#o barão nas árvores
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blogdojuanesteves · 5 months ago
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VIAGEM PITORESCA PELO BRASIL > CÁSSIO VASCONCELLOS
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Ainda criança na casa de sua família, o fotógrafo paulistano Cássio Vasconcellos, hoje com 58, anos ouviu falar muito de seu trisavô Ludwig Riedel (1790-1861), renomado botânico berlinense, que acompanhou no Brasil a icônica expedição do também alemão  Barão Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852) colecionador de espécies e estudioso da natureza. Assim, desde que se lembra, o imaginário dos chamados "artistas viajantes" não lhe saiu da cabeça, como as florestas brasileiras sempre impulsionaram sua criatividade e gosto por esta estética.
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Em seu belo livro Viagem Pitoresca pelo Brasil (Fotô Editorial, 2024) Vasconcellos remonta a publicações quase homônimas em seu título, uma certa homenagem a Voyage pittoresque et historique au Brésil, do francês Jean Baptiste Debret (1768-1848) publicado inicialmente em Paris, em 26 fascículos, durante os anos 1834 a 1839, formando um conjunto de 3 volumes e Malerische Reise in Brasilien, de 1835, do artista alemão  Johann Moritz Rugendas, ambos com algumas versões brasileiras. Para este livro o fotógrafo percorreu vestígios da Mata Atlântica em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. 
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Mais recentemente seguindo o mesma estética do"Pittoresque" (que faz referência às impressões subjetivas desencadeadas pela contemplação de uma cena paisagística em relação à pintura) temos a obra do paulistano Antonio Saggese, com seus livros  Pittoresco (Edusp, 2015) e Hiléia (Editora Madalena,2016) [ leia reviews aqui. no blog em https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/152956262256/hil%C3%A9ia-antonio-saggese e https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/132665968846/pittoresco-antonio-saggese ] que recorrem a esta mesma dinâmica gráfica de Vasconcellos na criação de uma imagem marcadamente tão interessante quanto sublime,  seja em sua concepção formal, estética ou conceitual quando tratamos da sua representação mais extensa.
Cássio Vasconcelos iniciou este livro por volta de 2015 ainda que seu interesse pela  natureza venha da família logo cedo, para ele a estética é muito interessante. Como ele mesmo conta: "Resolvi criar um diálogo com estes trabalhos originais quase 200 anos depois, mas através da fotografia." Sem dúvida a plasticidade formatada pelos europeus encontra eco nas suas imagens, resultado de complexas operações, a começar pela captura das imagens: "diferentemente da pintura, preciso, de início, localizar o lugar certo  e com a luz ideal, para que seja possível executar o posterior tratamento das fotografias e chegar ao resultado final. É diferente do pintor que pode acrescentar ou remover uma árvore do lugar por conveniência, porque a luz não é suficiente." Em meio a riqueza da flora brasileira, a aproximação com as etchings e litografias deixadas por eles reverberam elegantemente nas imagens. 
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Em Viagem Pitoresca pelo Brasil as imagens de Vasconcellos estão em ótima companhia com  textos de Julio Bandeira: "Natureza e Cultura, a mata e a busca pelo sublime." O autor é Doutor em Teoria e História da Arte pela Universidade de Essex (Reino Unido), Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ; sócio do Instituto Histórico Geográfico do IHGB e faz parte do corpo de pesquisadores da Biblioteca Nacional. Já publicou mais de 30 livros, sua maioria dedicados a pintores viajantes. 
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Para Bandeira, se na obra de Debret, a natureza é um complemento cenográfico para inclusão de indígenas, com imagens pintadas ao natural, na obra de Cássio Vasconcellos muitas dialogam com a contemporaneidade. No seu prazeroso texto para os que cultuam as chamadas "Brasilianas" outros preciosos autores também aparecem como o médico e botânico bávaro Carl Friedrich Philipp von Martius ( 1794-1868) mais conhecido apenas por Martius; o gaúcho Manuel José de Araújo Porto-Alegre ( 1806-1879) e Rugendas entre outros.
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O que é certo que o fotógrafo não faz uma "pintura", muito menos emula outro trabalho e sim fotografia, com anos de seu aprimoramento em diferentes técnicas, cujo resultado é mais próximo de uma Etching ( gravura em metal). No entanto, a proximidade com os viajantes dá-se pelo clima que Vasconcellos imprime em suas imagens que abdica de personagens como os propostos por Debret e Rugendas, a não ser por um grupo de fotografias que fazem contraponto com as folhas estudadas por seu trisavô que estão em museus como o Smithsonian, onde nestas a figura humana, homens e mulheres nus, extraídos de pinturas do final do século XIX, acomodam-se em lâminas e estampas mais românticas, uma profunda pesquisa para que estas amoldem-se nas grandes árvores registradas.
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Na pesquisa pelos lugares, um elemento chave do fotógrafo foi o brasileiro Ricardo Cardim,  botânico e paisagista, mestre em Botânica pela Universidade de São Paulo, que atua com biodiversidade nativa e arqueologia botânica para restauro da paisagem natural, que abriu algumas trilhas ao seu lado. É dele também o ótimo texto "A redescoberta do Brasil". Para ele, poucos lugares na Mata Atlântica, a "Caeté", floresta verdadeira, ainda não foram palmilhados pela atual civilização após dois séculos: "Não se veem mais nas matas as grandes árvores seculares, de troncos com metros de diâmetro  e altura acima de 40 metros." Entendemos então que Viagem Pitoresca pelo Brasil não é apenas mais um livro a provocar estese mas também um libelo do autor. "É nesse drástico cenário herdado nas primeiras décadas do segundo milênio que Cássio Vasconcellos expõe sua obra sensível de uma paisagem esquecida e desconhecida pelos seus proprietários, a população brasileira." diz o botânico.
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Um dos belos conjuntos do livro são as reproduções de  "Exsicatas" montadas por Riedel, trisavô do fotógrafo, uma amostra de planta que é prensada e em seguida seca em uma estufa, com temperatura acima apropriada para o material, que posteriormente são fixadas em uma cartolina. Vasconcellos conta que o design gráfico Fábio Messias descobriu-as em suas pesquisas para o desenho do livro. Elas fazem o contraponto em páginas que desdobram-se com as imagens de elementos humanos encartadas no meio da publicação. Segundo o autor: "Muitas dessas pinturas (nus) são realistas. As que eu usei parecem mais com fotografia, e a fotografia final parece com a pintura. As  pinturas escolhidas foram produzidas após a invenção da fotografia."
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A curadora e crítica Ana Maria Belluzzo, curadora da mostra homônima do livro na galeria paulistana Nara Roesler, ( de 17 de agosto à 12 de outubro deste ano) professora no Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo ( FAU-USP) e autora do livro Brasil dos Viajantes (Metalivros,1994) escreve que o arqueólogo francês Conde de Clarac, em seus desenhos, gravados  em metal por Claude François Fortier ( 1775-1835) foram a referência para os "artistas viajantes"do século XIX. Ela destaca a obra de Vasconcellos: "O artista apura valores valores inerentes à fotografia, acentua e transforma registros do real, que são interpretados com aplicação de recursos de edições digitais".
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Em seu texto no livro "No coração da floresta: fluxos e batimentos", a curadora portuguesa Ângela Berlinde acerta em que poucos artistas moldaram o escopo da arte contemporânea e influenciaram a fotografia no Brasil, mais do que Cássio Vasconcellos. Para ela: "no gigante dos trópicos o fotógrafo atreve-se à construção de uma nova cartografia pessoal, fitando as vibrações da travessia com coragem e transgressão. A sua poética  desconcertante está em conduzir o dentro e o fora da sua obra, ao testar os limites e transgredir fronteiras." De fato, é só nós lembrarmos que vem sendo assim há algumas décadas, desde que o fotógrafo construía suas imagens marinhas nos anos 1980 emulsionando papéis artesanalmente; ao usar sua SX70 para Polaroids autorais nos anos 1980 e 1990 com seu livro Noturnos ( Bookmark, 2002); ou quando passou a criar com a fotografia aérea suas perspectivas urbanas inusitadas  que resultaram no seu livro Aeroporto ( Ed. Madalena, 2015) entre tantos outros desafios que marcaram de forma indelével a fotografia brasileira e internacional.
Imagens © Cássio Vasconcellos.   Texto © Juan Esteves
Infos básicas:
Concepção e fotografias: Cássio Vasconcellos
Edição: Eder Chiodetto
Textos: Ângela. Berlinde, Julio Bandeira e Ricardo Cardim
Co-edição: Fabiana Bruno
Design gráfico: Fábio Messias ( Zootz comunicação)
Coordenação Editorial: Elaine Pessoa
Edição bilingue Português-Inglês
Impressão: Gráfica e Editora Ipsis- 1000 exemplares, papel Munken Lynx Rough e Pólen Bold
para aquisição: www.fotoditorial.com
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scottmiles · 2 years ago
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✦ ✦ 𝑻𝒉𝒆 𝑹𝒆𝒄𝒌𝒐𝒏𝒊𝒏𝒈 --- Quando você passa pelos corredores da academia, todos se atentam aos seus passos, afinal é o grande MILES SCOTT MACLEON, o barão de Jedburgh da ESCÓCIA, tendo nascido em MILLPORT no dia 09/12/1996. Mesmo sendo IMPULSIVO E TEIMOSO, você conseguiu chegar ao 7º ANO, porque também é bastante DEDICADO E GENTIL ainda com a tenra idade de 25 ANOS. Dizem que se parece com RUDY PANKOW, mas são apenas boatos!
CONNECTIONS.    HEADCANNONS
SIGNO: sol em sagitário, ascendente em touro e lua em peixes. ORIENTAÇÃO SEXUAL: bissexual. MBTI: ENFT-P — ativista. MORAL ALIGNMENT: chaotic good. SQUAD: Banda Royale EXTRACURRICULARES: educação musical, clube de artes, comitê de serviço social e pratica hipismo. TRAITS: + Dedicado, gentil, justo, animado; - Impulsivo, teimoso, ansioso, irresponsável AESTHETICS:  Horse rides, wood made nirvana drumsticks, golden retriever energy, counting in your head to ease anxiety, the sound of a bong when you take a hit. 
BIOGRAPHY.
Como um típico garoto do interior, Miles sempre foi ensinado a ser autossuficiente, e a ser grato por poder aproveitar tudo que a natureza poderia fornecer. Cuidava do gado com seu pai, ajudava sua mãe na horta, amava andar a cavalo e subir em árvores, apesar de tudo teve uma infância feliz. É o segundo de três filhos da família. O mais velho seguia à risca os ensinamentos do pai e o mais novo era jovem demais para partilhar de qualquer ambição. Porém a curiosidade de Miles era maior que o senso de dever. As histórias que ouvia de seus pais e lia nos livros, apesar de escassas, comprovaram que o mundo era muito maior do que aquela fazenda, ou aquelas montanhas que observava no horizonte. Fato era que se sentia mais preso do que o gado que se limitava ao curral, mas sabia que o mundo comportava incontáveis outras maravilhas, experiências e pessoas. 
Quando, em seu aniversário de 15 anos, seu pai finalmente o levou para conhecer a capital, pôde constatar o quão certo estava. A agitação da cidade, os sons de passos e infindáveis vozes na multidão, os carros que via passar tão raramente no interior, tudo o encantava. Sua alegria teve fim quando soube de toda a verdade, de como todas as oportunidades que teria na vida lhe foram tiradas. É claro que sabia o que significava fazer parte da família real, os livros de história e jornais que ‘roubava’ de seu pai lhe davam conhecimento o suficiente para saber o que perdera. Um sentimento de fúria lhe tomou conta, pela primeira vez Miles gritou a plenos pulmões que odiava seus pais. Como puderam sustentar tal mentira por tanto tempo? E por que nem seus irmãos pareciam se importar com aquilo? Claro que amava sua família, mas aquilo era demais para aceitar.
Foi inevitável sua saída de casa, não suportaria mais viver naquela realidade, não depois de experimentar o que sua vida poderia ter sido. Seus pais respeitaram sua decisão, lhe dando até um certo apoio financeiro. Era o mínimo que podiam fazer, afinal. Começou a estabelecer uma vida normal em Edimburgo, Miles usava o dinheiro dos pais para conhecer a cidade, viajar pelos arredores, experimentar coisas das quais nem sabia da existência. Porém não largou a responsabilidade de terminar seus estudos, e até arrumou um emprego como funcionário em uma padaria local.
Mas aquilo não era realmente o suficiente, não estava feliz, sabia que tinha direito a muito mais, seu sobrenome era valioso demais para ser desperdiçado. Por isso, indo contra a opinião de sua família procurou a família real, esperando que depois de tantos anos ficariam contentes em ver alguém da família. Terrível engano. O garoto foi tratado com um desprezo velado, como se fosse um caipira oportunista que só veio tentar enriquecer às custas da realeza. Porém aquilo só foi capaz de instigar ainda mais a busca pela justiça, por si mesmo e por sua família, e por isso insistia na relação sanguínea com a realeza.
Desafiou a família real, e com certa ajuda interna, entrou para a Academia Real Preparatória. Era um nobre, afinal, primo do príncipe herdeiro, era seu direito estudar na instituição. Tal decisão, porém, veio acompanhada de consequências: não tinha mais apoio financeiro de seus pais. Miles se tornou o primeiro nobre a entrar na instituição sem nenhum direito à riquezas ? Provavelmente. Mas chegou muito longe para desistir, e fará o que for preciso para satisfazer suas ambições.
PERSONALITY.
Desde jovem Miles era descrito como um menino curioso e sonhador, sempre teve muito interesse em conhecer o mundo, sua história e características inerentes a ela. Porém tanta curiosidade incomodava principalmente seu pai, diante da magnitude do que estava escondendo. Com o tempo sua curiosidade foi se tornando ambição em conhecer coisas novas e conquistar uma vida melhor. Quando soube de toda a verdade, uma certa rebeldia adormecida veio à tona. Sua mudança para Millport foi como um divisor de águas. Experimentou desejos, prazeres e curiosidades que jamais teria acesso no interior escocês. Tornou-se alguém que gosta de assumir riscos, experimentar coisas. Sempre está presente em festas, tanto para curtir quanto para praticar seus ‘negócios’; gosta de se sentir querido por seus amigos, é uma pessoa gentil e com grande senso de justiça. Sente-se um tanto deslocado na Academia pela presença de tantas pessoas frias e manipuladores, o que acaba sendo o contrário de sua personalidade.
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nonsensemarcos · 11 months ago
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Então, foram lá e fotografaru tudo. Salmonela. Ajambraram (essa é das que impressiona) um papel couchê, ou algo assim, lembro do canson, uma tentativa frustrada de fazer um curso de desenho de observação, a professora insistia em falar sobre uma viagem ao Peru. Acho que pegou um ônibus (buzzer) cuja viagem demora seis dias. Como é que vocês fizeram pra fumar, imaginei. A hesitação continua sendo o melhor meio de transporte aos que ainda gostariam de se tornar Cormac McCarthy nessa altura da vida e dos eventos. Uma tremenda maturidade auspiciosa essa de mirar no podium mais alto da cultura literária deles e tentar traduzir isso pros (como Eles lá dizem) afegão-médio ou a grande Ironia abençoada que é usar o termo Pindorama pra se referir ao Bananão, quer dizer, ao seleto grupo de homens escolados : São Paulo, Londres, o Mundo. Algum pulha da FGV dando o parecer no Jornal (qualquer um) enquanto eu examino a Maria Fumaça que nunca mais funcionou ou seriam as asas do avião da Panair que um imigrante ilegal mexicano tentou subverter, praticando ali mesmo seu esporte favorito. Surfar asas de avião. Tudo deveras constrangedor, essa linguagem barroca à disposição de técnicos do IPHAN e outras galhardias, a palavra nem deve ser essa, mas sinto que rola uma medição natural, ombro a ombro mesmo, de quem acha que fez muito e sofreu um bocado e vá lá, cometeu a candura de cometer poesia comparando os braços do avô parrudo com os de um galho de um JEQUITIBÁ. Não, outra árvore menor, aquelas com galhos distorcidos do cerrado e com certeza aquelas palavras do velho eram de incentivo à competição entre as crias. " Quem puder mais engole o outro " assim sem vírgula mesmo. Minha vontade era só ceder espaço ao fluxo e não pontuar nada de nada não. Manter aquele certo purismo surrealista do fluxo de consciência e da primeira ideia (nem sempre a melhor) que o acaso da imaginação ou da concentração exige. Mas fomos obrigados a pensar em portfólio, cadastro, meu gov ponto bê érre e outras formas de controle sistêmico pra MODO de evitar as fraudes. Ar Fraud. Freulein!? Jesus, man, you're losing control already. Foi aquele cafezinho na recepção da FGV , logo ali na Estácio com a Barão de Inhanhume. Um endereço que você nunca vai ver na vida porque sempre estará mais concentrado em se apresentar decentemente pra uma patuleia de iniciados, entojados, seres ruminantes de uma autoridade sísmica diante dos atos arrivistas e o doce financiamento de um Banco (não chega a ser estatal, mas a mutreta do funcionamento interno com certeza obedece aos valores do Mercado). Seu Otacílio por outro lado nunca fecha as portas de seu bar, o Comorbidade's. Está lá o tempo todo atendendo a clientela, sisudo, não gosta de small talk e tem lá o meu respeito. Embora isso tudo acabe se convertendo no mesmo modelo que eu acabei de desancar. Pútrido e classista, seleto em sua variação de escolher apenas espaços exclusivistas onde só põe o pé quem tem carro próprio e auto-estima Montessoriana ou WALDORF (As varizes de Polly Pink Ceiling). Um Pet-shop financiando as dores e patrocínios de uma vidinha quântica, ouvindo Gilberto Gil cantar as dores do seu povo excluído. Carnavalizando essa experiência misturada com um não-sei-o-quê ensimesmado, um arzinho de lavanda em meio ao chorume que escorre da poça de lixo acumulado na esquina. Ah, o curso de desenho de observação. Eu até que me saí bem, desenhei uma pia batismal e abandonei as aulas duas semanas depois. Aprendi muito com aquela performance, só não tirei a roupa porque aí eu teria coadunado a expressão de que quem quer aparecer deveria colocar uma melancia na cabeça ou até um relógio quebrado consegue informar a hora certa duas vezes ao dia.
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vicklvndia · 2 years ago
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Nome: Edward John Davenport.
Idade: 30 anos.
Ocupação: lord Davenport.
Orientação: Heterossexual.
Verse: bridgerton.
Origem: Escócia.
FC: Max Parker.
Status: Fechado para plots.
˛ ⠀ ⋆ ⠀ ✶ ⠀ ⠀ ៹  Pinterest. ⊱
Edward Davenport, terceiro filho do Barão de Canterbury, nasceu em uma casa de campo no interior da Escócia, ainda que seu pai fosse inglês. Foi uma exigência de sua mãe, escocesa, que todos os filhos nascessem lá, para que se sentisse próxima de seus ancestrais e tradições. E assim, poucos meses após o nascimento, Edward fez sua primeira viagem de navio, para que fosse instalado junto da família na Inglaterra.
Desde cedo, ele demonstrou uma conexão especial com a natureza e os animais, passando horas brincando no campo e escalando árvores, mesmo que seu pai o repreendesse em determinadas situações, exigindo um comportamento adequado. Seu pai e irmãos foram seus mentores, transmitindo-lhe sabedoria e ensinando-o sobre os valores de honra e integridade. 
Apaixonado pela astronomia, foi essa a especialização escolhida em Eaton enquanto estudava. Foi lá também que seu vínculo com os Carmichael se estreitou, ainda que fosse três anos mais velho que William. Àquela altura, já encontrava-se em um arranjo com Clementine, casando-se após a formatura. As duas famílias sempre haviam sido próximas, por conta da origem escocesa, e sua mãe não poderia achar uma única moça em Londres que considerasse mais apropriada para ele, do que Clem.
Com o passar dos anos, Edward manteve-se fiel aos seus princípios e valores, tornando-se um homem respeitado em sua comunidade. Sua inteligência e perspicácia eram evidentes em cada decisão que tomava como proprietário de terras. Sua dedicação em manter o bem-estar de sua família e terras foi o que tornou o Lord Davenport alguém respeitado na alta sociedade.
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jornal-lacosdeambicao · 2 months ago
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Falecimento e escândalo
A família Kojirou anuncia a morte da marquesa Asuna Kojirou.
Ela caminhava com a filha, Lady Hiruna Butterfield, até o templo perto de sua residência que costumava visitar frequentemente, quando começou a sentir-se mal. Após desmaiar, a filha pediu ajuda e pessoas por perto auxiliaram a levá-la para casa, mas antes de chegar, a marquesa já não apresentava mais sinais de vida.
Ela foi uma mulher de muita influência na nobreza de Komorebi e também uma mãe amorosa. A cerimônia será feita seguindo os costumes komorebianos e suas cinzas serão levadas para a residência onde viveu por tantos anos no marquesado da família.
Porém, durante a preparação da cerimônia, um burburinho foi se alastrando pelos corredores da mansão, sobre uma discussão entre o barão Joshua Butterfield e a esposa. Isso tudo começou depois da visita inesperada da jovem Desiree Ballad à mansão Kojirou.
Chovia muito naquela noite, com raios e fortes ventos. Desiree passeou por Komorebi com amigas, e estava a bordo de uma carruagem com o brasão da família Hapsburg, fazendo o caminho de volta para Brindleton. Quando um raio atingiu uma árvore que despencou em cima da carruagem. As moças saíram com vida, mas ficaram encharcadas e não havia nada nem ninguém conhecido por perto para as acudir. Enquanto o cocheiro tentava levantar a árvore, Desiree foi andando sozinha para encontrar abrigo, quando viu a uma distância, as luzes da mansão.
O marquês Shiro Kojirou estava na capital para resolver algumas coisas, então quem a recebeu foi o barão Joshua. E ele imediatamente ficou interessado na jovem. Ele permitiu que ela e suas amigas e o cocheiro entrassem e se abrigassem, ficariam hospedados ali até que a chuva diminuísse e a árvore fosse retirada.
Foi durante essa estadia que Joshua e Desirée se aproximaram, e como um relâmpago, os dois estavam "apaixonados". Ou apenas… com muito fogo. O problema foi que quando estavam sozinhos num dos quartos de hóspedes da mansão, não esperavam que Hiruna, a esposa do barão, os pegasse no flagra.
O passado de Don Juan do marido não era passado pelo jeito, e apesar de ter basicamente aplicado um golpe para que se casassem, Hiruna não gostava da ideia de vê-lo com outra. Muito menos quando estava grávida. Ela exigiu que o barão se livrasse da jovem e que ela fosse embora o quanto antes, e foi por isso que discutiram. Pois não seria justo mandá-la embora nessa chuva, mas Hiruna não deu o braço a torcer. Joshua então mandou Desiree e suas companhias embora com uma carruagem da família Kojirou mesmo.
Mas uma coisa que ninguém sabe… É que o único motivo de Hiruna não ter feito um escândalo maior, ou difamado a jovem ou atacado a família Hapsburg já que ela é protegida deles, é que seria algo como “o sujo falando do mal lavado”.
Hiruna estava grávida, mas essa criança não era de Joshua. Depois de tempos tentando engravidar, e com o médico da família dizendo que estava tudo normal, eles só “deveriam continuar tentando”, Hiruna estava cansada de se sentir culpada disso. Ela cogitou que o problema poderia não ser ela, mas o barão. Mas como provar isso? Foi então que ela teve a louca ideia de sair discretamente, disfarçar-se de cortesã e conseguir um homem que possuía características físicas similares às do barão.
Não é a primeira vez que Hiruna apronta algo inusitado assim, mas dessa vez ela se superou. No entanto, provou seu ponto, com alguns dias, descobriu a gravidez.
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brasilsa · 9 months ago
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rodrigoarrudareact
🚨CRIME AMBIENTAL!! Agente laranja: pecuarista desmata o Pantanal com substância altamente tóxica O fazendeiro usou 25 agrotóxicos diferentes, um deles tem a substância 2,4-D - a mesma presente na composição do chamado agente laranja. Trata-se de um desfolhante químico altamente tóxico usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. O pecuarista Claudecy Oliveira Lemes, que tem 11 fazendas no município de Barão de Melgaço, em Mato Grosso, é acusado de desmatar parte do Pantanal para plantar capim e fazer pasto para boi. As propriedades dele vão ser administradas por uma empresa escolhida pela justiça até que terminem as investigações sobre esse crime ambiental de proporções gigantescas. O Fantástico sobrevoou a região afetada: as áreas onde houve desmatamento somam 80 mil hectares - o tamanho da cidade de Campinas, em São Paulo. Os investigadores dizem que a intenção do fazendeiro era aniquilar a vegetação mais alta. Isso resultou em imensas manchas cinzas na paisagem, formada de árvores que perderam todas as folhas - resultado de um processo chamado de desfolhamento químico, obtido quando se faz uma pulverização criminosa ao lançar de avião toneladas de agrotóxicos sobre a mata preservada. Para conseguir transformar a área em pastagem para gado, o proprietário investiu tempo e fortuna, informa a investigação. Ele fez a aplicação de herbicidas ao longo de três anos, e as notas fiscais apreendidas revelam que, só com a compra de agrotóxicos, ele gastou R$ 25 milhões. Segundo a Secretaria, o fazendeiro usou 25 agrotóxicos diferentes, um deles tem a substância 2,4-D. O professor Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso, diz que é a mesma presente na composição do chamado agente laranja. Trata-se de um desfolhante químico altamente tóxico usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Com o herbicida, as tropas americanas desmatavam florestas pra impedir que soldados inimigos se escondessem embaixo da vegetação. No Pantanal, peritos comprovaram em laboratório a contaminação em amostras da vegetação, do solo e da água. Os produtos são classificados com potencial de periculosidade ambiental III, ou seja, perigosos ao meio ambiente.
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pirapopnoticias · 1 year ago
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duplaroves · 2 years ago
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A morte do Cebolinha ( fanfic de terror )
 O Cebola perguntou pro Cascão :
_Cade as marcas de sujeira na sua cara?
_A Magali agora é feiticeira. Ela e a Mônica ficavam com vergonha quando eu falava com elas nas festas, porque eu tava com a cara suja. Por isso a Magali fez um feitiço pra eu ficar com a cara limpa.
O Cebolinha pensou :
_Eu sempre tentava dar nó nas orelhas do coelho de pelúcia da Mônica. Talvez ela diga pra Magali fazer um feitiço pra vingar-se de mim.
Ele perguntou pro Cascão :
_Você conhece algum feiticeiro ?
_O meu pai disse que o feiticeiro Zé vai no cemitério todas as noites.
O Cebola telefonou pro feiticeiro Zé.
O pai do Do Contra é guarda de trânsito. 
Um dia o feiticeiro Zé tava andando de bicicleta. Então  o pai do Do Contra mandou ele parar e disse que a bicicleta tava andando em alta velocidade.
O feiticeiro Zé foi condenado a 15 anos de cadeia por desenterrar cadáveres no cemitério e o Cebola tava na lista de contatos dele.
Por isso o pai do Do Contra prendeu o Cebola. E ele foi condenado a ficar 3 anos internado na fundação do menor infrator.
O Cebola pensou :
_Como é que eu vou conseguir ficar 3 anos sem levar uma surra da Mônica ?
No pátio da fundação do menor infrator havia uma árvore e o Cebola enforcou-se nessa árvore.
Ele transformou-se em um fantasma.
Ele foi levar seu cachorro Floquinho pra passear na praça.
O Do Contra tem uma doença cardíaca. Ele ficou tão assustado vendo o fantasma do Cebola, que morreu.
O Cebola segurou o Floquinho com a mão esquerda, e segurou o Do Contra com a mão direita, e saiu voando carregando eles.
_O barão vai levar a alma do Do Contra pro lugar certo.
O pai do Do Contra tava passando ali e viu o fantasma do Cebola carregando o Do Contra e o Floquinho. Então o Cebola cantou pra ele aquela música :
_"Você me prende vivo, eu escapo morto. Vamos por aqui, eu e meu cachorro."
O pai do Do Contra achou que o Cebola tinha matado o filho dele. Por isso o pai do Do Contra matou o pai e a mãe do Cebola, pra vingar-se.
Um repórter foi até a casa do Cebola e perguntou pro Cascão :
_Qual foi o motivo pro assassinato desse casal ?
_O motivo foi o Cebolinha.
O apresentador do programa disse :
_Eu sempre falei que os temperos são perigosos. Na semana passada eu quase morri depois de comer sanduíche com mostarda.
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furoremisterio · 2 years ago
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a beleza da minha rua, mesmo se chamando barão de qualquer coisa. embora tenha esse título nobiliárquico que nomeia tantas ruas na tijuca, tem também o charme de suas árvores e intercessões. recuso-lhe o nome, antes um título anárquico. corta o bairro no outro, compõe vértice, é calma como um horizonte parado e, depois, barulhenta como um elevado pode ser. um rio de carros, uma nuvem encostando…
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claudiosuenaga · 2 years ago
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Tatunca Nara e a Crônica de Akakor 
Parte 3 - Expedição Amazônia-Jari: A matriz histórica da lenda da invasão da Amazônia pela Alemanha Nazista
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
A ocupação da Amazônia por soldados alemães em plena Segunda Guerra, é sem dúvida a “teoria conspiratória” que mais chama a atenção em de toda a crônica e é invariavelmente apontada como o motivo principal para o assassinato de Karl Brugger em 1984 em uma operação de “queima de arquivo”, como veremos adiante.
Assim como superdimensionou os mitos e lendas que há séculos circulavam na região acerca do Eldorado e das cidades perdidas, Tatunca fez o mesmo em relação aos inúmeros boatos que desde os anos 30 circulavam acerca da presença alemã na Amazônia.
Tais boatos, porém, tinham um fundo de verdade. Havia de fato planos por parte de Hitler e da cúpula do Terceiro Reich para a invasão do Brasil e efetivaram-se expedições que se mostraram nitidamente interessadas em muito mais do que a mera coleta de dados científicos gerais. Graças aos trabalhos de resgate histórico que foram feitos, tudo isso hoje está bem documentado, mas à época, devido ao segredo que cercavam tais expedições, muito pouco se sabia a respeito.
A Expedição Amazônia-Jari (1935-1937) provavelmente foi a matriz da maioria desses boatos. Em outubro de 1935, desembarcam em Belém do Pará três jovens aviadores alemães, Gerd Kahle, Gerhard Krause e o líder da expedição, o também geógrafo, explorador, roteirista e produtor cinematográfico Otto Schulz-Kampfhenkel (1910-1989).
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Otto Schulz-Kampfhenkel, à esquerda.
Na bagagem, traziam 11 toneladas de equipamentos, um impressionante arsenal que incluía até artefatos de luxo. Não se tratava de uma invasão clandestina, uma vez que Schulz-Kampfhenkel, recém-filiado ao Partido Nazista, contava com o aval deste e o patrocínio do ex-comandante da esquadrilha Barão Vermelho, chefe das SA e chefe do Estado-Maior da Força Aérea Alemã Hermann Göring (1893-1946), a devida autorização do governo brasileiro sob a presidência de Getúlio Vargas (há dois anos de implantar o fascistoide Estado Novo) e o apoio do Instituto Emilio Goeldi, de Belém, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, e o mais importante, das Forças Armadas.
O objetivo declarado era o levantamento topográfico e o mapeamento aéreo da bacia do Jari (rio que banha os Estados do Pará e do Amapá e deságua no rio Amazonas) até suas cabeceiras, o que até então jamais havia sido feito e portanto era do maior interesse do próprio governo brasileiro.
Trinta caboclos-mateiros, familiarizados com a selva, foram contratados. Mas ao contrário dos soldados alemães ciceroneados pelos Ugha Mongulalas, os membros da Expedição Amazônia-Jari enfrentaram uma série de tormentos e dificuldades inerentes às condições da selva.
Um hidroavião, o “Águia Marítima”, tentou pousar na superfície pedregosa, repleta de cachoeiras, e acabou se espatifando contra toras de árvores submersas, entre Gurupá e Arumanduba. Kahle e Krause quase foram arrastados pela maré e acabaram salvos por remadores caboclos.
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Ao explorar um rio em meio a uma chuva torrencial típica de inverno, Schulz-Kampfhenkel perdeu seu barco com todo o equipamento – câmeras, material de cartografia, armas, provisões e roupas – e ficou vagando sozinho pela selva durante uma semana até ser resgatado.
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Em janeiro de 1936, a expedição alcançou a grande aldeia dos índios Aparaí (povo que habita a fronteira entre o Brasil, Suriname e Guiana Francesa), no médio Jari. Dali levaram como butim centenas de peles, crânios, ossos, dentes, plumagens e órgãos de animais abatidos conservados em álcool, destinados aos museus de ciências naturais da Alemanha.
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Com a longa convivência, os Aparaí, tal como os fictícios Ugha Mongulalas, desenvolveram pelos alemães uma afeição que sobrepassou a amizade. Macarrani, filha do cacique Aocapotu, enamorou-se de um deles e acabou ficando grávida. Sua filha, batizada de Cessé e apelidada de “Alemoa”, por ter a tez clara e os olhos azuis de seu pai “ariano”, nasceu entre 1937 e 1938. O que teria acontecido com esta menina mestiça ninguém sabe.
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Com a tecnologia da época, os alemães gravaram a língua dos Aparaís.
De qualquer forma, a história neste ponto é muito parecida com a que foi contada por Tatunca Nara, que no início reivindicava ser um mestiço de índia mongulala com soldado alemão, para depois mudar a versão para a de filho nobre de príncipe mongulala com freira alemã.
Schulz-Kampfhenkel relatou os fatos vividos na expedição em seu livro Rätsel der Urwaldhölle (Mistérios do Inferno da Selva), publicado em 1938,[1] e produziu um documentário homônimo, estreado e distribuído pela Universum Film AG (UfA) no mesmo ano.
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Nota:
[1] Schulz-Kampfhenkel, Otto. Rätsel der Urwaldhölle, Berlin, Deutscher Verlag, 1938.
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Leia todas as partes desta saga:
Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6 | Parte 7 | Parte 8 | Parte 9
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meiodoceus · 3 years ago
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Eu ouvi dizer que você vem (O Barão nas Árvores Parque Moscoso,2021)
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theforgottentales · 4 years ago
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          "-A Rainha chegou! Façam silêncio no castelo."
Dia 12 de agosto. Ano 310.
               Oi. Eu me chamo Noah, e você tá lendo meu diário. Hoje é meu aniversário de 10 anos! Mãe me deu esse caderninho de presente e disse: “Escreva sobre seus dias, pequeno. A vida é um presente que deve ser lembrado”. Mãe sempre foi ótima com palavras… ela diz que é por que lê muito. Caso nunca a veja, é uma moça alta, de cabelos curtos e cinzentos, com um sorriso que faz seu peito ficar quentinho. Vi ela preparando esse caderno há semanas, mas pensei que fosse mais uma das suas notas. Ela me disse pra ser honesto aqui, e prometeu que nunca leria.               Nós moramos sozinhos no vale de Oatser, sul do condado de West Beige, no reino de Beigestone. Nossa casa fica no meio da floresta, perto de um riachinho. Aqui nós caçamos, criamos alguns bichos e plantamos alguns vegetais. Ela construiu a casa e todo o resto, e nos últimos tempos ela tem me deixado ajudar. Mãe sempre me ensinou sobre como fazer tudo aqui. Ela disse uma vez: “um dia não vou estar aqui, Noah, e você vai ter que saber viver”. Eu chorei muito nesse dia… mas depois ela fritou batatas e me leu “Cavaleiro-Herói”.
           Mãe diz que não podemos conhecer as outras pessoas por que elas vão querer nos machucar. Sempre que perguntava o por quê, ela dizia: “Se eu te contar, vai chorar sem parar.” Aquilo me assustou. Mãe nunca mentiu pra mim. Mas depois falou “Quando for um homem, vai entender”.             Desde pequeno ela me ensinou a ler e escrever, e disse que isso “avivava a alma”. Depois de aprender, passei a gostar de ler os livros que ela trazia. Ela me dizia que encontrava nas estradas, caídos. Ao longo dos anos, a gente foi fazendo uma biblioteca.             Ah, esqueci de falar sobre mim: tenho cabelos longos, olhos brancos, e tenho crescido muito nos últimos meses. Mãe diz que vou ser maior que ela. Gosto muito de escalar as árvores de manga-real e ver as estrelas. E amo muito minha Mãe.             Agora vamos sair para pescar. Até mais!
2 de Setembro de 310                 Os dias tem sido bem cansativos… tanto que até me esqueci de escrever. Mãe tá fazendo um galinheiro, e cercando a plantação pros bichos do mato ficarem longe. A gente fica o dia todo carregando pedras, além das outras coisas… vou tentar voltar quando essas coisas acabarem. 
30 de setembro de 310             A gente teve que sair de casa… Uns soldados tavam passando pela clareira esses dias. Fomos pra uma caverna perto do desfiladeiro. Quando a gente voltou, a casa estava revirada, como se uma ventania tivesse passado. Passamos o dia todo limpando… Espero que a gente não tenha que sair mais…
11 de janeiro de 311
            Não consigo, sempre me esqueço de escrever. Mãe escreve todas as noites… eu prefiro mesmo ler o que já tem aqui. Geralmente não tem muita coisa pra fazer. Quando algo diferente acontecer, juro que escrevo.
12 de agosto de 312             Eu ganhei um cãozinho de aniversário! É um filhote de lobo-cinzento! Mãe disse que o encontrou separado da matilha e decidiu trazê-lo pra cá. Falou que se quisesse ficar com ele, teria que cuidar dele como ela cuidava de mim, e que assim ele ia fazer a mesma coisa por mim quando crescesse. Eu decidi chamar ele de Angie, o mesmo nome do escudeiro do Cavaleiro-Herói. Ele é tão fofo!
4 de setembro de 312           Angie cresceu muito! Mãe tem ensinado ele a farejar cogumelos silvestres e até uns bichos maiores. Hoje ele achou um porco-do-mato, e mãe matou o bicho com uma flechada bem no peito. Ela disse que ainda ia me ensinar a usar o arco longo quando eu tivesse força pra usar. Por enquanto, fico feliz com meu estilingue mesmo.
1 de dezembro de 312
              Hoje aconteceu uma coisa muito estranha. Tava voltando da colheita de cogumelos com Angie e eu vi, no riacho, alguns meninos. Eles estavam sem vestes, nadando… eu senti algo esquisito lá embaixo… fiquei bem envergonhado… um deles tinha um cabelo dourado… tão bonito… parecia um colar de ouro que Mãe me mostrara. Outro deles me viu com o Angie enquanto eu olhava de longe, e eu voltei correndo pra casa…               Queria muito poder estar lá, nadando com eles… falar com aquele menino…
1 de janeiro de 313
              Hoje é ano novo! Ontem à noite, Mãe nos levou pro topo da colina pra assistir a soltura de balões, coisa que eles fazem sempre nessa data. Parecia que as estrelas estavam na terra! Elas cobriam todo o céu! Foi tão bonito...           
12 de agosto de 314             Hoje é meu aniversário de 14 anos! Mãe fez uma torta de canela com caramelo. Ela resolveu tentar a receita do livro de receitas que encontrara recentemente. Até mesmo Angie ganhou algo: carne de matoleão fresquinha. Depois disso, fomos nadar no riacho Riverthin, no fim do vale. Hoje o dia tava quente e nadar foi uma delícia! Mãe aproveitou pra me pra me ensinar como cruzar a correnteza caso precise um dia. “Noah, nem sempre dá pra ver o perigo num rio” ela disse. “Eles podem ser traiçoeiros”. Brincamos de pegar com Angie, e ele acabou trazendo um galho podre cheio de pulgas-de-pau. Acabamos lavando ele no rio mesmo. Enquanto a gente voltava pelo desfiladeiro, vimos uns soldados de Beigestone pela estrada de guerra. Mãe sempre fica tensa quando vê eles… Não sei bem por quê. “Te conto quando tiver idade.” ela diz. Esse foi o meu melhor aniversário, e talvez o melhor dia da minha vida.
13 de agosto de 314             Hoje mãe me ensinou a fazer um arco, flechas e uma aljava. Disse que começaria a me ensinar a atirar. Resolvi tentar nos fundos, enquanto ela cozinhava e a flecha caiu no chão sem nenhuma força. É mais difícil que parece.
           Ontem ela brigou comigo, pior do que das outras vezes. É que abri um envelope de carta, que dizia “Para Noah”. Ela disse que deveria abrir apenas quando fizesse 18 anos. Ela bateu na minha mão com força. Nunca a vi tão brava...
20 de agosto de 314
             Eu às vezes tenho sonhos com aquele menino do cabelo dourado… Neles, nós passamos o dia juntos… ele tem um sorriso tão lindo quanto as velas do ano novo… queria poder vê-lo de novo.
7 de outubro de 314
             Mãe está me ensinando a usar cada uma das ferramentas. Dessa vez, foi o machado. Ele ainda é pesado pra mim, e meu braço cansou sem nem que eu tivesse terminado de cortar a árvore… “Quanto mais você usar, mais fácil fica” ela disse. Meus braços tão doendo… mas ela disse que é assim mesmo.
1 de janeiro de 315
            Ontem fomos ver a soltura de velas de novo… é sempre tão lindo. Eu tenho crescido muito nos últimos meses, e usar o machado não tá tão difícil.             Confesso que ainda passo perto do riacho… mas o máximo que vejo são alguns pescadores… Quem sabe um dia os meninos não voltam lá…
3 de março de 315
            Mãe está doente já faz uma semana…  Ela não consegue se levantar da cama. O corpo dela queima e ela tem passado a maior parte dos dias dormindo. Não tem conseguido comer, e quando o faz, acaba vomitando. Ela até mesmo delira, e chama um nome estranho… “Malvile”. Parece estar perdendo peso…             Nenhuma das preparações tem surtido efeito… Mãe… espero que melhore logo...
5 de março de 315
          Lendo um dos livros de saúde, descobri o que ela tem: Mal de Quentura Forte. O remédio pra isso é uma preparação de planta do brás, que cresce em campos muito ensolarados. Pelo que me lembro, tem um desses a sul daqui. Lá também tem uma das maiores cidades da região. É perigoso… mas é por você, Mãe.
6 de março de 315
           Dei a ela o preparo ontem, ela parece estar melhor. A pele não arde e já consegue comer, mas não consegue andar bem. Conseguiu conversar comigo e disse que se sentia presa num sonho sem fim. Acredito que ela vai estar bem de novo em alguns dias.
9 de março de 315         Mãe está saudável, mas está fraca. Consegue só fazer as tarefas de casa e disse que eu devia fazer as pesadas por ela. Os dias tão cansativos, mas sei que logo ela vai estar forte de novo.
7 de maio de 315
         Ontem eu me perdi na mata. Durante a caça de Alce-Noturno, acabei caindo e quebrando minha perna direita. Foi uma dor tremenda… mas sabia que se gritasse, chamaria atenção. No outro dia, Mãe e Angie me encontraram e me trouxeram de volta. Ela nunca gostou da minha caça noturna e me proibiu de continuar. Não é como se tivéssemos escolha: os animais diurnos estavam quase extintos, pela presença dos exércitos se aproximando daqui. Mãe disse que vamos nos mudar quando eu melhorasse e que começaria a buscar pelo novo lugar. Eu espero que minha perna volte logo…
9 de Outubro. Ano 315
        Em breve vamos sair da casa que sempre moramos. Mãe disse que o novo lugar era no topo das pampas do norte, perto do reino livre. São 3 dias de caminhada. Ela disse que sairia pela manhã com Angie para preparar o terreno, e me disse pra guardar as coisas da casa. Disse que caso algo acontecesse, mandaria Angie de volta. Sempre temo por ela, mesmo sabendo que ela é bem mais cuidadosa que eu. Estou ansioso pelo novo lugar.
15 de outubro de 315
      Faz uma semana desde que Mãe não volta. Já houve sumiços antes, mas nenhum tão longo. Não quero sair de casa e deixá-la preocupada.
9 de Novembro. Ano 315. Hoje faz 1 mês desde que ela sumiu. Tenho saído todos os dias, procurado cada vez mais longe no vale, até mesmo nas estradas. Me lembrei da carta que Mãe permitiria que eu lesse quando crescesse. Me perdoe, Mãe… mas você não está aqui pra se chatear. “Querido Noah,         Quando ler esta carta, tenho certeza que já terá se tornado um homem. A pessoa que você conheceu era outra no passado. Aqui, você saberá a minha história. Eu era a Rainha deste reino. Meu pai era o Barão de Coastwen, que era maior burgo mercante do continente, e prometeu minha mão a Manvile, o novo Rei de Beigestone. O casamento aconteceu e passei a viver com Manvile. Ele era um homem amargo e mesquinho, incapaz de desejar o bem a algo que não si próprio. Sonhava em ter herdeiros para que seus irmãos não tivessem o trono, mas nunca pôde. Dizia estar amaldiçoado. Ter um filho sempre foi meu sonho, que de distante passou a ser impossível. Até que um dia, voltando da Festa de Paz dos 3 Reinos, nossa comitiva passou pela cidade de Hoffnung… ou o que restou dela. Era o prenúncio da guerra que Manvile trouxera. As ruas estavam repletas de corpos e sangue, e a única coisa que ouvimos foi um choro de bebê. Era você, Noah, o bebê de olhos brancos nos braços de uma pobre mulher morta no massacre. Naquele momento, soube que seria meu filho, e que não nos separaríamos. Sabia que Manvile não aceitaria aquilo, mesmo você sendo um filho do seu reino. Me lembro do momento que cheguei no castelo… ouvi os homens gritando por silêncio. O levei até o trono de Manvile, e ele exigiu que sumisse contigo. ‘É um maldito, me trará desgraças!’ . Aquilo despedaçou meu coração… mas eu decidi ouvir o que aquele homem disse. Sumi contigo e passei a criá-lo nessa floresta, longe da vista de todos. Foi a melhor decisão que já tomei, e não poderia ter me tornado mais feliz. Enquanto escrevo isso, você dorme calmo no berço… é como um anjo. Eu escondi isso por tanto tempo para protegê-lo, Noah. De agora em diante, viva como julgar certo. Saiba que você foi e pra sempre vai ser a melhor coisa que me aconteceu. Espero que possa me perdoar. Sinceramente, -Lasta”. 10 de novembro, Ano 315. Mãe, eu vou encontrá-la. Agora sei onde procurar… ou de quem me vingar. Estou me preparando para buscá-la. Voltaremos juntos… ou não volto nunca mais.
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byronsb · 4 years ago
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Podia estar bem longe do requinte de Londres e das rodas audaciosas dos senhores com grandes títulos. A palavra descanso soando de cada árvore e arbusto ao redor de si. Mas, e sempre tinha um ‘mas’, ainda estava no páreo. Ainda precisava se incluir nas conversas e se mostrar acessível a qualquer um. Simpático e inofensivo, charmoso e engraçado. Fácil de lembrar e também de esquecer. O copo de vinho na mão era um bom disfarce, uma pena que não durou dois segundos quando a imagem de @crvmwell​ apareceu ali perto. Pedindo licença, o ar do campo arrastando toda a formalidade, Byron envolveu os ombros dele com o braço e apontou um dedo para seu rosto. ❛❛ — Eu apostava que demoraria um pouco para aparecer, mas esse tempo até agora? O que foi que eu fiz? Hein? ❜❜ O barão ria e sorria, esperando a resposta do amigo.
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lovacedon · 4 years ago
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Perícia aponta que incêndios no Pantanal foram provocados por ação humana
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Mais de 5 mil focos de calor foram localizados em propriedades privadas neste ano, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso Os incêndios que atingem a região do Pantanal mato-grossense há cerca de dois meses foram provocados por pessoas, segundo apontam perícias feitas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT). As perícias identificaram queima de pasto, fogo em raízes de árvore para retirar mel de abelha e incêndios em máquina agrícola e em veículo. Os laudos foram encaminhados para a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) para a abertura de inquérito e responsabilização dos infratores. A perícia fez um estudo e analisou imagens de satélite para auxiliar na identificação da origem do incêndio. A plataforma permite o registro diário, assim como a identificação dos focos. Na Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal (RPPN), em Barão de Melgaço, a causa do incêndio foi dada como queima intencional de vegetação desmatada para criação de área de pasto para gado. A equipe foi até o local com uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) e constatou o uso de madeiras, palanques de cerca e rodeios para o gado. Próximo a este local a equipe também encontrou galões de óleo diesel que aparentavam terem sido utilizados para incendiar as pilhas de material vegetal derrubado. Já na Fazenda Espírito Santo, uma máquina agrícola que fazia limpeza de área com enleiramento (parte do processo da junção do material que formará o feno) pegou fogo e deu início ao incêndio na região. Operação de combate a incêndio no Pantanal Mayke Toscano/Secom-MT Na Rodovia Transpantaneira, a perícia constatou a causa como acidente automobilístico. Um veículo perdeu o controle na cabeceira de uma das pontes da rodovia, caiu no barranco e pegou fogo logo depois. No local foram encontrados vestígios indicadores de queima e restos do veículo. Abelhas Na Fazenda São José, de acordo com os estudos, o fogo começou devida à prática de retirada de mel de abelhas silvestres. Foi constatado, em local de mata fechada, conhecida na região como Moitão, vestígios que indicam a queima de raízes para o uso de fumaça a fim de retirar os favos de mel. O local possuía diversas árvores queimadas com as mesmas características de extração, o que sugere prática recorrente no local. O valor da multa varia dependendo do tamanho da área, danificação, tipo de vegetação, e se atingiu a fauna, flora e se há reincidência. Se o infrator for pego em flagrante, é encaminhado para a delegacia para registro do Boletim de Ocorrência e possível detenção. A penalidade varia de R$ 1 mil a R$ 7,5 mil por hectare, conforme decreto federal 6514/2008. No caso de incêndios na área urbana, a multa é aplicada pela prefeitura municipal. Dessa forma, a penalidade para quem pratica queimadas ilegais em Mato Grosso pode chegar a R$ 50 milhões de reais em multa ambiental e a detenção um a quatro anos, em caso de dolo, e de no mínimo seis meses em caso de incêndio culposo, sem a intenção de provocar o fogo. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), entres os meses de janeiro a setembro de 2020, mais de 5 mil focos de calor foram localizados em propriedades privadas, cerca de 3 mil em terras indígenas e 890 em unidades de conservação. Mais de R$ 107 milhões em multas já foram aplicados por uso irregular do fogo. No total, o Estado aplicou R$ 805 milhões em multas por crimes ambientais, como queimadas e desmatamento ilegal. No Pantanal, os laudos apontaram áreas queimadas de 40 mil hectares da reserva particular, em Barão de Melgaço (Sesc Pantanal), Fazenda Espírito Santo, Rodovia Transpantaneira e Fazenda São José, que teve 65 mil hectares danificados pelo fogo. Segundo a Sema, mais de 2,5 mil pessoas estão envolvidas no combate aos incêndios florestais no estado. As equipes contam com apoio de 40 viaturas e 50 aeronaves. A Sema informou ainda que outras perícias já foram feitas. Uma delas apontou que o incêndio nas proximidades de um condomínio, na Rodovia Helder Cândia, começou de forma acidental, por causa de uma faísca de fiação elétrica de alta tensão. A previsão é de que a próxima perícia seja realizada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Estadual de Chapada dos Guimarães. O incêndio devastou mais de dois mil hectares de vegetação. As equipes permanecem no local para monitoramento. Trabalham na região 55 combatentes entre Bombeiros Militares, ICMBio, Exército Brasileiro e brigadistas da Prefeitura. Perícia aponta que incêndios no Pantanal foram provocados por ação humana
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aurunselection · 4 years ago
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É com grande prazer que damos as boas vindas à SYLLYNN VER TAVKHAI, uma ELFA, da GUILDA DOS DRUIDAS. Ela tem 166 ANOS (30 ANOS) e se parece muito com a humana ELLISE CHAPPELL, mas pode ser apenas algum feitiço. Solis está em festa com a chegada da HERBALISTA E CURANDEIRA.
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Bio: Ilusória e etérea como a água, impetuosa e graciosa como o ar, imprevisível e fulgurosa como o fogo e maleável e incisiva como a terra, Syllynn carrega consigo a essência de cada uma das forças elementais que forjaram e sustêm o mundo pelo qual possui tamanho vínculo desde a aurora de sua existência. Concebida da união entre dois improváveis, Syllynn é fruto da sinergia, do equilíbrio e das bases do universo. Educada junto aos espíritos da natureza e das fadas e em meio às exuberantes florestas do sudoeste do continente, em seu berço, a elfa já era imbuída com os fundamentais valores do druidismo. Nascida sob o armistício de paz que imperava em Brightland e sobrinha do condecorado Barão Tavkhai, Ver teve seu nome inspirado no sentimento que regia as férteis terras unificadas e, assim como a euforia da concórdia, por onde os diminutos e ligeiros pés trilhassem, em seu encalço júbilo poderia ser observado.
Por décadas precedentes à ascensão de Aquilus, os Tavkhai já caminhavam pelas intocadas selvas que se espalhavam desde Solis até os mares que cercam o contínguo território. Os gêmeos, por anos, foram responsáveis por guardar e preservar a tênue estabilidade das forças naturais durante a eclosão de conflitos entre as raças de Brightland, e guiando os seguidores da Crença Antiga, o par de elfos, foram importantes peças no tabuleiro do Aurun. Rooten mais do que o irmão. Um druida do Círculo da Lua, Aldon era tão inconstante como Sehanine e tão ferino quanto as bestas as quais se transformava e a selvageria que corria em suas veias. Tendo predileção pelas profundezas das florestas do que pelas conclaves políticas, o homem, a cada dia, se afastava das discussões e negociações, optando por tornar-se parte e voz da natureza. 
Como andarilho das sombras arbóreas e habitante dos recônditos da antiga e adormecida Oakwald, passaram-se temporadas até que Aldon fora capaz de encontrar um ser que não a vegetação que lhe servia de escudo e as feras que atuavam como seus sentinelas. E Elentari, decerto, era o mais belo dos seres. De cabelos tão claros como a luz das estrelas a quem pertencia e olhar esverdeado tão vibrante como as folhas de freixo, aos olhos do féerico, a elfa era a criatura de maior beleza possível. Para as próprias orbes, no entanto, Elentari era defeituosa e desfigurada. Das magras costas, asas do mais puro e intocado branco retorciam-se e arrastavam pelo chão. Capturada como espólio de guerra por um ancião vermelho, a avariel vivera anos encarcerada em uma gaiola que impedia o movimento de suas asas, até que o ataque de outro dragão possibilitasse sua fuga. Os tendões atrofiados de maneira tortuosa pelo tempo já não possuíam mais reparo e o principal traço do seu povo apagado.
Não demorou para que do inesperado encontro uma chama surgisse, e da chama, sob a luz da lua do equinócio de outono, Ver agraciava o novo mundo, agora sua nova casa. Desde o alvorecer de sua vida, à pequena elfa da floresta fora ensinado o dever, o de proteger os indefesos, o de manter viva as crenças dos Antigos, o de tratar todos os seres com igual consideração e o mais importante, o de preservar o equilíbrio entre as quatro forças que regem os cosmos. E assim amadurecera, acreditando piamente nos poderosos sussurros da natureza e da energia féerica que a cerca, na simetria da vida e em seu papel como guardiã dos inocentes e puros, dos sonhos e dos feridos. 
A pacífica existência na Floresta, contudo, era tênue, e durante uma das raras visitas de Rooten à Oakwald, a balança pendeu para um lado. Naquele dia, o lugar de pureza tornou-se palco para uma infestação de corruptores, e os pais de Ver pereceram durante a tentativa de conter e expurgar os malignos. Em seus incompletos 67 anos, a elfa sobrevivera graças ao tio, que conseguira teleportá-los para fora do extenso renque de árvores. O Barão era, a partir daquele momento, o único familiar da jovem. As memórias de sua transição para o coração da Guilda perderam-se em meio às lembranças dos últimos e agonizantes momentos passados com Aldon e Elentari. O novo lar, nas entranhas do bosque que rodeia a cidadela dos Druidas, era uma centelha se comparado ao anterior, e sua adaptação fora um tanto com complicada. Ainda considerada uma adolescente, Ver protagonizou breves momentos de rebeldia, há muito esquecidos, e apenas o pulso firme de Rooten a manteve fora de problemas.
Percebendo a necessidade de disciplina na criação do livre espírito da sobrinha, Rooten passou a instruí-la em seu Caminho, no exercício da calma, do descanso e da cura. No nicho criado pelo nobre druida, Ver encontrou o bálsamo para as feridas deixadas pela partida dos genitores.  No aniversário de 100 anos, Ver escolheu Syllynn como seu nome, ainda que aqueles próximos de si preferem referir-se à ela pelo apelido de nascença, e fez de sua missão remendar, cuidar e medicar desde beija-flores à águias gigantes e lobos atrozes, de recém-nascidos à anciões, de outros elfos à meio-dragões e de monges à bárbaros. Desde então, foram caracterizados pela busca incessante por melhores combinações e melhores tratamentos, que levaram-na até as portas do Palácio Aurur. Chegara à residência da realeza cerca de uma década após o nascimento do príncipe, e vem acompanhando o crescimento dos irmãos com tamanha ternura. Seu treinamento está quase no fim e Syll, mais do que nunca, deseja alcançar o posto de Curandeira Real e poder disseminar seus conhecimentos, lições e opiniões como meio sua contribuição à coexistência das espécies.
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Com largas orbes eufóricas em uma confluência de tons esverdeados que vão da tonalidade dos pinheiros na primavera à elétrica matiz das folhas de salgueiro, tez em alabastro, que evidencia as veias da cor de avelã e toma a mesma nuance quando enfurecida, lábios como os frutos de azevinho, e fios de cornalina, Syllynn é uma amálgama das montanhas e selvas, de um nobre elfo da floresta e de uma poderosa elfa alada. As orelhas acentuadas são sempre enfeitadas com ornamentos feitos de minúsculas pedras e diminutas penas que lhe foram concedidas, e despontam em meio aos lustrosos cabelos como mogno, que alcançam o quadril e permanecem, se não drapeados ao vento, presos em simples e delicados penteados com o auxílio de afiladas estacas de visco. De constituição esguia e baixa estatura, os movimentos de Syll mais se assemelham aos de uma corça e seus membros pálidos ora são cobertos por vestidos em tons terrosos ou de gemas preciosas, ora por justas calças de couro e intrincados corsets, sobrepostos e complementados por capas de tecido e botas de amarrar. Apesar do porte verticalmente desafiador, a elfa conduz-se com grandeza, os ombros andam sempre aprumados e a postura a mais ereta possível, a aura de altivez é quebrada apenas pelas dóceis feições, genuíno sorriso e olhar efusivo.
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Como encarnação dos milenares espíritos féericos e selvagens e serva das vontades da natureza, a mulher sente-se como uma extensão daquela. Era ainda uma infante quando descobriu o instinto de compreender, ainda que não comunicar com, as vigilantes feras do pai. Com a percepção das bestas e os sussurros das folhas, aprendeu como combinar ervas na preparação de tônicos, emplastros e chás para pequenas enfermidades e com o conhecimento sobre a necessidade da sintonia entre água, ar, fogo e terra para o funcionamento harmônico do mundo, aprendeu como balancear os humores no corpo humano e animal, mantendo o equilíbrio perfeito entre quente, frio, úmido e seco. Os anos passados sob a distante, ainda que atenta, tutela de Rooten, foram fundamentais e fizeram com que Syllynn aperfeiçoasse o interesse e aptidão pela capacidade curativa, e seus instintos em detectar a presença de certos males se ampliasse para a capacidade de reconhecer tipos de doenças, venenos e criaturas venenosas. A extensiva preparação que vem recebendo junto ao Curandeiro Real, é responsável pelo impecável aprimoramento de suas habilidades e é motivo de orgulho para a druida. Ainda que suas promessas, e sua raça, a impeçam de ser uma dedicada combatente, Syll orgulha-se em ser capaz de empunhar o arco longo em nome da defesa dos que jurou proteger, e possui grande estima pela Aljava de Ehlonna que lhe fora presenteada na data que marcou a passagem de sua juventude.
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Altruísta & Íntegra: disposta a dar uma mão onde necessário e sem olhar a quem, a druida coloca seu ser e essência em cada uma de suas atitudes e feitos. Valendo-se de seus juramentos e promessas, Syllynn não costuma distribuir sentenças precipitados e busca compreender cada um dos fatos antes de se pronunciar, sente que deve respeito à todos, independente de títulos e posições, sendo a bondade um traço proeminente em suas ações.
Insubmissa & Rancorosa: mesmo que a violência e insubordinação não mais sejam do feitio da elfa da floresta, Syll recusa-se a curvar diante de algo que não acredita, talvez por isso tenha a tendência de analisar todos os ângulos de uma situação. Defensora de suas convicções com unhas e dentes, a figura de cabelos avermelhados lembra-se de cada ação contrária à sua crença, e à sua maneira tenta se vingar daqueles que ousam antagonizá-la.
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amor-barato · 5 years ago
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Então, para vencer o pudor natural de seus olhos, ficava observando o amor dos animais. Na primavera, o mundo sobre as árvores era um mundo nupcial: os esquilos amavam-se com movimentos e gemidos quase humanos, os pássaros se acasalavam batendo as asas, até as lagartixas corriam juntas, com os rabos enlaçados; e os porcos-espinhos pareciam ter se tornado macios para fazer mais doces seus abraços.
Ítalo Calvino ( O barão nas árvores )
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