#guia de cena de ação
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hellorpbr · 6 days ago
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new year's special!: guia para cenas de ação.
annyeong! monday in your area!
este guia foi desenvolvido para auxiliar aqueles que enfrentam dificuldades na construção de cenas que envolvem combates ou ações mais elaboradas, fornecendo um direcionamento prático nesses momentos.
a seguir, apresentamos um conjunto de dicas para aprimorar sua habilidade nessa área. por ser um material extenso, disponibilizamos também um índice que permite acesso direto a seções específicas do artigo, facilitando a consulta
índice:
| conceitos | planejamento | armas e objetos | combate corporal | ferimentos | o erro é seu amigo | conclusão |
Cena de ação vs. Cena de Luta
Antes de tudo, é fundamental esclarecer os conceitos de "sequência de ação" e "sequência de luta", bem como compreender as suas diferenças e relações. Esses elementos são cruciais na construção de cenas dinâmicas e envolventes em diversas narrativas, sejam elas literárias, cinematográficas ou em RPG.
Uma sequência de ação é uma cena em que o foco principal está na movimentação física e nas interações do personagem com o ambiente e com outros personagens ao seu redor. Nessa categoria, a atenção é direcionada às ações externas, em detrimento dos pensamentos do personagem. Exemplos de sequências de ação incluem: A descrição de um acidente doméstico, como algo caindo na cozinha; Um acidente de carro detalhado; Um tiroteio em um cenário urbano; Qualquer outra situação que priorize o movimento e a reatividade do personagem.
Por outro lado, uma sequência de luta é um tipo específico de sequência de ação em que dois ou mais personagens entram em combate direto entre si. Embora o foco também esteja na movimentação física dos personagens, é comum que a narrativa inclua introspecções e pensamentos dos combatentes. Isso é utilizado para explorar estratégias de luta, motivações e até mesmo para demonstrar como o estilo de combate pode ser intuitivo ou premeditado.
Apesar de as sequências de luta serem uma subcategoria dentro das sequências de ação, elas apresentam características que as tornam mais facilmente identificáveis. Enquanto as sequências de ação abrangem uma ampla gama de eventos dinâmicos, as sequências de luta são mais delimitadas, girando exclusivamente em torno do confronto direto entre personagens.
A semelhança estrutural entre ambas as categorias permite que sejam construídas de maneira similar, ainda que o enfoque narrativo possa variar de acordo com o tipo de cena.
É importante destacar que toda sequência de luta é, por definição, uma sequência de ação. Contudo, nem toda sequência de ação pode ser classificada como uma sequência de luta. Entender essas diferenças e relações é essencial para criar cenas mais impactantes e coerentes, independentemente do meio narrativo em que sejam utilizadas.
Planejando Uma Cena de Ação
Ao escrever uma cena de ação, é comum que o jogador se depare com uma pergunta essencial: como começar? Antes de tudo, é importante entender que uma sequência de ação é uma narrativa que conta uma história com início, meio e fim. Por isso, ter em mente o objetivo ou uma linha narrativa principal é fundamental. Essa linha-mestre orientará o desenrolar da ação.
Esse tipo de cena é crucial para revelar aspectos do personagem que não poderiam ser mostrados através de diálogos ou introspecção. Em RPGs, informações importantes sobre o personagem podem se perder quando apresentadas de forma aleatória ou displicente. Isso dificulta que outros jogadores utilizem esses elementos para responder ao turno ou dar continuidade à narrativa.
Dica 1: Tenha um Plano de Jogo, Mas Esteja Aberto a Mudanças
Planejamento é uma ferramenta essencial, mas em RPGs, o controle total da narrativa só é possível se você for o mestre ou moderador, ou se estiver fazendo uma narração individual (self-para). Na maior parte do tempo, os RPGs funcionam em turnos, e você precisa esperar a resposta de quem está interagindo para dar prosseguimento.
Embora seja ideal planejar os acontecimentos da cena com antecedência, nem sempre é possível coordenar com o outro jogador em tempo hábil. Além disso, alguns jogadores evitam planejar antecipadamente ou não têm disponibilidade para isso. Por isso, um planejamento maleável é essencial. Ele permite mobilidade para trabalhar a cena sem depender tanto dos parceiros de RPG, ao mesmo tempo que fornece espaço e material para que o outro jogador desenvolva sua resposta.
Modelo de Planejamento por Perguntas
Um modelo eficaz para planejar cenas de ação é proposto por Rayne Hall em Writing Fighting Scenes (2011). Ele consiste em responder às seguintes perguntas:
Por que essa cena está acontecendo? Quem está envolvido nela? O que levou seu personagem a esse lugar? Quais são os resultados potenciais para o seu personagem? (Elu pode morrer? Elu pode se ferir?) Como a sequência de ação impactará seu personagem no RPG? (Elu pode ficar traumatizade? Elu pode ganhar confiança?)
As respostas a essas perguntas fornecem o direcionamento necessário para criar a narrativa da cena. Elas ajudam a construir uma espécie de storyboard, mental ou escrito, que guia a elaboração de um bom starter ou a resposta a um turno, garantindo uma narrativa interessante e coerente com o desenvolvimento do personagem.
Dica 2: Busque Inspirações
Ter uma bagagem rica de influências e inspirações é essencial para lidar com situações inesperadas ou turnos pouco direcionados. Pense em cenas de ação de romances, contos, filmes ou séries que você considera eficazes e emocionantes. Identifique os elementos dessas cenas que mais chamaram sua atenção e veja como podem ser adaptados para suas próprias cenas.
Escrever com sua própria voz é importante, mas você ainda pode se inspirar em outros escritores ou cenas que aprecia. O YouTube é uma ótima ferramenta para encontrar inspiração. Um exercício prático é tentar descrever uma cena de ação vista em um vídeo, o que ajuda a aprimorar suas habilidades de escrita nessa área.
Com planejamento e inspiração, você estará pronto para criar cenas de ação envolventes e impactantes, contribuindo para o desenvolvimento de seus personagens e a continuidade da narrativa no RPG.
Dica 3: Estrutura e Ritmo
Com seu planejamento pronto, é hora de colocar a mão na massa e escrever seu turno ou starter. Para isso, você precisa de uma estrutura bem definida tanto para o texto quanto para a montagem do turno.
Na parte da narrativa, uma base eficiente é a pirâmide de Freitag, adaptada de forma mais compacta: incidente > ação crescente > clímax > resolução. Assim, você garante que sua cena tenha início, meio e fim, independentemente do que aconteça durante os turnos. Isso não significa que você deva encerrar a cena em quatro respostas ou menos, mas sim que deve manter essa estrutura em mente para ajustar o ritmo conforme a resposta do outro jogador.
Ritmo é uma parte crucial. Muitos jogadores cometem o equívoco de tratar RPGs como se fossem livros. Apesar de compartilharem semelhanças, em RPGs você controla apenas os aspectos relacionados aos seus personagens. Planejamento e estrutura ajudam a identificar se você precisa acelerar ou desacelerar o ritmo do turno.
Para ajudar, propomos dois modelos de estruturação: um para starters e outro para respostas (replies):
Modelo para Starters:
Cenário: Descreva onde a cena está acontecendo e como seu personagem está inserido nela. Motivação: Apresente o que levou seu personagem a agir naquele momento. Incidente: Introduza o conflito ou ação inicial que irá impulsionar a cena.
Modelo para Respostas (Replies):
Reação: Mostre como seu personagem responde ao turno anterior, seja emocionalmente ou fisicamente. Desenvolvimento: Acrescente elementos que avancem a narrativa ou criem novos conflitos. Conexão: Finalize seu turno com algo que dê gancho para a próxima resposta.
Foque em aspectos sensoriais para construir uma imersão no cenário. Cenas envolventes fazem uso de múltiplos sentidos para atrair e manter o leitor fisgado, sendo mais eficazes do que blocos extensos de pensamentos ou diálogos. Introspecções ajudam a dar tom ao starter e indicam possíveis direções que o outro jogador pode seguir.
Recursos visuais, como gifs e imagens, podem ajudar a transmitir a atmosfera. Plataformas como o Tumblr permitem utilizar gifs faceless para ilustrar ações de personagens cujas expressões específicas não estão disponíveis. Esse recurso é particularmente comum em interpretações de personagens com poderes ou de atletas e músicos, enriquecendo a experiência narrativa.
Abaixo, mais algumas dicas importantes:
Subtexto: Leia nas entrelinhas. O subtexto revela pistas sobre o direcionamento da cena e ajuda a guiar sua resposta.
Ação e Reação: Contextualize o ponto de vista do seu personagem. Mostre o que elu vê, sente e pensa, mas sem monopolizar a narrativa, para evitar metagaming ou god modding .
Ritmo e Diálogo: Lembre-se de que cenas rápidas frequentemente deixam pouco espaço para falas longas ou frases de efeito. Foque nas reações imediatas e no que seu personagem pode oferecer para dar continuidade à cena.
A partir desses elementos, você pode criar cenas dinâmicas, envolventes e que incentivem outros jogadores a contribuir com a narrativa. Ouça seu personagem e mantenha a narrativa orgânica.
Com planejamento, estrutura e ritmo adequados, você estará preparado para criar cenas dinâmicas e envolventes, contribuindo para uma experiência de RPG rica.
Armas e Objetos
Algumas vezes, para uma ação mais frenética, acaba-se sendo interessante para o personagem utilizar uma arma ou objeto, para dar mais algo a mais na ação ou potencializar os riscos da história. Ao optar por esse recurso, pesquise sobre o funcionamento, peso, alcance e limitações do objeto ou arma. Detalhes realistas enriquecem a narrativa, mas evite exagerar para não sobrecarregar o leitor com informações técnicas.
Descreva com Impacto, Use verbos fortes e específicos para descrever como a arma ou objeto é usado. Por exemplo, “o taco de beisebol desceu em um arco perfeito, esmagando a mesa ao meio” é mais vívido do que “ele usou o taco de beisebol para bater na mesa.”
Contextualize o Ambiente, mostre como o personagem interage com o espaço ao usar a arma ou objeto. Uma cadeira jogada em um espaço apertado gera mais impacto do que em um salão vazio.
Adicione sons, como “o silvo da lâmina cortando o ar” ou “o eco seco do disparo no corredor,” para aumentar a imersão. Inclua sensações táteis e visuais, como “o metal frio da espada contra a palma suada.”
E o mais importante: Mostre Consequências. Detalhe os efeitos do uso do objeto ou arma. Isso pode incluir ferimentos, danos ao ambiente ou reações emocionais, como o choque após um disparo. O uso de armas ou objetos deve refletir a personalidade do personagem. Um herói relutante pode hesitar antes de usar uma arma, enquanto alguém impulsivo a usaria sem pensar duas vezes.
Cenas de ação exigem dinamismo, evite descrições longas no meio da ação e priorize frases curtas e impactantes para criar uma sensação de urgência.
Lembre-se que um objeto comum pode se tornar uma ferramenta única em combate, como uma caneta transformada em arma improvisada. Isso adiciona originalidade à cena.
Combate Corporal
Quando se fala de cenas de ação, é impossível não pensar primeiro em um embate corporal, afinal, é a maneira mais fácil de visualizar algo para construir conflito. É muito importante que antes de mais nada, um contexto seja estabelecido. Comece estabelecendo o ambiente e as motivações. Onde a luta acontece? Quem são os combatentes? Há uma multidão assistindo ou é um duelo privado? Detalhar o cenário, como o som de pés descalços no tatame ou o vento soprando em um campo aberto, cria a atmosfera necessária para a ação.
Se planeja colocar uma habilidade em arte marcial, é primordial que uma pesquisa seja feita. Cada estilo de arte marcial tem suas características únicas. Pesquise movimentos, posturas e filosofias.
Um personagem treinado em aikido pode usar a força do adversário contra ele, enquanto alguém que domina o muay thai prioriza golpes diretos e contundentes. Use esses detalhes para diferenciar estilos e mostrar a identidade dos personagens.
Use frases curtas e impactantes para descrever golpes, esquivas e bloqueios, mas não negligencie os detalhes importantes. “Ela girou em um chute alto, o calcanhar cortando o ar antes de encontrar o ombro do oponente” é mais envolvente do que “ela deu um chute no ombro dele.”
Cada golpe precisa de uma reação. Mostre como os personagens lidam com o impacto, dor e exaustão. Descrever a respiração pesada, suor escorrendo ou hesitação após um ataque cria uma conexão emocional com o leitor e adiciona realismo.
Combates corporais não são apenas força bruta, mas também tática. Mostre como o personagem avalia o adversário, explora fraquezas ou adapta seu estilo ao longo da luta.
A forma como o personagem luta deve refletir sua personalidade. Um lutador disciplinado pode manter postura perfeita, enquanto um briguento improvisa e usa golpes desleais.
Decida como a luta termina e o impacto que isso terá na narrativa. Uma vitória, derrota ou impasse deve avançar a história ou revelar algo sobre os personagens.
Ferimentos
Ao escrever um turno que envolva uma cena de ação é evidente que seu personagem ficará marcade de alguma forma. Para essa tarefa é necessário equilíbrio entre detalhes gráficos e a emoção da narrativa.
É importante captar não apenas o aspecto visual das lesões, mas também os impactos físicos e psicológicos nos personagens. A seguir, exploramos estratégias para descrever ferimentos em cenas de ação com precisão e dinamismo.
Detalhes são importantes para criar realismo, mas não é necessário exagerar ou se demorar demais na descrição. Concentre-se em ferimentos significativos que influenciem a narrativa ou o estado emocional do personagem. Evite uma lista de machucados e, em vez disso, foque em como eles afetam o personagem no momento.
Ferimentos em cenas de ação devem impactar a capacidade do personagem de lutar ou sobreviver. Mostre como a dor ou a limitação física altera suas escolhas. Por exemplo: "Com o ombro deslocado, ele mal conseguia levantar o braço para se defender, mas ainda assim avançou, ignorando o grito de agonia que queria escapar.”
Ferimentos não são apenas físicos; eles carregam uma carga emocional. O desespero, a raiva ou a determinação do personagem podem ser transmitidos através de sua reação à dor. Um personagem pode lutar contra o medo da morte enquanto sente o sangue escorrer de uma ferida profunda.
O Erro é seu Amigo
Em uma narrativa, especialmente em cenas de ação, os erros cometidos pelos personagens podem ser ferramentas poderosas para criar tensão, humanizar os protagonistas e tornar a história mais envolvente. Esses momentos de falha aproximam o público dos personagens, mostrando que eles não são invencíveis, mas sim humanos, com limitações e vulnerabilidades.
O erro pode surgir de diferentes formas: um golpe mal calculado, uma decisão impulsiva ou até mesmo a subestimação do adversário. Esses deslizes tornam o conflito mais realista, além de tornar as cenas mais críveis e carregam um peso narrativo significativo. Eles podem redefinir a dinâmica entre personagens, trazer lições importantes ou até mudar o rumo da história. Um erro estratégico em batalha pode forçar o grupo a recuar, levando a uma mudança de cenário ou introduzindo novos aliados e inimigos. As consequências desses momentos ajudam a enriquecer a trama, criando desafios mais complexos e emocionantes.
Outro aspecto importante é como os erros contribuem para o desenvolvimento do personagem. Um fracasso bem explorado pode servir como um catalisador para o crescimento pessoal, motivando o personagem a superar suas fraquezas ou aprender com as adversidades, mas também pode abrir as portas para que seu personagem possa mudar de maneira negativa, assumindo tons vilanescos e facilitando o entendimento e motivações para ações futuras.
Em resumo, permitir que os personagens errem em cenas de ação não é apenas realista, mas essencial para criar uma narrativa rica e cativante. As falhas e suas consequências não apenas aumentam a tensão, mas também acrescentam camadas de complexidade e autenticidade, tornando a história mais marcante.
Conclusão
Aqui encerramos o tutorial. Esperamos que ele te ajude a compreender e a aprimorar suas habilidades como escritor. Caso tenha dúvidas, nossa ask box está aberta para contato.
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hwares · 1 year ago
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#001 | O Mais no Menos: um guia para turnos pequenos!
Hala, forasteiros! Vocês sabem qual a diferença entre turnos pequenos e turnos grandes? Pois eu irei te contar… nenhuma! Ou melhor, só uma: preferência.
Um turno nunca deve ser adjetivado em bom ou ruim baseado em seu tamanho. Sinceramente, escrita nenhuma deve ser considerada boa ou ruim baseada na quantidade de caracteres que possui. Como escritores e players, é importante sabermos disso: tamanho é somente questão de estilo. Alguns precisam de mais caracteres para se expressar, outros menos. Contudo, os clichês estavam certos, tamanho não importa!
Há outros detalhes que devemos prestar atenção quando estamos escrevendo. E é isto que iremos explorar hoje: como fazer mais em menos.
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Prefaciarei este guia — ou extenso palpite, como preferir — com a seguinte mensagem: não estou tentando ditar regras sobre como jogar roleplay. Tampouco tentando me colocar como autoridade ou expert no assunto. Estas são apenas minhas opiniões e inferências sobre o assunto. Todos são mais que bem vindes para colaborar ou discordar por replies, reblogs e asks (com educação)!  Minha única intenção com este guia é oferecer algumas dicas e mostrar que você pode escrever pouco se quiser: não precisa se descabelar ou pensar que seu turno é ruim só porque o fantasma de Victor Hugo não o agraciou numa madrugada de natal. Da mesma forma, não precisa pensar que seu turno é ruim só porque você escreveu Os Miseráveis versão de colecionador. Toda escrita é válida.
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INTRODUÇÃO
Às vezes nos remoemos pensando que nossos turnos estão ruins ou “pouco elaborados” porque não atingimos aquela lauda de 1200 caracteres. Mas vou contar uma verdade: algumas de minhas interações favoritas aconteceram com turnos pequenos! Uma delas, inclusive, é uma thread com turnos de menos de 600 caracteres! Não há vergonha nenhuma ou menos mérito em um turno pequeno. 
Honestamente, sou daqueles que não consegue calar a boca quando começa a escrever. Meus turnos costumam se estender por parágrafos e parágrafos; entretanto, há vezes em que escrever muito não é palatável. Seja porque a proposta da interação não abre espaço para discorrer ou porque não estou a fim — saber escrever muito em pouco é uma habilidade que todos deveríamos ter. 
Mas como fazemos isso? Primeiro, vamos começar definindo o que são threads. 
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AS DEFINIÇÕES
Acho que todos podemos concordar que threads seguem uma estrutura que pode ser resumida em ação e reação. O primeiro turno de uma thread sempre conterá a ação principal — o acontecimento que irá engatilhar a interação —, enquanto as repostas conterão as reações: as consequências daquela primeira ação e suas ramificações. 
Seguindo esse raciocínio, e emprestando (e brincando com) termos técnicos, podemos pensar em threads como cenas e turnos como beats. Simplificando, beat é uma unidade usada em roteiros para marcar pedaços onde há progresso numa cena — turnos possuem a mesma função. Todo turno que escrevemos movem a cena (ou a thread) de, pouquinho em pouquinho, em direção a um objetivo. Vamos chamar esse progresso de desenvolvimento. E, por sua vez, definiremos um turno bom como aquele que nos rende desenvolvimento. Ou seja, o bom turno é aquele onde conseguimos mover a cena para frente. 
E como fazemos isso? É importante lembrarmos que roleplay não se joga sozinho. Logo, “render desenvolvimento” significa que nossos turnos conseguem explorar nossas muses, dão margem para que nossos partners desenvolvam as deles e, também, desenvolvem a dinâmica e relacionamento entre as muses. 
São muitas definições, mas pensar dessa maneira nos ajudará a estabelecer uma base para dissecarmos os turnos e observar os elementos que os formam e, como consequência, compreender como podemos nos certificar que nossos turnos pequenos (e até os grandes!) são bons. 
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OS ELEMENTOS
Há três elementos essenciais em um turno e dois opcionais. Vamos começar pelos essenciais:
(01) AÇÃO
Como mencionado, threads são estruturas de ação e reação; logo, não há como ter turnos sem ações. Isso é óbvio, eu sei. Mas, precisamos pensar em quais ações são indispensáveis para turnos. Posso escrever que minha muse comprou um pão, mas será que isso atribuirá em alguma coisa?  Sempre iremos precisar de dois tipos de ação em nossos turnos: as que instigam reações (reativas) e as que movem a cena (funcionais). Elas podem se interligar, mas são diferentes.  Ações reativas são aquelas que servem para interagir, diretamente, com as muses de nossos partners. São movimentos que envolvem a outra muse, que pedem por sua reação. É um olhar na direção da muse, pegar em sua mão, oferecer um objeto, etc.  Ações funcionais irão movimentar a cena. Mas o que isso significa? Significa que são as ações que nossas muses tem com o ambiente onde estão inseridas, ações que demonstram suas caracterizações. Pense que (para não dizer nunca), raramente, estamos parados apenas ouvindo outra pessoa falar, por exemplo — estamos mexendo na barra da camisa, observando o chão, sentindo o cheiro de um pãozinho. Você pode não perceber, mas esses movimentos além das interações com a outra muse ajudam a fluir o turno.  Nossos partners podem, também, reagir às ações funcionais. Eles podem notar movimentos que nossas muses fazem e, eventualmente, as ações funcionais irão ocasionar ações reativas. 
(02) NARRAÇÃO 
Lembra o cheiro do pãozinho que nossa muse sentiu? É na narração que iremos dizer que aquilo resultou em um estômago roncando, ou que nossa muse, na verdade, odeia pão. São os sentimentos, detalhes e, mais importante, são as reações. É na narração que lidaremos com as ações reativas que nossos partners escreveram! Sim, os elementos se misturam e se interligam: você pode (e terá!) ações dentro da narração e do diálogo, assim como diálogo dentro da narração e vice-versa. É muito importante lembrar disto. 
(03) DIÁLOGO
Por fim, temos os diálogos! Os diálogos são a junção de ambos os elementos acima: eles servem para estabelecer e desenvolver relações. É muito importante mantermos em mente que diálogos são uma espécie de ações reativas — precisamos projetar em nossas mentes, até um certo ponto, como as muses irão responder a eles quando os escrevemos. Posso escrever um diálogo onde minha muse diz “Meu pai morreu” em resposta a um “Tudo bem?”, entretanto, se o meu muse e o de meu partner não possuírem nenhuma conexão… como a muse dele poderá responder? Entende?  Quando escrevemos pedaços de diálogos em nossos turnos, é necessário que consideremos as conexões estabelecidas, o fluxo da interação, onde a cena está localizada e para onde ela está indo.
Os elementos opcionais, por outro lado, são:
(04) DESCRIÇÃO
São aquelas partes que dedicamos a descrever os ambientes, as aparências de nossas muses, etc.
(05) EXPOSIÇÃO
Lembra que nossa muse odeia pão? Então, é na exposição que contaremos o porquê (ela teve intoxicação alimentar aos doze anos por causa de um peito de peru fora da validade). São os detalhes que adicionamos para oferecer maior caracterização ou desenvolver os pensamentos de nossas muses, justificar suas ações, discorrer sobre características… enfim. Serve de muitos propósitos, mas não são essenciais em todo turno — ou são, se esse for seu estilo! E não há problema nenhum.
Agora que pensamos nos elementos que compõem um turno, vamos observar alguns detalhes para entendê-los melhor e conversar, propriamente, sobre como podemos utilizá-los de maneira a definir um turno como bom.
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OS EXEMPLOS E AS DICAS
(*) Esses exemplos foram todos escritos por mim para este guia. Assim perdão se estiverem meio… sabe. lmao.
Para referência: Ação / Narração / Diálogo / Descrição / Exposição.
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Escondido nas sombras do beco, Mangi aguardou os homens com distintivos sumirem na esquina antes de caminhar para a rua principal. Canalhas persistentes. Cuspiu no chão, expelindo o azedume que a presença deles causavam em seu ser. Olhou ao redor, flexionando os ombros quando retornou a andar. Suas juntas ainda doíam devido à sua fuga daquela manhã; Hoyun o pagaria por escondê-lo entre porcos imundos. Mangi empurrou as portas do boteco, entrando de queixo erguido. Sua presença cessou a conversa e, conforme caminhava até o balcão, pescoços viraram para o lado contrário. Sorriu de escanteio, abaixando o chapéu ao se aproximar do bar — seu pôster estava pendurado próximo ao rádio empoeirado, a palavra procurado escrita em maiúsculas. Pediu pelo álcool mais barato que podiam oferecer e manteve sua cabeça baixa ao bebericá-lo, ignorando a iniciativa de conversa da bartender.
Como podemos ver, os elementos se interligaram bastante: temos ações dentro da narração no princípio, então narração dentro das ações ao meio. Este é o turno inicial. Perceba que, mesmo diálogo sendo um elemento essencial, ele não apareceu — algumas vezes eles podem ser substituídos por ações reativas! Mas são em casos bem específicos. Por esse ser o primeiro turno da thread, em vez de iniciar a interação com um diálogo, optei por iniciar usando reação reativa e narração. Como? Vamos analisar por partes.
[Olhou ao redor, flexionando os ombros quando retornou a andar], [Mangi empurrou as portas do boteco, entrando de queixo erguido. Sua presença cessou a conversa e, conforme caminhava até o balcão, pescoços viraram para o lado contrário.] Essas são ações funcionais. Como pode ver, elas estão movimentando a cena, assim como agregando à ambientação onde a interação irá ocorrer. Essa segunda também poderia servir como uma ação reativa caso a muse de meu partner (que não existe) estiveses sentada dentro do bar (mas veremos que não está…).
[Suas juntas ainda doíam devido à sua fuga daquela manhã; Hoyun o pagaria por escondê-lo entre porcos imundos.] A exposição nos dá uma informação que não é necessária para a cena em questão, mas justifica e incrementa a ação anterior.
[Sorriu de escanteio, abaixando o chapéu ao se aproximar do bar — seu pôster estava pendurado próximo ao rádio empoeirado, a palavra procurado escrita em maiúsculas. ] Aqui a narração serviu para incluir um detalhe importante sobre o personagem: é um procurado.
[Pediu pelo álcool mais barato que podiam oferecer e manteve sua cabeça baixa ao bebericá-lo, ignorando a iniciativa de conversa da bartender.] Esta é uma ação reativa que serve para engatilhar a interação. Coloquei o personagem num ponto fixo, o dei um movimento que pode ser interceptado ou reparado.
Vamos ver uma resposta para esse turno.
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Sentado sobre os caixotes nos fundos do bar, Joong ouviu o momento em que o som de gargalhadas entre shots de tequila e ofensas após perdas no truco deixaram de ecoar para fora do estabelecimento. Intrigado, pegou seu copo e caminhou para dentro do estabelecimento novamente, abandonando a fotografia parcialmente queimada na poça que escorria para o esgoto. Naquele horário, haviam restado somente os regulares sentados às mesas. Joong apoiou os cotovelos no balcão, observando o bar ao seu redor. Bebiam em silêncio, com mãos curvadas nas bordas das mesas, prontas para alcançar as armas em suas cinturas. Joong pendeu a cabeça para o lado, seus olhos recaindo sobre a figura enchapelada na outra extremidade: um desconhecido. Continuou a encará-lo descaradamente, esperando que tivesse seu olhar retribuído. Quando não aconteceu, bufou em escárnio. Ou era atrevido ou estúpido — embora não houvesse muita diferença naquelas bandas. “Hora, não é sempre que temos forasteiros.”Disse, virando seu corpo em direção ao outro e levantando seu copo para a bartender. “Me diga, estranho, qual o seu nome?”
[Sentado sobre os caixotes nos fundos do bar, Joong ouviu o momento em que o som de gargalhadas entre shots de tequila e ofensas após perdas no truco deixaram de ecoar para fora do estabelecimento. ] Como podemos ver, esta narração está reagindo à ação reativa do primeiro turno! Joong está ouvindo o momento em que Mangi entra no bar, embora não saiba disso.
[Intrigado, pegou seu copo e caminhou para dentro do estabelecimento novamente], [Joong apoiou os cotovelos no balcão, observando o bar ao seu redor. ]. Ações funcionais, aproximam e o inserem na cena.
[abandonando a fotografia parcialmente queimada na poça que escorria para o esgoto.] Viu como é um elemento não necessária mas adiciona uma informação interessante? Nos faz pensar o que era aquela fotografia, porque ele a deixou ali, porque estava queimada… esse fato pode ser retomado mais tarde, ou pode ser mais elaborado! E é este ponto que quero reforçar: a exposição é a parte que desenvolvemos mais quando queremos "elaborar mais" nossos turnos. Mas, obviamente, é uma coisa relativa: se aumentamos a quantidade de exposição, também aumentamos as ações reativas. Vamos explorar isso mais ao fim do guia.
[Joong pendeu a cabeça para o lado, seus olhos recaindo sobre a figura enchapelada na outra extremidade: um desconhecido. Continuou a encará-lo descaradamente, esperando que tivesse seu olhar retribuído. Quando não aconteceu, bufou em escárnio. ] Ação reativa. Joong está reagindo a presença de Mangi (e perdoem o god-modding mas eu precisava de um exemplo, haha).
[“Hora, não é sempre que temos forasteiros.” Disse, virando seu corpo em direção ao outro e levantando seu copo para a bartender. “Me diga, estranho, qual o seu nome?”] Por fim, vemos o diálogo! É uma pergunta simples e conta com uma ação funcional.
Agora, vamos observar outras duas respostas. Mas, dessa vez, tente você reconhecer os elementos!
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Mangi conseguia vê-lo o encarando pelo canto de seus olhos, mas não se importou em retornar a atenção. “Tudo o que você precisa saber é que não estou procurando problemas.” Virou sua bebida em um gole, terminando-a. Era verdade. Já se deparara com mais problemas que desejara naquele dia; não precisava de mais. Balançou o copo para a bartender, pedindo por mais. “Estou esperando um amigo.” Disse, ainda não o olhando.
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“Infelizmente para você, sou eu quem decido isso.” Joong sorriu de escanteio, apoiando a cintura contra o balcão. “E, nesse momento, você me parece com alguém que procura problemas.” Similarmente ao outro, virou sua bebida em um único gole. Então, colocou o copo sobre o balcão e gesticulou para que a bartender fosse para os fundos, ignorando o estranho. “Não vou repetir minha pergunta.” Disse, a mão deslizando para a arma em seu quadril.
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Se você analisou como acima, percebeu que somente há narração, ação e diálogo nessas respostas. Veja, mesmo sendo mais curtas, elas continuam a manter o dinamismo e desenvolvimento da cena.
E, graças aos elementos adicionados anteriormente, possuímos um ambiente inteiro para explorar! Por exemplo, algumas opções de desenvolvimento que poderia ocorrer em seguida são:
Mangi colocar seu copo sobre o balcão com um suspiro derrotado por perceber que não conseguirá ficar em paz ali e, por fim, responder a pergunta.
Mangi reagir alcançando a própria arma e, Joong, por sua vez, retomar em sua resposta os outros regulares do bar se levantando ou sacando as próprias armas em sua defesa.
Mangi acabar por encarar Joong e esse perceber que é o foragido que está no pôster!
O mais legal? Todas essas três opções podem ser exploradas unicamente através de narração, ação e diálogo. No fim, o importante não é o tamanho, é a presença desses elementos que vão determinar se uma cena irá fluir e se desenvolver. Percebem que possuir apenas três elementos e pouquíssimos caracteres não tirou o mérito da interação? Ela ainda está servindo para o desenvolvimento das muses!
Mas vamos supor que você realmente quer dar aquela incrementada no seu turno, adicionar umas coisinhas… como faria isso? A maneira mais fácil de fazer isso seria adicionando mais exposição; a mais elaborada adicionando ambas exposição e descrição. Mas, como dito anteriormente, você não pode fazer isso sem aumentar a quantidade de ações: tanto as reativas quanto as funcionais. Assim como a narração e o diálogo! Lembre-se, esses três elementos são essenciais! Vamos modificar um dos exemplo. Novamente, quero que você mesmo marque os elementos.
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Mangi conseguia vê-lo o encarando pelo canto de seus olhos, mas não se importou em retornar a atenção. Continuou a fitar o balcão, reparando na poeira e nódoas em diferentes colorações que acumulavam nas rachaduras da madeira refletindo a idade e higiene do local. Torceu o nariz, retornando sua atenção ao seu copo. “Tudo o que você precisa saber é que não estou procurando problemas.” Respondeu com amenidade. Virou o álcool em seu copo num único gole, não se dando tempo para pensar demais nas marcas no fundo do vidro. Era verdade. Já se deparara com mais problemas que desejara naquele dia. Hoyun aparecera no momento certo naquela manhã para salvar sua bunda de ser apreendida. Não sabia como os policiais haviam descoberto que estava se abrigando na estalagem, embora imaginasse que Young pudesse ter algo a ver com isso — nunca devia ter penhorado o relógio que roubara de Hojong com ele. O homem possuía uma boca tão grande quanto a lista de crimes de Mangi. Com um suspiro, balançou o copo para a bartender, pedindo por mais. “Estou esperando um amigo.” Disse, recusando a encará-lo. A figura do outro estava borrada em sua visão periférica, mas conseguia notar o suficiente para decifrar que era o big boss do pedaço. Conseguia ver as expressões ansiosas dos outros regulares sentados próximos do bar, a maneira como encaravam o outro com expectativa. Aguardavam uma ordem, um julgamento. Deixou um suspiro exasperado escapar seus lábios. Esperava que Hoyun não demorasse muito. “Pode me chamar de Hojong.”
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Conseguiu percebê-los? Ainda está pequeno, entretanto, vê como adicionar mais exposição ajuda a expandir a dimensão do turno? Entretanto, se adicionarmos exposição demais podemos acabar por esquecer de oferecer margem e gatilhos para nossos partners explorarem também — assim, tome cuidado!
Se quiser, como exercício, você pode tentar expandir a segunda resposta do Joong! Eu adoraria ver!
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E assim, concluo este tutorial de turnos pequenos que ficou… grande. Como disse uma querida amiga "ironia do destino"! Espero que tenha ajudado ou contribuído de alguma forma em sua jornada rpgística!
Sem mais delongas,
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reinato · 2 months ago
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AMADOS - Cândido Gomes
MEDO
Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois Tu estás comigo; a Tua vara e o Teu cajado me protegem. Salmo 23:4
Em uma noite de verão, durante uma tempestade muito forte, certa mãe colocou seu filho na cama. Já era hora de dormir. Eles oraram juntos, e a mãe se despediu com um beijo na testa do menino. Mas, antes que ela pudesse desligar as luzes do quarto, ouviu seu filho dizer: “Mamãe, fica comigo esta noite!” A mulher sorriu e disse: “Eu não posso, filho. Tenho que dormir no quarto com o papai.” Houve silêncio por alguns segundos. Por fim, o menino disse em doce indignação: “Meu pai é medroso mesmo!”
Alguns anos atrás, estudiosos da Universidade Johns Hopkins publicaram uma interessante pesquisa sobre medo na infância. O estudo revelou que, há 40 anos, os maiores medos de uma criança eram: 1) animais; 2) ficar em um quarto escuro; 3) lugares altos; 4) pessoas estranhas; e 5) barulhos altos. Décadas depois, quanta mudança! Os maiores medos infantis na data em que a pesquisa foi veiculada eram: 1) divórcio; 2) guerra nuclear; 3) câncer; 4) poluição; e 5) ser assaltado.
O medo é uma emoção forte e desagradável, frequentemente causada por antecipação ou aviso de perigo. Todos convivemos com algum tipo de medo. Alguns deles adquirimos na infância, por algum trauma ou incidente marcante. Outros vamos apresentando ao longo da vida. Alguns são bobos, outros são óbvios. Eu tenho medo de panela de pressão e de ver sangue. E você, tem medo do quê?
O Salmo 23 é o diário das ações do pastor, o protagonista de cada cena descrita pelo salmista. É ele quem “faz repousar”, quem “conduz a águas tranquilas”, quem “restaura o vigor”, quem “guia”, quem “protege e consola”, quem “prepara o banquete”, quem “unge a cabeça com óleo”, quem “acompanha em bondade e misericórdia”. Só há uma ação da ovelha: andar. Como que avaliando sua própria rota, Davi relembra os passos dados em caminhos de incerteza, de perseguição e de morte. Mas o que deveria inspirar medo na ovelha revela sua confiança. “Tu estás comigo” e “não temerei perigo algum” – são as certezas daquele frágil ser.
Portanto, se alguma crise roubou as cores dos seus sonhos, não tenha medo. Se você está passando pelo vale da sombra e da morte, não pare. O Pastor está com você.
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specialthingsncg · 2 months ago
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Elementos de Matemática Sagrada no quadro Melancolia de Albrecht Dürer
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Melancolia de Albrecht Dürer. Domínio público
Isto é ainda mais surpreendente, porque o quadrado mágico que preside a pintura, sob o sino imóvel, é o de Júpiter, e não o deste Deus, que seria, talvez, mais apropriado. É o mesmo quadrado mágico de Júpiter que vemos na catedral de Gaudí em Barcelona.
O ano de composição foi 1514, pois aparece ao lado do selo do autor, abaixo, no lado direito (números que também surgem no dito quadrado mágico na última fila).
Todos os elementos, símbolos, que aparecem no quadro, são, de fato, da irradiação e do poder de transformar a realidade própria do Deus Júpiter, que é o Logos, ou intérprete dos desígnios do Destino nas ações, na forma, na vida, num plano e obra que devem ser executados fielmente. Como diria Giordano Bruno, Júpiter é a alma intelectiva, ou “alma que reencarna” (Manas) das tradições teosóficas: o rei, o capitão da embarcação que a guia para o bom porto, a razão superior e ordenante e, ao mesmo tempo, aquela que a impulsiona para a frente. Mas, precisamente, a melancolia, regida por Saturno, e além do cetro ou ação de Júpiter (mesmo como planeta) é o que paralisa toda ação, o tempo é suspenso, as ferramentas de trabalho no chão e desordenadas; o cão, em vez de acordar e observar, dorme; o anjo ou inspiração que traça as medidas dos Sonhos para que sejam então executados, imóveis e franzidos a testa; o cubo que é a sede ou trono, ou altar de Júpiter, truncado e deformado (na forma de um romboedro truncado); ninguém sobe a escada até ao topo, o cadinho arde no fogo sem que nele se derrame qualquer metal, o equilíbrio não é pesado e preguiçoso, dorme em equilíbrio, o badalo do sino não bate no seu metal sonoro, o putti da música, vagueia, o lago ou o mar não respira as suas ondas de prata e esmeralda,  A esfera encontra-se imóvel no chão. Não sabemos se a areia do relógio cai ou não, só que, a julgar pelo que se vê, chegou ao meio do seu percurso, meio pitagórico, um momento de pausa ou descanso, e mesmo com risco de morte, o mesmo da sexta hora em Roma (apenas o Sol no Meio do Céu) que dá a etimologia da palavra “sesta”.
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Então, o que significa o quadrado mágico de Júpiter? Podemos interpretá-la como a presença deste Deus, que governa o poder vital, mas que é anulado pela melancolia. Ou, talvez, pelo contrário, que ele está lá para exorcizá-lo, para devolver vigor e movimento à cena. Embora eu incline mais para a primeira interpretação.
O que sabemos é que o cometa é o único que está em movimento, com tudo o que isso implica. E talvez, simbolicamente, essa seja a chave. O cometa indica que a hora soou, que a hora de semear, de fazer, e até de colher, já chegou ao seu fim. Um conceito semelhante ao da 25ª hora do poeta e escritor romeno Virgil Georghiu. Tudo o que se faça a respeito é inútil, assim como nenhuma tentativa de dar vida a um cadáver é inútil, mesmo que sejamos capazes de mover galvanicamente os seus membros. E esta é a causa de tamanha melancolia. Não é o pôr-do-sol do Sol, que precedeu o entardecer, faz com que o gado volte ao seu rebanho, que as ferramentas sejam salvas e que as obras sejam gradualmente concluídas, uma vez que o próprio Sol descansará. Não! É o cometa, que ninguém sabia que viria, como a espada de um Deus justo, como a morte, ou o anúncio dela, que vem quando ninguém espera, e embora possa ser feito, e criar e transformar o mundo ao nosso redor, que sentido tem já fazê-lo, ou que sentido tem já divertir-se, brincando, quando este chega… É a quintessência da melancolia, anunciada aqui pelas asas abertas de um morcego, um animal muito apropriado para a ocasião.
Mas, dada a natureza desta revista, vamos concentrar-nos mais nos elementos da sua matemática e geometria:
1. A figura de maior tamanho da cena alegórica é um cubo truncado, em perspetiva, e daí, os seus ângulos são deformados; ou então diretamente um romboedro truncado. O ângulo em que o faz é de 108º, e 72º (ângulos que definem o pentágono regular) e 126º.
Romboedro truncado como mostrado no quadro
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O cubo ou altar é o trono do Deus na mentalidade antiga (e ainda falamos da cadeira ou pedra cúbica em que o professor se sentava para ensinar suas lições). O facto de ser levantado, girado e truncado talvez signifique que a ação de Júpiter, a ação vital do Logos, detém-se, permanece em suspensão.
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Gráfico de Dürer. Domínio público
O diagrama que forma a projeção desta figura sobre o plano é surpreendente, pois é a estrela de seis pontas dentro de um hexágono, formando o chamado “gráfico de Dürer”, símbolos de Vishnu na Índia, como o poder transformador e conservador da Natureza.
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Desenho preparatório do poliedro de Dürer no quadro Melancolia. Domínio público
Ver detalhes nas páginas seguintes:
https://mathworld.wolfram.com/DuerersSolid.html https://web.archive.org/web/20100215034300/
http://www.uclm.es/aB/magisterio/ensayos/pdf/revista3/r3a15.pdf
2. A esfera, símbolo da perfeição absoluta, e que deve ser levada até o topo, jaz no chão, imóvel.
3. A Escadaria dos Sete Passos é um símbolo da estrutura septenária da realidade, à qual já dedicamos vários artigos nesta revista. Os sete planos da natureza ou elementos pelos quais ela passa, e dos quais o Ser-Esfera está revestido, mas, neste caso, ninguém sobe através dela.
4. O cone duplo, formado pela ampulheta, é a matriz de todas as figuras chamadas cônicas: espiral, elipse, circunferência, parábola e hipérbole.
5. O equilíbrio, símbolo da dualidade, e de tudo o que é dual (masculino-feminino, espírito-matéria, razão-sentimento, etc.) e também do número seis pelos dois triângulos equilibrados que seguram seus pratos, e mesmo de 4 (o Quadrado da Justiça Perfeita ou Harmonia pela Oposição), no meio dos sete números, tentando harmonizar os de cima com os de baixo.
6. O compasso, que além de medir distâncias e ângulos e desenhar círculos, está aberto a 36º que é o triângulo do pentágono estelar e que estava associado à mente divina.
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7. O cometa forma com o horizonte um ângulo de 45º que define o triângulo retângulo isósceles, ou seja, 1, 1 e √2 com todos os seus fatídicos significados pitagóricos e platónicos, como um triângulo que traça o quadrado da matéria, além de ser o primeiro irracional. Um bom ângulo para marcar destino e consumação.
8. A semi-circunferência de um arco-íris, outro dos símbolos de “chegou a hora”, embora isso seja interpretado mais como um bom presságio.
9. O Quadrado Mágico de Júpiter, números 4 x 4, e que analisaremos em detalhes na próxima edição da revista.
Tal como Leonardo da Vinci, o seu homólogo nascido em Nuremberga no génio e na pintura, atribuiu enorme importância à Geometria Sagrada, aos Sólidos Platónicos e aos significados filosóficos que contêm. E nesta alegoria, que retrata a melancolia que devora o presente e, portanto, a vida, descobrimos a importância de não parar, de não abandonar e assim empreender a ação justa e necessária, sabendo que em algum momento o cometa, como emissário de um superior e sublime, dirá que chegou a hora, que o combate entre Hórus e Seth deve ser interrompido, até uma nova ocasião.
José Carlos Fernández
Lisboa, 30 de Março de 2023
Site: Matemática para Filósofos
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blogpopular · 3 months ago
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Como Criar uma Cena de Ação no Cinema: O Guia Completo
Como criar uma cena de ação no cinema envolve a combinação de elementos visuais, sonoros e narrativos que garantem uma experiência emocionante para o público. Para que a ação tenha impacto, é fundamental planejar cuidadosamente a coreografia, o uso de efeitos especiais e a dinâmica da câmera, além de garantir que cada movimento e som estejam sincronizados com a narrativa do filme. A chave para o…
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diariosdoedificiobaxter · 9 months ago
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Criminal
O uso do tamanho dos quadros para cadenciar a leitura e transmitir ao leitor a sensação de blocos de tempo distintos é uma das artes sutis envolvidas na criação do leiaute de uma página de quadrinhos. Um artista como Sean Phillips domina essa técnica à perfeição, como demonstrado na página abaixo, retirada de Criminal #9 (2019), com roteiro de Ed Brubaker e cores de Jacob Phillips (filho de Sean):
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Ao lermos uma página de quadrinhos, temos a tendência de nos deter por mais tempo em quadros maiores. Além de indicar a importância relativa daquele segmento dentro da cena, o tamanho do quadro determina, em certa medida, o tempo que vamos "gastar" nele, e essa é uma das formas usadas pelos artistas para simular a passagem do tempo na narrativa.
Na página acima, na primeira linha temos três quadros, com os três personagens envolvidos na cena: os delinquentes juvenis Leo e Ricky, dois dos protagonistas do universo de Criminal, nos quadros 1 e 3, com um guarda de segurança no quadro central. Os quadros com os protagonistas são maiores do que o quadro do guarda, o que indica a importância relativa dos adolescentes em relação ao segurança, um coadjuvante na cena. O quadro central menor também representa o tempo menor em que nos detemos nessa tomada específica (emprestando o termo da linguagem cinematográfica): se estivéssemos assistindo a um filme, as tomadas com os dois adolescentes durariam um tempo um pouco maior em relação à tomada com o guarda.
Na segunda linha, temos dois quadros grandes, de tamanho similar, ocupando o centro da página e da ação: Ricky e o guarda se enfrentam, com evidente desvantagem para o primeiro. O fundo vermelho do quadro da esquerda simboliza o caráter violento da cena; não é um absurdo imaginar que esses dois quadros foram concebidos como uma espécie de câmera lenta, efeito ressaltado pelas cartunescas linhas de "dor" no ombro de Ricky no quadro 1 e pelo rastro de sangue que sai do seu nariz no quadro 2.
Na terceira e última linha da página, temos quatro quadros: a ação se acelera, especialmente nos quadros 1 e 2, que formam um díptico (técnica artística utilizada em painéis desde a antiguidade). Dípticos (duas imagens) e trípticos (três imagens) são os exemplos mais comuns de polípticos, técnica em que os artistas compõem uma obra a partir da articulação de duas ou mais imagens:
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(Hans Memling, Donne, 1480)
Nos quadrinhos, os polípticos funcionam como as panorâmicas do cinema (em inglês, panning): o artista guia nossos olhos, normalmente da esquerda para a direita, com um bônus que só os quadrinhos podem proporcionar: cada quadro consegue isolar o elemento que o artista quer destacar naquela cena.
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No exemplo de Criminal, os quadros 1 e 2 da terceira linha formam uma unidade de imagem, mas a divisão em dois quadros distintos, primeiro, concentra nossa atenção no confronto entre Ricky e o guarda (continuando a sequência da linha central da página), e depois desvia nosso olhar para Leo, cuja reação é o coração da cena.
Os quatro quadros que compõem a terceira linha vão ficando cada vez mais estreitos -- em outras palavras, o tempo vai se encolhendo, ao mesmo tempo em que a "câmera" faz uma transição de um plano aberto (os três personagens inseridos no cenário em que a cena acontece) para closes no rosto de Leo e na arma no chão. Esses dois últimos quadros, os mais estreitos da página, devem ser lidos de forma "rápida", pois a ideia é de uma edição veloz, representando a velocidade da reação de Leo ao perceber a arma no chão e ao tomar a decisão de pegá-la.
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Finalmente, é notável como a página organiza a cena na forma clássica introdução - desenvolvimento - conclusão: a primeira linha apresenta os personagens, a segunda traz o centro da ação, e a terceira conclui a cena com a decisão de Leo de pegar a arma, fazendo a ação avançar para a página seguinte. Perfeição.
Cruel Summer, o arco final do universo de Criminal, de onde essa página foi retirada, é apenas mais uma das muitas obras-primas da dupla Brubaker & Phillips, uma das parcerias mais bem-sucedidas da história dos quadrinhos.
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whileiamdying · 1 year ago
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Há 20 anos, Maria Rita irrompia como furacão na música brasileira com antológico primeiro álbum
Por Mauro Ferreira Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos 09/09/2023 10h28 
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Lançado em 9 de setembro de 2003, o disco firmou Marcelo Camelo como compositor na MPB e revelou uma cantora que já nasceu grande.
♪ MEMÓRIA – Nascida em 9 de setembro de 1977, Maria Rita Camargo Mariano faz hoje 46 anos. Há exatos 20 anos, a cantora paulistana festejava o 26º aniversário com a edição do primeiro álbum, Maria Rita. Lançado com toda pompa pela gravadora Warner Music em 9 de setembro de 2003, o disco fez com que Maria Rita irrompesse na música brasileira com força de um furacão.
É fato que a cantora já tinha entrado em cena em 2002 com aparições em discos de Chico Pinheiro (Meia noite, meio dia) –guitarrista com quem Maria fizera os primeiros shows – e do padrinho artístico Milton Nascimento (o revigorante álbum Pietá).
Contudo, apesar de ter sido premiada como a “revelação musical” de 2002, foi somente com a edição de Maria Rita, álbum gravado com produção musical de Tom Capone (1966 – 2004), que o chamado grande público tomou conhecimento e consciência da existência de cantora igualmente grande que pareceu já ter nascido pronta.
Cantora que era filha da maior, Elis Regina (1945 – 1982), o que deixou a sensação de que, em requintada trama do destino, a vida amenizava um pouco a saudade que o Brasil sentia de Elis ao apresentar Maria Rita. Até porque, sem jamais ter soado como genoma nesse momento inicial, mas tampouco sem conseguir ofuscar o imperativo do D.N.A., Maria Rita ecoou Elis no primeiro álbum.
Sem falar que, em outro lance inusitado do destino, dois compositores apresentados no último álbum de Elis – Jean Garfunkel e Paulo Garfunkel – reapareceram no primeiro disco de Maria Rita como autores do jazzy blues Não vale a pena.
Outro detalhe curioso: uma das duas músicas alocadas como “faixas interativas” – termo atualmente risível, mas moderníssimo naqueles tempos em que a internet ainda tinha alcance limitado – era Vero, parceria de Murilo Antunes com Natan Marques, músico e compositor também presente no derradeiro LP de Elis.
Ao mesmo tempo em que se conectou intuitivamente com a mãe, Maria Rita começou a procurar a própria turma. Foi na voz dela que Marcelo Camelo se afirmou como compositor além do grupo Los Hermanos.
Recorrente no repertório do álbum Maria Rita como compositor de três das 15 músicas, Camelo forneceu as inéditas Santa chuva (balada densa e dramática) e Cara valente (samba leve, até hoje presente nos roteiros dos shows da cantora) e teve a canção Veja bem, meu bem (2001) regravada por Maria Rita dois anos após o registro fonográfico original da banda Los Hermanos em ação que popularizou a música entre o público da MPB.
Equilibrando o peso e a honra de ser filha de Elis, Maria Rita se impôs instantaneamente em cena com álbum coeso em que amaciou o peso roqueiro de Agora só falta você (Luiz Carlini e Rita Lee, 1995) – sucesso da fase Tutti Frutti da discografia de Rita Lee (1947 – 2023), de quem a cantora também regravou Pagu (2000), parceria de Rita com Zélia Duncan – e acentuou a sofrência sensual do bolero cubano Dos gardenias (Isolina Carrillo, 1947), cantado no original em espanhol.
Do México, veio como inspiração La bamba, tema folclórico que serviu de base para Milton Nascimento harmonizar A festa, música inédita dada pelo compositor a Maria Rita.
Entre regravações de Menina da lua (Renato Motha, 1992), de Menininha do portão (Paulinho Tapajós e Nonato Buzar, 1969) e da então recente Lavadeira do rio (Lenine e Bráulio Tavares, 2002), Maria Rita apresentou música inédita de Cláudio Lins, Cupido, reacendeu Estrela, estrela (Vitor Ramil, 1981) e tomou para si Encontros e despedidas (1981).
Música de Milton Nascimento e Fernando Brant (1946 – 2015) lançada há então 22 anos por Simone, Encontros e despedidas se tornou emblemática na voz de Maria Rita, a ponto de a parte com vocalize da gravação ter sido incorporada à canção a partir de 2003.
Para muitos ainda o melhor disco da cantora, que se converteria com sucesso ao samba em 2007, o álbum Maria Rita completa hoje 20 anos sem perda de viço.
Também lançado em países da Europa e da América Latina, além de ter feito imenso sucesso no Brasil com vendas que alcançaram o patamar do milhão de cópias, o disco ainda permanece como uma das mais vigorosas estreias fonográficas de um artista brasileiro em todos os tempos.
Os efeitos do furacão ainda são sentidos na música brasileira.
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Capa do álbum 'Maria Rita', de 2003 — Foto: Reprodução
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amantedosfandons · 1 year ago
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4 • A bateria social acabou!
Tirei o carro da garagem o mais rápido possível, indo para bem longe da minha casa bagunçada, que por sorte a diarista apareceria pela tarde e antes das quatro tudo estaria no lugar de novo.
Ficamos em silêncio, eu queria conseguir dizer algo a ele, uma abertura para tentar ser legal e começar com o pé direito pelo menos uma vez.
Ele não vai ficar por muito tempo, Kayra, só quer conhecer alguns lugares para não ficar sozinho durante o tempo limitado de talvez quinze dias. Seja legal com o seu vizinho temporário.
- O hotel de gelo é realmente um hotel. - Olhei para ele de relance, e percebi me encarar. - Tem móveis de gelo, tem até uma cama, é bem legal, me sinto no filme Frozen.
Ele riu, provavelmente por eu ter citado o filme infantil.
- O quê? A minha filha gosta desse filme.
Ri baixo, mas parei, percebi que citei de novo a Bella, mas não foi por mal e nem para tentar fazer ele se afastar. Quando se gosta muito de alguém, a tendência é falar dessa pessoa o tempo todo.
- E você parece gostar também.
- O primeiro é melhor que o segundo. - Dei de ombros. - Espera, já assistiu Frozen?
- Não.
- Meu Deus. - Fiquei incrédula, e o encarei de volta por segundos. - Isso é crime com a Disney!
- Eu não tenho hábitos de assistir desenho.
- E o que você assiste geralmente?
- Algum filme de ação com um pornô leve no meio, talvez comédia. - Deu de ombros.
- Tá, você é nojento. - Constatei. Que tipo de cara declara em voz alta que gosta de filme com cenas eróticas? - Você podia ter guardado a parte de que gosta de pornografia...
- Não, eu não gosto de pornografia.
- Mas você disse que...
- Eu disse que gosto de filmes de ação com pornô leve, não quer dizer que gosto de pornografia. - O olhei com o cenho franzido. - Filmes sem cenas eróticas não são realistas, tá legal? É isso.
- Ah...tá. - Ri, ainda sem entender.
- Você já assistiu algum romance onde o casal não vai para a cama? Mesmo que por cinco segundos na tela, o público precisa saber que aconteceu, isso é realidade, brigas, sei lá, qualquer coisa. - Deu de ombros. - Mas não assisto pornografia, só para constar.
- Duvido, todo homem assiste, ou tem fotos em alguma pasta segura no celular.
- Te deixo revirar meu celular, não vai encontrar nada. - Segurei meu semblante desafiador. - Assistir pornô é para garotos de quinze anos e para homens que não se garantem.
- É isso que você acha, macho alfa?
- Você está fazendo parecer que foi sobre mim...
- E não foi?
- Não.
- Tá bom. - Soltei uma risada baixa.
Por mais que a conversa tenha sido um pouco constrangedora, talvez tenha sido a troca de palavras mais agradável que já tivemos um com o outro, tirando o dia do mercado.
Ficamos em silêncio, pensei em colocar uma música, mas lembrei que estava conectado no meu pen drive e não estava pronta para passar a informação do motivo de estar sintonizado automaticamente na faixa vinte e oito, ainda não era hora de declarar algo sobre minha música favorita.
Os turistas visitavam muito o hotel de gelo, mas principalmente por junho, até o mês de setembro, claro que naquela altura ainda tinha bastante gente, mas nada comparado aos picos de clientes que o lugar recebia.
Deixei meu carro estacionado de ré em uma vaga, primeiro porque era mais fácil e segundo porque eu era uma ótima motorista, sem querer tirar vantagem.
Tinha uma fila, não muito grande, pelo menos dez pessoas, e aquilo se dava porque eles costumavam mandar as pessoas em grupos para dentro do hotel, alguns acompanhavam o guia, outros preferiam ver sozinhos.
- Eu pago as entradas. - Disse assim que chegamos na fila.
- Tá bom.
Eu não era uma daquelas mulheres que insistia em pagar, não me importava se alguns consideravam aquilo antifeminista ou qualquer merda que o mundo estivesse disposto a inventar, mas tinha um raciocínio lógico por trás de tudo.
O levei até lá, a gasolina não estava das mais baratas do mundo, tirei meu carro limpo da garagem para dirigir de novo na neve só para apresentar um lugar para ele. Pagar entradas de dez dólares era o mínimo.
- Você não é uma daquelas.
- Daquelas?
- Que insistem em pagar sua própria entrada em qualquer passeio.
Ri nasalmente.
- Sou visionária, dez dólares me fazem falta.
Vi o sorriso dele de canto de olho, mas não encarei. O silêncio já não era constrangedor, não era minha coisa favorita ficar conversando em filas, pessoas desconhecidas sabiam coisas demais sobre outras pessoas desconhecidas.
Fiquei parada, pensando nas possibilidades de um encontro com ele, um dia, se eu conseguisse sair com alguém de novo. Não era a maior fã de restaurantes, não naquele frio insuportável, o encontro ideal para mim seria com um homem que cozinhasse para mim.
Mas era demais sonhar com aquilo, duvidava muito que ele soubesse fritar um ovo sozinho.
Ele pagou a minha entrada, bem gentil da parte dele, e enquanto passava as notas para o homem dos ingressos, fiquei prestando atenção nele.
Nitidamente alto, bem mais alto que eu e que o homem que vendia as entradas, eu tinha um primo de um metro e oitenta, mas Harry parecia ser até mais alto que ele. E foi com meu primo Jack que descobri que homens altos e bonitos tendem a não prestar.
Jack nunca foi flor que se cheire com as mulheres, e tinha quase as mesmas características que o Harry, alto, maxilar marcado, olhos claros, mas ao invés de verdes, azuis, uma aparência jovial e charmosa por si só.
Não tinha problema admitir aquilo, tinha? Por mais que o clima ainda estivesse pesado eu podia admitir quando uma pessoa era bonita ou não, e sem problemas, eu não ia beijar ele, ou algo do tipo.
- Tá legal, é tudo de gelo mesmo. - Eu ri, o encarando depois.
- Eu te disse. - Bati de leve no ombro dele. - Até as pilastras olha, gelo de verdade. - Ele abriu a boca, em choque. - Tem um quarto de gelo, uma cozinha de gelo, uma sala de gelo...
- Isso é...como isso não derrete?
- Nunca pesquisei, mas deve ter alguma explicação. - Dei de ombros. - E aqui não é exatamente o lugar mais calor do mundo para fazer isso derreter de uma hora para outra.
- Se isso fosse na Califórnia, já estaria inundado.
- Como é lá?
- Nunca conheceu a Califórnia? - Ri nasalmente, rolando os olhos.
- Nunca saí do Canadá.
Ele me encarou, com um semblante sério, e fiquei parada o encarando de volta, mas logo franzi o cenho, porque levou uma das mãos ao peito.
- Sinto muito por você, isso é horrível. - Cerrei os olhos, e voltei a caminhar no espaço. - É horrível não conhecer a Califórnia.
- O que tem lá?
- Bom, é calor, tem o letreiro de Hollywood, eu posso andar de camiseta o tempo todo no verão, não é um verão frio como em alguns lugares, é até meio seco, e tem um deserto. - Olhei para ele depois da última informação. - É, eu fui em um evento no ano passado, musical, vários cantores passam por lá ao longo dos dois dias, são shows no deserto.
- Parece legal. - Não parecia, era legal, sempre quis ir ao Coachella.
- Tem muitos famosos em Los Angeles, tenho um coleção de fotos com várias pessoas, de vez em quando você senta para beber o café no starbucks e encontra a Rihanna. - Deu de ombros. - E nem estou brincando, esse pessoal ama Los Angeles. - Suspirou. - Tem muitas coisas, enfim, gosto de lá.
- Deve ser bom morar lá.
- É bem diferente do frio daqui, vai demorar para eu me acostumar.
- Nem esquenta, é só por um tempo, logo você volta. - O vi franzir o cenho levemente, provavelmente não entendeu o que eu disse. - Inclusive, no que você trabalha?
- Eu...
Eu particularmente levei um susto, um garoto estava apavorado, com os olhos bem abertos para o vaso de gelo, que mais parecia um cristal.
Mas Harry permaneceu calado, calmo, só observando, alarmado com a postura totalmente ereta dele, como se tivesse montado uma guarda assim que escutou o barulho.
O garoto começou a chorar depois, porque havia quebrado a peça, devia ter pelo menos uns sete anos de idade, talvez um pouco mais. A mãe só pousou a mão no ombro dele e logo os responsáveis apareceram.
Não queria dizer nada, mas quebrar uma peça daquelas não saia tão barato para ninguém.
Ficamos encarando a situação por um tempo, mas quando percebemos o bolinho de pessoas se formando, saímos, e ele me seguiu até o próximo cômodo. Era no mínimo constrangedor ficar encarando pessoas no auge das suas desgraças pessoais.
- O quarto da Frozen. - Ri baixo, só nós estávamos lá, eu podia falar alto.
- Sua filha que disse isso? - Assenti levemente.
- É sempre a primeira coisa que diz. - O encarei. - Na verdade, ela pensa que aqui é a casa da Elsa. - Ele riu alto.
- A inocência das crianças é sempre adorável. - Riu baixo, levando as mãos ao bolso. - Ela é uma graça, não é? Achei ela muito simpática.
- Ah, ela é, principalmente se gostar de você de verdade. - Rolei os olhos. - Ela acaba querendo as pessoas sempre por perto, da para sentir quando ela gosta ou não.
- É assim com o Joe também. - Suspirou, olhando ao redor. - Ele nem fala quando alguém que não gosta está por perto.
- Pelo menos eu sei que eles se gostam mesmo. - Sorriu, assentindo.
- Ele fala nela sempre, pelo menos uma vez ao dia. - Parou na frente da cama. - Quem esculpiu isso? Artista, eu diria.
- Não é? Olha a cadeira e a penteadeira.
Ele virou para observar, tinha tudo lá, desde o móvel mais pequeno até o maior, incrível, realmente feito por um artista.
Tinha uma escada de gelo para o segundo andar, mas obviamente não dava para subir por ela, e eu estava evitando subir, era do outro lado da casa e eu não estava com vontade de caminhar demais, agradecia a Deus por ele se entreter com algo durante um bom tempo.
De repente, olhei para o meu relógio, e fiquei apavorada, ele provavelmente percebeu e me encarou.
- Tudo bem?
- Faltam dez minutos para as três horas!
- Você tem algum outro compromisso ou...
- Minha filha! Eu preciso estar na escola às três!
Virei as costas e comecei a caminhar rápido, nem percebi se estava ou não indo atrás de mim. Claro, chegou em casa uma da tarde, até eu tirar o carro da garagem, até chegar lá, até pagarmos pelas entradas e até realmente entrarmos lá, demorava.
Esqueci completamente de verificar as horas, entrei no carro as pressas e só soube que ele iria me acompanhar quando escutei a porta do carona abrindo e fechando.
Ele não me disse nada, provavelmente percebeu o meu nervosismo. Era besteira, eu chegaria no máximo dez minutos atrasada, mas a minha mente estava em desespero.
Eu não podia deixar minha filha na escola, e se alguém pegasse ela? Eu era uma pessoa teoricamente pública, alguém podia estar de olho nela, alguém podia querer fazer mal a ela, a Bella ficaria triste comigo.
Terror noturno. Eu iria sonhar pelo resto da noite que eu estava matando a minha própria filha, assustaria ela, ia escutar meu grito no banheiro, ia ver eu me machucar enquanto dormia porque estava sonhando e andando pela casa. O Justin ia pegar ela porque não era seguro comigo, eu ia perder minha filha, nunca mais seria a mesma coisa.
Besteira, besteira, só dirige, Kayra, para de parecer uma louca na frente do cara.
O cara, o tal Harry estava me encarando, eu estava respirando rápido, sentia meu corpo tremer por dentro. Uma crise de pânico, uma merda de uma crise de pânico.
Não liguei o sinal do carro, só joguei ele para o acostamento, freei bruscamente e as mãos dele foram parar no painel, para se segurar, foi quando vi ele me encarar de verdade. Ele estava provavelmente apavorado, eu mesma estava, nunca tinha sentido aquele tipo de coisa antes.
- Dirige. - Foi só o que eu disse, desprendendo meu cinto de segurança.
- O quê?
- Preciso que dirija, não consigo.
- Ah...tá...tá bom. - Escutei o barulho do cinto dele desprendendo.
Abri a porta e corri para o outro lado, ficando no lugar que era dele antes. Ele entrou no carro, prendeu o cinto de novo e dirigiu.
Não trocamos uma palavra, ele estava nitidamente apavorado, via ele intercalar o olhar entre mim e o trânsito. Fechei os olhos, pronta para chorar.
Não chorei, graças ao meu vizinho temporário que gloriosamente apertou o botão do rádio, abri meus olhos no mesmo momento, a parte da música onde dizia "I wanna be yours" estava repetindo, e ele me encarava, com o dedo ainda no botão do rádio, mas logo tirou quando percebeu que estava me acalmando.
Podia parecer idiota, a música mais idiota do mundo, a música mais ridícula, mais repetitiva e besta do universo, mas eu amava aquela parte, me acalmava, me levava um sentimento de paz, e segurou até meu choro. Olhei para baixo, a mão dele segurando a minha, aquele homem nem me conhecia e estava segurando a minha mão no meio do tormento da minha mente.
- Tudo bem, você não está sozinha. - Franzi o cenho. - É completamente normal sentir essas coisas, mas sua filha está bem, não são nem três ainda...
- Não me diga que você é psicólogo. - Ele riu.
- Não, não sou. - Suspirei em alívio. - A Bella vai estar te esperando na escola, tudo bem? É normal se atrasar, eu mesmo busco o Joe alguns minutos depois do horário e ele está lá, me esperando com uma professora.
- É...eu...eu já cheguei depois também, e ela estava lá.
- É, viu? Tudo bem, não vai acontecer nada. - Apertou levemente minha mão. - A música está repetindo, quer que eu troque?
- Não, deixa.
Suspirei, fiquei em choque com meu coração desacelerando, não queria que ele soltasse a minha mão, por mais que não o conhecesse, já fazia tempo que eu mesma precisava segurar as pontas, e alguém aparecer e querer me acalmar voluntariamente, era novo.
A música estava entrando na minha mente, fechei os olhos, suspirando com a sensação da voz do cantor na minha mente, e pensei que fosse soltar minha mão para dirigir, mas não, ficou segurando.
- Já é na próxima rua. - Abri os olhos, nem prestei atenção no tempo. - São três e cinco, tudo bem?
- Tudo bem. - Praticante sussurrei.
- Se quiser, eu entro para pegar ela.
- Ela não vai querer, é uma regra.
- Uma regra?
- Venho te buscar às três, não pode sair com estranhos, só com a mamãe. - Olhei para ele, que virou a esquina. - É uma regra nossa.
Suspirei quando estacionou, queria dizer algo, mas não deixei, não importava o que estava pensando, se eu era louca, inadequada, uma péssima mãe.
Soltei minha mão da dele e abri a porta, desci do carro sem mais nem menos, nem avisei sobre ir para o banco do carona, na verdade, preferia que permanecesse dirigindo, mas não pediria aquilo se saísse de lá.
Entrei na escola e a primeira coisa que vi foi a Bella no corredor, com a professora e outras três crianças, eram três e sete da tarde, e me senti uma idiota por ter tido uma crise.
- Mãe! - Ela correu, ou tentou, as pernas pequenas dela faziam os passos serem curtos. - Olha, é para você.
Peguei o bilhete em formato de coração da mão dela, a letra reconhecível de um adulto, provavelmente da professora, onde escreveu bem no centro "mamãe", e por dentro, estava tudo rabiscado, mas eu sabia que era com amor, por isso meu sorriso foi genuíno.
- Que coisa linda, Bel, você fez para mim?
- Sim. - Ela sorriu, assentindo. - Ficou lindo?
- Ficou lindo. - Assenti, rindo. - Muito bonito, eu amei. - Abracei ela, e ela sempre abraçava de volta.
Depois eu levantei, porque meus joelhos não aguentavam muito, apesar de ser uma mãe jovem, vinte e três anos, uma filha de dois, que grande dupla.
- Desculpe pelo atraso. - Falei quando peguei a mochila dela no banco.
- Não se preocupe, não foram nem dez minutos. - A mulher riu. - Tchau, Bel. - Acenou para ela.
A Bella só acenou de volta, sorrindo, era incrível como professores conseguiam ganhar os corações das crianças, ela estava sempre falando na professora, e como ela dizia que já era uma menina grande e que iria para outra sala no próximo ano, claro, porque sabia que talvez ficasse triste por mudar de professora.
Peguei ela no colo, suspirando em alívio por ela estar segura e indo para casa comigo, podia parecer besteira, mas era um grande problema para mim.
Problema que eu precisava resolver, e rápido.
Abri a porta do carro, a mochila foi primeiro, depois ela, e o cinto na cadeirinha, tudo que precisava, até que lembrei do indivíduo no volante, porque ela abriu mais os olhos e um sorriso indescritível.
- Oi, tio do Joe! - Olhei para ela, depois para ele, que sorria para ela.
- Oi, princesa. - Virou o corpo, esticando a mão para ela. - Tudo bem?
- Eu fui para a creche.
- Ah, é mesmo? - Ela assentiu. - E nós viemos te buscar.
- O carro é da minha mãe. - Ela disse, mais séria. - Esse carro. - Incluiu, querendo ser entendida.
- Eu sei. - A maior paciência na voz. - Ela me pediu para dirigir hoje, porque ela ficou com um pouquinho de dor de cabeça. - Vi o semblante preocupado dela enquanto eu arrumava tudo. - Mas já passou, só vou dirigir até a sua casa, eu posso?
- Pode. - Sorriu para ele, e quase rolei os olhos, quanta traição em um só dia. - Qual o nome do tio do Joe?
- É Harry, linda. - Foi o que ele disse, chamando a minha filha de linda, que babaca. - E o seu é Bella, não é?
- Eu também tenho o nome Isabella. - A informação parecia bem importante.
- E qual você gosta mais? Isabella, ou Bella?
- Hum...Bella. - Me afastei, observando os dois.
- E eu posso te chamar de Bella?
- Pode. - Franzi o cenho para o sorrisinho dela.
- Ok, vamos para casa, e depois o Harry vai para a dele, não é? - O encarei, quase cerrando os olhos.
- É, talvez eu vá. - Sorriu mais ainda, não querendo assustar a minha bebê.
Fechei a porta de trás e abri a da frente para entrar, cinto de segurança nunca era demais quando um desconhecido estava dirigindo, mas depositei a minha confiança nele.
- Onde é a sua casa, Harry? - Ela perguntou no banco de trás.
- O Harry mora lá nos Estados Unidos, filha. - Olhei de relance para ela. - Só está visitando o Joe.
- Ah, não vai ficar para sempre, mãe?
- Eu não sei, Bella. - Foi ele quem disse, me cortando do assunto. - Será que seria legal se eu ficasse para sempre?
- Sim! - Franzi o cenho, em choque, por que ela queria que ele ficasse para sempre? - E o Joe também?
- O Joe não vai embora, princesa. - Sorria toda vez que ele chamava ela de princesa. - Mas eu posso pensar em ficar para sempre, o que acha?
- E brincar de princesa?
- Se você me emprestar a sua coroa, sim.
- Mas...mas ela é só para meninas pequenas.
- Oh...e não tem nem uma para mim? - Ele estava a encarando pelo retrovisor.
- Não...mãe, pode comprar uma coroa para o Harry?
Ri, fui obrigada a rir, e ele me acompanhou, foi engraçado, claro, mas a minha risada tinha sarcasmo. Eu precisava comprar a coroa para o intruso? Que ridículo, era o azar máximo a minha filha estar simpatizando com ele, parecia hipnotizada.
- Vamos ver. - Foi só o que respondi.
Ela seguiu fazendo a entrevista dela, perguntando onde estava a mãe dele, e como ele podia ser tio do amigo dela, e também se ele morava com o Joe, e ele respondeu que por enquanto sim, e também se ele ia dirigir o nosso carro todos os dias.
Chegamos em casa e ela ainda não parava de olhar para ele, que ameassava morder a mão dela o tempo todo, fazendo ela se esconder toda vez que ameaçava pegar.
Ele entrou na minha casa, só entrou de verdade, entrou atrás de nós, pisou no meu chão como se eu tivesse convidado. Soltei a Bella na sala, ficou ocupada indo buscar a caixa de brinquedos na gaveta do painel da televisão.
- Eu não te convidei. - Sussurrei.
- Mas a sua filha convidou. - Sussurrou de volta.
- Ela não te convidou. - Não tinha convidado mesmo. - Nem eu e nem ela te queremos aqui nesse momento. - Cerrou os olhos.
- Ah, é mesmo?
- É mesmo. - Rebati.
- Bella, vou embora agora, tá bom?
- Não. - Ela correu da sala até ele. - Vai para a sua casinha?
- Vou, princesa, sua mamãe não quer que eu fique. - Desgraçado, idiota, mal-educado, cafajeste. Todos os adjetivos possíveis.
- Mãe, por que não? - Eu queria matar ele bem ali.
- Filha, ele deve ter um monte de coisas para fazer, não é, Harry? - O fuzilei com os olhos.
- Na verdade, não. - Sorriu largo na minha direção.
Bella sorriu grande, pensando que aquela era a solução para a vida dela, e depois alcançou o dedo indicador dele, querendo o pegar pela mão, o guiando para a sala, e ele foi, ele a seguiu até a caixa de brinquedos.
Fiquei parada, boquiaberta, observando ela explicar para ele que a coroa de princesa só servia nela, e depois tentar encaixar a coroa nela mesma, mas ele, com toda a paciência do mundo, fez questão de ajudar e ele mesmo deixar o objeto entre os fios de cabelos loiros, presos com tufos um de cada lado.
Ela era a coisinha mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida, com os olhinhos azuis iguais os do Justin, o cabelinho fininho que eu arrumava com todo o gosto, todas as manhãs sem falta, escutava ela dizer que queria fazer biscoitos comigo para levar para as professoras e os amiguinhos, e também me perguntava se podia comer mirtilos.
Crianças odeiam frutas, mas ela amava tanto, amava as frutinhas, mirtilos eram a coisa favorita dela, panquecas, comia de tudo, era educada, me pedia por favor, desculpas, dividia as coisas comigo, era simpática.
Era perfeita, para mim ela era tudo de bom, e do nada, chega um cara desconhecido que parece amar crianças, ou ele só fazia aquilo porque queria ir para a cama com uma canadense qualquer antes de voltar para Los Angeles, talvez uma mãe estivesse faltando na lista dele.
Ou ele só é simpático e se interessou por você, idiota.
Também tinha aquela possibilidade, mas eu tentei, juro que tentei, quebrei meu coração umas mil vezes com homens que eu achava interessantes, seguindo os conselhos da minha família sobre minha vida não poder parar só porque fui mãe muito jovem, e então quando desisto, algo assim acontece. Seria possível?
Me dei por vencida, fui para a cozinha sem tirar os olhos dos dois, tirei o suco da geladeira e despejei no copo rosa dela, com uma tampa para ficar menos fácil de derramar, e outros dois de vidro, já que tinha um intruso em casa. Peguei os biscoitos que haviam sobrado e despejei em uma bandeja.
Levei tudo para a sala, naquela altura do campeonato ele já estava montando a casa da Barbie que ela tinha, e não era uma tarefa tão fácil, não quando ela tinha uma sequência de divisórias e móveis.
- Vocês não querem comer antes?
- Não, obrigado, estou ocupado com a casa da Barbie agora. - Ele não tirou os olhos das peças.
- A Barbie, a minha mãe me deu essa. - Ela mostrou, praticamente deixando a boneca bem no rosto dele.
- Oh, que bonita. - Pegou da mão dela, afastando do rosto dele. - E qual o nome dela?
- É Barbie. - Riu. - Todas são, Harry, é a minha Barbie.
- E se você desse um nome diferente? - Ela pareceu confusa. - Essa aqui tem cara de Beth. - Ela riu.
- É a Beth?
- Pode ser se você quiser.
Ela sorriu, correu até a caixa e pegou outras duas bonecas.
- E essa, Harry? - Mostrou outra boneca para ele.
- Hum...essa aqui é a Carla. - Ela riu. - E essa...essa pode ser a Dory. - Ele mesmo riu, a fazendo rir depois.
- Você é um homem muito esquisito. - Pensei alto, e os dois me encararam, o que me fez abrir mais os olhos.
- O Harry é esquisito. - Ela riu, e ele a encarou.
- Não, o Harry não é esquisito. - Ele se referiu a ele mesmo em terceira pessoa. - Você está ensinando coisas feias para a sua filha! - Cerrou os olhos na minha direção.
- Esquisito é coisa feia? - Escondi o riso quando ela perguntou.
- É coisa muito feia, princesa, ninguém é esquisito, tá bom? - Ela assentiu, foi só o que ela fez, e depois pegou o copo rosa de cima da mesa de centro, e um biscoito.
Eles ficaram um tempão naquilo, até pensei em chamar ele para ser babá um dia, de tão bom que ele era, chegou a brigar para ver quem ficaria com a boneca, mas quando percebeu que ela estava realmente levando a sério e quase chorando, deixou ela ficar com a boneca.
Ela gostou dele, claro, nas duas vezes que se viram ele fez tudo que ela pediu e tudo que gostava, respondia as perguntas dela com paciência, e que criança não gostaria de brincar no chão da sala de estar? A Bella era como qualquer bebê de dois anos, gostava de atenção, e de brincar.
Levantei para pegar os três copos sujos, e ele aproveitou a deixa para dizer a ela que iria me ajudar, pegando uma bandeja quase cheia de biscoitos, ninguém comeu eles. Sobrava mais para mim.
- Acho que a sua filha gosta de mim...
- Não, ela te odeia. - Ele riu nasalmente. - Ela só não queria te deixar chateado, aposto que te achou um chato.
Ele me encarou, e eu deixei os copos na pia e o encarei de volta, ele estava rindo de mim, por algum motivo idiota.
- Você é ciumenta com a sua filha?
- O quê? Não. - Ri baixo. - Eu não tenho ciúmes.
- Me parece que tem. - Chegou perto. - Aposto que ela me prefere.
- Ela não te prefere. - Voltei a ficar séria.
- Prefere, eu brindo de boneca com ela.
- Eu brinco de boneca com ela também! - Ele riu de novo, se afastando.
- Ciumentinha. - Sussurrou. - Ela te ama mais, por enquanto. - Deu de ombros.
- Por enquanto. - Repeti, rindo. - Ela sempre vai me amar mais.
Ele riu, depois voltou a ficar sério, separando os biscoitos no pote de cima da pia, deixando a bandeja vazia de novo.
- Suas crises de pânico são constantes?
- Não. - Respondi rápido, realmente não eram. - É a segunda vez que algo assim acontece. - O encarei. - Não conta isso para ninguém, por favor.
- Eu não contaria. - Sorriu com os lábios. - Desculpa por ter falado sobre as suas inseguranças mais cedo, eu não tinha o direito, todo medo tem um motivo, você tem os seus, tem a sua vida, foi idiotice, sinto muito.
Um homem bonito, que era simpático tanto com adultos quanto com crianças e que sabia pedir desculpas. Meu Deus, onde fui parar?
- Eu que te devo desculpas, não te conheço, não deveria ter te acusado.
- É, não conhece, e aí, como resolvemos? - Rolei os olhos.
- Você não tem nem um pinguinho de vergonha?
- Não, na verdade. - Deu de ombros. - É bem difícil alguém me deixar tímido, mas então, no sábado a noite?
- Eu tenho compromisso. - Cerrou os olhos na minha direção. - É sério, tem um aniversário. - Rolei os olhos.
- Você não quer ir. - Riu, e eu o encarei com tédio. - Rolou os olhos quando falou do aniversário, não quer ir.
- Mas é importante, é de uma colega, todos vão estar lá.
- Você não devia fazer as coisas pela felicidade dos outros, sabia? Se não se sente confortável indo em festas, não deveria ir só para parecer agradável. - Realmente, ele tinha razão, mas era importante. - Qual o seu tipo de passeio ideal?
Mordi o lábio, pensando, e me encostei na pia, eu não era fã de festas, as músicas nunca eram as que eu gostava e eu nunca dançava, mas gostava de ir a algum bar, ou na casa de algum amigo para comer uma boa comida caseira, e me fazia muito feliz assistir um bom filme.
- Eu gosto quando cozinham. - Dei de ombros.
- Bingo. - Apontou para mim, depois bateu na pia, comemorando. - Eu cozinho para você, é só me dizer o cardápio. - Ri alto.
- Para de mentir.
- O quê? Não é mentira, gosto de cozinhar, é um passatempo. - Deu de ombros.
- Você está mentindo. - Negou com a cabeça. - Aí meu Deus, você cozinha mesmo?
- Eu juro. - Deu se ombros.
Fiquei encarando ele um tempão, não era possível, estava em choque.
- Não deve ser uma comida tão boa. - Rolou os olhos.
- Por que você arranja tanto pretexto para não sair comigo?
- Por que você é temporário, está viajando, vai embora hora ou outra, acha que quero sair com alguém temporário? Acha que a minha filha quer alguém temporário? Não, ela é uma criança, não posso me envolver com pessoas como você.
- Você não entende. - Riu baixo, chegando mais perto. - Querida, eu não...
- Mãe!
Olhei na direção do grito, Bella entrando na cozinha, correndo, me pedindo um biscoito e a mamadeira dela. Era uma rotina, ela chegava e eu preparava a mamadeira.
- O que você estava dizendo? - Abri a geladeira, pegando o leite.
- Nada. - Vi ele se afastar. - Preciso ir. - O encarei, preocupada por eu ter dito algo que não gostou. - Te vejo outra hora, se ficar entediada na sua festa, me chama. - Sorriu, saindo da cozinha.
Deu um tchauzinho para a Bella, que só acenou de volta, e depois ficou bem ao meu lado o tempo todo, olhando para cima para ver o que eu estava fazendo, mas ia fazer mal ficar com a cabeça tão levantada o tempo todo, então deixei ela sentada na bancada da pia.
Ela ria o tempo todo, e eu perguntava sobre o dia dela, e ela começava a me contar sobre tudo o que estava fazendo na escola, e sobre como a professora ajudou a escrever "mamãe" no coração.
Enquanto a mamadeira esfriava, tirei os elásticos do cabelo dela e arrumei da melhor maneira, e logo depois entreguei a mamadeira que parecia ser a coisa mais agradável do mundo para ela.
Fiquei observando ela, deitada por cima de mim no sofá, com os olhos na televisão, mesmo que não entendesse nada sobre o programa de perguntas. Tão pequenina e tão esperta, tão quietinha, era uma criança calma, não entendia nada sobre o mundo.
- Por favor, não tenha um sonho ruim hoje. - Sussurrei assim que sentei na cama, depois de deixar ela dormindo. - Por favor, Deus, me proteja essa noite, me permita ter um bom sono. - Fechei os olhos fortemente. - E se eu não tiver, proteja a Bella para mim, obrigada.
Deitei logo depois. Não era sempre que eu fazia orações, na verdade, era raro, mas a esperança era sempre a última que morria.
Apenas deitei, fechei meus olhos e torci para não acordar no meio da noite.
Acordei, desesperada, pulei da cama com o som horrível do alarme, e fiquei apavorada quando vi o relógio marcando sete da manhã.
Eu não acordei, não acordei durante a noite, apenas pela manhã.
- Deus, você é o cara. - Ri sozinha, levantando logo em seguida, realmente alegre.
* * *
Fiquei muito pensativa sobre ir ou não à festa, era sábado, não queria realmente ir, mas além do aniversário de uma colega, ainda era um tipo de confraternização entre o pessoal do trabalho.
Eu tinha um plano, não mandei a Bella para o Justin, na verdade, pedi para Michelle cuidar dela, não ia voltar tarde, meu plano era ficar no máximo uma hora e meia, dar a desculpa de que preciso ir para casa e sair de lá, todos sabiam que eu tinha uma filha pequena, todos entenderiam, nem precisava dizer o motivo da minha volta para casa.
Passei a Bella por cima da cerca de madeira, entreguei ela para a Michelle, e ela nem ligou, estava feliz por estar indo à casa do amigo, a traidorazinha nem me deu tchau direito, mas tudo bem. Tomei um banho, vesti minha meia calça super térmica, minha bota de cano super alto e um vestido preto de manga longa, depois peguei meu sobretudo bege e joguei por cima, só para não ficar muito velório.
Não era sempre que eu me arrumava, o pessoal costumava me ver de calça jeans, tênis, várias meias, muitos casacos e toucas, luvas também, na maioria das vezes. Sabia que alguns iam debochar de mim, por estar tão diferente, até pela minha maquiagem e pelo meu cabelo, e pelos meus acessórios, mesmo que não fossem muitos, ainda era diferente.
Peguei meu glorioso carro, também para usar a desculpa de não beber, e dirigi até a casa da Alice, com um presente que não era nada mais nada menos que um conjunto de produtos de beleza, peguei o primeiro que vi na farmácia, nem nos falávamos direito, foi até caro demais para alguém que nem me conhecia tanto.
Bati na porta da casa, e foi ela mesma quem me atendeu, pegou o presente com um sorriso forçado e me convidou para entrar.
- Quem é você e o que fez com a nossa chefe? - Diana bateu na mesa, fingindo indignação.
- Oh, meu Deus. - Chris abriu a boca, exagerado. - Que merda, você está maravilhosa. - Levantou. - Por que ninguém me avisou que o negócio das roupas era sério? Estou parecendo um mendigo!
- Ninguém acreditou em você, mas eu acreditei, disse que ia arrasar! - Beth disse depois.
- Que mentira, nem disse nada! - Chris disse, e ela fez cara feia. - Senta aí, tem cerveja. - Sorriu largo.
Os acompanhei na mesa, a casa estava mais lotada que eu esperava, nem cabia todas aquelas pessoas, e naquele clima frio, pensei que ninguém iria sair de casa. Para começar, pensei que seria uma coisa pequena, mas tinha decoração, as pessoas estavam mais bem vestidas que eu, e tinha uma caixa gigante cheia de presentes.
A comida não era caseira, eram docinhos comprados, biscoitos, cerveja, suco e água, muito nanaimo, as barras mais bonitinhas e bem enfeitadas que já vi. Não era o meu tipo de passeio, gostava de coisas calmas, não de pessoas esbarrando em mim o tempo todo, vozes altas por conta da música e uma comida não tão boa.
Eu não queria ser chata, reconhecida como a chefe insuportável que nunca saia, mas a minha bateria social acabava rápido demais.
Suspirei no lugar, todos estavam em lugares que eu desconhecia, dançando, bebendo, pulando de grupo em grupo para conversar, e eu sobrei na mesa. Peguei meu celular no bolso do casaco, pronta para a maior loucura da minha vida.
- Kayra Chambers. - Encarei minha tela do celular por momentos, depois encarei a figura ao meu lado.
- Apollo. - Sorri com os lábios. - Preciso incluir o sobrenome também?
- Ah, não precisa. - Negou rápido com um gesto. - Você está bonita, se me permite. - Sorriu.
- Hum...permito, por enquanto. - Ele riu baixo, me encarando depois.
Apollo, nome de Deus grego e a aparência fazia jus, olhos claros, o cabelo ruivo bem cortado, um rosto lindo, poucas sardinhas, ele era tipo o Gui Weasley de Harry Potter, todas as garotinhas tinham uma queda enorme por ele depois do quinto filme, mas não era algo que me chamava atenção. O chefe do departamento, pelo contrário, era bem melhor, e eu avisei que era sincera, podia admitir quando uma pessoa era bonita.
E ele era, bonito, charmoso, simpático, mas nunca foi o suficiente para conseguir um encontro comigo, não que eu fosse muito concorrida, mas sabia que ele queria.
- Como anda o seu lado do departamento? - Perguntou, bebendo algo que eu não sabia o que era.
- Entre ruim e horrível? Ruim. - Rimos baixo. - Eu gosto de lá, só não é exatamente o emprego mais agradável do mundo...
- Nem me fale. - Falou mais baixo, o semblante mudando para triste. - A lista dos desaparecidos tem aumentado, tomara que esse novo delegado seja realmente bom.
- Tomara. - Soltei uma risada baixa. - Esses caras são insuportáveis, eu odeio policiais e toda aquela arrogância deles. - Rolei os olhos.
- Na última vez eles ficaram o tempo inteiro observando o que eu estava fazendo, como se fossem os meus chefes. - Nos encaramos, incrédulos.
Ficamos um tempão naquilo, e já sabia qual era a dele, toda perfeição precisava ter seu ponto fraco. Ele gostava demais do trabalho, sabia conversar com uma mulher, mas quando entrava de cabeça no assunto, nunca mais saia, e particularmente eu não estava com vontade de falar de trabalho.
Abri meu celular quando ele saiu para pegar bebidas, só bebi meio copo de cerveja, minha consciência pesou por estar dirigindo, então parei e fiquei na água.
Eu só tinha o Instagram dele, e se queria tanto uma chance, aquele era o momento.
Kayra: Alerta festa chata!!!
Não estava esperando uma resposta rápida, nem sabia se estava em casa, e teoricamente, deveria estar ajudando a cuidar de duas crianças, ou não, já que também tinha uma vida.
Olhei ao redor, depois de vinte minutos sem respostas dele e Apollo havia se perdido na mesa das bebidas, decidi que já estava passando do ponto de ser tão social e decidi dar vida a antissocial que vivia em mim. A minha bateria acabou, levantei, não avistei ninguém do meu círculo de amizade, então só caminhei até a porta.
Ninguém pareceu se importar comigo saindo, e pessoalmente eu preferia mesmo ir para casa. Até meu celular vibrar e eu parar no meio do caminho para verificar.
Harry: Bem feito, avisei que era melhor sair comigo.
Harry: O que está pensando em fazer?
O jeito que ele me tratava como se fosse íntimo, era realmente estranho, mas não tão desagradável. Pensei na coisa mais idiota do mundo, se ele quisesse aceitar, tudo bem, se não, eu teria que ir sozinha, infelizmente.
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zhousye · 3 years ago
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masterlist de ocupações
embaixo do read more você vai encontrar #100+ possíveis ocupações para personagens! essa lista sofrerá atualizações conforme novas ideias me ocorrerem (ps: ela foi criada para referência pessoal, mas decidi compartilhar, porque pode ser útil para outras pessoas. por isso, não esperem muitas carreiras na área de exatas! perdão).
última atualização: 04/01/2022.
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ghiblitalks · 3 years ago
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Guia para escrita: armas de fogo
Ghibli voltou depois de um longo hiatus para trazer algo em que venho trabalhando há algum tempo: um guia sobre armas de fogo.
Não irei me ater a detalhes como legislação, características de ferimentos. Lembrando que existem diferentes tipos de armas de fogo, algumas são de uso exclusivo das forças armadas e outras podem ser compradas com registro.
As fontes da pesquisa vão ser deixadas no final. Armas são um tópico sensível que devem ser tratados com cautela, espero que esse guia ajude nisso.
TW: armas de fogo, menção a ferimentos.
Nomenclatura básica
Neste guia eu vou comentar muitos termos técnicos importantes e eles variam dependendo de que tipo de arma de fogo estamos falando.
Revólver
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Pistola semi-automática
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Munição
Munição é a palavra utilizada para definir um objeto disparado por qualquer arma. Ou seja, a flecha é a munição do arco, a pedrinha é a munição de estilingue e o cartucho é a munição da arma de fogo.
Um cartucho é composto de espoleta, propelente, estojo e bala, cada um com uma função:
A espoleta é o lugar onde fica uma mistura química que queima fácil e uma bigorna. Só com o atrito dessa mistura dentro da espoleta com a bigorna já é o suficiente para gerar a queima.
Propelente: pode ser pólvora, cordite ou pólvora sem fumaça dependendo do tipo de cartucho. É a fonte de energia química que faz o tiro disparar para a frente.
Estojo/cápsula: une todos os componentes, é descartado depois que a bala é liberada.
Bala/projétil: essa é a parte lançada pelo cano da arma.
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Funcionamento das armas
Armas são engenhos mecânicos que lançam projéteis a partir da força de expansão dos gases oriundos da combustão da pólvora. Ao se puxar o gatilho de uma arma, é acionada uma série de alavancas e molas que fazem a pólvora dentro da munição explodir. A bala é lançada para frente, e o estojo é descartado.
Revólver x pistola
Primeiramente, existe uma diferença crucial entre um e outro: o revólver não é automático e a pistola é considerada semi-automática. Para atirar com revólver, você precisa destravar o cão pela orelha e depois apertar o gatilho. Na pistola, você só precisa apertar o gatilho.
Notas importantes:
Toda arma tem um recuo chamado popularmente de coice. Quando você atira, por ação e reação, a arma dá um solavanco para trás. Acidentes acontecem, mas é recorrente com quem aprendeu a atirar faz pouco tempo acabar com problemas no pulso e até um olho roxo. Se você não entendeu, dá uma olhada nesse vídeo.
Toda arma possui uma trava. É importante para segurança que ela fique destravada em situações que não envolvam risco iminente. Se a pessoa não é um agente de segurança, a arma deve ser descarregada quando não está em uso.
Quando a arma está carregada, mas não está sendo usada, esta deve estar apontada sempre para baixo e para longe dos pés das pessoas. Sabe aquelas cenas de série que o policial corre com a arma para baixo, é isso.
É importante que disparos não sejam feitos às cegas, para evitar machucar outras pessoas.
Se a arma estiver emperrada, não se deve olhar diretamente para o cano para ver o que está acontecendo. O correto é apontar a arma para longe e remover o bloqueio pelo mecanismo de ação.
Armas de fogo não devem ser alteradas por conta própria.
Você sempre atira utilizando a mão dominante, se você é canhoto, vai segurar a arma com a mão esquerda e destro, com a mão direita.
Armas causam barulhos altos, principalmente as de uso tático. Não é possível conversar enquanto um tiroteio acontece.
Rifles com miras facilitam o tiro, mas não farão de um iniciante um atirador genial repentino. Miras ajudam, mas não fazem milagres.
As espingardas atiram projéteis, não balas.
Seu personagem não deve enfiar uma arma de fogo que acabou de disparar na cintura, ou ele terá uma queimadura feia.
Silenciadores ou melhor ainda, supressores não silenciam seus disparos. Na verdade, eles reduzem o som em alguns decibéis.
Fontes: ( 1 ) - ( 2 ) - ( 3 ) - ( 4 ) - ( 5 )
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imagines-1directioner · 4 years ago
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Olha quem chegou!!! A Parte II do pedido sobre ‘eles não conseguirem engravidar’ tá on, papai! Para quem não está entendendo nada, escrevi uma “continuação” para esse imagine, porém preciso fazer algumas considerações antes:
• A segunda parte teve participação de duas leitoras maravilhosas por aqui: @umadirectioner e @mysunrose que simplesmente, em uma conversa que tivemos, comentaram detalhes de como a história seria sem eu SEQUER ter mencionado à elas o que havia pensado (bizzaro)
• E outra: a mesma bizarrice aconteceu com a @nightstars5, que recebeu um pedido semelhante ao meu, e a história, tanto do imagine passado quanto desse, se encaixaram muito bem e tivemos praticamente a mesma ideia quando escrevemos as falas e o contexto em geral. E mais uma vez eu não fazia ideia disso, até porque li o imagine dela depois de ter postado o primeiro aqui e escrito o segundo. Aliás, o pedido que a Night fez é esse aqui, e (de novo) está perfeito! Sério, leiam!
• Conclusão: telepatia realmente existe, viu? KSKSKSKSKSKSK
Enfim, depois dos esclarecimentos - nada muito relevante, admito kk - espero que gostem do enredo e do que a minha imaginação criou a partir do pedido passado. Fico esperando a opinião de vocês na ask :)
Boa leitura ❤️
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- Tenho uma surpresa para você! - o sorriso e animação de Harry ao conversar com o cachorro peludo, que adotaram cerca de dois anos atrás virou um hábito desde que o viu. O animalzinho de fato não era como um filho de verdade, e nem mesmo ocupava o lugar de uma criança na vida do casal. Contudo, não poderiam negar que a chegada do dog na vida deles foi a melhor decisão que haviam tomado até então!
Henry era exatamente igual a um bichinho de pelúcia, uma bolinha de pelo branca e pequenina, que dava vontade de agarrar assim que visse. A raça Bichon Frisé, desconhecida por eles até pesquisarem mais a fundo qual o tipo de cachorro ideal para deixar a casa com mais cara de lar, foi sem dúvida a melhor escolha dentre as tantas que tiveram. Bagunça foi uma coisa que não aconteceu após a adoção, mas amor e carinho tornou-se uma regra a partir do instante que o filhote chegou na casa.
O peludinho é um tanto quanto exigente quando o assunto é atenção e carícias. Elas devem ser feitas no pescoço e bem devagar, para que assim ele feche os olhinhos e curta a mordomia de um carinho gostoso por longos minutos. Ficar sozinho com certeza é o pior pesadelo para o bichano, que acompanha os donos em qualquer cômodo da casa, inclusive no banheiro. E como a intenção de cuidar de um cachorro era construir responsabilidades e enfim formar uma família, o dog foi criado com todos os cuidados e apreço infinito como se fosse uma criança. Afinal eles quiseram, e conseguiram, virar, pelo menos, pais de pets.
- Olha o que o papai comprou para você, cara! - ao balançar uma bolinha nova de borracha usando a mão direita, a afinação da voz, um costume básico quando se depara com uma coisa tão fofa a frente, aconteceu imediatamente. Era humanamente impossível falar de um jeito normal com um animalzinho daquele, então usar o tom fino havia se tornado mania. - Agora você pode brincar um monte com ela e esquecer o meu chinelo, não é? - indagou, como se Henry fosse responder. O rapaz abaixou para então passar as mãos entre os pelos macios e sedosos, acariciando o dog que amava aquele carinho do dono na parte de cima de seu corpinho. - Toma, amigão! Seja feliz! - Styles jogou a bolinha na direção da grama do quintal e viu o cachorro correr atrás do objeto feito louco, permanecendo por ali mesmo, mordendo o novo brinquedinho e esquecendo do mundo.
No segundo seguinte á ação, o moreno escutou o barulho típico do molho de chave e logo virou para a entrada, vendo a maçaneta girar descontroladamente e então finalmente abrir a porta, mostrando a figura linda e amável que ele esperava de braços abertos.
- Papai!! - de imediato, a garotinha de apenas quatro anos de idade correu em direção ao homem, o qual lançou um sorriso de orelha a orelha ao vê-la, abaixando um pouco o tronco para receber o abraço apertado e caloroso - seu preferido diga-se de passagem - com os bracinhos envolta do pescoço dele, com ela já no colo.
- Como você está linda, filha! - Harry havia reparado no penteado diferente do que normalmente usava e extremamente lindo feito no cabelo Black Power que a menina carregava. Os dois coques volumosos na cabecinha dela e as duas trancinhas feitas com mechas da parte da frente do cabelo deixou a criança, que já era linda, ainda mais perfeita.
- Eu fiz a unha também! - entusiasmada com a novidade, a pequena mostrou para o pai a mão, remexendo os dedinhos de forma charmosa. O riso bobo do moreno surgiu assim que viu a cena, e ao segurar a mãozinha dela, reconheceu aquele esmalte amarelo com carinhas felizes em cada dedo, e logo pegou a referência, sorrindo encantado.
- Engraçado.. Parece que eu já vi esse estilo em algum lugar.
- Copiei de você. - ela riu sapeca, com as mãos na boca. - Disse para a moça que queria pintar igualzinho a do meu papai.
- Ótima escolha, Nia! Eu amei!
- Cadê o Henry? Quero mostrar minha unha para ele! - disse toda animada quando o pai a pôs no chão.
- Ele tá lá no quintal, brincando com a bolinha nova que comprei para ele.
- Mas ele gosta do seu chinelo, papai.
- Bom, agora ele vai ter que gostar da bolinha porque eu não gosto de dividir. - com os braços cruzados, Harry imitou a filha ao dar ênfase no pronome, a qual gargalhou com a cena e saiu correndo, conversando com o cachorro com a mesma voz fininha que Styles fazia.
- Não fale essas coisas para ela que pode ser problema quando começar a escola ano que vem. - S/N comentou referindo-se ao fato de dividir, assim que deixou a bolsa no sofá para só depois se aproximar do marido e enfim lhe dar um selinho amoroso.
- Meu Deus.. Já estamos na fase da escola.. - a ficha de que Nia estava crescendo realmente ainda não havia caído. A percepção do tempo para o papais da vez era completamente diferente do tempo do calendário. A impressão que tinham era que foi ontem mesmo quando a notícia de que, após meses de espera, seriam os próximos pais a adotarem uma criança.
Nia, sem sombra de dúvidas, foi um presente abençoado quando Harry e S/N decidiram viajar para África depois das complicações que tiveram para engravidar. Mesmo com todas as baterias de exames, descartando a possibilidade de ser um casal estéril, e o acompanhamento correto com um obstetra todo mês, ainda não sabiam ao certo o motivo pelo qual não conseguiam gerar um bebê juntos. Por isso, a fim de espairecer, o casal deixou Henry com Anne por duas semanas e resolveu se aventurar pelo continente africano, mais precisamente no Quênia.
Lá, fizeram um safari incrível pela savana turística, perderam o fôlego com as paisagens lindas - principalmente do pôr do sol - conheceram uma aldeia de nativos, aprenderam e encantaram-se com a cultura do país e por fim, resolveram conhecer um lar adotivo após o convite feito pelo guia de turismo estadunidense, que ao simpatizar com o casal e escutar a história deles em um jantar no hotel, resolveu ajudá-los a realizar o sonho de terem filhos e assim dar uma família a uma menina muito especial para ele.
A pequena Nia era filha de dois amigos importantes para Dave, o guia, o qual morava no Quênia há quase oito anos. Os pais da menina foram os responsáveis por acolher o norte-americano que veio para África com uma mão na frente e outra atrás, realizando o desejo de morar no continente pelo qual era fascinado, no entanto sem ter se preparado para isso. Por mais que o casal não tivesse muito dinheiro, podia-se dizer que possuía um lindo e caridoso coração e decidiram ajudar Dave, contratando-o como entregador do pequeno quiosque que trabalhavam sozinhos, após irem contra a família e viverem o amor livre e verdadeiro, que antes era proibido.
Niara e Jalil eram jovens, não tinham mais que vinte e dois anos, tinham o sonho de estudar gastronomia e assim montar uma rede de restaurantes voltado para a comida africana mundo à fora. Porém, quando deram o primeiro passo para que o desejo fosse concretizado, os dois foram assassinados após cinco anos batalhando incansavelmente. A noite da morte aconteceu em uma sexta-feira chuvosa, no recém restaurante no centro da cidade quando resistiram ao assalto a mão armada assim que fechavam o estabelecimento, deixando Dave e uma filha de apenas quatro meses de vida no mundo.
Devastado e sem ter como sustentar a si mesmo e mais uma criança, o homem precisou incluir a pobre garotinha em um lar de adoção e prometera que acharia pais tão amáveis e carinhosos como eram Niara e Jalil para cuidarem dela.
E foi aí que Harry e S/N conheceram a futura filha, a qual tinha um ano e dois meses na época. Apaixonaram-se por ela assim que botaram os olhos na menina linda, de olhos castanhos que brilhavam ao sol, muito esperta e que amava o tio Dave, o qual visitava-a duas vezes por semana. O casal londrino ficou tão entusiasmo quando o guia disse que ajudaria como pudesse na questão jurídica e faria de tudo para que a filha de seus grandes amigos fossem aos braços de pessoas certas, já que sentiu um chamado dentro dele dizendo que aquele era o casal perfeito, após dias de conversa.
Demorou um ano e meio para que tivessem a aprovação do governo quanto a adoção e finalmente trouxeram Nia para casa, aos dois aninhos de idade. Dave aceitou acompanhá-los na viagem, até porque tornou-se amigos de S/N e Harry diante da boa vontade, sendo convidado a ser padrinho da garotinha. E hoje, eles criavam uma filha juntos, tendo a família que sempre sonharam e uma casa colorida com as cores do amor.
- Tem noção de que temos uma filha, S/A? E um cachorro? - questionou rindo, ao abraçar a mulher de lado e observar apaixonantemente os amores brincando no jardim.
- Parece que estamos sonhando, né?
- Um sonho maravilhoso. - dessa vez o sorriso veio quando olhou para ela, encostada com a cabeça no peito e os braços em volta do tronco dele. Porém Harry estranhou ao perceber a esposa pálida, ficando evidente o mal estar quando a mesma espremeu os olhos, sentindo uma leve tontura. - Ei, o que foi? Tá tudo bem?
- Não sei.. Acho que minha pressão baixou. - respondeu fraca e ele a sentou no sofá.
- Talvez seja o calor. - realmente fazia um verão quente e incomum em Londres. - Vou pegar uma água para você. - o tempo do moreno buscar um copo d`água foi suficiente para S/N piorar e correr até o banheiro, vomitando todo o almoço, algo que ela quase nunca fazia. - OK, vamos deixar a Nia na minha mãe e eu te levo para o hospital. - Styles surgiu na porta do cômodo, assustado. - Você vomitar não é nada normal.
- Amor..
- Não tem essa de amor, não, S/N. Eu sei que você é teimosa, odeia hospital mas eu vou te levar ao médico nem que seja a força. - a expressão séria, tendo as pontas dos dedos na cintura, além da voz decidida encheu o coração dela de um sentimento gratificantes. Um sorriso diminuto foi tudo o que ela pôde dar. - Você tá branca, mulher! - Harry exclamou, ainda mais apavorado enquanto a moça escutava o surto limpando a boca com água e bochechando o enxaguante bocal. Ao final da ação, um riso frouxo ficou bem aparente nos lábios dela. - Por que você tá rindo?
- Não acho que eu esteja doente.
- Como não?
- Deixa eu terminar! - S/N sabia que haveria uma enxurrada de palavras após a indagação dele, por isso resolveu ser mais rápida e atravessá-lo. - Minha menstruarão tá atrasada há dois dias.
- Ai meu Deus! - as pernas literalmente tremeram.
- Calma! Não vamos criar tanta expectativa. - avisou, fazendo sinal de pausa com as mãos após uma respirada profunda. - Já sofremos muito com isso e dois dias de atraso não é um tempo que possa confirmar uma gravidez.
- Mas sua menstruação nunca atrasa, porra!
- Eu sei. - concordou entre risadas. As várias idas nos consultórios da obstetrícia e todos as orientações que foram seguidas à risca para terem um bebê ensinou muita coisa ao moreno. - Tenho alguns testes aqui no armário do banheiro. Vou fazer e vamos ver no que dá. - Harry respirou fundo e assentiu totalmente nervoso por sentir, desta vez, que a hora era essa.
A angustia de ambos era gigantesca. S/N balançava a perna constantemente ao sentar-se na privada tampada, tentando manter a calma para não se desapontar caso o resultado fosse o mesmo de sempre. Do lado de fora, Styles andava de um lado para o outro, apreensivo e torcendo de segundo em segundo para que dessa vez um milagre acontecesse. Entretanto, quando a mulher abriu a porta com os olhos marejados e encostou-se no batente como sempre fazia quando a resposta aparecia, o moreno perdeu um pouco as esperanças mesmo que a sensação dentro dele fosse diferente.
- E aí? - perguntou aflito e com os olhos arregalados, extremamente impaciente. - Negativo ou positivo? - ela manteve-se muda e colocou as mãos na boca, provavelmente segurando o choro. - Fala, S/N! Pelo amor de Deus! - de forma engraçada e nada proposital, o moreno gesticulou com mãos e braços, mexendo-os para frente, inquieto com a situação. Mas a esposa sequer riu daquilo e foi direto ao encontro do marido, em um abraço forte e que liberou todo o choro preso dentro dela.
- Eu tô grávida! - a fala estava embargada. A voz tomada pelas lágrimas de emoção era tanta que S/N mal conseguia dizer uma única palavra sem ao menos parar de chorar. Apenas despejava a euforia e anos de frustração nos braços daquele que a amava incondicionalmente e sonhou tanto, junto com ela, de terem um bebê.
- Ai, Deus.. - ele fraquejou e a voz saiu falha. - Sério? - Harry afastou-se um pouco do abraço para ver a carinha de S/N, sem perceber que a dele estava pronta para chorar, mostrando um biquinho fofo que entregou sua vulnerabilidade. Quando a mulher assentiu, Styles agarrou o corpo dela em um abraço reconfortante e que exalava alívio. As gotas as quais saiam dos olhos eram de alegria e tranquilidade, por finalmente alcançarem o que tanto almejavam.
- Eu sabia! Eu sabia que esse dia ia chegar.. - ele balbuciou as palavras emocionado, ainda preso ao corpo da mulher.
- Nós vamos ser pais de novo! - S/N praticamente gritou assim que se separou de Harry e agora foi a vez dele colocar as mãos na boca, digerindo a informação. Ela olhava para ele tendo uma mistura de sentimentos dentro de si enquanto ria e chorava. Aos poucos os olhos de Harry foram diminuindo, e mesmo que não pudesse ver a boca por estar sendo tapada pelas mãos em sinal de surpresa, a esposa sabia que o famoso biquinho de choro formava-se mais uma vez. E quando o balde de sensações e sentimentos de fato caiu sobre ele, o moreno deixou as pernas levarem-no para o chão, ficando de joelhos ao sentir o corpo mole e esparramar o choro que o libertou, tendo as mãos escondendo o rosto e a cabeça levemente inclinada para baixo.
- Eu não acredito. - comovida com a notícia e a reação linda do amor de sua vida, ela também abaixou e juntou as cabeças quando abraçou o moreno, mesmo que a face molhada dele ainda estivesse escondida.
- Por que vocês estão chorando? - Nia perguntou um pouco assustada, com Henry ao lado também observando a cena que chamou a atenção dos serezinhos que brincavam no jardim. Os pais instantaneamente sorriram para ela e puxaram para um abraço gostoso e revigorante quando fecharam os olhos.
- Você vai ganhar um irmãozinho, filha!
- Jura? - os olhinhos dela brilharam e a alegria era nítida em sua voz. - Quando?
- Vai demorar um pouquinho. - respondeu Harry, enxugando os olhos cheios d’água com o final da palma da mão. - Mas vai ser maravilhoso! Isso eu posso te garantir.
- É muito legal saber disso, mas não entendi porque estão tristes.
- Não estamos tristes, meu amor. - o moreno rebateu risonho. - E que antes de você chegar, eu e e mamãe queríamos muito ter um bebê juntos. - Nia escutava Harry com atenção, principalmente quando colocou uma das trancinhas dela atrás da orelha. - Era o nosso sonho mas nunca dava certo, e por isso fomos ficando bem tristes. - novamente a emoção agarrou o casal, quando os olhares se encontraram e a lembrança dos momentos difíceis que passaram ao longo dos anos, diante de tantos resultados negativos e sem resposta. - Só que hoje, depois de bastante tempo tentando, a gente conseguiu realizar esse sonho. - disse com a voz trêmula e olhos brilhando pelas lágrimas que caiam devagar pelo rosto, assim como as de S/N, que chorava baixo por finalmente sentir em seu eu interior a sensação de realização em dobro. - E conquistamos tantos outros que nem imaginávamos ter, que foi você e o Henry junto com a gente. - a garotinha sorriu de forma meiga e trouxe os pais para perto em mais um abraço aconchegante e amoroso.
- Ouviu só, Henry? Eu vou ganhar uma irmãzinha!
- Ou irmãozinho. - S/N disse ao sorrir para filha e sentir o cachorrinho esfregando de leve a cabeça em sua barriga quando colocou-o em cima das pernas, como se ele soubesse que o novo membro da família estava ali.
- Não, vai ser uma irmãzinha. Eu tenho certeza!
- Como? - o pai questionou curioso após acalmar-se do choro e fungar depressa.
- Porque um dia eu sonhei que ganhei um presente grandão e dentro dele tinha um neném. E era uma menina. - após a pausa cômica entre uma fala e outra, os pais, boquiabertos, se entreolharam e riram com a confissão telepática da filha, que saiu correndo novamente pela casa, gritando feliz da vida que teria uma irmã, acompanhada do cachorrinho que latia animado, mostrando mais uma vez que a esperança é a última que morre, e ser pego de surpresa deixa tudo mais gostoso.
- Parece que a gente conseguiu! - mais calma e imensamente contente, S/N comentou, entendendo as mãos para o esposo, que esboçou um sorriso valiosíssimo e sincero ao entrelaçar os dedos nos dela, em uma atitude que além do amor, exalava companheirismo e união de duas partes que se doam para tudo dar certo.
- Sim.. A gente conseguiu!
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Se possível, deixe seu feedback na ask! Adoraria saber o que achou :)
xoxo
Ju
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etaprontosorvetinho · 3 years ago
Note
❛❛ So - what are you getting me for Christmas? ❜❜
primeira versão:
Estava ansioso era tudo que conseguia pensar sobre um dos presentes que tinha comprado para Valentin aquele ano de Natal. E que ano, hein? Cheio de emoções e acontecimentos marcantes que ele ainda estava processando certas coisas. Mexia no piercing no lábio, claramente inquieto como sempre era, a pergunta alheia fazendo-o arquear as sobrancelhas escuras. O último presente que tinha dado para o melhor amigo tinha sido intenso demais e uma coisa que ele fez por puro impulso? E não estava falando do gato. Por isso pensou em algo descontraído para o divertimento de ambos - esperava. Lembrava exatamente da cena dos dois deitados na cama quando Jay tinha comentado sobre que às vezes querer colocar o outro em uma coleira, para demonstrar que ele tinha dono; normal vindo de alguém que era ciumento até demais, nem conseguia disfarçar. 
- It’s not the typical christmas’s day present, but i hope you like it. - falou, tentando segurar uma risada mas não aguentou, o som agradável deixando sua garganta ao mostra-lo uma coleira. Não tinha pra que embrulha-la, né?
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Entretanto para uma nova surpresa para ambos, ele queria dar a Valentin o controle do seus sentimentos além do seu coração - que o outro já possuía a bastante tempo em forma literal. Jay gostava de pensar que todos eram dele e ele não era de ninguém. Sempre solitário mas nunca desacompanhado, certo? Bem, estava disposto a mudar aquela imagem para o ruivo aquela noite, que era um dos suas datas comemorativas favorita. Queria torna-la especial com seu melhor amigo, como todos os anos. 
Então, colocou a coleira em volta do seu próprio pescoço, entregando a guia para o outro homem. - Eu sou apaixonado por você e amo isso. Espero que lembre que além de ser seu, eu quero isso. Quero pertencer a você para sempre. - poderia ser uma declaração em um cenário um pouco estranho? Talvez mas Jay tinha as melhoras das intenções apesar da brincadeira que obviamente seria usada depois sexualmente. Outra coisa que também amava. 
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segunda versão: 
Aquilo não combinava com ele, por isso estava nervoso e ansioso, parecendo que seu coração ia sair pela garganta a qualquer segundo, seus pés remexiam como se tivesse tocando uma bateria. Coisa que queria estar fazendo agora para acalmar os nervos mas não era possível já que seu presente de Natal para Valentin estava no bolso do seu casaco, agitando a pequena caixa na mão direta, enquanto o ruivo estava na sua frente. Não dava nem mais tempo de correr. 
Tinha passado o dia todo indo nas melhores joalherias, era a demonstração do seu amor, um amor bem caro diga-se de passagem. Mas em vários sentindo estava se arriscando ali, era o que pensava. Pular de um avião sem paraquedas, de um penhasco sem proteção, era essa algumas da definições que Jay sentia ao compartilhar sentimentos com outra pessoa. Tinha dificuldade em lidar com os próprios, quem diria dos outros. A memória do pedido de namoro com Leyla ainda era um pesadelo para ele, nem gostava de lembrar como foi. 
A pergunta alheia pareceu tira-lo do seus próprios pensamentos, seus olhos procurando o do melhor amigo e pronto. Tudo ficava bem, tudo ficava calmo, tudo ficava confortável. Entretanto, pode ter quase a certeza que seu coração errou uma batida ao fitá-lo. Bonito demais, minha nossa senhora das graças natalinas. Engoliu em seco em uma ação talvez de preparação, respirando fundo. Não podia vacilar. Retirou a pequena caixa preta e mostrou para Valentin, apresando-se a dizer. 
-  ..É-...É eu comprei um pro Miller também. Não é de casamento. - ainda, pensou, rindo de nervoso e sua fala quase não saindo. Queria transparecer que aquele presente não significava nada demais, porém ambos sabiam que não era assim. Principalmente vindo de Jay, alguém que costumava fugir de namoros sérios como o diabo corre da cruz. Mas a vida é uma caixinha de surpresas como a que segurava nas mãos. 
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Queria fazer tudo certo, porém ele não fazia ideia de como faze-lo, seguindo apenas seus instintos. Mesmo que tenha planejado por horas o que falaria para Valentin na frente do espelho, o que saiu do seus lábios não foi nada do que tinha ensaiado com ele mesmo outrora. 
- Eu não sei como fazer essas coisas ou o que dizer de bonito, me desculpe por isso, eu queria ter as palavras certas. Eu nunca as tenho com você, né? Mas eu tenho mais uma certeza agora... Que é que eu quero que me de uma chance de faze-lo o homem mais feliz do mundo todos os dias. Uh..v-você aceita não ser meu namorado, Valentin? - perguntou, mordiscando os lábios, era um pedido de namoro sim, um não convencional mas pretendia usar o anel e esperava que Valentin e Miller fizessem o mesmo. 
Tirou da caixinha o objeto que mais significa que estava entregando seu coração, seu corpo, sua alma, colocando na anelar da mão direita alheia e um sorriso instantaneamente parecendo em suas feições ao ver aquela imagem. O que Valentin pedisse, até não se importaria de dar-lhe metade da sua vida para ele viver mais. Seu melhor amigo realmente era o amor da sua vida, não podia nem queria mais fugir daquilo. - Eu sei que digo muito isso, mas... eu te amo. Muito. Eu te amo muito mesmo. - se fosse agarrar as amarras do amor tinha que ser com ele, sempre foi ele.
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nyatche · 4 years ago
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A mudança do Character Design na 4ª temporada de Shingeki no Kyojin
Inspirada na análise técnica da @crisanima​ sobre a animação do primeiro episódio, hoje decidi fazer um post sobre a mudança no design dos personagens!
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O character design de shingeki mudou um bocado ao longo da série! Enquanto ainda estava na WIT studio, o responsável pelo design era o também diretor de animação Kyoji Asano. Mesmo tendo sido feito pela mesma pessoa, fica nítida a diferença do design ao longo das 3 temporadas.
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Além do fato de que ele mesmo cresceu e teve uma evolução no seu traço ao longo dos anos da produção do mangá, uma outra coisa que também pode ser levada em consideração é a mudança do traço do próprio autor do mangá, Isayama.
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Evolução do traço do autor, a mesma cena desenhada 3 vezes ao longo da obra
Na adaptação de mangás para anime, é de praxe que o anime tente simular o traço da obra original de forma que ela funcione em uma adaptação. Normalmente os traços costumam ser simplificados nesse processo, porque algo que funciona para um desenho de uma página em quadrinhos não necessariamente pode funcionar bem em uma animação, onde os desenhos tem que ser simplificados e fáceis de reproduzir, uma vez que você vai desenhá-los várias vezes ao longo do processo e isso precisa ser rápido. Vale mencionar também que os designs para anime tem que garantir o aspecto de volume, e garantir que o personagem funcione em um giro de 360, para que vá funcionar em cenas e situações diversas. Já o mangaká não tem tanto essa preocupação, ele pode ajustar cada quadro, não precisa garantir que o personagem vá fazer uma sequência em movimento fluido. Com uma comparação meio forçada, podemos dizer que os quadros do mangá seriam key frames, e o mangaka não precisaria completar os frames entre um e outro, isso é feito pela mente do leitor, mas um animador precisa.
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Turn around do personagem para garantir que o design está funcionando em vários ângulos.
Outro ponto é que quanto mais complexo o seu design, mais difícil ele de ser animado. Animes com traços muito detalhados frequentemente tem animações mais simples, onde por exemplo aproveitam cenas mais estáticas, movendo só a boca, justamente para aproveitar mais quadros com a mesma arte. A simplificação do traço permite que você se aventure mais na animação e consiga cenas mais dinâmicas, e esse é um dos motivos que por exemplo no mercado ocidental a tendência tem sido designs mais simples. Um dos exemplos que o ocidente encontrou para tornar esse processo mais rápido é a animação cut-out, onde cada parte do design é desenhada separadamente e você pode combiná-las dependendo da necessidade de cada frame, ao invés de desenhar tudo novamente.
Vale aqui a nota de que cada trabalho é diferente, e um bom design sabe tirar proveito disso e adequar as necessidades da produção. Uma animação tem um cronograma e orçamentos fixos, é algo que precisa ser bem coordenado, e os responsáveis pelos designs tem que garantir que ele vá funcionar dentro do método de animação escolhido, que respeite o orçamento e cronograma. Se seu anime tem mais cenas de ação, melhor simplificar os designs, se seu anime é mais simples e não tem cenas super complexas de ser animadas, você pode usar um design um pouco mais complexo como diferencial! A qualidade da animação não depende só das qualificações da equipe, mas também de tempo e dinheiros sendo bem administrados!
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Exemplo de simplificação do mangá para o anime
Isso não quer dizer que não vão existir animes com traços complexos e cenas bem animadas, temos Vinland Saga e Shingeki como exemplos disso, mas isso significa que o orçamento e cronograma deles terá que ser diferente para dar conta do trabalho, e que é prudente tentar facilitar esse trabalho o máximo possível de outras formas, como por exemplo o uso de CGI.
Pois bem, como é sabido de todos, o traço do Isayama não era dos melhores quando começou o mangá, ele tinha muita dificuldade pra desenhar. Isso deu ao estúdio WIT uma liberdade para criar mais coisas, já que o material base era tão simples, eles poderiam melhorá-lo, e assim eles por muito tempo foram os maiores responsáveis pela estética de snk, e era a imagem deles que os fãs associavam a obra bem mais do que o Isayama
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Durante o tempo de produção entre as temporadas, o próprio traço do Isayama melhorou e se tornou mais característicos, personagens começaram a ficar com rostos mais marcantes, e a produção do anime também fez o mesmo, agora que tinham um melhor material base como referência. A mudança do estilo entre a s1 e a s3 é nítida, agora o Asano podia deixar os personagens mais únicos como no mangá, mas ainda adequando isso ao traço do anime!
Como foi divulgado, a WIT estúdio decidiu largar a produção do anime na terceira temporada, sendo assumida pelo estúdio MAPPA. Lá o responsável pelo character design foi Tomohiro Kishi. 
Segundo ele, a Kodansha lhe deu liberdade para ele adequar da forma que preferisse, que não precisava seguir o que foi feito em temporadas anteriores, e ele então optou por seguir mais o estilo do mangá, aproveitando do anime apenas as sobras marcantes que são características do design do Asano.
Agora falando sobre o design: normalmente quando estudamos desenho o que nos guia é a proporção dos elementos do corpo, e de regra a cabeça é usada como essa referência principal. Um desenho mais realista vai seguir uma proporção de 6 a 7 cabeças, e um desenho mais estilizado vai obedecer outras proporções. O design da s1 seguia essa proporção de 5 cabeças e meia, enquanto o da s3 já tava mais próximo das 6, e agora o da s4 segue uma proporção de 6 cabeças e meia, a mais próxima do “modelo humano ideal para adultos”.
Ainda comentando sobre proporções, podemos ver que no traço da WIT a largura da cabeça dos personagens é maior que a largura do restante do corpo, algo também tipicamente visto em anime, e é uma estilização que se afasta da realidade. No mangá, o Isayama também desenha mais próximo disso, além de que é bom ressaltar que os personagens agora são mais velhos e seus corpos mais “adultos”, o que também pedia um ajuste da proporção corporal.
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Comparação entre as proporções corporais.
O novo design, além de se aproximar mais do traço do Isayama, também segue proporções mais realistas. Esse é o motivo de vários fãs terem estranhando o character sheet apresentado, afirmando que não parece tanto o do Isayama assim por causa das mudanças no corpo. De qualquer forma, os rostos se parecem mais com o desenho do Isayama, e comparando entre as 3 primeiras temporadas do anime e o mangá, claramente vemos mais semelhanças desse novo estilo com o mangá. Lembrando novamente que os animes não são cópias do mangá, mas sim adaptações, e algumas coisas tem que ser adaptadas para funcionar em animações.
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Reforçando algo sobre os titãs que a Cris comentou no post dela, os titãs agora são feitos em CGI, e com isso eles optaram por deixar os designs dos titãs mais simples.
Antes eles eram desenhados quadro a quadro, e isso gerava inconsistência no desenho, uma vez que você não pode dar o mesmo nível de atenção e detalhes a todos os desenhos. Por exemplo: quando a WIT tinha que desenhar algo mais distante na cena, eles ficavam com menos detalhes, justamente para facilitar a leitura do personagem e o processo da animação.
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Titã encouraçado na sua primeira aparição do anime x uma cena mais trabalhada na segunda temporada.
Com o CGI, isso não tem como acontecer. Os titãs são modelados só uma vez, e eles tem que fazer esse modelo pensando no que vai funcionar para o maior número de cenas. Como um titã com muitos detalhes ficasse ruim em algumas cenas, mesmo que funcionasse em cenas com close, eles optaram por deixar mais simples para funcionar mais vezes.
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Titã encouraçado pela MAPPA
Também vale o comentário de que quanto mais detalhes um design, mais tempo eles tem que passar desenhando cada frame. Desenhar os titãs com tantos detalhes consumia muito tempo (e consequentemente dinheiro) da WIT, o que também torna a produção mais cara e demorada. Ao optar por fazer os titãs em CGI, Mappa garante que a qualidade dos titãs vai se manter (uma vez que os modelos vão ser aproveitados em várias cenas) e que a produção vai ser mais eficiente, poupando tempo que eles podem gastar aplicando em outras áreas da produção.
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Character design do encouraçado pela wit. Podemos ver o nível de detalhes.
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wollcon · 4 years ago
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Guia infalível wollcon para protetor solar, FPS e bronzeamento mais seguro
Na praia, na piscina, no clube e até na laje - não é difícil nos depararmos com a cena de uma pessoa esticada embaixo do sol, fazendo absolutamente nada, só esperando que a natureza faça seu trabalho. Quem é que não gosta de pegar um bronzeado perfeito, né?
Infelizmente, não existe tal coisa como um bronzeado "seguro" ou "saudável". Mesmo a exposição mais modesta danifica o DNA celular e causa envelhecimento precoce, mas também não existe bebida 100% saudável ou caminhada livre de riscos pela rua. Assim, enquanto adquirir um pouco de cor à moda antiga nunca será totalmente livre de perigo, existem alguns passos que você pode dar para pelo menos evitar a indignidade de se parecer com Hellboy. Tudo que você precisa é de um plano.
01. Como o sol danifica sua pele
O sol seguro requer uma compreensão básica da radiação ultravioleta. Existem dois tipos de raios que penetram na camada de ozônio da Terra: UVA e UVB. A UVB causa danos superficiais, como queimaduras solares, e é responsável por cânceres não melanoma. Também desempenha um papel fundamental na produção de vitamina D, que ajuda o corpo a absorver cálcio e fosfato e fortalece os ossos (há evidências crescentes que sugerem que a vitamina D3 também pode ajudar a prevenir doenças crônicas e combater a infecção regulando os genes que controlam o sistema imunológico).
UVA é uma besta insidiosa. Penetra profundamente na pele onde encoraja células chamadas melanócitos a começar a produzir um pigmento marrom conhecido como melanina. Embora tendemos a considerar esse efeito como um bronzeado "saudável", a melanina é o mecanismo de defesa do corpo contra a queima, uma maneira de evitar que os raios UV penetrem mais fundo na pele e causem estragos com o DNA. Como um bônus adicional, UVA rasga em suprimentos de colágeno e elastina, envelhecendo-o mais rápido do que você pode dizer "grupo um cancerígeno".
Só porque você não queimou (UVB), não significa que você escapou da ira invisível da UVA. É por essa razão que você precisa investir um protetor solar de amplo espectro que cobre ambos os tipos de radiação UV. Esteja ciente de que a classificação onipresente do fator de proteção solar (SPF) diz respeito apenas aos raios UVB.
02. Atenção as bandeiras vermelhas
Parecer um cruzamento entre Elmo e Darth Maul não é um olhar particularmente forte. Vermelhidão, juntamente com os sintomas listados abaixo, são sinais infalíveis de que a resposta à inflamação do corpo entrou em ação e que você precisa procurar sombra afiada.
Primeiro vem uma face corada, o resultado de vasos sanguíneos dilatados. Depois há a pele desidratada e coçada, muitas vezes acompanhada por um calor interno inabalável. Por último, mas de forma alguma vem o peeling, um sinal de que as células da pele danificadas saltaram do navio em um esforço para proteger o resto do corpo.
Em vez de esperar até que você esteja completamente frito, basta pressionar seu polegar duro contra sua pele em algum momento durante o seu sol descansando. Se ele deixa uma marca branca que prontamente fica vermelha, antecipe qualquer dano adicional, vá para dentro de casa, tome um banho e se espreia no aftersun.
Um bom aftersun faz muito mais do que simplesmente esfriar a pele. Fórmulas de última geração podem reparar danos celulares e reconstruir a barreira protetora da pele. Pense em aftersun como um curso de antibióticos. Comece a usar o creme ou gel alguns dias antes da exposição ao sol para que sua pele acumule defesas naturais e esteja adequadamente armada antes do ataque da exposição uv. Como na maioria das coisas, não espere até que seja tarde demais.
03. Escolha o nível correto do FPS
FPS, ao contrário das obras literárias da Sra. Jilly Cooper, não é apenas para a praia. E nem todos os cremes solares são criados iguais – você pode precisar de diferentes tipos para diferentes cenários ou para diferentes tipos de pele.
Como regra geral, a figura do FPS tem o objetivo de ajudar o usuário a determinar quanto tempo eles podem ficar ao sol antes de precisar se recandidatar. Não tem muito a ver com a força do produto propriamente dito. Para descobrir quanto tempo seu protetor solar vai durar, basta multiplicar a quantidade de tempo em minutos que você leva para queimar (sem qualquer proteção) pelo FPS na garrafa.
Por exemplo, digamos que você tem uma pele anglo-saxã passada e leva cerca de cinco minutos ao sol antes de virar um tom atraente de vermelho. Apesar de sua deficiência genética, você está bem equipado com um protetor solar FPS30. Cinco multiplicados por 30 equivale a 150 minutos de proteção. Ou seja, é claro, desde que você aplique o suficiente do material em primeiro lugar (veja abaixo) e não lave-o na piscina na primeira meia hora.
Como altura ou calvície, como sua pele reage ao sol – e, portanto, qual creme solar você deve ir – é em grande parte determinada pela genética. A escassez de melanina em pessoas com pele clara e peles celtas significa queimaduras de pele facilmente, enquanto um homem com pele de oliva provavelmente raramente queimará ao sol e desenvolverá um bronzeado profundo. Com a pele mais escura, o bronzeamento pode não ser o objetivo, mas você ainda deve usar um FPS – um óleo ou spray, que não deixa um resíduo na pele.
Para aqueles com uma pele mais pálida, um bronzeado pode não valer a pena, especialmente porque um estudo publicado no International Journal Of Cancer sugere que homens com cabelos loiros ou ruivos têm o triplo da chance de desenvolver melanoma maligno, enquanto aqueles com olhos azuis têm 57% mais chances de sofrer da forma mais mortal de câncer de pele. Talvez as listras e o cheiro de biscoito não sejam tão ruins, afinal. 
Palavras da equipe wollcon
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peterlimanarua · 5 years ago
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A Vaca
         Dia 31 de Dezembro. O ano de 2005 estava indo embora, 2006 estava se avizinhando. Vejo-me neste dia, acordei bem cedo, antes do amanhecer fui até a lavoura e colhi umas mandiocas para o café da manhã. Cozinhei o aipim e passei o café no caldo de cana. Fabiana e Breno ainda estavam dormindo. Quando a aurora despontava saí para frente da casa onde se encontrava uma escolinha abandonada, escola Fortaleza, e fiquei lendo uma estranha realidade de Carlos Castañeda. Por este tempo estava mergulhado nos estudos dos Psicotrópicos. Já tinha lido A erva do diabo, Viagem a Ixtlan, Porta para o infinito e O segundo círculo do poder. O dia surgiu esplendoroso na Serra do Sana. Ficava sentado na escola Fortaleza esperando a chegada de um velho camarada, pitando um e lendo o intrigante livro. Não demorou muito ouvi uma voz ao longe. Vinha chegando aos poucos, parecia uma cantoria de montanhês. Logo então, vi a silhueta alta, escura, cruzar a velha porteira e avançar pela folhagem da entrada da escolinha. Era meu velho amigo Lince Negro. Viera passar a virada de ano com a gente. Neste momento Fabiana e Breno já tinham acordado, vinham cumprimentá-lo. Todos nos abraçamos e sorrimos. Ficamos ali batendo um bom papo, Lince levantou Breno no colo e ficou admirando seus cabelos louros encaracolados. Dizia que o menino havia crescido muito desde a última vez que o vira. Agora Breno contava com 3 anos. Colocamos a conversa em dia, falamos um pouco sobre tudo, como estavam seus estudos no IFCS, o Rio de Janeiro, os psicotrópicos, e claro, suas últimas aventuras amorosas, pois nisto Lince Negro era um especialista. Depois das boas vindas e do descanso merecido da viagem chamei Lince de lado, e disse-lhe que estava na hora de trabalharmos. Queria fazer com ele um último trabalho espiritual do ano. Aquele ano tinha sido proveitoso, avançara bem nos estudos dos cogumelos, conhecia cada paragem nas terras do São Bento. Muitos amigos já tinham vindo me visitar para experimentar os sonhos da alma. Agora era vez do Lince. Resolvi levá-lo até o rio do pasto. Ali era um pé de colina plano margeado pelo rio Macaé. O campo era largo e com boa pastagem. Uma junta de Zebus pastava ao longe. Assim que chegamos uma visão nos tocou, o campo estava completo de cogumelos Psilocybe cubensis, com suas chapeletas douradas e seus característicos anéis roxos. Assim que colhemos o primeiro cogumelo, um boi ao fundo mugiu alto, como que autorizando aquele sacrifício. Ficamos um minuto em silêncio, como forma de agradecimento. Lince Negro queria comê-lo ali mesmo, repreendi-o. Disse para ele agüentar a ansiedade, para se alcançar uma viagem espiritual deveria respeitar o ritual. Não poderia tomar cogumelos como fazia nos tempos de estudante. Aquilo era supérfluo, preso no ego e na vaidade.
         Agora deveríamos colhê-los num processo criterioso, não os escolhendo pelo tamanho, mas sim pela vistosidade. Depois de colhê-los, três por pessoa bastavam, deveríamos lavá-los nas águas do Macaé. Seguinte levaríamos para cozinhá-los em minha casa. Pois a bebida deveria ser preparada na alegria de um lar feliz. Enquanto fervíamos, escutávamos Tábua de Esmeraldas de Jorge Ben, e falávamos de coisas boas, isso era importante para o trabalho. Depois do chá pronto fomos até a escola Fortaleza. Enquanto esperávamos para a beberagem esfriar ficamos discutindo a obra de Castañeda. Com a bebida um pouco mais fria podemos sorvê-la. Ficamos então em silêncio esperando os primeiros sinais do espírito do cogumelo. Depois de uns trinta minutos começamos a bocejar incessante mente. O sonho da alma estava chegando. Começamos a dar risadas, e percebemos calores que percorriam por nossos corpos provocando arrepio em nossos pêlos. A porta tinha se aberto. Então, levantei e falei-lhe que era hora de irmos para próxima etapa. Iria levá-lo para banhar-se num poço esmeralda. Um lugar que pouquíssimas pessoas freqüentavam só os da terra. Poço do Cláudio. Levantamos e começamos a caminhar pela estradinha de terra batida que sangrava a verde mata tropical. No andar pelo caminho estávamos atentos a tudo, às maritacas que sobrevoavam sobre nossas cabeças, os tucanos que saboreavam os frutos do palmito, as flores no relvado. Estávamos felizes, cada vez mais a onda do cogu batia na gente. Quando um pouco mais à frente, logo após uma curva na estrada de terra, tivemos uma visão aterradora. – Não, não, não! Não pode ser o que é isto? Disse ao meu amigo. Ele me respondeu desesperado. – Que horror! Não consigo ver, tire isto de mim!  Ficamos os dois trêmulos, com as mãos entre os olhos, desviando todo o corpo da cena inesperada.
         A visão que nós tivemos foi a de uma vaca estirada no chão, cruzando a estrada praticamente toda. Escorria um filete de sangue de sua boca que descia uns sete metros pela estrada. Seus olhos pareciam duas pérolas de vidro, esbugalhados, gigantes, fugindo da órbita fixo em nós. Para completar a cena macabra, tinha um bezerro berrando ao lado da vaca, lambendo seu sangue, seus olhos. Assim ele ficava: “Béee, béee, béee! A onda de cogumelo nos fez ouvir assim: “ Mamãeeee, mamãeee, mamãeee! Não acreditávamos do paraíso fomos para o inferno. Ficamos petrificados, não íamos nem para frente nem para trás. Ficamos cada um no seu lugar, murmurando baixinho não, não, não. Mas o bezerro não nos deixava em paz, precisávamos sair dali. Tomei meu lugar de anfitrião e guia, e gritei para Lince Negro: “Não olhe, vem pelo canto, segure meu ombro que tirarei a gente deste martírio”, e o bezerro continuava nos fustigando. –Bée, béee....
        Finalmente avancei e nos tirei dali. Continuamos a caminhar transtornados. Toda hora nos perguntávamos o que tinha sido aquilo. Seria real? Seria uma peia? O que dera errado no ritual? Afastando os maus pensamentos levei Lince para um lago cristalino. Águas plácidas, verde esmeralda, flores por todos os lados. O poção do Cláudio. O dia estava lindo, sol, céu azul. Pássaros cantavam ao redor, mas nossos espíritos não conseguiam absorver nada daquilo. Estávamos impregnados pela vaca. Pedi para ele se acalmar que tudo passaria. Escolhemos uma boa pedra ensolarada, que poderia ser nosso ponto de poder, para relaxarmos. Sugeri então que deitássemos e fechássemos os olhos, concentrando-nos em imagens boas, suaves. Fiz um exercício de respiração. Porém até para mim estava difícil fugir daquela cena de morte. Com muito esforço conseguimos nos acalmar um pouco. Porém o espírito do cogumelo continuava agindo em nossas almas. Estava meditando, imerso em mim mesmo, quando começo a ouvir um som lá no fundo. Ele vinha em ondas suaves e fortes. Não distinguia o que era, até que consegui ouvir perfeitamente. Béee, béee, béee....  Acordei num pulo, assustado. Era o Lince Negro, que estava com o rosto derretendo em cima de mim, chamando-me:”Peeeter, Peeeter, Peeeter!” Porra, que susto. O que era? Lince estica os braços para o outro lado da margem. Eu não via nada. Perguntei pra ele: - que foi cara? Ele respondeu: - ali. Nossa! Não é possível, mais esta! Disse. Nós estávamos mirando para um cavalo branco de duas cabeças. Tivemos a ação reflexo de sair correndo. No entanto, consegui acalmar meu amigo, e lhe expliquei do perigo que era correr entre as pedras viajando de cogumelo. Ele concordou e nos sentamos novamente. Veio então um estalo em meu coração. Aquilo tudo estava acontecendo porque estávamos moralizando sobre a vida e a morte. Nós estávamos considerando a morte como algo terrível, feio, assustador. Entramos em desespero diante deste conceito penitente entre a vida e a morte. Como se a vida fosse a beleza e a morte o horror. Não era nada disto, vida e morte faziam parte do mesmo belo quadro da existência. Só encarando estas duas facetas como que interligadas, sem início nem fim, é que poderíamos contemplar a essência da vida. Não estávamos sendo castigados pelo espírito do cogumelo, pelo contrário, tínhamos sido os escolhidos. Aquilo era uma benção, poder observar a vida através das aves, das flores e a morte através da vaca. A beleza estava nas duas cenas. Quando explanei esta teoria para Lince Negro ele se acalmou, pareceu concordar comigo. Disse-lhe que assim que aceitássemos aquilo tudo a sensação ruim iria acabar, e o gozo do esplendor iria nos preencher. Ele sorriu aliviado. Começamos a melhorar, quando nos lembramos do cavalo branco. Um leve arrepio voltou. Porém, não me deixei vencer. Abracei meu amigo com calma e falei suavemente. Vamos olhar e encarar, tudo tem uma explicação, já compreendemos o ensinamento. Assim, olhamos fixamente para o outro lado da margem. Qual a nossa surpresa, não era um cavalo branco com duas cabeças. Eram dois cavalos brancos, amarrados juntos um do outro num galho de árvore, de certo eram do Cláudio. Como estavam juntinhos dentro da mata, dava para perceber claramente somente as cabeças que se esticavam a fim de aplacarem a sede no riacho. Que alívio, depois disto, dêmos uma sonora gargalhada. Tudo agora ficara mais leve. A onda foi maravilhosa, gostos, texturas, sabores. Estávamos livres do pesadelo, rimos bastante, o banho no rio se revelou reconfortante. Depois de algumas horas, já melhores, resolvemos voltar para casa. Estávamos andando como se nada daquilo tivesse acontecido quando chegamos à curva fatídica. Diminuímos o passo e levemente nos olhamos, sorrisos amarelos surgiram, mas resolvemos encarar com altivez.
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p4zeequilibrio · 5 years ago
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MENSAGEM DOS ANJOS 26 de Junho de 2014. ⠀⠀ AVALIE AS SUAS OPÇÕES 🙏 ⠀⠀ “A orientação dos Anjos é que se lembre de que é sempre benéfico avaliar as suas opções e ver a situação com cuidado, perfeição e honestidade, sem emoção excessiva, de modo que quando fizer a sua escolha ou chegar a sua conclusão, você se sentirá mais capacitado pelas suas decisões e pela ação que empreender. Aproveite o tempo para registrar os seus pensamentos e sentimentos, pois isto irá ajudá-lo a liberar o que você realmente sente interiormente e busque conselhos sábios de alguém que seja seguro e verdadeiro, ou em quem você confie, que o ajude a ver a grande cena. Você sabe o que é adequado e melhor para você e é importante que se lembre de seguir o que as suas ações demonstram e a sua intuição lhe diz. Cabe a você decidir onde você dá a sua confiança e crédito. É realmente mais importante que você coloque isto em si mesmo em primeiro lugar e você ficará mais confiante nas escolhas que fizer. ⠀⠀ 📿 Afirmação: A cada dia eu estou me tornando mais capacitado, pois confio em minha avaliação e em minha intuição. Faço escolhas honrosas para mim e a minha vida. ⠀⠀ E assim é. ⠀⠀ Você é muito amado e apoiado, sempre! 🌟 ⠀⠀ Seus Anjos e Guias Sharon Taphorn ⠀⠀ Deixe seu comentário: NAMASTÊ! 🧘🏽‍♀️🧘🏼🧘🏿‍♂️ ⠀⠀ #pazeequilibrio #espiritualidade #anjoseguias #sabedoria #pazinterior #alma #sejagrato https://www.instagram.com/p/CAIBj4QF62E/?igshid=1v8gy4wbbqv44
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