#formatura de direito
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xcallmevia · 4 months ago
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Tudo começa com um Drink
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Felipe e você se conhecem em uma festa em que você entrou de penetra.
Essa história é baseada em um trecho do filme "A pior pessoa do mundo"
Avisos: infidelidade (ou não?), sexo explícito, namorado babaca e dilemas emocionais.
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Você caminhava, voltando do almoço de formatura do seu namorado, uma ocasião organizada pelos seus sogros com a clara intenção de se gabar — afinal, o filho deles estava se formando com honras em uma prestigiada faculdade de direito. Mas você não se deslumbrava com aquilo; os pais do seu namorado nem ao menos fingiam gostar de você, seu namorado começou a te tratar mal e isso foi o suficiente para você pegar sua bolsa e fugir do almoço sem ser notada.
— Você tem um cigarro? — perguntou a uma mulher loira aleatória, parada na entrada de um lugar onde parecia estar acontecendo uma festa.
— Tenho sim — ela procurou na bolsa por alguns segundos e te entregou.
Você agradeceu. Não costumava fumar; era só um pretexto para se aproximar da festa e observar, a música alta havia chamado sua atenção e você decidiu esquecer os acontecimentos de mais cedo.
Entrou no lugar. Era uma casa com paredes brancas a festa ocorria no interior, você se pegou pensando que quem morava ali provavelmente tinha muito dinheiro. Sentiu uma mistura de curiosidade e inquietação.
Ao fundo, uma música animada tocava, e você percebeu que era um casamento. Tentando disfarçar, mas ao mesmo tempo querendo descontrair, foi até a mesa de bebidas, pronta para pegar um copo de sabe-se-lá-o-quê.
— Se eu fosse você, pegaria esse — um homem alto, de cabelo castanho escuro, disse, apontando para uma taça com uma bebida avermelhada.
— Ah, é? E por que a indicação? — você respondeu, entrando na onda do rapaz.
— É o meu drink preferido — ele riu. — Já devo ter tomado uns cinco hoje. E também acho que combina com pessoas mais ousadas.
— Você não me conhece. O que te faz pensar que eu sou ousada? — você disse, com um sorriso quase provocativo.
— O Cosmopolitan tem esse sabor marcante e, ao mesmo tempo, um visual chamativo. Parece um drink feito pra quem quer se destacar, talvez seja esse decote nas costas que me chamou atenção — ele explicou, tentando relacionar o drink com o seu vestido, algo que pra você nem fez sentido, mas você interpretou aquilo como um flerte casual.
— Tudo bem, eu fico com o Cosmopolitan — disse, pegando a taça. — Obrigada pela sugestão.
Virando-se para ele, você riu, acompanhando o clima descontraído do momento.
— Eu aceito o agradecimento se você me disser seu nome — ele respondeu, com um sorriso brincalhão.
Você desviou o olhar, tentando se fazer de difícil, e respondeu com seu nome.
— Prazer, então. Eu me chamo Felipe — ele estendeu a mão, e você apertou a dele. — Então, quem você conhece? O noivo ou a noiva?
Você olhou para ele, tapando a risada com as mãos.
— O quê? — Felipe ficou intrigado com a sua reação.
— E se eu disser que não conheço ninguém? Apenas estava andando na rua e decidi entrar aqui.
O homem abriu a boca, fazendo uma expressão de surpresa.
— Eu disse que a bebida combinava com você — ele comentou, ainda sem acreditar. — Mas fica calma, eu não vou te dedurar.
— E você? — perguntou, curiosa.
— Eu conheço a noiva.
Vocês foram para a varanda da casa, já que onde estavam a música dificultava um pouco a comunicação. O céu começava a escurecer, e a conversa fluiu, com Felipe sempre fazendo você se perguntar se ele realmente estava flertando ou não.
Então, você decidiu ser sincera com ele.
— Você é muito legal, Felipe, mas eu tenho namorado, alguém que amo muito. E acho que, se estivermos tentando ter alguma coisa um com o outro, isso precisa terminar aqui.
Você mentiu na parte em que disse que amava muito o namorado. Ultimamente, o relacionamento de vocês estava em declínio; ele demonstrou ser um idiota egoísta, e você lhe disse há alguns dias que não o amava mais. Porém, decidiram esperar ele se formar para se separarem de vez. E finalmente, hoje ele se formou.
— Tudo bem, só estamos nos conhecendo como amigos — ele enfatizou a última palavra. — E, aliás, onde começa a traição? No sentimento, na intenção ou no contato físico?
Você pensou por um instante e disse:
— Acho que no físico, como beijo na boca ou sexo, já que os sentimentos não são fáceis de controlar, e as intenções podem ser disfarçadas.
— Então, se eu fizer isso, não é traição?
Ele se inclinou e beijou a sua bochecha, quase no limite de seus lábios, de uma forma que te fez sentir calor.
Você ri enquanto o homem se afasta.
— Não, e nem isso! — você brinca.
Então, num impulso, você lambe o pescoço do homem. Por um instante, ambos esquecem que ali estava acontecendo uma festa, e qualquer um que decidisse aparecer na varanda poderia presenciar a estranha cena.
— Preciso ir ao banheiro — você sorri, entendendo o que ele quer dizer.
Felipe te puxa e te conduz enquanto vocês retornam ao foco da festa, levando você para o andar de cima, que estava menos movimentado e mais silencioso. Ao entrarem em um cômodo, Felipe liga a luz, e você percebe que é o banheiro.
Felipe anda até a pia, enquanto você se restringe a fechar a porta e encostar as costas nela. Em nenhum momento os dois tiram o sorriso do rosto.
— Ai, meu vestido está me pinicando — você finge se incomodar com a peça de roupa.
— Se você tirar e coçar, tenho certeza de que vai passar — ele responde, com um sorriso travesso.
Você joga sua bolsa de lado e segura a barra do vestido colado que usa e então começa a subir, fingindo que Felipe não está ali.
Aos poucos sua calcinha minúscula de renda fica a amostra e você vê de canto de olho o homem segurar seu membro por cima da calça.
— Aí, acho que a coceira é mais aqui — você diz, subindo o vestido por completo.
Felipe a observa, com um sorriso em seu rosto.
Por não estar usando sutiã, fica apenas de calcinha, e então olha diretamente para o homem, e ele imediatamente encara seus seios.
Felipe sabia que não podia tocar em você; os limites foram estritamente impostos, mesmo sem nenhuma conversa sobre isso.
O Tesão reprimido do momento atingiu em cheio, e, em um gesto impulsivo, Felipe começou a desabotoar as calças.
Em um instante sua cueca foi jogada de lado e seu volume liberto, você andou até o lado do homem, se sentando na pia, Felipe começou a bombear o membro, enquanto você puxou sua calcinha de lado, seus dedos encontraram a sua entradinha mais do que escorregadia, enquanto a sua outra mão fazia movimentos circulares em seu clitóris.
Felipe ficava com o rosto vermelho a cada movimento de vai e vem que a própria mão fazia, ele lutava para manter os olhos abertos, tentando olhar pra você ao lado dele se tocando. Nenhum dos dois se preocuparam em conter os gemidos.
Você abria cada vez mais as pernas, não controlava mais suas ações.
Felipe gemeu o seu nome em um sinal de que já iria atingir o seu ápice. E então os músculos do homem se contraíram e o jato de esperma saiu de seu membro, escorrendo pela propía intimidade e pernas, se ele não tivesse apoiado no mármore, você teve certeza de que o moreno perderia a força da perna e cairia no chão.
Você não demorou muito pra gozar, enfiou 3 dedinhos e encostou a cabeça no espelho nas suas costas, fazia muito tempo que não sentia algo tão bom e intenso assim.
Ofegantes, vocês dois se olharam em sinergia.
— Vamos nos limpar antes que alguém perceba alguma coisa — ele disse, enrolando o papel higiênico na mão.
Você andou até o seu vestido, vestindo-o. Então, lembrou do seu celular, que até então estava esquecido em sua bolsa desde que decidiu sair do almoço.
Você pegou o aparelho, várias notificações de mensagens e chamadas perdidas de seu namorado pularam na tela.
📍Parte dois
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creads · 7 months ago
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https://www.facebook.com/share/v/T6ib5As4PtXyBkfV/?mibextid=w8EBqM
Cams, na sua singela e magnífica opinião: quais dos rapazes mais se encaixam nesse vídeo aqui??? kkkkk
uma leve suspeita que isso é a cara do Pipe e do Matías (com direito aquelas faixas de formatura escrito: MINHA NAMORADA É GOSTOSA E COM DIPLOMA)
KKKKKKKKKKKKKKKKKK GROUPIEZITA CARA QUE VÍDEO BOMMMMMMMMMMMMM
cara isso é TÃO mas TÃO matias. e ele animaria mesmo se fosse só ele sozinho, mas o pior que ele ficaria que nem um líder de torcida animando sua família a levantar junto e começar um grito de torcida organizada pra vc
simón ia também mas junto com a sua família só, mas ele seria com certeza o mais animado, quando você olhasse ele ia estar assim 😄😄😄😄😄😁😁😁😁😁😁😁🎉🎉🎉🎉
mano eu só não digo que isso é 100% pipe otaño também pq eu imaginei ele chorando te gravando com o celular☝🏻deitado especificamente segurando com as duas mãos tal qual uma mãe orgulhosa e esse pensamento honestamente é engraçado demais então eu defenderei ele até a morte a partir de hoje ✊🏻
um comentário a parte é que enzo, kuku e fernando iam aplaudir normalmente (em pé pq sua família levantou) e ☝🏻 iam dar aquele assobio com os dedos na boca sabe? a voz do anjo sussurrou no meu ouvido agora mesmo e se isso não for canon eu tô maluca
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sunshyni · 9 months ago
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sugar rush ride | lty
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w.c: 1.2k | avisos: nenhum | notas: sim, eu escrevi isso quando “Sugar Rush Ride” do txt lançou há 1 ano atrás, mas tô postando agora por causa dos posts recentes de idols vestindo jaquetas de f1. A escrita pode estar diferente do usual e tem muito mais descrição do que diálogo, mas espero que vocês gostem!
Boa leitura, docinhos! 🏁
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Você apertou os olhos, seu olho direito estava posicionado atrás do visor da câmera profissional, a cena à sua frente parecia uma tela manchada por bisnagas de cores diferentes antes de ajustar a lente, e tornar o cenário finalmente nítido, você não se importou com a paisagem da fotografia porque estava apenas testando o foco da máquina, porém tão logo o botão do obturador foi acionado e ele se expandiu para voltar à posição retraída de sempre, uma figura parcialmente da sua altura se pôs ao seu lado, contemplando o retrato com você.
— Eu também acho que sou bonito em qualquer enquadramento — Você se deparou com um Taeyong graciosamente convencido do seu rosto de proporções perfeitas, podia não estar de acordo com cálculos matemáticos, mas você preferia compartilhar aquela beleza com um grupo limitado de pessoas, certamente, caso contrário, a esfera científica entraria em colapso, até mesmo sua cicatriz não podia ser estabelecida feito uma “falha”, nenhuma cicatriz deveria.
Na fotografia, Taeyong piscava para a câmera, seus lábios suavemente rosados, por outro lado, excessivamente tentadores acompanhavam o canto da sua boca, formando um meio sorriso espirituoso, você correspondeu o sorriso risonhamente, emitindo um som esquisito como se não conseguisse conter a emoção de revê-lo após pouco menos de uma década, você afastou a câmera presa ao seu corpo por uma alça em torno do seu pescoço, e o abraçou de forma gentil, você sentiu seu corpo ir de vibrante e cheio de energia para um estado desfalecido quando ele envolveu-lhe a cintura com os braços, até então o clima quente da Itália não era um incomodo, agora você tinha esse palpite de que não existia como se sentir mais lânguida.
— A gente não se vê desde a formatura do ensino médio — Você colocou a mão na nuca porque Taeyong pareceu fungar o local sem muito se acanhar, deveria ter sido um movimento discreto, no entanto os pelos do seu pescoço se eriçaram de uma maneira nem um pouco cuidadosa.
— Você também não apareceu em nenhuma das reuniões com o pessoal da sala — Você não tinha dúvidas da ausência dele porque compareceu à todas as reuniões esperando que ele estivesse lá, você estava no auge da expectativa nos dois primeiros anos que se sucederam pós-formatura, suas mãos suavam e tremiam toda vez que alguém adentrava no restaurante familiar chinês acionando o sino da porta, você caia na ilusão de que encontraria o garoto de grandes olhos escuros, todavia isso nunca aconteceu. O tempo passou, você envelheceu e aqueles hormônios adolescentes costumeiros cederam lugar a monotonia que os encontros eram.
— Sabe como é, eu estive ocupado trocando 4 pneus num piscar de olhos — Você não demorou muito para constatar que ele trabalhava na garagem, pra dizer a verdade, combinava com ele, no ensino médio, Taeyong não estava numa colocação excelente, todavia isso não significava que ele não ocupava um lugar importante na hierarquia escolar, Taeyong costumava ser tão adaptável que ele poderia conviver facilmente com o aluno mais encrenqueiro do colégio e o líder de um dos clubes de estudo ao mesmo tempo, sem menção a conflitos. Fato é que a atenção de Taeyong se desviava dos livros os quais ele julgava enfadonhos para modelos de carros atuais e velozes, além disso, ele sempre dava um jeito de converter um problema matemático para algo relacionado à veículos, você até chegou a pensar na probabilidade dele se tornar um professor estrela da matéria.
— Tá brincando! — Foram as únicas palavras que você conseguiu verbalizar.
— Eu nunca brincaria com você — Ele disse com firmeza, você tinha se esquecido de como era mergulhar naqueles olhos brilhantes, responsáveis por tornar a tarefa de apontar o final da íris e o começo da pupila muito mais difícil que o normal, era tão bonito observar como as duas partes se mesclavam, reluzindo sua imagem perfeitamente que você se deixa ser enfeitiçada com facilidade, como se você tivesse consciência de que não deveria nadar até o fundo do mar, mas a linha do horizonte é tão atrativa que é melhor ceder a todas as suas convicções éticas. Mesmo sabendo do que Taeyong é capaz de estimular no seu interior, você simplesmente não conseguiu evitar ser pega por aquelas duas bolinhas de gude.
— Vou te mostrar uma coisa — Ele segurou sua mão e te conduziu por um caminho conhecido pelo autódromo repleto de visitantes turistas, você se deixou ser arrastada até uma área de acesso privativo, confiando cegamente no seu guia particular, em parte porque não havia mais para onde fugir, em parte porque andar apressado com Taeyong na sua cola era uma experiência inédita e você queria aproveitar cada momento disso. Você sorriu nervosamente com a visão do circuito normalmente ostentando carros de F-1 competindo uns com os outros, Taeyong permitiu que você recuasse dois passos pequenos para então te puxar para si como se seu peso fosse equivalente ao de uma pena.
— Taeyong, eu me recuso — Como um corredor desajuizado, ele ignorou sua renúncia. Seu coração batia forte como se estivesse no início de uma tortuosa overdose de açúcar, a proximidade entre vocês definitivamente não ajudava, uma vozinha maligna te dizia com o auxílio de uma frase clara o que você deveria fazer, entretanto você não tinha determinação bastante para agir de acordo com seus desejos. Você achou que Taeyong fosse um médium, porque ele persuadia sua parte decorosa, esperando que aquela tensão explodisse feito plástico-bolha.
Vocês não entraram num automóvel profissional, mas Taeyong acelerou o máximo que pode, você achou que fosse vomitar, todavia seu cérebro e consequentemente corpo estavam imersos numa nuvem de adrenalina que todos os seus pensamentos eram de viés único, não haviam curvas como naquele circuito, tratava-se de apenas uma estrada retilínea onde limites de velocidade eram um desrespeito para os motoristas.
Respirar já não era mais uma atividade involuntária e inconsciente assim que vocês deixaram o veículo, os cabelos claros de Taeyong estavam desalinhados como se (Sua mente não deixava de ressaltar) traquinagens tivessem sido feitas, um sorriso largo brincava-lhe no rosto, os olhos negros penetrantes tinham os seus sempre muito atentos, ele te puxou para trás de uma pilastra preservando alguma privacidade enquanto ambos tentavam inutilmente recuperar o fôlego, afinal, desejo é alimentado por respirações descompassadas e sorrisos sem o menor motivo.
Você se retesou quando Taeyong tirou com gentileza a câmera até então pendurada no seu pescoço, não deveria soar tão promíscuo, porém você sentia como se sua camiseta estivesse sendo descartada por cima da sua cabeça, seu corpo se arrepiou com um efêmero roçar de dedos na sua pele e sua pulsação deliciosamente acelerou quando um dos braços dele a enlaçou pela cintura, ao passo que a mão livre segurava a máquina fotográfica, se sua alma romperia da sua carne logo após a morte, aquele era o momento perfeito para isso acontecer.
“Minha nossa, eu tô vendo estrelas”.
A mão de Taeyong apertava sua cintura e você pensou que o fim realmente estaria batendo à porta caso seus lábios não se encontrassem com volúpia, por isso o fez, optando por uma doce e lenta morte. Cada parte do seu ser pinicava como se formigas transitassem livremente por você, e somente a calidez de Taeyong poderia salvá-la dessa sensação incômoda, então vocês precisavam estar o mais próximos que as barreiras têxteis permitissem.
— Você disse que nunca brincaria comigo — Seu sussurro foi quase inaudível.
Taeyong esbanjou um sorriso diabólico.
— Eu mudei de ideia.
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harrrystyles-writing · 5 days ago
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Yes Sir ! Capítulo 40
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Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
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Aurora
Ele se foi.
E eu o deixei ir.
Ele me disse que me ama e eu não disse de volta.
Agora essas palavras ecoavam na minha cabeça como uma maldição, se repetindo em um ciclo infinito, me torturando.
Eu não sabia o que fazer com elas.
Ele me amava…
E eu não conseguia...
Porque meu coração era um traidor miserável, um órgão teimoso e estúpido que, apesar de tudo, ainda pertencia a Harry e eu odiava isso, odiava que, depois de tudo que aconteceu, ele ainda fosse a primeira pessoa em quem eu pensava ao acordar.
Odiava que meu peito ainda se apertasse ao lembrar do jeito que ele me olhava, odiava que, por mais que eu tentasse, não conseguia arrancá-lo de dentro de mim.
Deixei meu corpo afundar no sofá e escondi o rosto entre as mãos, parte de mim queria desesperadamente amar Gabriel, me agarrar a esse sentimento como se fosse a única coisa capaz de me manter viva, ele era tudo que qualquer pessoa poderia querer.
Então por quê?
Por que eu não conseguia amá-lo?
Por que o homem que estava ao meu lado, que fazia tudo por mim, que se importava de verdade, não era o homem pelo qual meu coração batia?
Era injusto.
Gabriel merecia mais.
Merecia alguém que o amasse do jeito que ele me amava e eu queria ser essa pessoa.
Eu não queria perdê-lo.
Eu queria amá-lo.
Queria que meu coração batesse por ele da mesma forma que o dele batia por mim, queria sentir aquele amor avassalador, intenso, do jeito que parecia ser tão fácil para ele.
Eu podia aprender a amá-lo.
Podia?
Apertei os olhos com força, queria acreditar que sim, queria acreditar que um dia isso aconteceria, que em algum momento meu coração deixaria de ser idiota e finalmente conseguiria amar alguém que valesse a pena.
Talvez não fosse hoje.
Talvez não fosse amanhã.
Mas um dia.
Peguei o celular sem pensar muito e disquei o número dele, colocando no viva-voz porque minhas mãos tremiam demais para segurar o aparelho direito.
Chamou uma vez.
Duas.
Três.
Caixa postal.
Engoli em seco e tentei de novo.
Nada.
O pânico começou a se espalhar no meu peito, quente e sufocante, eu não podia deixar que ele me odiasse.
Digitei uma mensagem.
"Gabriel, me responde, por favor."
Mais uma.
"Eu preciso falar com você."
E outra.
"Gabriel, fala comigo."
Nenhuma resposta.
Joguei o celular no sofá e me levantei, sentindo a adrenalina correr pelo meu corpo.
Eu precisava ir até ele.
Peguei minha bolsa e saí, as pernas se movendo antes que minha mente pudesse me impedir.
Não sabia exatamente o que diria quando chegasse lá, talvez mentisse, talvez dissesse algo que ainda não sentia, mas não importava.
Eu precisava consertar isso.
A chuva castigava o para-brisa, transformando as luzes da cidade em borrões, o limpador tentava, sem sucesso, acompanhar o ritmo frenético das gotas, meus dedos estavam cravados no volante, tão apertados que doíam.
Tudo que eu conseguia pensar era nele.
O medo estava ali, corroendo meus pensamentos, sufocando meu peito.
Ele já devia estar na formatura, se eu me apressasse, ainda dava tempo.
Apertei o acelerador.
As luzes dos postes refletiam nas poças no asfalto molhado, minhas mãos tremiam, meus olhos ardiam.
E então eu vi.
Foi rápido demais.
Um farol veio do nada.
A luz forte me cegou por um segundo.
Meu reflexo automático foi girar o volante.
O carro deslizou no asfalto encharcado.
Rodopiou.
O impacto me jogou para frente, mas o cinto travou no último segundo, esmagando meu peito e arrancando o ar dos meus pulmões, então veio a dor, atravessando minha barriga como uma lâmina fria.
Minha barriga.
O bebê.
Minha respiração ficou irregular quando levei uma mão trêmula ao meu ventre.
— Não, não, não… Por favor…
Eu precisava sair dali, precisava pedir ajuda, tentei me mexer, mas minhas pernas estavam presas, algo quente escorria pelo meu rosto.
Sangue?
Chuva?
Eu não sabia.
Minha visão começou a embaçar, minha cabeça latejava, ouvi vozes distantes, passos.
Até ouvir alguém gritar:
— Ela está grávida!
Queria falar algo, pedir ajuda, mas tudo estava ficando tão escuro.
Harry
Eu não deveria estar aqui.
Essa foi a primeira coisa que pensei ao entrar no salão luxuoso, iluminado por lustres cintilantes e repleto de gente bem vestida e se divertindo, o som da música ao fundo se mistura às vozes e risadas dos convidados.
Os olhares se voltaram para mim no momento em que atravessei a entrada. O smoking preto de corte slim encaixa-se perfeitamente no meu corpo, a camisa branca impecável realçava os ombros largos e o peito firme com a gravata bem ajustada no pescoço, o cabelo para trás, preso no lugar com um pouco de gel. Eu percebia os olhares femininos me avaliando, algumas pessoas murmurando algo umas para as outras.
Não era novidade.
Mas não fui aqui para isso.
A verdade era que minha cabeça estava bem longe, dessa festa, eu não queria estar aqui, a próxima audiência pela guarda de Aurora não estava tão longe e que precisava encontrar uma maneira de parar o Bryan e cada minuto que passava naquele lugar parecia um desvio de tudo o que realmente importava.
Além disso, antes de sair, Violeta mencionou que estava sentindo dor. Eu não sabia se foi algo para me fazer sentir culpado ou se era realmente real, mas a voz dela ainda ressoa na minha mente no fim, ela conseguiu o que queria.
Talvez eu devesse ter ficado em casa.
Eu estava prestes a me convencer de que essa noite não poderia piorar.
Até Claire aparecer.
Linda pra caralho.
Merda!
O vestido vermelho se moldava ao corpo dela, como se tivesse sido desenhado sobre sua pele. O decote, as suas curvas, a fenda lateral que revelava mais do que escondia, ela sabia exatamente o impacto que causava, seu cabelo loiro solto e os lábios, seus malditos lábios com um batom vermelho intenso, se curvaram em um sorriso satisfeito quando perceberam meu olhar.
Eu não queria sentir nada.
Não queria notar.
Mas meu corpo sentiu.
Meu corpo notou.
O maldito calor se espalhando de um jeito irritante.
Claire caminhou devagar até mim, cada passo calculado para me provocar.
— Bem, bem… Acho que alguém decidiu se esforçar hoje, você está um gato. — Ela parou ao meu lado, seus dedos deslizaram de leve pelo meu braço.
Eu me forcei a ignorar o arrepio que correu pela minha pele.
— Você está linda. — A frase escapou antes que eu pudesse evitar, Claire riu, satisfeita.
Eu me odeio.
— Ah, eu sei, mas obrigada. — Ela inclinou a cabeça, os olhos brilhando de malícia. — Tudo isso é especialmente para você. — Sussurrou em meu ouvido.
Me afastei antes que ela pudesse avançar mais, mas o olhar dela dizia que estava se divertindo.
Que gostava desse jogo.
O problema era que eu não podia jogar.
Eu precisava sair dali.
Eu precisava de ar.
Entrei no banheiro, fechei os olhos e respirei fundo. Joguei água no rosto, deixando o choque frio acalmar o que Claire tinha despertado sem esforço algum.
Então, a porta se abriu.
Claire entrou sem hesitação fechando a porta atrás de si e se encostando nela, os braços cruzados sob o peito, realçando ainda mais a curva dos seios.
É claro que ela viria atrás de mim.
— Ainda insiste em fugir de mim, professor?
— O que você está fazendo aqui?
— Ah, Harry… — Ela sorriu e veio em minha direção. — Você sabe exatamente o que eu estou fazendo. — Seu dedo deslizou pelo meu colarinho, descendo devagar pela gravata.
— Claire, para com isso.
— Para com o quê? — Os dedos brincaram com o nó da gravata. — Eu só vim conversar. — Eu segurei seu pulso, afastando-a, mas ela riu. — Você pode segurar minha mão, Harry, mas não pode segurar o que está sentindo agora.
Claire então pegou minha mão e a guiou até sua coxa, deslizando-a para o meio de suas pernas.
Filha da puta.
Ela estava realmente sem calcinha.
O calor da pele dela sob os meus dedos queimava, o pior era que meu corpo reagiu antes que eu pudesse me afastar, eu queria sentir ela, meus dedos formigavam para avançar um pouco mais.
Foi nesse exato momento que a porta do banheiro se abriu de novo e eu vi aquela cara estúpida.
Gabriel.
Não sei se ficava com raiva ou sentia um alívio por ser impedido de fazer algo tão estúpido.
Ele congelou na entrada, os olhos arregalados assim que nos viu.
— Nossa. — Ele riu, incrédulo, cruzando os braços. — Não pode nem mais usar ao banheiro! Que belo exemplo vocês estão dando aos seus alunos.
Minha mão saiu do corpo de Claire no mesmo instante.
Merda.
Eu estava fodido.
Gabriel com certeza não deixaria isso passar.
— Gabriel, não é o que você está pensando. — Tentei me defender.
— Sério? Porque parece exatamente o que eu estou pensando, mas vindo de um homem tão nojento como você, eu não espero nada menos.
Meu sangue ferveu.
Aquele idiota realmente só podia estar louco para me chamar assim.
— Cuidado com o que você fala.
— Ou o quê? Vai negar que não tem caráter nenhum? Primeiro uma aluna, agora uma professora? — O olhar dele foi puro nojo. — Realmente Aurora se livrou de ficar com um homem como você.
E então ele saiu, batendo a porta com força.
Merda!
Merda!
— Bem… Isso foi inesperado, eu não gostei nenhum pouco de ser atrapalhada... — Claire mordeu o lábio, avaliando minha reação. — Mas agora eu sei que você tem mais a perder do que eu pensava.
Aquele idiota acabou com minha vida.
Minha paciência acabou.
— Me deixa em paz, Claire.
— Ah, Harry… Mas por que eu faria isso agora? Logo agora que descobri seu segredinho sujo?
— Porque eu não quero mais isso.
— Acho que agora você não tem muita escolha, não acha? Você está nas minhas mãos.
— Vá se ferrar.
Eu não iria mais ficar ouvindo suas provocações, então sai do banheiro sem olhar para trás.
Ajeitei o smoking e passei a mão pelos cabelos, ainda sentindo a textura do gel que os mantinha alinhados para trás, eu precisava voltar, passei a mão pelo bolso pegando meu celular, quando olhei a tela, meu peito travou.
Cinco chamadas não atendidas.
Quatro mensagens de Violeta.
Meu coração acelerou enquanto desbloqueava o celular e abria as mensagens.
Amor: Harry, me liga.
Amor: Por favor.
Amor: A bolsa estourou.
Amor: Será que você pode me responder.
O telefone chamou uma, duas vezes, até que ela atendeu.
— Harry... — A voz dela estava tensa, trêmula.
— Eu tô indo agora! Onde você está? Já foi para o hospital? Está com dor?
— Eu estou casa, mas... — Um gemido cortou a ligação por um instante. — As contrações estão ficando fortes.
— Fica calma, eu vou chegar logo.
Desliguei e abri imediatamente a caixa de mensagens.
Harry: Rose, preciso que fique com as meninas. Violeta entrou em trabalho de parto.
Rose: Já estou indo para sua casa! Chefinho.
Avistei o responsável pela festa e avisei rapidamente que precisava sair, não esperei resposta, corri pelo salão, ignorando olhares curiosos, fui direto para o carro.
Minha filha prestes a nascer.
E eu estava no pior lugar possível quando isso aconteceu.
Aurora
Acordei com o som distante de vozes, uma sirene ecoava, meu corpo doía, cada respiração parecia um esforço grande demais, tentei me mexer, mas um peso pressionava meu peito.
— Tenha calma, você está segura — uma voz desconhecida disse.
Onde eu estava?
Eu estava em ambulância?
O bebê.
Minhas mãos voaram para minha barriga.
— Meu bebê...
— Ei, ei, respire — a voz do paramédico era firme. — Vamos chegar ao hospital logo, não se preocupe, vai ficar tudo bem.
Nada estava bem.
E se algo tivesse acontecido?
E se eu tivesse causado isso?
Fechei os olhos, o cansaço e o medo me puxaram de volta para a inconsciência.
Quando acordei, a luz branca do hospital me cegou por um momento. O cheiro característico de antisséptico era inconfundível, a sensação dos lençóis rígidos contra minha pele me firmava à realidade.
Eu não estava sozinha.
Senti o olhar antes mesmo de vê-lo.
Pisquei algumas vezes até ficar claro a imagem em minha frente.
Bryan.
Ele estava sentado ao lado da cama, o uniforme levemente desalinhado, como se estivesse ali há tempo demais.
— Você finalmente acordou. — Soltou um suspiro de alívio. — Você tem noção do susto que deu em todo mundo? — Tentei me sentar, mas a mão dele me impediu com um toque firme e cuidadoso. — Você precisa ficar quietinha, você deu trabalho para a gente. — Era impossível ignorar a forma como ele me olhava.
— O bebê...?
— Não aconteceu nada com ele e você teve ferimentos, mas nada grave.— A resposta veio com o toque quente da mão dele apertando a minha.
Meus olhos se fecharam, um alívio esmagador tomou conta de mim.
— Que bom.
— Mas você precisa descansar. — Ele soltou minha mão apenas para afastar uma mecha de cabelo do meu rosto. — O susto foi bem grande. — Meu coração vacilou.— O que você estava fazendo dirigindo naquela chuva?
— Eu... Eu precisava ver o Gabriel.
— Quer que eu chame ele?
A lembrança da nossa última conversa, das palavras cuspidas no calor do momento, na forma como ele saiu.
— Não sei se ele quer me ver, nós brigamos.
— Quer me contar o que aconteceu?
— Não. — Balancei a cabeça devagar.
— Tudo bem. — Ele tocou meu rosto de novo, dessa vez com mais delicadeza.
E, sem querer, fechei os olhos.
Não deveria.
Mas fiz.
Porque, por um instante, aquilo me fez sentir segura.
— Obrigado.
— Agora descanse raposinha.— O tom baixo e gentil me envolveu, então o bipe de seu pager tocou.— Eu preciso ir agora.
— Tá bom.  — Tentei ignorar a decepção que se infiltrou no meu peito.
Bryan se levantou, hesitando por um instante antes de se inclinar para mais perto de mim.
— Não se preocupa, raposinha, eu volto logo para você. — Proferiu, deixando um beijo no topo da minha cabeça antes de sair.
E, por algum motivo, isso foi o suficiente para me fazer fechar os olhos novamente.
Harry
Quando cheguei em casa, encontrei Violeta no sofá, pálida, suando, o rosto marcado pela dor.
— Harry.
— Vai ficar tudo bem. — Agachei ao lado dela, segurando suas mãos trêmulas. — Espere aqui enquanto eu preparo tudo.
Ela assentiu, mordendo o lábio com força ao sentir outra contração.
Fui até o quarto, peguei a bolsa da maternidade e o bebê conforto e os coloquei no carro. Quando voltei, ajudei Violeta a se levantar. Ela se apoiou em mim, soltando um gemido abafado ao ser atingida por uma nova onda de dor.
— Foque em mim, amor.— Segurei seu rosto entre as mãos, forçando-a a me encarar. — Tudo vai ficar bem. 
Os olhos dela brilharam com lágrimas contidas. Ela assentiu, respirando fundo.
Rose chegou logo depois para pegar as meninas. Antes de sair, lançou um olhar preocupado e acenou rapidamente. Eu murmurei um agradecimento, deixei um beijo nas meninas e então ajudei Violeta a entrar no carro.
A viagem até o hospital foi um inferno. Cada vez que ela gemia de dor, meu peito apertava, como se alguém estivesse me sufocando.
Meu único reflexo era repetir:
— Quase lá, amor, só mais um pouco.
Quando finalmente estacionei em frente à emergência, pulei do carro, rodei até o lado do passageiro e abri a porta.
— Consegue se levantar? — Soltei o cinto de segurança dela.
— Eu… acho que sim. — Ela resmungou, mas mal tentou se mexer antes de soltar um gemido alto, segurando minha camisa com força.
— Tudo bem, vem cá.
Sem hesitar, passei um braço sob suas pernas e o outro em suas costas, erguendo-a com cuidado. Ela se encolheu contra meu peito, o rosto contorcido de dor. Assim que atravessei as portas de vidro, uma enfermeira ergueu os olhos, surpresa, e veio em nossa direção.
— Minha esposa está em trabalho de parto! Precisamos de atendimento imediato!
— Nome completo da paciente? — A mulher pegou uma prancheta e começou a anotar rapidamente.
— Violeta Evans Styles.
— Quantas semanas de gestação?
— Trinta e oito.
— Certo, Sr. Styles, vamos levá-la para a ala de obstetrícia.
Uma segunda enfermeira trouxe uma cadeira de rodas, coloquei Violeta nela com cuidado e caminhei ao lado dela, enquanto empurravam a cadeira pelos corredores.
O hospital parecia mais movimentado do que o normal naquela noite, assim que chegamos à recepção da maternidade, entreguei os documentos e o plano de saúde.
Foi aí que algo deu errado.
— Senhor Styles… houve um problema com a disponibilidade dos quartos particulares. — A mulher olhou para mim com uma expressão rígida. — No momento, só temos um quarto duplo disponível. Sua esposa precisará dividir o espaço por algumas horas até resolvermos a situação.
— O quê?! Isso é inaceitável! — Minha voz se elevou. — Pagamos um plano para um quarto particular! Minha esposa não pode dividir um espaço com outra pessoa nesse estado! — Violeta gemeu ao meu lado, apertando minha mão, me deixando ainda mais nervoso. — Eu quero um quarto agora!
— Me desculpe, senhor, mas o hospital está lotado hoje. — A recepcionista suspirou, parecendo nervosa.
— Eu não quero saber! Você vai dar um jeito, minha esposa precisa de conforto e privacidade! Isso é um absurdo!
— Amor… por favor… — Violeta sussurrou, sua voz fraca.
— Tudo bem. — Inspirei fundo. — Mas isso precisa ser resolvido logo. No máximo uma hora, ou eu vou processar esse hospital. — A mulher assentiu, engolindo seco.
Uma enfermeira guiou Violeta até o quarto, um espaço simples, separado por uma cortina branca entre os dois leitos, nada comparado ao quarto particular, mas por uma hora daria para aguentar.
Ajeitei os travesseiros para ela, segurei sua mão e deixei um beijo demorado em sua testa.
— Respira, amor.
— Está doendo…
— Você quer que eu chame alguém?
— Não… só fica aqui, comigo.
Ela fechou os olhos e soltou outro gemido agudo, instintivamente, me abaixei ao lado dela, segurando seu rosto entre as mãos.
— Olha para mim… Respira, tá bom? Eu estou aqui.
— Eu só… eu só quero que isso acabe logo… — Ela tentou conter as lágrimas.
— Eu sei, mas você está indo tão bem, amor, logo, nossa bebê vai estar aqui.
Foi quando a porta do quarto se abriu.
Levantei o olhar.
E meu corpo imediatamente se retraiu.
Bryan.
Ele usava um jaleco branco e segurava uma prancheta, seu olhar passou direto por mim, focado apenas em Violeta.
— Vi. — Ele abriu um sorriso. — Então, está na hora? — Se aproximou da maca, ignorando completamente minha presença. — Como estão as contrações?
Meu maxilar travou e as minhas mãos fecharam.
— O que você está fazendo aqui?
Bryan nem se deu ao trabalho de me encarar.
— Vi, tá tudo bem? Você precisa de alguma coisa?
— Não fale com ela, seu imbecil. — Me levantei num impulso, pronto para jogá-lo para fora dali.
Ele finalmente olhou para mim, um sorriso levemente irritante apareceu em seu rosto.
— Relaxa, Styles, não estou aqui por ela. — Então, virou-se para a prancheta e completou, com a maior calma do mundo.— Vim ver outra pessoa.
Aurora
O colchão áspero arranhava minha pele, o travesseiro era duro, desconfortável, o soro fincado no meu braço latejava, mas nada disso importava.
Eu estava bem.
O bebê estava bem.
Era nisso que eu deveria focar.
Me encolhi na cama, os joelhos contra o peito, tentando ignorar tudo.
A porta se abriu novamente.
Meu coração deu um pulo.
Bryan.
Por favor, que fosse o Bryan.
Prendi a respiração, meus olhos se fixaram na cortina pálida à minha frente, esperando, desejando, implorando, mas então, ouvi vozes que não eram dele.
As enfermeiras.
Uma mulher gemia de dor na outra maca. Meu peito apertou por ela, ela devia estar passando por algo sério, logo outra voz preencheu o ambiente.
— Respira, amor.
Meu corpo gelou.
Não.
Não.
Isso não pode estar acontecendo.
Meu estômago revirou, meu coração disparou.
Eu conhecia aquela voz.
Meu Deus, eu conhecia aquela voz bem demais.
Harry?!
Isso era impossível.
Minhas mãos começaram a tremer, meu peito subia e descia rápido, como se eu estivesse sufocando.
Ele estava realmente ali?
— Está doendo.
A voz dela soou frágil, cansada e ele respondeu no mesmo instante, com aquela ternura que eu conhecia tão bem.
— Você quer que eu chame alguém?
A voz dele era tão...
Gentil.
Preocupada.
Apaixonada.
Fechei os olhos com força, como se isso pudesse me proteger, como se eu pudesse escapar.
— Não, só fica aqui comigo.
Só fica aqui comigo?
Essas palavras foram um soco no estômago.
— Amor, olha para mim... Respira, tá bom? Eu estou aqui.
Amor.
Ele a chamou de amor.
Apertei os dentes, tentando conter o soluço que ameaçava escapar.
Já desejei que ele se importasse comigo assim.
— Eu só... eu só quero que isso acabe logo...
— Você está indo tão bem, amor, logo, nossa bebê vai estar aqui.
Nossa?
Nossa, bebê?
A palavra rasgava minha pele, cortando minha carne, arrancando pedaços de mim.
Ele estava ali.
Ele estava com ela.
Ele estava sendo o homem que desejei que fosse para mim.
Afundei a cabeça no travesseiro, tentando me proteger do que acontecia do outro lado da cortina.
Como se isso pudesse impedir a dor de me consumir inteira.
Mas eu estava presa naquela cama, sendo forçada a ouvir tudo.
Então, eu apenas senti.
Senti o tom de carinho na voz dele.
Senti o jeito com que ele falava com Violeta, como se ela fosse a única coisa que importava no mundo.
Senti a ternura.
A devoção.
O amor.
Deus.
O amor.
Minhas entranhas se torciam de dor.
E então, a porta do quarto se abriu novamente.
Meus olhos se arregalaram.
Não.
Ouvi os passos dele.
Bryan.
Ele não pode se aproximar.
Ele não pode abrir essa cortina.
— O que você está fazendo aqui?
A voz de Harry.
Raiva.
Por quê?
Por que ele estava bravo?
Ele conhecia Bryan?
Por que parecia tão furioso?
Mas nada disso importava.
Porque, no instante seguinte, meu mundo implodiu.
A cortina se moveu.
Meu coração parou.
Bryan, não.
Não, não, não, não.
Mas era tarde demais.
Fechei os olhos.
Mas eu sabia.
Sabia antes mesmo de abrir.
Que o hospital inteiro desmoronou ao meu redor.
Que meu coração explodiu dentro do peito, me rasgando por dentro.
Eu soube.
E então, abri os olhos.
E o vi.
Harry.
Ele estava ali.
Nossos olhares se encontraram.
Os olhos de Harry se arregalaram.
O impacto me rasgou por dentro.
Ele viu tudo.
O rosto inchado de tanto chorar.
O soro preso no meu braço.
Os hematomas.
A vergonha estampada em cada traço meu.
Minha barriga.
Minha barriga.
Meu bebê.
Ele viu.
E agora ele sabia.
Meu mundo acabou.
O que escondi por tanto tempo agora estava exposto para ele ver.
Vi quando a respiração dele falhou.
E pior.
Vi quando ele percebeu que ouvi tudo.
Que ouvi o jeito que ele falou com Violeta.
Que ouvi ele chamar o bebê deles de nosso.
Que ouvi ele amar outra pessoa.
E isso me destruiu.
Me humilhou.
Meu corpo se encolheu por instinto.
Eu queria desaparecer.
Implorei a Deus para desaparecer.
Para sumir daquela cama.
Para nunca ter existido.
Mas eu ainda estava ali.
Vulnerável.
Exposta.
E Harry ainda estava me olhando.
— Tudo bem com você, raposinha? — Bryan se reclinou, tocando meu rosto.
Sei que Harry ainda estava olhando.
E eu não suportava.
Eu não suportava aquele olhar.
Eu precisava fugir.
Precisava me esconder.
— Você pode... — Minha garganta apertou. — Você pode fechar a cortina?
A vergonha me corroía de dentro para fora.
Ele hesitou por um segundo, mas atendeu, então a cortina se moveu de novo.
E a barreira de tecido voltou a nos separar.
Mas não era o suficiente.
E assim que ela se fechou...
Eu quebrei.
Um soluço rasgou minha garganta.
— Ei, o que foi, raposinha?
Segurei o lençol entre os dedos, tentando me agarrar a alguma coisa, mas não havia nada.
Enterrei o rosto no travesseiro e chorei.
Não me importei de que Bryan estava ali.
Eu só chorei.
Chorei até meus ossos doerem.
Chorei até minha alma parecer pequena demais para suportar a dor.
Chorei até desejar nunca ter nascido.
Chorei até me tornar nada.
Simplesmente... nada.
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de um comentário é muito apreciado!
Esta ansiosa (o) para o próximo?
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domquixotedospobresblog · 3 months ago
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Tenho uma casa cheia de coisas, é bem arrumada e cheia de luz,muitas portas e janelas para as boas vibrações entrarem com o vento e também para que ele sopre para fora o que houver de ruim,a luz que entra ilumina tudo,as mesas, o teto, até o criado mudo que é bem baixinho e fica escondido lá no cantinho,as janelas tem cortinas bem coloridas,algumas com estampas de flores para dar um ar de vida,ainda borrifo alguns aromas nelas,para que todos passem e sintam o perfume saindo por elas,poderia espalhar vasos de flores sim,mas nada de arrancar,o lugar delas é na terra ali no jardim, tudo em meu humilde lar e muito bem acompanhado por tantas coisinhas, cômodas com miniaturas,os guarda roupas com meus heróis favoritos nos cabides,as louças dos tempos da mamãe, herança que vale a pena,mas tem uma sala quase vazia,se não fosse por uma cadeira, e afastada dela no outro canto uma antiga estante,e nela um único livro,onde escrevi meus momentos de alegria,jurei encher de livros de minha vida com ela desde os tempos de escola,pena que depois da formatura ela desapareceu da minha vida como se fosse uma bolinha de sabão que voa em direção ao sol,ainda vou encher aquela estante antes de meu final de vida,nem que seja de palavras de dor, lembranças e saudades que sinto dela,que não me deu nem o direito de uma despedida.
Jonas r Cezar
@afinidade082323
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zcyarheim · 5 months ago
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ㅤ   ⊹ㅤ   𝑇𝐻𝐸 𝐺𝑂𝐿𝐷𝐸𝑁ㅤ   (   …    )ㅤ   the dragon origins ㅤㅤ. ㅤ   〝ㅤem cima daquele dragão está zoya vyrkhandor, amazona de vinte e seis anos, que atualmente cursa a quarta série e faz parte dos montadores. dizem que é obstinada, mas também egoísta. podemos confirmar quando ela descer, não é?ㅤ〞
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ㅤㅤ   i must not fear. 𝑓𝑒𝑎𝑟 is the little death that brings 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑜𝑏𝑙𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛. ㅤ  ㅤ 〝ㅤ   𝑧.𝑚.𝑣. fourth grade. aeksion, the golden sun's dragonriderㅤ   〞
NOME COMPLETO.ㅤ   zoya mannerheim-vyrkhandor. APELIDO.ㅤ   zoy. IDADE.ㅤ   vinte e seis ( décimo terceiro dia do quarto mês ). ORIGEM.ㅤ   aldanrae. SEXUALIDADE.ㅤ   bissexual, mantém mais relações femininas. OCUPAÇÃO. ㅤ   estudante da quarta série dos montadores de wülfhere. FAMÍLIA.ㅤ   elaina mannerheim & kynan vyrkhandor, pais; branon vyrkhandor, bisavô; outros parentes. FÍSICO.ㅤ   cabelos loiros; um olho verde, um olho violeta; 1,75m; marca do dragão,
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀〝 Tudo começa assim: há tempos imemoriais, conta-se a história do primeiro general changeling, colocado pela deusa Erianhood como uma luz em meio ao caminho do Imperador. Histórias são passadas em meio às gerações; essa possui uma aura distinta indelével. Branon Vyrkhandor foi moldado em figura histórica, quase mítica, aos olhos dos meio-féericos; a perpetuidade de sua ilíada se deu a partir de seus descendentes. Após casar-se com Celeste Estermont, humana, Bran recolheu-se com a senhora sua esposa, tiveram seus filhos e viveram felizes para sempre. 〞 Essa era a história contada dentro da propriedade, no meio familiar. O final sempre foi desapontante aos olhos de Zoya; seu bisavô já era um changeling de certa idade quando a pequena menina se pendurava no braço da poltrona, pedindo por mais aventuras. O velho changeling sempre partilhava de olhos tempestuosos para os outros ─ nunca para a bisneta favorita. Mediante o pedido, Bran se aprumava em seu assento e decidia, brincalhão, lhe contar uma de suas histórias favoritas: o nascimento de Zoya Vyrkhandor.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀Kynan Vyrkhandor se fez merecedor da alcunha de filho pródigo. Neto de Bran e Celeste, o changeling crescera para se tornar um dos mais gloriosos montadores de dragão de Wülfhere, permeando os céus com a companhia de sua dragão. O esperado era que, como seu pai antes dele, tomasse como esposa uma humana para estreitar as relações normalmente quebradiças entre changelins e humanos; tinha a noção ínfima que a união era comumente mal-vista e não distava do obsceno aos olhos de famílias conservadoras. Tinha nas veias a mesma porcentagem de dever e de sangue e, por isso o choque quando desposou uma colega de Instituto: Elaina era uma bastarda de uma família rica, tinha olhos vorazes e, embora não tivesse conexão com os dragões de Wülfhere, era uma exímia aluna na Infantaria. Não depois de muito tempo de casados ─ cerimônia que se deu em semana simultânea à formatura ─, esperavam a primeira filha: Zoya. A pequena partilhava dos traços indistinguíveis da linhagem que a concebeu: as orelhas pontudas, pele leitosa e pouco reluzente, fios dourados bem claros de cabelo e olhos de cores distintas: o esquerdo no tom natural de verde e o direito, num claro e indistinguível violeta.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀A glória antepassada não tornou-a imune aos preconceitos que nasciam arraigados à existência dos changelings. À margem da influência dos Vyrkhandor, ainda era meio-feérica, e nem uma família como a sua podia dar-lhe uma existência plenamente privilegiada enquanto minoria. A pequena, mesmo miúda, via em seus pais figuras que a inspiravam em minar o próprio medo ─ partilhava também da noção de que seu destino estava traçado em Wülfhere anteriormente ao próprio nascimento. A primeira infância de Zoya, em alguns momentos, foi vivida perto da excelência da corte do Imperador: a família Vyrkhandor nunca perdera a amizade e laços estreitos (ao máximo, a partir do discernimento da ínfima polaridade das raças) com a Coroa. [tw: mutilação] Tal experiência a fez ter tamanha noção de opulência e, em maior medida, de crueldade: não passava de uma figura mirrada quando um grupo pequeno de crianças dos khajols a cercou; como retaliação silenciosa pela sua simples existência como changeling, Zoya teve a ponta de sua orelha esquerda cortada, dissecada de maneira irregular, por uma faca enferrujada, em uma forma que relembraria uma orelha humana; costurada apenas horas depois, quando a dor se tornou tão profunda que não podia mais esconder o cabelo sujo de sangue dos pais [tw: fim do tw].
⠀⠀⠀⠀⠀⠀Aos oito anos, como todo changeling, fora submetida ao Instituto Wülfhere voluntariamente, onde o voluntariado em questão partiu do cerne familiar enraízado ao Instituto Wülfhere. A experiência, por si só, foi intensa desde o princípio: a começar por uma quase-morte por um pequeno deslize nos parapeitos e momentos intensamente difíceis na instituição, sua glória familiar veio aos doze anos ─ um peso que não sabia que pesava seus ombros descansou no dia da colheita dos ovos, onde o instinto pessoal a fez colocar os olhos (e mãos) em um grande ovo em um claro e brilhante tom de dourado. Apesar de inserida em um meio familiar disciplinado, mesmo que amoroso, a instituição foi o lugar que despertou nela seu senso próprio: a primeira filha de uma geração de primeiros filhos, era uma das principais responsável por continuar a guiar o legado da família à glória. Tal realização despertou em Zoya uma voracidade digna de um dragão: a árvore genealógica era extensa e qualquer um podia ter a sorte de se consagrar na sociedade. Ela, particularmente, não acredita em sorte ─ e sua vontade de se tornar a melhor entre os seus se tornou a força motriz de suas noites em claro, intensamente dedicada a se tornar uma aluna exímia, a melhor de sua família; seu centro gravitacional mudou e o ponto primordial deste é que sua figura reside no centro imediato; desde jovem, ainda menina, passou a se reconhecer como sua maior (e praticamente única) aliada. Zoya entendeu inconscientemente que o respeito é o mais viciante dos narcóticos e pensou que, se tornando uma figura consagrada, como o bisavô, poderia conquistar mais do que sendo apenas um efeito colateral de gerações de pessoas boas; seu interesse não residia em ser boa, apenas em ser a melhor; se não mais famosa que Branon, o General, seu desejo mais ínfimo era ser tão admirada quanto. Essa postura ainda a transformou em uma pessoa intensamente calculista e que, aos poucos, a afastou sutilmente dos ramos cadetes de sua família: sentimentos cegam e, no que tange à meia-feérica, a necessidade amarga e aflitiva de se sobrepor aos outros de sua geração familiar fez de Zoya uma peça adversária constante em relação aos seus afins.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀Anos depois, o ovo dourado resgatado por ela na colheita despontou em um filhote voraz e irriquieto. Aeksion, como ela o nomeou, veio a ela como um Flamion enérgico e cheio de energia. A essa altura da vida, Zoya dedica-se imensamente à vida acadêmica, estando no entremeio da quarta e última série de sua formação como cavaleira. Decidiu se especializar em Emboscada Aérea, aprimorando suas habilidades táticas em relação à ataques furtivos em seu dragão e realizar operações mais secretas, sem chamar muita atenção.
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⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀o dragão ⠀ ──── ⠀Aeksion, o Sol Dourado, eclodiu de um ovo brilhante e veio ao mundo como um Flamion deveras animado. Suas escamas apresentam o mesmo tom do ovo originário, um dourado reluzente, com as membranas das asas assumindo um tom avermelhado nas pontas. O dourado se confunde com bronze ao longo dos espinhos da grande cauda do animal, percorrendo o fim da espinha dorsal e, embora mais escuros, são tão chamativos quanto suas escamas. De começo, era notável que a fera não partilhava de índole consideravelmente carinhosa e era, de fato, consideravelmente arredia, não somente com a própria montadora; entretanto, os anos se passaram e a confiança cresceu consoante aos dias convividos em uníssono e, nos dias atuais, apesar de ainda ser uma fera consideravelmente temperamental, a ligação presente na alma dos dois se tornou consistente, espessa e inquebrável, tornando o dragão mais convidativo e carinhoso para com a presença de Zoya constantemente em seu encalço.
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moestadeferias · 1 month ago
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O EGOÍSMO DE APPLE WHITE.
Olá, Vizinhança.
Fui uma criança Ever After High, com direito a ovo de páscoa (teremos mais histórias envolvendo ovos de chocolate ao longo ano ano, acho?), boneca e o que mais estivesse disponível para compra, então é eufemismo falar que, como fã da franquia e pessoa ansiosa, gastei algumas noites da minha juventude pensando sobre os mais diversos aspectos da trama. 
Eu consumia vídeos de colecionadores de bonecas, passava boas horas em fóruns online sobre teorias e pontos escondidos na história, tinha o explorar do tumblr recheado de OCs. Existem muitas coisas que posso falar sobre Ever After High, sobre as personagens do país das maravilhas, sobre as relações de toxicidade disfarçadas de preocupação entre pais e filhos, sobre como a dinâmica Royal x Rebel não é bem entendida pelos fãs. Hoje, o texto é sobre um dos maiores traços de personalidade de Apple White: o egoísmo. 
Apple, que nunca esteve na minha lista de personagens favoritas, por ir contra tudo que a minha versão de nove anos acreditava, e por não ser, aos olhos de todas as minhas versões que assistiram e re-assistiram ao desenho, tão descolada quanto a alternativa Raven Queen ou a maléfica Faybell Thron, sempre foi um ponto de forte debate na comunidade de fãs. Não apenas por ser a cara da franquia e dos Royals, grupo de alunos que deseja assumir os papéis que pertenceram um dia a seus antepassados, não apenas aos pais!, mas também por ter a história centrada no desejo, mais tarde descoberto como não pertencente à ela, de seguir minuciosamente os passos da Branca de Neve. 
A questão toda é que Apple faz de tudo para que Raven, sua colega de quarto e co-estrela na narrativa da maçã envenenada, aceite assinar o livro das lendas, que não passa de um contrato mágico que assegura que, ao se formarem e seguirem com suas vidas, os alunos irão encenar toda a história de seus respectivos contos, com leves alterações com o passar das gerações. 
Raven quer se ver livre de tudo que sua mãe, a rainha má, representa. Apesar da aparência não tão graciosa quanto a da futura senhora Branca de Neve e da inclinação para magia negra, ela só deseja poder decidir qual será seu destino. 
Apple chega a armar planos mirabolantes para forçar Raven a aceitar sua maldade, carregando esperanças de que terá seu tão desejado final feliz, mesmo que isso custe a felicidade de Raven. No dia do legado, ela chega a chamar Raven de egoísta ao decidir que deveria seguir seu coração, quando aquilo poderia ser uma oportunidade para ambas se livrarem da encenação de madrasta e princesa perseguida. 
Mais tarde, nos foi confirmado que Apple, que namorava com um dos irmãos Charming, é lésbica. A herdeira do posto de branca feito neve protagonizou um dos momentos mais icônicos, se não O, da franquia: Ao ser colocada para dormir por acidente fora do tempo, seu namorado e seu beijo encantado não tem qualquer efeito em seu sono. Mas é claro que uma das protagonistas não poderia ficar em uma soneca eterna enquanto todos os seus amigos continuam estudando e se preparando para a formatura, ou o mais importante, o que vem depois dela. A pessoa responsável por salvar o dia e usar um beijo para acordar a donzela? Darling Charming, irmã de seu namorado. 
O beijo não só mostra a Apple que ela não pode fugir de quem realmente é, não importa o quanto tente, como também ajuda o desenrolar de outra história. Daring, o namorado que falhou em sua missão de príncipe, encontra sua verdadeira princesa, Rosabella Beauty, a filha da Bela e da Fera. 
O lance na revelação da sexualidade de Apple é que seus fãs se sentem muito confortáveis para apagar seu egoísmo, ou melhor, justificá-lo, graças a todo o peso que ser uma garota lésbica traz. 
Apple White é claramente vítima de Heterosexualidade compulsória. O que não faz dela menos egoísta. Toda a sua obsessão com o posto de amiga dos sete anões vem de anos de trauma lidando com as expectativas de sua mãe. Ser a princesa perfeita é o que Branca espera, nada menos. E a princesa perfeita se casa com um príncipe, não com outra princesa. 
Mas querer seguir os passos da mãe, mesmo que isso apague quem ela realmente é, apenas para satisfazer o ego de uma ex princesa que não quer ver seu título em ruínas, muda todo o impacto que Apple teve em Raven? É válido perseguir alguém apenas para garantir que a vontade de sua mãe seja feita? 
A futura, não, rainha má não é a única prova do egocentrismo cego e não intencional de Apple. 
Briar Beauty, filha de Aurora e melhor amiga de Apple, não suporta a ideia de dormir por tantos anos enquanto todos os seus amigos vivem, mas continua do lado dos Royals, mais uma pobre vítima da pressão dos pais. 
Briar passa muito tempo cochilando e só pode ser acordada com música, como uma espécie de preparo para sua vida pós formatura. E apenas isso já parece um inferno pessoal. A garota está fadada a sonhar, enquanto espera por um príncipe, que nem sequer já nasceu, a salvar. Quando despertar, seus amigos não estarão mais aqui. 
Isso é o bastante para fazer com que Briar se livre do livro das lendas assim que tem a chance de fazer. E adivinhem quem não fica nada feliz e disposta a entender a decisão da amiga? Apple.
As duas tem uma conversa onde Briar deixa claro que Apple só tem essa mania ditatorial de querer que todos assinem o livro por ter o final que todos desejam, enquanto muitos de seus colegas estão destinados a morrerem ou serem caçados. 
Quando Ashlynn Ella, filha da Cinderela e outra melhor amiga de Apple, assume seu relacionamento proibido com Hunter Huntsman, filho do Caçador, Apple não fica nada feliz. Ash fica nervosa para dividir o peso do segredo do seu namoro com as amigas, apreensiva de que elas não poderiam entender, e quando Duchess Swan, filha da rainha cisne, ameaça revelar para toda a escola, ela acaba decidindo que o melhor é contar a verdade. 
Acontece que a reação de Apple, e do resto de seu grupo de amigos Royals, acaba fazendo a jovem colecionadora de sapatos decidir terminar com Hunter. Segundo C.A Cupid, filha adotiva de Eros, o amor verdadeiro sempre acaba se encontrando. E Ashlynn se declara para Hunter e assume que, se escolher seu futuro e estar ao lado dele, faz dela menos Royal, ela quer ser chamada de Ash, a Rebel. 
A declaração de Apple para a amiga ao final da festa do dia do amor eterno é o que eu gosto de enxergar como seu primeiro passo na caminhada para entender a lidar com os papéis do livro das lendas.  Apesar de, alguns episódios depois, ela ter um discurso de falsa apoiadora que ainda espera que Raven assine o livro. Além de apontar, novamente, que a egoísta na situação é sua colega de quarto. 
Apple não aceita que existam pessoas dispostas a criarem seus destinos, apenas porque a machucaria muito ter um impasse com sua mãe, que a negligência em nome do título da família. Ser lésbica não muda esse fato, nem deveria.
O egoísmo faz parte de Apple, assim como faz parte de sua mãe e, muito provavelmente, fez parte da mãe de sua mãe. É um dos motivos para o “arco de redenção” dela ser tão interessante. Apple amadurece, vira amiga de sua colega de quarto e começa a ter uma boa convivência com outros Rebels, como Maddie Hatter, filha do chapeleiro maluco. Apple aprende, com Ashlynn, Briar e todos os outros Royals, que decidir seu futuro é um direito que todos eles têm de reivindicar. 
Boas férias. Beijos, Mo!
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aldanrae · 3 months ago
Note
ontem a pauta foi o uso de ervas recreativas por khajols, mas hoje tenho pautas sérias sobre changelings: como funciona a escala de trabalho deles no exercito? é escala 6x1, tem beneficios, direito a aposentadoria, plano de saude... aliás os changelings que não foram capturados pelo exercito, vivem normalmente pelo reino sendo padeiros ou qualquer outra coisa, ou eles são olhados torto por todo mundo?
Apesar de o Imperador Seamus Picon ser a favor da escala 6x1, os alunos de Wülfhere estudam de segunda à sexta e tem os finais de semana livres, a coisa só piora depois da formatura quando eles são enviados pra fronteira em tempo integral (até virar camiseta de saudade). Não existe benefícios, o plano de carreira só rola pros gatos pingados que por algum milagre não vão de arrasta na guerra, e se por sorte algum changeling conseguir escapar da conscrição vai ser perseguido até o inferno, porque o alistamento é obrigatório e dar perdido é crime. Pra militar, a aposentadoria é a morte. 💋
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mattivray · 1 year ago
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  — 𝐇𝐄 𝐈𝐒 𝐒𝐔𝐍𝐒𝐇𝐈𝐍𝐄, 𝐈 𝐀𝐌 𝐌𝐈𝐃𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐑𝐀𝐈𝐍 .
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her-story.
barbara rosenthal era aquilo que chamariam de garota rica culpada e parte disso se dava ao fato de toda sua vida ter sido pautada em falsas moralidades e um casamento disfuncional por pura aparência. ela cresceu aprendendo a falar “sim senhor, não senhor”, a atender escolas preparatórias para garotas e até mesmo a compreender que seu destino era ser a esposa troféu de algum herdeiro de uma companhia de petróleo. ela era a preciosidade dos rosenthal, mas apenas na teoria. na prática era muito mais difícil, porque ela tinha um ímpeto rebelde de não aceitar que fosse colocada em caixas, em roteiros que não foram escritos por ela mesma. o resultado disso? caos. no baile de debutante, de 98, ela se negou a ter um parceiro— ou melhor, dispensou ele pouco antes de entrar para o salão e valsou com uma amiga, que ainda teria que esperar até o próximo ano para ter seu momento nos holofotes; e na formatura do colégio, todas queriam ir para a ivy league, enquanto ela só queria ler sobre angela davis e sair em marchas em prol dos direitos feministas, com um grupo de amigas que era o terror dos pais dela. dessas amigas, havia uma em especial que eles não toleravam.
dyanne.
ela era uma rebelde, influenciadora, que parecia ter uma aversão particular por homens e romance e não tinha modos. dyanne não fez parte da escola de barbara, tampouco era lembrada pela vizinhança como alguém de longa data, filha de alguma família da região. ela apenas surgiu, apenas chamou a atenção de um grupo de meninas da cidade e, juntas, eram o terror do patriarcado. 
e dyanne gostava do potencial de barbara. parecia enxergar nela muito de si, dos seus ideais— até ray aparecer. ele se apresentou como irmão de dyanne, mas apesar da semelhança física, eles eram extremamente distintos em personalidade. ele era envolvente. era fácil e convidativo. e claro, aproveitou da ausência da irmã para atrair barbara. eles eram opostos, mas de um jeito perigosamente complementar. ela era razão, ele colocava emoção; ela era politicamente ativa e ele conhecia apenas às políticas sensuais, por trás das prosas que contava e das melodias que tocava em qualquer instrumento a vista.
por fraqueza, barbara se perdeu nas graças de ray. ela cedeu e contrariou toda rebeldia que carrega contra homens e amores fáceis. parte das amigas foram receptivas sobre o que resultou daquilo; uma gravidez. 
mas dyanne não. dyanne foi dura. parecia decepcionada e até mesmo traída em certo modo, algo que barbara só entendeu dois meses após todo o ocorrido, quando ray apareceu para lhe dar explicações. ele não era ray, e sim apolo, como o deus— e dyanne era artémis, como a deusa. 
e de repente, barbara carregava dentro de si um meio-sangue.
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matilda ray rosenthal nasceu, assim como sua mãe, em rhode island, nos últimos traços de verão daquele ano. era claro que a existência dela não foi recebida com chás de bebês pomposos ou quartinhos decorados. barbara era uma mãe solteira, jovem e que sequer podia contar abertamente sobre o pai da criança. era a fórmula perfeita para ser deserdada da família rosenthal que a partir do momento em que a barriga de grávida começou a surgiu fingiu que não tinham mais uma filha para assumir. a rede de apoio de barbara, tal qual se tornou a de mattie, eram às amigas dela, com quem ela dividia residência numa pensão só de mulheres. era o lar que a encontrou e a aceitou. 
era o lar que cuidou e amou incondicionalmente a pequena matilda, que poderia dizer ter tido uma vida consideravelmente agradável, pelo menos até os dez anos de idade. 
déficit de atenção, dislexia, devaneios— tudo isso já era esperado. mas, não a morte súbita de barbara. um acidente durante uma manifestação política a levou cedo demais. matilda tinha o amparo das tias da pensão, mas, foi tomada pelos familiares mais próximos vivos, os avós. eles viam nela uma nova oportunidade de fazer algo dar certo, já que barbara havia sido uma decepção. talvez mattie pudesse ser melhor (ou mais fácil de dobrar).
spoiler alert, ela não era.
bastaram apenas dois anos de convívio, de um internato feminino caro e acampamentos de verão com filhos de políticos e recreações fúteis para perceberem que ela não era uma garotinha comum. ela era esperta, mas muito dispersa. ela tinha uma mente curiosa, mas estava sempre se equivocando com coisas simples. ela parecia atrair as atenções e serpentear por diversos círculos sociais, mas honestamente não tinha laços com ninguém. ela não era uma menina problemática, não diretamente. mas era como se o problema sempre chegasse até ela.
até que um certo dia, as coisas precisaram mudar novamente. havia uma carta entregue a mais íntima das amigas de barbara, aquela a quem a falecida tinha como melhor amiga, que dava instruções muito diretas sobre o destino de matilda. uma carta que foi aberta uma noite após o aniversário de doze anos de mattie, assinada pela própria barbara.  
matilda precisava ser levada para um acampamento em nova york, onde seria cuidada, protegida e acima de tudo preparada para a vida que teria dali para a frente. o ímpeto feminista das tias e a possessão dos avós fizeram com que houvesse alguma resistência da parte de todos os envolvidos na vida da menina, que a conheciam desde sempre. elas não quiseram abrir mão da menina para uma nova vida, à base do pai ausente de quem nunca ouviram falar até o dado momento; mas precisaram mudar de ideia sobre aquilo, após a menina passar a ter pesadelos constantes e jurar sentir estar sendo perseguida por alguma coisa que a apavorava, mesmo ela não sabendo explicar o quê era. 
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chegou ao acampamento meio-sangue aos doze anos de idade e aquele se tornou seu segundo e permanente lar. 
foi reclamada como filha de apolo pouco tempo após a chegada, o que lhe enviou a uma nova realidade onde a nova comunidade que a acolheu eram de irmãs e irmãos e, de alguma forma, ela se sentia um tanto diferente de todos eles.
eles eram como . . . raios de sol e brisa quente de verão e ela às vezes se sentia como um dia escaldante de agosto, no meio de um deserto. desagradável. inconformada. saudosa. custou um pouco para ela se adequar à nova vida, mas ela aprendeu. ela se encontrou. um dos pontos que lhe trouxeram um equilíbrio foi se afundar na veia artística que tinha. ela amava música. também amava escrever. parecia curar um pouco da falta da mãe, das tias, da vida que pensava ser normal, mesmo com os altos e baixos.
no acampamento ela aprendeu a ser uma guerreira, mas de um modo diferente ao que havia aprendido com as mulheres com quem cresceu. montou uma banda. descobriu que tinha um apreço por cuidar dos outros, do mesmo jeito que foi cuidada por tanto tempo.
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thinksofanygirl · 2 years ago
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CARTA PARA MIM MESMA DAQUI A 5 ANOS
Oi eu do futuro, na verdade eu nem sei bem como começar essa carta, acho que é muito mais fácil escrever para outras pessoas do que pra si mesmo, mas vamos lá. Infinitas noites já me peguei pensando em como será que eu estaria daqui a 5 anos. E como não tem jeito de adivinhar o futuro, o jeito é me conectar comigo mesma daqui do passado. Nem sei se eu ainda estarei viva daqui a 5 anos, mas se eu estiver lendo isso é porque ainda estou né. Bom vamos lá ao que interessa.
Hoje é sábado, dia 06 de maio de 2023, são exatamente 00:40 da madrugada, e estou aqui, prestes a completar 25 anos, ainda na metade da faculdade, desempregada, solteira (sofrendo por alguém que não me quer), e virgem. Sei que já sou uma mulher, mas na real ainda me sinto uma menina, cheia de medos e inseguranças pro futuro, espero que quando estiver lendo isso, a gente tenha evoluido nesse sentido. E aí como estamos? Conseguimos aquele emprego que a gente tanto queria? Ou mudamos o rumo e estamos em outro completamente diferente? Só não me diz que ainda tá desempregada pelo amor de Deus hahaha. E a faculdade conseguimos nos formar? Mesmo depois de tantas reprovações, imprevistos e matérias acumuladas? Hahaha, espero que sim hein, e espero também que a gente tenha feito aquele vestido maravilhoso dos nossos sonhos pra formatura hein, com direito a fenda, luvas e tudo mais tá.
E o nosso coraçãozinho como vai? A gente não é mais virgem né? Hahaha, a não ser que vc queira fazer o remake de o virgem de 40 anos hahaha. Brincadeiras à parte, espero que tenha ocorrido tudo bem, e tenha sido com alguém especial. E não vai me dizer que vc ainda tá sofrendo por aquele professor? Que nos tirou o sono por tantas e tantas noites, falando nisso, a gente reencontrou ele outra vez? Como foi? Como ele está? Ou ele sumiu definitivamente do mapa? Mas de coração espero que a gente tenha conseguido superar, e tenha outro homem ocupando o lugar dele, de preferência um bem bonito, ou gringo, ou os dois hahaha, ou quem sabe até um carinha que nem fazia o nosso tipo, mas que apareceu de repente, e nos arrebatou de paixão, como nas novelas, quem sabe a gente não está até casada e com filhos hahaha, confesso que isso sim me surpreenderia e muito, mas tudo pode acontecer né, talvez os anos mudaram minha mente sobre a possibilidade de ser mãe. E a nosso família como vai? Admito que essa pergunta é uma das que mais me dá medo, espero que estejam todos bem e com saúde, mas se algum deles tiver partido, espero que a gente tenha sido forte o suficiente pra continuar, hj ainda tenho todos eles aqui perto de mim, e vou aproveitar a companhia de todos ao máximo já temendo o que possa acontecer no futuro. O mundo deve ter mudado bastante né? Ou talvez não.
Provavelmente já é 2028. Quem é o presidente do Brasil? Quem ganhou a última copa de 2026? E o nosso Corinthians? Conseguiu se reerguer e voltar ao topo novamente? Espero que sim hahaha. Provavelmente o Messi já se aposentou né? Espero que tenha sido no Barça vencendo a Champions haha, e a gente como reagiu a isso tudo? E os nossos sonhos a gente conseguiu realizar algum? Conseguimos viajar pra fora do país? Tirar a carteira de motorista? Se não, espero que pelo menos a gente esteja no caminho certo que logo a gente chega lá 🤞. Onde estamos morando? Espero que não seja na mesma casa, e muito menos ainda na mesma cidade please hahaha. Eu sei que nem tudo foram flores, sei que deve ter passado por muitos outros momentos difíceis, traumas, tristezas, afinal isso infelizmente faz parte da vida né. Do fundo do meu coração torço para que estejamos felizes. Sei que todo nosso esforço valerá a pena, e que nos tornaremos na mulher madura, linda, inteligente, admirável que sempre sonhamos ser. Quero que vc esteja se cuidando bastante, afinal a idade chegou né hahaha, por aqui já estou me adiantando pra chegar belíssima aí, e nem se se atreva a falar que a gente não malha mais que eu vou sair daqui pra dar na sua cara viu haha, pois a Jennifer Garner nos ensinou que é possível ter 30 anos e ainda continuar linda.
Tenho fé que todos nossos medos, traumas, inseguranças tenham ficado aqui no passado junto comigo. Saiba que eu acredito em nós, e sei que vamos conseguir tudo aquilo que um dia sonhamos, mesmo se quando vc tiver lendo isso ainda não tenha conseguido, sei que estamos perto, não desanima não, seja forte e corajosa, como eu tô sendo agora, mesmo passando por um momento difícil, triste e desiludida com a vida, não vou desistir, porque eu sei que esse é apenas um capítulo, e a nossa história não termina aqui, vamos nos levantar e lutar, e ser a mulher que ninguém acreditou que seríamos. Não será fácil, mas eu confio na gente. Só de vc ter chegado até aí nesse momento, já é uma vencedora, tenho orgulho de vc, e de tudo que conseguimos superar e realizar, e ainda vamos conquistar muito mais, tenha fé. Eu sei que Deus nos ama e tem o melhor reservado pra nós.
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creads · 10 months ago
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oiiiiiii,,, primeira vez fazendo isso de enviar ask e nem vou de anon pq não tenho vergonha na cara😘😘😘beijossss
okayyy mas imagina um cenário pra oneshot assim: o Agustín Pardella irmão mais velho da melhor amiga da lobinha, as duas foram criadas juntas e desde sempre muito grudadas (inclusive a lobinha fica mais na casa da bff do que na casa dela) e o Pardella né, como o irmão alguns anos mais velho sempre ali junto que via a nossa lobinha como apenas melhor amiga da irmã mais nova, apenas uma garotinha. aí corta, passam uns anos e as duas já de maior (☝️) e a lobinha vai na casa da bestie pra se arrumar pra uma festa da faculdade e o Agustín (que não via ela direito há um tempo por conta de faculdade/trabalho) quando vê ela fica EITAAA porque nossa lobinha está uma LOBA de gostosa, o homem enfim percebendo o mulherão que a lobinha é - mas não faz nada, afinal, melhor amiga da irmã é território proibido !!!
AÍ !!!! vamos dizer que o Agustín tá com aquela aparência do fim do filme: cabelo grande e barba grande (que eu me amarro🤤), e a família ENCHENDO O SACOOO pra ele cortar o cabelo e tirar a barba e ele lutando pelos seus direitos de ser cabeludo metido, aí um dia ele volta pra casa mais cedo e ✨sem querer✨ escuta a irmã e a lobinha no quarto conversando; a irmã dele tá falando que não gosta de homem com barba e cabelo comprido, que o irmão dela tá parecendo o "capitão caverna" e tudo ea lobinha, como quem não quer nada, defendendo seu homem, falando que acha o Agustín ainda mais bonito de cabelo comprido e barba. AÍ O HOMEM QUE TAVA OUVINDO FICA DOIDOOOO !!! aí a lobinha diz que gosta de homem com barba e cabelo comprido porque "dá um plus em muitas situações e é mais eficiente" rsrs mas pra não levantar suspeitas, ela acaba usando de exemplo um bofe who da faculdade que é "meio parecido" com o Agustín (é nada) que ela meio que da uns pegas de vez em quando — e o homem fica como? MORDIDO DE CIÚMES e pensando seriamente em dar o bote na lobinha
aí corta pro dia seguinte, a lobinha tá na casa deles com a amiga, só que a amiga acaba tendo que sair de repente por causa que deu problema num trabalho da faculdade dela (que é meio longe rs), e o sr. Barba por fazer e a lobinha ficam sozinhos rs mas ela nem liga muito, já que isso já aconteceu outras vezes e ela é de casa né SÓ QUE DESSA VEZ É DIFERENTE porque Agustín Pardella Homem com H que não é bobo nem nada, tá preparadissimo pra dar o bote nela ~~
isso aqui me fez pensar muitos pensamentos então se me permitem irei hablar sobre
a irmã do agustin e a lobinha indo pra festa de formatura de uma veterana amiga delas e se arrumam na casa da irmã. a irmã dele ainda não terminou de se arrumar mas ainda tem que pegar uma coisa no quarto do agustin, então pede pra você ir lá. você bate na porta, quando você entra e ele fica tipo 😯 vendo que a irmã tem uma amiga muito bonita, mas você pega o negócio, agradece e vai embora. sempre teve uma quedinha pelo agustin então com o tempo foi aprendendo a disfarçar. no dia seguinte, você já tinha ido embora, então no almoço o agustin aproveita pra perguntar quem era a amiga bonita que tava lá ontem. a irmã dele fica tipo❓como assim agustin você conhece ela há muito tempo. aí ele ⁉️como é? AQUELA gata era a fulaninha?
desde então ele faz questão de ter alguma coisa pra falar com a irmã no quarto dela toda vez que você visita. e no fatídico dia que ele ouve escondido não tenho nem o que adicionar mais pq você simplesmente serviu absolute cinema
justamente o dia que os pais da sua amiga viajaram e vocês planejam ver um filme e fazer skincare (just girly things 🎀), ela recebe uma mensagem falando que precisam dela no estágio urgentemente. você diz pra ela não se preocupar com você, então ela se arruma super rápido e vai. uns 15 minutos depois dela ter saído o agustin entra no quarto tipo “irmã não sei o qu- ue cadê ela” e você explica que ela teve uma emergência bla bla bla. o olho do homem chega a BRILHAR, parece que foi uma iluminação divina pra ele finalmente te pegar. “poxa que pena, o que vocês tinham combinado de fazer?” ele pergunta. quando você diz que nada demais, só fazer umas máscaras faciais ele abre um sorriso e diz “eu posso fazer com você, se você quiser”. e quando você concorda, ele fala que só tem uma condição: vocês tem que fumar um juntos. você fica tipo: hmmmm deixa eu pensar [óbvio óbvio óbvio óbvio] tá bom!
vocês fazem a máscara e enquanto faz efeito acendem o baseado. ficam conversando horrores (no quarto dele, pq é o único cômodo que não tem problema ficar com cheiro de maconha). depois vão pro banheiro da suíte dele pra tirarem a máscara. você tira a dele primeiro com um algodãozinho molhado pq ele é homem e não sabe fazer essas coisas direito (just manly things 👎🏻👎🏻👎🏻) e ele fica te olhando. e ele vai ter a PACHORRA de olhar pro fundo dos seus olhos (vermelhinhos que nem o dele) e falar: “eu queria muito te dar um beijo agora, mas não consigo te levar a sério com isso verde na cara” e você fica assim 🙂🥲como é?
e aí ele TEM MAIS PACHORRA AINDA de falar “peraí” e te sentar na pia, ele vai tirar a máscara da sua cara com o algodão (plot twist ele sabe sim fazer isso apesar de ser homem pq ele é um Homem!) e fala “prontinho”. ele coloca a mão no seu rosto pra te beijar e vai chegando pertinho da sua boca, quando ele tá muito pertinho vai perguntar “posso?” só pra ouvir você pedir por favor. e vocês vão se pegar horrores no banheiro até o momento que ele decide ajoelhar e te chupar tal qual um homem faminto.
pra mim essa é a skin oficial do pardella irmão da amiga beeeeijos (apesar da primeira foto ele não estar de cabelo longo mas vamos fingir)
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harrrystyles-writing · 5 days ago
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Yes Sir! Capítulo 39
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Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry. Lembrando que teve um avanço de tempo na história.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Um mês depois...
Aurora
O barulho do motor era a única coisa que preenchia o silêncio sufocante dentro do carro, eu segurava o volante com tanta força que, por um momento, pensei que poderia quebrá-lo.
As últimas quatro semanas tinham praticamente me engolido, eu estava presa entre a faculdade e a tentativa de manter minha vida sob algum tipo de controle, mal tive tempo de pensar em qualquer coisa. Assim que entreguei todos os trabalhos finais, pedi um atestado médico para justificar minha ausência na última semana de aula, fiz questão de que não mencionassem a gravidez no documento, minha barriga já estava difícil de esconder e eu não estava pronta para enfrentar os olhares ou os fofocas e muito menos ficar ouvindo e presenciando todo o alvoroço em torno de uma formatura que eu não iria comparecer.
Minha mãe e minha irmã vieram me visitar enquanto eu estava em casa e isso só serviu para me lembrar de por que escolhi a doação. Minha mãe parecia incapaz de falar comigo sobre qualquer outra coisa que não fosse esse bebê, ela sempre encontrava uma maneira de apontar o quanto eu estava sendo irresponsável, o quanto não seria boa o suficiente para criar meu próprio filho, talvez ela estivesse certa.
Eu não era suficiente.
Quando vi que tinha chegado ao meu destino, estacionei o carro, desliguei o motor e fiquei ali, meus pés pareciam colados ao tapete.
— Você consegue, é só uma conversa. — Repeti a mim mesma, olhando no espelho.
Puxei o envelope do banco do passageiro amassado, dentro dele  estava a resposta para uma pergunta que eu tinha medo demais de fazer.
Era um menino ou uma menina?
Minha mão hesitou sobre o lacre, a curiosidade tomando conta de mim, antes que pudesse ceder, forcei-me a abrir a porta e sair do carro.
O prédio à minha frente era pequeno, discreto, como se fosse intencionalmente projetado para não chamar atenção. A placa na entrada dizia apenas “Serviços de Adoção e Apoio Familiar”.
Empurrei a porta e fui recebida pelo som de um sino. Uma recepcionista olhou para mim de maneira breve antes de sorrir, mas eu só consegui retribuir com um aceno tenso.
— Aurora? — Uma voz suave me chamou antes que eu pudesse sentar.
Levantei os olhos para encontrar a assistente social, ela era alta, de cabelos castanhos presos em um coque simples, seus olhos tinham uma gentileza que combinava com os óculos grandes.
— Sou Evelyn, é um prazer conhecê-la. — Estendeu sua mão e eu retribui. — Pode me acompanhar?
Eu a segui por um corredor estreito até a sala, era pequena e organizada, com paredes decoradas com quadros de paisagens suaves.
Alguém achou que isso seria reconfortante?
Não era.
Sentei-me na cadeira indicada, tentando não demonstrar como minhas pernas tremiam. Evelyn se acomodou à minha frente, cruzando as mãos sobre uma prancheta que parecia intimidante demais.
— Você parece nervosa, quer uma água?
— Eu estou bem.
— Não se preocupe, aqui é um lugar seguro e sem julgamentos. — Deu um pequeno sorriso que pareceu me acalmar por alguns segundos. — Antes de começarmos, quero que saiba que você pode desistir a qualquer momento, não importa em que estágio do processo estejamos, isso é uma escolha sua e você tem o direito de mudar de ideia. — Eu só assenti, incapaz de responder. — Você está grávida de seis meses, correto?
— Sim... E como isso funciona exatamente? — Minha voz insistia em tremer juntamente com minhas pernas.
— A adoção é feita legalmente, você pode optar pelo nível de envolvimento que deseja, como escolher a família se quiser ou também optar por algo mais reservado, sem contato com a criança, tudo isso será uma escolha sua.
— E... quando o bebê nasce? O que acontece?
— Você ficará com ele no hospital, dois dias após a alta assinamos os documentos, até lá, a decisão não é definitiva.
— Então eu posso escolher a família, isso?
Acho que essa era a opção mais viável, eu precisava saber se ele teria bons pais.
— Sim, você pode. — Evelyn sorriu. — Quando estiver pronta, podemos revisar perfis juntas.
Pronta?
Como alguém poderia estar pronto para algo assim?
Será que eu seria capaz de decidir isso?
— Certo.
— Há algo importante que você gostaria de compartilhar sobre o pai da criança? Ele já foi informado sobre a sua decisão? — Evelyn me lançou um olhar que parecia atravessar minha alma, eu neguei com a cabeça. — Entendi, quero que saiba que não é obrigatório o consentimento dele, mas é preferível que ambos estejam cientes. Se possível, de acordo, algumas famílias gostam de saber mais sobre os pais biológicos, seja por questões médicas ou por curiosidade natural. — Eu apenas assenti novamente, eram tantas perguntas que estavam me deixando a beira de um colapso. — E quanto ao sexo do bebê? Você já sabe? — Evelyn perguntou com o olhar em sua prancheta antes de voltar para mim. — Algumas famílias têm preferências específicas, então precisamos incluir isso no formulário.
— O sexo do bebê está aqui. — Puxei o envelope do bolso da minha bolsa e o entreguei. — Eu... eu não quero saber.
Evelyn pegou o envelope, mas não abriu, apenas o colocou sobre a mesa, como se quisesse me mostrar que respeitaria meu desejo.
— Tudo bem, a partir de agora, farei visitas regulares a vocês se você estiver de acordo.
— Ok.
— Fique tranquila, estamos aqui para te ajudar, você não está sozinha, nós faremos isso juntas.
Juntas?
Isso nunca soou tão vazio como agora.
Ninguém iria viver com as consequências da minha escolha a não ser eu, se eu errasse, a culpa seria minha e levaria pelo resto da minha vida.
A verdade era que estava sozinha nessa decisão e eu não sabia se essa era realmente a escolha certa.
Harry
Último mês tinha me empurrado ainda mais para o fundo do poço, minha mente sempre estava dividida entre as pilhas de provas para corrigir e a batalha legal que eu e Violeta estávamos enfrentando, eu me forçava em não pensar em Aurora e toda a dor que causei a ela, era melhor assim, ela estava melhor sem o “caos” que eu causava toda vez que tentava consertar alguma coisa.
E como se não pudesse piorar, tinha a Claire.
Eu não conseguia mais escapar, desde que aquilo aconteceu, eu tentei, tentei me esconder, me afastar, fazer qualquer coisa para que ela não tivesse a chance de se aproximar novamente, mas aqui estávamos nós, eu sentado em uma sala cheia de professores e Claire sentada ao meu lado.
Porra! Que mulher mais insuportavelmente insistente!
Quando ela se acomodou, o cheiro do seu perfume invadiu meus sentidos, meu estômago embrulhou, eu não queria olhar para ela, muito menos falar, mas obviamente isso seria impossível.
— Você realmente vai continuar me evitando assim?
Dei uma olhada rápida ao redor, garantindo que ninguém estava prestando atenção em nós, mas a sensação de estar ali com ela sem poder fugir desta vez era sufocante.
— Eu não estou te evitando. — Respirei fundo, tentando manter a calma.
Eu estava me escondendo esse tempo todo.
Eu sabia disso.
Ela sabia disso.
— Sério, senhor Styles? — Ela provocou, cruzando as pernas e meus olhos instintivamente foram ao encontro de suas pernas. — Você vem fugindo de mim há um mês e ainda se faz de desentendido? Finge que não me vê nos corredores, se esquiva de mim a cada oportunidade! — Deixou um sorriso de lado escapar. — Você pode tentar, Harry, mas isso não vai durar para sempre e francamente, a sua resistência só me faz te querer mais.
Eu só queria que as coisas voltassem ao normal, que eu pudesse simplesmente esquecer aquele erro e principalmente aquela noite.
— Aquilo foi um erro.
— Um erro? Você pareceu bem confortável para alguém cometendo um erro.
A provocação dela me irritava.
— Eu sou casado, Claire, você sabe disso.  — Isso só a fez rir.
— Isso não importou muito quando você estava me fodendo naquela noite no bar, não é?
Eu quase engasguei com o café que tomava, meu corpo inteiro estava tenso, ela não tinha falado isso em voz alta, mas alguém poderia ter ouvido.
— Eu não sei o que você quer, mas pare com isso.
— Ah! Você sabe exatamente o que eu quero. — Ela inclinou ligeiramente na minha direção, seus cabelos caindo suavemente sobre meu ombro. — Você.
Ela se recostou na cadeira com a tranquilidade assim que a reunião começou, isso foi o suficiente para me deixar desconcertado o tempo inteiro que o organizador do baile, Sr. Moretti falava, eu não conseguia desviar os pensamentos de Claire, da maneira como parecia que ela queria me arrastar de volta para aquela noite, para aquela culpa. Foi quando Sr. Moretti falou sobre as duplas de supervisão da noite do baile de formatura que minha atenção voltou com força total, afinal ele havia acabado de citar meu nome, mas eu não sei para qual propósito.
— Me desculpe, Moretti, fiquei meio perdido, você pode repetir, por favor? — Ergui minha mão, interrompendo.
— Claro, estava falando das duplas para a supervisão da festa, como discutido, sabemos que alguns alunos podem ser um pouco ousados demais trazendo algumas drogas e não queremos que incidente das bebidas batizadas do ano passado se repita, você não estava, mas foi o caos, então vamos redobrar a supervisão esse ano, o primeiro turno ficou com senhor Brown e a senhora Scott, o segundo turno ficou você, senhor Styles e a senhorita Donnelly, afinal vocês são os novatos desse ano, então nada mais justo que os deixar juntos.
Meu estômago afundou instantaneamente.
O pânico quase me paralisou.
Não!
Não podia ser!
Donnelly?
Claire Donnelly?
Isso só podia ser brincadeira.
Olhei para ela e ela sorriu, claro que estaria sorrindo.Eu queria protestar, mas as palavras não saíram e logo o maldito homem encerrou o assunto. Já era tarde demais, a decisão estava tomada.Claire parecia se divertir com a minha agonia silenciosa, depois da reunião, eu estava determinado a evitar mais uma conversa com ela, porém sabia que ela não desistiria tão fácil. Em passos apressados, ia em direção ao meu escritório, ouvindo os saltos dela, logo atrás.
— Senhor Styles?!  — Ela me seguia. — Precisamos conversar. — Não parei, mas ela apressou os passos até me alcançar.
— Não posso agora, senhorita Donnelly, estou muito ocupado. — Nem olhei para trás antes de falar.
— Harry! — Sua voz estridente ecoou.
Merda!
— Tudo bem, mas seja breve.
Girei a maçaneta do meu escritório entrando, mas deixei a porta aberta assim que ela passou, talvez assim fosse mais fácil evitar alguma conversa constrangedora.
— O que você quer, Claire?
— Eu já disse.
— Por favor, Claire, o fato de eu ter te evitado esse tempo todo já não foi suficiente para você entender que eu não quero você?  — Soltei um suspiro pesado, cruzando os braços.
Ao invés de me responder, ela caminhou até a porta, trancando-a com um sorriso malicioso, tirando a chave da maçaneta, segurando em sua mão.O pânico se espalhou sobre mim novamente, eu sabia que não tinha mais como escapar agora, Claire não estava brincando, ela sabia que me tinha onde queria e aquela chave que ela segurava só fazia aumentar o peso da pressão sobre meus ombros. Eu a observei, se aproximar novamente, o perfume que ela usava me invadiu de novo, por um momento, meu corpo parecia relembrar a memória daquela noite.
Malditas lembranças.
— Você realmente acha que isso vai me fazer desistir de você?— Ela tentou me provocar, mas tudo o que eu conseguia focar era na chave.  — Você quer isso? — Fez um biquinho e, com um movimento casual, colocou a chave entre seus seios que estavam estampados em um belo decote. — Vem pegar.
Eu teria que tocá-la para pegar de volta e era o que ela mais queria, eu não iria dar esse prazer a ela, então simplesmente ignorei-a, me virei para a mesa, sentando tentando me concentrar nos papéis à minha frente.
— Sabe, Harry, eu não consigo parar de pensar em você naquela noite... Você não sente falta disso? Não acha que deveríamos repetir?
— Não, Claire, por favor, vá embora.
— Você pode negar, mas eu sei que você gostou.
Eu não sabia mais o que fazer, não sabia mais o que dizer, então, apenas voltei a olhar para os papéis na mesa, continuando a ignorá-la, o que claramente a irritou, sem qualquer aviso, ela empurrou minha cadeira para trás, fazendo com que eu quase perdesse o equilíbrio, a sensação de estar completamente vulnerável me atingiu com uma força inesperada.
— Claire, pare com isso, eu não vou cair no seu jogo.
— Jogo? Ah, Harry, isso não é um jogo. — Ele sorriu em vitória por finalmente dar atenção a ela. — Isso é você tentando se convencer de que não me quer, mas sabe o que é engraçado? Quanto mais você tenta resistir, mais eu vejo o que você realmente quer.
E antes que eu pudesse processar, ela estava na minha frente, os olhos fixos nos meus, com aquele sorriso provocante, ela se sentou na mesa como da última vez que esteve em meu escritório, a saia preta dela subiu, revelando mais suas coxas, o calor no meu corpo aumentou, mas tentei resistir.
Meu corpo não podia me trair agora.
— Eu realmente não quero, mas está muito difícil de você entender. — Disse, me aproximando com intuito de tirá-la da minha mesa, mas assim que cheguei mais perto, suas mãos foram ágeis para me prender ali.
— Eu entendi muito bem, mas eu não acredito em você.— Ela ficou a centímetros de mim, tão perto que quase pude sentir seu hálito quente. — Eu só penso em você desistindo de lutar contra seu desejo... Minhas mãos correndo por você agora...
Eu fechei os olhos por um instante, tentando recuperar minha compostura.
Isso não estava acontecendo.
Eu não iria ceder.
— Você está passando dos limites. — Eu tentei me afastar, mas ela não me deixava. — Para!
— Limites? Que limites, Harry? Você fala como se não quisesse me pegar agora mesmo e acabar com todo esse tesão acumulado que está sentindo. — Engoli seco, tentando respirar fundo e não deixar as palavras dela me afetarem. — Você não quer que eu pare, admita, está imaginando o que eu faria se você simplesmente me deixasse continuar... — Ela subiu devagar sobre mim, eu queria afastá-la, mas, em vez disso, senti meu corpo reagir, a necessidade, tudo me consumindo. — Eu vou ser bem clara com você, se você me deixasse, Harry, eu ficaria de joelhos bem aqui, só para te agradar, eu faria tudo o que você quisesse. — Ela começou lentamente a rebolar em cima de mim, segurei os quadris dela para parar, mas minhas mãos tremiam e Claire percebeu o quão perto estava de romper minhas barreiras. — Me deixa, Harry vai. — Gemeu em meu ouvido.
Eu estava ali, paralisado, tentando resistir, ela estava cavalgando devagar, provocando-me com cada movimento, quanto mais eu tentava resistir, mais o desejo crescia, como se minha mente estivesse dividida entre o que era certo e o que eu mais queria.
— Para, Claire! — Eu quase gritei, mas ela não parou.
Ela colocou a mão no meu peito, seus dedos deslizando lentamente para baixo, como se estivesse marcando o território dela em mim, a sensação de seus dedos sobre minha pele me fez tremer, eu estava perdendo o controle e ela sabia disso.
Eu não queria isso.
Não queria.
Mas o desejo estava lá, forte, impossível de ignorar, eu estava duro, isso apenas tornava tudo ainda mais difícil porque ela sentiu e roçou em mim com mais vontade.
— Viu? Você não pode me negar, Harry.
Seus lábios tocaram os meus, eu tentei me afastar, mas ela prendeu meu rosto entre as mãos, forçando-me a beijá-la, eu tentei, mais uma vez, lutar contra isso, eu não ia deixar a porra do meu tesão foder com minha vida de novo, com um movimento rápido, eu segurei os quadris dela mais firme dessa vez tirando-a de cima de mim.
— Para, porra! Eu já disse que não quero você.  — Ela apenas riu.
— Harry, você pode tentar se convencer, pode até tentar se afastar, mas eu estou vendo exatamente o que eu quero. — Olhava para minha protuberância em minhas calças.
— Isso não quer dizer nada, faça o favor de não me procurar mais.— Limpei seu beijo de meus lábios. — Saia, Claire! Agora.
— Não quero ser injusta, mas eu sou paciente até certo ponto, pense bem no que está fazendo.
— O que você está insinuando?
— Não estou insinuando nada, você sabe, Harry, eu só queria ser boa para você, mas se é assim que vai ser, talvez outras pessoas, como o reitor, devam saber como você lida com mulheres... — Ela sorriu ao ver minha expressão de espanto. — Soube que você já está na lista negra dele por ser um dos suspeitos de terem traçado uma aluna, não seria uma pena se ele soubesse que você também andou me assediando?
— Eu nunca fiz isso.
— Será sua palavra contra a minha, mas não se preocupe, eu vou te dar um tempo para pensar, até o baile. — Ela tentou se aproximar de novo mas eu recusei. — Tudo bem, eu vou garantir que você não consiga olhar para mais nada além de mim e quando você estiver olhando para mim, tentando resistir, talvez se pergunte... Será que estou usando algo por baixo? Ou será que eu quis facilitar as coisas só para você? Eu vou fazer de tudo para que você me queira tanto quanto eu quero você.
— Claire, isso acabou, o que aconteceu, aconteceu, mas não vai se repetir, pare de insistir.
— Ah, Harry... Eu sempre consigo o que quero e você não será exceção. — Ela pegou a chave de onde estava, com um sorriso provocante, saiu pela porta, deixando-me sozinho.
Aurora.
Era o dia da formatura, o dia em que deveria estar vibrando e comemorando, afinal, foram longos anos de muita dedicação para chegar até aqui, eu finalmente era uma advogada!
Mesmo em casa fingindo estar doente eu recebi mensagens de alguns amigos e parentes me parabenizando pela grande conquista, todos ao meu redor estavam felizes, minha galeria estava cheia de fotos de vestidos de festa da Lily, aparentemente estava difícil demais escolher qual vestido a deixava mais sexy, eu, por outro lado, só conseguia sentir uma apatia esmagadora com tudo isso.
Aquele deveria ser o meu momento, eu deveria estar lá com ela me arrumando em seu dormitório, tomando margaritas e aproveitando nossa última noite, mas ao invés disso eu estava enorme, com os pés inchados que já não cabiam mais em meus sapatos, sentada em frente a TV vendo a reprise de Ellen DeGeneres e mesmo eu pedindo para Gabriel não aparecer, lá estava ele sentado no meu sofá, ao invés de se arrumar para sua incrível noite do baile.
— Não é querendo te expulsar, mas você não deveria estar colocando seu smoking e fazendo um esquenta com seus amigos? — Perguntei, sem tirar os olhos da TV.
— Não é querendo me expulsar? Já me expulsando! — Gabriel riu, franzindo o nariz. — E para sua informação, eu não sou o tipo de cara que faz "esquenta".
— Claro que não, você é o tipo que invade a casa de alguém que claramente pediu para ficar sozinha.
— Invadir é uma palavra forte, não acha? — Ele sorriu, apoiando os cotovelos nos joelhos, me observando de perto.
— Gabriel, você sabe que não precisa estar aqui, né? Esse é o seu grande momento, deveria estar aproveitando.
— E te deixar aqui? — Ele apontou para a TV com uma expressão teatral. — Assistindo Ellen DeGeneres pela terceira vez na semana?
— É a segunda vez, obrigada. — Revirei os olhos.
— Ainda assim, você merece mais do que isso.
— E o que eu "mereço", na sua opinião? Ir ao baile me sentindo ridícula, com todo mundo me olhando como se eu fosse uma aberração?
— Você não é uma aberração, Aurora. — Ele balançou a cabeça, como se não acreditasse no que estava ouvindo. — Longe disso, você é a grávida mais linda que já vi. — Fiquei em silêncio por um momento, eu odiava como, de alguma maneira, ele me fazia odiar menos essa gravidez. — Você tem certeza de que não quer ir? Ainda dá tempo!
— Já disse que não, Gabriel.
— Você deveria estar lá, comemorando com todo mundo e não ligar para o que vão dizer.
— Nós já conversamos sobre isso, não estou pronta para contar sobre a gravidez.
— Tudo bem, mas você sabe que isso não vai ficar escondido por muito mais tempo, precisa enfrentar esse medo.
— Eu sei. — Suspirei, tentando conter a onda de frustração. — Seus pais estão vindo do Canadá, você devia estar focado nisso, não em mim.— Mordisquei mais uma pipoca. — Aliás, você não deveria buscar eles ou algo assim?
— Meu tio foi pegá-los. — Aproximou-se mais de mim, seus dedos começando a brincar com uma mecha solta do meu cabelo. — Você não quer mesmo conhecê-los? — Ele perguntou, como se estivesse tentando me convencer com sua insistência.
— Gabriel, nós nem estamos juntos há tempo o suficiente para dar esse passo. — Respondi, afastando suavemente sua mão. — Não faz sentido eu conhecer sua família agora, ainda mais assim, nessa situação.
— E que situação é essa? — Ele arqueou uma sobrancelha, como se quisesse me provocar.
— Preciso mesmo explicar? — Apontei para mim mesma, com a barriga enorme saindo da blusa de pijama. — Eu não estou exatamente no meu melhor momento.
— Eles nunca se importariam com isso. — Ele riu baixo, balançando a cabeça. — Confie em mim, eles iam gostar de você.
— Não se importariam? — Senti a irritação crescer dentro de mim. — Sério, Gabriel? Eles vão olhar para mim e pensar “Que ótimo, meu filho está namorando uma grávida de outro cara qualquer por aí!” — Joguei as mãos para o ar, frustrada.
Hoje definitivamente não era um bom dia para mim.
— Meus pais não são assim. — Ele franziu a testa, visivelmente irritado. — Mas, se isso te faz sentir melhor, eu posso dizer que é meu, assim evitaria as perguntas.
— Não! — A palavra escapou antes que eu pudesse me conter. — Isso não é sua responsabilidade, Gabriel, você não tem que ser meu salvador todas às vezes, resolvendo tudo como se fosse simples assim!
— Eu sei que não é simples. — Ele passou a mão pelos cabelos, exalando um suspiro pesado. — Mas você também complica as coisas, não deixa ser ajudada, eu estou fazendo tudo o que posso por você e por esse bebê, mas você continua achando maneiras de me afastar.
— É porque eu não pedi isso! — Minha voz subiu, fazendo-o recuar. — Você não é o pai! Então para!
O arrependimento veio no mesmo instante, eu não deveria ter dito aquilo, mesmo que fosse verdade.
Gabriel não merecia.
— Eu sei que não sou o pai! Ok! Você sempre deixou isso bem claro. — Ele levantou a voz, algo que ele nunca fazia, aquilo me fez sentir um calafrio. — Mas onde está ele? Hein? Onde está Harry? Você nem ao menos teve coragem de contar a ele!
— Uau! Realmente era a última coisa que gostaria de ouvir hoje. — As palavras dele ainda ecoavam na minha mente, difíceis de engolir.
— Me desculpe. — Gabriel tentou se aproximar, mas assim que seus dedos me tocaram, recuei. — Eu não queria falar desse jeito, mas poxa, Aurora, eu não sei mais o que fazer, estou aqui tentando, pesquisando, planejando, sonhando com um futuro para nós e tudo que eu recebo em troca é você me dizendo que isso não é problema meu. — Eu podia ver seu maxilar travado, a insatisfação em seu olhar. — Eu tenho feito o meu melhor, Aurora, reprimi minhas dúvidas, minhas inseguranças, porque sei que você precisa de apoio e não de mais problemas, mas você está sendo cruel jogando isso na minha cara o tempo todo.
— Talvez você devesse parar de se esforçar tanto e planejar um futuro para nós! — Gritei, sentindo o desespero me sufocar.
Eu não aguentava mais o ver planejar um futuro para esse bebê que nem estaria aqui no final de tudo.
— O que você quer dizer com isso?
— Eu... Eu não vou ficar com o bebê...
Pareceu que um peso saiu de meus ombros, mas o silêncio e o olhar que ele me deu foi quase esmagador, era como se eu tivesse acabado de dizer a coisa mais absurda do mundo.
— O quê? 
— Gabriel, eu queria ter te contado antes...
— Você já decidiu isso? Realmente, já está certa de que não vai ficar com ele? Me diz que não, por favor.
— Sim... — Eu estava lutando contra as lágrimas. — Já dei entrada no processo de adoção.
— Quando?
— Foi essa semana...
— Essa semana? — Cerrou os dentes. — Desde quando você vem pensando sobre isso?
— Desde o início.
— E você pretendia mentir para mim até quando? Até o bebê nascer e levarem ele?
Meu corpo inteiro tremia, eu sabia que isso era minha culpa, eu não deveria ter dado esperanças a ele.
— Gabriel... Me desculpe... Eu nunca...
— Você nunca o quê? — Me interrompeu, levantando-se, começando a caminhar de um lado para o outro. — Me magoar? Bem, parabéns, você conseguiu. — A dor em seus olhos parecia queimar, eu tinha medo do que viria a seguir — O que a gente está fazendo aqui, Aurora? Porque, honestamente, eu não sei mais! — Ele parou de repente me encarando, mas eu não conseguia olhá-lo, eu abaixei a cabeça, mordendo meus lábios até sentir o gosto amargo do sangue. — Eu comprei o berço mais caro da loja onde trabalho, Aurora, era uma surpresa para você! Eu fiz estoque de fraldas na casa do meu tio para você nunca precisar se preocupar, eu importo com você e com esse bebê, mesmo que não seja meu, eu leio livros de maternidade todas as noites, TODAS AS NOITES, Aurora! Eu me preparei de todas as formas possíveis, tudo isso, enquanto você... — Sua voz sumiu por um instante. — Nem ao menos quis me dizer a verdade.
— Gabriel... — Tentei me aproximar, mas ele ergueu a mão no ar, me impedindo.
— E antes que você diga, pela milésima vez, que isso não é minha responsabilidade ou que nunca pediu nada disso... — Seus olhos se encheram de lágrimas. — EU FAÇO TUDO ISSO PORQUE TE AMO, AURORA! EU TE AMO!
Aquelas palavras me acertaram como um soco.
Ele...
Ele realmente me ama?
Fiquei imóvel, sem conseguir reagir, meu coração batia tão alto que parecia ecoar no silêncio que se formou entre nós naquele instante.
— Mas talvez isso não seja suficiente para você.— Suspirou cabisbaixo.
Antes que eu conseguisse reagir, ele virou as costas e caminhou até a porta.
— Espera... — minha voz falhou. — Gabriel.
Eu queria dizer o mesmo, mas...
Eu ainda não...
Ele parou por um instante, mas não olhou para trás, abriu a porta e simplesmente foi embora depois de dizer que me amava.
Harry
Hoje finalmente era o dia da audiência, minhas mãos tremiam enquanto estava sentado em uma das cadeiras de madeira na sala de espera do tribunal, ao meu lado Violeta estava silenciosa, seus dedos brincavam nervosamente com a aliança na mão esquerda, era estranho vê-la aqui, sentada ao meu lado, considerando tudo que havíamos passado.
Eu deveria estar focado no baile de formatura, me preparando para o discurso que daria aos meus alunos, mas em vez disso, estava plantado quase uma manhã inteira naquela cadeira desconfortável. A lembrança do que Claire me disse no meu escritório ainda martelava minha cabeça, mas não podia deixar isso dominar meus pensamentos agora.
Eu precisava focar aqui, na minha família, na minha filha.
Era isso que importava no momento.
— Obrigado por... — Comecei, hesitante, sem saber exatamente como continuar. — Por, ao menos, me ouvir e voltar a falar comigo.
— Não fiz por você. — Ela suspirou, os olhos cansados virando-se brevemente para mim antes de voltarem para o chão.
— Eu sei, mesmo assim, obrigado.
Ela não respondeu.
O som de um relógio na parede parecia mais alto na falta de palavras.
— Violeta, eu estava pensando... — Arrisquei, com minha voz mais baixa.
— No quê? — Indagou sem olhar diretamente para mim, como se já esperasse algo que iria a frustrar.
— Eu vou entrar de férias depois que isso acabar e nossa bebê nascer... — Comecei devagar, esperando pela reação dela, seus olhos finalmente encontraram os meus, com curiosidade e cautela. — O que acha de fazermos uma viagem? Como família.
— Uma viagem? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Harry, se mal conseguimos dividir um teto sem brigar, você realmente acha que uma viagem vai resolver alguma coisa?
— Não é para resolver nada. — Suspirei, endireitando-me na cadeira. — Só acho que precisamos de uma pausa de tudo isso. Mesmo que não resolva nossos problemas, pelo menos as meninas teriam algo bom. Algo que não fosse só silêncio ou mágoa.
— Você tem ideia de como vai ser minha vida depois que essa bebê nascer? — Ela desviou o olhar, os dedos ainda brincando com a aliança. — Noites sem dormir, fraldas, amamentação... Você acha mesmo que isso é uma boa ideia? Harry, eu vou estar esgotada.
— Sei que não vai ser fácil — Admiti, tentando não soar defensivo. — Mas você pode levar alguém para ajudar, se quiser. Eu também vou ajudar, sou o pai dela! Sempre ajudei, mesmo quando as coisas estavam ruins entre nós, não vai ser agora que vou parar... Só pensei em algo como a Disney, sei que elas amam, acho que faria bem para elas.
Ela mordeu o lábio, um sinal de que eu sabia muito bem que era sua forma de dizer que estava considerando, mesmo que de forma relutante.
— Não sei... — Resmungou, desviando o olhar novamente.
— Não estou pedindo para decidir agora. Só... pense nisso, por favor.
Antes que ela contestasse, a porta da sala se abriu, Anderson, nosso advogado, apareceu com seu terno azul-marinho impecável e uma maleta, carregando a confiança que eu desejava ter.
— Estamos prontos para começar.
Levantei-me e ofereci minha mão para ajudá-la, Violeta aceitou, mas evitou me encarar enquanto ela ajeitava a bolsa no ombro, num gesto quase automático, inclinei-me e depositei um beijo rápido em seus lábios.
Ela congelou por um segundo, surpresa, mas não disse nada.
Eu também não sabia explicar por que fiz isso.
Talvez fosse um reflexo, talvez fosse culpa.
— Vai dar tudo certo.
Ela não respondeu, apenas seguiu em direção à sala de audiência, enquanto eu ficava parado por um momento, tentando sufocar o peso que parecia se acumular no meu peito.
Eu me sentei no fundo, entre os espectadores, com uma visão clara de Violeta e Bryan à frente, meu coração batia pesado, cada pulsação era um lembrete do quanto eu estava impotente ali.
Bryan parecia absurdamente confiante, sentado ao lado de Eric Hall, eu me perguntei quantas vezes ele já havia ensaiado aquele sorriso pretensioso que me dava vontade de atravessar a sala e socá-lo.
O juiz entrou e todos ficamos de pé, após as formalidades iniciais, Eric Hall foi o primeiro a falar, abrindo o discurso com sua voz impecavelmente treinada.
— Excelência, este caso é sobre o bem-estar da criança, Aurora Styles. — Ele falava como se estivesse discursando para uma plateia. — Meu cliente é o pai biológico e deseja estabelecer um relacionamento saudável, também o desejo sincero de ser parte ativa de sua vida! Algo que ele foi privado por circunstâncias infelizes. 
Privado?
O homem teve muito tempo para ser presente, mas a ignorou por esses dois anos, agora queria bancar o pai perfeito.
— Ele é um homem estável, financeiramente responsável e emocionalmente comprometido em prover um ambiente seguro e positivo para sua filha. — O jeito com que ele falava até fazia qualquer palavra parecer verdadeira.
Anderson obviamente rebateu com calma, destacando o papel de Violeta como mãe dedicada e a estabilidade que nossa casa sempre proporcionou, também a desinteresse da parte dele por todo esse tempo, por um momento, tudo parecia estar indo bem, então, Bryan olhou para mim e depois chamou Hall para uma breve conversa antes do advogado se levantar novamente, ajeitando seus papéis com aquela arrogância irritante.
— Excelência. — Fez uma pausa dramática que me fez ranger os dentes. — Meu cliente gostaria de ajustar sua proposta inicial, dadas as novas evidências que recebi agora, acreditamos que a guarda total de Aurora Styles seria mais adequada para o seu bem-estar.
O quê?!
O ar pareceu sumir dos meus pulmões, eu me sentia sufocando.
Aquilo não podia estar acontecendo.
Violeta se virou para mim, os olhos arregalados de puro choque.
— Objeção, Excelência! — Anderson reagiu imediatamente. — Isso é completamente inaceitável, o pedido inicial não incluía guarda total e agora no meio do processo, querem alterar os termos?
— Senhor Hall, o senhor sabe que mudanças desse nível não podem ser feitas assim, sem aviso prévio. — O juiz ergueu uma sobrancelha, apoiando os cotovelos na mesa.
— Excelência — Hall sorriu, aquele maldito sorriso arrogante. — Entendo sua preocupação, mas estamos falando do bem-estar da menor, nós temos provas que justificam essa solicitação tão repentina.
Meu estômago revirou.
Provas?
Que provas?
— Excelência. — Anderson bufou, indignado. — Se há novas provas, elas deveriam ter sido apresentadas com antecedência, não jogadas no tribunal de última hora para tentar desestabilizar minha cliente!
Eu queria me levantar, gritar e socar aquela cara do Bryan que parecia estar se divertindo às nossas custas.
— Normalmente, eu rejeitaria a inclusão de provas de última hora, mas, como estamos lidando com a guarda de uma criança e houve alegações sobre o bem-estar dela preciso considerar todos os elementos que possam afetar essa decisão. — O juiz suspirou, ajeitando os óculos.
Porra! Ele iria considerar?!
Não!
Bryan não poderia ter a guarda total da minha filha.
Ele não podia simplesmente aparecer e arrancá-la de nós.
Meu mundo estava desmoronando bem ali.
— Sendo assim, concederei um recesso para revisar esse material antes de decidir se ele será aceito como evidência formal no processo, mas que isso não se repita, senhor Hall.  — O juiz bateu o martelo. — Voltaremos a essa audiência daqui a duas semanas.
Tudo dentro de mim estava anestesiado pelo medo, os advogados começaram a se mover, as pessoas iam saindo ao meu redor, mas eu só conseguia encarar Bryan, ele estava sorrindo, como se soubesse que já tinha vencido.
Pela primeira vez desde que entramos naquele tribunal, eu me perguntei.
Estávamos prestes a perder?
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domquixotedospobresblog · 2 years ago
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Tenho uma casa cheia de coisas, é bem arrumada e cheia de luz,muitas portas e janelas para as boas vibrações entrarem com o vento e também para que ele sopre para fora o que houver de ruim,a luz que entra ilumina tudo,as mesas, o teto, até o criado mudo que é bem baixinho e fica escondido lá no cantinho,as janelas tem cortinas bem coloridas,algumas com estampas de flores para dar um ar de vida,ainda borrifo alguns aromas nelas,para que todos passem e sintam o perfume saindo por elas,poderia espalhar vasos de flores sim,mas nada de arrancar,o lugar delas é na terra ali no jardim, tudo em meu humilde lar e muito bem acompanhado por tantas coisinhas, cômodas com miniaturas,os guarda roupas com meus heróis favoritos nos cabides,as louças dos tempos da mamãe, herança que vale a pena,mas tem uma sala quase vazia,se não fosse por uma cadeira, e afastada dela no outro canto uma antiga estante,e nela um único livro,onde escrevi meus momentos de alegria,jurei encher de livros de minha vida com ela desde os tempos de escola,pena que depois da formatura ela desapareceu da minha vida como se fosse uma bolinha de sabão que voa em direção ao sol,ainda vou encher aquela estante antes de meu final de vida,nem que seja de palavras de dor, lembranças e saudades que sinto dela,que não me deu nem o direito de uma despedida.
Micro crônica de Jonas R Cezar
"Esperamos demais para viver,para dar valor a quem nos ama,e o tempo vai passando,vai acabando e do nada percebemos que estamos velhos e sozinhos".
Jonas R Cezar
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arte-e-homoerotismo · 2 months ago
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Arthur Tress
Arthur Tress (nascido em 24 de novembro de 1940) é um fotógrafo americano . Ele é conhecido por seu surrealismo encenado e exposição do corpo humano.
Início da vida e educação
Tress vem de uma origem judaica ; seus pais imigraram da Europa. Ele nasceu no Brooklyn , Nova York. O mais novo de quatro filhos em uma família divorciada, ele passou um tempo em sua juventude com seu pai, que se casou novamente e viveu em um bairro de classe alta, e sua mãe, que permaneceu solteira após o divórcio. Sua irmã era a advogada e defensora dos direitos gays Madeleine Tress .
Aos 12 anos, ele começou a fotografar aberrações de circo e prédios dilapidados ao redor de Coney Island , na cidade de Nova York , onde cresceu. Tress disse que "crescer como um homem gay na década de 1950 não foi fácil, especialmente na escola". 
Tress estudou na Abraham Lincoln High School em Coney Island. Estudou pintura no Bard College em Annandale-on-Hudson, Nova York , obtendo o título de Bacharel em Belas Artes em 1962. Após a formatura, mudou-se para Paris para cursar a escola de cinema, mas logo desistiu.
Carreira
Enquanto vivia na França, ele viajou para o Japão, África, México e por toda a Europa. Ele observou muitas tribos e culturas isoladas e ficou fascinado pelos papéis desempenhados pelo xamã dos diferentes grupos de pessoas. As culturas às quais ele foi apresentado desempenhariam um papel em seu trabalho posterior. Tress passou a primavera e o verão de 1964 em São Francisco , documentando a Convenção Nacional Republicana de 1964 que nomeou Barry Goldwater , manifestações pelos direitos civis em concessionárias de automóveis segregadas na Van Ness Avenue e a turnê mundial dos Beatles em 1964. Tress tirou mais de 900 fotografias que foram posteriormente arquivadas até 2009, quando ele redescobriu uma pilha de gravuras vintage enquanto organizava o espólio de sua irmã após sua morte.  O trabalho foi posteriormente exibido no Museu de Young de São Francisco . 
No final da década de 1960, ele fez uma série de fotografias surreais sobre os sonhos das crianças, usando cenários encenados. 
Tress residiu em Cambria, Califórnia , por 25 anos e agora mora em São Francisco. 
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Arthur Tress | teenage boy with hammer  Brooklyn 1978
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drrafaelcm · 1 month ago
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Consumidora tem seu direito de arrependimento reconhecido
Desistência da compra de álbum de formatura ocorreu seis dias após a contratação Continue reading Consumidora tem seu direito de arrependimento reconhecido
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db-ltda · 2 months ago
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Sobre onde estão as cores na minha vida:
Vou te contar a verdade sobre onde na vida tem cores, apesar de eu acreditar que não há progresso e que tudo segue sendo como deve ser.
A vida tem cores porque quando cheguei em casa de bike antes de fechar meia noite, depois de ter comido um pastel e me planejado para uma festa de formatura amanhã.
A nix veio me receber com carinho e tentar descobrir se já estou indo dormir.
A vida tem cores porque apesar de eu estar sendo tocado de casa, minha casa é onde ela está e onde eu estou escrevendo e vivendo  antes de dormir.
Meu tempo sozinho é bom, esteja eu aqui ou em Nárnia e não fosse eu me dar esse tempo, esse mundo sem cores nunca o daria para mim.
Não nasci com o direito de curtir de mãos beijadas, muito menos escolhi ser tão sincero comigo mesmo.
Eu busco responsabilidade, num mundo sem cores onde é preciso preocupar-se com tudo, mas onde quando a preocupação chega todo mundo perde sua cor.
Sei que não sou vidente, e que as cores da vida moram nos despreparos que ela nos impõe, e não fosse o valor que eu represento para os meus amores e minhas paixões, então eu não viveria.
Planos me importam de menos para falar a verdade, por mais prudente que eu tente ser para compensar essa falta.
Não é que eu não faça planos, nem tão pouco que eu seja presunçoso o suficiente, para achar que eu sempre lido bem com o amanhã. É só que uma vida me foi dada nas mãos e sou eu quem arco com isso, sim ou sim.
É caro o preço que pago, quando não ouço quem cuida tanto de mim, meua amores me orientam e me acalmam, mas não pegam o que é meu para si.
Sinto-me menos culpado por isso…
Agradecido por ter liberdade, mas aprisionado em ter de arcar com o que escolhi.
Por isso cores me importam menos, principalmente quando com cores em meio a tudo isso, eu já convivi.
Eu me apaixono, eu vivo e eu falo, boca de sacola tal como sou..
Mas não há quem nessa vida me minta se eu mesmo não me menti.
Sou retilíneo e uniformemente redondo, tal qual a cobra que come o próprio rabo.
Quem pensa em progresso afasta-se da perfeição, peca já de saída por contestar o milagre da criação.
Quem quer fugir da curva geralmente se estrepa por se sentir especial.
Eu não vivo a vida da regra, nem tão pouco julgo quem dela se afasta demais, eu só vivo minha própria vida, com cores até demais.
Se fosse eu fosse um pouco  mais brando como minha filosofia indica, então eu me contentaria com um dia de paz.
 Sei que quem me circunda quer mais, mas lhe concedo o direito também de que vá atrás.
Meus amores não calo e não minto, eu não verdade resoo cada cor que me invade, nas cores desta vida, vivo a cada segundo.
É certo que eu as vezes me confundo..
Mas minha natureza cuida de mim.
Se eu não for humano comigo, vai ter humano falando pra humanidade de mim sem vir falar o que sente de coração olhando nos meus olhos.
Sou compreensivo com nem todo mundo ter essa coragem, mas se eu entrar nesse jogo, então eu perco a minha humanidade.
Consequentemente, minha vida se perde sem cor.
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