quando assim aconteceu o homem correu pela casa em desespero. Ela então se levantou rapidamente e se esgueirou ao lado da porta.
— Dorinha, meu amor, não faça isso pois eu sou louco por ti — debruçou na cacimba e foi só o tempo de ouvir a porta ser fechada e trancada, revelando a travessura que sua mulher tinha cometido.
Contornou então a casa e como um dejavu viu a cena de minutos atrás se repetir, dessa vez ele sendo o errado da história.
— Dora, abre essa porta! — esmurrou a madeira duas vezes e ela abriu a parte de cima, o olhando com desgosto — Me deixe entrar.
— ISSO. SÃO. HORAS. DE. UM. HOMEM. CASADO. ESTAR. CHEGANDO. NUMA. CASA. DE. RESPEITO? — gritou pausadamente fazendo questão de atirar nele algum objeto nos espaços de tempo. Quando mais nenhum lhe sobrou, ergueu o balde que tinha separado e lhe tacou a mistura de água e cachaça que tinha feito — POIS VAI DORMIR É NA RUA, 'PRA TODO MUNDO SABER A QUALIDADE DE HOMEM CACHACEIRO QUE EU TENHO EM CASA!
— Johnny, encontramos o padre — Mark anunciou e o homem idoso encarou a cena assustado.
— Minha nossa senhora! O que... — aproximou-se do Suh e voltou alguns passos ao sentir o cheiro forte do álcool — Por Deus, meu filho, que cheiro é esse?
— 'Tá bebinho, padre, não sabe nem o que diz — a mulher forçou um choro e cobriu os olhos com as mãos — Todo dia isso, gasta o dinheiro da casa com cachaça e "mulé".
— É MENTIRA, SEU PADRE, FOI ELA QUE...
— Calado rapaz! Não tem vergonha de querer acusar sua esposa fedendo a enxofre que nem o próprio satanás?
— Mas eu não fiz na...
— Peça desculpas a ela. AGORA! — ordenou e Dora prosseguiu fingindo o choro — Vamos, pegue na mão da moça e peça perdão por isso, e claro, depois vá a igreja para que Deus possa perdoar seus inúmeros pecados.
Mesmo a contragosto, Johnny pegou a mão da esposa, ajoelhou-se no chão molhado e a olhou com raiva.
— Me desculpe.
— Dorinha... — o lembrou do apelido e ele respirou fundo
— Me desculpe.... Dorinha. — rosnou a última parte e beijou o dorso da mão magra, fazendo-a aceitar o pedido e permitir a entrada dele dentro de casa.
— Muito bem, meus filhos, e lembrem-se que o casamento é uma união divina, valorizem o que vocês tem em mão.
— Pode deixar, seu padre, ficarei de olho para que ele não volte a beber. Donghyuck, Mark! — chamou os rapazes que gargalhavam atrás do mais velho — Leve o padre de volta e lembrem-se de dormir cedo, amanhã tem trabalho — ambos concordaram e seguiram até o local destinado.
— Satisfeita? — questionou irônico, se enxugando no tecido mais próximo que encontrou.
— Oxe! Largue o meu vestido novo, eu nem usei e tu já tá esfregando esse rosto seboso nele? — tirou a peça das mãos molhadas do homem e levou para longe — E estou satisfeita sim. Não acredito que estava me acusando de traição.
— É o que dizem na vizinhança, só se fala isso.
— E tu prefere acreditar no povo ou em mim?
— Em você, é claro.
— Pois então trate de saber que eu não trocaria meu homem por nada, quem dirá pelo "tabacudo" do Jaehyun.
— Tem certeza disso, meu amor? Você sabe como eu te amo e não conseguiria te ver com outro.
— É claro que tenho, meu dengo. Mas agora venha, eu preparei algo maravilhoso para você — desabotou os primeiros botões do vestido e deixou que ele deslizasse pelos ombros — Venha cá me mostrar o homem selvagem que só você sabe ser.
— 'Tô indo, Dorinha. Mas saiba logo que hoje eu estou com "sangue nos olhos".
— Pois então venha quente que eu já 'tô fervendo.
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intensidade-livre · 5 days ago
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youtube
Não mexe comigo Que eu não ando só Eu não ando só Que eu não ando só Não mexe não Não mexe comigo Que eu não ando só Eu não ando só Que eu não ando só
Eu tenho Zumbi, Besouro O chefe dos tupis, sou tupinambá Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura Morubichabas, cocares, arco-íris Zarabatanas, curares, flechas e altares A velocidade da luz, o escuro da mata escura O breu, o silêncio, a espera
Eu tenho Jesus, Maria e José Todos os pajés em minha companhia O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos O poeta me contou
Não mexe comigo Que eu não ando só Que eu não ando só Que eu não ando só Não mexe não Não mexe comigo Que eu não ando só Eu não ando só Eu não ando só
Não misturo, não me dobro A rainha do mar anda de mãos dadas comigo Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo Garante meu sangue e minha garganta O veneno do mal não acha passagem E em meu coração, Maria acende sua luz E me aponta o caminho
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã Giro o mundo, viro, reviro 'To no Recôncavo, 'to em Fez Voo entre as estrelas, brinco de ser uma Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino Rezo com as três Marias, vou além Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas Durmo na forja de Ogum Mergulho no calor da lava dos vulcões Corpo vivo de Xangô
Não ando no breu, nem ando na treva Não ando no breu, nem ando na treva É por onde eu vou que o santo me leva É por onde eu vou que o santo me leva Não ando no breu, nem ando na treva Não ando no breu, nem ando na treva É por onde eu vou que o santo me leva É por onde eu vou que o santo me leva
Medo não me alcança No deserto me acho Faço cobra morder o rabo Escorpião virar pirilampo Meus pés recebem bálsamos Unguentos suaves das mãos de Maria Irmã de Marta e Lázaro No oásis de Bethânia Pensou que eu ando só? Atente ao tempo Não começa, nem termina, é nunca, é sempre É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra Fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Eu não provo do teu fel Eu não piso no teu chão E pra onde você for, não leva o meu nome não E pra onde você for, não leva o meu nome não Eu não provo do teu fel Eu não piso no teu chão Pra onde você for Não leva o meu nome não Não leva o meu nome não
Onde vai, valente? Você secou Seus olhos insones secaram Não veem brotar a relva que cresce livre e verde Longe da tua cegueira Seus ouvidos se fecharam a qualquer música A qualquer som Nem o bem, nem o mal Pensam em ti Ninguém te escolhe Você pisa na terra, mas não a sente Apenas pisa Apenas vaga sobre o planeta E já nem ouve as teclas do teu piano Você está tão mirrado Que nem o diabo te ambiciona Não tem alma Você é o oco, do oco, do oco Do sem fim do mundo
O que é teu já 'tá guardado Não sou eu que vou lhe dar Não sou eu que vou lhe dar Não sou eu que vou lhe dar O que é teu já 'tá guardado Não sou eu que vou lhe dar Não sou eu que vou lhe dar Não sou eu
Eu posso engolir você Só pra cuspir depois Minha fome é matéria que você não alcança Desde o leite do peito de minha mãe Até o sem fim dos versos, versos, versos Que brotam no poeta em toda poesia Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi Se choro, quando choro, e minha lágrima cai É pra regar o capim que alimenta a vida Chorando eu refaço as nascentes que você secou Se desejo O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio Vivo de cara pra o vento na chuva E quero me molhar O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Sou como a haste fina Que qualquer brisa verga Mas nenhuma espada corta
Não mexe comigo Que eu não ando só Que eu não ando só Eu não ando só Não mexe não Não mexe comigo Que eu não ando só Eu não ando só Eu não ando só
Não mexe comigo
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larseis · 1 year ago
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›  ♬  ִ                                     𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐔𝐒𝐈𝐂 
                                                          𝐑𝐄𝐈𝐆𝐍𝐒 𝐈𝐍 𝐌𝐄
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Bem-vinde de volta, semideus. Há 7 ANOS, você veio ao Acampamento pela primeira vez e se apresentou como LARS MAGNUS EILERT, foi reclamade por APOLO e hoje já tem 23 ANOS. Nesse tempo em que ficou fora, desenvolveu melhor seu jeito GENTIL, mas ainda persiste em ser TRAIÇOEIRO em dias ruins. É ótimo te ver de volta, especialmente estando mais a cara de LUCAS LYNGGAARD TONNESEN do que antes.
gênero: genderfluid. pronomes: variam, geralmente são neutros; caso mude, Lars avisa. signo: aquário. sexualidade: homossexual. chalé 7; piratas piso solar
links úteis: headcanons ♬ conexões ♬ pov ♬ tasks
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MALDIÇÃO DE ARES: Há pouco mais de um ano, enquanto estava em uma empreitada com seu parceiro, um ataque de monstros ocorreu e a vida do outro semideus foi ceifada. Apenas Lars escapou com vida. Ares não gostou de ver seu filho indo para o reino de Hades tão jovem e não hesitou em colocar sobre a cabeça de Lars uma maldição. Sempre que estivesse em uma missão, seja pelo acampamento ou pelos Piratas Piso Solar, ele sentiria medo. Um medo incontrolável que lhe tornaria inútil em batalha, fazendo-o virar um peso quando seus amigos mais precisassem.
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Os olhos azuis tinham uma tremenda facilidade de encantar as pessoas em sua volta. O pequeno Lars, o doce filho de Mira Eilert, pai desconhecido mas mesmo assim regado de amor materno. Mira criou a criança sozinha sem apoio da família que, ao descobrir sua gravidez, a expulsaram de casa cumprindo uma imagem muito conservadora. Migrar para os Estados Unidos não foi fácil, sem muito dinheiro, a mulher acabava trabalhando em tantos empregos que a criança via mais os coleguinhas da creche do que a mulher que lhe trouxe ao mundo.
Tão batalhadora, apesar de prover apenas o básico, não deixava que nada faltasse à mesa do filho. A situação de ambos começou a melhorar quando em uma peça da escola, o menino acabou ganhando um destaque por sua voz. Vídeos viralizaram na Internet e a criança começou a ganhar espaço em programas de TVs. Seu talento era encantador; por afirmar que conseguia ver cores e formas por cada nota emitida, cada som que ouvia, sua música era sempre agradável aos ouvidos das pessoas e sua mãe começava a explorar demais isso. Lars vivia com o semblante cansado com mais frequência do que não, a criança carismática aos poucos dava espaço a um adolescente rebelde que faltava compromissos e se atrasava para ensaios ou gravações. A relação com a mãe azedava e tudo piorou quando sofreu o primeiro ataque.
Aos 16 anos, enquanto saía de uma entrevista brigando com a mãe, a dupla foi atacada por uma criatura selvagem. O cão era enorme, escapar dele foi difícil. Sozinhos, Mira e Lars não teriam conseguido. Duas pessoas que estavam na plateia da entrevista, rostos que se tornaram familiares nas últimas semanas perseguindo sua agenda, se mostraram eficazes em acabar com a raça da criatura. Ali naquele beco escuro coberto de um sangue viscoso e preto, Lars descobriu a verdade sobre seu pai. Levado para o acampamento meio-sangue , teve apenas um ano ali antes que precisasse voltar para a mãe. O melhor ano de sua vida, diria. Fez descobertas não só sobre si, como também aprendeu maravilhas sobre uma realidade que lhe foi escondida.
Apesar dos pesares, manteve contato com os colegas, sempre se reunindo com os seus meio-irmãos, com alguns amigos que fez durante aquele período em que pôde ser apenas um adolescente, não uma pessoa famosa. Lars recebeu o convite para ingressar nos Piratas Piso Solar aos vinte e um anos, quando sua presença no meio do grupo foi aos poucos se tornado mais frequente por causa da proximidade com um dos rapazes. Numa de suas empreitadas recentes, porém, aquele que considerava a pessoa que mais lhe conhecia, faleceu. Um monstro não teve piedade no ataque e isso o motivou a retornar para o acampamento há alguns meses.
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ARMA: Iliakós: Um Arco e Flecha que ganhou ao ser reclamado por Apolo. Suas flechas são tão brilhosas quanto a luz solar, elas aparecem magicamente quando Lars estica o arco.
HABILIDADE: Lars não tem um poder específico, apenas um conjunto de habilidades que os filhos de Apolo geralmente possuem. A música, porém, é algo mais forte em si. Sua voz é melódica e ótima de se ouvir, os 3 álbuns gravados e 5 singles estão aí para provar. Seu ouvido é apurado para distinguir notas e ele consegue reproduzir os tons com maestria.
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dreanwitch · 9 months ago
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Coffee and Sugar
[Nome] era uma assalariada normal. Sua vida estava fora dos trilhos, mas isso não a desagradava mais. A confusão e a solitude tinham passado a ser suas grandes amigas.
Contudo, as coisas viram de cabeça para baixo após ela conhecer um (auto-proclamado) detetive que cheirava a açúcar queimado e marshmallows. Tudo graças aos seus trejeitos extravagantes, ego inflado e uma personalidade, muito, muito difícil de se lidar.
Mas quem sabe, aquilo era o que estivesse faltando nos dias cinzas e amargos com sabor de café da mulher.
| Ranpo Edogawa x F!Reader| - | capítulo 1 |
— Vim te buscar para almoçar. Mas acredito que como melhor detetive do mundo, você já soubesse disso, não é? — Uma voz aveludada cortou a névoa silenciosa que encobria o café abaixo da agência de detetives armados. Um riso gostoso foi ouvido logo após, combinando com os instrumentais do Jazz que compunham o som ambiente do local.
O detetive sentado ao balcão ergueu a cabeça repentinamente à mera sugestão daquela voz doce cruzando seus ouvidos e riu, olhando para ela muito feliz.
A dona da voz cumprimentou o atendente conhecido com um amigável aceno de cabeça e guardou seus óculos escuros na bolsa que carregava consigo pendurada no ombro. Seus olhos então foram em direção a figura masculina sentada no balcão com ares de tédio, havia o visto pela vidraça do lado de fora e acreditou ser muito conveniente o encontrar lá embaixo.
Ele degustava seus petiscos ansiosamente tentando se manter entretido até que ela chegasse. Hoje a rotina estava um pouco diferente do normal e, graças aos casos em que estava trabalhando terem sido facilmente resolvidos e arquivados, Ranpo estava lá mais cedo. Contando os segundos como de cada movimento do ponteiro pequeno em seu relógio de bolso (relógio esse que ele não sabia questão de saber como se olha as horas, mas gostava de usar pela estética e principalmente, porque foi um presente da mulher a quem esperava).
Ele bufava e suspirava mascando um chiclete. O tempo não passava nunca enquanto ele aguardava sentado, ocasionalmente girando na banqueta e brincando com o porta guardanapos no balcão. O detetive estava ansioso para o dia de hoje, havia um bom pressentimento consigo desde que tirará os pés da cama, atrasado apenas para variar.
Então, antes mesmo que ela falasse, assim que o sino da porta tintilou anunciando a entrada de um novo cliente no estabelecimento, Ranpo soube que se tratava dela. O som dos passos contra o piso de madeira era inconfundível! Seus saltos eram elegantes e faziam um barulho agradável contra o chão, acrescentando à mulher ao menos dez centímetros a mais em sua altura. O detetive olhou para ela de cima a baixo, era apaixonado por esses detalhes. Ela parecia maravilhosa.
— Estava à sua espera, meu caramelo.— o homem declarou ao se levantar e, bastante animado, sorriu para a mulher ao seu lado colocando os braços frouxamente em volta da cintura dela.
Ela dirigiu imediatamente o olhar para as belas orbes verdes de Ranpo e não evitou morder levemente o lábio colorido de batom, segurando um sorriso ao mesmo tempo em que respirava profundamente. Ela realmente o amava e se derretia quando ele a olhava.
A mulher espelhou o gesto dele também animada. Ansiosa, avaliou Ranpo de cima a baixo. Sua falta de postura e desleixo característicos, para ela, eram elementos de conforto e admiração.
— Então, já que sabia, não devia se entupir de porcarias antes. — ela não deixou de observar rigidamente, apertando as bochechas dele com um das mãos. Ranpo a soltou em um pulo e sentou na banqueta, contrariado.
Fuzilando de forma irritada o saco de guloseimas que ele tinha ao lado, ela ergueu um um pouco a cabeça então olhou para o rosto despreocupado do detetive e suspirou cansada, dando de ombros. Tirou o casaco e o dobrou, colocando-o dependurado no braço ao dessistir de repreende-lo. Ranpo também podia ser muito difícil de se lidar, ela bem o sabia. Era melhor não quebrar cabeça com ele, não hoje.
Estava decidida a não seguir com suas queixas costumeiras, queria conversar sobre algo especial e muito importante com o homem. Talvez por isso se sentisse tão inquieta desde cedo, andando de um lado para o outro no escritório do trabalho. Céus, por que tinha de ser tão difícil?
— Vamos? — ela chamou, sinalizando a porta com o pescoço, havia programado todo o cronograma do dia para que nada desse errado. Infelizmente, ela não obteve uma reação muito animadora do homem que, devido a uma birra infantil, ficou parado no lugar. A mulher ponderou um pouco, tentando manter a calma, será que já iria ter que desistir dos próprios planos? O dia ainda estava na metade.
Ranpo recusava a dirigir um olhar sequer em direção a ela. Ele mastigada seu saco de salgadinhos ruidosamente, muito inconformado. Não gostava quando era repreendido por "comer besteiras" antes das refeições. Que blasfêmias, chamar seus maravilhosos lanchinhos de besteiras!
— Edogawa? — a mulher o chamou mais uma vez. Agora era inevitável não transparecer certa irritação com o comportamento, ninguém gosta de ser ignorado. Ela olhava para o homem, aos seus olhos ainda mais baixinho que o normal, escutando todas as suas reclamações sendo choramingadas ao barista que não tinha nada a ver com a situação. Ela revisa os olhos sentindo uma raiva borbulhando em seu estômago.
Em quem ela havia jogado pedras em sua vida passada para estar com um homem assim? Céus.
Enquanto respirava fundo a procura de paciência. Observando Ranpo se voltar para ela com um bico insatisfeito a coitada ficou sem palavras, mas sabia que havia acertado a ferida, afinal, apenas o chamava pelo sobrenome quando estava muito chateada e Ranpo sabia bem disso.
A muito contra gosto, o detive tirou o pirulito de morango da boca com um barulho um pouco exagerado e franziu o cenho infantilmente. A mulher revirou os olhos mais uma vez, queria rir de sua própria desgraça e decidiu juntar-se a ele em seus joguinhos. Caminhou até Ranpo sentado no balcão e pediu por um café para viagem. Com exceção deles, do barista e da atendente de longas tranças cor de rosa, o local abaixo do escritório principal estava vazio.
Ranpo mantinha seus braços cruzados rente ao peito, rosto virado para o lado contrário ao dela. A mulher não ligou, aproximando-se suspirou languidamente, e, envolveu o seu longo braço em volta dos ombros do homem. Ranpo tentou não reagir, mas ela notou como ele ficou ouriçado como um porco espinho devido a sua aproximação.
Assim, como quem não quer nada, ela tocou o rosto dele e deu um perigoso beijo no maxilar de Ranpo, ganhando um murmúrio sem forma em resposta, talvez um protesto, quem sabe um sinal. Não fazia diferença, ela já havia ganhado bem ali.
— Eu estava pensando em fazer algo diferente hoje… — murmurou. Ela o deu mais um beijo, agora na bochecha, foi um beijo demorado rendido a saudade que sentia dele (apesar de tê-lo visto apenas poucas horas atrás, logo pela manhã). No final, ela languidamente acariciou o rosto do detetive com o dela e pegou o pirulito de sua mão.
— Que tal em vez de um almoço comum a gente ter um sorvete? Daquele bem grande? Na nossa sorveteria? — A voz dela era tão doce quanto a guloseima gelada que ela estava oferecendo. Ranpo que a essa altura estava derretendo no banco, arregalou seus olhos verdes com a mensagem do sorvete no almoço.
Não importa o quão chateado estivesse a meio segundo atrás, ele foi totalmente comprado pela carinho gostoso e a oferta. O detetive rapidamente mudou de ares, com um maravilhoso sorriso estampado no rosto ele pulou de seu assento. Correndo para a porta deixando a mulher desnorteada no meio do caminho, segurando um pirulito o qual ele parecia ter se esquecido de tomar de volta das garras dela.
Ela observou aquilo estarrecida e revirou os olhos. Levou o doce à boca, mastigando-o, terminando logo com ele e distraidamente deixando o palito sob o balcão junto do dinheiro do café.
Ela olhou para Ranpo de longe e riu, não melancolicamente, mas achando graça de tudo; ele tinha de ser adulado como uma criança e certas vezes era de fato muito irritante, mas ela, incrivelmente, nunca desistiu dele. A forma que seus olhos conseguem se iluminar quando ele estava animado assim era tão adorável! Em certos momentos ele tinha essa leveza infantil que a deixava com o peito quentinho. Sua companhia era viciante.
A mulher correu para o acompanhar deixando suas divagações de lado, antes que o detetive se perdesse no meio do caminho e ela tivesse de o procurar por toda Yokohama. Quando finalmente alcançou Ranpo parado do outro lado da rua, ele estava com outro pirulito. Ela parou um momento e perguntou-se como ele guardava tantos doces consigo. Isso sim era um grande mistério.
Ranpo feliz agarrou a mão dela amorosamente, entrelaçando seus dedos e a puxando levemente para baixo. As cposas estavam comecando a ficar divertidas. Ele estao tirou seu doce da boca com um beijo e deu de presente a ela, era um pirulito de cereja.
A mulher aceitou de bom grado e sem seguida levou seu copo de café aos lábios. Saboreando com calma os dois diferentes sabores enquanto eles brigavam sob suas papilas gustativas.
Por mais que não quisesse outro pirulito, aceitou, pois não podia dizer não a um doce, não vindo de Ranpo. Mesmo que esse não fosse bem o seu tipo de coisa preferida, era a forma como Ranpo demonstrava seu afeto. Uma vez com isso em mente, era impossível recusar e além disso tudo, além disso, também estava nervosa, ansiosa por um trago de nicotina. O doce ajudaria.
Ela riu sozinha, era como se ele sempre soubesse quando ela precisava.
O casal calmamente seguiu com em uma caminhada. Ranpo balançava as mãos de ambos para frente e para trás com a satisfação estampada em sua cara, apesar de seguir reclamando a todo momento de ter que caminhar até a sorveteria, insinuando como ela era má por o castigar daquela forma. A mulher não respondeu a nenhuma provocação, mas no fundo gostou de proporcionar a ele aquela pequena tortura.
Ela poderia até chamar um táxi, mas preferia também tirar aquele tempo para aproveitar mais a companhia de Ranpo (mesmo que com ele reclamando a cada dois passos sobre como estava cansado e com os dois eventualmente discutindo como um casal de velhos rabugentos por causa disso).
A correria do dia a dia não permitia que eles se vissem direito a pelo menos quase quatro dias, andar era bom para pôr a conversa em dia a aproveitar estar com o outro.
Eventualmente, a discussão calorosa em que estavam envolvidos deu espaço a um profundo silêncio. Ranpo era mesquinho, mas não conseguiu manter-se assim por muito tempo. Ela nunca o vencia pelo cansaço, então presumiu que ele apenas havia desistido de discutir e o abraçou de maneira calorosa quando ele se escostou ao seu lado no momento em que pararam diante do sinal fechado.
Ranpo suspirou em seus braços, fungando alegremente o perfume gostoso e o calor que a ela exalava. A mulher afagou a cabeça dele por baixo do chapéu com bastabte cuidado.
Depois de quase quatro dias, acreditava já até estar sentindo falta dos exageros egocêntricos de seu parceiro. Até achou graça dos comentários e observações super específicas e bobas dele sobre coisas no caminho. As suas críticas ferrenha às coisas comuns que via pela rua e relações da vida cotidiana tendiam a ser algo para se dar muita risada.
É, ela sentiu mesmo falta dele. Assim como ele dela.
Ranpo gostava de falar, procurando as formas mais eficazes de chamar sua atenção a todo momento e sentindo-se ansioso por suas reações positivas e sermões.
Aquele foi o sentimento mais estranho que já o detetive já experimentou em toda sua vida, fugia de qualquer senso comum determinado por leis naturais e ele havia tornado-se completamente rendido àquilo. Foi assim desde a primeira vez que ele a viu, quando se tornou encantada pela mulher e viu-se seguindo ela pelas ruas da cidade.
Ranpo podia ser um detetive incrível, mas não tinha certeza se havia resolvido completamente o mistério do relacionamento dos dois. Talvez nem quisesse e talvez algumas coisas fossem melhor que nunca sejam resolvidas pois são boas assim como são. Era a arte do mistério.
Ele amava como a presença dela o fazia se sentir e como seu calor era reconfortante, a forma que seus abraços se encaixavam também era maravilhosa… Era inexplicável.
Ele sempre julgou as pessoas à sua volta idiotas por não verem a verdade das coisas, mas talvez de um tempo pra cá ele vinhesse entendendo um pouquinho mais a bênção da ignorância. Tudo o que queria era continuar sentindo esses sentimentos calorosos e deixar seu coração bater acelerado sempre que a escutasse chamar por seu nome.
Além disso, ele apreciava a própria ignorância da mulher ao seu lado. Havia um charme encantador em sua linha de pensamentos simplistas e forma de enxergar o mundo ao redor, sempre muito observadora e cautelosa, mas ao mesmo tempo amável. Era como uma doce criança. E ele a queria toda para si. — o pensamento arrancou um risinho do detetive.
A capacidade de Ranpo de ver o que os outros não conseguem muitas vezes acaba o isolando do resto e, embora se orgulhasse de suas habilidades e amasse o reconhecimento que isso proporcionava a ele, acabava sendo impossível que não sinta-se sozinho. No final, Ranpo acabou se acostumando com a solitude e companhia de presidente e de alguns amigos próximos ajudava a amenizar o sentimento.
Entretanto, após conhecer a mulher ao seu lado, esses sentimentos foram gradualmente indo mais e mais para o fundo da sua mente até desaparecerem completamente. Mesmo com as diferentes visões de mundo, Ranpo sentia que ela realmente se esforçava para o compreender, acertando em boa parte das vezes, inclusive. E a estranha conexão que eles compartilhavam tonava impossível abrir mão de sua presença.
Ranpo nunca entendeu bem a forma como os outros conseguem tão facilmente relacionar e sempre pensou que algo assim nunca chegaria a acontecer consigo, isso ao menos se sua outra parte fosse ser capaz de ver o mundo como ele via. Ele nunca achou que tal conexão idiota fosse importante ou necessária, as pessoas pareciam superestimar demais tudo aquilo. Não conseguindo lidar com suas simples existência sozinhos, procuravam outra pessoas para compartilhar o peso de sua ignorância.
Mas lá estava [Nome], caminhando ao lado dele e o provando que sim, por mais inacreditável e louco que pareça, ele, o maior detetive de todos os tempos, poderia estar errado em suas constatações.
Ranpo demorou entender seus sentimentos e se habituar a existência deles, mas ela foi paciente. Extremamente paciente com tudo, sempre apreciando cada momento, nunca esteve ansiosa para se relacionar, então tudo acabou apenas acontecendo.
Sinceramente, existem coisas que realmente não precisam ser completamente compreendidas.
[Nome] sabia bem daquilo, observando Ranpo caminhar ao seu lado ainda não compreendia bem como ela, séria como era, poderia estar tão ligada a um homem... bom, um homem como Ranpo. Que cheirava a marshmallows e baunilha, de personalidade difícil e ainda por cima muito mais baixo. Ele não tinha absolutamente nada a ver com seus últimos parceiros, nem com nada que se encaixava em sua vida para falar a verdade… mas talvez todos nós precisemos de uma mudança de ares pelo menos uma vez na vida e a sua indiscutível estava indo muito bem.
Estava satisfeita, feliz de fato, como nunca estivera a muito tempo e queria continuar assim. Com uma cabeça tão inteligente, personalidade com seus trejeitos tão unicos e um espírito gentil, como poderia não estar tentada a se envolver com o detetive?
A mulher fechou os olhos e empinou o queixo, deixando com que o vento do dia gelado batesse agradavelmente em seu rosto, apertando mais a mão de Ranpo. Estava muito pensativa nos últimos tempos, refletindo sobre sua relação com o homem ao seu lado e havia tomado uma decisão.
Ela o amava muito e se sentia bem, feliz e com vontade rir como uma menina quando ele compartilhava alguma porcaria exageradamente doce com ela. Sempre exigindo-lhe um abraço e todo o carinho do mundo só "porque ele, como a pessoa incrível que era, com certeza merecia isso e muito mais" ou segurava suas mãos de maneira boba no meio da rua.
Ao chegar no local, sem pensar o casal caminhou em direção à mesa de sempre, no canto perto da janela que ficava sempre aberta. Era o lugar mais agradável e fresco, sem contar a vista que tinham do parque no outro lado da rua. Ranpo imediatamente pegou a ementa colorida deixada em cima da mesa para os clientes, antes mesmo de se sentar e a percorreu com os olhos animadamente. Analisando todas suas opções, tagarelando qual poderia ser seu pedido da vez, mesmo quando já tinha todo o cardápio memorizado na cabeça e plena certeza do que pediria.
A mulher assistiu as ações, satisfeita. De cara pedindo apenas duas bolas do seu sabor preferido com alguns acompanhamentos para a atendente.
Estava pensativa, as ideias passavam por sua cabeça de tempos em tempos, mas há muito adiava trazer o assunto até Ranpo. Sempre convencendo-se que não valia a pena perturbar sua dinâmica juntos com algo trivial. Entretanto, havia se decidido a concretizar seus desejos, afinal, já havia se omitido muito em prol de relacionamentos passdos e havia decidido que não seria assim com o detetive.
Ela encarou o nada, perdida por um curto momento e então se viu sob os olhos verdes observadores de Ranpo. Tomando um pequeno susto, encarou ele de volta engolindo a seco e sorrindo calmamente.
Tinha total consciência de que ele sabia que ela estava nervosa com algo desde que ela pisou para fora da cama hoje cedo, mas estava segura na certeza que nem toda a inteligência dele serviria para descobrir o motivo de suas inquietações. Afinal, tratando-se de senso comum o "maior detetive de todos os tempos" era um idiota sem tamanho. O pensamento lhe arrancou um riso.
Quando os pedidos chegaram dava para ver de longe o enorme contraste dentre eles, Ranpo sem nem sequer perguntar pegou a bola fria que sua companheira pediu e a jogou junto a sua lambança ridiculamente grande e doce. Oferecendo a ela uma das colheres que havia sido deixada em cima do guardanapo com uma piscadela.
— Vamos logo, não podemos deixar essa preciosidade derreter, docinho.— Ele incentivou, inclinando-se em direção a ela e abrindo a boca.
A mulher olhou para o rosto bonito dele e então para a colher ainda sem ação. Deu de ombros e catou um pouco do sorvete para o alimentar. Assistindo por alguns momentos, Ranpo se deliciar com seu sorvete, achando a cena casual bastante adorável.
Depois de um longo intervalo, finalmente relaxou, aproveitando aquela coisa que supostamente deveria ser um sorvete, apesar da falta de fome. De toda forma, comer seria bom, talvez assim ela pudesse adoçar suas palavras e, só talvez, assim, hipoteticamente poder chamar captar o interesse de Ranpo em proposta. Não custava tentar. ─ ela pensou, indiferente.
Sendo assim, tratou logo de despejar seus anseios sobre a mesa.
— Casamento é?… — o detetive indagou vagamente depois de degustar mais uma colher de seu "almoço". Edogawa tinha um dos cotovelos na mesa, a postura estava relaxada mas seus olhos estavam bem abertos atentos a moça ao seu lado.
Ela quase engasgou com o tom de voz que ele utilizou, somado mais aquele olhar intenso e esverdeado, foi por um fio; aquilo era intimidante e indevido, em outra situação ele a faria sentir borboletas malucas no estômago, mas naquele momento Ranpo apenas a conseguiu deixar sem palavras. Mantendo os seus olhos vidrados aos dele aguardando uma reação. Tinha o assunto como algo importante e esperava uma reação positiva de sua parte, mantendo-se firme ao que desejava.
A mulher levou à boca um tanto generoso de sorvete para não ter de dizer nada por um tempo e sofreu uma pequena dor de cabeça em silêncio. Cruzando as pernas uma sobre a outra e mexendo um pouco os quadris, inquieta, observou as reações de Ranpo com curiosidade. Sem demora, Ranpo encostou sua perna na dela mais uma vez embaixo da mesa e deleitou-se ao assistir ela ficar embaraçada conforme a janela de silêncio apenas aumentava de tamanho.
A mulher largou a colher em cima de um guardanapo e se dispôs a falar com cuidado:
— Sim, por que não? Já estamos morando juntos há quase quatro anos, você já tem vinte e seis, eu trinta e um. — ela fez uma pequena pausa perguntando a si mesma se todo esse tempo havia passado mesmo. — Não quero filhos, sei que você também não, estou certa? — a mulher encarou Rampo assentir com cuidado sem mais muitos argumentos para convencê-lo. — E nós ainda não morremos de diabetes nem de colesterol com toda essa porcaria que a gente consome, sei que isso vai acontecer um dia e eu temo que seja logo, então… quero conseguir me casar antes de morrer. — foram suas explicações finais, ela falou tudo muito claramente, não era um pedido grande.
Ranpo permanecia em silêncio, analisando bem o desconforto velado de sua mulher e suas palavras. Ele nunca havia pensado muito a respeito desse tipo de coisa, costumava ter uma percepção sempre mais voltada ao presente quando tratava-se de seu relacionamento, mas… ela estava certa. Mesmo sem nunca ter dito abertamente, era verdade, a ideia de ter filhos nunca fora por ele considerada. Ranpo até se surpreendeu um pouco com ela saber.
Ele sorriu um pouco, achando divertido e quase fofo toda sua preocupação com uma coisa tão trivial e quis provocá-la a respeito disso, mas no final optou por não fazer ainda. Sem outras considerações, ele apenas concordou parecendo orgulhoso:
— É, você está mesmo certa. Onde andou aprendendo a deduzir assim, docinho?— a mulher piscou ao menos duas vezes, confusa, ajeitando-se no banco. Pegou sorvete com sua colher e levou à boca, dando um meio sorriso para Ranpo e um olhar caloroso antes de responder.
— Com o melhor detetive do mundo. — ela disse como se fosse óbvio. Ranpo riu cheio de si, amava ter a inteligência exaltada por sua mulher, era tão bom quanto ser elogiado pelo presidente, não, quem sabe até muito melhor!
Ele se aproximou e a deu um beijo repentino, lambendo seus lábios e sugando o canto de sua boca. — Não desperdice nada dessa cobertura de chocolate. — falou sério, voltando a atenção para o próprio sorvete e deixando a mulher desacreditada.
— Claro, claro...— Ela desviou o olhar e deitou na cadeira, cedendo totalmente. Ainda sentindo os lábios frios dele nos seus e feliz pela agradável reação de Ranpo a sua abordagem. Não gostava desse tipo de intimidade repentina, mas abria uma exceção para Ranpo todas as vezes em que ele decidiu demonstrar algum tipo de afeto físico. — Gosta mais da cobertura que de min… — reclamou de maneira meio miserável e brincalhona olhando na direção do homem.
Ranpo fez uma pausa, encarou o chocolate, sua companheira então o chocolate de novo e novamente ela.
— Eu espero nunca precisar escolher. ─ declarou em um tom aflito e, logo após pensar mais um pouco falou, sugestivo dando de ombros:
─ Mais sabe, eu adoraria combinar minhas duas coisas preferidas. — Suas palavras são seguidas de um sorriso que aparenta não querer nada. Elas obrigam a mulher a se ajeitar na em seu lugar mais uma vez, pensando no qual inacreditável ele conseguia ser. Sem muitas opções, decidiu comprar aquele jogo bobo e levar o assunto adiante.
— Bom, por que não? — sua voz estava uma oitava mais baixa, enquanto mantinha seu olhar focado em Ranpo. Ela notou seu pomo de Adão subir e descer enquanto ele engolia seco, claramente animado e desviou o olhar, de repente, parecia mesmo uma ideia a ser considerada.
Onde será que eles compravam essa droga de cobertura? Mais tarde, ela definitivamente passaria na sorveteria perguntando a respeito do fornecedor.
Ela corou involuntariamente quando percebeu seus pensamentos e a cara desagradável que Ranpo descaradamente fazia para ela enquanto comia seu sorvete doce.
— Agora, voltando ao assunto… ─ continuou.
— ...Voltando ao assunto. — ele a interrompeu sem cerimônias apontando um dedo em seu rosto. — Você me pegou, sendo sincero eu realmente não quero filhos e não me importo de estar casado ou não. Desde que você esteja comigo e continue me pagando sorvetes, fazendo biscoitos... e bom, fazendo todo o resto que você faz pra mim tão bem. — Ranpo enumerou contando nos dedos cada uma das coisas energicamente. Assim que terminou, ela teve certeza de enxergar toda a ambiguidade no final daquela frase assim como em seus olhos verdes, e preferiu ignorar totalmente a tentativa. Ela negou com a cabeça sorrindo.
— As vezes eu te odeio. Tem noção que não sou sua cuidadora? — a mulher apontou com a colher suja para ele. — Sinto que você me quer como sua escrava, Ranpo. Tenho falta da época em que estava tentando me conquistar. Digamos que você era um homem mais obstinado e… gentil?… — reclamou.
— Abra a boquinha e coma, meu bem. É uma delícia. — Ele enfiou sua própria colher na boca dela para lhe calar e evitar de ouvir novas queixas. Abraçando-a com força e lhe trazendo para o colo. A mulher protestou sem chamar muito atenção e bufou inconformada, não era um momento para aquilo. Ranpo em resposta, apenas entrelaçou um dos braços em volta da cintura dela e continuou a tornar seu sorvete.
— Continuando… ─ Ele volta a expor seu ponto na conversa, chamando sua atenção. O detetive estica um pouco o pescoço ao olhar para cima, buscando encontrar os olhos dela. ─ Mas como você é adepta a ideia de se casar e quer isso… esteja no pronta nesta quarta, mais ou menos às quatro da tarde. Dê um jeito de sair do trabalho mais cedo. — Ele declarou simplesmente, fechando seus olhos novamente, cheio de si com a reação meio embasbacada que havia obtido dela.
Ranpo sabia que havia sido mais uma vez bem assertivo e mal esperava para ser devidamente recompensado por ter conseguido, de novo. Dessa vez ele seria bem exigente. O detetive a encarava com um sorriso orgulhoso, esperando os agradecimentos pela surpresa e apreciando a confusão da parceira enquanto o cérebro dela registrava o que ele hacia acabdao de falar.
Era fato, até então, estar casado ou não estar não tinha a mínima diferença, mas se aquilo fazia ela feliz ele o faria de bom grado.
— Você… — ela o encarou, pensativa. — Você sabe que a próxima quarta-feira é amanhã, não sabe, Ranpo?
Ranpo abriu um sorriso refreado, contendo um pouco os próprios sentimentls enquanto estava cheio de si. Aproveitando todo o momento, esperando logo as declarações sobre a sua magnitude vindo da boca dela, aquilo seria só o começo. Contudo, o silêncio permaneceu e ele murchou, impaciente. Então, não sabendo lidar com a espera foi obrigado a pedir o que queria ouvir com um bico, insistindo:
— Eu sou o melhor, não sou, caramelo? Vamos, diga.
— Sim, você é mesmo o melhor. — ela viu-se obrigada a concordar com ele de bom grado, acariciando seus cabelos escuros. Ranpo deixou um risinho escapar, agarrando-a com mais força em seus braços. Em seguida abriu a boca, pedindo a ela mais uma colherada de sorvete.
A mulher fez mais uma vez o detetive abrir seus olhos, contente, mas ainda insatisfeito. Ele notou um sorriso bobo e pequenas lágrimas em seus olhos, ela podia melhorar. No segundo seguinte ela parou e o encarou séria, o fazendo exitar e afastar-se, inquieta. — E você também me assusta, Ranpo. As vezes sinto como se você controlasse toda a minha vida.
— E você não vive feliz? — ele provocou dando de ombros, como se não fosse nada demais.
— Isso foi um sim ou um não? ─ Ele gostava de provocar e aguçar suas paranóias, mas agora ela não se deixaria levar, estava feliz.
Ranpo ficou em silêncio, pensando enquanto balançava os pés embaixo da mesa. Ele encostou a cabeça no peito da mulher e respirou fundo. Seu cheiro era tão gostoso, mesmo quando misturado com o irritante aroma do café sem açúcar que ele tanto detestava. Era reconfortante, o remetia a coisas boas, um lar. Ranpo dispôs-se a pensar também sobre os eventos do dia, e tudo o que vinha acontecendo nos últimos tempos.
Então era isso, iria se casar, quem diria. O presidente ficaria surpreso.
Ranpo olha de canto para a mulher, ela o está encarando; é fácil saber o que se passa em sua cabeça, mas o detetive está satisfeito com aquilo.
Ele não costumava ser aberto com seus sentimentos, tanto porque não gostava de mostrar vulnerabilidade quanto porque às vezes ainda o frustrava que as pessoas simplesmente não simplesmente soubessem o que se passava por sua cabeça. O que, convenhamos, ninguém nunca saberia. Nem ela, mas contrário de muitos, ela fez o melhor para o entender e se habituar e Ranpo apreciava muito aquilo.
Edogawa não via o ato de se casar como algo muito grande, mas havia algo que mexia com ele desde que começou a levar em consideração a vontade de se casar de sua companheira. A ideia de pertencer a alguém e ter alguém que o pertença é um pouco assustadora, contudo, saber que poderia ter esse vínculo com um pessoa a quem ele estimava tanto é simplesmente maravilhoso e emocionante.
Ele se recorda de quando conheceu o presidente e como decidiu encarar todas as pessoas à sua volta como seres dignos de sua proteção, e entre todos, ela era quem ele mais desejava usar suas habilidades para cuidar. E agora que iriam pertencer um ao outro, aquele senso recaia com ainda mais forças sobre seus ombros.
─ Ranpo… em que você tanto pensa? ─ ela questionou, curiosa, devido ao seu silêncio repentino
─ Nada com o que você tenha que gastar seus pequenos neurônios tentando adivinhar, docinho. ─ Ele deu um leve petróleo na cabeça dela e forçou um riso alto, tranquilizador. Em resposta, a mulher, agora supostamente noiva, estreitou os olhos.
Marcar um casamento é uma coisa demorada, estamos falando de três ou quatro meses de antecedência. Quando ele percebeu e decidiu agir? Não importava, era seu futuro marido, Edogawa Ranpo, o homem mais brilhante que conhecia. Ele conseguia descobrir qualquer coisa em cinco segundos ou menos se tivesse interesse o suficiente, assim como conseguia tudo o que queria dela. E em troca, fazia de tudo a sua forma que fosse capaz de agradá-la, sempre das maneiras mais surpreendentes e estranhas, entupindo-na de doces e guloseimas.
— Como testemunhas… ─ Ranpo trouxe o assunto de volta para distrai-la momentâneamente. ─ Para assinar a coisa com a gente eu tomei a liberdade de chamar duas pessoas.
— Quem? — Ela perguntou curiosa. De verdade, não conhecia quase nenhum dos colegas de trabalho do detetive e não sabia da existência de demais pessoas à quem ele quisesse se dar o trabalho de convidar para algo assim.
A mulher não tinha muita noção além do que chegava a ler no jornal e das coisas triviais e bobas que Ranpo comentava a respeito ou dos acontecidos diários na agência, como por exemplo: quando ele andou de cavalinho nas costas do novato, Atsushi ou o dia em que Dazai irritou tanto Kunikida ao ponto de quase ser acertado por uma cadeira. Também teve a vez que o pequeno Kenji apareceu com uma caixa cheia de porquinhos que haviam perdido a mãe e eles ficaram por uma semana comendo a papelada e registros da sala. Ranpo inclusive havia chegado super irritado naquele dia, pois um dos animais havia comido seus salgadinhos.
Eram só as coisas idiotas e as que ele vagamente resmungava preocupado pela casa enquanto acreditava que ela não escutar quando o caso em questão era realmente algo bastante sério e o obrigava a pensar por uma janela de tempo mais longa. Como ocorreu no mais recente caso do canibalismo e também, no incrível caso da Guilda.
Ranpo não se mostrava preocupado diante dela, mas a mulher conseguia notar suas alterações quando vinha lhe abraçar cansado, enterrando a cabeça no seu peito ou entre seu pescoço, resmungando murmúrios incompreensíveis e demorando adormecer. Aquilo lhe partia o coração e a deixava acordada ao seu lado, incapaz de pregar os olhos, pensando sobre o quanto ele se arriscava para manter todos em segurança.
Optava por não saber de nenhum caso com o qual a agência lidava em detalhes ou envolver-se diretamente. Sabia como a cidade funcionava por baixo dos panos. Todas essas coisas loucas e perigosas como: habilidades, máfias, mortes, sequestros e grupos terroristas... Ficar o mais longe possível era o melhor a se fazer para os dois.
Eles mantinham as coisas assim, e já tinham conversado sobre como gostariam de manter esses assuntos (por insistência dela, obviamente).
Ela estava sempre longe da agência de detetives, não passava da entrada do café em baixo do escritório muito menos fazia questão da coisa. Ranpo também não falava muito, era subentendido que ele não queria que ela se aproximasse dessas parte de sua vida, procurando a protegê-la, e ela, por sua vez não queria arriscar sua vida estável se intrometendo em confusões perigosas.
Por mais que estivesse preocupada com Ranpo com sua rotina conturbada e imprevisível, confiava em inteligência e capacidade, afinal, ele já estava lá muito bem antes de a conhecer. Não se considerava covarde e sim sensata.
— O Presidente e a Yosano-san. — Ranpo contou. Ela se lembrou, Yosano era a detetive e médica da agência e os olhos da mulher se iluminaram ao escutar seu nome. Havia a conhecido a muito tempo atrás e não via a Dra. Yosano durante o longo tempo. Queria ter uma oportunidade de colocar toda a conversa em dia mais uma vez e também saber como estava a namorada da médica.
E o presidente… Ranpo sempre falou dele com extremo respeito e admiração. O senhor Fukuzawa era o que ela percebia como o mais próximo de uma figura paterna que Ranpo tinha após a perda de seu pai e mãe biológicos. A mulher era grata a como ele cuidou e guiou aquele garoto que não tinha mais a quem recorrer e transformou naquela pessoa a quem ela tanto amava.
E ela certificaria-se de agradecer ao Senhor Fukuzawa por isso desta vez.
Recordou-se de como o detetive havia insistido tanto para que ela conhecesse o seu supervisor e de como ele estava pairando quase nervosamente ao redor dos dois enquanto trocavam suas primeiras palavras. Até onde se lembrava, foi a primeira vez que conseguiu perceber Ranpo desprovido da sua natural autoconfiança. Como se dependesse da aprovação daquele homem de cabelos brancos a sua frente. Havia dado tudo certo.
— É coisa rápida, acho que não tem problema. Eles concordaram. Agora diga, você está feliz? — Ranpo acrescentou sua explicação, colocando grandes expectativas em sua pergunta. Estava feliz com a confirmação da presença dos dois e por como tinham reagido o presidente e Yosano com seu convite. Foi um bom momento.
— Sim eu estou. — ela bebeu um copo de água servido na mesa, não podia mais lidar com tanta doçura em um sorvete.
— E...? — Ranpo ainda insistiu, manhoso, um tanto persistente e carente. Ansiando por mais dos elogios açucarados dela.
— Eu te amo? — ele pareceu surpreso com a inocente declaração da mulher. Ela sorriu contente com a reação inesperada e se viu vitoriosa enquanto sentia a imensidão verde intensa dos olhos dele a encarar. Ranpo deixou ela se perder por pequenos momentos o apreciando e então cerrou os olhos novamente.
— E...? — o detetive ainda não estava satisfeito, ele sabia que ela iria começar a brincar com ele e digamos que Ranpo não gostou dessa sua constatação, era ele quem deveria se encarregar disso.
— Eu vou virar uma baleia se continuar vivendo com você? — ela encarou o sorvete quase acabado e olhou para a própria barriga; outro grande mistério era saber como ainda cabia em suas roupas comendo tantas besteiras.
— E…? — ele questionou exigente e ela riu.
— Você é o melhor futuro marido do mundo, Ranpo-sama? — ela o respondeu em dúvida, acrescentando o honorífico de brincadeira em um tom condescendente.
— Boa garota, você quaaaase acertou. — Ele sorriu afiado, seus olhos verdes abertos mais uma vez. A mulher se aproximou para roçar a ponta de seu nariz ao dele rindo baixinho, totalmente satisfeita, Ranpo se deixou contagiar por aquilo.
Ela então se levantou em direção ao banheiro e observou seu futuro marido brincar com o resto do sorvete derretido, devorando o que havia sobrado na travessa de vidro e já exigindo por outro à garçonete no balcão.
Ranpo notou o que ela fazia, foi sua vez de comer seu sorvete em silêncio como uma criança tímida, enquanto estava sob o olhar cauteloso e maduro da mulher.
Ela já estava enjoada de tanto açúcar e doces, mas levando em consideração os acontecidos do dia não reclamaria desta vez.
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desdarkwood · 2 months ago
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Alexa, play ❛ The Underworld ❜ from EPIC: The Underworld Saga;
Os desafios de Metus eram árduos, complicados e extremamente cansativos. Sua mente e seu corpo estavam exaustos por igual, mas o filho do Deus do Terror continuava em frente, focado, apesar de vez ou outra ele sentir a necessidade de pensar que talvez ele devesse ter recusado o chamado de seu pai. O que era a Seita do Horror, afinal? Desmond não fazia ideia. Como um bom cachorrinho, ele havia aceitado sua missão sem pestanejar ou questionar, seguindo a trilha de testes um após o outro, sem alimento já há dias, sustentado apenas pela água que trouxera que, por milagre, havia conseguido racionar bem até então.
As árvores retorcidas e a noite eterna da Dimensão do Terror de seu pai eram apenas mais assustadoras por dois fatos importantes, pelo som ambiente - composto de rastejares, barulhos, gritos e risos desencarnados - e pelo fato de que sua própria voz havia sido arrancada dele. A voz, mesmo que fosse apenas dele, era de extrema importância, pois se comunicar com alguém no breu, mesmo que fosse apenas consigo mesmo, era essencial para que não perdesse sua sanidade. Pouco a pouco sentia que sua higidez o abandonada, dia após dia no escuro iluminado apenas pela falsa lua que brilhava no céu, mal conseguindo ver dez palmos à sua frente... Tudo contribuía para a paranoia que, aos poucos, crescia em sua mente.
"Isso é um desafio, não é?" Ele se perguntava apenas em pensamento, afundando-se na sensação negativa de ser observado, como se a qualquer momento pudesse ser atacado por alguma coisa. Sua arma, Havoc, não deixava sua mão em instante algum, carregada ao seu lado, agora já sendo arrastada no chão pelo peso do machado e o cansaço crescente. A grama, ou o que quer que fosse aquilo em que estava pisando, farfalhava abaixo de suas solas; não conseguia enxergar o que tinha lá embaixo, uma névoa espessa cobria o solo, e nem gostava de pensar naquilo, temendo que, se investigasse, acabasse encontrando algo que não queria ver.
O som de passos ecoou pelo lugar, não eram humanos, disso ele tinha certeza, inundando-o de informação pela esquerda, e então pela direita, agora pela frente, ou seria pelas costas? As direções já se misturavam e, sempre que ele se virava, o som parecia vir de outro lugar. Novamente os risos se iniciaram, de todos os lados, do lado oposto dos passos, do mesmo lado... Norte, Sul, Leste, Oeste... Leste, Sul, Norte, Oeste... Para onde estava olhando? De onde havia vindo? Tudo parecia se embaralhar enquanto a paranoia crescia. Ele queria gritar, mas sua voz não saía, e por mais que se pudesse pensar que ao menos a sensação estaria ali, ela não estava. A ausência do som de seus próprios gritos era agoniante, e a angústia o consumia.
A armadura do Acampamento já começava a ficar pesada em seu corpo, o suor ensopando as vestes roxas de campista, o símbolo do Júpiter, SPQR, já mal visível em meio à sujeira de noites ao relento - se é que podia falar que alguma coisa era noite ou outra era dia àquele ponto. Em que direção estava indo? Nem mesmo ele sabia, ele apenas caminhava e caminhava e caminhava... Até que algo fê-lo parar. A entrada de uma caverna em meio à formação rochosa do que imaginava ser uma montanha já que mal conseguia enxergar sua forma inteira. Mais escuridão o esperava lá dentro. Mais nada, mais horas andando, e sem saber onde aquilo o levaria.
Desmond cogitou desistir, mas o pensamento foi deixado de lado. "Já cheguei até aqui..." Aquela era uma paisagem nova, ele tinha certeza de que conseguiria chegar ao fim daquele pesadelo se apenas seguisse em frente. O começo da caverna tinha um piso difícil de navegar, realmente formado por rochas erodidas pela água e pelo tempo. Em momentos, ele teve que caminhar quase que em um plano vertical, com sua bunda ao solo e as mãos se segurando às rochas ao que descia em direção ao nada à sua frente - se do lado de fora via dez palmos à sua frente, ali não via nem três. Mas logo seu pé encontrou a base daquele declive e o solo pareceu mudar embaixo de suas botas, como se tivesse se tornado linear com a água rasa que sentia espirrar quando movia suas pernas.
O garoto de não mais que dezesseis anos sentia sua respiração pesar ao que a exalava e a ouvia ecoar e os músculos queimarem pelo desgaste, mas nenhum som ouvia além da água contra seus coturnos... "Espera um momento... Respiração?" Estava tão imerso em seus pensamentos e tão ansioso para escapar dali que mal havia percebido que conseguia escutar respiração que, obviamente, não era sua. Virou-se rapidamente em direção ao som, erguendo seu machado com ambas as mãos à sua frente e, antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma luz brilhou como holofote na figura de uma pessoa. Mas quem era aquela pessoa? Mal conseguia vê-la mesmo com a luz que a cobria, mas ela exibia um sorriso. Sua cabeça doía.
As coisas a partir daí ficaram nubladas, como se aquela parte não fosse algo que ele deveria se lembrar...
No momento seguinte, sentia dor, líquido quente escorria por seu peito, molhando sua camiseta com a sensação viscosa e o fôlego lhe escapava ao que engasgava em seu próprio sangue. Uma voz ecoou em sua mente, uma que era tão familiar... A voz de seu pai. "Você falhou." E então mais dor ao que sua mente se partia, o silêncio sendo quebrado como se, de repente, alguém tirasse a televisão do mudo e seus gritos invadiram o local. Quando Desmond acordou, ele já estava às portas do Acampamento novamente, cansado e destruído mentalmente, mas intacto. Sua mente, no entanto, agora era lar de duas pessoas, fruto da Maldição do Terror. Todos os seus esforços foram para nada.
@demigodscurse-av
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haruthinks · 2 years ago
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(descrição de imagem: retângulo azul claro tendo nas bordas duas formas geométricas arredondadas em um azul levemente mais escuro para decoração. uma foto de um óculos fechado com a escrita "haruthinks" embaixo indicando o autor do post. em seguida, o título da série "guia para escrever personagens cegos ou com baixa visão", seguido de uma linha para separar o texto do indicador da parte "parte 4: bengalas, cães guia e O&M (orientação e mobilidade). fim da descrição de imagem).
guia para escrever personagens cegos ou com baixa visão parte 4: bengalas, cães guia e O&M (orientação e mobilidade).
opa, aqui estou eu para a parte 4 da tradução desse guia escrito originalmente (em inglês) por mimzy cujo blog você pode acessar clicando aqui. já postei as 3 primeiras partes no meu blog, mas se esse post é o primeiro que você vê da série, você pode encontrar os outros 3 aqui:
parte 1: construção de personagem (link)
parte 2: escolha de narrativa, descrições visuais e verbais e interações sociais (link)
parte 3: clichês para evitar (link)
mimzy é uma pessoa com deficiência visual que está escrevendo seu próprio livro de fantasia, e ao decorrer de sua jornada na escrita já escreveu dois personagens cegos.
segue os famosos disclaimers: eu não sou uma pessoa cega e nenhuma das experiências trazidas nesse guia são minhas. esse post se trata de uma tradução de um guia escrito por uma pessoa cega. acho que esse tópico é de extrema importância, não apenas para aprender a como escrever personagens cegos de uma forma mais coerente e respeitosa, como apenas para saber mais sobre. digo aqui também que fiz essa tradução da forma mais fiel possível, mas caso haja algum termo incorreto, por favor, fale comigo! sem mais delongas, vamos a parte 4!
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a partir daqui começa a tradução. o guia foi escrito em primeira pessoa por se tratar muito das vivências pessoais de mimzy, então irei traduzir em primeira pessoa também. retorno a dizer que NÃO SÃO minhas experiências.
o que é orientação e mobilidade (o&m)
orientação e mobilidade (ou o&m) é a habilidade de entender e navegar pelo mundo com segurança e confiança, tendo perda de visão.
irei citar a definição do vision aware (portal online e gratuito que informa pacientes, parentes próximos e mais sobre possíveis tratamentos, além de mais informações).
orientação: se refere à habilidade de saber onde você está e para onde você quer ir. seja andando de um cômodo para o outro, andando no centro da cidade ou no shopping.
mobilidade: se refere à habilidade de se deslocar com segurança e eficiência de um lugar para o outro. exemplo: conseguir andar pela rua sem tropeçar ou cair em degraus de escada e mudanças de piso, como atravessar ruas e usar transporte público de maneira segura.
o&m pode envolver:
✓ aprender a como usar uma bengala e qual seria a mais adequada para você.
✓ se deslocar com segurança entre obstáculos utilizando sua bengala. isso inclui escadas, rampas, elevadores, calçadas irregulares e curvas, e também como andar entre uma multidão e entre móveis/mobília.
✓ aprender estratégias seguras para atravessar a rua.
✓ planejar rotas para destinos, sejam eles novos ou recorrentes.
✓ usar tecnologia como gps e aplicativos como uber.
✓ acessar o transporte público de maneira segura.
✓ como pedir ajuda quando preciso.
✓ como lidar com guias que enxergam (humanos).
um adendo a comunidade cega e seu relacionamento com bengalas
A Escola para Cegos Perkins (ou Perkins School for the Blind, uma renomada instituição estadunidense voltada para a educação de jovens e crianças com deficiência visual) estima que apenas 2 a 8% da comunidade cega conta com a bengala para se locomover. o resto depende na visão restante, cães guias e guias que enxergam. porém, estima-se que apenas 2% da comunidade cega se apoia em cães guias. e para conseguir um cão guia, a pessoa precisa passar pelas aulas de o&m e usar a bengala por 6 meses antes de poder se inscrever para ter um cão guia.
notas da tradutora: pesquisei como se dá esse processo no brasil e é bem similar, porém aparentemente não precisamos da etapa de utilizar a bengala por 6 meses. mas sim, é preciso realizar o treinamento de o&m, ter mais de 18 anos, ter condições financeiras e psicológicas para cuidar de um cachorro, e mais. você pode ler um pouco mais nesse portal oftalmológico aqui.
isso significa que 90% da comunidade cega não utiliza bengalas. eu não sabia desse dado até começar a pesquisar para esse guia, e esse número me assustou. sério, mesmo que eu já tenha me locomovido sem a bengala antes, eu não consigo imaginar voltar a não usar. mesmo que eu só precise da bengala em alguns momentos, eu não consigo não usar nas situações que eu realmente preciso. ter uma bengala facilitou muito a minha vida, além de deixá-la mais segura também.
eu não sei a que atribuir esses números. talvez aos conceitos de deficiência visível x invisível, capacitismo internalizado, ou o sentimento de "não ser cego o suficiente" para usar uma bengala. além de tudo, a acessibilidade e informação para a comunidade cega saber mais sobre, e também onde comprar uma.
como se aprende o&m? como meu personagem vai aprender?
seu personagem vai ter que encontrar um instrutor de orientação e mobilidade que vai ensiná-lo as habilidades pessoalmente. o instrutor de o&m é um adulto que enxerga e que possui um diploma de bacharel na área, além de passar pelo treinamento de o&m estando vendado, que geralmente possui um requerimento mínimo de horas para conseguir o certificado de instrutor (um programa exige 400 horas de treino de o&m vendado antes de conseguir a licença).
esse é o processo para se tornar um instrutor nos estados unidos, em outros países isso pode variar.
notas da tradutora: pesquisei sobre o processo de se tornar instrutor de o&m no brasil e devo dizer que não achei muita coisa. mas, pelo que eu vi, aparentemente o curso não precisa ser superior para conseguir a licença. posso estar errada, caso você saiba mais informações, favor comentar que eu insiro aqui!
para encontrar um instrutor de o&m, seu personagem precisa entrar em contato com uma escola, fundação ou instituto para cegos. é possível encontrar a instituição mais perto de você através de:
✓ pesquisas no google;
✓ indicação de um oftalmologista;
✓ ajuda de um assistente social;
✓ a escola/universidade pode tentar entrar em contato com alguma instituição por você.
infelizmente, não há uma abundância de escolas e fundações por aí, então a mais próxima do seu personagem pode ser bem longe. a mais perto da minha casa fica a 45 minutos de carro, para algumas pessoas pode ser até horas de viagem.
mas isso é, novamente, a minha experiência nos estados unidos. leve em consideração que é um país muito grande e tem um espaço maior entre uma cidade e outra. então uma viagem de 4 a 6 horas pode não significar muita coisa aqui (por mais que seja bem inconveniente para uma pessoa cega que não pode dirigir), mas em outros países, uma viagem de 6 horas pode significar cruzar várias fronteiras, além de que podem ter outros tipos de programas sociais.
notas da tradutora: esse último parágrafo se trata da experiência pessoal de mimzy, não minha. já disse antes, mas não custa repetir.
não existe um banco de dados completo com todas as escolas para cegos disponíveis, nem um site com todas as opções de locais possíveis. por exemplo, a escola que eu fui não estava listada na maioria dos sites que eu encontrei, mesmo que tenha 7 filiais em diferentes lugares.
isso é mais um desabafo sobre como é difícil encontrar serviços para pessoas com deficiência, tem pouquíssimos recursos que sejam acessíveis por aí. se você me perguntar, eu diria que já passou da hora de ser mais fácil entrar em contato com sua comunidade cega local. serviços de acessibilidade deveriam estar disponíveis de forma bem mais fácil e simples.
se a sua história se passa em um lugar real, então pesquise por "escola para cegos (cidade/estado/país)" e você deve encontrar alguma que seja na área.
o que uma escola para cegos pode dar ao seu personagem?
bem, além de ajudar o seu personagem a se conectar com um instrutor de o&m, uma escola para cegos pode oferecer outras aulas de reabilitação e também acesso a outros recursos. essas aulas de reabilitação podem incluir:
✓ aprender a escrever/ler em braile e também usar máquinas de braile;
✓ aulas de tecnologia com leitores de tela, lupas e etc no seu computador e celular (na minha escola há cursos separados para android, ios, etc);
✓ habilidades de independência (cozinhar, limpar, organizar, planejar compras de alimentos e medicações);
✓ cuidado próprio (dança, arte, música, defesa pessoal).
recursos adicionais nessas escolas podem incluir:
✓ encaminhamento para receber ajuda para lidar com a perda da visão;
✓ acesso a biblioteca de audiobooks e livros em braile;
✓ acesso a dispositivos para ampliação (como lupas) e máquinas de braile (tipo uma máquina de escrever, só que em braile).
algumas escolas oferecem um tipo de ensino fundamental e médio, onde as crianças e adolescentes cegos iriam aprender ao invés de uma escola comum.
algumas escolas também possuem alojamentos onde os estudantes podem ficar enquanto estão fazendo os cursos de reabilitação, especialmente se a perda de visão for repentina e severa. nesse caso, eles moram no campus e vão para as aulas. outras escolas vão oferecer apenas aulas, então seu personagem teria que encontrar um transporte para todas as visitas. várias escolas também possuem especialistas em reabilitação ou instrutores de o&m que podem visitar o aluno em casa.
minha escola tinha as duas últimas opções, aulas presenciais ou o instrutor iria de encontro ao aluno. como era uma viagem de 45 minutos de carro até lá e eu precisava que alguém me levasse sempre, eles mandavam um instrutor até a minha casa.
toda quarta de 15h ela dirigia até a minha casa para me dar aulas de como usar a bengala. essas aulas incluíam me levar para diferentes lugares para praticar certas habilidades (como usar escadas comuns e escadas rolantes no shopping, ou passar por um lugar movimentado, ir até um ponto de ônibus para aprender a pegar um de forma segura e a comunicação que eu deveria ter com o motorista para informar onde era minha parada.
ela também trazia vários tipos de bengala para que eu experimentasse e decidisse qual funcionava melhor pra mim.
os vários tipos de bengala
bengalas longas são utilizadas para tatear a área logo na frente do usuário enquanto ele anda. esse é o tipo de bengala que o público geral tem mais familiaridade. porém, há vários sub tipos de bengalas longas. elas também podem ser chamadas de bengala branca ou bengala de sondagem.
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(descrição de imagem: homem usando calça jeans andando na calçada com uma bengala branca e vermelha. fim da descrição de imagem).
"bengala branca" pode ser um termo impróprio por duas razões: primeiro, o conceito da bengala padrão para cegos pode ser diferente em alguns países. nos estados unidos, o padrão é uma bengala branca com a ponta vermelha. em uns países o padrão é a bengala toda branca e em outros países a bengala completamente branca pode significar que o usuário é cego, enquanto a bengala com a ponta vermelha significa que o usuário é surdo-cego.
a segunda razão é que algumas empresas como a ambutech permitem que os clientes customizem as cores de sua bengala. por exemplo: molly burke tem uma bengala rosa choque. a minha bengala branca tem uma ponta roxa. mas também podem haver bengalas completamente pretas, ou toda azul marinho, ou toda vermelha, etc. a ambutech também dá a opção para os clientes colocarem fita refletiva de cores neons nas bengalas para fazer com que elas sejam mais visíveis de noite.
"bengala de sondagem" não é um termo que eu já ouvi pessoalmente, mas é um termo utilizado pelo vision aware no site deles.
três tipos principais de bengalas longas
bengalas não dobráveis: uma bengala que não é dividida em seções, não pode ser dobrada ou desmontada.
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(descrição de imagem: homem de calça jeans com uma bengala não dobrável branca com o cabo vermelho. fim da descrição de imagem).
bengalas dobráveis: uma bengala que possui de 3 a 6 seções, dependendo do tamanho dela. quanto mais alta a bengala, mais seções ela terá. as seções são partes separadas que são feitas para serem unidas depois, elas são conectadas por uma espécie de corda elástica bem resistente.
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(descrição de imagem: uma bengala dobrável branca com a ponta amarela, com 5 seções. fim da descrição de imagem).
bengalas telescópicas: uma bengala onde as seções deslizam pra dentro uma das outras ao invés de serem dobradas, como um telescópio. a seção mais grossa é o cabo da bengala e a mais fina é a ponta.
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(descrição de imagem: três imagens, uma em cima da outra, de uma bengala telescópica azul. na primeira foto, a bengala está completamente retida. na segunda, as seções estão parcialmente pra fora. e na terceira, as seções estão completamente pra fora e a bengala está travada. fim da descrição de imagem).
além disso, também temos a bengala de identificação. a função dessa bengala é identificar o usuário como cego. não é utilizada da mesma forma que as bengalas longas são, pois ela não foi feita para tatear os próximos passos do usuário. porém, ela pode ser usada como uma bengala para apoio. por conta disso, ela é mais desejada pelos idosos, não apenas porque eles formam uma grande parte da comunidade cega, mas também porque seria benéfico uma bengala de apoio, assim também como uma bengala para identificá-lo como uma pessoa cega caso eles precisem de alguma assistência.
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(descrição de imagem: bengala de identificação com o cabo curvado. toda branca com uma ponta vermelha. fim da descrição de imagem).
observação: do que eu ouvi da comunidade cega, algumas pessoas preferem as bengalas sólidas/não dobráveis do que as telescópicas ou dobráveis. a razão para isso é que uma bengala não dobrável transfere vibrações melhor do que as outras duas. é dito que quanto mais seções uma bengala tem, menos precisas as vibrações serão.
alguns usuários de bengala se treinam para entender as vibrações da superfície que a bengala está tocando. isso diz a eles que tipo de superfície eles estão (madeira, concreto, mármore...), se tem algum objeto próximo à bengala, etc. pessoalmente, eu uso a bengala apenas para identificar a superfície que estou andando, ainda não tenho essa habilidade de o&m para conseguir identificar vibrações de objetos ou paredes próximas.
as vibrações da bengala são informações para somar aos outros sentidos sendo utilizados na locomoção.
partes da bengala: materiais, cabo, pontas, seções e elástico
material
os três materiais mais comuns são alumínio, fibra de carbono e fibra de vidro. cada material tem seus prós e contras.
a bengala ideal é leve e durável. ela precisa ser resistente o bastante para aguentar bater em algo sólido sem quebrar ou envergar.
✓ alumínio: é resistente e durável, porém pesado. se danificado, é mais provável que envergue do que quebre. uma curva pode ser endireitada, mas é preciso de uma força considerável.
✓ fibra de carbono: é leve e durável. é mais forte que fibra de vidro e, assim como o alumínio, é mais provável que envergue do que quebre.
✓ fibra de vidro: é leve, mas meio rígida. se quebrar, se estilhaça.
cabos e elásticos
enquanto algumas bengalas possuem materiais diferentes para o cabo (como plástico, madeira, cortiça...), o mais comum é um emborrachado preto com mais ou menos 25cm.
aqui está um exemplo de uma bengala com um cabo de madeira.
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(descrição de imagem: uma bengala dobrável com 4 seções, branca com uma ponta vermelha. possui também um cabo de madeira com um elástico preto ligado a ele. fim da descrição de imagem).
os benefícios do cabo de emborrachado preto é que é mais fácil de segurar, principalmente se suas mãos suam bastante. também não mostram arranhões e outras marcas de uso. creio que também devem ser mais baratos de serem produzidos, então, convenientemente, é o mais comum.
preste atenção no elástico preto ligado ao cabo na foto acima, percebe como tem tipo um nó "não amarrado" no final? ele serve para guardar a bengala dobrável, colocando todas as partes juntas.
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(descrição de imagem: uma bengala dobrável de 4 seções, dobrada e guardada com um elástico preto. fim da descrição de imagem).
outras funções do elástico incluem colocar no seu pulso enquanto usa a bengala, ou pendurar enquanto não está usando.
altura da bengala
a altura ideal da bengala vai depender da altura do seu personagem. para a maioria das pessoas, é preferível ter uma bengala mais ou menos da altura do ombro. talvez o seu personagem precise de uma bengala mais longa se anda mais rápido, com passos largos. ou uma bengala mais curta se prefere segurar a bengala num ângulo mais baixo que o normal.
o que quero dizer com segurar a sua bengala em um certo ângulo é que o mais usual é segurar a bengala na sua mão dominante e posicioná-la em frente do seu umbigo, movendo para um lado e para o outro conforme se anda. outros jeitos tradicionais de segurar a bengala seriam segurá-la com a palma da mão virada pra cima, ou até mesmo segurar na seção mais próxima do cabo como se estivesse segurando um lápis enorme.
dependendo da altura do seu personagem, a bengala dele pode ter entre 3 e 6 seções. a seção de cima inclui o cabo e a última, a faixa colorida (tradicionalmente vermelha, a não ser que seja personalizada), e por fim, a ponta.
as seções da bengala são geralmente meio refletivas, independente da cor. se você segurar uma bengala na luz, vai poder observar pequenas partículas de brilho refletidas ali, como um glitter bem fino. esse detalhe é bem importante na produção de bengalas, pois faz com que elas sejam mais visíveis de noite, principalmente se algo como um farol de um carro acaba refletindo na bengala enquanto a pessoa atravessa a rua. isso pode ser ampliado adicionando fitas refletivas através da haste da bengala, como dito anteriormente.
ponteiras de bengala
existem vários tipos de ponteiras para bengalas.
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(descrição de imagem: 4 tipos diferentes de ponteiras de bengala num fundo azul, com escritas. da esquerda para a direita: ponteira marshmallow ou cogumelo, ponteira roller, ponteira fixa e ponteira deslizante. fim da descrição de imagem).
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(descrição de imagem: uma ponteira marshmallow roller num fundo branco. fim da descrição de imagem).
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(descrição de imagem: uma ponteira bundu basher num fundo branco. para quem não está familiarizado com o nome, é uma ponteira longa e curvada que se assemelha a um taco de hóquei. fim da descrição de imagem).
notas da tradutora: eu não consegui de forma alguma achar o nome traduzido de bundu basher, perdão. não sei nem se esse tipo de ponteira existe no brasil, só sei que não consegui achar o nome em português.
algumas dessas ponteiras são melhores para o "método toc-toc", meio que sair dando batidinhas nos lugares onde você planeja pisar. também podem ser usadas para sentir o formato de objetos, escadas e etc.
✓ ponteira de marshmallow e ponteira fixa: essas não devem ser esfregadas nas superfícies, pois vão gastar muito mais rápido. existem ponteiras melhores para isso.
✓ ponteira roller, marshmallow roller e deslizante: essas são melhores para o método de rolar, que é o método que eu uso. elas não são boas para tatear com batidinhas, mas dá pra fazer em alguma emergência.
✓ ponteira bundu basher: a ponteira de taco de hóquei é melhor para pairar um pouco acima do solo e tocar de leve em objetos. ela pode dar batidinhas, mas não deve ser esfregada no chão como uma ponteira roller.
depois de usar muito, as ponteiras vão se gastar e vão precisar ser trocadas. as partes da ponteira com mais contato com o chão, geralmente as bordas, vão ficar arranhadas e eventualmente vão parecer que foram lixadas.
não tenha medo, as ponteiras da bengala podem ser removidas e trocadas quando gastam, sem necessidade de trocar a bengala inteira. algumas ponteiras se encaixam, outras se penduram como num gancho. você pode ver esse gancho na imagem da ponteira marshmallow roller.
ponteiras são vendidas por mais ou menos 5 a 10 dólares nos estados unidos, tirando o frete. então é indicado comprar várias ponteiras reservas junto com sua bengala. eu troco a minha ponteira (marshmallow roller) a cada 6 meses. não sei se isso é considerado muito ou pouco.
notas da tradutora: assim como tudo, aqui no brasil as ponteiras são mais caras. as rollers custam, em média, 40 a 50 reais na internet (fora o frete).
detalhes sensoriais/como é usar uma bengala
todo tipo de superfície tem uma sensação e um som diferente ao tocar ou rolar a bengala por cima. é essa diferença que diz muito sobre o ambiente que a pessoa cega está. isso informa quando você sai da calçada e pisa na grama, quando você entra em casa porque a superfície muda de concreto para madeira, carpete ou azulejo. esses pequenos detalhes também se tornam uma espécie de marcadores, sendo bem úteis para perceber os lugares pra onde se vai com frequência.
por exemplo: uma semana antes das aulas começarem, eu costumo ir até o campus e aprender todas as rotas que me serão necessárias. eu aprendi que alguns caminhos possuem rachaduras enormes na calçada que são distintas o suficiente para que eu use aquilo como marcador pra saber onde eu estava. também tinham alguns caminhos que mudavam de concreto para pedregulho, ou concreto para grama.
carpete
o som é bem suave, e se seu personagem estiver usando uma ponteira roller por cima dele, vai soar como um "swish-swish" bem quieto. os tons das batidinhas dependem do quão grosso o carpete é, quanto mais grosso, mais suave o som. se ele é muito grosso, as batidinhas quase não vão fazer barulho. mas se for muito fino, então o som vai ser mais alto, mas ainda discreto. se seu personagem rolar a ponteira no carpete, ele vai sentir uma certa resistência, pois o roller se move mais devagar em cima do carpete. quanto mais grosso e peludo o carpete for, mais resistência a ponteira vai ter.
piso de madeira
as ponteiras fazem um ruído quando rolando por cima de pisos de madeira. quanto mais lisa a madeira, menos ruído. há uma pequena vibração vinda da ponteira, passando pelo corpo da bengala e chegando até sua mão enquanto você rola por pisos de madeira. bem pequena mesmo, quanto mais sensível seu personagem for a vibrações, mais ele vai sentir. dar batidinhas faz sons mais "ocos" na madeira. às vezes soa meio estalado se você bater com força. as sensações são mais fortes ao dar batidinhas. madeira mais velha é mais suave, já as novas são mais fortes e causam mais vibrações na bengala.
azulejo
depende do tamanho dos azulejos e a largura do rejunte, mas não é um sentimento agradável. azulejos possuem rejuntes, que são aquelas pequenas "divisórias" entre um e outro. quanto menor os azulejos, mais "grosseiro" e óbvio o rejunte vai ser para uma pessoa cega, causando muita vibrações. a vibração de cada impacto vai direto para sua mão. o som é meio chiado, imagine 50 salto alto andando em um azulejo que você vai ter uma ideia do som. já azulejos maiores com rejuntes mais suaves não são tão ruins. dar batidinhas no azulejo com a bengala soa como um passo forte de um salto alto, cada batida um passo. pisos de azulejo são geralmente encontrados em banheiros, cozinhas e locais industriais onde o cômodo vai ter paredes mais rústicas (como mais azulejo, concreto, etc) e poucos móveis, então o som ecoa ainda mais.
linóleo
é uma superfície lisa e nivelada, dá a sensação da bengala estar deslizando quando a ponteira rola no piso, mal causa vibrações. os sons da rolagem são bem suaves pela falta de impacto ou textura. porém, os sons das batidinhas são um pouco mais altos. não são tão estalados quanto os do azulejo ou mármore, mas quase.
mármore
é parecido com o linóleo por ser bem liso. a bengala desliza enquanto rola. os sons das batidinhas são fortes. já que pisos de mármore são mais comuns em lugares mais chiques como shoppings, casas luxuosas ou escritórios, lugares que geralmente possuem tetos altos e paredes mais grossas com decoração mínima, os sons podem ecoar.
concreto
estarei me referindo a concreto de estacionamentos e prédios industriais, não de calçadas. vai depender do quão velho é o concreto e como ele é mantido. concreto velho com várias rachaduras e mini crateras tem uma sensação bem diferente de um concreto que foi colocado há menos de um ano. com concreto velho, há um ruído alto enquanto a ponteira da bengala rola pelas rachaduras e texturas do chão, e essas vibrações vão direto para a mão de quem usa a bengala. concreto novo tem uma sensação mais parecida com mármore ou linóleo. os sons das batidas são altos em concreto velho e mais agudos em concreto novo.
calçadas
são feitas de concreto, mas na minha experiência elas têm uma sensação um pouco diferente. calçadas tem uma superfície mais "areosa" ou "pedregosa", mais rústica, seca. tem mais vibrações quando rolando a ponteira e as batidinhas são mais altas. e, porque ficam do lado de fora, provavelmente você não vai ouvir nenhum eco ao menos que você esteja andando num beco ou entre dois prédios.
asfalto
é uma das piores superfícies, em minha opinião. asfalto é o material utilizado em estradas e é feito pra ser rústico e pedregoso para que os pneus dos carros consigam agarrar nele e não perder tração enquanto andam. quanto mais velho e danificado, mais grosseiro. por causa disso, as vibrações são muito mais fortes, às vezes é irritante. não consigo rolar minha bengala pelo asfalto porque minhas mãos não conseguem suportar essa intensidade de vibrações. os sons são ruídos maçantes. infelizmente, o asfalto é uma superfície inevitável, a não ser que seu personagem consiga descobrir um jeito de nunca ter que atravessar a rua ou andar num estacionamento.
observação 1: as linhas brancas ou amarelas que foram pintadas no asfaltado às vezes têm uma sensação mais suave por conta do material da tinta e porque foram adicionadas depois que o asfalto já estava ali.
observação 2: existe uma coisa vinda de uma empresa chamada tarmac que é similar ao asfalto e usada com um intuito parecido. são mais comuns no reino unido (eu acho), mas não sei dizer se já andei em um desses então não tenho nenhuma experiência pessoal para dar sobre isso.
cascalho
é outra dessas superfícies diabólicas. cascalho é feito de pedras soltas e é mais comum em estradas rurais, entradas de garagem e algumas paisagens. como as pedras estão soltas, se torna meio difícil de confiar. faz um som de trituração. se você rolar a bengala, é bem capaz de acabar jogando algumas pedrinhas e poeira por aí. se você der batidinhas, você vai ouvir um "crunch", mas talvez seu cérebro não acuse o cascalho de primeira, até você andar nele e perceber as pedras nas solas seus sapatos.
lascas de madeira
não tive nenhuma experiência com esse tipo de superfície depois da perda de visão, então estou usando minhas memórias de brincar em parquinhos na época da escola porque o chão do parque era de lascas de madeira. eu diria que esse piso é um híbrido entre cascalho e piso de madeira. a superfície é solta e rolar a bengala nele vai afastar algumas lascas soltas e também poeira. provavelmente soaria similar a andar na areia, eu acho, porque lascas de madeira são muito mais suaves que cascalhos, mas não tão consistentes quanto madeira. se choveu recentemente, então soaria ainda mais suave.
estradas de terra
são menos diabólicas que asfalto e cascalho. podem ser grosseiras como todas as estradas são, mas o material não é tão duro e sólido. rolar a bengala por ela vai soltar um pouco de poeira num dia seco, mas se choveu alguns dias antes vai ser possível ouvir um som mais suave enquanto a ponteira rola por cima da terra úmida. batidinhas também soaram bem suaves.
terra de jardinagem
é bem mais suave que a terra da estrada, quase não faz som e é facilmente espalhada pela ponteira quando rolada. tem um pouco de resistência, mais ou menos a mesma que em areia ou grama. batidinhas praticamente não têm som, mas talvez você sinta uma certa resistência da ponteira conforme ela "afunda" na terra.
lama
eca. só consigo imaginar isso entrando na ponteira da minha bengala e o quão nojento isso seria. o som e a sensação depende muito do quão molhada a lama é. lama molhada soa pegajosa, tem meio que uma sensação de apertar algo molhado se você rolar ou der batidinhas com a bengala. seu personagem talvez não identifique na mesma hora até começar a escorregar na lama enquanto andam, experiência própria. já a lama mais seca soa mais suave e tem uma sensação quase sólida embaixo da bengala. lama molhada tem mais resistência para uma ponteira roller, além disso, superfícies com lama são geralmente desniveladas pela camada de cima do piso ter sido movida pela lama. então é normal ter mudanças de nível quando andando principalmente em morros com lama.
poças
tem um som mais pegajoso ao rolar a bengala por cima, já se utilizar batidinhas, tem um som mais como um "splash". quanto mais funda a poça, mais alto vai ser o som e mais resistência vai ter. não gosto dessa textura/experiência.
neve
não tenho experiência com neve desde o começo do desenvolvimento da minha cegueira, então não sei como é andar sobre uma com uma bengala. gostaria que algum leitor cego pudesse me informar para que eu editasse depois. meu melhor palpite é que deva ter um som crocante, mas suave. ainda mais suave que o som de passos na neve. deve ter muita resistência e rolar a bengala por cima deve ser quase impossível, principalmente se é uma neve muito profunda ou muito condensada.
grama
um dos que eu mais odeio. tem muita resistência, é pior que um carpete gasto. é bem macio e não faz muito som, mas se está molhada você pode ouvir um "crunch" maior.
superfícies com folhas
esse depende de que tipo de superfície as folhas estão. elas iriam deixar o cimento mais suave, mas teria um som mais alto na grama. se as folhas forem grandes e curvadas, elas seriam mais fáceis de afastar com a bengala. já folhas menores e mais retas são mais difíceis. folhas mais secas vão fazer um barulho meio crocante embaixo da sua bengala. é divertido, se seu personagem for o tipo de pessoa que gosta de pisar em folhas de propósito então ele vai gostar. porém, se não consegue ver as folhas, talvez tire um pouco da diversão e se torne mais uma surpresa.
areia
eu nunca levei minha bengala para a praia porque a areia da praia é tão fofa e solta que já é difícil se manter em pé com um bom equilíbrio. a areia fica sempre afundando embaixo do seu pé, ao menos que você esteja perto da água e ela tenha deixado a areia mais firme. por isso, uma bengala não é muito útil na praia, sem mencionar que areia não é algo que você quer entrando nas articulações de sua bengala (se for dobrável), pois a areia corrói as articulações, sejam elas de plástico ou de metal. se eu levasse minha bengala para a praia, provavelmente faria um som extremamente suave de areia passando por cima de areia, parecido com as pegadas, mas provavelmente mais baixo porque uma bengala é mais leve.
nota: minha mãe me perguntou como é passar com a bengala por cima de cocô de cachorro ou de chiclete no meio da rua. não tenho como responder porque nunca aconteceu comigo, mas use sua imaginação!
a invenção do piso tátil
eles são incríveis! pisos táteis são aqueles retângulos amarelos ou cinzas com alguns "carocinhos" que você vê em rampas que vão dar em estacionamentos, ou antes de atravessar uma rua. em 1965, um engenheiro japonês chamado seiichi miyake usou seu próprio dinheiro para desenvolver um tijolo tátil que você pudesse sentir mesmo pisando com sapatos. ele fez isso porque um amigo estava perdendo a visão e ele queria ajudá-lo. essa invenção é incrível e acessível para todos, até mesmo para os cegos que não usam bengala ou cão guia. pisos táteis literalmente salvam vidas. antes de ter minha bengala, se eu sentisse um desses "carocinhos" embaixo dos meus sapatos, eu sabia que eu deveria parar imediatamente porque estava prestes a chegar na estrada. já que menos de 10% da comunidade cega usa bengalas ou cão guias, os pisos táteis são os apoios mais acessíveis disponíveis.
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(descrição de imagem: um retângulo amarelo de piso tátil localizado no canto da calçada informando que está próximo à estrada. também há uma pessoa com uma bengala branca com ponta vermelha, sentindo a textura do piso. fim da descrição de imagem).
nota: parecido com isso, a maioria das portas em prédios comerciais (ao menos onde eu moro) possuem uma placa de metal na entrada para segurar a porta no lugar, evitando rachaduras embaixo. o som e textura do metal quando passando a bengala por cima é distinto o suficiente para indicar a pessoa cega que chegaram na entrada da loja.
manias de cegos
tem uma sessão nesse guia sobre manias de cegos, mas essas vão ser focadas especialmente em bengalas.
→ não. toque. na. minha. bengala. não faça isso.
a ameaça acima vem do fato de que a bengala de uma pessoa cega é o porto seguro dela, uma extensão de seus corpos, seus olhos. muitas vezes a única coisa que vai garantir que vão conseguir chegar em algum lugar com segurança. por causa disso, pessoas cegas odeiam que toquem em suas bengalas ou cão guia (quando em serviço), sejam eles estranhos, amigos não muito próximos ou até alguns parentes.
nota importante: isso é algo universal para pessoas com deficiência, não toque seus objetos auxiliares de mobilidade, isso é abuso. tocar a cadeira de rodas de alguém ou empurrá-los por aí sem a sua permissão é abuso. mover a cadeira de rodas de alguém enquanto o usuário está em pé é abuso (a maioria dos usuários de cadeiras de roda não são paralíticos, mas isso não é da conta de ninguém). não importa se a cadeira de rodas está no caminho, a pessoa precisa dela ali, não toque. tocar ou pegar a bengala de apoio de alguém é abuso. pegar ou mover o andador de alguém é abuso. tocar o aparelho auditivo de alguém é abuso. tocar o tanque de oxigênio ou cânula de alguém é abuso.
voltando ao assunto...
→ ficar de bobeira com sua bengala enquanto espera na fila. eu geralmente apoio meu queixo na bengala ou me apoio nela.
→ girar e brincar com a bengala quando ninguém está vendo. eu nunca faria isso na frente de alguém porque eu não quero ninguém achando que é um brinquedo e que podem tocar nela.
→ andar com a bengala dobrável pendurada no pulso pelo elástico quando dentro de uma loja ou coisa do tipo.
→ manter a bengala ao alcance de seu braço o tempo inteiro, mesmo em situações onde você não precisa dela. por exemplo: se estou na sala de aula e preciso sair da minha mesa, eu levo minha bengala comigo mesmo que eu conheça minha sala o suficiente para não precisar dela. nunca deixaria na mesa (isso não se aplica a minha casa e na casa de alguns poucos amigos em quem confio).
→ ter um lugar específico dentro de casa para guardar a bengala. no meu caso, é em cima de uma cômoda antiga, na sala. se eu tivesse colegas de quarto, minha bengala ficaria dentro do meu quarto.
→ pessoas com bengalas dobráveis desenvolvem uma memória muscular de dobrar e desdobrar a bengala, então fazem sem nem precisar pensar nisso.
→ desdobrando a bengala: seguro o cabo preto entre meu polegar e a palma da minha mão, com meus outros dedos dobrados por cima das 3 sessões restantes, com a ponteira pra cima. eu tiro o elástico pela ponteira, afrouxo meus 4 dedos e rolo meu pulso para o lado oposto. com isso, a sessão vermelha desdobra e trava no lugar com a sessão vizinha. rolando o pulso para o outro lado, a próxima sessão branca consegue desdobrar e travar no lugar. rolando o pulso novamente e a última sessão vai travar no lugar.
→ às vezes eu apenas seguro o cabo preto e deixo as sessões desdobrarem sozinhas, mas esse método é menos controlado e tem o risco de bater em algum lugar ou em alguém.
→ dobrando a bengala: começo com o cabo preto, levantando ate que as "juntas" da bengala destravem. dobro, seguro as duas sessões na minha mão e levanto a segunda sessão, afastando da terceira, então dobro. segurando todas as sessões com minha mão, as destravo da sessão vermelha.
→ pessoas com bengalas não dobráveis gostam de apoiar suas bengalas em paredes ou objetos quando não estão usando. cantinhos são populares. mas a frustração quando a bengala simplesmente cai sozinha é um saco.
→ sentar com a bengala entre as pernas, tipo um cara que senta todo aberto. a ponteira da bengala fica apoiada em um lado do pé para manter a estabilidade e o corpo da bengala apoiado no ombro ou no joelho oposto.
→ uma alternativa a ficar com as pernas abertas é ficar com a bengala apoiada no ombro, a ponteira em cima dos dedos do pé, e segurada com as mãos, ou com o braço, ou o cotovelo.
nota: há um tempo eu estava procurando por fotos de alguém usando uma bengala para usar como referência em um desenho. só encontrei três e duas delas eram fotos promocionais do demolidor. sem ofensa ao charlie cox, mas ele não é cego e ele não usa uma bengala no dia a dia dele. ele não tem o relacionamento que alguém cego tem com uma e o conceito de um quinto membro, e é bem aparente. então as fotos eram inutilizáveis.
no carro com uma bengala não dobrável
→ carros com o assento do passageiro na direita: a ponta da bengala vai bem pro cantinho, do lado direito do pé, com o cabo preto apoiado no ombro ou no cinto de segurança. fica um pouco acima do encosto da cabeça. quanto mais longa a bengala, mais difícil vai ser guardá-la no carro.
→ mão inglesa (ou australiana, ou japonesa): a mesma coisa, só muda que ao invés de ser na direita, vai ser na esquerda.
→ banco de trás: horrível. tem bem menos espaço para os pés e se você está num sedan quase não tem espaço atrás do seu ombro para o cabo da bengala. coloco minha bengala na diagonal com o cabo apoiado no ombro mais perto da porta.
por causa disso, ninguém com uma bengala não dobrável vai querer sentar no banco de trás.
sobre cães guia
meu conhecimento sobre cães guia está limitado sobre o que pesquisei, pois não tenho nenhuma experiência pessoal com eles. irei dar aqui alguns fatos básicos. "Guiding Eyes for the Blind" estima que existem 10 mil duplas de cães guias + pessoa cega por aí. isso é tipo 2% da comunidade cega e com baixa visão.
o treino de um cão guia
o treino de um cão guia é o treino mais difícil para os cachorros. a maioria dos que entram no treinamento são "descartados" e ou vão para outro tipo de serviço como cães de terapia, ou viram cães familiares normais.
cães guia passam por dois ou três anos de treino, incluindo o treino como filhotes. socialização básica, comportamento adequado quando em serviço e o treinamento de guia de fato. a maioria de cães de serviço só passam de um ou um ano e meio treinando antes de começarem a exercer.
o custo médio do treino, manter e alimentar o cachorro, contas veterinárias e etc deve dar algo entre 30 e 40 mil dólares. embora algumas organizações de treinamento de cães de serviço exigem que a pessoa pague o custo do treinamento do cachorro (geralmente algo em torno de 15 a 30 mil dólares), existem organizações de cães guia que doam seus cachorros para clientes cegos e qualificados. essas organizações pagam pelos custos dos cães através de angariações de fundo e caridade. felizmente para essas organizações, cães guias são uma causa muito respeitada e têm muita caridade direcionada a ela, enquanto outros cães de serviço possuem menos interesse quando se trata de caridade.
organizações de cães guias possuem um processo de aplicação, requisitos e uma lista de espera antes que você possa ser pareado com um cão guia.
requisitos para se ter um cão guia
precisa ser legalmente cego e ter pelo menos seis meses de treinamento de O&M com uma bengala e demonstrar habilidades suficientes para andar por aí sozinho. também pedem que você seja responsável o suficiente para cuidar de um cachorro de forma independente, ou seja, ser capaz de manter a rotina de treinamento do cão assim como financiar a alimentação e contas veterinárias dele.
a razão pela qual exigem treinamento com bengala antes de ter um cão guia é porque o cachorro não pode fazer tudo por você. você, o dono do cachorro, é responsável por saber onde você está e como ir até onde quer chegar.
cachorros não conseguem ler placas de "pare" e nem identificar quando o semáforo está vermelho ou verde. eles também não possuem GPS para achar uma rota e nem irão aprender essa rota em uma só tentativa. também não vão saber exatamente pra onde você quer ir quando você diz "starbucks", "livraria" e te guiar. isso é sua responsabilidade, por isso você precisa saber quando é seguro atravessar a rua, como aprender novas rotas e como se manter nessa rota. o cão guia também não sabe se comunicar com motoristas de ônibus e não sabem qual número de ônibus usar ou quando pedir parada.
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xolilith · 2 years ago
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Maldito Reich! - Lee Taeyong
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A água da banheira aromatizada com alguma essência floral cobria até um pouco acima dos seus seios. A temperatura quente é aconchegante ao envolver os músculos tensos depois de um rigoroso dia frio e trabalhoso.
Encosta a nuca na borda, fecha os olhos por alguns segundos imersa no silêncio, antes de ouvir o ranger da porta e os passos preguiços no piso de casa.
Taeyong aparece no seu campo de visão algum tempo depois. Repuxa os lábios num sorriso tímido ao vê-la.
Esboça um gritinho animado. O "Tae", dito de uma forma infantil, faz o homem rir, agachar perto da borda.
Você nota mais de perto os círculos escuros envolta dos olhos redondinhos quando ele se ajoelha para largar um beijinho sobre seus lábios.
Inclina um pouco a cabeça, sorrindo.
– Vem aqui ficar comigo, bubu?
Não demora até que ele se junte a você. Livra-se das roupas pesadas que protegiam do inverso coreano.
Senta entre suas pernas, as costas reconstam no seu torso e a cabeça deita sobre seu ombro. E, num suspiro satisfeito, todo corpo de Taeyong está colado ao seu. A ponta do seu nariz resvala na lateral dos fios recém cortados, desce pela lateral do pescoço masculino.
O Lee suspira audivelmente exausto, fecha os olhos.
– Aquele carrasco do Sooman continua enchendo você de trabalho?
Ele assente.
– Época de comeback, você sabe. E ainda tem o começo da tour...
Se compadece com a exaustão alheia. Quer cuidar. Seus dedos tra��am sobre o peito desnudo, submergem sobre a água e descem até o abdômen, contorna a V line.
– Eu tava lendo sobre um teórico da psicologia corporal esses dias, sabe? – Indaga, como se contasse uma curiosidade. Indo aleatoriamente a um assunto que fez Taeyong franzir o cenho, mas reproduzir um som pra que você continuasse. Você expressa uma risadinha tímida antes de continuar. – Ele tem uma teoria interessante sobre energia sexual... quer dizer, algo sobre como um bom orgasmo pode fazer o organismo se equilibrar, promovendo bem-estar.
O homem abre um sorriso grande, um pouco retraído quando entende o sentido por trás das palavras. Engole seco quando seus dedos resvalam perto da virilha masculina.
– Você pode liberar minha energia sexual, então, boneca?
Você sopra uma risadinha malandra, antes do próximo passo. Seus dedos alcançam o sexo masculino, fecham-se ao redor.
Sobe e desce, devagar. Estimula.
A textura da água dá ao toque uma sensação diferente, mas igualmente prazerosa. Algunas ondinhas revoltas se formam com o movimentar
A ereção vai ganhando forma. Endurece contra a palma da sua mão até estar no auge. As veias salientes palpitam, latejam.
Roça os dentes contra a pele do pescoço do Lee, morde suavemente.
– Eu gosto como você fica todo molinho quando eu toco você, Tae... – Sussurra, deleitada com os suspiros baixinhos. Como o corpo de Taeyong estava sensível e inquieto, com ele tombando a cabeça contra seu ombro.
O homem arranha a garganta num gemido longo e rouco quando você circula a cabecinha inchada com o polegar.
– Vem, Tae, quero ouvir você gozar pra mim.
Taeyong aperta os olhos, os dedos contra a cerâmica da banheira e estremece quando chega ao ápice.
Você sorri, orgulhosa, inclina um pouco a cabeça para largar um beijinho sobre a bochecha corada do Lee.
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ladylushton · 1 year ago
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LH! O inverno também é caloroso
@brargweek
Apenas alguns guardas e criadas, ocasionalmente, preenchiam o corredor bem-iluminado a ponto de não parecer ser tão cedo.
E, claro, o som dos passos curtos da dama de companhia também estavam lá, indo para as escadas que levavam-na aos aposentos da princesa. Elas combinaram de se encontrar antes mesmo que as criadas chegassem no quarto.
O guarda que ficava na porta, protegendo-a durante a noite, já conhecia Luciana apenas pelo som de seus passos no piso, e estava totalmente ciente da situação e de sua tarefa: Não deixar que ninguém entrasse até que Martina acordasse.
— Bom dia, Luzita — Cumprimentou informalmente, sorrindo apesar do cansaço.
— Bom dia, Pedro — Ela respondeu,sorrindo — Soube que ele estava no muro Oeste essa noite, caso queira encontrá-lo mais cedo.
Ao ouvir, o rosto do guarda se iluminou e logo abriu caminho para que Luciana entrasse sem bater na porta.
O “ele” citado era Manuel, um soldado que guardava os muros do castelo durante a noite e dormia com Pedro durante o dia, sempre escondidos. Foi justamente por saber dessa situação que a princesa pediu para que ele ficasse responsável pelo interior do castelo.
O quarto amplo ainda estava muito escuro, mas a dona dele praticamente brilhava em sua camisola de seda clara, penteando os cabelos com um olhar sonolento.
— Bom dia, Tina… Dormiu bem?
Martina mal teve tempo de responder antes de ser beijada com ternura, retribuindo o encontro com os lábios de Luciana.
— Dormi, sim, minha querida — A princesa afagou o rosto de sua dama, sentindo a pele dela gelada — Você está com frio?
— Muito. Eu gosto do inverno, mas realmente não sei como você aguenta.
Luciana nascera em um reino quente, e nunca se acostumou direito com os invernos escuros e envoltos por vento de sua nova morada. Martina não reprimiu uma risadinha antes de se levantar.
— Bom, nós ainda temos tempo. Quer se deitar?
A frase foi como uma ordem para que Luciana começasse a se despir das roupas pesadas, vagarosamente. Martina logo largou a escova de cabelo e sentou-se na cama, admirando a pele escura aparecendo com a queda dos tecidos, tules e luvas.
Martina deitou-se e deu tapinhas no colchão, chamando a outra para se deitar ao seu lado. Luciana aceitou, colando seu corpo ao dela e apoiando a cabeça no peito coberto pela camisola
— Agora, sim… — Suspirou, acariciando a cintura da princesa — Tu me esquenta mais que fogo, sabia?
Martina aconchegou-se ainda mais ao ouvir isso, olhando para Luciana com um brilho chamuscando seus olhos.
— Eu sei, querida — Respondeu, repousando uma mão entre os cachos dela — Eu já estava com saudade de me deitar contigo, assim, no escuro….
— O inverno tem suas vantagens — Luciana refletiu — Mas eu continuo com frio.
Martina, ao ouvir, desliza a mão pelo corpo de Luciana, quase num movimento inocente, chegando até a barra da roupa íntima da dama. Apesar da surpresa, Luciana logo se aproximou ainda mais, sabendo que seu corpo logo estaria devidamente aquecido.
…………………………
— Vai nevar, não é? — A criada perguntou, mesmo sabendo a resposta.
— Muito. Eu gostaria que vocês conhecessem o meu reino, lá, o inverno nunca nos castigou assim.
A criada logo olhou para Luciana com um olhar de esperança, pensando no tal reino que dava sementes e chuvas quando as temperaturas caiam.
Ambas as criadas arrumavam o quarto enquanto ela vestia Martina, mesmo que elas precisassem passar o dia todo no castelo por conta da neve intensa lá fora. A princesa olhava de relance para Luciana, sabendo que isso significava que elas teriam mais tempo juntas.
— Aqui, minha cara Idalina, o inverno não vai parar — A criada desvia seu olhar da colega e olha para Martina — E a Vossa Alteza, portanto, deverá estudar um pouco mais hoje, mas depois poderá ir até a torre do meio para buscar aquelas tintas e ervas que encomendou.
Martina não conseguiu disfarçar a felicidade genuína ao ouvir, olhando para Luciana, que disse que gostaria de pintar há muito tempo.
Desde criança, Luciana sabia que era uma peça para sua família de puxa-sacos utilizar. Eram ricos, sim, mas não tinham um nome forte o bastante, por isso mandaram-na para a corte do reino vizinho, cuja duquesa era conhecida de uma falecida tia. O reino comandado pelo pai de Martina tinha poder, sangue forte e boas reservas de prata, sendo cobiçado desde sua fundação.
Ela só foi enviada para lá fazem dois anos, após o envenenamento que quase causou a morte da Rainha e não teve seu autor capturado, fazendo com que o Rei substituísse todos os serviçais do castelo e reduzisse seu número, tornando Luciana a única dama lá dentro, e boa parte dos serviçais contratados vieram de lugares remotos.
A princesa passou todo o outono todo em um estado similar ao luto, sempre curvada e murmurando coisas pouco audíveis, mas Luciana a entendia, apenas seguindo-a de longe e mantendo sua saúde estável da forma que conseguia. Foi só depois do início do inverno que Martina começou a reerguer-se, voltando às suas atividades e conhecendo,verdadeiramente, Luciana.
Talvez seja por isso que elas se afeiçoaram ao inverno e sua escuridão privada.
As criadas não demoraram para organizar o quarto totalmente, e logo fizeram uma curta reverência para saírem, passando pela porta que Pedro já havia deixado e fechando-a.
Luciana logo deixou Martina solta, indo arrumar o próprio cabelo em um coque. Desde que estabeleceram seu “compromisso”, a princesa começou a fazer as coisas sozinha, mas apenas quando ninguém estava olhando. A dama também passou a estar sempre mais relaxada por saber que sua relação com Martina ia muito além da de uma nobre e sua aia.
Com uma pontada no fundo de seu peito, Luciana parou ao lado de Martina, que usava o grande espelho para se maquiar, e colocou as presilhas douradas em seu cabelo. Ela amava tanto aquela mulher que chegava a doer, o brilho em seus olhos cegava-a, e seu perfume suavemente doce inebriava-a.
— Luciana, a sua presilha está torta — Martina sorriu de lado ao dizer isso para a mulher que ocupava metade do espelho, mas não prestava atenção no próprio reflexo.
— E o seu batom está borrado, Tina — Retrucou.
A princesa logo verificou o tom rosa-avermelhado em seus lábios, e repreendeu a outra com o olhar ao notar que não havia nenhuma irregularidade na maquiagem. Luciana aproveitou a distração para beijar a mulher, borrando, de verdade, o batom.
Martina logo aceitou o beijo, satisfazendo-se com os lábios carnudos da dama perigosamente próxima ao seu corpo. Luciana esqueceu o mundo, fazendo-se de surda e cega, tornando aquele momento o seu único sentido.
— Minha filha… MINHA FILHA?!
A Rainha que chegou de surpresa, com o pescoço enfiado pela porta, ficou lívida ao ver as duas fazendo o que faziam no quarto.
…………………………………..
— Eu n-não posso… POR FAVOR!
A dama, que mais lembrava uma criatura selvagem, gritava e se debatia enquanto era mandada para a parte mais baixa do castelo, onde o frio úmido não tinha alívio algum, os guardas trocavam de turno sem uma única palavra e a água era escassa.
Assim que percebeu o que estava acontecendo nos aposentos da princesa (e já acontecia há muito tempo), a Rainha logo chamou os homens para agarrarem Luciana e mandarem-na para baixo, deixando Martina sozinha com sua mãe pálida e os soluços chorosos que preenchiam o corredor.
Claro, elas sabiam o que a realeza e a nobreza pensariam de sua situação, mas não imaginavam que teriam seu segredo descoberto, ou, pior ainda, pego num flagra.
— Por favor… Me deixem subir… — Murmurava, sem fôlego ou força alguma para defender-se.
Os guardas permaneceram em silêncio até que Luciana desistisse, aceitando ir sozinha para a cela que tinha um monte de palha, três baldes e uma trouxa de tecido puído. Assim que ficou só, a dama se jogou no palheiro, chorando copiosamente contra as fibras que espetavam seu rosto.
Luciana não sabe quanto tempo passou desse jeito, chorando e encolhendo-se. Ela entrou em um estado quase entorpecido, sem estar dormindo, mas também sem estar totalmente acordada.
A porta da cela se abriu com som alto, despertando Luciana. Uma figura grande foi chutada diretamente para o chão de pedra, emitindo um gemido de dor e fazendo os carcereiros rirem. A pessoa chutada era Pedro, usando uma roupa antiga e amarrotada, já que provavelmente estava dormindo quando foi chamado.
— Luzita! — Pedro chamou, assustado — Você se machucou?! Que porra é essa?
Luciana demorou para perceber que realmente era Pedro, o guarda gentil e corpulento que a tratava como uma velha amiga.
— A Rainha… E-ela me viu… Vi-iu eu e a Tina… — Ela não conseguiu completar a frase em meio aos seus soluços desesperados.
Pedro logo compreendeu a situação, aproximando-se do palheiro de Luciana e deixando que ela segurasse seu ombro. A dama manteve-se apoiada nele até conseguir respirar fundo e se acalmar um pouco.
Luciana endireitou a coluna, olhando bem para o rosto amassado de seu amigo.
— O que fizeram com o Manuel?
— Ele escutou os homens em nossa busca e acordou. Nós dormimos num daqueles antigos chalés fora dos muros, ele se escondeu, mas eu fiquei ali fingindo estar dormindo. Sei que esse pequeno sorrateiro está bem, já que eu fui preso por “omitir informações em um atentado contra a honra da princesa”.
— Eu tenho medo do que vai acontecer com ela — Luciana murmurou — Você sabe o motivo para terem te jogado na mesma cela que eu, certo?
Pedro, com os olhos verdes subitamente sombrios, assentiu com a cabeça. Ali dentro, mofando entre as pedras, tudo que poderiam fazer era aceitar e tentar dormir e aceitar a crueldade comandada lá de cima.
.......
Vai ter continuação, só não temos data 🤙
Espero que tenham gostado <3
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skzoombie · 2 years ago
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NOS BOSQUES, perdido, cortei um ramo escuro
e aos lábios, sedento, levantei seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino fendido ou um coração cortado.
...
Yongbok virou lentamente na cama para o lado onde ficaria de frente para seu amor, porém quando o braço descasou sobre o lençol, o sentiu frio e vazio. Abriu os olhos rapidamente, percebendo estar sozinho na cama, inclinou o rosto para a direção da janela de vidro e constando que a escuridão ainda dominava aquele horário da madrugada.
Ergueu o tronco e sentou na ponta da cama. Tirou os cabelos bagunçados dos próprios olhos e foi rumo a porta para procurar a outra pessoa que ali não estava mais.
Caminhou silenciosamente pelo carpete que forrava o chão do apartamento mediano, quando estava prestes a pisar no piso gelado da cozinha, escutou um sussurro baixo que vinha do banheiro. Foi poucos passos para trás e abriu a porta levemente, mesmo que tudo estive escuro ainda se escutava a voz.
Acendeu a lâmpada fraca de dentro do ambiente e quando sua visão se acostumou, percebeu s/n agachada no chão frio do banheiro com o corpo esticado e olhos fixos na pia por onde escutava o som de gotas de água caiando pausadamente.
-O que houve, amor? - o namorado questionou sentando juntamente no piso cor azul celeste.
-Não é estranho que um som tão simples como da torneira, pareça ecoar tão alto quando estamos em completo silêncio? - comentou mais parece si mesma, enquanto não tirava os olhos do móvel do banheiro.
-Realmente, parece até um pouco irritante - respondeu com um sorriso divertido.
-Esse barulho é muito gostoso - sorriu fechando os olhos.
Felix riu fraco e encarou o rosto dela com cuidado. S/n sempre teve dessas reflexões incomuns, contudo todas esses questionamentos veem se repetindo com mais frequência. Ela simplesmente paralisa e fica observando para todos os objetos e locais que ressoam mínimos ruídos.
Quando parou de vagar nos próprios pensamentos, yongbok reparou lágrimas descendo pelo rosto da mulher que continuava com os olhos fechados, colo começou a balançar e a expressão leve foi substituída por uma testa se enrugando.
-Por favor, me diga o que está acontecendo. - ele suplicou e abraçou o corpo dela fortemente.
-Dor, felix! Eu sinto muita dor. - confessou entre os soluços de choro.
...
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida escuridão das folhas.
...
-Dor? Onde? Posso te levar no médico. - respondeu desesperado e tocando por todo o corpo dela como se fosse encontrar o local.
-Não é físico. - falou com um tom pouco mais baixo e levou a mão em direção a própria cabeça. - Está doendo aqui.
-S/n, o que significa? - questionou, agora ele iniciando um som de choro, pois sabia no fundo o que significava.
-Que voltou, felix! Tudo voltou novamente. - finalizou olhando fixo para o azulejo de flores da parede do banheiro. Deitou a cabeça levemente na banheira que estava ao lado do local onde sentou.
-Por favor, não diz isso - ele chorou alto e rastejou em frente ao corpo da mulher, segurou o rosto da mesma com as duas mãos e fez com que se encarassem. - Não deixa dominar sua cabeça, por favor.
-É uma dor insuportável, parece um bicho rastejando dentro do meu cérebro, cada segundo do dia é uma tortura, e a noite parece uma eternidade. - choravam juntamente.
-Se eu disser que sei o que está sentindo é uma mentira mas se pudesse pegaria toda essa dor para mim. - confessou beijando o rosto dela e abraçando forte o corpo.
Ficaram abraçados por longos minutos até o momento que iniciou-se o som de gotas de chuva da pequena janela que ficava ao canto do banheiro.
S/n soltou o abraço levemente e levantou o corpo, o namorado enxugou as lágrimas e caminhou atrás da namorada para saber para onde se dirigia. Ela caminhou até a porta janela que ficava na sala, abriu e parou no meio da sacada, fechou os olhos e ergueu a cabeça para sentir a chuva.
Felix caminhou até a janela e encostou a cabeça, começou a chorar novamente e em um som bem mais alto, todos poderiam escutar no prédio mas pouco se importava, ele precisava aliviar aquela dor de perda do fundo do peito.
...
Por ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo e avelã cantou sob minha boca
e seu vagante olor subiu por meu critério.
...
-Por favor, não chore. - ela se aproximou do menino totalmente molhada pela chuva, limpou as lágrimas que desciam sob suas bochechas.
-Tenho medo de perder você, não sei se consigo ser forte como da última vez - confessava chorando ainda mais.
-Não quero se seja forte, quero que continuo sendo do jeitinho que é e nada mais que isso - disse com um tom calmo e acolhedor.
-Você vai ficar se eu continuar desse jeito? - questionou com os olhos brilhando por conta das lágrimas.
-Felix, cada dia mais esperançoso! - sorriu levemente e puxou o rosto do namorado para um beijo.
Seus lábios carregavam uma úmidade da chuva e da saliva, ecoavam sons baixos por estarem puxando uma respiração forte pelas narinas. Calmamente abraçou o corpo do menino pelo pescoço e puxou ele para sentir a chuva que corria do céu. Suas roupas ficavam cada vez mais encharcada, seus corpos se aproximaram e as roupas de pijama pareciam ter colado como uma superbonder.
-Não desiste de mim, por favor - yongbok sussurrou com os olhos fechados e esfregando as bochechas com as dela para sentir seus rostos se tocando, como um cachorro pedindo carinho.
-Vou desistir de mim, não de você - falou sussurrando juntamente com o menino.
-Não enquanto estiver ao meu lado, posso morrer tentando lutar pela nossa vida juntos - abraçou seu corpo com força e mentalizou fortemente um futuro mágico ao lado dela.
...
como se me buscassem de repente as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e me detive ferido pelo aroma errante.
...
-Bom dia! - escutou uma voz doce e com tom de felicidade ecoar alto pelo quarto.
Yongbok lentamente abriu os olhos e sentiu o sol encontrando com seu rosto, virou o corpo de lado e tampou a própria cabeça com o lençol.
Sentiu um carinho no próprio rosto e coçou a pupilas, sorriu doce para a pessoa sua frente e levou a mão para devolver o carinho no rosto.
-Bom dia, meu amor! - falou com a voz mais grave que o normal por recém ter despertado.
-Podemos passear no parque, papai? - a pequena menina perguntou graciosamente e com esperanças de uma resposta positiva.
-Óbvio! - respondeu sorrindo e a menina começou a pular de felicidade - Cada a mamãe?
-Na sala, fiquei chamando nome dela por um tempão e ela não me respondeu, parece uma estátua. - explicou com um tom magoado mas saiu do quarto do casal para brincar no próprio.
Felix suspirou e levantou da cama, caminhou até o espelho e encarou a si mesmo, deixou uma lágrima cair, pensou em tudo recomeçando como anos atrás. De tempos em tempos, s/n lidava com uma recaída, aquela dor insuportável sempre voltava, porém yongbok prometeu nunca desistir. Não havia um amanhã sem ELAS ao lado.
Ele caminhou até a sala e parou em frente ao cômodo reparando a mulher sentada no sofá e olhando fixamente para a parede com ilustrações de margaridas.
Levou os passos até perto e parou atrás do sofá, deixou mais algumas lágrimas cair e abraçou o pescoço da esposa por trás, que acordou dos próprios devaneios.
-Voltou, felix! - s/n falou baixo sem olhar para o rosto do marido mas fazendo um carinho nas mãos que abraçavam seu pescoço
-Eu sei - sussurrou no ouvido e abraçou com mais força até começar a chorar - Nunca vou desistir de você.
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maidenxpersephone · 1 year ago
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P.O.V.: A Noite dos Pesadelos
tw: interrupção de gravidez, violência leve
Estava escuro quando Perséfone abriu novamente os olhos e abaixava o braço que levantara para se proteger. Proteger do quê? O ar carregado de essência e terra, perfumado de um jeito que a lembrava de casa... Da infância passada no mundo humano entre flores e mortais. Ela olhou ao redor, tentando entender onde estava, e assim... Cegando a cada luz potente acendida, a Deusa da Primavera estancou.
I don't know what's worth fighting for or why I have to scream
Aquelas luzes eram abençoadas pelo poder de Hélio (não o adolescentezinho de Apolo), criadas para que as plantas crescessem sem se preocupar com mais nada. O brilho parecia refletir no ar, chamando sua atenção. Fazendo os pés andarem por entre a vegetação viçosa, perfeita. As folhas roçavam nas laterais, puxavam-na para o centro, e caíam... Murchas, quando ela se afastava. Um arbusto mostrou um fio de ouro grosso. E mais outro. Intricados num padrão que lembravam uma jaula. Seus dedos encontrando a resistência do vidro, da dureza do metal. E erguiam, curvando no topo e encontrando no centro. Um botão dourado ligado à haste redonda de uma gaiola.
Perséfone! Perséfone! Perséfone! As flores acordaram devagar, seu nome clamado no meio do perfume e entre as cores. Dançando, girando, agitando numa brisa inexistente. "Perséfone." A figura brilhou, disforme, do lado de fora. O rosto enorme fazendo a deusa recuar em susto, apenas susto. O olhos igualmente metálico piscando, ajustando o foco para si. "Você finalmente acordou, minha filha, ou ainda pensa nessa besteira de sair daqui?" Não conseguia ver nada além dos olhos de Deméter, do leve aborrecimento no franzir das sobrancelhas. A deusa não respondeu, incapaz de formar frases... De formular um argumento. "Perséfone, não adianta. Não vou deixar você destruir todo o seu futuro pelo deus do submundo! Ele não liga para você, meu amor. Não a acha mais do que uma menininha fútil e cabeça-de-vento. Um troféuzinho para exibir naquele lugar imundo e escuro." Um dedo amarelado surgiu na lateral, uma trava abriu e ele entrou. O dígito encontrando o rosto de Perséfone com carinho, alisando.
I don't know why I instigate and say what I don't mean
"Não vou destruir meu futuro, mamãe. Eu juro! Se você conhecê-lo, vai gostar de Ha-" O carinho transformou num cutuco, a força de um tapa virando o rosto da deusa da primavera. As sobrancelhas franziram em raiva, fogo brilhando dentro das íris caramelo metálico de Deméter. "Não ouse falar o nome daquele tirano, Perséfone. Ele não fez nada além de causar problema para todos nós! Ele e suas criaturas demoníacas. Não vê? Olhe ao redor, garotinha boba, olhe o que ele faz." Segurando o rosto, Perséfone olhou ao redor e percebeu... O som das flores cantando e dançando tinha parado, silêncio quebrado pelas folhas secas que caiam no chão e era arrastadas pela brisa. A água ficou escura, as árvores apontavam galhos secos para todos os lados. "Ele é a morte e o fim. Seu único trabalho é destruir o que toca. Destruir, Perséfone. O que você fará lá embaixo além de definhar? Não há sol, querida, nada cresce no Submundo. Você será subjugada, sua vida drenada. É isso que quer? Ser mais um fantasma, um fantoche, para esse bárbaro?" A boca abriu e fechou, a garganta dando um nó desconfortável. "Ainda farei tudo, mamãe. Tudo o que você quiser. Não vai mudar."
I don't know how I got this way. I know it's not alright.
A voz de choro doía nos ouvidos de Perséfone, assim como os joelhos empurrados contra o piso de pedra quando se pôs de joelhos. As mãos unidas em prece, pressionada contra os lábios. "Eu ainda sou sua filha, mãe, nada vai mudar. E o Submundo é cheio de vida sim! Uma vida diferente, mais solene, e tão merecedora de Primavera quanto o mundo humano. Mãe, eu-" Dessa vez foi mais forte a reação, porque Perséfone ouviu o osso estalar antes de ser atingida pelo peteleco gigante. O mesmo dedo pressionando a perna contra o chão, a impedindo de escapar. A deusa sentiu a lateral da cabeça abrir, o corte empapando os cabelos de sangue, porque preferiu abraçar a barriga e salvá-la do impacto. "Vejo que aquele selvagem conseguiu envenenar minha única filha. Porque a Perséfone que eu conheço, a minha verdadeira filha não me trataria com tanta rebeldia. Facínora, preponente, bárbaro. Ouça bem, Perséfone, ouça bem o que eu digo: ele não vai tê-la. Nem agora, nem nunca."
Deméter a arrastou pelo chão, o pesado dedo assomando sobre sua diminuta figura. Ela empurrava e forçava para longe, tentando tirar a pressão avassaladora sobre si. "Você tem ervas daninhas, Perséfone. Suas raízes estão contaminadas, suas flores estão manchadas. É preciso de uma medida drástica." O dedo começou a brilhar. "Primeiro, tire a planta doente do meio das outras." E não era isso que ela fazia? Prendendo-a naquela gaiola de pássaro disfarçada de estufa? "Corte a origem do envenenamento, force uma nova nutrição." Agora ela entendia morte das flores, de suas amigas. Estas trocadas pelo milho maduro e suas folhagens douradas, de colheita e fruto maduro. Domínio de Deméter. "Aí, só aí, você arranca as ervas daninhas. Você teve sorte, minha filha, que elas ainda são sementes. Será mais fácil limpá-la dos rastros dele."
So, I'm breaking the habit...
Perséfone não soube dizer o que aconteceu primeiro. Se foram as raízes rasgando o chão de pedra, prendendo o dedo da mão e o afastando de si. Se foi a coroa que segurava com força na mão esquerda, seus dedos brancos de esforço quando a colocava na cabeça. Ou se foi o rosto desaparecendo do outro lado, um momento assustador porque ela viria com mais força. Diminuiria seu tamanho para entrar na gaiola e exigir da filha o que acusava Hades de fazer. Quando o metal adornado de pedras preciosas, sua enfim perfeita coroa de Rainha de Submundo, tocou o topo de seus cabelos... Ela sentiu. Cada partícula desapareceu. Sumiu. Desapareceu. Um feito que apenas o elmo de Hades, de seu marido, tinha. Perséfone levantou e saiu correndo, desesperada, pulando para fora da gaiola para o abismo sem fundo.
I'm breaking the habit tonight
Estava escuro quando Perséfone abriu novamente os olhos e abaixava o braço que levantara para se proteger. Proteger do quê? O ar carregado de essência e terra, perfumado de um jeito que a lembrava de casa... Da infância passada no mundo humano entre flores e mortais. Ela olhou ao redor, tentando entender onde estava, e assim... Cegando a cada luz potente acendida, a deusa da Primavera estancou.
Levantou.
O corpo atravessou o casulo de raízes e flores criado em defesa própria, automaticamente pelos poderes que acumulava a cada dia. A coroa em sua cabeça, diferentemente daquela ilusão, não conferia invisibilidade. Não. Ela tornava o corpo permissível, intocável, inatingível. Seus olhos desgrudaram do casulo. O mundo voltando com força total aos sentidos da Deusa da Primavera.
Gritos. Monstros. Morte. Hades.
A coroa a deixava à parte, sem conseguir evocar as raízes. Suas flores móveis de braços cheios de espinhos permaneciam adormecidas. Mas... Assim que levantou as mãos, flores fantasmas saíram das palmas esverdeadas. Desfazendo no ar em pétalas e mais pétalas, envolvendo a criatura escura até o último espacinho possível. Grudando, apertando e caindo no chão. Secas, sem vida, destruindo tudo dentro. Perséfone adiantou-se para as primeiras crianças, puxando-as para trás de si enquanto começava sua caminhada pelo salão.
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madorosenpai · 9 months ago
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Compreendido
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Summary: Naquele instante, parecia que suas almas haviam enfim se aquietado ao terem encontrado alguém que as compreendia, mesmo que palavras não estivessem sendo proferidas.
Notes: Estou muito animada com o fato de que Mashle tem ganhado mais atenção ultimamente. Por conta disso, estou inspirada a escrever ainda mais histórias sobre esse universo encantador!
Então, sem mais delongas, boa leitura!
~*~
Era mais um dia como qualquer outro na Easton e um certo moreno de óculos escuros encontrava-se sentado à mesa da biblioteca com uma pilha de livros ao seu lado. A semana de provas estava para começar e ele não poderia se dar o direito de afrouxar. Especialmente porque após um reencontro caloroso com seu irmão, reerguera-se das cinzas e seguia empenhado em seu sonho de superá-lo numa determinação inabalável.
Após terminar outra bateria de exercícios de história da magia, Wirth levantou-se para buscar mais livros da matéria, pois poderia se dizer que era seu calcanhar de Aquiles. Nunca fora muito fã do assunto, já que este o despertava também um punhado de memórias ruins com seu pai, que o forçava a se dedicar através de punições físicas.
Suspirou em desagrado enquanto vasculhava as estantes. Tudo o que não queria era ter de se recordar do motivo dos seus traumas atuais. De repente, um estrondo vindo do outro lado da estante interrompeu seus pensamentos. Direcionou-se ao local de onde o ruído foi produzido e pôde ver de relance o motivo da algazarra: dois estudantes do terceiro ano da Lang acuavam um primeiranista que, a julgar pelas vestes azuis escuras, aparentava ser da Adler, a casa rival.
- Por favor, parem com isso! – Exclamava o rapaz numa tentativa falha de se defender das agressões dos valentões que agora pisoteavam em seus livros. - Calado, escória! Você é amigo de um sem magia! Você sabe qual o destino daqueles que protegem uma aberração como essa? – Questionou um dos valentões enquanto ria com escárnio.
- Tortura lenta e agonizante. A ponto de você desejar jamais ter nascido. – Complementou o outro em tom de desgosto. – Até mesmo a morte seria algo piedoso demais para você! – Nisso os dois tornaram a chutar incessantemente o mais novo, que tentava a todo custo proteger seu rosto com os braços.
Wirth ao presenciar essa cena simplesmente não conseguia ficar parado assistindo o aluno ser cruelmente agredido daquela forma. Quando os valentões estavam prestes a desferir mais golpes na vítima, o chão ao redor deles havia se tornado um completo lamaçal.
- Mas o quê... – Antes que pudesse proferir o restante da frase, os lábios de um dos valentões foram calados por um braço de lama que havia emergido do piso o imobilizando por completo em seguida. Enquanto o outro, confuso com tudo o que estava acontecendo ali, tentou fugir em vão, já que em um piscar de olhos seu corpo se encontrava afundando em uma espécie de areia movediça com aspecto de lodoso. - A única escória aqui são lixos como vocês que mancham a reputação da nossa casa! – Bradou enfurecido Wirth surgindo de dentro da lama, o que fez com que ambos os agressores se amedrontassem perante a presença do terceiro canino e sua aura sobrepujante tendo perfeita consciência de que desafiá-lo não era uma decisão sábia a se tomar. - Se mexerem com ele de novo, eu ficarei sabendo e só posso garantir que não verão mais a luz do dia. Entenderam o recado?! – Interrogou o Mádl, que ao ver os outros dois quase que instantaneamente assentirem em um estalar de dedos os liberta. Estes então não tardaram em se retirar da biblioteca no segundo seguinte.
- Você está bem? – Questionou o moreno ao estudante atacado estendendo-o a sua mão para ajudá-lo a se levantar, gesto esse que foi prontamente aceito pelo mais novo. - E-estou sim... – Respondeu o primeiranista ainda um tanto receoso e foi neste momento que Wirth notou uma mecha amarelada nos cabelos escuros do menor imediatamente o reconhecendo. - Ei, você é o amigo do cabeça de cogumelo! Finn, não é? - Isso mesmo... – Disse o menor analisando a expressão facial do rapaz à sua frente. Iria questioná-lo algo, mas foi interrompido por uma dor lancinante na região do abdômen fazendo com que gemesse amargamente com a dor e cambaleasse em meio à vertigem quase indo de encontro ao chão, não fosse o terceiro canino a segurá-lo.
- Nesse estado você pode vir a ter alguma complicação logo mais... – Proferiu em genuína preocupação e em seguida, colocou um dos braços do menor sobre suas costas servindo de apoio ao mesmo. – Vou te levar à enfermaria.
- Mas... - Sem protestos, você vem!
~*~
Na enfermaria, Finn repousava sobre seu leito estando coberto por algumas bandagens e esparadrapos em seu abdômen e em suas pernas também. Apesar dos hematomas evidentes, felizmente seus ferimentos não haviam sido nada fatais. Ele sobrevivera a mais um dia naquela bendita escola graças à pena de outrem.
”Parece que precisei ser salvo de novo...” – Essas simples palavras martelavam constantemente em sua cabeça, quase como um pesadelo o atormentando e do qual ele não conseguia acordar por mais árduo que tentasse.
Sinceramente, sentia-se um fardo aos seus amigos, duvidando até mesmo de como pudera ter sido capaz de ser aprovado no processo de admissão da escola de magia. Era desprovido de força bruta como Mash, carecia de habilidades e conhecimentos que Lance possuía, nem mesmo detinha a determinação inabalável de Dot ou o ânimo de Lemon. No entanto, todos pareciam estar se esforçando bastante. Tudo o que queria era poder retribuir seus esforços, por tudo o que fazem e já fizeram por ele, mas parecia que não importava o quanto tentasse, nunca seria o suficiente.
Todavia, o que mais o angustiava, sobretudo, era dar a Rayne o desprazer de tê-lo como irmão. Ele bem sabia do quanto o mais velho precisou abrir mão de si mesmo para que Finn pudesse chegar aonde se encontrava hoje. Se estava vivo agora era graças a ele, que abdicara sua infância e hoje desistia de sua juventude ao se tornar visionário divino. Tudo para que pudesse garantir um próspero futuro ao mais novo.
Todos esses anos de vida que seu irmão perdera foram sua culpa e, por mais desafiador que fosse, Finn almejava, ao menos, poder trazer um pouco de tranquilidade ao coração de Rayne, provar que era forte o suficiente para lidar com as coisas sozinho, que o mais velho poderia enfim descansar e aproveitar o restante dos anos da forma que bem entendesse, mas infelizmente, por mais que odiasse admitir, seu poder estava muito aquém do que poderia ser considerado aceitável. O destino parecia gostar de o preencher de esperanças, apenas para destruí-las em seguida e rir cruelmente de seu infortúnio.
“Perdoe-me, irmão, não consigo ser forte como você...”
De súbito, suas reflexões foram interrompidas por uma figura que adentrara a enfermaria e se dirigia ao seu leito. Finn reconhecera o moreno de óculos escuros trajando o capuz da casa Lang, fora ele o seu salvador na biblioteca.
- Como está se sentindo? – Questionou em perceptível preocupação.
- Bem, eu acho. Aliás, desculpe, não consegui te agradecer antes, mas obrigado! – Respondera o menor sem jeito.
- Não por isso! Mas eu ainda não entendi uma coisa...por que você não se impôs a aqueles idiotas? – Indagou o terceiro canino, enquanto puxava uma cadeira ao lado para sentar-se rente à cama.
Para ele não fazia sentido algum que alguém como Finn, com toda a resistência que demonstrara no torneio destinado a selecionar os futuros visionários divinos fosse incapaz de se defender. Era um dos poucos que acreditava no potencial do menor. Porém, a reação que obteve pela sua pergunta o pegou desprevenido. Os olhos verdes do mais novo estavam repletos de lágrimas, enquanto seu corpo estremecia em ansiedade. Parecia que estava a carregar um peso insustentável em suas costas.
- Desculpe por todo o trabalho que sempre dou! – Clamou em desesperança, enquanto as lágrimas desciam pelas maçãs do seu rosto.
A visão do rapaz em prantos à sua frente o fez compreender a conjuntura do cenário. O grande problema jazia na ausência de autoconfiança, funcionando como uma engrenagem que, ao se mover, trazia à tona todo o caos que estava a mente de Finn.
Essa sensação de impotência e desesperança em si mesmo lhe eram tão familiares, que seu corpo parecia se recordar com clareza de cada marca das agressões que já sofrera do seu pai, a razão de todos os seus traumas. Não fazia a menor ideia de qual teria sido o passado de Finn, mas tinha a certeza de que eram mais parecidos do que poderia imaginar.
No instante seguinte, Finn sentiu-se envolvido pelo moreno que o puxara para um abraço calmo e terno. Cerrou seus olhos aproveitando cada segundo desse momento precioso, que nenhum dos dois desejava encerrar. Naquele instante, parecia que as duas almas haviam enfim se aquietado ao terem encontrado alguém que as compreendia, mesmo que palavras não estivessem sendo proferidas.
“Eu te entendo porque eu e você somos iguais...” – Era o que se passava na cabeça do moreno até este ser interrompido pelos questionamentos de Finn a seguir.
- Você é um dos integrantes da Magia Lupus, não é? Desculpe, mas como você se chama? – Perguntou enquanto secava as lágrimas e abrindo um sorriso meigo.
O terceiro canino fez uma pequena pausa antes de responder, recordando-se brevemente de sua luta com Lance e sobre o conselho que o azulado o havia fornecido. Sorriu em genuína felicidade sentindo que aquele seria o início de uma bela e verdadeira amizade.
- Wirth, Wirth Mádl. Muito prazer!
~*~
Notes: De certa forma, essa história também é uma continuação de "Reflexo", apesar de ambas as histórias não estarem diretamente conectadas.
Eu sei que é difícil imaginar Wirth e Finn tão próximos assim, mas gosto de pensar também que o fato de serem ambos irmãos mais novos de 2 figuras importantes no mundo mágico gere uma certa identidade entre eles e isso possa dar origem a uma bela amizade.
Enfim, isso é tudo por enquanto. Até a próxima!
Edit: Credits to おちゅ一げん for the fan art!
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agsbf · 9 months ago
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Haha, como é divertido quando você vira a nova obsessão de uma yandere que tentou te matar. [Yukako X Reader]
Sinopse: Após ter sido sequestrada pela Yukako depois da estudante presumir que você possuía algum interesse romântico pelo Koichi, em uma tentativa de se manter viva acaba inventando uma mentirinha benevolente que na verdade tinha uma queda por ela. Posteriormente, ao ser rejeitada pelo rapaz, Yamagishi percebe que talvez sua outra alternativa não seja tão ruim assim, embora precise de uns reparos.
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{Avisos: comportamento yandere, sequestro, ameaça, palavrões e menções a violência.}
Lentamente abriu seus olhos percebendo estar em um local desconhecido, muito provavelmente um porão devido à falta de janelas e a umidade presente contribuidora de musgos no piso gasto de madeira, além das paredes. O ambiente era escuro, sendo iluminado por uma única lâmpada incandescente que estava pendurada no teto, seu receptáculo sendo segurado por fios gastos e desfiados a poucos metros de sua cabeça. De maneira resumida, o tipo de lugar que algum personagem de filme slasher mataria suas vítimas. 
Você riu desse pensamento descritivo estranhamente específico, talvez fosse sua mente tentando te distrair da péssima situação em que se encontrava, uma forma de se acalmar perante o cheiro da morte iminente, também havia a possibilidade de não ser do tipo que dava muito valor a vida, se irá morrer de qualquer jeito por qual razão fazer disso um espetáculo? Se remoer em arrependimento e pena não adiantaria muita coisa, no máximo um entretenimento gratuito para seu sequestrador. A diversão explicaria muita coisa na verdade, seu corpo inteiro estava dolorido, principalmente seu pescoço que parece ter sido estrangulado. O criminoso tinha força e poderia ter lhe matado se quisesse, isso é fato, estar viva agora prova que o cara te queria acordada, provavelmente pela adrenalina de ver o medo em seus olhos e apreciar a incapacidade devido as amarras da cadeira que prendiam seus membros, saboreando o desespero.  
Um som de porta se abrindo pôde ser ouvida, parece que o assunto chegou. Porém, ao invés de um velho barbado ou delinquentes juvenis, tudo que viu foi uma jovem de pele clara, cabelos pretos longos e ondulados, além do uniforme de sua escola. Você tem a sensação de que já a viu antes, sim, definitivamente a conhece de sobressaio, qual o nome dela? Anaku? Yunako? Lukako? Alguma merda assim. 
A garota se aproximou lentamente de você, cada passo trazendo uma espécie de peso ao ar já naturalmente tenso, possivelmente resultado da aura sombria que acompanhava a jovem. Seu rosto estava estóico, a princípio parecendo desprovido de qualquer emoção, mas podia sentir aquele ódio ardente presente nos olhos violeta destinado a ti. No mínimo irônico, as posições deviam estar invertidas e ela ser quem recebia o olhar de desprezo, todavia tanto faz, verbalizar tamanha importante observação não serviria para nada que não seja estressá-la mais. 
Finalmente seus passos param, a sequestradora estava a poucos centímetros de distância de sua cadeira.  
'YUKAKO!' Você pensa consigo mesma, finalmente se lembrando do nome dela. 
A estudante leva sua mão direita a suas bochechas, apertando-as enquanto te obriga a olhar para cima, em sua direção. 
"Escute vadia." Ela começa, tão delicada quanto um cavalo. "Você não estaria nessa situação se tivesse ficado longe do Koichi." Esclarece a jovem com tom repleto de veneno e repulsa, tomada pelo ciúme. 
Enquanto isso, a garota amarrada antes com medo, tem suas emoções substituídas por incredulidade pela situação. A única razão pela qual foi sequestrada provou ser uma mísera interação com um garoto de sua classe? Pelo menos esperava que Koichi estivesse devendo para um agiota e estivessem pensando que eram amigos, caso a Yukako estivesse fazendo isso por paixão deixaria a situação mais cômica. 
"Ele é meu." A sequestradora completa.  
'Que humilhante da sua parte.' Queria adicionar, mas testar o humor dela não parecia uma escolha inteligente.  
Honestamente, essa tinha que ser a piada do século, alguma pegadinha maluca dirigida por algum programa de televisão sustentado por uma audiência mais idosa ou um conteúdo humorístico criado por algum youtuber com um fandom baseado em Yandere Simulator. Era muito inacreditável para ser real, contudo, a expressão enfurecida no rosto da jovem mostrava que ela estava falando sério. 
Por mais que quisesse fazer um comentário sarcástico pela situação, ainda tinha um pouco de amor a vida, decidindo optar por tentar apaziguar sua sequestradora em uma tentativa de sair viva da situação. 
“Não tenho nenhum interesse no seu namorado. Todas nossas interações não foram nada menos que mera cordialidade.” Afirmou calmamente apesar da ameaça presente. Em nenhum momento mentiu, todas as linhas de diálogo que tiveram eram puramente oriundas de projetos escolares, não possuía nem ao menos vontade de pertencer ao grupo de amigos dele e vice-versa. Ainda assim, Yukako não parecia satisfeita, na verdade sua resposta indiferente apenas serviu para estimular o mau humor da ondulada, que novamente gritou: 
“Mentirosa! Reconheço um olhar de paixão quando vejo um!” A problemática te acusou, claramente exaltada.  
‘Um olhar de paixão, hein?’ Refletiu consigo mesma, não era o cenário ideal para trabalhar, mas poderia fazer alguma coisa com isso.  
Sua boca se ergueu em um sorriso irônico direcionado a estudante, junto com um leve bater de cílios. Sua expressão de adoração enquanto forçava uma voz igualmente doce, o tipo de estereótipo ‘garota popular quebradora de corações’ presente em filmes adolescentes com alguma lição de moral clichê. 
“Quem disse que o olhar de paixão era para ele?” A questionou, fazendo com que a garota erguesse uma de suas sobrancelhas, tanto por choque quanto por dúvida. 
“O que quer dizer com isso?” Claramente ela não sabia onde você queria chegar. 
“A pessoa pela qual meu coração bate, é você Yukako.” Antes que qualquer resposta pudesse ser falada, decidiu adicionar justificativas para soar mais convincente. “adoro absolutamente tudo sobre você, desde a forma que seu cabelo balança sob o vento, até como franze levemente a testa quando está zangada. Estou dando tudo de mim para não me afogar em lágrimas ao descobrir que seu coração já está reivindicado.” Exclamou teatralmente, deixando-a sem palavras e com aquela expressão séria típica no rosto, antes dela se recompor e afirmar friamente: 
“Desculpe, mas não sinto o mesmo.” 
“Eu imaginava isso.” Fingiu uma face triste, porém compreensiva, não querendo que ela imaginasse na possibilidade de que se te deixasse viva, mataria o rapaz por ciúmes. 
Sua sequestradora te soltou, ainda te dando uma carona de carro como pedido de desculpas e alguns remédios de dor muscular pelo estrago que fez em seu pescoço. Ligar para a polícia quando estivesse em casa nem sequer passou pela sua cabeça, ser o alvo de vingança dela novamente não era uma experiência que gostaria de ter. 
Então por que o destino tende a ser uma puta? 
Algumas semanas haviam se passado, sua rotina voltou ao normal e periodicamente encontrava Yukako de sobressaio. Vocês nunca mais se falaram, tanto pela estranheza de todo seu primeiro encontro quanto pela falta de necessidade de iniciar um diálogo.  
Atualmente, você e sua melhor amiga Harumi, estavam conversando no portão do colégio. Nada realmente importante, apenas conversa fiada típica de adolescente, pois as aulas acabaram há alguns minutos, mas sua carona ainda não havia chegado. Harumi, como sua fofoqueira favorita, comenta: 
“Você viu que o Koichi terminou com a Yukako?” Isso foi o suficiente para que qualquer resquício de sua atenção que não estivessem em Umi fosse direcionado a ela. 
“Espere! O quê?!” Gritou um pouco mais alto do que o considerado normal pelo choque da notícia súbita. A verdade seja dita, motivos para o rompimento do relacionamento era o que não faltava, mesmo assim, não esperava que o casal tivesse uma duração tão curta. 
“Fiquei assim também quando ouvi a notícia, menina!” Exclamou, antes de continuar o assunto. “Supostamente a Yamagishi hospitalizou uma garota que conversou com ele. Então eles terminaram e a barraqueira fez uma cirurgia no ‘Cinderela’ para conseguir atrai-lo de novo, mas o Koichi disse não.” 
“Nossa, complicado viu?” Você adicionou enquanto balançava a cabeça. Essa informação não te impressiona nem um pouco, mas dada a natureza reclusa de Yukako decidiu fingir-se ignorante. 
“Enfim, mas quem somos nós para julgar?” sua amiga disse, mesmo com uma expressão que indicava tudo menos neutralidade. Uma buzina foi ouvida, rapidamente se despediu, pois, sua carona chegou.  
Ao finalmente estar em casa, podia sentir uma aura diferente pairando o ar, apesar de tudo estar exatamente do mesmo lugar, intocado até, estava se sentindo observada. 
Optou por ignorar, seguindo sua rotina. 
Caminhando em direção ao quarto, deitou-se confortavelmente na cama, fechando os olhos para algumas horas de descanso merecido.  
Todavia, ao acordar, não estava mais naquele pequeno cômodo com nada mais que um futon, escrivaninha e guarda-roupa. Definitivamente não, o local era muito mais luxuoso, os edredons limpos com estampas simples e muitos travesseiros, quantia necessária para 5 pessoas no mínimo. Diferente da última vez, em que estava amarrada, seus membros estavam completamente livres, sentou-se na cama agradável e colocou o pé no chão, desfrutando da bela sensação de calor oriunda do material felpudo do tapete. 
Não! Isso não estava certo! Quem diabos lhe trouxe para cá? Será que... 
“Vejo que acordou. Dormiu bem?” Olhando em direção a voz, se revelou ser aquela pessoa que tanto temia: Yukako Yamagishi. Optou pelo silêncio, ela não parecia feliz com sua falta de resposta. 
“Não responder quando te perguntam é deveras rude, mas acho que não deveria esperar menos de alguém que fofoca por detrás das minhas costas” Você se sentiu pequena, diferente da última vez, em que bastou algumas palavras doces para apaziguar a garota, agora seria diferente, sabendo que a irritou demais por uma simples conversa. 
“Eu posso explicar!” Ainda que tentasse formar uma explicação, a estudante não estava nem um pouco interessada, apenas se aproximando lentamente como fez semanas atrás. De maneira delicada, colocou seus dedos em seu queixo, lhe fazendo olhar para ela: 
“Não estou brava.” sua expressão dizia o contrário. “Mas não se fala de sua amante pelas costas. Acredito que terei que te ensinar como ser uma boa namorada, já que seu comportamento é de uma vadia fútil.” 
Você estava ferrada. 
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hybristophile-bitch · 1 year ago
Text
Insidious - Além do que Sabemos - Dalton x Oc
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Tw: Linguagem imprópria, insinuação de sexo, violência,+18.
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A escuridão tomava conta do quarto em que estavam. Escorado na parede de um canto quase invisível pela falta de luz, Dalton se concentrava na voz aveludada de Chris ao seu lado, atenta aos olhos fechados do rapaz, enquanto os números desapareciam em uma contagem regressiva já começada aos dez, que agora continuava ao 5,- ...5...- a consciência de Dalton cada vez mais parecia menos presente. Os olhos cerrados dando a falsa sensação de estar entrando em um cochilo, ficaram mais leves ao escutar novamente o eco feminino que rodava o quarto com um sussurro, -...4...
Tentando disfarçar seu nervosismo, Chris contava os segundos rápidos e repetidas vezes em sua mente. Queria que tudo acabasse o mais rápido possível já que seu medo era bem maior que sua curiosidade sobre achar o espírito do jovem que acabou falecendo na festa da fraternidade passada. -...3...- o rapaz agora com a cabeça bem apoiada na parede, começou a ter seu corpo pesando sob o chão gélido, ficando desleixado e se espalhando tomando cada vez mais alguns poucos centímetros do piso.
...2...- mais a mente de Dalton se escureceu indo para longe. Sua cabeça não obteve apoio o suficiente e acabou caindo para o lado, se apoiando em seu próprio ombro, tendo seu rosto coberto por uma mecha de seu cabelo castanho com poucas voltas com o começo de fios cacheados. Seu corpo agora parecia inabitado, com sua respiração diminuindo como se ameaçasse não utilizar seus pulmões daqui em diante. -...1...- a carcaça agora ficou vazia, sua mente agora transportada para outro plano. Facilmente confundível com o corpo de um recém morto.
-Dalton?- Chamou Chris na esperança de ter certeza de que realmente estava acontecendo, de que realmente seu amigo poderia ser um viajante astral, e que agora estava perambulando ao seu lado sem que seus olhos inquietos pudessem o ver, mesmo depois de vasculhar o escuro cômodo várias vezes.
O silêncio tomou conta, deixando o suspense se espalhar na mente da garota, a fazendo se sentir mais tensa do que normalmente ficaria em uma situação que precisasse se esconder. O barulho de seu respirar era a única coisa que se ouvia no quarto. Parecia respirar mais alto do que o normal do dia a dia, até que o ranger da porta de madeira tomou conta trazendo a atenção até a saída que já estará aberta. Os lábios brilhosos se estenderam ao saber que a porta não se abria sozinha, mas sim sendo controlada por seu amigo que a passava.
Observando a grande madeira quadrada se fechar, como se visse Dalton a cerrando para que ninguém a visse e visse seu corpo sem vida, sua confiança foi depositada de que realmente estava tudo saindo conforme o plano, e que suas pesquisas sobre projeção astral estavam de fato certas. Seu celular foi pego e sua tela acendida, iluminando o rosto da garota enquanto apoiava suas pernas na escrivaninha ao seu lado, apenas tendo como pensado minutos antes, esperar seu amigo voltar com as respostas pelas quais achava que precisava.
O lampião que iluminava a face concentrada de Dalton brilhava em um azul bebê, que não se estendia muito pelo corredor pelo qual andava. Apenas era possível ver o chão em que pisava e o começo das paredes de madeira, pintadas com um marrom avermelhado, e o restante que se escondia nas sombras, podiam ser confundidas com o limbo do espaço inacabável, sem nenhuma pista de que poderia haver alguma continuidade.
Ouvindo os sons que ecoavam baixo no ar de uma conversa, o rapaz que parecia estar colorido com um azul acinzentado andou na direção dos sons. O ligar se tornou mais visível assim que se aproximava de uma das portas abertas, tendo os detalhes do lugar banhados em uma cor cinza escura, quase pálida, dizendo o caminho que deveria seguir.
Assim que adentrou no cômodo, observou o mesmo rapaz da festa da fraternidade da noite seguinte, junto de uma mulher desconhecida. Dalton se lembrava de ter sido avisado que o rapaz estaria estudando, por mais que não parecesse, e de fato não era. Seu rosto estava coberto por algo branco, como uma máscara facial. Mas estava quebradiça e caindo aos poucos, até que sua amiga pergunta também percebendo o estado do produto, - Vai ficar com isso até quando?
Não se ouviu nada mais além de um suspiro irritado vindo do rapaz enquanto a cama se mexia conforme ele se movia para sair do meio da grande cama de casal. Dalton assistia os passos alegres, e assim que se aproximou do banheiro, seu andar se tornou saltitante enquanto uma música invadia sua mente, o fazendo murmurar cantorias baixas da tal letra. Assim que abre a torneira de sua pia, as suas falas ritmizadas são transformadas em um barulho aquático. Ao mesmo tempo que o produto de seu rosto era retirado por suas mãos que massageavam seu rosto alegremente, suas pernas ainda se moviam em uma dança mais calma enquanto cuidava para que a água não molhasse o chão.
Os olhos de Dalton observavam atentamente ao redor, a procura da face fantasma que havia visto naquele banheiro horas atrás. Estava de certa forma confuso, já que esperava o ver de imediato. Estava sem ideia de como o encontrar. Observou mais um pouco o garoto ao seu lado dançando calmamente em frente ao espelho. Se olhava com admiração, observando seu corpo magro se movimentando. Os olhos que antes estavam agitados, agora se encheram pelo amor por si. Rapidamente andou até a porta que se encontrava aberta, se apoiando nas barras de madeira que saltavam da parede dando indício que ali era a porta, o rapaz diz alto para sua amiga, - Eu vou demorar!- em seguida fecha a porta. A única coisa que se ouve de sua amiga é uma frase com um tom incomodado, - Ugh, que nojo.
O rapaz vendo que não iria encontrar o garoto fantasma, decidiu que seria melhor voltar para o quarto onde seu corpo estava, antes que as coisas ficassem mais intimas e desconfortáveis. Dalton caminhou para fora do quarto, tomando todo cuidado possível para que não fizesse barulho, ou trombasse em algum objeto. Chamar a atenção de alguém com certeza não seria a melhor situação para agora.
De volta ao corredor, em sua mente apenas se passava que deveria voltar ao seu corpo o mais rápido que conseguisse. A essa altura talvez Chris já estivesse ficando preocupada com a demora. Porém, seus passos não se apressaram. Ainda assim queria caminhar com calma para ter certeza de que não havia passado por nada que fosse útil nesse plano. Ainda se encontrava curioso com o nosso mundo que havia descoberto. Suas pupilas observavam como o ambiente se escurecia conforme se afastava do quarto onde os dois adolescentes estavam. As paredes pintadas de claro começaram a se pintar de cinza, para mais na frente se tornarem um preto rachado por um azul acinzentado escuro,
-Dalton! – o som suave dos passos pelo chão amadeirado se parou subitamente ao ouvir o fraco sussurro que logo se dissipou no ar. Confuso, o menino observou ao redor para ter certeza de que realmente havia escutado algo. – Dalton! Acorda! – desta vez teve certeza de que não estava ficando louco. Seus pés se movimentaram em uma corrida apressada em direção ao chamado de Chris.
Os chamados não paravam, os sussurros pareciam cada vez mais e mais agitados e desesperados. Isso deixou Dalton preocupado com o que poderia ter acontecido. Porém, o corredor se tornou escuro de repente. Ainda mais escuro do que antes, tomando lugar da fraca luz acinzentada que insistia em continuar alguns metros afrente, agora tendo seu lampião a toda força para iluminar o caminho com seu azul claro.
Em contrapartida, Chris estava ao lado de Dalton, ajoelhada ao seu lado o chacoalhando para que voltasse logo, já que começou a ouvir conversas e passos perto do quarto que estavam. Não teria entrado em desespero se não os ouvisse tão perto, e um dos dois que conversavam dizendo que iriam entrar no quarto que havia sido trancado por dentro. Assim que os sons agudos das chaves começaram a estalar, a deixando em pânico, tentando pensar na melhor desculpa para justificar os dois naquele quarto sozinhos, com Dalton desmaiado, o cômodo se tornou totalmente escuro, com um barulho suave, porém agudo que se foi diminuindo como se estivesse sumindo. As luzes haviam sido apagadas, e não apenas aonde os dois estavam, mas sim na casa inteira.
Seus olhos arregalados se focaram nos barulhos agitados da entrada do quarto, mas não se seguraram por muito tempo, já que giraram pelo lugar, tendo certeza de que não era apenas algo de sua mente, que estavam sozinhos sem nenhum tipo de fantasma os observando. Por mais que a garota não tivesse medo do escuro igual Dalton, ainda assim não o considerava um amigo parceiro. Os lábios carnudos se apertavam e se soltavam enquanto seu corpo lutava contra si mesmo para que saísse do transe que a congelara na mesma posição por alguns segundos, que mais pareceram horas.
Ouviu-se múrmuros de curiosidade e medo por de trás da porta, mas logo luzes apareceram debaixo da porta, iluminando o chão pela pequena fresta que limitava a separação entre o chão e a porta. A garota jurou não se meter mais nesse tipo de situação. Sabia que se fossem pegos, teriam eu responder um interrogatório inteiro, e provavelmente ela teria de achar alguma desculpa para aquilo. Ela pensava enquanto voltava a sacudir o garoto, que ainda não havia voltado e continuava apagado.
Dalton suspirou rápido e fundo, e continuou com os passos apresados enquanto virava o corredor. O lampião balançava em sua mão que apertava a alça do objeto com toda força. A respiração se tornou uma bagunça, se desequilibrando com respiradas rápidas e trêmulas por conta do frio que agora o consumia. Não se lembrava de estar tão frio como estava neste momento. Algo havia acontecido, e ele não sabia o que era. Fumaça saia de sua boca e nariz, seu corpo começou a se esfriar como se estivesse se tornando um cadáver sem o quente sangue que circulava. O silêncio sem os chamados sussurrados apenas serviu para deixar o momento tenso e agonizante, lhe vindo em sua mente o pior que poderia acontecer: terem pego Chris e seu corpo.
Em um momento em que não prestava atenção em mais nada ao seu redor, apenas concentrado em chegar até sua amiga, não percebendo o quão longo o corredor havia se tornado, da parede, quebrando as madeiras e a tintura, um braço surgiu em direção ao rosto do rapaz, quase o agarrando se não fosse sua agilidade ao se desviar para baixo, observando de onde havia surgido a cadavérica parte que se movimentava raivosamente, em seguida se escutou o grito desesperado e choroso, - FECHA A PORTA!!- o grito era conhecido, e o dono também. Por alguns poucos centímetros não sentiu a gélida e sem vida pele do outro menino, mas foi o suficiente para que tropeçasse em seu próprio pé e deixasse sua única fonte de luz cair no chão, tendo a visibilidade diminuída. Havia o encontrado, mas agora o tempo era curto, o ar se transformou em algo pesado que parecia pesar em seus pulmões enquanto corria para se afastar do fantasma, esquecendo completamente de seu lampião que brilhava cada vez menos a cada passo.
Havia escapado do espírito do banheiro, que ainda continuava a gritar, não amenizando o sentimento de agonia que Dalton sentia. Suas pernas se recusavam a pararem até achar o quarto. Porém, algo estava errado, já era para ter chegado. A casa não tão grande a ponto de ser difícil achar um cômodo. Nem era tão grande para ter mais de dez quartos em m corredor único. O rapaz estava estranhando já a demora, mas estava hesitante em parar para pensar melhor. Entretanto, novamente sentiu a sensação de que algo estava modificando o ar. Não precisou olhar para trás para saber que algo rastejava em sua direção. Suas orelhas podiam ouvir os passos pegajosos e desesperados dos pés e das mãos da criatura sob a madeira que rangia violentamente conforme o tal ser se aproximava.
Sua respiração começou a falhar assim que percebeu que tudo isso poderia não acabar mais. Os passos rápidos e seguidos da criatura infestavam sua mente pedindo por ajuda, qualquer ajuda, qualquer um que estivesse perto. Não queria ser pego nesse momento. Sua cabeça tomou coragem e se virou o suficiente para sua trás. Se deparou com as costas de algo negro que corria de quatro como se estivesse com os ossos fora de seus lugares. O barulho se fez presente agora. Suas mãos peladas assim como suas costas e seu rabo que balançava alegremente, os membros que se quebravam a cada movimento produzindo algo agoniante de se ouvir, não sabendo se a carne ou os ossos era o problema, junto dos grunhidos arfados que pareciam estar vindo de uma dor irreparável.
Ouvindo os passos atrás como se estivesse centímetros de o tocar, Dalton tentou correr mais, mas o ar que estava congelando seus pulmões o impediram de conseguir dar seu melhor. Sua camiseta começou a ser puxada para o chão, uma pequena parte que se assemelhava a uma pedra de gelo tocou o começo de suas costas, e em seguida ouviu-se um som de algo que pareceu se rasgar com força. Um pedaço da borda de sua camiseta havia sido jogado fora pelas garras apodrecidas da criatura. Seus grunhidos se intensificaram ao perceber que não o havia pego. Gemidos de dor surgiram junto de sua velocidade. Sua garra se direcionou a batata da perna do rapaz.
Antes que conseguisse o derrubar, uma luz roxeada tomou conta do lugar, revelando o corredor novamente, mostrando para Dalton o lugar que estava, o relembrando de seu objetivo fracassado, em seguida uma silhueta mais alta que si se pôs entre o mesmo que se freiou para observar a situação, após quase cair novamente, o rapaz encara o corpo que era bem esquisito e totalmente diferente do plano que estava.
O lampião com formas ponteagudas e esguias foi levantado reforçando a luz roxa, e com uma rajada de algo que se assemelhava ao vento, porém não ouve nenhuma ventania, o ser que o perseguia rugiu de maneira dolorosa, desaparecendo na escuridão. Os dois coques que se exibiam no topo da cabeça do ser desconhecido chamaram a atenção com suas cores incomuns. Pintado de um roxo forte o lado direito, e de cor natural castanho escuro o lado esquerdo junto de um acessório na forma de uma borboleta na parte de trás que se destacava. Seu casaco era largo de um tom pastel do roxo com alguns doces bordados, parecia usar um shorts preto com algumas estampas e decorações douradas, meias que começavam no meio das grandes coxas, e um cachecol preto com sua ponta longa e rasgada.
- Vambora. A Chris tá quase chorando. – uma voz aveludada tomou conta do lugar, enquanto a garota se virava para Dalton. Havia um único olho que se amostrava em um vermelho brilhoso sangue. O Outro era escondido por uma franja da cor castanha. As cores do cabelo haviam se invertido. Era muito detalhes para serem pegos de uma única vez. A garota era estranha e incomum. Provavelmente um espírito de alguém que já partiu do plano físico. Seu rosto continha um óculos roxo escuro, em suas bochechas ao lado de seus lábios dois cortes que formavam um sorriso por cima de uma cicatriz com sete triângulos precisamente era mostrada, com linhas coloridas costurando os cortes. Uma camisa roxa com um decote generoso, mostrando a tatuagem incompleta de um galho com espinhos era exibida.
Uma última olhada na garota de cima a baixo, a analisando fez Dalton criar um pouco de coragem para perguntar, -Quem é você?
Ela suspirou fundo como se já esperasse por essa pergunta. -Gabrieli.- em seguida, sua mão direita se direcionou ao pulso do rapaz, o fazendo sentir a quentura de sua luva preta que cobria até a metade de seus dedos. Em seguida começando a caminhar. O silêncio tomou conta dos dois que caminhavam de maneira despreocupada até o final o corredor. Assim que viraram, Dalton resolveu que iria quebrar a ausência do som, - O que é você?
- Muitas coisas. Mas menos um anjo. – uma resposta que gerou ainda mais perguntas. Mais alguns passos, e haviam chegado num quarto com a porta aberta. Entraram, e o garoto viu Chris tentando inventar sua desculpa ao lado de seu corpo seu vida para os dois adolescentes que os flagraram. Dalton olhou para Gabrieli que inclinou sua cabeça o indicando para ir para seu corpo. O rapaz caminhou até si, antes de voltar a vida, observou por última a garota incomum, percebeu em sua sombra dois pares de chifres e um rabo. Por enquanto decidiu ignorar, e finalmente recobrou sua consciência, acordando com uma respiração necessitada de ar, como se estivesse dentro da água se afogando.
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