#hospício nacional de alienados
Explore tagged Tumblr posts
Photo
hospício nacional de alienados, rio de janeiro. foto de marc ferrez.
[continuação] permaneceu na faculdade de medicina da bahia, até 1902. em 1903, após ter exercido a clínica psiquiátrica na bahia, mudou-se para o rio de janeiro. lá, entre 1903 e 1930, dirigiu o hospício nacional de alienados e, embora não fosse professor da faculdade de medicina do rio de janeiro, recebia internos para o ensino de psiquiatria − dentre os quais, fernandes figueira [1863-1928], franco da rocha [1864-1933], miguel pereira [1871-1918], afrânio peixoto [1876-1947], antônio austregésilo [1876-1960], henrique roxo [1877-1969], ulysses vianna [1880-1935], gustavo riedel [1887-1934] e heitor carrilho [1890-1954]. muitos deles viriam a atuar, também de forma pioneira, na organização de diversas especialidades médicas no brasil, tais como neurologia, psiquiatria, clínica médica, patologia clínica, anatomia patológica, pediatria e medicina legal.
durante seu trabalho como diretor do hospício nacional dos alienados, no rio de janeiro, humanizou o tratamento e acabou com o aprisionamento de pacientes. foi neste período, que o hospital recebeu o líder da revolta da chibata, joão cândido, para tratamento de uma “psicose de exaustão”. em 18 de abril de 1911, o “almirante negro”, que cumpria pena na ilha das cobras, foi transferido para o hospital dos alienados, por ter sido considerado doente mental. ali, permaneceu durante dois meses conseguindo passar relativamente bem, fazendo amizade com alguns enfermeiros e conseguindo, inclusive, que fizessem vista grossa para alguns passeios pela cidade. ao final de dois meses, sem justificativa plausível para sua permanência no hospital, joão cândido foi levado de volta ao presídio da ilha das cobras.
moreira defendeu a ideia de que a origem das doenças mentais se devia a fatores físicos e situacionais, como a falta de higiene e falta de acesso à educação, contrariando um pensamento racista em voga no meio acadêmico, que atribuía os problemas psicológicos da população brasileira à miscigenação. destacou-se também na área da dermatologia. foi o primeiro pesquisador a identificar a leishmaniose cutâneo-mucosa e buscou provar que a questão racial não motivava as doenças. explorou a sifilografia e a parasitologia.
0 notes
Text
teste teste teste teste
Escola de Enfermagem Alfredo Pinto
Avenida Pasteur, 296, Urca. Campus Reitoria.
Ano de inauguração: 1966
Ano de incorporação à UNIRIO: 1969 (relato LC diz 1979)
Diferenciando-se dos demais edifícios da UNIRIO, o prédio pertencente à Escola de Enfermagem Alfredo Pinto foi incorporado à FEFIEG após sua inauguração. Ele sempre alocou o curso de Enfermagem e sua diretoria.
Com a fachada no estilo modernista voltada para a rua Xavier Sigaud, o edifício de seis pavimentos possui salão de relíquias e terraço panorâmico, onde são realizados eventos.
Tombamento: Não se aplica
Motivação:
O edifício acomoda a primeira instituição responsável pela formação de enfermeiros e enfermeiras no Brasil. Fez parte da primeira fase da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, foi incorporado à instituição ainda na antiga Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara - FEFIEG.
Arquiteto Responsável:
A reforma foi realizada por servidores da engenharia FEFIEG na época em que o edifício foi adquirido.
Uso e estado de conservação atual
A Escola de Enfermagem tem sede da administração do curso de graduação no edifício. Também são realizadas aulas e eventos no prédio.
Descrição do bem
O edifício que aloca a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto é composto por salas de aula, laboratórios, auditório, sala de relíquias, uma biblioteca em seu térreo e terraço panorâmico na cobertura, onde ocorrem eventos, que se distribuem em 6 pavimentos a contar do subsolo, térreo mais os 4 pavimentos superiores. Em estilo modernista típico dos anos 1960, possui suas fachadas frontal e posterior marcadas por elementos verticais na cor azul que demarcam o padrão de abertura de vãos, vãos esses ocupados por grandes esquadrias de madeira branca e vidro. Sua entrada volta à Rua Xavier Sigaud é marcada por um amplo hall de acesso através de escadaria coberta por duas grandes marquises diagonais, internamente com revestimento das paredes por lambris.
Histórico
A criação do curso de enfermagem remonta na transição da monarquia para a república, onde o Hospício Pedro II, atual sede da UFRJ localizada na Praia Vermelha, é desvinculado da Santa Casa, retirando as "irmãs de caridade" da gestão, e passa à administração federal, recebendo o nome de Hospício Nacional dos Alienados.
E nesse cenário onde havia a necessidade de suporte para a gestão de hospícios e hospitais civis e militares que é assinado em 27 de setembro de 1890 por Marechal Deodoro da Fonseca o Decreto nº 791/1890, que buscava solucionar esses problemas criando a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras.
A Escola de Enfermagem passa pela Colônia de Alienados, onde hoje funciona o Instituto Municipal Nise da Silveira, no Engenho de Dentro, e por ter sido patrocinada pelo doutor Alfredo Pinto Vieira de Melo, então ministro da Justiça e Negócios Interiores, recebeu o nome de Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto, que é como hoje a conhecemos.
Funciona na colônia até o momento que é incorporada a FEFIEG, e suas instalações deslocadas para o edifício onde se encontra desde 1966, localizado na rua Doutor Xavier Sigaud, no bairro da Urca.
0 notes
Text
Hospícios do Brasil
O HOSPÍCIO DE PEDRO II
O Hospício de Pedro Segundo foi criado em 18 de julho de 1841, pelo decreto n. 82, destinado especificamente ao tratamento de pessoas com problemas mentais. Seu nome foi uma homenagem ao jovem imperador, que alcançara a maioridade e subira ao trono, tendo sido este o primeiro ato assinado no dia de sua coroação.
Estabelecido como uma instituição de caráter privado, mantido pela Irmandade da Misericórdia através de doações de particulares, o Hospício de Pedro Segundo funcionava anexo ao Hospital da Santa Casa da Misericórdia, que, desde o período colonial, encarregava-se da assistência caritativa e da saúde no Brasil. Até então os loucos não recebiam assistência governamental, eram mantidos em casa ou perambulavam soltos pelas ruas e, no caso de considerados perigosos à ordem pública, eram confinados nas cadeias ou nas insuficientes e precárias enfermarias das Santas Casas de Misericórdia ou no Hospital da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.
No Segundo Reinado, tornou-se corrente a ideia de que os loucos deveriam ser recolhidos e tratados em um local próprio, de forma isolada, por médicos especialistas e enfermeiros treinados. A exigência por maior especialização foi resultado do movimento alienista, que, na virada do século XVIII para o XIX, apresentou uma resposta da ciência médica sobre a loucura, distante das especulações religiosas e metafísicas que até então haviam vigorado. Philippe Pinel e sua obra, Tratado Médico Filosófico sobre Alienação Mental (1801), são considerados marcos fundadores do alienismo moderno, ao lado de nomes importantes como Jean-Étienne Esquirol. Assim, o Hospício Pedro II representou simbolicamente a institucionalização do paradigma médico-científico no tratamento da loucura no Brasil, constituindo-se um exemplo concreto do cultivo da ciência no país (TEIXEIRA et RAMOS, 2012, p. 367).
No final de 1852, o Hospício Pedro II passou a receber alienados oficialmente, sendo a primeira instituição voltada exclusivamente para o tratamento da doença mental, em todo o país. O órgão destinava-se ao “asilo, tratamento e curativo dos alienados de ambos os sexos de todo o Império, sem distinção de condição, naturalidade e religião” (BRASIL, 1853, p. 442).
Em 1852, o hospício podia receber 150 pacientes, mas dois anos após, com o fim das obras, sua capacidade dobraria para 300 internos, 150 homens e 150 mulheres. A partir de 1852, foram construídos hospícios em outras partes do Império, como São Paulo (1852), Pernambuco (1864), Bahia (1874), Rio Grande do Sul (1884), para citar algumas. No entanto, o hospício da capital foi o de maior destaque do país durante o Segundo Reinado, tendo rapidamente atingido e superado sua capacidade máxima de internamento.
Mas, foi somente em 1890, pelo decreto n. 142-A, de 11 de janeiro, que o Hospício de Pedro II foi desanexado do hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, sendo incorporado ao Estado, e passou a denominar-se Hospital Nacional de Alienados. Segundo este decreto, a incorporação do hospício se deu pela necessidade de reformar a assistência médica e legal dos alienados, que seria dotada de um serviço agrícola.
No mês seguinte, o Decreto de nº. 206, de 15/02/1890, determinou que fossem criadas a Assistência Médica e Legal aos Alienados, formada pelo Hospício de Pedro II, agora chamado Hospício Nacional de Alienados, e duas colônias instaladas na longínqua Ilha do Governador. As colônias chamavam-se São Bento, localizada na Ponta do Galeão, e Conde de Mesquita no antigo Convento de São Bento, inicialmente foram construídas para abrigar homens e mulheres, mas posteriormente passaram a internar apenas pacientes do sexo masculino.
Em 26 de março de 1903 Juliano Moreira foi nomeado para o cargo de diretor do serviço sanitário do Hospício Nacional de Alienados e da então Assistência Médico-Legal de Alienados. A perspectiva humanista implementada por Juliano Moreira no Hospício Nacional de Alienados foi igualmente adotada pela nova lei federal de assistência aos alienados, apresentada em 1903 por João Carlos Teixeira Brandão, ex-diretor do Hospício Nacional de Alienados, que proibia a colocação dos doentes mentais em prisões.
Em 1911, Juliano Moreira obteve a aprovação para criação de uma colônia destinada ao tratamento exclusivo de mulheres alienadas, localizada no Engenho de Dentro, para onde seriam transferidas cerca de 300 mulheres até então internadas no Hospital Nacional de Alienados. Juliano Moreira era um ferrenho defensor do tratamento dos alienados em colônias agrícolas especialmente destinadas a esse fim. Desde o início de sua administração Juliano Moreira mostrou as inúmeras vantagens desse sistema em relação ao confinamento: permitiria economia ao Estado, vantagens terapêuticas aos pacientes e a possibilidade de diminuir a ocupação do Hospital Nacional de Alienados, cuja superlotação era um problema de longa data. As colônias da Ilha do Governador, na sua visão, não preenchiam os requisitos de uma colônia de alienados moderna e eficaz.
Aliada a essas críticas do diretor do Hospital, havia ainda uma pressão pela remoção das colônias vinda dos próprios frades do Mosteiro de São Bento, proprietários do terreno onde estas se localizavam, e da Marinha, que desejava instalar ali a sua recém-criada Divisão Aérea. Desta forma tudo concorreu para a decisão do governo de adquirir a Fazenda do Engenho Novo, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio de Janeiro), para ali criar novas colônias para homens alienados, que substituíssem as colônias em precárias instalações da Ilha do Governador.
O ano de 1944 assistiu ao esvaziamento do centenário prédio da Praia Vermelha, o qual encontrava-se praticamente em ruínas, e não oferecia condições para o asilo adequado dos alienados, os quais foram transferidos, entre março e setembro daquele ano, para a colônia de Jacarepaguá e Engenho de Dentro. As instalações do antigo hospício foram doadas para a Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), que se responsabilizou pela restauração do conjunto arquitetônico e pela adaptação às funções da reitoria universitária. Isso foi feito entre fevereiro e dezembro de 1949, com recursos da Universidade e ajuda do Ministério da Educação e Saúde. No final do ano, o velho edifício, antigo asilo de alienados, passou a ser o Palácio Universitário.
Os complexos hospitalares se dissiparam e formam hoje quatro instituições municipais: Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, Instituto Municipal Philippe Pinel e Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira.
Fonte: http://mapa.an.gov.br/index.php/menu-de-categorias-2/323-hospicio-de-pedro-segundo#:~:text=O%20Hosp%C3%ADcio%20de%20Pedro%20Segundo,no%20dia%20de%20sua%20coroa%C3%A7%C3%A3o.
http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/hospedro.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hosp%C3%ADcio_Pedro_II
http://www.ccms.saude.gov.br/hospicio/colonias.php
0 notes
Photo
Reposted from @observatorio3setor Juliano Moreira foi o primeiro psiquiatra negro do Brasil. Ele lutou contra o racismo científico no país e por um tratamento mais humanizado para pessoas com transtornos mentais.Algumas biografias apontam que sua mãe foi escravizada e outros dizem que ela era descendente de escravizados.Ele ingressou na faculdade de medicina em 1886, aos 14 anos, e sua tese, ‘Etiologia da syphilis maligna precoce’, ganhou repercussão internacional por propor novas abordagens sobre a sífilis, uma das doenças que mais matavam no final do século XIX. A abolição só veio em 1888 no país.Já no início do século XX, ele revolucionou o tratamento de pessoas com problemas mentais e lutou para combater o racismo científico. Tal crença relacionava a miscigenação a doenças mentais e também defendia a superioridade de algumas etnias.Em 1903, ele assumiu a direção do Hospício Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, e inovou com um tratamento mais humanizado, já que acabou com o uso de camisas de força, retirou as grades de todas as janelas e separou pacientes adultos de crianças.Hoje, ele é considerado o fundador da disciplina psiquiátrica no Brasil, pois implementou os pensamentos de Freud no país.Ele também foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina legal e da Academia Brasileira de Ciências, da qual foi presidente. Quando era vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Moreira recebeu Albert Einstein em sua primeira visita ao Brasil.Ele morreu em 2 de maio de 1933, em consequência da tuberculose, na cidade de Petrópolis. Após sua morte, tornou-se patrono da cadeira 57 da Academia Nacional de Medicina.👉 Leia sua história completa no nosso portal:observatorio3setor.org.br e assista no nosso canal do YouTube!🙌 https://www.instagram.com/p/CWJyjH6FnwY/?utm_medium=tumblr
1 note
·
View note
Link
Publicada em 1953, a obra Diário do Hospício, do escritor carioca Lima Barreto, revela sua conturbada internação no Hospício Nacional dos Alienados, entre 25 de dezembro de 1919 e 2 de fevereiro de 1920. Veja mais...
0 notes
Text
Ensaio sobre a loucura
Condenado por sentir demais, a família decidiu que a solução era o tratamento. Era setembro de 1884, completavam-se três meses da inauguração do hospício. A distância foi idealizada para que o local se tornasse um refúgio para quem nascia com a habilidade de sentir demais
Quarta-feira, 22 de setembro de 2016. O céu estava cinzento e um vento gélido sacudia as grandes palmeiras em frente ao imponente prédio na Avenida Bento Gonçalves. A construção é típica do final do século XIX, estilo eclético com seus grandes arcos, que se destacam no meio da paisagem melancólica. O Hospital Psiquiátrico São Pedro, referência na área do tratamento de doenças mentais, hoje sofre com a ação do tempo e o sucateamento do serviço público.
Ninguém anotou nosso nome, de onde éramos, com quem falaríamos ou o horário de ingresso.
Chegamos faltando cinco minutos para as 8h30 — horário marcado para a visita. Passamos direto. Ninguém anotou nosso nome, de onde éramos, com quem falaríamos ou o horário de ingresso. Uma dúvida: e se déssemos de cara com o Dr. Simão Bacamarte — personagem de Machado de Assis que se dedicou às pesquisas psiquiátricas e a internar àqueles que considerava como louco — e ele acreditasse que deveríamos ficar na Casa de Orates? Não havia nenhum registro de que estivemos ali. Tampouco sinal no celular. O destino era o museu da instituição. A referência, a imagem da santa. Depois de dez minutos de caminhada em busca de indicação, adentramos um pequeno portão de ferro marrom e, ao longe, avistamos a imagem sacra. Ao pisarmos no pátio do Hospital, fomos envolvidas pela melancolia do ambiente.
Foi em 1884 que uma espécie de Casa Verde — nome dado à instituição do livro O Alienista, por alusão à cor de suas das janelas–, foi construída em Porto Alegre, na então Província de São Pedro. Na capital dos gaúchos, a Casa de Orates foi chamada de Hospício São Pedro, uma homenagem ao padroeiro local. A inauguração foi de imensa pompa, de todas as vilas e povoações próximas, e até remotas, e da própria cidade de Porto Alegre, pessoas de toda parte e autoridades acompanharam a cerimônia. Em pouco tempo, muitos dementes já estavam recolhidos.
Fomentado pelo forte movimento filantrópico da época, foi o maior estabelecimento de cunho social da Província, relembra Edson Medeiros Cheuiche, historiador do Serviço de Memória Cultural da instituição. Afastada do centro urbano da cidade, na Estrada do Mato Grosso, no Arraial do Parthenon, a casa hospedaria pacientes de todos os tipos: os que sabiam o motivo de estarem lá, os que relutavam para estarem lá e até mesmo os que tentavam entender quais eram os motivos para estarem lá.
A Casa Verde de Porto Alegre
Criado por meio de um decreto da província em 1879, o terreno distante do centro da cidade foi adquirido pelo Estado. Na época, o então presidente da Província de São Pedro, Carlos Thompson Flores, designou fundos para que a obra da instituição prosseguisse e atentou sobre a importância e a necessidade de um estabelecimento desta ordem, declarando que o complexo serviria como um abrigo para que os infelizes, privados do uso da razão, pudessem encontrar consolo aos seus sofrimentos. A população de Porto Alegre crescia vertiginosamente. Em 1875, os registros mostravam uma população de 43.998 habitantes. Três anos depois, essa marca já havia ultrapassado os 50 mil, chegando a 73.274 em 1900. Imigrantes alemães e italianos passavam pela cidade rumo ao Vale dos Sinos e à Serra. Entretanto, muitos ali permaneciam pelas características da região. Em uma encruzilhada que ligava o litoral ao interior, o local se tornava propício para o crescimento e desenvolvimento de negócios diversificados, registra a professora, historiadora e escritora, Sandra Jatahy Pesaven.
Em 29 de junho foi inaugurado. Naquela época, os alienados eram encaminhados para a Santa Casa de Misericórdia ou para as cadeias das cidades, onde, segundo o médico e pesquisador Juliano Moreira, que atuou em instituições de saúde mental de 1893 a 1933, como o Asylo São João de Deos, hoje Hospital Juliano Moreira e o Hospício Nacional de Alienados, “de decadência em decadência aguardavam a morte”. Neste período, 27 alienados internados no hospital, e mais alguns que estavam na cadeia da cidade, foram transferidos para o São Pedro.
“Aos lugares de exclusão que definem a moradia, o lazer e a contravenção, acrescentam-se os lugares de ocultamento ou confinamento, redutos também dos excluídos. São eles o hospital, o hospício, o asilo, a cadeia”, Sandra Jatahy Pesavento.
Sobre o distúrbio
Loucura: substantivo feminino que pode ser compreendido como: 1. Distúrbio, alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do indivíduo de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir; 2. Sentimento ou sensação que foge ao controle da razão. O termo louco no século XXI pode representar infinitos significados. Uma expressão utilizada quando alguém comete atitudes não convencionais. Ou então para descrever uma condição física ou orgânica. Usado levianamente para descrever aquele indivíduo que desponta, possuindo modos e trejeitos diferentes dos demais. Instituições que acolhiam essas pessoas carregam uma imagem de preconceitos e estigmas, justamente por oferecer tratamento e abrigo para pessoas com distúrbios psíquicos e toxicômanos. “O mesmo preconceito que ocorria no século passado é o que encontramos hoje. Por isso o São Pedro ainda existe. O Rio Grande do Sul é atrasado em relação ao resto do país no quesito de tratamento da saúde mental”, coloca a médica psiquiátrica e doutora em história, Nádia Maria Weber Santos.
Homem, 18 anos, solteiro. Vindo da Casa de Correção, foi internado pela primeira vez em 1909. Saiu para assistência no ano seguinte e seria internado por mais quatro vezes. Provavelmente a família não o queria mais e as autoridades entendiam que o melhor local para um epilético seria o hospício. A classificação dos alienados era rasa, feita somente baseada na procedência, sexo, idade, estado civil, cor, nacionalidade, profissão. O número de indivíduos de estado desconhecido era grande”
As doenças mentais eram chamadas de doenças de espírito e lunatismo, uma relação à Lua que é citada entre as causas, mesmo acessórias ou adjuntas, da loucura, como explica o filósofo Michel Foucalt. Os lunáticos ficavam sob os cuidados na maioria das vezes de religiosos. Com o surgimento da Psiquiatria e a Psicologia, no início do século XX, a ciência começou a falar em loucura e a tratá-la como doença do corpo e não mais como doença da alma. Nádia comenta que nesse período aqueles que eram internados, por motivo de loucura, passaram a ser chamados de alienados e os responsáveis pelo tratamento eram identificados como alienistas.
O Hospital Psiquiátrico São Pedro foi a primeira instituição no sul do País a tratar doenças psiquiátricas. O alienado deveria ser vigiado e trancado, fadado a sobreviver sob regras impostas, aguardando a chegada de sua morte. Essa declaração era comum na época, onde médicos, padres, autoridades policiais e familiares impunham esta visão sobre quem fugia do modo convencional de agir. Além disso, alguns doentes eram rejeitados por seus entes próximos, muitas vezes pelo preconceito que sofriam da população. A sociedade, além de discriminar o enfermo, condenava aqueles que convivem com ele, em especial, os pais que poderiam ser vistos também como portadores de males mentais. A Doutora em História Zelinda Rosa Scotti, explica que na tentativa de a família evitar ser estigmatizada pela sociedade, por ter um doente mental em seu meio, rejeitava o alienado. “Foi possível observar a ocorrência da prática do abandono de pacientes por seus familiares, principalmente quando informavam o endereço erroneamente, ou quando a família mudava de residência e não avisava o novo paradeiro”, aponta.
“A loucura muitas vezes é um espelho das repressões"
Atrás do Muro
Todas as semanas chegavam pacientes oriundos de diferentes cidades, bem como outros estados e países. Por razões diversas, eram encaminhados para avaliação na instituição. Alguns retornavam para suas residências por não apresentarem doenças mentais, outros realizavam o tratamento e recebiam alta. Mas alguns permaneciam na instituição por tempo indeterminado. Cada paciente possuía uma papeleta de admissão, onde constava suas informações de entrada, idade e local de origem. A partir de 1928, os novos pacientes passaram a ter seus registros em um livro que continha informações como data de ingresso no São Pedro, cidade de origem, idade, classe, gênero, parecer médico, pertences com os quais chegou ao hospital, data de internação anterior (se houvesse), data de saída e motivo. Ainda, eram descritos os fatos do por que do recolhimento do paciente, normalmente realizado por alguém da família, padre ou pela polícia. Nele, constam os motivos que levavam os indivíduos a serem internados.
Os alienados vindos do interior do Estado eram trazidos para o Hospital São Pedro em trens. Na época, poucas linhas existiam e a estratégia para diminuir os gastos com o transporte era juntar o maior número de doentes possível, no mesmo vagão. Dessa forma surgiu a expressão “O Trem dos Loucos”, afirma Nádia Maria Weber dos Santos. | Crédito: Divulgação IBGE/1954
vimeo
No estado de Minas Gerais o Trem dos Loucos cruzava as ferrovias em direção ao Sanatório de Barbacena | Crédito: Direção de Marcio Sampaio
Acostumados com a ideia de que os pacientes do São Pedro entravam no sistema por motivos como loucura, paranóia ou esquizofrenia, verificou-se que esses nem sempre foram as principais evidências. Para Nádia, “a loucura muitas vezes é um espelho das repressões e uma construção da realidade cultural da sociedade”. A Mestre e Doutora em história da loucura retrata que assim como a cultura e os costumes, a ciência está em constante evolução, por isso os conceitos alteram conforme cada época. Assim, é possível observar que as enfermidades mudam com os anos. Os sintomas permanecem os mesmos, o que se alteram é o diagnóstico do que é ou não patologia. Por isso em 1952 foi criado o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), utilizado para identificar as doenças mentais de acordo com os sintomas de cada paciente. O DSM já está na quinta edição e sofre alterações conforme as evoluções nos estudos científicos.
Atualmente, para a ciência é correto falar em doença mental, mesmo assim o termo loucura resistiu aos últimos cem anos e permanece no vocabulário popular e até médico. São diversos adjetivos utilizados para caracterizá-los e nunca se chega a uma definição. A loucura vive em constante reconstrução. É importante esclarecer que as interpretações são amplas e variam conforme a visão de cada estudioso. Mas podemos constar que o lunático, o alienado e o louco na sua essência são os mesmos e acima de tudo são seres humanos, cada um dentro de suas próprias peculiaridades e que sofrem, ao longo do tempo, o preconceito nas mãos da sociedade e na maioria das vezes sofrem indefesos.
“Mulher, 33 anos, casada. Internada pela primeira vez em 1909, na primeira classe. Sairia para assistência em domicílio, em 22 de abril de 1910, retornando em 26 de abril de 1910, e retirada alguns meses depois, em outubro de 1910. Ambas as vezes foi internada pelo marido. Em 1915, seria internada pelo genro, com o detalhe de que da 1ª classe passará consecutivamente para a 2ª classe, e, por fim, para a 3ª classe. Em 1940, passados vinte e cinco anos de internamento, Maria V. demonstrava em seus gestos ter incorporado a instituição: passa os dias andando de um lado para o outro, o corpo continuamente animado de um movimento de balanço. Internada com o diagnóstico de loucura histérica com delírio sistematizado religioso associado, seu comportamento inicial, possivelmente inconveniente para o marido, foi substituído por comportamento de apatia completa”.
Segundo a historiadora e escritora Sandra Jatahy Pesavento, no final do século XIX e início do século XX, era comum as internações feitas no Hospital São Pedro virarem notícia.
Glossário de diagnósticos
No final do século XIX e início do século vinte existiam diversas definições para os diagnósticos dos alienados, pois dependia da interpretação de cada profissional e linha de pesquisa. Por isso, em 1952 foi criado o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), utilizado para identificar as doenças mentais de acordo com os sintomas de cada paciente. Até a criação do DSM os enfermos ficavam a deriva da análise de cada médico.
Demência precoce: perda da afetividade; da iniciativa e associação de ideias (identificado posteriormente como esquizofrenia).
Degeneração hereditária: transmissão de caráter adquirido, ou seja, não só por fatores biológicos mas também virtudes e vícios são passados para gerações futuras.
Coprolalia: compulsão em proferir palavras obscenas.
Logorréia: produção verbal anormal intensa e acelerada, frequentemente associada à fuga de ideias e distraibilidade.
Diagnóstico maníaco-depressivo: perda do controle, euforia acompanhada de logorréia.
Sordice: sórdido, imundície, possui sujeira na vestimenta ou no corpo.
Idiotia: aquele que não consegue se expressar verbalmente, nem compreender a verbalização de pensamento de outros.
Imbecil: articula mal as palavras, não conseguindo se comunicar por escrito, nem compreende o que lê.
Debilidade mental: capaz de se comunicar verbalmente e por escrita, mas apresenta dificuldade de aprendizado.
Gatismo: incontinência de urina ou de fezes.
Coprofagia: prática de ingestão de fezes.
Psicose alcoólica (alcoolismo) crônica: é aquela que pode ser observada em indivíduos que fazem uso de álcool há muito tempo. Segundo o médico psiquiatra Henrique Roxo, o indivíduo passa por modificações de caráter, perda de noção da ética e da estética, não exerce seu trabalho de forma satisfatória e as vezes falta o emprego. Ele perde a noção de honra e não zela pela esposa, que pode o abandonar e insinuar carinhos para outro homem. Irritabilidade permanente.
Psicose alcoólica (alcoolismo) subaguda: mau humor, inquietação, insônia, irritabilidade, alucinações do ouvido além da vista, e em alguns casos ocorre delírio sistematizado de ciúmes.
Psicose alcoólica (alcoolismo) aguda: o paciente tem fortes tremores, intensas alucinações da vista e é perceptível uma confusão mental alucinatória.
Melancolia: segundo Hipócrates, considerado o pai da medicina, a melancolia era um estado de tristeza e medo de longa duração, além de ser considerada doença. Já para Phillipe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, melancolia é a parte dos quadros patológicos, descrita como uma doença cujas vítimas tinham fixação em um orgulho desmedido, podendo ser acometidas de abatimento, consternação e desespero.
Histeria: a palavra tem origem do grego, histeros, que significa útero. O termo passou a ser utilizado para classificar um distúrbio relacionado diretamente à sexualidade feminina, podendo surgir entre a puberdade e a menopausa. Inclusive na Idade Média a Histeria era associada à possessão do demônio. Segundo o psiquiatra Charcot, a histeria se desenvolvia em quatro etapas: rigidez tônica, convulsões desajeitadas, manifestação física de estados emocionais e estado de delírio.
*Créditos Reportagem: Gabriela Fritsch, Gabriela Freitas e Murilo Zechlinski (Shalynski Zechlinski)
Fotos: Gabriela Freitas
Projeto para as Disciplinas de Jornalismo da UniRitter: Projeto Experimental - Revista e Redação Jornalística IX - Ênfase em Revista Impressa
Semestre: 2016/1
#reportagem online#reportagem impressa#Universus#UniRitter#loucura#psiquiatria#Hospital Psiquiátrico São Pedro
1 note
·
View note
Photo
[PRÉ-VENDA] Novo livro da autora nacional @livrosefuxicos , Livre para Recomeçar: Um Romance. Previsto para o final de agosto pelo selo Essência da @planetadelivrosbrasil . . Link: https://amzn.to/2SFcmyH . . Sinopse: Anastácia carrega na pele as marcas deixadas por um casamento odioso. Em sua última noite como uma mulher livre, ela perdeu o controle do seu futuro e acabou presa no famoso hospício para alienados do Rio de Janeiro. Mas agora, três anos após sua internação, Anastácia precisará enfrentar o passado e descobrir como recomeçar. Quem ela escolherá ser longe do peso do título de Condessa De Vienne? Benício de Sá é conhecido como o Bastardo do Café. Lutando diariamente contra a opressão do pai – um dos mais poderosos cafeicultores do Brasil – ele encontrou na construção civil a oportunidade perfeita de mudar seu futuro e deixar uma marca no mundo. Contudo, enquanto a Empreiteira de Sá conquista o cenário carioca, Benício continua preso ao passado e às marcas que carrega na alma. Será que um dia ele conseguirá libertar-se por inteiro das garras do seu pai? Anastácia e Benício se conhecem em meio à ruína, mas é durante a esperança de um novo começo que eles se reencontram. Agora resta saber se estão prontos para recomeçar. https://www.instagram.com/p/B0W7lxdDbo7/?igshid=uzuzi4bkcttr
0 notes
Text
LIMA BARRETO (1881-1923) - Homenageado da FLIP 2017, o autor de "Policarpo Quaresma" tem "Diário do Hospício" e "Cemitérios dos Vivos" relançados pela Companhia das Letras
LIMA BARRETO (1881-1923) – Homenageado da FLIP 2017, o autor de “Policarpo Quaresma” tem “Diário do Hospício” e “Cemitérios dos Vivos” relançados pela Companhia das Letras
Lima Barreto (1881-1923) – Comprar livro na Amazon: “Internado por duas vezes em instituições psiquiátricas por delírios alcóolicos, Lima Barreto documentou em Diário do hospício sua passagem pelo Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro, de maneira lúcida e contundente. No romance inacabado O cemitério dos vivos, o autor transpôs para a chave ficcional a mesma vivência. Os dois textos…
View On WordPress
2 notes
·
View notes
Text
Lima Barreto
Ele foi o pioneiro ao colocar o racismo como tema da literatura nacional.
Ficha do arquivo do hospício de alienados, em que Lima Barreto foi internado por alcoolismo, do ano de 1914. Na ficha, ele é identificado como “branco”
0 notes
Text
Loucos por Carnaval: os blocos da saúde mental
Há 20 anos, às vésperas do Carnaval do ano 2000, um grupo de pacientes e funcionários do Instituto Philippe Pinel, hospital de referência no tratamento de transtornos psiquiátricos, e de outras instituições de saúde mental da Zona Sul do Rio se reuniu para confabular. O objetivo deles era um só: colocar o bloco na rua. Literalmente falando. Bem, por uma série de dificuldades, não foi daquela vez.
Dali a alguns anos, o grupo tentou de novo. E, dessa vez, rolou. Ou quase. Com o apoio de ritmistas do bloco Empolga às 9h, um dos mais famosos da folia carioca, usuários e profissionais saíram por vários setores da instituição, cantando marchinhas de carnaval. “Lá pelas tantas, o cortejo parou em frente à unidade de tratamento de alcoolistas e, só depois, nos demos conta da deselegância de termos cantado ali ‘Cachaça’ e ‘Turma do Funil’”, relata o psicanalista Alexandre Ribeiro Wanderley, um dos fundadores do bloco Tá Pirando, Pirado, Pirou! e integrante da comissão organizadora.
Os versos “deselegantes” a que Alexandre se referem são os famosos: “Você pensa que cachaça é água? / Cachaça não é água, não / Cachaça vem do alambique / E água vem do ribeirão” e “Chegou a turma do funil / Todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto / Há, há, há, há, mas ninguém dorme no ponto / Nós é que bebemos e eles que ficam tonto”.
A ideia de formar um bloco carnavalesco com usuários, familiares, profissionais da rede pública de saúde mental e simpatizantes da causa antimanicomial animou a todos. Dentro e fora dos muros do Pinel. Logo, funcionários de outras instituições e de Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) resolveram cair na folia e criar seus próprios blocos de Carnaval.
O nome Tá Pirando, Pirado, Pirou!, a propósito, foi sugestão de um dos pacientes (ou usuários, como alguns preferem ser chamados), Seu Gilson Secundino: “Não vamos fazer Carnaval só pra quem já pirou e está aqui dentro do Pinel. Vamos pra rua brincar com quem ainda tá pirando…”, disse ele. Os nomes, aliás, são os mais criativos possíveis: Se Pirar, a Gente Cuida, Amai-vos Uns aos Loucos e RivoTrio.
Oficialmente, o Tá Pirando! foi fundado em 2004. Em 2020, com o enredo “Dá um breque no ‘fake’: a Terra é redonda e o mundo dá voltas!” realiza seu 15º desfile, para um público estimado de 2 mil foliões – metade deles usuários e profissionais de saúde. Coincidência ou não, o bloco desfila todos os anos pela Avenida Pasteur, endereço do primeiro hospício da América Latina, o Hospital Nacional de Alienados, fundado por Dom Pedro II em 1852.
“Nosso objetivo é desconstruir representações estigmatizantes da loucura e ajudar a criar um novo imaginário social”, afirma Wanderley. “O louco precisa ser reconhecido como um cidadão que tem direitos como todos nós e é capaz de contribuir para a construção de um mundo mais amoroso, inclusivo e plural”.
O dia a dia de um bloco que milita pela causa da saúde mental não é lá muito diferente dos demais. Todos os anos, os membros se reúnem para escolher um tema para o desfile do próximo carnaval. O escritor Lima Barreto (1881-1922), que passou dois meses no Hospício Nacional dos Alienados, entre dezembro de 1919 e fevereiro de 1920, e a cantora Dona Ivone Lara (1922-2018), que trabalhou como enfermeira e assistente social em hospitais psiquiátricos de 1947 a 1977, já foram temas do Tá Pirando!
Definido o enredo, ou seja, a história que será contada na avenida, os integrantes se dividem entre as mais diferentes funções: uns pesquisam a sinopse, outros compõem os sambas-enredos, outros, ainda, confeccionam fantasias, alegorias e adereços, e assim por diante. Escolhido o samba-enredo através de concurso, há um ensaio geral com todos os integrantes da agremiação.
Veja também
MedicinaAtenção, foliões: kit ressaca não funciona (e até prejudica a sua saúde)21 fev 2020 - 11h02
Bem-EstarCarnaval: o manual para resistir até o último bloco e evitar doenças19 fev 2020 - 17h02
Bem-EstarViolência doméstica contra a mulher: um problema de saúde pública20 jan 2020 - 12h01
Quando não estão na avenida, os foliões participam de atividades de terapia ocupacional, como oficinas de pintura, música e artesanato. “O concurso de sambas desperta o desejo de compor dos usuários. Indivíduos que jamais se imaginaram artistas reconhecem que são criativos e talentosos”, relata Wanderley.
Hoje são incontáveis os blocos de Carnaval que, a exemplo do Tá Pirando!, discutem saúde mental, inclusão social, reforma psiquiátrica, entre outros temas. Só no Rio, três dos mais famosos são: Loucura Suburbana, Zona Mental e Império Colonial. Criado em 2001, o Loucura Suburbana é dos mais antigos e tradicionais. O bloco nasceu no Instituto Municipal Nise da Silveira e desfila toda quinta-feira antes do Carnaval pelas ruas do Engenho de Dentro, na Zona Norte.
“Não são todos os pacientes que se engajam. Há aqueles com transtornos graves, como autismo e esquizofrenia. Dos que participam, uns compõem letras de samba, outros dão ideias de alegorias e adereços. Faz muito bem à autoestima deles. É como se gritassem ao mundo: ‘O Carnaval é meu, a cidade é minha, não sou um excluído, também faço parte dessa festa!’”, diz a musicoterapeuta Débora Rezende, coordenadora do Zona Mental e uma das fundadoras do Loucura Suburbana.
O bloco Zona Mental estreou em 2015 e, desde então, desfila toda terça-feira de Carnaval pelas ruas de Bangu, na Zona Oeste. Já o Império Colonial foi criado em 2011 e integrou usuários, funcionários e moradores da antiga Colônia Juliano Moreira, na Taquara. O baile deste ano teve a vida e obra de Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), importante artista plástico brasileiro e também “paciente psiquiátrico”, como enredo e aconteceu na quarta-feira, dia 12. Reuniu cerca de 100 foliões. “O Carnaval é a festa mais democrática que existe. Transforma pacientes em cidadãos e ajuda a promover sua reinserção social. Todos vão para a rua e não se sabe quem é quem. Não há confinamento ou internação”, afirma a musicoterapeuta Luiza Santiago, uma das coordenadoras do bloco, que trabalha no CAPs Manoel de Barros, na Colônia Juliano Moreira.
O Carnaval é tão democrático que há espaço para outras lutas. Contra a dependência química, por exemplo. O bloco Alegria sem Ressaca, fundado em 2003 pelo psiquiatra Jorge Jaber, presidente da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (ABRAD), tenta conscientizar a população da importância da prevenção ante o álcool e outras drogas no período carnavalesco. Todos os anos, duas semanas antes do início da festa, o bloco desfila pela orla de Copacabana, atraindo um público estimado de 3 mil pessoas.
Ao longo dos anos, angariou a simpatia de foliões ilustres, como a cantora Elza Soares, a atriz Luiza Tomé e o lutador José Aldo. “Queremos mostrar aos foliões que é perfeitamente possível pular o carnaval de ‘cara limpa’, sem consumir drogas ou beber em excesso”, diz Ângela Hollanda, conselheira familiar da Clínica Jorge Jaber há 22 anos e familiar de um usuário em recuperação.
Veja também
Mente SaudávelOs diferentes olhares sobre o autismo2 abr 2019 - 08h04
Bem-EstarExiste limite seguro para o consumo de álcool?3 jul 2019 - 10h07
Loucos por Carnaval: os blocos da saúde mental publicado primeiro em https://saude.abril.com.br/bem-estar
0 notes
Text
Luis Miranda será Lima Barreto em cinebiografia sobre o escritor carioca
New Post has been published on http://baixafilmestorrent.com/cinema/luis-miranda-sera-lima-barreto-em-cinebiografia-sobre-o-escritor-carioca/
Luis Miranda será Lima Barreto em cinebiografia sobre o escritor carioca
Os atores Gefferson Borges, Sidney Santiago e Luis Miranda no set de ‘Lima Barreto, ao terceiro dia’ / Imagem: Instagram
No Brasil, as adaptações de livros para as telonas são muito comuns, no entanto, as cinebiografias – subgênero que busca transmitir algum momento importante ou polêmico da vida de autores, ou retrata a vida e cotidiano deles, que muitas vezes influenciaram na criação literária ao longo do tempo – dos escritores ainda é pouco explorada no cinema nacional. O filme Lima Barreto, ao terceiro dia, com direção de Luiz Pilar veio colaborar para a mudança desse cenário.
Baseado no livro homônimo de Luis Alberto Abreu, o filme será estrelado por Luis Miranda (48). Conhecido pelos papéis cômicos, o ator baiano vai dar vida a Lima Barreto (1891-1922), escritor carioca que sofria de depressão e alcoolismo, ficou internado no Hospital Nacional dos Alienados, aos 40 anos. As cenas desse período serão rodadas no Hospital Nise da Silveira, na Zona Norte do Rio. O ator Sidney Santiago (33), será responsável por interpretar o escritor durante a juventude.
O livro ganhou uma adaptação para o teatro assinada por Aderbal Freire-Filho, em 1995, com Milton Gonçalves, interpretando o escritor mais velho, e Fernando Almeida (1974-2004) quando mais novo. A peça voltou ao circuito no ano passado com direção de Luiz Pilar, só que com os atores Flávio Bauraqui (52) e Nando Cunha (51) na pele de Lima Barreto.
Na peça, a ação atravessa três dias de Lima (Flavio Bauraqui), internado em um manicômio. Inicialmente, esse plano se alterna com outros dois: o da memória, onde o jovem autor (Nando Cunha) escreve Triste Fim de Policarpo Quaresma, e o da fantasia, no qual surgem personagens do livro. Aos poucos esses mundos se mesclavam.
‘Diário do Hospício’ (2017) conta com notas e pensamentos de Lima Barreto durante o período que esteve internado e A Vida de Lima Barreto (1952), consagrada biografia de Francisco de Assis Barbosa
No filme, no campo da “realidade”, o Lima velho (Luis Miranda) enfrenta a internação. Enquanto isso, na “memória”, o jovem escritor (Sidney Santiago) escreve seu romance mais conhecido. Na “fantasia”, personagens da obra, como Policarpo (Paulo Betti) e sua irmã (Julia Lemmertz), dialogam com o autor. “Os três planos vão interagir. Os personagens do romance discutem questões sociopolíticas do momento em que o livro foi escrito. E os questionamentos que o Lima faz no romance, continuam atuais”, explica Luiz Pilar (via O Globo).
Segundo Pilar, em 2013 “a montagem do espetáculo coincidiu com as manifestações no país, e me perguntavam se eu tinha feito de propósito. Mas a verdade é que o Brasil é que insiste em não mudar”. As alucinações do autor de Clara dos Anjos (1948) foram fartamente documentadas por ele no célebre Diário do Hospício (Companhia da Letras, 2017). Esses textos, além da consagrada biografia A Vida de Lima Barreto (Autêntica, 1952), de Francisco de Assis Barbosa, ajudaram a recuperar o prestígio do autor nos anos 1950 e serviram de matéria-prima para a construção do roteiro.
Lima Barreto foi o homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2017. As filmagens de Lima Barreto, ao terceiro dia começaram em 11 junho de 2018. O longa-metragem tem previsão de lançamento para agosto de 2018. O filme é uma coprodução da LaPilar com a Globo Filmes.
#A Vida de Lima Barreto#Diário do Hospício#Flip 2017#Francisco de Assis Barbosa#Globo Filmes#Julia Lemmertz#Lima Barreto ao terceiro dia#Luis Miranda#Luiz Pilar#Paulo Betti#Sidney Santiago#Triste Fim de Policarpo Quaresma
0 notes
Photo
juliano moreira
[continuação] apesar de avesso ao racismo científico, moreira também aceitava certos aspectos do pensamento eugênico, por exemplo propunha que fosse afastada dos alienados, delinquentes, degenerados e alcoólatras a possibilidade de reprodução, através da prescrição da esterilização destes.
participou da escola tropicalista da bahia e contribuiu por uma década com o conteúdo da revista gazeta médica da bahia, da qual foi redator principal. em 1894, fundou a sociedade de medicina e cirurgia da bahia e da sociedade de medicina legal da bahia. como diretor no hospício nacional dos alienados [1903-1930], no rio de janeiro, mudou a estrutura física do hospital e estabeleceu novos modelos assistenciais no interior dos hospícios. criou laboratórios dentro dos hospitais e introduziu a técnica de punção lombar e do exame céfalo-raquidiano como diagnóstico neurológico [1906]. criou o manicômio judiciário em 1911.
foi membro da diretoria da academia brasileira de ciências entre 1917 e 1929, ocupando o cargo de presidente no último triênio. foi também membro de diversas sociedades médicas em todo o mundo. dentre as instituições internacionais das quais fez parte, incluem-se a anthropologische gesellschaft [munique], a societé de medicine [paris] e a medico-legal society [nova york].
em novembro de 1930, o novo presidente, getúlio vargas, dissolveu o congresso nacional, as câmaras e as assembleias estaduais. nomeou interventores nos estados, mantendo seus compromissos com as oligarquias dissidentes. em 8 de dezembro de 1930, juliano moreira foi destituído da direção do hospital nacional de alienados, onde também morava. aposentado, foi morar num hotel em santa teresa. manteve suas visitas a alguns de seus pacientes particulares no sanatório botafogo, de ulysses vianna, e as sessões da sociedade brasileira de neurologia, psiquiatria e medicina. em 17 de novembro de 1932, retornou pela última vez à sociedade que fundara, para uma sessão solene.
a tuberculose avançava. miguel couto, seu médico, decidiu encaminhá-lo à serra de petrópolis. hospedou-se na residência de hermelindo lopes rodrigues, um de seus maiores discípulos. faleceu em 2 de maio de 1933, no sanatório de correias, na cidade de petrópolis, onde se internara para tratamento de tuberculose. não deixou filhos.
1 note
·
View note
Text
teste escola
Escola de Enfermagem Alfredo Pinto
Avenida Pasteur, 296, Urca. Campus Reitoria.
Ano de inauguração: 1966
Ano de incorporação à UNIRIO: 1969 (relato LC diz 1979)
Diferenciando-se dos demais edifícios da UNIRIO, o prédio pertencente à Escola de Enfermagem Alfredo Pinto foi incorporado à FEFIEG após sua inauguração. Ele sempre alocou o curso de Enfermagem e sua diretoria.
Com a fachada no estilo modernista voltada para a rua Xavier Sigaud, o edifício de seis pavimentos possui salão de relíquias e terraço panorâmico, onde são realizados eventos.
Tombamento: Não se aplica
Motivação:
O edifício acomoda a primeira instituição responsável pela formação de enfermeiros e enfermeiras no Brasil. Fez parte da primeira fase da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, foi incorporado à instituição ainda na antiga Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara - FEFIEG.
Arquiteto Responsável:
A reforma foi realizada por servidores da engenharia FEFIEG na época em que o edifício foi adquirido.
Uso e estado de conservação atual
A Escola de Enfermagem tem sede da administração do curso de graduação no edifício. Também são realizadas aulas e eventos no prédio.
Descrição do bem
O edifício que aloca a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto é composto por salas de aula, laboratórios, auditório, sala de relíquias, uma biblioteca em seu térreo e terraço panorâmico na cobertura, onde ocorrem eventos, que se distribuem em 6 pavimentos a contar do subsolo, térreo mais os 4 pavimentos superiores. Em estilo modernista típico dos anos 1960, possui suas fachadas frontal e posterior marcadas por elementos verticais na cor azul que demarcam o padrão de abertura de vãos, vãos esses ocupados por grandes esquadrias de madeira branca e vidro. Sua entrada volta à Rua Xavier Sigaud é marcada por um amplo hall de acesso através de escadaria coberta por duas grandes marquises diagonais, internamente com revestimento das paredes por lambris.
Histórico
A criação do curso de enfermagem remonta na transição da monarquia para a república, onde o Hospício Pedro II, atual sede da UFRJ localizada na Praia Vermelha, é desvinculado da Santa Casa, retirando as "irmãs de caridade" da gestão, e passa à administração federal, recebendo o nome de Hospício Nacional dos Alienados.
E nesse cenário onde havia a necessidade de suporte para a gestão de hospícios e hospitais civis e militares que é assinado em 27 de setembro de 1890 por Marechal Deodoro da Fonseca o Decreto nº 791/1890, que buscava solucionar esses problemas criando a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras.
A Escola de Enfermagem passa pela Colônia de Alienados, onde hoje funciona o Instituto Municipal Nise da Silveira, no Engenho de Dentro, e por ter sido patrocinada pelo doutor Alfredo Pinto Vieira de Melo, então ministro da Justiça e Negócios Interiores, recebeu o nome de Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto, que é como hoje a conhecemos.
Funciona na colônia até o momento que é incorporada a FEFIEG, e suas instalações deslocadas para o edifício onde se encontra desde 1966, localizado na rua Doutor Xavier Sigaud, no bairro da Urca.
0 notes
Text
Gente, hoje falaremos sobre O Alienista, de Machado de Assis, o grande mestre da literatura brasileira- uma figura icônica de textos tão melindrosos, que chego a ter receio de falar sobre ele. rs
Você conhece Machado de Assis?
Acho que sim, né? Será que existe alguém que ainda não conheça Machado de Assis? Talvez algum estrangeiro, mas quem nasceu no Brasil acho pouco provável, pois acredito que todos os brasileiros que já estiveram em uma sala de aula já ouviram falar de Dom Casmurro, Quincas Borba ou Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Bem, vou confessar uma coisa, não me levem a mal, mas eu nunca fui muito fã de Machado não, pode ter sido um pecado, mas é que eu achava a linguagem muito rebuscada e complexa para meu entendimento na época de escola. Achava bem chato mesmo, mas eu também tinha uma leitura imatura, não gozava do entendimento que tenho hoje. Sem falar da falta de incentivo nas escolas públicas à leitura.
Hoje, Machado de Assis não é um dos meus escritores favoritos, mas gosto de muitos textos dele, isso aconteceu muito tempo mais tarde, pois fui mudando um pouco minha opinião com relação a esse ícone da literatura. Apesar que acredito que ninguém é obrigado a gostar de nada, as pessoas são acostumadas a reafirmarem que amam determinado artista ou coisa, somente porque o senso comum diz que tem que ser assim, se você se opõe a isso, é visto como ignorante.
Tem um outro mestre, mas este das artes plásticas, que eu ainda hoje não sou muito fã, que é o Picasso. ☺ Não gosto da fase cubista dele e também o acho bastante machista.
Voltando para Machado.
Joaquim Machado de Assis foi um escritor brasileiro, sendo considerado o maior nome da literatura brasileira, transitou praticamente em todos os gêneros literários; poesia, romance, crônica, dramaturgia, conto e folhetim. E também foi jornalista e crítico literário. Nasceu em 21 de junho de 1839, no morro do Livramento, Rio de Janeiro. Vindo a falecer em 29 de setembro de 1908.
Pois bem, pela segunda vez, eu li O Alienista. Um dos contos que gosto muito, pois é um texto atemporal e que me faz ri bastante.
O Alienista, como eu já citei anteriormente, é um conto de Machado de Assis, que foi originalmente publicado entre 1881 e 1882, como parte da coletânea Papéis Avulsos. É um conto que expressa uma crítica de maneira irônica ao cientificismo e positivismo do século XIX .
Tanto o cientificismo, quanto o positivismo foram métodos e correntes filosóficas que surgiram na Europa e se difundiram por outras partes do mundo, inclusive, na América.
“O cientificismo é a crença dogmática na autoridade do método científico e nos seus resultados. O termo também implica a atitude de valorização altamente positiva do papel da ciência no desenvolvimento da cultura em particular, e da sociedade em geral.
O positivismo consiste na observação dos fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, por meio da promoção do primado da experiência sensível, única capaz de produzir a partir dos dados concretos (positivos) a verdadeira ciência (na concepção positivista), sem qualquer atributo teológico ou metafísico, subordinando a imaginação à observação, tomando como base apenas o mundo físico ou material.”
O cientificismo teve a concepção filosófica de matriz positivista que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade e o positivismo fez uso do obscurantismo para dominação.
Estas duas correntes tiveram algo em comum que foi descobrimento de instrumentos adequados para formular as exigências de um novo tipo de autoritarismo em defesa dos seus interesses corporativos.
Um exemplo recentemente de cientificismo foi a escravidão, onde era baseada em justificativas “científicas”, nos quais a “raça superior” deteria o “direito” de governar as “raças inferiores”. O famoso racismo cientifico.
O racismo cientifico também foi reaproveitado pelo nazismo para justificar a superioridade da sociedade ariana sobre o povo judeu, após a primeira guerra mundial.
Sem se aprofundar neste assunto, voltamos para a crítica de Machado de Assis no conto, O Alienista.
Muitos críticos veem O Alienista como uma novela. Eu particularmente, vejo como um conto, pois identifico que a estrutura textual está mais plausível dentro deste gênero. Constituindo um só conflito, um só drama, uma só ação e um fim.
A versão que tenho é em cordel, adaptação de Rouxinol do Nazaré, editora Nova Alexandrina, lançado em 2008.
O Alienista narra a história de Simão Bacamarte, um médico que morou em Coimbra, Portugal e volta ao Brasil assumindo a responsabilidade de identificar e tratar todos aqueles que ele qualifica como “doentes mentais”, na pequena cidade de Itaguaí. E para receber estes alienados, é instalado nesta cidade um hospital que ele põe o nome de a Casa Verde.
O estudo da mente interessava profundamente Bacamarte, preenchendo todo o tempo da sua vida. Mesmo depois de ter casado, continuou fissurado em descobrir mais sobre a loucura, deixando de lado sua esposa, que passa a ser carente de atenção e a choramingar pelos cantos. Bacamarte passou a internar todos que demonstrassem qualquer indícios de loucura, qualquer tipo de distúrbio diagnosticado era recolhido à Casa Verde, que a cada dia ia recebendo mais lunáticos. Cada um com um tipo de loucura.
A iniciativa, a princípio, foi apoiada pela população, que viam o alienista como um benfeitor. Depois mudando de ideia, Simão decide que os loucos são os justos, os honestos, os pacatos, recolhendo todos no hospício para tratamento. Só os considerando curados quando eles abandonam estas virtudes.
As atitudes de Simão provocou uma rebelião liderada por um barbeiro Porfírio- revolta dos Canjicas, nome usado por ser o apelido do líder. Chega um momento que Simão interna até a Dona Evarista, sua mulher. Por acordar um dia de manhã e encontrá-la em frente ao espelho admirando as jóias e o vestuário.
A forma de narrar um conto em versos é muito interessante. É adorável ler algo com pinceladas de bom humor, mesmo que o autor da adaptação se esforce para se manter no original, a construção literária rimada em cordel embeleza ainda mais a história, pois traz ritmo, rima e dá uma sensação que está sendo cantada como um repente. É poético. A narrativa não muda em nada e alguns aspectos são acrescentados o que deixa mais enriquecedor. Maravilhoso é O Alienista em Cordel.
E sobre a temática do conto, nos faz refletir sobre a formação moral e psicológica do alienista e da sociedade em si.
Onde a vila de Itaguaí aparece como um retrato da sociedade brasileira, no Brasil Colonial, as novidades da ciência de Simão Bacamarte são as mesmas que os psiquiatras do século XIX trazem à sociedade, pela via da medicina social.
Tudo que chegava da Europa era exaltado e visto como maravilhoso. Em todos os campos, inclusive, na medicina. E pelo fato de termos um grande obscurantismo na sociedade brasileira, nunca foi difícil vender uma ideia.
Na época não tínhamos um nome para definir tais atitudes, atualmente pelo fato de ainda existir essa ilusão que o que vem de fora é melhor, chamamos de complexo de vira-lata, pois até hoje temos a mania de desvalorizar tudo o que é nacional para superistimar o que é estrangeiro.
#gallery-0-5 { margin: auto; } #gallery-0-5 .gallery-item { float: left; margin-top: 10px; text-align: center; width: 50%; } #gallery-0-5 img { border: 2px solid #cfcfcf; } #gallery-0-5 .gallery-caption { margin-left: 0; } /* see gallery_shortcode() in wp-includes/media.php */
O mesmo foi no século XIX, os médicos brasileiros fundamentavam-se, nas modernas teses européias sobre a influência de fatores como o meio externo, aspectos geográficos, sociais e econômicos, na saúde dos indivíduos. E Machado de Assis brincou de ironizar esta realidade em seu texto, pois através dos conceitos moldados nas teorias européias foi montado o asilo, a Casa Verde do alienista. No final, ficamos nos perguntando junto com Machado quem é o verdadeiro louco.
Ótimo conto, hiper indico. Você vai ri e se deliciar com essa obra prima do grande Machado de Assis. Se você já leu O Alienista em cordel comente e compartilhe também sua opinião.
Beijo e até a próxima!
O Alienista em cordel Gente, hoje falaremos sobre O Alienista, de Machado de Assis, o grande mestre da literatura brasileira- uma figura icônica de textos tão melindrosos, que chego a ter receio de falar sobre ele.
#Alienista#análise literária#BRASIL#cientificismo#conto#Cordel#literatura brasileira#literature#loucura#Machado de Assis#novela#O alienista em cordel#poesia#positivismo#Rouxinol do Rinaré#Simão Bacamarte
0 notes