#fora isso nunca vi nada sobre ela trabalhar em lugar algum
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Você sabe se a B tem um trabalho ou se ela só vive dando golpes mesmo?
trabalho??? kkkkkk ser trambiqueira é o trabalho dela
#juro eu acho que ela nunca trabalhou na vida#boatos que ela era acompanhante pq tem umas fotos dela em balada cheia de mulher em volta de um homem#fora isso nunca vi nada sobre ela trabalhar em lugar algum#provavelmente quem sustentava era o brett pq tenho certeza que ela morava com eles até bg começar#nem a faculdade essa sonsa terminou#e quem pagava era o pai dela
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— 4/10/2024
Seis meses depois da última vez que eu escrevi sobre os meus sentimentos em algum lugar. Depois de um semestre percebo como tudo foi por água abaixo e o que já estava ruim acabou ficando ainda pior.
Duas semanas depois que escrevi aqui (1/4/24) eu tranquei a minha facul de rh. foi libertador mas ao mesmo tempo me deixou triste, eu poderia estar terminando o segundo semestre agora mas não consegui gostar de estudar só online e então tranquei. apesar de eu ter a consciência de que eu só não me adaptei nesse modelo de estudo, eu me vi como uma inútil que não consegue e que nunca vai conseguir finalizar algo que começa, que vai ser sempre essa infeliz sem futuro, imatura mesmo sendo adulta, uma criança que agora tem 24 anos mas ainda se vê como um bebê que depende emocionalmente das pessoas, que não consegue sair do lugar sem apoiar em alguém, que usa as pessoas de muleta pra fazer algo, que é uma sanguessuga que se aproveita da boa vontade alheia pra conseguir subir pelo menos um degrau na vida, já que sem apoio não consegue por conta própria. não consegue sem a mãe, sem o pai, a avó, os amigos, sem medicação, sem terapia, nem nada. é assim que eu me vejo e nunca consegui descrever e colocar pra fora. me vejo como alguém com algum defeito tão grande que não consegue viver sem depender das pessoas de alguma maneira. seja com alguma ajuda pra sair de casa e espairecer, pra conseguir comprar um sorvete na esquina, pra pagar a minha medicação, pra qualquer coisa. eu sei que o que eu faço não é nem a metade do que eu penso que eu deveria fazer, mas eu juro que eu tô tentando ao máximo, eu tenho tentado ao máximo ajudar em casa de alguma forma na organização e limpeza, eu tenho aprendido a fazer o meu cabelo e as minhas unhas sem precisar de ajuda alguma da minha mãe, eu tento mas mesmo assim sempre me bate o sentimento que eu poderia fazer mais, e quando eu consigo fazer algo que eu queria eu penso “nossa eu sempre quis fazer isso sozinha!” e depois vem o pensamento “isso não é o suficiente”. acho que nunca vai ser, eu me vejo como se estivesse em uma competição e todos conseguiram correr em rumo ao final e eu fiquei presa na largada, como se meus sapatos estivessem perfurados ao chão e eu não conseguisse tirá-los pra correr também. e quando eu consigo tirar e correr, penso que estou muito atrás de todo mundo ao meu redor, como se realmente a vida fosse uma competição e sempre tivesse um prêmio no final dela. pra algumas pessoas essa competição é a faculdade e o prêmio é o diploma, pra outros pode ser o trabalho e comprar um carro, ou se mudar pro exterior, ou sei lá, viajar pelo mundo. de qualquer forma, sempre me vejo pra trás e não consigo não me comparar, não consigo não pensar que eu tô velha pra estar saindo de uma empresa por já ter 24 anos, não consigo não me sentir como alguém inútil, fracassada, incapaz e burra.
— dias depois, Antônio me disse que estavam apenas esperando ele fazer 18 anos pra ser efetivado na empresa e fiquei feliz por ele, mas e eu? eu também não merecia? eu sempre sonhei que nós seríamos efetivados juntos, mesmo sabendo que a probabilidade era bem baixa, então eu recebi uma proposta pra trabalhar por tempo integral na fundação onde eu estudava, pensei que talvez isso poderia fazer a empresa pensar que eu merecia uma efetivação e eu conversei com a minha chefe da época e ela não me deu nenhuma esperança e ainda falou sobre a futura efetivação do Antônio. se eu já tava triste então eu tinha acabado de ficar ainda pior.
— 26/4/2024, dois dias depois, ela me ligou e disse que eu poderia ser efetivada a partir de outubro, que era quando o meu contrato encerrava, eu fiquei tão feliz, sempre amei aquele lugar e as pessoas, amava trabalhar no rh e amava aprender tudo lá também, era muito boa a convivência com a aline e a gente sempre se entendia tanto no trabalho quanto fora dele também, muitas vezes estive deprimida e foi o trabalho que me salvou, aquelas pessoas nem sabem mas muitas vezes eu sentia como se elas estivessem me dando a mão pra me tirar do fundo do poço, espero que eu tenha conseguido fazer cada uma lá se sentir especial e feliz por ter me conhecido, porque eu amei conhecer todos eles e sempre vou ter muito carinho por todos.
— semanas depois lembrei que meu contrato iria se encerrar no meu aniversário por conta da minha idade, tentei falar com a minha chefe e ela acabou me ignorando algumas vezes sobre esse assunto, isso tava me preocupando demais e não tinha nada que eu pudesse fazer, nesse mesmo mês (maio) eu fiquei doente, tive dengue e mesmo assim trabalhei um dia presencial, mesmo quase morrendo de dor no corpo eu fiquei até o final do meu horário, na semana seguinte queria ter ficado de home office a semana toda mas isso pareceu incomodar a minha chefe então fiquei só dois dias em casa e fui trabalhar presencial mesmo com fraqueza, ela fez eu me sentir uma impostora só por eu estar doente e querer trabalhar de casa, sendo que nem era pra eu trabalhar porque eu tinha atestado pra ficar em casa aquela semana toda. tanto em abril quanto em maio trabalhei de casa fazendo POPs e tentando aprender a lançar os benefícios da forma certa pra não ter erro e isso tudo sem ter o apoio da minha chefe. em maio evitei fazer POP quando tava doente, quando melhorei montei a cesta maternidade do funcionário da empresa absolutamente sozinha, só eu e mais ninguém, e no final do mês ainda tive que ouvir que o meu rendimento caiu sendo que eu estava doente e custando a andar de tanta fraqueza e dor no corpo mas acho que isso não importava a ela, além disso a forma que ela me comunicou isso deu a entender que a aline concordava com essa fala dela e eu fiquei me sentindo culpada por ter simplesmente ficado doente. ela nem me mandou mensagem perguntando se eu melhorei, nem nada.
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ooi queria concept 10 com o Harry, adoro sua escrita 🥰🥰
Número 5 “Estamos em público, sabe que não podemos fazer isso aqui” Número 10 “Eu nunca quis tanto foder alguém, como quero foder você”
Espero que não se importem de eu juntar os pedidos 🥰 Adoraria saber o que acharam.
Ficou grande para um Concept mas tudo bem kkkk
Masterlist
Harry Concept #8 “ The Pool”
O som alto ecoava ao redor da luxuosa casa de Nick, apesar de ser um evento mais privado, com certeza já havia passado um pouco do número de pessoas que era esperado para a noite. O carro que levara S/n mal conseguiu chegar perto a fazendo terminar o caminho à pé, ela praguejou por ter colocado aquele malditos saltos, uma sandália rose gold, salto grosso com detalhes em pedrarias, para combinar com seu vestido dourado acetinado de alcinha deixando seus belos seios livremente marcados, franzido nas laterais que fizera questão de puxar para tornar mais suas coxas, os cabelos escorridos, algumas joias e uma pequena bolsa de mão no mesmo tom.
Os seus velhos rostos conhecidos estavam lá, todos bebendo, festejando e aproveitando a “pequena reunião”, seu olhar rodeou o lugar procurando algum rosto íntimo o bastante para poder se enturmar. Logo que viu Lana a assessora de Nick perto do bar imediatamente seguiu a seu encontro, ela que havia lhe apresentado para o radialista e toda sua turma de amigos.
“ Hey Lana.” Disse alegremente.
“ S/n, você veio.” Ela à abraçou. “ Estou tão feliz, nossa pequena turma está completa hoje.”
“ Sério?” Indagou um pouco nervosa com suas últimas palavras, pois sabia muito bem que isto significava que ele estava lá.
“ S/n?” Uma voz rouca surgiu atrás do balcão e seu coração disparou no mesmo instante. “ Quanto tempo”
“ Harry” virou timidamente para ele. Suas grandes esmeraldas lhe encaravam, ele usava uma camisa florida azul, alguns botões abertos mostrando sua tatuagem de borboleta, um jeans rasgado e seu vans. Não pode deixar de apreciá-lo por alguns instantes, vê-lo tão casualmente era até estranho. “ Acho que uns longos meses senhor Styles. Aliás belo bigode.”
“ H.” A repreendeu, rodeando o balcão para abraçá-la. “ Sabe que gosto que me chame assim.” Sussurrou, inalando o cheiro adocicado de seu perfume dela. “ Obrigada, quis inovar um pouco.”
“ Eu não sabia que havia virado Barmen?” Encarou o balcão um pouco bagunçado. “ E um péssimo, presumo.”Riu ao apoiar-se no local.
“ Oouh.” Fingiu estar ofendido. “ Eu faço ótimas margaritas, aprendi na minha última turnê.” Disse orgulhoso “ Não é mesmo Lana?”
“ Odeio confessar, mas as margaritas de H está noite estão divinas.” Ergueu sua taça com a bebida citada.
“ Bom, já que é tão boa assim eu quero uma Harold.” Pediu-lhe.
“H” ela revirou os olhos em resposta de outra repreensão.
“ Vem, o resto da turma vão vai ficar feliz em saber que está aqui.” Lana estara já um pouco sorridente demais pela bebida.
“ Pode ir na frente, vou esperar minha bebida e te encontro.” Sorriu à vendo concordar e dispersar sobre algumas pessoas.
“ Não precisava ter esperado, eu levava para você.” Ele mexia o líquido em suas mãos.
“ Queria ver se minha bebida ira ser feita corretamente.” Brincou, passando para o lado de trás do balcão junto ao Harry. “ E poderíamos conversar um pouco também, com todos reunidos fica um pouco difícil ter nossas longas conversas.” Riu. “ Estou curiosa de como foi sua turnê.
Desde que conheceu Lana quando começou a trabalhar na BBC rádio, ela sempre foi muito receptiva, um pouco de convivência com ela foi o bastante para convida-lá a sair após o expediente em algumas noites e apresentá-la aos seus fiéis amigos e companheiros de sempre. No total com S/n o pequeno grupo era formado por 10 pessoas, Lana e seu noivo John, Nick e Mesh, Sarah e Mitch, Jeff e Glenne e o solteiro Harry, eles sempre brincavam de como o mesmo sempre segurava vela em seus encontros casuais, mas quando S/n chegou ao grupo foi como se tudo se complementasse a partir dali, por mais que no começo fora receoso, ela com seu jeito doce e brincalhão conquistou seu lugar.
“ É verdade.” Concordou “ É tão difícil ter um tempo só com você.”
“ Creio que você terá que tomar coragem e me chamar para sair para ter toda minha atenção em você, senhor Styles,” Ergueu à sobrancelha, com um sorriso pretensioso.
Eles sempre pareciam estar flertando ou se tocando de alguma forma. Os dois sabiam que não era nada, apenas gostavam da presença um do outro. Nunca foram além do flerte inofensivo e toques suaves.
“ Talvez, talvez eu faça isso.” Cantarolou a entregando sua bebida.
“ Humm.” Tomou um gole, olhando diretamente aos olhos dele. “ Lana tinha razão.”
“ Eu lhe disse.”Um suspiro saiu dos lábios de Harry
“ Obrigado H” deixou um leve beijo em sua bochecha antes de deixá-lo ali quase flutuante com pequeno toque dela.
Era estranho o quão afetado Harry se sentia pela ações de S/n. Como na primeira vez que a viu, o abraço aconchegante que ela o deu, por algum motivo deixou-o arrepiado. Nas vezes que sentava ao seu lado durante os jantares, sua delicada mão tocando sua coxa enquanto gesticulava, o fazendo suar frio. O dia que adormeceram juntos bêbados a cama dele e no dia seguinte acordou abraçado à ela tentando ao máximo não endurecer com seu corpo tão colado ao seu. A amizade tornando-se mais forte e íntima começando seus flertes e brincadeiras “inocentes” que mexiam com ele. Na forma que ela sempre aparecia em sua mente quando aliviava-se massageando seu pau durante o banho.
~~~~~~
Já se passava um pouco mais da meia noite o pessoal concentravas-se agora a área interna da casa e a animação havia diminuído para conversas calorosas e risadas ao invés da música tão alta. S/n ja sentia alguns efeitos das bebidas a mais que bêbera, mas sentia-se sóbria o bastante para perceber o sumiço de Harry.
“ Hey, o que faz aqui fora sozinho?”
Harry está do lado de fora, um pouco mais afastado, mantinha seus pés dentro da enorme piscina iluminada.
“ Precisava tomar um ar.” Virou-se para moça que tirava suas sandálias e se juntava a ele para molhar os pés. “ Pensar um pouco.”
“ Quando não o vi pensei que já estava se amassando com uma mulher por algum canto da casa de Nick.” Riu “ Oh, que gelada.” Disse assim que colou os pés na água. Fazendo-o rir.
“Creio que estou começando a ficar velho para essas coisas.” A empurrou levemente com seu ombro. “ Sabe, nossos amigos lá dentro estão todos casando, formando uma família ou num relacionamento duradouro, sabia que Jeff vai ser pai?Achei que nessa idade eu já teria isso. Não tenho mais tempo pra fazer coisas estupidas como antes.”
“ Harry você só tem 26 anos.” Zombou “ Você está no seu auge, ainda tem muito tempo para casar, filhos e ainda pode se permitir fazer uma estupidez.”
“ Tipo o que?”
“ Bom, o que gostaria de fazer agora?” Virou Encarando-o “ Mas pensaria em não fazer porque é uma ideia ruim e estupidez completa.” Olhou nos fundo de suas enormes esmeraldas.
“ Hmmm.” Pensou por alguns minutos, talvez gostaria de ter uma noite de sexo estupidamente selvagem com ela.“ Não sei, nadar um pouco agora? A água parece boa.”
“ Realmente esta uma péssima ideia.” Riu.
“ E está não era a intenção?” Indagou “ Vamos nadar agora comigo.” Propôs.
“ Oh não. Este vestido é caro sabia.”
“ Tire-o, podemos ficar com as peças de baixo é quase a mesma coisa que roupas de banho.” Um biquinho pidão surgiu em seus lábios.
“ Não sei se você percebeu mas esse vestido não permite usar um sutiã.” Ele automaticamente encarou seus mamilos por cima do tecido “ E eu também não estou usando calcinha.” Corou ao olhar surpresa dele.
“ Uma mulher levada você em senhorita S/n?” Ela revirou os olhos em resposta “ Como você não nos deixa outra opção, vamos tem que nadar pelados.” Lançou-lhe um sorriso pretensioso.
“ Está louco?” Ele negou “ Estamos em público, sabe que não podemos fazer isso aqui.”
“ Vamos?”
“ Alguém nos pegar Harry. Não.”
Ele abaixou-se um pouco tombando sua cabeça no ombro dela. “ Não vão, porfavorzinho, somos os únicos solteiros de nossos amigos não acha que merecemos ser estupidos um pouco? Você mesmo disse isso.” Ele cantarolou enquanto inclinou a cabeça para acariciar o pescoço dela com o nariz. “ Por favor.” Implorou
“ Está bem.” Disse derrotada.
No mesmo instante Harry tirou sua camisa, levantou-se tirando o resto de suas roupas, S/n corou ao encarando completamente nu, o quão bonito era seu corpo, torneado, suas tatuagens, mas seus olhos acabaram se concentrando em seu pênis, o tamanho, a grossura, sua cor levemente rosada.
“ S/n?” Ele acenou tirando-a de seu transe.
“ Mhm” Olhou para o rosto envergonhado dele.
“ Vai continuar a encará-lo ou vai nadar?” Riu ao vê-la levantar rapidamente tirando e jogando o fino vestido ao chão “ Uau! Você é muito mais bonita do que pensava.”
“ Cala boca Styles, vamos.”
Ambos pularão na água, arrependendo-se do ato logo em seguida por a mesma está quase congelante.
“ Péssima ideia, péssima, ruim mesmo.” Os lábios de Harry tremiam um pouco.
“ Oh estou com tanto frio.” Aproximou-se dele. “ Vamos sair, essa foi sua idea mais estupida desde aquela vez que me convenceu a dormimos na sua cama.”
“ Hey.” Sentiu-se ofendido
“ Estou realmente com frio Harry, podemos sair?”
“ Me abrace, eu te esquento, logo você acostuma com à temperatura.” Puxou-a para mais perto, ela rodeou as mãos ao pescoço dele, ele puxou as pernas dela, ela entrelaçou em sua cintura, os braços dele agarraram suas costas a abraçando. “ Porra” Murmurou quando a boceta esfregou em pau quando se moveu e ele cutucou sua entrada.
“H” Sussurrou. Ele mantinha seus olhos fechados. “ Seu ... você... nós” ela mal conseguia falar, estar à beira de algo com Harry era uma coisa sempre desejou mas nunca pensou que aconteceria.
“ Eu sei” Respirou fundo abrindo os olhos. “ Você me deixa assim sabia?” Referiu a sua ereção entre as pernas. “ Eu nunca quis tanto foder alguém como eu quero foder você.”
Àquelas palavras a arrepiaram por inteira, em resposta ela empurrou seus lábios ao dele. Como era bom sentir seus lábios tão macios e selvagens, a língua de Harry brincava com a dela aprofundando o beijo, seus corpos esfregando um ao outro, ela podia sentir a grande cabeça inchada do pênis de Harry entrando nela quase por inteiro. E não sabia se aguentaria por mais muito tempo sem não tê-lo dentro de si. Se não fosse a porta de trás da casa de Nick ser aberta os fazendo correr dali tentando vestir suas roupas e seus amigos gritando os procurando com certeza teriam cedido à tentação .
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Entrevista de 100 perguntas com: Isaac.
Part 1: The Basics
1. Seu nome completo: - Isaac Brown Smith, apesar de o sobrenome Smith ser muitas vezes esquecido por mim. 2. Onde e quando você nasceu:
- Londres, Inglaterra. 3. Quem são e onde estão seus pais?
- Meus pais devem estar viajando pelo mundo, ou talvez estejam em Londres... Eu sinceramente não sei, depois de ser emancipado não tivemos muito contato e eu prefiro que continue assim. 4. Você tem irmãos?
- Não! Definitivamente não. – A minha risada ecoou por todo o cômodo e algumas pessoas que me assistiam me acompanharam. – Eu fui o único filho daquele casal e pelo bem dos meus possíveis irmãos espero que continue assim. Os coroas são birutas. 5. Onde você vive agora e com quem? Descreva o lugar e as pessoas: - Moro no edifício Evans, no último andar com o meu cachorro. Somos muito contentes tendo um a companhia do outro. Mas eu tenho intenção de crescer a nossa família. Meu apartamento é simples, porém aconchegante. Tem tudo oque preciso para sobreviver e tem um ótimo espaço para trabalhar.
6. Descreva uma descrição completa de si. Considere peso, altura, raça, cabelo, cor de olhos, estilo, cicatrizes, etc:
- Por onde começo? – Ri nervoso e ela sorriu serena. – Eu meço 1,65, tenho um corpo magro muitas vezes julgado fora do normal. Meus cabelos são pretos e ondulados, eu gosto dos meus leves cachos, principalmente ao acordar. – Ri divertido e ela me acompanhou. – Meus olhos são castanhos, minha boca é bem chamativa, eu a acho uma qualidade outros a veem como um defeito. Meu nariz também é um pouco robusto, mas eu acredito que meu rosto é bonito, eu me acho um garoto bonito. Meu estilo é um pouco vintage, gosto de cores básicas, mas não evito algo com tons fortes de vez em quando. 7. Você é destro ou canhoto?
- Eu sou ambidestro, treinei muito a minha coordenação motora ainda criança. Eu sempre fui amante de arte, pintura e desenhos em especial. Por este motivo eu queria ser bom em desenhar com as duas mãos, sem falar que é algo muito útil para tudo na vida. 8. Tem alguma alergia, doença ou distúrbio psicológico?
- Eu sou extremamente alérgico a mofo, mas psicologicamente falando eu estou muito bem. 9. Como sua voz soa?
- Essa pergunta é engraçada, na minha concepção a minha voz não tem nada de especial. Ela não é melódica, mas também não soa como uma gralha... É só normal. 10. Quais palavras, frases você usa com frequência? - Caramba! Inferno, tudo, vibe, conceito, arrasou, vegano... Conversar comigo de forma espontânea é isso, nós podemos estar jogando algo juntos e eu solto um “isso é uma vibe”, ou andando pelo shopping eu vejo uma blusa conceito e falo “ai que vegana” ou talvez eu mate um pedestre no gta e falo “tá tudo bem gente, ele era de soja”. Sabe? Uma vibe. – Ela desencadeou uma onda de risadas e eu sem graça apenas acompanhei. 11. O que você carrega em seus bolsos? O que tem neles agora? - A chave de casa, meu celular, talvez algumas balas e meu fone de ouvido. Agora neles você pode encontrar exatamente o que eu disse. 12. Você tem manias estranhas, hábitos irritantes ou outras características que podem te definir? - Nossa sim! Eu roo muito as unhas o tempo inteiro, mordo as laterais da boca com frequência, principalmente quando estou pintando em casa. 13. Uma frase que já usaram para você? - “Nunca é tarde demais para ser o que você poderia ter sido.” Eu ainda penso nisso até hoje, em quem eu quero ser, ou quando vou alcançar esse meu ideal.
Part 2: Growing Up
14. Como você descreveria sua infância no geral?
- Caótica. Essa é a melhor palavra para representar a minha infância. Meus pais nunca foram presentes, fui criado por empregadas e por professores particulares, não que eu ache isso ruim. Muito pelo contrário, guardo no coração cada um que cuidou de mim quando mais novo. Mas os meus pais presavam muito as aparências então eu tive muitas aulas de línguas, instrumentos e matérias escolares que eu só estudaria quando adulto. Eu sei falar mandarim, português, latim, inglês obviamente, indiano e italiano. Eu nunca precisei falar indiano, italiano e latim na minha vida, mas é muito legal saber. – Dei uma leve risada antes de continuar. – Quanto aos instrumentos, sei tocar violão, violoncelo, violino, harpa, piano e flauta. Em jantares de negócios dos meus pais eu era a atração principal, com meus cachinhos pretos e meu terno alinhado, sempre tocava algo clássico para entretenimento dos demais. Enfim, a minha infância inteira foi a base de aparências, mas eu sou muito grato pelos ensinos que tive. Me ajudaram muito a ser quem sou hoje.
15. Qual é sua memória mais antiga?
- Eu só tenho dezenove anos, então a minha memória mais antiga foi a minha primeira viagem ao Brasil, com seis anos. Foi muito divertido e a primeira vez que me senti em família com os meus pais.
16. Qual é sua escolaridade?
- Atualmente cursando a faculdade de artes plásticas.
17. Você gostava de estudar?
- Ainda gosto. Acho revigorante aprender coisas novas, o mundo é muito cheio de informações para você se acomodar na ignorância.
18. Onde você aprendeu a maioria de suas habilidades?
- Estudando, tudo o que eu sei hoje desde técnicas a conhecimento geral vem dos meus estudos. Claro que eu também não posso deixar de fora os excelentes professores que tive ao longo do meu caminho.
19. Enquanto você crescia, tinha algum modelo, exemplo?
- Muitos! Arthur Schopenhauer, John Keats, Pablo Picasso entre muitos outros.
20. Enquanto você crescia, como você era com os membros de sua família?
- Acho que pelas minhas respostas anteriores podemos dizer que somos distantes. Eu não conheço outros parentes, meus pais sempre foram desligados do restante da família.
21. Quando criança, o que você queria ser quando crescesse?
- Sempre quis ser artista.
22. Quando criança, quais eram suas atividades favoritas?
- Desenhar, pintar, me sujar, cantar, dançar, tocar algo, infernizar as minhas empregadas... Coisas assim, como toda criança normal.
24. Quando criança, você era popular, tinha muitos amigos (de infância ou não)?
- Eu tinha um amigo, ele era o meu vizinho.
25. Como ele era?
- Um doce, a melhor pessoa que eu conheci na minha infância. O meu primeiro amigo e também o meu primeiro amor. – Sorri triste. – Eu e ele nos descobrimos juntos, experimentamos o primeiro beijo juntos. Foi um amor de criança muito intenso e muito puro. Mas a maldade nos olhos dos adultos nos afastou. Seu pai era um homem escroto e preconceituoso, quando eu o levei no seu apartamento de mãos dadas com toda a inocência do mundo o seu pai lhe recebeu em casa com gritos e agressões. Eu nunca vou me esquecer desse dia e depois disso eu nunca mais o vi.
26. Com quem e quando foi seu primeiro beijo?
- Com o meu primeiro amigo e também o meu primeiro amor. – Sorri triste. – Eu e ele nos descobrimos juntos, experimentamos o primeiro beijo juntos. Foi um amor de criança muito intenso e muito puro. Mas a maldade nos olhos dos adultos nos afastou. Seu pai era um homem escroto e preconceituoso, quando eu o levei no seu apartamento de mãos dadas com toda a inocência do mundo o seu pai lhe recebeu em casa com gritos e agressões. Eu nunca vou me esquecer desse dia e depois disso eu nunca mais o vi.
27. Descreva quais acontecimentos do seu passado te influenciam a fazer as coisas que faz hoje.
- Talvez a distancia entre mim e meus pais me leva a ter tendências antissociais. Eu sempre me isolo de vez em quando em festas, procuro um espaço mais tranquilo para ficar um pouco sozinho e curtir a minha própria companhia.
28. Uma aventura que viveu quando era menor e que nunca mais esquecerá.
- Quando viajamos para a India pela segunda vez, era época de festa e as ruas estavam lotadas de pessoas, tudo muito colorido e alegre. Eu me enfiei no meio da multidão sozinho, foi aterrorizante, mas ao mesmo tempo... Uau, como aquele lugar é incrível e cheio de pessoas incríveis.
29. Mostre algumas fotos antigas e descreve a lembrança que cada uma delas traz para você.
- Calma. – Peguei meu celular, abri a galeria e procurei algumas fotos engraçadas nos álbuns. – Essa! – Ri alto. – Nesse dia eu e alguns amigos da faculdade estávamos caídos de bêbados em um barzinho perto da minha casa, olha como eu dormi em um bar! – Minhas pernas para o alto, as costas no acento do sofá, a cabeça e os braços arremessados para fora do móvel pendurados a deus dará. Aquela foto sempre me arrancava risadas e o efeito foi o mesmo na entrevistadora. – Muito bom não é? A um tempo não dou passeios como este.
Part 3: Past unfluences
30. Quem teve mais influência sobre você?
- Pintores antigos e filósofos.
31. Qual realização sua que você considera a maior?
- O meu apartamento conquistado com o dinheiro do meu trabalho.
32. Qual seu maior arrependimento?
- Não consigo pensar em um, acho que não tenho um arrependimento. Acredito que tudo o que vivemos acrescenta em algo, mesmo que dê errado ou que nos desagrade. Então é isso, eu não tenho um arrependimento.
33. Qual é a coisa mais diabólica que você já fez?
- Colocar vinagre de maça no shampoo da minha mãe, ela chorou o dia inteiro por conta do cheiro no cabelo. Dondocas.
34. Você tem uma ficha criminal por algum tipo de crime?
- Não, meu nome é limpo igual bumbum de neném.
35. Uma experiência que te deixou assustado.
- Eu tenho trauma de circo, uma vez minha empregada me levou em um que estava na cidade e um palhaço me pegou no colo. Foi terrível, eu chorei por horas, me tremi inteiro. Não foi uma vibe interessante.
36. Qual é a coisa mais vergonhosa que já te aconteceu?
- Eu fiz xixi na quadra da escola na frente da turma todo porque fiquei com medo da bola me acertar na queimada. Frustrante né?
37. Se você pudesse mudar uma coisa do seu passado, o que seria e por quê?
- Ter levado o meu amigo em casa de mãos dadas, eu não me arrependo do que fiz, mas eu mudaria para não vê-lo apanhar.
38. Qual sua melhor lembrança?
- Sem sombra de dúvidas a minha visita ao Louvre, em Paris.
39. Qual sua pior lembrança?
- Ver os meus pais praticando seus desejos carnais, eu não imaginava que eles estariam fazendo isso no meio da sala em uma madrugada.
Part 4: Beliefs And Opinions
40. Você é otimista ou pessimista?
- Cem por cento otimista.
41. Qual seu pior medo?
- Palhaços e escuro.
42. Qual é sua opinião sobre religião?
- Eu acredito que existem entidades que olham por nós.
43. Quais são suas opiniões políticas?
- Nenhuma, não entendo nada do assunto.
44. Qual é sua visão sobre sexo?
- Pratico e recomendo.
45. Você é capaz de matar? Entre quais circunstâncias você acha que é aceitável ou não aceitável matar? Sim, coisas como:
- Eu não seria capaz de matar alguém nem em autodefesa e não acho que ninguém tem o direito de determinar quando a vida de alguém merece acabar
46. Na sua opinião, qual é a coisa mais diabólica que um ser humano poderia fazer?
- Essa pergunta não passou antes? Eu não sei te responder... Matar alguém, talvez.
47. Você acredita na existência de almas gêmeas e amor verdadeiro?
- Acredito sim, acho que tem pessoas que são destinadas uma a outra.
48. O que acha que uma pessoa precisa para ter sucesso na vida?
- Esforço.
49. Quão honesto você é sobre seus pensamentos e sentimentos? Você esconde alguma coisa dos outros, em relação a isso? E de que forma?
- Eu sou alguém totalmente transparente comigo e com todos ao meu redor.
50. Você tem algum preconceito?
- Zero.
51. Existe alguma coisa que você se recuse a fazer sobre qualquer circunstância? Por que?
- Ainda não encontrei anda que eu repudie a esse nível.
52. Por quem ou pelo que você morreria?
- Eu morrer por alguém? Tá doida? Comecei a viver agora.
Part 5: Relationships With Others
53. No geral, como você trata as outras pessoas?
- Como eu espero ser tratado, eu acho que o respeito pelo próximo é essencial em todas as situações e mesmo que alguém me trate de forma rude ou mal educada eu a trato com educação.
54. Quem é a pessoa mais importância da sua vida e por quê?
- O meu cachorro, Lupim.
55. Quem é a pessoa que você mais respeita e por quê?
- Não tenho uma resposta para essa pergunta, não tenho esse alguém.
56. Quem são seus amigos? Você tem melhor amigo? Descreva essa pessoa.
- Eu atualmente tenho um amigo. Artur, ele é o meu vizinho no prédio em que moro.
57. Você teme alguém?
- Não nessa vida.
58. Você já esteve apaixonado? Se sim, descreva o que aconteceu.
- Apenas quando criança, pelo meu amiguinho. Foi o meu único amor. Envolvi-me depois com muitas pessoas, homens e mulheres. Mas ninguém me fez faltar o ar.
59. O que você procura em um pretendente?
- Não to’ procurando nada não.
60. Quão fechado você é com a sua família?
- Bastante, não nos falamos com frequência e quando entramos em contato uns com os outros somos práticos e objetivos. Essa é a nossa relação ideal.
61. Você já começou sua própria família?
- Sim! Tenho o meu filho Lupim e tenho planos de ter uma gata, peixes e pássaros. Mas preciso conversar com o sindico do prédio antes.
62. Para quem você iria se precisasse desesperadamente de ajuda?
- Com certeza o Arthur, ele sempre me salva nas piores situações.
63. Você confia em alguém para te proteger? Quem e por que?
- Novamente o Arthur.
64. Se você morrer ou desaparecer, quem sentiria sua falta?
- Lupim, com certeza.
65. Quem é a pessoa que você mais despreza e por que?
- Não desprezo ninguém.
66. Você tende a ficar irritado com as pessoas ou costuma evitar conflitos?
- Costumo evitar conflitos, mas é impossível não se irritar em algumas situações. Mas a minha vibe é mais calma.
67. Você tem senso de liderança?
- Eu acredito que não, não conseguiria tomar uma decisão que envolveria um grupo de pessoas.
68. Você gosta de interagir com um grupo grande de pessoas? Explique.
- Eu gosto sim de ter contato com um grupo de pessoas, mas eu não gosto de ficar muito tempo dentro desse contato, eu preciso de um tempo pra mim, pra me curtir.
69. Você se importa com o que os outros pensam de você?
- Não, opiniões existem e eu aceito a de cada um.
Part 6: Likes And Dislikes
70. Quais são seus hobbies e passatempos?
- Passear com o Lupim todos os dias pela manhã, pintar nas horas vagas e agora esculpir, porque estou aprendendo e inclusive estou com umas peças lindas disponíveis e acessíveis.
71. Qual seu bem mais precioso?
- O Lupim, você vai ouvir muito o nome dele.
72. Qual sua cor favorita?
- Qualquer tom pastel.
73. Qual sua comida favorita?
- Lasanha bolonhesa.
74. O que você gosta de ler?
- Terror, ficção e romances.
75. Qual é sua ideia de bom entretenimento? Considerando músicas, filmes, passeios, etc.
- Um bom filme de terror, com uma pipoca, o Lupim no chão ou sofá, meus quadros de companhia... Perfeito.
76. Você fuma, bebe ou usa drogas? Se sim, por que? Você quer parar?
- Eu bebo sim, como você pode ver na foto do bar. – Ri fraco e ela me acompanhou divertida. – Fumo razoavelmente, comecei quando mais novo acredito eu que comecei por influencia dos meus pais que sempre fumaram perto de mim e de vez em sempre me ofereciam uma tragada.
77. Como você passa um típico sábado a noite?
- Eu pinto, esculpo, desenho, ando com o Lupim e raramente saio para algum lugar com alguém.
78. O que te faz rir?
- Algo engraçado?
79. O que te ofende?
- Menosprezar a minha profissão.
80. O que você faria se tivesse insônia ou tivesse que achar alguma coisa para se distrair?
- O que eu faço constantemente nas minhas noites em claro é ir pra rua fumar e pensar um pouco na vida.
81. Como você lida com estresse?
- Normalmente eu quebro algo, eu entro no meu ateliê crio algo e o destruo. É uma ótima terapia. 82. Você é espontâneo ou quase sempre tem um plano para agir? - Sou meio a meio, tenho uma agenda com horários porque trabalhar com arte envolve prazo. 83. Você já teve animais de estimação? Cite o que mais gosta ou qual gostaria de ter. - Como eu já disse muitas vezes eu tenho o Lupim, o meu cachorro barra filho. Quero ter peixes, pássaros e uma gata.
Part 7: Self Images And Etc.
84. Descreva sua rotina normal pra um dia. Como você se sente quando essa rotina é interrompida?
- Eu acordo, escovo os dentes, brinco com o Lupim, tomo um belo banho; Logo em seguida eu me visto e preparo um café da manhã, coloco comida pro Lupim comer junto comigo, depois de alimentados nós dois vamos caminhar até ele começar a cansar e ai voltamos pra casa. Eu trabalho durante o tempo que dá e vou pra aula. Depois da aula eu volto pra casa pra dar janta pro Lupim e trabalho até o sono vir. Essa é a minha rotina.
85. que te dá forças para continuar?
- Não tenho motivos pra desistir.
86. Qual sua maior fraqueza?
- Me coloca em um quarto e apaga a luz, eu faço o que você quiser pra me tirar de lá.
87. Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que você mudaria?
- Nada, eu me aprecio assim.
88. No geral, você é introvertido ou extrovertido?
- Meio a meio pode?
89. No geral, você é organizado ou bagunçado?
- Super organizado.
90. Dê nome a três coisas que você se considera muito bom e três que você se considera ruim. Como esportes, hobbies, etc.
- Bons: Arte, comida e música. Ruins: Comida vegana, perdão a quem curte. Atualmente é a única coisa que eu consegui pensar.
91. Você gosta de si mesmo?
- Muito.
92. Qual sua razão para ser um aventureiro (ou fazer aquelas coisas heroicas e estranhas que nossos personagens fazem de vez em quando)?
- Eu nunca tive um espirito aventureiro, sempre que fiz algo do tipo foi por impulso.
93. Que objetivo você deseja atingir em sua vida?
- Ser um artista profissional e reconhecido que consegue se sustentar com o próprio trabalho.
94. Como você se imagina em cinco anos?
- Na posição da última pergunta.
95. Se você pudesse escolher, como você gostaria de morrer?
- Como diria uma musica brasileira: Deixa acontecer, naturalmente.
96. Se você soubesse que iria morrer em vinte e quatro horas, dê nome a três coisas que você faria com esse tempo.
- Eu pintaria um autorretrato, escreveria uma carta e faria meu testamento.
97. Pelo que você gostaria de ser lembrado depois da morte?
- Pelo meu trabalho.
98. Três palavras que descrevem bem sua personalidade.
- Essa questão é complicada, eu sou péssimo em me descrever. Eu diria que altruísmo, educação e simpatia.
99. Três palavras que as pessoas provavelmente usariam para te descrever?
- Entediante, engomadinho e mimado.
100. O que você vai fazer agora que a entrevista acabou Isaac?
- Voltar pra casa e trabalhar um pouco mais. Muito obrigado pela entrevista, eu me diverti muito!
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Aviso de conteúdo: bullying, escola, traição, abuso de idoso, horror corporal, remoção de ossos, dano a animal (rato doméstico), sangue, menção a ratos, morte
MAG 017 – CASO 9991006 – “O conto do vira-ossos”
ARQUIVISTA
Depoimento de Sebastian Adekoya, a respeito de uma aquisição na Biblioteca de Chiswick. Depoimento original fornecido em 10 de junho 1999. Gravação em áudio por Jonathan Sims, Arquivista Chefe do Instituto Magnus, Londres.
Início do depoimento.
ARQUIVISTA (DEPOIMENTO)
Livros são incríveis, não? Quer dizer, se a gente pensar sobre o que eles são de verdade. As pessoas não dão à realidade da linguagem a importância que merece,eu acho. Palavras são uma maneira de expressar seus pensamentos, uma versão de si próprio, e oferecê-lo a outra pessoa. Depositar seus pensamentos na mente de qualquer um. Não é um método perfeito, é claro, já que existe uma grande margem para mudança e corrupção entre a sua mente e a do ouvinte, porém isso não muda a essência do que a linguagem é. Caso dito em voz alta, o pensamento logo se dissipa se não captado. Simples vibrações que somem quase assim que são criadas, e caso encontrem um hospedeiro onde podem se alojar, proliferam-se e talvez se espalhem mais. Ainda assim, não é um método confiável em termos de duração de pensamento, visto que humanos são criaturas frágeis e raramente vivem um século.
Um livro, entretanto, é outra história. Existem escritos que sobreviveram à civilização que as criou. Imagine, pensamentos de centenas, milhares de anos de idade, preservados e prontos para serem lidos novamente. Danificados ou traduzidos, talvez, por uma cultura que não as compreende, mas ainda assim, ideias que ultrapassaram a existência da mente que primeiro as conceberam. Teriam os primeiros pensamentos que passaram pela cabeça de Shakespeare alguma vez deixaram de ser relembrados por alguém em algum lugar? E um livro, tão denso com as criações fossilizadas da mente, é de se admirar que a ele tenha sido atribuído tamanho poder ao longo das eras? Ou que uma antiga biblioteca, com tomos pesados cobrindo cada parede, aparenta o ter tal peso, além da presença física dos textos que abriga?
Eu trabalhava na Biblioteca de Chiswick. Apesar de não ter esse tipo de pensamento na época. Apenas sabia que adorava livros, sempre adorei, e quando surgiu uma oportunidade de trabalhar na biblioteca local eu me joguei nessa chance. Fui um leitor voraz desde que tinha idade o suficiente para segurar um livro sozinho, mesmo antes disso minha mãe me contou que eu vivia pedindo para que ela lesse para mim. Suponho que você diria que minha mente sempre foi receptível aos pensamentos que se ocultam nas páginas escritas. Mesmo assim, a Biblioteca de Chiswick está longe das bibliotecas abarrotadas e austeras que estaria imaginando. É iluminada e ampla, com estantes de livros e carpetes que falam mais sobre o orçamento limitado da prefeitura do que a rica majestade da sabedoria. Há uma extensa seção infantil e a grande maioria do estoque é formado por gastas edições de bolso de literatura criminal, ficção e livros de referência. Possui uma modesta coleção de audiolivros e a atmosfera, apesar de silenciosa, está longe de ser opressiva. Em uma palavra, eu poderia resumir o lugar como “inofensivo”.
Foi três anos atrás que aconteceu. Eu trabalhava lá havia um ano quando o livro apareceu pela primeira vez. Pois bem, costumamos comprar todos os livros novos, e eu nunca fiz nenhuma aquisição para a biblioteca, então não posso dizer quando ou de onde ele havia sido comprado, mas parecia velho e bem usado quando o notei pela primeira vez. Havia sido devolvido junto com outros quatro livros na mesa da frente, e eu estava escaneando quando percebi que um dos códigos de barra não conferia. O código e ISBN ambos estavam registrados como “Trainspotting” de Irvine Welsh, mas o livro mesmo era praticamente um encadernado preto genérico, tinha um título na frente em uma fonte serifada gasta: “O conto do vira-ossos”.
Eu fiquei meio confuso e chamei a bibliotecária, Ruth Weaver, para perguntar sobre ele. Ela não se lembrava de tê-lo visto antes, mas na capa havia a marcação ex-libris da Biblioteca de Chiswick, além da lista de empréstimo que continha um bocado de carimbos datando até muitos anos atrás. Ruth deu de ombros e me disse para que não me preocupasse demais com aquilo – nós iríamos catalogá-lo e inseri-lo no sistema apropriadamente, mas algo nessa situação me incomodou, então resolvi verificar o registro do homem que o havia devolvido. O nome dele, ao menos de acordo com sua carteira da biblioteca, era Michael Crew, e também que há três semanas ele pegou emprestado quatro livros de nós. Especificamente os quatro outros livros que haviam sido devolvidos. Eu sugeri a Ruth que ele poderia ser um autor de auto-publicações tentando se infiltrar em nossas prateleiras, e ela riu, concordando, apesar dos motivos que levariam alguém a passar por todos esses problemas só para chegar às prateleiras da Biblioteca de Chiswick estavam além da sua compreensão. O livro até parecia desgastado, inclusive, como se estivesse sendo lido durante décadas, tinha um vinco marcado na espinha e metade da capa estava desbotada do Sol. Nem mesmo, até onde pude ver, indicava algum autor.
Foi nesse momento que Jared Hopworth entrou, e eu tive que deixar o livro de lado. Jared e eu fomos amigos antes, crescemos na mesma rua, frequentamos a mesma escola, passamos muito de nossa infância inseparáveis. Porém ele sempre foi, bem, não querendo ser grosso mas já sendo, burro feito uma porta, e quando entrei na universidade, ele ficou para trás. Eu acredito que ele viu isso como uma espécie de traição, e quando eu finalmente voltei, soube imediatamente que algo havia mudado entre nós. Enquanto estive fora ele dedicou seu tempo ao crime, e com o meu retorno iniciou-se o que acabou virando uma campanha dos pequenos terrores. Ele sempre teve muito cuidado e parava antes de se envolver em alguma coisa que pudesse envolver a polícia, e eu creio que ainda havia restante uma afeição de toda uma infância vivida juntos que nunca me fez pensar realmente em denunciá-lo. Era p--
ARQUIVISTA
Oh, er... Olá, Elias.
ELIAS
Poderia me ceder um momento?
ARQUIVISTA
Na verdade não, estou no meio de um assunto.
ELIAS
Compreendo, é que Senhorita Herne fez uma reclamação formal.
ARQUIVISTA
Reclamação? Eu é que deveria reclamar por ela ter feito perder meu tempo!
ELIAS
Não é assim que funciona, Jonathan.
ARQUIVISTA
Eu nem mesmo precisaria ter feito a gravação se Rosie mantivesse o equipamento em melhores condições.
ELIAS
A propósito, eu gostaria que você não hostilizasse mais ninguém relacionado à família Lukas. Eles são patronos do Instituto, afinal.
ARQUIVISTA
Está bem, está bem, serei mais amável. Agora posso voltar ao trabalho?
ELIAS
Muito bem. Aliás, tem visto Martin?
ARQUIVISTA
Ah, ele tirou licença essa semana. Problemas no estômago, creio eu.
[sai Elias]
Alívio divino, se quer saber.
Continuação do depoimento.
ARQUIVISTA (DEPOIMENTO)
Era pior ainda quando Jared visitava a biblioteca, porque isso inevitavelmente significava que ele estava entediado o bastante para vir atrás de mim procurar confusão. E claro, ele iniciou uma conversa comigo, bobagens sem sentido que serviam para matar tempo até Ruth, que não sabia de nada sobre os problemas de Jared comigo, voltasse ao seu escritório e fechasse a porta. Assim que ela o fez, ele se virou e com um único movimento virou o carrinho de metal das devoluções, espalhando os livros recém recebidos pelo chão. Ele sorriu para mim e se desculpou. Eu fiz o melhor que pude para não demonstrar qualquer irritação, ou qualquer reação enquanto dei a volta para me abaixar e começar e recolhê-los. Quando me levantei eu senti um impacto na parte de trás da cabeça e cambaleei. Atrás de mim, Jared estava parado segurando o livro que eu havia deixado de lado, “O conto do vira-ossos”, e aparentemente tinha pegado para me acertar com ele. Mas ao invés de se desculpar falsamente ou fazer outro ato violento, os olhos dele estavam fixos no livro. Nós ficamos parados ali em silêncio por alguns segundos até que ele disse alguma coisa sobre precisar de algo novo para ler, deu meia volta e foi embora.
Isso foi, tenho que admitir, perturbador. Até onde me lembro nunca tinha visto Jared ler... bem, nada, na verdade. E o olhar dele quando ele saiu tinha alguma coisa que não era completamente diferente de medo. Ainda assim, era um alívio bem-vindo a partida dele, e eu rapidamente arrumei o restante dos livros antes que Ruth percebesse algo faltando.
Não houve mais nada que me lembre ter acontecido naquele dia, mas na volta para casa eu passei pela casa de Jared. Eu voltei para a casa dos meus pais enquanto me organizava depois da universidade, e ele nunca saiu da sua casa de infância, então ainda morávamos na mesma rua. Era final de setembro, então no horário em que voltava da biblioteca já estava escuro e eu percebi um pequeno vulto se movendo na piscina de luz laranja abaixo do poste de luz.
Ao me aproximar, percebi com um sobressalto que se tratava de um rato, e não daqueles sujos de esgoto, mas sim um rato grande e branco, bem cuidado e claramente de estimação. Mas havia alguma coisa muito errada com ele. Estava se arrastando devagar, puxando pelas pernas da frente, e eu vi que a metade de trás estava achatada, como se tivesse sido desinflado de alguma forma. Eu pensei que ele tivesse sido atropelado, mas não havia sangue, nem sinal de fratura, nem mesmo parecia estar sofrendo de alguma dor. Ele apenas tinha a parte de trás caída e que se contorcia de uma maneira obscena enquanto seguia gradualmente seu caminho pela via iluminada até a escuridão. Eu fiquei ali e observei, paralisado, até que ele sumiu de vista. Pensando agora, lembrei que a cabeça dele estava virada em um ângulo estranho, fazendo uma volta muito mais longa do que deveria, apesar que talvez eu tenha me confundido. Muitas dessas experiências surgem juntas quando eu penso nelas agora. Não havia luz na casa de Jared, e eu corri para minha casa depois disso.
Eu fiquei sem ver Jared de novo por um tempo. A princípio eu fiquei feliz com o espaço, mas com os dias se tornando semanas, eu comecei a sentir uma coisa que não esperava: preocupação. Se não fosse pelo jeito que ele saiu na última vez, isso provavelmente não teria me preocupado, mas ele me pareceu tão estranho, e mesmo que ele não viesse à biblioteca, era raro passar uma semana sem vê-lo. Agora já fazia quase um mês. Mesmo assim eu resisti ao impulso de verificar na casa dele. Se descobrisse que ele estava bem, então seria um convite meu para um mundo todo de aborrecimentos, e além disso, eu repetia a mim mesmo, ele não era mais problema meu.
Era final de outubro quando a mãe dele veio até mim. O dia estava quase acabando, e lá fora já estava escuro. Eu estava montando um display com recomendações de leitura de Halloween antes de ir para casa, quando ouvi a porta abrir. Eu me virei e lá ela estava. Levou alguns segundos para reconhecê-la, para ser honesto. Havia anos que não a via, desde que Jared e eu éramos próximos, e ela envelheceu visivelmente. Sra. Hopworth vestia um casaco volumoso, apesar de nem estar tão frio ainda, e seu braço estava imobilizado em uma tipoia. Alguma coisa no ângulo do braço e o jeito que estava pendurado, me pareceu levemente anormal, e eu me perguntei se ela o havia fraturado.
Quando perguntei a Sra. Hopworth se ela estava bem, ela apenas me encarou, seus olhos queimando de ódio. Com o braço bom ela mexeu algo dentro do casaco e tirou um pequeno livro preto. Ela o atirou no chão sem dizer uma palavra e se virou para sair. Sem conseguir evitar, eu perguntei a ela se Jared estava bem. Ela se voltou para mim e começou a me xingar violentamente, disse que não era para me meter com o filho dela, e que eu, e meus livros deveriam ficar longe dele. Enquanto ela falava, eu não conseguia desviar o olhar do braço dela e do jeito estranho que ele se retorcia enquanto ela gesticulava. Como seus dedos pareciam se dobrar de um jeito errado. Fiquei aliviado que Ruth tinha ido embora mais cedo, pois não queria ela presenciasse esse confronto perturbador que aparentemente eu havia causado.
Quando terminou a Sra. Hopworth cuspiu na minha direção, e eu notei que ela teve o cuidado de evitar cuspir no livro que agora estava caído no chão entre nós, e saiu. Eu pus de lado o exemplar de “Misery” de Stephen King, que só então percebi que estava segurando, e me aproximei do livro descartado que jazia no carpete. A capa preta puída parecia a mesma de quando a vi semanas atrás, com aquele título em fonte branca desbotada na frente: “O conto do vira-ossos”. Eu me abaixei para pegá-lo, mas antes que fazê-lo um pensamento passou pela minha mente, a lembrança da última vez que vi Jared, e eu peguei uns lenços de papel de cima da mesa antes de pegar o livro. Mesmo assim senti a pele se arrepiar enquanto o segurava.
Eu decidi não lidar com isso naquela noite. Não estava bem certo de que lê-lo durante o dia seria melhor, mas as sombras que se formavam no lado de fora pareciam muito mais espessa desde que o livro havia retornado à biblioteca, e isso me assustava. Eu o depositei no carrinho de devoluções e saí, checando novamente se a porta estava firmemente trancada atrás de mim.
Chovia intensamente naquela noite. Meu quarto é um sótão convertido e quando o tempo está ruim é como se conseguisse ouvir cada gota de chuva contra a janela que fica logo acima da minha cama. Não era uma tempestade, não tinha vento para isso, era apenas aquela chuva pesada que tamborilava e castigava o vidro sobre mim. Eu não conseguia dormir. Havia uma incômoda apreensão em minha mente, tanta que depois de três horas deitado na cama se transformou quase em pânico. E se Ruth chegar antes de mim amanhã e pegar nele? O que aconteceria com ela? Será que eu deveria tê-lo destruído?
Essa última ideia foi rapidamente descartada. Eu não tinha certeza se seria capaz de destruir um livro, até mesmo um que despertasse tamanha estranheza. Foi surpreendente para mim a facilidade para aceitar que “O conto do vira-ossos” tinha poderes obscuros, mas eu presumo que eu sempre senti que os livros possuem uma certa magia. Então, na verdade foi apenas uma confirmação daquilo que eu sempre suspeitei, bem no fundo, por muito tempo.
Era duas da madrugada quando eu resolvi que não conseguiria apenas deixar como estava a noite toda. Eu me levantei, vesti-me rapidamente, e saí debaixo da chuva até a biblioteca, me certificando de que levei minhas luvas. Meu casaco deveria ser à prova d’água mas ainda assim ficou encharcado nos vinte minutos que durou a minha caminhada até ali. Eu tinha a chave que usei para trancar a porta na noite passada, e desativei o alarme quando entrei.
Estava quase completamente escuro lá dentro, e parte de mim queria deixar como estava, mas acendi o máximo de lâmpadas que eu consegui sem que ficasse imediatamente óbvio visto de fora. Não eram muitas, e eu ainda precisei tatear o caminho entre o saguão e a biblioteca propriamente dita. Ao me aproximar da mesa e do carrinho de devoluções de livros onde eu deixei o “O conto do vira-ossos” eu comecei a andar com menos cuidado. Estava escuro naquele canto da biblioteca e eu estendi a mão para me apoiar na alça do carrinho de metal. Naquele momento eu tirei as luvas e as mão saíram molhadas. Rapidamente eu remexi para pegar a lanterna que apanhei antes de sair de casa e a acendi. Algo vermelho pingava e pulsava do carrinho, encharcando páginas e formando uma pequena poça ao redor. Os livros estavam sangrando.
Eu gargalhei para isso. Parecia-me muito apropriado de certa forma, era tão perfeitamente correto que aqueles livros vizinhos deveriam sofrer, deveriam ser contaminados por aquilo. Do mesma forma pareceu certo e adequado que, quando a lanterna encontrou “O conto do vira-ossos”, ele estava seco, intocado pela cena macabra à sua volta.
Eu vesti as luvas de volta e cuidadosamente peguei aquele volume sinistro e o depositei sobre a mesa. Talvez eu deveria ter lutado mais contra a tentação de olhar dentro dele, mas a curiosidade era muito forte. As grossas luvas tornaram virar as páginas individualmente quase impossível, e eu ainda mantive o bom senso de continuar com elas, então apenas abri em uma página aleatória e comecei a ler. Talvez eu estivesse sendo paranoico. Afinal, eu toquei no livro com as mãos nuas quando ele apareceu pela primeira vez na biblioteca, e não tive problema, porém a imagem da mãe de Jared não saía da minha cabeça. O jeito que o braço dela se contorcia quando ela se mexeu. Eu decidi ficar com as luvas.
Estava escrito em prosa, e certamente aparentava ser uma espécie de história. A parte que eu li falava de um homem sem nome, em diversas passagens referido como o Boneturner, o Bonesmith ou apenas o Turner, observando uma reunião de um grupo de pessoas que se encaminhavam a um pequeno povoado. Não era claro pelo que pude ler se ele estava viajando com eles ou simplesmente seguindo-os, mas me lembro de ter ficado incomodado pelos detalhes que ele observava neles: o jeito que o pároco movia mão por sua boca sempre que ele olhava por muito tempo para as freiras ou o modo que o cozinheiro olhava para a carne que ele preparava com os mesmos olhos que olhavam para o vendedor de indulgências. Foi só nesse ponto que eu percebi que o livro estava descrevendo os peregrinos de “Os Contos da Cantuária”.
Agora, isso com certeza não se tratava de um capítulo perdido do clássico de Chaucer. Era escrito em inglês moderno, sem nenhuma grafia arcaica ou pronunciação do original, e além disso a escrita mesmo era de qualidade questionável. Havia algo de atraente nele, no entanto. O debate sobre a finalização de “Os Contos da Cantuária” era... Bem, um debate levado a sério. No prólogo são prometidos mais de cem contos, porém a versão mais completa sobrevivente não chega nem a duas dúzias. O livro simplesmente termina, com Chaucer adicionando um pequeno epílogo implorando perdão a Deus. Uma súplica que geralmente era lida como sarcasmo ou retórica.
Eu folheei algumas páginas à frente, e descobri que o Bonesmith aparentemente se esgueirou para Miller enquanto ele dormia. Descrevia ele silenciosamente alcançando dentro do outro e... É meio confuso. Só o que eu me lembro com clareza é a frase: “e de sua costela uma flauta para tocar aquela alegre melodia medular tirou”. Quanto ao resto, eu não me recordo em detalhes, mas eu sei que quase vomitei, e que Miller não sobreviveu. Isso foi na página dezesseis, e era um livro grosso.
Eu voltei para a página de rosto desesperadamente curioso de como esse livro terminou na nossa biblioteca. Sob a forte luz da lanterna era possível ver as rugas e cantos descascados da etiqueta da Biblioteca de Chiswick, o que geralmente significava que tinha sido removido e recolocado, ou tirado de outro livro mesmo. Eu até conseguia enxergar as bordas de outra etiqueta por detrás. Com uma tesoura, eu cuidadosamente tirei a que estava por cima, mas me decepcionei. Era a etiqueta de outra biblioteca, provavelmente o último lugar onde foi deixado, apesar de que eu acho que deveria ser na Escandinávia, porque era alguma coisa tipo a biblioteca de Jergensburg, ou Jurgenleit, ou Jurgerlicht ou algo assim. Não me ajudou em nada.
Eu estava pronto para retomar a leitura daquela coisa, quando ouvi o barulho de vidro se quebrando atrás de mim. Eu me virei e vi Jared Hopworth de pé em frente à janela estilhaçada. Ou pelo menos, eu presumo que era Jared, pois exigiu o livro de mim com a voz de Jared, mas vestia calças largas e um grosso casaco com um capuz que cobria quase todo o rosto dele. Ou o rosto daquilo.
Ele era mais comprido do que Jared, e se erguia em um ângulo estranho, como se as pernas estivessem rígidas demais para se usar. Quando ele gesticulou para o livro, eu vi que seus dedos pareciam... Afiados, como se a pele da extremidade estivesse esticada em uma ponta fina por alguma coisa de dentro. Eu disse que a biblioteca estava fechada, porque na hora eu não conseguia pensar em nada mais para falar. Ele me ignorou, e exigiu de novo que eu desse o livro a ele. Foi então que eu fiz uma coisa meio bruta, para dizer que eu dei um soco nele.
Eu nunca tinha socado alguém de raiva antes, nem de desespero, então me veio como uma surpresa quando eu consegui projetar um único, sólido punho no plexo solar dele. Mas no momento em que fiz isso, e essa é a parte que me ainda me causa pesadelos, eu senti a carne dele ceder e quase retrair, fazendo que eu me aproximasse. E então eu senti as costelas dele se mexerem, elas se fecharam ao redor da minha mão, como se a caixa torácica dele estivesse tentando me morder. Elas eram mais afiadas do que eu imaginava ser possível, e por fim, isso foi o que me fez começar a gritar. Eu nunca havia gritado daquele jeito antes até então, e continuo surpreso com a minha capacidade de produzir tal barulho, mas ali estava.
Em meu pânico eu deixei cair a cópia do “O conto do vira-ossos”, e em menos de um segundo Jared saltou para cima dele. Ele soltou a minha mão e apanhou o livro com desespero frenético, antes de se virar para fugir pelo mesmo caminho de onde veio. Eu comecei a perseguí-lo, até que vi como ele se movia. Quantos membros ele possuía. Ele havia... adicionado alguns extras. Foi naquele momento em que finalmente aquilo era demais para mim; eu parei de correr. Não era meu livro, não era minha responsabilidade e eu não fazia a menor ideia do que eu estava lidando, então não o faria. Eu apenas fiquei parado entorpecido e assisiti a coisa que um dia foi Jared desaparecer na chuva. Eu nunca mais o vi novamente.
A polícia chegou pouco depois. Ao que parece alguém ouviu meus gritos e fez uma denúncia. Eu inventei uma história sobre ter pego no sono na minha mesa e ser despertado por uma tentativa de assalto. Deus sabe como eu expliquei sobre os livros sangrentos, porque não foi uma lenda urbana. Levei semanas para superar. Todos pareceram acreditar em mim, no entanto, e por milagre eu continuei no emprego. Eu não vejo Jared há anos desde então, e nem fiz mais nenhuma pesquisa sobre o livro. O melhor cenário que eu consigo imaginar é que este depoimento é a última vez em que ouço ou falo sobre Jared Hopworth ou “O conto do vira-ossos”.
ARQUIVISTA
Fim do depoimento.
Bem, isso me deixa... profundamente descontente. Eu mal arranhei a superfície dos arquivos e já descobri evidências de dois diferentes livros sobreviventes da biblioteca de Jurgen Leitner. Antes dele mencionar isso, eu estava tentado a desprezar completamente, porém tal como está agora eu acredito em cada palavra. Já vi do que o trabalho de Leitner é capaz, e essa informação, mesmo com 17 anos de atraso, ainda me é muito preocupante. Terei uma conversa com Elias sobre o que podemos fazer para abordar o caso. Eu sei que ele apenas virá com o velho “gravar e estudar, não interferir ou conter” discurso de novo, mas ao menos eu preciso que ele esteja a par.
Tim e Sasha cruzaram referências dos eventos daqui com os relatórios da polícia, e é claro que havia um pedido de prisão para Jared Hopworth por destruição e invasão, além de agressão. Ele nunca foi encontrado, entretanto, e os crimes não eram graves o suficiente para manter o caso em atividade por muito tempo. Eu mesmo estive pesquisando o máximo possível, porém o livro parece ter desaparecido junto com ele.
Pedi a Martin para tentar localizar Sr. Adekoya em pessoa para uma confirmação, mas fui informado que ele faleceu em 2006. O corpo foi encontrado caído no meio da rua na noite de 17 de abril. Apesar do fato de que não haviam fraturas ou marcas de traumas no corpo, o inquérito o classificou como atropelamento por conta do estado de mutilação em que foi encontrado. O funeral foi realizado com o caixão lacrado.
Fim da gravação.
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Glorinha,
Desculpe a pressa. Meus dedos estão engordurados, é porque a janta está no fogão. Vamos, iríamos, quero dizer, irei comer macarrão com salsichas e batata cozida. Não é nada saudável, eu sei, porém, talvez isso seja o pior, é muito fácil de fazer! A praticidade é uma das coisas mais bonitas nessa vida. A vida hoje está cheia de coisas fáceis, fuja delas na possibilidade e na imanência desses fenômenos (viu só? que palavra chique: f-e-n-ô-m-e-n-o. tô treinando a escrita, graças a ti), exceto para jantas, que aí tá liberado mesmo. Esses dias eu derrubei água no computador, acho que entrou em curto-circuito (outra palavra engraçada kkk). É que eu ando desastrado como sempre, sem foco, sabe? Meio com pressa de viver as coisas, engraçado, pois é quase simultâneo, que eu consigo focar em algo por muito tempo, daí atrasando as coisas que paralelamente devemos fazer, por exemplo, estou de olho n’água da batata, quase pronta, e escrevo aqui para você. Na verdade, tenho escrito esta carta mentalmente faz tanto tempo que nem lembro mais.
Escrevo para mesurar a saudade, mensurar a maldade e censurar a proibição. Escrevo porque quero. Ainda não sou inteligente, como você, sabiamente, recomendou que eu fosse. Cito: "Você é um menino muito inteligente, mas seja inteligente no total, não só em certos aspectos da sua vida”. A batata está pronta, só falta a salsicha, farei uma pausa para comer, mas eu já volto. Adultos voltam sim, aprendi isso com o Daniel, o Tigre. Acho engraçado o nome dele acompanhar um artigo masculino. Uma vez, também sabiamente, até então somente minha severa professora de matemática, mas de bom coração, daqueles bem molinho, disse para mim: você pensa mais rápido do que sua mão (a capacidade de escrever). Um ano depois eu fui levado para a diretoria pois, você deve saber, acabei rabiscando a prova de avaliação da educação no estado de São Paulo, forçando a professora a me tirar da sala, algo que era meu objetivo desde o começo. Lá, com dona Alessandra ao meu lado, o diretor disse para consultar um psiquiatra, ou um psicólogo, à preferência da mãe. Eu já te disse que penso muito rápido, ou às vezes penso muito lento, mas de forma detalhada ao extremo, e repeditamente?
Entendi algo precioso nesses anos em que a nossa comunicação não existiu. Aquilo que digo sobre os outros, diz muito mais sobre mim do que deles. É como se o defeito que vejo dos outros de certa forma dialoga com os problemas que eu carrego, sendo analogias internas, numa conversa introspectiva, onde só eu poderia resolvê-los. Quem ficou louco fui eu, não você. Nunca você. Eu, sempre.
Você não é egoísta.
Esses dias estava com a Manu, lá em Santos. E todo santo dia ela ficava até de madrugada conversando com a namoradinha on-line dela, desculpa o diminutivo, é que elas são crianças, 14 e 15 anos? Nem sabem o que amor, eu tenho 25 e ainda não sei o que ele é. Mas lembro de ter sentido. Contigo, com ela, com outras, com outros, de mim mesmo, dos meus irmãos. Tem dia que eu sinto que entrarei em curto-circuito, feito meu computador, é aquela sensação de que a vida vai passar num sopro, como que se só por capricho dos Deuses minha vida fosse tirada daqui e levada para o mundo do acolá, o grande Desconhecido. Memento Mori, era disso do que eles falavam? Dessa sensação de que tudo vai acabar a qualquer instante, quando até o vento, um canto desafinado do vizinho ao tomar banho, enchem meu coração de felicidade. Nesses momentos, críticos e delicados, minha mente sensibiliza os mínimos detalhes. Olhar nos olhos do cara que vende pão pode ser algo complicado, ou muito lindo. Então, você lembra? Das ligações, as madrugadas... Lembra? Se eu fechar os olhos e pensar muito forte eu acho que consigo sentir a mesma felicidade que esses dias trouxeram para mim. Pausa, hora da janta. Foi você que mandou aquele celular para mim? Acho que não. O que tinha tecladinho e tinha um touch screen horrível. Eu sabia entrar nas músicas sem olhar para o celular, de tão íntimo que fiquei do aparelho e, consequentemente, de você. Isso eu sei que não te contei mesmo, mas quando morei aí nas suas terras, no coração da Av. Conde da Boa Vista, prédio Módulo, às vezes o elevador quebrava e tinha que subir uns tantos décimos andares. Alan tinha alugado um novo apartamento, dois quartos, hipoteticamente melhoraria nossa convivência. Durante a mudança, totalmente embriagado de cannabis, escutando uma música altíssima, um rapaz viu que era fácil como tirar doce de criança. Puxou a mochila, aconselhando que se eu o desse, sem violência, poderia ir em paz. Perdi toda minha biblioteca de músicas especiais, foi um dia triste. Eu até acho que ele morava ali em volta, e dias depois ficou me seguindo. Eu sou meio paranoico mesmo, desculpa. Nem a Larissa conseguiu me aguentar, morar junto. Eu fico imaginando como a história da Manu acabará. Será que muita história vai rolar pelos olhos dela? Uma coisa que nunca admiti para ninguém é: eu fui pra Recife na esperança de encontrar você, ou qualquer outra coisa que substituísse um vazio incômodo, que com você, às vezes, não parecia existir.
A verdade é: prioridades. Você nunca foi a minha, talvez em alguns momentos, confesso, mas quando houve realmente a minha oportunidade, eu sei que fui distante. Menti. Acho inteligentíssimo da sua parte afastar-se de mim, bloquear nas redes sociais, eu realmente sou tóxico. Você conhece o dilema do porco-espinho?
O dilema do porco-espinho é uma metáfora criada pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) para ilustrar o problema da convivência humana. Schopenhauer expôs esse conceito em forma de parábola na sua obra Parerga und Paralipomena, publicada em 1851, onde reuniu várias de suas polêmicas anotações filosóficas.
O porco-espinho, quando frio o suficiente para congelar uma vida, reúne-se com os outros pares da espécie para o aquecimento coletivo. Porém, quando perto demais, acabam machucando uns aos outros, obrigando novamente a se afastarem. O frio não desiste e faz eles lembrarem que devem ficar juntinhos, caso queiram o calor necessário, e os espinhos voltam a furar o próximo. Nesse vai-e-vem, o que tiro da parábola é: O quanto mais eu quero magoar alguém, quanto mais fundo desejo colocar o espinho da dor num outro ser humano, mais e igual é a ferida que abriu (ou abrirá) em mim, pelo espinho do outro. Seja lá por qual iniciativa, minha ou a dele. Concluo. Quando eu quis te magoar (conscientemente), a ferida que havia em mim estava sendo feita, ou já havia sido, por mim. Entende? É meio confuso. O problema não era você e suas atitudes, ou o simples transar com o querido Olmir, Netinho para os íntimos, mas não é aquele di Paula. O que doía em mim vinha de mim. Da raiva que eu sentia do mundo, esse desejo de explodir, a masculinidade tóxica, pronta para devorar o primeiro ser vivo que passar na frente e, assim, proteger sua prole. Um instinto de proteção, mas se proteger do que? Da fragilidade? De saber que ela pode ser dele, e não minha, que ela nunca será “minha”, que eu não sou unanimidade? Medo do quê? Será que sou gay? Sério, já me perguntei isso. Eu beijei uns rapazes, e não é isso. Eu já pensei tanto... Ainda não sei sobre o porquê deste medo. Sei é da reação que tenho dele. Um jeito de não enfiar espinhos em alguém é, olha só que fórmula mágica, em 1, 2 e 3: ficar sozinho. Dói ficar sozinho. Têm dias que eu acordo chorando, sem nem saber o porquê... Outros dias, já disse, meu coração sorri ao primeiro soprar da brisa sulina, balançando os versos de meu cabelo no ar. Você consegue ver como eles dançam?
Antes de ir embora, eu queria te contar uma história nada a ver, kkkkkkkkkkkk. Ah, antes da história, eu adoro isso, chamo funções recursivas, é algo que você consegue usar para criar infinitas coisas serializadas, tipo, antes da história, que fica antes de eu ir embora. Outro tipo de função recursiva é a do “sucessor”. Sucessor de zero, um. Aplica de novo, você tem o dois, repete e continua, parabéns, você construiu o conjunto dos números naturais! Tá. Me empolguei, desculpa. Pode pular essa parte (vou corrigir isso e colocar o aviso antes). Antes da história: já faz três anos que estou em Florianópolis. Curso Filosofia, bacharel e licenciatura, mas gosto mesmo é da lógica. Antes da matrícula presencial, descobri que aquela casinha que você foi me visitar, fora vendida num leilão, fruto da inadimplência (olha só, outra palavra chique). Estávamos sem casa. Lari debandou num apto com o Wahiderson, perto do Zahir falamos Washington, mas eu acho que ele é malandro e saca que estamos falando do pai dele. Mamãe foi pra PG com o Jairão. Eu peguei uma bicicleta, meu violão e vim para a Ilha da Magia, que de mágica não tem nada. Eu já havia tentado Geografia, Matemática, só trabalhar e Conservatório. Nada deu certo. Dessa vez tinha que fluir, não é? Chegando aqui acabei sendo acolhido pelo programa do PAEP (Programa de Apoio Emergencial de Permanência). Acabei conseguindo a Bolsa Estudantil de Permanência, depois a vaga para a Moradia fixa saiu, e daí eu vi que as coisas encaixariam. De lá pra cá, afundei a cara nos livros, usei pouquíssimas drogas, acredita? Mas, usei, não nego! Hahaha, só que eu percebi, não ia mais em festas, bem diferente do Enxada Rio Claro (os meninos da rep até ficam de cara quando digo que me dei bem na faculdade, que estudei etc.), ficar em casa é mais divertido, melhor para a alma, sabe? Os dias que não quero me sentir tão sozinho, faço que nem sua amiga, a solidão é menor na multidão. Quando cheguei nesse quarto, onde escrevo esta cartinha, que é mais terapia do que carta, fui depressa dar uma cara minha para o lugar. Coloquei fotos na parede, desenhos, colagens, mensagens aleatórias e fórmulas de lógica na parede, para quando entrarem, falarem: Nossa, quem que mora aqui? É como se eu registrasse um pouco de mim no mundo, mesmo que a resposta da pergunta seja: não sei, ainda a pessoa sabe que o fator desconhecido veio de algum lugar, e não importa que esse lugar seja eu para ela, mas importa para mim. Entende? O que eu queria dizer chegou exatamente agora.
Dentre as fotos, algumas da minha infância, da coleção de Mamãe Album and Photos, uma do meu pai e minha mãe casando-se, os dois bonitões, pela foto, eu suponho, mamãe parece ligeiramente mais feliz do que o Anderson, o Monumento. Há três por quatro de quase todo mundo: Manuela, tentando segurar um sorriso espontâneo. Larissa, recordação anual da escola, feita para gerar lucro, onde certamente o fotógrafo pediu “Um sorrisão bem bonito, vai”. Eu, com um sorriso forçado e bangela, os dois decorridos pela decadente infância. Eu, de novo, normal, tirando por obrigação, já que a UNESP pedia na matrícula. Adriano, o sorriso é de confiança, ele usa um terno que a organização séria de música exigia para o registro oficial de músicas, com direitos a royaltes e essas coisas burocráticas, foto tirada para o grupo musical que iríamos formar, “Som Sudeste”. KKKKKKKKKKKKKK. O Gabriel, pequeno, a foto está muito descolorida, então, não consigo ver se ele está feliz de verdade. Júlia, ex-namorada, ser humana antes de tudo, e passível de amor como qualquer coisa no universo, sorriso tímido, boca fechada. Sobraram três fotos. Tá quase acabando, tô chegando lá. Eu e Adriano, o violão do Davi em minhas mãos, um anel de coco no dedo mínimo, o pulso carrega uma pulseira, era sua? Você tinha escrito alguma coisa nela, agora não me vem na cabeça o que é... Era “paciência”? Depois me diga, por favor. Faz tempo que não tenho notícias detalhadas sobre você. O Adriano me olha meio relaxado, ainda que rígido geometricamente, vestindo a famosa calça de capoeira e a boina chique. Esse dia tocamos juntos, os três, às vezes era algo bonito de ouvir. A segunda, e penúltima foto, por ordem de apresentação, não de importância, acho que nem é possível compará-las, estou beijando a Dona G. O rosto dela não aparece, nem o meu. A curva do meu cabelo se confunde com o lábio dela sorrindo, o que indica que nossos lábios estavam longe, na hora do clique. O que sobra é uma sugestão do rosto dela, um cigarro em meus dedos e o colar de pedra azul-sei-lá-o-que, sou péssimo com categorias. Colar que acabei doando para uma garota que trabalhava numa lanchonete, que ficava em frente à loja de celulares, daquele vizinho do Mal, o Washington, marido da Rô, pai do João, Murilo e Melissa. Você chegou a conhecê-los? A casa deles ficava logo depois da nossa, nossa porque também foi tua, enquanto esteve lá. Trabalhei lá uns meses e num dia aleatório quando fui comprar um lanche, tentei puxar papo, eu já estava meio embriagado de formosura, e ela comentou, claro, que estava com problemas de relacionamento, e pediu que aquela coisa passasse logo (outra engraçada, passasse kkkkkk) e etc. Eu, na minha ingenuidade, aconselhado por Dona G “esta pedra ajuda na resolução dos amores e etc”, doei o colar para a formosa flor. No outro dia, até me mostrou a própria trança que havia feito no colar, personalizando o novo artefato, exibido entre os ombros e na altura da gola do uniforme capitalista. Espero que realmente tenha funcionado, que ela esteja em paz com o amor dela. Pois viver só é difícil. Repito. Você precisa viver com alguém, racional, vivo ou estático. Humano, sensível ou palpável. Um amigo, um cachorro, ou uma pedra. Uma mina, uma gata, ou a água. Um universo, uma águia, ou o ar. Uma vida, uma vida, ou a vida.
Eu não sou racional.
Na última foto, alaranjada pelas luzes do centro, caminho de mãos dadas com você, na hora eu nem lembro se tinha noção de que o Caio estava de paparazzi, e que você devia ter pensado nisso 7 dias, 9 horas, 32 minutos e 57 segundos antes daquilo acontecer, e como você se esforçava para criar coisas. Lembra, no Marco Zero, você me disse que alguém havia dito para você: você é infantil fantasiando essas coisas, como pensar que os peixes num dia de sol são estrelinhas que brilham no céu do mar, literalmente refletindo, feito espelho fiel, o céu azul dos dias ensolarados, que são de costume em Recife, diga-se de passagem. Esta tua capacidade de criar coisas é tua, nunca perca isso. Eu ainda guardo o livro do Elliott, fico vendo as fotos, com muito carinho. Perdi a camisa do Elliott, em algum lugar, infelizmente. O chapéu voou. As tirinhas do Snoopy ficaram coladas na casa leiloada, em forma de protesto contra o capitalismo, aqui viveu alguém que amou. Obrigado por todos os presentes. Alguém me roubou o livro do Vinicius, eu também gostaria que ele fosse nosso, mas, sinto que agora é impossível.
Cariña. Carino. Carina. Ca-ri-na. Teu nome começa com o espanto. Ca. A boca termina aberta, revelando o espanto do ‘a’, acompanhado pelo grandioso meio círculo, o ‘c’. Ri. Alguém leria “ri”, do verbo rir, mas como sei que essas duas letrinhas vêm do teu nome, fica fácil. É o salto da língua, voando para encostar no céu da boca, assim como os pássaros inflam o peito antes de voar, formando o “-ri”, a segunda partícula do hexápode, siri. Assim como Lolita, no ímpeto do ‘-na’, a língua despenca e bate nos dentes, retrocedendo imediatamente, a fim de dar espaço para o som do ‘a’ e concluir o salto performático. Ca. Ri. Na. O asfalto da rua parece dourado. Eu já estava usando a pulseira qual comentei acima, estou usando um short exageradamente caído, meio largadão, os ombros curvos para a frente, denunciam uma futura falha óssea. Devo ser um terrível espetáculo no fim da vida. Meu cabelo estava curto, o seu, nos ombros. Você veste uma bela saia rosa, com rasteiras, viva a praticidade, regata branca e bolsa de couro, estendida sob o ombro esquerdo. Seus pés caminham abertos, como espelhando um arco geométrico, representando a área de possibilidades que a vida tem a oferecer. Eu, caminho com os pés retos, uma linha reta, sempre. Linha. Reta. Toda reta é uma linha, mas nem toda linha é uma reta. Queria ser mais linha e menos reta. Mais sensível e menos racional. Menos homem e mais amigo. Menos comigo e mais contigo. Entende? Pessoas caminham entre as barracas, postes acabam por separar a área delimitada que cada vendedor possui para ganhar o sustento do mês. A multidão se perde até o fim da foto. Outro casal, mais afastado de todos, caminha solitariamente na calçada, nós, selvagens, ficamos na rua, resistindo em pé onde carros desfilam o troféu emborrachado de latas, elástico, borracha e poliéster. Minha camisa é azul, triste, desbotada, puída e sem estampa. Uma senhora, sozinha, com as pernas cruzadas e olhando para baixo, reflete: “será que o ganhei no mês vai dar?”. Dói ficar sozinho. Será que ela tem alguém para dividir essas dores do cotidiano? Dessa incerteza de estar jogando a vida fora por algo que não faz tanto sentido, será que alguém há por ela? A divisão é essencial. Tenho o álbum do Adriano e do Davi, como parte do enfeite, da decoração do quarto. Engraçado, né? Uma foto, cara... Eu lembro quando vi uma foto tua pela primeira vez, foi uma alegria tão estranha. Às vezes releio umas coisas suas e fico dando risada sozinho. Outras vezes lembro de você e fico triste.
Eis a história final, prometo.
Pandemia. Tédio. (Serei rápido, como exige a sociedade líquida). Instalei o Tinder, grande ideia. Match. Onde mora? João Pessoa – PB. Ligação. Risada. Sensação leve. Menina negra, pele preta, dedicada, faculdade pública e bolsista. ‘Gosta de poesia?’ Que coincidência, também gosto. Ah, a aurora de róseos dedos... Hoje entendo melhor o racismo. Por algum motivo aleatório, associei você, ou nem tão aleatório assim. Havia semelhanças superficiais, mas ainda assim são semelhanças. Li em algum lugar sobre a solidão que mulheres negras, em específico, sofrem com a solidão. Eu também, ainda que branco, sou imensamente solitário. Não falo isso pelo cotejo, pela comparação. Ambas as solidões são específicas e particulares, englobadas ou não num certo espectro de avaliação. Pensei em como você deve se sentir só, por essa situação. Minha solidão não advém da cor branca, de uma mulher negra, às vezes, sim, esse é o motivo. No meu caso, nunca é. Minha solidão é diferente. Será que vocês duas compartilham essa solidão? E por algum motivo, isso foi catalisador no sentimento por mim? Não venho com a fraca tese do “palmiteirismo”, qual pessoas negras namoram brancas para amenizar o efeito racista, embora falhem, caso o objetivo realmente seja esse. Por quê? Essas coisas não são mensuráveis, pequeno ou grande, têm o mesmo impacto. Quanto ao teu sentimento, creio isso ser parcela pequena, ou do tamanho que você imaginar. Você me conheceu muito de perto. Viu que não é coisa boa, né? Enfim. Ao associar você com ela, sem compará-las, toda vez que recebia um gesto de carinho, dava o gatilho de lembrar de ti. Isso nunca me aconteceu, geralmente eu consigo sedar as memórias e seguir sem pensar no passado. Mas, você continuava insistente, e volta e meia reaparecia numa outra analogia, metáfora ou sei lá o que. Essa situação acabou por me assustar, e cortei total relação com a moça. Formosíssima. Carinhosa, uma flor tão colorida como você. As pessoas são frias. A Giovanna é fria. Minha mãe é fria. A Larissa é quente, mas é fria. O Alan é frio. Você é quente. A Aiyra é quentinha, o Zahir é brasino, fogoso. (Sabia que a cor da Lalinha se chama brasino(a)?)
Você é uma luz. É clichê dizer isso, mas é a única conclusão possível. Aprendi em lógica que quando as premissas são verdadeiras, a conclusão será por necessidade. Não que a conclusão seja necessária, tipo, tinha que ser assim e acabou, mas ela só segue por necessidade de as premissas serem verdadeiras. Colocando tuas atitudes de premissas, verdadeiras e inegáveis, nem o tempo poderia apagá-las, a conclusão, necessariamente, é que tu és luz. Cálida. Aquilo que vem do vinho, ou de um bom banho quente. Você lembra? Do carinho de pés. Antes de dormir, e logo após acordar, lembra?
Não precisa orar por mim pois sou um caso perdido, obrigado pela tentativa. Ao invés de orar, vou te proteger. Sem força física, sem ímpeto masculino possessivo, mas com o amor. Uma foto, um ressentimento (res é coisa, coisa de sentimento?). Ressentimento não é coisa ruim. É lição.
Já pensou te encontrar em outra vida? Maluquice.
Você é um dos poucos pleonasmos que existe para o ‘amor’.
Não precisa responder,
Lopes.
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Anastacia é uma dhampir de 14 anos, filha adotiva de Mark e Oksana e que sempre quis saber sobre sua história e família biológica. Notas da História: Essa é uma história que começa em Promessa de Sangue (Blood Promise). Ela não altera nada significante da história original criada por Richelle Mead e tem como objetivo apenas fechar alguns assuntos que ficaram abertos nos livros.
Capitulo 1
Anastacia
Ela estava procurando alguém.
Bem, todos ali estavam à procura de alguém ou alguma coisa, mas ela estava procurando alguém com urgência. Todas as noites ela chegava no Nightingale e apenas observava. Se ela estivesse ali para se unir as outras dhampirs, ela já teria tentado. Se ela quisesse flagrar algum Moroi, eu conhecia os frequentadores o suficiente para saber que ela já teria feito. Mesmo assim ela vinha todas as noites e ficava esperando por alguém. Eu honestamente ficaria aliviada se ela simplesmente desistisse e fosse embora, afinal, já era ruim o suficiente que eu parecesse nova demais para estar naquele lugar e mesmo assim eu conseguia disfarçar bem. Quer dizer, na maior parte do tempo eu estava sempre no armazém trazendo as bebidas, levando o lixo para fora ou cuidando do armazenamento dos produtos e eu quase nunca estava ali depois da meia noite. Além disso, eu prendia meu cabelo e colocava maquiagem o suficiente para parecer ter pelo menos 16 anos ou até mesmo 18. Graças aos bons genes de dhampir eu já tinha o corpo desenvolvido o suficiente para isso e na maioria das vezes eu me mantinha ali o mínimo possível. Era raro quando eu precisava ficar além da meia noite para ir buscar ou levar algum alimentador ou guiar algum dhampir que precisasse de ajuda.
- E ai, Ana? Já descobriu o que a novata quer aqui? – Yuri me perguntou e eu percebi que já estava encarando a estranha há muito tempo.
- Não, mas também não é da minha conta. Agora se ela se tornar uma das outras mulheres... aí eu vou precisar ajudar – suspirei tentando não revirar os olhos.
- Então... – ele começou o que eu já sabia que terminaria com uma cantada ou um convite – amanhã é a sua folga e eu vou sair mais cedo também, se você estivesse livre, nós poderíamos...
- Eu não posso esperar que você termine o seu turno, Yuri... Se minha mãe desconfiar dos meus horários novamente, ela vai fazer perguntas e não é isso que eu quero. – menti.
Eu realmente me sentia cansada para lidar com desculpas razoáveis.
- Tudo bem, eu entendo... – ele disse enquanto pegava uma bandeja com bebidas e ia servir alguma mesa.
Voltei para o armazém peguei as sacolas de lixo para levar para fora, dando uma boa olhada antes para ver se eu sentia algum perigo. Sentir algum perigo no meu caso era sentir se um Strigoi estava por perto ou não. Desde pequena, eu e meu pai conseguíamos sentir a presença de Strigois – com um grande acesso de enjoo, eu devo acrescentar –, mas isso era uma algo muito útil.
O bar era sempre cercado por guardiões além dos guardiões que seguiam os seus Moroi, mas eu sempre me mantinha em alerta, em partes por que eu era uma dhampir e tinha a ideia de me manter em guarda praticamente dentro de mim, por mais que eu odiasse e eu realmente odiava isso. “They come first”. Era tudo o que os dhampirs aprendiam desde a pré-escola. Eles eram criados para a batalha, para o combate físico, para se sacrificarem pelos Moroi. Bem, eu não poderia estar mais agradecida a minha mãe que me criou longe de toda essa paranoia absurda.
Levei as sacolas e senti a outra sensação com que eu estava acostumada: ser puxada para dentro da mente da minha mãe. Ela estava lavando a louça enquanto meu pai retirava os pratos, o que era o comum, mas ela olhava constantemente o relógio e eu senti que ela ansiava para que eu voltasse para casa. Fazia exatas três semanas desde que eu havia voltado a trabalhar na cidade, três semanas desde que nós discutimos e eu resolvi que voltaria a trabalhar aqui. Não é como se ela não pudesse vir aqui e me obrigar a voltar para casa, mas ela entendia o quanto eu estava chateada e eu não me sentia a vontade para voltar para casa, pelo menos por enquanto. Eu sentia falta dela e do meu pai todos os dias, mas saber que eles me dariam privacidade e espaço era a melhor coisa do nosso relacionamento de pais adotivos-e-filha ovelha negra. Essas minhas fugas começaram quando eu tinha 10 anos e de toda forma, eu sempre voltava para casa depois de um tempo. Eles sabiam disso e contanto que eu ligasse todos os dias, eles respeitavam e me davam esse espaço. Sai da mente dela assim que pude e voltei para o bar para avisar a Yuri que eu terminaria meu turno mais cedo. Eu precisava ligar para minha mãe e acalma-la o máximo que eu conseguisse. Quando voltei, vi que a estranha que eu estava observando, estava com uma expressão mais abatida do que a que ela já costumava ter no final da noite, exceto que para todos desse bar, esse era o começo da noite.
- Hey, você estava certa. A novata está procurando alguém. Um homem. E ela quer saber onde fica a Baia. – Yuri me disse como uma cerca excitação. – E então? Você quer que eu pergunte mais a ela? Quer que eu leve ela até lá? Você podia dar uma ajuda a ela e conversar...
- Yuri, você sabe que eu não posso levar alguém até a Baia desse jeito. Não sei quem ela é. Não sei o que ou quem ela quer encontrar e enquanto eu não tiver motivos para realmente ter que ir conversar com ela, não vejo porque eu faria. – dei de ombros e esbocei um sorriso tentando amaciar o que falei.
- Bem, você não precisa sentir ciúmes... não é como se ela fosse mais bonita que você ou como se eu estivesse interessado nela...
Ah, não.
Às vezes eu me perguntava o que aconteceria se eu fosse até a policia e prestasse uma queixa contra Yuri por abuso no ambiente de trabalho e pedofilia. Talvez isso o fizesse parar de investir todos os dias em cantadas baratas e galanteios que me faziam revirar os olhos internamente, mas então eu lembro que isso me faria ser demitida porque afinal sou eu que tenho 14 anos e estou trabalhando em um bar. E não era isso que eu precisava ou queria de toda forma. Yuri tinha 19 anos e era um dhampir magro, porem de músculos definidos como qualquer outro, com cabelos e olhos num tom de marrom escuro. Ele trabalhava ali desde os 16 e toda vida em que eu chegava à cidade e vinha procurar emprego aqui, era ele que me ajudava a convencer o gerente, para que eu voltasse.
- Mesmo assim – eu tentei sorrir o mais convincente que podia – não tenho motivos para leva-la até lá e até que eu os tenha, é melhor eu me manter distante. Seria melhor se ela resolvesse voltar para onde veio e se manter fora de problemas aqui.
Me despedi de Yuri pegando meu pagamento diário e dei uma ultima olhada no ambiente e na estranha. O bar parecia estar começando a mesma agitação dos fins de semana, dhampirs entrando e saindo, guardiões em alerta, Morois sendo... Morois. Okay, nem todos eram assim, mas digamos que cerca de 95% dessa raça insistia em ser tão uteis quanto uma parede. Totalmente focados em suas vidas fúteis e sem se preocupar com nada além de gastar suas fortunas com bloodwhores. Bloodwhores era um tabu entre o nosso mundo, mas nos lugares que eu frequentava era quase algo comum. Oferecer o próprio sangue para o parceiro no ato sexual não parecia algo muito erótico – e muito menos higiênico – mas a mordida dos Moroi dava um prazer indescritível, algo como uma droga pacificadora. Então todas as noites essas mulheres apareciam para se tornarem parceiras e refeições – de duplo sentido – dos Morois, por dinheiro ou simplesmente por serem viciadas nessa sensação.
Desativei o alarme do carro e ao entrar percebi que estava ficando com fome, então ao invés de tomar o caminho para casa, resolvi dirigir pelas ruas até que eu achasse algum restaurante que eu gostasse para pegar algo para comer no caminho. Eu havia aprendido a dirigir nos momentos pai e filha que tinha com Mark, nas tardes de domingo. Claro, minha mãe era completamente contra, mas ter isso entre nós tornava esses momentos ainda mais especiais. Enquanto descia uma das muitas ruas iluminadas e com diversos cheiros de diferentes culinárias que só faziam minha fome piorar, eu vi o carro de Sydney estacionado em um restaurante, mas sabia que ela não estaria ali e sim andando pela noite e pensei em comprar algo para que ela também pudesse comer, já que pelo visto ela faria hora extra hoje. Sydney era uma alquimista, pelo o que ela havia me falado. E não é como se fossemos amigas ou nos falássemos com frequência. Ela tendia a achar que eu era uma criatura maligna por ser uma dhampir e eu tendia a não odiar ela por ser a única pessoa que estava presa a esse lugar tanto quanto eu.
Ela estava em missão para outros alquimistas, uma espécie de estágio e estava tendo trabalho limpando corpos de Strigois que estavam sendo deixados com frequência pelo caminho por alguém e até realmente ter visto ela fazendo isso, eu nem sabia que uma morte de Strigoi era algo a ser limpo. Ela usava componentes químicos para evaporar o corpo e eu achava isso bem foda. Uma vez perguntei se ela poderia me ensinar como fazer isso e embora ela tenha dito que o meu trabalho deveria ser mata-los e não se livrar do corpo deles, ela me disse os componentes e me deu seu contato para que se eu visse algum corpo me mantivesse avisando a ela.
E isso era o mais próximo de uma amizade que eu tinha. Não é como se eu fosse antissocial ou não tivesse amigos porque ninguém se aproximava de mim. Na verdade eu era quem não me aproximava de ninguém. Não sem motivos. O problema é que amigos faziam perguntas e eu não gostava de falar sobre a minha vida para ninguém. Com Sydney era fácil porque nós sempre estávamos nos esbarrando por aí, mas sempre tentávamos nos manter a uma certa distancia também. Maioria das coisas que eu sabia sobre ela vinha de observações que eu tinha feito e a outra parte vinha de raros momentos em que eu achava um corpo, ligava pra ela, esperava que ela chegasse e limpasse o corpo enquanto nós trocávamos algumas palavras. Acho que ela também sentia falta de alguém para conversar, mas ela tinha suas crenças distorcidas e eu sabia que era por isso que eu gostava de conversar com ela: poucas palavras, poucas perguntas, o mínimo de informações pessoais possíveis.
Me mantive pensando sobre isso enquanto eu pagava pela comida, agradecia e ia para fora do restaurante, andando por um tempo pela cidade e protegendo a comida junto ao meu corpo, aproveitando o calor que trazia para mim. Enquanto minha fome aumentava eu procurei por ela até vê-la falando com alguém que eu não esperava: a estranha do bar.
Elas pareciam estar discutindo e eu me perguntei se elas já se conheciam.
- Olha, você não pode simplesmente fazer isso, ok? Você sabe que saco é para eu lidar com isso? Esse estágio é ruim o bastante sem que você faça bagunça. A polícia encontrou o corpo que você deixou no parque. Você nem consegue imaginar quantos favores tive que pedir para cobrir aquilo.
Wow! Então ela era pessoa que tem deixado uma trilha de Strigois? Eu cheguei atrás de Sydney que percebeu minha presença e deu um passo para o lado. E sendo assim eu aproveitei para dar uma boa olhada na estranha. Tínhamos a mesma altura, mas ela tinha cabelos negros e longos, olhos castanhos e pele bronzeada deixando bem claro que ela não era daqui. Embora ela estivesse pálida devido a algum esforço ou cansaço físico, ela era bonita e parecia uma guardiã; sempre a um segundo de por a mão na estaca e matar um Strigoi.
- Quem... quem é você? – ela perguntou, é claro que a primeira coisa que ela notou foi que a Sydney era uma humana falando sobre Strigois, essa também foi a minha primeira reação.
- Sydney – ela respondeu, com a mesma impaciência que eu já havia me acostumado. – Meu nome é Sydney. Eu sou a Alquimista designada para cá.
- A, o que?
Eu tentei não soltar um risinho
- Sydney, não é como se todo mundo soubesse da existência de vocês, lembra?
- É claro. Isso explica tudo.
- Não, na verdade não. – disse a estranha que por um momento parecia confusa, mas depois de me ver tentando não rir dela se irritou – Na verdade, eu acho que é você que tem muito a explicar.
- E a atitude também. Você é algum tipo de teste que eles mandaram para mim? Oh, cara. É isso. – ela suspirou alto.
- Eles podem fazer isso com você? – eu me meti, perguntando sobre a sociedade enlouquecida que Sydney fazia parte.
- Ah, eles podem fazer muita coisa se acharem que eu estou falhando na missão que me deram. O que graças a você – ela disse encarando a estranha – é o que parece que está acontecendo!
- Olha, eu não sei quem você é ou como você sabe sobre essas coisas, mas eu não vou ficar parada aqui e -
Eu senti antes mesmo de entender o que estava acontecendo, veio como um soco na barriga e quando eu olhei para a estranha, ela também parecia ter recebido a mensagem: Havia um Strigoi por perto.
- Qual é o problema? – Sydney perguntou, sem entender.
- Você vai ter outro corpo para lidar – ela respondeu.
E então o Strigoi atacou.
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fluxo de consciência [05:58]
eu acho que eu tô nesse meio entre o imaginário abstrato de outro mundo e o real concreto do mundo do aqui. e como eu não gosto de luz artificial, no escuro não escrevo, não quero acender a luz, então fica tudo na minha cabeça, eu vou sentindo e eu vou pensando. eu ligo as pontas e eu faço perguntas. talvez ali eu resolva muitas dúvidas, mas eu perco porque não escrevi. digo escrever porque é a linguagem mais acessível para mim, pela palavra eu sou obrigada a formular. dar forma. algo tão desafiador para alguém que sente e não sabe de onde; sente e não tem como explicar. não só a nível emocional, mas também no racional. eu sinto no racional. eu tenho 1 milhão de ideias. passam por minha cabeça 1 milhão de possibilidades e de ações, eu poderia fazer qualquer coisa. muita coisa me move. mas olha que coisa, eu aqui usando a palavra coisa porque não quero, talvez, assumir? porque eu sei o que a coisa é, não sei? coisa, me deixe enxergar você. mostre-se para mim assim como a montanha agora eu vejo, aos pouquinhos delineada, mesmo sem iluminação, o sol agora já brilha em algum lugar, e a neblina, que ali na frente dissipava a visão, evapora. ficam só as árvores, fechadas, verdes, formando ondas entre a terra e o céu. devem ser por causa das rochas. placas tectônicas, o relevo. a onda que me move está entre o céu e a terra, talvez seja essa neblina que aparece fixa e que às vezes parece que não vai sair dali nunca. fica estacionada. pairando parada. não pesa nada, e ainda assim se sustenta. ela é forte, a neblina. e quando de repente você olha, ela se moveu, se alastrou, tomou conta de tudo ou o contrário, tudo tomou conta dela, porque num piscar, ela se foi. ela se move pelo ar. eu me movo pelos meus pés, sobre o chão eu gosto de caminhar, mas também gosto quando consigo, com a extensão que vem em mim em rodas, voar. eu me movo voando sobre o chão, sustentada por duas rodas, pelo ar. a liberdade de sentir no corpo e pelo corpo meu corpo na paisagem. não tem dentro e não tem fora. não é colagem. é meio. é ser ali. a coisa sou eu. no meio de tantas outras coisas. cada coisa no seu lugar. cada coisa no seu lugar? pergunto a elas qual o seu dom. e como souberam. a ukan fala que já nasceu sabendo. a intuição dela a chama para ser professora e não há nada na vida que ela faça que não a leve para este lugar. perguntei para a carol. amanhã vou perguntar para a minha mãe. vou perguntar uma a uma. eu sei que fazer perguntas me desloca e, como já falei antes, gosto de voar. aprender pela resposta a ver o mundo com outro olhar. na viagem o que importa é o meio. mas quando peguei a caneta e o papel não era sobre isso que queria escrever. eu quero saber qual é meu dom, porque eu preciso assumir ele, primeiro para mim mesma e depois para o mundo. para as pessoas desconhecidas, para o desconhecido, ele ficará mais potente se pelo sol se deixar brilhar. e meu sol quer que ele brilhe. mas ele habita uma casa flutuante, distante, embaçada. agora, por exemplo, vi um feixe de céu laranja, mas neste instante mesmo, escrevendo aqui, olho de novo, já não existe mais morro, mais forma, mais céu. é tudo branco de novo. o vídeo da débora falou em compreender com facilidade coisas complexas, em cuidar do corpo, curar, sentir por ele, pela música, pela dança. falou em cuidados com pessoas com problemas mentais. eu acho que pelo meu mapa eu posso enxergar predisposições terapêuticas, eu gosto de escutar, sou boa em escutar, confortar. mas quanto tanto disso não vem do eixo nodal sul em câncer? seja como for, eu preciso me deixar brilhar. meu nome é helena, sou filha do sol e nasci para brilhar. não esqueço meu engasgo emocionado ao proferir em voz alta essas palavras, numa roda com mais 13 pessoas, dentre elas a única não desconhecida minha mãe. pensei no escalda pés, pensei na minha mão, pensei na minha mão lavando pés de pessoas que falam enquanto eu escuto, o insight que eu tive ano passado. água aparece forte no meu mapa não em forma de signo, mas submersa, você não enxerga, ela atravessa e flui pelas bordas. pelas bordas ela vai, penetrando, minha casa dez é a de escorpião, quem sabe do amálgama lodoso submerso eu consiga escutar; com as minhas mãos pegar o corpo estranho, disforme, lambuzado, nem líquido nem sólido, e trazer para frente do sol para ele secar? nutrir pelo sol porque de água ele já está farto. a água me sacia. a água me atravessa todinha, e eu, que me enxergava seca, me vi transbordar. ano passado eu aprendi a sentir a água. escutá-la. reconhecê-la. consegui abraça-la. imensamente agradeço. obrigada. eu penso em gratidão, mas a veste que colocaram nela agora é outra, e como a palavra me é cara, não vou me entregar tão fácil assim. há um ano, mais até, eu escrevo todos os dias. todos os dias eu escrevo sobre mim. ou sobre um pensamento, uma inquietação. na falta de um meio – que não fosse apenas eu –, uma mídia, criei um blog só para mim. ali posso reunir diferentes linguagens que não só a da palavra. tem fotos, tem vídeos, tem sons. porque é um espaço confessional, não abri para ninguém; uma ou outra pessoa ficaram sabendo, mas me pergunto, de novo, não deveria eu deixá-lo brilhar? se o meio sou eu, que apareça então! publicize, não importa se ninguém acessar, se não gostarem de ler. não está ali para ser bom ou ruim, está ali para ser você. para ser eu, helena. faz um tempo eu tenho achado que me faria bem aulas de teatro para eu desamarrar no meu corpo aquilo que me prende no intelectual. eu consigo opinar e me colocar em posições no ambiente que me é familiar, que é seguro e gentil comigo. mas é da atenção desconhecida que eu preciso. eu preciso arriscar. helenística, você nasceu para brilhar! estou há dias pensando em escrita criativa, queria fazer um curso de roteiro, mas não sei por onde começar e nenhum exercício que encontro na internet me agrada. eu lembro todo dia como eu gosto de cinema, e arte é algo que entra em mim fácil, me toca tanto, e nisso eu sinto que sou boa: em contemplar. eu sou uma excelente apreciadora de arte, mas o que eu entrego ao mundo a partir disso? consigo eu produzir coisas e despertar em pessoas aquilo que elas despertam, através das coisas delas, em mim? dentre as linguagens, a palavra, novamente, é a que se destaca para mim. mas não sou literata. nem sei se quero ser. o que mais posso entregar em palavras? o roteiro achei uma boa. no final das contas, ter estudado jornalismo foi um importante caminho para forjá-las. manipular palavras. escutar pessoas. lembro que eu não gostava que as pessoas lessem o que eu escrevia. recuei do desafio antes de conclui-lo. eu, talvez, estivesse no jornalismo para que pessoas desconhecidas acessassem minhas palavras. meu deus, será que eu deveria voltar a ser jornalista? pensando bem, na verdade não tive ainda a oportunidade de atuar como uma repórter. depois de formada, dei bye-bye. são 07:27, o céu está azulzinho e tem onda verde no ar, sem neblinas. qual projeto eu quero tocar? para o que eu devo me planejar, eu quero construir, porque eu sei que eu sou boa em ir atrás do que precisa. são tantas as coisas que eu aprecio. só que apenas apreciar não dá mais. quero trabalhar. que coisas? que coisas sou eu? qual é o meu dom? releio tudo, olho para a frente: não vejo nada – tem neblina no ar.
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— i know what YOU did last summer .˚
Dia 02/03/2021, o interrogatório.
O rosto de Lucille Fortier-Marceau empalideceu ao se deparar com a garota que dissera trabalhar como detetive para a família Girard-Dampierre dias antes: Hypatie. Sim, aquela que parecia saber demais era apena uma estudante do ensino médio, colega de classe de Eloise. Poderia prendê-la por mentir para uma policial, no entanto, também colocaria a própria Lucille em risco, e Hypatie tinha conhecimento disso. Assim, a garota adentrou a sala de interrogatório sem medo, sabendo que as chances de tirar informações da polícia eram mais altas do que o contrário.
“Boa tarde” ela cumprimentou os detetives, pousando o olhar em cada um dos dois. O homem, Bernard Chateaubriand, não parecia estar nervoso, ao contrário da parceira.
“Boa tarde, senhorita Love-Hauet, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.” A fala de Lucille, após superar o momento de choque, parecia um roteiro ensaiado. Sorte dela ter feito as perguntas para outras pessoas antes.
“Me chamo Marie Hypatie Olympe Love-Hauet, tenho dezenove anos, nascida em 14 de fevereiro de 2001. Sou estudante do ensino médio.”
Lucille abriu um envelope e se atrapalhou ao separar as evidências. O parceiro pareceu estranhar e a ajudou a pegar uma foto de Camille Martin.
“Obrigada. Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?”
A respiração de Hypatie falhou ao ver o rosto da menina falecida. Nunca havia tido contato com ela, conhecia-a apenas por fotos encontradas enquanto ajudava Cédric a tentar descobrir o paradeiro da irmã. Mesmo assim, sentia um aperto no coração sempre que pensava na história trágica dos dois.
“Não conheço, mas sou amiga do irmão dela há uns... três ou quatro anos. Sei dizer que não vi nenhum dos dois na festa do dia quatro, mas posso ter confundido ela com Eloise. Ele eu reconheceria, com certeza.” Subitamente, sentiu a necessidade de limpar a imagem do amigo. Sabia que familiares costumavam ser suspeitos em casos de assassinato. “Eles pareciam próximos, cheguei a pesquisar na internet sobre a Camille para ver se tinha algum sinal dela nas redes sociais, joguei a foto dela no Google, essas coisas. Não achei nada. Só estranhei que a polícia não tinha feito essa conexão, sendo que os Martin fizeram um boletim de ocorrência. Pelo menos eu faria isso, como detetive.”
A última fala foi dita olhando para Lucille, que parecia se controlar muito para não fazer algo a respeito da ousadia e das mentiras prévias da interrogada. Ainda assim, tudo que ela disse foi:
“Olhe para a câmera, por favor.” E juntou as mãos, deixando marcas esbranquiçadas entre os dedos entrelaçados.
“Bem, vou prosseguir daqui, se não se importa” o detetive Bernard disse, claramente notando a tensão na sala. “Srta. Love-Hauet, como aluna da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”
“Não, é um evento muito exclusivo. Se a Camille estava lá, foi só porque confundiram ela e a Eloise, qualquer outra pessoa teria sido colocada em uma lancha de volta para Cannes.”
“Muito bem” ele continuou, diante do silêncio da colega. “Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a senhorita estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?”
“Sim. Vamos lá: eu fui à festa com meus amigos, os alunos transferidos da Notre Dame, chegamos depois dos chamados ‘truffauters originais’, não sei dizer que horas. Fali em diante, foi uma festa como qualquer outra para mim, algumas pessoas estavam agitadas por conta de briguinhas, coisa de adolescente mesmo, então passei a maior parte da noite conversando com meu amigo Casper. Não consumi álcool nem nenhum tipo de entorpecente. Lá pelas onze horas eu ouvi um grito e vi pela janela alguma coisa caindo do penhasco, então chamei a polícia e a ambulância, que chegaram de barco por volta de meia noite.” Após o despejo de informações, já ditas no primeiro interrogatório, Hypatie fez uma pausa para recuperar o fôlego. “Isso acho importante dizer, me lembro de ver uma coisa caindo, não duas. Já pensei... sei lá, da Eloise ter fugido para o mato? Não sei, mas ela não estava quando a polícia chegou. Aliás, vocês já fizeram um exame pericial para saber se os machucados que ela tinha quando apareceu de novo são compatíveis com uma queda daquelas? Vai ver ela caiu no mato, como aconteceu com Jun, um amigo nosso, e foi se esconder na casa de sabe-se lá quem sabe-se lá por quê.”
“Isso é informação sigilosa, senhorita Love-Hauet!” Lucille a interrompeu.
“É... sim, por favor se atenha às perguntas feitas” complementou Bernard. “Onde a senhorita estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?”
“Eu estava na festa, né. Eu que chamei a polícia, fui receber os policiais.”
“A senhorita esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?”
“No penhasco em si, não. Fiquei o tempo todo na casa, não devo ter me afastado mais de cinco metros dela depois de chegar na ilha.”
“A senhorita saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”
“Vocês não?” Mais uma vez, aquelas perguntas idiotas da polícia. Hypatie quase revirou os olhos. “Elas são muito parecidas, devem ter confundido as duas, já que ninguém de fora da Truffaut deveria estar na festa e Eloise desapareceu. Desapareceu não sei para onde. Vocês sabem? Você sabe, detetive Fortier-Marceau?”
Naquele momento, Hypatie podia jurar que sentiu a mesa balançar, como se Lucille fosse se levantar. O parceiro dela, Bernard, também pareceu notar, lançando um olhar repreensivo para a colega.
“Mais uma vez, isso é informação confidencial. Quando divulgarmos com a imprensa a senhorita saberá” ele respondeu. “É isso, obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensada.”
“Tudo bem.” Quando os detetives se levantaram, ela os acompanhou até a porta, mas fez questão de ter a palavra final. “Eu sei que a família da Camille não é tão influente quanto a da Eloise, mas a minha é. Se for necessário, faço questão de envolver meus advogados para que a justiça seja feita. Não importa quem for culpado por essa tragédia.”
Com um olhar na direção de Lucille, Hypatie deixou a delegacia.
#❛ ☾ ➝ with shortness of breath i’ll explain the infinite || povs.#pov#❛ ☾ ➝ all you’re giving me is fiction || tasks.
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Amor de outras vidas - Capitulo 131
Lu: Mana! -entreabrindo a porta
May: Oi Lu…-guardando as coisas- Ainda por aqui?
Lu: Vim te buscar pra gente ir…só tem a gente e o Edu, o Ricardo ta vindo encontra-lo, perguntou se você quer carona, já que Thais foi pra casa com seu carro.
May: Ai aceito sim…-guardando uns documentos- O tempo correu hoje hein, e ainda ficou tanta coisa por fazer.-suspirando
Lu: Relaxa mana, você tem que ficar tranquila, ta tudo dando certo, logo Thais vai ter o bebê, e ai você vai ver o que é tempo corrido…-rindo
May: Nem me fala…-rindo- a gravidez ja ta me enlouquecendo, imagina os finalmentes.
Lu: Boa sorte…-rindo- Olha, hoje eu vou ficar lá no Edu ta?!
May: É…-arqueando as sobrancelhas
Lu: Sim…
May: E isso não tem nada a ver com uma certa morena?
Lu: O que?
May: Lu, eu não sou idiota…-rindo de leve- eu sei que você e a Fernanda estão juntas de novo.
Lu: E...?
May: Depois de tudo o que ela fez, admito que fico surpresa, mas você é bem grandinha né?! -suspirando- mas eu sou sua irmã, e se é isso que você quer, eu respeito...
Lu: Como paramos nesse assunto?
May: Você amadureceu de um jeito que eu nunca pensei, de uma menina inconsequente, você virou uma mulher responsavel, com os estudos, trabalho, e eu sei que ela teve participação.-sorrindo
Lu: E agora?-May a olhou confusa- juntamos todo mundo no seu apê, e fazemos um spin-off do Eu a patroa e as crianças?
May: Eu só estou dizendo que quero que você seja feliz, e se é dela que gosta…-dando de ombros
Lu: Ta…-Surpresa mas ao mesmo tempo sorrindo
May: Vamos!-apagando a luz
Lu: Ah sim, vamos…-passando por ela- ah mana! -a encarando- obrigada!
May sorriu para ela
As duas foram para fora e encontraram Edu que já conversava com Ricardo enquanto as esperavam, Fernanda estava em seu carro do outro lado da rua, um pouco afastada, esperando por Lu, seu celular tocava pela 3°vez, era Lisa, mas ela não queria atender, não queria fazer mais parte daquilo, e até para proteger a namorada.
Um pouco antes
Edu: E então?-assim que Ricardo saiu do carro
Ricardo: Antes eu recebia ao menos um abraço…-sorrindo
Edu: Desculpa Ric…-lhe dando um selinho- Mas você sumiu o dia todo.
Ricardo: Melhorou…-o abraçando- onde eu estava não pega sinal.
Edu: Você descobriu alguma coisa?
Ricardo: Bom, uma pista, talvez uma importante, se tivermos sorte...-suspirando- achamos uma bala, de uma pistola de uso militar.
Edu: Sério? Cadê?-surpreso- você acha que..?
Ricardo: Talvez a Lu tenha razão, a policia pode estar querendo esconder alguma coisa, ou coisa pior.-pensativo- eu enviei para os caras da balística…tem que esperar eles periciar, por ter ficado em um lugar úmido, é difícil dizer se tem algum vestígio polvorico.
Edu: Ai Ricardo, que bagunça…-franzindo o cenho- como isso ajuda a gente?
Ricardo: Cada bala tem um código, um numero de série que condiz com o mesmo numero de série da arma ultilizada, é impossível vê-lo a olho nu, ainda mais depois de disparada…
Edu: Mas…
Ricardo: Mas com esse numero, saberemos que dia essa arma foi retirada, por quem foi, e com muita sorte, saberemos até quando ela foi disparada.
Edu: É possível descobrir tudo issl?
Ricardo: Bom, todo o policial precisa registrar as armas que estão retirando do arsenal da policia, se saiu, ela volta, e ai é que se pode descobrir quando ela foi disparada e se condiz com a prova do projétil...entendeu?
Edu: Eu não sei, acho que sim…-confuso- Mas se não conseguirem?
Ricardo: Voltamos a estaca zero…
Edu: É disso que eu tenho medo…-suspirando
Ricardo: Fica tranquilo Du…eu vou descobrir, eu prometo!
Edu: Eu acredito…-sorrindo
May: Boa noite...-sorrindo
Lu: E ai Sr.Policia…
Ricardo: Boa noite meninas…-sorrindo
Edu: Mai, hoje você bateu o record hein, você e a F…-encarando Lu- quer dizer…-pigarreando
Lu: Ta tranquilo Edu…-rindo
May: Alguma novidade Ricardo?
Ricardo: Nada muito concreto May, mas eu espero que com o pouco que eu tenho, eu consiga descobrir algo.
Lu: Você foi até a estrada, achou algo?
Ricardo: Um projetil, enviei pra pericia, mas ainda é apenas uma suposição.
May: Ai Deus não tem fim…-suspirando
Ricardo: Vai ter, eu prometo pra vocês.-sorrindo para ela
May: Obrigada…-sorrindo
Lu: Bom galera, já vou…-dando um beijo na irmã e cumprimentando os outros dois- boa noite pra vocês.
May; Boa noite mana, quando chegar me…
Lu: Mando mensagem mana, já sei.-revirando os olhos- beijos.
Ricardo: Bom, vamos então?
Assim que entrou no carro May pegou seu celular para avisar Thais que estava indo, ficou tão enrolada em seu trabalho que nem havia falado com ela o restante da tarde e nem percebeu que seu aparelho havia descarregado, Edu a emprestou o carregador, e ela deixou carregando enquanto eles iam.
Lu: Uffas…-se jogando no sofá- que dia...
Fernanda: Eu estou morta! -sentando ao seu lado
Lu: Saudades de quando minha preocupação era escolher entre o mundo redondo de Ollie e Camundongos aventureiros.
Fernanda: Bem vindo ao mundo corporativo.--retirando as sandalias
Lu: Nem posso reclamar muito, May toma conta da parte mais difícil…
Fernanda: Falando nisso.-sentando indiozinho de frente pra ela- O que foi aquilo na rua?
Lu: Aquilo o que?
Fernanda: Sua irmã, você…-confusa- ela sabia que você viria pra ca? Porque ela conhece meu carro né?
Lu: Amor, a Mayra sabe da gente…-tirando o tênis
Fernanda: Sabe -surpresa- Como assim Lu?
Lu: Ai Fe…-fazendo gestos- Ela sabe…
Fernanda: E ela disse o que?
Lu: Apenas que, quer a minha felicidade.-sorrindo- e que se for com você pra ela tudo bem.
Fernanda: Nossa…-sorrindo- to realmente surpresa.
Lu: Sabe, eu acho que você tem razão…
Fernanda: sobre o que?
Lu: Sobre deixarmos essa história da Lisa de lado, ou melhor, deixar o Ricardo cuidar disso -sorrindo- minha irmã disse que viu o melhor de mim graças a você...-a encarando- E eu não quero arriscar isso, nos colocando em risco.
Fernanda: Uau...-sorrindo- Isso quase parece uma declaração.
Lu: Nem era pra ser…-se aproximando dela- sabe… eu também vi o meu melhor com você, também vi o seu melhor, la trás eu não te suportava, mas achava você a insuportável mais gata que já conheci, e você fez uma bagunça danada na minha bagunça, e ai não não achava mais nada no meio dela, mas achei você, e foi a melhor coisa…
Fernanda a olhava emocionada
Lu: Viu, é assim que se faz uma declaração- lhe dando um beijo mas sendo interrompida pelo celular
Fernanda: Fica…-vendo Lu se afastar.
Lu: Não vai atender? -Fe apenas negou com a cabeça e voltou a beija-la
Longe dali
Lisa: Ela não atende…
Junior: Porque mesmo ela é importante? Já temos a Thais…
Lisa: Eu também quero me divertir ué, Mayra vai surtar quando descobrir.-rindo- eu queria antecipar isso, as duas ficaram até tarde na empresa hoje, ta um tédio esperar, mas é claro que com a morte da Vanessa, ela não quer mais fazer o trabalho sujo..
Junior: Não tem diversão Lisa! --segurando seu braço- você controla essa sua loucura, é as minhas filhas
Lisa: Hey me solta! -Puxando o braço bruscamente- Eu sei tá legal, pode ficar tranquila que não vou encostar na barrigudinha.
Junior: Eu acho bom…-a encarando- Precisamos de um médico de confiança, pra fazer o parto, e que fique de boca fechada.
Lisa: No meio dos brinquedinhos da Chefia, eu tenho certeza que tem algum desses, vou procurar saber…
Junior: Lisa, chefia pode nem sonhar com o que estamos fazendo ok? Eu não confio nenhum pouco nela, é capaz dela fazer algum mal a Thais, não quero isso.
Lisa: Relaxa, ela não vai saber.--acendendo um cigarro
Junior: Eu espero…vou ver se ela já acordou.-virando de costas
Lisa: Ah Junior...-chamando sua atenção- segura a sua onda ta, você não manda, se encostar em mim de novo, eu abro a barriga dela, tiro as suas filhas, e jogo dentro de um saco de lixo.
No ap da May
Edu deixou May em seu apê e após agradecer ela pegou seu celular e desceu, ligava o mesmo no meio do caminho e ia distraida para o elevador quando ouviu uma de suas vizinhas chama-la, ela estava com Max.
Vizinha: Oi May…-sorrindo
May: Oi, tudo bem?-sorrindo
Max: May…-estendendo os braços pra ela
May: Oi garotão…-o pegando no colo- tava brincando com o coleguinha?
Max: É…-animado
Vizinha: Os dois chegaram da escola May, e como nenhuma de vocês apareceu para pega-lo, pedi que o deixassem comigo.
May: A Thais não o pegou?-estranhando
Vizinha: Não, bati no apartamento de vocês, mas ninguém respondeu…
May: Que estranho…-franzindo o cenho- ela veio para cá mais cedo, justamente para pega-lo.
Vizinha: Bom, ela deve ter passado em outro lugar, ou até esquecido.-sorrindo- a gravidez mexe com a gente.
Max: May, posso bincá?
May: Amor, a gente tem que subir pra ver se a tia Thata chegou…
Vizinha: Eu vou ficar no Playground com meu filho para ele brincar um pouco, quer que eu leve-o enquanto você sobe?
May: Se não tem incomodar…
Vizinha: Magina, eles amam brincar juntos, pode ir lá, que olho ele.
May: Bom, sendo assim…
May deixou Max com a vizinha, que era uma pessoa de confiança, que já tinha cuidado do garoto quando Clara começou a trabalhar na empresa. Ela ligou seu celular e tinha várias mensagens, dentre elas, Thais, dizendo que estava chegando em casa, correu para seu apartamento, e ao entrar percebeu que não havia ninguém em casa, ligou algumas vezes para seu numero, mas este caia diretamente na caixa.
Nesse momento ela já estava no ápice da preocupação, no ap, a impressão que dava era que ninguém vai entrado ali desde manhã, um dos motivos era a mesa do café que ainda estava posta, seu carro também não estava no estacionamento
Na portaria
May: Oi seu Manoel.
Manoel: Oi May, tudo bem?--simpatico
May: Estou bem…-nervosa- Seu Manoel, sabe me informar se a Thais, passou por aqui?
Manoel: Não não May, apenas pela manhã, com você, mas pela tarde, não a vi.
May: O senhor tem certeza?-nervosa
Manoel: Tenho, conheço a Thais, sempre que ela passa aqui conversamos um pouco, aqui ela não passou não.
May conversava com o porteiro e a essa altura até com os seguranças do prédio, ninguém havia a.visto, varias possibilidades vinha em sua mente, e quando mais ela pensava, mas desespero lhe batia.
Lisa: Olá…-chegando ali na portaria
Todos: Olá…-eatavam meio tensos enquanto May tentava ligar para o numero de Thais.
Lisa: Olá Mayra…-sorrindo
May apenas acenou em modo positivo para ela sem dar muita importância.
Lisa: Tá tudo nem por aqui?-franzinho o cenho- to sentindo uma tensão no ar.
May havia se afastado um pouco
Manoel: A Menina Thais, disse que estava chegando em casa na mensagem, mas não chegou aqui.
May: Caixa de novo…
Lisa: Perdeu a namorada e suas prole May?
May: Seu Manoel, será que tem como ver no circuito?-a ignorando
Manoel: Claro, dá sim, vou providenciar...-saindo
May: Obrigada…
Lisa: Calma May, do tamanho que a sua mulher está, rápido você encontra.
May apenas a encarou
Manoel: Os rapazes irão olhar, eu não a vi, mas pode ser que ela passou desapercebido por mim..
Lisa: Ela pode ter saído para dar uma respirada Mayra, você costuma ser um pouco radical nesse cuidado todo, sufoca.-rindo
Manoel: Quer beber uma água?-oferecendo. May
May: Não, obrigada seu Manuel...
Lisa: Eu aceito seu Manoel...-sentando ao lado de May- Se prepare pra bater na porta dos hospitais Mayra, espero que elas estejam be...
May: Lisa Cala a boca! -irritada
Lisa: Calma...-erguendo as mão e sorrindo
Manoel: Aqui sua agua Lisa...-lhe entregando
Lisa: Obrigada seu Manu.-pegando o copo- melhor eu subir depois dessa.
Manoel: Ela tá nervosa...
Lisa: Poxa seu Manoel e verdade, mas tenho mesmo que subir, obrigada pela água...
Manoel: Magina...-indo guardar um pouco
May: Ótima noite para você Mayra...-fazendo seu corpo arrepiar-se por completo.
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CONTO #01 — JOE E JESSICA JORDAN
Já que estavam se dando tão bem, os irmãos Jordan decidiram sair para que pudessem conversar um pouco sem serem incomodados por alguém de uma das equipes, como acontecia com certa frequência quando estavam na base. Joe propôs mostrar um pouco da cidade para Jessica, e a mais nova aceitou sem pensar muito. Seria bom conhecer um pouco mais daquela terra, afinal, não era todo dia que a Lanterna Azul tinha a oportunidade de conhecer uma terra totalmente nova.
Usaram seus anéis para irem até Coast City, onde almoçaram juntos e depois passaram a tarde passeando pela cidade, enquanto trocavam a todo momento informações sobre si mesmos, suas equipes, a diferença entre suas terras, seus relacionamentos entre outros muitos assuntos que foram surgindo entre eles. Perceberam logo no primeiro momento em que se encontraram que tinham muitas coisas em comum, não somente a cor de seus anéis, e talvez por isso a conexão dos dois tenha sido tão rápida. Ambos se sentiam a vontade com a companhia do outro e cada minuto que passavam juntos, os agora irmãos Jordan, iam percebendo que a era fácil manter uma conversa por horas e horas.
Era tão fácil, que eles mal notaram as horas se passando e quando se deram conta, já era a noite. Decidiram então passar em uma filial da Jitters para tomarem um café antes de retornarem para a base da equipe de Joe, localizada em Gotham City. Já estava ficando tarde e talvez a presença deles já tivesse sido notada pelos amigos.
— Estou te dizendo, eu queria que você pudesse conhecer o Kuunga. — Jessica comentou assim que ambos aterrissaram logo em frente a base do Deep Six. — Ele é muito fofo e é um Lanterna Azul incrível! Com certeza iria te adorar.
— Bom, se nós estamos tendo a oportunidade e nos encontrar, sinto que uma hora eu posso acabar me encontrando com ele também. — Joe sorriu para a irmã mais nova momentos antes da calma que estavam aproveitando ser completamente tomada pelo caos.
Uma base de jovens heróis nunca seria um lugar silencioso. Abrigando duas equipes então, os irmãos Jordan já sabiam que não encontrariam o lugar calmo. Mas eles também não estavam esperando a confusão que parecia estar tomando conta do ambiente naquela noite.
De cara eles podiam ver Damian e Helena Wayne em algum tipo de discussão acalorada, enquanto Grace e Harry Allen, acompanhados por Bart estavam sentados em um canto, conversando como se tramassem alguma coisa. Vez ou outra eles olhavam para os Wayne, antes de voltarem e discutir entre si. Dylan Queen e Tony Bertinelli estavam quase fora da vista dos dois, mas pareciam conversar sem grandes problemas, o que era bom. Talvez um problema a menos para lidarem.
Para a surpresa e felicidade de Jessica, Yara Curry parecia estar formando novas amizades, já que estava sentada na mesa ao lado de Kate Queen, Yuki Yamashiro e Natasha Hall. Vez ou outra ela olhava para onde Dylan e Tony estavam, mas nada que realmente chamasse a atenção dos Jordan. Parecia que aquele grupo também não estava causando grandes problemas.
Melissa Wayne e Charlize Kane passaram pelos Jordan logo em seguida, sem prestar atenção aos dois. Tudo que puderam ouvir da conversa delas foi algo envolvendo dois Damians, sangue e uma possível morte de alguém.
Ambos trocaram um olhar confuso, e antes que pudessem dizer qualquer coisa um para o outro, Kevin Kent e sua irmã da terra de Jessica, Bryce, se aproximaram deles.
— Que bom que vocês chegaram! — Começou o mais novo, alternando seu olhar entre os dois Jordans e o restante dos presentes ali. — Acho que vai ser bom ter vocês dois por perto.
— Tem muita coisa acontecendo. — Bryce continuou a fala do irmão. — Tipo, muita coisa mesmo. Eu acho que…
Bryce foi interrompida uma discussão repentina e pelo barulho de alguém caindo e algo se quebrando. Jessica reconheceu a voz de Lucy Quinzel e Joe logo soube que alguns membros do Stormwatch poderiam estar envolvidos no que quer que tenha acontecido.
— Mas o que-
— Esse é um dos problemas. — Kevin olhou para Joe. — A Lucy foi conhecer o pessoal do Stormwatch, e acho que criou alguns apelidos pra eles. Ela chamou o Ranger de Power Ranger e desde então, eles não tem se dado muito bem.
— Já tentamos manter a Lucy longe, mas todo mundo que podia ficar de olho nela tá envolvido com alguma outra coisa. — Bryce explicou. — A Helena quer matar o Damian, porque ele quer matar o Harry.
— Já a Mel passou a tarde conversando com a Charlie e só agora descobrimos que elas estão debatendo sobre a possibilidade de colocarmos dois Damians frente a frente pra ver o que acontece. Uma das teorias é que eles podem acabar brigando. Feio.
— E a Cassandra arrumou pro Dylan ficar com o Tony, e nós suspeitamos que isso pode ter feito algumas pessoas ficarem com ciúmes por aqui.
Joe e Jessica ouviam aos relatos dos irmãos Kent sem saber ao certo no que prestar mais atenção. Eles só estavam fora há algumas horas, como era possível que tudo isso tenha acontecido em um período tão curto de tempo?
No entanto, não tiveram muito tempo para pensar nisso, já que outra discussão parecia estar começando a se formar entre Lucy e alguns dos membros dos Stormwatch.
— Eu vou cuidar disso. — Joe disse, se distanciando dos outros três. — Antes que eles explodam alguma coisa que vai deixar o Ethan bem chateado.
— Falando no Ethan, melhor a gente ir dar uma olhada nos garotos. — Kevin comentou, antes de olhar para Jessica. — Ele e o Jeremy começaram a conversar mais cedo e acabaram se juntando para trabalhar em algum tipo de projeto. A gente sabe como eles acabam se empolgando então…
— Vamos ver como eles estão. E sabe, garantir que o Ethan não venha ver o estrago que podem estar causando nas coisas caras da base.
— Então acho que eu não tenho outra alternativa. — Jessica disse por fim, lançando um último olhar para os irmãos Kent. — Vou tentar impedir que o Damian e a Helena começem a se socar na sala.
Ao dizer isso, os três se separaram, e Jessica foi de encontro aos dois Waynes que já pareciam prestes a levar a discussão para uma briga física de verdade. A Lanterna azul se aproximou deles, sem ser notada.
— Ei. — Chamou na tentativa de atrair a atenção deles, mas sem sucesso. — Ei! Helena! Damian, já chega! — Gritou, colocando-se entre os dois. Contrariados, os dois se calaram por um momento. — Qual é o motivo da briga dessa vez? — Em resposta, os dois começaram a falar ao mesmo tempo, gritando um com o outro, e Jessica apenas revirou os olhos. Já estava considerando usar seu anel para acalmar os ânimos ali, mas resolveu deixar para último caso. — Vocês não tem cinco anos de idade. Um de cada vez.
— Sabia que o Damian está fazendo armadilhas pela base para machucar o Harry? — A mais velha dos Wayne disse rapidamente, fuzilando o meio-irmão com o olhar. Jessica apenas se virou para o rapaz, chocada com a informação. — Ele é mais doente do que o nosso Damian, Jessy.
— E o seu Allen é mais irritante do que a nossa. — Damian disse em um tom mais baixo do que Helena, retomando a calma que sempre parecia ter. — Talvez ele devesse considerar parar de fazer gracinhas comigo. Minha paciência tem limites.
— Damian! — Jessica foi obrigada a intervir antes que Helena voltasse a atacá-lo. — O Harry não faz por mal, ele só… é assim mesmo. Gosta de brincar com as pessoas.
— Bom, então acho que vou ensinar a ele que nem todo mundo aceita essas porcarias.
Jessica abriu a boca para contra argumentar, mas ficou aliviada ao ver Yuki se aproximando deles.
— O que está acontecendo? — Ela questionou e antes que Damian ou Helena pudessem lhe responder, Jessica tomou a frente. Ao terminar seu relato, a japonesa olhou para o namorado, segurando-o pelo braço. — Eu vou ter uma conversa com ele, não precisam se preocupar. O Dami não vai fazer nada com o Harry, não é? — Ela olhou para o rapaz e quando ele não respondeu de imediato, ela o fuzilou com o olhar.
— Por enquanto não vou fazer nada com o engraçadinho.
Yuki o empurrou para longe, mas antes de sair do campo de visão das duas integrantes da Justiça Jovem, assegurou mais uma vez que ele não faria nada com o velocista.
— Vou ficar de olho nele, porque não confio nesse cara. — Helena resmungou, antes de deixar Jessica sozinha mais uma vez.
Com um problema já resolvido, resolveu ir até a mesa onde Kate e Yara estavam, já que Natasha e Yuki haviam saído.
— Alguma de vocês viu o Jason? — Yara parecia não ter ouvido a pergunta, parecia distraída com outra coisa por isso, foi Kate quem respondeu.
— Vi ele com o Scott e o Apolo. Provavelmente estão jogando videogame ou qualquer coisa assim. — Então Kate esticou a cabeça para o lado, olhando para trás de Jessica. — A Lucy continua viva?
Jessica se virou e viu Joe acompanhado de Natasha.
— Por pouco. — A Thanagariana respondeu, voltando a ocupar o lugar que era seu antes de Joe a chamar para conter a pequena crise com os membros de sua equipe. — Ela só está proibida temporariamente de visitar nossa nave.
— Temporariamente porque vamos esperar o Ranger e a Donna não estarem por perto para levarmos ela lá. — O mais velho dos Jordan disse, soltando um longo suspiro logo em seguida. — Damian e Helena?
— Cada um foi pro seu canto. A Yuki deu uma ajuda.
— Ótimo.
Com as duas maiores crises contidas, sentiram como se finalmente pudessem se sentar um pouco e relaxar. E o doce momento durou apenas alguns segundo, porque de repente, Joe, Jessica e os outros foram surpreendidos pelo barulho de algo possivelmente muito caro se quebrando. Os irmãos Jordan trocaram um olhar novamente, mas foi Kate que acabou falando.
— Essa não. Onde é que estão os Allen?
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05.08.2020
Cara, fazia uns bons anos que eu não abria isso aqui. Quero só deixar um recado caso um dia volte de novo. Reli várias coisas, fiquei uns 40 min vendo a outra conta. Confesso que me julguei um pouco, até por algumas coisas que eu lembrava kkkkkk. Mas também me acolhi e muito. Sabe, é muito curioso e bem forte rever todas essas coisas, ver as situações que eu tava, coisas que eu pensava, coisas que eu achava engraçadas. Lembro que esse era o único lugar que eu podia ser bem deprê sem medo pq ninguém que eu conhecia ia ver mesmo kkkkk. E rever tudo isso e ver onde eu cheguei agora, o que mudou, o que não mudou... isso não tem preço. Hoje minhas felicidades são outras, minhas tristezas e também os medos. Algumas coisas não, mas no geral sim. To um pouco emocionada de ta aqui e ver todas essas coisas, ver essa mudança.
As vezes tenho a impressão de que o tumblr ta diretamente associado com ~coisas tristes~ da minha vida, e não é isso kkkk era só um lugar que eu podia ser triste em paz.
Não sei muito bem pq, mas vou atualizar algumas coisas da vida, quem sabe um dia eu volto, faço disso minha constante capsula do tempo pra mim mesma.
Bom, continuei cursando Sociais e decidi me formar. A gente ta em plena pandemia agora então isso vai atrasar minha formatura, mas tranquilidade. Na vdd to desesperada pensando que só vou me formar em psi com 30 anos kkkcry mas ok vamo q vamo. Acho que isso é uma das minhas maiores aflições atualmente. Cheguei até aqui e até hj não faço psi. Fico tentando compreender que esse é meu tempo e ta tudo bem mas as vezes é dificil. Mas gosto de sociais, só não sei como trabalhar com isso.Enfim.
(parenteses: me sinto escrevendo pra uma eu mais nova? kkkk como se eu tivesse ganhado mais maturidade nesse tempo e agr estou aqui numa posição “””maior”””)
Entrei em vários projetos de extensão também. Na socius, o que ta sendo legal, no ciso que também tá massa mas me gera um pouco de ansiedade pq mexe com um lugar que tenho muita dificuldade que é o ensinar, e no umanità. Eu fico me metendo num monte de projeto e isso me cansa muito. Minha teoria é de que sempre me sinto pra trás, como se nunca tivesse acompanhando as pessoas e todo mundo tá ai realizando coisa na vida e eu to pra trás realmente. Agora na quarentena a sindrome de impostora ta batendo forte, mas tenho trabalhado bem com a vann e a flavia isso e acho que tenho me saído bem na medida do possível kkkkkk.
Nesses tempos também várias coisas aconteceram. To namorando com thiago de novo, tem 2 anos e 9 meses já. Altos e baixos. Acho engraçado pq grande parte das coisas que estavam aqui eram sobre algum sentimento atrelado à minha história com ele, o término, as mágoas etc. Vi um post aqui que falava alguma coisa sobre um dia poder conversa sobre tudo. A gente não conversou sobre tudo mas conversamos sobre várias coisas. To me devendo falar sobre várias coisas com ele. Firmo aqui uma promessa (que provavelmente em todos esses anos eu devo ter feito outras vezes, desculpa amanda do passado kkkk) de falar assim que a pandemia passar. A gente não ta se encontrando. Falando assim parece que ta bem ruim o relacionamento né? É que realmente muita coisa recente aconteceu e esse virus ta complicando muito tudo, mas antes, até janeiro ali (viajei pra europa em fevereiro! Vou contar depois!) tava tudo muito bom! A gente tava realmente além do amor, muito apaixonado. Gostoso demais. Fizemos até uma viagem (que durou 24h kkkk) pra SP em dezembro. To com muita saudade. Mas agr tem sido puxado sabe. Já me questionei inúmeras vezes sobre esse relacionamento. E nem aconteceu nada demais. Bom na vdd em fev eu suspeitei de que ele tinha me traído. Escolhi que não ia falar nada até poder ser pessoalmente pq se levasse a gente a terminar em plena pandemia onde eu nao tenho um colo amigo nem um rolê pra me distrair eu nao ia dar conta. Mas agora eu nem sinto mais essa lance, no começo foi mais intenso seguir achando que isso tinha acontecido mas sem falar nada sobre. Enfim né, agora ta tudo bem, só tamo longe e eu to com saudade de tudo, especialmente do que eu sei que a gente pode ser. Amo ele, quando ta tudo bem é muito bom (que frase horrível).
O lance pra entender esse momento realmente é a pandemia. Tudo ta mais dificil, mais emocionalmente desgastante. Medo constante. Se tivesse me perguntado final do ano passado ou inicio eu ia ta muuuito bem e feliz, especialmente no inicio que eu consegui meu primeiro estágio! Tava sendo uma grande mulher que realizava tudo o que queria.No meio não, pq no meio caiu as arvores na minha cabeça.
Isso da arvore é uma lombra tb pq eu nunca tinha ligado mt pra essa coisa de estresse pós traumático mas nossa...... é real. Eu sou bem (mais) hipocondríaca hj em dia. Pretendo me livrar disso aos poucos assim que a quarentena passar, pq vou poder testar os alimentos que eu parei de comer (castanhas, frutos do mar) por medo de ter edema de glote (sendo que eu sempre comi saca a mente é mt interessante pq conscientemente eu tenho certeza q nao tenho alergia a nada disso mas nao tenho coragem de voltar a comer). Mas ja fico sozinha oq é ótimo pq antes nem isso eu conseguia. Doideira demais
Viajei pra Europa esse ano! Foi doido demais! A barbara ta na austria terminando o doutorado e eu e a nat fomos la visitar. Fomos pra viena, budapeste, praga e amsterdam. Vei foi maravihoso. Queria ter aproveitado mais o lance das comidas pq ja tava assim como relatei (mas confesso que não me arrependo de nada não sabe? É só pela qualidade de vida que é não estar surtada) e amsterdam, que quando a gente chegou o bicho começou a pegar do coronavírus.
Aqui em casa estamos bem no geral. Passamos por momentos tensos, mas o lance da arvore nos uniu de certa forma. E agora apesar de ter uns conflitos estamos bem. Temos entretanto muitos estresses ainda, que atualmente se concentram em eu dar patada oq é vdd e eu odeio mas acho dificil de controlar, minha mae ser a dona da razão e meu pai nao se cuidar. Isso ta MUITO resumido mas to doida pra ver como vai ta no futuro.
Isso de pensar no futuro me aflige um pouco pq meu pai esses dias tem falado de mudar pra portugal e eu fico pensando caralho preciso resolver minha vida e me bancar pq logo logo meus pais nao vao mais fazer isso. Essa parte é foda.
Que mais.....
Eu to na Orquestra né, toco um instrumento e amo meu agbê e deveria treinar mais. Toda vez que posto uns video tocando no insta ganho bastante biscoito kkkkkk modéstia a parte. Ultima vez que postei mais de 40 pessoas responderam meus stories oq é legal, da vontade de continuar. Na pandemia agora voltei pro ballet depois de quase 3 anos fora (sai pq machuquei em giselle 2017) e comecei a fazer yoga. De uns anos pra cá eu tenho ficado bem tilelê, gosto de aromaterapia, dançaterapia, ayurveda.... espero estudar mais sobre isso no futuro.
Meus avós tao velhos! Meu vô rubian voltou pra bsb e é impressionante como ta lúcido (na maneira dele né, aquela coisa). Meu vô moacir outro dia fugiu da quarentena pra ir no banco kkkkkkkk ele ta velhinho também mas ta lúcido! Minha vó maria ta bem, mas de uns 1,2 anos pra cá ela envelheceu. Foi quando ela teve que ficar parada em casa mt tempo pq teve um problema no pé. Minha mãe diz que isso pra eles são 10 anos. Nisso ela começou a caducar.... E ai recentemente descobrimos que ta com parkinson. Diz minha mãe que as vezes ela tem uns delirios mas ela ainda ta fofa e normal cmg.
Acho que é isso. A vida é muito louca. Tudo mudou mas muita coisa ta igual. Tenho tido dificuldade de me amar, esse lance do corpo, rosto, nariz, olheira etc... também tenho tido muitos medos ta foda. Mas também acho que são efeitos da pandemia. Tô doida pra isso acabar pq na real num geral eu me acho mt foda, um mulherão! Quero voltar a realizar coisas logo. Enfim, é isso. Falei demais sobre coisas que nem era oq tava planejando. Sao 04:05 da manhã agora e ja vou deitar.
Quero deixar uns adendos: agora eu uso (até demais) o tuiter (desde 2017), sou conhecida por gostar de bumbum e fazer carinho nos dos meus amigos que me dão permissão, falo constantemente algumas coisas como “a vida acontece/ a vida aconteceu bem diante dos nossos olhos” e “antes tarde do que mais tarde” e acho isso pertinente nesse desabafo todo (e espero nao esquecer disso nunca). Acho que é isso. Ah e aquele texto que eu escrevi em 2016 da luz acender e etc, ainda amo, honro e tenho mt carinho por ele. Acho muito bonita a forma que escrevi sobre a minha depressão numa narrativa que considero sutil (isso do texto foi do nada mas é que li ele aqui e lembrei). Ah eu tb me mudei mais 2x. Moramos na 306 sul ai depois fomos pra 106 sul que eu amava mt aquele ap e agr tamo na 313 que eu gosto mas confesso que o outro tinha coisas que sinto falta kkkkkk por exemplo sol que dava pra eu ter minhas plantinhas.
Fim. Até a próxima, eu do futuro e passado
[edit: eu nao revisei nada desse texto só fui jogando as ideias e postei depois, sequer li pra ver se tava bom]
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Avisos de conteúdo: manipulação, body horror, paranoia, impostores, stalking, menção a ferimentos, menção a sangue.
MAG 003 – CASO #0070107 “DO OUTRO LADO DA RUA”.
ARQUIVISTA
Declaração de Amy Patel, em relação à alegada desaparição de seu conhecido Graham Folger. Declaração original dada em primeiro de julho de 2007. Gravação em áudio por Jonathan Sims, Arquivista Chefe do Instituto Magnus, Londres.
Início da declaração.
ARQUIVISTA (DECLARAÇÃO).
Eu conheci Graham mais ou menos dois anos atrás. É difícil dizer exatamente quando foi nosso primeiro encontro ou sequer quando começamos a conversar, já que pegamos uma mesma cadeira na época. Eu tinha certeza de que existia bastante interação antes de descobrirmos os nomes um do outro. Mas comecei o curso em 2005, então... é. Uns dois anos. Tinha decidido pegar uma aula de criminologia na Universidade Birkbeck como uma forma de sair da rotina do meu trabalho de escritório. Sou uma analista de conformidade assistente em Deloitte e se você acha que isso soa tedioso... bem... sim, é. Sabia que esse curso de criminologia não me levaria a lugar algum, mesmo se eu o concluísse. Só tinha que fazer algo que achasse mais interessante na minha vida. E era isso ou me tornar alcoólatra, então...
Desculpa, estou saindo do assunto. Inicialmente, achei Graham um pouco estranho. Ele fumava o tempo inteiro e usava desodorante demais pra tentar esconder o cheiro. Também era um pouco mais velho que eu, uns dez anos, por aí. Nunca perguntei sua idade, quer dizer, não éramos assim tão próximos, mas já dava de ver o branco tomando conta nos lados da cabeça e era visível que o cansaço em seu rosto não era de perder uma só noite de sono. Isso não quer dizer que ele era feio — tinha um rosto arredondado, amigável e olhos de um azul bem profundo, mas muito longe de ser meu tipo. Ele falava bem em trabalhos em grupo, pelo menos quando falava, e acho que deve ter feito Oxford, mas não sei qual curso. Tinha percebido que ele sempre parecia estar rabiscando furiosamente em um caderno, mesmo quando quem palestrava não dizia uma palavra. De primeira, só achei que ele era meticuloso, mas juro que o vi encher um caderno a5 numa palestra. Lembro que era uma conversa sobre juventude e o sistema judicial na qual quem falava, falava tão devagar que não teria enchido aquele caderno mesmo se Graham tivesse escrito literalmente cada palavra. Sem mencionar que eu pedi suas anotações emprestadas uma vez pra fazer uma dissertação e ele me olhou estranho respondendo que não tinha anotado nada. Então, bem... meu ponto é que eu não o chamaria de amigo, mas nos dávamos bem.
Cerca de quatro meses no curso foi a primeira vez que vi Graham fora da universidade. Eu estava no ônibus noturno, indo pra casa, depois de ter saído pra beber e ter perdido os horários normais. Vivo em Clapham, então o serviço de ônibus noturno é bem regular por lá. Claro que regular também significa encontrar bêbados que vomitam, então... Bem, eu tento ser discreta, sentando-me num banco mais alto no fundo. Foi ali que eu vi Graham. Ele estava sentado bem na frente, olhando pra fora da janela. Observar as pessoas é um dos meus prazeres secretos, então decidi não dizer oi pra ele, pelo menos não de cara. Não fiquei desapontada também — ele era mais estranho sozinho do que era na sala de aula.
Nessa época era o meio do inverno, então as janelas estavam opacas com a condensação, mas ele quase obsessivamente limpava o vapor do vidro a sua frente assim que começava a obscurecer sua visão. Parecia estar escaneando com atenção as ruas por algo, exceto que, às vezes, ele virava o pescoço pra encarar os telhados dos prédios que passavam. Ele também parecia nervoso, respirando mais rápido que o normal, o que também embaçava ainda mais o vidro janela. Era ligeiramente alarmante assistir, pra ser sincera, e eu finalmente resolvi falar pra ele que estava ali.
Ele se assustou um pouco quando o cumprimentei e perguntei-lhe se estava bem. Ele me disse que normalmente não ficava até tão tarde na rua e que achava o transporte noturno meio incomodo. Sentei-me perto dele e ele pareceu ficar mais calmo, então não continuei o assunto. Conversamos um tempo sobre nada em particular até que o ônibus parasse no meu ponto. Quando me levantei, percebi que Graham também se levantou na mesma hora e percebi com algum desconforto que que deveríamos morar perto. Eu gostava do cara, mas não me leve a mal, ainda não me sentia bem com ele sabendo onde eu moro. Mas sim, era óbvio que eu já tinha levantado, então meu ponto não poderia ser o próximo. E não que eu me sentisse insegura com Graham, eu só era uma pessoa que mantinha minha vida privada pra mim mesma. Eu decidi andar com ele o máximo possível pra que ele não soubesse em qual prédio eu iria entrar. Talvez nós nem fossemos na mesma direção. Sim, nós estávamos indo na mesma direção. Até parecia ser pra mesma rua.
Foi nesse momento que eu senti uma mão me agarrar pelo ombro e me jogar pra rua. Não sei como descrever isso, mas num momento eu só estava andando junto com ele e no outro u estava voando na direção do chão. Não pode ter sido Graham — ele estava a minha frente o tempo inteiro — e eu jurava que não tinha mais ninguém na rua. Não tinha nenhum carro vindo, mas bati minha cabeça bem forte. Acho que devo ter ficado inconsciente por alguns segundos porque a próxima coisa da qual me lembro é de um Graham em pânico ligando pra ambulância. Tentei dizer a ele que estava tudo bem, mas não consegui realmente fazer essas palavras saírem da minha boca o que, sim, significava que eu não estava bem.
A ambulância chegou em bom momento, considerando que isso era Londres numa sexta a noite, e os paramédicos me checaram. Eu disse que o machucado não era sério — aparentemente ferimentos na cabeça sempre sangram muito e não era nenhum motivo de pânico — mas eu realmente tive uma concussão feia e não deveria ser deixada sozinha nas próximas horas. Mesmo ainda podendo vê-lo da minha porta, eu, por alguma razão, me conformei com a ideia de Graham nunca saber onde eu morava. Em retrospecto, provavelmente era a concussão falando, mas a conclusão foi que eu decidi que voltaria pro apartamento do Graham pra me recuperar Ele ficou bem incomodado pela situação repentina e deu o seu máximo pra se certificar de que nada seria ruim pra mim naquela situação. Aparentemente ele era gay e isso me acalmou um pouco. Ainda assim, era claro que isso não era o que nenhum de nós dois tínhamos esperado pra ser o término de nossa noite.
Acontece que o apartamento do Graham era exatamente em frente ao meu, só alguns andares abaixo. Imaginei se ele podia ver minha janela da dele e lembro-me de ter achado esse pensamento estranho: se eu tivesse que olhar pra fora, eu teria que tomar cuidado com a janela, já que conseguia ver os ganchos da minha janela dali. Eu perguntei onde ele cresceu e ele me olhou estranho, como se minha concussão tivesse me feito parar de fazer sentido de novo. Acho que talvez tenha feito já que quando olhei de novo pra janela, os ganchos tinham sumido e não existia nenhum sinal de nenhuma esquadria de janela. Na hora eu coloquei a culpa no machucado da cabeça, mas agora não tenho certeza.
O apartamento por si só era simples, mas bem grande pelos padrões de Londres. Só tinha umas poucas peças de mobília e muitas estantes, cada uma coberta com fileiras e fileira de cadernos idênticos, sem nenhum sistema de marcação pra indicar seus conteúdos. Comecei a perguntar sobre eles, mas minha cabeça latejou eu não me senti pronta pra nenhuma resposta que poderia vir. Graham me levou até o sofá e desapareceu pra me buscar um pacote de gelo e uma xícara de chá doce. Graciosamente aceitei ambos já que não estava num humor pra conversar. Graham claramente se sentiu estranho o suficiente com o silencio pra falar por nós dois e aprendi mais sobre ele nessa hora do que tinha desejado saber. Aparentemente seus pais tinham morrido num acidente de carro alguns anos atrás e o deixaram uma grande quantia e o apartamento pra ele. Ele não precisava mais trabalhar, então se achou perdido na vida, pegando aulas noturnas na faculdade só pra passar o tempo e aumentar seu conhecimento — palavras dele, não minhas. Ele disse que estava tentando descobrir o que fazer da vida.
Ele continuou falando assim por um tempo, mas eu já tinha parado de prestar atenção quando meus olhos foram pegos pela mesa na qual ele tinha colocado o meu chá. Era uma mesa ornamentada com um padrão contorcido de linhas se curvando até o centro. O padrão era hipnótico e mudava sempre que eu mudava o olhar, como uma ilusão de ótica. peguei meus olhos seguindo as linhas até o centro da mesa onde não havia nada além de um buraco quadrado. Graham me pegou encarando e me explicou que móveis antigos e interessantes eram uma de suas paixões verdadeira. Aparentemente ele tinha achado a mesa num brechó durante seus dias de estudante e tinha se apaixonado por ela. Estava em uma situação bem ruim, mas ele gastou muito tempo e muito dinheiro restaurando-a, mesmo que nunca tenha descoberto o que deveria ir no centro. Ele assumiu que era uma peça separada e nunca conseguiu achá-la. E, bem, como na maior parte das nossas conversas eu achei suas palavras chatas, teria achado mesmo se minha cabeça não estivesse machucada. Depois desse tempo eu já estava me sentindo bem o suficiente pra sair e comecei a dar desculpas pra Graham. Ele expôs sua preocupação, disse que não tinha sido tempo o suficiente ainda, como os médicos sugeriram, mas se eu tivesse que ouvir mais... Bem, você entendeu a situação. No fim, eu saí, mas as linhas bruxuleantes da mesa e os canos do lado de fora da janela faziam um barulho tão estranho que eu não achei que ficar ali mais tempo me ajudaria a ficar melhor.
Fui direto pra casa, me certificando de que Graham não pudesse me ver de sua janela e passei algumas horas vendo Tv até que me recuperasse o suficiente pra poder ir dormir. Pela hora que acordei na manhã seguinte, estava me sentindo mais ou menos bem, apesar de ter mantido um curativo no corte da testa e não ter tentado pensar muito no que aconteceu noite passada.
Numa tarde, dias depois, me peguei olhando pela janela, a que dava pra rua, e me lembrei do quão perto Graham morava de mim. Olhei pra ter certeza de que poderia descobrir qual janela era a dele e bem, a dele estava ali. Era uma vista bem direta do apartamento dele e eu conseguia vê-lo sentado no sofá, lendo um de seus cadernos da estante. Percebi que se eu podia velo tão claramente, ele também conseguiria me ver também se optasse por fazê-lo. Com um resto de apreensão pelo que me aconteceu naquela sexta-feira, resolvo apagar as luzes do meu apartamento, então ele não me veria se olhasse pra cima. Então voltei a assisti-lo.
Sim, eu sei que isso soa bizarro. Não era pra ser. Eu disse antes que realmente gosto de assistir as pessoas e, não importando o quão chato Graham me pareceu enquanto conversávamos, era estranho o quão atraente era a ideia de querer assisti-lo. E não só naquela noite. Sim, não há nenhum jeito não sinistro de dizer que observar Graham virou meu hobby. Era estranho, admito, mas eu não conseguia parar. Era puramente fruto de um interesse aleatório na vida dele. E em minha defesa, eu teria parado muito antes se não fossem as coisas bizarras que ele fez. Ele constantemente reordenaria os cadernos sem nenhum tipo aparente de sistema de organização, na maior parte do tempo sem nem os abrir. As vezes ele pegaria um caderno aparentemente aleatório da estante e começaria a rabiscar nas folhas, mesmo que elas já estivessem cobertas por escrita. Uma vez, e juro que é verdade, o vi pegar u dos cadernos e começar a rasgar as páginas uma por uma e então, lenta e deliberadamente, ele as comia. Deve ter levado quase umas três horas pra ele terminar o livro inteiro, mas ele não parou ou fez pausas, ele continuou.
Mesmo quando ele não estava fazendo nada com os cadernos, ainda existia uma energia estranha nele. Podia ver que estava constantemente inquieto e pulava cada vez que um barulho alto passava pela rua — uma sirene de polícia, uma garrafa quebrando, caramba, uma vez até o vi enlouquecer por causa de um caminhão de sorvete. Toda vez ele se levantava rápido, corria até janela e começava a olhar pra fora, virando o pescoço pra todos os lados. As vezes ele olhava pra cima, mas aprendi seus padrões bem o suficiente pra não ser notada. Então, depois disso, ele decidia de uma vez que não havia problema algum e voltava a qualquer coisa que estivesse fazendo antes.
E por “qualquer coisa que estava fazendo antes” eu quero dizer nada. Aparentemente ele não tinha televisão ou computador e os únicos livros que tinha eram os próprios cadernos, também só o vi pedindo delivery. Não sei quantas vezes o assisti comer a mesa pizza: pepperoni com jalapeño e anchovas. Sim, eu sei. Mas o resto do tempo ele só ficava lá sentado, fumando e as vezes olhando pro nada, as vezes encarando aquela sua mesa. E sim, me lembro do padrão hipnotizante dela e eu mesma passei olhando por uns bons minutos enquanto estive lá, mas ele não fazia nada além disso.
Quem sabe ele deveria ter uma vida rica e satisfatória fora do apartamento. Certamente, saía do apartamento regularmente e sim, eu não estava tão louca a ponto de querer segui-lo. Na verdade, eu sempre esperava um bom tempo antes de sair do meu prédio pra ter certeza de que não toparia com ele. Ainda não queria que ele soubesse onde eu morava, mas agora por razões muito diferentes. No fim, era um hobby, não uma obsessão — e as vezes, por dias, eu sequer via Graham. Talvez houvesse algo no que eu não enxergava que explicava o comportamento dele. Eu só queria ter perdido o que aconteceu em 7 de abril — assim, talvez eu tivesse simplesmente achado que ele se mudou ou... Não sei. Só queria não ter visto aquilo.
O trabalho foi intenso pelos últimos dois meses e com tantas noites mal dormidas eu tive que desistir do curso. Além do mais, na verdade, eu não tinha nem falado com Graham desde a noite na qual sofri meu ferimento na cabeça. Acho que ele ainda se sente estranho sobre isso, além do mais, o vi fazendo tantas coisas bizarras sozinho em seu apartamento que teria dificuldades em engajar numa conversa normal com ele. De qualquer forma, naquela semana eu mal tive tempo pra comer, quem dirá ficar observando o Graham, então quando fui pra casa dez e meia da noite, meu primeiro pensamento foi cair na cama. Mas, bem, era sexta e eu tinha tomado uma quantidade enorme de café pra me manter trabalhando então estava pilhada e morrendo de vontade de dormir até tarde no dia seguinte. Então quando vi que as luzes do apartamento dele ainda estavam acesas, resolvi passar alguns minutos relaxantes checando-o.
As luzes podiam estar acesas, mas não o achava em nenhum lugar, então me perguntei se ele tinha ido dormir e simplesmente esquecido de desligá-las. Mais provável que estivesse no banheiro, então resolvi esperar um pouco mais. Enquanto encarava a janela, percebi alguma coisa... Sei lá... errada sobre ela. Parecia um pouco diferente de uma forma que eu não poderia dizer qual era a diferença. Então eu notei. De primeira eu achei ser só um cano de água descendo a lateral do edifício, preso logo abaixo da janela de Graham. A luz dos postes da rua não chegava até o quarto andar e as bordas da janela dele criavam uma sombra que não deixava a luz de chegar até ali. Do que discerni, pareciam canos, mas era longo, reto e escuro, e do que percebi em minhas observações que já duravam meses, eu podia jurar que nunca houve canos ali.
E ao passo em que eu o encarava, aquilo se moveu. Começou a se contorcer devagar e, só então me dei conta de que estava olhando pra um braço — um longo e fino braço. Enquanto a ponta se torceu, acho que vi outra junta abaixo, também se movendo e dobrando o que só posso assumir que sejam cotovelos. As pontas daquilo se penduraram na janela. Quando eu digo que se moveu, não é exatamente isso. Aquilo [mudou] como quando você encara uma pintura psicodélica e isso muda como você vê qualquer outra coisa que olhe logo depois.
Nunca cheguei a notar nada que possa ser considerado uma mão, mas ainda assim, aquilo se içou pela janela. Levou menos de um segundo e não pude discernir bem o que era. Eu só enxerguei esses... braços? Pernas? Pelo menos quatro desses, talvez tenham sido mais, e eles meio que se dobraram passando pela janela num flash de cinza furta-cor. Acho que era essa a cor — foi muito mais uma silhueta, e se aquilo tivesse um corpo ou uma cabeça, se deslocou pra dentro mais rápido do que pude perceber. O movimento agora era do lado de dentro, a luz do apartamento de Graham se desligou e a janela se fechou com força logo atrás daquilo.
Então, é... eu meio que só fiquei parada ali por bastante tempo, tentando processar o que tinha acabado de ver. Conseguia compreender alguns vagos movimentos dentro do apartamento de Graham, mas não podia enxergar nada claramente. Finalmente decidi ligar pra polícia, no entanto, não fazia ideia do que dizer pra eles. No fim, eu simplesmente falei que tinha visto alguém suspeito escalando até o quarto andar do prédio e entrando pela janela, mencionei o endereço e desliguei antes que pudessem perguntar quem estava ligando. Então esperei e assisti o que acontecia no apartamento escuro do outro lado da rua. Eu não conseguia desviar minha atenção — me convenci de que se eu parasse de encarar aquela... o que diabos fosse aquela coisa, aquilo se desdobraria pra fora e alcançaria minha casa. Mas nada saiu dali.
Cerca de dez minutos depois, eu vi um carro de polícia parando na rua. Sem sirenes, sem luzes piscantes, mas eles estavam ali e imediatamente eu me senti melhor. Voltando a olhar pro apartamento, eu vi que as luzes tinham se ligado novamente. Não havia sinal da coisa que vi escalando até ali, mas assim que a polícia apertou a campainha do lado de fora do prédio, eu vi alguém andando até a porta pra deixá-los entrar. Não era o Graham.
Enfaticamente, aquilo não era o Graham. Ele parecia completamente diferente. Talvez alguns centímetros mais baixo e tinha um rosto longo e quadrado, coberto com cabelo curto e loiro, ao passo em que o cabelo de Graham era curto e escuro. No entanto, estava usando as roupas do Graham — reconheci a camiseta dos meus meses de observação —, mas ele não era o Graham. Eu assisti o Não-Graham andar até a porta e deixar dois oficiais de polícia entrarem. Eles conversaram por um tempo e Não-Graham pareceu preocupado, então começaram a procurar algo pelo apartamento. Eu assisti, esperando praquela coisa emergir ou pra polícia encontrar o Graham real, mas não acharam. Em dado momento, cheguei a ver um dos policiais pegar uma forma vermelho-escura que reconheci ser um passaporte. Meu coração bateu mais forte quando vi a mulher abri-lo e olhar pro Não-Graham, claramente comparando os dois, eu esperei pelo momento em que ela detectaria o impostor. Em vez disso, ela só riu, apertou a mão dele e saiu de lá com seu parceiro. Eu assisti o carro da polícia ir pra longe, me sentindo desamparada e quando voltei meu olhar pra janela, ele estava lá, me olhando de volta. Congelei quando os olhos arregalados dele encontraram os meus com um frio sorriso cheio de dentes. Então, com um movimento fluido, ele fechou as cortinas e sumiu.
Eu não dormi aquela noite e nunca mais vi Graham. No entanto, eu vi essa pessoa o tempo inteiro. Pela próxima semana, eu o vi saindo com grandes sacos de lixo que pareciam pesados várias vezes por dia. Levei um tempo pra perceber que ele estava jogando fora os cadernos de Graham e, logo, o apartamento já não tinha mais nenhum. Acho que ele também redecorou, mas nunca cheguei a prestar tanta atenção já que os únicos momentos em que ele deixava as cortinas abertas eram quando encarava diretamente pro meu apartamento, agora, aparentemente toda noite. Tentei achar alguma evidência do antigo Graham, mas tudo que eu achava online com qualquer foto anexada eram retratos dessa nova pessoa. Até perguntei pra alguns antigos colegas de turma, mas nenhum deles pareceu se lembrar dele.
Eventualmente, me mudei. Realmente gostava daquele lugar em Clapham, mas é... ficou demais. A última gota foi quando eu estava saindo pro trabalho durante a manhã e não percebi até que fosse tarde demais que Não-Graham saía ao mesmo tempo. Ele me cumprimentou pelo nome e sua voz não era nada como deveria ser. Eu comecei a inventar desculpas e me apressei pra me afastar, mas ele só ficou me encarando e sorrindo pra mim.
“Amy, não é engraçado como você pode morar tão perto de mim e nunca ter percebido isso. Acho que vou precisar retribuir sua visita um dia desses.”
Eu me mudei uma semana depois e nunca o vi de novo.
ARQUIVISTA
Fim da declaração.
Eu estaria tentado a dispensar isso como sendo uma alucinação resultada de complicações de longo termo por causa de traumas na cabeça, porém Tim se envolveu nisso e conseguiu os registros médicos da Srta. Patel. Só deus sabe como ele os arrumou, espero que não esteja usando os fundos do Instituto pra dar em cima de balconistas de novo. Tais registros não apoiam a ideia de que ela estivesse sofrendo desses problemas. Sem mencionar que eu confio no testemunho de colegas de trabalho tanto quanto confio em outra pessoa, mas o trabalho dela realmente não parece do tipo que se possa completar com um senso comprometido de realidade. A Srta. Patel recusou ao nosso pedido de outra entrevista pra acompanhamento e parece estar tentando se distanciar desses eventos.
Graham Folger definitivamente existiu e parece se encaixar com a história dela. De acordo com os registros d o médico legista, Desmond e Samantha Folger, os pais dele, morreram na M1, perto de Sheffield em 4 de agosto de 2002 e o nome de Graham Folger aparece em diversos registros de faculdades ao redor de Londres nos anos seguintes. O apartamento que ela mencionou realmente pertenceu ao Sr. Folger, mas foi vendido por uma agência no começo de 2007. Todas as fotos que fomos capazes de juntar que parecem se encaixar com a descrição do Não-Graham que a Srta. Patel deu, exceto por algumas polaroides antigas, aparentemente do final dos anos 80, que mostram os pais ao lado de um adolescente de cabelos escuros que não se parece nem um pouco com as fotos mais recentes.
Não há muito mais a fazer nesse caso. A Srta. Patel, como muitos de nossos assuntos de estudo pareceu muito mais interessada em dar sua declaração como uma forma de fechamento de ciclo pessoal, não como o começo de uma investigação séria. Ela nem se interessou quando Sasha disse que tinha conseguido localizar algo que acreditamos ser um dos cadernos de Graham Folger. Duvido que isso teria feito muita diferença — só dizia a mesma coisa em todas as páginas repetidamente: “Continue assistindo”.
Fim da gravação.
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O DIÁRIO DE RENIA SPIEGEL.
Traduzido do polonês pela primeira vez, o diário de Renia Spiegel nos apresenta uma impressionante narrativa em primeira pessoa da vida como jovem judeu durante a Segunda Guerra Mundial. Para conhecer a história de fundo da vida de Spiegel e como suas palavras chegaram às nossas páginas, convidamos você a ler esse prólogo do jornalista Robin Shulman. Juntamente com os trechos do diário abaixo, adicionamos o tipo vermelho com datas contextuais da história de como a Segunda Guerra Mundial chegou à Polônia, quando os nazistas invadiram o oeste e os soviéticos do leste, deportando, aprisionando e matando judeus nas cidades. como Przemsyl, onde Spiegel viveu e pereceu.
31 de janeiro de 1939
Por que decidi começar um diário hoje? Alguma coisa importante aconteceu? Descobri que meus amigos estão fazendo seus próprios diários? Não! Eu só quero um amigo.
Alguém com quem posso conversar sobre minhas preocupações e alegrias diárias.
Alguém que vai sentir o que eu sinto, acreditar no que digo e nunca revelar meus segredos. Nenhum ser humano poderia ser esse tipo de amigo.
De qualquer forma, prometo sempre ser honesto com você. Em troca, você ouvirá meus pensamentos e preocupações, mas permanecerá em silêncio como um livro encantado, trancado com uma chave encantada e escondido em um castelo encantado. Você não vai me trair.
Primeiro de tudo, permita-me apresentar-me. Sou estudante da Escola Média Maria Konopnicka para Meninas.
Meu nome é Renia, ou pelo menos é o que meus amigos me chamam. Eu tenho uma irmãzinha, Ariana, que quer ser uma estrela de cinema. (Ela já esteve em alguns filmes.)
Nossa mãe mora em Varsóvia. Eu morava em uma linda mansão no rio Dniester. Eu adorava lá. Havia cegonhas em velhas tílias. Maçãs brilhavam no pomar e eu tinha um jardim com fileiras de flores elegantes e encantadoras.
Mas esses dias nunca retornarão. Não há mais mansão, nem cegonhas em velhas tílias, nem maçãs nem flores.
Tudo o que resta são memórias, doces e amáveis. E o Rio Dniester, que flui, distante, estranho e frio - que zumbe, mas não para mim.
Agora eu moro em Przemysl, na casa da minha avó. Mas a verdade é que não tenho um lar real.
É por isso que às vezes fico tão triste que tenho que chorar. Sinto falta da minha mãe e do seu coração caloroso. Eu sinto falta da casa onde todos nós moramos juntos.
Mais uma vez a necessidade de chorar toma conta de mim Quando me lembro dos dias que costumavam ser As tílias, casa, cegonhas e borboletas Foram para algum lugar e ... longe demais para os meus olhos Eu vejo e ouço o que sinto falta O vento que costumava embalar árvores velhas E ninguém mais me diz Sobre a neblina, sobre o silêncio A distância e a escuridão do lado de fora da porta Eu sempre ouvirei esta canção de ninar Vejo nossa casa e lagoa deitados E tílias contra o céu...
Mas também tenho momentos de alegria e são muitos. Muitos! Deixe-me apresentar alguns dos meus colegas de classe para você.
Minha melhor amiga, Nora, senta-se ao meu lado. Compartilhamos todos os mesmos pensamentos e opiniões.
Na nossa escola, as meninas costumam ter “paixões” por nossos professores, então Nora e eu temos uma queda, uma verdadeira queda (algumas meninas fazem isso apenas para encher os professores) pela nossa professora de latim, Sra. Waleria Brzozowska, nee Brühl .
Nós a chamamos de "Brühla". Brühla é a esposa de um oficial bonito que vive em Lwow. Ela vai vê-lo todos os domingos. Tentamos obter o endereço dele na agência de endereços, mas não obtivemos sucesso porque não sabemos o nome real dele. (Nós o chamamos de "Zdzisław".)
A próxima garota da nossa fila é Belka - gorda e atarracada como 300 demônios! Ela tem um talento excepcional para acadêmicos e um talento ainda mais excepcional para ganhar aversão.
A seguir vem Irka. Eu não gosto de Irka e está no meu sangue. Eu herdei esse ódio: minha mãe não gostava muito da mãe de Irka quando estava no ensino médio.
Comecei a não gostar mais de Irka quando ela começou a me prejudicar na escola. Isso - combinado com sua nojenta conversa doce, mentira e falta de sinceridade - me fez realmente odiá-la.
Estamos planejando uma festa há meses. Nós brigamos e discordamos, mas a festa está marcada para o próximo sábado.
5 de fevereiro de 1939
Estou tão feliz. Foi uma grande festa e todos, especialmente Brühla, se divertiram muito. Mas pela enésima vez, pensei: “Gostaria que mamãe estivesse aqui”.
A mãe de Irka, a Sra. Oberhard, era toda Brühla, conversando com ela o máximo que podia, o que certamente beneficiaria Irka e sua irmã mais nova no futuro próximo.
Ah, querido diário, se você pudesse saber o quão difícil é querer algo tão mal, trabalhar tanto para isso e então lhe ser negado na linha de chegada!
O que foi realmente que eu queria? Eu não sei. Brühla foi muito legal. Mas ainda não estou satisfeita.
11 de fevereiro de 1939
Está chovendo hoje. Em dias de chuva, fico em pé junto à janela e conto as lágrimas escorrendo pela vidraça. Todos correm, como se quisessem cair na rua molhada e lamacenta, como se quisessem torná-la ainda mais suja, como se quisessem tornar esse dia feio, ainda mais feio do que já é.
As pessoas podem rir de mim, mas às vezes acho que objetos inanimados podem falar. Na verdade, eles não são inanimados. Eles têm almas, assim como as pessoas.
Às vezes, acho que a água nos canos ri. Outras pessoas chamam essa risada de nomes diferentes, mas nunca passa pela cabeça que é apenas isso: uma risadinha. Ou uma lixeira:
Uma página saiu limpa De uma revista semanal de cinema. “Eles só me compraram ontem e eu já estou no lixo, de jeito nenhum! Pelo menos alguma coisa que você viu. Pelo menos no mundo você tem sido. Você levou uma vida pacífica quando estava na banca de jornal Enquanto eu tive que correr nas ruas, gritando o tempo todo. É melhor ser um semanário do que um diário que passa rapidamente ”.
15 DE MARÇO DE 1939 - As tropas alemãs invadem a Tchecoslováquia, mostrando que a estratégia de apaziguamento da Grã-Bretanha fracassou.
28 de março de 1939
Deus, estou tão triste, tão triste. Mamãe acabou de sair e quem sabe quando eu vou vê-la novamente.
Eu estive passeando com Nora por vários dias, então eu preciso sair com Irka, o que não está ajudando.
E depois há as lembranças. Mesmo que elas partam meu coração, eles são memórias dos melhores momentos da minha vida.
Já é primavera! A primavera costumava ser tão boa lá. Pássaros cantavam, flores desabrochavam; era tudo céu, coração e felicidade!
As pessoas lá estariam pensando nos feriados agora. Tão tranquilo, caloroso e amigável; Eu adorei tanto.
Nas noites do Sêder de Pessach (jantar cerimonial judaico em que se recorda a história do Êxodo e a libertação do povo de Israel), eu costumava esperar por Elias.
Talvez tenha havido um tempo em que esse velho santo veio ver as crianças felizes. Mas ele tem que vir agora, quando eu não tenho nada.
Nada além de lembranças. Vovô está doente. Mamãe está muito preocupada comigo. Oh! Estou tão infeliz!
31 DE MARÇO DE 1939 -A França e o Reino Unido se comprometem a defender as fronteiras da Polônia do ataque nazista.
2 de abril de 1939
Estou aprendendo francês agora e, se não houver guerra, posso ir para a França.
Eu deveria ir antes, mas Hitler assumiu a Áustria, depois a Tchecoslováquia, e quem sabe o que ele fará em seguida.
De certa forma, ele está afetando minha vida também. Eu quero escrever um poema para Ariana. Ficarei muito feliz se sair bem.
18 de junho de 1939
Hoje é meu aniversário. Não quero pensar em nada triste. Então, em vez disso, estou pensando em todas as coisas úteis que fiz até agora na minha vida.
UMA VOZ: "Nenhuma". EU: “Eu tiro boas notas na escola”. VOZ: “Mas você não trabalha duro para ganhar isso. O quê mais?" EU : “Nada. Eu realmente quero ir para a França”. VOZ: "Você quer ser famosa?" EU: “Gostaria de ser famosa, mas não serei. Então, eu quero ser feliz, muito feliz”.
Amanhã é o fim do ano letivo, mas não me importo. Sobre qualquer coisa. Qualquer coisa. Qualquer coisa.
23 DE AGOSTO DE 1939 - A Alemanha e a URSS assinam o Pacto Molotov-Ribbentrop, comprometendo-se a permanecer neutros entre si e a dividir a Europa entre eles.
25 de agosto de 1939
Minhas férias de verão estão quase no fim. Fui ver minha tia no campo, fui a Varsóvia, vi mamãe e agora voltei. Mas você não sabe nada disso. Você estava deitado aqui, deixado sozinho.
Você nem sabe que os russos assinaram um tratado com os alemães. Você não sabe que as pessoas estão estocando comida, que todo mundo está em alerta, esperando a guerra.
Quando eu estava me despedindo de mamãe, eu a abracei com força. Eu queria contar tudo a ela com aquele abraço silencioso. Eu queria pegar a alma dela e deixar a minha, porque - quando?
1º DE SETEMBRO DE 1939 - A Alemanha invade a Polônia, a centelha que acenderá a Segunda Guerra Mundial na Europa.
3 DE SETEMBRO DE 1939 - A Grã-Bretanha e a França, tendo emitido ultimatos a Hitler para retirar tropas da Polônia, declaram guerra à Alemanha.
6 de setembro de 1939
A guerra estourou! Desde a semana passada, a Polônia vem lutando contra a Alemanha. Inglaterra e França também declararam guerra a Hitler e o cercaram em três lados.
Mas ele não está sentado à toa. Aviões inimigos continuam sobrevoando Przemysl, e de vez em quando há uma sirene de ataque aéreo.
Mas, graças a Deus, nenhuma bomba caiu em nossa cidade até agora. Outras cidades como Cracóvia, Lwow, Czestochowa e Varsóvia foram parcialmente destruídas.
Mas todos nós estamos lutando, desde garotas jovens até soldados. Eu tenho participado de treinamento militar feminino - cavando trincheiras de ataque aéreo, costurando máscaras de gás.
Eu tenho servido como uma mensageira. Eu tenho turnos servindo chá para os soldados. Eu ando por aí e distribuo comida para os soldados.
Resumindo, estou lutando ao lado do resto da nação polonesa. Eu estou lutando e vou ganhar!
10 de setembro de 1939
Oh Deus! Meu Deus! Estamos na estrada há três dias. Przemysl foi atacada. Tivemos que fugir. Nós três escapamos: eu, Ariana e vovô.
Deixamos a cidade em chamas no meio da noite a pé, carregando nossas malas. Vovó ficou para trás. Senhor, por favor, proteja-a. Ouvimos na estrada que Przemysl estava sendo destruída.
17 DE SETEMBRO DE 1939 - Os soviéticos invadem a Polônia a partir do Lado Oriental.
18 de setembro de 1939
Estamos em Lwow há quase uma semana. A cidade está cercada. A comida é escassa. Às vezes levanto-me de madrugada e fico em uma longa fila para pegar pão.
Além disso, passamos o dia todo em um bunker, ouvindo o terrível assobio de balas e explosões de bombas. Deus, por favor, salve-nos.
Algumas bombas destruíram várias residências e, três dias depois, desenterraram as pessoas vivas. Algumas pessoas estão dormindo nos bunkers; aqueles que são corajosos o suficiente para dormirem em suas casa precisam acordar várias vezes a cada noite e descer as escadas para os porões.
Essa vida é terrível. Estamos amarelos, pálidos, desta vida na adega - da falta de água, de camas confortáveis e de sono.
Mas os pensamentos horríveis são muito piores. Vovó ficou em Przemysl, papai em Zaleszczyki e Mamma, minha mãe, está em Varsóvia.
Varsóvia está cercada, defendendo-se bravamente, resistindo a ataques repetidas vezes. Nós poloneses estamos lutando como cavaleiros em um campo aberto onde o inimigo e Deus podem nos ver.
Não como os alemães, que bombardeiam casas de civis, que transformam igrejas em cinzas, que envenenam crianças pequenas com doces tóxicos (contaminados com cólera e tifo) e balões cheios de gás mostarda.
Nós nos defendemos e estamos vencendo, assim como Varsóvia, como as cidades de Lwow e Przemysl.
Mamãe está em Varsóvia. Eu a amo mais que tudo neste mundo, minha mais querida, minha mais preciosa alma.
Eu sei que se ela vê crianças agarradas a suas mães em bunkers, ela deve estar se sentindo da mesma maneira que sentimos quando a vemos. Oh meu Deus! O maior, o primeiro e o único.
Deus, por favor, salve mamãe, dê-lhe fé de que estamos vivos. Deus misericordioso, por favor, faça a guerra parar, faça todas as pessoas boas e felizes. Amém.
22 DE SETEMBRO DE 1939 - Tropas soviéticas entram na cidade de Lwow.
22 de setembro de 1939
Meu querido diário! Eu tive um dia estranho hoje. Lwow se rendeu. Não para a Alemanha, mas para a Rússia. Os soldados poloneses foram desarmados nas ruas.
Alguns, com lágrimas nos olhos, simplesmente jogaram as baionetas no chão e viram os russos quebrando seus rifles. Sinto tanta dor, tanta dor.
Apenas um pequeno punhado ainda está lutando. Apesar da ordem, os defensores de Lwow continuam sua luta heroica para morrer por sua terra natal.
28 de setembro de 1939
Os russos entraram na cidade. Ainda faltam alimentos, roupas, sapatos, tudo. Filas compridas estão se formando na frente de cada loja.
Os russos estão especialmente ansiosos para comprar coisas. Eles estão organizando saques para roubar relógios, tecidos, sapatos etc.
Este Exército Vermelho é estranho. Você não pode falar mal de um oficial. Todos usam os mesmos uniformes castanho-acinzentados. Todos falam uma língua que não consigo entender.
Eles chamam um ao outro de "Tovarishch" ["Camarada"]. Às vezes, os rostos dos policiais são mais inteligentes. A Polônia foi totalmente inundada pelos exércitos alemão e russo. A única ilha que ainda luta é Varsóvia. Nosso governo fugiu do país. E eu tinha muita fé.
Onde está Mamma? O que aconteceu com ela? Deus! Você ouviu a minha oração e não há mais guerra (ou pelo menos eu não a vejo). Por favor, ouça também a primeira parte da minha oração e proteja Mamma do mal.
Onde quer que ela esteja, o que quer que esteja acontecendo com ela, fique de olho nela e em nós e ajude-nos em todas as nossas necessidades! Amém.
28 DE SETEMBRO DE 1939 - Varsóvia se rende aos alemães.
29 DE SETEMBRO DE 1939 - O presidente polonês Ignacy Moscicki renuncia e transfere o poder para um governo polonês exilado em Paris.
27 de outubro de 1939
Estou de volta a Przemysl há um tempo. A vida voltou à sua rotina diária, mas ao mesmo tempo é diferente, muito triste. Não há mamãe. Nós não temos notícias dela.
Eu tive um sonho terrível de que ela estivesse morta. Eu sei que não é possível. Eu choro o tempo todo.
Se eu soubesse que a veria em dois meses, até um ano, desde que soubesse que a veria com certeza. Não, deixe-me morrer. Santo Deus, por favor, me dê uma morte fácil.
28 de outubro de 1939
As mulheres polonesas se revoltam quando ouvem pessoas saudando Stalin. Elas se recusam a participar.
Elas escrevem mensagens secretas dizendo "A Polônia ainda não pereceu", embora, para ser sincera, tenha perecido há muito tempo.
Agora estamos sob o domínio do comunismo, onde todos são iguais. Dói-lhes que eles não possam dizer "Você é péssimo Yid". Eles ainda dizem isso, mas em segredo.
Esses russos são garotos tão fofos (embora nem todos). Um deles estava determinado a se casar comigo.
França e Inglaterra estão brigando com os alemães e algo está se formando aqui, mas com o que eu me importo?
Eu só quero que a mamãe venha ficar conosco. Então eu posso enfrentar todas as minhas provações e tribulações.
NOVEMBRO DE 1939 - Sob Stalin, os judeus em Lwow são despojados de seus empregos e licenças comerciais.
1 de novembro de 1939
Há um novo clube aqui agora. Muitos meninos e meninas estão indo para lá. Eu não tenho mais uma queda por Brühla. Finalmente contei a Nora e ela me disse que se sente da mesma maneira.
Agora, de acordo com os estágios do desenvolvimento de uma garota, eu deveria “me apaixonar” por um menino. Eu gosto do Jurek. Mas Jurek não sabe disso e nunca descobrirá.
O primeiro dia no clube foi divertido, mas hoje eu me senti como um peixe fora d'água. As pessoas jogaram esse jogo de paquera e eu não recebi nem uma carta.
Tenho vergonha de admitir isso até para você. Um garoto chamado Julek (não Jurek) supostamente gosta de mim, mas por quê? Talvez porque eu sou tão diferente das minhas amigas.
Não estou dizendo que isso é uma coisa boa - pode até ser uma coisa ruim -, mas sou muito diferente delas. Eu nem sei rir de um jeito paquerador. Quando eu rio, é real. Eu não sei como "me comportar" em torno dos meninos.
É por isso que sinto falta dos velhos tempos, quando mamãe ainda estava comigo, quando eu tinha minha própria casa, quando havia paz no mundo, quando tudo era azul, brilhante, sereno.
A Alemanha e a URSS anexaram a Polônia em 1939, reduzindo seu território (inserido). Ocupantes nazistas logo confinaram judeus poloneses em centenas de guetos. Em julho de 1942, Renia foi detida no gueto de Przemysl; Os nazistas mataram a maioria de seus moradores ou os enviaram para campos de extermínio. (Ilustração de Lauren Simkin Berke. Fonte: holocaustresearchproject.org)
JANEIRO DE 1940 - Os estudantes de Przemysl são transferidos para escolas mistas; Os soviéticos se opõem à educação entre pessoas do mesmo sexo que os burgueses.
9 de janeiro de 1940
Estamos saindo da nossa escola. Agora vamos estar em uma escola com meninos. Ugh, horrível. Eu odeio tudo.
Eu ainda vivo com medo de buscas, de violência. E agora essa coisa toda de ir à escola com garotos! Bem, vamos esperar e ver como isso funciona.
A tortura começa no dia 11. Tchau, meu querido diário. Mantenha seus dedos cruzados para mim. Vamos torcer para que tudo corra bem!!!
12 de janeiro de 1940
Os meninos são jovens inocentes; eles não sabem muito e são muito educados. Eles não são particularmente atraentes, com exceção de um, Ludwik P., muito fofo, e do doce Majorko S.
Você sabe, eu passo por essas diferentes fases em que escolho maridos diferentes. Eu devo ter tido cerca de 60 dessas fases na minha vida. Tchau, beijos, Renia.
17 de fevereiro de 1940
Papai veio aqui (ele nos trouxe provisões) e agora ele se foi novamente. Uma carta de mamãe chegou. Ela já deve estar na França. Eu me matriculei em aulas de piano.
Enquanto isso, não estou mais apaixonada por Ludwik. O que não significa que não gosto dele, mas também gosto de Jurek Nowak.
Irka começou a ir atrás de Ludwik de uma maneira impossível. Uma vez que me sento bem perto deles, posso ver e ouvir tudo.
Por exemplo: "Irka, pare de me beliscar ou eu vou beliscar você de volta com força”. Eles flertam um com o outro como loucos.
Nossa turma é a melhor de nossa escola, embora nossa presença seja terrível. Já falamos de física três vezes.
Mamãe disse em sua carta que pensava em nós o dia todo em seu aniversário. Ela disse que estava arrependida por não ter recebido nenhum dos meus poemas.
Eu não escrevi nenhum; Eu sou tão horrível. Vovó e Vovô são bons para mim, mas é tão difícil ficar sozinha com meus próprios pensamentos.
1 de março de 1940
Quarta-feira foi um dia bonito, então nossa turma brincou às 11 da manhã e fugiu para o castelo. Jogamos bolas de neve, cantamos canções e escrevemos poesias.
Eu escrevi um poema que já está no jornal da escola. Nossa aula é realmente agradável e doce. Nós nos tornamos muito próximos.
16 de março de 1940
Nora e eu decidimos que daqui a dez anos, onde quer que estejamos, se ainda formos amigas ou mesmo bravas uma com o outra, com boa saúde ou má saúde, vamos nos encontrar ou escrever uma para o outra e comparar o que mudou em nossas vidas. Então lembre-se: 16 de março de 1950.
Eu comecei a gostar de um garoto chamado Holender. Nós fomos apresentados um ao outro, mas ele já se esqueceu de mim.
Ele é bem construído e de ombros largos. Ele tem lindos olhos negros e sobrancelhas que parecem falcões. Ele é lindo.
PRIMAVERA DE 1940 - Os soviéticos começam a deportar 7.000 judeus de Przemysl para campos de trabalho na Rússia e na Sibéria.
24 de abril de 1940
Coisas terríveis têm acontecido. Houve incursões noturnas inesperadas que duraram três dias.
Pessoas foram reunidas e enviadas para algum lugar no interior da Rússia. Tantos conhecidos nossos foram levados embora.
Houve gritos terríveis na escola. Garotas choravam. Eles dizem que 50 pessoas foram acomodadas em um vagão de trem de carga.
Você só podia ficar de pé ou deitar em beliches. Todo mundo estava cantando "A Polônia ainda não pereceu".
Sobre aquele garoto, Holender, que mencionei: me apaixonei, persegui-o como uma louca, mas ele estava interessado em uma garota chamada Basia.
Apesar disso, eu ainda gosto dele, provavelmente mais do que qualquer outro garoto que conheço.
Às vezes sinto essa necessidade poderosa e avassaladora ... talvez seja apenas o meu temperamento. Eu deveria me casar cedo, para que eu possa suportar.
1 de maio de 1940
Eu nunca teria pensado, há um ano, que marcharia, não no dia 3 de maio [Dia da Constituição da Polônia], mas no dia 1º de maio [Dia Internacional dos Trabalhadores].
Apenas dois dias separados, mas esses dois dias significam muito. Isso significa que não estou na Polônia, mas na URSS. Isso significa que tudo é tão ... Eu sou tão louca por Holender!
Ele é divino, adorável; ele é incrível! Mas o que isso importa, já que eu não o conheço? Diga-me, algum dia vou me contentar?
Terei alguma notícia feliz para contar a você sobre um garoto? Oh, por favor Deus. Eu estou sempre tão descontente!
14 DE JUNHO DE 1940 - Os trens transportam 728 prisioneiros poloneses para Auschwitz - os primeiros presos transportados para o campo de extermínio nazista na Polônia.
17 de junho de 1940
É meu aniversário amanhã. Estou completando 16 anos. Esse deveria ser o melhor momento da minha vida.
As pessoas sempre dizem: "Oh, aos 16 anos de novo!" Mas eu sou tão infeliz! A França capitulou. O exército de Hitler está inundando a Europa.
Os Estados Unidos estão se recusando a ajudar. Quem sabe, eles podem até começar uma guerra com a Rússia?
Estou aqui sozinha, sem mamãe ou papai, sem casa. Oh, Deus, por que um aniversário tão horrível tinha que vir? Não seria melhor morrer?
Então eu teria um funeral longo e triste. Eles podem chorar. Eles não me tratariam com desdém.
Eu só sentiria pena da minha mãe, minha mãe, minha mãe ... Por que você está tão longe de mim, tão longe?
JULHO DE 1940 - Stalin continua a deportar judeus poloneses para a Sibéria e para Birobidzhan, uma cidade soviética perto da fronteira chinesa que era o centro administrativo de um estado autônomo judeu formado em 1934. Os moradores foram submetidos a trabalho duro e condições adversas durante a guerra.
6 de julho de 1940
Que noite terrível! Horrível! Terrível. Deitei lá com os olhos bem abertos, meu coração batendo forte, tremendo como se estivesse com febre.
Eu podia ouvir o barulho de rodas novamente. Oh, Senhor Deus, por favor nos ajude! Um caminhão passou.
Eu podia ouvir uma buzina de carro apitando. Isso estava vindo para nós? Ou para outra pessoa?
Eu escutei, esforçando-me tanto que parecia que tudo em mim estava prestes a estourar.
Ouvi o tilintar das chaves, um portão sendo aberto. Eles entraram. Eu esperei um pouco mais. Então eles saíram, levando muitas pessoas com eles, crianças, idosos.
Uma dama tremia tanto que não podia suportar, não podia se sentar. As prisões foram lideradas por uma bruxa gorda que continuava gritando em russo: "Sente-se, sente-se agora!"
Ela carregou crianças na carroça. A noite toda foi horrível. Mal podia esperar pelo amanhecer.
Algumas pessoas estavam chorando. A maioria das crianças estava pedindo pão. Eles foram informados de que a viagem levaria quatro semanas. Pobres filhos, pais, idosos.
Seus olhos estavam cheios de medo insano, desespero, abandono. Eles pegaram o que puderam carregar nas costas delgadas. Eles estão sendo levados para Birobidzhan.
Eles viajarão em vagões fechados e escuros, com 50 pessoas cada. Eles viajarão em condições sem ar, sujas e infestadas.
Eles podem até estar com fome. Eles viajam por muitas semanas, crianças morrendo enquanto passam por um país supostamente feliz e livre.
E quantos chegarão ao seu destino? Quantos morrerão no caminho de doenças, infestações, anseios?
Quando finalmente chegarem ao final da rota desses deportados em algum lugar distante da Ásia, ficarão presos em cabanas podres de lama, famintos, exaustos, ironicamente forçados a admirar o paraíso dos trabalhadores felizes e cantar esta canção:
Um homem permanece como o mestre Sobre sua vasta pátria
8 de agosto de 1940
Nossa visita ao papai foi adiada dia após dia. Agora não temos mais muitas férias de verão, mas ainda estamos indo.
O que importa que eles tenham destruído terras, que tenham dividido irmãos, enviado filhos para longe de suas mães?
O que importa que eles digam "Isto é meu" ou "A fronteira está aqui"? As nuvens, os pássaros e o sol riem dessas fronteiras, dos seres humanos, de suas armas.
Eles vão e voltam, contrabandeando chuva, folhas de grama, raios de sol. E ninguém sequer pensa em bani-los.
Se ao menos tentassem, o sol iria explodir em gargalhadas e eles teriam que fechar os olhos.
As nuvens, os pássaros e o vento seguiriam. O mesmo faria uma pequena alma humana, e muitos dos meus pensamentos.
21 DE AGOSTO DE 1940 - Cerca de um terço dos moradores de Horodenka, uma cidade de cerca de 9.000 habitantes, são judeus. Alemães e ucranianos vão atirar na maioria deles; apenas uma dúzia ou mais escapará.
21 de agosto de 1940
Papai veio nos buscar em Horodenka. Tivemos que andar quatro horas em uma carroça puxada por cavalos. Eu senti tanto a falta dele.
Você não pode chamá-lo de outra coisa senão saudade. Eu tenho saudades de alguém próximo! Estou envolvido por essa ternura estranha.
22 de agosto de 1940
Passei metade da noite chorando. Sinto muito pelo papai, mesmo que ele continue assobiando alegremente. Eu disse a ele, quase chorando: "Eu sei, papai, que você teve os melhores sonhos, mas este não é o seu lar".
21 de setembro de 1940
Eu conheci um garoto chamado Zygmunt S. hoje. Nora admitiu que gostava dele, mas como sabia que ele era o meu tipo, deixou para lá.
Nora tem Natek fofa e doce e Irka tem Maciek. E? Não sei no que vai dar e realmente não tenho muita confiança em mim.
12 DE OUTUBRO DE 1940 - Os alemães decretam a construção de um gueto judeu em Varsóvia.
12 de outubro de 1940
Hoje é Yom Kipur, o Dia da Expiação. Ontem todo mundo saiu de casa; Eu estava sozinha com velas acesas sobre a mesa em um enorme castiçal de latão.
Ah, um único momento de solidão. Eu era capaz de pensar em todas as coisas que se perdem no turbilhão diário.
Eu me fiz a mesma pergunta que fiz no ano passado: mamãe, quando eu vou te ver de novo? Quando eu vou te abraçar e contar o que aconteceu e Bulus [apelido de Renia para a mãe], como estou me sentindo terrível?
E você me dirá: "Não se preocupe, Renuska!" Só você pode dizer meu nome de maneira tão calorosa e terna.
Mamãe, estou perdendo a esperança. Eu olhei para aquelas velas acesas - mamãe, o que você está fazendo aí? Você também pensa em nós, em nossos corações partidos?
Vemos os meninos na cidade. Estamos perto. Vemos Maciek quase todos os dias. Zygus voltou da escola conosco hoje.
Ele olhou diretamente para mim. Ele tem olhos muito poderosos e eu fiquei vermelha no rosto e não disse nada.
Planejamos ir a uma festa em breve - vou me divertir? É mais provável que Nora se divirta do que eu, já que alguém está apaixonado por ela. Eu não acredito em nada. A menos que Bulus venha.
19 de outubro de 1940
Sentamos um em frente ao outro no clube russo esta semana. Ele olhou para mim, eu olhei para ele. Assim que desviei os olhos dele, pude sentir seus olhos em mim.
Então, quando ele me disse duas palavras, fiquei louco, cheio de esperança. Eu senti como se um sonho estivesse se tornando realidade, como se o cálice estivesse bem nos meus lábios.
Mas o cálice ainda está longe. Muita coisa pode acontecer antes dos lábios tocarem nos lábios. Tantas coisas podem acontecer para impedi-los de se tocar.
Este é o mais próximo que eu já experimentei de um amor verdadeiro, porque minha vítima está realmente olhando para mim e dizendo duas palavras. (A propósito, Holender vai se casar! Bem, eu não estou mais interessada nele. Não tenho há muito tempo).
23 de outubro de 1940
Esta é uma semana de competição, então estou pensando nisso mais do que em Zygus. Não tive sorte com ele, mas se tudo mais falhar, sempre terei você!
31 DE OUTUBRO DE 1940 - O oficial do governo polonês Jan Stanczyk afirma que "os judeus como cidadãos da Polônia serão, na Polônia libertada, iguais em relação aos direitos e responsabilidades de todos os poloneses".
NOVEMBRO DE 1940 - A construção é concluída no muro de três metros de altura em torno do gueto de Varsóvia. Um pé adicional de arame farpado acabará por coroar a parede.
6 de novembro de 1940
Ganhei o primeiro lugar na competição! Zygus me parabenizou. Ele era simplesmente lindo. Todas as minhas esperanças reverberaram em mim. Oh, que triunfo.
Então eu fui para aquela festa miserável. Eu fiquei lá sozinha enquanto Nora estava dançando. Eu deixei. Andei pelas ruas molhadas, tentando não chorar alto. Pensei:
"Hoje à noite venci no nível espiritual, mas perdi na vida". Jurei que nunca mais iria a uma festa.
Mas não, eu vou! Tímida ou não, preciso vencer nesta outra arena. Mesmo que isso signifique que minha alma perderá, deixe a vida ganhar!!!
18 de novembro de 1940
Hoje estou sob o feitiço de um filme chamado Jovem Pushkin. Pushkin é meu novo herói. Estou começando a me perguntar se talvez seja melhor ser famosa do que feliz depois de tudo.
Quando Pushkin estava no ensino médio, ele não estudou nada. Ele se encontrava com as outras crianças, passeava à luz da lua em noites perfumadas, pegava nenúfares brancos para sua amante. Ele chorou, sonhou, amou. Pushkin! Pronuncio o seu nome com reverência.
Mas eu nunca poderia me tornar famosa assim. Eu tenho sido como um diabrete de rua há quatro anos. Tudo o que vejo são paralelepípedos cinzentos e rachados e lábios rachados e sedentos.
Eu não vejo o céu, porque o céu é apenas um pedaço de nuvens empoeiradas e mofadas.
Tudo o que vejo são cinzas e fuligem que sufocam, que corroem os olhos, que sufocam a respiração. Nenhuma revolução será capaz de consertar isso. Nada será capaz.
Mais tarde naquele dia
Meu romance parece ter terminado. Que idiota estúpido, bruto e arrogante. Ele gosta de brincar comigo. Mas você sabe o que? Ele não vale a pena que eu escreva sobre ele.
20 de novembro de 1940
Eu tive minha vingança hoje. Escrevi para ele um poema ofensivo. Ele ficou irritado. Agora ele vai me deixar em paz. Eu não suporto ele.
"Rhymester" é o que ele me chamou hoje. Eu queria estar morto! Não, isso não importa. Estou tão triste ... tão triste.
DEZEMBRO DE 1940 - Um relatório do governo polonês no exílio estima que 410.000 pessoas foram trancadas dentro do gueto de Varsóvia.
8 de dezembro de 1940
De repente, eu o amo como uma louca. Apenas pense, tudo estava prestes a ficar adormecido e hoje voltou à vida.
Nada aconteceu - mas ainda assim! Ele brincou com meu capuz, acariciou-o e chegou mais perto! Zygus maravilhoso, maravilhoso, tão maravilhoso!!!
Ei, vamos beber nosso vinho Vamos beber de nossos lábios E quando o copo secar Vamos mudar para beber sangue Querendo e desejando Inspiração e amor ardendo Deixe-os começar um fogo Deixe a raiva queimar como pira Mas lembre-se, garota, que chamas viajam em suas veias que sangue pode explodir você por dentro Querendo e desejando Inspiração e amor ardendo Deixe-os começar um fogo Deixe a raiva queimar como pira Tanto vinho e lábios são vermelhos Uma vida antes de você estar morto Nossos corações estão famintos, jovens, em chamas Somente um para o outro bater . Lembre-se, garota, que chamas viajam em suas veias
10 de dezembro de 1940
Sabe, quando vejo Zygus, tenho uma sensação agradável e feliz que é desagradável ao mesmo tempo.
Algo me paralisa. Ah, esse idiota, se ele soubesse o quanto eu o amo. Há um fio invisível nos conectando.
Pode quebrar, mas não ... Se pudéssemos realmente ficar juntos, seria maravilhoso e terrível ao mesmo tempo! Eu não sei. Não tenho ideia do que está acontecendo comigo.
18 DE DEZEMBRO DE 1940 - Hitler assina a Diretiva 21, a primeira ordem para invadir a União Soviética. A diretiva enfatiza a necessidade de "esmagar a Rússia soviética em uma campanha rápida" e evitar ser arrastada para o leste no vasto interior da URSS. A invasão não ocorre até junho de 1941.
25 de dezembro de 1940
Ontem foi seu aniversário Bulus. Este foi o seu segundo aniversário que não passamos juntos. Quando esta tortura finalmente terminará?! Meu desejo fica mais forte, me sinto cada vez pior.
Às vezes me sinto tão vazio que parece que minha vida está quase acabando - quando, de fato, minha vida está apenas começando. Não consigo ver nada à minha frente.
Não há nada, apenas sofrimento e luta, e tudo vai acabar em derrota. Eu rio durante o dia, mas é apenas uma máscara (as pessoas não gostam de lágrimas).
28 de dezembro de 1940
Zygus vai estar no show de variedades! De fato, ele e eu estaremos na mesma cena, lendo da mesma página.
Irka diz que ele ouviu com admiração quando cantei dísticos. (Eu pensei o contrário, mas tudo bem!)
Quando fomos para a aula, ele pegou minha mão! Parecia que minha mão não me pertencia. Ou foi, mas parecia totalmente diferente da minha outra mão.
Alguns calafrios subiram e desceram. Mais cedo, quando ele estava lá lendo sua parte, eu não conseguia desviar os olhos de seus maravilhosos lábios vermelhos, tenho vergonha de admitir.
31 de dezembro de 1940
Véspera de Ano Novo! Nós colocamos no show de variedades. Eu recebi uma ótima resposta da plateia. Nos bastidores, Zygus tirou minha capa e desembaraçou meu cabelo.
Ele é tão maravilhoso, divino, tão charmoso. Quando eu estava indo embora, ele correu até mim e perguntou se eu iria a uma festa com ele amanhã.
Foi tão emocionante; Eu contei tudo para Nora. Mas ela e Maciek não estão mais tão perto, então ela me inveja. Eu sinto muito por ela.
Hoje é o último dia de 1940. Amanhã é o começo de um novo ano, que trará novos arrependimentos, novas risadas (talvez), novas preocupações, novas lutas.
Meu maior desejo é recuperar minha pobre e amada mãe. Também desejo boas relações políticas e que "algo" aconteça com Zygus. Quero que este novo ano seja alegre e feliz.
Os nazistas forçaram os judeus que moravam no lado alemão de Przemysl a atravessar a ponte ferroviária sobre o rio San e a se mudar para o lado ocupado pela Rússia. (Ilustração de Lauren Simkin Berke)
3 de janeiro de 1941
Então, como foi a festa? Tudo foi doce. Qual foi o melhor momento? Foi quando ele falou comigo enquanto estávamos dançando?
Ou quando ele passou o braço em volta de mim enquanto eu tropecei durante uma valsa?
Ou quando ele sorriu maravilhosamente e perguntou: "Renia, por que você está fugindo de mim?" Ele cheirava tão incrível! E quando ele me tocou ... brrr ... ah ... que ótimo! Tão doce, tão bom! Sentamos e conversamos juntos.
Que noite. Está nevando o dia todo. Mas eu passaria por qualquer tempestade de neve, furacão, chuva com ele - desde que estivéssemos juntos.
Meu maravilhoso, meu menino de ouro, meu amante. Preciso terminar um trabalho para entregar amanhã, mas só quero ver Zygus.
Eu estou ficando louca. E, ao mesmo tempo, não quero vê-lo, porque estou com tanto medo de que algo dê errado, que essa lembrança maravilhosa, doce e perfumada seja estragada.
9 de janeiro de 1941
Hoje uma bola acertou meu maravilhoso e querido Zygus na mandíbula; Foi tão ruim que ele se agachou de dor. Meu pobre querido!
Depois disso, eu disse a ele que estava chateada durante a partida. Ele perguntou:
"Por quê?" Eu disse: "Porque sim." Ele insistiu: "Por quê?" Eu disse: "Eu estava apenas chateada. Deixe me ser assim!"
Ele estava otimista o tempo todo, murmurando algo em iídiche. Ele está planejando estudar medicina e disse:
“Renia, o que faremos no próximo ano? Você virá para Lwow e nós estudaremos juntos".
Se pelo menos mamãe estivesse aqui, eu poderia facilmente contar esses dias como os meus mais felizes até agora. (Ele é apenas um pouco malcriado, não como os outros garotos, que são vulgares.)
20 de fevereiro de 1941
Eu sonhei com Mamma a noite toda. Zygus e eu estávamos resgatando ela, procurando por ela em Varsóvia. Hoje lembrei-me de todas aquelas coisas dolorosas e ardentes.
Estou preocupada com o fim de semana; as coisas sempre dão errado então. Ajude-me, Deus Todo Poderoso. Ajude-me, meu único e verdadeiro amigo, minha maravilhosa, distante e próxima Mamma ...
26 de fevereiro de 1941
Eu não deveria mais duvidar dele. Ele não me perguntou hoje, tão docemente, se eu estava indo para o clube? Ele não veio apenas porque eu estava indo também? Ele não carregou minha mochila e me ajudou a descer as escadas?
Ele não esperou do lado de fora da escola? Quando compartilhei minha halvah com ele, ele pegou um pedaço sem perguntar - era tão íntimo. Mas você sabe o que eu mais gosto de pensar?
Um momento doce quando meu Zygus me comprou um pãozinho e colocou um pedaço dele na minha boca. Além da doçura, havia algo de tão masculino, tão parecido com o marido.
Mamãe e você, Deus maravilhoso, me levem.
7 de março de 1941
Hoje, depois da aula, ele me empurrou (gentilmente) contra a parede e aproximou seus lábios dos meus. Ele disse: "O que devo fazer com esses olhos?" Eu disse a ele para me pegar óculos de sol.
Ele perguntou por que eu era tão malvada. Eu disse: “O que, Zygus? Eu sou malvada?” Ele pegou minhas mãos e repetiu docemente não, não, não! E ele perguntou sobre meus planos para amanhã.
Me sinto estranha. Eu poderia ir para o lugar dele. Tudo vai dar certo, pelo menos um pouquinho? Eu oro a Deus e Bulus. Peço sinceramente que cuide de mim.
18 de março de 1941
Zygus me pegou hoje às 18:00. Primeiro fomos ao Socialist Club, depois ao de Irka, depois voltamos para casa. Parecia que havia algo pairando entre nós, algo indescritível, algo não dito. Fiquei pensando em uma sinfonia inacabada.
Eu mal sou capaz de me controlar. Estou fervendo, estou fervendo, mal consigo parar de ... ah, sou tão descaradamente vulgar!
Z. disse: "Eu esqueço tudo quando olho nos seus olhos." Ele fez um beicinho com seus maravilhosos lábios - tão, tão, tão doce! A sinfonia será concluída?
19 de março de 1941
Estou me sentindo culpada. Eu posso sentir algo poderoso crescendo dentro de mim. Preciso confessar para alguém ou ficarei louca. Todos os meus sentidos estão agitados:
Eu me sinto tão feroz, tão feroz com o amor O sangue quente está fervendo em minhas veias Eu estou tão bêbado de proximidade com cabeça quente, atordoada com chamas desejosas Meus sentidos me mandam se contorcendo Eles estão me amarrando, enredando Eu sei que sou como uma fera Meu auto-respeito diminuiu Eu desprezo, me degradei tanto Mas ainda assim eu entendo que como um cachorro, como um lince ferido, eu não posso mexer Meu coração se contorce, eu uivo por dentro, em um piscar de olhos Eu vou pular e partir selvagem chacoalhar tudo e bufar e gritar. Aqueles lábios vermelhos vão pelos meus lábios serem devastados. Eu estou em um frenesi, meu desejo e medo não são suaves Eu estou viva agora, eu não vou embora e eu quero ... Eu não posso ir ...
Isso é nojento, repulsivo, animalesco.
28 de março de 1941
Hoje fizemos uma longa caminhada. Foi tão bom - nós apenas conversamos, conversamos, conversamos. Ele me disse que iríamos juntos para a Riviera um dia, em algum lugar distante de outras pessoas, com "céu azul" - ao qual acrescentei "" e mar azul "- e ele terminou" e olhos azuis ". Uma caminhada longa e amigável como essa talvez seja ainda melhor do que ... Mas o que eu sei?
ABRIL DE 1941 - A taxa de mortalidade de prisioneiros judeus no gueto de Varsóvia excede 2.000 por mês pela primeira vez. Seu pico será em agosto, com 5.560 mortes.
27 de abril de 1941
Mamãe, eu estou tão triste. Você sabe, às vezes eu acho desculpas para Zygus. Por exemplo, ele não veio me ver e eu disse que era só porque ele estava se sentindo tímido (ele fica facilmente envergonhado!).
Hoje, a pobre e querida Vovó fez uma tentativa desajeitada de me ajudar a me sentir melhor, mas, em vez disso, apenas dilacerou meu coração já sangrando. Vai demorar um pouco para curar. Não sei por que esse dia está tão sujo.
ABRIL DE 1941 - As forças do Eixo se aprofundam na Europa Oriental, conquistando o Reino da Iugoslávia e dividindo-o entre si.
30 de abril de 1941
Eu sou a pessoa mais infeliz. Por que Zygus providenciou para levar Irka para uma festa? Por que ele quer me irritar?
Você sabe, eu vou de qualquer maneira. Vou me deixar torturar. Eu não posso simplesmente desistir completamente.
10 de maio de 1941
Viva o mês de maio! Estou me sentindo renovada. Fomos ao cinema e nos sentamos estreitamente entrelaçados. Zygus gosta de ler meus poemas. Ele diz que um dia serão publicados. Ele é geralmente maravilhoso e eu o amo! Isso me sufoca tanto.
13 de maio de 1941
Toda a minha vida está inflando em mim, todos os meus 17 anos. Todas as minhas emoções estão se acumulando em um monte de folhas secas, e Maio é como combustível derramado naquele monte.
E está crescendo, crescendo, apenas uma faísca e vai explodir, as chamas vão estourar no céu.
Deixe o coração, o cérebro, a mente, o corpo pegarem fogo, deixe que haja apenas conflagração e calor - e desejo de queimar, lábios em brasa ...
Eu perdi o controle da minha mente? Faltam apenas três dias para o final do semestre! Estou vagando por aí, sonhando acordada, ruminando.
Eu não estou estudando para os meus exames. Eu não posso! Os olhos de Zygus são verdes, mas seus lábios são os mais bonitos. Que lábios incríveis!
18 de maio de 1941
Eu tive a mais maravilhosa noite de maio. Subimos as colinas ao longo dos caminhos. O San estava fluindo - poderoso, cintilante, vermelho no pôr do sol.
Nossos espíritos estavam tão conectados que não tenho certeza se algum contato físico poderia ter nos aproximado. É difícil até lembrar do que falamos.
Eu só sei que quando eu mencionei algo sobre sua reputação, ele respondeu: "Então você não gostaria de um marido famoso?"
Eu estou realmente sem palavras, então apenas imagine silêncio, vegetação, maio, pôr do sol e fogos de artifício, e nós dois, apaixonados.
Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
11 de junho de 1941
Zygus passou no exame final da escola hoje! Ele estava tão maravilhoso hoje! Muito, muito terno e muito querido.
20 de junho de 1941
Tivemos outra noite maravilhosa. As estrelas começaram a surgir, a lua flutuou e nos sentamos um ao lado do outro e conversamos.
Quando partimos, estava escuro; não conseguimos encontrar o caminho. Nos perdemos. Foi tudo tão repentino e inesperado, doce e intimidador - ele disse:
"Renuska, me dê um beijo" e, antes que eu percebesse, aconteceu. Ele queria mais tarde, mas eu não podia, estava tremendo por toda parte.
Z. disse: "Podemos fazer isso de novo agora ou amanhã". Eu me sinto tão estranho e agradável.
Era tão leve, ilusório, etéreo, delicado. Como isso aconteceu? Agora não preciso mais pensar e sonhar.
21 de junho de 1941
Eu amo aqueles olhos verdes. Nós nos beijamos pela segunda vez hoje. Era tão bom, mas você sabe, não era ardente ou selvagem, mas de alguma forma delicada e cuidadosa, quase com medo - como se não quiséssemos extinguir algo que estava crescendo entre nós. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
26 de junho de 1941
Eu não sei escrever. Estou fraca de medo. Guerra de novo, guerra entre a Rússia e a Alemanha.
Os alemães estavam aqui, depois se retiraram. Dias horríveis no porão. Querido Senhor, me dê minha mãe, salve todos nós que ficamos aqui e aqueles que escaparam da cidade nesta manhã. Salve-nos, salve Zygus.
Eu quero tanto viver. Estou me humilhando diante de você e implorando em nome de todos nós. Esta noite vai ser terrível. Eu estou assustada.
Acredito que você vai me ouvir, que não vai me deixar nesta hora terrível. Você me salvou antes, me salve agora. Deus, obrigado por me salvar.
Não sei o que vai acontecer conosco. Quase toda a cidade está em ruínas. Um pedaço de estilhaço caiu em nossa casa. Foram dias terríveis.
Por que tentar descrevê-los? Palavras são apenas palavras. Eles não podem expressar como é quando toda a sua alma se apega a uma bala zunindo.
Quando toda a sua vontade, toda a sua mente e todos os seus sentidos pairam nos mísseis voadores e imploram: "Não nesta casa!"
Você é egoísta e esquece que o míssil que sente sua falta atingirá outra pessoa.
Querido Diário! Quão precioso você é para mim! Quão horríveis foram os momentos em que te abracei no meu coração!
E onde está Zygus? Eu não sei. Acredito, fervorosamente, que nenhum dano lhe ocorreu. Proteja-o, bom Deus, de todo o mal.
Tudo isso começou quatro horas depois do momento em que ele me mandou o último beijo até a varanda.
Primeiro, ouvimos um tiro, depois um alarme e depois um uivo de destruição e morte. Também não sei onde Irka e Nora estão, onde está alguém.
É isso por hoje à noite; Está ficando escuro. Deus, salve a todos nós. Faça com que a mamãe venha e deixe que não haja mais miséria.
30 DE JUNHO DE 1941 - As forças alemãs capturam Lwow e seus arredores dos soviéticos. Os judeus são obrigados a usar braçadeiras estampadas com a Estrela de Davi.
JULHO DE 1941 - Os massacres do Ponary começam em Vilna, uma cidade judia predominantemente polonesa. Nazistas e lituanos juntos acabarão matando 70.000 judeus lá.
1 de julho de 1941
Estamos todos vivos e bem. Todos nós, Nora, Irka, Zygus, meus amigos, minha família. Amanhã, junto com todos os outros judeus, terei que começar a usar uma braçadeira branca.
Para você, continuarei sempre a mesma Renia, mas para outros me tornarei alguém inferior: uma garota usando uma braçadeira branca com uma estrela azul. Eu serei um Judeu.
Não estou chorando ou reclamando. Eu me resignei ao meu destino. Parece tão estranho e triste.
Minhas férias escolares e meus encontros com Zygus estão chegando ao fim. Não sei quando o verei novamente. Nenhuma notícia sobre Mamma. Deus proteja a todos nós.
Adeus, querido diário. Estou escrevendo isso enquanto ainda sou independente e livre. Amanhã serei outra pessoa - mas apenas do lado de fora.
E talvez um dia eu te cumprimente como outra pessoa ainda. Conceda-me isso, Senhor Deus, eu acredito em você.
3 de julho de 1941
Nada de novo até agora. Usamos as braçadeiras, ouvimos notícias aterrorizantes e consoladoras e nos preocupamos em sermos selados em um gueto.
Ele me visitou hoje! Eu pensei que iria enlouquecer de alegria e ... confusão. Ele está trabalhando na clínica, fazendo curativos. Ele é doce e maravilhoso, como sempre.
É uma pena que ele não possa ir para a universidade agora. Ele seria um excelente médico. Mas ele será um de qualquer maneira, você verá.
Nós combinamos de nos encontrar amanhã na clínica. Parece um pouco estranho, mas porque não? Mesmo agora que estamos usando essas braçadeiras - a coisa é estar com ele.
Eu quero que Bulus venha com todo o meu coração. Deus, traga mamãe, deixe-a estar conosco para melhor e para pior. Zygmunt é maravilhoso. Você vai me ajudar, Bulus e Deus!
9 de outubro de 1941
Eu estava com mamãe e parecia maravilhoso, extraordinário. Para outras meninas, é natural passar tempo com as mães.
Mas, novamente, minha mãe também é diferente. Ela é como uma amiga, uma colega. Agora estou de volta ao outro lado, desejando-a novamente.
Eu acredito em Deus, em você e em Mamma. Eu acredito que será como Zygus diz. Nós vamos sobreviver a esta guerra de alguma forma, e mais tarde ... ah, será realmente como ele diz?
Sou apenas uma das milhões de garotas caminhando por este mundo - mais feia que algumas, mais bonita que outras, mas ainda assim, diferente de todas elas.
Zygus também é diferente de todos os outros. Ele é tão sutil e sensível. Mamãe, por que você me diz que eu não deveria me afogar em seus olhos verdes? Você não vê que eu já me afoguei?
15 DE OUTUBRO DE 1941 - Os nazistas começam a deportar judeus austríacos para guetos na Polônia ocupada.
OUTONO DE 1941 - Em Przemysl, os nazistas declaram uma área chamada Garbarze como o distrito oficial dos judeus. É delimitada por três lados pelo rio San e por outro por linhas ferroviárias. As autoridades finalmente obrigam judeus de outros bairros a se mudarem para lá.
7 de novembro de 1941
Gueto! Essa palavra está tocando em nossos ouvidos. Não sabemos o que vai acontecer conosco, onde eles vão nos levar.
Fomos obrigados a deixar nossos apartamentos antes das 14h com 25 kg de pertences.
Talvez haja um gueto, mas parece que definitivamente teremos que sair das ruas principais de qualquer maneira.
Às 10:30 da noite passada, de repente a campainha tocou e quem estava lá? A polícia! Pressionei minhas mãos no meu rosto e te liguei, oh Deus, e você me ouviu.
Era um policial da nossa antiga vila e ele se deixou subornar. Lembrei-o dos bons tempos, dos amigos, dos prazeres e, de alguma forma, funcionou.
E agora estou perguntando a você, ó Grande, estou perguntando a você - eu, um grão de poeira, eu, sem pai ou mãe aqui ... ouça a minha súplica!
24 de novembro de 1941
Bulus chegou na sexta-feira e saiu hoje! Ela não gosta de Zygus, talvez porque prefira que ele seja ariano. Ela me avisou para não levar esse relacionamento muito a sério.
É estranho, mas depois desses conselhos, sinto que estou me afastando dele, que simplesmente não gosto dele e tenho medo dele. Às vezes Bulus está errada, e ela não o conhece. Mas às vezes ela está certa!
Porque sua natureza assertiva - que agora acho tão atraente - não me atormentará um dia? Ele não fará o que bem entender comigo e consigo mesmo?
Alguma Halina ou Lidka não envenenarão minha vida? Tudo acabaria então. Eu só teria mais uma casa pela frente: a sepultura.
Por que estou tão brava, sério? É por causa do que Bulus disse? Não, ainda quero que ele seja meu marido. Mamãe diz que você não deve querer tanto, porque pode não conseguir.
Acho que talvez Deus ouça meu pedido sincero e feminino. Sim, pode acontecer!
Deus, que meus sonhos continuem se tornando realidade. Eu serei muito grata. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
26 de novembro de 1941
Depois que Bulus partiu, sonhei que tinha uma discussão a noite toda com Zygus. Eu nem sei do que estava com raiva.
Z. estava muito doce e terno hoje e fiquei irritado comigo mesmo. Ou talvez seja como mamãe diz. Talvez eu seja infeliz. Mas estou pronto para desistir do meu sonho?
Renia com Zygmunt Schwarzer. “Agora me chamo Sra. Schwarzer o tempo todo, mesmo na frente de Zygmunt”, escreveu ela feliz em 1941. (Ilustração de Lauren Simkin Berke)
19 de janeiro de 1942
Era o aniversário dele hoje. Dei-lhe uma coleção de poemas e ele ficou tão emocionado! Eu não sabia que isso o agradaria tanto.
Perguntei o que ele gostaria que eu desejasse. Ele disse para nós sobrevivermos a essa guerra sem nos separarmos. Eu também quero isso? Não quero que nos separemos.
Como Z. colocou, os poemas nos conectam. Que bom que ele entende isso. Os poemas conectam almas e elevam o amor. Deus, obrigado e que meus sonhos se tornem realidade.
25 de março de 1942
Eles estão fechando nosso trimestre; eles estão levando as pessoas para fora da cidade; há perseguições, ilegalidade. E acima disso - há primavera, beijos, carícias doces, o que me faz esquecer do mundo inteiro.
20 de abril de 1942
Hoje é o aniversário do Führer. Eu quero gritar com todas as minhas forças.
Como você pode se apaixonar por 18 meses? Tudo é real, pulsante, fervilhando de vida, amor e juventude.
Sinto como se estivesse andando de carruagem ou correndo contra o vento e a chuva. Não consigo recuperar o fôlego, não consigo encontrar palavras.
Eu posso dissolver em minha própria ternura, meu próprio carinho. Hoje eu estava realmente pronto para estrangulá-lo, mas o que eu faria então?
Zygus, eu estou realmente escrevendo isso para você e você! Eu abri meu coração para você e você é muito querida para mim!
Estou feliz, feliz e leve e ... Sonhos! Sonhos estúpidos, loucos e maravilhosos!
MAIO DE 1942 - A cerca de 595 quilômetros de Przemysl, em Treblinka, os nazistas ordenam a construção de um campo de extermínio. Nos dois anos em que os nazistas operam, 870.000 a 925.000 pessoas serão mortas lá.
11 de maio de 1942
Passei o dia com Nora hoje. Sua atitude em relação ao amor é leve, enquanto a minha é séria. Ela diz que isso vai me deixar infeliz.
Talvez, mas sei que não posso fazer de outra maneira. Depois da nossa conversa, eu estava exausta e tive uma dor de cabeça. E esse gueto, essa situação, essa guerra ... Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
12 de maio de 1942
Algum tipo de febre tomou conta da cidade. O espectro do gueto voltou. Fico feliz por estar chorando agora, quando ninguém pode me ver.
Eu gritei hoje: "Oh, Deus, eu quero que o momento deles me levarem embora chegue logo!"
Não, eu não quero isso! Senhor, perdoa-me! Mas minha alma estava tão amarga que eu senti que isso talvez fosse o melhor.
Mamma nos escreve que as crianças estão sendo levadas para o trabalho forçado. Ela me disse para fazer as malas.
Ela quer estar conosco e, ao mesmo tempo, quer enviar uma carta oficial a papai pedindo divórcio.
Eles nunca vão consertar isso. Mamãe se casará novamente e eu nunca mais voltarei à porta da casa dos meus pais.
O marido dela será um estranho. E papai me escreveu dizendo que não tinha certeza se iria me ver de novo!
Papai, você é um judeu azarado, assim como eu, trancado no gueto. Santo Deus, você pode me salvar? Você pode salvá-los? Todos eles. Oh, por favor, faça um milagre!
A vida é tão miserável. Mas meu coração ainda se enche de tristeza, quando penso ... vou morrer? O que nos espera no futuro?
Oh, Deus Todo-Poderoso! Muitas vezes perguntei a você e você me ouviu - por favor, ponha um fim à nossa miséria.
Eu me sinto melhor agora; é tão bom chorar. As pessoas dizem que agora a comida é a coisa mais importante.
Eu jantei bem e me sinto muito mal. Não estou com fome, mas estou com fome pela proteção de alguém.
E Zygus? Sim, talvez seja por isso que não quero me despedir da vida. Mamãe, não se prenda por mim. Você terá sua própria vida agora. Você pode até ter mais filhos.
Eu realmente não contava que teríamos uma casa juntos no futuro; Eu apenas tive esse sonho tímido e ingênuo.
Não estou realmente desapontada, apenas olhei em volta para o mundo e isso me assustou com o seu vazio.
E mamãe, tão querida, estará com um homem que é um estranho para mim. Não estou mais chorando.
O homem com quem estarei será um estranho para ela. A vida une as pessoas e depois as separa.
20 de maio de 1942
Ontem, Z. veio me buscar no meu trabalho na fábrica e saímos de mãos dadas. Os pomares estão florescendo, maio está brilhando com seu céu azul e eu também estou brilhando de alegria. Eu me sinto como sua filha e eu gosto muito!
23 de maio de 1942
Algo tem me incomodado terrivelmente nos últimos dias. Eu sei que Nora está pensando em como será quando meu romance terminar.
Ela está me acusando de levar isso muito a sério e (ela tem uma visão clara disso?) ela faz meu coração doer.
Eu sei que ela duvida se Z. realmente me ama. Eu sei isso; Eu posso sentir isso.
E Zygus às vezes diz algumas coisas sem perceber e isso me machuca tanto. Às vezes, quando me incomoda demais, penso em fugir.
Mas quando eu o seguro com força, quando ele está perto, tão perto, sinto que não seria capaz de me separar dele nem por todos os tesouros do mundo. Isso significaria desistir da minha alma.
Nora, você está errada. Você é diferente, mas eu ficaria sem nada.
Quando Z. é bom para mim, tudo é bom, brilhante e cheio de sol. É uma pena que o mês esteja prestes a terminar.
As noites estão cheias de estrelas. Elas são tão apaixonantes e eu sonho tanto, eu sonho, eu sonho.
2 de junho de 1942
Agora eu sei o que a palavra êxtase significa. É indescritível; é a melhor coisa que duas criaturas amorosas podem alcançar.
Pela primeira vez, senti esse desejo de me tornar um, ser um corpo e ... bem ... sentir mais, eu poderia dizer.
Morder, beijar e apertar até o sangue aparecer. E Zygus falou sobre uma casa e um carro e sobre ser o padrinho para mim.
Senhor Deus, sou muito grato a você por esse carinho, amor e felicidade! Estou escrevendo essas palavras de maneira diferente, sussurrando-as em minha mente para não assustá-las ou explodi-las.
Não quero pensar em nada, só quero tanto, tão apaixonadamente como ... você sabe. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
3 DE JUNHO DE 1942 - OS nazistas matam todos os residentes judeus no bairro de Zasanie, em Przemysl, no lado oeste do rio San.
JUNHO DE 1942 - Cerca de 5.000 judeus de várias outras cidades polonesas são deportados para Przemysl.
6 de junho de 1942
Eu desejo com cada pedacinho do meu corpo, meus pensamentos, minha imaginação. Até o livro mais inocente me excita. Ah, eu luto com esses sonhos nojentos.
Eu não vi Zygus hoje, ele está sobrecarregado, cansado e fraco. É muita sorte, porque agora estou cheia de energia. Minha ganância pela vida me torna feroz. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
7 de junho de 1942
Estou em paz. Nora e eu fizemos uma longa caminhada até o fundo do quarto e conversamos.
Ela foi a primeira pessoa a quem eu contei. Percebi que esse fardo estava me atormentando. Eu me senti em paz.
Onde quer que eu olhe, há derramamento de sangue. Que pogroms terríveis. Há matança, assassinato.
Deus Todo-Poderoso, pela enésima vez que me humilho na sua frente, ajude-nos, salve-nos!
Senhor Deus, vamos viver, eu te imploro, eu quero viver! Eu experimentei tão pouco da vida. Eu não quero morrer Eu tenho medo da morte.
É tudo tão estúpido, tão mesquinho, tão sem importância, tão pequeno. Hoje estou preocupada com a minha aparência; amanhã eu posso parar de pensar para sempre.
Pense, amanhã nós podemos não ser Uma faca fria de aço Deslizará entre nós, você vê Mas hoje ainda há tempo para a vida Amanhã o sol pode ser eclipsado Balas podem rachar e rasgar E uivar, calçadas inundadas Com sangue, sujo e fedido escória, lavagem de porco Hoje você está vivo Ainda há tempo para sobreviver Vamos misturar nosso sangue Quando a música ainda avança A música da inundação selvagem e furiosa Trazida pelos mortos-vivos Ouça, todos os meus músculos tremem Meu corpo por sua proximidade atrapalha Supõe-se para ser um jogo de estrangulamento, essa não é a eternidade suficiente para todos os beijos.
14 de junho de 1942
Está escuro, não consigo escrever. Pânico na cidade. Tememos um pogrom; tememos deportações. Oh Deus Todo Poderoso! Ajude-nos!
Tome conta de nós; nos dê sua bênção. Vamos perseverar, Zygus e eu, por favor, vamos sobreviver à guerra. Cuide de todos nós, das mães e crianças. Amém.
18 DE JUNHO DE 1942 - A Gestapo reúne mais de 1.000 homens judeus em Przemysl e os envia para o campo de trabalho de Janowska. Os agentes assassinam inúmeros membros das famílias dos prisioneiros.
19 de junho de 1942
Deus salvou Zygus. Oh, estou fora de mim. Eles levavam as pessoas a noite toda. Eles reuniram 1.260 meninos. Há tantas vítimas, pais, mães, irmãos.
Perdoe-nos nossas ofensas, ouça-nos, Senhor Deus! Foi uma noite terrível, terrível demais para descrever.
Mas Zygus estava aqui, meu doce, doce e amoroso. Foi tão bom; nos abraçamos e nos beijamos sem parar.
Foi realmente tão deliciosamente agradável que valeu a pena todo o sofrimento. Mas às vezes acho que não vale a pena, que uma mulher amorosa tenha que pagar um preço muito alto. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
23 de junho de 1942
Ontem houve uma espécie de pogrom em nosso trimestre. Bulus escreveu e me disse para deixar a cidade com Zygus.
Ela escreveu "juntos". "Juntos"! Seria tão delicioso, tão doce! Embora seja absurdo por enquanto. Mas hoje em dia, mesmo o maior absurdo pode se tornar realidade.
27 de junho de 1942
Bom, tranquilo, tranquilo, abençoado sábado à noite. Minha alma se acalmou. Por quê? Porque eu me aconcheguei contra ele, ele me acariciou e me fez sentir como sua pequena filha.
Eu esqueci tudo de ruim. É uma pena que Zygus se foi agora. Eu poderia continuar deitada contra ele por um longo, longo tempo.
29 de junho de 1942
Zygus me diz coisas ruins. Ele me diz coisas doces também. Sou sempre mais bonita depois - com olhos brilhantes, lábios ardentes e bochechas coradas. Zygus também é o mais bonito da época. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
JULHO DE 1942 - A Gestapo estabelece um Judenrat , ou Conselho Judaico, para executar ordens nazistas na comunidade judaica de Przemysl. O Judenrat inclui médicos, advogados, rabinos e líderes empresariais.
5 de julho de 1942
Temíamos e finalmente aconteceu. O gueto. Os avisos saíram hoje. Supostamente, eles estão planejando deportar metade das pessoas.
Grande Senhor Deus, tenha piedade. Meus pensamentos são tão sombrios, é um pecado sequer pensar neles.
Eu vi um casal de aparência feliz hoje. Eles estiveram em um passeio; eles estavam voltando, divertidos e felizes.
Zygus, meu querido, quando iremos a um passeio como o deles? Eu te amo tanto quanto ela o ama.
Eu olhava para você da mesma maneira. Mas ela é muito mais feliz, é a única coisa que sei.
Ou talvez - oh, Santo Deus, você está cheio de misericórdia - nossos filhos dirão um dia: "Nossa mãe e pai moravam no gueto". Oh, eu acredito fortemente nisso.
14 DE JULHO DE 1942 - Os nazistas estabelecem um gueto selado em Przemysl, ordenando que 22.000 a 24.000 judeus da cidade se movam dentro de seus limites no dia seguinte. Somente membros do Judenrat e suas famílias podem permanecer temporariamente em casas fora do gueto. Qualquer pessoa que ajude ou dê abrigo aos judeus está ameaçada de execução.
15 de julho de 1942
Lembre-se deste dia; lembre-se bem. Você dirá às gerações vindouras. Desde as oito horas de hoje, estamos trancados no gueto.
Eu moro aqui agora. O mundo está separado de mim e eu estou separado do mundo.
Os dias são terríveis e as noites não são nada melhores. Todo dia traz mais baixas e eu continuo orando a você, Deus Todo-Poderoso, para me deixar beijar minha querida mãe.
Oh, Grande, nos dê saúde e força. Vamos viver. A esperança está murchando tão rápido. Há flores perfumadas na frente da casa, mas quem precisa de flores?
E Zygmunt - eu o vi à distância hoje, mas ele ainda não apareceu. Senhor, por favor, proteja sua querida cabeça.
Mas por que não posso me aconchegar ao lado dele? Deus, deixe-me abraçar minha querida mãe.
16 de julho de 1942
Você provavelmente quer saber como é um gueto fechado. Bastante comum. Arame farpado por toda parte, com guardas vigiando os portões (um policial alemão e uma polícia judaica).
Deixar o gueto sem passe é punível com a morte. No interior, existem apenas nosso povo, entes queridos.
Lá fora, existem estranhos. Minha alma está muito triste. Meu coração está tomado pelo terror.
Senti muita falta de Zygus hoje. Eu pensava nele o tempo todo. Eu ansiava tanto por suas carícias, ninguém sabe quanto. Afinal, enfrentamos uma situação tão terrível. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
18 de julho de 1942
Os dias passam. São todos iguais, como gotas de chuva. As noites são as mais agradáveis. Sentamos no quintal em frente à casa, conversamos, brincamos e - respirando a fragrância do jardim - consigo esquecer que moro no gueto, que tenho tantas preocupações, que me sinto só e pobre, que Z. é um estranho para mim, que, apesar de todo o meu desejo, não posso me aproximar dele.
Aqui, no quintal, as pombas arrulham. O crescente da lua flutua silenciosamente no céu. Eu estava à beira das lágrimas três vezes hoje.
Culpei as condições de vida, mas o amor pode florescer em qualquer lugar. E, no entanto, sombras sempre voam no meu caminho. De onde vêm essas sombras? Meu coração dói tanto.
Não quero pedir a Deus mais nada, apenas a nossa sobrevivência. Sonho em colocar minha cabeça no peito de mamãe e chorar docemente.
Mamãe não está aqui. Nora esta, então eu vou até ela e choro. Ela é uma alma querida, ela vai entender.
Não quero ver mais nenhum amigo. Irka disse que iria passar por aqui. Pra que? Eu não a suporto. É tudo estúpido, calculado, artificial.
Tchau, querido diário, meu coração está pesado, como se fosse chumbo. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
19 de julho de 1942
Zygus, meu amado Zygus, é meu coração batendo novamente; ele é tão deliciosamente doce.
O mundo é bom para nós, mesmo no gueto. Então hoje eu estou muito mais calma. Agora terei bons pensamentos sobre tudo!
Amanhã Nora completará 18 anos. Gostaria de dar a ela algo mais que um álbum e flores, algo que ninguém mais dará a ela.
Prometi comprar-lhe uma câmera maravilhosa quando sairmos daqui e fazer caminhadas nas montanhas, para fazer a minha amiga feliz. Isso também me faria feliz.
20 DE JULHO DE 1942 - As autoridades alemãs exigem 1,3 milhão de zloty (aproximadamente US $ 250.000 em moeda de 1942) dos moradores do gueto de Przemysl para garantir "paz e sossego".
22 de julho de 1942
Eu tenho que escrever para silenciar a dor. Um tempo tão terrível e sombrio. Não sabemos o que o amanhã trará. Esperamos que as famílias sejam levadas embora.
Nem uma palavra de mamãe ou papai. Também não é bom com Zygmunt. Eu realmente não queria admitir que estou fervendo de raiva.
Mas não consigo me conter. Tenho lágrimas nos olhos de dor e as pontas dos meus dedos estão formigando de raiva.
Não quero escrever sobre os detalhes, como posso escrever palavras ranzinzas, clamando, e qual é o objetivo? Será sempre o mesmo. Estou ressentido e impotente no amor.
Quando penso nisso, fico tão furiosa que não quero mais vê-lo novamente. Já tive o suficiente disso tudo.
Cubro meus ouvidos com as mãos e fecho os olhos. Eu gostaria de usar meu sofrimento para criar sofrimento, para me tornar doente.
Mas nos meus sonhos, é completamente diferente. Meus sonhos são doces. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
24 DE JULHO DE 1942 - O Judenrat em Przemysl está autorizado a emitir 5.000 licenças de trabalho carimbadas que salvarão temporariamente os residentes do gueto da deportação.
24 de julho de 1942
Querido Deus, ajude-nos. Precisamos pagar nossa contribuição amanhã às 12 horas.
A cidade está em perigo. Mas ainda tenho fé. Minha fé é profunda e eu imploro. Você nos ajudará, Bulus e Deus.
25 de julho de 1942
A polícia do gueto judeu veio ontem à noite. Ainda não pagamos tudo. Oh! Por que o dinheiro não pode chover do céu? Afinal, é a vida das pessoas.
Tempos terríveis chegaram. Mamãe, você não tem ideia do quão terrível. Mas o Senhor Deus cuida de nós e, embora eu esteja terrivelmente assustado, confio nele.
Confio, porque nesta manhã um raio de sol brilhante atravessou toda essa escuridão. Foi enviado por minha mãe em uma carta, na forma de uma maravilhosa fotografia dela.
E quando ela sorriu para mim da foto, pensei que Deus Santo nos tem sob seus cuidados!
Mesmo nos momentos mais sombrios, há algo que pode nos fazer sorrir. Mamãe, rogai por nós. Eu te mando muitos beijos. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
À noite!
Meu querido diário, meu bom e amado amigo! Passamos por momentos terríveis juntos e agora o pior momento está sobre nós.
Eu poderia ter medo agora. Mas Aquele que não nos deixou então também nos ajudará hoje.
Ele vai nos salvar. Ouça, ó, Israel, salve-nos, ajude-nos. Você me manteve a salvo de balas e bombas, de granadas. Ajude-me a sobreviver!
E você, minha querida mamãe, reze por nós hoje, reze muito. Pense em nós e que seus pensamentos sejam abençoados.
Mamma! Meus queridos, primeiro e único, tempos terríveis estão chegando. Eu te amo com todo o meu coração. Eu te amo; nós estaremos juntos novamente.
Deus, proteja a todos nós e Zygmunt e meus avós e Ariana. Deus, nas tuas mãos eu me comprometo. Você vai me ajudar, Bulus e Deus.
Anotações de Zygmunt no Diário
27 DE JULHO DE 1942 - O tenente Albert Battel, da Wehrmacht, toma uma posição incomum contra a deportação de judeus de Przemysl. Ele usa caminhões do Exército para resgatar até 100 trabalhadores armados judeus, juntamente com suas famílias, protegendo-os da deportação para o campo de extermínio de Belzec.
27 de julho de 1942
Está feito! Primeiro de tudo, querido diário, por favor, perdoe-me por entrar em suas páginas e tentar continuar o trabalho de alguém de quem não sou digno.
Deixe-me dizer-lhe que Renuska não recebeu o carimbo de permissão de trabalho que precisava para evitar ser deportada, então ela precisa ficar escondida.
Meus queridos pais também foram recusados com carimbos de permissão de trabalho.
Juro por Deus e pela história que salvarei as três pessoas que são mais queridas para mim, mesmo que isso me custe minha própria vida. Você vai me ajudar, Deus!
28 de julho de 1942
Meus pais tiveram sorte de entrar na cidade. Eles estão se escondendo no cemitério. Renia teve que sair da fábrica.
Eu tinha que encontrar um esconderijo para ela a qualquer custo. Eu estava na cidade até as 8 horas. Eu finalmente consegui.
29 de julho de 1942
A Aktion [deportação em massa] foi impedida por causa de uma disputa entre o exército e a Gestapo.
Não consigo descrever tudo o que aconteceu nos últimos três dias. Não tenho energia para isso após 12 horas de corrida pela cidade.
Esses eventos me abalaram profundamente, mas não me quebraram. Eu tenho uma tarefa terrivelmente difícil.
Eu tenho que salvar tantas pessoas sem ter nenhuma proteção para mim ou qualquer ajuda de outras pessoas.
Esse fardo repousa apenas nos meus ombros. Eu levei Ariana para o outro lado.
30 de julho de 1942
Hoje tudo será decidido. Reunirei toda a minha força mental e física e alcançarei meus objetivos. Ou eu vou morrer tentando.
5 horas
Ao meio-dia, eles levaram nossos cartões para carimbar (junto com os cartões das esposas). Decidi arriscar meu documento, porque pensei que era minha última chance de salvar Renuska. Sem sorte! Eles ameaçaram me mandar para a Gestapo.
Depois de muito pedido, eles finalmente retiraram essa ameaça. Mas essa falsificação me custou meu trabalho gerenciando quartéis militares. Às 8 horas, vou descobrir se vou ou não ficar.
Na noite
Oh, deuses! Que horror! Foi tudo por nada! O drama durou uma hora. Não recebi meu cartão. Acabei de me matar ?! Agora estou sozinho. O que vai acontecer comigo?
Eu queria salvar meus pais e Renia, mas, em vez disso, acabei me metendo em mais problemas. Parece que o fim do mundo está aqui. Eu ainda tenho esperança.
31 de julho de 1942
Três tiros! Três vidas perdidas! Aconteceu ontem à noite às 22:30. O destino decidiu tirar meus queridos de mim. Minha vida acabou.
Tudo o que posso ouvir são tiros, tiros tiros ... Minha querida Renusia, o último capítulo do seu diário está completo.
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Conto — Hazel & Aaron
CONTO ESPECIAL — HAZEL FITZ-SIMMONS & AARON HARDY
A medida em que os minutos foram passando, Hazel começou a ficar cada vez mais apreensiva. O que ela estava fazendo ali, afinal de contas? No meio da noite, no esconderijo abandonado de Walter? Ela poderia se meter em grandes problemas se seus pais percebessem que ela não estava em casa naquele horário, simplesmente porque ela não tinha como explicar onde estava e o que estava fazendo. Ela não poderia dizer a verdade, que havia concordado em se encontrar com Aaron Hardy, um dos vilões de sua equipe, ali naquele horário. Ninguém a entenderia.
E pensando bem, provavelmente todos tinham razão. Por que diabos ela havia aceitado aquela loucura? Era uma ideia extremamente estúpida e muito, muito arriscada. Aquilo podia muito bem ser uma emboscada para ela e para sua equipe. Ao invés de Aaron, os outros Vingadores Sombrios poderiam aparecer ali, poderiam sequestra-la, ou pior. Poderiam até mata-la.
E se acontecesse alguma coisa, ninguém nem saberia que ela estava ali.
Ela suspirou, andando de um lado para o outro. Não sabia que conseguia ser tão idiota. Por que estava se arriscando tanto por ele? Hazel e Aaron não eram amigos, muito longe disso. Eles não gostavam um do outro. Ela só o ajudara há quase um mês atrás porque era seu dever. No entanto, a jovem cientista estava ali.
No fundo, talvez, Hazel achava que ele não era de todo mal. De todos os inimigos de sua equipe, apesar de já ter feito muita coisa ruim para seus amigos, ele lhe parecia ser o… menos pior de todos. Talvez ele até pudesse...
Ela balançou a cabeça, ainda agitada. O que ela estava esperando? Que conseguisse fazer ele mudar de lado de alguma forma? Só por te-lo ajudado uma vez? E isso a fez pensar novamente, porque estava se arriscando tanto para atender a um pedido dele?
O pensamento finalmente a faz parar bruscamente, e ela tomou uma decisão. Aquilo tudo era ridículo. Ela não deveria estar ali, aquilo tudo fora um erro, assim como dar a ele seu número de telefone para que entrasse em contato com ela. O melhor que ela podia fazer, era voltar para casa, fingir que nada havia acontecido. No entanto, assim que se virou para sair do local, viu uma figura silenciosa como um gato se aproximando dela.
— Você veio.
— Você veio. — Ela respondeu assim que o loiro finalmente apareceu em seu campo de visão. Ele estava diferente, muito melhor do que a última vez em que se encontraram. Trazia um sorriso ladino no rosto, mas Hazel podia notar que ele parecia ter os mesmos pensamentos que ela em sua mente.
Ele também não deveria estar ali.
— Sabe. — Ele começou, tirando a mochila preta que trazia nas costa e se agachou. Hazel apenas o seguiu com o olhar, seu coração batendo rapidamente contra o peito. — Nunca lhe tomaria por uma garota rebelde, Hazel.
— Do que você…
— Imagino que ninguém saiba que você está aqui. — Ele não prestava muita atenção nela, apenas mexia em sua mochila, em busca de algo. — Se você está aqui, posso afirmar que nem seus pais e muito menos sua equipe sabem disso, do contrário, não estaríamos tendo essa conversa.
— Como pode ter tanta certeza? — Sua voz vacilou. Ela não era boa com blefes. — Eu posso ter…
— O que? Dito para seus pais que você ia sair para se encontrar comigo? — Ele soltou uma risada recheada de escárnio. — Ou dito para seus amiguinhos que me amam que estaríamos aqui? — Ele se levantou, se aproximando um pouco mais dela. Hazel, por reflexo, deu alguns passos para trás. No que estava se metendo? — Já fui chamado de muitas coisas, mas burro nunca foi uma delas.
O coração de Hazel disparou quando percebeu que suas costas bateram contra a parede. Ela não tinha como escapar agora. Mas não estava exatamente com medo de Aaron. Ficou em silêncio por alguns poucos segundos, até que estreitou os olhos, e reuniu coragem o suficiente para rebater.
— E se eu estiver armada? Pelo menos considerou isso?
Desta vez, Aaron soltou uma risada de verdade.
— Você? Armada? — Continuou a gargalhar. — Eu já te vi com uma arma, e vai por mim, você é péssima. Eu ficaria preocupado com as paredes desse lugar, apenas. Porque você não acertaria uma bala em mim.
— Eu estou treinando.
— Não parece. E se está mesmo, precisa de professores melhores.
— Como sabe disso? Por acaso está me seguindo e me observando?
— E quem disse que eu perderia meu tempo observando alguém como você?
Por um momento, ela se sentiu um pouco ofendida com tudo aquilo, por isso, resolveu ignorar aquelas provocações e mudar de assunto.
— Bom… você tem tanta certeza de que eu vim sozinha, mas posso assumir que você também não contou a ninguém sobre esse pequeno encontro.
O vilão soltou uma curta risada, balançando a cabeça antes de se afastar mais uma vez.
— Não se iluda, isso aqui não é um encontro. Eu não saio com britânicas, muito menos com heroínas. — Ele voltou para perto de sua mochila, pegando algo que Hazel não conseguiu identificar em suas mãos. — Mas você está certa. Meus associados não sabem que estou aqui. Se soubessem, nós dois estaríamos mortos.
Por mais estranho que pudesse parecer, Hazle começou a se sentir cada vez menos apreensiva com a situação. Não sabia se era por causa da curiosidade crescente ou só por estar começando a se acostumar com a presença de Aaron.
— Você claramente não me chamou aqui para jogar conversa fora. — Ela voltou a se aproximar dele, mas tomou cuidado para manter uma pequena distância. — Da última vez que estivemos aqui, você estava quase morrendo e me lembro muito bem que você me disse que não iria pegar mais leve comigo ou com minha equipe. Também disse que não éramos amigos nem nada então... O que você quer?
Em resposta, Aaron jogou um pequeno pen drive para a britânica, que o pegou de forma desajeitada.
— Não somos amigos, mas digamos que apesar de tudo, eu sou um cara que não esquece quando alguém faz algo por mim. — Ele se sentou no braço do velho sofá que havia no local e cruzou os braços. — E mais importante, eu fico muito, mas muito puto quando tentam ferrar comigo. Olho por olho, e é isso que eu estou fazendo aqui.
Hazel franziu a sobrancelha.
— Não entendi.
— Olha, não é porque eu me juntei a aquele bando de malucos que eu gosto deles. — O Gatuno começou. — Eu prefiro trabalhar sozinho mas depois de tudo o que rolou com Luthor e… bom, o que você precisa saber é que o Wilder ferrou com um dos meus negócios e recentemente descobri que foi ele quem fez os capangas de Hammerhead me darem aquela surra. E deixe-me dizer uma coisa, eu não sou o tipo de cara que deixa essas coisas passarem em branco. Eu quero me vingar dele, e é ai que você entra. — Ele apontou para o pen dirve nas mãos dela. — Eu consegui gravar um dos planos dele. Um assalto que vai acontecer na semana que vem. Ele quer armas do Stark. Faça com que essa informação chegue na sua equipe e deem uma lição a ele. Considere isso um pequeno agradecimento por não me deixar morrer naquele dia.
Hazel tinha milhares de perguntas em sua mente, mas tinha a forte sensação de que ele não responderia a nenhuma delas. Por isso, resolveu fazer uma simples.
— Não está com medo de isso acabar mal para você?
— Tenho tudo sob controle, não precisa se preocupar comigo.
— E quem disse que eu me preocupo com você?
O loiro sorriu outra vez.
— Você é do tipo que se preocupa com todo mundo, não precisa mentir. Tá estampado na sua cara. — Antes que ela pudesse responder qualquer coisa, ele se levanta, pegando a mochila novamente. — Acho que terminamos por aqui.
— Não, não terminamos. Eu ainda tenho…
— Muitas perguntas, mas é claro. — Ele jogou a cabeça para trás. — Mas eu não tenho tempo e nem vontade de te responder. Só… faça algo de útil com essa informação que eu te dei, pode ser? — Antes que ele pudesse se deslocar para a saída, porém, ele se aproximou mais uma vez de Hazel. Dessa vez ela não se mexeu, apenas sustentou o olhar dele quando estão próximos. — Uma última coisa…
— O que?
— Você tem o meu número agora. Me avise se algo der errado. — E como se a estivesse provocando, ele piscou uma vez. — E claro, se você precisar de umas aulinhas de tiro… — Hazel estava mais confusa do que nunca, mas por algum motivo, não questionou mais. Ela com certeza nunca ligaria para ele, mas….teve os pensamentos interrompidos quando ele lhe jogou contra a parede mais uma vez, a prendendo lá por um momento. Todo o ar descontraído havia desaparecido quando ele aproximou o rosto dele do dela. — Mas se você tentar alguma gracinha com isso, eu juro que eu te mato.
Pela primeira vez na noite, ela apenas sustentou o olhar dele, sem vacilar. Não se importava que estivessem extremamente próximos um do outro, ou que ela estivesse em uma pequena desvantagem, ela não iria deixar que ele sentisse que havia intimidado ela.
— Não se a minha equipe te pegar antes.
A resposta pareceu pega-lo de surpresa. O sorriso voltou rapidamente em seu rosto antes de ele ficar sério mais uma vez.
— Ora ora ora, quem diria. Rebelde e não tão inofensiva quanto parece. — Ele finalmente se afastou, permitindo que ela se desencostasse da parede. — Você é como uma maldita caixinha de surpresas. Nos vemos por aí, vingadora.
Ele se virou para deixar o local, mas ela segurou seu pulso. Hazel pode ver que ele não estava esperando pela ação.
— Se tiver mais alguma coisa para mim ou se…. — Ou se o que? Quisesse se encontrar com ela outra vez? Por qual motivo? Tomar um chá ou algo assim? Ela percebeu o quanto aquilo era idiota, mas mesmo assim continuou. — Podemos nos encontrar aqui… se… bom, precisarmos.
— E porque diabos nos encontraríamos outra vez? — Ele puxou o braço com uma certa rispidez. — Eu não sou um agente duplo, britânica.
— Eu também não sou. Mas aqui estamos nós.
Eles se encararam novamente, e Hazel pode notar que por um momento, ele pensou no assunto, mas por fim, se virou bruscamente mais uma vez, e sem dizer mais nada, saiu para a rua, deixando-a sozinha outra vez. A jovem olhou para o pen drive em suas mãos, antes de guardá-lo em sua bolsa. Sem esperar mais, ela também deixou o velho esconderijo abandonado e começou a fazer o trajeto para voltar para sua casa. Não poderia gastar mais tempo ali, do contrário, seus pais saberiam que ela havia saído.
Teria tempo suficiente para pensar em tudo que havia acontecido ali assim que chegasse em casa. Mas não podia negar que por mais que soubesse que estava fazendo algo errado, pela primeira vez na vida, ela não se importava muito com aquilo.
Olha só o presentinho que eu tenho para vocês hoje !! Pois é, eu disse que estava escrevendo uma cena com eles dois e ela ficou pronta bem mais rápido do que eu esperava, então aqui está !! Não é uma cena do futuro como me pediram, é do presente mesmo e meio que dá continuidade ao outro conto dos dois, em que a Hazel salva ele.
Também quero lembrar que o especial do futuro é desconsiderado nos contos, ou seja, a Hazel não sabe que eles vão ficar juntos no futuro, as ações dela não são influenciadas por isso ;)
Mas enfim, espero que gostem e logo logo tem ais !!
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Então, eu não sei de onde tirei essa ideia ao certo, mas quando vi já estava escrevendo kkkkkk Eu confesso que nunca me diverti tanto escrevendo como quando estava escrevendo esse conto, então espero que vocês também gostem desse pessoal aqui. Beijos <3
Renegados?
Gateway City - 23:17
Ryan Palmer bateu na porta de madeira devagar, ainda um pouco indeciso sobre o porquê de estar ali e não dar meia volta naquele momento. Estava quase seguindo a segunda opção quando ouviu uma espécie de batuque aleatório do outro lado da porta que dava acesso a um porão sob uma igreja não muito grande. O moreno ergueu uma sobrancelha sem saber ao certo o que fazer ou falar.
— Ah merda, não era o ritmo certo. — Ouviu uma voz feminina se lamentar do outro lado e mais uma tentativa falha com outro batuque diferente do anterior. A pessoa do outro lado bufou e pareceu desistir. — An? Você ainda tá aí, né?
— Sim, você pode abrir a porta? Por favor. — O jovem Palmer pediu incomodado em ficar esperando do lado de fora de uma igreja em Gateway City e por conta do frio noturno que ele começou a sentir.
— Eu preciso saber se você é você, poderia ser um espião. — Ela explicou como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Qual a senha que estava na carta?
Ele tentou puxar a informação da memória.
— Humm… ursinhos carinhosos? — Ele se lembrava de ser algo assim.
Com essa resposta ele pode ouvir a tranca se abrindo e finalmente viu a pessoa misteriosa que lhe mandou uma carta de extrema urgência dizendo que deveria vir até ali, naquele dia e naquela hora. Ela estava sorrindo, uma trança pendia sobre um dos ombros e suas roupas estavam sujas de graxa, os olhos puxados e caracteristicamente orientais pareciam alegres e observadores.
— Eu já não te conheço de algum lugar? — Ryan sentia algo de familiar vindo dela, porém não conseguia se recordar muito bem de tê-la visto antes. Isso o incomodava, não gostava de não saber das coisas.
— Bom, eu sei que eu te conheço. Yuki Yamashiro e você deve ser o Ryan, é um prazer, eu só não aperto sua mão porque estou suja de graxa e não quero te sujar. Ah, um beijo irá servir! — Yuki se inclinou e depositou um beijo leve em sua bochecha, ele sorriu sem graça e sabia que se aquele lugar fosse mais iluminado ela saberia que o mesmo estava corando. — Agora vamos, os outros estão esperando!
— Outros? — Aquilo estava mais louco do que ele esperava.
— Ora, não esperava que eu fosse chamar só você pra isso? Precisamos de mais de duas pessoas. — Novamente ela dizia tudo como se ele já estivesse a par de tudo.
— Acho que você se esqueceu de que não explicou quase nada naquela carta “misteriosa e importante”. — Usou as próprias palavras dela enquanto olhava desconfiado para as paredes em espiral das escadas que levava ao porão daquela construção.
— Era para ser uma surpresa, bobinho. — Yuki riu e saltou os três últimos degraus alegremente.
Ele a seguiu e olhou para todo o espaço. Primeiro se surpreendeu pelo fato do cômodo único ser bem maior do que ele esperava, passava um pouco da igrejinha acima deles. Entretanto o que fez Ryan realmente ficar surpreso foi o grupo que estava assentado em roda sobre cadeiras dobráveis de ferro. Eles também olharam para ele.
— Bom, parece que todos chegaram! — Yuki comentou animada. — Já podemos começar…
A fala dela foi cortada quando a luz caiu e um murmúrio de desaprovação tomou conta do grupo.
— De novo? Você não disse que tinha consertado o gerador, Yuki? — Uma outra voz feminina reclamou no meio do escuro.
Ryan estava pronto para acender a luz de seu celular quando um clarão esbranquiçado tomou conta do aposento subterrâneo, iluminando tudo. O jovem Palmer se surpreendeu quando percebeu que a claridade emanava de um rapaz, provavelmente de idade próxima a dele.
— Truque legal. — Agora ele pode identificar a portadora da voz, uma moça baixa e de braços cruzados em uma pose carrancuda. — Mas se não resolverem o problema com esse gerador eu vou embora, já perdi tempo demais.
— Oh não, eu ainda nem falei porque chamei todos aqui! — A oriental pediu com ansiedade na voz, Ryan não pode deixar de se apiedar.
— Deixa comigo. — Ele disse tirando a jaqueta azul e jogando sobre uma das cadeiras vazia. — Você pode dar uma clareada aqui? — Pediu ao menino e ele ajudou estendendo a mão e formando uma esfera brilhante que seguiu até o gerador, o jovem cientista não teve muita dificuldade em resolver o problema, apenas uma mal contato simples que deixou as mãos deles tão sujas quanto as de Yuki. — Agora entendi o motivo de sua sujeira.
Ela riu e deu pulinhos de alegria quando a luz voltou, estável dessa vez. Ele tomou seu assento e foi cuidadoso para não sujar sua jaqueta favorita.
— Bom, vamos começar finalmente! — Ela exclamou olhando para todos os presentes com um sorriso estampado. — Primeiro as apresentações, eu já me apresentei individual a cada um de vocês, mas vou de novo. Sou Yuki Yamashiro, a minha mãe é conhecida por vocês como Katana.
Agora ele sabia de onde conhecia ela.
— E talvez alguns já tenham percebido, mas cada um de nós aqui é filho de um herói ou heroína. Mas gostaria que cada um se apresentasse, você pode começar? — Ela perguntou docilmente a menina ao seu lado, a mesma concordou com um aceno.
— Mallory Saunders, filha do Pistoleiro. — A de olhos azuis disse direta.
— Hiroshi Hoshi, filho da Doutora Luz. — O que antes estava brilhando no escuro se apresentou.
— Alessia Jiwe McCabe, filha da Vixen e tudo mais. Isso ainda vai demorar muito? — Ninguém respondeu ela e seguiram para próxima pessoa, o rapaz que era uma cabeça mais alto que todo mundo ali.
— Tyler Starr, filho meio que clone da Poderosa, que é clone da Supergirl, então eu sou um clone de um clone. — Ele disse sem neuras e daí veio a vez dele.
— Ryan Palmer, filho do Átomo. — Falou rapidamente. — E então Yuki, pode me dizer para que tudo isso?
Ela uniu as mãos na frente do corpo e respirou fundo.
— Bom, o que todos aqui temos em comum?
— Somos filhos de heróis. — Alessia respondeu em tom debochado e impaciente.
— Isso, mas além desse fato existe outro, somos todos renegados.
— Renegados? — Tyler perguntou sem entender muito bem.
— Sim, vocês três! — Ela apontou para Ryan, Alessia e Mallory. — Vocês não foram aceitos nos Titãs!
— Ei! Eles que perderam a chance de me ter lá. — Alessia afirmou.
Ryan e Mallory se entreolharam sem saber onde aquilo ia dar.
— Hiroshi, você tentou entrar na NASA, mas eles te desqualificaram por conta dos seus poderes.
— Onde você descobriu isso?
— Tyler, você tentou por anos conseguir virar um herói em Metrópolis, mas os jornais sempre focaram nos supers e te deixavam de fora, você nunca foi reconhecido.
— Bom, você disse os podres de todo mundo aqui, mas e os seus? — Alessia demonstrava ser uma garota ácida e que não media muito bem suas palavras.
— Eu já tentei entrar em todas as equipes de heróis que você pode pensar! Jovens Titãs, Stormwatch, Liga da Justiça Sombria e até a Liga da Justiça, mas não fui aceita por ninguém. Então resolvi fazer a coisa mais sensata que eu poderia.
— Virar uma civil e desistir disso?
— Não Alessia, montar minha própria equipe! — Yuki respondeu com um brilho nos olhos.
— Então você chamou nós cinco para formar uma equipe?
— Bem, não só vocês cinco. Eu tentei o meu irmão e a minha cunhada, mas eles preferem trabalhar em dupla, o filho do Capitão Marvel disse que não quer virar um herói, os Tornado Twins preferem ficar em Central City, o filho do Cavaleiro Andante mandou eu me ferrar e a filha do Dr. Neblina disse que tem que proteger o mundo dos homens contra ameaças místicas, por isso não poderia vir.
— Então tipo, nós somos os renegados dos renegados? — Alessia fez um careta com a própria fala.
— Na verdade, nós somos os Novos Renegados! — A oriental exclamou quase gritando.
— É isso era para ser… — Mallory questionou.
— O nome da nossa equipe, porque já teve outra equipe com esse nome e eu só coloquei um novo na frente porque isso é que a maioria das pessoas fazem com reboots de equipes. Não é tão original, mas foi o que deu gente, não sejam tão exigentes. — O grupo se entreolhou, pensando se aquilo era realmente um fato ou algo estúpido. — Bom, essa é a minha ideia e eu espero que vocês concordem. Aceitam formar a equipe?
Houve alguns segundo de silêncio pelo porão empoeirado. Alessia o quebrou quando se levantou, arrastando um pouco a cadeira que fez um rangido metálico.
— Eu estou fora, essa ideia é muito ridícula. — A moça dizia enquanto seguia para a saída. — Isso nunca daria certo, além de eu trabalhar muito melhor sozinha. Então…
Ryan percebeu a luz na face de Yuki sumir um pouco, ela não sorria mais e seus olhos fixaram-se nos próprios pés. Ele também acreditava que aquela ideia de juntar uma equipe com renegados não daria muito certo, todavia pensou no trabalho que ela tinha tido de mandar as cartas, arrumar aquele lugar e se sujar toda de graxa para tentar consertar o gerador. Só queria que todo o trabalho dela não tivesse sido em vão.
— Eu aceito! — Cortou Alessia e surpreendeu a Mallory que o observava. Poderia já estar bem ocupado como assistente de seu pai e em seus próprios projetos, mas não se arrependeu ao ver a oriental sorrindo e animada mais uma vez. — Isso pode dar muito errado, mas não vejo porque não tentar.
Mais segundos de silêncio.
— Eu também estou dentro. — Mallory levantou a mão e moveu a cabeça em negação como se não estivesse acreditando em si mesma. — Vamos ver aonde isso vai dar.
— Podem contar comigo. — Hiroshi se prontificou com um aceno positivo.
Tyler também concordou com outro aceno. Todos se viraram para a filha da Vixen que continuava parada com um pé em um degrau e outro no chão. Ela suspirou e cruzou os braços antes de voltar para o lugar dela.
— Ta bom, pelo menos não vão poder dizer que eu não dei uma chance.
— Isso! — Yuki deu saltinhos de alegria e voltou a sentar no lugar dela. — Agora Ryan, o que precisamos fazer?
— Eu? Porque eu que tenho que tenho que decidir?
— Ora, porque você será nosso líder, eu meio que decidi isso antes porque pelo que eu pesquisei você já ganhou um torneio de League of Legends e foi o capitão. Então acho que você deve saber como liderar, não? Alguém é contra a ideia?
O Palmer estava preparado para rebater aquela afirmação, mas não o fez quando ouviu os murmúrios em concordância dos outros, talvez por realmente acharem que ele seria um bom líder ou apenas para não terem que assumir aquela responsabilidade.
— Tá vendo, você será um ótimo líder, tenho certeza disso. — A filha da Katana parecia bem certa sobre aquilo. — Então, qual será o primeiro passo.
Havia milhares de coisas que vinham a sua mente.
— Bom… podemos começar pela senha secreta?
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