#flor de aceite
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harleydirkbieder · 9 months ago
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Olivenöl: Das passiert wenn Sie täglich 2 EL zu sich nehmen (erstaunlich!) - Ulrich Bauhofer
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kitoolv · 3 months ago
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Parabéns vc está emagrecendo!!!
E agr? Vc provavelmente se pergunta se merece um chocolate, comer um hambúrguer ou até fazer binge...
Agora me fale flor, vc realmente quer se presentear ficando mais gorda e cheia de banha?
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Ou é melhor investir esse dinheiro na sua beleza para cada vez ficar mais bela e delicada?
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É a sua escolha ser magra ou obesa, apenas aceite e pare de culpar o resto do mundo. Sua baleia imunda.
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creads · 6 months ago
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*me fazendo de burra* nossa camis acabei de ver essa foto e I thought 🧠 em esteban e reader indo pra uma festa fantasia de homem e mulher aranha mas depois de dois copos de um drink suspicious o esteban parece tá mais gostoso que o normal e como we are just girls 🎀 a reader chega toda xoxinha tipo amor cof cof to meio dodói vamo pra casa 🥺 {olhinho implorando por meia hora de pica} ai quando eles chegam em casa ela já tá se esfregando tipo gata no cio opa a dor passou 🤭 vamo fude? 😈 corta pra ela rebolando em cima dele com os dois ainda fantasiados e si tirar aquela máscara ele tá com os olhinho lacrimejando aff para a gravação 😖✊🏽
and I say more ☝🏽☝🏽 indo pra minha skin de nerd 🤓 tem um quadrinho do homem aranha que ele conhece a silk (mulher aranha) e eles não podem ficar perto um do outro pq as aranhas que picaram eles são da mesma espécie então os hormônios ficam a flor e eles querem toda hora fazer sapecagens 🍑🍆💦
mas assim amiga sabe isso foi uma coisa que eu pensei agora sabe não é como se eu já tivesse surtado no seu chat sabe essa ask não foi planejada sabe sabe sabe 🕴️🕴️🕴️
nossa !!!! que ask super inesperada 😯😯😯😯inclusive PUTA 💥que💥💥PARIU🖕🏻🖕🏻🖕🏻 gente o dia que ele postou essa porra dessa foto vocês não tem noção eu quase entrei em combustão instantânea xerecal de vdd vey olha esse pescocinho branquelo perfeito pra encher de chupão e meter a unha e enforcar OI quem disse isso……
enfim. *limpando a garganta cof cof* esteban amigo do irmão. SIM. ele voltou. o mais temido de todas as edições. (não revisado ok e dedicado a @lacharapita 🖕🏻 e todas as kukulovers e todas as amantes de homens patéticos 😛)
ok voltando ESTEBAN AMIGO DO IRMÃO que é nerdolinha estudante de ti, e por mais que seja uns aninhos mais velho que você sempre fica nervoso contigo por perto. esteban amigo do irmão que aceitou que a festa do seu irmão fosse na casa dele, mas com a condição de que fosse festa a fantasia já que o aniversário do seu irmão é justamente no mês de outubro.
a festa realmente estava divertida, a casa de esteban era grande o suficiente para deixar todos convidados a vontade, a maioria das pessoas no jardim perto da caixa de som e raramente algumas na cozinha pra buscar mais gelo. a maioria das fantasias eram criativas, outras pessoas optaram por algo mais simples, como você, que ficou sabendo da festa de última hora (pq seu irmão não gosta como o esteban fica calado quando você tá perto então te contou em cima da hora 🙄) então vestiu um vestidinho preto e colocou umas orelhinhas de gato pretas do último carnaval. mas acontece que… a bebida estava descendo fácil demais e batendo no nível certo só pra te deixar alegrinha, soltinha. e o ambiente da festa tava tão gostosinho… que nem o anfitrião (😛), que em sua defesa, sempre achou ele tão gatinho… as sardinhas espalhadas pelas bochechas que coravam quando você chegava por perto, e principalmente os ombros largos que ficavam ainda mais evidentes com ele usando essa bendita fantasia de nerd do homem aranha. mas, sabe… o jeitinho que ele ficava totalmente idiota perto de você te instigava tanto, te deixava com tanta vontade de tê-lo sozinho por mais de alguns minutos…
por isso que, quando viu kukuriczka entrar na cozinha para buscar mais gelo, rapidamente abandonou o seu grupinho de amigas e foi atrás dele. chegou de fininho na cozinha, com a voz mansinha ao chamá-lo, “kuku… eu tô com tanta dor de cabeça, cê tem algum remédio pra me dar?”, sorrindo quando ele virou rápido demais na sua direção, tropeçando pro lado pq tava alegrinho também e usando aquela porra daquela máscara (em defesa dele, era pq lá fora tava frio e o nariz dele tava ficando gelado já, ah e também pra não ficar inalando a fumaça que os amigos estavam fazendo) e respondendo “claro..”. você acha que nunca esteve tão feliz quando subiu pelas escadas até o quarto de esteban, logo atrás dele.
o quarto era bonitinho, arrumado e cheiroso, mas você não conseguia prestar atenção em outra coisa além do homem alto procurando um remédio em uma das gavetas da mesinha ao lado da cama. o observava em pé, um ângulo inédito já que ele sempre estava acima de ti, muito mais alto. “tem… dipirona, pode ser?”, ele ofereceu, simpático. “poxa, nem dá, eu sou alérgica…”, você contou a mentira na voz mais meiga que conseguia, se sentando ao lado do loiro, que logo voltou a procurar na gaveta, ele estava tão nervoso que não percebeu que era a máscara que atrapalhava a visão dele, não se deu conta antes de você o impedir de voltar a procurar. “quer saber, kuku? eu acho que eu só preciso ficar sentadinha aqui um pouco… só até passar, sabe?”, ele se endireitou ao ouvir, até falou algo do tipo “fica a vontade, se precisar de alguma coisa me chama”, mas você logo colocou a mão na coxa dele, dizendo doce: “não, fica aqui comigo… por favor”
e claro que ele não negou, ainda mais com você chegando mais pra perto dele, agora encostando a sua coxa no lado da dele. você até deu uma risadinha sopradinha ao levar a mão até a nuca do garoto, brincando “tira essa máscara, kuku… ce vai ficar sufocado”, tirando a máscara devagarinho, até mordendo o lábio discretamente quando viu o rostinho vermelhinho e os olhinhos caídos por conta da bebida, o cabelinho loiro bagunçado nem se fala. você sorriu, dizendo “prontinho..” enquanto passava as mãos pelos fios desalinhados, arrumando eles. você é esperta, po, tem o mínimo conhecimento de cultura pop e nerd, masss…. enquanto continua com a mão pertinho da nuca dele, pergunta, como quem não quer nada, “kuku, tem algum universo em que a mulher gato e o homem aranha ficam juntos?” e meus amores … só falta ele cair durinho pra trás, ele até engasga antes de te responder - tentando fingir costume - que “o universo da mulher gato e do homem aranha são diferentes, então é muito provavel que eles nunca nem se conheceram”. você faz a linha bundudinha burrinha neaaaahhh 😛 (dont mind me im projecting) e fica toda “poxa! não sabia…”, enquanto as mãos não saem de perto dele, acariciando o ombro, descendo pelo braço… ele começa a explicar, nervoso “pelo fato de a mulher gato ser da dc e o homem aranha da marvel, é improvável, mas assim! nada é impossível com tantas teorias…”, e ele até ia falar mais, mas você se ajeita na cama, colocando as pernas pra cima do colchão e ajeitando elas em posição de borboleta, permitindo que ele veja direitinho a parte interna da sua coxa, pode até jurar que consegue enxergar o tecido branquinho da sua calcinha.
“que foi, kuku?”, você pergunta, e os olhos dele finalmente voltam pro seu rosto, que está com um sorrisinho de lado e a cabeça também tombada para o ladinho enquanto o olha, meiga, como se você nem estivesse fazendo um inferno na cabeça do pobre coitado agora. “não, nada, é… só isso mesmo”, ele diz, baixinho. “hmm, entendi..”, acha tão adorável o jeitinho tímido dele que não resiste, se ajeita para chegar mais pertinho, e dessa vez se senta devagarinho no colo dele, sem quebrar o contato visual, as pernas do lado dos quadris do homem, que te observa com o cenho franzido e os lábios entreabertos, sem nem acreditar que isso finalmente tá acontecendo. “e nesse universo, que que ‘cê acha, hm?”, pergunta com as duas mãos na nuca do garoto, observando o ‘sim’ tímido que ele acenou com a cabeça ao te olhar, fechando os olhinhos e jogando a cabeça para frente até encostar nos seus seios quando você movimentou os quadris para frente.
você chegou com a boca pertinho do ouvido dele, mas antes de falar alguma coisa, de novo chegou os quadris para trás e para frente, gemendo baixinho com a sensação e não contendo um sorriso quando ouviu ele fazer o mesmo. “deixa eu te ouvir, kuku… fala pra mim o que você quer, hm?”, mordeu de levinho o lóbulo dele, roçando mais uma vez sua calcinha já molhada contra a ereção que marcava na fantasia, e ainda por cima, descobriu o exato lugarzinho que marcava a glande já inchada e melada de pré gozo ao chegar um pouco para o lado, e ao se mexer mais uma vez, percebeu que a sensação dos tecidos meladinhos contra o outro era tão boa quanto para você e para ele. esteban ainda tinha o rosto encostado nos seus peitos, e você levou seus dedos até o queixo dele, fazendo ele erguer o rosto e encontrar o seu olhar, ele parecia querer te pedir algo, mas as palavras agarravam na garganta ao te sentir rebolar nele, abria a boca para tentar dizer alguma coisa mas só saiam gemidos baixinhos e falhados, as mãos grandes agarravam os lençóis com tanta força que uma das pontas até se desprendeu de uma das extremidades. quando você percebeu que o que estava faltando eram as mãos dele em você, tomou elas na sua carinhosamente- algo que ficava mais sujo tendo em mente a forma como você esfregava a sua bucetinha coberta pelo tecido fino contra a ereção de esteban que você conseguia até sentir latejando - e guiou elas até a sua bunda, agora exposta já que o vestido já tinha se enrolado acima dos seus quadris.
“pode me tocar, kuku… não precisa ficar tímido…”, seus quadris se moviam para frente e para trás, o fato de que esteban conseguia sentir tão bem você pulsar ao redor de nada enquanto você praticamente o masturbava com a sua intimidade o deixava louco, então quando você apertou em cima das dele, fazendo ele agarrar sua bunda, ele não tinha nem condições de medir a força que te apertava, nem quando você puxou um arzinho entre os dentes cerrados, logo sorrindo com a sensação nova, canalha. suas mãos foram até o queixo dele, alinhando o rostinho dele com o seu, olhando nos olhos dele enquanto disse “sabe, na verdade… eu ficava sonhando em ter você me tocando desse jeito”.
ele acenava um ‘sim’ desesperadinho com a cabeça, os lábios dele se moviam, como se ele fosse falar “eu” alguma coisa, mas porra… tava tão gostoso, que você não deu nem importância para o que ele tinha a falar nesse momento. “mas isso aqui tá tão melhor do que qualquer coisa que eu já pensei… da até pra sentir, é tão grande…”, a sua mão que antes estava sobre a dele na sua bunda foi até a alcinha do seu vestido, ele acompanhava a forma como ela deslizava ela contra o seu ombro, e antes mesmo que você pudesse tomar a iniciativa, esteban retirou uma das mãos que estava na sua bunda e levou ela até o seu peito, agora quase exposto, enfiando a mao grande por baixo do seu tecido e agarrando a carne com mais força do que gostaria. você gemeu com a sensação, já sensível demais devido ao álcool no sistema e por finalmente fazer o que queria há tanto tempo com o amigo gatinho do seu irmão. os quadris involuntariamente começaram a se mover com mais intensidade, um barulhinho molhado vindo da sua buceta que se esfregava contra a ereção pesada e quente perfeitamente delineada no tecido fez esteban arfar, apertando seu corpo mais forte ainda no reflexo, arrancando um sorrisinho safado de ti. “t- ta… caralho… tá muito bom”, finalmente esteban conseguiu falar alguma coisa, mas coitadinho, a forma que a voz saiu tão frágil da boca dele foi diretamente para o seu pontinho sensível e inchado, que era estimulado perfeitamente pelo comprimento do loiro, te deixando mais desesperada ainda para se desfazer ali mesmo.
“é, lindo? vai ser melhor ainda quando você me fuder, me deixar bem cheinha com esse pau gostoso… me lotar de porra”, você não ligava de falar essas baixarias pro menino que corava quando você dizia “oi”, não nesse momento. principalmente quando ele colou os lábios entreabertos nos teus, mas ainda sim não te beijou, apenas fechou os olhos e gemeu, e sem nenhum aviso prévio, se desfez ali mesmo, te fazendo arrepiar ao sentir a mancha melada se formando no tecido contra a sua buceta. se não fosse pela reação dele, não teria nem decifrado que ele gozou, afinal, a mancha molhada que se formou ali poderia ter sido sua, já que sentia que estava escorrendo de tão excitada com o loiro burrinho de tesao bem na sua frente, e ainda por cima por sua causa, e, claro, principalmente com a sensação gostosa que roçar contra ele te trazia. reduziu o ritmo que se movimentava contra ele, mesmo com os olhinhos fechados, esteban mostrava preocupação, ele encostou o rosto na curva do seu pescoço, respirando pesado antes de dizer “desculpa”. pela reação do garoto por ter gozado nas próprias calças, ele definitivamente nem sonhava que essa tenha sido a coisa mais excitante que você já presenciou.
a fim de assegurá-lo que você estava tão satisfeita quanto ele, encostou a mão na bochecha vermelhinha, abaixando o próprio rosto para finalmente beijá-lo. ambos arfavam contra o beijo, você gemia baixinho contra os lábios fininhos ao sem querer chegar os quadris para frente, só espalhando mais a bagunça que tinham feito ali, já esteban ergueu os próprios quadris em um espasmo, sensibilizado com o que tinha acabado de acontecer. precisava de mais dele, dos dedos compridos, da língua contra cada centímetro do seu corpo, o pau grande te fudendo até ficar dolorida no dia seguinte, então por isso, quebrou o beijo, se afastou e ficou de pé.
quando caminhou até a porta, esteban genuinamente sentiu uma pontada no peito, com medo de ter fudido com a chance perfeita de te ter como ele tanto sonhou, mas quando te viu girar a chavezinha na fechadura, agradeceu mentalmente a todos os deuses que existiam nesse mundo. você caminhou de volta até ele, disse doce “não tem problema kuku…” ajoelhando entre as pernas dele, passando a palma sobre a mancha molhada da fantasia. “deixa eu te ajudar a limpar essa bagunça”
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casos ilícitos
Matias Recalt X f!Reader
Cap. 19
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E minhas palavras atiram para matar quando estou brava. Eu me arrependo bastante disso.
Avisos: linguagem imprópria, menções a hospital e lesões.
Palavras: 8,1 k
Primeiro capítulo do anoooo, aproveitem 🥳🎉
————
Os fatos das últimas horas ainda rodavam como um disco arranhado pela sua mente, se repetindo sem parar, e te causando dúvidas junto com um aperto profundo no peito. 
Não houve um único dia após o término entre você e o garoto de cabelos castanhos que tenha sido cem por cento perfeito ou nulos de dor. Claro que tinham dias melhores que outros, às vezes com sorte, até mesmo semanas melhores que outras. Mas nunca era algo duradouro. Sempre que uma centelha de felicidade parecia te preencher em um momento bom, no instante seguinte isso se extinguia. Fosse durante o dia, ou no cair da noite, quando estava sozinha, ou nos braços de seu novo namorado.
Você poderia por uma máscara e tentar mentir o melhor que fosse para seu parceiro, amigos e até familiares de que tudo estava bem, e que você estava feliz com esse recomeço, mas no fundo, não poderia mais mentir para si mesma. 
E você tentou. Por muito tempo. 
Pensando que não importava que durante o sexo os seus olhos sempre estivessem fechados e sua mente vagando para outra pessoa, ou que sempre que passava pelo parque no caminho de volta para casa, e visse garotos em cima de um skate, um nome sempre vinha a sua cabeça. Ou quando foi no mercado na semana passada, e havia comprado todos os ingredientes para preparar a refeição preferida de uma pessoa, que nem ao menos estaria lá para apreciar.
Ele sempre estava presente na sua vida, mesmo sem estar necessariamente lá. Se é que isso fazia sentido. 
Mas como você sempre fazia nos últimos tempos, você somente engolia o que sentia, reprimindo tudo, e tentava ainda mais duro para fazer as coisas fluírem e funcionarem no seu relacionamento. Você fez sua família e amigos se darem bem com Santi (se bem que a maior parte disso se devia a ele, e sua personalidade amigável), começou a sair mais, e marcou programas com as pessoas de que você mais gostava no seu círculo social. Fosse compras com as garotas, jantares com namorado e passeios ao ar livre com a família, mas sempre com o peso nos ombros da culpa da mentira, e só esperando até o sentimento de vazio te alcançar novamente. 
E é claro, que bem no dia que seus pensamentos estavam mais inquietos do que o normal, com nervos à flor da pele, e quase arrancando os cabelos de nervosismo, ele decide aparecer e fazer tudo ficar mil vezes pior. 
Seus instintos estavam alerta desde a sala de cinema escura, se sentindo observada e vigiada, mas como não encontrou nada vagando os olhos brevemente pelas pessoas, você apenas ignorou achando que estava ficando maluca. E agora você sabia exatamente o motivo disso. 
Apesar de tudo, falar com os garotos foi a parte fácil. Distribuir abraços, sorrisos verdadeiros e calorosos foi realmente bom para sua alma, e quando não viu Matías com eles, sentindo um nó em seu estômago, pensando que ele poderia estar em outro lugar, com outro alguém, fazendo outras coisas, que te traziam um gosto amargo na boca, finalmente o avista mais a frente conversando com sua irmã. 
E como se já não bastasse os olhares embaraçosos quando ficaram frente a frente, enquanto todos tentavam ignorar o grande elefante na sala, tudo ficou ainda mais intenso quando ele te pediu para conversarem a sós, o que a contragosto, você aceitou. 
Imagine a sua surpresa quando Matías te perguntou se você amava Santi. Foi tudo tão estranho, confuso e desesperador, pois para você o amor parecia algo estrangeiro e de outro mundo se direcionado a outra pessoa que não fosse Matías. Você estava confusa e com raiva. Raiva que justamente a primeira vez que ele ousasse tocar no assunto “amor”, é justamente para te perguntar a respeito de seus sentimentos por outra pessoa. 
Você não tinha que se justificar para ele. Ele não podia te perguntar a respeito de amor, se ele nem ao menos chegou a te falar as tais palavras ao menos uma vez. Nem mesmo depois de sua confissão no casamento, que parecia ter sido feita há um milhão de anos atrás.
É claro que durante a briga do término no apartamento dele, o mesmo tentou te dizer as três palavras que você uma vez tanto sonhara em ouvir, só que de maneira diferente. Te falando como o seu lugar era ao lado dele, e como você era importante para o mesmo. Mas naquela época, nada do que saía da boca dele você poderia considerar sincero ou real.
Mas e agora? 
Você se odeia por saber bem claramente o desfecho que a conversa desta noite poderia ter tomado no estado em que você estava. Se ele tivesse dito o que você queria escutar, se declarado com honestidade, então provavelmente você teria deixado tudo de lado por ele. 
Mas ele não disse. E ele nunca iria dizer. 
Então você mentiu, e disse que amava outra pessoa. Mas junto com a mentira, também veio o conhecimento e a realização de algo maior. Pois foi nesse momento que você soube que tinha ido longe demais. Santi era um cara incrível, e não um troféu para você exibir, e usar para se sentir desejada, e depois descartar quando tiver outro brinquedo. Tudo isso era injusto com ele. 
Matías poderia ir se foder, mas Santí merecia ao menos a verdade. E depois desta noite, você sabia exatamente o que isso significava, e o que precisava fazer. 
— — — —-
Depois que saem do cinema e se dirigem ao jantar tedioso, o qual você passou mais tempo dispersa e brincando com a comida do seu prato, enquanto esperava que um raio caísse em sua cabeça só para você poder sair dali, finalmente todos terminam suas refeições e se encaminham para casa. Santi passaria a noite com você como de costume, e assim ambos os casais começaram o trajeto de retorno ao apartamento. Foi tudo bem tranquilo, com todos se recusando a tocar no assunto “ex”,e somente falando de vários assuntos irrelevantes. Seu cunhado e namorado divagando sobre o jogo que aconteceria na próxima semana e sua irmã tentando te introduzir no meio quando começaram a falar sobre o filme que acabaram de assistir. 
Um olhar cortante seu é o suficiente para que ela pare de tentar.
Assim que chegam em casa, você solta um suspiro cansado, sabendo que agora iria ser a hora chata, e que teria de ter coragem para enfrentar isso. Wagner entra com o carro no estacionamento, e assim que todos se soltam dos cintos, e saem do veículo com segurança, você aborda o rapaz: 
- Santi, podemos conversar? - Você pede, e pela cara dos mais velhos a sua frente, a sua tentativa de parecer tranquila sobre o motivo, foi totalmente falha.
-Claro - Ele concordou prontamente te seguindo.
Seu cunhado e irmã entram no prédio, deixando apenas os dois do lado de fora, os dando privacidade e espaço. Ambos vão para a calçada, em silêncio e cautelosos, sendo saudados com a briza suave da noite nos seus rostos.
-Eu… - Você começa, olhando para os próprios pés com vergonha, e tentando encontrar as palavras certas para transmitir o que você queria dizer. 
Mas você não sabia bem o que queria dizer. Você nunca tinha chegado nessa parte. Terminar com Matias foi rápido pois ele havia pisado na bola, mas com Santi era diferente, pois ele não tinha sido nada senão perfeito. Como você poderia encontrar as frases certas para partir o coração de alguém com o mínimo de dano possível? A resposta era simples: Não tinha como. 
-Você vai terminar comigo, não é? - Ele te corta, te aliviando o fardo das palavras pesadas e duras. Quando o seu olhar finalmente encontra o dele, você nota que a feição dele ostenta um olhar manso e resignado no rosto, como se já suspeitasse disso o tempo todo.  
Ele não parece bravo, confuso e muito menos irritado. Totalmente o contrário do que o seu coração medroso esperava. Mais uma vez te mostrando o quão perfeito ele sempre é, e foi.
-Sim, eu sinto muito Santi.- Você confirma, engolindo em seco - Não acho que esteja funcionando mais entre a gente, mas quero que saiba que o problema não é você, sou eu. - Tenta explicar ao garoto de olhos gentis, e sentindo lágrimas começarem a surgir conforme as palavras iam fluindo, e seu corpo começando a tremer. 
-Calma, tá tudo bem. -Ele diz, e antes que perceba, os braços dele estão à sua volta te abraçando, e te consolando uma última vez. 
A presença dele te envolve, em uma espiral de aconchego, calor e um cheiro gostoso que você reconhece como sendo do perfume dele. Estando assim, tão próximos, você até consegue entender como se deixou ficar confusa romanticamente por tanto tempo. Ele era tudo o que você um dia idealizou, mas infelizmente, ele chegou tarde demais, e você já tinha deixado esse barco para trás há muito tempo. 
Vocês ficam assim por alguns minutos, com os corpos ainda grudados um no outro, enquanto ele esfrega suavemente carícias nas suas costas, e sussurra palavras doces no seu ouvido. Você não consegue deixar de notar a ironia da situação e se sentir ainda mais patética e ridícula com isso. Foi você quem terminou com ele, e é ele quem está vindo te acalmar e te escutar chorando como uma criança. 
Quando a noção de autopreservação e vergonha voltam a você, fazendo sua onde de frenesi e histeria passar, Santi tenta ter uma conversa de verdade, tomando cuidado com o seu bem estar, sendo atencioso e paciente como sempre.
-Tá tudo bem. - Ele te garante mais uma vez - Pra ser sincero, eu meio que sabia que isso iria acontecer alguma hora, eu vejo o jeito que você olha pra ele toda vez que o encontra, ou quando alguém menciona o nome dele. - Santi diz, e não é preciso que ele cite nomes, pois os dois sabem de quem estão falando. 
-Isso não tem nada haver com ele - Você retruca na defensiva - Eu só acho que tenho que ficar sozinha e cuidar dos meus próprios sentimentos antes. - Justifica com a voz ainda trêmula - Não posso mais te arrastar pra essa bagunça. - Termina, deixando ainda mais óbvio o quão arrependida está por toda esta situação. 
Ele segura a sua mão firmemente, fazendo carinho com os dedos e te transmitindo tranquilidade com o gesto simples:
-Fico feliz que queira um tempo pra você, pois você merece. Mas se você quer realmente resolver os seus sentimentos, talvez deva começar com o fato de ainda sentir coisas pelo seu ex- Ele aponta duramente, mas ainda sendo gentil.
E mesmo te enfurecendo o quão sincero ele está sendo, o que mais te deixa brava, é que o que ele diz realmente faz sentido. Mas você ainda não está pronta para admitir isso para ninguém, muito menos para si mesma.
-Talvez, vou pensar sobre isso. - O responde, deixando claro que é o mais perto de uma concordância que ambos vão chegar esta noite. 
Ele te solta, te deixando por si mesma agora que está mais composta, e você tenta não se deixar afetar pelo modo como já sente falta do calor amigo do mesmo. Ambos se encaram sem saberem muito bem como prosseguirem com a conversa. Você ainda está pensando em como acabar com esse embaraço quando ele solta uma tosse falsa, e continua a falar: 
- Acha que podemos ser amigos? Mesmo se vocês dois voltarem juntos? - Ele questiona, inseguro. - Eu entendo se você quiser distância e quiser ser apenas colegas de trabalho, não vou ficar chateado. - Ele te assegura, colocando suas emoções em primeiro lugar, e parecendo nervoso com sua resposta.
Você solta uma risada anasalada e baixa com a timidez repentina dele. Era óbvio que você iria querer a presença dele na sua vida, mesmo que de outra forma. Ele era um dos poucos caras que você conheceu que realmente valiam a pena e tinham decência dentro de si mesmos. Não precisava nem pensar muito para responder: 
-Claro que sim - Você o afirma com um sorriso  - Eu ainda gosto muito de você, só que agora é diferente, é mais como amigo, não no sentido de… você sabe…desse jeito…- As palavras certas não vem a sua mente.
-No sentido sexual? romântico? - Ele oferece descaradamente, para fazer graça.
-É…acho que podemos dizer isso - O diz, e sente as bochechas corarem com o sorriso maroto do mesmo - Mas acho que podemos ser bons amigos - Termina, recebendo um aceno satisfeito dele.
E então se lembra da segunda implicação do mesmo, e fica mais séria: 
-Mas não vou voltar com o Matías, como eu disse, o que eu preciso é pensar e ficar um tempo sozinha. - Repete suas afirmações - E de qualquer modo, eu e ele não iriamos funcionar mais juntos. - Diz com convicção. 
Santi solta um suspiro profundo com isso:
-Não acredito que vou dizer isso, mas… mesmo concordando que ele foi um idiota, eu sei que ele ainda gosta de você, eu consigo ver isso. - O garoto afirma, se aproximando - Só usa esse tempo pra pensar bem no que vai te fazer mais feliz e corra atrás disso - Ele diz, e aperta gentilmente o seu ombro, te aconselhando.
E antes que você possa rebater alguma coisa, ele já está te abraçando, e se despedindo com um beijo singelo no seu rosto. Somente quando a silhueta dele desaparece no horizonte, é quando você se permite ir para dentro e pensar no que acabou de acontecer.  
— — — 
Na volta até casa, desde que entra no elevador, ou quando passa pela porta do seu apartamento silencioso, as palavras de Santi ainda pesam em sua mente, assim como a culpa. Você machucou e magoou um garoto bom e inocente em toda esta história, tudo por conta de uma solidão e necessidade de preencher um vazio deixado por outra pessoa. O que te conforta, é que pelo menos agora Santi está livre disso tudo, e pode encontrar alguém melhor e emocionalmente disponível.
Seus ombros estão baixos em desânimo e cabeça curvada em uma expressão sem emoção. Ele disse que estava tudo bem, mas ainda assim era difícil não sentir um pouco de remorso e culpa. 
Em meio a neblina de confusão, você consegue escutar um som do vapor saindo de uma chaleira. E assim que se aproxima da cozinha para averiguar, é recebida com o cheiro de ervas doces que preenchem os seus sentidos e te acalmam quase que instantaneamente. 
Só tinha uma pessoa que poderia estar tomando chá a esta hora:
-Quer tomar um chá? - Sua irmã oferece, já pegando uma xícara no armário mesmo antes de ouvir a sua resposta. 
-Claro - Você responde, se juntando a ela na bancada da cozinha e aceitando a xícara com o líquido quente. 
Só estão as duas aqui. De frente uma para outra, enquanto ela te oferece alguns biscoitos que tinha assado mais cedo, os quais você não tinha notado até agora. Pelo silêncio, seu cunhado provavelmente já tinha ido se deitar por conta do dia longo. O que era bom, pois era uma pessoa a menos para encarar depois de tudo. 
-Noite difícil?- Sua versão mais velha te pergunta, te acordando de seus pensamentos.
-É- Você concorda, soprando a beirada do recipiente esperando que fique mais morno antes de levar aos lábios. - Acabei de terminar com o Santi.- Solta de uma vez. 
Você não sabia muito bem o motivo de estar contando isso já que era algo recente, e o qual você nem teve tempo de digerir muito bem. Mas outra parte sua queria arrancar o band-aid de uma vez. Quanto mais cedo você falasse, mais rápido deixaria de ser novidade e logo passaria toda a comoção. 
-Sinto muito - Ela diz, trazendo uma mão ao seu ombro em consolo - Mas foi o melhor. - Constata por fim, e volta a atenção a sua bebida. 
-Porque você diz isso?- Você questiona, confusa com a rapidez com que ela parece ter aceitado a novidade. 
-Ele não era o cara certo pra voce. Eu  sabia disso, ele sabia disso e mesmo você não querendo admitir, você também sempre soube disso - Ela responde, sem papas na língua e com a sobrancelha arqueada. 
Vocês ficam em silêncio por um tempo depois disso, com o espaço sendo preenchido apenas pelo som dos biscoitos sendo comidos e o barulho do chá abastecendo suas xícaras que ficaram vazias muito rápido. O que você menos queria agora, era dar abertura para ela começar a falar de seu ex (Matias), assim que você a informa de seu término com Santi (que agora também era seu ex). Mas querer não é poder, e assim que o terceiro biscoito encontra sua boca, ela começa a falar novamente: 
-Hoje no cinema, o Matías me falou que te ama, sabia?- Ela pergunta ironicamente, olhando no fundo dos seus olhos. 
O QUE? COMO ASSIM? 
Seu coração começa a bater mais rápido, e suas bochechas a corar violentamente com a confissão dela. Ele disse que te ama. Ele disse, de verdade. Suas mão estão suando e tremendo em ansiedade. A sua mente te leva de volta para o cinema, a imagem dos dois conversando e você tenta visualizar como foi na hora. Ele disse com essas mesmas palavras? Como surgiu o assunto? Ele estava nervoso? E o mais importante de tudo, porque drogas ele não disse isso na sua cara? 
Ele deveria ter dito algo, e ter feito alguma coisa. Mas quando seus devaneios ficam mais selvagens, em um cenário que ele se declara em sua frente, e te puxa para um beijo na frente de todos, você decide que é hora de parar. Sua mente pode te levar para lugares perigosos algumas vezes. E isso nunca acaba bem.
- Isso não muda nada. - Você responde voltando a si, engolindo em seco, e mentindo na cara dura. 
-Na verdade muda tudo. - Ela retruca prontamente - Acha que eu não vi como você ficou olhando pro Matias no cinema quando estava com os meninos?- Ela pergunta.  
Isso te pega de surpresa também. Você não sabia que estava sendo tão óbvia sobre isso. Mas não é porque você estava com saudades. Claro que não. Deve ter sido só porque fazia tempo que você não o via e ficou chocado em revê-lo ali. Só isso. Nada demais. Totalmente sem significância. 
-Você tá vendo demais! - Você afirma, fugindo do assunto. 
-Bom, já está tarde e eu não vou ficar aqui discutindo com você - Ela diz, começando a se levantar e a guardar as coisas.- Só saiba que, independente do que aconteceu hoje, eu só espero que você não se arrependa das suas decisões lá na frente. -Ela diz, e solta um bocejo, mostrando pela primeira vez o quão exausta ela está - Boa noite pirralha - Ela diz, depositando um beijo em sua testa, e depois saindo da cozinha te deixando sozinha perdida em pensamentos conflitantes. 
— — —
As duas conclusões que você havia chegado depois de alguns dias pensando era: você estava melhor sozinha para cuidar melhor de si mesma e de seus sentimentos. E a segunda, é que mesmo após a conversa que teve com Santi e sua irmã, nada delas poderiam impactar na sua decisão final. Eles não sabiam como era. Santi era muito puro, e sua irmã sempre teve um relacionamento perfeito. Como ela poderia te entender? Se sempre teve um príncipe encantado esperando por ela na porta?
Você estava na área de piscina do condomínio, sentada confortavelmente em uma espreguiçadeira, com as pernas esticadas e com um copo de refrigerante ao lado para refrescar do dia infernalmente quente. Um livro está apoiado no seu colo, enquanto você observa algumas das crianças dando um mergulho ou brincando perto dos pais que estão aproveitando o churrasco, e o almoço caseiro preparado por todos. 
Um suspiro frustrado sai de seus lábios com a situação. Você não está de biquini, somente trajando algumas roupas leves, pois não queria nadar, só aproveitar o ar fresco e ler um pouco. Mas era óbvio que a ideia de ler o seu romance havia ido para o ralo conforme a agitação infantil, ou os outros inquilinos conversando atrapalhavam a sua leitura. Mas não poderia culpa-los, pois foi você quem teve essa ideia idiota para começar, e esqueceu que hoje era o dia marcado para a confraternização dos moradores. O que estavam comemorando? Nada! Era só uma desculpa para comerem bem, usarem a piscina o dia todo e beberem enquanto conversam sem parar. 
Você está prestes a guardar o livro e se dirigir para dentro quando Wagner te aborda: 
-Tá indo onde? - Ele questiona. 
Um outro suspiro quase escapa de você quando pensa no quão irritantemente bem ele e sua irmã se encaixam aqui. Eles passam alguns dias na sua casa e de repente se tornam os vizinhos favoritos dos outros inquilinos. Isso fica ainda mais aparente agora, quando sua irmã está conversando animadamente com as outras mães na beira da piscina, seja sobre a comida ou sobre as crianças, e o modo como Wagner se deu bem com os outros pais aproveitando o churrasco com uma lata de cerveja gelada na mão. 
Eles são o casal perfeito do subúrbio e nem percebem isso. Só está faltando realmente um filho/a para terem a imagem perfeita de uma família tradicional. Mas até que um ser pequeno e inocente entre na vida deles, você é quem recebe essa carga por ser o mais jovem dos três ali. Sendo tratada na maioria das vezes como a filha adolescente dos dois. O que às vezes é legal, só que às vezes ele extrapolam somente com a superproteção, e te sufocam. 
-Tava pensando em entrar e terminar o livro - Diz, erguendo o pequeno objeto em suas mãos - Tá muito barulhento aqui- Esclarece, apontando com a cabeça para a multidão de pessoas. 
-Fica mais um pouco - Ele pede - Daqui a pouco vão trazer sorvetes para  as crianças e eu quero aproveitar. -Ele diz a última parte sussurrando e arrancando uma risada sua. 
Você concede a essa vontade dele (não por conta dos sorvetes, é claro) ficando por mais alguns minutos, e ele se senta na espreguiçadeira ao seu lado para te fazer companhia. 
-Não fica brava, mas eu ouvi você conversando com sua irmã uns dias atrás - Ele comenta.- Sinto muito pelo término, o rapaz era gente fina. 
-Obrigado - Você responde - Mas tá tudo bem, foi o melhor a se fazer. -Conclui. 
-Não fica brava - Ele repete-  com sua irmã, mas… ela meio que me contou o que aconteceu, no cinema - Ele diz, o que traduzindo, significa que sua irmã contou absolutamente tudo a ele. 
-Claro que contou - Você diz sarcasticamente. -Eu sei que vocês querem me ajudar, dando todos esses conselhos e tals, mas eu não preciso disso. - Fala séria para Wagner - Ele me magoou, e eu não estou pronta para perdoá-lo ainda, ao menos é o que eu acho - Termina, sussurrando a última parte acanhada. 
-Ainda tem raiva dele? - Questiona curioso.  
-Um pouco - Você admite - Tenho raiva do que ele fez, raiva do que ele NÃO fez, e raiva de não ter ele por perto. Mas não posso deixar que esse erro dele passe em branco - Um grunhido feio escapa de sua boca - Eu quero ser como meus pais, ou como vocês dois - Aponta para sua irmã do outro lado da piscina - Quero ter um relacionamento perfeito com um cara que me dê valor. - Termina, relaxando os ombros. 
-Eu sei que você pensa isso mas… eu e sua irmã não temos o relacionamento perfeito - Ele diz, arrancando um olhar curioso seu - Nenhum casal tem, na verdade, sempre vai ter brigas e desentendimentos, só tem que saber driblar isso - Ele finaliza.
-Vocês brigarem sobre quem paga a conta do restaurante não é necessariamente uma briga séria Wagner! - Diz revirando os olhos com o comentário dele. - Vocês saem juntos desde a faculdade, você foi o primeiro namorado sério dela e um príncipe encantado desde o começo - Começa a listar os fatos - Literalmente, vocês são o casal mais afinado que eu conheço. 
Ele parece pensar bem em suas palavras, decidindo se deve ir em frente ou não com a discussão. E depois de pensar por alguns instantes, ele prossegue: 
-Eu não fui necessariamente o cara mais legal de todos, muito menos a sua irmã - Ele começa - Eu sei que não parece assim, mas é a verdade. 
-Como assim? Vocês não eram bons um para o outro? O que aconteceu? - Questiona, de repente muito interessada no que ele tem a dizer. 
-Antes da gente namorar, muita coisa aconteceu. -Ele diz - Sua irmã partiu meu coração várias vezes, ela não só ficou com vários outros caras, como inclusive, ficou com meu colega de quarto na época. - Ele admite, tirando sarro da situação. 
-O que? Mas como? - Pergunta, perplexa. 
-Pois é - Ele diz - A gente tinha saído uma vez, e eu já tinha ficado louco por ela - Ele parece pensar, como se estivesse se lembrando do momento - No nosso primeiro encontro eu sabia que ela era a pessoa certa, mas ela não pensou assim - Ele faz uma careta com essa lembrança - E disse que tinha que ser casual, pois a gente era novo e ia conhecer muita gente ainda - Ele ergue a mão com a aliança de casamento - Obviamente, não foi casual pra mim, e depois disso, nos desentendemos bastante. 
-Como vocês se acertaram? - Questiona, ainda mais imersa na história. 
-O relacionamento casual não foi o bastante pra mim, então terminamos tudo - Ele conta, e você fica ainda mais chocada, pois nunca soube que eles já tinham terminado ou ao menos dado um tempo. Em sua cabeça eles sempre estiveram juntos e pronto. - Ela ficou com outros caras, eu com outras mulheres, mas eventualmente acabamos voltando um para o outro. - Ele te olha e suspira - Mas isso foi só depois de meses, e com muita conversa e comunicação. Foi assim que eu entendi que ela tinha medo de compromisso - Ele argumenta - Mas nesse meio tempo, nos machucamos bastante, não tem como apagar isso, o que nos resta é perdoar e seguir em frente. 
-Eu…não sei, estou confusa agora - Admite, encolhendo as pernas e as abraçando conforme se encolhe na espreguiçadeira. 
-Acha que sua irmã me ama? - Wagner questiona.
-Claro que sim! - Você responde na mesma hora. 
-Exato! - Ele comemora- Ela cometeu um erro, mas nem por causa disso eu desisti dela. Eu a amo, vou a amar até o dia em que morrer, e mesmo tendo sido um inferno o tempo separados, eu passaria por tudo isso de novo se fosse pra ter ela no final. - Ele diz, e te dá um olhar que transmite sinceridade e verdade em suas palavras. 
-Eu entendo que o perdão é importante. Mas em relação a voltar com ele, eu ainda tenho medo de acabar me machucando e me decepcionando no final - Confessa e olha para os próprios pés em desânimo. 
-O seu problema com o Matias é porque você diz que ele não respeitou o compromisso do relacionamento de vocês dois, mas…vocês não estavam juntos oficialmente. -Ele aponta.
-Eu sei. - Você responde em um sussurro mal humorado.
-E ele te ver com outro homem também não ajudou. -Wagner continua, enquanto recapitula os acontecimentos - Não estou dizendo que ele fez as coisas certas, pois Deus sabe que vocês dois tem um problema enorme de comunicação, mas se não estão juntos, então não tem necessariamente que ser exclusivo. - Ele continua - Por isso que juntei as escovas com sua irmã o mais rápido que pude - Ele conclui, orgulhoso. 
-A minha parte racional sabe disso. Mas a outra não.- Retruca - E o pior de tudo, de todas as pessoas, porque com ela?- Fala raivosa, se lembrando do rosto de Malena.  
-Porque era o mais fácil- Ele responde - E talvez no fundo ele soubesse que era o que iria te machucar mais. - Wagner reflete, mais profundamente. 
-Então ele conseguiu o que queria. - Diz emburrada. 
-Mas você nunca fez isso, certo? Disse ou fez algo apenas para deixá-lo magoado. - Ele questiona, já imaginando a sua resposta.
A primeira coisa que vem à sua mente do que você fez (talvez mais egoisticamente do que propriamente para magoar Matías), foi o relacionamento com o Santi. Totalmente baseado na necessidade de preencher a sua solidão e se sentir desejada novamente, e o fato dele ser quem ele é, só ajudou em tudo. Mas não poderia mentir que adorava quando Matías ficava com ciúmes explícitos e o sentimento de poder que te trazia ao aumentar o seu ego. A segunda coisa que vem a sua mente, que com certeza você fez, apenas para vê-lo magoado e ferido, foi quando disse que amava Santi. Quando admitiu que seus sentimentos agora pertenciam a outro, mesmo quando não os faziam. 
Essa mentira não iria fazer bem a ninguém, e você sabia disso mesmo quando a falou apenas para desfrutar de alguns segundos amargos de vingança e retorno. Você quis ver ele se sentindo um bosta. Você quis que ele se sentisse miserável quando te visse com outro. Que se sentisse traído e trocado, assim como você se sentiu. E pela primeira vez, você conseguia admitir isso, mesmo que só para você mesma.
-Talvez. - Diz vagamente, olhando para as crianças começando a se agitar.
Só então que você nota as moças começando a distribuir picolés e casquinhas de diversos sabores de sorvetes para os pequeninos ansiosos.
-Vocês são jovens, tem muito o que aprender ainda. - Wagner diz por fim, e se levanta, indo atrás de seu próprio doce antes que os mais novos acabem com tudo, e voltando minutos depois com uma casquinha do seu sabor favorito.  
— — 
Meia hora depois, mesmo contra os maiores esforços de Wagner, você acaba entrando em casa e se trancando no quarto. Não é como se os últimos dias tivessem sido muitos bons para colaborarem com a sua bateria social, então ele entendeu e te deixou ir, prometendo te trazer a sobremesa depois (o que você suspeitava ser ainda mais sorvete).
Mas o que você só queria mesmo, era assistir alguma coisa idiota, até acabar pegando no sono e capotar pelo resto do dia (já que sua leitura já havia sido jogada pelo ralo).
Pouco tempo depois, quando os seus olhos já estão pesados, tendo perdido o interesse pela tela do notebook no seu colo, que passava um filme há muito tempo esquecido, o seu telefone toca, e te acorda da sua quase bem sucedida soneca. 
A sua mão viaja preguiçosamente pela mesa de cabeceira, apalpando todos os objetos, até encontrar finalmente o telefone vibrando e tocando alto:
-Alô - Você responde, com a voz ainda grogue de sono e sem se dar ao trabalho de ver quem era no visor do aparelho.
-Oi - Saúda a voz exasperada - Graças a Deus você atendeu, preciso falar com você - Continua a voz, soando aflita e nervosa.
Você desencosta o celular do rosto, e lê finalmente o nome na tela. Por um instante você pensou que pudesse ser Santi, com alguma emergência do trabalho ou algo do tipo. Ou até mesmo alguém de sua faculdade. Mas definitivamente não esperava que fosse ele. 
-Fran? - Você pergunta - É bom você ter um bom motivo pra estar me ligando, eu estava quase caindo no sono. - O repreende, ainda frustrada pelo descanso perdido. 
-É o Matías, ele… - Fran começa a explicar.
-Eu não quero saber! - Você o interrompe rudemente, antes que ele possa dizer mais alguma coisa - Nada do que diz respeito a ele me interessa. - Fala, levando a mão até o rosto, e limpando o queixo ao notar que tinha babado um pouco. 
Maldito Matías que sempre arrumava um jeito de te irritar!!! E agora estava atrapalhando o seu sono também.  
-Mas… - Fran tenta recomeçar, sendo mais uma vez interrompido pela sua voz impaciente.
-Mas nada Fran! - Diz brava - Ele pode cair duro agora, e ir se foder sozinho na casa do caralho que eu não me importo. Eu quero distância e voltar ao meu descanso merecido, pode ser? - Pergunta agressivamente, mas sem se importar com as consequências.Você tinha que admitir, a sua pessoa com sono ou com fome não eram as melhores versões de si mesma para enfrentar.
-Ele está no hospital, em estado grave. - Fran fala com a voz afetada - Mas beleza, bom descanso - Ele fala, e com isso desliga bem na sua cara.
O seu mundo cai com isso, conforme as palavras dele se repetem na sua mente sem parar, com você torcendo para que seja só uma pegadinha do seu subconsciente e que tenha ouvido errado. Foi tudo tão repentinamente que você mal tem tempo de processar o que está acontecendo antes que se encontre saindo da cama em um pulo, agora muito desperta, e retornando a ligação no mesmo instante, com esperança de que ele atenda no primeiro toque. 
Por sorte ele atende e já começa a te jorrar palavras duras, que você sabe muito bem que são merecidas:
-Quer saber? Deixa quieto, eu nem sei porque te liguei, eu só entrei em desespero e você tá certa, você não tem nada haver com isso. Vou desligar. - Ele responde, agora mal humorado com o seu descaso anterior, e puto com o seu comportamento.
-Espera! - Você diz desesperada, com a voz começando a ficar embargada - Eu não quis dizer isso, eu sinto muito Fran - Diz verdadeiramente arrependida, e engolindo o nó em sua garganta, enquanto pula pelo quarto a procura de seus sapatos e sua bolsa - Mas como assim hospital? O que houve? Ele tá bem? - Começa a metralhar perguntas nele obsessivamente. 
Sua cabeça só conseguia se perguntar em que merda Matías havia se metido agora para ir parar no hospital. Ainda mais em estado grave. Ele tinha caído de skate? Sofrido um acidente de carro? Entrado em alguma briga com alguém por pouca coisa? Há quanto tempo havia sido isso? Ele ia morrer? Eram um monte de perguntas sem respostas. 
De repente o motivo de você estar brava com ele parecia tão insignificante que você nem se lembrava mais disso enquanto começava a se apavorar. E algo em sua voz deve ter mostrado o quão arrependida e preocupada estava, pois Fran decide dar uma trégua e deixar suas transgressões de lado, e começa a contar do ocorrido:
-Foi no jogo de Rugby, teve um acidente e ele se machucou feio. - A voz dele começa a falhar, e lágrimas começam a brotar de seus olhos, já sentindo o pânico começando a te dominar - Foi horrível, o osso ficou pra fora da perna dele, tinha muito sangue, e pra piorar ele ainda bateu a cabeça. - Fran termina, dando os detalhes dos acontecimentos.
-Meu Deus! - Exclama trazendo a mão ao peito, já sentindo ele doer fortemente conforme imagina a cena. 
Você sempre odiou que ele jogasse Rugby por esse motivo. Era um esporte divertido e em equipe, mas tinha vezes que era muito violento, e implacável. O pensamento dele no gramado, com a perna machucada, com dor e sofrendo te fazem querer gritar e desabar em choro. Suas pernas neste ponto já viraram gelatina, a forçando a se escorar na cama para se manter de pé, e seu estômago começa a embrulhar com o sentimento se apossando de você. 
Medo. 
Muito medo.
Medo de perdê-lo e não poder dizer a ele como você realmente se sentia em relação ao mesmo. 
Mas você tem que ser forte agora, por ele e pelos rapazes. Ir ver de fato o que houve e como ele se encontra agora. E você não vai encontrar essas respostas no seu apartamento.
-Me fala em qual hospital vocês estão, eu quero ver ele - Pede, terminando de calçar os sapatos, e encerrando a ligação após a confirmação de Fran do endereço.
— — 
Você não teve tempo de avisar sua irmã ou Wagner do que havia acontecido, e também não queria incomodá-los quando você mesma não tinha ainda muitas informações do ocorrido, e preocupá-los também. Então, só foi rapidamente até a sala, pegou as chaves de Wagner no molho de chaves, e seguiu até a garagem onde pegou o carro dele. 
Tecnicamente não seria considerado furto, já que o carro estava na vaga de garagem do condomínio que VOCÊ paga, e se fosse, esperava que Wagner entendesse a situação e te perdoasse por isso. Afinal, não é como se você estivesse se importando muito com isso agora de qualquer maneira.
Já no volante, as suas lágrimas borram sua visão do trânsito, as quais você limpa rapidamente com a mão, e amaldiçoa cada sinal vermelho que encontra no trajeto. Mas antes que possa ter um ataque, e acabar piorando as coisas, você finalmente chega ao hospital, e entra pelas portas quase correndo e não se importando em parecer maluca com o seu desespero, e falta de controle emocional. Após rapidamente pedir informações na recepção e ser levada à sala de espera, você avista os garotos mais ao canto. 
Todos eles. Cada um deles.
Fran é o primeiro que te avista, provavelmente já esperando a sua chegada, e você não espera um segundo antes de se jogar nos braços dele em um abraço bem apertado. Ele fica surpreso de primeiro instante, mas não se afasta e nem se esquiva, rapidamente retribuindo o gesto, e te abraçando de volta. 
-Você veio - Ele sussurrou ao seu ouvido, com o rosto ainda enterrado no seu pescoço. 
-É claro que sim - Você diz de volta, se afastando um pouco para poder olhar bem nos olhos dele -Fran, eu sinto muito pelo o que eu disse antes no telefone. Eu não sabia, eu… é óbvio que eu não queria que isso acontecesse, é que…- Ele te interrompe.
-Eu sei. Pelo menos você está aqui agora.- Ele te acalma, e te solta para cumprimentar os outros meninos. 
Todos estão com os rostos abatidos, preocupados e extremamente tensos com o que pode acontecer. Você os abraça e os consola, tentando convencer a si mesma e a eles de que tudo ficaria bem, enquanto tenta entender melhor o que houve. Eles te relatam sobre o jogo, o acidente e como vieram desesperados para cá. Eles não estão aqui há muito tempo, assim que chegaram Fran já te ligou e você veio correndo. Ou seja, eles têm quase tantas informações quanto você. Somente sabem que Matias teve que fazer uma cirurgia de emergência, e que vai precisar ficar internado, por conta do estado dele que no momento é grave. 
-E a família dele? Você conseguiu contato? - Questiona, pensando em como eles estão agora, ou se já sabem dessa fatalidade. 
Você nunca conheceu a família de Matías pessoalmente. Só sabia um pouco por conta de histórias e algumas fotos que o rapaz mantinha guardadas no apartamento. Fotografias dele, e do irmão mais novo, em um jogo de futebol em um dia quente, outra dele junto da mãe em um evento da escola, e algumas com o falecido pai em festas de família. Nada muito profundo. O mais perto que chegou de ter contato com eles, foi quando atendeu  o telefone dele uma vez, e se deparou com a mãe dele do outro lado da linha. 
Matías não tinha ficado chateado com isso na época, ele somente pegou o telefone depois, e explicou que a companhia feminina era apenas uma amiga que estava de passagem. Vocês nunca conversaram sobre isso depois do ocorrido. Ele estava claramente desconfortável com a situação, e você não quis se mostrar muito apegada ou grudenta. 
Se ele quisesse que você conhecesse a família dele, ele teria feito acontecer. Será que Malena conhecia eles? Provavelmente. Mas não valia a pena se machucar pensando no quão mais longe ela foi do que você, quando o rapaz em questão estava todo ferido.
-Eu liguei pra mãe dele e contei para ela, então o irmão mais novo também já deve estar sabendo. - Diz Enzo, passando as mãos nervosamente pelo cabelo. 
-Eles tão vindo pra cá? - Pergunta, se sentando ao lado dele na sala de espera. 
-Vão pegar o próximo avião, mas não sei que horas vão pousar, provavelmente amanhã pela tarde, é um voo longo. - Enzo responde, vendo a hora e checando o telefone para ver se tem alguma atualização. 
-Já tem uns quarenta minutos desde que chegamos aqui, ninguém vai vir nos avisar da cirurgia? Se deu tudo certo, ou o que tá acontecendo? - Esteban devaneia, começando a ficar irritado e bravo com a falta de notícias.
-Não sei - Fran responde - Eles já deveriam ter falado alguma coisa. Vamos esperar alguém passar e pedir informações. - Ele fala, levando a mão ao ombro do amigo, o pedindo para se acalmar.
Bem nessa hora, como que por milagre, uma enfermeira em trajes neutros brota, e passa ao lado de vocês. E não demora um segundo para decidirem abordá-la: 
-Com licença, estamos aqui pelo paciente…- Esteban começa a falar, relatando os dados de Matías e outras informações para identificação. 
-Ah sim - A enfermeira responde em reconhecimento - Ele está saindo de cirurgia agora. - Ela informa, olhando a prancheta em suas mãos à procura dos resultados dos procedimentos médicos - Conseguimos estabilizar ele com sucesso, e estamos o enviando para o quarto para que repouse e possamos acompanhá-lo pelas próximas horas. - Diz por fim, em uma expressão calma.
O alívio corre pela veia de todos vocês. Você não nota a lufada de ar que solta em uma expiração profunda, devido a respiração que estava prendendo sem nem ao menos notar. 
Ele não está totalmente bem, mas ao menos já está fora de risco, e é isso que importa. 
-A gente pode entrar pra ver ele então? - Simon pergunta, antes que qualquer um de vocês tenha a chance. 
-Eu preciso ver com o médico e ver se ele autoriza a entrada de alguém - Ela diz, franzindo o rosto - Mas acho difícil, algum de vocês são familiares dele? - Ela questiona, arqueando a sobrancelha.
Todos negam com acenos de cabeça desanimados, sabendo que isso dificultaria mais a entrada de vocês.
Ela solta um suspiro baixo com isso - Tudo bem, vou chamar o doutor e ver o que posso fazer. - Ela diz prontamente - Assim, ele também pode explicar melhor como o paciente está, com licença - A enfermeira fala se despedindo, e logo em seguida, voltando à área médica. 
A única coisa que restou para vocês fazerem, é esperar o retorno dela junto do responsável e torcerem para que sejam liberados para entrarem. Neste meio tempo, você tenta imaginar como ele está. Ele deve estar inconsciente, certo? Você esperava que sim. Pelo menos deste jeito, ele não sentiria dor.
Se ele estivesse acordado, ele gostaria de te ver? Ou pediria para que você se retirasse já que você só apareceu quando era quase tarde demais? 
Antes que seus pensamentos possam te levar para mais longe, em um lugar mais sombrio e melancólico , o médico aparece, e vocês se levantam na hora para escutá-lo: 
-Olá - O médico, que se trata de um senhor de meia idade e óculos grossos, diz os saudando - Desculpe a demora, mas peço que o paciente fique em repouso, e as visitas ocorram apenas aos familiares próximos no horário de visita - Ele responde sério, desapontando a todos vocês. 
Você fica extremamente revoltada com isso. Óbvio que isso não era a culpa do doutor, e que para ele, isso já era procedimento padrão, mas ainda assim, o seu cérebro a mil por hora, assustado e inconsequente não se importava com nada disso. 
Você queria vê-lo, estar perto dele, e tocá-lo, pois só assim você entenderia que ele estava realmente bem. Então com um olhar afiado, e língua mais afiada ainda, você o enfrenta, com ousadia e sem pensar nas consequências: 
-Eu sou noiva dele - Você diz sem pensar duas vezes, fazendo os rapazes ao seu lado arregalar os olhos. - E eu quero entrar agora pra ver ele. - Diz autoritária, sem nem piscar ou falhar a voz. 
O doutor fica surpreso com seu afrontamento repentino, e tenta remediar a situação com calma: 
-Senhorita, entenda que é complicado, vocês estão noivos, então ainda não são tecnicamente “família”. - Ele tem a audácia de dizer, e ainda fazer aspas no ar. 
-Isso é ridículo! - Você exclama alto, atraindo a atenção de todos, e decidindo ir mais longe - Eu estou carregando o filho dele em mim - Anuncia, e leva a mão dramaticamente a barriga- Tenha consideração pelo menos pelo meu bebê, o pai dele gostaria que estivéssemos perto dele neste momento. - Diz, e deixa as primeiras lágrimas escorrerem livres por seu rosto.
Os pacientes ao redor começam a olhar para a cena, lançando olhares feios ao médico e sussurrando palavras que com certeza não são nada amigáveis. O doutor rapidamente fica constrangido com a sua histeria, e toma a decisão de concordar com suas exigências:
-Tudo bem. A senhorita pode entrar. - Ele diz, com a mandíbula cerrada, obviamente a contragosto.-  Só  cinco minutos. - A adverte, e sinalizando para que você o siga. 
Quando você começa o acompanhar, quase não nota as piscadinhas discretas que os rapazes te lançam, e o sussurro mudo de Fran em um “muito bem!” com a mão em um joinha para cima.
— — — —
O médico te deixa na frente da sala, te permitindo ter alguns minutos a sós com o seu “noivo”, mas te lembrando que os minutos são contados, quase ganhando um revirar de olhos seu, o que por pouco você consegue controlar. E assim que você passa pela porta do quarto de Matías, é como se o mundo parasse por completo, e o ar começasse a faltar em seu pulmões conforme se depara, e encara a cena avassaladora. 
Parte de você esperava que os meninos tivessem exagerado e não fosse nada demais, talvez apenas um tornozelo torcido e alguns arranhões que precisavam de cuidados maiores. E mesmo tendo escutado os relatos, e a notícia da cirurgia, nada poderia te preparar para isso. Talvez fosse você e o seu otimismo cego os culpados de não quererem enxergar a gravidade da situação, até se encontrarem de frente com os estragos que elas causaram.
Ele estava horrível, e gravemente ferido. 
Matías está, assim como você imaginava, inconsciente em uma cama, com os olhos pesados e fechados em um sono profundo, provocados pelos remédios circulando pelos tubos ligados ao braço dele. A perna direita (a que você supunha que era a que Fran tinha falado do osso para fora) estava engessada e coberta. A parte do corpo visível pelo roupão do hospital, mostra os membros com escoriações, arranhões e marcas causadas pela lesão. Atrás da nuca, você consegue ver um pouco do curativo feito ali. E a memória do Fran te falando que ele bateu a cabeça gravemente, e que não parava de sair sangue te assusta. O rosto dele está em uma expressão calma e serena, enquanto você o examina, com medo de se aproximar demais e ele quebrar.
Ele nunca pareceu tão pequeno e indefeso antes. Tão sozinho e vulnerável, que você não consegue evitar as lágrimas que brotam nos seus olhos quase que instantaneamente. O arrependimento se instaura no seu peito, junto com o instinto e vontade de querer protegê-lo e cuidar dele para sempre.
Você não consegue evitar quando sua mão vá de encontro a testa dele, afastando as madeixas de cabelos longos que estão grudados ali, devido ao suor e até mesmo um pouco de grama que você apostava que era do gramado do campo. Só de imaginar a cena te causava dor e agonia. Seus dedos se moviam lentamente e com cuidado enquanto fazia carinho no rosto do rapaz, como se de alguma forma isso pudesse o confortar e o ajudar a passar por tudo isso. 
Seu toque é tão gentil, e cuidadoso, que por um instante é como se o tempo não tivesse passado e as duas pessoas nesta sala fossem os antigos vocês. As versões um pouco mais novas que tem medo de nomear o sentimento arrebatador que tem desde que se viram, mas que ainda assim sempre voltam e se entregam nos braços um do outro.
-Oi - Você fala, aproximando o seu rosto bem perto do dele, e sussurrando como se estivesse contando um segredo - Eu tô aqui - Você diz, apertando a mão dele e sem obter qualquer tipo de resposta ou estímulo do mesmo - E se quando você acordar, quiser que eu continue ao seu lado, eu vou - Promete, encostando a sua testa na dele, e engolindo um soluço devido ao pranto, querendo transbordar - Eu juro. - Fala por fim.  
Depois disso, você gasta o restante dos poucos minutos que te sobram, falando como ele tinha deixado todo mundo preocupado, e que era pra ele acordar e melhorar logo para poderem ir pra casa. Não muito depois, uma enfermeira entra no quarto, anunciando o final do tempo estipulado, e te convidando educadamente a se retirar do quarto, prometendo que todos podiam vê-lo mais tarde. 
Com um último olhar, você deixa o lugar, esperando que na próxima vez que entrasse ali, ele estivesse acordado, melhor, e positivamente querendo te ter ao lado dele.
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Demorou mas finalmente saiuuu, espero que tenham gostado. Até o próximo 💖, e feliz 2025 🙏🥳
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antihhero · 2 months ago
Note
hcs // libby
random headcanons — ft. libby harrington
Tumblr media
— o primeiro beijo de Libby foi aos catorze anos. Na época, os amigos de Matt estavam obcecados por jogar verdade ou desafio nas festas feitas nas casas de algum deles. libby nunca gostou de participar, se achava inocente demais para esse tipo de jogo e tinha pânico de acabar sendo desafiada para um dos famosos sete minutos no paraíso. porém, após meses ouvindo matt falar que ela devia participar, libby finalmente aceitou entrar na roda. e foi um desastre: uma das meninas (que claramente gostava de matt), desafiou olivia a beijar um dos meninos que estava fora do jogo, um que todo mundo achava extremamente esquisito. libby aceitou o desafio e foi até ele, mas não conseguiu sequer falar oi antes de ouvir risadinhas no fundo. foi nesse momento que entrou em pânico e saiu correndo para o lado de fora. matthew acabou indo atrás dela e libby, que se sentia extremamente envergonhada e humilhada, confessou que aquele seria o seu primeiro beijo. não tinha a ideia de que só beijaria alguém quando casasse ou algo do tipo, mas não suportou a ideia de que acontecesse daquela forma, com alguém que achava asqueroso. foi nesse momento, talvez em uma tentativa de fazê-la melhor, que matt a beijou. até hoje libby não sabe por que ele fez isso, mas se sentiu muito agradecida pelo gesto do melhor amigo.
— libby é apaixonada por musicais desde a infância e, quando criança, um de seus filmes favoritos era uma gravação de uma peça inspirada no mágico de oz. quando se mudou para nova york, prometeu a si mesma que iria ao maior número de shows da broadway que conseguisse. por anos, comprou ingressos de última hora por preços ridículos que eram vendidos quando faltava poucos minutos para começar uma peça. aquele era um dos únicos programas que gostava de fazer nas noites de sexta.
— morou no dormitório estudantil da columbia durante toda a sua graduação. mesmo que quisesse alugar um apartamento maior, um aluguel era completamente fora de seu orçamento e precisou se adaptar. durante todos aqueles anos, sua colega de quarto foi uma aluna da área de química, mackenzie bedford. libby e kenzie sempre foram muito diferentes, apesar de ambas estudarem coisas relacionadas à ciência. kenzie adorava sair nos fins de semana, deixava suas tarefas todas para última hora e nunca sabia onde suas chaves estavam. porém, era completamente brilhante e sempre tinha alguma ideia para contribuir às pesquisas de libby. após se formarem, kenzie se mudou para a california para seu mestrado e doutorado. até hoje, as duas mantém contato, ainda que seja bem menor do que na época em que moravam juntas.
— fez duas viagens para o exterior em sua vida adulta, ambas para congressos/conferências. a primeira foi aos vinte e seis anos, quando levou um de seus trabalhos para uma conferência em paris. aproveitou para tirar férias e acabou ficando vinte dias passeando na frança. a segunda foi para londres, que foi para acompanhar o seu namorado na época, já que ele iria palestrar em um dos dias do congresso. amou todas as palestras, mas não há como negar que amou passar dez dias na capital britânica.
— libby usa em seu pescoço uma correntinha que ganhou de seu pai pouco antes dele falecer. faz quase vinte anos que ela a usa todos os dias e hoje já a considera praticamente parte de seu corpo.
— libby tem uma única tatuagem em seu corpo, que fez no seu aniversário de vinte e cinco anos. fez uma flor de hibisco na lateral de seu peito, no lado direito. nunca imaginou que teria vontade de fazer uma tatuagem, mas foi visitar mackenzie na california e a acompanhou em um estúdio quando se apaixonou por um desenho que viu lá. passou alguns dias pensando sobre a ideia, mas decidiu fazer antes de voltar a nova york.
— libby nunca se imaginou sendo mãe. ela tem uma relação muito complicada sobre a sua visão de futuro para si mesma e, por mais que brinque dizendo que está bem solteira, no fundo ela é apavorada pela possibilidade de ficar sozinha para o resto da vida. assim, prefere pensar que não gostaria de ter filhos como mecanismo de defesa à chance de nunca vir a tê-los. quando era mais nova, tinha a ideia de ter filhos com nomes em homenagem a cientistas famosos e sonhava em ter um menininho chamado stephen, mas na vida adulta tal sonho se tornou mera lembrança de uma outra época de sua vida.
— durante sua infância e adolescência, todo mundo, seja família, amigos ou conhecidos, chamava-a como libby. até mesmo seus professores na escola, praticamente ninguém a conhecia como olivia. porém, nos seus últimos anos de faculdade quando se inseriu em um grupo de pesquisa um dos seus professores, percebeu que não era muito levada à sério por seu apelido. assim, passou a se apresentar como olivia. seus amigos mais próximos seguem chamando-a por libby, mas o restante do meio acadêmico a conhece como olivia.
— libby é completamente fascinada pelo espaço, mas é absolutamente amedrontada pelo oceano. seu pior pesadelo é se ver em alto-mar, sem nenhuma terra a vista. só a ideia de ir a um cruzeiro já lhe faz ter calafrios e não consegue entender como tem gente que gosta tanto de se aventurar mar adentro.
— já teve uma tartaruga de estimação quando criança, ela se chamava sra. finkle. nunca soube de onde surgiu aquele nome, ela tem certeza de que foi ideia do seu irmão e ele jura que foi coisa dela.
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tinyznnie · 1 year ago
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Dentro de um Abraço - n.j.
Jaemin x leitora gênero: fluff wc: 905 parte da série Jota25
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Seu dia tinha começado o mais bagunçado possível.
Por conta da recente onda de calor que tomou praticamente todo o país, você mal tinha conseguido dormir durante a noite, acordando com seu cabelo todo molhado de suor. Aí não tinha roupa para ir trabalhar, porque se recusava a enfiar seu corpo numa calça jeans apertada e quente, então teve que procurar um vestido longo e improvisar para que não ficasse decotado demais. O quarto estava quente demais, então seu celular fez o favor de não carregar totalmente durante a noite porque superaqueceu. 
Estranhamente, você conseguiu sair de casa no horário, e até chegou a pensar que sua maré de azar tinha acabado. Que grande engano seu. Chegou no terminal em tempo suficiente para não chegar atrasada no trabalho, mas as longas filas do local fizeram com que você saísse atrasada. Quando finalmente entrou no ônibus, o ar condicionado do veículo estava quebrado, e isso somado às outras pessoas ali dentro queria dizer que você provavelmente chegaria ao trabalho toda suada e nojenta. 
E o trajeto que normalmente levava sessenta minutos, levou setenta, e você chegou dez minutos atrasada, recebendo um olhar feio da sua supervisora antes de começar a trabalhar. Era estagiária, então qualquer motivo era suficiente para pegarem no seu pé. 
O dia se arrastou mais que o normal. E no almoço, mais coisas deram errado: seu almoço acabou azedando com o calor e sua preciosa refeição que te manteria até chegar em casa tarde da noite tinha ido pro lixo e substituída por um salgado da padaria próxima ao prédio que você trabalhava. Você não sabia se tinha forças para ir assistir suas aulas na faculdade e só sair depois das dez da noite. 
E não só isso, tinha tido uma breve discussão com sua mãe na noite anterior, por algo que nem se lembra, provavelmente vocês duas com os nervos à flor da pele e estressadas com o calor insuportável que fazia em São Paulo. Você mal sabia de onde tinha tirado energia para sair da cama e enfrentar o dia. Tudo parecia o inferno e cada minuto era uma tortura.
Mas, felizmente, às cinco da tarde você estava finalmente livre do trabalho, indo em direção ao seu campus da faculdade, repetindo na sua mente que podia fazer aquilo, que você é uma mulher forte e dedicada que consegue acompanhar uma aula de três horas sem cair de sono ou chorar no meio da sala de aula. 
Sessenta segundos pareciam ser duzentos e quarenta na aula que você já não era a maior fã em dias que estava de bom humor, num dia como esse, você só queria se enfiar num buraco pra ter paz e sossego. Nem queria papo com seus colegas, apenas que aquele dia infeliz terminasse logo e você pudesse ir pra casa. Seu corpo clamava por um banho morno e talvez um pote de sorvete pra matar o calor. 
Entretanto, você teve a maior sorte do mundo de namorar a melhor pessoa que poderia pedir. Pontualmente às dez e meia, horário que sua aula acabava, Jaemin te esperava encostado no carro, pronto para te levar pra casa, com um copo do seu milkshake favorito do Burger King, de Ovomaltine.
“Oi minha princesa.” ele sorriu, te estendendo o copo, que você aceitou de muito bom grado porque 1, era delicioso e 2, estava morrendo de calor. “Dia difícil?”
“Como você sabia?” perguntou espantada. Como ele poderia ter adivinhado? Estava tão óbvio pela sua expressão?
“Você ficou muito quietinha o dia todo, quase não falou comigo. Aí achei melhor vir te ver, ver se estava tudo bem, te fazer uma surpresa e ainda matar seu calor.” ele sorriu. “Quer dar uma volta e conversar? Te deixo em casa depois. Eu até te convidaria pra dormir lá em casa, mas meu ventilador quebrou e tá tudo quentão lá. Não vou te fazer passar mais calor.” 
“Uma volta já ajuda bastante.” você sorriu, entrando no carro assim que Jaemin abriu a porta pra você, tirando a bolsa de seu ombro antes que você entrasse no veículo.
Então Jaemin só dirigiu, virando em ruas aleatórias enquanto deixava você desabafar sobre seu dia e todas as suas ansiedades, nervosismos e quaisquer outras coisas que estivessem rondando sua mente e te incomodando. Depois, como prometido, ele estacionou na frente da sua casa, abrindo a porta do carro pra você descer e encostando no mesmo, te puxando pra perto e te abraçando. Já passava da meia noite e o ar estava mais fresco, e Jaemin desenhava pequenas figuras de forma aleatória em suas costas, a outra mão fazendo um cafuné gostoso no seu cabelo.
“Eu sei que seu dia não foi dos melhores, mas eu prometo que amanhã vai ser melhor, e se não for, estou aqui pra você, pra te ouvir e tentar tirar um sorriso desse seu rostinho lindo, tudo bem?” ele falou antes de depositar um beijo delicado em sua têmpora, te tocando delicadamente como se você fosse a mais fina porcelana chinesa e ele morresse de medo de te deixar quebrar.
“Tudo bem.” você respondeu sem conseguir conter seu sorriso. Seu mau humor e frustrações derretendo enquanto Jaemin te envolvia naquele abraço que parecia curar tudo. O melhor lugar do mundo era dentro do abraço dele, e isso só estava sendo reafirmado depois de ele conseguir melhorar seu dia que parecia não ter solução. “Te amo, Nana.”
“Também te amo, minha princesa.”
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harmonicabreeze · 11 days ago
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estação das brumas, filho do mar;
core memories, task 2.
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Chovia-se. E, do mar, areiava-se. Espumava-se enquanto se afogava. Da boca aos céus, se gritava. Era uma maré de saudades. Era um botão de flor de sal.
Antes que a água turva preenchesse seus pulmões, Gale nadou à superfície como quem pede socorro e interrompeu a asfixia da boca ao cruzar as espumas marinhas: ondas de flor de sal que quebravam naquele campo de mar aberto.
Ele nunca havia visto um jardim velejar. Porém, até onde chegava sua vista naquela deriva infinita, todas as marolas traziam pétalas e mais pétalas de sal.
Se seus pés batiam firmes embaixo do espelho d'água de flores, era porque toda uma água turbulenta existia, envolvendo seu corpo num abraço frio e profundo. Mas como nasciam tantas plantas sem raízes? De onde vieram as sementes que desabrocharam apenas sob a luz da lua? Quem era o capitão da barcaça que chegava em forma de carruagem sob o campo de sal, e seria ele o jardineiro de tal milagre divino?
Milagre. Divino. As duas palavras flutuaram por sua mente, buscando algo a que se conectar.
Envolto em uma capa de névoas, com uma figura de proa da realeza, uma figura alta — e até gigante — dirigia a carroça de duas rodas entre aquele campo (ou mar) infinito de flores (ou espumas) de sal. E essa figura alta não se apresentara, mas talvez não tivesse que.
Gale tinha os cabelos molhados da franja grudando-se à própria testa. Os cantos de seus olhos ardiam com o sal que se acumulava também nos cantos da boca. Em silêncio, o que era raro, ele sentia as mãos emergirem e roçarem nas pétalas de flor de sal, que imediatamente se estilhaçavam em espumas e ondas sobre o mar.
Não entendia a visão daquela viagem, não subiria ao alto daquela barca do inferno, não percebia direito se a água era salgada ou as flores eram molhadas. Não lhe fitava de volta o abismo daquela capa de névoa, mas... mas, de alguma maneira, aceitava.
Aceitava porque poucas lembranças foram tão reais quanto aquele sonho.
Aceitava no passado e aceitou no momento e aceita, agora e em diante.
Para alguém tão falante, seria tortura aquela distância de um milagre divino consigo, mas... mas era tão familiar. Era-lhe tão próximo, de certa maneira tão íntimo... Que nenhuma resistência havia.
Não resistiu à maré como não resistiu ao passar da carruagem real. A estação das brumas lhe abraçou; e, sob o mar de flores de sal, ele afundou até jazer com um buquê de espumas na areia da praia.
Não entendia seu destino, mas o aceitava. Porque navegar nunca fora preciso. Mas viver... ah!, viver.
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la-semillera · 1 month ago
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Alejandra Acosta & Carmen Conde
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Aunque te diga No, empéñate en Sí... Aunque te diga No, empéñate en Sí, y si te empujo, procura tú vencerme. Así que te rechace de mi vida azotará mi espíritu el perderte. ¡Intuyo que una hoguera tan perfecta nunca nadie podría ya encenderme...! Y es duro y es cruel que yo batalle quitándote de mí. Resueltamente cortándome de ti, para librarme de este sordo luchar en que me vences. Sólo pienso en ti. Repito tu presencia en un continuado nacer de tus palabras. Imágenes que son imágenes ya fijas de tanto recordarlas me turban y enloquecen. Te veo como un día que fuiste una brevísima criatura sorprendida por labios repentinos. Te veo en alta noche, temiendo que tus ojos mintieran por amor que era yo la que buscabas. Oh, cómo te contemplo, oh, cómo te persigo; das vueltas en el aire en rueda que no para! Yo sólo pienso en ti. Te odio. Te deseo. Libértame de verte en todo lo que miro; auséntame de ti, martirizante imagen, ¡que te ven en mis ojos anhelantes, los ciegos!
Tus ojos son las fuentes donde beben los tigres, que cuando tienen sed no respetan las selvas; y arrancan, mientras rugen, esas flores sencillas que entre el romero mueven su poderoso olor. A tus ojos se vuelcan las entrañas del monte, y por nacer en ellas, oh, líquido delgado, consienten que las lenguas vellosas de las fieras, lamiéndolos con furia, sequen ríos de ojos. Tanto como el romero florido, cuyo aceite persistirá en la piel de los fieros sedientos, huelen cortas raíces y esbeltos anticipos de las flores oscuras del secreto deseo... La luna se deshoja como un ave en tu agua. A los tigres con celo esa luz los persigue como loco fantasma de una caza suprema que en el río, tus ojos, es posible alcanzar. Tengo frío ante ti. Porque fuentes tan frías no se encienden sin ángel que su calor otorgue. Y ese ángel que a ti, a tus charcas bajara, no lo oigo cantar ni lo siento fluir. ¡Ah, tus tigres con sed! Déjalos que nos beban, y cuando ya mi boca reseca se deshaga, suéltalos sobre mí, no detengas su ataque: ¡para tus fieras tengo una cierva en mi cuerpo! Dejarte perder me duele, porque duele en la tierra que una raíz se seque sin romperse en el tallo y alumbrar en la flor, para que el aire sepa lo que la tierra sabe, porque tuvo raíces. Resignarme a que fluyas por otros cauces, me duele; porque yo soy un cauce del grueso de tu fuente. Y para correr en otros tendrás que derramarlos o que volcarte hondo, rompiéndolos por dentro. Es que soy tu medida, es que ninguna tierra será capaz de darte lo que yo te daría, si en lugar de negarme a que germines, corras, yo te hiciera mi agua, calentara tu grano. ¡Qué delirio de fuerza que se opone a tu empuje; qué frenética para que no quiere cedérsete!
Carmen Conde
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cartasparaviolet · 1 year ago
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Aceite os meus versos, eles vêm do meu coração. Essa prosa em forma de poesia alegra os meus dias me trazendo de volta daquela distância que eu mantive do mundo. Viajei além das minhas próprias fronteiras em busca da terra do nunca enquanto angariava novos conhecimentos e perspectivas. Retomei o caminho, me reencontrei em meio aos espinhos para que a formosa flor pudesse renascer. Reguei diariamente com as mais belas palavras e cuidados para que entrasse em sintonia com a paz de minha alma. Através da escrita sinto que essa magia flui por veias, poros e energia iluminando a mente outrora vazia que cheia de boas sementes germina uma vez mais.
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worthyofmygrace · 1 year ago
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Mi aporte para la huelga.
Recuerden que aún al terminar la semana la lucha sigue y sigue!
En cuanto consiga tinta para mi impresora empezaré con mi proyecto de pegarlo como paste-up por las calles.
Autorizo y animo que lo impriman y compartan en todos lados. Si necesitan un archivo pueden mandarme dm y se los puedo enviar. Ayuden a difundir por favor!!!
[ID de imagen]
Un poster digital con texto diciendo "No fundes un genocidio. ¡El boicot es un posisionamiento político con mucho poder! Boycott. Divestment. Sanctions. ¡No les des tu dinero a compañías que apoyan a Isn'treal!
También incluye un cometa blanco, media sandía, una flor de amapola, una botella de aceite de oliva, un kufiya y una banderita de la tierra de las olivas dentro de un carrito de compras en el centro, un código qr con la leyenda "más info" y los logos de Starbucks, McDonald's, HP, Puma y productos hechos en Isn'treal.
El fondo del poster es rojo y todo lo demás está en negro, blanco, verde y rojo más oscuro.
[Fin de la ID]
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coolpizzazonkplaid · 10 months ago
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La heredera del Infierno
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Aviso: Para las runas tuve que investigar el alfabeto nórdico y tuvo una serie de cambios con el pasar del tiempo. El alfabeto tuvo dos variantes escandinavos y uno anglosajón, voy a usar los tres a su debido tiempo. Para evitar caer en errores de la wikipedia busqué en otras tres páginas para corroborar si los símbolos y significados eran similares. Todos son así. Dejo el link de cada página de los tres alfabetos: futhark antiguo, futhark anglosajón y futhark joven.
El origen del tatuaje esquelético.
–¿Qué queres que te consiga de Japón?
–¿Tienen esas figuras de Jojo que brillan o alguna figura de Jujutsu Kaisen? –Adelina preparaba unas milanesas, mientras hablaba con su amiga, Daniela.
–Encontré un montón de figuras de anime en un local cerca del hotel en el que estoy. –Daniela comió lo que tenía en la mesa–. Aparte cerca del centro hay un negocio de las revistas de Japón.
–Uh, me gustaría si podés traer la revista que tiene Shuumatsu no Valkyrie. –Adelina siguió aplastando la carne cubierta de pan rallado–. Me encantaría estar con vos visitando Japón.
–Es muy lindo y el baño es una locura. –Daniela sonrió y tomó un tiempo para beber el sake–. No te recomendaría venir conmigo. Hoy casi me atacan porque hablé de lo que ocurría entre unos japoneses con los mares argentinos pescando ilegalmente.
–Que cagada.
–No importa huyeron como bebes después de la paliza que le di a uno. Fue divertido.
Adelina soltó una pequeña risa y siguió cocinando. Después de terminar de aplastar a la milanesa agarró otra y procedió a hacer la misma tarea. Aplastar la carne con el pan rallado, sumergirlo en huevo y volver a aplastar.
–¿Qué estas comiendo, Daniela?
–Yakiniku, es como carne a la parrilla, –mientras hablaba se llevó otro bocado a la boca–. Lo vale es delicioso.
–Pero extrañas mis milanesas.
–Dios sí, tengo ganas de eso con papas fritas o unas empanadas de carne. –La cara de Daniela se volvió soñadora y anhelante.
–¿Cuándo volves?
–Según Mariano va a venir en tres días.
–Dentro de dos días me voy de viaje, Daniela. –La mirada de su amiga se tornó curiosa–. Tengo que ir a China a buscar un monasterio en las montañas. Una persona anónima mandó a su amigo para que me diera la propuesta. Sinceramente creo que el lugar puede ser algo peligroso.
–¿Qué lugar es?
–El Abismo. Es una zona montañosa en la que han desaparecido algunos aviones y personas. –Adelina siguió aplastando la milanesa–. Ofreció una buena cantidad de dinero para hacer el trabajo.
–Parece de miedo ¿Segura que querés aceptarlo?
–Un lado de mí dice que no, pero el otro quiere ese dinero para comprar una edición limitada. –Terminó de preparar la milanesa y se sacó el pan de las manos–. ¿Podrías hacerme un favor?
–Depende de lo que me pidas.
–¿Podes buscar libros que tengan que ver con el Abismo? Me refiero desde hace cuánto tiempo se remonta que ese lugar es así de oscuro. –Agarró el plato repleto de carne y lo llevó a la cocina–. Busqué en las bibliotecas y por el Internet y no hay mucho que decir. Quizás allá haya un poco más de expansión.
–Esta bien. Voy a ver que puedo encontrar. No creo que en Japón haya algo del Abismo, pero puedo averiguar.
–Gracias Dan-Dan, sos la mejor.
–No hay de que Ade, soy tu amiga.
Se despidieron y cortaron la llamada. Mientras esperaba a que el aceite guardó las demas milanesas en el freezer. Pasaron unos minutos y el sonido del aceite burbujeante se escuchaba en el departamento, combinado con el olor a carne cocinándose.
Adelina tomó su celular y puso música. Flor de Loto de Héroes del Silencio se unió con el burbujeo del aceite. La canción iba tomando su cuerpo y bailaba a los compas de la melodía. En un momento tuvo que volver a la realidad y centrarse en la cocina para dar vueltas las milanesas. Pasó un rato hasta que pudo sacarla de la olla y terminó de preparar la cena.
Después de comer siguió su trabajo de investigación de las ruinas con las fotos que tenía a mano. Las estatuas budistas parecían tener unas letras que no se veían bien debido a lo borroso que era la imagen. El camino de madera que llevaban hacia el Abismo mostraban algunas estatuas que portaban banderas deshilachadas por el tiempo.
Grabó en su celular las impresiones que tuvo de las imágenes y anotó las posibles teorías de cómo el monasterio se pudo haber construido. Volvió a buscar en los libros y la Internet sobre el Abismo y no pudo encontrar muchas respuestas sobre ese lugar tan terrible.
En un momento, la cabeza de Adelina explotó y quiso despejar de su mente. Se dirigió a su habitación, sacó sus herramientas de dibujo y las ordenó sobre la mesa de la cocina. Había diversos bocetos de personas y poses no bien proporcionadas. Adelina tenía una que comenzó a dibujar hace tiempo y era la mujer del féretro. Igual que en los sueños de la joven, la corona de púas, el tatuaje esquelético del lado derecho, el vestido negro, todo.
El dibujo mostraba a la mujer con las manos debajo de los ojos como si los estuviera rasguñando y de ellos salían sangre. La corona de púas sobre su cabeza dejaba colgando las joyas situadas en la parte trasera de la cabeza unido a su cabello negro. Sus ojos eran del color de la noche. El vestido que la caracterizaba se veía solo una parte. De fondo había una interpretación de los árboles de hierro y con estos la silueta del palacio.
Adelina perfeccionaba constantemente el dibujo para que quede vívido, pero le era imposible reflejar algo que permanecía en sus sueños y cambiaba constantemente. A veces, se apartaba del dibujo y terminaba los que le faltaban así poder venderlos de una mejor forma. Mezclaba los colores para llegar al indicado y con el pincel pintaba el cuadro con sumo cuidado.
Llegó un momento en el que Adelina necesitaba salir y respirar aire fresco. El tiempo que le había dado a buscar respuestas a sus sueños y la investigación la estaban agobiando. Salió del edificio, con el cabello en una cola de caballo, jeans y una musculosa que exponía sus hombros con algunas pecas.
El vagabundo ciego estaba cerca de la entrada del edificio con una mirada fija en la puerta y sus ojos blancuzcos se toparon con los de ella. Adelina sintió que esos ojos no solamente analizaban su aspecto, sino también su interior.
Desvió la mirada del hombre y deambuló por el barrio de Bajo Flores. Autos llendo de un lado al otro, gente comprando comida en los supermercados o almacenes mas cercanos y otros esperando los transportes para ir a sus trabajos. Buscó la parada de un colectivo que la llevaría a la Avenida Corrientes y esperó a que llegara.
Se subió al colectivo y observó por la ventana el paisaje pasando de largo. Un viaje largo que le permitió relajarse. Pasado minutos bajó en la avenida, repleta de transeúntes y ella se mezcló. Recorrió las librerías y algunas tiendas de comics hasta pasar el Obelisco y ver los teatros. Una caminata larga que le dio paz. Una vez relajada volvió a Bajo Flores.
El vagabundo no estaba a la vista y alegró a la joven. Entró al edificio y siguió con su trabajo.
Era la noche previa al viaje hacia China y la muchacha guardó en una mochila aprueba de agua sus herramientas. Anotadores, biromes, grabadora, cámara, linternas, bengalas, primeros auxilios, cartuchos de pistolas y rifle de asalto, cuchillos y navajas. Muchas veces la chica se topó con problemas que requerían usar la violencia, al igual que Daniela, y por eso se compraban armas mutuamente para defenderse.
El celular de Adelina comenzó a vibrar, el nombre de su amiga se hizo presente en la pantalla y contestó la llamada. El rostro triangular con ojos cafés le sonrió ampliamente.
–Hola Ade, –se sacó un mechón de rulos pelirrojo de su vista–. Estuve buscando eso del Abismo que me pediste y recién ahora te puedo contactar.
–Esta bien Dani. Estaba preparando las cosas para irme temprano. Mariano me va a buscar como a las seis.
–Bueno, cuando vuelvas del viaje te esperaré con comida y algunas cosas que te conseguí en Japón.
Adelina no pudo evitar una sonrisa por lo que dijo Daniela. Pasaron muchas juntas y se cuidaron mutuamente en los peores momentos. Se cuidaban la espalda y compartían muchas de sus preocupaciones la una a la otra.
–Volviendo al tema. En algunas bibliotecas que pude recorrer por la ciudad descubrí algunas cosas sobre esa zona. –Daniela comenzó a hojear los libros que pudo llevarse y miró su cuaderno–. Habla que las desapariciones en ese lugar se remontan hace siglos. Comerciantes perdidos, soldados, campesinos, nunca más volvieron a saberse de ellos. Algunos sospechaban que era una entrada al infierno y que el frío era una parte hasta poder llegar al calor del reino.
“Cito lo que dice este libro: 'El Abismo también supuestamente en tiempos previos nombrado como Arctika fue el sitio donde muchos de los que iban no volvían jamás. Se sospecha que posiblemente hubo un pueblo o un clan y tras un derrumbe las almas de los habitantes no quieren que nadie se acerque o salga de esa zona montañosa. No se pudo encontrar demasiado de esa teórica población debido a la cantidad de desaparecidos'."
Adelina se quedó petrificada ante el nombre previo del Abismo. El mismo nombre que la mujer del féretro le dijo sobre unas respuestas.
–¿Arctika? –el tono era sumamente confuso, pero quiso mantener la compostura para evitar la preocupación de su amiga–. Ese sitio me suena conocido. Lo escuché creo que en algún momento, pero no recuerdo dónde.
–¿En los libros que estuviste hojeando?
–No. –Adelina no pudo contener mucho más–. ¿Me creerías que soñé que alguien diciéndome que el nombre antiguo del Abismo? Me dijo que ahí encontraría respuestas y también sobre un dios del fuego.
–Creí que esos sueños se habían ido, Adelina. –Daniela la miró con preocupación–. Deberías hablarlo con alguien sobre esas pesadillas. ¿Qué soñaste?
–Lo mismo de siempre. El féretro, el bosque y el dolor.
–No se si es mucha coincidencia o algo que tu cerebro rememoró y vos te olvidaste hasta ahora.
–Es lo segundo. Algo que me olvidé y mi subconsciente me lo recordó. –El tono de Adelina camuflaba su duda.
–Para mí también debe ser eso. Deberías dejar de soñar –la sonrisa contagiosa de Daniela hizo que Adelina la imitara.
–Lo sé, pero es parte de mi encanto.
–Bueno. Te voy a mandar las fotos de las hojas así miras tranquila. Tengo que prepararme para un reportaje. Suerte
–Suerte a vos también.
La llamada cortó y las fotos de las hojas llegaron inmediatamente. Adelina tomó notas sobre lo que describían de Arctika y guardó todo en su mochila.
El crepúsculo comenzó a llegar y Adelina salió de su hogar para esperar a Mariano. Despertó temprano y sin pesadillas, lo que le permitió tener un cierto optimismo sobre su día y los que venían. Pérdida en los pensamientos no se dio cuenta de que la camioneta de Mariano estaba a una cuadra de su edificio.
La camioneta roja, repleta de pegatinas de personajes de anime y caricaturas viejas se detuvo frente a la joven. El rostro cuadrado de un chico de cabello largo y rubio se puso a la vista de Adelina, sonrió al ver a su amiga con todas sus pertenencias.
–Buenos días, encantadora dama, –abrió la puerta del vehículo–. ¿Quisiera usted acompañarme en este viaje tan tacaño?
–Hola Mariano ¿Cómo andas?
–Bastante bien, dentro de poco voy a poder volver a estar en los brazos de mi encantadora novia –una mirada soñadora se adornó en su cara–. Pero antes debo ser de taxi a tu amiga.
–¿Tenes novia? –la confusión y la broma se notaba en el tono de la muchacha.
–Es como si estuviéramos conectados por nuestras pasiones –el tono romántico en la voz de Mariano se hizo presente–. Linda, aventurera, peligrosa y, y…
–¿Estás pensando y acelerando todo devuelta? ¿verdad?
–Obviamente sí –una sonrisa adornó su rostro.
Adelina tuvo que tragarse las cosas que le hubiera dicho, ya que siempre tuvo esa forma de enamorado apresurado. Nunca pudo hacerlo entrar en razón sobre eso y era algo que tenía que hacer solo. La joven contempló el paisaje que pasaba ante sus ojos. Edificios, autopistas y sin darse cuenta llegaron a un hangar repleto de aviones.
 –Si te dejo rápidamente voy a poder llegar a tiempo a buscar a Daniela. Espero que no se me duerma el trasero durante el viaje.
–Es un viaje de muchas horas, obvio que se te va a dormir el trasero.
–Cruel, pero verdadera.
Mariano salió de la camioneta y ayudó a cargar el equipo que Adelina llevaba hacia la avioneta. Ambos se pusieron el equipo para el viaje, junto con el casco de piloto y paracaídas.
Después de los preparativos, el muchacho encendió la avioneta. El estruendoso ruido del motor deshizo el silencio, mientras la joven cargaba las últimas cosas antes de emprender vuelo hacia China. Una vez ya todo equipado, Mariano condujo la avioneta fuera del hangar llevándola a la pista.
Adelina subió a la avioneta y tras haber cerrado la puerta, el transporte avanzó por la pista hasta surcar los cielos. El hangar se volvió pequeño y de a poco la ciudad iba alejándose hasta convertirse en un punto diminuto que desapareció de la vista de Adelina y Mariano.
–Dime ¿qué es lo interesante en el Abismo? –dijo el chico mientras pilotaba.
–Sacar algo productivo de un monasterio en ruinas junto con ver que hay más allá de un pasaje.
–Todos los pilotos saben que el Abismo es peligroso. –El tono de Mariano se volvió serio–. Porque soy un cagón de mierda y quiero conservar mi avioneta te voy a dejar cerca, pero vas a tener que prepararte para escalar.
–No tengo problema con eso. Lo entiendo perfectamente.
Durante las horas siguientes, el viaje continuó con charlas y a veces el silencio se hizo presente. El cansancio invadió a Adelina y sus párpados le pesaron hasta que por fin cayeron. El sueño ni siquiera duró mucho a ojos de la joven ya que Mariano comenzó a gritar:
–¡DESPIERTA BELLA DURMIENTE! Tu parada está cerca.
–¿Cuánto tiempo me dormí?
–Unas horitas. Una y media quizás. No lo sé. –Mariano comenzó a sonreír–. Te diría que te pongas el cinturón, pero no tengo porque se rompieron hace unos días.
–¿¡POR QUÉ NO AVISASTE ANTES!? –El pánico comenzó a invadir a la chica y quiso aferrarse a cualquier cosa.
La risa cínica de su colega se combinó con los gritos de su acompañante cuando la avioneta cayó en picada. El paisaje repleto de nubes desapareció hasta volverse montañoso y cubierto de nieve. Mariano buscó un sitio medianamente bueno para aterrizar y después un aterrizaje forzoso a ojos de Adelina, en el cual casi sintió que su alma se le escapaba de su cuerpo. Las risas descontroladas de Mariano fue lo único que se escuchó en el silencio de la montaña y Adelina lo miró de una forma asesina.
–Esto fue muy divertido… ¡Jajaja! –No pudo contener sus pequeñas risas y Mariano volvió a destornillarse a carcajadas.
–Morite, pajero de mierda. –El shock de la chica fue tan fuerte que le costaba hacer que su cuerpo pudiera moverse–. Inútil. Pelotudo. Aborto de la naturaleza.
–Yo también te considero buena amiga.
Adelina recobró el movimiento y rápidamente se preparó para marcharse de la estupidez de Mariano. El equipo de vuelo fue reemplazado por el de alpinismo. Campera de polar, pulóveres de lana, remeras manga larga gruesas. Junto con todo su equipo de arqueología y armas.
Se alejó de la avioneta de su amigo y este cerró las puertas del transporte. De la ventana apenas abierta de la cabina, el chico habló a los gritos:
–¡Buenas suerte, amiga! Cuando salgas viva de ahí te paso a buscar. Saliste de peores situaciones, esto va a ser re fácil para vos.
La avioneta pasó por encima de Adelina y esta extendió la mano para saludar a su amigo que se desapareció entre los cielos. La muchacha contempló con sus ojos las montañas heladas, mientras se ataba el cabello negro en una cola de caballo. Con el mapa de la zona que tuvo a mano, avanzó a trompicones sobre la nieve hasta llegar a la parte rocosa de una de las tantas montañas.
Se ajustó el equipo de alpinismo, repleto de sogas, anclajes y arneses. Comenzó a escalar por la montaña hacia el lado noroeste de donde Mariano la había dejado. Fue un trabajo arduo, ya que el frío le golpeaba las mejillas. Cualquier movimiento en falso podía hacerla caer y despedirse de esa cantidad hermosa de dinero y no había nadie a kilómetros a la redonda que la pudieran ayudar con alguna herida infectada o pasar la noche.
Adelina logró rodear la montaña hasta posicionarse en el noroeste y al ver que tuvo otra forma rocosa para seguir su camino hacia el monasterio en ruinas saltó hacia la otra montaña y continuó su avance. Poco a poco, cuando la joven daba un vistazo, las cúpulas del monasterio aparecieron en la vista de la muchacha y la intriga comenzaron a carcomerla por dentro. Las ganas de descubrir los secretos de esas ruinas comenzaron a carcomerla por dentro.
Siguió a paso lento y precavido su escalada, pero a veces se equivocada en dónde apoyaba el pie o mano ya que las piedras traicioneras hacían que se resbalara para tener una muerte segura. Gracias a las sogas y los arneses pudo mantenerse a salvo de las caídas fatales. Pasó un tiempo más hasta que estuvo a espaldas de las ruinas y Adelina bajó con sumo cuidado hasta que sus pies tocaron la nieve.
El alivio y la tranquilidad absorbieron a la joven y pudo soltar un suspiro. Una sonrisa adornó su rostro, mientras desarmaba todo su equipo de escalada y avanzaba lentamente hacia el monasterio en ruinas. Contempló con sus propios ojos el antiguo templo. Banderas deshilachadas por el tiempo, una infraestructura que se mantuvo vigente al igual que las estatuas que resistieron los cambios.
Adelina inició sus grabaciones para preservar sus impresiones.Habló hacia la grabadora sobre sus sospechas de cuándo fue construido el lugar, de las viejas inscripciones en las paredes y hace cuánto tiemmpo está deshabitado previo a la huida de los trabajadores. Sacó fotos a cada detalle que se hayan pasado por alto y lo que ella pudo considerar importante, pero algo extraño se visibilizó en una de las estatuas centrales al fondo del monasterio. Algo fuera de lugar. La muchacha se acercó para mirar la incoherencia.
Runas. Runas nórdicas en China. Adelina movió la estatua con todas sus fuerzas para poder leer mejor la inscripción de la pared. Las letras eran borrosas y al parecer habían perdido una parte del mensaje que querían descifrar. Adelina puso la grabadora cerca de sus labios y habló:
“Esto es imposible… Hay runas nórdicas en la pared detrás de una de las estatuas. Son runas futhark, el antiguo alfabeto vikingo, la primera variante de los tres. Dicen lo siguiente:
ᛟᚾ ᛏᚺᛖ ᛒᛟᚱᛞᛖᚱᛊ ᛟᚠ ᚨᚱcᛏᛁᚲᚨ ᛏᚺᛖᚱᛖ ᛁᛊ ᛏᚺᛖ ᛈᚨᛏᚺ ᚠᛟᚱ ᛏᚺᛖ... ᛚᛟᛊᛏ ᛟᚾᛖ, ᚹᚺᛟ ᛗᚢᛊᛏ ᚠᛁᚾᛞ ᚨᚾᛞ ᛈᚨᛊᛊ ᛏᚺᛖ ᛏᛖᛊᛏᛊ ᛏᛟ cᛟᚾᛏᛖᛗᛈᛚᚨᛏᛖ ᛏᚺᛖ ᛏᚺᚱᛟᚾᛖ... ᛏᚺᛖ ᚲᚾᛁᚠᛖ ᚹᛁᛚᛚ ᛊᚺᛟᚹ... ᛗᚨᚱᚲᛊ...
On the borders of Arctika there is the path for the... lost one, who must find and pass the tests to contemplate the throne... the knife will show... marks...
En las fronteras de Arctika se haya el camino para el... perdido, quien deberá encontrar y pasar las pruebas para contemplar el trono... el cuchillo mostrará... marcas...
Antiguamente según algunos libros, el Abismo, posiblemente se lo conocía como Arctika y muchas personas desaparecían por aquí. Creían que era una entrada al Infierno. Otros sospechan que hubo un pueblo y tras un derrumbe, los espíritus no quieren que alguien entre o salga.”
Después, tomó la cámara y el destello del flash apareció tan rápido como se fue. Siguió estudiando un poco más el monasterio abandonado y al ver que no hubo nada más que mirar se encaminó hacia el pasaje.
Del lado izquierdo la roca montañosa había huecos con lo que antiguamente eran faroles y restos de ofrendas. Cada pocos metros había banderas deshilachadas por el pasar del tiempo que eran sostenidas por viejas estatuas. La madera que se encontraba en el suelo rocoso era vieja y destartalada y su recorrido se perdía en lo más profundo de las montañas.
Adelina armándose de valor, caminó por el pasaje a paso lento y examinando lo que sus ojos pudieron ver. Se sumergió a paso lento por las montañas. Poco a poco las cúpulas del monasterio se desvanecieron entre el viento y la nieve, mientras el camino se volvía más difícil debido a la delicadeza de la madera vieja. Un paso en falso y podría torcerse el pie en el medio de la nada.
En un momento, Adelina llegó a un puente de madera casi destrozado y avanzó sobre él pisando con sumo cuidado la madera que crujía. Repentinamente, dio un paso en falso y su pie izquierdo rompió una de las vigas haciéndole un agujero. La muchacha intentó con suma delicadeza sacar la extremidad y seguir adelante, pero de repente escuchó algo. Un zumbido y soga rompiéndose.
En el extremo del punto por donde vino, la soga que sostenía el puente se cortó. Luego la otra cuerda del poste se partió y el puente comenzó a derrumbarse. Adelina gritó, su pie seguía atascado en la madera y si no hacía algo rápido sería una más de las víctimas de Arctika.
Con sus manos sostuvo una de las cuerdas del puente caído, mientras que con fuerza intentaba enderezarse sobre la roca de las montañas que chocó el puente. Tras lograr el cometido, empezó a forcejar con la madera hasta romperla y se perdiera en la niebla. Escaló usando la cuerda hasta llegar a la cima. Cuando llegó a la cornisa, sus manos ayudaron a que pudiera estar en el suelo de piedra y la joven se recostó mirando el cielo nublado.
Una risa se hizo presente de forma inconsciente y la muchacha se puso de pie. Vio el otro extremo por donde había llegado y le pareció ver que alguien de azul desaparecía instantáneamente. Por precaución sacó su rifle de asalto y lo cargó, al igual con sus pistolas. No sabía con qué iba a toparse más a adelante, pero era mejor estar lista para la pelea. Tras eso, contempló lo que tuvo a su vista.
Un cementerio de aviones. Partes de avionetas desperdigadas a aquí y allá. Esqueletos que antiguamente fueron personas y sucumbieron al frío de las montañas. Adelina pudo observar algunas partes de carruajes de tiempos olvidados ocultos tras las partes de aviones. Un paisaje desolador por el que la muchacha tuvo que caminar hasta que pudo ver unas antorchas encendidas.
Un pasadizo dentro de la montaña que estaba iluminado con fuego. Las paredes en vez de ser puntiagudas estaban bien arregladas. Repletas de arcos con columnas que seguían hasta perderse de la visión de la joven. En la entrada había una runa nórdica proveniente del alfabeto antiguo, la runa Isa. Adelina comenzó a hablar:
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Adelina tomó fotografías y grabaciones sobre la runa, y se adentró por la cueva. Con cada paso, la decoración meticulosa se fue desvaneciendo para tener a sus ojos las rocas puntiagudas. Las antorchas dejaron de aparecer y la muchacha sacó de la mochila una linterna y la encendió. Pasado el tiempo, la cueva se bifurcaba en dos caminos y Adelina decidió ir por el lado izquierdo. Caminó por varios minutos guiada por la luz del pequeño objeto.
Al avanzar sintió frío y comenzó a notar que la piedra del sitio estaba cubierta por nieve. Era imposible. No podía estar andando en círculos, pero tampoco estaban las antorchas y sus sofisticados arcos. Siguió caminando hasta ver la salida, todavía se encontraba en las montañas. Entonces ¿Dónde se hallaba?
Llegó al final del pasadizo y solo se encontraba el vacío. Montañas y nieve, pero a miles de kilómetros pareció que algo se sacudía. De la mochila sacó unos binoculares y los acercó a sus ojos. Un templo se alzaba en medio de las montañas. Lo que se movía eran las banderas azules alrededor de este. Por lo que los ojos de la joven analizaron, el templo parecía en buen estado. No como se teorizaba en los libros, prácticamente hecho mierda por la supuesta avalancha. Tampoco se vieron hordas de demonios que vigilaran la “entrada” al infierno.
Adelina no se percató de unos pasos detrás suyo, ya que estaba sacando fotos y cuando iba a iniciar su grabación… Un brazo se interpuso en su vista. Rápidamente, la agarró por el cuello y comenzó a asfixiarla. La muchacha intentó rasguñar el brazo de su atacante, pero estaba cubierto por guantes para resistir los golpes. El aire comenzó a faltarle y la desesperación la invadió. Sacó el cuchillo de su bolsillo y le rasguñó la pierna. Por último, con una piedra le dio una golpiza al desconocido y corrió por donde vino.
Tomó las cosas que se le habían caído y dio inicio a su carrera hasta encontrarse en las bifurcaciones. Sacó su rifle y apuntó hacia el camino izquierdo esperando a que su atacante apareciera otra vez. Se fue alejando lentamente con la respiración agitada hasta que chocó con algo o mas bien alguien contra su espalda. Un encapuchado vestido de negro y azul con una espada en la espalda. Solo sus ojos se pudieron ver, ya que tanto su cabello como el resto de su cuerpo estaba camuflado.
La chica no perdió tiempo y apretó el gatillo del arma. El ruido de los disparos se escuchó por la cueva y el ninja desapareció. Encendió la linterna del rifle y buscó desesperadamente al hombre, pero fue en vano. De repente sintió que algo invisible le jaló el rifle y la muchacha hizo fuerza ante el tirón repentino. Esa acción la hizo caerse de espaldas y vio a otro atacante diferente que se abalanzó sobre ella. Un muchacho que parecía de la edad de la joven. El cabello del color de la ceniza y una parte de su rostro cubierta por una máscara de color negro grisáceo como su vestimenta.
Comenzaron a forcejear. El chico quiso agarrar su cuello, pero antes de que tuviera la posibilidad de hacerlo, Adelina le mordió los dedos con fuerza suficiente para hacerlo sangrar y con una roca a mano volvió a pegarle. Extendió la mano hasta tocar el arma de fuego, la agarró y una vez más desapareció, pero una bomba de humo estalló haciendo que la chica tosiera.
–¡SALI HIJO DE PUTA! –La furia de Adelina se acrecentó– ¡SALI Y MOSTRA LA CARA! ¡CAGÓN DE MIERDA!
Se hizo un silencio después de los gritos de la chica. Un karambit pasó cerca de su rostro haciéndole un corte en la mejilla y disparó en la dirección en la que vino el cuchillo. Las balas se acabaron y al tener que recargar, el chico apareció devuelta y atacó otra vez. El puño casi se estrella en el rostro de Adelina, pero lo esquivó y aprovechó para darle un golpe con la culata del arma en el rostro. Eso no lo detuvo y le propinó una patada a la joven.
Volvió arremeter contra ella con el karambit en la mano y le cortó parte del abrigo y ella le dio un codazo para alejarlo. Aprovechó y sacó la pistola para disparar, pero el ninja tiró otra bomba de humo. Esta vez le agarró la cola de caballo y estampó la cabeza de Adelina contra la piedra, haciendo que la mente le diera vueltas y sintió el líquido carmesí recorriendo su rostro. Con mucho forcejeo logró tocarle la pierna herida para alejar a su contrincante. Cuando eso ocurrió, la muchacha retrocedió y el chico se perdió en el humo. Le fue imposible ver por donde caminaba y siguió retrocediendo hasta poder encontrar la pared, pero en vez de eso cayó.
La chica gritó y antes de que pudiera darse cuenta el suelo de piedra la recibió con disgusto. Se ocultó cuando escuchó pasos cerca de su posición y contuvo la respiración. La voz del chico se alzó y le habló a su subordinado:
–¿Dónde está? –Adelina escuchó a su corazón en sus oídos–. No pudo haber desaparecido.
–Seguramente debió encontrar la salida con todo el humo.
–Vamos a ir hacia la frontera de Arctika para encontrarla. No debe contar sobre la existencia del Lin Kuei.
–Sí, Smoke.
¿Lin Kuei? ¿Son terroristas o una guerrilla? Por lo poco que vio, sus vestimentas eran tradicionales e improvisadas. Sus armas no eran del todo modernas. Quizás eran el pueblo que cayó en ese supuesto derrumbe. Después la joven investigaría. Era momento de marcharse cuanto antes de ese sitio.
El lugar en el que cayó era un túnel y Adelina tuvo la esperanza de que quizás condujera a la salida de la montaña. Se sacó la campera porque comenzaba a dejar rastro de plumas y la ocultó. Tomó la mochila y revisó que todas las cosas estuvieran en su sitio, caminó hacia lo desconocido.
En la caminata extrañó la falta de su abrigo ya que tenía muchos escalofríos y lo peor fue que este sitio le resultaba confortante. En un momento encontró dos columnas con estatuas de mujeres cadavéricas. Ambas parecían tener posturas rectas, las manos juntas y sus miradas eran indescifrables. Arriba había una inscripción en runas nórdicas. Adelina empezó a tomar fotografías y grabó las inscripciones:
“Durante mi ingreso a la montaña encontré unas inscripciones en runas nórdicas sobre superar unas pruebas y poder ver un trono. Además, mencionaban algo sobre un cuchillo y creo que en estas escrituras pueden ser de ayuda, ya que están en mejor conservadas. Dicen lo siguiente:
‘ᚷᚨᚾᚷᛚᚨᛏᛖ ᚨᚾᛞ ᚷᛚᚨᚾᚷᛖᚢᚱᚨ ᛈᚱᛟᛏᛖcᛏ ᛊᚢᛚᛏᛁᚾ ᚨᚾᛞ ᚷᚢᚨᚱᛞ ᛏᚺᛖ ᛗᚨᛈ. ᛊᚢᛚᛏᛁᚾ ᛊᛖᚨᚱcᚺᛖᛊ ᚠᛟᚱ ᚺᛁᛊ ᛟᚹᚾᛖᚱ ᚨᚾᛞ ᚹᚺᛖᚾ ᚺᛖ ᚠᛁᚾᛞᛊ ᚺᛁᛗ ᚺᛖ ᚹᛁᛚᛚ ᛒᛖ ᛗᚨᚱᚲᛖᛞ. ᛁᚾᛏᚱᚢᛞᛖᚱᛊ ᚨᚾᛞ ᛖᚾᛖᛗᛁᛖᛊ ᚹᛁᛚᛚ ᛈᛖᚱᛁᛊᚺ ᛒᛖᚠᛟᚱᛖ ᚺᛖᚱ ᛒᛚᛟᛟᛞᛚᚢᛊᛏ ᚨᚾᛞ ᛊᚢᚠᚠᛖᚱ ᚢᚾᛏᛁᛚ ᛗᚨᛞᚾᛖᛊᛊ ᛁᛊ ᛏᚺᛖᛁᚱ cᛟᛗᛈᚨᚾᛁᛟᚾ ᚨᚾᛞ ᛊᚺᛖ ᛊᛖᛖᚲᛊ ᛏᚺᛖᛁᚱ ᛞᚨᛗᚾᛖᛞ ᚨᚾᛞ ᛊcᚨᚱᚱᛖᛞ ᛊᛟᚢᛚᛊ.’
‘Ganglate and Glangeura protect Sultin and guard the map. Sultin searches for his owner and when he finds him he will be marked. Intruders and enemies will perish before her bloodlust and suffer until madness is their companion and She seeks their damned and scarred souls.’
‘Ganglate y Glangeura protegen Sultin y custodian el mapa. Sultin busca a su dueño y al encontrarlo será marcado. Los intrusos y enemigos perecerán ante su sed de sangre y sufrirán hasta que la locura sea su compañera y Ella busque sus condenadas y marcadas almas’
Según algunos libros de mitología nórdica, Ganglate y Glangeura son las sirvientas de Hela, la diosa nórdica de la muerte. Era la que llevaba a los fallecidos por vejez y enfermedad, también a los que no murieron de forma digna en los combates. Sultin, en español es 'la sed' y es el cuchillo de la diosa.
En estas escrituras dicen que el cuchillo está buscando a un dueño, como si estuviera vivo. Pero, en los libros no menciona que Hela haya abandona o traicionado al cuchillo como lo hizo Frey con su espada. Cuando llegue a Buenos Aires voy a buscar devuelta.”
Después de apagar la grabadora atravesó las columnas. Contempló, esta vez, otra estatua, la diosa Hela se alzaba imparable. Frente a Hela una caja se encontraba cerrada y parecía juzgar a la joven que quería ver el contenido.
Adelina comenzó a darse cuenta que unos susurros se hicieron presentes y que la mirada de la estatua de Hela parecía juzgarla. Se acercó a la pequeña mesa de piedra donde se hallaba la caja repleta de runas y la silueta de un lobo y una serpiente. Una belleza para la arqueología y valdría una fortuna.
Abrió la caja consumo cuidado para evitar daños al artefacto, mientras los susurros se acrecentaron. Hablaban tan apresuradamente que Adelina no supo que querían decir, pero la impulsaron a continuar con sus acciones. Cuanto terminó de empujar con delicadeza la tapa vio un mapa y una daga nórdica.
El mapa tenia decoraciones de runas en los bordes y en las puntas de la hoja se hallaba el rostro de una mujer con el lado derecho del cuerpo cadavérico rodeada por un lobo y una serpiente. Mostraba el continente europeo y asiático hace tiempo atrás. En la parte oriental mostraba el lugar donde Adelina estaba ubicada, Arctika. Con dibujos de montañas y templos y aldeas dispersados. En Europa occidental estaba dibujado una bolsa diminuta. Ubicado en el mar entre lo que parecían ser los países España y Francia.
Guardó el mapa cubriéndolo con muchas bolsas y trapos para que perdurara, y prosiguió a revisar la daga. Estaba cubierta por una funda de cuero que parecía estar en buen estado, pero lo que más le cautivó a Adelina fue el mango.  Parecía que la empuñadura tenía pequeñas costillas y en la punta había un pequeño cráneo. Adelina sacó la daga de su sitio y una brisa fresca invadió la cueva haciendo que el pelo de la joven flotara. Sacó con cuidado la daga de la funda y eso fue un error.
El arma le quemó la mano derecha y ese dolor siguió por todo su brazo y abdomen. Un ardor como el de sus sueños. Intentó con todas sus fuerzas no gritar por la terrible tortura. Lo que fueron quejidos se transformaron en gritos. No le importó si el tal Smoke la escuchó junto con su subordinado. Lo único que quiso Adelina fue la agonía terminara.
Cayó al sueño y empezó a convulsionar. Le fue imposible soltar la daga de sus dedos. Arqueó la espalda por la nueva ola de dolor que la invadía y después todo se volvió negro como la noche. Los susurros se volvieron más fuertes, como si estuvieran al lado de Adelina y al fin pudo comprenderlos.
“Sultin busca la sangre de su antigua portadora. Locura y muerte serán para los intrusos y enemigos” “El dolor es necesario para que pueda mirar el pasado” “Garm y los lobos de Armenia guiarán el siguiente paso” “La prueba ha iniciado. Demuestra tu sangre hacia ella”
La negrura desapareció y fue reemplazada con visiones.
La mujer del féretro sentada en trono huesudo del palacio. Recta y pulcra. Runas que destellaron como estrellas y desaparecieron a lo más profundo de una isla en medio del mar. Escuchó lobos aullar y las estatuas de estos animales aparecieron con ojos resplandecientes. Observó unas manos jóvenes tomando un objeto desconocido y luego fabricando una maquinaria extraña.
Lo último fue a la mujer despierta, tranquila y solemne, pero su aspecto cambió drásticamente.  El lado derecho de su cuerpo se pudrió y gritó con todas sus fuerzas: “¡LADRONES!”.
El grito fue tan repentino que hizo que Adelina se despertara. Lo que parecieron horas fueron en realidad unos minutos porque vio todavía la oscuridad de la montaña y su cuerpo colgando a hombros del tal Smoke.
Todo cambió. Vio muertos, en el suelo y paredes rocosas. Aturdida, forcejeó y chilló con todas sus fuerzas. Le dio puñetazos en la espalda y patadas como pudo para zafarse. Tras la queja del chico de cabello ceniciento, Adelina se apartó de él, tropezó con las piedras y se dio la vuelta para ver a los hombres.
Eran cadáveres y a la vez humanos. Con voces horribles y espectrales. Intentó alejarse del dúo cuando el que se llamaba Smoke quiso acercarse a ella.
–¡ALEJENSE DE MI! ¡NO ME TOQUEN!
Las lágrimas se apoderaron de la chica y corrió en la dirección contraria a los extraños que iban a raptarla. Mareada por las alucinaciones continuó con su loca carrera y regresó al sitio donde halló el cuchillo. Ahora estaba camuflado entre las rocas y la oscuridad. Hipnotizada por ese artefacto maldito, sus manos reaccionaron antes que su cerebro mareado y el arma estuvo en sus manos, pero los muertos rugieron y se mostraron coléricos. Asustada, se alejó corriendo con su mochila donde guardó el objeto.
Huyó por todos los muertos que no paraban de rugir y escuchar que se aproximaban. En un momento se encontró fuera de la montaña en una cascada. Las voces de los hombres se acrecentaron a cada segundo, pero las figuras esqueléticas estaban en todas partes. De repente, la tiraron hacia atrás y vio al chico de cabello ceniciento… más bien su aspecto podrido. La sacudió para que reaccionara y la muchacha lo apartó. Desesperada sacó la pistola y disparó, pero el muchacho le apuñaló la pierna y Adelina grito de dolor. Por último, le dio una puñalada en el vientre, pero antes de profundizarla Adelina lo empujó y rasguñó la mano que sostenía el karambit.
Sintió el frío en la espalda y se mantuvo pegada al borde, pero al ver que el muchacho y su mano cadavérica, prefirió no tener que volver a verlo nunca. Con miedo a lo desconocido saltó hacia la cascada de la montaña, perdiéndose en la negrura y pidiéndole a cualquier dios sobrevivir a esta locura.
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acnproject · 29 days ago
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Terceira categoria Prêmio Mentor de Escrita Para o BETA que realizou o maior número de betagens
Chegou a vez de homenagear aqueles que dedicam seu tempo a polir as palavras, a refinar as histórias! São os guardiões da perfeição, os betas que garantem que cada fanfic chegue à sua versão mais brilhante!
IMMORQLZ — Adam, o Dam, aquele que aceitou a bronca e se tornou o Monokage dos betas, apaixonado pela dupla Imortal da Akatsuki, Kakuzu e Hidan, que sempre está disponível para ajudar, que tem um espírito competitivo a flor da pele com 32 fanfics betadas!
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amarionetista · 4 months ago
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Uma flor por uma bebida
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 O pôr do sol começava a banhar a cidade de Nova York com sua luz alaranjada. Banhada por essa luz, Jéssica, que estava no terraço de seu prédio, revendo suas últimas anotações enquanto Marie cantava uma música pop qualquer enquanto podava algumas das suas flores.
  Seu olhar algumas vezes escapava das folhas e se concentrava na outra mulher, vendo suas costas curvadas enquanto escolhia com cuidado que galho cortava. 
  Jessica sabia algumas coisas sobre Marie, ela era uma nova vizinha que tinha se mudado para o seu prédio a poucos meses atrás. No início Jessica foi muito reservada com ela, suas conversas não indo além das formalidades baratas e perguntas sobre o clima durante o compartilhamento do elevador.
 As coisas só se tornaram realmente mais íntimas quando, em uma tarde de verão, Jessica abriu a porta do terraço, esperando encontrar o espaço em que sempre encontrou tranquilidade para estudar os casos que investigava, que ela foi recebida por uma fileira de vasos vazios e pacotes de sementes.
  Marie se aproximou dela, as mãos enluvadas e segurando um regador azul. Ela sorriu desajeitada e se desculpou pela bagunça. Jessica a questionou o motivo da desculpa e Marie piscou, surpresa. E então riu, dizendo que ela tinha razão.
  Jessica notou como a risada e o sorriso de Marie pareciam muito mais vivos e autênticos do que os que ela já havia compartilhado antes em qualquer conversa barata de elevador.
  No fim Jessica deu de ombros e disse que ela poderia continuar com o que quer que estivesse fazendo, ela apenas voltaria para o seu apartamento.
 “Você pode ficar também, sabia? Eu não me importo em ter companhia”.
  Jessica pensou em recusar, realmente cogitou essa hipótese, mas havia outra parte de si que não queria partir após ter ouvido a risada de Marie.
  Foi assim que elas chegaram a essa pequena coabitação. A presença da outra se tornando tão comum e ao mesmo tempo tão confortável que não havia problema de ficarem cada uma em seu próprio mundo, sem aquela pressão para conversar e quebrar o silêncio. Jessica apreciava isso.
— Qual desses vasos tem maconha? — Jessica comentou em um tom brincalhão enquanto fechava sua pasta.
— Procure no vaso aí do seu lado. — Marie respondeu rindo levemente. Marie se levantou e esticou as costas, um pequeno grunhido escapando dos lábios após ficar muito tempo na mesma posição. — Eu não posso fazer nada sobre a maconha, mas talvez esse aqui deixe seu apartamento mais bonito.
  Marie apanhou um vaso de orquídeas e o entregou a Jessica, seu sorriso de lado sendo banhado pelos últimos raios de sol daquele dia.
 Jessica ficou surpresa por um instante, mas aceitou as flores, seu rosto provavelmente estava um pouco vermelho já que ela o sentia quente.
— Não precisa me olhar com essa cara — Marie riu e Jessica sentiu seus ombros relaxarem. — Você pode me pagar uma bebida se gostou tanto delas.
— Elas são lindas. Obrigada.
 Marie pareceu feliz com a resposta, mesmo que fosse simples. 
— É um presente, por me fazer companhia. É bom ter uma amiga nessa cidade grande.
— Você fala como se fosse uma daquelas caipiras de desenho animado. — Jessica disparou, um sorriso maroto brincando em seus lábios.
— Não espere de mim qualquer sotaque ou estereótipo. Mas talvez eu tenha uma ou duas histórias para te contar.
— Você pode me contar algumas delas quando for jantar na minha casa amanhã. — Jessicadisse enquanto recolhia suas coisas e se dirigia até a porta do terraço.
— Amanhã? — Marie perguntou, uma das sobrancelhas erguidas.
— Tenho que te pagar aquela bebida, não tenho?
   Com um último sorriso e uma piscadela, Jessica fechou a porta atrás de si. 
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lanaheels-socmed-aus · 4 months ago
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🦇 Bring me to life - seongjoong au 🦇
A vila aterrorizada pelo vampiro que morava aos arredores, acredita que um rapaz foi levado como sacrifício pois os ataques cessam após seu desaparecimento. Um dos caçadores que surgiam por ali, descobre que talvez a história não fosse como parecia.
Capítulos 4 e 5
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⚠️ gatilhos (menções): ideações suicidas, abuso, sangue, morte.
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4. A ameixa
Era lua cheia e Seonghwa aproveitava a claridade para cuidar do seu jardim. Já havia adubado e regado as roseiras e agora estava nos pés de ameixa, às vezes se perguntava se aquele lugar já era tão infértil assim ou se tinha ficado com o tempo. Também se perguntava se as rosas e ameixas tinham sido plantadas pelos primeiros moradores do castelo ou se alguém havia morado ali antes dele.
Ouviu passos bem distantes e não se incomodou, pois já conhecia aquele jeito de andar. Desde que aceitou as visitas, Hongjoong aparecia todos os dias, sem falta. Não admitiria com facilidade, mas gostava da companhia do humano, ele o fazia sentir coisas que mal lembrava quando foi a última vez que sentiu.
Como quando se tocavam sem querer, sentia o calor da pele do outro irradiando por todo seu corpo. Ou quando ele demonstrava interesse em saber da sua história, das coisas que já tinha vivido, e sentia algo diferente no peito, quase como se seu coração fosse começar a bater novamente. Era estranho, mas tão agradável.
Sua vida era um tédio, todos os dias ficava a maior parte do tempo no castelo e cuidando das plantas em sua propriedade, raramente se encontrava com mercadores pela estrada, e às vezes, quando a pessoa já aceitava seu destino, conseguia trocar algumas palavras antes de se alimentar de alguém. Então não tinha com quem conversar, ou alguém para lhe ensinar algo novo.
Mas depois de Hongjoong tudo era tão divertido. Ainda tinha sua rotina diária, mas agora ansiava por suas visitas — que nunca eram num horário fixo —, e ficava feliz durante sua estadia. Era tão bom, que muitas vezes se via pensando se a vida eterna com o rapaz também seria tão alegre dessa forma, mas logo os pensamentos iam embora quando lembrava do principal motivo de ser visitado. Iria se sentir solitário quando ele não estivesse mais ali.
— Hoje você não está cuidando das rosas? — sentou numa das pedras que tinha por perto.
— Eu prefiro mexer com as rosas quando ainda tem luz solar.
— Entendi. — pegou um galhinho seco no chão e começou a brincar, desenhando na terra. — O castelo é cheio delas, você realmente gosta de flores. Já pensou em plantar outras?
— Não nascem. — cortou alguns galhos secos e juntou em um balde. — Já tentei plantar outras, mas não vingam, não importa o que eu faça. — olhou para as roseiras e sorriu. — Não são minhas preferidas, mas acabei aprendendo a gostar de vê-las espalhadas por aí.
Hongjoong sorriu junto. Quando começou a visitá-lo raramente via aquele sorriso, o que era uma pena, porque se Seonghwa já parecia um anjo quando estava sério, com o olhar melancólico de quem já viveu demais, quando sorria diante de coisas tão mínimas como pequenos sinais de vida, a claridade da lua cheia não era suficiente para ofuscar a luz que irradiava daquele lindo rosto. Poderia ficar admirando sua beleza por toda eternidade.
— E qual sua flor preferida?
— Hibisco.
— É a sua cara. — Seonghwa o olhou confuso. — Lindo e misterioso.
Seonghwa balançou a cabeça ainda sorrindo.
— Você tem alguma flor preferida?
— Crisântemo.
Flores de enterro, era óbvio. Questionava se o rapaz não conseguia ver beleza na vida mortal? Na urgência de experimentar tudo pela finitude da sua existência? Se bem que ele via beleza em si, então não podia exigir que seus pensamentos seguissem uma linha convencional.
Voltou a seu trabalho para tirar esses pensamentos da cabeça, começando a colher algumas ameixas que estavam maduras, guardando-as num cesto, que foi assaltado por Hongjoong.
— Eu nunca provei ameixas que não fossem secas. — comentou analisando com cuidado a fruta em sua mão.
— Devia provar, dizem que são deliciosas.
— Você nunca comeu? — soou surpreso.
— Eu não preciso comer, então prefiro gastar meu paladar com o que mais me agrada. Nesse caso, morangos.
— Também não crescem aqui?
O vampiro fez um som de confirmação, e Hongjoong ficou pensativo por alguns instantes antes de finalmente dar uma mordida na fruta. Seus olhos brilharam. A ameixa estava tão doce e suculenta que não parecia ter saído daquele solo que parecia tão infértil.
— Seonghwa, você precisa provar! — exclamou animado, esticando a fruta na direção do outro. — Está delicioso!
Seonghwa olhou para o humano, os olhos brilhantes e o sorriso bonito adornado pelos lábios avermelhados e molhados por causa da ameixa. Aquela cena acendeu algo dentro do vampiro, algo que nunca pensou que sentiria. Desejo.
Desejo de algo que não era só sangue. Desejo que vinha do corpo. Desejo de algo que também não apenas físico. Desejo de sentir o que estava sentindo naquele momento. Desejo de viver a vida que Hongjoong o apresentava. Com ele.
Se aproximou devagar e segurou a mão de Hongjoong usando dois dedos para pressionar seu pulso, e os outros para apertar levemente a fruta, de forma que escorresse parte do sumo pelo braço do rapaz. Mantendo o contato visual durante todo o tempo, se inclinou para dar uma mordida nada delicada na ameixa, tendo a certeza de que mostraria suas presas. Em seguida, lambeu o líquido que escorria pelo braço alheio e ajeitou o corpo.
— Realmente, está delicioso. — comentou ainda sem deixar de olhá-lo nos olhos.
Hongjoong ficou alguns segundos em silêncio, completamente fascinado e imóvel, quase da mesma forma de quando o viu pela primeira vez. Quando o sentiu se afastar, piscou os olhos várias vezes até voltar ao normal.
— Por que você está me seduzindo se não vai me matar? — questionou indignado.
Seonghwa virou os olhos e se afastou mais um passo, voltando a mexer com as plantas.
— Já parou pra pensar que eu posso estar te seduzindo por outro motivo?
— E por qual outro motivo um vampiro seduziria alguém?
— Eu não sei. Às vezes não há sedução… — seu olhar ficou vazio. — … e às vezes eles não querem te matar.
Hongjoong sentiu seu peito pesar. De vez em quando entrava num assunto que fazia Seonghwa ficar mais introspectivo, ou perder o brilho que tinha durante suas conversas. Ficava curioso, mas tentava não ser invasivo. Só que dessa vez, não resistiu em perguntar.
— Isso é sobre a sua transformação?
— Sim.
— Como foi? — perguntou se aproximando devagar. — Só fale se quiser, não precisa…
— Voce sabe como é a transformação de um vampiro? — o viu negar com a cabeça. — Quando se está prestes a morrer, precisa beber sangue de vampiro, muita quantidade. Mas você está inconsciente. — soltou o ar que parecia prender. — Quem me transformou me achou atraente, e quis "me ter para ele" para sempre.
— Seonghwa…
— Agora está tudo bem. — deu de ombros, parecendo não se importa, o que Hongjoong sabia ser mentira. — Ele foi morto por um caçador há muito tempo. Mas eu fugi antes, fiquei sabendo por outras pessoas. — fez um gesto vago, como se estivesse ilustrando. — E vivo sozinho aqui, desde então.
— Deve ser triste e solitário. — comentou olhando em volta.
— Já foi. Não mais.
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5. O vampiro
Era noite e a maioria dos moradores da vila estavam dormindo, porém não estava com sono. Queria dar uma volta, talvez aparecesse para incomodar Seonghwa, pois não importava que horário aparecesse, ele sempre estava acordado. 
Sorriu ao pensar no vampiro. Quando foi atrás dele para pedir que o matasse, não imaginava que fossem se tornar amigos, o que aos poucos sua vontade de morrer se esvaísse aos poucos. Na verdade, não esperava que o vampiro fosse tão interessante e agradável, doce e lindo… e que fosse se interessar tanto pelo que um cara pobre  e ignorante, como ele, tinha para falar.
Escutou um grito assustado muito alto, e correu na direção do som. Assim que virou a esquina, ouviu barulho de ferramentas e um som animalesco que o fez se arrepiar todo. 
— CORRE! É O VAMPIRO!
E logo em seguida, algo passou por Hongjoong fazendo seus cabelos e suas roupas esvoaçarem com o vento, e ao olhar em sua direção, Seonghwa estava parado sobre o telhado de uma casa, seus olhos brilhando num vermelho escuro, as presas ainda mais protuberantes, e sua expressão não parecia nada com a que conhecia. Havia sangue em sua roupa e seu braço, e quando seus olhos se encontraram, o vampiro se transformou em um morcego e saiu voando na direção do castelo.
Hongjoong não estava entendendo nada, então olhou para trás, buscando informação. Viu uma moça mal se mantendo em pé, com uma mão escorada no batente da porta e a outra completamente ensanguentada em seu pescoço. Atrás dela, estava um casal, provavelmente seus pais, a mulher praguejava contra o vampiro, e o homem carregava uma foice, também cheia de sangue.
Seus olhos se arregalaram ao perceber exatamente o que tinha acabado de acontecer e passou a saiu atrás de Seonghwa, ainda escutando os gritos, xingamentos e pedidos para voltar. Correu desesperado pela estrada, se desviando de forma desajeitada de alguns obstáculos. Até mesmo quando caiu e machucou o pulso em uma pedra, levantou rapidamente e continuou correndo, nada o impediria de chegar ao seu destino, o castelo.
Chegou na propriedade em alguns minutos, e tirou as trepadeiras com as próprias mãos, mal se importando em fechar a portinha logo que entrou. Subiu a escada de dois em dois degraus, e foi direto no corredor escuro adornado por flores, procurando em cada quarto. Notou uma luz que vinha de uma porta semiaberta e se encaminhou para ela com mais pressa. 
— VAI EMBORA! — a voz soou como um trovão de tão forte.
— Seonghwa, sou eu, Hongjoong! — gritou de volta, com preocupação em sua voz. — Eu vi o que aconteceu na vila. — explicou ainda se aproximando.
— EU DISSE PARA IR EMBORA! — já não havia tanta agressividade na voz, mas continuava alto. — EU NÃO TE QUERO AQUI!
Conseguiu chegar na porta, mas antes que pudesse sequer olhar para dentro do quarto, ouviu novamente a voz do vampiro, que dessa vez soava angustiada.
— Hongjoong, eu consigo sentir o cheiro do seu sangue desde que entrou na propriedade, por favor, vai embora enquanto eu ainda consigo controlar.
— Você ainda está com fome?
Hongjoong questionou confuso, entrando no quarto e vendo um rastro de sangue que levava até a janela, onde o vampiro estava encolhido e ofegante, segurando o próprio braço. Não pensou duas vezes antes de se aproximar, retirando seu casaco e o usando para cobrir a ferida do outro.
— O que está fazendo?
— Parando o sangramento, temos que cuidar disso.
— Não precisa disso, eu vou me curar em breve. — fez um gesto irritado para o afastar. — Agora vai embora.
— Eu não vou, você precisa de ajuda. — insistiu e se aproximou ainda mais, fazendo o vampiro ficar inebriado pelo cheiro de sangue.
— Hongjoong, eu… — começou ainda mais ofegante — …eu não me alimentei… — virou o rosto para o outro lado — …preciso que você vá embora…
— Pode se alimentar de mim.
— Não… quero… — fechou os olhos apertados.
— Não tem opção. — segurou o pulso do vampiro, impedindo que se afastasse ainda mais. — Ou você quer atacar qualquer um da vila?
— Eu não… quero atacar… você também…
— Se você recusar, vai ficar pior. Não foi isso que me disse daquela vez? 
— Hongjoong, por favor… — lamentou parecendo muito frágil.
O humano não hesitou em colocar o pulso mais perto do rosto de Seonghwa, atiçando ainda mais sua fome, até que não pudesse mais resistir. Teve seu corpo jogado e preso no chão, enquanto sentia uma ardência quase insuportável da mordida, e seu sangue fluir para fora de si, até que perdesse a consciência.
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Hongjoong abriu os olhos, estava deitado numa cama confortável, como nunca tinha deitado na sua vida inteira. Era um quarto diferente do que encontrou Seonghwa, pois lá não tinha móveis. Ao seu lado havia uma mesinha de cabeceira, com flores, pão, ameixas e água.
— Você devia comer, para se recuperar. — Seonghwa avisou, parado de braços cruzados, próximo da porta.
— O que… aconteceu? — sua voz estava rouca e falhada.
— Eu consegui parar antes de ser tarde demais. — lembrou-o do que aconteceu depois de perder a consciência. — Você dormiu por três dias.
— Três… dias?
O humano estava confuso. Não parecia que tinha passado tanto tempo, apenas que tinha dormido por algumas horas.
— Sim. Pode ficar aqui o tempo que precisar para ficar melhor, depois vai embora, por favor. — pediu dando alguns passos para o corredor. — Eu não quero te machucar de novo.
— Não. Seonghwa… — começou a tossir e engasgar com a boca seca, o que fez o vampiro vir correndo para lhe dar a água na boca. — Obrigado.
— Por favor, não faça esforço desnecessário. — colocou-o deitado de volta no travesseiro. — Você vai precisar de mais alguns dias de descanso.
— Eu não sabia que era possível você se alimentar de alguém sem precisar matar.
— É possível, mas não dura muito tempo. A fome volta mais rápido do que se beber todo o sangue de um humano. — explicou se arrependendo quase instantaneamente.
— O tempo que demora para sua fome voltar, é maior ou menor do que para eu me recuperar? — questionou erguendo parte do seu corpo.
— O que você está pensando? — olhou-o desconfiado.
— Só me responde.
— Maior.
— Seonghwa, me usa. — sentou-se de uma vez, sentindo-se tonto. — Se você me usar, não precisa mais ir na vila para se alimentar.
— Eu não vou fazer isso. Não vou te colocar em risco.
— Eu não estou em risco! — levantou-se e quase caiu, sendo segurado pelo vampiro.
— Eu quase não consegui me segurar, Hongjoong! — retrucou com o tom de voz angustiado. — Eu não suportaria se por minha causa… eu não consigo nem terminar de falar.
— E eu não suportaria que acontecesse algo com você sendo que eu posso impedir! As pessoas já não tem mais medo, querem te enfrentar! Aquela foice era de prata!
— Não posso permitir.
— Seonghwa, me deixa te proteger. — segurou o rosto do vampiro, usando seus polegares para acariciar suas bochechas.
Aquelas palavras entraram em seus ouvidos como uma onda de calor que preencheu todo o seu corpo. Nunca tinha encontrado alguém que estivesse interessado em lhe proteger, ainda mais alguém disposto a colocar sua vida em risco. Seus olhos encararam os de Hongjoong, que estavam tão convictos, como se dissessem para confiar nele.
O humano olhou a expressão perdida e fragilizada do rosto tão próximo do seu, e percebeu que talvez só seu olhar de confiança e palavras de conforto não seriam suficientes para expressar tudo que estava sentindo naquele momento. Então Hongjoong beijou Seonghwa como se a vida de ambos dependesse daquilo. E de certa forma, naquele momento, dependia.
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Capítulos 2 e 3
Capítulos 6 e 7
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nuis-world · 10 months ago
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Capítulo 116: Eso no era aceite
Historia: Shizume Shade
Fushimi no sabía a quién culpar cuando recibió esa llamada del hospital de Shizume, pero si de algo estaba seguro era que gran parte de la culpabilidad era de Yata Misaki por no leer las etiquetas de los envases.
Con muchísimo trabajo ya que Andy era un inepto haciendo papeleo e informes, corrió hacia la oficina de su capitán, jefe y rey para pedir permiso con la finalidad de ir a ver a su estúpido novio y regañarlo por ser tan idiota.
Munakata ni siquiera pudo negarse porque Fushimi salió corriendo agarrando las llaves de su BMW sin permiso y conduciendo como si le estuviera persiguiendo la policía emprendió camino hacia el hospital donde se encontraba la vanguardia de HOMRA.
Misaki seguía ligeramente adormecido puesto que le habían hecho un lavado exhaustivo, pero se encontraba estable después de reverenda estupidez. Por ello cuando vio a su novio entrar como si hubiera corrido un maratón (lo cual podía significar lo preocupado que estuvo por él porque Saruhiko Fushimi jamás hubiera hecho ejercicio en su vida. El sexo no contaba) supo que quizás debía tener más cuidado con los productos de limpieza.
En cuanto abrió mejor los ojos sólo pudo ver cómo Saruhiko subía a la cama y lo siguiente que vio fue a su neurótica pareja ahorcándolo.
—¡¿ES QUÉ ERES ESTÚPIDO O QUÉ DEMONIOS TE PASA, MISAKI?! ¡EL ACEITE DE COCINA ES UNA COSA Y EL DETERGENTE ES OTRA! ¡¿QUÉ NO VISTE EL MALDITO CONTENIDO?! ¡ERES IDIOTA!
Saruhiko estaba enojado por lo descuidado que había sido su hermosa flor, en su cabeza no podía procesar qué tanto detergente usó para lo que sea que estaba haciendo pero de ahora en adelante se encargaría de etiquetar todo de tal modo que aquel incidente no volviera a repetirse.
—¡YA SUÉLTAME, ESTÚPIDO MONO DE MIERDA! ¡ESTOY BIEN, MALDICIÓN!
Como pudo, se lo quitó de encima sólo para verle con las mejillas rojas por el esfuerzo, el cabello desarreglado y esa mirada de intensa preocupación que oprimió su pecho haciéndole sentir culpable.
—Estoy bien, Saru... No seas tan neurótico, aquí estoy. No te vas a deshacer de mi por una pequeñez.
—Eres un completo idiota, Mii-saaa-kiiiii~~
Yata sintió un escalofrío después de oír aquello y antes de poder evitarlo, Fushimi le tomó del mentón para besarlo de tal modo que aquello que sintió tras intoxicarse por el detergente fue nada comparado con el asfixiante y abrasador beso que le estaba dando el azabache.
—S... Saru... Aquí no...
—Shhh~ Misaki. Casi te pierdo por tu estupidez, es hora de que lo compenses.
El de cabellos naranjas palideció y aunque quiso detenerlo, le fue imposible frenar el avance de Saruhiko terminando en la cama de hospital por algo completamente diferente a lo que le habían internado.
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joseandrestabarnia · 4 months ago
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Artista: Adriaen Coorte Título: Naturaleza muerta con fresas silvestres Datación: 1705 Número de inventario: 1106 Técnica: aceite Material: papel sobre panel Dimensiones: 16,5 x 14 cm Inscripciones: Firmado y fechado: Abajo a la derecha: AC..... / 1705 Procedencia: Venta Londres, Sotheby's, 16 de marzo de 1966, lote 89; comprado por Edward Speelman, Londres; donación de la Sra. Edward Speelman, en memoria del Sr. Edward Speelman, 1995
Este pequeño bodegón es un milagro de sencillez. Sobre una mesa de piedra, hay unas cuantas fresas delante de un fondo oscuro. Un tallo sobresale del borde y una flor blanca sobresale de la fruta. Las semillas de las fresas rojas están marcadas con puntos de pintura blanca. De Adriaen Coorte se sabe poco, salvo que probablemente vivió en la ciudad de Middelburg. Durante mucho tiempo fue un desconocido, hasta que fue redescubierto en la segunda mitad del siglo XX y sus cuadros se hicieron muy populares.
Información e imagen de la web del Mauritshuis, The Hague.
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