#eu acho que caprichei um pouco além da conta
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danilcc · 2 years ago
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DANIEL’S 𝐀𝐏𝐀𝐑𝐓𝐌𝐄𝐍𝐓.
Quando Daniel se mudou, aquele espaço não tinha nada além do seu desejo de recomeçar, foram os dias que passaram ali que lhe ajudou a montar o lugar devagarzinho, chegou a usar do dinheiro guardado em sua conta para poder comprar alguns pequenos luxos, mas nada que fugisse a visão que queria de quem realmente estava voltando a estaca zero. Porém, o vazamento que aconteceu no prédio lhe ajudou a uma nova reforma, decidiu enfim fazer o que era pra ter sido feito no início. Daniel pintou as paredes, arrumou alguns móveis velhos e revitalizou o ambiente.
Daniel sempre achou terapêutico fazer trabalhos manuais, fez todos os cursos existentes na clínica e aprendeu na prática a fazer diversos dele, desde a pequenos reparos domésticos como também a mexer com materiais diferenciados. Marcenaria, pintura e jardinagem foram os espaços mais frequentados por ele, então, naturalmente, colocar mais plantas lhe pareceu o mais próximo de quem ele era agora. Comprou novas cortinas, jogo de cama, tapetes e, claro, tudo o que precisava para montar um pequeno estúdio, nesse caso, precisou recorrer a sua irmã, pois de fato não queria mais mexer naquela conta que deixou de lado.
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E as mudanças foram as cores, seu terapeuta sempre lhe disse para colorir mais a sua vida e estava começando a gostar da ideia de ter um ambiente mais a cara do brasileiro. O sofá velho foi reformado, não custou tanto quanto comprar um sofá novo, decidiu colocar os seus quadros na parede e até emoldurou um desenho de Hangyu ( @zihcn ) que ganhou de presente. Capas de discos no cantinho da música, e um puff que desconfia não ser tão confortável como prometeram para ele. Os móveis da cozinha também ganharam uma cor, até a geladeira parece nova com o adesivo que decidiu colocar. O tapete de pêssego no banheiro foi um presente do vizinho ( @gyeonyeong​ ) e o armário cor de rosa onde coloca as suas roupas, foi o que ele encontrou do lado de fora de uma academia de muay thai, e ele achou que tava novo demais para ir pro lixo.
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Já o estúdio, bem, esse ele fez todo sob supervisão de sua irmã, porque ela queria que fosse um ambiente confortável para ele e que não incomodasse tanto os vizinhos, ainda que não tinha conseguido colocar a acústica porque Daniel não quis. Em troca de tanto empenho, Daniel decidiu aceitar os seus instrumentos que a mãe vivia lhe enviando e que ignorou por todos os anos seguintes após a internação, também aceitou que passasse a ter visitas apenas de sua irmã em seu apartamento, lhe parecia caro, mas estava determinado a tentar se dedicar mais a música, era preciso um pouco de sacrifício. Ah, também acabou passando do ponto com a compra de discos, talvez ele e a sua irmã tenham tido um momento meio engraçado de pequenos surtos por encontrar os discos de suas bandas preferidas tudo junto.
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exmachnist · 5 years ago
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SÉRIE “VERSÍCULOS DO GÊNESIS”
Capítulo 1º
1 Agora nós (plural majestático) vamos criar o vaga-lume! Plim!
2 Agora vamos criar a minha partícula (que um dia será usurpada e chamada de Bóson de Higgs)! PirlimPlimPlim!
3 Agora vamos criar o barro! Ploft!
4 Ontem criaremos, quer dizer, amanhã criamos, melhor, hoje estaremos criando o tempo! Tic! Tac! Trim!
5 Depois do tempo, crie-se o tempo antes do tempo, ou seja, a previsão do tempo! Plim, plim!
6 Estamos pensando em criar algo desse barro, mas antes vamos criar o espelho para conhecer nossa imagem. Click!
7 Já fizemos a água? Não? Oxe! Então que jorre por todo canto! Doce, salgada, salobra, Evian, Indaiá... Chuá! Chuá! Glub! Glub!
8 Vamos criar umas coisas cheias de folhas que serão chamadas arvres, avres, ávires, ávores, évoras, órvares, não, árvores. Isso!
9 E o céu já tem? Não, né? Ô, menino, chama Van Gogh aí pra pintar um céu estrelado! Starry, starry night, paint your palette blue and grey...
10 Notamos que o vaga-lume não estava acendendo porque ainda não criamos a luz. Cáspite! Faça-se a luz nessa zorra! Fontes de luz no modo on!
11 Vamos moldar o barro e fazer algo de útil e interessante... ah, uma moringa, um caboré, uma bilha, um mealheiro, um cachepot, um cuscuzeiro... um tijolo... uma telha...
12 Que maçada! Os vasos de barro não ficaram cozidos... Faltou fogo! Ô, inteligência, cria o fogo antes, não é? E bambambã caixa de fósfo, fogo!
13 Ih, precisamos colocar todas essas coisas feitas até agora em algum lugar...hum...Faça-se o Kentucky! (plano, na forma de um frisbee) Amém? Yeah!
14 Fizemos o ar? Não? Por isso estávamos nos sentindo sufocados! E o fogo não acendia...Que se insuflem os ventos, as atmosferas, os gases nobres e plebeus!
15 Cremos ser imperativo criar uma cobra com aparelho fonador e adequada loquacidade para deixarmos de lado esse solilóquio alucinatório...Zap! Oi! Hem? Psiu!
16 Voltamos a moldar o barro para criar algo parecido conosco...Uma olhadinha no espelho...Muito complicado.
17 Deixa pra lá! Façamos o homem, então, como molde preliminar. Chamar-se-á Teágenes Heliodoro!
18 Incumbamos a cobra de travar diálogos com esse homem. Ele me parece meio leso. 19 A cobra disse que Helinho anda sorumbático, sem muito estímulo, sentindo um vazio existencial.
20 Geninho Heliodoro continua triste. Vamos criar algo que haverá de servir para dar sentido à sua existência: a cerveja artesanal! Glub! Glub! Aaaah! Blurp! Hic!
21 Vamos tirar uma costelinha aqui desse Heliodoro e fazer... fazer o quê com uma costela? Ideia mais besta... 22 Devolva-se a costela! Enfiemo-la aí entre as pernas de Te-odorinho. Há de servir para algum propósito. Ele descobrirá.
23 Já fizemos o homem. Agora, aproveitando esse embalo, vamos criar... o macaco. Coloquemos umas escamas nele pra Darwin não ficar inventando histórias...
24 A cobra volta a se queixar que o homem está enchendo o, por assim dizer, saco dela com lamúrias de que está faltando algo que ele não sabe definir, mas que deve ser um algo palpável e apalpável. 25 E que Heliodoro anda brincando muito com a costelinha que lhe implantamos. Grande novidade!
26 Moldaremos o barro novamente para obter uma criatura semelhante a Heliodoro, que irá lhe fazer companhia e acabar com as queixas na ouvidoria: eis Apolônio!
27 A cobra ficou meio incrédula e deu um riso sarcástico quando lhe dissemos que iríamos passar o dia compondo a 5ª Sinfonia de Beethoven. Receba: tchã tchã tchã tchãããã!
28 Cansamos de plural majestático... Agora sou EU! Eu, eu, eu. Eu sou aquele que está; eu estou aquele que é (o que quer que isso signifique).
29 Vou criar palavras que se referirão à minha humilde pessoa: glória, divino, poderoso, onipotente, altíssimo, superlativíssimo, o cara... taí, gostei! Pronto: falei!
(Fim do Capítulo 1º)
SÉRIE “VERSÍCULOS DO GÊNESIS”
Cap 2º
1 Hoje estou entretido criando verrugas, furúnculos e caroços diversos. 2 Acho que vou colocar uns mamilos em Heliodoro e Apolônio. Just in case.
3 A cobra veio dizer que não ia nem dizer o que Dodó (Heliodoro) e Apolônio (Popó) estão aprontando em libidinagens mútuas. Cobra ciumenta e fofoqueira!
4 Vou criar a chuva, a frente fria vinda da Argentina, a neve e o granizo para atingir Popó e Dodó e ver se aquietam um pouco o facho. 5 Assim essa cobra vai parar de me importunar a toda hora.
6 Estou achando divertido criar as bactérias... Acabei de gerar, de uma tacada só, os bacilos da tuberculose, lepra, tétano e botulismo. Que beleza!
7 A infeliz da cobra veio alcaguetar que o frio só fez incentivar o aconchego da dupla Dodó e Popó; que agora estão tomando cerveja gelada. Vou fazer o quê?
8 As árvores estão lá no Kentucky todas paradonas sem saber direito o que fazer no dia a dia. 9 Vou ensiná-las a fazer fotossíntese para acabar com o ócio improdutivo. Tudo eu, tudo eu...
10 Fiquei curioso e fui lá no Kentucky dar uma espiada no comportamento de Dodó e Popó. 11 Pareceu-me que eles estavam inocentemente brincando de Escravos de Jó, jogando caxangá, tirando e botando, deixando o zabelê ficar e fazendo zigue zigue zá. Essa cobra, hum, sei não...
13 Para confrontar as fake news da cobra, criarei o fact checking!
14 Estou questionando se devo ou não manter o livre-arbítrio desses seres que criei... e se devo deixar as coisas ao acaso...ou estabelecer um destino...interferir...15 Mas ficar manipulando tudo e todos todo o tempo não é uma opção aceitável: fica enfadonho, gera consequências em cadeia 16 e, além disso, eu não sou maluco e tenho mais o que fazer e mais o que descansar depois de toda essa trabalheira criativa. 17 Então, que se virem! Não quero ser responsabilizado pelo que fizerem. 18 E não vou ficar controlando o momento que a folha cai da árvore coisa nenhuma. Imagine...
19 Vou passar o dia criando umas doencinhas para tirar aquele pessoal do Kentucky da zona de conforto 20 e para eles se lembrarem de mim e ficarem pedindo curas milagrosas. 21 Não posso negar que gosto de algumas súplicas acompanhadas de muitos elogios. 22 Cura para a gripe, sarampo, catapora, papeira, resfriado, eu até vou possibilitar. 23 Mas para o vírus da raiva, ah, não vai ter reza que dê jeito... Pois é, o jogo é duro!
24 É vem a cobra...Reclamando que os homens lá no Kentucky só falam entre si e não mais com ela, que está com teia de aranha na boca e só engolindo sapos (literalmente)... 25 Quer companhia e alguém pra conversar. Vou pensar no seu caso.
26 Já que não consigo criar seres parecidos comigo do nada (espelho, espelho meu...), pegarei uns furacões, uns vulcões, uns raios, uns trovões 27 e finalmente mesclarei, esculpirei, sugarei, lamberei, soprarei, um doce, cândido, cordato e pacífico ser: a mulher. Uau! Vixe! Eparrê!
(Fim do Capítulo 2º)
SÉRIE “VERSÍCULOS DO GÊNESIS”
Cap 3º
1 Gostei muito da mulher. Belas formas. Caprichei na projeção do entorno dos mamilos. 2 Mais adiante criarei o câncer de mama... porém não é hora de pensar nisso, mas de contemplar a beleza. 3 Estou em dúvida se mando ela pro Kentucky ou se a deixo aqui pra ficar olhando e constatando o quanto sou porreta em criar algo assim. 4 Chamar-se-á Afro Dita.
5 Hoje criarei rochas diversas. 6 Primeiro vou providenciar uma erupção vulcânica explosiva pliniana 7 e, em seguida, criarei o basalto, o granito, a pedra-pomes, as pedras de fogo para jogar capitão e usar no badogue, a ardósia, o mármore, pedras para apedrejamento... 8 Se bobear, criarei até as pedras dos rins e da vesícula.
9 Antes de enviar a linda Afro para o Kentucky, mandarei a cobra explicar a ela que não deverá comer os cogumelos alucinógenos, 10 claramente reconhecíveis por terem, em cima de cada, uma joaninha (já criei) dando cambalhotas.
11 Fui informado pelo réptil falante que os homens e a mulher estão reclamando que não têm umbigo. 12 E daí? Eu também não tenho! 13 Quem falou de umbigo pra eles, afinal? 14 Não tiveram placenta, como é que querem umbigo? 15 Fiz todos com barriga de tanquinho e ainda reclamam... Putz! É difícil!
16 E agora querem saber o sentido da vida... Que mané sentido, rapaz! 17 Qual o sentido de uma montanha? Tem esse negócio de sentido não! 18 Já não lhes dei a cerveja?Já não é o bastante existir? A existência não é suficiente para se ter noção de importância? 19 Vocês acham que eu fico me perguntando qual o meu sentido? EU SOU e pronto. Punto e basta!
20 Olhem essa: a cobra veio dizer que a mulher está reclamando das condições higiênicas no Kentucky 21 e quer que eu crie a privada com descarga, o papel higiênico e o absorvente íntimo, pra início de conversa... 22 Como é que é? Não vou dar nem resposta.
23 Hoje vou me dedicar à criação de ovos e ovas para gerar seres rastejantes, nadantes, voadores e a galinha - a ave caminhante e ciscante cujo surgimento a todos intrigará quanto a ter tido ou não a precedência do ovo. 24 Mas eu saberei o que veio primeiro e rirei dos aturdidos.
25 Estou precisando aparar os cabelos... Para que os tenho mesmo? 26 E essas unhas?... Sei não... Tem cada coisa meio injustificável... 27 Quem me terá feito assim? Fico intrigado. 28 Deixa pra lá! Eu e a criação somos um work in progress.
(Fim do Capítulo 3º)
SÉRIE “VERSÍCULOS DO GÊNESIS”
Cap 4º
1 Pedirei à rastejante e serpenteante criatura que diga àquele pessoal lá do Kentucky que ainda estou decidindo de que forma os próximos ovos serão fertilizados. 2 Portanto, nada de precipitações nem de soluções criativas sem o meu aval. 3 Mas pode ir adiantando para a galinha que ela tem um orifício multifuncional.
4 Notícias com origens ofídicas dão conta que Afro Dita (Frodi) estava sofrendo bullying de Dodó e Popó pelo fato de ela não ter pênis. 5 Isso me revela, por um lado, que eles dois não sabem o que fazer com uma mulher 6 e, por outro, que os homens gostam mesmo é de ficar enturmados com outros homens.
7 Frodi, a mulher, continua reclamando. Não se conforma com a menstruação. 8 Disse à serpente que se eu elaborasse um design realmente inteligente e elegante para sinalizar ausência de gravidez, 9 teria instalado no lugar do umbigo um pequeno LED ou uma concentração de pixels acesos por estímulo neuroquímico e não essa sangria desatada nas partes.
10 Hoje (que dia é hoje? Ainda não criei o calendário... O tempo na minha esfera não pode ter como referência o ciclo do sol em torno daquela superfície plana chamada Kentucky) 11 passarei momentos criando parasitas - seres que vivem à custa de outras espécies, só espoliando o hospedeiro. 12 Então lá vai: vermes, protozoários, pulgas, ácaros (não esquecer do chato, importantíssimo). 13 Eu tenho ideias geniais.
14 Ah, o inevitável... a cobra deixou Frodi curiosa sobre que efeitos teriam os cogumelos alucinógenos. 15 E ainda sugeriu misturar em infusão com catuaba. 16 Frodi tomou e deu para os homens: e aí deu para os homens. 17 Um duradouro ménage à trois com múltiplas variações sobre o mesmo tema e sobre temas distintos. 18 Vi tudo aqui no telão.
19 Long story short, 20 Frodi engravidou, 21 não sabia quem era o pai, óbvio, 22 morreu no parto, 23 nasceram sêxtuplos, metade de cada sexo, 24 Dodó e Popó deixaram as crianças aos cuidados da cobra, sumiram, 25 as crianças cresceram, 26 incesto comeu no centro, 27 multiplicaram-se malthusianamente, espalharam-se pelo Kentucky, 28 alguns caíram no abismo da borda da terra plana, 29 começou a faltar comida, 30 passaram a comer-se, quer dizer, devorar-se, 31 comeram a cobra. 32 Perdeu a graça. 33 Deprimi. 34 Dei um select all seguido de um shift + del.
35 Agora vou dar um tempo e espaço para um big bang (ou vários) e sumir de cena.
(Fim da criação e de mim)
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